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O Trabalhador da CML nº 150 - Março/Abril 2012

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Editorial: Greve GeralMais de 300.000 na rua contra o empobrecimento, o desemprego, a troika e o seu governo!Estaremos perante a privatização a médio/longo prazo dos refeitórios municipais?Entrega das petições ao provedor de justiçaFalta de educaçãoDRMM: Que futuro será o dos trabalhadores?Limpeza Urbana: Degradar para privatizar?No Departamento de Desporto as mudanças de instalações confundem móveis com trabalhadores!Prepara-se reestruturação no RSB sem ouvri os trabalhadores e a sua estrutura representativaSIADAP - Que custos para os trabalhadores no cenário da criseMobilidade intercarreiras: História interminável22 de Março - Uma Greve Geral impescindível para a derrota da política nefasta do governo!XII Congresso da CGTP-IN. Um congresso onde se reassumiu a defesa intransigente de todos os trabalhadores portugueses!Semana de luta da Frente Comum dos Sindicatos da Administração PúblicaCumprir Abril!Espaço dos Jovens: Lutar no presente, derrotar a política desastrosa do governo, conquistar um futuro digno!Espaço dos Aposentados: "... eles comem tudo"A dança dos caixotesDia Internacional da Mulher - Trás uma mulher à luta!O papel maior de um delegado ou delegada sindicalA falácia do governo! A redução brutal das remunerações da Função Pública como instrumento para reduzir o Estado ao Estado mínimo neoliberal e para privatizar as funções sociaisGrécia: O espelho da brutalidade da ditadura do Capital

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22 de MarçoUma Greve Geral pela

construção de um Portugal

com futuro

Privatização dos refeitórios municipais?Pág. 4

Contra a externalização de serviços!Pág. 8

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O TRABALHADOR DA CML2

o trabalhadorDiretor: Delfino Serras ICorpo Redatorial: Luís Dias, Vítor Reis, Mário Rosa, Mário Souto, Francisco Raposo, Frederico Bernardino IPropriedade: Sindicato dosTrabalhadoresdo Município de LisboaIAdministração e Redação: Ruade São Lázaro, 66- 1º Dtº 1150-333 Lisboa - Telfs

218 885 430 / 5 / 8 - Fax 218 885 429 - Email: [email protected] I Internet: www.stml.pt I Produção e Apoio Redatorial: António Amaral IImpressão: MX3 Artes Gráficas, Lda I Periodicidade: Bimestral I NIF: 500850194 IDistribuição: Gratuita aos sócios do STML I Tiragem4.500 exs. I Depósito Legal: 17274/87 IEste jornal está escrito com as regras do novo Acordo OrtográficoI

 d  a  C  M  Lhttp://www.stml.pt

Com a confiança e a determinação reforçada, após umamega manifestação que encheu o Terreiro do Paço, nopassado dia 11 de fevereiro, demonstrativa de forma evidente

e inequívoca, que os trabalhadores, reformados e aposentados, jovens e desempregados não aceitam a política destruidora eextremamente injusta desenvolvida pelo governo, a lutacontinua com a Greve Geral convocada pela CGTP-IN para odia 22 de março!

Uma greve geral que pode ganhar contornos decisivos faceao plano de intenções do governo, nomeadamente, em alargar o famigerado acordo celebrado entre a UGT e as confedera-ções patronais ao sector público, além da legalização definitivade algumas das medidas plasmadas no Orçamento do Estadopara 2012 e, por essa razão, limitadas apenas ao ano em curso.

São, por agora, apenas intenções, porque ainda terão quepassar, obrigatoriamente, por um processo de negociação comas estruturas sindicais da CGTP-IN, nomeadamente, da Frente

Comum e na sua posterior discussão na Assembleia da Repú-blica para a sua eventual transformação em lei. Não é, por estesmotivos, um facto consumado como alguns gostam de afirmar e daí, a importância maior da greve geral já anunciada.

São de salientar as declarações sobre este “caderno de en-cargos” da parte do actual secretário de Estado da Administra-ção Pública que, resumidamente, afirmou que as propostasagora apresentadas só são possíveis graças ao trabalho desen-volvido pelo anterior governo de José Sócrates, concretamente,através da reforma da Administração Pública que criou, para odesagrado de milhares de trabalhados do Estado, o SIADAP, aLei das Carreiras Vínculos e Remunerações, a lei da MobilidadeEspecial, os mapas de pessoal, entre outras tantas e nefastasmedidas.

Na CML, o executivo, seguindo as pisadas do governo, elegecomo alvo preferencial dos seus ataques os trabalhadores.Decide cortar o descanso compensatório antes do própriogoverno, decide aprofundar a externalização de importantesserviços municipais, como sucede nas oficinas dos Olivais II,contribuindo para o esvaziamento destes serviços e, quemsabe, mais cedo ou mais tarde, poder justificar a entrega totalda manutenção e reparação da frota municipal a empresasprivadas e na consequente eliminação de dezenas de postosde trabalho.

Privilegiando os interesses do sector privado em detrimentodos interesses dos trabalhadores do município, tencionaenvolver empresas privadas na gestão e operacionalização dosrefeitórios municipais. É necessário não esquecer que a CMLtem obrigações sociais e legais perante os seus trabalhadoresque são materializadas na existência de refeitórios municipaise de jardins-de-infância. Questionamos se estaremos perantemais uma estratégia semelhante à que foi aplicada nos Ser vi-ços Sociais?

Por outro lado, António Costa desvalorizando a qualidade eeficiência de inúmeros serviços públicos prestados à cidade epopulação de Lisboa, decide, sem olhar a meios, cortar no tra-balho extraordinário.

Contudo, este corte cego e incompreensível não é acompa-nhado pelo imprescindível reforço de pessoal onde o trabalhoextraordinário tem carácter permanente. António Costa prefere,

aparentemente, degradar serviços a um ponto irreversível, ge-rando uma natural insatisfação por parte dos munícipes, negan-do-lhes o direito a serviços públicos de qualidade e poder justi-ficar, em tempo oportuno, uma eventual privatização de impor -tantes áreas operacionais, como o caso da limpeza urbana dacidade.

Não podíamos, ainda, deixar de referir a política de desvalo-rização e desprezo sistemático pelo bem-estar dos trabalha-dores que se começa a tornar hábito nesta “casa”. Referimo-nos aos trabalhadores do Departamento de Desporto, tratadoscomo meras peças de decoração numa mudança de instala-ções abrutas, desrespeitando, inclusivamente, o plano de tra-balho que os respetivos serviços tinham definido. Mas podía-mos referir outros exemplos desta prática, como o dos trabalha-dores do Departamento de Educação ou os casos em que en-volveram as auxiliares de serviços gerais empurradas contra asua vontade para os jardins-de-infância sob a alçada do mu-nicípio, no âmbito de uma mobilidade interna apelidada de“bolsa de preferências”.

São muitas das razões que justificam a Greve Geral e a suaopor tuna convocação! Uma prioridade de todos os trabalhado-res. Ao governo e ao executivo chefiado por António Costa, amelhor resposta dos trabalhadores a tantas malfeitorias que pa-recem não ter fim, é a adesão à greve geral! Uma luta pelosnossos interesses, direitos e condições de vida! I

Editorial

Greve Geral

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3O TRABALHADOR DA CML

Mais de 300.000 na rua

contra o empobrecimento, o desemprego,

a troika e o seu governo!

No passado dia 11 de fevereiro, o Ter reiro do Paço foi mes-mo o Terreiro do Povo e da Luta na grandiosa manifes-tação convocada pela CGTP-IN contra o empobrecimen-

to e o desemprego.

De Norte a Sul e às Ilhas, mais de trezentos mil trabalhadoresresponderam ao apelo da nossa CGTP-IN e inundaram a Baixapombalina com indignação e revolta contra o Governo, a Troika eos pacotes de agressão que nos querem impor.

Muita determinação e combatividade marcaram esta grandiosa jornada de luta, mostrando a todos aquelesque nos dizem que estamos a aceitar resigna-dos esta política, que há vontade e organiza-ção para resistir e lutar por uma alternativaque sirva os trabalhadores e o povo.

Quatro colunas de manifestantes partiram,respetivamente, do Cais do Sodré, Restaura-dores, Martim Moniz e Santa Apolónia, tendoa delegação do STML saído dos Restaura-dores e marcado com constantes palavras deordem a determinação dos trabalhadores doMunicípio em lutar contra a troika e o seu go-verno e por novas políticas que sirvam os inte-resses de quem trabalha.

Vimos colegas que participavam pela pri-meira vez em acções de luta e vimos muitos e muitos outros aolongo da Rua do Ouro ou já no Terreiro da Luta.

O novo secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, no inícioda sua vibrante intervenção declarou “O Terreiro do Paço é Ter -reiro do Povo, é Terreiro de Luta, de indignação, de protesto, mastambém de esperança e confiança, de todos aqueles que acre-ditam que com a luta é possível um país com futuro, onde os di-reitos dos trabalhadores, dos jovens, dos desempregados e dos

reformados sejam respeitados e valorizados.”Denunciou o chamado “Acordo” entre o Governo, o patronato e

a UGT como “uma das maiores fraudes do século”, porque “des-regulamenta a legislação laboral, precariza o emprego, reduz ossalários e desvaloriza o trabalho”. Arménio Carlos acrescentouque “os trabalhadores não são objectos descartáveis nem podem

ser tratados como mercadorias transaccionáveis. São homens emulheres que exigem ser tratados com respeito e não abdicamde lutar pela defesa da sua dignidade! O Acordo não é lei e temde ser combatido com todas as nossas forças”.

