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Do Insiituío ne Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) O USO DE MAPAS CONCEITUAIS NA ANÁLISE DO CURRkULO Bermuda Buchweitz' ANALISE DO CURRI~ULO Não existe uma definição precisa de currículo. Entre as muitas defmições que têm sido propostas, destacam-se: o programa de estudos, o conteúdo do curso, o planejamento de experiências de aprendizagem, uma série esiruturada de aprendizagens pretendidas, um plano de ação, e o que se ensina. Esses exemplos mostram claramente o quanto a definiião de currículo é variável, oscilando entre ensino, aprendizagem e administração. Neste trabaiho não se pretende encontrar uma resposta para o problema de conceitua- ção de currículo, mas apresentar uma forma de realizar a sua análise. Considera-se que o currfculo se refere a um conjunto de conhecimentos ou a umaestrutura de conhecimento eis tente em um curso, livro, artigo, experimento de laboratório, ou em outra fonte qualquer. Sendo assim, a análise da estrutura do conhecimento implica a analise do currículo. Gowin (1981) desenvolveu um método - o (V) epistemológico - para analisar a estrutura do conhecimento de determinada área, com a finalidade de tornar as partes desse conhecimento explfcitas ou claras, possibilitando reorganizálas de uma maneira significativa. O V é um dispositivo útil para indicar e relacionar as partes ou os elementos de uma estrutu- ra do conhecimento. Além de apontar para o evento ou objeto em questão, ele apresenta a estrutura conceitual no seu lado esquerdo e a estrutura metodaíógica no seu lado direito. A figura 1 mostra uma representação esquemática do vê epistemológico. Filosofia, teoria, questão básica, leis e conceitos (entre outros) são os elementos que fomam a estru- tura conceitud do conhecimento. Valores, couclubes (ou resultados), dados, fatos, medidas e observações integram a estrutura metodológica. As demais palavras ou frases do V expreb sam o significado das linhas que ligam os elementos, com a fmalidade de mostrar como eles estão relacionados.

O USO DE MAPAS CONCEITUAIS NA ANÁLISE CURRkULO · Exemplos de mapas conceituais usados nessa área podem ser encontrados em “A Cog- nitive Approach for the Organizaíion of Currinrlum

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Do Insiituo ne Fsica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

O USO DE MAPAS CONCEITUAIS NA ANLISE DO CURRkULO

Bermuda Buchweitz'

ANALISE DO CURRI~ULO

No existe uma definio precisa de currculo. Entre as muitas defmies que tm sido propostas, destacam-se: o programa de estudos, o contedo do curso, o planejamento de experincias de aprendizagem, uma srie esiruturada de aprendizagens pretendidas, um plano de ao, e o que se ensina. Esses exemplos mostram claramente o quanto a definiio de currculo varivel, oscilando entre ensino, aprendizagem e administrao.

Neste trabaiho no se pretende encontrar uma resposta para o problema de conceitua- o de currculo, mas apresentar uma forma de realizar a sua anlise. Considera-se que o currfculo se refere a um conjunto de conhecimentos ou a umaestrutura de conhecimento e i s tente em um curso, livro, artigo, experimento de laboratrio, ou em outra fonte qualquer. Sendo assim, a anlise da estrutura do conhecimento implica a analise do currculo.

Gowin (1981) desenvolveu um mtodo - o v (V) epistemolgico - para analisar a estrutura do conhecimento de determinada rea, com a finalidade de tornar as partes desse conhecimento explfcitas ou claras, possibilitando reorganizlas de uma maneira significativa. O V um dispositivo til para indicar e relacionar as partes ou os elementos de uma estrutu- ra do conhecimento. Alm de apontar para o evento ou objeto em questo, ele apresenta a estrutura conceitual no seu lado esquerdo e a estrutura metodagica no seu lado direito.

