Sob o influxo da Marcha para o Oeste, oriunda da política implementada por

Getúlio Vargas a fim de incentivar o povoamento do Centro-Oeste brasileiro, Goiânia

foi projetada para ser uma cidade moderna e fortalecer o desenvolvimento político-

econômico do Estado de Goiás. Assim, no dia 24 de outubro de 1933 foi inaugurada a

nova capital dos goianos que hoje conta com 1.400.00 habitantes, configurando-se no

cenário nacional numa cidade que se destaca por sua economia, indústria, medicina e

moda. No campo artístico vem se destacando desde 1942, com o seu batismo cultural,

que foi a realização de uma série conferências, exposições de obras de arte e recitais

durante todo o mês de julho.

Nessa perspectiva artístico-cultural, a direção da Orquestra Sinfônica de Goiânia

almeja realizar uma série de concertos na cidade com o intuito de homenageá-la por

ocasião do seu aniversário de 81 anos. Estes concertos se realizarão nos dias 22,23 e 24

de outubro nos seguintes locais: teatro Goiânia, teatro SESI e ao ar livre, num dos

parques de Goiânia ainda a ser definido.

Para esta série especial de concertos as obras a serem apresentadas foram

escolhidas de modo a coligar os três organismos musicais da Prefeitura de Goiânia,

quais sejam, Orquestra Sinfônica, Coro Sinfônico e Banda Marcial. Com isso em mente,

o repertório proposto englobará obras de renomados compositores dos diferentes

períodos da História da Música, destacando-se arias de operas, aberturas e peças

avulsas. Entre as obras selecionadas, que serão brevemente comentadas abaixo, estão

‘Invocação em Defesa da Pátria,’ ‘Cavalaria Ligeira,’ ‘Abertura 1812,’ Turandot,

Nessun Dorma, La Traviata e ‘Conzagueana.’

Composta em 1943, na cidade do Rio de Janeiro, em pleno fulgor estado-novista

de Getulio Vargas e a Segunda Guerra Mundial, Invocação em Defesa da Pátria, de

Heitor Villa-Lobos, é uma obra nacionalista que enaltece a nação brasileira e a nobreza

do seu povo. Com texto de Manuel Bandeira, e conhecida como ‘canto cívico-

religioso’, a obra foi escrita para soprano, coro e orquestra, sendo executada pela

primeira no dia 7 de setembro de 1943 sob a regência do próprio compositor. Assim

como o italiano Giuseppe Verdi, no Coro dos Escravos, da ópera Aída, nesta obra Villa-

Lobos trás à lume a ideia de uma nação livre, que vive em paz, longe do terror da guerra

que assolava o mundo.

Em julho de 1944, A Invocação Defesa da Pátria foi cantada por um coro de

25.000 vozes enquanto os soldados da Força Expedicionária Brasileira embarcavam

para a Itália, rumo á guerra. Com a apresentação desse canto patriótico propunha-se o

encorajamento das tropas brasileiras, que permaneceria nos campos de batalha até

março de 1945.

Cavalaria Ligeira é a abertura de uma opereta com o mesmo nome composta em

1866 pelo compositor austríaco Franz von Suppé e estreada em Viena no dia 21 de

março no Carltheate. Seguramente esta é a obra mais conhecida do compositor, sendo

utilizada como trilha sonora em diversos filmes e desenhos animados, inclusive pelos

Studios de Walt Disney. Nesta obra Suppé exalta os feitos do terceiro regimento de

cavalaria ligeira austríaca, tida como o melhor da Europa. Na Batalha de Austerlitz, em

dezembro de 1805, sob o comando do general Andreas O'Reilly von Ballinlough, este

regimento venceu cinco dos seis regimentos da cavalaria francesa de Napoleão. No seu

inicio Cavalaria Ligeira apresenta toques características de trompete, que vai passando

para os outros instrumentos, lembrando o ambiente militar.

