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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Odontologia e Sociedade

Comissão edi tor ia l da revista

MOACYR DA SILVA Editor Científico

IDA TECLA P. CALVIELLI Editora Associada

MARIA ERCILIA DE ARAUJO Editora Associada

SIMONE RENNÓ JUNQUEIRAEditora Associada

Conselheiros GENIVAL VELOSO DE FRANÇA Universidade Federal da Paraíba

ANTONIO BENTO DE MOARES Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP

REGINA MARIA GIFONNI MARSIGLIA Faculdade de Ciências Médicas da Sat. Casa de S. Paulo

LUIZ JEAN LAUND Faculdade de Educação - USP

PAULO ANTONIO DE CARVALHO FORTES Faculdade de Saúde Pública - USP

NEMRE ADAS SALIBA Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP

MARCO SEGRE Faculdade de Medicina - USP

JOSÉ ROBERTO MAGALHÃES BASTOS Faculdade de Odontologia de Bauru - USP

HERMÍNIO ALBERTO MARQUES PORTO Pontifícia Universidade Católica São Paulo

MARCOS MAZZETO Faculdade de Educação - USP

MENDEL AMBROWICZ Faculdade de Odontologia - USP

ESTHER GOLDENBERG BIRMAN Faculdade de Odontologia - USP

EDUARDO DARUGE Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP

JOÃO HUMBERTO ANTONIAZZI Faculdade de Odontologia - USP

JORGE SOUZA LIMA Instituto Médico Legal de Belo Horizonte

HILDA FERREIRA CARDOZO Faculdade de Odontologia - USP

ANDRÉS JOSÉ TUMANG Universidade Estadual de Maringá

EDGARD CROSATO Faculdade de Odontologia - USP

MARCOS DE ALMEIDA Universidade Federal de São Paulo

RODOLFO FRANCISCO HALTENHOFF MELANI Faculdade de Odontologia - USP

FERMIM ROLAND SCHRAMM Escola Nacional de Saúde Pública / Fund. Oswaldo Cruz

DALTON LUIZ DE PAULA RAMOS Faculdade de Odontologia - USP

PAULO CAPEL NARVAI Faculdade de Saúde Pública - USP

ROBERTO A. CASTELLANOS FERNANDEZ Faculdade de Saúde Pública - USP

CARLOS BOTAZZO Secretaria de Estado da Saúde - Instituto da Saúde

ANTONIO CARLOS FRIAS Faculdade de Odontologia - USP

NILCE EMY TOMITA Faculdade de Odontologia de Bauru - USP

ROGÉRIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA Faculdade de Odontologia – USP

JOSÉ LEOPOLPO FERREIRA ANTUNES Faculdade de Odontoloiga – USP

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Editor ia l

É com satisfação que a Revista Odontologia e Sociedade abriga, mais uma vez, a publicação referente

ao VIII EPATESPO - Encontro Paulista dos Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico e

VII COPOSC - Congresso Paulista de Odontologia em Saúde Coletiva, sobretudo neste momento em que as

áreas de educação e de saúde intensificam as articulações para melhorar a formação dos Cirurgiões-Dentistas,

buscando encontrar o perfil mais adequado para os profissionais de saúde bucal.

O presente editorial deve ser considerado como uma evocação, buscando uma compreensão da formação

dos Recursos Humanos no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo a integralidade da atenção à saúde como eixo

norteador da necessidade de mudança na formação dos profissionais de Saúde Bucal e contribuir para a mudan-

ça na graduação. Mudança esta que “na graduação é parte das transformações necessárias à construção de um

novo lugar social à universidade brasileira”.

A Constituição Federal de 1988 afirma que, em relação aos trabalhadores da saúde, cabe ao SUS orde-

nar a formação de recursos humanos. Na Lei Orgânica da Saúde, Lei 8080/90, o título relativo aos recursos

humanos estabelece que deve ser cumprido o objetivo de organizar um sistema de formação em todos os níveis

de ensino, inclusive de pós-graduação, além de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal. Os dois

setores - saúde e educação, pela legitimidade e legalidade, ora de um, ora de outro, devem ocupar-se das fun-

ções de regulação de Estado no tocante à formação na área da saúde (credenciamento, descredenciamento, re-

credenciamento de cursos, programas e escolas de formação). O que somente teve efeito a partir de 2005 quan-

do da publicação da Portaria Interministerial MS / MEC nº 2.101, de 3 de novembro de 2005, que institui o

Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - PRÓ-SAUDE - para os Cursos de

graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia.

Se a integralidade da atenção deve ser um princípio norteador da formulação de políticas de saúde e a

formação para a área de saúde deve ser uma política do SUS, cabe perguntar-nos sobre a integralidade da aten-

ção à saúde e a formação dos profissionais. Nossa intenção é a de problematizar a integralidade da atenção co-

mo questão à formação dos profissionais de saúde tendo como cenário das práticas os serviços públicos de saúde.

O modelo pedagógico hegemônico de ensino é centrado em conteúdos, organizado de maneira compar-

timentada e isolada, fragmentando os indivíduos em especialidades da clínica, dissociando conhecimentos das

áreas básicas e conhecimentos da área clínica, centrando as oportunidades de aprendizagem da clínica intra-

muros, adotando sistemas de avaliação cognitiva por acumulação de informação técnico-científica padronizada,

incentivando a precoce especialização, perpetuando modelos tradicionais da prática odontológica. Na aborda-

gem clássica da formação em saúde, o ensino é tecnicista e preocupado com a sofisticação dos procedimentos,

planejado segundo o referencial técnico-científico acumulado pelos docentes em suas respectivas áreas de espe-

cialidade ou dedicação profissional. A perspectiva tradicional do ensino na educação superior desconhece as

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Editorial 3

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

estratégias didático-pedagógicas ou modos de ensinar problematizadores, construtivistas ou com protagonismo

ativo dos estudantes, ignorando a acumulação existente na educação relativamente à construção das aprendiza-

gens e acerca da produção e circulação de saberes na contemporaneidade.

Esta crítica em torno da formação dos Cirurgiões-Dentistas vem se acumulando há muitos anos e quan-

do da publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia fica inteiramente claro a

contraposição ao modelo de currículo mínimo obrigatório, e onde os movimentos de mudança na graduação

buscam a perspectiva transformadora da formação dos profissionais de saúde bucal. Aprovada em 2002, as Di-

retrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Odontologia afirmam que a formação do profis-

sional de saúde deve contemplar o sistema de saúde vigente no país, o trabalho em equipe e a atenção integral à

saúde.

As diretrizes curriculares, no entanto, constituem-se apenas em uma indicação, uma recomendação, o i-

nício do processo, onde hoje, nos tempos de Pró-saúde, entendemos que as ações de integração docente-

assistencial tem espaço privilegiado e portanto, estamos neste número da Revista Odontologia e Sociedade,

evocando e exortando, mais uma vez, a Academia e aos serviços públicos de saúde que passem a pensar e a

repensar sua práticas, seus conceitos e suas articulações para que possamos alcançar este novo perfil de forma-

ção profissional tão desejado por todos e tão necessário à saúde de nossa população.

