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ObraAberta ColeçãoDebates DirigidaporJ.Guinsburg ConselhoEditorial:AnatolRosenfeld,AnitaNovinsky, AracyAmaral,BorisSchnaiderman,CelsoLafer, GitaK.Ghinzberg,HaroldodeCampos,RosaKrausz, SábatoMagaldieZulmiraRibeiroTavares Equípederealização:GeraldoGersondeSou2a,re- visão;MoysésBaumstein,capaetrabalhostécnicos. c UmbertoEco ObraAberta Formaeindeterminação naspoéticascontemporâneas % EditôraPerspectiva-SãoPaulo Títulodooriginal: OperaAperta SUMÁRIO Direitosparaalínguaportuguêsa: EDITóRAPERSPECTIVAS.A. Av.Brig.LuísAntônio,3.025 SãoPaulo 1969 Copyrightby CasaEditriceVALENTINOBOMPIANI&C. Milano I AabeturadeObraAberta................7 Introduçãodediçãobrasileira..............15 Introduçãodsegundaedição...............21 Apoéticadaobraaberta..................37 Análisedalinguagempoética...............67 CroceeDcwéy......................68 Análisedetrêsprogosições............73 1.Proposiçõescomfunçãoreferencial..75 2.Proposiçõescomfunçãosugestiva...76 3.Asugestãoorientada............. Oestímuloestético................... Ovalorestéticoeasduas"aberturas".. Abertura,informação,comurricação.......... I.Ateoriadainformação........ Significadoeinformaçãonamensagem poética. Douniversodo"sinal"aouniversodo "sentido".................... II.Discursopoéticoeinformaçâo.... Aplicaçõesaodiscursomusical.... Ainformação,aordemeadesordem III.Informaçãoetransaçãopsicológica.. Transaçãoeabertura............ Informaçãoepercepção.......... Aobraabertarcc rartesvisuais............ Aobracomometáforaepistemológica.... Aberturaeinformação................ Formaeabertura.................... Enrêdoecasualidade.................... Estruturasestéticasdatransmissãodireta..

Obra Aberta - Umberto Eco

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ObraAbertaColeçãoDebatesDirigidaporJ.GuinsburgConselhoEditorial:AnatolRosenfeld,AnitaNovinsky,AracyAmaral,BorisSchnaiderman,CelsoLafer,GitaK.Ghinzberg,HaroldodeCampos,RosaKrausz,SábatoMagaldieZulmiraRibeiroTavaresEquípederealização:GeraldoGersondeSou2a,re-visão;MoysésBaumstein,capaetrabalhostécnicos.

cUmbertoEcoObraAbertaFormaeindeterminaçãonaspoéticascontemporâneas%EditôraPerspectiva-SãoPauloTítulodooriginal:OperaApertaSUMÁRIODireitosparaalínguaportuguêsa:EDITóRAPERSPECTIVAS.A.Av.Brig.LuísAntônio,3.025

SãoPaulo1969CopyrightbyCasaEditriceVALENTINOBOMPIANI&C.MilanoIAabeturadeObraAberta................7Introduçãodediçãobrasileira..............15Introduçãodsegundaedição...............21Apoéticadaobraaberta..................37Análisedalinguagempoética...............67CroceeDcwéy......................68Análisedetrêsprogosições............73

1.Proposiçõescomfunçãoreferencial..752.Proposiçõescomfunçãosugestiva...763.Asugestãoorientada.............Oestímuloestético...................Ovalorestéticoeasduas"aberturas"..Abertura,informação,comurricação..........I.Ateoriadainformação........Significadoeinformaçãonamensagempoética.Douniversodo"sinal"aouniversodo"sentido"....................II.Discursopoéticoeinformaçâo....Aplicaçõesaodiscursomusical....

Ainformação,aordemeadesordemIII.Informaçãoetransaçãopsicológica..Transaçãoeabertura............Informaçãoepercepção..........Aobraabertarccrartesvisuais............Aobracomometáforaepistemológica....Aberturaeinformação................Formaeabertura....................Enrêdoecasualidade....................Estruturasestéticasdatransmissãodireta..

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Liberdadedoseventosedeterminismosdohábito............................ZeneOcidente........................Domódodeformarcomoengajamentoparacomarealidade............................10711012112512713'0

137#145149154162171179180191203227AABERTURADEOBRAABERTA

OpensamentodeUmbertoEcocaracterizabastantebemomomentodedesprovincianizaçãodaculturaita-liana,esetemconfiguradonestesúltimosanoscomoaexpressãodointerlocutortalvezmaisautorizado-semdúvidaaquêledemaiorcapacidadeformulativaemaiorressonância-nosentidodaretomadadeumdiscursoculturalinterrompidopormaisdevinteanos'deditadura.ComexceçãodocasoespecialíssimodeBenedettoCroce,nãosetevenaItália,porumtãolongoperiodo,nenhumtraçodabatalhadeidéiasqueanimavaproficuamenteodebateintelectualdemuitos!outrospaíses.Alémdebloquearodesenvolvimentodacültura,ofascismoconseguiuesterilizar,porabsorção,

7oquedemaisvitalsetinhaproduzidonosanosqusprecederamimediatamenteaoseusurgim_ento.Assistiu--seassim,entreoutrascoisas,àreduçãoátêrmosgro-tescamentenacionalistasdeummovimentoqueseca-racterizara,desdesuasprimeirasmanifestaçôes,poruminsopitávelimpulsosupranacionalecosmopolita:oFu-turismo,cujaviolen_tacargadestrutivafoiencapsuladaetransformadaeminstrumentoexatamenteporaque-las.fôrçascontraasquaissetinhalevantado.Comoqueseverificouoabsurdodoabandonooudeformaçãodetôdasásinúmerasinstigaçõesdequefôrarico0Futurismo,eistojustamentenopaísqueashaviavisto

eclodir.Entrementes,foradaItália-eoBrasiléumdosmaisnotáveisexemplosdêsteprocesso-taisins-tigaçõeserarnrecolhidasefrutificavam,influenciandoprofundamenteinteirasculturasnaciónaisatravés-demuitoscontributosdealtonível-aqui;nestadistanteAmérica,numBrasilasfixiadõpélosMachadoPenum-bra,explodiaaSemanadeArteModernade1922,comoseumentorpoético,OswalddeAndrade,oan-tropófago.Hoje,comanovageraçãodeintelectuaisàqualper-

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tenceUmbertoEco,aItáliareatafinalmenteumdiá-logodeníveleuropeueinternacional,evairecuperan-docomrapidezotémpoperdido,trabalhandoemdi-versasdireções.Umadasconstantesdestaatividadeérepresentadapelacorajosaretomadadetemas,aparen-tementeexáuridos,temasquesãorepropostosaumaleituranoya,depoisdeteremsidoobjetodeumare-cuperaçâocrítica-umaquaserestituiçãoàsuaper-didavirgindade.nesseséntido-queObraAbertarepropõeoscon-ceitos'decomunicação,informação,abertura,aliena-

çãoeoútros,eéapartirdetalemprêsaderecupera-çãoqueseiniciamefundamascontribuiçõesmaisori-ginaisdeUmbertoEco.paraaformulaçãodeumapoé-ticasôbreaaberturadaobra:Dentrodeumcampodeinterêsseclaramentecircuns-crito-apoesia-,encontramosnoBrasilcertaspos-tulaçõesanálogasemesmoanteriores.NoâmbitodaspesquisaslevadasaefeitopeloMovimentoConcretodeSãoPaulo,eafimdedefiniraproblemáticafundamen-taldeumtrabalhopoéticoemcurso,HaroldodeCam-pos.publica.vaem1955oartigointitulado"AObradeArteAberta"1.Nessetexto,opoetapaulistapro-#

curavadelinear"ocampovetorialdaartedenossotempo",combasenaconjunçãodeobrascomoUnCoupdeDésdeMallarmé,oFinnegansWaJredeJamesJoyce,osCantosdeEzraPound,ospoemasespaciáisdee.e.cummings,amúsicadeWebernesensseguido-reseos"móbiles"deCalder.Àmaneiradeconclusão,oarticulistasereportavaaumdiálogoentrePier-reBoulezeDécioPignatari,duranteoq:ialocompo-sitorfrancêsmanifestaraseudesinterêsseporumaobradearte"perfeita","clássica","tipodiamante",decla-rando-seporoutroladoafavordeumaobraaberta,comoumbarrocomoderno,maisaptaainterpretarasnecéssidadesdeexpressâoedecomunicaçâodaarte

contemporânea.OconceitodeaberturaquenospropõeUmbertoEcoédemaioramplitude,namedidamesmaemqueémaisvariadoediferenciadoocampodeaplicaçõesporêlesubmetidoàindagação,além,òbviamente,dadiversapossibilidadededesenvolvimentodasidéiasqueofereceumlivroemrelaçãoaumsimplesartigo.Ficaevidentenoentantoacoincidênciadealgunspontosdevistafundamentais:osconcretistas,porexemplo,expressamoseudesintérêssepornmaatividadepoé-ticavoltadaparaacriaçãodeobrasdearte"tipodia-mante"(éstaposição,aliás;ébemcaracterísticadafaseinicial,dita"orgânica"ou"fenomenológica",da

poesiaconeretabrasileira);UmbertoEcorecusa-seaexercitaroseumisterdecríticonaanálisedeobrasdeartescomoum"cristal",ganhandoassimaexcomu-nhão,emtêrmospcslidamentepolêmicos,deClaudeLévi-Strauss,àluzda"ort_odoxia"estruturalista.Eco,narealidde,sustentaum"modêloteórico"deobraaberta,quenãoreproduzaumapresumidáestruturaob-jetivadecertasobras,masrepresenteantesaestrutu-radéumarelaçãofruitiva,istoindependènternenteda

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existênciaprática,fatual,deobrascaracterizáveisco-mo"abertas".Elenãonosofereceo"modêlo"deumdadogrupodeobras,massimdeumgrupoderela-çõesdefruiçãoentreestaseseusreceptores.Trata-se(1)AgoranaTenriadaPoesiaConereta,SãoPaulo,ediçõesInven-ção,1965,pp.28-31;veja-setambémaelaboraçãodotemanoestudo"AArtenoHorizontedoProvável",revistaInvenção,SãoPaulo,n°4,dezembmde1964,pp.5-16.,89portantodatentativadeestatuirumanovaordemdevaÍoresqueextraiaosseuspróprioselementosdejuí-

zoeosseusprópriosparâmetrosdaanálisedocon-textonoqualaobradeartesacoloca,movendoeemsuasindagaçôesparaantesedepoisdela,afimdeindividuaraquiloquenaverdadeinteressa:nãoaobra-dejiniçno,masomundoderelaçõesdequeestaseorigina;nâoaobra-resultado,masoprocessoquepresideàsuaformação;nâoàobra-evento,masasca-raterísticasdocampodeprobabilidadesqueacom-preende.ste,segundoEco,éumdosaspectosfunda-mentaisdodiscursoaberto,queétípicodaarte,edaartedevanguardaemparticular.Ooutroécons-tituídopelaambigüidade,dadoqueaaberturaelideaunivocidade.Ambasascoisas,nofundo,estãoem

íntimacorrelação:umavezqueofulcrodenossaatençãosepõenaanáliseenoestudodasestruturas,equeseadmitequeestassãogovernadaspelasleisdeprobabilidáde,aambigüidadeentãonãoémaisdoqueumcorolárioderivadodestaassunçãodebase.Aobra-evento,portanto,éamanifestaçãoambíguadeumaartecujoslimitessãofixadosporleismatemáti-cas,asleisqueregemateoriadaprobabilidade.AperíciaeaextremadesenvolturacomqueUm-bertoEcoenfrentataisproblernas,propondoeexperi-#mentandodiversasaplicaçõesadiferentescamposár-tísticos,deumlado;deoutro,aevoluçãodohomem

modernonosentidodaglobalização-detodosospro-blemas,noempenhodechegaraumavisãototalizan-tequeopermitasuperarasangústiasdaespecializa-ção,dasetorizaçãoàqualéimpelidopelosgruposcon-servadoresqueestãonopoder,burguesesounão,noslevàmapensarnapossibilidadedeextrapolaçãodealgunspostuladosfundamentaisdeObraAberta,paraoutrosdomíniosquenãoapenasosdaarte.Parece-nospossíyelelícitàatentaçãode,porexem-plõ,compreenderevalorizarprospectivamenteofer-mentoqueagitaasuniversidadesefábricasdetodoomundoeque,aomenosporenquanto,encontrousuasmaisviolentasecompletasmanifestaçõesnaFran-

ça,àluzdosinstrumentosinterpretativo5fornecidosporEco.Nãoestaremosdiantedasprimeirasescara-muçasdeumaobraabertanaesferadaorganizaçãosocialepolítica?Asgrandesrimdançasqueohomemimpõeàordemfilosóficaqueestánabasedoser,dasuapresençanaterra,parecemrespondertôdasaumdesenvolvimentogeculiar,aumaespéciedereaçãoemcadeiaqueseprocessánosentidociência-arte-organizaçãocoletiva,socialepolitica.,Descobertaserevoluçõesnomundo

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daciênciasempre=determinaram'profündasmodificaçõesnaesferadàarte,paraaseguirseremtranspostas,atra-vésdeumlabòrdemediaçõesedepenetraçãoèmnívelintelectivo,aoterrenodaorganizaçãodasóciedadeço-mogrupo.Enquantonós,comoobservaEco,conti-nuamosadizerque"osolselevanta"ou"sepõe",arevoluçãocopernicianaperfezinteïramenteoseuci-clo,asuareaçãoem-cadeia,havendodadocursoaumaprofundarenovaçãosejanosoutrosramosdaciência,sejanomundodaculturaedasartes,renova-çâoquesetraduz,comaRevoluçãoFrancesa,numa

ordemnova,emnovaorganizaçãoadequadaaoho-memnôvoemersodaderrocadadovelhoedíficiopto-lomaico-feudal.Cêrcade1930,omundodafísicaclássica,baséadonanoçâodecerteza,foisacudidopelosenunciadosdateoriaquântica,baseadananoçãodeprobabilidade.Descobriu-sequenãoeraextoafir-marque"ndinstanteXoelétronAseencontraránopontoB",masqueocorretoseriadizer"noinstanteXhaveráumacertaprobabilidadedequeoelétronAseencontrenopontoB".Amúsica,apintura,aescultura,apoesia,asartesemgeralforamprofundamenteinfluenciadasnestesquasequarentaanospelaaplicaçãodeconceitosdire-

taouindiretamentetranspostosdestádescober,ta.Easviolentasmanifestaçõesdèinquietaçãodajuventu-dedehojepoderãotalvezexplicar-secomofatodequeseinicioueestáemcursoumaoutratransferên-ciadêssesprincípios,docampoda'arteparaodaes-truturasocial.Porquenãoseestenderiamtambémàorganizaçãosocialascaracterístiçasdemutabilidadeeflexibilidadetíptcasdeumaestruturanãounivocamen-tedefinida,masquesedefine,commaioroumenorvariabilidade,dentrodeum"campodeprováveis"?Nofundodarebeliãodasjovenspárecèhaverumpo-derosoeirreversívelimpulsonosentidodecolocaraproblemáticasocial,econômicaepolíticaemcontato

comariquezadamodernacapacidadecriativaeima-10IIginativa,comoobjetivodeefetuarareestruturaçãodessaproblemáticaemtêrmosde"obraaberta".Aartemoderna,contestandoosvalores"clássicos"de"acabado"e"definido",propõeumaobraindefinida,eplurívoca,aberta,verdadeirarosaderesultadospos-síveis,regidaegovernadapelasleisqueregemego-#vernamomundofísiconoqualestamosinseridos.Pro-põeeprocuraumaalternativa"aberta",quesevemconfigurandocomoumfeixedepossibilidadesmóveiseintercambiáveismaisadaptadasàscondiçõesnas

quaisohomemmodernodesenvolvesuasações.Algoquesubstituaesuplánteoconceitode"ordem",ri-gorosaeunivocamenteentendidocomoneutracodifi-caçãodecomportamentosestereotipados,engastadosnumrem,ansoa-dialético.Enãoimportaaetiquêtasobaqualaordemcanonizadaseapresenta:paraumjovemdehoje,omaisangustianteéopensamentodequedevalimitar-seaassistirimpotenteàsubstituiçãodadecrépitaestruturaburguesapela"nova"ordemdeumsocialismojásenil,quesecomportadesdeago-

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racomoumherdeirotestamentárioelegal,voltadoàdefiniçãoedefesadeuma"ortodoxia"quecheiraamuseu,mesmoquesetratedemuseumarxista.Algunsaspectosdaartemoderna,aindaquenãoexaustivos,podemajudaraexemplificarêstetipodepreocupação.Nosespetáculosdemúsicaoudeteatro,opúblicoécadavezmaisfreqirentementeconvidadoaintervirnacriaçãomesmadaobraremontando-seassim,talvez,aumaantiqüíssimapráticadeparticipa-ção,daqualo"côro"doteatrogregoclássiconãoserámaisdoqueumacodificação,umadastantasque

desdeacivilizaçãogregaatéhojederamaonossomundooperfilqueêletem.Nasartesplásticas,ofruidorsedepararácadavezmaiscommuitasobrasemuma,passandoaterapossibilidadedeestabelecerumfeixederelaçóes,nomomentoemqueaceitao.convitequeopróprioautorlhefazde"operar"e"manobrar"aobra.Omododeresolverosproblemasartísticos,emaisaindaomododecolocá-los,temportrásdesitodoumconjuntoderelaçõescujaorigemseprendeaumadeterminadavisãodomundoeaumacertamaneiradescr.PoristomesmoosensaioscontidosemObraAberta-emespecialoúltimodêles-seapresen-

12tamcomomuitomaisdoquesimplesensaiosde"es-téticateórica",ouaindaensaiossôbrea"históriadacultura"ousôbrea"históriadaspoéticas",comoosdefineopróprioEco.Paraumleitoratento,transfor-mar-se-âoemutüíssimoinstrumentodecompreensâodaobradearte,medianteumsingularprocessoexpo-sitivo,cujametáfuádamentaléacompreensãoglobaletotalizantedomundoemquevivemos.SãoPaulo,junhode1968.GIOVANNICUTOLO13INTRODUÇÃOAEDIÇÃOBRASILEIRA

Sealgumavezhouvelivrofielaseuprópriotítulo,éêsteocasodeObraAberta.Desde1958,quandoredigioprimeiroensaio,nuncamaispareidereescre-vê-lo.Aediçãofrancesanãoécomoaitaliana,aes-panholaédiferentedafrancesa,asváriastraduçõesemandamento(alemã,romena,holandesa,tchecoslova-ca)diferemtôdasentresieassgundaediçãoitaliana,sôbreaqualfoifeitaapresente,édiferentedetôdas.E,naverdade,mesmoaediçãobrasileiranâoéexata-menteigualàitaliana.,Poderíamosdizerque,confiandoimodestamentenasobrevivênciademeusescritos,diverti-meemofereceraosestudiososdofuturofartomaterialdepesquisa

ISfilológica(colações,ediçõescríticas,quebra-cabeçasparatesesuniversitárias):massecontinuoareescreverêstelivroéjustamenteporquenãopretendoqueêlenãosobreviva.Elefoiepermaneceatentativadeexplicaralgoquevemacontecendosobnossosolhos,emuda#conunuamente:quandonãomudaoobjetodaindaga-ção,mudamosmétodosparainterpretá-lo.Seêstelivro,quenãodeverásobreviverparadarliçôesaos

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pósteros,podenoentantoservirdeliçãoaalguém,deveráentãaainarquevivemosnumperíododeevoluçãoacelerada:eaúnicapalavraqueaculturadeveproferirparapoderdefini-lo,seráumapalavraderecusadasdefiniçõesestáveisecatedráticas.En-quantoescrevo,osestudantesdemeupaísestãocolo-candoemcrise,definitivamente,asestruturasdeumpoderculturalprofessoral,dogmático,administradordeverdadesincontrovertíveis,eestãosubstituindoa"li-ção"pela"discussâo".Assim,nodiscursoquenestelivroeufaçoamimmesmo,resolvi,faztempo,nunça

acreditarnoquehaviaditonavezanterior.Jápelomodocomoolivronasceu(eosváriosensaioscomoquetrazemasmarcasgeológicasdisso)sevêatentativadejustaporaumúnicofenômenopontosdevistadiversos,técnicasdeindagaçãovariá-veis.Avariedadeeaincertezaeramtalvezexcessi-vas;ehojevoltariaaescrevê-lodeumúnicopontodevista,poisotrabalhodêstesúltimosanoslevou--meaaperfeiçoarosinstrurnentosdeindagaçãose-miológica,comoaparecesmminhaúltimaobraLastrutturaassente-Introduziorreallaricercasemiolo-gica.("Aestruturaausente-Introduçãoàpesquisasemiológica".)Bfoiàluzdestasminhasrecentespes-

quisasquemodifiqueiamaiorpartedocapítulosôbreateoriadainformação.Masadecisãodeadotarumatécnicaunitárianãocontradizoqueescreviacima,istoé,nãomeisentadodeveredodireitoàrevisãoeàcontradição:poisapesquisasemiológica,pelomenoscomoaentendo,nâovisadefinirumsistemadecomunicaçâobaseadoemestruturasimutáveisdoEspíritoHumano(comoquercertoestruturalismoon-tológico),esimtentarcontinuamentedarformascadavezmaisabrangenteseoperativasàsmodalidadespelasquaisoshomenssecomunicamnocursodahistóriaeatravésdemodelassócio-culturaisdiferentes.Modi-fiqueiocapítulosôbreinformação,dizia,poisquando

escreviaObraAbertapareciaqueateoriadainfor-maçãodevesseproporumachaveboaparatodososusos,tambémnocampodasciênciashumanas;hojeacho.(comoapareceempartedocapítuloemques-tão)queelaprecisaserintegradanumaperspectivasemiológicamaisampla.Emtodocaso,oleitorquetiverdúvidasaolerêstelivrosaibaqueprocureiemseguidatornarmaisrigorosoumdiscursoqueaquíseapresentaaindacoWoumaaventuraexplorativa,deresultadosincertos.Quisfrisarêssespontospoisseioquantoacul-turabrasileiraésensívelaêstesproblemas.AnovaescolacriticadeSãoPaulodebate,hátèmpos,opro-

blemadaaplicaçãodosmétodosinformacionaisàobradearte,eascontribuiçõesdemuitoscríticoseestu-diososbrasileirosforam-meúteisnestesúltimosanosparalevaradiantsminhaspesquisas.Emesmocuriosoqus,algunsanosantesdeeuescreverObraAberta,HaroldodeCampos,numpequenoartigo,lheante-cipasseostemasdemodoassombroso,comoseêletivesseresenhadoolivroqueeuaindanâotinhaes-crito,equeeuiriaescreversemterlidoseuartigo.Masistosignificaquecertosproblemassemanifestamde

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maneiraimperiosanumdadomomentohistórico,de-duzem-sequasequeautomàticamentedoestadodaspesquisasemcurso.Emtodocaso,estoufelizemsaberqueObraAbertaéagoraacessívelaumam-bienteculturalquefoidosmaissensíveisnacompar-ticipaçãoeantecipaçâodesuaproblemática.Aopublicarestanovaediçãodomeulivrouma#dúvida.meassalta,umadúvidaqueassaltaqualquerestudiosoquesedispõeatratarproblemasteóricoseaempreenderanálisesquerequerem,parasuasveri-

ficações,longosdecursosdetempo.Vêmacontecendohojenomundofenômenosqueparecempôremcriseaprópriaexistênciadeumaculturadereflexâo,comoseapraxe,emsuaviolentaurgência,tornàsseinútileculpadatôdareflexãoteórica.Temsentidoempre-enderumapesquisacrítico-filosóficasôbreaartecón-temporâneaquandoosjovensdetodosospaísesafir-mam,ecomrazão,aprimaziadoengajamentopolí-tico,daaçãodireta,dareorganizaçãoradicaldetôdasasrelações,procurandoestabelecer,nãonovosmodos1617dever,representarouestudaravida,masnovosmo-dosdevida,maisjustosemaislivres?

Nestesdias;emquemeentregoaumaapaixonanteexperiênciadenovasmodalidadesdegestãoroletivacomosestudantesdeminhauniversidade,jánãoseiseescreveriaaindaumlivrosôbreosproblemasdaartecontemporânea.Aplicariã,comofaço,oconheci-mentodosprocessosdecomunicaçãoqueadquirinareflexâosemiológica,paraestudarpossibilidadesdeintervençãonouniversodascomunicações,deinter-vençãóacurtoprazo,.intervençãopolitica,intervençãodesmistificadoradetôdasasmanipulaçõesdoconsensoedasprópriasmistificaçóesestéticas,medianteasquaisosváriosPodêressubstituemaslivresescolhaspèlasopiniõespré-fabricadas.Masháumpontopeloqual

mealegroporterfeitoumdiscursocomoodeObraAberta.Équeavisãodenovaspossibilidadesderelàção,taiscomohojesevêmafirmando,tinhasidoanteci-padajustamentepelasformasartísticasqueêstelivroestuda,asquaissepropunhamoexplícitoprojetodeeducarohomemcontemporâneoparaacontestaçãodasOrdensestabelecidas,emfavordeumamaiorplas-ticidadeintelectualedecomportamento.Seestánas-cendoumasociedadediferente,estasociedadefoian-tecipada,emsuaspossíveisestruturas,pelaartedevangtiarda,mesmoquandoestaseinseria-porfôrçadascontingêwcias-.nocircuitomercantildoscon-

sumosculturais.Reduzidaamercadoriacomoobjeto,aartedevanguarda,comopropostadumanovafor-madascoisas,nãoerasuscetíveldessareduçâo.Anovaformaéraexperimentadanoobjetoestético:co-meçahójea'perfilar-secomoumapossïvelformanovadevida.Seaarterefletearealidadé,éfatoquearefletecommuitantecipação.Enãoháantecipaçãò-ouvaticínio-quenãDcontribuadealgummodoapiovocaroqueanuncia.Podeserquenummomentohistóricoestabelecido

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ninguémmaistenhaodireito,aomenosporumcertotempo,detrabalharnumasériemusicalparaalteraras.hierarquiasfixasesagradasdosistematonal;oudetrabalharnosentidodadestruiçãodasordenspre-surindamentenaturaisdaperspectivarenascentista,paracriarumespaçodiferente;ouquebrarasleisecretasdalinguagemparapôremcrisecomelasasideolo-giasquerefletiam:equedevaabandonaraaçãoar-tísticaparaempreenderoutrasformasdeintervençãosôbrearealidade.tvíasécertoque,parachegaraêstemomento,otrabalhodequemtrabalhousôbre

asformasartísticasnãofoivâo-nemirrelevante.UMBERTOECOMïlão,agôstode1968.1819INTRODUÇÃOASEGUNDAEDIÇÃOSeIngresdeuordemdquietude,eudesejariadarordemaomov.imento.#KLEEAsrelaçõesjormaisdentrodeumaobraeentreasváriasobrasconstituemumaordem,umame-táforadouniverso.FOCILLON

Osensaioscontidosnestelivronasceramdeumacomunicação(OProblemadaObraAberta)apresen-tadanoXIICongressoInternacionaldéFilosofia,em1958.ApareceramdepoiscomotítulodeObraAbertaem1962.Naquelaedição,completava-osumlongoestudodedicadoaodesenvolvimentodapoéticadeJoyce,queconstituíaumaprimeiratentativapessoaldeestudarodesenvolvimentodeumartistanoqualoprojetodeumaobraabertamanifestaemtranspa-rência,aoníveldapesquisadasestruturasoperacio-nais,tôdaumaaventuracultural,asoluçãodeumproblemaideológico,amorteeonascimentodedoisuniversosmoraisefilosóficos.Esseestudoencontra-

-seagoraeditadoseparadamente1,.comotítuloAsPoéticasdeloyce;assim,opresentevolumereúnesò-menteadiscussãoteórica,porsisóautônoma,dosproblemasmencionados.Acrescentamosentretantoumlongoensaio("Domódodeformarcomoengajamentòparacomarealidade")queapareceunoMenabòn.5,poucosmesesapósapublicaçãodeObraAberta-e,portanto,escritodentrodomesmoclimadedis-cussãoepesquisa.Ensaioque,poristo,encontraemObraAbertaacolocaçãoapropriada,porque,talcqmoosensaiosdestacoletânea,despertounaItáliaopo-siçõesepolêmicasquehojepareceriamdesprovidasdesentido;enãosòmenteporteremêstesensaiosen-

velhecido,mastambémporqueaculturaitalianare-juvenesceu.Sedevêsssemossintetizaroobjetodaspresentespes-quisas,valer-nos-íamosdeurnanoçãojáadquiridapormuitasestéticascontemporâneas:aobradearteéumamensagemfundamentalmenteambígua,umapluralida-dedesignificadosqueconvivememumsósignifi-cante.Queessacondiçâoconstituicaracterísticadetôdaobradearte,éoqueprocuramosdemonstrarnosegundoensaio,"Análisedalinguagempoética";mas

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o.temadoprimeiro,edosensaiosseguintes,équetalambigiridadeseto.rna-naspoéticaséontemporâneas-umadasfinalidadesexplicitasdaobra,umvalorarealizardepreferênciaaoutr_os,conformemodalida-desparacujacaracterizaçãonospareceuoportunoaproveitarinstrumentosfornecidospelateoriadain-formação.Porisso,afimderealizarêssevalor,osartistascontemporâneosvoltam-seamiúdeparaosideaisdeinformalidade,desordem,casualidade,indeterminaçãodosresultados,eporissosetentoutambémcolocar

(1)Milano,Bompiani,DelfiniCultura.(N.doT.)oproblemadeumadialéticaentre"forma"e"aber-tura":istoé,definiroslimitesdentrodosquaisumaobrapodelograromáximodeambigüidadéedepen-derdaintervençãoativadoconsumidor,semcontudcdeixardeser"obra".Entendendo-sepor"obra"umobjetodotadodepropriedadesestruturaisdefinidas,quepermitam,mascoordenando-os,orevezamentodasinterpretações,odeslocar-sedasperspectivas.Mas,justamenteparacompreenderqualanaturezadaambigüidadealmejadapelaspoéticascontemporâ-neas,êstesensaiostiveramde'enfrentarumasegundaperspectivadepesquisa,queassumiu,poralgunsde

seusaspectos,umáfunçãoprimordial:isto.é,procu-ramosverificarasanalogiasapresentadaspelospro-gramasoperacionaisdosartistasemfàcedosprogra-masoperacionaiselaboradosnoâmbitodapesquisacientíficacontemporânea.Emoutraspalavras,procu-#ramosverificarcomoumaconcepçãodeobranasceemconcomitânciaouemexplícitarelaçãocomdeter-minadasorientaçõesdasmetodologiascientíficas,dapsicologiaoudalógicacontemporâneas.AoapresentaraprimeiraediçãodêsteJivro,afigurara--se-nosoportunosintetizaroreferidoproblemaatra-vésdeumconjuntodeformulaçõesnitidamenteme-

tafóricas.Dissemos:"Otemacomumaessaspesqu-saséareaçãodaarteedosartistas(dasestruturasformaisedosprogramaspoéticosqueasdeterminam)anteaprovocaçãodoAcaso,doIndeterminado,doProvável,doAmbíguo,doPolivalente...Enfim,pro-pusemo-nospesquisarosváriosmomentosemqueaartecontemporâneasevêàsvoltascomaDesordem;quenãoéadesordemcegaeincurável,aderrotadetôdapossibilidadeordenadora,masadesordemfé-cunda,cujapositividadenosfoievidenciadapelacúl-turamoderna:arupturadeumaOrdemtradicional,queohomemocidentalacreditavaimutáveleidenti-ficavacomaestruturaobjetivadomundo...Ora,

desdequeestanoçãosedissolveu,atravésdeumde-senvolvimentoproblemáticosecular,nadúvidametó-dica,nainstauraçãodasdialéticashistóricas,nashi-pótesesdaindeterminaçâo,daprobabilidadeestatística,dosmodelosexplicativosprovisóriosevariáveis,aartenâotemfeitooutracoisasenâoaceitarestasituaçãoetentar-comoésuavocação-dar-Iheforma"23Maséprecisoadmitirque,emassuntotãodelicadoderelaçõesentrediferentesuniversosdisciplinares,de

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"analogias"entremaneirasdeoperar,umdiscursome-tafórico,apesardascautelas,correoriscodeseren-tendidocomoumdiscursometafísico.Portanfo,acre-ditamossejaútildefinircommaiorprofundidadeerigor:1)qualéoâmbitodenossapesquisa;2)qualovalordanoçãodeobraabertay3)oquesignificafalarde"estruturadeumaobraaberta"ecompararessaestruturacomadeoutrosfenômenosculturais;4)enfim,seumapesquisadêstegênerodeveencon-trarumfWemsimesma,oupreludiarcorrelaçõessubseqilentes,

l.Antesdemaisnada,êstesnãosãosòmenteen-saiosdeestéticateórica(nãoelabozam,antespressu-põemumasériededefiniçõessôbrearteesôbreva-loresestéticos):sãodepreferênciaensaiosdehistóriadacultura-e,maisprecisamente,dehistóriadaspoéticas.Tentamiluminarummomentodahistóriadaculturaocidental(oatual),escolhendocomopontodevistaeviadeacesso(comoapproach)aspoéticasdaobraaberta.Oqueseentendepor"poética"?Ofilão,quedesdeosformalistasrussosvaiatéosatuaisdescendentesdosestruturalistasdePraga,eritendepor"poética"oestudodasestruturaslingixísticasdeumaobraliterária.Valéry,naPremièreLeçonduCours

dePoétique,ampliandoaacepçãodotêrmoatodososgênerosartísticos,falavadeumestudodofazerartístico,aquêlepoïeirc"quis'achèveenquelqueoeu-vre","1'actionquifait",asmodalidadesdoatodeproduçãoquevisaaconstituirumobjetoàvistadeumatodeconsumação.Nósentendemos"poética"emumsentidomaisliga-doàacepçãoclássica:nãocomosistemaderegrascoercitivas(aArsPoeticacomonormaabsoluta),mascomoprogramaoperacionalqueoartistasepropõedecadavez,oprojetodeobraarealizartalcomoéentendido,explícitaouimplicitamente,peloartista.Explícitaouimplicitamente:defato,umapesquisasô-

breaspoéticas(eumahistóriadaspoéticas;e,por-tanto,umahistóriadaculturavistaatravésdoprismadaspoéticas)baseia-sesejanasdeclaraçõesexpressas#dosartistas(umexemplo:aArtpoétique,deVer-laine,ouoprefácioaPierreetJeandeMaupassant),sejanaanálisedasestruturasdaobra,desortequedamaneiracomoaobraestáfeitasepossadeduziromodopeloqualelaqueriaserfeita.Estáclaropor-tantoque,nanossaacepção,anoçãode"poética"comoprojetodeformaçãoouestruturaçãodaobraacabaencobrindotambémoprimeirosentidomencio-nado:apesquisaemtôrnodoprojetooriginárioaper-

feiçoa-seatravésdaanálisedasestrutarasfinaisdoobjetoartístico,vistascomodocumentosdeumain-tençâooperacional,indíciosdeumaintenção.Ofatodeserimpossível,emtalpesquisa,deixardeperceberasdisparidadesentreprojetoeresultado(umaobraéaomesmotempooesbôçodoquepretendiaseredo.queédefatoaindaqueosdoisvaloresnãoco-incidam),fazcomquesejarecuperadotambémosig-nificádodadoaotêrmoporValéry.rPoroutrolado,aquinãonosinteressaoestudodas

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poéticascomafinalidadedeverificarseasváriasobrascumpriramounãooprojetoinicial:essaéta-refadojuízocrítico.Oquenosinteressaéesclarecerosprojetosdepoéticaparailurninaratravésdêles(in-clusivequandodãolugaraobraserradasoudiscutí-veisdopontodevistaestético)umáfasedahistóriadacultura-aindaque,namaioriadoscasos,sejasemdúvidamaisfácilindividuarumapoéticapelareferênciaàsobrasque,anossover,atingiramseuspropósitos.2.Anoçãode"obraaberta"nãoapresentarele-

vânciaaxiológica.Oespíritodêstesensaiosnãoé(al-guémassimosentendeu,depoissustentouvirtuosa-menteainaceitabilidadedatese)dividirasobrasdearteèmobrasválidas("abertas")eobrasnãováli-das,obsoletas,feias("fechadas");acreditamosterafirmadosúficientementequeaabertura,entedidacomoambigüidadefundamentaldamensagemartística,éumaconstantedequalquerobraemqualquertempo.E,aalgunspintoresouromancistasqué,lidoêstelivro,nosapresentavamseustràbalhosperguntando--nosseeram"obrasabertas",fomos'obrigadosares-ponder,coínumarigidezevidentementepolêmica,quejamaishavíamosvistouma"obraaberta"equepro-

vàvelmentenãoexistenarealidade.Eraêsseummodo2425dedizer,pormeiodeumparadoxo,queanoçãode"obraaberta"nãoéumacategoriacrítica,masrepre-sentaummodêlohipotético,emboraelaboradocomaajudadenumerosasanálisesconcretas,utilíssimoparaindicar,numafórmulademanuseioprático,umadire-çãodaartecontemporânea..Poderíamos,emoutraspalavras,indicarofenômenodaobraabertacomoaquiloqueRieglchalllavaKunst-wollenequeErwinPanofskydefinemelhor(despo-jando-odecertassuspeitasdeidealismo)como"umsentidoderradeiroedefiniivo,encontrávelemfenô-

menosartísticosdiferentes,independentementedaspró-priasdecisõesconscienteseaptidõespsicológicasdoautor";acrescentandoquetalnoçâoindicanãoprò-priamentecomosãoresolvidososproblemasartísticos,'mascornosãocolocadas.Emsentidomaisempírico,diríamostratar-sedeumacategoriaexplicativa,ela-boradaparaexemplificarumatendênciadasváriáspoéticas.Portanto,porsetratardeumatendênciaoperacional,poderáserencontradaemmaneirasdife-renies,incorporadaamultíplicescontextosideológicos,realizadadeformamaisoumenosexplícita;tántoque,paratorná-laexplícita,foinecessáriopetrificá-lanumaabstraçãoque,comotal,nãoéencontradacon-

cretamenteempartealguma.Etalabstraçãoéjusta-#menteomodêlodaobraaberta.Aòdizer"modêlo",jáestamosimplicandoumalinhadediscursoeumadecisãometodológica.RetomandoumarespostadeLévi-StraussaGurvitch,diremosquenâonosreferimosaummodêloanãosername-didaemquepossasermanobrado:éumprocessoartesanaleoperatório.Elabora-seummodêloparaindicarumafarmaconumadiversosfenômenos.O

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fatodesepensaraobraabertacomoummodêlosig-nificaqueseacreditoupoderindividuaremdiversosmodosdeoperaçãoumatendênciaoperativacomum,atendênciaaproduzirobrasque,dopontodevistadarelaçãódeconsumação,apresentassemsimilaridadesestruturais.Justamenteporqueabstrato,êstemodêlopaíeceaplicáveladiversasobrasque,emoutrospla-nos(aoníveldaideologia,dasmatériasusadas,do"gênero"artísticorealüdo,dotipodeagêlodirigidoaoconsumdor),sâoextremamentediferentes.Houvequemficasseescandalizadocomofatodesugerir-se

áaplicaçãodomodêlofruitivodaobraaberta,tantoaumquadroinformalquantoaumdramadeBrecht.Pareceuimpossívelqlieumsimplesapêlo.adesfrutarasrelaçõesentreeventosmatéricosapresentassesimi-laridadesdequalquertipocomoapêloengagéaumadiscussâoracionaldeproblemaspolíticos.Nessecasonãosecompreendeuque-porexerriplo-aanálisedeumquadroinformalanadamaisvisavaanãoseriluminarcertotipoderelaçãoentreob~aefruidor,omomentodeumadialéticaentreaestruturadoob-jeto,comosistemafixoderelações,earespostadoconsumidorcomolivreinserçãoeativarecapitulaçãodaquelemesmosistema.Eaoredigirestasobservaçôes

conforta-nosrélerumaentrevistadadaporRolandBarthesaTelQuel,naqualapresençadestatípicarelaçãoemBrechtélücidamenteindividualizada:"aumomentmêmeoüilliaitcethéâtredelasignificatianàunepenséepolitique,Brecht,si1'onpeutdire,af-firmaitlesensmaisneleremplissaitpas.Certes,sonthéâtreestidéologique,plusfranchementquebeau-coupd'aútres:ilprendpartisurlanature,letravail,leracisme,lefascisme,1'histoire,la'guerre,1'aliéna-tion;cependantc'estunthéâtredelaconscience,nonde1'action,duproblème,nondelareponse;commetoutlangagelittéraire,ilsertàformuler,nonàfaire;touteslespiècesdeBrechtseterminentimplicitement

païunCherchezl'issueadresséauspectateuraunomdecedechiffrementauquellamatérialitéduspectacledoitleconduire...lerôledusstèmen'estpasicidetransmettreunmessagepositif(cen'estpasunthéâtredessignifiés),maisdefairecomprendrequelemondeestunobjectquid9.itêtredechiffré(c'estunthéâtredessignifiants)"2.Ofatodequenestelivroseelaboreummodêlodeobraaberta,inspirado,maisdoqúeemobrasdo(2)"NoprópriomomentoemqueIigavaêsteteatrodasignificaçãoaumpensamentopolítico,Brecht,sqopodemosdizevafirmavaosentido,masnãooco,hpletava.Cer[amente,seuteatroémaisfranéa-menteideológicodoquemtiitosoutros:tomaposiçãoquantoànature-

za,aotrabalfio,aoracismo,aofascïsmo,àhistória,àguerra,àaliena-çãoentretanto,éumtèatrodaconsciêpcia,nãodaação,doproblema,nãodaresposta;comotôdalinguagemliterária,servep,araformular,nãoparafa2er;tddasas,peçasdeBrecht,terminamimplicitamenteporumProcureasoluçroendereçadoaoespectadoremnomedêstedecifra-mentoaoqualamaterialidadèdoespetáculodeveconduzi-lo...opapel.do'sistema,aqui,nãoétransmitirumamensagempositjva(nãoéurpteatt'odossignificados),masfazercompreenderqueomundoéumob-jetoquedeveserdecifrado(éumteatrodossignificantes)".as

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tipoBrecht,emobrasondeapesquisaformaldases-truturasdefinalidadeautônomaémaisexplicitaede-#cidida,decorredofatodequenestasobrasomodêloseapresentademaisfácilindividuão.EdecorredofatodequeoexemplodeBreclit,permaneceaindaexemplobastanteisoladodeobraabertaresolvidaemumapêloideológicoconcreto;oumelhor,oúnicoexemploclarodeapêloideológicoresolvidoemobraabertae,portanto,capazdetraduzirumanovavisãodo,mundo,nãosònaordemdosconteúdos,masna

dasestruturascomunicativas.3.Foipossíveladiantarahipótesedeummodêloconstante,poisnospareceuconstatarquearelaçâoprodução-obra-fruição,emcasosdiferentes,apresentavaumaestruturasimilar.Talvezvalhaapenaesclarecermelhorosentidoquequeremosdarànoçãode"es-truturadeumaobraaberta",poisotêrmo"estru-tura"presta-seanumerososequívocosevemsendousadò(inclusivenestemesmolivro)emacepçôesnãocompletamenteunívocás.Falaremosdaobracomodeuma"forma":istoé,comodeumtodoorgânicoquenascedafusãodediversosníveisdeexperiênciaan-terior(idéias,emoções,predisposiçõesaoperar,ma-

férias,módulosdeorganização,temas,argumentos,estilemasprefixadoseatosdeinvenção).Umafor-maéumaobra'realizada,pontodechegadadeumaproduçãoepontòdepartidadeumaconsumaçâoque-articulando-se-voltaadarvida,sempceedenôvo,àformainicial,sobperspectivasdiversas.Usaremósporém,vezporoutra,comosinônimodeforma,tambémotêrmo"estrutura":masumaestru-turaéumaforma,nãoenquantoobjetoconcreto,esimenquantosistemaderelações,relaçõeseritreseusdiversosníveis(semântico,sintático,físico,emotivo;níveldostemasenívelfdoscònteúdosdeológicos;níveldasrelaçõesestruturaisedarespostaestrutnrada

do'receptor;ètc.).Falar-se-áassimdeestruturaemlugardeformaquandosequiserpôremfoco,quantoaoobjeto,nãosuaconsistênciafísicaindividual,massimsüaanalisabilidade,suàpossibilidadedeserde-compostoemrelações,demaneiraapoderisolarden-treelasotipodèrelaçãofruitivaexemplificadono,modêloabstratodeobraaberta.Maséjustamenteparapôremfocoageneralidadeetransponibilidadedêstesistemaderelaçõesquesereduzumaformaasistemaderelações:justamenteparamostrarnoobjetoisoladoaprésençadeuma"estrutura"queoaparentaaoutrosobjetos.Temoscomoqueumdesossamentoprogressivodoobjeto,pri-

meiro.parare,duzi-loaumesqueleto.estrutural,ede-poisparaescolher,nesteesqueleto,aquélasrelaçõesquesãocomunsaoutrosesqueletos.Emúltimaaná-lise,portanto,a"estrutura"pròpriamenteditadeumaobraéoqueelatememcomumcomoutrasobras,aquiloqueemdefinitivoépôstoàluzporummo-dêlo.Assima"estjuturadeumaobraaberta"nãoseráaestruturapeculiardasváriasobras,masomo-dêlogeral(sôbreoqualjásediscutiu)quedescrevenãoapenasumgrupodeobras,masumgrupode

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obrasenquantopostasnumàdeterminadarelpçãofrui-tivacomseusreceptores.Concluindo,deverãoserlembradosdoispontos:a)omodêlodeumaobraabertanãoreproduzumasupostaestruturaobjetivadasobras,masaestruturadeumarelaçãofruitiva;umaformaédcscritívelsòmenteeriquantogeradoradaordemdesuasprópriasinter-pretaçõeseébastanteclaroque,assimfazendo,nossoprocederseafastadoaparenterigorobjetivistadecer-toestruturalismoortqdoxo,quepretendeanalisarfor-mãssignificantesabstraindoomutáveljôgodesigni-

ficadosqueahistórianelasfazconvergir.Seòestru-turalismoreclamaodireitodeanalísaredescrevera#obradeartecomoum"cristal",puraestniturasignifi-cante,aquémdahistóriadesuasinterpretações-eritãoLévi-StrausstemrazãoaopolemizarcomObraAberta(comofêznaentrevistadadaaPaoloCarusoparaPaeseSera-Libri,20-1-67):nossapesquisanadatemavercomoestruturalismó.Masépossívelfazertâodecididamenteaabstraçãodenossasituaçãodeintérpretes,situadoshistòrica-mente,paraveraobracomoumcristal?QuadòLévi-StrausseJakobsonanalisamLesChàtsdeBau-

delaire,focalizamumaestruturaqueestáaquémdesuasleituraspossíveis,oupelocontrárionosdãodelaumaexecução,possívelsòmentehoje,àluzdasaquisi-2829çõesculturaisdenossoséculo?Nestasuspeitabaseia--setôdaaObraAberta.b)omodêlodeobraabertaassimobtidoéummodêloabsolutamenteteóricoeindependentedaexis-tênciafactualdeobrasdefiníveiscomo"abertas".Colocadasestaspremissas,restaaindarepetirquefalardesimilaridadedeestruturaentrediversasobras(emnossocaso:similaridadedopontodevistadasmodalidadesestruturaisquepermitemumaconsuma-

çãoplurívoca)nãosignifica,paranós,dizerqueexis-temfatosobjetivosqueapresentamcaracteresseme-lhantes.Signifieadizerque,peranteumamultiplici-dadedemensagens,parecepossíveleútildefinircadaumadelasutilüandoosmesmosinstrumentoseredu-zindo-asportatoaparâmetrossemelhantes.Estaes-pecificaçãoéfeitaparaesclarecerum'segundoponto.Talcomofalamosdaestruturadeumobjeto(nocaso,aobradearte),tambémjáfalamosdaestruturadenmaoperaçãoedeumprocesso:quersetratedaoperaçãoprodutivadeumaobra(edoprojetodapoéticaqueadefine),quersetratedaoperaçãodepesquisadocientistà,queconduzadefinições,objetos

hipotéticos,realidadesaceitás,pelomenosprovisòria-mente,comodefinidaseestáveis.Nessesentidoéquefalamosdaobraabertacomometáforaepistemológica(usandonaturalmenteoutrametáfora):aspoéticasdaobraabertaapresentamcaracteresestruturaisseme-lhantesaosdeoutrasoperaçõesculturaisquevisamadefinirfenômenosnaturaisouprocessoslógicos.Parafocalizartaissimilaridadesestruturais,reduz-seaope-raçãódegoéticaaummodêlo(o.projetodeobraaberta)afimdeapurarseêsteapresentacaracteres

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semelhantesaoutrosmodelosdebusca,amodelosdeorganizaçáológica,amodelosdeprocessosperceptivos.Estabelecer,entretanto,queoartistacontemporâneo,aodarvidaauma'obra,prevêentreesta,êlepróprioeaconsumidoruma'relaçãodenão-univocidade-igualàqueo'cientistaprevêèntreofatoquedescreveeadescriçãoquedêleoferece,ouentresuaimagemdouniversoeasperspectivásqueépossívelrealizarsóbreelà-tudoistonãosignificaabsolutamenteodessjodeprocurar,aqualquerpreço,umaunidadeprofundaesubstancialentreaspresumidasformasda

arteeapresumida.formadoreal.Significaquererestabelecerse,paradefinirambasasrelações(seaodefinirambososobjetosquederivamdessasrelações),épossívelrecorrerainstrumentosdefinitóriossimila-res.Ese,aindaqueinstintivamenteoucomcons-ciênciaconfusa,istojánãoaconteceudefato.Ore-sultadonãoéumarevelaçãoacêrcadanaturezadascoisas:éumaclarificaçãoacêrcadeumasituaçãocul-turalem,processonaqualsedesenhamcónexões,asèremaprofundadas;entreosváriosramosdosabereasváriasatividadeshumanàs.Sejacomofôr,cabefrisaraquiqueosensaiosdêsteronãoalimentamabsolutamenteapretensãodefor-

#necermodelosdefinititosquepermitamrealizarestapesquisademodorigoroso(assimcomo,aocontrário,foifeitoemoutroslugares,confrontando,porexem-plo,asestruturassociaiscomaslingüísticas).Emcertamedida,enquantoosensaiosestavamsendoes-critos,nãotínhamospresentestôdasaspossibilidadeseimplicaçõesmetodológicasqueoraestivemosexpon-do.Masjulgamosqueêstesensaiospossamindicarumcaminhoaolongodoqualprosseguir,nós'auou-tros,semelhanteoperação.Eéaolongodestadiretrizquepensamospossamserrefutadascert,asobjeções,segundoasquaistodóconfrontofeitoentrèproces-

sosdaarteeprocessosdaciênciaconstituiriaumaanalogiagratuita.Foramaproveitadasfreqüentementecategoriasela-boradaspelaciência,traduzindo-ascomdesembaraçoparaoutroscontextos(moral,estético,metafísicoetc).Ebemfizeramoscientistas,fazendonotarquetaiscategoriaseramsimplesinstrumentosempíricós,váli-dosapenasdentrodeseureduzidíssimoâmbito.Masumavezlevadoemcontaêstefato,pensamosqueseriamuitoestérildesistirdeperguntarsenãoexis-tiriaporventura,entrediversasatitudesculturais,umaunidadedecomportamento.Estabeleceresta.unidadesignifica,porumlado,esclareceratéquepontouma

culturaéhomogênea,eporoutro,empenhar-seemrealizarembaseinterdisciplinar,aoníveldoscom-portamentosculturais,aquelaunidadedosaberque,aonívelmetafísico,resultouilusória,masqueentre-tantodevesertentadadealgumamaneira,parator-narhomogêneosetraduzíveisnossosdiscursosares-3031peitodomundo.Atravésdaindividuaçãodeestrutu-rasuniversaisouatravésdaelaboraçâódeumame-talinguagem?Arespostaaêsteproblema,emboranâo

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sejaestranhaànossapesquisa,certamentevaialémdela.Empreendem-sepesquisasdêssegênerojusta-mentepara,umdia,reunirelementosúteisaumares-posta.4.rlltimoproblema,oqueconcerneaoslimitesdenossodiscurso.Elaborarumanoçãodeobraabertaresponderiaatôdasasindagaçõèsacêrcadanaturezaedafunçãodaartecontemporâneaoudaarteemgeral?Certamentenão.Masconduzirêstediscursosô-breapeculiaríssimarelaçãodefruição.ativa,nãoredu-ziriaaproblemáticadaarteaumdiscursoestérilsô-

breasestruturasformais,deixandoàsombrasuasrelaçõescom'ahistória,asituaçâoconcreta,osva-loresquemaisnospreocupam?Pareceimpossívelmasestaobjeçãofoijulgadafundamental.Pareceim-possível,poisninguémrepreenderiaaumentomolo-gistaporsedemorarnaanálisedasmodalidadesdovôodeumaabelha,semestudarlogosuaontogênese,filogêneseeaptidãoaproduzirmel,paranâofalarnopapelqueaproduçãodomelrepresentanaeco-nomiamundial.Poroutrolado,ébemverdadequeumaobradeartenãoéuminseto,suasrelaçõescomomundodahistórianãosão'acessóriasoucausais,masparticipamdesuaconstituiçãodetalmaneiraque

parecearriscadoreduzi-laaumjôgoabstratodees-truturascomunicativasedéequilibriosrelacionais,emquesignificados,referênciashistóricas,eficáciàprag-máticaparticipemexclusivamentecomoelementosdarelação,símbolosentresímbolos,incógnitasdeumaequação.Trata-semaisumavezdadispütasôbrealegitimidadedeumapesquisasincrônicaqueprecedaapesquisadiacrônicaedelaabstraia.Muitosnãoficaramsatisfeitoscomarespostadequeumadescriçãodasestruturascomunicativasnãopodeconstituirsenãooprimeiropassoindispensável#acadapesquisaquepretendaaseguirpô-lasemrela-

çãocomomaisamplobackgrouruldaobracomofatoinscritonahistória.Enoentanto,aofimdecontas,depoisdehavertentadotôdasasintegraçõesviáveis,nãoparecepossívelsustentarnenhumaoutratese,sobpenadecairnaimprovisação,nodesejogenerosodeesclarecertudodepressa,emal.Avoposiçãòentreprocessoeestruturaconstituiumproblemabastantedebatido:noestudodosgruposhu-manos,observaLévj-Strauss,"foiprecisoesperarósántropólogosparadescobrirqueosfenômenossociaisobedecemaarranjosestruturais.Arazãoésimples:équea.sestruturasnãoaparecemanãoséraumaob-servaçãodefora.paradentro".

Emestética,diremosnós,estaconstataçãoébemmaisantiga,poisarelaçãoentreintérpreteeobrafoicempreumarelaçâodealteridade.Ninguémduvidadequeaartesejaummodòdeestruturarcertoma-terial(entendendo-sepormaterialaprópriapersonali-dadedoartista,ahistória,umalinguagem,uma.tra-dição,umtemaespecífico,umahipótèseformal,umnrundoideológico):oquesemprefoidito,masvemsempresendopôstoemdúvida,é,aoinvés,queaartepodeconduzirseudiscursosôbreomundoereagirà

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históriadaqualnas'ce,interpretá-la,julgá-là,fazerpròjetosdela,ünicamenteatravésdêstemododefor-mar;aopassoquè,sòmentepeloexamedaobracomomododeformar(tornadomododeserformada,gra-çasaomodocomonós,interpretando-a,afõrmamos),podemosreencontraratravésdesuafisionomiaespe-cíficaahistóriadaqualnasceu.OmundoideológicodeBrechtécomumaodetan-tasoutraspessoasàsquaispodemligar-nosiguaishi-pótesespoliticas,análogosprojetosdeação:mastor-na-seouniversoBrechttãologosearticulacomoum

tipodecomunicaçãoteatral,queassumecaracterespróprios,dotadosdepeculiarescaracterísticasestru-turais.Sóassimsetornaalgomaisqueàquêlemundoideológicooriginário,torna-seummododejulgá-loedefazê-loexemplar,permitefazê-locompreensíveltam-bémaquemdêlenãocompartilha,mostrasuaspos-sibilidadeseriquezasqueodiscursododoutrinadordeixavaencobertas;aindamais,justamentegraçasàestruturaqueassàme,convida-nosaumacolaboraçãoqueoenriquece.Sublimando-seemmododeformar,econsideradocomotal,nãonosocultaoresto:for-nece-nosumachavedeacessoaêle,quersobformadeadesãoemotiva,querdepesquisacrítica.Masé

précisopassaratravésdaorderndosvaloresestrutu-3233rais.ComofrisavamJakobsoneTynjanov,reagindocontracertosenrijecimentostecnicistasdoprimeiroformalismorusso,"ahistórialiteráriaestáWtimamenteligadaaoutras`séries'históricas.Cadaumadessassériesécaracterizadaporleisestruturaispróprias.Alémdoestudodessasleis,éimpossmelestabelecerconexõesentreasérieliteráriaeosoutrosconjuntosdefenômeriosculturais.Estudarosistemadossiste-mas,ignorandoasleisinternasdecadasistemaindi-vidual,seriacometergraveêrrometodológico".Estáclarocomodeumaposiçâodêstegênerode-

rivaumadialética:indagarasobrasdearteàluzdesuasleisestruturaisespecídcasnãosignificárenuneiaràetaboraçãodeum"sistemadossistemas";peloquepoderíamosdizer.queareferência.àsestruturasdasobras,aumacomparaçãodemodelosestruturaisentrevárioscamposdosaber,constituioprimeiroapêloresponsávelaumapesquisadecaráterhistóricomaiscomplexo.Osváriosuniversosculturaisnascem,semdúvida,#deumcontextohistórico-econômicoetornar-se-iabas-tantedifcilcompreenderafundoosprimeiros,semrelaioná-loscomosegundo:dentreasliçõesdomar-

xisxno,umadasmaisfecundaséareferênciaeoapêloàrelaçãoentrebaseesuperestruturas,entendidaòb-vjamentecomorelaçãodialéticaenãocomorelaçãodeterministadesentidoúniGo.Masumaobradearte,comoumprojetometodológicocientíficoeumsiste-mafilosófico,nãosereferedeimediatoaocontextohistórico-amenosquerecorramosadeploráveisinterferênciasbiográficas(talartistanasceemtalgru~po;ouviveàscüs:asdêsteoutrogrupó,suaarte,portanto,exprimetalouqualgrupo).Umaobrads

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arte,ouumsistemadepensamento,nascemdeumarêdecomplexadeinfluênçias,cujamaioriasédesen-wolveaonívelespecíficodaobraousistemadequefazparte;omundointeriordeumpoetaéinfluenciadoeformádopelatradiçâoestilisticadosseusprecurseres,tàntoetalvezmaisdoquepelasocasiõeshistóficasa-quesereferesuaideologia;eatravésdasinfluên-ciasestilísticasêleassimilou;comomododeformar,nm.mododevèromundo.Aobraqueiráproduzirpo-deráterfràquíssimasconexõescomseuprópriomo-mentohistórico,poderáexpressaruraafasesubseqüente

34dodesenvolvimentogeraldocontexto,oupoderáex-pressar,dafaseemqueêlevve,níveisprofundos,queaindanãoaparecemmuitoclarosaseuscontemporâ-neos:Masparaquesepossamreencontrar,atravésdaquelemododeelaborarestruturas,tôdàsasligaçõeseltreaobraeseutempo,otempopretérito,ouovin-douro,aindagaçãóhistóricaimediatasópoderápro-porcionarapenasresultádosaproximados.Unicamentecomparandoáquêlemodusoperandicomóutrasati-tudes'cxlturaisdaépoca(oudeépocasdiversas,numarelaçãodedeslocamentonotempoounoespaçoque,emtêrmosmarxistas,épossivelindicarcoo"desi-

gualdadesde.desenvolvimento"),ilnicamenteidentifi-candoentreestaselementoscomuns,.Íedutíveisàsmesmascategoriasdescritivas,perfilár-se-áadireçâoaolongodaqnalumapesquisahistóricásubseqüentedeveráindividuarasconexõesmaisprofundasearti-culadasqueseencontramdebaixodassimilaridadesapuradasanteriormente.Commaisrazão,quando-conioemnossocaso-oâmbitododiscursoéope-ríododoqualnósprópriossomosaomesmótempojuízeseproduto,ojôgódasrelaçõesentrefenômenosculturais.econtextohistóricotorna-secada.vézmaisintrincado.Cadavezque,porpolêmicaoüdogma-tismo,procuramospôruma'relaçãóimediata,mistifi-

camosumarealidadehistóricaqueésempremaisriçaesutildoquedomodocomoapropomos.Porisso,asimplificaçãóproduzidaporumadescriçâoemtêr-mosdemodelosestrutüraisnãosignificaocultararalidade:reprësentaóprimeiropasso'rumóàsàcompkeensão.'Estabelece-seportantoagui,emnívelmaisempírico,arélaçãòaindaproblexháticaentre.ló-gicaformalelógicadialética(etal,eúltimaaná-lisë,nospareceseroáentidodemaitasdasatuaisdiscussõesentremetódologiasdiacrônicas'esincrôni-cas).'Nossaconvicçâoédequeosdoisuniversossãorecuperáveis.Queemcertamedida,aindaquenãosequei=a,aconsciênciadahistóriajáageemcada

pesquisasôbrea$configraçõesformaisdosfénôme-noS;epoderáagiremsegüidasôbreelasquando,intro-duzidososmodelosformaiselaboradosnocircuitodeumdiscursohistóricomaisamplo,asériedasverifi-caçõespoderátambémlevaràrèelaboraçáodomssmomodêloinicial:35#Fixarportantoaatenção,comotemosfeito,sôbrearelaçãofruitivaobra-consumidor,comoseconfigura

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naspoéticasdaobraaberta,nâosignificareduzirnossarelaçãocomaarteaostêrmosdeumpurojôgoteo-nicista,comomuitosgosta.riam.E,pelocontrúrio,ummodoentremuitos,aquêlequenosépermitidopornossaespecíficavocaçãoparaapesquisa,dereunirecoordenaroselementosnecessáriosaumdiscursosôbreomomentohistóricoemquevivemos.Umaprimeiraindicaçãodestaspossibilidadesdede-senvolvimentoédadapeloúltimoensaiodêstevolume("Domododeformarcomoengajamentoparacomareaüdade"):ondeodiscursoconduzidopelasformas

lingüísticasdaobraéencaradocomoreflexodeumdiscursoideológicomaisamplo,quepassaatravésdasformasdalinguagemequenãopoderiasercompre-endidosenãofôssemantesanalisadasasformasdalinguagemenquantotais,como"série"autônoma.Parafinalizar,desejolembrarqueaspesquisassô-breaobraabertativeraminícioquandoacompanhavaasexperiênciasmusicaisdeLucianoBerioediscutiaosproblemasdamúsicanovacomêle,HenriPousseureAnd'r.e'Boucourechliev;queosapelosàtéoriadain-forniaçãoforampossíveisgraçasàassistênciadeG.R:Zorzoli,quefiscalizoumeusmovimentosemterri-tóriotãóespecializado;equéFrançõïsWahl-qüe

meajudou,estimuloueaconselhounarevisãodatra-duçãofrancesa-influenciougrandementearefor-mulaçãodémuitaspáginás,quetornamasegundaedi-çãoparcialmentediferentedaprimejra.Apropósitode"Domododeformar"devorecor-darqueêsteensaionasceusoboimpulso(comosem-pre,feitodeco-participaçõesdiscordaptes,deanimadaefraternaloposição)deElioVittorini,queestavajus-tamenteabrindo,comoon°5deMenabò,umanovfasedesuadiscussãócultural.Ënfim,dascitaçõesedasreferênciasindiretas,oleitordepreenderáadívidaquecontraícomateoriadaformatividadédeLuigi.Pareyson;eeunãoteria

chegadoaoconceitode"obraaberta"semaanálisequeêlefêzdoconceitodeinterpretação,mesmoqueoquadrofilosófico,ondedepoisinseritaiscontribui-ções,sejademinhainteiraresponsabilidade.36APOETICADAOBRAABERTAEntreasrecentesproduçôesdemúsicainstrumentalpodsmosnotaralgumascomposiçõesassinaladasporumacaracterísticacomum:apeculiarautonomiaexe-cutivaconcedidaaointérprete,oqualnãosódi'spõedaliberdadedeinterpretar'asindicaçõesdocompósi-torconformesuasensibilidadepessoal(comose.dánocasodamúsicatradicional),comotambémdeve

intervir¡naformadacomposição,nãoraroestábele-cendoaduraçãodasnotasóuasucessãodossons,num.atodeimprovisaçãocriadora.Citemósalgúnsexemplosdsntreosmaisconhecitios:1)IIoKLavièrs-tückX,deKarlheinzStockhàusen,oautorpropõeaoexecutante,numagrande,únicafôlha,umasériede37gruposentreosquaisdeveráescolherprimeiramenteogcupocomoqualiniciar,edepois;unldecadavez,osquedèvemserunidosaoanterior;nessaexecução

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aliberdadedointérpretebaseia-senaestrutura"coln-'binatória"dapeça,"montando"autônomamenteasu-cessãodasfrasesmusicais.2)NaSequenzaperflautosolo,deLucianoBerio;ointérpreteacha-sediantedeumapartituraquelhepropõeumatexturamusicalondesãodadasasucessãodossonsesuaintensidade,en-quantoqueaduraçãodecadanotadependedovalorqueoexecutantedesejeconferir-lhenocontextodas#constantesquantidadesdeespaço,correspondentesaconstantespulsaçõesdemetrônomo.3)Apropósitode

suacomposiçãoTrocas,assimescréveHenriPousseur:"Trvcas,maisdoqueumapeça,constituemumcam-podepossibilidades,umconviteàescolha.Constamde16seções.Cadaumadelaspodeserencadeadaaoutrásduas,semquefiqueprejudlcadaacontinuidadelógica.daconstruçãosonora:duasseções,comefeito,sãointroduzidasporcaracteressemelhantes(apartirdosquaisevoluemsucessivamentedefórmadivergen-te);duasoutaspodem,aòcontrário,convergirparaomesmoponto.O'fatodesepodercomeçareaca-barcomqulquerumadasseçõestornapossívelgran-devariedadederesultadoscronológicos.Finalmente,asduasseçõesiniciadasnomesmopontopodemser

sincronizadas,dandolugaraumapolifoniaestraturalmaiscomplexa...Nadaproíbeimaginarquetaispro-postasformáis,gravadasemfitamagnética,sejamco-locadasàvenda.Dispondodeumainstaláçãoacústicarelativamentédispendiosa,oprópriopúblicopoderiaentão,graçasaelaseemsuaprópriacasa,exercitasumaimaginaçãomusicalinédita,umanovasensibili-dadecoletivadomaterialsonoroedotempo".4)NaTerceiràSonataparaPiano,PierreBoulszprevêumaprimeiraparte.(Antiphoniè,Formant,1),constituídapor10seções,em10fôlhasseparadas,intercambiá-vaiscomofichas(emboranãosejampermitidastôdasascombinações);asegundaparte(Formant2,Thro-

pe)compõè-sedequatroseçõesdeestruturacircularodendo-secomeçarporumaqualquereligá-laàsoutrasatécompletarocírculo.Nãohápossibilidadedègrándesvariaçõesinterprcetativasnointeriordasseções,masumadelas,porexemplo,Parenthèse,ini-38cia-seporumcompassodetempoespecificadoepros-seguecomamplosparêntesesdentrodosguaisotem-poélivre.Umaespéciederegraécolocadapelasindic.açõesdeligaçãoentreumeoutrotrecho(ex.:sarrsreterar,ercha?nersansinterruptionete.).Emtodosêstescasos(etrata-sedequatroapenás,entreosmuitospossíyeis),aatençãoéimediatamente

atraídaparaadiferençamacroscópicaentretaisgêne-rosdecomunicaçãomusicaleaquêlesaqueatra-.diçãoclássicanoshaviaàcostumadó.1Emtêrmóselè-meãtares,éssadiferençapoderiaserassimformulada:aobramusicalclássicã,umafugadeBach,aAída,ouLeSacreduPr'intemps,consistiamnumeonjuntoderealidadessonorasqueoautororganizavadefor-madefinidaeacabada,oferecendo-oaoouvinte,ouentãotraduziaemsinaisconvencioãaiscapazesdeguiároexecutantedemaneiraqueêstepudessereproduzir

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substanciamenteaformaimaginadapelocompositor;asnovasobrasmusicais,aocontrário,nãoconsistemnuma'mensagemacabadaedefinida,numaformaun?-vocamenteorganizadamassimriumapossibilidadedeváriasorganizaçõesconfiadas.iniciátivadointérprete,apresentando-seportantóriãocomoobrasacabádas,quepedemgaraserrevividásecompreendidasnumadireçãoestruturaldada,niascomoobras"abertas",queserãofinalizadaspelointérpretenomomentoemqueviversuafruiçãoestética1.-Paranão

incorrerem

equívocosterminológicos,éprecisoobservarqueadefiniçãode"aberta"dadaa

estasobras,aindaqnesirvamagistralmenteparadeli-nearumanovadialéticaentreobraeintérprete,deve(1)Aquiéprcisoeliminardesdejgapoasibilidadedeequlvoco:evldentementéaoperaçãopráticadointérpreteenquanto"executante"(oinstrumentistaqueexecutaumapeçamusicalouoatorquedeclamaumtezto)dIferedadeumintérpreteenquantofruidor(quemolha#paraumquadroou18emsil8nciôúmapoesia,ou,sinda,ouveumapeçamusicalexecutadaporoutrem)Contudo,paraosprogbsitosdaanáüsee5tética,cumpreencararambososcasoscomomanifestaçõesdivetsasdeumamesmaatItudeinterprétatíva:cada"leitura","coatem-

plação""g8m"deumaobradearteíepresentamumaformaaindaquecaládaeparticularde"eoecuço".Anoçãodeprocessotnterpre-tartvoabranget8dasessasatitudes.RetomamosaquiopedsamentodeI,uigiPareysonE,rte'ttca-Tebrtadellajoirnattv¡tdToro,1954(2ad.Bologna,Zanichelll,1960reoraemdiantentisreferiremoeaestaediçãó)Naturaimentepoderádar-seocasodeobrasqueaeapresen-vmabertas"aoeuctstaflte(instsumentista,atot)eaerãosestiu5áasPdblltocomoresultadojáunivocodaumaseleçãtidefinïtiva;emoutroecasosapesardaescolhadoexëcutante,podeermanecer'apos-sibllidadedéumaescolhasubseqüenteaqueopfibLco6convidado.39sertomadáaquicomoapoionumaconvençãoquenospermitafazerabstraçãodeoutrossignificadospossíveis

elegítimosdamesmaexpressão.Discutiu-seemesté-ticas8bre"definitude"e"aberrura"deumaobradearte:osdoistêrmosreferem-seaumasituaçâofrai-tivaquetodosn®sexperimentamosequefreqüente--mèntesomoslevadosadefinir:'istoé,umaobradeartsé.oóbjetop'roduzidó'porumàutorqueorga-nizaumateiadeefeitoscomunicativosdemodoquecadafmidorpotencialpossarecompreender(atravésdoj8gode-rsspostàsàconfiguraçãodeefèitossentidacomoestímulodasensibilidadeedainteligência)amen~ionadaobra,aformaorigináriaimaginadapelo~autor.'Nestesentido,oautorproduzumaformaaca-badáemsi,desejandoqueaformaemquestãoseja

compreendidaefruída_talcomoêléaproduziu;tóda-via,noatodereaçãoàteiadosestímulosedecom-preensãode~suasrèlações,cadafruidortrazumasitua-çãoexistencialconcreta,umasensibilídadeparticular-mentecondicionada,amadeterminadacultura,gostos,tendê~cias,precònceitospessoais,demodoqueacòm-preensãodafo=maorigináriaseverificasegundoumadeterminadagerspectivaindividual,Nòfundo,afor-matornà-seestèticamenteválidanamedidaemquepode~servistaecompreendidasegundomultíplices

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perspectivàs,-manifestandoriquezadeaspectoséres-sotlâncias,semjamaisdèixardèserelaprópria(umsinaldètrânsito,áo'ipvés,podeserenca~adódeumamaneiraúniCaeine~uívoca,esefôrtransfigurádoporal~umainterpretaçaofàntasio'sadeixa~deseraquêteslnálcomaquêlésignificadóespecífica).Nestesen-tidó;portanto,umàobradearte,formaacabadaefechadae~mtsuaperfeiçãodeorganismoperfeitamentecalibrad,o,étambémaberta,'istoé,pàssíveldemilin-terpretaçõesdiferentes,semqueistoredundeemalte-raçãodesuairreproduzívelsingularidade.Cadafrui-

ção,é,assim,umainterpretaçãoeumaexecl~ção,poisemcadafruiçãoaobrarévivenumaperpectivaòri-(2)Paradstanoçãodeinterpretação,v.LuigiPanyson,opeit.(emespetIaleapsVeVIOcomrespeitoà"disponibilidade"daobralevadaàafiÏtlmasconseqü8néias,v.Rolan¢Batthes"Estadispónibili-daddnãoéumavirtudem~nor;trata-sepelocontráriodoprbpdoserdallterat~ra,levadoaoseuparwàsmo.EscreWetsignificafazerestro-meceroeentldodomundo,colocarumaperguntatndiretaàqualoes-critor,riumaderradeiraindeterminação,seabstémderesponder.AMaséclaroqueobrascomoasdeBerióouStock-hausensão"abertas"numaacepçãomenosmetafóricaebemmais°paIpável;ditovulgarmente,trata-sedèobras"inacabadas",queoautor,apaíentementedesin-

teressadodecómoirãoterminarascoisas,entregaaointéfpretemaisoumenoscomoaspeçassôltasdeumbrinquedodearmar.stainterpretaçãodosfatoséparadoxaleinexàta,porémoaspectomaissuperfi-cialdestasexperiênciàsmusicaisofereced~fatoopor-tunidadeparaumequívocodêstegênero;equívocoaliásprodutivó,poisoladodesconcertantedetaisex-periências'develevar-nosaindagarporque,hojeemdia~oartistasentenecessidadedetrabalharnestadi-reção;comoresultadodequalevoluçãohistóricadasensibilidadeestética;emconcoòlitânciácomqnáisfatô-resculturaisdenossotempo;ecomoémisterencarartaisexperiênciasàluzdeumaestéticateórica.

A~oéticadàobra"aberta"tende,comodizPous-seur8,apromovernointérprete"atosdeliberdadeconsciente",pô-locomocentroativodeumarêdederelaçõesinesgotáveis,entreasquaisêleinstaurasuaprópriaforma,semserdéterminadoporumaneces-sidadequelheprescrevaosmodosdefinitivosdeorga-nizaçãodaobrafruída;mas(reportando-nosàquelesignificadomaisamplodotêrmo"abertura"quemen-#cionamosantes)poder-se-iaobjetarquequalquerobcàdearte,aindaquenãoseentreguematerialmenteina-cabada,exigeumarespostalivreeinventiva,mesmoporquenãopoderátornar-serealmente.compreensível

seointérpretenãoareinventarnumatodeconge-nialidadeco~moautoa~.Acontece,porém,queestaobservaçãoconstituiumreconhecimentoaoqualaes-respostaquemdáécadaumdenósque1hetrazasuahistórlasuallnguagemsua-libecdade;mascomo~hist~ria,linguagemeliberdadeva-riaminfinitamente,arespostadòmundoaoescritoréinfinita:nãòcessajamais-deresponderaoqueestáescritoparaalémdequalquerresposta;afirmados,contraditosdepois,porfimsubstituídos,ossignifi-cados.passameaperguntapermánece...Mas,paraqueo7ôgosecumpra(...),devem-serespeitaral~tmasregras:épreçisodeumlado,

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qea.obrasejaverdadeiramenteumaformaqueelain~queumsen-ti~duvidoso,nãoumsentidofechado..."'(`Avant-propos",SurRacine,Paris,Sau~,1963):Nestesentido;porconseguintea'literatura(ditla-mos:t8damensagtmartísticapdesignoriademadocertoumòbfetoIneertor(3)"Lanuovasensibilit'dmusicale",emIncontriMustcaü,n°2,maiode1958,páp.25.40téticacontemraneachousòmenteapósteradcan-Tomáseoutrosaontodeconstituieixodapoé-

~pçadomaduraconsciênciacrítícadoquesejaarelaçãotica.médieval.Umaobraassimsemdú-interpretativa,eoartistadosséculospassados~deoertovida,umaobradotadadecerta"abertura";oleitorestavabemlongedesercr~ticamentetarnrscientedestadotextosaboquecadafrase,cadàfiguraseabrerealidade;hojetalconsciênciaexiste,prineipalmenteparaumamultiformidadedesignificadosqueêlede-noartistaque,emlugardesujeitar-seà"abertura"verádescobrir;inclusive,canformeseuestadodeâni-comofatorínevitável,escolhe-acomoprograma.pro-mo,êleescolheráachavedeleaquejulgarexem-

dutivoepropõeaobradamodoapromoveramaiorplar,eusaráaobranasignificaçesejada(fazen-'aberturapossfvel.'daareviver,decertaforma,diversadomodopelaOpêsodaquotasubjetivanarelaçãodefntição(oqualelaselheapresentaranumaaanterior).Masfatodeqileafruiçãoimplicaumarelaçâoint:eratuantenestecaso"abertura"nãoscaabsolutamente"in-entreosujeítoque"vê"eaobraenquantodadoob-definição"dacomunicação,"infiossíbilídadesjetivo)nãopassouabsolutamentedespercebidoaasAu-vdafohna,liberdadedafruição;hásòmenteumfeixetigos,mormenteemsuasdissertaçõess&breartesfign-deresultadosfruitivosrigidamenteprefixadosecon-

rativas.Platâo,noSofista,observa,;.porexe~mplo,quedicionados,demaneiráqueareaçãointerpretativadoospintorespintamasproporções,nãosegundoumaleitornãoescapejarnaisaocontrautor.Eisconveníênciaobjetiva,masemrelaçãoaoângulop~elocomoseexprimeDantenadéoimraEpístola:qualasfigurassâovistaspeloobservadtir;Vitrúvio"Estamaneiradetratamento,paraquesejamaisçla-distingueentresimetriueeurritmia,entendendoestara,podeservistanosversos:InexiruIsraeldeEgyp-últimacomoadequaçãodasproporçõesobjetivasásto,domuslacobdepopulobarbaro,stJudeaexigênciassubjetivasdàvisão;òsdésenvolvimentosdesantijicatitiejus,Israelpo

ejus.Defato,seosumaciénciaedapráticadaperspectivatestemunham'considerarmosaopédaletra,snificamasaídadosoamadurecimentodeumaconsciênciadafunçãodãfilhosdeIsraeldoEgito,aotempoisés;secon-subjetividadeinterpretanteemfacedaobra.Contüdo,siderarmossuaalegoria,significamnossaredençãoporéoutrossimpontopacíficoquetaisconvicçõesleva-obradeCristo,seconsiderarmousentidomoralvamaagirjustamenteemoposíçáoàuberturaea.significamaconversãodaalma,d

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edamísériafavordó~echementodaobra:osváriosartifíciosdedopecatioaoestadodeaça;sesiderarmosseu,perspectivarepresentavamexatamenteoutrastantassentidoanaócosinificamasaídadaalmasantadaconcessões-feitasàsexigênciasdasitàacionalidadedoservi,dãodet~corrupçãoprdade~daglóriaobservadorparalevá-loaver'afigurano'árticomoiloeterna".EstáclaroquenãotrasIeituraspossí-certopossfvel,aquêleparáoqualoautór(azquito-veis:ointérpretepodedirigir

maisaumsentídotandoartiffciosvisuais)procvravafazerconvergiradoqueaoü'tro,noâmbitodestafraseemquatroes-conscigneiadofruidor.tratos,massempresegundoregrasdeunivocidadene-Tomemosoutroexemplo:nómedievodesenvolveu-.cessáriaepreestabelecida.Osignificadodasfiguras-seumateoriadoa~egorismoqueprevêapossibdi-alegóricasedosemblemasquoomedievalencontravadadedeseleraSagradaEscritura(emaistatdetam-em.suasleiturasfoifixadopelasenciclopédias,pelosbémapoesiae~asartesfigurativas)nãosóemsenbestiáriosepeloslapidáriosdasimbólicaésensoliteral,masemtrLsoutrossentidos,oalegórDCo~objetivãeinstitucional~.