A figura 1 mostra uma representao esquemtica do v epistemolgico. Filosofia, teoria, questo bsica, leis e conceitos (entre outros) so os elementos que fomam a estru- tura conceitud do conhecimento. Valores, couclubes (ou resultados), dados, fatos, medidas e observaes integram a estrutura metodolgica. As demais palavras ou frases do V expreb sam o significado das linhas que ligam os elementos, com a fmalidade de mostrar como eles esto relacionados.

I DOMNIO CONCEITUAL \

F I L O S O F I A

DOMNIO METODOL~GICO

I VALORES

' CONCLUSES a

\- . . DADOS &o sentido aos

EVENTOS OBJETOS

Figura 1 - O v epistemol6gico. Elementos da estrutura conceituai e metodol6gica e mas ~ relapes.

4 I

O mapeamento conceitual uma tcnica de anlise que pode ser usada para ilustrar a estrutura conceitud (lado esquerdo do V) de uma fonte de conhecimento. Essa ilustrao chamada de mapa conceitud. Sua forma e representao dependem dos conceitos e das rela- es incluidas, de como os conceitos so representados, relacionados e diferenciados e do critrio usado para organiz-los.

Por exemplo, para ilustrar uma estrutura conceiiud, um mapa conceitual pode incluir o nmero de conceitos, as relaes entre conceitos e o seu grau de generalidade ou abrangn- cia. Normalmente, a dimenso vertical representa o grau de generalidade, dando uma certa hierarquia aos conceitos. O s conceitos mais abrangentes so colocados no topo do mapa A medida que se desce, conceitos menos abrangentes so encontrados Finalmente, na parte inferior do mapa aparecem os conceitos mais especficos. Olhando para o v epistemolgico, os conceitos principais (as vezes princpios ou leis) esto mais prximos da teoria e aparecem no topo do mapa Os conceitos mais especficos aparecem perto do evento, na base do mapa.

As caractersticas mencionadas podem ser mostradas tal como aparecem na figura 2: conceitos so escritos dentro de elipses, conceitos relacionados so ligados por linhas, a natu- reza da relao identificada por palavras ou frases (a seta indica o sentido da leitura), e o grau de generalidade representado pela dimenso vertical (a dimenso horizontal no esta representando qualquer ordenao de conceitos). O conceito A considerado O mais geral e o F menos geral. Os conceitos B e C tm o mesmo grau de generalidade.

Normalmente, so obedecidos os seguintes passos na elaborao de um mapa conceitual:

i . Localizam-se os conceitos. 2. Listam-se os conceitos em uma ordem hierrquica 3. Distribuem-se os conceitos em duas dmenses 4. Traam-se as linhas que indicam as relaes entre conceitos 5 . Escreve-se a natureza da relao. 6. Revisa-se e refaz-se o mapa I. Repara-se o mapa final. A questo bsica e as concluses de uma fonte de conhecimentos so muito teis na lo-

calizao dos conceitos, particularmente dos principais Para ordenar os conceitos, e estabele- cer as relaes entre eles, muitas vezes necessrio recorrer k nossa prpria estnitura cognitb v Em alguns casos, essas decises so diffceis de tomar e at podem ser feitas de uma forma um pouco arbitrria Tal arbitrariedade pode permanecer mesmo aps consultas a outros especialistas no assunto. Portanto, o mapa fmal deve ser considerado uma representago apropriada da estrutura conceitual de uma fonte de conhecimento e no um produto fma.

Embora sejam concebveis mapas conceituais diferentes dentro de uma mesma rea, devido as diferenas individuais da estrutura cognitiva dos autores e da prpria forma de r e presentar uma certa rea de conhecimento em um mapa, isso no significa que todos os ma- pas possveis sejam plenamente aceitveis. provvel que alguns poucos possam ser julgados como os que melhor representam a estrutura conceitual da rea de interesse e, portanto, mais acreditveis do que outros. Bem mais difcil ou arbitrrio selecionar um nico mapa como o melhor ou o mais apropriado dentre os aceitveis

Um mapa conceitual pode ter uma, duas, trs ou mais dimenses Mapas bidimensio- nais fornecem uma representao menos elementar das estruturas conceituais que os unidi- mensionais p so menos complexos do que os mapas com trs ou mais dimenses. Essas so as razes principais da preferncia pelo modelo bidimensional.