Certa de que teremos êxito em alcançar mais este sonho e que resultará em uma saúde bucal ao alcance

de todos, um ótimo EPATESPO.

MARIA ERCILIA DE ARAUJO

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Sumário

Odontologia e Sociedade..................................................... 1

Editorial ................................................................................................... 2

VIII Encontro Paulista de Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico.................................. 6

Promoção e realização .......................................................................... 6

Patrocínio e apoio .................................................................................. 7

Agradecimentos ..................................................................................... 7

Comissão organizadora......................................................................... 8

Comissão científica................................................................................ 8

Apresentação.......................................................................................... 9

Histórico................................................................................................ 11 EPATESPO: origem, missão e trajetória ...................................................... 11

Programação ........................................................................................ 18

Conferência de abertura ...................................................................... 21 Saúde Bucal: um desafio para o SUS* ......................................................... 21

Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo ........ 24 Mesa de debates 1 Financiamento e gestão do SUS e a Saúde Bucal ...................................... 24 Mesa de debates 2 Integralidade e resolutividade das ações de saúde bucal.......................... 28 Mesa de debates 3 Educação e formação de recursos humanos para o SUS .......................... 31 Curso 1 Contribuição do agente Comunitário de Saúde para a saúde bucal ......... 35 Curso 2 Equipe de saúde bucal: a importância do acolhimento e das ações

educativas nas práticas cotidianas de saúde ..................................... 36 Curso 3 Prótese total: simplificando a confecção sem perda de qualidade ........... 37

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Sumário 5

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Curso 4 Experiências vivenciais para acadêmicos no Sistema Único de Saúde ... 38 Curso 5 Pacientes com necessidades especiais – desmistificando o

tratamento odontológico....................................................................... 39 Curso 6 Dor orofacial ................................................................................................... 40 Curso 7 Visão clínica e epidemiológica das infecções virais – Vigilância

Sanitária em saúde bucal...................................................................... 41 Encontro paralelo Panorama nacional das profissões ACD e THD .......................................... 42

Resumos dos trabalhos....................................................................... 43 Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde

Bucal e Vigilância em Saúde Bucal...................................................... 43 Educação em Saúde Bucal............................................................................ 64 Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal ..................................... 82 Recursos Humanos em Saúde Bucal ........................................................... 89 Temas Livres .................................................................................................. 97 Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal .................... 105

Biografia do Professor Ney Moares ................................................. 133

Instruções aos autores ...................................................................... 134

Índice de autores................................................................................ 135

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

VIII Encontro Paulista de Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico

VII Congresso Paulista de Odontologia em Saúde Coletiva

31/05 a 3/06/2006

Centro de Convenções - Município de Peruíbe

Tema central:

“SAÚDE BUCAL: UM DESAFIO PARA O SUS”

Promoção e real ização

Prefeitura Municipal da Estância Balneária de Peruíbe

Secretaria de Estado da Saúde

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Patrocínio e apoio

APOIO

■ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA - ABO

■ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE BUCAL COLETIVA - ABRASBUCO

■ ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE CIRURGIÕES DENTISTAS - APCD

■ CONSELHO DE SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE DE SÃO PAULO - COSEMS

■ CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA - CRO

■ FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE SÃO PAULO - USP

■ FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA – USP

■ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SMS-SP

■ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE ITAPIRA – SMS-ITAPIRA

Agradecimentos

Luiz Roberto Barradas Barata Secretário de Estado da Saúde de São Paulo

José Rubens Nogueira de Souza Secretário Municipal Saúde da Estância Turística de Peruíbe

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Comissão organizadora

Ana Emília Gaspar Celso Zilbovicius Cláudia de Oliveira Ferreira Conselho dos Secretários

Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS -SP)

Associação Brasileira de Saúde Bucal Coletiva (ABRASBUCO - SP)

Secretaria Municipal de Saúde da Estância Turística de Peruíbe

Doralice Severo da Cruz Helenice Biancalana João Carlos Coelho de Faria Secretaria Municipal de Saúde de

São Paulo Associação Paulista de Cirurgiões

Dentistas (APCD –SP) Associação Brasileira de Odontologia (ABO - SP)

Luiz Gustavo Leite Praça Maria da Candelária Soares Maria Ercília de Araújo Secretaria Municipal de Saúde da

Estância Turística de Peruíbe Secretaria Municipal de Saúde de

São Paulo Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo (USP) Neide Aparecida Sales Biscuola Paulo Capel Narvai Vladen Vieira

Conselho Regional de Odontologia (CRO - SP)

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP)

Secretaria Municipal de Saúde de Itapira

Jarbas Calvino (DIR XIX) José Miguel Tomazevic (CRH)

Maria do Carmo Kannebley Hörnell (CVS) Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde)

Silvia Fedato Barbosa (CRS) Stela Félix Machado Guillin Pedreira (Assessoria de Marketing)

Tania Izabel Bighetti Forni (CPS) Tânia Regina Tura Mendonça (CPS)

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

Tania Izabel Bighetti Forni Luiz Gustavo Leite Praça SES-SP-CPS

Coordenadora da Comissão Organizadora SMS-Peruíbe

Presidente do VIII EPATESPO

Tânia Regina Tura Mendonça Secretária

SES-SP-CPS

Comissão cientí f ica

Antônio Carlos Frias Celso Zilbovicius Doralice Severo da Cruz Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo (USP) Associação Brasileira de Saúde

Bucal Coletiva (ABRASBUCO - SP) Secretaria Municipal de Saúde de

São Paulo Fausto Souza Martino Helenice Biancalana Maria Ercília de Araújo

SES-SP - DIR V - Osasco Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD –SP)

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP)

Nilce Emy Tomita Paulo Capel Narvai Paulo Frazão Faculdade de Odontologia da Universidade de Bauru (USP)

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP)

Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)

Simone Rennó Junqueira Tania Izabel Bighetti Forni Vladen Vieira Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo (USP) SES-SP - Coordenadoria de

Planejamento de Saúde Secretaria Municipal de Saúde de

Itapira

Carlos Botazzo José Miguel Tomazevic SES-SP-Instituto de Saúde

Presidente SES-SP-CRH

Secretário

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Apresentação

Caros participantes É com satisfação que a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e a Secretaria Municipal de Saúde

de Peruíbe apresentam a oitava edição do Encontro Paulista de e Administradores e Técnicos do Serviço Públi-

co Odontológico (EPATESPO) e o VI Congresso Paulista de Saúde Bucal Coletiva (COPOSC), tendo como

tema central os desafios da saúde bucal para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Este encontro ocorre em hora oportuna, no momento mesmo em que são tomadas medidas que podem

resultar em fortalecimento da gestão estadual do SUS e, conseqüentemente, na melhoria das relações entre esfe-

ras de governo e entre gestores na saúde.

Trata-se da implantação de uma política de fortalecimento do Sistema Único por meio da avaliação e

monitoramento da atenção básica no Estado de São Paulo. Pela primeira vez em muitos anos reúnem-se para

discutir problemas comuns e propor soluções gestores estaduais e municipais, estes representados pelo Conse-

lho de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), e são definidos os parâmetros que regularão relações parti-

lhadas na gestão do SUS.

