5
Obesidade Mórbida e Intubação Traqueal Prezado Editor, Baseado em publicações de autores que propõem a coloca- ção de travesseiros sob os ombros e a cabeça de pacientes obesos, para facilitar a intubação traqueal, o Dr. Ricardo Francisco Simoni desenvolveu um dispositivo muito útil. Tra- ta-se de um dispositivo na forma trapezoidal, fruto da obser- vação da postura obtida com a colocação dos travesseiros. Incentivei o Dr. Ricardo a enviar uma Carta ao Editor com o propósito de divulgar o invento. No nosso serviço utilizamos rotineiramente o dispositivo para a intubação traqueal em obesos e demos o nome de “Tra pé zio de Si mo ni” em ana lo gia com a “Cunha de Crawford”. Acho que o invento merece ser divulgado. Sendo o que se apresenta para o momento, reformulo o meu apreço. Luiz M. Cangiani, TSA Membro do Conselho Editorial da RBA Chefe do Deptº de Anestesiologia e Terapia da Dor do Centro Médico de Campinas Av. Andrade Neves 611 13013-161 Campinas, SP Morbidly Obese Patients and Tracheal Intubation Dear Mrs. Editor Based on publications in which some authors propose the placement of pillows under the shoulders and head of obese patients to help tracheal intubation, Dr. Ricardo Francisco Si- moni has developed a very useful device. It is a trapezoidal device, fruit of observation of the position obtained with pillows. I have encouraged Dr. Ricardo to send a Letter to the Editor aiming at spreading his invention. This device is routinely used in our service for tracheal intubation of obese patients and we have called it “Simoni’s Trapeze” in analogy with “Crawford’s Wedge”. I believe that the invention is worth being divulgated. Yours truly. Luiz M. Cangiani, TSA, M.D. Member of BJA Editorial Board Chef of Anesthesiology and Pain Treatment Department, Medical Center of Campinas Av. Andrade Neves 611 13013-161 Campinas, SP Dispositivo Útil para Intubação Traqueal no Paciente Obeso Mórbido A população obesa tem aumentado consideravelmente em quase todo mundo. No Brasil a taxa de prevalência na popu- lação feminina é de 13,3% e na masculina de 7%. Na Europa e nos EUA as taxas de prevalências são de 20% e 22,5%, res- pectivamente. A taxa de ascensão varia de 0,5% a 1% ao ano nos países desenvolvidos. Somente Japão e Holanda pos- suem taxas de ascensão estáveis 1 . Devido a esses números, é de se esperar que tenhamos cada vez mais cada vez mais pacientes desse tipo em nossa práti- ca clínica, não somente para a realização de gastroplastias e banda gástrica, mas também para outros tipos de procedi- mentos. São várias as peculiaridades anestésicas que se deve conhecer quando de seu manuseio. Pode-se citar que as alterações cardiovasculares, respiratórias e farmacoci- néticas fazem parte da lista das mais importantes. Porém, a intubação traqueal (IOT) e a manutenção das vias aéreas foram alvos de recentes discussões no último encontro da ASA, em outubro de 2004. Nos obesos, o índice de Mallampati, não seria o fator mais eficaz para previsão de IOT difícil. O teste de maior sucesso para tal avaliação seria a medida da circunferência do pesco- ço. Assim, pacientes obesos teriam 30% de probabilidade de IOT difícil quando a circunferência do pescoço ultrapassar 60 cm. Somente nesses casos a intubação traqueal com o paciente acordado a fibroscopia seria recomendada 2,3 . Ponderou-se também, que a relação obesidade mórbida e IOT difícil está sendo supervalorizada 4 . Dois estudos, um com 764 e outro com 100 obesos mórbidos, não consegui- ram demonstrar uma correlação evidente entre índice de massa corpórea (IMC) e IOT difícil 5,6 . Porém, quando esses pacientes obesos apresentavam apnéia obstrutiva do sono, existiu forte correlação com IOT difícil 7 . Nesses pacientes, um estudo mostrou a presença de grande quantidade de teci- do conjuntivo frouxo paratraqueal 8 . Ressaltou-se também nesse mesmo congresso, que na mai- oria das vezes quando a IOT não era possível com laringos- copia direta, o problema encontrava-se no posicionamento inadequado do paciente 3,4 (Figura 1). Na nossa revista (Rev Bras Anestesiol) alguns autores mos- traram os cuidados que se deve ter antes de se efetuar a larin- coscopia direta. A avaliação criteriosa das vias aéreas, a uti- lização de coxins sob os ombros, a flexão do dorso da mesa foram demonstradas como manobras eficazes para o corre- to posicionamento desses pacientes, proporcionando a ex- tensão da coluna torácica e flexão da coluna cervical com o favorecimento da articulação atlanto-occipital 9,10 (Figura 2). Observando-se as últimas ilustrações publicadas na Rev Bras Anestesiol e no último Refresher Course da ASA 2004, idealizei um coxim único com o formato de trapézio. O dispo- sitivo foi confeccionado com espuma de densidade 33 e en- volto em lona lavável, cujas medidas estão apresentadas na figura 5 (Figuras 3, 4 e 5). 256 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 55, Nº 2, Março - Abril, 2005 CARTAS AO EDITOR LETTERS TO THE EDITOR Rev Bras Anestesiol 2005; 55: 2: 256 - 260