Exemplos, equaes, teorias ou outros elementos, eventualmente, podem acompanhar os conceitos representados em um mapa para aprimor-lo ou facilitar a sua interpretaflo. Nesse caso, procura-se evidenciar a diferena entre esses elementos e os conceitos, inscreven. d o a em configuraes diferentes como, por exemplo, elipses e retngulos

Em resumo, na anlise ou no planejamento de um curriculo, mapas conceituais podem ser teis para mostrar, de uma forma detalliada ou concisa, a estrutura conceituai de uma fonte de conhecimento, identificando, ordenando e relacionando os conceitos.

5

Li

C 5 + < e

e li 2 b c U c L L

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5 3

a a N

1

Figura 2 - Uma maneira de mostrar a estrutura conceituai usando a tcnica de mapeameato eonoeituai.

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EXEEMPLOS DE MAPAS CONCEiTUAiS

O uso de mapas conceituais na anlise de estruturas conceituais no est restrito a de- terminadas reas de conhecimento. Para se ter uma idia do seu mltiplo uso, seguem-se alguns exemplos de mapas construfdos em diversas reas.

EDUCAO

Os dois mapas da fgura 3 foram elaborados a partir da anlise duma descrio sucinta da teoria de Ausubel (Moreira, 1983). O mapa A apresenta os conceitos principais da teoria de Ausubel e procura ilustrar como ocorre a aprendizagem significativa. O mapa B referese i aprendizagem mecnica

GEOGRAFIA

O mapa conceitual da fgura 4 mostra os tipos de precipitaes atmosfricas. Esse ma- pa foi traado a partir da anlise de uma parte da seo 3.8 do livro Geografa Geral, de Nakata (1978). Considerando o nmero e o tipo de conceitos e de relaes envolvidas, o mapa pode ser considerado simples. Essa simplicidade tenderia a desaparecer i medida que novos conceitos e relaes fossem introduzidos, como, por exemplo, osligados aos fenme- nos de formao das precipitaes.

Exemplos de mapas conceituais usados nessa rea podem ser encontrados em A Cog- nitive Approach for the Organizaion of Currinrlum in a Foreign Language(Buchweitz, R., 1981). O trabalho apresenta uma aniise da apresentao do livro de texto Modern Portu- guese (Elison, 1971) usado por alunos norte-americanos para estudar Portugus como lngua estrangeira. Dessa anlise foi adaptado o mapa apresentado na fgura 5. A parte tracejada indica que sobre esse conceito no foi encontrado um exemplo no livra analisado. Alm de apresentar os conceitos e suas relaes, o mapa procura mostrar a diferenciao dos verbos ser e estar. Os conceitos mais gerais aparecem no topo do mapa e vo sendo diferenciados i medida que se desce para a base, onde aparecem os exemplos. Juntamente com a diferencia- o progressiva, o trabalho ainda apresenta as semelhanas desses verbos (reconciliao inte grativa). A anlise pode servir de base para a elaborao de um texto sobre osverbos ser e estar.

Nessa rea vamos apresentar, como exemplo, o resumo de uma anlise da estrutura de um experimento de Fsica, obtida a partir da aniise das instrues contidas no roteiro de atividades propostas aos estudantes e da estrutura cognitiva do analisador (Buchweitz, B. 1981).

A figura.6 ilustra a estrutura conceitual e metodolgica do experimento escolhido (A srie de Balmer), usando o v epistemolgico.

A figura 7 mostra a estrutura conceitual (lado esquerdo do V) desse experimento. Com ceitos efetivamente estudados pelos estudantes no laboratbrio so circunscritos por linhas cheias, e conceitos no explicitamente estudados, por linhas tracejadas Os conceitos mais ge- rais (luz, intensidade) so apresentados no topo do mapa. Logo abaixo, conceitos menos ge rais (interferncia, difrao, comprimento de onda) so encontrados. Na base do mapa apa- recem os conceitos mais especficos. Os wnceitos inscritos em elipses tracejadas (no abor- dados em laboratrio) fazem parte da estrutura conceitual do experimento e desempenham

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WM?NIO CONCEITUAL D'JbfNIO METODOLffGlCO

'%arth-Contered": o conheci

dos e 8- razo.

