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#120 EDIÇÃO OÁSIS ZOOTERAPIA Contato com bichos pode curar doenças RESSURREIÇÃO DAS PLANTAS Sepultadas no gelo, elas voltam à vida depois de quatro séculos ANDORRA Principado do luxo, para amantes da montanha LEONARDO BOFF: “PROTESTOS SINALIZAM NOVA FASE DA HUMANIDADE” SINAIS DO ESPÍRITO

Oásis - Brasil 24/7 · voltam à vida depois de quatro séculos ANDORRA Principado do luxo, ... consumo, a preservação da natureza e a inclusão de todos num projeto coletivo que

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#120

Edição Oásis

ZOOTERAPIAContato com bichos pode curar doenças

RESSURREIÇÃO DAS PLANTASSepultadas no gelo, elas voltam à vida depois de quatro séculos

ANDORRAPrincipado do luxo, para amantes da montanha

LEonardo Boff: “ProtEStoS SinaLizam nova faSE da humanidadE”

SINAIS DO ESPÍRITO

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por

Editor

PEllEgriniLuis

“Leonardo Boff opina que a atuaL onda de despertar da consciência coLetiva, soB a forma

de protestos veementes, sinaLiza uma importante mudança de cicLo histórico não apenas para o

BrasiL mas para toda a humanidade”

A té quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?”, vociferava Cícero contra Catilina em pleno senado romano. o célebre discurso acusatório do cônsul ro-

mano contra lúcio Catilina, senador corrupto, venal e traidor, foi pronunciado em 63 antes de Cristo. Mas, passados mais de dois mil anos, parece feito sob medida para os dias de hoje. “Por quanto tempo ainda esse teu rancor nos enganará? até que ponto a tua audácia desenfreada se gabará de nós?”. Esses questionamentos de Cícero, que se seguem àquela primeira pergunta, não estariam implícitos no próprio cerne dos protes-tos populares que testemunhamos agora, não apenas no Brasil, mas em muitos outros lugares do mundo?Falido moral e financeiramente, Catilina, filho de família nobre, juntamente com seus seguidores subversivos, planejava der-rubar o governo republicano para obter riquezas e poder. no entanto, após o confronto aberto por Cícero no senado, Cati-lina resolveu afastar-se do senado, indo juntar-se a seu exérci

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Editor

PEllEgriniLuis

to ilícito para armar defesa. Pouco adiantou: no ano seguinte o rebelde falhado caiu, vindo a morrer no campo de batalha.

Como é fato sabido, a história se repete. Seria portanto mais prudente, para o seu próprio bem, que nossos políticos e ho-mens públicos – de qualquer cor, tendência ou partido – pres-tassem muita atenção e interpretassem corretamente o que está ocorrendo nas ruas e praças públicas das nossas princi-pais cidades. Catilina, hoje, são muitos, até em excesso. Mas Cícero também se multiplicou, e hoje vive na cabeça e nos corações de centenas de milhares que, simplesmente, estão perdendo a paciência.

luminares do pensamento já se debruçam sobre todos esses fatos – que são novos apenas na aparência -, tentando com-preende-los e extrair conclusões. Escolhemos um recentíssimo artigo do teólogo leonardo Boff para exemplificar esse tipo de preocupação. Com a lucidez e a inteligência de sempre, o criador da teologia da libertação opina que a atual onda de despertar da consciência coletiva, sob a forma de protestos veementes, sinaliza uma importante mudança de ciclo histórico não apenas para o Brasil mas para toda a humanidade. reflitam sobre “Sinais do Espírito”, o artigo de Boff. o teólogo continua sabendo o que diz.

SINAIS DO ESPÍRITOLeonardo Boff:

“Protestos sinalizam nova fase da humanidade”

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esenvolveu-se, já há bastante tempo, toda uma teologia dos “sinais dos tempos” como for-ma de percepção de um de-sígnio divino para a história humana. Esse procedimento é arriscado, pois para conhecer os sinais precisa-se primeira-mente conhecer os tempos. E estes nos dias atuais são com-plexos, quando não contradi-

tórios. O que é sinal do Espírito para al-guns pode ser um antissinal para outros.

Mas há alguns eventos que se impõem à consideração de todos, pois possuem uma evidência em si mesmos. Vamos nos re-

ferir a alguns pela densidade de sentido que contém.