~Aestapoéticadounfvocoeo~mor~eoanagógico.Tatteoriatornou-sefamdiar-~-graçasaDãnte,masvamosencontrarsuaaraízeáem(4)PaulRicoeurerd"Strüctureeeutique~Esp~e,~ere-bmde1%3sugetequeapolissemiadosímbolomedie1(qpSëóPaulovidcmus.nuncrculuminaeruferir-seindiferentementearealidadesopostas-veja-seumcatálog)OdeseasoscilaçõesemRéauIrnnographiede1'attchr~ttenParis1959k:ll~fpCieJI(~,Cf01'deBCIiVOIVtdapOInão6ínterprétávelcom'basenumreperabstrato~(i~~~tetfes-SãnIerônimo,Agost'sfiho,Beda,ScotusErlgena,Hugod~o~lapidá~ntxtoasrelacionataoaLivroeSág~á'dona4ueOrientrla#

te~ctóideumé)eRicardodoSáoVftor,AlaindeLille,Boaventura,aP~'dasc5tavesáe1eitma.Dataatividadedointér~retemedievalque..ezerce,no'confrontoctimosoutroslivros,oucomollvrodsna-':243donecessáriosubordina-seumcosmoordenado;uma.hiera=quiadeentesedeléisqueodiscursopoético~podeaclararemmaisníveis,masquecadaqualdeveentenderdaúnicamaneirapossível,queéainstituídapelalagoscriador.Aordemdaobradearteéames-madeumasocièdadeimperialeteocrática;asregrasdeleiturasãoregrasdeumgovêrnoautoritário,queguiamohomememcadaum'deseusatos,prescreven-

do-Iheosfinseoferecendo-lheosmeiospararealizá-los.Nãoéqueasquatropossibilidadesdodiscursoale-góricosejamquantitativamentemaislimitadasdoqueasmuitaspossibilidadesoferecidásporumaobra"aber-ta"contemporânea:talcomotentaremosmostrar,es-a!'sasexperiêneiasdiferentessubentendemumadiferentevisãodomundo.Numrápidoescôrçohistóricoencontramosumas-pectoevidentede"abertura"(namodernaacepçãodotêrmo)na"formaaberta"barrôca.Nesta,nega-se

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I...justamentsadefinitudeestáticaeínequívocadafor-maclássicarenascentista,doespaçodesenvolvidoemítôrnodeumeixocentral,delimitadoporlinhassimé-tricaseângulosfechados,convergentes.paraocentro,demodoasugsrirmaisumaidéiadeeterxlidade"es-sencial"doquedemovimento.Aformabarrôca,pelocontrário,édinâmica,tendeaumaindeterminaçãodeefeito(emseujôgodecheiosedevazios,deluze;

desombra,comsuascurvas,suasquebras,seusân-';gulosdasinclinaçôesmaisdiversas)esugereumapro-gressivadilataçãodoespaço;aprocuradomovimentoedailusãofazcomqueasmassasplásficasbarrôcasnuncapermitamumavisãoprivilegiada,frontal,defi-nida,masinduzamoobservadoradeslooar-seconti-nuamenteparaveraobrasobaspectossemprenovos,comoseelaestiv~esseemcontínuamutação.Sèa¡espiritualidádebarrôcaéencaradacomoaprimeiramanifestaçáoclaradaculturaedasensibilidademo-idernas,éporquenelaohomemsesubtrai,pelapri-Imeiravez,aohábitodocanónico(garantidapelaor-demcósmicaepelaestabilidadedasessências)ese

defronta,~naartecomonaciência,comumtnundoemtureza;umaativldadehernteaáutica.Istonãoimpedequéoslapidárlos,porexemplooferecendoasdíversaspossíbilidadesdeinterpretaçãodeummesmos'ímbolo,jáseconstituamnumabasededecodificação,çqueopróprioLivroSagradopossaserentandídocomo"códião"queinsti-tulalgumasdireçõesdeleitura,excluindooutrae.44movimentoqueexigedêleatosdeinvenção.Aspoé-ticasdopasmo,dogênio,dametáfora,~isam,nofun-do,alémdesuasaparênciasbizantinas,aestabeleceressatarefainventivadohomemnôvo,quevênaobradearte,nãournobjetobaseadoemrelaçõeseviden-tes,aserdesfrutadocomobelo,masummistérioa

investigar,umamissãaacumprir,umestímuloàviva-cidadedaimaginação5;/Contúdo,tambémestassãoconclusõesalcançadaspelacríticahodiernaequeaéstética,hoje,podecoordenaremleis:.porémserialevianovernapoéticabarrôcaumateorizaçãocons-cientedaobra"aberta".~ntreclassicismoeiluminismo,enfim;vai-sedeli-neandoumaidéiade"paesiapura"justamentepor-queanegaçãodasidéiasgerais,dasleisabstratas,levadaacabopeloempirismoinglês,vemafirmara"liberdade"dopoeta,eprenuncia,portanto,umate-#máticada"criação".DasafirmaçõesdeBurkesôbre

o-poderemoçionaldaspalavras;chega-'seàsdeNo-valissôbre'opoderpuramenteevócativodapoesiacomoartedosentidovagoedosignificadoimpre-ciso.Umaidéiaseafiguraentâotantomaisiridivi-dualeestimulante"quantamaisnumerosospensamen-tos,mundoséatitudesnelasecruzamesetocam.Quandoumaobraapresentadiversospretextos,mui-tossignificadosesobretudomuitasfacese.inuitàsma-neir_asdesercompreendidaeamada,entãocertamenteélaéiliteressantíssima,entãoénmacristalinaexpres-

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sãodapersonalidàde"e.tConcluindoaparábolaromântica,aprimeiravèz.queapareceumapoéticaconsciente,daobra"aberta"énosimbolismodasegundametad~ede1800.AArtPoêtiquedeVerlaineébastant~eexpliçitaaraspeitó:Delamusiqueavanttoutechóse,ètpourcelapréfère1'impairplusvagueetplussolubledan1'airsansrienenluiquipèseetquipose:(5)Paraumaanálisedobarrococomoinquietudeemanifegtaçãodasensibilidademodernavejam-seaspágitlasdeLuci~anoAnceschlem

BaroccoeNovecente,Milano,~RusconlePaolazzi,1960.SóbreovalorestimulantédaspésqulsasdeAnceschiparaumahistbriadaobraaberta,procureifalarnon~-III,1960da'RivistadiEstetica.(6)SBbreaevõlúçãõ,nesáesentIdodaspoéticaspré-romãntiçasaromânticas,v.aindaL.Anceschi,Autonnmiáedeteronomtadell'ayte.,2°~ed.,Firenze,Vallecchi,1959.~45'Carnousvoulonslanuanceencore,pasla~couleur,rienquelanuance!Oh!lanuance,seulefiance~lerêveáurêveètlaflflteaucor!Delàmusiqueencoreettoujours!Quetonverssoitlachoseenvolée

qu'on.sentquifuitd'uneâmeenalléeversd'autrescieuxetd'autresamours.Quetonverssoitlabonneaventureéparseauventcrispédumatinquivafleurantlamentheetlethym...Ettoutle~resteestlittérature.Aindamaisextremaseempenhadassãoasafirma-çõesdeMallarmé:"nommerunobjectc'estsuppri=merlestroisquartsdelajouissancedupoème,quiestfaitedubonheurdedevinerpeuàpeu:lesug-gérer...voilàlerêve..."7'LCprecisoevitarqueumsentidoúnicosèimponhadechôfre:oespaçobrancoemtôwnodapalavra,ojôgotipográfico,acomposição

espacialdotextopoético,contribuemparaenvolvero.têrmòèmindefinição,paraimpregná-lodemilsuges-tõesd~versas.Comestapoéticadasugestão,aobrasecolocain-tencionalmenteabertáàlivrereaçãodo.fruidor.Aobraqúe"sugere"realiza-sedecadavezihtegradapelascontribuiçl6esemotivaseimaginativas~dointér-prète.Seemcadaleitürapoéticatemósummundopessoalquetentaadaptar-sefielmenteaoznundodotexta,nasobraspoéticasdèliberadamentebaseadasnasugestão,otextose~ropõeestimularjustamenteomundopessoaldointérpFèté,paraqúeêsteextraiadésuainteriòridadeumarespostaprofutsd~,elaborada

atraésdemisteriosasconsonâncias.Além:dasinten-çõesmetaffsicasoudapreciosaedecadentepredis-posiçãodèesp~ritoquemóvetaispoétiças,omeca-üamofruitivorevelaumtalgênerode"abertura".Nessalinlia,grandepa~tedaliteraturacontemporã-neabaseia-seno'usodosímbólocomocamunicaçãodo-iadé~nïdo,abertaareaçõesecompreensõeasem-prenovas.Fàcdmèntepodeúiospensarnaobrade(7)"deaominarumobjeto6~prlmirtr8aqosrtwAatndçloao#

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-ip~o..~.~06~.~,feHddadedeadiNnh~loPoucoapo~o:w~i-46Kafkacomottmaobra"aberta"porexcelênciá:pro-cessò,castelo',espera,condenaçâo,doénça,.metamor-fosé,.tortura,nãosãosituaçõesaserentel~didasémseusignificadoliteralimediato.M~s,aocontráriodasconstruçõesalegóricasmedievàis,~aquias"sôbre~sen-tidos"nãosãQdadosdémodounívóca,nãosãoga-rantidosporenciclopédia~lgunia,nãorepoúsamsôbrenenhumaordem.domundo.As,v~áriasinterpretações,existencialistas,teológicas,clinicas,psicanaliticásdos

símboloskafkianossóemparteesgotamaspossibili-dadesdaobra:narealidade,aobrapermaneceines-gotadaeabertaenquaato"ámbíguá",poisàúmIriun-do-ordenadosegundoleisuniversalmentereconhecidassubstituiu-seummundofundadosôbreaambigüi-dade,quernosentidonegativodeumacarênciade,centrosdeorientação,quernosentidopositivodeulnacontínuarevisibilidadedosvaloresedascertëzas.',,Dessamaneira,mesmo.ondeédifícilestabelecersehavia,noautor,intençãosimbólicaetendênciaaoin-determinadooúaoambíguo,certapoéticacríticaen-carrega-sehojédévértôdaaliteraturacontemporâ-

neacomoestruturádaemeficazésaparatossimbólicos.Numlivrosôbreosímbololiterário,W.Y.Tindall,atravésdaanálisedasmaioresobrasdaliteraturamo-derna,visaatornarteóricaeexperimentalmenteds-finitivaaafirm'açãodePaulValéry-"iln'yapasde'vraisensd'untexte"-até'concluirquellmaobradearteéumaestruturaquequalquerpessoa,inclú-siveseuautor,pode"usar"comobementender.Essetipodecriticavisa;portanto,aconsideraraobralite-ráriacomacontínua-possibilidadedeaberturas,reservairidefinidadesignificados;esobêsteprismacumpreencarartodósosestudosnorte-âmericanossôbreaes-truturadametáfòrae~sôbrevários"tiposdeambi-

güidade"oferecidospelodiscursopoéticosrÉsupértluoaquilembrar'aoleitor,~comoexemplomáximodeobra"aberta"-comointuitojustamentedeproporcionarumaimagemdecertacondiçâoexis-(8)Ve)a-seW.Y.TSadall,ThéLfterarySymbot.NewYorkCo-lumbiaUn.Presa1955ParaumdesenvolvimentoatualdasidéiásdeValéry,v.GérardGenétte,Figure.r.ParIs,Seuil,1966(espedalmente"Lalittératwecommetelle").Paraumaanálisedarelevándaestéücada'noçãodeambIaüidade'vas.importantesobservaç8eseasrefergn-da9blbliográflcasemGilloDorfles,1Idlveniredelleartt,Torlno,ELlau-dl,1959,pá~.51ese~e.47tencialeontológicadomundocontempor~neo-,a

obradeJamesJoyce.EmUlissesumcapftulocòmo"WanderingRocks"constituiúm'pequenouniv~ersovisfvelemperspectivassemprenovas,óndedesapare-ceutotalmenteoúltimovestlgiodeumapoéticademoldearistotélico,ecomelaumdecursounívocodotempodentrodeumespaçohomogêneo.ComodisseEdmundWilsons:"Suafôrça(deUlisses),aoinvésdeacompanhàrumalinha,expande-seasimesmaemtôdasasdimensões(inelusiveadoTempo)emtórnodeumúnicoponto:OmundodeUlisseséanimado

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porumavidacomplexaeinexaurív,el:revisítamo-Iotalcomofaríamoscomumacidade,àqualvaltamosmaisvêzesparareconhecerosrastos,compreenderasper-sonalidades,estabelecerrelaçõesecorrentesdeinte-rêsses.Joyceexerceuconsiderávelmestriaxécnicaparanosintroduziraos-alementosdesuahistórianumaor-demtalquenostornecapazesdeencontrarsòziahososnossescaminhos:duvidobastantequeumamemó-riahumanacònsigasatisfazertôdasasexigênciasdeUlissés,naprimeiraleitura.Equandovaltamosalê~-#

-lo,podemoscomeçardèumpontóqualquer,comosenosdefrontássemoscomalgodesólido,comoumacidadequeexisterealmentenoespaçoenaqualsepodeentrarporqualquerdireção-assimcomoJoycedeclarou,aocomporolivra,tertrabalhadosimultâ-neamenteemváriasdesaaspartes".EmFinnegansWakeencontramo-nosea#im,verda-deíramente,napresençadeumcosmoeínsteíníano,cur-vadosôbresimesmo-apalavrainicialune-seàpala-vrafínal-eportantoacabado,masporissomesmoilimitado.Todoacontecimento,tôdapalavra,éncan-tra-seempossívelrelaçãocomtodososoutroseédaescolhasemânticaefetuadaempresençadeumtêrmo

quedapendeomododeentendertodososoutroâ.'Istonãosignificaqueaobranãotenhaumsentido:seJoyceíntroduznelacertaschaveséjustamentepordesejarqueaobrasejalidanumsentidadeterminadA.Masêsse"sentido"temariquezadocosmo,eoau-torquer,a~nxbiciosamente,queêleimpliqueatotalidadedoespaçoedotempti-dosespaçosedastempospos-(9)EdmfundWilsonAxei'sCastle,London-NewYork,Scribner'eSons,1931,pág.210dáed.l9sd(tr.itakana:IleostetlodtAxel,Mi-iano,nsasilatore,196sj.48Ïil

síveis.Oinstzumento-mordessaambigüidádeintegraléopuü;ocalembour:ondeduas,três,dezraízesd~e-rentessecombinamdeformaqueumaúnicapalavrasetorneumrió~de-significados,cadaqualgodendoencontrar-seecorrelacionar-secomoutroscentrosdealusãoabertossindaanovásconstelaçõeseprobabili-dãdesdeleitura.Paradefinirasit~açãodoleitordeFinnegunsWakepareçe-nossérvirperfeitamenteades--criçãodadaporPousseurdasituaçãodoindivíduoqueouveumacomposiçãoserialpós-dodecafônica:"Jáqueosfenômenosnãomaisestâoconcatenadosunsaosoutrossegundoum'detérminismoconseqüente;cabeaoouvintecolocar-sevoluntàriamentenocentrodeuma

rêdèderelaçõesinexauríveis,escolhendo,porassimdizer,êlepróprio(emboracientedequesuaescolhaécondicionadapeloobjetovisado)seusgrausdEapro-ximação,seuspontosdeencóntro,suaescalade'refe-rências;éêle,agora,queseinclinaautilizarsimul-tâneamenteamaiorquantidadedegraduãçõesededi-mensõespossíveis,atornardinâmicos,amultiplicár,aestenderaomáximoseusinstrumentosdeassimila-ção"1~.Ecomestacitaçãoficasublinhada,~sedistohouvessenscessidade,aconvergénciadetodoonosso

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discursoparaumpontoúnicodeinterêsse,eauni-dãdedaproblemáticadaobra"aberta"nomundocontemporâneo.Nãosedevepensarqueoconviteàaberturasemanifesteexclusivamentenoplanodasugestãoinda-finidaedasolicitaçãoemotiva.Seexaminarmosapoé-ticateatraldeBertoltBrecht,encontraremosumacon-cepçãodaaçãodramáticacomoexposiçãoproblemá-ticadedeterminadassituaçõesdetensão;propostásestassituaçõe~-segundoaco~nhecidatécnicadarecitação"épica",quenãóquersugestionaroespec-

tador,rnasapresentar-lhedemododistanciado;es-tranhado,osfatosaobservar-adram~turgiabrech-tiana,emsuasexpressõesmaisrigorosãss,nãoelaborasoluções;caberáaoespectadortirarconclusôescríti-casdaquiloqueviu.OsdramasdeBrechttambémterminamnumasituaçãodeambigüidade(típico,emaiorentretodos,Galileu):aqui,porém,jánãose0(10)Pousseur,op.ctt.,pág.25.49i#tratadaamtügüidademórbidadeuminfinitoentrevistooudeummistériosofridonaangústia,masdamesma.

ambigüidadeconcretadaexistênciasocialcornocho-quedeproblemasnãoresolvidos,paraosquaisé'pre-cisoencontrarumasolução.Aquiaobraé"aberta"comoé"aberto"umdebate:asoluçãoéespéradaeauspiciada,masdevebrotardaajudaconscientedopúblico.Aaberturafaz-seinstrumentodepedagogiarevolucionária.-Emtodososfenômenosexaminados,ncategoriade"abertura"eraempregadaparadefinirsituaçõesamiú-dediversás,masnoconjuntoostiposdeobraestu-dadosdif~erenciam-setodosdasobrasdosmúsicos.pós--webernianosquesubmetemosaexamenoinício.emdúvida,dobarrocoàsátuaispoéticasdosímbolo,foi-

-sedefinindócadavezmaisumcónceitodeobraderesultndonão-unívoco,masosexemplosexaminadosnoparágrafóanterlórnóspropunhamuma"abertura"baseadanacolaboraçãoteorética,mental,dófruider,-(oqualdeveinterpretarlivrementeumfatodearte~áproduzidojáorganizadosegundoumacqmpletudees-trutu~al(~indaqueestruturadodeformaatornar-seindefiáidamenteinterpretável).Aocontrário,umacom-posiçãocomoTrocas,dePousseur,representaalgodeulterior:enquantoque,aoouvirumaobradeWebern,0ouvintereorganizalivrementeefruiumasériederelaçõesnoâmbitodouniversosonoroquelheéofe-recido(ejácomplétamenteproduzido),emTrocaso

fruidororganizaeestrutura,aopróprioladodapro-dução_edamarcualidade,odiscursomusical.Colaboraparafazeraobra.Nãopretendemosafirmarqueessadiferençasuçes-sivaqualifiqueaobracómomaisoumenosválidaemrelaçãoàsjáfeitas:emtódoopresentediscursoacham--seemqusstãodiversaspoéticasavaliadaspelasitua-çãoculturalquerefletemeconstitueni,independente-mentedequalquerjuízodevalidadeestéticadospro-dutos;éevidente,contudo,queumacomposiçãodo

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tipodeTrocas(ououtrasj~mencionadas)colocaumproblemanôvo,induzindo-nosareconhecer,noâm-bitodasobras"abertas",umaóategoriamaisrestritasodeobrasque;porsuacapacidadedeassumirdiversasestruturasimprevistas,fisicamenteirrealizadas,pode-ríamosdefinircomo"obrasemmovimento".~Ofenômenodaobraemmovimento,napresente~situaçãocultural,nãoestáabsolutamèntelimitadoaoâmbitomusical,masofereceinteressantesmariifesta-çõesnocampodasartesplásticas,onde-encontrarnos

hojeobjetòsartísticosquetrazêmemsimesmoscomo~queumamobilidáde,umacapacidadedereproduzir-secaleidoscòpicamenteaosolhosdofruidorcomoetèr-namentenovos.Ao'nível'maisrestrito,podemoslem-brarosmobiCesdeCalderoudèoutrosautores,estru-turaselementaresquepossuemjustamente'acápaci-dadedemover-senoar,assumindodispòsiçõesespa-ciaisdiversas,criandocontinuamcnteseupróprioes-paçoesuasprópriasdimensões.Aonívelmaisam-plo,lembramosanovaFaculdadedeArquiteturadaUniversidadedeCaracás,definidacomo"aescolaainventartodososdias":assalasdessaescolasãocons-tituídasdepainéismóveis,demodoque,professôrese

alunos,consoanteoproblemaarquitetônicoeurbanís-ticoemexame,constroemoambientedeestudoapro-priado,modificandocòntinuamenteaestruturainternadoedifício11.Ainda,BrunoMunariidealizouumnôvoeoriginalgênerodepinturaemmovimento,comefei-tosverdadeiramentësurpreendentes:projetando,me-dianteumalanternamágicacomum,nmcollagedeelementosplásticos(umaespéciedecomposiçãoabs-#trataobtidapelajustaposiçãooupeloencrespamentodefôlhasfiníssimasdematerialincolor,.delinhasdi-versás),efaiéndopassarosraiosluminososattavésdeumalentepolaróide,obtém-sesôbreàtelauma

compósiçáodeintsnsab~lezacromática;pondo,emseguida,agirarvagarosamentealentépolaróide,afiguraprojetadamudagradativamentesuascôres,pas-sandoportôdaagamadoarco-írisereàlizando,atra-vésdareaçãocromáticadosdiversosmateriaisplásti-cosedasdiferentescamadasde~quesãoconstitufdos;umasériedemétamorfosesqueinflueminclusivesô-breaprópriaestruturaplásticadáforlria.Regulandoaseucritérioalentegiratória,ofruidorcolaboraefe-tivamenteparaumacriaçãodoobjetoestético,pelo(II)V.BrunoZevi"UnascuoladainVentareo~oi~iorno",emG'Eapreao,2defevereirode1958.mcnosnoámbitodocampodepossibilidadesquelhe

permitemaexistênciadeumagamadecôreseapre-disposiçãoplásticadosdiapositivos,Por~euturno,odesenhoindustrialnosofereceexemplosmenoresmasevidentesdeobrasemmovi-mentocomcertosobjetosdedecoração,lâmpadasar-ticuladas,estantesrecomponíveisemformasdiferen-tes,poltronascapazesdémetamorfosesdeinsofismáveldignidadeestilist~ça,permitindoaohomemdehojepro-d'uziredisporelepróprioasformasentreas.quaisvive,conformeoseuprópriogôstoeasexigências

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deuso.Senosvoltarmosaosetorliterárioparaprocurarumexemplodeobraemmovimento,encontraremos,emlugardeumpendantcontean~orâneo,umaantecipa-çãojáclássica:trata-sedoLivredeMallarmé,aobracolossaletotal,aObl'aporexcelênciaque,paraopoeta,deviaconstituirnãosòmenteofimültimodesuaprópriaatividade,masoprópriofimdomun8o(Lemondeexistèpouraboutiràunlivre).Mallarménãolsvouacaboestaobra,emboraneiatrabalhasseavidainteira,masexisterriseusesboços,recentemente

trazidosàluzporumsagaztrabalhodefilolog'ia12'Asintençõesmetaflsicassubjacentesaessaemprêsasãoamplasediscutíveis;permitam-nospô-lasdelado,pa~atomaremconsideraçãotão-sòmenteaestruturadina-micadêsteobjetóartístico,,quepretenderealizarumditamedepoéticabemdefinido:"unlivrenicommenceninefinit;toutauplusfaít-ilsemblant".OLivredevíaserummonumentomóvel,enãosónosentidoemqueeramóvele"aberta"umacomposiçãocomooCoupdedès,ondeagramática,sintaxeedisposiçãotipográficadotextointroduziamumapolimorfaplu-ralidadedeelamentosemrelaçãonãodeterminada.NoLivreasprópriaspáginasnãodeveriaxllobede-

ceraumaordemfixa:deveriamseragrupáveisemordens,diversas,consoanteleisdepermutação.Estabe-lecidaumásériedefascículosindependentes(nãoreu-nidosporumapaginaçãoquedeterminassesuaseqüên-cia),aprimeiraeaúltimapáginadeummesmofas-cículodeveríamserescritasnumaúnicagrandefôlha,(12)JacquetScherer,Le"Ltvre"deMallarmE(Prtmt2rt.frecherchts.nrrdeadocumenretnEdltJ),Parie,Gallimard,1957(v.t.specJalmenteocap.III,Phy,rlqutdwLivrt),52dobradaemduas,qnemarcasseoinícioeofimdofascfculo:nointeriordeladealocar-se-iamf8lhass81-tas,simples,móveis,intercambiáveis,masdetalma-

neiraque,f8ssequalf8sseaordemdesuacolocação,odiscursopossuísseumsentidológico.Evidentemente,opoetanãopretendiaobterdecadacombinaçãoumsentidosintáticoeumsignif~cadodiscursivo:apró-priaestruturadasfrasesedaspalavrasisoladas,cadaumadelasencaradacomocapazde"sugerir"ede#entraremrelaçãosugestivacomoutrasfrasesoupa-lav~as,tornavapossívelavalidadedecadapermutaçãodaordem,provocandonovaspossibilidadesderela-çãoe,portanto,novoshorizontesdesugestáo.Levo.lume,malgré1'impressionfixe,devient,parcejeu,mo-bile-demortildevientvie.Umaanálisecombina-

tóriaequidistantedosjogosdaúltimaescolástica(eespecialmentedolullismo)edastécnicasmatemáticasmodernaspossibilitavaeopoetacompree,pdercomo,deumnúmerolimitadodeelementosestruturaism6-veis,.poderiasurgirapossibilidadedeumnúmeroas-tronômicodecombinações;oagrupamentodaobraemfaseículos,comcertolimiteimpôstoàspossfveispermutações,embora"abrindo"oLivreaúmasérieam-plíssimadeordensaescolher,amarrava-oaumcam-podesugestividadeque,contudo,oautortendiaa

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proporatravésdooferecimentodecertoselementosverbaisedaindicaçáodesuacombinabilidade.Ofatodamecânicacombinatóriapôr-seaquiaser-viçodeumarevelaçãodetipoórficonãoinfluinareãlidadeestruturaldolivrocomoobjetomóveleaberto(nisto,singularnientepróximoaoutrasexpe-riênciasjámencionadasenascidasdeoutrasintençõescomunicativaseformativas).Permitindoapermutabi-lidadede~elementosdeumtextojáporsisócapazdesugerirrelaçõesabertas,óLivrequeriatornar-seummundoemcontínuafusão,queserenovaconti-

nuamenteaosolhosdoleitor,mostrandoaspectossem-pre~novosdaquelapoliedricidadedoabsolutoqueten-cionava,nãodiríamosex,pressar,massubstituire'rea-lizar.Emtalestrutura,nãosedeveriaencontrarne-nhumsentidofixo,assimcomonãoeraprevistaumaformádefinitiva:setivesseumas6passagemdolivroumsentidodefinido,unívoco,inacessívelàsinfluên-53ciasdocontextopermutável,talpassagemteriablo-queadootnecanismotodo..AutópicafaçanhadeMallarmé,complicadaporaspiraçõeseingenuidadesverdadeiramentedesconcer-tantes,nãofoilevada'acabo;enãosabemosse,u~a

vezacabada,aexperiência.seriaválida,ouentãóre-velar-se-iaequívocaencarnaçãomísticaeesotérica'deumasensibilidadedecadentèaofimdesuaparábolá.Inclinámo-nosparaasegundahipótese,mascertamenteéinteressánteencontrar,àoalvorécerdenossaépocá,tãovigorosasugestãodeobraemmovimento,sinaldeque~certasnecessidadespairamnoare,pelosim-plesfatodeexistirem,justificam-sessãoexplicadascomodadosdeculturaaseremintegradosnopano-ramadeumaépoca.Porisso,foitomadaemconsi-deraçãoaexperiênciadeMallarmé,conquantoligadaauma~problemáticabastanteambíguaehistòricamentebemdelimitada,aopassoqueasatuaisobrasemmo-

vimento,pelócontrário,procuramestabelecerrelaçõesdeconveniênciaharmônicaseconcretase--comoacontececomasrecentesexperiénciasmusicais-ti-rocíniosdasensibilidadeedaimaginação,semapre-tensãodeconstituirsucedâneosórficosdoconheci-,.mento.Comefeito,ésemprearriscadgsustentarqueame-táforaouosímbolopoético,arealidadesonoraouaformaplástica,constitueminstrumentosdeconheci-mentodorealmaisprofundodoqueosinstrumen-tosproporcionadospelalógicá.Oconhecimentodomundotemnaciênciaseucanalautorizado,etôdaaspiraçãodoartista-àvidência,aindaquepoèticamen-

teprodutiva,contémsemprealgodeequívoco.Aarte,maisdoquecanheceromundo,~produzcomplemen-tosdomundo,formasautônomasquescacrescentamàsexistentes,exibindoleisprópriasevidapessoal.#Entretanto,tôdaformaartísticapodeperfeitamenteserencarada,senãocomosubstitutodoconhecimentocientífico,comometáforaepistemotógica:issosignificaque,emcadaséculo,omodopeloqualasformasdearteseestruturamreflete-àguisadesimilitude,de

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metaforização,resolução,justamente,doconceitoem54figura-omodopeloqualaciênciaou,.sejacomofôr,aculturadaépocax~êemarealidade.Aobrafechadaeunívoc~doartistamedievalrcfle-tiuumaconcepçãodocosmocomohierarquiadeor-densclarasepredeterminad~s.Aobracomomensa-gempedagógica,co~oestruturaçãomonocêntrïcaenecessária(inclusivenaprópriaférreaconstriçãoin-ternademetrosederimás),refteteumaciênciasilo-gística,umalógicadanecessidade,umaconsciênciade-

dutivapelaqualorealpodemanifestar-seaospou-cos,semimprevistose.numaúnicadireção,partindodosprincípiosprimeirosdaciênciaqueseidentificamcomosprincípiosprimeirosdarealidade.Aaberturaeodinamismobarrocosassinalam,justamente,~oad-ventodeumanovaconsciênciacientífica:asubsti-tuiçãodotátilpelovisual,istoé,oprevalecerdoas-pectosubjetivo,odeslocar-seaatençãodoserparaáaparênciadosobjetosarquitetônicosepictóricos,porexemplo,noslembraasnovasfilosofiasepsicologiasdaimpressãoedasensaçâo,oempirismbqusreso~venumasériedepercepçõesarealidadearistotélicadasubstância;e,poroutrolado,oabandonodocentro

necessitantedacomposição,dopontodevistaprivi-legiado,acompanhaaassimil~çãodavisãocopernicia-nadouniverso,queeliminoudefinitivamenteogPo-centrismoetodosos:seuscoroláriosmetafísicos;nouniversocientíficomoderno,assimcomonaconstru-çãoounapinturabarrôcas,aspartesaparecemtôdasdotadasdeigualvaloreautoridade;eotodoaspiraadilatar-seatéoinfinito,nãoencontrandolimitesoufreiosemnenhumaregraidealdomundo,masparti-cipandodeumageralaspiraçãoàdescobertaeaocontatosemprerenovadocomarealïdade..A"abertura"dossimbolistásdecadentesrefléte,aseumodo,umnôvotormentodaculturaquevemdes-

cobrindohorizontesinesperados;ecumprelembrarco-mocertosprojetosmallarmaicossôbreadecompani-bilidadepolidimensitinal~dolivro(quedeblocouni-táriodeveriacindir=seemplanostransponfveisege-radores.de~novasprofundidadesatravésdadecompo-sição!mblocosmenores,porsu~vezmóveisedecom-ponívess)trazem.àmemóriaouniversodasnovasgeo-metriasnão-euclidianas.Peloque,nãoseráousadoreencontrarnapóética55daobra"~aberta"(emaisainda,daobraemmovi-merrto),daobraqueacadafruiçãoseapresentasem-prediferentedesimesma,asressonânciásvagasou

definidasdealgumastendênciasdaciênciacontempo-rânea.Jásetornoulugar-comumdacríticamaisatualizadaareferênciaaocontínuoespácio-tem~poralpa~aexplicaraestruturadouniversodeJoyce;enãoéporacasoquePousseur,paradefiniranaturezadesuacomposição,falade"campodepossibilidades".Assimprocedendo,êleusadoiscanceitostonladosdeempréstimoàculturacontemporâneaeextre-mamentereveladores'anoçãodecampolheprovémdafísicaesubentende.umavisãorenovadadasrela-

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çõesclássicasdecausaeefeitounívocaeunidirecio-nalmente.entendidas,implicando,pelocontrário,umcomplexointeragirdefôrças,umaconstelaçãodeeventos,umdinamismodeestrutura;anoçãodepos-sibilidadeéumanoçãofilósóficaquerefletetôda#umatendênciadaciênciacontemporânea,oabandonodeumavisãoestáticaesilogísticadaordem,aaber-turaparaumaplasticidadededecisõespessoaiseparaumasituacionalidadeehistoricidad~dosva-lores.

Ofatodequeumaestruturamusicalnão~maisde-termineobrigatòriamenteaestruturasubseqüente-.oprópriofatodeque,comojáacontecenamúsicaserial;independentementedastentativasdemovimentofísicodaobra,nãomaisexistaumcentrotonalquepermitainferirosmovimentossucessivosdodiscursoapartirdaspremissascolocadasanteriorments-deveserencaradonoplanogeraldeumacrisedoprincípiodecausalidàde.Numcontextoculturalemquealógicadedoisvalores(oautautclássicoentreverdadeiroeja~so,entreumdadoeseucontraditório)nãoémàisoúnicoinstrumentopossíveldeconhecimento,masondesepropõepllógicasdemaisvalores,quedão

lugar,porexemplo,aoirrdeterminadocomoresultadoválidodaoperaçâocognoscitiva,nessecontextodeidéiaseisqueseapresentaumapoéticadaobrade.artedesprovidaderesultadonecessárioeprevisível,emquealiberdadedointérpretejoga.comoelementodaquela-descontinuidadequeafísicacontemporâneareconheceunãomaiscomomotivodeüesorientação,.mascomoaspectoinelimináveldetõdaverificaçãocien-tíficaecomocomportamentoverificáveleinsofismá-.veldomundosubátômico.DoLivredeMallarméatécertascomposiçõesmu-sicaisexaminadas,nótamosatendênciaafazercom

quecadaexecuçãodaobranuncacoincidacomumadefiniçãoúltimadestaobra;cadaexecuçãoaexplicamasnãoaesgota,cadaexecuçãorealizaaobramastôdassãocomplementaresentresi,enfim,cadaexecu-çãonosdáaobrademaneiraçompletaesatisfatóriamasaomesmotempono-ladáincompletapoisnãonosoferecesimultâneamentetodososdémaisresultadosaomqueaobrapoderia.identificar~se.Seriacasualofatodetaispoéticasseremcontemporâneasaoprincí-piofísicodacomplementaridade,peloqualnãoépos-sívelindicarsimultâneamentediverBoscomportamentosdeumapartículaelementar,eparadescreverêstescom-portamentosdiversosvalemdiversosmodelos,que"são

portantojustosquandoutilizadosnolugarapropriadó,ma~secontradizementresiesechamam,porisso,reclprocamentecomplementarès"I~?Nãopoderíamosserlevadosaafirmar,arespeitodestasobrasdearte,comoofazocientistacomasuapeculiarsituaçãoex-perimental,queocolrllecimentoincompletodeumsis-temaéocomponenteessencialdesuaformulação,eque"osdadosobtidosemcondiçõesexperimentàisdi-versasnãopodsmserenglobadosnumaúnicaimagem,masdevemserconsideradoscomplementares,nosen-

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tidodequesòmenteatótalidadedasfenômenosesgo-taapossibilidadedeinformaçõessôbreosobjetos"I'~?~Fàlou-seacimadeambigüidadecomodisposiçãomo-raiecontrasteproblemático:ehoje,psicologiaefeno-195~13pâ~~ëtHeiaenberg,NaturaeJtstcamodcrna,Milano,Garzanti,(14)NielsBohrDiscusstoneepistemologtcaconElnstelnemAlberrEinstetnsetenztatneltlosojo.Torino;Einaudi,1958,pág,I'57.Justamenteoaepistemólogosliga8osàmetodologiaqú&ntlcaalertaramcontraumaingénugtrafispbsiçãodaacategoriasfísicasparaocampoéticoepsico-lbgico(Identificaçãodoindetecmlnismoeomaliberdademoraletc.;v.porexPhilippFrank,PresentRoleojSeJence,relatório3ntroduti~o

aóXIICongr.Intem.deFllosofia,Venezaactembrode1958)NãoserlalegfNmo,portantoentenderánossácómoumaanalogiaentreasestruturasdaobradearteéaspresaupoatasestruturasdomundo..In-determinaçãocomplementaridade,não-caeualldade,nãosãomodosdeserdomundofítlco,eãoslstemasdedesntçãoúteIsparaoperarn8le.#Porconseguintearelagâoqueáoeintereseanãoéaquela-pteau-'mida-entre'~rmaeituação,ontológlea"eumaqualidadèmorfológtcadaobraroasanlaçgoentreummododeezplicaroperattvamenteosproceseoáffaicoeeummododeexpHcaroperativamenteosprocessoedeproduçãoetruiçãoartfstlcaRelão,portantoentreumametodo-IoglaclentiftcaeumapoéHca(expli~taouünplíclta).E?

menologiafalamtambémdeambigüidadesperceptivascomopossibilidadesdecolocar-seaqüémdaconvencio-nalidadedoconhecerhabitualparacolhêromundocomofrescordepossibilidadesqueantecedecadaestabili-zaçãodevidaaousoeaohábito.IJáHusserladvertiaque"cadamomentodavidadeconsciênciatemurnhorizontequevariacomomudardasuaconexãodeconsciênciaecomomudardasuafasededesenvolvi-mento..Porexemplo,emcadapercepçãoexterna,osdados~pròpriamentepercebidosdoobjetodepercep-çãocontêmumaindicaçáodosladosaindasòmenteem--tendidosdemaneirasecundária,nãoaindapercebidosmasapenasantecipadosnomododaexpectativaetam-

bémnáausênciadetôdà'intuição-comoaspectosqueaindaestão`porvir'napercepção.Éestaumaprotensâocontínua,que-adqüireumsentidonôvoemcadafasedapercepção.Alémdisso,apercepçãopos-suihorizontesquecontamoutraspossibilidadesdeper-cepçãó,esãoaquelaspossibilidadesquepodeifarnoster,sedirigíssemoso.processodapercepçãoem~outrosentido,istoé,sedirigíssemosoolharaoinvésdeneste,emoutromodo,sefôssemos~araafrente,ouparaolado,eassimpordiante"16.~ESartrelembraqueoexistentenãopodereduair-seaumasériefinitademanifestações,poiscadaumadelasestáemrela-çãocomumsujeitoemcontínuamutação.Assim,um

objetonãosòmenteapresentadiversasAbschattungen(ouperfis),massãopossíveisdiversospontosdevistasôbreumaúnicaAbschattung.Oobjeto,paraserde-finido,devesertranscendidòemdireçãoàsérietotaldaqualêle,enquantoumadaspos~síveisaparições,émembro.Nessesentido,aodualismotradicionaldesereparecetsubstitui-se.umabipolaridadedefinitoeirifi-nito,detalmodoq'ueoinfinitóse.põenopróprioco-raçãodofinito.~stetipode"abertura"estánabasemesmadecadaatoperceptivoecaracterizacadamo-

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mentodenossaexperiênciacognoscitiva:cadafenô-menopareceriaassim"habitado"porcertapotência,"apotênciadeserdesenvolvidonumasériedeapari-çôesreaisoupossíveis".Oproblemadarelaçãodofenômenocomseufundarnentoontológico,numapers-pectivadeaberturaperceptiva,transforma-senopro-blemadarelaçãodofenômenocomaplurivalênciadaspercepçõesquedêlepodemosteris.~Estasituaçãoacen-tua-senopensamentodeMerleau~Ponty:"comopo-deráentão-pergunta-seofilósofo-umacoisaapre-sentar-severdadeiramenteanós,jáqueasíntesenun-

casecompleta...Comopossoteraexperiênciadomundocomodeumindivíduoexistenteemaçâo,quan-donenhumadasperspectivassegundoas..quaisovejoconsegueesgotá-loequandooshorizontesestão~sem-preabertas?.Aerençanacoisaenomundonãopodesenãosubentenderapresunçãodeumasínteseacabada-eentretantoêsteacabamentotorna-seim-possívelpelapróprianaturézadasperspectivasacor-relacionar,poiscadaumadelasremetecondnuamen,teatravésdeseushorizontesaoutrasgerspectivas...A'contradiçãoqueencontramosentrearealidadedomun-doeseuinacabamentoéaprópriacontradiçãoentreaubiqüidadedaconsciênciaeseuengajar-senumcam-

podepresença...~Estaambigüidadenãoéumaim-perfeiçâodaconscinciaoudaexistência,masésuaprópriadefinição:..~Aconsciência,quepassaporser#olugardaclareza,é,aocontrário,o,própriolugafdoe(luívoco"17.~TaissãoosproblemasqueafenomenóloSacolocanaprópriabasedenossasituaçãodehamen5nomun-do;propondoaoartistá,assimcomoaofilósofoeaopsicólogo,afirmaçõesquenãopodemdeixardeterumafunçãodeestímuloàsuaatividadeformativa:"Éportantoessencialàcoisaeaomundoapresentarem~áecomo`abertos'...prometersemprealgoraaisaver.

(15)BdmundHuaserlMediraztoMCartestans,tradF.Coet~-no,Bompiani1960pá8.91.HáemHuseerlvivtesimaandeumobjetoqué6foimaacabada,individuáveicómotalecontudoaber-ta":"Ocubo,porexemplo,ddxaabertaumavariedsdededetermi-naçõee,pelosladoequengodoatualmentevlstos,entretantoéapro-endidoexatamentecontaumcubo,eepecificamentecomocolorldo,ásperoetc.,mesmoanteadeexplldtaçóestrlterloreaecadadetermiuaçâoemqued1e6aprandidodelxasempreabertaeoutrastantaadeterminaç8eapar-dculareaãate'deixaraberto'jáé,antesmeamodaeefetlvasdetermi-naçáeatdterioresquetalvezntmcaeejamfeitas,ummomentocontIdonoreIadvomomentodeconsdtnda,e6)uatamenteoqueconetituiohor!=onk"(pâi.92).(16)J.P.Sartre,L'EssereeitNullatrad.G.De1BoMilanoI959..

Sartrecontemporâneamentepercebeaeqüivalênciaentreestasituaçáoper-ceptiva,constitutivadetodonossoconbecimentoearelaçãocognosci-tivo-interpretativaquemantemoscomaobtádearte:"OgêniodeP;oustemborareduzidoàsobrasproduzidas,nãoequivalemenosàinfinidadedospontosdevistapossíveis.qnesepoderãoassumiremt8rnodestaobraequeserãocbamados`ainesgotabilidadedaobraproustiana'~(páB.12).'(17)MMerleau-PontyPhénoménologiede1nperception.Paris,Gal-limard,1945,páBs.381.383.(18)Idem,páa..384.

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sóPoderrse-iaperfeitamentepensarqueestafugadanecessidadesegura~esólidaeestatendênciaaoambí-guoeaoindeterminadorefletemumacondiçãodecrisedonossotempo;ouentão,aocontrário,queestaspoé-ticas,emha~rmoniacomaciênciadehoje,exprimemaspossibilidadespositivasdeumhomemabertoaumarenovaçãocontínuadeseusesquemasdevidaesaber,produtivamenteempenhadonumprogressodesuasfa-culdadesedeseushorizontes.Seja-nospermitidosub-trair-nosaestacontraposiçáotãofácilemaniqueísta,

elimitemo-nos,aqui,aapontarconcordâncias,oupelomenos,consonâncias;consonânciasquerevelamumacorrespondênciadeproblemasdosmaisdiversosseto-resdaculturacontemporânea,indicandooselementoscomunsdeumanovavisãodomundo.Trata-sedeumaconvergênciadeproblemasedeexigênciasqueasformasdaarterefletematravésda-quelasquepoderíamosdefinircomoanalogiasdees-trutur~a,semqueporissosedevamousepossaminstau-rarparalelosrigorososis.(Aconteceassimquefenôme-noscomoosdasobrasemmovimentoreffitamaomes-motemposituaçõesepistemológicascontrastantesentresi,contraditóriasouaindanãoconciliadas.Acontece,

porexemplo,que,enquantoaberturaedinamismodeumaobralembramasnoçõesdeindetsrminaçãoedes-continuidade,própriasdafísicaquântica,osmesmosfenômenosapãrecemsimultâneamente'comoimagenssugestivasdealgumassituaçõesdafísicaeinsteinianaOmundomultipolardeumacomposiçãoserial~londeofruidor,nãocondicionadoporúmcentroabso-(19)Estáforadedúvidaqueépertgosoestabelecersimplesana-logias~maséigualmenteperigosorecusaraindividualizarcertasrel~çõesporumainjustificadafobiaàsanalogigsprópriadosespíritosslesoudasinteligênciasconservadoras.Gostáríamosdelembraruma~asedeRomanJakobson:"Aquelesqueseamedrontamfàcilmeritecomasanalogiasarriscadas,respondereiquetambémdetestofazeranalogiaspe-

rigosas:masadoroasanalogiasfecundas"(Essais.delinguistiquegé-#néraleParis,EddeMinuit,1963,pág:38).Umaanalogiadeixadeserindevidaquandoécolocadacomopontodepart3daparaumaveri-ficaçãoulterior:oproblemaagoraconsisteemreduzirosdiversosfen8-menos(estéticosenão)amodelosestruturatsmaisrlgorososparanêlesindlviduarnãomaisanaloas,mashomologiasdeestruturasimilaridadesestruturaisEstamosc8nscósdofatoqueaspesquisasdêstelivmaindaestãoaquémdeumaformalizaçãodetalgénero,querequerummétodomaisrigoroso,arenfinciaanumerososníveisdaobra,acoragemdeempobrecerulteriormenteosfenõmenosparadélesobterummod8lomaisroanuseável.Continuamospensandonestesensaioscoroonttmaintro-duçãogeralaumtrabalhoassim:

(20)Sdbreêste"éclatementmultidirectioneldesstructures"v.tam-bémA.Boucourechliev,"ProblBmesdelamusiquemoderne",NRF,dezerobrode1%0=janeirode1961.60luto,constituiseusistemaderelaçóesfazendo-oélner-girdeumcontínuosonoro,emquenãóexistempontosprivilegiadosmastôdasasperspectivassãoigualmenteválidasericas,depossibilidades-parecemuitopró-ximodouniverso.espácio~.temporalimaginadoporEinstein,noqual"tudoaquiloqueparacadáumde

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nósconstituiopassadq,opresente,ofutúro,édadoembloco,eoconjuntodosacontecimentossucessivos(donosso~pontodevista)queconstituiaexistênciadeumapartfculamaterialérepresentadoporumali-nha,alinhadeuniversodapartícula...Cadaobser-vador,comopassardeseutempo,déscobre;por,assim'dizer,novasporçõesdoespaço-tempo,que&elheapre-sentamcomoaspectossucessivosdomundomaterial,embora,narealidade,oconjuntodoseventosquecons-titu~emoespaço-tempojáexistisseantesdeserconhe-cido"21.,

Oquediferenciaavisãoeinsteinianadaepistemolo-giaqnânticaé,nofundo,jústamenteessaçonfiançanatotalidadedo.universo,umuniversoemquedesconti-nuidadeeindeterminaçãopodem,emúltimaanálise;desconcertar-noscomsuaimprevistaaparição,masquenarealidade,~parausaraspalavrasdeEinstéin,nãopressupõemumDéusquejoga~dados,masoDeus'deSpinoza,queregeomundocom'leispérfeitas.'Nesteuniverso,árelatividadeéconstituídapelainfinitava-riabilidadedaexperiê~ncia,,pelainfinidadedasmensu-raçõesèdasperspectivaspossíveis,masaobjetividadedotodoresidenainvariânçiadasdescriçõessimples.formais(dasequaçõesdiferenciais)que'estabelecem

justamontearelatividadedasmensuraçõesempíricas.Aquinãonoscabejulgardavalidadeçientífica,destaimglícitametaEsic~leinsteinianá;masofatóéqueexis-teumásugestivaanalogiáentreêstenniversóeouni-versodaobraerrrmovimen2o.ODeusdéSpinoza,qúenametafísicaeinsteinianqésòmenteumdadodecon-fiançaextra-experimental;paraaobradeartetorna-seumarealidadedefatoecoincidecomaobraordenado-radoantor.Esté,numapoéticadaobraemmovimert-to,podeperfeitamenteproduziremvistadeum~onvi-'teà.liberdadeinterpretativa,àfelizindetermináçãtidosresultados,àdescontínuaimprevisibilidadedasescolhas(21)Lott~adeBrógHe"L'operaedentifItadiAEinetdo'.',,emA.

E.aNsnrJatosl~áolo,clt,pgg'~4subtraídasànecessidade;masestapossibilidadeparaaqualseaóreaobraétalnoâmbitodeumca~npoderelações.Comonouniversoeinsteiniano,naobraemmovimentoonegarquehajaumaúnicaexperiênciaprivilegiadanãoimplicaocaosdasrelaçóes,masaregraquepermiteaorganizaçâodasrelaçôes.Aobraemmovimento,emsuma,épossibilidadedeumamul-tiplicidadedeintervençõespessoais,masnãoéconviteamorfoàintervençáoindiscriminada:éoconvitenãonecessárionemunívocoàintervençãoorientada,anosinserirmoslivrementenummundoque,contudo,ésem-#

preaquêledesejadopeloautor.Oautoroferece,emsuma,aofruidorumaobraaacabar:nãosabeexatamentedequemaneiraaobrapoderáserlevadaatêrmo,massabequeaobralevadaatêrmoserá,sempreeapesardetudo,asuaobra,nãooutra,equeaoterminarodiálogointerptetativoter--se-áconeretizadoumaformàqueéasuaforma,aindaqueorganizadaporoutrodeummodoquenãopodiaprevercompletamente:poisêle,substancialmente,ha-viapropostoalgumaspossibilidadesjáracionalmente

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organüadas,orientadasedotadasdeexigênciasorgâni-casdedesenvolvimento.ASequenzadeBerioexecutadapordoisfláutistasdiferentes,oKlavierstückXIdeStockhausenouosMobilesdePousseurexecutadospordiferentespianis-tas(outocadosduasvêzespelosmesmosexecutantes)nuncaparecerãoiguais,masjamaisserãóalgodeab-solutamentegratuito.~Deverãoserentendidoscomtirea-lizaçõesdefatodeumaformatividadefortementein-dividualizadacujospressupostosestavamnosdadosori-ginaisoferecidospeloartista.

Istoacontececomasobrasmusicaisjáexaminadas,istoacont~ececomasproduçõesplásticas'quetomamosemconsideração:ondeamutabilidadeésempreorien-tadano,âmbitodeumgôsto,dedeterminadastendên-ciasformais;eé,enfim;permitidaeorientádapor~r-ticulabilidadesconeretasdomaterialoferecidoàma-nipulação.Emoutrocampo,odramabrechtiano,ape-landopara'alivrerespostadoespectador,éconstruídoentretanto(comoaparatoretóricoeeficáciaargumen-tativa)deformaaestimularumarespostaorientada,pressupondoenfim-comoéevidenciadoporcertas.páginasda~poéticabrechtiana-umalógicadetipo62

dialético-marxistacomofundamentodazrespostaspos-síveis.Todososexemplosdeobras"abertas"eemmovi-ímentoapontadospornósrevel~nêsteaspectofàn-damentalpeloqualelaspare~cem,apesardetudo,"obras"enão'coágulosdeelementoscasuaisprontosaemergirdocaosemqueestão,parasetornarem!umaformaqualquer.Odicionário,quenosapresentamilharesdepala-vrascomasquaislivrementepodemoscomporpoemasetratadosfísicos,cartasanônimasou.listasdegênerosalimentícios,émuito"aberto"aqualquerrecomposição

domaterialqueexibe,masnãoéumaobra.Aaber-turaeodinamismodeumaobra,aocontrário,consis-tememtornar-sedisponívelaváriasintegrações,com-plemeritosprodutivosconcretos,canalizando-osaprioriparaojôgodeumavitalidadeestruturalqueaobra!possui,emborainacabada,equepareceválidatambémearvistaderesultadosdiversosémúltiplos.Istodevesersublinhadoporquequandosefalaemobradsarte'nossaconsciênciaestéticaocidentalexigequepor"obra"seentendaumaproduçãopessoalqueemboraasfruiçõesvariem,mantenhaumafisionomiadeorganismoemanifeste,qualquerquesejaaformapelaqualfôrentendidaouprolongada,amarcapes-

soalemvirtudedaqualconsiste,valeecomunica.Estasobservaçõesdevemserfeitasdopontodevistateóricodaestéticá,aqualconsideraavariedadedaspoéticasmasaspiraaïinaladefiniçôesgerais-nãonecessà-riamentedogmátvcaseeternás-quepermitamaplicarho~mogêneamenteacategoria"obradearte"amúlti-plasexperiências(quepodemirdáDivinaComédiaà;composiçãoeletr8nicabaseadanapermutaçãodees-truturassonoras).Exigênciaválidaquevisareencon-~'trar,mesmonaevoluçãohistóricadosgostosedasati-

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#tudesperanteaarte,umaconstânciadeestrutarasfun-damentaisdoscomportamentoshumanos.Vimosportantoque:1)asobras"abertas"enquan-toemmovimentosecaracterizampeloconviteafazeraabracomoautor;2)numnívelmaisamplo(como!gênerodaespécie"obracmmoviménto")existemaque-`lásobrasque,jácomplctadasflsicamente,permanecem63çõesentrearti3taepúblico,umanovamecânicadapercepçãoestética,umadiferenteposiçãodo.produto

artlsticonasociedade;abreumapág'madesociologiaedepedagogia,alémdeabrirumapáginadéhistóriadaarte.Colocanovosproblemaspráticos,criandosi-tuaçõescomunicativas,instauraumanovarelaçãoen-trecontemplaçâoeusodaobradearte.Esclarecidaemseuspressupostoshistóricosenoj8godereferênciaseanalogiasqueaaparentamaváriosaspectosdavisãocontemporâneadómundo,estasi-tuaçãodaarteéagoraumasituaçãoemviadedesen-volvimento,que,longedesercompletamenteexplicadaecatalogada,ofereçeumaproblemáticaemmaisníveis.Emsúma,umasituaçãoabertaeemmovimento.ANALISEDALINGUAGEMPOÉTICA

õ6Dasestruturasquesemouematéaquelasemque,nósnosmovemos,aspoéticascontempórâneasnospro-põemumagamadeformasqueapelamàmobilidadejdasperspectivas,àmultíplicevariedadedasinterpreta-ções.Masvimostambémquenetihuma~obradearte'érealmente"fecháda",poiscadaumadelascongloba,emsuadefinitudeexterior,umainfinidadede"leitu=as"possíveis.Ora,sesepr~tendeprossegairumdiscursos8breo~tipode"abertura"propostopelaspoéticáscontempo-râneas,esôbresuacaracterísticadenovidadeperanteodesenvolvimentohistóricodasidéiasestéticas,~será

precisodistinguircommaiorprofundidadeadiferençaentreaaberturaprogramáticadashodiernascorrentesartísticaseaquelaaberturaquejádefinimoscomoca-racterísticatípicadetôdaobradearte.Emoutraspalavras,procuraremosveragoraemquesentidotôdaóbradearteéaberta;sôbrequaiscarac-terísticasestruturaisestaaberturasefundamenta;aquediferençasdeestruturacorrespondemosdiversósníveisde"abertura".CroceeDeweyTôdaobradearte,desdeaspinturasrupestresatéIpromessisposi,deManzoni,propôe-secomoobjetoabertoaumainfinidadededegustações.Enãopor-

queumaobrasejaummeropretextoparatôdasasexercitaçõesdasensibilidadesubjetivaquefazconver-girsôbreelaoshumoresdomomento,masporqueétípicodaobradearteópôr-secomonascenteinexau-ridadeexperiênciasque,colocando-aemfoco,delafazememergiraspectossemprenovos.Aestéticacon-temporâneainsistiulongamentesôbreêsteponto,tor-nando-oumdeseustemas.N'ofundo,opróprioconceitodeuniversalidadecomquesecostumadesignaraexperiênciaestéticarefere-

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-seaêstefenômeno.Quandodigoque"asomadosquadradosdoscatetoséigualaoquádradodahipote-nusa",afirmoalgodeverificáveleuniversal,poissepropõecomoleiválidaemtôdasaslatitudes,masistocomreferênciaaumúnicacomportamentodetermina-dodarealidade;aopassoque,quandopronuncioumversoouulripoemainteiro,aspalavrasqueprofironãoseapresentamimediatamentetraduzíveisemumdenotatumcapazdeexaurirsuaspossibilidadesdesig-nificação,masimplicamumasériedesignificadosqueganhamprofundidadeacadaolhar,deformaque,em

#taispalavras,paxece-medescobrir,contraídoeexem-plificado,auniversointeiro.Pelomenosnosparecepossívelentendernessesentidoadoutrina,aliásbas-tanteequívoca,docaráterd~etotalidadedaexpressãoartística,talcamonosépropostaporCroce.Arepresentaçãodaarteabrangeriaotodoerefle-tiriaemsiocosmo,,pois"nelaaunidadepalpitadavidadotodoeotodoestánavidadaunidade;et&dasingelareprésentaçãoartísticaéelamesmaeouniver-so,ouniversonaformaindividualeaformaindivi-dualcomouniverso.Emtôdaexpressãodeumpoeta,emtôdacriaturadesuafantasia,estáinteiroodestino

humano,tôdasas.esperanças,tôdasasilusões,asdo-reseasalegrias,asgrandeiase~asmisériashumanas,odramainteirodore,al,adevirecrescerperpètuamén-tesôbresimesmo,sofrendoealegrando-se"1/EstaseoutrasfrasesdeCroceprotocolamcomindubitávelefi-cáciacertaconfusasensaçâoquemuitosexperimenta-ramaodegustarumapoesia;mas,enquantoregistraofenômeno,ofilósofo,naverdade,nãooexplica,istoé,nãoprovêumaarmaçãocategorialcapazdefundá-lo;equandoafirmaque"dar...aoconteúdosentimentalafórmaartísticaéaomesmotempodar-lheamarcadatonalidade,osôprocósmico"z~Croceestruturamaisumavezaexigênciadeumafundaçãorigorosa(atra-

vésdaqualserealizsaequaçâoformaartística=to-~talidade),masnãonosforneceinstrumentosfilosófi-cosaptosaestabeleceronexoquesugere;poismesmqafirmarqueaformaartísticaéoresultadodaintuiçãoliricadosentimen'to,nâopermitechegaranada,exca-toaafirmarquequalquerintuiçãosentimentaltorna--selíricajustamenteaoorganizar-seemformaartística,assumindodestarteocaráterdatotalidade(terminan-doassimaargumentaçãoporumapètiçâodeprineí-pioquefazdameditaçâoestéticaumaaperaçãodesu-gestivonoininalismo,istoé,fornecendofascinantestau-tologiasparaindicarfenômenosque,porém,nãosâo~explicádos).

EnãòéCroceoúnicoaregistrarumacondiçãodefruiçâosemprocuraroscaminhosqueexplicamseumecanismo.Deweyfala,porexemplQ,~do"sentidodotodoinclusivoimplicito"queinvadequalquerexperi-ênciaordináriaenofacomoossimbolistasfizeramdaarteoinstrumentoprincipalpáraexpressarestacon-diçãodenossarelaçãocomascoisas."AvoltadecadaobjetoexplicitQefocalháumàrejeiçãoparaoimplicito,quenãòseapanhaintelectivamente.Nare-,flexão,chamamo-laoindistintoeovago."MasDewey

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estácônsciodofatòdequeoindïstintoeóvago'daexperiênciáoriginária-aquémdoenrijecimentoca-tegorialaqusareflexãonoscoage-sãofu~çãoda(1)Brevtarlod!esteNca,Barl,Laterza,IXed.,1947,pág.134.(2)Ob.clt.,pSg.137.68'69situaçãototal("Aop8rdosol,oanoiteceréumaagradávelqualidadedomundointeixo.Ésuamanifes-tação,Torna-seaspectopeculiarenocivosòmentequandoimpedeadistintapercepçãodealgoparticu-

lar,quedesejamosdiscernir").Seareflexãonosobri-gaaescolhereafocalizarap4nasalgunselementosdasituação,"aindefinidaqualidadeinvasivadeumaex-periênciaéaqueligatodososelementosdefinidos,osobjetosdequeestamosfocalmenteconscientes,fazendodêlësumtodo".Areflexãonâofunda,éfundada,emsuapossibilidadedeseleção,porêstepoderinva-sívooriginário.Ora,paraDewey,seriaprópriodaartejustamenteevocareacentuar"estaqualidadede'serumtodoedepertenceraumtodomaior,qustudoincluiequeéouníversonoqualvivemos"s.Este~fatoqueexplicaaemoçãoreligiosaquenos#

acómetenoatodacontemplaçãoéstétjca,Deweyopercebecommuita.clareza,pelomenos-comamesmaqueCroce,emboraemoutrocontextofiloséfico,eéistojustamenteumdostraçosmasunteressantesda-quelasuaestéücaque,porseusfundamentosnatura-listas,poderiaparecer,aumexamesuperficial,rigida-mentepositivista,~,stoporquenaturalismoepositivis-moemDewey~sãodeorigemoitocentistaeromânticà,etôda.anáüse,conquantoinspiradanaciência,nãodeixadeculminarnummomentodecomoçãoperanteomistériodocosmo(enâoéàtoaqueseuorgani-cismo,emborafiltrado~atravésdeDarwin,provémtartibém.deColeridgeeHegel,nãoimportandoatéque

pontoistosejaconsciente)';porconseguinte,àsoleiradomistériocósmico,~Deweyquasepareceterreceiodedarmaisumpassoàfrente,~quelhepermitade-sossarestatípicaexperiênciadoindefinido,reportan-do-aàssuascoordenadaspsicológicas,e,in'explicàvel-mente,declarajorjait:"Nãoconsigóenxergarnenhumfundamentopsicológicodessaspropriedadesdeumaexperiência,anãoserqué,de.algumamaneira,aobradearteoperenosentidodeaprofundareenaltecer195Ï3)pg~23Ówey,Artecomeesperlenza,Firenze,LaNuovaItatia,(4)Econhecidaaacusaç3odeIdealismomovidaconttaDeweyporS.C.Pepper.(SomeQuestions~onDewey'sAesthetics,emThePhtlo-Jophyo)!.DEvanstonandChicago1939págs.391esegs.)segundo

aqualaeatétiéadofitbsofomisturaóscaiacteres,incomgatíveis,dumatend8aciaorgonlsticeumatendênciapragmatista.aquelasensaçãodeumtodoindefinidoquenosen-volve,queacompanhacadaexperiêncianormal"6dSelilelhanteomissãoparecetantomaisjustificávelnamedidaemquenafilosofiadeweyanaexistemospres-supostosparaumesbôçoesclarecedoreêstespressu-postossãomaisumavezofereèidosnomesmoArtasExperience,justamenteumacentenadepáginasán-tèsâasobservaçõesqueacabamos.decitar.,

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Istoé,existeemDeweyumaconcepçãotransativadoconhecimento,quesetornaimediatamentericadesugestõesquàndopostaemcontatacomasuanoçãodeobjetoestéticocomotêrmode~umaexperiênciaor-ganizadõraemqueexperiênciaspessoais,fatos,valo-res,significados,seincorporamaumdadòmaterialesefundemnumtodo,eomêle,apresentando-se,comodiriaBaratono,"similados"aêle(aarte,emsuma,e"acapacidadedetransformarumaidéiavagaeumaemoçãoemummediumdefinido")s:Ora,acondiçãoparaqueumaobrapossaresultarexfiressivaaquem

apercebeédada"pelaexistênciadesignificadosevaloresextraídosdeprecedentesexperiênciaseenrai-zados.detalmodoquesefundemcomasqualidadesapresentadasdiretamentenaobradeartè"7:Omá-terialdeoutrasexperiêncíasdoobservadordevemis-turar-secomasqualidadesd~poesiaoudapinturapataqueestasnãosereduzamaobjetosestranhos.Portanto,"aexpressividadedoobjetoartísticoédévidaaofatodeófereoerumáperfeitaeplenacompenetrá-çãodos'materiaisdosmomentospassivóeativo,in-cluindonesteúltimoumacompletareorganizaçãodomaterialherdadopornósdaexperiénciapassada...Aexpressividadedoobjetoéosímboloeacelébração

dafusãocompletadaqüiloquesoftemosedaquiloquenossàatividadédecuidadosapercepçãoacresceâquiloquerecébemosatravésdossentidos"g.Conseqüente-mpnte,terforma"caracteriza~umamaneiradeconsi-derar,dessntiredeapresentaramatériaexperimen-tadademodo'queela,muiprontaeèficazmente,setorneummaterialparaaconstrilçãodeumaexperi-(5)Dewey,obctt.,pág.230.'(7)Ob.'~.,Dig.91IS#(8)Ob.dt..Pâg.i23.Peloque"oaleancedeumaobradeartemede-sepelonúmeroepelavariedadedoselementosProvenianteada

experilndasanterioree,abwrridworg9oicementenapercepçSoüdaa4ufeagora"(Dig146).7lênciaadequadaparaaquêlesquesãomenosdotadosdoqueocriadororiginal"9:.Estaaindanãoéumaclaraexplicaçãopsicológicadecomo,naexperiência.estética,severificaaquelap:esunçãode"totalidade"registradaportantoscríti-cosefilósofos,massemdúvidaconstituisuapremissafilosófica.Tantoistoéverdadequedessasedeoutrasáfirmáçõesdeweyanasadveioumametodologiapsico-lógica,chamadatransacionista;paraaqualoprocessodeconhecimentoé,justamente,umprocessodetran-

sação,umafatigantecontratação,ediantedoestímulooriginalosujeitointervémcaíreando,paraapercepçãoatualamemóriadesuaspercepçõespassadas,eésóassimque.participadaformaçãodaexperiênciaemprocessò;experiênciaquenãoselimita,põrtanto,aregigtrarumaGestaltpreexistenteàguisádeconfigu-raçãoautónomadoreal(tampoucoé,idealisticamente~falando,umnossolivreatodeposiçâodoobjeto),masapresenta-secomoresultadosituacionaldénossainser-çãoprocessualnomundo,aliás,omundocomoresul-

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tadofinaldessainserçãoativa1°lPorconseguinte,aexperiênciada"totalidade"(queéexperiênciadomo-mentoestéticocomomomento"aberto"doconheci-mento)permiteumaexplicaçáopsicológica,eodefeitodestaéxplicaçãoinfirmaos,protocoloscrocianose-emparte-osdeweyanos.Transpostoparaocampodapsicologia,oproblemaenvolveriadeimediatoacondiçãogeraldoconheGer,enãoapenasaexpèriênciaestéticà,amenosquenãosedesejasseconverteraexperiênciaestéticanacon-diçãoalvoralde.tòdoconhecimento,suafaseprimá~ria

eessencial(oquetambém'épossível,masnãonestepòàtododiscurso:nomáximo,p~ecisalpentsnareso-luçãododisCursoc~ueseestáporfazsl').Masodis-cursô,pois~eve~áserdiscussâos8breoqueacontecenòprocessodetransaçãoentreindivíduóeestímuloestétiço,poderáórganizar-sedemaneirasimpleseclaraseversars&breumfenômenodefinidocomoodalin.gtlágem.Alínguagemnãoéumaorganizaçãodees-(9)Ob.dt..p4.131.Aealm"oPartenon,ouqualquercolaa,óuniversAlporquepodecontinuamenteinsplrarnovasrealizaçõespessosianaexperlbads"(ptg.130).(10)Patanttt~ae~n9rmaçbeeexperlmçntaiavExpbratbnsfnTrmuwctiono!Psycltobsy,porF.P.Rüpatrictc,New~York,UnPress

1%1(ttad.itlayslcobttatronsaztonale.Milano.Fompiani.1%7).tfmulosnaturais,'comopodesê-loo,feixedefótonsquenosimpressionaenquantoestímuloluminoso;éorganizaçâódeestímulosefetuadapelohomem,fatoartificial,comofatoartificialéaformaartística;eportanto,mesmosemrealizarumaidentificaçãoarte--linguagem,poder-se-áproceder~ltilmenteaotransporteparaêstecampodasobservaçõesquepuderamserrea-lizadasnooutro.Comobemcompreenderamoslin-güistas11,alinguagemnãoéummeiodecomunicaçãoentreoutros;é"ofundamentodetôdacomunicaçâo";melhorainda,"alinguagemérealmenteoprópriofun-damenttidacultura.Emrelaçãoàlinguagem,todos

osoutrossistemasdesímbolossãoacessóriosoude-rivados"12.Aanálisedenossareaçãoperanteumaproposiçãoseráoprimeiropassoadarparaverasmodalidadesdereaçâodiversas(ouradicalmenteiguais)queseconfiguram.diantedoestímulolingüísticocomumediantedaquelequecomumenteapontamoscomoesté-tico;eséodiscursonoslevarareconhecerdoisés-#quemasdereaçâodiversosemfacededoisusosdi-versosdalinguagem,poderemosentãoindividuarotípicodalinguagemestética.Análisedetrêsproposições

Oquesignificacarrearpara'umaexperiênciaalem-brançadeexperiênciaspassadas?Ecomoserealizaestasituaçãonarelaçãocomunicativaqueseestabe-leceentreumamensagemverbaleseureceptor?13~Sabemosqueumamensagemlingüístïcapodeaspi-raradiversasfunções:referencial,emotiva,coativa(ouimperativa),fática(audecontato),estéticaemeta-lingüística14.Masumasubdivisãodêstegênerojápres-supõeumaconsciênciaarticuladadaestruturadamen-sagemepressugõe(comosevê)quejásesaibao

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(11)VejaNicolasRuwet,PrefácioaosEssaisdeltngulatiquegénérakdeJakobson(ob.ctt.,pág.21).(12)R.Jakobsonob.cit.pág.28.(13)Apresenteanálisedácomoadmitidaasubdivisãodacadeiacomunicativaemquatrofat8res:oemitente,orCceptor,amensagemeocódtgo(que,comoiremosver,nãoconsistesbmentenumrepertóriodedefiniçõeslógicaseabstratas,mastambémemdisposiSõesemotivas,gostos,bábitosculturais,emsuma,numalmoxarifadoderepresentaçõespré-fabricadasdepossibilidadesprevistaseorgariizadasemsistema).(14)V.RomariJakobson,ob.cit.,págs.209esegs.("Linguistiqueetpoétique"),

72quedistingueafunçãoestéticadasoutras.Aqui,aocontrário,éjustamenteestadistinçãoque,àluzdosdiscursosanteriores,nosinteressaapurar.Econside-randopórtantoasubdivisãomencionadacomoresul-tadodeumaindagaçâojáamadurecic~a,optamosporumadicotomiadivulgadahá.algumasdécadaspelosestudiososdesemântica;adistinçãoentrenlensagenscomfunçãoreferencial(amensagemindicaalgodeunivocamentedefinidoe-sefôrpreciso-verifi-cável)emensagenscomfunçâoemotiva(amensagemvisa'asuscitarreaçõesnoreceptor,aestimulahasso-ciações,apromovercomportamentosderespostaque

vãoalémdosimpl~esreoonheGimentòdacoisaindi-cada).~Comoveremosadiante,estadistinçâo,áindaquenospermitaretomardesdeopontodepartidaasinsufici-entesdefiniçõesdeCroceeDewey,quejustamentere-duziamaexperiênciaestéticaaumaaspéciedeémoçãonãomelhordefinida,nãonosdáplenamentearazãodamensagemestétïca.Eentãoperceberemoscomoadistinçãoéntrereferencialeemotivonosobr~ga,poucoapouco,aaceitaroutrasubdivisão,entrefunçãode-notativaefunçãocortotativadòsignolingüístico'15jVer-se-ácomoamensagemreferencialpodeserenten-didacomomensagemcomfunçãodenotativa,enquanto

queasestimula~õesemotivasqueamensagemexercesôbreoreceptor(equepodematésersimplesres-postaspragmáticas)le,namensagemestéticasemos-tramcomosistemadeconotaçõesdiretoecontroladopelaprópriaestruturadamensagem17.(15)Reportamo-nodaqui,.comoresumo6ti1dasdiversasposiç8esnocasoaRolandBarthes,"Elémentsdesémlologie",emCommanfcations,n.°4(trad.It.,Etementidtsemtologta,Torino,Einaud3,1966).(16)Referimo-nosaqulàsubdivisãomorrIsiana(CMorris"Foun-dationsofthe'fheoryofSigns",emInt.Encyclopèdtao)UntftedSetence,1,2;Ch'cago,1938):osignificadodeumtêrmopodeserindicadoemfunçãodareaçãopsicológicadequemorecebeeéêsteoaspectoprag-mático;oaspectosemBntfcnprende-seàrelaçãoentresignoedenota-

tum;oaspectosintático,enfim,prende-seàorganizaçãointemademaIstêrmosemumdiscuiso.(17)Naspáginasseguintes,portanto,referir-nos-emos,como6teis'instrumentoadetrabalhopreliminar,àsnoçõesdeusore~erenefa!e~deusoemotivodalinguagempropostasporC.K.OgdeneI.A.'Richards,TheMeaningnjMeanfng,London,1923.Ousoteferencial(ou'sim-#bólico)dalinguagemprev8,conformeonotório"triãngulo"dçOgden.-Richards,que:1)aosimboJocorrespondeumreferentequerepresentaacoisarealindlcada;.2)a,correspondênciaentresfmbo[oereferente

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éindiretaenqunop;ocessodesignificaçã.oémediadápelárefe~rdncta,is'tóé,o~~eito,aimagemmentalda'coisaindicada.PaYaredu-zirafunçãoreferencialafunçãodenotativaein'terpretarafúnçãoemoti-vaemt8rmosdeconotação,deveremosvoltaràsulodivisãosaussurianaen-%41.PROPOSIÇÕESCOMFUNÇ,ÃOREFBRBNCIALDiantedeumaexpressãocomo"AquêlehoinemvemdeMilão"realiza-seemnossamenteumaassociaçãounívoca'entresignificanteesignificado:adjetivo,subs-tantivo,verboecomplementocircunstaacialdelugar,representadopela'preposição"de"epelonomepró~

priodacidade,réferem-se,cada\um,aalgodebemdefinidoouaumaaçãoinequívoc~.Istonãosignificaqueaexpressãoemsipossuatodososrequisitos,parasignificarabstratamenteasituaçãoqusdefatosigni-nificaquandoacompreendo:aexpressãoéumpurocoacervodetêrmosconlvencionaisque,-paraseremenm-preendidos,pe~emumacolaboraçãodeminhaparte,eexigemprecisamentequeeufaçaconvergirsôbrecadatêrmoumasomadeexperiênciaspassad~asquemepermitemesclareceraexperiênciaernprocesso.BastariaqueeununcativesseouvidopronunciarotêrmoMilãoedesconhecesse'queêlésérefereaulllacidade,paraqueacomunicaçâo`quereceboresultasse

ixlfinitamentedepauperada.Entretanto,mesmóqueoreceptorcompreendaplenamenteoexatosignificadodetodosos.têrmosempregados;issoaindanáoquerdizerqueoconjuntodeinformaçõesrecebidasporêlesejaigualàquelefruívelporqualqueroutroqueestejaapardosmesmostêrmos.Eóbvioque,séestoues-perandoimportantes~comunicaçõesdeMilão,asen-tençatemparamimmaisvalor,emeágrideçomumav~iolênciamuitomaiordoquesedariacomquemnãotivesseasmesmasmotivações.~Enfim,seMilãó.estáligadanaminhamenteaumconjuntodeHembranças,saudades,desejos,amesmafrasedespertaráumva-galhãodeemoções~queoütroouvinte.nãoestariaem

condiçõesdecompartilhar.~ANapolcãoexiladoemSantaHelenaafrase"AquêlehomemvemdeParis"treatgnittcanteealgnijicado(F.deSaussure,CoursdelingutsNquegEnE-rale,Paris,1915).Umarigorosacorrespondêndaentreascategoriasdaaemiologlasaugsurianaeasdasemflnticarichardsianaaiádaestáemdtscussão(v.KlausHeger,L~abasesmétbodótogiquesdei'onoma.rto-logteetduclassementparmncepts,em"Travauxde-linguistlqueetdellttérature"II,l,1%S):aquiadotaremoacomoprovisórias.asseguintesequival8ncias:,orfmbobrtchardsfanpseráuáadooomoequivalentedeaignijlcante-areJerlncomoJentidooustgnt)icadomasnosentidodeetgntltcadlndenotat~;oproceasodesi~ifiCaçãoqueligaosignüi-9anteeosi~ificadopdderiarerenteQdido,continuandoodiscursocomoequivalentesomeantng:Quantoaoreferentecomp"coisa"resÏ,não

temequivalentenaèemiologiasauasuriana.teriadespertadoumaemoçãocujaintensidadediflcil-mentepodemosimaginár.Portanto,cadaum,diantedeumaexpressãorigorosamentereferencial,queexigeumesquemadecompreensãobastanteuniforme,com-plicasuacompreensãodereferênciasconceituaisouemotivasquepersonalizamoesquemaelheconferemumacoloraçãopeculiar..,Narealidade,nâoimportaquantosresultados"pragmáticos"estasdivérsascom-preensõéscomportem,quemquisessereduzir,paracon-

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trôle,acompreensâodeváriosouvintes~aumpatternunitário,poderiafazê-lofàcilmente.Aexpressâo"OtremparaRomuparteàs17,45daEstaçãdCerrtral,portãon.7"(dotadada'mesmaunivocidadereferen-cialdaexpressâoanterior)pode,semdúvida,provo-caremoçõtsdiferentesemdezouvintesdiversamenteinteressadosaempreenderviagemparaRoma,con-#formesetratedeumaviagemdenegócios,decorreràcabeceiradeummoribundo,deirreceberumahe-rança,perseguirumaespôsainfiel:masquesubsiste

umesquemaunitáriodecompréensão,redutívelaosmínimostêrmos,éalgoverificávelexatamentenabasepragmática,pelaaveriguaçãodequsatéàs17,45cadaumadasdezpessoaschegou,porcaminhosdiversos,aseulugarnotremdesignado.Areaçãopragmáticadasdezpessoassstabeleceumá-basedereferencialidadecomum,amesm~aqueseriapercebidaporumcérebroeletrônicooportunamenteinstruído;quantoaoresto,emtôrnòdeumaexpressãotãoünivocamentereferen-cial,permaneceumhalode"abertura"-desconhe-cidoaocérebroeletrônico-equeacompanhaindubi-tàvelmentetodoatohumanodecomunicação.2.PROPOSIçÕESdOMFUNÇÃOSUGESTNA

Examinemosagor;aaoração"AquêlehomemvemdeBassorá".EndereçadaaumhabitantedoIraquéelateria,maisoumenos,omesmoefeitodafrasesôbreMilâoditaaumitaliano.Ditaaumapessoaabsolutamenteignorante,que.desconheçaporcompletoageografia,'poderádeixá-laindiferente,ouquandomuitocuriosa,peranteêsteignorado'lugardeprove-niência,ouvido-pelaprimeiravez,queprovocaemsuamenteúmaespéciedevácuo,umesquemareferenéial.76falho,.ummosaicodesprovidodepedras.Ditaenfimaumaterceirapessoá,amenção-deBassorápoderia

despertarir~ediatamentealembrança,nãodeumlo-calgeográficodeterminado;masdeum"lugar"defan-tasia,conhecidoatravésdaleituradas-Mil~e~UmaNoi-tes.Nesteúltimocaso,Bassoránãoconstituiráumestímulocapazdeestabelecerumare,ferênciaimedi~ta,comum~significadoprecisó,masprovocaráumcam-po"delembrançasedesentlmentos,asensaçãode.umaproveniênciaèxótica,umaemoçãocomplexaeesfumadaemqueconceitosindeterminadossemistu-ramasensaçõesdémistério,indolência;magia,exo-tismo.AliBabá,ohaxixe,otapêtevoador,asodalis-cas,asessênciaseasespeci~rias,osditosmemoráveisdemilcalifas,osomdeinstrumentosorientais,acau-

telalevantinaeaastúciaasiátrcadómercà,dor,Bag-dá...Quantomaisincompletasuaculturaouférvidasuaimaginação,tantomaissuareaçãoseráfluidaeindefinida,seuscontornosesfrangalhadoseincertos.L.embremosoqueumletreirocomo"AgendathNe-taim"chegaaprovocarnamentemonologantedeLeopoldBloom,noquartbcapítulodeUlisses(eoquanto,neste,comoemoutroscasos,ostreamofcons-ciousnessreconstruídopelonarradorconségueconsti-tuir-seempreciosodocumentopsicológico):nestas

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aventurasdamentequedivagaperanteòestímuloinde-finido,apalavra"Bassorá"reverberaasuaimprecisâotambémisôbreostêrmosprecedentes,eumaexpressãocomo"aquêlehomem"acabapordesignarumsigni-ficadocheiodemistério,muitomaismerecedordeinterêsse;assimcomooverbo"vem"nãomaisindicaapenasumaproveniência,tnaspassaaevocaraidéiadeumaviagem,amaisdensaefaçcinanteconcepçãodeviagemquetenhamoselaborado,aviagemdequemvemdelongeepor'veredasmágicas,aViagemcamoarquétipo.Amensagem(afrase)abre-seaumasérie

deconotaçõesquesuperamemmuitooqúeeladenota.Quediferençase~paravaafrase"AquêlehomemvemdeBassorá"ditaaumhabitantedoIraquedamesmafraseditaaonossoimaginárioouvinteeuropeu?For-malmente,nenhuma.Adiferentereferencialidadedaexpressãonãoreside,portanto,naexpressãoemsi,masnoreceptor.Contudo,apossibilidadedavariaçãonão#éab.solutamenteexterior,àproposiçãoemdestaque:amesmafrase,prònunciadapelorecepcionistadeumescritóriodeinformaçõesouporalguémquenosdesejetornarinteressant'eapersonagem,.transforma-severda-deiramenteemduasfrasesdiversas.Evrdenteriiente,o

segundo,escolhendodizer"Bassorâ",organizasuafór-mulalingüísticasegundoumaintençãosugestivapreci-sa:areaçãoindefinidadoouvintenâoéacidentalemrelaçâoàsuacomunicação,pelocontrárïo,constitui-senotefeitopor~eladesejado.Dizendo"Bassorá"êlenãoquerdenotarexclusivamenteumacertacidade,masconotartodoummundodememóriasqueêleatribuiaoouvinté.Quemcomunicarconformetalin-'tençãosabetambémqueohaloconotativodeumou-vintenãoseráigualaodeoutroseventualmentepre-sentes;mas,t~ndo-osescolhidoemidênticascondiçõespsicológicaseculturais,pretendejustamenteorganizarumacomunicaçãodeefeitoindefinido-delimitado

porémporaquiloquepodemoschamarde"campodesugestividade".Olocal,omomentoemquepro-nunciaafrase,aaudiênciaaquesedirige,garantem--Ihecertaunidadedecampo.Defato,podemospreverque,pronunciadacomasmesmasintenções,masnoescritóriodopresidentedeumacompanhiapetrolífera,afrasenãoprovocariaomesmocampodesugesti-vidade.Aquêlequeapronunciacomtaisintençõesdeveráentãoproteger-secontraasdispersõesdocampose-mântico,orientandoseusouvintesnadireçãoquede-seja;e,seafrasetivesseúmvalorrigorosamentedeno-tativo,aemprêsaserïafácil;mas,desdequeêlequer

justamentèestimularumarespostaindefinida,circuns-critaentretantodentrodecertoslimites,prójetarumfeixedeconotações,umadaspossíveissoluçõesseráacentuarcertaordemdesugestões,reiteraroestímulo,recorrendoareferênciasanálogas.SUGESTÃOORIENTADA"AquêlehomemvemdeBassorá,crtravésdeBishaeDam,Shibam,TaribeHofuf,AnaizaeBuraida,Me-dinaeKhaibar,Eufrates.acimaatéAlepo";eisum

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mododereiteraçãodoefeito,alcançadoatràvésdemeiosbastanteprimários,capazestodaviadecornpli-car,comsugestõesfônicas,aimprecisãodasreferên-cias,máterializandoareaçãofantásticaatravésdeumfatoauditivo.Ofatódesustentarareferênciaindeterminadaeaahamadamnemônicapormeiodeumapêlomaisdiretoàsensibilidadeatravésdoartifíciofonético,nosleva,semdúvida,aolimiardeumaoperaçãocomunicativaparticular,quepoderemosindicar,aindaqueemsen-tidolatente,como"estética".Oqueestabeleceuapas-

sagemaoestético?Atentativamaisdecididadeunir-umelementomaterial,osom,aumelementoconcei-tual,Ossignificadospostosemjôgo:tentativacánhes-traeelementar,poisostêrmosaindasãosubstituíveis,ocasamentodesomesignificadoquasecasual,e,de.qualquerforma,convencional,baseadonumcertohá-bito,presumidonosouvintes,deouvirpronunciarno-mesanálogosemreferênçiaaterritóriosdaArábiaedaMesopotâmia,fSejacomofôr,peranteestamensa-gem,oreceptorélevadonãosòmenteaindividuarparacadasignificanteumsignificado,masademorar--sesôbréoconjuntodossignificantes(nestafaseele~~mentar;degustá-losenquantofatossonoros,intencioná

-losenquanto"matériaagradável").Ossignificantesremetemtambém-senãosobretudo-asimesmos.Amensagempareceauto-reflexival8.1Objetodearte,efeitodeconstruçãoconsciente,v~eí-culodecertacotacomunicativa,aéxpressãoexami-#nadanoslevaacompreender,porquecaminhossepodechegaràquiloqueentendemoscomoefeitoes-tético,masseinterrompeaquémdecertolimite.Pas-semosentãoaumexemplomaispzomissor.Hipólitodecide.deixara'pátriaparalançar-senumavãprocuradeTeseu;masTt:raménesabequeestanãoéaverdadeirarazãodapartidadopríncipeeadi-

vinhaumadòrmaisprofúnda:oqueinduzHipólitoadeixaroslugaresqueridosdesuainfância?Hipólitoresponde:Esseslugaresperderamaantigadoçurades-dèqueforaminfestadosporumapresençamadrasta:Fedra.Fedraémá,moldadanoódio,massuainal-dadenãoéapenasumdadodecaráter.HáalgoquefazdeFedraumapersonagemodiosa,implacàvelmente(18)"Intencionaramensagemcomota1enfatizaramensagememseusentidointrfnseco,éoquecaracterizaafunçãopoéticadamensa-eem"(Jakobson,ob.ci¡.,pág.218).78inimiga,eéistoqueHipólitosente;háalgumacoisaquefazdeFedraumapersonagemessencialmentetrá-

gica,eistoRacinedevedizeraseusespectadores,detal~odoqueo"caráter"fiqueestabelecidodesdeocomêçoetudooqueseseguenadamaispareçaqueóaprofundamentodeumanecessidadèfatal:1Fe-draémáporquesuaestirpeémaldita.Bastaumasimplesenunciaçãogenealógicapara'queoespectadorsejatomadodehorror:opaiéMinos,amãePasífae.Pronunciadanumcartórioderegistros,afraseseriaminuciosamentereferencial;pronunciadaperanteopú-blicodatragédia,seuefeitoé'muitomaispoderosoe

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indefinido.MinosePasífaesãodoissêresterríveis,easrazõesqueostornaramodiososcriamoefeitoderepugnânciaeterrorquenostomanosimplesou-virdeseusnomes.TerrívelMinosporsuaconotaçãoinfernal,odiosaPasífaepeloatobestialqueatornoufamosa.Aoini-ciar-seatragédia,Fedraaindanãoénada,masseestabeleceaoseuredorumhalodeodiosidadejusta-mente.pelosmúltiplossentimentosevocadospelono-medeseuspais,nomeque,alémdomais,se.Coloredelendaelembraasprofundezasdomito.Hipólito

eTeramenefalamnumdécorbarroco,emelegantsseclássicosalexandrinos;masamençãodasduasmíti-caspersonagensintroduzagoraaimaginaçãodenovassugestões.Portanto,todooefeitoresidirianessesdoisnomes,seoautorselimitasseaumacomunicaçãogenèricamentesugestiva;masRacineestápredispondoumajorma,uniefeitoestético.Éprecisoqueosdoisnomesnãoseapresentemsobaformadeconiunicaçâocasual,entreguesàsimplesfôrçadassugestôesdesor-denadasquecomportam.Seareferênciagenealógicadeveestabelecerascoordenàdastrágicasdetudo0queirádesenrolar-se,acomunicaçãodeveráimpor-seaoespectadordèmodoqueasugestãooperesemfalta,

eque,umdvezoperada,nãosereduzaaojôgodereferênciasaqueoouvintefoiconvidado;éprecisoqueêlepossavoltaroquantodesejarequantasvêzesquisersôbreaformadaexpressâoproposta,parasem-preencontrarnelaestímuloanovassugestões.Aex-pressão"AquêlehomemvemdeBassorá"surteefeitodaprimeiravei;depoispertençeaorepertóriodojáconhecido;apósaprimeirasurprêsaeaprimeiradiva-80gação,quemaouvirumasegundaveznãomaissesentiráconvidadoaumnôvoitinerárioimaginativo.Massecadavezquevoltoàexpressão;encontronelamotivosdeprazeresatisfação,ssoconviteaoitinerá-

riomentalmeéoferecidoporumaestruturamaterialquemeépropostasobaparênciasagradáveis,seafórmuladapropostativesassimconseguidomaravi-#Ihar-mesemprepelasuaeficácia,seeuencontrarnelaummilagredeequilíbrioenecessidadeorganizativa,peloqualsereiincapazdecindirareferênciaconcei-tualdoestímulosensível,entãoasurprêsadêsteco-núbiooriginará,tôdasasvêzes,umcomplexojôgodeimaginaçâo:capazagoranãosòmentedeapreciarareferênciaindefinida,mastambémdegozarjuntocomelaomodoemqueaindefiniçãomeéestimuladá,omododefinidoecalibradocomqueelameésugerida,

aprecisãodomecanismoquemeconvidaaoimpreciso.Entáo,tôdareaçâoconotativa,tôdaexploraçãonoter-ritóriodovagoedosugestivo,serápormimrelacio-nadaàfórmulaorigináriaafimdeverificarseelaapressupõeeacontém-etôdávezpodereidesco-brirnelanovaspossibilidadesdeorientaçãodaminhaimaginação.E,simultâneamente,apresençadafór-muladeorigem,ricaempóder.sugestivoe,contudo,rígidaeinequívocaemseupropor-sèàminhasensi-bilidade;constituir-se-ármenderêçodemeuitinerário

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mental,delimitaçãodocamposugestivo.AssimRacineresumesuagenealogiánumúnicoverso,numalexandrinoquelevaaomáximodovir-tuosismosuaincisividadecaracterísticaesuanaturèzasimétrica,distribuindoosdoisnomesnasduasméta-desdoverso,ocupandoasegundacomonomedamâe,capazde'umasugestãomaisprófundaéatroz:DepuisquesuroesbordslesDieuxontenvoyéLcsfilledeMinosetdePasiphaé.Ora,oconjuntodossignificante,s,comsuabagagemdeconotaçõesmultíplices,nãopertencemaisasipró-

prio;nemsequerpertenceaoespectadorqüaaindaqueira,porseuintermédio,perseguirfantasiasvagas(daevocaçãqdePasífaepassarparaconsideraçõésmórbidasoumoralistassôbreauniáobestialemgeral,sôbreopoderdapaixãoincontrolada,sôbreabarbá-riedamitopoiéticaclássicaousôbresuasabedoriaar-quétipa...).Agora,apalavrapertenceaoverso,àsuamedidaindiscutível,aocontextadesonsemqueéimersa,aoritmoininterruptodoelóquioteatral,àdialéticaincontroláveldaaçãotrágica.Assugestõessãovoluntárias,estimuladas,explicitamenteevocadas,mas"dentrodoslimitespreestabelecidospeloautor,ou,mè-lhor,pelamáquinaestéticaqueêlepôsemmovimento.