A Abertura 1812, do compositor russo, Piotr Ilitch Tchaikovsky, foi composta

em 1882 e apresentada na Exposição Universal das Artes, realizada em Moscou, para

celebrar os setenta anos da vitória russa sobre as tropas francesas comandadas por

Napoleão Bonaparte em 1812. De caráter nacionalista, a Abertura 1812 foi escrita para

orquestra sinfônica, banda militar e coro tendo em sua apresentação ao ar livre disparos

de peças de artilharia e badalo de sinos de igreja. No início da obra Tchaikovsky usa a

Marselhesa para representar os invasores franceses e o hino da Rússia no final, para

traduzir o trinfo militar russo sobre o exército inimigo. Resignificando esta famosa obra

nas comemorações do aniversário de Goiânia, ao ar livre, em substituição aos disparos

de canhões que a peça exige, a direção da Orquestra Sinfônica de Goiânia propõe a

queima de fogos de artifício durante cinco minutos.

Adaptada por Friedrich von Schiller a partir da obra do escritor italiano Carlo

Gozzi, (1720-1806), Turandot foi a última ópera do compositor italiano Giacomo

Puccini. Estreou no Teatro alla Scala, em Milão, no dia 25 de abril de 1926, sob a

regência de Arturo Toscanini. Turandot permaneceu inacabada em consequência da

morte de Puccini em 29 de novembro de 1924, e, como em Madame Butterfly, Puccini,

remetendo ao folclore chinês, faz uso de temas musicais de origem oriental.

Nessun Dorma, que em italiano significa ‘ninguém durma’, é a ária do último

ato de Turandot. Refere-se à proclamação da princesa Turandot determinando que

ninguém deveria dormir até que se descubra o nome do príncipe desconhecido, que

aceitou o desafio de desvendar os três enigmas propostos por Turandot a todos os seus

pretendentes. Aquele que decifrasse os enigmas se casaria com a princesa, que jurou

nunca a se entregar a nenhum homem, e os que não conseguissem decifrar seriam

decapitados. Esta ária é bastante conhecida, sendo cantada por Luciano Pavarotti na

abertura da copa da Itália, em 1990, e na abertura dos jogos olímpicos de Torino, em

2006.

De autoria do compositor Giuseppe Verdi, La traviata é uma ópera em quatro

atos, com libreto de Francesco Maria Piave. Foi baseada no romance do escritor francês

Alexandre Dumas Filho ‘A Dama das Camélias,’ publicado em 1848 e considerado um

clássico da dramaturgia mundial. A ópera marcou sua estreia no Teatro La Fenice, em

Veneza, no dia seis de março de 1853. Em La traviata Verdi usa a melodia para

acomodar o crescente realismo das personagens, e, mantendo-se fiel às raízes bel canto,

cria uma linha melódica que vai de coloratura à fusão de lirismo e declamação

dramática.

‘Gonzagueana’ é um pot-pourri (forma musical sem repetição de temas) de

baiões do cantor Luiz Gonzaga com arranjo e orquestração do maestro gaúcho Cyro

Pereira (1930-2011). No início dos anos 1980 o regente da Orquestra Municipal de

Campinas, Benito Juarez, encomendou uma série de arranjos de música popular a Cyro

Pereira, que imprimia sua identidade de arranjador na forma pot-pourri. Este foi o

marco inicial para a criação de arranjos a partir de temas de um único compositor, como

Jobimniana, (Tom Jobim); Caymminiana (Dorival Caymmi) e Gonzagueana, (Luiz

Gonzaga).

Após este sucinto comentário das obras selecionadas é importante ressaltar que,

para a realização completa desta série de concertos, serão necessários os seguintes

elementos: estrutura de palco com medidas de 17x17 e 1 metro de altura do solo;

sonorização e iluminação do palco; caminhão baú grande para transporte dos

instrumentos da orquestra durante os três dias de concerto; confecção e impressão de

1000 programas para serem distribuídos a plateia nos concertos realizados nos teatros

Goiânia e SESI; água para os músicos e corpo administrativo da orquestra que estarão

trabalhando durante o evento.

Na expectativa de que o acontecimento será acentuado nas comemorações do

aniversário de Goiânia, contamos com sua colaboração na realização desse projeto.

Assim sendo, a Orquestra Sinfônica de Goiânia, estará cumprindo com um dos seus

principais objetivos, que é a promoção, divulgação e coordenação das atividades de

música sinfônica a serviço do desenvolvimento cultural de Goiânia, fazendo da música

não apenas um meio de lazer, mas um instrumento de cultura e cidadania.