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ORIENTAÇÕES PARA A 2ª. FASE DO EXAME DE ORDEM. Na prova prático-profissional é permitida, exclusivamente, a consulta à legislação sem qualquer anotação ou comentário. Não é permitido o uso de material didático, tais como Manuais, Livros de Doutrina, sendo também vedado o uso de apostilas ou material que possua modelos de peças práticas, informativos de Tribunais, anotações pessoais, manuscritas, impressas ou transcrições, cópias reprográficas, impresso da internet, jurisprudências, dicionários ou qualquer outro material de consulta. Os examinandos deverão trazer os textos de consulta com a partes não permitidas já isoladas, por grampo ou fita adesiva. É permitido utilizar legislação não comentada, códigos, leis de introdução dos códigos, índice remissivo, instruções normativas, exposição de motivos, súmulas, enunciados, regimento interno, resoluções de tribunais, marca texto, traço ou simples remissão a artigos ou a lei e separação de códigos por cores, marcador de página, post-it com remissão apenas a artigo ou a lei, clipes ou similares. Sugerimos o uso do Vade Mecum Penal – Ed. Rideel – Organizador Rogério Cury. 1 - Fique atento à leitura do problema proposto e à fase processual que se encontra. Você deve utilizar somente os dados fornecidos pelo problema, sem acrescentar algo alheio ao enunciado. Não assine a peça e nem forneça quaisquer outros dados pessoais. 2 - Reserve cerca de 3 hs para a elaboração da peça prático-profissional e aproximadamente 25 a 30 minutos para cada questão, quando a prova tiver duração de 5 horas. 3 - Antes de iniciar a elaboração da peça realize um pequeno rascunho, contendo um esquema do que vai ser produzido, ou seja, anote qual a peça, para quem vai ser encaminhada, qual a tese, qual o pedido etc. Após, inicie a feitura da peça. 4 - Durante a elaboração da peça e questões não utilize palavras repetidas. Cuidado para não repetir a mesma palavra no início de parágrafos próximos, como também no mesmo parágrafo. Cite artigos de lei e Súmulas, não bastando fazer constar seu conteúdo. 5 - Cuidado com os erros de grafia, acentuação e português. Eles podem levar à reprovação. 6 - Na prova prático-profissional, os examinadores avaliarão o endereçamento, teses (preliminares e mérito), raciocínio jurídico, a fundamentação e sua consistência, a capacidade de interpretação e exposição, a correção gramatical, pedido e a técnica profissional demonstrada. Lembramos aos candidatos que, seja na(s) tese (s) e pedido(s), sempre devem citar artigos de lei e/ou súmulas no corpo da peça, tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV. 7 – A procura dos temas nos Códigos deve ser feita a partir do índice alfabético remissivo. Isto agiliza sua procura e, conseqüentemente, o tempo de prova será melhor aproveitado. 8 – Cada parágrafo feito deve ser analisado para que não reste nenhum erro, como também para que o parágrafo seguinte não seja repetição do anterior. 9 – A letra apresentada pelo candidato deve ser legível, pois poderá correr o risco do examinador não entendê-la ou até mesmo interpretá-la de modo diverso do que está realmente escrito. 10 – As questões devem ser respondidas de forma objetiva, indo ao cerne do tema proposto. Lembramos aos candidatos que na respostas devem citar artigos de lei e/ou súmulas, tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV.

OAB apostila6

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Page 1: OAB apostila6

ORIENTAÇÕES PARA A 2ª. FASE DO EXAME DE ORDEM. Na prova prático-profissional é permitida, exclusivamente, a consulta à legislação sem qualquer anotação ou comentário. Não é permitido o uso de material didático, tais como Manuais, Livros de Doutrina, sendo também vedado o uso de apostilas ou material que possua modelos de peças práticas, informativos de Tribunais, anotações pessoais, manuscritas, impressas ou transcrições, cópias reprográficas, impresso da internet, jurisprudências, dicionários ou qualquer outro material de consulta. Os examinandos deverão trazer os textos de consulta com a partes não permitidas já isoladas, por grampo ou fita adesiva. É permitido utilizar legislação não comentada, códigos, leis de introdução dos códigos, índice remissivo, instruções normativas, exposição de motivos, súmulas, enunciados, regimento interno, resoluções de tribunais, marca texto, traço ou simples remissão a artigos ou a lei e separação de códigos por cores, marcador de página, post-it com remissão apenas a artigo ou a lei, clipes ou similares.

Sugerimos o uso do Vade Mecum Penal – Ed. Rideel – Organizador Rogério Cury. 1 - Fique atento à leitura do problema proposto e à fase processual que se encontra. Você deve utilizar somente os dados fornecidos pelo problema, sem acrescentar algo alheio ao enunciado. Não assine a peça e nem forneça quaisquer outros dados pessoais. 2 - Reserve cerca de 3 hs para a elaboração da peça prático-profissional e aproximadamente 25 a 30 minutos para cada questão, quando a prova tiver duração de 5 horas. 3 - Antes de iniciar a elaboração da peça realize um pequeno rascunho, contendo um esquema do que vai ser produzido, ou seja, anote qual a peça, para quem vai ser encaminhada, qual a tese, qual o pedido etc. Após, inicie a feitura da peça. 4 - Durante a elaboração da peça e questões não utilize palavras repetidas. Cuidado para não repetir a mesma palavra no início de parágrafos próximos, como também no mesmo parágrafo. Cite artigos de lei e Súmulas, não bastando fazer constar seu conteúdo. 5 - Cuidado com os erros de grafia, acentuação e português. Eles podem levar à reprovação. 6 - Na prova prático-profissional, os examinadores avaliarão o endereçamento, teses (preliminares e mérito), raciocínio jurídico, a fundamentação e sua consistência, a capacidade de interpretação e exposição, a correção gramatical, pedido e a técnica profissional demonstrada. Lembramos aos candidatos que, seja na(s) tese (s) e pedido(s), sempre devem citar artigos de lei e/ou súmulas no corpo da peça, tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV. 7 – A procura dos temas nos Códigos deve ser feita a partir do índice alfabético remissivo. Isto agiliza sua procura e, conseqüentemente, o tempo de prova será melhor aproveitado. 8 – Cada parágrafo feito deve ser analisado para que não reste nenhum erro, como também para que o parágrafo seguinte não seja repetição do anterior. 9 – A letra apresentada pelo candidato deve ser legível, pois poderá correr o risco do examinador não entendê-la ou até mesmo interpretá-la de modo diverso do que está realmente escrito. 10 – As questões devem ser respondidas de forma objetiva, indo ao cerne do tema proposto. Lembramos aos candidatos que na respostas devem citar artigos de lei e/ou súmulas, tendo em vista que isto vem sendo exigência da FGV.

Page 2: OAB apostila6

11 – O candidato deve iniciar a prova com a elaboração da peça profissional e, em seguida responder as questões. 12 – Importante lembrar que o examinador fará a correção da prova analisando a conduta de um profissional. Portanto, o uso de técnica profissional é imprescindível (boas frases, bons parágrafos, comentários técnicos e adequados para o caso, citação de artigos e súmulas). 13 – O candidato deve utilizar de raciocínio jurídico, amparado por legislação e Súmulas do STJ e STF. 14 - Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular texto com extensão máxima de 150 (cento e cinquenta) linhas; para a redação das respostas às questões práticas, a extensão máxima do texto será de 30 (trinta) linhas para cada questão. Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima permitida.

15 - Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça profissional e/ou as respostas das questões práticas exijam assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a palavra "ADVOGADO". Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída nota 0 (zero), por se tratar de identificação do examinando em local indevido.

16 - Na elaboração dos textos da peça profissional e das respostas às questões práticas, o examinando deverá incluir todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir qualquer identificação além daquelas fornecidas e permitidas no caderno de prova. Assim, o examinando deverá escrever o nome do dado seguido de reticências (exemplo: "Município...", "Data...", "Advogado...", "OAB...", etc.). A omissão de dados que forem legalmente exigidos ou necessários para a correta solução do problema proposto acarretará em descontos na pontuação atribuída ao examinando nesta fase.

17 - Nos casos de propositura de peça inadequada para a solução do problema proposto, considerando, neste caso, aquelas peças que justifiquem o indeferimento liminar por inépcia, principalmente quando se tratar de ritos procedimentais diversos, como também não se possa aplicar o princípio da fungibilidade nos casos de recursos, ou de apresentação de resposta incoerente com situação proposta ou de ausência de texto, o examinando receberá nota ZERO na redação da peça profissional ou na questão.

Page 3: OAB apostila6

RESPOSTA ESCRITA À ACUSAÇAO / RESPOSTA PRELIMINAR

Observações preliminares sobre a peça: “É uma peça utilizada após a citação do acusado.

Após a decisão que recebeu provisoriamente a ação penal, o juiz abre prazo de 10 (dez) dias

para o advogado apresentar a defesa, podendo nela alegar tudo (teses preliminares e de mérito) o

que entenda necessário, devendo arrolar as suas testemunhas, sob pena de preclusão.

Fundamentos Legais

Artigo 396-A do Código de Processo Penal, ou a fundamentação da Legislação

Especial, ou sendo o procedimento da primeira fase do júri, nos termos do art. 406 do CPP.

Endereçamento

É uma peça endereçada exclusivamente a primeira instância juiz de Direito ou

juiz federal competente de uma Vara Criminal ou Vara do Júri, ou seja, dirigida ao juiz da vara

onde tramita o processo (juiz onde houve a distribuição da ação penal).

Denominação do postulante

O indivíduo que apresenta a Defesa Escrita recebe a denominação de

ACUSADO, RÉU ou IMPUTADO.

Prazo

A Resposta escrita à acusação, necessariamente deve ser apresentada dentro de

10 (dez) dias após a citação do acusado. A contagem do prazo deve ser feita a partir do dia útil

seguinte após a citação, isto nos termos da Súmula 710 do STF e do art. 798 do CPP.

Contudo, caso a citação tenha sido realizada por edital, o prazo começará a fluir

a partir de seu comparecimento ao processo.

Hipótese

Esta Defesa é peça obrigatória, pois se o acusado, através de seu advogado não

apresentar no prazo legal, o juiz, deverá nomear defensor para fazê-lo, sob pena de nulidade por

cerceamento de defesa.

Forma

Compõe-se de uma única peça, tal como as peças já estudadas, onde poderá ser

tratada tese preliminar (pressupostos processuais, condições para o exercício da ação penal,

inépcia, falta de justa causa para o exercício da ação penal, nulidades etc) e de mérito

(excludentes de ilicicitude, culpabilidade, salvo inimputabilidade, tipicidade etc), além de

arrolar testemunhas (8 – rito ordináro; 5 - rito sumário), sob pena de preclusão.

Page 4: OAB apostila6

Observações imprescindíveis

A Reposta Escrita à Acusação será apresentada após a citação do acusado,

dentro do prazo de 10 (dez) dias.

Também recebe a denominação, por alguns autores, de Defesa Preliminar ou

Resposta Preliminar.

A dica mais comum para se saber se o caso é de apresentação da peça em tela é

que houve a citação do acusado.

Na resposta à acusação pode haver discussão do mérito da causa, argüições de

teses preliminares. Ademais, devem ser arroladas as testemunhas, sob pena de preclusão. As

exceções devem ser articuladas em arrazoado separado.

JÚRI

Há Resposta Escrita à Acusação na primeira fase do Júri (sumário de culpa). Tal

peça vem prevista no art. 406 do CPP e possui prazo de 10 (dez) dias.

Aqui, a Resposta Escrita à Acusação possui número máximo de 8 testemunhas.

Na Resposta da primeira fase do Júri, podem ser argüidas preliminares e teses

de mérito. Vale lembrar, que a excludente de ilicitude da inimputabilidade, desde que seja a

única tese da defesa, poderá levar à absolvição sumária, nos termos do parágrafo único do art.

415 do CPP.

Casos Práticos

A – Dino foi citado na data de ontem. Apresente a medida processual cabível.

B – O magistrado recebeu a ação penal e determinou a citação do acusado, fato

que ocorreu na data de ontem.

Modelo Prático

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da _____ Vara Criminal da Comarca de

______________, Estado de _______.

ou

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara Federal da Subsecção Judiciária de

_______, do Estado de _______,

(pular 2 linhas)

Processo nº __/__

Page 5: OAB apostila6

(pular 8 linhas)

_______, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a

Justiça Pública, processo em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve,

vem, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA ESCRITA,

a que alude o artigo 396-A do Código de Processo Penal (ou a Legislação Especial ou art. 406

CPP – Júri) expondo e requerendo o que segue:

(pular 1 linha)

DOS FATOS:

Narrar os fatos em parágrafos de ate 4 ou 5 linhas, não

repetindo a mesma palavra dentro do mesmo parágrafo.

(pular 1 linha)

DA PRELIMINAR:

Narrar a preliminar, tal como citação defeituosa, hipótese de

rejeição da ação penal etc.

Na narrativa da preliminar, pode ser citada doutrina e

jurisprudência, alem de ficar bem esclarecido o motivo que deu ensejo para essa alegação.

(pular 1 linha)

DO MERITO:

Narrar a tese de mérito, como, por exemplo, hipótese de

absolvição sumária, nos termos do art. 397 do CPP.

(pular 1 linha)

DOS PEDIDOS:

Nesta fase, havendo a argüição de preliminar, deve ser feito o

pedido preliminar e de mérito. Não havendo argüição de preliminar, mas somente tese de

mérito, o pedido será apenas em relação a tese alegada.

Fique atento no pedido, para a presença das hipóteses do art.

397 do CPP, pois após a apresentação da resposta escrita, os autos serão enviados ao juiz que

decidira sob a hipótese de absolvição sumária ou não.

Não se esqueça de arrolar testemunhas, realizando a

qualificação e requerendo as devidas intimações, como por exemplo:

ROL DE TESTEMUNHAS:

Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ .

Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ .

Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ .

Page 6: OAB apostila6

Nome ___________ ; qualificação ________; Endereço __________ .

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado _________________

O . A . B. / ______. nº _________

CASOS REFERENTES À MATÉRIA

1 - Alessandro, de 22 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas

penas previstas no art. 213, c/c art. 224, alínea b, do Código Penal, por crime praticado contra

Geisa, de 20 anos de idade. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi

narrada nos seguintes termos: "No mês de agosto de 2000, em dia não determinado, Alessandro

dirigiu-se à residência de Geisa, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol.

Naquela ocasião, aproveitando-se do fato de estar a sós com Geisa, o denunciado constrangeu-a

a manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo

de exame de corpo de delito. Certo é que, embora não se tenha valido de violência real ou de

grave ameaça para constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, o denunciando

aproveitou-se do fato de Geisa ser incapaz de oferecer resistência aos seus propósitos

libidinosos assim como de dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente

mental, incapaz de reger a si mesma." Nos autos, havia somente a peça inicial acusatória, os

depoimentos prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais do acusado. O juiz

da 2.ª Vara Criminal do Estado XX recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para se

defender no prazo legal, tendo sido a citação efetivada em 18/11/2008. Alessandro procurou, no

mesmo dia, a ajuda de um profissional e outorgou-lhe procuração ad juditia com a finalidade

específica de ver-se defendido na ação penal em apreço.

Disse, então, a seu advogado que não sabia que a vítima era deficiente mental, que já a

namorava havia algum tempo, que sua avó materna, Romilda, e sua mãe, Geralda, que moram

com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas.

Disse, ainda, que nem a vítima nem a família dela quiseram dar ensejo à ação penal, tendo o

promotor, segundo o réu, agido por conta própria. Por fim, Alessandro informou que não havia

qualquer prova da debilidade mental da vítima.

Page 7: OAB apostila6

Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) constituído(a)

pelo acusado, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu cliente. Em

seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as teses

defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo.

2 – Tício foi preso em flagrante pela prática do crime de furto. Houve a decretação de prisão

preventiva, que fora revogada a pedido do Ministério Público quando do oferecimento da

denúncia. A exordial acusatória imputou a Tício a figura típica prevista no art. 155 “caput” do

CP, em razão de ter subtraído quatro CDs de música de uma loja especializada, sendo avaliados

em R$ 25,00 (vinte e cinco reais) cada qual, totalizando o importe de R$ 100,00 (cem reais). O

objeto do furto foi integralmente devolvido à vítima. Foram testemunhas dos fatos e da

devolução dos CDs à vítima os Srs. Mévio de Rivera e Sassoferrato de Bártolo.

Na data de ontem, Tício, que é primário e de bons antecedentes criminais, foi citado e recebeu

cópia da denúncia.

Questão: Apresente a peça cabível para a defesa de Tício.

