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Ocupação João das Neves - Na Trilha de João das Neves

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A publicação explora a trajetória profissional do diretor, ator e dramaturgo João das Neves, com texto de Ilka Zanotto.

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Centro de Memória, Documentação e Referência Itaú Cultural | Itaú Cultural

Ocupação João das Neves / organização Itaú Cultural. - São Paulo : Itaú Cultural, 2015.

64 p. : il.

ISBN 978-85-7979-074-4

1.   João das Neves. 2. Teatro brasileiro. 3. Teatro. 4. Cultura popular. 5. Literatura

infantil. 6. Exposição de arte – catálogo  I. Instituto Itaú Cultural. II. Título.

CDD 792.0981

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São Paulo, 2015

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Sumário

Brincando com João das Neves

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Na trilha de João das Neves

João das Neves: um artesão no caos

Álbum de fotos

Coletânea

Ficha técnica

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No caminho das crianças

Brincando o Teatro

Balão, Balões

A Lágrima

O Coral da Bicharada

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Esta publicação oferece um panorama do trabalho do dramaturgo João das Neves por duas vias: deste lado, sua produção artística vista em perspectiva; do outro, obras infantis de sua autoria inéditas.

Na internet, você aces-sa mais material sobre o artista. O site do programa Ocupação [itaucultural.org.br/ocupacao] traz, com parte do conteúdo da mostra, uma série de entrevistas em vídeo com o próprio João das Neves e com outros nomes na companhia dos quais ele vem trilhando seu longo e singular percurso.

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Na trilhade

Em sua 26a edição, o programa Ocupação Itaú Cultural faz um percurso pela trajetória do dramaturgo e diretor de teatro João das Neves.

Percurso, aqui, não é um termo gratuito. Nascido em 1934, o artista construiu uma obra marcada por deslocamentos – temáticos, estéticos, físicos. Atento às diferentes realidades e identidades do país, João das Neves viveu e desenvolveu trabalhos tanto em seu Rio de Janeiro natal quanto em estados como o Acre – onde tratou de temas como o choque entre seringueiros e latifundiários e mergulhou na tradição dos índios Kaxinawás – e Minas Gerais, seu atual lar –, onde investigou, entre outros assuntos, a cultura afro-brasileira.

Um dos fundadores do Grupo Opinião – ícone do teatro de resistência no período da ditadura militar –, o diretor segue em ativi-dade, unindo arte e consciência política em espetáculos fruto de uma criatividade inquieta e do contato direto com o povo.

Nas próximas páginas, um ensaio da crítica e pesquisadora de teatro Ilka Zanotto apresenta alguns dos pontos fundamentais do trabalho e das andanças de João das Neves. O texto também aborda a produção infantil do autor – da qual quatro obras inéditas estão no outro lado desta publicação.

Itaú Cultural

João das Neves

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João das Neves:um artesão no caos

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Vejo João das Neves como um duende a percorrer o Brasil há mais de meio século, de norte a sul, de leste a oeste, espécie de Macunaíma, per-sonagem-síntese de três raças – indígena, negro e branco –, que tem, porém, o espírito indômito de um herói com muito caráter.

Podemos pensar sua obra a partir de seus percursos pelo país, considerando-se três estados: Rio de Janeiro, Acre e Minas Gerais. O primeiro é o do menino João, que, morando em Copacabana na década de 1940, conviveu com operários da construção sobre a farmácia do pai (por isso, até hoje, acreditarem-no nordestino); que, com coleguinhas da escola pública filhos do porteiro, furava as sessões do “americano”, jogando futebol sob as telas apagadas do cinema, em meio a tiroteios à la bandido e mocinho; que frequentava o teatrinho de marionetes gratuito da Praça Serzedelo Correia.

No ginásio do conceituado Colégio Mallet Soares, rabisca jornaizi-nhos e, após um ano de “tablado”, passa a frequentar os saraus de Aníbal Machado, leitor atento de seus escritos. Estrela-guia da primeira juventude, incentiva-o a ler Friedrich Hölderlin e Rainer Maria Rilke...

João funda e integra Os Duendes, grupo amador inspirado em García Lorca (Juego y Teoría del Duende, 1933), que define o artista sedutor de plateias

A CRÍTICA DE TEATRO ILKA ZANOTTO TECE UM MAPA DA TRAJETÓRIA DE JOÃO DAS NEVES NO TEMPO E NO ESPAÇO DO TEATRO NACIONAL

“Fôssemos tudo o que somos capazes de ser, estaria resolvida a maioria dos problemas do mundo.” Gandhi

“Eu coloco no que faço tudo o que sou, tudo o que penso do mundo, tudo o que imagino a respeito da possibilidade de transformar o mundo, de transformar as pessoas. Acredito na possibilidade da arte para transformar. Se não fosse assim, eu não faria arte; faria outra coisa. E porque acredito nessa capacidade, o trabalho que realizo tem um fundamento ético muito grande.” João das Neves – Ciclo de palestras sobre o teatro brasileiro. Rio de Janeiro: Inacen, 1987

“João é uma espécie rara de visionário, daquele que se compromete em ver além do pre-sente, e se esforça para devassar o futuro e trazer para hoje as imagens do amanhã [...] A imagem que me vem à mente é de um diminuto artesão que é lançado às forças vivas do Caos e rodopia no vórtice sem controle. No entanto, o pequeno artesão não se intimida com o turbilhão que o carrega e nem se assusta com a fragmentação de formas e de forças à sua volta. Ele está voltado para sua pequena bancada, impassível, concentrado como um ourives ou um entalhador. Ele imagina e plasma, a partir desse Caos que o envolve e arrasta, um pequeno pedaço de Cosmos. Ele sabe que essa é a função do artista. É fiel a ela e poucos sabem o que custa essa fidelidade.” Luis Alberto de Abreu – Subtexto – Revista de Teatro do Galpão Cine Horto, n. 9. Belo Horizonte, 2013

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como “enduendado” – mesmo quando o trabalho dele não é perfeito. Há ainda o aprendizado e o primeiro trabalho profissional com Luiz de Lima – discípulo de Marcel Marceau –, com o qual excursionou por Buenos Aires como ator.

