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Um dos maiores especialistas em Exame de Ordem do País 7 a EDIÇÃO – 2011 OAB 1 a FASE WANDER GARCIA ATUALIZAÇÃO N o 1 PROVA OBJETIVA COMENTADA DO EXAME 2011.1 NA COMO PASSAR

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Um dos maiores especialistas em Exame de Ordem do País

7 a EDIÇÃO – 2011

OAB1a FASE

WANDER GARCIA

ATUALIZAÇÃO No 1

PROVA OBJETIVA COMENTADA DO EXAME 2011.1

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Arthur Trigueiros

1. Ética Profissional

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em termos de processo disciplinar perante a OAB, é correto dizer que, havendo representação contra presidente de sec-cional, o órgão competente será o (A) Conselho Federal da OAB. (B) Conselho Federal da OAB, quando houver impe-

dimento de dois terços do Conselho Seccional de origem para o julgamento.

(C) Conselho Seccional que for escolhido pelo Con-selho Federal da OAB, por maioria absoluta.

(D) próprio Conselho Seccional, impedido o presi-dente.

A: correta, visto que a representação contra presidente de Conselho Seccional, ou mesmo Conselheiro Federal, determinará a compe-tência do Conselho Federal da OAB, não se aplicando a regra geral segundo a qual competirá ao Conselho Seccional em cuja base territorial ocorrer a infração o poder (e dever) de punir o infrator ; B, C e D: incorretas, pois, como dito, competirá sempre ao Conselho Federal da OAB processar e julgar infração ético-disciplinar praticada por Presidentes de Conselhos Seccionais e membros do próprio Conselho Federal. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Mévio aceita defender um cliente. Após ampla pesquisa, verifica que a legisla-ção ordinária não acolhe a pretensão dele. Elabora, pois, a tese de que a legislação que não permite o acolhimento da pretensão do seu constituído pade-ceria do vício de inconstitucionalidade e recomenda que não haja o cumprimento da referida norma. À luz das normas estatutárias, é correto afirmar que (A) ao pleitear contra expressa disposição de lei no

caso referido, presume-se a má-fé. (B) mesmo sendo a lei eivada de vício, não seria

possível presumir boa-fé. (C) se caracteriza a hipótese de postulação com má-fé

contra literal disposição de lei. (D) a situação é permitida, diante do possível vício

alegado pelo advogado.

A: incorreta, visto que nem sempre pleitear contra expressa dispo-sição legal gerará a presunção de má-fé do advogado, conforme se verá nos comentários à alternativa D; B: incorreta, pois se uma lei for eivada de vício (inconstitucionalidade, por exemplo), não se poderá presumir a má-fé do advogado; C: incorreta, pois, como dito, nem sempre advogar contra o texto expresso da lei caracteri-zará postulação de má-fé; D: correta. De fato, configurará infração

ética a conduta do advogado de patrocinar pretensão contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior (art. 34, VI, do EAOAB – Lei 8.906/94). Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Caio é eleito Senador da República e escolhido para compor a mesa do refe-rido órgão legislativo. Como advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB, pretende atuar em causa própria e realiza consulta nesse sentido à OAB. Quanto ao tema em foco, de acordo com as regras estatutárias, é correto afirmar que a atuação de Caio (A) poderá ocorrer, nessa situação, mediante autori-

zação especial. (B) não é possível, sendo o caso de incompatibilidade

mesmo em causa própria. (C) é possível, pois a função exercida caracteriza

mero impedimento. (D) em causa própria constitui uma exceção aplicável

ao caso.

A: incorreta, pois Caio, Senador, ao passar a compor a mesa do referido órgão legislativo, tornar-se-á incompatível (art. 28, I, parte final, EAOAB – Lei 8.906/94), não sendo possível qualquer autorização para que possa desempenhar as atividades privativas de advocacia; B: correta (art. 28, I, parte final, EAOAB); C: incorreta, pois se Caio simplesmente fosse Senador, de fato a função exercitada caracterizaria mero impedimento (art. 30, II, EAOAB). Porém, sendo membro da Mesa do Senado Federal, como dito, será incompatível com a advocacia, não podendo postular nem mesmo em causa própria, sob pena de nulidade (art. 4º, EAOAB); D: incorreta, pois, como dito, a incompatibilidade permanece mesmo em se tratando de postulação em causa própria (art. 28, caput, EAOAB). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Juvenal, estagiário regular-mente inscrito nos Quadros da OAB, em processo no qual se encontra indicado como tal, retira do cartório os autos do processo, deixando de devolvê-los no prazo legal. Regularmente intimado, mantém a sua inércia. Em termos disciplinares, é correto afirmar que(A) o estagiário não sofre sanções disciplinares. (B) não há diferença na atuação do estagiário e do

advogado para efeito de sanções disciplinares. (C) no caso em tela, não haverá qualquer sanção nem

ao advogado nem ao estagiário. (D) o advogado responsável pelo estagiário é o des-

tinatário das sanções nesse caso.

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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1. ÉTICA PROfISSIONAL

A questão é polêmica e talvez seja anulada pela banca exami-nadora. Com efeito, o enunciado é bastante claro ao mencionar que Juvenal, estagiário, retirou os autos do processo do Cartório Judicial, deixando de restitui-los mesmo após ser regularmente intimado para tanto. Nos termos do art. 29, §1º, I, do Regulamento Geral da OAB, é lícito ao estagiário retirar e devolver autos de processos judiciais, porém, sob a responsabilidade do advogado. Assim, certamente baseando-se em referido dispositivo, a banca optou por indicar como correta a alternativa D. Porém, na docência de Paulo Lôbo, eminente jurista na área da ética profissional do advogado, tratando da responsabilidade do advogado pelo extravio ou retenção abusiva de autos, infração geradora de suspensão dos quadros da OAB (art. 34, XXII, EAOAB – Lei 8.906/94), menciona ser ela “principal e solidária” (Comentários ao Estatuto da Advo-cacia e da OAB, 4ª edição, Ed. Saraiva, p. 42), donde se extrai que o estagiário que houver efetuado a carga dos autos também será responsabilizado. Portanto, em nosso entendimento, nenhuma alternativa é correta. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Caio, professor vinculado à Universidade Federal, ministrando aulas no curso de Direito, resolve atuar, em causa própria, pleiteando benefícios tributários em face da União Federal. Nos termos do Estatuto, é correto afirmar que (A) o docente em cursos de Direito não pode exercer

a advocacia, sendo circunstância de incompatibi-lidade.

(B) enquanto durar o exercício do magistério, a ins-crição na OAB permanecerá suspensa.

(C) é situação peculiar que permite o exercício da advocacia mesmo contra entidade vinculada.

(D) a situação caracteriza impedimento, uma vez que há vínculo da Universidade com a União Federal.

A: incorreta, pois os docentes em cursos de Direito, desde que em faculdades públicas (geralmente autarquias), sequer sofrem as conseqüências dos impedimentos (não exercer a advocacia contra a Fazenda Pública que o remunere ou a qual se vincule sua entidade empregadora – art. 30, I, EAOAB – Lei 8.906/94), aos quais não se submetem por força do art. 30, parágrafo único, do EAOAB; B: incorreta, pois, como visto, os professores de cursos jurídicos em instituições públicas de ensino não sofrerão óbices ao exercício da advocacia (art. 30, parágrafo único, do EAOAB); C: correta. Como visto, embora os servidores públicos sejam impedidos de exercer a advocacia contra a Fazenda Pública que os remunere ou a qual seja vinculada a entidade empregadora (art. 30, I, EAOAB), com relação aos docentes de cursos jurídicos (desde que estejamos falando em instituições públicas de ensino), o EAOAB não impõe referidas vedações, tratando-se, de fato, de situação peculiar que permite o exercício da advocacia mesmo contra a entidade pública a que se vincular a instituição de ensino (art. 30, parágrafo único, EAOAB). Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O advogado Walter recebe correspondência eletrônica relatando fatos que o seu cliente apresentou como importantes para constar em processo judicial a ser iniciado. Expressamente, em outra mensagem também eletrônica, autorizou a utilização das informações nas peças judiciais. Proposta a ação, os fatos foram publicizados, vindo o cliente a se arrepender da autorização dada. Com isso, busca reverter a situação por ele criada. Diante da informação de que, uma vez nos autos processuais, não poderia haver retirada das petições

apresentadas, ameaça o profissional com futura representação disciplinar. O cliente não negou ter autorizado a utilização das informações. Diante de tal quadro, é correto afirmar que (A) ao advogado é permitida a divulgação de confi-

dências, com autorização do cliente. (B) essa divulgação depende de autorização judicial. (C) mesmo com autorização, fatos considerados

confidenciais na relação cliente-advogado não podem ser divulgados judicialmente.

(D) as confidências epistolares são protegidas pela imunidade absoluta quanto à sua publicidade.

A: correta, pois, de acordo com o art. 27 do Código de Ética e Dis-ciplina (CED), os advogados poderão revelar confidências que lhes tenham sido feitas pelos clientes, desde que por eles autorizados, e nos limites das necessidades da defesa; B: incorreta, pois, como visto, a autorização para a revelação de confidências, por óbvio, deve partir do cliente; C: incorreta (art. 27, CED); D: incorreta (art. 27, CED). Mesmo as comunicações por carta (epistolares) serão passíveis de revelação judicial, desde que, como dito, haja a autorização do cliente, e sempre nos limites das necessidades da defesa. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A prescrição para a cobrança de honorários advocatícios tem como termo inicial, consoante as normas estatutárias, (A) o dia do primeiro ato extrajudicial. (B) o início do contrato de prestação de serviços. (C) a data da revogação do mandato. (D) a sentença que julga procedente o pedido em

favor do cliente do advogado.

A: incorreta. De acordo com o art.25 do Estatuto da OAB (EAOAB – Lei 8.906/94), a prescrição da ação de cobrança de honorários advocatícios é de cinco anos, contados: I - do vencimento do contrato, se houver; II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar; III - da ultimação do serviço extrajudicial; IV - da desistência ou transação; e V - da renúncia ou revogação do mandato. Portanto, o termo inicial não poderá ser o dia do primeiro ato extrajudicial, mas sim de sua ultimação (término); B: incorreta, pois, consoante art. 25, I, do EAOAB, o prazo de prescrição começará a fluir a partir do vencimento do contrato, se houver, e não do início da prestação dos serviços; C: correta. De fato, a partir da revogação do mandato, a relação cliente-advogado está extinta, cabendo ao advogado, a partir de então, intentar com demanda no prazo máximo de cinco anos (art. 25, V, EAOAB); D: incorreta. Apenas com o trânsito em julgado da decisão que houver fixado os honorários (ex.: honorários sucumbenciais ou honorários por arbitramento) é que terá início a prescrição qüinqüenal (art. 25, II, EAOAB). Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Os advogados Pedro e João desejam estabelecer sociedade de advogados com o fito de regularizar o controle dos seus fluxos de honorários e otimizar despesas. Estabelecem contrato e requerem o seu registro no órgão compe-tente. À luz da legislação aplicável aos advogados, é correto afirmar que (A) o Código de Ética não se aplica individualmente

aos profissionais que compõem sociedade de advogados.

(B) é possível a participação de advogados em socie-dades sediadas em áreas territoriais de seccionais diversas.

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ARThUR TRIgUEIROS

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(C) a procuração é sempre coletiva quando atuante sociedade de advogados.

(D) podem existir sociedades mistas de advogados e contadores.

A: incorreta. A sociedade de advogados, obviamente, é composta por advogados regularmente inscritos na OAB, os quais, à evidência, submetem-se às regras deontológicas (regras éticas), inclusive, e principalmente, aquelas previstas no Código de Ética e Disciplina. Ressalte-se que a própria sociedade de advogados submete-se ao Código de Ética, consoante determina o art. 15, §2º, do Estatuto da OAB (EAOAB – Lei 8.906/94); B: correta. De fato, admite-se que um advogado, sócio de uma sociedade, integre outras sociedades de advogados, desde que em sediadas em outra base territorial (leia-se: outro Estado – Conselho Seccional), consoante art. 15, §4º, EAOAB; C: incorreta, pois a procuração deve ser outorgada individualmente aos advogados, e não de forma coletiva (art. 15, §3º, EAOAB); D: incorreta. É absolutamente vedado que uma sociedade de advogados apresente como objeto qualquer atividade diversa das privativas de advocacia (art. 16, EAOAB). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Esculápio, advogado, ins-crito, há longos anos, na OAB, após aprovação em Exame de Ordem, é surpreendido com a notícia de que o advogado Sófocles, que atua no seu escritório em algumas causas, fora entrevistado por jornalista profissional, tendo afirmado ser usuário habitual de drogas. A entrevista foi divulgada amplamente. Após conversas reservadas entre os advogados, os termos da entrevista são confirmados, bem como o vício portado. Não há acordo quanto a eventual tratamento de saúde, afirmando o advogado Sófocles que continuaria a praticar os atos referidos. Diante dessa narrativa, à luz da legislação aplicável aos advogados, é correto afirmar que (A) o advogado pode ser excluído dos quadros da

OAB. (B) no caso em tela, há sanção disciplinar aplicável. (C) a sanção disciplinar se aplica a eventual uso de

drogas. (D) não há penalidade prevista, uma vez que se trata

de questão circunscrita à Saúde Pública.

A: incorreta. As hipóteses de exclusão vêm taxativamente previstas no art. 34, XXVI a XXVIII, do Estatuto da OAB (fazer falsa prova de qualquer dos requisitos exigidos para a inscrição nos quadros da OAB; tornar-se moralmente inidôneo; prática de crime infamante), nelas não se inserindo a conduta do advogado de fazer uso habitual de drogas; B: correta. A toxicomania (uso de drogas) ou embria-guez, desde que habituais, configuram conduta incompatível com a advocacia (art. 35, XXV, e parágrafo único, alínea “c”, do Estatuto da OAB – EAOAB - Lei 8.906/94), sendo o caso de aplicação da pena de suspensão ao advogado (art. 37, I, do EAOAB); C: incorreta. Como ressaltado na alternativa anterior, apenas o uso habitual de drogas é que é capaz de caracterizar conduta incompatível com a advocacia. O uso eventual de substâncias entorpecentes, como relata a alternativa, não é passível de sanção disciplinar; D: incorreta. Como visto, a toxicomania habitual, embora, de fato, configure problema de saúde pública, ingressa na esfera ético-disciplinar como conduta incompatível com a advocacia. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Hércules, advogado recém-formado, é procurado por familiares de uma pessoa que descobriu, por vias transversas, estar sendo investigada em processo sigiloso, mas não tem ciência do objeto da investigação. Sem portar instrumento de

procuração, dirige-se ao órgão investigador compe-tente para obter informações, identificando-se como advogado do investigado. A autoridade competente, em decisão escrita, indefere o postulado, por estar ausente o instrumento do mandato e, ainda, ser a investigação sigilosa. Diante dessas circunstâncias, à luz da legislação aplicável, é correto afirmar que (A) o acesso a processo sigiloso é possível aos

advogados somente quando requeiram a prática de ato.

(B) o acesso dos advogados dos interessados a processos sigilosos romperia com a proteção que eles mereceriam.

(C) mesmo sem urgência, a atuação do advogado poderia ocorrer, sem mandato, em processo sigiloso.

(D) o processo sigiloso é acessível a advogado por-tando instrumento de mandato.