O primeiro é sem dúvida o processo de planetização. Esta, mais que um fato econômico e político inegável, repre-senta um fenômeno histórico-antropo-lógico: a humanidade se descobre como espécie, habitando a mesma e única Casa, o planeta Terra, com um destino comum. Ele antecipa o que já Pierre Tei-lhard de Chardin dizia em 1933 a par-tir de seu exílio eclesiástico na China: estamos na antessala de uma nova fase da humanidade: a fase da noosfera, vale dizer, da convergência das mentes e dos corações constituindo uma única histó-ria junto com a história da Terra. O Espírito que é sempre de unidade, de reconciliação e de convergência na di-versidade.

Outro sinal relevante é constituído pe-los Fóruns Sociais Mundiais que a partir do ano 2000 começaram a se realizar a partir de Porto Alegre, RS. Pela primei-ra vez na história moderna, os pobres do mundo inteiro, fazendo contraponto às reuniões dos ricos na cidade suíça de Davos, conseguiram acumular tanta for-ça e capacidade de articulação que aca-baram, aos milhares, se encontrando

Do criador da teologia da Libertação, desenvolve neste artigo uma aguda reflexão sobre o significado dos movimentos de protesto atualmente em curso no Brasil e em todo o mundo. para ele, um novo ciclo da história está surgindo: é a “fase da noosfera”

Por: Leonardo Boff*, do JornaL do BrasiL

para apresentar suas experiência de resistência e de libertação e alimentar o sonho coletivo de que um outro mundo é possível e necessário. Aí se notam os brotos do novo paradigma de humanidade, ca-paz de organizar de forma diferente a produção, o consumo, a preservação da natureza e a inclusão de todos num projeto coletivo que garanta um futuro de vida.

A Primavera Árabe surge também como um sinal do Espírito no mundo. Ela incendiou todo o Norte da África e se realizou sob o signo da busca de liberda-de, de respeito dos direitos humanos e na integra-ção das mulheres, tidas como iguais, nos processos sociais. Ditaduras foram derrubadas, democracias estão sendo ensaiadas, o fator religioso é mais e mais valorizado na montagem da sociedade, mas deixando de lado aspectos fundamentalistas. Tais fatos históricos devem ser interpretados, para além de sua leitura secular e sociopolítica, como emer-gências do Espírito de liberdade e de criatividade.

Quem poderia negar que numa leitura bíblico-teo-lógica, a crise de 2008 que afetou principalmente o centro do poder econômico-financeiro do mundo, lá onde estão os grandes conglomerados econômi-cos que vivem da especulação à custa da desesta-bilização de outros países e do desespero de suas populações, não seja também um sinal do Espírito Santo? Este é um sinal de advertência de que a per-versidade tem limites e que sobre eles poderá vir um juízo severo de Deus: a sua completa derrocada.

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Em contrapartida ao sinal negativo anterior, está o sinal positivo dos movimentos de vítimas que se organizaram na Europa como os “indignados” na Espanha e na Inglaterra e os “Occupy Wall Street” nos EUA. Eles revelam uma energia de protesto e de busca de novas formas de democracia e de organi-zar a produção, cuja fonte derradeira, na leitura da fé, se encontra no Espírito.

Outro sinal do Espírito no mundo ganhou forma na crescente consciência ecológica de um núme-ro cada vez maior de pessoas no mundo inteiro. Os fatos não podem ser negados: tocamos nos limi-tes da Terra, os ecossistemas mais e mais estão se exaurindo, a energia fóssil, o motor secreto de todo nosso processo industrialista, tem os dias contados e o aquecimento global que não para de aumentar e que, dentro de algumas décadas, pode ameaçar toda a biodiversidade.

Somos os principais responsáveis por este caos eco-lógico. Faz-se urgente um outro paradigma de ci-vilização que vai na linha das visões já testadas na humanidade como o ‘bem-viver” e o “bem-conviver” (sumak kawsay) dos povos andinos, o “índice de felicidade bruta” do Butão, o ecossocialismo, a eco-nomia solidária e biocentrada, uma bem entendida economia verde ou projetos cuja centralidade é pos-ta na vida, na humanidade e na Terra viva.

