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OABRJ - Tribuna do Advogado de Agosto de 2013

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OABRJ - Tribuna do Advogado

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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 2

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 3

Realização de um antigo sonho

RECADO DO PRESIDENTE

FELIPE SANTA CRUZ

A primeira edição da TRIBUNA DO ADVO-GADO sob a forma de revista é a realização de um antigo sonho. Há muito tempo pla-nejávamos fazer essa

mudança, que torna a configuração gráfica de nossa tradicional publica-ção — fundada em 1971 ainda sob o nome de Orgão de Divulgação — mais adequada ao seu conteúdo atual.

Com o surgimento e a populari-zação das mídias virtuais, que têm maior agilidade na disseminação das informações, os veículos mensais assu-miram perfil mais analítico, e o feitio de revista se ajusta perfeitamente a essa característica.

A partir de agora, teremos mais matérias de cunho jornalístico e mais textos de reflexão sobre o Direito e a conjuntura social. Além disso, criamos novas seções. Uma delas, dedicada às artes, vai divulgar as atrações do pro-

grama Caarj Cultural e a programação dos centros mantidos pela Justiça, além de destacar uma dica especialíssima a cada mês. Outra, que chamamos de Vida Privada, perfilará nossos colegas para além do trabalho profissional, apresentando seus gostos, hobbies e paixões pessoais. Além disso, abrimos espaço, na coluna Estante, para os ebooks jurídicos.

No novo design, procuramos conjugar modernidade e leveza, de modo que a leitura seja fácil e agradável. O que, aliás, estende-se às redes sociais – às quais temos dado grande atenção –, aos cartazes, banners e folhetos, igualmente sob nova roupagem a partir deste mês de agosto. E também à Tribuna Digital, nosso boletim semanal online, cuja nova formatação permite uma leitura

mais simplificada em smartphones.Essas modificações, que vêm

sendo implementadas pelo Departa-mento de Jornalismo, objetivam pa-ralelamente aproximar os advogados de sua Ordem a partir das diferentes mídias institucionais. E não vão parar por aqui.

No início de 2014, o Portal da OAB/RJ ganhará novas funcionalida-des e visual mais limpo, com opção para acesso em smartphones. A própria TRIBUNA passará a ter uma versão para tablet, na qual o leitor poderá acessar conteúdo multimí-dia produzido por nossa equipe. A missão de auxiliar os advogados a se preparar para a era tecnológica estende-se, assim, à comunicação da Seccional.

Boa leitura.

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DEPARTAMENTO DE JORNALISMO DA OAB/RJ

Diretor: Felipe Santa Cruz

Superintendente de Comunicação:Marcelo Moutinho

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TRIBUNA DO ADVOGADOFundada em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

Editora: Patrícia Nolasco (MTB 21.584)[email protected]

Editora assistente: Amanda [email protected]

Projeto gráfico e diagramação: Victor [email protected]

Impressão: EsdevaTiragem: 135.000 exemplares

Portal da OAB/RJwww.oabrj.org.br

Editora: Manuela [email protected]

Redes sociaiswww.facebook.com/oabrjtwitter.com/OABRJ_oficial

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Reportagem:Vitor Fraga

[email protected]ássia Bittar

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Fotografia: Francisco Teixeira, Lula Aparício e Bruno Marins

Design gráfico: Flávia Marques e Raphael Carneiro

Assessoria de Imprensa

Franco Thomé[email protected]

(21) 2272-2066 / (21) 7825-9655 Suzi Melo

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Publicidade

Gestão de Negócios Comunicação Integrada Ltda.

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Paulo [email protected]: (21) 2245-8660 / 2556-8898

Departamento de Jornalismo e PublicaçõesAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andar - Castelo

Rio de Janeiro - CEP: 20020-080Tel: (21) 2272-2075

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MENSAGENS

Rádio OAB/RJ“Primeira vez que acesso a rádio, nem sabia que existia. A princípio, gostei pela

qualidade das músicas. Sigo ouvindo, parabéns aos que fazem isso acontecer.”Francisco de Assis Lima Trinta “Muito bom gosto na seleção musical. Parabéns!”Christina Alkmim “Gostei bastante da Rádio OABRJ, mas falta algum dinamismo na página, tal como

distribuição de CDs como prêmios, melhorando a interatividade. A página não deve ficar tão estática. É necessário colocar pesquisas, enquetes etc.”

Edson Viana de MattosN. R: Prezado colega, estamos pensando, sim, em formas de ter mais interação. Agra-

decemos pela sugestão.

Sobre manifestaçõesHaroldo Rego: O que eu sei é que o Ministério Público não mexeu um músculo para ajudar os manifestantes que foram barbaramente agredidos pela polícia fluminense.

Pesquisa sobre os JECsMarilana Oliveira: Os JECs demoram demais para tudo... o XIII, do Méier, é triste, mas tem piores. O XIV e o XVI de Jacarepaguá são horríveis, o da Barra então, nem se fala. Está difícil...

Cessão de procuradores: CNJ acolhe liminar pedida pela OAB/RJMiriam Souza: Parabéns aos que lutam pela preservação do Estado Democrático de Direito no Brasil, que anda seriamente ameaçado e abalado, seja pelo poder público, que está rasgando e violentando a nossa Constituição, ou por membros do Poder Judiciário de instância magna, que não velam pela fiel observância da nossa lei maior.

Após pedidos da OAB/RJ e da subseção, XII JEC sairá da Gama FilhoPaulo Freitas Freitas: Grande conquista. Parabéns.

Advogados que atuaram em manifestações são homenageadosMartha Oliveira: Muito orgulho do trabalho que foi feito por vocês. Como advogada e como cidadã, agradeço pela dedicação e pela coragem.

Manifestações@mheribeiro1: @OABRJ_oficial Hora agora é de lutar pela não violência nas manifes-tações e respeito aos direitos fundamentais.

Reforma política@claudiolamachia: Parabéns, presidente Felipe “@felipesantacruz: Campanha para reforma política é destaque da Tribuna – OABRJ http://www.oabrj.org.br/noticia/81197-Campanha-pela-reforma-politica-e-destaque-da-Tribuna-de-julho … via @OABRJ_oficial”

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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 5

Índice

Flávio Caetano, secretário da Reforma do Judiciário6Página

ENTREVISTA

Seccional lança campanha para esclarecimento dos autos de resistência da PM8

Página

Luciano Bandeira, tesoureiro da OAB/RJ, escreve sobre as mortes invisíveis12

PáginaOPINIÃO

O cientista social Ignacio Cano e o coronel Íbis Silva Pereira abordam a desmilitarização da polícia14

PáginaPONTOCONTRAPONTO

Audiência pública na OAB/RJ discute apolítica de segurança do Rio de Janeiro16

Página

Seccional e entidades contra a descentralização das varas do Trabalho. Ordem se dispõe a pagar por scanners para o PJe17

Página

Na programação do Mês do Advogado, samba e feijoada18Página

Inclusão da advocacia no Simples traz economia20Página

STF permite que OAB/RJ atue em Adin dos royalties. Reforma política: Seccional convidará instituições para apresentar propostas24

Página

Especialistas em infraestrutura, os advogados Luciana Levy e Fernando Marcondes explicam as vantagens dos Dispute Boards22

Página

ESPAÇO ABERTO

Rio inspira OAB Nacional a pedir ao governo medida para saldar precatórios 25

Página

Atuação da Seccional levacorregedoria a rejeitar defesa de juiz29

Página

PRERROGATIVAS

Advogados dizem qual é a prerrogativa mais violada na Justiça Federal30

Página

TRIBUNA LIVRE

PEC que permite a entidades religiosas propor Adin causa polêmica32

Página

Dez cursos em agosto, sete deles com aula inaugural gratuita34

Página

ESA

À frente do grupo que trata de Justiça do Trabalho, Marcus Vinicius fala de modernização36

Página

COMISSÕES

Jornada Mundial da Juventude na sede da OAB/RJ. Caarj lança site. Seminário debate previdência37

Página

PANORAMA

Vitória da Ordem: juizado é transferido da Gama Filho para Fórum do Méier. OAB/Bangu ingressacom representação contra juíza titular de JEC 38

Página

SUBSEÇÕES

Ebooks ganham espaço na páginasobre os lançamentos da área jurídica44

Página

ESTANTE

Exposição de Sebastião Salgado e programaCaarj Cultural são destaques da coluna46

Página

CULTURA

Vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer fala de juristas, livros, filmes e canções que tem como referência50

Página

VIDA PRIVADA

Casa do Advogado junto ao TJ abrirá em setembro19

Página

Câmara analisa projetos para validar petições pela internet26

Página

Carlos Affonso de Souza

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O secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flávio Caetano, aposta na mediação e na conciliação para reduzir a morosidade do sistema, e trabalha para promover a articulação de todos os seus participantes.Ele acredita que a OAB tem papel estratégico para o êxito do processo, como explica nesta entrevista à TRIBUNA.

PATRÍCIA NOLASCO

A implantação de uma rede na-cional de assistência jurídica foi apre-sentada como meio de democratizar a entrada do cidadão no Judiciário e abreviar sua permanência nele. Na prática, como funcionaria?

Flávio Caetano – A ideia da rede é algo em formulação, que só tem razão de ser se forem consultados todos os atores envolvidos, como a OAB, as defensorias públicas, as faculdades de Direito e as ONGs. O objetivo é a formação de um sistema que encadeie todos esses ser-viços de forma complementar para que o cidadão, onde quer que esteja, tenha a garantia de alguém para defender seus direitos. Dentro desse contexto de forta-lecimento do acesso ao sistema judicial, desenvolvemos o projeto Diálogos sobre a Justiça, que visa a criar canais de difu-são de conhecimento entre os diversos atores que transitam no sistema, como uma revista periódica que trate de como ampliar o acesso à Justiça.

A resolução de conflitos por meio da mediação e da conciliação seria, segundo o senhor, um dos eixos para

Flávio Caetano

‘Temos nos concentrado em buscar formas de superar dura realidade judicial no Brasil’

pôr em prática uma política nacional de acesso à Justiça. Que ações e políticas públicas devem ser desenvolvidas para incentivar essas práticas?

Flávio Caetano – Temos nos con-centrado em buscar formas de superar a dura realidade judicial no Brasil, mar-cada por dados preocupantes, como a média de dez anos para o julgamento de um processo ou a existência de 90 milhões de ações aguardando decisão judicial. Como mudar essa realidade? A partir dessa questão, organizamos nosso trabalho em alguns eixos, e um deles é adotar formas adequadas de solucionar conflitos, que são a mediação, a concilia-ção, a negociação e a arbitragem. Por isso, criamos a Escola Nacional de Mediação e Conciliação (Enam), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para capacitar operadores do Direito, membros da academia e da sociedade. Cabe à Enam realizar eventos de difusão do conhecimento e promover projetos e atividades de ensino e pesquisa. Mas isso não basta. Estamos em contato com a OAB para incluir no Exame de Ordem questões relativas à mediação e à conciliação. A cultura de formação é

ENTREVISTA

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voltada para o litígio, então, estamos trabalhando com o Ministério da Educação para introduzir esses conteúdos nos currículos das faculdades de Direito, além de incluir em concursos públicos questões relativas aos temas. E o que fazer quanto aos processos que já estão no Judi-ciário? Sabemos que 51% deles têm o poder público como parte, outros 38% têm bancos e 6% são ligados a empresas telefônicas. Então, criamos uma estratégia nacional de resolução de conflitos, cujo alicerce é diminuir o volume de processos envolvendo o poder público, identificando os casos em que é possível, pela mediação e conciliação, encerrar o processo sem esperar pela decisão do Judiciário, pela via do acordo. Avançamos no diálogo com o INSS e a Caixa Econômica Federal, por exemplo.

Como o senhor vê o papel da OAB na realização da Política Nacional de Acesso à Justiça em relação à mediação e conciliação?

Flávio Caetano – A OAB tem um papel importantís-simo para o êxito da política nacional de acesso. Esta-mos trabalhando para articular todos os participantes do sistema de Justiça na busca do que é o melhor para a sociedade: ampliar o acesso do cidadão comum. Então, contamos com a Ordem para superar velhos obstáculos e trabalhar em conjunto, pois a instituição é um ator decisivo nesse processo. Nenhuma outra instituição do sistema de Justiça tem a capilaridade que a OAB tem. Além disso, queremos apoio para incluir no Exa-me de Ordem os conteúdos relativos à mediação e à conciliação e para ajudar a difundir os cursos da Enam entre os advogados. Trata-se, portanto, de uma parceria estratégica para a secretaria.

O governo vem elaborando um projeto de marco regulatório para a mediação e a conciliação no país. Em que pé está a proposta?

Flávio Caetano – Criamos recentemente uma comissão para discutir um marco regulatório para mediação e conciliação no país. Esse núcleo conta com representantes do pensamento inovador sobre o Judiciário no país, como os ministros do Superior Tribunal de Justiça Nancy Andrighi e Marco Buzzi, o conselheiro do CNJ Neves Amorim e os professores Kazuo Watanabe e Tereza Wambier, entre outros. A comissão já estabeleceu dois eixos de trabalho, um vol-tado à mediação judicial e outro, à extrajudicial. A ideia é apresentarmos nos próximos meses um anteprojeto de legislação sobre mediação e conciliação para o país. Não estamos tratando de arbitragem, pois a experiência mundial já demonstrou que não podemos confundir esses dois métodos de solução de conflitos. Além do mais, já existe uma comissão de juristas no Senado que trata exclusivamente do tema arbitragem. T

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Rio de Janeiro teve mais de dez mil mortes entre 2001 e 2011 classificadas como resultado de confrontos com policiais militaresVITOR FRAGA

As incursões policiais em favelas e a ação de seus agentes nas recentes manifestações de rua colocaram em foco a questão da segurança pública, em especial no Rio de Janeiro. Dentre todos os elementos que permeiam esse debate, um se destaca pela gravidade: o alto índice dos chamados autos de resistência. Segundo dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à Secretaria de Segu-rança do Estado do Rio, mais de dez mil pessoas foram mortas em confronto com a polícia entre 2001 e 2011 – número que dá à corporação fluminense o título de campeã mundial de letalidade. Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Es-tudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Necvu/UFRJ), coordenada pelo sociólogo Michel Misse, aponta que apenas no ano de 2005, por exemplo, dos 510 autos de resistência (com 707 mortos), foram instaurados 355 inqué-ritos policiais, e três anos depois só 19

haviam se tornado processos. Deste nú-mero já reduzido, 16 foram arquivados a pedido do Ministério Público, dois ainda tramitavam e só um tinha resultado em condenação (leia mais na página 11). Centenas de mortes permanecem sem nenhum tipo de investigação.

A partir desse cenário, a OAB/RJ de-cidiu lançar a campanha Desaparecidos da democracia – Pessoas reais, vítimas invisíveis, como parte do debate sobre a segurança pública e as ações policiais. “Há um desdobramento da luta pelos direitos humanos e pelo esclarecimento das mortes. Na democracia, também é inaceitável que a parcela mais pobre da sociedade tenha que conviver com essa violência. Não estamos contra os agen-tes, hoje eles são treinados para a guerra. É preciso uma polícia efetivamente cidadã”, afirma o presidente da Seccio-nal, Felipe Santa Cruz. O lançamento oficial da campanha acontecerá dia 27 de agosto, na sede da entidade. Serão convidadas autoridades, entidades e organizações da sociedade civil, como as ministras da Secretaria de Direitos

Humanos  da Presidência da República,  Maria do Rosário; da Secretaria de Polí-ticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Nacional, Wadih Damous; representantes da ONU no Rio; da Anistia Internacional; e dos grupos Tortura Nunca Mais, Human Rights Watch, Justiça Global, Observatório de Favelas e Transparência Brasil; entre outros.

Também serão chamados parentes das vítimas e moradores de comuni-dades onde frequentemente ocorrem autos de resistência. “O evento corres-ponde à primeira fase da campanha, que é o chamado à sociedade civil para debater o tema. Na segunda, re-ceberemos depoimentos e denúncias das famílias das vítimas. A terceira fase será propositiva, pretendemos apresentar à sociedade os resultados das investigações e as propostas de solução para o problema”, explica o tesoureiro da OAB/RJ, Luciano Bandei-ra. Durante o período de recebimento de queixas e denúncias sobre os autos de resistência, os depoimentos serão registrados em vídeo. A campanha também terá material de divulgação em forma de cartazes e panfletos, que serão distribuídos por todas as subse-ções e espaços da Ordem.

Pessoas reais, vítimas invisíveis

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Segundo o antropólogo e pro-fessor do Departamento de Ciên-cias Sociais da PUC-Rio Paulo Jorge Ribeiro, a intenção é construir uma análise sólida a partir de diversos fatores que envolvem o tema. “Queremos articular os testemunhos das famílias das vítimas aos estudos das estru-turas que existem para que isso aconteça, realizados principalmente pela universi-dade”, argumenta Paulo Jorge, que atua como consultor da OAB/RJ na campanha.

