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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS Maceió-Alagoas 2020

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

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Page 1: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO

FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO

REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES

ELETRÔNICOS

Maceió-Alagoas 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO

REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda

Maceió-Alagoas 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

CARLOS ALBERTO VANDERLEI VANGASSE

O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS: PROLONGAMENTO DO REAPROVEITAMENTO

DE COMPONENTES ELETRÔNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda

Data da defesa: 3 de abril de 2020 BANCA EXAMINADORA Orientador: Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda Examinador externo: Prof. Dr. Rômulo Pires Coelho Ferreira Examinador Interno: Prof. Dr. Selenobaldo Alexinaldo Cabral de Sant’anna Examinadora Interna: Profª. Drª Camila Calado Vasconcelos

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente, а Deus, pоr ser essencial еm minha

caminhada na vida; a mеυ pai, Alberto, minha mãе, Gilda, е às minhas irmãs

Cecília, Celeste e Rita. À minha esposa, Elissandra, meus filhos Arthur, Gabriel

e, minha filha, Elissa, que, cоm muito carinho, mе apoiaram, e não mediram

esforços para qυе еυ chegasse аté esta etapa dе minha vida. Dedico, também,

à gestão do curso de Mestrado em Análise de Sistemas Ambientais do CESMAC

e, às pessoas com quem convivi nesses espaços ao longo desses dois anos.

Page 7: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, agradeço a Deus por mais esta conquista. A presente

dissertação de mestrado não teria sido realizada sem o precioso apoio de

algumas pessoas. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu orientador,

Professor Paulo Rogério, pela tranquilidade, empenho e paciência com que

sempre me orientou, sem nunca me desmotivar, na realização deste e todos os

outros trabalhos que realizei durante o curso de mestrado em Análise de

Sistemas Ambientais. Desejo, da mesma forma, agradecer a todos os meus

colegas do Mestrado da turma III, cujo apoio e amizade sempre estiveram

presentes em todos os momentos de um dos melhores períodos da minha vida.

Agradeço aos funcionários do CESMAC, que foram sempre muito

atenciosos e prestativos, aos colegas do IFAL, que me ajudaram a ultrapassar

um grande obstáculo. Por fim, quero agradecer à minha família, razão maior de

minha realização, pelo apoio incondicional que me deram e, em especial, à

minha esposa Elissandra, pelas incansáveis revisões ao longo da elaboração

deste trabalho.

Page 8: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

RESUMO

As inovações tecnológicas facilitam as atividades da sociedade em geral, porém, são responsáveis pela obsolescência dos equipamentos eletrônicos e geram a problemática de como destinar corretamente esses equipamentos obsoletos, que compõem o chamado lixo eletrônico ou e-lixo. Tais avanços facilitaram, também, através das reestruturações de plataformas, as condições de trabalhos de recuperação, possibilitando reparos mais fáceis e rápidos nos equipamentos. Desse modo, a economia circular associada às técnicas de logística reversa surge como uma solução para diminuição da produção do e-lixo, dando a esse material descartado uma destinação responsável e correta. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar as atividades e os mecanismos de tratamento adotados no processo de descarte de equipamentos eletrônicos dentro de uma instituição federal de ensino no estado de Alagoas, Brasil. Foram realizadas análises de relatórios dos setores responsáveis pela gestão e execução de serviços de renovação, substituição e manutenção preventiva e corretiva de equipamentos eletrônicos nessa organização pública. A instituição em análise utiliza um número expressivo desses equipamentos em suas áreas administrativas e de ensino, como ambientes de trabalho das secretarias, salas de aulas e laboratórios técnicos. Foi observado que técnicas da logística reversa, embora sejam pouco aplicadas no órgão, mostraram resultados satisfatórios no tocante à recuperação de equipamentos defeituosos, destinados ao descarte, podendo ser utilizadas como mecanismo de redução da geração de lixo eletrônico na instituição. Porém, a falta de informações e o pouco conhecimento que se tem dessa técnica por parte dos setores da instituição podem ser considerados empecilhos para a aplicação mais ampla dessas práticas.

Palavras-Chave: Lixo eletrônico; Reaproveitamento do lixo eletrônico; Instituições públicas; Logística reversa.

Page 9: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

ABSTRACT

As technological innovations facilitate as activities of society in general, however, they are responsible for the obsolescence of electronic equipment and generate a problem of how to correctly dispose of these obsolete equipment that make up e-waste. These advances also facilitate, through the restructuring of platforms, as conditions for recovery work that enable easier and faster repairs to equipment. Therefore, a circular economy associated with reverse techniques of reverse logistics as a solution to decrease the production of electronic waste or E-waste, to give a discarded material, or one of these equipment, a responsible and correct destination. Thus, this work aims to analyze how activities and treatment mechanisms adopted in the process of disposing of electronic equipment within a federal educational institution in the state of Alagoas, Brazil. Report reports were executed from the sectors responsible for the management and execution of electronic equipment maintenance services in the public organization. This analyzed public institution uses an expressive number of such equipment in its administrative areas and teaches as classrooms and technical laboratories. It was observed that reverse logistics techniques, although little applied in the agency, showed satisfactory results regarding the recovery of defective equipment, destined for disposal and can be used as a mechanism to reduce the generation of electronic waste in the institution. However, the lack of information and the little knowledge that this technique is on the part of the sectors of the institution, can be considered obstacles to a more comprehensive application of these practices.

Keywords: Electronic waste; Reuse of electronic waste; Public institutions; Reverse logistic.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sala de Armazenamento de bens inservíveis..................................27

Figura 2 – Dados relativos ao desfazimento de 2010.......................................30

Figura 3 – Equipamentos a serem descartados entre áreas............................30

Figura 4 – Percentual de equipamentos descartados por área........................31

Figura 5 - Resultado relativo ao desfazimento 2020........................................32

Figura 6 - Comparativo do desfazimento dos anos 2010 e 2020.....................33

Figura 7 – Acúmulo de máquinas em local inadequado...................................38

Figura 8 - Armazenamento de equipamentos para reuso................................40

Page 11: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos REEE por categoria.......................................16

Quadro 2 - Substâncias químicas encontradas nos REEE..........................18

Quadro 3 - Total de equipamentos defeituosos a serem descartados no curso

de eletrônica..................................................................................................35

Quadro 4 - Total de equipamentos recuperados no curso de eletrônica.....35

Quadro 5 - Total de equipamentos reservados para reaproveitamento de

peças no curso de eletrônica........................................................................36

Quadro 6 - Medidas adotadas para descarte dos REEE.............................38

Quadro 7 - Periodicidade de descarte em Unidade Militar..........................39

Quadro 8 - Proposta de Ação.....................................................................41

Page 12: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

LISTA DE SIGLAS

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABRELPE Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

CRT Tubo de Raios Catódicos

CPU Unidade Central de Processamento

DVD Disco de Vídeo Digital

EEE Equipamentos Eletroeletrônicos

IFAL Instituto Federal de Alagoas

LCD Display de Cristal Líquido

LR Logística Reversa

MMA Ministério do Meio Ambiente

ONU Organização das Nações Unidas

ONUBR Organização das Nações Unidas Brasil

PNRS Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

REEE Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

SEDAP Secretaria de Administração Pública

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

USP Universidade de São Paulo

UN Nações Unidas

Page 13: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................16

2.1 Resíduo Eletrônico..............................................................................16

2.2 Logística Reversa................................................................................19

2.3 Logística Reversa e o Lixo Eletrônico...............................................21

2.4 Reciclagem do Lixo Eletrônico..........................................................22

3. MATERIAL E MÉTODO.......................................................................24

3.1 Local da Pesquisa..............................................................................24

3.2 Levantamento de equipamentos eletrônicos..................................25

3.3 Análise dos dados.............................................................................25

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................26

4.1Equipamentos eletroeletrônicos e colheita desses equipamentos no

IFAL................................................................................................................26

4.2 Acondicionamento de eletroeletrônicos no Campus Maceió........27

4.3 Práticas de incentivo ao reaproveitamento de equipamentos

componentes e peças eletrônicas no Campus..........................................33

4.4 Fatores que inibem ou promovem o processo de Logística Reversa

para o descarte dos equipamentos eletroeletrônicos no Campus..........36

5. CONCLUSÃO.........................................................................................43

6. REFERÊNCIAS.......................................................................................45

Page 14: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

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1 INTRODUÇÃO

O aumento populacional em centros urbanos tem como consequência o

aumento da produção de resíduos. Os processos industriais e seus avanços

tecnológicos de produção em curva de ascensão se traduzem em mais eficiência

e reduzido custo de fabricação, o que estimula o consumo, muitas vezes

exagerado, contribuindo, assim, para o aumento da produção de resíduos

(USHIZIMA; MARINS; MUNIZ, 2014).