Por indicação de Maria Clara Machado, JN e Os Duendes passam a dirigir o Teatro Municipal de Campo Grande. Dois marcos sucedem-se. O primeiro, na viagem no trem suburbano das 6h50, rumo ao trabalho: o choque de realidade face a face com o povo encurralado nos vagões da Central do Brasil – que João observa com os olhares de Chico e de Vinicius, “É gente humilde, que vontade de chorar...” –, embrião de seu extraordinário espetáculo O Último Carro, posteriormente multipremiado.

O segundo, igualmente assustador, foi o choque da violência, quando vê seu teatrinho em Campo Grande reduzido a escombros pela polícia do governador Carlos Lacerda. Encenavam A Grande Estiagem, de Isaac Gondim Filho, sobre a seca do Nordeste; no espetáculo, pela primeira vez houve inclusão de elementos cinematográficos, dirigidos por David Neves e que entremeavam todas as cenas. Antes disso, um repertório brasileiro de alto nível, como O Noviço, de Martins Pena.

Toma então iniciativas que conduzem à formação do Grupo Opinião, ato de resistência à besta-fera que se anunciava. João recorre à União Nacional dos Estudantes (UNE) como única via de protesto; e, quando a sede da enti-dade é depredada, os salvos do incêndio juntam-se aos Centros Populares de Cultura (CPCs), que promovem agitprop – encenações-relâmpago de textos idem, esquetes escritos “na boca do cofre”, na definição de Oduvaldo Vianna Filho. Teatro de rua, experiência indispensável para o ofício do ator, em que se abordavam fatos políticos do momento, também encenados sem pré-aviso, inopinadamente, em praças, esquinas, becos e favelas da Cidade Maravilhosa – isso quando Copacabana ainda era a “princesinha do mar”, “um bom lugar para se amar”, ao som de pianos e saxofones de seus bares, boates, inferninhos e restaurantes (dúzias deles) funcionando madrugada afora.

Citando Zuza Homem de Mello em Eis Aqui os Bossa-Nova:

Havia paz no Rio de Janeiro dos anos 50. Os cariocas de origem e os por adoção tinham lá seus mandamentos que cumpriam com virtuosa lealdade na movimentada e espirituosa vida noturna da zona sul. [...] No mínimo um pianinho de fundo era ouvido em cada um. [...] Sob o véu da fumaça legalizada, bebendo um uisquinho casualmente falsificado, os casaizinhos eram os figurantes no cenário do samba-canção de Caymmi, a pintura imbatível de um sábado em Copacabana nos anos 50... [...] O ambiente de paz em Copacabana, de pactuar passivamente com a música do rádio, escondia uma inquietação que se percebia nas conversas, nos bate-papos entre os que sonhavam. Positivamente, os que tinham sede de vanguarda, com seus radares ligados, estavam antenados numa nova música brasileira que pressentiam estar chegando. Quando? De que maneira?

Era o embrião da bossa nova, em que se aliou a nova batida de João Gilberto ao mergulho existencial causado pelos encantos mil da Cidade Mara-vilhosa. Entre todas essas vozes inspiradíssimas, Geraldo Vandré destacar-se-á,

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anos mais tarde (em 1968), como o autor do verdadeiro hino da contrarrevo-lução: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer […]” (“Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”).

Durante toda a década de 1950 e meados dos anos 1960 havia um entrecruzar de experiências artísticas e teatrais entre São Paulo e Rio, fruto da euforia que foi sufocada abruptamente em 1964 pela sanha funesta de uma nuvem de gafanhotos.

A cena moderna brasileira

Vivia-se então um clima especialíssimo. Nasciam em São Paulo, gêmeos, a Escola de Arte Dramática (EAD) e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1948; ambas as instituições são consideradas, ao lado da companhia carioca Os Comediantes, marco inicial da moderna cena brasileira, destacando-se como pioneira a encenação de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com direção de Ziembinski, no Rio de Janeiro, em 1943.

No fim da década, nos teatros e nos meios artísticos em geral (cinema, artes visuais etc.), começava a agitar-se um espírito contestatório à realidade sociopolítica do país, fruto do desacerto entre as perspectivas otimistas da era JK e os descalabros da economia, com seus reflexos sobre os marginalizados de sempre. JN era pioneiro, ao lado dos remanescentes dos CPCs, que, cassa-dos pela polícia, partiram para a formação do Grupo Opinião. São eles Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho, Teresa Aragão, Paulo Pontes, Pichin Plá, Armando Costa e Denoy de Oliveira, que estão à testa dessa experiência, talvez a mais influente daqueles tempos de cólera incipientes, marco indelével na história da luta pela liberdade de expressão. O show Opinião, com Zé Kéti, Nara Leão e João do Vale, entremeava textos declamados com músicas que galvanizavam as plateias – e o rastilho do estribilho “Podem me prender, podem me bater, que eu não mudo de opinião” surgiu como ícone do teatro de protesto.

Após a encenação do musical Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come, única peça escrita a 16 mãos e com enorme repercussão popular, o grupo tem seu espetáculo seguinte, Brasil Pede Passagem, proibido pela censura às vés-peras da estreia. As duas produções posteriores, A Saída, Onde Fica a Saída?, de Ferreira Gullar, Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa e dirigida por João das Neves, e Meia Volta Vou Ver, de Oduvaldo Vianna Filho, não conseguem minimizar os prejuízos causados pela ação da censura, provocando a primeira cisão do grupo. Vianinha, Paulo Pontes e Armando Costa se desligam do Opinião, formando o Teatro do Autor Brasileiro. Os demais permanecem até a encenação de Antígona, de Sófocles, com tradução de Ferreira Gullar e direção de João das Neves.