Resquícios da ditaduraO procedimento do auto de resis-

tência surgiu durante a ditadura militar, inicialmente regulamentado pela Ordem de Serviço “N”, nº 803, de 2 de outubro de 1969, da Superintendência da Polícia Judiciária, do antigo Estado da Guanaba-ra. Em dezembro de 1974, o conteúdo da Ordem de Serviço 803/69 foi ampliado pela Portaria “E”, nº 0030, da Secretaria de Segurança Pública, que estabelecia que o policial não poderia ser preso em flagrante, nem indiciado.

Para Paulo Jorge, da forma como é conduzido hoje o registro, existe uma comprovação a priori da versão do poli-cial. “O auto de resistência é uma figura criada durante a ditadura, que perma-neceu sendo usada como maneira de a

polícia poder se colocar diante de qualquer tipo de reação, principalmen-te a que leva à morte de pessoas, sem sofrer pro-cesso. “Essa figura, cons-truída em um Estado de exceção”, observa, vem sendo muito mais utili-zada durante o regime democrático. “Ou seja, o auto de resistência é a expressão mais pura de quando a exceção vira regra. Fala-se muito que

o período autoritário exacerbou as con-tradições e violência dos aparelhos de se-gurança, e isso é ob-servado nos autos de resistência. São uma síntese perversa de como determinada parte da população é exterminada, prin-cipalmente em gran-des cidades”, denun-cia o antropólogo.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Marcelo Chalréo, compara o auto de re-sistência à pena de morte, que, apesar de não institucionalizada, “vigora no dia a dia para brasileiros que vivem em áreas pobres e periféricas”. Para ele, os autos “significam a banalização da morte, o policial é ao mesmo tempo juiz e executor da pena”. É hora, defende, de “revogar a figura do auto de resistência e de se regulamentar o crime de desa-parecimento forçado, a fim de dotar a cidadania de um instrumento legal que possa permitir o devido enquadra-mento penal para esse tipo de conduta criminosa”.

No intuito de minimizar o impacto negativo das milhares de mortes sem solução, o poder público adotou recen-temente uma série de medidas. Tais mudanças teriam surgido sobretudo em função da morte, em 2011, do menino Juan Moraes, de 11 anos, que suposta-mente foi baleado em um confronto en-tre PMs e traficantes na favela do Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense

– o corpo da criança apareceu uma sema-na após o crime, e os agentes acusados foram presos e podem ser expulsos da corporação. A PM lançou naquele mes-mo ano um plano de acompanhamento de autos de resistência, que permitiria a adoção de medidas administrativas antes mesmo da solicitação de medidas jurídicas.

A Polícia Civil, através da Portaria 553/2011, determinou aos delegados que registrarem um auto de resistência a obrigação de acionar imediatamente uma equipe para isolar o local, solicitar perícia e apreender as armas dos poli-ciais envolvidos, entre outras atribuições. Com essa medida, a instituição anunciou sua adesão ao Programa Nacional de Direitos Humanos, definido na resolu-ção n° 08 de 21 de dezembro de 2012, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. De acordo com a resolução, os termos “autos de resistência” e “re-sistência seguida de morte” devem ser trocados, respectivamente, por “lesão corporal decorrente de intervenção policial” e “morte decorrente de inter-venção policial”.

Na opinião de Paulo Jorge, isso apenas altera o modo como o Estado enxerga as mortes. “É positiva a mudan-ça no sentido de exigir que toda morte classificada como auto de resistência seja investigada. No entanto, o mais estarrecedor é que seja necessário criar um procedimento para dizer que se deve cumprir o que está na Constituição, para dizer que uma morte deve ser investi-gada. A exclusão de ilicitude não pode ser estabelecida a priori, isso significa conferir muita autoridade à versão oficial do policial envolvido. Essa soberania do agente em sua ação tem que ser coloca-da em cheque”, pondera.

Para o antropólogo, a ação policial nas manifestações de rua comprova que a exceção está sendo naturalizada. “A classe média se acha, em geral, imune a essas exceções, e muitas vezes as vê como louváveis. O problema é quando a borda da exceção toca em nós, aí é que enxergamos o perigo. Quando a polícia agride as camadas médias nas manifestações de rua, isso é um pedaço

“Na democracia, também é inaceitável que a parcela mais pobre da população tenha que conviver com essa violência”.Felipe Santa Cruz

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dessa borda. A diferença é que nas manifestações são usadas balas de borracha e gás de pimenta, na fave-la são balas de AR-15. A diferença é, literalmente, letal. Nas favelas, como diria Giorgio Agamben [filó-sofo italiano], a polícia é a institui-ção soberana, ela tem o direito de morte e de vida sobre as pessoas. Discutir essa soberania é um dos grandes desafios do mundo con-temporâneo, em especial do Rio de Janeiro, onde historicamente a polícia não consegue se compor dentro de seu papel cidadão”, diz Paulo Jorge, acrescentando que o problema não é só da instituição policial, mas sim de todo o sistema criminal. “A campanha não é contra a polícia ou contra os policiais. O Ministério Público, quando observa os autos e nada faz, está partici-pando da retroalimentação desse sistema. O próprio juiz, quando finaliza o processo sem pedir mais investigações, também participa. Todo o sistema conspira para que não haja investigação”.

Memória das vítimasPaulo Jorge salienta, no en-

tanto, que os próprios policiais são vítimas desse sistema de letalidade. “Não há um mundo de mocinhos e bandidos. Os direitos humanos existem para defender todos nós, inclusive os agentes. E não é só o policial que morreu, mas o que participou de ações letais seguidamente e não teve assistência. Este pode tornar-se um perigo para si mesmo e para a

sociedade. A polícia não pode ser o braço avançado da ilegalidade, tem que ser o braço da legalidade, defender a vida, inclusive a sua própria, e não tirar vidas”.

Ele ressalta que é preciso combater a visão de que as mor-tes são um “efeito colateral” da política de segurança: “O número dos autos de resistência não vem diminuindo, tecnicamente, em ra-zão das UPPs, mas sim por causa de uma política que é o plano de metas. Mas isso não significa que esses números sejam acei-táveis”. E destaca que os autos de resistência são localizados, espacialmente, nas periferias, sendo que o público-alvo dessa ação também é delimitado – “na grande maioria são jovens negros e moradores dessas periferias”. Se essas mortes ocorressem na Zona Sul, “aí sim haveria proble-mas”, afirma.

A campanha Desaparecidos da democracia também representa, de certa forma, a continuidade da mobilização Pela Memória e pela Verdade com relação aos desapare-cidos políticos durante a ditadura. “Elas se completam, temos que continuar avançando, agora na democracia”, conclui Felipe.

Segundo Paulo Jorge, chega-mos a um “grau de maturidade democrática” em que é necessá-rio enfrentar o desafio de inves-tigar o que ocorreu nesses casos. “Temos que olhar para as mortes e perguntar: o que de fato aconte-ceu? Se foram mortes ‘legítimas’,

tudo bem. Se não, as pessoas foram executadas, e é função da OAB e do sistema de Justiça criminal reparar a memória dessas pessoas. É um direito humano. Está além de um sistema eficaz em sua ordem jurídica. É tentar construir uma sociedade que respeite as lágrimas de quem perde um filho. Se alguém perde o pai, vira órfão. A perda de um filho não tem nome em nenhuma cultura”. T

Paulo Jorge: “Auto de resistência surgiu em um Estado de exceção”

Michel Misse

Coordenador da pes-quisa do Necvu/UFRJ, o sociólogo Michel Misse critica a falta de apuração dos autos de resistência. “O corporativismo policial prefere ‘deixar para lá’. Com isso, incentiva outros homicídios do mesmo tipo e torna o enfrentamento desse tipo corriqueiro e

banal”, diz ele, alertando que a “exclusão de ilicitude” da ação policial deve ser resultado de investigação, com a preservação do local do crime, perícia e tes-temunhas. “Não há nada disso, todos acreditam no depoimento dos próprios implicados”. A maioria dos autos de resistência fica sem esclarecimento, “pois o policial comunica que matou, mas fica por isso mesmo, pois o trabalho de demonstrar como se deu o enfrentamento e se houve realmente confronto legal é deixado de lado”, principalmente porque a “tradição inquisitorial da polícia judiciária e a tradição militarista da PM continuam intocáveis”, afirma.

“Esquadrões, grupos de extermínio e milícias se alimentam da mesma concepção que norteia a indife-rença pela sorte de criminosos ou suspeitos de terem cometido crimes”, analisa o sociólogo. Nesse cenário, a “lógica da vingança” acaba por substituir a “lógica da pena legal”, gerando conflitos em que os policiais também são vítimas. “O direito fundamental à vida é aviltado em nome da segurança da propriedade privada e do combate ao comércio de drogas ilícitas, crimes que não levam à morte em nenhuma sociedade civilizada. O número de policiais mortos, em serviço ou fora dele, participa da mesma tragédia”.

Misse vê com estranhamento o alto índice de mor-tes em confronto em um sistema que supostamente permite a impunidade. “Por que preferem enfrentar a polícia a serem presos? Há lógica nisso? Das duas uma: ou o enfrentamento decorre da desconfiança de que serão mortos caso se entreguem, ou então não há essa impunidade toda que se propala – ao menos para eles”.

O sociólogo elogia a campanha da OAB/RJ: “Acho louvável e mais do que necessária, fundamental para inibir essas práticas que atentam contra o direito mais fundamental, o direito à vida. Além dos autos de resistência, deve incluir os casos de desapare-cimentos de longa data, em que a própria família suspeita de crime”.

Sociólogo reforça críticas à falta de investigaçãoDIVULGAÇÃO / UFRJ

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Nossa sociedade aceita, com sensação de normalidade, uma polícia que gerou entre 2001 e 2011 aproximadamente dez mil autos de resistência. Da mesma forma, lemos, sem que o senso médio da popula-ção se indigne, que uma operação policial recente gerou 13 mortos, mas “apenas três

não eram bandidos”. A eliminação industrial de “bandi-dos”, mesmo quando essa qualidade é estabelecida pelo próprio algoz, não leva praticamente ninguém a ponderar se esse processo é democrático, ou, antes disso, civiliza-tório. Isso ocorre porque as vítimas desumanizadas nesse processo são, em sua imensa maioria, jovens entre 15 e 23 anos, negros ou mulatos, pobres e que moram em zonas carentes. São invisíveis para a sociedade, assim como os que choram por eles.

Parece contraditório afirmar que um Estado que vive um processo de aprofundamento democrático produza desaparecidos. Sempre que utilizamos esse adjetivo, o imaginário faz a relação imediata com a eliminação siste-mática de opositores políticos imposta pelo terror ditatorial do nosso passado recente. Contudo, essa expressão se ade-qua aos mortos “invisíveis” da barbárie policial despejada nas comunidades carentes dos nossos centros urbanos.

Agora, quando o país passa por uma convulsão jovem, reprimida muitas vezes com excesso pelo nosso sistema militarizado de segurança pública, observamos um bur-burinho de indignação. Certamente porque, agora, as ví-timas da truculência de uma polícia forjada para o arbítrio e o controle social são jovens quase sempre brancos e

pertencentes às classes com acesso aos direitos civis bá-sicos. Realmente, é inaceitável ver um manifestante ser alvo de balas de borracha simplesmente porque protesta. Contudo, a indignação social gerada pela repressão aos manifestantes contrasta com o absoluto silêncio cotidia-no quanto aos “crimes” praticados pela polícia do Rio de Janeiro contra os jovens das classes periféricas, quando a bala que sai dos canos das armas não é de borracha.

Da mesma forma que disparar bala de borracha con-tra um manifestante que extravasa a sua indignação não é aceitável, não é plausível que um país democrático produza mais de dez mil autos de resistência em apenas uma déca-da. Igualmente, não é um processo compatível com uma so-

Advocacia precisa atuar contra a violência policial

LUCIANO BANDEIRA*

OPINIÃO

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 12

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ciedade democrática que pessoas sejam atingidas de forma indiscriminada por “balas perdidas” e tratadas como dano colateral do combate “firme” à criminalidade. Uma sociedade democrática não pode aceitar, de forma alguma, que a morte seja uma consequência natural da ação policial, seja a vítima quem for.

Este é o ponto central. Enquanto não tratarmos de modo igual as vítimas da violência policial, nunca teremos uma sociedade que mereça ser chamada de democrática, ainda que vivamos em um sistema político democrático.

Por isso devemos discutir de uma vez por todas qual é o estágio civilizatório que queremos atingir como socie-dade. Não podemos tratar como um fato trivial a quantida-

de absurda de óbitos decorrentes do “confronto” policial com a “criminalidade”. Os números que temos neste es-tado são muito superiores aos de zonas de guerra. Cabe, portanto, indagar por que um policial que registra um auto de resistência volta para sua ronda normal sem que ocorra uma rígida apuração desse registro. Vale também questionar por que o Ministério Público não busca apurar de forma profunda esse histórico absur-do de autos de resistência. Quando queremos melho-res serviços públicos, que abrangem principalmente os direitos denominados de segunda geração, como saúde, educação, é imperioso que os direitos de primei-ra geração, os civis, estejam indistintamente ao alcance todos os cidadãos.

A OAB, nesse contexto, deve funcionar como um elemento indutor desse debate, não apenas discutindo a questão, mas tomando atitudes práticas. A advocacia deve questionar e atuar para que a violência policial pas-se a ser um foco de preocupação permanente do processo de aperfeiçoamento civilizatório. Aceitar que grande parcela da população esteja socialmente sujeita a “desaparecer” sob a rubrica “auto de resistência” se assemelha à passividade deste país em relação aos inquéritos policiais militares (IPMs) produzidos pelo aparato de repressão durante a ditadu-ra. Nesse particular, a OAB demonstrou, durante a repressão às manifestações populares das últimas semanas, como a advocacia pode ter ações práticas para resistir ao arbítrio e à injustiça.

*Tesoureiro da OAB/RJ

Advocacia precisa atuar contra a violência policial

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Questão mais complexa do que reforma no modelo de gestão

Desmilitariz ação da PM

Sempre que a Polícia Militar é acusada de alguma brutali-dade, o debate em torno do modelo de administração militar retorna com fôlego renovado, como se a violência estivesse na linha de desdobramento lógico do ideário dos corpos organizados sob a rigidez dos princípios da hierarquia e da disciplina. Para um país marcado pela interferência dos mili-tares na política, a desmilitarização da polícia ganha ares de

sabedoria, como aquelas sentenças grandiloquentes e vazias do conselheiro Acácio.Uma discussão séria sobre violência policial não pode desconsiderar que poli-

ciais são recrutados nas mesmas camadas sociais sobre as quais incidem, preferen-cialmente, a criminalização e a vitimização operadas pelo sistema de Justiça. Entre aquilo que o homem aprende, nos bancos escolares, e aquilo que ele pratica – no momento em que é convocado a agir –, entra um componente estranho à formação profissional: o conjunto das crenças e valores que traz consigo.

No Brasil, o fenômeno da violência policial e a criminalização da pobreza são atos de uma mesma tragédia: obras da escravidão. O problema é mais complexo do que uma simples reforma no modelo de gestão das polícias militares. É preciso um grande esforço de inclusão e de educação para a cidadania, se quisermos superar o abandono histórico das camadas mais pobres.

Em segundo lugar, há uma diferença imensa entre modelo de administração militar e militarismo. São coisas diferentes, que o discurso simplista dos especialistas de plantão aglutina numa cantilena sem pé nem cabeça. A distinção é muito bem apresentada no festejado Dicionário de Política, organizado por Norberto Bobbio.

Em síntese, nossa miséria se apresenta assim: a sociedade repousa sobre uma base secular de violência; amalgamado a esse fundamento há um autoritarismo persistente e silencioso, socialmente admitido, que encontra na ideologia da militarização da segurança expressão política para sua intolerância. Não é outra a razão pela qual um filme como Tropa de Elite consegue transmudar violência fascista em glamour.

Essa insensibilidade dos afetos – obra moral da escravidão - é a conditio sine qua non das brutalidades cotidianas que praticamos nestes tristes trópicos. Estamos muito próximos daquele diagnóstico sombrio, com o qual Lévi-Strauss abre suas reflexões sobre o desenvolvimento dos aglomerados urbanos do Novo Mundo: entre nós, as cidades passavam da barbárie à decadência sem conhecer a civilização.

*Coronel comandante da Academia de Polícia Militar Dom João VI

ÍBIS SILVA PEREIRA*

PONTOCONTRAPONTO

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Futuro passa por criar nova polícia integrada e civil

O tema da desmilitarização da Polícia Militar voltou com força à pauta política na esteira das recentes mobi-lizações populares em busca de mais direitos e de uma democracia mais transparente, em parte também como resultado da indignação de amplos setores com a forma como as polícias de vários estados reprimiram estas ma-nifestações.