Os Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE), nos países em

desenvolvimento, encontram-se em processo de plena expansão. Essa contínua

e crescente inovação tecnológica é fator determinante para o descarte destes

equipamentos que, em curto espaço de tempo, se tornam obsoletos em suas

funções (SIGRIST, 2015).

Estudos apontam que, no Brasil, em muitas associações de catadores, os

trabalhadores manuseiam indevidamente esses materiais eletrônicos

recicláveis, e, desconhecendo o potencial tóxico desses materiais, tentam extrair

metais pesados de forma artesanal (FRANCO; LANGE, 2011). O descarte sem

gerenciamento e controle adequados desses materiais obsoletos gera elevados

níveis de descarte de resíduos sólidos, causando grande impacto ambiental

(ROSA; TEIXEIRA, 2014).

Uma análise realizada em 2018 pela Associação Brasileira das Empresas

de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), mostrou que, nesse ano,

foram geradas, no Brasil, cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos

urbanos, um aumento de quase 1% em relação a 2017, onde cerca de 92% (72,7

milhões) foram coletados, representando uma alta de 1,66% em comparação ao

ano anterior, o que mostra que a coleta aumentou num ritmo um pouco acima da

geração. Desse montante, 6,3 milhões de toneladas de resíduos ainda ficaram

sem coleta. Quando comparado com países da América Latina, o Brasil é

considerado campeão na geração de lixo, sendo responsável por 40% de um

total de 541 mil toneladas/dia de lixo gerado na região, segundo a ONU

(Organização das Nações Unidas) Meio Ambiente, um montante que chega a

representar 40% do total de lixo gerado na região.

O estudo global da Abrelpe (2018) apontou que, em todo o mundo, 02

bilhões de toneladas de resíduos sólidos são produzidas anualmente e que,

aproximadamente, 3 bilhões de pessoas, quase 50% da população mundial, não

contam com um serviço que possibilite uma destinação final adequada desses

Page 15: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

15

resíduos. Nesses termos, o Brasil se assemelha a países desenvolvidos quando

se trata da produção de resíduos sólidos por habitante por ano, porém, ainda

tem um padrão de descarte equivalente ao de países pobres, com o envio

desses resíduos para lixões a céu aberto e pouco aproveitamento de recicláveis

(ABRELPE, 2016).

O fato é que, comumente, não se percebe a velocidade com que as

tecnologias são substituídas e, quase nunca chega a ser preocupante saber o

quanto uma bateria de celular, por exemplo, é prejudicial ao meio ambiente, bem

como os seus componentes como plástico e metais pesados (FERREIRA, 2017).

Em se tratando do descarte, armazenamento e reciclagem do lixo

eletrônico, este tema pode ser considerado um dos problemas de difícil

resolução para a sociedade moderna. Imaginemos todo o resíduo tecnológico

ou ”lixo eletrônico” gerado pelo descarte de equipamentos eletroeletrônicos, que

compreendem 4 linhas de produtos: a branca, a marrom, a azul, e linha verde

(ABDI, 2017) e que começa rapidamente a acumular em aterros sanitários,

causando grande preocupação por se tratar de um problema de saúde pública.

Somente a América Latina chegou a produzir, em 2014, 09% de todo o resíduo

eletrônico no planeta. O Brasil, por sua vez, chegou a gerar 1,4 milhão de

toneladas por ano (MITSUDA, 2017).

Em face dessa realidade, são consideradas de extrema importância

pesquisas voltadas para esse tema, devido ao depósito de substâncias tóxicas

e prejudiciais no meio ambiente em quantidades crescentes.

Transpondo essa problemática para a realidade do campus do IFAL em

Maceió e o grande número de material eletrônico retirado de atividade pelos mais

diversos tipos de problemas, sendo descartados anualmente, pretendemos

estudar os motivos que levaram a esse desuso e, qual o destino dado a esses

equipamentos, que não servem mais aos propósitos de seus usuários; e ainda,

como essas partes, componentes e peças estão sendo gerenciadas, e se

necessitam de cuidados especiais.

Pretendemos analisar os dados à luz das teorias de logística reversa e

economia circular. Com esse intuito, partimos do princípio de que pode ser

considerado vórtice todo e qualquer escoamento circular ou rotacional que

possua vorticidade, ou seja, uma certa quantidade de circulação ou rotação de

um determinado material em um determinado ambiente ou campo de

deslocamento. Portanto, este trabalho trata de analisar se existe

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reaproveitamento de equipamentos e a busca da elaboração de mecanismo que

possibilite o reaproveitamento desses equipamentos que iriam para o “lixo” antes

do início do processo organizacional de desfazimento de bens. Dessa forma,

este trabalho pretende investigar as atividades executadas, a fim de promover

redução na geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e os

mecanismos utilizados para o descarte desse material no Instituto Federal de

Alagoas, e propor um incremento convergente para o reaproveitamento e

prolongamento da vida útil dos materiais eletrônicos a que chamamos de “vórtice

do lixo eletrônico”.

Page 17: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esse capítulo apresenta a fundamentação teórica e a metodologia, tendo

como objetivo justificar a pesquisa desenvolvida. Esclarecendo, a princípio,

sobre o resíduo eletrônico, passando por elucidar qual a situação nacional e

estadual no que se refere ao tratamento dado aos resíduos eletrônicos e à

logística reversa e o gerenciamento dos resíduos eletroeletrônicos.

Perspectiva para o futuro na era do lixo eletrônico: de acordo com

Adeodato (2007), no processo evolutivo da civilização, iniciou-se a fabricação de

produtos com o objetivo de facilitar a vida, possibilitando conforto e agilidade,

com o passar do tempo e o crescimento populacional, houve o aumento da

necessidade de atender a tais anseios e, com a Revolução Industrial, veio a

possibilidade da produção de bens em larga escala. Em função de uma

urbanização crescente e acelerada, a quantidade de lixo produzida passou a ser

um grande problema para a população, até que, após meados do século XX,

houve o despertar para os impactos causados pelo desenvolvimento

descontrolado, levando o homem a se preocupar com o Meio Ambiente e o futuro

do planeta.

2.1 Resíduo eletrônico

No início da Revolução Industrial, o lixo era composto apenas por resíduos

orgânicos, ou seja, restos e sobras de alimentos. Atualmente, trata-se de todo e

qualquer material descartado e/ou rejeitado pela sociedade. A partir de 2016,

todos os materiais de consumo necessários para o perfeito funcionamento dos

equipamentos eletroeletrônicos, que se tornaram obsoletos ou inservíveis, são

considerados resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos ou REEE de

acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI,

2017), esses equipamentos podem ser divididos em quatro categorias:

Quadro 1 - Divisão dos REEE por categoria

Linha Marrom Linha Verde Linha Branca Linha Azul

Monitores Televisores DVD/VHS Equipamentos de áudio Câmeras e filmadoras

Desktops Laptops Impressoras Tablets e Celulares

Refrigeradores Fogões Lavadoras de roupa Lavadoras de louça e Condicionadores de ar

Batedeiras Liquidificadores Aspiradores de pó e cafeteiras

Fonte: ABDI (2017)

Page 18: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

18

Tais equipamentos eletroeletrônicos são considerados resíduos ao final

de suas vidas úteis, considerando que foram esgotadas todas as possibilidades

de recuperação, atualização e reuso desses equipamentos (ABDI, 2017). De

acordo com a Organização das Nações Unidas do Brasil, em 2014, o Brasil

chegou a produzir 1,4 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, enquanto

no mundo foram produzidos 42 milhões de toneladas. Esse problema é ainda

maior no caso de países em desenvolvimento, devido à escassez de recursos

adequados para o tratamento de descarte desses materiais, provocando danos

ambientais e sociais.

Em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) por meio da

Lei nº 12.305, definiu os conceitos de Responsabilidade Compartilhada pelo

Ciclo de Vida dos Produtos, Logística Reversa e Acordo Setorial, onde, através

do artigo terceiro, inciso XII, define a Logística Reversa como sendo “(...)

Instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em

seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final

ambientalmente adequada.” (BRASIL, 2010).

