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"O temor de Deus envolve o senso de nossa pequenez e da sua maravilhosa graça." - Hermisten Maia, Vivendo com Integridade istologia Ortodoxa: Importância (1/5) Keith Mathison 04 de Abril de 2016 - Teologia "Quem dizeis que eu sou?" Essa é a pergunta que Jesus fez aos discípulos antes de iniciar a última parte de seu ministério terreno. A resposta de Pedro à pergunta é bem conhecida: "Tu és o Cristo". Pedro reconheceu que Jesus era o Messias esperado, o Cristo prometido ao longo de todo o Antigo Testamento. Obviamente, Pedro ainda não era capaz de conciliar em sua própria mente como o Messias prometido também poderia sofrer e morrer. Ele ainda tinha que perceber que a figura exaltada de Daniel 7 era a mesma figura sofredora de Isaías 53. Essa verdade só se tornaria totalmente clara para ele depois da ressurreição e ascensão de Cristo. Uma coisa que os discípulos reconheceram rapidamente foi que Jesus não era um homem comum. Eles o viram fazer e dizer coisas que indicavam que ele era completa e verdadeiramente humano. Ele teve fome e sede. Ele ficou cansado e dormiu. Ele sofreu e morreu. Porém, eles também o viram fazer coisas que só Deus poderia fazer. Ouviram-no dizer coisas que só Deus deveria dizer. Com Tomé, eles foram levados a confessar que Jesus é Senhor e que Jesus é Deus (Jo 20.28). Para os primeiros discípulos, que eram judeus impregnados do Antigo Testamento, isso levantava questões importantes. Todo judeu fora ensinado desde a infância a confissão de fé fundamental: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.4- 5).

O Temor de Deus Envolve o Senso de Nossa Pequenez e Da Sua Maravilhosa Graça

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"O temor de Deus envolve o senso de nossa pequenez e da sua maravilhosa graça." - Hermisten Maia, Vivendo com Integridade 

istologia Ortodoxa: Importância (1/5)Keith Mathison04 de Abril de 2016 - Teologia

"Quem dizeis que eu sou?"

Essa é a pergunta que Jesus fez aos discípulos antes de iniciar a última parte de seu ministério terreno.

A resposta de Pedro à pergunta é bem conhecida: "Tu és o Cristo". Pedro reconheceu que Jesus era o Messias esperado, o Cristo prometido ao longo de todo o Antigo Testamento. Obviamente, Pedro ainda não era capaz de conciliar em sua própria mente como o Messias prometido também poderia sofrer e morrer. Ele ainda tinha que perceber que a figura exaltada de Daniel 7 era a mesma figura sofredora de Isaías 53. Essa verdade só se tornaria totalmente clara para ele depois da ressurreição e ascensão de Cristo.

Uma coisa que os discípulos reconheceram rapidamente foi que Jesus não era um homem comum. Eles o viram fazer e dizer coisas que indicavam que ele era completa e verdadeiramente humano. Ele teve fome e sede. Ele ficou cansado e dormiu. Ele sofreu e morreu. Porém, eles também o viram fazer coisas que só Deus poderia fazer. Ouviram-no dizer coisas que só Deus deveria dizer. Com Tomé, eles foram levados a confessar que Jesus é Senhor e que Jesus é Deus (Jo 20.28).

Para os primeiros discípulos, que eram judeus impregnados do Antigo Testamento, isso levantava questões importantes. Todo judeu fora ensinado desde a infância a confissão de fé fundamental: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.4-5).

Há apenas um Deus. No entanto, este Jesus estava fazendo e dizendo coisas que só Deus pode fazer ou dizer. E ele estava fazendo e dizendo coisas que são apropriadas apenas a seres humanos.

Como conciliar isso?

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Os fariseus conciliaram concluindo que Jesus era um blasfemo mentiroso, e o condenaram. Seus seguidores, por outro lado, conciliaram concluindo que ele era quem disse que era: o Verbo que estava com Deus e que era Deus (Jo 1.1), o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14).

Contudo, não demorou muito até que surgissem mestres que conciliassem os diversos fatos de formas que distorcessem ou destruíssem a verdade. Ainda antes que o Novo Testamento fosse concluído, por exemplo, havia aqueles que negavam que Cristo veio em carne (1Jo 4.3). Quão importante é a cristologia? Bem, João refere-se a este erro cristológico em particular como "o espírito do anticristo". Não é possível ficar muito mais grave do que isso.

Nos séculos após a conclusão do Novo Testamento, muitos tentaram explicar como podemos confessar que Deus é um só e também confessar que Jesus é Deus. Muitos tentaram explicar como esse que confessamos ser Deus poderia sofrer e morrer, considerando o fato de que Deus não pode sofrer e morrer. Muitos tentaram explicar como esse tal podia apresentar características tanto de Deus como de homem.

A luta para encontrar a resposta bíblica para essas e outras questões é a história dos debates trinitários e cristológicos.

As respostas dadas a essas perguntas determinam se alguém está adorando o Deus trino revelado nas Escrituras ou um ídolo da própria imaginação. Tais respostas determinam se alguém é um seguidor de Jesus Cristo, o Filho de Deus, ou um seguidor de um dos muitos falsos cristos.

Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira

Revisão: Vinícius Musselman

Cristologia Ortodoxa: Novo Testamento (5/5)Keith Mathison08 de Abril de 2016 - Teologia

A contribuição do Novo Testamento para a nossa compreensão da Pessoa de Cristo pode encher (e tem enchido) volumes inteiros de obras. Ele tem sido a fonte de rica e profunda meditação teológica durante séculos. Aqui poderemos meramente arranhar a superfície. Neste breve post, vamos olhar para as respostas a duas perguntas: quem Jesus alega ser, e quem seus discípulos dizem que ele é?