É possível desde já estimar as conseqüências positivas dessa política para a saúde bucal e para a melho-

ria da qualidade de vida da população paulista. Sem dúvida, um dos maiores avanços para a saúde pública foi a

oferta de assistência odontológica a grupos populacionais que não a criança e a gestante. No entanto, dado o

insuficiente financiamento e a conseqüente baixa expansão da oferta de serviços, tanto o acesso quanto a cober-

tura mantêm-se estacionados em escassos patamares, e isto desde que se reorganizou a assistência odontológica

pública nos finais dos anos 80 e início dos 90. Na mesma vertente, tem sido insuficiente a formação de auxilia-

res e técnicos de saúde bucal (ACD e THD), tanto quanto a contratação de cirurgiões-dentistas ou o desenvol-

vimento de novas tecnologias de cuidado. Ou seja, a despeito de que se tenha obtido enorme êxito com a redu-

ção da cárie dentária aos 12 anos, segundo preconizado pela Organização Mundial da Saúde, o fato é que há

enorme demanda reprimida e carga de doença bucal cujas dimensões todos ignoramos.

Antecipando-se a estas definições, e sintonizado com os problemas práticos dos serviços, este oitavo en-

contro propõe um conjunto de atividades que tomam alguns desses problemas e pensa deles fazer a crítica e

encontrar encaminhamentos.

Já a partir da conferência de abertura, na qual exatamente esses desafios são considerados, seguem-se

mesas de debates que tomam o financiamento e a gestão do SUS, a questão da integralidade e da resolubilidade

das ações de saúde bucal e depois a educação e a formação de recursos humanos, temas que devem ser proble-

matizados para que deles se extraia a melhor solução.

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Apresentação 10

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Do mesmo modo, são propostos temas para cursos de formação que, nesta edição, focam aspectos de

uma clínica pública necessitada de ultrapassar barreiras e de, a cada vez mais, ir ao encontro das necessidades

do paciente, afinal um cidadão e um usuário do SUS.

Por último, este oitavo EPATESPO atingiu a marca de 190 trabalhos encaminhados à comissão científi-

ca, em duas modalidades (pesquisa científica e relato de experiência), dos quais 154 foram aprovados, indican-

do o vigor e a vontade das equipes de saúde bucal e de pesquisadores em departamentos universitários e institu-

tos de pesquisa, que assim tornam público suas contribuições não apenas com a apresentação dos trabalhos mas

também com o debate de idéias.

É relevante destacar a introdução do Prêmio Ney Moraes de Saúde Bucal Coletiva, a ser outorgado aos

melhores trabalhos inscritos nas duas modalidades. O professor Ney Moraes, cuja biografia é colocada na parte

final desta edição, foi um dos grandes defensores da saúde bucal e da saúde pública, e tem neste VIII

EPATESPO a justa homenagem dos seus familiares, companheiros e amigos.

Gostaríamos, finalmente, de expressar nossos agradecimentos ao Secretário de Estado da Saúde de São

Paulo, ao Secretário Municipal de Saúde de Peruíbe, aos apoiadores institucionais e, finalmente, aos membros

da comissão organizadora e científica cujo esforço e engajamento foram fundamentais para o êxito desta cons-

trução coletiva.

COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA

Tania Izabel Bighetti Forni

Carlos Botazzo

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Histór ico

EPATESPO: origem, missão e trajetória

Paulo Capel Narvai1

No mês passado, já na “reta final” do processo de organização deste VIII EPATESPO / VII Congresso

Paulista de Odontologia em Saúde Coletiva que estamos realizando em Peruíbe, recebi um pedido dos colegas

da comissão científica: explicar o que é e contar um pouco da história desses eventos que, desde 1994, se reali-

zam em conjunto. Aceitei de bom grado a incumbência e, no mesmo dia, comecei a revirar pastas e papéis para

tentar localizar documentos que me auxiliassem na tarefa. (É que, em casos como este, arquivos eletrônicos na

memória do computador ajudam apenas a partir de um determinado momento. Coisas mais, digamos, “antigas”,

não foram registradas eletronicamente e, portanto, não se consegue recuperar com essas máquinas. E, por outro

lado, não é bom confiar tão-somente na memória. O passar do tempo vai fazendo com que se percam, ou fi-

quem obscurecidos em nossas memórias, fatos, locais, pessoas, debates acalorados, decisões importantes, entre

outros, mesmo quando os consideramos muito significativos. E nunca são apenas alguns detalhes que se perdem.)

Assim, revirando papéis em pastas, deparei-me com o Of.G.SB-077/89, de 19 de julho de 1989, dirigido

a mim por Marco A. Manfredini e Antonio Carlos Neder, ambos da “Comissão Organizadora” do “Pré-

Encontro Estadual” do VI ENATESPO, o Encontro Nacional de Administradores e Técnicos do Serviço Públi-

co Odontológico. O texto informava que “o próximo ENATESPO” se realizaria em Goiânia-GO, de 22 a 25 de

agosto de 1989, com o objetivo de “analisar as realidades nas quais são desenvolvidos os programas de saúde

bucal no Brasil”, tendo como “temas principais a Municipalização e o Novo Modelo Assistencial em Saúde

Bucal”. Manfredini e Neder diziam no ofício que, “com a finalidade de reunir os trabalhadores da Saúde Bucal

do Estado de São Paulo para discussão desses temas, será realizado, nos próximos dias 4 e 5 de agosto em Pira-

cicaba, um PRÉ-ENCONTRO ESTADUAL” (assim mesmo, com maiúsculas e tudo). O Of.G.SB-077/89 pros-

seguia pedindo-me que... bem, vou deixar para contar isso no final deste texto.

O fato é que por este motivo se criou o EPATESPO, este nosso Encontro Paulista de Administradores e

Técnicos do Serviço Público Odontológico. Por uma boa razão, logo se vê: discutir a municipalização da saúde

(e da saúde bucal), cuja sinalização havia sido dada no ano anterior, quando os Constituintes, sob a liderança do

saudoso “Doutor Ulysses” Guimarães, aprovaram a criação do SUS definindo como uma de suas diretrizes a

descentralização do sistema de saúde, “com direção única em cada esfera de governo”. Interessava-nos, da

mesma forma, debater os novos modelos assistenciais que, também em saúde bucal, se multiplicavam pelo país

afora e em nosso Estado. Queríamos nos constituir em sujeito coletivo e participar da construção do SUS, ocu-

1 Especialista, Mestre e Doutor em Saúde Pública. Professor Associado (Livre Docente) da Faculdade de Saúde Pública da Universi-

dade de São Paulo (USP). [email protected]

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Histórico 12

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

pando-nos das questões gerais dessa construção social coletiva e, também, dedicando-nos com maior ênfase à

área de saúde bucal, com suas demandas e problemas específicos.

Esta é a origem do EPATESPO; tal é a sua missão.