Segundo a Gestión Sostenible de Residuos de Aparatos Eléctricos y

Electrónicos en América Latina (2015), em 2014 o Brasil produziu 1,4 milhão de

toneladas de resíduos eletrônicos, deixando evidente a necessidade de um

planejamento capaz de executar, de forma eficaz e adequada, ações de

Logística Reversa para gerenciamento desses resíduos com foco na

sustentabilidade.

O lixo eletrônico é um desafio que se agrega aos problemas ambientais

da atualidade. Os atuais consumidores estão mais preocupados com a

satisfação de suas necessidades ao invés de refletir sobre as verdadeiras

consequências causadas pelo consumo que tende a crescer cada vez mais

(AFONSO, 2014).

Para Martendal e Santos (2014), o desenvolvimento de novas tecnologias

na produção impulsionou a produção, em grande escala, de produtos

eletroeletrônicos como televisores, projetores, notebooks, tablets, smartphones,

entre muitos outros. A popularização desses equipamentos, agregando sempre

eficientes e aprimoradas funções, elevou o nível de consumo desses produtos,

tornando os equipamentos obsoletos mais rapidamente e reduzindo sua via útil,

Page 19: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

19

resultando numa curva de consumo ascendente, em que o público costuma

substituir e descartar seus aparelhos com mais facilidade e maior frequência,

ocasionando, assim, grandes alterações no meio ambiente.

Caumo e Abreu (2013) destacam custos inviáveis de manutenção desses

aparelhos em relação à aquisição de novos, bem como a dificuldade na obtenção

de peças novas para reposição como um dos fatores que também estimulam o

grande aumento do consumo. Com base no relatório divulgado pelo Programa

da ONU para o Meio Ambiente, PNUMA (2015), a indústria eletrônica gera até

42 milhões de toneladas de lixo eletrônico a cada ano. No ano de 2017, esse

número poderia chegar a 50 milhões de toneladas. Ainda de acordo com um

relatório da Plataforma para Aceleração da Economia Circular (PACE), 2019, e

da Coalizão das Nações Unidas, com a continuidade do padrão de consumo

atual, a produção de lixo eletrônico está projetada para alcançar 120 milhões de

toneladas ao ano em 2050.

O portal eCycle destaca que, quando o descarte de resíduos

eletroeletrônicos é feito de forma inadequada pode causar sérias consequências

ao meio ambiente. As substâncias químicas contidas nos componentes

eletrônicos contaminam o solo, atingindo o lençol freático. Além disso, podem

ocasionar doenças graves nas pessoas que manipulam esses materiais nos

aterros sanitários e lixões. Os males provocados por substâncias utilizadas em

componentes e aparelhos eletrônicos como de TV, computadores e celulares,

classificam-se de acordo com o Laboratório de Sustentabilidade da USP, em:

Quadro 2 - Substâncias Químicas encontradas nos REEE

Material Onde é usado Danos

Chumbo Computadores, celulares,

televisores

Ao sistema nervoso e

sanguíneo

Cádmio Computadores, monitores de

tubo de raios catódicos, bateria

de laptop

Envenenamento, danos aos

ossos, rins e pulmões

Arsênico Usado em celulares Doenças de pele, prejudica o

sistema nervoso e pode causar

câncer no pulmão

Mercúrio Computadores, monitores e TV

de tela plana

Danos cerebrais e ao fígado

PVC Isolamento de condutores

elétricos

Se queimado e inalado, causa

problemas respiratórios

Berílio Computadores e celulares Câncer de pulmão

Page 20: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

20

Retardantes de chamas Diversos componentes

eletrônicos, para prevenir

incêndios.

Desordens hormonais,

nervosas e reprodutivas

Fonte: Adaptado do portal ecycle. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/1830-lixo- eletronico-componentes-toxicos Acesso em: 01/02/2020.

A Organização O Eco (2016) afirma que a geração de lixo no Brasil

aumentou em função do crescimento populacional e, com isso, as cidades

começaram a apresentar dificuldades para implantar, coordenar e gerenciar os

resíduos gerados de modo sustentável. O gerenciamento desses resíduos de

forma incorreta compromete a qualidade de vida da população, pois, podem

causar enchentes por entupimento de galerias pluviais, contaminam o solo por

serem depositados em áreas preservadas sem as devidas precauções e a

emissão de gases tóxicos pela queima indevida. Por estes motivos, foi instituída

a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), que se refere ao

gerenciamento, em âmbito nacional, de resíduos sólidos, inclusive os materiais

perigosos.

2.2 Logística Reversa

A logística reversa é considerada uma das áreas da logística tradicional,

onde a responsabilidade pela destinação correta para o descarte dos produtos é

o próprio fabricante. Na logística tradicional, essa responsabilidade termina

quando os produtos comercializados chegam ao seu consumidor final

(PEREIRA; BARTHOLOMEU; TADEU; SILVA E CAMPOS, 2012).

O Ministério do Meio Ambiente (2016) destaca a importância da Logística

Reversa (LR) como um dos instrumentos de controle, pautando o quanto definido

no Art. 3º, inciso XII da PNRS.

O instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (PNRS, 2016, p?).

Para Leite (2009), a Logística Reversa é a área da Logística Empresarial

que organiza e controla as informações e o fluxo de logísticas correspondentes

ao retorno dos produtos de pós-consumo a um novo ciclo de negócios ou de

produção, por meio de canais de distribuição reversos, agregando a esses

Page 21: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

21

produtos, valores de diversas naturezas, como: econômico, ecológico, legal,

entre outros.

A atividade de logística reversa é o resultado das elevadas e constantes

inovações tecnológicas, que têm como objetivo a otimização do uso de matérias-

primas primárias e do crescente número de consumidores mais conscientes do

uso ecologicamente correto desses materiais. Sendo assim, a logística reversa

é uma importante ferramenta em uma organização por tornar possível a

eficiência e sustentabilidade nos trabalhos de recuperação de equipamentos,

como a diminuição no impacto ambiental, com a redução do descarte desses

materiais (LAVEZ, SOUZA e LEITE, 2011).

Os produtos de pós-consumo são aqueles materiais, que, encerrada a sua

utilidade original, regressam ao ciclo produtivo e, podem ser classificados em

três subsistemas reversos: os canais reversos de reuso, de remanufatura e de

reciclagem (LEITE, 2009). I. Canais Reversos de Reuso: São produtos com

estado de vida em condições de uso. II. Canal de Remanufatura: São produtos

que podem ser reaproveitados, com a utilização de partes de outros

equipamentos com a mesma finalidade, através da substituição de alguns

componentes. III. Reciclagem: Este é o canal onde acontece a revalorização

dos materiais que constituem os produtos descartados que, após serem

retirados, são novamente transformados em matérias-primas para a produção

de novos equipamentos.

O processo de logística reversa consiste no retorno dos produtos

descartados, com pouco ou nenhum uso, à empresa fabricante. Esse retorno

pode ser ocasionado pelo aparecimento de defeitos, avarias de transportes,

entre outros. Além disso, podem estar relacionados aos processos comerciais

das empresas, como erros de pedidos, estoques obsoletos, entre outros (LEITE,

2009).

A logística reversa também pode ser feita por qualquer empresa que se

interessar pela realização dessa atividade, mesmo que não seja o fabricante.

Para tal, deve ser estudado o processo de destinação tomando devidos cuidados

com quem vai receber os produtos, evitando o descarte de forma inadequada

após o fim da sua vida útil, colocando-o novamente na cadeia produtiva,

reduzindo exploração dos recursos naturais e diminuindo custos com aquisição

de matéria-prima (CAUMO e ABREU, 2013).

Page 22: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

22

Para a aplicação correta da logística reversa, o Ministério do Meio

Ambiente (2013), alerta que é necessário um acordo setorial de natureza

contratual entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores e

comerciantes, tendo por objetivo a implantação da responsabilidade

compartilhada sob o ciclo da vida dos produtos e que, sem esse acordo prévio e

o conhecimento local, regional ou nacional, o planejamento e ações adotadas

poderão ser inadequados e os benefícios da gestão de resíduos sólidos não

serão eficientes, podendo acarretar maiores prejuízos ambientais, econômicos

e sociais.