A primeira resposta à pergunta sobre se devemos desmilitarizar as PMs deve ser baseada em princípios: a segurança pública é uma função eminentemente civil, afastada da segurança nacional e da defesa contra inimigos externos para as quais os exércitos foram concebidos. O modelo de agente de segurança pública não pode ser um soldado que cumpre ordens, mas um profissional com altos níveis de autonomia que conhece o seu entorno e que incide sobre ele de forma reflexiva e negociada.

Entre os problemas associados ao militarismo podemos destacar: a) o verticalismo nas relações internas; b) a duplicidade institucional entre oficiais e praças; c) as limitações à liberdade de associação dos policiais; d) uma nor-matividade rígida, com regimentos disciplinares autoritários e obsoletos; e) um âmbito penal próprio, a Justiça Militar, com competência exclusiva para julgar crimes cometidos no exercício da função, excetuando o homicídio. Com efeito, a desmilitarização beneficiaria não apenas à sociedade mas também os praças das polícias militares, que são amplamente favoráveis à iniciativa, como ficou claro na Conferência Nacional de Segurança Pública de 2009.

Entretanto, a desmilitarização não deve ser concebida como uma panaceia. De fato, há muitas polícias militarizadas no mundo com um desempenho razoá-vel (Carabineros no Chile, Guardia Civil na Espanha etc.) e há também numerosas polícias civis que deixam muito a desejar. A principal virtude da demanda de desmilitarização é que reabre a questão do modelo de polícia que desejamos para o Brasil. A solução não pode ser integrar as PMs atuais às polícias civis dos estados, elas próprias com sérias deficiências. O futuro passa por criar uma nova polícia integrada e civil, de ciclo completo, que supere as limitações das corporações civis e militares dos estados e do próprio modelo dual que o Brasil se deu na Constituição de 1988 e que agora está sendo questionado.

* Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro do Laboratório de Análise da Violência (LAV-Uerj)

Desmilitariz ação da PM

IGNACIO CANO*

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Críticas ao vandalismo e à PMErros e excessos da Polícia Mili-

tar, atos de vandalismo e a operação do Batalhão de Choque que resultou em dez mortes na favela da Maré motivaram os debates na audiência pública sobre a política de seguran-ça do Rio de Janeiro realizada pela OAB/RJ dia 19 de julho.

No evento, transmitido em tem-po real para as subseções, o pre-sidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, reafirmou seu posicionamento quanto à declaração do comando da Polícia Militar, que afirmou que os atos de violência do dia 17 de julho, no Leblon, teriam ocorrido em razão do pedido da Ordem e da Anistia Internacional para evitar o uso exces-sivo de armas não letais e bombas de gás lacrimogêneo. “Transmitir para a Ordem a falta de preparo para reagir a uma passeata é um excesso, além de uma impropriedade técnica”, disse Felipe. Ele criticou, também, o comportamento de manifestantes que agiram com violência. “Não é quebrando uma cidade que vamos conseguir modificar suas estruturas política e pública”.

A audiência foi coordenada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Marcelo Chalréo, que apre-sentou uma pauta de sugestões para a política de segurança pública. Entre elas, mudanças no modelo de formação das polícias, maior investimento em inteligência, a valorização da carreira dos agentes e a divulgação de protocolos e procedi-mentos com as normas de conduta da corporação.

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, apontou a necessidade de “refun-dação” da instituição policial. “A polícia é um problema da sociedade. Mudá-la requer e exige uma discussão muito mais ampla, para além da corporação. E é preciso acabar com os autos de resistência”, argumentou.

O chefe do Estado-Maior administrativo da PM e ex--coordenador geral das Unidades de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues da Silva, admitiu que a polícia não estava preparada para lidar com as manifestações. “Estamos empenhados em transformar a corporação. Essas manifes-tações são diferentes do previsto em nossos protocolos de atuação das tropas. Mas não podemos concordar com a violência, venha de qualquer lado. Entendemos a necessi-dade de uma polícia cidadã, de menos confronto”, observou.

O coordenador da ONG Observatório de Favelas, Jailson Silva, afirmou que a política de segurança pública deve ser pensada por toda a sociedade. “Defendemos a criação de um protocolo de intervenção nas favelas que priorize o uso da inteligência, regule o uso de armas letais, proíba a entrada da polícia em domicílios sem mandado judicial, e que tenha como prioridade a segurança dos cidadãos”, sustentou.

O evento contou também com a participação da Secre-taria de Direitos Humanos da Presidência da República, da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do esta-do, da Coordenadoria de Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Social do Rio, da Coordenadoria de Direitos Humanos do município, além de ONGs e outras entidades. T

Audiência promovida pela OAB/RJ debate atuação da polícia e violência de manifestantes nos recentes protestos; Comissão de Direitos Humanos propõe pauta de sugestões para a segurança pública

Ronaldo Cramer, Felipe Santa Cruz, Luciano Bandeira e Robson Rodrigues da Silva

Após críticas da Seccional, o governo do estado mudou trechos do decreto de criação da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas. A Comissão de Estudos de Direito Penal da OAB/RJ havia elaborado parecer técnico - assinado por seu presidente, Paulo Freitas - apontando as inconsti-tucionalidades do texto (leia em http://goo.gl/041zFa). A avaliação é que o problema se mantém na nova versão, publicada dia 25 de julho. O vice-presidente da Seccional, Ronaldo Cramer, endossa. “Apenas uma lei federal pode criar um órgão com poderes investi-gatórios. E também somente lei federal pode estabelecer priorida-de para a investigação criminal”, afirma.

Governo do estado muda decreto, mas Ordem reafirma inconstitucionalidade

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Seccional, Acat e Sindicato dos Advogados posicionam-se contra proposta de

descentralização das varas trabalhistasConsiderando os problemas fre-

quentes que os advogados trabalhistas vêm enfrentando com o Processo Judi-cial eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT) e após colher a opinião de colegas presentes na audiência pública realizada no dia 2 de julho, na sede da OAB/RJ, a Seccional enviou ao Tri-bunal Regional do Trabalho (TRT) uma nota em conjunto com a Associação Carioca dos Advogados Trabalhistas (Acat) e o Sindicato dos Advogados posicionando-se de forma contrária à proposta de descentralização das varas do Trabalho.

“Concordamos que este não é o momento ideal para uma mudança es-trutural como essa. A descentralização das varas do Trabalho, agora, agravaria os problemas já enfrentados por uma

expressiva parcela da advocacia cario-ca, como os gerados pelas deficiências do PJe. Essa é a hora de os profissionais da área trabalhista se unirem para superar este quadro crítico”, declarou o presidente da Comissão de Justiça do Trabalho (CJT) da Seccional, Marcus Vinicius Cordeiro.

A audiência foi a segunda rea-lizada na OAB/RJ para ouvir a opi-nião dos colegas sobre o projeto, encampado pelo TRT, de promover a transferência de varas do Trabalho, hoje em funcionamento na Rua do Lavradio, para novas instalações na Zona Oeste. No primeiro evento, rea-lizado no dia 25 de junho, a ideia de realizar um plebiscito ganhou força entre os presentes.

“Nesta segunda reunião, enten-

demos, porém, que essa não é a hora de colocar a proposta em discussão. É o momento de chamar o tribunal para a sua responsabilidade: não discutir a descentralização enquanto a pres-tação jurisdicional está do jeito que está”, disse o presidente do Sindicato dos Advogados, Álvaro Quintão.

Para Marcus Vinicius, o principal problema do projeto do TRT seria a urgência com que poderia ser feita a mudança. “A forma com que a des-centralização foi proposta é que é um assunto espinhoso para o Poder Judiciário trabalhista. E me parece que depois dessas intervenções houve um recuo do tribunal em rela-ção ao assunto, abrindo espaço para conversas com advogados a fim de um entendimento”. T

OAB/RJ está disposta a pagar scanners para garantir acesso à JTO presidente da OAB/RJ, Felipe Santa

Cruz, reiterou a necessidade de que, diante dos numerosos problemas apresentados pelo Processo Judicial eletrônico (PJe), a Justiça do Trabalho (JT) passe a aceitar também petições de papel – a exemplo do que ocorre na Justiça Federal. E para garantir que os advogados não tenham mais problemas ao peticionar, a Seccional enviou no dia 18 de julho ofício ao Tribunal

Regional do Trabalho (TRT) informando que se dispõe a pagar os scanners de digita-lização dessas petições. Com o mesmo teor, outro ofício foi enviado ao Tribunal de Justiça (TJ).

“A Justiça Federal permite o peticiona-mento em papel e tem máquinas disponíveis para digitalizar as petições. A Justiça do Trabalho deveria adotar esse modelo e, se o problema for o equipamento, nós garanti-

mos a compra”, explicou Felipe, destacando que não há como se pensar em nenhuma outra questão envolvendo a Justiça Traba-lhista sem que se resolvam, primeiro, os problemas no PJe-JT.

“Não podemos debater questões, como, por exemplo, a descentralização das varas, sem que antes a Justiça do Trabalho melhore sua capacidade administrativa”, defendeu.

Marcus Vinicius, ao centro, coordena a segunda audiência pública com representantes da advocacia

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A OAB/RJ promoverá em agosto uma série de eventos alusivos ao Mês do Advogado. O principal deles, Direito ao samba, acontecerá no dia 17, na Cidade do Samba – cedida gratuitamente para a Seccional –, com a apresentação dos músicos do Samba Social Clube, programa da rádio MPB FM. A comemoração terá também a participação da bateria da esco-la de samba Mangueira e de instrutores de dança. As informações sobre a retirada das camisas-convite, que são limitadas, podem ser obtidas em www.oabrj.org.br ou na Central de Atendimento, pelos telefones (21) 2730-6525 e 2272-6150.

Entre 14 e 16 de agosto, o plenário Evandro Lins e Silva, na sede da Seccio-nal, abrigará a 2ª edição da OABExpo, com mais de 40 palestrantes e uma área de exposições. Haverá workshops e apresentações sobre advocacia em petróleo e gás, Direito Imobiliário, os novos códigos de Processo Civil e Florestal, marketing jurídico e oratória, entre outros temas. Editoras, cursos,

Feijoada musical e outros eventos marcam comemorações de agosto

cooperativas de crédito, bancos e segu-radoras terão seus produtos e serviços oferecidos ao público em estandes. O objetivo do evento é promover atua-lização e integração dos advogados, trocando experiências e conheci-mentos. As inscrições são gratuitas  e podem ser feitas pelos telefones: (21) 2730-6525 ou  (21)  2272-6150. Mais informações podem ser obtidas no site www.oabexpo.com.br.

A abertura da OABExpo será feita pelo presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, que irá falar sobre o merca-do da advocacia. Entre os palestrantes confirmados, estão o procurador-geral da OAB/RJ, Guilherme Peres; o diretor--geral da Escola Superior de Advocacia (ESA), Flávio Ahmed; a presidente da Co-missão de Previdência Complementar, Gema Martins; os presidentes da OAB/Jovem, Eduardo Biondi, e da Comissão dos Juizados Especiais, Katia Junqueira; o conselheiro da OAB/RJ Antônio Ricar-do Correa; a advogada especializada

em petróleo e gás Elaine Ribeiro; o professor do Ibmec Felipe Caldeira; a professora da Mackenzie Rio e membro da Comissão de Direito Ambiental (CDA) Isabella Guerra; o professor da UFRJ e membro da CDA Rogério Caldas; os desembargadores do Tribunal de Jus-tiça Paulo Rangel e Sérgio Cavalieri, o conselheiro da OABPrev Renan Aguiar e o professor e sócio da Statux Diogo Hudson, entre outros.

Também como parte das comemo-rações do mês, as aulas inaugurais da maioria dos cursos da ESA da OAB/RJ em agosto serão gratuitas, e realizadas sempre às 18h30 (leia mais na páginas 34 e 35).

No dia 25, acontecerá a 24ª Cami-nhada dos Advogados, a partir das 8h, no Aterro do Flamengo. A concentração será no Trevo Estudante Edson Luís de Souza Lima.

Estão programados também eventos nas subseções. Confira a agenda no Portal da OAB/RJ. T

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Na reta final de obras, será inaugurada em setembro a nova Casa do Advogado, na Avenida Erasmo Braga, nas imediações do Tribunal de Justiça (TJ). A unidade foi um dos compromissos assumidos pelo então candidato a presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, para atender aos colegas que militam no Fórum Central. A meta é repetir o sucesso do espaço que já funciona na Rua do Rezende, próximo ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

“Esse é o modelo de gestão que implementamos desde a administração do presidente Wadih Damous. Uma Ordem que não só defende institucionalmente as grandes questões do país, como fez esse ano, mas que também tenha uma profunda ligação com o cotidiano dos colegas. A Casa do Advogado na porta do Fórum é um compromisso de campanha que está sendo cumprido logo neste primeiro ano do mandato. É um serviço permanente com o qual tínhamos nos comprometido, a exemplo do espaço junto ao TRT”, disse Felipe.

A nova unidade será um centro de atendimento para advoga-dos não só da capital como também do interior. O espaço terá 13 computadores destinados apenas ao processo eletrônico e à in-clusão digital, com uma central de digitalização e peticionamento, além da certificação. A estrutura física também receberá melhorias. Serão entregues 11 novos escritórios compartilhados e uma sala de reunião, o que irá ampliar a rede de atendimento existente.

A entrada terá uma ampla galeria e um balcão de recepção, atrás do qual funcionará uma central de atendimento seme-lhante ao protocolo da sede da Seccional, na qual o advogado poderá fazer inscrição e emitir boletos. O espaço contará ainda com guarda-volumes, sala de supervisão, de controle e de ad-ministração, banheiros masculino, feminino e para pessoas com necessidades especiais.

A previsão é que, até a data da inauguração, todos os pontos de atendimento do estado estejam equipados com impressoras multifuncionais, o que vai garantir aos advogados fluminenses o pleno acesso ao peticionamento eletrônico.

“O que estamos fazendo é uma mudança total na estrutura de atendimento ao advogado no Rio de Janeiro. Além de dobrar o número de computadores, teremos equipamentos mais moder-nos, mais escritórios compartilhados. Com isso, vamos transferir a estrutura de atendimento da Ordem para a frente do fórum, melhorando o dia a dia dos colegas. Essa obra completa o processo que começou com a inauguração da casa da Rua do Rezende. O que vai mudar é a forma de atender milhares de profissionais”, explica Felipe. Ele salienta, ainda, que os gastos com as melhorias “são o retorno da anuidade em serviços” para os colegas. “Pensamos naqueles que usam muito o tribunal e precisam de um facilitador para seu exercício profissional”, diz o presidente da Seccional. T

Nova Casa do Advogado fica pronta em setembro

Casa da Rua do Rezende já recebe peticionamento eletrônicoInaugurada em maio na Casa do Advogado da Rua do Rezende, a nova Central de Peticionamento Eletrônico e

Certificação Digital da OAB/RJ conta com mais 14 computadores para ajudar os colegas na adequação ao sistema digital. No local, que recebe cerca de 50 advogados por dia, nove funcionários esclarecem dúvidas sobre a certifi-cação digital e dão suporte aos profissionais com dificuldades para lidar com os sistemas eletrônicos dos tribunais. Apenas em 2013, o espaço de atendimento registrou mais de 18.107 usuários dos computadores e 1.044 usuários dos escritórios compartilhados e da sala de reunião.

Funcionários da empresa de engenharia tocam as obras

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 20

Inclusão da advocacia no Simples vai gerar boa economia para advogados

EDUARDO SARMENTO

Uma das principais bandeiras levan-tadas pelo presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, a possibilidade de inclusão da advocacia no regime simplificado de tributação, o Simples Nacional, está mais próxima de se concretizar após o Projeto de Lei do Senado (PLS) 105/2011, de autoria do senador Ciro Nogueira (PP/PI), ter sido aprovado no Senado e encaminhado no início de julho para a Câmara dos Deputados. De acordo com o conselheiro federal pelo Rio e procurador especial tributário da OAB Nacional, Luiz Gustavo Bichara, a medida gerará economia significativa de tempo e, principalmente, de dinhei-ro, beneficiando especialmente as pe-quenas bancas e os advogados em início de carreira. “O sistema diminui muito a burocracia e a carga tributária”, afirma.

Segundo Felipe, a iniciativa é fun-damental para melhorar as condições

de trabalho da classe. “A inclusão trará formalidade para o mercado da advo-cacia e, sem dúvida, será um grande benefício”, destaca.

O regime tributário diferenciado permite que as sociedades com receita anual de até R$ 3,6 milhões recolham de forma unificada os tributos que o Simples Nacional abrange – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep), Contribui-ção para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza (ISS).

Em alguns casos, o referido regime também inclui na sistemática de reco-lhimento a Contribuição Previdenciária Patronal, mas no caso dos advogados, a

partir da emenda feita no Senado, esta parte não será abrangida pelo Simples Nacional.