Amáquinaestéticanãoignoraascapacidades.pessoaisdereaçãodossspectadores,pelocontrário,aschamaaojôgoeasconverteemcondiçãonecessáriaparasuasubsistênciaeparaseusucesso;masasorientaedomina.Aemoção,simplesreaçãopragmáticaqueapuraeficáciadenotativadosdoisnomesteriadesencadeado,agoraseamplificaese8efine,seordenaeseidentificacomaformaqueaoriginoueemquerepousa;nãosecircunscreveaelamasseamplificagraçasaela(torna--seumadesuasconotações);nemaformaficamar-cadaporumaúnicaemoção,massimpelavastíssimagamadasemoçõessingularesquesuscitaedirige,comopossíveisconotaçõesdoverso-oversocomofor-

maarticuladadesignificantesquesignificam,acimadetudo,suaarticulaçãoestrutural.OestímuloestéticoNestaaltura,podemosconcluirqueumasubdivisãodalínguaemreferencialeemotiva,senosservecomoútilaproximaçãoaoargumentodousoestéticodalin-guagem,nãoresolveo~problema;antesdemaisnada,vtmosqueadiferençaentrereferencialeemotivonãoconcernetantoàestruturadaexpressãoquantoaoseuuso(eportantoaocontextoemqueépronunciada).Encontram~Jsumasériedefrasesreferenciaisque,co-municadasaalguémemdadascircunstâncias,assumiamvaloremotivo;eigualmentepoderíamosencontrarum

oertonúmerodeexpressõesemotivasque,emcertas#situações,assumemvalorreferencial.Pense-senassina-liz~çõesrodoviárias,como"CuidadoDevagar!",queindicamsemdúvidaaproximidadedeumpôstodefiscalizaçãoe,portanto,deumtrechoapercorreremvelocidadereduzida,comproibiçãodeultrapassagem.Narealidade,ousodeumaexpressãoparaumfimdeterminado(referencialouenlotivo)aproveitasem-preambasaspossibilidádescomunicativasdae~pres-

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~são,enospareceutípicoocasodecertascomunicaçõessugestivasemqueohaloemotivoseestabelecejusta-menteporqueosignausado,enquántoambíguo,érecebidoaomésmotempocomoreferênciaexata.Osigno"Minos"prevêosignificado~cultural-mitológicoaqueserefereunivocamente,esimultâneamenteprevêovagalhãodeconotaçõesqueseassociaàlembrançadapersonagemeàinstintivareaçãoàsmesmassuges-tõesfônicasqueêlesuscita(equssâoimpregnadaseinfiltradasdeconotaçôesconfusasenãocláramentecodificadas;hipótesessôbreconotações,conotaçõesar-

bitrárias)18~Chegadosàsoleiradarealizaçâaestética,tomamosassimcansciênciadequeaesteticidadenãoestámaisdoladododiscursoemotivodoquedolàdododis-cursoreferencial;áteoriadametátora,porexemplo,'prevêumricousodereferência.Oemprêgoestéticodalinguagem(alinguagempoética)implica,portanto,tlm~usoemotivodasreferênciaseumusoreferencialdasemoções,goisareaçãosentimentalmanifesta-secomorealizaçãodeumcampodesignificadoscono-(19)PodemoscorrigirarigidezdasprlmeirasdistinçõesdeOgdeneRichardacomasconclusõesdeCh.Stevenson(ErhicsandLanguage.YaleUn.Press,1944,cap.III,8),pelasquais,nalinguagem,oaumento

dedisposiçõeadescritivas(ieferenciais)eemotivasnáorepresenta.doisprocessosisolados:Stevensonexaminaocasodaexpressãometafórica,naqualosaspectoscognoscitivosinfluenciamosaspectosemotivosdodiscursototal.Conseqüentementé,significádodescritivoeemotivosão"aspectosd~stintgsdeumasituaçãoto[al,nãopartesdelaquepodemserestudadasisoladamente".E,identificandotambémumtipodesigni-ficadoquenãoédescritivonemsimplesmenteerrtotivo,masderivadeumaformadeincoerência~gramaticaleprocuraumaespéciede"perplexi-dadef4osófica"ou"'significadogconfu,so".~óeríamòstentadosapensarnosvocábulosabertòseactibíuos.deJoe),Stévensonconcluique"D9dehaverassimtumsignificadoemotivodependeutedeumsignificadodescritivo,cómojáseviu;etambémumsignificado'emotivoquedependedeumsigniHcadocon£uso".Aspesquisasdosformalistasrussoslevaram

arésulfadosanálogos.Nadécadade20,SklovskieJakybinskiassimila-ramapoesiaàjunçâoemotivadalinguagem.Maschegou-seràpidamenteacorrigirêstepontodevista,antesdetudo.pormeiodeumaformali-zaçãocrescentedaexpressãopoética.Em1925Tómachevskirelegavaasegundoplanoafunçãocomun.cativadalinguagempoéticaparaconferirsutonomia"absolutaàsestruturasverbaiseàsleistmanentesdapogsia.Depois,duranteadécadadetrinta,osestruturalistasdePragatentaramveraobrapoéticacomoumaestruturamulttdimenstonalnaqualonivelsemânticoapareceintegradoaoutros."Osfotmalistasautõnticoshaviamnegadoapresençadeidé`aseCmoçõesnaobrapoéticaesehaviamlimitadoadeclarar~ogmàticamenteserimpossíveltirar'algumaconclusãQdeumaobraliterária;osestruturaliatas,socantrário,acentuaramaino-vitávelambigüidadbdaproposiçãopoética,quesesitua,demodoprecário,

'emdiversosníveissem&nticos."(ViotorErllch,IItarmaüsmorusso.Ml-lanô,Bompiani,~1966).~828~tados.Túdoissoseobtématravésdeumaidentifi-caçãodesignificanteesignificado,de"veículo"e"teor";emóutrostêrmos,osinalestéticoéaquêlequeMorrischamadeicônico,emqueaevocaçãosemân-ticanâoseconsumanareferênciaaodenotatummasseenriquececontinuamentetôdavezqueéfruídogo-zandodeseuinsubstituívelincorporar-senomate-

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rialrlequeéestruturado;osignificadoreflete-secon-tmuamentesôbreosignificanteeseenriquececom#novosecos2.°~eissotudonãosedáporuminexpli-cávelmilagre,maspelapróprianaturezainterativadarelaçãognosiológica,talcomoéexplicávelemtérmospsicológicos,istoé,entendendoosinallingüísticoemtêrmosde"campodeestímulos".Oestímuloestéticoap'arecedetalmodoestruturadoque,diantec~êle,oreceptornãopodeexecutarasimplesoperaçãòquelheépermitidaporquàlquercomunicaçãodeusopu-

ramentereferencial;dividiroscomponentesdaexpres-sãoparaindividuarseureferentesingular.Noestímuloestétiço;oreceptornãopodeisolar'umsignificantepararelacioná-lounlvocamentecomseusignificadòd~e-notátivo:devecolhêro,denotatumglobal.Todosinalaparecendoligadoaoutroedosoutros'recebendosuafisionomiacompleta;significademodovago.Cada(20)SegundoCh.Morrls(Segnt,Itnguaggi~oernraportamtnto.Milano,Longanesi,1949)"umsinalélc8ntconamedidaemque81eprbpriotemaapropriedadesdesiusdenotatp".Adefinição,aparentementeyaga,6,pelocontrário,bastant0restrita,poadefatoMorrissugerequéumretratonãopodeser,arigor,ic8nico"poisatelapintadanãotemameemaeetruturadppelenemamesmafaculdadedefalaredemover-ae

qwpoesuiapesaoaretratada"(pág.42).Narea4dade,logoemseguidaopróprloMorriacorrlg~aestreitezadadefiniÇão,admitlndoqueaiconiddade6umaquestãodegrau:portantoaonomatópéiapareceriaumexalenteexemplodeiconIcidaderealizadapelalingwgem(pág.25B);,eexistiriamcaracterfsdcasicánicasnaquelasmanüestaç8esdapoésiaemqueremtroeamaünal,estiloeconteGdomatériaeforma(pág.263).Neatecasoiconicidadetorna-sesin8nimodefusãoorgãnicadoselementosdaobra,noeen8doqueprocuramosesclarecer.Maistard0,Morrlaten-tarádetinlraiconiddadeprbpriadaatte,expllcandoque"osinalestó-ticoéumsinalic8nicoquedesignaumvalor"(Scienee,ArtandTechno-fogy,em"Kenyon,Rev.",I,1939),justamenienosentidodequeaquüoqueotruidorprocuranosinalestéticoéswformasensiveleomodopeloqualsepropõe.Neeteeentido,estacacacterfstièadoeinalestético

6sublinhadaporWellekeWarren(Teorladellaktteraturaemetodo-logladelbltudtqIetterarMBologna,IlMullno1956)quandoafirmamque"apoealaorganizauroesquemadepalavrasónicóirtepettvel,tadaumadanqusin6'aomeamotempoobjetoesinaleéusadadeformaqueneghumslstemaexternoàpoesiapoderlaprever"(pág.251);eporPh5llipWheelwright(TheSemantJcao)Poetry,em."KenyonRev.",II,1940)quandodefineosinaléstéticocomoplurissinalopostosomonos-einalreferendalerecordaqueopluriasinal"ésemânticamentereflerivonoaenddod!que6partedaquiloqueslgaiflca".V.tambémGalvanoDellaVolpe,CdtJpddelgwrto.Milano,Feltrinelli,1960:odiscunoDob-tico6plurtasentido,nãounfvorncomotidiscursodeátffico,jtutamentepelavwnatutezeórgAn(caecontaxtual.84

significado,nãopodendoserapreendidosenãoligadocomoutrossignificados,deveserpercebidocomoambíguozl,i~Nocarnpodosestfmulosestéticos,ossinaisapare-cemligadosporumanecessidadequeapelaahábitosenraizadosnasensibilidadedoreceptor(queéoquesechamadegôsto-umaespéciedecódigoquesesistematizouhistòricamente);ligadospelarima,pelometro,porconvençõesproporcionais,porrelaçõesins-titutivasatravésdareferênciaaoreal,aoverossímil,

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ao"segundosediz"o1iao"conformeohábitoestilis-tico",osestfmulosseapresentamnumtodoqueofrui-dorpercebenãopoderromper.Torna-se-lhe,portan=to,impossívelisolarasreferênciasedevecolhêracomplexaréplicaquelhééimpostapelaexpressâo.Istofazcomque~osignificadosejamultiformeenãounívocoequeaprimeirafasedoprocessodecom-preensãonosdeixe,aomesmotempo,satisfeitoseinsatisfeitosporsuaprópriavariedade.Daíumase-gundaanálisedamensagem,jáenriquecidosdestavezporumesquemadesignificaçõescompléxasqueine-

vitàvelm~eritepuseramemjôgonossamemóriadeex-periênciaspassadas;asegundarecepçãoserá,por-#tanto,enriquecida,porumasériedelembrançasdes-pertadas,quepassamainteragircomossignificadoscolhidosnosegundocontato;significadosque,porsuavez,jádeinícioserãodiferentesdosqueforamreali-zadosnoprimeirocontato,poisacomplexidadedoestímuloterápermitidoautomàticamentequeanovarecepçãosedêsegundoumaperspectivadiferente,se-gundoumanovahierarquiadosestímulos.Orecep-tor,voltandonovamentesuaatençáoparaocomplexo(21)Stevenson(ob.cit.,cap.III8.)lembraquenãoexistesòmente

umaambigüldade(81e,falaemvagurness)semántica,porexemplo,doet8rmoséticos,mastambEmumaambigtildadedaconstruçãosintáticadeumdiscursoeemconseqü8nciaumaamlügiüdadenoplanopragmáticodareaçãopsi'coló~ica.EtHt8tmosestruturaHstas,Jakobsonafirmaque"aambigüidadeéumaproprIedadeintrfnseca,inalienável,det8damen-aagemcentralizadaemsiptóprIa;emsuma,éumcorolárloobrigatóriodapoesia"(tudolssonosreméteaEmpsoneAsuaconcepçãodeam-bigttidade)"AsupremadadafunçãppoéHcae8óreafunçãoreferencialnãoeliminaaiefer8nda(adenotação),maatorna-aambígua"(~.rsala,pitpág.238)SBbreapalávrapoédcaenqpantoacompanhadaportqdósossentidospossfveis,v.RolandBarthes,"Existeumaescriturapoética?",emIIgradozerodellascrfttura,Milano,Lerici,1960.Trata-seaquidoamesmosproblemascolocadospelosformalistasrusAosquando

afirmavamqueoobjetivodapoesiaétornarpercepçívelatexmradeumapalavtaemtodososseusaspectos(v.Eichenbaum,Lermontov,Lo-ningrado,~924).EmoutrostBrmoA,para8lesaeaséncladodiscursopoéticoconsistianâonaausEndae~simnamultipliddadedassIgnificaç8es.85deestfmuloa,destavezterápôstoemprimeiroplanosinaisque,antes,haviaconsideradonumaperspectivasubalterna,evice-versa.Noatotransativoemquésecompõemabagagemdelembrançasdespertadaseosistemadesignificadosqueemergiudasegundafase,juntocomosistemadesignificadosqueemergiudaprimeira(equeinterveioatítulodelembrança.-de"harmônico"dasegundafasedecompreensão),

eisquetomaformaummaisricosignificadodaex-pressãooriginária.Equantomaisacompreensãosecomplica,tantomaisamensagernoriginária-talcomoelàé,constituídapelamatériaquearealiza-emvezdegasta,aparecerenovada,prontapara"leituras"maisaprofundadas.Libera-seagoraumàverdadeirareaçãoemcadeia,típicadaquelaorganiza-çãodosestímulosquecostumamosindicarcomo"for-ma".Estareação,emteoria,éirrefreável.edefatoterminaquandoaformadeixadeparecerestimulante

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àoreceptor;Iriasnessecasoevidentementeentraemjôgooafrouxamentodaatenção;.,umaespéciedehá-bitoaoestímulo,peloqual,detImlado,ossinaisqueocompõem,àfôrçadeseremfocalizados-comoumobjetoolhadoemdemasiaouumapalavracujosignificadonospropusemosmaisemaisvêzes,obses-sivamente-geràmumaespéciedesaciedadeepare-cemobtusos(aopassoqueexisteapenasumaobtusi-dadetemporáriadenossasensibilidadè);e,deoutrolado,arrastadaspelomecanismo,doháb~to,aslem-brançasquetrazemosparaoatoperceptivo,aoinvés

deseremumprodútorecentedamemórlaéxcitada,constituem-secomoesquemas,resumosdaslembran-çasanteriormenteaproveitadas..Bloqueià-seaqúioprocessódefruiçãoestéticaeaforma,talcomoéconsiderada,éresolvidadentrodeumesquemacon-vencionalemquenossasensibilidade,demasiadamen'te,solicitada,desejarepousar:Boqueacontycequandonostornamoscònscientesdeestar,hámuitos~os,ouvindoeapreciandoumapeçamusiéal;chegaomo-mentoemquèapeçaaindanosparecebéla,mas'ex-clusivamentepornostêrmoshabituadoaconsiderá-lacomotal,e,narealidáde,oquedesfrutalllosagora,aoouvi-la;éalembr~nçadasemoçõesqueexperi-

#mentamosoutrora;defato,nãomaissentimósemoçãoalgumáenossasensibilidade,nãomaisestimulada,dei-xoudearrastarnossaimaginaçãoenossainteligênciaanovasaventurascompreensivas.Aforma,paranós,eporcertoperíodo,desgastou=se~.Freqüentemente,Ïcumpredevolveravirgindadeàsensibilidade,impon-do-lheumalongaquarentena.Voltandoàpeçamuitotempodepois,redescobrimo-nosnovamenteespontâneosemaravilhadosdiantedesuassugestões:enãoape-nasportêrmosperdidoohábitodosefeitosdaquelesestímulosacústicosorganizadosdeumcertomodo;a

maioriadasvêzes,paralelamente,tambémnossainteli-gênciaamadureceu,nossamemóríafoienriqueçida,nossaculturaaprofnndou-se;istoésuficienteparaqueaformaorigináriapossadespertarzonasdainte-ligênciaedasensibilidadequeantesnãoexistiamequeagorasereconhecemnoestímulodebasepeloqualsãosnscitadas.Maspodeacontecer,àsvêzes,quenenhumaquarentenaconsigadevolver-nosoes-,pantoeoprazerdeoutrora,equeaformatenhamor-r'idodefinitivamt:ntepara~nós;eístopodesignificarquenosSocrescimentointelectualatrofiou-seouentãoqueaobra,comoorganizaçãodeestímulos,dirigia-separaumreceptordiferentedaquelequehojesomos;

econoscomudaramtambémosoutrosreceptores:si-nalportantodequeaforma,nascidanumâmbitocul-tural,defatotorna-seinútilemoutroâmbito,seusestímulosmantêmsuascapacidadesdereferênciaedesugestãoparahomensdeoutro.período,enâomaisparanós.Nestecaso,somososprotagonistasdeummaisamploacontecimentodogôstoedaculturaeexperimentamosumadaquelasperdasdecongeniali-dadeentreobraefruidor,queamiúdecaracterizamumaépocaculturaleobrigamaescreveraquêlesca-

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pítuloscríticosquesedenominam"sortedaobratal".Nessecaso,seriainexatoafirmarqueaobramorreuouquemorreramosfilhosdonossotempoàcom-preensãodavérdadeirabeleza;sãoessasexpressõesingênuasesuperficiaisquesefundamnapresunçãodaobjétividadeeimutabilidadedovàlorestético,comodadocapazdesubsistirindependentementédopro-cessotsansativo:Narealidade,paraaquêledetermi-(22)SBbreo"desgaste"dasformaedasexpressõeslingüisHcasvo-.)nm-seaa.váriasobservaç8eadeCülloDórflespex.:Leoscfttattonide!!gtwto(caps.'XVIIIeXüC);Ildiveniredelteartt,capituloV;eoensaio

Bntropiasraztonatltdde1NnguaggioIttterarto,em"AutAut",n.18.86nadoperíododahistóriadacivilização(oudenossahistóriapessoal),bloqueara~-sealgumaspossibilidadesdetransaçâocompreensivamfenômenos~relativá-mentesimples,.comoacompreensãodeumdetermi-nadoalfabeto,táisbloqueiosdepossibilidadestransa-tivassãofàcilmenteexplicáveishojenãocompreen-demosalinguaetruscapoispedemos~seucódigo,átabuinhacomparativaquenospermitiudescobrira~~havedoshieróglifosegípcios.Entretanto,emfenô-menoscomplexoscomoacom~reensãodeumaformaestética,naqualinteragemfatoresmateriaiseconven-

çõessemànticas,referênciaslingüísticaseculturais,aptidõesdasensibilidadeedecisõesdairiteligência;asrazõessãobemmaiscomplexas,detalmodoqueco-mumentsseaceitaafalta'decongenialidadecomofe-nômenomisterioso,ouentãoprocura-senegá-laatra-vésdecapciosasanál.isescríticas~quepretendemde-monstraraabsolutassupratemporalvalidadedain-compreensão(comofêzBettinellicomDante).Trata--se,narealidade,defenômenosestéticosqueaesté-tica-emborapossáestabelecersuaspossibilidadesemgeral~j-nãopodeexplicarparcialmente.Eta-#réfaquecabeàpsicologia,àsociólogia,àantropolo-

gia,àeconomiaeàsoutras'ciênciasqueestudamjus-tamenteasmudançasqueseverificamnointeriordasváriasculturas.Tudoquedissemosatéaquinospermitiuesclareçerqueaimpressãodeprofundidadesemprenova,deto-talidadeinclusiva,de"abertura"quenosparecereco-nhecersempreemtôdaobradearte,funda-senadú-plicenaturezadaorgánizaçãocomunicativadeumaformaestéticaenatípicanaturezatransativadopro-cessodecompreensão.'Aimpressãodeaberturaetotalidadenãoestá'noestímuloobjetivo,queporsisóématerialment~edeterminado;enãoestánoassun-to,queporsisóédisponívelatôdaseanenhuma

abertura:masnarelaçãócognoscitivanocursodaqualsereal'lzamáberturassuscitadasedirigidaspelosestí-mulosorgalïizadossegundointençãoestética..~,(23)Umaamplafenomenologiadarelaçãointerprétativa,comrefe-r8nciaàqueltsfen8menosdecongenialidadenosquaisseestabelecemaspossibilldadeseasditiculdadesdeinterpretaçJodeumaforma,devo-sebuscaremLuigtPareyson,E,rtettca(especialmenteopacágrafo16docapf-tuloLtttura,lnferpretoLlont,crltlca).Ovalorestéticoeasduas"aberturas''Portanto,sobêsteaspecto,aaberturaéacondição

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det8dafruiçãoestéticaetôdaformafruível,enquantodotadadevalorestético,é"aberta".É"aberta",co-mojávimos,mesmoquandoaartistavisaumacomu-nicaçãounívocaenãoambígua.Contudo,apesquisasôbreasobrasabertascontem-porâneamentedesvelou,emcertaspoéticas,umain-tençãodeaberturaexpCcitaelevadaatéolimiteex-tremo:umaaberturaquenãosebaseiaexclusivamentenanaturezacaracterísticadoresultadoestético,mastambémnoselementosmesmosquesecompõememresultadoestético.Emoutrostêrmos,ofatodeuma

frasedoFinnegansWakeassumirumainfinidadedesignificadosnãoseexplicaem,têrmosderesultadoes-tético,comosedeunocasodoversodeRacine;Joycevisavaalgomelhorediferente,organizavaestèticamen-teumaparatodesignificantesquèporsisójáeraabertoeambíguo.E,poroutrolado,aambigüidadedossinaisnãopodeserseparadadesuaorganizaçãoestética,muitopelocontrário,osdoisvaloressesus-tentamemotivamumaooutro:Oproblemaseesclarecerásecompararmosdoistre-chos,umdaDivinaComédiaeooutrodeFinvlegansWake.Noprimeiro,DantequerexplicaranaturezadaSantissimaTrindade,comunicarportantooconceito

maisaltoemaisdifícildetodooseupoemá,umconceitojáesclarecidodemaneirabastanteunívocapelaespeculaçãoteológica,passível,porissó,pelome-nossegundoaideologiadantesca,deumaúnicainter-pretaçâoqueéaortodoxa.Opoetausaportantopa-lavrasquetêmcadaumadelasumelementoreferenteparticular,ediz:OLuceeterna,chesolainTesidi,Solat'intendie,dateintellettaEdintendentete,amiedarridi!~Comodissemos,aidéiadaTrindadeéexplicadademodounívocopelateologiacatólicaenãosâopossí-(24)Lumeetemoqueasldeemtisbtendo,

S6teentendes,detisendoentendido,Eteamasesorrisa6teentendendo(Trad.deJoséPedroXavierPinbeiro)88veisinterpretaçõesdiversasdoconceito;Danteaceitaumaeúnicainterpretaçãoeumaeúnicaéqueêlepropõe:contudo,apresentandooconceitonum~fór-mulaabsolutamenteoriginal,ligandoasidéiasexpres-sasaomaterial.fônicoerítmico,atalpontoqueêle#manifestanãosòmenteoconceitoemquestãomas.osentimentodealegrecontemplaçãoqueacompanhaasuacompreensão(atalpontoque,nêle,valoresrefe-

renciaisevaloresemotivossefundemnumaformafísicaindissociável),fazcomqueanoçãoteológicaseassociécomómodopeloqualéexposta,emtalmedidaquedaípordianteseráimpossívellembrarumaformulação'maiseficazefecunda.Paralela-ments,cadavezqueserelêaestrofe,aidéiadomis-tériotrinitárioseenriquecedenovasemoçõesedenovassugestõesimaginativassseusignificado,quealiáséunívoco,pareeeaprofundar-seeenriquecer-seacadaleitura.

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Joyce,aocontrário,noquintocapítulodoFinne-gansWake,querdescreveramisteriosacartaencon-tradanummonturoecujosignificadoéindecifrável,obscuroporquemultiforme;acartaéopróprioFin-neganseé,afinal,umaimagemdouniversoqueoFinnegansrefletelingü?sticamente.Defini-laé,nofun-do,definirapróprianaturezadocosmo;defini-laétãofundamentalquanto,paraDa~te,definiraTrin-dade.MasdaTrindadeédadaumaúnicanoção,en-quantoqueocosmoFinnegansWake-cartaéum"ca-osmo"edefini-loquerdizerindicar-lhs,sugerir-lhea

substancialambigüidade.Portanto,oautordevefalardeumobjetonãounívocoeusandosinaisnãounívocosinterligadossegundorelaçõesnãounívocas.Adefi-niçãoocupapáginasepáginasdolivro,mas,nofundo,cadafrasenadamaisfazquepropornovamente,numaperspectivadiversa,aidéia-base,aliás,ocampodeidéias.Tomemosumadelas,aoacaso:"Fromquiquiquinettomichemichecheletandajambeba-tistetoabrulobrulo!Itistoldinsoundsinutterthat,insignssoaddsto,inuniversal,inpolygluttural,ineachausiliaryneutralidiom,sordomutics,florilingua,sheltafocal,flayflutter,acon'scubane,apro'stutute,strassarab,ereperseandany-tho'ngueathall."

90Ocaos,apolivalência,amulti-interpretabilidadedêstecaosmoescritoemtodososidiomas,seurefletirahistóriainteira(Quinet,Michelet)massobformadocicloviquiano(jamóebatiste),apolivalênciadeumglossáriobarbarizado(polyglutturaC),alembrGiordanoBrunoqueimado(brulobrulo)~asduasalu-sõesobscenasqueunemnumaúnicaraizo~pecadoeadoença,eisumasérie-umasérieapenas,quesurgedeumaprimeirainspeçãointerpretativa-desugestõesquederivamdaprópriaambigüidadedasraízessemânticasedadesordemdaconstruçãosin-tática.Estapluralidadesemânticanãodeterminaain-

daovalorestético.Econtudoéjustamenteamulti-plicidadedosétimosqueprovocaaaudáciaeari-quezasugestivadosfonemas,eaté,comfreqüência,umnôvoétimoésugeridopelarelaçáoentredoissons,demodoqueornaterialauditivoeorepertóriodasreferênciassefundemindissohlvelmente.Assim,avon-tadedecomunicardemodoambíguoeabertoinfluinaorganizaçãototaldodiscurso,determinandosuafecundidadesonora,suacapacidadede.provocaçãoimaginátiva;eaorganizaçãoformalqueêstematerialsofrs,numcalibrar-sederela.çõessonoraserítmicas,reverberasôbreojôgodasreferênciasedassugestões,enriquecendo-oepermitindoumarrarrjoorgânicotal,

queaestaalturanemamenorraizetimolpgicapodeserdeslocadaparaforadocanjunto.Oqueacontecenaestrofedantescaenafrasejoy-cianaé,nofundo,umprocedimentoanálogo,visandoumadefiniçãodaesiruturadoefeitoestético:certoconjuntodesignificadosdenotativoseconotativosfun-de-secomvaloresfísicosparaformarumaformaorgd-#nica.Ambasasformas,secontempladassobseuaspec-toestético,revelam-seabertasenqualltoestímuloauma

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fruiçãosemprerenovadaesempreaprofundada.Entre-tanto,nocasodeDantefrui-se,demodosemprenôvo,acomunicaçãodeumamensagemunívoca;nocasodeJoyceoautordesejaquesefruademodosernpre'diversoumamensagemqueporsisó(egraçasàforma(25)EdaatQttineE(1803-1875)eJulesMichelet(1798-1874),historia-doresftanceeea'GiambattistaVico(1668-1744)filósofoitalianocujaobrainfluendougtendementeaformaçãodeJoyce;GiordanoBruno(1548-1600),fradedominicanoitalianoqueimadovivopelaInquisiçnoporsuasobrasfilosóficastidascomoheréticas.(N.doT.)querealizou)épturfvoca.Ariquezatípicadafruição

estéticajunta-seaquiumanovaformaderiquezaqueoautormodern~opropõe-secomovalorarealizar.Estevalorqueaartecontemporâneaprocurainten-cionalmente,aquêlequesetentouidentificaremJoyce,éomesmoqueprocurarealizaramúsicaserial,liber-tandoaaudiênciadasobügaçõescondicionantesdatonalidadeemultiplicandoosparâmetroscomqueor-ganizaredegustaromaterialsonoro;éoqueproçuraapinturainformalquandotentapropornãomaisuma,masváriasdireçõesdeleituradeumquadro;éovi-sadopeloromancequandonãonoscontamaisumaúnicahistóriaeumúnicoenrêdo,masprocuraende-reçar-nós,numsólivro,àindividuaçãodemaishis-

tóriaseenredos.Éúmvalorquenâoseidentifica,teòricamente,comovalorestético,poissetratadeumprojetocomunica-tivoquedeveincorporar-senumajormabemsucedidaparasetornareficaz;equesòmenteserealizaseam-paradoporaquelaaberturafundarnentalqueépeculiaratôdaformaartísticaberrisucedida.Aocontrário,êstevalor,quandoéprocuradoerealizado,caracterizaasformasqueorealizamdetalmaneiraquesuarea-lizaçãoestéticanãomaispodeserfruída,avaliadaeexplicadaanãoserfazendoreferênciaaêle(emou-trostêrmos;nãosepodeapreciarumacomposiçãoatonal,senãoavaliandoofatodequeeladesejareali-

zarumaespéciedeaberturaperanteasrelaçõesfecha-dasdagramáticatonaleéválidasòmenteseocon-seguedemaneirarelevante).Estevalor,estaespéciedeaberturadesegundograu--visadapelaartecontemporânea,poderiaserdeficüdácomo.crescimentoemultiplicaçãodassignificaçõespos-síveisdeumamenságem:masotêrmopresta-seaoequívoco,poismuitosnãoestariamdispostosafalarde"significado"apropósitodotipodecomunicaçãofornecidoporumsinalpictóriconãofigurativoouporumaconstelaçãodesons.'Definiremosportantoestaespéciedeaberturacomoumacréscimodeinformação.Mastaldefiniçãodesloc'a

nossapesquisaparaoutroplanoenosobrigaráaes-tabeleceraspossibilidadesdeemprêgò,nocampoesté-tico,deuma"teoriadainformação".iABERTURA,INFORMAÇAO,ÇOM~TNICAÇAOAspoéticascontemporâneas,aoproporestruturasartís2icasqueexigemdofruidorumempenhoautôno-moespecial,freqüentementeumareconstruçâo,semprevariável,domaterialproposto,refletemumatendênciageraldenossaculturaemdireçãoàquelesprocessos

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emque,aoinvésdeumaseqüênciaunívocaeneces-sáriadeeventos,seestabelececomoqueumcampodeprobabilidades,uma"ambigüidade"desituação,ca-pazdeestimularescolhasoperativasouinferprétati-vassemprediferentes.'Estasituaçãoestéticasingulareadificuldadededefinirexatamenteaquela"abertura"aqueaspiramváriaspoéticashodieráas,nosinduzemagoraaexa-#93minarumsetordasmetndologiascientfficas,edateo-

riadainformação,noqualnosparecepossívelea-contrarindicaçôesinteressantesparaosfinsdenossapesquisa.Indicaçõesemdoissentidos:deumlado,acreditamosquecertaspoéticasrefletemaseumodoaprópriasituaçãoculturalemquetiveramorigemaspesquisassôbreainformação;deoutro,acreditamosquedeterminadosinstrumentosoferecidosporestaspesquisaspodemserempregados,feitasasdevidastransposições,emcampoestético(oque,comovere-mos,jáfoifeitoporoutros).Masprevemosafácilobjeçãodequeentrepesquisasdaciênciaeoperaçôesdaartenãopodemexistirelosefetivos,equetodoparaleloinstituídoéabsolutamentegratuito.(Então,

paraevitartransposiçõesimediatase.superficiais,nãoseráinútilexaminariniciarmenteosprincípiosgeraisdateoriadainformaçãosemtentarreferênciásàes-tética,esòmentedepoisdistoverificarseexistemequaissãoasconexõeseaquepreçoosinstrumentosdeumcampopodemserempregadosnooutro.I.AteoriadainformaçâoEstabeleçamosumasituaçãocomunicativadasmaissimples1.Deseja-sesaber,nacentralinstaladanovale,quandoumareprêsa,localizadanorecôncavoentreduasmontanhas,alcançaumníveldesaturaçãode-terminado,quedefiniremoscomoníveldealarme.Chamemosoníveldealarmedeponto0.

Quehajaáguaounão;queelaestejaacimaouabaixodoponto0;quantoacimaouabaixo;qualavelocidadecomquesobe;tudoisto-emaisainda-constituiumasériedeinformaçõesquepodemserfornecidaspelareprêsa,queportantoconsideroFonteouNascentedeinformaçâo.Suponhamosquenareprêsaexistaumaparelho(identificávelcomumaespéciedebóia)que,chegan-doaonível0,sensibilizaumaparelhotransmissor,capazdeemitirumsinal(porexemplo,umsinalelé-(1)OexemploquesegueinspIra-senoensaioapresentadoporTulliodeMauro,"Modelllsemioloalci-L'arbitrarietàsemantica",emLinguacstile,I.1.8umadasmaisclaraseúteisiniciaçõesaosproblemaa

dacodtficação.trico).Estesinalviajaa'travésdeümcanal(umfioelétrico,ondasderádioetc.)eécaptadonacentraldovaleporumaparelhoreceptor;oreceptorrecon-verteosinalnumaformadada,queconstituiamen-sagemdirigidaaodestinatário.Nonossocaso,odes-tinatárioéoutroaparelho,oportunamenteinstruído,queaoreceberamensagemagecorrigindoasituaçãoinicial(pozexemplo,ummecanismodefeed-back,queprovidenciaaevacuaçãodaáguanareprêsa).

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Umacadeiacomunicativadêstegêneroageemmui-tosaparelhoschamadosdehomeostatos,osquais,porexemplo,garantemqueumadadatemperaturanãoul-trapasseolimiteprefixado,predispondosucessivas;correçõesdasituaçãotérmicanafonte,tãologore-cebamumamensagemoportunamentecodificada.Maséamesmacadeiaquepodemosidentificarnumaco-municaçãoradiofônica:afontedainformaçãoéoemis-'sordamensagemque,identificadoümdadoconjuntodeeventosacomunicar,osfazchegaraotransmissor(omicrofone),queostransformaemsinaisfísicos,os

quaisviajamaolongodeumcanal(ondashertzianas)esãocaptadosporumatransmissoraqueosreconverteemmensagem(sonsarticulados)queodestinatárioreceberá.Quand~falocomoutrapessoa(comodiz!WarrenWcaver)2,meucérebroéafontedainforma-ção,odooutro,odestinatário;meusistcmavocaléótransmissoreoouvidodoóutroéoreceptor.Mas,comoveremos,nomomentoemqueinserimos#narelaçãodoissêreshumanos;cadaumnumextremodacadeia,aprópriarelaçãosecomplica;retornemosportantoaonossomodêloqueestudaduasmáquinasnospólosopostosdacadeia.

Paraav~isaraodestinatárioomomentoemqueaáguaalcançaonível0,éprecisoenviar-Iheumamen-sagem.Pensemosnes'samensagememtêrmosdeumalâmpadaqueseacendeemdadomomento-maséclaroqueoaparelhodestinatário,quenãodispõedeórgãossensórios,nãoprecisa"ver"umalâmpadaace-sa;podebastar-lhe-umfenômenodiferente,como0disparardeumcomutador,aabertuzadeumcircuito.(2)WarrenWeaver,"TheMathematicaofCommunication",emSct-end)teAmerican,181,1949(trad.it.emAAW,Cnntrolloautomatico.Milano,Martello,1956).TContinuemostodaviaaimaginaramensagem-para

maiorcomodidade-sobaformadelâmpada.Alâmpadajáconstituióprincípiodeumcódigo:"lâmpadaacesa"significa"nível0alcançado",aopassoque"lâmpadaapagada"significa"abaixode0".Ocódigojáestabeleceumacorrespondênciaentreumsignificante(alâmpadaaFesaeapagada)eumsigni-ficado.Nocasoemexame,osignificadoéapenasadisposiçâoqueoaparelhatemderesponrlerdeumacertamaneiraaosignificante.Contudo,mesmonestesentido,osignificadosedistinguedoreferente,ousejaofenômenorealaoqualosinalserefere(istoé,ouível0),porqueoaparelhonão"sabe"queaáguaalcançouumcertonível,masfoiinstruídoaatribuir

umdeterminadovaloraosinal"lâmpadaacesa"earesponder-Ihedeacôrdo.Existe,poroutrolado,umfenômenoconhecidoco-moruído.Oruídoéurndistúrbioquéseinserenocanalepodealteraraestruturafísicadosinal.Podeserumasériededescargaselétricas,umainterrupçãoimprevistadaenergiaelétrica,quefazcomqueoaci-dente"lâmpadaapagada"'(porinterrupçãodaener-gia)sejainterpretadocomomensagem("águaabai-xode0").

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Parcareduziraomínimoosriscosdaruídodevocomplicarocódigo.Suponhamosqueeuinstituaduaslâinpadas,AeB.QuandoAestáacesa,significaquetudoestábem;~quandoAseapagaeacende-seB,significaqueaáguaestáacim,ade0.Nestecaso,do~breia."despesa"dacomunicação,masrèduziaspos-sibilidadesderuído.Umainterrupçãodacorrenteapa-gariaambàsasl~mpadas,eocódigo~;ueadoteinãoconsideraapossibilidadedQ"duaslâmpadasapagadas":estareiassimemcondiçõesdedistinguirosnão-sinaisdossinais.

De.outrolado,aindaexisteoriscodequeumde-feitoelétricofaçaacenderAemlugardeB,ouvice--versa;paraeliminarêsterisco,devereicomplicarul-teriormenteaspossibilidadescombinatóriasdocódigo.Introduzireimaisduaslâmpadasedis,poreideuxnasérieABCD,combasenaqualpodereiestabelecer.AC=níveldesegurançaeBD=nível0.Tereias-96simreduzidoaspossibilidadesdequeumasériededistúrbiosnocanalpossaalterarminhamensagem.Assim,introduzinocódigoelementosde"redundân-cia":ousodeduaslâmpadasopostasaoutrasduas,

paradizeroquepodiaserditocomasimplesalter-nânciadeaceso-apagadodeumasólâmpada,permite--mereiteraramensagem,apoiá-lanumaformadere-petição.Masaredundâncianâosignificaapenasquepossorepetiramensagemparatorná-lamaissegura:signi-#ficatambémqueocódigo,assimcomplicado,pode-riapermitir-mecomunicaroutrostiposdemensagem..Comefeito,ocódigo;dispondodoselementosABCD,permitediversascombinações:porexemplo,A-B-C-D-AB-BC-CD--AC-BD-AD-ABC-BCD-ACD-ABDetambém

asformasalternadas"AB-CD"ou"A-C-B~-D",eassimpordiante.Ocódigofixaumreper~tóriodesímbolos,entreosquaispossoescolheraquêlesaatribuiradadosfenômenos.Osoutraspodemper-maneçercomoreserva,comopossibilidadesnâosigni-ficantes(reconhecíveiscasoseverifiquemporruído),prontosparaindicaroutrosfenômenosqueeventual-mentemepareçamdignosdecomunicação.Eisque,comaspossibilidadespré-orderiadasindi-cadasacima,meucódigopodeindicar-mealgomaisdoqueosimplesníveldeperigo0.Possoassinalarumasériedeníveisquevãodatranqüilidadeabsolutaaopré-perigo(chamando-osníveis-3,-2,-1ete.)e

umasériedeníveisacimade0(-E-1,-~2,-f-3),dasituaçãodealarmeàdeperigo.máximo;epossofazercorresponderacadaumdetaisníveisumacombina-çãodocódigo(queserealizarácombaseemoportu-nasinstruçõesfornecidasaosmecanismostransmissoresereceptores).Comumcódigodêstetipo,noque~sebaseiaatrans-missãodeumsinal?Numaescolhaalternativa,quepodemosindicarcomooposiçãoentre"sim"e"não".Oualâmpadaestáacesa,ouestáapagada(ouaener-

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giapassaounãopassa).Mesmonocasodoaparelhodestinatárioterderespondercombaseeminstruçõesrecebidasaodisparardeumcomutador,àcomunicaçãodeumimpulso,oprocessonãomuda.Háumaoposi-97çãobinária,umaoscilaçãomáximaentre1e0,entresimenão,entreabertoe~fechado.Nâocabeestabeleceraquiseométodobinário-que,conformeveremos,éadotadopelateoriadain-formação=seapresentacomooártifíciomaissim-plespara.descreveragassagemdeumainformação,ou

sequalquertipodecomunicaçâore~ousasempre,esejacomof8r,numamecânicabinária(istoé,senósçomunicamossempre,dequalquermaneiraqueofa-çamos,atravésdeumasériesucessivadeescol~asal-ternativas)..Ofatodeváriasdisciplinas,dalingiüsticaàneuro-psicologia,seapoiaremnométodobinárioparaexpli-carosprocessosdecomunicação,aponta,dequalquermaneira,nestemétodorazõesdeeconomiaqueotor-nampreferívelaoutros.Quando,entredoiseventos,sabemosqualiráveri-ficar-se,temosumainformação.Supõe-sequeosdoiseventostêmiguais'possibilidadesdeverificar-se,eque

portantonossaignorânciaacêrcadadisjunçãodepro-babilidadesétótal.Aprobabilidadééarelaçãoentreonúmerodoscasosfavoráveisàverificaçãodoeventoe~onúmerodecasospossíveis.Selançoparaoaltoumamoeda(eesperocaraoucoroa),tenhoumapro-babilidadede1/2paracadafacedamoeda.Noczsododado,ondesãoseisasfaces,tenhoumaprobabilidadede1/6paracadaumadasfaces(nocasodejogardoisdados,aprobabilidadededoiseven-tosindependentesseverificaremconjuntamente-que,porexemplo,euconsigafazerseisecinca-édadageloprodutodasprobabilidadesindividuais:euteria,nessecaso,1/36).~.

Arelaçãoentreumasériedeeventoseasériedasprobabilidadesconexaséarelaçãoentreumaprogres-sãoaritméticaeumapmgróssãogeométricã,easegun-,dasérierepresentaologaritmodaprimeira.#Istosignificaque;dadoumeventoe64probabilida-desdediferent~srealizações(,porexemplo:qualdascasasdeumtabuleirodexadrezseráescolhida?),quan-.doficosabendoqualdoseventosserealizouobtiveuma'informaçãoiguala1gz64(quedá6).Istoé,parain-dividuarumdentresessenta~equatroeventoseqüipro-váveis,foramnecessáriaaseiadisjunçõesouescolhasbi-nárias.

Estemecanismopodesermaisbemesclarecidopeloesquemaabaixo,que,reduzindoonúmerodoselemsn-tosemj8goparafacilitaraoperação,n,osmostraquedados8éventoscujaocorrêncianãoépossívelpredi-,zerpoispossuemiguaisprobabiliftadesdeverificar-se,aindividuaçãodeumdêlesmedianteescolhasbináriasimplicatrêsmovimentosdeescolha,trêsopções,trêsalternativas.Foramindicadoscomletrasalfabéticasospontosdedisjunçãobinária.Evê-sequeparaidentificar,por

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exemplo,oeventon°5,sãonecessáriastrêsescolhasbinárias:1)deAescolhoBlouB~;2)deBZescalhoadireçãoparaC8;3)deCSescolhoadireçãopara5aoinvésde6.A98Jáquesetratavadeindividuarumeventoentreoito,aexpressãologarítmicadasituaçãodá:lgz8~3.Atéoriadainformaçãochamaunidadedeinforma-çãooubit(de"binarydigit",istoé,"sinalbinário")

aunidadededisjunçãobináriaqueserveparaindivi-duarumaalternativa.Diremosentãoque,nocasodeindividuaçãodeumentreoitoelementos,recebi3bitdeinformação;nocasode64elementos,euhaviarecebido6bit.Pelométododadisjunçãobináriaépossívelindivi-duarumeventoentreumnúmeroinfinitodeeventospossíveis.Bastaprocedercomconstânciaaumasériedebifurcaçõessucessivas,eliminandoasalternativasàmedidaqueseapresentam.~Oscérebroseletrônicòschamados"numéricos"ou"digitais",trabalhandoaal-tíssimavelocidade,conseguemprocederpordisjunçõesbináriassôbresistemasdeeqüiprobabilidadequepõem

emjôgoumnúmeroastronômicodeelementos.Lem-bramosqueocalculadordigitalfuncionacombasenasimples'alternativadepassagem/não-passagemdeele-tricidade,simbolizávelpelosdoisvalores1e0.Enes-testêrmospoderealizarasmaisvariadasoperações,jáqueaálgebradeBoolepermitejustamenteefetuarqualqueroperaçãopelousodedisjunçõesbinárias.Contudo,asmaisrecentespesquisaslingüísticassu-geremaidéiadeque,mesmoaoníveldesistemasmaiscomplicados,como,porexemplo,odalínguafa-lada,ainformaçãosurgepordisjunçãobinária.Deve-mosconsiderarquetodosossinais(aspalavras)deumalínguasãoconstruíveismediantsacombinaçãode

umoumaisfonerrzas;osfonemassãoasunidadesmí-nimasdeemissãovocalprovidasdevalordiferencial;sãobrevesemissõesvocaisquepodemounãoidenrifi-car-secómumaletradaalfabeto,eque-tomadasporsisó-nâotêmqualquersignificado:salvoqueapre-sençadeumfonemaexctuiadeumoutroque,s~eti-,vesseaparecidonolugardoprimeiro,teriamudado0signijicadodapalavra.Porexemplo,'emportugaêspos-sopronunciardeummododiferenteo"e"de"gente"oude"noite",masasvariedadesdepronúncianãoconstituemoposiçãofonemática.Aocontrário,emin-glêsasduasmaneirasdiferentesemquepronuncio0"i"em"ship"éem"sheep"(qúeovocabulárioindica

demododiferente:"ip"e¡`ivp"rconstituemoposiçãoentredoisfonemasdiferentes'(edefato,noprimeiro#caso,temososignificadò"navio"enosegundoosig-nificado"ovelha").Nestecasotambémteríamosumainformaçãoquenascedaesèolharealizadaentreosdoispólosdeumaoposição/Masvoltemosaonossomodêlocomunicativo.Fa-lamosde"unidadedeinformação"eestabelecemosque

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quando,porexemplo,souinformadodequaleventoseverificaráentreoitoeventospossfveis,recebo3bitdeinformação.Masovalor"informação"nâodeveseridentificadocomanoçãoquemeécomunicada,mesmoporquenateosiadainformaçãoosignificadodoquemeécomunicado(ofatodequeosventoen-treosoitopossíveissejaumnúm~ro,umnomedepessoa,umbilhetedeloteriaouumsímbolográfico)nãoconta.ParaateoriadainformaçâocoWaonú-merodealternativasnecessáriasparadefiniroeventosemambigüidades.E-contamasalternativasque-

nafoate-seapresentamcomoco-possfveis.Ainfot-wmaçãonâoétantooqueédito,masoquepodeserdito.Ainformaçãoéamedidadeumapossibilidadedeescolhanaseleçãodeumamensagem.Umamen-sagemcomputávelnumbit(aescolhaentreduaspos-sibilfdadeseqüiprováveis)eumacetnputávelem3bit(aescolhaentreoitopossibilidadeseqüiprováveis)sedistinguempelonúmeromaiordeescolhaspõss£veisqveasegundasituaçãoapresentava-nafonte-comrelaçãoàprimeira.Nosegundocaso,amensa-geminformamais.potslue-nafonte-haviamaïorincertezaquantoàescolhaqueviriaaserfeita.Paradarumexemplofácilecompreensível,hámaissus-

pensenumromano~policialemqucoassassinopodesersuspeitadoentremaispersonagenseasoluçãoche-gamaisinesperada.Ainforma~ãorepresentaaliber-dadedeescolhaquetemosaoconstruirumamensa-gem,eportantodevesercnnsideradapropriedadeesta-túticadanirscerr~edasmensagens.Emoutrostérmos,ainformaçãoéaqu8levalordeeqüiprobabilidadeen-tremuitoselementosoombináveis,valorqueétanto1d0maiorquantomaisnumerosasforemasescolhaspos-f~~motecladodcumamáQu~ad¿~~.eversíveis:defato,numsistemaemqueestivessememjôgo~~u~sremumsistemadealtíssaentropia,tería-

64masnbilhõesdeeventosnaoduas,ouolto,ou,eqüiprováveis,aexpressâoI=1g210sndariaumnúmeromaisalto.Equemrecebesseumamensagemdeumatalfonte,receberia,aoindividuarumeventoentreosnbilhôespossíveis,muitosbitdeinformação.Masclaroestáqueainformaçãorecebidajárepresentariaumaredução,umempobrecimentodaenormeriquezadeescolhaspossíveisqueexistianafonte,antesqueoeventof8sseescolhidoe.amensa-gememitida.Ainformaçãomede,portanto;umasituaçãode

eqüiprobabilidade,dedistribuiçãoestatísticauniformequeexistenafonte;eêstevalorestatísticoéoqueosteóricosdainformaçâo,~utuando-odatermodinâmi-ca,chamamdeentropicrs.Comefeito,aentropiadeumsistemaéoestadodeeqüiprobabilid'adeaqueten-demseuselementos.Aentropiaétambémidentifica-dacomumestadodedesordem,nosentidodequeaordeméumsistemadeprobabllidadesqueseintroduznosistemaparapoderprever-lheoandamento.Nateoriacinéticadosgases,dadoumrecipient~dividido

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emdoissetores,unidosporumapassagem,éprevistaaexistênciapuramenteteóricadeumaparelho,cha-madodem8niodeMaxwell,oqualdeveriapernlitirqueasmtiléculasgasosasmaisvelozespassassemparaumdossetoreseasmaislentaspermanecessemnooutro:#dessamaneira,introduzir-se-iawmprinefpiodeordemnosistemaeseriapossfvelprevérumadiferenciaçãotérmicanarealidade,odem8niodeMaxwellnãoexis-te,e~smoléculasdegás,chocando-sedesordenada-,

mente,nivelamsuasrespectivasvelocidadCs,~~doporassimdizer,umasituação"média",quetendeàeqüiprobabilidadeestatlstica;osistemàéassimdeen-tropiaalt(ssimaenâoépossívelpreveromovimentoindividualdecadamolécula.(3)NorbertWiener,CJbernrNca.MüeoHompianl,1953C.B.noo.wwearrrTtKnroNumatIeaJthsoryólInjormattonIJrbans,On~hunwncommwntcaNondtAGSmltbadl~maNratbnandCultwr(parceI).N.Y..Holt,Rinebartdwinatoo,102mosumasltuaçâodetnformaçaomáxlma.SegundoumexemplodeGuilhaud;diríamosque,desdequenumapáginadatilografádapossopnveraexistênciade

25linhas,cadaumade60espaços,ejáqueotecladodamáquinadeescrever(contempladanoexemplo)posaui42teelas-cadaumadasquaispodeproduzir!2caracteres-eque,somandooespaço(quetemalordesinal),otecladopodepToduzir85sinaisdi-fentes,eisquesurgeoproblema:sendodadoque25,linhasvêzes60espaçostornampossíveis1500espa-ços,quantasseqüê,nciasdiferentesde1504espaçospo-demserproduzidasescolhendocadaumdos85sinaisdisponíveisnoteclado?Pode-seobterumnúmerototaldemensagensde:comprimentoLfornecfveisporumtecladodeCsinais,

elevandoC~potênciaL.Nonossocaso,sabemosquepoderíamosproduzir85~°°mensagenspossíveis.Taléasituaçãodeeqüiprobabilidadeexistentenafonte:asmensagenspossíveissâoexpressasporumnúmerode2895algarismos.Masquantasescolhasbináriassãonecessáriaspara'individuarumadasmensagenspossíveis?Umnúmeroaltíssimo,cujatransmissâoexigiriaumconsideráveldis-pêndiodètempoedeenergias,tantomaisquecardamensagempossível,comosabemos,secompõede1500espaçosecadaumdêssessinaisdeveserindividuadoporescolhasbináriassucessivasentreos85sinaispre-vistospeloteclado..Ainformaçãonafonte,como

,liberdadedeescolha,éconsiderável,masapossibilida-dedetransmitiressainformaçãopossível,individua~Idonelaumamensagemrealizada,torna-semuitodifícih.Aquiintervémafunçãoórdenadoradocódigo.Oqueseobtémintroduzindoumcódigo?Limitam-seaspossibilidadesdscombinaçãoentreoselementosemj8goeonúmerodoselementosqueconstituemore-pertório.Introduz-senasituaçãodeeqüiprobabilida-dedafonteumsistemadeprobabilidades:algumas,

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,combinaçõessãopossíveiseoutrasmenos.Ainforma-(4)G.T.Guilband,IaCybemEH9~.P.TJ.F.,C95~,çãodafontediminui,apossibilidadedetransmitirmen-sagensaumenta.ShannonódefineainformaçãodeumamensagemqueimplicaNescolhasentrehsímboloscomoI=Nlg,ah(fórnlulaquelembraadaentropia).Ora,umamensagemquedevaserselecionadaentreumnúmeroaltíssimodesímbolos,entreosquaíasãopossíveisumnúmeroastronômicodecombinaçôes,re-

sultariamuitoinformativa,mas~seriaintransmi~ssívelporqueexigiriademasiadasescolhásbinárias(eases-colhasbináriascustam,porquepodemserimpulsoselé-tricos,movimentosmecânicos,oumesmosim(plesmen-teoperaçõesmentais:ecadacanaldetransmissãosò-#mentepermiteapassagemdecertonílmerodetaises-colhas).Portanto,paraqueatransmissãosejapossí-vel,paraquesepossamformarmensagens,cumprere-duzirosvaloresdeNedeh.Émaisfáciltransmitirumamensagemquedevefornecer-rneinformaçõessô-breumsistemadeelementoscujascombinaçôessãoregidasporumsistemadepossibilidadesprefixadas.

Asalternativassáomenores,acolriunicaçãomaisfácil.Ocódigointroduz,comseuscritériosdeordem,es-taspossibilidadesdecomunicação;ocódigorepresen-taumsistemadeprobabilidadsssobrépostodeqüipro-babilidadedosistemainicial,para,permitirdominá-locomunicativamente.Emtodocaso,nãoéovalores-tatfstico"informação"queexigeêsteelementodeor-dem,éasuatransmissibilidade.Comasobreposiçãodocódïgo,umafontedealtae,ntropia,comoeraotecladodamáquinadeescrever,reduzsuaspossibilidadesdeeseQlha;nomomentoemqueeu,empoderdocódigodalfnguaportuguêsa,co-meçoaescrever,afontepossuiumaentropiamenor:

emoutrostêrmos,dotecladonãopoderãonascer85i6°°mensagenspossíveisl5orpágina,masumáúmerámuitomenor,regidoporleisdeprobabilidade,queresponde(5)Masaprimeiraformulaç#fodestalelentáemR.VLHarthtéyTmnJmtaeiono)In)ormadonem"BellSystemTechJ."~1928Veja-sétambém(alémdeCherry,cit.)AnatolRapaport,WAatiaInfnrmatton?,em"ETC",10,1953(atualtnenteeroCommuntcattonandCulture,cit.).104aumsistemadeexpectativas,eportantomuitomaisprevisível.Contudo,aindaqueonúmerodemensa-genspossíveisnumalaudadatilografadasempresejabastantegrande,osistemadeprobabilidadesintrodu-zidopelocódigoexcluiqueminhamensagempossa

encararseqüênciasdeletrascomo`wxwxxsdewvxvxc(qaealfnguaportuguêsanáoadmite-anãosernocasodeformulaçõesmetalingüfsticas,comoaqueestáemandamento);excluiqueapósaseqüênciadossfm-bolos"ass"possaestaraletra"q",edeixapreverqueaoinvéshajaumadascincovogais(decujaapariçãopoderiadependerdepois,comumaprobabilidadecom-putávelcombasenovocabulário,apaiavra"assaz"ou"assim"ou"assumir"eassimpordiante).Aexistên-ciadocódigo,emborapermitindocombinaçõesdevá-

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riostipos,limitaenormementeonúmerodasescolhaspossíveis.Definiremos-paraconcluir-ocódigocomosen-doosistemaqueestabelece1)umrepertóriodesfmbo-'losquesedistinguemporoposiçãoreefproaa;2)suasregrasdecombinaç~ro;3)e,eventualmente,acorres-porrdênciatêrmoatêrmoentrecadasfmbvloeumdadosignijicado(semqueumcódigodeyanecessàriamente,~possuirjuntasestastrêscaracterfsticas)e.Tudooquedissemosacimanvspermitevoltaraonossomodêloinicial.

Nareprêsapoderiamverifica.-sefen8menosdevá-riostipos.Aáguapoderiaalcançarinfinitosnúveis,comdiferençasinfinitesimais.Seeutívessedecomunicartodososníveispossíveis,seriaprecisousarumreper-tóriomuitoamplodesímbolos,ecomefeitodenadameadiantariasaberseaáguaaumentououdiminuiuummilímetrooudois.Escolhoentãosituaçõesdescon-tínuas,discretas,recortadas.nocontinuumdosfatospossíveis,éelejo-ascomotraçospertinentesaosfinsdacomunicaçãoqusmeinteressa.Estabelecidoquemeinteressasaberseaáguapassadonível2aonível-1,ofatodequeaáguaestejaalgunscentímetrosoualgunsmilímetrosacimade-2nãomeinteressa.Onível

deixarádeser-2sòmentequandochegaraser-1.O(6)PoreumpioamáquinadenoewesemPloexclutoponto3.Osainalaque.recebenâocorreapondemaumdgninudo(nomáximo,cor-#respondemaòmenteParsqueminstaurouo~dlio)restonãomedizrespeito,nãoépertinente.Epossoentãoelaborarumcódigoque,entreasnumerosascom-binaçôespossíveisentreosquatrosímbolosA,B,CeD,consideresòmentealgumasdelascqmoasmaisprováveis.Porexemplo:AelementosAB=-3BCDBC=-2ACDDdesrovidosCD=-Icombina-

designificado,~C=pABDç~snãoBcomvalorAC=+1AB-CDprevistaspuramenteBD~-t-2A-C-B-Ddiferente.,~=+,3etc.Nessesentidn,oaparelhodestinatáriopodeserins-truídodemodoaresponderdemaneiraadequadaàscombinaçõesprevistas,eanâoresponderàscombina-çõesnãoprevistas,interpretando-ascomoruído.Nadaexclui,comohavfamosdito,queascombinaçõesnâoprevistaspossamserutilizadasquandoquisermosdi-ferenciarmuitomaisosníveis,identificandoassimou-trostraçospertinentesnocódigo.

emrelaçâoàsmensagensquepodegerar,constituiélepróprio,emborademaneirareduzida,umsistevnaeqüi-provável(quesòmentepodeserlimitzdn~pelaemissãodeumaúnicamensagem).Umamensa~emúnicare-presentandoilmaformaconereta,umaescolhadeumaenãodeoutraseqüênciadesímbolos,constituiumaordemdefinitiva(adianteveremosatéqueponto)quesesobrepõeà(parcial)desardemdocódigo.Diremos'portantoquenoçõescomoadeinforma-ção(opostaàmensa~em),dedesordem(opostaàor-

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dem),deeqüiprobabllidade(opostaasistemádepro-babilidades),sãotôdasnoçõesrelativas.Afonteéentrópicaemrelaçâoaocódigoquelimitaseusele-mentospertinentesparaosfinsdacomunicaçâo,masocódigopossuiumaentropia=elativaemrelaçãoàsmensagensindefinidasquepodegerar.Ordemedesordemsãocoreceitosrelativos;somosordenadosemrelaçãoaumadesordemanteriorede-sordenadosemrelaçáoaumaordemposterior,exata-msntecomosomosjovensemrelaçãoanossopaievelhosemrelaçãoanossofilho,libertinosemrelação

aumsistemaderegrasmoraisemoralistasemrelaçãoaoutromaisdúctil.Ora,cabeobservuque,jáaestaaltura,oconceitodeinformaçãocomopossibilidadeeliberdadedeesco-lhana'fontecindiu-seemdóisconceitos,formalmenteiguais(trata-sedemedidadeliberdadedeescolha),masdentitativamentediferentes.Defato,temosumaInformaçãodafonte:esta(naausênciadeelementoshidrográficosemeteorológicosquemepermitamadian-tarprevisões)deveserconsideradacomoeqüiprobabi-lidade;ááguapodeencontrar-seemt8das'asposiçõespossíveis.Estainformáçãodafonteécorrigidapelocódigo

queestabeleoeumsistemadeprobabilidades.Ade-sordemestatísticatlafonteésubstituídaporumaordemprobabilística.TemosporémumaInformaçãódocódigo:defato,combasenocódigo,possóelaborarsetemensagensdi-versas,em.situaçãodeeqüiprobabilidadeentreelas.Ocódigointroduziuumaordemnointeriordosistemafisicoereduziuaspossi~bilidadesdeinformação,masSIGNIFICADOEINFORMAÇÃONAMENSAGEMPOÉTICAQuesentidoassumemêstesconceitos,umavezapli-cadosàqueletipoespecialdemensagemqueéamen-sagemestética?Considera-secomumentepalavrapoé-ticaaquelaque,pondonumarelaçãoabsolütamente

novasomeconceito,sonsepalavrasentresi,unindo#frasesdemaneiraincomum,comunica,juntamentecomumcertosignificado,umaemoçãoinusitada;atalpon-toqueaemoçãosurgeaindaquandoosignificadonâosefazimediatamenteclaro.Consideremosumamantequedesejeexpressaroseguinteconceitoeoexpressesegundot8dasasregrasdeprobabilidadequeodiscur-solheimpõe:"Asvêzes,quandoprocurolembraral-gunsfatosquemeacantecerammuxtotempoatrás,pa-rece-mequasereverumcursod'água;a'águaquecor-riaemtalcursoerafriaelímpida.Alembrançadêssecursodeáguameimpressionademodoespecial,pois

pértodêleestavasentadaamulhërpelaqualeuestava10á.entãoapaixonado,epelaqualaindahojeestouapai-xonado.Estoutáoapaixonadoporessamulherque,porumadeformaçãotípicadosapaixonados,souleva-doatomaremconsideraçãosòmenteaela,ünicamen-teaela,entretodosossêl~eshumanosdosexofemini-noexistentesnomndo.Dévoacresceritar,semeépernlitidaaexpressqo;queaquêlecursod'ágtía,pelofatodeestàrassociadoemminhamemóriaàlembran-

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ça,damulherqueamo(edevodizerqueessamulherémúitobonita),agorageraemminhaalmaumacertado-çura;oraeu,poroutroprocessocomumaosapaixona-dós,transfiroessadoçuraquesintoparaocursod'águadevidoaoqualasinto:gortantoatribuoadoçuraaocursod'á~lla,comoseelafôsseumaqualidadesua.Istoéoqueeuqueriadizer;~esperotersidobastanteclaro".Assimsoariaafrasedo~nossoapaixonadoseêle,preocupadoemcomunicarumsignificadoincon-testávele..compreensível,respeitassetôdasasleisdaredundância.Compreenderíamosoqueêlediz,mas

talvez,dépoisdealgumtemgo,esqueceríamososfatosna,rrados.rEntretanto,seoapaixonadosechamaFran-cescoPetrarca,passandoporcimadasregrasdecons-truçãocomum,usandotrãnsladosaudaciosos,éliminan-dopassagenslógicas,descurandoatémesmodeavisarquenosfaladeumfatorememoradoedeixando-oper-ceberapanasatravésdousodopretéritoperfeito,nosdirá:,Chiare,fresche,edolciacqueDovelebellemembraPosecaleichesolaamepardonna~.Assimfazendo,emnãomaisde16palavras,consegueatémesmonosdizerquedeumladoêlerecordaede

outroaindaama;enosdiz.comquantainte~nsidádeamaatravésdoprópriomovimentovivacíssimodestalembrançaque.seexprimenumgrito,comaimediatezdeumavisãopresente.Jamaiscomoaquisentimosdepertoaviolênciaeadoçuradeumamor,aqualidadéa,ngustiantedeumarecordação.Recebidaestacomu-(7)AopédaletrnosversosdePetrarcasoarlamassim:"Claras,frescas,edoceságuaaOndeosformososmembrosP8saquelaquesòzinhaamimpareéemulher."(N.doT.)nicação,capitalizamosumaenormetaxadeinforma-çãoacêrcadoamordePetrarcaedaessê.nciadoamor

emgeral.Entreosdoisdiscursosapresentadosnãohánenhumadiferençadssignificado;portanto,nosegun-docaso,aoriginalidadedaorganização,aimprevisibi-lidadeemrelaçãoaumsistemadeprobabilidades,adesorganizaçâonêleintroduzida,foioúnicoelementoquedstprminouoacréscimodeinformação.Eaquirespondemosantecipadamenteaumafácilobjeção:nãoénnicamenteoaumentodeimprevisibi-lidadequedererminaçfascíniododiscursopoético;seassimfôsse,muitdmaispoéticosdeveriamserêstesversosdeBurchiello:Zanzaveratadip,educrifritti#

EbellettiinbrõdettosenzaagrestoDispuiavanconiranelDigestoOveparlade'broccolisconfitti°.Aquidesejamostão-sòmenteafirmarqueumcertomododeusaralinguageminsòlitamentedeterminouoresultadopoético;equeousodasprobabilidatiescon-templadaspelosistemalingüísticonãonosteriapro-porcionadonada.Istoaomenos,desdequeanovida-deestivessemaisnascoisasditasdoquenasexpres-sôes-ounummododereviversentimentoshabi-

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tuais:enestesentidoumjornalfaladoqueanuncia,deacôrdocomtôdasasregrasdaredundância,olança-mentodeumabombaatômicasôbreoRiodeJaneiroseriarepletodeinformação.Masêstediscursónoslevaparaalémdoexamedasestruturasdeumsistemalingüístico(etambémdodiscursoestético:sinaldequeaestéticadeverealmentei~nteressar-semaispelosmodosdedizerdoquepeloqueédltv).Eainda,en-quantoosversosdoPetrarcaveiculaminformaçâoparaquemquerquesaibacolhêrseusignificado,mesmoparaopróprioPetrarca,ojornalfaladosôbreolan-

çamentoat&miconadadiria,aocontrário,aopilôtoqueefetuouolançamento,enáodiriamaisnadaaquem0ouvissepelassgundavez.Estamos,portanto,exa-(ó)Dommicodi(itovanni.dlto"nBurcbiello"(1404-1449)barbeiroepoetsjocowtlormdno;oaversos,aopédaletra;dium:"Gengibradadel~o~frttw/Ecoemédcoeemcaldasemsiedfnba/DlsputavamcominooDlâeato/OndefaladoebrócoHavencidos".(N.doT.)li~übolotemumarelaçãosemmotivoenãonaturalcomaquiloqueindica,ïstoé,ocãopròpriamsntedito(eminglês,noextremoesquerdodotriângulo,teríamos"dog"emlugarde"cão",semqusarelaçãosemo-difique).Masamediaçãoentreosímboloeoreferen-

teédadápela"referência",quenadamais6-comodizUllmanll-que"ainformaçãoqueonometans-miteaoouvinte".Estadefiniçâopodebastarprovisò-riámenteparaindicaralgoque;paraalguns,seráumconceito,paraoutrosumaimagemmental,paraoutrosaindaacondiçãoderrsodosímboloemquestãoétc.Detodomodo,estáclaroque,enquantoarelaçãoen-tresímbolbereferenteédiscutível,edequalquerfor-.-.nanãonaturalPindireta,arelaçãoqueseestabeleceentresímboloereferênciaéimediata,recíprocaere-versível;quemusaa.palavra"cão"pensanosignifi-cado"cão"squemaouveéconduzidomentalmenteaindividuaramesmaordemdefenônxenosdefinível

como"cão";assim,quemquiserindicarumcãoem-pregaráosímbolo"cão".Sãoinfinitasasdiscussõessôbreasrelaçõesentresímbolo,referenteereferência.Aquiassumiremosapnasque,numaperspectivasemiológica,oproblemadoreferentenãotemqualquerpertinência,Ascríticascor-rentesànoçãodereferenteevidenèiàmquesímbo-lonãopodeserverificadocombasenocontrôlecon-duzidosôbreoreferente;podemexistirsímbolosquetêmumareferênciaenãotêmumreferente(como"uni-córnio",queserefereaumanimalfantásticoque,to-davia,nãoexiste;oquenãoimpedeaquemouveapalavra"unicórnio"saberperfeitamented;oqueSeestá

falando);.hásímbolosdiferentescomsignificadodife-rentequedizemrespeitoaomesmorefereqte:exem-plocélebreéoqueconcerneaduasentidadesastronô-micasconhecidaspelosàntigos,a,"estrêladatárde"ea"estrêladamanhã",cujossigniücadossãòbastantedifereptesaopassoquenarealidad.eoreferente,comoosabeaastronomiamoderna,éumsó;e:assimduasexpressôe'staiscomo"minhasogra"e"amãcdemi-nhaespôsa"dizemrespeitoaummesmoreferentc.

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maspossuemsignificadosdiferentesepodemserusá-(11)Veja-aetodoocapftúlo3daobraéipfa.90-I3ÒBmerpcdalforamdiecuddasaspoeiçõeedeBloomgeld(pwats,N.Y.,1933).112'dosemcontextosdiferentesparaindicarsituaçõesafe-tivasopostas.Emalgunssistemassemânticosindica-~secomodenotaçãodeumsímboloaclassedascoisasreaisàqualseestendeousodosímbolo("cão"de-notaaclassedetodososcãesreais),ecomoconota-çãooconjuntodaspropriedadesqaedevemseratri-buídasaoconceitoindicadopelosímbolo(entender-se-

-âocomoconotaçõesde"cão"aquelaspropriedadeszoológicasmedianteasquaisaciênciadistingueocâodeoutrosmamíferosdequatropatas).Nestesentido,adenotaçãoidentifica-secomaextensionalidadeeco-notaçãocomaintensionalidadedoconceito.Emtodocaso,naspáginasseguintesnãousaremos"denotação"e"conotação"nestaacepção.Apresençadoreferente,suaausênciaousuaine-xistência,nãoinfluemnoestudodeumsímboloen-quantousadoemdeterminadasociedadeemrelaçãoadeterminadoscódigos.Nãocabeàsemiologiasaberseounicórnioexisteounão(pertenceâzoologiaeaumahistóriadeculturaquedesejeesclareceropapeldo

imagináriònacivilizaçãodeumaépoca):aopassoqueéimportantesabercomo,emdeterminadocontex-to,aformasignificante"unicórnio"recebedetermina-dosignificadocombasenumsisteznadeconvençôeslingüísticas;equaisassoc:açõesmentais,baseadasem#hábitosculturaisadquiridos,apalavta"unicórnio"pro-vocaemdeterminadosdestinatáriosdamensagem.Nessesentido,portanto,asemiologiaconsideraapenasoladoesquerdodotridngulodeOgden-Richards.Sóqueoconsideramuitoafundo,cônsciadequeaolongodaqueleladoesquerdoseverificamnumerososfenômenosdesignificaçâó.Porexemplo,entreosig-

nificadoeosímbolointerpõem-serelaçõesonorrsia-lógicas(conferem-sedeterminadosnomesadetermina-dossignificados),aopassoqueentreòsímboloeosignificadoínterpõem-serelaçõessemasialógicás(de-terminadossímbolosdesignamdeterminádossignifica-dos).Eaindacomoveremosnaspáginasseguintës-`arelaçãoentreumsímboloeseussignificadospodemudar,crescer,deformar-se:osfmbolopermanececons-tanteeosignificadotorna-semaisricooumaispobre.Esteprocessodinâmicocontínuoseráchamado"senti-do".Eusaremosdestaformaêstestêrmos,definidosdeumavezportôdas,aindaque,paraalgunsautores,êlesdevamserempregadosdemaneiraopostal2.

Mas,parausarostêrmoscornmaiorpropriedade,referir-nos-emosaumasériededistinçõesintroduzidaspelalingüísticasaussurianaequenosparecemmaisapropriadasàimplantaçãodeumapesquisasemiológica(ecomefeitooscapítulosseguintesanadamaisvisamqueaverificarautilizabilidadedestascategoriasparaenform,artambémcertosfenômeno.scomoosvisuais).DeSaussurepropõeumanoçãodesinallingüísticocomosendoumobjetoqueapresentaumaestreitauni-dade(comoasduasfacesdeumafôlha)designifican-

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teesignificado:"osinallingüísticonãouneumácoisaeumnome,masumconceito-eumaimagemacústi-ca"13.Osignificadpnãoéacoisa(osignificado"cãa"nãoéoobjetorealcãòestudadopelazoologia);eosignificanterlãoéaformafônicadonome(aemissãovocal"cáo"queéestudadapelafonéticaequepodeserregistradaporaparelhoseletromagnéticos).Osig-nificanteéaimagemdaformafânica,aopassoqueosignificadoéumaimagemmentatdacoisa,aqlàèta,.,podeterrelaçãoonomasiológicacornoutrossignifica-dos(corfloarbor,tree,baum,arbre,árvoreetc.-).

Oliameentresignificanteesignificadoéarbitrário,masnamedidaemqu_eéimpôstopelalíngua(que,veremos,éumcódigo)osignificadotorna-senecessá-rioparaquemfala.Aliás,éjustamenteestaimposi-ção,queocódigoexercesôbrequemfala,quenosper-mitenãoentendernecessàriamenteosignificadocomoumconceito,umaimagemmental(perigosaconcessão"mentalista"quevaleuàsemiologiasaussurianàcríti-casdeváriosgêneros);e,namedidaemquemaisadiantedefiniremosanaturezadoscódigos,podemosfugirtambémdaidentificaçãoentreosignificadoeousocorrentequesefazdeumsignificante(definiçâomaisempíricadoqueaanterior,quepermitefngirda

(12)Ultmann,porexemplo,propõeumusooposto,colocandoo"sen-tido"novérticedotriânguloeo"significado",comparadoao"meaning",aolongodoladoesquetdo,comoprocessocontínuodesignificação4ueseenriquece.Decidimosater-nos,aoinvés,aousomaiscomumjtmtoaossemiologistasfranceses.(13)FerdinanddeSaussuu,Coursdefinguistiquegénérale,Paris,Payot,1915(0liYro,comosesabe,reFonstituiasaulasministradasdé1906a1911),tracj.ital.sobsupervisãodeT.deMauro,Bari,Later-za.'1967.hipostatizaçãodeumsignificadocomoentidadeplatô-nica,masqueseprestaaoutrasobjeções).Aocontrá-rio,osignificadodeveaparecercomoaquiloqueocó-digocolocanumarelaçãosemasiológicacomosignifi-

cante.Emoutraspalavras,ocódigoestabelecequeumdadosignificantedenotaumdeterminadosignifica-do.Sedepoistalsignificadoserealizanamentede#quemfalasobformadeconceito,ounasociedadesobformademédiadosusosconeretos,tudoistodizres-peitoadisciplinasquaisapsicologiaouaestatística.Paradoxalmente,nomomentoemquesedispõeade-finirosignificado,asemiologiasearnscaade:xardesersemiologia,paratornar-selógica,psicologiaoume-tafísica.Emcertosentido,ofundadordaciênciadossinais,CharlesSandersPeirce,tentavafugirdêsteris-co,introduzindoanoçãode"interpretante",sôbrea

qualvaleapenademorar-nosl4.Numaformaquelembrao,triângulorichardsiano,Peirceentendiaosinal("algoqueestáparaalguémemlugardealgumaoutracoisasobalgumaspectooucapacidade")comoumaestruturatriádicaquétememsuabaseosimboloourepresentamen,pôstoemrela-çãocolilumobjetoquerepresënta;novérticedotri-ânguloosinaltemointerpretante,quemuitossãole-vadosaidentificar.comosignificadoouareferência.Dequalquerxrianeira,cinterpretantenãoéointérpre-

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te,istoé,quemrecebeosinal(mesmoqueemPeircehajaumaconfusãodêstegênero).Ointerpretanteéaquiloquegaranteavalidadedosinalmesmonaau-sênciadointérprete.Poderiaserentendidocomoosignificadoporqueédefinidocomo"aquiloqueosinalproduznaquasementequeéointérprete";mastambémfoivistocomoadefiniçãodorspresentamen(eportanto,aconotação--intensão).Todavia,ahipótesequeparecemaisfe-cundaéadeverointerpretantecomoumaautrare-presentaçâoqueserefereaomesmoobjeto.Emoutros

têrmos,paraestabeleceroquesejaointerpretantede(14)OstextessemióticosdeCharlesSandersPeircetstãoemCol-

lectedPapersofC.S.P.,HarvardUn.Press,1931,1936.Peladificul-dadeemrecenstruiropensamentodePeirce,referimo-nosemnossaex-posição,aNynfaBosco,Lattosojiapragmaticad!Ch.S.PeirceTo-rinoEdizionidi"Filosofia"1959veja-setambémOgdeneRichards,obráctt.,App.D,eM.Bénse,ÁstheHca,BadenBadenAgisVerlag,1%5(ondeporémanoçãode"interpretante"ésobrepostaàde"intér-prete").114.115umsinal,éprecisodes5gná-lomedianteoutrosinal,queporsuaveztemoutrointerpretantedesignávelomoutrosinaleassimpordiante.Abl'ir-se-ia,aestaal-

tura,umprocessodesemioseilimitadaque,emborapa-radoxal,éaúnicagarantiaparaoestabelecimentodeumsistemasemiológicocapazdejustificar-sesòmenteporseusprópriosmeios.Alinguagemseriaentâoumsistemaqueseesclareceporsisó,atravésdesucessivossistemasdeconvençõesqueseexplicamreciprocamente.Pareceriafácilsairdêstecírculo,pensandoque,seeuquiserindicarosignificadodosignificante"cão",bastaapontarodedoparaumcãoqualquer.Mas,àparteofatodequeosignificadode"cão"podesermuitomaisrico,emudardeculturaparacultura(umhinduindicaria,comonós,umavacarealparaestabe-lecerosignificadodosignificante"vaca",eapesardis-

toosignificadode"vaca"éparaêleinfinitamentemaiscomplexodoqueparanós),diantedesignificantescomo"beleza","unicórnio","todavia"ou"Deus"nãopodemosapantarparanada.Oesclarecimentodosig-nificadodetaissignificantes,excluídoorecursoàsidéiasplatônicas,àsimagensmentaiseàmédiadosusos,sòmentepodeserorecorreraoutrossinaisdalínguausada,queotraduzám,definamsuascondiçôesdeemprêgo,emsuma,recorramaosistemadalingaaparaexplicarumseüelemento,aocódigoparaescla-recerocódigo.Nestesentido,sendoalinguagemquefalasôbrealinguagemumametalinguagem,asemiolo-gianoslevariaaumahierarquiademetalinguagens.

Certasteoriasrigorosamenteestluturalistaslimitam-se#adefinirumsignificadoemtêrmosdesuadiferençaeoposiçãocomsignificadosvizinhosnoâmbitodames-malíngua,ouemcomparaçâocomsignificadosdeou-traslinguas.Dequalquerforma,fiqueclaroquease-miologianãoestudaosprocessosmentaisdosignificar,masapenasasconvençõescomunicativascomofenô-menodecultura(nosentidoantropológicodotêrmo).Nessesentido,nãoesgotaoproblemadacomunicação,

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limitando-seaindividuá-loondeéreconhecíveledes-critível.Combasenumcódigo,dado,umsignificantedenotaportantoumsignificado.Arelaçãodedenotaçãoéumarelaçãodiretaeunívoca,rig'tdamentefixadapelocó-digo,nosentidoemque,noexemplodareprêsa,ABCdenotava"nível0".Masvimosqueonossohipotéti-codestinatáriohumanodamensagern,tendorecebidoABC,oentendetambémcomo"perigo".Diremosquenessecasoosigpificante,alémdedénotar"nível0",conotatambém"perigo".

