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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO LEANDRO BARROS BITTAR NATÁLIA MENDES DE OLIVEIRA MODESTO O USO DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA PARA A TOMADA DE DECISÃO EM PROJETOS DE DESCOMISSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES OFFSHORE NITERÓI, RJ 2019

O USO DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA PARA A … uso da...LEANDRO BARROS BITTAR NATÁLIA MENDES DE OLIVEIRA MODESTO O USO DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA PARA A TOMADA DE DECISÃO EM PROJETOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

LEANDRO BARROS BITTAR

NATÁLIA MENDES DE OLIVEIRA MODESTO

O USO DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA PARA A TOMADA DE DECISÃO EM

PROJETOS DE DESCOMISSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES OFFSHORE

NITERÓI, RJ

2019

LEANDRO BARROS BITTAR

NATÁLIA MENDES DE OLIVEIRA MODESTO

O USO DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA PARA A TOMADA DE DECISÃO EM

PROJETOS DE DESCOMISSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES OFFSHORE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia de Petróleo da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense,

como parte dos requisitos necessários à obtenção

do título de Engenheiro de Petróleo.

Orientador:

Prof. Dr. João Crisósthomo de Queiroz Neto

Niterói, RJ

2019

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA GERADA EM:

http://www.bibliotecas.uff.br/bee/ficha-catalografica

LEANDRO BARROS BITTAR

NATÁLIA MENDES DE OLIVEIRA MODESTO

O USO DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA PARA A TOMADA DE DECISÃO EM

PROJETOS DE DESCOMISSIONAMENTO DE INSTALAÇÕES OFFSHORE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia de Petróleo da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense,

como parte dos requisitos necessários à obtenção

do título de Engenheira(o) de Petróleo.

Aprovado em 04 de dezembro de 2019.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof. Dr. João Crisósthomo de Queiroz Neto - UFF

Orientador

___________________________________________________

Prof. Dr. Víctor Rolando Ruiz Ahón – UFF

_____________________________________________________

Prof. Dr. Alfredo Moisés Vallejos Carrasco - UFF

NITERÓI, RJ

2019

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a minha família: Bruno, Fernanda, Jacqueline e Felipe,

pois sem eles nada teria conseguido. Eles mostraram o verdadeiro significado do que é ser

família: que, mesmo diante dos nossos erros e acertos, brigas e distância, sempre podíamos

contar uns com os outros; que nos momentos de dificuldade, sempre estávamos unidos; e que

fizeram dos nossos almoços de domingo um evento de união.

Em segundo lugar, aos meus amigos do curso de Engenharia de Petróleo: Andressa, Daisy,

Douglas, Guilherme, Jamil, Laura, Matheus, Natália, Thais, Vinicius, entre outros, por

tornarem o curso mais fácil e fazerem valer a pena as noites mal dormidas estudando. Foram

dias difíceis, mas que, simultaneamente, nos permitiram ter historias memoráveis.

Em terceiro lugar, agradeço a ANP/SSM e, em especial, aos meus chefes Edson Montez,

Mariana França e Rafael Couto. Os senhores não foram apenas chefes, mas verdadeiros

líderes e fizeram tudo ao alcance de vocês para que eu crescesse e encarasse a profissão com

seriedade. Adicionalmente, agradeço em especial a antiga equipe CDRA – Rosana e Edson,

que foram meu primeiro contato com a SSM e sempre me fizeram sentir parte do time e

valorizaram meu trabalho.

Também não poderia me esquecer dos meus amigos de infância, que, apesar da distância

física, sempre estiveram ao meu lado. Obrigado, Alexandre, Aguillar, Ana Clara, Carol,

Lucas, Raissa e Sara. Continuemos crescendo juntos.

Por fim, agradeço aos amigos que fiz fora do ambiente acadêmico e fizeram com que a minha

vida abrisse a um leque maior de lazeres e oportunidades: Davi, Emanuelle, Jennifer, Juliana,

Priscila, Thiago.

Leandro Barros Bittar

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, que me presenteou com minha vida e me deu

sabedoria para chegar até aqui.

Aos meus pais, Rogério e Gilmara, que nunca mediram esforços para que eu realizasse todos

os meus sonhos e sempre me deram força par que essa graduação fosse concluída. Eles são

meus exemplos de força e gentileza. A minha irmã, Danielle, que sempre me ajudou a

levantar quando eu me sentia cansada, e que sempre comemorou em todas as minhas vitórias.

E a todos os meus familiares que torcem por mim.

Ao Thadeu, que chegou na “reta final” e me apoiou e incentivou nesse trajeto. Aos amigos e

amigas da UFF que fiz nessa caminhada, que tornaram essa caminhada mais leve e possível.

A minha dupla, Leandro, obrigada por tanta generosidade e amizade pra seguirmos nesse

momento.

A todos, que me ajudaram a me tornar uma pessoa melhor. Estou muito agradecida por chegar

aqui.

Obrigada!

Natália Mendes de Oliveira Modesto

RESUMO

Com o passar do tempo a produção dos campos de petróleo e gás natural tende a cair, até o

ponto em que fique economicamente inviável. Assim, após realizar Estudos de Viabilidade

Técnico Econômico (EVTE) os concessionários optam em descomissionar as instalações e

devolver o campo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Desta forma, para realizar as atividades de descomissionamento a indústria utiliza ferramentas

e métodos, como a Avaliação Comparativa, para propiciar a tomada de decisões que

conciliem os vários enfoques como: ambiental, segurança, técnico, social e econômico. No

presente trabalho será realizada uma breve abordagem do cenário, tanto mundial como

brasileiro, sobre a realização desse tipo de atividade, ressaltando os principais desafios

técnicos e ambientais, gargalos e as legislações utilizadas no Brasil. Adicionalmente, esse

trabalho também tem como objetivo explicar como é realizada a Avaliação Comparativa em

projetos de descomissionamento, aplicando-a em um estudo de caso no Mar do Norte.

Palavras-Chave: Descomissionamento. Avaliação comparativa. Petróleo

ABSTRACT

In the course of time, the oil and gas fields productions started to drop until they be

economical impracticable. Therefore, after Technical and Economical Assessment is done, the

operators choose to decommissioning the assets and give back the field to the Brazilian

National Agency of Oil, Natural Gas and Biofuels (ANP). Then, it is usual the industry uses

some tools and methodologies to guarantee that in the decision-making the different aspects

be considered such as: environment, safety, technical, social and economic. In the present

work a brief approach of the scenario, both global and Brazilian, about the realization of this

type of activity will be performed, highlighting the main technical and environmental

challenges, bottlenecks and the laws used in Brazil. Additionally, this paper also aims to

explain how the Comparative Assessment is carried out in decommissioning projects,

applying it in a case study in the North Sea.

Keywords: Decommissioning. Comparative Assessment. Oil.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Poços perfurados no pier de Summerland ....................................................... 4

Figura 2- Fases do fluxo econômico básico de um projeto de petróleo ........................... 6

Figura 3 - Plataforma fixa de Mexilhão operando na Bacia de Santos ............................ 9

Figura 4 - Plataforma auto-elevatória P-5 operando no litoral do Rio Grande do Norte . 9

Figura 5: Plataforma de Ubarana 3 (Pub 3) .................................................................... 10

Figura 6 - O FPSO Pioneiro de Libra ............................................................................. 11

Figura 7: Plataforma semissubmersível P-55 operando no campo de Roncador ........... 12

Figura 8 - Deck mating da plataforma P-61 ................................................................... 12

Figura 9: Número de plataformas offsore em 2006 ........................................................ 13

Figura 10: Quantitativo de Plataformas por Bacia ......................................................... 15

Figura 11:Bioinvasores em instalações offshore ............................................................ 18

Figura 12: Etapas de descomissionamento ..................................................................... 36

Figura 13: Porcentagem de gastos com descomissionamento para cada etapa

da atividade ................................................................................................................... 367

Figura 14: Esquemático de poço com o Conjunto Solidário de Barreira ....................... 40

Figura 15: Estrutura submarina do campo de MacCulloch ............................................ 48

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Etapas simplificadas do descomissionamento. ................................................ 7

Quadro 2: Classificação dos Rejeitos radioativos conforme a CNEN ........................... 19

Quadro 3: Stock regulatório considerado no descomissionamento ................................ 21

Quadro 4: Critérios analisados na Avaliação Comparativa ............................................ 30

Quadro 5: Exemplo de critérios relevantes para determinação do tipo de

descomissionamento ..................................................................................................... 304

Quadro 6: Características das linhas umbilicais analisadas na

Avaliação Comparativa .................................................................................................. 49

Quadro 7: Alternativas técnicas propostas para a Análise Comparativa ........................ 50

Quadro 8: Critérios e pesos utilizados na avaliação ....................................................... 52

Quadro 9: Descrição dos critérios de viabilidade técnica............................................... 53

Quadro 10: Pontuação de viabilidade técnica para cada opção ...................................... 53

Quadro 11: Consequências referentes a cada critério de acordo com a probabilidade .. 54

Quadro 12: Definição de cada probabilidade ................................................................. 55

Quadro 13: Matriz de risco 5x5 da análise ..................................................................... 55

Quadro 14: Avaliação de viabilidade técnica e pesos normalizados para as opções de

descomissionamento de linhas e umbilicais ................................................................... 56

Quadro 15: Avaliação de segurança e pesos normalizados para as opções de

descomissionamento de linhas e umbilicais ................................................................... 57

Quadro 16: Avaliação ambiental e pesos normalizados para as opções de

descomissionamento de linhas e umbilicais ................................................................... 57

Quadro 17: Avaliação de emissão e uso de energias e pesos normalizados para as opções

de descomissionamento de linhas e umbilicais .............................................................. 58

Quadro 18: Resultado do risco social e pesos normalizados para as opções

de descomissionamento de linhas e umbilicais .............................................................. 58

Quadro 19: Custo estimado e pesos normalizados para as opções de descomissionamento

de linhas e umbilicais ..................................................................................................... 59

Quadro 20: Pontuação cumulativa dos critérios para a opção de remoção total ............ 59

Quadro 21: Pontuação cumulativa dos critérios para a opção de remoção parcial

enterrando as linhas expostas ........................................................................................ 60

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AC ou CA Avaliação Comparativa

ALARP As Low As Reasonably Practicable

ANM Árvore de Natal Molhada

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

AOGHS American Oil and Natural Gas Historical Society

CGPEG Coordenação Geral de Petróleo e Gás

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CSB Conjunto Solidário de Barreira

DHSV Downhole Safety Valve - Válvula de Segurança de Sub Superfície

DILIC Diretoria de Licenciamento Ambiental

EDC East Drill Centre

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EVTE Estudo de Viabilidade Técnico Econômica

FAR Taxa de Acidentes Fatais

FISQUI Característica do fluído

FPSO Plataforma Flutuante, Produção, Estocagem e Descarregamento

GT Grupo de Trabalho

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBP Instituto Brasileiro do Petróleo

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IN Instrução Normativa

IRPA Risco individual por Critérios Anual

LDA Lamina d’água

MMA Ministério do Meio Ambiente

NORM Materiais Radioativos de Ocorrência Natural

OGA Oil and Gas Authority

OGUK Oil & Gas UK

OPRED Offshore Petroleum Regulator for Environment and

Decommissioning

PDI Programa de Desativação de Instalações

PLL Perda potencial de vida

PPM Parte por milhão

PSC Projeto Coral-Sol

QRA Quantitativas de avaliação de risco

RDI Relatório Final de Desativação de Instalações

ROV Remote offshore vehicle

SGIP Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços

SS Plataforma Semissubmersível

TENORM Materiais Radioativos de Ocorrência Natural Tecnicamente

Aprimorados

TLP Plataforma de Pernas Atirantadas

TOG Teor de óleo e gás

UEP Unidades Estacionárias de Produção

UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro

UKCS United Kingdom Continental Shelf

WBE Well Barrier Element

WDC West Drill Centre

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1.1.OBJETIVO ................................................................................................................. 2

1.2.ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................... 3

2. CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................ 4

2.1.TIPOS DE PLATAFORMA ....................................................................................... 7

2.1.1. PLATAFORMAS FIXAS .................................................................................... 8

2.1.2. PLATAFORMAS FLUTUANTES .................................................................... 10

2.2.CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................ 13

2.2.1. MAR DO NORTE .............................................................................................. 14

2.2.2. BRASIL .............................................................................................................. 14

3. ESTRUTURA REGULÁTORIA DO BRASIL ....................................................... 21

3.1.MARCO REGULAMENTÁRIO DO BRASIL ....................................................... 22

3.1.1. REGULAÇÃO NA ANP ................................................................................... 22

3.1.2. REGULAÇÃO DO IBAMA .............................................................................. 25

3.1.3. REGULAÇÕES DA MARINHA ....................................................................... 27

3.1.4. REGULAÇÕES DA RECEITA FEDERAL ...................................................... 27

4. AVALIAÇÃO COMPARATIVA ............................................................................ 29

4.1.SEGURANÇA .......................................................................................................... 30

4.2.MEIO AMBIENTE .................................................................................................. 31

4.3.VIABILIDADE TÉCNICA ...................................................................................... 31

4.4.SOCIAL .................................................................................................................... 32

4.5.ECONÔMICO .......................................................................................................... 32

4.6.VERIFICAÇÃO ....................................................................................................... 33

4.7.ETAPA INICIAL PARA REALIZAR A AVALIAÇÃO COMPARATIVA .......... 33

5. MÉTODOS DE REMOÇÃO.................................................................................... 35

5.1.FASES DO DESCOMISSIONAMENTO ................................................................ 37

5.1.1. GERENCIAMENTO DE PROJETO DE DESCOMISSIONAMENTO ........... 37

5.1.2. FIM DA PRODUÇÃO (POST-COP OPEX) ..................................................... 38

5.1.3. LIMPEZA DAS LINHAS, DESCONEXÃO DAS LINHAS NA ÁRVORE DE

NATAL E PULL-OUT DAS LINHAS DA UNIDADE DE PRODUÇÃO ....... 39

5.1.4. ABANDONO DE POÇOS ................................................................................. 40

5.1.5. PREPARAÇÃO E REMOÇÃO DO TOPSIDE ................................................. 42

5.1.6. DISPOSIÇÃO FINAL DE TOPSIDE E ESTRUTURAS SUBMARINAS ....... 43

5.1.7. DETALHAMENTO DA ESTRUTURA SUBSEA ........................................... 44

5.1.8. RELATÓRIO FINAL DE DESCOMISSIOANEMENTO ................................ 45

5.1.9. MONITORAMENTO ........................................................................................ 46

6. ESTUDO DE CASO ................................................................................................ 47

6.1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 47

6.2.OPÇÕES DE TÉCNICAS PARA A ANÁLISE DA

AVALIAÇÃO COMPARATIVA ............................................................................ 50

6.3.DEFINIÇÃO DOS PESOS, ATRIBUIÇÃO DE NOTAS E METODOLOGIA ..... 51

6.3.1. METODOLOGIA PARA VIABILIDADE TÉCNICA ...................................... 52

6.3.2. METODOLOGIA PARA MEIO AMBIENTE, SOCIEDADE E

SEGURANÇA .................................................................................................... 54

6.3.3. METODOLOGIA PARA EMISSÃO DE CO2 E USO DE ENERGIA ............ 56

6.4.RESULTADO .......................................................................................................... 56

6.4.1. RESULTADO DO FATOR TÉCNICO ............................................................. 56

6.4.2. RESULTADO DO FATOR SEGURANÇA ...................................................... 57

6.4.3. RESULTADO DO FATOR AMBIENTE .......................................................... 57

6.4.4. RESULTADO DO FATOR SOCIAL ................................................................ 58

6.4.5. RESULTADO DO FATOR ECONÔMICO ...................................................... 59

6.5.CONCLUSÃO .......................................................................................................... 59

7. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 62

1

1. INTRODUÇÃO

O início da produção de óleo e gás natural no Brasil ocorreu na década de 1940 para

campos terrestres e no final da década de 1960 para os marítimos. Nesse contexto, algumas

das instalações de produção já se encontram em atividade há mais de 70 anos. Por razões

associadas à redução da lucratividade de algumas concessões, bem como à obsolescência de

suas instalações e equipamentos associados, campos ou parcelas das instalações neles

existentes começam a ser descomissionados – fase que inclui o abandono de poços, a remoção

das plataformas, estruturas submarinas, linhas e a destinação/disposição adequada das

estruturas removidas e rejeitos produzidos no decorrer da atividade.

