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A FABULOSA VILA DE OLETSAC DEZEMBRO 2012 2 JANEIRO 2013

Óbidos Vila Natal 2012-2013 - OLETSAC

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Aventure-se na descoberta dos mistérios de OLETSAC. Animais raros, estrelas e cometas, feiticeiros e rainhas do gelo, brincadeiras e descobertas… será um natal para descobrir em Óbidos.

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A FABULOSA VILA DE

OLETSAC

DEZEMBRO 2012 2 JANEIRO 2013

A FABULOSA VILA DE OLETSACEsta é a história de Oletsac, uma vila especial que se confunde com a história de uma princesa. Aqui vivem seres dos oceanos profundos, viajantes que fazem do céu e do espaço as suas es-tradas, constelações de estrelas que só de Oletsac se avistam, bosques trabalhados pelo tempo e pelo homem e gente dife-rente, muito diferente! É um local de intrépidos viajantes que por aqui passam e se instalam, trazendo histórias de todos os mundos. Talvez o maior desses viajantes seja um ancião vin-do de terras frias e menos luminosas da Lapónia, procurando em Oletsac o conforto da muralha e o clima ameno. Aqui tem o Pai Natal o seu Paço, onde recebe todos os visitantes da vila fantástica.

Oletsac é terra de rainhas e princesas, da mítica Rainha do Gelo até à bem real Princesa Urraca. A história é longa como a família que se estende a tempos ancestrais. Urraca é a jo-vem senhora que transformou Oletsac na reserva mundial da fantasia, juntando aqui ciência e magia, fogo e gelo, terra e mar, visível e invisível. Não há limites para as curiosidades desta viajante destemida, uma colectora de relíquias de ou-

tros tempos e que encontrou neste local, outrora ocupado por um povoado, entretanto desaparecido, o local ideal para o refúgio de todos os seres de todos os mundos. As altas e sólidas muralhas de pedra talhada por homens comuns com mãos de gigante são o local ideal para esconder e mostrar os mundos do Mundo. Apenas em Dezembro, e nos primeiros dias do novo ano, a princesa destemida e imparável aventureira aqui se refugia e abre as portas de Oletsac, revelando todas as suas descobertas do ano.

Nesta época, o tempo parou no relógio da torre que vigia a Vila e marca a fronteira entre estes dois mundos, o real e o fantástico. Todos os relógios param e o tempo passa a ser co-mandado por aqueles que ousam aventurar-se na descoberta dos mistérios de Oletsac.

A entrada em Oletsac faz-se pela Porta da Talhada, que bro-ta da rocha. Se uns dizem que ela foi esculpida na rocha que a sustenta, outros dizem que ela daí cresceu, sem que nin-guém nunca lhe tenha tocado... do lado de fora ou de dentro da muralha, as opiniões são diferentes e marcam a fronteira entre realidade e fantasia.

O mistério adensa-se e a surpresa toma conta de nós. Este é

um mundo muito antigo, onde os animais, pessoas, árvores, duendes e outras formas de vida se esconderam do mundo exterior, que corre depressa demais e que não os aceita como iguais.

Ao entrarmos pela Porta da Talhada, chega um primeiro si-nal da singularidade deste local... Um Obiólogo (cientista que estuda todas as formas de vida de Oletsac) debita um manual de sobrevivência para todos os visitantes, como li-dar com os nativos e os seus costumes e que espécies dóceis e mais belicosas existem. Atenção máxima é exigida face à voracidade e velocidade com que discorre sobre matérias tão complexas. As palavras precipitam-se da boca do Obiólogo, como o caminho íngreme pode fazer cair visitantes incautos, maravilhados pelo bosque da encosta e com a vista da várzea, onde antes navegavam bateiras, botes e navios.