Denunciando as políticas ultraliberais da troika e do governocolaboracionista do PSD/PS, o secretário-geral da CGTP-IN denunciou a espiral de aus-teridade sem fim, que estas políticas estão aprovocar: “Quando em Março de 2010 foiaprovado o PEC I, os juros eram de 4% nosempréstimos a 10 anos. Hoje ultrapassam os13%, um aumento de 200%. Na prática, esta-mos perante um processo de agiotagem puroe duro em que, quanto mais pagamos, maisdevemos, logo, menos soberania temos”.

Na conclusão da sua intervenção, o secre-tário-geral da CGTP-IN afirmou: “Tal como há41 anos, em plena época do fascismo, quan-do a Intersindical emergiu nos locais de traba-lho, por força e vontade dos trabalhadores

também agora reiteramos o compromisso de prosseguir e inten-sificar a luta, numa ampla unidade na acção, pela exigência doaprofundamento da democracia, da defesa da soberania nacio-nal e do progresso económico e social. Não camaradas, não vira-mos as costas às dificuldades, enfrentamo-las! Resistindo elutando pelo fim da exploração do homem pelo homem”.

Foi este o tom e o espírito desta grandiosa manifestação dostrabalhadores portugueses, que mostraram que não baixam os

braços e que inevitável é a luta dos trabalhadores e da juventudepor um futuro com dignidade. I

“Quando em Março de 2010 foi 

aprovado o PEC I, os juros eram de4% nos empréstimos a 10 anos.

Hoje ultrapassam os 13%, um

aumento de 200%. Na prática, esta- 

mos perante um processo de agio- tagem puro e duro em que, quanto

mais pagamos, mais devemos,logo, menos soberania temos” 

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4 O TRABALHADOR DA CML

Face à constatação verificada nas últimas semanas, con-cretamente, no eventual envolvimento de empresas pri-vadas da área da restauração na gestão ou operacionali-

zação dos refeitórios municipais, o STML solicitou, na 1ª quin-zena de fevereiro, uma reunião de caráter urgente ao presiden-te da CML sobre este assunto.

Num momento em que este sindicato aguarda, igualmente,uma resposta por parte do executivo sobre a discussão do Ca-derno Reivindicativo das Cozinheiras, solicitação efectuada eminícios do mês de Fevereiro, somos agora confrontados commais um ataque aos direitos dos trabalhadores do município.

 A existência de refeitórios municipais é uma obrigação sociale legal da CML perante os seus trabalhadores. Face à criseeconómica e social que se vive no nosso país, estes equipa -mentos têm ganho uma importância cada vez maior, aliás, ocrescente número de trabalhadores que usufruem dos refeitó-rios é uma clara evidência do que referimos.

Contudo, para os responsáveis da autarquia, os problemaseconómicos que se sentem no seio dos trabalhadores sãomatérias que merecem uma continuada desvalorização e des-prezo. Com justificações de índole financeira, desenvolve-seuma política que agrava, sistematicamente, as condições devida da imensa maioria dos trabalhadores.

O STML não descortina quais as justificações que estarão nabase da entrega de algumas funções envolvendo os refeitóriosmunicipais a empresas privadas. Os custos que a CML suportacom estes equipamentos limitam-se aos vencimentos dos res-petivos trabalhadores, às despesas com água, luz e gás. Nestesentido, interrogamo-nos sobre quem ficará a ganhar com estes

possíveis negócios? Sabemos que não serão certamente ostrabalhadores, direta ou indiretamente envolvidos, isto é, os queneles trabalham e almoçam, respetivamente.

 A política de desresponsabilização social da CML perante osseus trabalhadores tem, infelizmente, casos análogos e com re-sultados bastante negativos. O exemplo paradigmático e maisescandaloso diz respeito aos Serviços Sociais que, de uma or -ganização exclusivamente ao serviço dos trabalhadores do mu-nicípio com o envolvimento direto do executivo, se transformounuma «clínica privada de luxo», como foi denominado e publica-do num órgão de comunicação social.

Pretenderá o atual executivo, chefiado por António Costa,transformar a longo prazo os refeitórios municipais em restau-rantes abertos ao público em geral com preços diferenciados e,por fim, ceder a sua gestão a uma qualquer empresa privada deforma a justificar a sua “viabilidade financeira”?

Especulações à parte sabemos que os refeitórios municipaise os trabalhadores que aí laboram têm inúmeros problemas queé urgente resolver. Desde fracas e em alguns casos, deplorá-veis condições de trabalho, até ao imprescindível reforço depessoal, nomeadamente, através da entrada de novas cozi-nheiras. Problemas que o executivo deve impreterivelmente re-solver e não, como aparentemente pretende, desresponsabili-zando-se através da adjudicação a empresas privadas de ser vi-ços que são da alçada do município, numa espécie de parceriapúblico-privada, em que o investimento é público e os lucrossão privados...

É do conhecimento geral que a entrada de empresas privadas

implicará a médio prazo a negação do papel social dos refeitó-rios municipais, tendo emconsideração que o obje-tivo das empresas privadasé o lucro e não a satisfaçãode qualquer necessidadede âmbito social.

Relembramos que aCML tem uma responsabi-lidade de carácter sociapara com os seus funcio-nários que não deve serdesvalorizada, diminuídaou suprimida.

O STML tudo fará paraque os refeitórios munici-pais continuem sob a al-çada do município e, destemodo, possam cumprir oseu papel social junto dostrabalhadores e, nessesentido, apelamos a todosos trabalhadores que as-sinem o abaixo-assinadoproduzido para o efeito junto dos seus delegadosou dirigentes sindicais. I

Estaremos perante a privatização

a médio / longo prazo

dos refeitórios municipais?

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Entrega das petições

ao provedor de justiça

No dia 1 de março o STML procedeu à entrega das petições ao provedor deJustiça contra a suspensão do pagamento do 13º mês e do subsídio de natalaos trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa e Empresas Municipais.

 A delegação do STML, composta por dirigentes e delegados sindicais, entregoucerca de 2.600 petições, o que constitui um número “record” em iniciativas destetipo. Contudo, alertamos os trabalhadores do município de Lisboa que, perante oataque aos seus direitos e rendimentos, sendo a via legal o caminho mais fácil decontestação, é apenas mais uma forma de luta. Não sendo a mais importante, re-lembramos as experiências passadas mais recentes, cujos efeitos foram pratica-mente inconsequentes.

Como sempre, o STML, não descarta qualquer forma de manifestar o desconten

 tamento dos trabalhadores - como é o caso desta acção - denunciando as medidasgravosas para os trabalhadores, levadas a cabo agora por este governo doPSD/CDS, à semelhança do sucedido com as medidas da responsabilidade dogoverno PS.

Também iremos recorrer judicialmente desta matéria (suspensão do pagamentodos 13º e 14º meses), assim como da manutenção dos cortes salariais na Admi-nistração Pública, rendimentos acima de 1.500,00 €. Relembramos que o corte em2011 foi considerado, através do respetivo Orçamento do Estado, como “extraor -dinário”.

 Alertamos para o facto de a luta não se esgotar nestas reclamações junto dosórgãos institucionais, ou pela interposição de acções em tribunal.

Como sabemos, o funcionamento da justiça é moroso e nem sempre trans -parente. Em muitas das ocasiões em que a decisão judicial foi produzida, a mesmareveste-se, objetivamente, de caráter político, protegendo deste modo, as inten-

ções governamentais em detrimento dos direitos dos trabalhadores. Falamos tam-bém aqui de uma evidente justiça de classe.Temos o exemplo do acórdão do Tribunal Constitucional sobre os cortes salariais

aos trabalhadores da Administração Pública efetuadas no Orçamento do Estado de2011. Um acórdão que justificou a medida do governo PS de Sócrates como sendoconstitucional, atendendo à situação excepcional que o país atravessava.

 Ao arrepio da Constituição, a decisão dos doutos constitucionalistas só pode ser vista como a decisão pretendida por quem os nomeou, PSD, PS, CDS e Presidenteda República. É pertinente salientar que as reduções salariais na administraçãopública só são permitidas pela Constituição da República em casos de guerra oucalamidades naturais. Todavia, para os sucessivos governos do PS, PSD e CDS-PP, a letra da Constituição é para desprezar ou ignorar.

Estamos convictos que só a luta dos trabalhadores, quer no contexto da CML,quer no plano mais geral da Administração Pública, poderá travar as tentativas de

regressão para patamares só verificados antes do 25 de Abril de 1974, no plano dosdireitos e rendimentos de quem trabalha. I

5O TRABALHADOR DA CML

Teve lugar no Edifício Central do Municípiode Lisboa, Campo Grande, no dia 24 deoutubro, um plenário com os trabalhadores

do Departamento de Educação. O mote pa-ra a reunião surgiu com várias problemáticasque têm vindo a ser colocadas pelos traba-lhadores à Direção do Sindicato dos Traba-lhadores do Município de Lisboa, nomeada-mente, o corte do pagamento dos transpor -tes efectuados em serviço e o corte do paga-mento do trabalho extraordinário.

Numa sala repleta, os trabalhadores foraminformados pelo STML que, no que respeitaaos transportes efectuados em serviço, aCâmara tem de providenciar meios para queas deslocações sejam efetuadas. Os traba-lhadores não são obrigados a colocar os

seus veículos, passes sociais, ou adquirir tí-tulos de transporte para que a Câmara Muni-cipal de Lisboa efetue o seu trabalho semdar meios (alias, até retirando-os - o Depar -tamento que gere o Parque Escolar EB1 deLisboa, não tem um único veículo distri -buído) aos trabalhadores. Por outro lado, fo-ram também relatados casos em que os tra-balhadores são confrontados com a “obriga-toriedade” imposta superiormente de efe-tuarem um serviço no exterior, sem os meiosque o DE tem de providenciar. Perante taissituações, o STML, infor mou os trabalha-

dores que este tipo de “or dens” podem edevem ser reclamadas por escrito, prote-gendo, desta forma, todos os trabalhadoresque se vejam confrontados com estes impe-rativos que não podem continuar a significar patrocinato dos trabalhadores à autar quia.