CONCEITOS P R I N C I P A I S Luz, intensidode, interfem-mia, difrao cmprnento de onda ( a i . 210s comprimentos de onda da luz ernitg-

da por tomos excitados de hidrognio sao.

CONCEITOS Figura de intensidade, linha

Valores dos mmprimento de onda da luz e da eonstmte de Rydberg.

Valores do posio m g u k r , distncia entre as fendos e nmero de ordem da linha espec tmt .

Luz emi t ida p o ~ tomoti ezcitados de'hidrr>g&io. Aps, e la B' t m m i t i d a atravs de m a rs& de difrao, difmta-se e f i m t n e n t s interfere.

Figura 6 - Estrutura wnceituai e metodol~fa do experimento sobre a srie de Balmer ilustrada pelo v epstemolgim.

...

1- - - - - - - - 1 !Teoria Buntico I I _ - _ _ _ _ _ _ _ A

I I

Figura 7 - Mapa aonceituai de um experimento de Fsica sobre a srie de Balmer.

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ELEMENTOS a

Figura 8 - Um mapa conceitd sobre metais

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SERES VNOS (3

m e

P m a e c i m P a r m a e c i m

@(-J nisogwlica

In terna

/ Chlmydomma sp.

COm Sem COm Sem C u la c ula

.D r e o

peixes m m i f e m s a l m m d r a s sapos

Figura 9 - Mapa mnoeituai sobre tipos de reproduo sexuada.

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BIOLOGIA

O mapa conceitual da f w r a 9 ilustra os diversos tipos de reproduo sexuada dos seres vivos. Esse mapa foi construido a pariir da seo B - Reproduo Sexuada, integrante do captulo 80 do IMO Biologia Geral, de Hennig (i 979).

CONSIDERAOES FINAIS

Este trabalho envolve alguns aspectos relacionados com uma rea da educao: o curr- d o . Mais especificamente, apresentou-se um mtodo de anlise epistemolbgica da estrutura conceitual e metodolgica de uma fonte de conhecimento, dando-se nfase especial ao uso da tcnica de mapeamento conceitual nessa anlise.

Mapas conceituais so dispositivos muito teis para representar a estrutura conceitual de uma fonte de conhecimento porque servem para ilustrar os conceitos e as relaes entre eles. Alm disso, o mapeamento conceitual incorpora as qualidades de concisoe flexibilidade.

O reconhecimento da importncia dos conceitos na comunicao de conhecimento decisivo para a adoo de mapas wnceituais na anlise da estrutura conceitual de uma fonte de conhecimento. A maior vantagem que o mapa conceitual traz para quem o elabora a identificao e clarifcao dos conceitos envolvidos. Isso evidencia a importncia de alia- remse aS qualidades de professor, as de especialista em currculo (e.g., conhecedor da tcni- ca de mapeamento conceitual) para a realizao de um planejamento curricular adequado.

Os mtodos, estratgias e tcnicas de ensino no so considerados na elaborao de mapas conceituais No entanto, pode-se usar esses mapas como recurso de ensino na troca de idias entre o professor e os estudantes para clarificar conceitos e relaes em aulas teri- cas, por exemplo. Por outro lado, a elaborao de mapas certamente facilita a escolha do material educativo e dos processos de ensino que venham facilitar a aprendizagem signiica- tiva de conceitos e suas relaes, bem como d mais segurana ao professor nas suas aes durante a irrstruo, por estar mais habilitado a ajudar os estudantes a clarificar as no5es desses conceitos.