IArelaçãoformadoportòrnamjuntos;centadols.,deconotaçãocoloca-sequandooparsignificanteesignificadodenotadoseosignificantedeumsignificadoacres-Porexemplo,otêrmo"cão"denotacertotipodeanimal(ointerpretantepoderiaseraimagemdeumção,adefinição'"animalquadrúpedequelateparaaluaànoite"etc.),masconotatambém"mautenor".Porémosignificado"cão"nãoseencontranomesmo

tipoderelaçãosejacomoconceitodecão,sejacomodemau'tenor.Indica-secomo"cão"ummautenorporqueseassociaoconceitodecantorinábilnãoaumaimagemacústica,masaoutroconceito,odeumanimaldevozde'sgraciosa.Portanto,aconotaçãoseestabelecenãocombasenosimplessignificante,masnosignificanteenosignificadodenotativounidos.Poderádepoisocorrerqueestaconotaçãogereumasegunda,emrelaçãoàqualosignificadojáconotadosetornesignificantedonôvosignificado.Porexemplo,numaexpressâocomo:"emseuduëtocomaoposiçãoomi-nistroXcomportou-sécomonmcâo",ojôgodasme-táforasedassimilitudes("dueto"émetáfora,"como

umcãõ"ésimilitude)baseia-seemmecanismoscono-tativos;decompostáemseuscompanentessemiológi-cos,aexpressãonosdáumadenotaçãoprimária,daqualgeraumaprimeiraconotação(cão=mautsnor)d'aqualgeraumasegundaconotação(mautenor=maupolítico),segundoumesquemadêstetipo:(15)Veja-seespecialmenteBarthes,Elementtdt.SemiotoRia,Torino,I%6,capIVOpreblemaéretomadoeaprofundadoporRolandBar-thesemSystèmedeIaMode,ParisSeuil1967.Paraoutraacepçãodeconotação(entendidamaiscomoauraemntivaquesecriaemtdrnodotêrmo,potevocaçãoindividual),v.CharlesBally,Linguisticagene-rafe,Milano,Saggiatore,1963(especialmenteaSeçãoSegunda).Mas,comobemressalvaCesareSegrenaNotaintroduttivaalingüfstica

deBallyélingüísticadaparole,alémdelingüísticadafangue,acentuaosvaloresafetivosqueseestabelecemnoexercíciocon-creto,processualdalinguagem,eportantoélevadaaindividuaromovi-mentogeradordesignificadosondeaindanãoexisteumcódlgoquefixesuascorrespondências,masoprocessolingüístico,sintético"aprox'ma-sedanebulosaprimitiva,istoé,opensamentonâocomunicado"(pág.171).r16s...Ss.5S

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Ora,todosquantosusamocódigodalinguaportu-guêsasabemoquedenotaapalavra"cão".Nãoé#igualmentecertoquetodossaibamqueconota"mautenor",ecomfreqüênciaestaconotaçãoéevidenciadasòmentepelocontextodoenunciada.Eéaindamaisfácilquecertosdestinatáriosnãocaptemasemelhan-çaentretenorehomempolítio,evidenciadapelapa-lavra"duetó",epercamestasegundaconotação.Dire-mospois`que,enquantoossignificadosdenotativossãoestabeleçidospelocódigo,ossignificadosconotativos

sâoestabelecidosporsubcódigosou"léxicos"específi-cos,comunsacertosgruposdefalantesenãónecessà-riamenteatodos;atéolimitéextremoemque,numdiscursopoético,umaconotaçãoéinstituídapelapri-meiravez(umametáforaarrojada,umametonímiainu-sitada)e,nessecaso,odestinatá.riodeveinferirdocontextoousoconotativoproposto(salvoseaexpres-sãotiversorte,passaraintegraraquelamodalidadedeemprêgonasnormasdeusohabitual,eportantonumléxicoconotativoaceitoporumglv.podefalantes).NocasodonossohomemquerecebeamensagemABC,acorrespondênciaentre"nível0"(significadodenotado)e"perigo"(significadocanotado)éestabe-

lecidaporumsistemadeconvençõestãoforteapontodeidentificar-sequasecomocódigodenotativo.Mas,aoreceber'ABC,odestinatáriohumanopodeligarosignificadodenotativoaoutrossignificadoscoligados:pod=se-lheabriraquiloqueévariadamentedefinidorcomo"camposemântico","constelaçãoassociativa""campoassociativo"ou"camponocional"ou"carre-fourlïngüístico"Iepeloqualapalavravácapodelembrar118àminhamenteasidéiasdepasto,deleite,detrabalho,deserenidadeagreste,demugido;saumhinduasidéiasderitualidade,religiosidade,respeito,eassimpor

diante.Assim,nossodestinatáriodamensagemABCpodeligaraêstesinal(significantemaissignificado)asidéiasdemorteiminente,ruínadaaldeianovale,casas;destruídas,alarme,insuficiênciadossistemasdecon-trôleedeintervenção,conformeaistoopredisponhasuaexperiênciaanterior.Namedidaemquetalexpe-riência,quesetraduziuemsistemasdeexpectativas,éco-participadaporoutros,aconotaçâoéprevistaporumléxicoconotativo(querdizerque,convencional-mente,proverbialmente,ABCpodeconotaralarmeoucasasdestruídaspelaaluvião).IOsignificanteapresenta-seentâocadavezmaisco-

moformageradoradesentido,queseenchedeacúmu-losdedenotaçôeseconotaçõesgraçasaumasériedecódigosedeléxicosqueestabelecemsuascorrespondên-ciascomgruposdesignificados.Nestesentido,amensagemcomoformasignificante,quedeviaconstituirumareduçãodainformação(e,comosinalfísico,acon.stitui)-poisrepresentaumaescolhadeálgunsenãodeoutrosentreosváriossím-boloseqüiprováveis(emboraemrelaçãoaocódigoco-mosistemadeprobabilidades)-defatorepropôe-se,

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assimcomosaidocanaleétraduzidapeloreceptornumaformafísicareconhecívelpelodestinatário,comofontedemensagens-significadospossíveis.Elapossuientãoamesmacaracterística(nãoomesmograu)dedesordem,deambigüidade,deeqüiprobabilidadequeeramprópriasdafonte.Enessesentidopodemosfa-lardeinformação,comovalorconsis_tentenariquezadeescolhaspossíveis,individuávelaoníveldámensa-gem-significante;informaçãoqueéreduzidasòmentequandoamensagem-significante,referidaadetermina-dosléxicos,setornamensagem-significado,eportanto

escolhadefinitivaefetuadapelodestinatário.Estainformaçãodamensagemnâoéomesmotipo#deinfc5rmação,dafonte:aquelaerainformaçãofísics,computávelqüantitativamente,eestaéinformaçãosè-16SãoasteoriasdeTrier,Mator,Sparberete.,examinadasporGuiraud,LasemanFica,cit.miológica,nãocomputávelquantitativamente,masdfinívelatravésdasériedesignificadosquepodegerar,umavezpostaemcontatocomcódigos.Aquelaeraeqüiprobábilidadeestatfstica,estaéumfeixedeproba-bilidadesbastanteamplomasnãoindetefminado.Aqulaerareduzidapelocódigo,comocorreçãoemtêrmos

deprobabilidade(eapesardisto,sempreabertosasaí-daspossíveis);estaéreduzidadefinitivamentepelaela-boração,pelaescolhadeumamensagem-significado:Masambassãodefiníveiscomoestadodedesardememrelaçãoa.umaordemsubseqüente;comosituaçãoambfguaemrelaçãoaumaenformaçâoulterior;comopossibilidadedeeseolhasalternativas,escolhaaserfei-ta,emrelaçãoaumsistemadeescolhasefetuadasqueserásuaconseqüência.Umavezestabelecidoqueainformaçãosemiológicanâopossuiomesmograudainformaçãofísica,náoserá,cóntudo,neminoportunonemilegítimodenomi-narambas"informação",constituindoambasumesta-

dodeliberdadeemrelaçãoadeterminaçõesulterioreslrJQuaissãoosgrausdainformaçáosemiológica,esô-breoqueinformam?Voltemosaonossomodêloedemosalgtmsexemplos:1)Odestinatárioquerecebeamensagemdafonte,emlu-gardeumdossinaisprevisíveis,compreendidosnafaixadeprobabilidadesdocódlgo(veja-sequadroàpág.106)-istoé;sinaiscoinoABÇ,ABouBD-recebeumsinalque,deac8rdocomocódxgo,nãódeveriasignificarnada:suponha-mos"A-A-B-A-A-C".Seodestinatáriofôrumamáquina,nadaacontece;elanãorecebeuinstruçõesapropósitoeconsideraamensagemcomoruído.'

Seafontef8rumamáquina,odestinatáriohumanoestáautorizadoapensazemruído.Masseafontefôrumserhumanoemitente,odestinatácio,supondoümaintençãònafor-mulaçãodamensagem,interroga-sesôbresuanatureza.Aformadamensagempazece-lheambfgua.Atéquepontoestaambigüidadenãolheparececlaramenteruídoeolevaaapro-fundarainterrogaçãodamensagem?Estaperguntaabreaproblemáticadamensagemambíguaedamensagemdefunçãoestética.(17)Estasexpllcaçõespretendemrespondertambémàsobjeções(fei-

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tasàprlmeiraediçãodeObraAberta,eànoçãode"informação"nelaproposta)deEmilloGarroni,emLacrlsisemantrcadellearti,Roma,Officlna,1964,págs.233-262.2)Amensagemambíguaindicaodestinatárioqueerapossívelusarocódigodemodoinusitado.Põe-seassimemquestãoocódigo.Tambémêstepontoliga-seàproblemáticadamensagemestética.Comoquê,reconduzimosolongodiscursosôbreateoriadainformaçãoaoproblemaquenosinteressa:etodaviadevemosperguntar-nosseaindaélegítimoapli-cartaisconceitos,àguisadeinstrumentasdepesqui-

sa,àsquestõesdeestética.Aomenospelofatodeterficadoclaroqueosentidoestatísticode"informação"émuitomaisamplodoqueocamunicativo.Estatisticamente,tenhoinformaçãoquando-aquémdetôdaordem-disponhodapresençasimultâneadetôdasasprobabilidadesaoníveldafontedeinformaçâo.Aocontrário,comunicativamente,,tenhoinformaçãoquando:1)noseiodadesordemoriginalrecorteieconstituíumaordemcomosistemadeprobabilidades,istoé,umcódigo;2)noseiodêstesistema,semvol-taraquém(antesdêle),introduzo--atravésdaelabo-raçâodeumamensagemambíguaemrelaçãoàsregrasdocódigo-elementosdedesordem,que,numaten-

#sãodialética,secontrapõemàordemdefundo(amen-sagempõeemcriseocódigo).Seráportantoprecisoexaminarcomoseapresentaoemprêgodestadesordemvisadaemfacedacomuni-caçãodeumdiscursopoético,levandoemcontaqueestadesordemnãopodemaisseridentificadacomanoçãoestatísticadeentropiaanãoseremsentidotrans-latv:adesordemquecomunicaédesordem-em-relação--a-uma-ordem-anterior.11.DiscursopoéticoeinformaçãoOexemplodePetrarcaenquadrava-separticularmen-tenestecontexto:sugeriu-nosaomenosaidéiadeque,

naarte,umdoselementosdepeculiaridadedodiscur-soestéticoéfornecidopelaquebradaordemprobabi-lísticadalinguagem,ordsmaptaaveicularsignifica-dosnormais,justamenteparaaumentaronúmerodesignificadospossíveis.pstetipodeinformaçãoétípicodetôdamensagemestéticaecoincidecomaquelaaber-turabásicadetôdaobradearte,consideradanoca-pítuloantsrior.Passemosagoraaconsiderarexemplosdeumaartemodernaemquesepretenda,voluntàriamente,acres-cerosignificadocomumenteentendido.Segundoasleisdaredundância,sepronunciooar-tigo"o",apossibilidadedequeagalavraseguinteseja

umpronomeouumnomeéaltíssima;esedigo"nocaso",éaltíssimaaprobabilidadedequeapalavrase-guinteseja"de",enão"elefante".Isto,nodiscursocomum,eébomqueassimseja.Weaver,quedáexem-plosdêstegênero,concluidizendoque,poroutrolado,ébaixíssimaaprobabilidadedeumafrasecomo"emConstantinoplapescandoumcravodesagxadável";isto,naturalments,segundoasleisestatísticasqueregemalínguacomum;maséimpressionantecomoumafrásedêstegêneroseparececomumsxemplodeescrita

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autom.áticasurrealista.LeiamosagoraL'Isola(AIlha),deUngaretti:Aunaprodaoveseraeraperennedianzianeselveassorte,scesees'inoltròeiorichiamòrumoredipennech'erasiscioltodallostridulobatticuoredell'acquatorrida...'8.'Édesnecessárioapontaraoleitor,umaauma,ascontravençõesàsleisdeprobabilidade,típicasdalin-guaitaliana,presentesnessespoucosversos.Eéigual-

mentedesnecessárioiniciarumalongadiscussãocríti-caparademonstrar-lhequeaolerestapoesia--ab-solutamentedesprovidade"significado"naacepçãoco-mumdotêrmo-reoeboumamassavertiginosadeinformaçãoacêrcadestailha,maisainda,cadavezquevoltoalerapoesiaaprendoalgomaissôbreela;amensagemparecepoliferaracadaleitura,abrir-separacontínuasperspectivas-eerajustamenteoqusde-sejavaopoetaaoescreverssusversoseoqueprocura-vanoleitoraólevaremcontatôdasasassociaçõesquéaaproximaçáódeduaspalavrasdessuetaspodiasuscitar.Eseateiünologiatécnicadateoriadainfornlaçãonosdesagrada,podeinosdizerqueaquelaquecapitali-

(18)"Aumapraiaoadetardeeraperene/deanciãsselvâaabsor-tas,desceu/eadentrou-se/edespertou-orumordepeAas/quesehaviadesatadodaestrfdula/palpitaçãodaáguatórrida...'.(N.doT.)zamosnãoé"informação",mas"significadopoético,significadofantástico,sentidoprofundodapalavrapoé-tica";separando-odosignificadocomumteríamosafi-nalfejtoamesmacoisa;eseaquiaindairemosfalardeinformaçãoparaindicarariquezadossentidoses-téticosdeumamensagem,istoseráfeitoafimdereal-çarasanalogiasquenosinteressaml9.Lembremosmaisumavez-paraevitarequívocos#-que,postaaequação"informação=opostodo

significadounívoco",estaequaçâonãodeveterfun-çãoaxiológicaenãodeveintervircomoparâmetrodejuízo:poisnessecaso,comojávimos,osversosdeBurchielloseriammaisbelosdoqueosdePetrarca,equalquercadáverdeliciososurrealista(qualquercravodesagradávéldeConstantinopla)teriamaisvalor'doqueosversosdeUngaretti.Oconceitodeiriforma-çãoajudaacompreenderumadireçãonaqualsemoveodiscursoestético,enaqualintervêmsucessivamenteoutrosfatôresorganizativos:istoé,cadarupturadaorganizaçãobanalpressupõeumnôvotipodeorgani-zação,queédesordememrelaçãodorganizaçãoante-rior,fnaséordememrelaçãoaparâmetrosadotados

nointeriordonôvodiscurso.Todavia,devemosreco-nhecerque,enquantoaartclássicarealizava-secon-trariandoaordemconvencionaldentrodelimitesbemdejinid,os,aartecontemporâneamanifesta,.dentresuascaracterísticasessenciais,ádecolocarcont3nuaménteumaordemaltamente"improvável"emrelaçãoàor-demdaqualseparte.Emoutras.palavras,enquantoaarteclássicaintroduziafigurasoriginaisnointeriordeumsistemalingüísticocujasregrasbásicasrespeitavasubstancialmente,aartecontemporâneaconeretizasua

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(19)Éoproblemaquesehaviamcolocadoosformalistasrussos,sempensá-loemtêrmosdeinformação,aoteorizaroefeitodeeslrarnhamento(priëmostrannenija).Eespantosopensarqueóartigo'deSklovsky,Iskusstvokakpriëm(Aartècomoartifício)'-queéde1917Jantecipassetôdasaspossfveisaplicaçõesestéticasdeumateoriadainformação,queaindanãoexistia.OestranhamentoeraparaSklovskyumdesviardanorma,umgolpearoleitorcomumartifíciocontrárioaseussistemasdeexpectativasecapazdefixarsuaatençãos8breoele-mentopeéticoquelheerapreposto.Eleanalisacertassoluçõesestilfs-ticas.deTolstoi,ondeoautorfingenãoreconhècercertosobjetoseosdescrevecomo'seosvissepelaprimeiravez.Amesmapreocupaçãoestá

presentenaanáliseqüeSklovsky.fazdeTristramShandy:aquitàmbémêlecolecaemevidênciaasçonstantesviolaçõesànormaemqueéfun-damentadooremance.Veja-seErlích,ob.cit.,e-paraumatraduçãofrancesadotextodçSklovsky-v:aantologia(compiladaporS.Todo-rov).Thédriede!alittératqre.Paris,Seutl,1966(ondecontudootêrmo"ostrannenija"étraduzidoporsingularisàtion-expressãoabsolutameateinfielaoconceito).122originalidadeestabelecendo(àsvêzesobraporobra)umnôvosistemalingi?ísticoquetrazemsisuasnovasleis.Narealidade,maisquedeinstauraçâodeumnôvosistema,pode-sefalardeummovimentopendularcon-tínuoentrearecusadosistemalingüísticotradicional

e.suaconservação;seintroduzíssemosumsistemaab-solutamentenôvo,odiscursodissolver-se-ianainco-municação;adialéticaentreformaepossibilidadedesignificadosmúltiplos,quejánospareceuessencialàsobras"abertás",realiza-sejustamentenestemovimen-topendular.Opoetacontemporâneopropõeumsis-temaqusnãoémaisodalínguaemqüeseexprime,mastambémnãoéodeumalínguainexistente2°;:in-troduzmódulosdedesordemorganizadanointeriordeumsistemaparaaumentar-lheapossibilidadedeinfor-mação.ÉmaisdoqueevidentequenosversoscitadosdePetrarcaháumatalriquezadesignificadosquenão

têmnadaainvejaràpoesiacontemporânea:nêlessem-prepoderemosencontraralgodegenuínoedenôvoacadaleitura.Masexaminemosagoraoutralíricadeamor,anossover,umadasmaisaltasdetodosostempos,Lefrontauxvitres...d.eEluard:LefrontauxvitrescommefantlesveuilleursdechagrinCieldontj'aidépassélanuitPlainestoutespetitesdansmesmainsouvertesDansleurdoublehorizoninerteindijférent#LefrontauxvitrescommefiontlesveilleursdecharinJetecherchepardelà1'attenteJetecherchepardeldmoi-même

Etje'nesaisplustantjet'aimeLequeldenousdeuxestabsent.rartodaviaumaorderilunidirecionaldamensagemnaqual,juntamentecomumaorganizaçâooriginaldeele-mentosfônicos,ritmos,soluçõessintáticas(quecons-tituiaindividualidadeestéticadodiscurso),seveiculas-sesimultâneamenteumsignificadosemânticodétipocomum,compreensíveldeumaúnicamaneira;aoinvés,emEluard,aintençãoabertadefazercomqueari-quezadossentidospoéticosnasçajustamentedaam-

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bigüidadedamensagem:asituaçâode,expectativa,detensãoemotivasurgejustamentedofatodequeopoe-tasugere,juntos,muitosgsstósemuitasemoçõesentreasquaisoleitorpodeescolherasquemelhorointro-duzamàco-participaçãodomomentoemotivodescri-to,integrandoassugestõesrecebidasâcontribuiçãodesuasprópriasassociaçõesmentais.Tudoissosignificasòmsntequeopoetacontempo-râneoconstróisuamensagempoéticacommeiosesis-temasdiferentesdosdopoetamedieval:nâosedis-cutemósresultados,eumaanálise,deobradearte

emtêrmosdeinformaçãonãovisaavaliarseuresulta-doestético,maslimita-seünicamenteaesclareceralgu-masdassuascaracterísticasepossibilidadescomunica-tivas.Masdestacomparaçãosurgemduaspoéticasdiferen-tes:asegundatendeaumamultipolaridadedaobraetemtôdasascaracterísticasdeumacriaturadeseutempo,deumaépocanaqualcertasdisciplinasmate-máticasinteressam-sepelariquezadosconteúdospos-síveisemmensagensdaestruturaambíguá,abertasmul-tidirecionalmente.APLIÇAÇÕESAODISCURSOMUSICALNotaremosqueasituaçãoemotivaémaisoumenos

amesmadeChiare,fresche,edolciacque:contudo,independentementedaincontestávelvalidadeestéticadosdoistrechospoéticos;oprocedimentocomunicati-voéradicalmentediferente.EmPetrarca,aparcialrupturadeumaordemdalíngua=código,parainstau-(20)A'ssimfaziamcertosdadáfstas,eno"CabaretVoltaire"deZu-rique,em1916,HugoBatlrecitavaversosnumaespéciedejargonfan-tástico;eassimvemfazendocertavanguardamusical,confiandodnica-mentenaescolhafelizdoacaso.Masêssessãoexemplos-limite,cujovalorexperimentalconsistejustamentenafixaçãodasfronteitas.Transpondooqueacabamosdedizerparaoplanomusical,osexemplossãointuitivos:umasonataclás-sicarepresentaumsistemadeprobabilidadesemcujo

âmbitoéfácilpredizerasucessãoeasuperposiçãodostemas;osistematonalestabeleceoutrasregrasdepro-babilidadecombasenasquaismeuprazereminhaatençãodeouvintesãodadosjustameritepelaexpecta-tivadedeterminadasresoluçõesdodesenvolvimentomu-sicalsôbreatônica.Nointeriordêssessistemasestáclaroqueoartistaintroduicontínuasrupturasdoes-125quemaprobabilísticoevariainfinitamenteoesquemamaiselementar,cueérepresentadopelasucessâoemescaladetodosossons.Osistemadodecafônicoénofundooutrosistemadeprobabilidades:Quando,aocontrário,numacompósiçãoserialcontemporâhea,o

músicoescolheumaconstelaçãodesonsaserrelacio-nadademodosmúltiplos,êlequebraaordembanaldaprobabilidadetonaleinstituiulnacertadesordemque,emrelaçãoàordemdepartida,éaltíssima:introduz,contudo,novosmódulosdeorganizaçãoque,opondo--seaosvelhos,provocamumaampladisponibilidadedsmensagsns,portantoumagrandeinformáção,eper-#mitemtodaviaaorganizaçãodenovostiposdedis-cursd,porconseguinte,denovossignificados.Aqui

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tambémtemosumapoéticaquesapropõeadisponibi-lidadedainformaçâoefazdessadisponibilidadeummétododeconstrução.Ysonãodeterminaor,esultadoestétiço:milconstelaçõescanhestrasdesonsdesvincu-ladosdosistematanaldir-me-ãomenos(meinforma-râomenos,meenriquecérãomenos)doqueEinekleineNachtmusik.Todavia,constata-sequeanovamúsicasemoveparaumadireçãoconstrutiva,àprocuradeestruturasdediscursonasquaisapossibilidadedere-sultadosdiversosapareçacamofimprimeiro.HáumacartadeWebernaHildegardJoné2lque

dizassim:"Encontreiumasérie(querdizerdozesons)quejácontémemsimesmaumaquantidadederela-çõesinternas(dosdozesonsentresi).Fatoêssequetalvezseassemelheaumcélebréditoárïtigo:SÁTORAREPOTENETOPERAROTAS"Aserlidoumavezhorizontalmente...depoisver-ticalmente:decimaparabaixo,paracima,parabaf-xo...ete."Parece-nosestranhoqueWebernprocuras-separaáuaconstelaçãoumparalelodêssegêwero,

poisessaconheçidíssimaconstrução,legívelemmuitossentidos.éamesmaqueétomadacomoexemplope-(21)Veja-seBrie)e(trad.ital.:VersoIanuovamnsiça.Milano,Bom-piani,1963).losestuaiososdainformaçãoquandoexaminamatéc-nicadeconstruçãodaspalavrascruzadas,paraestudaraspossibilidadesestatísticasqueduasoumaisseqüên-!ciasdeletrastêmdecombinar-seemmensagensdife-rentes.AimagemqueWebernteveporanalogiaéaimagemdeumexemplotípicodaestatística,datèriadaprobabilidadeedamatemáticadainformação.Es-tranhacoincidência.MesmoconsiderandoqueparaWebernêsseachadotécnicoerasòmenteumdosmeios

organizativosdeseudiscursomusical,enquantoquenaconstruçãodeumpuzzeumaanálisecombinatóriadêssetiporepresentaopontódechegada.Umaconstelaçãoéumelementodeordem:portan-toapoéticadaabertura,aindaqueimpliquenapes-quisadeumafontedemensáveispossíveisprovidadeumacertadesordem,procuracontudoréalizaressacon-diçãosemrenunciaràtransmissãodeumamensagemiorganizada:oscilaçãopendular,dissemos,entreumsis-'temadeprobabilidadesjáinstitucionalizadoeadesor-derdpiua:orgartizaçãooriginaldadesordem.Estaos-cilação,pelaqualoaumentodesignificadocomportaperdadeinform.açãoeoaumentodeinformaçãocom-

portaperdadesignificado,éconsideradaporWeaver:,"Tem-seavagasensaçãodequéainformaçãoeosig-nificadopossamseralgodeanálogoaumpardeva-riáveisconjugadascanônicamentenateoriadosquan-ta,istoé,queainformaçãoeosignïficadopossamsersubmetidosaalgumarestriçãocombinadaqueimpli-quenosacrifíciodeumdêlesseinsistirmosemobterdemaisdosoutros".Aireformação,aardemeadesordemUmacuidadosaaplicaçâodaspesquisassôbreinfor-

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maçãoàestéticmusicalfoirealizadaporAbrahamMoleseminúmerosestudos,resumidosnovolumeThéoriede1'informationetperceptionesthétique'Mo-lesaceitaclaramenteumanoçãodeinformaçãocomodiretamenteproporcionalàimprevisíbilidadeenitida-(22)wweaverobclr.pág.141.(23)Farb,FlaaimationÏ958.Artïgoeanterloreaebbnomenmosa-amtoapserr:memátioónúmeroadotCaktrrad'ítudaadeRadio-#-Tttívtalan.126`127

mentedistintadosignificado.Eoproblemaquesecolocaéodeumamensagemricadeinformaçãoen-quantoambíguae,porissomesmo,difícildedecodi-flcar.Éumproblemaquejáindividualizamos:aovi-saraomáximodeimprevisibilidadevisa=seaomáximodedesordem,noqualnã.osóosmaiscomuns,masto-dosossignificadospossíveis,resultamnãoorganizá-veis.Evidentemente,éêsteoproblemabásicodeumamúsicaquevisxaabsorvertodosossonspossíveis,alargaragamadossonsaproveitáveis,permltirain-tervenção.doacasonoprocessodacomposiçãó.Apo-lêmicaentreosdefensoresdamúsicadewangúardaeseuscríticos2desenvolve-sejustamenteemtôrnoda

compreensibilidadeoumenosdeumfatosonorocujacomplexidadesuperequalquerhábitodoouvidoequal-quersistemadeprobabilidadescomolinguainstitucio-nalizada.Eparanósoproblemaésempreodadia-léticaentreformasabertura,entrelivremultipolarida-deepermanência,navariedadedospossfveis,deumaobra.Paraumateoriadainformaçãoamensagemmaisdifícildetransmitirseráaquelaque,recorrendoaumaáreamaisampladesensibilidadedoreceptor,aprovei-tarumcanalmaisvasto,maisdispostoadeixarpas-sarumgrandenúmerodeelementossemfiltrá-los;êssecanalveiculaumavastainformação,mascorreorisco

deserpoucoounadainteligídel.QuandoEdgardAllanPoe,emsuaPhilosophyofComposition,punhalimitesdeextensãoàboapoesia,definindócomotalaquelaquspodeserlidanumaúnicaassentada(poisoefei-tóglobal,paraserválido,nãopodeser`racionadoeadiado),narealidadeêlepropunha-seoproblemadacapacidade,porpartedoleitor,derécebereassimilarainformaçâopoética;eoproblemadoslimitesdaobra,problemaqueretornafreqüentementenaestéti-caantiga,émaisimportantedoquepareceeexpressaapreocupaçãoacêrcadarelaçãointerativaentreosu-jeitohumanoeamassaabjetivadeestímulosorgani-zadosàguisadeefeitoscompreensíveis.EmMoles,

êsseproblema,enriquecidodeconsciênciapsicológicaefenomenológica,torna-seoproblemadeum"limiarperceptivodaduração":dadaumacurtasucessãode(24)Veja-seIncontr!Mustcali,III,1959,comapolámicaentreHenriPousseureNicolasRuwet.128fatosmelódicos,repetidacomvelocidadesemprecres-cente,chega-seaumpontoemqueoouvidonãomaispercebesonsdistintosmasapenasumamálgamaso-noroindiferenciado.Esselimiar,mensurável,indica

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limitesintransponíveis.Mastudoissosignificajusta-menteoquejáfoidito,istoé,queumadesordempura,nãopredispostaemvistadeumarelaçãocomumsujeitohabituadoamover-seentresistemasdeprobabilidades,nãoinformaamaisninguém.Aten-dênciaàdesordem,quecaracterizapositivamenteapoé-ticadaabertura,deverásertendênciaàdesordemdo-minada,àpossibilidadeabrangidaporumcampo,àliberdadeveladaporgermesdeformatividadepresen-tesnaformaqueseofereceabertaàslivresescolhasdofruidor.

Entreaproposiçãodeumapluralidadedemundosformaiseaproposiçãodocaosilldiferenciado,des-providodequalquerpossibilidadedefruiçãoestética,adistânciaécurta:sòmenteumadialéticapendularpodesalvarocompositordeobrasabertas.Exemplotípicodessacondição,parece-nos,édadoplócompositoreletrônicoque,dispondodoreinoili-mitadodossonsedosruídos,podeservencidoedo-#minadoporêle:êlequerofereceraoouvinteumma-terialsonorodeextremaecomplexaliberdade,masfalasempreemtêrmosdefiltrágememolltagemdeseumate-.rial:jintroduzabscissascomoqueparacanalizaradesor-

demelementardentrodematnze5depossibilidadeorientada.Nofundo,comobemobservaMoles,emseuextremo,adiferençaentreperturbaçãoesinalnãoexiste:elasóépostaporumatointencional.Nacom-posiçãoeletrônicaadiferençaentreruídoesomdesa-parecenoatovoluntáriocomqueocriadorofereceaoouvinteseumagmasonoroparaserinterpretado.Masnessevisaràmáximadesordemeàmáximain-formaçãoêledevesacrificar(felizmente)algodesualiberdadeeintroduziraquêlesmódülosdeordem'queirãopermitiraoouvintemover-sedemodoorientadonomeiodeumruídoqueinterpretarácombsinal,por-queperceberáquefoiobjetodeumaescolhaeque,

emcertamedida,foiorganizado.(25)Veja-seMoles,ob.ctt.,pág.88."Silamatièresonoredubruitblancestinforme,quelestlecaract8red'brdremlnimumqu'ilfautluiapportetpourluiconféreruneidentité,quelestleminimumdeformeMolesacreditapoderindividuar,comojáfêzWea-ver,umaespéciedeprincípiodaindeterminaçãoquslimitaainformaçãoaoaumentarainteligibilidadQ;dan-doumpassoàfrenteereputandoseressaindetermi-naçãoumaconstantedomundonaturalemcertonível,expressa-aporumafórmulaquelheparecelembrardepertoaquelaqueexprimeaincertezadasobserva-çõesnafísicaquântica.Masaestaaltura,seameto-dologiaealógicadaindeterminação,talcomaapare-

cemnasdisciplinascientíficas,reprssentam,peranteaexperiênciaartística,umfatoculturalqueinfluinaformulaçãodaspoéticassemconstituircontudosuaex-plicaçãorigorosa,traduzívelemfórmulas,êssesegun-dotipodeindeterminaçãoaoníveldarelaçãoliber-dade-inteligibilidade,aocontrário,nosparecenãosermaisumacontribuiçãodasciências,queinfluenciemaisoumenosdelongeasartes,masumacondiçãomesmadadialéticaprodutivae.dalutaconstantedel'ordreetdel'aventure,comodiriaApollinaire;acon-

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diçãomesmapelaqualtambémaspoéticasdaaberturasãopoéticasdaobradearte.111.InformaçãoetransaçãopsicológicaTôdasessasdiscussõesnosdemonstraramqueaspesquisasmatemáticassôbreainformaçãopodemofe-recerinstrumerltosdeesclarecimentoeumdebatesô-breasestruturasestéticas;equeaspesquisascientífi-casexprimemumatsndência,comumàsartes,aopro-váveleaopossível.'Maséóbvioqueateoriadainformaçãomedeumaquantidade,nãoumaqualidade.Aquantidadedein-

formaçãodizrespeitoexclusivamenleàprobabilidadedoseventos:diversoéovalordainformação,quedizrespeito,aocontrário,aonossointerêssepessoalporela2s.Ora,aqualidadedainformaçãonosparecejus-tamenterelacionadacomseuvalor.Istoé,paraafir-maroquantovaleparanósumasituaçâodeimprevisi-bilidade(estatisticamenteapurável,trate-sedeumbo-speMralequ'ilfautluifournirpour1uidonnercetteindividualité?"8teéjustamenteoproblemadecomposiçãodomGsicoeletrdnico.(26)Goldman,obctt.,pá.69.letimmeteorológico,dePetrarcaoudeEluard),dequaisatributospeculiaressejaveículo,énecessárioto-marémconsideraçãojuntamentecomofatoestrutural

tambémanossaaténçãoparaofatoestrutural.Aêssepontoatemáticadainformaçãosetornatemáticadacomunicaçâo.Eaatençãodeverádeslocar-sedamen-sagem,enquantosistemaobjetivodeinformaçõespos-síveis,paraarelaçâocomunicativaentremensngemerecepto:relaçãonaqualadecisãointerpretativado#receptorpassaaconstituirovalorrealdainformaçãopossível.Aanáliseestatísticadaspossibilidadesdeinforma-çâodeumsinalé,nófundo,umaanálisedetiposin-tático:asdimensõessemânticaeprcrgmáticanelainter-vêmapenassecundàriamente,umanodefiniremque

casoseemquecircunstânciasumadadamensagempodedar-memaisinformaçõesdoqueoutra,asegun-danoesboçarocomportamentosubseqüentequeumadadainformaçãopodesugerir-me.Atransmissãodesinaisconcebidossegundoumcó-digorigoroso,fazendousodeumaabundanteredun-dância,podiaserexplicadamesmosemrecorreràin-tervençãointerpretativadoreceptor,poisaquientraemjôgoorepertóriodosvaloresconvencionaisqueumacomunidadeconfereaoselementosdeumamen-sagem.Entretanto,atransmissãodeumaseqüênciadesinaiscomumaredundânciaescassa,comaltadosedeimprobabilidade,requerque,naanálise,seconsi-

deremasatitudeseasestruturasnlentaiscomqueoreceptorselecionaamensagem,introduzindonela,atítulodeliberdadedeescolha,umaprobabilidadequedefatoseencontranamensadem,masjuntoamuitasoutras.Istosignifica,certamente,introduziropontodevis-tadapsicologianaanáliseestruturaldosfenômenoscomunicativos:eaoperaçãoparececontradizerospro-pósitosantipsicalogistasquenortearamasdiversasme-todologiasformalistasaplicadasàlinguagem(deHus-

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serlaosformalistasrussos).Mas,sepretendemosexa-minaraspossibilidadesdesignificaçãodeumasstrutu-racomunicativa,nãopodemosprescindirdopólo"re-ceptor".Emtalsentido,preocupar-secomopólopsi-cológicosignificareconhecerapossibilidadeformal(in-dispensávelparaexplicaraestruturaeoefeitodamen-130.j131sagem)deumasignificânciadamensagemsdmenteenquantointerpretada.porumadadasituação(situa-çãopsicológicae,atravésdela,.histórica,social,antro-pológicaemsentidolato)27

Torna-seportantonecesslióconsiderararelaçãointerativaquesecria,tantoaoníveldapercepçãoquantóaoníveldainteligência;entreosestímuloseomundodoreceptor:umarelaçãodetransaçãoqttere-presentaoverdadeiroprocessodeformaçãodaper-cepçãooudacompreensão.inteléctual:Nonossocaso,êsseexameconstituinãoapenasumapassagemmeto-dológicaobrigatória,masnosfornecetambémalgumasconfirmaçõesdetudooquedissemosatéagoraacêr-cadapóssibilidadedeumafruição"aberta"daobradearte.Comefeito,umtemabasilardascorrentespsicológicasmaisrecentesparece-nosoda"abertura"fundamentaldetodoprocessodeperc,epçãoeinteli-

gência.Sãoperspectivasóriginadasdacríticaàsposiçõesdapsicologiadaforma.Segundoesta,defato,naper-cepçãosesurpreenderiaimediatamenteumaconfigura-çãodeestímulosjádotadadeumaprópriaorganiza-çãoobjetiva;oatodepércepçãónadamaisfariaquereconhecerestaconfiguraçãograçasaumfundamentalisomorfismoentreestruturasdoobjetoeestruturasfisio--psicológicasdosujeito28.vContraessahipotecametafísica,queoneravaateo-riapsicológica,levantaram-seasescolasseguintes,jus-tamenteparaproporaexperiênciacognoscitiva,emseusváriosníveis,comoexperiênciaqueserealizaden-

trodeumprocesso.ProcessoemquenãoseesgotaarÍaspossibilidadesdoobjeto,masseesclarecemaquê-(27)Seateoriadainformaçãocorrespondeaoestudoestatísticodosfenõmenosdomundofísico(encaradoscomo"mensagens"),opasso#queestamosdandoagoranoslevaaumateoriadacomunicaçmo,queseaplicaespeclficamenteàmensagemhumana.Anoçãode"mensagem"podefuncionardamesmaformanosdoisníveis;nãodevemos,contudo,esqueceraobjeçãomovidaporJakobsonamuitosèstudiososdacomu-nicaçâo:"AspesquisasquetentaramconstruirummodêlodelinguagemabsolutamentedesprovidoderelaçõescomoIocutorecomoouvinte,equeassimhipostatizamumcódigoseparadodacomunicaçãorealarris-cam-seareduziralinguagemaumasimulaçãoescolásttca"(ob.clt.,

pág.95).(28)"Oconhecimentonãocriaaorganizaçãodeseuobjeto;elaimita-onamedidaemqueéumconhecimentoverdadeiroeeficaz.NãoéarazãoqueditasuasIeisaouniverso,mas,antes,háumaharmonisnaturalentrerazâoeuniverso,poisambosobedecemàsmesmasleisgeraisdeorganização"(P.Guillaume,Lapsychologtedelajorme.Paris,Flammarion,1937,pág.204).lesseusaspectospassfveisdeumainteraçãocomaspredisgosiçõesdequempercebe\

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Deumlado,foiapsicologiatrailsacionalistanorte--americananutridadonaturalismodeDewey(mastam-béminfluenciadapelascorrentesfrancesasdequefa-laremos),aafirmarqueapercepção,aindaquenãosejaarecepçãodesensaçõesatomistasdequefalavaoàssociacionismoclássico,representacontudoumare-laçãonqualxnnhasmemórias,minhaspsrsuasõesin-conscientes,aculturaqueassimilei(numapalavra,aexperiênciaadquirida)integram-seaojôgodosestí-mulosparalhesconferir,juntamentecomumaforma,ovalorqusêles,revestemparamim,consideradosos

finsquemeproponho.Dizerque"umatributodevalorpenetratôdaexperiência"significa,emcertame-dida,dizerc)uenarealizaçãodeumaexperiênciaper-ceptivapartlcipaumcomponenteartístico,umfazersegundopropósitósformativos.ComodisseR.S.Lil-lie:"Arealidadepsíquica,emsuanaturezaessencial,prevêeinterroga.Visaaterminarecompletarumaexperiênciaincompleta.Reconhscerafundamentalim-portânciadessacaracterísticadoorganismovivonãosignificaignoraresubestimara5condiçõesfísicasestá-veisqueformamumaoutraparteindispensáveldaor-ganizaçãovital.Nosistemapsico-físicoconstituídope-loorganismo,ambososfatôresdevemserconsidera-

dosigualmenteimportantesecomplementaresnaati-vidadedeconjuntodosistema"°.Emtêrmosmenosçómprometidoscomovocabuláriobiológiconaturalis-tadirernosque"Comosêreshumanosnóscolhemossdmenteaquêles`conjuntos'quepossuemumsentidoparanósenquantosêreshumanos.Existeminfinitosoutros`conjuntos'dosquaisjamaissaberemoscoisaalguma.óbvioqueparanóséimpassívelexperi=mentartodososelementosgossíveisqueexistememcada,situaçãoetôdasassuaspossíveisrelações..."(29)"Nümemzosfatosmostramqueasinterpretaçõesperceptivásdosdadossensodaiselementarespossuemumaplasticidadenotávelequeummesmomaterial.suscita,conformeascircunstârtcias,percepçgesmuito

diferentes"(H.Pieron,RelatórioaoSimpósioLaperception,Louvain--ParIa,P.U.F.,1955,pág.I1).(30)"RandomnessandDirectivenessinEvolutionandActivityinLi-vlngOrganism",emAmerlcanNaturalist,1948,82,pág.17.Paraaaplicaçãode'princípiostransaclonalistasàexpetiênciaestética,v.An-alolaMssucco-Costa.llcondibutodellapstcobogfatransaZionaleall'este-tlca,emAtttdelIllCongressoInt.diEet.,Veneza,1956.132133Porisso,somosobrigados,emcadasituação,ainvo-car,comofatorformativodapercepção,aexperiên-ciaadquirida:"oorganismo,sempreforçadoa`ésco-lher'entreumnúmeroilimitadodepossibilidadesquepodemserligadasadeterminadopatterndaretina,

apelaparasuasexperiênciasprecedenteseadmitequeaquiloquefoimaisprovávelnopassadoirásê-lona#ocasiãoespecífica...Emoutraspalavras,oqueve-mosésemdúvidafunçãodeumamédiacalibradadeoutrasnossasexperiênciaspassadas.Pareceassimquerelacionamosumdadopatterndesstímuloscomexpe-riênciaspassadas,atravésdeumacomplexaintegra-çãodetipoprobabilista-...Conseqüentemente,asper-cepçõesqueresultamdessaóperaçãonãoconstituem

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revelaçõesabsolutas`daquiloqueestáfora',masre-presentamprediçõesouprobabilidadesbaseadasemexperiênciasadquiridas"31.Piagetfalouamplàmentedeumanaturezaprobabi-listadapercepção,emoutrocontexto:eempolêmicacomosgestaltistasprocurouveraestruturaçãododadosensorialcomosendooprodutodeumequilí-brio-devidotantoafatôresintrínsecoscomoafa-tôresextrínsecos,emconstanteinterferênciaentresi32.EmPiaget,essanaturezaprocessuale"aberta"doprocessodeconhecimentorevela-secommaiorevidên-

cianaanálisequeêleorganizasôbreainteligência33..(31)J.P.Kilpatrick,"TheNatureofPerception"emExptorationsTransactlonalPsychology.NewYorkUn.Press,1961,págs.41-49(32)SemdGvida,tantonosdomíniosdapercepçãoquantonosdain-teligência,nadaseexplicacombasednicamentenaexperiência,mastam-bémnadaseexplicasemumaparticipação,maisoumenosimportanteconformeassituações,daexperiênciaatualouanterior".(RelatórioaoSimpósioLaperception,cit.,pág.21).V.tambémLesmécanismesper-ceptifs,P.U.F.,1961:"Arazãodasinteraçõesentreobjetoesujeitonospareceabsolutamentediferentedaquelaqueosfundadoresdateoriadaformatomaramdeempréstimoàfenomenologia.Anoçãodeequi-lfbrioperceptivoqueosfatosparecemsugerir-nosnãoéadeumcampofísiconoqualasfôrçasemjôgosebalançaznexataeautomàticamente,

mas.adeumacompensaçãoativaporpartedosujeito,quevisaamo-derarasperturbaçõesexteriores...Deummodomàisgeral,ainteraçãoentreobjetoesujeitonâoédevidaao'fatodequeformasdeorganizaçãoindepéndentesdodesenvolvimentoeignarasdequalquergênesereuniriamnumamesmatotalidadeosujeitoeoobjeto,mas-aocontrário-deve-seaofatodequeosujeitoconstrói,semcessar,novosesquemasduranteseudesenvolvimento,assimilandonêlesosobjetospercebidos,semfronteirasdellmitáveisentréaspropriedadesdoobjetoassimiladoeasestruturasdosujeitoqueassimila.Comodizíamos...convémportantoopotaogeneticismosem.estruturadoempirismo,eaoestruturalismosemgênesedafenomenologiagestaltista,umestruturalismogenéticotal,quecadaestruturasé5aoprodutodetimagêneseequecada.gêneseconstituaapassagemdeumaestruturamenosevoluídaparaumaestruturamais

complexa"(págs.450-51)(33)LaPsteologiadelt'tntelltgenza.Firenze,caps.IeIII.134Ainteligênciavisaacomporestruturas"reversíveis",nasquaisoequilíbrio,ainterrupção,ahomeostasesãosòmenteoestágiofinaldaoperação,indispensávelaosIfinsdaeficáciaprática.Masainteligência,porsisó,¡revelatodososcaracteresdaquelequechamaríamosumprocessoaberto.Osujeitoprocedeatravésdeumasériedehipótesesetentativas,guiadaspelaexperiên-`cia,,queproporcionamcomoresultadonâoasformas;dosgestaltistas,estáticasepreestabelecidas,masestru-

turasmóveisereversíveis(peloqueosujeito,apósreunirosdoiselementosdeumarelação,podedisso-ciá-losevoltarassimaopontodepaÍtida).PiagetdáoexemplodarelaçãoA-A'B,quepodeassumirasformasvariáveisdeAB-A',ouenãoA'B-A;ouaindaB-AA'eassimpordiante.Nessejôgoderelaçõespossíveisnãoháumprocessounívoco,comosedarianapercepção,masumapossibilidadeoperatóriaquepermiteváriasreversões(comoacontececomasériedodecafônica

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queseprestaaumamúltiplavariedadedemanipula-ções).Napercepçãodasformas,lembraPiaget,existemre-#gulaçõeserecentralizações,modificaçõesdoestágiofi-nal,umavezalcançado,quenospermitem,porexemplo,verdemodosdiversosaquelascaracterísticassilhuetasambíguasqueencontramosnosmanuaisdepsicologia.Masnumsistemaderaciocíniosdispõe-sedealgomaisqueuma"recentralização"(Umzentrierung):háumdes-centramentogeral,quepermitecomoqueumadisso-

lução,umdegêlodasformasperceptivasestáticasqueredundaemfavordamobilidadeoperativa;daíapos-sibilidadeindefinidadenovasestruturas.Porém,mesmoaoníveldapercepção,aindaquenãotenhamosareversibilidadedasoperaçõesintelectuais,dispomos,nãoobstante,deregulaçõesdiferentes,émparteinfluenciadasjustamentepelacontribuiçãodaex-periência,asquaisjá"esboçamóuanuncia.rxlosmeca-nismosdecomposiçãoquesetornarãoopérativosumavezquesetornepossívelareversibilidadeglobal"34Emoutraspalavras,se,aoníveldainteligência,háconstruçãodeestruturasmóveisevariáveis,aoníveldapercepçãoexistemsempreprocessosaleatóriose

(34)Larerception,cit.,pág.28.-probabilistas,queconcorremsempreparaconstituir,tambémapercepçãoc9moumprocessoabertoamui-tosresultadospossíveis(apesardasconstânciasper-cepivasqueaexperiêncianãonospermitecolocaremdiscussão).Sejacomofôr,emambososcasqstemosuQnaatividadeconstrutivaporpartedosujeito35.Peranteêstesubstancialprocessoe"abertura"doconhecimento,poderemosseguiragoraduaslinhasdedesenvolvimento,quecorrespondemáumadistinçãojápropostanestemesmolivro:a)Interpretadoemtêrnliospsicológicas,oprazer

estético-comoserealizadiantedetôdaobradearte-baseia-senosmesmasmecanismosdeintegra-çãoecompletamentoqueserevelaramtípicosdetodoprocessocognoscitivo.Eststipodeatividadeéessen-cialaogôzoestétiCbdeumaforma:trata-sedoquejáchamamosdeaberturadeprimeirograu.b)Oproblemadaspoéticascontémporâneaséodeenfatizarêstesmecanismosefazerqueogôzoes-téticoconsistanãotantonoreconhecimentofinaldaformáquantonoreconhecimentodaqueleprocessócontlnuamenteabertoquepermiteindividuarsemprenovosperfisenovaspossibilidadesdeumaforma.Tra-ta-sedoquechamamosdeaberturadesegundograu.

Comisso,tomamosconsciênçiadequesàmenteumapsicologiadotipotransacionalista(maisatentaàgê-nesedasformasqueàsuaestruturaobjetva)permitecompreenderafundoasegundaatitude,aségundaacepçãodanoçãodeabertura.TRANSAÇ,OEABERTURA:Vejamos,antesdemaisnada,dequemodoaartedetodosostemposaparececomoprovocaçãodeex-(35)V.Lapsfrnlngtadelt'Intelttgenza,cit.,cap.III.Paraoestudoprobabilfsticodapercepção,v.Lesmecanismesperceptts,cit.,onde-

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emboradistinguindoosprocessosoperativosdainteligênciadosdaper-cepção-Piagetafirmaqueentreosdois"seencontraefetivamenteumasérieininterruptadeintermediários"(pág.13).Aroesmaexperiênciasecoloca,portanto,como"umaestruturaçãoprogressivaenãoumasim-plwleitura"(pág.443).Melhorainda:"Quersetratédeexploração,acomeçarpelamesmaescolhadospontosdecentralização,querdetranrposiçãooudeantecipaçãoetc.,osWeitonãosofreadeterminaçãodoobjeto,masdirigeseusesforçoscomoqueparaasoluçãodeumpto-blema"(Pâg.449).136periênciaspropositadamenteincollpletas,interrompidas

dechôfreparasuscitar,graçasaumaexpectativafrus-trada,nossatendêncianaturalaocompletamento.ssemecanismópsicológicoéfartamenteanalisado#porLeonardMeyerolnEmotionandMeaninginMu-sic3e,ondeaargumentaçãoéconduzidaembasesam-plamentegestaltistas;econsistenoexamedasestru-turasmusicaisobjetivas,encaradasemrelaçãoaosnos-sosesquemasdereaçâo-istoé,oxamedeumamensagemdotadadecertacargainformacional,que,porém,sóadquirevaloremrelaçãoàrespostadeumreceptor,esòmenteentãoseorganizarealmentecomosignificadv.

SegundoWertheimer,o.processodopensamentopodeserescritoassim:dadaasituaçãoSleásituaçãoS.,quereprésentaasoluçãodeSl,otêrmoadquem,oprocessoéumatransiçãodaprimeirasituaçãoparaassgunda,transiçãoemqueSléestruturalmenteincom-pleto,apresentaumadivcrgência,umaambigüidadedeestrutura,queaospoucossevaidefinindoeresol-vendoatécompor-seemS2.Umatalnoçãodepro-cessoéassumidaporMeyergaraodiscursomusical:umestímuloapresenta-seàatençãodofruidorcomoambíguo,inconcluso,eproduzumatenüênciaaobtersatisfação:emsuma,provocaumacrise,demaneiraaobrigaroouvinteaprocurarumpontofirmeque

oajudearesolveraambigüidade.Emtalcasosurgeumaemoção,poisatendênciaaumarespostaéim-previstamenteestancadaouinibida;seatendênciafôssesatisfeita,nãohaveriaexplosãoemotiva.Mastôdadilaçãoimpostaaoesclarecimentoprovocaráumaaçãoafetivajáqueumasituaçãoestruturalmentedébiloudeorganiza.çãoduvidosacriatendênciasaoesclarecimento.ssejôgodeinibiçõesedereaçõesemotivasintervémparadotardesignificadoodiscursomusical:pois,enquantoquenavidacotidianasecriamdiversassituaçõesdecriseqüenãosãoresolvidasesedispersamacidentalmentetalcomosurgiram,namúsicaainibiãodeumatendênciatorna-sesignifi-

cantenamedidaemquearelaçãoentretendênciaesoluçãosefazexplícitaeseconclui.Pelosimplesfatodeconcluir-se,ocírculoestímulo-crise-tendênciaquesurge-satisfaçãosobrevinda-restabelecimentoda(36)TheUniv.ofChicagoPress,1959.ordemadquiresignificado."Namúsicaopróprioes-tímulo,amúsica,ativaastendências,inibe-aseIhesfornecesoluçõessignificantes"37.Comopodesurgirumatendência;dequetipoéacrise;quaisassoluçõésquepoderiamtornar-sedis-

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poníveispara.satisfazeroouvinte;tudoissoéesclare-cidopelaréferênciaàGestalttheorie:estadialéticapsicológicaéreguladapelasleisdaforma,querdizer,asleisdapregnância,daboacurva,daproximidade,daigualdade,etc.Hánoouvinteaexigênciadequeoprocessoseconcluademaneirasirnétricaeseorga-nizedomslhormodopossível,emharmoniacomcer-tosmodelospsicológicoscujapresençaateoriadaformareconhecetantonascoisasuantonasestrutu-raspsicológicasDesdequeaemçãonascedoblo-queiodaregulaade,atendênciaboaforma,ame-

móriadeéxperiênciasformaispsadas,

'lntervêmnoouvirparacriar,peranteacriseuesur,expectati-

vas:previsõesdesolução,preflguraçõesformaisnsquaisatende"nciainibidaseresolve.Perdurandoainibição,emergeumgâstodaexpeçtativa,quaseumserltidodeimpotênciaperanteodesconhecido:equan-tomaisinesperadaéasoluÇão,,maisintènsooprazerquandoelaseverifica.Portanto,seoprazerédadopelacrise,estáclaroemMeyerqueasleisdaforma,aindaquesejambasedacompreensãomusical,sòmenteregulamodiscursocomoconjuntoseforemcontlnua-menteofendidasaolongododesenvolvimento;eaex-pectativadoouvintenãoéexpectativaderesultados

óbvios,masderesultadosdessuetos,deòfensasàre-#graquetornammaiscompletaeconquistadaalega-lidadefinaldoprocesso.Orâ,pelateoriàdaformá,"boa"éaconfiguraçãoqueosddosnaturaisassu-mempornecessidadeemseudispor-seemconjuntosunitários.Temaformamusicalosmesmoscaracteresdeestabilidadeoriginária?Meyer,aêsserespeito,temperaseugestaltismoeafirmaqueanoçáodeorganizaçãoótirrga,emmúsica,representaumdadodecultura.Istosignificaqueamúsicanãoéumalinguagemuniversal,masqueatendênciaacertassoluçõesmaisdoqueaoutrasé

(37)Essateorladasemoç8esédeclaradamentedeweyanaedeDeweyétambémoconceitodeumefrculodeestimuloserespostas,crisesesoluçõeeperfeitamenteJulJtlkd:eéoconceitodeexperidncta(v.,emMeyer,ápágs.,32-37).frutodeumaeducaçãoedeumacivilizaçãomusicalhistòricamentedeterminada.Eventossonorosqueparaumaculturamusicalsãoelementosdecrise,paraoutrapodemserexemplosdelegalidadequeraiaamonoto-nia.Apercepçãodeumtodonãoéimediataepas-siva:éumfatodeorganizaçãoqueseuprenu'e,eseaprendenumcontextosócio-cultural;nesteâmbito,asleisdapercepçãanãosãofatosdepuranaturali-dade,maseformamdentrodedeterminadosmode-

losdeculturaou,numalinguagemtransacionalista,mundosdeformasassuntivas,umsistemadepreferên-jciasehábitos,umasériedepersuasõesintelectuaisetendênciasemotivasqueseformamemnóscomoefeitodeumaeducaçãodevidaaoambientenatural,históri-ico,social38.tMeyerdáoexemplodoconjuntodeestímuloscons-ItituídopelasletrasTTRLSEE,epropõeváriosmodossegundoosquaispodemosagrupareorganizarestas

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letrasdeformaaobteragregadosformalmentesatis-fatórios:TTRLSEE,-porexemplo,obedeceacertasleisdecontigüidademuitoelefnentareseproporcionaumresultadodeindubitávelsimetria.Todavia,éevi-dentequeaorganizaçãoqueumlQitoringlêsseráleva-doapreferirseráaseguinte:LETTERS.Nessaforma.êleencontraráumsignificadoé,portanto,elalhepa-recerá"boa"sobtodososaspectos.Assimaorgani-zaçãosedeuconformeumaexperiênciaadquirida:se-gundoosmodosdeumaortografiaedeumalíngua.Éoqueaconteceaumconjuntodeestímulosmusicais,

diantedosquaisadialéticadascrises,dasexpectativas,previsõesesoluçõessatisfatóriasobedecealeissituá-veishistóricaeculturalmente.Acivilizaçãoauditivadomundoocidental,pelomenosatéoiníciodosé-culo,eratonal;eénoâmbitodeumacivilizaçãotonalquecertascrisesserãocrisesecertassoluções,solu-çóes;sepassarmosaexaminarcertamúsicaprimitivaouoriental,asconclusõesserãodiferentes.Mas,aindaqueaanálisedeMeyersetenhavoltadoparacivilizaçõesmusicaisdiferentesafimdeidenti-ficarnelasváriosmodosdeorganizaçãoformal,pa-receestarimplícitaemseudiscursoestaproposição:cadacivilizaçãomusicalelaborasuasintaxe,enoâmbi-

(38)V.especialmenteH.Cantril,Lemotivaztontdell'esperienza.Fi-renze,1958(v.tambémaintroduçãodeA.Visalberghi).13Rtodestadá-seumaaudiçãoorientada,justamente,se-gundomodelosdereaçãoeducadosatravésdeumatra-diçãoculturaY;cadamadêlodediscursotemsuaslèis,quenadamaissãoqueasleisdafdrma,eadinâmicadascrisesedassoluçõesobedeceaumaespéciedene-cessidade,adireçõesformativasfixas.Noòuvintedomi-naatendênciaaresolverascrisesemrepouso,aper-turbaçãoempaz,odesvionoretôrnoaumaolaridadedefinidapelohábitomusicaldeumacivilizaçãp.Acrise

#temvaloremvistadasolução,masatendênciadoou-vinteétendênciaàsolução,enãoàcrisepelacrise.Porisso,osexemplosescolhidosporMeyerreferem-seto-dosàmúsicaclássicatradicional,porquenofundosuaargumentaçãovelIendossarumaatitudeconser-vadoràdamúsicaeuropéia,istoé,apresentasecomointerpretaçãopsicológico-estruturaldamúsicatonal.EstepontodevistapermanecefundamentalmenteimutávelmesmoquandoMeyer,noartigoseguintesa,retomaêstesproblemasnãomaisdopontodevistapsicológico,mascombasenateoriadainformaçáo.Aintroduçãodeumaincerteza,deumaambigüidadenu-

maseqüênciaprobabilistacomoéodiscursomusica,aparece-Ihecomoumelementocapazdedesencadearaemoção;Umestiloéumsistemadeprobabilidade,f,eaconsclênciadaprobabilidadeestálatentenoespec-tadorquearriscaprevisõesacêrcadossubseqüentesdeumantecedente.Darsignificadoestéticoaumdis-cursomúsicalsignificaexplicitaraincertezaegozá-lacomoaltamentedesejável.Meyerafirma,portanto,que"osignificadomusicalsurgequandoumasituaçãoan-terior,pedindoumaavaliaçãoacêrcadosmodospro-

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váveisdecontinuaçãodopatternmusiCal,produzincer-tezaacêrcadanaturezatemporaltonaldosubseqüenteesperado.Quantomaioraincerbeza,maiorainfor-mação.Umsistemaqueproduzumaseqüênciadesímbblosafinadoscomumaprobabilidade,échamadodeprocessoestocástiCo,eocasoparticulardeumtalprocesso,eIhqueasprobabilidadesdependemdeeven-tosprecedentes,échamadodeprocessooucadeiadeMarkoff"'4°.Postaamúsicacomoumsistemade(39)LeonrdH.Meyer"MeaninginMúsicandInformationTheory"emJournaloAesthelfesandArtCriticism,junhode1957;"SomeRo-

marksonValueandGreatnessinMusic",ib.,junhode1959.(40)Dá-seumacadeiadeMarkoffquandoaprobabilidadedeumeventojnãoéindependente(pj)masdependedoeventoqueoprecede:'atraçõestonais,emcueportantoaexistôllciadeumeventomusicalimpõeimacertaprobabïlidadedeque;outrolhesuceda,°entãoquandoumeventomusicalpassadespercebidopoissobrevémdeacôrdócomaexpectativanaturaldoouvido,aincartezaeaemsãoconseqüentes(eportantoainformação)diminüem.DadoquenumacadeiadeMarkoffaincertezatendeadecresceràmedidaquenosafastamosdopontodepartida,ocompositoréobrigadoaintroduzirdelibe-radamenteincertezasatôdahoraparaenriquecerde

'significado(leia-se:informaçâo)odiscursomusiçal.;estaasituaçãodesuspensetípicadoprocedimentotonal,obrigadocontinuamentearomperotédiodaprobabilidade.Amúsica,comoalinguagem,contém;certadosederedundânciaqueocompositorvisasem-.preremoverparaacrescerointerêssedoouvinte.MasaêstepontoMeyerretornaaumaconsideraçãoacêrca(dainalterabilidadedomundoassuntivo,elembraqueumaformaderuídocaracterísticododiscursomusïcalé,alémdoacústico,ocultural:eoruídoculturalédadopeladisparidadeentrenossohábitoderesposta(istoé,nossomundoassuntivo)eopedidopeloestilomusical;eterminacomumanotapolêmicacontraa

músicacontemporânea,que,eliminandoemdemasia'.aredundância,sereduzaumaformaderuldoquenosimpedederealizarosignificadododiscursomusi-calouvido¢l.Emoutrostêrmos,êlepercebeaosci-'laçãoentredesvrdeminformativaeininteligibilidadetotal,quejáháviapreocupadoMoles,nãocomopro-pljpjJ(pi).UmexemplodeestudodaçadeiadeMarkofféosegulnte:escrevem-seemf8lhasseparadasváriostrigramas,repetindocadaumd8lesdeac8rdocomafreqüênciacomqueseapurouestat3sticamenteBuarecorrêncianumadadalinguagem.Ostrigramassãoreumdosem'váriascaixasdeacórdocomas.duasletrasiniciats.Teremosassimnuma#caixaBUR,BUS,BUT,BUMemoutraIBA',IBL,IBUIBRetc.Ex-

traldoumtrigramaaoacaso,lêem-seasduasúltimas-letras(seextrair-mosIBU,serãoBU)eextrai-seumsegundotrigramadacaixadosBU.SesairBUSprocurar-se-áumtrigramainiciadoporUSeassimpordiante.Aseqüênciaserátegidapelas.leis'daprobabilidadeexpostasacima.(41)NapolêmicacomPousseur,em"IneontriMusicali"ett.,Ni-colasRuwet(analisandomuitobrilhantemente,ãluzdametodologiaPln-gülstica;anoçãomusicaldegrupoeprocuranddidentiflcarunidadesdis-tintasdentrodogruposonor_o)ãotaquecertoss(stemasdeoposiçõessãoencontradosemt8dasaslínguas,poispossuempropriedadesestru

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turaisqueostomamnotàvelmenteapropriadosaouso.Istolevaoaseperguntarseemmúsicaosistematonalnãoposs5ijustarpenteestascaracterísticasprivilegiadas.AtragédiadeWebernconsistiriaentãonofatodequeêleéstavàconscientedesuaevoluçãonumterrenoestruttual-menteinstável,quonãotinhabasesdecomparaçãosuficientementesbli-das,nem.sistemasdeoposiçõessuficientes.140blemaaresolvermascomoperigoaevitar.Fa-zendodistinçãoentreincertezadesejáveleincertezaindesejável,Meyer,apesardeterclaraahistoricidadeeacapacidadedeevoluçãotípicadecadamundoas-

suntivo,eliminaapossibilidade,dentrodeumalingua-gemmusical,deumatransformaçãodasassunçõesdasensibilidadecapazdelevaramundosassuntivoscom-pletamentenovos.Alinguagemmusicaléentãoosis-temadeprobabilidadesemqueaimprobabilidadeéintroduzidaconjuicio.Demaneiraquesomaslevadosapensarque,alongoprazo,oquadrodasincertezaspossíveissetornarátãonormalquepassaráaperten-cerdedireitoàsprobabilidades,etàcitamenteoqueeraantesinformaçãosetornarámeraredundância;coisaquecomumentesedánapiormúsicaligeira,ondenãohámaissurprêsanememoção,eumanovacançãodeClaudioVillaapresenta-setãoprevisível

quantoosdizcresjáimpressosnumcartãodeboasfestascompradoempapelaria,construídosegundore-grasbanaisetotalmentedesprovidodeinformaçãoadi-cional."Cadaserhumanovivedentrodeumcertomodêloculturaleinterpretaaexperiênciacombasenomundodeformasassuntivasqueadquiriu:aestabilidadedêssemundoéessencialparaquepossamover-serazaàvel-menteemmeioàsprovocaçõescontínuasdoambienteeorganizaraspropostasconstituídaspeloseventosex-ternosemumconjuntodeexperiênciasorgânicas.Man-terportantonossoconjuntodeassunçõessexrisubmetê--loamutaçõesindiscriminadaséumadascondições

denossaexistênciadesêresracionais.Masentreman-terosistemadeassunçõesemèondiçõesdeorganici-dade,emantê-loabsolutamenteinalterado,háumacertadiferença.OutraCondição:denossasobrevivên-ciaenquantosêrespensanteséjustamenteadesaberfazereyoluirnossainteligênciaenossasensibilidadedemodoquecadaexperiênciaadquirida'enriqueçaemodifiqueosistemadasnossasassunções.Omundodasformasassuntivasdevemanter-seoÍgâniconosen-tidodequedevecrescerharmoniosamente,semsaltosesemdeforniações,masdevecrescer,ecrescendo,mo-dificar-se.Emúltimaanálise,éestaadiferençaquetornatãodinâmicoeprogressivoomodêlocultural

dohomsmocidentalcomparadocomodecertospovosprimitivos.Ospovosprimitivossãotais,nãoporqueomodêloculturaloriginàriamenteelaboradofôssebár-baroeinaproveitável(pòis,pelocontrário,adaptava--seàsituaçãoparaaqualhaviasidoimaginado),maspornãoterêssemodêlosabidoevoluir;acomo-dando-seestàticamentenêle,osrepresentantssdessaculturanãoforammaiscapazesdeinterpretá-laemtôdasassuaspossibiljdadesòriginaisecontinúaram#

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aceitandoasassunçõesorigináriascomofórmulasôcas,elementosderitual,tabusinvioláveis.Temospoucosmotivespararsputaruniversalmentesuperioromodêloculturalocidentalmoderno,masumdêleséjustamentesuaplasticidade,suacapacidadederesponderaosdesafiosdascircunstânciasclaelabo-raçãocontínuadenovosmódulosdeadaptaçãoenovasjustificaçõesdaexperiência(aosquaisasensibilidadeindjvidualecoletivaseadapta,emboracommaioroumenortempestividade).Defato,tudoistotambémaconteceunasformas

daarte,noâmbitodaquela"tradição"quepareceimu-táveleimutadamasquenarealidadenadamaisfêzqueestabelecercontinuamentenovasregrasenovosdogmascombaseemconstantesrevoluções.Todograndeartista,dentrodeumsistemadado,violoucon-t3nuamentesuasregras,instaurandonovaspossibilida-desformaisénovasexigênciasdasensibilidade:depoisdeBeethovenotipodeexpectativasapresentadopeloespectadoraoouvirumasinfoniadeBrahmserasemdúvidadiferenteemaisvastodoqueasqueeramdisponíveisantesdeBeethoven,apósaliçãodeHaydn.Todavia,aspoéticasdanovamúsica(ecomelasaartecontemporâneaemgeral-eenfimtodosaquê-

lesqueconsideramaartecontemporâncaexpressãodeimprescindíveisexigênciasdenossacultura)reprovamnatradiçãoclássicaofatodequeessasnovidadesformaiseessasexpeetativasdasensibilidadeeramime-diatamenteorganizadasnointeriordeumnôvomundodeformasassuntivas,queelegiamcomovalorprefe-rencialocompletamento,asatisfaçãofinaldaexpec-tativa,encorajandoecelebrandoaquelaqueHenriPousseurchamadeinérciapsicológica.Atonalidadecriaumapolaridadeemtôrnodaqualgiratôdaacomposição,semafastar-sedelaanãoserporbre-vesmomentos:ascrises,portanto,sãointroduzidas14143

parasecundarainércia'auditivá,reconduzindo-aaopólodeatração.Pousseurobservaque'aprópriaintro-duçãodumanovatonalidadenodesenvolvimentodeumapeçaexigiaumartifíciocapazdevenceracustoestainércia:amodulação.Masamodulação,subver-tendooconjuntohierárquico,intrsduzporsuavezumnôvopólodeatração,umanovatonalidade,umnôvosistemadeinércia.Tudoistonãosedavaporacaso:asexigênciasfor-maisepsicológicasdaarterefletiamasexigênciasre-ligiosas,políticaseculturaisdeumasociedadebaseadanaordemhierárquica,nanoçãoabsolutadeautori-dade,napresunçãomesmadeumaverdadeimutável

eunívocadequeaorganizaçãosocialrefleteaneces-sidade,equeasformasdaartecelebramereprodu-zemaseunível4=.Asexperiênciasdaspoéticascontemporâneas(e,apesardodiscursoter-sedesenvolvidoquasesempresôbreasformasmusicais,sabemosperfeitamentequeasituaçãointeressaatôdaartedehoje)nosdizemqueasituaçãomudou.Abuscadeumaãberturadesegundograu,daam-bigüidadeedainformaçâocomovalorprimeiroda

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obra,representamarecusadainérciapsicológicaco-mocontemplaçãodaordemreencontrada.Agoraaênfaseédadaaoprocesso,àpossibilidadedeindividuarmuitasordèns.Arecepçãodeumamen-sagemestruturadademodoabertofazcomqueaex-pectativadequesefalounãoimpliquetantoumapre-visãodoesperadoquantoumaexpectativadoimpre-(42)"AmGsicaclássicaforneceumarepresentaçãodomundoedasrelaçõesdêstecomohomemsenslvetmenteabstratae,emcertosaspec-tos,coneretamentegeral.Baseadaessencialmentenumaestéticadarepe-#

tição,daindividuaçãoatualdoqueéatualnoqueédiferentedoimóvelnofugaz,e1aaindavoltaaligar-se,emcadaumadesuasmanifestações,inclusivenasmenores,aosvelhosmitosdoEternoRetômo,aumacon-cepçãocíclica,periódica,dotempo,comoumcontínuodobrar-sedodevirsôbresimesmo.Nestamúsicatodoodinamismotemporalacabasendosemprerecomposto,semprereabsorvidonumelementodebaseperfeïta-menteestático,todososeventossãoinexoràvetmentehierarquizados,inte-gralmentesúbordinados,emsubstância,aumaúnicaorigemumúnicofim,umúnicocentroabsolutocomoqualaliásseidentificáoegodoouvinte,cujaconsciênciaéassimassimiladaàdeumdeus..Aaudiçãomusicaldetipoclássicorefleteasubmissãototal,asubordinaçãoincon-dicionadadoouvinteaumaordemautoritáriaeabsoluta:cujocarátertirânicoeraulteriormenteacentuado,naépocaclássicapròpriamentedita

petofatodaaudiçãomusicaleonstituirtambémumareuniãosocial;àqualosmembrosdasociedadeiluminadadiflcilmentepodiamsubtrair-se"(H.Pousseur,"Lanuovasensibilità'musicale"emIncontriMusicalimaiode1958;v.também"FormaepiaticamusIcale",ib.,agôsto1959.j144;visto.Assim,ovalordeumaexperiênciaestéticatendeaemergirnãoquandoumacrise,depoisdeaberta,sefechaconsoanteoscostumesestilísticosadquiridos,esimquançio-imergindo-nosnumasériedecrisescontínuas,numprocessoemquedomineaimproba-bilidade-exercemosumaliberdadedeescolha.En-tãoinstauramos,nointeriordesta'desordem,sistemasdeprobabilidadepuramenteprovisóriosetentativas

'complementaresdeoutrosque-simultâneamenteouemsegundainstância-poderemosporsuavezas-sumir,gozandodaeqüiprobabilidadedetodosêlesedadisponibilidadeabertadoprocessoglobal.Dissemosquesóumapsicologiaquecuidedomo-mentogenéticodasestruturaspodepermitir-nosjusti-ficaressastendênciasdaartecontemporânea.Enaverdadeapsicologiapareceaprofundar,hoje,seudis-cursonamesmadireçãoemqueoaprofundamaspoéticasdaobraaberta.INFORMAÇÃ,OEPERCEPÇÃOAmesmatemáticainformacionalpôdeconvergirnapesquisapsicológica,abindocaminhosmuitocompen-

sadores.Ombredane43,aoexaminarovelhoproblemadeumapercepçãoqueénofundoumadeformaçâodoobjeto(nosentidodequehávariaçãodoobjetoconformeapredisposiçãodopérceptor),reconhece,juntamentecomoutrosestudiososquejácitamos,queoprocessodeexploraçãoimobiliza-seafinalporefeitodeuma.decisâo,dandoorigemaumaformaquesecristalizaequeseimpõe.Masàpergunta"deondevêmestasformas?"Ombredaneserecusaadararespostagestálticainspiradanosprincípiosdoisomor-

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fismoeexaminaaoinvésagênesedofenômenoes-truturalàluzdofatorexperiência."Secomparármososdiferentespontosdevista...constataremosqueocaráterfundarnentaldapercepçâoéofàtodelaresultardeumprocessolutuante,quecomportatrocasincessantesentrepredisposiçãodosu-jeitoeconfiguraçõespossíveisdoobjeto,equeessasconfiguraçõesdoobjetosãomaisoumenosestáveis(43)IntervençãoaoSimpóaioLaperceytton,cit.,págs.95-98.ouinstáveisdentrodeumsistemaespácio-temporalmaisoumenosisolado,casacterísticodoepisódiocompor-

tamental...Apercepçãopodeserexpressaemtêr-mosdeprobabilidadedeacôrdocomoquesevênatermodinâmicaounateoriadainformação."Defatoopercebidoapresentar-se-iacomoaconfiguraçãosen-sível,momentâneamenteestabilizada,sobaqualsemanifestaoreagrupamentomaisoumenosredundantedasinformaçõesúteiscueoreceptorextraiudocampoestimulante,nodecorrerdaoperaçãoperceptiva.Istoporqueoprópriocampoestimulanteofereceapossi-bilidadedessextrairdêleumnúmeroindeterminado#demodeloscomredundânciavariável;mastambémporqueaquilaqueosgestaltistaschamamde"boa

forma"é,narealidade,entretodososmodelos,oque"requerumainformaçãomínimaecomportaumare-dundânciamáxima".Assim,aboaformacorrespon-deria"aoestadodeprobabilidademáximadeumcon=juntoperceptivoflutuanta".Apercebemo-nosentãodeque,traduzidaemtêrmosdeprobabilidadeestatística,anoçãodeboaformaper-detôdaconotaçãodenecessidadeontológicaenâocom-portamais,comoseucorrespondente,umaestruturaprefixadadosprocessosperceptivos,umcódigodefi-nitivodapercepção,OcampoestimulantedequefalaOmbredane,queofereceváriaspossibilidadesdeagrupamentoredun-

dantegraçasàsuaindeterminação,nãoseopõeàboaformacomoseoporiaaopercebidouminformenãoperceptível.Numcampoestimulante,osujeitoindi-viduaaformamaisredundantequandoaissoésoli-citadoporpropósitosespeciais,`masêletambémpoderenunciaràboaformaemfavordeoutrosmodelosdecoordenação,quepermanecempossíveisempers-pectiva.-Querdopontodevistaoperativo,quertipológico,Ombredanepensaquesepoderiamcaracterizardiver-sostiposdeexploraçãodocampoestimulánte:"Po-der-se-iadistinguiroindivíduoqueencurtasuaex-ploraçãoeresolvedesfrutarumaestruturapercebida

antesdeteraproveitadotodososelsmentosdeinfor-maçâoquepoderiacolhêr;oindivíduoqueprolongasuaexploração,proibindo-sedeadotarasestruturasquese1heapresentam;oindivíduoqueharmonizaasduas146atitudes,sejaparaconfrontarmaisdecisõespossíveis,sejaparaintegrá-lasdamaneiramelhornumperce-bidounitárioconstruídoprogressivamente.Aelaspo-deríamosacrescentaroindivíduoquedeslizadeumaaoutrasstruturas.emtomaconsciênciadasincompa-

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tibilidadesquépodemexistirentreelas-comosedánoonirismn.Seapercepçãoéuma`participação',existemdiversosmodosdeengajar-seoudenãoen-gajar-seemdireçãoaumapesquisadeinformaçõesúteis".Estarápidaresenhatipológicavaidesdeoslimitesdomórbidoatéosdoquotidiano:maspermiteumavastaáreàdepossibilidadesperceptivas,justificandoatôdas.Édesnecessáriofrisarovalarqueessashipó-tesespsicológicaspodemapresentardentrodasfinali-dadesdenossodiscursoestético.Sòmenteacrescen-

taremosque,postastaispremissas,opsicólogodeveráperguntar-seemquemedidaumapprentissagebaseadoemexercíciosperceptivoseoperaçõesintelectuaisdetipoinéditoirámodificarosesquemasdereaçõesha-bituais(emquemedida,portanto,oexercíciodain-formaçâotransformaráaquiloqueofendeoscódigaseossistemasdeexpectativasemelelnentodeumnôvocódigoedeumnôvosistemadeexpectativas).Éumproblemaqueaestéticaeafenomenologiadogôstoverificaramatravésdeséculosdeexperiência(aindaqueaoníveldasmacro-estruturasperceptivas),de-monstrandoquenovosexercíciosformativosmodifi-camosentidodasformas,nossasexpectativasacêrca

dasformas,nossomododereconheceraprópriarea-lidade'r(lAéticadaobraabertanosapresentajustamenteumagflssibilidadehistóricadêstetipo:oafirmar-sedeumaculturaqueadmite,diantedouniversodasfor-masperceptíveisedasoperaçõésinterpretativas,acom-plementaridadedeinspeçõesesoluçõesdiferentes;a(44)EmrespostaàcríticadeRuwet,eitadananota41,diremos#entãoqueumsistemadeoposiçôessòmentepoderáserjulgadomaisestávelqueoutrosnamedidaemquepudermosdemonstrarquecorres-pondeapatternsfixoseprivilegiadosdosistemanervoso.Seaocon-trário,êssesprocessospuderemadaptar-seemodificar-seemfunçãoda

evoluçãodasituaçãoantropológicaemseuconjunto,entãonãoseque-braráaquelacadeiaisomórficaidealquesesupõeunirasestrúturasdeumalínguaàsestruturasdapercepçãoedainteligência(melhoràseupostasestruturasdeumasupostaconstânciadamentehumaha)?Enãoseestabeleceráentão,entreestruturasdalfnguaeestrututasdamente,umarelaçãodialéticanocursodaqualtotnar-se-ábastantediffcilestabelecerquemmodificaequemémodificado?justificaçãodeumadescontinuidadedaexperiência,assumidacomovaloremlugardeumacontinuidadeconvencionalizada3aorganizaçãodediferentesdecisõesexplorativasreduzidasa.unidadeporumaleiquenãolhesprescrevaresultadosabsolutamenteidênticosmasque,pelocontrário,asencarecomoválidasjustaments

enquantosecontradizemesecompletam,entramemoposiçâodialéticagerandoassimnovasperspectivaseinformaçôesmaisamplas.Nofundo,umdoselementosdecriseparaa.civili-zaçâoburguesacontemporâneaédadopelaincapaci-dade,porpartedohomemmédio,desubtrair-seasistemasdeformasadquiridasquelhesãofornecidosdefora,queêlenãoconquistouatravésdeumaex-ploraçâopessoaldarealidade.Doençassociaistaiscomooconformismoouaheterodireçâo,ogregarismo

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eamassificação,sãojustamentefrutodeumaaquisi-çãopassivadestandardsdecompreensãqejuízo,iden-tificadoscoma"boafornla"tantoemmoralquanto.empolítica,emdietéticacomonocampodamoda,aoníveldosgostosestéticosoudos,princípiospeda-gógicos.Aspersuasõesocultaseasexcitaçõessubli-minarssdetodosostipos,desdeapoliticaatéapu-blicidadecomercial,contamcomaaquisiçãopcíficaepassivade"boasformas"emcujaredundânclaohomemmédiorepousasemesfôrço.Perguntamo-nosentãoseaartecontemporânea,acos-

tumando-seacontínuarupturadosmodelosedosesque-mas-escolhendoparamodêloeesquemaaefeme-ridadedosmodelosedosesquemaseanecessidadedeseurevezamento,nãosòmentedeobraparaobra,masdentrodeumamesmaobra-nãopoderiarepre-sentaruminstrumentopedagógicocomfunçõesliber-tadoras;enestecasoseudiscursoiriaalémdoníveldogôstoedasestruturasestéticas,parainserir-senumcontextomaisamplo,eindicaraohomemmodernoumapossibilidadederecuperaçãoeautonomia.AOBRAABERTANASARTESVISUAISFalarnumapoéticadoInformalcomosendotípicadapinturacontemporâneaimplicaumageneralização:

saindodacategoriacrítica,"informal"passaaserqualificaçãodeumatendênciageraldaculturadeumperíodo,demaneiraaabranger,tôdasjuntas,figurascomoWolsouBryen,ostachistespròpriamenteditos,osmestresdaactionpainting,aartbrut,aartautreete.Aêssetítulo,acategoriadeinformalentranadefiniçãomaisampladepoéticadaobraaberta1;/(1)GilloDorflea,emUlttmetendenzedell'arted'ogai(MilanoFel-trinelll,1961),llmitaadefiniçãode"informal""àquelasformásdeabstratismoondefaltanãosòmentet8davontadeet8datentativadefiguração,mastambémt8davontadesemânticaedesinal"(pág.53).Entretanto,nestenossoensaio,quetratadaquelasformas"abertas"da

148Obraabertacomoproposiçãodeum"campo"depossibilidadesinterpretativas,comoconfiguraçãodeestimulosdotadosdeumasubstancialindeterminação,demaneiraainduzirofruidoraumasériede"lei-turas"semprevariáveis;estrutura,enfimcomo"cons-#,telação"deelementasqueseprestamadiversasrela-çõesrecíprocas.Énessesentidoqueoinformalnapinturaseligaàsestruturasmusicaisabertasdamú-sicapós-weberniana,bemcomoàquelapoesia"novís-sima"quejáaceitou,poradmissãodeseusrepresen-

tantes,adefiniçãodeinformal.Oinformalpictóricopoderiaservistocomooeloterminaldumacadeiadeexperiênciascujoobjetivoéintroduzirumcerto"movimento"nointeriordaobra.Masotêrmo"movimento"podeterdiversasacepções,ebuscademovimentoétambémaquela,desenvolvidaparalelamenteàevoluçãodasartesplásticas,quejáencontramosnaspinturasrupestresounaNikédeSa-motrácia(buscaportantodeumarepresentação,notraçofixoeimóvel,deummovimentoprópriodos

