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Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 Junho 2009

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 · CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado 49 CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações 50 CPC 12 - Ajuste a Valor Presente 56

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Observações na

Implementação da

Lei n° 11.638/07

Junho 2009

� Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young

Índice Introdução 3

Resumo dos resultados 4

Impactos da Lei n° 11.638/07 por segmento de indústria 6

Telecomunicações 8

Energia 10

Mercado Imobiliário 12

Varejo 14

Bens de Consumo 16

Análise da aplicação dos pronunciamentos do CPC 19

CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos 20

CPC 02 - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis 24

CPC 03 - Demonstração dos Fluxos de Caixa 26

CPC 04 - Ativos Intangíveis 28

CPC 05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas 32

CPC 06 - Operações de Arrendamento Mercantil 36

CPC 07 - Subvenção e Assistência Governamentais 40

CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários 44

CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado 49

CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações 50

CPC 12 - Ajuste a Valor Presente 56

CPC 13 - Adoção Inicial da Lei n° 11.638/07 e da Medida Provisória n° 449/08 58

CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação 64

Empresas analisadas na pesquisa 68

A Lei n° 11.638, de dezembro de 2007, e a Medida Provisória nº 449, do mesmo mês de 2008, alteraram e revogaram os dispositivos da Lei das Sociedades por Ações e da Lei n° 6.385/76, tendo em vista a convergência das práticas contábeis brasileiras às Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). Essas mudanças, aliadas à estruturação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), criado com a incumbência de alinhar os pronunciamentos técnicos de contabilidade com as normas internacionais, configuraram-se nos primeiros passos para integrar o Brasil ao cenário contábil internacional, mais global e transparente a partir da chegada do IFRS.

Para ajudar as empresas no esforço de adoção das regras contábeis e no atendimento das exigências para elaboração de demonstrações financeiras, a Ernst & Young apresenta o estudo Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07. Este guia nasce com o objetivo de registrar as diferenças práticas resultantes da adoção da Lei n° 11.638/07 e, mais do que servir como um compêndio para estudiosos e profissionais de contabilidade, é de interesse também para aqueles que desejam obter uma visão pontual desse exercício de migração.

Adicionalmente, o objetivo deste estudo é o de apresentar exemplos de divulgações que estejam em conformidade com as novas regras, permitindo, assim, consistência e comparabilidade das divulgações de companhias brasileiras com as de empresas estrangeiras, atuantes no mercado global. A comparabilidade é uma das principais questões na convergência para o IFRS. Portanto, este estudo também apresenta comparações e exemplos de divulgação de companhias europeias que elaboram seus relatórios financeiros com base nas normas IFRS para fins ilustrativos e de comparação.

Tanto o Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB) como o CPC estão comprometidos com a convergência, e muito progresso já foi obtido nesse sentido. No entanto, ainda existem diferenças consideráveis entre as práticas contábeis geralmente aceitas no Brasil (BR GAAP) e o IFRS. A instituição da Lei n° 11.638/07 foi o primeiro passo no processo de convergência e, ao longo dos próximos dois anos, serão emitidas novas normas que devem aproximar ainda mais ambos os padrões.

Nesta publicação, apresentamos uma análise das diferenças registradas pelas companhias na adoção inicial da Lei n° 11.638/07, a partir das demonstrações financeiras para o exercício fiscal encerrado em 31 de dezembro de 2008, que contemplam os 14 pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC e em vigor nessa data. Ainda no primeiro semestre de 2009, mais três normas foram aprovadas e 15 estão em processo de audiência pública, o que exigirá novo esforço de implementação e resultará em novos ajustes contábeis.

Informações sobre a nossa amostra

Esta é uma pesquisa referente a informações sobre a aplicação da Lei n° 11.638/07, disponíveis publicamente, relativas a companhias classificadas entre as cem maiores por capitalização de mercado, com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Para a seleção das empresas, foram obedecidos os seguintes critérios:

• Companhias de capital aberto com ações negociadas na Bovespa em janeiro de 2009 e identificadas como integrantes do grupo das cem maiores por capitalização de mercado; e

• Companhias que apresentaram conciliações para lucro e patrimônio líquido para o exercício encerrado em 2008.

Participaram da pesquisa 40 empresas - classificadas entre as maiores do mercado brasileiro - pertencentes a diversos segmentos da economia (veja lista completa na página 68). Este estudo não contempla bancos e seguradoras.

Introdução

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Resumo dos resultados

As novas normas

As normas do CPC que entraram em vigor para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2008 são:

• CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos;

• CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis;

• CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa;

• CPC 04 – Ativos Intangíveis;

• CPC 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas;

• CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil;

• CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais;

• CPC 08 – Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários;

• CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado;

• CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações;

• CPC 11 – Contratos de Seguro;

• CPC 12 – Ajuste a Valor Presente;

• CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08;

• CPC 14 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação.

Resultados

A pesquisa das demonstrações financeiras de 40 empresas identificou 186 itens de conciliação distribuídos em dez áreas da contabilidade. Um total de 28 diferenças referentes a instrumentos financeiros (CPC 14) foi registrado por 24 das 40 companhias pesquisadas, o que coloca essa categoria como a que mais registrou diferenças, seguida por ajuste a valor presente (CPC 12) e efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis (CPC 02).

O pronunciamento com maior impacto sobre o lucro de 2008 foi o CPC 02. Das empresas pesquisadas, 14 reconheceram um ajuste, com redução no lucro de R$ 8 bilhões (9,6%). O segundo maior impacto sobre o lucro foi gerado pelo CPC 01, apesar de ter afetado apenas sete das 40 empresas. Isso demonstra que, apesar de raro, um ajuste de impairment normalmente tem valor expressivo.O total dos ajustes das sete companhias resultou em redução do lucro líquido de R$ 5,7 bilhões (6,8%), uma média de mais de R$ 800 milhões por companhia que registrou ajuste de impairment.

A seguir, demonstramos o número total de itens de conciliação alocados em cada uma das categorias mais significativas e o respectivo impacto sobre o lucro de 2008.

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Norma CPC Número de diferenças Impacto sobre o lucro de 2008

Redução ao Valor Recuperável de Ativos CPC 01 7 (6,84)%

Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

CPC 02 18 (9,62)%

Demonstração dos Fluxos de Caixa* CPC 03 n/a n/a

Ativos Intangíveis CPC 04 14 (0,03)%

Divulgação sobre Partes Relacionadas* CPC 05 n/a n/a

Operações de Arrendamento Mercantil CPC 06 16 (1,16)%

Subvenção e Assistência Governamentais CPC 07 12 1,31%

Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

CPC 08 7 0,08%

Demonstração do Valor Adicionado* CPC 09 n/a n/a

Pagamentos Baseados em Ações CPC 10 16 (0,23)%

Contratos de Seguros** CPC 11 n/a n/a

Ajuste a Valor Presente CPC 12 22 0,12%

Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08***

CPC 13 n/a n/a

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação

CPC 14 28 (2,53)%

Outros**** 46 (0,86)%

Total 186 (19,76)%

* Nenhuma empresa da nossa amostra apresentou impacto no lucro contábil relacionado a essas normas, pois as mesmas tratam basicamente de

requerimentos de divulgação.

** Nosso estudo não contempla empresas do setor de seguros.

*** O CPC 13, sendo a norma de adoção inicial, não tem impacto no lucro do ano fiscal de 2008, já que a data de transição das empresas analisadas foi 1º de

janeiro de 2006, 2007 ou 2008.

**** Esses ajustes referem-se, predominantemente, ao cálculo do imposto de renda diferido sobre os ajustes oriundos das demais normas.

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Impactos na adoção da Lei n° 11.638/07 por segmento de indústria

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young�

Entre 2007 e 2008, o CPC publicou 14 pronunciamentos, além daquele referente à estrutura conceitual. Portanto, no processo de convergência para o IFRS, diversas novas normas baseadas no princípio internacional serão emitidas. Muitas delas, em um futuro próximo.

Como será visto no segundo capítulo deste estudo, alguns impactos significativos já foram registrados nas demonstrações financeiras das companhias, porém, impactos adicionais serão gerados por futuros CPCs, podendo alterar ainda mais o resultado das empresas.

Nas páginas seguintes, apresentamos algumas considerações por segmento de indústria sobre os impactos já registrados e outros esperados com a continuidade da convergência para o IFRS. É importante enfatizar que cada empresa deve ser analisada individualmente, mas, com base na experiência da Ernst & Young com a adoção do IFRS em outros países, verificamos que é possível identificar temas importantes comuns para determinadas indústrias.

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Tele

com

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icaçõ

es

Em nosso estudo, identificamos os seguintes ajustes significativos para mais de uma

companhia no setor de Telecomunicações:

• Capitalização de arrendamentos – notamos que os ajustes neste setor foram

pequenos, abaixo de 2% do resultado do ano. Isso decorre do fato que, nesse

segmento, o arrendamento qualificado como financeiro normalmente só se aplica a

equipamentos de informática e outros de menor valor;

• Baixa de ativo diferido – observamos que esse ajuste foi significativo para

empresas que iniciaram as operações após o processo de privatização do setor, uma

vez que em diversos casos as despesas iniciais foram diferidas;

• Ajuste ao valor presente – devido ao grande volume de contas a receber das

empresas do setor, alguns valores – apesar de não serem de longo prazo –

representam um valor total significativo, levando ao registro do ajuste;

• Instrumentos financeiros – impacto gerado principalmente pelo registro de

derivativos ao valor justo;

• Impostos diferidos – ajuste decorrente dos efeitos mencionados anteriormente.

Adicionalmente, com a convergência do BR GAAP para o IFRS, outros ajustes

importantes deverão ser considerados pelas empresas brasileiras:

• Reconhecimento de receita (IAS 18) – na nossa experiência, as áreas de maior

impacto no setor incluem:

• transações com mais de um serviço (multiple deliverables): em IFRS a receita

para este tipo de transação geralmente é alocada para cada um dos serviços

prestados;

• receita de ativação de serviços: normalmente em IFRS tais receitas são

diferidas pelo prazo do contrato ou pela vida média do assinante;

• programas de fidelidade (loyalty programs): em IFRS, quando existem

tais programas, parte da receita deve ser diferida e reconhecida quando da

utilização ou do vencimento do benefício.

Outras áreas que merecem atenção das empresas na convergência para o IFRS:

• Capitalização de juros (IAS 23);

• Custo de aquisição de assinantes (IAS 18);

• Combinação de negócios (IFRS 3R);

• Definição de vida útil da rede e outros ativos (IAS 16).

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En

ergia

Em nosso estudo, identificamos os seguintes ajustes significativos para mais de uma

companhia do setor de Energia:

• Impairment de ativos – nesse setor, as perdas por impairment registradas estão

relacionadas ao retorno dos ativos durante o período de concessão;

• Baixa de ativo diferido – apesar de registrados em várias empresas, os impactos

foram abaixo de 1% do resultado, uma vez que representavam valores já quase

totalmente amortizados;

• Ajuste ao valor presente – devido ao grande volume de contas a receber das

empresas do setor, alguns valores – apesar de não serem de longo prazo –

representam um valor total significativo, levando ao registro do ajuste;

• Instrumentos financeiros – impacto gerado principalmente pelo registro de

derivativos ao valor justo;

• Impostos diferidos – ajuste decorrente dos efeitos mencionados anteriormente.

Adicionalmente, com a convergência do BR GAAP para o IFRS, outros ajustes

importantes deverão ser considerados pelas empresas brasileiras:

• Receitas e ativos regulatórios – no Brasil, as empresas do setor de energia têm

por prática registrar ativos e passivos relacionados a futuras alterações de preços

conforme regulamentação da indústria. Com a adoção do IFRS, não existe previsão

de registro de tais ativos;

• Concessões (IFRIC 12) – em IFRS, as empresas que se enquadram na norma

devem reconhecer intangíveis ou ativos financeiros diretamente relacionados à

concessão em vez de registrá-los como ativo imobilizado. Adicionalmente, o IFRIC

12 requer alocação do lucro esperado entre as fases pré-operacional e operacional;

• Arrendamentos embutidos (IFRIC 4) – em IFRS deve-se analisar a essência

de contratos de serviços e/ou produtos que podem ser qualificados como

arrendamento;

• Derivativos embutidos (IAS 39) – em IFRS deve-se analisar a essência de

contratos que podem apresentar derivativos não identificáveis na forma.

Outras áreas que merecem atenção das empresas na convergência para o IFRS:

• Capitalização de juros (IAS 23);

• Depreciação de componentes (IAS 16);

• Reparos significativos (IAS 16);

• Obrigações especiais (IAS 37 e IFRIC 18);

• Apresentação por segmento (IFRS 8).

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Mer

cado I

mobiliá

rio

Em nosso estudo, identificamos os seguintes ajustes significativos para mais de uma

companhia no segmento Imobiliário:

• Pagamentos baseados em ações - nesse setor, em que muitas empresas abriram

capital recentemente, a prática de pagamentos baseados em ações é considerada

comum na retenção de executivos;

• Ajuste ao valor presente – como a tendência da indústria é apresentar contas a

receber de longo prazo, o impacto da norma acabou sendo significativo;

• Valor justo de permutas – anteriormente, o BR GAAP permitia que permutas

físicas na compra de terreno com unidades fossem registradas pelo custo orçado.

Com a Orientação OCPC 01 – Entidades de Incorporação Imobiliária, elas passam a

ser registradas pelo valor justo;

• Despesas com propaganda e marketing - anteriormente as despesas eram

capitalizadas e agora são reconhecidas no resultado;

• Gastos elegíveis para captalização - passaram a ser registrados no ativo

mobilizado apenas aqueles de natureza tangível tais como os gastos diretamente

relacionados com a construção de estande de vendas e do apartamento modelo;

• Instrumentos financeiros – impacto gerado principalmente pelo registro de

derivativos ao valor justo;

• Impostos diferidos – ajuste decorrente dos efeitos mencionados anteriormente.

Adicionalmente, com a convergência do BR GAAP para o IFRS outros ajustes

importantes deverão ser considerados pelas empresas desse segmento:

• Reconhecimento de receita (IFRIC 15) – em IFRS as vendas de imóveis

residenciais vendidos na planta geralmente são reconhecidas como receita quando

da transferência total dos riscos e benefícios, o que normalmente ocorre na entrega

das chaves.

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Vare

jo

Em nosso estudo, identificamos os seguintes ajustes significativos para mais de uma

companhia no setor de Varejo:

• Ajuste ao valor presente – as vendas de algumas empresas do setor são feitas em

várias parcelas – não apenas no cartão de crédito, mas também em outras formas

de pagamento –, fato que resultou em um ajuste significativo;

• Pagamentos baseados em ações – nesse setor, em que muitas empresas abriram

capital recentemente, a prática de pagamentos baseados em ações é considerada

comum para a retenção de executivos;

• Baixa de ativo diferido – em razão da reformulação de negócios de algumas

empresas do setor, despesas foram diferidas anteriormente em BR GAAP, sendo o

valor baixado significativo em algumas empresas;

• Instrumentos financeiros – impacto gerado principalmente pelo registro ao valor

justo de derivativos;

• Impostos diferidos – ajuste decorrente dos efeitos mencionados anteriormente.

Adicionalmente, com a convergência do BR GAAP para o IFRS outros ajustes

importantes deverão ser considerados pelas empresas brasileiras:

• Propriedades para investimento (IAS 40) – as empresas devem avaliar se

recebem receita de aluguel de terceiros em suas lojas próprias, para considerarem

a possibilidade de classificação do imóvel como propriedade de investimento e

registrá-lo pelo valor justo;

• Estoques ao valor realizável líquido (IAS 2) – em BR GAAP os estoques

normalmente são tratados ao menor entre valor de custo e de mercado e em IFRS

observa-se o menor entre custo ou valor realizável líquido;

• Combinações de negócios (IFRS 3R) – de acordo com a norma internacional,

ativos líquidos (incluindo ativos intangíveis) adquiridos em uma combinação de

negócios devem ser registrados pelo seu valor justo. O ágio é o valor remanescente

após a alocação do valor justo e dos intangíveis ao preço de aquisição e não está

sujeito a amortização;

• Apresentação por segmento (IFRS 8) – em IFRS, a divulgação de resultado por

segmento de negócio é obrigatória.

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Ben

s de

Con

sum

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Em nosso estudo, identificamos os seguintes ajustes significativos para mais de uma

companhia no setor de Bens de Consumo:

• Conversão de demonstrações financeiras – algumas empresas desse setor no

Brasil possuem subsidiárias no exterior, fato que causou tal ajuste;

• Pagamentos baseados em ações – a prática é identificada em parte das empresas

do setor que possuem tal benefício para a retenção de executivos;

• Subvenções governamentais – como no setor é comum a instalação de diversas

plantas, alguns estados oferecem benefícios que se caracterizam como subvenções,

levando a ajustes relevantes;

• Ajuste ao valor presente – devido ao grande volume de contas a receber das

empresas do setor, alguns valores – apesar de não serem de longo prazo –

representam um valor total significativo, levando ao registro do ajuste;

• Instrumentos financeiros – impacto gerado principalmente pelo registro ao

valor justo de derivativos, geralmente relacionados a contratos de câmbio;

• Impostos diferidos – ajuste decorrente dos efeitos mencionados anteriormente.