O PNRS cumpre a função precípua de apontar para a responsabilidade

das organizações em instituir o processo logístico reverso, como também

estabelece a integração dos municípios na gestão do lixo. Nesse contexto, as

empresas produtoras de eletroeletrônicos devem planejar a devolução,

reciclagem e destinação adequada desses materiais. Caberia às indústrias a

retirada desses produtos, por meio de um sistema logístico junto aos

comerciantes. Observe-se que o PNRS determina que os comerciantes devem

colocar à disposição dos consumidores locais específicos para a devolução

desses itens. Deste modo, podemos inferir que o compartilhamento de

responsabilidades é o ponto de partida para que a logística reversa funcione no

nosso país (VG RESÍDUOS, 2017).

2.3 Logística Reversa e o Lixo Eletrônico

Os equipamentos eletroeletrônicos e de informática são classificados

como bens duráveis por apresentarem uma condição de vida útil que dura, em

média, alguns anos e até algumas décadas (LEITE, 2009). Contudo, esses bens

duráveis são compostos por vários componentes com durações diferentes, e que

podem ser substituídos ao longo da vida útil, criando fluxos reversos em canais

próprios. Assim sendo, as organizações poderiam realizar a logística com

produtos fabricados por elas ou por outras organizações, como forma de

reutilizar o máximo de equipamentos ou produtos obsoletos (PARAÍSO,

SOARES e ALMEIDA, 2009).

Uma grande parte da disponibilização de produtos para a logística reversa

é causada, entre outros motivos, por obsolescência tecnológica ou defeito de

funcionamento, pelo status de aquisição de um produto mais moderno, por

acidentes no transporte do bem, onde os consumidores se desfazem destes

Page 23: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

23

bens por meio de sistemas reversos em coletas informais ou através de doações

(LEITE, 2009).

Se faz necessário um papel mais efetivo por parte do governo com relação

à fiscalização dos produtos que possuem na sua composição materiais tóxicos

e metais pesados, na determinação da aplicação de mecanismos de logística

reversa e fomento à reutilização desses materiais, bem como ações que alertem

a população da importância da destinação adequada desses produtos por parte

das empresas, e estudos de redução de custos que tornem a prática mais

acessível (PARAÍSO, SOARES e ALMEIDA, 2009).

Um dos maiores entraves da logística reversa aplicada ao lixo eletrônico

é o alto custo correlato à uma adequada destinação, além de ser uma classe de

resíduos pulverizada em todo o país, acrescendo-se o problema das longas

distâncias, o que torna a coleta difícil e inviável economicamente (VIEIRA,

SOARES e SOARES, 2009; LAVEZ, SOUZA e LEITE, 2011).

2.4 Reciclagem do Lixo Eletrônico

De forma geral, reciclagem é um canal reverso de revalorização, em que

os materiais que fazem parte dos produtos descartados são extraídos e se

transformam em matérias-primas que serão reutilizadas na fabricação de novos

produtos (LEITE, 2009). Ampliando essa definição, Novaes (2011) cita que a

reciclagem prolonga a vida das fontes de bens naturais esgotáveis e reduz o

volume de resíduos, a saturação rápida dos aterros sanitários e promove a

geração de empregos; sendo tudo isso, parte de um processo mais abrangente

do gerenciamento de resíduos, que envolve quatro fases: coleta e transporte do

material; separação e limpeza; reprocessamento e fabricação de novos produtos

e comercialização dos novos produtos.

Para o Paraná Portal (2018), o descarte correto é de grande importância,

tanto para o processo da reciclagem que chega a movimentar cerca de R$ 12

bilhões por ano quanto para a preservação ambiental e, consequentemente, a

saúde da comunidade. No Brasil, ainda são desperdiçados R$ 8 bilhões pelo não

reaproveitamento de resíduos que são enviados aos lixões e aterros sanitários.

De acordo com ONUBR (2017), além de causar benefícios ou a saúde e ao meio

ambiente, podem ser criadas oportunidades econômicas por meio da reciclagem

de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, apenas recuperando os minérios

e materiais valiosos como o cobre, prata e ouro que fazem parte da composição

Page 24: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

24

desses produtos. Para isso, será necessário investir em tecnologias próprias que

possibilitem a separação desses materiais (ECYCLE, 2016).

O processo de reciclagem do lixo eletrônico começa com a coleta e

triagem dos equipamentos descartados, quando são separados os materiais ou

equipamentos que ainda possuem condições de uso, daqueles que não

possuem condições de reaproveitamento. Em seguida, esses equipamentos são

desmontados para a separação das carcaças plásticas e metálicas, bateria,

vidros e placa de circuito, dando-se a destinação adequada a cada uma dessas

partes, segundo a eCycle (2016):

a) Carcaça: após separada por material, pode ser triturada de acordo com

a sua densidade, e ser vendida para empresas que utilizem esses polímeros. Os

materiais tóxicos devem ser acondicionados em tanques específicos e enviados

às empresas especializadas.

b) Baterias: devem ser separadas e enviadas a empresas de reciclagem

ou de descarte adequado para esse tipo de produto.

c) Vidros: devem ser separados de acordo com suas características; tanto

a tela de celular quanto os monitores, pois, dependendo da sua aplicação,

contêm substâncias diferentes como o chumbo ou arsênio; como também,

passar por trituração e tratamento, para serem vendidos como matéria-prima.

d) Placas de circuito impresso: O Brasil não possui tecnologia adequada

para reaproveitamento desse material. Nesse caso, são enviadas para países

que realizam esse tipo de serviço.

Em conformidade com o PNRS (MMA, 2012), a reciclagem pode ser

considerada o método mais vantajoso para se destinar os resíduos eletrônicos,

pois é possível economizar matéria-prima, energia, água, entre outros insumos.

Além disso, evita a extração de recursos naturais e a contaminação ambiental,

reduzindo também os custos de produção e gerando empregos.

Page 25: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

25

3 MATERIAL E MÉTODO

A princípio, foi pesquisado nos registros do setor de patrimônio do IFAL

campus Maceió, quais os principais motivos registrados nas solicitações que

ocasionaram a devolução e/ou a renovação dos equipamentos eletrônicos de

informática no campus investigado.

A pesquisa teve um caráter quantitativo, em função do levantamento dos

dados relativos aos registros de equipamentos eletroeletrônicos oriundos de

laboratórios técnicos do campus e que, por sua vez, foram destinados ao

processo de desfazimento de bens realizado no ano de 2010 e o processo em

andamento para desfazimento em 2020, contendo o volume de material a ser

descartado. É importante salientar que esses foram os únicos registros de

desfazimento encontrados na Unidade investigada.

Considere-se, ainda, o perfil qualitativo dos equipamentos, quando foi

levado em conta o estado de conservação e funcionamento, onde são

observados problemas originados por desgastes mecânicos de peças, e avarias

causadas por impactos em decorrência da utilização nos laboratórios de aulas

práticas, ou apenas a obsolescência induzida, quando estão em condições de

uso e são substituídos por novos modelos mais eficientes e modernos.

3.1 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada no campus Maceió, do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnológica de Alagoas – IFAL. Localizado na cidade de

Maceió, capital do Estado de Alagoas. O campus Maceió foi escolhido para a

pesquisa por ser o mais antigo da rede federal no estado e, por ter

aproximadamente 25% do total de funcionários do Órgão, incluindo docentes e

funcionários administrativos, atendendo a alunos nos três horários de

funcionamento e cursos de nível médio/técnico e superior tecnológico, sendo,

assim, a maior representação dentre as unidades de ensino da rede federal

implantada no estado de Alagoas. A escolha pelo local do objeto de estudo se

justifica por ser o campus Maceió o mais antigo, e o maior em número de

funcionários, alunos e cursos oferecidos, e ainda pela facilidade de acesso aos

dados necessários à pesquisa. Assim, ao analisar a problemática do descarte

dos REEE na instituição, esta pesquisa também contribui para a compreensão

de práticas organizacionais voltadas ao descarte desse tipo de resíduo,

sugerindo proposta de ação que pode ser adotada para a realização de uma

Page 26: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

26

forma de descarte adequada aos resíduos eletroeletrônicos gerados pelo

campus, servindo de base para aplicação nos outros campi do IFAL.