Aqui, nesta encosta de ninguém, batida pelos ventos maríti-mos, não há vivalma, apenas um velho ancião, um ermita que vive nas cavernas escavadas debaixo da muralha por an-tigos inimigos, que por aqui escavaram para tentar entrar na cerca através de um túnel que os ajudasse a vencer as intrans-poníveis muralhas de Oletsac. Este homem, de quem nin-guém conhece o verdadeiro nome, é chamado de Matusalém,

em referência ao homem mais velho referido na Bíblia Sa-grada. Há também quem o chame de Demiurgo (o criador), pois conhece todas as profecias e histórias de Oletsac e tem a arreliante capacidade de prever o que se vai passar no próprio dia. Balbucia a todos os transeuntes, visitantes ou habitantes, a lengalenga do dia-a-dia, deixando a descoberto tudo o que se passará nas horas seguintes.

Cansados destas premonições, que destruíam todo o mistério de quem nos visitava, um grupo de homens-bons juntou-se e, em tempos idos, pediu ao feiticeiro e druida, que mora numa das torres do castelo, e que vende poções na Praça da Vila, que terminasse com esta desventura. O druida embrenhou-se nesta façanha, que começou no solstício de Verão e durou até ao Solstício de Inverno, conseguindo criar um antídoto para os dotes do Demiurgo. A partir desse dia, estava encontrada uma forma de deixar mudo o homem que já disse todas as palavras do mundo. Todos os que não querem saber o que se-rão as suas próximas horas devem gritar as mágicas palavras: Aut viam inveniam aut faciam (Encontrarei um caminho ou farei um)!

O verde dos campos mistura-se com o azul do céu, dia e noite misturam-se, as luzes e as trevas vão revezando... chegaram

ao Oppidum Planetário. Numa antiga fortificação avança-da do castelo, que serviu em tempos para a sua protecção, foi criado um local de observação, de estudo e demonstração dos perigos e dos aspectos mais fascinantes do mar, do céu e do espaço.

Este é o local onde moradores e homens de ciência passam o seu tempo observando os astros e fenómenos naturais que o mar transporta de longe e que assolam a costa. Talvez uma das figuras mais conhecidas que aqui se encontra seja o Gá-veas. É um exemplo de dedicação a uma causa, que faz uso da sua experiência, que lhe valeu a alcunha que o identifica. Foi em tempos um astuto navegador, famoso pelas suas vistas largas e, por isso, sempre escolhido para a gávea dos navios, para alerta perante qualquer avistamento. Tanto gritou que perdeu a voz, comunicando hoje por todas as formas de mí-mica possíveis e imaginárias.

Periscópios, caleidoscópios ou telescópios transformam a luz e a imagem, para revelar o que se esconde por trás das névo-as, do fumo azul que cobre o céu, da incandescência do sol. Esta explosão de cores e formas, camufladas pelo clima apa-rentemente normal, foi uma descoberta da Princesa Urraca, jovem senhora da vila.

Fascinada pelos astros e pela óptica, pela forma como a luz e a cor podiam torna-la, ela própria, uma pessoa colorida, criou, com os seus inventores, um megascópio muito especial. Mais do que ver perto o que está longe, permite ver o que o olhar dos homens não vê... atacantes invisíveis, máquinas camufladas nas nuvens ou apenas os temíveis monstros alados que de castelo em castelo vão espalhando o medo.

Foi esta Princesa quem criou o Monstruário, uma raríssima colecção de animais marinhos primitivos de todos os mares do mundo, muitos deles já extintos, e que apenas aqui podem ser conhecidos. Urraca sempre lutou contra o passar do tempo e o desaparecimento das coisas, das mais simples às mais com-plexas.

A sua busca de conhecimento de todos os elementos nunca pa-rou. Do espaço aos mares, mandou navegar, recolher, estudar e desenhar para que todos os que hoje visitam Oletsac possam ter contacto com este mundo perdido.