A: incorreta. De acordo com o art. 7º, XIII, do Estatuto da OAB (EAOAB – Lei 8.906/94), é direito do advogado examinar, em qual-quer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos. Portanto, mesmo que os advogados não requeiram a prática de qualquer ato, lhes assiste o direito de simplesmente consultar/examinar autos de processos findos ou em andamento; B: incorreta. É direito do advogado, como visto, acessar autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração,desde que não estejam sujeitos a sigilo. Nesse caso, somente com procuração o advogado terá acesso aos autos; C: incorreta. Como visto, o art. 7º, XIII, do EAOAB, permite o acesso do advogado a autos de proces-sos administrativos ou judiciais, mesmo sem procuração, desde que não estejam acobertados pelo sigilo. Caso contrário, apenas com procuração da parte interessada (leia-se: parte processual) é que o advogado poderá examinar os autos; D: correta (art. 7º, XIII, EAOAB). Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Túlio, advogado, é sur-preendido ao praticar crime inafiançável, sendo preso em flagrante pela autoridade policial. A OAB é comunicada, e, por meio de membro da Comissão de Prerrogativas, acorre advogado ao local onde estão sendo realizados os trâmites procedimentais. Nos termos das normas estatutárias, é correto afirmar que (A) a prisão do advogado que demanda a intervenção

da OAB é a originária do exercício profissional. (B) o fato de a prisão atingir advogado indica a pre-

sença do representante da OAB. (C) a prisão preventiva é aquela que está circunscrita

na atuação da OAB. (D) só a prisão determinada pelo juiz é que permite

a participação dos representantes da OAB.

A: correta. A prerrogativa referente à presença de representante da OAB ao ato de lavratura do auto de prisão em flagrante está diretamente ligada ao exercício profissional. Assim, somente por motivo ligado à advocacia é que o advogado terá o direito de ver um membro da OAB assistir ao ato policial (art. 7º, IV, do Estatuto da OAB – EAOAB – Lei 8.906/94). Caso contrário, estaríamos diante de privilégio infundado; B: incorreta. Como visto, somente por motivo ligado ao exercício profissional é que a prerrogativa em questão deverá ser observada; C: incorreta. A prerrogativa prevista no EAOAB diz respeito apenas à prisão em flagrante, não se estendendo à

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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1. ÉTICA PROfISSIONAL

prisão preventiva (art. 7º, IV, EAOAB); D: incorreta. Ao contrário, a prisão realizada pela autoridade policial é que permite e determina a presença física de um representante da OAB, e não aquela decretada judicialmente (prisão preventiva ou prisão temporária). Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Semprônio reside no Estado W, onde mantém o seu escritório de advo-cacia, mas requer sua inscrição principal no Estado K, onde, em alguns anos, pretende estabelecer domicílio. No concernente ao tema, à luz das normas estatutárias, é correto afirmar que (A) na dúvida entre domicílios, prevalece o da sede

principal do exercício da advocacia. (B) a inscrição principal está subordinada ao domicílio

profissional do advogado.

(C) o Conselho Federal pode autorizar a inscrição principal fora da sede do escritório do advogado.

(D) o advogado pode eleger qualquer seccional para inscrição principal ao seu arbítrio.

A: incorreta, pois, de acordo com o art. 10, §1º, do Estatudo da OAB (EAOAB – Lei 8.906/94), considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado (e não o da sede principal do exercício da advocacia, como mencionado na alternativa); B: correta. De fato, a inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional (art. 10, do Estatuto da OAB – EAOAB – Lei 8.906/94), assim entendido como a sede principal da atividade da advocacia (art. 10, §1º, EAOAB); C: incorreta (art. 10, EAOAB); D: incorreta (art. 10, EAOAB). Gabarito "B"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A respeito da distribuição de competências adotada pela Constituição brasi-leira, assinale a alternativa correta. (A) A competência para legislar sobre direito urbanís-

tico é privativa dos Municípios, pois é matéria de interesse local.

(B) A competência para legislar sobre defesa dos recursos naturais é privativa da União, pois é matéria de interesse nacional.

(C) A competência material da União pode ser dele-gada aos Estados, por lei complementar.

(D) À União compete legislar sobre direito processual e normas gerais de procedimentos.

A: errada. A competência para legislar sobre direito urbanístico é concorrente, conforme dispõe o art. 24, II, da CF. Desse modo, cabe à União, aos Estados e ao Distrito federal legislarem sobre o assunto; B: errada. A competência para legislar sobre defesa dos recursos naturais também é concorrente (art. 24, VI, da CF); C: errada. A competência material, também chamada de administrativa ou não legislativa, em regra, é indelegável, ou seja, as atribuições dadas por essa competência não podem ser objeto de delegação; D: correta. O art. 22, I, da CF dispõe que direito processual é da competência privativa da União. Já o art. 24, XI, da CF determina que é competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal a legislação sobre procedimentos em matéria processual. Assim, cabe à União legislar tanto sobre direito processual como sobre normas gerais de procedimento. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Considere a hipótese de Deputado Federal que cometeu crime (comum) após a diplomação. Nesse caso, é correto afirmar que (A) o Congresso Nacional pode sustar o andamento

da ação penal. (B) a Câmara dos Deputados pode sustar o anda-

mento da ação penal. (C) o STF só pode receber a denúncia após a licença

da Câmara dos Deputados. (D) o STF só pode receber a denúncia após a licença

do Congresso Nacional.

A: errada. Não é o Congresso Nacional quem tem competência para tanto (art. 53, §3º, da CF). B: correta. De fato é a Câmara de Deputados quem pode sustar o andamento da ação penal, pois o art. 53, § 3º, da CF determina que recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de

seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. A “Casa respectiva” de um Deputado Federal é justamente a Câmara de Deputados; C e D: erradas. A EC 35/01 retirou do texto constitucional a exigência de licença por parte das respectivas casas, nas hipóteses de prisão e processo criminal em face de Deputado Federal e Senador. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em relação ao controle de constitucionalidade em face da Constituição Estadual, assinale a alternativa correta. (A) Não é possível o controle de constitucionalidade

no plano estadual, no modo concentrado, se a norma constitucional estadual tomada como parâmetro reproduzir idêntico conteúdo de norma constitucional federal.

(B) A decisão do Tribunal de Justiça que declara a inconstitucionalidade de lei local em face da Constituição Estadual é irrecorrível, ressalvada a oposição de embargos declaratórios.

(C) Compete aos Estados a instituição de represen-tação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, reconhecida a legitimação para agir aos mesmos órgãos e entidades legiti-mados a propositura de ação direta de inconsti-tucionalidade.

(D) Não ofende a Constituição da República norma de Constituição Estadual que atribui legitimidade para a propositura de representação de incons-titucionalidade aos Deputados Estaduais e ao Procurador-Geral do Estado.

A: errada. Desde que a regra esteja prevista na Constituição Estadual, ainda que seja apenas reprodução do texto da CF, é pos-sível a utilização de tal norma como parâmetro para o controle de constitucionalidade concentrado na esfera estadual; B: errada. De fato, a regra é que a decisão do Tribunal de Justiça que declara a inconstitucionalidade de lei local em face de Constituição Estadual é irrecorrível. Ocorre que, excepcionalmente, pode haver recurso. Se o artigo da Constituição Estadual, que serviu de parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade, tratar de uma norma de reprodução obrigatória, ou seja, a mesma regra consta também da CF, significa que a lei estadual ou municipal, objeto do controle, também viola a CF. Nesse caso, como o Tribunal de Justiça não tem competência para dizer se a lei está ou não de acordo com a CF, há possibilidade da interposição de recurso extraordinário ao STF. E um detalhe importante: segundo o Supremo, a decisão a ser dada nesse recurso produzirá os mesmos efeitos de uma decisão dada

Bruna Vieira

2. Direito Constitucional

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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2. DIREITO CONSTITUCIONAL

em sede de controle concentrado, em regra, erga omnes, ex tunc e vinculante. Nessa hipótese, o STF também pode se valer do meca-nismo chamado modulação dos efeitos (art. 27 da Lei nº 9.868/99). Vale lembrar que como os efeitos serão os mesmos dados em sede de controle abstrato, não é necessário que o Supremo comunique ao Senado a decisão, não se aplica o mandamento previsto no art. 52, X, da CF; C: errada. A primeira parte da alternativa está correta. No tocante à legitimação, o art. 125, §2º, da CF apenas veda a atri-buição a um único órgão, não dispõe, portanto, que será dada aos mesmos órgãos e entidades legitimados a propositura de ação direta de inconstitucionalidade; D: correta. Segundo o STF, no julgamento do RE 261.667, Rel. Min. Sepúlvida Pertence, não ofende a CF, a atribuição de legitimação ativa ao Deputado Estadual na hipótese de ação direta de inconstitucionalidade no âmbito estadual. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A respeito da garantia constitucional do acesso ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta. (A) De acordo com posição consolidada do Supremo

Tribunal Federal, não ofende a garantia de acesso ao Poder Judiciário a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

(B) É assegurado a todos, mediante pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

(C) O Poder Judiciário admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas paralela-mente às ações movidas nas instâncias da justiça desportiva.

(D) A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

A: errada. A súmula vinculante nº 28 (STF) diz exatamente o con-trário, mencionado que é inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário. B: errada. O direito de peticionar aos órgãos públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder pode ser exercido independen-temente do pagamento de taxas, conforme dispõe o art. 5º, XXXIV, “a”, da CF; C: errada. O art. 217, §1º, da CF exige o esgotamento das instâncias da justiça desportiva para que a ação seja apreciada pelo poder judiciário; D: correta. O princípio da razoável duração do processo ou celeridade processual está previsto no art. 5º, LXXVIII, da CF. Tal dispositivo foi acrescentado pela EC 45/04 e é, portanto, um exemplo clássico de ampliação dos direitos individuais. Assim, é possível concluir que as cláusulas pétreas não podem ser objeto de emenda tendente a aboli-las, mas podem ser objeto de emendas que visam ampliá-las. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Os direitos políticos não podem ser cassados. Podem, no entanto, sofrer perda ou suspensão à luz das normas constitucionais pelo seguinte fundamento: (A) cancelamento de naturalização por decisão admi-

nistrativa. (B) improbidade administrativa.(C) condenação cível sem trânsito em julgado. (D) incapacidade civil relativa, declarada judicial-

mente.

A: errada. O cancelamento da naturalização pode até influir nos direitos políticos, mas só se tal ato se der por sentença judicial transitada em julgado (art. 15, I, da CF)l; B: correta. A condenação por improbidade administrativa é uma hipótese em que há suspensão dos direitos políticos (art. 15, V, e 37,§ 4º, ambos da CF); C: errada. Apenas a condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, é que terá influência nos direitos políticos (art. 15, III, da CF). D: errada. O que pode refletir nos direitos políticos é a incapacidade civil absoluta e não a relativa (art. 15, II, da CF). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) As alternativas a seguir apontam diferenças entre a ADI e a ADC, À EXCE-ÇÃO DE UMA. Assinale-a. (A) Objeto da ação. (B) Manifestação do Advogado-Geral da União. (C) Rol de legitimados para a propositura da ação. (D) Exigência de controvérsia judicial relevante.

A: errada. O objeto da ADI é mais amplo que o da ADC, contempla lei ou ato normativo federal ou estadual que afronte a CF. Na ADC apenas lei ou ato normativo federal é que pode ser objeto (art. 102, I, “a”, da CF). B: errada. Na ADC não há manifestação do Advogado-Geral da União; C: correta. De fato o rol de legitimados para a propositura das ações não é uma diferença entre a ADI e a ADC, pois a EC 45/04, alterando a redação do art. 103 da CF, equiparou os legitimados. Desse modo, os mesmos órgãos e pessoas que podem propor ADI, podem propor ADC; D: errada. A exigência de controvérsia judicial relevante é requisito para a propositura de ADC e não de ADI (art. 14, III, da Lei n. 9.868/99). Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A respeito do regime de responsabilidade do Presidente da República, assi-nale a alternativa correta. (A) Compete ao Congresso Nacional processar e

julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade.

(B) Só se admite acusação contra o Presidente da República por três quintos da Câmara dos Depu-tados.

(C) O ato do Presidente da República que atenta con-tra o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação é considerado crime de responsabilidade.

(D) O Presidente ficará suspenso de suas funções nos crimes de responsabilidade somente após a condenação pelo órgão competente.

A: errada. Compete ao Senado Federal, e não ao Congresso, processar e julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (art. 86, caput, da CF); B: errada. A Câmara dos Deputados, de fato, tem de autorizar a instauração do processo con-tra o Presidente. É o chamado juízo de admissibilidade da Câmara. Ocorre que o quorum exigido para essa autorização é de dois terços e não três quintos, conforme mencionado na alternativa (art. 51, I, e art. 86, caput, ambos da CF); C: correta. O art. 85 da CF trata dos crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente, dentre os quais se encontra o ato que atenta contra o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da federação (art. 85, II, da CF); D: errada. O art. 86, §1º, I e II, da CF determina dois momentos para o início da suspensão das funções do Presidente. Se o crime for comum, após o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF. Se o crime for de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. Gabarito "C"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Roberta Caballero, de nacionalidade argentina, está no Brasil desde 2008, como correspondente estrangeira do jornal “El Diá-rio”, sediado em Buenos Aires. Roberta possui visto temporário, válido por quatro anos. Em 2011, pouco antes do vencimento do visto, Roberta recebe um convite do editor de um jornal brasileiro, sediado em São Paulo, para ali trabalhar na condição de repórter, sob sua supervisão, mediante contrato de trabalho.Para continuar em situação regular, é correto afirmar que Roberta(A) deverá transformar seu visto temporário VI (cor-

respondente estrangeiro) em visto temporário V (mão de obra estrangeira) e requerer auto-rização de trabalho a estrangeiro com vínculo empregatício.

(B) não poderá aceitar o emprego, pois a Constitui-ção Federal, em seu artigo 222, veda a atuação de repórteres estrangeiros em qualquer meio de comunicação social.

(C) deverá apenas renovar, a cada quatro anos, o visto temporário VI (correspondente estran-geiro), pois pessoas de nacionalidade de países do Mercosul não precisam de autorização de trabalho.

(D) deverá renovar, a cada quatro anos, o visto temporário VI (correspondente estrangeiro) e requerer autorização de trabalho a estrangeiro com vínculo empregatício.

A: correta. Os vistos de entrada são classificados, em função da natureza da viagem e da estada no Brasil, em: a) visto diplomático – VIDIP; b) visto oficial – VISOF; c) visto de cortesia – VICOR; d) visto de turista – VITUR; e) visto de trânsito – VITRA; f) visto temporário – VITEM; e g) visto permanente – VIPER. E os vistos temporários (VITEM) subdividem-se, em função da atividade a ser desempenhada no País, em: a) VITEM I - para missões culturais, de pesquisa ou estudos, e de assistência social, quando não contempla-das pelo VITEM V; b) VITEM II - em viagem de negócios, assistência técnica e adoções; c) VITEM III - para artistas e desportistas; d) VITEM IV - para estudantes e bolsistas de instituições de ensino brasileiras, inclusive as de formação religiosa; e) VITEM V - para profissionais sob regime de contrato com empresa no Brasil ou com órgão do Governo; f) VITEM VI - para correspondentes de meios de comunicação estrangeiros; e g) VITEM VII - para ministros de

confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada ou ordem religiosa, que viagem ao Brasil como missionários. Das considerações exteriorizadas sobre o regime de vistos pode-se apontar a assertiva “a” como correta, pois, para Roberta permanecer em situação regular, no Brasil, deverá transformar seu visto tempo-rário VI (correspondente estrangeiro) em visto temporário V (mão de obra estrangeira); B: incorreta. O art. 222 da CF dispõe que: “A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País”. Ou seja, a limitação incide sobre a propriedade de empresa jornalística e de radiofusão e não sobre o exercício da profissão de reporter, por estrangeiro, no Brasil; C: incorreta, pois ainda não existe tal previsão no seio do Mercosul. Assim, as pessoas de nacionalidade dos países do Mercosul tam-bém precisam do visto de trabalho; D: incorreta. Consoante dito no comentário à assertiva “a”, os vistos temporários são conferidos conforme a atividade a ser desempenhada no País, portanto, uma vez que a atividade a ser exercida é modificada, necessário se faz a alteração da modalidade de visto para a manutenção da situação de regularidade. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Com relação à chamada “norma imperativa de Direito Internacional geral”, ou jus cogens, é correto afirmar que é a norma (A) de direito humanitário, expressamente reco-

nhecida pela Corte Internacional de Justiça, aplicável a todo e qualquer Estado em situação de conflito.

