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31/10/2017 às 05h00 A rotina de atrasos significativos na divulgação de balanços auditados por grandes companhias brasileiras tornou o tema relevante para a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec). A organização quer abrir um debate para modificar as regras, especialmente as penas, ligadas a esse tema e encaminhou ontem sugestões à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Brasil Bolsa Balcão (B3). Nos últimos anos, tornou-se quase comum que alguma empresa do Índice Bovespa - que reune ações das companhias mais negociadas no país - submeta seus investidores a um "apagão" de balanços auditados. Ontem, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) encerrou um período de nada menos do que dez meses de escuridão do mercado sobre as demonstrações financeiras de 2016, sete deles após o fim do prazo legal. Antes dela, a Braskem havia atrasado a divulgação anual chancelada pelo auditor em cinco meses. No auge da Operação Lava-Jato, os acionistas da Petrobras ficaram sem saber a extensão da crise sobre os resultados também durante meses. Agora, os minoritários da JBS são a bola da vez. Só os dados do primeiro trimestre passaram pela revisão do auditor independente. A empresa pretende voltar a apresentar as contas auditadas para o balanço anual de 2017 - ou seja, a situação só deve se normalizar no começo de 2018. À xerife de mercado, a Amec propõe a revisão da Instrução 480, que trata do assunto. O objetivo é aumentar da multa diária, dos atuais R$ 500, para R$ 1.000 nos primeiros 30 dias e R$ 5.000 após esse prazo. Além disso, a associação entende que a autarquia deve "determinar a responsabilização pessoal dos diretores" em caso de atrasos, imputando também a eles multa diária. "Queremos começar esse debate e vamos buscar o diálogo", disse ao Valor o presidente da Amec, Mauro Rodrigues da Cunha. "É fato que o atraso das demonstrações contábeis, além de sonegar ao mercado a mais básica das informações para tomada de decisões, sugere a possibilidade de ocorrência de fatores graves dentro da companhia, de caráter contábil ou de controles internos, cujo conhecimento é essencial, e cujas responsabilidades devem ser prontamente averiguadas e, quando aplicável, punidas", justifica a associação na carta encaminhada à CVM e à B3. Em caso de inadimplência superior a 30 dias, a Amec propõe que a regra da CVM exija também a publicação de relatório dos auditores independentes, "resumindo a visão sobre a não publicação, incluindo eventuais pontos de discordância com a administração". "Sabemos que o pedido desse relatório é uma inovação. Mas faz parte da agenda de governança da contabilidade que temos discutido. Em última instância, os auditores independentes trabalham para os acionistas", disse Cunha, ao comentar a iniciativa. Ele explicou que o objetivo é que haja mais "bom-senso" nas regras sobre o tema, do começo ao fim, tanto na CVM, como na B3. Essencialmente, as sugestões ao regulador são que as multas incomodem, tanto as companhias como as pessoas físicas responsáveis. O valor atual da multa é considerado "totalmente imaterial" pela associação. No caso da B3, as sugestões visam aprimorar as ferramentas de penalidades. Isso porque, segundo o presidente da Amec, praticamente não há sanção para um período de 90 dias. Contudo, após esse prazo, a bolsa pode até exigir a deslistagem da companhia mediante oferta pública para fechamento de capital. "A pena começa imaterial e, de repente, vira uma bomba atômica." Por Graziella Valenti | De São Paulo Cunha, presidente da Amec: "Atraso sugere a possibilidade de fatores graves" Últimas Lidas Comentadas Compartilhadas Inquérito da PF investigará propina de Steinbruch a Palocci e Skaf 31/10/2017 às 12h14 American Airlines firma contrato para compra de 10 jatos da Embraer 31/10/2017 às 10h04 Senado vai flexibilizar exigências e texto sobre Uber voltará à Câmara 31/10/2017 às 17h09 Presidente global do Uber visita Meirelles em dia de votação no Senado 31/10/2017 às 10h30 Ver todas as notícias Boom do comércio digital: Como os dados estão substituindo os produtos físicos 24/10/2017 g1 globoesporte gshow famosos & etc vídeos todos os sites e-mail

