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O uso da calda bordalesa A calda bordalesa é conhecida há muito tempo como fungicida usado na prevenção de doenças das plantas. Antigamente, era mais utilizado em videiras, mas tem boa funcionalidade em outras plantas como alho, cebola, beterraba, cenoura, alface, entre outras. O agrônomo da Emater/RS-Ascar, Lírio Traesel, explica que seu uso é indicado nos períodos de clima quente, não podendo ser aplicada em dias muito frios. É corrosiva, por isso deve ser guardada em plástico por até seis meses. A calda bordalesa não deve ser misturada com a calda sufocálcica, e, para aplicá-la, deve-se usar um espalhante adesivo, podendo ser 2% de farinha de trigo e não deve ser aplicada durante a floração. Para fazer a calda bordalesa é necessário preparar duas soluções: A -Solução concentrada de cal a 20%: 1kg cal hidrata 5 litros de água B - Solução concentrada de sulfato de cobre 20%: 1kg de sulfato de cobre 5 litros de água Para fazer a mistura usar primeiro a água. Acrescentar a solução de cal. Depois a solução concentrada de sulfato de cobre, colocando-a devagar e agitando. Usar de preferência cobre triturado envolvido em uma trouxa de pano, suspensa, de forma que a mesma fique totalmente submersa e sem encostar no fundo. O cobre se dissolve mais rápido com água quente. Para preparar a calda no pulverizador, primeiro deve-se colocar a solução de cal a 20%, após o volume de água. Misturar bem. Colocar aos poucos a solução de cobre a 20% e misturar bem. A calda bordalesa deve ter a acidez, o pH entre 7 e 7,5. Quando ácida, a calda é fitotóxica sobre as plantas e, quando alcalina, tem seu efeito fungicida diminuído. A acidez pode ser verificada de três formas: 1°) Com fenoftaleína: Determina-se a acidez da calda com o auxílio de uma tira de papel branco, previamente impregnada com solução de fenoftaleína a 2%. Se o papel permanecer branco ao mergulhá-lo na calda pronta é sinal que está ácida. Se o papel se tornar vermelho forte a calda está alcalina. Então, deve-se adicionar mais solução de sulfato de cobre. A calda está boa quando, o papel fica com uma cor rosa fraco. 2°) Com uma faca, arame ou canivete de ferro: O objeto não pode ser de inox. Se for utilizado o arame, ele não pode ser galvanizado, devendo ser bem areado e brilhante. Deve-se mergulhar o objeto na calda e se sair enferrujado é sinal que está ácida. Neste caso deve-se adicionar mais solução de cal. 3°) Com um medidor de pH ou papel tornassol. Abaixo estão as medidas para a obtenção de 10 litros de calda bordalesa em

O Uso Da Calda Bordalesa

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Page 1: O Uso Da Calda Bordalesa

O uso da calda bordalesa

A calda bordalesa é conhecida há muito tempo como fungicida usado naprevenção de doenças das plantas. Antigamente, era mais utilizado emvideiras, mas tem boa funcionalidade em outras plantas como alho, cebola,beterraba, cenoura, alface, entre outras.

O agrônomo da Emater/RS-Ascar, Lírio Traesel, explica que seu uso é indicadonos períodos de clima quente, não podendo ser aplicada em dias muito frios. Écorrosiva, por isso deve ser guardada em plástico por até seis meses. A caldabordalesa não deve ser misturada com a calda sufocálcica, e, para aplicá-la,deve-se usar um espalhante adesivo, podendo ser 2% de farinha de trigo enão deve ser aplicada durante a floração.

Para fazer a calda bordalesa é necessário preparar duas soluções:A -Solução concentrada de cal a 20%:1kg cal hidrata 5 litros de águaB - Solução concentrada de sulfato de cobre 20%:1kg de sulfato de cobre5 litros de água

Para fazer a mistura usar primeiro a água. Acrescentar a solução de cal. Depoisa solução concentrada de sulfato de cobre, colocando-a devagar e agitando.Usar de preferência cobre triturado envolvido em uma trouxa de pano,suspensa, de forma que a mesma fique totalmente submersa e sem encostarno fundo. O cobre se dissolve mais rápido com água quente.

Para preparar a calda no pulverizador, primeiro deve-se colocar a solução decal a 20%, após o volume de água. Misturar bem. Colocar aos poucos asolução de cobre a 20% e misturar bem.A calda bordalesa deve ter a acidez, o pH entre 7 e 7,5. Quando ácida, a caldaé fitotóxica sobre as plantas e, quando alcalina, tem seu efeito fungicidadiminuído.