No que concerne ao não-pagamento siste-mático do trabalho extraordinário, realizadopor várias dezenas de trabalhadores do De-partamento de Educação em Conselhos Ge-rais de Escola e Agrupamentos de Escolas,foi aprovado por maioria colocar em conjun-to com o STML um Pré-Aviso de Greve aoTrabalho Extraordinário realizado no âmbito

supra referido, para o qual todos os trabalha-dores nomeados possuem indicação lavra-da em sede de Câmara e redigida em DiárioMunicipal. Tal situação repete-se há váriosmeses e o STML, nas interpelações que jáefetuou ao vereador do Pelouro da Educa-ção e vereador do Pelouro dos RecursosHumanos, nunca ouviu a única resposta quepoderia ouvir e que se consubstancia na lei,de que este trabalho tem de ser pago.

 Assim, o STML continua a estar ao ladodos trabalhadores e crê que vai levar osseus anseios a um termo que se encontra

inscrito na lei e que a Câmara de Lisboa nãose pode alhear. I

Falta

de educação

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O TRABALHADOR DA CML6

As notícias e os artigos de opinião sobre a Limpeza Ur -bana em Lisboa referem a crescente “degradação” destesserviços. Mas afinal, o que é que se passa? Estamos a as-sistir à mais “velha receita” para a destruição dos serviços:

deixam-se degradar os meios, aumenta-se a carga de trabalho,retiram-se direitos e incentivos, arranjam-se figuras públicas oucom cargos a dizer mal dos serviços na comunicação social e“deixa-se ferver lentamente” .

Nos últimos tempos começaram a surgir artigos, entrevistas ecomentários sobre a “degradação dos serviços de LimpezaUrbana” ao mesmo tempo que se fala da “descentralização davarredura e lavagem para as Juntas de Freguesia”. Vez emquando lá vem uma ou outro presidente da Junta atacar os tra-balhadores e dizer que faria melhor...

É verdade que há uma diferença entre os que as pessoas“sentem” e o que acontece na prática, e aí a DMAU tem vindo achamar a atenção que não é verdade ter piorado o serviço pres-tado.

Na nossa opinião, a DMAU tem razão, mas única e exclusi-

vamente, porque os trabalhadores têm vindo a desdobrar-se eempenharem-se para cumprir todas as tarefas mesmo comuma falta gritante de trabalhadores no setor.

É que verdadeiro investimento no setor, em viaturas e equipa-

mentos, há anos que não se faz. Isso provoca que, por exem-plo, as viaturas de remoção estão cheias de remendos, largamlixo e avariam frequentemente. Nas condições de trabalho einstalações, depois de alguns avanços através da nossa mo-bilização, vemos novamente uma regressão, com instalaçõessem o mínimo de condições, EPI e fardamentos que faltam,etc., etc.

Por outro lado, o comportamento dos próprios munícipes, re-grediu substancialmente até porque a sensibilização e a educa-ção sanitária da população, sem verba orçamentada, quaseque desapareceu.

Este é um problema de “pescadinha de rabo-na-boca”, quesabemos que só podemos travar indo à luta contra a degra-dação programada e pelo financiamento adequado do serviço

público municipal de Limpeza Urbana. I

Limpeza Urbana: Degradar para privatizar?

DRMM: Que futuro será o dos trabalhadores?

O s trabalhadores do Departamen-to de Reparação e ManutençãoMecânica (DRMM), no passado

dia 28 de fevereiro, concentraram-se emplenário nos Paços do Concelho. As ra-zões que estão na origem desta ação deluta prendem-se com o sistemático esva-ziamento a que estes serviços têm es-tado sujeitos nos últimos anos. Os traba-lhadores, reunidos neste dia, decidiramdeslocar-se em desfile até ao Largo doIntendente onde entregaram a moçãoaprovada em plenário. Uma delegaçãodo STML, composta por dirigentes e tra-balhadores das oficinas, foram recebi-dos pela chefe de Gabinete do presiden-te da CML e pelo diretor Municipal, Arq. Ângelo Mesquita. Da reunião pouco foiavançado, mas uma cer teza ficou bempatente em todos os trabalhadores alipresentes, a luta vai continuar!

Transcrevemos na íntegra a moçãoaprovada:

O Departamento de Reparação e Ma-nutenção Mecânica da CML (DRMM) foicriado em 1989, como departamento deapoio transversal dos serviços munici-pais e ficou responsável por toda a frotamunicipal e oficinal da manutenção.Neste departamento laboram cerca de250 funcionários.

Neste momento, existe um sentimentode descontentamento geral, pelo que ostrabalhadores do DRMM exigem:JMaterial para poder laborar, a fim de

evitar que o nosso trabalho venha a ser feito cada vez mais por empresas do ex-terior. Para além de nos tirarem o traba-lho que devia estar a ser feito por nós,este, quando regressa do exterior, vem

muitas vezes com defeitos que acabampor ser corrigidos. Este facto revela umamá gestão, pois esta medida leva a quehaja um esvaziamento de verbas orça-mentadas e de reduções de postos detrabalho;J Que haja uma melhor gestão por 

par te dos responsáveis pois, dentro dodepartamento existem técnicos devida-mente qualificados e até mesmo reco-nhecidos por anteriores executivos ca-marários, os quais atribuíram grandequalidade aos serviços efetuados pelosmesmos e que são portadores de for -mação adequada a este serviço, encon-trando-se atualmente desvalorizados econsequentemente desmotivados;J A abertura de Concursos para o re-

crutamento de futuros trabalhadores, pa-ra colmatar as falhas de recursos huma-nos existentes no DRMM;JQue se faça uma avaliação dos equi-

pamentos e dos setores, que estão com-

pletamente desenquadrados e desatua-lizados face às exigências atuais, e queseja efetuada uma modernização ao níve

dos equipamentos e um melhor enqua-dramento dos setores será uma mais-valia para o desenvolvimento quantitativoe qualitativo do depar tamento;J Exigem, também, a criação das con-

dições para o pleno cumprimento dassuas obrigações profissionais, que pas-sam por não recorrer ao trabalho de re-paração de viaturas no exterior.

Perante as reivindicações aqui expres-sas, os trabalhadores do DRMM, reu-nidos em Plenário, no dia 28 de fevereirode 2012, decidem mandatar a Direçãodo Sindicato dos Trabalhadores do Mu-

nicípio de Lisboa para encetar todas asfor mas de luta que se apresentem ne-cessárias, para defesa deste Depar ta-mento e, consequentemente, dos seuspostos de trabalho. I

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7O TRABALHADOR DA CML

Em 2010, os trabalhadores doDepartamento de Desporto doEdifício Municipal do Cais do Gás

foram confrontados com a ideia de se-rem transferidos para outra instalação ouedifício. No espaço de um ano, os des-tinos da futura sede do Depar tamento deDesporto correu pela Ajuda, na antigasede dos serviços sociais da CGD, pas-saram pela Lapa, no complexo despor -tivo da Lapa e, pelo meio, encontraram oEdifício Central do Campo Grande ou oConvento do Desagrado junto ao Pan-teão Nacional.

Finalmente, em novembro último, de-cidiu-se pelo 6º e 7º piso do Edifício Mu-nicipal da Alexandre Herculano.

É pertinente, neste momento, recordar os compromissos assumidos pelo ve-reador do Pelouro do Desporto numareunião com o sindicato, em dezembrode 2010. Pelas palavras do Sr. vereador ficou o acordo quanto às preocupaçõesdemonstradas num abaixo-assinado, en-tregue nessa reunião, representandocer ca de 95% dos trabalhadores do Edi-fício do Cais do Gás recolhido semanasantes.

Essas preocupações prendiam-secom as questões de acessibilidade, ma-térias no âmbito da saúde, higiene e se-gurança no trabalho e na existência im-prescindível de um refeitório.

Em novembro, aquando da definiçãodo futuro local para o Departamento deDesporto, foi preparado um plano de tra-balho pelos respetivos serviços que, deforma organizada e faseada, permitissea transferência, satisfazendo, quer asnecessidades do próprio serviço, quer aspreocupações dos trabalhadores já re-feridas.

Contudo, a transferência foi sendo sis-tematicamente apressada, desrespei-tando, inclusive, o supramencionado pla-no de trabalho.

Esta súbita urgência em transferir equipamentos e trabalhadores ganhoucontornos incompreensíveis, no dia 1 defevereiro do corrente ano, quando, atra-vés de uma ordem não escrita, se definiuque o Departamento de Desporto deve-ria sair das instalações do Cais do Gásno dia 13 do mesmo mês, isto é, cercade mês e meio antes do planeado.

No dia 3 de fevereiro realizou-se um

plenário do STML no Edifício do Cais doGás. Nesta reunião ficou bem patente o

descontentamento que se sentia nestelocal de trabalho.

Numa decisão que, abrangeu a maio-ria dos trabalhadores, produziu-se umabaixo-assinado que alertava para a ne-cessidade dos responsáveis máximosda autarquia terem em consideração ofacto de muitos terem o passe de trans-portes públicos até ao fim do mês e que,uma alteração brusca de rotinas pes-soais e familiares, acarretava, além detranstornos óbvios, também problemasde índole financeira.

Era, ainda, denunciado o facto das ins-talações da Alexandre Herculano, nãoestarem ainda preparadas para receber os trabalhadores do Departamento deDesporto. Carências a nível do ar condi-cionado, da ausência de copa, ou de so-luções viáveis a nível do estacionamentoforam igualmente referidas.