CASO – OAB / FGV

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a Maria Campos a prática de crime, eis que mandaria crianças brasileiras para o estrangeiro com documentos falsos. Diante da notícia crime, a autoridade policial instaura inquérito policial e, como primeira providência, representa pela decretação da interceptação das comunicações telefônicas de Maria Campos, “dada a gravidade dos fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar crime de tráfico de menores para o exterior por outros meios, pois o ‘modus operandi’ envolve sempre atos ocultos e exige estrutura organizacional sofisticada, o que indica a existência de uma organização criminosa integrada pela investigada Maria”. O Ministério Público opina favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a adotar, como razão de decidir, “os fundamentos explicitados na representação policial”. No curso do monitoramento, foram identificadas pessoas que contratavam os serviços de Maria Campos para providenciar expedição de passaporte para viabilizar viagens de crianças para o exterior. Foi gravada conversa telefônica de Maria com um funcionário do setor de passaportes da Polícia Federal, Antônio Lopes, em que Maria consultava Antônio sobre os passaportes que ela havia solicitado, se já estavam prontos, e se poderiam ser enviados a ela. A pedido da autoridade policial, o juiz deferiu a interceptação das linhas telefônicas utilizadas por Antônio Lopes, mas nenhum diálogo relevante foi interceptado. O juiz, também com prévia representação da autoridade policial e manifestação favorável do Ministério Público, deferiu a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados, tendo sido identificado um depósito de dinheiro em espécie na conta de Antônio, efetuado naquele mesmo ano, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). O monitoramento telefônico foi mantido pelo período de quinze dias, após o que foi deferida medida de busca e apreensão nos endereços de Maria e Antônio. A decisão foi proferida nos seguintes termos: “diante da gravidade dos fatos e da real possibilidade de serem encontrados objetos relevantes para investigação, defiro

Page 8: OAB apostila6

requerimento de busca e apreensão nos endereços de Maria (Rua dos Casais, 213) e de Antônio (Rua Castro, 170, apartamento 201)”. No endereço de Maria Campos, foi encontrada apenas uma relação de nomes que, na visão da autoridade policial, seriam clientes que teriam requerido a expedição de passaportes com os nomes de crianças que teriam viajado para o exterior. No endereço indicado no mandado de Antônio Lopes, nada foi encontrado. Entretanto, os policiais que cumpriram a ordem judicial perceberam que o apartamento 202 do mesmo prédio também pertencia ao investigado, motivo pelo qual nele ingressaram, encontrando e apreendendo a quantia de cinquenta mil dólares em espécie. Nenhuma outra diligência foi realizada. Relatado o inquérito policial, os autos foram remetidos ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia nos seguintes termos: “o Ministério Público vem oferecer denúncia contra Maria Campos e Antônio Lopes, pelos fatos a seguir descritos: Maria Campos, com o auxílio do agente da polícia federal Antônio Lopes, expediu diversos passaportes para crianças e adolescentes, sem observância das formalidades legais. Maria tinha a finalidade de viabilizar a saída dos menores do país. A partir da quantia de dinheiro apreendida na casa de Antônio Lopes, bem como o depósito identificado em sua conta bancária, evidente que ele recebia vantagem indevida para efetuar a liberação dos passaportes. Assim agindo, a denunciada Maria Campos está incursa nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e nas penas do artigo 333, parágrafo único, c/c o artigo 69, ambos do Código Penal. Já o denunciado Antônio Lopes está incurso nas penas do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nas penas do artigo 317, § 1º, c/c artigo 69, ambos do Código Penal”. O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre, RS, recebeu a denúncia, nos seguintes termos: “compulsando os autos, verifico que há prova indiciária suficiente da ocorrência dos fatos descritos na denúncia e do envolvimento dos denunciados. Há justa causa para a ação penal, pelo que recebo a denúncia. Citem-se os réus, na forma da lei”. Antônio foi citado pessoalmente em 27.10.2010 (quartafeira) e o respectivo mandado foi acostado aos autos dia 01.11.2010 (segunda-feira). Antônio contratou você como Advogado, repassando-lhe nomes de pessoas (Carlos de Tal, residente na Rua 1, n. 10, nesta capital; João de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital; Roberta de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital) que prestariam relevantes informações para corroborar com sua versão. Nessa condição, redija a peça processual cabível desenvolvendo TODAS AS TESES DEFENSIVAS que podem ser extraídas do enunciado com indicação de respectivos dispositivos legais. Apresente a peça no último dia do prazo.

GABARITO

• O candidato deverá redigir Resposta à Acusação endereçada ao Juiz de Direito da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre, RS, com base nos artigos 396 e/ou 396-A do Código de Processo Penal. É indispensável a indicação do dispositivo legal que fundamenta a apresentação da peça. Peças denominadas “Defesa Previa”, “Defesa Preliminar” e “Resposta Preliminar” sem indicação do dispositivo legal não serão aceitas. Peças com fundamento simultâneo nos artigos 406 e 514 do Código de Processo Penal, ou em qualquer artigo de outra lei não serão aceitas. Quando se indicava os artigos 396 e/ou 396-A, as peças eram aceitas independente do nome, salvo quando também se fundamentavam no art. 514 do Código de Processo Penal ou em outro artigo não aplicável ao caso. Admitiu-se a resposta acompanhada da exceção de incompetência, pontuando-se os argumentos constantes de ambas as peças. • A primeira questão preliminar que deverá ser arguida é incompetência da Justiça Estadual para processar o feito, eis que o crime é de competência federal, nos termos do que prevê o artigo 109, V, da Constituição Federal. Relativamente a esse tema, admitiu-se também a arguição de incompetência com base no inciso IV do art. 109, da Constituição. Em ambos os casos, será considerada válida a indicação da transnacionalidade do crime ou a circunstância de ser uma acusação de crime supostamente praticado por funcionário público federal no exercício das funções e com estas relacionadas. Admite-se também a simples referência ao dispositivo da Constituição, ou até mesmo à Súmula n. 254, do extinto mas sempre Egrégio Tribunal Federal

Page 9: OAB apostila6

de Recursos. Não será aceita, por outro lado, a referência ao art. 109, I da Constituição nem às Súmulas 122 e/ou 147 do STJ. • A segunda questão preliminar que deverá ser arguida é nulidade na interceptação telefônica. Aqui, foram pontuados separadamente os dois argumentos para sustentar a nulidade: (a) falta de fundamentação da decisão nos termos do que disciplina o artigo 5º, da Lei n. 9.296/96 e artigo 93, IX, da Constituição da República; no mesmo sentido; (b) impossibilidade de se decretar a medida de interceptação telefônica como primeira medida investigativa, não respeitando o princípio da excepcionalidade, violando o previsto no artigo 2º, II, da Lei n. 9.296/96. Na nulidade da interceptação não se aceitará o argumento do art. 4º, acerca da ausência de indicação de como seria implementada a medida. Também não se aceitará a nulidade decorrente da incompetência para a decretação, eis que o argumento da incompetência era objeto de pontuação específica. • A terceira questão preliminar que deverá ser arguida é a nulidade da decisão que deferiu a busca e apreensão nula, eis que genérica e sem fundamentação, fulcro no artigo 93, IX, da Constituição da República. • A quarta questão preliminar que deverá ser arguida é a nulidade da apreensão dos cinquenta mil dólares, eis que o ingresso no outro apartamento de Antônio, onde estava a quantia, não estava autorizado judicialmente. Relativamente a este ponto, era indispensável que se associasse a ilegalidade ao conceito de prova ilícita e consequentemente requerendo-se a desconsideração do dinheiro lá apreendido. • A quinta questão preliminar que deverá ser arguida é a inépcia da inicial acusatória, eis que a conduta é genérica, sem descrever as elementares do tipo de corrupção passiva e sem imputar fato determinado. Isso viola o previsto no artigo 8º, 2, ‘b’, do Decreto 678/92, o qual prevê como garantia do acusado a comunicação prévia e pormenorizada da acusação formulada. Além disso, limita o exercício do direito de defesa, em desrespeito ao previsto no artigo 5º, LV, da Constituição da República. Por fim, há violação ao artigo 41, do Código de Processo Penal. • Em relação ao crime de corrupção passiva, previsto no artigo 317, §1º, do Código Penal, o candidato deverá apontar a falta de justa causa para a ação penal. Afirmações genéricas de falta de justa causa não serão consideradas suficientes para obtenção da pontuação. Com efeito, é preciso que o candidato faça um cotejo entre o tipo penal (com seus elementos normativos, objetivos e subjetivos) e os fatos narrados no enunciado da questão. São exemplos de argumentos: não há prova suficiente de que o réu recebia vantagem indevida para a emissão de passaportes de forma irregular; não há nenhuma prova de que os passaportes fossem emitidos de forma irregular; nenhum passaporte foi apreendido ou periciado na fase de inquérito policial; não há prova de que os passaportes supostamente requeridos por Maria na ligação telefônica foram, efetivamente, emitidos; não há prova de que houve o exaurimento do crime, nos termos do que prevê o §1º do artigo 317, do Código Penal, ou seja, que Antônio tenha efetivamente praticado ato infringindo dever funcional. • No que tange ao crime previsto no artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), não há qualquer indício da prática delituosa por parte de Antônio, eis que não há sequer referência de que ele tivesse ciência da intenção de Maria. Em outras palavras, o candidato deverá indicar que não havia consciência de que Antônio estivesse colaborando para a prática do crime supostamente praticado por Maria, inexistindo, dessa forma dolo. Assim como no caso do crime anterior, afirmações genéricas de falta de justa causa não serão consideradas suficientes para obtenção da pontuação. Com efeito, é preciso que o candidato faça um cotejo entre o tipo penal (com seus elementos normativos, objetivos e subjetivos) e os fatos narrados no enunciado da questão. Dessa forma, relativamente à atipicidade do crime do art. 239, é indispensável que o candidato apontasse a ausência de dolo ou falasse do elemento subjetivo do tipo. Argumentos relacionados exclusivamente ao nexo causal não serão considerados aptos. • Ao final, o candidato deverá especificar provas, indicando rol de testemunhas. Os requerimentos devem ser de declaração das nulidades, absolvição sumária e, alternativamente, instrução processual com produção da prova requerida pela defesa. Para pontuar o pedido não é necessário que o candidato faça todos os pedidos constantes do gabarito, mas que seus pedidos estejam coerentes com a argumentação desenvolvida na peça. Por outro lado, se houver

Page 10: OAB apostila6

argumentos flagrantemente equivocados em maior número do que adequados, o pedido deixará de ser pontuado. No pedido, não foi admitida absolvição com fulcro no art. 386 e do 415 do Código de Processo Penal, já que ele trata das hipóteses de absolvição após o transcurso do processo, e não na fase de resposta. • O último dia do prazo é 08.11.2010, eis que a contagem inicia na data da intimação pessoal. Não serão aceitas datas como 06 ou 07 de novembro, pois o enunciado é claro ao especificar que a petição deveria ser protocolada no último dia do prazo, o qual se prorrogou até o dia útil subsequente. Erros como 08 de outubro e 08 de setembro (ou qualquer outra data) serão considerados insuscetíveis de pontuação. • Por fim, o gabarito não contempla nenhuma atribuição de pontuação para as argumentações relativas à: (1) ausência de notificação para apresentar resposta preliminar (art. 514, Código de Processo Penal); (2) nulidade da decisão que decretou a quebra do sigilo bancário. Também não será atribuída pontuação á simples narrativa dos fatos nem às afirmações genéricas de que não havia justa causa para a ação penal.

ITENS DE CORREÇÃO

- Incompetência da Justiça Estadual. Artigo 109, V, CF. 0,75 - Nulidade da decisão que decretou a interceptação telefônica como primeira medida investigatória. Artigo 2º, II, da Lei n. 9.296/96. 0,25 - Nulidade da decisão que decretou a interceptação telefônica sem fundamentação adequada. Basta indicar um dos seguintes dispositivos: artigo 5º, da Lei n. 9.296/96 e artigo 93, IX, da Constituição da República. 0,25 - Nulidade da decisão que deferiu a busca e apreensão por ser genérica e sem devida fundamentação. Artigo 93, IX, da Constituição da República. 0,50 - Nulidade na apreensão dos cinquenta mil dólares em endereço para o qual não havia autorização judicial. 0,50 - Inépcia da denúncia, eis que genérica. Basta indicar um dos seguintes dispositivos: artigo 8º, 2, ‘b’, do Decreto 678/92, artigo 5º, LV, da Constituição da República, e artigo 41, do Código de Processo Penal. 0,50 - Falta de justa causa para ação penal em relação ao crime previsto no artigo 317, §1º, do Código Penal. 0,75 - Atipicidade do artigo 239, parágrafo único, da Lei n. 8.069/90, eis que sem dolo. 0,50 - Apresentação de requerimento de declaração de nulidades, absolvição sumária e, alternativamente, sendo instruído o feito, produção das provas em direito admitidas. 0,25 - Apresentação de rol de testemunhas. 0,25 - Prazo: 08/11/2010. 0,50

Page 11: OAB apostila6

MEMORIAS/ALEGAÇÕES FINAIS

Observações preliminares sobre a peça: As Alegações Finais ou “Memoriais Escritos” é a

peça a ser utilizada após o final da instrução criminal e antes da prolação de sentença. Nela as

partes fazem um resumo do que consta dos autos, sendo a última oportunidade, antes da

sentença, para as partes frisarem suas teses preliminares e de mérito.

Com a reforma do CPP (lei 11.719/08), haverá apresentação de Alegações Finais

(Memoriais Escritos), quando não puderem ser realizadas de maneira oral (regra atual). Desta

feita, apenas em casos complexos, ou de grande número de acusados, haverá a conversão dos

memoriais orais em escritos, nos termos do art. 403, §3º do CPP.

Aqui, para a apresentação da peça em questão, existe processo e existe momento

processual específico, ou seja, após o término da instrução criminal.

Fundamentos Legais

Art. 403, §3º do Código de Processo Penal, sendo o rito ordinário. Porém em

caso de procedimento de competência do Júri (primeira fase do Júri), o respaldo legal é

encontrado no art. 411 do CPP, não havendo previsão de conversão de memorial oral em

escrito. Contudo, tal conversão é admitida pela doutrina e na prática forense.

Endereçamento

É encaminhada a um juiz de Direito (ou Juiz Federal) competente da Vara

Criminal onde tramita o processo (procedimento comum ordinário) ou da Vara do Júri

(procedimento especial do júri – crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os

crimes conexos).

Denominação do postulante

Como na Resposta Escrita, a denominação utilizada pelo indivíduo que

apresenta as Alegações Finais, é ACUSADO, RÉU ou IMPUTADO.

Prazo

Quando há conversão de memoriais orais em escritos, são 5 (cinco) dias

sucessivos para cada parte (acusação e defesa).

Hipótese

É a última manifestação das partes antes da prolação de sentença, ou seja, é o

momento processual adequado para as partes argüirem suas teses (preliminares e mérito), antes

que se dê uma solução de 1ª instância para o caso.

Page 12: OAB apostila6

Tratando de rito ordinário, após a apresentação dos memoriais, haverá prolação

de sentença condenatória ou absolutória.

Por sua vez, tratando-se do rito especial da primeira fase do Júri, após a

apresentação dos memoriais, poderá haver decisão de pronúncia (art. 413 CPP), impronúncia

(art. 414 CPP), absolvição sumária (art. 415 CPP) ou desclassificação (art. 419 CPP).

Forma

É elaborada em uma única peça, podendo ser dividida em preliminar e mérito

conforme o caso apresentado.

Observações imprescindíveis

Nas Alegações Finais sempre há momento processual específico, sendo

elaborada primeiramente pela acusação e após pela defesa.

Para a elaboração da peça em estudo, o caso deve trazer em qual fase se

encontra o processo, ou seja, após o término da instrução criminal, o que se dá após a realização

da audiência de instrução. Deve constar que o houve a conversão de memoriais orais em

escritos, ou que o MP já elaborou suas Alegações Finais, ou que o MP opinou pela condenação,

ou que o MP opinou pela pronúncia, ou ainda que o processo esta na fase do art. 403 CPP etc.

Quando estamos na fase de Memoriais/Alegações Finais, temos processo, não

temos sentença e não temos trânsito em julgado.

Casos práticos

A – Elabore a defesa final de seu cliente.

B – O processo em epígrafe está na fase do art. 403 do CPP.

C – O representante do Ministério Público apresentou seus Memoriais.

D - Elabore os Memoriais de Defesa de seu cliente.

Modelo Prático (rito ordinário)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ____ Vara Criminal da Comarca de

____________, Estado de São Paulo,

ou

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Federal da Subsecção Judiciária de

____________, Estado de ________,

(pular 2 linhas)

Processo nº __/__

Page 13: OAB apostila6

(pular 8 linhas)

_____________, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe

move a Justiça Pública, por infração ao artigo ____ do ou da ________ , via de seu advogado e

procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à douta presença de Vossa

Excelência, com fulcro no art. 403 do Código de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS

ESCRITOS, expondo e requerendo o quanto segue:

(pular 1 linha)

DOS FATOS:

(pular 1 linha)

O presente processo, diz respeito a suposta prática do crime de

_____________ e, segundo consta na exordial, o ora imputado ____________ (narrar os fatos,

sem que haja a repetição da mesma palavra dentro do mesmo parágrafo, como também que o

parágrafo tenha, no maximo, entre 4 ou 5 linhas).

