55
FACULDADE DE CARIACICA THAÍS MANOEL TEIXEIRA O TERMÔMETRO DE KANITZ VERSUS ANÁLISE DE LIQUIDEZ TRADICIONAL: Um estudo de caso na empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda. CARIACICA 2012

o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

FACULDADE DE CARIACICA

THAÍS MANOEL TEIXEIRA

O TERMÔMETRO DE KANITZ VERSUS ANÁLISE DE LIQUIDEZ TRADICIONAL:

Um estudo de caso na empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda.

CARIACICA 2012

Page 2: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

THAÍS MANOEL TEIXEIRA

O TERMÔMETRO DE KANITZ VERSUS ANÁLISE DE LIQUIDEZ TRADICIONAL:

Um estudo de caso na empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Cariacica, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Carlos Manoel Moraes.

CARIACICA 2012

Page 3: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) Biblioteca da Faculdade de Cariacica

T266t TEIXEIRA, Thaís Manoel O termômetro de Kanitz versus análise de liquidez tradicional: um estudo de caso na empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda / Thaís Manoel Teixeira. – 2012.

54 f.; 30 cm Orientador: Prof. Carlos Manoel S. Moraes.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Cariacica, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

1. Balanço Financeiro - Administração financeira. 2. Análise de

Liquidez. 3. Insolvência. I. MORAES, Carlos Manoel S. II. Faculdade de Cariacica. III. Título.

CDD 658.15076

Page 4: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

THAÍS MANOEL TEIXEIRA

O TERMÔMETRO DE KANITZ VERSUS ANÁLISE DE LIQUIDEZ

TRADICIONAL: Um estudo de caso na empresa Roda Bem

Comércio e Serviços Ltda.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Ciências Contábeis da

Faculdade de Cariacica como parte dos requisitos para obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Contábeis.

Aprovado em 07 de Dezembro de 2012.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. Carlos Manoel Moraes

Orientador Faculdade de Cariacica

__________________________________________ Prof. Wanderson Leão Borges Aleixo

Faculdade de Cariacica Banca 1

__________________________________________ Prof. Me. Magda Sacht Kumm

Faculdade de Cariacica Banca 2

Page 5: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

Dedico esse trabalho ao meu esposo

Fabrício Augusto da Cunha, que me

ajudou e incentivou na realização do

sonho da formação acadêmica,

acreditando que eu pudesse aprender

ciências contábeis, quando decidi na

escolha deste curso. Foi amigo,

conselheiro e professor, me apoiando dia

a dia. Agradeço pelas ideias e sabedoria

a mim repassadas, ajudando-me na

vivência acadêmica e na realização deste

trabalho. Sinto-me grata e orgulhosa por

tê-lo sempre ao meu lado.

Page 6: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Jesus Cristo, pois sem Ele, não sou nada, porém, com Ele, sou tudo.

Ao meu esposo Fabrício Augusto da Cunha que acreditou em mim, me ajudando dia

a dia.

Á minha avó Lêda Seidel Teixeira que, com base em sua experiência empírica,

ensinou-me como era a vida.

À minha Tia Lucia Helena Teixeira, que me ajudou em um momento difícil, sendo

amiga e solidária.

Ao Professor Carlos Manoel Moraes, por quem fui orientada, pela confiança em mim

depositada, pelas ideias que tornaram possível a realização deste trabalho.

Assim como aos meus amigos e familiares, que foram pacientes e compreensivos

em minha ausência.

E a todos os professores e amigos, que me ensinaram e ajudaram, de forma direta

ou indireta, nesta longa caminhada em busca da graduação.

Obrigada a todos que fazem parte da minha história.

Page 7: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

Satisfeita, olho para trás e lembro-me de tudo que vivi nesta jornada acadêmica, que em tão pouco tempo pareceu-me uma vida. Nela percebi que viver não é saber, e que este não ocupa espaço. Aprendi que ganhar às vezes é perder, como perdi horas de sono e de lazer. Mas valeu a pena, e faria tudo outra vez!

(Thaís Manoel Teixeira) “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem.”

(Fernando Pessoa)

Page 8: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

RESUMO

TEIXEIRA, Thaís Manoel. O TERMÔMETRO DE KANITZ VERSUS ANÁLISE DE

LIQUIDEZ TRADICIONAL: um estudo de caso na empresa Roda Bem Comércio e

Serviços Ltda. 2012. 54 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências

Contábeis – Faculdade de Cariacica – UNIEST, Cariacica, 2012.

De acordo com informações geradas pelo SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas (2005), o mercado empresarial tem crescido

consideravelmente, e está aquecido por empresas de pequeno e médio porte.

Porém, com essa evolução, a insolvência também tem tomado uma parcela

considerável do mercado. Por esse motivo, muitos empreendedores buscam meios

para prever uma possível insolvência antes de entrarem em crise. Este estudo

acadêmico visa identificar qual indicador entre os índices de liquidez tradicionais e o

Modelo de Kanitz, mostraria com maior eficiência a solvência ou a insolvência da

empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda. (nome fictício), dos anos

compreendidos entre 2008 e 2011. Para se atingir o objetivo principal, utilizou-se

pesquisa bibliográfica, documental e foi realizado um estudo de caso nesta empresa,

utilizando informações obtidas em demonstrações contábeis. Essa empresa vinha

progredindo até o momento em que entrou em um negócio de alto risco, perdendo

consideravelmente a liquidez financeira, por não conseguir cumprir seus prazos de

pagamento. Com as análises obtidas pelos indicadores, pode-se concluir que os

índices de liquidez tradicionais foram mais eficientes para determinar a insolvência

dessa empresa, já que a mesma apresenta um quadro de baixa liquidez sendo

determinado pelo patrimônio líquido e lucro líquido negativos, fazendo com que o

resultado do termômetro de Kanitz afirmasse que a empresa está solvente. Este

resultado se deu pelo emprego da regra matemática, pois quando há dois valores

negativos na multiplicação ou na divisão, o resultado será positivo, tornando o

termômetro de Kanitz ineficaz especificamente para o quadro da empresa objeto

desse estudo.

Palavras-chave: Termômetro de Kanitz, Índices de Liquidez Tradicional,

Demonstrações Contábeis.

Page 9: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Balanço Patrimonial

Quadro 2: Balanço Patrimonial Alterado Pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09

Quadro 3: Demonstração do Resultado do Exercício

Quadro 4: Situação Financeira Positiva

Quadro 5: Situação Financeira Nula

Quadro 6: Situação Financeira Negativa

Page 10: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fator de Insolvência

Figura 2: Termômetro de Kanitz

Page 11: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Balanço Patrimonial

Tabela 2: Demonstração do Resultado do Exercício

Page 12: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Progressão dos Índices de Liquidez Tradicionais

Gráfico 2: Progressão do Modelo de Kanitz

Page 13: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 14 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................14 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA...............................................................................17 1.3. OBJETIVOS .......................................................................................................17 1.3.1. Objetivo Geral ................................................................................................17 1.3.2. Objetivos Específicos ...................................................................................17 1.4. METODOLOGIA.................................................................................................18 1.5. JUSTIFICATIVA .................................................................................................19 1.6. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ..........................................................................20 2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 21 2.1. CONTABILIDADE...............................................................................................21 2.2. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .....................................................................22 2.2.1. Balanço Patrimonial ......................................................................................23 2.2.1.1. Ativo .............................................................................................................23 2.2.1.2. Passivo.........................................................................................................24 2.2.1.3. Patrimônio Líquido........................................................................................24 2.2.1.4. Alterações Impostas pelas Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 .......................24 2.2.2. Demonstração do Resultado do Exercício..................................................26 2.3. SITUAÇÃO FINANCEIRA...................................................................................26 2.4. ÍNDICES DE LIQUIDEZ TRADICIONAL .............................................................28 2.4.1. Liquidez Corrente (LC)..................................................................................29 2.4.2. Liquidez Seca (LS).........................................................................................29 2.4.3. Liquidez Imediata (LI)....................................................................................29 2.4.4. Liquidez Geral (LG) .......................................................................................30 2.5. ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO ...........................................................................30 2.5.1. Grau de Endividamento (GE)........................................................................30 2.6. RETORNO SOBRE CAPITAL PRÓPRIO ...........................................................30 2.6.1. Retorno sobre Patrimônio Líquido (RPL) ....................................................30 2.7. O TERMÔMETRO DE KANITZ...........................................................................31 3. ESTUDO DE CASO ......................................................................... 34 3.1. BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................35 3.2. DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO ........................................36 3.3. ANÁLISE DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ TRADICIONAIS ...................................37 3.3.1. Liquidez Corrente ..........................................................................................37 3.3.2. Liquidez Seca ................................................................................................37 3.3.3. Liquidez Imediata ..........................................................................................38 3.3.4. Liquidez Geral................................................................................................38 3.3.5. Grau de Endividamento ................................................................................39 3.3.6. Rentabilidade do Patrimônio Líquido ..........................................................40 3.3.7. Análise Geral .................................................................................................40 3.4. ANÁLISE DO TERMÔMETRO DE KANITZ ........................................................41 3.4.1. Identificação do Fator de Insolvência em 2008 ..........................................42 3.4.2. Identificação do Fator de Insolvência em 2009 ..........................................43 3.4.3. Identificação do Fator de Insolvência em 2010 ..........................................44 3.4.4. Identificação do Fator de Insolvência em 2011 ..........................................45 3.4.5. Análise Geral .................................................................................................46 3.5. ANÁLISE COMPARATIVA..................................................................................46

Page 14: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 49 5. REFERÊNCIAS................................................................................ 52

Page 15: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

14

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Ao longo dos anos estudiosos buscam alternativas, por meio de estudos rigorosos

fundamentados em ramificações matemáticas e estatísticas, que possibilitem

obtenção de informações para o campo gerencial a fim de elevar os conceitos para

direção de um negócio, permitindo, assim, uma boa gestão.