Por motivos que ignoramos mas queseguramente ficaremos a conhecer,mais tarde ou mais cedo, as orientaçõesdo Sr. presidente da CML, delegadas esecundadas posteriormente no secre-tário-geral, o Sr. Laplaine, seguiam umúnico caminho: desocupar, o mais ur -gentemente possível, as instalações do

Edifício do Cais do Gás.Questionamos se esta “urgência” se

prende com algum negócio em carteira? Aparentemente, os “euros”, para o Sr.

presidente da autarquia, sobrepõem-seao respeito e dignificação que os traba-lhadores merecem e exigem. Infeliz-mente, temos constatado inúmeras ve-zes, esta maneira de funcionar por partedo executivo camarário, quer atravésdos Srs. vereadores, quer através dechefias que, em alguns casos, ultrapas-sam largamente as suas competências.

Este rocambolesco processo teve oseu epíteto com a transferência de umaparte dos serviços e respectivos traba-lhadores na semana de 13 a 17 de feve-reiro. No inicio do mês de Março, foram

transferidos os restantes elementos doDepartamento de Desporto.

O STML não pode deixar de criticar es-tes procedimentos burocráticos/admi-nistrativos que desrespeitam claramenteos trabalhadores, confundindo-os commeras peças de decoração que se po-dem transladar quando e como bem seentende.

O Sr. António Costa, o Sr. Laplaine etodos aqueles que julgam poder tratar ostrabalhadores como artefatos dispen-sáveis, podem ter uma certeza: o STML

não pactuará com essas situações etudo fará para as subverter. I

No Departamento de Desporto

as mudanças de instalações confundem

móveis com trabalhadores!

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V ão-se acumulando dúvidas noseio do Regimento de SapadoresBombeiros no que concerne ao

seu futuro.O desrespeito pelos homens e mulhe-

res, que todos os dias se esforçam por garantir a segurança dos lisboetas e dosseus bens, brada aos céus.

O executivo camarário apressa-se emaplicar a legislação que sonega aos sa-padores bombeiros direitos e condiçõesde trabalho. Por outro lado, utiliza todasas artimanhas para atrasar a aplicaçãoda Lei que estabelece obrigações peran-te estes profissionais enquanto trabalha-dores.

Longe vai o tempo a que a estes traba-lhadores eram impostas obrigações enão eram reconhecidos direitos, invo-cando a sua condição especial.

Embora a CML não tenha querido ousabido manter o seu nível de operacio-nalidade, dotando o RSB com viaturas eequipamentos adequados à função erepondo o efetivo previsto e necessário,

o cada vez mais reduzido número debombeiros apresenta, contudo, um ele-vado padrão inteletual e crítico sabendomanter-se unidos em torno do STML, emdefesa dos seus legítimos direitos, nãoesquecendo o trabalho público que pres-ta às pessoas na cidade de Lisboa ouem outros teatros de operação.

O STML tem respondido aos anseioslegítimos destes trabalhadores, consti-tuindo-se, enquanto seu porta-voz, nobaluarte da sua luta em defesa do ser -viço público.

Depois da batalha travada com êxitoem defesa da manutenção do atual ho-

rário de trabalho, os sapadores bom-beiros têm que manter a luta. O exe-cutivo camarário apoia-se em outra es-trutura sindical, não representativa noRSB e, juntamente com o Comando,prepara-se para mais uma ofensiva nosentido de atingirem o seu objetivo, istoé, alterar o horário de trabalho até ao fi-nal deste ano!

Sob um processo obscuro de reestru-turação, quer de guar nições, quer no nú-mero de viaturas por quartel, pretendemreduzir em alguns quartéis um terço doseu parque automóvel e, por sua vez, o já depauperado efetivo.

Esta suposta reestruturação, não traznada de benéfico aos Sapadores Bom-beiros e muito menos ao socorro da ci-dade de Lisboa pois, além de colocar emcausa o princípio de proximidade quedurante vários anos garantiu o êxito dosocorro, vai ainda agravar o risco ope-rativo dos próprios bombeiros.

 A redução e afastamento dos meiosobrigam, em caso de necessidade de

reforço ou complementaridade, a ummaior espaço temporal, ou seja, menosapoio para os bombeiros e mais riscopara a população de Lisboa.

Uma reestruturação teria que passar primeiro por dotar este Corpo com via-turas e equipamentos adequados, boascondições ao nível de instalações mas,acima de tudo, preenchimento do quadrode pessoal previsto, impondo-lhe níveisde for mação indispensáveis a função.

Esta suposta reestruturação não temem consideração a especificidade de

Lisboa ao nível do socorro e encobre ne-gociatas. Por exemplo, retirar as atuais

comissões que gerem os refeitórios(composta por bombeiros operacionaisque se mantêm no socorro em acumu-lação de funções), substituindo-as porempresas particulares, as quais temosdúvidas que prestem um serviço de me-lhor qualidade, mesmo pela experiênciaque já teve lugar no quartel de Chelas,que se traduziu num grande fiasco.

Ou, ainda, quando se pretende mudarde local de trabalho bombeiros contrasua vontade, através da fundamentaçãode tocar na banda! Não sendo esta umafunção de caráter obrigatório no planoprofissional, estarão a convidar estesbombeiros a sair da banda de maneira a justificar a extinção da mesma?

 Apela-se a que executivo camarárioolhe de forma responsável para o RSB,respeitando as Mulheres e Homens quedurante mais de 600 anos têm servidoexemplarmente em prol da segurança daCidade de Lisboa.

Os sapadores bombeiros terão, nopróximo dia 22 de março, na Greve

Geral de todos os trabalhadores por -tugueses, uma oportunidade maior naexigência pelo respeito e dignidade aque têm direito. Uma luta que combate apolítica que impõe o empobrecimentogeneralizado, a destruição dos serviçospúblicos, a extinção de postos de tra-balho e a dependência imensurável donosso país aos interesses internacio-nais.

É preciso lutar pela nossa vida e porPortugal, é preciso parar no dia 22 demarço para que o país avance!

Todos à Greve Geral! I

Prepara-se

reestruturação

no RSB sem

ouvir os traba-lhadores

e a sua estru-

tura represen-

tativa

8 O TRABALHADOR DA CML

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 A austeridade e a usurpação de tan-tos direitos aos trabalhadores da Administração Pública e Local po-

dem, muitas vezes, provocar distraçõessobre matérias que nos últimos anos têmsido como que primordiais para a ofen-siva levada a cabo pelas maiorias de di-reita contra os trabalhadores. A avalia-ção de desempenho por via do SIADAPé uma delas e, se os custos para a maio-

ria têm sido pagos ao longo destes últi-mos anos, o futuro adivinha-se repletode ainda maiores falácias e injustiças.

Em primeiro, há que sublinhar que,apesar do congelamento dos salários eprogressões previstos no Orçamento doEstado e no pacto de agressão da troikae do PSD/CDS/PS, o sistema de avalia-ção continua a vigorar na lei e a vir como cunho de obrigatoriedade. Isto significaque, independentemente da firme oposi-ção que a larga maioria dos trabalhado-res tem pelo sistema de avaliação emvigor, o não cumprimento dos seus trâmi-

tes legais pode, no futuro, provocar ain-da mais danos aos já legalmente consi-gnados.

Em segundo, e decorrente do primeiro,tem sido considerado por inúmeros diri-gentes da CML que o referido congela-mento permite uma ainda maior arbitra-riedade no cumprimento dos prazos e naestipulação de objetivos aos trabalhado-

res. Por isso mesmo, estamatéria tem sido subalter -nizada ou até esquecida.Por isso mesmo, cabe aotrabalhador exigir em tem-po útil o direito à informa-ção sobre os itens de ava-liação estipulados para ocorrente ano.

O incumprimento dos

trâmites legais sobre estamatéria pode proporcionar uma penalização aindamaior que aquelas que opróprio sistema de avalia-ção já consigna, nomeada-mente, a não existência deavaliação ou a sua ilegalidade. Isto si-gnifica que o trabalhador, caso se abramperspetivas para uma opção gestionária,pode ser duramente penalizado.

Convém, ainda, sublinhar que, na in-cer teza da crise e na tábua rasa que sevai passando sobre os direitos dos tra-

balhadores (muitos deles inscritos naprópria Constituição), e tal como prevía-mos desde a implementação do SIA-DAP, este instrumento de agressão aostrabalhadores pode tornar-se fundamen-tal numa eventual passagem de quadrosao regime de mobilidade que, como te-mos alertado desde sempre, é uma ante-câmara para os despedimentos.

Por isso mesmo, não obstante a nossafirme oposição ao sistema de avaliaçãoem vigor por o considerarmos injusto ear bitrário, alertamos que todos os traba-lhadores devem exigir que lhes sejamfacultados os objetivos nos prazos esti-pulados por lei.

Mesmo sabendo que há trabalhadoresque não têm ainda conhecimento do pro-cesso de avaliação referente ao ano de2011, o processo referente ao presenteano deve estar efetivamente iniciado atéfinal de março (?), com o estabeleci-mento e discussão dos objetivos pro-postos. I

SIADAP

Que custos para

os trabalhadores

no cenário da crise

O TRABALHADOR DA CML 9

O investimento pessoal que muitos trabalhadores da CâmaraMunicipal de Lisboa têm efetuado nos últimos anos, tem

esbar rado em políticas que não reconhecem esse esforço quedeveria ser posto ao serviço das pessoas da cidade.

Muitos destes trabalhadores frequentaram programas denovas oportunidades ou, ao abrigo do Estatuto de Trabalhador-Estudante concedido pela Câmara Municipal de Lisboa, fre-quentaram o Ensino Superior, fizeram Pós-Graduações, Mes-trados e Doutoramentos.

Todo o esforço efetuado por todos os que investiram em sipróprios, com o objetivo de colocarem essa aprendizagem em

prol da cidade, têm encontrado na C. M. de Lisboa um entraveà justa e merecida alteração de categoria profissional.

 As sucessivas questões e elevação de casos que o STMLtem levado ao DGRH, que demonstram o empenho na angaria-ção de mais habilitações por parte de um vasto número de tra-balhadores da CML, têm sistematicamente sido ignoradas pelaautarquia.