Em Piracicaba, naquele inverno de 1989, cerca de 90 profissionais oriundos de 44 municípios paulistas,

nos reunimos na Câmara Municipal, e aprovamos um documento final onde se afirmava, entre outros aspectos,

que “apesar de a Nação se posicionar enquanto a 8ª economia do mundo, a maioria dos cidadãos deste país vive

excluída do acesso a bens e serviços básicos compatíveis com um mínimo de qualidade de vida. Esta situação é

determinada pela desigual distribuição de renda do país conferida pelo modelo de desenvolvimento vigente. Na

área da saúde, e em particular da saúde bucal, a lógica de mercado determina as condições de acesso aos servi-

ços, assim como a formação de recursos humanos, a pesquisa e a produção de equipamentos, materiais e medi-

camentos odontológicos.” Aquele documento reivindicava também que a capital paulista assumisse a gestão

dos serviços de saúde no seu âmbito (“pois representa quase 35% da população do Estado”) e que, “para asse-

gurar que a municipalização não se transforme em mero instrumento de clientelismo político-partidário, deve-se

estimular a ampliação dos conselhos de saúde em todos os níveis do sistema (....), única forma de garantir a

adequada aplicação dos recursos públicos, bem como a implementação das políticas de saúde”. Seguiam-se

recomendações específicas sobre definições programáticas assinalando-se que “é imperativo uma política de

recursos humanos que privilegie o investimento de recursos orçamentários na formação de ACD, THD, TPD e

TEO [técnico em equipamentos odontológicos], na reciclagem (sic) dos profissionais de nível universitário,

rompendo com a visão extremamente tecnificada e redutora dos processos de treinamento e formação e apon-

tando para soluções mais dinâmicas e criativas que incorporem conhecimentos e práticas sociais imprescindí-

veis à consolidação do novo modelo.” Mencionava-se, também, a importância de definir “uma política salarial

transparente orientada a assegurar pisos salariais com isonomia nos níveis elementar, médio e universitário” e

“desenvolver novos instrumentos de supervisão e avaliação que não se limitem a indicadores quantitativos e de

produtividade, mas introduzam indicadores qualitativos e epidemiológicos objetivando a mensuração dos níveis

de saúde da população e do impacto social das programações”.

Como se observa, começou muito bem o EPATESPO. Ao reunir o material sobre o evento constatei,

com satisfação, que muito do que foi proposto nesse período se concretizou, embora persistam dificuldades e

certas distorções. Nesse sentido, chama a atenção, conforme se verá a seguir, a atualidade de certas indicações e

recomendações.

Depois de Piracicaba, o EPATESPO foi para o Guarujá. Mas este II EPATESPO, no litoral, só ocorreria

cinco anos depois, em 1994. À época decidiu-se pela realização do I Congresso Paulista de Odontologia em

Saúde Coletiva (COPOSC), em conjunto com o II Encontro, de modo a “abrir” o evento também aos professo-

res, estudantes, e pesquisadores com atuação na área de Odontologia Preventiva e Social, ou Saúde Bucal Cole-

tiva, muitos dos quais entendiam que “não era com eles” um encontro que reunia “o pessoal do serviço públi-

co”. Desde então ambos, Encontro e Congresso, vêm se realizando como evento único, ampliando-se a aproxi-

mação, o intercâmbio, e o diálogo entre a academia e os serviços públicos odontológicos. Cabe registrar que a

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Histórico 13

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Organização Mundial da Saúde havia declarado 1994 o “Ano Mundial da Saúde Bucal” e que, no ano anterior,

havia se realizado a 2ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, sob o tema “Saúde bucal, um direito de cidadani-

a”. O II EPATESPO / I COPOSC, realizado de 11 a 14 de maio, contou com a participação de cerca de 500

profissionais provenientes de 130 municípios do Estado de São Paulo, e teve como tema central “Saúde bucal

no SUS: impasses e perspectivas da universalização” Na Carta de Guarujá, documento aprovado ao final do

evento – e que deu origem a uma prática de aprovar “Cartas” ao final de cada edição –, os participantes consi-

deraram “importante reafirmar que a alternância de dirigentes, uma importante conquista democrática, não deve

significar descontinuidade de políticas definidas no âmbito das Conferências e Conselhos de Saúde. Ou seja:

novas autoridades não têm o direito de, intempestivamente, ao sabor de impulsos ou interesses particulares,

impor mudanças que não tenham sido discutidas com a sociedade. Com a saúde não se pode brincar (....) admi-

nistradores devem entender que uma maioria eleitoral num determinado momento não os autoriza a promover

mudanças que contrariem os interesses e necessidades da população”.

Seguia muito bem esse EPATESPO...

De Guarujá para Franca. Diz a Carta de Franca que “profissionais de saúde pública representando mais

de 150 municípios do estado de SP, além de 20 municípios dos estados de MG, MS, MT, PR, RJ, RS, GO e do

DF” participaram do III EPATESPO / II CPOSC, que se realizou de 29 de maio a 1° de junho de 1996, sob o

tema central “Modelos de atenção em saúde bucal: município, universidade e sociedade enfrentando desafios”.

O evento teve 489 inscritos. Entre as proposições da Carta de Franca estão: “as ações e serviços de saúde bucal

sejam integrados nas demais práticas de saúde coletiva, vinculando suas atividades às Unidades de Saúde”; “as

três esferas de governo assegurem no mínimo 10% dos seus respectivos orçamentos ao setor Saúde”; “as ativi-

dades extra-muros, realizadas pela universidade, não se restrinjam a mero estágio supervisionado, reproduzindo

o enfoque clínico-biologicista das ações intra-muros, mas se desenvolvam a partir de referenciais filosóficos

balizados nos princípios da Reforma Sanitária Brasileira”; “a falta de saúde e o medo de adoecer da população

devem ser tratados com respeito, não sendo admissível que sejam objeto de manipulação demagógica com fins

eleitorais. Não se pode tolerar que a dramática situação que penaliza diariamente milhares de pessoas seja maté-

ria prima de propaganda político-partidária que insulta a consciência dos profissionais de saúde e agride os ci-

dadãos brasileiros”... Bom, melhor parar por aqui com a Carta de Franca.

“Os municípios e as boas políticas de saúde bucal no SUS: qualidade de vida rumo ao ano 2000”. Este

foi o tema central do IV EPATESPO, realizado de 27 a 30 de maio de 1998 em São José do Rio Preto, com a

presença de aproximadamente 460 profissionais de saúde, vindos de 160 municípios. Naquele encontro os par-

ticipantes deliberaram, entre outros aspectos, “reafirmar o SUS como a estratégia mais eficaz para a universali-

zação da atenção à saúde dos cidadãos brasileiros. Portanto todos os esforços devem ser envidados para sua

implementação” e “denunciar, perante a opinião pública, o tratamento parcial com que, de modo geral, os meios

de comunicação tratam o SUS, ignorando, por incompetência ou má fé, esforços e aspectos positivos do siste-

ma, criando a falsa impressão de sua falência, em benefício dos interesses empresariais e da mercantilização

dos serviços de saúde.” Os participantes do IV EPATESPO / III COPOSC aprovaram também “defender um

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modelo de atenção em saúde bucal que contemple a universalização da atenção, a integralidade das ações, prio-

rizando as ações preventivas sem prejuízo das curativas (....) tecnologia adequada priorizando, na atenção bási-

ca, ambientes coletivos de trabalho. É necessário também organizar sistemas de referência e contra-referência,

definindo claramente o papel dos diferentes níveis de atenção garantindo, assim, a hierarquização dos serviços e

a otimização dos recursos”; “defender a continuidade e expansão da fluoretação das águas de abastecimento

público e a instituição de sistemas de vigilância que garantam a eficácia do método”; “reconhecer, como de

primordial importância, que o planejamento dos programas locais de saúde seja embasado no perfil epidemio-

lógico, levando em consideração critérios de risco”; “incentivar a integração intersetorial entre saúde e educa-

ção de formar a facilitar e possibilitar as ações em saúde bucal coletiva”; “indicar a importância estratégica de

inserir as ações de saúde bucal no Programa de Saúde da Família, bem como no Programa de Agentes Comuni-

tários de Saúde”; e, “ressaltar a necessidade de os sistemas locais de saúde terem coordenador de saúde bucal

com perfil não só de gerente mas, sobretudo, capaz de implementar as políticas de saúde democraticamente

deliberadas”.