3.2 Levantamento de equipamentos eletrônicos

A pesquisa foi embasada em observações do atual processo de descarte

existente, consultas e análises realizadas em arquivos e registros dos processos

de desfazimento encontrados no Departamento de Patrimônio, responsável pela

baixa patrimonial dos equipamentos eletrônicos devolvidos pelas

coordenadorias de cursos e Departamentos de Informática, bem como em

registros administrativos acerca dos motivos e regras internas, periodicidade e

metodologias adotadas no processo de desfazimento desses equipamentos

eletrônicos, com o intuito de identificar características e peculiaridades do

processo de reuso e/ou descarte dos resíduos eletroeletrônicos no campus

Maceió, bem como sugerir algumas medidas que venham a melhorar a

realização deste processo. A proposta desse trabalho surgiu do interesse em

investigar, na instituição pública em que leciono, o tratamento dado ao processo

de desfazimento e descarte de resíduos eletroeletrônicos. Caso existisse esse

processo, pensamos em descrevê-lo e, não existindo, encontrar gargalos para

propor melhorias. Ademais, apesar do campus Maceió, inaugurado no ano de

1937, ter 83 anos de história, constatamos que houve apenas algumas iniciativas

ocasionais de reaproveitamento de alguns equipamentos, sem registros formais

nem trabalhos desenvolvidos na instituição voltados para as práticas do

reaproveitamento e/ou descarte de equipamentos eletroeletrônicos.

3.3 Análise dos Dados

Foi constatado que a instituição pública analisada utiliza um número

expressivo desses equipamentos em suas áreas administrativas e de ensino

como salas de aulas e laboratórios técnicos dos quais, muitos estavam sem

possibilidade de utilização nesses laboratórios por apresentarem defeitos de

funcionamento. Embora haja alguma aplicação de técnicas de logística reversa,

sendo praticada no Órgão, foi demonstrado resultado satisfatório no tocante a

recuperação desses equipamentos, proporcionando uma redução na geração de

resíduos eletrônicos e a criação de mais um espaço para realização de aulas

práticas, o que motivou um grande interesse dos colaboradores dessa pesquisa,

acerca da problemática desse estudo.

Page 27: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse capítulo apresenta as informações coletadas por meio de pesquisa

de dados realizada no Departamento de Patrimônio do campus Maceió do

Instituto Federal de Alagoas, o que proporcionou uma visão geral sobre a

questão do que estava sendo investigado, permitindo, dessa forma, propor

medidas que venham sugerir mecanismos que auxiliem no reaproveitamento e

descarte adequado dos resíduos eletroeletrônicos gerados pela instituição.

4.1 Equipamentos eletroeletrônicos e coleta desses equipamentos no

IFAL

A princípio, foi pesquisado nos registros do Departamento de Patrimônio

do IFAL campus Maceió, quais os principais motivos que ocasionaram a

devolução e/ou a renovação dos equipamentos eletrônicos de informática nesse

campus. Foi constatado, de forma geral, que os equipamentos são devolvidos

por motivo de danos, uso indevido, obsolescência e defeitos diversos.

A partir das informações obtidas nas consultas aos arquivos do

Departamento de Patrimônio, foi identificado que a maioria dos equipamentos

eletroeletrônicos são equipamentos de informática como monitores e Unidade

Central de Processamento (CPU), além de condicionadores de ar, televisores e

instrumentos eletrônicos de medidas. O campus Maceió não tem programa de

coleta de equipamentos eletrônicos oriundos da comunidade, no entanto, o

Departamento de Patrimônio, recebe todo tipo de equipamento devolvido pelos

demais setores do Órgão quando estes não servem mais aos objetivos de

departamento de origem.

É importante salientar a necessidade do comprometimento da

Administração Pública no fomento à execução de práticas sustentáveis, sendo

responsável por gerenciar todo resíduo sólido gerado pelo Órgão, conforme

sugere o Ministério do Meio Ambiente (2013), oferecendo condições adequadas

para a realização da coleta, armazenamento e transporte, identificando aspectos

complicadores e facilitadores com o objetivo de formular estratégias mais

eficientes, quando necessário.

Desse modo, observa-se que o Instituto Federal de Alagoas - IFAL - não

está exercendo adequadamente o seu papel, no que se refere ao recolhimento

de equipamentos eletroeletrônicos, levando em consideração que este tipo de

resíduo sólido tende a crescer a cada ano, devido à obsolescência acelerada

Page 28: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

28

desse tipo de equipamento. Com isso, se faz necessária, ainda mais, a adoção

de práticas que possibilitem o reaproveitamento desses equipamentos

eletroeletrônicos.

4.2 Acondicionamento de eletroeletrônicos no Campus Maceió

Quando os equipamentos eletrônicos se tornam inservíveis, obsoletos,

ou mesmo onerosos para um determinado departamento, fica a cargo da Chefia

deste enviá-lo para o Departamento de Patrimônio, o que, na maioria das vezes,

por motivo da falta de espaço suficiente e adequado para armazenamento, isso

não acontece.

Pode-se verificar que o depósito do Departamento de Patrimônio não

serve exclusivamente ao armazenamento de equipamentos eletrônicos; e, sim,

para todos os bens servíveis patrimoniados pertencentes ao campus como birôs,

estantes, cadeiras, carteiras etc., que têm condições de serem doados ou

inservíveis do campus Maceió, são armazenados no mesmo depósito.

Foi constatado que o depósito dos equipamentos armazenados para

descarte não é feito de forma adequada. Observamos que monitores de tubos,

do tipo Tubo de Raios Catódicos (CRT), que possuem um alto nível de chumbo

na sua composição e um alto grau de contaminação, são acondicionados por

sobreposição. Sem critérios de separação, não é possível identificar quais

equipamentos estão ou não funcionando, e, correm o risco de serem danificados

por quedas, o que dificulta a aplicação do mecanismo de reutilização adotado

pela logística reversa.

Figura 1. Sala de armazenamento de bens inservíveis

Fonte: O Autor (2018)

Page 29: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

29

A ausência de um local para a realização de armazenamento exclusivo e

adequado para os resíduos eletrônicos, onde muitos deles são danificados

enquanto estão guardados, torna-se um grande obstáculo para o

reaproveitamento de equipamentos ou parte desses ou, até mesmo, para a

realização de um descarte ambientalmente correto, sendo que esse espaço

facilitaria o processo de triagem dos equipamentos (PAIVA; SERRA, 2014), ou

seja, facilitaria a separação dos equipamentos que oferecem condições de

serem recuperados, tornando maior, com sua reutilização, o ciclo de vida desses

equipamentos.

Sendo assim, e com base nos arquivos de memorandos pesquisados,

observou-se que os motivos incentivadores da substituição de equipamentos

eletrônicos e de informática inservíveis são ocasionados, principalmente, pelas

inovações tecnológicas que tornam esses equipamentos obsoletos e, em muitos

casos, onerosos ao departamento, pelo alto custo de reparação desses

equipamentos. Tais fatores contribuem para o aumento na produção do lixo

eletrônico que, muitas vezes, torna a substituição mais vantajosa do que a

atualização com novas peças.

A pesquisa constatou que não existe uma periodicidade específica para

renovação desse tipo de equipamento, a qual depende da demanda e da

disponibilidade de novos equipamentos. As diversas secretarias, departamentos,

laboratórios técnicos e salas de aula que compõem o espaço físico do IFAL são

os locais de utilização desses equipamentos. Quando os equipamentos

quebram, ficam obsoletos ou mesmo viram sucata, esses setores solicitam ao

departamento de patrimônio a reposição desses equipamentos. Caso esse

equipamento exista e/ou não esteja sendo utilizado em outro setor, o mesmo é

remanejado para atender ao setor solicitante, caso contrário, inicia-se um

processo de compra de novos equipamentos. Por outro lado, dependendo da

situação ou finalidade em que o equipamento está inserido, ele poderá ser usado

até o limite de sua vida útil.

Esses equipamentos são considerados bens duráveis compostos por

vários componentes com diferentes prazos de validade e que podem vir a ser

substituídos e/ou recuperados no decorrer de sua vida útil (LEITE, 2009), o que

explica o fato de não ocorrer uma periodicidade específica para renovação de

equipamentos eletrônicos na unidade investigada.

Page 30: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

30

Quanto ao descarte desses aparelhos, apenas os cuidados institucionais

são aplicados a estes materiais. O Decreto n°99.658, de 30 de outubro de 1990,

Decreto n° 6.087 de 20 de abril de 2007 e a Instrução Normativa n°205 de 8 de

abril de 1988 SEDAP tratam desse tema, porém, não estão definidos padrões

para o procedimento de descarte por ocasião do envio desses equipamentos

para um destino final. Para o desfazimento de um bem durável ou permanente

no IFAL, é necessário que se abra um processo para baixa no patrimônio, cujo

destino geralmente é a doação. Por se tratarem de organizações públicas, os

aparelhos são enviados ao setor de Patrimônio, onde são avaliados e, os

aparelhos considerados sucatas são armazenados para posterior venda em

leilões públicos a empresas especializadas nesse tipo de material. Sendo assim,

foi constatado que a instituição não tem políticas voltadas para a problemática

do lixo eletrônico, permanecendo guardados, armazenados à espera de

oportunidades para que seja determinado seu destino final.