Porque consideramos que a Câmara Municipal de Lisboadeve criar condições para a resolução dos casos existentes ede todos aqueles que continuam a investir na sua formaçãoeducacional e profissional, o STML continuará a combater ainjustiça que é feita com estes trabalhadores. Assim, apelamosa que todos os trabalhadores que se encontrem em condições

de mobilidade, para informarem o STML da sua situação por -que, unidos seremos mais fortes neste e noutros combates. I

Mobilidade intercarreiras: História interminável

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O T10

22 de março

Uma Greve Geralimprescindível

para a derrota da política

nefasta do governo!

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DOR DA CML

Caminhamos a passos largos para omaior retrocesso civilizacional deque há memória, não só no nosso

país, mas também no espaço da UniãoEuropeia.

 A política neoliberal, que o governo de-fende intransigentemente, tem provocadoa maior recessão económica dos últimos35 anos e, à semelhança do que se vivena Grécia, na Irlanda, em Espanha, na

Bélgica ou em Itália, o caminho daquelesque são os únicos visados pela política deausteridade, os trabalhadores, devemfazer uso da única arma à sua disposiçãono sentido de travar estas medidas injus-tas, arbitrárias e antissociais.

Por isso afirmamos que a «quem traba-lha não desarma, a luta é a nossa ar -ma!»

 A greve geral de 22 de março surge co-mo a resposta imprescindível dos traba-lhadores portugueses a um conjunto demedidas que o governo acordou com aUGT e as confederações patronais. Me-

didas que visam a exploração desenfrea-da dos trabalhadores, a desregulamenta-ção dos seus horários de trabalho, a de-sor ganização da sua vida pessoal e fa-miliar em função dos interesses de “quemmanda”. Visa, ainda, a diminuição efetivadas suas remunerações e o aumento dacarga de trabalho sem a devida compen-sação financeira.

Este conjunto de medidas extremamen-te negativas, a somar a tantas outras im-plementadas nos últimos sete meses, ca-so sejam aprovadas na Assembleia daRepública, agravarão drasticamente as

condições de vida da imensa maioria dostrabalhadores.Não se julgue que estas medidas ape-

nas dizem respeito aos trabalhadores dosector privado.

No seguimento do acordo com a UGT,as últimas propostas do governo, apre-sentadas à Frente Comum dos Sindicatosda Administração Pública, da qual faz par -te o STML, querem envolver igualmenteos funcionários do Estado, isto é, os tra-balhadores da administração central, lo-cal e regional.

Exemplo como o fim às restrições no

plano da mobilidade geográfica, podendoum trabalhador ser transferido compulsi-vamente para um local de trabalho a cen-tenas de quilómetros de distância da suaresidência e, neste contexto, ganha rele-vância a aplicação formal da Lei da Mobili-dade Especial à administração local; ou, aimplementação do banco de horas, obri-gando o trabalhador a trabalhar em diasde descanso sem qualquer compensaçãoe sempre no “interesse dos serviços”; ou,ainda, a matéria envolvendo a extinçãodos 4 feriados, impondo aos trabalha-dores do Estado mais 4 dias de trabalho

não remunerado, à semelhança do quepretendem realizar no sector privado.

E, por este caminho, também a reduçãodo número de dias de férias estará nacalha...

Este conjunto de medidas visa um únicoobjetivo, criar as condições para a redu-ção do número de trabalhadores da admi-nistração pública, os cerca de 30.000,objetivo do governo já tornado público. Aliás, sintomático deste propósito, foramas declarações do deputado do CDS-PP:«quem não estiver satisfeito, pode sem-

 pre sair...».Face a esta inaceitável arrogância eprepotência e dando seguimento aos sen-timentos demonstrados inequivocamenteno passado dia 11 de fevereiro, naquelaque foi a maior manifestação dos últimos30 anos, com mais de 300 mil trabalha-dores, reformados e aposentados, jovense desempregados, a Greve Geral é o pas-so seguinte na luta que deve envolver to-dos os portugueses que têm suportadoexclusivamente o ónus de uma crise paraa qual não em nada contribuíram, maspela qual são chamados recorrentemente

a pagar a sua fatura!Paralelamente, continuamos a verificar os desvarios dos efetivos responsáveis, osetor financeiro, obtendo sucessivos e in-dignos lucros e, da parte do governo, to-dos os benefícios e privilégios possíveisde imaginar.

1. Com números de desemprego ver -gonhosos e ímpares na nossa história,afetando mais de um milhão e duzentosmil portugueses!

2. Com números brutais de precarie-dade, afetando o presente e o futuro demilhões de jovens.

3. Com a destruição sistemática dasfunções sociais do Estado, negando direi-

tos constitucionais, como o Direito à saú -de, à educação, à segurança social ou àhabitação.

4. Com a tentativa de destruir serviçospúblicos essenciais às populações e em-purrando para a mobilidade especial eposteriormente para o desemprego, mi-lhares de trabalhadores da administraçãopública, negando object ivamente o DI -REITO ao trabalho!

5. Com índices de crescimento econó-

mico negativo, como será possível o paíssair da crise em que se encontra mergu -lhado?

6. Como é possível pagar os 35 mimilhões de euros de juros contraídos como empréstimo à troika, como é possívepagar o próprio empréstimo!?

7. Com políticas de baixos salários eaumentos sucessivos de impostos, comoé possível dinamizar a economia interna?

8. Com esta política, como é possívecriar as condições para tirar o povo portu-guês da pobreza e da miséria em queatualmente se encontra?

 A resposta a todas estas perguntas éapenas uma: com esta política o paísnão avança!

O caminho que este governo nos querimpor, não serve os interesses dos tra -balhadores, do povo português e os inte-resses nacionais.

 A Greve Geral de 22 de março tem umaimportância maior para a derrota destapolítica criminosa e todos a devemos en-carar como a greve geral dos trabalha-dores portugueses, a greve geral comosinónimo da luta por melhores condiçõesde vida, por um Portugal com futuro!

É preciso dizer BASTA! I

11

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O TRABALHADOR DA CML12

Teve lugar no Centro de Congressosde Lisboa, à Junqueira (antiga FIL),nos dias 27 e 28 de janeiro, o XII

Congresso da CGTP-IN. Por um Portugaldesenvolvido e soberano, foi o lema so-bre o qual decorreu o congresso da maior emais representativa organização sindicalportuguesa. Dos 870 delegados inscritos,estiveram presentes 857, dos quais 808tinham direito a voto, em representação de727.000 associados, de 83 sindicatos, 10federações e 22 uniões.

No dia que antecedeu a abertura oficialdo congresso, isto é, no dia 26 de janeiro,decorreu no mesmo espaço da antiga FIL aConferência Internacional, com o envol-vimento de 110 dirigentes representando79 centrais sindicais internacionais pro-venientes de 48 países.

O STML, como estrutura filiada nesta

grande central sindical, participou no con-gresso com cinco delegados, três diri -

gentes e dois delegados sindicais. Ao con-gresso assistiram ainda convidados, no-meadamente, vários dirigentes, delegadossindicais e outros associados.

Neste congresso foi eleito um novo Con-selho Nacional para o quadriénio 2012/2016. Verificou-se a renovação de um terçodos conselheiros da central.

Para o Conselho Nacional, constituídopor 147 membros, votaram 775 delegados,sendo 735 votos na lista A (lista única),tendo sido contabilizados 8 votos em bran-co e 32 votos nulos.

O Conselho Nacional passa a ser cons-tituído por 99 homens e 48 mulheres, com amédia etária de 47,91 anos.

 A Comissão Executiva foi eleita com 130votos a favor, 10 votos brancos e 2 votosnulos. Foi também eleito o novo secretário-geral, Arménio Carlos, com 113 votos a fa-

vor e 28 votos em branco.O 12º Congresso da CGTP-IN demons-

trou a vitalidade desta grande central sindi-cal, sempre na defesa dos direitos do traba-lho, da democracia e da soberania nacio-nal.

Destacar, por último, a intervenção deencerramento do novo secretário-geral da

central e da forte convicção transmitida noapelo e confiança à luta organizada e àunião de todos os trabalhadores contra aviolenta ofensiva em curso, sem preceden-tes na nossa história, por parte daquelesque há mais de três décadas delapidam onosso país e submetem à pobreza, à mi-séria e à exploração milhares de homens emulheres portugueses.

Com a luta venceremos e com uma con-fiança inabalável, os mais de 900 dele-gados e convidados, aplaudiram os novosmembros dos órgãos máximos da CGTP-

IN e o desenvolvimento da luta no presentecomo garante essencial do futuro! I

XII Congresso da CGTP-IN

Um congresso onde se reassumiu

a defesa intransigente de todos

os trabalhadores portugueses!

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O TRABALHADOR DA CML 13

 Asemana de 27 de fevereiro a 5 demarço, foi marcada pela luta leva-da a cabo pela Frente Comum dos

Sindicatos da Administração Pública(FCSAP) em resposta a mais uma tenta-tiva de redução de direitos aos trabalha-dores da Administração Pública.

Depois do roubo dos subsídios (férias enatal) aos trabalhadores da AP, efectuadoatravés da lei do Orçamento do Estadopara 2012, o governo PSD/CDS, remeteuuma proposta aos sindicatos para dis-cussão na reunião realizada em 17 de fe-vereiro com o secretário de Estado da Administração Pública (SEAP).

 A proposta do governo visa transpor para a Administração Pública as medidasaltamente gravosas, inscritas no acordo

de concertação social assinado pelas as-sociações patronais, UGT e governo, comalgumas variantes. Tudo, no dizer doSEAP, em nome da igualdade entre o pú-blico e o privado. Ou seja, apanhamos por sermos funcionários públicos (cortes sa-lariais, suspensão do pagamento de sub-sídios, etc.) e apanhamos para ficar mosiguais (por baixo), aos trabalhadores dosetor privado.