No ano 2000 estávamos em Cubatão. De São José do Rio Preto o EPATESPO / COPOSC voltou para o

litoral, desta vez para Cubatão, onde se realizou no período de 24 a 27 de maio, tendo a participação de 1.056

profissionais de saúde, provenientes de 117 municípios de seis estados, que apresentaram 159 trabalhos. O tema

central do V EPATESPO / IV COPOSC foi “Educação e saúde: bases da qualidade de vida da família no novo

milênio”. Na Carta de Cubatão dissemos que “o fazer saúde pública / coletiva implica entender o processo saú-

de–doença em seus determinantes sociais e que as práticas de saúde publica devem, obrigatoriamente, estar

comprometidas com a melhoria da qualidade de vida”; “reafirmar a necessidade de superar o modelo odontoló-

gico curativo-preventivista dirigido a escolares matriculados nas escolas publicas, incluindo outros grupos po-

pulacionais e ações mais complexas (....) superar, também, a confusão entre ‘prioridade’ e ‘exclusividade’ que

ainda predomina na maioria dos serviços e que exclui das ações desenvolvidas parcelas importantes da popula-

ção. Ações de saúde bucal devem estar integradas nos diversos programas como, por exemplo, no de saúde do

idoso”; “recomendar que a atenção odontológica em nível hospitalar seja implantada nos hospitais públicos de

modo a oferecer possibilidades terapêuticas aos pacientes internados”; “alertar que o uso de creme dental fluo-

retado por crianças pré-escolares, tanto no âmbito doméstico quanto no desenvolvimento de ações coletivas,

deve ser precedido de informações aos pais e demais envolvidos, sobre os riscos da ingestão indevida”; “reco-

mendar que, nos processos de formação e qualificação profissional, sejam desenvolvidos valores éticos e de

respeito aos direitos e deveres de cidadania”.

Em Sorocaba, de 8 a 11 de maio de 2002, discutimos “A saúde bucal a caminho da universalização: de-

safios e estratégias”, no VI EPATESPO / V COPOSC. O evento contou com a participação de 1.029 profissio-

nais e 120 estudantes de odontologia provenientes de 120 municípios de 4 estados. Foram apresentados 169

trabalhos, ministrados 6 cursos, realizadas 12 sessões de comunicações coordenadas e 2 mesas de debates. Da

Carta de Sorocaba constam, entre outras proposições: “incentivar o trabalho multiprofissional superando a ten-

dência de isolamento do cirurgião-dentista”; “reafirmar a necessidade da carga horária de 40 horas semanais

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para os cirurgiões-dentistas das equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e instituir incentivos financei-

ros para essa jornada de trabalho, seja em PSF ou não”; “recomendar a alteração da atual proporção de 1 equipe

de saúde bucal (ESB) para 2 equipes de saúde da família, para 1 ESB para cada equipe de saúde da família (....)

garantir a inclusão da equipe de saúde bucal no PSF como parte integrante da equipe mínima significando a

obrigatoriedade de saúde bucal em todos os PSF (....) ressaltar que o incentivo destinado pelo Ministério da

Saúde aos municípios (para a saúde bucal no PSF) não é o único recurso para pagamento de cirurgião-dentista”;

“instituir mecanismos de avaliação qualitativa dos serviços prestados pelas UBS, através de pesquisa junto à

população usuária”; “recomendar que sejam celebrados convênios entre cursos de odontologia e prefeituras no

sentido de propiciar estágios de estudantes em ações no âmbito do SUS”; “expandir o grau de atenção odonto-

lógica no âmbito do SUS, avançando na integralidade das ações, incorporando no setor público a oferta

sistemática de serviços especializados como endodontia, ortodontia, periodontia, prótese e outros, e definindo

em cada micro-região sistemas de referência e contra-referência”; “recomendar aos municípios do estado de

São Paulo a realização de levantamentos epidemiológicos em saúde bucal pelo menos a cada 4 (quatro) anos, de

modo a dispor de informações atualizadas sobre a situação nesta área e, assim, melhorar a qualidade do plane-

jamento em saúde e dispor de informações imprescindíveis para avaliar as ações desenvolvidas e analisar sua

evolução ao longo do tempo. Outros mecanismos de avaliação devem complementar os estudos epidemiológicos”.

E lá se foi, em 2004, o EPATESPO / COPOSC para Marília. No VII EPATESPO / VI COPOSC, reali-

zado de 26 a 29 de maio, com a participação de cerca de 1.200 participantes, provenientes de 150 municípios de

7 estados, debatemos “A saúde bucal e as estratégias de aperfeiçoamento do SUS frente às exigências da socie-

dade”. Pela primeira vez publicamos numa revista científica, a Odontologia e Sociedade (editada pela Faculda-

de de Odontologia da Universidade de São Paulo), os resumos dos 172 trabalhos apresentados no evento. Na

Carta de Marília propusemos “envolver nas ações de promoção de saúde bucal, técnicos da educação, nutrição e

meio ambiente, dentre outros, com vistas a uma pratica de promoção interdisciplinar”; “promover estratégias

educativas que enfoquem o individuo em seu meio social e ambiental contribuindo para formação de cidadãos”;

“assegurar acesso às ações de saúde bucal à população rural”; “estabelecer parcerias no sentido de estimular a

participação dos idosos nos exames de prevenção de câncer bucal”; “assegurar que a montagem de centros de

especialidades seja precedida de um diagnóstico das necessidades de saúde bucal da população da área de a-

brangência”; “estimular o uso de cimento de ionômero de vidro na atenção básica de saúde”; “manter as áreas

técnicas de saúde bucal da Secretaria de Estado, DIR e municípios e fazer cumprir suas funções eqüitativamen-

te em todo o Estado”; “desenvolver estratégias de atendimento aos usuários, de modo a melhorar a recepção,

segundo os princípios do acolhimento, vínculo e cuidado em saúde”; “desprecarizar as relações de trabalho as-

segurando ao servidor público da saúde, segurança funcional no exercício de suas funções”; “implementar ati-

vidades de gestão do trabalho em saúde que contemplem o concurso público para ingresso”; “destinar recursos

financeiros do governo estadual em complementação aos dos municípios para o custeio dos centros de referên-

cia de especialidades odontológicas de caráter regional”; “reconhecer que a definição da Política Nacional de

Saúde Bucal representa um avanço na inserção da saúde bucal no SUS destacando que Estados e Municípios

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

precisam aproveitar esse novo contexto para consolidar e expandir as ações desenvolvidas no setor, sobretudo

nos níveis secundário e terciário de atenção”; “reconhecer o EPATESPO e o COPOSC como um momento de

educação continuada destinando recursos financeiros das três esferas de governo para sua realização”.