Obesidade M órbida e Int ubação T raqueal Dis po si ti vo ... · co pia di re ta, o pro ble ma en con tra v a-se no po si ci o na men t o ina de qua do do p a ci en te 3,4 (Figura

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Obesidade M órbida e Int ubação T raqueal Dis po si ti vo ... · co pia di re ta, o pro ble ma en con tra v a-se no po si ci o na men t o ina de qua do do p a ci en te 3,4 (Figura

Obesidade Mórbida e Intubação Traqueal

Pre za do Edi tor,

Ba se a do em pu bli ca ções de au to res que pro põem a co lo ca -

ção de tra ves se i ros sob os om bros e a ca be ça de pa ci en tes

obe sos, para fa ci li tar a in tu ba ção tra que al, o Dr. Ri car do

Fran cis co Si mo ni de sen vol veu um dis po si ti vo mu i to útil. Tra -

ta-se de um dis po si ti vo na for ma tra pe zo i dal, fru to da ob ser -

va ção da postura obtida com a colocação dos travesseiros.

Incen ti vei o Dr. Ri car do a en vi ar uma Car ta ao Edi tor com o

pro pó si to de di vul gar o invento.

No nos so ser vi ço uti li za mos ro ti ne i ra men te o dis po si ti vo

para a in tu ba ção tra que al em obe sos e de mos o nome de

“Tra pé zio de Si mo ni” em ana lo gia com a “Cunha de

Crawford”.

Acho que o in ven to me re ce ser divulgado.

Sen do o que se apre sen ta para o mo men to, re for mu lo o meu

apre ço.

Luiz M. Can gi a ni, TSA

Mem bro do Con se lho Edi to ri al da RBA

Che fe do Deptº de Anes te si o lo gia

e Te ra pia da Dor do Cen tro Mé di co de Cam pi nas

Av. Andra de Ne ves 611

13013-161 Cam pi nas, SP

Mor bidly Obe se Pa ti ents and Tra che alIntu ba ti on

Dear Mrs. Edi tor

Ba sed on pu bli ca ti ons in which some aut hors pro po se the

pla ce ment of pil lows un der the shoul ders and head of obe se

pa ti ents to help tra che al in tu ba ti on, Dr. Ri car do Fran cis co Si -

mo ni has de ve lo ped a very use ful de vi ce. It is a tra pe zo i dal

de vi ce, fru it of ob ser va ti on of the position obtained with

pillows.

I have en cou ra ged Dr. Ri car do to send a Let ter to the Edi tor

ai ming at spre a ding his in ven ti on. This de vi ce is rou ti nely

used in our ser vi ce for tra che al in tu ba ti on of obe se pa ti ents

and we have cal led it “Si mo ni’s Tra pe ze” in ana logy with

“Crawford’s Wedge”.

I be li e ve that the in ven ti on is worth be ing divulgated.

Yours truly.

Luiz M. Can gi a ni, TSA, M.D.