Uma das premissas da logística reversa é estabelecer canais de

comunicação entre as empresas e seus usuários, facilitando o acesso às

informações sobre o destino final dado aos seus equipamentos (VIEIRA,

SOARES e SOARES, 2009). Verificou-se nas unidades investigadas, que não

existe essa conexão, pois o fornecedor não tem acesso à destinação final dada

pelo IFAL a seus produtos. Com isso, podemos afirmar que as unidades

investigadas não fazem uso da atividade de logística reversa.

Como já foi citado, não existe uma periodicidade para a realização de

processos de desfazimento, doação ou liberação desses materiais a instituições

ou empresas de reciclagem, no entanto, durante a realização deste trabalho, foi

localizado nos arquivos a documentação do último processo de desfazimento,

realizado no período de 06 a 20 de julho de 2010. Tal processo culminou num

termo de desfazimento de bens inservíveis do campus Maceió do Instituto

Federal de Alagoas, onde se constata a realização de doação para entidades

filantrópicas do montante de material e equipamentos eletrônicos, cuja

quantidade está demonstrada na figura 02.

Page 31: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

31

Figura 2 - Dados relativos ao desfazimento 2010

Fonte: Dados do Departamento do Patrimônio Campus Maceió (2010)

A partir das informações obtidas nas consultas de arquivos do

Departamento de Patrimônio, foi possível observar que a maioria do material

eletrônico devolvido para descarte dentro do campus Maceió é oriundo da área

de informática, como monitores e Unidade Central de Processamento (CPU),

além de condicionadores de ar, televisores e instrumentos eletrônicos de

medidas de laboratórios, como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 3 - Equipamentos descartados por áreas no campus Maceió

Fonte: Departamento de Patrimônio campus Maceió (2010)

Page 32: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

32

Figura 4 - Percentual de equipamentos descartados entre áreas

Fonte Departamento de Patrimônio campus Maceió (2010)

Com relação ao elevado número de equipamentos de informática, tal fato

pode ser atribuído às inovações tecnológicas ocorridas no período, ocasionando

a substituição dos dispositivos de saída, como monitores de computador que

utilizam a tela de tubo de raios catódicos CRT por monitores de tela de cristal

líquido LCD, e computadores por máquinas com maior capacidade de memória

e velocidade de processamento.

Ao final de 2019, um novo processo de desfazimento foi iniciado, o qual

encontra-se ainda em realização, onde espera-se que, com a conclusão dos

trabalhos, seja possível detectar a quantidade de resíduos gerados neste

período de aproximadamente 10 anos.

Com o início da realização desse novo processo de desfazimento, não foi

possível o acesso às informações referentes à quantidade de equipamentos a

serem descartados, pois, só após análise e parecer técnico acerca do estado de

conservação e funcionabilidade desses equipamentos é que eles são liberados

para descarte ou para reuso em outros setores da própria instituição. Esta

disponibilidade fica pendente até mesmo para uso em outros órgãos, como

sugere o programa Reuse, do governo federal, onde, através de um cadastro

nacional, ficam expostos e à disposição das entidades públicas ou privadas que

podem solicitar, sem ônus para a união, a doação desses equipamentos.

No entanto, foi possível apurar, através de pesquisa em relatórios gerados

pelo departamento de patrimônio do campus, a relação dos equipamentos que

foram enviados à comissão para análise e realização do processo de

desfazimento e, através de laudo técnico, serem liberados ou não para o

descarte. O gráfico abaixo mostra o quantitativo encontrado no relatório

fornecido pelo setor de patrimônio do campus Maceió.

Page 33: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

33

Figura 5 - Resultado relativo ao desfazimento 2020

Fonte: Dados do Departamento de Patrimônio Campus Maceió (2020)

Fazendo um comparativo entre os dois processos de desfazimento,

podemos concluir que, em todos os casos, houve diminuição nos níveis de

descarte. Isso se deve às formas de gerenciamento dadas a cada uma das

classes de materiais aqui apresentadas, pois a pesquisa baseou-se no material

patrimoniado, e que se encontra em processo de descarte, sendo assim, não

foram considerados equipamentos em pleno funcionamento e uso, nem

equipamentos adquiridos por meio de contratos de locação, como impressoras,

e nem materiais que, por convenção, deixaram de ser bens permanentes e

passaram a ser bens de consumo, como teclados para computadores.

Page 34: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

34

Figura 6 - Comparativo do desfazimento dos anos 2010 e 2020

Fonte: Dados do Departamento de Patrimônio Campus Maceió (2010;2020)

Conforme o exposto no gráfico, que traduz resultados conseguidos com

a realização deste trabalho, verificou-se quais os principais equipamentos ou

componentes eletrônicos descartados pelo campus do Instituto. Com isso,

pudemos detectar que foram descartados, no período, um grande número de

computadores e periféricos como teclados, mouses, monitores, estabilizadores

e CPUS. Constituídos por partes móveis, muitos poderiam ter sido recuperados

com a reposição dessas partes e reaproveitados, prolongando sua servibilidade

para a entidade.

4.3 Práticas de incentivo ao reaproveitamento de equipamentos

componentes e peças eletrônicas no Campus

As instituições de ensino são espaços comunitários e abertos que visam

o desenvolvimento de atividades voltadas para a educação e a prática do

desenvolvimento sustentável. Com isso, tentou-se identificar a existência de

alguma ação com práticas que viessem incentivar a reciclagem dos

Equipamentos Elétricos e Eletrônicos. No entanto, constatou-se que não

existiam ações voltadas à execução de trabalhos relacionados a práticas nesse

sentido, com execução de alguns trabalhos realizados pelo Departamento de

Tecnologia da Informação que, na medida do possível, dão suporte técnico na

solução de alguns problemas relacionados a essa área.

Page 35: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

35

Por tais motivos e, com o intuito de atender aos propósitos da pesquisa

no tocante ao reaproveitamento e ao descarte de resíduos oriundos de

equipamentos e componentes eletroeletrônicos e de informática no instituto

Federal de Alagoas, foi constatado que não existem ações aplicadas ao descarte

deste tipo de material na instituição. Com isso, foram investigadas práticas já

adotadas e que estão sendo aplicadas em outras Instituições de Ensino do país,

para servirem de modelo nas ações a serem implantadas nos Campi do IFAL,

tornando possível a destinação dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos

de forma adequada.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por exemplo,

reaproveita peças de equipamento inservíveis, onde as partes e peças são

retiradas e guardadas para serem usadas na recuperação futura de outros

equipamentos. Foram inseridas, nos processos de licitação, exigências da

utilização de técnicas sustentáveis por parte dos fornecedores para compra de

novos equipamentos eletrônicos. No caso da aquisição de novos computadores,

essa fica condicionada à autorização de uma Superintendência Técnica do

campus, justificando a real necessidade, tornando mais racional esse

procedimento (SANTOS; 2018).

Por ocasião do início desta pesquisa, foi realizado um programa de

estágio aplicado no curso técnico em eletrônica do campus Maceió do Instituto

Federal de Alagoas, objetivando a conscientização dos alunos envolvidos sobre

um adequado reaproveitamento e descarte correto de equipamentos eletrônicos

com avarias, utilizando-se das técnicas de logística reversa e economia circular

para o reaproveitamento desse material na manutenção de equipamentos

defeituosos dentro da coordenação do curso. Alunos orientados por professores

executaram manutenção de equipamentos danificados em laboratórios que

seriam destinados ao departamento de patrimônio para a devida baixa

patrimonial e consequente descarte. Foi feito um levantamento da quantidade de

equipamentos defeituosos onde, a princípio, foi feita a contagem de cada tipo de

instrumento e depois pesagem de cada equipamento para se saber o peso total

de resíduo, independente do material que seria descartado, e a contribuição por

categoria de equipamento, a qual está demonstrada no quadro abaixo.