Por fim, um grande sinal do Espírito no mundo é o surgimento do movimento feminista e do ecofemi-nismo. As mulheres não apenas denunciaram a do

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minação secular do homem sobre a mulher (questão de gênero) mas especialmente toda a cultura pa-triarcal. A irrupção das mulheres em todos os cam-pos da atividade humana, no mundo do trabalho, nos centros de saber, no campo da política e das artes, mas principalmente com uma vigorosa refle-xão a partir da condição feminina sobre toda a rea-lidade, deve ser vista como uma irrupção poderosa do Espírito na história.

A vida está ameaçada no planeta. A mulher é cona-tural à vida, pois a gera e cuida dela durante todo o tempo. O século 21 será, creio eu, o século das mu-lheres, daquelas que, junto com os homens, assu-mirão mais e mais responsabilidades coletivas. Será por elas que os valores que elas mais testemunham como o cuidado, a cooperação, a solidariedade, a compaixão e o amor incondicional estarão na base do novo ensaio civilizatório planetário.

*Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é também escri-tor. E escreveu com Rose-Maria Muraro o livro Fe-minino-Masculino: Novo paradigma para uma nova relação (Record, 1999). - [email protected]

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EZOOTERAPIA

Contato com bichos pode curar doenças

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esde a mais remota antigui-dade os bichos fazem parte do cotidiano dos homens, seja como alimento, força de trabalho, ou, simplesmente, como companhia, os famosos pets, termo em inglês para designar os bichinhos de esti-mação. Mas nem todos sabem que os animais também po-dem ter grande contribuição

em uma área específica da medicina, de-nominada zooterapia, cujas técnicas são utilizadas para o tratamento de inúmeras doenças, tanto psicológicas quanto físi-cas.

Esse tipo de contato com os animais, incluindo cães, gatos, cavalos, peixes, tartarugas, pássaros e outros, vem pro-porcionando o aumento da afetividade, do ânimo e da socialização de jovens, adultos e idosos. É o que mostra o pro-jeto “Desenvolvendo a afetividade de idosos institucionalizados através dos animais”, implantado desde 2006 pela professora Maria de Fátima Martins, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP).

A zooterapia é uma ciência que visa es-tudar a interação do ser humano com o animal, mas sob o ponto de vista tera-pêutico e educacional. Ou seja, não mais o bicho como comida, não mais como companhia, mas sim estudado e coloca-do de forma a ajudar as pessoas, sobre-tudo quando elas se encontram em situ-ações de estresse e depressão. Alguns animais, como o cavalo, são im-portantes para o tratamento de doenças físicas, sendo reconhecido pelo Conse-lho Federal de Medicina para o trata-mento de diversas doenças e limitações. No caso da hipoterapia, os movimentos do cavalo são parecidos aos do homem. Pacientes com algum tipo de deficiência motora que montam esses animais

Dcães, gatos, cavalos, pássaros e peixes, são alguns dos animais muito usados na zooterapia – a ciência que estuda as possibilidades terapêuticas do contato com os bichos

Por: equiPe oásis

acabam por receber estímulos de forma repetida no sistema nervoso central, desencadeando respostas positivas. Dentre os benefícios, há a melhora no desenvolvimento motor, maior adequação do tô-nus muscular, melhora na coordenação motora e no controle da cabeça e do tronco, proporcionando maior equilíbrio.

Métodos zooterapêuticos começaram a ser utiliza-dos no final do século 19, na Bélgica, quando mé-dicos perceberam que pacientes que sofriam de algum tipo de deficiência mental passavam a se socializar melhor devido ao convívio com animais, se tornando menos agressivos. Na Inglaterra, nos anos 30, pesquisadores descobriram um fato curio-so: os idosos que iam para os asilos, mas que po-diam levar seus animais, tinham uma socialização e independência maior do que aqueles que não os levavam. Em 1942, nos Estados Unidos, terapeutas sentiram o benefício do uso da zooterapia em pa-cientes com desordens físicas e mentais. No Brasil, em 1950, a professora Nise da Silveira – célebre psiquiatra e psicoterapeuta - começou a tra-tar pacientes esquizofrênicos com cães e gatos, ba-tizando esses animais de coterapeutas. O interesse voltou a surgir a partir dos anos 90, quando foram implantados os primeiros centros de atendimento de terapia assistida por animais. Em setembro de 2000, acontece no Rio de Janeiro, a 9ª Conferên-cia Internacional sobre Interações Homem/Animal, despertando diferentes profissionais de saúde e afins, para atuação e pesquisas científicas nas ativi-dades e terapias assistidas por animais. Os

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cães, sobretudo, têm sido usados como facilitadores para profissionais das áreas de terapia ocupacional, fisioterapia , psicologia, biologia , veterinária, fono-audiologia, pedagogia e psiquiatria.