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objetosreaisrepresentados).Outraformademovi-mentoobtém-secomarepetiçãodamesmafigura,visandoarepresentarumapersonagemouumainteirahistóriaemmomentossucessivosdeseudesenvolvi-mento:éatécnicaadotadanotímpanodoportaldeSouillaccomahistóriadoclérigoTeófilo,ou.atécnicadaTapisseriedelaIteineMathildedeBayeux,verdadeiranarrativa"fílmica"feitademuitosfotogra-masjustapostos.Tratava-se,porém,deumarepre-sentaçãodomovimentoporintermédiodeestruturassubstancialmentefixas;omovimentonãoatingiaaes-

truturadaobra,apróprianaturezadosinal.artedehoje,cujosparAmetrosorgânicoaàsv8zesparecemnãocabernanoçãotradlcionalde"forma"parece-nosoportunofalarde"informal"numsentldomaisamplo.Eéjustamenteocritérioadotadonòn6meroQnicodeI!terrldedicadoaoinformal(junhode1961),oddeaparecem,alémdeumanutridasériedeintervençõesdefilósofos,crfticospintores,tr8sdensosensatos,deG.C.Argan,R.Barilli,E.CrispoltiÓpresentetexto,publlcadonomesmonúmero,juntamentecomostrabalhosacimacitados,nãoconsidera,porissomesmoessasimportantescontribuiçõesàdiscussãos8breoinformal,erecomenda-osparaumaampliaçãodeho-dzonteseumcomplementodostemas(Acrescente-sequeêsteensaiofoiescritoantesque,findaa"estação"doinformal,asváriasexperiênciasantitétlcasaquicitadas-artecinéticaetc.-secaracterizassemcomo

taisef6ssemetiquetadascomtãrmostaiscomoopartesimilares.Acha-mosportantoqueasanálisesd8stetextopermanecemválidastambémparamuitaspesquisasdaartepós-informal-eque,sejacomofôr,servemparadefinirascaracterísticashistaricamentesalientesdaexpe-rlénciainformal[1966].)Aocontrário,agirsôbreaestruturaquerdizermo-vimt;ntar-senadireçãoesboçadaporMagnasco,ouporTintoretto,ou,melhorainda,pelosImpressionistas:osinalfaz-seimprecisoeambíguo,natentativadedarumaimpressãodeanimaçãointerior.Masaambi-güidadedosinal,nãotornaindeterminadaavisãodasformasrepresentadas:sugerecomoqueumaconaturalvibratilidadedelas,umcontatomaisíntimocomo

ambiente,põeemcriseoscontornos,asdistinçõesrígi-dasentreformaeforma,entreformaseluzes,entreformasefundo.Porémoôlhoésempreinduzidoareconheceraquelas-enãooutras-formas(ape-sardejáserinduzidoapôremdúvidaapossibilidadedumaeventualdissolução,apromessadumafecundaindeterminação,assistindoaumacrisedasconfigura-çõestradicionais,umapêloaoinforme,talcomosemanifestanascatedraisdoúltimoMonet).Aampliaçãodinâmicadasformasfuturistaseadecomposiçãocubistasugerem,semdúvidaalguma,ou-trasposs.ibilidadesdemobilidadedasconfiguraçôes;mas,enfim,amobilidadeépermitidajustamentepela

estabilidadedasformasadotadascomodadoinicial,reconfirmadasnoprópriomomentoemquesãonega-dasatravésdadeformaçãooudadecomposição.Énaesculturaqueencontramosoutradecisãode#aberturcrcfaobra:asformasplástieasdeGabooudeLippoldconvidamofruidoraumaintervençãoativa,aumadecisãomotora,emfavordeumapoliedricidadedodadoinicial.Aforma,definidaemsi,éconstruídademodoaresultaratmbíguaevisível,sobdiversos

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ângulos,emdiversosmodosQuandoofruidorcir-cunavegaaforma,elalhearececomváriasformas.Omesmojásedavaparcfalmentecomaconstruçãobarrôcaecomoabandonodaperspectivafrontalpri-vilegiada.Òbviamente,apossibilidadedeservistadediversasperspectivaspertenceatôdaobradeescul-tura,eoApolodeBelvederevistodeladoapresenta--sediferentedequandoévistodefrente.Mas,anãossrnocasoemqueaobraéconstruídademodoaexigiravisãofrontalexclusiva(pensemosnasestá-(2)Aparentemente,aadeclaraçáesdepoéttcadeGabonãoharmoni-

tamcomaidéiadeobraaberta.Numacartade1944aHerbertRead(emRead,ThePhuosophyoJhfodernArt.London,Faber&Faber,1952)Gabofaladoabsolutoedoexatonaslinhas,deimagensdaordemenãodocaos;"Todosnósconstruímosaimagentdomundocomogos-tuas-colunadascatedraisgóticas),aformavistasobváriasperspectivasvisasempreaobteraconvergênciadaatençãoparaoresultádototal-emrelaçãoaoqualosaspectosdeperspeétivasãocomplementaresepermitemumaapreciaçãoglobal.OApolovistoportrássugereoApolototal,avisãofrontalreafir-maavisãoprecedente,umalevaadesejaraoutracomocomplemento,aindaqueimaginativo.Aformacompletasereconstróipoucoapouconamemóriae

naimaginação.Aocontrário,aobradeGabovistadebaixonosfazintuiracoexistênciadeperspectivasvariáveis,queseexcluemreciprocamente.Satisfaz-nosemnossaperspectivaatualenosdeixaperturbadosecuriososdiantedasuspeitadequesepossaimaginaraomesmotempoatotalidadedasperspectivas(oque,nareali-dade,épràticamenteimpossível)8.tariamosdeque81efsseGesenossomundoespirltualserásempreaquiloquenbsfazemosecomoofazemos.EaHumanidadesòzinhaqueoformanumacertaordemforadeumamassaderealldadesinco-erenteseinlmiBasIssoéoquemepanceserconswtivoEueacolhiaexatldâodeminhasIInhas:Masrelacionemosessasafirmaçáescom

aquiloqueoprbprioGabodizlaem1924noMant/estodoConstruti-vtsmoordemeexatidãosãoosparâmetrósbaseadanosquaisaartmoldaaorganlcidadedanaturezasuaformatlvidadeinternaodina-mismodeseucrescimento.Portantoaarte,emborasejaumáimagemconclufdaedefinida,écapazdeoferecer,atravésdeelementoscinétlcosaquEleprocessocontfnuo,queécrescimentonatural.Ta1comoumapaisagem,umadobradoterreno;umamanchastireummuroaobradeartepresta-seadiversasvisualizaçõeseapresentaperfiscambiantea,aarterefleteemei,graçasàssuascaracterfsticasdeordemeexatidão,amobilidadedoseventosnaturais.EumaobtadefiNda,podemosdizerqutsefazlmagemdumanatureza"aberta"EReademboracépticóparacomoutrasformasdeambigüldadeplásticaobserva:ApecuHarvisãodamalidadecomumaoconstrutivismode(iabooudePevsnernão

tenlsuaorigemnoaaspectoasuperfici,aisdacivillzaçâomecânIcanemnumareduçãoçiosdadosvlsuaisaseus`planoscúbicosouvólumesplásticos'...masdeumavisâodoprocesaoestruturaldouniversoffsico,-talcomoéreveladopelaci8nciamoderoa.Omelhorpreparoàapre-claçãodaarteconstrudvistaéoestudodeWhiteheadoudeSchrSdin-ger...Aarte-éasuafunçãomáxima-aceitaamultiplicldadeun5versalqueaci8nciaInvesdgaerevela,maaareduzàConcretudedeumsfmboloplásdco"(pág.233).(3)EzraPoundmanifestaumaimpressãodtssegéneroperanteacobraadeBrancusi:"Brancuslescolheuumatarefaterrivetmentemaia

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diffcil:reuNrt8dasasformasemumasbéalgoquéexigetantotempoquantoacontemplaçâodounlversoparaqualquerbudista.Poder--se-iadizerquecádaumdosmilharesdeângulossobosquaiasecon-sideraumaestátuadeverlaterumavidaprópria(Brancusipermitir-me-ácscrever:umavidadtvina)...Mesmooextremadoadoradordaarte#malsexecráveladmitlráqueémaisfácilconstruirumatstátuaqueagradeconslderadadeumângulo,doquefazerumaquesejacapazdesat3s-tazeroespectadoremqualquerângulopeloqualsejaolhada.Compre-.tndo-sequeémalsdiftdlcomunicaresta'saHsfaçãoformal'comaajudadeumatudcamaesa,4ueprovocarumInterBssevisualef8meropormeio

decomblnaçõesmonumentsisedramáticas"(DepoimenWaabreBran-cuatpubllcadoemThtLtttltRevlew,1921.)Calderdáumpassoàfrente:agoraaprópria.for-mamove-sesobosnossosolhoseaobratorna-se"obraemmovimento".Seumovimentocompõe-secom1odoespectador.Arigorjamaisdeveriahaverdoismomentós,notempo,emqueaposiçãorecíprocadaobraedoespectadorpudessemreproduzir-sedemodo;igual.Ocampodasescolhasnãoémaissugeridoé!real,,eaobraéumcamgodepossibilidades.Osvi-drinhos"deMunari,asobrasemmovimentodano-víssimavanguarda,levamàsúltimasconseqüências

essaspremissas4.Eeisque,aoladodessasdireçõesformativas,te-mosasdoInformal,tomadonosentidomaisamploquejádefinimos.NãomaisobraeIIImovimento,poisoquadroestáaí,sobosnossosolhos,definidodeumavezportôdas,fisicamente,nossinaispictóricosqueocompõem;nemobraqueexijaozllovimentodofrui-dorpelomenos,nãomaisdoqueoexijaqualquel`quadroquepedeparaservistolevandoemcontaasváriasincidênciasdaluzsôbreasasperezasdama-téria,sôbreosrelevosdacôr.Econtudo,obraabertacomplenodireito-quasedemodomaismaduroeradical-poisaquiossinaisverdadeiramentesecom-

põemcomoconstelaçõesnasquaisarelaçãoestrutu-ralnãoé,desaída,determinadademodounívoco,nasquaisaambigüidadedosinalzlãoéreconduzida(comoparaosImpressionistas)aumareafirmação,'finaldadistinçãoentreformaefundo,masoprópriofundosetornatemadoquadro(otemadoquadrotorna-sefundo,comopossibilidadedecontfnuame-támorfose)6.(4)CitemoselémdoscélebresvidrlnhoedeMunaóTr(friAnciasdabldmageraçãocomoosMtrtoramadoGrupBorlani,Colombo,Devecchi)easestruturastransformáveisdeJacoovAgamas"constelaçõesmbveis"dePolBurydsrotortltttdeDuchamp("oárdstanãoreallzasazinhooatodecrtaçãopoisoespectadoresta-

beleceocontatodaobracomomundoexteriórdecifrandoeinterpre-tandosuasquaHficaç&eprofundaseagindodestaformaacrescentasuacontrtbuiçãoaoprocesso.criattvo"joaobjetosdecompósiçâoreno-váveldeEnzoMariasestruturasarticuladasdeMunariasfBEaasmóvelsdeDiterRot,ases'truturascinédcasdeJesusSoto("sâoeawturasclné-dcasporqueaproveitamoespectadorcomomotor.Refletemomovl-mentodoespectadormesmoquesejaapenasodeseusolhoa.Prevéemsuacapacidadedesémover;eollcitamsuaadvidadesemviolentá-Ia.Sãoeswturasdnétlcasporquenâocont8masf8rçasqueasanimamPolsasf8rçasqueasanimamseudinamismosã0tomadaedeempréstimo

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aoespectador",observaCId6aBremer),ásmáqulnaedeJeanTinguely(que,deformadaspeloespectadorepostaeemrotaçáo,desenhamcon-flguraçáessemprenovas).(5)Destartesindaquenãoaejaconstituidoporelementoambveüoquadminformalaperfeiçoaatendâncladevâriostipofdaescultutá152Daíapossibilidade-porpartedofruidor-.deescolherasprópriasdireçõesecoligamentos,aspers-pectivasprivilegiadasporeleição,edeentrever,nofundodaconfiguraçãoindividual,asoutrasindividua-çõespossíveis,queseexcluemmascoexistem,numa

contínuaexclusão-implicaçãorecíproca.Portanto,da-quiseoriginamdoisproblemas,trazidosnãosóporumapoéticadoInformal,masportôdaapoéticadaobraaberta:1)asrazõeshistóricas,obackgroundculturaldessadecisãoformativa,avisãodomundo#queelacomporta;2)aspossibilidadesde"leitura"detaisobras,ascondiçõescomunicativasaquesãosub-metidas,asgarantiasdeumarelaçãodecomunicaçãoquenãodegenerenocaos,atensãoentreamassadeinformaçãointencionalmentepostaaodispordofrui-doreummínimodecompreensãogarantida,aadequa-çãoentrea:vontadedofiguradorearespostadocon-

sumidor.Comosevê,emambososproblemasnãosefazquestãodovalorestético,da"beleza"dasobrasemdiscussão,Oprimeiropontopressupõequeasobras,paramanifestardemodofecundoumavisãoimplícitadomundo,bemcomoosliamescomtôdaumacondiçãódeculturacontemporârlea,satisfaçam,aomenosemparte,ascondiçõesindispensáveisàqueleparticulardiscursocomunicativoquesecostumadefinircomo"estético".Osegundopontoexaminaascon-diçõescomunicativaselementaresemcujabase,sub-seqüentemente,sejapossívelempreenderoexamedeumacomunicatividademaisricaeprofunda,carac-terizadapelafusâoorgânicadeelementosmultíplices,

típicadóvalorestético.Adiscussâosôbreaspossi-bilidadesestéticasdoInformalconstituiráportantoaterceirafasedodiscursoquedesejamosdesenvolver.AobracomometáforaepistemológicaComreferênciaaoseuprimeiroaspecto,oInfor=malrelaciona-seinsofismàvelmentecomunlacondiçãogeraldetôdasasobrasabertas.Trata-sedeestrutu-rasqueseapresentamcomometáforasepistemológi-cas,comoresoluçõesestnlturaisdeumaconsciênciateo-clnética,tomando-sedeobjeto,"espetáculo",conformeobservaAtblnoGalvanonanota"Ártecomeoggettoeartecomespettacolo"(11Perrt,nfimeros6breoInformal,cit.,págs.18M187).réticadifundida(nãodeumateoriadeterminada,mas

deumaconvicçãoculturalassimilada):representamarepercussão,naatividadeformativa,dedeterminadasaquisiçõesdasmetodologiascientíficascontemporâ-neas,eareafirmação,naarte,daquelascategoriasdeindeterminação,dedistribuiçãoestatística,queregulamainterpretaçãodosfatosnaturais.Dessamanelra,oInformalcolocaemquestão,pelosmeiosqueIhesãopráprios,ascategoriasdacausalidade,aslógicasadoisvalores,asrelaçõesdeunivocidade,oprincípiodoterceiroexcluído.

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Nãosetrataaquidaobjeçãodofilósofoquesepreocupaemencontraratodocustoumamensagemconceitualimplícitanasatitudestomadaspelasformasdaarte.Éumatodeautoconsciônciadosmesrnosartistasque,usandooprópriovocabulárioqueutili-zamparasuasdeclaraçõesdepoética,traemasinflu-ênciasculturaiscontraasquaisreagem.Muitasvêzesousoacríticodacategóriacientíficaparacaracterizarumcomportamentoformativoébastanteperigoso;trans-portarumtêrmotípicodasciênciasparaodiscursofilosóficoouparaodiscursocríticoimpõeumasérie

deverificaçõesedelimitaçõesdosignificado,dema-neiraadeterminaremquemedidaoemprêgodotêr-motenhavalorsugestivoemetafórico.Ébemver-dadequequemseescandalizaetemepelapurezadodiscursefilosóficoquandosedefrontacomouso,emestéticaoualhures,detêrmostaiscomo"indetermi-nação","distribuiçãoestatística","informaçâo","en-tropia"ete.,esquecequeafilosofiaeaestéticatra-dicionalsempresevaleramdetêrlnoscomo`'forma","potência","germe"eassimpordiante,quenaorigemnadamaiseramdoquetêrmosfísico-cosmológicostrans-postosparaoutrocampo.Mastambéméverdadeque

justamentedevidoaessasdesenvoltascomissõestermi-nológicasfoipossíveldiscutirafilosofiatradicionaldoaltodeatitudesanalíticasmaisrigorosas:peloque,#alertadosporessaslições,aoencontrarumartistaqueusadeterminadostêrmosdametodologiacientíficaparadesignarsuasintençõesformativas,nãonosarriscare-mosaimaginarqueaestruturasdessaarterefletemaspresumidasestruturasdouniversoreal;notaremosapenasqueacirculaçãoculturaldedeterminadasno-çõeSinfluenciouparticularmenteoartistaemuestãoq,detalformaqnesuaartequeredeveserv'istacomo

areaçãoimaginativa,ametaforizaçãoestrutural,deumacertavisãodascoisas(queasáquisiçõesdaciên-ciatornararnfamiliaraohomemcontemporâneó).Nessesentido,nossa,pesquisanãoteráocaráterdeumainspeçãoontológica,masdeumacontribuiçãomaismodestaàhi:rtóricedasidéias.Sãomuitososexemplosepoderiamserextraídosdeváriosprogramasdeexposiçõesouartigoscríticose.JComoexemploespecialmentesignificante,citamosoartigodeGeorgeMathieu,D'Aristoteà1'abstractionlyrique7,emqueopintorprocuradelinearapassa-gemprogressiva,nacivilizaçãoocidental,doidealparaoreal,dorealparaoabstratoedoabstratoparlao

possível.ÉumahistóriagenéticadaspoéticasdoIn-formaledaabstraãolírica,edaquelasformasrlova'squeavanguardadescobreantesqueaconsciênciaco-mumsaibaintegrá-las.Aevolução.dasformasapre-senta-seaMathieuparalelaàdosconceitoscientíficos:"Seassistimosaodesmoronardetodososvaloresclássicosnodomíniodaarte,umarevoluçãoparalela,igualmentepro-funda,seprocessanocamPodasciências,ondearecenteanu-laçãodosconceitosdeespaço,amatéria,aparidade,agravitaçãoorenascimentodasnoçõesdeindeterminismoepro-

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babilidade,decontradição,deentropia,posttilámodespertardeummisticismoeaspossibilidadesdeumanovatranscén-dência.'t-(6)Veja-eporexemploadeclaraçãodosjovensartistaa'de"Miriorama":"Cadaaspectodárealidadec8r,forma,luzespaçOs.g¿o-métricosetempoastron8micoéoaspectodlversocom,quesedáoeSraço-zeMt,o,oumelhor:modosdiversosdepereeberorelaclonámentoentrersreçoeTeMPo.Conseqüentemgnte,consideramosarealidadècomodevirininterruptodefen8menosquesetornamperceptiveisparariósnavariação.Desdequeumarealldadeentendidanessestérmostomouolugarnaconsciãnciadohomem(ousòmenteemsuaintuição)duma

realidadefixaelmutável,reconhecemosnasartesumatend8ncláaex-pressararealidadeeseustêrmosdedevir.Portantó,considerandoaobra'comoumareal3dadefeitacomosroesmoselementoaqueconsti-tuemaquelarealldadequenoscircunda,éprecisoqueapróprlaobraestejaemcontínuavariação".OutrosartistasfalamdaIntroduçãodadimensãotemponavidainteriordaobraAlburesfalou-sederelaçãodeindeterminaçãocolocadanbdominiódalmagemjápelospróprioacubistas.TambómfoiditoapropósitodeFautrier,que"ê1eestabeleceumn8voespaçointerslderllepartIclpadaspesquisascientificasatusis"(Verdet).Eouvlu-aefalartambémderealidadesnuclearesrepresentadaapelanovapintura.MathieufaloudeépJsthemofogtedudécentrement.TBdaselas,expressõesnãoverificadas,masquemesmoassimqualificatnestadoadeespiritoquenãopodemaerdeixadosdelado.

(7)EmL'Oetl,abrilde1959.oncordamosemque,noplanometodológico,umanóãocomóadéindeterminismonãopostulanenhu-çmapossibilidademística,massòmetltepermitedes-crever,comasdevidascautelas,algunsacontecimentosmicrofísicos;eemquenãodeveserpermitido,noplanofilosófico,assumi-lacomdemasiadadesenvoltu-ra:masseopintor,Mathieunocaso,aaceitadêstemodoefázdelaumestímuloimàginativo,nãopo-demoscontestar-lheodireitodefazê-lo.Deveremos,aoinvés,examinarsedoestímuloãestruturaçãodesinaispictóricosconservar-se-ácertaanalogiaentrea

visãodascoisasimplicitananoçãometodológicae#aquelamanifestadapelasnovasformas.Colnojádis-semosemoutraparte,apoétícadoBarroco,nofundo,reageaümanovàvisâodocosmointroduzidapelarevoluçãocoperniciana,sugeridaquaseemtêrmosfigu-raispeladescobertadaelipticidadedasórbitaspla=netáriasrealizadaporKépler-descobertaquecolocaemcsiseaposiçãoprivilegiadadocírculocomosím-boloclássicodeperfeiçãocósmica.Eassimcomoapluriperspectivadaconstruçãobarrôcaseressentedestaconcepçâo-nâomaisgeocêntricaeportantonâomaisantropocêntrica=deumuniversoampliadorumo

aoinfinito,eisquehojetambém,comoofázopró-prioMathieumaisadianteemseuartigo,emteoriaépossívelestabelecerparalelosentreoadventodasnovasgeometriasnão-euclidianaseoabandonodasformasgeométricasclássicasoperadopelosFauvesepeloCubismo;entreaaparição,nocampodamaté'-mática,dosnúmerosimagináriosetransfinitosedàteoriadosconjuntos,eoaparecimentodapinturaabs-trata;entreastentativasdeaxiomatizaçãodageome-triaporHilbert,easprimeirastentativasdoNeoplas-

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ticismoedoConstrutivismo:"FinalmenteaTeoriadosJogos,devonNeumanneMor-genstern,umdosacontecimentoscientíficosmaisimpoctantesdonossoséculo,demonstrou-seéspecialmentefecundaemsuasaplicaçõesàarteatual,comoevidencioumagistralmenteTonidelRenzioapropósitod'aactionpainting.Nessevastocautpo,queagoravaidopossívelaoprovável,nestanovaaventuradoindeterminismoqueregeasleisdamatériainanimada,vivaoupsíquica,osproblemascolocadospeloChevalierdeMéréaPascal,trêsséculosatrás,estãotãosuperadosquantoasno-çóesdehasard-objectifdeDalioudemeta-ironiadeDuchamp.

Asnovasrelaçõesdoacasocomacasualidade,aintrodução156doantiacasopositivoenegativo,constituemmaisumaconfir-maçãodarupturadenossacivilizaçãocomoracionalismocartesiano."Nãovaleapenademorar-senasextremadasafir-maçõescientíficasdopintorcitadoenasuapersuasãometafísicadequeoindeterminismoregeasleisdamatériainanimada,vivaepsíquica.Masnãopode-mospretendsrqueaciênciaintroduzacautelosamenteconceitosválidosnumâmbitometodológicodefinidoequetôdaaculturadeumperíodo,intuindoseusig-nificadorevolucionário,renuncieaapossar-sedêles

comaviolênciaselvagemdareaçãosentimentaleima-ginativa.Éverdadequeoprincípiodaindetermina-çãoeametodologiaquânticanadadizemarespeitodaestruturadomundo,poissòmentenosinformamacêrcadeumcertomododedescreveralgunsaspec-tosdomundo:mas,emcompensação,nosdizemquealgunsvaloresqueacreditávamosabsolutos,válidoscomoestruturasmetafísicasdomundo(lembre-seoprincípiodacausalidadeoudoterceiroexcluído),têmomèsmovalorconvencionaldosnovosprincípiosme-todológicosadotados,e,alémdomais,nãasãoindis-pensáveisparaaexplicaçãodêstemundoouparaafundaçãodeumoutro.Daí,nasformasdaarte,mais

doqueainstauraãorigorosadevaloresequivalentesaosnovosconceitos,encontrarmosanegaçãodosan-tigos.Esimultâneamenteatentativadesugerir,aoladodeumanovaatitudemetodológicadiantedapro-vávelestruturadascoisas,umaimagempossíveldêstenôvomundo,umaimagemdequeasensibilidadeaindanãoseapoderou,poisasensibilidadeestásempreematrasoem,relaçãoàsaquisiçõesdainteligência,eaindahojesomoslevadosancestralmenteapensarque"osolseergue"mesmoquejáfaçatrêsséculosemeioquenossosantepassadosaprendemnaescolaqueo'solnãosemove.#

Daíafunçãodeumaarteabertacomometáforaepistemológica:nummundoemqueadescontinuidadedosfenômenospôsemcriseapossibilidadedeumaimagemunitáriaedefinitiva,estasugereummododevsraquüo.quesevive,evendo-o,aceitá-lo,inte-grá-loemnossasensibilidade.Umaobraabértaen-frentaplenamenteatarefadeoferecerumaimagemdadescontinuidade:nãoadescreve,elaprópriaéadescontinuidade.Elasecolocacomomediadoraentreaabstratacategoriadametodologiacientíficaeama-

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tériavivadenossasensibilidade;quasecomoumaes-péciedeesquematranscendentalquenospermitecom-preendernovosaspectosdomundo.Énestachavequedevemserinterpretadosospro-tocolosdeleituralíricaqueacríticanosproporcionadiantedeobrasinformais,quaseentusiasmando-sepelasnovaseimprevistasliberdadesqueulncampodees-tímulostãoabertoe.tãoambíguoofereceàimaginação:"Dubuffettemquelidarcomrealidadesprimordiaisecomo`maná',ascorrentesmágicasqueligamossêreshumanosaosobjetosqueoscercam.Massuaarteémuitomaiscom-

pletadoquequalquertipodearteprimitiva.Jáfizreferênciaàsmultíplicesambigüidadesezonasdesígnificado.Muitasdestassãocriadaspelacomplexaorganizaçãoespacialdatela,pelaintencionalconfusãodasescalas,pelohábitodoartistadevererepresentarascoisassimultâneamentesobdiversosângulos..Trata-sedeumaexperiêncirópticabastantecom-plexa,poisnãosòmentenossopontodevistanuncadeixadevariar,enãosòmenteháumagrandequantidadedeimpassesópticos,deperspectivasqueevocamumaestradaqueterminanomeiodeumaplanície,ouaopédeumrochedo,mas,alémdisso,somosininterruptamenteatraídospeloquadro,porumasuperfícieininterruptamenteplanasôbreaqualnãofoiusadanenhumadastécnicastradicionais.Masestavisãomúltiplaé

absolutamentenormal:éassimquevemosascoisasduranteumpasseiopelocampo,subindopequenascolinasouseguindocaminhossinuosos.Estatendênciaaverascoisascolocando--nosalternativaousucessivamenteempontosdiversosdoes-paçoindicaevidentementetambémumarelatividade-ouumapresençasimultâneadotempo."g"Fautrier.pintaumacaixacomoseoconceitodecaixaaíndanãoexistisse;e,maisdoqueumobjeto,pintaumde-bateentresonhoematéria,umcaminhartateanteemdireçãoàcaixa,naesferadeincertezaondeopossíveleorealsetocam.Oartistatemasensaçãoexatadequeascoisaspo-deriamserdiferentes..."s"AmatériadeFautrier...éumamatériaquenãosesim-

plifica,masvaisempreadiante,complicando-se,captandoeassimilandosignificaçõespossíveis,incorporandoaspectosoumomentosdoreal,saturando-sedeexperiênciavivida..."lo"Bemoutrosediversamenteapropriado5osatributosqueconvémasseguraràrepresentaçâo[deDubuffet]:emprimeirolugar,osatributosdain-finidade,dain-distinção,dain-discri-ção(tomados,êssestêrmos,emseusignifieadoetimológico).Olharatravés,segundoaópticadamatéria,significacomefei-(8)JamesFitzsimmons,leanDubullet,Bruxelles,1958,pág.43.(9)A.Berne-Joffroy,Les06letsdel.Fautrier,em"NRF",malode195Z:(10)(i.C.Aryan,DaBergsonaFautrler,"AutAut",jan.1960.158159

toverdosmoronarosperfisnocionais,dissolverem-seedesa-pareceremaspectosdecoisasepessoas;ou,seaindasubsistiremcorpúsculos,vestígios,presençasprovidasd'ealgumadefiniçâoformal,discerníveispeloolhar,essaópticaimpôequeos.co-loquemosemcrise,queosinflacionemosmultiplicando-os,cónfundindo-osnumfestivaldeprojeçõesedetiesdobramen-tos:'11O"leitór"seexcita,portanto,frenteàliberdadedaobra,suainfinitaproliferabilidade,frenteàriquezadesuasadjunçõesinternas,dasprojeçõesinconscientes

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#queaacompanham,aoconvitèqueoquadrolhefazanãodeixar-sedeterminarpornexoscausaisepelastentaçõesdounívoco,engajando-senumatransaçãoricaemdescobertascadavezmaisimprevisíveis.Dêstes"protocolosdeleitura",talvezomaisricoemaispreocupantesejaodeAudiberti,quandonosrelataoquevênapinturadeCamilleBryen:"F'inalement,iln'yaplusd'ábstraitquedefiguratij.L'in-time'semouledufémurdesibis,etmêmedesplombiers,re-cèle,commeunalbum,commeunabhommedefamille,toute

sortedecartepostale,d8medesInvalides,grandhôtelNew--grandàYokohama.Laréfractionatmosphériquerépercutedansletissuminérallesmirageslesmieuxcomposés.Deshordesdesfàphylococquessubmédullierss'allignentpourdes-sinerlasilhouettedutribunaldecommercedeMenton.[...lL'infinidelapeinturedeBryenmeparaïtplusqualifiéques'ilsebornaitàillustrer1'abituelrapportdeI'immobilepein-turecouranteaveccequiprécèdeetcequisuivra.Jerépète,illefaut,qu'àmesyeuxelleaceci,pourelle,qu'ellebougevraiment.Ellebougedanstouslesappelsde1'espace,ducôtédupassé,ducôtéde1'avenir.Elleplongesurlavégé-tationpoisonneusedufondou,aucontraire,horsdesabïmesdelacariedentairedesmoucherons,ellemonteversleclin

denotreoeiletlapoignéedenosmains.Lesmoléculesquilacomposent,desubstancechimiquepicturaleetd'énergievi-sionnaireàlafois,palpitentets'adjustentsousladoucheho-rizontaleduregard.Onprendicisurlefaitlephénombnedelacréationcontinue,oudelarévélationcontinue.Une`plume',unepeinturedeBryenn'attestepas,commetoutautre,commetoutechoseici-bas,lajonctionpermanentedesordresdeBourse,de1'exocuticuledesaraignéesetdesboiscrieurdescobalts,non...Alorsqu'achevée,présentableetsignée,ame-néeàsaproportionsocialeetcommerciale,elleattend1'atten-tionoulacontemplationdeceluiquilavoitetdontellefaitunvoyant,lesformesoulesnon-formesqu'elleproposeaupremierabordsemodifientdans1'espaceenavantdelatoile

(Il)R.Barilli,l.DubuJfet,MateriologJes,-Mitano,GalleriadelNa-vigllo,1961.edelafeuilleetenàvant,aussi,de1'âmedecevoyant,enavantlEllesaccouchent,petitàpetit1'astrefaitsondnid,dedécorsetdeprofilssecondairestourâtourprépondérants.Encouchestransparentsilsseplacquentsur1'imagefoncière.Auniveaudelaeinture,unecybernétique,commeonditvulgairement,semanifeste.Nousaurontenfinvu1'oeuvred'arts'abhumanisersedélacerdelasígnaturede1'homme,acçéderàunemouvementationautonome,quemêmelescomp-teursd'electrons,pourpeuqu'onsütaujusteolllesbrancher,seferaientunjeudemésurer"?2Ideste"protocolo"temos,todosjuntos,oslimitese

aspossibilidadesdeumaobraaberta.Semetadedasreaçõesanotadasnadatemavercomumefeitoesté-tico,esãopurasdivagaçõespessoaissugeridaspelossinais,tambémêstefatodeve,contudo,serlevadoemconsideração:éêsteumlimitedo"leitor"emques-tão,maisinteressadonoslivresjogosdesuaprópriaimaginação,ouumlimitedaobraqueassumeaquiafunçãoquepoderiater,para.outtapessoa,ames-calina?Masalémdêstesproblemasextremos,destaca-mosaqui,elevadasaomaisaltograu,aspossibilidades

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deumalivreinspeção,deumainesgotadarevelaçâode(12)JacquesAudiberti,L'Oeuvre-Boite.Gallimard,Paris,1952,págs.26-35."Finalmente,nelanãohámaisnbstratodoqueJtgurattvo.Aíntimasêmoladofêmurdasíbis,emesmodosencanadores,encerra,comoumálbum,comoumab-homemdefamília,t8dasortedecartões--postais,D&medesInva)idés,grandehotelNéw-BrandemIokohama.Arefraçãoatmosféricaecoanotecidomineralasmiragensmaisbemcom-postas.Hordasdeestafilococossubmedularesalinham-separadesenharasilhuetadotribunaldecomérciodeMantotr./.../OinfinitodapinturadeBryenparece-meassimmaisqualificadodoqueseseres-tringisseailustrarahabitualrelaçãodaimóvelpinturacorrentecom

#oquçprecedeeoqueseseguirá.Repito,épreciso,queameusolhoselapossuiisto,emsi,queelarealmentesemexe.E1asemexeemtodososchamadosdoespaço,departedopassadodepartedofuturo.Elamergulhat)avegetaçãovenenosadofundoou,aocontrário,foradosabismosdacáriedentáriadosmosquitos,sobeparaopiscardenossosolhoseoapêrtodenossasmãos.Asmoléculasqueacompõem,aomesmotempodesubstânciaquímicapictóricaedeenergiavisionária,palpitameseajustamsobaduchahorizontaldoolhar.Surpreende-seaquiofenõmenodacriaçãocontínua,oudarevelaçãocontínua.Uma"pena",umapinturadeBryennãoatesta,comoqualqueroutra,comotudoaquiembaixo,ajunçãopermanentedasordensdeoperaçãodeBõlsa,deexocutículodasaranhaseasmadeirasgritantesdoscobaltos,

não...Quandoterminada,apresentáveleassinada,levadaàsuapro-porçãosocialecomercial,e1aesperaaatençãoouacontemplaçãoda-quelequeavêedoqualelafazumvidente,asformasounão-formasqueelapropõeaoprimeirocontatomodificam-senoespaçoàfrentedatelaedafBEaaeàfrente,também,daalmadêstevidente,àfrente!Elasparem,poucoapoucooastro,fazseuninho,cenárioseperfissecundáriosalternadamentepreponderantes.Emcamadastransparentesêlesseaplicamnaimagemdefundo.Aoníveldapintura,manifesta--se,comosedizvulgarmente,umacibernética.Enfim,teremosvistoaobradearteab-humanizar-se,desatar-sedaassinaturádohomem,atingirumamovimentaçãoaut8noma,quemesmooscontadoresdeelé-trons,pormenosquesesaibaaocertoondearticulá-los,sedivertiriamemmedir".

160I161contrüsteseoposições,queproliferamacadapasso.Atalpontoque,assimcomóoleitorescapaaocon-trôledaobra,acertaalturaaobrapareceescaparaocontrôledequemquerqueseja,inclusivedoautor,eprosseguirodiscursospontesua,comoumcérebroeletrônicoenlouquecido.Entâo,nâohámaisumcampodepossibilidades;masoindistinto,ooriginário,oin-determinadoemestadoselvagem,otodoeonada.Audibertifaladeliberdadecibernéticaeapalavranosintroduznocentrodaquestão:questãoquejus-tamentepodeseresclarecidaatravésdaanálisedascapacidadescomunicativasdaobraemtêrmosdeteo-

riadainformaçâo.AberturaeinformaçãoAteoriadainformação,emsuasformulaçõesaonívelmatemático(nãoemsuasaplicaçôespráticasàtécnicacibernética)1s,fala-nosdeumadiferençara-dicalentre"significado"e"informaçâo".Osignifi-cadodeumamensagem(etambémémensagemep-municativaacon,figusaçâopictóricaquecomunicaexa-tamentenãoreferênciassemânticasmasumacertaquantidadederelaçõessintáticasperceptíveisentreseus

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elementos)seestabelecenaproporçãodaordem,daconvencionalidadee,portanto,da"redundância"daestrutura.Osignificadotorna-setantomaisclaroeinequívocoquantomaisobservoasregrasdaproba-bilidade,asleisorganizativasprefixadas-ereiteradasatravésdarepetiçãodoseiementosprevisíveis.Aocontrário,quantomaisaestruturásetornaimprová-vel,ambígua,imprevisíveledesordenada,tantomaisaumentaaircformação.Informaçãoéntendida,portan-to,comopossibilfdadeinforniat_iva,illcoatividadedeordenspossíveis.

Emalgumascondiçõesdecomunicaçãodeveservi-sadoosignificada,aardem,oóbvio:éocasodàco-municaçãodeusoprático,dacartàaosímbolovisualdesinalizaçãoródoviária,quevisamasercompreendidosunivocamente,seThpossibilidadedemal-entendiloseinterpretaçóespessoais.Emoutroscasos,aocontrá-(13)AcBrcadosesclarecimentosqueseseguem,v.oensaioante-riot,Abertura,inJormação,comunicaçün.rio,devemosbuscarovalorircfarmação,ariquezaili-mitadadossignificadospossíveis.Éocasodacomu-nicaçãoartísticaedoefeitoestético-queumapes-#quisa,dopontodevistadainformação,ajudaaex-

plicar,semcontudofundamentá-lodefinitivamente.Jádissemosquetôdaformadearte,aindaqueadoteasconvençõesdalinguagemcomumousímbolosfigu-rativosaceitospelatradição,fundamentaseuvalorjustamentenumanovidadedeorgaltizaçãodomaterialdisponível,queparaofruidorconstituisempreumacréscimodeinformação.Masatravésdearrojosori-ginaisederupturasprovisóriasdaordemdasprevi-sões,aarte"clássica"nofundovisaareconfirmarasestruturasaceitaspelasensibilidadQcomumàqualsedirige,opondo-seadeterminadasleisderedundânciaapenasparareconfirmá-lasdenôvo,'aindaquede'maneiraoriginal.Pelocontr'ario,aartecontemporâ-

neaparecévisarcomovalorprimeiroaquebrainten-cionaldasleisdaprobabilidadequeregemodiscur-socomum,pondoemcriseosseuspressupostos,nomesmoinstanteemqueosusaparad'eformá-lo.Quan-doopoetaescreve"Fedeèsustanziadicosesperate"(Féésubstânciadecoisasespe,radas),adotaasleis-gramaticaisesintáticasdalinguagemdesuaépocaparacomunicarumconceitojáadmitidopelateologiacorrente:comunica-odemodoespecialmentefecundopoisorganizatêrmoscuidadosamenteescolhidostendoporbaseleisinesperadaserelaçõesoriginais,fundindotãoestreitaegenialmenteoconteúdosemânticocomossonsecomoritmogeraldafrase,queatornanova,

intraduzível,vivazepersuasiva(capazportantodedaraoouvinteumaltoíndicedeinformação-quenãoéporéminformaçãosemântica,capazdeenriqucceraconsciênciacomreferentesexterioresimplicados,masinformaçãoestética,informaçãoquedizrespeitòàri-quezadaquelaformadeterminada,âmensagemcomoatodecomunicaçãovoltadoprincipalmenteparaumaauto-explicação).Poroutrolado,opoetacontemporâneoquediz"Cieldontj'aidépassélanuit",emborarealizeames-

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maoperaçãodopoetaantigo(organizandonumare-laçãopeculiarconteúdossemânticos,materialsonoro,ritmos),ofazevidentementecomoutraintenção:nãopretendereconfirmardemaneira"bela",demaneira162"agradável"umalinguagemaceitaeidéiasadquiridas,masromperasconvençõesdalinguagemaceitaeosmóduloscostumeirosdeconcatenaçãodasidéias,paraproporumusoinesperadodalinguagemeumalógicadessuetadasimagens,detalformaqueproporcioneao°leitorumtipodeinformação,umapossibilidade

deinterpretações,umfeixedesugestões,queestãonoantípodadosignificadocomocomunicaçãodeumamensagemunívoca.Ora,nossodiscursoemtôrnodainformaçãotemporobjetivojustaesòmenteêsteaspectodacomuni-caçãoartística,independentementedasoutrasconota-çõesestéticasdeumamensagem.Trata-sededeter-minaratéquepontoestavontadedenovidadeinfor-mativaseconciliacomaspossibilidadesdecomunica-çâoentreautorefruidor.Consideremosumasériedeexemplosmusicais.Nestafrase,extraídadeumpe-quenominuetodeBach,NotenbüchleinfürAnnaMag-dalenaBach,

podemosnotarimediatamentecomoaadesãoaumaconvençâoprobabilistaeaumacertaredundânciacon-corremparatornarclaroeunívocoosignificadodamensagemmusical.Aregradeprobabilidadeéadagramáticatonal,emcujosmoldesasensibilidadedoouvinteocidentalpós-medievaléhabitualmenteedu-cada:nela,osintervalosnãoconstituemsimplesdife-rençasdefreqüênciama$implicamnaintroduçãoderelaçõesorgânicasdentrodoconteto.Oouvidoes-#colherásempreocaminhomaisfácilparacaptaressasrelações,segundoum"índicederacionalidade"ba-seadonosdadoschamadosde"objetiyos"dapercep-

ção,esobretudonopressupostodasconvençõeslin-güísticasassimiladas.Sôbreosprimeirosdoistemposdoprimeirocoml3assotocam-seosgrausdoacordeperfeitodefámaior;sôbreòterceirotempoosoleomiimplicamumáharmoniadedominante,quetemporevidentefinalidadeareconfirmaçãodatônicaatra-vésdomaiselementarmovimentocadencial;comefei-to,nosegundocompassoatônicaépontüalinentere-batid.Seassimnãofôsse-nesteiníciodeminueto-seriafatalsuporumêrrodeimpressão.Étudotâoclaroelingüísticamenteconseqüentequemesmoumamadorpodeinferir,apartirdestalinhamelódica,aseventuaisrelaçõesharmônicas,istoé,qualseriao

"baixo"destafrase.CompletamentediversoéaquiloqueacontecenumacomposiçãoserialdeWebern:umasériedesonsapresenta-secomouinaconstelaçãoemquenãoexistemdireçõesprivilegiadas,convitesuní-vocosaoouvido.Oquefaltaéapresençadeumaregra,deumcentrotonalqueobrigueapreverode-senvòlvimentodacomposiçãonumadireçãoúnica.Aestaaltura,osresultadossãoambíguos:aumaseqüên-ciadenotaspodesucederqualqueroutra,queasen-.sibilidadenãopodeprevermassòmente,quandomui-

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to,-sefôreducada-aceitarnomomentoemquelheécomunicada:"Dopontodevistaharmônico,emprimeirolugar(peloqueentendemosasrelaçõesdealturaemtodosossentidos,simultâneosesucessivos)constataremosquecadasom,namúsicadeWebern,éseguidoimediatamente;ouquasequeimediatamente,porumdossons,ouatéporambos,queformamcomêleumintervalocromático.Porém,namaioriadasvêzes,êsteintervalonãoseapresentacomoumsemi-tom,comosegundamenor(que,emgeral,aindaéessencialmentecondutora,melódica,um`encadeamento',

esereferesempreàdeformaçãoelásticadeummes-mocampoharmônicodescritoacima),massimsobformaampliadadasétimamaioroudanonamenor.Consideradosetratadoscomomalhaselementaresdatexturarelacional,êstes.intervalosimpedemavalori-zaçãosensíveleautomáticadasoitavas(operaçãosem-preprestesaserrealizada,dadasuasimplicidade),fa-zem`desviar'osentidodainstauraçãoderelaçõesdefreqüência,opõem-seàimagemdeumespaçoaudi-tivo`retilíneo'..."14.Aêstetipodemensagem,quejáémaisambíguadoqueaprecedente-etrazconsigo,comux'nsig-.nificadomenosunívoco,umamaiorriquezadeinfor-

mação-segue-se,comorealizaçãomaisadiantada,acomposiçãoeletrônica,onde,nãosóumconjuntodesonsnoszapresentadofundidonum"grupo"emqueéimpossívelaoouvidodesenredarasrelações(14)HenriPousseur,"LanuovasensibiHtàmusicale",emIncontrtMu.ttcaltn.2,1958.,164defreqüência(neméintençãodocompositorcondu-ziràidentificaçãodessasrelações,suairitençãoéfazercomquesejapercebidoseuemaranhado,emtôdasuafecundidadeeambigüidade),mastambémosprópriossonsapresentadosconstamdefreqüênciasinéditas,des-providasdafeiçãofamiliardenotamusical,enos

transportamdecididamenteparaforadomundoaudi-tivohabitual,paraoqualapresençadeprobabilida-desrecorrentesnosconduzcomfreqüênciaequasepassivamentenaesteiraderesultadosprevisíveisead-quiridos.Aqui,ocampodesignificadossetornamaisrico,amensagemseabrepararesultadosdiversos,ainformaçãoaumentaconsideràvelmente.Tentemospo-#rém,agora,levarestaimprecisão-eestainforma-çãó-paraalémdolimiteextremo:exasperemosapresençasimultâneadetodosossons,enriqueçamosaurdidura.Chegaremosaosdmbranco,asomaindi-ferenciadadetôdasasfreqüências.Ora,osombran-

co,quearigordeveriaproporcionar-nosamaiorin-formaçãopossível,nãoinformaabsolutamentemaisnada.Nossoouvido,alémdeachar-sedesprovidodequalquerindicação,nãoésequercapazde"escolher".Assiste,passivoeimpotente,aoespetáculodomagmaorig'mal.Existeportantoumlimiaralémdoqualariquezadeinformaçãofaz-se"ruído".,Reparemosqueoruídotambémpodetornar-spsi-alNofundo,amúsicaconcretaecertosexemlosdemúsicaeletrônicanadamaissãodoqueumaorga-

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nizaçãoderuídos,tratadoscomosinais.Masopro-blemadatransmissãodeumamensagemdêstegêneroconsistejustamentenisto:oproblemadaccloraçãodosruídosbrancoséoproblemadomínimodeordemaseracrescidoaoruídoparaconferir-lheumaiden-tidade,ummínimodeformaespectrals.Algodeparecidosedátambémnocampodossinaisfigurativos.Umexemplodecomunicaçãoredundantesewndomódulosclássicos,queseprestaparticular-menteaumdiscursoemtêrmosdeinformação,édadopelomosaico.Nomosaico,cad.atesselapodeserapre-

ciadacomounidadedeinformação,umbit,eainfor-maçãototalnosédadapelasomadasunidades.Ora,asrelaçõesqueseestabelecementreastesselasde(L5)Veja-seinteirooparágrafoAulormaçdo,aordemeadesor-r(rmdoensaioanterior.ummosaicotradicional(tomemos,porexemplo,OcortejodaImperatrizTeodoraemSãoVitaldeRave-na)nãosãoabsolutamentecásuaiseobedecemarigo-rosasregrasdeprobabilidade.Prlmeiraentretôdas,aconvençãofigurativapelaqualofatopictóricodevereproduzirocorpohumanoeanaturezareal,con-vençãoimplícita,atalpontobaseadaemnossoses-quemasperceptivoshabituaisqueimediatamenteleva

0ôlhoarelacionarastesselasentresisegundoaslinhasdedelimitaçãodoscorpos,aopassoque,porseulado;astesselasquedelimitamoscontornossãocaracterizadasporumaunidadecromática.Astesselasnãosugeremapresençadeumcorpo;atravésdeumadistribuiçâoaltamenteredundante,devidoàsrepetiçõesemcadeia,insisterrenum.determinadocontôrno,sempossibilidadedeequívocoSeumsinalnegrorepre-sentaapupila,umasériedeoutrossinais,devidamen-tedispostos,lembrandoapresençadoscíliosedaspálpebras,reiteraacomunicaçãoemfoco.einduzaidentificarsemambigüidadealgumaapresençadoôlho.Mas,seremdoisosolhos,esimétricos,consti-

tuioutroelementoderedundância;enãojulguemossupérfluaestaobservação,poisnodesenhodeumpin-tormodernopoderásersuficienteumúnicoôlhoparasugerirumrostovistndefrente;ofatodeaquiseremosolhossempreerigorosamentedois,significaado-tareseguirdeterminadasconvençõesfigurativas;asquais,emtêrmosdeteoriadainformação,sâoleisdeprobabilidadedentrodeumsistemadado.Temosportantoaquiumamensagemfigurativadotadadesignificadounívocoedeumacotadeinformaçãolimi-tada.Tomemosagoraumafôlhadepapelbranco,dobre-mo-laaomeioeborrifemosumadasmetadescom

tinta.Aconfiguraçãoresultanteseráaltamentecasual,absolutamentedesordenada.Dobremosdenôvoafô-lhaaomeio,demodoafazercomqueasuperfíciedametademanchadacoincidacomasuperfíciedametadeaindabranca.Reabertaafôlha,encontrar-#-nos-emosdiantedeumaconfiguraçãoqueiàrecebeucertaordematravésdaformamaissimplesdedispo-siçãosegundoasleisdaprobabilidade,segundoafor-.mamaisélementarderedundância,queéarepetição

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simétricadoselementos.Entretanto,oôlho,aindaquelóbseencontreperanteumaconfiguraçãoaltamenteam-bígua,dispõedepontosdereferência,mesmoquese-jamosmaisóbvios:encontraindicaçõesdedireção,sugestõesderelações.Estáaindalivre,muito,muitomaisdoqueperanteomosaicodeRavena,econtudoéinduzidoareconheceralgumasfigurasdepreferêw-ciaaoutras.Sãofigurasdessemelhantes,paracujoreconhecimentoêlecarreiasuastendênciasinconscien-tes,eavariedadedasrespostaspossíveisésinalda

liberdade,daambigüidade,dopaderdeinformaçãotí-picodaconfiguraçãopraposta.Existem,todavia,algu-masdireçõesinterpretativas,atalpontoqueopsicólogoquepropõeotestesentir-se-ádesorientadoepreocu-padosearespostadopacienteestivermuitoforadeumcampoderespostasprováveis.Suponhamosagoraqueaquelasunidadesdeinfor-mação,queeramastesselasdomosaicoouasman-chasdetinta,setransformememdiminutospedacinhosdecascalhoque,distribuídosuniformemente,levadasagrandecoesãoecomprimidoscomfôrçaporumrôlocompressor,constituamapavimentaçãorodoviá-riachamada"macadame".Quemolharparaumapa-

vimentaçãodêssetipopercebeaco-presençadeinú-meroselementos'distribuídosquasequeestatisticamen-te;nenhumaordemregesuareunião;aconfiguraçãoéabertíssimaepossui,emseulimite,omáximodeinformaçãopossível,poisestamosemeondiçõesdeligarcomlinhasideaisqualquerelementoaumoutro,semquenenhumasugestãonosobrigueaumsentidodiferente.Encontramo-nosaquinamesmasituaçãodoruídobrancoacimacitado:omáximodeeqüiproba-bilidadeestatísticanadistribuição,emvezdeaumen-taraspossibilidadesdeinformação,nega-as.Istoé,mantém-nasnoplanomatemático,masnega=asnopla-nodarelaçãocomunicativa.Oôlhonãoencontramais

indicaçõesdeordem.Tambémaquiapossibil.idadedeumacomunicação'tantomaisricaquantomaisabertaestánodelicadoequilíbrioentreummínimodeordemadmissíveleummáximodedesordem.Esseequilíbrioassinalaolimiarentreoindistintodetôdasaspossibilidadeseocampodepossibilidades.Eêste,portanto,oproblemadeumapinturaqueaceiteariquezadasambigüidades,afecundidadedo168informe,odesafiodoindeterminado.Pinturaquepre-tendaofereceraoolharamaislivredasaventuraseaomesmotempoconstituirumfatocomunicativo,a

comunicaçãodomáximoruído,marcada,todavia,porumaintençãoqueoqualifiquecomosinal.Casocon-trário,tantofariaparaoôlhoinspecionarlivrementeleitosdeestradasemanchassôbremuros,semnecessi-dadedetransportarparaamolduradeumatelaestaslivrespossibilidadesdemensagemqueanaturezaeoacasocolocamaonossodispor.Repare-sebemqueaintençãoporsisóésuficienteparamarcaroruídocomosinal:atransposiçãopuraesimplesdeumpe-daçodesaconoâmbitodeumquadrobastapara

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caracterizaramatériabrutacomoartefato.Masaíintervêmasmodalidadesdecaracterização,acapaci-dadedepersuasãodassugestõesdedireçãodiantedadiminuídaliberdadedoôlho.Freqüentemente,amodalidadedecaracterizaçãopodeserpuramentemecânica,equivalenteaoartifí-#ciometalingüísticoconstituídopelasaspas:euquecir-cunscrevoumafendanaparedecamumtraçodegiz,escolho-aeproponho-acomoconfiguraçãodotadadealgumasugestão,enaqueletraçocrio-acomofatoco-

municativoecomoobraartificial.Aliás,naquelemo-mento,façoatémaisdoqueisso,caracterizo-asegun-doumadireçãode"leitura"quasequeunívoca.Ou-trasvêzesamodalidadepodeserbemmaiscomplexa,dentrodaprópriaconfiguração,asdireçõesdeordempormiminseridasnafiguraçãopodemvisaràconser-vaçãodomáximodeindeterminaçãopossíveletoda-viaorientarofruidoraolongodeumdeterminadofeixedeprobabilidades,excluindooutras.Eopintorseempenhanumaintençãodêssegênero,mesmoquandodispõeamaiscasualdesuasconfigurações,mesmoquandodistribuiseussinaisdemodoquaseestatístico.CreioqueDubuffeoferecendoaopúblicosuasmais

recentesMateriologies,nasquaisébastanteevidenteaevocaçãodeleitosdeestradasoudeterrenosnãoatingidosporintençõesdeordem-equeportantodesejarincolocarofrüidorgerantetôdasassugestõesdeumamatériainformeelivredeassumirqualquerdeterminação-ficaria,contudo,perplexosealguémreconhecesseemseuquadrooretratodeHenriqueVoudeJoanaD'Arceatribuiriaestaimprobabilíssimaformaderelacionamentoaestadosdeespíritoquebei-ramopatológ,ico.HerbertRead,numperplexodiscursosôbreota-chismeintituladoUmaartesismográficals,pergunta--seseojôgodelivresreaçõessentidodiantedaman-

chanaparedeaindaseriaumareaçãoestética.Umacoisa,dizêle,éumobjetoimaginativo,eoutraéumobjetodueevocaimagens;nosegundocaso,oartistanãoémaisopintoresimoespectador.Falta,por-tanto,numamanchaoelementodecontrôle,aformaintroduzidaparaguiaravisão.Dêstemodo,aartetachiste,renunciandoàforma-contrôle,renunciariaàbeleza,enfatizandoovalorvitalidade.Confessemosque,seadicotomia,aluta,fôssees-tabelecidaentreovalordavitalidadeeodabeleza,oproblemapoderiadeixar-nosindiferentes:se,noâm-bitodenossacivilizaçãoovalorvitalidade,enquantonegaçãodaforma,setornasserealmentepreferido(e,

portanto,preferívelsegundoanecessidadeirracionaldasvicissitudesdogôsto)aovalordabeleza,nadademalhaveriaemrenunciaràbeleza.'Masaquioproblemaédiferente:estáemjôgoapossibilidadedacomunicaçãodeumatodevitalida-de;aprovocaçãointencionaldeumcertojôgodelivresreações.Vivemosnumacivilizaçãoqueaindanãoes-colheuavitalidadeincondicionadadosábioZen,quecontemplafelizaslivrespossibilidadesdomundoaoseuredor,ojôgodasnuvens,osreflexosnaágua,os

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sulcosnoscam.pos,osreflexosdosolnasfôlhasmo-lhadas,colhendonêlesareconfirmaçãodotriunfoin-cessanteeproteiformedoTodo.Vivemos.numacivi-lizaçãoparaaqualoconviteàliberdadedasassocia-çõesvisuaiseimaginativásaindaéprovocadoatravésdadisposiçãoartificialdeumartefatoqueobedeceadeterminadasintençõessugestivas:Enaqualsepedeaofruidornãosóqueperslgalivrementeasassocia-çõesqueoconjuntodeestímulosartificiaislhesugere,comotambémquejulgue,noprópriomomentoernquedesfruta(eapós,refletindosôbreseugôzoe,emse-

gundainstância,comprovando-o),oobjetomanufa-turadoquelheprovocouaqueladadaexperiênciafrui-tiva.,Emoutrostêrmos,estabelece-semaisumadia-(16)T%eTenrhMnse,London,Routledge&Kegan,1957,pág.35eseguintes.léticaentreaobrapropostaeaexperiênciaquedela#tenho,esepedesempre,implicitamente,quesequali-!fiqueaobracombaseemminhaexperiênciaequesecontroleminhaexperiênciacombasenaobra.E,aolimite,queseencontremasrazõesdeminhaexperiên-cianamaneiraparticularemqueaobrafoifeita:jul-gando-lheocomo,osmeiosusados,osresultadosob-

tidos,asintençõesadaptadas,aspretensõesnãorea-lizadas.EoúnicoinstrumentodequedisponhoparajulgaraobraéjustamenteaadequaçãoentreminhaspossibilidadesfruitivaseasintençõesimplicitamQntemanifestadaspeloautor,quandodasuaformaçâo.Portanto,mesmonaafirmaçãodeumaartedavita-lidade,daação,dogesto,damatériatriunfante,dacompletacasualidade,estabelece-seumadialéticaine-limicávelentreobraeaberturadesuasleituras.Umaobru-éabertaenquantopermaneceobra,alémdêstelimitetem-seaaberturacomoruído.Nãocabeàestéticaestabelecerqaalsejao"limiar",massimaoatocrítico,realizadovezporvezdiantQ

doquadro,oatocríticoquereconheceatéquepontoaaberturacornpletadeváriaspossibilidadesfruitivasficatodaviaintencionalmenteligadaaumcampoqueorientaaleituraedirigeasescolhas.Umcampoquetornacomunicativaarelaçãoenãoadissolvenodiá-logoabsurdoentrQumsinal,quenãoésinalmasruído,eumarecépção,quenãoérecepçãomasumdevaneiosolipsista1.FormaeaberturaUmtípicoexemplodetentaçãodavitalidadeéen-contradonumensaiodedicadoporAndréPieyrede(17)Oproblemadadialéticaentreobraeabertúrapertenceàquelasériedequestõesdateoriadaartequeantecedemtôdadiscussãocrí-

ticaconcreta.Apoéticadaobraabertaindicacertatendênciageraldenossacultura,éaquiloqueRieg1chamariadeKunstwollen,quePa-nofskydefinemelhorcomo"sentidoúltimoedefinitivo,encontrávelemdiversosfen8menosartísticos,independentementedasprópriasdecisõesconscientescatitudespsicológicasdoautor".Nestesentido,umanoçãodéssegênero(porex.,justamente,adialéticaentreobraeabertura)éumconceitoquenãoindicacomoosproblemasartísticossãoresot-vtdos,massimcomosãocolocados.Oquenãosignificaquetaiscon-ceitossejamdefinidosaprtort,masquesãolegitimadosapriori,Istoé,propostoscomocategoriasexplicativasdeumatendénciageral-

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eategociaselaboradasapósumasénedelevantamentoss8óreasváriasobras.QualsejaasoluçãoaserdadaemcadacasoaumadialéticaMandiarguesaDubuffet18:emMirobolus,Macadam&C.,dizêle,opintoralcançouseupontoextremo.Oqueêlenosmostrasãoseçõesdeterrenonoestadoelementar,vistasperpendicularmente;nãohámaisabs-traçãoalguma,sóapresençaimediatadamatériaparaquepossamosgozá-laemtôdaasuaconcreção.Con-templamosaquioinfinitoemestadodepó:"Poucoantesdaexposiçâo,Dubuffetescrevia-mequesuastex-turologieslevamaarteaumpontoperigoso,ondeas

diferençasentre.oobjetosuscetíveldefuncionarcomomáquinaparapensar,comoécrandemeditaçõesevi-dências,eoobjetomaisviledesprovidodeinterêssetornam-seextremamentesutiseincertas.Éfácilcom-preenderqueaspessoasinteressadaspelaartesealar-memquandoestaélevadaaumpontotãoextremoqueadistinçãoentreoqueéarteeoquenãoémaisnadacorreoriscodetornar-seembaraçosa".Masseopintorindividuaavertentedeumequilí-brioprecário,ofruidoraindapodeempenhar-senoreconhecimentodeumamensagemintsncional,ouen-tãoabandonar-seaofluxovitaleincontroladodesuasimponderáveisreações.Éestasegundaestradaaes-

colhidaporMandiarguesqüandocolocanomesmoplanoas.sensaçõesquetemdiantedastexturologieseasqueexperimentadiantedocorrerlamacentoeriquíssimodoNilo;equandonoslembraoprazercon-#cretodequemafundaasmãosnaareiadeumapraiaedeixacorreroôlhosôbreofluirdosminúsculosgrãosentreosdedos,aspalmasacariciadaspelate-pidezdamatéria.Umavezescolhidoêstecaminho,porqueaindaolharparaoquadro,infinitamentemaispobredepossibilidadesdoqueaareiaverdadeira,oinfinitodamatérianaturalaonossodispor?Evidente-mente,porquesóoquadroorganizaamatériabruta,

sublilihando-acomobnltamasdelimitando-acomocampodesugestõespossíveis;éoquadroque,antesdecampodeescolhasarealizar,jáéumeampodeescolhasrealizadas;atéqueocrítico,antesdecomeçarseuhinoàvitalidade,iniciaumdiscursosôbreopin-assimcolocada,étarefadocrfticodefinirconcretamente(veja-seErwinPanofsky,"Sutrapportotra1astoriadell'artéelateoriadell'arte",emLaprospetttvacomè")órmastmtiohca",Milano,Feltrinelli,1961,págs.178-214).(18)"JeanDubuffetoulepointextr8me",emCahtersduMusdedepoche,ri.2,pág.52.tor,sôbreoqueêstepropôs;echegaàincontrolada,.associaçãosòmentedepoisquesuasensibilidadefoi

dirigida,controlada,endereçadapelaprésençadesi-naisque,porlivresecasuaisquesejam,sãotodaviafrutodeumaintenção,eportantoobra.Portanto,maisafinadacomumaconsciênciaoci-dentaldacomunicaçãoartísticaparece-nosserains-peçãocríticaquevisaaidentificar,dentrodoaciden-taledofortuitoemqueaobrasesubstancia,osele-mentosde"exercício"e"prática"atravésdosquaisoartistaconseguedesencadearasfôrçasdocasualnomomentoapropriado,fazendodesuaobraumachance

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domestiquée,"umaespéciededuplamotoracujospó-ilosnãoseesgotamaoentraremcontato,masdeixamsubsistirintataadiferençadepotencial"ls.EmDu-buffetpoderãoserasaspiraçõesgeométricascomasquaisêleintervémparacortaratexturologieafimdeimpor-lheumfreioeumadireção;motivoporqueserásempreopintora"jouersurleclavierdesévo-cationsetdesréférences"2°.PoderáserapresençadodesenhodeFautrier,queintegraecorrigealiber-dadedacôr,numadialéticadelimiteedenão-limi-

te21,emque"osinalcontémadilataçãodamatéria".(19)Veja-seRenatoBarilli,"LapitturadiDubuffet"em1!Verri,outubrode1959;ondesãocitadostambémostextosdeDubuffet,Pros-pectusarxamateursdetoutgenre,Paris,1946,eespecialmenteaseçãoNotespourlesins-letrés.(20)LembraaindaBarilli[art.citado]:"osTableauxd'assemblage[I957]explorammetòdicamente,comojádissemos,ochoqueentreaatividadedatexturologieeaintervenção,comcesuraseesquemaslinea-res,dojabér;oresultadoéumprodutoquesimultâneamenteconvergeparadoislimites(emsensomatemático):deumlado,oaflatocós-mico,ocaosgerminalpululantedepresenças;deoutro,orígidocer-ramentonociorial;aresultanteéjustamente,comodissemosemoutrolugar,umirifinitoporassimdizerdescontínuo,istoé,umaeuforia

lúcidaecontrolada,obtidaatravésdaintensamultiplicaçâodoselemen-tos,cadaqualmantendotodaviaumanítidadefiniçãoformal".(21)Veja-seaanáliseconduzidaporPalmaBucarelliemleanFau-dier,Pitturaemateria,Milano,IlSaggiatore,1960.Veja-seàpág.67aanálisedacontínuaoposiçãoentreofervilhardamatériaeolimitedassilhuetas,eadiferençapostaentrealiberdadedoinfinitosugerida,eaangústiadeumnão-limitevistoComopossibilidadenegativa'daobra.Apág.97:"nestesObjetosocontôrnoéindependentedocoágulodetinta,quetodaviaconstituiumdadoclarodeexistência:éalgoquevaialémdamatéria,designaumespaçoeumtempo,istoéenquadraamatérianumadimensãodaconsciência".Lssessãosòmenteexemplosdecertasleiturascríticas,dasquaisnãoPretendemosextra-polaraparatoscategoriatsválidosparatôdaexperimentaçãoinformal.

TBdasasvêzesemqueestadialéticaentredesenhoecôrdeixardeexistir(pensamosemMatta,ImaiouTobey)abuscadeverádesen-#volver-seemoutrosentido.NoúltimoDubuffét,assubdivisõesgeomé-trleasdatexturologtenãomaissubsistemecontudoaindaépossívelconduzirs&bresuatelaumabuscadedireçSessugeridas,deescolhasrealizadas.172`173Emesmonasmaislivresexplosõesdaactionpain-tu,,opululardasformasqueacometeoespectador,pcrmitindo-Iheamáximaliberdadedereconhecimen-tcls;nãoéapenasoregistrodeumeventotelúricocasual:éoregistrodeumgesto.Eumgestoéum

planocomdireçãoespacialetemporal,dequeosinalpictóricoéorelatório.Podemos,reversivelmente,per-correrosinalemtôdasasdireções,masosinaléocampodedireçõesreversíveisqueogesto-irrever-síve?.desdequeesboçado-nosimpôs,atravésdoqualogestooriginalnosorientanabuscadogestoperdido,buscaqueterminaaoreencontrar-seogesto,e,nêle,aintençãocomunicativa2=/Pinturaquetemaliberdadedanatureza,mastimanaturezaemcujossinaispodemosreconheceramãodocriador,umana-

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turezapictóricaque,comoanaturezadometafísicomedieval,falacontinuamentedoatooriginal.Epor-tantocomunicaçãohumana,passagemdeumaintençãoparaumarecepçãv;emesmoquearecepçãosejaaber-ta-poisabertaeraaintenção,nãointençãodecomunicarumunicumesimumapluralidadedecon-clusves-elaéoterminaldeumarelaçãocomunica-tivaque,comotodoatodeinformação,sebaseianadisposição,naorganizaçãodeumaformadada.Nestesentido,portanto,Informalquerdizernegaçãodasformasclássicasemdireçãounívoca,nãoabandonoda

formacomocondiçâobásicaparaacomunicação.OexemplodoInformal,colnoodetôdaobraabérta,noslevaráportantonãoadecretaramortedaforma,esimumamais,articuladanoçãodoconceitodeforma,aformacomocampvdepossibilidades.Descobrimosaquiqueestaartedavitalidadeedocasualaindasesubmeteàscategoriasbásicasdaco-municação(instauràndosuainformatividádenapossibi-(24)"Nestapinturaogestotemumpapelimportante,masduvidoqueêlenasçadeimproviso,semcontrôleoureflexão,semquehajanecessidadederefazê-lo,aquêlegesto,umavezapósoutra,atécriarumaformaque,possuaumsignificadoseu.A'ocontrário,écrençacomumqueestapinturasejaoresultadodeumbrevemomentodeinspiração

eviolência.MasemNewYorksãomuitopoucososquetrabalhamdêssemodo..UmexemplodestaconfusãonosédadopelapinturadeJacksonPollock.Perguntamo-nos:comoépossívelqueopintorfaçapingargótasdetintasôbreumatela(postanochão),desenhandoecompondoassimumquadro?Masogestodesenhadonãoémenosdeli-beradoeintencional,queropinceltoqueounãoatela;digamosquePollockexecutouogestonoar,acimadatela,equeatintaquepingadopincelsigaseugesto"(DavidLund,"Nuovecorrentidellapitturaastratta",emMondoOccidentale,setembrode1959).lidadedeumaformatividade):alémdisso,reencon-trandoemsiasconotaçôesdaorganizaçãoformal,nosdáaschavesparareencontraraprópriapossibilidadedeumreconhecimentoestético.Olhemosumquadro

dePollock:adesordemdossinais,adesintegraçãodoscontornos,aexplosãodasconfiguraçõesnosconvidaaojôgopessoaldasrelaçõesinstauráveis;contudo,ogestooriginal,fixadonosinal,nosorientaemdire-çõesdadas,nosreconduzàintençãodoautor.Ora,istoacontecesóeexclusivamenteporqueogestonãopermanececomoalgodeestranhoaosinal,umrefe=renteaoqualosinalremetaporconvenção(nãoéohieróglifodavitalidadeque,frioereproduzívelemsérie,evocaconvencionalmenteanoçãode"livreex-plosãodavitalidade"):gestoesinalencontraramaquiumequilibriopeculiar,irreproduzível,feitodeumafelizadesãodosmateriaisimóveisnaenergiaforman-

#te,deumrelacionamentorecígrocodossinais,capazdenoslevarafixaraatençãosôbrecertasrelaçõesquesâorelaçõesformais,desinais,masaomesmotemporelaçõesdegestos,relaçõesdeintenções.Te-mosumafusãodeelementos-assimcomonapala-vrapoéticadoversificadortradicionalsealcança,emmomentosprivilegiados,afusãoentresomesignifi-cado,entrevalorconvencionaldosomeemoção,ên-fasedepronunciação.Estetipoparticulardefusão

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éoqueaculturaocidentalreconhececomoacarac-terísticadaarte,oresultadoestético.Eointérpreteque,noprópriomomentoemqueseabandonaaojôgodaslivresrelaçõessugeridas,voltacontinuamenteaoobjeto.paranêleencontrarasrazõesdasugestão,amestriadaprovocação,aestaalturanãodesfrutamaisünicamentesuaprópriaaventurapessoal,masdesfru-taaqualidadeprópriadaobra,suaqualidadeestética.Eolivrejôgodasassociações,umavezqueéreco-nhecidocomooriginadopeladisposiçãodossinais,passaaparticipardosconteúdosqueaobraapresenta

fund'idosemsuaunidade,fontedetodososdinamis-mosimaginativosconseqüentes.Desfruta-seentão(edescreve-se,poisoutracoisanãofazqualquerintér-pretedeumaobrainfozmal)aqualidadedeumaforma,deumaobra,queéabertajustamenteporqueéobra.174175Percebemosassimqueseestabeleceu,nabasedeumainformaçãoquantitativa,umtipomaisricodeormação,ainformaçãoestética23.'Aprimeirainformaçãoconsistiaemextrairdatotali-dadedossinaisamaiorpartedosimpulsosimagina-tivos(desugestões)possíveis:apossibilidadedecar-

rearparaoconjuntodossinaisamaiorpartedasin-tegraçõespessoaiscompatíveiscomasintençõesdoau-tor.Eéêsteovalorvisa'dointencionalmentepelaobraaberta,aopassoqueasformasclássicasoimplicamcomocondiçãonecessáriadainterpretaçãomasnão0consideramcomopreferível,tendendomesmo,proposi-tadamente,areduzi-loalimitesdeterminados.Asegundainformaçãoconsisteemrelacionarosre-sultadosdaprimeirainformaçãocomasqualidadesorgânicasreconhecidascomosuaorigem:eaencai-xarcomoaquisiçãoagradávelaconsciênciadequees-tamosfruindooresultadodeumaorganizaçãocons-ciente,deumaintençãoformativa;daqualcadare-

conhecimentoéfontedeprazeredesurprêsa,deco-nhecimentosempremaisricodomundopessoaloudobackgroundculturaldoautor,queseusmódulosforma-tivosimplicamecomportam.Assim,nadialéticaentrsobraeabertura,opersis-tirdaobraégarantiadaspossibilidadescomunicativaseaomesmotempodaspossibilidadesdefruiçãoesté-tica.Osdoisvaloresestãoimplícitosumnooutroe(23)Umexemplodestarelaçãonosédado,naartefigurativaclás-sica,pelarelaçãoentresignificadoiconográ)icoesignificadoestéticototal.Aconvençãoiconográficaéumelementoderedundância:umhomembarbudoquetemjuntoasiummenino,eaoseuladoumbode,é-naiconografiamedieval-Abraão.Aconvençãoinsistena

reafirmaçãodopersonagemedocaráter.TípicooexemplofeitoporPanofsky("Ladescrizionee1'interpretazionedelcontenuto"emLaprospetrivacome"Jormasimbolicd',obracit.)apropósitodeluditeeHulojernesdeMaffei.Amulherdafiguralevasôbreumabandejaumacabeçadecepadaeumaespada:Oprimeiroelementonosleva-riaapensaremSalomé,osegundóemJudite.Mas,pelasconvençõesiconográficasbarrôcas,nuncasedáocasodeumaSalomécomaespadaenquantoquenãoéraroqueJuditesejavistalevandoacabeçadéHolofernesnumabandejaOreconhecimento,ademaiséfavorecidoporoutroelemento'deredundânciaiconográfica,aexpres'sãodacabeçade-

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capitatia(quefazpensarmaisnumperversodoquenumsanto).Desta#forma,.aredundânciadeelementosesclareceosignificadodamensagemeconfereumainformaçâoquantitativaaindaquelimitadfssima.Masainformaçãoquantitativaintervémparafavorecerainformaçaoesté-tica,ogôzodoresultadoorgânicototaleojuízosôbrearealizaçâoartística.ComoobservaPanofsky:"quemconceberoquadrocomosendoarepresentaçãodeumajovemdadaaosprazeres,tendonasmaosacabeçadeumsanto,estèticamentetambémdeverãjulgardemodomuitodiversodequemvênajovemumaheróínaprotegidaporDeus,tendonasmãosacabeçadeumsacrílego".

intimamenteconexos(enquantonumamensagemcon-vencional,numsinalrodoviário,ofatocomunicativosubsistesemofatoestético,deforxnaaconsumiracomunicaçãonapercepçãodoreferente,enãosomosinduzidosaretornaraosinalparadesfrutardocentrodamatériaorganizadaaeficáciadacomunicaçãoad-quirida).Aabertura,porseulado,égarantiadeumtipodefruiçãoparticularmentericoesurpreendente,quenossacivilizaçãovemperseguindocomovalordosmaispreciosos,poistodososdadosdenossaculturanosinduzemaconceber,sentir,epórtantover,omun-dosegundoacategoriadaspossibilidades.176

ENREDOECASUALIDADEAexperiênciadatelevisãoeaestética.Aexperiênciadatelevisãosugeriu,desdeoinício,umasériedereflexõesteóricas,apontodeinduziral-gunsafalar,incautamente,comoemgeralaconteceriestescasos,emestéticadatelevisão.Noâmbitodaterminologiafilosóficaitaliana,enten-de-seporestéticaaindagaçâoespeculativasôbreofe-nômenoarteemgeral,sôbreoatohumanoqueopro-duzesôbreascaracterísticasgeneralizáveisdoobjetoproduzido.Torna-seportanto,senâoimprópro,pelomenosincômodopassaraumusomaisdespreocupadodotérmo,falando,porexemplo,em"estéticadapin-

tura"ou"docinema";anãoserquesedeseje,comisso,indicarumaindagaçãosôbreproblemasparticular-menteevidentesnaexperiênciapictóricaoucinemato-gráfica,capazesporémdepermitirumareflexâoemnívelmaiselevadoeaplicávelatôdasasartes;ouca-pazesdeesclarecercertasatitudeshumanasquesejamobjetodereflexãoteoréticaecontribuamparaumacompreensãomaisprofundanoplanodaantropologiafilosófica.Quando,porém,seindicamcomo"estética"dequalquerartediscursostécnicosoupreceptivos,aná-lisésestilísticasoujuízoscríticos,entãopoderemosain-dafalaremestética,massòmenteseatribuirmosaotêrmoumaacepçãomaisamplaeumaespecificação

maisconcreta-oquesedáemoutrospaíses.Que-rendo,porém,permanecerfiéisàterminologiatradicio-nalitaliana(porrazõesdecompreensão,aomenos),serámaisútilfalarempoéticas,ouanálisestécnico--estilísticas,atribuindoataisexercíciosagrandeim-portânciaqueêlestêmereconhecendequeamiúdesãomaisperspícuosdoquemuitas"estéticas"filosóficas,mesmonoplanoteorético.Diantedofenômenotelevisionaledasestruturasope-

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rativasqueaciona,serápoisinteressanteexaminaracontribuiçãoqueaexperiênciadeproduçâotelevisio-nalpodeproporcionaràreflexâoestética,queratítulodereafirmaçãodeposiçõesjáconsolidadas,quercomoestímulo-peranteumfatonãoenquadrávelemca-tegoriasdadas-aoalargamentoeàreformulaçãodealgumasdefiniçõesteoréticas.Tornar-se-áespecialmenteútil,numasegundaeta-pa,verificarqualsejaarelaçãointercorrenteentreasestruturascomunicativasdodiscursotelevisionaleasestruturas"abertas"queaartecontemporâneanos

vempropondoemoutroscampos.#Estruturasestéticasdatransmissãodireta1.Postastaispremissas,seformosexaminarosdis-cursosatéagoraconduzidosemtôrnodofatotelevi-sional,tornamo-nosconscientesdequedêlésemergi-ramalgunstemasnotáveis,masqueadiscussãodêssestemas,utilíssimaparaumdesenvolvimentoartísticodatelevisâo,nãotraznenhumacontribuiçãoestimulanteàestética.Porcontribuiçãoestimulanteentendemos"algodenovo,quereleteaslustifcatmasláexisten-tesesolicitearevisãodasdefiniçõesabstratasquepre-

tendemreferir-seaela.Ora,falou-seem"espaço"televisional-determi-nadopelasdimensõesdóvídeoepelotipocaracterís-ticodeprofundidadeproporcionadopelasobjetivasdascâmarasdetelevisão;notaram-seaspeculiaridadesdo"tempo"televisional-que,freqüentemente,seiden-tificacomotemporeal(natransmissãodiretadeacon-teçimentosouespetáculos),sempreespecificadopelarelaçãocomseuespaçoecomumpúblicoempredis-posiçãopsicológicacaracterística;efalou-setambémdaespecialíssimarelaçãocomunicatívaentretelevisãoepúblico,renovadapelaprópriadisposiçãoambientaldosreceptores,agrupadosementidadesnuméricaequa-

litativamentediferentesdasentidadesdosespectadoresdeoutrosespetáculos(deformaapermitiraoindiví-duoamargemmáximadeisolamento,eacolocaremsegundoplanoofator"coletividade").Todosêstessãoproblemasqueoroteirista,odiretor,oprodutordetelevisãoenfrentamcont3nuamente:econstituempontosdeinterrogaçãoedeprogramaparaumapoéticadatelevisão.Todavia.ofatodecadameiodecomunicaçãoartís-ticaterseu"epaço",seu"tempo"esuarelaçãope-culiarcomofruidor,noplanofilosóficotraduz-sejus-tamentenaconstataçãoedefiniçãodofatoemsi.Osproblemasligadosàoperaçâotelevisionalnada

maisfazemquereconfirmarodiscursofilosóficoqueatribuiatodo"gênero"dearteodiálogocomuma"matéria"própriaeainstauraçãodeumagramáticaedeumléxicopróprios.Nessesentido,essaproblé-máticatelevisionalnãoofereceaofilósofomaisdoqueasoutrasartesjálhetenhamproposto.Essaconclusãopoderiaserdefinitivase,pelofatodefalarmosem"estética",tomássemosemconsidera-çãoapenasoaspectoclaramente"artístio"(nosen-tidomaisconvencionalelimitativodatêrmo)domeio

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detelevisão,istoé,.,aproduçãodedramas,comédias,óperaslíricas,espetáculosemsentidotradicional:Mas,dadoqueumareflexãoestéticaamplatomaemcon-sideraçâotodososfenômenoscomurlicativo-produtivos,180paradescobrir-lhesacotadeartísticoedeestético,acontribuiçãomaisinteressanteànossapesquisanosvemjustamentedaqueletipotodoespecialdecomunicaçãoqueéexclusivodomeiodetelevisão:atransmissáodiretadosacontecimentos.Algumasdascaracterísticasdatransmissãodireta

maisrelevantesparaosnossosfinsjáforamfocaliza-daspordiversasfontes.Ántesdemaisnada,filmarepôrnoarumacontecimentonomesmoinstanteemqueêleacontececoloca-nosdiantedeumamontagem-falamosemmontagem,pois,comoésabido,oacon-tecimentoéfilmadocomtrêsoumaiscâmarasparasepôrnoar,decalavez,aimagemconsideradamaisidônea-umamontagemimprovisadaesimultâneaaofatofilmadoemontado.Filmagem,montagemepro-jeçâo,trêsfasesquenaproduçãocinematográficasãobemdistintas,sendocadaurnadelasdotadadefisio-nomiaprópria,aquiseidentificam.Dissoderivaajá#

citadaidentificaçãodetemporealetempotelevisionalsemquenenhumexpedientenarrativopossareduziraduraçãotemporal,queéadoacontecimentofilmado.fácilobservarquedetaisfatosjásurgemjüntosproblemasartísticos,técnicos,psicológicos,tantodopontodevistadaproduçãoquantodarecepção;porexemplo,introduz-senocampodaproduçáoartísticaumadinâmicadosreflexosquepareciatípicadecer-tasmodernasexperiênciasdelocomoçãoedeoutrasatividadesindustriais.Mas,quandosetentaumaapro-ximaçãoaindamaiordestaexperiêpciacomunicativacomumaproblemáticaartística,introduz-seumóutrofato.