Page 36: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

36

Quadro 3 - Total de equipamentos defeituosos a serem descartados no curso de eletrônica

Item Equipamento danificado Quantidade Kg

1 Osciloscópio 14 130

2 Multímetro de campo e bancada 18 13,5

3 Fontes de alimentação 24 127

4 Gerador de função 02 8

5 Unidade Central de Processamento CPU 03 34,5

6 Scanner (digitalizador) 01 3,5

Total de equipamentos a ser descartado 62 316,5

Fonte: O Autor (2020)

Com a execução dos serviços de manutenções corretivas realizados num

período de seis meses entre 2018 e 2019, por um aluno do curso com

acompanhamento de um professor supervisor e, um outro professor orientador

desse estágio, conseguiu-se recuperar vários equipamentos, os quais

retornaram em perfeito estado de funcionamento. Com o retorno desses

equipamentos ao uso, foi possível montar mais um laboratório de aulas práticas,

onde antes faltava espaço físico adequado para a realização dessas aulas.

O quadro 04 demonstra a quantidade de equipamentos recuperados e a

quantidade de lixo que deixou de ser gerado pelo reaproveitamento dos

equipamentos para uso em laboratório de aulas práticas.

Quadro 4 - Total de equipamentos recuperados no curso de eletrônica

Item Equipamento recuperados Quantidade Kg

1 Osciloscópio 11 103

2 Multímetro de campo e bancada 18 13,5

3 Fontes de alimentação 20 111

4 Gerador de função 02 8

5 Unidade Central de Processamento CPU 03 34,5

6 Scanner (digitalizador) 01 3,5

Total de equipamentos recuperados 55 273,5

Fonte: O Autor (2020)

Quando algum equipamento apresentava um problema que, seja pela

complexidade ou, mesmo, por falta de peças no mercado, pelo avançado tempo

Page 37: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

37

de fabricação desses equipamentos, os torna inservíveis, são sacrificados para

reaproveitamento de peças e componentes. Nesses casos, tendo como base a

técnica da logística reversa, tais equipamentos são desmontados e suas partes

abastecem um almoxarifado técnico para fornecimento de peças de reposição

para equipamentos que apresentem defeito no futuro.

O quadro 05 mostra a quantidade de equipamentos que não puderam ser

recuperados, mas que, mesmo assim, tiveram destino controlado, evitando-se

gerar lixo eletrônico a ser descartado.

Quadro 5 - Total de equipamentos reservados para reaproveitamento de peças no curso de eletrônica

Item Equipamento recuperados Quantidade Kg

1 Osciloscópio 3 27

2 Multímetro de campo e bancada 4 16

Total de equipamentos para reaproveitamento de peças 7 43

Fonte: O Autor (2020)

Com isso, podemos observar que, após o experimento, os equipamentos

que não foram reaproveitados nos laboratórios foram destinados ao desmonte

para fornecimento de peças de reposição e, podemos afirmar que o total de lixo

eletrônico a ser descartado foi 0,0kg.

Através da pesquisa, constatou-se que, mesmo havendo o

reconhecimento da eficiência das técnicas utilizadas e a necessidade de se

implantar tecnologias como a logística reversa na manutenção de funcionamento

dos equipamentos eletroeletrônicos e de informática do Instituto Federal de

Alagoas, esse procedimento não é realizado de forma sistemática pela

instituição pública investigada.

4.4 Fatores que inibem ou promovem o processo de Logística Reversa

para o descarte dos equipamentos eletroeletrônicos no Campus

O principal empecilho para a adoção dessas tecnologias seria a falta de

uma resolução que formalize a realização desse tipo de trabalho de manutenção,

e que também realize de forma regular a coleta, segregação e destinação desses

materiais, após o desfazimento para envio aos departamentos responsáveis

para doações, leilão ou devolução aos fabricantes que são os responsáveis finais

desses resíduos.

Page 38: O VÓRTICE DO LIXO ELETRÔNICO NO INSTITUTO FEDERAL DE

38

Conforme a pesquisa foi avançando constatou-se, através da fala do

responsável pelo setor de Patrimônio, e que, posteriormente foi confirmado por

representantes de Departamentos de Patrimônio de outros campi, que as

maiores dificuldades em se realizar um trabalho com logística reversa de

resíduos eletrônicos no IFAL é o número de tombamento dos bens e a

disponibilidade dos funcionários para executar os procedimento necessários

para o cancelamento dos bens do sistema de controle, possibilitando a liberação

destes para que possam ser leiloados ou até mesmo doados a instituições

filantrópicas ou estações de reciclagem.

Algumas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas pelos próprios

gestores que, adotando procedimentos e normas para gestão dos equipamentos

eletroeletrônicos, definiriam cronograma para desfazimento de patrimônio,

facilitando, assim, o processo de reaproveitamento, reciclagem, doações

(RIBEIRO, 2017).

Com isso, ficou constatado que, dentro do campus Maceió, há uma

necessidade de adoção de mecanismos que possibilitem a adoção de práticas

relacionados à logística reversa, por outro lado, notou-se um interesse dos

gestores do IFAL em buscar soluções para a destinação desses resíduos

eletrônicos. Assim sendo, o Instituto Federal de Alagoas criou uma comissão

para elaboração de um Plano de Gerenciamento Ambiental, que tem o objetivo

de minimizar os efeitos negativos causados por estes equipamentos ao Meio

Ambiente devido ao descarte inadequado dos resíduos eletrônicos. Pois,

pertence às universidades e instituições de ensino a responsabilidade de

gerenciar os resíduos sólidos gerados por estas instituições, dando um destino

correto a esses resíduos (NATUME et. al., 2011).

Assim sendo, algumas instituições de ensino superior adotaram medidas

que minimizaram os impactos que o e-lixo por elas gerado causaria ao Meio

Ambiente. Um exemplo disso é a Universidade de São Paulo (USP), pioneira no

país no trato de resíduos eletroeletrônicos em instituições de ensino superior,

que implantou, em 2009, um centro de tratamento para resíduos

eletroeletrônicos. Outro exemplo é o Instituto Federal Fluminense (IFF), que vem

reaproveitando peças e equipamentos recondicionados para serem usados em

laboratórios de informática e de eletrônica (SANTOS, 2018). O quadro abaixo

resume as principais medidas adotadas em algumas universidades, com o

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objetivo de melhor gerenciar os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos

produzidos dentro da instituição.

Quadro 6 - Medidas adotadas para descarte dos REEE

Universidade Federal do ABC

Recondiciona e distribui equipamentos para outros setores onde haja demanda - as peças que não servem são encaminhadas para os Centros de Recondicionamento e depois destinado às instituições cadastradas

Universidade Federal de Minas Gerais

A coleta do lixo eletrônico fica a cargo de empresas terceirizadas. As unidades solicitam o recolhimento ao Departamento de Gestão Ambiental.

Fonte: Adaptação da tabela de Matos (2018)

Foi constatado que, em alguns casos, em função do tamanho de alguns

equipamentos, como aparelhos condicionadores de ar, por não haver local com

espaço suficiente para abrigá-los, estes ficavam amontoados em locais abertos

e em contato com o solo, sem nenhuma proteção, enquanto aguardavam o

trâmite do processo de desfazimento. Como podemos observar na figura 07, a

princípio, o impacto é visual, contudo, o acúmulo de lixo atrai animais

peçonhentos e roedores e, por se tratar de lixo eletroeletrônico há, ainda, o risco

de impacto ambiental poluente, por possuírem componentes, partes e peças que

atuam na contaminação do lençol freático e rios.

Figura 7 - Acúmulo de máquinas em local inadequado

Fonte: O Autor (2018)

A falta de um local adequado para o armazenamento dos resíduos

eletrônicos é um grande obstáculo para o descarte ambientalmente correto,

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sendo que um espaço adequado facilitaria o processo de triagem dos

equipamentos (PAIVA; SERRA, 2014), ou seja, agilizaria a etapa de separação

dos equipamentos que podem ser recuperados, aumentando, assim, o seu ciclo

de vida com a reutilização.

Assim como acontece em outros Institutos Federais, os equipamentos

eletrônicos que se tornam inservíveis, obsoletos, ou mesmo onerosos para um

departamento ficam a cargo de cada Chefe de Departamento, que devem enviá-

los para o almoxarifado do Departamento de Patrimônio, o que nem sempre

acontece, por não haver espaço suficiente para o armazenamento adequado,

onde tais equipamentos acabam dividindo espaço com os funcionários. Tal fato

poderia ser amenizado se esse processo de descarte fosse periodicamente

realizado, como acontece, por exemplo, na 13ª Companhia Comunicações

Mecanizadas da cidade de São Gabriel/RS, onde, segundo mostram dados da

pesquisa, com frequência são descartados os equipamentos eletrônicos daquela

unidade militar.