A entrada na cerca velha é um momento solene, cerimonioso e algo intimidatório. O bosque. Uma pequena alameda de árvores revela-nos que estas podem ser da nossa altura, mas o seu tempo vive uma outra escala. O Obiólogo chamou a esta

relação de tempo e tamanho de anos-árvore, onde cada metro de crescimento equivale a quatro anos de vida. Servem tam-bém para explicar que o tempo que vivemos é muito pequeno quando comparado com a vida destas e de todas as árvores e que devemos, por isso, respeitar os bosques como entes sagra-dos. Não é por isso que entre as árvores muitos procurem o seu local de oração aos mais estranhos deuses!

São muitos os contrastes. Sente-se a mística e os mitos, onde crenças e ciências se misturam, onde saber e acreditar fazem mover as pessoas. Por isso, circulam jornais, quando em todo o mundo vão acabando. Temos livros, quando em todo o mun-do fecham livrarias. E temos pessoas que vivem disso, quando no resto do mundo já ninguém faz disto vida...

O ardina vende o jornal de Oletsac, onde notícias apare-cem e desaparecem todos os dias, onde não é raro ver o ar de espanto de quem as lê. Ouve-se o eco dessas notícias, bem para além do bosque interior, com que todos os visitantes se deparam quando entram e caminham até à pequena Praça da Vila, onde se abrigam pequenas casas camufladas pelo terreno, para que sejam invisíveis a partir dos perigosos céus. Os habitantes compensam esta indistinção das suas casas no exterior, com interiores vibrantes, coloridos, onde todos ten-

tam ser mais originais que o seu vizinho. Surgem barras, li-nhas, formas geométricas improváveis, misturas de cores que tornam estas casas em edifícios que todos querem espreitar. O Virtuarium, o Café Quentinho, o Covil dos Musaranhos, a Barbacã, nasceram da imaginação das crianças, não de Olet-sac, mas da vila gémea de Óbidos, que se encontra do outro lado da muralha.

As praças são, como em qualquer outra vila, espaços onde as pessoas se reúnem, onde falam e se divertem, onde acontecem concertos, onde os nativos vendem os seus produtos. Há mezi-nhas e poções, curas para todos os males e também para criar mais alguns...

São também os locais onde artistas se reúnem e mostram os seus talentos. Vindos de todas as proveniências, há espetácu-lo para todos os gostos. O Nanotorium pode ser um micro-auditório, mas é onde acontecem os maiores micro-espetá-culos do Mundo, onde homens se misturam com bonecos ou bonecos com homens... é difícil perceber e muita atenção é necessária.

Os habitantes misturam-se com estranhas figuras que esco-lhem este lugar para visitar, mas os que mais se destacam,

partem todos os dias da Lagoa para o nosso castelo e aqui se refugiam nas tabernas, nas praças, junto ao lago gelado do castelo.

Os musaranhos são soldados que protegem Oletsac na lagoa e no mar. São criaturas fascinantes, mamíferos anfíbios de porte médio, com guelras pulmonadas, que na Lagoa encon-traram um local que lhes permitiu continuarem imunes à evolução humana. Sendo pacíficos, têm um sentido de humor delicado quando não é bem regado... Gostam de bebidas exó-ticas que misturem água doce ou salgada, com plantas estra-nhas provenientes do jardim da botica, onde crescem as mais fantásticas ervas para as poções do druida.

Na maior parte das vezes são figuras tranquilas, quase afá-veis, desde que não incomodadas, chegando mesmo a convi-ver com os nativos da vila. Não é invulgar vê-los a divertir-se no lago de gelo do castelo, que o inverno rigoroso solidificou, deixando pequenas bateiras encalhadas no gelo. São bateiras mais pequenas do que as da Lagoa, de cores vivas, umas de um azul molhado da água e com barras horizontais de cor amarela arrancada ao sol. No pequeno lago, durante o Verão, remam as famílias por baixo da pequena caverna que serve de abrigo durante o Inverno gelado.