(pular 1 linha)

DA PRELIMINAR:

(pular 1 linha)

Narrar a tese preliminar, com a menção de doutrina e

jurisprudência.

(pular 1 linha)

DO MERITO:

Via de regra este é o momento de articular tese que redunde na absolvição do cliente

(pular 1 linha)

*não esquecer de reservar, conquanto não haja consulta, espaço

específico para colocação de doutrina e jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por

exemplo:

“A jurisprudência já afirmou que nos crimes materiais contra a

ordem tributária é imprescindível o lançamento, que condiciona a própria tipicidade da conduta

(Súmula Vinculante 24 do STF)”

Ou

A doutrina de Guilherme Nucci tem merecido reiteradas

citações dos Tribunais. O eminente autor entende que... (Código Penal, p....,).

Obs. Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que

saiba exatamente o nome do livro, do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela

corte.

Page 14: OAB apostila6

(pular 1 linha)

SUBSIDIARIAMENTE

Aqui o candidato deve mencionar todas as teses alternativas à anulação do processo e a

absolvição pura e simples. A pertinência da tese dependerá do caso concreto.

Apenas para ilustrar, aqui vão algumas teses que o candidato deve saber manusear na

hora da prova:

Desclassificação (atenção com eventual prescrição ou decadência que dela derivar e com a

súmula 337 do STJ). Afastamento de qualificadoras. Circunstâncias judiciais favoráveis.

Reconhecimento de atenuantes. Afastamento de agravantes e causas de aumento.

Reconhecimento de causas de diminuição. Concurso de crimes mais favorável ao agente.

Regime inicial de cumprimento de pena menos gravoso. Substituição da pena por

restritiva de direitos, ou pena de multa. Sursis. Recurso em liberdade. Negativa de

indenização. Negativa aos efeitos do art. 91 do CP.

CONSIDERAÇÕES FINAIS (CONSIDERAÇÕES

DERRADEIRAS):

(pular 1 linha)

A acusação não logrou provar o que imputara na denúncia e as

provas produzidas impõe a prolação de uma sentença absolutória (pular 1 linha)

É imprescindível, para uma condenação criminal, um juízo de

certeza. Meras suposições não bastam para levar a uma sentença penal condenatória. Entretanto,

se V. Exa. entender de forma diversa, a condenação não pode ser nos termos que pretende o

Parquet, devendo ser considerados os argumentos acima expendidos.

(pular 1 linha)

DOS PEDIDOS:

(pular 1 linha)

Por tudo quanto foi exposto e inequivocamente provado, a

defesa requer:

a) preliminarmente a .... nulidade absoluta ..........

b) Caso V. Exa entender de forma diversa, afastando a nulidade apontada, quanto ao

mérito, postula-se a absolvição do acusado, com fulcro no inciso __, do artigo 386 do

Código de Processo Penal.

Page 15: OAB apostila6

c) Apenas pela eventualidade, em caso do não acatamento da tese meritória,

subsidiariamente requer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de

direitos, nos termos do art. 44 do CP (ou suspensão condicional da pena – art. 77 CP; ou

causa de diminuição de pena etc).

OBS – Sendo caso de rito especial do Júri, além de preliminares, a defesa poderá requerer a

impronúncia (art. 414 CPP); absolvição sumária (art. 415 CPP) ou desclassificação (art. 415

CPP). Em verdade, é plenamente possível requerer como tese principal a absolvição sumária

(art. 415 CPP) e, subsidiariamente, a desclassificação (art. 419 CPP).

(pular 1 linha)

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado _________________

O.A.B. / ____. nº _____________

CASOS REFERENTES À MATÉRIA

1 – Mariano Pereira, brasileiro, solteiro, nascido em 20/1/1987, foi denunciado pela prática de

infração prevista no art. 157, § 2.º, incisos I e II, do Código Penal, porque, no dia 19/2/2007, por

volta das 17 h 40 min, em conjunto com outras duas pessoas, ainda não identificadas, teria

subtraído, mediante o emprego de arma de fogo, a quantia de aproximadamente R$ 20.000,00

de agência do banco Zeta, localizada em Brasília – DF.

Consta na denúncia que, no dia dos fatos, os autores se dirigiram até o local e convenceram o

vigia a permitir sua entrada na agência após o horário de encerramento do atendimento ao

público, oportunidade em que anunciaram o assalto.

Além do vigia, apenas uma bancária, Maria Santos, encontrava-se no local e entregou o dinheiro

que estava disponível, enquanto Mariano, o único que estava armado, apontava sua arma para o

vigia.

Fugiram em seguida pela entrada da agência. Durante o inquérito, o vigia, Manoel Alves, foi

ouvido e declarou: que abriu a porta porque um dos ladrões disse que era irmão da funcionária;

que, após destravar a porta e o primeiro ladrão entrar, os outros apareceram e não conseguiu

mais travar a porta; que apenas um estava armado e ficou apontando a arma o tempo todo para

ele; que nenhum disparo foi efetuado nem sofreram qualquer violência; que levaram muito

dinheiro; que a agência estava sendo desativada e não havia muito movimento no local.

Page 16: OAB apostila6

O vigia fez retrato falado dos ladrões, que foi divulgado pela imprensa, e, por intermédio de

uma denúncia anônima, a polícia conseguiu chegar até Mariano. O vigia Manoel reconheceu o

indiciado na delegacia e faleceu antes de ser ouvido em juízo.

Regularmente denunciado e citado, em seu interrogatório judicial, acompanhado pelo advogado,

Mariano negou a autoria do delito. A defesa não apresentou alegações preliminares.

Durante a instrução criminal, a bancária Maria Santos afirmou: que não consegue reconhecer o

réu; que ficou muito nervosa durante o assalto porque tem depressão; que o assalto não demorou

nem 5 minutos; que não houve violência nem viu a arma; que o Sr. Manoel faleceu poucos

meses após o fato; que ele fez o retrato falado e reconheceu o acusado; que o sistema de

vigilância da agência estava com defeito e por isso não houve filmagem; que o sistema não foi

consertado porque a agência estava sendo desativada; que o Sr. Manoel era meio distraído e ela

acredita que ele deixou o primeiro ladrão entrar por boa fé; que sempre ficava até mais tarde no

banco e um de seus 5 irmãos ia buscá-la após as 18 h; que, por ficar até mais tarde, muitas vezes

fechava o caixa dos colegas, conferia malotes etc.; que a quantia levada foi de quase vinte mil

reais.

O policial Pedro Domingos também prestou o seguinte depoimento em juízo: que o retrato

falado foi feito pelo vigia e muito divulgado na imprensa; que, por uma denúncia anônima,

chegaram até Mariano e ele foi reconhecido; que o réu negou participação no roubo, mas não

explicou como comprou uma moto nova à vista já que está desempregado; que os assaltantes

provavelmente vigiaram a agência e notaram a pouca segurança, os horários e hábitos dos

empregados do banco Zeta; que não recuperaram o dinheiro; que nenhuma arma foi apreendida

em poder de Mariano; que os outros autores não foram identificados; que, pela sua experiência,

tem plena convicção da participação do acusado no roubo.

Na fase de requerimento de diligências, a folha de antecedentes penais do réu foi juntada e

consta um inquérito em curso pela prática de crime contra o patrimônio.

Na fase seguinte, a acusação pediu a condenação nos termos da denúncia.

Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) de Mariano, a

peça processual, privativa de advogado,pertinente à defesa do acusado. Inclua, em seu texto, a

fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas possíveis e date no último dia do

prazo para protocolo, considerando que a intimação tenha ocorrido no dia 23/6/2008, segunda-

feira.

2 – Abravamel, empresário, com 45 anos de idade, teve por várias vezes sua residência

assaltada. No dia 25/09/00, ao retornar para sua residência, notou que a porta de sua casa estava

aberta, momento em que viu um vulto caminhando em sua direção. Indagou algumas vezes

quem era tal pessoa, não logrando êxito, porém o citado vulto continuava a caminhar em sua

direção, quando de imediato, o empresário saca de sua arma e atira. Após o ocorrido, apurou-se

Page 17: OAB apostila6

que tal vulto era de um deficiente mental. Instaurou-se processo, e no final da instrução, o

representante do Ministério Público requereu a pronúncia do empresário.

Questão: Como advogado, e intimado na data de hoje aplique a medida cabível ao caso.

3 – Barriga, com 22 anos de idade, desempregado, genitor de três filhos, passando por grandes

dificuldades financeiras, segundo narra a denúncia, cometeu o crime de furto, pois se dirigiu até

um comércio na cidade de Brotas-SP, e lá chegando subtraiu para si duas maçãs, sendo

posteriormente denunciado como incurso no artigo 155 do Código Penal. Não obteve a

suspensão condicional do processo, por ser reincidente em crime que praticou de forma dolosa.

Durante a instrução criminal, as testemunhas arroladas pela acusação foram uníssonas em

afirmar que não presenciaram a prática do crime. O representante do Ministério Público pugnou

pela condenação nas penas do art. 155, capu do CP.

Questão: Como advogado de Barriga apresente a peça cabível, tendo em vista ter sido intimado

na data de ontem.

5 – Carlos, com 33 anos de idade, está sendo processado na cidade de Mogi Mirim, pelo crime

de falsidade ideológica, pois serviu de testemunha instrumentária do registro de nascimento do

recém nascido, do qual Alberto dizia ser o genitor, pois segundo ele havia mantido relações

sexuais com a mãe do recém nascido.

Questão: No transcorrer do processo, o “Parquet” opinou pela condenação de Carlos nas penas

da lei. Defenda-o.

6 – Caim, enfermeiro, do Hospital sem Base, responde processo por praticar ato que se adequa

ao que dispõe o artigo 121, parágrafo 2º, inciso III, 1ª parte, c.c. o artigo 14, inciso II do CP,

pois segundo narra a denúncia, tal enfermeiro tentou matar Abel, mediante aplicação de injeção

intravenosa. Feito o laudo, para apurar o caráter da substância utilizada, este concluiu que tal

substância não possuía potencialidade lesiva, não podendo, através de seu uso, causar a morte

de ninguém. O representante do Ministério Público apresentou suas Alegações Finais,

requerendo a pronúncia de Caim, conforme versava a denúncia.

Questão: Advogue para Caim.

Page 18: OAB apostila6

RECURSOS

COMPETÊCIA RECURSAL DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL

No que diz respeito a Justiça Comum Estadual temos o Tribunal de Justiça (Seção

Criminal), que tem competência para julgar recursos relacionados a todos os crimes, salvo os

crimes de menor potencial ofensivo (crimes com pena máxima em abstrato de até 2 anos e a

contravenções penais) que serão julgados pelo Colégio Recursal do Juizado Especial Criminal

da comarca onde foi julgado o caso.

Também vale lembrar que em tal órgão, seus componentes recebem a denominação de

Desembargadores.

Por sua vez, na Justiça Comum Estadual, em 1ª instância temos Juízes de Direito da

Vara Criminal ou Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, Estado do Ceará, por exemplo.

Quanto à 2ª instância temos, para todos os Estados, Tribunal de Justiça, Seção ou

Secção Criminal, do Estado de Minas Gerais, por exemplo.

Os integrantes dos TJs são denominados Desembargadores.

Os TJs possuem Câmaras Criminais (em alguns casos excepcionais Turmas Criminais).

Os crimes de competência da Justiça Comum Estadual são todos aqueles que não serão

da competência da Justiça Especializada Militar e Eleitoral ou da Justiça Comum Federal.

COMPETÊNCIA RECURSAL DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL

Na Justiça Federal, em 1ª instância temos Juízes Federais da Vara Criminal ou Vara do

Júri da Seção Judiciária de São Paulo, por exemplo.

Quanto à 2ª instância, temos o Tribunal Regional Federal, dividido em regiões, como

por exemplo, SP e MS formam a 3ª Região.

Os integrantes dos TRFs são denominados Desembargadores.

Os TRFs possuem Turmas Recursais.

Os crimes de competência da Justiça Comum Federal estão tratados, em regra, no artigo

109 da CF.

Dentre os crimes de competência da Justiça Comum Federal temos: crimes políticos

(Lei de Segurança Nacional); crimes que atinjam quaisquer interesses da União ou de suas

entidades autárquicas, ou empresas públicas, salvo as contravenções e os crimes de competência

da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (art. 109, IV da CF); crimes praticados contra a Justiça

do Trabalho e a Justiça Eleitoral, excetuado os crimes eleitorais; tráfico internacional de

entorpecentes; crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, ressalvados os casos da

competência Justiça Militar – art. 109, IX da CF; crimes contra o sistema financeiro e contra a

Page 19: OAB apostila6

ordem econômica e financeira; art. 109, X da CF; crimes praticados contra servidores públicos

no exercício da função, etc.

Importante frisar que em matéria de competência devem ser também estudadas

Súmulas do STJ e STF.

JECRIM

Vale lembrar que as infrações penais de menor potencial ofensivo e as

contravenções penais, serão julgadas pelos Juizados Especiais Criminais, da Justiça

Comum Estadual ou Federal, a depender da natureza da infração penal.

Eventuais recursos contra as decisões/sentenças do JECrim, devem ser

endereçados ao Colégio Recursal do JECrim da respectiva comarca/subsecção judiciária

e não a Tribunais (TJs ou TRFs).

Page 20: OAB apostila6

APELAÇÃO

Observações Preliminares sobre a peça: “Tal peça é cabível quando, no processo, houve

sentença definitiva ou com força de definitiva, porém ainda não há trânsito em julgado”. Então,

há processo, sentença que ainda não transitou em julgado.

Fundamentos Legais:

Encontra respaldo nos artigos 593 e seguintes do CPP. Contudo, há previsão

legal em legislação especial, dependendo do caso que a OAB trata, como por exemplo, Lei

9099/95.

Ademais, vale lembrar que temos previsão do recurso de Apelação no art. 416

do CPP (apelação contra decisão de absolvição sumária e de impronúncia – primeira fase do

Júri).

Endereçamento:

Diferentemente das peças outrora analisadas, a apelação é endereçada ao juiz “a

quo” e também ao respectivo Tribunal, ou seja, a petição de interposição é dirigida ao juiz que

proferiu a sentença e as razões, onde são expostas as teses (preliminares e de mérito)

endereçadas ao Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal ou ao Colégio Recursal/Turma

Recursal do Juizado Especial Criminal.

Denominação do Postulante:

Quem recorre da decisão, recebe a denominação de APELANTE, já a outra

parte será conhecida como APELADO.

Prazo:

Para a petição de interposição o prazo é de 5 (cinco) dias. Para as razões, o

prazo é de 8 (oito) dias, todavia na prova da OAB, por óbvio que tais peças são

interpostas/apresentadas no mesmo prazo, ou seja, conjuntamente.

O prazo para a interposição de apelação se inicia a partir da intimação da

sentença (Súmula 310 STF e art. 798 CPP)

Em se tratando da Lei 9.099/95, o prazo para a apelação será de 10 dias.

Em se tratando de assistente de acusação, o prazo será o seguinte:

- estando habilitado o assistente – 5 dias (a partir do término prazo MP);

- não estando habilitado o assistente – 15 dias (a partir do término prazo MP);

Hipótese:

A apelação é cabível contra sentença definitiva ou com força de definitiva sem

trânsito em julgado. Nesta peça, a parte buscará a reforma total ou parcial da decisão “a quo”.

Page 21: OAB apostila6

Forma:

Compõe-se de duas petições, quais sejam, petição de interposição, dirigida ao

juiz que prolatou a sentença, e razões endereçada ao respectivo Tribunal (TJ ou TRF).

Observações Imprescindíveis:

Devemos sempre atentar que quando é caso para se apelar, existe processo,

sentença, porém não há trânsito em julgado.

Os efeitos da apelação podem ser devolutivo e suspensivo. Excepcionalmente

aceita o efeito extensivo.

Além das hipóteses mais conhecidas, lembre-se que cabe apelação contra

sentença que julga pedido de restituição de coisas apreendidas, que concede reabilitação, que

acolhe o pedido de seqüestro ou especialização de hipoteca legal, que autoriza ou nega o pedido

de levantamento de seqüestro e sentença que indefere pedido de explicações e de justificação

criminal.

Casos Práticos:

A – João, após ser processado por crime, foi condenado por sentença recorrível.

B – Paulo, condenado, ficou sabendo que a sentença transitou em julgado para a

acusação.

C – Pedro foi condenado por sentença que não transitou em julgado, tendo sido

intimado, assim como seu defensor, na data de ontem.

Modelo Prático:

*petição de interposição:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _________,

Estado de São Paulo,

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Seção Judiciária de

________, Estado de São Paulo,

(pular 1 linha)

Processo nº __/__

(pular 8 linhas)

______________________, qualificado nos autos do processo

em epígrafe, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à

Douta Presença de Vossa Excelência, dentro qüinqüídio legal, interpor recurso de

APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593 do Código de Processo Penal, data vênia, por não se

conformar com a r. sentença condenatória.