Adicionalmente, com a convergência do BR GAAP para o IFRS outros ajustes

importantes deverão ser considerados pelas empresas brasileiras:

• Ativos biológicos (IAS 41) – normalmente registrados ao custo de formação no

BR GAAP, ao passo que em IFRS são registrados a valor justo em contrapartida do

resultado;

• Estoques ao valor realizável líquido (IAS 2) – em BR GAAP os estoques

normalmente são tratados ao menor entre valor de custo e de mercado e em IFRS

observa-se o menor entre custo ou valor realizável líquido;

• Combinações de negócios (IFRS 3R) – de acordo com a norma internacional,

ativos líquidos (incluindo ativos intangíveis) adquiridos em uma combinação de

negócios devem ser registrados pelo seu valor justo. O ágio é o valor remanescente

após a alocação do valor justo e dos intangíveis ao preço de aquisição e não está

sujeito a amortização;

• Apresentação por segmento (IFRS 8) – em IFRS, a divulgação de resultado por

segmento de negócio é obrigatória.

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Análise da aplicação dos pronunciamentos do CPC

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CPC 01

Objetivo da norma

Esse pronunciamento, extraído da norma internacional IAS 36 - Impairment of Assets, trata da mensuração e contabilização da perda do valor recuperável de ativos de longo prazo.

Define também a metodologia a ser aplicada por uma empresa para assegurar que seus ativos de longo prazo ou de natureza permanente não serão registrados contabilmente por um valor superior àquele passível de recuperação. Este, que poderia acontecer por meio do uso das operações da companhia ou por meio de sua venda,

assim como procedimentos relacionados à identificação (testes de impairment), mensuração, reconhecimento, reversão e divulgação de uma redução do valor recuperável desses ativos.

O objetivo dos testes de impairment utilizados na identificação e mensuração de perdas do valor recuperável é o de assegurar que o valor contábil líquido de um ativo ou grupo de ativos de longo prazo não seja superior ao seu valor recuperável, sendo este o maior entre os valores líquidos de venda e de uso. O gráfico abaixo ajuda a entender o processo de avaliação:

Redução ao Valor Recuperável de Ativos

O CPC 01 requer que o valor recuperável de um ativo seja mensurado sempre que houver indicação de perda de substância econômica do valor recuperável desse ativo, com exceção dos seguintes ativos ou classes de ativos que devem ser submetidos a testes de impairment ao menos uma vez por ano: ativos intangíveis de vida útil indefinida; ativos intangíveis ainda não disponíveis para uso; e ágio gerado em uma combinação de negócios, cujo fundamento econômico seja a expectativa de rentabilidade futura.

Em adição aos critérios de avaliação e mensuração, o CPC 01 também introduziu uma série de divulgações requeridas sobre o assunto.

Comparação com a antiga norma brasileira

O BR GAAP já previa a necessidade de avaliação e de realização de teste de recuperabilidade dos ativos de longo prazo em bases periódicas, incluindo o ativo fixo. Porém, não havia detalhamento e normatização dentro da literatura brasileira indicando ou esclarecendo como essa análise deveria ser feita e qual sua extensão em relação aos ativos da empresa.

Em consequência desse vazio normativo anterior à entrada em vigor do CPC 01 e considerando o alto grau de complexidade envolvido na avaliação do valor recuperável

Valor contábil líquido

Valor recuperável

o maior entre

Valor líquido de venda

e Valor em uso

Comparado com

CP

C 0

1

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de ativos, entendemos que houve uma série de dificuldades na aplicação dessa norma no primeiro ano de sua adoção.

Resultados

O estudo desenvolvido revelou que um dos principais desafios do processo de consolidação das normas é a melhoria na transparência e no nível de comparabilidade das informações. Nesse quesito, o levantamento mostra que o processo ainda precisa ganhar consistência, o que deverá acontecer com mais experiência e amadurecimento quanto ao entendimento dos requerimentos da norma.

Entre as empresas analisadas, 38 apresentavam saldo de goodwill em suas demonstrações financeiras do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2008 e sete apresentaram perda por redução ao valor recuperável do goodwill ou ativos tangíveis e intangíveis. Embora uma perda por redução ao valor recuperável de ativos dependa das circunstâncias específicas de uma empresa, a frequência das perdas do valor recuperável de ativos na amostra pesquisada sugere que o padrão requerido pelo CPC 01 introduz maior ênfase na rotina e formalização do teste, gerando, por consequência, perdas mais frequentes. O impacto do impairment no resultado dessas empresas variou entre menos de 1% e 2.137%, sendo o maior impacto o verificado na Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que chegou a aproximadamente R$ 2,5 bilhões.

Divulgação

O CPC 01 requer novas divulgações bastante extensas e detalhadas. As divulgações vão desde impairment do ativo imobilizado e definições da vida útil de intangíveis até teste anual de impairment para intangíveis com vida indefinida e ágio. Identificamos, a seguir, as divulgações requeridas, mesmo quando não há reconhecimento de perda por impairment.

Para cada Unidade Geradora de Caixa (UGC), na qual são alocados o ágio e/ou ativos intangíveis com vida indefinida, deve-se divulgar:

a) o valor contábil do ágio e dos ativos intangíveis com vida útil indefinida alocados na UGC;

b) o valor em uso ou valor líquido de venda desses ativos, dependendo de qual valor foi utilizado para o teste de impairment;

c) para o valor em uso, deve-se incluir a descrição e a abordagem da administração com relação às premissas-chave utilizadas para projeção do fluxo de caixa, o período sobre o qual o fluxo de caixa foi projetado e as taxas de crescimento e de desconto utilizadas no fluxo de caixa;

d) para o valor líquido de venda, deve-se divulgar a metodologia utilizada. Se o valor líquido de venda não é determinado utilizando-se um preço de mercado, deve-se divulgar a descrição e a abordagem da administração com relação às premissas-chave utilizadas para projeção do fluxo de caixa;

e) se uma mudança em uma premissa-chave puder resultar em impairment, deve-se divulgar o valor da possível perda, o valor alocado para a premissa-chave e o novo valor a ser alocado para essa premissa, com o propósito de o valor recuperável da UGC ser igual ao seu valor contábil.

Se o ágio e/ou ativos intangíveis com vida útil indefinida estiverem alocados em múltiplas UGCs e os valores alocados em cada unidade não forem significativos, esse fato deve ser divulgado em conjunto com o valor contábil agregado dos ativos.

Adicionalmente, se os valores recuperáveis dessas UGCs forem baseados nas mesmas premissas, e o valor contábil dos ativos alocados ao valor recuperável for significativo em comparação com o valor contábil total dos ativos, a empresa deve divulgar esse fato, juntamente com:

a) o valor contábil agregado do ágio ou do ativo intangível com vida útil indefinida alocado nas UGCs;

b) descrição e abordagem da administração sobre premissas-chave;

c) se uma possível razoável mudança em uma premissa-chave utilizada puder resultar em impairment, deve-se divulgar o valor da possível perda, o valor alocado para a premissa-chave e o novo valor a ser alocado para a premissa-chave, com o propósito de o valor recuperável da UGC ser igual ao seu valor contábil.

Em caso de perda por desvalorização ou reversão ocorrida durante o ano, a companhia deve divulgar: os eventos e as circunstâncias que levaram ao reconhecimento; o valor da perda ou reversão; se o valor recuperável é seu valor líquido de venda ou seu valor em uso e o ativo e unidade geradora de caixa envolvidos.

Para as sete empresas que apresentaram impairment, verificamos que cinco, ou 71%, divulgaram os eventos e circunstâncias que levaram ao reconhecimento da perda.

Entretanto, somente uma (14%) das companhias demonstrou de forma adequada e completa a relação de itens que compõem as unidades geradoras de caixa e as razões que justificam a maneira como elas foram identificadas e a alocação do ágio e/ou ativos intangíveis com vida indefinida a essas unidades. Verificamos o mesmo percentual de divulgação quando analisados os requerimentos referentes à descrição e à abordagem da administração na utilização de premissas-chave e quando da elaboração dos fluxos de caixa projetados, período desses fluxos, taxas de crescimento e de desconto utilizadas. Também constatamos que nenhuma empresa utilizou o método de valor líquido de venda do ativo em questão para o teste de impairment.

A seguir, incluímos exemplos de notas com divulgação do teste de impairment efetuado.

�1Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young

Companhia Energética de São Paulo (CESP) [Extraído]

Os bens que compõem o ativo imobilizado da CESP foram registrados em estrita consonância com as práticas contábeis adotadas no Brasil e com as normas específicas para o setor elétrico emanadas da ANEEL. A legislação brasileira, em particular os Decretos nº 24.643, de 10 de julho de 1934 e nº. 41.019, de 26 de fevereiro de 1957, ambos em vigor e sob o amparo dos quais foram outorgadas as concessões da Companhia, garante que, ao final do prazo da concessão, o valor residual dos bens será objeto de indenização no processo de reversão destes bens para o Poder Concedente.

A Administração prepara anualmente estudos internos para avaliar a capacidade de recuperação do custo contábil do ativo imobilizado do Parque Gerador da Companhia em suas operações futuras. Até 31 de dezembro de 2007, a Companhia, na ausência de norma contábil específica sobre o assunto, adotou a metodologia de considerar como menor unidade geradora de caixa o conjunto das usinas integrantes de cada Bacia Hidrográfica de seu Parque Gerador e ainda utilizar o fluxo de caixa futuro, não descontado, de suas operações, para análise da possibilidade de recuperação do saldo contábil do seu ativo imobilizado. Com base na aplicação dessa metodologia não foram identificados problemas de recuperação desses ativos até aquela data.

A razão pela qual as usinas eram consideradas como um conjunto incluído na respectiva Bacia Hidrográfica é de que operam sob o mesmo regime hidrológico, de forma integrada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) .

Portanto, com sinergias coletivas, podendo o fluxo de caixa operacional ser tratado como um negócio único de geração de energia. Também era considerado que os prazos de vencimento das respectivas concessões das usinas eram próximos.

A partir de 2008, dois fatos importantes ocorreram para consideração da Administração na análise de recuperação, a saber:

(1) O prazo de concessão da usina de Porto Primavera foi prorrogado por um período adicional de 20 anos, descasando o fluxo de caixa desta usina em relação às demais, tornando-se necessária sua análise individual.

(2) Com a emissão do novo pronunciamento contábil CPC – 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, a metodologia para determinação da necessidade de registro de provisão para redução ao valor de recuperação de ativos foi alterada, requerendo a utilização do fluxo de caixa descontado das operações.

Assim sendo, em 31 de dezembro de 2008, a Administração elaborou projeções de resultados futuros considerando os seguintes componentes e premissas:

(a) Fluxo de caixa futuro das operações, descontado a valor presente, para cada usina consideradas como o menor nível de unidade geradora de caixa. Esse fluxo abrangeu o período remanescente da concessão, sem incluir eventual período de prorrogação ou renovação;

(b) Fluxo de caixa futuro do valor da indenização ao final da concessão, descontado a valor presente. A Administração adotou como premissa, amparada pelos seus assessores legais, que o valor de indenização mínimo a ser recebido da União Federal, no processo de reversão dos bens, será o valor residual dos bens registrados nos livros contábeis, atualizado monetariamente de 1995 a 2008, com base na variação do IGP-M, e depreciados até a data do vencimento da concessão;

(c) Taxa de desconto compatível com o mercado.

O resultado do estudo preparado pela Administração indicou a necessidade de registro de provisão para redução ao valor de recuperação somente da usina Engº. Sérgio Motta (conhecida como Porto Primavera) no montante de R$ 2.467.094, sendo este valor registrado diretamente no resultado do exercício, na rubrica “outras despesas operacionais”, conforme apresentado a seguir:

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Porto Primavera R$ mil

Valor de recuperação em 31 de dezembro de 2008 10.912.754

Custo do imobilizado – líquido em 31 de dezembro de 2008 (13.379.848)

Provisão para redução ao valor de recuperação (2.467.094)

As demais usinas do Parque gerador apresentaram fluxo de caixa positivo, não havendo necessidade de registro de provisão para tal finalidade em 31 de dezembro de 2008, conforme apresentado a seguir:

31.12.2008

Usina Valor de recuperação Valor contábil

R$ mil R$ milIlha Solteira + Três Irmãos 7.382.502 3.326.400Jupiá 1.970.584 275.394Jaguari 46.793 3.044Paraibuna 141.296 20.905Total 9.541.175 3.625.743

Companhia Brasileira de Distribuição [Extraído]

A Companhia avaliou a recuperação do valor contábil dos ágios com base no seu valor de uso, utilizando o modelo de fluxo de caixa descontado das unidades geradoras de caixa, representativas do conjunto de bens tangíveis e intangíveis utilizados na operação. O processo de estimativa do valor em uso envolve utilização de premissas, julgamentos e estimativas sobre os fluxos de caixa futuros, taxas de crescimento e de desconto. As premissas sobre o fluxo de caixa e futuro e projeções de crescimento são baseadas no orçamento anual e no plano de negócios de longo prazo da Companhia, aprovados pelo Conselho de Administração, bem como em dados de mercado comparáveis e representam a melhor estimativa da Administração, das condições econômicas que existirão durante a vida útil econômica do conjunto de ativos que proporcionam a geração dos fluxos de caixa. As principais premissas chave utilizadas na estimativa do valor em uso, às quais o valor de recuperação dos ativos é mais sensível, estão descritas a seguir:

• Receitas – As receitas foram projetadas com base no orçamento anual do próximo exercício e no plano de negócios da Companhia que abrange o período entre 2009 e 2013;

• Custos e despesas operacionais - Os custos e despesas foram projetados com base no desempenho histórico da Companhia e seu crescimento foi projetado em linha com o crescimento das vendas, considerando sua relação;

• Investimento de Capital – Os investimentos em bens de capital foram estimados considerando a infra-estrutura necessária para suportar o crescimento das vendas.

As premissas chave foram estimadas considerando o desempenho histórico da Companhia e com base em premissas macroeconômicas razoáveis e consistentes com fontes externas de informações fundamentadas em projeções de mercado financeiro, documentadas e aprovadas pelos órgãos da Administração da Companhia.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

CPC 02

Objetivo da norma

Extraído da norma internacional IAS 21 - The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates, esse pronunciamento trata da contabilização dos efeitos das mudanças nas taxas de câmbio, determinação de moeda funcional e conversão de demonstrações financeiras para moedas de apresentação.

O objetivo do CPC 02 é determinar como incluir transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações financeiras de uma entidade no Brasil e como converter as demonstrações financeiras de companhia no exterior para a moeda de apresentação das demonstrações no Brasil para fins de registro de equivalência patrimonial e de consolidação integral ou proporcional das demonstrações financeiras. Determina, ainda, critérios para a conversão de demonstrações financeiras de companhias no Brasil para outra moeda (“moeda de apresentação”). O CPC 02 introduz o conceito da moeda funcional, que anteriormente não era observado nas práticas contábeis adotadas no Brasil.

O CPC 02 trata também de procedimentos adicionais, tais como contabilização de resultado de equivalência patrimonial de investimentos em subsidiárias estrangeiras, reconhecimento da variação cambial de transações intragrupo, conversão dos resultados e a posição financeira de uma

Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

entidade cuja moeda funcional seja a de

uma economia hiperinflacionária.

Comparação com a antiga norma brasileira

É importante destacar que, no que se

refere às práticas brasileiras aplicáveis ao

reconhecimento dos efeitos nas variações

das taxas de câmbio, não existia nenhuma

norma local que tivesse a mesma

abrangência do CPC 02.

Na análise da divulgação de efeitos

das variações nas taxas de câmbio

apresentadas por empresas brasileiras,

anterior ao CPC 02, verificou-se

basicamente que:

• As companhias brasileiras não

divulgavam detalhadamente as práticas

contábeis adotadas para o registro de

investimentos em empresas localizadas

no exterior;

• Não eram apresentadas informações

sobre a classificação, para fins de

apresentação nas demonstrações

financeiras, do montante de variação

cambial apurado sobre investimento em

companhias localizadas no exterior;

• As informações sobre risco decorrente

de variação nas taxas de câmbio eram

apresentadas em nota explicativa

(quando existente) de “instrumentos

financeiros derivativos”, não abrangendo

conceito de investimento líquido em

empresa localizada no exterior;

CP

C 0

2

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

• As companhias com investimentos em empresa localizadas no exterior apresentavam, geralmente, um breve comentário informando que “as demonstrações financeiras de companhias localizadas no exterior, incluídas nas demonstrações financeiras consolidadas, foram convertidas pela taxa de câmbio do fechamento das demonstrações financeiras (taxa corrente)”.

