OAB 2ª Etapa - XX Exame de Ordem Unificado - Direito Penal ... · PDF fileXX EXAME UNIFICADO OAB – 2ª ETAPA Direito Penal – Comentários Prova Raíssa Paiva PEÇA PRÁTICA Caríssimos

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  • XX EXAME UNIFICADO OAB 2 ETAPA

    Direito Penal Comentrios Prova

    Rassa Paiva

    www.prolabore.com.br

    PEA PRTICA Carssimos alunos prolaborianos,

    Que feliz notcia quando soube que a pea foi alegaes finais sob a forma de memorial escrito por um

    crime da Lei de Drogas (Lei 11.343/06)! Felizmente tratamos dela um dia antes da prova! E felizmente tambm falamos da minorante do art. 33,

    4, assim como da resoluo n 05 do Senado que suspendeu a eficcia da expresso vedada a converso em penas restritivas de direito. Na aula de execuo penal, abordamos o tema regime prisional e discutimos todas as modificaes ao art. 2 da Lei 8.072/90.

    A tese absolutria relacionada coao moral irresistvel foi bem delineada pela questo e, felizmente, o

    prof. Franklin tratou do tema em uma de suas aulas sobre teoria do crime. No se esqueam que, pelo princpio da eventualidade, deveria ser pedida a diminuio da pena pela coao moral resistvel (art. 65, III, c, CP).

    Demais teses relacionadas dosimetria da pena (pena base no mnimo legal e atenuantes da senilidade e da

    confisso espontnea) tambm foram tratadas nas aulas de memorias e teoria da pena. Por fim, foi exigido do examinando que datasse a pea no ltimo dia do prazo, considerando que a data de

    intimao foi uma sexta-feira. No se esqueceram de fazer o desenhinho do calendrio na hora da prova n? Igual a professora fez em sala de aula, no tem erro! :)

    Assim, espero que todos tenham feito a prova com tranquilidade e tenha se lembrado das principais teses

    defensivas. Foram oito teses cobradas. Ainda que no tenha se lembrado de todas, fique tranquilo! Voc no precisa do total para passar, mas sim 60%. Assim, que o resultado sair, no se esqueam de dar notcias aos professores para contar o que deu certo e o que poderia ter sido melhor.

    Desejamos muito sucesso a todos vocs!

    QUESTO 01

    Questo muito bem elaborada. Trata de teoria da pena e das medidas cautelares pessoais, mais especificamente da priso preventiva.

    Quanto letra A, no confundam os requisitos estabelecidos para a substituio de penas quando o agente

    condenado por um crime doloso e os requisitos estabelecidos para a substituio de penas em caso de condenao por crime culposo. Na primeira hiptese, o art. 44 do Cdigo Penal exige que: a) a pena aplicada seja de at quatro anos; b) o crime no tenha sido cometido com violncia ou grave ameaa pessoa; c) o condenado no seja reincidente em crime doloso (obs: exceo no 3 do mesmo artigo); d) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstncias indicarem que essa substituio seja suficiente. Por outro lado, em caso de condenao por crime culposo, a substituio de penas possvel, desde que: a) qualquer que seja a pena aplicada, o condenado no seja reincidente em crime doloso; b) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstncias indicarem que essa substituio seja suficiente. Dessa forma, no h limite quantidade de pena aplicada para substituio da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos em caso de crime culposo.

    Quanto letra B, no se pode esquecer que o interrogatrio, aps a reforma do Cdigo de Processo Penal

    em 2008, passou a ser o ltimo ato da audincia e considerado primordialmente como meio de defesa. O ru no , portanto, obrigado a comparecer AIJ, pois pode se valer do seu direito ao silncio. Assim, a ausncia de Fausto audincia no argumento idneo para decretao da priso preventiva, que, como medida extrema, deve ser decretada somente em ltimo caso, quando preenchidos os requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP.

  • XX EXAME UNIFICADO OAB 2 ETAPA

    Direito Penal Comentrios Prova

    Rassa Paiva

    www.prolabore.com.br

    QUESTO 02

    Excelente questo de processo penal! No confundam a priso temporria com a priso preventiva. Assim, os requisitos para sua decretao deveriam ser analisados pelo examinando de acordo com a Lei 7.960/89 que, em seu art. 1, prev um rol taxativo dos crimes que admitem a priso temporria, rol que NO inclui a receptao. Por isso, a autoridade policial no poderia ter representado pela priso temporria de Lcio e, se representou, o juiz deve indeferir a representao. Por fim, Lcio no praticou receptao qualificada, j que o bem oriundo de crime no foi adquirido em razo da atividade comercial exercida por Lcio, assim como sua atividade no facilitaria eventual revenda do bem esprio.

    QUESTO 03

    Tema querido da prova da ordem a desistncia voluntria e o arrependimento eficaz. Super criativa, a questo cobrou do examinando a afirmativa de que o crime de estelionato no se consumou, por ato voluntrio do prprio agente, que desistiu de prosseguir na execuo. Assim, deve ser beneficiado pela ponte de ouro, isto , pelo art. 15 do CP que causa de atipicidade da conduta. Fizemos uma questo sobre desistncia voluntria no nosso primeiro simulado, espero que tenham lhes auxiliado na elaborao da resposta da prova. Quanto letra B, bastava uma leitura do prprio artigo 89 da Lei 9.099/95, para que o examinando conclusse pela possibilidade de concesso dessa medida despenalizadora.

    QUESTO 04

    Ser que o examinador se inspirou no simulado de Direito Penal do Pro Labore??? Brincadeiras a parte, d uma espiadinha na questo treinada pelos nossos alunos no nosso curso preparatrio: Jos Nonsense, em um certo domingo de sol, ao avistar uma mulher negra, com sua filhinha, brincando na piscina do clube no qual passava aquela manh, em alto e bom som, para que a referida senhora pudesse ouvir, comentou com seu colega: nosso clube est aceitando macacas e macaquinhas como scias? Considerando a situao mencionada responda: a) Qual crime Jos Nonsense praticou? b) Qual a espcie da ao penal para o delito praticado e o juzo competente para process-lo e julg-lo? c) Jos Nonsense poderia, em sua defesa, fazer a prova cabal de que, de fato, referida senhora era da raa negra? d) Jos Nonsense poderia se retratar at antes da sentena? Justifique.

    Quesito Avaliado Valores Possveis Atendimento ao Quesito

    a) Jos Nonsense praticou o crime de injria racial ou qualificada (0,2), previsto no art. 140, 3 do Cdigo Penal (0,25).

    0,0/ 0,2/ 0,25/ 0,45

    b) A espcie de ao penal pblica condicionada representao (0,1), por fora do art. 145, pargrafo nico, do Cdigo Penal (0,1). Considerando que a pena mxima cominada de 03 anos de recluso, o juzo competente ser o da vara criminal da comarca onde a infrao penal se consumou (0,1).

    0,0/ 0,1/ 0,2/ 0,3

    c) Jos Nonsense no poderia, em sua defesa, fazer a prova cabal de que, de fato, referida senhora era da raa negra (0,1), j que o crime de injria no admite a exceo da verdade (0,1).

    0,0/ 0,1/ 0,2

    d) Jos Nonsense no poderia se retratar at antes da sentena (0,1), uma vez que a retratao s admitida nos delitos de calnia e difamao (art. 143, CP 0,2).

    0,0/ 0,1/ 0,2/ 0,3

    Tenho certeza que nossos alunos brilharam nessa questo! No caso da prova, sendo o caso de injria racial

    e no de racismo, deve ser pedida a decadncia do direito de representao, nos termos do art. 38 do CPP e do art. 103 do CP.