Para cada paciente, um bicho

A empatia entre o paciente e o animal é uma das primeiras preocupações dos zooterapeutas. Para isso, entra em jogo o papel do psicólogo para ava-liar o comportamento e a vida passada do paciente, indicando o tipo de bicho a ser adotado no trata-mento. No caso do cão, por exemplo, ele tem que ser de temperamento dócil, responder a alguns ti-pos de comandos básicos e estar em perfeitas condi-ções de saúde para ser um “zooterapeuta”. O maior benefício da zooterapia é referente à socialização, independente do tipo de animal. Para uma pessoa que está desvalorizada, ou desmotivada, o bicho traz um novo ânimo, afirmam os especialistas.

Os benefícios da zooterapia

* Melhora o sistema imunológico.* Estimula a interação social. Crianças veem os cães como seus amigos especiais, membros importan-tes da família. Crianças com traumas severos, como abusos de infância que impedem a formação de vín-culo com outras pessoas podem, através dos cães, conquistar confiança e formação de vínculos.* Ajuda a lidar com o luto: trabalho com doença e morte de um cão.* Facilita o processo de aprendizagem tais como lei

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tura, memorização, concentração e socialização. Há programas em que as crianças leem para os cães. A princípio essa ideia chegou a ser rejeitada por mui-tas pessoas, mas experiências comprovaram que as crianças não tinham grande preocupação em ler em voz alta para o cão, pois ele não poderia censurá-las e nem corrigi-las.* Diminui o nível de estresse. Na interação homem--cão, há uma mudança química no organismo onde endorfinas são produzidas no sistema imunológico. Ao contrário da situação de estresse, onde há su-pressão dessas substâncias no organismo.* Abaixa o nível de risco em doenças cardiovascula-res.* Facilita a autoconfiança, resgata a autoestima e reduz a inibição.* Melhora as capacidades motora, cognitiva e sen-sorial. Pode ser de grande ajuda na psicoterapia, pois os animais fazem a ponte com o terapeuta e este pode alcançar o paciente mais rapidamente.* Nos autistas, proporciona melhora na capacidade de comunicação e na sensibilidade e interação.* Crianças e adolescentes com ansiedade ficam mais calmos na presença dos animais.* Facilita o processo de aprendizagem através da expressão de sentimentos e motivação.

Ao lado da zooterapia com fundamento científico teórico e prático, existem também muitas curiosida-des relativas aos benefícios terapêuticos que os ani-mais proporcionam aos humanos.

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1. Bebês mais inteligentes com os golfinhos

Curiosamente, o estado de bem--estar, tranquilidade e relaxamen-to induzido pelo contato com os animais e claramente mais forte quando os pacientes são crianças. Inclusive crianças que ainda não nasceram, como no caso da terapia pré-natal com golfinhos.Supõe-se, de fato, que as ondas sonoras produzidas pelos golfinhos sejam capazes de estimular o sis-tema nervoso dos bebês que ainda se encontram no ventre materno. Os sons e ultrassons emitidos pe-los golfinhos, com efeito, poderiam facilitar uma harmonização da ati-vidade cerebral hemisférica, já que sabidamente os bebês no ventre materno são capazes de perceber os sons provenientes do mundo ex-terior.

Na foto: Ety Napadenschi, no oi-tavo mês de gravidez, deixa que um golfinho encoste o nariz na sua barriga durante uma sessão de te-rapia pré-natal com golfinhos em um hotel de Lima, no Peru.

© Pilar Olivares/Reuters

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2. Os poderes de cura da tarta-ruga

Na foto, um homem carrega uma tartaruga de água doce. Segundo as tradições populares do Camboja, o contato com esse animal ajuda na cura de reumatismos e outras doenças. A tartaruga não é o único animal ao qual são atribuídos po-deres de cura. Também as vacas e as serpentes são muito usadas com tais finalidades.

© Chor Sokutnhea/Reuters

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3. A medicina do peixe-vivo

Em Hyderabad, na Índia, por exemplo, todos os anos, no mês de junho, celebra-se o “Festival da Medicina do Peixe”. O evento atrai centenas de milhares de indianos que sofrem de problemas respira-tórios. Todos eles se põem em fila, à espera de engolir peixinhos vivos para a cura da asma e de outras afecções. Essa terapia singular, que não pos-sui nenhuma base científica, tem origem nos conselhos de um guru hindu que viveu há quase dois sé-culos.