Resultados

Nas 40 companhias analisadas, verificamos que 35% (14 empresas) divulgaram o impacto contábil da aplicação do CPC 02. O impacto mais comum entre essas empresas está relacionado às variações cambiais dos investimentos em controladas e coligadas em moeda funcional diferente da moeda funcional da controladora, já que, a partir de 2008, a conversão para a moeda funcional da matriz passou a ser registrada em conta específica do patrimônio líquido, não afetando o resultado do exercício. A aplicação da nova prática contábil gerou um impacto negativo de mais de R$ 8 bilhões nos resultados dessas empresas.

Divulgação

A norma requer que uma empresa divulgue as variações cambiais líquidas, classificadas em conta específica de patrimônio líquido, e a conciliação do montante de tais variações cambiais, no começo e no fim do período.

O CPC 02 também exige que, quando a moeda de apresentação das demonstrações financeiras for diferente da moeda funcional, esse fato seja citado juntamente com a divulgação da moeda funcional e a razão para a utilização de uma moeda de apresentação diferente.

Entre as 14 empresas, verificamos que a grande maioria utiliza a mesma moeda funcional e de apresentação. Para as controladas ou coligadas com moeda funcional diferente, constatamos que a divulgação das variações cambiais não é discriminada conforme os requerimentos da norma, ou seja, as empresas não apresentam, de forma geral, as variações cambiais no começo e no fim de período. Todavia, a variação cambial do período é apresentada na conta “ajustes acumulados de conversão” no patrimônio líquido.

Atualizações

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) postergou a aplicação dos itens 4 e 5 do CPC 02 para o exercício social com encerramento a partir de 31 de dezembro de 2009. Esses itens dizem respeito ao tratamento contábil a ser dado às controladas de empresa com investimento em outros países e exigem, em certas condições, a incorporação dos valores de ativos, passivos, receitas e despesas de companhia no exterior em vez do uso do método da equivalência patrimonial.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

CPC 03

Objetivo da norma

Esse pronunciamento, extraído da norma internacional IAS 7 - Cash Flow Statements, dispõe sobre a preparação e a apresentação de informações sobre as movimentações de caixa e equivalentes de caixa, por intermédio de uma demonstração de fluxos, compreendendo as atividades operacionais, de investimento e de financiamento.

Esse pronunciamento introduziu conceitos importantes a serem considerados pelas companhias quando da preparação da demonstração dos fluxos de caixa, dentre eles o conceito de equivalência de caixa, definido como sendo os investimentos de curto prazo, altamente líquidos que sejam prontamente conversíveis para quantias conhecidas de dinheiro e que estejam sujeitos a um risco insignificante de alterações de valor.

De acordo com o CPC 03, as companhias deverão classificar os fluxos de caixa por atividades operacionais, de investimento e de financiamento, e utilizar um dos seguintes métodos quando da preparação da demonstração do fluxo de caixa:

a) Método direto, pelo qual são divulgadas as principais classes dos recebimentos de caixa brutos e dos pagamentos de caixa brutos; ou

b) Método indireto, pelo qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos de transações de natureza que não afetaram o caixa, diferimentos

Demonstração dos Fluxos de Caixa

ou acréscimos de recebimentos a pagamentos de caixa operacionais e fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento e de financiamento.

O pronunciamento também considera outros assuntos relevantes na preparação e na apresentação: divulgação dos fluxos de caixa em bases brutas ou líquidas; fluxos de caixa em moeda estrangeira; juros e dividendos; Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; investimentos em controladas, coligadas e empreendimentos em conjunto; aquisições e alienações de subsidiárias e de outras unidades de negócio; transações que não envolvem caixa ou equivalentes de caixa; e componentes de caixa e seus equivalentes.

Adicionalmente, o CPC 03 apresenta uma série de outros requerimentos e divulgações, entre eles: a divulgação dos saldos de caixa e seus equivalentes detidos pela empresa ou por uma subsidiária e que não estão disponíveis para uso ou qualquer outra restrição de uso do caixa ou equivalentes de caixa da companhia; e o tratamento para fluxos de caixa de contratos em operações de hedge accounting.

Comparação com a antiga norma brasileira

A norma brasileira que tratava de demonstração dos fluxos de caixa era a Norma e Procedimentos de Contabilidade – NPC nº 20. A legislação societária brasileira

CP

C 0

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Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

obrigava apenas a elaboração e divulgação da Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR), não havendo qualquer obrigatoriedade para divulgação das demonstrações dos fluxos de caixa, exceto para casos específicos, como as empresas de energia elétrica (por força de regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel) e as empresas participantes do Novo Mercado (por exigência da Bovespa). Agora, por força da Lei nº 11.638/07, a Demonstração dos Fluxos de Caixa passou a ser obrigatória e substituiu a DOAR, para demonstrações financeiras relativas aos exercícios encerrados a partir de 1º de janeiro de 2008.

Resultados

A pesquisa mostrou que todas as empresas divulgaram a demonstração do fluxo de caixa para os anos comparativos de 2008 e 2007 e cessaram a divulgação da DOAR. Também verificamos que o método de apresentação preferido para o fluxo de caixa é o indireto, pelo qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos de transações que não afetaram caixa ou equivalentes de caixa.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

CPC 04

Objetivo da norma

Voltado ao tratamento contábil dos ativos intangíveis, esse pronunciamento foi extraído da norma internacional IAS 38 - Intangible Assets e do SIC 32 - Intangible Assets - Web Site Costs.

O CPC 04 define ativo intangível como sendo um ativo não-monetário identificável, sem substância física, controlado pela empresa como resultado de eventos passados e do qual são esperados benefícios futuros. As companhias frequentemente incorrem em gastos com todos os tipos de recursos intangíveis, tais como conhecimento científico ou técnico, projeto e implementação de novos processos ou sistemas, licenças, propriedade intelectual, conhecimento de mercado, marcas e títulos de publicações.

Ativos Intangíveis

Em uma operação de combinação de negócios, o adquirente deve reconhecer, na data da aquisição, separadamente do ágio, um ativo intangível do adquirido se o seu valor justo puder ser mensurado com confiança, mesmo que esse ativo não tenha sido reconhecido pelo adquirido como um ativo intangível antes da data da aquisição. O reconhecimento baseia-se no princípio geral aplicável aos custos incorridos com a aquisição ou geração interna de um ativo intangível e aos custos subsequentemente incorridos com sua complementação, manutenção ou substituição de uma parte.

O processo de identificação de ativos intangíveis adquiridos em uma combinação de negócios pode ser dividido em um número de passos, conforme ilustrado abaixo:

CP

C 0

4

O ativo é proveniente de direitos contratuais ou legais?

Pode o valor do ativo ser determinado com segurança?

Selecione o método de avaliação adequado: (i) mercado; (ii) resultado; (iii)custo

Sim Não

Não existe ativo intangível a ser reconhecido

Não

Sim

Sim

Não

O ativo é um componente do ágio

Identificar possíveis ativos intangíveis

O ativo é separável?

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

A norma também exige que a companhia avalie se a vida útil de um ativo intangível é definida ou indefinida. O ativo intangível com vida útil definida é amortizado, e o ativo intangível com vida útil indefinida não. Para esse fim, o termo ‘indefinida’ não significa ‘infinita’. O CPC 04 exige classificar o ativo intangível como tendo vida útil indefinida quando, com base em análise de todos os fatores pertinentes, não existir limite previsível ao período no decorrer do qual se prevê que o ativo gere entradas de caixa líquidas para a entidade.

Comparação com a antiga norma brasileira

De forma geral, não havia norma contábil específica e detalhada no Brasil que determinasse como devem ser reconhecidos, classificados e avaliados os ativos intangíveis, nem havia uma literatura ou orientação sobre a apresentação e divulgação desses ativos nas demonstrações financeiras das empresas brasileiras.

Existem, sim, orientações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da emissão de ofícios-circulares que resumem e incentivam a utilização dos conceitos do IFRS e pequenas citações em pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), especificamente o Pronunciamento VIII.

As principais diferenças identificadas entre o CPC 04 e a antiga norma brasileira estão descritas em seguida:

• Ativos intangíveis gerados internamente - gastos com pesquisa e desenvolvimento. Esses gastos eram ativados caso beneficiassem mais de um exercício. Com o CPC 04, apenas gastos na fase de desenvolvimento podem ser tratados como ativo e os gastos na fase de pesquisa devem ser lançados como despesa. Caso uma empresa não consiga distinguir entre a fase de pesquisa e o desenvolvimento de um projeto interno, o gasto total deve ser tratado como incorrido na fase de pesquisa e, consequentemente, reconhecido como despesa.

• Ativos intangíveis gerados internamente - gastos pré-operacionais. Esses gastos eram tratados como ativos. Na nova regra, tais gastos devem ser lançados como despesa.

• Vida útil de ativos intangíveis. Antes não existia distinção clara entre vida útil definida e indefinida. De acordo com esse CPC, a amortização de um ativo intangível é baseada em sua vida útil; para os de vida útil definida, a amortização é permitida; e para os de vida útil indefinida, a amortização é proibida. Para estes, um teste de impairment deve ser realizado pelo menos uma vez por ano.

• Divulgação. Antes do CPC 04, as divulgações sobre ativos intangíveis eram praticamente inexistentes quando comparadas aos requerimentos da nova norma contábil.

Resultados

Verificamos que 14 empresas analisadas divulgaram ajustes relacionados a intangíveis. Todos os ajustes referiam-se a reclassificações de outras categorias de ativos, exceto por um ajuste relacionado à interrupção da amortização após revisão, pela companhia, da vida útil de seus ativos intangíveis com base no CPC 04.

As 14 empresas divulgaram reclassificações, mas a maioria das demais companhias analisadas declarou que houve reclassificações, sendo que nenhuma outra informação foi divulgada sobre o seu porte, as contas entre as quais as reclassificações foram feitas e o motivo detalhado para elas. Em geral, as reclassificações referiam-se a ágio de investimentos, a saldos de ativos diferidos que se enquadraram na definição de custos de desenvolvimento e a software.

As 14 companhias que divulgaram os valores e o motivo das reclassificações informaram os seguintes resultados agregados:

• Mais de R$ 5 bilhões referentes a reclassificações de ágio;

• Mais de R$ 1 bilhão referentes a reclassificações de ativos diferidos para despesas com a compra de ativos que se enquadraram na definição de custos de desenvolvimento; e

• R$ 2,3 bilhões referentes a reclassificações de software para intangíveis.

Divulgação

Para cada classe de ativos intangíveis, distinguida entre ativos intangíveis gerados internamente e outros ativos intangíveis, a companhia deve divulgar:

• Se tem vida útil indefinida ou definida. Se for definida, os prazos de vida útil e os métodos de amortização utilizados devem ser informados;

• O valor contábil bruto e a amortização acumulada no início e no final do período;

• A rubrica da demonstração do resultado em que a amortização foi incluída;

• A conciliação do valor contábil no início e no final do período, demonstrando adições; ativos classificados como mantidos para venda e outras baixas; aumentos ou reduções durante o período, decorrentes de reavaliações e perda por desvalorização de ativos reconhecidas ou revertidas diretamente no patrimônio líquido; amortização reconhecida no período; variações cambiais; e outras alterações no valor contábil durante o período.

Na maioria das vezes, as companhias não apresentaram uma tabela de movimentação detalhada ou conciliação para os anos de 2008 e 2007. Em particular, as empresas não apresentaram a conciliação exigida entre amortização acumulada inicial e amortização acumulada final para 2008 e 2007.

Apresentamos a seguir um exemplo de divulgação que atende os requerimentos da nova norma.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Brasil Telecom Participações S.A. [Extraído]

ÁgiosIntangível em Formação

Sistemas de Processamento de dados

Marcas e Patentes

Licenças Regulatórias

Outros Totais

Custo do Intangível (Valor Bruto)

Saldo em 1º de janeiro de 2007 531.653 11.891 1.870.862 1.886 352.900 2.831.690 5.600.882

Adições - 17.877 2.058 - 4.847 - 24.782

Baixas (353) - (40.301) - (2.625.411) (2.666.065)

Transferências - (20.203) 341.762 (1.199) 30.124 (96.832) 253.652

Saldo em 31 de dezembro de 2007 531.300 9.565 2.174.381 687 387.871 109.447 3.213.251

Adições 16.801 264.861 6.654 - 489.985 - 778.301

Baixas (19.078) - (6.182) - (76.288) (101.548)

Transferências - (260.656) 349.893 - 6.148 (11.007) 84.378

Saldo em 31 de dezembro de 2008 529.023 13.770 2.524.746 687 884.004 22.152 3.974.382

Amortização Acumulada

Saldo em 1º de janeiro de 2007 (258.406) - (1.017.209) (775) (55.061) (2.816.577) (4.148.028)

Despesas de Amortização (96.686) - (338.417) (14) (33.346) (8.745) (477.208)

Baixas - - 26.355 - - 2.631.459 2.657.814

Transferências - - (98.927) 713 - 101.525 3.311

Saldo em 31 de dezembro de 2007 (355.092) - (1.428.198) (76) (88.407) (92.338) (1.964.111)

Despesas de Amortização (107.959) - (308.985) (4) (50.506) (5.876) (473.330)

Baixas 18.941 - 6.080 - - 76.287 101.308

Transferências - - (12.050) - - 12.086 36

Saldo em 31 de dezembro de 2008 (444.110) - (1.743.153) (80) (138.913) (9.841) (2.336.097)

Intangível Líquido

Saldo em 1º de janeiro de 2007 273.247 11.891 853.653 1.111 297.839 15.113 1.452.854

Saldo em 31 de dezembro de 2007 176.208 9.565 746.183 611 299.464 17.109 1.249.140

Saldo em 31 de dezembro de 2008 84.913 13.770 781.593 607 745.091 12.311 1.638.285

Taxa Anual de Amortização (Média) - - 20,0% - - - -

28. Intangível

A movimentação do ativo intangível está apresentada a seguir: (valores em milhares de R$)

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young�0

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young �1

CPC 05

Objetivo da norma

Esse pronunciamento foi extraído da norma internacional IAS 24 - Related Party Disclosures, que dispõe sobre as divulgações necessárias de relacionamentos e transações com partes relacionadas. O CPC 05 trata exclusivamente de apresentação nas demonstrações financeiras de relacionamentos, transações e saldos dessas transações de uma companhia com suas partes relacionadas, aplicando-se a todas as empresas – incluindo controladoras, investidoras e joint-ventures, sejam nas demonstrações financeiras consolidadas ou nas individuais. Todas as transações, saldos de ativos e passivos, receitas e despesas entre empresas de um mesmo grupo econômico também devem ser divulgados.

O objetivo principal dessa norma é o de assegurar ao usuário das demonstrações o quanto a posição financeira e a demonstração de resultado podem ser afetadas por relacionamentos e transações com partes relacionadas.

De acordo com a norma, partes relacionadas são pessoas físicas e jurídicas que mantêm relacionamento de controle (direto, indireto ou compartilhado, seja atuando como controlador ou como controlada) ou de influência significativa. Controle é definido como sendo o poder de gerir as políticas financeiras e operacionais de uma empresa de forma a obter benefícios econômicos e financeiros de suas atividades. Influência é considerada significativa quando a entidade influenciadora possui poder – adquirido por meio de participação acionária, estatuto ou algum outro tipo de acordo – de participar da tomada de

Divulgação sobre Partes Relacionadas

decisões operacionais e financeiras da entidade reportante, mesmo que não tenha o controle das decisões.

A norma também requer divulgações sobre os administradores-chave: (a) remuneração de curto prazo; (b) benefícios pós-emprego; (c) outras remunerações de longo prazo; (d) benefícios para término dos serviços; (e) remuneração em ações e/ou opções de ações; (f) outros tipos de benefícios, tais como seguros, planos de pensão e/ou aposentadoria.

Comparação com a antiga norma brasileira

Ao compararmos a norma brasileira anterior sobre o tema (Deliberação CVM 26/86) ao CPC 05, nota-se que a sua essência é a mesma. Ambas são baseadas em conceitos de controle compartilhado, na necessidade de unanimidade no processo decisório e na influência significativa sobre a capacidade de participar ativamente das decisões estratégicas financeiras e operacionais das companhias.

Uma diferença é que a norma brasileira não requeria o mesmo nível de detalhe no que diz respeito à divulgação sobre remuneração de administradores.

Resultados

Esse CPC não resultou em impacto contábil nas companhias. Contudo, a norma exige demonstrações financeiras com divulgações mais detalhadas, quando comparadas ao antigo BR GAAP. Tomando como base os requerimentos de divulgação do normativo, 36 (90%) das 40 empresas analisadas apresentaram divulgações bastante detalhadas no

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Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

tocante às transações com partes relacionadas, destacando o montante das transações e saldos a receber, a pagar, empréstimos, receitas, entre outros, com cada uma das partes relacionadas em nota explicativa específica. Nas demais empresas que apresentaram transações com partes relacionadas, contudo, o nível de detalhe apresentado não atende todos os requerimentos da norma.