Atransmissãodiretanuncaseapresentacomode-voluçãoreflexadoacontecimentoquesedesenvolve,massempre-aindaqueàsvêzesemmedidainfinite-simal-comointerpretaçãodêle.Parafilmarumacontecimento,odiretordetelevisãocolocaastrêsoumaiscâmarasdemodoquesuadisposiçãoIhepropor-cionetrêsoumaispontosdevistacomplementares,quertôdasascâmarasapontempara-ummesmocam=povisual,quer(comopodeacontecernumacorridadebicicletas)estejamdeslocadasemtrêspontosdife-rentes,paraacompanharomovimentodeummóvelqualquér..Everdadequeadisposiçãodascâmarasficasemprecondicionadaàspossibilidadestécnicas,mas

naoapontodeimpedir,jánestafasepreliminar,umamargemdeescolha.Apartirdomomentoemqueoacontecimentoteminício,odiretorrecebeemtrêsvídeosasimagensfor-necidaspelascâmaras,comasquaisosoperadores-aumaordemdodiretor-podemescolherdetermi-nadosplanosnoslimitesdeseucampovisual,dispon-dodeumcertonúmerodeobjetivasquepermitemrestringiroualargarocampoesublínhardeterminadosvaloresdeprofundidade.Aêsteponto,odiretorse

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defrontacomoutraescolha,poisdevemandardefini-tivamenteparaoarumadastrêsimagensemontaremsucessãoasimagensescolhidas.Aescolhatorna--se,assim,composição,narração,aunificaçãodiscur-sivadeimagensanaliticamenteisoladasnocontextodeumasériemaisampladeacontecimensco-presenteseintersecantes.bemverdadeque,atualmente,amaiorpartedasfilmagensdetelevisãoéfeitasôbreacontecimentosqueoferecemumamargemmuitoescassaàiniciativainter-pretativa:numjôgodefutebol,ocentrodeinterêsseé

constituídopelosmovimentosdabola,enãoéfácilpermitir-sedivagações.Contudo,mesrnoaqui,nousodasobjetivas,naacentuaçãodevaloresdeiniciativapessoalouvaloresdeequipe,nesteseemoutroscasosintervémumaescolha,embvracasualouca-nhestra.Poroutrolado,háexemplosdeacontecimen-tosdequeoespectadorrecebeumainterpretaçãoprò-priamentedita,umaindubitàveldecantaçãonarrativa.Paracitarexemplosquasehistóricos,em1956,du-ranteafilmagemdeumdebateentredoiseconomis-tas,ouvia-seàsvêzesavozdeumdosinterlocutores,queapresentavaaperguntacomtimbreseguroeagres-sivo,enquantoatelecâmaradavaaimagemdointer-

rogado,nervosoesuado,amarfanhandoumlençoen-treasmãos:erainevitável,deumlado,certaerifati-zaçãodramáticadofato,aliásapropriada,edooutroumatomadadeposiçãa,mesmoqueinvoluntária:opúblicoeradistraídodosaspectoslógicosdoencon-troeeraimpressionadoporseusaspectosemotivos,deformaaresultarfalseadaaverdadeirarelaçãodefôr-ça,quedeveriaserconstituídapelaqualidadedosar-gumentosenáopeloaspectofísicodosinterlocutores.182#Senestecasooproblemadainterpretaçãofoimaisos-boçadodoqueresolvido,lembraremosaoinvésafil-

magemdascerimôniasnupciaisdeRanieriIIIdeMô-nacoeGraceKelly.Aqui,osacontecimentospresta-vam-serealmente'afocalizaçõesdiferentes.HaviaoacontecimentopolíticoediplomátiCo,aparadafausto-saevagamenteoperetística,oromancesentimentaldi-vulgadopelasrevistasetc.Ora,afilmagemtelevisionalorientou-sequasesempreparaumanarrativacôr-de-rosa-sentimental,acentuandoosvalores"românticos"doacontecimento,oferecendoumrelatocolorido,dés-providodeintençõesmaisrigorosas.Duranteumdesfiledebandasmilitares,enquantoumdestacamentoamericano,comevidentesfunçõesrepre-sentativas,executavaumtrecho,ascâmarasfocaliza-

ramopríncipeque,inclinadoparasacudirapoeiradascalças,sujadasquandoseapoiavaaobalaústredoterraçodeondepresenciavaaparada,sorriadivertidoparaanoiva.Erazoávelpensarquequalquerdiretorteriaefetuadoamesmaescolha(emlinguagemjorna-listica,tratava-sedeum"flagrante"),todavianãodei-xoudeserumaescolha.Ecomela,eradeterminadaatonalidadequeafetariatôdáanarraçãosubseqüente.Senaquelemomentotivessesidomandadaparaoaraimagemdabandaamericanaemuniformedegala,

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tambémdoisdiasdepois,nafilmagemdacerimônianupcialnacatedral,osespectadoresencontrar-se-iamacompanhandoosmovimentosdoaltopreladoquece-lebravaoritual:aocontrário,ascâmaraspermanece-ramquasepermanentementefocalizadasnorostodanoiva,colocandoemevidênciaaemoçãoquedeixavatransparecer.Istosignificaque,porcoerêncianarrati-va,odiretorconservavanomesmotomtodososca-pítulosdeseurelato,equeaspremissasdedoisdiasatráscontinuavamcondicionandoseudiscurso.Nofun-do,odiretorsatisfaziaosgostoseasexpectativasde

umpúblico,masemouttamedidaosinstituía.Emboradeterminadoporfatôrestécnicosesociológicos,.movia--secontudonumadimensãoderelativaautonomia,nar-rando.Umanarraçãosegundoumprincípioembrionaldecoerência,realizadaeconcebidasimultâneamente,por-tantooquepoderíamoschamarderelatodeimpromp-tu.Eisumaspectodevidoaoqualofenômenotelevi-sionalapresentaquestõesaoestudiosodeestética;pro-blemasanálogossãolevantados,porexemplo,peloscantaresdosaedosedosbardosepelacwnmediadelarte-ondeencontramosomesmoprincípiodeim-provisação,mas,poroutrolado,maiorespossibilidades

deautonomiacriativa,menoresimposiçõesexternasedequalquerformanenhumareferênciaaumarealida-deemprocesso.Umestímuloproblemáticomaisacen-tuadoéoferecidohojepelaformaprópriadacomposi-çãojazz,ajam-sessiorc,ondeoscomponentesdeumconjuntoescolhemumtemaeodesenvolvemlivre-mente,improvisandoeaomesmotempoorientandoestaimprovisaçãodentrodeumacongenialidadequelhespermiteumacriaçãocoletiva,simultânea,extemporâ-neaetodavia(noscasosbemsucedidos,escolhidosatravésdefitamagnética)orgmica.Estefenômenolevaarevereantpliarmuitoscon-ceitosestéticos,e,dequalquermaneira,ausá-loscom

maiortolerância,mormentenoquedizrespeitoaopro-cessodeproduçãoeàpersonalidadedoautor,àiden-tificaçãodetentativaeresultado,deobraconcluídaeantecedentes-ondealiásosantecedentespreexistemsobaformadehábitoaotrabalhoemconjuntoesobaformadcrecursoaastúciastradicionais,como0riffloucertassoluçõesmelódico-harmônicasdereper-tório,todosfatôraqueconstituem.aomesmotempo,#umlimiteàfelicítladeinventiva.Poroutrolado,sãoreconfirmadascertasreflexõesteóricasacêrcadopodercondicionante,nocrescimentodoorganismoartístico,decertaspremissasestruturais;fatosmelódicosqueexi-

gemumdeterminadodesenvolvimento,apontodeto-dososexecutantesopreveremeexecutaremcomoqueporacôrdo,reconfirmamatemáticadaformaforman-te-emborarelacionando-acomcertasquestõesdelinguagemdadaederetóricamusicalquejáconstituiumacondiçãanterior.integrandoainvençãopròpria-mentedita.(i)"Térmodegíria,provàvelmentecunhadopelosmdsicosnegrosamericanos,paradefinirumafrasemusical,geralmentebreveeincisiva(originalàsvêzes,outras...jámuitoconhecida,umaespéciedelugar-

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-comummusical)executadaquasesemprecominsistênciarítmlcacres-centeerepetidamaisvêzes("ostinato").,ouentãointercaladacomofrasedepassagem,paraebtercertocoloridomusicaleumacentuadoefeitodetensão"(EnciclopediadeIJnza,Milano1953)t1)Cabemaquiasv5riasqucstõessbbremecânicadaimprovisaçãoYindividual)emmúsica.Veja-seoestudocleW.Jankelewitch,Garhap-.sodie.Paris,Flammarion,1955.184Problemasidênticospodemsercolocadospelatrans-missãotelevisionaldireta:Onde:a)tentativaeresul-tadoidentificam-sequasecompletamente-todavia,

emborasimultâneamenteeportantocomescassotem-poparaaescolha,astrêsimagensconstituematenta-tiva,umadelasoresultado;b)obraeantecedentescoin-cidem-masas.câmarassãodispostasprèviamente;c)evidencia-sedemaneiraatenuadaoproblemadaformaformante;d)oslimitesdainvençãonãosãoim-postospelorepertórioesimpelapresençadefatosex-teriores.Aesferadeautonomiaapresenta-se,portan-to,muitomaisescassa,emenoraplenitudeartísticadofenômeno.2.Estaseriaaconclusãodefinitivasereconhecêsse-moscomolimiteofatoda"narração"sermodeladasôbreumasériedeeventosautônomos,eventosque,

decertomodo,sãoescolhidos,masqueseoferecemaessaescolha,êlesenãooutros,jádotadosdeumalógicaprópriadificilmentesuperáveleredutível.Con-tudo,estacondiçãonosparececonstituiraverdadei-rapossibilidadeartísticadatransmissãotelevisionaldi-reta.Examinemosaestruturada"condição"paradelapoderdeduziralgosôbreaspossibilidadesdanarra-ção.UmprocedimentodêstetipoéencontradoemAristóteles.Escrevendosôbreaunidadsdeumenrêdo,êleob-servaque"muitas,,aliásinúmerascoisaspbdemacon-teceraumapessoa,semque,contudo,algumasdelassejamdemoldeaconstituirumaunidáde:emesmoas

açõesdapessoapodemsermuitas,semcontudodelasresultarumaúnicaação"3.AmpliandooconFeito,nocontextodeumdeterFriinadocampode,acontecimen-tosentrelaçam-seejustapõem-seeventosmuitasvêzesdesprovidosde,nexosrecíprocosedesenvolvem-sesi-tuaçõesdiversasemdireçõesdiversas.Ummesmogrupodefatosencontra,deumcertopontodevista,seucompletamentoèmoutrocónjuntodefatos,enquantoque,focalüadosoboutroprisma,prolonga-seemmaisoutrosfatos.Ouedeumpontodevistafactualtodososeventosdaquelecampodispõemdeumajustificati-vaprópria,independenteméntedequalquernexo,éevi-(3)Poetica,1451ali.Ascitaç8essãoextrafdasdatraduçãoValgi-

migli(Bari,Laterza,3.aed.,1946).:186dente:justificam-sepeloprópriofatodequeaconte-cem.Maséigualmenteevidenteque,aoconsiderá-los,sentimosanecessidadedevertodosaquêlesfatossobumaluzunitária:e,sefôrocaso,isolamosalguns#dêlesquenosparecemprovidosdenexosrecíprocos,deixandodeladoosoutros.Emoutraspalavras,agru-pamososfatosemformas.Emoutrostêrmos,unifi-

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camo-losemoutra.stantas"experiências".Emregamosotêrmo"experiência"paralembraraformulaçãodeweyana,quenospareceútilàfinalidadedenossodiscurso:"temosumaexperiênciaquando0materialexperimentadoprocederumoaocompletamen-to.Entãoesòmenteentãoelaseintegraesedistin-guedasoutrasexperiênciasnacorrentegeraldaexpe-riência...Numaexperiência,corrersignificacorrerdealgoparaalgo"4.Dêstemado,são"experiências"umtrabalhobemfeito,umjôgoterminado,umaaçãolevadaacabosegundoofimprogramado.

Assimcomo,nobalançodenossaatividadediária,isolamosasexperiênciascompletadasdasexperiênciasesboçadasedispersas-epodemosatédeixardeladoexperiênciasinsofismàvelmentecompletassópornãonosinteressaremnaquelemomento,oupornãotêrmospercebidoconscientementeseuverificar-se-noâm-bitodeumcampodeacontecimentosisolamosplxosdeexperiênciassegundonossosinterêssesmaispremen-teseaatitudemoraleemotivaquepresideaquelanossaobservação5.Éclaroquedoconceitodeweyanode"experiência"nosinteressaaqui,nãotantoocaráterdeparticipaçãototalnumprocessoorgânico(queésempreumainte-

raçãoentrenóseoambiente),quantoseuaspectoformal.Interessa-nosofatodequeumaexperiênciaaparececomorealização,comocomplc'ttnlento,comofulfillment.Enosinteressaaatitudedoobservadorque,maisdoqueviverexperiências,procuraadivinhararecons-truçãodeexperiênciasalheias;aatitudedoobservador(4)Artecomeesperiena,traü.Maltese,F'irenze,LaNuovaItalia,1951'cap.IIf,págs.45-46.(5)Talcomoadefinimos,aexpcriénciapareceumapredicaçãodeformacujasrazõesobjetivasídtimasnãoparecemclaras.Aímicaob-jetividadeverificávelconsiste,contudo,narclaÇ's!9imteva1re:,lizaçãudaexperiênciaenyuantopercebid;i.Ayui,porOm,^üccursoiriaalém

depuraconstata4ãodumaatitudeclue,ayui,no1é.yicicntepercn-yuanto.queoperaumamimesedeexperiências-c,nessesen-tido,vivecertamenteumaexperiênciaprópriadein-terpretaçãoemimese.Ofatodessasmimesesdeexperiênciateremquali-dadesestéticasprópriasdeve-seaseremelasfimdeumainterpretaçãoqueé,aomesmotempo,produção,poisfoiescolhaecomposição-aindaquedeacon-tecimentosqueestavampedindorelevantementeparaserescolhidosecompostos.Aquelaqualidadeestéticaserátantomais.evidentequandointenciotialmentenosgusermosaidentificare

escolherexperiênciasnummaisamplocontextodeeven-tos,comaúnicafinalidadedereconhecê-laserepro-duzi-las,pelomenosmentalmente.Trata-sedabuscaedainstituiçãodeumacoerênciaedeumaunidadenovariar,paranóscontingentementecaótico,doseven-tos;éabuscadeumtodocompletadoemqueaspar-tescomponentes"devemsercoordenadasdetalmodoque,deslocandoousuprimindoumadelas,fiquedes-locadoequebradotodooconjunto".Comoquê,no-vamentevoltamosaAristóteleseepercebemosqueesta

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atitudedeindividuaçãoereproduçãodeexperiênciaséparaêleapoesia.Ahistórianãonosapresentaumúnicofato"masumúnicoperíododetempo,istoé,elaabarcaeabran-getodososfatosqueaconteceramnaqueleperíododetempoemrelaçãoaumoumaispersonagens;ecadaumdêssesfatosencontra-senumarelaçãopuramente'#casualcomosoutros"'.AhistóriaéparaAristótelescomoafotografiapanorâmicadaquelecampodeeven-tosaqueantesfizemosmenção;apoesiaconsisteem

isolarnessecampoumaexperiênciacoerente,umare-laçãogenéticadefatos,enfim,umaordenaçãodosfa-tossegundoumaperspectivadevalor8.Tôdasestasobservaçõesnospermitemvoltaraonos-soargumentooriginal,reconhecendonatransmissãodi-retatelevisionalumaatitudeartísticae,aólimite,umapotencialidadeestética,conexasàpossibilidadedeiso-lar"experiências"domodomaissatisfatório.Emou-traspalavras,dar"forma"-fàcilmentèperceptíveleapreciável-aumgrupodeeventos.,(6)Poéttca,1451a30.(7)Pdétlca1459a20:(8)Veja-seL.Pareyson,NrerisimilenellapoericadiAristotele.

Torino,1950.fNafilmagemdeumacontecimentodealtadramati-cidade,porexemplo,umincêndio°acongériedoseventosquecabemnocontexto"incêdionolugarX"écindívelemmaisveiosnarrativos,quepodemirdes-deumapasmadaepopiadofogodestruidoratéaapo-logiadobomb:.iro,desdeodramadossalvamentosatéacaracterizaçãodaferozoucompadcidacuriosidade,,dopúblicoqueassiste.3.Estereconhecimentodeartisticidadeligadoaes-taoperaçãotelevisionalesuasperspectivasconseqüen-tesjápoderiamparecerpontopacífico,seacondição

deextemporaneidadeprópriadatransmissâodiretanâoabrisseumnôvoproblema.Apropósitodaexperiên-cialógica-maspodemosstenderoexemploatodososdemaistiposdeexperiência-Deweyobservaque"narealidade,numaexperiênciadepensamento,aspre-missassurgemsòmentequandosemanifestaumacon-clusão"1°.Emoutraspalavras,oatodepredicaçãoformalnãoéumatodededuçãoquesedesenvolvesilog'lsticamente,masumatentativaconstantementerea-lizadasôbreassolicitaçôesdaexperiência,naqualoresultadofinalconvalidaeinstitui-efetivamentesóentão-osmovimentosiniciais",teseodepoisreaisdeumacxperiênciaseorganizamaofimdeuma

sériedetentativasexercidassôbretodososdadosemnossopodernoâmbitodoscluaisexistiamante.sedepoismeramentecronológicos,misturadosamuitosoutros,esóaofimdapredicaçãoessamescladedadossedecantaesobramosanteseosdepoisessenciais,osúnicosquecontamparaosfinsdaquelaexperiência.Perceberemos,portanto,queodiretordetelevisãoseencontranasituaçãoembaraçosadeserobrigadoaidentifiearasfaseslógicasdumaexperiêncianopró-prio.momentoemqusaindasãofasescronológicas.

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Elepodeisolarumalinhanarrativanocontextodoseventos,masdiferentementedomaís"realista"entreosartistas,êlenãotemnenhumamargemdereflexâoaposteriorisôbreospróprioseventos,e,poroutro(9)DeixandodeladooexemplodoincêndionosEstadosUnidosjáseverificaramcasosemquecâmarasdetelevisãoacorreramaolocaldeacidentesnãoprevistoscomoacontecimento9emprogramaecon-tudojornalistlcamenteinteressantes.(10)Obctt.pág48.(11)Sôbreestadinâmicadatentativa,sejaquantoàIdgica,éejaquantoàestética,v.os'capítulosIIeVdaE,rtétlcadeL.Pareyson,cit..

188lado,falta-lheapossibilidadededeterminá-losaprio-ri.Devemanteraunidadedeseuenrêdoenquantoêstesedesenvolvefactualmente,esedesenvolvedemisturaaoutrosenredos.Aomovimentarascâmarassegundouminterêsse,decertomodoodiretordeveinventaroeventonomesmomomentoemqueêlede#fatoacontece,edeveinventá-lodemodoquesejaidênticoàquiloquerealmenteacontece;paradoxoàparte,deveintuirepreverolugáreoinstantedanovafasedeseuenrêdo.Suaoperaçãoartísticatem,por-tanto,umlimitedesconcertante,masaomesmotempo

suaatitudeprodutiva,seeficaz,temsemdúvidaumaqualidadenova;epodemosdefini-lacóinoumape-culiaríssimacongenialidadecomoseventos,umafor-madehipersensibilidade,deintuitividade(maisvul-garmente,de"faro")quelhepermitacrescercomoevento,acontecercomoacontecimento.Ou,pelome-nos,saberindividuarinstantâneamenteoacontecimen-tologoqueaconteçaefocalizá-loantesquejáestejaterminadol2.Ocrescimentodesuanarraçãoapareceportantometadeefeitodaarteemetadeobradanatureza;seuprodutoseráumaestranhainteraçãodeespontaneida-deeartifício,ondeoartifíciodefineeescolheaes-

pontaneidade,masaespontaneidadeguiaoartifício,emsuaconcepçãoeemsuarealização.Artescomoajardinagemouahidráulicajáofefeceramexemplodeumartifícioquedeterminavaosmovimentospresenteseosresultadosfuturosdasfôrçasnaturais,envolven-do-osnojôgoorgânicodaobra;mas,no'casodatrans-missãodiretatelevisional,oseventosdanaturezanãoseinserememquadrosformaisqueostivessempre-vistn,maspedemaosqiladrosquenasçamjuntocomêles,queosdetermiuemnomesmomomentoemquesãopórêlesdetermihados.Mesmonomomentoemquesuaobraseencontranomínimonívelartesanal,odiretordetelevisãovive,

(12)Clostarfamosdeevidenderquétalatitude,correspondeaumadiaposiçãosucesaivadepartes,guiadaporumtodoqueaindanâoestápresentemasqueorlentaaoperação.EstawholenesaqueguiasuadeacobertanoRmbitodeumcampodrcunscrItonoarecordaaconcepçãogestáltka.Oeventoanarrarpreconfigura-seditandoleiaàoperaçãoconfiguradora.Mas-comonosfariaobservarapsicologiatransado-nal-oconfiguradorinstituiawbolenesecomescolbaselimitaçSessuaasIvas,envolvendonoatodecoàflgnraçãosuapersonalldadenopró-priomomentoemque,intuindoointeiro,a81eseadequa.Deformaqueawóotenessalcançadaaparececomoaatuaç8odumpossfvelque

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nãoeraobjetIvoantesqueumsujeltoinstitufssesuaob)etividade.todavia,umaaventuraformativatãodesconcértantequeconstituiumfenômenoartísticodeextremointerêsse,eaqualidadeestéticadeseupróduto,porgrosseiraedébilqueseja,continuasendocapazdeabrirperspec-tivas;estimulantesaumafenomenologiadaimprovisa-ção.Liberdadedoseventosedeterminismosdohábito1.Desenvolvidaestaanálisedescritivadasestrutu-raspsicológicaseformaisqueseconfiguramnofenô-menodatransmissãodireta,antesdemaisnadadeve-

ríamosperguntar-nosquefuturo,quepossibilidadesar-tísticasêssegênerode"conto"televisionalapresentaforadapráticanormal.Umasegundaperguntadizrespeitoàindubitávelanalogiaentreêssetipodeupe-raçãoformativa,queseservedascontribuiçôesdoacasoedasdecisõesautônomasdeum"intérprete"(dodiretorque"executa"comumamargemdeliberdadeotema"aquilo-que-acontece-aqui-agora"),eaquêlefe-nômenotípicodaartecontemporâneaquenosensaiosprecedentesdesignamoscomoobractberta.Parece-nosqueumarespostaàsegundaquestãoaju-daráaesclareceraprimeira.Natransmissãodireta,semdúvidaalguma,configura-seumarelaçãoentrea

vidanaamorfaaberturadesuasmilpossibilidadeseoplot,oenrêdoqueodiretorrinstituiorganizando,aindaquedeimpromptu,nexosunívocoseunidirecio-naisentreosevéntosescolhidosemontadosemse-qüência.#Queamontagemnarrativasejaumelementoimpor-tanteedecisivojáfoivisto,atalpontoque,parade-finiraestruturadatransmissãodireta,,precisamosre-correràquelaqueéapoéticadoenrêdoporexcelên-cia,apoéticaaristotélica-combasenaqualépos-síveldescrevérasestruturastradicionaissejadodra-mateatralsejadoromance,pelomenosdaquelero-

manceque,porconvenção,chamamosdebemfeitols.Masanoçãodeenrêdoéapenasumelementodápoéticaaristotélicaeacríticamodernadeixoubem(13)Paraumadiscusssoi8breanoçãode"romancebemfeito"esbresuacriserecomendamosJ.WarrenHeadr,TecntcadeIRomantoNovtoenteaco,Milano,Bompiani,1948.190.191claroqueoenrêdoésòmenteaorganizaçãoexteriordosfatosqueserveparamanifestarumadireçãomaisprofundadofatotrágico(enarrativo):aaçãol'.Edi-poquèinvestigaascausasdapestilênciae,descobrin-do-seassassinodopaieespôsodamãe,cega-se-êsteéoenrêdo.Masaaçãotrágicaseestabelecenum

nívelmaispròfundo,enelasedesenrolaacomplexahistóriadofadoedaculpacomsuasleisimutáveis,umaespéciedesentimentodominantedaexistênciaedomundo.Oenrêdoéabsolutamenteunívoco,aaçãopodecolorir-sedemilambigüidadeseabrir-seamilpossibilidadesinterpretativas:oenrêdodeHamletpodesercontadoatémesmoporumginasianoeencontrarátodosconsencientes;aaçâodeHamletfêzefarácorrerriosdetinta,poiséumamasnãoéunfvoca.Ora,anarrativacontemporâneatem-seorientadoca-

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davezmaisrumoaumadissoluçãodoenrêdo(enten-didocomocolocaçãodenexosunívocosentreaquêleseventosqueresultamessenciaisaodesenlacefinal)pa-raconstruirpseudo-históriasbaseadasnamanifestaçãodefatos"estúpidos"enâoessenciais.Nãoessenciaiseestúpidossãoos'fatosqueacontcemaLeopoldBloom,àSra.Dalloway,àspersonagensdeRobbe-Gril-let.Noentanto,sãotodosaltamenteessenciaisdesdequesejamjulgadossegundooutranoçãodaescolhanarrativa,etodosconcorremparadelinearumaação,umdesenvolvimentopsicológico,simbólicooualegóri-

co,ecomportamumdiscursoimplicitosôbreomun-do.Anaturezadêssediscurso,suapossibilidadedeserentendidodemodosmultíplicesedeestimularso-luçõesdiferentesecomplementareséoquepodemosdefinircomo"abertura"dumaobranarrativa:nare-cusadoenrêdorealiza-seoreconhecimentodofatodequeomundoéumcentrodepossibilidadesedequeaobradeartedevereproduziressafisionomia.Ora,enquantooromanceeoteatro(Ionesco,Bec-kett,Adamov,obrascomoTheConnection)envereda-vamdecididamenteporêstecaminho,pareciaqueumaoutraartefundamentadanoenrêdo,ocinema,dissoseabstinha.Abstençãomotivadapornumerososfatôres,

nãosendoseudestinosocialomenosimportantedê-(14)ParaumadiscussãosdbreenrêdoeaçãorecomendamosF.Fer-gusson,Ideadiunteatro,Parma,Guanda,1957,eaHGouhier,L'oeu-vrethedtrale,Paris,Flammarion,1958(emespecialoIIIcapltulo,Acdonettntrtgue).les,mesmoporqueocmema,diantedeumretirodeoutrasartesnolaboratóriodaexperiênciasôbreestru-turasabertas,nofundoeraobrigadoamanterrela=çõescomograndepúblicoeaforneceraquelacontri-buiçãodedramaturgiatradicionalqueconstituiumaexigênciaprofundaerazoáveldenossasociedadeecultura-eaquigostaríamosdeinsistirsôbreofatodequenãosedeveidentificarumapoéticadaobra

abertacomaúnicapoéticacontemporân,eapossível,mascomumadasmanifestações,talvezamaisinte-ressante,deumaculturaque,nãoobstante,temtam-#bémoutrasexigênciasasatisfazerepodesatisfazê-lasemaltíssimonível,empregandomodernamenteestru-turasoperativastradicior,ais:daí.omotivodeumfil-mefundamentalinente"aristotélico"comoStagecoach("Notempodasdiligências")constituir,nofundo,ummonumentoexemplarde"narrativa"contemporânea.Repentinamente-éocasodedízê-lo-viram-seaparecernastelascinematográficasobrasquerompiamdecididamentecomasestruturasttadicionaisdoenrê-

doparamostrar-nosumasériedeeventosdesprovidosdenexosdramáticos,entendidosconvencionalmente,umrelatoemquenâoacontecenada,ouacontecemcoi-sasqilejánãotêmaaparênciadefatonarrado,inassimdefatoacontecidoporacaso.Pensemosnosdoisexemplosmaisilustresdessanovamaneira,L'Avventu-raeLaNotte,deAntonioni(oprimeirodemodomaisradical,osegundoemmedidamaisindiretaecommaiornúmerodeliamescomumavisãotradicional).Nãosetratasòmentedofatodéssesfilmesterem

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aparecidoporefeitodadecisãoexperimentaldeumdiretor:oquevaleéofatodequeforamaceitospelopúblico,criticados,vituperados,masafinalaceitos,as-similadoscomofato,talvezdiscutielmaspossível.Cabeperguntar-sesefoiapenasporacasoqueêssemododenarrarpôdeserpropostoaumaaudiênciasòmentedepoisque,háalgunsanos,asensibilidadecomumseacostumouàlógicadatransmissãotelevi-sional:querdizer,aumtipoderelatoque,pormaisconcàtenadoeconseqüentequepareça,sempreacabaporusarasucessãobrutadoseventosnaturaiscomo

matéria-prima;noqualorelato,emboratenhaumfiocondutor,deixacontinuamenteumhalodeanotaçõesnãoessenciaisnasquaistambémépossívelnãoacon-192193EstelivrofoidigitalizadoporRaimundodoValeLucas,comaintençãodedaraoscegosaoportunidadedeapreciaremmaisumamanifestaçãodopensamentohumano..claroqueoenrêdoésòmenteaorganizaçáoexteriordosfatosqueserveparamanifestarumadireçãomaisprofundadofatotrágico(enarrativo):aaçãol.Bdi-poquéinvestigaascausasdapestilênciae,descobrin-do-seassassinodopaieespôsodamãe,cega-se-êsteéoenrêdo.Masaaçãotrágicaseestabelecenum

nívelmaispròfundo,enelasedesenrolaacomplexahistóriadofadoedaculpacomsuasleisimutáveis,umaespéciedesentimentodominantedaexistênciaedomundo.Oenrêdoéabsolutamenteunívoco,aaçãopodecolorir-sedemilambigüidadeseabr-seamilpossibilidadesinterpretativas:oenrêdodeHamletpodesercontadoatémesmopoiumginasianoeencontrarátodosconsencientes;aaçãodeHamletfêzefarácorrerriosdetinta,poiséumamasnãoéunívoca.Ora,anàrrativacontemporâneatem-seorientadoca-davezmaisrumoaumadissoluçãodoenrêdo(enten-didocomocolocaçãodenexosunívocosentreaquêleseventosqueresultamessenciaisaodesenlacefinal)pa-

raconstruirpseudo-históriasbaseadasnamanifestaçãodefatos"estúpidos"enãoessenciais.Nãoessenciaiseestúpidossãoos'fatosqueacontécemaLeopoldBloom,àSra.Dalloway,àspersonagensdeRobbe-Gril-let.Noentanto,sâotodosaltamenteessenciaisdesdequesejamjulgadossegundooutranoçãodaescolhanarrativa,etodosconcorremparadelinearumaação,umdesenvolvimentopsicológico,simbólicooualegóri-co,ecomportamumdiscursoimplicitosôbreomun-do.Anaturezadêssediscurso,suapossibilidadedeserentendidodemodosmultíplicesedeestimularso-luçõesdiferentesecomplementareséoquepodemosdefinircomo"abertura"dumaobranarrativa:nare-

cusadoenrêdorealiza-seoreconhecimentodofatodequeomundoéumcentrodepossibilidadesedequeaobradeartedevereproduziressafisionomia.Ora,enquantooromanceeoteatro(Ionesco,Bec-kett,Adamov,obrascomoTheConnection)envereda-vamdecididamenteporêstecaminho,pareciaqueumaoutraartefundamentadanoenrêdo,ocinema,dissoseabstinha.Abstençãomotivadapornumerososfatôres,nâosendoseudestinosocialomenosimportantedê-(14)ParaumadIscussãosdbreenrêdoeaçáorecomendamosF.Fer-

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euçson,Ideadiunteatro,Parma,Guanda,1957,caH.Gouhier,G'oeu-vretheBtrale,Paris,Flammarion,1958(emespecialoIIIcapítulo,AcrionettnJrtgue).les,mesmoporqueoemema,diantedeumretirodeoutrasartesnolaboratóriodaexperiênciasôbreestru-turasabertas,nofundoeraobrigadoamanterrela=çõescomograndepúblicoeaforneceraquelacontri-buiçãodedramaturgiatradicionalqueconstituiumaexigênciaprofundaerazoáveldenossasociedadeecultura--eaquigostaríamosdeinsistirsôbreofatodequenãosedeveidentificarumapoéticadaobra

abertacomaúnicapoéticacontemporâneapossível,mascomumadasmanifestações,talvezamaisinte-ressante,deumaculturaque,nãoobstante,temtam-bémoutrasexigênciasasatisfazerepodesatisfazê-lasemaltíssimonível,empregandomodernamenteestru-turasoperativastradicioltais:daí.omotivodeumfil-mefundamentalmente"áristotélico"comoStagecoach("Notempodasdiligências")constituir,nofundo,ummonumentoexemplarde"narrativa"contemporânea.Repentinamente-éocasodedizê-lo-viram-se'..aparecernastelascinematográficasobrasquerompiamdecididamentecomasestruturastradicionaisdoenrê-doparamostrar-nosumasériedeeventosdesprovidos

denexosdramáticos,entendidosconvencionalmente,umrelatoemquenâoacontecenada,ouacontecemcoi-sasqilejánãotêmaaparênciadefatonarrado,masIsimdefatoacontecidoporacaso.Pensemosnosdois#exemplosmaisilustresdessanovamaneira,L'Avventu-raeLaNotte,deAntonioni(oprimeirodemodomaisradical,osegundoemmedidamaisindiretaecommaiornúmerodeliamescomumavisãotradicional).Nãosetratasòmentedofatodêssesfilmesteremaparecidoporefeitodadecisãoexperimentaldeumdiretor;oquevaleéofatodequeforamaceitospelopúblico,criticados,vituperados,masafinalaceitos,as-

similadoscomofato,talvezdiscutfvelmaspossível.Cabeperguntar-sesefoiapenasporacasoqueêssemododenarrarpódeserpropostoaumaaudiênciaIsòmentedepoisque,háalgunsanos,asensibilidadecomumseacostumouàlógicadatransmissãotelevi-sional:querdizer,aumtipoderelatoque,pormaisconcàtenadoeconseqüentequepareça,5empreacabaporusarasucessãobrutadoseventosnaturaiscomo'matéria-prima;noqualorelato,emboratenhaumfio!condutor,deixacontinuamenteumhalodeanotaçõesnãoessenciaisnasquaistambémépossívelnãoacon-192tecernadaporlongotempo,quandoacâmaraespera

achegadadeumcorredorquenãoaparecesse'de-morasôbreopúblicoesôbreosprédiosvizinhos,semoutrarazãoanãoserofatodequeascoisassâoassimenãohánadaafazer.DiantedeumfilmecomoL'Avventura,perguntamo--nosseemmuitosmomentosêlenãppoderia'tersidooresultadodumatransmissãodireta.Eseamesmacoisanãopoderiatersidograndepartedafestano-turnadeLaNotte;ouopasseiodap'rótagonistaentreosrapazesquesoltamfogósnoterrenõbaldio.

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Nasceentãooproblemadesabérseatransmissâodireta,comoconcausaousimplesfenômenocontempo-râneo,nãoseinserenestepanoramadepesquisaederesultados'aoníveldemaioraberturadasestruturasnarrativaseemrelaçãoàssuaspossibilidadesdere-produziravidanamultiplicidadedesuasdireções,semunpor-lhenexosprefixados.2.Masaquidevemostomarconsciênciadeumequí-voco:adávidaemsuaimediateznãoéabertura,écasualidade.Parafazerdestacasualidadeumcentrodepossibilidadesreaiséprecisointroduzirnelaum

móduloorganizativo.Emsuma,escolheroselementosdumaconstelação,entreosquaisestabelecernexospo-livaientes,masilnicamenteapósaéscolha.AaberturadeL'Avventuraéefeitodeumamonta-gemquepropositadamenteexcluiuacasualidade"ca-sual"paraintroduzirnelasòmenteelementosdeca-sualidade"desejada".Oconto,comoenrêdo,nãoexis-te,justamenteporquehánodiretoravontadeprecon-cebidadecomunicarumsentidodesuspensãoedeindeterminação,unafrustraçãodosinstintos"roman-nescos"doespectadorafimdeforçá-loaintroduzir-seativamentenocentrodaficção(qusjáévidafiltra-da)paraorientar-seatravésdeumasériedèjuízosin-

telectuaisemorais.Aaberturapressupõe,portanto,alongaecuidadosaorganizaçãodeumcampodepossi-bilidades.Ora,nadaimpedequeumacuidadatransmissãodi-retasaibacolhêr,entreosfatos,aquêlesquesepres-tamaumaorganizaçãoabertadêssetipo.Masinter-vêmaquidoisfatôresvinculantes,quesãoanaturezadomeioeseudestinosocial-istoé,suasintaxepe-culiareseuauditório.Justamenteporestaremcontatoimediatõcomvidacomocasualidade,atransmissâodiretaéinduzdaadominá-larecorrendoaogênerodeorganizaçãmaistradicionalmenteesperável,odetipoaristotélicc

regidoporaquelasleisdecausalidadeenecessidadquesão,afinal,asleisdeverossimilhança.#EmL'Avventura,Antonioni,emdadomomento,criumasituaçãodetensão:numaatmosferaabrasadapelsoldomeio-dia,umhomemderramaintencionalmentumtintéirosôbreodesenhoelaboradoenpleinairpcumjovemarquiteto.Atensãorequerumasolução,numwesterntudoacabarianumabrigadeefeitolibetador.Abrigajustificariapsicològicamenteofendideofensor,eosatosdeambosexcontrariamumamotvação.NofilmedeAntonioni,aoinvés,nãoacontecenadadisso:abrigapareceestourarmasnáoestou

ra,gestosepaixõessâoreabsorvidosnomormaçofísicoepsicológicoquedominatôdaasituação.Oraumaindeterminaçãoradicalcoxnoessaéoresultadfinaldumalongadecantaçãodotema.Aviolaçãodtôdasasexpectativasqueimplicariaqualquercritérideverossimilhançalinearétãodesejadaeintencionquenâopodeseroutracoisasenãoofrutodeumcálculoexercidosôbreomaterialimediato:demaneirqueoseventos,parecemcasuaisjustamenteporquenãsãocasuais.

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Afilmagemdetelevisâoqueacompanhaumjôgodfutebol,aocontrário,nãopodeeximir-sederesolvetodooacúmulodetensõesesoluçõespostergadasnconclusãofinaldogól(ou,àfaltadogol,noêrrcnotentoperdidoquequebraaseqüênciaefazexplcdirogritodopúblico.Eadmitamostambémqutudoissosejaimpôstopelaespecíficafunçãojonalisticadafilmagem,quenãopodedeixarüedccumentaraquiloqueoprópriomecanismodojôgimplicanecessàriamente.Mas,feitoogol,odiretcaindapoderiaescolherentreaimagemdamultidãode

lirante-anticlimaxapropriado,fundocongenialdistensãopsíquicadoespectadorquedescarregousuemoção-ouentâopoderiamostrardeimproviscgenialepolêmicamente,umtre,chodaruavizinha(mvlheresàjanelaocupadasnosafazerescotidianos,gatcenroscadosaosol),ouentãoqualquerimagemabsclutamenteestranhaaojôgo,qualquereventocircun,194tantequeseligueàimagemprecedenteapenasporsuanítida,violentaestranheza-sublinhandoassimumainterpretaçãolimitativa,moralistaoudocunientá-riadojôgo,ouatéaausênciadetôdaigterpretação,arecusadetodonexoeliamèprevisível,cómonuma

apáticamanifestaçãodenülismoquepoderiater,seconduzidacommãodemestre,omesmoefeitodecer-tasdescriçõesabsolutamenteobjetivasdonouveauro-man.Istoodiretorpoderia:seporémafilmagemsófôs-sediretanaaparência,masna.verdaderesultassedeumalongaelaboraçâo,daaplicaçãodeumanovavi-sâodascoisasqueserebelacontraomecanismoins-tintivocomquesomoslevadosainterligaroseventossegundoaverossimilhança.Elembramosque,paraAristóteles,averossilnilhançapoéticaédeterminadapelaverossimilhançaretóricá:querdizerqueélógicoenaturalqueaconteçanumenrêdoaquiloque,de

acôrdocomoraciocínio,cadaumdenósserialevadoaesperarnavidanormal,aquiloque,quaseporcon-venção,ségundoosmesmoslugares-comunsdodis-curso,sepensaquedeveacontecer;postasdetermina-daspremissas.Nestesentido,portanto,aquiloqueodiretorélevadoaentrevercomoresultadofantàstica-manteapropriadododiscursoartísticoéaquiloqneopúblicoélevadoaesperarcomoresultadoapropriado,àluzdobomsenso,deumaseqüênciarealdeeventos.3.Ora,odesenvolvimentodatransmissâodiretaédeterminadopelasexpectativas,.pelasexigênciasespe-cíficasdeseupúblico;públicoque,nomesmomo-mentoemquesolicitaumanotíciasôbreoqueacon-

#tece,imaginaoqueaconteceemtêrmosderomancebemfeitó-ereconheceavidacomorealsòmentequandoelalheapareceindependentedacasualidade,reunificadaeesçolhidacomoenrêdoló.stoporqueòromancedeficçãocorrespondè,emsuaexpressãotra-dicional,aomodohabitual,meoanizado,geralmentera-zoávele.funcional,demover-seentreoseventosreais,conferindosignificadosunívocosàscoisas.Enquantcs(15)Defato,énaturalqueavidasejamainsemelhantesoUltssee

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doqueaOsTréaMosquetetrostodavla,qualquerumdenósestámaisinclinadoapensarnavldaemt8rmoadeOaTrtrMosqurtetrosdoqueemtêrmosdeUliaaes:oumelhor,poderememoraravidaejulgá-lasòmenterepensando-acomoromancebemfeito.quesòmentenoromanceexperimentalseencontradecisãodedissociarosnexoshabituais,combasenoquaisseinterprstaavid.a,nãoparaencontrarum;não-vida,masparaexperimentaravidasobnovasperspectivas,aquémdasconvençõesesclerosadàs.Istoporémrequerumadecisãocultural,umestadodeânimc"fenomenológico",uma.vontadedepôrentreparênte

sesastendênciasadquiridas,vontadequefaltaaoes!pectadorqueolháparaovídeoparareceberumanotíciaeparasaber-comlegitimidade-comovaacabar.Nâoéimpossívelqusnavida,nomesmomomentemqueosjogadoresdasduaseqllipesemcampoestãtconcluindoumaação,nopontomaisaltodetensâoosespectadoresnasarquibancadaspercebamosentidtdainutilidadedotodoeseabandonemagestosimprováveis,unsdeixandooestádio,outrosadormecendoaosol,outrosaindaentoandohinosreligiosos.SEissoacontecesse,atransmissãodiretaqueomostrassorganizariaumaadmirávelnâo-história,semporiss

dizernadadeinverossímil:apartirdaqueledia,tapossibilidadepassariaapertenceraorepertóriodoverossímil.Mas,atéprovaemcontrário,estasoluçãoé,segundoaopiniãocorrente,inverossímil,eoespectadordtelevisãoesperacomoverossímilseuoposto-oentusiasmodospresentes-eéistoqueatransmissãcdiretadeveráproporcionar-lhes.4.Alémdessascoerçõesdevídasàrelaçãofuncionalentretelevisãocomoinstrumentodeinformaçãoumpúblicoquesolicitaumprodutodetipodeterminado,existetambém,comojávimos,umacoerçãodtiposintático,determinada,porsuavez,pelanaturez;

doprocessodeproduçãoepelosistemadereflexopsicológicosdodiretor.Avidãemsuacasualidadejáésuficientementedispersivaparadesconcertarodiretorqueprocurainterpretá-lanarrativamente.Elesearriscaaperdercontinuamenteofiodameadaereduzir-seafotógrafodcnão-relatadoedouniforme.Nãodonão-relatadovoluntãrio-sobcujacomunicaçãoseocultaumadefinidaintençãoideológica-masdonâo-relatadofacfualsofrido.Parafugiraestadis.persão,êledevecontinuamentejustaporaosdadosoesquemadumaorga-nizaçãopossível.Edevefazê-lodeimpromptu,istoé,emfraçõesdetempomínimas.

Ora,nesteespaçodetempo,oprimeirotipódenexoentredoiseventosqueseapresentacomopsicològica-mentemaisfácileimediato,éoquesefundamentanóhábito,ohábitoaoverossímilsegundoaopiniâocorrente.Comojádissemos,correlacionardoiseven-tossegundonexosinusitadosrequerdecantação,refle-xãocrítica,decisãocultural,escolhaideológ.ica.Seria,portanto,precisoqueinterviesseaquiumnóvotipodchábito,odeverascoisasdemodoinusitado,dema-neiraatornarinstintivaaeolocaçãodonãò-nexo,o

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nexoexcêntrio,enfim-parausarmostêrmosïnusi-#cais-umnexoserialaoinvésdetonal.Estehábitoformativo,quealiáséeducaçãodasen-sibilidadequesópodetornar-secostumeiraapósumaassimilaçãomaisprofundadasnovastécnicasnarrati-vas,odiretordetelevisãodeatualidadesnãotemtempoparadesenvolvê-lonemapresénteorganizartãocülturallhesolicitaalgonessesentido.Oúniconxopossívelquesuaeducação-cóoadetodoindivíduo'normalquenãosedeteveparticularmentenoestudodasmais

recentestécnicasdescritivasdocinemaedoromancecontemporâneo,tornandosuasasrazões-Iheper-miteéaquêleestabelecidopelaconvençãodeverossi-milhança,e,portanto,aúnicasoluçãosintáticapossí-veléacorrelaçãosegundoaverossimilhançatradicio-nal(poistodosestaremosdeacôrdoemadmitirquenãoexistemleisdasformasenquantoforas,masleisdasformasenquantointerpretáveispelohomem,peloqueasleisdumaformasempredevemcoincidircomoshábitosdenossaimaginação).Cabeaindaacrescentarquenãosóodiretordéte-levisão,masqualquerpessoa,memóuriiescritorfami-liarizadocomasnovastécnicas,pôstodiantedeuma

situáçãovitalimediaa,enfréntá-la-iasegundooses-quemasdecompreensibilidadefundadosnohábitoenanoçãocomumdecausalid'de,justámenteporqueêssesnexosaindasão,noatuaestadodenossacultu-raocidental,osmaiscômodosparanassamovimenta-çãodéntrodavidacotidiana.Noverâode1961,AlainRobbe-Grilletsofreuumdesastreaéro,apósoqual,incólume,foientrevistadopelaimprensa:comoressal-198touL.,'Expressnumartigomuitosutil,anarraçãoqueoromancista,emocionadíssimo,fêzdoacidente,tinhatôdasasaparênciasdanarraçãotradicional,eraem'suma,aristotélica,balzaquiana,talvezcarregadadesus-

pense,deemoção,departicipaçãosrrbjetiva,dotadadeumcomêço,deumclimaxedeumfinalapropriado.O.repórtefobjetavaqueRobbe-Grill'etdeveriaternar-radooacidentenomesmoestiloimpessoal,objetivo,desprovidodegolpesteatrais,enfim,nãonarrativo,comqueescreveseusromances;epropunhaadeposi-çãodoescritordeseutronodepontíficedasnovastécnicasnarrativas.Aargumentaçãoeraótimacomoboutade,masquemativesselevadoasério,suspeitan.dodeinsinceridadeoromancista(quenummomentocrucialpareciaterabdicadodesuavisãodascoisasparaassumiraquelacontraaqualpolemizahabitual-mente),teriasidovftimadeumgrandeequívoco.De

fato,ninguémpretenderiaqueumcíentistaadeptodasgeometriasnão-éuclidianas,necessitandomedirseuquar-toparaaconstruçãodeumarmário,usasseageome-triadeRiemann;ouqueumfautordateoriadarela-tividade,perguntandoashorasaummotoristadepas-sagem,enquantoestáparadonacalçada,ajustasseseureiógiocombasenastransformaçõesdeLorentz.No-vosparâmetrosparaveromundosãoassumidospa-aoperarsôbrerealidadespropostasexperimentalmenteemlaboratório,atravésdeabstraçõesimaginativasou

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entãonoâmbitodeumarealidadeliterária,maspodemserinadequadasparanossamovimentaçãoentreosfatoscomuns,nãoporseremfalsosperanteêles,masporquenesteâmbitoaindapodemrsultarmaisúteis-pelomenosporenquanto-osparâmetrostradi-cionaisusadosportodososoutrossêrescomqueman-temosrelaçõesdiáriasAinterpretaçãodeumfatoquezwsaconteceeaoquãldevemosresponder.imediataménte-ouquepre-cisamosimediatamentedescrever,retomando-ocomacâmar.adetelevisão-éumdoscasostípiéosemque

asconvençõesusuaisaindaresultamasmaisapropria-#

das.5-.Estaéasituaçãodalinguagemtelevisionalemcertafasedeseudesenvolvimento,numdadoperlodoultural,numasituaçãosociológicadadaqueconfere1ZENEOCIDENTEEsteensaiodatade1959,quandoozencomeçavaades-pertarcuriosidadenaItálial.'Estivemosemdúvidaquantoainseri-loounãonestasegundaedição,pordoismotivos:1)A"vague"dozenacaboupornâodeixarsinaisdignosdenotanaproduçãoartístiçaforadaAméricadoNorte,eo

discursoapresenta-sehojemuitomenosurgentedoqueoitoanosatrás.2)Emboranossoensaiocircunscrevamuitoexplicitamenteaexperiênciazenentreosfenômenosde"moda"cultural,ges-quisandomasnãopregandosuasrazões,houveleitoresapres-(1)Aindaquehouvesseantesalguminter8eseespatsopeloaseunto,oZenBudismonoBrasllfoilntroduzidopeloeacdtorNelsonCoelho,tambómpotroltade1959-1%l.Opthneitollvroaqulpubllcadoe0breamatérlafoiInmduçdoaoZenBudtrmo,deD.T.Suzuki,em1%1,pelaCüillzaçãaHtasileira.(N.doT.)03a)vaacaavuacuvav.uuuaaaayucaaaawas.aaaaaavaaaacovnpermanecemválidosnosEstadosUnidos-enomundoin-

teiroseestãoestabelecendoformasdereaçãoa-ideológica,místico-erótica,àcivilizaçãoindustrial(mesmoqueàsvêzesapelandoparaosalucinógenos).2)Nãodevemos,nunca,toleraraçhantagemdaestupidezalheia."Dilranteosúltimosanos,nosEstadosUnidos,umapequenapalavrajaponêsa,desomsibilanteepungente,começouamanifestar-seatravésdereferênciascasuaisouexatasnoslugaresmaisdiversos,nasconversasdassenhoras,nasreuniõesacadêmicas,noscoquetéisentreamigos...EssapequenaeexcitantepalavraéZen!"Assimescrevia,aofimdadécadadecinqüenta,umarevistaamericanadegrandedifusão,aofocalizarum

dosfenômenosculturaisedecõstumesmaiscuriososdosúltimostempos.Note-sebem:obudismoZenul-trapassaoslimitesdo"fenômenodecostume",poisrepresentaumaespecificaçãodobudismõquemergu-Ihasuasraízesnósséculosequeinflnenciouprofundà-menteasculturaschinesaejaponêsa;bastapensarqueastécnicasdaesgrima,dotirocomoarco,asartesdocháedadisposiçãodasflôres,aarquitetura,apin-tura,apoesianipônicasofreranuainfluênciadestadou-trina,quandonãoconstituíramsuaexpressãodireta.

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Mas,paraomundoocidental,oZentornou-sefenô-menodecostumehápoucosanosehápoucpsanosopúblicocomeçouaperceberasreferênciasaoZencontidasemdiscursoscríticosaparèntementeindepen-dentes:Zeneabeatgeneration,Zenèpsicanálise,ZeneamúsieadevanguardanosEstacosUnidos,.Zeneapiriturainformal,e,finalmente,Zeneafilosofia'deWittgenstein,ZerleHeidégger,Zen'eJung...Asre-ferênciascomeçamasetornarsuspeitas,ofilólogodes-confiadeumembuste,olèitòrcomumperdeadire-ção,qualquerpessoasensataserevoltadecididamen-

tequandovemasaberqueR.L.BlythescreveuumlivrosôbreZenealiteraturainglêsa,identificandosi-tuações"Zen"nos:poetasinglêseadeShakespareeMiltonaWordswvrth,Tennyson,Shelley,Keats,atéos>`-I204oeru'to,e,especialmentenaAméricadoNor-te,gruposdepessoasvãoouviraspalavrasdosmes-tresZenemigradosdoJapão,principalmentedoDr.DaisetzTeitaroSuzuki,umanciãoquededicousuavidaàdivulgaçãodestadoutrinanoOcidente,escre-vendoumasériedevolumesequa_lificando-secomoa#

máximaautoridadenoassunto.Seráportantoocasodeseperguntarquaispossam'serosmotivosdosucessodoZennoOcidente:porqueoZeneporqueagora.Certosfenômenosnâoacon-tecemporacaso.NestadescobertadoZenpeloOci-dentepodehavermuitaingenuidadeebastantesuperfi-cialidadenatrocadeidéiasesistemas:masseofatoaconteceu,éporqueumacèrtaconjunturaculturalepsicológicafavoreceuoencontro.Nãoéaquiquesedeverádarumajustificativain-ternadoZen:aêsterespeitoexisteumaliteraturabas-tanterica,maisoumenosespecializada,àqualsepoderecorrerparaosnecessáriosaprofundamentoseverifica-

çõesorgânicasdosistema2.OquemaisnosinteressaaquiéverquaisoselementosdoZenquepuderamfascinarosocidentaiseencontrá-laspreparadospararecebê-los.HánoZenumaatitudefundamentalmenteantünte-.lectualista,deelementaredecididaaceitaçãodavidaemsuaimediação,semtentarjustapor-lheexplicaçõesqueatornariamrígidacamatariam,impedindo-nosdecolhê-laemseulivrefluir,emsuapositivadesconti-nuidade.Etalveztenhamosditoapalavraexata.Adescontinuidadeé,tantonasciênciasquantonasrela-çscomuns,acategoriadenossotempo:aculturaocidentalmodernadestruiudefinitivamenteosconcei-

tosclássicosdecontinuidade,deleiuniversal,dere-laçãocausal,deprevisibilidadedosfenômenos:em(2)Citamosemespecial:HeinrichDumoulin,ZenGeschichteundGéstalt,München,FranekeVerlag,1959;ChristmasHumphreys,ZenBuddltism,London,Allen&Unwin,1958;N.SenzakieP.Reps,ZenFleslt,ZenBones,Tóquio,Tuttle,1957;Chen-Chi-Chang,ThePracticeo)Zen,N.Y.,Harper,1959;D.T.Suzuki,IntroductiontoZenBuddhtsm,Loqdon,Rider1949;RobertPowell,ZenandRcalityLondon.AllenRUn1%M'A.W.WattsLaviadelloZen,MilanóFeltrinelli1960;parmabibüografiamaisvasta,v.A.W.Watts,,LoZen,hülano,

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BompianI,1959.205sados(oudemáfé)queodenunciaramcomomanifesto,comodesavisadatentativadetransplante-coisaque,aocontrário,éclaramentecriticadanoúltimoparágrafodoensaio.Sejacomofôr,resolvemosconservarocapítuloporque:1)OsfenômenosculturaisqueamodazensimbolizavapermanecemválidosnosEstadosUnidos-enomundoin-teiroseestãoestabelecendoformasdereaçãoa-ideológica,místico-erótica,àcivilizaçãoindustrial(mesmoqueàsvêzes

apelandoparaosalucinógenos).2)Nãodevemos,nunca,toleraraçhantagemdaestupidezalheia."Dilranteosúltimosanos,nosEstadosUnidos,umapequenapalavrajaponêsa,desomsibilanteepungente,começouamanifestar-seatravésdereferênciascasuaisouexatasnoslugaresmaisdiversos,nasconversasdassenhoras,nasreuniõesacadêmicas,noscoquetéisentreamigos...EssapequenaeexcitantepalavraéZen!"Assimescrevia,aofimdadécadadecinqüenta,umarevistaamericanadegrandedifusão,aofocalizarumdosfenômenosculturaisedecostumesmaiscuriososdosúltimostempos.Note-sebem:obudismoZenul-

trapassaoslimitesdo"fenômenodecostume",poisrepresentaumaespecificaçãodobudismóquemergu-Ihasuasraízesnósséculasequeinflüenciouprofundà-menteasculturaschinesaejaponêsa;bastapensarqueastécnicasdaesgrima,dotirocomoarco,asartesdocháedadisposiçãodasflôres,aarquitetura,apin-tura,apoesianipônicasafreramainfluênciadestadou-trina,quandonãoconstituíramsuaexpressãodireta.Mas,paraomundoocidental,oZentornou-sefenô-menodecostumehápoucosanosehápoucosanoso#públicocomeçouaperceberasreferênciasaoZencontidasemdiscursoscríticosaparentementeindepen-

dentes:Zeneabeatgeneraton,Zenèpsicanálise,ZeneamúsicadevanguardanosEstacosUnidos,Zeneapinturainformal,e,finalmente,Zeneafilosofia'deWittgenstein,ZeneHeidégger,Zen'e;Jnng...Asre-ferênciascomeçamasetornarsnspeitas,ofilólogodes-confiadeumembuste,olëitòrcomumperdeadire-ção,qualquerpessoasensata'serevoltadecididamen-tequandovemasaberqueR.L.BlythescreveuumlivrosôbreZenealiteraturainglêsa,identificandosi-tuações"Zen"nos.poetasinglêsesdeShakespáreeMiltonaWordsworth,Tennyson,Sielley,Keats,atéos>--)204

pré-rafaelitas.Todaviaofenômenoexiste,pessoasdig-nasdamáximaconsideraçãoseocuparamdêle,Ingla-terraeEstadosUnidosestâoproduzindolivrosemmassasôbreoassunto,quevãodasiznplesdivulgaçãoaoestudoerudito,e,especialmentenaAméricadoNor-te,gruposdepessoasvãoouviraspalavrasdosmes-tresZenemigradosdoJapão,principalmentedoDr.DaisetzTeitaroSuzuki,umanciãoquededicousuavidaàdivulgaçãodestadoutrinanoOcidente,escre-vendoumasériedevolumesequa_lificando-secomoa

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máximaautoridadenoassunto.SeráportantoocasodeseperguntarquaispossamsermotivosdosucessodoZsnnoOcidente:porqueoZeneporqueagora.Certosfenômenosnãoacon-tecemporacaso.NestadescobertadoZenpeloOci-delitepodehavermuitaingenuidadeebastantesuperfi-cialidadenatrocadeidéiasesistemas:masseofatoaconteceu,éporqueumacértaconjunturaculturalepsicológicafavoreceuoencontro.Nãoéaquiquesedeverádarumajustificativain-ternadoZen:aêsterespeitoexisteumaliteraturabas-

tanterica,maisoumenosespecializada,àqualsepoderecorrerparaosnecessáriosaprofundamentoseverifica-çõesorgânicasdosistemaz.OquemaisnosinteressaaquiéverquaisoselementosdoZenquepuderamfascinarosocidentaiseencontrá-lospreparadospararecebê-los.HánoZenumaatitudefundamentalmenteantünte-.,lectualista,deelementaredecididaaceitaçãodavidaemsuaimediação,semtentarjustapor-lheexplicaçõesqueatornariamrigidacamatariam,impedindo-nosdecolhê-laemseulivrefluir,emsuapositivadesconti-nuidade.Etalveztenhamosditoapalavraexata.Adescontinuidadeé,tantonasciênciasquantonasrela-

çõescomuns,acategoriadenossotempo:aculturaocidentalmodernadestruiudefinitivamenteosconcei-tosclássicosdecontinuidade,deleiuniversal,dere-laçãocausal,deprevisibilidadedosfenômenos:em(2)Citamosemespecial:HeinrichDumoulinZenGeschtchteundGéstalt,München,FranckeVerlag,1959;ChristmasHumphreys,ZenBuddhism,London,Allen&Unwin,1958;N.SenzakieP.Reps,ZenFleshZenBones,Tóquio,Tuttle,1957;Chen-Chi-Chang,ThePractJceo)ZtnN.Y.,Harper,1959;D.T.Suzuki,InlroductiontoZenBuddhtsm,Loqdon,Rider1949;RobertPowell,ZenandRealityLondon.Allen&Un1%1,A.WVJatts,LaviadelloZen,MilanbFeltrinelli1%0;pará'mabibliografiamaisvasta,v.A.W.Watts,,LoZen,Milano,Bompiani,1959.

205suma,renunciouàelaboraçãodefórmulasgeraisquepretendemdefiniróconjuntodomundoemtêrmossimplesedsfinitivos,Novascategoriasingressaramnalinguagemconte,nlporânea:ambigüidade,insegurança,possibilidade,probabilidadé.Éextremamenteperigosomisturarascoisãseassimilar,comoestamosfazendo,idéiasprovenientesdosmaisdiversossetoresdacul-#turacontemporâneacomsuasacepçõesprecisasedis-tintas,masoprópriofatodeumdiscursocomoêsteservagamentepossíveledealguémpoderindulgente-menteaceitá-locomocorreto,significaquetodosêsses

elementosdaculturacontemporânéaestãounificadosporumestadodeespíritofundamental:aconsciênciadequeouniversoordenadoeimutáveldeoutrora,nomundocontempórâneo,representa,quandomuito,umanostalgia:masjánãoénosso.Daqui-eserápre-cisodizê-lo?-nasceaproblemáticadacrise,poiséprecisoumafirmeestruturamoralemuitafénaspos-sibilidadesdohómemparaaceitardespreocupadamen-teummundonoqualpareceimpossívelintroduzirmó-dulosdeordemdefinitivos.

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Repentinamente,alguémencontrouoZen;avalizadaporsuavenerávelidade,estadoutrinavinhaensinar--nosqueouniverso,otodo,émutável,indefinível,fu-gaz,paradoxal;queaordemdoseventoséumailusãodenossainteligênciaesclerosante,quetôdatentativaparadefini-laefixá-laemleisestácondenadaaofra-casso...Masquejustamentenaplenaconsciênciaeaceitaçãoalegredestacondição,estáaextremasabe-doria,ailuminaçãodefinitiva;equeacrisèeternadohomemnãosurgeporqueêledevedefiniromundoenãooconsegue,masporquequerdefini-loenãodeve.Derradeiraproliferaçãodobudismomahayana,oZen'sustentaqueadivindadeestápresentenavivamultipli-

cidadedetôdasascoisas,equeabeatitudenãocon-sisteemsubtrair-seaofluxodavidaparadesvanecernainconsciênciadoNirvanacomoonada,massimnoaceitartôdasascoisas,noveremcadaumadelasaimensidadedotodo,serfelizesdafelicidadedomun-doqueviveefervedeeventos.OhomemocidentaldescobriunoZenoconvitearealiarestaaceitação,renunciandoaosmóduloslógicoseestabelecendoilni-camentecontatosdiretoscomavida.Porisso,hoje,nosEstadosUnidos,costuma-sedis-tinguirentreBeatZeneSquareZen.SquareZenéo

Zen"quadrado",regular,ortodoxo,paraoqualsevoltamas,pessoasquesentemconfusamenteteren-contradoumafé,umadisciplina,um"caminho"desalvação(equantasnãoexistemnosEstadosUnidos,-irrequitas,confusas,disponíveis,prontasapassardaChristianScienceaoExércitodaSalvaçâo,eagora,porquenão,aoZen),eguiadospelosmestresjapo-nêsesparticiparemdeverdadeiroscursosdeexereíciosespirituais,aprendendoatécnicado"sitting"3,passamlongashorasdesilenciosameditaçãocontrolandoares-piraçãoparachegarasubverter,segundoosensina-mentosdealgunsmestres,aposiçãocartesiana,afir-mando"Respiro,logoexisto".BeatZené,pelocon-

trário,oZenadotadocomobandeirapeloshypstersdogrupodeSãoFrancisco,osJackKerouac,osFer-linghetti,osGinsberg,encontrandonospreceitosenalógica(aliásna"ilógica")Zsnasíndicaçõesparaumcertotipodepoesia,alémdemódulosqualificadospa-raumarecusadoamericanwayoflife;abeatgenera-tionrevolta-secontraaordemexistentesemprocurarmudá-la,mascolocando-seàssuasmargense"pro-curandoosignificadodavidanumaexperiênciasub-jetivamaisdoquenumresultadoobjetivo"¢.Osbeat-niksseaproveitamdoZencomoqualificaçãoparaseuindividualismoanárquico:ecomoressaltouHaroldE.MeCarthynumestudosôbreo"natural"eo"inatu-

ral"nópensamentodeSuzukió;aceitaramsemmuitasdiscriminaçõescertasafirmaçõesdoméstrejaponês,se-gundoasquaisosprincípioseosmodosdaorganiza-çãosocialsãoartificiais.Estaesgontaneidadesoousu-,gestivamenteaosouvidosdumageraçãojáeducadaporcertotipodenaturalismoenenhumdoshypstersre-#fletiusôbreofatodequeoZennãorecusaasociali-dadetoutcourt,masrecusaumasocied,adeconforma-daparaprocurarumasocialidadeespontânea,cujasre-

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laçõessefundamentamnumaadesãolivreefeliz,cadaqualreconhecendo0outrocomopartedeummesmo(3)Técnlcaespedalusadapelosortentaiseespecialmeatepelosbu-distasrelativa8posiç8oemqueoadeptodevesentar-separaorar.Derlvadasposiç8esioga.(4)V.AlanW.Watts,"BeatZenSquareZenandZen"emChicmsoRevlew,Summer1958(nfimeroútücos8breoZen).SBbreasrela-çõamtreZenebeatgenerationv.tambémRM.Adams,StrabuojDtscordrIthacaCornellUn.Pr.,1958,pág.188.(5)HaroldEMcCartby,','TbeNaturalandUanatural1nSuzukl'sZen',emChic.IYev.,dtado.'

20660Zs'eIaeas-opueznas`ayuspsesoaseopezzeeur.ueuxasanbIod`o5zó;saopouunueaoanasoaaemo:eaóqeue,aloaeuxeanbzod`zaeteezed'edig;zeoeuoqupeo'oaeoeuzopoaoeopo`"soclutureo"stopmastxajenboopunasoueaputoofgdemcieu-otauacu`opellao8zlreou`anb`s;eMueoeTsàaazd-moastemo:uaZepteapeuzasrsmnapleuamaducooolaadseuzneluasazdazozusesljenpzetpusoarnb.esuaofsopapnTleeouIsauzasaunzadasuianbrqsem`uoun.aua8;naqeposeaoa;sááozu`o;zaaaQ'"epreQepóempanbopn;saaeutldTostponeapoqleq

-ezuInáuaZ'Tta;steuIezlaueur'epoj-áze;Iazanb`aluameaullnuns`a`ofemaze;Tpazae,zazanbásTe-uaplaosopeulalqozd'omauxnáouuaZ'n-tnaase;euznopuessaeezeze;saaaaieduaZoauapmoH":eurn;ea.mnbsoInuIuaZumápa;ueuasaidaz`(zaqjnur`steuxopuzálea`IeluapTaomn8redez-uoqapuez)uaZalopiaaesapsuapzosenaqaaazgsólataanbeueauauIe-alzouezouuas`TxeseSzann,dcgng¿"uaesaHs`1Taux.o;sa`faáeeqfauáqmg-uotsrnuteeqlnoTns`Iqseaopieqs`I-¿szaeojimfIezo,d'auxeueai`no":Tnfd-uoaa`sauaasajopesotadosuadozdesauoqenseredogsuaazdcuoaelaltosanb(ornlnonliar)ru.rolsarnyy)

8zaqsuTaapeuetjneaoQ5eIuneu"auama.-TIreueaapapepzssaaauDZnasrnu"eaua2azlsamopapepTuazasesoTauajtsemderezedto;apu¿e5uezac-ucautensapazepuesaourogouezqoszlayuamoq-'-zadnsomeafasg.lesoueeuarenbapsoargue;soomomueueltaaeoanb`ouauuaidsapoesosuadozdsonpTetpmezedoIa;`sTecuappag;uaZmnuaZeag0oQluaQzasoQ'etauáyautepleoanbax.ou.epe8-azzeaazqosaluamerezndapezedtexopezedeaxafqozdumazqósog5eypauijeuaaap.`euojeo;z;gauoeaaaz-a;ouaZoapuoj`soellomasotaT;yzeapsáeezeeI--ratunuzoaapa`IaePatunuIoautezaprsuoauaZoanbeta-uáuadxaeumsoznosoe.reatunuIoaapeece;alem

-npas-eezjeut;ea`ostaxaezndgesaseux:semo-snteuzse.ral.moaaaxasvntaeaiosaa'"aidmaseIedáazdmase.red`a`azduzasezedeoqáesloazanbtenb"anbazqoasapaenoiaXsoaTTganqsasexásnasuxg"opea-nponapepzaeopo;uauqpaasdsaposonaaouaiasopauelspomm`esoereiesa;aponeeuxn`apepaoq,80Z'856I8uudg`.wayaoBDaIyuI.``.WlaoduI.iof3osulafs0aí.L.C9)

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ezaaemnoluenboádesapo;ueefsqozuoeáezejaapelsau-`"e5uaza3lpsuxnquauze;ó'essazautauioeHIasoerI"euzzl;eaenozaXopuenb`anbap`ouns-sqauoszaduaZmn`uaZeagoa;uaure;èxaefasassáanbapeptenpeazns'sey'"aselxááalslxaoluenbopnanbeuapuaaazduzona`seeleseznetzasesepóapapnIleaqeaelauálasuoae`oQ5elzaqyesaóSelTpaui#seuuTtuzealpapa`oiusáuIuzluxapauz-zaanbsaassápndnaas`zapuaázduzoaassapndnaas`q'opunmasTzlazqodasáanbopáslsuzepeunáo`mbePlsaná

oanboluenbuauzájená

oopuemaozdnolsa`euee-ztoáouloaopunuxo'r'ozslgolst`mbe:apepzae

eTenazenjoqos'''":sotzeIfosasazsaejTssase-xáapauásemnuepeueale(ua2sazlsauIsouIeIzIp`uolnsumap)oeuluznpepmtsazdemnpeáet;Qz-otqone-ense:apepiaqljelajdcuoaemnesaóendseasaóellPauzaPselaldaz`sanbsoqsojadsuaepunqeBeesensaeazasap`surngnu.mqQuza`aenozaXtufssls'"DtII)08uosanlqanlayWuDI¡mumnl`saóSaol[dxamausaó5ssJsqeuIas`alualuela.anoa`aluauzoindsestoosqalualuulailp.esi"apopoláo`áolsz`n/IDqouepeol;idtlInluauieutldooszp8mnazugquiela`IaIvIH`lieuISl!?InlPagOo.Lnzqsueg

odrj)so8tluesoduIalsopQomoouinonoZulneSu"ouslunapetsaod8gaoussstsuagoaslausidueSeseyY''aluamelusaapapepissaoauslnosuIepoSSe.Ilseoap`Iut;aa-a.I"tIi`aailua"apózsudapolnn(uoouInanbopszsluepeu`al!piodtutssea`otlslauo°OOIuOoSlelse.topelosapasza"v,l-uauIslsez8aisznsQpuaaooaisouanblo!IaPnPvlnqool-sodoalnauIIe.IlauIetpganbO'olullzoeulapuaias'v,.rtvosalg'..sv5rtvtxooeS'opsstooeplazeidsaldmrsoladuIessa;-uooasselaodso.Indso"ousalsg'''oormápeoesmsa;osolQqaumoeu`tllaq8utha,dzIpouIoa`'mtoalüaure.Itapepla"`sua8uosQIIo"anbstsaod`iua"ouioasmauiQpe3aqeouia"anbolybeopnlia"amsa`uaZsoTlqodQinonole"oa`aeula"

epoiauánuná-ortuidoztptTlueusouamoladnalsqMatlnld`ellneweZIlqd`iapriuS.CseO`osio0aml0oyI1-iaqButl.ta`qloncag`na`B.Iaqsnt0iazlpianb-aoussslsuago0-soueiueSnladBpelaasa.idai`eueouacusQtsaods"oud":oenozaXoerezeej-edeusej'sgtotrezadma;utsepez8essensaseuznaousesoTdas.suaepunqeBeesenseiedeereatsntomoauaZourerepjez;sapuozlnraua8Daqepsea;ozdso`lei-uauooutstuuo;aoaumapsazoTzalxasopomsoieopeapmájeuxez;epeuanbzaqaazadmag'jeszaazunodIoabeatrci.ksseguiriamocaminhodogatinho.Ecommui-taindulgênciaWattsconclui,emseuartigosôbreBeateSquareZen,que,sealguémquiserpassaralgunsanos

nummosteirojaponês,nãohárazãoparanãofazê-lo;mas,seoutrospreferemroubarautomóveiseficarodiainteiroescutandodiscos'deCharlieParker,afinalosEstadosUnidossãoumpaíslivre.Exi.stem,porém,outrasáreasdavanguardaondepo-demosencontrarinfluênciasZenmaisintsressanteseexatas:maisinteressantesporqueaquioZennâoser-vetantoparajustificarumaatitudeéticaquantoparapromoverestratégiasestilisticas;emaisexatas,justa-mente,porqueareferênciapodesercontroladacom

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basenaspeculiaridadesformaisdacorrenteoudoar-tista.Umacaracterísticafundamentaltantodaartequantodanão-lógicaZenéarecusadasimetria.Arazãodistoéintuitiva,afinal,asimetriarepresentaummódulodeordem,umarêdelançadasôbreaesponta-neidade,oefeitodeumcálculo:eoZentendeadei-xarcrescerossêreseosevèntossempreordenarosresultados.AsartesdaesgrimaedalutarecomendamconstantementeumaatitudedeFlexíveladáptabilidadeaotipodeataquelevadoaefeito,umarenúnciaàres-postacalculada,umconviteàreaçãocomodesenvol-

vimentodaaçãodoadversário.EnoteatroKabuki,adisposiçãocmpirâmideinvertida,quecaracterizaasrelaçõeshierárquicasdaspersonagensnopalco,sem-preéparcialirentealteradae"dessquilibrada",demo-doqueaordemsugeridatenhasemprealgodenatu-ral,espontâneo,imprevisto7.ApintlraclássicaZennãosóaceitatadosêssespressupostos,enfatizandoa#assimetria,masvalorizatambémoespaçocomoenti-dadepositivaemsi,nãocomoreceptáculodascoisasquenêlesobressem,mascomosuamatriz:nessetra-tamentodoespaçoháapresunçâodautf'.ldadedouni-verso,umaonivllorizaçãodetôdasascoisas:homens,

animaiseplantassãotratadosnoestiloimpressionista,confundindo-secomofundo.Istosignificaque,nestapintura,háumaprevalênciad'amanchasôbrealinha;certapinturajaponêsacontemporâneaamplamenteü-fluenciadapeloZenéumaverdadeirapinturatachiste,(7)Veja-seporexemplo,EarleErnst,TheKabuk!Theatre,Lon-don,1956(págs.182-184).enãoéporacasoquenasatuaisexposiçõesdepintu-rainformalosjaponêsesestãosemprebemrepresen-tados.NosEstadosUnidos,pintorescomoTobeyouGravessãoexplicitamenteconsideradosrepresentantesdeumapoéticaabundantementeembebidadezenismo,enacríticacorrenteareferênciaassimetriaZenpara

qualificarasatuaistendênciasdaartbrutaparececomcertafreqüência8.Póroutroladoéevidente-efoiafirmadoregeti-dasvêzes-quenasproduçõesda"artcinformal"háumaclaratendênciaàabertura,umaexigênciadenãoconcluirofatoplásticnumaestruturadefinida,denâodeterminaroespectadoraaceitaracomunicaçãodeumadadaconfiguração;ededeixá-lodisponívelaumasériedefruiçõeslivres,emqueêleescolhesultadosformaisqueIheparecemcongeniais..umquadrodePollocknãonoséapresentadoumlversofigurativoacabado;oambíguo,oviscoso,oassimé-tricointervêmnêlejustamenteparapermitirqueoim-

pulsoplástico-colorísticoproliferecontinuamentenumaincoatividadedeformaspossíveis.Nesseoferecimentodepossibilidades,nessepedidodeliberdadefruitiva,estáumáaceitaçãodoindeterminadoearecusadaca-sualidadeunívoca.Nãtipoderíamosimaginarumse-guidordaactiotlpaintingprocurandonafilosofiaaris-totélicadasubstânciaajusf,ificativadesuaarte.Quan-doumcríticoserefereàassimetriaeàaberturaZen,podemosmesmoadiantarressalvasfilológicas;quandoumpintorexibejustificativasemtêrmosZen,podemos

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desconfiardaclarezacríticadesuaatitude:'masnãopodemosnegarumafundamentalidentidadedeatmos-fera,umareferênciacomumaomovimentocomonão--definiçãodenossaposiçãonomundo.Umaautori-zaçâodaave,nturanaabertura.MasondeainfiuênciaZensefêzsentirdemaneiramaissensíveleparadoxalfoinavanguardamusicalnorte-americana.Referimo-nosemespecialaJohnCa-ge,afiguramaisdiscutidadamúsicánorte-americana(semdúvida,amaisparadoxaldetôdaamúsicacon-(8)Veja-aeanotadedülorkrtleeemIIdlvenlredelfearN,To-

rlno`F.inaudi`1959,páa.81(lltendertversoiAstmmetrteo).MaistardeDorfleantomon8etetemanum'amploeneaiodedicadosoZeninidal-mentepublicadonaRivtJtadiEstetteaedepoisemSimboTo,'Comunt-eotlone,Conaumo,Torlno;Elnaudi,1%2.210temporânea),omúsicocomquemüitoscompositorespós-webernianoseeletrônicosestãofreqüentementeempolênlica,sempodersubtrair-seàsuafàscinaçãoeaoinevitávelmágistériodeseuexemplo.Cageéopro-fetadadesorganizaçãomusical;osumo-sacérdotedoacaso:adesagregaçãodasestruturastradicionais,queanovamúsicaserialprocuracomumadecisãoquasecientífica,encontraemCageumeversordesprovidode

qualquerinibição.Sãoconhecidosseusconcertosemquedoisexécutantes,alternandoelissõesdesonscomlongos.períodosdesilêncio,extraemdopianoasso-noridadesmaisheterodoxas,dedilhandosuascordas,percutindoseusladose,enfim,levantando-seesinto-#nizandoumrádionum.camprimentodeondaéscolhi-doaoacaso,demaneiraapoderinssrirqualquercon-tribuiçâosonora(música,palavrasoudistxírbioindis-tinto)nofatoexecutivo.Aquemointerpelaares-peitodasfinalidadesdesuámúsica,Cage_respondeci-tandoLaoTséeadvertindoopúblicodequesócho-cando-secomacompletaincompree,nsâoemedindoa

própriaestulticeêlepoderácolhêròprofundosentidodoTao.Aquemlheobjetaqueasuamúsicanãoémúsica,Cagerespondeque,comefeito,nãopretendefazermúsica;aqúempropõequestõesdsmasiadosu-tis,arespostaéopedidopararepetirapergunta:seaperguntafôrrepetida,pedequeserepitamaisumavezaquestão;aoterceiropedidoderepetiqão,ointer-locutortomaconsciênciadéqueaexpressáo:"Porfavor,querrepetirapergunta?"nãoconstituiumpe-dnlomasaprópriarespostaàpergunta.Namaioriadasvêzes,'Cageprepara,paraseuscontraditores,res-postaspré-fabricadas,boasparaqualquerpergunta,vis-toquequeremserdesprovidasdesentido.Oouvinte

superficialsesatisfazaopensaremCagecomonumblefadorquenemmesmoémuitohábil,massuascons-tantesreferênciasàsdoutrinasorientaisdeveriamaler-tar-nosaseurespeito:antesdeservistocomomúsicodevanguarda,deveserencaradocomoomaisino,pi-nadodosmestresZen,eaestruturadeseuscontradi-toreséperfeitamenteidênticaàdosmondo,astípicasperguntascomrespostasabsolutamentecasuais,comqueosmestresjaponêseslevamodiscípuloàilumina-ção.Noplanomusicalpode-sediscutireficazmentea

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respeitododestinodanovamúsica,seresidenocom-212letoabandonoàfelicidadedoacasoounadisposi-çãodeestsuturas"abertas",todaviaorientadassegun-domódulosdepossibilidadeformals:.'masnoplanofilòsóficoCageéintocável,suadialéticaZenperfeita-menteortodoxa,suafunçãodepedradeescândaloedeestimuladordasinteligênciassopitadas,inigualável.Eéócasodeperguntar-seseêleestácontribuindoparaoesoterismoZenouparaocamomusical,procurandoumalaVagemmentaldehábltosmusicaisadquiridos.

OpúblicoitalianoteveoportunidadedeconhecerJohnCagsnáqualidadedeconcorrentede"LasciaoRad-doppia"1,empenhadoemrespondersôbrecogumelos;edivertiu-sediantedêsteexcêntriconorte-americanoqueorganüavaconcertosparacafeteirasdepressãoeliqüidificadares,peranteosolhosestarrecidosdeMikeBongiornoll,eprovàvelmentedeveterconcluídoqueseencontravadiantedeumpalhaçocapazdeexploraraimbecilidadedasmassaseacondescendênciadosmassrrredia.Mas,narealidade,Cageenfrentavaestaexpe-riênciacomomesmohumorismodesinteressadocomqueoseguidorZenenfrsntaqualquereventodavida,

comqueosnestresZenchamam-seunsaosoutros"velhosacodearroz",comqueoprofessorSuzukiinterrogadosôbreosignificadodeseuprimeironomeDaisetz-quelhefoidadoporumsacerdoteZen,respondequesignifica"grandeestupidez"(enquantoquenarealidadésignifica"grandesimplicidade").Cagedivertia-seemcolocarBongiornoeopúblicoperanteonão-sensodaexistência,assimcomoomestreZenobrigaodiscípuloarefletirsôbreokoar,oenigmasemsoluçãodoqualdeverásurgiraderrotàdainteli-gência,eailuminaÇão.HámuitasdúvidasquantoaMikeBongiornoterficadoiluminado,masCagepo-deriaterlherespondidocornorespondeuaumavelha

senhoraque,depoisdeumseuconcêrtoemRoma,levantou-separadizer-lhequesuamúsicaeraescan-dalosa,repugnanteeimoral:"Eraumavez,naChina,#umasenhorábelissimaquefaziaenlouquecerdeamortodososhomensdacidade;umavezcaiunasprofun-(9)Comoexemplodeduasatitudescrfticasopostas,vejam-seno3(ag8sto1959)deIncontriMusicaliosensaiosdePierreBoulez(Alea)eHeitm.KlaussMetzger(l.Cageode!!aNberazlone)(10)Programadatelewisãoitaliananoestüode"OCéuéoLimtte"(N.doT.).(11)Famosoapresentadordoprograma-concurso"LasciaoRaddppia?"(DeixaouDobra7),comparávelaonossoS(IvioSantos.