(B) prevista no corpo de um tratado que tenha sido ratificado por todos os signatários, segundo o direito interno de cada um.

(C) aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e aplicável a todos os Estados membros, salvo os que apresentarem reserva expressa.

(D) reconhecida pela comunidade internacional como aplicável a todos os Estados, da qual nenhuma derrogação é permitida.

A: incorreta. O Direito Humanitário é composto por princípios e regras, estas sendo positivadas ou costumeiras, que tem como função reduzir o sofrimento dos soldados prisioneiros, doentes, feridos e da população atingida por conflitos armados. Tal conceito permite-nos encará-lo como direito de proteção das vítimas. O Direito Humanitário é basicamente fruto da Convenção de Genebra de 1864. E aos poucos foi ampliando-se, principalmente pela realização das outras três Convenções de Genebra. Estas Convenções tratam da proteção de pessoas e bens. A outra parte é fruto da Convenção

Renan Flumian

3. Direito Internacional

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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3. DIREITO INTERNACIONAL

de Haia, a qual regula o meio e os métodos utilizados na guerra. Por fim, exerce papel de destaque na tutela do direito humanitário o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Anistia Internacional; B: incorreta. A condição de jus cogens que uma norma pode ter não é determinada necessariamente por um tratado, mas sim pelo reconhecimento da comunidade internacional como um todo. Isto é, sua existência tem por fundamento razões objetivas, as quais se encontram situadas acima do caráter volitivo dos Estados. Por questão lógica, nada impede que uma norma jus cogens também faça parte de um tratado, mas, como dito, não é necessariamente

o tratado que lhe vai conferir tal natureza; C: incorreta. Consoante dito na assertiva “b”, a norma imperativa de Direito internacional geral é determinada por razões objetivas, as quais se encontram situadas acima do caráter volitivo dos Estados; D: correta. O art. 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados dispõe que uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. Gabarito "D"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em relação à modificação do capital social das sociedades limitadas, assinale a alternativa correta. (A) A diminuição do valor do capital social é direito da

sociedade, não podendo haver objeção por parte dos credores.

(B) Há direito de preferência do sócio no caso de aumento do capital social, exercendo, primeiro, esse direito o sócio majoritário, que poderá adqui-rir todas as quotas ou quantas lhe interessarem. Após exercido esse direito, caso restem quotas a serem adquiridas, terá preferência sobre os demais quem tiver maior número de quotas, e assim sucessivamente.

(C) Uma das hipóteses para que haja diminuição do capital social é que a sociedade tenha tido prejuízos que não serão mais recuperados, devendo-se, nesse caso, haver diminuição pro-porcional do valor das quotas, tornando-se efetiva essa diminuição a partir do momento em que for feita a averbação no cartório competente da ata da assembleia que a aprovou.

(D) Para que haja aumento do capital social, não há necessidade de os sócios terem integralizado totalmente suas quotas.

A: incorreta, pois no caso de redução do capital diante de seu excesso em relação ao objeto da sociedade, poderão os credores quirogra-fários, que detenham título líquido com data anterior à deliberação, opor-se à redução no prazo de 90 dias contados da publicação da ata da assembleia (art. 1.084, §1º, do CC); B: incorreta, pois a pre-ferência dos sócios em participar do aumento do capital restringe-se à proporção das quotas de que sejam titulares, ou seja, não pode o sócio majoritário adquirir todas as novas quotas em detrimento dos demais (art. 1.081, §1º, do CC); C: correta, nos exatos termos do art. 1.083 do CC; D: incorreta, vez que o art. 1.081 do CC exige que o capital esteja totalmente integralizado para que se proceda ao seu aumento. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em relação ao Direito Cambiário, é correto afirmar que (A) a duplicata, quando de prestação de serviços,

pode ser emitida com vencimento a tempo certo da vista.

(B) o aval dado em uma nota promissória pode ser parcial, ainda que sucessivo.

(C) o protesto é necessário para garantir o direito de regresso contra o(s) endossante(s) e o(s) avalista(s) do aceitante de uma letra de câmbio.

(D) o aceite no cheque é dado pelo banco ou insti-tuição financeira a ele equivalente, devendo ser firmado no verso do título.

A: a alternativa está incorreta porque a duplicata, nos termos do art. 2º, §1º, III, da Lei 5.474/68, somente pode ser sacada com vencimento à vista ou em data certa, não havendo qualquer exceção tocante à duplicada de prestação de serviços; B: correta. É permi-tido o aval parcial (aquele no qual o avalista garante o pagamento apenas de parte da dívida), mesmo que sucessivo (aval sucessivo ocorre quando alguém avaliza a garantia dada por outrem, é o “avalista do avalista”); C: incorreta. O protesto é necessário somente para garantir o direito de cobrança do título junto aos coobrigados (sacador, endossantes e respectivos avalistas). Não se olvide que o avalista ingressa na relação cambial com a mesma natureza do avalizado, isto é, se o aceitante é devedor principal, seu avalista também assim será considerado, sendo o protesto contra ele sempre facultativo; D: incorreta. O cheque não admite aceite, considerando-se não escrita qualquer declaração com este sentido (art. 6º da Lei 7.357/85). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A sociedade empresária XYZ Computação Gráfica S.A. teve sua falência decretada. Na correspondente sentença, foi auto-rizada a continuação provisória das atividades da falida com o administrador judicial, fato esse que perdurou por um período de 10 (dez) meses. Como são juridicamente qualificados os titulares dos créditos trabalhistas relativos a serviços prestados durante esse interregno posterior à decretação da falência? (A) Credores reivindicantes. (B) Credores extraconcursais. (C) Credores concursais. (D) Credores concorrentes prioritários.

Quaisquer créditos, inclusive de natureza trabalhista, constituídos após a decretação da quebra serão considerados extraconcursais, porque seus detentores são credores da massa falida, não do falido. Especificamente quanto aos créditos trabalhistas, veja-se o art. 84, I, da Lei de Falências e Recuperação de Empresas - LF (Lei 11.101/05). Gabarito "B"

Henrique Subi

4. Direito Empresarial

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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4. DIREITO EMPRESARIAL

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) É uma cláusula acessó-ria ao contrato de comissão, no qual o comissário assume o gravame de responder solidariamente pela insolvência das pessoas com quem contratar em nome do comitente. Essa cláusula é denomi-nada (A) pacto comissório. (B) hedge. (C) del credere. (D) venda com reserva de domínio.

O enunciado descreve corretamente o conceito da cláusula del credere. Pacto comissório era cláusula inserida no contrato de compra e venda permitindo a resolução do contrato caso o com-prador não adimplisse suas obrigações em certo prazo, a qual estava prevista no art. 1.163 do CC/1916 e não foi repetida no CC/2002. Hedge é termo utilizado no mercado de ações, traduzindo a operação que consiste na tomada de uma posição no mercado futuro aproximadamente igual – mas em sentido contrário – àquela que se detém ou que se pretende vir a tomar no mercado à vista. Venda com reserva de domínio, por sua vez, está prevista no art. 521 do CC e permite ao vendedor continuar sendo o proprietário da coisa vendida até que o comprador pague integralmente o respectivo preço. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Contrato oneroso, em que alguém assume, em caráter profissional e sem vín-culo de dependência, a obrigação de promover, em nome de outrem, mediante retribuição, a efetivação de certos negócios, em determinado território ou zona de mercado. A definição acima corresponde a que tipo de contrato empresarial? (A) Comissão mercantil. (B) Agência. (C) Corretagem. (D) Mandato.

A alternativa dada como correta é a agência. Com efeito, é a que mais se aproxima do conceito exposto, conforme a leitura do art. 710 do CC. Entretanto, melhor seria dizer que, no contrato de agência, o agente promove “à conta de outrem” a realização de certos negócios, e não “em nome de outrem”. Isto porque as expressões não são sinônimas: contratar “em nome de alguém” significa dizer que este contratante está representando um terceiro e assina o contrato em seu lugar, como ocorre no mandato; já promover negócios “à conta de outrem” indica que é o próprio terceiro que irá figurar no contrato, assumindo os riscos do negócio. O agente, que promove negócios à conta de outrem, não participa nem aparece no contrato, nem mesmo assinando em nome do agenciado. Gabarito "B"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Analisando o artigo 6º, V, do Código de Defesa do Consumidor, que prescreve: “São direitos básicos do consumidor: V – a modifica-ção das cláusulas contratuais que estabeleçam pres-tações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, assinale a alternativa correta.(A) Exige a imprevisibilidade do fato superveniente. (B) Não traduz a relativização do princípio contratual

da autonomia da vontade das partes. (C) Almeja, em análise sistemática, precipuamente, a

resolução do contrato firmado entre consumidor e fornecedor.

(D) Admite a incidência da cláusula rebus sic stanti-bus.

A: incorreta, pois o art. 6º, V, do CDC não exige que o fato superveniente que torne a obrigação excessivamente onerosa seja imprevisível, para que se tenha direito à revisão contratual; assim, diferentemente do Código Civil (art. 478), o CDC não adotou a Teoria da Imprevisão, mas sim a Teoria da Onerosidade Excessiva; B: incorreta, pois a possibilidade de modificação con-tratual (quanto a prestações que já nascem desproporcionais) e de revisão contratual (quanto a prestações que se tornem exces-sivamente onerosas por fatos supervenientes) fazem com que o princípio da autonomia da vontade seja relativizado, já que o juiz interfere na autonomia da vontade das partes quando promove a modificação ou revisão contratual; C: incorreta, pois o princípio da conservação dos contratos exige que o contrato seja mantido, salvo se não houver possibilidade alguma nesse sentido; a idéia da lei é modificar ou revisar o contratos nas situações mencionadas no art. 6º, V, do CDC, e não resolver (extinguir) o contrato; D: correta, pois tal cláusula determina que as estipulações contratuais serão mantidas enquanto as condições permanecerem inalteradas; assim, caso ocorra um fato novo, que altere as condições existentes quando da realização do contrato, é cabível a revisão contratual; no caso, basta que esse fato novo torne a prestação de uma das partes excessivamente onerosa, para que se tenha direito à revisão contratual. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) No âmbito do Código de Defesa do Consumidor, em relação ao princípio da boa-fé objetiva, é correto afirmar que (A) importa em reconhecimento de um direito a cum-

prir em favor do titular passivo da obrigação. (B) não se aplica à fase pré-contratual. (C) para a caracterização de sua violação imprescin-

dível se faz a análise do caráter volitivo das partes. (D) sua aplicação se restringe aos contratos de con-

sumo.

A: assertiva considerada correta pela examinadora; no entanto, a questão deveria ser anulada, pois essa alternativa também está incorreta; primeiro porque o princípio da boa-fé se aplica a ambos os contratantes, mesmo que um deles tenha mais obrigações que o outro, pois esse princípio tem por efeito criar deveres anexos a ambos os contratantes (Enunciado JDC/CJF nº 24); assim, não é só a favor do “titular passivo da obrigação” que se deve reconhecer direitos pela aplicação do princípio; segundo porque, mesmo que assim o fosse, o certo era que constasse a expressão “titular ativo da obrigação”, pois titular passivo é quem tem a obrigação, e não quem se favorece dela; terceiro porque está errado, tecnicamente, dizer que alguém tem um “direito a cumprir em favor” de outrem, sendo correto dizer que alguém tem um “dever a cumprir em favor” de outrem; enfim, a questão tem graves equívocos conceituais, que justificam a sua anulação; B: incorreta, pois o princípio da boa-fé se aplica a todas as fases que envolve o contrato (tratativas, celebração, execução, extinção e pós-extinção do contrato); C: incorreta, pois o princípio é da boa-fé objetiva, que é aquela extraída do contexto social; assim, pouco importa qual é o pensamento ou a intenção das partes, ficando caracterizada a violação ao princípio com a simples conduta que o juiz entender que viola os deveres de lealdade extraídos da ética social; D: incorreta, pois o Código Civil também estabelece o princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do CC). Gabarito "A"

Wander Garcia

5. Direito do Consumidor

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Rodolfo, brasileiro, enge-nheiro, solteiro, sem ascendentes ou descendentes, desapareceu de seu domicílio há 11 (onze) meses e até então não houve qualquer notícia sobre seu paradeiro. Embora tenha desaparecido, deixou Lisa, uma amiga, como mandatária para a finalidade de administrar-lhe os bens. Todavia, por motivos de ordem pessoal, Lisa não quis exercer os poderes outorgados por Rodolfo em seu favor, renunciando expressamente ao mandato. De acordo com os dis-positivos que regem o instituto da ausência, assinale a alternativa correta. (A) A renúncia ao mandato, por parte de Lisa, era

possível e, neste caso, o juiz determinará ao Ministério Público que nomeie um curador encar-regado de gerir os bens do ausente, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.

(B) Poderá ser declarada a sucessão definitiva de Rodolfo 10 (dez) anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória, mas, se nenhum interessado promo-ver a sucessão definitiva, nesse prazo, os bens porventura arrecadados deverão ser doados a entidades filantrópicas localizadas no município do último domicílio de Rodolfo.

(C) O juiz não poderá declarar a ausência e nomear curador para Rodolfo, pois Lisa não poderia ter renunciado o mandato outorgado em seu favor, já que só estaria autorizada a fazê-lo em caso de justificada impossibilidade ou de constatada insuficiência de poderes.

(D) Os credores de obrigações vencidas e não pagas de Rodolfo, decorrido 1 (um) ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão requerer que se determine a abertura de sua sucessão provisória.

A: incorreta, pois não há tal previsão nos arts. 22 a 39 do CC; B: incorreta, pois apenas 10 anos após a abertura da sucessão defini-tiva é que se coloca a possibilidade dos bens irem para terceiros; ademais, o destinatário desses bens, nesse caso, não seria uma entidade filantrópica, mas o Município ou Distrito Federal, ou, se os bens estivessem em território federal, a União; C: incorreta, pois o art. 23 admite que o mandatário (no caso, Lisa) não queira exercer o mandato; D: correta, vez que os credores são considerados “interessados” e estes tem o direito de requerer que se determine a abertura da sucessão provisória (art. 26 do CC). Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Jonas, maior e capaz, confiou em depósito a Silas, também maior e capaz, por instrumento particular, dois automóveis de sua propriedade para serem conservados por seis meses, estabelecendo, como remuneração, o pagamento de certa quantia em dinheiro a Silas. Findo o prazo, caberia a Silas restituir os automóveis na residência de Jonas. Na vigência do depósito, Silas decidiu, certo dia, utilizar um dos automóveis para ir ao tra-balho e, quando já regressava, foi abalroado, sem culpa sua, por seu vizinho Francisco, em uma moto, amassando a porta lateral direita. Transcorrido o prazo ajustado, Silas providenciou a entrega dos dois automóveis no local estipulado. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Jonas (A) não deve pagar a Silas as despesas relativas

à manutenção dos dois automóveis durante o período ajustado.

(B) deve arcar com as despesas referentes à restitui-ção dos dois automóveis no local estipulado.

(C) poderá reter integralmente o valor da contra-prestação em dinheiro devido a Silas, tendo em vista a ocorrência do acidente com um dos automóveis.

(D) deve cobrar diretamente de Francisco as des-pesas referentes ao conserto da porta lateral direita.

