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17 Ponto de Vista Natureza & Conservação - vol. 7 - nº1 - Abril 2009 - pp. 17-29 O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil As paisagens urbanas, o extremo da variação da influência humana na dinâmica de ecossis- temas (Forman & Gordon, 1986), se expandi- ram de forma dramática recentemente, particu- larmente nos países em desenvolvimento (Cohen, 2004). Nos últimos 40 anos, a popula- ção mundial aumentou em 65%, enquanto a população urbana aumentou em 115% (Organização das Nações Unidas, 2003). Durante o mesmo período, a população brasi- O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil Demétrio Luis Guadagnin, Dr 1 UNISINOS, Laboratório de Ecologia e Conservação de Ecossistemas Aquáticos. Isabel Cristina Ferreira Gravato, MsC IPA, Curso de Ciências Biológicas . RESUMO. As regras para utilização de terras na legislação ambiental brasileira não foram explicita- mente criadas para proteger áreas-chave para a biodiversidade. Neste trabalho, nós avaliamos o grau em que áreas protegidas como “Áreas de Preservação Permanente” (APP) se ajustam a áreas-chave para a conservação da biodiversidade nos subúrbios de Porto Alegre, no Sul do Brasil. A análise foi baseada na estrutura e contexto espacial dos biótopos naturais e na distribuição de hábitats poten- ciais de espécies ameaçadas. Áreas urbanas cobrem 22% da área estudada, enquanto APPs cobrem 25,8%. Da área total, 21,5% e 28% foram, respectivamente, consideradas importantes para a biodi- versidade, de acordo com as abordagens de filtro não refinado e filtro refinado. 40% das APPs coin- cidem com áreas importantes para a biodiversidade, protegendo 27,5% delas. As margens de corpos de água contribuíram mais do que o esperado para a proteção de áreas importantes. Concluiu-se que a legislação brasileira atual sobre o uso da terra não é suficiente para proteger as áreas-chave para a biodiversidade. Foram também discutidas abordagens complementares e os desafios para satisfazer as necessidades de conservação. Palavras-chave: planejamento de conservação, legislação ambiental, habitat, área, isolamento, co- nectividade, efeito borda, paisagem urbana. 1 [email protected]

O valor da legislação ambiental brasileira na conservação ... · Ponto de Vista Natureza & Conservação - vol. 7 - nº1 - Abril 2009 - pp. 17-2917 O valor da legislação ambiental

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O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

As paisagens urbanas, o extremo da variaçãoda influência humana na dinâmica de ecossis-temas (Forman & Gordon, 1986), se expandi-ram de forma dramática recentemente, particu-

larmente nos países em desenvolvimento(Cohen, 2004). Nos últimos 40 anos, a popula-ção mundial aumentou em 65%, enquanto apopulação urbana aumentou em 115%(Organização das Nações Unidas, 2003).Durante o mesmo período, a população brasi-

O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas:um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

Demétrio Luis Guadagnin, Dr1

• UNISINOS, Laboratório de Ecologia e Conservação de Ecossistemas Aquáticos.

Isabel Cristina Ferreira Gravato, MsC• IPA, Curso de Ciências Biológicas .

RESUMO. As regras para utilização de terras na legislação ambiental brasileira não foram explicita-mente criadas para proteger áreas-chave para a biodiversidade. Neste trabalho, nós avaliamos o grauem que áreas protegidas como “Áreas de Preservação Permanente” (APP) se ajustam a áreas-chavepara a conservação da biodiversidade nos subúrbios de Porto Alegre, no Sul do Brasil. A análise foibaseada na estrutura e contexto espacial dos biótopos naturais e na distribuição de hábitats poten-ciais de espécies ameaçadas. Áreas urbanas cobrem 22% da área estudada, enquanto APPs cobrem25,8%. Da área total, 21,5% e 28% foram, respectivamente, consideradas importantes para a biodi-versidade, de acordo com as abordagens de filtro não refinado e filtro refinado. 40% das APPs coin-cidem com áreas importantes para a biodiversidade, protegendo 27,5% delas. As margens de corposde água contribuíram mais do que o esperado para a proteção de áreas importantes. Concluiu-se quea legislação brasileira atual sobre o uso da terra não é suficiente para proteger as áreas-chave para abiodiversidade. Foram também discutidas abordagens complementares e os desafios para satisfazeras necessidades de conservação.