Mem ber of BJA Edi to ri al Bo ard

Chef of Anest he si o logy and Pain Tre at ment

De part ment, Me di cal Cen ter of Cam pi nas

Av. Andra de Ne ves 611

13013-161 Cam pi nas, SP

Dis po si ti vo Útil para Intu ba ção Tra que alno Pa ci en te Obe so Mórbido

A po pu la ção obe sa tem au men ta do con si de ra vel men te em

qua se todo mun do. No Bra sil a taxa de pre va lên cia na po pu -

la ção fe mi ni na é de 13,3% e na mas cu li na de 7%. Na Eu ro pa

e nos EUA as ta xas de pre va lên ci as são de 20% e 22,5%, res -

pec ti va men te. A taxa de as cen são va ria de 0,5% a 1% ao ano

nos pa í ses de sen vol vi dos. So men te Ja pão e Ho lan da pos -

su em ta xas de as cen são es tá ve is 1.

De vi do a es ses nú me ros, é de se es pe rar que te nha mos cada

vez mais cada vez mais pa ci en tes des se tipo em nos sa prá ti -

ca clí ni ca, não so men te para a re a li za ção de gas tro plas ti as e

ban da gás tri ca, mas tam bém para ou tros ti pos de pro ce di -

men tos. São vá ri as as pe cu li a ri da des anes té si cas que se

deve co nhe cer quan do de seu ma nu se io. Pode-se ci tar que

as al te ra ções car di o vas cu la res, res pi ra tó ri as e far ma co ci -

né ti cas fa zem par te da lis ta das mais im por tan tes. Po rém, a

in tu ba ção tra que al (IOT) e a ma nu ten ção das vias aéreas

foram alvos de recentes discussões no último encontro da

ASA, em outubro de 2004.

Nos obe sos, o ín di ce de Mal lam pa ti, não se ria o fa tor mais

efi caz para pre vi são de IOT di fí cil. O tes te de ma i or su ces so

para tal ava li a ção se ria a me di da da cir cun fe rên cia do pes co -

ço. Assim, pa ci en tes obe sos te ri am 30% de pro ba bi li da de de

IOT di fí cil quan do a cir cun fe rên cia do pes co ço ul tra pas sar

60 cm. So men te nes ses ca sos a in tu ba ção tra que al com o

pa ci en te acor da do a fi bros co pia se ria re co men da da 2,3.

Pon de rou-se tam bém, que a re la ção obe si da de mór bi da e

IOT di fí cil está sen do su per va lo ri za da 4. Dois es tu dos, um

com 764 e ou tro com 100 obe sos mór bi dos, não con se gui -

ram de mons trar uma cor re la ção evi den te en tre ín di ce de

mas sa cor pó rea (IMC) e IOT di fí cil 5,6. Po rém, quan do es ses

pa ci en tes obe sos apre sen ta vam ap néia obs tru ti va do sono,

exis tiu for te cor re la ção com IOT di fí cil 7. Nes ses pa ci en tes,

um es tu do mos trou a pre sen ça de gran de quan ti da de de te ci -

do con jun ti vo frou xo pa ra tra que al 8.

Res sal tou-se tam bém nes se mes mo con gres so, que na ma i -

o ria das ve zes quan do a IOT não era pos sí vel com la rin gos -

co pia di re ta, o pro ble ma en con tra va-se no po si ci o na men to

ina de qua do do pa ci en te 3,4 (Figura 1).

Na nos sa re vis ta (Rev Bras Anes te si ol) al guns au to res mos -

tra ram os cu i da dos que se deve ter an tes de se efe tu ar a la rin -

cos co pia di re ta. A ava li a ção cri te ri o sa das vias aé re as, a uti -

li za ção de co xins sob os om bros, a fle xão do dor so da mesa

fo ram de mons tra das como ma no bras efi ca zes para o cor re -

to po si ci o na men to des ses pa ci en tes, pro por ci o nan do a ex -

ten são da co lu na to rá ci ca e fle xão da co lu na cer vi cal com o

fa vo re ci men to da ar ti cu la ção atlan to-oc ci pi tal 9,10 (Figura 2).

Obser van do-se as úl ti mas ilus tra ções pu bli ca das na Rev

Bras Anes te si ol e no úl ti mo Re fres her Cour se da ASA 2004,

ide a li zei um co xim úni co com o for ma to de tra pé zio. O dis po -

si ti vo foi con fec ci o na do com es pu ma de den si da de 33 e en -

vol to em lona la vá vel, cu jas me di das es tão apre sen ta das na

fi gu ra 5 (Fi gu ras 3, 4 e 5).