É esperado que o descomissionamento das instalações ocorra quando não houver

dúvidas de que, considerando os aspectos técnicos e econômicos, estejam esgotadas as

alternativas para a máxima recuperação de hidrocarbonetos em um campo e/ou a vida útil das

unidades não possa ser estendida em um ambiente de riscos operacionais e ambientais

aceitáveis. Associada ao ciclo de vida das atividades de exploração e produção de petróleo e

gás natural, que inclui a fase de descomissionamento, também apresenta relevância a possível

necessidade de recuperação de áreas onde possa se verificar a existência de passivos

ambientais.

De acordo com a IHS Markit (2016), a cada ano em média 120 projetos de

descomissionamento são executados pela indústria e, entre 2021 e 2040, espera-se que sejam

gastos US$210 bilhões em atividades de descomissionamento.

No Brasil, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), existem 158 instalações de produção na costa brasileira, e 40% delas têm mais de 25

anos em operação. Ambos os fatos indicam que a atividade de descomissionamento é uma

crescente demanda no cenário da indústria de petróleo tanto no mundo quanto no cenário

brasileiro.

Atualmente, o descomissionamento de instalações pode ser considerado como um

grande desafio para a indústria de produção de petróleo e gás natural. A necessidade de

adequação da regulamentação, da ampliação da capacitação técnica e do desenvolvimento da

cadeia de serviços com soluções específicas para o descomissionamento são questões

relevantes. No Brasil, tanto por parte da ANP quanto pelos demais reguladores, também é

importante mencionar o compromisso objetivo na elaboração de normativos que estabeleçam

2

claramente os requisitos e critérios visando a execução das atividades de descomissionamento

de forma segura, minimizando os riscos às pessoas, ao meio ambiente e aos demais usos.

1.1.OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo analisar os métodos de remoção das instalações

offshore, indicando as principais etapas necessárias para realizar a atividade de

descomissionamento aplicando a ferramenta de Avaliação Comparativa para auxiliar na

tomada de decisão de projetos de descomissionamento na indústria de petróleo e gás natural.

Esta ferramenta funciona ajudando a diminuir as alternativas e escolhas para um

determinado cenário usando vários critérios e subcritérios conforme uma variedade de

parâmetros: ambientais, de segurança, técnicos, sociais e econômicos. O resultado fornece

uma classificação clara e transparente das alternativas que são robustas e, ao mesmo tempo,

acessíveis a todas as partes interessadas e órgãos reguladores.

Desta forma, os objetivos específicos deste trabalho são:

Contextualizar o cenário brasileiro e o cenário mundial quanto às futuras demandas e

possíveis gargalos inerentes ao descomissionamento;

Realizar a revisão bibliográfica das legislações aplicadas ao descomissionamento tanto

no Mar do Norte quanto no Brasil, incluindo os tratados internacionais quanto à

navegação marítima;

Apresentar as principais atividades necessárias para a atividade de

descomissionamento;

Explicar de forma detalhada a aplicabilidade da Avaliação Comparativa e utilizá-la em

um estudo de caso.

3

1.2.ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está organizado em sete capítulos:

No primeiro, foi realizada a introdução, na qual são explicitados a motivação, o

objetivo e a estrutura.

O segundo capítulo expõe o significado de descomissionamento, retrata o cenário

internacional e nacional incluindo os principais desafios e os principais tipos de instalações

que fazem parte da realidade de Exploração e Produção da indústria de óleo & gás.

No capítulo seguinte, são apresentadas toda a estrutura regulatória tanto no Mar do

Norte quanto no Brasil e os tratados internacionais de navegações marítimas, considerando

que muitas Unidades de Exploração e Produção (UEP) – são deslocadas para águas

internacionais.

No quarto, são descritos os métodos de remoção e as tecnologias empregadas no

descomissionamento – incluindo as principais etapas presentes no escopo desse projeto.

O quinto capítulo consiste em uma análise acerca da Avaliação Comparativa,

explicando detalhadamente as variáveis utilizadas nesta ferramenta.

O sexto capítulo discorre sobre um estudo de caso que ocorreu no Mar do Norte e

aplica a ferramenta.

Por fim, no último, é apresentada a conclusão deste trabalho.

4

2. CONCEITOS BÁSICOS

Os primeiros registros de exploração de petróleo e gás natural em ambiente offshore

no mundo ocorreram na Califórnia, Estados Unidos, no final do século XIX. Conforme

registros do condado de Santa Barbara, em 1894 e 1895, Henry Williams perfurou três poços

em uma praia da Califórnia, o que o levou a explorar petróleo no mar no ano seguinte. Foram

construídos pilares e perfurados poços, conduzindo à conclusão de que o campo petrolífero de

Summerland estendia-se para o mar, conforme observa-se na Figura 1, disponibilizada pela

American Oil and Natural Gas Historical Society (AOGHS). Este seria o primeiro campo

offshore desenvolvido no mundo.

Fonte: AOGHS (2019)

Em 1911, a Gulf Refining Company abandonou o uso de piers e perfurou no lago

Caddo Lake, Louisiana, usando uma frota de rebocadores, barcaças e motoristas de pilha

flutuante. Posteriormente, segundo a National Ocean Industries Association, até o final de

1949, 11 campos de petróleo e gás natural foram encontrados no Golfo do México com 44

poços exploratórios.

No Brasil, as primeiras descobertas de petróleo ocorreram muito depois dos Estados

Unidos em Lobato, na Bahia, em 1939; mas o primeiro campo comercial foi Candeias,

também no Recôncavo Baiano. Entretanto, por um longo período essa atividade não

Figura 1 - Poços perfurados no pier de Summerland

5

encontrou campos muito rentáveis. Apenas no final da década de 60 que as atividades

offshore no Brasil começaram a ser mais exploradas no litoral de Sergipe e, posteriormente,

no Rio Grande no Norte, Alagoas e Ceará.

Alguns anos depois, na década de 80, a produção de petróleo ocorreu em maior escala

com a descoberta de áreas com grandes potenciais como a Bacia de Campos, localizada no

litoral do Rio de Janeiro. Posteriormente, no início do século XXI, com a descoberta do pré-

sal, o país tornou-se pioneiro na prospecção de petróleo em águas profundas utilizando-se de

plataformas para viabilizar a produção no mar.

Atualmente, há mais de 7000 instalações e plataformas de petróleo e gás em ambiente

offshore no mundo (TECHERA & CHANDLER, 2015). Essas estruturas foram projetadas e

construídas para permanecer no campo durante todo o período de produção e têm em média

uma vida útil de 25 anos, podendo estender para 50 anos (RUIVO, 2001).

As principais justificativas para o descomissionamento são:

fatores atrelados ao tempo de vida da plataforma e instalações anexas;

término dos contratos de afretamento das plataformas ou dos contratos de concessão

do campo que são estabelecidos um período de 27 anos (procurar dados ANP) e a falta

de interesse de renova-los.

amadurecimento do campo engendrando diminuição da curva de produção de petróleo.

Deve-se observar que os campos maduros são campos que estiverem em longos

períodos de produção e desta forma as suas reservas já foram esgotadas. Assim, comumente

as empresas utilizam Estudos de Viabilidade Técnico Econômica (EVTE) para esboçar a falta

de lucratividade do campo. Neste contexto, o preço do barril de petróleo ou do gás natural e

suas flutuações, a carga fiscal, as regras cambiais, as normas que regulam o preço de venda no

mercado interno dos hidrocarbonetos produzidos ou, ainda, que impõem restrições à

exportação são fatores que causam impactos sobre as atividades de produção, podendo levar

ao descomissionamento. A Figura 2 ilustra qualitativamente o fluxo de caixa de um projeto

de exploração, com relação ao custo do abandono, ele representa um fator de incerteza e de

viabilidade do projeto e envolve desde o planejamento até a remoção total das instalações. De

forma esquemática a figura 2 representa o fluxo de caixa de um projeto de petróleo. Onde, o

processo de extração apresenta cinco fases: Exploração (E), avaliação (A), desenvolvimento

(D), produção (P) e abandono (P’).

6

Figura 2- Fases do fluxo econômico básico de um projeto de petróleo

Fonte: Pereira (2004)

Portanto, o descomissionamento pode ser definido como um processo multidisciplinar

que sugere a melhor maneira de desativar as operações de produção quando já não há mais

interesse econômico, com o objetivo principal de devolver a propriedade livre de danos

ambientais e restaurada nas condições originais. Essa atividade exige um longo tempo de

planejamento em muitas áreas e fases da produção, pois cada plataforma é diferente devido a

características únicas tais como a localização, estrutura e instalação, e são operadas visando a

propósitos específicos para determinados ambientes: assim é necessário que seja realizada

uma avaliação caso a caso.

De uma forma geral, o descomissionamento é um processo em que são analisados

diversos fatores para tentar minimizar os riscos sociais e ambientais, de acordo com a

regulação governamental. Por fim, deve ser feito um monitoramento para controlar todo esse

processo deve acompanhar estritamente o previsto na legislação do país produtor (BRESLER

& BERNSTEIN, 2015). Assim, o descomissionamento deve conter as etapas apresentadas no

Quadro 1, que serão descritas detalhadamente no Capítulo 4:

7

Quadro 1: Etapas simplificadas do descomissionamento.

Elemento do

descomissionamento

Descrição Remoção total vs

Remoção Parcial Abandono de Poço - Remover o equipamento de down-hole Processo idêntico para

as duas opções - Desconectar o poço

- Todo o esforço ocorre abaixo do fundo do oceano

Preparação da Plataforma - Inspecionar as condições estruturais Processo idêntico para

as duas opções - Limpar todos os dutos e equipamentos

- Separar todos os módulos e equipamentos do convés para a remoção

Remoção de condutores - Separar os condutores abaixo do fundo do oceano Condutores removidos

apenas 85 pés abaixo da

superfície do oceano na

remoção parcial

- Elevar e cortar ou desenroscar os condutores a 40 pés de comprimento

- Transportar os condutores de barco para a costa

Disposição das tubulações e

cabos de força

- Desconectar as tubulações e os cabos de força da plataforma Processo idêntico para

as duas opções - Lavar as tubulações e preencher com água do mar

- Cortar as tubulações e os cabos de força no fundo do mar

- Cobrir as tubulações e enterrar até o final

- Enterrar os cabos de energia até o final

- Ambos podem ser abandonados no local para minimizar os efeitos no

fundo do mar

Mobilização de

desmobilização de

embarcações pesadas (HLV)

- Agrupar as plataformas para permitir que os custos de mobilização e

desmobilização sejam compartilhados

Remoção parcial

requer custos menores

em equipamentos de

elevação - Selecionar o HLV com base em um elevador mais pesado do que o

previsto

Remoção das estruturas

superficiais das plataformas

- O convés e os equipamentos de top-side de pequenas plataformas

devem ser removidos de uma única vez

Processo idêntico para

as duas opções

- O convés e os equipamentos das plataformas maiores costumam

necessitar múltiplos elevadores para serem removidos

- Todos os equipamentos de top-side das plataformas devem ser

transportados para terra para serem processados

Remoção dos pilares das

plataforma

- Cortar os pilares que fixam a plataforma no fundo do oceano Os pilares das

plataformas devem ser

removidos até 85 pés

abaixo da superfície na

remoção parcial

- Cortar os pilares abaixo do fundo do oceano

- Alçar a jaqueta, inteira ou em partes usando HLVs

- Transportar os pilares e a jaqueta para a terra para serem reciclados

Transporte e disposição da

estrutura da plataforma

- Uma grande massa de aço será o resultado de uma remoção completa Na remoção parcial a

massa a ser

transportada e

descartada é menor

- O processamento inclui desmontagem, reciclagem e disposição

Limpeza do local - Avaliar o local antes e após o processo de descomissionamento O processo de limpeza é

o mesmo para ambos os

casos. Os resíduos de

conchas são deixados

no local no caso da

remoção parcial

- Regulamentos e concessões exigem que todos os detritos e obstáculos

sejam removidos

- A limpeza do local é confirmada a partir do teste de arrasto

- A disposição dos resíduos de conchas é controversa

- Os montes de conchas podem ser deixados no local, com base em

negociações com BSEE ou SLC

Fonte: IBP apud Bressler e Bernstein (2018)

2.1.TIPOS DE PLATAFORMA

Os tipos de plataformas também são importantes elementos que devem ser

considerados nos projetos de descomissionamento haja vista que a sua remoção pode ser mais

complexa de acordo com as suas características, distancia da costa (maior pressão logística),

lamina d’água (LDA) e outras variáveis. A priori, existe dois tipos de classificação quanto os

tipos de plataformas. A primeira, se elas são fixas ou flutuantes e entender um pouco sobre as

8

suas principais diferenças é importante pois isso altera o escopo do projeto de

descomissionamento e, consequentemente, os gastos no descomissionamento. A segunda, a

finalidade que as plataformas são utilizadas na área de Exploração e Produção (E&P), haja

vista que se têm as plataformas de produção que ficam mais tempo na mesma área e essas são

alvos da atividade de descomissionamento ou as que estão sendo utilizadas para a perfuração

(como os navios-sondas) e, por sua vez, não apresentam problemas para serem retiradas.

2.1.1. PLATAFORMAS FIXAS

As plataformas fixas são estruturas rígidas, fixadas no fundo do mar por um sistema de

estacas cravadas no assoalho marinho. Podem ter sua subestrutura constituída de aço (jaquetas

ou torre complacente) ou de concreto (plataforma de gravidade) e em seu topo se encontra o

topside que fornece o espaço necessário para o alojamento de módulos, equipamentos e

estruturas de perfuração (AMORIM, 2010).

a) Jaquetas de Aço

As plataformas do tipo jaqueta (Figura 3), são os primeiros tipos de plataforma

offshore, há mais de 6000 unidades ao longo da plataforma continental marítima no mundo

distribuídas em cerca de 50 países (LACERDA, 2005). Elas caracterizam-se por apresentarem

estruturas modulares de aço e fixam-se no assoalho marinho por meio de estacas, com uma

profundidade de até 60 metros abaixo do leito marinho (COELHO, 201).