E hoje estamos aqui em Peruíbe para, sob o tema “Saúde bucal, um desafio do SUS” e coerentes com

nossa origem e trajetória, realizar nossa missão: reunir os trabalhadores da Saúde Bucal do Estado de São Paulo

para analisar as nossas práticas profissionais, as realidades nas quais são desenvolvidas, e apresentar propostas

para que a atenção à saúde bucal seja inerente ao SUS e se concretize como um direito de todos.

Ah, sim... Afinal, o que me pediram, Manfredini e Neder, lá no tal Of.G.SB-077/89? Pediram-me para,

no painel de abertura daquele que seria o I EPATESPO, fazer uma... “retrospectiva do ENATESPO”, contando

um pouco da história do encontro nacional, criado em 1984 em Goiânia e que, em 1989, se preparava para sua

sexta edição, retornando ao local onde nascera.

Como se vê, de tempos em tempos, vejo-me nessa situação de fazer retrospectivas, falar de missões,

contar trajetórias...

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HORÁRIO DIA

qua – 31 mai qui – 1 jun sex – 2 jun sab – 3 jun

8h00 – 9h45

Visitas aos

pôsteres Cursos

9h45 – 10h00 Café

10h00 – 12h00

Mesa de debates: Tema 1 Cursos

Plenária de encerramento

Atividade educativa

Almoço 12h00 – 14h00 Almoço

Encontro paralelo

14h00 – 14h30 Visitas

aos pôsteres

Visitas aos

pôsteres

14h30 – 16h00 Salas de

discussões temáti-cas

Salas de discussões temáticas

16h00 – 16h30 Café

16h30 – 18h00

Passeio turístico, recepção,

credenciamento e entrega de

materiais

Mesa de debates: Tema 2

Mesa de debates: Tema 3

19h: Cerimônia de abertura 21h: Show musical

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Programação

31/05/2006 PERÍODO DA TARDE 14:00 h – Passeio turístico, recepção, credenciamento e entrega de materiais PERÍODO DA NOITE 19:00 h - Abertura Solene 20:00 h - Conferência: Dr. José da Silva Guedes – "Saúde Bucal: um desafio para o SUS " 20:30 h - Coquetel – Inauguração da feira promocional Local: Salão Principal do Centro de Convenções Av. São João, 545 - Centro – 1.000 pessoas 01/06/2006 PERÍODO DA MANHÃ 8:00-9:45 h – Visita aos pôsteres Local: Laterais do Salão Principal do Centro de Convenções Av. São João, 545 - Centro 10:00-12:00 h Mesa de debates 1 – Financiamento e gestão do SUS e a Saúde Bucal Expositores: José Carlos de Moraes (Ministério da Saúde) Ricardo Oliva (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) Marcos da Silveira Franco (Secretaria Municipal de Saúde de Ubatuba) Ativadores: Gilson de Carvalho (Médico pediatra e de saúde pública)

Marco Antonio Manfredini (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) Local: Salão Principal do Centro de Convenções – 1.000 pessoas Av. São João, 545 - Centro PERÍODO DA TARDE 14:00-14:30 h – Visita aos pôsteres Local: Laterais do Salão Principal do Centro de Convenções Av. São João, 545 - Centro 14:30-16:00 h Salas de discussões temáticas 8 Salas do Centro de Convenções - 45 pessoas / sala Av. São João, 545 - Centro 16:30-18:00 h Mesa de debates 2 – Integralidade e resolutividade das ações de saúde bucal Expositores: Marcelo Bacci Coimbra (Secretaria Municipal de Saúde de Amparo) Fausto Souza Martino (Comitê de Saúde Bucal – DIR V – Osasco) Luiz Gustavo Leite Praça (Secretaria Municipal de Peruíbe) Ativadores: Helenice Biancalana (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas) Maria da Candelária Soares (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo) Local: Salão Principal do Centro de Convenções – 1.000 pessoas Av. São João, 545 - Centro

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02/06/2006 PERÍODO DA MANHÃ 8:00-12:00 h Curso 1 – Contribuição do Agente Comunitário de Saúde para a saúde bucal Público alvo: Agentes Comunitários de Saúde Profa. Julie Silvia Martins (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo) Profa. Sueli Elizabeth Leme Moreira (DIR XX – São João da Boa Vista) Local: Núcleo da 3ª Idade de Peruíbe - 300 vagas Av. Padre Anchieta, 995 – Centro Curso 2 - Equipe de saúde bucal: a importância do acolhimento e das ações educativas nas práticas cotidia-nas de saúde Público alvo: Equipe de Saúde Bucal Profa. Maristela Vilas Boas Fratucci (Faculdade de Odontologia da Universidade de Mogi das Cruzes) Prof. José Miguel Tomazevic (Centro de Seleção e Desenvolvimento de Recursos Humanos – SES-SP) Local: Salão Principal do Centro de Convenções - 300 vagas Av. São João, 545 - Centro Curso 3 – Prótese total: simplificando a confecção sem perda da qualidade Público alvo: Cirurgiões-dentistas e Técnicos de Prótese Dentária Prof. Sigmar de Mello Rode (Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera) Prof. Bruno das Neves Cavalcante (Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera) Profa. Márcia Fattori (SENAC) Local: Sala do Centro de Convenções - 50 vagas Av. São João, 545 - Centro Curso 4 – Experiências vivenciais para acadêmicos no Sistema Único de Saúde Público alvo: Estudantes de odontologia Profa. Laura Camargo Feuerwerker (Universidade Federal Fluminense) Local: Sala do Centro de Convenções - 50 vagas Av. São João, 545 - Centro Curso 5 – Dor orofacial Público alvo: Cirurgiões-dentistas Prof. José Tadeu Tesseroli de Siqueira e equipe (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina - USP) Local: Sala do Cine Vitória Régia de Peruíbe - 120 vagas Av. Padre Anchieta, 957 - Centro Curso 6 – Pacientes com necessidades especiais – desmistificando o tratamento odontológico Público alvo: Cirurgiões-dentistas Profa. Maria Lucia Zarvos Varellis (Conselho Regional de Odontologia - SP) Local: Sala do Cine Vitória Régia de Peruíbe - 180 vagas Av. Padre Anchieta, 957 – Centro Curso 7 – Visão clínica e epidemiológica das infecções virais

Vigilância Sanitária em Saúde Bucal Público alvo: Cirurgiões-dentistas Profa. Catalina Riera Costa (Centro de Referência e Treinamento de DST / AIDS – SES-SP) Profa. Maria do Carmo Kannebley Hörnell (Centro de Vigilância Sanitária – SES-SP) Local: Sala do Centro de Convenções - 50 vagas Av. São João, 545 - Centro