Cabe salientar que, conforme esclarece Brasil e Brasil (1996), a contabilidade define

vários formatos de demonstrativos com os registros consolidados da empresa, nos

quais se relatam as origens e aplicações de recursos, permitindo, então, conhecer a

capacidade financeira da empresa.

De acordo com Crepaldi (2008, p. 5), “Contabilidade Gerencial é o ramo da

Contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de

empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais”. Sendo assim, com o auxilio

da contabilidade gerencial e da análise das demonstrações contábeis, os gestores,

tais como contadores, administradores ou interessados na avaliação da lucratividade

dos negócios, podem se beneficiar dos recursos disponibilizados, pois a

contabilidade fornece aos usuários uma visão geral da empresa, tornando possível

traçar estratégias para aumentar os saldos e negócios. No entanto, é fundamental

utilizar-se de técnicas seguras para evitar interpretações errôneas ou incompletas.

A análise das demonstrações contábeis, através da utilização de índices de balanço,

de acordo com Marion (2009), é um instrumento indispensável para a tomada de

decisões, pois fornece uma visão ampla da situação econômica e financeira da

empresa, avaliando os aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e

financeiros, detectando pontos fortes e pontos fracos do processo operacional e

financeiro da empresa.

Este estudo aborda duas ferramentas contábeis utilizadas para gerenciar a situação

financeira das empresas, os índices de liquidez tradicionais e o Termômetro de

Page 16: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

15

Kanitz, modelo desenvolvido pelo professor Stephen Charles Kanitz destinado à

prevenção de falências.

O termômetro como ferramenta matemática de caráter estatístico, poderia refletir a

situação financeira da empresa, determinando a tendência de uma empresa falir ou

não.

Os indicadores financeiros poderiam identificar ou prevenir de forma fácil a realidade

financeira das empresas. Para tanto, é necessário verificar quais indicadores serão

mais específicos para mensurar uma potencial insolvência.

Tendo em vista que a solvência está relacionada à liquidez, e esta se relaciona

diretamente com a capacidade que uma empresa tem de quitar suas obrigações, é a

insolvência a consequência da falta de capacidade que uma empresa tem para

quitar suas obrigações. Dessa forma, a insolvência tem no inadimplemento o seu

primeiro efeito, ou até mesmo um sintoma.

Fama e Grava (2000) salientam que um dos primeiros sintomas da insolvência seria

o inadimplemento, pois a baixa liquidez poderia ser um sintoma de insolvência

futura. No entanto, uma empresa pode apresentar uma crise de liquidez e ainda ter

seus ativos superiores às suas obrigações, sendo necessária apenas uma

realocação em seus prazos de pagamento.

O fato é que, na maioria das vezes, as medidas cabíveis geralmente são adotadas

pelos gestores ao se depararem com uma situação de insolvência. Nesse momento

as modificações já não são suficientes para evitar uma possível falência. Isto se dá

pela carência de informações que a contabilidade tradicional tem, pois refletem

apenas dados passados, menos eficazes para a tomada de decisões.

Para que as empresas possam sobreviver em um mercado altamente competitivo, é

necessário obter maior retorno financeiro. Para que isso ocorra, as informações

contábeis devem remeter-nos a informações financeiras mais atuais, projetando os

resultados financeiros para o futuro, permitindo que o gestor tenha tempo para

planejar as mudanças necessárias para que a empresa volte a ter saúde financeira.

Page 17: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

16

Portanto, percebe-se a necessidade de os gestores estarem atentos à liquidez e à

solidez da empresa, pois a falência de uma empresa pode ser evitada se os fatores

que a levaram à insolvência forem identificados em tempo hábil, para que decisões

possam ser tomadas, permitindo que as falhas sejam retificadas e a capacidade

financeira volte a ser sólida.

A empresa, que é objeto deste estudo de caso, teve sua razão social modificada

para preservar seu anonimato, e é representada pelo nome empresarial de Roda

Bem Comércio e Serviços Ltda. sendo um exemplo de empresa de pequeno e médio

porte que não utiliza a Contabilidade Gerencial como ferramenta de análise para

tomada de decisões, tão pouco, tem acesso a auditores internos, ou até, em muitos

casos, profissionais para os auxiliarem num adequado planejamento tributário.

Muitas destas empresas são formadas por empreendedores sem formação

adequada e que desconhecem a importância da utilização das informações

contábeis para analisar os dados e planejar o rumo financeiro da empresa. Desta

forma, esses gestores enfrentam dificuldades para administrar empresas que

crescem, e não acompanham sua situação patrimonial e financeira.

Tais empresas precisam de ferramentas que as auxiliem para que não entrem em

descontinuidade por não ter informações contábeis que as ajudem nos

planejamentos necessários para alavancar a receita e o lucro da entidade.

Por este motivo, esta pesquisa dará ênfase à necessidade de ferramentas como

instrumentos de apoio que mostrem se o rumo financeiro que a empresa está

trilhando está sendo eficaz ou se está levando-a a insolvência.

No capitulo 01 será definida a metodologia utilizada para atingir o objetivo deste

estudo de caso, evidenciando a relevância desta pesquisa.

No capitulo 02 será abordado o referencial teórico que é a base para a realização da

pesquisa, pois dará legitimidade às afirmações que serão feitas, e o conhecimento

de todo o assunto explorado.

Page 18: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

17

Já no capitulo 03, será apresentado o estudo de caso, em conjunto com as análises

de cada método utilizado e a análise comparativa, identificando qual método será

mais eficiente para saber se esta empresa está solvente ou insolvente.

E, por fim, será apresentada a análise conclusiva deste estudo, como resposta ao

problema de pesquisa proposto, defendendo os índices de liquidez tradicionais como

ferramenta mais eficiente para identificar a capacidade de solvência da empresa

Roda Bem Comércio e Serviços Ltda.

1.2. PROBLEMA DE PESQUISA

Com base na argumentação exposta, comparando-se os índices de liquidez

tradicionais com o modelo de Kanitz, chegou-se a seguinte questão de pesquisa:

qual indicador mostraria com maior eficiência a solvência ou insolvência da

empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda. dos anos de 2008, 2009, 2010 e

2011?

1.3. OBJETIVOS

A seguir serão apresentados os objetivos que auxiliarão na apresentação da

resposta ao problema de pesquisa proposto, e, consequentemente, na produção do

relatório de pesquisa.

1.3.1. Objetivo Geral

Verificar qual método de análise mostra com mais eficiência a solvência ou

insolvência da empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda. dos anos de 2008 a

2011.

1.3.2. Objetivos Específicos

• Analise da situação financeira da empresa utilizando o método de Kanitz;

• Analise da situação financeira da empresa utilizando os índices de liquidez

tradicionais;

Page 19: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

18

• Comparar o método de Kanitz com os índices de liquidez tradicionais,

relacionando e refletindo sobre a eficiência dos indicadores.

1.4. METODOLOGIA

De acordo com Martins (2005, p.80), “a metodologia estabelece as atividades que

serão praticadas para a aquisição de dados com os quais se desenvolverão os

raciocínios que resultarão em cada parte do trabalho final”.

A metodologia utilizada para alcançar o objetivo da pesquisa, pode ser classificada

sob dois enfoques, segundo Vergara (2005): “quanto aos fins e quanto aos meios”.

Quanto aos fins, o presente estudo classifica-se como metodológica e aplicada, e

quanto aos meios, enquadra-se como: descritiva, bibliográfica, estudo de caso e

qualitativa.

Em conformidade com Andrade (2002), a pesquisa descritiva observa, registra,

analisa e classifica os fatos sem a interferência e a manipulação do pesquisador.

Fraga (2009) afirma que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida através de uma

pesquisa organizada em material acessível ao público, isto é, publicado em livros,

revistas, jornais e redes eletrônicas, sendo estes o conjunto de conhecimentos

humanos reunidos nas obras que conduzem o leitor a determinado assunto

proporcionando a produção, a coleção, o armazenamento, a reprodução, a utilização

e a comunicação das informações coletadas para a realização da pesquisa. “Ela

constitui o ato de ler, selecionar, fichar, organizar e arquivar tópicos de interesse

para a pesquisa em pauta.” (ARANTES, 1971, p. 28)

De acordo com Gil (1999), o estudo de caso permite um estudo amplo e detalhado

de um ou poucos objetos. Neste sentido, a base para esta pesquisa será um estudo

de caso, que se dará através de demonstrações financeiras da empresa Roda Bem

Comércio e Serviços Ltda.

Page 20: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

19

Gil (1999, p. 99) define população como “[...] um conjunto definido de elementos que

possuem determinadas características”.