As instalações dessas estruturas são mais simples e o escoamento da produção é

realizado principalmente por oleodutos e gasodutos. A LDA máxima das plataformas fixas é

400 metros e peso de até 1.000.000 toneladas. Os principais tipos de plataformas fixas são as

jaquetas de aço, auto elevatória e de concreto.

9

Figura 3 - Plataforma fixa de Mexilhão operando na Bacia de Santos

Fonte: Petrobras (2019)

b) Auto-elevatória

As plataformas auto-elevatórias (Figura 4) são usadas para perfurar e produzir em

LDA rasas, de no máximo 130 metros de profundidade. É composta por uma balsa e por três

ou mais pernas de tamanhos variáveis que se movimentam até atingirem o fundo do mar.

Também são conhecidas como jack-ups pois as pernas são apoiadas no fundo do mar durante

a perfuração; no deslocamento elas são levantadas e toda a plataforma é deslocada ou move-

se por propulsão própria. (AMORIM, 2010).

Figura 4 - Plataforma auto-elevatória P-5 operando no litoral do Rio Grande do Norte

Fonte: Petrobras (2019)

10

c) Plataforma de gravidade

São plataformas com estruturas mais robustas que estão ancoradas no assoalho

marinho devido a ação da gravidade e podem ser construídas de concreto ou de metal. No

Brasil, é um modelo pouco utilizado devido as suas características especificas. Destaca-se que

é uma plataforma de difícil descomissionamento.

Figura 5: Plataforma de Ubarana 3 (Pub 3)

Fonte: Petrobras (2019)

2.1.2. PLATAFORMAS FLUTUANTES

As plataformas flutuantes, também são consideradas embarcações, podem ser

instaladas em grandes profundidades com LDA superiores a 2000 metros de profundidade

graças às melhorias do sistema de ancoragem, tais como o posicionamento dinâmico e o uso

de localização via satélite.

Existem vários tipos de unidades flutuantes que diferem pelo fato de produzir e

armazenar petróleo, apenas produzir ou apenas armazenar (AMORIM, 2010). Os principais

tipos de plataformas flutuantes encontradas no Brasil são: FPSO, Semissubmersível, TLP,

FSO (uma variação menos robusta da FPSO que não apresenta a função de produção e está

anexa a uma plataforma de produção) e os Navios Tanques que muitas vezes são enquadrados

nas categorias anteriores nos boletins da ANP.

11

a) Plataforma FPSO (Floating Production Storage and Offloading)

As FPSO’s são os tipos de embarcações flutuantes mais utilizadas no Brasil para

produção em campos marítimos e consiste em uma embarcação do tipo navio-tanque,

geralmente convertido a partir de navios petroleiros categorizados por arqueação bruta e

capacidade de carregamento, como por exemplo o tipo Suezmax – 145 mil a 175 mil toneladas

de petróleo bruto, ancorada no solo marinho e projetada para produzir, armazenar e transferir

sua produção proveniente de poços submarinos para navios petroleiros que descarregam nos

terminais (RUIVO, 2001). É capaz de produzir em lâminas d’água de mais de 2.000 metros e

o controle dos poços é feito no solo marinho por árvores de natal molhada (ANM).

Devido às melhorias no sistema de ancoragem e do sistema de estocagem, as FPSO

(Figura 6) podem operar em longas distâncias da costa e com LDA profundas, quando o uso

de oleodutos e gasodutos são inviáveis (longas distâncias ou produção insuficiente) e utiliza-

se preferencialmente barcos de alívio para realizar o offloading do óleo produzido para a

costa.

Figura 6 - O FPSO Pioneiro de Libra

Fonte: Petrobras (2019)

b) Plataforma Semissubmersível (SS)

As plataformas SS (figura 7) caracterizam-se por ter em suas extremidades colunas

que auxiliam na estabilidade da plataforma. Elas podem estar ancoradas no solo marinho ou

serem dotadas de um sistema de posicionamento dinâmico. No Brasil, essas plataformas são

todas ancoradas (Petrobras, 2019). Elas são capazes de produzir em LDA profundas,

superiores a 2000 metros de profundidade. Essa plataforma utiliza-se de ANM e não têm

12

capacidade de armazenamento, portanto, os fluídos são escoados por dutos ou utilizam-se

navios auxiliares para armazenar o fluído produzido.

Figura 7: Plataforma semissubmersível P-55 operando no campo de Roncador

Fonte: Petrobras (2019)

c) Plataforma de Pernas atirantadas (TLP – Tension Leg Platform)

São plataformas semelhantes as estruturas da plataforma SS, incluindo as colunas que

conferem maior equilíbrio hidrodinâmico na plataforma. Entretanto, elas são ancoradas

verticalmente no fundo do mar para evitar os movimentos horizontais. Apesar de ela não

alcançar LDA superiores a 2000 metros de profundidade como a SS e a FPSO, este modelo de

ancoramento com tendões verticais permite que a completação seja seca, o que permite maior

controle do poço pela plataforma.

Figura 8 - Deck mating da plataforma P-61

Fonte: Petrobras (2019)

13

2.2.CONTEXTUALIZAÇÃO

As estruturas offshore evoluíram de simples torres de perfuração fabricadas em

madeira posicionadas próximas à costa para robustas instalações, que pesam milhares de

toneladas, instaladas a vários quilômetros adentro do oceano. Além disso, a infraestrutura de

produção é composta de centenas de quilômetros de oleodutos e gasodutos de coleta e

escoamento da produção que, através de uma complexa rede de transmissão, transfere óleo e

gás entre os poços e os sistemas de produção offshore e destes para os pontos de recepção em

terra (SILVA E MAINIER, 2008).

Conforme Coleman, em 2006 existia cerca de 7300 plataformas offshore instaladas em

todo o mundo. Destaca-se que no Golfo do México (GoM) é a região onde encontra-se

majoritariamente o número de plataformas instaladas, fato que vai ao encontro de ser uma das

maiores regiões produtoras de petróleo em ambiente offshore no mundo e a primeira a adotar

a práticas de produção em ambiente marítimo. Adicionalmente, destaca-se que as atividades

ligadas em óleo e gás estão crescendo. Conforme o mapa apresentado na Figura 9, existia

cerca de 105 plataformas no Brasil. Entretanto, de acordo com os ANP, em 2018 existe cerca

de 158 plataformas na costa brasileira.

Figura 9: Número de plataformas offsore em 2006

Fonte: Coleman (1998) apud Melo (2006)

Com a mesma lógica que o Brasil, o número de plataformas e instalações offshore no

mundo teve um acréscimo. De acordo com o governo britânico, em agosto de 2016 foram

listadas cerca de 600 plataformas no Mar do Norte, das quais a sua grande maioria eram fixas,

devido às condições ambientais da região: LDA mais rasas, próximos a costa e mar com

grandes ondas.

14

2.2.1. MAR DO NORTE

Embora o Golfo do México seja a região com o maior número de plataformas

descomissionadas, o IHS Market (2016) estima que haverá uma previsão de aumento dos

custos relacionados a atividade de descomissionamento dos próximos anos e essa projeção

está atrelada ao incremento dessa atividade no Mar do Norte. Conforme o próprio instituto,

nos próximos 5 anos estão previstos em torno de 600 projetos de descomissionamento nos

próximos anos e que os custos desses projetos devam alcançar em torno de US$ 13 bilhões

por ano, na qual a Europa deva absorver 50% desses gastos.

A atividade de descomissionamento, no Mar do Norte, deve se intensificar em quatro

países, a saber: Reino Unido, Noruega, Holanda e Dinamarca. O tamanho e complexidade das

plataformas, assim como as especificidades do ambiente regulatório, fazem da

desmobilização de ativos, na região, um grande desafio para as empresas que operam lá. Só

no Reino Unido, estima-se que até 2050 sejam gastos com a atividade de descomissionamento

cerca de US$ 59 bilhões (BCG, 2017).

Em dois estudos publicados a Oil&Gas UK de 2016 e 2018 projetou-se que serão

descomissionadas até 2025, no Reino Unido e na Noruega, 186 projetos. Esses projetos

contemplam o abandono de cerca de 1800 poços, a remoção de mais de 200 plataformas

podendo ser parcial ou total, o deslocamento de quase um milhão de toneladas de

equipamentos tanto no topside quanto nos sistemas submarinos e a desmobilização de 7,5 mil

quilômetros (km) de dutos.

2.2.2. BRASIL

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), o Brasil possui 158 unidades estacionárias de produção (UEP), 24 sondas de

perfuração e cerca de 18 unidades de produção estão previstas até 2022 (MAFRA, 2018).

Entretanto, deve-se destacar que 41% das instalações de produção offshore estão operando

com mais de 25 anos de vida. Desta forma, existe uma expectativa do descomissionamento de

vários projetos de Exploração e Produção nos próximos anos como pode ser observado na

Figura 10.

15

Figura 10: Quantitativo de Plataformas por Bacia

Fonte: Mafra (2018)

Adicionalmente, o Superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da

ANP, Marcelo Mafra, também apresenta que as principais áreas que serão alvo de atividade

de descomissionamento nos próximos anos no país são as Bacias de Campo e Potiguar por

apresentarem plataformas de produção mais antigas.

O descomissionamento no Brasil representa um desafio tecnológico e econômico

particular uma vez que os custos aumentam em função da profundidade dos projetos (Martins,

2015). O perfil brasileiro de plataformas é caracterizado por estruturas complexas, com maior

participação de projetos em águas profundas e ultraprofundas.

A Petrobras é operadora da maioria das plataformas a serem descomissionadas em um

horizonte próximo. Em 2018, a empresa tinha os seguintes projetos em fase de planejamento e

autorizações junto ao IBAMA e ANP: Campo de Cação com plataformas fixas (PCA-1, PCA-

2, PCA-3), P-07 – Semissubmersível, P-12 – Semissubmersível, P-15 –Semissubmersível,

FPSO Brasil, FPSO Piranema Spirit, FPSO Cidade do Rio de Janeiro e os programas de

revitalização das plataformas de Marlin (MAFRA, 2018).

Destaca-se que apesar de ser poucos projetos comparados com outras frentes no Mar

do Norte, eles são os primeiros projetos de descomissionamento no país indicando que é uma

atividade em crescimento e tem que ser avaliada no business da empresa e que as plataformas

16

que estão para serem descomissionadas nunca tiveram planejamento em toda a sua fase de

comissionamento e produção para que sejam descomissionadas futuramente – fato que torna

mais um complicador para a realização de determinada atividade.

a) Problemas com áreas ambientalmente sensíveis e bioinvasores

Inicialmente, deve-se destacar que cada região apresenta sua especificidade em relação

as condições meteoceanográficas, clima e biodiversidade marinha. Assim, quando

entendemos que o descomissionamento prove da retirada de instalações que estão a períodos

superiores há algumas décadas naquele ambiente marinho, é comum que haja uma

biodiversidade marinha na área e, que de certa forma, as instalações fazem parte ou interagem

com esta vida marinha, consequentemente, para realizar a atividade de retirada das instalações

deve-se fazer um estudo de impacto ambiental e evitar a dispersão de bioinvasores de uma

região para outra.

O IBAMA, através de pareceres técnicos emitidos no âmbito dos projetos de

desativação submetidos a sua aprovação, tem se pronunciado a respeito da atenção a ser dada

para os ambientes sensíveis. No Parecer Técnico nº 429/16 que analisou o projeto de

desativação da plataforma P-07 da Petrobras, o IBAMA se pronunciou afirmando que “não é

permitido deitar estruturas, seja de forma definitiva ou temporária, tampouco lançar ou

tracionar âncoras sobre bancos de algas, corais, rodolitos, moluscos, esponjas ou quaisquer

outros que levem a impactos significativos sobre a fauna bentônica e comunidades

associadas.” (IBAMA, 2016). Portanto, existe a necessidade de se considerar as

especificidades onde os sistemas de produção offshore estão instalados e serão

descomissionados.

Ademais, outro impacto que é considerado e faz parte dos projetos de

descomissionamento é a possibilidade de disseminação de espécies exóticas invasoras

decorrentes da retirada da instalação e ser direcionada para outra região.

No caso da presença de espécies exóticas invasoras nas estruturas das plataformas,

risers e amarras, como por exemplo o coral-sol (Figura 11), não existem diretrizes

internacionais para prevenção da introdução através da bioincrustação por coral-sol, não se

existindo no mundo um consenso quanto ao tipo ideal de controle mecânico ou biológico, mas

apenas tendo o controle químico pelo uso de tintas anti-incrustantes nas superfícies. (MMA,

17

2009). Nos ambientes onde se fixam, elas passam a competir com espécies nativas por espaço

e alimento. Nesse caso, a ameaça pode ser causada pelo desequilíbrio no sistema trófico e

consequentemente na diminuição da biodiversidade. (ICMBio, 2016).

Alguns dos sistemas de produção em idade avançada que deverão parar a produção

nos próximos anos estão instalados em águas rasas, onde o coral-sol consegue se desenvolver,

e outras estão na Bacia de Campos, em águas profundas. (VALOR, 2018). No fundo marinho,

onde a temperatura é inferior a 12,5 ºC, o coral-sol tende a não sobreviver, devido às baixas

temperaturas. (BATISTA et al., 2017). Assim, uma proposta interessante para a remoção das

espécies bioinvasoras dos riser de produção seria o abandono temporário destes no assoalho

marinho onde não permitiria a sobrevivência dessas espécies.

Assim, existe algumas ações que foram realizadas no país para o tratamento dessa

problemática específica:

- 2000: o Laboratório de Ecologia Marinha Bêntica da UERJ iniciou um programa de

estudos sobre o coral Tubastraea spp, espécie invasora originária do oceano Pacífico e está

presente no litoral do Rio de Janeiro, São Paulo, Espirito Santo, Santa Catarina e Bahia

(BRBIO, 2019).

- 2006: criação do Projeto Coral-Sol (PSC) que propõe medidas de controle do

bioinvasor visando erradica-lo.

- 2016: criação do Grupo de Trabalho (GT) formado pelo MMA, IBAMA e ICMBio

para a construção do Plano Nacional de Prevenção e Controle e Monitoramento do Coral-Sol

através da Portaria MMA nº 94.

- 2018: A Secretaria de Biodiversidade do MMA publicou a Portaria 03/2018 o

“Plano de Implementação da Estratégia Nacional para espécies exóticas invasoras, incluindo

Coral-Sol” através da Resolução CONABIO nº 072018.

18

Figura 11:Bioinvasores em instalações offshore

Fonte: Ranboll, Sobena 2019

b) Problemas com os Rejeitos Radioativos (NORM/T-NORM)

Ademais, outra questão que passou a ser levantada com o descomissionamento é a

gestão de rejeitos oriundos dessa atividade. Assim, cabe destacar a produção e manejo dos

Materiais Radioativos de Ocorrência Natural (NORM) e Materiais Radioativos de Ocorrência

Natural Tecnicamente Aprimorados (TENORM). Ambos consistem em materiais

enriquecidos com elementos radioativos, sendo que o primeiro ocorre em formações

geológicas enquanto que o segundo pode ser criado por atividade industrial.