Quanto à apresentação da remuneração do pessoal-chave da administração, apenas uma companhia não contemplou tal divulgação em suas demonstrações

EDP Energias do Brasil [Extraído]

11 - Partes relacionadas

Os acionistas do bloco controlador da Companhia estão apresentados na nota 25.1, com os quais a única transação existente é a relativa ao pagamento de dividendos, que no exercício montou em R$ 119.826 (R$ 88.852 em 2007). Além dos valores a receber como dividendos de suas controladas e coligadas, apresentados na nota 26, os demais saldos de ativos e passivos, bem como as transações que influenciaram o resultado do exercício, decorrem de transações realizadas em condições usuais de mercado para os respectivos tipos de operação.

Os saldos com as controladas Bandeirante, Escelsa e Enertrade referem-se ao compartilhamento de gastos com pessoal, material e serviços de terceiros, aprovados pela Aneel por meio do despacho nº 2.194, de 13 de julho de 2007, e, com as demais empresas, referem-se fundamentalmente a mútuos financeiros.

financeiras. Das 39 companhias que divulgaram, 33% não apresentaram as categorias de remuneração de seus administradores de acordo com o parágrafo 16 da norma:

16. A entidade deve divulgar a remuneração do pessoal-chave da administração no total e para cada uma das seguintes categorias:

a) benefícios de curto prazo a empregados e administradores;

b) benefícios pós-emprego;

c) outros benefícios de longo prazo;

d) benefícios de rescisão de contrato de trabalho; e

e) remuneração baseada em ações.

Das companhias analisadas, incluímos abaixo exemplos de divulgação que atendem os requerimentos da nova norma para transações com partes relacionadas.

Controladora Consolidado

Ativo Passivo Receitas no exer-cício

Ativo Receitas no exer-cício

31/12/2008 31/12/2007 31/12/2008 31/12/2007 2008 2007 31/12/2008 31/12/2007 2008 2007

Partes relacionadas

Bandeirante 351 124 371 182

CESA 82.849 77.754 5.095 4.341

Energest 35.793 35.733 4 4

Enersul 267 41 8 107

Enertrade 103

ESC90 22.090 23.723 11.369 10.925 22.104 23.814 11.369 10.925

Escelsa 233 263 135 23 263

Escelsapar 2.668 1.930 189 161

Pantanal 14.982

Total 144.087 154.776 510 250 16.661 15.797 22.104 23.814 11.369 10.925

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Companhia Energética de São Paulo (CESP) [Extraído]

20. Transações com partes relacionadas

Em 31 de dezembro de 2008 e de 2007, estão substancialmente representadas pelas seguintes operações:

a) Termos de aditamentos celebrados com as empresas Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) - controladas pelo Governo do Estado -, para fornecimento de energia elétrica, na categoria de consumidores livres, nos termos do mercado livre, determinados pelos agentes reguladores do setor elétrico.

b) Contrato de locação de imóvel (edificações) de propriedade da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S/A (EMAE – empresa do acionista controlador), que a companhia utiliza para sua sede e seus escritórios administrativos, com o aluguel mensal atualizado de R$ 52,6 mil. Por decisão dos Conselhos de Administração da CESP e da EMAE (empresa também controlada pelo governo do Estado de São Paulo), desde dezembro de 2002, as áreas gerenciais das duas empresas passaram a atuar de forma coordenada e as áreas operacionais passaram a atuar de forma integrada, mediante acordos técnico-operacionais assinados entre as partes. Os acordos preveem adequada segregação de custos contábeis e orçamentários, além dos correspondentes reembolsos de gastos, se incorridos de uma empresa para a outra.

2008Ativo Passivo Resultado

Empresas Nota Natureza da operação Circulante Não Circulante Circulante Não CirculanteReceita/(despesa)

Banco Nossa Caixa S.A 2 Aplicações Financeiras 339.817 - - 36.191

SABESP (a) Venda de energia 8.446 - 99.489

METRÔ (a) Venda de energia 4.333 - 51.128

CPTM (a) Venda de energia 2.738 - 26.733

DAEE 5 Cessão de créditos 16.361 - - 3.367

EMAE (b) Aluguel - 53 (579)

Fazenda do Estado de São Paulo 10 Créditos 42 - 1.007

Eletrobrás 15 Empréstimos 5.290 51.334 (4.184)

Eletrobrás 16 Valores a pagar 45.933 161.026 (38.380)

Fundação CESP 19 Previdência privada 62.366 236.022 (177.285)

2007

Ativo Passivo Resultado

Empresas Nota Natureza da operação Circulante Não Circulante Circulante Não CirculanteReceita/(despesa)

Banco Nossa Caixa S.A 2 Aplicações Financeiras 659.671 - - - 40.931

SABESP (a) Venda de energia 9.872 - - - 96.579METRÔ (a)

Venda de energia 3.755 - - - 43.775

CPTM (a)

Venda de energia 4.111 - - - 24.120

DAEE 5 Cessão de créditos 10.987 10.071 - - 3.850EMAE (b)

Aluguel - - 50 - (554)

Fazenda do Estado de São Paulo 10 Créditos 4.283 - - - 751

Eletrobrás 15 Empréstimos - - 5.259 56.580 (3.901)

Eletrobrás 16 Valores a pagar - - 37.653 169.860 (34.827)Fundação CESP

19 Previdência privada - - 44.327 138.530 284.495

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Tractebel [Extraído]

30 – Transações com partes relacionadas

Remuneração das pessoas-chave da Administração

A remuneração, os encargos e os benefícios relacionados às pessoas-chave da Administração estão apresentados a seguir. O único benefício de longo prazo é o de aposentadoria (pós-emprego).

Controladora Consolidado

2008 2007 2008 2007

Honorários e benefícios de curto prazo 5.911 5.706 6.595 6.803

Encargos sociais 1.731 1.802 1.870 2.009

Bônus dos admnistradores e encargos 2.284 2.767 2.284 2.910

Benefícios pós-emprego 587 603 587 634

10.513 10.878 11.336 12.356

Ambev [Extraído]

4.2 Remuneração da administração

Os montantes referentes à remuneração do pessoal-chave da administração estão apresentados abaixo:

2008 2007

Benefícios de curto prazo (i) 14.323 12.898

Remuneração com base em ações (ii) 10.362 8.124

Benefícios pós-emprego 645 33

Outros benefícios de longo prazo 1.023 394

26.353 21.449

(i) Correspondem substancialmente a honorários de diretoria e participação no resultado (incluindo bônus por desempenho).

(ii) Corresponde ao custo das opções concedidas aos administradores.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

CPC 06

Objetivo da norma

Esse pronunciamento, extraído da norma internacional IAS 17 - Leases, dispõe sobre o tratamento contábil e as divulgações necessárias a serem adotadas por arrendadores e arrendatários nas operações de arrendamento mercantil.

Arrendamento mercantil financeiro é aquele que transfere substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo. A propriedade pode ou não ser eventualmente transferida. Os indicadores de situações que levam à classificação de um arrendamento como o financeiro são, basicamente: a transferência de propriedade do ativo ao final do contrato; a opção de compra do ativo por um preço inferior ao seu justo valor à data em que a opção se torne executável para que, no início do arrendamento, seja razoavelmente certo que a opção será exercida; o prazo do arrendamento refere-se à maior parte da vida econômica do ativo mesmo que a propriedade não seja transferida; o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento representa, no início do arrendamento, substancialmente todo o valor justo do ativo arrendado; e os ativos arrendados são de natureza tão especializada que apenas o arrendatário pode utilizá-los sem grandes modificações. Note-se que haverá um julgamento a ser exercido pela administração das companhias quanto ao que venha a ser maior parte da vida econômica de um ativo, bem como quanto ao que venha a ser substancialmente o valor justo do ativo arrendado.

Arrendamento operacional é aquele que não se enquadra no conceito de arrendamento financeiro, ou seja, arrendamentos em que na essência não haja transferência

Operações de Arrendamento Mercantil

substancial de riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo.

Na data de início do arrendamento, a companhia deve determinar a classificação do arrendamento (financeiro ou operacional) e, salvo em casos de alterações substanciais no contrato ou na natureza da operação, esse arrendamento não poderá sofrer mais nenhuma mudança de classificação.

Comparação com a antiga norma brasileira

Antes da aprovação e vigência do pronunciamento técnico CPC 06, não era prática contábil no Brasil a análise dos riscos e benefícios econômicos oriundos dos bens arrendados e sua apresentação nas demonstrações financeiras de acordo com a essência do contrato. Na realidade, existia uma diversidade de critérios, segundo os quais algumas empresas registravam suas operações de acordo com as disposições e permissões contidas na legislação fiscal para melhor benefício tributário, enquanto uma pequena minoria buscava a aplicação das disposições contábeis contidas na resolução nº 921/01 do CFC, que aprovou a “NBC T 10.2 – Arrendamento Mercantil”.

Com a emissão do CPC 06, as empresas passam a registrar seus contratos tanto de arrendamento mercantil quanto de aluguel ou locação para uso de ativos, não mais pela sua forma jurídica, mas sim por sua essência econômica.

A análise e a classificação de tais contratos estão sujeitas a certa subjetividade no que tange à extensão em que os riscos e benefícios inerentes ao ativo arrendado ou alugado sejam transferidos ou tomados pelo arrendador ou arrendatário.

CP

C 0

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Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Critério de contabilização do arrendamento mercantil financeiro

Considerando que um arrendamento mercantil financeiro seja aquele que transfere substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes ao bem arrendado ao arrendatário, sua apresentação no balanço patrimonial será similar a um ativo imobilizado adquirido por meio de um financiamento bancário. Ou seja, o ativo arrendado classificado nessa categoria será registrado em contas de ativo imobilizado com contrapartida em contas de passivo circulante e não circulante dependendo do prazo de pagamento.

O valor classificado como ativo imobilizado deve ser o valor correspondente ao valor justo do bem na data de início do contrato ou o resultante do desconto a valor presente do fluxo de pagamentos durante o prazo de arrendamento adicionado dos demais custos iniciais incorridos – custos incrementais diretamente atribuíveis à negociação e aceitação de um arrendamento – na data de início do contrato. Dos dois, deve ser escolhido o que for menor.

O passivo será sempre correspondente à contrapartida do ativo na data de início do contrato. O valor do passivo será amortizado pelo valor principal de cada pagamento, enquanto o componente de juros será reconhecido ao resultado por sua competência e de maneira que seja mantida a taxa de desconto prevista para o período contratual.

Resultados

A aplicação prática dessa regra contábil produziu efeitos relevantes nas demonstrações financeiras e indicadores financeiros das empresas selecionadas, pois algumas empresas passaram a contabilizar em seus balanços patrimoniais certos ativos, passivos e despesas decorrentes de contratos de arrendamento.

Das 40 companhias analisadas, 13 (33%) apresentaram ajustes com relação

ao reconhecimento de operações de arrendamento financeiro.

Os ajustes levaram aos seguintes resultados:

• Redução de aproximadamente R$ 1 bilhão no lucro de 2008 da amostra; e

• Redução de R$ 846 milhões no patrimônio líquido de 2008 da amostra.

Dentre os setores analisados, os mais afetados pela implementação do CPC 06 foram as indústrias extrativa e de transportes. Da nossa amostra, a companhia com o maior impacto em termos de porcentagem no lucro de 2008 foi a Marfrig, com um aumento de 613% como resultado do reconhecimento de arrendamento financeiro. A Gol registrou o segundo maior ajuste resultante de arrendamento financeiro, com uma elevação de 16% no prejuízo de 2008. A companhia que apresentou o maior valor em ajuste com relação a arrendamento financeiro em 2008 foi a Petrobras, contabilizando uma redução de R$ 740 milhões no lucro.

Divulgação

Uma das principais divulgações exigidas pelo CPC 06 é a conciliação entre o investimento bruto no arrendamento mercantil no final do período e o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil a receber nessa mesma data. Além disso, a companhia deve divulgar o investimento bruto no arrendamento mercantil e o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil a receber no final do período, para cada um dos seguintes períodos:

• até um ano;

• de um ano a cinco anos;

• superior a cinco anos.

A seguir apresentamos alguns exemplos de best practice de empresas europeias sobre divulgação do IAS 17 - Leases, além da divulgação da Perdigão de acordo com o CPC 06.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Perdigão [Extraído]

(ii) Financeiro

a) A Companhia mantém controle dos bens arrendados, reconhecidos na alínea de máquinas e equipamentos, cujos valores apresentam os seguintes saldos:

2008 2007

Custo 17.419 13.798

Depreciação acumulada (*) (8.523) (6.785)

Residual 8.897 7.013

(*) Os bens arrendados são depreciados conforme taxa definida na nota 11 para máquinas e equipamentos.

b)Os pagamentos futuros mínimos obrigatórios estão segregados conforme abaixo e foram registrados no balanço na rubrica “outras obrigações”:

Valor presente dos pagamentos mínimos 2008

Juros 2008Pagamentos futuros mínimos 2008

Valor presente dos pagamentos mínimos 2007

Juros 2007Pagamentos futuros mínimos 2007

Até um ano 2.215 98 2.313 - - -

Mais de um ano e até cinco anos 65

Mais de cinco anos 4.857 537 5.395 4.603 351 4.954

7.072 636 7.708 4.603 351 4.954

British Airways [Extraído]

Relatórios anuais e contas para 2007/08 e) Obligations under finance leases and hire purchase contracts

The Group uses finance leases and hire purchase contracts principally to acquire aircraft. These leases have both renewal options and purchase options. These are at the option of the Group. Future minimum lease payments under finance leases and hire purchase contracts are as follows:

Group Company

£ million 2008 2007 2008 2007

Future minimum payments due:

Within one year 389 440 407 458

After more than one year but within five years 1,218 1,298 1,303 1,380

In five years or more 1,268 1,306 1,431 1,500

2,875 3,044 3,141 3,338

Less: finance charges allocated to future periods 578 644 644 730

Present value of minimum lease payments 2,297 2,400 2,497 2,608

The present value of minimum lease payments is analysed as follows:

Within one year 310 349 319 348

After more than one year but within five years 989 1,048 1,040 1,102

In five years or more 998 1,003 1,138 1,158

2,297 2,400 2,497 2,608

Das 14 companhias que divulgaram ajustes referentes a arrendamento financeiro, quatro não realizaram a divulgação conforme exigido pelo CPC 06. Nove companhias apresentaram a divulgação da conciliação dos pagamentos brutos mínimos de arrendamento, por período de tempo, com um único valor de conciliação para custos financeiros, conciliando pagamentos brutos com o valor presente do total de pagamentos. O CPC, no entanto, requer a análise tanto dos pagamentos brutos quanto do valor presente dos pagamentos por período de tempo. Somente uma companhia apresentou a referida divulgação. As divulgações a seguir são exemplos apresentados em demonstrações financeiras de companhias europeias:

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Relatório financeiro anual do Carrefour para 2007 [Extraído]

Financial leasing agreement

(in millions of euros) Total Less than 1 year 1 to 5 years More than 5 years

Minimum rates to be paid 899 82 260 557

Discounted value 464 62 150 252

Total sub-leasing income receivable 20 n/a n/a n/a

Minimum rents paid during the year 193 n/a n/a n/a

Conditional rents 0 n/a n/a n/a

Sub-leasing income 21 n/a n/a n/a

Simple leasing agreements

(in millions of euros) Total Less than 1 year 1 to 5 years More than 5 years

Minimum rates to be paid 4,899 800 1,626 2,473

Total minimum income to be received from sub-leasing

92 n/a n/a n/a

Minimum rents paid during the year 1,039 n/a n/a n/a

Conditional rents 32 n/a n/a n/a

Demonstrações financeiras anuais da Telefónica para 2008 [Extraído]

As companhias também devem divulgar:

a) receita financeira não realizada;

b) valores residuais não garantidos que resultem em benefício do arrendador;

c) provisão para pagamentos mínimos incobráveis do arrendamento mercantil a receber;

d) pagamentos contingentes reconhecidos como receita durante o período;

(22) Finance leases

The principal finance leases at the Telefónica Group are as follows:

a) Future minimum lease payment commitments in relation to finance leases at O2 Group companies.

Millions of euros Minimum payments Finance cost Present value

Within one year 80 (16) 64

From one to five years 183 (29) 154

After five years 99 (7) 92

Total 362 (52) 310

These commitments arise from plant and equipment lease agreements. Between March 30, 1991 and April 9, 2001, finance lease agreements were signed between O2 UK and a number of US leasing trusts. A substantial part of the radio and switch equipment of its GSM network is subject to the terms of said agreements. The agreements have a term of 16 years and an early purchase option after the first 12 years.

At December 31, 2008 and 2007, net assets under this lease amounting to 186 and 323 million euros, respectively, were recognized under property, plant and equipment.

e) descrição geral dos acordos relevantes de arrendamento mercantil do arrendador.

O trecho extraído do relatório do Carrefour é um exemplo dessa divulgação.