A título de exemplo e para que se possa vislumbrar a real diferença entre os regimes de tributação e a relevância da conquista para os advo-gados, Bichara cita uma sociedade que aufira uma receita bruta de R$ 100 mil no trimestre.

Adotando o regime de apuração do lucro presumido, incidiriam sobre a renda bruta do escritório 4,80% de IRPJ; 2,88% de CSLL; 0,65% de PIS; e 3% de Cofins, que totalizariam uma carga tributária de 11,33%, sem contar com o adicional de IRPJ, que, no caso, seria de 3,20% sobre a parcela que excedesse R$ 60 mil no trimestre (ver tabela azul).

O total de tributos a serem pagos no exemplo acima seria de R$ 12.610, e o ISS seria recolhido na forma da legislação municipal.

Caso a mesma sociedade estivesse autorizada a optar pelo Simples Nacio-nal, encaixaria-se na faixa de arrecada-ção anual que vai de R$ 360 mil a R$ 540 mil e teria aplicada taxas de 0,16% de IRPJ; 1,85% de CSLL; 1,95% de Cofins; 0,24% de PIS; 3,50% de ISS, totalizan-

do uma alíquota de 7,70%. Em valores absolutos, esses números representariam um total de R$ 7.700 em tributos.

Nas duas situações, a Con-tribuição Previdenciária Patronal seria recolhida à alíquota de 20% sobre a folha de salários, razão pela qual não está incluída na simulação.

Um quadro comparativo mostra uma diferença que re-presentaria economia no tri-

Carga efetivaIRPJ 4,80%

Adicional de IRPJ 3,20%

CSLL 2,88%

PIS 0,65%

Cofins 3,00%

Carga total aproximada sem adicional de IRPJ: 11,33%

Carga total aproximada com adicional de IRPJ: 14,53%

Carga tributáriaR$ 4.800

R$ 3.200

R$ 2.880

R$ 650

R$ 3.000

Total:

R$ 12.610

Luta por aprovação do projeto, que passou peloSenado e aguarda votação na Câmara, tem sidotravada desde o início da atual gestão da OAB/RJ

OBS: No exemplo, incidem alíquotas de 11.33% sob base de R$ 60.000 e de 14.53% sob base de R$ 40.000.

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 21

Arrecadação IRPJ CSLL Cofins PIS ISS Alíquota

De R$ 360.000,01 a R$ 540.000 0,16% 1,85% 1,95% 0,24% 3,50% 7,70%

Receita bruta no trimestre - R$ 100.000

Simples Nacional Lucro presumido Percentual economizado

Economia em valores

Alíquota efetiva 7,70% 12,61%

39% R$ 4.840Tributos devidos no trimestre R$ 7.770 R$ 12.610

mestre de 39%, ou R$ 4.840, para os optantes do Simples, e demonstra a importância da ação para a advo-cacia, justificando todo o esforço empreendido pela Ordem para a aprovação e implementação do pro-jeto (ver tabela amarela).

Enquanto não for aprovado o texto final do projeto pela Câmara dos Deputados, ainda existe a possibili-dade de que o ISS seja recolhido fora do Simples Nacional, sob o sistema de valores fixos, na forma da legisla-ção municipal, o que, caso aconteça, significaria uma redução ainda mais relevante para os advogados.

Felipe se mostra satisfeito com o andamento da matéria e com as negociações. “Esse projeto é um dos principais objetivos desde que decidi ser candidato e sua implementação será nossa luta até o fim da gestão”, explica, ressaltando que foram neces-sárias muitas negociações e conversas com parlamentares e lideranças em Brasília. “Fico feliz em saber que o Congresso vem compreendendo a justiça desta medida”, diz.

A necessidade de um diálogo de alto nível entre a OAB e as insti-tuições da República foi destacada pelo presidente do Conselho Federal, Marcus Vinicius Furtado. “É importante para que tenhamos construções de medidas que fortaleçam o direito de defesa, garantam o exercício pleno da advocacia e que construam, de forma definitiva, uma democracia e um Estado de Direito digno deste nome”, salienta.

O PLS 105/2011 altera a Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto Nacional das Micro-empresas e Empre-sas de Pequeno Por-te) e tramitou, desde março de 2011, pe-las comissões de As-suntos Econômicos; Educação, Cultura e Esporte; e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e In-formática do Senado Federal. T

“A medida beneficiará especialmente as pequenas bancas e os advogados em início de carreira”.Luiz Gustavo Bichara

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 22

O momen-

to do Rio de

Janeiro é da

infraestrutura,

especialmen-

te se pensar-

mos em Copa

do Mundo em

2014 e Olimpíadas em 2016, que

propiciam o cenário de incremento do

setor e, ao mesmo tempo, impõem a

realização de projetos de construção

de alta complexidade em prazos tão

exíguos quanto rígidos. Começa-se

então a prestar atenção às formas

alternativas de solução de disputas,

diante do encarecimento e enorme

atraso que podem ser causados a um

projeto, enquanto se arrastam disputas

judiciais ou arbitrais dispendiosas, mo-

rosas e com desfecho incerto.

Dentre estas formas alternativas,

destacam-se os Dispute Boards (DB), ou

comitês de soluções de controvérsias.

Bastante comuns nos Estados Unidos

e na Europa, os DBs são formados por

profissionais experientes e imparciais,

da confiança das partes, contratados

antes do início de um empreendimento

para acompanhar a execução da obra

e emitir pareceres que, dependendo

do contrato firmado, podem ou não

vincular as partes signatárias ao seu

cumprimento.

Os Dispute Boards diferem das de-

mais formas alternativas de resolução

de conflito por serem, em verdade,

meio de prevenção ao litígio, ao con-

trário da arbitragem e da mediação,

que são meios de solução de litígios já

consumados.

A celeridade e o baixo custo são,

sem dúvida, as maiores vantagens

do Dispute Board, especialmente se

comparado com o caminho arbitral

ou judicial. O tempo médio entre a

apresentação de uma divergência e a

decisão final do DB é de 145 dias e

esta velocidade é também um fator

importante de economia.

Estatísticas revelam que 97% das

divergências surgidas ao longo de um

contrato em que há um Dispute Board

são resolvidas no seu âmbito, evitando

o recurso à arbitragem ou ao Judiciário.

Para que se tenha uma ideia de sua efi-

cácia, o Banco Mundial impõe a contra-

tação de DB para liberar financiamento

a uma obra de grande porte (superior a

U$ 50 milhões).

É natural que surja entre os ad-

vogados a dúvida: os Dispute Boards

reduzirão o mercado de atuação por

prevenir litígios? A resposta negativa a

esta pergunta justifica-se, porque a lar-

Os Disput e Boards e os cont ratos de

construção brasileiros

FERNANdo mARCoNdES E LUCIANA LEvy*

ESPAÇO ABERTO

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 23

ga experiência no exterior mostra que,

em geral, esses comitês são formados

por dois engenheiros e um advogado,

contratado para todo o prazo da obra,

e não apenas na eventual existência

de conflito. Além disso, não obstante

as vantagens conferidas pelos DBs

na solução de controvérsias, não

está excluída a possibilidade de se

levar a questão à arbitragem ou ao

Judiciário, sendo o trabalho desen-

volvido no âmbito do comitê útil ao

deslinde do litígio. Por fim, é essencial

o papel do profissional que, com seu

conhecimento jurídico e poder de

convencimento, conduzirá a questão

no grupo de acordo com as normas

legais e contratuais e evitará o embate.

Cabe aqui uma analogia ao início da

vigência da Lei de Arbitragem, quando a

mesma dúvida assolou advogados pela

desnecessidade de representação por

um colega no procedimento arbitral.

Porém, contrariando as previsões dos

pessimistas, o que se observa é que a

arbitragem se tornou um mercado novo

para a advocacia, sendo raríssimo o

caso de uma arbitragem sem advogado,

e sendo os próprios árbitros, em geral,

advogados.

No Rio de Janeiro e no Brasil, a

utilização dos Dispute Boards deve

aumentar consideravelmente nos

próximos anos, não só pelos eventos

já citados, mas também pela necessi-

dade de financiamento por instituições

estrangeiras. Não se pode correr o

risco de o país se tornar pouco atra-

tivo ao investimento de países nos

quais esses comitês são amplamente

disseminados, pela morosidade na

solução de controvérsias. Na medida

em que prove na prática as vantagens

e a segurança proporcionadas pelo DB,

o mercado nacional da construção o

adotará com entusiasmo.

*Fernando Marcondes é advogado

especialista em direito da construção e

infraestrutura, presidente do Instituto

Brasileiro do Direito da Construção

(IBDiC) e da Comissão de Direito

da Construção e Infraestrutura da

OAB/SP e vice-presidente da Comissão

de Infraestrutura e Desenvolvimento

Econômico da OAB/RJ

*Luciana Levy é advogada especialista

em infraestrutura, responsável

jurídico da Concessionário ViaRio S.A.,

membro da Comissão de Direito de

Infraestrutura do Conselho Federal

da Ordem e presidente da Comissão

de Infraestrutura e Desenvolvimento

Econômico da OAB/RJ

Os Disput e Boards e os cont ratos de

construção brasileiros

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 24

Seccional ouvirá propostas do Conselho Federal, do Executivo e de parlamentares

Após criar um Comitê de Mobili-zação pela Reforma Política, a Seccional vai convidar repre-sentantes da OAB Nacional, do gover-no federal, do Con-gresso e de outras instituições para uma reunião em agosto. O encontro servirá para a apresentação das diversas propostas que vêm sendo defendidas no país ou que estão em tramitação no Legislativo.

Para o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, as manifes-

tações nas ruas indicam claramente que a população exige a ampliação de sua participação na democracia. “Vamos continuar, com seriedade, discutindo o que é melhor para o Brasil. Não cabe, nessa hora, levantar propostas levianas. Pessoalmente, continuo achando importante ouvir o povo. O que se tira da voz das ruas é a vontade maior de uma democracia participativa, e me parece que os políticos ainda não entenderam isso”, afirmou Felipe.

O comitê foi instituído no dia 24 de junho, no ato público pela reforma política promovido pela Seccional em conjunto com diversas entidades de classe, partidos políticos, centrais sindicais e representantes de organizações sociais e do mo-vimento estudantil. T

STF permite que OAB/RJ atue em ação sobre royalties

O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou o pedido feito pela OAB/RJ de admissão como amicus curiae na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4.917, ajuizada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro contra as novas regras de distribuição dos royalties do petróleo estabelecidas pela Lei 12.734/2012. A decisão da relatora, ministra Cármen Lú-cia, permite à Seccional colaborar com a ação, apresentando argumentos a fim de aprofundar a questão. A sustentação oral no julgamento, ainda sem data marcada, será feita pelo presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.

“Como amicus curiae, a OAB/RJ quer preservar a inconstitucionalidade da lei e o direito adquirido. Uma defesa que, em última análise, tem o amplo objetivo de resguardar a segurança jurídica de nossa legislação. Tratamos essa questão como fundamental para o futuro do estado e

consideramos a defesa da manutenção dos contratos já assinados essencial para o Rio de Janeiro. Vou defender pessoalmente nosso ponto de vista”, afirma Felipe.

Segundo o procurador especial tributário do Conselho Federal e seu conselheiro pela OAB/RJ, Luiz Gustavo Bichara, a Seccional solicitou o ingresso na ação para cumprir sua função institu-cional de preservação da Constituição. “A Lei 12.734/12, que é impugnada nessa Adin, almeja a uma alteração drástica nas regras de distribuição de royalties e participações especiais. A OAB/RJ, dada a sua histórica função de defensora intran-sigente dos direitos fundamentais, tem o dever de reafirmar a absoluta relevância e seriedade da tese contida na petição ini-cial, bem como externar o entendimento da classe quanto à agressão evidente a princípios constitucionais básicos”, res-

salta Bichara, que é um dos signatários do pedido juntamente com Felipe e com o procurador-geral da Seccional, Guilherme Peres.

Em sua petição, a OAB/RJ enfatiza a tese do “pacto federativo” observada na Adin 4.917. “(...) O pagamento de royalties e participações especiais in-sere-se no pacto federativo originário da Constituição de 1988, sendo uma contrapartida ao regime diferenciado do ICMS incidente sobre o petróleo (pago no destino, e não na origem), bem como envolve, por imperativo do artigo 20, parágrafo 1º, uma compensação pelos ônus ambientais e de demanda por serviços públicos gerados pela explo-ração desse recurso natural”. T

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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 25

Exemplo do Rio leva OAB Federal a pedir medida para saldar precatórios

Felipe Santa Cruz e Marcus Vinicius Furtado

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A OAB sugeriu ao governo federal que edite uma medida provisória (MP) para que todos os estados e municípios possam utilizar até 25% do saldo dos depósitos judiciais e extrajudiciais no pagamento de precatórios e requisi-ções de pequeno valor. Esse recurso é utilizado pelo Rio desde a aprovação, pela Assembleia Legislativa, da Lei Complementar 147, em junho. Para o presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, a possibilidade é animadora para a classe. “Ficamos especialmente felizes por saber que advogados que trabalha-ram por anos em causas contra o poder público vão, finalmente, receber seus honorários”, comemorou.

De acordo com o Conselho Federal da Ordem, a edição de uma MP será necessária, já que, em fevereiro, o Su-premo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional o pagamento parcelado de precatórios em até 15 anos. Segundo a solicitação, a medida alteraria as leis 10.819/2003 e 11.429/2006, que já autorizam o uso de parte dos depósitos judiciais referentes a disputas tributárias para o pagamento dos precatórios, mas não permitem a utilização, também, do saldo referente a litígios nos quais não sejam parte.

O presidente do Conselho Federal, Marcus Vinicius Furtado, ressaltou a impor-tância da aceitação do pleito por parte do governo. “Faz-se imprescindível a adoção urgente de fontes alternativas de recursos extraorçamentários para pagamento de precatórios sem onerar a União, merecen-do aplausos a iniciativa do Estado do Rio de Janeiro de permitir a utilização dos depósitos judiciais que já estão sob a responsabilidade, guarda e custódia do próprio poder público”, disse. T

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 26

CÁSSIA BITTAR

Meses de junho e julho de 2013. No momento em que as atenções se voltavam para o Brasil em função da Copa das Confederações, protestos contra o aumento das tarifas dos ôni-bus em vários estados ganhavam força nas ruas, culminando em uma série de manifestações por outras pautas. O grande instrumento de repercussão, e mesmo de alimentação, desse com-plexo movimento reivindicatório foi a internet. Mais especificamente, as redes

Democracia que vem das redesApós mobilizações populares organizadas por meio da internet, propostas que visam a legalizar petições online como projetos de iniciativa popular ganham destaque no Congresso

sociais, que ajudaram a disseminar pleitos e informações, reconfigurando o debate sobre a democracia direta e, em consequência, os abaixo-assinados eletrônicos.

Só no Brasil, duas das principais pla-taformas de petições online do mundo, a Avaaz e a Change, contabilizam, juntas, mais de 4,5 milhões de usuários. Apesar de o alcance ser numericamente expres-sivo, pela legislação atual coletas nesse modelo não têm valor para a proposição de projetos de lei de iniciativa popular – o artigo 61 da Constituição estabelece a necessidade de subscrições, em meio físico, de, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados. Isso represen-ta cerca de 1,3 milhão de assinaturas.

“A internet revolucionou a política”, avalia a coordenadora global de campa-nhas do Avaaz, Caroline D’Essen. “Antes, levava-se semanas para organizar uma manifestação ou conseguir milhões de assinaturas em um abaixo-assinado de papel, e criar ou participar de campa-nhas era visto apenas como um assunto de especialistas, não como algo que qualquer cidadão poderia fazer. Hoje, mais e mais pessoas estão usando a tec-

nologia para achar suas próprias vozes”.Para o sociólogo Sérgio Amadeu da

Silveira, um dos defensores e divulga-dores do software livre e da inclusão di-gital no Brasil, as recentes mobilizações demonstram, também, um desgaste no formato atual de participação da sociedade: “A Constituição de 1988 foi bastante inovadora na época, pois abriu espaço para a participação direta do cidadão na formulação de leis e no debate sobre as políticas públicas. Ocor-re que até hoje o Congresso Nacional não tem em seu regimento interno a

Caroline D’Essen

Sérgio Amadeu da Silveira

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DIA

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Br

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 27

aceitação desse preceito. Mesmo em papel, petições populares tiveram que ser assumidas por um deputado para serem transformadas em projetos. É algo anacrônico, ainda mais diante das possibilidades que a internet nos traz”.