Inicialmente, muitos setores industriais não foram regulamentados no passado e,

portanto, enfrentam vários desafios para estabelecer o controle sobre o NORM, não sendo

diferente na indústria de E&P de petróleo e gás natural. A Comissão Nacional de Energia

Nuclear (CNEN), por exemplo, apenas passou a supervisionar a gestão de resíduos

radioativos no final da década de 90 para as atividades ligadas a esse setor. Atualmente, entre

uma das atividades do CNEN é o processo de verificação ao cumprimento dos requisitos de

segurança e de proteção radiológica que os operadores devem seguir conforme as normas

estabelecidas pela Lei Federal 10.308 de 2001 e, posteriormente, CNEN NN 8.02 (2014).

A norma CNEN NN 8.02 de 2014 estabelece os critérios legais de segurança e

proteção radiológica para o Licenciamento de Depósitos de Rejeitos Radioativos de Baixo e

Médio Níveis de Radiação – RBMN além de classificar os rejeitos radioativos de acordo com

os níveis e natureza da radiação e suas respectivas meia-vidas. Assim, dentro dessa

19

classificação, existe 4 subclasses onde os rejeitos provenientes estariam classificados nas

subclasses 2.2 e 2.3 conforme o Quadro 2.

Quadro 2: Classificação dos Rejeitos radioativos conforme a CNEN

CLASSE CARACTERÍSTICA Dispensa ou

Deposição

0. Rejeito Isento Rejeitos contendo radionuclídeos com valores de atividade

ou de concentração de atividade, em massa ou volume,

inferiores ou iguais aos respectivos níveis de dispensa.

Sem restrição

1. Rejeito de Meia

Vida Muito Curta

Rejeitos de meia-vida ≤ 100 dias, com níveis de atividade

ou de concentração de atividade superiores aos respectivos

níveis de dispensa.

Armazenados para

decaimento e posterior

dispensa

2. Rejeito de Baixa e

Médio Níveis de

Radiação

Níveis de atividade ou de concentração de atividade

superiores aos níveis de dispensa e com a potência térmica

inferiores a 2kW/m³.

-

2.1 Meia Vida Curta Emissores beta/gama com meia-vida ≤ 30 anos e com a

concentração de radionuclídeos emissores alfa de meia

vida longa < 3700 kBq/kg, adicionando em valores

individuais e com valores médios de 370 kBq/kg para o

conjunto de volumes.

Depósitos próximos a

superfície

2.2 Contendo

Radionuclídeos

Naturais

Rejeitos provenientes da extração e exploração de

petróleo, contendo radionuclídeos das séries U e Th em

concentração de atividade acima dos níveis de dispensa.

Depósitos próximos a

superfície ou em

profundidades definidas

para a Análise de

Segurança

2.3 Contendo

Radionuclídeos

Naturais

Rejeitos contendo matérias primas naturais ou

industrializados com radionuclídeos da série U e Th em

concentração de atividades acima dos níveis de dispensa.

Depósitos próximos a

superfície ou em

profundidades definidas

para a Análise de

Segurança

2.4 Meia Vida Longa Rejeitos não enquadrados nas Classes 2.2 e 2.3, com

características de radionuclídeos emissores alfa de meia

vida longa superiores ao estabelecido na Classe 2.1,

Depósitos Geológicos

3. Rejeito de Alto

Nível de Radiação

Potência Térmica superiores a 2kW/m³ e concentração de

radionuclídeos emissores de alfa superiores as estalecidas

para os rejeitos de meia vida curta (item 2.1).

Depósitos Geológicos

Fonte: SOBENA, 2019

Desta forma, na atividade de descomissionamento, estes rejeitos devem ser tratados e

eliminados de acordo com as determinações legais estabelecidas CNEN e a operadora

responsável pelo descomissionamento é responsável em identificar equipamentos que estão

contaminados com rejeitos radioativos e realizar a gerenciamento de NORM adequadamente.

Entre os principais tópicos sobre a gestão de resíduos NORM, pode-se destacar que:

boa parte do material contaminante localiza-se em incrustações do interior de tubulações.

tanques, válvulas e árvores de natal; a descontaminação das tubulações deve ser realizada por

20

empresas licenciadas pela CNEN; após a descontaminação, os tubos podem ser liberados para

reutilização e os resíduos removidos são acondicionados e armazenados em depósitos

licenciados pelo CNEN.

Entretanto, um dos gargalos identificados pela indústria quanto ao

descomissionamento é a falta de empresas e depósitos licenciados para receber e fazer o

tratamento correto dos rejeitos oriundos do descomissionamento.

21

3. ESTRUTURA REGULÁTORIA DO BRASIL

Como o descomissionamento é uma preocupação recente na indústria do petróleo.

Desta forma, a regulação desta atividade ainda se encontra em melhorias e está sendo lapidada

para atender as melhores práticas da indústria. De certa forma, as três instituições

responsáveis por regulamentar o descomissionamento no Brasil são a ANP, o IBAMA e a

Marinha Mercante. Assim, para que haja a aprovação dos projetos de descomissionamento, o

operador deve submeter a projeto para as três instituições responsáveis atendendo os

requisitos impostos por cada uma delas.

Além disso, como a indústria do petróleo demandam atividades que apresentam um

forte poder regulatório, pode-se identificar no stock regulatório nacional e internacional

algumas Leis, Normas e Tratados Internacionais haja vista que é recorrente o fluxo de

embarcações e demandas em águas internacionais que não visam atender necessariamente a

atividade de descomissionamento, mas para que o descomissionamento seja realizado, essas

leis de certa forma têm que ser atendida. Desta forma, segue o Quadro 3 do stock regulatório

identificado que devem ser considerados no descomissionamento.

Quadro 3: Stock regulatório considerado no descomissionamento

Legislação Federal Legislação Internacional Legislação Regulatória

Constituição Federal, diversos artigos

(ênfase no art. 170 e art. 225);

Lei Complementar nº140/2011;

Lei nº 12.305/2010 (Lei da Política

Nacional de Resíduos Sólidos);

Lei nº 10.650/2003 (Lei de Acesso a

Informação Ambiental);

Lei nº 9.966/2000 (Lei do Óleo –

internacionalização da MARPOL e

CLC/IMO);

Lei nº 9.605/1998 (Lei dos Crimes e

Infrações Administrativas Ambientais);

Decreto nº 87.566/1982 (Promulga o

texto da convenção sobre Prevenção da

Poluição Marinha por Alijamento e

Outras Matérias);

Decreto nº 1530/1995 c/c Decreto nº

99.165/1990 (Promulga a Convenção

das Nações Unidas sobre o direito do

Mar);

Diretrizes da IMO para a remoção de

Estruturas;

Lei nº 7.346/1985 (Lei de ação Civil

Pública);

Conferência de Estocolmo 1972;

Relatório de Brutland 1987;

Rio 92;

Rio +10 (Johannesburgo);

Rio +20 (objetivos do milênio);

Acordo de Paris;

Convenção de Hong Kong –

Convenção Internacional para a

reciclagem segura e ambientalmente

adequada de Navios;

Convenção de Basiléia sobre o

Controle de Movimentos

Transfronteiriços de Resíduos

Perigosos e seus Depósitos (1989);

Convenção das Nações Unidas sobre o

Direito do Mar – Montego Bay,

Jamaica;

Convenção Internacional para o

controle de água de Lastro e

Sedimentos / 2004;

Convenção Internacional sobre

Controle de Sistemas Antiincrustantes

Danosos em Embarcações –

Convenção APS/IMO (2001);

Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis (ANP):

RANP nº 27/2006 – Regulamento

Técnico de Desativação de Instalação

na Fase de Produção;

RANP nº 17/2015, Item 19:

Desativação de Instalação;

RANP nº 46/2016 (SGIP), Item 10.5:

Abandono de Poço;

RANP 43/2007 (SGSO), na Prática de

Gestão 10: Projeto, Construção,

Instalação e Desativação, Prática de

Gestão 12: Identificação e Análise de

Risco;

RANP nº 41/2015 (SGSS), Item 26:

Descomissionamento e Desativação.

Instituto Brasileiro de Meio

Ambiente (IBAMA)

Instrução Normativa IN 22/2009

22

Lei nº 6.938/1981 (Lei da Política

Nacional do Meio Ambiente).

CLC/69: Convenção Internacional

sobre Responsabilidade Civil em

Danos Causados por Poluição por

Óleo;

Convenção sobre Preservação da

Poluição Marina por Alijamento de

Resíduos e Outras Matérias;

Convenção Internacional sobre

Mobilização de Recursos, Resposta e

Cooperação contra a poluição por óleo

OPRC/1990;

Convenção Internacional para

Prevenção da Poluição por Navios –

MARPOL 73/78;

Convenção Internacional para

Salvaguarda da Vida Humana no Mar –

SOLAS –74

Comissão Nacional de Energia

Nuclear

Norma CNEN NN 8.01 – Gerência de

Rejeitos Radioativos de Baixa e Médio

Níveis de Radiação;

Norma CNEN 8.02 – Licenciamento de

Depósitos de Rejeitos Radioativos de

Baixo e Médios Níveis de Radiação

Fonte: Sobena, 2019

3.1.MARCO REGULAMENTÁRIO DO BRASIL

Como informado previamente, a regulação dessa atividade envolve a ANP, os órgãos

ambientais (IBAMA no caso de estrutura offshore e os órgãos ambientais no caso de

atividades onshore) e a Marinha do Brasil. Estas remetem à vários aspectos importantes do

descomissionamento, à regulação do IBAMA e da Marinha, que ainda não possuem

instrumentos técnicos suficientemente abrangentes e detalhados para o assunto. Desse modo,

a regulação brasileira aponta claramente o que deve ser feito para se descomissionar um

projeto offshore, mas deixa muitas lacunas sobre quais são as melhores práticas e como este

descomissionamento pode ser feito. (IBP, 2017).

3.1.1. REGULAÇÃO NA ANP

Encontramos na legislação brasileira, na lei nº 9478/1997, que versa sobre a política

energética nacional, no art. 28, § 2°, o seguinte enunciado:

“em qualquer caso de extinção da concessão, o concessionário

fará, por sua conta exclusiva, a remoção dos equipamentos e

bens que não sejam objeto de reversão, ficando obrigado a

reparar ou indenizar os danos decorrentes de suas atividades e

23

praticar os atos de recuperação ambiental determinados pelos

órgãos competentes”.

Como se observa, a legislação traz a responsabilidade da empresa para a remoção dos

equipamentos e bens, no entanto, não encontramos nos demais artigos, da referida lei, maior

aprofundamento quanto a penalidades.

Ainda na lei 9478/1997, em seu artigo 8º proclama que “A ANP terá como finalidade

promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da

indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis”.

Valendo-se da atribuição de regulamentar, prevista em lei, a Agência Nacional de

Petróleo (ANP) elaborou as orientações técnicas para o abandono de poços perfurados com

vistas para a exploração de petróleo e/ou gás, na portaria ANP nº 25/2002 (posteriormente

substituída pela Resolução ANP nº 46/2016) e para Desativação das instalações de produção

de petróleo na Resolução ANP nº 27/2006. Estas normas possuem orientações somente

técnicas.

a) RESOLUÇÃO ANP Nº 27/2006

Esta resolução disciplina os procedimentos a serem adotados na desativação de

instalações e específica condições para devolução de áreas de concessão na fase de produção.

Define ainda os conteúdos do Programa de Desativação de Instalações e do Relatório Final de

Desativação de Instalações, assim como alguns condicionantes para a Devolução de Áreas.

Deve-se destacar que a presente resolução trata exclusivamente das instalações na fase

de produção, não contemplando caso seja a devolução de área ou bloco na fase de exploração.

Além disso, diz que se a remoção de uma Instalação de Produção não for recomendada por

razões de segurança ou de proteção ambiental, as instalações deverão estar livres de produtos

que possam causar poluição ou trazer riscos à saúde humana, conforme o item 4.7 da presente

resolução.

“Se a remoção de uma Instalação de Produção não for

recomendada por razões de segurança ou de proteção

ambiental, conforme justificativa técnica ou conforme

determinado pelo órgão ao qual compete o controle ambiental

24

na área e, quando couber, pela Autoridade Marítima, as

instalações deverão estar livres de produtos que possam causar

poluição ou trazer riscos à saúde humana.”

O Programa de Desativação de Instalações (PDI) a ser apresentado à ANP deverá ser

elaborado de forma complementar e em plena concordância com o programa de desativação

apresentado ao órgão ambiental por ocasião do licenciamento da instalação do Sistema de

Produção do campo e/ou de suas Instalações de Produção. Em caso de conflito entre o que

determina este Regulamento e o conteúdo do Programa de Desativação apresentado ao órgão

ambiental ou os condicionantes referentes à desativação contidos nas licenças ambientais

respectivas, prevalecem as determinações do órgão ambiental.

O PDI deve descrever os procedimentos de remoção de instalações ou construções,

justificando tecnicamente sua escolha, inclusive o caso de não remoção de instalações; as

operações de limpeza e descarte de substâncias nocivas e perigosas eventualmente contidas

nas Instalações de Produção; as atividades para a recuperação das áreas, inclusive aquelas

referentes à recuperação dos impactos ambientais causados pela Desativação de Instalações,

considerando os procedimentos de limpeza e remediação. Posteriormente, após aprovado e

realizado as atividades, o concessionário deve apresentar o Relatório Final de Desativação de

Instalações (RDI) indicando as ações que foram realmente realizadas.

As lacunas da Resolução ANP nº 27/2006 da Agência Nacional de Petróleo está

passando por revisão, um trabalho conjunto da ANP, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Marinha do Brasil. Percebe-se a necessidade de

minimizar os riscos as pessoas, ao meio ambiente e aos demais usos. É proposto nessa revisão

normativa, apresentação de estudo a análise de riscos e avaliação de impactos ambientais,

definição dos requisitos e escopos das ações de recuperação ambiental, a apresentação de

memorial descritivo do projeto de auxílios à navegação e a apresentação de plano de

monitoramento após o descomissionamento.

Além do alinhamento e modernização da regulamentação, o que está em discussão é a

possibilidade de aproveitamento por outras empresas para continuidade da exploração dos

poços de petróleo, pois a avaliação econômica que dita a viabilidade de instalação de uma

empresa que opera o campo, pode ser diferente para uma empresa com uma estrutura mais

adequada para prospecção naquele poço, possibilitando assim a extensão da vida útil, com

25

manutenção dos empregos e geração de recursos para a sociedade (royalties, impostos, etc...).

(ANP, 2019)

Dessa forma, mediante o grande número de empreendimentos a serem

descomissionados nos próximos anos, a necessidade de estabelecimento de uma

regulamentação que contemple de forma multidisciplinar e atual está importante etapa da

atividade se mostra imperiosa e inadiável.

b) RESOLUÇÃO ANP Nº 46/2016

A presente resolução caracteriza-se por ser uma resolução menos prescritiva e é

baseada em performance e melhorias no sistema de gestão do operador. O SGIP vai ao

encontro com a proposta de risco ALARP (As Low As Reasonably Practicable) e que a

própria operadora estabeleça diretrizes e requisitos que de segurança operacional em todas as

fases de vida do poço (projeto, construção, produção, intervenção e abandono) conforme as

melhores práticas da indústria, visando assim, a prevenção dos incidentes, gestão de riscos,

fatores humanos e na melhoria contínua de gestão da integridade de poços.