O futuro da contabilização de operações de arrendamento

Atualmente, o IASB realiza um projeto que reconsidera o modelo de arrendamento mercantil. A entidade emitiu, em março de 2009, um documento para discussão que apresenta

suas visões preliminares – em conjunto com o FASB – com relação a componentes significativos de modelo contábil para arrendatários. Há também discussões sobre algumas questões que deverão ser abordadas em novas normas sobre contabilização pelo arrendador. A publicação de uma norma final é esperada para o segundo trimestre de 2010.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

CPC 07

Objetivo da norma

Extraído da norma internacional IAS 20 - Accounting for Government Grants and Disclosure of Government Assistance, o CPC 07 dispõe sobre a contabilização e a divulgação de subvenções do governo e da divulgação de outras formas de assistência governamental.

Conforme disposto na norma, por assistência governamental entende-se a ação de um governo para fornecer determinado benefício econômico específico a uma empresa ou a um grupo de companhias que atendam a certos critérios estabelecidos. Já a subvenção governamental é uma assistência governamental na forma de contribuição concedida a uma companhia (usualmente, incentivos fiscais, redução do imposto, empréstimos subsidiados, isenções ou até doação de terrenos), na maioria das vezes, em troca do cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas às atividades operacionais da companhia (por exemplo, investimentos na região em que as fábricas estão instaladas).

As subvenções governamentais somente devem ser reconhecidas quando existir a segurança de que a empresa cumprirá as condições estabelecidas pelo governo e a subvenção será concedida (terreno será entregue, dinheiro será recebido, imposto será reduzido e os empréstimos serão dados em condições usualmente melhores do que as de mercado etc). As subvenções e assistências devem ser reconhecidas como receita no resultado do exercício durante o período necessário para confrontar com as despesas que a subvenção pretende compensar. Isso significa que as subvenções

Subvenção e Assistência Governamentais

não devem mais ser creditadas diretamente no patrimônio líquido.

A perda da subvenção deve ser tratada como uma alteração nas estimativas contábeis. Caso haja reembolso às autoridades fiscais ou órgão responsável do governo, a companhia deve baixar os ativos ou passivos diferidos relacionados à subvenção e o excedente deve ser lançado no resultado do exercício.

A norma trata também de alguns assuntos específicos, tais como empréstimos subsidiados, forma de aplicação de parcela do imposto de renda devido em fundos de investimentos regionais e redução ou isenção de tributos em área incentivada, entre outros.

Comparação com a antiga norma brasileira

De forma geral, não havia norma contábil específica e detalhada no Brasil que determinasse como deveriam ser reconhecidas, classificadas e avaliadas as subvenções e assistências governamentais. Não havia nem mesmo literatura ou orientação sobre a apresentação e divulgação desses ativos nas demonstrações financeiras das empresas brasileiras.

Resultado

Doze (30%) das 40 companhias analisadas tiveram ajustes referentes a subvenções governamentais na reconciliação da Lei n° 11.638/07 em 31 de dezembro de 2008.

Os ajustes resultaram em:

• Aumento de R$ 1,1 bilhão no lucro de 2008 da amostra; e

CP

C 0

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Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young�0

• Aumento de R$ 87 milhões no patrimônio líquido da amostra.

Os setores mais impactados pela adoção do CPC 07, segundo o nosso estudo, foram os de Bens de Consumo e de Energia. Da nossa amostra, a companhia que registrou o maior impacto, em termos de porcentagem sobre o lucro de 2008, foi a Kepler Weber, com redução de 16% de seu prejuízo como resultado da mudança no reconhecimento de incentivos fiscais. A companhia que apresentou o maior valor de ajuste referente a subvenções e assistência governamentais em 2008 foi a Petrobras, com ajuste ao lucro equivalente a R$ 557 milhões.

Divulgação

De acordo com o CPC 07, a empresa deve divulgar as seguintes informações:

a) a política contábil adotada para as subvenções governamentais;

b) a natureza e os montantes das subvenções ou assistências que devem ser reconhecidas;

c) condições ligadas à assistência governamental;

d) descumprimento de condições;

e) eventuais subvenções a reconhecer contabilmente, após o cumprimento das condições contratuais;

f) premissas utilizadas para o cálculo do valor justo; e

g) informações relativas às parcelas aplicadas em fundos de investimentos regionais e às reduções ou isenções de tributos em áreas incentivadas.

As divulgações referentes às subvenções e/ou assistências governamentais das 12 empresas analisadas incluem política contábil adotada e os montantes reconhecidos. Contudo, a natureza e as condições ligadas à subvenção e assistência não estão apresentadas com todos os detalhes requeridos pela norma. As premissas utilizadas para o cálculo do valor justo tampouco foram expostas de forma clara nas demonstrações financeiras.

Na página seguinte apresentamos exemplos de nota explicativa.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young �1

Weg S.A. [Extraído]

02. Apresentação das demonstrações financeiras e principais práticas contábeis (valores em milhares de R$)

6) Subvenções e Assistências Governamentais - Deliberação CVM nº 555/08 (CPC 07)

As subvenções governamentais na forma de contribuição de natureza pecuniária estão reconhecidas em bases sistemáticas ao longo do período em resultados operacionais. As reduções tributárias estão reconhecidas em conta redutora de impostos e despesas.

23 - Subvenções e assistência governamental

A Companhia, através de suas controladas, obteve as seguintes subvenções:

Redução Tributária

A controlada WEG Amazônia S.A. obteve incentivo fiscal do crédito estímulo do ICMS de 90,25%, sendo seu valor reconhecido em reserva de incentivos fiscais no Patrimônio Líquido daquela controlada no montante de R$ 200 em 2008.

Contribuição Pecuniária

As controladas WEG Automação S.A. e WEG Equipamentos Elétricos S.A.,obtiveram durante o exercício de 2008 concessão de subvenção econômica pela FINEP para execução de projeto de pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores no montante de R$ 1.397. Esse montante foi registrado no passivo e realizado para resultado na medida em que as despesas foram incorridas. Em 31 de dezembro de 2008 permanece no passivo o saldo de R$ 196.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás [Extraído]

r) Apuração do Resultado do Exercício

O resultado é apurado pelo regime contábil de competência dos exercícios.

Os incentivos fiscais foram registrados no resultado do exercício como redução do Imposto de Renda apurado, em atendimento ao Pronunciamento CPC 07. A parcela do lucro decorrente destes incentivos fiscais foi totalmente destinada à Reserva de lucros denominada Reserva de Incentivos Fiscais e excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório, em conformidade com o artigo 195-A da Lei nº 6.404/1976, a qual somente poderá ser utilizada para aumento do capital social ou eventual absorção de prejuízos.

Nota 24 - tributos e contribuições sociais

b) Incentivos Fiscais - SUDENE

A Medida Provisória nº 2.199-14, de 24 de agosto de 2001, alterada pela Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, possibilita que as empresas situadas na Região Nordeste, que possuam empreendimentos no setor de infraestrutura considerado, em ato do Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, reduzam o valor do Imposto de Renda devido para fins de investimentos em projetos de instalação, ampliação, modernização ou diversificação.

A controlada CHESF obteve, em 2008, o direito à redução de 75% do Imposto de Renda, calculados com base no lucro da exploração. Tal incentivo foi concedido para os exercícios de 2008 a 2017.

Os incentivos fiscais acima mencionados totalizaram R$ 343.251 mil, em 2008, com registro no resultado do exercício como redução do Imposto de Renda apurado, em atendimento ao Pronunciamento CPC 07. A parcela do lucro decorrente destes incentivos fiscais foi totalmente destinada à Reserva de lucro denominada Reserva de Incentivos Fiscais e excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório, em conformidade com o artigo 195-A da Lei nº 6.404/1976, a qual somente poderá ser utilizada para aumento do capital social ou eventual absorção de prejuízos.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

CPC 08

Objetivo da norma

O pronunciamento CPC 08 dispõe sobre o reconhecimento, mensuração e divulgação dos custos de transação incorridos e dos prêmios recebidos no processo de captação de recursos por intermédio da emissão de títulos patrimoniais e/ou passivos financeiros. A adoção dessa norma faz com que o resultado do exercício e o patrimônio líquido das companhias sejam alterados em razão da capitalização de certos custos de captação de recursos, assim como demandará divulgações adicionais nas demonstrações financeiras.

De acordo com a norma, custos associados a títulos patrimoniais não devem afetar o resultado do período, sendo reconhecidos diretamente no patrimônio líquido após considerados os efeitos fiscais. Os prêmios recebidos por conta da emissão desses títulos devem ser reconhecidos em contas de reserva de capital para, primeiramente, absorverem os custos da captação a que se referem e, posteriormente, podem ser utilizados para redução do capital social ou absorção por reservas de capital.

O mesmo conceito é aplicável para custos com transações de aquisição e alienação de ações próprias. Nessas aquisições, os custos deverão ser reconhecidos na rubrica de ações em tesouraria (integram o custo das ações adquiridas). Já nas alienações deverão ser tratados como aumento ou diminuição do lucro e/ou prejuízo da transação contabilizados diretamente no patrimônio líquido na

Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

conta utilizada como suporte à aquisição de tais ações.

Os custos de captação de passivos financeiros (empréstimos, financiamentos, algumas modalidades de debêntures, entre outros) devem ser registrados como redução do valor justo inicialmente reconhecido desse passivo financeiro.

Para fins de apresentação nas demonstrações financeiras, os custos de captação, prêmios, ágios e deságios devem ser demonstrados separadamente em conta de encargos financeiros. Ou seja, os valores de principal dos passivos financeiros não devem ser apresentados considerando esses montantes.

A norma trata em detalhes também de outros assuntos como, por exemplo, prêmios na emissão de debêntures e de outros instrumentos financeiros que não sejam tributáveis, tratamento a ser dado para custos de captação em instrumentos financeiros avaliados ao valor justo com contrapartida no resultado, considerações sobre capitalização de encargos financeiros, assim como apresenta exemplos didáticos para a aplicação prática.

Comparação com a antiga norma brasileira

De forma geral, não havia norma contábil específica e detalhada no Brasil que determinasse como deveriam ser reconhecidos, mensurados e divulgados

CP

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Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

os custos de transação incorridos e prêmios recebidos no processo de captação de recursos por intermédio da emissão de títulos patrimoniais e/ou passivos financeiros.

Resultados

Das 40 empresas analisadas, apenas sete (18%), de setores variados, apresentaram ajustes relacionados a custos de transação e prêmios na emissão de títulos e valores mobiliários em suas demonstrações financeiras do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2008. Das sete empresas, duas apresentaram ajustes no resultado, outras quatro registraram ajustes no patrimônio e no resultado e apenas uma companhia divulgou o impacto somente no patrimônio líquido.

Das sete empresas que apresentaram impactos relacionados à adoção do CPC 08, três divulgaram custos relacionados à captação de empréstimos e financiamentos, outras três tiveram custos com emissão de ações e uma apresentou custos de transações por meio da emissão de ações e captação de empréstimos, resultando no seguinte impacto no ano fiscal de 2008:

• Aproximadamente R$ 70 milhões de ajuste no resultado, o que representa um impacto positivo de cerca de 4% no resultado agregado dessas empresas;

• Mais de R$ 234 milhões de ajuste no patrimônio líquido, divulgados por cinco das sete empresas.

Divulgação

De acordo com a norma, uma companhia deve divulgar as seguintes informações para cada natureza de captação de recursos (títulos patrimoniais ou de dívida):

a) a identificação de cada processo de captação de recursos;

b) o montante dos custos de transação incorridos em cada processo de captação;

c) o montante de quaisquer prêmios obtidos;

d) a taxa de juros efetiva de cada operação; e

e) o montante dos custos de transação e prêmios a serem apropriados ao resultado em cada período subsequente.

Em nossa amostra, não identificamos qualquer divulgação que atendesse todos os requisitos descritos acima. Porém, a seguir, apresentamos uma divulgação que contempla a grande maioria das informações requeridas.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Braskem S.A. [Extraído]

16 Financiamentos

(i) Custos de transação (captação das operações)

Em 2008, a Companhia incorreu em gastos para estruturar as operações de Eurobonds (Nota 16(a)) e Pré-pagamento de exportações (Nota 16(b)). Os valores classificados como redutores da dívida, e a respectiva movimentação em 2008 estão demonstrados a seguir: (valores em milhares de R$)

Pré-pagamento de exportações Eurobonds Total

Custos incorridos 31.301 16.593 47.894

(-) Amortizações em 2008 (1.258) (830) (2.088)

Saldo a apropriar 30.043 15.763 45.806

O montante a apropriar ao resultado tem a seguinte composição:

Pré-pagamento de exportações Eurobonds Total

2009 7.452 1.659 9.111

2010 7.448 1.659 9.107

2011 7.198 1.659 8.857

2012 5.462 1.659 7.121

2013 2.483 1.659 4.142

2014 em diante 7.468 7.468

30.043 15.763 45.806

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Marfrig [Extraído]

20. Patrimônio líquido

a. Capital social

O capital social subscrito e integralizado em 31 de dezembro de 2008, deduzido dos gastos com emissão pública e privada de ações, é de R$ 2.525.639 (em 31 de dezembro de 2007 era de R$ 1.183.826), representado por 267.943.954 ações ordinárias (em 31 de dezembro de 2007 era de 203.948.954 ações ordinárias), sem valor nominal.

Demonstramos a evolução do capital social da Companhia ao longo do exercício de 2008, tendo em vista o aumento de capital aprovado na ata de reunião do Conselho de Administração realizada em 12 de agosto de 2008, integralizado da seguinte forma:

1) Gastos referentes à Oferta Pública Inicial (IPO) realizada no exercício de 2007.

2) Gastos referentes à emissão privada de ações realizada no exercício de 2008.

Com base na Deliberação CVM nº 556/08, a companhia registrou no patrimônio líquido os custos incorridos no processo de captação de recursos por meio de emissão pública e privada de ações.

Data Descrição Valor

31/12/2007 Capital social 1.183.826

01/01/2008 Gastos com emissão pública de ações (1) (30.273)

22/08/2008 Integralizado pela MMS Participações S.A. 25.000

29/08/2008 Integralizado pelo BNDESPAR 472.483

17/09/2008 Integralizado por Laurus Holdings Limited 430.000

17/09/2008 Integralizado pelos Minoritários 65

15/10/2008 Integralizado pelo BNDESPAR 243.172

15/10/2008 Integralizado por outras Instituições Financeiras 202.643

15/10/2008 Integralizado por Laurus Holdings Limited 2.529

15/10/2008 Gastos com emissão privada de ações (2) (3.806)

31/12/2008 Capital social 2.525.639

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Objetivo da norma

O pronunciamento CPC 09 dispõe sobre os critérios para elaboração e apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Conforme alterações introduzidas por intermédio da Lei nº 11.638/07, somente as empresas abertas são requeridas a apresentar a DVA. Para as companhias fechadas, sua apresentação é facultativa.

A DVA possibilita aos usuários das demonstrações financeiras a identificação e análise de alguns dos fatores econômicos e sociais vinculados à riqueza produzida pelas companhias, assim como sua distribuição aos funcionários, governo, bancos, arrendadores, acionistas e às próprias empresas, seja por meio da retenção de lucros ou do cômputo de prejuízos.

A preparação da DVA leva em consideração cinco grupos de informações, a saber:

i) Receitas;

ii) Insumos adquiridos de terceiros (matérias-primas e serviços; materiais e serviços não incluídos no custo do produto vendido/serviço prestado; despesas ou receitas por conta da perda ou recuperação de valores ativos; outros);

iii) Depreciação, amortização e exaustão;

Demonstração do Valor Adicionado

iv) Resultado de equivalência patrimonial, receitas financeiras e outras receitas;

v) Distribuição da riqueza (pessoal; impostos, taxas e contribuições; remuneração de capitais de terceiros; remuneração do capital próprio).

A norma fornece ainda um modelo de DVA a ser utilizado pelas companhias (incluindo modelos específicos para instituições financeiras, de seguros e de previdência), assim como trata de forma detalhada alguns assuntos como, por exemplo, capitalização de encargos, ajustes de exercícios anteriores, entre outros.

Comparação com a antiga norma brasileira

Até o advento da Lei 11.638/07, a norma brasileira que tratava da divulgação do DVA era o Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 01/00. A preparação do DVA era obrigatória, porém apenas algumas companhias abertas apresentavam a DVA em suas demonstrações financeiras.

Resultados

A pesquisa mostrou que 85% das empresas divulgaram anos comparativos de 2008 e 2007 da demonstração de valor adicionado, pois seis das 40 empresas apenas demonstraram a DVA para o ano de 2008.

CPC 09

CP

C 0

9

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Objetivo da norma

Esse pronunciamento, extraído da norma internacional IFRS 2 – Share-based Payments, dispõe sobre o tratamento contábil e as divulgações necessárias a serem adotadas por uma companhia que mantém operações com pagamentos baseados em ações.