Palavras-chave: planejamento de conservação, legislação ambiental, habitat, área, isolamento, co-nectividade, efeito borda, paisagem urbana.

1 [email protected]

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leira aumentou em 82%, e sua fração urbanaem 165% (IBGE, 2000). Um padrão comum daexpansão urbana mundial é o crescimento desubúrbios de baixa densidade habitacional, tra-zendo conseqüências socioambientais impor-tantes (Zipperer et al., 2000).

A conservação da biodiversidade em ambien-tes urbanos é um desafio. Áreas verdes ofere-cem hábitats e recursos para a biodiversidade,mas o crescimento urbano também apresentaameaças. Enquanto aumenta a complexidadedas áreas urbanas, incluindo novas combina-ções de uma ampla e refinada mistura de bió-topos (Yli-Pelkonen & Niemelä, 2005; Zippereret al., 2000; Wintle et al., 2005), os subúrbios emcrescimento os rearranjam em um padrão de-sintegrado, perturbam as trajetórias sucessio-nais nas áreas verdes remanescentes (Rebele,1994; Trepl, 1995), e favorecem o domínio porespécies exóticas (Yli-Pelkonen & Niemelä,2005). Enquanto os valores estéticos e serviçosecossistêmicos das áreas verdes são reconheci-dos economicamente, afetando os valores deterras e propriedades (Tyrväinen, 1997;Breuste, 2004; Li, 2005), seu papel na proteçãoda biodiversidade raramente é reconhecido oulevado em consideração no planejamento urba-no (Battisti & Gippoliti, 2004).

Há uma gama considerável de conhecimentoteórico e empírico demonstrando que o valordos biótopos para a conservação da biodiversi-dade pode ser deduzido pelo arranjo e atribu-tos espaciais (O’Neill et al., 1999; Dale et al.,2000; Metzger, 2001). Áreas grandes e bem co-nectadas, livres de ameaças externas em seus li-mites, favorecem a ocorrência de espécies deinteresse em conservar e uma rica biota.Adicionalmente, biótopos são unidades fáceisde se planejar. Essas unidades representam adistribuição e estado de conservação da maio-ria dos componentes da biodiversidade(Rouget, 2003; Löfvenhaft, Runborg & Sjogren-Gulve, 2004) e são facilmente mapeados e ex-pressos (Löfvenhaft et al. 2002). Esses princí-pios e diretrizes estão refletidos nas aborda-gens atuais para identificação de áreas de inte-resse em conservação. Análises em duplo nível,como as propostas por Noss (1987) e Rouget

(2003), levam em consideração um filtro não re-finado que avalia o estado de conservação decada hábitat e biótopo, e um filtro fino queidentifica as espécies e combinações de interes-se particular.

No Brasil há uma falta de legislações espacial-mente explícitas para a proteção de áreas im-portantes para a biodiversidade. Regras espa-cialmente explícitas podem ser encontradasapenas na legislação nacional para as unidadesde conservação (Sistema Nacional de Unidadesde Conservação, 2000) e na Resolução 13/1990do Conselho Nacional do Meio Ambiente.Ambas as legislações impõem restrições na uti-lização de terras nas cercanias das unidades deconservação. A política ambiental brasileira temum histórico de tender para a proteção de re-cursos aquáticos (Código das Águas, 1934), flo-restas (Código Florestal, 1965) e animais (Lei deProteção à Fauna, 1967). Sua influência aindaestá presente nas legislações (Santos, 2004). Degrande importância, e que estão atualmentesendo debatidas, são as legislações que regulamo planejamento e utilização de terras e águas,baseadas nos conceitos de Áreas de PreservaçãoPermanente (APPs) e Áreas de Reserva Legal(ARLs). As APPs são espacialmente explícitas efixas, correspondendo a áreas impróprias para aagricultura ou expansão imobiliária, tais comoencostas de morros, margens de corpos deágua, e alguns hábitats específicos que são con-siderados importantes ou vulneráveis, tais co-mo banhados, dunas, manguezais, e outros.ARLs, por outro lado, são porções de proprie-dades que devem ser reservadas ou usadas embaixa intensidade, e cuja localização é arbitra-riamente decidida pelo proprietário. A proteçãoda biodiversidade pode ser outro serviço forne-cido por essas legislações-chave, mas sua efi-ciência ainda não foi avaliada.