Adicionalmente, a presente Resolução utiliza o conceito de Conjunto Solidário de

Barreira (CSB) como um conjunto de um ou mais elementos com o objetivo de impedir o

fluxo não intencional de fluidos da formação para o meio externo e entre intervalos no poço,

considerando todos os caminhos possíveis. Além disso, no item 10.5 do SGIP, a Resolução

aborda os requisitos mínimos para propiciar o abandono permanentemente dos poços.

Adicionalmente, com a publicação desta Resolução, a portaria ANP nº 25/2002, que

abordava o Regulamento de Abandono de Poços perfurados com vistas à exploração ou

produção de petróleo e/ou gás, foi revogada.

3.1.2. REGULAÇÃO DO IBAMA

As atividades de descomissionamento são estabelecidas pela Resolução nº 001/86 do

IBAMA–CONAMA, nela é feita a regulação e análise dos impactos ambientais e processos

de licenciamento por parte do órgão. Amparado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos,

Lei 12.305/2010, o IBAMA veda o abandono das estruturas de plataformas e submarinas,

26

além de não permitir o lançamento em águas mais profundas, nem a remoção e descarte em

terra, sem destinação final ambientalmente adequada.

O licenciamento do descomissionamento pelo IBAMA contempla a Análise de

Alternativas e Avaliação Comparativa. Todas as opções de descomissionamento são

analisadas e comparadas. No entanto, a alternativa da remoção é considerada o ponto de

partida. As empresas devem necessariamente contemplar a análise e avaliação desta opção.

Casos alternativos são aceitos desde que se demonstre e justifique que são soluções superiores

considerando critérios ambientais, sociais e econômicos (OLIVEIRA, 2017).

A possibilidade da criação de recifes artificiais a partir do descomissionamento de

plataformas é passível de licenciamento ambiental pelo IBAMA através da Instrução

Normativa (IN) IBAMA nº 22/2009. Para esta situação, compete ao operador realizar um

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e solicitar o licenciamento ao IBAMA. Há que se

ressaltar que não existem estudos consolidados e nem referências claras sobre qual a

abordagem do órgão na avaliação do impacto ambiental nesta estratégia, conhecida como

“Rigs to Reef”. Um ponto que vem sendo colocado como condicionante pelo IBAMA é a não

disseminação de espécies exóticas potencialmente bioinvasoras (como é o caso do coral-sol).

Caso seja concedido ao operador o licenciamento para a não remoção do equipamento

do mar, a IN IBAMA nº 22/2009 exige um monitoramento permanente. A frequência, forma e

duração do monitoramento é uma questão que ainda gera dúvidas na regulação do

descomissionamento. Por fim, ainda é obscura a regulação ambiental quanto as opções

aceitáveis e exigências para o do descomissionamento de sistemas subsea. A retirada

completa destes sistemas é extremamente custosa e em alguns casos inviável.

Diante das informações coletadas, é possível notar que a regulação ambiental do

descomissionamento offshore encontra-se numa fase de evolução e consolidação. A regulação

é pouco detalhada e compete às empresas avaliarem e proporem ao IBAMA suas estratégias

de descomissionamento. Estas devem sustentar suas propostas de descomissionamento através

de estudos de Avaliação de Impactos Ambientais, considerando não apenas os aspectos

estritamente ambientais, mas também fatores econômicos, técnicos e sociais.

A expectativa é que as regulações ambientais sejam mais assertivas em termos

ambientais, à medida que a experiência com o descomissionamento offshore avance, no

Brasil.

27

3.1.3. REGULAÇÕES DA MARINHA

A aprovação da Marinha do Brasil é requerida para o descomissionamento de

plataformas, onde é solicitada a comunicação ao Capitão dos Portos da jurisdição sobre a

finalidade de descomissionamento da unidade. No caso das plataformas fixas é necessário

submeter um memorial descritivo sobre o desmonte contendo: i) planejamento, cronograma e

fases do desmonte; ii) informações quanto à retirada de resíduos ou sobras resultantes; iii)

destinação final pretendida; iv) local do desmonte, se for o caso; e v) possíveis efeitos de

redução/aumento da profundidade local.

Além do memorial descritivo, é necessário que toda e qualquer estrutura restante de

plataforma fixa sofrerá avaliação para determinar se há necessidade de estar cartografada e/ou

sinalizada. É necessário ainda submeter à Marinha um plano de reboque contendo local de

destino (estaleiro/exportação/canteiro de obras).

3.1.4. REGULAÇÕES DA RECEITA FEDERAL

Em decorrência do REPETRO, a Receita Federal tem uma importante função na

questão do descomissionamento no Brasil. O REPETRO, é o regime aduaneiro especial de

exportação e importação de bens destinados à exploração e a produção de petróleo e gás

natural. Este regime permite a importação de equipamentos específicos, para serem utilizados

diretamente nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural, com a

suspensão dos tributos federais (II, IPI, PIS e COFINS) e redução da alíquota do ICMS. Desta

forma, o descomissionamento dos equipamentos pode resultar na extinção da aplicação do

REPETRO o que, por sua vez, poderia ensejar o de recolhimento dos impostos suspensos pelo

Regime.

Para evitar a incidência dos impostos suspensos pelo REPETRO, a Instrução

Normativa 1.415/2013, no que se refere à extinção do Regime, aponta no artigo que:

“Art. 25. A aplicação do regime de admissão temporária em

REPETRO extingue-se com a adoção de uma das seguintes

providências, pelo beneficiário, que deverá ser requerida dentro

do prazo fixado para a permanência do bem no País:

I - reexportação, inclusive nos casos de que tratam os incisos I e

II do

caput do art . 2º;

II - entrega à Fazenda Nacional, livre de quaisquer despesas,

desde que a

28

autoridade aduaneira concorde em recebê-lo;

III - destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do

interessado;

IV - transferência para outro regime aduaneiro especial,

observado o disposto na legislação específica;

V - despacho para consumo. (...) § 3º Na hipótese de adoção da

providência prevista no inciso III do caput, a extinção da

aplicação do

regime a bens cuja retirada do local de sua utilização seja

inviável por

questões regulatórias ou ambientais poderá ser comprovada por

meio de

laudo técnico que ateste a sua destruição ou inutilização. ”

Ou seja, a Instrução Normativa 1415/2013 prevê a possibilidade do

descomissionamento com a destruição dos equipamentos ou a reexportação, sem que se

necessite recolher os impostos suspensos pelo REPETRO. Entretanto, a suspensão dos

impostos requer que o processo de reexportação ou destruição dos equipamentos seja

aprovado pela Receita Federal.

Outra questão tributária importante em relação ao descomissionamento é a não

dedutibilidade para fins de cálculo do Imposto de Renda. Como os gastos com o

descomissionamento ocorrem efetivamente no momento em que o projeto já não gera lucro,

estes gastos acabam não podendo ser abatidos. Uma possibilidade poderia ser a possibilidade

de abater as provisões para descomissionamento.

Entretanto, atualmente não existem mecanismos regulatórios para tal na legislação

tributária nacional.

29

4. AVALIAÇÃO COMPARATIVA

A Avaliação Comparativa é uma ferramenta de planejamento utilizado em vários

setores e foi adaptado a indústria do petróleo nas atividades de descomissionamento. Ela

ajuda na tomada de decisão do operador haja vista que ela restringe as alternativas e opções

para um determinado cenário usando vários critérios e subcritérios nas quais as opções são

avaliadas. Desta forma, essa metodologia pode oferecer resultados mais acessíveis que

possibilitam cumprir a estrutura regulatória a partir das melhores práticas do cenário

analisado.

A Avaliação Comparativa nas atividades de descomissionamento teve a sua origem no

Reino Unido. Atualmente, a menos que a infraestrutura seja removida, a avaliação

comparativa torna-se um requisito obrigatório na região para justificar a permanência in situ

de qualquer instalação. Ademais, ela é uma importante ferramenta para o entendimento sobre

as relações dos possíveis impactos ambientais e sociais que podem gerar determinada

atividade considerando outras variáveis como segurança, custos e habilidades técnicas.

Ela é frequentemente preferida às alternativas, como a avaliação de decisão com

vários critérios, devido à sua baixa complexidade e à oportunidade de usar dados quantitativos

e qualitativos. Por ser escalável, a avaliação comparativa é igualmente aplicável a projetos de

pequena e grande escala, cobrindo uma ampla gama de parâmetros técnicos e ambientais,

além de custos.

Desta forma, as principais alternativas analisadas são: segurança, meio ambiente,

técnico, social e econômico, conforme pode ser visualizado na tabela elaborada pela DECC

Document Template abaixo (Quadro 4):

30

Quadro 4: Critérios analisados na Avaliação Comparativa

Opções de Descomissionamento

Critérios avaliados Subcritérios

avaliados

Completa

remoção

Remoção

parcial

Quase que

total

permanência

Deixar in

situ

Segurança Risco a pessoa

Risco a outros

usuários no mar

Risco para aqueles

em terra

Meio ambiente Impactos no mar

Outros impactos

ambientais

Consumo de

energia e recursos

Outras

consequências

ambientais

Técnico Possibilidade de

falha

Social Impactos na

indústria pesqueira

Impacto a terceiros

Impacto na

comunidade

Alto Médio Baixo

Fonte: DECC Document Template, 2018

4.1.SEGURANÇA

Não existe uma hierarquia quanto o peso dos critérios. Entretanto, deve-se destacar

que as opções relativas à segurança e aos possíveis impactos ambientais são claramente

importantes e muitas vezes são mais pontuados. Assim, as opções na qual os riscos são

intoleráveis são desconsideradas e descartadas previamente.

Além disso, ao avaliar e comparar os riscos que impactam na segurança da atividade,

os princípios gerais que são considerados e aplicados na gestão de risco usados na indústria

são:

- O uso de técnicas quantitativas de avaliação de risco (QRA) deve ser empregado.

31

- Os mecanismos típicos incluem o uso de Perda potencial de vida (PLL), Risco

individual por Critérios Anual (IRPA) e Taxa de Acidentes Fatais (FAR).

- Deve-se fazer uma comparação com os níveis de risco. Esta avaliação geralmente é

suportada pela Health & Executivo de Segurança que define o nível máximo tolerável de

risco individual de fatalidade como 1 em 1000 por ano. Para que esse nível seja amplamente

aceitável como risco individual é estabelecido no intervalo de 1 em 100.000 a 1 em 1 milhão

por ano.

- Onde diferentes níveis de risco corporativo aos indicados acima foram adotados,

comparação também deve ser feita com estes.

Os riscos também devem ser definidos no contexto, comparando-os com os riscos julgados

aceitável durante a fase de instalação e desenvolvimento e os riscos que existem em outras

indústrias.

4.2.MEIO AMBIENTE

A avaliação comparativa dos impactos ambientais deve-se basear no uso de técnicas e

metodologias que são mais utilizadas na indústria e tem que ser levado em consideração:

- A avaliação do impacto ambiental de todas as atividades no local offshore e também

no local do desmantelamento e descarte em terra. Assim, se o local de disposição não for

conhecido, uma avaliação genérica em um local típico de descarte deve ser levada em conta;

- A avaliação do consumo de energia e recursos, bom como quaisquer descargas ou

para os compartimentos ambientais.

4.3. VIABILIDADE TÉCNICA

Técnicas quantitativas reconhecidas de avaliação de risco, engenharia e operação A

análise deve ser usada em conjunto para fornecer informações abrangentes, robustas e

quantitativas e avaliações qualitativas das opções.

Deve-se fazer uma comparação com os critérios aceitos de avaliação de risco da

indústria para operações. A consideração dos riscos associados ao trabalho incluirá avaliação

probabilidade máxima aceitável de um acidente grave, julgada contra empresas normas e,

sempre que possível, os critérios adotados durante a fase de instalação.

32

A avaliação da viabilidade técnica de diferentes opções de descomissionamento deve

basear-se na experiência existente no setor e nos equipamentos disponíveis. Mas sempre que

possível. Deve-se levar em conta também o cronograma planejado do trabalho e os prazos

previstos desenvolvimentos em tecnologia.

Alguma consideração sobre qual tecnologia está disponível ou está sendo

desenvolvida atualmente

4.4.SOCIAL

O envolvimento das partes interessadas será importante para avaliar e levar em

consideração as opiniões de diferentes grupos de interesse. As Diretrizes do Oil & Gas UK

sobre o envolvimento das partes interessadas nas atividades de descomissionamento pode

fornecer mais em formação.

Os impactos nas atividades pesqueiras, tanto o potencial histórico quanto o futuro,

serão de importância primordial. Isso deve ser avaliado em relação ao nível de atividade em a

área e os impactos a longo prazo, a segurança dos pescadores e medidas de mitigação que

pode ser colocado no lugar.

Oportunidades de emprego e desenvolvimento regional devem ser consideradas.

4.5.ECONÔMICO

Estabelecer estimativas de custo precisas é importante não apenas do ponto de vista da

empresa para OPRED, dado que a Lei de 1998 foi alterada pela Lei da Energia de 2016 para

incluir a obrigação de o operador trabalhar com a equipe de descomissionamento da OGA

para garantir que os custos sejam minimizados no programa de descomissionamento.

Também deve ser observado que, sob o regime tributário do Reino Unido, uma

proporção significativa dos custos de descomissionamento em última análise, cabe ao

Tesouro.

Ao preparar estimativas de custo, deve-se levar em consideração o trabalho realizado

pela OGUK estabelecer uma abordagem comum para os custos de descomissionamento na

divisão do trabalho estrutura. As diretrizes estão disponíveis no site da Oil & Gas UK.

Na avaliação das opções alternativas de descomissionamento, a proporcionalidade

deve ser considerada e os custos devem ser equilibrados com os outros critérios de avaliação.

33

No entanto, é improvável que apenas os custos sejam aceitos como o fator decisivo para

chegar a opção preferida, a menos que todos os outros assuntos não mostrem diferença

significativa.

4.6.VERIFICAÇÃO

Além do engajamento das partes interessadas, é importante que os estudos e a

avaliação do processo que suporta a opção de descomissionamento escolhida está sujeito a

verificação de especialistas. O objetivo desta verificação é confirmar que as avaliações são

confiáveis e não há necessidade de verificar os meios finais de ponderar e equilibrar as

opções, mas o processo deve ser transparente. Isso pode envolver o estabelecimento de um

processo de revisão independente para avaliar o escopo, a qualidade e a aplicação do trabalho

realizado. Especialistas em áreas específicas podem ser contratados para avaliar e confirmar

aspectos do projeto.

4.7.ETAPA INICIAL PARA REALIZAR A AVALIAÇÃO COMPARATIVA

Quando um operador propõe descomissionar qualquer estrutura submarina, as opções

da avaliação comparativa são necessárias. Assim, isso envolve uma etapa adicional, que

representa uma triagem de opções antecipada do processo para restringir as opções a um

número gerenciável que é avaliado em mais detalhes seguindo a estrutura de avaliação

comparativa apresentado acima.

Assim, o operador deve identificar uma lista abrangente de possíveis opções de

descomissionamento no estágio inicial e identificar os critérios pelos quais cada opção será

considerada. Desta forma, é muito comum a criação de equipes multidisciplinares para

identificar e selecionar as melhores opções. Posteriormente, o resultado desse exercício deve

ser revisados por uma equipe de especialistas para garantir o resultado e a escolha das opções

a serem transportadas para uma avaliação comparativa detalhada.