Membro da Comissão de Direito Autoral, Direitos Imateriais e Entre-tenimento da OAB/RJ, Carlos Affonso Pereira de Souza fala no mesmo tom. “Na atual conjuntura, em que o uso político da rede aparece de forma bastante clara, o Congresso se vê provocado a usar os meios que a tecnologia oferece para agilizar o processo legislativo, dar-lhe maior transparência e tornar a participação popular mais efetiva”, observa ele, que é também coordenador-adjunto da escola Direito Rio, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Projeto cria Estatuto da Democracia Participativa

Nessa esteira, projetos que já trami-tavam no Congresso propondo ampliar a participação da sociedade no processo legislativo ganharam força. Um deles é o Projeto de Lei (PL) 6.928/2002, que cria o Estatuto da Democracia Participa-tiva e aguarda votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para seguir à apreciação do plenário.

Autor de proposta apensada ao PL que possibilita a coleta de assinaturas para projetos de iniciativa popular pela internet, o deputado federal Felipe Maia (DEM/RN) afirma que o pleito vai ao encontro das manifestações nas ruas: “Essa mobilização demonstrou que os jovens desejam fazer parte das decisões do Poder Legislativo. E o PL cria um

mecanismo constitucional para isso”.Há também a Proposta de Emenda

à Constituição (PEC) 3/2011, do sena-dor Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), que

Carlos Affonso Pereira de Souza

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 28

facilita a apresentação de projetos de iniciativa popular e foi aprovada, no início de julho, pelo Senado, seguindo para apreciação da Câmara. O texto propõe a diminuição, pela metade, do número de assinaturas necessárias para que tenha início a tramitação de um projeto desse tipo.

De acordo com o relator da PEC, senador Lindbergh Farias (PT/RJ), a pro-posta responde a uma demanda popular por mais interação através de canais de-mocráticos de participação política pela rede. “Estamos dando à população uma oportunidade de influenciar ativamente nas questões políticas. Ao mesmo tem-po, o Congresso atuará em sintonia com os anseios da sociedade. Através da in-ternet, a coleta de assinaturas será mais ágil, dinâmica. É o conceito de ‘cidadania eletrônica’ aprofundando a democracia representativa”, afirma.

O texto possibilita, ainda, que emen-das de iniciativa popular sejam apresen-tadas a projetos de lei já em tramitação e que PECs também sejam propostas por iniciativa popular - hoje, são restritas a projetos de lei. A diferença entre a apre-sentação de um se dará pelo número de assinaturas necessárias: para a PEC, será 1,3 milhão, e para o projeto de lei, cerca de 500 mil.

Em resposta aos questionamentos sobre possíveis fraudes nas assinaturas virtuais, Souza ressalta as dificuldades existentes no processo de proposição

de leis: “No movimento que resultou na Lei da Ficha Limpa, a proposta popular que chegou ao Congresso em formato de petição física teve que ser levada em carrinhos de supermercado, com assinaturas de um número de pessoas tamanho que era impossível conferir a legitimidade de cada uma”.

Para ele, existe ainda uma pré--concepção dominante de que a internet facilita falsificações: “Sabemos que nas formas offline de propositura essas assi-naturas não são conferidas. E a internet oferece, sim, meios seguros para que se tenha uma assinatura individualizada”, salienta, observando que a assinatura digital seria o meio mais seguro, porém oneroso: “A certificação digital deve ser vista com algum cuidado, porque meta-de da população brasileira está inserida na internet e um percentual ainda menor possui uma assinatura digital”;

Lindbergh pondera que existem variados mecanismos para se evitar a fraude na internet. “Isso pode ser discu-tido pelo Congresso e pelos órgãos que decidirem implantar esta mesma propos-ta na regulamentação da medida”, frisa.

Inclusão digital é desafioO presidente da OAB/RJ, Felipe

Santa Cruz, alerta que é preciso ter cautela para que a participação direta através da rede não se transforme em uma “ditadura de quem está online”. “É importante lembrar que grande parcela

da população não acessa a internet”, diz ele.

“Sem dúvida, deve haver uma política maior de inclu-são digital. Quanto mais se dá acesso aos segmentos mais cauterizados da popu-lação, mais se permite que participem da abertura, de fato”, alerta, por sua vez, Sér-gio Amadeu, destacando que a internet no Brasil é uma das mais caras do mundo. “É necessário incentivo a mais locais públicos de acesso à rede e a facilitação na com-pra de equipamentos”.

Segundo Souza, tão im-portante quanto debater a nova forma de propositura

de leis é pensar no seu acompanha-mento pela sociedade.“Estamos muito focados em questões ligadas à propo-situra, mas é importante percebermos que a tecnologia também permite que a população possa acompanhar a trami-tação dessas leis no Congresso”, afirma ele, citando como exemplo o portal E--Democracia, da Câmara dos Deputados.

O Marco Civil da Internet, projeto que também corre no Congresso e que foi apresentado em anteprojeto de lei que contou com ampla participação social na própria rede, também é ci-tado pelo especialista: “Sua redação foi construída quase que totalmente de forma colaborativa e, quando a lei chegou ao Congresso, vimos as difi-culdades para fazer com que aquelas contribuições fossem preservadas. É preciso que haja um mecanismo de marcas de revisão, para que os de-putados esclareçam à sociedade as modificações nas propostas”.

Lindbergh esclarece que o Projeto de Resolução do Senado 44/2013, apre-sentado por ele, prevê essa consulta pública colaborativa. “Um projeto de lei em tramitação no Senado poderá ficar aberto por até 60 dias para comentários e sugestões, via internet; e o relator deverá apresentar relatório dialogando com essas propostas e justificando sua eventual incorporação ou rejeição”.

Independentemente do resultado das novas propostas, o fato é que a moção política dentro e fora das redes ganhou novo capítulo. “Sempre que se facilita a participação popular na política, a democracia fica mais forte”, resume Caroline D’Essen. T

Felipe Maia

Lindbergh Farias

ZECA

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PUTA

DOS

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 29

A Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª região (TRT) julgou procedente o pedido de providências em que a Comissão de Defesa, Assistên-cia e Prerrogativas (Cdap) da Seccional relatou caso ocorrido em 2010, quando o então juiz titular da 78ª Vara do Traba-lho, Roberto Norris, impediu acesso de um advogado aos autos de um processo por não ter procuração para tal.

No processo, o então delegado da Cdap Ricardo Carneiro Ribeiro Pinto, que atendeu o advogado na ocasião, relatou que o juiz afirmara na secretaria da vara, perante os demais servidores, que na Justiça do Trabalho não se apli-caria o Estatuto da OAB (Lei 8.906/94), mas sim a CLT.

“O advogado pretendia tirar cópias do contrato social de uma empresa, sem procuração, o que não lhe foi permitido, por determinação do juiz titular. A solu-

Seccional age e Corregedoria do TRT rejeita a defesa de juiz que impediu acesso a autos

ção proposta pelo magistrado foi que o colega recolhesse emolumentos e, posteriormente, peticionasse um pleito de vista de autos fora do cartório”, repor-tou Ricardo Pinto, na época, à comissão.

A Cdap, em sua representação, afirmou que, com a atitude, “o juiz apresentou conduta incompatível com a sua condição de magistrado, pois não fez cumprir, com independência, sereni-dade e exatidão, o preceito do Estatuto da Advocacia e da OAB”.

Na defesa à corregedoria, além de reiterar a proibição de retirada dos autos do cartório por advogados sem procuração, Norris negou que tivesse desprezado a aplicação do estatuto na Justiça do Trabalho, mas afirmou que a lei correspondia “a um regramento geral na atividade da advocacia, enquanto que o artigo 778 da CLT caracteriza uma determinação aplicá-

vel apenas a situações envolvendo o processo do trabalho”.

Porém, na decisão da Corregedoria do TRT, a desembargadora Ana Maria Soares de Moraes declarou que o pro-cedimento adotado pelo antigo juiz da 78ª Vara do Trabalho caracterizaria “subversão à boa ordem processual”, pois a legislação permite aos advogados “copiar reprograficamente os autos de processos que desejarem, sem neces-sidade de instrumento de mandato ou cobrança de emolumentos”.

“Felizmente pudemos contar com a atuação da corregedoria do tribunal, que demonstrou respeito pela advocacia e suas prerrogativas. Esperamos que fatos semelhantes não se repitam em outras varas do Trabalho e atuaremos prontamente caso isso venha a ocorrer”, observou a presidente da Cdap, Fernan-da Tórtima. T

Fernanda Tórtima, presidente da Cdap

PRERROGATIVAS

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 30

A prerrogativa mais vio-

lada na Justiça Federal é

a que pressupõe que não

deve haver hierarquia en-

tre magistrados e advoga-

dos. Isso muito raramente

é respeitado pelos juízes,

tanto na Justiça Federal

quanto na Estadual. Eles

não recebem os ad-

vogados, o escrivão barra

nosso acesso ao gabinete

e, quando conseguimos

acessar, os próprios

secretários do magistrado

impedem que falemos

com ele. Além de violar

o Estatuto da Advocacia,

isso contribui para o

atraso no andamento do

processo.

Bernardo de Siqueira

Campos, advogado,

31 anos

Apesar de os processos

serem públicos, aqui eles

não permitem o acesso

aos autos se seu nome

não estiver neles. Isso

já é um problema recor-

rente. Ando, inclusive,

com o substabelecimento

porque já sei que se meu

nome não estiver nos au-

tos não terei acesso para

tirar fotocópias a não ser

que eu o junte na hora.

Tulasi Nascimento,

estagiária, 27 anos

Não percebo nenhum

desrespeito a nós,

advogados, pelos juízes

e serventuários, que

são solícitos, mas um

problema que fere a

celeridade processual

e prejudica a advocacia

é a procrastinação que

vemos aqui na Justiça

Federal por conta da

grande quantidade de

recursos. Os processos se

arrastam por muitos anos,

os despachos às vezes

demoram meses para sair.

Mirian da Rocha,

advogada, 50 anos

O não cumprimento da

celeridade nos processos

e a dificuldade para

falar com juízes. Eu,

que sou estagiário,

percebo que há uma

diferença de tratamento:

quando vamos pegar um

processo sem estar com a

procuração ou até mesmo

quando estamos com

substabelecimento pra

juntar, eles burocratizam

e dificultam muito o

trabalho.

Thiago Vinícius Monteiro,

estagiário, 27 anos

TRIBUNA LIVRE

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 31

Fechando a série sobre a violação das prerrogativas profissionais nos principais fóruns do Rio de Janeiro, a reportagem da TRIBUNA DO ADVOGADO esteve no início de julho no prédio da Justiça Federal, na Avenida Rio Branco, para perguntar aos advogados e estagiários que lá militam: Qual a prerrogativa mais desrespeitada na Justiça Federal?

A prerrogativa mais

violada é o tempo

que temos que

ficar aguardando o

atendimento. Isso

atrapalha bastante

nosso serviço e nossa

produtividade. As catracas

eletrônicas aqui do Fórum

são outro problema:

atrapalham muito, porque

perdemos muito tempo

com a checagem dos

nossos pertences. No

Tribunal de Justiça, por

exemplo, não há isso.

Rudson Anastácio,

advogado, 26 anos

Nosso maior problema é

a demora na juntada das

petições nas decisões,

que quebra o ideal da

celeridade processual.

É o maior desrespeito

que encontramos no

âmbito do andamento

do processo, e prejudica

tanto o trabalho do

advogado, quanto os

interesses das partes.

Ricardo Bento Braga,

advogado, 56 anos

É a demora para a

digitalização das petições,

que atrasa muito o

processo. Trazemos as

petições físicas e elas

levam muito tempo para

aparecer para visualização

no site. Isso atrasa todo o

andamento e dificulta o

trabalho dos advogados,

contribuindo para o

problema da morosidade

processual.

Beatriz Alves da Silva,

estagiária, 26 anos

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 32

PEC que permite a associações religiosas propor Adin provoca debate sobre laicidade do Estado

VITOR FRAGA

A Proposta de Emenda Constitu-

cional (PEC) 99/2011, cujo objetivo é

“permitir a associações religiosas em

âmbito nacional a proposição de ação

de inconstitucionalidade e ação decla-

ratória de constitucionalidade de leis ou

atos normativos” ao Supremo Tribunal

Federal (STF), tem gerado polêmica des-

de que foi apresentada ao Legislativo.

Há quem defenda que se trata de

uma ampliação democrática do artigo

103 da Constituição Federal. De outro

lado, parlamentares e juristas criticam o

que consideram interferência religiosa

no Estado laico.

Secretário-geral da OAB Nacional e

conselheiro federal pelo Rio de Janeiro,

o constitucionalista Cláudio Pereira de

Souza Neto é favorável à proposta. “As re-

presentações religiosas têm o direito de

levar ao STF pedido de impugnação de

leis que considerem

inconstitucionais.

Não há problema se

a impugnação acon-

tecer por motivos re-

ligiosos. O julgamen-

to é que não pode ter

critérios religiosos, e

sim critérios impar-

ciais, laicos e repu-

blicanos” afirma.

Na opinião de

Cláudio, a motiva-

ção religiosa na proposição

de ações é legítima. “A repro-

dução humana, o aborto, são

todas questões controversas

que perpassam credos reli-

giosos e as associações devem ter a

possibilidade de questioná-las. Achar

que a apresentação da impugnação de

uma lei por parte de uma representa-

ção religiosa significa interferência no

Estado laico é desconhecimento. As

religiões fazem parte da sociedade. Os

argumentos para mudanças na legisla-

ção só serão atendidos se traduzirem-

-se em um argumento amplo”, reitera.

Já para o professor de Direito Consti-

tucional da Uerj e procurador regional da

República Daniel Sar-

mento, a proposição

é inconstitucional. “A

PEC cria discriminação

entre entidades

religiosas e não re-

ligiosas, de modo

a favorecer as pri-

meiras, o que não

se compatibiliza

com o princípio da

laicidade estatal,

que preconiza a

neutralidade do

Estado em matéria

de religião”, critica

Sarmento.

“Achar que a apresentação da impugnação de uma lei por parte de uma representação religiosa significa interferência no Estado laico é desconhecimento”.Cláudio Pereira

“O Estado laico não veda a crença. Ao contrário, é garantidor da pluralidade de crenças e cultos e até de quem se diz ateu. Portanto, a laicidade é um dos elementos do Estado democrático”.João Campos

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 33

O deputado federal Jean Wyllys

(PSOL/RJ) reforça a tese de que a PEC

é contrária ao Estado laico. “Quem tem

o direito constitucional de questionar

decisões são instituições com repre-

sentação democrática, que de fato

representem uma parcela da população,

o que não é o caso de uma igreja, que,

apesar de ter seus fiéis, não os repre-

senta politicamente. Em um Estado

laico, o dogma religioso não é parâme-

tro para ditar a vida de todos. O que

esta PEC propõe é um retrocesso neste

ponto”, pondera o deputado. Segundo

ele, é preciso questionar o interesse

da proposta. “A resposta é óbvia: barrar

ou tentar protelar qualquer decisão

afirmativa de direitos a grupos histori-

camente difamados, como os adeptos

das religiões de matriz africana e os

LGBTs, assim como o avanço da luta das

mulheres pelo direito ao seu próprio

corpo”, destaca Wyllys.

O autor da proposta, deputado

federal João Campos (PSDB/GO), diz

que as críticas demonstram desconhe-

cimento sobre a proposta e quanto ao

que seja Estado laico. “Ampliar a relação

de quem pode postular no STF para que

exerça o controle concentrado de cons-

titucionalidades, obedecendo ao regra-

mento já estabelecido, é um avanço e

caminha na

c o n s o l i -

dação do

Estado de

Direito no

regime de-

mocrático.

O Estado

laico não

v e d a a

crença. Ao

contrário, é

garantidor

da plurali-

dade de crenças e cultos e até de quem

se diz ateu. Portanto, a laicidade é um

dos elementos do Estado democráti-

co. No caso concreto, onde é que se

configura a intervenção religiosa no

Estado?”, questiona.

Outra questão levantada por Daniel

Sarmento é que, da forma como foi

apresentada, a proposta favoreceria en-

tidades religiosas cujas características

facilitam a organização em âmbito na-

cional, tais como “entidades cristãs”, ao

contrário “das que representam religi-

ões de matriz afro-

-brasileira”. Jean

Wyllys corrobora:

“Quantas religiões

têm, de fato, repre-

sentação nacional?

A proposta exclui

de imediato as re-

ligiões africanas,

que hoje são, inclu-

sive, impedidas em

suas atividades por

grupos fundamen-

talistas. E as religiões

indígenas, há séculos

desconstruídas pe-

las mesmas religiões

com representação

nacional, e que hoje

são vítimas da omis-

são do Estado em

proteger seu patri-

mônio?”.