Segundo Goode e Hatt (1979) a amostra é a menor representação de determinado

fenômeno que permite uma análise sem que suas características sejam perdidas.

Sendo assim, para este trabalho, a população será composta pelas empresas que

atuam no segmento de reforma de pneumáticos, e a amostra será representada pela

empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda.

Ressalta-se que neste estudo será utilizada a forma quantitativa, pois serão

extraídas informações financeiras através de demonstrativos contábeis e

representados através de índices. Conforme definição de Richardson (1999) para

enfoque qualitativo:

Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coletas de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como percentual, média, desvio padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (RICHARDSON 1999, p. 80)

Cabe salientar que neste estudo serão utilizados demonstrativos contábeis da

Empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda., a fim se servirem como base de

dados para avaliação da eficiência na utilização do termômetro de Kanitz e dos

índices de liquidez tradicionais, visando identificar em tempo hábil uma possível

insolvência, conforme justificado no item seguinte.

1.5. JUSTIFICATIVA

A mortalidade empresarial tem se tornado um problema entre as pequenas e as

médias empresas. Essa realidade pode ser mudada se os empreendedores

utilizarem ferramentas disponíveis na própria contabilidade, como os índices de

liquidez tradicionais e o termômetro de Kanitz, que são ferramentas fidedignas na

busca por coeficientes para revelar a realidade financeira de uma entidade, e, assim,

possibilitar tomada de decisão, auxiliando nos processos financeiros, e evitando uma

possível situação de insolvência.

Page 21: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

20

Neste sentido, esta pesquisa torna-se viável, pois visa analisar a saúde financeira de

uma empresa de reforma de pneumáticos e revenda de peças para veículos,

avaliando os dados por ela disponibilizados, contribuindo para a formação

acadêmica, experiência dentro da profissão e para a própria empresa objeto desse

estudo, gerando análise reflexiva sobre a suficiência ou não das ferramentas

analisadas.

1.6. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A delimitação da pesquisa mostra ao leitor qual assunto será abordado, descartando

outro assunto que também seja semelhante, ou seja, explicará o que ficará dentro

da pesquisa e o que não fará parte da pesquisa. “A Partir da Delimitação, o

investigador poderá dar enfoque necessário ao que realmente lhe interessa”.

(Nunes, 2000, p. 8)

Dessa forma, esta pesquisa está delimitada no estudo de caso da empresa Roda

Bem Comércio e Serviços Ltda., uma média empresa do setor de recauchutagem,

que atua nesse mercado com os seguintes objetivos sociais: reforma de

pneumáticos usados, serviços de alinhamento e balanceamento de veículos

automotores, serviços de borracharia, revenda de peças e acessórios novos e

usados para veículos.

Importante destacar que a pesquisa é focada e permeia as informações contábeis e

financeiras da empresa dos exercícios de 2008, 2009, 2010 e 2011, dos quais serão

coletados os dados para análise e interpretação, por meio dos índices de liquidez

tradicionais e do modelo de Kanitz, sendo desconsiderados outros métodos que

permitam o alcance das mesmas informações gerenciais de análise de

demonstrações, ainda que sejam relevantes para a identificação do fator de

insolvência desta entidade.

Page 22: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

21

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. CONTABILIDADE

De Acordo com Franco (1997), a Contabilidade é a ciência que estuda e controla o

patrimônio, evidenciando suas variações, estabelecendo normas para a

interpretação das análises e auditagem, tendo como objetivo a representação

gráfica, servindo como instrumento básico para tomada de decisões.

Por sua vez, Marion (1998), define contabilidade como o instrumento que fornece o

máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa.

Já na visão de Hoss et al. (2006), apud Sottili e Maboni (2009), a contabilidade

surgiu da necessidade humana de controlar suas riquezas, ou seja, de saber sobre o

seu patrimônio. Desse modo, conhecer a real situação patrimonial de uma entidade

é essencial para evitar que futuramente a empresa possa entrar em

descontinuidade.

Na concepção de Parada (2004), apud Rezende, Souza, Barbosa e Vasconcelos

(2011), os usuários, são pessoas físicas ou jurídicas que se utilizam da contabilidade

buscando respostas nos instrumentos contábeis, pois se interessam pela situação

da empresa. Muitos desses usuários acreditam que a riqueza de uma empresa é

medida apenas por seus bens e direitos, no entanto, suas obrigações também

compõem este quadro, e essa realidade será demonstrada através dos relatórios

fornecidos pela contabilidade.

Greco et al. (2009) esclarecem que a contabilidade tem como essência, tanto da

doutrina como da teoria contábil, os princípios, convenções e normas de

contabilidade. Estes permitem a padronização e interpretação das demonstrações

contábeis.

As informações Contábeis deverão ser desenvolvidas conforme as Normas

Brasileiras de Contabilidade (NBC), que estão presentes na resolução do Conselho

Page 23: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

22

Federal de Contabilidade nº. 1.282/2010, que dispõe sobre os princípios da

contabilidade. Em conformidade, Franco (1997), evidencia que, “os princípios

contábeis servem de parâmetros para o registro de fatos e elaboração das

demonstrações contábeis”.

Entre esses princípios contábeis, cabe destacar o Princípio Contábil da

Continuidade, no qual a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº.

1.282/2010 estabelece, no art. 5º, que “a continuidade ou não da entidade, bem

como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da

classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas”.

2.2. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis são relatórios extraídos da contabilidade após o

registro de todos os fatos contábeis ocorridos nas entidades em um determinado

período ou no final do exercício social, que conforme a Lei 6.404/1976, art. 175,

parágrafo único, terá duração de um ano, podendo esta ser diversificada em casos

específicos de constituição ou modificação estatutária.

De acordo com Greco et. al. (2009), os dispositivos legais das demonstrações

contábeis são normatizados, primeiramente, pela lei nº 6.404 de 15/12/1976,

alterada pelas leis nº 11.638 de 28/12/2007 e lei nº 11.941 de 27/05/2009, sendo

estas objetivando a convergência da contabilidade brasileira à contabilidade

internacional. Eles salientam, baseados no art. 176, que ao fim de cada exercício

social as entidades deverão apresentar, obrigatoriamente, as demonstrações

contábeis contendo o conjunto das informações verídicas e claras do patrimônio da

empresa, assim como as mutações ocorridas no exercício.

Conforme disponibilizado no site do CFC – Conselho Federal de Contabilidade

(www.cfc.org.br), foi considerando a mobilização internacional à padronização das

normas contábeis que, em 7 outubro de 2005 divulgou-se a Resolução CFC n°

1.055/05, criando então o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, que tem

por objetivo:

Page 24: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

23

[...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (RESOLUÇÃO CFC N° 1.055/05, Art. 3°)

Dessa forma, as normas contábeis são interpretadas e orientadas pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC), que tende emitir pareceres técnicos acerca de

procedimentos contábeis visando à internacionalização das demonstrações

contábeis.

2.2.1. Balanço Patrimonial

Na visão de Marion (1998) o Balanço Patrimonial evidencia a situação patrimonial da

empresa. Esta mensuração é dada através da análise comparativa entre o ativo e o

passivo que, de uma forma mais ampla, formam o conjunto de Bens, Direitos e

Obrigações da empresa, configurando o curto prazo e o longo prazo do Balanço

Patrimonial.

O Balanço Patrimonial é representado de acordo com o quadro a seguir:

BENS

DIREITOS

OBRIGAÇÕES

Quadro 1: Balanço Patrimonial Fonte: Iudícibus et al (1998, p.31)

2.2.1.1. Ativo

No Ativo Circulante são classificados os bens e os direitos das empresas,

conhecidos como disponibilidades. Estes são realizáveis até o término do exercício

seguinte, dentre eles as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.

Page 25: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

24

O Ativo não circulante relaciona os investimentos, assim como atividades que não

correspondem ao negócio usual da empresa: vendas, empréstimos e adiantamentos

a coligadas ou controladas à longo prazo, isto é, no exercício subseqüente ao

exercício social.

2.2.1.2. Passivo

O Passivo Circulante é composto de obrigações vencíveis até o final do exercício

seguinte, sendo esta obrigação de qualquer natureza financeira.

O Exigível a longo prazo são as obrigações que têm seus vencimentos superiores

ao ciclo operacional, ou seja, ao exercício social.

2.2.1.3. Patrimônio Líquido

O Patrimônio Líquido é formado pelo capital investido pelos sócios na abertura da

empresa, assim como toda integralização de capital, e as reservas oriundas do lucro

acumulado dos exercícios anteriores da entidade.

2.2.1.4. Alterações Impostas pelas Leis 11.638/2007 e 11.941/2009

A contabilidade brasileira foi impactada com as alterações realizadas primeiramente

pela lei 11.638 em 2007 e depois pela lei 11.941 em 2009. As alterações impostas

pela lei 11.638/2007 vieram harmonizar as demonstrações contábeis no Brasil com o

IASB - International Accounting Standard Board. Desta forma, a contabilidade

brasileira fica harmonizada com o mundo, padronizando as demonstrações

contábeis tornando possível a compreensão das demonstrações em todo o mundo,

ou seja, a linguagem contábil será uma só em todos os lugares, trazendo mais

segurança e transparência às informações contábeis.