 A consagração em lei com carácter de-finitivo da redução da retribuição do tra-

balho extraordinário, da eliminação dodescanso compensatório, da redução dosferiados, a aquisição do direito a férias emsituação de doença, a adaptabilidade doshorários e criação de bancos de horas, por um lado, a alteração da mobilidade geo-gráfica sem contornos conhecidos, e ain-da a revisão, leia-se extinção das car reirasespeciais de informática e fiscalização.

 A FCSAP deixou bem claro que nãoaceita discutir matérias de contrataçãocoletiva, em reuniões generalistas, bemcomo exigiu mesas específicas para adiscussão das carreiras.

O secretariado da FCSAP determinouuma semana de luta contra mais este ata-que aos nossos direitos, que começou dia27 de fevereiro, com um debate com diri-

gentes sindicais, no auditório da CGTP-IN. Neste debate participou o economistaEugénio Rosa e o juiz conselheiro jubila-do Guilherme da Fonseca. Abor daram-se, principalmente, os efeitos das medi-das do governo na vida dos trabalhadorese na sobrevivência dos serviços públicos.

No dia 28 de fevereiro efetuou-se umavigília entre as 17h00 e as 22h00, junto àresidência do 1.º ministro, pelo empregocom direitos, por horários de trabalho jus-tos e contra a destruição de carreiras.

No dia 29 de fevereiro procedeu-se àdistribuição de um comunicado à popu-lação, em todos os distritos. Em Lisboa, amesma realizou-se nos principais termi-nais de transportes.

No dia 1 de março desenvolveram-setodas as acções possíveis junto dos tra-balhadores com vista à aprovação de mo-ções contra a extensão do acordo do go-verno, patronato e UGT, ao setor público.

 A semana de luta da Administração Pú-blica teve, no dia 2 de março, o ponto altocom um plenário nacional na Casa do Alentejo, em que participaram cerca deum milhar de dirigentes, delegados e ati-vistas sindicais que, posteriormente, sedeslocaram em manifestação para o Mi-

nistério das Finanças.Por último, no dia 5 de março, uma dele-gação da FCSAP, composta pelos res-ponsáveis dos sindicatos que desta estru-tura fazem parte, onde se inclui obviamen-te o STML, deslocaram-se à Assembleiada República onde entregaram as moçõesde repúdio a mais um violento ataque aostrabalhadores do setor público.

 A luta faz-se agora no próximo dia 22 demarço, naquela que será seguramente,uma extraordinária Greve Geral. I

Semana de luta da Frente Comum dosSindicatos da Administração Pública

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14 O TRABALHADOR DA CML

Cumprir Abril!

Há quase 38 anos atrás, numa madrugada de primavera, aação heroica de um grupo de militares punha fim ao jugodo fascismo em Portugal. Seguiu-se, numa aliança de

vontade, querer e determinação do povo português e das forçasprogressistas, a construção de um Portugal diferente: livre, demo-crático e transformador. Após 48 longos anos de opressão e usur -pação do poder por um regime inspirado pelo conservadorismomais reacionário e pela “obra” dos regimes nazi-fascistas, queempurraram a Europa para a guerra total entre as décadas de 30e 40, o País libertava-se e iniciava o caminho rumo ao progresso.

 Ao longo de um processo ímpar de construção de uma socie-dade nova, mais justa e democrática, o Abril português tornou-senum símbolo a nível internacional. Inspirou o caminho para queoutros povos se libertassem dos caudilhos ditatoriais, nomea-damente, a Grécia e o Brasil que viriam, nos anos seguintes, adepor as suas ditaduras militares, ou a Espanha, que logo no iní-cio da década de 80 depunha o ditador Franco.

 A obra valorosa do povo português iniciou-se logo nesse anode 1974, com a vontade de cumprir, através de um processorevolucionário impar em todo o mundo ocidental, uma profunda

mudança nas condições de vida da população. Em muito poucotempo, ocorreram profundas transformações económicas, so-ciais, políticas e culturais, traduzidas em grandes conquistas paraos trabalhadores, nomeadamente: o direito à livre or ganizaçãosindical, o direito de manifestação e o direito à greve; o aumentogeneralizado dos salários e a institucionalização do salário míni-mo nacional; a criação de milhares de postos de trabalho e a cria-ção do subsídio de desemprego.

 A Revolução de Abri permitiu ainda o aumento e alargamentodas pensões de reforma, a proibição dos despedimentos sem justa causa, a consolidação do tempo de férias e o seu subsídio,a criação do Serviço Nacional de Saúde geral e gratuito, o alar ga-mento e institucionalização da Segurança Social, a consagraçãona lei da igualdade entre homens e mulheres. Entre tantas con-

quistas para Portugal e para o povo português, o desenvolvi-mento económico e social resultante de tamanhas conquistas

per mitiu o combate ao analfabetismo, democratizou o livre acessoà educação e à cultura e permitiu uma assinalável melhoria nosníveis de rendimento da maior parte das famílias portuguesas.

Mas, ao longo de 38 anos, as ofensivas às conquistas de Abrilforam-se acentuando. A obra da Revolução foi sendo delapidada

pelos sucessivos governos de direita, não obstante a oposiçãofirme e determinada de tantos trabalhadores, ativistas, democra-tas e anti-fascistas que nunca se renderam a um caminho que hámuito se anunciava suicidário para Portugal e para o povo por tu-guês. E, muito desse Abril de progresso ficou por cumprir.

Hoje, perante uma crise violentíssima do sistema capitalista, osportugueses vêem o que resta da obra gloriosa de Abril ser com-pletamente destruída. Atacam-se todos os direitos arduamenteconquistados pelos trabalhadores, o direito à saúde, à educaçãoe ao emprego. A receita do capitalismo selvagem, encabeçadopor estruturas internacionais, que mais não são que braços arma-dos do grande capital financeiro e especulativo, tomaram o Paísrefém de uma política trucidadora do povos livres e independen-tes.

 Ao mesmo tempo, usando a ignóbil máscara da inevitabilidadediz-se que o mundo mudou e que os atrasos estruturais de Por -tugal se devem a Abril. Culpam-se as conquistas progressistas daRevolução pelo desastre que os múltiplos governos de direitaprovocaram ao longo dos últimos 36 anos. De tal modo que osdireitos dos trabalhadores, a saúde e a educação livres são con-siderados luxos que uma “sociedade moder na” não pode permi-tir. No mínimo, este tipo de considerações é aberrante e só podeter resposta na luta dos trabalhadores e do povo português.

 Ao ataque à democracia, aos direitos dos trabalhadores, aoEstado Social e às condições de vida da grande generalidadedos portugueses é necessário continuarmos com firmeza e con-vição a lutar por Abril. Por tudo o que o esse Portugal de Abrilcumpriu, e que agora nos querem tirar. Por tudo o que nesse

Portugal de Abril ficou por cumprir. Não nos cansaremos de gritar25 de Abril sempre! I

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Há largos anos que a data 28 demarço é assinalada pelo movi-mento sindical como o dia nacio-

nal da juventude, aproveitando a oportu-nidade para reivindicar nas ruas a solu-ção para vários problemas que afectamos jovens deste país.

Importante, também, é relembrar queeste dia evoca uma iniciativa de jovens

que em 1947 se reuniram num acampa-mento em São Pedro de Moel, com oobjetivo de confraternizar e trocar ideias.Esta iniciativa foi, na altura, reprimida pe-la polícia política (PIDE) e na qual vários jovens foram presos, espancados e pos-teriormente libertados face ao forte movi-mento de protesto popular que se gerou.

Foi, portanto, um dia em que a forçapopular enfrentou o poder estabelecido ederrotou uma das formas de opressãoque naquele tempo eram sentidas.

 Atualmente, existem outras formas de

opressão que também devem ser der ro-tadas, formas essas que têm a sua ex-pressão nas políticas de direita que ossucessivos governos (PS, PSD/CDS)têm posto em prática e que verificamosestarem a conduzir o país ao agrava-mento das condições de vida do seupovo.

São estas políticas que têm reduzidosalários e direitos e têm aumentado apobreza, a precariedade laboral e as in- justiças sociais.

Só a força popular e a luta organizada

dos trabalhadores pode derrotar estaspolíticas e inverter o rumo até aqui se-

guido. Os jovens trabalhadores, quesentem na pele os efeitos destas po-líticas (estatisticamente são os que têmmenores salários e os mais afetados pe-la precariedade e desemprego), devemenvolver-se na luta que é necessário tra-var para que isto mude.

É necessário que os jovens trabalha-dores este jam mobilizados para todas aslutas que a sua central sindical, a CGTP-IN, e o nosso sindicato, o STML, venhama definir como caminho para der rotar estas “inevitabilidades” do nosso tempo(como lhes chamam).

 A primeira luta que temos pela frenteserá a GREVE GERAL, a 22 de março,

que, à semelhança das últimas grevesgerais, principalmente, a de 2010 e 2011contará com a participação dos jovenstrabalhadores para que seja um sucessoe um momento alto de luta.

Posteriormente, a Interjovem/CGTP-IN assinalará o Dia Nacional da Juven-tude, no dia 31 de março, um sábado,

com uma manifestação que partirá às14h30 da Praça da Figueira e terá comolocal de chegada o Largo do Camões.

Vamos encher o Largo do Camões!Queremos trabalho! Exigimos direitos!31 de março, dia de luta pelo nosso

futuro! I

Lutar no presente, derrotar a política

desastrosa do governo, conquistar

um futuro digno!