Entre as associações religiosas que

seriam beneficiadas pela PEC estão a

Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil, a Convenção Geral das Assem-

bléias de Deus no Brasil e a Convenção

Batista Nacional. Aprovada na Comis-

são de Constituição e Justiça e de

Cidadania (CCJC) no dia 27 de março

deste ano, a PEC tramita em Comissão

Especial e, após análise, seguirá para

votação em dois turnos no plenário

da Câmara. T

“Quantas religiões têm, de fato, representação nacional? A proposta exclui de imediato as religiões africanas, que hoje são, inclusive, impedidas em suas atividades por grupos fundamentalistas”.Jean Wyllys

“A PEC cria discriminação entre entidades religiosas e não religiosas, de modo a favorecer as primeiras, o que não se compatibiliza com o princípio da laicidade estatal”.Daniel Sarmento

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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 34

Cursos terão aulas inaugu rais gratuitas em comemoração ao Mês do Advogado

Cursos

Dir

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Trab

alho

Em comemoração ao Mês do Advogado, grande parte dos cursos da Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB/RJ em agosto terá aulas inaugurais gra-tuitas. Na programação, temas como direitos autorais, Direito

do Trabalho, indústria do petróleo e lei de drogas.

As aulas serão abertas ao público e realizadas no horário das 18h30. A maioria delas, sete entre dez, contará com palestras de convidados ilustres nas áreas

O curso Atualida-des do Direito do Trabalho terá aula inaugural gratuita ministrada pelo conselheiro federal Wadih Damous no dia 12. Coordenado pelo presidente da Comissão de Justiça do Trabalho, Marcus Vinicius Cordeiro, será realizado às segundas e quartas--feiras, das 18h30 às 20h30, até 23 de setembro. O investi-mento é de R$ 200 para advogados e R$ 150 para estagiários.

As aulas do curso avançado Processo eletrônico e certifica-ção digital, ministra-do pela diretora de Inclusão Digital da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto, serão nos dias 19, 21, 26, 28 e 30 de agosto, das 18h30 às 21h30. O custo é de R$ 100 para advogados e de R$ 80 para estagiários. Sem aula inaugural gratuita.

Proc

esso

ele

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ico

As noções básicas do estudo dos direitos autorais serão apre-sentadas pelo presi-dente da comissão da OAB/RJ que trata do tema, Helder Galvão, na aula inaugural gratuita do curso Direitos autorais, do entretenimento e da propriedade indus-trial, dia 19. Para se inscrever nas outras aulas, que irão até 23 de setembro, às segundas e quartas--feiras, de 18h30 às 20h30, o advogado pagará R$ 600 e o estagiário, R$ 500. Os valores podem ser parcelados em duas vezes.

Dir

eito

Aut

oral

A aula inaugural gra-tuita da extensão em Direito do petróleo e do gás natural será no dia 20 de agosto. O curso vai até o dia 22 de outubro, às terças e quintas, das 18h30 às 21h. A coordenação é do professor Gustavo Mano e o valor é de R$ 800 para advoga-dos e de R$ 700 para estagiários, podendo ser parcelado em duas vezes.

Dir

eito

do

petr

óleo

De 20 de outubro a 14 de novembro, às terças e quintas, das 18h30 às 20h30, o curso Tributos em espécie terá coorde-nação do presidente e do vice-presidente da Comissão de As-suntos Tributários da Seccional, Maurício Faro e Gilberto Fra-ga, respectivamen-te. O investimento é de R$ 600 para advogados e de R$ 500 para estagiários, valores que podem ser divididos em duas vezes. Sem aula inaugural gratuita.

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butá

rio

Flávio Ahmed

ESA

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Cursos terão aulas inaugu rais gratuitas em comemoração ao Mês do Advogado

relacionadas aos temas dos cursos. Segundo o coordenador-geral da

ESA, Flávio Ahmed, as aulas seguirão o modelo inaugural já adotado nas edi-ções sobre Direito Ambiental. “É uma fórmula que funciona, pois introduz o conteúdo que será ministrado ao lon-

Dir

eito

Mar

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o

Coordenada pelo professor Wellington Beckman, a segun-da edição do curso Direito Marítimo terá duração de 20 de agosto a 26 de novembro, com aulas às terças-feiras, das 18h30 às 21h30. O custo é de R$ 600 para advogados e de R$ 500 para estagiá-rios, podendo parcelar em duas vezes. Sem aula inaugural gratuita.

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rio

O curso Direito Imobi-liário será aberto com aula gratuita sobre os aspectos atuais da propriedade, ministra-da por Ricardo Pereira Lira e Geraldo Beire Simões no dia 22 de agosto. As outras aulas irão até o dia 14 de novembro, às quintas--feiras, das 18h30 às 20h30 e terão custo de R$ 500 para advogados e de R$ 400 para estagiários, valores que podem ser divididos em duas parcelas.

Arb

itra

gem

Temas polêmicos de arbitragem pautarão a aula inaugural gratuita do curso coordenado pelo presidente da comissão da OAB/RJ que trata do tema, Joaquim Muniz, e pela professora Ka-therine Spyrides, de 22 de agosto a 12 de novembro, às terças e quintas-feiras, das 18h30 às 21h30. A primeira aula terá participação de Pedro Martins, José Emílio Nunes Pinto e Marcelo Ferro. O investimento para completar o curso é de R$ 800 para advogados e R$ 700 para estagiários, valores que podem ser divididos em duas vezes.

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A atual Lei de Drogas será abordada em curso de 26 de agosto a 23 de setembro, às segundas e quartas--feiras, das 18h30 às 20h30, coordenado por Renato Tonini. A aula inaugural gra-tuita será ministrada por Rogério Rocco. O investimento é de R$ 200 para advo-gados e R$ 180 para estagiários.

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eito

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tal

A XI edição do curso Direito Ambiental acontecerá de 29 de agosto a 13 de no-vembro, às segundas e quartas-feiras, das 18h30 às 21h. A aula inaugural, sobre por-tos e meio ambiente, será gratuita e mi-nistrada por Gilberto Passos de Freitas. O curso é coordenado pelo presidente da Comissão de Direito Ambiental e diretor--geral da ESA, Flávio Ahmed, e pelos professores Ronaldo Coutinho e Rogério Borba. Os valores de R$ 700 para advo-gados e R$ 600 para estagiários podem ser parcelados em duas vezes.

go do período e desperta o interesse de novos alunos sobre o tema. Isso dá chance de mais pessoas decidirem fazer o curso após a aula inaugural e, mesmo se a turma já estiver lotada, se inscreverem em uma próxima edição”, observa ele.

As inscrições devem ser reali-zadas pelo site da Seccional (www.oabrj.org.br). Mais informações pelo telefone (21) 22727-2097 ou pelo email [email protected]. A ESA funciona no prédio da OAB/RJ, na Av. Marechal Câmara, 150 – 2º andar – Centro.

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Diálogo com Judiciário e auxílio na formação trabalhista marcam atuação de comissão

Com uma já consolidada tradição em representar o advogado trabalhista em seus principais pleitos, como a questão dos honorários de sucumbên-cia, a Comissão de Justiça do Trabalho da OAB/RJ, comandada pelo também

secretário-geral da Seccional, Marcus Vinicius Cordeiro, reafirma seu com-promisso de diálogo com a classe e com o Poder Judiciário.

“Somos um gru-po ligado ao dia a dia do processo tra-balhista e buscamos ampliar o campo de debate até mesmo para questões que não concernem só a essa matéria, como a modernização da

advocacia”, diz Marcus Vinicius.Segundo ele, juntamente com

outras entidades, como a Associação Carioca dos Advogados Trabalhistas (Acat) e o Sindicato dos Advogados, a

comissão atua na intervenção em ques-tões nas quais os colegas precisam de uma entidade representativa. “Uma delas é o processo judicial eletrônico que, por conta de seus problemas operacionais, vem pautando inúmeras reuniões nossas com o Tribunal Re-gional do Trabalho e o comitê gestor regional do sistema desde o começo do ano”, afirma.

Na outra linha de frente da co-missão – o auxílio na formação e na capacitação do advogado –, o presi-dente destaca os eventos marcados para o semestre: “Faremos em agosto, em parceria com a Escola Superior de Advocacia (ESA), um curso para atualizar os colegas da área. Também está programado para este mês um debate sobre a PEC das Domésticas e, mais adiante, um grande encontro para discutir os 70 anos da CLT”. T

Marcus Vinicius: “Somos um grupo ligado ao dia a dia do processo trabalhista”

COMISSÕES

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PANORAMA

Papa inaugura pólo de assistência a dependentes onde Seccional prestará orientação jurídica

Em sua visita ao Rio de Janeiro, o papa Francisco inaugurou, também no dia 24 de julho, o Pólo de Atenção Integral à Saúde Mental, na Tijuca, onde a OAB/RJ prestará orientação jurídica a jovens dependendes químicos – de acordo com convênio firmado com a Arquidiocese do Rio de Janeiro. O vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer, o conselheiro federal Luiz Gustavo Bichara, o assessor de relações institucionais Victor Travancas e o advogado Leonardo Murta Ribeiro representaram a Seccional no evento.

Retirada de patrocínios pauta seminário da OAB/RJ sobre previdência complementar

Encontro reúne jovens advogados durante Jornada Mundial da Juventude

A Seccional sediou, dia 24 de julho, o I Encontro Internacional de Jovens Ad-vogados e Estudantes de Direito no Rio de Janeiro, cujo tema central foi a Glo-balização da solidariedade e da justiça social. O evento contou com cerca de cem participantes de diversos países e fez parte de um con-junto de atividades paralelas à Jornada Mundial da Juven-

tude. Em reunião com o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, dia 16, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, foi informado de que, em apoio à jornada, o prédio seria cedido para abrigar as representações consulares e da Organização das Nações Unidas (ONU).

A palestra de abertura do encontro de jovens advogados foi realizada pelo vice--presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer, que fez um breve resumo do papel institucional e do funcionamento da entidade. O presidente da Comissão de Direito Ambiental, Flávio Ahmed, falou sobre tratados internacionais sobre meio ambiente, como os protocolos de Kyoto e Nagóia. Em seguida, o presidente do Sesi, Jair Meneguelli, apresentou os projetos da entidade para assistência a jovens vítimas de exploração sexual, como o Viravida, que também busca auxiliar a formação e a inserção no mercado de trabalho.

As novas regras de retirada de patrocínio no regime de previdência comple-mentar fechada, atualizadas pela resolução do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) nº 11-2013, foram debatidas em seminário que reuniu especialistas da área no auditório da Caarj no dia 18 de julho.

Na ocasião, a presidente da Comissão de Previdência Complementar da OAB/RJ, Gema Martins, o membro do CNPC José Ricardo Sasseron e os advogados Roberto Eiras Messina e Antônio Fernando Gazzoni falaram sobre as melhorias trazidas pela resolução, como as inovações em relação a prazos e os conceitos de direito calculado e adquirido.

“Essa resolução dá mais responsabilidade às regras para retirada de patrocínio e no, geral, vem tendo boa aceitação. Mas ainda não é uma regulamentação per-feita e no futuro deverá ser ajustada para que alguns conceitos sejam alinhados”, disse Gema.

Gema Martins

Caarj lança novo site com mais destaque a projetos e benefícios

Mais dinâmico e moderno, o novo site da Caarj - www.caarj.org.br - foi oficialmente lançado para o público no início de agosto, completamente refor-mulado. As notícias sobre os projetos de saúde e bem-estar ganharam mais desta-que, além da área cultural. As categorias estão divididas por cores. “Nosso desafio é melhorar o acesso aos produtos e ser-viços da entidade, pois muitos colegas ainda não conhecem todos os benefícios que podemos oferecer. Além disso, nessa nova fase, o advogado e sua família são protagonistas no nosso noticiário. Vamos mostrar quem são as mulheres e homens para além do escritório, o que fazem para ter uma vida feliz e saudável”, explica o presidente da Caixa, Marcello Oliveira.

Felipe Santa Cruz e dom Orani

MarcelloOliveira

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JEC finalmente deixa d e funcionar sob piscina

O antigo JEC, ainda na Gama Filho. No detalhe, Humberto Cairo em entrevista para a TRIBUNA

SUBSEÇÕES

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JEC finalmente deixa d e funcionar sob piscinaServentia foi transferida de universidade parao fórum; advogados elogiam a mudança

Parabenizo o presidente da OAB/Méier e os advogados engendrados nesta luta desde 2010. Com o JEC dentro do Fórum, passamos a ter uma prestação jurisdicional de excelência.Odail Ramos, advogado, 50 anos

Depo

imen

tos

O ambiente na Gama Filho era desumano para partes e profis-sionais. Além da falta de espaço, havia o risco imi-nente por estarmos embaixo da piscina. Aqui no Fórum há estrutura. Espero que a prestação ju-risdicional também melhore.Ed Wilson Lino, advogado, 43 anos

No Fórum, temos mais acessibilidade e infraestrutura para dar continuidade ao nosso trabalho de maneira célere e para que possamos oferecer melhores serviços aos nossos clientes. Fábio Rodrigues Maciel, advogado, 36 anos

Foi uma ótima providência. Além de termos que nos deslocar, na univer-sidade contávamos com uma péssima estrutura, filas que misturavam partes e advogados. No Fórum, as coisas tendem a melhorar.Fabrício Proença dos Santos, advogado, 38 anos

A transferência foi providencial, apesar de ter demorado. As condições no juizado eram precárias. Havia somente uma porta de entrada e o acesso para pessoas com deficiência era difícil. Não existia saneamento. A estrutura do Fórum é mais adequada.Kathleen de Souza Gomes, advogada, 31 anos

RENATA LOBACK

Depois de muitos pedidos feitos pela OAB/Méier e pela Seccional, o Tribunal de Justiça (TJ) divulgou, no dia 2 de julho, uma boa notícia para os advogados militantes no XII Juizado Especial Cível (JEC): a transferência da serventia, instalada sob uma pisci-na na Universidade Gama Filho, para o Fórum, conforme o Ato Executivo 3496/2013, publicado no Diário da Justiça Eletrônico. “Após muita luta, conseguimos ser atendidos pela pre-sidente do TJ, desembargadora Leila Mariano. Temos muito a comemorar com esta transferência”, disse o presi-

dente da OAB/Méier, Humberto Cairo.Uma semana depois, a equipe de

reportagem da TRIBUNA DO ADVOGA-DO visitou o juizado, já funcionando no novo endereço, para ouvir a opinião dos colegas, que elogiaram a mudança (veja os depoimentos abaixo). Na oca-sião, o vice-presidente da subseção, Jorge Gomes Rodrigues, lembrou os esforços pela transferência. “Foram quase quatro anos. Até mesmo os ser-ventuários tinham medo de trabalhar sob a piscina. Agora, com instalações boas, a tranquilidade reinou sobre este juizado”, afirmou.

Para Humberto Cairo, as dependên-cias da serventia eram impróprias para o exercício do processo legal. “A trans-ferência satisfaz uma necessidade não só dos advogados, mas de magistrados, servidores e partes”, observou.

Em abril deste ano, as dificuldades de trabalho no XII JEC foram tema de matéria da TRIBUNA. Na época, o presi-dente da subseção reclamou da falta de

providências do TJ. Segundo ele, mesmo após ofício encaminhado em dezembro à OAB/RJ pelo então presidente do tri-bunal, desembargador Manoel Alberto Rebêlo, nada havia sido feito para que a transferência acontecesse. “No ofício, Rebêlo afirmava já ter solicitado o orça-mento da transferência à Diretoria-Geral de Engenharia do TJ, mas não recebemos nenhuma outra informação concreta. Desde 2011, a mudança para o Fórum estava aprovada pela engenharia do TJ. Fico muito satisfeito com a postura da desembargadora Leila Mariano, que teve o bom senso de resolver esta questão com presteza”, ressaltou.

O XII JEC atende aos bairros de Água Santa, Abolição, Del Castilho, Encantado, Engenho da Rainha, Higienópolis, Inhaú-ma, Jacaré, Maria da Graça, Piedade, Pila-res, Quintino Bocaiúva e Thomaz Coelho. De acordo com dados do TJ, a serventia conta com um acervo de cerca de cinco mil processos e recebe uma média de

685 novas ações por mês. T

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Para conter os arquivamentos an-tecipados de processos no XVII Juizado Especial Cível, a OAB/Bangu protocolizou cinco representações na Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça contra a juíza titular da serventia, Mabel Castrioto. A questão foi pauta de reunião entre os presidentes da subseção, Ronaldo Bar-ros, e da Comissão de Juizados Especiais, Rafael Correia, com o procurador-geral da OAB/RJ, Guilherme Peres, no dia 9 de julho. De acordo com Guilherme, a Seccional também enviou ofício à cor-regedoria e, caso nada seja feito, cogita ingressar com representação no Conse-lho Nacional de Justiça (CNJ). “Vamos continuar acompanhando e, se for o caso, recorrer ao CNJ”, declarou Guilherme.