A teoria de aprendizagem de Ausubel(1978) est baseada na suposigo de que as pes soas pensam w m conceitos e, tambm, apresenta a proposio de que a estrutura conceitual uma varivel importante na aprendizagem. Aceitandwse as idias de Ausubel sobre apren- dizagem, a importncia da anlise da estrutura conceitual da fonte de conhecimento e do aproveitamento dessa m a s e no processo de ensino para facilitar a aprendizagem significativa se torna 6bvia

Assim como o mapeamento conceitual possibilita a escoiha e preparao de estratgias de ensino que visam a facilitar a aprendizagem, ele tambm pode ser usado na avaliao como base para o professor elaborar uma prova facada na aprendizagem de conceitos, e na preparao de textos de leitura ou roteiros de atividades, visando a aprimorar a aprendizagem em uma certa rea de conhecimentos.

R E F E ~ N C I A S BIBLIOCRFICAS

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; and HANESIAN, ti (1978). Educational Psychobgy: A Cognitive View. 2. e d New York, Holt, Rinehart andwmston.

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BUCHWEiTZ, B. (1981). An Epistemobgical Amlysis of CrrinrIum andan Assessment of Concept Leaming in Physics Labratory. Tese de Doutorado. Corneii University, Ithaca, New York.

BUCHWEITZ, R. (1981). A CognitNe Appmach for the Organization of Cum'eulum in a Foreign Language. Dissertao de Mestrado, Corneii University, Ithaca, New York.

ELiSON, F.P., etalii (1971). Modsn Portuguese. New York, Aifred A. Knopf. GOWIN, D. B. (1981). Educating. Ithaca,New York, Cornell Universiiy Ress. HENNIG, G. J. 81 FERRAZ, G. C . (1979).Biobgh GeraL Porto Alegre, Mercado Aberto. MOREIRA, M. A. (1983). Uma abordngem Cognitivista ao Ensino da Fsim Porto Alegre,

NAXATA, H. &COELHO, M. A. (1978). Geografia Geral So Paulo, Ed. Moderna. Editora da Universidade, UFRGS.

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O MAPA CONCEITUAL COMO INSTRUMENTO DE AVALIAO DA APRENDIZAGEM

Marco A. Moreira*

INTRODU AO

A avaliao da aprendizagem , sem dvida, uma das maiores difculdades com que se depara o professor no processo instrucionai. Perguntas como o que avaliar? para que ava- liar, como avaliar e quando avaliar acompanham, muitas vezes sem respostas claras, a atividade cotidiana do docente. A preocupao com a validade e fidedignidade dos instru- mentos de avaliao outra constante do dia-adia de muitospmfessores.

Tudo isso, no entanto, geralmente referenciado por uma viao muito tradicional de avaliqo que procura avaliar, quantitativamente, a aprendizagem atravs de instrumentosclue usualmente SEO provas escritas.

Contrariamente a esse enfoque, neste trabalho propem-se mapas conceiiuais como instrumentos no convencionais de avaliao, cujo uso implica um posicionamento mais qua- litativo e, portanto, tambm no convencional frente a avaliao da aprendizagem.

O QUE SE ENTENDE FOR MAPAS CONCEiTUAiS ?

Mapas conceituais so diagramas bidimensionais mostrando relaes hierrquicas entre conceitos de uma disciplina. So diagramas hierbquicos que procuram refletir, em duas di- menses, a estrutura ou organizao conceitual de uma disciplina ou parte dela. Isto 6, sua existncia deriva da prpria estrutura da disciplina.

Obviamente, existem vrias maneiras de traar um mapa conceitual, i.e., existem di- ferentes modos de mostrar uma hierarquia conceitual em um diagrama. Alm disso, mapas conceituais traados por diferentes especialistas em uma mesma rea provavelmente refleti- ro pequenas diferenas em compreenso e interpretao das relaaes entre os conceitoscha-

Do Instituto de Ffsica da Universidade Federal da Ria Grande da Sul (UFRGS)

ve dessa rea. O ponto importante que um mapa conceitual deve ser sempre visto como um mapa conceituai e no o mapa conceitual de um dado conjunto de conceitos Ou xja, qualquer mapa conceituai deve ser visto como apenas uma das possveis representapes de uma certa estrutura conceitual (Moreira, 1983a).