Depois desse espetáculo, o grupo original se dissolve definitivamente e João assume o teatro com todas as suas dívidas. Para mantê-lo aberto por 15 anos, monta musicais com colaboração estreita da musicóloga Genny Mar-condes. Em cartaz, a revelação dos melhores cantores, como Chico Buarque, Milton Nascimento, Baden Powell, MPB4 e Maria Bethânia, em substituição a Nara Leão. Com o silêncio forçado dos concursos do Serviço Nacional de Tea-

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tro (SNT) pela “eficiente” censura, o Opinião instituiu um certame de prêmios e montagens de textos para dramaturgia que teve como primeiro colocado Aldomar Conrado, com A Ponte sobre o Pântano, estrelado por Glauce Rocha, em seu último trabalho; na direção, João lançava a interseção entre o cinema e o teatro segundo estratégias piscatorianas de cunho político reivindicatório.

Note-se que O Quintal, escrito por João sob encomenda da Comissão de Anistia anos depois, coloca a ingenuidade de uma atitude que protestava ve-ementemente contra o perigo embuçado sem se dar conta de que os inimigos preparavam, a pretexto da Guerra Fria, uma repressão sangrenta em terra tupini-quim. A peça de JN, brechtianamente, propõe três finais possíveis, todos eles fatais para os jovens atores e operários, cercados num palco de teatro na iminência de uma estreia. Mas é no diálogo entre Clara e Luiz que fica patente o protesto ante a falta de previsão dos engajados na luta desigual contra o Moloch ditatorial:

Luiz, o que é que nós sabemos? Nada. A não ser que eles estão lá na frente armados até os dentes e querendo nos eliminar. Que eles sempre estiveram à frente e armados até os dentes. Enquanto isso nós falávamos, cantávamos, representávamos e nem fomos capazes de ao menos prevenir dois pobres dia-bos* que não tinham nada com isso. Que só queriam acabar o seu trabalho e voltar para suas casas. [*Referência aos pintores assassinados por rajadas de metralhadoras ao pular a quarta parede, comum a todos os palcos italianos.]

A peça, publicada pela Global Editora em 1978, figura entre os textos dos expoentes de nossa dramaturgia na coletiva Feira Brasileira de Opinião, censurada e confiscada pelo regime militar. Segundo sua organizadora, Ruth Escobar, a publicação visava retratar o homem brasileiro “aqui e agora, sobre-tudo com a preocupação de apontar o perfil dos subúrbios do Brasil, onde este governo revela seu verdadeiro rosto”.

Como reação à ação arbitrária que, na noite da estreia, fechou o teatro no qual seria apresentado O Abajur Lilás, de Plínio Marcos, com aval prévio da censura, escrevi um texto que driblou o controle dos censores instalados dentro do Estadão e foi publicado na íntegra, em 14 de janeiro de 1979, com o título “Resistência à besta apocalíptica”, e no qual já destacava o trabalho pioneiro de JN em favor da liberdade, cujo trecho destaco:

Coube a João das Neves marcar o gol do início da liberação, ao conseguir levar o povo brasileiro de volta aos nossos palcos em O Último Carro – texto proibido desde 66, que por razões que a própria Censura desconhece, pôde vir à luz em 76.

Antes da tentativa de encenação de Antígona, quando o Opinião cerrou as suas cortinas, JN finalmente realizava um projeto que estava em gestação desde os tempos do Teatro Arthur Azevedo em Campo Grande.

Confirmando a inter-relação São Paulo-Rio, no Teatro Treze de Maio da capital paulista – assistindo ao espetáculo Cemitério dos Automóveis (de Victor Garcia e sobre texto de Fernando Arrabal), que revolucionava total-

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mente o espaço cênico – o dramaturgo, arrebatado, achou a solução para a encenação de O Último Carro, da qual dou testemunho:

O Último Carro, peça de João das Neves premiada pelo SNT em 67 e só em abril de 76 encenada no Teatro Opinião do Rio de Janeiro, chega a São Paulo consagrada por inúmeros prêmios para enriquecer a XIV Bienal, em cujo es-pírito se encaixa rigorosamente. [...] O Último Carro, que põe em cena o povo brasileiro como personagem principal, é um brado de alerta contra as condições sub-humanas de vida de vasta parcela de nossa população, daqueles 65% de cariocas, por exemplo, que usam os trens suburbanos como meio de acesso ao trabalho. Ao passarmos as catracas que bloqueiam o acesso ao recinto da Bienal transformado em vagão da Central pela disposição cênica excelente de Germano Blum, enfrentamos uma realidade à qual não faltam acentos de lirismo e de co-micidade, mas que sobretudo estarrece pela violência das situações retratadas. [...] A urgência deste Último Carro é a de fazer-nos nos atracar, pela sua ousadia estética, com uma realidade que clama por transformações. Nossa tarefa é a de não escamotear as soluções possíveis, ocultando-nos atrás da cortina de dogmas para proferir certezas que em 1977 já não temos o direito de ter.

Diferente de O Último Carro, que ficou proibida por sete anos, foi o destino de A Pandorga e a Lei. Radiofonizada na Alemanha (quando do estágio de oito meses para a audição e a análise de peças radiofônicas a convite da Westdeutscher Rundfunk), fora encomendada a João para en-cerrar a campanha contra a Lei de Segurança Nacional, em 1984, e deveria ser encenada no encerramento do seminário Tortura Nunca Mais, porém foi cancelada no dia de sua estreia, por ação da censura.

A pipa, ou pandorga, empinada por pai e filho, que tem a respectiva linha abruptamente cortada, significa a liberdade tolhida pela Lei de Segurança Nacional, promulgada nos idos de março de 1964.

As rubricas da peça dão a dimensão do efeito poético desse momento final: “A pipa vai subindo. Homem e menino se unem numa mesma alegria. Quando está bem alta, no entanto, o fio deve se partir. Em uma das telas laterais do palco, ou nas duas, diversas fotos da pipa caindo sobre as casas suburbanas”.

