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1
O USO DE IMAGENS CBERS 2 PARA IDENTIFICAÇÃO DO USO DO SOLO EM BACIAS
HIDROGRÁFICAS
Alex Camargo Fidelis
1
João Donizete Lima2
Antônio Santiago da Silva3
1Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão
Av. Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120. Setor Universitário
2Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão
Av. Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120. Setor Universitário
3Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão
Av. Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120. Setor Universitário
Resumo: No atual contexto de preservação e busca pelo uso consciente do meio natural, especialmente, dos recursos
hídricos, a bacia hidrográfica aparece como unidade territorial, sistema natural propício para análise, gestão e planejamento
ambiental. Sendo assim, a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ouvidor, localizada no Sudeste Goiano, foi eleita objeto de
estudo por este trabalho. A bacia em questão apresenta certa complexidade quanto à apropriação do solo, referente à
diversidade, tanto quanto dos usos – agropecuária, indústria, etc. – e pela quantidade dos agentes que se relacionam no
espaço da bacia: companhias mineradoras, proprietários rurais, etc. O objetivo deste estudo é evidenciar a dinâmica
espacial da bacia através do mapa de uso do solo, gerado através do tratamento e interpretação de imagens do satélite
CBERS 2, permitindo analisar as mais diversificadas formas de ocupação do solo pelos mais diferentes atores. A ocupação
dá-se de forma espacialmente desigual ao longo da Bacia: no Alto Curso tem-se o mais alto grau de antropização,
caracterizada pela presença de empresas mínero-industriais, agricultura moderna, pastagens de pecuária intensiva,
silvicultura, etc. O Médio Curso, embora com um nível de ocupação antrópica menor que o anterior, apresenta predomínio
de empreendimentos agrícolas e pastagens que invadem as áreas de vegetação nativa. E no Baixo Curso, o menor grau de
antropização não isenta a região de cuidados, e considera a demanda de novas áreas agricultáveis. Portanto, pretendeu-se
mostrar a importância do mapeamento ambiental da área em questão, a partir da premissa de uma integração consciente
daqueles que dela se apropriam, em prol da sustentabilidade ambiental da Bacia.
Palavras Chave: Sensoriamento Remoto, Impacto Ambiental, Eucalipto, satélite.
2
1 Introdução
No Brasil as discussões sobre a questão ambiental, principalmente, no que diz respeito aos
recursos hídricos, salientam a importância da implementação de políticas de conservação e/ou de
apropriação racional desses recursos. Os diversos usos empreendidos aos mananciais hídricos –
agricultura e pecuária, indústria, abastecimento público, geração de energia, turismo e lazer – exigem
soluções acordantes com as peculiaridades de cada região. Diante dessa necessidade, notou-se o
aumento dos estudos e pesquisas sobre diagnóstico e o monitoramento ambiental das diversas bacias
hidrográficas do Brasil.
A bacia em questão apresenta certa complexidade quanto à apropriação do solo, referente à
diversidade tanto dos usos – agropecuária, indústria de mineração, lazer e abastecimento público –
quanto dos agentes que se relacionam no espaço da bacia – companhias mineradoras, empresa pública
de abastecimento de água, clubes recreativos e proprietários rurais, que apreendem usos diversificados
que vão desde a agricultura, pecuária extensiva e confinada, além de granjas de aves e suínos.
Mesmo sendo uma sub-bacia, se comparada a uma bacia de grande porte como a do Paranaíba, a
Bacia do Rio Ouvidor demonstra características marcantes da ocupação antrópica, como mencionado
acima. Essa ocupação é explicada, em parte, pela proximidade das áreas urbanas de Catalão e Ouvidor,
ambas no Alto Curso da Bacia. Todavia, nas áreas rurais os usos são dos mais variados e não menos
intensos. Compreendemos que é de fundamental importância o estudo dessa bacia, frente ao intricado
arranjo espacial, que se apresenta.
Segundo Rosa e Silva (2007), os dados de sensoriamento remoto aliados às técnicas de
geoprocessamento para a armazenagem, manipulação e espacialização destes dados constituem-se
importante recurso para o monitoramento e gestão dos recursos naturais das unidades espaciais
delimitadas pelas bacias hidrográficas.
Para Novo (1998), o sensoriamento remoto consiste em um sistema de aquisição e análise de
dados permitindo sua aplicação em diversas áreas do conhecimento.
O uso do sensoriamento remoto e o geoprocessamento foram de fundamental importância para a
interpretação da cobertura vegetal, estabelecimento das classes de usos da terra, bem como a
interpretação dos alvos na imagem de satélite CBERS 2.