Em anexo, seguem as razões recursais.

(pular 1 linha)

Page 22: OAB apostila6

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado__________

O . A . B ./ ____. nº___

*roteiro de Razões de Apelação:

Egrégio Tribunal de Justiça, Seção Criminal, do Estado de São Paulo,

ou

Egrégio Tribunal Regional Federal da ___ Região.

(pular 2 linhas)

Comarca de ____________________

Cartório do ____ Ofício Criminal

Processo nº __/__

(pular 1 linha)

Apelante: ______________________

Apelado: ______________________

(pular 3 linhas)

DOUTO PROCURADOR,

(pular 2 linhas)

COLENDA CÂMARA (justiça estadual)

COLENDA TURMA (justiça federal)

(pular 2 linhas)

EMÉRITOS JULGADORES:

(pular 3 linhas)

A r. sentença condenatória de fls. não deu ao caso o conforto da

justiça e merece ser reformada, senão vejamos:

ou

Em que pese o zelo do magistrado “a quo”, este não deu ao caso

a solução adequada, assim vejamos:

ou

A r. sentença de fls. é injusta e necessita de reparo.

Verifiquemos:

(pular 1 linha)

DOS FATOS :

Page 23: OAB apostila6

(pular 1 linha)

DO DIREITO:

Aqui o candidato deve organizar seu raciocínio da mesma

maneira que em uma alegação final: higidez do processo (preliminares) mérito (absolvição,

normalmente) e subsidiárias (outras teses que melhorem de alguma forma a situação do

condenado, como desclassificação, afastamento de qualificadora, alteração de regime de

cumprimento, etc.).

(pular 1 linha)

*não se esquecer de reservar, conquanto não haja consulta,

espaço específico para colocação de doutrina (desde que o candidato tenha conhecimento de

alguma) e jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por exemplo:

“A jurisprudência já se pronunciou no sentido de que o regime

integralmente fechado não compõe com o princípio da individualização da pena (HC no. ... do

C. STF ou STJ)”

Ou

Doutrina respeitada sobre este tema é a de Júlio Fabbrini

Mirabete. O eminente autor entende que... (CP interpretado p....,).

Obs. Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que

saiba exatamente o nome do livro do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela

corte.

:

ou

CONCLUSÃO:

(pular 1 linha)

* este tópico serve para reforçar a sua tese.

REQUERIMENTO:

Por tudo que dos autos consta, requer o conhecimento e

provimento do recurso para que haja a total reforma da r. sentença condenatória, sendo

imprescindível a imposição da absolvição ao caso em tela, alicerçado no inciso _____ do artigo

386 do Código de Processo Penal.

OU (pode ser requerida a reforma parcial do julgado recorrido); (pode haver pedido

subsidiário); (pode haver pedido alternativo - preliminar e mérito).

Page 24: OAB apostila6

(pular 1 linha)

DE FORMA ALTERNATIVA:

(pular 1 linha)

*neste tópico, deve-se requerer algo além da absolvição, ou

seja, suspensão condicional da pena; aplicação da pena mínima; perdão judicial; substituição da

pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; aplicação de regime prisional mais brando.

Enfim, a aplicação de benefícios cabíveis ao caso em questão.

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado_____________

O . A . B ./ ____. nº______

*a apelação, em suas razões, pode ser confeccionada com preliminar e mérito, dependendo do

caso. Neste caso, haverá, no mínimo, dois pedidos (preliminar e mérito).

CASOS REFERENTES À MATÉRIA:

1 – Adroaldo, com 20 anos bem vividos, praticou a figura típica do artigo 155 em sua forma

qualificada do CP. Tal fato ocorreu em 20/12/00, portanto, perto do natal. A data do

recebimento da denúncia foi 20/11/01, e o processo teve seus trâmites normais. A sentença

datada de 10/12/05 condenou Adroaldo há 2 anos de reclusão com concessão de sursis. Durante

o processo, o réu negou a autoria, e as testemunhas nada esclareceram. A sentença transitou em

julgado para a acusação. Questão: Intimado na data de ontem, defenda Adroaldo.

2 – Sassofereto, quando em época de IP, permaneceu calado. Na fase seguinte, foi condenado

como infrator do artigo 157, parágrafo 2º, incisos I e II c.c o artigo 14, inciso II, do CP. A pena

aplicada foi de 1 ano, 9 meses e 10 dias de reclusão, além do pagamento de 4 dias multa. As

provas produzidas eram frágeis, porém, o magistrado que compõe a 5ª Vara Criminal da

Comarca de Colina-CE, alicerçou o seu decisório na presunção de culpa por Fernando ter

permanecido em silêncio na fase policial. Questão: A sentença foi publicada há 5 dias. Como

advogado, defenda Fernando.

Page 25: OAB apostila6

3 – Guapo morador da cidade de Jaboatão foi denunciado como incurso nas penas do artigo 155,

parágrafo 4º, inciso I do CP, sob a acusação de ter adentrado na residência do senhor Manoel

Luiz. Guapo subtraiu uma TV. Na polícia confessou o delito mas, em juízo, negou o fato,

esclarecendo ao magistrado que a confissão ocorreu, pois foi ameaçado pelos policiais. O

advogado do acusado apresentou resposta escrita em momento oportuno. Quando ouvidas, as

testemunhas arroladas pela acusação nada esclareceram, ao passo que as arroladas pela defesa

confirmaram que Guapo é trabalhador, boa pessoa e não que este não tiveram notícia alguma

que este praticou o crime em questão. Quando da fase do artigo 402, do CPP, nada foi requerido

pelas partes. Na fase do artigo seguinte, o “Parquet” requereu a condenação do acusado nos

exatos termos da denúncia. Intimado, o defensor do acusado não apresentou alegações finais.

Sem tomar qualquer tipo de providência, o magistrado prolatou sentença condenando Guapo e

concedendo-lhe sursis. Intimado o réu, de próprio punho recorreu.

Questão: Como advogado de Guapo, ofereça as razões recursais.

4 - Lauro foi denunciado e, posteriormente, pronunciado pela prática dos crimes previstos no

art. 121, § 2.º, incisos II e IV, em concurso material com o art. 211, todos do Código Penal

Brasileiro (CPB). Em 24/6/2008, Lauro foi regularmente submetido a julgamento perante o

tribunal do júri. A tese de negativa de autoria não foi acolhida pelo conselho de sentença e

Lauro foi condenado pelos dois crimes, tendo o juiz fixado a pena em 16 anos pelo homicídio

qualificado e, em 3 anos, pela ocultação de cadáver. O Ministério Público não recorreu da

decisão. A defesa ficou inconformada com o resultado do julgamento, por entender que havia

prova da inocência do réu em relação aos dois crimes e que a pena imposta foi injusta.

Considerando a situação hipotética apresentada, indique, com os devidos fundamentos jurídicos:

< o recurso cabível à defesa de Lauro;

< a providência jurídica cabível na hipótese de o juiz denegar o recurso

5 - Paulo, analista de sistemas, 36 anos, caminhava pela Praça João Mendes em SP, Capital,

quando repentinamente foi abordado por um morador de rua. Paulo, surpreendido pela conduta

Page 26: OAB apostila6

e achando que tratava-se de roubo, para defender-se, desferiu um empurrão na vítima, de nome

Carlos, que bateu a cabeça no meio fio e morreu.

Após a instauração do IP, o MP houve por bem denunciar Paulo, como incurso nas penas do art.

121, §2º, I e IV do CP. As qualificadoras alinhavadas na denúncia seriam motivo fútil (mero

pedido de esmola) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima (surpresa).

A denúncia foi, após citação regular, recebida pelo Juízo Competente. Produzida a prova oral, o

juiz admitiu a acusação, dizendo que “não era crível a versão do réu de ter se assustado com a

abordagem”. Submetido a julgamento, o réu afirmou que jamais pretendeu a morte da vítima,

reagiu instintivamente à abordagem, para se defender do que imaginou ser uma tentativa de

assalto.

O laudo necroscópico atesta a morte por trauma crânio encefálico, que evoluiu junto a

septicemia, com óbito dias depois. As condições de higiene da vítima eram precárias e ficou

bem demonstrado que era alcoólatra, com várias internações. Não foi produzida prova oral em

juízo.

O réu foi condenado por homicídio, nos termos da denúncia. A pena aplicada foi de 14 anos de

reclusão em regime integralmente fechado. Pesou em desfavor do réu a circunstância de possuir

processo em trâmite, por roubo circunstanciado. O julgamento ocorreu no dia 05/02/2010. Na

condição de advogado de Paulo, tome a medida adequada, apontando o último dia do prazo

legal para demonstração de inconformismo.

CASOS – OAB - FGV

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

1. Tício foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município Niterói-RJ, pela prática de roubo qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase de inquérito policial, Tício foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já em sede de instrução criminal, nem vítima nem testemunhas afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma. Não houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de “pega ladrão!”, viram o réu correndo e foram em seu encalço. Afirmaram que, durante

Page 27: OAB apostila6

a perseguição, os passantes apontavam para o réu, bem como que este jogou um objeto no córrego que passava próximo ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. O réu, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal, Tício foi condenado a oito anos e seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para cumprimento de pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento feito pela vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias comprovadas no curso do processo. Você, na condição de advogado(a) de Tício, é intimado(a) da decisão. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, apresentando as razões e sustentando as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0)

GABARITO O examinando deve redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I, do Código de Processo Penal. A petição de interposição deve ser endereçada ao juiz de direito da 1ª vara criminal da comarca de Niterói/RJ. Nas razões de apelação o candidato deverá dirigir-se ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, argumentando que o reconhecimento feito não deve ser considerado para fins de condenação, pois houve desrespeito à formalidade legal prevista no art. 226, II, do Código de Processo Penal. Dessa forma, inexistiria prova suficiente para a condenação do réu, haja vista ter sido feito somente um único reconhecimento, em sede de inquérito policial e sem a observância das exigências legais, o que levaria à absolvição com fulcro no art. 386, VII, do mesmo diploma. Outrossim, de maneira alternativa, deverá postular o afastamento da causa especial de aumento de pena decorrente do emprego de arma de fogo, pois esta deveria ter sido submetida à perícia, nos termos do art. 158 do Código de Processo Penal, o que não foi feito, de modo que não há como ser comprovada a potencialidade lesiva da arma.

ITENS DE CORREÇÃO

Estrutura correta (divisão das partes /

indicação de local, data, assinatura)

0 / 0,25

Indicação correta do prazo e dispositivos legais

que dão ensejo à apelação, na petição de

interposição (art. 593, I, do CPP)

0 / 0,25

Endereçamento correto da interposição – 1ª

Vara Criminal do Município X

0 / 0,25

Endereçamento correto das razões – Tribunal

de Justiça do Estado

0 / 0,25

Desenvolvimento jurídico acerca da falta de

observância da formalidade legal (0,8) /

prevista no art. 226, II, do CPP (0,2)

0 / 0,2 / 0,8 / 1,0

Desenvolvimento jurídico acerca da ausência da

apreensão da arma (ou de ausência de

potencialidade lesiva), o que impede o exame

pericial da arma, nos termos do art. 158 do CPP.

(0,6) / Ninguém afirmou que a arma tenha

efetuado qualquer disparo (perícia indireta)

(0,4).

0 / 0,4 / 0,6 / 1,0

Pedido:

Absolvição + argumento + base legal

0 / 0,5

Page 28: OAB apostila6

Pedidos (0,5 cada) – no mínimo 3 pedidos –

máximo 1,5 ponto:

- redução da pena + base legal

- mudança de regime + base legal

- nulidade da prova + base legal

- afastamento da agravante + argumento + base

legal

0 / 0,5 / 1,0 / 1,5

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

2. Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto qualificado por abuso de confiança, haja vista ter alegado o Parquet que a denunciada havia se valido da qualidade de empregada doméstica para subtrair, em 20 de dezembro de 2006, a quantia de R$ 50,00 de seu patrão Cláudio, presidente da maior empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo. A denúncia foi recebida em 12 de janeiro de 2007, e, após a instrução criminal, foi proferida, em 10 de dezembro de 2009, sentença penal julgando procedente a pretensão acusatória para condenar Eliete à pena final de dois anos de reclusão, em razão da prática do crime previsto no artigo 155, §2º, inciso IV, do Código Penal. Após a interposição de recurso de apelação exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça entendeu por bem anular toda a instrução criminal, ante a ocorrência de cerceamento de defesa em razão do indeferimento injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha. Novamente realizada a instrução criminal, ficou comprovado que, à época dos fatos, Eliete havia sido contratada por Cláudio havia uma semana e só tinha a obrigação de trabalhar às segundas, quartas e sextas-feiras, de modo que o suposto fato criminoso teria ocorrido no terceiro dia de trabalho da doméstica. Ademais, foi juntada aos autos a comprovação dos rendimentos da vítima, que giravam em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais. Após a apresentação de memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida nova sentença penal condenando Eliete à pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Em suas razões de decidir, assentou o magistrado que a ré possuía circunstâncias judiciais desfavoráveis, uma vez que se reveste de enorme gravidade a prática de crimes em que se abusa da confiança depositada no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada do mínimo. Ao final, converteu a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, consubstanciada na prestação de 8 (oito) horas semanais de serviços comunitários, durante o período de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em instituição a ser definida pelo juízo de execuções penais. Novamente não houve recurso do Ministério Público, e a sentença foi publicada no Diário Eletrônico em 16 de fevereiro de 2011. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o último dia do prazo legal, o recurso cabível à hipótese, invocando todas as questões de direito pertinentes, mesmo que em caráter eventual. (Valor: 5,0)

GABARITO O candidato deverá redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I, do CPP, a ser endereçada ao juiz de direito, com razões inclusas endereçadas ao Tribunal de Justiça. Nas razões recursais, o candidato deverá argumentar que a segunda sentença violou a proibição à reformatio in pejus – configurando-se caso de reformatio in pejus indireta –, contida no artigo 617 do CPP, de modo que, em razão do trânsito em julgado para a acusação, a pena não poderia exceder dois anos de reclusão, estando prescrita a pretensão punitiva estatal, na forma do artigo

Page 29: OAB apostila6

109, V, do Código Penal, uma vez que, entre o recebimento da denúncia (12/01/2007) e a prolação de sentença válida (09/02/2011), transcorreu lapso superior a quatro anos. Superada a questão, o candidato deverá argumentar que inexistia relação de confiança a justificar a incidência da qualificadora (Eliete trabalhava para Cláudio fazia uma semana) e que a quantia subtraída era insignificante, sobretudo tomando-se como referência o patrimônio concreto da vítima. Em razão disso, o candidato deverá requerer a reforma da sentença, de modo a se absolver a ré por atipicidade material de sua conduta, ante a incidência do princípio da insignificância/bagatela. O candidato deve argumentar, ainda, que, na hipótese de não se reformar a sentença para se absolver a ré, ao menos deveria ser reduzida a pena em razão do furto privilegiado, substituindo-se a sanção por multa. Em razão de tais pedidos, considerando-se a redução de pena, o candidato deveria requerer a substituição da pena privativa de liberdade por multa, bem como a aplicação da suspensão condicional da pena e/ou suspensão condicional do processo. Deveria ainda o candidato argumentar sobre a impossibilidade do aumento da pena base realizado pelo magistrado sob o fundamento da enorme gravidade nos crimes em que se abusa da confiança depositada, pois tal motivo já foi levado em consideração para qualificar o delito, não podendo a apelante sofrer dupla punição pelo mesmo fato – bis in idem. Por fim, o candidato deveria requerer um dos pedidos possíveis para a questão apresentada, tais como: 1- absolvição;

2- reconhecimento da reformatio in pejus, com a aplicação da pena em no máximo 2 anos e a consequente prescrição;

3- atipicidade da conduta, tendo em vista a aplicação do princípio da bagatela; 4- não incidência da qualificadora do abuso da confiança, com a consequente desclassificação para furto simples;

5- aplicação da Suspensão Condicional do Processo;

6- não sendo afastada a qualificadora, a incidência do parágrafo 2º do artigo 155 do CP;

7- a redução da pena pelo reconhecimento do bis in idem e a consequente prescrição;

8- aplicação de sursis;

9- inadequação da pena restritiva aplicada, tendo em vista o que dispõe o artigo 46, §3º, do CP. Alternativamente, o candidato poderá elaborar embargos de declaração.