No Acre

JN chegou ao Acre no momento exato em que se agigantavam as con-tradições entre seringueiros, posseiros e fazendeiros latifundiários, as quais culminaram no assassinato de Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988. Como cidadão do mundo, além de participar da agitada atmosfera cultural e política, fundiu vários grupos existentes no Grupo de Teatro Poronga.

O texto “Tributo a Chico Mendes”, encomendado pelo Conselho Nacional dos Seringueiros, foi elaborado em 20 dias pelo método tradicional do diretor de colher notícias em jornais e rádios, além de entrevistas com personalidades e elementos do povo envolvidos no conflito.

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Em textos de vários autores, traço linhas paralelas, que ao fim e ao cabo explicitam aqueles acontecimentos que carrearam à época para nosso território a atenção e o repúdio universais. Veremos que, no torvelinho do frêmito acriano, se revelaram destinos, referências obrigatórias quando se depara com a abrangência da questão amazônica.

Darcy Ribeiro em Maíra (1978) ou em O Povo Brasileiro – a Formação e o Sentido do Brasil (1995); Tristão de Athayde no Jornal do Brasil e em O Pasquim; Antonio Candido no prefácio de Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento, de Paulo Emílio Sales (1980); e o próprio autor no livro ou mesmo em artigo de minha autoria ou também no depoimento que transcrevo a seguir.

João das Neves assiste e participa, como cidadão do mundo, ao choque de cos-tumes entre índios e seringueiros de um lado e latifundiários e governo, de outro. Enquanto os últimos, munidos do aparato e arsenal financeiro, e muitas vezes armamentício, vislumbram uma outra sociedade para si, os primeiros (índios) são empurrados para a cidade sem infra-estrutura para recebê-los, são literalmente “tombados”, pois que contraditoriamente, expulsos de suas vidas, são tombados como patrimônio cultural e, até hoje, em outdoors, são reverenciados pela nação. Diante desse cenário, o dramaturgo vai colocar sua arte a serviço da contestação e levar ao palco tanto os conflitos como a cultura dos “tombados”. [...] Envolvido com a cultura local, João foi criando raízes em seus pés e na história do teatro acreano. [...] O Acre foi subitamente projetado tanto no cenário nacional como internacional, com suas questões sociais e ambientalistas discutidas não só no Brasil como no mundo: o direito de contestação, de novas formas de organização de grupos, o assassinato de trabalhadores e a defesa da floresta pelos que nela vivem. Esse contexto confere absoluta atualidade às palavras quase proféticas de Euclides da Cunha sobre a presença dos caucheiros no Acre, na virada do século: “Nunca se armou tão imponente cenário para tão pequeninos atores”. É neste cenário que João das Neves contribui, também, para que sejam referendadas, decisiva e efetivamente, algumas das propostas artísticas defendidas por alguns dramaturgos nos anos 60 e 70, no eixo Rio-São Paulo [...]. (Profa. dra. Maria do Socorro Calixto Marques, cidadã acreana, atualmente cursando pós-doutorado na Universidade de Bolonha, Itália.)

Entre os mitos indígenas pesquisados na sua estada junto aos Kaxi-nawás, publicados em Caderno de Acontecimentos e encenados no Cine Teatro Recreio, em Rio Branco, em 1987, citemos o Mito do Fogo, metáfora da tragédia de Prometeu.

A pergunta a ser respondida hoje e sempre é: quem roubou ou apagou o fogo da adolescência de Piaba, jovem índio sacrificado por ter se apoderado do fogo que não era dividido a fim de reparti-lo entre todos? Quantos piabas excluídos da posse do fogo são sacrificados inda hoje nos becos do país? Clamam os políticos pela educação para todos que nunca é dividida. A dinheirama surrupiada e que paga seus salários exorbitantes não será a causa primeira de tanta injustiça e desigualdade?

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Finalmente, Yuraiá – o Rio do Nosso Corpo nasceu da estreita con-vivência de JN com os índios Kaxinawá (quando de sua segunda ida ao Acre patrocinada pela Fundação Vitae, entre 1992 e 1994) e clama por ser encenado, seja nos gramados do Parque Ibirapuera, seja no Pátio do Colégio – com seu cupichaua (moradia típica dos Kaxinawás) erguido e aberto à con-vivência dos Kaxinawás e do povo. Somente assim haverá a interpenetração de nossas culturas: a urbana e a das profundezas amazônicas, patrimônio do inconsciente coletivo de todos nós brasileiros.

João é, antes de tudo, um poeta. Desde A Lenda do Vale da Lua e de O Último Carro, surpreendeu-nos pela acuidade com que seus textos espelham a realidade brasileira, recriando-a nos moldes da mais elevada ficção, que, à feição dos clássicos gregos do teatro, se entremeia de trechos de poesia. Solidário com os injustiçados de todos os matizes, volta-se para o universo complexo dos povos da floresta, seringueiros, caboclos, índios, brancos, não importa a cor. Por dois anos viveu entre eles em Rio Branco, mergulhando fundo nos mistérios da civilização Kaxinawá. Dessa vivência brotaram páginas que mesclam à denúncia a opressão secular e o pranto pelo desaparecimento paulatino de um povo cujos mitos, cren-ças, língua, hábitos e conduta ética o autor resgata de forma sintética e admirável.

João é homem de teatro total. Como provou em trabalhos anteriores, sua escritura cênica é sumamente original; compete a ele transformar em realidade as virtualidades de um texto que exige a recriação de um clima especialíssimo, no qual o espaço oscila entre a concretude de uma aldeia Kaxi-nawá e as paragens brumosas dos ritos imemoriais. E o tempo ziguezagueia entre presente e passado histórico e a atemporalidade das lendas e dos mitos. Incomparáveis as descrições das paisagens de cuja perenidade brota límpido um ímpeto de liberdade irreprimível – o mesmo que passa pelo Yuraiá, rio do nosso corpo que nós queremos livre, assim como a natureza é livre.