Florenzano (2007) mostra que, o Programa CBERS – China-Brasil Earth Resources Satellite
agrega a capacidade técnica e os recursos financeiros do Brasil e da China com a finalidade de
estabelecer um sistema completo de sensoriamento remoto competitivo e compatível com as
necessidades internacionais atuais. [...] o CBERS-2 foi lançado com sucesso no dia 21 de outubro de
2003, partindo do Centro de Lançamento de Taiyuan, na China. O satélite se encontra a uma altitude
média de 778 km [...]. Ele possui os seguintes sensores óticos: CCD - High Resolution (Câmera de alta
3
resolução), IR-MSS - Infrared Multispectral Scanner (Câmera de varredura no infravermelho) e WFI -
Wide Field Imager (Imageador de Largo Campo de Visada).
A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ouvidor, localizada na Região Sudeste do Estado de Goiás,
entre as coordenadas 48º46’21’’ e 48º09’20’’W, e 18º06’50’’ e 18º08’32’’S, conforme Figura 1,
Abrange uma área de 512 km², com um perímetro de aproximadamente 108 km. Drena águas de partes
dos municípios de Catalão, Ouvidor, Três Ranchos e Cumari. O Ribeirão Ouvidor é afluente da
margem direita do Rio Paranaíba e é composto por 17 microbacias, corresponde, no Alto Curso, aos
córregos Taquara I, Taquara II, Santo Antônio, Lagoa; no Médio Curso, aos córregos Ponte Velha,
Riacho, Café, Matinha, Retiro, Mumbuca, Matador, Sopé, Riacho e Gairoba; e no Baixo Curso, os
Córregos Pedra Branca, Grande e Olhos d’Água.
Figura 1 - Localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ouvidor – Sudeste de Goiás
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO OUVIDOR (GO)
Fontes:
Carta Topográficas 1:100.000, DSG, 1979 Folhas: Catalão e Goiandira; Imagens CBERS2 CCD/INPE Bandas 2,3,4 -157-120 - 17/07/2005
Água (Drenagem e Represa)
Áreas Urbanas e/ou de Uso Misto
Rodovias
Limite da Bacia Hidrográfica
O U V I D O R
C A T A L Ã O
R i a c h o d o C ó r r .
S t o . A n t ô n i o C ó r r .
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B r a n c a P e d r a
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w48°00’06” w47°56’50” w47°53’33” w47°50’17” s18°06’31”
s18°10’30”
s18°14’30”
s18°18’30”
s18°22’29”
s18°26’29”
Equador
C a p r i c ó r n i o d e
T r ó p i c o
5 0 º O
7 0 º O
5 0 º O
2 0 º S
2 0 º S
670 1.340km ESCALA GRÁFICA
GOIÁS
BRASIL
7 0 º O
0
Brasília DF 15º S
16º S 16º S
17º S
18º S
19º S
4 6 º O
4 6 º O
4 7 º O
4 7 º O
5 0 º O
5 0 º O
5 1 º O
5 2 º O
5 3 º O
5 3 º O
13º S
14º S
4 9 º O
Goiânia
T O C A N T I N S
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S O
M A T O G R O S S O
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4 8 º O
4 8 º O R i o
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S ã o M a r c o s
V e r d e
A p o r é
P a r a n a í b a
A r a g u a i a
R i o
Projeção Policônica 50 50 0 100 150 km Escala gráfica
Legenda
Escala Gráfica
T. Copebrás T. Fosfertil
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2 Material e Método
Para o armazenamento e manipulação das informações, utilizadas as Cartas SE.23-Y-A-I e SE.22-
Z-B-III, Folhas Catalão e Goiandira em formato analógico, respectivamente Diretoria de Serviço
Geográfico (DSG), escala 1:100.000, ano 1979; o equipamento GPS (Sistema de Posicionamento
Global) de Navegação GARMIN GPSMap 60C.
As imagens ultilizadas são do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS 2),
adquiridas em meio digital, para a órbita 157 e ponto 120, imageadas pelo Sensor CCD que opera em 5
faixas espectrais com comprimentos de onda de 0,51 a 0,89m, fornecendo imagens de uma faixa de
113 km de largura e resolução espacial de 20 metros. O Satélite faz a orbita completa em 26 dias,
sendo que as imagens utilizadas tiveram passagem em 17/07/2005, período seco no Bioma Cerrado.
As imagens foram disponibilizadas pelo (INPE) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais no site
<http://www.dgi.inpe.br/CDSR/> disponíveis para download gratuito.
Foi usado o software SPRING 4.1, Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas
para interpretação das imagens.