A: incorreta, pois o depositante (Jonas) é obrigado a pagar ao depositário (Silas) as despesas feitas com a coisa (art. 643); B: correta, pois as despesas de restituição correm por conta do depo-sitante (Jonas); C: incorreta, pois não existe tal direito em favor do depositante (vide arts. 626 a 646); D: assertiva considerada incorreta pela examinadora; porém, entendemos que está correta, pois Jonas, como proprietário do veículo danificado culposamente por Francisco, tem legitimidade para a ação indenizatória respec-tiva. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Gustavo tornou-se fiador do seu amigo Henrique, em razão de operação de empréstimo bancário que este tomou com o Banco Pechincha. No entanto, Gustavo, apreensivo, des-cobriu que Henrique está desempregado há algum tempo e que deixou de pagar várias parcelas do refe-rido empréstimo. Sem o consentimento de Gustavo,

Wander Garcia

6. Direito Civil

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WANDER gARCIA

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Henrique e o Banco Pechincha aditaram o contrato original, tendo sido concedida moratória a Henrique. Com base no relato acima e no regime legal do con-trato de fiança, assinale a alternativa correta. (A) Se o Banco Pechincha, sem justa causa, demo-

rar a execução iniciada contra Henrique, poderá Gustavo promover-lhe o andamento.

(B) Gustavo não poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança até o efetivo pagamento do débito principal.

(C) A concessão da moratória pelo Banco Pechincha a Henrique, tal como narrado, não tem o condão de desobrigar o fiador.

(D) Por ter a fiança o objetivo de garantir o débito principal, sendo acessória a este, deve ela ser de valor igual ao da obrigação principal e ser contraída nas mesmas condições de onerosidade de tal obrigação.

A: assertiva considerada correta pela examinadora; no entanto, apesar de afirmação ser mesmo correta (art. 834 do CC), o ideal, no caso concreto, é Gustavo pedir o reconhecimento judicial de que não está mais obrigado pelo contrato de fiança, por conta da moratória, conforme claramente determina o art. 838, I, do CC; B e C: incorretas, pois o fiador ficará exonerado da obrigação se o credor, sem consentimento dele, conceder moratória ao devedor (art. 838, I, do CC); D: incorreta, pois a fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal, bem como pode ser contraída em condições menos onerosas que esta (art. 823 do CC). Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O negócio jurídico depende da regular manifestação de vontade do agente envol-vido. Nesse sentido, o art. 138 do Código Civil dispõe que “são anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. Relativamente aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a alternativa correta. (A) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico

quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

(B) O falso motivo, por sua gravidade, viciará a declaração de vontade em todas as situações e, por consequência, gerará a anulação do negócio jurídico.

(C) O erro de cálculo gera a anulação do negócio jurídico, uma vez que restou viciada a declaração de vontade nele baseada.

(D) O erro é substancial quando concerne à identi-dade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, ainda que tenha influído nesta de modo superficial.

A: correta (art. 144 do CC); B: incorreta, pois o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante (art. 140 do CC); C: incorreta, pois o erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade (art. 143 do CC); D: incorreta, pois o erro substancial, nesse caso, deve influir na vontade de modo relevante (art. 139, II, do CC), e não de modo superficial. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Noêmia, proprietária de uma casa litorânea, regularmente constituiu usufruto sobre o aludido imóvel em favor de Luísa, mantendo, contudo, a sua propriedade. Inesperada-mente, sobreveio uma severa ressaca marítima, que destruiu por completo o imóvel. Ciente do ocorrido, Noêmia decidiu reconstruir integralmente a casa às suas expensas, tendo em vista que o imóvel não se encontrava segurado. A respeito da situação narrada, assinale a alternativa correta. (A) O usufruto será extinto, consolidando-se a proprie-

dade em favor de Noêmia, independentemente do pagamento de indenização a Luísa, tendo em vista que Noêmia arcou com as despesas de reconstrução do imóvel.

(B) O usufruto será extinto, consolidando-se a pro-priedade em favor de Noêmia, desde que esta indenize Luísa em valor equivalente a um ano de aluguel do imóvel.

(C) O usufruto será mantido em favor de Luísa, inde-pendentemente do pagamento de qualquer quan-tia por ela, tendo em vista que Noêmia somente poderia ter reconstruído o imóvel mediante auto-rização expressa de Luísa, por escritura pública ou instrumento particular.

(D) O usufruto será mantido em favor de Luísa, tendo em vista que o imóvel não fora destruído por culpa sua.

A: correta, pois o usufruto fica extinto com a destruição da coisa (art. 1.410, V, do CC); tal extinção só não aconteceria se o imóvel tivesse seguro e, com o valor deste, tivesse sido reconstruído (art. 1.408 do CC); B: incorreta, pois, no caso, a extinção se dá sem que a lei preveja indenização em favor do usufrutuário (art. 1.410, V, do CC); C e D: incorretas, pois o usufruto será extinto, conforme visto. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta. (A) O proprietário do prédio serviente, ainda que devi-

damente indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais.

(B) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o proprietário do aque-duto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo.

(C) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de conservação.

(D) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de cabos e tubulações.

A: correta (art. 1.293, § 2º, do CC); B: incorreta (art. 1.296 do CC); C: incorreta, pois o dono deve arcar sim com as despesas de conservação (art. 1.293, § 3º, do CC); D: incorreta, pois tais regras se aplicam, sim, à servidão de aqueduto (art. 1.294 do CC). Gabarito "A"

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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6. DIREITO CIvIL

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Suponha que tenha sido publicada no Diário Oficial da União, do dia 26 de abril de 2011 (terça-feira), uma lei federal, com o seguinte teor:

“Lei GTI, de 25 de abril de 2011.Define o alcance dos direitos da personalidade pre-vistos no Código Civil. O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º: Os direitos da per-sonalidade previstos no Código Civil aplicáveis aos nascituros são estendidos aos embriões laboratoriais (in vitro), ainda não implantados no corpo humano. Art. 2º: Esta lei entra em vigor no prazo de 45 dias. Brasília, 25 de abril 2011, 190º da Independência da República e 123º da República.”

Ante a situação hipotética descrita e considerando as regras sobre a forma de contagem do período de vacância e a data em que a lei entrará em vigor, é correto afirmar que a contagem do prazo para

entrada em vigor de lei que contenha período de vacância se dá (A) pela exclusão da data de publicação e do último

dia do prazo, entrando em vigor no dia 11/06/2011. (B) pela inclusão da data de publicação e exclusão

do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 09/06/2011.

(C) pela inclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral, passando a vigorar no dia 10/06/2011.

(D) pela exclusão da data de publicação da lei e a inclusão do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral, que na situação descrita será o dia 13/06/2011.

A alternativa “C” está correta, pois o art. 8º, § 1º, da Lei Comple-mentar 95/98 estabelece que “a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral”. Gabarito "C"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O rito comum sumário tem suas hipóteses de incidência expressamente disciplina-das no sistema processual civil pátrio. Tal rito apresenta trâmite mais célere que o observado pelo rito comum ordinário, e, exatamente por isso, as causas que o observam têm menor complexidade se comparadas às que tramitam pelo rito comum ordinário. Acerca do rito comum sumário, é correto afirmar que (A) no rito comum sumário, não é admissível a ação

declaratória incidental. Da mesma forma não se admitem nesse rito, em nenhuma hipótese, quais-quer das espécies de intervenção de terceiros.

(B) podem observar o rito comum sumário causas cujo valor corresponda a trezentos vezes o valor do salário mínimo e que versem acerca da cobrança ao condômino de quantias devidas ao condomínio.

(C) ações que seguem o rito comum sumário são dúplices, razão pela qual pode o réu valer-se da reconvenção para formular pedidos contra o autor em seu favor.

(D) no rito comum sumário, têm as partes que com-parecer pessoalmente à audiência de conciliação, jamais podendo se fazer representar por preposto com poderes para transigir.

A: incorreto, pois no rito sumário as intervenções de terceiro são admitidas excepcionalmente, a exemplo da assistência, do recurso de terceiro prejudicado e da intervenção fundada em contrato de seguro (art. 280 do CPC); B: correto, visto que as causas enume-radas no inciso II do art. 275 do CPC, independentemente de seu montante, submetem-se ao rito sumário (art. 275, II, “b”, do CPC); C: incorreto, já que o réu pode formular pedido contraposto na própria contestação. Logo, o ajuizamento de reconvenção se afigura desnecessário e incompatível com o rito sumário (art. 278, §1º, do CPC); D: incorreto (art. 277, §3º, do CPC). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) No âmbito do Direito Pro-cessual Civil, os legitimados ativos que proponham ação e interponham recursos poderão desistir deles, desde que respeitados os seguintes termos: (A) o recorrente poderá desistir do recurso interposto

a qualquer tempo, desde que não se trate de litisconsórcio e que a parte contrária, uma vez intimada, manifeste expressamente sua anuência.

(B) a desistência da ação, que produz efeitos somente depois de homologada por sentença, implica

extinção do processo com resolução do mérito. Caso tenha transcorrido o prazo para resposta do réu, o pedido de desistência estará sujeito ao seu consentimento.

(C) na intervenção de terceiros, a assistência obsta a que a parte principal desista da ação, que somente poderá ocorrer com a anuência expressa do assistente. Nesse caso, a desistência inde-pende de homologação por sentença.

(D) o credor poderá desistir de toda execução ou apenas de algumas medidas executivas, desde que suporte as custas e honorários advocatícios decorrentes da extinção dos embargos que versarem somente sobre questões processuais e, nos demais casos, quando houver anuência do embargante.

A: incorreto, pois o pedido de desistência apresentado pelo recor-rente não depende do consentimento da parte contrária ou dos demais litisconsortes (art. 501 do CPC); B: incorreto. A desistência da ação implica extinção do processo sem resolução de mérito, nos moldes estabelecidos pelo art. 267, VIII, do CPC; C: incorreto. A assistência não impede que o assistido desista da ação (art. 53 do CPC); D: correto (art. 569, parágrafo único, do CPC). Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Júlia ingressou com ação de indenização por danos morais e materiais em face da Gráfica Bela Escrita, bem como do Ateliê Alta-Costura, sob a alegação de que o seu casamento não pôde ser realizado tendo em vista que a Gráfica escreveu o endereço errado do local da cerimônia em todos os convites confeccionados, e o Ateliê, por sua vez, não entregou o vestido de noiva no dia do casamento. Tendo sido ambos os réus regularmente citados, o Ateliê Alta-Costura apresentou contestação tempestiva, em que afirmou se isentar de responsa-bilidade, uma vez que o vestido de noiva já estava praticamente pronto, quando, na véspera da cerimô-nia, a noiva subitamente decidiu solicitar inúmeras alterações no modelo da roupa, o que inviabilizou a sua tempestiva entrega. A Gráfica Bela Escrita, por seu turno, não se manifestou nos autos. A respeito da situação descrita, é correto afirmar que a contestação apresentada pelo Ateliê Alta-Costura (A) aproveita à Gráfica Bela Escrita, não se operando

o efeito material da revelia contra este réu, desde que o Ateliê Alta-Costura, uma vez intimado, manifeste expressa concordância.

Tiago Queiroz

7. Direito Processual Civil

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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7. DIREITO PROCESSUAL CIvIL

(B) não aproveita à Gráfica Bela Escrita, operando-se o efeito material da revelia contra este réu.

(C) automaticamente aproveita à Gráfica Bela Escrita, não se operando o efeito material da revelia contra este réu.

(D) reabre automaticamente o prazo para a apresen-tação de contestação pela Gráfica Bela Escrita, operando-se o efeito material da revelia somente se este réu, mesmo assim, permanecer inerte.

B: correta. Com efeito, verifica-se a formação de um litisconsórcio passivo, inicial, facultativo e simples ou não unitário. Passivo porque há a aglomeração de dois ou mais réus no polo passivo da lide; inicial, pois a autora ajuizou a demanda em face de dois réus; facultativo, tendo em vista que os pedidos formulados em face de cada um dos demandados poderiam ser apresentados em demandas distintas; simples ou não unitário, a considerar que a lide pode ser decidida de modo diferente para cada um dos réus. No exemplo dado, a defesa apresentada pelo Ateliê Alta Costura (não entrega do vestido em função das novas exigências feitas pela noiva na véspera do casamento) não pode ser utilizada pela Gráfica Bela Escrita, já que o próprio substrato fático é diferente em cada um dos casos. Em outras linhas, o que tem a ver a não entrega do vestido da noiva em razão com a não entrega dos convites de casamento em função de o local da cerimônia estar incorretamente descrito? Sendo assim, não se aplica a regra do art. 320, I, do CPC – disposição esta que deve incidir nas hipóteses de litisconsórcio unitário – devendo operar-se o efeito da revelia consistente na presunção de veracidade dos fatos alegados pela autora. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em uma ação fundada na responsabilidade civil por suposto erro médico praticado por Cláudio, este foi regularmente citado e, no prazo legal, ofereceu contestação. Em razão do seu falecimento, no curso da lide, foi determinada a suspensão do processo e a habilitação de seus herdeiros ou sucessores no polo passivo. Sendo certo que tal irregularidade não foi sanada no prazo fixado pelo juízo, é correto afirmar, em relação ao processo, que (A) deve prosseguir, com a declaração da revelia, cuja

consequência ficará restrita à fluência de prazos independentemente de intimação.

(B) deve ser julgado extinto, sem resolução do mérito, por falta de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular.

(C) deve ser julgado extinto, sem resolução do mérito, por falta de uma das condições da ação.

(D) deve ter regular prosseguimento, com a decla-ração da revelia e a consequente presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial.

A: correto. O caso reclama a decretação da revelia e não a extin-ção do processo sem resolução de mérito, justo por se tratar de irregularidade de representação da parte ré em juízo (art. 13, caput e inciso II, do CPC). Como o réu já apresentara defesa, aplica-se-lhe tão somente o efeito processual da revelia, in casu, a desnecessidade de intimação do revel para os demais atos do processo (art. 322, caput, do CPC). Se o médico demandado não houvesse oferecido contestação, aí sim haveria cogitar-se de incidência do efeito material da revelia (presunção de veracidade dos fatos articulados pelo demandante na exordial), a teor do que dispõe o art. 319 do CPC. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Quando a sentença que reconhece obrigação de pagar não determina o valor devido, procede-se à sua liquidação, para que, então, possa dar-se o seu cumprimento. Em relação à sis-temática da liquidação no direito brasileiro, assinale a alternativa correta. (A) Sempre que o pedido for genérico, o juiz pode

proferir sentença ilíquida. (B) A liquidação de sentença tem natureza jurídica de

ação autônoma. (C) A liquidação pode ser requerida mesmo na pen-

dência de recurso ainda não julgado pelo tribunal, hipótese em que deve ser processada em autos apartados no juízo de origem.

(D) Requerida a liquidação, deve a parte contrária ser pessoalmente intimada.

A: incorreto, pois em alguns feitos que tramitam sob o procedimento comum sumário (art. 275, II, “d” e “e”, do CPC) é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida, mesmo quando o autor haja formulado pedido genérico, devendo o magistrado, em tais casos, arbitrar o valor da condenação a seu prudente critério (art. 475-A, §3º, do CPC). A mesma inteligência se estende às demandas sujeitas ao rito sumaríssimo, na forma do art. 38, parágrafo único, da Lei 9.099/95; B: incorreto. A liquidação de sentença tem natureza de incidente processual, sendo resolvida, pois, por meio de decisão interlocutória e não de sentença, daí por que desafia o recurso de agravo de instrumento e não o de apelação (art. 475-H do CPC); C: correto (art. 475-A, §2º, do CPC); D: incorreto, porquanto o art. 475-A, §1º, do CPC dispõe que a parte será intimada, na pessoa de seu advogado, sobre o requerimento de liquidação de sentença.

Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A respeito das ações pos-sessórias, assinale a alternativa correta. (A) O possuidor tem direito a ser mantido na posse

em caso de esbulho e reintegrado no de turbação. (B) É vedada a cumulação de pedidos com o pedido

possessório. (C) Quando for ordenada a justificação prévia, o

prazo para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.

(D) A propositura da ação de reintegração de posse, quando cabível manutenção de posse, torna impossível o acolhimento do pedido, impondo a extinção sem resolução do mérito.

A: incorreto, pois o possuidor tem o direito de ser mantido na posse no caso de turbação e de ser reintegrado na hipótese de esbulho (art. 926 do CPC). Atenção! O examinador inverte os conceitos para confundir o candidato; B: incorreto, já que tanto autor quanto réu podem cumular o pedido possessório com o de indenização por perdas e danos, em razão da turbação ou do esbulho sofridos (arts. 921 e 922 do CPC); C: correto (art. 930, parágrafo único, do CPC); D: incorreto. Entre os interditos possessórios (interdito proibitório, manutenção e reintegração de posse) impera o princípio da fungi-bilidade, de modo que se, por exemplo, ao tempo do ajuizamento da demanda o autor alegar que sofreu turbação, mas, ao longo da lide, sobrevir o esbulho, o juízo não poderá deixar de conhecer do pedido e julgar improcedente o pedido inaugural. Será de rigor, em tal hipótese, a concessão da reintegração de posse em favor do autor, desde que preenchidos os requisitos legais (art. 920 do CPC). Gabarito "C"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Antônio, vítima em aci-dente automobilístico, foi atendido em hospital da rede pública do Município de Mar Azul e, por imperícia do médico que o assistiu, teve amputado um terço de sua perna direita. Nessa situação hipotética, respondem pelo dano causado a Antônio (A) o Município de Mar Azul e o médico, solidária e

objetivamente. (B) o Município de Mar Azul, objetivamente, e o médico,

regressivamente, em caso de dolo ou culpa. (C) o Município de Mar Azul, objetivamente, e o

médico, solidária e subjetivamente. (D) o Município de Mar Azul, objetivamente, e o

médico, subsidiariamente.

Como é de conhecimento geral, a responsabilidade estatal é objetiva, de modo que o Município responde objetivamente. Já a responsabilidade do agente público depende de culpa ou dolo de sua parte, devendo o Estado ingressar com ação de regresso contra o agente público que assim agir (art. 37, § 6º, da CF). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva a exe-cução de obra ou fornecimento e instalação de bens, denomina-se concessão (A) patrocinada. (B) de uso de bem público. (C) administrativa. (D) comum.

De acordo com o art. 2º, § 2º, da Lei 11.079/04, é concessão administrativa “o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja usuária direta ou indireta, ainda que envolva a execução de obra ou o fornecimento e instalação de bens”. A alternativa “c” é, portanto, a “mais correta”. No entanto, para que tal contrato seja mesmo uma parceria público-privada do tipo concessão administrativo, fazia-se necessário que o conceito deixasse claro que tal prestação de serviço não tenha valor inferior a R$ 20 milhões, não tenha período inferior a 5 anos e não tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública (art. 2º, § 4º, da Lei 11.079/04). Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A Lei 11.107, de 6 de abril de 2005, dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios con-

tratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum. A respeito do regime jurídico aplicável a tais consórcios públicos, assinale a alternativa correta. (A) A União somente participará de consórcios

públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.

(B) É vedada a celebração de contrato de consórcio público para a prestação de serviços cujo período seja inferior a 5 (cinco) anos.

(C) É vedada a celebração de contrato de consórcio público cujo valor seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões) de reais.

(D) Os consórcios públicos na área de saúde, em razão do regime de gestão associada, são dispen-sados de obedecer aos princípios que regulam o Sistema Único de Saúde.

As alternativas “B” e “C” são totalmente impertinentes ao instituto dos consórcios públicos. Elas guardam relação com outro instituto, a parceria público-privada (Lei 11.079/04), e foram inseridas para confundir o examinando. A alternativa “A” está correta, pois traz a exata redação do art. 1º, § 2º, da Lei 11.107/05. E a alternativa “D” está incorreta, pois o art. 1º, § 3º, da Lei 11.107/05 estabelece justamente o contrário, ou seja, “os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde – SUS”. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Ao tomar conhecimento de que o serviço público de transporte aquaviário concedido estava sendo prestado de forma ina-dequada, causando gravíssimos transtornos aos usuários, o ente público, na qualidade de poder con-cedente, instaurou regular processo administrativo de verificação da inadimplência da concessionária, assegurando-lhe o contraditório e a ampla defesa. Ao final do processo administrativo, restou efetivamente comprovada a inadimplência, e o poder concedente deseja extinguir a concessão por inexecução contra-tual. Qual é a modalidade de extinção da concessão a ser observada no caso narrado? (A) Anulação. (B) Caducidade. (C) Rescisão. (D) Encampação.

Wander Garcia

8. Direito Administrativo

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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8. DIREITO ADMINISTRATIvO

O instituto que se aplica ao caso concreto é o da caducidade, que é a extinção da concessão por inadimplência do concessionário (art. 38 da Lei 8.987/95), justamente o que fez a concessionária no caso concreto. A anulação não se aplica, pois é a extinção da concessão por ilegalidade. A rescisão é terminologia empregada, na concessão de serviço público, para a extinção desta por culpa do poder concedente, a pedido da concessionária. E a encampação também não se aplica ao caso narrado, pois é a extinção da concessão por motivo de interesse público. Porém, é bom que fique claro que a questão está mal formu-lada. Isso porque o enunciado narra conduta do poder concedente insuficiente para decretar a caducidade. Segundo a Lei 8.987/95, o poder concedente, quando tomar conhecimento de que o serviço público está sendo prestado de forma inadequada, deve, em primeiro lugar (antes de instaurar processo administrativo de inadimplência!!!), comunicar à concessionária detalhadamente os descumprimentos contratuais, dando-lhe prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais (art. 38, § 3º, da Lei 8.987/95). Assim, a situação narrada no enunciado não permitia, ainda, a o decreto de caducidade. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A qualificação como Orga-nizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos previstos na respectiva lei é ato (A) complexo, uma vez que somente se aperfeiçoa

com a instituição do Termo de Parceria. (B) composto, subordinando-se à homologação da

Chefia do Poder Executivo.

(C) discricionário, uma vez que depende de avalia-ção administrativa quanto à sua conveniência e oportunidade.

(D) vinculado ao cumprimento dos requisitos estabe-lecidos em lei.

A alternativa “d” está correta, pois traz o texto do art. 1º, § 2º, da Lei 9.790/99 (“a outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei” – g.n.). Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em âmbito federal, o direito de a Administração Pública anular atos administrativos eivados de vício de ilegalidade, dos quais decorram efeitos favoráveis para destinatários de boa-fé (A) decai em 5 (cinco) anos, contados da data em

que praticado o ato. (B) não se submete a prazo prescricional. (C) prescreve em 10 (dez) anos, contados da data

em que praticado o ato. (D) não se submete a prazo decadencial.

De fato, o art. 54, caput, da Lei 9.784/99 dispõe que o prazo decadencial para anular atos que beneficiam alguém de boa-fé é de 5 anos, contados da data em que praticado o ato. Apesar se a alternativa “a” ser a “mais correta”, a afirmativa está incompleta, pois, no caso de atos com efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento (art. 54, § 1º, da Lei 9.784/99). Gabarito "A"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A redação da Súmula Vinculante 28 (“É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibili-dade do crédito tributário”) tem por escopo impedir a adoção de que princípio jurídico? (A) Contraditório e ampla defesa. (B) Venire Contra Factum Proprium. (C) Solve et Repete. (D) Exceção de contrato não cumprido.

O STF claramente fixou a Súmula Vinculante 28 porque o depósito prévio prejudica o acesso ao Judiciário, ou, poderiamos dizer, viola o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional ou do irrestrito acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF). Assim, a rigor, a Súmula não serve para “impedir a adoção” de princípio jurídico, mas sim para garantir a aplicação de um – ver PSV 37/DF (processo no STF que deu origem à Súmula). A: incorreta, pois a inexigibilidade do depósito não afasta o contraditório e a ampla defesa, pois garante o acesso ao Judiciário; B: incorreta, pois a inexigibilidade do depósito não tem relação com a (im)possibilidade de agir de maneira contra-ditória; C: imprecisa. Ainda que se admita que o pagar para depois pedir restituição seja princípio (discordamos disso) e que ele seja aplicável aos depósitos judiciais, nada impede que o interessado realize o depósito judicial (embora não seja pressuposto para a ação), para suspender a exigibilidade do crédito tributário, por exemplo; D: incorreta, pois a inexigibilidade não tem relação com a prerrogativa de não se cumprir determinada prestação por inadimplência do outro contratante. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) José dos Anjos ajuíza ação anulatória de débito fiscal após realizar depósito do montante integral do crédito que busca a anulação. Nesse sentido, é correto afirmar que (A) caso o contribuinte saia vencido, caberá à

Fazenda promover execução fiscal para fins de receber o crédito que lhe é devido.

(B) o depósito prévio do montante integral é requisito de admissibilidade da ação ajuizada por José dos Anjos.

(C) o depósito prévio do montante integral produz os efeitos de impedir a propositura da execução fiscal, bem como evita a fluência dos juros e a imposição de multa.

(D) o depósito do montante objeto de discussão judi-cial poderá ser levantado caso José dos Santos tenha seu pedido julgado procedente perante o juízo de primeiro grau.

A: incorreta, pois, no caso de o contribuinte sair vencido, a Fazenda não precisa executar, já que o depósito é convertido em renda pública; B: incorreta, pois é pacífico o entendimento de que o depósito judicial não é pressuposto para ações (Súmula Vincu-lante 28/STF); C: imprecisa. De fato, o depositante não responderá pelos juros no período em que o dinheiro ficou à disposição do juízo, razão pela qual a alternativa foi considerada correta pelo examinador. Ou seja, se o contribuinte perder a demanda, não precisará pagar mais nada a título de juros. Ocorre que o depó-sito será remunerado (incidirá juros) pela instituição financeira depositária (o depósito será levantado ou convertido em renda acrescido de juros) ou pelo próprio Tesouro Nacional (em caso de tributos federais – se o contribuinte vencer a demanda levan-tará o valor acrescido da SELIC); D: incorreta, pois o depósito somente poderá ser levantado pelo contribuinte se ele vencer a demanda em última instância, com decisão de mérito em seu favor, conforme a jurisprudência pacífica (ver EREsp 227.835/SP - STJ). Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A Empresa ABC Ltda. foi incorporada pela Empresa XYZ Ltda., em 15/06/2011, sendo que os sócios da empresa incor-porada se aposentaram 7 (sete) dias após a data da realização do negócio jurídico. Em 30/06/2011, a Fiscalização da Secretaria da Receita Federal apurou crédito tributário, anterior à data da incor-poração, resultante do não recolhimento de IRPJ, CSLL, entre outros tributos devidos da responsabili-dade da Empresa ABC Ltda. Pelo exposto, o crédito tributário deverá ser cobrado (A) da Empresa ABC Ltda. (B) solidariamente da Empresa ABC Ltda. e da

Empresa XYZ Ltda. (C) dos sócios da Empresa ABC Ltda. (D) da Empresa XYZ Ltda.

A e B: incorretas, pois a incorporada (ABC Ltda.) deixa de existir com a incorporação, de modo que o Fisco não cobrará dela o crédito tributário – art. 1.118 do CC; C: incorreta, pois a simples inadimplência não implica responsabilidade dos sócios – Súmula 430/STJ; D: essa é a alternativa correta, pois a incorporadora (XYZ Ltda.) responde pelos créditos tributários deixados pela incorporada (ABC Ltda.) – art. 132, caput, do c/c o art. 129 do CTN). Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O Imposto sobre Opera-ções Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e

Robinson Sakiyama Barreirinhas

9. Direito Tributário

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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9. DIREITO TRIBUTáRIO

Intermunicipal e de Comunicação tem seus princípios delineados na Constituição, que é complementada pela Lei Complementar 87/1996, com as alterações posteriores. A respeito desse imposto é correto afirmar que (A) ele incide sobre operações que destinem a outros

Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combus-tíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica, assim como nas prestações de serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.

(B) é autorizada a sua cobrança sobre bens impor-tados do exterior por pessoa física que tenha intuito de comercializá-los, mas é vedada a sua incidência quando esses bens, importados do exterior, são destinados ao consumo próprio da pessoa natural.

(C) suas alíquotas aplicáveis às operações e presta-ções interestaduais e de exportação são estabe-lecidas por meio de resolução do Senado Federal, por iniciativa do seu Presidente ou de um terço dos Senadores da casa, com aprovação dada pela maioria absoluta de seus membros.

(D) ele tem função precipuamente fiscal, podendo ser seletivo em função da essencialidade, incide sobre o valor agregado, em obediência ao prin-cípio da não cumulatividade, mas não incide sobre o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro.

A: incorreta, pois há imunidade sobre essas operações – art. 155, § 2º, X, b e d, da CF; B: incorreta, pois o ICMS incide sobre as importações, ainda quando realizadas por quem não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a finalidade da mercadoria (mesmo que o bem seja destinado a consumo do próprio importador, portanto) – art. 155, § 2º, a, da CF; C: incorreta, pois a iniciativa dessa Resolução do Senado é do Presidente da República (não do Senado, como consta da assertiva) ou de um terço dos Senadores – art. 155, § 2º, IV, da CF. É importante salientar que, atualmente, todas as exportações são imunes ao ICMS, de modo que o Senado não mais deverá fixar alíquotas relativas a essas operações – art. 155, § 2º, X, a, da CF; D: assertiva correta. A função do ICMS é primordialmente fiscal (= arrecadatória), muito embora possa ter alíquotas seletivas segundo a essencialidade da mercadoria ou do serviço – art. 155, § 2º, III, da CF. Ademais, a não-cumulatividade implica cobrança do imposto descrita por muitos como sendo sobre o valor agregado (embora, a rigor, o cálculo seja meramente contábil). Finalmente, a imunidade relativa ao ouro ativo financeiro ou instrumento cambial é prevista no art. 155, § 2º, X, c, da CF. Gabarito "D"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Com relação ao contrato de aprendizagem, assinale a alternativa correta. (A) A duração do trabalho do aprendiz não pode

exceder de quatro horas diárias, sendo vedada a prorrogação e a compensação de jornada.

(B) Salvo condição mais favorável, ao menor aprendiz deve ser assegurado o salário mínimo hora.

(C) É um contrato especial de trabalho que pode ser ajustado de forma expressa ou tácita.

(D) É um contrato por prazo determinado cuja duração jamais poderá ser superior a dois anos.

A: opção incorreta, pois nos termos do art. 432 da CLT, a duração do trabalho do aprendiz não excederá seis horas diárias, sendo vedada a prorrogação e a compensação de jornada. B: opção correta, pois reflete o disposto no art. 428, § 2º, da CLT. C: opção incorreta, pois nos termos do art. 428, caput, da CLT, o contrato de aprendizagem deve ser ajustado apenas de forma escrita, não se admitindo de forma tácita. D: opção incorreta, pois o contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por prazo superior a 2 anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência, nos termos do art. 428, § 3º, da CLT. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) José Antônio de Souza, integrante da categoria profissional dos eletricitários, é empregado de uma empresa do setor elétrico, expondo-se, de forma intermitente, a condições de risco acentuado. Diante dessa situação hipo-tética, e considerando que não há norma coletiva disciplinando as condições de trabalho, assinale a alternativa correta. (A) José Antônio não tem direito ao pagamento de

adicional de periculosidade, em razão da inter-mitência da exposição às condições de risco.