Afeito a reivindicações factuais de justiça e de igualdade, João assume nessa obra uma dimensão mais ampla, ao justificar quase panteisticamente o direito inalienável à liberdade. O Brasil precisa urgentemente conhecer esse pedaço de si próprio, esse Yuraiá, seiva profunda, capaz de ressuscitá-lo.

Em Minas Gerais

Entre o Acre e Minas Gerais, João atraca-se à cosmovisão de João Guimarães Rosa e encena, em primeira mão, no Parque Ecológico Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, e posteriormente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob a égide do Sesc, o espetáculo dos mais deslumbrantes a que assisti nessas quase sete décadas de corpo a corpo com a arte teatral.

Seguindo a estratégia que tracei ao longo desta pesquisa que en-volveu meses de leituras e reminiscências, uso um depoimento pessoal para ecoar o impacto sentido na época, quando assisti a Primeiras Estórias:

Os “Loucos por Rosa” da USP já têm onde encontrar, logo ali no Parque Eco-lógico de Campinas, as “gerais” do escritor. Se para Rosa o universo está no

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sertão, não menos certo que o seu é sertão anotado e, sobretudo, recriado, com todas as camadas e significação possíveis e imaginárias e mais infinitas e sublimes sobre a humana condição.

João das Neves, homem de teatro que dessa arte tudo entende (é ator, diretor, professor, dramaturgo, poeta, cenógrafo, iluminador e adaptador), embrenhou-se há quatro anos na saga rosiana, transpondo depois para a ação dramática aquilo que nas Primeiras Estórias, de 1966, é um labirinto narrativo de abissal riqueza, aparentemente inextrincável e irredutível à lógica do palco.

Cotejando os contos de Rosa e as “recriações” de Neves, parece-me obra de mágico o ajuste perfeito: as histórias são sintetizadas, cortes são feitos, diálogos são extraídos das narrativas sinuosas, elípticas, alusivas, trechos são desloca-dos e, no entanto, nenhuma traição, nada se perde, conservam-se intactos a prosa especialíssima e o sentido profundo.” (Ilka Zanotto, “Montagem recria rico labirinto narrativo do texto”, O Estado de S. Paulo, 1o de janeiro de 1996.)

Sentinela dos marginalizados

JN perambula pelo país tendo como bússola os quatro pontos cardeais e como alvo o protagonismo do povo brasileiro. Deslocando-se geograficamente – tendo o próprio corpo como local de experimentação –, traz à luz as vivências de índios do Acre, de trabalhadores dos trens suburbanos, de mulheres ofendidas em textos reivindicatórios (em parceria com Simone Hoffmann, que durante 15 anos o assessorou em realizações como Mural Mulher e Antígona), de torturados à morte nos porões da ditadura militar, de negros de Minas Gerais, de gentes do Vale do Jequitinhonha...

É nas congadas ou nas magias de Titane (nas palavras de João das Neves, seu marido, Titane é artista “dedicada à criação de espetáculos cênicos musicais em que um conjunto coral alcança uma performance próxima àquela dos folguedos populares”), com seu Campo das Vertentes, que o autor atinge a plenitude da beleza em espetáculos miríficos e eivados de sons e luzes encan-tatórios. Recomendo enfaticamente o livro Titane e o Campo das Vertentes, no qual se casam as reflexões de João e de múltiplos e inspirados colaboradores e as fotografias que registram o trabalho da dupla que há tantos anos enfeitiça Minas, Brasil e o mundo. Mil palavras que eu escrevesse não resgatariam sequer uma página desse livro, que faz jus à nossa “Aquarela do Brasil”:

Brasil, meu Brasil brasileiroMeu mulato inzoneiroVou cantar-te nos meus versos [...]Ô, abre a cortina do passadoTira a mãe preta do cerradoBota o rei congo no congadoBrasil... Brasil...

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Não nos esqueçamos jamais que, sem nunca perder a ternura, JN é sentinela intimorato dos malfeitos perpetrados contra os marginalizados, os humilhados e ofendidos de nosso país, resgatando-os através de sua arte maior.

Pai e filha, práxis da convivência

Nas minipeças que exibimos nesta publicação, sinteticamente perfeitas, JN comprova que menos é mais. O relacionamento de dois perso-nagens recorrentes, Pai e Menina, encerra uma práxis de respeito, liberdade e afeto que serve de guia para uma convivência civilizada. O procedimento usado por João conduz, como no mito platônico da caverna, à descoberta da luz do entendimento. Na força milenar do teatro de não apenas contemplar e registrar a realidade, mas também de transformá-la, João cumpre integral-mente a missão que se atribui ao criar, com a mestria de sempre, histórias dignas da infância e que despertam a criança dentro de nós.

Brincando o Teatro – texto no qual, didaticamente, JN introduz a compreensão da essência da arte teatral, representação e presentificação da ação dramática. Invoca um vocabulário para definir elementos concretos dos espaços cênicos e dos acessórios tecnológicos, dos cenários, dos figurinos, da iluminação, da sonorização, enfim, de toda parafernália milagreira que possibilita a concretização desse teatro universal. E, ao revés, prova que com a simples imaginação, de posse de uma ideia-estrela, se pode também atingir o sonho impossível a qual nós todos, teatrantes e aficionados, aspiramos. Mas nesse prólogo também se brinca – João é um brincante-mor –, e explicações comple-xas são destrinchadas em conversas e faz de conta entre os três personagens, culminando na sugestão de aplicar os recém-adquiridos conhecimentos:

Vocês podem brincar usando o texto de A Lenda do Vale da Lua [...] ou inven-tando outra história. O importante mesmo é cantar, dançar, bater tambores, fingir que o boizinho morreu, fazer a divisão das suas partes, brincando com quem vai ficar com elas e depois chamar o doutor para ressuscitar o boi. E de novo cantar, dançar e sorrir de alegria.