256 Revista Brasileira de AnestesiologiaVol. 55, Nº 2, Março - Abril, 2005

CARTAS AO EDITORLETTERS TO THE EDITOR

Rev Bras Anes te si ol

2005; 55: 2: 256 - 260

Page 2: Obesidade M órbida e Int ubação T raqueal Dis po si ti vo ... · co pia di re ta, o pro ble ma en con tra v a-se no po si ci o na men t o ina de qua do do p a ci en te 3,4 (Figura

Nota-se que para ha ver po si ci o na men to cor re to de obe sos,

deve-se tra çar uma li nha ima gi ná ria en tre o me a to acús ti co

ex ter no e o es ter no do pa ci en te, e que tal li nha deve es tar pa -

ra le la ao solo 3 (Figura 6).

O uso des se dis po si ti vo úni co em for ma to de tra pé zio eli mi na

a uti li za ção de inú me ros len çóis do bra dos, co ber to res e tra -

ves se i ros di ver sos que se ri am ne ces sá ri os para se ob ter tal

efe i to. Pe que nas va ri a ções po dem ser fe i tas com pe que nos

tra ves se i ros colocados sob a cabeça do paciente (Figura 7).

Obser van do-se mais aten ta men te, essa po si ção para IOT

tam bém pode ser con se gui da com fle xão do dor so da mesa

de ope ra ção e com a ca be ce i ra co lo ca da pa ra le la ao solo.

Po rém, não são to das as me sas que te ri am tal re cur so e para

al guns pa ci en tes gran de men te obe sos é ne ces sá rio adap -

tar-se duas me sas para a realização da operação proposta.

Revista Brasileira de Anestesiologia 257Vol. 55, Nº 2, Março - Abril, 2005

CAR TAS AO ED I TOR / LETTERS TO THE ED I TOR

Fi gu ra 3 - Mos tra que o Con jun to de Tra ves se i ros for mam uma Fi -gu ra Tra pe zo i dal

Fi gu ra 4 - Dis po si ti vo em For ma Tra pe zo i dalFi gu ra 1 - Po si ci o na men to Ha bi tu al

Fi gu ra 2 - Mé to do Pro pos to por Sou za e Por sa ni 9

25 cm

55 cm

73 cm

30 cm

Fi gu ra 5 - Me di das do Dis po si ti vo Pro pos to

Page 3: Obesidade M órbida e Int ubação T raqueal Dis po si ti vo ... · co pia di re ta, o pro ble ma en con tra v a-se no po si ci o na men t o ina de qua do do p a ci en te 3,4 (Figura

Com a uti li za ção do co xim pro pos to não só a IOT é fa ci li ta da,

mas tam bém a ven ti la ção dos obe sos mór bi dos é mais efi -

caz, re sul ta do do des lo ca men to dis tal das ma mas e do ab dô -

men. O pró prio pa ci en te, quan do co lo ca do nes sa po si ção,

re la ta em mu i tas ve zes, ma i or facilidade nos movimentos

ventilatórios.

Aten ci o sa men te.

Ri car do Fran cis co Si mo ni, TSA

Mem bro do CET/SBA do Insti tu to Pe ni do Bur ni er e

Cen tro Mé di co de Cam pi nas.

Rua Cel. Fran cis co Andra de Cou ti nho, 222/12

13025-190 Cam pi nas, SP

E-mail: ri ca boss@ter ra.com.br

Tra che al Intu ba ti on of Mor bidly Obe sePa ti ents: A Use ful De vi ce

Obe se po pu la ti on has con si de rably in cre a sed al most every -

whe re. In Bra zil, in ci den ce on fe ma le po pu la ti on is 13.3% and

on male po pu la ti on is 7%. In Eu ro pe and the USA, pre va len -

ces are 20% and 22.5%, res pec ti vely. Ascen si on rate va ri es

from 0.5% to 1% a year in de ve lo ped coun tri es. Only Ja pan

and The Net her lands have sta ble as cen si on ra tes 1.