ITENS DE CORREÇÃO

Estrutura correta (divisão das partes / indicação

de local, data, assinatura)

0 / 0,25

Indicação correta dos dispositivos legais que dão

ensejo à apelação (art. 593, I, do CPP)

0 / 0,5

Endereçamento correto da interposição 0 / 0,25

Endereçamento correto das razões 0 / 0,25

Indicação de reformatio in pejus (0,20). 0 / 0,20

Desenvolvimento jurídico acerca da ocorrência

de reformatio in pejus (0,40) Art. 617 do CPP

(0,15)

0 / 0,15 / 0,40 / 0,55

Incidência da prescrição da pretensão punitiva. 0 / 0,30 / 0,45 / 0,75

Page 30: OAB apostila6

(0,30) Desenvolvimento jurídico. (0,45)

Não incidência da qualificadora de abuso de

confiança OU desclassificação para furto

simples. (0,3) Desenvolvimento jurídico. (0,45)

0 / 0,30 / 0,45 / 0,75

Atipicidade material da conduta OU Princípio da

bagatela (0,3). Desenvolvimento jurídico. (0,45)

0 / 0,30 / 0,45 / 0,75

Desenvolvimento jurídico acerca da incidência,

em caráter eventual, da figura do furto

privilegiado

0 / 0,25

Desenvolvimento jurídico acerca da substituição

da pena privativa de liberdade por multa OU

suspensão condicional da pena (sursis) e do

processo OU diminuição da pena por bis in idem

0 / 0,25

Pedido correto, contemplando as teses

desenvolvidas

0 / 0,25

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Observações preliminares sobre a peça: tal peça serve para contrarrazoar, o recurso de

apelação, ou seja, uma parte descontente com a sentença proferida, ingressa com o recurso de

apelação, a outra parte que foi beneficiada com tal decisão, não quer que ela seja modificada, e

com isso ingressa com as contrarrazões de apelação, para combater a tese alegada em sede de

apelação, e para requerer que a sentença prolatada não seja reformada.

Na verdade, esta peça, nada mais é do que uma contestação ao

recurso de apelação interposto.

Fundamentos legais

Alicerça-se nos artigos 593 e seguintes do Código de Processo Penal, mais

especificamente no art. 600 do CPP.

Endereçamento

O endereçamento da peça em tela se sintoniza com o endereçamento da

apelação, ou seja, são duas petições, onde a primeira, chamada de petição de juntada, é dirigida

Page 31: OAB apostila6

para o juiz que prolatou a sentença. A segunda peça, denominada de contra razões, é dirigida ao

Tribunal competente.

Denominação do postulante

Tal qual a apelação a denominação para as partes das contrarrazões de apelação

também é APELANTE e APELADO, isto é facilmente perceptível, pois as contra razões, nada

mais é que uma contestação à apelação outrora interposta. Assim, aquele que elabora às

contrarrazões é denominado de APELADO.

Prazo

O prazo para se apresentar contrarrazões de apelação é de 8 dias, contados da

intimação de que houve recurso de apelação.

Hipótese

A peça em tela tem cabimento em casos de recurso (apelação) por parte da

acusação. Tem como objetivo primordial manter a sentença prolatada.

Forma

São duas petições: uma de juntada aos autos das contrarrazões encaminhadas ao

juiz prolator da sentença. A outra peça, é propriamente denominada contrarrazões, é e dirigida

ao Tribunal competente, sendo dividida em fatos, direito e pedido.

Observações imprescindíveis

As contra-razões é composta, necessariamente, por duas peças. É cabível

sempre quando houver recurso por parte da acusação, ou se tratando de ação penal privada, o

querelante interpondo a apelação, o querelado será intimado para apresentar às contrarrazões.

Casos práticos

A – foi prolatada sentença penal absolutória em favor de Flávio, porém, o

Ministério Público recorreu por meio de apelação. Apresente a peça cabível para o momento

processual.

B – Dino, foi processado criminalmente, porém ao final, a sentença foi

absolutória, e o Promotor de Justiça recorreu de tal decisão. Advogue para Dino.

Modelo prático

Page 32: OAB apostila6

*Petição de Juntada

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ___ Vara Criminal da Comarca de

_________, Estado de São Paulo,

(pular 1 linha)

Processo nº __/__

(pular 8 linhas)

_________, qualificado nos autos em epígrafe, via de seu

advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à Douta presença de

Vossa Excelência, nos termos do art. 600 do Código de Processo Penal, requerer a juntada aos

presentes autos das contrarrazões do recurso de apelação, ora interposto pelo ilustre

representante do Ministério Público.

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado ___________

O . A . B. / ____ nº ____

• As contrarrazões seguem o mesmo modo do recurso de apelação, ou seja, a 2ª peça

aqui segue o mesmo modo da 2ª peça apresentada em apelação, dividida em fatos,

direito e pedido.

CASOS REFERENTES À MATÉRIA

1 – José, com 22 anos de idade e com bons antecedentes, foi denunciado e processado por

praticar o delito de lesão corporal grave, sendo absolvido no final. Quando da prolação da

sentença o MM Juiz de Direito de Catunduva-PE, fundamentou seu decisório que a legítima

defesa está devidamente comprovada. O ilustre representante do Ministério Público,

inconformado com tal decisão recorreu.

Questão: Como advogado de José, aplique a medida cabível.

2 - O representante do MP, em um caso de ação penal pública incondicionada na fase do artigo

403, concluiu pela inocência do réu e requereu sua absolvição. O Douto Magistrado, abraçando

Page 33: OAB apostila6

a tese do “Parquet”, proferiu sentença absolutória. O membro do MP entrou em férias e na

ocasião da intimação da sentença, outro membro do MP, entendendo de modo diverso de seu

colega e do Magistrado, sustentou que a sentença merecia modificação. Diante disto, interpõe

recurso, com fundamento em sua independência funcional, considerando que, sendo ação penal

pública incondicionada, o seu colega jamais poderia requerer a absolvição, mas sim só a

condenação. O promotor substituto requer a condenação do acusado nos termos do artigo 171

do CP, fundamentando que o réu teria agido com culpa presumida, ainda que não tivesse obtido

a vantagem ilícita em prejuízo alheio.

Questão: Como advogado, adote o que de direito.

3 – Pedro, foi processado por infração do artigo 213 do CP, respondeu ao processo preso, a

sentença decretou absolvição fundamentada de que as provas produzidas sob o crivo do

contraditório eram insuficientes, e determinou a expedição de alvará de soltura. O Ministério

Público recorreu.

Questão: Inconformado com a apelação interposta, apresente a peça cabível para manter a

sentença outrora prolatada.

4 – Evandro, Policial Militar, após cumprir sua jornada de trabalho, estava caminhando até sua

residência, momento em que avistou um grupo de pessoas nos arredores de um veículo, diante

de tal situação, percebeu que ali estava ocorrendo um roubo e que um dos integrantes do grupo

mantinha uma moça na mira de um revólver. Caminhando por traz do meliante, sem ser por este

notado, disparou quatro tiros com sua arma particular, vindo, o citado delituoso, a falecer no

local. Os outros integrantes do grupo lograram êxito em empreender fuga e escaparem. Evandro

foi processado e, ao final, absolvido sumariamente em primeiro grau, pois a r. decisão judicial

reconheceu que o policial agiu no cumprimento do dever de sua profissão (artigo 23, inciso III,

1ª parte, do Código Penal).

Descontente com tal decisão, o Ministério Público recorreu pleiteando a reforma da r. decisão.

Para tanto alega, em síntese, que o policial estava fora de serviço e que houve excesso no revide,

eis que Evandro, disparando quatro tiros do seu revólver, praticamente descarregou-o, pois a

arma possuía, ao todo, seis balas.

Questão Advogue para Evandro, apresentando a peça pertinente.

Page 34: OAB apostila6

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Observações preliminares sobre a peça: “Entendemos, como a maior parte da doutrina, que o

recurso em sentido estrito, segue um rol taxativo, e só cabe nas hipóteses previstas no artigo 581

do Código de Processo Penal. Há ainda hipóteses em leis especiais, tais como: da Lei 1.521 de

1.951 (lei de economia popular); art. 294 do Código de Trânsito; art. 2º, do Decreto-lei 201/67 e

art. 6º da Lei 1508/51.

Fundamentos Legais

Tal recurso encontra acolhida no artigo 581 do Código de Processo Penal ou no

artigo correspondente da legislação especial.

Endereçamento

O recurso em tela, como a apelação, é composto por duas petições, sendo a

primeira, denominada petição de interposição, endereçada ao juiz “a quo” que prolatou

despacho ou decisão interlocutória. A segunda peça denominada razões, é encaminhada ao

Tribunal (TJ ou TRF).

Denominação do postulante

A denominação utilizada para as partes do recurso em sentido estrito é

RECORRENTE e RECORRIDO.

Prazo

O prazo para a petição de interposição é de 5 (cinco) dias. O prazo para razões é

de 2 (dois) dias, contados da intimação da decisão.

Quanto ao prazo de interposição, temos as seguintes exceções:

- 20 dias – decisão que incluir ou excluir jurado da lista geral – Júri – Art. 581,

XIV, CPP. Alguns autores (minoritários) sustentam que esta hipótese estaria tacitamente

revogada em razão da nova redação do art. 426 do CPP (Lei 11.689/08) e que o recurso cabível

para tais decisões seria reclamação de qualquer do povo. Contudo, entendemos que deve ser

mantido o Recurso em Sentido Estrito, contra a decisão que incluiu ou exclui jurados da lista

geral.

- 15 dias – recurso supletivo do assistente de acusação.

Hipótese

É cabível para reexame de decisão judicial, nos termos do artigo 581 do Código

de Processo Penal.

Page 35: OAB apostila6

Forma

Tal recurso é composto por duas petições: petição de interposição (juiz “a quo”)

e as razões (TJ ou TRF).

Importante salientar que, na petição de interposição deve ser efetuado pedido de

retratação, tendo em vista que o RESE possui efeito regressivo/iterativo/devolutivo inverso.

Observações imprescindíveis

Necessário frisar que o recurso em sentido estrito é cabível contra despacho ou

decisão de juiz de 1ª instância, porém já mencionado o juízo de retratação, e somente nas

hipóteses taxadas no artigo 581 do Código de Processo Penal, nos incisos que foram marcados

em aula.

No RESE podem ser tratas teses preliminares e teses de mérito. Em verdade, as

teses de mérito, via de regra, referem-se ao próprio conteúdo da decisão que está sendo atacada

pelo RESE.

Casos práticos

A – Durante um processo cível, “K”, em sede de contestação, alegou que o

autor “M” praticou crime de apropriação indébita, descrevendo os fatos de forma detalhada. No

juízo criminal “M”, propôs queixa , atribuindo a “K” o crime de calúnia. No juízo criminal foi

rejeitada a queixa, com fundamento no artigo 142, inciso I, do Código Penal. Advogue para

“M”.

B – Por sentença proferida pelo M.M. Juiz, o réu foi pronunciado.

C – Após o crime contra a vida o Juiz prolatou sentença de pronúncia.

Modelo Prático

(Roteiro de Interposição)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ____ Vara Criminal da Comarca de

__________, Estado de São Paulo,

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal Federal da Seção Judiciária

de ________, Estado de São Paulo,

(pular 1 linha)

Processo nº __/__

(pular 8 linhas)

Page 36: OAB apostila6

_________, qualificados nos autos da Ação Penal que lhe move

a Justiça Pública, via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, respeitosamente à

Douta presença de Vossa Excelência, dentro do qüinqüídio legal, com fulcro no artigo 581,

inciso ___ , do Código de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, por

não se conformar com a r. ________.

Requer, que Vossa Excelência se retrate da decisão proferida.

Caso entenda por bem mantê-la requer, outrossim, que, juntamente com as razões recursais, os

autos sejam encaminhados à Instância Superior (ou que se feito o traslado de peças, nos termos

do art. 587 do CPP – nos casos que o RESE “sobe” ao Tribunal por instrumento).

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado ____________

O . A . B. / ____ nº _____

Razões de RESE

Egrégio Tribunal de Justiça, Seção ou Secção Criminal, do Estado de São Paulo,

Ou

Egrégio Tribunal Regional Federal da ____ Região (pular 2 linhas)

Comarca de __________

ou Subsecção Judiciária de _________.

Cartório do __ Ofício Criminal

ou Secretaria do __ Ofício Criminal.

Processo nº __/__

(pular 1 linha)

Recorrente: __________

Recorrido: ___________

(pular 3 linhas)

DOUTO PROCURADOR,

(pular 2 linhas)

COLENDA CÂMARA (justiça estadual)

COLENDA TURMA (justiça federal)

(pular 2 linhas)

EMÉRITOS JULGADORES:

(pular 3 linhas)

Page 37: OAB apostila6

A r. decisão de fls., não traz aos autos a correta e eficaz

aplicação da Justiça, senão vejamos:

ou

A Justiça não abraça o caso em tela com a r. sentença de fls., o

que será demonstrado pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos:

ou

Revestida de injustiça a r. decisão __________, merecendo ser

reformada por esta Corte, senão verifiquemos:

(pular 1 linha)

Dos Fatos:

ou

(pular 1 linha)

DO DIREITO APLICÁVEL À ESPÉCIE:

(pular 1 linha)

CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS:

ou

CONCLUSÃO:

(pular 1 linha)

REQUERIMENTO:

(pular 1 linha)

Por tudo quanto foi exposto, requer o conhecimento e

provimento do presente recurso, com a reforma da r. decisão de fls., com fulcro no inciso ____ ,

do artigo _____ , do Código de Processo Penal.

-PODERÁ HAVER PEDIDO

ALTERNATIVO/SUBSIDIÁRIO.

- PODERÁ HAVER PEDIDO PRELIMINAR.

(pular 1 linha)

DE FORMA ALTERNATIVA:

ou

ALTERNATIVAMENTE:

(pular 2 linhas)

local e data

(pular 2 linhas)

Advogado______________

O . A . B . / ____ n._______

Page 38: OAB apostila6

• O exemplo acima é de razões simples, todavia existem casos onde, nas razões serão

articuladas preliminares e mérito, e neste caso deve constar todos os pedidos, ou seja,

preliminares, mérito e eventuais subsidiárias.

CASOS REFERENTES À MATÉRIA:

1 – Luminha, após desentendimento com Martinha, saca de um revólver e atira vindo a acertar a

perna esquerda desta, mas de repente, arrepende-se e vai embora. Devido ao ocorrido, o Parquet

da cidade de Bebedouro-SP, ofereceu denúncia qualificando o fato como tentativa de homicídio,

tendo o juiz recebido a exordial e o processo seguido seus trâmites normais. Nas vezes em que

foi ouvido, Luminha afirma que atirou, mas que se arrependeu, pois tinha a intenção de matar

Martinha. Passada as alegações finais, o juiz pronuncia Luminha para responder o delito perante

o Tribunal do Júri, conforme se verifica através da sentença que foi proferida da data de ontem.

Questão: Adote o recurso cabível.

2 – Em uma reunião festiva realizada por um empresário na Comarca de Sorocaba, Carlos,

engenheiro elétrico, residente e domiciliado na cidade de São Paulo, teria ofendido a dignidade

e a honra de Clodovil eis que jocosamente, relatava aos presentes em tal festa as relações

homossexuais por este praticadas. Clodovil, devido a tais fatos contratou um belo advogado,

ajuizando no foro central da Capital, queixa – crime contra Carlos, por infração aos artigos 139,

140 e 141, inciso II do Código Penal. A ação foi distribuída perante a 1ª Vara Criminal, todavia

o magistrado rejeitou a inicial fundamentando em sua decisão, ser incompetente para processar

e julgar o feito ocorrido na Comarca de Sorocaba, amparado nos artigos 6º do Código Penal e

70, caput do Código de Processo Penal. A decisão foi prolatada há dois dias.

Questão: Como advogado de Clodovil, adote a medida cabível.

3 – Conti, estava em sua residência quando percebeu que alguém forçava a porta dos fundos. De

porte de uma arma, aguardou num canto da cozinha sem acender as luzes. Ato contínuo, a porta

se abriu e Conti pode ver claramente a figura de um homem que estava armado e adentrando em

sua residência. Diante de tal situação, Conti disparou a arma atingindo o desconhecido com um

tiro certeiro, provocando-lhe morte instantânea. Conti foi denunciado pelo MP nas penas do

artigo 121, parágrafo 1º do Código Penal, pois foi reconhecida a violenta emoção causada pela

invasão de sua residência. Após os trâmites de praxe, Conti foi pronunciado e mandado a

julgamento pelo Tribunal do Júri, nos termos da denúncia. A r. decisão de pronúncia não

transitou em julgado, pois fora publicada há dois dias. Proponha a medida cabível para a defesa

de Conti.

Page 39: OAB apostila6

4 - Agnaldo, que reside com sua esposa, Ângela, e seus dois filhos na cidade de Porto Alegre –

RS, pretendendo fazer uma reforma na casa onde mora com a família, dirigiu-se a uma loja de

material de construção para verificar as opções de crédito existentes. Entre as opções que o

vendedor da loja apresentou, a mais adequada ao seu orçamento familiar era a emissão de

cheques pré-datados como garantia da dívida.

Como não possui conta-corrente em agência bancária, Agnaldo pediu a seu cunhado e vizinho,

Firmino, que lhe emprestasse seis cheques para a aquisição do referido material, pedido

prontamente atendido. Com o empréstimo, retornou ao estabelecimento comercial e realizou a

compra, deixando como garantia da dívida os seis cheques assinados pelo cunhado.