(N.doT.).dezasdeumlagoeassustouós'peixes".Eafirial,alémdessasatïtudespráticas,agrópriamúsicadeCagere-vela-mesmoquóseuautornãofalassedelaexpli-citamente-muitaseexatasafinidadescomatécnicadosNôedasrepresentaçõesdoteatroKabuki,aindaquesòmentenaslonguíssimaspausasalternadascorrimomentosmusicaisabsolutamentépontuais.QúemtweogortunidadedeacompanharCagenamontageJndafitamagnéticacomruídosconcrétosesonoridades

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eletrônicas,paraseuFontarraMix(parasopranoefitamagnética),viucomoêleatribuiuaváriasfitasjágravadasumalinhadecôrdiferente;como,depoisdisso,gleconduziuestaslinhassôbreummódulográ-ficodeformaqueelasseentrelaçassemaoacasosô-breullafôlhadepapel;ecomo,enfim,fixadosospontosintersecantesdáslinhas,e'scolheuemontouaspartesdafitaquecorrespondiamaospontospré-es-colhidospélohasaw'd,obtendodissoumaseqüênciaso-noraregidapelalógicadoimponderável.Naconso-ladoraunidadedoTaocadasomvaletodosossons,

cadaencontrosonoroseráomaisfelizeomaisrièoderevelações:aoouvinterestarásòmenteabdicardesuaprópriaculturaeperder-senapontualidadedeuminfinitomusicalreencontrado.,IstoquantoaCage;autorizadosàrecusá-loouacircunscrevê-lonoslim,itesdeumneodadaísmoderup-tura;autorizadosapensar,enâoéirnpóssível,queseubudismonàdamaissejaqúeumaescolhametodológiçaquelhepermitequalificarsuaaventuramusical.Eis,todavia,outroveiopeloqualoZenpertencédedi-reitoàcultúraocidentalcontémporánea.Dissemosneo-Dadá:eéprecisoperguntar-seseumdosmotivosgelosquaisoZentevepenetraçãono

Ocidentenãoseriaofatodasestruturasimaginativasdohomemocidentalseteremtornadoágeisgraçasàginásticasurrealistaeàscelebraçõesdoautomatismo.Hámnitadiferençaentreêstediálogo:,"OquééBuda?Trêslibrasdelinho",e.êsteoutro:"Oqueéoroxo?Umamôscadupla"?Formalmenfenão.Osmotivossãodiferentes,masécertoquevivemosnummundodis-postoaaceitarcomcultaemalignasatisfaçãoosaten-tadosàlógica.IonescoterálidoosdiálogosdatradiçãoZen?Nãoconsta,masnãosabéríamosdizerquediferençadees-truturaháentreummondoeestasaídadoSalondel'Automobile:"Quantocústaêstecarro?Dependedo

preço",Háaquiamesmacircularidad.eaporéticaqueseencontranoskoarrsarespostapropõenovamenteaperguntaeassimpordianteatéoinfinito,atéara-zãoassinarumatoderendiçâoaceitandoóabsurdoçomotexturadomundo.OmesmoabsurdodequeestãoimpregnadososdiálogosdeBeckett.Comumadiferença,natu;almente:azambariadeIonescoeBec-ketttranspiraangústia-e,portanto,nadatémavercomaserenidadedosábioZen.Masiustamenteaquiestáoabordenóvidadedamensagemoriental,ara-zãoindubitáveldeseusucesso:atacaomundocomosIriesmosesquemasilógicosaosquaisestásendoacos-tumadoporumaliteraturadecrise,dando-lheaenten-

derquejustamentenofundodosesquemasilógicos,na#suacompletaassunção,équeestáasoluçãodacrise,apaz.Umacertasolução;umacertapaz:nãoanos-,sa,diriaeu,nãoaquenósprocuramos,masmesmoassim,páraquemestácomosnervosesgotados,umasoluçãoeumapaz.Dequalquerforma,fôssemmaisoumenosautori-zadosêssesveios,oZen,conquistandooOcidente,con-vidouàreflexãomesmooscríticosmaisacirrados.A

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psicanálisénosFstádosUnidostem-seapossadodemétodosZen,apsicoterapiaemgeralencontrouumauxílioespecialemalgumasdesuastécnicas12.unginteressou-sepelosestudosdoProf.Suzuki13eestaaceitççã.o,comperfeitasérenidade,donão-sensodomundo,resolvendo-o.numacontemplaçãododivino,podeparecerocaminhoparaumasublimaçãodaneu-rosedenossotempo.UmdosmotivosaquemaisrecorremósmestresZenquandoacolhemosdiscípu-los,é-odoesvaziamentodagrópriaconsciênciadetudoaquiloquepoeperturbarainiciação.Umdis-

cípuloapresenta-seaummestreZenbuscandoaluz:omestreconvida-oasentarelheofereceumacháve-nadechá,segnndoocomplexoritualquedetermina[12)Veja-se,porex.,AldhiaaRondo,"ZeninPsychoterapy:TheVirtueofSitting",emChtcagnReytew,Summer1958.Veja-se;ambémB.Fromm,D.T.SuzuH,deMartino,ZenBuddhismandPsychoanalysts.N.Y.,IdarperdtHros.,1960.,-(13)V.oprefáciodeC.G.JungaD.T.Suzuki,IntroducHontoZeaBuddhtsm,London,Rieder,1949.214acerimônia.Prontaainfusão,êleadespejanachá-venadovisitante,econtinuaadespejá-lamesmoquan-dooliquidocameçaatransbordar.Finalmenteodis-

cípulo,alarmado,tentafazQ-loparar,avisando-odequeachávenaestá"cheia".Entâoomestreresponde:"Comoestachávena,tuestáscheiodetuasopiniõesedeteusraciocínios..Comopossomostrar-teoZensemquetenhasantesesvaziadotuachávena?"No-temosqueêstenãoéoconvitedeBaconalivrar-sedosidola,ouodeDescartesadesembaraçar-sedasidéiasconfusas:éumconvitealibertar-sedetôdasasperturbaçõesedetodososcomplexos,oumelhor,dainteligênciasilogizantecomoperturbaçãoecomocom-plexo;tantoqueopassoseg'uintenâoseráaexperi-ênciaempíricaeapesquisadenovasidéias,masameditaçãosôbreokoan,portantoumaaçãonitida-

menteterapêutica.Nãoédeestranharquepsiquiatrasepsicanalistastenhamencontradoaquiindicaçâesim-pulsionadoras.'Mastambémemoutrossetoresforamencontradasasa,nalogias.Quando,em1957,saiuòDerSatzvomGiunddeHeidegger,muitosnotaramasimplicaçõesorientaisdesuafilosofiaehouvequemsereferisseexplicitamepteaoZsn,observandoqueoensaiodofiló-sofoalemãófaziapensarnumdiálogocomummes-treZendeKioto,Tsujimura1'rQuantoaoutrasdoutrinasfilosóficas,opróprioWatts,naintroduçãoaseulivro,faladeconexõescomasemântica,ametalinguagem,oneopositivismo

emgeral1s.,Atingindoasraízes,asreferênciasmaisexplicitasforamfeitasarespeitodafilosofiadeWit-tgenstein.EmseúensaioZenahdtheWorkofWit-tgensteinlg,(PaulWienpalalobservia:"Wittgensteinal-cançou'umestadoespiritualsemelhanteàqueleque-osmestresZsnchamamdesatori,eelaborouuminétodoeducativoqueseassemelhaaométododosmondvedoskoan.Aprimeiravista,êstefatodeencontrar(14)Veja-seoartigodeEgonVietta,"HeideggereilmaestroZen",emFrankJurtérAIIgemetneZettung,17deabrilde1957.V.também

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NielsC.NielsenJr.,ZenBuddhfsmandthePhltarophyofM.Hetdeggsr,AtosdoXIICongresaoInt.deFllosoHa,vol.X,pág..131.#(15)CitaremostambémadistussãopubHcadanarevistaPhftasophyEastandWeatdaUniv.deHonolula:VanMeterAcnes,"ZenandAmericànPilosophy"(n.5,1955-56,págs.305-320;D.T.Suzuki,"Zen:aReplytoV.M.Ames"(ib.);CheaChl-Chang,"'TheNatweofZeaHuddhism"(n.6,195&57,pág.333)(16)ChicagoRevtew,Summer1958.2lóamentalidadeZennaraizdoneopositivismológico

podeparecerpelomenostãoestapafúrdiaquantose-riaencontrá-laemShakespeare:masdeve-selembrarque,pelomenosparaencorajartaisanalogias,háemWittgensteinarenúnciaàfilosofiacomoexplicaçãoto-taldomundo.Háumaprioridadeconferidaaofatoatômico(eportanto"pontual")enquantonãorelato,arecusadafilosofiacomoposiçãoderelaçõesgeraisentreêssesfatosesuareduçãoàpúrametodològiadeumacorretadescriçãodêles.Asproposiçõeslin-güísticasnão'interpretamofato,nemtampoucooex-plicam:elaso"mostram",indicandoereproduzindofiehnentesuasconexões.Umaproposiçãoreproduzarealidadecomosafôraumadasmuitasprojeçõesdela,

masnadapodeserditoacêrcadoacôrdoentreosdoisplanos:êstesòmentepodeser-mostrado.Nemaproposição,mesmoqueestejadeacôrdocomareali-dade,épassíveldecomunicação:poisemtalcasonãoteríamosmaisumaafirmaçãoverificávelarespeitodanaturezadascoisas,masarespeitodocomportamentodequemfêzaafirmação.(emsilma,"hojechove"nãopodesercotnunicadacomo"hojechove",mascomo"fulanodissequehojechove").Emesmoquequiséssemosexpre5saraformalógicadaproposiçâo,tambémnãoseriapossível:"Asproposiçõéspodemrepresentararealidaáetotal,masnãopodemrepresentaroquedevemteremcomumcomela

parapoderrepresentá-la:aformalógica.Parapoderrepre-sentaraformalógicadeveríamosteracapacidadedenosco-locarmos,juntamentecomasproposições,foradalógica,isto,foradomundo:'(d.12)Estarecusaasairdomundoeenrijecê-loemex-plicaçõesjustificaasreferênciasaõZen.Wattscitaoexeínplodomongeque,aodiscíp.uloqueoïnterro-gsvasôbreosignificadodascoisas,respondeerguendoocajado;odiscípuloexplicacommuitasutilezateo-lógicaosignificadodogesto,masomongeconte'staqueaexplicaçâoé'demasiadocomplexa:Odiscípuloperguntaentãoqualéaexataexplicaçãodogesto.Omongerespondeerguendonovamenteocajado.L.eia-

mosagoraWittgenstejn:"Oquepodesermostradonãopodeserdito".(4.1212.)AanalogiaaindaéeXterior,masfascinante;ássimcómoéfascinanteoempenhofundamentaldafilosofiawittgensteiniana,ouseja,demonstrarqueosproblemasfi.losóficosnãopo-demserresolvidos.poissãodesprovidosdesentido;osmondoeoskoannãotêmoutroobjetivo.©TractatusLogico-Philosophicuspodeservistoco-moumcrescendodeafirmaçõesquechegaaumpres-sionarquemtiverfamiliaridadecomalinguagemZen:

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"Omundoétudnoqueacontece[I].Osmaioresentreasproposiçõeseproblemasqueforamexpostosemtôrnodear-gumentosfilosóficosnâosãofalsos,massãodesprovidosdesentido.Nãopodemos,portanto,responderaperguntasdêstegênero,mastlnicamenteafirmarsuafaltadesentido.Amaiorpartedasproposiçõesedosproblemasdosfilósofosresultadofatodenãoconhecermosalógicadenossalinguagem...Eportantocabeencantar-sese,narealidade,osproblemasmaisprofundosnemsequerchegamaserproblemas[4.003].Omís-tico(dasMystiche)nãoécomoéomundo,masoqueé[6.44].Asoluçãodoproblemadavidaseentrevênodesva-

necer-sedêste,problema[6.521].Existeverdadeiramenteoinexprimível.Elesemostra;éomístico[6.522].Minhaspro-

#posiçõessãoexplicativasdêssemodo:quemmecompreende,afinalasreconhecedesprovidasdesignificado,quandosubiua2ravésdelas,sâbreelas,paraalélndelas.(Eledeve,porassimdizer,jogarforaaescadadeppisdetersubidoporela.)Devepassaracimadsssasproposições:entãoveráomundodomodocerto[6.54]:'Nãohánecessidadedemuitoscomentários.Quantoàúltimaafirmação,lembraestranha.mente,comojánotamos,ofatoda'filosofiachinesausaraexpressão"rêdedepalavras"paraindicaroenrijecimentoda

existêncianasestruturasdalógica;edoschinesesdi-zerem:"Arêdeserveparapegarpeixes:façacomquesepegueopeixeeseesqueçaarêde".Jogarforaarêde,ouaescada;everomundo:rcolhê-lonumatomadadireta,naqualtôdapalavrassjaumempe-cilho:êsseéosatori.lQuemrelaciona,WittgensteinaoZenpensaqueexistednicamenteasalvaçãodosatoriparaquemtiverpronunciadonopalcodafilosofiaoci-dentalestaspalavrasterlfveis:"Doquenãosepodefalar,deve-secalar".'Ebomlembrarque,quandoodiscípulovaipara-fusandodemododemasiadosntil,osmestresZenopresenteiamcomumsonorobofetão,nãoparapuni-

-lo,masporqueobofetâoétomadadecontatocomavida,sôbreaqualnãosepoderaciòcinar;sente-seeésó.Ora,Wittgenstein,apósterexortadomuitas218vêzesseuspróprios'discípulosanãoseocuparemde¡filosofia,abandonouaatividadecientíficaeoensino'acadêmicoparaentregar-ssàsatividadeshospita]ares,aoensinohumildenasescolasprimáriasdasaldeiasaustríacas.Emsuma,escolheuavida,aexperiência,contraaciência.Todavia,éfácilfazerilaçõeseanalogiasarespeitodeWittgensteinesairdoslimitesdaexegesecorreta.

Wienpahlsustentaqueofilósofoaustríacoaproicimou-I-sedeumestadodealmatãodistanciadodasteonasedosconceitosquechegouaopontodecrerquetodososproblemasestivessemresolvidasporquedissolvidos.MasodistanciamentodeWittgensteinéemtudoigualaobudista?Quandoofilósofoescrevequeaneces-!sidadedeumacoisaacontecerpelofatodeoutracoisatepacontecido,nãoéumaneCessidade,poissetratadnicamente.deumanecessidadelógica,Wienpahlin-'terpretaistofàcihnente:anecessidadesedeveàscon-

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vençõesdalinguagem,nãoéreal,omundorealseresolvenummundodeconceitose,portanto,nummun-dofalso.MasparaWittgensteinasproposiçõeslágicasdescrevemainfra-estruturadomundo(6.124).verdadequesãotautolbgicasequenãodizemabso-lutamentenadaarespeitodoconhecimentoefetivodo.mundoempíricoma'snãoestãoemcontrastecomomundoenãoriegamosfatos:movem-senumadimen-sãoquenãoéadosfatos,maspermitemdesçrevê--losIz.Emsuma,oparadoxodeumainte]igênciaven-cida,aserjogadaforaapósouso,aserjogadafora

quandosedescobriuquenãoserve,estátão.presenteemWittgensteiriquantonoZen:masparao.filósofoocidentalsubsiste,apésardaaparenteescolhadosilên-cio,anecessidadedemesmoassimusar.ainteligência,paraesclarecerpelomenosumapartedomundo.Não'devemoscalarsôbretudo:sòmentesôbreaquitodequenãosepodefa]ar,istoé,afi]osofia.Masper-manecemabertososca.minhosdaciêncianatural.EmWittgensteinainteligênciaévencídaporsimesma,,poisnega-senomesmomomentoemquetentaofe-recer-nosummétododeverificação:masoresultado(17)"Emoposiçãoaatitudesdemoldesbergsonianosencontramos

#n8leamaisaltavalorizaç3odapuraestruturaIógicadaexpressão:com-preend8-la...significaalcançarumacompreensãoautnticadarealidade"(FrancescoBarone,"IlsolipsismolinguisticodiL.Wittgenstein",emFtto.rojta,outubrode1951).finalnãoéosilênciocompleto,pelomenosnasin-tençôes.Poroutrolado,éverdadequeasanalogiassees-treitamcadavezmais-eodiscursodeWienpahlsetornamaispersuasivo-comasPhilosaphischeUrttersuchurzgen.Cabenotarumaimpressionanteana-logiaentreumaafirmaçãodestaobra("Aclarezaqueestamosprocurandoéclarezacompleta.Masistosig-

nificasimplesmentequeosproblemasfilosóficosde-vemdesaparecercompletamente"[133])eodiálogoentreomestreYao-Shaneumdiscípuloquelheper-guntavaoqueéqueestavafazendodepernascruza-zadas(resposta:"Pensavanaquiloqueestáalémdopensamento":Pergunta:"Mascomofazesparapensarnaquiloqueestáalélndopensarnento?"Resposra:"Nãopensando").CertasfrasesdasIrrdagaçõèsFi-losóficas-porexemplo,aqueladequeatarefadafilosofiaseriaade"ensinaràmôsçaocaminhodagarrafa"-,sãonovamenteexpressõesdeummestreZen.EnasctureNotesdeCam.bridge,Wittgensteinindlcouoobjetivodafilosofiacomosendouma"luta

contraafascinaçãoexercidapelas.formasderepre-sentação",comoumtratamentopsicanalíticoparaliber-tar"quemsofrerdecertascdimbrasmentaisproduzi-daspelaconsciênciaincompletadasestruturasdesuapróprialinguagem".Éinútillembraroepisódiodomestrequedespejaochá.OpositivismodeWittgens-teinfoidefinidocomo"positivismoterapêutico"eapa-rececomoensinoque,aoinvésdedaraverdade,põenocaminhodeobtê-lapessoalmente.Aofinaldascontas,nãopodemosdeixardecon-

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cluirqueefetivamenteexisteemWittgensteinodesva-necerdafilosofianosilêncio,nomesmomomentoemqueseverificaainstauraçãodeumrigarosométododeverificaçãológlca,depositivatradiçãoocidental.Nãosedizemcoisasnovas.Wittgensteintemessàsduasfaces,easegundaéaquefoiaceitageloposi-tivismológico.Dizerqueaprimeira,adosilêncio,éumafaceZen,narealidadesignificafazerurn.hábiljôgodepalavrasparadizerquesetratadeumafacemística.EWittgensteinindubitàvelmentefazpartedagrandetradiçãomísticaalemã,colocando-seaolado

doscelebradoresdoêxtase,doabismoedosilêncio,deEckhartaSusoeRuysbroek.Háquem-como220AnandaCoomaraswamy-tenhadiscorridolongamen-tes6breasanalogiasentrepensamentohinduemís-ticaalemã,eSuzukidissequenocasodeMeisterEck-hartéprecisofalaremverdadeirosatorilg.Masaquiasequaçõessetornamfluidaseequivaleadizerqueomomentomísticodeabandonodainteligênciaclas-sificadoraéummomento,recorrentenahistóriadohomem.Epáraopensamentoorientaléumacons-tante.-DadoZen=misticismo,podemosestabelecermui-

tascomparações.Parecè-mequeaspesquisasdeBlythsôbreoZennaliteraturaanglo-saxônlcasãodêstetipo.Veja-se,porexemplo,aanálisedeumapoesiadeDanteGabriele.Rossetti,emquesedescreveumho-memtomadodeangústiaqueprocuraumarespostaqualqueraomistériodaexistência.Enquantovagapeloscamposnavãprocuradeumsinaloudeumavoz,acertoponto,caindodejoelhosnochão,empos-turadeoração,acabeçadobradacontraaspernas,osolhosfixosapoucoscentímetrosdaservas,repen-tinamenteentrevêumaeuforbiáceasilvestre(Euphor-#biaamigdalóydes)detípicaflorescênciatrípliceem

formadetaça:T.hewvodspurgejlawered,threecupsinone.Diantedessavisão,oespíritoabre-sederepente,comonumailuminaçãorepentiná,eopoetacompre-ende:FromperfectgriefthereneednotbeWisdomorevenmemoryOnethingthenlearat.remainstome,Thewoodspurgehasacupofthree.Detodoocomplicadoproblemaqueovergava,restaagoraumaúnicaverdade,simples,masabsoluta,inatacável:aeujorbiáceatemumcálicetriplo.Éumaproposiçãoatômica,eorestoésilêncio.Nãohádú-

vida.LumadescobertamuitoZen,comoadopoetaP'angYun,quecanta:"Quemaravilhásobrenatural-quemilagreëêste!-Tiroáguadopoço-ecarregolenha!"Mas,assimcomoopróprïoBlyth(1B)D.T.Sumki,MysttdsmChrlatianandBuddhGro,I.ondon,AllenáUnwln,1957,pág.79.V.tambémSobakuOgata,ZenortheR'est,London,Rider8cCo.,1959,págs.17-20:ondeédesenvolvidaumacom-sraçloentreostextosZenepáginasdeEckhart221admitequeêssesmomentosZensãoinvoluntários,vale

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dizerquenosmomentosdecomunhãopânicacomanatureza,ohomemélevadoadescobriraabsolutaepontualimportânciadetôdasascoisas.Nesteplano,poder-se-iafazerumaanálisedetodoopensamentoocidental,atéchegar,porexemplo,aoconceitodecompliratioemNiccolòCusanó.Masêsteseriaoutrodiscurso.Detôdasestas"descobertas"eanalogias,resta-noscontudóumdadodesociologiacultural:oZenfasci-noualgunsgraposdepessoaseofereceu-Ihesumafór-mulaparadefinirnovamenteosmomentosmísticosda

culturaocidentaledesuahistóriapsicológicaindivi-dual..Istoaconteceutambémporque,semdúvidaalguma,entretodososmatizesdopensamento'oriental,fre-qüentementetãoestranhoànossamentalidade,oZsn'éoquepoderiatornar-semaisfamiliaraoOcidente,pelofatodesuarecúsadosaberobjetivonãoserre-cusadavida,masalegreaceitaçâodela,umconviteavivê-lamaisintensamente,umanovaavaliaçãodaprópriaatividadepráticaenquantocondensação,numgestogrocuradocomamor,detôdaaverdadedouni-verso,vividanafacilidadeenasimplicidade.Umapêloàvidavivida,àsprópriascoisas:zudenSachenselbst.

AreferênciaaumaexpressãohusserlianaéinstintivadiantedeexpressõescomoausadaporWattsnoar-tigocitado:"...OZenquerquevocêstenhamacoisaemsi,thethingitself,semcorlentários".Cabelembrarquenoaperfeiçoamentodeum"ato",porexemplo,dispararsetascomoarco,odiscípulodoZenobtémoKo-tsu,ouseja,certafacilidadedecontato.comacoisaemsinaesgontaneidadedoato;oKo-tsuéinterpretadocomoumaespéciedesatorieosatoriévistoemtêrmosde"visãq"donúmeno(epodería-mosdizervisâodasessências);ummotivar,diríamos,atalpontoacoisaconhecidaquenostornamosumaúnicacoisajuntocomelas.'~Quemtiveralgumafa-

miliaridadecomafilosofiadeHusserlpoderárelevarcertasanalogiasinegáveis;.eapesardetudonafeno-menologiaháumareferênciaàcontemplaçãodascoi-sasaquémdosenrijecimentosdoshábitosperceptivos(19)Veja-se,ac8réadanaturezadóKo-tsu,oartigodeShinikiHi-samatsu,"ZenandtheVariousActs",emChtcagoReview,Summer1958.?22eintelectuais;um"pôrentreparênteses"acoisadaformapelaqualestávamosacostumadosavê-laein-#terpretá-lacomumente,paraapanharcomabsolutaevitaloriginalidadeanovidadeeaessencialidadedeumseu"perfil":Segundoafenomenologiahusserlia-

na,deveniosvoltaràevidênciaindiscutíveldaexpe-riênciaatual,açeitàrofluxodavidaevivê-loantesdesepará-loefixá-lonasconstruçõesdainteligência,,aceitando-onaquelaqueé,comojáfoidito,"ulpacumplicidadeprimordialcomoobjeto".Afilosofiacomomododesentirecomo"cura".Nofundo,curar--sedesaprendendo,limpandoopensamentodaspre-construções,reencontrandoaintensidadeoriginaldomundodavida(Lebenswelt).Sãopalavrasdeummes-treZenenquantodespejaocháparaodiscípulo?"Nos-

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sarelaçãocomomundo,comosemanifestaincansà-velmenteemnós,nãoénadaqueumaanálisepossatornarmaisclaro:afiÍosofianadagodeanãoserrecolocá-losabnossosolhos,oferecê-loànossacons-tatação...OúnicoLogosquepreexisteéoprópriomundo..."SãopalavrasdeMauriceMerleau-PontyemsuaPhénoménolagiedelaperception...SeparaostextoshusserlianosareferênciaaoZsnpodeterovalordereferênciadevidaacertaagilidadedeassociaçõe$,paraoutrasmanifestaçõesdafenome-nologiapodemosbasear-nosemcitaçõesexplícitas.

BastamencionarEnzoPaci,queemalgumasocasiõesfêzreferênciaacertasposiçõesdotaoísmoedozenis-moparaesclareceralgumasdesuasatitudes2°E,quemfôrlerourelerosúltimosdoiscapítulosdeDóexis-tencialismoaorelacionismoencontraráumaatitudedecontatoimediatocomascoisas,umsentirosobjetosemsuaepifanicidadeimediata,quetemmuitodo"re-t8rnoàscoisas"dospoetasorientaïs,quesentemaprofundaverdadedo,gestocomquetiramáguadopoço.Eaquitambéméinteressantevercomoasén-sibilidadeocidentalpodesentirnestasepifanias-contatoda.místicaZenalgodemuitosemelhànteàvisãodasárvoresaparecidaaonarradordaRecherche,atrás

duma;curvadaestrada,àmôça-avedeJamesJoyce,àfalenaenlouquecidadosVecchiversideMontale...(20)ve)a-seEsfstenztalismoestoricfsmo,Milano,Mondad'ori1950,6gs.273-280;e,maisexplicitamente,aconvetsaçãoradiof8nicaÁcrisedaindagatãonfticatransmitidanasérie"Acrisedosvaloresnomun-.dornntémporftneo",emagôstode1957.Costaria,contudo,dequeoleitórpercebesseexa-tamentequeaquisetentasempreexplicararazãopelaqualoZenfascinouoOcidente;QuantoafalardeumavalidadeabsolútadamensagemZenparaohomemocidental,euapresentariaminhas.maisam-plasreservas.Mesmodiantedeumbudismoquecele-braaaceitaçãopqsitivadavida,oespíritoocidental

sedestacarássmpredêle,porumaineliminávelneces-sidadedereconstruirestavidaaceita,segundoumadireçãodesejadapelainteligência.Omomentocon-templativonãopoderásersenãoumestágiodereto-mada,umtoçaramão-terra.pararecuperarenergias;ohomemocidentalnuncaaceitaráodesmembramentonacontemplaçâodamultiplicidade,masiráperder-sesemprenatentativadedomind-laerecompô-la.SeoZenlhereafirmou,comsuavozantiqüíssima,queaordemeternadomundoconsisteemsuafecundade-sordemequetôdatentativa.deentrosaravidase-gundoleisunidirecionaiséummododegerderover-dadeirosentidodascoisas,ohomemocidentalcritica-

menteaceitaráreconhecerarelatividadédasleis,masvoltaráaintrodu,zi-lasnadialéticado.conhecimentoedaaçãosobformadehipótesesdetrabalho.OhomemocidentalaprendeudafísicamodernaqueoAcasodominaavidadomundosubatômiçoequeasleiseasprevisõespelasquaisnósnosfazemosguiarparacompreenderosfenômenosdavidacotidianasão#válidaslnicamenteporexpressaremmédiasestatísti-casaproximadas.Aincertezatornou-séumcritér.io

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essencialparaáóompreensãodomundo:sabemosquenãopodemosmaisdizer"noinstanteXoelétronAseencontraránopontoB",mas"noinstanteXha-veráumaçertaprobabilidadedequeoelétronAseencontrenopontoB".Sabemosquequalquerdescri-çâonossadosfenômenosatômicosécomplementar,queumadescriçãopodeopor-seaoutra,semqueumasejaverdadeiraeaoutrafalsa.Pluralidadeeequivalênciadasdescriçõesdomundo.Everdade,asleiscausaiscaíramporterra,aprobabi-lidadedominanossainterpretaçãodasçoisas:masa

ciênciaocidentalnãosedeixouapanharpeloterrordadesagregação:Nãopodemosjustificarofatodequeleisdeprobabilidadepossamtervalor,maspodemosaceitarofatodequeelasfuncionam,afirmaReichebach.Aincerteza.eaindeterminaçãosãoumapro-priedadeobjetivadomundofísico.Masadescobertadêstecomportamentodomicrocosmoeaaceitaçãodasleisdaprobabilidadecomoúnicomeioaptodeco-nhecê-lo,devemserentendidascomoumresultadodealtíssimaordem21.°HánestaaceitaçãoamesmaalegracomqueoZenaceitaofatodequeascoisassãoelusivasemutáveis:aestaaceitaçãootaoísmochamaWu.

Numaculturasubterrâneamentefecundadaporessaformamentis,oZenencontrououví'dosprontosaaco-lhersuamensagemcomoumsubstitutomitológicodaconseiênciacrítica.Encontrou-senêleoconviteago-zaromutávelnumasériedeatosvitais,aoinvésdeadmiti-losünicamentecomoumfriocritériometodo-lógico.Etudoissoépositivo.MasoOcidente,mes-moquandoaceitacomalegriaomutávelerecusaasleiscausaisqueoimobilizain,nãorenunciaarede-fini-loatravésdasleisprovisóriasdaprobabilidadeedaestatística,pois-aindaqueirestanovaacepçãoplástica-aordemeainteligênciaque"distingue"sãosuavocação.

(21)HansReichenbach,ModernP5tlosophyojScience,London,1959,págs.6778.224DOMODODEFORMARCOMOENGAJAMENTOPARACOMAREALIDADEl.Conhecidacronista,quesabecolhêrmaliciosa-menteasoscilaçõesdostítulosdabôlsadoinedoout,advertiarecentementeemsuacolunasocial-nemsempretãodescomprometidacomopretenderiaparecer-quedQntroembreve,quandoformosto-madospelodesejodepronunciarapalavra"aliena-ção",melhorserátaparabôca,póisissopárece-riaterrivélmenteforademoda,vocábuloaoalcance

dequalquerconsumidordoúItimosucessoliterário,idéiareçue,jásuperada,peçaderepertóriodequal-querBouvardePécuchet1denossosdias.E,pôstoqueparaohomemcultoofatodeumapalavraestarounãonamódanâodeveriainfluenciarousoquedelasefazenquantocategoriacientífica,oquedeverealmenteconstituir-seemelementodeindagaçãoedepreocupaçãoéoproblemadomotivoporque,numadeterminadasociedadeenumadeterminadacontingên-ciahistórica,umapalavraganhaosfavoresdamoda;

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istosim,'équesecon,stituiemnoçãoprimáriadepes-quisaepreocupação.Perguntamo-nos,entâo,porqueessapalavraéhòjedeusotâocorrente-note-sequeistomüitosséculosapóssuaprimeiraapariçâo-eseoabusoquedelasefaz,transformandoapaixâodedenúnciaemvíciodedenúncia,nãoconstituiriatal-vezoexemplomaisclamorosoeinadvertidodeaüe-naçãoqueahistóriaregistra,evidenteeáomesmo#tempoescondidocomoacartaroubadacolocadajus-tamenteòndeninguémiriaprocurarporela.

Emprimeirolugar,éprecisoreconduziracategoriaàssuasfonteseaoseuusocorreto:comfreqüênciaotêrmo"alienação"éempregadoindiferentement'enosdoissentidosdealiercação-em-algoedealienação-de--algo,enquantoqüeoprimeiroéodatradiçãofilo-sófica(oEntfremdungdosalemães)eosegundo,odoestranhamentodascoisas(chamadopelosalemãesVerfrenrdung)queimplicaoutiaordemdeproblemas.Alienar-séemalgosignificarenunciarasi.mesmoparaentregar=seaumpoderestranho,tornar-seóutroemfazendoalgo,eportantonãomaisagirsôbrealgumacoisa,massimseragidoporalgumacoisaquenãoémaispartedenós.

Masnoabusoquesefazdotêrmoapresenta-secómfreqüênciaoutraconvicção:adequeêste.algoquenosageedoqualdependemosnosécompletamenteestranho,comoqueúmpoderinimigoquenadatememcomumconosco,umaespéciedepodermaléficoquenossubjugouàreveliadanossavontadeequequalquerdiatalvezpoderemosvencer;sque,dequal-querforma,podemosdesconhecer,recusando-o,poisnóssomosnóseEleéoOutro;feitodeoutracarnleedeoutrosangue.(I)BouvardePécuchet:nomesdosptotagonistasdoromanceho-m8n¡mo,inacabado,deGustaveFlauben,emqueosutorfazumacrI-ticamordazdodlletantiemoculturaldaburguesia,satirlrando,oend-

clopedismoeoposiüvismo,(N.doT.)Nadanosimpededeconstruirmitologiaspessoaisnasquaisacategoriadealienaçãotomeêstesignifi-cado;contudo,naformaemque.elasedefiniu,pri-meiramenteemHegeledepoisemMarx,"alienação"tinhaoutrosentido:emtêrmosmaissimples(recusan-doumalinguagemqueemHegelestádemasiadocom-prometidacomtôdaumasistemática;eaceitando0pressupostodequeumasériededefiniçõesconceituaissejatraduzívelmesmoforadosistema),ohomem,aoagir,aliena-sepelofatodeobjetívar-senumaobraqueêlerealizacomseuprópriotrabalho;querdizer,.aliena-senomundodascolsasedasrelaçõessociais;

ealiena-sepelofatodeque,construindocoisasere-lações,ofazobedecendoaleisdesubsistênciaededesenvolvimentoqueêleprópriodeveresgeitar,amol-dando-seaelas.Porseulado,MarxcensuraaHegelonãoterfeitodistinçãoentreobjetivação(Entáusse-rung)ealienação(Eretfremdung):noprimeirocaso,jus-tamente,ohomemtorna-secoisa,expressando-senanaturezaatravésdotrabalhoedandolugaraummun-donoqualdevecomprometer-se;masquandoome-canismodêssemundosobrepujaohomem,quesetor-

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naincapazdereconhecê-locomoobrasua,istoé,quan-doohamemnãoconseguemaisdominarascóisasqueproduziuparaquesirvamosseusfins,acabandoporservirêlepróprioaosfinsdessascoisas(quepo-demeventualmenteidentificar-secomosfinsdeoutroshomens),entãoacha-sealienado;éasuaprópriaobraqúelhedita.asações,asemoções,asidéias.Quantomaisfortefôrestaalienaçãotantomaisorhomem-apesardeagido-continuaráacreditandoserodonodãsprópriasações,éaceitaráómundoemqueviveçomoomelhordosmundospossíveis.

Portanto,enquantóparaMarxaabjetivaçãoeraumprocessosubstancialmentepositivoenãoeliminável,aalienaçãoconstituíanãoumasituaçãodedireito,másdefato:eofato,queerahistórico,configurava-secomoalgosuperávelatravésdeumasoluçãohistórica,ouseja,ocomunismo.Emoutrostêrmos:odefeitodeHegel,paraMarx,eraterreduzidoo.problematodo.daalienaçãoaum#desenvolvimentodoEspírito:acolasciênciaáliena-senoobjetoesdmenfeaoreçonheCersenêle.ertcantraocaminhodaefetividade;masnestereconhecimentodo228%229

objeto,constitui-secomoconsciênciadêle,enestato-madadeconsciênciaeliminaaprópriacondiçãodealienaçãonoobjeto,negando-o.PolemizandocomHe-gel,escreveMarx:"aobjetividadecomotalrepresentaumacondiçãodealienaçãodohomemquenãocor-respondeaoserhumano,àautoconsciência.Portantoareintegraçãodaessênciadohomem,estranhada,ob-jetivada,geradanacondiçãodealienação,significanãosòmenteeliminaraalienaçãocomotambémaobjetivi-dade;emoutraspalavras,ohomemrepresentaumserespiritualista,nãoobjetivado...2.Areintegraçãodoseralienadoeobjetivado,ouaeliminaçãoda.ob-jetividadenacondiçãodealienação...possuitam-

bém,outalvezsobretudo,paraHegel,osignificadodeeliminaraobjetividade,poisoqueesbarranaali-enaçãonãoéocaráterdeterminadodoobjeto,masocaráterobjetivoqueêletemparaaconsciência".Portanto,aconsciência,noseuconstituir-seemauto-consciência,nãosòmenteteriaalucidezdeeliminaracondiçãodealienaçãoaoobjeto,mas,emfuriosodesejodeabsoluto,atématariaoobjetoeresolveria.oproblemarefugiando-seemsiprópria.EntendendoFfegelnestestêrinos,òbviamenteMarxteriaquerea-gir:.oobjetocriadopelaatividadehumana,arealidadenatural,arealidadedatécnicaedasrelaçõessociais,existe;oméritodeHegelfoidefiniroalcanceea

funçãodotrabalhohumano,eportanto0objetocria-dopelotrabalhonãoérenegadogornós,namedidaemquenostornamosautóconscientesecônsciosdaliberdadequedevemosadquiriremrelaçãoaêle.,As-sim;otrabalhonãodeveserencaradocomoumaati-vidadedoespírito(demodoqueaoirosição-entreaconsciênciaeoobjetodêsse'conhecimentowpoderiave-solveF-seemsimplesjôgoidsaldenegaçóeseafirma-ções),esimcomoum'-pródutodohomem-queexfe-riorizásuasfôrçasequeaessaaltnradeveacertarcon-

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cretamentecontascomaquiloqueêYepróprzocriou.Seentãoohomemdeve"rétomaremsisuaprópriaessênciaalienada",nãopoderásuprimir(dentrodeumadialéticaespiritual)oobjeto,masdeveráagir,naprática,deformaasuprimiraalienação,istoé,(2)ManW.scrlto,reconBmicoaeJttóadJJcoJditl8ff,CifttCdaátálftlcahéged.DEetemesmotextofotamtlrdtdmbéae.wtralcitaõwamudarascondiçõesdentrodasquaisseverificou,entreêleeoobjetoporêleprópriocriado,umado-lorosaeescandalosacisão.Estacisãoédenaturezaeconômicaesocial:aexis-

tênciadapropriedadeprivadafazcomqueotrabalhodohomemseconcretizenumobjettiindependentedeseu,produtor,demaneiraqueoprodutorsevaienfra-quecendoàmedidaqueproduznovosobjetos.Édes-neces_sáriorepetiráquicomoseconfiguraestasitua-ção:ooperáriodependedascoisasquecria,caisobodomfniododinheiroemqueelassetransformam,otrabalhador,quantomaisproduz,maispassaaserumamercadoriacomoascoisasqueproduziu:"aquiloqueéprodutodsseutràbalho,nãoémaisêle;een-tâo,quantomaiorfôrêsseproduto,tantomenorseráêlepróprio".Solução:um'regimedeproduçãocoletivanoqual

ohomem,trabalhandoconscientemenfenãomaisparaosoutrosmasparasieparaosseussemelhantes,sintacomoobragrópriaaquiloquefazesetornecapazdeintegrar-senela.MasporqueHegelconfundiratãofàcilmenteobje-tivaçãoealienação,comolhecensuraMarx?#Hoje,esclarecidospelodesenvolviznentohistóricoha-vido,invadidospelarealidadeindustrial,queaostem-posdeMarxseencontravaemnívelbemdiferente,tendoaprofundadoasreflexõessôbreapróprianoçãodealienação,eisqueestamospropensosaumarevisão

detodooproblema.Poder-se-iatalvezafirmaragoraqueHegelnãoha-viafeitodistinçãoentreasduasformasdealienação,pois,defato,tãologoohomemseobjetivanomundodasobrasquecriou,danaturezaquemodificou,imè-diatamentesecriaumaespéciedetensãonãoelimi-nável,cujospólossão,deumlado,odomíniodoobjetoesôóreoobjeto,edooutroaperdatotalnoobjeto,arendiçãoaêle,dentrode.umequilibrioquepodesersòmentedialético,istoé,feitodeumalutacontínua,denegaçãodàquiloqueseafirmaedeafir-maçãodaquiloquesenega.Delineiam-seassimasanálisesdarelaçãodealisnação,.consideradacomo

constitutivadequalquerrelaçãonóssacomosoutrosecomascoisas,noamor,naconvivênciasvcial,na230estruturaindustrial8.Eoproblemàdaalienaçãotor-nar-se-ia,sequiséssémosaceitarumalinguagemdemoldehegeliano(pelomenosatítulodemetáfora),"oproblemadaautoconsciênciahumanaque,incapazdepensar-secomo`cogito'separado,sòmenteseencontranomundoqueconstrói,nosoutrosemquereconhece,equeàsvêzesdesconhece.Masêstemododereen-

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contrar-senosoutros,estaobjetivação,constituisem-pre,emmaioroumenormedida,umaalienação,umaperctadesieaomesmotempoumreencontrar-se"':Ora,nãoháquemnãopercebacomonestecasoaliçãohegelianaéinterpretadaemsentidobemmàisconcretodoqueaquêleemqueseapresentavaparaMarx;interpretadaagoraporumaculturaquesetor-noucapazderelerHegelatravésdeMarx.Aestaaltura,porém,seriaumengano,relidoHe-gelatavésdeMarx,descavalgarMarxnúmregressoaHegel.Seriaenganodizer:jáqueaaliénaçãose

apresentacomoumasituaçãopermanénte,constitutivademinhasrelaçõescomosobjetosecomanatureza,éinútilplanejarsuaeliminaçãetantofazaceitarocondicionamentodevidoaelaIstoporqueaaliená-çãoaparececomouma"situaçoexistencial"(locuçãoquesabemosserambígua,porcarregarconsigohe-rançaspelasquais,seumasituaçãopertenceàestru-turadaexistência,certoexistencialismonegativonosensinaqueéinútilprocurarsuperá-lapoiscadanossatentativadeeliminá-lánosreenviariaaela).Pelocontrário,.aargumentaçãodeveserfeitaemoutrosentido.Otipodealienação-dequefalaMarxé,de'umlado,aquêledequeseocupaáeconomia

politica,querdizeraquêlequeéçonseqüênciadauti-lizaçãoqueumasociedadedépropriedádepriyadafázdoobjetoproduzidopelooperário(atravésdoquá70óperárioproduzbsnsparaoutreïn,eproduzindobe-lezaenfeia-seeproduzindomáquinas,maquiniza-se);edooutrolado,éaalienaçãoexistentenaprópria(3)DBstetlpoéoeëtudodeAndré'Gorz,"PerunateoriadellaaHenaztone"in:LamoraledellaJtorta.MilãoIlSaggiatore1960(4)J.FIyppolyte,Etude.reurMarxetHegelParis,Rivlère1955:ComonoestudodeGorz,8steéumttplcoexemplodeextensãodaáreadoconaitode"allenaçio"(realizadagraçasaumareleiturahegella-na),peloqualapoaaibilidadedeallenaçãopermanececomorlscoper-manenteemqualquettipodesodedadempsmodepóisdeteremsido

modiflcadasalgumasconá,çówobjetirasgueMgrstarialdentificadosomòcauaaadealienaçl<o.velaçãoprodutiva,qúeprecedeautilizaçãodoproduto,queooperáriosofreaonãoreconhecernestetrabalho#um.fim,masumsimplesmeioa'quééobrigadoparasobreviver,agindonêlemorticadoesacrificadosemnêlereconheoer-se(póisnâósòmenteoprocuto,masoprópriotrabalhoprodutivonãolhepertence:édeóutros).Sendoêssesdoistiposde,alienaçãoconseqüênciadaexistênciadeuma.determinadàsociedade,.élícitosupõr,íialinhadapesquisamarxista,queumamodi-

ficaçãodasrelaçõessociaispossaeliminartaisespéciesdealienação(equesuaeliminaçãoconstitua-afina-.lidadedeumaconcepçãopólíticarevolucionáriari-gorosa).JOra,se.umamodificaçãodàsrelaçõessociaiscon-dilzaumalibertaçâodohomémdestaespéciedesu-jeiçãó(devolvendo-lbienãosòmenteoobjeto.quepIo-duz,màsoprópriotrabalhoprodutivó,realizadoparasieparaacoletividadeeportantosentidocomocoisaefimpróprios),subsiste-ejustamentenesteaspecto

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équeareferê,nciaaHegelacrescealgoaonossoco-nhecimeato,semporissoeliminarcónhecimentossub-seqüentes-acontínuatensãopeculiaraumaaliena-çãoaoobjeto,pelofatodeque.euoproduzieêleameaça.constantemen'teagir-me.Estaespécie,deali-çnaçãoéquepoderiaserindicadar--seotêrmonão8sseambíguo-cómoumaestruturadaexistência,ou,querendo,comóoproblemaquesecolocaaosu-jeitotãologocriaumobjetoesevoltaparaêlecomaintençãodeusá-loousimplesmentedeconsiderálo.justamentedestaéspéciedeálienação-conseqüên-

ciàdetódoatodéóbjétlvaçao-quedesejamostrataraquí,cónvéncidosqueestàmos"déquéêstéproblemase;díférelciasmtêrtnospróprioséconst'ituioproble-mádarelaçãódétodóserhumanocomomundodascoisasqueocerca;apesardeestarmosautorizadosacrerque,numasociedadeondeaalienaçãotradicionaltenjiasidoeliminadà,êsteproblemapo,deráseren-frentadocoinmaiorliberdadeeconsciência,maisisentodeequívocos,.podendoconstituirafinalidadeúnicadeumempenhoético,nempor.issomenosdramáticoecómprometedoró.(5)Mancpareco-nogvlélumbrsráposslbillaàdedêstèpermanecerdItadiáléticá,íuáavéz'éllroütadaáalienàçda'"econ6mica":patàse

Entretanto,assimentendida,aalienaçãotorna-sealgoquepodeserresolvido,atravésdeumatomadadeconsciênciaedeumaação,masnuncapara`sempre.Seumarelaçãoalienanteétambémadeduaspessoasqueseamam,reduzindo-secadaumadelasàrepre-sentaçãoqueoOutrolheder,seráimpossívélpreverumacivilizaçâoemqueacoletivizaçãodosmeiosdeproduçãoeliminecompletamentedadialéticadavidaedasrelaçõeshumanasoperigodaalienaçâo.Claroquenestepontoacategoriadaalienaçãonãòselimitamaisadefinirumaformaderelaçãoentreindivíduos,baseadaemdeterminadaestruturadaso-ciedade,massimtôdaumasériederelaçõesestabe-

lecidasentrehomemehomem,homemeobjetos,ho-memeinstituições,homemeconvençõessociais,ho-memeuniversamítico,homemelinguagem.,LImconclusão,elaserviráparaexplicarnâosòmenteumaformaderelaçãoobjetivacomumasituaçãoexterior,quepodeemseguidainfluiratalpontoemnossocom-portamentoquesetornaráumfenômenopsicòlógico,masdeverátambémserencaradacomoumformadecomportamentopsicológico,freqüentementefisiológico,queinfluencianossapersonalidadeapontodetrans-formar-semaistardeemrelaçãoobjetivaexterna,emrelaçãosocial.Aalienaçãodeveráportantoserenca-radacomoumfenômenoqueparumlado,eem

determinadascircunstâncias,vaidaestruturadogrupohumanoaquepertencemosatéomaisíntimoemenos#verificáveldenossoscomportamentospsíquicos,eemoutrascircunstânciasvaídomaisíntimoemenosverifi-cáveldenóssoscomportamentospsíquicosatéaes-truturadogrupohumanoaquepertencemos.Entãoporéstemotivo,nós,peloprópriofatodeviver,tra-chegaraosocialismocomoautoconsciênciapositivadohomcméumavidarealcomorealidadepositiva,ocomunismonecessitouinterpornesta

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faseaaboliçãodareligiãoedapropiedadeprivadamasjustamenteporconstItuirumanegaçãodanegaçãotraduziu-seemafirmação,pas-sandoportantoaser"omomentoreal,enecessárioparaodesenvol-vimentohistóricosubseqüente,daemancipaçãoedareconquistadoho-mem.Ocomunismoéáestruturanecessáriaeoprincípiopropulsordofuturopró:imo;mas,comotal,ocomünismonãoéoalvodode-senvolvimentohistórico,aestruturadasociedadehumana".(Mrmuscr!-toseconómicos)ilosóJicos.Propriedadeprivadaecomursismo.)Parece--nosqueestaspáginaspodemserlidasjustamentsnachavesugerIdaacima:umaaçãorevolucionáriáque,modificandoasestruturassocisiseümlne.aalienaçâoecenômica,époeafvel;eaestaalturater.so-ãoco-

tocadó..as.basesparaumtrabalhodelibertaçãoquedeverádesenvolver--setambémcontraasdemaisformascontíauasdealienaçãoaoobjeto.balhando,produzindocoisaseentrandoemrelaçãocomoutros,estamosnaalienação.rIrremediàvelmente?Não,simplesmentesemapossi-bilidadedesuprimirêstepólonegativo:lançadosaocentrodeumatensãoaresolver.Porisso,tôdavezqueprocuramosdescreverumasituaçãoalienante,noprópriomomentoem.queacreditamostô-laidentifica-cdo,descobrimosqueignoramosaformadesairdela,ecadasoluçãonadamaisconseguesenãovoltara

proporoprablema,embora'emníveldiferente.Estasituação-quenummomentodepessimismopode-ríamosdefinircomoumparadoxoirremediável,incli-nando-nosassimareconhecerumcerto"absurdo"fun-damentaldavida-énarealidadesimplesmentedia-lética:istoé,nãopodeserresolvidapslasimplessu-pressãodeumdeseusextremos.Eoabsurdonádamaiséqueasituaçãodialéticav'istaporummaso-quistag.Nósproduzimosamáquina;amáquinanosoprimecomurrtarealidadedesumanaepodetornardesagra-dávelarelaçãoquetemoscomelaearelaçãocomomundoatravésdela.Oindustrialdesignparecere-

solveroproblema:uneabelezaàutilidadeenosde-volveumamáquinahumanizada,namedidadohomem.Umliqüidificador,umafaca,umamáquinadeescre-(6)Emsuma,representaroproblemacomboavontadeparaten-taresclarec8-lo:sãonofundoostêrmosaquetentoureduzi-loGiannlScalianon4deMenabóem"Dallanaturaallairtdustria"aoper-guntar:"damo-nRscontadoqueumainterpret8çãorestritivaeariacrBnIcadomarxismo,compressupostosdeeconomicismodedesvalorlzaçãode-terministaoudesupervalorização'humanista'dassuperestruturasdepereistentepráticadeutAahistoriografiados'fat8res'(deascendénctaaomesmotempopositïvistaeidealista),dédellmitaçãoinaceitáveldeumateoriadaalienaçãoemtérmosdeallenaçãóeconbmicaetc'".temfeitoperderdevistaoestender-se,ocompucar-seõ'totalizar-se'da

noçãodeindúatrlacomoconjuntoconstituctonalmenteestrutnta!eideo-lóglco,econ8micoeexistencial?"(pág96).Parece-meentrever,node.seavolvlmentodoraciocfniodeScaliaumapersuasãod8atég2nero:qàéparaalémdascontradiçõeseittrenmasociedadecapitatistaeumasociédadecoletivista,apresenta-sehoje,emAualquercaso,a.realidadedçumasociedadetndustrial,quecolocaproblemasnovos(noplanodaalienação);sejaqualf8raestruturaeeon8micadessasocIedade,ela-tècNcamente-éindustrial.Nãodevemosesconderdenósoequí-vocoaquepoderialevarumadistinçãodessanaturezaSociólogoscomoRaymondAronapropõemjustamenteparaesvaziardeslgnlficado,na

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medidadoposstvel,aoposiçãoentrecapitalïsmoecoletivismo;maséigualmentecertoqueanoçãodesociedadeindustrialéplenamentevá-lidaedeveserlevadaemcónsideraçâomesmoquesequeiraconaervar#comoatualevigoranteadistinçãocláseicaentreosdoistiposdeeco-pomia.Pórig9pmeemo,osexemplosdéaüenaçãoqueexaminaremo9ttaapáglnasquesegueinsãopropositadementerelacionadoscomfen6-níéaósqtlóocoietíièMuasocledadefndústrial,eqtiete'tãolugatdDqualquertlpodesocIedadelndustrlal.z3af

verqueexprimemsuaspossibilidadesdeusoatravéstodostrabalhemdecomumacôrdoparaquehajamaisdeumasériederelaçõesagradáveis,queconvidamamedicamentos,maislivrosemaisrosúltimotipo;mãoatocá-los,acariciá-los,usá-los:eisumasolução.!masqueistósejasentidoeeirremediàvel-Ohomemintegra-seharmoniosamenteemsuafunçãomentealienanteemqualquersociedade,comprovam-noenoinstrumentoqueapossibilita.Mas,diantedestaasexperiênçiasparalelasdosbeatniksdawestcoastsoluçãootimista,levanta-seaconsciênciaprevenidadoedospoetasqueprotestametêrmosindividualistasmoralistaedocríticodecostumes:arealidadeindus-ecrepuscularesnapraçaMaia

kovski.trialdisfarçaaopressãoqueexercesôbrenósenosOra,muitoemboraointeléctualntainstintiva-convidaaesquecer,camuflandonossasrendiçõesàmá-mentesemprédoladodeqnempasemrestri-quinaqueagesôbrenós;fazendo-nospareceragra-çõesesemcompromissos,asuspeiaisrazoávelédávelumarelaçãoquenaverdadenosdiminuienosqueosbeatraksestejamerradós,lveztambém'osescraviza.Procurernosportantoumasolução.ParaEvtuschenko-queestariamerradosdopontodevistalembraraosmeussemelhantesquemanipulandoamá-jurídico,mesmoseexercendo,històricamente,umatí-

quinadeescreverêlesrealizamumtrabalhoquenãopicafunçãodialética.Ihespertencerá,equeportantoostornaráescravos,'Comefeito,oprotestodemuitosdentreêlesreduztereientãoqueconstruirmáquinasincômodasedesa-asalvaçâoaumaespéciedeconprópriojeitadas,repulsivas,capazesdecausaremquemasusavácuó,àqual,tambémentrengunsjánoscon-umsofrimentosalutar?Aidéiaéquasedoentia,éó.vidaram,porqueoypróprioatodebüscarumasoluçãosonhodeumlouco,nãohádúvida.constifuiriaumamanifestaçãodecümplicidadecomImaginemosqueêssesobjetossejamusadosporpes-situaçãodaqualjamaispoderemosairagindo.Oque,soasquejánãotrabalhamparaumapotênciaestra-pelocontzário,podesalvar-nosé

nserçãoprá-nha,masparasimesrnoseparaoproveitocomum.ticaeativanasituação:ohomemtrabalha,produzÉrázoávelnessecasoqueosobjetosexpressemumaummnndodecoisas,aliena-sefatmentenelas;liber-integraçãoharmoniosaentreformaefunção?Tambémta-sédaalienaçãoaceitandoascnhando-senão.Nestaaltura,estaspessoasseriamfatalmentele-'nelas,'negando-asnosentidodatransformaçãoenãovadasatrabalharhipnòticamente,nãotantovisandodaanulação,conscientede'que

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datransformaçãoolucrocoletivo,quantofascinadaspelaseduçãodovoltaráadefrontar-se,emoutrotêrmos,comames-objeto,poraquêleseuencantoquenosconvidaaes-masituaçáodialéticaaserresda,comomesmo.quecer-nos,aoexercerafunção,nopróprioinstrumentoriscoderendiçãoaumanovacretarealidadéemqueafunçãoseintegratãofàcilmente.Oauto-tránsformada.Épossívelconceberectivamóvelúltimotipoconstituihojeumaimagemmíticamaishumanaepositivadoqueestcapazdedesviartôdasasnossasenergiasmoraisede

ParafraseandoHegel,ohomemnãopodeperma-fazercomquenospercamosnasátisfaçâodeümanecerfechadoemsimesmo,notemplosuapró-possequeéumErsatz;programemogporémumaso-priainterioridade:êledeveexterzar-sena'obra,eciedadecoletivistaeplanejada,naqualsetrabalhepara!aofazê-loaliena-seaela.Mas,seónãofizesse,edotarcadaumdoscidadãosdeumcarroúltimotipo,ficasseacultivaraprópriapuraeabsolutaindepen-easoluçãofinalseráamesma,oconsentimentoadênciaéspiritual,nãoconseguiriase,anular-sia.umacontemplação-usodeumaformaque,integrandopóto,nãósevenceasituaçãoal-

nossaexperiênciadeutilização,desviaeapaziguatô-dasasnossasenergias;desaconselhando-nosambicio-carocompromissonasituaçãojetivaconfiguradanarmetasmaisavançadas.;pelanossaobra,poisessasituáçãoéaúnicacondiçãóNóte-sebem:istótudoéaliénaçãó,masalienaçãodenossahumanidáde.Háumaimagemineliminável.Semdúvïda,sónhodeumasociedadeTciaqueserecusaaadmitiristaBelaAlmamais.whumena~éosoode-umasociedadenaqual:(SchtineSeele).MasoqueaconteceàBelaAlma?;236"Levadaaestapureza,aconsciênciaésuaimagemmaispobre...Falta-lheafôrçadaalienação,afôrça

defazer-secoisaedesuportaraexistência.Acons-ciênciavivenaangústiademanchar,comoagirecomoexistir,aglóriadeseuinterior;eparamanterapurezadeseucoraçãofogedocontatocomaefeti-vidadeeobstina-senapertinazimpotênciaderenun-ciaraopróprioEu,apuradoatéaúltimaabstração,edeadquirirsubstância,ouseja,lnudarseupensamentoemsereconfiar-seàdiferençaabsoluta:Oobjetovazioqueelaproduzparasipreenche-acomacons-ciênciadesuavacuidade...nalúcidapurezadeseusmomentos,umainfelizbelaalma,comocóstumaserchamada,queima,consumindo-seemsiprópria,esedesvanece,inútil,noar...Abelaalmadesprovida

#deefetividade,nacontradiçãodapurezadeseuEucomaIiecessidadequeêssetemdealienar-seemSeredetransformar-seemefetividade,nainstantaneidadedestaoposiçâofixa...abelaalma,então,comocons-ciênciadestacontradiçãoemsuainstantaneidadenãócontrolada,étranstornadaatéaloucuraeseconsomeemtísicasnostalgias"7.2.ObservamosqueaalternativadialéticaparaaBelaAlmaéjustamenteaperdatotalnoobjeto,ea

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alegriadeperder-senêle.Existealgumapossibilidadedesalvaçãoentreestasduasformasdeautodestruição?Seprocurarmos,hoje,distinguirumaposiçãocultu-ralquetorneaproporoimpassedabelaalma,deve-ríamosapontaracríticadasociedadedasmassasquenospropõeElémireZolla:acrítica,bementendido,comoêleafaz,levadasemindulgênciaàsúltimascon-seqüências,aténegar,comasituação,aprópriabuscaderemédios-buscaqueporsisójápareceriaumcompromissomistificador.Pstetipodecrítlcaapre-senta-severdadsiramenfecomorecusatotaldasituação

objetiva(doconjuntocivilizaçãomoderna-reali-dadeindustrial-culturademassa-cultuFadeelitequeexprimeasituaçãodohomemnasociedadeindus-trial)eumconviteasubtrairmo-nostotalmenteaela,poisnãopermitequalquerformadeaçãoconsciente(7).G.W.F.Hegel,Fenomenotogladellosptrito,VI,C,(LosptritocoscenzosoocoScenmsltd;1'antmabella,i/maleeilsuoperdono),trad.italianaDeNegri,LaNuovaItalia,?âed.,Firenze,1960,pp.182-93.,masapenasoretraimento,nacontemplaçâodatabularasafeitapelocrftico,dilatandouniversalmentesuarejeição.,Háumapág'i.naemqueZolladizque"opensa-

mentónãodevefornecerreceitas,deveentendercomoestãoascoisas"e"entendernáoaceitar"(nem,eaquiêleestácomarazão,apontarlogoeconcreta-menteomsioparasairdasituaçâoanalisada):masquatoànaturezadêste"entender"Zollaestáemequí-vococonstante.Seu"entender"parece-sejustamentecomosabernulificantedaBelaAlma,queparasáber--seasi'enãoconfundir-secomoobjeto,destróiêsteúltimo.Zollajulgassrnecessário"entender"oobjetoparanãocomprometer-secomEle,enquantoaverdadeéque,paraentenderoobjeto,éprecisoantescom-prometer-se.Então0objetoseráentendidonãomaiscomoalgoaserabsolutamentenegado,mascomoálgo

queaindatrazvestígiosdofimhumanoparaoqualnósoproduzimos-eumavezentendidónestestêr-mos,juntamentecomostêrmosnegativostambémpre-sentesnasituação,entãoseremoscapazesdeliberdadeperanteêle.Pelomenosareflexãonosterápropor-cionadoaspremissasdeumaoperaçâolivreeliber-tadora.Maséabsolutanlentenecessárioque,deinício,0objetonãosejasentidocomoinimigoeestranho,porqueoobjetosomosnós,,refletidosamumanossaobra,quelevaanossamarca,econhecê-loper-feitamentesignificaconhecerohomQmquesomos:qualarazã.oporque,destaoperaçãodecompreensão;devemestarausentes,custeoquecustar,acharitase

aesperaruça?Vamosdàrumexemplo:numadasprimeiraspági-nasdoromanceCecília,Zolladescrevearelaçãofísica,quaseerótica,queaprotagonistamantémcomopró-prioautomóvel,sofrendocadavibraçãodêleemseusprópriosmúsculos,conhecendo-ocomoseconheceumamante,participandocomseuprópriocorpodesuaelasticidadeedoseudinamismo.Aintençãodoautor-eaimpressãoqueoleitortiradessapágina-éfòrneceraimagemdeumasituaçãodetotalaliéna-

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ção(aliásCeclqiadirigedescalça,demanéiraqueseu#casoindividualliga-se,nonívelsociológico,aoscasoslimitedospontíficesdajuventudeperdida,tornando-seperfeitamentetípico);arrastadospeloarrazoadoper-2.8suasivodeZolla,somoslevadosjustamenteacondenaremCecíliaacriaturahumanapossuídapeloobjeto-ecomoconseqüênciaoobjetonosparecemaléfico(al-gumaspáginasmaisadiante,osautomóveissãodefi-nidos"baratasinchadas","insetosdesprovidosatémes-

modofúnebreencantodacouraçahirtaerígiria,ape-nastristíssimoseridículos").Ora,Cecíliaé,real-mente,aamostradeumahumanidadealienada,masemquemedidaéalienantearelaçãoqueCecíliaman-témcomocarro?Narealidade,umarelaçãodêssegêneroéestabe-lecidainevitàvelmente,aindaqueemgrausdiferen-tes,porqualquerumdenósaoguiarumçarro.Paradirigirbeméimportantejustamentequeopénãosejaapenasoinstrumentoagentecomquecomanda-mosomecanismo,mastambémoinstrumentosen-sível'quenospossibilitaumprolongamentonomeca-nismo,sentindo-ocomopartedenossocorpo:sò-

menteassimpercebemosquandochegouahoradetrocaramarcha,dediminuiravelocidade,dedaralentoaomotor,sem.necessidadedaabstratamedia-çãodovelocímetro.Sòmenteassim,prolongandonos-socorponamáquina,dilatando,decertaforma,oraiodenossasensibilidade,podemosusaramáquinahumanamente,humanizaramáquinaconsentindonanossamaquinização.Zollaobservariaqueestaéjustamenteaconclusãoaquepretendiachegar,serumaformadealienaYãcjátãodifundidaqueninguémconsegueescápar-Ihe,nemmesmoumintelectualimpregnadodeculturaedeautoconhécimento,equeportantoasituaçãonão

éumepifenômenoqueocorreemalgumasnaturezastransviadas,masodepauperamsntogeraleirrecupe-ráveldenossahumanidadenumacivilizaçãomoder-na.Assimpensando,êleesquecequeumarelaçãodêssegênero(prolongamentodenósnoobjeto,hu-manizaçãodoobjetograçasànassaobjetivação)setemverificadodesdeóalvorecerdahistória,quandoumdenossosantepassadosinventouapedraamigda-lóideealapidoudeformaquecomsuasfacêtselaaderisseàpalmada.mão,elhecomunicasse-du-ranteouso-suasvibrações,prolongandoasensi-bilïdadedamâo:setornassemãonámedidaemqueamãosetornavaamígdala.

240Acnpliaraáreadasuaprópriacorporeidade(masasslmfazendo,modificar-lheasdimensõesoriginaisenaturais)temsido,desdeoalvorecerdostempos,acondiçãodohomofabereportantodoHomem.Con-siderartalsituaçãocomoumadegradaçãodanature-zahumanasubentendeumametafísicamuitoconheci-da,ouseja,queexistedeumladoanaturezaedeoutro,ohomem;esigmficanaoaceitaraideia'deqdeanaturezaviveenquantotrabalhadapelohomem,

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definidagelohomem,prolongadaemodificadapelohomem-equeohomemexisteenquantomaneiraespecialdanaturezaemergir,umaformadeemergên-ciaativãemódificadoraque,agindosôbreoambien-teedefinindo-o,etãosòmentenesseaspecto,diferen-cia-sedêleeadquireodireitodedizer"eu".EntreCecíliaeoinventordaamígdalahásòmenteumadiferençadecomplexidadedoato,poisaestru-turadocomportamentodeamboséanáloga.Cecíliacorrespondeaohomemdaidadedapedraque,empu-nhadaaamígdala,sejatomadopelofrenesidouso,

ebataoinstrumentosôbreasnozesquecolheu,sôbre#aterraondeestáajoelhado,çomumprazerselvagem,entregando-seinteiramenteàaçãodebatereesque-cendoomotivopelóqualtomouoobjetonamão(assimcomoemalgumasmanifestaçõesorgíacasnáoémaisomúsicoquetocaotambor,massimotam-borqueotoca).Existeportantoumlimiteantequem,atéoqualdeixar-sepossuirpeloautomóveléíndicedesanida-'de,eéoúnicomeioderealmentepossuirocarro:nãoperceberqueêstelimiteexisteeépossívelsigni-ficanãocompreenderoobjeto,eportantodestruí-lo.

ÉóquefazaBelaAlma,masnessanegaçãodissolve--se.Além,estáolimitepostquem,ondeteminícioazonadomlirbido.Háumamaneiradecompreender0objeto,aexperiênciaquetemosdêle,ousoquefa=zemosdêle,queemseupurootimismoarrisca-seanosfazeresquecerapresençadolimite,oconstanteperigodaalienação.'Devendoindicar(tomandoco-moexemploumadesuasmaniféstaçõesmaisrespei-táveis)opóloopostoaodarejeiçãopelabelaalina,teríamosquecitaronomedeDewey.AfilosofiãdeDeweyéumafilosohadeintegraçãoentreohomemeanatureza,quecolocacomoalvomá-241

ximodavidaarealizaçãodeumaexperiência,umasituaçâoemqueoindivíduo,aaçãoqueexerce,oambienteemqueaexerceeoinstrumentoeventualatravésdoqualaefetua,integram-seatalpontoquetransmitem,seaintegraçãofôrsentidaemtôdaasuaplenitude,umasensaçãodeharmoniaedecompleta-mento.Semelhanteformadeintegraçãopossuitôdasascaracterísticasdesituaçãopositiva(sdefatopodesertomadacomootípicomodêlodefruiçãoestética),maspodetambémdefinirumacondiçãodealienaçãototal,aceita,eaceitaatécomprazer,justamenteporsuascaracterísticasnegativas."Tôdaexperiênciaéoresultadodainteraçãoentreumservivoealgunsas-

pectosdomundoemquevive.Umhomemfazalgu-macoisa:digamosquelevantaumapedra.Emcon-seqüência,êlesesujeitaaalgo,sentealgumacoisa:opêsodapedra,oesfôrçodespendido,aestruturadasuperfícieerguida.Aspropriedadesassimexperimen-tadasdeterminamumaaçãoulterior.Apedraépesadademaisouangulosademais,nãoébastantesólida;ouentãoaspropriedadesexperimentadasdemonstramuq,elaserveparaousoaoqualqueríamosdestiná-la.Oprocessocontinuaatémanifestar-seumaadaptaçao

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mútuadoindivíduoedoobjeto,eacu,laexperiênciapaiticularchegaaumaconclusão...Ainteraçãoen-treasdoisconstituitôdaanovaexpnenciaeacon-clusãoqueacompletaéoestabelecer-sedeumapro-fundaharmonia"8.Éfacílimoperceberque(pelomenosnostêrmosemqueéformuladaaqui)anoçâodeweyanadeexperiên-cia,válidaparadefinirnossasrelaçõescomascoisas,é.contudo,dominadaporumotimismoquenãonosfazsuspeitarsequerqueoobjetodevasernegadoerecusado,torna-seumanoçãocapazdedefiniremtêr-

mosdepositividadeabsolufaatípicarelaçãodealie-nação,adeCecília,comoautomóvel.Emoutrostêr-mos,nâohavendoemDeweyatrágicasuspeitadequearelaçãocomoobjetopossaserfalhajustamen-te.pordarcertodemais,aexperiênciafracassa(per-manecenão-experiência)sòmentequandoentremimeoobjeto(ambiente,situaçãoetc.)permaneceuma(8)J.Dewey,L'artecomeesperienza,trad.italianaMattese,Firen-ze,LaNuovaItalia,195I,pág.55.polaridadenãoresolvidaemintegração;havendoin-tegração,háexperiência,eaexperiênciasópodeserpositiva.Assim,arelaçãoentreCechiaeocarro#

seria"boa"pelosimplesfatodeque,enquantorela-ção,chegaaImaintegraçâoabsolutaeégozadopelaharmoniaquemanifestaena,qualsecompõemtôdasaspolaridadesiniciais.Ideritificamospoisduasposições,ambasextremas,diantedapossibilidade,semprepresenteeineliminá-vel,dealienaçãoexistenteemtôdasasnossasrela-çõescomascoisasecomosoutros:aposiçãopessi-mistaquedestróioobjeto(rejeitando-ocomomau)pormêdodecomprometer-se,eaposiçãootimista,queconsideraanntegraçãonoobjetocomooúnicoresultadop'ositivodarelação.Adisponibilidadeparacomomundo,própriada

segundaposição,éfundamentalparaquepossamosempenhar-nosnomundoeagirnêle;oarrepiodedesconfiançaacadaêxitoalcançadoemnossasrela-çõescomêle,aconsciênciadequenossaadaptaçãopodetraduzir-saemtrágicaderrota,sãoigualmenteessenciaisàsaúdedarelação.;Zollatemrazãoquandodizquenãocabeaopen-samentoproporassoluções,competindo-lheapenasprocurarentenderasituação.Ésuficienteporém,res-pondemos,queacompreensãotenhaariquezadeumadefiniçãodialética:porquejustamenteaoiluminarospólosopostosdoproblemaelapodeguardarumsubsídiodeclarezaparaasdecisõessubseqüentPs.

Nocasodeminharelaçãocomoautomóvel,pode-rásersuficientequeovolumedemeusprojetosope-rativossejataletãocomplexoquesesobreponhaàfascinaçâoquepodeexerceremminhasensibilidadeaharmoniabiológicadarelaçãodeintegraçãonocar-ro.Namedidaemque"sei"oquevoufazercomocarro,arazãopelaqualprocurodirigi-lobemede-pressa,namedidaemqueme'"interessa"oquevoufazer,estareisemprelivreparasubtrair-meaoencan-tamentodocarro,eoespaçodetempoemqueêle

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"meguia"seráintercaladoemrazoávelproporçãonoequilíbriodomeudia.Poisduranteoperíodoemqueoautomóvel,aoqual.meabandonointegrado,meconduz,arotinamecânicadossinaisluminososedoscruzamentosnãomeabsorverácompletamentemas242constituiráumaespéciedeacompanhámentorítmico-comoarespiraçãoeosmovimentosreflexosdapernaquecaminhasòzinha-aodesenvolvimentodeminhasreflexõesedemeuspropósitos(semçonside-raraquique,também.nessecaso,secolocariauma

dialética:porqueemcertamedidaminhaadesãome-.cânicaaoautomóvelsugeriráodesenvolvimentodemeuspensamentos;mastambémocursodemeuspen-samentosinfluenciaráminhaatitudeparacomocar-ro,traduzindo-seoimpulsodeumaintuiçãoemim-pulsomuscular,emvariaçãodepressãodopésôbreoacelerador,eportantoemvariaçâodoritmohabitualehipnóticoquepoderiatornar-sesimplesinstrumentodocarro.MasacêrcadamútuainfluênciadopsíquicosôbreofisiológicoJoycejádissemuitacoisa,descre-vendo-nosamovimentaçãódasalternativasfisiopsico-lógicasdeBloom,sentadonaprivadadesuacasa,en-quantoevacuaelêojornal...)

Emais:noplanodaaçãoprática,umavezcons-cientedapolaridade,podereielaborarváriosoutrossubterfúgios"ascéticos"paragarantirminhaliberda-de,mesmoquemecomprometacomoobjeto;umdê-les,eaparentementeomaisbanal,poderiaser,emcertamedida,maltratarocarro,mantê-losujoedes-cuidado,nãorespeitarporinteiroasexigênciasdeseumotor,isso,apenasparaevitarqueminharelaçãocomêlevenhaaseintegrarcompletamente.Issoseriaevi-taraEntfremdurcggraçasàVerfrzmdung,esquivar-se#àalienaçãoatravésdeumatécnicadeestranhamen-to,comoBrecht,que,parasubtrairoespectadorà

eventualhipnosedosacontecimentosrepresentados,re-querqueasluzesdoteatropermaneçamácesasequeopúblicopossafumar.'Esclarecidostaispressupostos,muitasoperaçõesmu-damdesinal.Assim,osversosdeCèndrarsquepa-reciamaZollaumtrágicoexemplodeinclinaçãoma-cabra:1Touteslesfemmesquej'airencontréessedressentauxhorizonsAveclesgestespiteuxetlesregardstristesdessémaphores[souslapluiepoderãoaparecercomoaquiloquetalvezsejam:atentativapoéticaderetomar,emtêrmoshumanos,um

elementodapaisagemurbanaqueseestavatornando244estranhoparanós;onão-reduzirosinalluminosoaumsimplesmecanismocotidianoquedirigenossospassos,sabendo,pelocontrário,olhá,loatéqueassu-maumaimpreghaçãosimbólica,eainda,umaprenderafalardonóssomundoemocionalnãooexprimindoatravésdeimagensjágastaspelousoquetemfeitodelasa"maneira"poética,'masrevestindoaemoçãocomumanovaimagem,procurandoeducaraimagi-

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naçãoparanovosreflexos.'Emsuma:umatentativadereconheceroobjeto,decompreendê-lo,deverqualoespaçoquepoderáadquiriremnossavidadehomens,eumavezcom-preendido,umacapacidadedesubmetê-loaumusonosso,ometafórico,emlugardesónossubme-termosaêle.Omacabroque.impressionavaZollanãoestánalembrançadosinalluminoso,esimnodesesperadosentimentoqueCendrarstemdeseusamô-resésvaídos,queparecemnadater-Ihedeixadoanão'ãerdesolaçãoesauçiade.Masêstessâoproblemas

dêle.Apoesiacumpriusuaoperaçãoderecónquistaènosofereceuapossibilidadedeumapaisagemnova.Poderíamosagoranosperguntarporqueasituaçãodoautomobilistaésentidacomoalienanteeadopri-mitivoquemanuseiaaamígdala,não?PorqueparrecedesumanoonsopoéticodosemáforoenquantoquenuncapareceutalousopoéticodoescudodeAquiles(doqualatéchegou-seadescrever,horror!,oprocesso"industrial"deprodução,comdetalhessi-derúrgicosquedeviamterescandalizadoointelectualdostemposhoméricos)?Porque,afinal,éconsidera-dacomoalienantearelaçãodesimbiosecomoauto-móvel,enãoésuspeitadealienaçãoasimbiosedo

cavaleirocomseucavalo,simbiosequetemasmes-mascaracterísticasdeintegraçãocomplexa,depro-longamentodacorporalidadedohomemnadoani-mal?Evidentemente,porque,numacivilízaçãotecnológica,asupremaciaeacomplexidadedoobjeto-assuascapacidadesdeiniciativaautônoma,atémesmoperan-teohomemoperador-ampliaram-sedetalformaquetornamevidenteumacondiçãoendêmica,.quetor-namperigosooqueanteserasóperturbador;emes-moporqueosobjetos,sempretomandoformasme-nosantropomórficas,nosajudamapercebê-loscomo245

estranhos.Mas,evidentemente,hámais:paraopri-mitivoquemanuseiaaamígdala,oobjetosecolocanumarelaçãoimediata,naqualoriscodeintegraçâoestáentreomanejadoreomanejado.Comumauto-'rilóvelestabelece-seumarelaçãomaiscomplexa:oau-tomóvelnãomealienasòmenteasimesmo,masatodoumconjnntodenormasdecirculação,aumainevitávelcompetiçãodeprestigio(avontadedepos-#suironôvomodêlo,oacessório,omaiorrendimentoetc.),aliena-meaummercado,aliena-meaummun-deconcorrêncianoqualdevoperder-meparator-do

nar-mecapazdeadquiriroautomóvel.Éevidente,portanto,que,seáalienaçãoéumapossibilidadere-correntedaexistênciahumanaemtodososseusnf-veis,elaadquiriuumaimportânciaeumaconfigura-çãotôdaespecialnamodernasociedadeindustrial,con-formhaviaentrevistoMarx,aoníveldasrelaçõeseconômicas.Detudoquantofoiditoevidencia-secomoigual-menteverdadeiroofatodequeestacondiçãodaso-ciedademodernaconstituidefátoanovacondição

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naqualsomosahamadosaviver,sejaqualfôrotipodesociedadequeconseguirmosforjarcomnossaaçâomodificadora.Aalienaçãoconstitui,paraohomemmoderno,umacondiçãosemelhanteàfaltádegravi-dadeparaopilôtoespacial:umacondiçãonaqualdeve'aprenderamover-sèeaidentificarasnovaspos-sibilidadesdeautonomia,asdireçõesdeliberdadepos-sível.Poroutrolado,vivernaalienaçâonãoquerdi-zerviveraceitandoawalienação,masviveraceitandoumasériederelaçõesque,contudo,sãoconstantemen-tefocalizadasporumaintentiosecundaquenosper-

mitevê-lasemtransparência,denunciandosuaspossi-bilidadesdeparalisaçâo;relaçõesáagir,desmascaran-do-ascontinuamente,semquedesmascará-lassignifi-queanulá-las.Aconstataçãoaquenãopodemosfugiréadequenãopodemosviver-nemseriaoportunofazê-lo-semopedaldoacelerador,etalveznãofôssemosca-pazesdeamarsempensarnossinaisluminosos.Háalguémqueachaqueaindasepodefalardeamorfu-gindoàalusãoaossemáforos:éoautordascanço-netasmelódicasdeClaudiõVilla.Fssealguémpareceesquivár-seàrealidadeinumanadamáquina:seuuni-24á

versoédefinidopelosconceitosmaisquehumanosde"coração","amor"e"mâe".MashojQomoralistaprevenidosabeoqueseescondepartrásdêssefla-tusvocis:ummundodevaloresempedernidos,usadoscomafunçãodemistificar.Oletrista,aceitandode-terminadasexpressõeslingüísticas,aliena-seealienaseupúblicoalgoqueserefletenasformasgastasdalinguagemp3.Comestaúltimaobservaçãonossodiscursoseafastadoplanodasrelaçõesdiretas,efetivas,comumasituaçâo,transportando-seaoplanodasformasatravésdasquaisorganizamosnossodiscursosôbreasituação.Quaissãoostêrmosemquesecolocauma

problemáticadaalienação,noplanodasformasdaarteoudapseudo-arte?Nesseplano,odiscurso-jáquedecidimosado-;taranoçãodealienaçãoemseusignificadomaisam-plo-podeserconduzidoaolongodeduaslinhasdiversas,masconvergentes.Pode-se,primeiramente,falardeumaalienaçãoin-terioraosprópriossistemasformais,quemaisoportu-namenteatépoder-se=iadefinircomoumadialética.deinvençâoemaneira,deliberdadeenecessidadedasregrasformativas.Vamosdarumexemplo:ain'en-çâodarima.Comainvençãodarima,estabelecem-semódulose

convençõesestilísticas,nãoporauto-ofensa,maspor-quesereconhecequesòmenteadisciplinaestimulaacriação;eporquesediscerneumaformadeorganiza-çãodossonsqueparecemaisagradávelaoouvido.Apartirdomomentoemqueaconvençãoéelabora-(9)Gostariadeanteciparaobjeçãodosfilólogos:éverdade,Clau-#dioVillaescreveuumacançãointituladaTrilhos(emitaliano:Binario).Masabanalidadedoproduto(quecontudoexperimentanovosempre-gosmetafóricosforadorepertóriocostumeiro)indicajustamentequão

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fácilépetrificaratéas.novasimagenseaconsciênciadanovarealida-betraduzidaemimagens,tãologosejamintroduzidasnumcircuitodeEonsumo.Ametáforadotremjáestágastahámaïsdeumséculo.Eafinalésemprequestãodegênio,énatural:aTransiberianadeCendrarséalgomaisdoqueotrilhodacançoneta,eMontale,aoes-crever'"Adeus,silvosnoescuro,gestos,tosse"(emit.:"Addio,fischinelbuio,cenni,tosse")nosdevolveotremcomosituaçãopoéticain-contaminada.Quantoàcançoneta,ousodepalavras"gastas",alémdefatal,éintencional:enãopossodeixardeaconselharaoleitoraaná-liseagudaquedacançãocomo'expressãode"máconsciência"nosderam(numtrabalhocoletivo,queenfrentaoproblemadopontodevistamusico-

lógico,político,psicanallticoehistórico)MicheleL.Straniero,SergioLiberovici,EmilioJonaeGiorgioDeMaria(Lecanzonidellacattivaoscienza.Milano,Bompiani,1964).247da,opoetanãoémaisprisioneirodesuaprópriaex-troversãoperigosaedesuaemotividade:asregrasdarima,seporumladooreprimem,poroutro,liber-tam-no,talcomoumaataduraelásticanotornozelolivraoatletadoperigodeumaluxaço.Cóntudo,apartirdomomentoemqueéestabelecida,aconven-çãonosalienaaela:oversoseguintenosésugeridogelanaturezadoversoanterior,emconformidadecomasleisdarima.Quantomaisapráticasevaiafir-

mando,maismepropõeexemplosdeelevadaliberda-decriadora,emaismevaiaprisionando;ohábitodarimageraorimário,quecomeçacomorepertóriodorimávelparatornar-seaospoucosrepertóriodorima-do.Aofirndedeterminadoperíodohistórico,arimarevela-se-mecadavezmaisalienante.Exemplotípicodealienaçãofotmaléodoautordeletrasparaacançãodeconsumo,arespeitodoqualsefazpiadadizendoque,porreflexócondicionado,quandoescre-ve"amor"temqueescreverlogodepois"flor"ouconformeocaso,"dor"1°..Nãoésòmentearima,co-mosistemafoné2icodaspossíveisconcordâncias,queoaliena;étambémarimacomohábitodefruição,é

oqueumasociedadedeconsumidoresesperadarima,egostadeencontrarnela.Alienã-óosistemalinguls-tico,denmlado,edeoütrorimsistemadereflexoscondicionadostransformadosemsensibilidadepúblia,alémdeumsistemaderelaçõescomerciais(poisnãosepodevendersenãoaquiloquesatisfniasensibili-dadepública).Mastambémograndepoetaécondi-cionadoporêstesistema:aindaqueêleafirmepro-pósitosdeindependênciaabsolutaemrelaçãoàsex-pectativasdopúblico,assuaspossibilidàdesestatísti-casde.encontrarumanovarimapartindodapremis-sa"amor",sãoextremamentereduzidás.Comocon-seqüência,oureduzem-sesuaspossibilidadesdefazer

rima,oureduz-sesuaternática,desdequeérestrito0âmbitodesualinguagem.A.palavra"amor"nofinaldoversolheépràticamenteproibida:oêxitoartísticoexigeumacompenetraçãotãoimpregnadadesome(10)Acançãodeconsumo-"canzonetta"-naItáliaàqualosutorfazreferência,podeserçomparada,comonível,àproduçãodachamada"JovemGuarda"deRobertoCarlosgCia.,ficandomuitoaquémdaqualidadedamúsicapopularbrasileiradogrupodeChicoBuarquedeHolanda,GilbertoGil,CaetanoVelosoGeraldoVandréetc.,paraaqualnãoseencontramanalogiasnaItália.(N.doT.)