Citando Fanny Abramovich: “Lindeza! Estrelas anunciam nasci-mento, vida e morte, sufocos e respiradas. Amplitude! Se misturam, num bordado irresistível, doutores, cavalos-marinhos, agulhas, sorrisos, flores, emas, na procura encantada das possíveis soluções”.

Em Balão, Balões – quase um haicai –, a cena sucinta encerra um mun-do de amor e compreensão; além da presentificação, na cantoria do baloeiro, dos balões coloridos que nos arrebatam na sua fuga às alturas, “florindo o céu”, Pai e Menina semeiam palco e plateia com o dom da mais pura alegria.

A Lágrima, doce maneira que o mago João encontrou para abordar a morte – essa inevitabilidade que evitamos encarar. À simples leitura de um dos textos mais lindos e profundos que se possa imaginar sobre o tema – incluem-se aí as seculares inquietações filosóficas, teológicas, arrebatamen-

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tos místicos, ceticismos ateus ou elucubrações agnósticas –, a lágrima que escorre dos olhos da menina na cena final ecoa as nossas...

Enfim, a poesia, inata na obra ciclópica do autor, transforma o faz de conta entre os atores-personagens no palco na entusiástica participação de todos em O Coral da Bicharada. Pai e Menina brechtianamente passam da ficção à realidade ao abraçar a plateia, envolvendo-a “na arte de brincar” que é o texto.

Teatro feito às claras

Citamos, quando falávamos de Brincando o Teatro, a peça A Lenda do Vale da Lua, que João sugere às crianças como base para a brincadeira cênica. Sobre essa peça há uma crítica publicada quando de sua encenação que pode nos permitir entender melhor os aspectos de destaque da produção infantil do autor.

Trata-se de um artigo escrito por Carlos Ernesto de Godoy em 1o de outubro de 1977 no Jornal da Tarde. Carlos – falecido precocemente, mestre em literatura e requintado escritor – contextualiza esse espetáculo em um cenário de suposto boom no teatro infantil paulista, que, segundo ele, se reduzia na verdade a algumas “manifestações isoladas de alta qualidade” em meio a uma quantidade de peças boas e ruins movidas pela demanda do público e dos produtores. O crítico concluía que faltavam aos “que fazem teatro infantil na Paulicéia melhor empenho em seu trabalho, a escolha de uma diretriz – o que demanda pesquisa, conhecimento da criança e, sobretudo, seriedade”. Por outro lado, sobre o trabalho de João, ele afirma:

A Lenda do Vale da Lua, atual cartaz do Teatro Anchieta, é desses espetáculos que chegam para marcar época, fazendo-nos esquecer um ano medíocre, de raras montagens de valor. Estribado em texto muito feliz de João das Neves, tem aí meia batalha ganha, pois que é na escolha da peça que inicia o fracasso ou a consagração da maior parte das encenações.

Podemos crer que os requisitos defendidos por Godoy pouco antes são cumpridos nessa peça. Sendo assim, que pesquisa A Lenda do Vale da Lua implica? Como demonstra que conhece o seu público? O que significa apresentar uma seriedade em relação à criança?

Construindo seu trabalho à maneira brechtiana, o autor mostra um teatro feito às claras, ou seja, sem a ilusão teatral da coisa já acabada e em que se deve acreditar. A criança é colocada frente ao palco numa postura crítica, vendo o espetáculo nascer e evoluir por meio de um estimulante jogo de faz-de-conta. Um ator-narrador propõe à platéia que se conte uma estória (a impropriedade do título confunde estória com lenda). E essa estória vai nascendo e sendo montada pouco a pouco, num brinquedo chamado teatro, explicado a todo tempo: o que é personagem, a escolha de um papel, a montagem de um cenário, etc. Enfim, um teatro que a todo instante se questiona, identificando-se como teatro, lembrando que tudo não passa de uma representação. O veste-desveste roupa frente ao público e

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a própria troca de papéis entre os atores amplia esse distanciamento crítico e ilumina o sentido lúdico da montagem. Envolvendo a narrativa numa alta carga poética, João das Neves consegue equilíbrio perfeito para uma peça que poderia facilmente esvaziar-se a partir de certa altura [...] Público e elenco comungam, irmanados em alegria, essa vitória do teatro infantil.

Finalmente, entre outros textos escritos por JN, salienta-se como estrela-d’alva O Leiteiro e a Menina Noite, premiado pelo SNT em 1970, no segundo concurso de peça infantil. À simples leitura, surge todo um universo teatral repleto de personagens que são ao mesmo tempo da ilha da fantasia e da realidade mais palpável: o herói Leiteiro, que puxa aos saltos seu carrinho azul, onde pernoita a linda Menina Noite com estrelas nos olhos... O Lampião e o Tempo, personagens amigos e sábios que partem em defesa dos primeiros; o Gordinho Esperto e o Misterioso, vilões hilários e atrapalhados; casas moventes coloridas formando ruas de um povoado à frente da plateia, ativamente parti-cipante; a vilania da cidade grande, com seus robôs e rouba-céus e o pequeno grande Menino, “que passa fome e a brincar, consegue a fome enganar”.

É tão lindo o texto, com rubricas com sugestões precisas de encenação, que sugiro que seja montado urgentemente, e que ao lado das demais peças infantis de JN faça parte de um périplo nacional patrocinado pelos múltiplos programas de assistência à infância e à juventude.

O Brasil agradece.

Ilka Zanotto é crítica e pesquisadora de teatro. Durante as décadas de 1970 e 1980, foi voz ativa contra a repressão do período militar.