O t r a b a l h o m o st r a q u e o B r a sil po ssu i u ... · Nos últimos anos, tornou-se quase comum que alguma empresa do Índice ... 1.000 nos primeiros 30 dias e R$ 5.000

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31/10/2017 às 05h00

Atraso no balanço da CSN serve de motepara Amec debater o assunto

A rotina de atrasos significativos nadivulgação de balanços auditados porgrandes companhias brasileiras tornou otema relevante para a Associação deInvestidores no Mercado de Capitais(Amec). A organização quer abrir umdebate para modificar as regras,especialmente as penas, ligadas a essetema e encaminhou ontem sugestões àComissão de Valores Mobiliários (CVM) eà Brasil Bolsa Balcão (B3).

Nos últimos anos, tornou-se quase comum que alguma empresa do ÍndiceBovespa - que reune ações das companhias mais negociadas no país -submeta seus investidores a um "apagão" de balanços auditados.

Ontem, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) encerrou um período denada menos do que dez meses de escuridão do mercado sobre asdemonstrações financeiras de 2016, sete deles após o fim do prazo legal.

Antes dela, a Braskem havia atrasado a divulgação anual chancelada peloauditor em cinco meses. No auge da Operação Lava-Jato, os acionistas daPetrobras ficaram sem saber a extensão da crise sobre os resultados tambémdurante meses.

Agora, os minoritários da JBS são a bola da vez. Só os dados do primeirotrimestre passaram pela revisão do auditor independente. A empresapretende voltar a apresentar as contas auditadas para o balanço anual de2017 - ou seja, a situação só deve se normalizar no começo de 2018.

À xerife de mercado, a Amec propõe a revisão da Instrução 480, que trata doassunto. O objetivo é aumentar da multa diária, dos atuais R$ 500, para R$1.000 nos primeiros 30 dias e R$ 5.000 após esse prazo. Além disso, aassociação entende que a autarquia deve "determinar a responsabilizaçãopessoal dos diretores" em caso de atrasos, imputando também a eles multadiária.

"Queremos começar esse debate e vamos buscar o diálogo", disse ao Valor opresidente da Amec, Mauro Rodrigues da Cunha. "É fato que o atraso dasdemonstrações contábeis, além de sonegar ao mercado a mais básica dasinformações para tomada de decisões, sugere a possibilidade de ocorrênciade fatores graves dentro da companhia, de caráter contábil ou de controlesinternos, cujo conhecimento é essencial, e cujas responsabilidades devem serprontamente averiguadas e, quando aplicável, punidas", justifica a associaçãona carta encaminhada à CVM e à B3.

Em caso de inadimplência superior a 30 dias, a Amec propõe que a regra daCVM exija também a publicação de relatório dos auditores independentes,"resumindo a visão sobre a não publicação, incluindo eventuais pontos dediscordância com a administração".

"Sabemos que o pedido desse relatório é uma inovação. Mas faz parte daagenda de governança da contabilidade que temos discutido. Em últimainstância, os auditores independentes trabalham para os acionistas", disseCunha, ao comentar a iniciativa.

Ele explicou que o objetivo é que haja mais "bom-senso" nas regras sobre otema, do começo ao fim, tanto na CVM, como na B3.

Essencialmente, as sugestões ao regulador são que as multas incomodem,tanto as companhias como as pessoas físicas responsáveis. O valor atual damulta é considerado "totalmente imaterial" pela associação.

No caso da B3, as sugestões visam aprimorar as ferramentas de penalidades.Isso porque, segundo o presidente da Amec, praticamente não há sançãopara um período de 90 dias. Contudo, após esse prazo, a bolsa pode até exigira deslistagem da companhia mediante oferta pública para fechamento decapital. "A pena começa imaterial e, de repente, vira uma bomba atômica."

Por Graziella Valenti | De São Paulo

Cunha, presidente da Amec: "Atraso sugerea possibilidade de fatores graves"

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A ideia, portanto, é desenvolver uma gradação nas penas com o passar dotempo. Além disso, para os atrasos superiores a três meses, a Amec propõe aretirada da companhia do Índice Bovespa e de todas as demais carteiras daB3 em que a inadimplente possa constar.

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