A acidez pode ser verificada de três formas:1°) Com fenoftaleína: Determina-se a acidez da calda com o auxílio de umatira de papel branco, previamente impregnada com solução de fenoftaleína a2%. Se o papel permanecer branco ao mergulhá-lo na calda pronta é sinal queestá ácida. Se o papel se tornar vermelho forte a calda está alcalina. Então,deve-se adicionar mais solução de sulfato de cobre. A calda está boa quando, opapel fica com uma cor rosa fraco. 2°) Com uma faca, arame ou canivete de ferro: O objeto não pode ser de inox.Se for utilizado o arame, ele não pode ser galvanizado, devendo ser bemareado e brilhante. Deve-se mergulhar o objeto na calda e se sair enferrujadoé sinal que está ácida. Neste caso deve-se adicionar mais solução de cal. 3°) Com um medidor de pH ou papel tornassol.

Abaixo estão as medidas para a obtenção de 10 litros de calda bordalesa em

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diversas concentrações a partir das soluções estoque a 20%.

Concentração desejada: 0,25% - Volume de Cal a: 125ml - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%: 125ml - Volume de água adicionar em litros: 9,75;Concentração desejada: 0,5% - Volume de Cal a: 250ml - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%: 250ml - Volume de água adicionar em litros: 9,5;Concentração desejada: 0,75% - Volume de Cal a: 375ml - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%:375ml - Volume de água adicionar em litros: 9,25;Concentração desejada: 1% - Volume de Cal a: 0,5 litro - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%: 0,5 litro - Volume de água adicionar em litros: 9,0;Concentração desejada: 2% - Volume de Cal a: 1,0 litro - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%: 1,0 litro - Volume de água adicionar em litros: 8,0;Concentração desejada: 3% - Volume de Cal a: 1,5 litro - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%: 1,5 litro - Volume de água adicionar em litros: 7,0; eConcentração desejada: 10% - Volume de Cal a: 5,0 litro - Volume da soluçãoSulfato de cobre a 20%: 5,0 litro - Volume de água adicionar em litros: 0,0.

Dosagem, época e freqüência de aplicação da calda bordalesa:

1)Sementeira (tomate, pimentão, cebola, repolho, couve-flor, fumo,alface):

a)Concentração:25%;b)Época de aplicação: Quando as plântulas apresentarem algum aspectoindesejável ou sintomas de doenças. Não aplicar antes das plântulas emitiremas duas primeiras folhas definitivas. Em tomate e pimentão evitar aplicaçõesnos primeiros 15 a 20 dias após a germinação, aplicando nesta fase só emcasos severos de doenças. Em sementeiras deve-se, preferencialmente, utilizarcalda sufocálcica. A bordalesa só em situações mais críticas;c)Freqüência de aplicação: semanalmente ou quinzenalmente, conforme oaspecto nutricional das plântulas, intensidade de doenças e umidade. Em casosseveros de doenças pode-se aplicar até duas vezes por semana.

2)Alho e cebola:

a)Concentração: Bordalesa 0,5%. Mas até os 30 dias após o transplante dacebola, e até 30 dias após a germinação do alho, caso necessário aplicarbordalesa, deve ser na concentração de 0,25%; b)Época de aplicação: de preferência, utilizar a bordalesa nestas culturas apartir de agosto/setembro quando a temperatura começa a aumentar e ascondições tornarem-se favoráveis às doenças como míldio, ferrugem,alternária e botritis. Caso necessário, aplicar bordalesa antes destes meses,deve-se procurar fazer com que a pulverização seja realizada nas vésperas douso de adubação de cobertura nitrogenada. A calda bordalesa destaca-se pelasua boa ação contra o míldio e botritis. Em plantações em que o míldio é umproblema sério, deve-se começar as pulverizações com bordalesa,preventivamente. Para maior segurança, e para ação sobre várias doenças, émais conveniente alterar as aplicações de bordalesa com sulfocálcica;c)Freqüência de aplicação: semanalmente, quinzenalmente ou mensalmenteconforme o estado da cultura, intensidade das doenças e umidade.

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3)Cenoura, beterraba e ervilha:

A bordalesa tem boa ação sobre a mancha de alternária e mancha decercospora em cenoura e em beterraba. a)Concentração: de 0,25% até 1%. Em plantas novas, entre 10 e 15cm dealtura, deve-se usar concentrações de 0,25%. Plantas com mais de 15cmpode-se usar concentração de 0,5%. Caso o ataque de doenças for severo,pode-se usar na concentração de 1%, após ter ambientalizado a cultura comuma ou duas pulverizações na concentração de 0,5%;b)Épocas de aplicação: Em cenoura e beterraba quando aparecer os primeirossintomas, pois as doenças regridem facilmente com as pulverizações. Com aervilha é conveniente iniciar as pulverizações preventivamente e alternandocom sulfocálcica;c)Freqüência de aplicação: Semanalmente, quinzenalmente ou mensalmenteconforme o aspecto da cultura, intensidade das doenças e umidade.4)Alface, rúcula e rabanete:a)Concentração: 0,25%. Observou-se ação muito boa da bordalesa a 0,25%em alface. Já, a concentração de 0,5% foi totalmente fitotóxica, utilizada noinverno;b)Época e freqüência da aplicação: duas a três aplicações, normalmente, é osuficiente. Rabanete, geralmente, dispensa qualquer aplicação. Em alface,devido as doenças como a podridão de esclerotinia e bacterioses, é prudenteutilizar o seguinte esquema de pulverização:1°) Primeira aplicação: Uma semana após o transplante ou de 25 a 30 diasapós a germinação em caso de plantio direto.2°) Última aplicação: no início da formação do repolho.

Entre a primeira e a última aplicação pulverizar semanalmente ouquinzenalmente conforme o estado da cultura, intensidade de doenças eumidade.

5)Pepino, moranga, abóbora, melancia e melão:

Observa-se ótima aplicação da calda bordalesa nestas culturas, sobretudo empepino a ação é bastante favorável. a)Concentração, época e freqüência de aplicação:·Primeira aplicação: 0,25%. Quando as plantas estivarem com 4 a 5 folhasdefinitivas. Procurar fazer coincidir com a adubação de cobertura nitrogenada.·Segunda aplicação: 0,5%. Deve ser feita por volta do 20° dia, após a primeiraaplicação.·Terceira aplicação: 0,5%. Deve ser realizada imediatamente antes ou no inícioda floração.·OBS: Estas três pulverizações são estratégicas, pois, dependendo do estadoda cultura intensidade de doenças e umidade, pode-se continuar comaplicações semanais ou quinzenais durante a fase de frutificação.

6)Tomate, pimentão e batatinha:

a)Concentração e época de aplicação: Para estas culturas, a concentração

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varia de 0,25% até 1%. Plantas de batatinha, com tamanho entre 15 e 20 cmde altura, e pimentão e tomate entre 30 e 40 cm, a concentração deve ser de0,25%. Obs: a) Manusear a caneta do pulverizador de modo a evitar a pulverizaçãonos ponteiros devido a possível efeito fitotóxico.Obs: b) Nestas culturas, procurar evitar a aplicação de bordalesa até a alturaentre 30 e 40cm, dando preferência para a sulfocálcica nesta fase.

Em plantas de batatinha acima de 20 cm de altura, e tomate e pimentão acimade 30cm/40cm deve-se aplicar na concentração de 0,5%. Em casos severos dedoenças, pode-se aplicar até a concentração de 1%, embora, no tomate, nãose tenha percebido diferença na concentração de 0,5% e 1%.

Em qualquer estágio da cultura do tomate e do pimentão, evitar pulverizar aparte apical da planta (ponta), ou seja, o quarto superior da sua altura.

b)Freqüência de aplicação: aplicar semanalmente, quinzenalmente oumensalmente, de acordo com o aspecto da cultura, intensidade de doença eumidade. Através de observações realizadas pela Emater/RS-Ascar, no tomate,a aplicação a cada 15 dias é mais conveniente.

7)Repolho e couve-flor:

A ação sobre as brássicas também é muito boa. Nestas culturas , além da açãofavorávelsobre outras doenças, observou-se que aplicações semanais de bordalesa0.25% no início e 0,5% mais tarde, controlou expressivos focos de infestaçãopelo fungo esclerotinia.

a)Concentração e época de aplicação: 1°) Primeira aplicação: Uma semana após o transplante: 0,25%;2°) Segunda aplicação: Entre 20 e 25 dias após a primeira aplicação naconcentração de 0,5%;3°) Terceira aplicação: No início da formação da cabeça, na concentração0,5%;4°) Quarta aplicação: Na metade do estágio de formação da cabeça, naconcentração de 0,5%.OBS: O número de aplicações poderá ser alterado dependendo da intensidadede doenças e chuvas.

8)Moranguinho:

a)Concentração e época de aplicação: de 30 a 40 dias após o plantio:concentração de 0,25%. Dos 40 dias até imediatamente antes da floração:concentração de 0,5%. Durante a floração e frutificação: 0,25% a 0,4%. Até agosto, deve-se preferir a calda sufocálcica.b)Freqüência de aplicação: Semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente,conforme intensidade de doenças e umidade.

Informações técnicas podem ser obtidas com o agrônomo da Emater/RS-Ascar,

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Lírio Traesel, pelo telefone (55) 3512 6665.

Informações: Assessoria de Comunicação da Emater/RS-Ascar – RegionalSanta Rosa