15O TRABALHADOR DA CML

   E  s  p  a  ç  o    d

  o  s

   J  o  v  e  n

  s

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O TRABALHADOR DA CML16

Sonhamos com o dia em que esteespaço não contenha o relato denenhuma ação de luta e que a Co-

missão dos Reformados do STML nãotenha estado presente em nenhum pro-testo. Isso seria a prova de que, finalmen-te, a justiça imperava em Portugal e vivía-mos num país ver dadeiramente soberanoe democrático.

Infelizmente, como tal não acontece, osreformados, que continuam a ser um dossetores mais fracos da nossa população,diria mesmo uma faixa a abater, em vezde se deixarem abater, fazem das fraque-zas força e aí estão em todas as lutas por uma vida digna, por um futuro melhor.

CONTRA A EXPLORAÇÃO,AS DESIGUALDADES,O EMPOBRECIMENTOFoi assim na grandiosa Manifestação

Nacional da CGTP, de 11 de fevereiro, eno protesto promovido pela Associaçãodos Inquilinos Lisbonenses, frente à As-sembleia da República, a 16 de fevereiro,dia em que se discutia o projecto de lei doarrendamento.

LEI DOS DESPEJOS Ao contrário do que o Governo afirma,

este projecto não promove o arrenda-mento, promove sim os despejos e visaessencialmente os mais idosos, pois osmais novos, exceto uma escassa minoriaa viver em condomínios de luxo, há muitoque se viram empurrados para as peri-ferias e encontram-se presos aos em-préstimos que foram aliciados a contrair 

para a aquisição de habitação.Para promover o arrendamento, para

combater a despovoamento das grandescidades, há milhares de edifícios aban-donados por incúria dos senhorios e ine-xistência de fiscalização por parte dasautoridades.

Passados 25 anos sobre a morte deZeca Afonso, as suas palavras continuambem actuais: Se alguém se engana/comseu ar sisudo/e lhes franqueia as por -tas à chegada/eles comem tudo/e nãodeixam nada.

E como os reformados não se deixamenganar, estiveram igualmente presentesna JORNADA DE LUTA EUROPEIA, nodia 29 de fevereiro, “Contra a austeri-dade, a exploração e a pobreza - Pelo

emprego, salários, direitos e serviçospúblicos”.

ACTIVIDADES LÚDICASDA COMISSÃO DE REFORMADOSDO STMLNo mês de janeiro visitámos o Mosteiro

de Odivelas, antigo convento de freiras,onde está sepultado D. Dinis, que o man-dou construir no séc. XIII. Uma das suasocupantes mais famosas foi Madre Pau-la, amante de D. João V.

Já em fevereiro foi a vez de visitar a Si-nagoga de Lisboa, inaugurada em 1904 econstruída curiosamente obliquamente àrua, porque era proibida a visibilidade deum templo que não fosse de religião cató-lica. I

“...eles comem tudo”

Espaço dos Aposentados

 À partida, caixotes poderiam remeter para a Higiene Urbana.Por agora, não! Caixotes de papelão são um obstáculo arquite-tónico que prolifera no Edifício do Campo Grande.

Estes caixotes são a prova da má reestruturação da CâmaraMunicipal de Lisboa. Há trabalhadores a mudarem para o Edi-fício do Campo Grande, outros a saírem e outros a mudarem depiso, como se isso se traduzisse numa maior produção.

Como se vê, esta reestruturação está longe de estar concluídae toda a agitação com pessoas (trabalhadores), caixotes, biom-bos e alcatifas, tem adjacente um enorme mal-estar com as la-cunas que o edifício há muito apresenta.

Quem chega, não encontra um refeitório. Quem fuma, arrisca-

se a ter uma pedra que se desprenda das paredes exteriores doedifício na cabeça. Quem trás carro, não tem onde estacionar (mesmo com lugares livres o dia todo na garagem, reservadospara dirigentes), quem tem dificuldades respiratórias tem alca-tifas e arcondicionado em péssimas condições e o rol não para-ria por aqui.

Este mal-estar tem um rosto e já não há paciência para descul-pas com o passado. O PS e o presidente António Costa sabemdestes problemas e teimam em não ouvir os trabalhadores. OSTML e os trabalhadores da CML continuarão a denunciar estesproblemas existentes num edifício que está doente e que, com o

apoio de António Costa, está a deixar os trabalhadores doentes. I

 A dança dos caixotes

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O TRABALHADOR DA CML 17

Foi em 1857, em Nova Iorque, quecentenas de operárias têxteis fize-ram greve contra um horário de tra-

balho de 16 horas e a enorme discrimi-

nação salarial de que eram vítimas. Essaluta foi violentamente reprimida e cercade duas dezenas de mulheres trabalha-doras perderam a vida. Este exemplo decoragem e firmeza das operárias de NovaIorque foi uma herança que inspirou mu-lheres de todos os cantos do mundo alutar por mais justiça social, e em 1909, aativista Clara Zetkin propôs que o dia 8 deMarço passasse a ser o Dia Internacionalda Mulher Trabalhadora, realidade que seconcretizou no ano seguinte. A efemérideacabou por ser também adoptada, em1977, pela ONU, como Dia das Nações

Unidas pelos Direitos das Mulheres e pelaPaz Internacional.

Sendo desde sempre uma tradição donosso sindicato assinalar esta data, este

ano procedeu-se à emissão de um postalque evoca a luta das mulheres trabalha-doras do Município de Lisboa. Contra adesigualdade de género, pelos direitosinalienáveis das mulheres no emprego ena proteção social, o STML saúda todasas trabalhadoras, convocando-as para aluta por um futuro melhor e mais justo, on-de prevaleça a igualdade de género eopor tunidades. Para que a discriminação jamais faça sentido.

Foi neste espírito de permanente reivin-dicação que o STML reuniu dezenas demulheres trabalhadoras no Cinema de

São Jorge. A alegria e a satisfação foramsentimentos que, mais uma vez, marca-ram a comemoração do 8 de março, DiaInternacional da Mulher.

 A dirigente sindical Fátima Messias in-terveio em nome da CGTP-IN, apelandoà luta das mulheres por um futuro digno,que respeite os direitos, liberdades egarantias consagrados na Constituiçãoda República Portuguesa. A data de 22 demarço, dia da Greve Geral, mereceu umdestaque especial pela sua importânciamaior no momento económico e sociaque o país atravessa e pela construção deuma alternativa que defenda efetivamen-te os direitos e interesses dos trabalha-dores e trabalhadoras portuguesas. I

Dia Internacional da Mulher

Trás uma mulher à luta!

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O TRABALHADOR DA CML18

OSTML celebra,durante o anode 2012, 35

anos de história! Umahistoria que é indisso-ciável da luta travadaem torno dos direitos einteresses dos traba-lhadores do municípiode Lisboa.

 A estrutura sindicaldo STML é composta,no plano humano, por dirigentes e delegados

sindicais e tem nestesúltimos, um elementoessencial no sucesso,total ou parcial, das lu-

tas que se desenvolveram, se desenvolvem e que continuarão aser desenvolvidas.

Muitas vezes apelidamos aqueles que assumem a enormeresponsabilidade de delegado ou delegada sindical, de verda-deiros “dirigentes locais” do STML.

Esta denominação prende-se com a importância extraor di-nária que estes homens e mulheres têm nos respetivos locais detrabalho e a ligação que obrigatoriamente devem fazer com adireção do STML.

Os problemas que muitas vezes são resolvidos devem-se, emgrande medida, à célere informação do problema concreto, à rá-pida tomada de decisão para o desenvolvimento das formas deacção necessárias no sentido da sua resolução. Esta estratégianão surtiria efeito sem a existência de delegados e delegadassindicais.

Problemas que podem dizer respeito aos assistentes opera-cionais, assistentes técnicos ou técnicos superiores, problemasque podem situar-se no universo da limpeza urbana, nas ofici-nas, nos jardins ou nos edifícios municipais como o do CampoGrande ou no regimento de sapadores bombeiros ou ainda nasempresas municipais.

É deste modo fundamental que a responsabilidade assumidapelo STML. perante os trabalhadores do município de Lisboa,

seja encarada como uma responsabilidade de todos os diri-gentes e delegados sindicais que desta estrutura fazem e po-derão vir a fazer parte.

O trabalho sindical entre dirigentes e delegados é um trabalhoque se complementa, que se funde num único objectivo, isto é, aresolução dos problemas dos trabalhadores, a resposta às suasaspirações e a defesa intransigente dos seus direitos e inte-resses.

Neste sentido, o STML tem alertado para a necessidade fun -damental em existir um (ou mais do que um) delegado ou de -legada sindical em todos os locais de trabalho do município deLisboa. Um homem ou uma mulher que represente os seus co-legas trabalhadores, que conheça os seus problemas, que se

envolva responsavelmente na sua resolução, o mesmo é afir -mar, que se envolva no trabalho sindical, sinónimo de um traba-

lho sério, honesto, digno e indispensável. Um trabalho que to-dos, dirigentes e delegados, nos comprometemos a fazeraquando da nossa eleição pelos nossos pares.

Muitas vezes, o homem ou mulher que assume a tarefa de de-legado sindical, coloca em segundo plano os seus interesses in-dividuais em detrimentos dos interesses colectivos. Responsa-biliza-se por dar corpo às preocupações, dúvidas e ansiedadesque se multiplicam pelos inúmeros locais de trabalho do municí-pio de Lisboa.

Todavia, como também é do conhecimento de todos, a resolu-ção dos problemas coletivos, setoriais ou profissionais é um pas-so indispensável para a resolução de muitos dos problemas in-dividuais de cada trabalhador.

 A assunção do papel de delegado ou delegada sindical impli-

ca, igualmente, a participação nas Assembleias Gerais de De-legados, realizando-se as mesmas na sede do sindicato umavez por mês.

Implica, ainda, o envolvimento na mobilização de todos os tra-balhadores e a sua participação nas ações de luta descentra-lizadas ou mais gerais convocadas pelas estruturas da CGTP-IN, nomeadamente, a União dos Sindicatos de Lisboa no planodistrital ou da Frente Comum no plano das questões específicasda administração pública e do setor empresarial do Estado.