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desentidoquelhebastausarumsomquesearrisqueaconsumir-secomonâo-som,juntoaumaaudiênciadesensibilidadeentorpecida,paraqueaformaporêleusadapercatôdaaeficáciacomunicativa.Contu-do,nessemomento,opoetatemapossibilidadedepesquisárumalinguagemincomum,umarimabilidadeinesprada,eêsseusodeterminarásuatemáticaassim#comoaconcatenaçãodesuasidéias.Maisumavezêleserá,decertomodo,agidopelasituação,porémtornando-seconscientedesuaalienaçãoêlepoderá

usá-lacomoummeioparadibertar-se.LembremoscertasrimasinesperadasdeMontale:oqueeraalie-nação,pormeiodeumatensãodialéticalevadaaoextremo,produzluumelevadoexemplodeinvenção,e,portanto,deliberdadepoética.Masresolvendoasituaçãodestamaneira,opoetacrioucondiçõesparaumanovasituaçãoalienante:hojeos"montaleggian-ti"Ilnosaparecemtaiscomosão:imitadoresdepou-caimaginação,justamenteporseremalienadosaumcostumequeosagesemmaispermitir-lhesumgestosequerd_eoriginalidadeeliberdade.Masêsteexemploédemasiadosimplesparaseresclarecedor,poisaquiadialéticadeinvençãoeimi-

taçãoécolocadasòmenteaoníveldeumaconvençãoliterária,quspodetornar-semarginaldeixandodeatingirtôdasasestruturasdeumalinguagem.Volte-mosnossaatençãoparaumproblemamaisimportan-teparaaculturacontemporânea.Osistematonalregeuodesenvolvimentodamúsi-cadesdeosfinsdaIdadeMédiaaténossósdias:en-quantosistema,esistemaconvencionado(ninguémmaisacreditaqueatonalidadesejaumfato"natural"),êletemdesempenhadoparaomúsicoamesmafun-çãodaconvençãooperativa"rima".Omúsicotonalcompôsobedecendoaosistemae,aomesmotempo,combatendo-o.Nomomentoemqueasinfoniaseen-

cerravatriunfalmenterepetindoatônica,omúsicodei-xava.queosistemacompusesseporsuaconta,nãopodiasubtrair-seàconvençãoemqueosistemasebaseava:nointeriordaconvençãa,seeraumgrandemúsico,criavanovasformasdevoltaraproporosis-tema.(11)SeguidoresesequazesdeEugenioMontale.(N.doT.)248ap`aaaxedeoeuanbsexouossaó5ujaxapeuxalstsuzn.IBSnal08`auaLIIaluaISuOSSOuauIn0SIeüI`OSISLIuI0oluelxod'oue3uaoaoeeat;zlsluzeootjqndnasex-Qdxelteaxapodullsseopulealualuósserzl:oueuznq--IlueOplluasuiaxleaaaxedaoeealunuloaapsreul

-xousaólpuo0sL2S-IBxqns`oBBIunuIoOapeulalslSOulOaadtuoxanbuIaóluauIouzoj'eulalstsajánbexodessaxdxaenausuIepealxgaloslee:zln`jelaosearláeum`jexouIeuznspólsuláqureouIoa`jeuólauaekoaemllulsaeuIneopeualjeauasasajáuanbxodaluaut-ósoeujeuoletualstsoxeltaaeeas-eóauoatsnul'ulaluoapouxsaulo`opQ.IaljeuteSauQuuadetassqasjBnbousaxojerapeuIalsjsoanbapoStpuoanuloaaluaulpselnasaápapeptjtqetaos.eulnxepün;apodanb`sesosBpeuluualapxillulsueilapod,anboet;eatu

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-nuloaeulalsjsuInesnaaIajáo;usla.nug'oallQxaolstxeoxalaxapataádsaeuzne`olueuod`aapepljiqeaTunul-oautas-opue.rusuoa`ossrxod`plsaa`jQouloaxel-laaessolsodslpolsasoanod`oluenbuaxod`anbem-xo;eulnBzluexoajá-saóeja.IapauIàlsTsonóuuIn`uIaenuljeeoueulnIn;Tlsut`áolsl-"npxelluee"apo5exdoeulnezjeaxoatsyuóojuell'odulal'olyuleIjopueuuleaiulaeaqjsaó5ejaiapeuIaISISalsáanbjelaosaoagjoapl`jaIoulopunuloeou,IólâimnàlualueauQluelsas-eat;uae`seIouossaódejaiap,ol-unfuoaopeutul.IalapuInaóIuioaasanbzaeepól`xop

-ehadsaopolutdsaou`exoeanb`apBpljaa.Iexe.Iea-uaapsextaueulsepeunuxalapIuoa`seargjoatsdsaó3ej

-axsepeuuualapuioaodlualoluelalaempex-uaptassuossoaxluasaó5ejaisaaII¿QjapsgeQs-aluaulsptaIjsoualunosteuI-e.uasqoanbganbo`jeuoleuialstsopasuaealuasstyeoop.sePuIosu#saósua;saop2zt7seleaollxldsaomoaójdmalóp.s'eQuuo;apoluaeTdQasasuoiazoQxedepe.-uaeedanbó`sspeudoidesedno.Iúxoa`speytazalap-a.IdsexoquIaealláisaapepTjtqtsuas'ensa.Iaxaanb`oáauoaopjenluojadxpeluatuto`jzuotseaoapgPu

-muoaulnapQaIsnuIeopuasomoaauIapo8oodgeu;aSjeuOleatsnlue`oseoeiod'oeu`anbap0oe5ezljszau-sp.Iaegmáquysem.jaatIaepo-a8Qlunxaaa.redapod`jéotsncuIuaBaIIutjepsinsl-saeajeosa.mlu.ilsaaarlua`sopaqaa;osoluluIaepojoa`"o;uauleqjadsa"apoSejaxBumuasaOSZ'6t6I'FProorg'ousltyjalnalrnuto¡88an8ulltl'!uo!IePOQloaalrImgqwetas-s(ae:Zu'ttnatrnlYlaruoaWlma'alBaTsnminl9uasseonu8'I..'massnoduuagaporssuaoplaglo'sgeuloa'as-e(ae(ope7uasudssÇuiodoppuasou)apepgeuo7apopsal;Tas¡sopeag97cnlog5e7adai-uIemnsied'656I'oeea¡q0atrnfyu!8yuoayypucuo¡tomg'raCay7I

preuoaZapep'opacinpuoasomuranbocmas¡poeasdso7uataalaraoomo;ae7sudas'opn7uoa'anbIeao7sma7slsopsea;apeiun(ZI)-aluapteg'zTseossaó5ejaxsepouejdouxanboou-galousjdou.Ianb`odeanpasulnepóletpualjenb`jalQpan;oesensiadelunapaeàeuul;eaxetrexae-uoojeuolealsnluspeatle,xdBolueód:sesToasepjaanultIuapioQulneolradsa.Iouspeassqapepataoseuznapoaldpolnpo.Idoás-naaaquoaa.I'onTleuuo;ollq-PIjalsau.`ánbopzqesgg'aslxaato;epjnaap-IQ.Iloxdslsmoluenbapetaa.td8sreulo;uel`zedaeIu-oulreqapo5enltseuln`ealuólepjeuT;odeuuleaxQse-SB.IB`xaaajaqelsaxxapodasapoalunuII;óuloasepeuoTseaoaluamjellsodoidsaslxaasaó5eppapeulal

-sasIunotuoaaluasaxdeasextaluloe5lsoduloae`jela-tutapepijQuole'epaajaqelsa`anbIu-aecualsTsuInouI-oajeuol'eaTsnluepsaódelaxdxalulssas-uláaaquo'opunmourrsrxaap,n.rauvmnumapunuo.m.rvalraapnmauvmnr,nvpólstexnllulsasaó5eja.Isepouejdoexedelxodsusxlajá`exoe`anbxodjeuolbulalslsoesnaaxoaTsnul('olsansapapeplaedea.Ianbjenbapezeeaepedlloax-alsanoat;oluodjele`oazuónopoulapep,etaunuoxdxasapodgsspulQseuleugssaauossaxdxanouxojas

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aldaulQsoeu"xop"a"xóule"ejdtlpeanbuIaoluodoe`eatsnuleuIláquzel`oPeaqaxalas.apoezeisajd-ullsejadeulalsrsoesnaaiasoeu`(jeuuo;al.uaule:I-ndopTluasou)o5uaeutapsapeptjlqlssodsepeuzeespeosaanbapsap`áolst`uleiaoafuuaassaulnl'soasoanbapole;ojadgselrlalszsoptsasoeuexlau-eu1ao5uaeulap8atlájetpeulnealuauysoltadsaxzIpou`uláiod`jeQolQuzalstsoexluoajoeaxdealxojoanbulaoluaul-ou1olusamouQpTt,npulao-opuod`o-opuslpoxed`jae-tssodBuuo;eatunpseul`o-taae`odnpóidensap

oluamoluopeuruIxalapumuIaa`oluodouaaále`ij-suteexlSoeóuuInarxaaeulalslsouloaaluaalQetltul;

-apadulox.taquqqaS'iazlpxanbosuanb.sesToasn-Ipeo-euqo`extanbajáanbulas`jeuoleallrüle.eanbaqaaxadanbiodeulalslsopteSjenolxaejeasaemneotjdeopuQnb``fssnqaQ`ojdalaxaxod-uulalsrsopxresapapQptssaaauQnrluasoazsnuloetpoha7imediato,ligadoaumasituaçãoconcreta,estánarea-lidaderecusandoumasituação.Elepodeatédesco-queseesclerosou,sejaemsuaspiasformulaçõesnhecerasimplicaçõesdesuaecolhapuramentemu-#éticas;porquealinguagemreprumaestruturadossical,masofatoéqueexistemtaisimplicações.fen8menosquenãoémaisaquelaco

osfenô-Ora,,recusando,juntamentecomumsisteir(ámusi-menosseapresentamnasdescriçõeoperativasquecal,umsistemaderelaçõeshumanas,oqueéquere-fornecemosdelas;porqueasregsdeconvivênciaso-cusaeoqueéqueinstitui?OsistemamusicalqueciaYsãoregidaspornormasquenretratamdèmodorecusaé,aparentemente,comunicativo,masnareali-ialgtímorealdesequili'briodetaisrelações.dadeestáesgotada:prodnzclichês,estimulamodelosEntãoomundoestámuitòlongeomode-dereaçãoestandardizados.Adeterminadocircuitome-sejariareproduzi-loosistemadelinguagemque,'us-

lódiconãopodemaiscorresponderumareaçãoemo-tamente,érecusadoloartistadedaois#"gu,;Ptivaespontâneaernaravilhada,poisaquêletipodeco-encontra-secindidoedeslocado,desapossadodascoor-municaçãomusicaljádeixoudepasmarquemquerdenadasdavelhaordem,talcomoestspojadodasqueseja:sabia-sedeantemãooqueiriasuceder.Ve-coordenadascanônicasosistemadelinguagemqueojamosoqueacontecenaúltimatrincheiraatualdaartistaadota.,ç13

nosaltrazdsuaéSas°netaàSanRemooritmonãoNestesentidó;oartistaqueprotuantoàsfor-rp,trata-sedoscostumeirostercetos;quandooversoterminarem"amor"nãoficaremosmasrealizoumàduplaoperação:reumsiste-pqgi.madeforms,-semcontudoanulá-lonessarejeição,maisasmposaosp°aberueêssearhorale(u-secommasagiunointeriordêle(incluveacompanhandoumafloraradeisconverter-seemdoréumasi-çgqppealgumastendênciasàdesagregaçãoquejásevinham

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tuaãotráicarnasuenãoerturbamais,ésurco-a,canônica,pert),P,Pnhecidenceàordem,preestabelecida,mostrandoinevitáveleortantoarasubtrair=seajtalsistemaemodificálo,tevedeaceitarumaaliena-ánãoseprestaatençãoaoverdadeirosignificadodaçãoparcialnêle,umaconcordânciacomsuastendên-frase:saberqueoamorsealimentoudafloresepre-pciasinternas;poroutrolado,adotandoumanovagrá-ciitounadoréumtipodecomunicaçãoquenosre-ç',mática.feitamenosdemódulosdeordemquedeum

confirmaaconvicãodequevivemosnomelhordosprojetodedesordempermanente,aceitoujustamentemundospossíveis);poroutrolado,melodiaeharmo-gggomundoemquevivenostêrmosdecriseemquesenia,seuindoosseurostrilhosdaramáticatonalpqq'encontra.Portanto,mais,umavez,êlesecomprome-pãrovocarãoemnósnenhumçhoue.Auicabeateu,comomundoemquevive,áouingüa-erunta:êsteuniversoderelaõeshumanasqueogemqueêlepróprio-artista-crênventadouniversoonalreafia,êsteuniversotranqüiloeor-masque,narèalidade,lheforidapelasituaçãodenadoueestávaosacostumadosaconsiderar,é.naqualseencontra;econtudoest

aeraaúnicaes=aindaomesmonoqualvivemosNâo,aquêleemquevivemoséoherdeirodêste;eé,umUniversoerncolhaquelherestava,poisumaastendênciasnega-----pqp.Itivasdasituaçãoemqueseencontraéjustanientecrise.stáemcriseorue,àordemdasalavrasnãoignorarqueacriseexisteetencontinuamentecorresndemaisumaordemdascoisas(articulam-iredefini-laconformeaquêleslosde.ordem,deèaindqaspalavraassegundoaordemtradicitinal,en-;cujodesgastenasceuacrise.Seoartistaprocurasseuantoueaciêncinosincitaaverascoisasdispos-:dominaradesordemdasituaçãopresente,valendo-se

tasconformeoutrasordens,ouaté'mesmosegundoadosmóduloscomprometidoscomsituaçãoqueen-desordemeadescontinuidade);estáèmcriseporquetrouefncrise,entãoêlerealmeseriaummistifica-adeáiniãodossentimèntosnãocorrespondeàsuador.Comefeito,nomomentoemqsedasi-efetivrealidadesejanasexpressõesestereotipadasemtuaçãopresente,permitiriaauposiçã.odeque,além(13)OFestivaldeSanRemoé,hámuitosanos,aarenaemquea"can-dzsta,existeumasituâóideal,pelaqualêlepodezonetfa"italianavemtestandoasinvoluçõesmúsico-comerciais.(Iv.aoT.)julgaraituaçãoreal;entã0end0ósariaaconfiançanuní.mundodeordemexpressoporumalinguagem

252ordenada.Assim,paradoxalmente,enquantoseacre-ditaqueavanguardaartísticanãoestárelacionadacomacomunidadedosdemaishomens,emcujoseiovive,ecomaqualsejulgaestarrelacionadaaartetradicional,narealidadeacontecejustamenteocon-trário:entrincheiradanolimiteextremadacomunica-bilidade,avanguardaartísticaéaúnicaamanterre-laçõesderealsignificadocomornundoemquevivel4.(14)Vemosentãoqueoproblemaémuitomaiscomplexodoque

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dáaperceberageneralizaçãoaquiproposta-emlinhateórica-pormotivospráticoseparaisolarumveiododiscurso.Oquedefini-mos-.enãoéacidentalareferênciaaSchtinberg,istoé,aumartis-taqueseencontranocomêçodedeterminadaevolução,numaposição--chave,ecujovaloreboaféestãoforadedüvidas-éoatodevanguarda"modêlo"potexcelência,aUr-vanguarda(onde"Ur"indi-canãosóumaordemcronológíca,mastambémesobtetudo,umaordemlógica)..Emoutraspalavras,nossodiscursoseriasimpleseincontesxá-velse,tivessehavido,emdeterminadomomentododesenvolvimentodaculturá,umúnicoatodevanguarda:narealidade,acutturaèantempo-râneaéuma"culturadevanguardas".Comojustiticarumasituação

dessas?Jánãohádistinçãoentretradiçãorecusadaevanguardaque#estabeleceumaordemnova;defatocadavanguardnegaoutravan-guarda,cujacontemporaneidadelheimpededejáseterconstituídoemtradição,emrelaçãoàvanguardaqueanega.DaíasuspeitadequeumatopositivodeUr-vanguardatenhageradoumamaneiradevan-guarda,edequefazervanguaídasejahojeoúnicomododereingres-sarnatradição.Ressasituaçãoquefontesdiversassuspeitamser(parasintetizarasituaçãonumafórmulabrutal)umaespéciedeconversãoneocapitalistadasrebeliõesartísticas:oartistaserevoltaporqueomercadoassimoexige,esuarebeliãonãotemmaisvalorporrealizar--sedentrodeumaordemconvéncional.Suspei(adêstegênero(comtôdasascautelascríticasdocasojélançada,porexemplo,pordois

ensaiossôbreamúsicacontemporânea:aresenhamusicaldePaoloCastaldipublicadanoAlmanaeroBompiani1'962egparticipaçãodeLuigiRognonino,exemplarde,t,aBiennaiededicadoàmúsicaeletrd-nica.Narealidade,paraessasinterrogaçõesexisteumarespostadú-plice(implícita,aliás,nosdoisescrítoscifados):oquesedenunciaé,antesdemaisnada,adialéticanaturalentreinvençãoemq¢o,quesempreexistiunahistóriadaarte,quandoumartista"inventa"umanovapossibilidadeformalqueimplicanumamodificaçãodesehsibilida-desedevisãodomundo,eimediatamente,umalegiãodeimitadoresempregaedesenvolveessaformatomando-acomoformavazia,semcolhêrsuasimplicações.Ejustamenteporserêsteumfenõmènoco-mum,equeévetificadocomttuitomaisfreqüêncianumacivilizaçãocomoanossa(ondeaspossibilidadesdedesgasteeexaustãosãona-

turalmententaisampiasaaceleradas),eisqueumgestodeinovação(vanguarda)queimatãoràpidamentesuaspossibilidades'autênticasquesefaznecessário,paraqueêle,nãodegenereemmodo,recusá-loiroe-diatamenteatravésdeoutrainvençáo.Estasegundadialéticasemistu-racomaprimeira,entrelaçando-seassimásinovaçõesaparentes,qucmaisnadasãoqí,evariaçõesmodaissôbréotema,easinovaçõesreais,quenegamjustaménteavariaçãosõbreoterria.Ocorrerá,portanto,quealgumasformasjátiegadassucessivamentepormuitaSvanguardasconservemtantaf8rçaquantofaltaàsformasnovas;eistoacontecerátambém'seformoscapazesde"reler"essasformasnegaZasnachaveemqueforaminventadas;enquantoqueasvanguardaspósterioresasnegamporterem,emwmuitosaspectos,degeneradaemmod0.Ditoisto,faz-senecessáriooutròesclarecimento:áformada°vanguárda"é,

decerto,amaisevidenteparaenfrentarumasituaçãoconstituídáafimdederrubá-1ae"desordená-la",masnãoéaúnicaformadecombateressasituação.Existeoutra,-aparentemente"interna"àosdemquesenegaeéadoaproveltamentoparodísticodessáo;deth,deseúem-prêgoir&ntco(valeaquiacontraposiçãb,jáfeitádeStravinskyaSchõnberg).'/Emoutraspalavras,podemos,combaterumiugar-comumexpressiJo,desgastadoealienante,dissociandoas'modalidadesdeco-254`4.Aquichegados,poderiaparecerclaraasituaçãodaartecontemporâneaquerealiza,aoníveldases-

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truturasformais,umcontínuoremanejamentodalin-guagemestabilizadaeadquirida,bemcomodosmó-dulosdeordemconsagradospelatradição.Senapin-turainformalcomonapoesia,nacinemacomonoteatroobservamosoafirmar-sedeobrascrbertas,cujaestruturaéambígua,submetidaacertaindeterminaçãoderesultados,istoaconteceporqueasformas,dêstemodo,seadaptamaumavisãodouniversofísicoedasrelaçõespsicológicaspropostaspelasdisciplinascientíicascontempnrâneas,esentemaimpossibilida-dedesefalardêstemundonosmesmostêrmosfor-

maiscomqueerapossíveldefiniroCosmoOrdenado.quejánãoénosso.Aqui,ocríticodaspoéticascon-temporâneaspodesuspeitarque,procedendoassim,transportandosuaatençãoparaproblemasdeestru-tura,aartecontemporânearenunciaafazerutndis-cursosôbreohomem,perdendo-seentáoportrásdeumdiscursoabstratoaoníveldasformas.Oequívo-co,fácildedesmascarar,já'foimencionadoacima:aquiloquepoderiaparecer-nosumdiscursosôbreohomem,deveriahojeconformar-secomosmódulosdeordemformativaqueserviamparafalardeumho-memdeontem.Rompéndoêssesmódulosdeordem,#

,aartealadohomemdehoje,atravésdamaneirapelaqualseestrutura.Mas,aoseafirmaristo,faz-'-seaafirmaçãodeumprincípioestéticodoqualnãomaisnosdeveremosafastarsaquisermosprosseguirnessalinhádepesquïsa:aprimeiramanifestaçãodesi,aartemostra-aatravésdomadodeformar;apri-meiraafirmaçãoqueaartefazdomundoedoho-mem,aquelaquepodefazerpordireitoeaúnicad,esignificadoreal,afazdispondosuasformasdeumamunIcaçãoemquesebaseia;maspodemostambémexorcizá-Ioempre-anndo-oirnicamente.Mostra-sepois,aqui,umateoriadaparódiaedairoaiacomooperaçãoclandestinaquesecontrapõeaofmpetorevo-Iudonárl"derua,davanguardapròpriamenteditaFinalmente,ter-

ceirapossíbilidadeperigosamasconsiderável-aadoçãosejacomot8r,deamodalidadeadeexpressãorelacionadascomumaordem,usando--asporém,paracomunicanalgoquepromoveratosdecons-ossapdlndacapazeede,umdia,pAressaordememcriseTrata-sedapos-dbitidade,condenadapormuitos;deutilizaremsentidocr(ticoosmasanudlaparaeatabelearumcom8çodetomadadeconsci8ndaondeosubversoratodevanauardaarriscariapetmanecerincomunicáveleserepetldocaracterizariaumaprovocaçãoaristoCtátIca.Masòbviámente,opmblemasuperaosllmitesdestaconversaedeveportantoconstaraquiapenaaàpuisadeinformação.'maneiradeterminada,enãopronunciando,atravésde-jao.níveldasformas,umarevuçãodasrelaçõeseti-

nhainstituídoumnôvomododevermusicalmentealas,umconjuntodejuízosarespeitodedeterminadorealidade.Valendo-sedosistematonal,jácompro-assunto.Fazerumdiscursoaparentesôbreomundo,metidocomtôdaumacivilizaçãoeumasensibi-narrandoum"tema"relacionadodiretamentecomnos-',lidade,SchtinbergnãonosteriadadóoSobreviven-savidaconereta,podeserarnaneiràmaisevidentee,ItedeVarsóvia,esimoConcértodeVarsóvia,quecontudo,maisimperceptívél,defugaaoproblemaquereprésentaexatamenteodiscurs

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emchavetonal,sô-intercssa,ouseja:reconduzircertaproblemáticaatual,jbreum"tema"quaseidêntico.Òbviamente,AddinselreduzidaaoâmbitodeumsistemadecomunicaçõesnãoeraSchônbergemesmodispondassé-ligadasaumaoutrasituaçãohistórica,paraforadosriesdodecafônicasdêstemundoriaconseguidolimitesdonossotempoeassim,narealidade,nada'dar-nosnadadepositivo:háurnamaneiradeprincipiardizersôbrenós.Háumexemploconereto:numli-quecondicionatodoorestodocamio,eodis-

vrinhoridículopublicadoanosatrás,tambémnaItá-!cursptonalsôbreosbombardeVarsóviaterialia,umcríticoinglêschamadoSidneyFinkelsteinpro-,caídofatalmentenoslaçosmelosadramaticida-púnha-seexplicar"dequemodoamúsicaexprimeasde,dedramaticidadesimuladaemma-fétalcomoé,idéias:ecomumaingenuidadequefoicompartilha-simuladaemma-féafórmuladectesiaeapergun-daporalgunsdenós,argumentavacomoeporqueta"Senhorita,querserminhaespôsa?",ques'omenteBrahmsfoiummúsico"reacionário",poissetinhapodeserditairônicamentepoisjaispoderáexpres-

voltadoparao"setecentos",enquantoTchaikówskyfoisar,hoje,umavérdadeirapaamorosa,desdequeummúsico"progressista"pórtercompostomelodra-es2áirremediàvelmentecomprometiomumcerimo-masquedebatiamproblemaspopulares.Nãovaleanialecomumaconeepçãoderelaçivasestri=penapôremmovimentocategoriasestéticasparadis-tamenteligadosàsensibilidadeomántieaburguesa.cutirumaposiçãodessas:bastapensarquâopoucoComisso,chegamosmaispertodocaçãodopro-modificaramoespíritodasmassasburguesas,freqüen-blema:nãosepodejulgaroudcreverumasituaçãotadorasdeteatros,osproblemaspopulareslevantadosqualquer,emtêrmosdeumal

inguagemquenãosejaporTchaikowskydentrodeumàagradávelharmoniaexpressãódessamesmasituação,poiuagemre-pacificadora,equeimportânciateveoregressodefleteumconjuntocjerelaçõeselocaumsisfemadeBrahmsao"setecentos",noimpulsionaramúsicaparamplicaçõessucessivas.Nãoposduzirumtextonovoscaminhos.Mas,deixandoBrahmsdelado,cá-''Blosóficofrancêsque,suponhas,sejadecaráterpo-"»"damúsicoéprogressistanamedidaemqueinicia,aositivista,traduzindoaexpressespritporspiritoníveldasformas,umanovamaneiradeveromunco;poisnasituaçãoeulturalitalia

palavra"spirito"quempelocontrário,talcomoaquêleinfelizAndréestáatalpontocomprometidacomistemáticaidea-Chénier,constróiversosàntigossôbrenovasidéias;ilistaqueosentidodotéxtoevitàvelmentede-forneceesquemasformaisberriapropriadosparaqüeformadcfis,aindústriadoHiFipossacoWerciarpensamentoseTudooquedissemosparaaspavrasisoladasvaleformasobsoletas,habilitadasparaoconsumo,comatambémparaasestruturasnarrativas;começaruma

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cumplicidadedeJulieLoridon,deluzesbaixasedenarrativadescrevendoomeiogeográfícodaação(oumcopodeuísqueaoalcancèdamão.Se;atécertolagodeComo)e,emseguida,aãpexteriorpontoSchônbergconsegue,emfacedosacontecimen-eocaráterdosprotagonistas,ssupõequeeuacre-toshistóricos,exprimirtôdaaindignaçãodeumaépo-caedeumaculturasmconfrontocomabarbáriena-(1=)Poie"sptrlto"foljustamenteapalavrausadanantraduç8eadoafllósofoaideallataaslemãee-mormmteHeae1--aesimcomoporHe-zista,emssuSobrevivenredeVarsóvia,êleoconse-nedettoCroceemreutratialbo

füosbficoodalnal.OmeonIosedáemnoea,aünpuaondeapalavracorrespoadente-esplrIto-está

#guepOrqüBhámult0t2mp0,SemSaberCOmOepOIabsolutamentedéscompròmiseadadeumoutraeecolafilosófka.quefalardosproblemasdoshomens,tinhainiciado,(N.doT.)256ã257ditenumadeterminadaordemdosacontecimentos:naobjetividadedeumambientenaturalemquèosper-sonagenshumanossemovememperspectiva,nade-terminaçãodosdadosdecaráterenadefiniçãoquedêlesédadasegundoumacertapsicologiaeumacertaética,e,porfim,naexistênciaderelaçôescausaispre-

cisasquemepermitemdeduzirdanatureza,domeioedocaráter;assimcomodeumasériedeaconteci-mentosconcomitantes,defácilindividuação,aseqüên-ciadosacontecimentossucessivos,qlledeveráserdes-critacomoumdecnrsounívocodefatos.Aquiestáamaneirapelaqualaaceitaçãodedéterminadaes-truturanarrativapressupõedeterminadaconcepçãodaordemdomundo,refletidanalinguagemqueuso,nasmodalidadessegundoasquaisacoordeno,enaspró-priasrelaçõe$detempóexpressasnelais.^Nomomentoemqueoartistapercebequeosis-temacomunicativoéestranhoàsituaçãohistóricadequequerfalar,devecompenetrar-sedequeéimpos-

sívelexpressarasituaçãõatravésdeumexemplodeumassuntohistórico,massòmentepodeexpressá-laatravésdaadoçãoeinvençãodeestruturasformaiscapazesdeestabelecer-secomomodêlodestasituação.Overdadeiroconteúdodaobratorna-seseumododevero.rrrndoedejulgá-lo,traduzidommododeforinar,.poisénessenível'quedeveráserconduzido0discursosôbreasrelaçõesentreaarteeomundo.(16)Umexemplo:terá.acontecidoaoleitorencontiar-seemttmasituaçãodasmaisangustiantes,dentreasquepoderfamosimaglnar,istoé,sòzinho,numahoradecajard,talveznumlugardesconhecido,pumpaísestrangeiro,bebendonumbarparamatarashorásnuraaesperainconsciente.emetòdIcamentefrustradadequealgointervenhapara

quebrarocursodasolidão.NãocreioquehajasItuaçãomenossu-portável,etodavia,quemnelaseencontrou,conseguiúsuportla,jul-gando-a,nofundo,muito"literária".PorquÊ?Porquet8daúmall-teraturanosacostumouàconvençãodeqae,quandoWmsujeitoen-contra-sesòzlnhobebendonum,bat,algumacoisalheaçontëce:noromancepollciaitratar-se-ádaapariçãodumaloiraplatlnada,em'He-mingwaYumencontromenosberrante,umdiálogo,umarevelaçãod0"nada".Portanto,certaordemnarrativaprev8,quaseinstitucionaimen-te,que,quandoalguémbebesòzinhonumbara[gumacoIsadeveacontecer.Eisafcomoumatodosmenossignifiatltos,dosmaisan-

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guadantes,umatoquedeveriaserreconhecidocomotalparaquepudéssemoacompenetrar-nosdaangúsdaemyue,aomenosnaquelemometlto,nosencontramos,ordena-áeetorna-seaceltávelsemtazãoalguma;fasesignificativo.graçasàmistificaçãoefetlvadápelaapll-caçãodeestruturasnarratlvasquecontinuamexigindóasoluçãodeumapremlssa,aconclusão.ordenad8ofimdeuxncom8ço,enãoper-mitem,umçom8çoaemfim(comonalmentedecidiramfázerumcenotipodenarrativaeumcertotipodecinema-IembremosAntonioni-polséasaimquereahnenteaconteee,eportantoéjuatoqueaarteoevidenciesemnosconsolarpresenteando-noscomumfinAl,comumregressoàt8nica,paracadadiscursoaquedemosinicio).

Aarteconheceomundoatravésdesuasprópriasestruturasformativas(queptirtantonãorepresèntamseumomentoformalista,massimseuverdadeiromo-mentodeconteúdo):aliterturadïspõepalavrasquesignificamaspectosdomundo,masaobraliteráriasigniicaomundoémsi,,atravésdamaneiracomoessaspalavrassãoorganizadas,aindaqueelas,toma-dásisoladamente,signifiquemcoisassemsentido,ouentãóacontecimentos,relaçõesentreac,ontecimentosqueparecemnadateremcomumcomomundol.5.Aceitastaispremissas,podemosagorainiciarumdiscursosôbreasituaçãodeumaliteraturáquedesejecorresponderàexistênciadumasociedadein-

dustrial,queseproponhaaexprimirestarealidade,#suaspossibilidadeseseusbloqueios.Opoetáque;en-trevistaacondiçãodealienaçãosofridapelohomemnumasociedadetecnológica,tentaumdiscursoparadescreveredenunciarestasituaçãodentrodasformasdeumalinguagem"comum"("comunicativa",com-preensívelparatodos),pelasquaisexpõeseu"assun-to','(porexemplo:omundboperário)pècaporge-nerosidade,mascometedeboaféumcrimedemisti-ficação.Procurèmosanalisarasitàaçãocomunicativadúmpoetapuramenteimaginário,noqual,òbviamen-te,enfatizar-se-ãoatéoparoxismodefeitoseaporias.

Estehomempensaterfixadoumasituaçãoconcretanaqualsemovemseusssmelhanteseprovàvelmente,emparte,oconseguiu;masaomesmotempopensapoderdescrevê-laejulgálaatravésdeumalinguagemdesligadadessasituaçâo.Masaquiêlejáincorreunumduploequívoco:namedidaemqueestalingua-gemIhepermiteapoderar-sedasituação,elaprópriarefleteasituação,eportantoestáafetadapelamesmacrise.Namédidaemqueestalinguagempermanecealheiaàsituação,nãopodeapoderar-sedela.'Vejamosentáocomoageoespecialistaemdescri-çâodesituaçóes,querdizerosociólogoou,melhorainda,oantropólogo.Seêleprocuradescreverede-

finirasrelaçõeséticasquesãointerpostasnumaso-ciedadeprimitivaeofazutilizandoascategoriaséti-casdassociedadesoidentais,perdeimediatamentea(17)ParaanoçodemododeformarrecomendoaEsfétfca,deLuigiPareYeon.258ditenumadeterminadaordemdosacontecimentos:naobjetividadedeumambientenaturalemquèosper-sonagenshumanossemovememperspectiva,nade-terminaçãodosdadosdecaráterenadefiniçãoque

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dêlesédadasegundoumacertapsicologiaeumacertaética,e,porfim,naexistênciaderelaçôescausaispre-cisasquemepermitemdeduzirdanatureza,domeioedocaráter;assimcomodeumasériedeaconteci-mentosconcomitantes,defácilindividuação,aseqüên-ciadosacontecimentossucessivos,qledeveráserdes-critacomoumdecnrsounívocodefatos.Aquiestáamaneirapelaqualaaceitaçãodedeterminadaes-truturanarrativap_ressupõedeterminadaconcepçãodaordemdomundo,refletidanalinguagemqueuso,nasmodalidadességundoassquaisacoordeno,enaspró-

priasrelaçõe$detempoexpressasnelale.

Nomomentoemqueoartistapercebequeosis-temacomunicativoéestranhoàsituaçâohistóricadequequerfalar,devecompenetrar-sedequeéimpos-sívelexpressarasituaçãõatravésdeumexemplodeumassuntohistórico,massòmentepodeexpressá-laatravésdaadoçãoeinvençãodeestruturasformaiscapazesdeestabelecer-secomomodêlodestasituação.Overdadeiroconteúdodaobratorna-seseumododevero,rrutndoedejulgá-lo,traduzidommododeformar,,poisénessenívelquedeveráserconduzido0discursosôbreasrelaçõesentreaarteeomundo.(16)Umexemplo:terá.acontecIdoaoleltorencontrar-seemtuna

situaçãodasmaisangustiantesdentreásquepoderfamosimáginar,fstoé,sòzinho,numahoradecajard,talveznumlugardesconhecido,pumpaísestrangeiro,bebendonumbarparamatarashorásnumaesperainconsciente.emetòdicamentefrustradadequealgointervenhaparaquebrarocursodasolldão.Nãocreioquehajasituaçãomenossu-portável,etodavla,quemnelaseencontrou,conaeguiusuportla,jul-gando-a,nofundo,muito"Hterárla".Porquê?Porquet8daumall-teraturanosacostumou'àconvençãodeqúe,quandoumaujeitoen-contra-sesòzinhobebendonum,bar,algumacoisalhea0oëce:noromancepolicialtratar-se-ádaapariçãodumaloiraplatinadaem'He-mingwayumencontromenosberranteumdiálogoumarevélaçãod0"nada".Portanto,certaordemnarrativaprev8,quáseinstitucionahnen-#

te,que,quandoalguémbebesòzinhonumbar,algumacoisadeveacontecer.Eieaicomoumatodosmenossignificatfvos,dosmaiean-guatiant'es,umatoquedeveriaserreconhecidocomotalparaquepudéssemoscompenetrar-nosdaangúsUaemyue,aomenosnaquelemomepto,nosencontramos,ordena-Aeetoma-seaceitávélsemrazãoalguma;,fasestgnificativo.graçasàmietüicaçãoefetivadápelaapll-caçãodeestruturasnarratlvasquecontinuamexigindóaeoluçãodeumapremissa,aconclusãoordenad8ofimdeumcom8çoenâoper-mitera,umçom8çosemfim(comofinalmentedecidiramfázerumoertotipodenarrativaeumcertotipodecinema-IembremosAntonioni-polséasslmquerealinenteaconteceeportantoéjuetoqueaarteoevidenctesemnoaconsolar,presenteando-nostomumfinal,comumregressoàt8nica,paracadadiscursoaquedemosintcio).

Aarteconheceomundoatravésdesuasprópriasestruturasformativas(queptirtantonãorepresentamsèumomentoformalista,massimseuverdadeiromo-mentodeconteúdo):aliterpturadispõepalavrasquesignificamaspectosdomundo,masaobraliteráriasignificaomundoémsi,,atravésdamaneiracomoessaspalavrassãoorganizadas,aindaqueelas,toma-dásisoladamente,signifiquemcoisassemsentido,ouentãóacontecimentos,relaçõesentreac,ontecimentosqueparecemnadateremcomumcomomundol.

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5.Aceitastaispremissas,podetnosagorainiciarumdiscursosdbreasituaçãodeumaliteraturáquedesejecorresponderàexisténciadumasociedadein-dustrial,queseproponhaaexprim.irestarealidade,suaspossibilidadeseseusbloqueios.Opoetáque;en-trevistaacondiçãodealienaçãosofridapelohomemnumasociedadetecnológica,tentaumdiscursoparadescreveredenunciarestasituaçãodentrodasformasdeumalinguagem"comum"("comunicativa",com-preensívelparatodos),pelasquaisexpõeseu"assun-to''(porexemplo:omundboperário)pècaporge-

nerosidade,mascometedeboaféumcrimedemisti-ficação.Procurémósanalisarasitàaçãocomunicativadümpoetapuramenteimaginário,noqual,òbviamen-te,enfatizar-se-ãoatéoparoxismodefeitoseaporias.Estehomempensaterfixadoumasituaçãoconcretanaqualsemovemseusssmelhante5eprovàvelmente,emparte,oconseguiu;masaomesmotempopensapoderdescrevê-laejulgálaatravésdeumalinguagemdesligadadessasituação.Masaquiêlejáincorreunumduploequívoco:namedidaemqueestalingua-gemIhepermiteapoderar-sedasituação,elaprópriarefeteasituação,eportantoestáafetadapelamesmacrise.Namèdidaemqueestalinguagempermanece

alheiaàsituação,nãopodeapoderar-sedela.'Vejamosentãocomoageoespecialistaemdescri-çãodesituações,querdizerosociólogoou,melhorainda,oantropólogo.Seêleprocuradescreverede-finirasrelaçõeséticasquesãointerpostasnumaso-ciedadeprimitivaeofazutilizandoascategoriaséti-casdassociedadesocidentais,perdeimediatamentea(17)ParaanoçodemododeformariecomendoaEstéttca,deLttigiPareyson.258possibilidadedecompreenderedefazercomqueosoutroscompreendamasituação.Seêledefiné"bár-baro"umritual(talcornoteriamfeitoosviajantes

dosséculospassados)jánãonospodeajudaracom-preenderqualéomodêlodeculturaemqueêsteritualencontrasuarazãodeser:Masseadotasemreservasanoçãode"modêlodecultura"(seresolveinterpretarasocíedadequedescrevecomoumabso-luto,nãorelacionadòcomoutras'situaçõessociais),deveriàentãodescreveroritualnosmesmostêrmosemqueédesctitopelosnativos;eprocedendoassimnãoconseguiriaexplicá-loanós.Eledeveportantoaceitarque,emtese,asnossascategoriassãoinade-#quadas,masmesmoassimtraduzirascategoriasdosindígenas,atravésdeumasériedemediações,usando

categoriasanálogasàsnossas,esclarecendòcontinu-rnentequesetratadeparáfrasesenãodetraduçãoliteral.Suaaçãodescritiva,portanto,contlnuamentefaz-seacompanhardacriaçãodeumaespéciedemetalingua-gem,nousodaqualarrisca-seconstantementeacairemdoiserrosantagônicos:deumiado,julgara,si-tuaçãoemtêrmosocidentaise,dooutro,alienat-secopletamentenamentalidadeindígena,invalidando,assim,opróprïotrabalhodeesclarecimento.Portan-

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ta,temosdeumladoaposiçãoaristocráticadovia-jante;aovelhoestiló,quepassaentreospowos"sel-vagens"sementendê-lose,conseqüntemente,tentan-`do"civilizá-los"napiordasformas,istoé"colonizan-do-os";dooutrotemosoceticismorelativistadecertaantropologià-queatualmenteestárevendoasuaprópriametodologia-paraaqual,aceitocadamo=dêlodeculturacomoalgoqueseauto-explicaeseautojustificá,forneceumacóleçãòdemedalhõesdes-critivds,combasenosquaisohomemengajadonarealizaçãoderelaçõesconeretasjamaispoderáresol-

veroproblemados"contatosdasculturas".Oequi-líbrioseencontranaturalmentejuntoaoantropólogodesensibilidadeque,nomomentodeelaborarsualin-guagemdescritiva,perceòe,continuaínente,tratar-sedeumasituaçãodialéticae,aomesmotempoemquesearmadeinstrumentosparacompreéndereaceitarasituaçãoquedescreve,procurapossibilitar.umdiscur-sorossosôbreela.260Voltemosagora'aonosso"modêlo"depoeta.Nomomentoemqueêleresolvenãoagircomoantropó-logoesociólogo,massimcomopoeta,renunciaàelaboraçãodeumalinguagemtécnicaespecial,apro-

priadaaocaso,etentatornar"poético"odiscursosôbreasituaçãoindustrial,voltando-separaumatra-diçãodediscursopoético.Essatradiçãoé,porexem-plo;adointimismocrepuscularedaconfissãosubje-tiva,darelaçãode"memória":seudiscurso,name-lhordashipóteses,expressaráapenasareaçãodesuasensibilidadesubjetiva,frenteaohorrordeumasitua-çãodramáticaquenãòconseguecaptar.Masasi-tuaçãoescapa-lhenoslimitesemquealinguagemqueempregaestáligadaàtradiçãodaconfissãointerior,impedindo-lheoapoderar-sedeumconjuntoderela-çõesconeretaseobjetivas;contudo,narealidade,tam-bémsualinguagemprovémdessasituação,éalingua-

gemdeumasituaçãoque,aotentareludirseuspro-blbmas,estimulouorefúgionaconfissãointeriorenabuscadamemória,transpondoparaoplanodarriodificaçãointerioroprojetodeumamodificaçãovindadoexterior.Suponhamosentãoquecertoromancistaprocurere-produzirasituaçãoaserdescritaapelandoparaumalinguagemaparentementeligadaaestasituação:ter-minologiatécnica,expressõesusadasempolítica,gíriadifundidanoâmbitodasituaçãoaserdescrita.Sefôsseumantrapólogo,começariaporenumerartodososusoscomunicativos,esóposteriormentepesouisa-rianêlesosmodospelosquaisserelacionamentresi

esesubmetemàsregrasdeuso.Masseêlequiserdaràsituação,expressaatravésdesualinguagemtípica,umaformaliterária,seráobrigadoaunirêssesele-mentosdelinguagemsegundoumaordem,umase-qüêncianarrativa,queéadanarrativatradicional.Escolhido,então,certotipodelinguagem,quelhepa-recetípicodeumasituaçãonaqualasrelaçõeshu-manasestejamdestorcidas,postasemcrise,traídas,#devidoàsconvençõesnarrativas,coordenaessalingua-

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gemsegúndoadireçãodeumaordemque,imediata-mente,disfarçaêssesfragmentosdedissociaçãode-baixodeumacamadadesociabilidade,eaotransmi-tiraimagemdeumasituaçãodedesordemepertur-baçãoêlenoscomunicaumaimpressãodeordem.Or-demque,òbviamente,éfictícia,éaordemdasestru-turasnarrativasqueexprimiamumuniversoordena-do,'constituiumaformadejulgamentocolocadoemtêrmosdsumalinguagemestranhaàsituaçãó.Apa'rentementeonarradorempenhou-seemcompreenderumasituaçãoemquepreponderaumaespéciedealie-

nação,semalienar-senela:masacompreensãolheescapouporusarcstruturasnarrativasquelhedãoaimpressãodefugiraoseuobjetolAestruturadanarrativatradicionalé-emseulimite-aestru-tura"tonal"doromancepolicilal;existeumaordempreestabelcida,umasériderelaçõeséticasparadig-máticas,eumapotência,aLei,queasadministrase-gundoarazão;surgeumacontecimentoquealteraessaordem,ocrime;disparaamoladoinqilérito,queéconduzidoporumcérebro,odetetivb,quenãoestácomprometidocomadesordemdondenasceuocrime,poisseinspiranaordemparadigmát;ca.Odetetivereconheceentreoscomportamentosdosindiciados

quaissãobaseadosnoparadigmaequaisdêleseafas-talrt;separaosafastamentosaparentesdosreais,istoé,liquidaosfalsosindícios,cujaúnicafunçãoéman-tervivaaafençãodoleitor;isolaascausasverdadei-rasque,deacòrdocomasleisdaordem(asleisdu-mapsicologiaeasleisdocuiprodest),provocaramoatocriminoso;individuaquem,caracferológicaesitua-cionalmente,estavasubmetidoàaçãodetaiscausas:edescobreoculpado,queteráseucastigo.Aordemvoltaareinar.Suponhamosagoraqueonarradordoromancepo-licial(eumnarradorconfiantenasestruturastradicio-nais,quenoromancepolicialencontrarnsuaexpressão

maiselementar,masquesãoasmèsmasestruturasqueagem,digamos,emBalzac)queiradescreverasitua-çãodeumindivíduoqueatuanoambientedaBôlsa.Osgestosdêsteindivíduonãosão,demodoalgum,inspiradosporumaúnicaordemdeparâmetros:àsvêzesêleseinspiranosparâmetroséticosdasocieda-(18)Parece-mequeVittoriniindividuoumuitobemtudooquees-tamosprocurandoanalisaragora,aolembrarnoMenabòanteriorque"anarrativaqueconcentranoplanodaHnguagemopêsointegraldasprópriasresponsabilidadesparacomascoisasrevela-sehoje,porsuavez,maispróximadeassumirumasignificaçãohistòricamenteativadoquequalquerliteraturaqueexamineascoisasnoconjuntodeumpres-supostoconteúdopré-lingüísticoquçelasteriaín,manuseando-ásna

qualidadedetemas,dedisputasetc."(p.18).deemquevive;àsvêzesnosparâmetrosmuitonu-merososdeumaeconomiademercadolivre;eenfim-commaiorfreqüência-nãoagebaseadoempa-râmetrosmasimpelidopelosmovimentosirracionaisomercado;quepodemdependerdeumasituaçãoin-dustrialefetivaouprocederdeoscilaçõesdecaráterexclusivamentefinanceiro,cujadinâmicanãomaisestásubordinadaadecisõesindividuais,poisasdeterminaesuper,alienando-realmentealienando-aquê-

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lequeestáaprisionadopeloandamentoautônomodeum:conjuntodefatôresinteragentes.Alinguagemdês-seindivíduo,seumodódeavaliaçãodaseoisas,nâopodemaisserreconduzidaaumaordem,nemmesmoa'uxriapsiçologia;emdadasfasesdesuasrelações,êleiráprocedér,segundoosfatôresdeumacertapsico-logia(setiverumcomplexódedipo,terádetermi-nadocomportamentoparacomasmôças),masemoutrasfasesserámovidopelaconfiguraçãoobjetivada#situaçãofinanceira,queolevaatomardecisões,nas

quaisêleéagido,quenãocontêmnenhumaespéciederelaçãocausa-efeitocomsuasperturbaçõesincons-cientes.Aquionarradorencontrar-se-áadescreverumaspectotípicodadissociaçãodonossotempo,dis-sociaçãoqueabrangeossentimentos,alinguagememqueseexpressam,asações.lesabequeumadeci-sâodêstepersonagempoderánãotrazeroresultadoprevistopelasregrastradicionaisdecausalidade,poisasituaçâoemqueétomadapoderáatribuiraêssegestoumvaiortotalmentediverso.Portánto,seêleintroduzirêssematerialnaseqüênciadumanarrativaquerespeitaasrelaçõescausaistradicionais,operso-nagemescapar-Ihe-á.Setentardescrevê-locomrela-

çãoatôdaasituação,consideradaemsuasimplica-çõessociológicaseéconômicas,estaráfazendoopapeldoantropólogo:teráqueamontoardescrições,fichasdescritivas,deixando,entretanto,ainterpretaçãofinalparaumafasebemmaisavançadadapesquisa,epor-tantodeveráfornecercontribuiçõesdescritivasao"mo-dêlo"aconfigurar,masnãopoderáconfigurarummodêlocompleto,talcomoéambiçãodonarrador,quevisaencerrardentrodocírculodeorganizaçãofor-malapreciáveldeterminadaconvicçãoacêrcadarea-lidade.262263Onarradorterá,nessecaso,umaúnicasolução:

exporseupersonagemassimcomoêlesemanifestanasituação,narrá-lonasformassugeridaspelasitua-ção,descreveracomplexidadeeimprecisãodesuasrelações,ainexistênciadeseusparâmetrosdecompor-tamento,provocando,paraisso,acrisedosparâmetrosnarrativos.OquefazJoycequandonosquerfalardojornalis-mocontemporâneo?Nãopodejulgarasituação"mo-dernacomunicaçãojornalística"doaltodeumalin-guagemincontaminadaquenãosofraessasituação.Organiza,portanto,umcapítulointeirodoUlisses,de-nominadoÉolo,escolhendocomo"assunto"narrativbnãoumasituação"típica"-dojornalismomoderno,mas

umadesuasmanifestações,absolutamentesecundária.:asconversasquasecasuaiseperfeitamenteinsignifi-cantesdeumgrupodejornalistasnumaredação.Mastaisconversasestâounificadasemváriastabelaspe-quenas,cadaumacomumtítulo,segundoousojor-nalísticoeemumaprogressãoestilístiçatalque,ini-cialmente,nosoferecéasmanchetesvitorianasparachegar,áospoucos,aotítulosensacionalista,sintàti-camenteincorreto,lingüisticamentereduzidoàpuragí-riadoescandalosojornalpopular;efazcomque,nas

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diversasconversasdosquelãestão,seapFesentemquasetôdasasfigurasretóricasemuso.PormeiodêsteartifícioJoycedesenvolveumcertodiscursosô-breosmassmedia,eumjüízoimplícitodevacuidade.Masnãopodepronunciarêssejuízocolocando-sefòradasituação:portantodispõeasituaçãodetalformaqueareduzaumaestruturaformal,demaneiraqueestasemanifesteporsimesma.Aliena-senasitua-ção,absorvendó-lheosmodos,.masaoevidenciartaismodos,aotomarconsciêncidêlescomomodosfor-mativos,liberta-sedasituaçãoedomina-a.Liberta-se

daalienaçãoestranhando.n.aestruturanarrativaasi-tuaçãoemquesehaviáalienado.Se,emfacedêsteexemploclássico,quisermos,encontrarumexernplomuitorecente,procuremosnâomaisnoromanceesimnocinema,e,pensemosemOEclipsedeAntonioi.Antonioni,aparentemente,nãotecenenhumcomen-táriosôbreonossomundoeseusproblemas,sôbreaquelarealidadesocialquepoderiainteressaraumdi-retordesejosodejulgararealidadedaindústriaatra-#264vésdaarte.Narraahistóriadeümcasalqueseseparasemmotivos,apenasporaridez'sentimental:a

históriadela,queencontraoutro,edeseuamorsempaixão,dominadotambémporumatotalaridez,ou,sejacomofôr,porumaimprecisãoafetiva,porumaausênciademotivoseestímulos;acêrcadarelação,acêrcadeambasasrelações,preponderamascoisas,olhadasatéà.exasperação,duras,presentes,objetivas,inumanas.Nocentrodoenrêdo,aatividadecaóticadaBôlsa,ondesejogacomosdestinosindividuaismassemquesesaibaporqueumasorteémarcadaouporqueaquilotudoófeito(aondevãopárarosbilhõeshojeperdidos,perguntaamôçaaojovemcor-retordaBôlsa,eêleres,pondequenãosabe:êleagecomosefôssedonodasituação,masnaverdadeé

agido,éummodêlodealienaçãodosmaisperfeitos).Nenhumparâmetropsicológicoserveparaexplicarasituação;elaéassimjustamenteporquenâohápos-sibilidadedeseconseguirofuncionamentodeparâ-metrosunitários,cadapersonagemédespedaçadoporfôrçasexterioresqueoagem.Tudoissonãopodeserexpressopeloartistasobaformadeumjuízo,poisseriamnecessáriosaojuízo,alémdEumparâmetroético,umasintaxe,eumagramáticaemqueseex-primirsegundomódulosracionais;eessagramáticase-riaadofilmetradicionaldirigidoporrelaçõescausaisquerefletemaconvicçãodaexistênciaderelaçõesra-cionalizáveisentreosacontecimeritos.Entãoodire-

tortornapatenteestasituaçãodeindeterminaçãomo-ralepsicológicaatravésdeumaindeterminaçãodernontagem;umacenasegueaoutrasemrazãodeser,0olharcainumobjetosemquecausaalgumao-de-termineesemumafinalidadeparajustificarêsseolhar.Antonioniaceitanasformasamesmasituaçâodealie-naçãodequequerfalar:mas,aotorná-lamanifestaatravésdaestruturadeseudiscurso,domina-aetornaoespectadorconscientedela.Bstefilme,quefaladeumamorimprováveleinútilentrepersonagensinú-

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teiseimproyáveis,écapaz,emseutodo,denosdizerniaiscoisassôbreohomemesôbreomundoemquevive,doqueumgrandepaineldeestruturamelodra-mática,noqualtrabalhadoresdemacacãosedefron-tamnumjôgodesentimentosquesedesenvolvecon-formeasregrasdodramade1800,eseresolvem,detalformaquelevamacrerque,acimadestascontra-dições,existeumaordemqueosjulgalsOra,aúnicaordemqueohomempodeimporaqualquersituaçãoemqueseencontre,éjustamenteaordemdeumaorganizaçãoestruturalque,porsuadesordem,possi-

bilitaumatomadadeconsciênciadasituação.Aestaaltura,estáclaroqueoartistanãoindicasoluçôe.MasaquiZollaestácomarazão:opensamentodeyecompreendernãoproporsoluçõés;pelomenos,riãoporenquanto.Éentãoqueassumesignificadodefinitivo:afunçãode"vanguarda",esuàspossibilidadesfrenteaumasituaçãoaserdescrita.Éaarteque,parainfluenciaromundo,penetranêleparaabsorver,emseuinterior,ascondiçõesdecrise,usandoparadescrevê-loames-malinguagemalienadacomqueêssemundoseex-(19)Compreende-seagoradequenaturezaeraaambigüidadepri-mordialdeRnecoeisuoiJrateIli(Roccoeseusirmãas),(ilmeque,

poroutrolado,tinhamuitosméritos:umproblemaatualíssimo,apre-sentadodocentrodesuascontradições(apenetraçãodosmeridionaisnacivilizaçãoindustrialdoNorte;aadaptaçãódeseusesquemaséti=cosaosdeumacivilizaçãoindustrialurbafia...)foipràticamenteexor-cizadopetotratamento"melodramático",quereconduziatôdaatemá-ticadofilmeaoesquemadeumanarrativade1800.Início,criseeperipécias,finalcomcatarse:oespectadordeixaocinemapacificado#efeliz.Mas,naverdade,haviaalgumarazãoparaqueodiretorlhepedisseparaficarfeliz?Achoquenão.Portantoaestruturanarrativasehaviaapoderadodoautorlevando-oafazerumfilmedeconsumoedepacificaçãopsicológica,disfarçadodefilmeengajado.Vejamosagoraumexemplooposto:SatvatoreGiulianndeFrancescoRosi.Apa-

rentemente,trata-sedeumexemplodaboaescolarealista,masoes-pectadorpercebelogoquepessaseqüênciade"fotbs"darealidadeháalgumacoisaqueoincomoda,etrata-sedousocontínuodolash-blackemcertomomento,nãosesabemaisemquefasedoassuntoestamos,tendo-seasensaçãodeque,paraentenderbemofilme,serianecessá-rioconhecerdesdejátodososfatos,ecommaisdetalhes.A'verdade,porém,éque,sôbreahistóriadeGiuliano,sôbreaverdadeiranatu-rezadesuasrelaçõescomaMafiaoucomapolícia,oudapolíciacomoscarabinieri,oudeGiulianocomPisciotta,eassimpordiante,osfatosnãosâoconhecidosexatamenteporninguém.Percebemos,então,aintervençãodeumatécnicanarrativaespeciél,queconstituioverda-deiro"conteído"dofilrxe,tornando-sesuaafirmaçãomaisimportante:aoespectador,écontadaumahistóriaobscúraporumautorqueé

vítimadamesmaobscuridadeequenãoquerenganaroespectadores-clarecendo-1heacontecimentosquenãosãoctaros,maspretendedeixarcadaumadesuasdúvidasintactas.Odiretorpareceportan,,todeixarqueseufilmesejaonstrufdopelasituação,aoinvésdeconstryirasituaçãvatravésdofilme.Realizaemprofundidadeoquejáhaviasidofeito,demaneiraexperimer5tal,porGodardemAboutdesouJ)1e(Acossado),filmeemqueamontagem.pareiafeitapeloprotagonista,poiscaracterizava-sepelamesmadissociaçãopsíquiCa,pelamesmagra-tuidadedegestos,pelamesmaloucuraestranha.Fatamosdêstefilmeporqueéaquêleque,atéhoje,soubedar-nososexp,tnptosmais

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çlaroseflagrantesdessautilizaçãoexpressivadaestruturatécniCa.Mas,paravoltarmosànarratioa,considere-seumromancecomoCongetturesuJacobdeJohnson,ondeacisãointeriordoauter,queporsis6ex-primeacisãomoral,territorialepolíticadasduasAlemant;as,traduz--senaprópriatécnicanarrativa.prime:levando-oporémaumacondiçãodeclareza,ostentando-ocomoformadediscurso,elaodespojadesuaqualidadedecondiçãoalienante,enostornacapazesdedesmistificá-lo.Daquipodeterinícioumaoperaçãosubseqüente.6.Outrafunçãopedagógicadestaspoéticaspode-

ráseraseguinte:aoperaçãopráticaqueteráorigemnoatodeconsciênciaimpulsionadopelaarte,estimu-ladapelaarteaprocurarumanovaformadesentirascoisasedecoordená-lasemrelações,teráadqlüri-do;quasecomoreflexocondicionado,aidéiadequepôrordemnumasituaçãonãosignificasobrepor-lheumaordemunívocaqueestáestritamenteligadaaumaconcepçãohistòricamentedeterminada,massimelaborarmodelosoperativosmulticomplementares,talcomoaciênciajáconseguiuproporinodelosque,porsisós,pareoempermitir-noscertodomíniosôbrearealidàde,talcomõnostemsidoconfiguradapelanos-sacultura.Nestesentido,algumasoperaçõesdaarte,

queparecemestarmuitodistantesdenossomundoconcreto,narealidade,trabalhamparanosfornecercategoriasdeimaginaçãocomoquepodemosnosorien-tarnestemundo.Mas,nestecaso,estaoperação,cujoprimeiromo-mentoéaconcordânciacomasituaçãoexistente,openetrarnelaparatomar-Iheaposse,nãoterácomoresultadofinalacapitulaçãoobjetivadestasituaçâo,aadesãopassivaao"fluxoininterruptodoqueexiste"?ChegamosaoproblemacolocadotemposatrásporCal-vino,aodenunciarapresença,submersaeinquietan-te,deummardaobjetividade;esemdúvida,sobcertoaspecto,adenúnciadeCalvinoerajustaeindi-

cavaoladonegativodeumasituação.Tôdaumali-teraturapoderiaacabarsendoapenasoregistrodonão-gesto,afotografiadarelaçâodissociada,umaes-péciedevisãobeatífica(emtêrmosZen)doqueacon-tece,semsepreocuparemsaberseaquiloqueacon-#teceaindaestánamedidadohomem,semaliásper-guntar-sequalseriaamedidahumana.Masjáobservamosquenãoépossívelerguer-seàfrentédofluxodoqueexisteopòndo-lheumamedidahurnanaideal.Oqueexistenãoéumdadometafísi-coqueseápresentadiantedenósobtusoeirracional:?66

éomundodanaturezamodificada,dasobrascons-truídas,dasrelaçõesquehavíamosassentadoequereencontramosagoraforadenós-quefreqüente-mentetomaramoutroscaminhos,elaborandoleispró-priasdedesenvolvimento,comoumcérebroeletrôni-codeumanoveladeficçãocientíficaquecontinuaadesenvolversòzinhóumasériedeequaçõescujostêrmoseconseqüênciasescapamaonossoentendimento.Ora,êssemundoquecriamoscontémemsi,alémdoriscodenosreduziraseusinstrumentos,oselementoscom

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basenosquaisépossívelestabelecerosparâmetrosdeumanovamedidahumana.Ofluxodoqueexisteper-maneceriainalteradoehostilanós,namedidaemquevivêssemosnêl.esemfalarmosdêle.Nomomen-toemquefalamosdêle,aindaqueofaçamosapenasparaassinalarsuasconexôesdest4rcidas,nósojulga-mos,processamosumestranhamentódêletalvezparatornarapossuí-lo.Portanto,falaremtêrmosaparen-tementeobjetivosdomardaobjetividadesignificare-duzir"aobjetividade"aumuniversohumano.AquiCalvinopareceaceitarcomoboaumaidéiaquenos

foiapresentadapelopróprioRobbe-Grilletaofiloso-farsôbresimesmo.Emseusensaiossôbreapoética,êle,movendo-senumclimaamblguamentefenomeno-lógico(diria:falsamentefenomenológico),indicaque-reralcançar,atravésdatécnicanarrativa,umavisãodescomprometidadascoisas,umaaceitaçãodelasco-mosâo,foradenósesemnós:"Omundonãoésignificativonemabsurdo.Elesimplesmenteé...Aonossoredor,desafiandotodososnossosadjetivosani-mistasouclassificadores,ascoisasníestão.Suassu-perfíciessãopolidasenítidas,intatas,massembrilhosoutransparênciasambíguas.Tôdaanossaliteraturaaindanãoconseguiusuavizar-Ihesamenoraresta,mo-

dificar-Ihesamínimacurva...Convémquetaisob-jetosegestosseimponhamemprimeirolugarporsuapresença,equeemseguidaestaprsençacontinueadominar,acimadequalquerteoriaexplicativaqueten-teencetrá-losemalgumsistemadereferênciasenti-mental,sociológico,freudiano,metafísico,òuoutro"2o~SãoessaséoutraspáginasdapoéticadeRobbe--GrilletquejustificambradosdealarmacornoodeCalvino.Masumapoéticaserveparaentendermosaquiloqueumartistapretendiafazer,enãonecessà-riamenteaquiloqueêlefêz;querdizerque,alémdapoéticaexplícitapelaqualoartistanoscomunicaco-mogostariadeconstruirsuaobra,existeumapoética

implícita,quesemanifestapelamaneiracomoaobrafoiefetivamenteconstruída;etalvezêssemodopossaserdefinidoemtêrmosguenâocoincidemdetodocomosapresentadospeloautor.Umaobradearte,tornadacomoexemplobemsucedidodeumamaneiradeformar,poderemeter-nosaalgumastendênciasfor-mativaspresentesemtôdaumaculturaeumperíodo,tendênciasquerefletemdireçõesoperativasanálogas,presentesnaciência,nafilosofia,noprópriocostume.ÉestaaidéiadeumKun,stwollenquenosparecees-pccialmenteapropriadaparaorientarumdiscursosô-breomodernosignificadoculturaldastendênciasfor-mativas.Ora,eisqueàluzdestasdecisõesmetodoló-

gicas,ocomportamentooperativodeRobbe-Grillet,pelomenosemalgunsdeseusmomentos,parecere-velarumatendênciacompletamentediferente:onar-#radórnáodefineascoisascomoentidadesmetafísicasestranhas,desprovidasderelaçõesconosco;definemes-moumLipopeculiarderelaçãoentreohomemeascoisas,umnossomodode"intencïonar"ascoisas,eaoinvésdeseparar-sedascoisaseleva-asaoâmbitodeumaoperáçãoformativaqueéumjulgamentode-

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las,reduçãodelasaummundohumano,discussãosô-breelasesôbreohomemqueasvêenãoconseguemaisestabelecercomelasasrelaçõesdeoutrora,masvislumbra,talvez,ocaminhoparaumanovarelação.AsituaçãodeDanslelabyrinthe,emqueparecedis-solver-seopróprioprincípiodeindividualidadedoper-sonagem-eopróprioprincípiodeindividualidadedascoisas-narealidade,nosapresentasimplesmen-teumaimagemdasrelaçõestemporaisqueencontrasuadefiniçãonashipótesesoperacionaisdecertater-minologiacientífica;introduzportantoumanovavi-

sãodotempoedareversibilidade.Comotivemosopor-tunidadedenotar;aestruturatemporaldoLnhirintnjáseenContraconfiguradaemRuichenbachl.Ora,aconteceque-aindaquenaordemdasrelações(2ll)A.Rohbe-Grillet,Unnriaperi!romnnzoluterv.Milno,Rus-coniePaolaizi.1961.(21)Veja-seonosso"I1tempmrli`Sylvic',cmPr.rsineCríticn,n.2.26macroscópicasavisãodotempoaproveitávelcontinuesendoamesmadafísicaclássica,refletidapelases-truturasnarrativastradicionais,baseadanaaceitaçãodeLelaçõesunívocaseirreversíveisdecausa.eefeito

-certodiaoartista,completandoumaoperaçãoquenãopossuivaloralgumnoplanocientífico,masqueétípicadasmaneiraspelasquaisumaculturareageemseutodoasolicitaçôesespecíficas,enxergaapos-sibilidadedequeumadadanoçãooperativaehipo-téticadasrelaçõestemporaisnãopermaneçalimitadaaopapeldeinstrumentoqueusamosparadescreveracontecimentos,mantendo-nosestranhosaêle,maspos-satornar-seumjôgoquenosprendeenosencerraemseuinterior;emoutrostêrmos,queoinstrumentopasseaagirsôbrenósdeterminandotodoonossoviver.Estaéapenasumachavedeleitura;masaparábo-

ladolabirintopoderiaatétornar-seametáforadasi-tuação"Bôlsa"vistaporAntonioni,olugarondecadaumsetornacontinuamenteoutroquenão,êlemesmoenãoémaispossívelacompanharodecursododi-nheiroquenelaentra,nãoémaispossívelinterpretarosacontecimentosdeacôrdocomumacadeiaunidi-recionaldecausaseefeitos.Note-sebem,ninguémestádizendoqueRobbe-Gril-letpensavatudoisto.Eleapressntouumasituaçãoestrutural,eadmitequepossamoslê-laemchavesdi-ferentes,masdeixabemclaroquequaisquerquesejamasleituraspessoaisasituaçãosempreconservaintatatôdaaambigüidadeipicial:"Quantoaospersonagens

doromance,êlestambémpoderãoserricosdeinter-pretaçõesmúltiplas,poderão,consoanteasinterpreta-çõésdecadaum,darlugaratodo,tipodecomentá-rios:psicológicos,psiquiátricos,'religiososoupoliticos.Cedonosaperceberemosdesuaindiferençaemrela-çãoaessaspretensasriquezas...Oheróifuturo..ficaráali.Aocontrário,ssrãooscomentáriosquefi-carãoalhures;faceàsuapresençairrefutável;pa=ece-rãoinútois,supérfluos,atédesonestos".Robbe-Grilletestáçertoaopensarqueaestruturanarrativadevefi-

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cardebaixodasdiversasinterpretaçõesquedelaserãodadas;mas.engana-seaocrerqueestaestrüturaes-capeaelasporser-lhesestranha.Elanãoéestranha,éafunçãopropnsicionaldeumconjuntodesituaçõès#nossas,quepreenchemosdiferentemente,conformoâpgulovisualqueusamosparaenxergá-la,masqueseprestaaserpreenchidaporqueéocampodepos-sibilidadesdeumasériederelaçõesquerealmentesãocolocáveis,assimcomoaconstelaçãodesonsquesubs-tituiumasériemusicaléocampodaspossibilidades

deumasériedsrelaçõesquepodemosestabeleceren-trétaissons.Eaestruturanarrativatorna-secampodepossibilidadesjustamenteporque,nomomentoemquepenetramosumasituaçãocontraditóriaparaen-tendê-la,astendênciasdessasituação,atualmente,nãopodemmaisadotarumaúnicalinhadedesenvolvi-mentodeterminávelapriori,mastôdaselasoferecem--secomopossíveis,umaspositivaseoutrasnegativas,algumas,linhasdeliberdade,outrasdealienaçãoàprópriacrise.'Aobrasepropõecomoestruturacibertu,quere-'produzaambigüidadedonossopróprioser-no-mun-do:pelomenos,talcomono-lodescrevemaciência,

afilosofia,apsicologia,asociologia;assimcomoéambígua,dilaceradaemoposições,nossarelaçãocomoautomóvel,tensãodialéticadedomínioealienação,centrodepossibilidadescomplementares.Odiscursosupera,.òhviamente,ocasoRobbe-Grillet,quevalecomoaberturaenãocomoexemplificaçãoexaustivadoproblema.MasocasoRobbe-Grillet(queéumcaso-limite,podendoserjulgadocomoequívoco)nosajudaacompreenderarazãopelaqualosroman-cistasdonouveauromansecolocavamaoladodeSar-trenaassinaturademanifestosdeengajamentopolí-tico-fatoquedeixavaSartreperplexo,levando-oaafirmarquenãoentendiaarazãodeliteíatosquese

desinteressavam-aoescrever-deproblemasdahistória,sejuntaremaêlenumengajamentopessoalnahistória.Arespostaestánofato-deque(algunsmaiseoutrosmenos,unsemboa,outrosemmáfé,maspelomenos,todosémlinhateóric'a)êssesromancis-tassentiamqueseujôgocomasestruturasnarrativasconstituíaaúnicaformadequedispunhamparafalardorundo,equeosproblemasquenoplanodapsi-cologiaindividualedabiografiapodemserproblemas!deconsciência,noplanodaÏiteraturapoderiamtornar--seapenasproblemasdeestrüturasnarrativastomadas270271comoreflexodeuma-situação,oucomocampode

reproduçõesdeváriassituaçõesemníveisdiferentes.Subtraindo-se,naarte,aodiscursosôbreoprojeto,erefugiando-senoolharaosobjetos,êlesfaziamdoolharumprojeto.Estadecisãopodeparecerpouco"humana",mastalvezsejaessaaformaquenossohumanismodeverácomeçaraadotar.OhumanismodequefalavaMerleau-Ponty:"S'ilyaunhumanismeaujourd'hui,ilsedéfaitde1'illusionqueValéryabiendésignéen-parlantde`cepetitham-mequiestdans1'hommeetquenoussupposonstou-

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jours'...Le`petithommequiestdans1'homme',cen'estquelephantômedenosopérationsexpressivesréussies,et1'hommequiestadmirable,cen'estpascephantôme,c'estluiqui,installédanssoncorpsfra-gile,dansunlangagequeadéjàtantparlé,dansunehistoiretitubante,seressembleetsemetàvoir,àcom-prendre,àsignifier.L'humanismed'aujourd'huin'aplusriendedécoratifnidebienséant.Iln'aimeplus1'hommecontresoncorps,1'espritcontresonlangage,lesvaleurscontrelesfaits.IIneparleplusde1'hom-meetde1'espritquesobrement,avecpudeur;1'esprit

et1'hommenesontjamais,ilstransparaissentdanslemouvementparlequellecorpssefaitgeste,lelangageoeuvre,lacoexistencevérité"z2.7.Istalcd'osnumalinguagemquejáfaloutanto:#eisoproblema.Oartistacompreendequealingua-gem,àforçadetantofalar,alienAu-seàsituaçãodaqualnasceuparaservir-lhecomomeiodeexpressão;compreendeque,seaceitarestalinguagem,alienar-se-áasipróprioàsituação;entãotentaromperedeslocartallinguagem,colocando-separaissoemseuinterior,afimdequepossasubtrair-seàsituaçãoepoderjulgá-(22)Stgnta(ialllmardaris1960."Sehojeháumhumanismo

81eeedesvinculadailuáãopaila-qualapontavaValéry,aofalsidéete'homenzinhoqueestádentrodohomemequenbsestamoesem--presupondo'.p'homenzinhoqueestádentrodohomem'nadamaiséqueofadtaemadenossasoptraçõesimportantesqueátinglrambororesuttado,eohomemqueéadmirável,nãoé81e8stefantasma,B8leque,instatadoemseucorpofrágil,emumalinguagemquejáfaloutanto,emumahistbriatitubeante,seidentificaecomeçaaver,acompreéndereasignificar.Ohumanismodéhojenadamaiatemdedecotivooudecircunãpectq.Não,aceitamaiso-homemcontracorpooespiritocontrasualinguagemosvalorescontraosfat,oaofalamaiedohomemCdoespfritoanãosersòbriactSente,comdoroespfrltoeohomemnâosãojamais,êlestransparecemno.movimentoemqueocorposefazgesto,allnguagemobra,acoexist8nciaverdade."

-la;masaslinhasaolongodasquaisalinguagemserompeesedeslocasão,nofundo,sugeridasporumadialéticadedesenvolvïmentoquepertenceàprópriaevoluçãodalinguagem,demaneiraquealinguagemdesagregadapassaarefletirimediatamenteamesmasituaçãohistórica,tambémgeradapelacrisedasitua-çãoanterior.Dissocioalinguagemporrecusar-meaexpressarcomelaumaintegridadefalsa,quenãoémaisnossa,masaomesmotempoazrisco-msaexpres-sareaceitaradésagregaçâoefetivanascida.dessacri-sedeintegridade;.daqualeuprocurarafalar,'dominá--la.Énâohásoluçãopossívelforadestadialética;repetimosquenadamaisépossívelalémdeesclare-

ceraalienaçãoQstranhando-a,qbjetlvando-anumafor-maqueareproduza.ÉaposiçãoesboçadaporSamguinetinoensaioPoe-siainformale:sim,determinadapoesiapodeparecerpoesiadeesgotamentonervoso,masêsseesgotamento.nervosoé,antesdemaisnada,umésgotamentohis-tórico;trata-sedeassumirumalinguagemcomprome-tidapara,podercolocá-ladiantedenósetornarmo--nosassimconscientesdela;trata-sedeexasperarascontradiçõesdavanguardacontemporâneapoissòmente

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pordentrodeumdecursoculturalpodemserencon-tradososcaminhosdelibertação;trata-sejustamen-tedesofreremdosesmaciçasacrisequesedesejaresolver;atravessartôdaaPalusPtttredlnis;eï;stoporqus"nãoépossívelserinocentes"ea"formanãoexiste,emcasoalgum,senãoapartir,paranós,doinforme,enesteinformehorizontequeéonosso,quergostemosdêlequernão".Maséevidentequeestaposiçãopoderáfàcilmenteenglobartodososriscospossíveis;eaúltimacitaçâo(23)"PoesiaInformale",emINovissimi.Milano,1961.Enquanto

SanRuinetiatravessaumpântanodaculturaadotandot&dasaspalavrasefrasesfatalmentecomprometidascomtradiçõesecivilïzações,NamiBalestrinidemonstrapassaratravésdopântanoquotidianodosjomaisedosanúnciospublicitários,assimcomodostrechosdeconversaco-mum.AcreditoquysepossadizerquequemvênosexercíéiosdeBa-Iestriniumamanifestaçãodedadaísmo(trata-seaquidaspoesiases-critasamãoenãodaseletrônicas,paraasquaisoproblematorna-seoutro),nãoIevaemconsideraçãoqueodadá,quandodecompõeaspalavraseascolaemqualquerlugar,ofazparaprovocaroleitor,alterandoaordemdeseusraciocíniosconcretoseestimutando-óatra-vésdeumadesordeminesperadaefecunda.Balestrini,aindaque.afir-metidesejodeestimularumconiuntodeinterpretaçõeslivresedesar-ticuladas,conservatodaviaaconsciênciahásicadequeadesordemnão

foicriadaporêleaoabalaraordem,masfoíporêledescobertaemlugardaordem.#272lembraaposiçãotomadaporalgunsgnósticos,porexemplo,Carpócrates,queafirmavamque,paraliber-tarmo-nosdatiraniadosanjos,senhoresdoCosmo,éprecisopassartotalmentepelaexperiênciadomal,conhecertôdasasbaixezas,eistoparafinalmentesair-mospurificados.Asconseqüênciashistóricasdetaiscrençasforamosritossecretosdostemplários,asper-versõeselevadasaonívellitúrgicopelasigrejassub-terrâneas,quecontamGillesdeRaisentreseussantos.

Defato,ésuficienteque,emantagonismocomoartistaqueinventaêstemododeaproximar-sedarea-lidadeatravésdaadoçãodeumalinguagememcrise,surjaumsóseguidõrdemodasqueaceiteométodosemsercapazdever-lheatravés,eadpéraçãodevanguardasetornamoda,exercíciocomplacente,umadasmuitasformasdealienar-seàsituaçãoexistente,afastando-seoanseioderebeliãoouorigordacríticanoexercícioformaldeumarevoluçãomanejadaaoníveldasestruturas.'Tantoissoéverdadequeestaartepodeimediata-mentesetornarobjetodecomérciolucrativoparaaque)amesmasociedadequesepropunhacolocarem

crise;ecertopúblicovisitaasgaleriascomomesmoestadodeespíritodassenhorasdaboasociedadequevãoaosrestaurantesdeT'rastevereondeumtaberneirogrosseiroedescaradoastrataráanoiteintéiracomóprostitutas,impondoospratoseapresentandonofimumacontaderright-club.Maschegadosaqui,sepodemosafirmarquesóépossíveldiscorrersôbreumasituaçãopenetrandonelaeadotandoseusinstr`umentosdeexpressão-estabe-lecendoassimalegitimidadedeumadialética-não

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épossíveldefiniroslimitesnosquaisaoperaçãodeveserconduzida,eostêrmosdecomparaçãoqueesta-beleçamrealmenteatéquepotttooartistafêzdesuaexcursãoumaexploraçãoreveladoraouatéquepontoatransformouemtemporadapassivaegradável.Es-tabelecerissoéa.fnnçãodeumdiscwsocríticocon-.duzidoacadaobraisoladamente,enãodeuminqué-ritoaonfveldascategoriasfilosóficas,quepretendeapenasestabelecerascondiçõesdepossibilidadedede-terminadaatitudedaspoéticascontemporâneas.Po-dererriosnom'aximo,noplanoèstético,aventuraruma

hipótese:cadavezqueestaoperaçãodáorigemaumaobraorgânica,'capazdeexpressar-seasimesmaemtôdasr.ssuasconexõesestruturaís,estacondiçãodeperspicáciasòmentepoderáserumacondiçãodeau-toconsciência,sejaparaquemarealizou,sejaparaquemafruiu.Amaneirapelaqualelaseformounãopodedeixarderemeter-nosaomundoculturalquenélatransparece,exemplificandonamedidamaiscom-pletaeorgânicapossível.Qndequerqueserealizeumaforma,temosumaoperaçãoconscientesôbrema-terialamorforeduzidoaodomíniohumano.Parado-minaressamatériafoiprecisoqueoartistaa"com-prendesse",cornreendendo-anãopodeter-seapri-

sionadoaela,qtlalquerquesejaojuízosôbreelaex-presso.Mesmoqueatenhaaceitosemreservas,fê-lodepoisdetê-lavistoemtôdaariquezadesuasimpli-cações,demodoadistinguirasdireçõesquenospo-demparecernegativas,mesmosemcondená-las.ÉasituaçãoqueMarxeEngelsreconheciamteratuadosôbreBalzac,legitimistaereacionário,quesoubees-boçareorganizarcomtantaprofundidadedevisãoaricamàtériadomundosôbreoqualdiscorria,quesuaobra(aobradeBalzacdesinteressadodecertospro-blemas,efundamentalmenteconscientecomomun-doemquevivia-nãoaobradeSueeoutrosquehaviamprocuradoengajar-senumjuízopolíticodafi-

#nalidadeprogressistasôbreosacontecimentos)consti-tuiuparaêlesodocumentodemaiorvaliaparaacom-preensãoeojulgamentodasociedadeburguesa,emaisainda,odocumentonoqualessasociedade,explica-da,eraporissomésmojulgada.Emoutraspalavras,Balzachaviaaceitoasituaçãoemquevivia,mastor-nando-lhetãolücidamentemanifestasasconexõesapontodenãoficarprisioneirodela,pelomenosemsna.obra.Balzacconduziusuaanáliseatravésdomodopeloqualdispunhaumassunto(istoé,narrandoumasériedeinfortúniosdeacontecimentosedepersonagens,na

qual'seesclareciaoconteúdodesuapesquisa);ali-teraturacontemporâneaparecetercondiçõesparaana-lisaromundo,nãomaisdessamaneira,masatravésdadisposiçãodeumacertaarticulaçãoestruturaldoassunto-elegendoaarticulaçãoaassuntoenelare-solvendooverdadeiroconteúdodaobra.274--Porêstecaminhoaliteratura-assimcomoanovamúsica,apintura,ocinema-podeexpressaromal-

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-estardeumasituaçãohumana;nemsempre,porém,podemospedir-lheisso,nemsempredeveráserlite-raturasocial.Poderáserentãoumaliteraturaque.realiza,atravésdesuasestruturas,umaimagemdocosmotalcomoosugereaciência,aúltimabarreiradeumanseiometafísicoque,nãomaisconseguindocon.ferirumaformaunitáriaaomundonoâmbitodosconceitos,tentaelaborarumseuErsatznaformaes-tética;FinnegansWckeseriatalvezumexemplodestasegundavocaçãodaliteratura.,Mastambémnestecasoseriamuitoperigosoacre-

ditar,comofazemalguns,queinteressar-sepelasre-laçõescósmicassignifiqueignorarasrelaçõesnaes-calahumanaeeludirumproblema.Ufpaliteraturaqueexpressaemsuasformasabertaseindetermina-dasosuniversosvertiginososehipotéticosaventadospelaimaginaçãocientífica,lutaaindaemterrenohu-manopoisestásempredefinindoumuniversoqueado-touestanovaconfiguração,justamenteemvirtudedeumaoperaçãohúmana-entendendo-seporopera-çãoaaplicsçãodeummodêlodescritivocombasenoqualtrabalharsôbrearealidade.Maisumavezaliteraturaestariaexprimindonossarelaçãocomoob-jetodenossoconhecimento,nossainquietudediante

daformaquedemosaomundo,ouàformaquenãopodemosdar-Ihe;eestariatrabalhandoparafornecerànossaimaginaçãoésquemassemamédiaçãodosquaistalveinosescapassetôdaumazonadaativida-detécnicaecientífica,tornando-seentãorealmentealgodiferentedenós,peloqual,nomáximo,podería-mosdeixar-nosconduzif''.(24)Caberiaaquiapergunta:porquerazãoumaliteraturaquefaladenossasituaçãosocialnãopodedeixardesernegativa,eistoquerdizeraadoçãodeumalinguagememcriseparacolhêratravésdelaacrisededeterminadasrelações;enquantoquçt&dasasvézesqueessamesmalinguagem,apresentadacomamesmaindeterminaçãoeambigüidadedeestruturas,évistacomoaimagemdeumasituação

episteriológica(Imagempossíveldeumuniversopossivel,oudeumanossapossivelposição.nouniverso)eisqueseuaspecto.éaceitocomoposItivo(detalformaqueparecerlaumescândatonãspoderfalardohomemanãoseremtêrmosdramáticos,edouniversoemtêrmosquaseotimistas).Naverdade,acontecejustamentequeadireçãoemcujorumoaculturacontemporâneatrabalhamaispositivãmenteéadadefiniçãocientfficadomundoemquevivemos;aIndeterminaçãoquenospregamasmetodologiascientíficas,emboracoloqueumame-tafísicaemcrlse,nãonospõeemcriseenquantohomensoperadoresdomundo,precisamenteporquenospermiteoperarsôbreomundoeDequalquerforma,contudo,aoperaçãodaarteque#procuraconferirumaformaàquiloquepodeparecer

desordem,amorfia,dissociaçâo,ausênciadequalquerrelação,éaindaoexercíciodeumarazãoquetentareiuzirascoisasàclarezadiscursiva;equandoseudiscursopareceobscuro,éporqueasprópriascoisas,enossasrelaçõescomelas,sãoaindamuitoobscuras.Demodoqueseriaarriscadademaisapretensãodeprecisá-lasdasincontaminadasalturasdaoratória:istosetornariaumamaneiradeeludirarealidade,paradeixá-latalcomoseencontra.Nãoseriaessaader-radeiraemaisperfeitafiguradaalienação?

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nomundo.QuandoaarteexprImeessasltuaçâo,exprime,nofundo,ummomentopositivodenossacultura.Conceïtoscomoindeterminação,probabllfáadecomplementaridadequepermitemoperarnomundonu-clear,noapóseibilitamareallzaçãodealgumasbperações,como,porexemplo,afusãodoátomo,queporsisósrepresentamumsucesso.OInsucesso,oxeque,ahesitação,surgemquandotentamosaproveitarafiasãonuclearnoníreldosfatosmoraisepolfticos.Aqui,nossosobjetlvoasãoindeflnidos,aqufasIdéiasultrapassadasdepot2nciaeRealpolltikchocam-secomnoyasperspectivasdeconvIv8nciaentreospovos:aquiexisterealmentealgoquenãofüncionaaqutsevoltaafalardeallenaçãoequeofaçamoscomrazãooünâo,nãodeixa

defic9rpatentetünmalestar,doqealalinguagemqueusamosdevetomar-seoespelhoestranhante.276COLEÇÃODEBATES10II1214IS,APersonagemdeFicção,A.Rosenfeld,A.Cândido,DéciodeA.Prado,PauloEmílioS.Gomes.lnjormação.Linguagem.Comunicnção,DécioPignatari.

OBalançodaBossa,AugustodeCampos.ObraAberta,UmbertoEco.SexoeTemperamento,MargaretMead.FimdoPovoludeu?,GeorgesFriedmann.TextolContexto,AnatolRosenfeld.OSentidoeaMáscara,GerdA.Bornheim.ProblemasdaFísicaModerna,W.Heisenberg,E.Schrodinger,MaxBorn,PierreAuger.DistúrbiosEmocionaiseAnti-Semitismo,N.W.Acker-manneM.Jahoda.BarrocoMineiro,LourivalGomesMachado.NovaHistóriaeNôvoMundo,FrédéricMauro.AArtenoHorizontedoProvável,HaroldodeCampos.

SociologiadoEsporte,GeorgesMagnane.279SÍMBOLOS.A.INDÚSTRIASGRÁFICASruagewralfloree518bras'ib