Dias depois, Firmino, que tivera seu talonário de cheques furtado, sustou todos os cheques que

havia emitido, entre eles, os emprestados a Agnaldo. Diante da sustação, o empresário, na

delegacia de polícia mais próxima, alegou que havia sido fraudado em uma transação comercial,

uma vez que Firmino frustrara o pagamento dos cheques pré-datados.

Diante das alegações, o delegado de polícia instaurou inquérito policial para apurar o caso,

indiciando Firmino, por entender que havia indícios de ele ter cometido o crime previsto no

inciso VI do § 2.º do art. 171 do Código Penal.

Inconformado, Firmino impetrou habeas corpus perante a 1.ª Vara Criminal da Comarca de

Porto Alegre, tendo o juiz denegado a ordem.

Considerando essa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por Firmino,

interponha a peça judicial cabível, privativa de advogado, em favor de seu cliente.

CASO – OAB - FGV

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

No dia 17 de junho de 2010, uma criança recém-nascida é vista boiando em um córrego e, ao ser resgatada, não possuía mais vida. Helena, a mãe da criança, foi localizada e negou que houvesse jogado a vítima no córrego. Sua filha teria sido, segundo ela, sequestrada por um desconhecido. Durante a fase de inquérito, testemunhas afirmaram que a mãe apresentava quadro de profunda depressão no momento e logo após o parto. Além disso, foi realizado exame médico legal, o qual constatou que Helena, quando do fato, estava sob influência de estado puerperal. À míngua de provas que confirmassem a autoria, mas desconfiado de que a mãe da criança pudesse estar envolvida no fato, a autoridade policial representou pela decretação de interceptação telefônica da linha de telefone móvel usado pela mãe, medida que foi decretada pelo juiz competente. A prova constatou que a mãe efetivamente praticara o fato, pois, em conversa telefônica com uma conhecida, de nome Lia, ela afirmara ter atirado a criança ao córrego, por desespero, mas que estava arrependida. O delegado intimou Lia para ser ouvida, tendo ela confirmado, em sede policial, que Helena de fato havia atirado a criança, logo após o parto, no córrego. Em razão das aludidas provas, a mãe da criança foi então denunciada pela prática do crime descrito no art. 123 do Código Penal perante a 1ª Vara Criminal (Tribunal do Júri). Durante a ação penal, é juntado aos autos o laudo de necropsia realizada no corpo da criança. A prova técnica concluiu que a criança já nascera morta. Na audiência de instrução, realizada no dia 12 de agosto de 2010, Lia é novamente inquirida, ocasião em que confirmou ter a denunciada, em conversa telefônica,

Page 40: OAB apostila6

admitido ter jogado o corpo da criança no córrego. A mesma testemunha, no entanto, trouxe nova informação, que não mencionara quando ouvida na fase inquisitorial. Disse que, em outras conversas que tivera com a mãe da criança, Helena contara que tomara substância abortiva, pois não poderia, de jeito nenhum, criar o filho. Interrogada, a denunciada negou todos os fatos. Finda a instrução, o Ministério Público manifestou-se pela pronúncia, nos termos da denúncia, e a defesa, pela impronúncia, com base no interrogatório da acusada, que negara todos os fatos. O magistrado, na mesma audiência, prolatou sentença de pronúncia, não nos termos da denúncia, e sim pela prática do crime descrito no art. 124 do Código Penal, punido menos severamente do que aquele previsto no art. 123 do mesmo código, intimando as partes no referido ato. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso

concreto acima, na condição de advogado(a) de Helena, redija a peça cabível à impugnação

da mencionada decisão, acompanhada das razões pertinentes, as quais devem apontar os

argumentos para o provimento do recurso, mesmo que em caráter sucessivo.

GABARITO

O recurso cabível é o recurso em sentido estrito, na forma do art. 581, IV, do Código de Processo Penal, dirigido ao Juiz da 1ª Vara Criminal (Tribunal do Júri). Em primeiro lugar, deverá o examinando requerer, em preliminar, o desentranhamento das provas ilícitas. Isso porque o crime investigado, infanticídio (art. 123 do Código Penal), é punido com pena de detenção. Em razão disso, não era admissível a interceptação telefônica prevista na Lei 9.296/96, pois a lei em tela não admite a medida quando o crime só é punido com pena de detenção (art. 2º, III). É de ressaltar que o crime de aborto, previsto no art. 124, também só é punido com pena de detenção. Além disso, o enunciado indica não existir indícios suficientes de autoria, uma vez que o delegado representou pela decretação da quebra com base em meras suspeitas. Finalmente, não foram esgotados todos os meios de investigação, condição sine qua

non para que a medida seja decretada. Por outro lado, o examinando deverá registrar também que o testemunho de Lia, embora seja prova realizada de modo lícito, será ilícito por derivação, na forma do art. 157, § 1º, do Código e Processo Penal e, portanto, imprestável. Ainda em preliminar, deverá o examinando suscitar a nulidade do processo por violação do art. 411, § 3º do Código de Processo Penal, c/c art. 384 do Código de Processo Penal. Com efeito, diante das regras acima referidas, o Juiz, vislumbrando a possibilidade de nova definição do fato em razão de prova nova, surgida durante a instrução, deverá abrir vista dos autos para que o Ministério Público, se for o caso, adite a denúncia, mesmo que a pena prevista para a nova definição jurídica seja menor, conforme a nova redação do art. 384 do Código de Processo Penal, dada pela Lei 11.719/2008. O candidato deverá, ainda, sustentar que não restou provada a materialidade do crime de aborto, uma vez que nenhuma perícia foi feita no sentido de comprovar que a criança faleceu em decorrência da ingestão de substância abortiva. Finalmente, deveria requerer, em caráter sucessivo, a impronúncia da acusada, uma vez que, retiradas as provas ilícitas dos autos, nenhuma prova de autoria existiria contra a denunciada.

ITENS DE CORREÇÃO

Endereçamento correto e indicação da

norma (art. 581, IV, CPP)

0 / 0,35 / 0,7

Pedido de reconsideração ao juiz de 1º

grau e indicação da norma (art. 589,

parágrafo único, CPP)

0 / 0,1 / 0,2

Page 41: OAB apostila6

Indicação da ilegitimidade/ilicitude da

interceptação telefônica (0,4) por tratar-

se de crime apenado com detenção (0,4)

OU Indicação da ilegitimidade/ilicitude da

interceptação telefônica (0,4) com

fundamento na necessidade de

esgotamento prévio dos meios

0 / 0,4 / 0,8

de investigação (0,4)

Indicação do dispositivo legal (art. 2º, III, Lei

9.296/96) OU (art. 2º, II, Lei 9.296/96)

0 / 0,5

Indicação da ilicitude por derivação da

prova testemunhal (0,25) com

fundamentação legal (art. 157, §1º, CPP)

(0,25)

0 / 0,25 / 0,5

Desenvolvimento fundamentado de que

haveria violação das regras referentes à

mutatio libelli (0,25/0,5) / Indicação do

dispositivo legal: art. 384 do CPP (0,25), c/c

art. 411, §3º, do CPP (0,25)

0 / 0,25 / 0,5 / 0,75 / 1,0

Desenvolvimento fundamentado acerca da

ausência de prova da materialidade do

crime de aborto por inexistência de perícia

que vincule o óbito à substância abortiva

0 / 0,25 / 0,5

Pedidos principais corretos (0,2 cada):

- desentranhamento da prova Ilícita

- impronúncia em virtude do

desentranhamento da prova ilícita e

consequente ausência de indícios

suficientes de autoria

- impronúncia por ausência de prova da

materialidade do crime de aborto

- absolvição sumária OU nulidade da

decisão de pronúncia, com fundamento na

mutatio libelli

0 / 0,2 / 0,4 / 0,6 / 0,8

CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Observações preliminares sobre a peça: “As contrarrazões de recurso em sentido estrito, é

utilizada, quando nas hipóteses do artigo 581 do Código de Processo Penal, a acusação recorre.

Fundamentos Legais

Page 42: OAB apostila6

Estas contrarrazões encontram respaldo no artigo 588 e seguintes, do Código de

Processo Penal.

Endereçamento

Conforme as contrarrazões de apelação, as de recurso em sentido estrito, tem

endereçamento para dois órgãos, ou seja, a petição de juntada é dirigida ao juiz que prolatou a

sentença, ou despacho e as contrarrazões propriamente ditas, são encaminhadas ao Tribunal

competente.

Denominação do postulante

Tal qual o recurso em sentido estrito a denominação dada as partes é de

RECORRENTE e RECORRIDO.

Prazo

Em regra, ou seja, na maior parte dos incisos do artigo 588 do CPP, o prazo é de

2 (dois) dias.

Hipótese

É cabível quando houver, nas hipóteses do artigo 581 do CPP, recurso por parte

da acusação.

Forma

Tal contrarrazões é composta por duas petições, que são a petição de juntada,

dirigida ao juiz “a quo”, e as contrarrazões, encaminhada ao Tribunal de Justiça, em sua Seção

Criminal ou ao Tribunal Regional Federal.

Observações imprescindíveis

As contrarrazões em questão têm fundamento no artigo 588 e seguintes do CPP,

e sempre são cabíveis quando há recurso por parte da acusação nas hipóteses do artigo 581 do

Código de Processo Penal.

A falta de intimação para apresentação das contrarrazões gera a nulidade –

Súmula 707 do STF.

Casos práticos

A – César sofreu decisão de desclassificação no final da primeira fase do juri,

todavia, inconformado o representante do “Parquet” apresentou recurso.

B – Marcos, após sofrer processo por crime doloso contra a vida, ao final do

sumario de culpa, houve decisão desclassificatória, porém o membro do Ministério Público

recorreu.

Page 43: OAB apostila6

Modelo Prático

(petição de juntada)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de

__________, Estado de São Paulo,

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal Federal da Seção Judiciária

de ________, Estado de São Paulo,

(pular 1 linha)

Processo nº __/__

(pular 8 linhas)

___________, qualificados nos autos em epígrafe, por

intermédio de seu advogado e procurador que a esta subscreve, vem, mui respeitosamente à

Douta presença de Vossa Excelência, requerer, nos termos do art. 588 do CPP, a juntada aos

autos das CONTRARRAZÕES do Recurso em Sentido Estrito, ora interposto pelo

representante do Ministério Público.

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado _________

O . A . B. / ____ nº ___

• As contrarrazões de Recurso em Sentido Estrito, segue praticamente a mesma forma

das razões de Recurso em Sentido Estrito, ou seja, a 2ª peça de contrarrazões aqui, é

praticamente idêntica as razões de RES, é claro que diferenciando-se por parte de

quem está recorrendo.

CASOS REFERENTES À MATÉRIA

1 – Maria deu a luz num terreno baldio, e ato contínuo, influenciada pelo estado puerperal,

mediante asfixia mecânica, levou a óbito o filho que acabara de nascer. O representante do

Ministério Público tipificou sua ação como sendo homicídio qualificado, frisando o “animus

necandi” da autora. O juiz, entretanto, pronunciou-a como incursa nas penas do crime de

Page 44: OAB apostila6

infanticídio. O Promotor de Justiça, não se conformou e recorreu, frisando que tratava-se de

homicídio qualificado.

Questão: Apresente as contrarrazões do recurso interposto pela acusação.

2 – Marcelo, Promotor de Justiça, em data de 02/03/2009 ofereceu denúncia contra Roberto,

empresário, descrevendo infração penal tipificada como receptação simples ocorrida em outubro

de 1.998. Todavia, esqueceu de apresentar o rol de testemunhas na peça inaugural, além de

narrar fato equivocado, fazendo inserir circunstâncias totalmente divorciadas da realidade, não

oferecendo, outrossim, a qualificação do indiciado, nem dados que pudessem individualizá-lo.

O Magistrado ao tomar conhecimento do teor da denúncia, rejeita-a, expondo os motivos para

tal. O Promotor de Justiça recorre de tal decisão, expondo os motivos de seu inconformismo,

reiterando que a ação penal deve ser recebida para, ao final da instrução probatória, ser o réu

condenado pelo crime que cometeu. Você como advogado de Roberto, é intimado para tomar do

recurso interposto pelo Promotor de Justiça. Assim, proponha a peça processual que julgar

correta para a defesa de Roberto.

EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE Observações preliminares sobre a peça: "É uma peça que utilizada diante de decisões dos

Tribunais (Câmaras ou Turmas), que não são unânimes e desfavoráveis ao réu. Deste modo,

caberá o recurso em questão, dos julgamentos de apelação, de recurso em sentido estrito ou de

agravo em execução (maioria da doutrina), não unânimes e desfavoráveis ao réu.

Fundamentos Legais

Os dois tipos de embargos (infringentes e de nulidade)

encontram embasamento legal no art. 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal.

Endereçamento

Diferentemente de outras peças tem a petição de

interposição dirigida ao relator, (desembargador relator, do TJ ou TRF), e as razões dirigidas

ao próprio Tribunal (Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal).

Denominação do postulante

Page 45: OAB apostila6

O indivíduo que ingressa - via procurador - com os

embargos infringentes ou de nulidade denomina-se EMBARGANTE.

Prazo

O prazo de interposição deste recurso é de 10 ( dez ) dias,

a contar da publicação do acórdão.

Formas

Determinada peça é composta por duas peças, uma

petição de interposição dirigida ao Desembargador relator, e as Razões dirigidas ao Egrégio

Tribunal (TJ ou TRF).

Hipótese

Como já dito em observações preliminares, é uma peça

processual utilizada das decisões não unânimes e desfavoráveis ao réu proferidas pelos

Tribunais, advindas de julgamentos de apelação, de recurso em sentido estrito ou agravo em

execução (doutrina majoritária)

Será interposto Embargos Infringentes, quando a

questão a ser debatida for relativa ao mérito da causa, como por exemplo, diminuição da pena,

absolvição, desclassificação da forma consumada para tentada, aplicação de benefícios,

ausência de qualificadoras, etc.

Já os Embargos de Nulidade, são relativos unicamente e

exclusivamente à matéria processual, tendo como finalidade a possibilidade de anulação do

acórdão ou processo (nulidade processual).

Efeitos

Devolutivo - definido pela divergência entre acórdão e

voto vencido.

Suspensivo - a doutrina e o STF entendem que os

embargos não possuem efeito suspensivo, já a jurisprudência, que não a do STF, entende que tal

efeito prevalece.

Observações imprescindíveis:

Os embargos Infringentes e de Nulidade devem ser

formulados sempre sobre o voto vencido, não podendo ir além deste. Por exemplo, se o voto

vencido entendeu que a pena deveria ser diminuída em virtude da ocorrência de alguma causa

de diminuição de pena, o pedido deverá ser exatamente e somente em cima deste fato, e nada

Page 46: OAB apostila6

além disso, ou seja, tratar sobre a matéria de divergência, nos termos do art. 610, parágrafo

único do CPP.

Este recurso é exclusivo da defesa, não se admitindo

portanto, a "reformatio in pejus".

Detém caráter de retratação, já que são dirigidos ao

Tribunal recorrido, e julgados por este.

Em caso de não reconhecimento dos embargos, admite-se

agravo regimental.

Macetes, brechas fornecidas:

Por maioria de votos seu cliente perdeu a apelação,

porém, o voto vencido se manifestou no sentido ................

Em razão do julgamento da apelação, por votação não

unânime, a Câmara Julgadora não deu provimento ao recurso, no entanto, o voto vencido se

manifestou contrário....... .

Casos práticos

" Ciro " foi processado e condenado pelo M.M. Juiz de

Direito da 2º Vara Criminal da Comarca de Barreiras-PI, à dois anos de reclusão e multa, por

violação ao artigo 155, caput, do Código Penal, tendo-lhe sido concedido a suspensão

condicional da pena pelo tempo legal. "Ciro" em juízo confessou a prática do delito, havendo

prova que não ostenta qualquer outro antecedente criminal e tendo, por outro lado, a "res

furtiva" sido avaliada em R$ 10,00. A respeitável sentença condenatória transitou em julgado

para o Ministério Público e " A" tempestivamente, apelou e arrazoou. Em grau de recurso (

apelação nº155.099/1), a 11ª Câmara do Tribunal competente negou provimento ao recurso de

apelo, contra o voto do juiz revisor. O julgador que entendeu ser o caso de acolher as

ponderações da defesa, aduziu que, sendo o apelante primário, e de pequeno valor o prejuízo

causado, não podia prevalecer a pena corporal, que importaria em contrariar as disposições do

parágrafo 2º, do art. 155 do Código Penal. O venerando acórdão foi publicado na data de hoje.

Questão: adotar a medida cabível, em favor do apelante "

Ciro". Justifique e de a tramitação.

Modelo prático

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator, da Apelação Criminal n.