Quadro 7 - Periodicidade de descarte em Unidade Militar

A cada 6 meses

Uma vez por ano

A cada 2 anos

A cada 5 anos

Não costuma ser descartado

Monitores X

CPU X

Impressoras X

Copiadoras X

Roteadores X

Estabilizadores X

Telefones fixos X

TV X

DVD X

Notebook X

Teclados Mouses X

Fonte: Adaptação da Tabela da periodicidade aplicada 13ª Cia Com Mec de São Gabriel/RS (2016)

Contudo, em decorrência dos longos períodos, mesmo sendo elevado o

número de equipamentos eletrônicos obsoletos ou inservíveis, especialmente

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computadores e seus periféricos, onde tais equipamentos podem ser doados,

mesmo de forma aperiódica, ficou constatado que o armazenamento dos

equipamentos que apresentam possibilidades de reuso é feito de forma

adequada à uma gestão de qualidade, como pode ser visto na figura abaixo.

Figura 8 - Armazenamento de equipamentos para reuso

Fonte: O Autor (2018)

Sendo assim, uma grande parte de todo o equipamento eletrônico e de

informática que, por algum motivo, é devolvido ao Departamento de Patrimônio

está sendo armazenado em depósito específico até que haja uma determinada

quantidade de equipamentos que possam ser encaminhados para descarte,

após análise feita pela comissão de desfazimento do Instituto.

A principal forma de descarte dos equipamentos eletrônicos realizada

pelas instituições públicas de ensino é a doação, sendo estes resíduos

caracterizados por uma grande quantidade de equipamentos obsoletos, que

permanecem armazenados por muito tempo no depósito (PAES, 2015). Porém,

por não haver um processo de fiscalização por parte dessas instituições de

ensino, a doação não garante uma destinação final ambientalmente correta

(ANDRADE, FONSECA e MATTOS, 2010).

Em resumo, o cenário dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e

também dos materiais de informática nas Instituições Federais de Ensino é de

recondicionamento e reaproveitamento desses materiais nos diversos setores

das instituições. A prática do reaproveitamento garante a reutilização de

componentes e peças em outros equipamentos, prolongando sua vida útil.

Porém, não devendo ser a única medida adotada à realização para um descarte

adequado para esse tipo de material.

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Michele Matos (2018) sugere, em sua pesquisa, algumas ações

sustentáveis que podem vir a colaborar com um gerenciamento dos resíduos

eletroeletrônicos gerados pelas instituições de ensino. O quadro 08 abaixo

mostra as principais ações adotadas pela Universidade Federal de Sergipe para

gerenciamento de equipamentos eletroeletrônicos, dando a esse material uma

destinação ambientalmente adequada.

Quadro 8 - Proposta de Ação

Ação Meta Setor responsável

1. Montar equipe para gerenciamento dos REEE

Gerir ações voltadas ao descarte dos REEE

Núcleo de Gestão Ambiental e Divisão de Patrimônio

2. Levantamento dos equipamentos eletroeletrônicos do campus

Separar os equipamentos servíveis dos inservíveis

Divisão de Patrimônio

3. Cartilha de gestão de equipamentos eletroeletrônicos

Divulgar ações de sustentabilidade no campus

Núcleo de Gestão Ambiental e Pró-Reitoria de Planejamento

4. Manual de gestão de EEE para setores do campus

Facilitar o procedimento no momento de descartar os REEE

Núcleo de Gestão Ambiental e Pró-Reitoria de Planejamento

5. Determinar locais possíveis para acondicionar os REEE

Segregar os REEE dos demais bens

Divisão de Patrimônio e Pró Reitoria de Planejamento

6. Promover o processo de desfazimento

Maior celeridade ao processo de descarte dos EEE

Divisão de Patrimônio

7. Avaliar a possibilidades de reaproveitamento de peça

Proporcionar o aumento do ciclo de vida dos EEE com o conserto de Equipamentos

Núcleo de Tecnologia da Informação

8. Credenciar cooperativas com de reciclagem com experiência em REEE

Garantia de descarte ambientalmente correto

Núcleo de Gestão Ambiental e Pró-Reitoria de Planejamento

9. Fazer leilões direcionados REEE

Formação de lotes homogêneos de REEE

Divisão de Patrimônio

Fonte: Adaptado de Michele Matos (2018)

Esse plano poderia ser adotado como um instrumento a ser executado no

campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas. Contudo, o desempenho destas

ações depende de uma visão de gestão voltada à sustentabilidade ambiental,

social e econômica, dadas as possibilidades de reutilização que o resíduo

eletrônico oferece.

Com a realização desta pesquisa, constatou-se que as inovações

tecnológicas, sem dúvida, agilizam as atividades diárias da sociedade em geral,

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oferecendo facilidades, eficiência, praticidade e aplicabilidades inimagináveis;

contudo, é fácil notar que a vida útil desses equipamentos modernos é inferior

aos mais antigos. Tais fatores, aliados à portabilidade, unificam várias funções

em um só produto, da beleza do design à facilidade nos mecanismos de acesso

e substituição, que são responsáveis pelo aumento acelerado do consumo de

equipamentos eletrônicos, gerando a problemática da destinação correta desses

equipamentos que compõem o lixo eletrônico.

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5 CONCLUSÃO

O lixo eletrônico é uma questão que vem se tornando um grande

problema, que necessita de soluções adequadas que venham garantir a

proteção do meio ambiente e a qualidade de vida presente e de futuras

gerações.

O principal objetivo deste trabalho foi investigar a existência de atividades

realizadas dentro do IFAL Maceió que viessem a promover a redução da geração

de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e, averiguar qual o volume de

material descartado e os mecanismos utilizados para o reaproveitamento,

armazenamento e descarte desses materiais no Instituto Federal de Alagoas,

detectando e expondo possíveis problemas na execução desse processo, a fim

de propor um incremento convergente para o reaproveitamento e prolongamento

da vida útil dos equipamentos eletrônicos.

Através dessa pesquisa, pode-se concluir que a entidade educacional,

atualmente, estaria dando uma destinação final que não podemos considerar

adequada aos resíduos eletrônicos por ela gerado.

A problemática da geração de lixo eletrônico, bem como sua reutilização

na recuperação de outros equipamentos semelhantes, merece maior atenção

dentro do Instituto Federal de Alagoas, a fim de minimizar os efeitos causados

ao meio ambiente por este tipo de lixo. Como sugestão, seria oportuno, em

futuros estudos, a investigação em maior número de organizações públicas

similares, assim como averiguar o impacto financeiro proveniente da reutilização

desses materiais.

Para isso, podemos citar medidas que estão sendo tomadas, como a

criação de uma comissão de logística sustentável, cujo objetivo é elaborar regras

baseadas na AÇÃO Nº 12/2019 - SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, que

apresentou relatório de avaliação dos resultados da gestão, com o objetivo de

implementar e monitorar práticas de sustentabilidade no IFAL,

visando padronizar a forma de tratamento dada a todo lixo gerado pela instituição

em todas as suas unidades de ensino, incluindo o lixo eletrônico.

Outra medida seria a efetiva participação no programa reuse (reuse.gov),

decreto Nº 9.373, de 11 de maio de 2018, que dispõe sobre a alienação, a

cessão, a transferência, a destinação e a disposição final ambientalmente

adequadas de bens móveis no âmbito da administração pública federal direta,

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autárquica e fundacional, com a finalidade de integrar, as repartições públicas

de uma mesma região num cadastro, conectando quem tem a quem precisa,

onde são lançadas as disponibilidades de materiais e equipamentos destes

órgãos para serem utilizados por outros que tenham necessidade. Tais

sugestões seriam algumas das medidas adotadas pela instituição pública de

ensino, de modo a garantir a proteção do meio ambiente e a qualidade de vida

presente e de futuras gerações.

Toda reflexão sobre o rumo da civilização é válida, e serve para repensar

o fato de que as ações humanas precisam estar balizadas primordialmente pela

manutenção e sustentabilidade da vida neste planeta único, que reúne as

condições exatas para que seja possível nossa existência.

O ideal seria que soluções tecnológicas fossem pensadas e utilizadas

com mais critério, buscando, senão eliminar, ao menos minimizar aquilo que

geraria problemas para o futuro. A inteligência humana tem provado ser capaz

de feitos grandiosos, desde que pautada na responsabilidade e respeito aos

outros seres com os quais dividimos o espaço e dos quais somos

interdependentes.

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