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nformativo do GOA #20 - Outubro 2014 - Departamento de Física - CCE - UFES www.astro.ufes.br A Poluição Luminosa Carta Celeste Pág. 3 Efemérides Astronômicas Pág. 2 Está aberta a estação das chuvas Pág. 4 A poluição luminosa interfere nos ecossistemas, causa efeitos ne- gativos à saúde, ilumina a atmos- fera das cidades, reduzindo a visi- bilidade das estrelas e interfere na observação astronômica. Alguns processos naturais só po- dem acontecer durante a noite na escuridão, como por exemplo, re- pouso, reparação, navegação ce- lestial ou predação. Por esta razão, a escuridão possui igual importân- cia à luz do dia. É indispensável para um funcio- namento saudável dos organismos e de todo o ecossistema. A pertur- bação dos padrões naturais de luz e escuridão influência vários as- pectos do comportamento animal. A poluição luminosa pode con- fundir a navegação animal, alterar interações de competição, alterar relações entre presas, predadores e afetar a fisiologia do animal. Além de ser eminentemente deteriorativa para aos animais noturnos, migra- tórios e para os animais em voo, a poluição luminosa produz também riscos nas plantas. Existe um senso comum que diz que ambientes urbanos mais ilu- minados são mais seguros, por isso gasta-se muito com iluminação pú- blica. Porém, estudos indicam que a iluminação pública, quando mal planejada, pode ser mais maléfica que benéfica. As lâmpadas ofuscam os olhos dos cidadãos, permitindo que criminosos se escondam em lo- cais que não são diretamente ilumi- nados e não sejam vistos. Ou seja, mesmo que as pessoas tenham uma sensação de seguran- ça maior em ambientes bem ilumi- nados , isso não quer dizer que elas realmente estejam mais seguras 1 . Poluição luminosa é o tipo de poluição ocasionada pela luz excessiva ou obstrutiva criada por humanos José Miranda 1-Mosseri, Robin 2011 Estudos de Graduação de Pesquisadores em Guelph B: Luz dispersa na atmosfera Foto: Equipe GOA A: Iluminação Apropriada

Observativo 20

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Informativo do mês de Outubro.

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Page 1: Observativo 20

nformativo do GOA #20 - Outubro 2014 - Departamento de Física - CCE - UFES www.astro.ufes.br

A Poluição Luminosa

Carta CelestePág.3

Efemérides AstronômicasPág.2

Está aberta a estação daschuvasPág.4

A poluição luminosa interferenos ecossistemas, causa efeitos ne-gativos à saúde, ilumina a atmos-fera das cidades, reduzindo a visi-bilidade das estrelas e interfere naobservação astronômica.

Alguns processos naturais só po-dem acontecer durante a noite naescuridão, como por exemplo, re-pouso, reparação, navegação ce-lestial ou predação. Por esta razão,a escuridão possui igual importân-cia à luz do dia.

É indispensável para um funcio-namento saudável dos organismose de todo o ecossistema. A pertur-bação dos padrões naturais de luze escuridão influência vários as-pectos do comportamento animal.

A poluição luminosa pode con-fundir a navegação animal, alterarinterações de competição, alterarrelações entre presas, predadores eafetar a fisiologia do animal. Alémde ser eminentemente deteriorativapara aos animais noturnos, migra-tórios e para os animais em voo, apoluição luminosa produz tambémriscos nas plantas.

Existe um senso comum que dizque ambientes urbanos mais ilu-minados são mais seguros, por isso

gasta-se muito com iluminação pú-blica. Porém, estudos indicam que ailuminação pública, quando malplanejada, pode ser mais maléficaque benéfica. As lâmpadas ofuscamos olhos dos cidadãos, permitindoque criminosos se escondam em lo-cais que não são diretamente ilumi-nados e não sejam vistos.

Ou seja, mesmo que as pessoastenham uma sensação de seguran-ça maior em ambientes bem ilumi-nados, isso não quer dizer que elasrealmente estejam mais seguras1.

Poluição luminosa é o tipo de poluição ocasionada pelaluz excessiva ou obstrutiva criada por humanos

José Miranda

1-Mosseri, Robin 2011 Estudos de Graduação dePesquisadores em Guelph

B: Luz dispersana atmosfera

Foto:EquipeGOA

A: IluminaçãoApropriada

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FONTE: Almanaque Astronômico 2014 - CEAMIG e Stellarium.

Informativo do GOA #19 setembro 2014

Efemérides Astronômicas

Brasil participa daconstrução de megatelescópio

consequências deuma iluminaçãomal concebida

• É um desperdício, pois é ne-cessário maior quantidade deenergia para iluminar as ruas,já que a maior parte da luzprojetada é dispersa para a at-mosfera;• Além de ser um gasto ener-gético desnecessário, gera cus-tos elevados, que saem integral-mente das carteiras dos con-tribuintes;• A projeção horizontal e paraas nuvens, bloqueia a luz dosastros, reduzindo em larga por-centagem os objetos observá-veis no céu;• A poeira atmosférica difundea luz que lhe é projetada e for-ma o conhecido halo nocturno emtorno das grandes cidades;• Este tipo de projeção da ilu-minação não traz qualquer van-tagem ou benefício aos cida-dãos, que só usufruem da por-ção de luz que é direcionadapara o chão;• Não permite que o usuáriotenha uma boa visão do queestá além do poste, podendocausar mais insegurança.