A avaliação deve ser baseada em evidências disponíveis no momento (por exemplo,

pesquisas operacionais de itens a serem descomissionados, dados ambientais e estudos de

viabilidade) e devem incluir “lições aprendidas” de programas semelhantes de

descomissionamento e avaliações de triagem. Assim, segue o exemplo descrito pelo “DECC

descomissioning UK- 2018” no Quadro 5:

34

Quadro 5: Exemplo de critérios relevantes para determinação do tipo de descomissionamento

Descomissionamento de

duto

Opções pré-estabelecidas

Segurança Meio

Ambiente

Técnico Social Econômico Alternativa

selecionada para

mais estudos

Deixar duto como está

Colocar o duto em uma

trincheira já aberta

Abrir a vala do duto

Afundar mais a trincheira

que localiza-se o duto

N/A N/A N/A N/A N/A

Soterrar o duto

despejando rochas

Selecionada

Remover por S-Lay

reverso

Remover por J-Lay

reverso

Remover rebobinando Selecionada

Remover cortando e

içando por guindaste

Selecionada

Remover rebocando Selecionada

Fonte: DECC, 2018

Assim, tendo identificado um número menor de opções que são consideradas

tecnicamente viáveis, o operador deve realizar uma avaliação comparativa detalhada de cada

opção, conforme os subcritérios.

Deve-se destacar que as avaliações devem ser evidenciadas com base, usando dados

existentes sempre que possível ou reunindo informações adicionais ou novas, conforme

apropriado. As decisões devem ser transparentes e os reguladores e as partes interessadas

devem entender os justificativa subjacente ao processo de avaliação e tomada de decisão. Os

operadores devem considerar cuidadosamente a melhor forma de envolver as partes

interessadas na avaliação comparativa processo.

35

5. MÉTODOS DE REMOÇÃO

A atividade de desativação de instalações de produção é regulada conforme a

Resolução ANP nº 27/2006 que fora mencionada anteriormente, e, posteriormente, o operador

deve realizar toda a atividade de recuperação ambiental da área na qual as instalações estão

localizadas.

Conforme a Oil&Gas UK (OGUK), o processo de descomissionamento dos sistemas

de produção offshore pode ser dividido nas seguintes etapas, conforme a Figura 12:

- Gerenciamento do projeto de descomissionamento, na qual destaca-se pelo

desenvolvimento, avaliação e seleção das melhores opções da atividade a ser desenvolvida.

Adicionalmente, nessa etapa destaca-se a conversa do operador com os órgãos reguladores

para definir todo o atendimento de compliance.

- Fim da Produção;

- Limpeza das linhas, desconexão das linhas na Árvore de Natal e Pull-out das linhas

da Unidade de Produção;

- Abandono de poço;

- Preparação e remoção do Topside;

- Disposição Final de Topside e Estrutura submarinas;

- Detalhamento da estrutura subsea;

- Relatório Final de Descomissionamento;

- Monitoramento.

36

Figura 12: Etapas de descomissionamento

Fonte: Decommissioning Insight UK 2019

Deve-se destacar que algumas fases do descomissionamento não necessariamente

devem ser realizadas nessa ordem. Por exemplo, no ato normativo da Resolução ANP nº

46/2016 e seu regulamento técnico SGIP não prescreve que seja realizado necessariamente a

atividade de abandono do poço após a parada da produção da plataforma. Desta forma, caso o

poço apresente uma campanha de monitoramento que acompanhe a integridade das suas

barreiras, o concessionário pode gerir o cronograma da campanha de abandono de poços para

um período mais favorável para que a atividade seja realizada, como a disponibilidade da

sonda para realizar essa atividade. Adicionalmente, conforme a própria OGA, torno de 50%

dos custos de descomissionamento refere-se à atividade de abandono de poço, conforme a

Figura 13.

37

Figura 13: Porcentagem de gastos com descomissionamento para cada etapa da atividade

Fonte: Fonte: Decommissioning Insight UK 2019

5.1. FASES DO DESCOMISSIONAMENTO

5.1.1. GERENCIAMENTO DE PROJETO DE DESCOMISSIONAMENTO

O descomissionamento é considerado uma atividade complexa haja vista que elas

cobrem uma ampla gama de atividades e fases que resultam uma grande demanda logística

para disposição final matérias, equipamentos e linhas, além de requerer da aprovação de

diferentes agentes reguladores.

Desta forma, essa fase é considerada crucial para as atividades de

descomissionamento, pois é nela que os operadores formará a equipe responsável para

gerenciar as atividades do dia-a-dia, preparará o Programa de Descomissionamento de

Instalações que deve ser analisado e aprovado pela ANP, Marinha Mercante e Ibama, além de

fazer todo o estudo de logística, impacto ambiental, possibilidade de futura remediação

ambiental, possibilidade de existência de NORM, bioinvasores ou outros empecilhos que

podem influenciar no descomissionamento em si.

38

Adicionalmente, é nessa fase que existem os estudos de apoio que obter todas as

informações que são consideradas necessárias o projeto de descomissionamento. Além disso,

no Mar do Norte, seria nessa fase que formaria uma equipe interna para preparar os estudos de

Avaliação Comparativa (CA) descriminando as melhores alternativas técnicas e de remoção

considerando os aspectos de segurança, técnico, ambiental, social e perspectivas econômicas,

submetendo assim, aos agentes reguladores da região.

5.1.2. FIM DA PRODUÇÃO (POST-COP OPEX)

Após o operador concluir que a instalação não é mais viável economicamente e fazer

todo o projeto de descomissionamento, o operador inicia a parada de produção da plataforma.

A priori, o operador deve comprovar que todas as oportunidades de desenvolvimento

do campo ou da área que tem interesse de devolver não apresentam perspectivas econômicas

para sua manutenção. Geralmente, para que isso ocorra, é comum os operadores apresentarem

os Estudos de Viabilidade Técnico Econômico antes de fazer a aprovação técnica do PDI.

Ademais, deve-se destacar que o fim da produção não necessariamente significa que

todo o trabalho em uma instalação esteja parado. Inicialmente, o operador deve realizar o

fechamento dos poços, garantindo que os conjuntos solidários de barreiras temporários podem

suportar as cargas de pressão do poço até que os poços sejam abandonados permanentemente.

A Resolução ANP nº 46/2016 prescreve no item 11.3.1.2 que todos os poços surgentes devem

conter uma DHSV como elemento de barreira.

Desta forma, o abandono temporário dos poços pode ocorrer com o fechamento da

DHSV e pelo fechamento da Árvore de Natal. Entretanto, deve-se destacar, que o item 10.3

da mesma resolução também impõe algumas condições para os poços que estão abandonados

temporariamente, tais como garantir a integridade da cabeça do poço, manter um programa de

monitoramento e inspeção visual e limita o período na qual o poço pode estar abandonado

temporariamente sem monitoramento em um período máximo de 3 anos.

A atividade em uma instalação continuará até que todos os principais riscos tenham

sido removidos, por exemplo o isolamento de poços, a remoção de hidrocarbonetos e as

atividades finais de descomissionamento estão em andamento.

39

Durante esse período de operações, os gastos operacionais continuam, sem ganho

econômico da produção. Portanto, é desejável minimizar qualquer atividade na plataforma

após o término da produção. As atividades e custos incluirão equipe operacional da

plataforma, equipe do convés, gerenciamento de integridade, atividades de inspeção e

manutenção e custos associados à continuação da operação da instalação, como energia, água,

ar etc.

5.1.3. LIMPEZA DAS LINHAS, DESCONEXÃO DAS LINHAS NA ÁRVORE DE

NATAL E PULL-OUT DAS LINHAS DA UNIDADE DE PRODUÇÃO

Em termos simples, existem instalações de petróleo e gás para extrair hidrocarbonetos

de um reservatório e depois transportá-los para outro local para serem processados para uso.

No entanto, isso exige quantidades consideráveis de equipamentos e infraestrutura de

processo, incluindo sistemas para ajudar a levantar hidrocarbonetos do reservatório,

equipamentos para limpá-los e processá-los para transporte e instalações para o pessoal

trabalhar e viver.

Antes de qualquer remoção, as instalações da plataforma e os oleodutos usados para

recuperar e transportar os hidrocarbonetos devem ser despressurizados e limpos, garantindo

que todas as fontes de pressão sejam removidas e que a instalação seja livre, na medida do

possível, de hidrocarbonetos e contaminantes.

As atividades de limpeza da parte superior envolvem a lavagem de equipamentos de

processo de poços e tubulações. Adicionalmente, deve-se destacar que o procedimento de

limpeza no interior das linhas distinguisse conforme o tipo de linha e o material interno que

transita na mesma. O sistema submarino apresenta, principalmente, 3 tipos de linhas:

- As linhas de produção, que estão conectadas aos poços produtores e o principal

material que circula é o petróleo junto com água, contaminantes (H2S e CO2) e possíveis

sedimentos como areia.

- As linhas de injeção, que estão conectadas aos poços injetores e são utilizadas para a

injeção de fluidos para estimular a produção dos reservatórios. Assim, o principal fluido que

circula na linha é a água do mar;

- Os umbilicais, que são linhas de controle eletro-hidráulico do poço. Nessas linhas

geralmente apresentam fluídos com característica do fluído (FISQUI) com baixa ecotoxidade.

40

Deve-se destacar que o IBAMA determina pela Nota Técnica CGPEG/DILIC/IBAMA

nº 1 que, para o duto ser considerado limpo, o TOG do efluente resultante após a limpeza dos

dutos deve ser inferior a 15ppm. Assim, caso ocorram dificuldades para atingir tal valor, o

Concessionário poderá realizar a circulação de diesel e passagem de PIG com a finalidade de

remover hidrocarbonetos aderidos à parede do duto. Nesse caso, ainda será reavaliada uma

segunda circulação de água do mar até que obtenha o valor de TOG inferior ao imposto pela

Nota Técnica supracitada.

Além das linhas flexíveis, o operador também apresenta um programa de limpeza para

oleodutos, que são projetados para garantir que o conteúdo de hidrocarbonetos e quaisquer

depósitos no oleoduto sejam tratados, levando em consideração o futuro programa de

descomissionamento e sem prejudicar as oportunidades de possível reutilização.

Desta forma, são necessárias equipes de especialistas operacionais para esses escopo

de trabalho. Para algumas atividades de limpeza, estratégias sofisticadas são desenvolvidas

para atingir os níveis de limpeza necessários. É benéfico ter pessoal com conhecimento da

instalação específica envolvida nessas atividades, quando o conhecimento específico das

instalações do ativo puder garantir uma campanha bem-sucedida.

Após a limpeza dos dutos, com enquadramento do TOG (limite de 15 ppm), será

realizada a desconexão das linhas flexíveis (dutos e umbilicais) nas ANMs, com o auxílio de

ROV.

Os dutos flexíveis (produção, serviço e injeção), enquanto abandonados

temporariamente no leito marinho aguardando o recolhimento, ficarão preenchidos com água

e com pelo menos uma extremidade aberta para o mar. A manutenção das linhas abertas tem o

objetivo de evitar a pressurização interna devido à geração de gás sulfídrico (H2S), que é

altamente tóxico para seres humanos e representa risco adicional para a tripulação que

executará o recolhimento.

5.1.4. ABANDONO DE POÇOS

O abandono de poços caracteriza-se como o isolamento permanente de qualquer

formação que tenha um potencial de fluxo e a restauração da área que se encontra a cabeça do

poço. Como mencionado anteriormente, para a atividade de abandono de poços, as atividades

devem seguir a Resolução ANP nº 46/2016. Essa resolução não é prescritiva e permite que o

41

operador tenha a liberdade de identificar a melhor maneira para realizar o abandono seguindo

as boas práticas da indústria.

Deve-se destacar que os principais guidelines utiliza o conceito de Well Barrier

Element (WBE)¸ também conhecido como Conjunto Solidário de Barreira (CSB). Conforme

as Diretrizes para Abandono de Poços realizado pelo Comité de Poços (Drilling & Wells

Committee) do IBP, CSB é o conjunto de um ou mais elementos com o objetivo de impedir o

fluxo não intencional de fluidos da formação para o meio externo e entre intervalos no poço,

considerando todos os caminhos possíveis. Desta forma, o CSB permanente deve estar

posicionado numa formação impermeável através de uma seção integral do poço, com a

formação competente na base do CSB. Deve-se destacar que a Resolução ANP nº 46/2016

determina que o material utilizado para compor o tampão deve ser cimento ou outro material

de desempenho similar (incluindo formações plásticas selantes).

Adicionalmente, deve-se destacar que a ANP não obriga que o operador utilize as

Diretrizes de Boas Práticas de Abandono de Poços do IBP, existem outros guias como o

NORSOK D-010, Well Integrity in Drilling and Well Operations (Rev 4, 2013), Oil & Gas

UK, Guidelines for Well Abandonment (Issue 5, 2015) ou o próprio manual elaborado pelo

próprio operador (Figura 14) que podem balizar a tomada de decisão do operador em como

realizar a atividade de abandono.

Em suma, esses guias são elaborados por um corpo de especialistas e são revisados

conforme a necessidade de adequar aos conceitos de boas práticas da indústria. As Diretrizes

de Boas Práticas de Abandono de Poços do IBP, por exemplo, considera que para compor o

abandono permanente do poço, deve-se existir um conjunto de elo menos dois CSBs

permanentes no interior do poço para o isolamento de um dado intervalo. Assim, o operador

deve-se posicionar um tampão de cimento de, no mínimo, 30 metros cobrindo uma formação

selante e que todos os elementos de barreira devem ser verificados garantindo a sua

integridade. A Norsok D-10 determina que a cimentação nos anulares podem ter um

comprimento de 30 metros quando verificados através de perfilagem ou de, no mínimo, 50

metros quando não verificados. Adicionalmente, a Norsok D-10 também determina que os

plugs de cimento dever ter o comprimento de 50 metros.

42

Figura 14: Esquemático de poço com o Conjunto Solidário de Barreira

Fonte: NORSOK D10, 2017

Em face disso, para que ocorra o abandono do poço, não é necessário que haja a

remoção da cabeça de poço, classificando o status do poço como arrasado pela Resolução

ANP 699/2017. Entretanto, para a atividade de descomissionamento, na qual o operador tem o

objetivo de devolver o campo, o operador deve realizar a atividade de arrasamento para poços

de completação seca ou para poços de completação molhada com uma LDA igual ou inferior

a 80 metros de profundidade.

5.1.5. PREPARAÇÃO E REMOÇÃO DO TOPSIDE

Conforme o tipo de plataforma existe uma conduta diferente nos programas de

descomissionamento, haja vista que as plataformas móveis como as FPSO’s e as SS’s

apresentam uma desmobilização mais simples comparadas com as plataformas fixas. O

concessionário deve apenas desconectar as linhas da instalação e recolher o sistema de

ancoragem e, assim, a plataforma estará apta para sair da locação. A FPSO Brasil, por

exemplo, operado pela SBM Offshore no Campo de Roncador, após encerrar suas atividades

foi desconectado do sistema submarino e saiu do campo.