As coletas de água em pontos pré-determinados, indispensáveis para constatar possíveis focos de
contaminação dos mananciais hídricos, que compõem a bacia. Utilizou-se o método da Avaliação da
Comunidade Bentônica, isto é, a resistência – ou a não resistência – de microorganismos e pequenos
peixes (bioindicadores) há certas alterações no ambiente aquático, que permitem saber o nível de
poluição em determinado local do canal fluvial, bem como mapear de onde vem essa contaminação.
Através do tratamento e interpretação de imagens de satélite, trabalhos a campo e análises de
material coletado e o método de interpretação visual com Imagens analógicas, foi possível compor a
metodologia para a formação do banco de dados da bacia do Ribeirão Ouvidor.
Para a interpretação das cores do mapa gerado, Figura 2, construímos a tabela 1, como a chave de
interpretação visual da composição colorida das bandas 2B, 3R e 4G.
Tabela 1 - Chave de interpretação visual da área de estudo para composição colorida 3R, 4G, 2B
composição de imagens CBERS2-2005.
CATEGORIA COR FORMA TEXTURA
Água (drenagem e represa) Preto Irregular Lisa
Formação Florestal (Mata Seca, Mata
de Galeria, Cerradão) Verde Escuro Irregular Rugosa
Cerrado Stricto Sensu Verde Irregular Média
Campo Sujo Verde amarronzado Irregular Média
Pastagem Natural Rosa-verde-claro Irregular Lisa
Pastagem Cultivada Verde Claro Irregular Lisa
Florestamento (Eucalipto) Verde Escuro Regular Média
Culturas anuais e temporárias, irrigadas
(pivôs) Rosa claro Regular Lisa
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3 Resultados e Discussão
CATALÃO
.
.
T. CopebrásT. Fosfertil
w48°00’06”
w47°56’50”
w47°53’33”
w47°50’17”
w48°00’06”
w47°56’50”
w47°53’33”
w47°50’17”
s18°06’31”
s18°10’30”
s18°14’30”
s18°18’30”
s18°22’29”
s18°26’29”
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃOOUVIDOR (GO) - USO DO SOLO - 2005
Fontes:
magem CIBERS2
Carta Topográficas 1:100.000, DSG, 1979 Folhas Catalão e Goiandira; I CCD/INPE, Bandas 2,3,4 -157-120 - 17/07/2005
Org.: Antonio Santiago da Silva; Idelvone Mendes Ferreira
1.5 1.5 3.1 4.6 6.1km0
Interp. e Desenho: Antonio Santiago da Silva
LABGEO/CAC/UFG
Cerrado Stricto sensu
Cerrado Degradado
Culturas Anuais
Culturas Irrigadas (Pivots)
Pastagens (Natural e Cultivada)
Água (Drenagem e Represa)
Áreas Urbanas e/ou de Uso Misto
Culturas TemporáriasRodovias
Limite dos cursosLimite da Bacia Hidrográfica
Córr.
Taquara II
Córr.
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Rio Paranaíba
Córr.
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Gairoba
Córr. Ponte
Velha Córr. Mumbuca
Córr. Sapé
Córr.
Córr. Pedra Branca
Olhos D’água
Pedra Branca
Figura 2 - Bacia Hidrográfica Ribeirão Ouvidor (GO) - Uso de Solo – 2005.
6
Analisando a Figura 2, vimos à diversidade da cobertura vegetal, que remete aos tipos de usos do
solo da Bacia do Ribeirão Ouvidor. A mineração no alto curso é explorada há mais de vinte anos,
onde observa-se o mais intenso nível de antropização, que não é causada apenas pela exploração de
minérios e pelos seus impactos diretos e indiretos, mas pelos outros usos como a remoção da
vegetação natural, agropecuária, olarias e também o florestamento com várias espécies de Eucalyptus.
A Copebrás S/A. Capta água dos córregos Taquara I, Taquara II para utilizarem nos seu processo
e também tem vários poços artesianos para complementar a vazão das fábricas. Em contrapartida, essa
empresa possui Estação de Tratameto de Efluentes (ETEL), que é responsável pelo reaproveitamento
da água nas unidades produtoras de fertilizantes e ácidos, devolvendo aos corpos hídricos vazões
menosres que a captada.
A silvicultura é impacto indireto da mineração, que atende a demanda de lenha para o processo de
secagem do material recém lavado, que necessita grandes quantidades de madeira para combustível, e
isso reflete em áreas de plantio consideráveis na bacia e também fora dela. O cultivo dessa
monocultura, diminui a biodiversidade local, porém nas floresta há espécies de diversos animais e
vegetais. Na fase inicial, as arvoretas ficam bastante adensadas, o que dificulta o crescimento de outras
espécies da flora, mas quando começam a crescer, abrem espaço e outras tipos de vegetação aparecem
no meio da floresta criando sub-bosques.