Desde o ano passado, a OAB/Bangu procura solucionar o problema. De acordo com Barros, já foram reali-zadas, ao todo, cinco reuniões entre a juíza e a diretoria da Ordem. Além disso, em julho de 2012, a magistrada enviou ofício à subseção comentando alguns dos problemas. No entanto, segundo o presidente da subseção, as promessas não foram cumpridas. “Após nossos encontros, a situação se normalizava. Mas, passado algum tempo, os mesmos problemas vol-tavam a ser pauta das reclamações dos advogados. Para mim, a juíza quer gerar estatísticas ao aumentar

OAB/Bangu ingressa com representação contra juíza do XVII JEC

rapidamente o número de processos concluídos na serventia”, analisa.

A demora no atendimento do balcão, o baixo número de serventuários e o atendimento da funcionária responsável pelo expediente foram outros pontos abordados nas representações encami-nhadas pela subseção ao TJ. “Cabe ao escrivão organizar o arquivo, de modo a permitir a localização imediata dos processos. Não é o que acontece. Temos muitas queixas sobre o atendimento da funcionária responsável, principalmente no que diz respeito à localização de ações. Esta responsabilidade também recai sobre a juíza, já que, de acordo com o art. 138 da Consolidação Norma-tiva da Corregedoria de Justiça, cabe ao magistrado apurar faltas e aplicar penas disciplinares”, diz Barros.

Para o presidente da Comissão de Juizados Especiais, a simples leitura do texto da Consolidação Normativa é capaz de esclarecer os sucessivos equívocos cometidos na serventia. “Temos registro de processos arquivados com cinco pe-tições pendentes para serem juntadas e outro com autos em expedição de carta precatória para São Paulo, ou seja, sem conclusão. Estes arquivamentos geram um atraso injustificado”, reclama Correia.

Ele lembra, ainda, que pelo Provi-mento CGJ 4/2013, publicado em janei-ro pelo TJ, o escrivão ou o responsável pelo expediente, antes de encaminhar o processo à central ou ao núcleo de arquivamento, deve intimar as partes pelo Diário da Justiça Eletrônico e se certificar do trânsito em julgado e da regularidade do processo, observando o cumprimento dos últimos despachos e da juntada de todas as petições aos autos.

Enquanto a situação do XVII JEC não se normaliza, a orientação da OAB/Ban-gu é a de que os advogados continuem formulando reclamações por escrito. O modelo de petição está disponível na Sala do Fórum e também pode ser solicitado através do email [email protected]. T

Ronaldo Barros e Rafael Correia

SUBSEÇÕES

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Prefeito apresenta à subseção projeto de revitalização do Centro

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, visitou a 16ª Subseção no dia 5 de julho para apresentar ao presidente Antonio José Barbosa da Silva e aos advogados o projeto de revitalização do Centro da cidade. Acompanhado do vice-prefeito, Axel Grael, e da secretária municipal de Urbanismo e Mobilidade Urbana, Verena Andreatta, Rodrigo mostrou os detalhes da chamada Operação Urbana Consorciada (OUC), cujo objetivo é modificar o cenário de Niterói, que, segundo ele “há anos passa por um esvaziamento das áreas centrais”, onde se encontram a sede da OAB/Niterói e outros prédios do Judiciário. “Na década de 1990, Icaraí tinha 60 mil moradores e o Centro, 25 mil. Hoje, Icaraí tem 80 mil e o Centro, 15 mil. Se nada for feito, o esvaziamento vai ser cada vez mais maior”, alertou Neves.

De acordo com Antonio José, é a primeira vez que um prefeito procura a Ordem para discutir projetos que serão im-plantados na cidade. “Achamos válida a iniciativa da Prefeitura. Isso mostra que o Poder Executivo vê a OAB como uma entidade fundamental para a sociedade”, afirmou o presidente.

Rodrigo Neves disse considerar importante estabelecer esse compromisso com a Subseção de Niterói, “responsável por tantos movimentos de apoio à cidade”. “Exemplo disso é a excelente iniciativa do presidente para transformar a Avenida Amaral Peixoto em uma espécie de corredor judi-ciário, com a construção do novo fórum da Justiça Federal próximo aos prédios dos fóruns Estadual e do Trabalho, já existentes”, ressaltou.

Com abrangência de 3,8 milhões de m2, o projeto da pre-feitura prevê a restauração de 190 mil m2 de calçadas; a urba-nização de cinco quilômetros de orla, com a construção de 20 quilômetros de ciclovia; a reforma e a criação de 100 mil m2 de praças; a construção do primeiro terminal intermodal (utilizado por ônibus, veículos sobre trilhos, barcas e bicicletas) da América do Sul; a recuperação do casario histórico; e a urbanização das favelas do Estado, do Arroz, do Sabão e Lara Vilela, além da melhoria das condições habitacionais para a população que já reside na região e da atração de novos moradores.

“Buscamos inspiração em modelos adotados em outras

NITERÓI

cidades do mundo, como Buenos Aires, na Argentina, Barcelona, na Espanha, e Baltimore, nos Estados Unidos. Mais do que um projeto que já se mostrou eficiente nesses lugares, a ideia é completamente executável”, avaliou o prefeito.

Para viabilizar a revitalização sem onerar os cofres muni-cipais, a OUC propõe um modelo de parceria público-privada. Deste modo, a concessionária que ganhar a licitação para o projeto fará as intervenções e será responsável, também, pela manutenção da infraestrutura e pelos serviços no local por um período de 20 anos. T

Foi inaugurada no dia 5 de julho a 8ª Vara do Trabalho de Niterói, que já começou a fun-cionar utilizando o Processo Judicial Eletrônico (PJe-JT). Para ajudar os colegas a se adaptarem ao sistema de informática, o diretor do Fórum

do Trabalho, juiz Jorge Ramos, anunciou a ins-talação de um ponto de apoio. O presidente da OAB/Niterói, Antonio José Barbosa da Silva, esteve presente ao evento. Ele lembrou que, na subseção, os advogados também encontram

auxílio para trabalhar com o processo eletrô-nico. Desde maio, funciona na sede da Ordem o Núcleo Digital, espaço que reúne a central de peticionamento, a certificação digital e uma sala para aulas práticas sobre o tema.

8ª Vara do Trabalho é inaugurada

Antonio José e o prefeito Rodrigo Neves

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Na última semana de junho, advo-gados de Rio Bonito responderam a um questionário elaborado pela subseção sobre a violação de prerrogativas e outros problemas enfrentados no exercício pro-fissional. A partir das respostas, a subse-ção vai produzir um relatório apontando as principais reclamações. A pesquisa, formulada pelas as comissões de Defesa, Assistência e Prerrogativas (Cdap), de Direito Criminal e de Advocacia Criminal e realizada no Fórum da cidade, é parte da campanha Prerrogativa sim, privilégio não, lançada em 2011 pela 35ª Subseção.

De acordo com o presidente da OAB/Rio Bonito, César Gomes de Sá, o próxi-

Desde o dia 12 de julho, moradores e advogados de Queimados contam com uma Vara Única do Trabalho. A serventia, localizada na Rua Elói Teixeira, 50, é fruto da Lei 12.656/2012, que criou duas novas varas para Nova Iguaçu, onde inicialmente Queimados estava

RIO BONITOOAB vai listar reclamações de advogadosObjetivo da subseção é criar relatório de violações de prerrogativas e outros problemas enfrentados pelos colegas no exercício profissional

mo passo será a distribuição, em órgãos públicos, de cartazes e cartilhas infor-mando os direitos dos advogados, além da criação de comitivas que percorrerão delegacias, instituições públicas e de ensino. “Queremos acabar com o argu-mento de quem diz que desrespeitou as prerrogativas por falta de conhecimento”, afirma César.

Outra iniciativa da subseção que tem relação com o tema é a realização, prevista para o segundo semestre, do I Seminário de Capacitação sobre Prerro-gativas. A proposta, de autoria de César, foi aprovada no último Colégio de Presi-dentes, realizado em maio, em Itaipava. “A intenção é manter um trabalho em conjunto com a Seccional e as demais subseções. Com isso, pretendemos capacitar advogados para que possam assistir os colegas em todas as regiões do estado”, explica o presidente.

Para ele, o res-peito às prerroga-tivas ajuda a man-ter a credibilidade dos advogados e a ideia de indispen-sabilidade do pro-fissional de Direito nas relações judi-ciais. “Queremos diferenciar nossas prerrogativas, ga-rantidas por lei, de privilégios, isto é, do comportamen-to antiético de alguns advogados. Não queremos regalias, mas que se façam valer nossos direitos. É quase que diário o desrespeito às prerrogativas. Diante disso, precisamos discutir, cada vez mais, como lutaremos para que elas sejam respeitadas”, diz César.

sob jurisdição. A exemplo do que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) fez em Maricá, ao desvincular o município de Niterói, instalando lá uma serventia própria, Queimados agora tem uma vara independente de Nova Iguaçu, que atenderá também a Japeri e Paracambi. “Para a população de Queimados, esta

Queimados ganha Vara do Trabalhovara é muito importante. Só por não ter mais que se deslocar até Nova Iguaçu, o trabalhador será muito beneficiado”, afirmou o presidente da 54ª Subseção, José Bôfim.

A serventia tem como titular o juiz Fernando Reis de Abreu e, de acordo com o TRT, já começou a funcionar com mais de dois mil processos em seu acervo.

Na ocasião da inauguração, foi assi-nado um termo de doação de escritura pública entre a prefeitura e o TRT, aprova-do pela Lei 1.148/13, que prevê a cessão de um terreno com mais de 1000 m2 para a construção da futura sede do tribunal. Há um projeto para a instalação da sede da OAB/Queimados em outro terreno do município, localizado na mesma área do terreno doado ao TRT, onde funciona, também, a sede da prefeitura. Para Bôfim, apesar de a iniciativa do prefeito Max Lopes ser positiva, esta não é a melhor opção para os advogados. “Acho que uma sede próxima ao Fórum seria mais últil para os colegas”, opina.

César Gomes de Sá

SUBSEÇÕES

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Saúde preventivaEm agosto, o projeto Saúde preventi-va, iniciativa da Caarj, vai passar por sete localidades no estado. Estão incluídos na programação os municí-pios de Três Rios, Itaperuna, Campos e Queimados, nos dias 4, 10, 14 e 15, respectivamente, e os bairros do Méier e de Bangu, nos dias 7 e 13. Durante os plantões, advogados e estagiários poderão fazer, gratuita-mente, exames de glicose e aferir a pressão arterial. Mais informações pelo telefone (21) 2730-6525.

Fique digital O projeto Fique digital levará cursos sobre processo e peticionamento eletrônicos a sete subseções em agosto. Foram incluídas na programa-ção as unidades de Leopoldina, Piraí, Barra da Tijuca, Niterói, Méier, Barra Mansa e Ilha do Governador. Para saber mais detalhes, basta acessar o painel sobre o tema no portal da OAB/RJ. O endereço é http://www.oabrj.org.br/fique_digital.html.

Palestra em Cabo FrioNo dia 29 de julho, a subseção promoveu a palestra Liquidação de sentença trabalhista, com o calculista do Tribunal Regional do Trabalho Flávio Domenici Pequeno.

Ação Social em S. JoãoA OAB prestou cerca de 580 aten-dimentos jurídicos na ação social Viva São João III. Além de assistência jurídica, a subseção também colabo-rou no cadastramento de audiências para conversão de união estável em casamento.

Curt

as

Novas salas da ESAe cartilha tributária

No dia 22 de julho, a OAB/Niterói inaugurou as novas instalações da Escola Superior de Advocacia (ESA). Uma das novidades é a transforma-ção da antiga sala dos professores em espaço multiuso. “A reestru-turação vai permitir que sejam realizadas atividades como estudo dirigido de jurisprudência e exame de casos concretos”, explicou o diretor-geral da ESA, Carlos Alberto de Almeida (foto).Também em Niterói, a Comissão Especial de Assuntos Tributários e Empresariais lançou, no dia 18 de julho, a terceira edição da Cartilha Tributária do Advogado, distribuída gratuitamente. Segundo o presi-dente da comissão, José Marinho, o objetivo é orientar os profissionais sobre os tributos no recebimento de honorários e a isenção de imposto nas verbas de ações trabalhistas, por exemplo.

Cursos na LeopoldinaA Subseção iniciou em julho os cursos de Defesa do consumidor e Contratos cíveis, com os professores Fábio Pereira e Gustavo Manso.

Educação ambientalA Comissão de Direito Ambiental da OAB/Bangu começou uma campanha de educação ambiental e vai criar postos de coleta de óleo vegetal. Um deles funcionará na sede da sub-seção. “Queremos que a população tenha noção de que nossa região é rica em relação ao turismo ambien-tal”, afirma o presidente da comissão, Ildemar Góis.

Convênio em CamposA subseção aderiu ao convênio já existente entre a OAB/RJ e a High Digital Storage, representante auto-rizada da Kodak, e vai oferecer aos advogados descontos na aquisição de scanners. O convênio prevê, também, garantia prolongada. Os equipamentos podem ser comprados na Av. Treze de Maio, 23 - Sala 2.110 - Centro – RJ, pelo telefone (21) 2532–3070 ou pelo e-mail [email protected].

Vara Cível de Macaé

O juiz titular da 1ª Vara Cível, Leonardo Hostalcio, participou de reunião na OAB no dia 19 de julho para discutir a situação da serventia. Segundo a presidente da subseção, Andréa Meirelles, os colegas recla-mam de problemas nos procedimen-tos cartorários e o magistrado se comprometeu a solucioná-los.

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TributosA obra de Ricardo Lodi Ribeiro apresenta um estudo sobre o tributo, seus elementos constitutivos e os traços característicos de cada uma das espécies tributárias. O livro também examina os impostos e as contribuições sociais da seguridade social no sistema tributário nacional, relacionando seus aspectos específicos aos institutos previstos na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional (CTN). Da editora Impetus. Mais informações no site www.impetus.com.br.

Manual de português jurídico

O guia reúne as principais dúvidas de acadêmicos, concur-sandos e profissionais do Direito sobre a norma culta da língua portuguesa. De forma leve e didática, Eduardo Sab-bag aborda a redação forense e a gramática, apresentando os fundamentos da construção do texto jurídico. O livro é da editora Saraiva. Mais informações e vendas pelo telefone (11) 4003-3390 ou no site www.saraiva.com.br.

Ações repetitivasO autor estuda as ações repetitivas e a tutela dos direitos in-dividuais homogêneos, de forma atenta à realidade crescente de demandas repetitivas propostas. Roberto de Aragão Ribeiro Rodrigues analisa também os princípios constitucionais da isonomia e da segurança jurídica, o movimento mundial de aproximação entre os sistemas de civil law e common law, e a crescente tendência uniformizadora da jurisprudência brasilei-ra. O livro é da editora Juruá. Mais informações e vendas pelo telefone (41) 3352-1200 ou no site www.jurua.com.br.

Direitos HumanosO objetivo da obra coordenada por Daniela Bucci, José Blanes Sala e José Ribeiro de Campos é apresentar as diferentes perspectivas sobre a implantação e efetivação dos direitos humanos e oferecer um estudo multidiscipli-nar, com visões de estudiosos e especialistas em áreas como ciências sociais, ciências políticas, pedagogia e antropologia. O livro é da editora Saraiva. Mais informa-ções e vendas pelo telefone (11) 4003-3390 ou no site www.saraiva.com.br.

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CLT-LTr 2013De autoria de Armando Casimiro Costa, Melchíades Rodrigues Martins e Sonia Regina Claro, a obra traz o texto da Consolidação das Leis do Trabalho atualizado com as

últimas orientações jurisprudenciais e a legislação complementar sobre tópicos como adicionais de insalubridade e periculosidade, admissão e dispensa de empregados, contrato de trabalho, direito de greve, empregado doméstico, estagiários, Ministério Público do Trabalho, entre outros. O ebook é da editora LTr. Mais informações e venda pelo QR Code.Link para a compra: http://goo.gl/KZn1ER

A paixão no banco dos réus

Publicado pela editora Saraiva, o livro narra crimes passionais que repercutiram fortemente no país. Entre eles, os assassinatos do escritor Euclides da Cunha, da atriz Daniella

Perez, da jornalista Sandra Gomide, da estudante Eloá Cristina Pimentel e da advogada Mércia Nakashima. Na obra, a procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo Luiza Nagib Eluf expõe as soluções dadas pelo Judiciário e analisa as causas e circunstâncias dos homicídios. Mais informações e vendas pelo QR Code.Link para a compra: http://goo.gl/bFq3B

ESTANTE

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 45

Como iniciar na advocacia

O livro apresenta orientações para bacharéis em Direito ou advogados em início de carreira sobre o emprego inicial, o primeiro escritório, a conquista e manutenção de clientes e a conduta ética de atuação profissional. Traz ainda modelos de peças e formulários, com o objetivo de facilitar o enten-dimento dos processos judiciais e de auxiliar na formação prática dos novos profissionais. Da editora Edipro. Mais informações no site www.edipro.com.br.