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

PERÍODO INTERMEDIÁRIO 12:00-12:20 h Atividade educativa – Não deixe seus hábitos de higiene dental para depois Alunos da Escola Técnica de Saúde Pública – Cidade Tiradentes – São Paulo Local: Salão Principal do Centro de Convenções - 300 pessoas Av. São João, 545 - Centro 13:00-14:00 h Encontro paralelo – Panorama nacional das profissões ACD e THD Celina Pereira dos Santos Lopes (Comissão de ACD e THD do Conselho Federal de Odontologia) Local: Salão Principal do Centro de Convenções - 300 pessoas Av. São João, 545 - Centro PERÍODO DA TARDE 14:00-14:30 h – Visita aos pôsteres Local: Laterais do Salão Principal do Centro de Convenções Av. São João, 545 - Centro 14:30-16:00 h Salas de discussões temáticas 8 Salas do Centro de Convenções – 45 pessoas / sala Av. São João, 545 - Centro 16:30-18:00 h Mesa de debates 3 – Educação e formação de recursos humanos para o SUS Expositores: Ana Stela Haddad (Ministério da Saúde) Karina Barros Calif Batista (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) Nilce Emy Tomita (Faculdade de Odontologia de Bauru - USP) Ativadores: Aparecida Linhares Pimenta (Conselho de Secretários Municipais de Saúde)

Maria Ercília de Araújo (Faculdade de Odontologia de São Paulo - USP) Local: Salão Principal do Centro de Convenções- 1.000 pessoas Av. São João, 545 - Centro PERÍODO DA NOITE 21:00 h – Show musical 03/06/2004 PERÍODO DA MANHÃ Plenária de encerramento: 8:00 às 12:00 h Local: Salão Principal do Centro de Convenções- 1.000 pessoas Av. São João, 545 - Centro

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Conferência de abertura

Saúde Bucal: um desafio para o SUS*

José da Silva Guedes (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo)

A saúde, enquanto direito inerente à condição do ser humano, é uma conquista da sociedade brasi-

leira decorrente das lutas pela redemocratização do país, encabeçada pelo Movimento da Reforma Sanitária, que culmina com a criação do Sistema Único de Saúde na Constituição Federal de 1988. No Estado de São Paulo, a descentralização das unidades de saúde estaduais para os municípios, iniciou-se em 1982, continuou, com as Ações Integradas de Saúde e posteriormente com o SUDS., porém a municipalização da gestão ocorreu a partir da edição da Norma Operacional Básica (NOB 1/93) e tomou impulso a partir da NOB 1/96, que trouxe mais avanços no sistema de descentralização com a instituição do Piso da Atenção Básica (PAB) e incentivos financeiros para programas específicos, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Pro-grama de Saúde da Família (PSF). As práticas de saúde bucal, no Estado de São Paulo iniciaram-se na linha do movimento puericultor e de higiene escolar no início do século XX e, em 1912 teria sido inaugurado o primeiro Dispensário de Assistência Dentária Escolar de São Paulo, no Grupo Escolar Prudente de Morais. Com a des-coberta dos efeitos do flúor na redução da prevalência da cárie dentária e com a proposição do Sistema Incre-mental de Atendimento nos anos 50, prosperaram os Serviços Dentários Escolares nas Secretarias de Educação do Estado e de Municípios. Nas secretarias estaduais e municipais de saúde, optou-se pelo atendimento mater-no infantil enquanto aos trabalhadores inseridos no mercado de trabalho era ofertado pelas CAP e depois pelos IAP, atendimento odontológico, que na sua grande maioria se restringia a urgências (extrações dentárias), o que resultou na transformação dos trabalhadores brasileiros em um dos grupos mais desdentados do mundo. Os demais segmentos populacionais eram excluídos do sistema público e aqueles menos favorecidos economica-mente, ficavam à mercê das “clínicas populares”, outra “fabrica de desdentados”. Estima-se que na década de 80, 3 em cada 4 brasileiros com 60 anos encontravam-se desdentados. A prática odontológica predominante, quer no setor privado, quer no público - centrada no cirurgião-dentista, de cunho curativo, sem interferir nos determinantes do processo-saúde doença, mostrou-se ineficiente e ineficaz para reverter o quadro caótico da saúde bucal da população. A partir da reflexão sobre essa prática odontológica e seus resultados, no bojo da Reforma Sanitária, um novo “modelo de atenção em saúde bucal” tomou corpo e vem sendo construído, rom-pendo com o paradigma anterior; para essa construção foram importantes as discussões ocorridas nos ENATESPO – Encontros Nacionais dos Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico, inicia-dos em 1984, as deliberações das 1ª, 2ª e 3ª Conferências Nacionais de Saúde Bucal, precedidas das conferên-cias municipais e estaduais (em 1986, 1993 e 2004) e, em São Paulo, os EPATESPO – Encontros Paulistas dos Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico. Esse modelo, incorporando propostas inovado-ras que apontaram para a democratização do acesso ao sistema, quer para a assistência, quer para as ações de promoção de saúde, tem fundamento nos princípios constitucionais da universalidade e da equidade do acesso aos serviços e ações de saúde, e da integralidade das ações; articula ações coletivas de saúde e assistência na atenção básica, com a incorporação de pessoal auxiliar na equipe de saúde bucal, incluindo-se a estratégia do Programa de Saúde da Família; prevê a hierarquização e articulação do sistema de atenção à saúde bucal, com a disponibilização de centros de especialidades odontológicas e de assistência odontologia em âmbito hospitalar, bem como a disponibilização de recursos para diagnóstico, buscando a ampliação da resolutividade do atendi-mento e garantindo-se a referência e contra-referência; prevê o desenvolvimento dos recursos humanos, com formação de pessoal auxiliar e educação permanente dos profissionais com o objetivo de melhor capacitá-los tecnicamente, bem como buscar sua aproximação às práticas de saúde coletiva, superando as dificuldades do trabalho em equipe. Esse modelo incorpora também como ação intersetorial, a fluoretação das águas do sistema público de abastecimento; o hétero controle da fluoretação das águas, através de amostras coletadas na rede de