Em um modelo que se baseia na idia de diferenciao conceitual progressiva (Ausu- bel, 1979, 1980), a orientao tal que os conceitos m a i s gerais e inclusivos aparecem no topo do mapa Prosseguindo de cima para baixo, no eixo vertical, outros conceitos apare- cem em ordem descendente de inclusividade at que, ao p do mapa, chega-se aos conceitos m a i s especficos. Exemplos podem tambm aparecer na base do mapa As linhas conectando conceitos sugerem relaes entre os mesmos.

A fgura 1 representa um mapa conceitiial elaborado aproximadamente segundo este modelo, na rea de Eletricidade e Magnetismo. Sobre algumas linhas que indicam relaes entre conceitos foram escritas palavras ou equees que explicitam taii relaes. Por exem plo, o campo eltrico e a fora eltrica esto relacionados atravs da idia de ao h distncia.

Observe-se que, no exemplo da figura i, nem todas as possveis linhas indicando rela- 6es entre conceitos foram traadas e muitos conceitos dessa rea da Ffsica foram deixados fora do mapa. Tudo isso para no prejudicar a clareza do mapa. Em um mapa conceitud existe sempre um compromisso entre clareza e completicidade.

Este modelo, portanto, prope uma hierarquia vertical de cima para baixo, indicando relaes de subordinao entre conceitos Conceitos que englobam outros conceitos apare cem no topo, enquanto conceitos que so englobados por outros aparecem na base. Concet t o s com aproximadamente o mesmo nvel de generalidade e inclusividade aparecem na mes- ma posio vertical. O fato de que vrios conceitos diferentes podem aparecer na mesma posio vertical d ao mapa sua dimenso horizontal. Ou seja, ao longo das abcissas os con- ceitos so colocados de tal forma que fiquem mais prximos os que se.constituem em dife renciao imediata de um mesmo conceito superordenado, enquanto que os mais remotos fiquem afastados horizontalmente. N a prtica, d-se prioridade ao ordenamento hierrquico vertical e, em razo disso, nem sempre possvel mostrar as relagies horizontais desqadas. Assim, o eixo horizontal deve ser interpretado como menos estruturado, enquanto que o vertical reflete bem o grau de inclusividade dos conceitos. (RoweU, 1978).

Naturalmente, o modelo proposto no nico e no existem regras fixas a serem o b servadas na construo de mapas conceituais. Mapas conceituais no devem, no entanto, ser confundidos com diagramas de fluxo pois estes implicam seqncia temporal de operaes, enquanto que mapas procuram mostrar rehes entre conceitos Mapas mostram relabes hierrquicas entre conceitos; diagramas de fluxo mostram relaes seqiienciais de operaes Da mesma forma, n8o devem ser confundidos com organogramas e outras configuray3es que possam parecer visualmente semeihantes a mapas Mapas conceituais, como o prprio nome sugere, referem-se a conceitos e reiaes enfie conceitos

USOS DOS MAPAS CONCEITUAIS

De um modo geral, mapas conceituais podem ser usados como instrumentos de ensino ou de avaiiapo da aprendizagem. Alm disso, podem tambm ser utilizados como auxiliares no planejamento e M anlise do nur~cuculo (Stewart et olii, 1979).

Como recursos instrucionais, os mapas propostos podem ser usados para mostrar as relaes hierrquicas entre os conceitos que esto sendo ensinados em uma nica aula, nu- ma unidade de estudo ou em curso inteiro. Eles mostram relaes de subordinao e su- perordenao que possivelmente afetaro a aprendizagem de conceitos Eles so represen- tapes concisas das estruturas conceituais que esto sendo ensinadas e, como tal, provavel- mente facilitaro a aprendizagem dessas estruturas

Entretanto, contrariamente a textos e outros materiais instrucionais, mapas conceituais no dispensam explicaes.do professor.

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