155.099/1 em trâmite perante a 11ª Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça, do

Estado de São Paulo,

( pular 1 linha )

Page 47: OAB apostila6

Apelação nº 155.099/1

( pular 8 linhas )

"Ciro", qualificado nos autos da apelação em epígrafe,

por seu advogado no final assinado, vem respeitosamente `a presença a ilustre presença de

Vossa Excelência, tempestivamente, com fundamento no art. 609, parágrafo único, do Código

de Processo Penal, opor EMBARGOS INFRINGENTES, ao venerando acórdão de fls.... .

Nestes termos, com as razões anexas,

Pede e espera deferimento.

( pular 2 linhas)

Advogado ___________

O.A.B./ ____ nº_________

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO,

( pular 2 linhas)

DOUTO PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA:

( pular 2 linhas )

COLENDA CÂMARA (justiça estadual)

COLENDA TURMA (justiça federal)

( pular 2 linhas)

EMÉRITOS JULGADORES:

( pular 2 linhas)

Muito embora houvesse por bem este E. Tribunal negado

provimento ao recurso de apelo, ora interposto, sem unanimidade, a razão está para o voto

vencido, como vejamos:

( pular 1 linha )

DOS FATOS

Trata-se de condenação, por infração ao artigo 155,

caput, do Código Penal, `a pena de 2 ( dois) anos de reclusão e multa, tendo sido aplicada a

suspensão condicional da pena pelo prazo legal.

O embargante não ostenta antecedentes criminais, e a

"res furtiva" , laudo de fls..., foi avaliada em R$ 10,00 (dez reais).

( pular 1 linha )

Negou-se provimento ao apelo, votação não unânime.

( pular 1 linha )

DO VOTO VENCIDO

Page 48: OAB apostila6

ou

DAS RAZÕES DO VOTO VENCIDO:

( pular 1 linha)

O voto vencido do eminente julgador, merece

transcrição:

( pular 1 linha )

Aduziu que :

" em sendo o apelante primário, e de pequeno valor o

prejuízo causado, não podia prevalecer a pena corporal que importaria em contrariar as

disposições do parágrafo 2º, do art.155, do Código Penal" .

( pular 1 linha )

Evidente que mantendo-se a decisão, estaríamos por

contrariar dispositivo legal, ainda mais sendo reconhecidos pela r. sentença, tais requisitos que

tornam o furto privilegiado.

( pular 1 linha )

Celso Delmanto, em Direitos Públicos Subjetivos do

Réu, no Código Penal Comentado, fl. 269, com a propriedade que lhe é inerente, comenta:

( pular 1 linha )

" Se comprovados os dois requisitos não pode o

magistrado deixar de concedê-lo, pois, preenchidas as condições que o parágrafo 2º prevê, este

constitui direito público subjetivo do agente ".

( pular 1 linha)

Neste sentido, é a sustentação jurisprudencial:

( pular 1 linha )

" Presente o binômio, primariedade do réu e pequeno

valor da subtração, é indisputável a incidência do disposto no parágrafo 2º do art. 155 do

Código Penal" ( JUTACRIM 79/27).

( pular 1 linha)

no presente caso, não há como sustentar situação diversa,

pois, assim sendo, estaríamos negando ao embargante um direito que lhe assiste, como bem

pondera o voto vencido, em seus argumentos.

REQUERIMENTO

( pular 1 linha)

Assim, requer-se o acolhimento dos embargos, para que

prevaleça o voto vencido, aplicando, para tanto, o parágrafo 2º do art. 155, do Código Penal.

(pular 1 linha).

Sendo esta medida certa de Justiça !

Page 49: OAB apostila6

Local e data.

(pular 2 linhas)

Advogado _____________

O.A.B. / ____ nº_________

Casos práticos sobre a matéria.

1 – “Tangerina" encontra-se preso em razão de sentença condenatória proferida pelo M.M. Juiz

da 1º Vara Criminal de Fortaleza-CE, por ter infringindo o art. 213 do CP. A sentença aplicou

ao réu a pena de seis anos de reclusão. Interposto recurso de apelação, revisor e relator negaram

provimento ao apelo da defesa, mantendo a decisão recorrida, ao passo que o terceiro juiz,

vencido em parte, deu provimento parcial ao referido recurso, para anular " ab initio" o processo

no tocante ao crime de estupro, dada à ausência de representação da vitima, que nesse sentido,

causou a ilegitimidade " ad causam" do Ministério Público , conforme acórdão publicado hoje.

Questão: Como advogado de “Tangerina”, elabore a peça competente.

2 - Marcondes, nascido em 20 de janeiro de 1988, subtraiu para si de uma padaria, duas barras

de chocolate, um pacote de pão de forma, e três pacotes de salame italiano, avaliados em R$

95,00. Denunciado pelo Ministério Público e após regular instrução criminal, foi condenado a

pena de 1 (um) ano de reclusão, sendo-lhe concedido o benefício do sursis . Inconformado com

a decisão o acusado recorreu. Julgado o recurso pelo Tribunal competente, a sentença foi

mantida por maioria de votos, sendo que o magistrado vencido, embora mantivesse a

condenação, reduzia a pena para 08 (oito) meses em razão do privilégio disposto no próprio tipo

penal, convertendo a pena corporal em restritiva de direito. Determinado acórdão foi publicado

há 5(cinco) dias.

Questão: como advogado de Marcondes, tome a providência judicial cabível.

Page 50: OAB apostila6

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Endereçado P/ 1ª Instância

Observações preliminares sobre a peça: “Ë o famoso embarguinho, segundo a praxe informal

forense. Tal embargos ataca sentença, que é obscura, ambígua, omissa ou contraditória”.

Fundamentos Legais

Tem amparo no artigo 382 do Código de Processo Penal.

Endereçamento

É sempre e exclusivamente dirigido ao juiz de Direito que prolatou a sentença

que está sendo embargada, e os embargos ora em estudo serão por ele julgados.

Denominação do postulante

O indivíduo que opõe os embargos recebe a denominação de EMBARGANTE,

sendo a outra parte denominada de EMBARGADO.

Prazo

O prazo para tal embargos de 1ª instância, é diferente de todas as peças até

agora vistas, são de 2 (dois) dias, que são contados a partir do momento da intimação da

sentença.

Hipótese

Os embargos de declaração em 1ª instância, são cabíveis sempre que for

proferida sentença e esta for ambígua, omissa, obscura ou ainda contraditória.

Forma

Os embargos de declaração de 1ª instância são compostos por uma peça, não

possuindo contrarrazões.

Observações imprescindíveis

JECRIM – os Embargos de Declaração nos Juizados Especiais Criminais são

opostos contra decisão omissa, contraditória, obscura ou quando haja dúvida. Seu prazo é de 5

dias e está previsto no art. 83 da Lei 9.099/95. A oposição dos Embargos de Declaração no

JECrim, suspende o prazo para Apelação.

Page 51: OAB apostila6

Casos práticos

A – Prolatada sentença sobre o caso, esta foi obscura. Intente o recurso cabível

para sanar tal obscuridade.

B – Ingresse com a medida adequada para atacar a omissão da sentença

proferida pelo juiz da 5ª Vara Criminal da Comarca de Barcelona-SP.

Modelo prático

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia ___ Vara Criminal da Comarca de

_________, Estado de São Paulo,

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Subsecção Judiciária de

________, Estado de São Paulo,

(pular 1 linha)

Processo nº __/__

(pular 8 linhas)

___________, qualificado nos autos em epígrafe, via e de seu

advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à Douta presença de

Vossa Excelência, com fulcro no artigo 382 do Código de Processo Penal, opor EMBARGOS

DE DECLARAÇÃO, contra a r. sentença de fls., pelos motivos de fato e de direito que passa a

aduzir:

(pular 1 linha)

DOS FATOS:

(pular 1 linha)

DO DIREITO APLICÁVEL À ESPÉCIE:

(pular 1 linha)

CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS:

(pular 1 linha)

REQUERIMENTO:

Face ao exposto, requer o embargante:

Que haja conhecimento dos embargos, afim que se declare a

____, ...

(pular 1 linha)

Nestes termos,

Page 52: OAB apostila6

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data.

(pular 2 linhas)

Advogado ___________

O . A . B. / ____ nº _____

CASOS REFERENTES À MATÉRIA

1 – Paulo, com 22 anos de idade, primário e com emprego fixo, envolveu-se com a prática de

crime de roubo, em sua forma tentada. Denunciado, foi processado e condenado a dois anos de

reclusão. O juiz que prolatou a sentença, embora tenha reconhecido a primariedade, no tocante

ao sursis foi omisso, mas concedeu o apelo em liberdade.

Questão: Elabore a medida cabível.

2 – Carlos, com 19 anos de idade na data dos fatos, cometeu o crime de estelionato. Após o

trâmite processual foi prolatada, pelo juiz da 6º Vara Criminal da Capital, sentença condenando-

o a um ano e seis meses de reclusão. Todavia, tal sentença,não enfrentou a questão do artigo 65,

I, do Código Penal.

Questão: Adote a medida judicial cabível, exclusiva de advogado.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Endereçados P/ 2ª Instância

Observações preliminares sobre a peça: “Estes embargos, são opostos contra acórdão que

possua obscuridade, omissão, contrariedade e ambigüidade”.

Fundamentos Legais

Encontra amparo legal no artigo 619 do Código de Processo Penal.

Endereçamento

É dirigido ao relator do acórdão, ou seja, encaminha-se tal recurso sempre a um

Tribunal, seja de Justiça, ou de Alçada.

Page 53: OAB apostila6

Denominação do postulante

Como no “embarguinho” antes estudado, a denominação das partes nos

embargos de declaração endereçados para 2ª instância, é de EMBARGANTE e EMBARGADO.

Prazo

Como nos embargos de declaração para 1ª instância, os embargos de declaração

em estudo (2ª instância), tem prazo de 2 (dois) dias, contados a partir da data da intimação do

acórdão.

Hipótese

É cabível sempre quando um acórdão for obscuro, omisso, ambíguo e

contraditório.

Forma

Como nos embargos de declaração de 1ª instância, os embargos de declaração

de 2ª instância, é composto por uma única peça, não existindo contrarrazões.

Observações imprescindíveis

Fundamentado no artigo 619 do CPP, os embargos de declaração de 2ª

instância, encontra tempo oportuno sempre que um acórdão possuir obscuridade, omissão,

contrariedade e ambigüidade.

Casos práticos

A – Foram levadas aos autos todas as provas suficientes para a absolvição do

acusado, porém o acórdão foi omisso, pois não as analisou.

B – Intente a medida judicial adequada para sanar a ambigüidade do acórdão

proferido na data de ontem.

C – O acórdão do Tribunal de Justiça se mostrou obscuro. Como advogado

aplique o que de direito para atacar tal obscuridade.

Modelo prático

Page 54: OAB apostila6

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator do Recurso Criminal no. ____, no

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, (ou Juiz Relator do Recurso Criminal no.

____, do Egrégio Tribunal Regional Federal),

(pular 1 linha)

Apelação nº __/__

(pular 8 linhas)

___________, outrora qualificado, por intermédio de seu

advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à douta presença de

Vossa Excelência, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fulcro no artigo 619 do

Código de Processo Penal, contra o v. acórdão, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

(pular 1 linha)

DOS FATOS:

(pular 1 linha)

Do Direito:

(pular 1 linha)

REQUERIMENTO:

Por tudo quanto foi exposto e provado, requer o embargante:

Que haja conhecimentos dos embargos, de modo que se declare

a ____,

(pular 1 linha)

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data.

(pular 2 linhas)

Advogado _________

O . A . B. / ____ nº ___

CASOS REFERENTES À MATÉRIA

1 – Vildo, brasileiro, solteiro, foi processado perante a 78ª Vara Criminal da Comarca de

Colina-MG, como incurso nas penas do art. 213 do Código Penal. Baseou toda a sua defesa no

Page 55: OAB apostila6

fato de que, apesar de ter sido reconhecido pela vítima, não seria possível ser o autor do crime,

uma vez que, no dia dos fatos estava na cidade do Rio de Janeiro, tendo anexado aos autos notas

fiscais de restaurantes e do hotel em que ficou hospedado. Foi concedido a Vildo o direito de

recorrer em liberdade, ele efetivamente apelou ao Tribunal competente, sempre alegando, dentre

outras coisas, que não era possível ter ele praticado o crime que fora condenado, pois não se

encontrava nos Estado de Minas Gerais e que a prova juntada aos autos era robusta e

insofismável. A decisão do Tribunal, por sua 1ª Câmara, publicada ontem, negou provimento ao

recurso interposto por Vildo, salientando seus péssimos antecedentes criminais, e que era sólida

a prova acusatória, mas não mencionou a prova carreada aos autos, no que diz respeito às notas

fiscais anexadas.

Questão: Como advogado de Vildo, elabore a peça que melhor atenda seus interesses.

2 – Paulo, com 22 anos de idade, morador da cidade de Candido Mota-AM, foi processado e

condenado pelo crime do art. 288 do Código Penal. Da sentença que o condenou, Paulo por

intermédio de seu advogado interpôs recurso de apelação, porém, quando da análise de tal

recurso, o Egrégio Tribunal competente não analisou as provas produzidas, e em conseqüência

seu acórdão se mostrou omisso.

Questão: Como advogado de Paulo, intente a medida adequada para sanar a omissão que abraça

o caso em tela.

AGRAVO EM EXECUÇÃO

Cabimento/Utilização

Das Decisões proferidas pelo Juiz da Vara de Execução Criminal (art. 66 da Lei 7.210/84)

Amparo legal

Art. 197 da Lei 7.210/84

Forma de Endereçamento/Estrutura:

Este recurso é composto de duas peças, quais sejam:

Petição de Interposição: Dirigida ao Juiz da Vara de Execuções Criminais (deve ser elaborado

juízo de retratação).

Razões: Ao Egrégio Tribunal de Justiça, Seção Criminal, ou Tribunal Regional Federal.

Prazo

Page 56: OAB apostila6

O prazo para esta peça é de 5 (cinco) dias para a interposição e de 2 (dois) dias para as razões,

tendo em vista que para a maioria da doutrina e jurisprudência possui o mesmo procedimento do

RESE. Súmula 700 do STF.

Terminologia apropriada a ser utilizada:

AGRAVANTE/AGRAVADO.

Do Efeito

Segundo o art. 197 da Lei 7.210/84, apenas possui efeito Devolutivo. Contudo, há doutrina

minoritária que sustenta possuir efeito suspensivo (art. 179 LEP).

Procedimento

Após interposto o agravo, o juiz determina abertura de vista ao Ministério Público para as

contrarrazões, e após, o mesmo poderá se retratar (juízo de retratação). Na hipótese do

magistrado manter sua decisão, este remeterá os autos ao Tribunal (TJ ou TRF) onde, após as

formalidades de praxe, vista ao procurador e relator será levado a julgamento.

Observações imprescindíveis:

No caso de ser negado seguimento ao agravo, admite-se Carta Testemunhável.

Possui juízo de retratação, que deve ser redigido na interposição.

O agravo em execução é idêntico ao RESE, todavia elaborado em época de execução da

pena ou medida de segurança.

Dentre as hipóteses de cabimento de Agravo em Execução, como exemplo podemos citar:

decisão que indefere pedido de progressão de regime prisional; decisão que indefere

pedido de livramento condicional; decisão que concede regressão de regime prisional;

decisão que indefere remição penal;

ROTEIRO/ ESTRUTURA:

Interposição dirigida ao Juiz da Vara das Execuções Criminais

Razões: ao Egrégio Tribunal (TJ ou TRF).

CASOS REFERENTES À MATÉRIA:

1 - "TICO" foi processado por infração ao art. 157, § 2º, incisos I e II do CP. Foi condenado

pela 7ª, 10ª e 22ª Varas Criminais, sendo apenado, em cada uma delas em 5 anos e 4 meses de

reclusão, mais pena de multa, tendo como vítimas 3 casas de loteria, todas situadas na Capital.

Requereu-se ao juízo competente a unificação de penas, sendo o pedido indeferido sob o

fundamento de que, sendo diversas as vítimas que se viram envolvidas no comportamento

Page 57: OAB apostila6

criminoso do agente, estando em jogo bem jurídico personalíssimo, não caberia, portanto, a

ficção jurídica do crime continuado.

Questão: você como advogado de "Tico", interponha o recurso competente para o caso.

2 - TÍCIO, foi preso em flagrante delito pelo delito de roubo, descrito no art. 157 do C.P. A

instrução criminal se encerrou após 05 meses de sua prisão. Foi condenado a pena de 4 anos de

reclusão e multa, motivo pelo qual não lhe foi concedido o benefício da suspensão condicional

da pena. Você foi contratado para ser o advogado de TÍCIO após a sentença ter transitado em

julgado. Durante o processo de execução penal, em uma única petição houve a requerimento

para obtenção de progressão de reime, tendo em vista o preenchimento dos requisitos objetivos

e subjetivos para tanto, além da restituição de parte dos dias remidos, com basde na entrada em

vigor da Lei 12.433/2011, haja vista que meses antes, havia perdido todos os dias remidos em

razão do cometimento de falta grave. Porém, seus pedidos foram indeferidos. Questão:

Solucione imediatamente o caso de seu cliente, redigindo a devida peça processual.

