Objeto Anônimo e Universal

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  • 8/14/2019 Objeto Annimo e Universal

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    Objeto annimo e universal

    mnimo, e tambm cult, o lpis nos d

    a chave de leitura de um design essencial

    O lpis tradicionalmente fabricado com madeira e gra-

    fite. Um moinho reduz grafite e argila a farinha, uma

    amlgama misturada e um outro moinho homogeneiza

    a mistura, expelindo grandes fios, como um negro espa-

    guete, que vai em seguida ao forno. Este forno, no entan-

    to, s utilizado para o lpis preto, pois o calor destruiria

    o pigmento daqueles coloridos. Depois de um banho de

    parafina, o grafite inserido nas tbuas de madeira, que

    so refiladas e cortadas. E o lpis est pronto.

    Grafite

    Argila

    Grafite mole

    Grafite seco, cozido e imerso na parafina

    O grau de dureza do lpis assinalado pelas letras H

    (hard, dura), para o mais duro, B (black, preto), para os

    mais macios e, entre os dois, temos F (firm, firme)e HB

    (half hard, dureza mdia). Quanto mais alto o nmero

    que acompanha as letras, mais duro o grafite

    Tbua de madeira

    Tbua de madeira fresada

    Tbua com grafite inserido

    Tbua casada

    Tbua casada, fresada dos dois lados

    Lpis laqueado e com ponta

    Lpis laqueado

    Lpis bruto

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    ARC DESIGN

    TASSO

    KAYA

    Grafite, argila, moinhos e fornos, parafina, a fbrica do lpis era a reproduo do infer-

    no dantesco, nas palavras de um cronista italiano de 1908. Mas o que no diria ele hoje,

    quando este nosso primeiro amigo, o lpis, entra na lista dos produtos eco-amigveis e

    muda seu visual e natureza. A palavra de ordem o eco-writer, produzido 100% em fibra

    de papel e carto reciclado, em vez da madeira. No resolve o problema do descarte, mas

    j indica um caminho.

    Mas os fanticos pela ecologia no conseguiro acabar com este objeto do desejo, nosso

    primeiro amigo na infncia, que entre outras utilidades servia para espetar o colega do

    banco da frente ou para ser mordido nas horas de raiva. Na trilha do lpis como objeto-

    fetiche, uma empresa japonesa acaba de lanar uma caixa com 24 lpis utilizando 24

    madeiras diversas, aquelas que habitualmente so usadas na fabricao de mveis.

    De acordo com o catlogo da exposio Matite, projeto de Marco Ferreri para a

    Giorgetti, veremos que so muitos os pequenos diferenciais desse objeto to simples,

    dependendo da receita empregada, ou de sua finalidade de uso: das diferentes dure-

    zas do grafite, qualidade da madeira utilizada, cor do verniz de acabamento esco-

    lhido ou ao prprio formato do lpis. Como exemplo, o lpis amarelo, criado por um

    certo senhor Hardmuth, que desejava se distinguir dos outros fabricantes pela quali-

    dade. Como o assunto do momento era o diamante Kohinur (montanha de luz), trans-

    ferido em 1850 para a coroa inglesa, surgiu a marca Koh-I-Noor, em grafia absoluta-

    mente britnica. H tambm a vasta tipologia dos lpis ornamentados, dos publicitrios,

    do vermelho e azul usado pela professora que corrigia nossos deveres de casa, ou daque-

    les destinados s diversas profisses, como o lpis cirrgico e o do carpinteiro, a lm do

    Embora raramente se declare o

    tipo de madeira usado no lpis, o

    cedro o mais utilizado. Hoje

    grande a sofisticao dos verni-

    zes de acabamento, fazendo pare-

    cer nobre e de prestgio aquele

    lpis de madeira natural que era

    em tempos remotos desprezado

    Caixa de lpis japonesa exemplares das 24 madeira

    Brasil, Europa, Japo, fric

    lizadas na fabricao de m

    SNDALO

    BAO

    TAGAYASAN

    OVANCOL

    PADOCK

    MOKKUKO

    ZEBRA

    ASADA

    AODAMO

    KEYATI

    MANDRONE

    FREIJ

    CARVALHO

    TECA

    CARVALHO

    CEREJEIRA

    EMBIA

    BORDO

    MOGNO

    CIPRESTE

    PAULONIA

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    ARC DESIGN

    lpis-gadget, que espalha pelo mundo o kitsch infantil.