Em particular, esse CPC requer que uma companhia reflita em sua demonstração de resultados e em sua posição financeira os efeitos de operação de pagamento baseado em ações, incluindo despesas associadas às transações nas quais opções de compra de ações são concedidas a empregados. O princípio básico da norma requer que bens sejam reconhecidos quando recebidos e serviços quando obtidos. Normalmente, esses bens e serviços são registrados como despesas, a não ser que possam ser qualificados para serem reconhecidos como ativo, como, por exemplo, na situação de um item de estoque, que será inicialmente contabilizado no ativo e reconhecido posteriormente no resultado quando for consumido ou vendido para terceiros.

A contrapartida pode ser uma conta de passivo, se a operação for liquidada em dinheiro (ou outros ativos) ou conta do patrimônio líquido, se quitada por meio de instrumento de capital.

A norma estabelece princípios de mensuração e requerimentos específicos para três tipos de operação de pagamento baseado em ações:

a) operações de pagamento baseado em ações quitado com instrumentos de capital da própria companhia;

Pagamento Baseado em Ações

b) operações de pagamento baseado em ações quitado em dinheiro; e

c) operações nas quais a empresa recebe ou adquire bens ou serviços e os termos do acordo preveem que a entidade ou o fornecedor de tais bens ou serviços pode decidir se liquidará a operação em dinheiro ou mediante a emissão de instrumentos de capital.

A mensuração dessas operações é diferente, pois uma operação que pode ser liquidada em dinheiro deve ter o seu valor justo recalculado ao final de cada período, enquanto uma operação quitada com instrumentos de capital deve ser mensurada uma única vez, na data de outorga.

Esse CPC é consideravelmente complexo, pois sua aplicação exige estimativas e muitas áreas de julgamento, particularmente no que se refere às expectativas futuras.

Comparação com a antiga norma brasileira

No Brasil, o tema em questão foi coberto nos Ofícios-Circulares da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esses documentos apresentam somente o requerimento de divulgação de determinadas informações. Contudo, até a emissão do CPC 10, não existia um normativo contábil no Brasil requerendo o reconhecimento dos bens quando recebidos ou dos serviços quando emitidos (como despesa ou como ativo, quando elegível para tal).

A norma existente, o Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 1/05, dispõe, entre outros assuntos, de regras a respeito da

CPC 10

CP

C 1

0

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young�0

divulgação e método de precificação das opções. Contudo, nota-se que as divulgações requeridas pelo CPC 10 são mais extensas e exigem divulgações que tratam da apuração do valor justo dos bens e serviços recebidos e dos instrumentos de capital concedidos, como por exemplo:

• O valor justo determinado com base no preço de mercado de produtos ou serviços;

• O valor justo médio ponderado de opções, na data da mensuração, e informações de como esse valor justo foi mensurado, incluindo o modelo de precificação de opções utilizado e os dados utilizados no cálculo, tais como o preço médio ponderado das ações, o preço de exercício, a volatilidade esperada, o prazo de vida da opção, os dividendos esperados, a taxa de juros livre de risco e quaisquer outros dados de entrada do modelo;

• A forma de determinação e explicação da volatilidade esperada.

Resultados

Das 40 companhias analisadas, 15 (38%) apresentaram um ajuste no resultado do ano de 2008 com relação ao reconhecimento de despesa com transações relativas a pagamentos baseados em ações, com efeito total negativo de 7% no lucro líquido dessas empresas. Dentre os setores impactados, destacamos os de Varejo e Mercado Imobiliário com o maior número de companhias com ajuste relacionado ao CPC 10. Contudo, da nossa amostra, a empresa com o maior impacto no lucro, nesse período, foi a GVT, com 38%.

Já as empresas Gafisa e Tenda reportaram impacto de aproximadamente 17% cada uma.

A norma é bastante descritiva no que diz respeito à divulgação das transações com pagamentos baseados em ações. Das 15 empresas analisadas, verificamos que nove não apresentaram divulgações satisfatórias, ou seja, que permitissem aos usuários das demonstrações entenderem a natureza e o impacto dos pagamentos baseados em ações. As seis restantes apresentaram divulgações em linha com os requerimentos da norma. Contudo, nenhuma nota explicativa selecionada contempla todos os requerimentos de divulgação do CPC 10.

Entretanto, o exemplo apresentado na página seguinte, extraído das demonstrações financeiras da Gol, demonstra de forma bastante detalhada as operações de pagamento baseado em ações. A divulgação deve incluir o método utilizado para precificação (exemplo: Black-Scholes) e as premissas utilizadas para esse cálculo, além do número de opções concedidas, canceladas e exercidas e o preço de exercício médio ponderado para cada classe de opções. A divulgação também deveria incluir uma explicação da extensão na qual a volatilidade esperada foi suportada pela volatilidade histórica. Para demonstrar esse requerimento, incluímos a seguir parte da nota explicativa da companhia britânica Tesco PLC.

Tesco PLC [Extraído]

Note 27 - Share-Based Payments.

Volatility is a measure of the amount

by which a price is expected to

fluctuate during a period. The

measure of volatility used in

Tesco PLC option pricing models

is the annualized standard of the

continuously compounded rates of

return on the share over a period of

time. In estimating the future volatility

of the Company’s share price, the

Board considers historical volatility of

the share price over the most recent

period that is generally commensurate

with the expected term of the option,

taking into account the remaining

contractual life of the option.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young �1

Gol Linhas Aéreas Inteligentes [Extraído]

Remuneração com base em opções de compra de ações

Em 20 de dezembro de 2007 o conselho de administração, no âmbito de suas funções e em conformidade com o Plano de Opção de Compra de Ações da Companhia aprovou a outorga de 190.296 opções de compra de ações preferenciais da Companhia ao preço de R$45,46 por ação para o exercício de 2008.

A movimentação das opções existentes em 31 de dezembro de 2008 está apresentada a seguir:

Opções de compra

Preço de exercício médio ponderado

Opções em circulação em 31 de dezembro de 2007 241.857 50,67

Concedidas 190.296 45,46

Exercidas (336) 36,35

Canceladas (69.916) 49,21

Opções em circulação em 31 de dezembro de 2008 361.901 48,26

Quantidade de opções exercíveis em 31 de dezembro de 2007 91.013 44,97

Quantidade de opções exercíveis em 31 de dezembro de 2008 151.436 46,23

O valor justo das opções de compra de ações foi estimado na data de concessão das opções utilizando o modelo de precificação de opções Black-Scholes com base nas seguintes premissas:

Planos de opções de compra de ações

2004 2005 2006 2007

Total de opções concedidas 87.418 99.816 113.379 190.296

Preço de exercício da opção 33,06 47,30 65,85 45,46

Valor justo da opção na data da concessão 29,22 51,68 46,61 29,27

Volatilidade estimada do preço da ação 32,5% 39,9% 46,5% 41,0%

Dividendo esperado 0,8% 0,9% 1,0% 0,9%

Taxa de retorno livre de risco 17,2% 18,0% 13,2% 1,2%

Duração da opção (em anos) 10,00 10,00 10,00 10,00

As despesas com remuneração por meio de opções de compra de ações avaliada com base no valor justo das opções na data da concessão das mesmas, no valor de R$5.362, foram registradas como despesas operacionais a partir de 1º de janeiro de 2008.

O intervalo de preços de exercício e a maturidade média ponderada das opções em circulação, bem como o intervalo de preços de exercício para as opções exercíveis em 31 de dezembro de 2008, estão resumidos a seguir:

Opções em Circulação Opções exercíveis

Intervalos dos preços de

exercício

Opções em circulação em 31/12/2008

Maturidade média ponderada

remanescente

Preço de exercício

médio ponderado

Opções exercíveis em 31/12/2008

Preço de exercício

médio ponderado

33,06 55.724 6,00 33,06 47.516 33,06

47,30 69.194 7,00 47,30 41.053 47,30

65,85 77.353 8,00 65,85 30.941 65,85

45,46 159.630 9,00 45,46 31.926 45,46

33,06-65,85 361.901 7,84 48,26 151.436 46,23

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

British Airways [Extraído]

33 Share options

The Group operates share-based payment schemes as part of the total remuneration package provided to employees – these schemes comprise both share option schemes where employees acquire shares at a grant price and share award plans whereby shares are issued to employees at no cost, subject to the achievement by the Group of specified performance targets. Details of the performance criteria to be met for each of the schemes, and details of the awards to the directors, are set out in the Remuneration report on pages 65 to 73.

a) Share Option Plan 1999

The British Airways Share Option Plan granted options to qualifying employees based on performance at an option price which was not less than the market price of the share at the date of the grant (or the nominal value if shares are to be subscribed and this value is greater than the market value). The options are subject to a three-year vesting period. Upon vesting, options may be exercised at any time until the 10th anniversary of the date of grant with the exception of grants made during 2004/05 when there will be a single re-test after a further year which will measure performance of the Group over the four-year period from the date of grant. No further grants of options under the Share Option Plan will be made other than those during 2005/06 in relation to performance during 2004/05 (for which there will be no re-testing).

b) Long Term Incentive Plan

The Long Term Incentive Plan (LTIP) awarded options to senior executives conditional upon the Company’s achievement of a performance condition measured over three financial years. If granted, all options are immediately exercisable for seven years and no payment is due upon exercise of the options. No further awards under the Long Term Incentive Plan have been made since June 16, 2004.

c) Performance Share Plan

From 2005 the Group introduced a Performance Share Plan for senior executives. Options over shares will be awarded conditional on the achievement of a variety of performance conditions and will vest after three years subject to the executive remaining employed by the Group. A further award will be made that will vest based on the achievement of performance conditions over the following three financial years. No payment is due upon exercise of the options. Executives awarded shares under the Performance Share Plan will be expected to retain no fewer than 50 per cent of the shares (net of tax) which vest from the new schemes until they have built up a shareholding equivalent to 100 per cent of basic salary.

d) Deferred Share Plan

In 2006 the Group introduced a Deferred Share Plan (DSP) granted to qualifying employees based on performance and service tests. It will be awarded when a bonus is triggered subject to the employee remaining in employment with the Group for three years after the grant date. The relevant management population will receive a percentage of their bonus in cash and the remaining percentage in shares through the DSP. The maximum deferral is 50 per cent.

Aproveitamos para incluir exemplos de divulgações de empresas europeias que já aplicam o IFRS 2 há alguns anos, como a British Airways:

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

British Airways [Extraído] - Continuação

33. Share options

e) Share option summary

Group and Company

Deferred Share Plan Performance Share Plan LTIPs Share Option Plan

Number of shares 000s

Weighted average fair value £

Number of shares 000s

Weighted average fair value £

Number of shares 000s

Weighted average fair value £

Number of shares 000s

Weighted average exercise price £

Weighted average fair value £

Outstanding at April 1, 2006* 1,789 4,395 42,047 2.57

Granted in the year 843 4.84 1,101 4.35

Exercised during the year **/*** (2,336) (20,689) 2.38

Expired/cancelled (13) (247) (576) (2,018) 2.81

Outstanding at April 1, 2007 830 2,643 1,483 19,340 2.74

Granted in the year 1,444 2.61

Exercised during the year **/*** (157) (1,530) 2.71

Expired/cancelled (43) (191) (44) (896) 2.73

Outstanding at April 1, 2008 787 3,896 1,282 16,914 2.75

Options exercisable:

At March 31, 2008 7 4.84 1,282 11,413 2.74

At March 31, 2007 1,483 7,642 2.82

Range of exercise prices at March 31, 2008 for Share Option Plan

Range of exercise prices

Options outstanding Options exercisable

Number of shares 000s

Weighted average remaining life (years)

Weighted average exercise price £

Number of shares 000s

Weighted average exercise price £

£1.57 – £2.61 2,784 4.82 1.67 2,784 1.67

£2.62 – £3.20 10,073 6.79 2.70 4,572 2.62

£3.21 – £3.94 4,057 2.40 3.61 4,057 3.61

16,914 5.41 2.75 11,413 2.74

Range of exercise prices at March 31, 2007 for Share Option Plan

Range of exercise prices

Options outstanding Options exercisable

Number of shares 000s

Weighted average remaining life (years)

Weighted average exercise price £

Number of shares 000s

Weighted average exercise price £

£1.57 – £2.61 3,024 5.84 1.67 3,024 1.67

£2.62 – £3.20 11,848 7.76 2.69 150 2.64

£3.21 – £3.94 4,468 3.42 3.61 4,468 3.61

19,340 6.46 2.74 7,642 2.82

* Included within this balance are options over 5,235,228 (2007: 5,708,227) shares that have not been recognised in accordance with IFRS 2 as the options were granted on or before November 7, 2002. These options have not been subsequently modified and therefore do not need to be accounted for in accordance with IFRS 2.** The weighted average share price at the date of exercise for the options exercised is £4.19 (2007: £5.04).*** Part of the exercise of share options during the year met through shares previously held by British Airways Employee Benefits Trust (Jersey) Limited.For the share options outstanding as at March 31, 2008, the weighted average remaining contractual life is five years (2007: six years).For options granted during the year the weighted average option life was three years (2007: three years).

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

The fair value of equity-settled share options granted is estimated as at the date of grant using a binomial lattice or Monte-Carlo model, taking into account the terms and conditions upon which the options were granted. The following table lists the inputs to the models for the options granted in the year:

2008 2007

Expected share price volatility (per cent) 24 28

Historical volatility (per cent) 24 28

Expected comparator group volatility (per cent) 19-96 19-116

Expected comparator correlation (per cent) 28 23

Expected life of options (years) 3 3

Weighted average share price 4.03 4.94

The expected life of the options is based on historical data and is not necessarily indicative of exercise patterns that may occur. Volatility was calculated with reference to the Group’s weekly share price volatility. The expected volatility reflects the assumption that the historical volatility is indicative of future trends, which may also not necessarily be the actual outcome. The fair value of the Performance Share Plans also takes into account a market condition of total shareholder returns as compared to strategic competitors. No other features of options granted were incorporated into the measurement of fair value.

The share-based payments charge has been recorded in the income statement as follows:

£ million 2008 2007

Employee costs 3 10

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

British Airways [Extraído] - Continuação

Objetivo da norma

Essa norma estabelece requisitos básicos a serem observados pelas companhias quando do cálculo e registro, se aplicável, do Ajuste a Valor Presente (AVP) de elementos do ativo e do passivo quando da elaboração de demonstrações financeiras e extingue algumas questões controversas, dentre elas:

a) aplicação ou não de AVP para fluxos de caixa estimados ou esperados;

b) em que situações são requeridas a adoção do AVP de ativos e passivos;

c) se passivos não contratuais são alcançados pelo AVP;

d) qual a taxa apropriada de desconto para um ativo ou um passivo e quais os cuidados necessários para evitar distorções de cômputo e viés;

e) qual o método de alocação de descontos (juros) recomendado;

f) se o AVP deve ser efetivado líquido de efeitos fiscais.

Comparação com antiga norma brasileira

De forma geral, não havia norma contábil específica e detalhada no Brasil que determinasse como devem ser mensurados os ativos e passivos monetários. Contudo, algumas empresas já efetuavam o cálculo a valor presente de certos ativos e passivos monetários.

Resultados

O nosso estudo demonstrou que 21 das 40 empresas analisadas registraram impacto

Ajuste a Valor Presente

no resultado com a adoção do CPC 12. O impacto líquido total nas demonstrações de resultado foi de aproximadamente 1% sobre o lucro. O setor com o maior impacto contábil foi o de Varejo, com um impacto negativo de 9% na demonstração de resultado, seguido pela indústria de bens de capital, com um impacto positivo de 4%.

No que diz respeito às divulgações requeridas pelo CPC 12, verificamos que as informações fornecidas pelas empresas que tiveram impacto em virtude dos ajustes a valor presente não são suficientes quando comparadas aos detalhes requeridos pela norma. De forma geral, as empresas não apresentaram as premissas utilizadas no cálculo do ajuste (ex.: taxas de juros decompostas por prêmios incorporados e por fatores de risco, montantes dos fluxos de caixa estimados, horizonte temporal estimado ou esperado, expectativas em termos de montante e temporalidade dos fluxos) e tampouco apresentaram os modelos utilizados para cálculo de riscos e inputs dos modelos. A norma também exige que as empresas incluam uma “breve descrição do método de alocação dos descontos e do procedimento adotado para acomodar mudanças de premissas da administração”, porém não identificamos nenhuma divulgação com esses detalhes.

As demonstrações financeiras das Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (Celesc) contêm divulgação de práticas contábeis com detalhes das taxas utilizadas para o cálculo de desconto a valor presente:

CPC 12

CP

C 1

2

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. – Celesc [Extraído]

Também verificamos que a grande maioria das empresas optou por uma divulgação do ajuste a valor presente na nota de principais práticas contábeis, como vemos no exemplo abaixo:

Lojas Americanas [Extraído]

Nota 3 – principais práticas contábeis

(m) Ajuste a valor presente de ativos e passivos

As operações de compras e vendas a prazo, prefixadas, e demais ativos e passivos, quando aplicáveis e relevantes, foram trazidas ao seu valor presente considerando os prazos das referidas transações. Para as contas a receber de clientes, utilizou-se a taxa média de 14,25% a.a. (12,43% a.a. em 2007), sendo a mínima de 11,76% a.a. (11,33% a.a.em 2007) e máxima de 19,03% a.a. (13,65% a.a. em 2007) dos descontos dos recebíveis e, para fornecedores, a taxa média de 13,08% (11,62% a.a. em 2007), sendo a mínima de 11,06% a.a. e máxima de 15,00% a.a. das captações para o exercício de 2008.