© Krishnendu Halder/Reuters

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4. Abelha contra sinusite

A foto mostra um menino palestino sofredor de sinusite crônica que é submetido – contra a sua vontade, é claro – a uma sessão de apipun-tura em um centro especializado na Península de Gaza. O veneno das abelhas é utilizado desde a re-mota antiguidade para curar nu-merosos distúrbios: artrite, ciática, poliartrite, nevralgias, gota, tendi-nite. Segundo a medicina oficial, no entanto, essa prática não possui nenhuma base científica.

© Suahib Salem/Reuters

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5. Cirurgião sugador

Na foto, uma mulher russa subme-te-se a uma sangria à base de san-guessugas em um laboratório de Moscou. Esses vermes anelídeos são utilizados na medicina há mais de 3 mil anos por causa da sua ca-pacidade de aspirar e retirar sangue do organismo ao qual se fixam. As sanguessugas são, hoje, muito usa-das nos centros de cirurgia plástica. Sua mordida injeta na vítima um poderoso anticoagulante, tornan-do-as dessa forma muito úteis na substituição da circulação venosa nas zonas operadas. As sanguessu-gas são usadas para aspirar e remo-ver o “sangue sujo” dos pacientes em áreas onde as veias ainda se en-contram em fase de reconstrução.

© Reuters

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6. Peixinho faxineiro

Deixar-se curar por um peixe? Há poucos anos dizer isso parecia pia-da, mas hoje é uma das últimas tendências em matéria de beleza. Imergem-se os pés em tanques cheios do peixinho Garra rufa ob-tusas. Assim que a pele dos pés se torna mais macia por causa da água, os peixinhos começam a co-mer as células mortas, deixando a pele lisa e macia, além de pro-porcionarem cócegas agradáveis. (Veja no vídeo).

Foto: Umit Bektas/Reuters

Mais informações: ONG ATEAC - http://ongateac.blogspot.com.br

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RESSURREIÇÃO DAS PLANTASSepultadas no gelo, elas voltam à vida depois de quatro séculos

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lgumas plantas que permaneceram sepultadas durante mais de 400 anos sob o gelo no norte do Canadá volta-ram a germinar em laboratório, sob o olhar atônito dos pesquisadores. Os resultados dessa pesquisa foram publicados no PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences,

Estados Unidos) e poderão revelar dados interessantes sobre como os ecossistemas se comportam depois do derretimento do gelo que os recobrem. Esse é um dos setores de pesquisa científica que mais crescem no mo-mento, por causa dos efeitos do aquecimento global.

Quatro séculos de letargia

A vegetação na área do glaciar Teardrop, situado na ilha Ellesmere, no extremo norte do Canadá foi recoberta pelo gelo durante a Pequena Era Glacial, um período de esfria-mento climático que ocorreu na Terra entre os anos 1550 e 1850. Assistimos agora a um fenômeno inverso: desde 2004, os glacia-res da área começaram a se retirar no ritmo impressionante de 3 a 4 metros ao ano, dei-xando expostas áreas de terra nua que não recebiam luz solar há pelo menos quatro séculos.

Explorando essa zona do extremo norte canadense, pesquisadores da Universidade de Alberta descobriram algumas plantas que, embora ressequidas, pareciam mostrar extremidades verdes. Amostras delas foram colhidas e levadas ao laboratório: tratava-se de briófitas, plantas destituídas de tecido vascular nas quais a nutrição é transpor-tada por capilaridade. São plantas capazes de resistir aos longos invernos árticos, mas ninguém imaginava que pudessem sobrevi-ver a 400 anos de total congelamento. Além de exibirem brotos verdes laterais comple-tamente novos, basta plantá-las em terreno rico de nutrientes para que recomecem a germinar a pleno ritmo.