O quadro a seguir demonstra as alterações ocorridas no Balanço Patrimonial, regido

pela Lei 6.404/1976, que sofreu alterações tanto pela Lei 11.638/2007, quanto pela

Lei 11.941/2009:

Page 26: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

25

ANTES ANTES DEPOIS

Balanço Patrimonial De Acordo com a Lei 6.404/76

Balanço Patrimonial De Acordo com a Lei 6.404/76

após Lei 11.638/07

Balanço Patrimonial De Acordo com a Lei 6.404/76 e

Lei 11.638/07 após Lei 11.941/09

Ativo Ativo Circulante Ativo Realizável à Longo Prazo Ativo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Passivo Passivo Circulante Passivo Exigível à Longo Prazo Resultados de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados

Ativo Ativo Circulante Ativo Realizável à Longo Prazo Ativo Permanente Investimentos Imobilizado Intangível Diferido Passivo Passivo Circulante Passivo Exigível à Longo Prazo Resultados de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados

Ativo Ativo Circulante Ativo Não Circulante Realizável à Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Passivo Passivo Circulante Passivo Não Circulante Exigível à Longo Prazo Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados

Quadro 2: Balanço Patrimonial Alterado Pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09 Fonte: REVISTA CONTÁBIL E EMPRESARIAL Autor: SÉRGIO BISPO DE OLIVEIRA (2010)

Page 27: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

26

2.2.2. Demonstração do Resultado do Exercício

A DRE, Demonstração do Resultado do Exercício, é a simplificação das operações

realizadas na empresa. Nesta demonstração são expostas as receitas, os custos e

as despesas de uma forma vertical, por meio do qual se demonstrará o resultado

obtido pela empresa, ou seja, se a empresa obteve lucro ou prejuízo, sendo

organizada da seguinte forma:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Receita das Vendas (-) IPI Faturado Receita da Prestação de Serviços RECEITA OPERACIONAL BRUTA (-) Devolução de vendas (-) Abatimentos sobre Vendas (-) Descontos Comerciais (Incondicionais) (-) Impostos sobre Vendas RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) Custos dos Produtos Vendidos (-) Custos das Mercadorias Vendidas (-) Custos dos Serviços Prestados LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL BRUTO (-) Despesas com Vendas (-) Despesas Financeiras (+) Receitas Financeiras (-) Despesas Administrativas (-) Outras Despesas Operacionais (+) Outras Receitas Operacionais LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL LÍQUIDO (+) ou (-) Ganhos ou Perdas de Capital RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (-) Contribuição Social sobre o Lucro RESULTADO DO EXERCÍO ANTES DO IR (-) Provisão para Imposto de Renda RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS IR (-) Participações sobre o Lucro LUCRO (PREJUÍZO) LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Quadro 3: Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: GRECO et. al. (2009, p. 113)

2.3. SITUAÇÃO FINANCEIRA

Em conformidade com Braga (2003), no ativo são evidenciados todos os recursos

disponíveis da empresa, assim como os investimentos realizados, já no passivo

estão evidenciadas as origens de recursos, que podem ser de capital próprio ou

também de terceiros.

Page 28: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

27

Desta forma, pode-se definir que o ativo é igual ao passivo mais Patrimônio Líquido

(PL), que, na definição de Braga (2003), resulta na situação líquida da empresa,

definindo, assim, a força financeira para manter-se e gerar lucro.

Conforme salienta Braga (2003), a empresa só poderá quitar todas as suas

obrigações junto a terceiros se o resultado comparativo entre o ativo circulante e o

passivo circulante resultasse em bens e direitos maiores que as obrigações. Nesse

sentido, a situação financeira seria positiva, pois o ativo seria maior que o passivo.

PASSIVO

ATIVO

PL

Quadro 4: Situação Financeira Positiva Fonte: Iudícibus et al (1998, p.31)

A situação financeira da empresa é nula quando a mensuração do ativo for igual a

do passivo, deste modo os bens e direitos da empresa seriam iguais às suas

obrigações, e a empresa não teria lucro.

ATIVO PASSIVO

Quadro 5: Situação Financeira Nula Fonte: Iudícibus et al (1998, p.31)

Dentro desse contexto, pode-se concluir que, conforme Braga (2003), a empresa

também poderá apresentar uma situação líquida negativa, haja vista que o ativo

circulante não teve disponibilidades suficientes para quitar as obrigações da

empresa. Nesta situação o ativo circulante é menor que o passivo circulante,

Page 29: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

28

acarretando um possível prejuízo.

ATIVO

PASSIVO A

DESCOBERTO

PASSIVO

Quadro 6: Situação Financeira Negativa Fonte: Iudícibus et al (1998, p.31)

De acordo com Ribeiro (2004), o retorno líquido financeiro de uma empresa é a

capacidade que uma determinada empresa tem para saldar as obrigações, e a

capacidade econômica é o retorno de lucro que os investidores realizam através do

Capital aplicado em uma determinada empresa.

2.4. ÍNDICES DE LIQUIDEZ TRADICIONAL

Um dos principais instrumentos utilizados pelos contadores para avaliar a situação

financeira das empresas e a sua continuidade são os índices de liquidez tradicionais.

Brigham e Houston (1999) definiram que os índices de liquidez evidenciam

quocientes entre os ativos circulantes e os passivos circulantes.

Estes índices fornecem quocientes através de informações quantitativas retiradas

dos demonstrativos contábeis, sendo definidos por Marion (2007, p. 83) da seguinte

forma, “os Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de

pagamento, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade

para saldar seus compromissos”.

Conforme discriminado por Silva (2007), os índices de liquidez mostram a

capacidade da empresa de quitar suas obrigações em curto prazo, demonstrando o

relacionamento entre as contas do Balanço Patrimonial.

Page 30: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

29

2.4.1. Liquidez Corrente (LC)

Na opinião de Braga (2003), este quociente é determinado pelas disponibilidades

que a empresa tem para pagar suas dívidas em curto prazo, este índice não pode

ser inferior a 1,00. Seguindo tal princípio, poderíamos dizer que, quanto maior o

índice, melhor seria a situação financeira da empresa.

Ativo Circulante LC =

Passivo Circulante

2.4.2. Liquidez Seca (LS)

O índice de liquidez seca, na visão de Braga (2003), é a mensuração cautelosa da

força financeira da empresa sem a utilização da venda de seus estoques para quitar

suas dívidas.

Cabe salientar a visão de Marion (2010), o índice de liquidez seca “é um índice

bastante conservador para que possamos apreciar a situação financeira da

empresa”, afirmando que, “o banqueiro gosta muito desse índice, porque elimina os

estoques. O estoque é o item mais manipulável no balanço”.

Ativo Circulante - Estoques LS =

Passivo Circulante

2.4.3. Liquidez Imediata (LI)

De acordo com Silva (2007), o índice de liquidez imediata considera as contas de

caixa, saldo de banco e as aplicações financeiras, demonstrando o quanto de

dinheiro a empresa tem de imediato para honrar compromissos de curto prazo,

sendo imprescindível que este índice seja o menor possível, tornando-o contrário

aos demais índices, que serão convenientes quando forem mais elevados, o que

não seria interessante para o índice de liquidez imediata, pois se este índice estiver

elevado, os recursos do disponível estariam ociosos.

Page 31: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

30

Disponibilidades LI =

Passivo Circulante

2.4.4. Liquidez Geral (LG)

Para Braga (2003), o índice de liquidez geral é a capacidade financeira de uma

determinada empresa em saldar todas as suas obrigações junto a terceiros, tanto no

curto quanto no longo prazo. No entanto, para que este índice esteja com

capacidade financeira adequada, é necessário que esteja acima de 1,00.

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo LG =

Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

2.5. ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO

2.5.1. Grau de Endividamento (GE)

Conforme Braga (2003), “esses quocientes servem para indicar o grau de utilização

dos capitais obtidos pela empresa”, ainda salienta, “praticamente, o uso de um deles

elimina a necessidade de se recorrer ao outro”.

Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo GE =

Ativo Total

2.6. RETORNO SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

2.6.1. Retorno sobre Patrimônio Líquido (RPL)

Conforme Ribeiro (2004), o retorno sobre Patrimônio Líquido é o “poder de ganho

dos proprietários”, ainda salienta, “mostrando o quanto a empresa ganhou de lucro

líquido para cada real de Capital Próprio investido”.

Page 32: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

31

Lucro Líquido do Exercício RPL =

Patrimônio Líquido

2.7. O TERMÔMETRO DE KANITZ

O termômetro de Kanitz foi desenvolvido pelo Professor Stephen Charles Kanitz

através de uma análise discriminante, criando uma escala com base em índices

compostos de liquidez elaborando um instrumento para prever o grau de

possibilidade de falência das empresas. Para tanto, foram analisadas

aproximadamente 5.000 demonstrações contábeis de empresas brasileiras. (Kanitz,

1978, apud Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE,

2005).

Em suma o termômetro de Kanitz é uma das ferramentas utilizadas para medir a

capacidade de falência de uma entidade, assim como os índices de liquidez citados

anteriormente, cabendo a percepção do analista o método que contêm melhor

informação sobre uma potencial insolvência.

De acordo com Braga (2003, p. 172), “o professor (e contador) Stephen Charles

Kanitz desenvolveu um modelo de análise para determinar previamente, com

satisfatória margem de segurança, o grau de insolvência das empresas”, criando

uma espécie de termômetro financeiro.