    No que diz respeito ecologia, o lpis assunto prio-

    ritrio, pela sua prpria matria-prima, a madeira,

    sendo bem definidas aquelas que podero ser utili-

    zadas, bem como a forma correta de talhar a rvore

    com menor dano natureza. Segundo os tcnicos, a

    madeira deve ser tenra e compacta, com poucos veios;

    o cedro, por exemplo, seria ideal. Uma verdadeira cin-

    cia, enfim, que encontra eco nas palavras do escritor

    italiano Carlo Dossi, emNotte Azzurre (Noites Azuis),

    no suficiente toda uma vida para se aprender a

    fazer uma boa ponta no lpis.

    Depois de decnios de esferogrficas baratas e hor-

    rendas, a elegncia ou o design dita o retorno do lpis

    nos reclames publicitrios dos mais diversos produ-

    tos. Estes so, tambm, a nova moda em museus e

    hotis sofisticados. Normalmente mais curtos, doura-

    dos ou prateados, j se transformaram em objetos de

    coleo. A escolha dos museus, como no poderia

    deixar de ser, recai na bela madeira natural, a mesma

    que um dia foi considerada sinal de pobreza, de pro-

    duto sem prestgio ou qualificao.

    Com formato quase sempre cilndrico ou hexagonal, en-

    contramos tambm alguns com o desenho oval, quadra-do ou retangular. As medidas, desde os tempos mais

    remotos, obedecem ao mesmo standard de 175mm de

    comprimento, para o lpis j apontado, e 2mm a mais

    para os outros. O dimetro do lpis padro de 8 a 9

    milmetros, de acordo com a espessura da camada de

    verniz. O interessante que o lpis de formato fora de

    srie segue sempre esta proporo, variando o compri-

    mento a cada vez que se modifica a largura.

    O universo do lpis compreende ainda o alongador,

    que permite us-lo at seu finalzinho, e o estojo,

    muito prtico, normalmente produzido em plstico.

    Mas enorme a fantasia humana, e estes comple-

    mentos podem se transformar em jias, smbolos deelegncia, confeccionados em prata ou mesmo ouro,

    exibindo complicados adornos. O estojo mais

    famoso, segundo o livro que acompanha a exposio

    Matite, o de Ambrogino Brambilla, personagem que,

    antes de abandonar a noiva, escreveu uma ltima

    carta, guardou o lpis em um tubinho transparente,

    lacrou um dos lados e fechou o outro com um cadea-

    do, jogando a chave no rio Lambro.

    Este artigo extrado do catlogo da exposio Matite (Lpis)

    Projeto: Marco Ferrer i, 96

    Projeto grfico: Emilio De Maddalena Fotos: Luca De Ceglie

    Textos: E. Castruccio, F. Guaraldi, A. Ubertazzi

    Cliente: Giorgetti S.p.A., Itlia

    Catlogo da exposio publicado por Corraini Editore, Mantova, 96.

    Ae xposio Matite segue, no momento, um percurso itinerante

    por diversas capitais europias

    procu

    radap

    ureza

    estoj

    o-rgu

    a

    aeleg

    ncia

    doestoj

    onu

    ncam

    aisquerom

    earre

    pend

    er

    derm

    atogrfi

    co

    marcad

    or

    verm

    elho/az

    ul

    imita

    ndoa

    mat

    lpis

    publi

    citrio

    estoj

    opublic

    itrio

    materiai

    sdat

    radi

    o

    alum

    nio,smbo

    lode

    mod

    ernidade

    liberda

    dep l

    alongado

    r

    ovalo

    rdae

    scrit

    a,fin

    almi

    naem

    prata

    Koh-I-N

    oor,ol

    pis

    amarelo