Due to the se fi gu res, it is to be ex pec ted that in cre a singly

more obe se pa ti ents will be seen in our cli ni cal prac ti ce, not

only for gas tro plas ti es and gas tric bands, but also for dif fe -

rent types of pro ce du res. Se ve ral anest he tic pe cu li a ri ti es

should be un ders to od to ma na ge such pa ti ents. It can be said

that car di o vas cu lar, res pi ra tory and phar ma co ki ne tic chan -

ges are some of the most im por tant. Ho we ver tra che al in tu -

ba ti on (TI) and air way ma in te nan ce were the fo cus of recent

discussions during the latest ASA meeting in October 2004.

Mal lam pa ti in dex would not be the most ef fec ti ve fac tor to pre -

dict dif fi cult TI in obe se pa ti ents. Most suc cess ful test for such

eva lu a ti on would be neck cir cum fe ren ce me a su re ment. So,

obe se pa ti ents would have 30% pro ba bi lity of dif fi cult TI when

neck cir cum fe ren ce would be abo ve 60 cm. Only for the se ca -

ses tra che al in tu ba ti on with awa ken pa ti ents would be re com -

men ded 2,3.

It has also been dis cus sed that mor bid obe sity/dif fi cult TI ra -

tio is be ing over va lu ed 4. Two stu di es, one with 764 and the ot -

her with 100 mor bidly obe se pa ti ents, were una ble to show

evi dent cor re la ti on bet we en body mass in dex (BMI) and dif fi -

cult TI 5,6. Ho we ver, when obe se pa ti ents pre sen ted obs truc -

ti ve sle ep ap nea, the re has been strong cor re la ti on with dif fi -

cult TI7. A study has shown the pre sen ce of lar ge amounts of

weak pa ra tra che al con nec ti ve tis sue in the se pa ti ents 8.

This same me e ting has stres sed that most ti mes when TI was

im pos si ble with di rect lary ngos copy, the pro blem was ina de -

qua te pa ti ents’ po si ti on 3,4 (Figure 1).

Some aut hors have shown in our jour nal (Bras J Anest he si ol) ca -

res to be ta ken be fo re di rect lary ngos copy. Tho rough air ways

eva lu a ti on, pads un der shoul ders and ta ble ben ding were con si -

de red ef fec ti ve ma ne u vers to ade qua tely po si ti on the se pa ti ents,

pro vi ding tho ra cic co lumn ex ten si on and cer vi cal co lumn fle xi on

fa vo ring atlan to-oc ci pi tal jo int 9,10 (Fi gu re 2).

Obser ving re cent il lus tra ti ons pu blis hed by Bras J Anest he si ol

and af ter the la test ASA 2004 Re fres her Cour se, I have de ve lo -

ped a sin gle tra pe zo i dal pad. De vi ce was ma nu fac tu red with

den sity 33 foam and was wrap ped in was ha ble can vas, the me -

a su res of which are shown in Fi gu re 5 (Fi gu res 3, 4 and 5).

Note that to cor rectly po si ti on obe se pa ti ents, an ima gi nary

line should be drawn bet we en ex ter nal acous tic me a tus and

ster num, and such line should be pa ral lel to the ground 3

(Figure 6).

This sin gle tra pe ze-sha ped de vi ce eli mi na tes the need for

nu me rous fol ded she ets, blan kets and dif fe rent pil lows which

would be ne e ded to ob ta in such ef fect. Mi nor va ri a ti ons could

be achi e ved with small pil lows pla ced un der patient’s head

(Figure 7).

258 Revista Brasileira de AnestesiologiaVol. 55, Nº 2, Março - Abril, 2005

CAR TAS AO ED I TOR / LETTERS TO THE ED I TOR

Fi gu ra 6 - Uti li za ção do Dis po si ti vo Tra pe zo i dal

Fi gu ra 7 - Co lo ca ção de um Tra ves se i ro do mes mo Ma te ri al paraPe que nos Ajus tes (se ne ces sá rio)

Page 4: Obesidade M órbida e Int ubação T raqueal Dis po si ti vo ... · co pia di re ta, o pro ble ma en con tra v a-se no po si ci o na men t o ina de qua do do p a ci en te 3,4 (Figura