Neste estudo, identificamos áreas sob proteçãolegal e áreas que são importantes para a con-servação da biodiversidade em um setor da ci-dade de Porto Alegre que está vivendo umcrescimento rápido. Essas áreas foram sobre-postas para avaliar em que extensão a aplica-ção da legislação ambiental inclui as áreas maisimportantes para a biodiversidade.

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FIGURA 1: (a) Zoneamento ambiental de Porto Alegre, no Sul do Brasil, mostrando o local de estudo. As áreas em cinza-es-

curo foram indicadas como de valor especial de conservação pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de

Porto Alegre (PDDUA). As linhas circunscrevem as zonas da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e Ecossistemas Associados

(RBMA). (b) Setor de estudo, apresentando áreas urbanas (preto), estradas principais (linhas grossas) e relevo (linhas finas).

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O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

MÉTODOS

Área de estudo

Analisamos uma seção de 5.280 ha daMacrozona 8 (FIGURA 1) do Plano Diretorde Desenvolvimento Urbano e Ambiental(PDDUA – Porto Alegre, 1999; Menegat etal., 1998), chamado de “cidade rural-urba-na.” Essa macrozona corresponde a 60% daárea municipal e é caracterizada por ummosaico de áreas residenciais, comerciais,rurais e naturais. Recentemente, a especula-ção imobiliária e pressões para construçãode residências vem criando conflitos com oprincipal fator atrativo da macrozona – aqualidade ambiental. Terrenos elevados, deaté 300 metros de altura dominam a porçãonoroeste, enquanto planícies apresentandocolinas baixas e isoladas predominam a su-

deste. A área de estudo é importante local eregionalmente para a conservação –está in-cluída nas zonas principal e de amorteci-mento da Reserva de Biosfera da MataAtlântica (Lino, 2002), e o PDDUA prevêuma “Área para Proteção do AmbienteNatural,” se estendendo na direção Sudeste-Noroeste desta seção da cidade.

Porto Alegre está localizada em uma zona detransição entre os biomas do cerrado e das flo-restas decíduas (IBGE, 2004). A paisagem origi-nal era um mosaico contendo cinco grande ti-pos de hábitat (Brack, 1998) – florestas mésicaspara úmidas seguindo um gradiente de altitu-de, principalmente em planícies e encostas vol-tadas para o sul; cerrados com palmeiras; ar-bustos e arbustos entre cerrados e florestas eem encostas voltadas para o norte; campos ru-pestres em colinas; e banhados.

� Área de ProteçãoAmbiental (PPDUA)

ZN Por Zona (RBMA)

ZT Zona de Transição (RBMA)

ZA Zona-Tampão (RBMA)

(a)

(b)

ZN

ZTZA

5 km

N

-51º 11’ -51º 09’

-30º 06’

-30º 08’

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Demétrio Luis Guadagnin - Isabel Cristina Ferreira Gravato

Mapeamento de base e análises

Todas as análises são baseadas em mapas te-máticos de topografia, drenagem e cobertu-ra da terra (biótopos), digitalizados ou atua-lizados a partir do banco de dados doProjeto Pró-Guaíba (escala 1:50.000; RioGrande do Sul, 1992) e imagens do satéliteQuickbird adquiridas em 18 de março de2003. A interpretação das imagens foi feitavisualmente na tela, ajudada pelas rotinassupervisionadas de classificação do aplicati-vo Idrisi 32 (Eastman, 1999). Várias rotinas emódulos do aplicativo Idrisi 32 foram em-pregados para derivar os mapas temáticos(FIGURA 2).