Entretanto, para as instalações fixas deve existir uma preparação do topside e uma

força de trabalho mais complexa para a atividade de descomissionamento. Uma vez que todas

43

as fontes de energia foram isoladas, as instalações situadas no topo de uma instalação,

geralmente incluindo perfuração (caso haja), processamento e alojamentos podem ser

preparadas para remoção. As atividades preparatórias incluem a separação do equipamento do

processo dos poços e tubulações, bem como a separação do módulo ou decks.

Assim, segundo Ruivo (2001), o descomissionamento das plataformas fixas (jaquetas)

no ambiente marinho pode ser realizado através de cincos opções: remoção completa com

disposição em terra; remoção completa com disposição em mar, muitas vezes seria descartado

em águas profundas; remoção parcial; tombamento no local; deixar a estrutura no local para

utilização alternativa como o caso da formação de recifes de corais (Rigs to reefs).

Para os projetos de descomissionamento de plataformas fixas, os três principais

métodos são:

- Elevador único: Usando uma grande embarcação de elevação para remover as

laterais como uma única unidade e transportar para terra

- Instalação reversa: Separação dos módulos na instalação e removidos pela

embarcação de elevação, um por um

- Remoção por peça: Quebrando pequenos pedaços no mar e transportar os resíduos

para a costa para descarte

Os operadores avaliarão a adequação de cada método a instalações individuais e

confirmarão uma metodologia para remoção. Engenheiros estruturais especializados e

especialistas em elevação são necessários para esta fase do escopo do trabalho. Suas

atividades podem implicar a instalação ou reinstalação de pontos de elevação e o

fortalecimento estrutural do transporte.

5.1.6. DISPOSIÇÃO FINAL DE TOPSIDE E ESTRUTURAS SUBMARINAS

Depois que as partes estruturas são transportadas para a costa, elas são gerenciadas sob

a hierarquia de resíduos, considerando a reutilização, a reciclagem ou o descarte. Os

proprietários de infraestrutura de petróleo e gás têm o dever de cuidar, o que impõe o

manuseio responsável da infraestrutura, da construção à disposição final.

Devido à natureza da produção de petróleo e gás, alguns dos materiais e fluidos em

uma instalação que está sendo desativada podem estar contaminados ou precisarem de algum

tratamento em especial, por isso deve-se garantir que licenças, controles, mitigações, métodos

44

de manuseio e descarte sejam estabelecidos para gerenciar e descartar esses resíduos. Uma

vez que a infraestrutura está em terra, a desmontagem e o processamento devem ocorrer em

locais especializados e licenciados, de acordo com um sistema de gerenciamento de resíduos

aprovado.

Assim, além das estruturas da plataforma e das estruturas submarinas, o

concessionário deve fazer a correta gestão de alguns elementos que são desafios para o seu

tratamento tais como: borra de água oleosa utilizada na limpeza das linhas de produção e dos

tanques, materiais contaminados com resíduos radioativos NORM e TENORM, estruturas

com bioinvasores (coral-sol).

Atualmente, a principal destinação final dos resíduos radioativos são áreas licenciadas

temporariamente pelo CNEN como o Parque dos Tubos e para os bioinvasores são

direcionadas para coprocessamento da indústria cimenteira.

5.1.7. DETALHAMENTO DA ESTRUTURA SUBSEA

Conforme a UKCS, existe mais de 30.000 quilômetros de dutos, cabos e umbilicais

relacionados a petróleo e gás já foram instalados no Mar do Norte. Entretanto, no Brasil não

está claro quantos quilômetros de linhas estão instalados no assoalho marinho.

Quando um oleoduto, cabo ou umbilical atinge o fim de sua vida útil econômica, ele

deve ser desativado. Assim, de acordo com a OGA, para determinar a opção ideal de

descomissionamento de dutos, os proprietários são obrigados a realizar uma Avaliação

Comparativa, levando em consideração a segurança, o impacto ambiental, o impacto social, a

viabilidade técnica e econômica de cada opção viável. Atualmente, com a Revisão da

Resolução ANP nº 27/2006, a proposta de avaliação comparativa está sendo incorporada na

nova resolução conforme é indicado na consulta pública. (ANP, 2019).

As opções de descomissionamento disponíveis para tubulações são as seguintes:

- Deixe no lugar

- Remoção completa

- Vala e enterre

- Cobertura de rocha

- Opções híbridas que abrangem os elementos acima

45

Os resultados da Avaliação Comparativa são incorporados no Programa de

Descomissionamento, que também devem ser analisados e aprovados pelo órgão regulador.

Após a aprovação do Programa de Descomissionamento, cabe ao proprietário determinar a

maneira ideal de fornecer o escopo acordado. As atividades de descomissionamento offshore

são executadas por empreiteiros de construção offshore com equipamentos especializados

para realizar com segurança as atividades necessárias.

Estruturas de proteção chamadas colchões são colocadas sobre tubulações para

estabilização e proteção. O design do colchão mudou com o tempo, com vários materiais e

métodos de fabricação sendo utilizados. Na maioria dos casos, os colchões são blocos de

concreto unidos a uma corda.

As Notas de Orientação para Descomissionamento da BEIS (BEIS — Guidance Notes

for Decommissioning of Offshore Oil and Gas Installations and Pipelines) fornecem clareza

sobre o descomissionamento de colchões de concreto e outras estruturas de proteção. O

principal princípio é que colchões, bolsas de rejunte ou outros sistemas que foram instalados

para proteger os oleodutos durante toda a sua vida operacional devem ser removidos durante o

descomissionamento, para descarte em terra.

Em algumas situações, a remoção pode não ser considerada a solução ideal de

descomissionamento e o proprietário pode propor deixar os colchões no local. Tais propostas

devem ser apoiadas pela Avaliação Comparativa.

5.1.8. RELATÓRIO FINAL DE DESCOMISSIONAMENTO

Uma vez concluído o descomissionamento da instalação mais a infraestrutura

submarina associada, os operadores são obrigados a garantir que o fundo do mar seja seguro

para os usuários do mar. Isso envolve a remoção de quaisquer detritos restantes ao redor da

instalação, atividade que também deve ser acordada no Programa de Desativação de

Instalações, conforme a Resolução ANP 27/2006 e nos guidelines UK.

Dentro de um ano de uma pesquisa pós-descomissionamento, é necessário enviar um

Relatório de encerramento do programa de descomissionamento para aprovação regulatória,

conforme prescrito pela Resolução ANP 27/2006. Este relatório é necessário para confirmar

que o programa aprovado foi executado e descrever quaisquer modificações de escopo

46

necessárias durante a execução. No Mar do Norte, também existe a proposta da elaboração

dos Relatórios Finais de Descomissionamento e são considerados pela OPRED (Offshore

Petroleum Regulator for Environment and Decomissioning) como uma importante ferramenta

de aprendizagem e lições aprendidas referente a atividade de descomissionamento.

5.1.9. MONITORAMENTO

O programa de monitoramento pós descomissionamento contempla inspeções do leito

marinho e de equipamentos não removidos, monitoramento da qualidade da água,

monitoramento do sedimento e de serviços de remediação (MAFRA, 2018). Desta forma,

serão realizadas pesquisas para verificar o status da infraestrutura e avaliar as mudanças ao

longo do tempo, possibilitando identificar possíveis riscos ao ambiente e outros usuários do

mar. A frequência dessas pesquisas será determinada em consulta com o regulador.

Normalmente, um proprietário assumirá uma frequência para essas pesquisas em suas

estimativas de custos de desativação.

47

6. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso tem como objetivo apresentar como a Avaliação Comparativa pode

ser uma ferramenta para as atividades de descomissionamento, de forma que, um grupo de

trabalho seja formada para viabilizar uma alternativa mais viável e que seja considerado os

aspectos segurança, meio ambiente, técnico, social e econômico. Adicionalmente, a Avaliação

Comparativa é a melhor alternativa de garantir o complice das obrigações dos concessionários

com as instituições responsáveis em aprovar o programa de descomissionamento, sendo

utilizado principalmente ao sistema subsea.

O estudo de caso utilizado será o “MacCulloch Decommissioning Programme:

Comparative assessment Report for Subsea Infrastructure” – referente ao campo MacCulloch

cujo principal concessionário é o Conoco Phillips (U.K) Limited, no Mar do Norte (2019).

6.1. INTRODUÇÃO

O campo de MacCulloch apresenta uma LDA de aproximadamente 150m. Ele foi

desenvolvido nos anos de 1996/97 e teve uma vida útil esperada de dez anos. Adicionalmente,

ele começou a produzir em 1997 por FPSO.

A produção de MacCulloch é direcionada por dois “Drill Centres”, o West Drill

Centre (WDC) e o East Drill Centre (EDC), localizados a 1,6km e 2,9km da FPSO,

respectivamente. Assim, a produção é transportada por 3 linhas flexíveis ao WDC e 1 linha

flexível no EDC. Adicionalmente, o sistema de transporte do hidrocarboneto para a costa é

realizado por um gasoduto de 6” e um oleoduto de 10” (Figura 15).

O fim da produção ocorreu em 3 de maio de 2015. Assim, a FPSO foi desconectada da

infraestrutura subsea e removida no mesmo ano. Adicionalmente, o concessionário realizou

uma campanha de intervenção de poços realizando o abandono temporário dos poços e

medidores de pressão para monitorar a integridade das barreiras e isolar a árvore de Natal

Molhada (ANM).

Adicionalmente, esse estudo “MacCulloch Decommissioning Programme:

Comparative assessment Report for Subsea Infrastructure” tem como objetivo de avaliar a

melhor alternativa para a remoção das linhas e umbilicais, dos colchões que servem de base e

proteção das linhas e do sistema de ancoragem tipo Mooring. Entretanto, visando o melhor

48

entendimento do presente trabalho e para simplifica-lo, decidiu-se que será realizado apenas o

estudo das linhas.

Figura 15: Estrutura submarina do campo de MacCulloch

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

Adicionalmente, conforme os programas de descomissionamento, tanto na resolução

ANP nº 27/2006, quanto nos projetos do Mar do Norte, o operador é responsável em fazer

uma listagem das instalações e equipamentos que serão descomissionados. Desta forma, segue

o Quadro 6 com as características de linhas e umbilicais que serão analisados na Avaliação

Comparativa.

49

Quadro 6: Características das linhas umbilicais analisadas na Avaliação Comparativa

Linha ID Descrição Extensão

(km)

Ano da

Instalação

Fluído

PL1326 Linha de Produção 7,8” e

Jumper 4” #1

1,6 1996 Óleo cru

PL1327 Linha de Produção 7,8” e

Jumper 6” #2

1,4 1996 Óleo cru

PL1328 Linha de Produção 7,8” e

Jumper 4” #3

1,5 1996 Óleo cru

PL1329 Linha de Produção 8,9” 2,8 1996 Óleo cru

PL1330 Linha de Gás Lift 3” 2,3 1996 Gás

PL1331 Linha de Gás Lift 3” 2,8 1996 Gás

PL1332 Linha de Injeção de água 8” 2,0 1996 Água

PL1333 Linha de Injeção de água 6” 2,8 1996 Produtos

químicos

PL1334 Umbilical 2,3 1996 Produtos

químicos

PL1334

JW10

Umbilical 0,1 - Produtos

químicos

PL1335 Umbilical 3,0 1996 Produtos

químicos

PL1336 Oleoduto >0,1 1996 Óleo cru

PL1337 Gasoduto >0,1 1996 Gás

PL2569 Linha de Gás Lift >0,1 n/a Gás

PL2571 Linha de Gás Lift >0,1 n/a Gás

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

Deve-se destacar que, conforme o Programa acima, todas as cabeças de poço e

estruturas de poços associados foram determinadas pelo operador que serão removidos, idem

aos manifolds. Ademais, a etapa que inclui o abandono permanente de poços deve ser

realizada obrigatoriamente. O operador também caracteriza a quantidade de colchões e as

50

linhas de ancoragem, entretanto, como não faz parte desse estudo, não será descrito no

presente trabalho.

6.2. OPÇÕES DE TÉCNICAS PARA A ANÁLISE DA AVALIAÇÃO COMPARATIVA

Conforme o caso, foram propostas cinco alternativas técnicas para a AC dos

umbilicais e linhas flexíveis, conforme o Quadro 7.

Quadro 7: Alternativas técnicas propostas para a Análise Comparativa

Opção Descrição Viabilidade

Técnica

Segurança Ambiental Social Econômica

1 Deixar no local

– sem

intervenção

2 Deixar no local

– enterrar os

elementos

expostos

3 Deixar no local

– Soterramento

com rochas os

elementos

expostos

4 Remoção parcial

e enterro

5 Remoção

completa

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

A partir do quadro acima, foram levantadas algumas situações hipotéticas que podem

impactar na atividade.

- Opção 1, deixar no local – sem intervenção: os dois critérios de maior risco foram os

critérios sociais e econômicos haja vista que foram identificados outros usuários do mar como

51

a comunidade pesqueira (indústria forte no Mar do Norte) que poderiam ser afetadas pela

manutenção das linhas e umbilicais na área. Adicionalmente, foi pontuado no estudo de caso

que a incerteza no período de monitoramento poderia impactar negativamente nos custos do

projeto.

- Opção 2, deixar no local – enterrar os elementos expostos: da mesma forma que

apresenta incertezas no período de monitoramento impactando no custo final do projeto, essa

opção ainda não apresenta uma solução a longo prazo para as linhas haja vista que elas podem

tornar-se expostas novamente com o passar do tempo.

- Opção 3, deixar no local – Soterramento com rochas os elementos expostos: da

mesma forma que apresenta incertezas no período de monitoramento impactando no custo

final do projeto, essa opção ainda não apresenta uma solução a longo prazo para as linhas haja

vista que elas podem tornar-se expostas novamente com o passar do tempo e ao depositar

rochas, pode alterar o assoalho marinho.

- Opção 4, remoção parcial e enterro: apesar de ser uma atividade também considerada

onerosa e também apresentar algumas incertezas com o monitoramento, há um baixo impacto

ambiental.

- Opção 5, remoção completa: apesar de ser uma atividade também considerada

onerosa, não existe incertezas com o monitoramento.

Assim, após mapear as alternativas, o grupo de trabalho é responsável em ver dentre

elas quais são as mais pertinentes e reduzir assim o escopo de possibilidades técnicas

referentes a remoção das linhas. Nesse case especificamente foi definido que as alternativas 4

e 5 seriam as mais adequadas e deveriam ser avaliadas individualmente.

6.3. DEFINIÇÃO DOS PESOS, ATRIBUIÇÃO DE NOTAS E METODOLOGIA

Inicialmente, as pontuações de cada uma das avaliações foram expressas em suas

respectivas unidades quantitativas e qualitativas, justificando-se os seus respectivos pesos.

Adicionalmente, para permitir a comparação das opções, os resultados foram agrupados e

comparados usando um sistema de pontuação normalizado / ponderado. Os resultados de cada

um dos cinco critérios foram expressos em unidades comuns e classificadas em ordem de

desempenho da melhor para a pior, conforme pode ser descrito no quadro 8.

52

Todas as opções subsequentes receberam um valor ponderado normalizado

proporcionalmente a opção com melhor desempenho.