Expediente

Direito de Comparti lhar e

Adaptar sob a mesma licença

(CC BY-NC-SA 2.5 BR)

Equipe GOA: Bolsistas: José Miranda, Luana Kiefer e Dayana Seschini.Colaboradoras/es: Estevão Prezentino Sant'anna, Isabela Crespo, Larissa Marques, AmandaRibeiro, Luigi Carvalho e Jonathan Janjacomo.Coordenação: Márcio Malacarne.Textos, projeto gráfico e diagramação: Equipe GOA. Revisão: Equipe GOA.Contatos: (27) 4009 7664 www.astro.ufes.br - [email protected] - @goa.observatorioAv. F. Ferrari, 514, Cep 29075910, Vitória-ES.

Este impresso foi criado usando programas livres: Debian Linux, Gimp, Stellarium, Scribus, Inkscape, OpenOffice. Tiragem: 2000 cópias.

José Miranda*

A FAPESP (Fundação de Am-paro a Pesquisa do Estado de SãoPaulo) aprovou a participação no con-sórcio internacional do TelescópioGigante de Magalhães (GMT, na si-gla em inglês). Com abertura efe-tiva de 24,5m, começará a serconstruído em 2015, nos Andes chi-lenos. Serão disponibilizados R$ 40milhões, o que representa 4% dovalor total do projeto.

Os equipamentos permitirão aosastrônomos paulistas investigar aformação de estrelas e galáxiasprimordiais, medir a massa de bu-racos negros, estudar a natureza damatéria e da energia escura, além

da possibilidade de detec- ção deexoplanetas semelhantes à Terra.O governo federal também estuda aparticipação, para que pes- quisa-dores de todo Brasil possam usu-fruir do telescópio.Fonte:FAPESP

GMT será construído no desertodo Atacama, no Chile

Foto:GM

T/Divulgação

Márcio Malacarne

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Informativo do GOA #19 setembro 2014

Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dosastros no céu nas seguintes datas:

Início de outubro ~21hMeio de outubro ~20hFinal de outubro ~19h

Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo para cima, lendo as instruções no contorno.A linha azul (o Equador Celeste) representa o limite entre o Hemisferio Celeste Sul e o Hemisfério CelesteNorte, é a projeção da Linha do Equador terrestre no céu. Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e osdas CONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das contelações ocidentais visíveis nesta carta estãounidas por linhas. A "grande mancha azul" é a Via Láctea, a nossa galáxia, que infelizmente não conseguimosvisualizar das cidades devido à poluição luminosa.

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Informativo do GOA #19 setembro 2014

Está aberta a estação das chuvas!

Para quem mora nas regiõesCentro-oeste e Sudeste, começamos preparativos para a temporadade chuvas, que passam a ser maisfrequentes e com maiores intensi-dades. Isso ocorre muito em decor-rência do aumento da formaçãode complexos convectivos, que sãoresponsáveis pelas perigosas chu-vas de verão.

Agora, a má notícia é que suaocorrência em grandes cidades ten-de a ficar mais frequente e, ainda,mais severa. Ou seja, mais diascom mais chuvas mais intensas.

E o que isso tem a ver com oaquecimento global?

Pesquisas e mais pesquisas fa-zem essa relação. Porém, cenáriospessimistas de longo prazo esti-mam aumento de cerca de 20%nos volumes de chuva para os pró-ximos 100 anos. Acontece que,

As ilhas de calor são formadasprincipalmente pela substituiçãodas florestas por materiais commaior capacidade de retenção decalor, como o asfalto e o concreto.A presença de vegetação cria zo-nas de sombra capazes de reduzira temperatura do solo, reduzindo atemperatura atmosférica. Áreas ver-des também contribuem para re-frescar o clima de um lugar pormeio da evapotranspiração, quan-do as plantas e o solo liberam águapara o ar, dissipando o calor doambiente.

Junto com o aumento da tempe-ratura atmosférica no entorno dacidade, há o aumento na disponi-bilidade de partículas no ar, favo-recendo a formação de núcleos hi-

Para as regiões Sudeste e Centro-Oeste a temporadanormalmente começa em outubro e termina em abril.

groscópicos, determinantes para aformação das chuvas.

Já tinham percebido isso há mui-to tempo, alguns povos indígenas,quando criaram a famosa “dançada chuva”, que, através do uso degrandes fogueiras, fornecia maiscalor e material particulado para aatmosfera. Com certeza, a escolhado dia também não era feita aoacaso, afinal, o chefe não ia quererqueimar o filme dele de bobeira!

agora, já existe uma causa diretapara esse aumento. São as ilhas decalor. Estudos indicam que, na ci-dade de São Paulo, o volume mé-dio de chuva anual aumentou emcerca de 35% nos últimos 80 anos.

A falta de água em SãoPaulo também pode estarrelacionada à grande con-centração urbana.

A estação das chuvas tam-bém traz, melhorias na qua-lidadedoare,àsvezes, daágua.

Texto por Osvaldo Moura Rezende, Msc pela UFRJ ecosultor AquaFluxus; e Márcio Malacarne Msc emastrofísica pelo INPE.

Foto:SilvaD

ias,MAF,ET

al/Climatic

Change

Fonte: http://digitalcommons.uri.edu/