Mapeamento de áreas sob proteção legal

Analisou-se a legislação ambiental, procuran-do diretrizes espacialmente explícitas do plane-jamento ambiental e conservação da biodiver-sidade (proteção de hábitats e espécies). Trêsníveis legais foram levados em consideração:(1) Nacional – Constituição Federal (promulga-da em 5 de outubro de 1988), Código Florestal(Lei 4.771/1965) e resoluções 9/1996, 302/2002e 303/2002 do CONAMA (Conselho Nacionaldo Meio Ambiente); (2) Estadual – CódigoAmbiental Estadual (Lei 11.520/2000); e (3)municipal – Plano Diretor de DesenvolvimentoUrbano e Ambiental de Porto Alegre (Lei434/1999).

FIGURA 2: Rotinas utilizadas para mapeamento e sobreposição de áreas sob proteção legal e áreas importantes para a conserva-ção da biodiversidade nos limites urbanos de Porto Alegre, Sul do Brasil.

SOBREPOSIÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE E DE PROTEÇÃO LEGAL

(Calculador de imagem)

IMPORTÂNCIA – FILTRO REFINADO: HÁBITATS

POTENCIAIS PARA ESPÉCIES SELECIONADAS

(Valores máximos de sobreposição)

IMPORTÂNCIA – FILTRO NÃO REFINADO:

QUALIDADE DO FRAGMENTO E CONTEXTO

(Média dos quatro atributos)

ÁREAS LEGALMENTE PROTEGIDAS

(Calculador de imegem)

ÍNDICES DE ADEQUALIBILIDADE DE HÁBITATS PARA

13 ESPÉCIES (Várias rotinas e módulos)

NORMAS EXPLÍCITAS DE PROTEÇÃO DO ESPAÇO

LISTAS VERMELHAS E REQUIRIMENTOS

DE HÁBITATS DE ESPÉCIES AMEAÇADAS

LEGISLAÇÃOAMBIENTAL

MAPAS BÁSICOS: RELEVO, HIDROGRAFIA, RODOVIAS, BIÓTOPOS(Vegetação e área urbana)

ÁREA PROPORCIONAL(Grupo, área)

PROXIMIDADE(“Custo”da distância,

grupo, área)

PERMEABILIDADE(“Custo”da distância,

localização)

VULNERABILIDADE AOEFEITO DE BORDA

(“Custo”da distância, calculador de imegem)

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O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

Mapeamento de áreas importantes para a con-servação da biodiversidade

Adotamos uma estratégia em dois níveis – umfiltro menos refinado identificando as porçõesmais importantes de cada biótopo de acordocom atributos espaciais; e um filtro refinadoavaliando a importância dos pixels como hábi-tats para espécies de interesse especial de con-servação. Nós definimos biótopo como umaporção de área apresentando condições am-bientais uniformes, pertencendo a um tipo dehábitat em particular. Todos os critérios forampadronizados para valores de zero (sem im-portância), a 1 (importância máxima) na área.

Levamos em consideração quatro atributos es-paciais no filtro não refinado – área do biótopo,isolamento, conectividade e vulnerabilidade aimpactos dos arredores. A área proporcionalfoi calculada ponderando-se a área absoluta decada biótopo pela área maior desse biótopo.Utilizamos uma medida de isolamento basea-da na área (Tishendorf et al., 2003) – a quanti-dade média de hábitat disponível dentro dequatro comprimentos a partir da borda deuma seção (50, 100, 150, e 200 metros). A co-nectividade foi definida como uma área contí-gua de hábitats semi-naturais em redor de umbiótopo (Whited et al., 2000), uma medida nocontexto da matriz na qual um biótopo estáembutido. A vulnerabilidade de um pixel deum biótopo semi-natural foi considerada umafunção logística da distância da borda de umbiótopo urbano ou uma estrada, até um limitede 200 metros. Essa função simula a expectati-va que os efeitos de borda têm limites, abaixoe acima dos quais as reações da comunidadebiológica são de variabilidade mínima (Ewers& Didham, 2006). A vulnerabilidade de umbiótopo foi definida como a vulnerabilidademédia de seus pixels. O mapa de filtro não re-finado das áreas importantes para a conserva-ção da biodiversidade foi uma média dos va-lores de quatro atributos para cada biótopo,sendo a área considerada duplamente maisimportante do que os outros atributos. Todosos biótopos com valores maiores que ou iguala 0,5 foram considerados como de importânciaprimária para a conservação.