A constituição do ajuste a valor presente de compras é registrada nas rubricas “Fornecedores” e “Estoques” (Nota Explicativa nº 7) e sua reversão tem como contrapartida a rubrica “Despesas financeiras”, pela fruição de prazo, no caso de fornecedores, e pela realização dos estoques em relação aos valores neles registrados na rubrica “Custo das mercadorias vendidas”. O ajuste a valor presente das vendas a prazo tem como contrapartida a rubrica “Contas a receber de clientes” (Nota Explicativa nº 6) e sua realização é registrada na rubrica “Receitas financeiras”, pela fruição do prazo. Os efeitos do ajuste a valor presente referentes ao exercício de 2007 foram registrados em contrapartida ao patrimônio líquido em razão do processo de transição contábil (CPC 13).

9. Títulos a Receber

Correspondem a créditos derivados da venda de energia elétrica e outros, oriundos de débitos em atraso, os quais foram objetos de negociação mediante contratos de parcelamentos, acrescidos de encargos de mora até a data de consolidação dos débitos.

Para o Ajuste a Valor Presente (AVP) foi utilizado o método pró-rata dia. A empresa elegeu o índice CDI + 1,00% como taxa de desconto a valor presente de suas operações ativas no curto prazo e no longo prazo realizada com a Casan, por considerar que esse índice reflete juros compatíveis com a natureza de atraso da fatura de energia, o prazo e os riscos relacionados às transações, levando-se em consideração, ainda, as taxas de mercado praticadas na data inicial das transações.

Em abril de 2008 a mensuração contábil a valor presente foi aplicada no reconhecimento inicial desse ativo, ou seja, a data de transação efetiva considerando a taxa vigente a data da transação pelo prazo remanescente até a data de vencimento dos valores.

O montante do ajuste a valor presente teve como contrapartida a conta de despesas financeiras (nota explicativa nº 36) é o realizado no ano teve como contrapartida a contas de receitas financeiras correspondentes no resultado.

Controladora

Descrição 2008

Total 133.149

Ajuste a Valor Presente (20.220)

Montante Atualizado (*) 112.929

Ativo circulante 70.927

Ativo Realizável a Longo Prazo 42.002

(*) No montante atualizado, R$ 111.064 refere-se à negociação realizada com a Casan em 30 de abril de 2008, será recebido em 24 parcelas, sendo que as amortizações iniciaram em 31 de outubro de 2008.

Descrição 2008

Valor da transação R$ 143.219

Taxa de desconto 1,64%

Amortização no ano (R$ 11.935)

Ajuste a valor presente na data da transação (R$ 35.257)

Valor do ajuste a valor presente realizado em 2008 R$ 15.037

Saldo em 31.12.2008 R$ 111.064

Ativo circulante 70.430

Ativo não circulante 40.634

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Objetivo da norma

O objetivo desse pronunciamento é o de assegurar que as primeiras demonstrações elaboradas estejam de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil e o de orientar as empresas para a adoção inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08.

O primeiro passo para a adoção do CPC 13 consiste na determinação da data de transição para as novas práticas contábeis e na preparação de um balanço patrimonial inicial. Foram colocadas duas opções à disposição das companhias para a determinação da data de transição, sendo elas:

1. Apresentação de demonstrações financeiras sem os saldos comparativos ajustados pelas novas práticas contábeis; ou

2. Apresentação de demonstrações financeiras com os saldos comparativos ajustados pelas novas práticas contábeis.

Por tratar-se de uma primeira adoção, o pronunciamento permite algumas isenções e exceções específicas, segundo as quais o custo de aplicação da nova prática contábil supera os benefícios para os usuários das demonstrações financeiras ou é impraticável.

O CPC 13 também requer as seguintes divulgações:

i) Na nota explicativa que trata da base de apresentação das demonstrações financeiras e/ou a das práticas contábeis adotadas, deve-se divulgar uma declaração explícita e sem ressalvas de que a empresa está cumprindo

Adoção Inicial da Lei n° 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08

integralmente e, pela primeira vez, a Lei n° 11.638/07 e da MP nº 449;

ii) Apresentação do sumário das práticas contábeis modificadas e de conciliação do resultado e do patrimônio líquido antes dos dispositivos da Lei n° 11.638/07 e MP nº 449/08 com o resultado e o patrimônio líquido após esses novos dispositivos;

iii) Divulgação das opções relevantes efetuadas pela administração da entidade em relação ao disponibilizado ou permitido pelo CPC 13.

Descrevemos, abaixo, as principais isenções e situações específicas tratadas pelo pronunciamento:

a) Isenção sobre a apresentação de demonstrações financeiras comparativas: a companhia pode optar por não ajustar as demonstrações financeiras do ano comparativo;

b) Isenção para apresentação das demonstrações dos fluxos de caixa sem indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior;

c) Isenção para apresentação das demonstrações do valor adicionado sem indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior;

d) Isenção sobre a classificação de instrumentos financeiros na data original de seu registro: apesar de o CPC 14 determinar que a classificação dos instrumentos financeiros deve ser feita no momento original de seu registro, para fins de primeira adoção, o CPC 13 permite que tais instrumentos sejam classificados na data de transição;

CPC 13

CP

C 1

3

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

e) Exceção sobre o reconhecimento de arrendamentos mercantis financeiros vigentes antes da data de transição e sobre a capitalização de custos iniciais de contratação diretamente associados a esses arrendamentos;

f) A companhia pode optar por baixar os ativos diferidos existentes – que não possam ser reclassificados – no balanço de abertura em contrapartida à conta de lucros ou prejuízos acumulados (líquido dos efeitos fiscais);

g) Isenção sobre a manutenção de saldos no ativo diferido até sua realização: o CPC permite à empresa manter os saldos reconhecidos de ativo diferido até sua completa amortização, submetendo-o à análise de recuperação de ativos;

h) Obrigatoriedade de amortização do ágio até 31/12/2008;

i) Isenção sobre as considerações de cálculo do ajuste a valor presente: o CPC permite o cálculo global do ajuste dos ativos ou passivos monetários na data da transição contra lucros acumulados;

j) Isenção sobre a determinação do valor do ágio em investimentos que passaram a ser avaliados pelo método de equivalência patrimonial (investimentos contra lucros acumulados);

k) Isenção sobre a manutenção do saldo de reserva de reavaliação;

l) Neutralidade para fins tributários da aplicação inicial da Lei n° 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08.

Outras isenções e exceções do CPC 13:

• Isenção sobre o reconhecimento de pagamento baseado em ações;

• Exceção sobre o tratamento de prêmios recebidos na emissão de debêntures;

• Exceção para aplicação da primeira avaliação periódica da vida útil-econômica dos bens do imobilizado.

Resultados

Das 40 empresas analisadas, verificamos que praticamente todas reportaram impacto contábil em resposta à adoção da Lei n° 11.638/07. Apenas uma companhia optou pela data de transição em 1º de janeiro de 2006, enquanto 14 empresas optaram por 1º de janeiro de 2007 e o restante, 25 empresas, optou por 1º de janeiro de 2008.

As isenções e exceções do CPC 13 impactaram as empresas de formas diferentes. No gráfico abaixo, que representa o impacto das opções e isenções citadas anteriormente, vemos que 40% das empresas apresentaram demonstrações comparativas, ou seja, mais de 60% optaram pela isenção sobre a apresentação de demonstrações financeiras comparativas. Em contrapartida, a maioria das companhias apresentou demonstrações de fluxo de caixa e de valor adicionando comparativos de 2007 e 2008. E, desse grupo de empresas, algumas ainda apresentaram tais demonstrações para o ano de 2006.

Com relação ao registro de instrumentos financeiros existentes na data de transição, 45% das empresas optaram por registrar tais instrumentos no balanço de abertura. Apenas 33% divulgaram impacto contábil

relacionado a contratos de arrendamento financeiro na data de transição. A nova norma também apresentou novos conceitos no que diz respeito ao tratamento e reconhecimento de ativos intangíveis. Para ativos diferidos existentes na data de transição, as empresas têm a opção de baixar o ativo diferido contra lucros acumulados ou manter os saldos reconhecidos de ativo diferido até a sua completa amortização, submetendo-o à análise de recuperação de ativos. O impacto da opção de baixa do ativo diferido foi de 43%, enquanto 30% das empresas optaram pela completa amortização do ativo diferido. Quanto à opção da amortização de ativos intangíveis, verificamos que mais de 70% optaram pela amortização do ágio até o final de 2008. E 60% das empresas registraram ajuste a valor presente contra lucros acumulados, enquanto apenas 13% estornaram a reserva de reavaliação na data de transição.

Embora algumas companhias não divulguem se optaram – ou não – pelo Regime Tributário de Transição (RTT), verificamos que 60% divulgaram sua opção da neutralidade fiscal.

Na próxima página apresentamos exemplo de nota explicativa sobre o CPC 13.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

a b c d e f g h i j k l

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Isenções e opções na adoção da norma

* As referências às isenções e opções nomeadas de A a L podem ser consultadas nas páginas 58 e 59.

*

40%

100%

88%

45%

33%

43%

30%

73%

60%

28%

13%

60%

Companhia Brasileira de Distribuição [Extraído]

2. Base de Preparação e Apresentação das Demonstrações Financeiras e Adoção

Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08

b) Alteração da Lei das Sociedades por Ações – Lei nº 11.638/07 e MP nº 449/08

Em conformidade com o disposto pela Deliberação CVM 565, de 17 de dezembro de 2008, que aprovou o pronunciamento técnico CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08, e com vista aos requerimentos estabelecidos pela Deliberação CVM 506, de 19 de junho de 2006, a companhia estabeleceu a data de transição para a adoção das novas práticas contábeis em 1º de janeiro de 2007. A data de transição é definida como sendo o ponto de partida para a adoção das mudanças nas práticas contábeis adotadas no Brasil e representa a data-base em que a companhia preparou seu balanço patrimonial inicial ajustado para atender a esses novos dispositivos contábeis.

A companhia utilizando a opção da Deliberação CVM 565/08 apresenta em suas demonstrações financeiras comparativas os valores dos períodos mais antigos como se a nova prática contábil sempre estivesse em uso. As referidas alterações nas práticas contábeis que produziram efeitos na preparação ou na apresentação das demonstrações financeiras dos exercícios encerrados em 31 de dezembro de 2008 e 2007 foram mensuradas e registradas pela Companhia com base nos seguintes pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis e aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários e Conselho Federal de Contabilidade:

• Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovado pela Deliberação CVM nº 539, de 14 de março de 2008;

• CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos, aprovado pela Deliberação CVM nº 527, de 01 de novembro de 2007;

• CPC 03 - Demonstração dos Fluxos de Caixa, aprovado pela Deliberação CVM nº 547, de 13 de agosto de 2008;

• CPC 04 - Ativo Intangível, aprovado pela Deliberação CVM nº 553, de 12 de novembro de 2008;

• CPC 05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas, aprovado pela Deliberação CVM nº 560, de 11 de dezembro de 2008;

• CPC 06 - Operações de Arrendamento Mercantil, aprovado pela Deliberação CVM nº 554, de 12 de novembro de 2008;

• CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários, aprovado pela Deliberação CVM nº 556, de 11 de novembro de 2008;

• CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado, aprovado pela Deliberação CVM nº 557, de 12 de novembro de 2008.

• CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações, aprovado pela Deliberação CVM nº 562, de 17 de dezembro de 2008;

• CPC 12 - Ajuste a Valor Presente, aprovado pela Deliberação CVM nº 564, de 17 de dezembro de 2008;

• CPC 13 - Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08, aprovado pela Deliberação CVM nº 565, de 17 de dezembro de 2008; e

• CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação, aprovado pela Deliberação CVM nº 566, de 17 de dezembro de 2008.

O balanço patrimonial inicial de 1º de janeiro de 2007 (data de transição) foi preparado considerando as exceções requeridas e algumas das isenções opcionais permitidas pelo pronunciamento técnico CPC 13, sendo elas:

(i) Isenção sobre a classificação de instrumentos financeiros na data original de seu registro -

Apesar de o CPC 14 determinar que a classificação dos instrumentos financeiros deva ser feita no momento original de seu registro, para fins de primeira adoção, o CPC 13 permite que sejam classificados na data de transição, sendo essa a opção efetuada pela Companhia.

(ii) Isenção sobre a manutenção de saldos no ativo diferido até sua realização - A Companhia optou por baixar os saldos reconhecidos no grupo do ativo diferido na data de transição contra a conta de lucros acumulados.

(iii) Isenção sobre as considerações de cálculo do ajuste a valor presente - A Companhia calculou o ajuste a valor presente com base nos dados contratuais de cada transação que geraram ativos ou passivos monetários, assim como utilizou as taxas de desconto com base nas premissas de mercado existentes na data de transição.

(iv) Isenção sobre o reconhecimento de pagamento baseado em ações - A Companhia mensurou e reconheceu os pagamentos baseados em ações, em aberto na data de transição e outorgados após a data de transição, de acordo com o pronunciamento técnico CPC 10.

(v) Isenção para apresentação das demonstrações dos fluxos de caixa e do valor adicionado sem indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior - Com o objetivo de permitir a comparabilidade, a Companhia optou por preparar e apresentar as demonstrações dos fluxos de caixa e do valor adicionado relativas ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2007, de acordo com as disposições contidas no CPC 03 e CPC 09, respectivamente. A Companhia também optou por não mais apresentar as demonstrações das origens e aplicações de recursos para os exercícios encerrados a partir de 1º de janeiro de 2008.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young�0

(vi) Neutralidade para fins tributários da aplicação inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08.

A Companhia optou pelo Regime Tributário de Transição (RTT) instituído pela Medida Provisória nº 449/08, por meio do qual as apurações do Imposto Sobre a Renda (IRPJ), da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), da contribuição para o PIS e da contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS), para o biênio 2008-2009, continuam a ser determinadas sobre os métodos e critérios contábeis definidos pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, vigentes em 31 de dezembro 2007.

Dessa forma, o imposto de renda e a contribuição social diferidos, calculados sobre os ajustes decorrentes da adoção das novas práticas contábeis advindas da Lei nº 11.638/07 e MP nº 449/08, foram registrados nas demonstrações financeiras da Companhia, quando aplicáveis, em conformidade com a Instrução CVM nº 371. A Companhia irá consignar referida opção na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) no ano de 2009.

(vii) Exceção sobre o reconhecimento de arrendamentos mercantis financeiros vigentes antes da data de transição e sobre a capitalização de custos iniciais de contratação diretamente associados a esses arrendamentos.

Para os contratos vigentes na data de transição e que apresentaram as características de arrendamento mercantil financeiro, a Companhia registrou no ativo imobilizado, em conta específica, o bem arrendado pelo valor justo ou, se inferior, pelo valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, na data inicial do contrato, ajustado pela depreciação acumulada e pelos pagamentos calculados desde a data do contrato até a data de transição. A diferença apurada foi registrada contra lucros acumulados na data de transição.

(viii) Exceção sobre amortização de ágios fundamentados por rentabilidade futura (goodwill).

Os ágios fundamentados em rentabilidade futura registrados pela Companhia foram amortizados até 31 de dezembro de 2008.

(ix) Exceção para aplicação da primeira

Controladora

Lucro Líquido Patrimônio Líquido

2008 2007 2008 2007

Lucro Líquido e Patrimônio líquido antes das alterações introduzidas pela Lei 11.638/07 e MP 449/08

281.360 210.878 5.471.530 5.011.992

Arrendamento Mercantil Financeiro (ii) (3.110) (3.269) (5.415) (2.305)

Instrumentos Financeiros e Derivativos (iii) (6.599) (176) (5.843) 756

Pagamentos baseados em ações (i) (19.437) (25.169) - -

AVP de ativos e passivos monetários qualificáveis (iv) (3.539) (846) (7.699) (4.160)

Baixa de ativos diferidos não reclassificáveis (v) 14.709 (1.022) (62.376) (77.085)

Efeitos decorrentes de equivalência patrimonial (2.592) 3.931 (2.812) (220)

Imposto de renda e contribuição social diferidos (365) 1.328 20.331 20.699

Efeitos líquidos decorrentes da aplicação integral da Lei 11.638/07 e MP 449/08

(20.933) (25.223) (63.814) (62.315)

Lucro Líquido e Patrimônio líquido ajustado com a Lei 11.638/07 e MP 449/08

260.427 185.655 5.407.716 4.949.677

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young �1

avaliação periódica da vida útil-econômica dos bens do imobilizado.

