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O velho, o rapaz e o burro expresso

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Era uma vez um velho que tinha um neto e um burro. Um dia teve que ir com o seu neto até à aldeia.

Mas como ficava ainda um pouco distante da sua velha casinha, decidiu levar o rapaz montado no seu burro.

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E quando iam a caminho, cruzaram-se com uns homens que disseram:

— Parece impossível que o rapaz que é novo vá montado no burro e o velho, coitado, meio trôpego, vai a pé!

O velho ficou incomodado com este comentário e decidiu trocar com o seu neto. Assim sentia-se muito mais tranquilo e melhor com a sua consciência.

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VAMOS CANTAR!

A CANÇÃO DO VELHO

Hoje é dia de ir à aldeia,Sinto uma grande alegria.Vou passear com o meu netoQue é a melhor companhia!

O meu fiel ajudanteÉ um burro dedicado.Tenho já muitos projectosPara um dia bem passado.

Refrão

O mais velho aqui sou eu,Já tenho uma bela idade…E tenho boas ideias,Essa é uma grande verdade!

Este caminho é comprido,Mas já estou habituado.Sentei o rapaz no burroPara ele ir mais descansado.

Passaram depois uns homensQue vinham a comentar,E quando ouvi a conversa,Comecei logo a pensar…Refrão

Pensei neste problemaE encontrei a solução:Vou eu montado no burroE vem o rapaz para o chão!

Acho que esta é uma ideiaSimplesmente genial!Já não vão comentar mais,Já não podem dizer mal!

Refrão

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Continuaram o seu caminho e, ao chegarem a uma fonte onde decidiram ir matar a sua sede, encontraram duas mulheres que aí enchiam os seus cântaros e que, mal viram o velho em cima do burro, apressaram-se a comentar:

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— Devia ter vergonha, seu velho mandrião! Então o seu neto é que vai a pé, um rapazinho ainda de tenra idade?

O velho ficou outra vez surpreendido, mas agora sem saber o que fazer. Pensou um pouco e achou que o melhor era os dois irem em cima do burro.

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Assim fez e prosseguiram em direcção à aldeia. Passaram por um campo onde um homem que juntava o feno para os animais, ao vê-los, disse:

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— Ó compadre, coitado do animal! A carregar com duas pessoas! Por amor de Deus, dê-lhe algum descanso, alivie-lhe os costados!

E, desesperado, o velho disse ao rapaz:

— Ó meu rapaz, agora é que eu não sei o que fazer! Dá-me uma ideia, ajuda-me a calar esta gente

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VAMOS CANTAR!

A CANÇÃO DO RAPAZ

Passear com o meu avôÉ o que eu prefiro fazer.Conversamos todo o dia,Nunca paro de aprender.Falamos dos animais,Esquilos, corujas, escaravelhos…E quando eu lhe peço ajudaDá-me sempre bons conselhos.

RefrãoEu sou um rapaz normal,Gosto de ser como sou;tenho uma sorte na vida:Cresci com o meu avô!E aproveito para dizerO que todos já sabemos:É preciso aproveitarAs coisas boas que temos!

Falamos também dos homens,Do que é ser justo e sincero,De tudo o que é importante,Do que fiz e do que espero

É por causa das conversasQue nós costumamos ter,Que eu sei que o mundo é enormePara quem quiser crescer!

Refrão

Hoje vamos à aldeiaMas estamos num dilema…Sempre que vemos alguém,Aparece um problema!Uns querem que eu vá de burro,Outros que seja o avô…Já experimentámos ir juntos,Mas nem isso resultou!

Refrão

Agora é a minha vezDe ajudar o meu avô.Acho que há uma respostaEm que ainda não pensou:Porque não irmos os doisCalmamente a caminhar?O burro vai descansado;Ninguém nos vai criticar!

Refrão

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Ficou contente o avô. Agora tinham encontrado a solução. Era impossível que alguém comentasse também esta atitude do velho e do rapaz.

Estavam já a chegar à aldeia, quando dois homens que seguiam numa carroça se atreveram a dizer:

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— Estes dois endoideceram! Em vez de irem descansados em cima do burro, vão a pé e assim o burro não se cansa!

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Depois de ouvir isto, disse o avô ao neto:

— Sabes uma coisa, meu rapaz, o melhor que temos a fazer é não darmos ouvidos ao que dizem os outros, pois vai haver sempre alguém a criticar as nossas opções, por melhor que nós as achemos

Para a todos agradarFoi fazendo o que ouvia.E só no fim percebeuQue a sua razão é que valia.

FIM

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O VELHO; O RAPAZ E O BURRO

Tradução do original de La Fontaine feita por Curvo Semedo (poeta do séc. XIX)