Segundo Novais (2006), o eucalipto por ser uma espécie de crescimento rápido e um ciclo longo
de seis a oito anos é menos danoso que as monoculturas de soja, milho, cana-de-açúcar que são de
ciclo curto, sendo assim o processo de interação na fauna e flora e bem mais intenso na agricultura
temporária. Isso é visto no tráfego de mecanização, que compacta o solo, onde na ciclagem curta
acontece pelo menos menos duas vezes por ano, enquanto na ciclagem longa acontece uma vez a cada
sete anos. A menor compactação garante a melhor permebilidade das chuvas no solo, recarregando a
bacia.
Ainda no Alto Curso, temos a presença do Clube Recreativo ACFértil patrimônio da mineradora
do grupo Fosfértil S/A, que utiliza das águas do Córrego Mandaguari, para manutenção do clube
como: piscinas, irrigação de campos de futebol, banheiros, e limpezas em geral. Os efluentes
provenientes das ações acima voltam ao córrego sem nenhum tipo de tratamento.
O Córrego da Lagoa, afluente da margem esquerda do Ribeirão Ouvidor, é utilizado pela
SANEAGO (Saneamento de Goiás S/A) como manancial de abastecimento público para a cidade de
Ouvidor (GO), e o esgoto sanitário da cidade é feito pelo sistema de fossas, que compromete o lençol
freático dessa parte da bacia.
No Médio Curso, notamos um nível de antropização menor em relação ao Alto Curso. Mas, a
ocupação existente é preocupante, já que a apropriação da bacia, nesse caso, está relacionada
7
majoritariamente a agropecuária, onde podemos evidenciar na figura 2 a presença de três unidades de
pivô central, o que reforça a cultura intensiva na bacia.
A busca incessante por novas áreas agricultáveis e de pastagens, muitas vezes ultrapassa os limites
das áreas destinadas a Reserva Legal e também nas Áreas de Preservação Permanente (APP’s), que são
protegidas no Código Florestal Brasileiro, Lei Nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965.
Na parte do Baixo Curso, observa-se a área mais bem preservada de toda a Bacia do Ribeirão
Ouvidor. É nessa área que se encontra a maior porcentagem de vegetação nativa, representada
principalmente por Matas Galerias – nos afluentes – e Mata de Ciliares – no canal principal. Ainda que
a ocupação do solo nessa parte da bacia seja menos intensiva, talvez por ser marcada por acentuda
movimentação do relevo, já existem sinais visíveis que a situação atual tende a mudar em curto espaço
de tempo, assim como no Médio Curso; isso devido à necessidade de novas áreas para a agricultura e
pecuária, especialmente as áreas planas, atualmente sendo ocupadas pelo plantio de eucalipto e
lavouras de soja e milho.
As análises de água feitas ao longo da drenagem apresentaram anomalias em relação aos níveis de
contaminação por Coliformes Fecais acima do esperado, fora do padrão de potabilidade para água in
natura. Há uma possível, ou possíveis fontes de contaminação no alto curso à montante da Ponte
Velha, sobre o Ribeirão Ouvidor, abaixo da confluência com o Córrego da Lagoa. Pelas amostragens,
chama a atenção a contaminação dos Córregos Santo Antônio e Lagoa – GO 330, ainda apresentaram
resultados de contaminação por coliformes fecais. Os resultados das análises dos pontos da pontes
Ribeirão Ouvidor GO-330, ponte Velha Córrego Lagoa GO-330 de 2003 em relação 2007 mostraram
redução dos níveis de contaminação por coliformes contaminação por coliformes fecais.
Os resultados das análises próximo Ponte Estrada do Meio, por outro lado, demonstrou uma
importante capacidade de regeneração do curso do Ribeirão Ouvidor, a partir de seu médio curso.
Esse fato está relacionado ao afastamento das principais fontes de contaminação, ao perfil longitudinal
de forte gradiente e ao aumento constante do volume com o acréscimo de mananciais com água de
melhor qualidade.
Os resultados das análises obtidos na área da bacia, sugere que o Ribeirão Ouvidor não tem
problemas de contaminação a jusante- abaixo do médio curso, principalmente em face da cobertura
vegetal relativamente bem preservada e da presença de grande quantidade de peixes que migram do
Rio Paranaíba e tentam subir os trechos de fortes corredeiras e encachoeiramentos.