Segundo Marion (1998), o Prof. Stephen C. Kanitz utilizou índices financeiros

através de método estatístico, criando um termômetro com a função de medir a

capacidade financeira de empresas falidas, resultando em um método que prevê

falência das empresas.

No estudo, Kanitz (1978), apud Callado (2003), analisou em torno de 5.000

demonstrações contábeis, apurando sua amostra para 21 empresas falidas entre

1972 e 1974, as quais foram escolhidas aleatoriamente.

Page 33: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

32

Na concepção de Braga (2003), o termômetro de Kanitz é desdobrado em duas

partes. Na primeira parte, encontra-se o Fator de Insolvência da empresa a ser

analisada, “decorrente de uma ponderação estatística de cinco índices”.

Kassai e Kassai (1998), apud Andrade (2004), ressaltam que “os coeficientes

atribuídos a cada indicador são resultado do tratamento estatístico dado pelo autor e

não foram revelados em seu artigo”.

Portanto até o momento não foi identificada a fórmula utilizada pelo professor Kanitz

para identificar o fator de insolvência da empresa na primeira parte, sendo afirmado

também por Marion (1998), “a fórmula do Fator de Insolvência, não tendo sido

explicado pelo referido professor como se chegou a ela, é a seguinte”:

Lucro Líquido LL X1 =

Patrimônio Líquido =

PL x 0,05

AC + RLP X2 = Liquidez Geral =

PC + ELP x 1,65

AC – E X3 = Liquidez Seca =

PC x 3,55

AC X4 = Liquidez Corrente =

PC x 1,06

Exigível Total CT

X5 = Patrimônio Líquido

= PL

x 0,33

Fator de Insolvência = X1 + X2 + X3 – X4 – X5

Figura 1: Fator de Insolvência Fonte: Marion (1998, p. 476)

Em conformidade com Braga (2003), “na segunda parte após a aplicação dos

índices, é analisado em qual intervalo enquadra-se o Fator de Insolvência no

termômetro de Kanitz, de acordo com as três seguintes configurações”:

Área de solvência – enquadram-se nessa área as empresas que apresentam fator

de insolvência maior que zero, sendo aquelas com menores riscos de quebra. A

probabilidade de insolvência diminui à medida que o fator de insolvência se eleva.

Área de penumbra – empresas que apresentam fator de insolvência entre zero e –3,

Page 34: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

33

encontram-se em uma situação perigosa, e merecem atenção especial.

Área de insolvência – as empresas que apresentam fator menor que –3, são as que

têm maiores probabilidades de falência, sendo que as possibilidades aumentam à

medida que o fator diminui.

Figura 2: Termômetro De Kanitz Autor: Fallman (2003) O termômetro de Kanitz determina a saúde financeira de uma empresa através da

conjunção de índices. “Empresas com índice acima de 3,5 estão bem. Empresas

com índice abaixo de -1 estão mal – superam somente 2,0% das empresas e

poderão falir se a situação piorar. A média brasileira é de 3,5”, (BRAGA 2003 p.

172).

Page 35: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

34

3. ESTUDO DE CASO

A empresa, objeto deste estudo de caso, teve sua razão social alterada para

preservar o anonimato da organização. Neste sentido, adotou-se o nome

empresarial fictício de Roda Bem Comércio e Serviços Ltda., que representará,

assim, aquela organização, que é tributada pelo regime de lucro real, e tem por

objetos sociais: a reforma de pneumáticos usados, serviços de alinhamento e

balanceamento de veículos automotores, serviços de borracharia, comércio de

peças e acessórios novos e usados para veículos, assim como, motocicletas e

motonetas.

Sua missão é ser uma organização, que, ao prestar serviços, busque ser referencial

no setor de recauchutagem de pneus, contribuindo para o bem estar e segurança,

tanto dos clientes internos, como externos, e da comunidade em seu entorno, bem

como, do meio ambiente.

Iniciou suas atividades com uma oficina de estrutura pequena, controlada pelo

gestor e mais um borracheiro. Ao longo do tempo esta simples oficina cresceu e foi

para outra localidade. Nesta oportunidade, sua estrutura física era de 250m²,

contando com instalações maiores e melhores para atender aos clientes.

Em seguida foram adquiridas as primeiras máquinas para recauchutagem de pneus,

fazendo com que esta oficina também ficasse com pouco espaço físico para a nova

demanda promovida pelo investimento. Com isso o empreendedor observou a

necessidade de aumentar a estrutura física da empresa para atender ainda melhor

aos clientes. Assim a empresa foi transferida para outra localidade e, desta vez, a

empresa ganhou uma estrutura física de 3500m² de área construída, e 6000m² de

área livre.

É notório que este gestor tem espírito empreendedor, pois conseguiu transformar

uma pequena oficina em um parque industrial. Porém, com o crescimento da

empresa, e falta de conhecimento e controle financeiro, este empreendedor assumiu

um investimento de alto risco para esta entidade.

Page 36: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

35

Para expandir as atividades desenvolvidas, o gestor começou a comprar matérias-

primas, agregando um centro de custo de produção na atividade fim da empresa. Ao

comprar matéria-prima, pagava em quatro vezes, e vendia sua produção para

receber em dez vezes. Dessa forma, a empresa não conseguia quitar as obrigações

com os fornecedores no prazo, criando uma “bola de neve”, pois seu passivo

aumentou, e o ativo não aumentava proporcionalmente, cabendo-lhe contrair

empréstimos cada vez maiores, e pagar juros na mesma proporção.

Pode-se dizer que com uma simples realocação na quantidade de parcelas de

pagamento e de recebimento, o gestor teria a rentabilidade que almejava. No

entanto, o que conseguiu foi o inverso, apenas baixou a liquidez da empresa.

Esse empreendedor necessitava das informações contábeis para conseguir

visualizar o que estava acontecendo com esta empresa, pois antes ele lidava com

certa quantia monetária, e agora a quantia havia triplicado. E, pensando estar com

folga financeira, desconhecia o tamanho das despesas que esta nova fase de

desenvolvimento trazia para essa empresa.

3.1. BALANÇO PATRIMONIAL

Período: Janeiro a Dezembro de 2011 2010 2009 2008

A T I V O 1.299.860,27 1.090.533,59 1.480.987,39 1.386.032,06

CIRCULANTE 653.728,88 612.076,46 940.275,74 845.054,20

DISPONIVEL (40.754,36) 41,44 52.316,48 256,795.08

CLIENTES 95.364,02 217.904,33 157.760,70 235.334,12

ESTOQUES 566.794,13 358.902,71 539.510,86 330.740,31

CRÉDITOS DIVERSOS 29.454,83 23.787,68 183.539,20 19.183,55

DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE 2.870,26 11.440,30 7.148,50 3.001,14

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 0,00 52.997,15 41.935,75 53.765,47

CONSÓRCIOS 0,00 52.997,15 41.935,75 53.765,47

NÃO CIRCULANTE 646.131,39 425.459,98 498.775,90 487.212,39

INVESTIMENTOS 405,00 405,00 405,00 405,00

IMOBILIZADO 645.726,39 425.054,98 498.370,90 486.807,39

P A S S I V O 1.299.860,27 1.090.533,59 1.480.987,39 1.386.032,06

CIRCULANTE 1.811.180,20 1.612.027,13 1.697.023,92 877.970,86

FORNECEDORES 650.726,38 504.866,55 294.111,52 491.436,38

OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS 28.925,63 17.011,45 10.915,85 5.746,16

OBRIGAÇÕES SOCIAIS 22.104,76 25.431,54 9.572,82 16.065,03

OBRIGAÇOES FISCAIS 4.993,22 8.158,11 4.423,05 16.646,72

EMPRÉSTIMOS / FINANCIAMENTOS 1.093.603,26 1.043.616,48 1.365.674,46 337.385,78

OUTRAS OBRIGAÇÕES 10.826,95 12.943,00 12.326,22 10.690,79

PATRIMÔNIO LÍQUIDO (511.319,93) (521.493,54) (216.036.53) 508.061,20

CAPITAL 50.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00

LUCROS / PREJUÍZOS (561.319,93) (571.493,54) (266.036,53) 458.061,20

Tabela 1: Balanço Patrimonial Fonte: Empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda.