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Fundamento legal

Art. 83 e seguintes, do Código Penal, c.c. o art. 131 e seguintes da Lei 7210/84.

Forma/Estrutura

É formada por uma única peça que, necessariamente deverá ser instruída com documentos, por

exemplo, atestado de conduta e permanência carcerária, proposta de emprego, etc.

Page 58: OAB apostila6

Endereçamento

Deve ser sempre endereçado ao Juiz da Vara das Execuções Criminais, que também será o

responsável pelo julgamento. Lembre que será o juiz da VEC do local do cumprimento da

pena.

Cabimento/Requisitos:

Somente em fase de execução penal, o que acarreta dizer que, em regra, será após o trânsito em

julgado da sentença. Contudo, vale lembrar que admite-se a execução provisória da pena.

Requisitos para a obtenção do livramento condicinal:

- Condenação igual ou superior a 2 anos;

- Que o condenado que estiver preso tenha cumprido mais de um terço da pena (regra);

- No caso de condenado reincidente em crime doloso, o preso deve ter cumprido mais da

metade da pena;

- No caso do condenado em crime hediondo deve ter cumprido mais de dois terços da pena,

desde que não seja reincidente específico.

- Comprovação de bom comportamento carcerário, bom desempenho no trabalho e aptidão

par prover a própria subsistência com atividade honesta;

- Reparação do dano causado pelo delito, salvo demonstração de total impossibilidade de

fazê-lo;

- Crime praticado com violência ou grave ameaça contra a pessoa, deverá demonstrar que não

voltará a delinqüir;

- O preso deve preencher os requisitos objetivos e subjetivos.

Poderá ainda ser determinada a realização de exame criminológico, conforme jurisprudência do

STF e STJ (Súmula 439).

Terminologia correta a ser utilizada:

REQUERENTE.

Tramitação/Andamento:

Determinado pedido é enviado ao juiz juntamente com os documentos, realização dos exames

criminológicos. Após, haverá parecer do MP e em seguida decisão judicial.

Observação imprescindível:

Nunca requeira o alvará de soltura, porque se o juiz deferir o livramento condicional

determinará a realização de cerimônia e expedição de carteira.

Page 59: OAB apostila6

Caso Prático

Artur foi condenado a cinco anos de reclusão pela prática do roubo, sendo que determinada

decisão já transitou em julgado. Já cumpriu mais de um terço da pena preso. Possuiu em seu

favor um bom comportamento carcerário, não sendo reincidente, e ainda trabalhando

internamente no presídio.

Questão : adotar a medida judicial cabível para a soltura de Artur.

Modelo Prático

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuções Criminais da

Comarca de_________, Estado de Minas Gerais,

( pular 1 linha)

Execução nº___

(pular 8 linhas)

ARTUR, já qualificado nos autos da execução supra, por

seu advogado, que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com

fundamento no artigo 83 e seguintes do Código Penal, c/c com o art. 131 e seguintes da Lei

7.210/1984 requerer LIVRAMENTO CONDICIONAL pelos motivos de fato e de direito a

seguir aduzidos:

(pular 1 linha)

DOS FATOS:

O requerente foi condenado ao cumprimento de 5 anos de

reclusão, pelo fato de ter sido provado ser ele o autor do crime de roubo, sendo que, tal decisão

já transitou em julgado (doc. 1).

(pular 1 linha)

DO DIREITO:

Da pena imposta, o requerente já cumpriu um terço

integralmente preso, fato este que pode ser verificado pelo cálculo de liquidação de pena às

fls...., e certidão de permanência de permanência carcerária (doc. 2).

(pular 1 linha)

Durante o período em cárcere, o requerente manteve bom

comportamento e trabalhou internamente, fatos comprovados pela certidão de conduta

carcerária e atestado de trabalho (docs. 3 e 4).

(pular 1 linha)

Page 60: OAB apostila6

Com relação aos antecedentes, certo que o requerente não

é reincidente, segundo consta pela certidão de antecedentes criminais (doc. 5).

(pular 1 linha)

Possui, devido a sua aptidão ao trabalho, promessa de

emprego para quando sair do presídio (doc. 6), e comprova também que possui moradia certa

(doc. 7).

(pular 1 linha)

Segundo dispõe o art. 83 do CP, tem direito ao

livramento condicional o condenado primário que preencher os seguintes requisitos legais

(copiar art. 83 CP e incisos correspondentes ao caso):

(pular 1 linha)

No caso em questão, o requerente já cumpriu mais de 1/3

(um terço) da pena imposta além de preencher os demais requisitos legais, o que lhe dá o direito

a obter o livramento condicional, haja vista tratar-se de direito seu e não faculdade judicial.

(pular 1 linha)

Desta forma, presentes os requisitos legais, é medida de

Justiça a concessão do livramento condicional ao requerente.

DOS PEDIDOS:

Face o exposto, requer a Vossa Excelência, após parecer

do ilustre representante do Ministério Público, a concessão do pedido de livramento

condicional, prosseguindo-se nas demais formalidades legais, com a expedição de carteira em

favor do requerente.

(pular 1 linha)

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

(pular 2 linhas)

Local e data

(pular 2 linhas)

Advogado__________

O.A.B./ ____ nº________

Page 61: OAB apostila6

CASOS REFERENTES Á MATÉRIA:

1 – ANTUNES, primário, foi condenado ao cumprimento de pena de 6 (seis) anos de reclusão

pela prática de homicídio simples. Já cumpriu mais de um terço da pena preso, detém bom

comportamento carcerário, além de trabalhar internamente, aprendeu ofício, tendo inclusive,

indenizado no cível o dano causado pelo crime e por fim não é reincidente. Questão: Como

advogado de Antunes, o defenda requerendo que de direito.

2- “ROGER”, foi denunciado e processado pela prática de homicídio qualificado. A pena

imposta foi de 12 (doze) anos de reclusão em regime fechado. Contra citada sentença, interpôs

recurso, não logrando êxito em sua reforma, tendo a decisão transitado em julgado.

Encontra-se recolhido na Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro. Não é reincidente. Em ação

própria na esfera cível reparou o dano.

Já cumpriu mais de 2/3 (dois terços) da pena imposta, sempre com excelente comportamento

carcerário, aprendeu ofício e já tem emprego certo para quando estiver em liberdade. Questão:

Como advogado de “ROGER” lance mão da medida cabível visando sua libertação.

3 - Marcos Abadia foi denunciado perante a 1a. Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária

de São Paulo, por ter sido pilhado, no dia 12 de janeiro de 2005, na posse de 1,2 quilo de

substância entorpecente conhecida como cocaína. Regularmente processado, o réu foi

condenado nas penas do art. 12 da Lei 6368/76 (Lei vigente à época do fato), a 3 (três) anos de

reclusão, em regime integralmente fechado. O magistrado facultou ao réu o direito de recorrer

em liberdade, força de ser primário, sem antecedentes e não ser participante de quadrilha ou

bando. Intimado pessoalmente, o réu recorreu da decisão. O Tribunal Regional Federal, por

acórdão de fls., confirmou a decisão condenatória. Com o trânsito em julgado, expediu-se o

competente mandado de prisão. Preso o condenado, foi expedida guia de recolhimento,

encontrando-se o réu preso há 2 (dois) anos na Penitenciária Estadual de Avaré, Estado de São

Paulo. Nada ainda foi postulado em seu favor. Como advogado recém constituído de Marcos,

postule em seu favor junto ao juízo competente.

QUEIXA-CRIME

Observações preliminares sobre a peça: Sempre que se falar em queixa, estamos tratando da

petição inicial da ação penal de iniciativa privada, assim como a denúncia é a petição inicial da

ação penal pública.

Page 62: OAB apostila6

Endereçamento

A queixa-crime é necessariamente encaminhada à primeira instância, ou seja, a

um juiz de direito ou juiz federal de uma Vara Criminal. Tratando-se de Jecrim, a queixa-crime,

em regra será oral. Contudo, excepcionalmente poderá ser oferecida por escrito, perante o Juiz

do Juizado Especial Criminal.

Denominação do postulante

O indivíduo que oferece a peça em tela é denominado QUERELANTE, e o

indivíduo contra quem se propôs a queixa recebe a denominação de QUERELADO.

Poderá ser o Querelante: a vítima. Contudo, sendo incapaz, poderá oferecer a

queixa-crime seu representante legal.

Entretanto, em caso de morte ou de declaração judicial de ausência, o direito de

ação é do cônjuge (a jurisprudência e doutrina, também admitem o companheiro(a)),

ascendente, descendente ou irmão, nos termos dos arts. 100 do CP e do art. 31 do CPP.

A queixa-crime poderá ser oferecida por curador quando, sendo a vítima

incapaz e não possuindo representante legal ou quando havendo representante legal, houver

colidência de interesses (entre representante legal e vítima), nos moldes do art. 33 do CPP.

Prazo

O prazo para o oferecimento de queixa crime é decadencial, não havendo

suspensão ou interrupção, e depende de certas hipóteses, senão vejamos:

- 6 (seis) meses, contados a partir do conhecimento da autoria delitiva (regra);

- 6 (seis) meses, contados a partir da perda do prazo do MP em oferecer a denúncia, nos casos

de ação penal privada subsidiária da pública;

Os prazos acima vêm previstos nos arts. 103 do CP e art. 38 do CPP.

- 6 (seis) meses, contados do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento no juízo

cível, no crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento para o casamento

(art. 236 do CP) – ação penal privada personalíssima.

Hipótese

No caso de ação penal privada, é a peça que inaugura tal ação, sendo oferecida

em juízo. Temos hipóteses de crimes que se procedem mediante queixa, por exemplo, nos

artigos 167 (dano) e 145 (honra) do CP.

Há também a hipótese da ação penal privada subsidiária da pública (art. 29 do

CPP, 100, § 3º do CP e art.5º, LIX da CF), quando se trata de crime de ação penal pública, e o

membro do Ministério Público não oferece a denúncia no prazo (ou no prazo do oferecimento

da denúncia não requer o arquivamento ou novas diligências), surge para a vítima a

Page 63: OAB apostila6

oportunidade/legitimidade do oferecimento da queixa-crime subsidiária, que terá o prazo

decadencial de 6 meses contados da data em que o Ministério Público “perde” o prazo para o

oferecimento da denúncia.

Forma

Compõe-se de uma peça, que deve ser elaborada em conjunto com uma

procuração específica, que trará uma síntese fática sobre o ocorrido.

Ademais, como a queixa-crime é uma petição inicial, deve ser realizada a

qualificação das partes (querelante e querelado).

Observações imprescindíveis

O requerimento da queixa deve conter, além de outros dados, o pedido de

condenação do querelado.

A queixa, apesar de peça única deve vir acompanhada de uma procuração

específica, onde deve conter um breve relato dos fatos de deram corpo a peça que está sendo

oferecida.

Tem legitimidade para oferecer a queixa-crime, a vítima ou seu representante

legal, além das pessoas elencadas no artigo 31 do CPP.

Por tratar-se de petição inicial, a queixa-crime, sob pena de inépcia, deve

observar os requisitos do art. 41 do CPP (exposição do fato criminoso, classificação da infração

penal, qualificação do acusado ou elementos que possam identificá-lo e o rol de testemunhas.

Casos práticos

A – Fafá clama, há tempos, para todos ouvirem que sua cunhada “trabalha” na

Casa de Prostituição denominada Relax, fato que é presenciado por diversos cidadãos.

Modelo prático

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito ou Juiz Federal da Egrégia ___ Vara Criminal da

Comarca ou Subsecção Judiciária de _____, Estado de São Paulo,

(pular 8 linhas)

________, brasileiro, estado civil ____, profissão ____,

portador da Cédula de Identidade RG nº ____, e do CPF/MF nº ____, residente e domiciliado na

Rua ______, nº ___, na cidade de ______, via de seu advogado e procurador que a esta

subscreve (procuração específica inclusa), vem, mui respeitosamente à Douta presença de Vossa

Page 64: OAB apostila6

Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME, nos moldes do art. 41 do Código de Processo Penal

contra ______, brasileiro, estado civil ____, profissão ____, portado da Cédula de Identidade

RG nº ____, e do CPF/MF nº ____, residente e domiciliado na Rua ______, nº ___, na cidade de

_______, pelos motivos que a seguir aduz:

(pular 1 linha)

OS FATOS:

(pular 1 linha)

(narre de forma ordeira os fatos ocorridos, inclusive citando o

dispositivo legal infringido, pulando 1 linha de um parágrafo a outro)

DO DIREITO:

Além de enfrentar a tese, o candidato deve citar respectivo

artigo de lei, Súmula etc.

REQUERIMENTO:

(pular 1 linha)

Por tudo quanto restou exposto, tendo o querelado infringido o

artigo ___ do Código Penal, requer a Vossa Excelência:

O recebimento da presente;

Que se colha a manifestação do representante do “Parquet”;

A citação do querelado e intimação para os demais atos

processuais, até final julgamento, momento em que deverá ser condenado, observando-se o

disposto no artigo 529 do Código de Direito Processual Penal;

Outrossim, que haja a fixação de valor mínimo de indenização

pelos prejuízos causados ao querelante, nos termos do art. 387, IV do CPP;

Notificação das testemunhas, cujo rol segue abaixo.

(pular 1 linha)

ROL DE TESTEMUNHAS:

1 – nome, qualificação, endereço.

2 – nome, qualificação, endereço.

3 – nome, qualificação, endereço.

(pular 1 linha)

Nestes termos,

Pede deferimento.

(pular 1 linha)

Local e data

(pular 1 linha)

Advogado ______________

Page 65: OAB apostila6

O . A . B. / ____ nº _______

PROCURAÇÃO ESPECÍFICA

(pular 8 linhas)

____________, brasileiro, estado civil _____, profissão _____,

portador da Cédula de Identidade RG nº _____, e do CPF/MF nº _____, residente e domiciliado

na Rua ______, nº ___, na cidade de _______, nomeia e constitui seu advogado e procurador o

Dr. __________, brasileiro, estado civil _____, advogado, OAB/SP nº _____, com escritório

profissional na Rua ______, nº ___, na cidade de _______, a quem confere todos os poderes,

inclusive os da cláusula “ad judicia” e, especialmente para propor queixa-crime contra:

_______, brasileiro, estado civil _____, profissão _____, portador da Cédula de Identidade RG

nº _____, e do CPF/MF nº ______, residente e domiciliado na Rua ______, nº ___, na cidade de

_______, pelo fato a seguir:

(narrar os fatos com clareza e objetividade – breve relato dos

fatos)

(pular 1 linha)

Local e data

(pular 1 linha)

Assinatura do Cliente (Querelante)

CASOS REFERENTES À MATÉRIA:

1 – Corla, com 23 anos de idade, solteira, manicure é lindeira de Joana, que possui 30 anos de

idade, e é casada com Zézinho, e trabalha como doméstica, na residência de Ricardo. Ocorre

que já há quase três meses, Corla vem falando para todos os vizinhos e demais pessoas que nas

proximidades se encontram que sua vizinha pratica sexo com Ricardo e com todos os seus

amigos, e que seu trabalho deveria ser na zona local.

Questão: Como todos os vizinhos, e até mesmo outras pessoas ouviram o que Corla disse,

Advogue para Joana tomando as providências cabíveis.

Page 66: OAB apostila6

2 – Múrcio, separado judicialmente, presidente da Associação dos Médicos da cidade de

Ribeirão Preto-SP, teve sua honra afrontada por pessoas que são seus inimigos políticos. Tais

pessoas são os também médicos, Drs. Habib e Tício que, usualmente fazem fortes críticas e

restrições à sua gestão. Desta vez, citados oponentes enviaram uma circular a todos os outros

associados, onde fizeram severas acusações à pessoa do então presidente. Dentre outras coisas,

disseram que o Dr. Múrcio era safado e pilantra, e que habitualmente se apropriava de dinheiro

que não era seu.

Questão: Apresente a peça cabível para a defesa dos interesses de Múrcio.

3 – Tácio, famoso comerciante da cidade de Ubarana-MT, vendeu a Roberto várias telhas, que

no total perfizeram o montante de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). Roberto pagou tal

quantia no ato, porém com cheque que não tinha provisão de fundos. Tácio, arrependido de ter

realizado tal negócio e com o dissabor de ser enganado, dirigiu até a Delegacia de Polícia de sua

cidade (Ubarana-MT), onde foi instaurado inquérito policial e, após concluído, enviado à

Justiça. Os autos foram encaminhados ao Ministério Público. Após o período de 60 dias, Tácio

não obteve nenhuma notícia, pois nenhuma providência foi tomada pelo titular da ação penal.

Questão: Advogue para Tácio e dê andamento ao feito.