A análise através de filtro refinado levou emconsideração a extensão e qualidade do hábitatpara espécies ameaçadas de plantas e vertebra-dos (Decreto Estadual 42.099/2003; Marques etal., 2002). Já que não existem pesquisas de cam-po na área de estudos, compilamos uma listade espécies raras, ameaçadas de extinção e en-dêmicas que potencialmente ocorrem na áreade estudos, conferindo as listas oficiais de es-pécies ameaçadas com as listas de espécies dis-poníveis na região de Porto Alegre (Brack,1998; Porto Alegre, 2004). Utilizamos as infor-mações disponíveis sobre exigências e prefe-rências de hábitat dessas espécies (Brack, 1998;Marques, 2002; Fontana, 2003; Porto Alegre,2004) e os mapas temáticos para desenvolveríndices de adequação de hábitat (HSI) (Wintleet al., 2005). Espera-se que eles prevejam a dis-tribuição espacial e qualidade dos hábitats pa-ra as espécies selecionadas. Nós classificamosos índices de zero (impróprio) a 1 (o melhor há-bitat disponível na área de estudo), em uma es-cala ordinal. Os modelos não foram validadosem campo. Consideramos como hábitat de altaqualidade pixels com valores de HSI iguais aou acima de 0,5. O mapa de filtro refinado deimportância para a conservação da biodiversi-dade foi obtido pela sobreposição dos mapaspara cada espécie. Essa abordagem consideracomo sendo importantes todos os setores quecorrespondam ao melhor hábitat disponívelpara pelo menos uma espécie classificada comode interesse especial, assegurando assim quetodas elas estejam incluídas no mapeamento defiltro refinado.

O mapa final das áreas importantes para a con-servação da biodiversidade foi obtido sobre-pondo-se os mapas com filtro não refinado e re-finado. Essa abordagem, ao contrário daquelasque utilizam médias, produz uma solução não-otimizada, mas garante que o mapa final con-tenha tanto as parcelas mais importantes de ca-da biótopo como os hábitats mais importantespara cada espécie importante.

Os mapas das áreas sob proteção legal e dasáreas importantes para a biodiversidade, deacordo com os filtros não refinados e refina-dos, foram sobrepostos para localizar e quan-

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FIGURA 3: Biótopos de um subúrbio de Porto Alegre, Sul do Brasil, enfrentando um rápido crescimento, 2003

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tificar suas coincidências e as lacunas na pro-teção de hábitats e espécies.

RESULTADOS

Foram identificados e mapeados oito tipos debiótopos (FIGURA 3) – quatro hábitats natu-rais ou semi-naturais (florestas, cerrados, co-bertura arbustiva e campos rupestres), e qua-tro dominados por seres humanos – reflores-tamentos com espécies exóticas (Pinus spp ouEucalyptus spp.), agricultura, áreas urbanas eestradas. A matriz da paisagem é compostade áreas urbanas (1.214 ha, 23% da área de es-tudo), florestas nativas (1.430 ha, 27% daárea) e reflorestamento com árvores exóticas(913 ha, 17% da área). Três bairros densamen-te habitados (Glória/Cascata, Restinga eLomba do Pinheiro) ocorrem na área de estu-do, com orientação noroeste-sudeste e são li-gados por um eixo de uma estrada principal.

Subúrbios menores estão espalhados pelo se-tor sul, intercalados com agricultura e cerra-dos. Nove porcento da área são ocupados poragricultura (458 ha) e 10% por cerrados(542 ha), a maioria destes na forma de peque-nos setores (máximo de 15 ha) na divisa comflorestas, cerrados e áreas urbanas. Grandesáreas de remanescentes florestais nativos(máximo de 203 ha), cobrindo menos de 1%da área de estudo (35,5 ha), estão concentra-das em dois setores separados no nordeste eno sudeste. Pequenas porções de cerrado(máximo de 22 ha) estão dispersos por toda aárea, cobrindo 13% do território (688 ha).