Page 37: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

36

3.2. DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO

Período: Janeiro a Dezembro de 2011 2010 2009 2008

RECEITA BRUTA OPERACIONAL 3.880.978,46 4.964.855,28 2.871.648,58 2.520.831,91

VENDAS DE PRODUTOS 28.686,40 226.975,07 0,00 0,00

VEMDAS DE MERCADORIAS 1.689.350,98 3.169.219,05 1.756.338,99 975.709,41

VENDAS DE SERVIÇOS 2.162.941,08 1.568.661,16 1.115.309,59 1.545.122,50

DEDUÇÕES S/ RECEITA (279.284,53) (322.922,48) (329.852,53) (405.108,29)

VENDAS CANCELADAS (4.470,40) (21.736,10) (16.028,28) (1.158,00)

ICMS (4.721,52) (70.146,94) (113.632,56) (148.494,94)

COFINS (166.201,66) (150.555,01) (136.996,78) (175.184,17)

PIS (36.083,27) (32.686,28) (29.742,74) (38.033,45)

ISS (67.807,68) (47.798,15) (33.452,17) (42.237,73)

RECEITA LÍQUIDA OPERACIONAL 3.601.693,93 4.641.932,80 2.541.796,05 2.115.723,62

CUSTO DAS VENDAS (2.216.291,09) (3.460.606,85) (2.955.735,18) (1.646.936,63)

DOS PRODUTOS VENDIDOS (211.480,63) (554.600,51) 0,00 0,00

DAS MERCADORIAS VENDIDAS (1.221.034,91) (2.282.595,31) (1.888.825,04) (1.225.766,07)

DOS SERVIÇOS VENDIDOS (783.775,55) (623.411,03) (1.066.910,14) (421.170,56)

RESULTADO BRUTO 1.385.402,84 1.181.325,95 (413.939,13) 468.786,99

DESPESAS / RECEITAS OPERACIONAIS (1.175.685,79) (1.0507.49,77) (139.714,29) (341.274,24)

RESULTADO OPERACIONAL 209.717,05 130.576,18 (553.653,42) 127.512,75

DESPESAS / RECEITAS FINANCEIRAS (465.013,19) (395.460,73) (169.724,93) (118.205,00)

DESPESAS FINANCEIRAS (470.838,25) (414.577,63) (196.626,20) (119.945,23)

RECEITAS FINANCEIRAS 5.825,06 19.116,90 26.901,27 1.740,23

OUTRAS RECEITAS / DESPESAS 34.328,04 (30.954,68) (719,38) (1.142,66)

DESPESAS NÃO OPERACIONAIS (1.261,22) (30.954,68) (719,38) (1.142,66)

RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 35.589,26 0,00 0,00 0,00

RESULTADO ANTES DAS PROVISÕES (220.968,10) (295.839,23) (724.097,73) 8.165,09

PROVISÃO P/ CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (716,78) (3.606,67) 0,00 (5.423,39)

PROVISÃO P/ IMPOSTO DE RENDA (1.194,63) (6.011,11) 0,00 (9.039,00)

R E S U L T A D O L Í Q U I D O (222.879,51) (305.457,01) (724.097,73) (6.297,30)

Tabela 2: Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: Empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda.

Page 38: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

37

3.3. ANÁLISE DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ TRADICIONAIS

3.3.1. Liquidez Corrente

2008 2009

845.054,20 940.275,74 LC =

877.970,86 0,96

LC =

1.697.023,92 0,55

No período analisado, a empresa possuía 96%, 55%, 38% e 36%, respectivamente,

de disponibilidades conversíveis em moeda para cada R$ 100,00 de dívida. A

empresa baixou o percentual consideravelmente, necessitado de extrema atenção,

pois não há recursos para cobrir suas obrigações de curto prazo.

3.3.2. Liquidez Seca

2008 2009

514.313,89 400.764,88 LS =

877.970,86 0,59

LS =

1.697.023,92 0,24

Conforme a análise, a empresa apresentou os seguintes percentuais: 59%, 24%,

16% e 5% para cada R$ 100,00 de dívidas. Pode-se concluir que, a partir de 2008,

excluindo-se o valor do estoque da parcela de recursos disponíveis, a empresa não

teria recursos para quitar suas obrigações de curto prazo, e passaria por situação

difícil, caso as vendas caíssem drasticamente.

2010 2011

612.076,46 653.728,88 LC =

1.612.027,13 0,38

LC =

1.811.180,20 0,36

2010 2011

253.173,75 86.934,75 LS =

1.612.027,13 0,16

LS =

1.811.180,20 0,05

Page 39: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

38

Embora o índice de liquidez seca baixo não seja sintoma de situação financeira

apertada, revela que praticamente todos os recursos do ativo circulante estão

investidos em estoques, comprometendo o capital de giro da organização.

3.3.3. Liquidez Imediata

2008 2009

256.795,08 52.316,48 LI =

877.970,86 0,29

LI =

1.697.023,92 0,03

Este índice não é muito significativo, pois não leva em consideração os direitos a

receber, e inclui obrigações que vencem nas datas mais variadas possíveis. No

entanto, este quociente é a comparação entre o disponível e o passivo circulante,

indicando o percentual das obrigações que a empresa pode liquidar imediatamente.

E, no caso desta empresa, está muito baixo, chegado a zerar em 2010 e passando a

ser negativo em 2011, revelando estar credora junto aos bancos. Desta forma, a

situação está muito ruim se analisarmos apenas este índice, sendo necessário

compará-lo com outros para uma análise mais concreta.

3.3.4. Liquidez Geral

2008 2009

898.819,67 982.211,49 LG =

877970,86 1,02

LG =

1.697.023,92 0,58

2010 2011

41,44 - 40.754,36 LI =

1.612.027,13 0,00

LI =

1.811.180,20 - 0,02

2010 2011

665.073,61 653.728,88 LG =

1.612.027,13 0,41

LG =

1.811.180,20 0,36

Page 40: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

39

A interpretação dos índices de liquidez geral dos anos analisados é a seguinte: para

cada R$ 1,00 de dívida de curto e longo prazo, há R$ 1,02, R$ 0,58, R$ 0,41 e R$

0,36, respectivamente, para quitar a totalidade de suas obrigações.

Como os demais, o índice de liquidez geral não deve ser analisado isoladamente.

No entanto, quanto menor estiver este índice, pior será para a empresa. Dessa

forma, o indicador analisado mostra que o exercício de 2008 foi o último a mostrar

um indicador acima de R$ 1,00, e a partir de 2009 esteve abaixo de R$ 0,60, caindo

sistematicamente ano após ano, indicando que a empresa não está conseguindo

quitar com folga suas obrigações, tanto de curto, quanto de longo prazos,

acarretando um significativo prejuízo para a empresa, pois está se mantendo com

capital de terceiros.

3.3.5. Grau de Endividamento

2008 2009

877.970,86 1.697.023,92 GE =

1.386.032,06 0,63

GE =

1.529.414,48 1,11

Conforme demonstrado, a empresa está dependente de recursos de terceiros para

se manter. Essa realidade é nitidamente evidenciada pelo índice de endividamento,

pois está consistente e acentuadamente maior que R$ 1,00, e quanto maior for este

índice pior é para a empresa, pois resulta em menor índice de liquidez, trazendo

risco financeiro.

Desta forma, pode-se dizer que a empresa obteve para cada R$ 100,00 de capital

próprio, R$ 63,00 de capital de terceiros em 2008, R$ 111,00 de capital de terceiros

em 2009, R$ 142,00 de capital de terceiros em 2010 e R$ 139,00 de capital de

terceiros em 2011, revelando um endividamento ascendente, e uma situação

financeira ruim, sendo um típico sintoma de empresas que estão caminhando para a

falência.

2010 2011

1.612.027,13 1.811.180,20 GE =

1.137.006,64 1,42

GE =

1.299.860,27 1,39

Page 41: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

40

3.3.6. Rentabilidade do Patrimônio Líquido

2008 2009

- 6.297,30 - 724.097,73 RPL =

508061,20 - 0,01

RPL =

- 216.036,53 3,35

O índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido expressa quanto uma empresa

obteve de retorno para cada R$ 1,00 de Capital Próprio investido. Nesse sentido,

verificou-se que não houve retorno sobre o Patrimônio Líquido nos anos analisados,

pois, contrariamente ao desejado, o patrimônio da organização diminuiu em escala,

não proporcionando aos sócios o retorno pelo investimento realizado.

Importante esclarecer que, ao contrário do que se esperava, os índices de 2009 a

2011, que deveriam ser negativos, revelando a ausência de rentabilidade, tornaram-

se positivos com a aplicação da regra matemática, já que numerador e denominador

negativos resultam em resultado positivo. Desta forma, este índice não demonstrou

corretamente a realidade da empresa analisada, sendo inviável a utilização do

mesmo para uma análise financeira.

3.3.7. Análise Geral

Os índices de liquidez tradicionais possuem características e particularidades

diferentes, fornecendo informações variadas sobre a situação financeira de uma

empresa, não devendo ser analisados isoladamente, para que não sejam

interpretados de forma errônea.

Para a análise, foram utilizados os índices de liquidez tradicionais, uma das

ferramentas da contabilidade gerencial para tomadas de decisão, tomando como

base os dados extraídos das demonstrações econômico-financeiras da empresa

Roda Bem Comércio e Serviços Ltda., dos períodos compreendidos entre 2008 a

2011.

2010 2011

- 305.457,01 - 222.879,51 RPL =

- 521.493,54 0,59

RPL =

- 511.319,93 0,44

Page 42: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

41

Os índices foram devidamente analisados, concluindo-se que em nenhum dos

períodos analisados a empresa conseguiu quitar suas obrigações de curto e longo

prazos, fazendo com que recorresse ao capital de terceiros para arcar com suas

obrigações, acarretando ausência de retorno sobre o capital próprio no decorrer dos

exercícios sociais, o que pode ser visualizado no gráfico 1.