(B) José Antônio tem direito ao pagamento de adi-cional de periculosidade de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco.

(C) José Antônio tem direito ao pagamento de adicio-nal de periculosidade de 30% (trinta por cento) sobre o seu salário básico.

(D) José Antônio tem direito ao pagamento de adicio-nal de periculosidade de 30% (trinta por cento) sobre a totalidade das parcelas salariais.

A: opção incorreta, pois a súmula 361 do TST determina que o trabalho exercido em condições perigosas, embora de forma intermitente, dá direito ao empregado a receber o adicional de

periculosidade de forma integral, na medida em que a Lei nº 7.369, de 20.09.1985, não estabeleceu nenhuma proporcionalidade em relação ao seu pagamento. B: opção incorreta, pois contraria a disposição contida na súmula 361 do TST. C: opção incorreta, pois para os eletricitários o adicional de periculosidade é calculado com base na totalidade das parcelas salariais, em conformidade com a súmula 191 do TST. D: opção correta, pois reflete o disposto na súmula 191 do TST. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Foi celebrada convenção coletiva que fixa jornada em sete horas diárias. Pos-teriormente, na mesma vigência dessa convenção, foi celebrado acordo coletivo prevendo redução da referida jornada em 30 minutos. Assim, os emprega-dos das empresas que subscrevem o acordo coletivo e a convenção coletiva deverão trabalhar, por dia, (A) 8 horas, pois a CRFB prevê jornada de 8 horas

por dia e 44 horas semanais, não podendo ser derrogada por norma hierarquicamente inferior.

(B) 7 horas e 30 minutos, porque o acordo coletivo, por ser mais específico, prevalece sobre a con-venção coletiva, sendo aplicada a redução de 30 minutos sobre a jornada de 8 horas por dia prevista na CRFB.

(C) 6 horas e 30 minutos, pela aplicação do princípio da prevalência da norma mais favorável ao tra-balhador.

(D) 7 horas, pois as condições estabelecidas na convenção coletiva, por serem mais abrangen-tes, prevalecem sobre as estipuladas no acordo coletivo.

A: opção incorreta, pois o art. 7º, XIII, da CF, autoriza a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Assim, uma vez fixado em acordo coletivo, jornada inferior ao mínimo legal, deverá ela ser obedecido este limite, nos termos do art. 58 da CLT. B: opção incorreta, pois a redução de 30 minutos deve ser calculada sobre a jornada fixada na convenção coletiva, ou seja, sete horas diárias, na medida em que a convenção ainda estava na vigência. Caso não estivesse na vigência da convenção coletiva, a redução de 30 min. seria calculada sobre a jornada de trabalho ordinária de 8 horas, na medida em que, nos termos da súmula 277, I, do TST, as condições de trabalho alcançadas por força de convenção coletiva vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos individuais de trabalho. C: opção correta, pois a opção está em consonância com o art. 620 da CLT. D: opção incorreta, pois contraria o princípio da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador, disposta no art. 620 da CLT Gabarito "C"

Hermes Cramacon

10. Direito do Trabalho

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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10. DIREITO DO TRABALhO

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) João da Silva ajuizou reclamação trabalhista em face da empresa Alfa Empreendimentos Ltda., alegando ter sido dispen-sado sem justa causa. Postulou a condenação da reclamada no pagamento de aviso prévio, décimo terceiro salário, férias proporcionais acrescidas do terço constitucional e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento) sobre os depósitos do FGTS, bem como na obrigação de fornecimento das guias para levantamento dos depósitos do FGTS e obtenção do benefício do seguro-desemprego. Na peça de defesa, a empresa afirma que o reclamante foi dispensado motivadamente, por desídia no desempenho de suas funções (artigo 482, alínea “e”, da CLT), e que, por essa razão, não efetuou o pagamento das verbas postuladas e não forneceu as guias para a movimentação dos depósitos do FGTS e percepção do seguro-desemprego. Considerando que, após a instrução processual, o juiz se convenceu da configuração de culpa recí-proca, assinale a alternativa correta. (A) O reclamante não poderá movimentar a conta

vinculada do FGTS. (B) O reclamante não tem direito ao pagamento de

indenização compensatória sobre os depósitos do FGTS.

(C) A culpa recíproca é modalidade de resilição uni-lateral do contrato de trabalho.

(D) O reclamante tem direito a 50% do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.

A: opção incorreta, pois havendo culpa recíproca o reclamante poderá movimentar sua conta de FGTS, nos termos do art. 20, I, da Lei 8.036/90. B: opção incorreta, pois nos termos do art. 18, § 2º, da Lei 8.036/90, havendo culpa recíproca, o reclamante tem direito ao pagamento de indenização compensatória sobre os depósitos do FGTS corresponderá a 20%. C: opção incorreta, pois a culpa recíproca é hipótese de resolução do contrato de trabalho que ocorre sempre que uma ou ambas as partes praticarem uma falta. A resilição do contrato de trabalho ocorre sempre que uma ou ambas as partes resolvem, sem justo motivo, romper o pacto laboral. D: opção correta, pois o art. 484 da CLT determina que, havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o juiz reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, pela metade. Importante frisar que o saldo de salário deverá ser pago integralmente, nos termos da súmula 14 do TST. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Paulo, empregado da empresa Alegria Ltda., trabalha para a empresa Boa Sorte Ltda., em decorrência de contrato de prestação de serviços celebrado entre as respectivas empresas. As atribuições por ele exercidas inserem-se na ativi-dade-meio da tomadora, a qual efetua o controle de sua jornada de trabalho e dirige a prestação pessoal dos serviços, emitindo ordens diretas ao trabalhador no desempenho de suas tarefas. Diante dessa situa-ção hipotética, assinale a alternativa correta. (A) A terceirização é lícita, não acarretando a res-

ponsabilidade subsidiária da empresa tomadora

pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela empresa prestadora.

(B) A terceirização é ilícita, acarretando a nulidade do vínculo de emprego com a empresa prestadora e o reconhecimento do vínculo de emprego direta-mente com a empresa tomadora.

(C) A terceirização é ilícita, acarretando a respon-sabilidade subsidiária da empresa tomadora pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela empresa prestadora.

(D) A terceirização é lícita, acarretando a respon-sabilidade subsidiária da empresa tomadora pelas obrigações trabalhistas inadimplidas pela empresa prestadora.

A: opção incorreta, pois a terceirização apresentada no caso é considerada ilícita. B: opção correta, pois embora realizada em atividade meio da empresa, estava presente na relação apresentada a existência de pessoalidade e a subordinação, reconhecendo, desta forma, a relação de emprego entre Paulo e a empresa tomadora de serviços Boa Sorte Ltda., nos termos da súmula 331, I e III, do TST. C: opção incorreta, pois na terceirização considerada ilícita a responsabilidade será solidária, com fundamento no art. 942 do Código Civil, tendo em vista que a contratação por meio de empresa interposta é ilegal e não produz qualquer efeito, nos moldes do art. 9º da CLT. D: opção incorreta, pois a terceirização é considerada ilícita e não lícita e a responsabilidade será solidária e não subsidiária como induz a opção. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Assinale a alternativa correta em relação ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS. (A) A prescrição da pretensão relativa às parcelas

remuneratórias não alcança o respectivo reco-lhimento da contribuição para o FGTS, posto ser trintenária a prescrição para a cobrança deste último.

(B) Na hipótese de falecimento do empregado, o saldo de sua conta vinculada do FGTS deve ser pago ao representante legal do espólio, a fim de que proceda à partilha entre todos os sucessores do trabalhador falecido.

(C) Durante a prestação do serviço militar obrigatório pelo empregado, ainda que se trate de período de suspensão do contrato de trabalho, é devido o depósito em sua conta vinculada do FGTS.

(D) Não é devido o pagamento de indenização com-pensatória sobre os depósitos do FGTS quando o contrato de trabalho se extingue por força maior reconhecida pela Justiça do Trabalho.

A: opção incorreta, pois em conformidade com a súmula 206 do TST, a prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o respectivo recolhimento da contribuição para o FGTS. B: opção incorreta, pois nos termos do art. 20, IV, da Lei 8.036/90, havendo o falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. C: opção correta, pois reflete o disposto no art. 15, § 5º, da Lei 8.036/90. D: opção incorreta, pois o art. 18, 2º, da Lei 8.036/90, ensina que havendo extinção do contrato por força maior, a indenização corresponderá a 20%. Gabarito "C"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em audiência de concilia-ção, instrução e julgamento, o reclamado não respon-deu ao pregão, mas compareceu o seu advogado, munido de procuração e dos atos constitutivos da empresa. Dada a palavra ao reclamante, seu advo-gado requereu que a empresa fosse considerada revel e confessa, pelo que o juiz indeferiu a juntada da defesa escrita que o advogado da parte recla-mada pretendia apresentar. Assinale a alternativa correta, indicando como deve o advogado da parte reclamada proceder. (A) Deve conformar-se, pois, no processo do traba-

lho, a revelia tanto pode decorrer da ausência da parte ré quanto da falta de apresentação da defesa, estando ou não presente o advogado da parte ausente (ainda que munido de procuração) e sempre importa em confissão quanto a qualquer matéria, de fato ou de direito.

(B) Deve conformar-se, pois, no processo do tra-balho, a revelia decorre da ausência da parte ré, importando em confissão quanto a qualquer matéria, pelo que a presença do advogado da parte ausente, munido de procuração e defesa, é irrelevante.

(C) Deve lançar em ata o protesto, alegando que, no processo do trabalho, a revelia decorre da falta de apresentação de defesa, pelo que a presença do advogado, munido de procuração, supre a ausência da parte.

(D) Deve lançar em ata o protesto, alegando que, no processo do trabalho, a revelia decorre da ausência da parte ré, importando em confissão quanto à matéria de fato, pelo que o juiz deve receber a defesa apresentada pelo advogado da parte ausente, desde que munido de procuração, para o exame das questões de direito.

A: opção incorreta, pois prevalece na doutrina que a revelia nos domínios do processo do trabalho se dá com a ausência da recla-mada à audiência inaugural, em conformidade com o art. 843 da CLT. B: opção incorreta, pois a revelia no processo do trabalho gera a confissão quanto à matéria de fato e não para as matérias de direito. C: opção incorreta, pois o art. 843 da CLT dispõe que na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus repre-sentantes. D: opção correta, pois na questão estamos trabalhando

como advogado da reclamada e por este motivo devemos defender seus interesses. Desta forma, os interesses da reclamada seriam melhores defendidos, se lançando em ata o protesto, consignando que, no processo do trabalho, a revelia decorre da ausência da parte ré à audiência (art. 843 da CLT), importando em confissão exclusivamente quanto à matéria de fato, devendo o juiz receber a defesa apresentada pelo advogado da parte ausente para o exame das questões de direito. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A respeito do recurso de revista, é correto afirmar que (A) é cabível nas causas sujeitas ao procedimento

sumaríssimo, somente por contrariedade à súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta à Consti-tuição da República.

(B) não é cabível para reforma de decisão visando à uniformização de jurisprudência e restabeleci-mento da lei federal violada.

(C) é cabível em sede de execução, de decisão em embargos à execução, nas mesmas hipóteses de cabimento das decisões decorrentes de recurso ordinário.

(D) é cabível para corrigir injustiças de decisões em recurso ordinário, havendo apreciação das provas produzidas nos autos do processo.

A; opção correta, pois reflete o disposto no art. 896, § 6º, da CLT. B: opção incorreta, pois o art. 896, a, da CLT, prevê tal hipótese. C: opção incorreta, pois nos termos do art. 896, § 2º, da CLT o recurso de revista é cabível somente na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. D: opção incorreta, pois dada a natureza extraordinária do recurso não é permitido o reexame de fatos e provas, nos termos da súmula 126 do TST. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à execução trabalhista. (A) As partes devem ser previamente intimadas para a

apresentação do cálculo de liquidação, exceto da contribuição previdenciária incidente, que ficará a cargo da União.

(B) Tratando-se de prestações sucessivas, por tempo indeterminado, a execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução.

(C) Em se tratando de execução provisória, não fere direito líquido e certo do impetrante a determina-

Hermes Cramacon

11. Direito Processual do Trabalho

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COMO PASSAR NA OAB – 7a EDIÇÃO – ATUALIZAÇÃO No 1

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11. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALhO

ção de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, uma vez que obedece à gradação prevista em lei.

(D) Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los será sempre do juízo deprecante.

A: opção incorreta, pois de acordo com o art. 879, § 1o-B, da CLT, as partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente. B: opção correta, pois reflete o disposto no art. 892 da CLT. C: opção incorreta, pois contraria o entendimento cristalizado na súmula 417, III, do TST. D: opção incorreta, pois de acordo com a súmula 419 do TST, a competência para julgar os embargos de terceiro é do juiz deprecante, salvo se tratar de vícios ou irregularida-des de penhora, avaliação ou alienação de bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste último. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Quanto ao cabimento do mandado de segurança na Justiça do Trabalho, assinale a alternativa correta. (A) É permitido o exercício do jus postulandi das

partes quando da impetração do mandado de segurança na Justiça do Trabalho.

(B) Cabe a impetração de mandado de segurança da decisão que indefere liminar ou homologação de acordo.

(C) O mandado de segurança impetrado contra decisão liminar que concedeu a tutela antecipada perde o objeto quando da superveniência de sentença nos autos originários.

(D) Tratando-se de execução provisória, não fere direito líquido e certo do impetrante a determina-ção de penhora em dinheiro, ainda que nomeados outros bens à penhora, uma vez que obedece à gradação da lei processual.

A: opção incorreta, pois a súmula 425 do TST determina não ser possível fazer uso do jus postulandi - art. 791 da CLT, para a impetração de mandado de segurança. B: opção incorreta, pois nos termos da súmula 418 do TST, a concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. C: opção correta, pois reflete o disposto na súmula 414, III, do TST. D: opção incorreta, pois contraria o disposto na súmula 417, I, do TST. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Lavrado auto de infração contra uma empresa por alegada violação às normas da CLT, o valor da multa importa em R$ 5.000,00. Pretendendo recorrer administrativamente da multa, a empresa (A) não precisará recolher qualquer multa para ter

apreciado o seu recurso administrativo. (B) não precisará depositar a multa, pois isso somente

será obrigatório se desejar ajuizar ação anulatória perante a Justiça do Trabalho.

(C) para ser isenta do depósito da multa, deverá valer-se de ação própria requerendo judicialmente a isenção até o julgamento do recurso adminis-trativo.

(D) deverá recolher o valor da multa, que ficará retida até o julgamento do recurso administrativo.

A: opção correta, pois embora a multa esteja prevista no art. 636, § 1º, da CLT, sendo exigida como condição para interposição do recurso administrativo, o TST interpretou referido dispositivo de lei, conforme o art. 5, LV, da CF (princípio do contraditório e ampla defesa), editando a súmula 424, ensinando que a norma em debate não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, ante a sua incompatibilidade com o inciso LV do art. 5º. B: opção incorreta, pois não há obrigatoriedade de depósito em anulação anulatória. C: opção incorreta, pois em conformidade com a súmula 424 do TST não há exigência de multa. D: opção incorreta, vide comentários da opção A. Gabarito "A"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Assinale a alternativa cor-reta quanto ao licenciamento ambiental e ao acesso aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama. (A) A exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambien-

tal para aterros sanitários depende de decisão discricionária do órgão ambiental, que avaliará no caso concreto o potencial ofensivo da obra.

(B) Uma pessoa jurídica com sede na França poderá solicitar, aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante requerimento escrito, mesmo sem com-provação de interesse específico, informações sobre resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de ativi-dades potencialmente poluidoras das empresas brasileiras.