A análise da legislação ambiental revelou aexistência de 16 artigos e três outros argumen-tos legais governando a utilização e zoneamen-to da terra (TABELA 1). Apenas um é espacial-mente explícito e estabelecido – as Áreas dePreservação Permanente (APP), enquanto ou-tros são arbitrariamente redigidos, como as re-

Floresta nativa

Reflorestamento com exóticas

Agricultura

Formações rochosas

Campos

Cobertura arbustiva

Áreas urbanas

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O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

gras para reclamação de posse, exploração deflorestas ou recuperação de áreas de reserva le-gal, que é compulsória. As regras para a desig-nação de APPs são reproduzidas em várias de-cisões Estaduais e Federais com pequenas dife-renças. Na área de estudo, 1.336 ha (26%) sãoAPPs de acordo com a resolução 303/2002 doCONAMA (FIGURA 5). Os topos de morrosperfazem 66% (901 ha) das APPs, as margensde corpos de água respondem por 30% e as en-costas íngremes por 4%. Cerca de 28% da áreaurbana localizam-se em APPs – 75,5% em toposde colinas, 21,5% em margens de corpos deágua e 3% em encostas íngremes.

Um total de 1.115 ha (21,1% da área estudo)foi mapeado como importante para a conser-vação da biodiversidade, de acordo com aanálise de filtro não refinado (TABELA 1; FI-GURA 4). Áreas extensas de biótopos natu-rais, a sua maioria no setor central, perderamsua condição devido à vulnerabilidade aosefeitos de borda resultantes da ocupação ur-bana desordenada.

A área de estudo inclui hábitats em potencialpara 13 das 18 espécies que ocorrem em PortoAlegre e cercanias (dez de plantas vasculares,três de aves e cinco de mamíferos; TABELA 2).

TABELA 1. Comparação das áreas protegidas pela legislação ambiental brasileira e áreas importantes para a conservação da

biodiversidade em um setor da borda urbana de Porto Alegre, Sul do Brasil, sob rápida expansão urbana. Os valores corres-

pondem a hectares superpostos.

Tipo de área Total Total Filtro não Filtro Áreas importantesurbanizado refinado refinado para a biodiversidade

Áreas legalmente protegidas 1.366 339 291 406 550

• Encostas íngremes (45º) 54 10 16 25 29

• Topos de Colinas 901 256 193 164 296

• Margens de corpos de água 411 73 82 226 226

Áreas não protegidas 3.914 875 824 1.083 1.449

Total 5.280 1.214 1.115 1.489 1.999

TABELA 2. Resumo do hábitat disponível (em hectares) para espécies ameaçadas em um setor da borda urbana de Porto Alegre,

Sul do Brasil

Espécie Categoria* Hábitat Ideal Hábitat Bom Hábitat Mínimo

AvesEuphonia violacea VU 1.293 1.136 0

Xanthopsar flavus VU 0 723 458

MamíferosAlouatta guariba clamitans VU 1.431 0 0

Herpailurus yaguarondi VU 55 4.011 0

Leopardus tigrinus VU 1.431 2.635 0

Oncifelis geoffroyi VU 55 4.011 0

Plantas vascularesButia capitata EN 3 1.064 197

Apuleia leiocarpa VU 0 1.460 511

Ocotea catharinensis VU 0 1.142 829

Chionanthus filiformis EN 0 1.142 829

Cattleya intermedia VU 128 1.303 0

Picramnia parvifolia VU 0 1.142 829

Urera nitida VU 0 1.142 829

* VU = vulnerável; AM = ameaçada.

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A área fornece um extenso hábitat potencial pa-ra Allouata fusca e Leopardus tigrinus, enquantonenhum hábitat preferido está disponível paracinco espécies de plantas (Apuleia leiocarpa,Ocotea catharinensis, Chionanthus filiformis,Picramnia parvifolia, Urera nitida) e uma espéciede ave (Xanthopsar flavus). Não há hábitat, naárea de estudo, para Lontra longicaudis (VU) eEphedra tweediana (AM). Não há informaçãodisponível suficiente para se fazer um modelopara Clibanornis dendrocolaptoides (VU),Tillandsia aeranthos var. aemula (VU) eTibouchina asperior (AM). A maioria das espé-cies prefere hábitats florestais. Oito espécies(Cattleya intermedia, Ocotea catharinensis,Chionanthus filiformis, Picramnia parvifolia, Ureranitida, Butia capitata, Oncifelis geoffroyi,Herpailurus yaguarondi) estão em áreas associa-

das a hábitats ribeirinhos; três outras (Butiacapitata, Herpailurus yaguarondi, Oncifelisgeoffroyi) preferem hábitats abertos. Um totalde 1.489 ha (28% da área de estudos) corres-ponde a hábitats potenciais de alta qualidadepara pelo menos uma espécie com interesse depreservação (TABELA 1; FIGURA 4).