Quadro 8: Critérios e pesos utilizados na avaliação

Critério / Subcritério Peso

Técnico Viabilidade técnica 5

Riscos de falha 5

Segurança Riscos à segurança (para

força de trabalho e terceiros)

30

Meio Ambiente Riscos ambientais 15

Uso de energia 5

Emissão de CO2 5

Social Riscos socioeconômicos 10

Econômico Custos 25

Total 100

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

6.3.1. METODOLOGIA PARA VIABILIDADE TÉCNICA

Conforme o “MacCulloch Decommissioning Programme: Comparative assessment

Report for Subsea Infrastructure”, a viabilidade técnica de cada opção foi avaliada conforme

a matriz apresentada no Quadro 9 e 10 e com evidências coletadas nos estudos e matérias de

apoio. Adicionalmente, os dois subcritérios pontuados foram

• Desafio técnico e uso de tecnologias ou equipamentos comprovados; e

• Risco de falha nas operações, incluindo sensibilidade ao clima

53

Quadro 9: Descrição dos critérios de viabilidade técnica

Subcritério Desafios técnicos Risco de falhas operacionais

Mat

riz

de

impac

to

Leve 1 Operações padrões e viabilidade

técnica e conceitos conhecidos

Risco de falhas operacionais

muito baixo.

Fraco 2 Operações e padrões genéricos.

Viabilidade tecnológica.

Risco de falhas operacionais

baixa.

Moderado 3 Atividade regular. Existência de

equipamentos que realizam a

atividade.

Risco de falha operacionais

mediano.

Forte 4 Atividade não rotineira. Baixo

histórico de atividade realizada

na indústria. Necessidade de

melhorias na performance.

Alto Risco de falhas

operacionais

Severo 5 Sem experiência na indústria

para realizar respectiva

atividade. Necessidade de

melhorias na tecnologia,

performance e pesquisas.

Risco de falhas operacionais

muito alto

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

Quadro 10: Pontuação de viabilidade técnica para cada opção

Opção Descrição Desafios técnicos Risco de falhas

operacionais

1 Deixar no local – sem intervenção 1 1

2 Deixar no local – enterrar os elementos

expostos

2 2

3 Deixar no local – Soterramento com

rochas os elementos expostos

2 2

4 Remoção parcial e enterro 3 2

5 Remoção completa 3 3

Fonte: CONOCOPHILIPS, , 2019

54

6.3.2. METODOLOGIA PARA MEIO AMBIENTE, SOCIEDADE E SEGURANÇA

Os critérios ambientais, sociais e de segurança foram avaliados utilizando-se

qualitativamente avaliações de risco. Assim, essa avaliação utiliza-se de uma matriz de

consequências versus probabilidade, resultando no risco.

Desta forma, as consequências de cada critério podem ser descritas conforme o

Quadro 11, elaborada pela própria empresa.

Quadro 11: Consequências referentes a cada critério de acordo com a probabilidade

Impacto na

segurança

Impacto Ambiental Impacto Social

Sev

erid

ad

e

Nível

1

Efeitos a saúde

desprezíveis

Impacto ambiental quase

inexistente, sem a necessidade de

remediação e sem a necessidade

de uma licença para a atividade

Sem restrição de acesso ou

impacto aos operadores, questões

sociais resolvidas imediatas.

Nível

2

Efeitos a saúde

mínimos

Impacto ambiental reduzido que

podem ser remediados

imediatamente tanto no ambiente

onshore quanto offshore.

Restrição breve ao acesso da área

de no máximo 1 mês e baixo

impacto nas operações e

atividades planejadas.

Questões resolvidas no mínimo

período de tempo.

Nível

3

Moderados efeitos a

saúde (perdas de

muitos dias de

trabalho, mas não são

impactos

permanentes)

Impacto ambiental moderado

sendo que algumas vezes pode

exigir um plano de emergência e

contingência.

Contaminação da água

Impacto a fauna e flora da área

adjacente as unidades.

Restrição temporária ao acesso da

área de 1 a 3 meses e um

moderado impacto nas operações

e atividades planejadas.

Moderado impacto em outros

stakeholders e mitigações

direcionadas a mais de um grupo.

Nível

4

Graves efeitos a saúde

(impactos

permanentes a saúde)

Impactos ambientais graves com

maior demanda de necessidade de

mitigação em áreas sensíveis, área

impactada maior que 1 milha e

contaminação da água de

superfície e aquíferos.

Restrição de 3meses a 2 anos e

graves impactos na operação das

próximas atividades. Questões

que demandam um significante

período de tempo para ser

mitigado.

Nível

5

Efeitos a saúde

críticos (fatalidade ou

muitas pessoas

internadas)

Impacto ambiental severo que

resulta na liberação de

contaminantes catastrófica.

Atinge múltiplos ecossistemas e

Restrição maior que 2 anos e

impactos na operação das

próximas atividades. Danos

permanentes. Necessidade da alta

55

habitats, significante liberação de

conteúdo no ambiente offshore.

gestão dos stakeholders

envolvidos para solucionar o

respectivo problema.

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

E a Frequência pode ser determinada pelo Quadro 12:

Quadro 12: Definição de cada probabilidade

Frequência Definição

Frequente Ocorre muitas vezes na mesma unidade

Provável Ocorre uma ou mais vezes por ano em

diferentes unidades da empresa

Raro Ocorre uma ou mais vezes na indústria de

Óleo e Gás

Remoto Pouco provável na indústria de Óleo e Gás

Improvável Virtualmente irreal

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

Desta forma, resultando na junção de consequências com probabilidade, forma-se a

matriz de risco 5x5. Observa-se que não necessariamente nas análises de risco precisa ser uma

matriz de risco 5x5 (Quadro 13).

Quadro 13: Matriz de risco 5x5 da análise

Severidade

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5

Pro

bab

ilid

ade

Frequente RR II RR II RR III RR IV RR IV

Provável RR I RR II RR III RR III RR IV

Raro RR I RR II RR II RR III RR III

Remoto RR I RR I RR II RR II RR II

Improvável RR I RR I RR I RR I RR II

RR I : Baixo risco RR II: Risco médio RR III: Risco significante RR IV: Risco alto

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

56

6.3.3. METODOLOGIA PARA EMISSÃO DE CO2 E USO DE ENERGIA

Diferente dos outros subcritérios de caráter ambiental, a emissão de CO2 e uso de

energia é realizado a partir de uma análise quantitativa do quanto desses componentes serão

lançados para a atmosfera a partir da escolha das escolhas do operador.

Para efeito de cálculo, a Conoco utilizou-se de algumas suposições, tais como o uso de

combustível diesel para as 3 embarcações de apoio estimada, uso de helicópteros, o cálculo de

quantos dias serão necessários para realizar as operações e uso de guidelines do Institute of

Petroleum (2000)

6.4.RESULTADO

Assim, conforme a metodologia e a atribuição das notas com os seus respectivos

pesos, o resultado e normalizado para que depois seja somado todos os critérios e o operador

possa fazer uma escolha que todas as variáveis sejam levadas em consideração.

6.4.1. RESULTADO DO FATOR TÉCNICO

Destaca-se que a remoção parcial apresentou maior incerteza em relação as condições

da linha que estão fora da vida-útil estimada pelo operador. Desta forma, a viabilidade técnica

de remoção parcial tornou-se menos atrativo ao operador, conforme o Quadro 14:

Quadro 14: Avaliação de viabilidade técnica e pesos normalizados para as opções de descomissionamento de

linhas e umbilicais

Opção Viabilidade Técnica Risco de Falhas na Operação Somatório do

valor

normalizado

Risco Valor

normalizado

Risco Valor

normalizado

5: Remoção

total

3 5 2 5 10

4: Remoção

parcial e

enterro

3 5 3 3.33 8.33

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

57

6.4.2. RESULTADO DO FATOR SEGURANÇA

Como mencionado anteriormente, o concessionário Conoco determinou que os escores

de risco de segurança foram determinados através de um estudo qualitativo, baseado na

relação de consequência versus frequência. Assim, ambas as atividades foram pontuadas os

seus respectivos riscos e ao normalizar, aquela que apresentou menor risco, foi normalizada

com o valor máximo (Quadro 15).

Quadro 15: Avaliação de segurança e pesos normalizados para as opções de descomissionamento de linhas e

umbilicais

Opção Risco ambiental Valor normalizado

5: Remoção total 97 30

4: Remoção parcial e enterro 146 19.93

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

6.4.3. RESULTADO DO FATOR AMBIENTE

A avaliação permitiu fazer uma distinção entre quatro categorias de risco: Alto,

Significativo, Médio e Baixo. A diferenciação entre as opções de descomissionamento foi

com base no nível de risco avaliado para cada receptor e no número total de potenciais

receptores impactados por atividade / operação ou ponto final. Os principais diferenciadores

ambientais estão associados à colocação de rochas adicionais proposto com a opção 4. Isso

representa uma mudança permanente do tipo de sedimento natural na área; no entanto, a

pegada é relativamente pequena. Já a remoção completa apresenta algum impacto ambiental

temporário associado ao sedimento perturbação e ressuspensão de sedimentos, no entanto,

isso é altamente localizado e será de natureza temporária. A remoção total dos dutos anula

qualquer contaminação residual com o tempo, à medida que a tubulação se degrada (Quadro

16):

Quadro 16: Avaliação ambiental e pesos normalizados para as opções de descomissionamento de linhas e

umbilicais

Opção Risco ambiental Valor normalizado

5: Remoção total 37 15

4: Remoção parcial e enterro 51 10.88

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

Adicionalmente, os diferenciadores entre as opções 4 e 5 são motivados pelo fato de

uma grande parte a energia e as emissões atribuídas ao método de remoção parcial devem

58

levar em conta a substituição hipotética de material desativado in situ. Isso é mais energia

exigente e emite mais emissões para o meio ambiente do que reciclar o aço (Quadro 17).

Quadro 17: Avaliação de emissão e uso de energias e pesos normalizados para as opções de descomissionamento

de linhas e umbilicais

Opção Energia Emissão Somatório do

valor

normalizado

Energia usada

(GJ)

Valor

normalizado

Emissão de CO2

(ton)

Valor

normalizado

5: Remoção

total

39.276 5 3,276 5 10

4: Remoção

parcial e enterro

78.63 2,5 5,910 2,77 5,27

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

6.4.4. RESULTADO DO FATOR SOCIAL

As avaliações de risco social foram realizadas simultaneamente com o risco ambiental

avaliação e seguiu a mesma metodologia. O risco foi atribuído por participantes do workshop

da CA. Geralmente, a diferenciação entre agrupamentos e opções era baixa, uma vez que a

área offshore não é pescada particularmente pesadamente, portanto, o risco residual

pescadores é considerado baixo. No entanto, isso pode ser simplesmente um efeito de haver

um área fechada de fato devido à presença do FPSO e seu sistema de amarração. Uma vez que

isso for removida, a área poderá se abrir para a pesca.

Assim, pode-se destacar que um importante fator nesse caso está atrelado a LDA, haja

vista que a atividade de pesca, haja vista que essa profundidade pode ser utilizada a pesca de

arraste.

As pontuações e os valores ponderados normalizados para as duas opções

consideradas para o descomissionamento das linhas de fluxo e umbilicais é apresentado na

Tabela 18.

Quadro 18: Resultado do risco social e pesos normalizados para as opções de descomissionamento de linhas e

umbilicais

Opção Risco social Valor normalizado

5: Remoção total 15 10

4: Remoção parcial e enterro 25 6.52

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

59

6.4.5. RESULTADO DO FATOR ECONÔMICO

Esta seção fornece estimativas de custo para as cinco opções de descomissionamento.

Dias do navio e as taxas foram estimadas com base nos custos fornecidos pela ConocoPhillips

(conforme Agosto de 2015, mais um aumento inflacionário de 10%).

O principal diferenciador entre as opções é atribuído a metodologia para recuperar as

linhas de fluxo e o cronograma mais curto para completar a opção de remoção em

comparação com a remoção parcial (Quadro 19).

Quadro 19: Custo estimado e pesos normalizados para as opções de descomissionamento de linhas e umbilicais

Opção Custo Estimado Valor normalizado

5: Remoção total £ 7.172.656 25

4: Remoção parcial e enterro £ 10.751.498 16,68

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

6.5.CONCLUSÃO

A pontuação cumulativa dos critérios para as opções de descomissionamento está

listada nos Quadros 20 e 21 de modo que quanto maior o valor normalizado / ponderado

melhor o resultado.

Quadro 20: Pontuação cumulativa dos critérios para a opção de remoção total

Critério Viabilidade

Técnica

Segurança Impacto Ambiental Impacto

Social

Econômico Valor total

Escopo

avaliado

Viabilidade

Técnica e

Risco de

Falha na

operação

Risco na

segurança

Risco

Ambiental

Emissão

de CO2 e

uso de

Energia

Risco

social

Custo

Estimado

Valor

máximo

normalizado

15 30 15 10 10 25 100

Resultado da

Avaliação

6 97 37 (não

possível

somar)

15 7 mi -

Resultado

normalizado

8,33 30 15 10 10 25 98,33

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

60

Quadro 21: Pontuação cumulativa dos critérios para a opção de remoção parcial enterrando as linhas expostas

Critério Viabilidade

Técnica

Segurança Impacto Ambiental Impacto

Social

Econômico Valor

total

Escopo

avaliado

Viabilidade

Técnica e

Risco de

Falha na

operação

Risco na

segurança

Risco

Ambiental

Emissão

de CO2

e uso de

Energia

Risco

social

Custo

Estimado

Valor

máximo

normalizado

15 30 15 10 10 25 100

Resultado

da

Avaliação

5 146 51 (não

possível

somar)

23 10 mi -

Resultado

normalizado

10 19,93 10,88 5,27 6,52 16,68 69,28

Fonte: CONOCOPHILIPS, 2019

Face ao exposto, percebe-se que a alternativa de remoção completa se torna mais

viável ao apresentar uma nota de 98,33/100.

61

7. CONCLUSÃO

Assim, considerando as que nos próximos anos haverá maior demanda de plataformas

e sistemas submarinos que serão descomissionadas, atividade que pode acarretar impactos

ambientais e a comunidades terceiras, é necessário a criação de uma regulação, tecnologias e

metodologias que atendam às necessidades da indústria.

Adicionalmente, percebe-se que os tipos de instalações utilizadas no país estão em

mudança. Inicialmente, por exemplo, caracterizava-se principalmente por plataformas fixas e

algumas flutuantes na bacia de Campos e Santos. Agora, a maior parte das plataformas

entrantes no país são UEP’s flutuantes em águas profundas e ultraprofundas com um sistema

submarino mais complexo.

Nesse contexto, a avaliação comparativa pode ser uma ferramenta útil para tomada de

decisão dos concessionários da viabilidade em diferentes aspectos quanto a remoção ou não

do sistema submarino, propiciando uma justificativa técnica caso não opte pela completa

remoção.

Destaca-se, por fim, que a alternativa de não remoção não obrigatoriamente será a

escolhida pela indústria ou a considerada mais acessível economicamente. No estudo de caso

apresentado, por exemplo, optou-se que a completa remoção é mais adequada e mais barata,

haja vista que nessa opção não existia a incerteza de necessidade de monitoramento, não

gerando futuros gastos ou gastos em fazer cortes nas linhas e enterrar as linhas não retiradas.

62

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