(C) Um cidadão brasileiro pode solicitar informações sobre a qualidade do meio ambiente em um município aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante a apresentação de título de eleitor e comprovação de domicílio eleitoral no local.

(D) Caso a área que sofrerá o impacto ambiental seja considerada estratégica para o zoneamento industrial nacional de petróleo e gás e em áreas do pré-sal, o órgão ambiental poderá elaborar estudo prévio de impacto ambiental sigiloso.

A: incorreta, pois o EIA/RIMA no caso de aterro sanitário é obrigatório (art. 2º, X, da Resolução CONAMA nº 01/86); B: assertiva considerada correta, muito provavelmente pela interpretação bem extensiva do princípio da informação, que permeia o Direito Ambiental; todavia, a Lei 10.650/03, que trata especificamente sobre o assunto, estabelece que apenas o “indivíduo” terá direito às informações de que trata o enunciado da questão; a “pessoa jurídica estrangeira”, portanto, não teria legitimidade para fazer a solicitação mencionada, de modo que a questão em tela é, no mínimo, polêmica; C: incorreta, pois a Lei 10.650/03 estabelece que qualquer indivíduo tem legitimidade para esse requerimento, não sendo necessário que se trate de um cidadão, ou seja, aquele que está com os direitos políticos em dia; D: incorreta, pois o EIA/RIMA é feito pelo empreendedor, e não por órgão público; ademais, a regra é ser o EIA/RIMA público, e não sigiloso; o sigilo só é admitido em caso de sigilo industrial, sendo necessária a devida justificativa (art. 11 da Resolução CONAMA nº 01/86). Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) O inciso VII do §1º do art. 225 da Constituição da República prevê a pro-teção da fauna e da flora, vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, enquanto que o §1º do art. 231 do referido texto constitucional estabelece que são terras indígenas as habitadas por eles em caráter permanente e que podem ser utilizadas por esses povos, desde que necessárias ao seu bem-estar e à sua reprodução física e cultural. A esse respeito, assinale a alternativa correta. (A) Os indígenas têm o usufruto exclusivo das

riquezas do solo, dos rios e dos lagos nas terras ocupadas em caráter permanente por eles e, portanto, podem explorá-las, sem necessidade de licenciamento ambiental.

(B) Os indígenas são proprietários das terras que ocupam em caráter permanente, mas devem explorá-las segundo as normas ambientais esta-belecidas na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e do Código Florestal.

(C) Os indígenas podem suprimir vegetação de mata atlântica sem autorização do órgão ambiental competente porque são usufrutuários das terras que habitam.

(D) A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para atender à sua subsis-tência, respeitado o Código Florestal.

A e C: incorretas, pois, apesar de os índios terem o direito de usu-fruto mencionado (art. 231, § 2º, da CF), eles não têm imunidade ao cumprimento das leis, não podendo se furtar ao licenciamento ambiental, quando este for necessário; B: incorreta, pois a proprie-dade das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios é da União (art. 20, XI, da CF); D: correta (art. 3º-A da Lei 4.771/65 – Código Florestal). Gabarito "D"

Wander Garcia

12. Direito Ambiental

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) No tocante às normas contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que (A) ao ato infracional praticado por crianças corres-

ponderão as seguintes medidas socioeducativas: advertência, obrigação de reparar o dano, presta-ção de serviços à comunidade, liberdade assistida e inserção em regime de semiliberdade.

(B) a concessão da remissão, que prescinde da homo-logação da Autoridade Judiciária, é medida que o membro do Ministério Público atribuído poderá adotar no processamento de ato infracional.

(C) o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será imediatamente encaminhado ao Juiz de Direito em exercício na Vara da Infância e Juventude, que decidirá sobre a necessidade ou não de seu acautelamento provisório.

(D) a medida socioeducativa de internação aplicada em razão do descumprimento reiterado e injus-tificável da medida anteriormente imposta ao adolescente infrator não poderá ser superior a três meses.

A: é do art. 105 do ECA que as crianças que cometerem ato infracional estarão sujeitas tão somente a medidas protetivas. Em hipótese alguma, pois, será a elas impingida medida socioeducativa, reservada exclusivamente aos adolescentes. Pode-se, portanto, dizer que, em relação a elas – crianças -, vige o sistema da irresponsabilidade, já que as medidas de proteção não têm caráter punitivo. Têm, isto sim, natureza administrativa e podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar. Podemos ainda dizer que, em relação aos adolescentes, dada a natureza de sanção que têm as medidas socioeducativas, sua responsabilidade pela prática de ato infracional é especial, porque disciplinada em legislação especial. A assertiva, portanto, está incorreta; B: proposição incorreta, pois a remissão, quando concedida pelo membro do Ministério Público (remissão ministerial), não prescinde de homologação do juiz - art. 126, caput, do ECA. De outro lado, uma vez iniciado o procedimento, a remissão não mais poderá ser concedida pelo promotor de Justiça; agora, somente pela autoridade judiciária. Esta é a remissão judicial, que importa em suspensão ou extinção do processo (art. 126, parágrafo único, ECA) e tem como propósito amenizar os efeitos da continuidade do processo; C: assertiva incorreta, visto que, pela disciplina do art. 172 do ECA, o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional deverá ser conduzido à presença da autoridade policial competente. Diferentemente, o adolescente apreendido por força de

ordem judicial (para o cumprimento de medida socioeducativa de internação; para que compareça à audiência de apresentação etc) será encaminhado à autoridade judiciária – art. 171, ECA; D: assertiva correta. Esta é a chamada internação com prazo determinado ou internação-sanção. Assim, uma vez aplicada a medida por sentença em processo de conhecimento, cabe ao adolescente a ela submeter-se, independentemente de sua vontade. Se assim não fizer, poderá sujeitar-se à internação-sanção, cujo prazo de duração, a teor do art. 122, § 1º, poderá chegar a três meses. Segundo o STJ, a reiteração pressupõe mais de três atos. Além disso, o descumprimento há de ser injustificável, devendo o juiz, portanto, ouvir as razões do adolescente. A esse respeito, a Súmula 265 do STJ: “É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa”. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Washington, adolescente com 14 (quatorze) anos, movido pelo desejo de ajudar seus genitores no sustento do núcleo familiar pobre, pretende iniciar atividade laborativa como ensacador de compras na pequena mercearia Tudo Tem, que funciona 24h, localizada em sua comuni-dade. Recentemente, esta foi pacificada pelas Forças de Segurança Nacional. Tendo como substrato a tutela do Estatuto da Criança e do Adolescente no tocante ao Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, assinale a alternativa correta. (A) Como a comunidade onde reside Washington

foi pacificada pelas forças de paz, não há falar em local perigoso ou insalubre para o menor; assim, poderá o adolescente exercer a carga horária laborativa no período das 22h às 24h, sem qualquer restrição legal, desde que procure outra atividade laborativa que seja de formação técnico-profissional.

(B) Na condição de aprendiz, não é necessário que o adolescente goze de horário especial compatível com a garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular.

(C) Washington poderá ser contratado como ensaca-dor de compras, mesmo não sendo tal atividade de aprendizagem, pois, como já possui 14 (qua-torze) anos, tem discernimento suficiente para firmar o contrato de trabalho e, assim, prestar auxílio material aos seus pais, adotando a louvá-vel atitude de preferir o trabalho às ruas.

Eduardo Dompieri

13. Direito da Criança e do Adolescente

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EDUARDO DOMPIERI

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(D) Washington não poderá trabalhar na mercearia como ensacador de compras, pois tal atividade não é enquadrada como de formação técnico-profissional; portanto, não se pode afirmar que o menor exercerá atividade laborativa na condição de aprendiz.

A: alternativa incorreta. Como conta com 14 anos, a Washington somente é permitido exercer atividade laborativa na condição de aprendiz - art. 7º, XXXIII, da CF. O trabalho noturno, perigoso ou insalubre é reservado somente àqueles que já contam com 18 anos. Pouco importa se o local onde será exercida a atividade laborativa está situado em região onde as forças de segurança atuaram e lograram

pacificá-la. Importa, sim, é que o adolescente exerça sua atividade técnico-profissional em horário adequado, não seja exposto, no exercício de sua atividade, a perigo nem a trabalho insalubre. Vide art. 428 da CLT; B: a assertiva – incorreta – está em desconformidade com o que prescreve o art. 63, I e III, do ECA; C: não se tratando de atividade de aprendizagem, Washington, que conta com 14 anos, não poderá, por força do que dispõe o art. 7º, XXXIII, da CF, ser contratado como ensacador de compras. Ainda que a sua iniciativa seja louvável, o comando constitucional tem como propósito evitar que o adolescente deixe o estudo de forma prematura para lançar-se no mercado de trabalho; D: alternativa correta. A atividade de aprendizagem deve promover uma formação técnico-profissional, o que não é o caso do ensacador de compras. Gabarito "D"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Com relação aos critérios para substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, assinale a alternativa correta. (A) Somente fará jus à substituição o réu que for

condenado a pena não superior a 4 (quatro) anos. (B) Se superior a um ano, a pena privativa de liber-

dade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

(C) A substituição nunca poderá ocorrer se o réu for reincidente em crime doloso.

(D) Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos, esta será convertida em privativa de liberdade, reiniciando-se o cum-primento da integralidade da pena fixada em sentença.

A: a assertiva estaria correta se se referisse somente aos crimes dolosos. Sucede que também faz jus à substituição, além do con-denado a pena não superior a 4 anos, aquele condenado por crime culposo, qualquer que seja a pena; B: proposição correta, nos termos do art. 44, § 2º, segunda parte, do CP; C: a substituição, neste caso, é, em regra, vedada – art. 44, II. Entretanto, poderá ela operar-se se estiverem presentes os requisitos a que alude o art. 44, § 3º, do CP, a saber: a substituição há de ser socialmente recomendável; e o réu não pode ter reincidido na prática do mesmo crime (reincidência específica); D: é verdade que o descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos acarreta a sua conversão em privativa de liberdade. Mas não é verdadeira a afirmação segundo a qual, neste caso, a pena fixada na sentença deve ser cumprida na íntegra. Em vista do disposto no art. 44, § 4º, do CP, “no cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão”. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em relação ao cálculo da pena, é correto afirmar que (A) a análise da reincidência precede à verificação

dos maus antecedentes, e eventual acréscimo de pena com base na reincidência deve ser posterior à redução pela participação de menor importância.

(B) é possível que o juiz, analisando as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, fixe pena-base em patamar acima do máximo previsto.

(C) é defeso ao juiz fixar a pena intermediária em patamar acima do máximo previsto, ainda que haja circunstância agravante a ser considerada.

(D) o acréscimo de pena pela embriaguez preorde-nada deve se feito posteriormente à redução pela confissão espontânea.

A: os maus antecedentes fazem parte do rol do art. 59 do CP. Trata-se das chamadas circunstâncias judiciais. Devem, por isso, ser levados em conta na eleição do quantum da pena-base, que constitui a primeira etapa de fixação da pena. A reincidência, por sua vez, por se tratar de circunstância agravante (art. 61, I, CP), será analisada em momento posterior, na chamada segunda fase (fase intermediária). No mais, a redução de pena pela participação de menor importância – art. 29, § 1º, do CP – deve ser aplicada pelo magistrado na terceira e derradeira fase de fixação da pena, pos-terior, portanto, ao acréscimo decorrente da reincidência, operada na segunda fase de fixação da pena (circunstância agravante); B e C: na primeira e na segunda etapas de aplicação da pena, é defeso ao juiz fixá-la em patamar superior ou inferior ao estabelecido no preceito secundário do tipo penal incriminador. Já na terceira fase é possível fixar-se pena inferior à mínima ou superior à máxima; D: art. 67 do CP. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Osíris, jovem universi-tária de Medicina, soube estar gestante. Todavia, tratava-se de gravidez indesejada, e Osíris queria saber qual substância deveria ingerir para interrom-per a gestação. Objetivando tal informação, Osíris estimulou uma discussão em sala de aula sobre o aborto. O professor de Osíris, então, bastante ani-mado com o interesse dos alunos sobre o assunto, passou também a emitir sua opinião, a qual era claramente favorável ao aborto. Referido professor mencionou, naquele momento, diversas substâncias capazes de provocar a interrupção prematura da gravidez, inclusive fornecendo os nomes de inúme-ros remédios abortivos e indicando os que achava mais eficazes. Além disso, também afirmou que as mulheres deveriam ter o direito de praticar aborto sempre que achassem indesejável uma gestação. Nesse sentido, considerando-se apenas os dados mencionados, é correto afirmar que o professor de Osíris praticou (A) o crime previsto no art. 286 do Código Penal, que

dispõe: “incitar, publicamente, a prática de crime”. (B) a contravenção penal prevista no art. 20 do

Decreto-Lei 3.688/41, que dispõe: “anunciar pro-cesso, substância ou objeto destinado a provocar aborto”.

Eduardo Dompieri

14. Direito Penal

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(C) fato atípico. (D) o crime previsto no art. 68 da Lei 8.078/90, que

dispõe: “fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consu-midor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança”.

A conduta praticada pelo professor de Osíris é atípica. O tipo penal prefigurado no art. 286 do Código Penal exige que o agente aja com o propósito de estimular, impelir a prática de crime (elemento subjetivo do tipo). Não é o que se deu no contexto apresentado no enunciado. Em verdade, o professor, instigado pelos alunos, apenas exerceu seu direito à manifestação do pensamento (art. 5º, IV e IX, da CF), é dizer, exteriorizou sua opinião acerca do aborto, sem, com isso, incitar a sua prática. Note bem: ele não disse “pratiquem o aborto”; ele limitou-se a defender seu ponto de vista sobre o tema, estimulando, a seu respeito, um debate. Não há que se falar, de outro lado, na prática da contravenção prevista no art. 20 da LCP, visto que não houve, por parte do professor, anúncio de processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto. No mais, inexiste relação de consumo entre o professor e os alunos. Além disso, o bem jurídico protegido pela Lei 8.078/90 é diferente daquele tutelado pelo crime de aborto. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Tício praticou um crime de furto (art. 155 do Código Penal) no dia 10/01/2000, um crime de roubo (art. 157 do Código Penal) no dia 25/11/2001 e um crime de extorsão (art. 158 do Código Penal) no dia 30/5/2003. Tício foi condenado pelo crime de furto em 20/11/2001, e a sentença penal condenatória transitou definitivamente em julgado no dia 31/3/2002. Pelo crime de roubo, foi condenado em 30/01/2002, com sentença transitada em julgado definitivamente em 10/06/2003 e, pelo crime de extorsão, foi condenado em 20/8/2004, com sentença transitando definitivamente em julgado no dia 10/6/2006. Com base nos dados acima, bem como nos estudos acerca da reincidência e dos maus antecedentes, é correto afirmar que (A) nosso ordenamento jurídico-penal prevê como

tempo máximo para configuração dos maus antecedentes o prazo de cinco anos a contar do cumprimento ou extinção da pena e eventual infração posterior.

(B) na sentença do crime de furto, Tício é considerado portador de maus antecedentes e, na sentença do crime de roubo, é considerado reincidente.

(C) na sentença do crime de extorsão, Tício possui maus antecedentes em relação ao crime de roubo e é reincidente em relação ao crime de furto.

(D) cinco anos após o trânsito em julgado definitivo da última condenação, Tício será considerado primário, mas os maus antecedentes persistem.