A sobreposição dos mapas de filtros não refina-do e refinado resultou em 1.999 ha (25,4% daárea de estudo) de áreas importantes para aconservação da biodiversidade (TABELA 1; FI-GURA 5). Desta área, 550 ha são protegidos co-mo APPs – 27,5% das áreas mapeadas comoimportante para a biodiversidade, ou 40% dasáreas mapeadas como APPs. Topos de morroscontribuíram menos do que o esperado para aconservação da biodiversidade (53% das áreas

FIGURA 4: Áreas importantes para a conservação da biodiversidade na borda urbana de Porto Alegre, Sul do Brasil, de acor-

do com as abordagens de filtros não refinado (cinza claro, total de 510 ha; 25% da área de estudo) e refinado (cinza escuro,

total de 884 ha; 44% da área de estudo). Áreas sobrepostas (640 ha; 30% da área de estudo) são mostradas em preto. O filtro

não refinado é baseado em atributos espaciais dos biótopos (área, isolamento, conectividade e vulnerabilidade a impactos das

redondezas). O filtro refinado baseia-se em distribuição prevista de hábitat em potencial para 13 espécies ameaçadas de ex-

tinção de plantas vasculares e vertebrados.

� Filtro refinado

� Filtro não refinado

� Áreas sobrepostas

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O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

importantes protegidas), enquanto as margensde corpos de água (41%) e encostas íngremes(5%) contribuíram em um grau maior.

DISCUSSÃO

Este estudo mostra que as regras espacialmen-te explícitas na legislação ambiental brasileira –a criação de Áreas de Preservação Permanente(APP), não são suficientes para a proteção deáreas importantes para a conservação da biodi-versidade nos subúrbios de Porto Alegre. Naárea de estudo, como é de conhecimento geral,a ocupação humana não é aleatória, expandin-do-se primariamente sobre as planícies baixas eproduzindo um arranjo desintegrado de bióto-pos. Isso provavelmente se aplica todas as pai-

sagens dominadas por seres humanos, ruraisou urbanas, cuja cobertura original inclui ummosaico de hábitats.

Documentos legais que se concentram em pro-cessos ecossistêmicos e na proteção de flores-tas, como é o caso da criação das APPs brasilei-ras (Santos, 2004), são comuns no mundo in-teiro (Tjallingii, 2000; Sutherland, 2002; Battisti& Gippoliti, 2004).

Entre as áreas legalmente protegidas, as mar-gens de corpos de água foram particularmenteimportantes para a conservação da biodiversi-dade na área estudada. Esses hábitats ribeiri-nhos fornecem boas oportunidades para a im-plementação de corredores de biodiversidade(Rouget et al., 2006), assim como áreas verdesde alto valor social e para o ecossistema (Li,

FIGURA 5. Equivalência das áreas protegidas pela legislação ambiental brasileira (1.336 ha; 26% da área de estudo) e áreas

importantes para a conservação da biodiversidade (1.999ha; 38% da área de estudo) em uma borda urbana de Porto Alegre,

Sul do Brasil. As áreas equivalentes somam 550 ha.

� Legalmente protegida

� Importante para a

Biodiversidade

� Áreas sobrepostas

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2005). No entanto, sua proteção e recuperaçãosão um desafio no Brasil, devido a pressões deespeculadores imobiliários para suavizar a le-gislação sobre APPs e reservas legais (Araújo,2002), como as que vem provocando os debatesatuais em torno de um novo documento legal(Lei 6.514), relativo à aplicação da Lei dosCrimes Ambientais.

A abordagem desse trabalho, ou seja, a identifi-cação de áreas importantes, é o primeiro passopara um processo de estabelecimento de priori-dades de conservação (Margules & Pressey,2000).