Até 31 de dezembro de 2009, a Companhia irá reavaliar as estimativas de vida útil-econômica de seus ativos imobilizados, utilizadas para determinação de suas taxas de depreciação e amortização. Eventuais mudanças na estimativa da vida-útil-econômica dos ativos, decorrentes dessa reavaliação, se relevantes, serão tratadas como mudança de estimativas contábeis a serem reconhecidas de forma prospectiva.

c) Efeitos dos ajustes da Lei nº 11.638/07 e MP nº 449/08

Em atendimento aos requerimentos de divulgação sobre adoção inicial das novas práticas contábeis, a Companhia está apresentando, no quadro abaixo, para esse exercício e o exercício anterior para fins de comparação, uma breve descrição e os valores correspondentes aos impactos no patrimônio líquido e no resultado, da controladora e consolidado, referentes às alterações introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e pela Medida Provisória nº 449/08.

Companhia Brasileira de Distribuição [Extraído] - Continuação

c) Efeitos dos ajustes da Lei nº 11.638/07 e MP nº 449/08 - Continuação

(i) O Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações determina que os efeitos das transações de pagamentos baseados em ações estejam refletidos no resultado e no balanço patrimonial da entidade, incluindo despesas associadas com transações nas quais opções de ações são outorgadas a empregados. Conforme mencionado na Nota 18 (g), a Companhia possui Plano de Outorga de Opções de Compra de Ações aos administradores e principais executivos.

(ii) O Pronunciamento Técnico CPC 06 – Arrendamento Mercantil determina que as operações em que haja transferência de riscos e benefícios para arrendatário possam ser classificadas como ativo imobilizado e financiamentos, refletindo a essência de uma compra financiada. Os efeitos da mudança de critério estão detalhados nas Notas 11 e 21.

(iii) O Pronunciamento Técnico CPC 14 – Instrumentos Financeiros determina que instrumentos financeiros, inclusive derivativos, sejam registrados: (i) pelo seu valor de mercado ou valor equivalente, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e (ii)

Controladora

Lucro Líquido Patrimônio Líquido

2008 2007 2008 2007

Lucro Líquido e Patrimônio líquido antes das alterações introduzidas pela Lei 11.638/07 e MP 449/08

281.360 210.878 5.471.530 5.011.992

Arrendamento Mercantil Financeiro (ii) (3.110) (3.269) (5.415) (2.305)

Instrumentos Financeiros e Derivativos (iii) (6.599) (176) (5.843) 756

Pagamentos baseados em ações (i) (19.437) (25.169) - -

AVP de ativos e passivos monetários qualificáveis (iv) (3.539) (846) (7.699) (4.160)

Baixa de ativos diferidos não reclassificáveis (v) 14.709 (1.022) (62.376) (77.085)

Efeitos decorrentes de equivalência patrimonial (2.592) 3.931 (2.812) (220)

Imposto de renda e contribuição social diferidos (365) 1.328 20.331 20.699

Efeitos líquidos decorrentes da aplicação integral da Lei 11.638/07 e MP 449/08

20.933) (25.223) (63.814) (62.315)

Lucro Líquido e Patrimônio líquido ajustado com a Lei 11.638/07 e MP 449/08

260.427 185.655 5.407.716 4.949.677

pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, dos dois o menor. Os instrumentos da Companhia são considerados como: (i) hedge de valor justo destinado a compensar riscos da exposição à variação no valor justo do item objeto de hedge e (ii) instrumento financeiro derivativo mensurado a valor justo (Notas 13 e 14).

(iv) O Pronunciamento Técnico CPC 12 – Ajuste a Valor Presente define que os ativos e passivos não circulantes devem ser ajustados pelo seu valor presente e os ativos e passivos circulantes quando relevantes. A Companhia adotou como premissa o ajuste a valor presente de seus ativos e passivos conforme determinado pela norma, utilizando a taxa do custo médio ponderado do capital (Weighted Average Cost of Capital – “WACC”) e prazo de pagamento ou recebimento.

(v) Conforme previsto na MP nº 449/08, foi extinto o grupo de ativo diferido. A Administração da Companhia optou por efetuar a baixa do diferido na data de transição e passou a registrar os gastos incorridos nos exercícios de 2007 e 2008 diretamente como despesa no resultado do exercício.

Por conta da eliminação promovida pela MP nº 449/08 da linha de resultado não operacional, a Companhia reclassificou na demonstração do resultado dos exercícios encerrados em 31 de dezembro de 2008 e 2007 os montantes de R$ (6.064) e R$ (10.451) na controladora e R$ (10.914) e R$ (9.084) no consolidado, respectivamente para a linha de outras receitas (despesas) operacionais, representados basicamente pelo

resultado na baixa do ativo imobilizado.

Conforme determinado pelo CPC 08, a Companhia reclassificou para a conta de empréstimos os custos de transação e prêmios na emissão de títulos, anteriormente registrados como despesas antecipadas para os exercícios encerrados em 31 de dezembro de 2008 e 2007, nos montantes de R$ 6.875 e R$ 4.424 na controladora e R$ 8.381 e R$ 5.096 no consolidado, respectivamente.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Objetivo da norma

Em 5 de dezembro de 2008, a Coordenadoria Técnica do Comitê de Pronunciamentos Contábeis tornou pública a aprovação do CPC 14 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação, que se correlaciona com as normas internacionais pelo IAS 39, IAS 32 e IFRS 7.

Considerando a complexidade inerente aos instrumentos financeiros e ao processo de seu reconhecimento, mensuração e evidenciação nas demonstrações de acordo com as normas internacionais de

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação

contabilidade, o processo de migração é realizado em duas etapas.

Esse pronunciamento representa a primeira etapa e tem como objetivo estabelecer princípios para o reconhecimento e mensuração de ativos e passivos financeiros e de alguns contratos de compra e venda de itens não financeiros e para a evidenciação de instrumentos financeiros derivativos.

Categorização e mensuração dos instrumentos financeiros

A norma exibe cinco categorias de instrumentos financeiros, como segue:

CPC 14

Categoria Mensuração inicial Mensuração subsequente

Ativos e passivos mensurados ao valor justo por meio do resultado

Valor justo com ajuste no resultado Valor justo com ajuste no resultado

Investimentos mantidos até o vencimento

Custo amortizado utilizando TJE (taxa de juros efetiva)

Custo amortizado utilizando TJE (taxa de juros efetiva)

Empréstimos (concedidos) e recebíveis

Custo amortizado utilizando TJE (taxa de juros efetiva)

Custo amortizado utilizando TJE (taxa de juros efetiva)

Ativos disponíveis para vendaValor justo com ajuste no

patrimônio líquidoValor justo com ajuste no

patrimônio líquido

Passivos não mensurados ao valor justo

Custo amortizado utilizando TJE (taxa de juros efetiva)

Custo amortizado utilizando TJE (taxa de juros efetiva)

Derivativos

Um derivativo é um instrumento financeiro ou outro contrato que:

a) O valor muda em resposta à mudança específica na taxa de juros, preço de títulos e valores mobiliários, preço de commodities, taxa de câmbio, índice de preços ou outra variável similar;

b) Gera pequeno ou nenhum desembolso financeiro inicial;

c) Tem sua liquidação em uma data futura.

Contabilidade de operações de hedge (hedge accounting)

Para companhias que realizam operações com derivativos (e alguns instrumentos financeiros não derivativos) com o objetivo de hedge em relação a um risco específico determinado e documentado, há a possibilidade de aplicação da metodologia denominada contabilidade de operações de hedge (hedge accounting).

Essa metodologia faz com que os

CP

C 1

4

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

impactos na variação do valor justo dos derivativos (ou outros instrumentos financeiros não derivativos) utilizados como instrumento de hedge sejam reconhecidos no resultado de acordo com o reconhecimento do item que é objeto de hedge. As operações com instrumentos financeiros destinadas a hedge devem ser classificadas em uma das categorias a seguir:

a) Hedge de valor justo;

b) Hedge de fluxo de caixa;

c) Hedge de um investimento no exterior.

Comparação com a antiga norma brasileira

Até o advento da Lei n° 11.638/07 não existiam normas contábeis específicas sobre instrumentos financeiros para as companhias abertas não subordinadas ao Banco Central do Brasil. A instrução CVM 235, de 23 de março de 1995, estabelece somente regras no que se refere à evidenciação de instrumentos financeiros com ênfase na divulgação qualitativa. A norma, no entanto, já exigia a evidenciação do valor de mercado dos instrumentos financeiros. Porém, os critérios são mais genéricos e menos detalhados do que os do CPC 14.

Divulgação

A divulgação das informações relacionadas aos instrumentos financeiros foi aprovada pela Instrução CVM 475/08, que dispõe sobre a apresentação de informações sobre instrumentos financeiros em nota explicativa específica e sobre a divulgação do quadro demonstrativo de análise

de sensibilidade, e pela Deliberação 550/08. Esta, por sua vez, dispõe sobre a apresentação de informações sobre instrumentos financeiros derivativos em nota explicativa às informações trimestrais – ITR.

Essas deliberações discorrem sobre as informações quantitativas e qualitativas que devem ser divulgadas em notas explicativas pelas companhias abertas.

Informações requeridas em notas explicativas:

1) Política de utilização de instrumentos financeiros;

2) Objetivos e estratégias de gerenciamento de riscos, particularmente a política de proteção patrimonial (hedge);

3) Riscos associados a cada estratégia de atuação no mercado, adequação dos controles internos e parâmetros utilizados para o gerenciamento desses riscos e os resultados obtidos em relação aos objetivos propostos;

4) O valor justo de todos os derivativos contratados, os critérios de avaliação e mensuração, métodos e premissas significativas aplicadas na apuração do valor justo;

5) Valores registrados em contas de ativo e passivo segregados, por categoria, risco e estratégia de atuação no mercado, aqueles com o objetivo de proteção patrimonial (hedge) e aqueles com o propósito de negociação;

6) Valores agrupados por ativo, indexador de referência, contraparte, local de negociação (bolsa ou balcão)

ou de registro e faixas de vencimento, destacados os valores de referência, de custo, justo e risco da carteira;

7) Ganhos e perdas no período, agrupados pelas principais categorias de riscos assumidos, segregados aqueles registrados no resultado e no patrimônio líquido (inclui derivativos liquidados);

8) Valores e efeito no resultado do período de operações que deixaram de ser qualificadas para a contabilidade de operações de proteção patrimonial (hedge), bem como aqueles montantes transferidos do patrimônio líquido em decorrência do reconhecimento contábil das perdas e dos ganhos no item objeto de hedge;

9) Principais transações e compromissos futuros objeto de proteção patrimonial (hedge) de fluxo de caixa, destacados os prazos para o impacto financeiro previsto;

10) Valor e tipo de margens dadas em garantia;

11) Razões pormenorizadas de eventuais mudanças na classificação dos instrumentos financeiros;

12) Efeitos da adoção inicial desse pronunciamento;

13) Quadro demonstrativo de análise de sensibilidade.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Cumprimento dos requerimentos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Item 1 Item 2 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 8* Item 9 Item 10 Item 11* Item 12 Item 13

Item das deliberações**

Apresentamos, abaixo, uma avaliação geral do cumprimento dos requerimentos de divulgação nas notas explicativas referentes aos instrumentos financeiros das 40 empresas analisadas.

Com exceção dos itens 8 e 11, o item 10 é o menos divulgado nas notas explicativas analisadas (45% de cumprimento) e refere-se à divulgação dos valores e tipos de garantias dadas e recebidas em transações efetuadas com instrumentos financeiros. Das 40 companhias analisadas, 18 divulgaram informações para o atendimento de tal requerimento, porém somente seis delas possuíam efetivamente contratos que envolviam garantias dadas ou recebidas. As demais 12 companhias informaram a não-existência de garantias relacionadas com as transações que envolvem instrumentos financeiros.

O item 6, com apenas 53% de apresentação, trata da divulgação de valores agrupados por ativo, indexador de referência, contraparte, local de negociação ou de registro e faixas de vencimento, destacados os valores de referência, de custo, justo e risco da carteira.

Dentre as 19 empresas que não apresentaram divulgação deste item, verificamos que quatro delas não possuem operações com instrumentos financeiros derivativos.

O item 12 (63% de cumprimento), refere-se à divulgação quanto aos efeitos da adoção inicial deste pronunciamento. Das empresas sob análise, 15 não divulgaram qualquer informação relacionada com os efeitos na adoção inicial. Do grupo que realizou divulgações a respeito, seis divulgaram apenas aspectos qualitativos, descrevendo somente as mudanças nos critérios instituídos por meio das novas regulamentações. Outras seis apresentaram nota explicativa sobre os impactos gerais da Lei n° 11.638/07, mas não especificamente sobre o impacto relacionado a instrumentos financeiros. Outras empresas justificaram não divulgar a informação por julgarem os impactos irrelevantes.

Resultados do impacto contábil

Analisando os efeitos contábeis da adoção do CPC 14 nas demonstrações financeiras, observamos que os principais impactos são ocasionados pela utilização de instrumentos financeiros derivativos, aplicações financeiras em títulos públicos e privados, empréstimos atrelados com derivativos e realizados em moedas estrangeiras.

Entre as empresas analisadas, verificamos que 24 empresas (60%) sofreram impacto com a implementação dos requisitos da Lei n° 11.638/07 e com a adoção do CPC 14 e as deliberações que o aprovam:

• Ajuste total negativo de aproximadamente R$ 2,8 bilhões no patrimônio líquido das empresas impactadas; e

• Impacto líquido negativo de mais de R$ 2 bilhões no resultado de 2008 dessas empresas.

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Cumprimento dos requerimentos

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10%

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30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Item 1 Item 2 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 8* Item 9 Item 10 Item 11* Item 12 Item 13

Item das deliberações**

* Operações relacionadas a esses itens têm baixo grau de ocorrência nas companhias. Por isso, o cumprimento dos requerimentos de divulgação desses itens tam-bém é baixo, conforme ilustra a tabela acima. Tais divulgações só são requeridas quando a empresa tem operações conforme descritas nos itens 8 e 11.** As referências aos itens nomeados de 1 a 13 podem ser consultadas na página 65.

83% 90% 98% 78% 70% 53% 73% 3% 70% 45% 0% 63% 85%

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

Veja a seguir demonstração gráfica dos impactos relacionados com instrumentos financeiros identificados nas empresas analisadas.

% das empresas impactadas

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40%

50%

60%

Der

ivat

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Ou

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ceir

os

O impacto mais significativo, identificado

em 53% das demonstrações avaliadas,

está relacionado com a utilização de

instrumentos financeiros derivativos.

Alguns desses impactos referem-

se à ausência de qualquer registro

desses instrumentos antes das novas

regulamentações. Adicionalmente,

esse tema também possui impactos

relacionados com os ajustes a valor justo,

o que anteriormente não era previsto

nas regulamentações das companhias

abertas (exceto instituições financeiras,

que desde 2002 seguem a Circular nº

3.082, do Banco Central do Brasil, com

orientações nesse sentido).

Os demais ajustes referem-se aos de valor

justo de aplicações em títulos privados,

tais como debêntures, commercial

papers e títulos públicos, entre outros.

Vale ressaltar que cerca de 5% das

empresas analisadas registraram

impacto referente a empréstimos

(substancialmente em moeda

estrangeira), tendo em vista marcação

a mercado permitida pela adoção de

estruturas de hedge accounting.

53%

3% 3% 3%5%

Empresas impactadas por instrumentos financeiros

Empresas analisadas na pesquisa

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young��

Observações na Implementação da Lei n° 11.638/07 | Ernst & Young ��

ALL - América Latina Logística S.A.

B2W - Companhia Global do Varejo

Braskem S.A.

Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás)

Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (Celesc)

Companhia Energética de São Paulo (Cesp)

Companhia Brasileira de Distribuição

Companhia de Bebidas das Américas (Ambev)

Companhia de Gás de São Paulo (Comgás)

Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig)

Companhia Paranaense de Energia (Copel)

Companhia Vale do Rio Doce

Construtora Tenda S.A.

Cyrela Brazil Realty S.A Empreendimentos e Participações

Duratex S.A.

EDP Energias do Brasil S.A.

Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A.

Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer)

Gafisa S.A.

Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A.

GVT (Holding) S.A.

JBS S.A.

Kepler Weber S.A.

Lojas Americanas S.A.

Lojas Renner S.A.

Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S.A.

MMX Mineração e Metálicos S.A.

Net Serviços de Comunicação S.A.

Perdigão S.A.

Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras)

Sadia S.A.

SLC Agrícola S.A.

Suzano Papel e Celulose S.A.

Telecomunicações de São Paulo S.A. (Telesp)

Tim Participações S.A.

Tractebel Energia S. A.

Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. (Usiminas)

Vivo Participações S.A.

Votorantim Celulose e Papel S.A.

Weg S.A.

Créditos

• Diretora editorial

Mitizy Kupermann

• Jornalista responsável

Rejane Rodrigues – MTb 22.837

• Textos

Clarissa Wahl

• Projeto gráfico | Produção

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