A: incorreta, pois a configuração dos maus antecedentes (art. 59, CP) não está condicionada a prazo algum. Tal se dá somente com a reincidência (art. 61, I, CP), que deixará de produzir efeitos depois de cinco anos do término do cumprimento ou extinção da pena (art. 64, I, do CP); B: incorreta, já que não poderia Tício, quando da sentença do crime de furto, ser portador de maus antecedentes porquanto nenhuma infração penal praticara antes disso, isto é, tanto o cometimento do roubo quanto o da extorsão

foram posteriores; C: esta assertiva, em princípio, está correta, já que o trânsito em julgado da sentença penal condenatória do crime de furto (31/3/2002) é anterior à prática do crime de extorsão (30/5/2003), o que torna Tício reincidente. Quanto ao fato de Tício, neste caso, ser portador de maus antecedentes, impende registrar que há, na doutrina, divergência. Se consideramos como critério a data em que foi prolatada a sentença no processo que apura o crime de extorsão, em vista do entendimento firmado na Súmula 444 do STJ, caracterizados estarão os maus antecedentes, já que o trânsito em julgado da sentença condenatória no crime de roubo se deu em data anterior. Agora, se consideramos como critério a data da prática do crime de extorsão, levando-se também em conta o preconizado na Súmula 444 do STJ, não haveria, neste caso, que se falar em maus antecedentes, na medida em que o cometimento do crime de extorsão é anterior ao trânsito em julgado da sentença condenatória do crime de roubo. Dito de outro modo, quando da prática do crime de extorsão, segundo este segundo critério, compartilhado por parte da doutrina, ainda não havia condenação definitiva em desfavor de Tício; D: a teor do art. 64, I, do CP, o termo inicial do prazo de cinco anos após o qual Tício será considerado novamente primário é a data do término do cumprimento ou extinção da pena. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Configura modalidade de peculato prevista no Código Penal (A) o peculato eletrônico, modalidade anômala de

peculato, consistente em inserir dados falsos, alterar ou modificar dados no sistema de infor-mações da administração pública.

(B) o peculato por erro de outrem, consistente na apropriação de bem ou valores que o funcionário tenha recebido pela facilidade que seu cargo lhe proporciona.

(C) o peculato-desvio, consistente no desvio de bens ou valores, pelo funcionário público, em benefício de terceiro.

(D) o peculato-culposo, consistente na apropriação de bens ou valores que o funcionário tenha recebido por erro de outrem em razão do cargo público que exerce.

A: a conduta descrita nesta alternativa - dada como certa - não está contemplada, na íntegra, no art. 313-A do Código Penal, que abriga o chamado peculato eletrônico. A descrição contida na alternativa não contém o elemento subjetivo específico, consistente na finalidade de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Ademais, a dados deveria ser agregado o termo “corretos”, pois é imprescindível à caracterização do crime do art. 313-A que os dados indevidamente alterados ou excluídos sejam corretos. Cremos, por isso, que esta proposição não poderia ser considerada como correta; B: o contido na assertiva não corresponde ao crime do art. 313 do CP – peculato mediante erro de outrem, também chamado de peculato-estelionato ou peculato impróprio. Neste, o terceiro, enganado quanto à pessoa do funcionário, entrega-lhe dinheiro ou qualquer utilidade. O intraneus, em vez de restituir o bem, dele se apropria, aproveitando-se do erro em que incorreu o terceiro; C: entendemos que esta assertiva não pode ser considerada como incorreta, visto que em consonância com o art. 312, caput, in fine, do CP, ainda que lhe falte o elemento “...em proveito próprio...”; D: incorreta, pois o peculato culposo, previsto no art. 312, § 2º, do CP, pressupõe que o agente tenha concorrido para o crime doloso de outrem com culpa, é dizer, tenha agido com imprudência, negligência ou imperícia. Gabarito "A"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95), assinale a alternativa correta. (A) Tratando-se de crime de ação penal pública

incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

(B) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a infração penal.

(C) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou por edital.

(D) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do Ministério Público.

A: o texto da assertiva – que está correta - corresponde à redação do art. 76 da Lei 9.099/95, que cuida da chamada transação penal; B: incorreta, pois, a teor do disposto no art. 63 da Lei 9.099/95, a competência do juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. Já o Código de Processo Penal, em seu art. 70, estabelece que a competência será determinada, de regra, pelo lugar em que se consumar a infração penal; C: a proposição está em parte correta. É verdadeira a assertiva: “a citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível” – art. 66, caput, Lei 9.099/95. Mas dizer-se que a citação far-se-á, no âmbito do juizado especial, por edital torna a assertiva incorreta. É que, em obediência ao que preleciona o art. 66, parágrafo único, da Lei 9.099/95, uma vez não localizado o acusado para ser citado, o juiz deverá providenciar o encaminhamento dos autos ao juízo comum para prosseguimento, e não determinar a sua citação por edital; D: é vedado ao juiz substitui-se ao membro do Ministério Público e, ele próprio, oferecer a proposta de transação penal. Diante da recusa injustificada do promotor de Justiça em oferecer a proposta, cabe ao magistrado aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, provocando a atuação do chefe do parquet. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) A Lei 7.492/86 define os Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Acerca do procedimento previsto para tais crimes, é correto afirmar que (A) a ação penal será promovida perante a Justiça

Federal quando a infração for praticada em detri-mento de bens e serviços de entes federais. Nos demais casos, será proposta perante a Justiça Estadual.

(B) os órgãos dos Ministérios Públicos Federal e Esta-dual, sempre que julgarem necessário, poderão

requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência relativa à prova dos crimes previstos na Lei 7.492/86.

(C) quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procura-dor-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informações recebidas.

(D) nos crimes previstos nessa lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que, por meio de confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá sua pena reduzida de 1 (um) a 2/5 (dois quintos).

A: incorreta, na medida em que a ação penal nos crimes contra o sistema financeiro nacional será sempre promovida perante a Justiça Federal, conforme estabelecem os arts. 109, VI, segunda parte, da CF e 26, caput, da Lei 7.492/86; B: incorreta, pois esta atribuição é exclusiva do Ministério Público Federal – art. 29, caput, da Lei 7.492/86; C: correta, nos moldes do art. 27 da Lei 7.492/86; D: incorreta, uma vez que a redução prevista no 25, § 2º, da Lei 7.492/86 é da ordem de um a dois terços. Gabarito "C"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em relação ao incidente de falsidade, é correto afirmar que (A) a arguição de falsidade, feita por procurador, não

exige poderes especiais. (B) se reconhecida a falsidade por decisão irrecor-

rível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público.

(C) o juiz não poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade.

(D) arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo: mandará autuar em apartado a impug-nação e em seguida ouvirá a parte contrária, que, num prazo de 24 (vinte a quatro) horas, oferecerá resposta.

A: incorreto. Tendo em conta o disposto no art. 146 do CPP, exige-se que a procuração contenha poderes especiais; B: correta. A providência a que se refere o art. 145, IV, do CPP tem como escopo provocar a apuração do crime de falso reconhecido em documento inserido nos autos do processo criminal; C: em busca da verdade

Eduardo Dompieri

15. Direito Processual Penal

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real, nada obsta que o magistrado, sem ser provocado pelas partes, determine a instauração do incidente de falsidade. É o que preceitua o art. 147 do CPP; D: incorreta, pois o prazo de que dispõe a parte contrária para oferecer a resposta é de 48 horas – art. 145, I, do CPP. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Acerca das disposições contidas na Lei Processual sobre o Inquérito Policial, assinale a alternativa correta. (A) Do despacho que indeferir o requerimento de

abertura de inquérito caberá recurso para o tri-bunal competente.

(B) A autoridade policial poderá mandar arquivar autos de inquérito.

(C) Nos crimes de ação privada, a autoridade policial poderá proceder a inquérito a requerimento de qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal.

(D) Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a mora-lidade ou a ordem pública.

A: incorreta. Em consonância com o que dispõe o art. 5º, § 2º, do CPP, o despacho que indefere o requerimento de abertura de inqué-rito comporta recurso para o chefe de polícia; B: assertiva incorreta, pois, à luz do princípio da indisponibilidade, é vedado ao delegado mandar arquivar autos de inquérito (art. 17, CPP). Somente está cre-denciado a determiná-lo o juiz de direito, sempre a requerimento do Ministério Público (arts. 18 e 28 do CPP); C: neste caso, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para ajuizar a ação penal, conforme preconiza o art. 5º, § 5º, do CPP; D: a proposição corresponde ao teor do art. 7º do CPP, que trata da reconstituição do crime. Gabarito "D"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em relação às exceções previstas na legislação processual penal, assinale a alternativa correta. (A) A arguição de suspeição sempre precederá a

qualquer outra. (B) As exceções serão processadas em autos aparta-

dos e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.

(C) Se for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 10 (dez) dias.

(D) Poderá se opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito.

A: incorreta, pois esta regra comporta exceção, conforme reza o art. 96 do CPP; B: correta, nos termos do que dispõe o art. 111 do CPP; C: incorreta, uma vez que o prazo estabelecido no art. 104 do CPP é de três dias; D: não se poderá opor exceção às autoridades policiais nos atos do inquérito – art. 107 do CPP. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Levando em consideração as modificações trazidas pela Lei 11.719/08, assinale a alternativa correta. (A) Na mutatio libelli (em que a denúncia descreve

determinado fato, mas as provas apontam que o fato delituoso é diverso), o Ministério Público deverá, após encerrada a instrução probatória, aditar a denúncia no prazo de 5 (cinco) dias sob pena de se operar a preclusão temporal.

(B) O rito comum ordinário é o reservado aos crimes apenados com reclusão, independentemente do montante da pena para eles prevista.

(C) O rito sumário é o reservado para as infrações penais de menor potencial ofensivo.

(D) O Código de Processo Penal admite a figura da citação com hora certa, tal como ocorre no Código de Processo Civil.

A: não há que se falar em preclusão temporal. Em face da recusa do membro do Ministério Público em proceder ao aditamento da denúncia, deverá o magistrado aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, encaminhando-se os autos do processo ao chefe do parquet para que este decida; B: antes da modificação implementada pela Lei 11.719/08, o procedimento comum ordinário era reservado aos crimes apenados com reclusão. Atualmente, impõe o art. 394, § 1º, I, do CPP que o procedimento comum será ordinário sempre que tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade. A assertiva, por isso, está incorreta; C: as infrações penais de menor potencial ofensivo submetem-se ao procedimento comum sumaríssimo, previsto na Lei 9.099/95, conforme impõe o art. 394, § 1º, III, do CPP. O procedimento comum sumário, por sua vez, é aquele a que se submetem os crimes cuja sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de liberdade – art. 394, § 1º, II, do CPP; D: alternativa correta. A Lei 11.719/08 alterou a redação do art. 362 do CPP e introduziu no processo penal a citação por hora certa, a ser realizada por oficial de justiça na hipótese de ocultação do réu. Gabarito "D"

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(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Em 2010, o Congresso Nacional aprovou por Decreto Legislativo a Con-venção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Essa convenção já foi aprovada na forma do artigo 5º, § 3º, da Constituição, sendo sua hierarquia normativa de (A) emenda constitucional. (B) status supralegal. (C) lei complementar. (D) lei federal ordinária.

A, B, C e D: no Brasil, os tratados só terão validade interna após terem sido aprovados pelo Congresso Nacional e ratificados e promulgados pelo Presidente da República. Lembrando que a promulgação é efetuada mediante decreto presidencial. Depois de internalizado, o tratado é equiparado hierarquicamente à norma infraconstitucional. Todavia, com a edição da Emenda Constitucional n. 45, os tratados de direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais – consoante determina o artigo 5º, §3º, da CF. Ou seja, tais tratados terão hierarquia constitucional. Gabarito "A"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) Determinado congressista é flagrado afirmando em entrevista pública que não se relaciona com pessoas de etnia diversa da sua e não permite que, no seu prédio residencial, onde atua como síndico, pessoas de etnia negra frequentem as áreas comuns, os elevadores sociais e a piscina do condomínio. Ciente desses atos, a ONG TudoAfro relaciona as pessoas prejudicadas e concita a repre-sentação para fins criminais com o intuito de coibir os atos descritos. À luz das normas constitucionais e dos direitos humanos, é correto afirmar que (A) o prazo de prescrição incidente sobre o crime de

racismo é de vinte anos. (B) o crime de racismo não está sujeito a prazo extin-

tivo de prescrição. (C) o crime de racismo é afiançável, sendo o valor

fixado por decisão judicial. (D) nos casos de crime de racismo, a pena cominada

é de detenção.

A e B: segundo o art. 5º, XLII, da CF, o crime de racismo é impres-critível; C: segundo o art. 5º, XLII, da CF, o crime de racismo é inafiançável; D: segundo o art. 5º, XLII, da CF, o crime de racismo está sujeito à pena de reclusão e não de detenção. Gabarito "B"

(OAB/Exame Unificado – 2011.1) 15 Com relação aos cha-mados “direitos econômicos, sociais e culturais”, é correto afirmar que(A) formam, juntamente com os direitos civis e polí-

ticos, um conjunto indivisível de direitos funda-mentais, entre os quais não há qualquer relação hierárquica.

(B) são previstos, no âmbito do sistema interameri-cano, no texto original da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).

(C) incluem o direito à participação no processo elei-toral, à educação, à alimentação e à previdência social.

(D) são direitos humanos de segunda geração, o que significa que não são juridicamente exigíveis, diferentemente do que ocorre com os direitos civis e políticos.

A: correta. Todos os direitos humanos se retroalimentam e se complementam, assim infrutífero buscar a proteção de apenas uma parcela deles. Veja-se o exemplo do direito à vida, núcleo dos direitos humanos. Este compreende o direito do ser humano não ter sua vida ceifada (atuação estatal negativa), como também o direito de ter acesso aos meios necessários para conseguir a sua subsistência e uma vida digna (atuação estatal positiva). Percebe-se a interação dos direitos pessoais com os direitos sociais, econômicos e culturais para garantir a substancial implementação do direito à vida. Ademais, o principio da complementaridade solidária dos direitos humanos de qualquer espécie foi proclamado solenemente pela Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena em 1993. Importante transcrever trecho da Declaração de Viena que bem sintetiza as características dos direitos humanos de um modo geral: “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em pé de igualdade e com a mesma ênfase. Embora particularidades nacionais e regionais devam ser levadas em consideração, assim como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, é dever dos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais”; B: correta. Isto porque foi o protocolo adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos (Protocolo de San Salvador) que definiu o conteúdo dos direitos econômicos, sociais e culturais no âmbito do sistema interamericano de pro-teção dos direitos humanos. Entretanto, os direitos econômicos, sociais e culturais já estavam previstos no art. 26 da Convenção Americana de Direitos Humanos ou Pacto de San José da Costa

Renan Flumian

16. Direitos Humanos

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Rica. Portanto, ou seja, resta claro que os direitos econômicos, sociais e culturais estão previstos (mas não definidos) no texto original da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Percebe-se que a redação da assertiva “b” refere-se simplesmente à previsão dos direitos econômicos, sociais e culturais, destarte nós consideramos esta assertiva como correta também. O gabarito oficial indicou somente a assertiva “a” como correta; C: incorreta. O direito à participação no processo eleitoral é um exemplo típico de direito politico e não econômico, social e cultural. Os direitos politicos encontram-se disciplinados no art. 21 da Declaração Universal dos Direitos Humanos; D: incorreta. Todos os direitos humanos são juridicamente exigíveis, pois,

conforme dito na assertiva “a”, são indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. Importante lembrar que os direitos humanos de segunda geração referem-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. A titularidade destes direitos é atribuída à coletividade, destarte, conhecido são como direitos coletivos. O seu fundamento é a ideia de igualdade. O grande motivador do aparecimento destes direitos foi o movimento antiliberal, notadamente após a Primeira Guerra Mundial. A URSS teve papel central neste movimento, pois defendia a perspectiva social dos direitos humanos. E tal linha foi consagrada no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Gabarito "A"

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