Ano Ártico canadense, um glaciar se retirou expondo plantas que, depois de quase meio milênio, ainda conseguiram germinar. um inteiro ecossistema permaneceu escondido no gelo

Por: equiPe oásis

aLgumas das Briófitas que “ressuscitaram” aPós Permanecerem mais de 4 sécuLos recoBertas PeLo geLo do gLaciar teardroP, no norte do canadá

Células-tronco vegetais

As células das briófitas são totipotentes (A totipotência é a capacidade de uma única célula, geralmente uma célula-tronco, se dividir e produzir todas as células dife-renciadas no organismo), ou seja, capazes de se diferen-ciar em qualquer outro tipo de célula. Mas essas plantas não foram os únicos organismos vivos descobertos nos glaciares em retirada. Na terra que jazia sob o glaciar Teardrop foram encontradas também cianobactérias e

algas verdes terrestres. Isso pro-va, segundo os cientistas, que o gelo conserva e protege parte do ecossistema que recobre – uma capacidade preciosa, sobretudo agora que muitas coberturas gela-das começam a derreter.

Essa não é a única descoberta im-portante que aconteceu nos últi-mos meses no Ártico. Cientistas revelaram em maio terem encon-trado restos de um antigo camelo gigante.

Mais importante ainda, trata-se do mesmo camelo gigante cujos

fósseis foram encontrados no deserto do Sahara. O que significa, para espanto dos zoólogos, que há 3,5 milhões de anos esses animais circulavam ao mesmo tempo na África e no Ártico canadense.

Leia mais.

Vídeo:

http://youtu.be/NTeeLWzJxeY

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Paisagem BeLíssima da iLha eLLesmere, no norte do canadá, onde está o gLaciar teardroP, que está se retirando devido ao aquecimento gLoBaL

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ANDORRAPrincipado do luxo, para amantes da montanha

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uase escondido nos vales das escarpadas montanhas da cor-dilheira dos Pirineus, entre a França e a Espanha, está um lugar encantado chama-do Principado de Andorra. Com apenas 468 quilômetros quadrados de área total, An-dorra (em catalão: Principat d’Andorra), é um pequeno país europeu independente e muito próspero, principalmente devi-

do ao crescimento do turismo e por seu sta-tus de paraíso fiscal. Atualmente, a popula-ção andorrana – cerca de 85 mil habitantes – é a que tem a maior expectativa de vida do mundo, com média de 83,52 anos. Clima ótimo, fresco e seco, água mineral pura nas torneiras, ausência de poluição e comida de primeira dividem os méritos dessa longevi-dade nacional.

O principado é o único país do mundo cuja única língua oficial é o catalão. No seu território também são falados o cas-telhano, o português, o francês e o inglês, nesta ordem de números de falantes. An-dorra é o sexto menor país da Europa, maior apenas que Malta, Liechtenstein, São Marinho, Mônaco e Vaticano.

Apesar das suas pequenas dimensões, An-dorra é hoje um importante destino do turismo europeu. A capital, a cidade de Andorra a Velha, é um misto encantador de burgo medieval, onde as pedras são o material predominante das construções, e um centro comercial moderníssimo, no qual lojas das melhores grifes oferecem tudo a preços imbatíveis. O comércio em Andorra não é sujeito a impostos, e isso reduz os custos a níveis impossíveis de serem encontrados em outros lugares do Velho Continente.Não apenas pelo comércio o turismo é hoje a principal fonte de recursos do prin-cipado. Cerca de 10 milhões de pessoas o visitam anualmente, atraídos pelos espor-tes de inverno, as privilegiadas tempera-turas no verão, a hospitalidade e boa qua-lidade da hotelaria, as paisagens de tirar o fôlego. Com uma altitude média entre 1900 e 2000 metros, Andorra é o segundo país mais alto da Europa, depois da Suíça.

Qquase escondido nos vales das escarpadas montanhas da cordilheira dos pirineus, entre a frança e a espanha, está um lugar encantado chamado principado de andorra. É hoje um dos principais destinos europeus do turismo

Por: Jaime Borquez

Isso significa muita neve no inverno, e temperaturas bem mais frescas no verão, estação que costuma ser escaldante nos territórios vizinhos da Espanha e da França.

Andorra não é membro da Comunidade Europeia. Sabiamente, preferiu ficar de fora desse sistema político-monetário, como que prevendo as complica-ções que tal interdependência iria acarretar – como acarretou – a seus Estados membros. Apesar disso, o principado mantém excelentes relações com os de-mais países do continente, e usa a sua moeda, o euro.