Não se abordou a otimização da superfície ne-cessária para a conservação da biodiversidade.Idealmente, os filtros refinados utilizam a dis-tribuição real das populações importantes, oque não foi possível em nosso caso, devido àfalta de informações, uma limitação provavel-mente comum a muitos exercícios de planeja-mento no mundo inteiro (Tucker et al., 1997;Sanderson et al., 2002; Wintle et al., 2005).

No entanto, o presente trabalho não tinha comofinalidade o planejamento sistemático, mas lo-calizar todas as áreas consideradas importantespara a biodiversidade e avaliar o quanto são re-presentadas no Brasil pela legislação espacial-mente explícita. Os mapas produzidos estabe-lecem um suporte para o planejamento urbanoe para a negociação entre as demandas compe-tidoras por áreas verdes (Marzluff, 2002).

As paisagens humanas e os cenários de conser-vação da biodiversidade em áreas urbanas setransformarão de acordo com a abordagemadotada. Abordagens ecossistêmicas são fre-qüentemente aplicadas em planejamentos ur-banos. Elas normalmente dão preferência aáreas protegidas que satisfaçam as exigênciashumanas, em função da falta de espaços verdese abertos, das fortes pressões imobiliárias e daausência de reconhecimento público com rela-ção à biodiversidade escondida das cidades(Marzluff, 2002; Miller & Hobbs, 2002; Breuste,2004).

Essas condições podem levar a um aumento na

fragmentação e complexidade espacial(Swenson & Franklin 2000; Robinson et al.,2005), como constatado na área estudada. Alémdisso, as áreas verdes resultantes tenderão a serdominadas por espécies ruderais e exóticas ejardins muito elaborados (Dale, 2000; Yli-Pelkonen & Niemelä, 2005).

A abordagem de biodiversidade, por outro la-do, requer a proteção de grandes e contíguasáreas de remanescentes florestais e mosaicos dehábitats selvagens (Sharpe et al., 1981; Zippereret al., 2000). A integração dessas abordagensconflitantes nas áreas urbanas em expansão éum desafio de planejamento que ainda não foidevidamente enfrentado (Löfvenhaft et al.,2004; Radeloff et al., 2005).

A proteção legal de áreas importantes para abiodiversidade no Brasil claramente requer ins-trumentos outros que não as APPs, especifica-mente criados e usados para essa finalidade.Oportunidades flexíveis para complementar es-sa proteção são a criação apropriada de Áreasde Reserva Legal (ARLs) e a implementação deplanos de zoneamento. Ambos não são espa-cialmente explícitos na legislação atual. Elestambém podem contribuir para superar as limi-tações da implementação de corredores de bio-diversidade através apenas de hábitats ribeiri-nhos (Rouget et al., 2006). Atualmente, as ARLssão arbitrariamente localizadas, seguindo nego-ciações entre proprietários de terras e autorida-des. Planos de zoneamento são, tanto legal co-mo politicamente, menos poderosos do que asAPPs e as ARLs, e não há regras explícitas sobrecomo satisfazer as necessidades da biodiversi-dade em tais exercícios.

O mundo está se tornando progressivamenteurbano e os impactos associados a esse tipo deuso da terra estão aumentando (Li et al., 2005;Löfvenhaft et al., 2002; McGranahan. &Satterthwaite, 2003). A legislação brasileiraatual tende mais à proteção de processos ecos-sistêmicos e apenas para alguns tipos de hábi-tats, particularmente de florestas. Portanto, elanão é adequada para a conservação de amostrasrepresentativas de todos os hábitats e espéciesimportantes. Por outro lado, as estratégias

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O valor da legislação ambiental brasileira na conservação da biodiversidade em áreas suburbanas: um estudo de caso em Porto Alegre, Brasil

atuais de identificação de áreas prioritárias paraa biodiversidade não levam em consideração osvalores humanos e as exigências por áreas ver-des. Para ir ao encontro da meta de conservaçãoda biodiversidade neste contexto, é necessáriocompreender os padrões e processos da expan-são urbana e desenvolver abordagens sensatase novas de legislação e planejamento.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Edward Benya, Eduardo Veleze Emerson Vieira, que gentilmente revisaram omanuscrito.

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