Revista Brasileira de Anestesiologia 259Vol. 55, Nº 2, Março - Abril, 2005

CAR TAS AO ED I TOR / LETTERS TO THE ED I TOR

Fi gu re 1 - Nor mal Po si ti on

Fi gu re 2 - Met hod Pro po sed by Sou za & Por sa ni 9

Fi gu re 3 - Shows that the Set of Pil lows forms a Tra pe zo i dal Fi gu re

Fi gu re 4 - Tra pe zo i dal De vi ce

25 cm

55 cm

73 cm

30 cm

Fi gu re 5 - Me a su res of Pro po sed De vi ce

Fi gu re 6 - Tra pe zo i dal De vi ce Use

Page 5: Obesidade M órbida e Int ubação T raqueal Dis po si ti vo ... · co pia di re ta, o pro ble ma en con tra v a-se no po si ci o na men t o ina de qua do do p a ci en te 3,4 (Figura

After ca re ful ob ser va ti on, this TI po si ti on may be also ob ta i -

ned by ben ding the ope ra ting ta ble with he a drest pa ral lel to

ground. Ho we ver not all ta bles have this fa ci lity and for some

very obe se pa ti ents two ta bles would have to be adap ted to

per form the proposed operation.

With our pad, not only TI is made ea si er, but also mor bidly

obe se pa ti ents’ ven ti la ti on is more ef fec ti ve as re sult of dis tal

shift of bre asts and ab do men. Pa ti ents them sel ves, when

pla ced in this po si ti on, very of ten re port ea si er ventilatory

movements.

Yours truly.

Ri car do Fran cis co Si mo ni, TSA, M.D.

Mem ber of CET/SBA do Insti tu to Pe ni do Bur ni er and

Cen tro Mé di co de Cam pi nas.

Rua Cel.Fran cis co Andra de Cou ti nho, 222/12

13025-190 Cam pi nas, SP

E-mail: ri ca boss@ter ra.com.br

REFERÊNCIAS - REF ER ENCES

01. Mancini MC - Diagnóstico e Classificação da Obesidade, em:Garrido Júnior AB - Cirurgia da Obesidade, São Paulo:Atheneu, 2002;1-7.

02. Ogunnaike BO, Jones SB, Jones DB et al - An es thetic con sid er -ations for bariatric sur gery. Anesth Analg, 2002;95:1793-1805.

03. Brodsky JB - An es the sia for Bariatric Sur gery, em: Re fresherCourse ASA, 2004;506.

04. Neligan PJ - Bariatric Med i cine: Clin i cal Im pli ca tions of Mor bidObe sity, em: Re fresher Course ASA, 2004;121.

05. Ezri T, Wa ters RD, Szmuk P et al - The in ci dence or class “zero”air way and the im pact of Mallampati score, age, sex, and bodymass in dex on pre dic tion of laringoscopy grade. Anesth Analg,2001;93:1073-1075.

06. Brodsky JB, Lemmens HJ, Brock-Utne JG et al - Mor bid obe sityand tra cheal intubation. Anesth Analg, 2002;94:732-736.

07. Erzi T, Medalion B, Weisenberg M et al - In creased body mass in -dex per se is not a pre dic tor of dif fi cult laryngoscopy. Can JAnaesth, 2003;50:179-183.

08. Erzi T, Gewurtz G, Sessler DI et al - Pre dic tion of dif fi cultlaryngoscopy in obese pa tients by ul tra sound quan ti fi ca tion ofan te rior neck soft tis sue. An aes the sia, 2003;58:1111-1114.

09. Souza LR, Porsani DF, Branco A - Posicionamento do pacientecom obesidade mórbida para intubação traqueal. Rev BrasAnestesiol, 2000;50:484-485.

10. Braga AFA, Silva ACM, Cremonesi E - Obesidade mórbida:considerações clínicas e anestésicas. Rev Bras Anestesiol,1999;49:201-212.

260 Revista Brasileira de AnestesiologiaVol. 55, Nº 2, Março - Abril, 2005

CAR TAS AO ED I TOR / LETTERS TO THE ED I TOR

Fi gu re 7 - Pla ce ment of a Pil low of the same Ma te ri al for Mi norAdjust ments (if ne e ded)