Deum modo geral, observou-se no Alto Curso da Bacia, compreendida entre os Córregos Taquara
I, Taquara II e Lagoa, três possíveis fontes de contaminação: por resíduos sólidos e esgoto doméstico
devido à proximidade dos centros urbanos das cidades de Catalão e Ouvidor; pelo uso intensivo da
agricultura, com extensas áreas de irrigação e atividades agroindustriais (pois sabe-se que a agricultura
é uma das principais fontes de poluentes devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos e insumos); e
8
ainda pela permanência de mais de duas décadas de atividades industriais, de mineração e
industrialização dessa atividade.
Em contrapartida, encontra-se, no Médio Curso, áreas ainda remanescentes de cobertura natural,
representadas, principalmente, por vegetação ciliar e reservas de Cerradão e áreas de uso intensivo
para agricultura e pecuária. O Baixo Curso, por sua vez, se apresenta com uma considerável área
preservada, confirmando a complexidade existente nessa bacia hidrográfica.
Figura 3 – Vista do alto curso da Bacia do Ribeirão Ouvidor.
Esse registro fotográfico foi feito sobre o Domo Ultra-Máfico onde é a mina de extração de fosfato
e nióbio localizada no alto curso da bacia em estudo, e logo na imagem podemos ver a unidade de
produção de Ácidos e Fertilizantes em operação. A porção de água acumulada é a barragem de rejeito,
onde constatamos na visita à campo um processo de eutrofização, devido há altas quantidades de
fosfato na água, que permite uma rápida reprodução de algas.
Ainda na figura 3, vimos a prática da silvicultura ocupando terras de antigas pastagens ou
lavouras, associadas a novas áreas destinadas a pecuária e a pouquíssima vegetação nativa, Cerrado.
Mas ao fundo temos a cidade de Catalão que está na margem direita da bacia do Ribeirão Ouvidor.
Neste contexto, o conflito pelo uso do espaço, também os conflitos entre os usos, evidenciam as
transformações exigidas para uma ocupação menos predatória. Essas transformações implicam em
planejamento de uso e ocupação do solo, a fim de manter as características fitopaisagísticas, o que
evidenciará o uso racional das potencialidades do baixo curso, sem a necessidade, da total remoção da
vegetação, desabrigando a fauna e alterando a biodiversidade do Bioma ainda preservado nesse ponto.
9
4 Conclusões
O uso das imagens CBERS para estudos ambientais tem tido grande aceitação, onde Rosa e Silva
(2007) afirma que a utilização das imagens CBERS é de fundamental importância para estudos
ambientais já que permitem a obtenção de dados de forma confiável e uma atualização periódica.
A manipulação de bons softawares por profissionais competentes tem feito estudos com diferentes
aplicações nos estudos do meio natural.
A aplicação das imagens CBERS 2 para identificação das classes de uso das terras na bacia
hidrográfica do Ribeirão Ouvidor foi fundamental para a composição do mapa de uso de solos, realçou
as diferentes classes temáticas desde vegetações nativas como matas de galeria e Cerrado stricto sensu,
até áreas de silvicultura, pastagem, agricultura.
Ainda, a imagem do satélite CBERS 2 deu a visão de toda drenagem estudada, o que permite ao
pesquisador entender a complexidade, que determina a ocupação da bacia. Os variados tipo de uso,
implica nos diferentes interesses dos atores sociais e consequentemente na impactância do meio
ambiente.
Diante de todas as evidências do estudo, baseado no mapa, nas análises de água e visitas à campo,
torna-se justificado o diagnóstico e o monitoramento da Bacia do Ribeirão Ouvidor, não somente pela
preservação dos recursos naturais, mas principalmente, pela complexidade da apropriação do espaço.
O monitoramento proposto garantirá que todos usem o solo de forma responsável,
ambientalmente correta, menos predatória. Isso levará a desenvolver a consciência ambiental
despertando o comprometimento em garantir a sustentabilidade da bacia e consequentemente a sua
permanência.
Dessa forma, acreditamos no desenvolvimento tecnólogico e na disponibilidade de imagens de
satélite gratuitamente, onde poderemos identificar os usos que essa bacia recebe, sendo necessário que
a cada ano seja feito um novo mapa de uso e solo para poder executar o monitoramento mencionado
acima. Assim daremos aplicação as sugestões aqui propostas.
Agradecimentos
Agradecemos a SANEGO que nos ajudaram na realização as análises de água, ao INPE por ceder
as imagens CBERS2 e a UFG pelo uso do Laboratório de Geoprocessamento
10
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