Fora da capital, o principado está semeado de peque-nas aldeias, muitas delas ainda nos padrões medie-vais dos velhos casarões de pedra, típicos dos países europeus de antiga tradição agrária e de pecuária de montanha. Andorra possui um sítio natural integran-te da lista do Patrimônio da Humanidade, da Unesco. Trata-se da Paisagem Natural do Vale de Madriu--Perafita-Claror. Esse vale oferece uma interessante perspectiva dos modos como as diferentes populações exploraram os recursos naturais dos altos Pirineus através dos milênios. A região, com suas pastagens de grande altitude e encostas recobertas por flores-tas, toda cercada por escarpas formadas ao longo das eras glaciais, ocupa uma área de 4,3 hectares, 9% da área total do principado. Visitá-la significa receber um testemunho das mudanças climáticas ocorridas há muitos milênios, dos sistemas sociais e econômi-cos dos séculos passados, bem como da persistência do estilo de vida pastoral e da forte cultura monta-nhesa. Na região ainda vigora um sistema comunitá-

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rio de propriedade e de exploração da terra criado ao redor do século 13 da nossa Era. No Vale de Madriu--Perafita-Claror podem ser visitados casarões antigos, várias aldeias de pastores que eram habitadas apenas nos meses de verão, agricultura de terraço nas encos-tas das montanhas, pistas e sendeiros demarcados por pedras, e ruínas de antigas fundições de ferro.Não há aeropostos em Andorra – a topografia do principado não o permite. O acesso é feito, portanto, a partir dos aeroportos de Barcelona ou o da cidade francesa de Toulouse. Entre Barcelona e Andorra são 200 quilômetros de estrada impecável, com uma paisagem variada na

qual surgem singelos povoados, e sempre tendo as montanhas dos Pi-rineus ao lado direito. De Toulouse a Andorra são apenas 180 quilômetros. De ambas cidades partem vários ôni-bus diários para Andorra, para quem não deseja viajar por conta própria alugando um carro.

O que fazer em Andorra? Quem che-ga fica surpreso com tudo que esse pequeno país tem para oferecer. No verão, que começa agora, há muitas atividades ao ar livre. Boa pedida é conhecer o parque Naturlandia, onde há um pequeno zoológico com ani-mais típicos da região. No parque, não se pode perder o passeio no To-botronc, o tobogã mais longo da Eu-ropa, com cinco quilômetros de ex-

tensão.

O principado oferece também uma excelente gas-tronomia, em especial nas “bordas”, que são antigos celeiros e estábulos, hoje transformados em restau-rantes de cozinha regional. Todos possuem uma de-coração muito característica.

Com seu comércio livre de impostos, Andorra não tem concorrente em termos de preços e condições de venda de produtos em toda a Europa. Há também outras facilidades. A quem deseja ter ajuda num dia de visita às lojas, os hotéis da rede Plaza, por exem-

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plo, oferecem um assessor experto em moda e imagem pessoal para acompanhar o turista que deseja sair às compras.

Em Andorra está Caldea, um dos maiores centros de águas termais da Europa, verdadeiro paraíso do relax para o corpo e o espírito. A cidade conta com mais de uma dezena de museus, como o do tabaco, o das mi-niaturas, o da bicicleta, um museu sobre como viviam os andorranos abastados e outro sobre como viviam os menos privilegiados, ambos imperdíveis. Dar um passeio a pé na parte antiga da cidade e nos seus arre-dores é como fazer uma viagem no tempo, sobretudo

quando se caminha pelas ruas estrei-tas dos povoados medievais.

Hospedagem:

Andorra é muito bem servida em termos de hotelaria. Com cinco ho-téis elegantes e sofisticados - Plaza, Carlton Plaza, Holiday Inn, Ski Plaza e Hotel Mu – a rede Plaza Andorra oferece tudo que o visitante brasi-leiro gosta e procura: conforto, des-contração, cordialidade, facilidade para os deslocamentos, ótimos spas e piscinas. Essa rede oferece também as melhores opções para quem gosta de vida ao ar livre, em total seguran-ça, como trilhas para caminhadas em meio às estonteantes paisagens dos Pirineus, roteiros através das flores-

tas, escaladas, passeios de bug, pesca de trutas, e, claro, ter muita diversão na neve que, durante a tem-porada, cobre as montanhas de branco. O Ski Plaza, em particular, está localizado próximo às estações de esqui de Grandvalira e com ligação ao complexo tu-rístico por meio de um moderno teleférico. Para mais informações, acesse: http://www.plazandorra.com

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