Nota da autora: Foram os escribas talentosos integrantes e sócios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) que atribuíram a A Lenda do Vale da Lua, a O Último Carro e a João das Neves todos os prêmios do ano de 1979. Transcrevendo parte do texto de um deles, Carlos Ernesto de Godoy, reafirmo o método de contextualização da obra de nosso homenageado na Ocupação, cuja trajetória extremamente rica, criativa e original extravasa qualquer limite de tempo e lugar. Recorrendo a escritos alheios, neste trabalho reproduzidos, de autores que serviram de bússola para o tanto que já li, não os parafraseio mas os invoco como testemunhas do século convivido: Zuza Homem de Mello e o seu Eis Aqui os Bossa-Nova, Tristão de Athayde, Darcy Ribeiro preconizando Yuraiá em O Povo Brasileiro e Maíra, Antonio Candido apontando a importância do Acre para a metamorfo-se de Paulo Emílio Sales em Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento, Maria do Socorro Calixto; enfim, tantos que aqui comparecem emprestando luz às minhas indagações. A eles todos os meus agradecimentos.

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Álbum defotos

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fachada do Teatro Opinião

cena de um dos shows do grupo

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cena do espetáculo O Último Carro (1976)

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cena do espetáculo O Último Carro (1976)

cena do espetáculo O Último Carro (1976)

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cena do espetáculo Primeiras Estórias (1992)

cena do espetáculo Primeiras Estórias (1992)

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cena do espetáculo A Lenda do Vale da Lua (2004)

cena do espetáculo A Lenda do Vale da Lua (2004)

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Originais

Pedro, o Homem da Flor [1956 | inédito]A Assembleia dos Ratos [1964 | encenado e não publicado]O Último Carro [1964 | publicado e encenado]O Quintal [1977 | publicado e não encenado]A Busca do Cometa [1977 | publicado e encenado]Mural Mulher [1979 | publicado e encenado]A Pandorga e a Lei [1979 | inédito]Café da Manhã [1980 | encenado e não publicado]Jesus Cristo, Perdoai Papai e Mamãe [1982 | inédito], em parceria com Simone HoffmannLeonardo e o Pé Grande [1983 | encenado e não publicado]O Gato Pardo de Patrícia e Leonardo [1983 | publicado e não encenado]Menino, Coruja e Beija-Flor [1983 | inédito]Caderno de Acontecimentos [1987 | encenado e não publicado]Tributo a Chico Mendes [1989 | encenado e não publicado]Yuraiá – o Rio do Nosso Corpo [1990 | inédito]Assim Era o CPC [2001 | encenado e não publicado]Brincando o Teatro; Balão, Balões; A Lágrima; O Coral da Bicharada [2005 | reunidos nesta publicação e não encenados]A Santinha e os Congadeiros [2008 | encenado e publicado]Maria Lira [2007 | encenado e não publicado], em parceria com Luciano SilveiraFrida Kahlo [2009 | inédito]Lazarilho de Tormes [2009 | inédito]Ulisses, a Trajetória [2010 | inédito]As Polacas: Flores do Lodo [2011 | encenado e não publicado]Bonecas Quebradas (Antígonas) [2015 | encenado e não publicado]

Adaptações

A Lenda do Vale da Lua [1975 | publicado e encenado], a partir do texto A História do Boizinho Estrela, do próprio João das NevesPrimeiras Estórias [1992 | encenado e não publicado], a partir do livro de contos homônimo de João Guimarães RosaTroços e Destroços [1997 | encenado e não publicado], a partir do livro de contos homônimo de João Silvério TrevisanTiro no Escuro [1999 | inédito], a partir do livro juvenil homônimo de Rita EspeschitPedro Páramo [2001 | encenado e não publicado], a partir do romance homônimo de Juan Rulfo

Coletânea

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O Homem da Cabeça de Papelão [2001 | encenado e não publicado], a partir do conto homônimo de João do RioCassandra [2002 | encenado e não publicado], a partir do romance homônimo de Christa WolfUm Artista da Fome (adaptação radiofônica) [2003 | encenado, radiofonizado e não publicado], a partir do conto homônimo de Franz Kafka

Publicações

O Leiteiro e a Menina Noite [1970, Ed. SNT (1a edição), Ed. Agir (2a edição)]O Último Carro [1976, Grupo Opinião]“O Quintal”, texto publicado no livro Feira Brasileira de Opinião, organizado por Ruth Escobar [1978, São Paulo]Mural Mulher [1979, Grupo Opinião]A História do Boizinho Estrela [1980, Global Editora]Leonardo e o Pé Grande [1985, Editora Leitura (1a edição), Ed. Imagens (2a edição)]Ciclo de Palestras sobre o Teatro Brasileiro [1987, Inacen]A Árvore Cheia de Estrelas [1989, Editora Salesiana Dom Bosco]Por um Triz a Elis Ficava sem Nariz [1992, Editora Melhoramentos]A Análise do Texto Teatral [1997, Editora Europa (2a edição)]A Lenda do Vale da Lua [2004, Editora Dimensão]Rumores [2014, Memi Melo Press], em parceria com Silvia MeraHaikais – Antologia Primavera [Ed. Massao Ohno]

Poemas

Livro Diálogos com Emily Dickinson [2000 | inédito]Poema “A Lenda dos Filhos de Maria” [1978 | inédito]Poema infantil “Daniela e o Passarinho” [1982 | inédito]Poema infantil “Aves e Gentes da Amazônia” [1990 | inédito]Poema infantil “A Menina no Jardim” [1993 | publicado]Poema infantil “Cantiga para Maria Íris” [2001 | inédito]Poema infantil “A Flor Amarela” [sem data | publicado]Poema infantil “A Estória de Sara e Tobias” [sem data | inédito]

Textos infantis inéditos

Lua, Luar [1980]A Estranha Aranha Chamada Ana [1988]O Pai, a Filha [1994]O Celular e a Matraca [1995]O Pesadelo [1995]A Barba do Pai e a Careca do Avô [2006]Pata, Galinha e Perdiz, Qual das Três É Mais Feliz? [2008] A Formiga que Cantava [2014]A Família de Rebeca e Sua Amiga Perereca [sem data]