Água e instrumentos de efetividade

Definindo a água como um direito fundamental de todos os seres vivos, o livro de Ana Alice de Carli apre-senta possibilidades de se administrar o uso racional por meio da educação, da adoção de tecnologias como o reuso e da aplicação de instrumentos tributários. A editora é a Millennium. Mais informações pelo telefone (19) 3229-5588 ou no site www.millenniumeditora.com.br.

Direito da União Europeia O livro de Diego Pereira Machado traz um estudo sobre o Direito de Integração e o Direito Comunitário (ou da União), discorrendo sobre o Mercosul, mas dando ênfase à União Europeia, que é examinada em detalhes. Os acontecimen-tos recentes, como a crise na zona do Euro, não escapam à abordagem do autor. A obra é da editora Saraiva. Mais informações e vendas pelo telefone (11) 4003-3390 ou no site www.saraiva.com.br.

Justiça do Trabalho Lançada em comemoração aos 50 anos da Associação Carioca de Advogados Trabalhistas (Acat), a obra reúne estudos sobre a história da Justiça do Trabalho, os princi-pais percalços enfrentados ao longo dos anos, os avanços alcançados, a luta de advogados trabalhistas e as perspec-tivas para o futuro. O livro, coordenado por Benizete Ramos de Medeiros, é da editora LTr. Mais informações no site www.ltreditora.com.br.

Os litigantesMeu atual livro de cabeceira é o novo de John Grisham, Os liti-gantes. Acompanho a obra deste au-tor desde o lançamento do bestseller A firma (que virou filme na década de 1990). Como a leitura é um hábito que sempre cultivei, após conferir tal livro acabei me interessando por outros de Grisham, que, através da ficção, retrata como poucos o mundo da ad-vocacia. Os litigantes conta a história de uma banca “boutique”, Finley e Figg, que tem apenas dois sócios. Apesar do termo “boutique” remeter à ideia de chique, seletivo e próspero, no livro a firma pouco fatura, seus ad-vogados costumam estar no vermelho e para conseguir mantê-la fazem qualquer negócio. E foi assim que este escritório decadente conseguiu sobreviver por mais de 20 anos. Porém, uma mudança de rumo acon-tece quando um novo sócio entra. Um jovem e bem sucedido advogado, que, frustrado com seu trabalho anterior numa firma renomada, resolve largar o emprego e, após tomar um porre, vai parar na Finley e Figg. Ali tem início uma nova vida para todos. Assim como em outros livros do autor, a trama de Os litigantes tem uma nar-rativa cheia de suspense, com cenas de tribunal, estratégias e um toque inusitado de humor, prendendo nossa atenção da primeira à última página. Para aqueles que gostarem dessa leitura e quiserem conhecer um pouco mais das obras de John Grisham, sugiro também a leitura de O sócio e O testamento.

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Leonardo Murta Ribeiro*

TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 46

Escrita pelo americano Eric Bogosian e adaptada no Brasil por Bruno Mazzeo, que vive seis personagens na peça, Sexo, drogas e rock’n’roll permanece em cartaz no Teatro Leblon até o dia 31 de agosto, em parceria com o programa Caarj Cultural, que oferece 50% de desconto para advogados e um acompanhante.

Para receber o desconto, basta o advo-gado apresentar na bilheteria seu cartão da Ordem. O Teatro Leblon fica na Rua Conde Bernadotte, 26.

Advogados têm desconto para assistir a monólogo com Bruno Mazzeo

DICA

DO

MÊS

Série leva música clássica ao Centro Cultural da Justiça Federal

Na programação de agosto da série de concertos Música no museu, o destaque fica por conta dos instrumentos de corda. Neste mês, o Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), além de outros espaços, receberá grandes instrumentistas, em atrações gratuitas.

Serão apresentados no CCJF: no dia 9, às 15h, o show Villa--Lobos in Jazz, e dia 15, às 18h, o espetáculo A sublime ciência e o soberano segredo, com o violonista Sergio Ferraz (no palco principal), além da orquestra Rio Camerata tocando G.P.Telemann e G.F.Handel (no auditório).

O centro fica na Av. Rio Branco, 241. A programação completa da série Música no museu está no site www.musicanomuseu.com.br. Mais informações também pelo telefone (21) 2233-6711.

Flagrantes de um mundo intocadoMARCELO MOUTINHO

São 245 fotografias, todas em preto e branco, que flagram paisagens remotas, ainda hoje praticamente intocadas pelas mãos do homem. Resultado de viagens feitas pelo fotógrafo Sebastião Salgado entre 2004 e 2011, a mostra Genesis retrata os icebergs da Antártica, o ecossistema de Madagascar, o deserto africano e a floresta tropical da Amazônia, entre outros cenários, buscando captar um mundo que se mantém distante da aceleração da vida contemporânea.Em cartaz no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro até 26 de agosto, a exposição é também um grito de alerta. Ao revelar a exuberância de áreas tão ancestrais, Salgado demonstra em paralelo a fragilidade dessas regiões do planeta, sempre ameaçadas. “É como um reencontro com nós mesmos, não evoluímos nada no que é essencial à vida, somos os mesmos”, sintetizou o fotógrafo em recente entrevista.Mais informações sobre a mostra podem ser obtidas pelo telefone (21) 2294-6619.

Na bacia do Xingu, em Mato Grosso, um grupo de indígenas waurá pesca na lagoa Piyulaga

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TRIBUNA DO ADVOGADO - AGOSTO 2013 - PÁGINA 47

O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2013/2015)

DIRETORIA DA SECCIONALPresidenteFelipe de Santa Cruz Oliveira ScaletskyVice-presidenteRonaldo Eduardo Cramer Veiga Secretário-geralMarcus Vinicius Cordeiro Secretário adjuntoFernanda Lara Tortima TesoureiroLuciano Bandeira Arantes

DIRETORIA DA CAARJPresidenteMarcello Augusto Lima de Oliveira Vice-presidenteNaide Marinho da Costa Secretário-geralRoberto Monteiro Soares Secretário adjuntoRicardo Brajterman TesoureiroRenan AguiarSuplentes Alexandre Freitas de Albuquerque José Antonio Rolo Fachada Antônio Silva Filho CONSELHEIROS EFETIVOSAderson Bussinger Carvalho Adriana Astuto Pereira Álvaro Sérgio Gouvêa Quintão André Luiz Faria Miranda Antonio Ricardo Correa da Silva Armando Cesar de Araujo Pereira Burlamaqui Bernardo Pereira de Castro Moreira Garcia Breno Melaragno Costa Camila Freitas Ribeiro Carlos Alexandre O’Donnell Mallet Carlos Andre Rodrigues Pedrazzi Carlos Alberto Menezes Direito Filho Carlos Henrique de Carvalho Claudio Sarkis Assis Christiano Falk Fragoso Daniele Gabrich Gueiros Déa Rita Matozinhos Oliveira Eduardo Antônio Kalache Eduardo Abreu Biondi Eduardo Valenca Freitas Fábio Nogueira Fernandes Filipe Franco Estefan Flávio Villela Ahmed Flávio Antonio Esteves Galdino Gabriel Francisco Leonardos Geraldo Antonio Crespo Beyruth Guilherme Rocha Murgel de Rezende

Gilberto Fraga Hercilio José Binato de Castro Hercules Anton de Almeida Jansens Calil Siqueira Joaquim Tavares de Paiva Muniz Jonas Gondim Do Espirito Santo Jonas Oberg Ferraz Jonas Lopes de Carvalho Neto Jose de Anchieta Nobre de Almeida Juliana Hoppner Bumachar Schmidt Jose Ricardo Pereira Lira Jose Roberto de Albuquerque Sampaio Leonardo Duncan Moreira Lima Leonardo Pietro Antonelli Leonardo Rzezinski Luciano Vianna Araujo Luis Guilherme Martins Vieira Luiz Alberto Gonçalves Luiz Americo de Paula Chaves Luiz Bernardo Rocha Gomide Luiz Paulo de Barros Correia Viveiros de Castro Marcelo Cury Atherino Marcelo Feijó Chalréo Marcio Vieira Souto Costa Ferreira Marcos Bruno Marcos Dibe Rodrigues Marcos Luiz Oliveira de Souza Maria Alicia Lima Peralta Maurício Pereira Faro Murilo Cezar Reis Baptista Paula Heleno Vergueiro Paulo Cesar Salomão Filho Paulo Parente Marques Mendes Paulo Renato Vilhena Pereira Ranieri Mazzilli Neto Raphael Ferreira de Mattos Renato Neves Tonini Roberto Ferreira de Andrade Rodrigo Lins E Silva Candido de Oliveira Rodrigo Tostes de Alencar MascarenhasRomualdo Mendes de Freitas Filho Rosa Maria de Souza Fonseca Rui Teles Calandrini Filho Samantha Pelajo Tatiana de Almeida Rego Saboya Vânia Siciliano Aieta Wanderley Rebello de Oliveira Filho Yuri Saramago Sahione de Araujo Pugliese CONSELHEIROS SUPLENTESAlexandre de Oliveira Venancio de Lima Anderson Elisio Chalita de Souza Ademario Gonçalves da Silva Adilza de Carvalho Nunes Alexandre dos Santos Wider

Alfredo Hilario de Souza Ana Amelia Menna Barreto de Castro Ferreira André Andrade Viz André Perecmanis Artur Arruda Lobato Rodrigues Carmo Augusto Carneiro de Oliveira Filho Bruno Garcia Redondo Carlos Eduardo Abreu Martins Carlos Jose Araujo Silva Charles Soares Aguiar Cirilo de Oliveira Neto Claudio Goulart de Souza Clarissa Costa Carvalho Cleber Do Nascimento Huais Corintho de Arruda Falcao Neto Cristiano Franco Fonseca Diogo Campos Medina Maia Eduardo de Souza GouveaFábio Amorim da Rocha Fernando Jose Alcantara de Mendonca Gema de Jesus Ribeiro Martins Godofredo Mendes Vianna Gustavo Mano Gonçalves Gustavo Antonio Feres Paixao Hygino Ferreira Marques Igor Muniz Ivan de Faria Vieira Junior João Pedro Chaves Valladares Pádua Jorge Antônio Vaz Cesar Jorge Miguel Mansur Filho José Ademar Arrais Rosal Filho José Agripino da Silva Oliveira Jose Carlos Freire Lages Cavalcanti José Teixeira Fernandes José Pinto Soares de Andrade Leonardo José de Campos Melo Leandro Saboia Rinaldi de Carvalho Leonardo Branco de Oliveira Leonardo Schindler Murta Ribeiro Leonardo Viveiros de Castro Luiz Paulo Pieruccetti Marques Luiz Roberto Gontijo Marcelo Martins Fadel Marlos Luiz de Araujo Costa Mônica Maria Lanat da Silveira Monica Prudente Giglio Nara da Rocha Saraiva Nilson Xavier Ferreira Norberto Judson de Souza Bastos Olavo Ferreira Leite Neto Pedro Capanema Thomaz Lundgren Rafael Milen Mitchell Raquel Pereira de Castro AraujoRegina Celia Coutinho Pereira Real Renata Pires de Serpa Pinto

Renato Luiz Gama de Vasconcellos Renato Ludwig de Souza Ricardo Loretti Henrici Roberto Dantas de Araujo Rodrigo Jose da Rocha Jorge Rodrigo Garcia da Fonseca Rodrigo Maia Ribeiro Estrella Roldan Rodrigo Moura Faria Verdini Rodrigo Loureiro de Araujo Rodrigo Bottrel Pereira Tostes Ruy Caetano Do Espirito Santo Junior Samuel Mendes de Oliveira Sandra Cristina Machado Saulo Alexandre Morais E Sá Sergio Ricardo da Silva E Silva Sergio Luiz Pinheiro Sant Anna Valeria Teixeira Pinheiro Vinicius Neves Bomfim Wagner Silva Barroso de Oliveira Wilson Fernandes Pimentel CONSELHEIROS FEDERAISCarlos Roberto de Siqueira Castro Cláudio Pereira de Souza Neto Wadih Nemer Damous Filho CONSELHEIROS FEDERAIS SUPLENTES Bruno Calfat Luiz Gustavo Antônio Silva Bichara Sergio Eduardo Fisher

MEMBROS HONORÁRIOS VITALÍCIOSAlvaro Duncan Ferreira PintoWaldemar ZveiterEllis Hermydio FigueiraCesar Augusto Gonçalves PereiraNilo Batista Cândido Luiz Maria de Oliveira BisnetoSergio ZveiterOctavio GomesWadih Nemer Damous Filho

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕESAngra dos Reis - Cid MagalhãesAraruama - Rosana PinaudBangu - Ronaldo BarrosBarra da Tijuca - Ricardo MenezesBarra do Piraí - Denise de Paula Barra Mansa - Ayrton Biolchini Belford Roxo - Abelardo TenórioBom Jesus do Itabapoana - Luiz Carlos MarquesCabo Frio - Eisenhower Dias MarianoCachoeiras de Macacu - Ricardo Monteiro Rocha

Cambuci - Tony Ferreira CorrêaCampo Grande - Mauro PereiraCampos - Carlos Fernando MonteiroCantagalo - Guilherme de OliveiraCordeiro - Rilley Alves WerneckDuque de Caxias - Geraldo MenezesIlha do Governador - Luiz Carlos VarandaItaboraí - Jocivaldo LopesItaguaí - José AnaniasItaocara - Fernando MarronItaperuna - Adair BrancoLeopoldina - Frederico MendesMacaé - Andrea MeirellesMadureira/Jacarepaguá - Remi Martins RibeiroMagé - Edison de Freitas Mangaratiba - Ilson RibeiroMaricá - Amilar DutraMéier - Humberto CairoMendes - Paulo Afonso LoyolaMiguel Pereira - Pedro Paulo Sad Miracema - Hanry FélixNilópolis - José Carlos VieiraNiterói - Antonio José Barbosa da SilvaNova Friburgo - Rômulo CollyNova Iguaçu - Jurandir CeulinParacambi - Marcelo KossugaParaíba do Sul - Eduardo LangoniParaty - Heidy KirkovitsPavuna - Antonio Carlos FariaPetrópolis - Antonio Carlos MachadoPiraí - Gustavo de Abreu SantosPorciúncula - Fernando VolpatoQueimados - José BôfimResende - Samuel CarreiroRio Bonito - César Gomes de SáRio Claro - Adriana MoreiraRio das Ostras - Alan MacabúSanta Cruz - Milton Ottan MachadoSto. Antônio de Pádua - Adauto FurlaniSão Fidélis - Rodrigo Stellet GentilSão Gonçalo - José MunizSão João do Meriti - Júlia Vera SantosSão Pedro da Aldeia - Júlio César PereiraSaquarema - Miguel SaraivaSeropédica - Fábio FerreiraTeresópolis - Jefferson SoaresTrês Rios - Sérgio de SouzaValença - Fábio dos Anjos BatistaVassouras - José Roberto CiminelliVolta Redonda - Alex Martins Rodrigues

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Jurista: Enrico Tullio Liebman, italiano. Seus estudos, principal-mente sobre coisa julgada, me formaram como processualista.Escritor/escritora: Machado de Assis. Costumo dizer que, acima de tudo, ler Machado faz bem para a nossa linguagem, sobretudo escrita. E Clarice Lispector. Seus romances superam a narrativa ficcional e nos fazem refletir sobre a vida, sobre os nossos comportamentos.Livro: Fico com dois: Memorial de Aires, de Machado de Assis, e A montanha mágica, de Thomas Mann. Este último li duas vezes seguidas.Lugar: Rio de Janeiro, sem dúvida nenhuma. Vivemos num lugar onde muitas pessoas querem passar as férias.Filme: Escolho dois: Cidadão Kane, de Orson Welles, e O Pode-roso Chefão 2, de Francis Ford Coppola. Não canso de assistir.Time: Fluminense.Cantor/cantora: Caetano Veloso e Marisa Monte. Ouço muito rock. Por isso, cito também o grupo Rush.

Ator/atriz: Marlon Brando e Fernanda Montenegro. Mito: Jesus Cristo.Esporte: Futebol.Hobby: Corrida.Prato favorito: Macarrão, com molho vermelho ou branco.Programa de TV: Game of Thrones.Música: Impossível escolher uma só. Cito duas que tenho ouvido muito recentemente: Preciso me encontrar, de Can-deia, na gravação de Cartola, e Jigsaw falling into place, da banda Radiohead.Fato da história: Gol de barriga do Renato Gaúcho, aos 45 minutos do segundo tempo, no Fla-Flu da final do Cam-peonato Estadual de 1995. Estava lá. Fomos campeões e tiramos o título dos flamenguistas no ano do centenário deles. Histórico!Frase ou citação: “A vida começa no final de sua zona de conforto”, de Neale Donald Walsch.

Ronaldo Cramer, na Sala de Troféus do Fluminense

Ronaldo Cramer - vice-presidente da OAB/RJ

VIDA PRIVADA

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