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O testemunho próprio de Jesus

Não há dúvida de que Jesus se entendia como sendo o Messias profetizado no Antigo Testamento. Ele usa o título "Cristo" (que é a tradução grega da palavra hebraica "Messias") para si mesmo (p.ex., Jo 4.25-26; 17.3), e aceita que outros usem este título para se referirem a ele (p. ex., Mt 16.16; Jo 11.25-27). Aquilo que o Antigo Testamento prometeu, Jesus afirmava cumprir.

Embora Jesus tenha usado o título "Cristo" para si mesmo, sua auto-designação preferida era o título "Filho do Homem". Este título ocorre cerca de 69 vezes nos Evangelhos sinóticos e mais 13 vezes no Evangelho de João. Quase todas as vezes que o título ocorre, Jesus está usando-o em referência a si mesmo. "Filho do Homem" é em si um título messiânico, cujo significado completo só pode ser apreciado se examinarmos seu pano de fundo em Daniel 7, onde ele descreve uma figura que sobe para o Ancião de Dias e recebe o domínio sobre todas as coisas. Referindo-se a si mesmo como o "Filho do Homem", Jesus está dizendo, na verdade: "Eu sou aquele de quem Daniel falou".

Jesus não apenas se entendia como o Messias prometido, mas também diz e faz coisas ao longo dos Evangelhos que deixam claro que se entendia como sendo o Deus encarnado. Em muitos lugares, Jesus faz reivindicações que implicam sua eterna existência divina anterior à sua encarnação (p. ex., Jo 3.13; 6.62; 8.42). Sua declaração em Mateus 11.27 implica a soberania mútua que ele compartilha com o Pai. Várias das conhecidas afirmações "Eu sou" no Evangelho de João reivindicam ou implicam divindade (Jo 8.58; 13.19). Seus ensinamentos e obras indicam também que ele é Deus encarnado. Ele ensinou a lei como só Deus poderia fazer (Mt 5.22, 28, 32, 34, 39, 44). Ele perdoou pecados (Mt 9.6; Mc 2.10; Lc 5.24), um ato que somente Deus pode fazer. Ele ouve e responde a oração (Jo 14.13-14) e recebe adoração e louvor (Mt 21.16). Simplesmente não é possível ler honestamente os Evangelhos sem reconhecer que Jesus entende-se como o Messias, o Filho de Deus encarnado.

Jesus entende-se como o divino Filho de Deus e Messias, mas quem os discípulos dizem que ele é? Apesar de levar algum tempo para que os discípulos compreendam plenamente quem é Jesus, quando eles de fato reconhecem a verdade, não hesitam em declará-la corajosamente. Natanael chama Jesus de o Filho de Deus e o Rei de Israel (Jo 1.49). Pedro chama-o de "Senhor" (Lc 5.8) e o "Santo de Deus" (Jo 6.69). Mais tarde, Pedro declara que Jesus é "o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16.16). Paulo também proclama que Jesus é o Cristo (At 17.2-3) e Senhor (1Co 1.2-3) e confessa a divindade de

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Cristo (Cl 1.15-20; 2.9; Fp 2.6-11). Quando lembramos a confissão básica dos judeus do Antigo Testamento de que o Senhor é um, estas afirmações sobre Jesus, vindas da boca de judeus, são ainda mais surpreendentes.

Várias passagens do Novo Testamento se referem explicitamente a Jesus como Deus. O Evangelho de João, por exemplo, abre com uma declaração da divindade de Cristo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela [...] Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, os que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1.1-5, 12-14). Aqui o Verbo, que é identificado com Jesus (v. 14), é dito ser "Deus" (v. 1). Não obstante as contorções exegéticas das Testemunhas de Jeová, esta passagem é inequívoca em sua declaração da divindade de Cristo.

O apóstolo Paulo também chama explicitamente Jesus de Deus em vários lugares. Em Romanos 9.5, ele escreve: "deles [os judeus] são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para sempre". Jesus Cristo, diz ele, é Deus sobre todos. Em Tito 2.13, Paulo fala da manifestação da "glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus". As palavras "Deus" e "Salvador" qualificam "Cristo Jesus". Isto é, Jesus Cristo é Deus e Salvador. Também, Pedro confessa que Jesus é Deus e Salvador no primeiro verso de sua segunda epístola. Pensar sobre as implicações dessas declarações mesmo que apenas por um momento é impressionante.

O Antigo Testamento declarou claramente que o Senhor nosso Deus é único (Dt 6.4). O Novo Testamento continua a enfatizar que Deus é um (Mc 12.29). Entrentanto, ao mesmo tempo, o Novo Testamento também declara que Jesus é Deus. O Novo Testamento está contradizendo o Antigo Testamento? Como os cristãos devem compreender estas afirmações? Como poderia a Igreja confessar que Deus é "um" e, ao mesmo tempo confessar que Jesus Cristo é Deus? A igreja levou vários séculos trabalhando essas questões para explicar o ensinamento do Novo Testamento de uma forma que levasse em conta todas as provas. Em nosso próximo post, vamos começar a olhar para o ensino da igreja primitiva sobre a Pessoa de Cristo.

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AutorKeith MathisonDr. Keith Mathison é editor associado da Tabletalk magazine, deão e professor de Teologia Reformada na Reformation Bible College em...