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Realização Itaú Cultural Concepção João das Neves, Titane, Rodrigo Cohen e equipe Itaú CulturalCuradoria Titane e equipe Itaú Cultural Projeto expográfico Rodrigo Cohen e Pati Faedo (assistente)Pesquisa Ludmila Ribeiro, Natália Cristina Batista e equipe Itaú CulturalDesenho de áudio e edição de imagens (sala Identidades) TitaneMixagem e masterização (sala Identidades) André CabeloEdição de imagens (sala Identidades) Bruno Figueiredo

Digitalização de fotos e documentos IAI Digital

ITAÚ CULTURAL Presidente Milú Villela Diretor-superintendente Eduardo Saron Superintendente administrativo Sérgio M. Miyazaki

NÚCLEO DE ENCICLOPÉDIAGerência Tânia RodriguesCoordenação Glaucy TuddaProdução Icaro Mello

NÚCLEO DE ARTES CÊNICASGerência Sônia SobralCoordenação Cristina Espirito SantoProdução Mariana Cavalcante

NÚCLEO DE AUDIOVISUAL E LITERATURA Gerência Claudiney Ferreira Coordenação de conteúdo audiovisual Kety Fernandes Nassar Produção audiovisual Caroline RodriguesRoteiro, captação e edição Karina Fogaça Técnico de som Tomás Franco (terceirizado)Captação de imagens André Seiti

NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE EVENTOS Gerência Henrique Idoeta Soares Coordenação Edvaldo Inácio Silva e Vinícius Ramos

Fichatécnica

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Produção Cristiane Zago, Daniel Suares (terceirizado), Érica Pedrosa Galante, Laís Silveira (terceirizada) e Wanderley Bispo

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTO Gerência Valéria Toloi Coordenação de atendimento educativo Tatiana Prado Equipe Amanda Freitas, Caroline Faro, Danilo Fox, Thays Heleno, Victor Soriano e Vinicius MagnunEstagiários Alan Ximendes, Alessandra Boa Ventura, Ana Paula Sampaio, Breno Gomes, Bruna Linndy, Carolina Candido, Carolina Luditza, Daiana Terra, Elaine Lino, Felipe Leiva, Felipe Nogueira, Gabriela Akel, Giovani Monaco, Giovanna Nardini, João Bueno, Leandro Lima, Lucas Gabriel Balioes, Marcus Vinicius Ecclissi, Maria Luiza Kazi, Marina Moço, Mayra Rocha, Paloma Rodrigues, Rafael Freire, Renan Ortega, Renata Sterchele, Roger Dezuani, Samara Fantin, Sara Barbosa, Thomas Angelo, Victoria Pinheiro, Vitor Queijo e William MirandaCoordenação de programas de formação Samara FerreiraEducadores Carla Léllis, Claudia Malaco, Edinho dos Santos, Josiane Cavalcanti, Lucas Takahaschi, Luisa Saavedra, Malu Ramirez, Raphael Giannini e Thiago Borazanian

NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO Gerência Ana de Fátima Sousa Coordenação de conteúdo Carlos Costa Produção e edição de conteúdo Duanne Ribeiro e Thiago Rosenberg Edição do site Duanne Ribeiro e Thiago RosenbergRedes sociais Renato Corch Revisão de texto Karina Hambra (terceirizada), Polyana Lima eRachel Reis (terceirizada)

Coordenação de design Jader RosaProjeto gráfico e design Estevan Pelli (terceirizado)Ilustrações Sandra Javera (terceirizada)Produção editorial Raphaella RodriguesComunicação visual Yoshiharu ArakakiRelacionamento Jaqueline Santiago e Patricia Recarey (estagiária) Eventos e comunicação estratégica Melissa Contessoto e Simoni Barbiellini

Acervo João das NevesCoordenação Titane e Ludmila RibeiroPesquisa Natália Cristina BatistaAgradecimentos Ilka Zanotto, Fernando Mencarelli, Alfredo Brito, Hélio Heichbauer, Renata Sorrah, Berenice Menegale, Rufo Herrera, Cida Falabella, Pedrina de Lourdes Santos, Haydée Neves Ferreira, Mara Vanessa Fonseca Dutra, Jeanete Castro Teixeira, Maria Inês de Almeida, Leda Maria Martins, Diná Araújo, Ricardo Carvalheira e Felipe Sander, Pedro Kalil, Gonçalo Melo, Silvia Mera, Débora Fernandes, Rodrigo Jerônimo, Daniel Guedes, Newton Moreno, Ibã Kaxinawá, Clarice Batista, Comissão Pró-Índio (CPI), Terri de Aquino, Norberto Sales Kaxinawá (Tenê), Mara Vanessa Kaxinawá, Alair Ribeiro, Sueli Cunha, Antonio Eustáquio Santos, Ana Lucia Machado, Associação dos Congadeiros de Oliveira, Vera Olinda, Renato Gavazzi, Hildebrando Pontes, Maria João Neves e Maria Iris Silveira das Neves 

O Itaú Cultural realizou todos os esforços para encontrar os detentores dos direitos autorais incidentes sobre as imagens/obras fotográficas aqui publicadas, além das pessoas fotografadas. Caso alguém se reconheça ou identifique algum registro de sua autoria, solicitamos o contato pelo e-mail [email protected].

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Aberturasábado 26 setembro 2015

11h

Visitaçãodomingo 27 setembro a domingo 8 novembro

terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30]sábado, domingo e feriado 11h às 20h

avenida paulista 149 são paulo sp 01311 000 [estação brigadeiro do metrô]itaucultural.org.br [email protected] fone 11 2168 17

Alvará de Funcionamento de Local de Reunião – Protocolo: 2012.0.267.202 – Lotação: 742 pessoas Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – Número: 121335 – Vencimento 1/9/2017