Ser delegado ou delegada sindical implica, em inúmeras situa-ções, combater o espírito individualista e egoísta. Um espírito ali-mentado por todos os defensores da política de direita, os mes-mos que nos roubam direitos e agravam as nossas condições de

vida. Um espírito que enfraquece a unidade dos trabalhadores e,consequentemente, a sua luta e os possíveis resultados da mes-ma.

O papel de um delegado ou delegada sindical reveste-se, portudo o que já foi dito, de uma importância excepcional! Nos tem-pos actuais, em que os trabalhadores estão sujeitos à maior emais profunda ofensiva aos seus direitos e condições de vida,uma maior responsabilização além da eleição de novos delega-dos e delegadas, é também essencial para a luta que travamose para a vitória que todos ambicionamos.

 A luta por melhores condições de vida, pela defesa dos postose condições de trabalho, pela revogação de toda a legislaçãonociva aos interesses dos trabalhadores do município de Lisboapelo aumento dos salários e na defesa de direitos arduamente

conquistados, não é possível sem delegados e delegadas sin-dicais, homens e mulheres confiantes e determinados nesta lutae conscientes do seu papel e da sua responsabilidade maior. I

O papel maior de um delegado

ou delegada sindical

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19O TRABALHADOR DA CML

Um dos meios, não o único, que a“troika estrangeira” e o governoPSD/CDS estão a utilizar com o

objetivo de reduzir o Estado ao “Estadomínimo” neoliberal, para assim transfor -mar as suas funções sociais (saúde, edu-cação, segurança social, etc.) em áreasde negócio lucrativas para os grupos eco-nómicos privados é a redução brutal dasremunerações dos trabalhadores da Ad-ministração Pública, com o objetivo de oslevar a aposentarem-se prematuramente

ou a sair.Para justificar utilizam a mentira afir -mando que as remunerações no Setor Público são superiores às do setor pri-vado.

Como noticiou o Jornal de Notícias, de15.10.2011, e outros órgãos de infor ma-ção, Passos Coelho justificou o confiscodo subsídio de férias e de Natal aos tra-balhadores da Função Pública dizendo“que em média os salários na FunçãoPública são 10 a 15 por cento superior àmédia nacional”. No entanto, o 1.º minis-tro “esqueceu-se” de dizer, como consta

do Boletim de Emprego Público do Minis-tério das Finanças que, em 2011, na Ad-ministração Central, 55,7% dos trabalha-dores tinham o ensino superior, enquantoa nível do país essa percentagem eraapenas 18,6%. Portanto, comparaçõescom base em remunerações médias nãosão correctas, pois deter minam conclu-sões falsas.

 As comparações devem ser feitas en-tre remunerações de profissionais comníveis de escolaridade e de qualificaçãosemelhantes. E se as comparações fo-rem feitas entre as remunerações deidênticas categorias profissionais conclui-se que, em 2005, as dos trabalhadoresda Administração Pública já eram inferio-res às do setor privado e que, entre 2005e 2012, com o congelamento e corte deremunerações no setor Público, e com oconfisco do subsídio de férias e do Natalem 2012, o fosso entre a AdministraçãoPública e o setor privado aumentou aindamais. Para provar isso, vamos utilizar osresultados de um estudo mandado fazer pelo 1.º governo de Sócrates a uma mul-tinacional de consultoria que, pelo facto

das conclusões não terem agradado ogoverno, foi “metido na gaveta”.

 Assim, com base nos resultados do es-tudo mandado fazer à multinacional Cap-gemini, pelo 1.º governo de Sócrates,conseguimos calcular as remuneraçõespara 27 categorias profissionais idênticasda Administração Pública e do setor pri-

vado em 2005 que depois utilizamos paracalcular as de 2012, entrando com a va-riação de remunerações verificada no pe-ríodo 2005-2012.

 As conclusões são as seguintes: Em2005, as remunerações totais das che-fias na Administração Pública (diretor ge-ral a diretor de serviço) variavam entre44,9% e 68,1% das do setor privado; asdo técnico superior entre 57,1% e 95,1%das do setor privado; a dos administrati-vos variava entre 62,5% e 57,8% das dosetor privado; as remunerações dos ope-rários na Administração Pública corres-pondiam entre 54,1% e 71,8% das dosetor privado; e as restantes categoriasprofissionais (guarda vigilante, auxiliar delimpeza, telefonistas e motoristas), as re-munerações na Função Pública varia-vam entre 61,4% e 81,9% das do setor privado.

 Assim, em 2012, as remunerações daschefias na Administração Pública (dire-tores geral, de serviços) variavam já en-tre 33,6% e 52,8 das do setor privado; asdo técnico superior, entre 42,9% e 71,4%das do setor privado; as dos administrati-

vos correspondiam entre 32,7% e 36,8%das do setor privado; as remunerações

dos operários na Administração Públicacorrespondiam entre 38,9% e 88,8% àsdo setor privado; e as dos restantes pro-fissionais, que na Administração Públicaconjuntamente com os operários, perten-cem atualmente à car reira de Assistentes

Operacionais, as remunerações na Fun-ção Pública variavam entre 51,7% e 80%das do setor privado.

O fosso remuneratório entre o setor pú-blico e o setor privado aumentou signifi-cativamente entre 2005 e 2012 com ocongelamento, cortes e confiscos de re-munerações, nomeadamente em relaçãoàs categorias profissionais com maiorresponsabilidade e qualificação. Em ter -mos reais, as remunerações destes tra-balhadores reduziram-se em 24,5% entre2005 e 2012.

Fica assim claro que os trabalhadores

da Função Pública não são uns privilegia-dos como o governo pretende fazer crer.É evidente a intenção do governo ultra-liberal de Passos Coelho de destruir, poresta via também, o Estado, reduzindo-o aum “Estado mínimo”, tão de agrado dos“Chicago e FMI boys”, privatizando asfunções sociais do Estado, e transfor -mando-as em áreas de negócios lucrati-vos para os grandes grupos económicosprivados.

Eugénio Rosa

Economistawww.eugeniorosa.com I

 A falácia do governo!

 A redução brutal das remunerações da Função Pública como

instrumento para reduzir o Estado ao Estado mínimo neoliberal

e para privatizar as funções sociais

5/14/2018 O Trabalhador da CML nº 150 - Mar o/Abril 2012 - slidepdf.com

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20 I O TRABALHADOR DA CML

Protocolos do STML

 Breves

G ISEC – Instituto Superior de Educação e CiênciasPara os nossos associados, cônjuges e descendentesem 1.º grau:- 10% de desconto nas propinas;- 12% de desconto na propina da licenciaturaem Gestão Autárquica.

G ISLA – Instituto Superior de Línguas e AdministraçãoG ISG – Instituto Superior de GestãoG IPES – Instituto Português de Estudos SuperioresG IESC – Instituto de Estudos Superiores de ContabilidadeG Escola Superior de Educação João de DeusG ISTEC – Instituto Superior de Tecnologias AvançadasG COFAC – Universidade Lusófona Lisboa/Porto

- Instituto Superior de Humanidade e Tecnologias de Lisboa

- Instituto Superior Politécnico do Oeste- Instituto Superior D. Dinis

- Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes- Escola Superior de Educação Almeida Garrett

G Lancaster CollegeG Universidade LusíadaG Universidade AutónomaG Mundi TravelG Teatro da CornucópiaG Viaggiatore – Companhia de Lazer e TurismoG Campiférias – Centro de Férias e TurismoG Millenium BCPG ENAL – Escola Nacional de AutomobilismoG Mind – Project – Psicologia, Psicoterapia e MedicinaG Sagres – Companhia de SegurosG Aldeamento Turístico de Palmela I

 A ofensiva capitalista continua aexercer, sobre os trabalhadores eo povo grego, uma política selvá-

tica de ataques. O chamado segundo“pacote de ajuda” da tróica FMI/BCE/UEfoi imposto com golpes mais cruéis eviolentos contra a martirizada populaçãogrega, com cortes de 30% no salário mí-

nimo e nas reformas, com aumentos deimpostos, privatizações e 150.000 des-pedimentos na Administração Pública.

Enquanto isto, a dupla Merkel/Sarkozyimpõe à Grécia a compra de mais sub-marinos para que a “ajuda” seja dada.

Trinta dos deputados da coligação datróica representada no governo não elei-to da Nova Democracia (PASOK e Laos),foram expulsos por se recusarem aaprovar esta “ajuda” mortal. Mas só o fi-zeram porque os trabalhadores e jovensgregos não se submetem à chantageme resistem feroz e heroicamente como oprovam as lutas, manifestações, ocupa-ções, greves setoriais e greves geraisque continuam.

Logo após a aprovação dos novos ata-ques no Parlamento, as centrais sindi-cais, nomeadamente, a Frente Militantede Todos os Trabalhadores (PAME),convocaram uma nova greve geral de48 horas respondida em massa pelos

trabalhadores e toda a sociedade.

Os trabalhadores e o povo grego ne-cessitam da solidariedade dos traba-lhadores dos outros países. Na verdadeestão na linha da frente aos ataques bru-tais do grande capital! Política nefastaque também é aplicada em outros paí-ses e à generalidade dos trabalhadoresna Europa.

Neste sentido, foi com grande entu-

siasmo que, um pouco por toda a Eu-

ropa, milhões de trabalhadores gritaram:“somos todos gregos!”

 A nossa mais ativa solidariedade serálutar em Portugal contra as mesmas po-líticas violentas e anti-sociais com que oCapital tenta subjugar o Trabalho.

Na Grécia como em Portugal, a Lutacontinua nas empresas e na Rua. I

Grécia:

O espelho da brutalidade da ditadura do Capital