Gráfico 1: Progressão dos Índices de Liquidez Tradicionais

0,05

0,360,38

0,55

0,96

0,16

0,24

0,59

-0,020

0,03

0,29

0,360,41

0,58

1,02

1,391,42

1,11

0,63

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

2008 2009 2010 2011

LC

LS

LI

LG

GE

Importante salientar que, de acordo com os dados analisados, a empresa tem

caminhado a passos largos para a insolvência, pois a baixa liquidez é um dos

primeiros sintomas de que a empresa não está bem financeiramente. E, como seus

quocientes de liquidez têm decaído significativamente no decorrer dos períodos

analisados, a empresa poderá ter seu patrimônio corroído, podendo levá-la ao

fracasso da falência.

3.4. ANÁLISE DO TERMÔMETRO DE KANITZ

Para a análise do modelo de Kanitz, foi obtido o fator de insolvência a partir das

informações extraídas das demonstrações contábeis da empresa estudada, que

determinou a tendência desta empresa falir ou não.

Cabe salientar que Kanitz não explicou como chegou à formula de cálculo, dizendo

tratar-se de um ferramental estatístico, e ainda criou uma escala chamada de

Termômetro de Insolvência, que será utilizada para indicar qual a situação financeira

Page 43: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

42

da empresa, podendo ser classificadas como: solvência, se a empresa apresentar

valor positivo acima de zero; penumbra, se o valor estiver negativo entre 0 e -3; e

insolvente, caso a empresa apresente valor negativo abaixo de -3.

3.4.1. Identificação do Fator de Insolvência em 2008

LUCRO LÍQUIDO X1 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = -0,01

ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO X2 =

PASSIVO + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO = 1,02

ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES X3 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,59

ATIVO CIRCULANTE X4 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,96

PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO X5 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = 1,73

F.I. = 0,05 . (X1) + 1,65 . (X2) + 3,55 . (X3) – 1,06 . (X4) – 0,33 . (X5)

F.I. = 0,05 . (- 0,01) + 1,65 . (1,69) + 3,55 . (0,59) – 1,06 . (0,96) – 0,33 . (1,73)

F.I. = -0,00 + 1,69 + 2,08 - 1,02 - 0,57 = 2,18

Em 2008, o Modelo de Kanitz indicou que a empresa apresenta fator de insolvência

2,18, enquadrando-se como solvente no termômetro.

Page 44: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

43

3.4.2. Identificação do Fator de Insolvência em 2009

LUCRO LÍQUIDO X1 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = 3,35

ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO X2 =

PASSIVO + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO = 0,58

ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES X3 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,24

ATIVO CIRCULANTE X4 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,55

PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO X5 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = -7,86

F.I. = 0,05 . (X1) + 1,65 . (X2) + 3,55 . (X3) – 1,06 . (X4) – 0,33 . (X5)

F.I. = 0,05 . (3,35) + 1,65 . (0,58) + 3,55 . (0,24) – 1,06 . (0,55) – 0,33 . (- 7,86)

F.I. = 0,17 + 0,95 + 0,84 – 0,59 – (- 2,59)

F.I. = 0,17 + 0,95 + 0,85 – 0,59 + 2,59 = 3,97

Em 2008, o Modelo de Kanitz indicou que a empresa apresenta fator de insolvência

3,97, enquadrando-se como solvente.

Page 45: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

44

3.4.3. Identificação do Fator de Insolvência em 2010

LUCRO LÍQUIDO X1 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = 0,59

ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO X2 =

PASSIVO + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO = 0,41

ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES X3 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,16

ATIVO CIRCULANTE X4 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,38

PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO X5 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = -2,18

F.I. = 0,05 . (X1) + 1,65 . (X2) + 3,55 . (X3) – 1,06 . (X4) – 0,33 . (X5)

F.I. = 0,05 . (0,59) + 1,65 . (0,41) + 3,55 . (0,16) – 1,06 . (0,38) – 0,33 . (-2,18)

F.I. = 0,03 + 0,68 + 0,56 – 0,40 – (- 0,72)

F.I. = 0,03 + 0,68 + 0,56 – 0,40 + 0,72 = 1,59

Em 2010, o Modelo de Kanitz indicou que a empresa está solvente, revelando fator

de insolvência 1,59, resultado positivo. Porém, aproximou-se da classificação de

penumbra, pois baixou na escala, aproximando-se de zero.

Page 46: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

45

3.4.4. Identificação do Fator de Insolvência em 2011

LUCRO LÍQUIDO X1 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = 0,44

ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO X2 =

PASSIVO + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO = 0,36

ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES X3 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,05

ATIVO CIRCULANTE X4 =

PASSIVO CIRCULANTE = 0,36

PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO X5 =

PATRIMONIO LÍQUIDO = -2,54

F.I. = 0,05 . (X1) + 1,65 . (X2) + 3,55 . (X3) – 1,06 . (X4) – 0,33 . (X5)

F.I. = 0,05 . (0,44) + 1,65 . (0,36) + 3,55 . (0,05) – 1,06 . (0,36) – 0,33 . (-2,54)

F.I. = 0,02 + 0,60 + 0,17 – 0,38 – (- 0,84)

F.I. = 0,02 + 0,60 + 0,17 – 0,38 + 0,84 = 1,25

Em 2011, o Modelo de Kanitz indicou que a empresa continua solvente, indicando

um fator de insolvência 1,25, resultado ainda positivo. Entretanto, se comparado aos

exercícios anteriores, este resultado mostra que a empresa baixou ainda mais sua

liquidez, necessitando de atenção para não prosseguir no rumo em que está.

Page 47: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

46

3.4.5. Análise Geral

O Termômetro de Insolvência mostra que a Empresa Roda Bem Comércio e

Serviços Ltda. está solvente, apresentando uma ligeira baixa de liquidez nos anos

de 2010 e 2011, conforme o gráfico 2, necessitando de atenção para que este

resultado não chegue a ser menor que zero.

2,18

3,97

1,58

1,25

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

2008 2009 2010 2011

Gráfico 2: Progressão do Modelo de Kanitz

Fator de Insolvência

3.5. ANÁLISE COMPARATIVA

Na busca por alternativas para a tomada de decisões e estratégias que possam

ajudar a empresa na obtenção de ativos, foram desenvolvidos alguns modelos que,

com o auxilio de outras técnicas de análise, tornam-se instrumentos valiosos que

permitem conhecer a situação econômico-financeira das empresas.

Por meio de procedimentos estatísticos, estes modelos têm o objetivo de identificar

o estado de solvência ou de insolvência de uma empresa, tendo como base a

utilização de índices de liquidez que medem a capacidade de uma empresa quitar

suas obrigações financeiras na data de seu vencimento.

Este estudo de caso utilizou como um dos métodos válidos para a tomada de

decisões o termômetro de Kanitz. Este método mostrou que a empresa está

Page 48: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

47

totalmente solvente, não necessitando de recursos de terceiros para implementar os

negócios.

Segundo Ferreira (2010), a análise dos índices de liquidez tradicionais é o método

mais usado pelos analistas, tornando-se peça fundamental para quem quer controlar

a situação financeira de uma empresa. Porém, estes índices mostram como a

empresa está atualmente, tomando por base fatos passados, ou seja, depois do

término do exercício, ficando a critério do analista julgar o desempenho da empresa

para manter-se no rumo em que está.

É de suma importância tanto a escolha, como a interpretação correta destes índices,

para que não sejam utilizados indevidamente, podendo haver casos em que um

determinado índice esteja bom para a empresa e outro esteja ruim. Dessa forma, é

necessário determinar os índices corretos e interpretá-los em conjunto, para dar

mais embasamento ao resultado.

Neste estudo de caso, os índices de liquidez tradicionais mostraram que a empresa

está insolvente, determinando uma situação financeira ruim. Caso a empresa entre

em descontinuidade, não conseguiria quitar suas obrigações, pois o passivo está

maior que o ativo. Dessa forma, a empresa está dependendo de capital de terceiros

para conseguir manter-se.

Diante do objetivo geral da pesquisa, avaliar qual método utilizado seria mais

eficiente, para determinar com maior grau de certeza, e em tempo hábil, se a

empresa está solvente ou insolvente, observou-se que a utilização do modelo de

previsão de insolvência, desenvolvido pelo professor Stephen C. Kanitz, não foi

eficiente para avaliar a capacidade de solvência ou de insolvência desta empresa,

pois não determinou com segurança a realidade financeira da mesma. Pois a

empresa apresenta Patrimônio Líquido negativo e Lucro Líquido negativo, o que

alterou o resultado do Modelo de Kanitz pela divergência imperativa da regra

matemática no jogo de sinais, por meio do qual dois sinais iguais tornam o resultado

positivo.

Page 49: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

48

Embora seja um método válido e reconhecido por analistas, por projetar a situação

financeira da empresa para o futuro, deixou a desejar no resultado obtido, pois a

empresa apresenta resultado negativo, e não está financeiramente bem como

mostra o resultado deste método, concluindo-se que os índices de liquidez

tradicionais são o método mais eficiente para a empresa objeto de estudo desta

pesquisa.

Page 50: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

49

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A insolvência é um drama com a qual as empresas têm se deparado, pois ela pode

surgir de uma dificuldade que a empresa enfrenta em algum momento, e quanto

antes for detectada, maiores são as chances de recuperação.

Mas qual o caminho a ser seguido, para que o administrador encontre respostas e

diminua a probabilidade de falir?