Estas bateiras são muito especiais e objectos de colecção muito valiosos, que passam de geração em geração e que transportam consigo as ciências da navegação que nenhum homem con-segue aprender. A mais conhecida, aquela com a qual todos queriam pescar, chama-se Gemini, e exerce um estranho fas-cínio em todos os pescadores da zona, pois possui a capacida-de de arruinar qualquer pescaria.... pois enquanto a quilha avisava todos peixes que um pescador os procurava, por ou-tro lado o convés avisava onde se encontravam os cardumes. Pescar era assim uma missão quase impossível, sem que, no entanto, os pescadores desistissem, porque conseguiam sempre observar os cardumes, sem nunca perceber porque o peixe não mordia a linha!

No torreão está de vela o dragão Jormungand, uma criatura mítica que, numa aliança antiga com Oletsac, continua a espalhar o medo junto de vikings e outros povos que descem os mares à procura de riquezas. Jormungand observa toda a várzea até à lagoa e cospe fogo sempre que, ao longe no hori-zonte, navios e corsários ameacem o castelo ancestral. Apesar das fortes muralhas, que protegem contra corsários, existem inimigos mais poderosos, contra os quais, estas nada podem fazer. Magias e alquimias podem ser mais poderosas que a rocha das muralhas ou que o metal das espadas, pois alimen-

tam-se dos receios e crenças dos homens, derrubando todas as barreiras e transformando a sua coragem e bravura no mais inocente dos instintos... a fuga.

A Princesa Urraca construiu ainda, bem no coração de Olet-sac, o famoso e visitado Paço do Natal. Aqui o Pai Natal recebe confortavelmente todos os seus convidados no calor da sua casa e fala com todos eles, preenchendo, assim, os seus dias até à partida para mais um ano de viagens. É um local de emoções, onde se despertam os sentimentos de todos os nossos convidados, onde se reúnem as famílias para descansar ou para levarem mais uma recordação, neste caso a de um dos mais ilustres moradores de Oletsac.

Oletsac é isto! Um vulcão de emoções e sentimentos e, ao mes-mo tempo, um laboratório de experiências, de revelações, de abertura ao saber e à descoberta, tal como Urraca. Quem mais se lembraria de criar uma Fábrica de Luz?! E para quê uma Fábrica de Luz? Que mais é o saber, o conhecimento, senão o combater do obscurantismo? Da ignorância? Porque não ha-vemos nós de perceber para que pode servir a luz, para além de nos iluminar o caminho? Sabem que a luz também pode ter formas? E que cores pode assumir? É uma pequena fábrica de saber ao lado de um dos maiores Bancos de Saber do mundo...

Pela Rua de São Tiago aproximamo-nos cada vez mais da Porta, assim chamada pelos nativos de ambos os locais, sem que antes sejamos esmagados pela torre de menagem do cas-telo e pelo Banco Mundial de Palavras. Este é, apenas, o sítio onde estão guardadas todas as palavras do Mundo, em mui-tas línguas e escritas pelos melhores escritores de sempre. Isso faz desta Vila uma terra e um céu muito especial, como as pessoas que nela se encontram, feita por seres com imaginação sem freio, curiosos, leitores ávidos de todos os mundos e que viajam à velocidade da leitura quando folheiam os livros da livraria com um milhão de palavras, ou nas asas do dragão do torreão, ou quando deslizam no lago de gelo. O seu valor é incalculável, por isso é tão secreto, misterioso quanto ao que guardam as suas prateleiras. Sabemos apenas que das melhores livrarias do mundo vieram volumes que fizeram da Princesa Urraca, não a jovem mais culta do mundo, mas, certamente, uma das mais sábias! Os livros gigantes são uma amostra do fantástico mundo interior que Urraca irá partilhar com o mundo inteiro nos próximos tempos. Mais um motivo para visitar Oletsac e... Óbidos!

Sair de Oletsac não é sair de um mundo irreal e fantástico, mas antes entrar no mundo de magia real da Vila de Óbidos.

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Este texto quando foi escrito ainda não existia acordo ortographico.