Muitos empreendedores se perguntam como prever uma falência. Talvez, não seja

possível identificar uma insolvência com 100% de certeza. Porém, existem métodos

que ajudam na identificação do fator insolvência com um razoável grau de

segurança, mostrando a real situação financeira em que a empresa se encontra.

De acordo com o estudo realizado na empresa Roda Bem Comércio e Serviços

Ltda., foi demonstrado que a referida empresa de pequeno a médio porte, não têm

acompanhamento gerencial da real situação financeira em que vive. Fazendo-se

comum, entre, empresas de vários setores de atividades, que não utilizam as

informações contábeis como instrumento de análise para saber se a empresa está

solvente, insolvente ou caminhando para uma possível insolvência.

Esta pesquisa procurou responder ao seguinte problema: qual indicador mostraria

com maior eficiência a solvência ou insolvência da empresa Roda Bem

Comércio e Serviços Ltda. dos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011?

Neste intuito, o objetivo desta pesquisa foi analisar as demonstrações contábeis

destes períodos, comparando os dois métodos de análise, tais como, os índices de

liquidez tradicionais versus termômetro de Kanitz.

Com a análise dos índices de liquidez tradicionais, esta empresa apresentou em

2008 uma solvência caminhando para uma possível insolvência. Ela conseguiria

quitar suas obrigações de curto prazo, pois estava com folga, mesmo apresentando

prejuízo no final do exercício. Porém nos anos de 2009, 2010 e 2011, esta empresa

Page 51: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

50

baixou ainda mais os índices de liquidez tradicionais, o que pode ser interpretado

como um sintoma de que a empresa tem passado dificuldades para quitar suas

obrigações e caminhando para a insolvência.

Cabe Salientar que a empresa está quitando suas obrigações com capital de

terceiros. Desta forma, a empresa não provém de recursos próprios para pagar suas

dívidas.

Para a análise do termômetro de Kanitz, foram utilizadas as informações obtidas das

demonstrações contábeis dos anos de 2008 a 2011, e aplicada a formula com a

análise discriminante criada por Kanitz, e através da utilização deste modelo, o

resultado é que a Empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda. está totalmente

solvente.

De acordo com Kanitz, a empresa que apresentar um fator de insolvência positivo,

tem menor possibilidade de vir a falir, e essa possibilidade diminuirá à medida que o

fator positivo for maior. Ao contrário, quanto menor for o fator negativo maior será a

chance de a empresa falir.

Entretanto, a empresa Roda Bem Comércio e Serviços Ltda. não está com situação

financeira estável, pois a empresa está quitando suas obrigações com capital de

terceiros, sem retorno sobre capital próprio, e foi visto que a formula matemática

distorceu o resultado deste método, pois de acordo com a regra matemática, ao

multiplicarmos ou dividirmos dois números com sinais diferentes, o resultado é um

número negativo, e ainda, quando os sinais forem iguais o resultado é positivo.

Ao utilizar a fórmula no método de insolvência de Kanitz, com as informações

obtidas das Demonstrações Contábeis da empresa, foi verificado que por causa da

regra matemática o resultado não foi relevante, dadas circunstâncias em que a

empresa apresenta Resultado Líquido negativo e Patrimônio Líquido negativo. Logo,

na teoria financeira, o valor seria negativo, porém, com a regra matemática, na

prática, o resultado é um valor positivo, mascarando a realidade financeira da

empresa.

Page 52: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

51

Conclui-se, então, que o método de insolvência, criado pelo Professor Stephen C.

Kanitz, não é um método eficiente para mostrar a capacidade de solvência ou de

insolvência da Empresa Roda Bem Comércio e Serviço Ltda. para o período

estudado. Desta forma, serão recomendados os índices de liquidez tradicionais

como recurso mais eficiente para a análise, pois demonstrou com mais eficiência o

grau de insolvência desta empresa.

Para a realização de estudos futuros, sugere-se aplicação de outros métodos de

análise nesta empresa, como a análise vertical e horizontal para as demonstrações

contábeis, e o modelo dinâmico de Fleuriet, como alternativa de análise financeira

de capital de giro, a fim de oferecer alternativas de verificação de insolvência,

detectando as possíveis vantagens e desvantagens na utilização dos mesmos.

Page 53: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

52

5. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. ARANTES, Ferraz. Pesquisa bibliográfica nas ciências biomédicas. Revista da Faculdade de odontologia – USP, São Paulo, n.XIII, 1971. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/94469049/90/Referencias> Acessado em: 16 abr. 2012-06-27. BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações Contábeis: Estrutura, Análise e Interpretação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão financeira das empresas: um modelo dinâmico. 2. ed. Rio de Janeiro : Qualitymark, 1993. BRASIL, Lei nº 6.404, de 15 de dezembro 1976. Institui a Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 11 dez. 2012. BRASIL, Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 11 dez. 2012. BRASIL, Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/2009/lei11941.htm>. Acesso em: 11 dez. 2012. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2005/001055 CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Estudo sobre insolvência entre empresas paraibanas: uma aplicação do termômetro de Kanitz. SEBRAE – Biblioteca On Line, Ceará, 7 jan. 2005. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/5948CE90F6F62A0F83256F820047D529/$File/NT000A2F32.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (Brasil). Resolução nº 1055, de 7 de outubro de 2005. Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2005/001055>. Acesso em: 11 dez. 2012.

Page 54: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

53

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (Brasil). Resolução nº 1282, de 28 de maio de 2010. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 28 de maio 2010. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1282.doc>. Acesso em: 16 abr. 2012. FALLMAN, Caio. Desvendando o termômetro de Kanitz. Amigo Nerd.Net. Disponível em: <http://amigonerd.net/trabalho/1339-desvendando-o-termometro-de-kanitz>. Acesso em: 27 out. 2012. FAMÁ, Rubens; GRAVA, J. William. Teoria da estrutura de capital - as discussões persistem. São Paulo, 1º trim., 2000. Caderno de Pesquisa em Administração, v. 1, nº 11. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c11-art04.pdf>. Acessado em: 22 abr. 2012. FERREIRA, Ricardo J., Análise das demonstrações contábeis. 3 ed. Rio de Janeiro : Ferreira, 2010. FRAGA, Marcelo Loyola. Metodologia para elaboração de trabalhos científicos. 1. ed. Rio de Janeiro : Fundo de Cultura, 2009. FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23 ed. São Paulo. Atlas: 1997. GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GOOD, W. J.; HATT, P. K. Métodos em pesquisa social. São Paulo: Nacional, 1979 GRECO, Alvísio; et. al.. Contabilidade: teoria e prática básicas. 2ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. HORTA, R. Previsão de Insolvência: Uma Estratégia para Balanceamento da Base de Dados, Rio de Janeiro, jul/dez 2011. Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 6, n. 2. IUDÍCIBUS, Sérgio et al. Contabilidade introdutória. 9. Ed. São Paulo. Atlas, 1998 KANITZ, Stephen Charles. Como prever falências de empresas. Revista Exame. São Paulo: Abril, dez. 1974. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/61123852/ComoPreverFalenciaEmpresa-Kanitz-2> Acesso em: 25/10/2012 KASSAI, José Roberto; KASSAI, Silvia. Desvendando o Termômetro de Kanitz. Enanpad, 1998. MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 13 ed. São Paulo. Atlas: 2007. MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Page 55: o termômetro de kanitz versus análise de liquidez tradicional

54

MARTINS, Rosilda Baron. Metodologia científica: como tornar mais agradável a elaboração de trabalhos acadêmicos. Curitiba: Juruá, 2005. NUNES, Luiz Antonio Rizzato. Manual da monografia. São Paulo: Saraiva, 2000. OLIVEIRA, Sérgio Bispo. Balanço Patrimonial: uma visão estética com base na Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09. Revista Contábil & Empresarial. Disponível em: <http://www.netlegis.com.br/indexRC.jsp?arquivo=detalhesArtigosPublicados.jsp&cod2=1964>. Acesso em: 12 ago. 2012. RFB – Receita Federal do Brasil. Perguntas e Respostas. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2012/CapituloVI-IRPJ-LucroReal2012.pdf> Acesso em: 11 dez. 2012. RESENDE, Isabela C. C.; SOUZA, Alisson S. F.; BARBOSA, Euzilene S.; VASCONCELOS, F. A. Utilização de um Sistema de Informação no Armazenamento e Gestão de Informação Contábil e Gerencial: um Estudo Exploratório em Escritórios de Contabilidade da Cidade de João Pessoa. in: Simpósio de excelência em gestão e tecnologia, VIII, 2011, Paraíba. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos11/21714515.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012. RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999. SILVA, F. Q. Bueno. Demonstrações das Análises Financeiras. Disponível em: <http://www.cin.ufpe.br/~if784/aulas/Aula14AnalisedeIndices.PDF>. Acessado em: 16 abr. 2012 SOTTILI, Francieli; MABONI, M. Sucelaine. Contabilidade Gerencial, o uso da informação gerencial numa pequena empresa. 2009. 75 f. Monografia (graduação em Ciências Contábeis). Universidade Tecnológica do Paraná, Pato Branco. Disponível em: <http://pt.scribd.com/amanda_cristina_1/d/55737497/40-GRAFICO-14-Para-que-serve-a-contabilidade>. Acesso em: 11 abr. 2012 VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2011.