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Conferência de abertura 22

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saúde, no sentido de garantir a qualidade da água tratada e corretos teores de flúor; c) controle dos ambientes de assistência odontológica e dos produtos de interesse da saúde bucal comercializados, através da Vigilância Sanitária. Requer ainda a reorientação da formação dos profissionais de saúde bucal, com um perfil necessário a realidade do Brasil e do SUS. Na trajetória da inclusão das ações de saúde bucal no SUS, é importante lem-brar (a) a proposição da Política Nacional de Saúde Bucal em 1989, pelo MS; (b) a inserção dos Procedimentos Coletivos em Saúde Bucal na Tabela de Procedimentos do Sistema de Informação Ambulatorial; (c) a inclusão das ações de saúde bucal no PAB – piso da atenção básica, pela NOB 1/96; (d) a inclusão da saúde bucal como uma das áreas estratégicas da atenção básica, na NOAS 1/02; (e) a instituição de incentivos financeiros para a inclusão de equipe de saúde bucal no Programa de Saúde da Família em dezembro de 2000; (f) as alterações nos incentivos financeiros e na relação das equipes de saúde bucal no PSF ocorridas em 2003; (g) a criação dos Centros de Especialidades Odontologias pelo MS em 2004 e (h) a edição da Política Nacional de Saúde Bucal em 2004, configurando o Programa Brasil Sorridente, do Governo Federal. No Estado de São Paulo, foi rele-vante o papel da SES. Em 1983, desencadeou-se um amplo processo de reorientação das práticas odontológi-cas, das definições programáticas, da formação e utilização de pessoal auxiliar compondo as equipes de saúde bucal e das inovações tecnológicas com a proposição de novos ambientes de trabalho, como as clínicas fixas e transportáveis. Através do Programa Metropolitano de Saúde – PMS, dezenas de unidades de saúde foram construídas nos municípios da região metropolitana e na capital, incorporando a lógica do trabalho em módulos clínicos. Foram expandidos serviços de odontologia para mais de 150 municípios, acompanhando a política de interiorização em curso na SES. Ocorreu a expansão da fluoretação das águas no interior e nos municípios da Região Metropolitana da Grande São Paulo, que se concluiu em 1986. Criou-se nesse ano a Coordenação Esta-dual do Projeto Larga Escala, o que possibilitou a realização do primeiro curso de THD no município de Embu, em 1987. O Departamento de Assistência ao Escolar foi transferido para a Secretaria da Saúde, em 1987 e em 1989, foi proposto no “Programa Estadual de Saúde Bucal - Diretrizes para os Programas Regionais e Munici-pais a “Terapêutica do Controle Epidemiológico da Cárie”, precursora dos “Procedimentos Coletivos em Saúde Bucal”, em substituição aos antigos Tratamentos Completados do Sistema Incremental, estando previstas tam-bém a reorganização do trabalho, formação e capacitação de Recursos Humanos .Em 1995, são elaboradas as” Diretrizes para a Política de Saúde Bucal para o Estado de São Paulo De 1995 a 1998, implementou-se o proje-to Inovações no Ensino Básico (IEB) - componente Saúde, com recursos do Banco Interamericano de Desen-volvimento (BIRD), desenvolvido na Região Metropolitana da Grande São Paulo e posteriormente estendido aos municípios do Vale do Ribeira, cuja estratégia principal foi o fortalecimento do processo de municipaliza-ção por meio da implementação dos Procedimentos Coletivos em Saúde Bucal (SES SP 2002)”. Realizaram-se três estudos epidemiológicos; o primeiro na capital, em 1996, e os demais (em 1998 e 2002) em âmbito estadu-al, em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com a participação de facul-dades de odontologia e secretarias municipais de saúde. O último estudo foi também em parceria com o Minis-tério da Saúde e seus resultados integram o Projeto SB Brasil 2003 - Condições de Saúde Bucal da População Brasileira - 2002-2003 (MS 2004). Em 2000, foram elaboradas as "Recomendações para o uso de produtos fluorados em função do risco de cárie dentária no âmbito do SUS São Paulo” e, em 2001, foi elaborado o do-cumento “Reorganização das Ações de Saúde Bucal na Atenção Básica; uma proposta para o SUS São Pau-lo”, que embasaram a reorganização das ações de saúde bucal em muitos municípios do estado. Em 2001 foi iniciado o “Projeto Impacto: ações educativas, prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal” durante a campanha nacional de vacinação dos idosos, que incentivou a capacitação dos cirurgiões-dentistas da rede bá-sica para o diagnóstico de lesões bucais e induziu a sistematização da referência e contra-referência. Em 2004 é firmado pelo Governo do Estado com 116 municípios o convênio para a conclusão da fluoretação das águas dos sistemas públicos de abastecimento, o que possibilitará, em breve, que 100% da população urbana tenha acesso à água tratada e fluoretada. No campo da promoção e prevenção da saúde, o impacto mais importante dessas ações foi o da redução da prevalência da cárie dentária na população infantil, conforme mostraram os estudos de 1996, 1998 e 2002. Em âmbito estadual, constatou-se uma diminuição do CPO-D de 3,72 (1998) para 2,52 (2002), mostrando porém uma diferença quando analisadas as crianças da rede pública e privada e as diferentes regiões do estado. Porém, há que se comemorar, ao considerar-se que aos 12 anos, em 1982, esse índice era de 7.14! No campo das ações e serviços de saúde, um estudo realizado em 2003 reportava que em 520 municípios pesquisados, havia 1 cirurgião-dentista do SUS para cada 3.552 habitantes, em âmbito estadual, mostrando porém uma relação altamente desfavorável em regiões de maior densidade populacional, como a capital e a Região Metropolitana da Grande São Paulo. Quanto ao pessoal auxiliar, as relações encontradas

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Conferência de abertura 23

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indicam ainda a necessidade de se avançar no que diz respeito à inclusão de pessoal auxiliar nas equipes de saúde bucal. Em 2003, a cobertura de Procedimentos Coletivos na população de 0 a 14 anos foi de 29,58% em âmbito estadual, mostrando um avanço considerável em relação aos dados registrados em 1995 (14,97%). O acesso à primeira consulta odontológica foi de 12,20% em âmbito estadual; entretanto na região do interior esse percentual foi de 17,86% enquanto a região da Grande São Paulo registrou 6,11%. Enquanto os procedimentos individuais básicos registraram uma média de 0,65 procedimento / habitante, os especializados registraram uma média de 0,038 proc / habitante, indicando a pequena oferta de serviços de especialidades odontológicas no estado. O Programa de Saúde da Família tinha uma inserção ainda tímida no Estado, em conseqüência, prova-velmente, da rede de saúde já existente. O planejamento das ações de saúde bucal baseado em critérios de risco às doenças bucais foi utilizado por 51% dos municípios. Em suma, houve avanços no desenvolvimento das ações e serviços de saúde bucal nos últimos anos, em que pese a conjuntura econômica desfavorável. Entretan-to, é evidente que apesar da observação do declínio da cárie nas faixas etárias de 5 a 12 anos, as doenças bucais continuam sendo um importantíssimo problema de saúde pública em todo estado de São Paulo. Parcelas signi-ficativas da população continuam à margem das ações e serviços de saúde bucal, excluídas dos benefícios pro-piciados pelo avanço técnico e científico da odontologia, sobretudo as populações mais carentes das periferias das grandes cidades e dos municípios de menor desenvolvimento econômico. Requer-se, assim, esforço dos dirigentes e técnicos das três esferas de gestão do SUS, assim como dos profissionais e representações da soci-edade civil, no aprofundamento das estratégias formuladas, na busca dos recursos financeiros necessários, com a participação dos Conselhos de Saúde, orientando efetivamente o modelo de atenção à saúde na direção da Equidade, Universalidade, Integralidade, Descentralização e Regionalização, lembrando que: “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade”. (Lei 8 090, Art. 2º, § 1º e 2º).

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Mesa de debates 1 Financiamento e gestão do SUS e a Saúde Bucal

José Carlos de Moraes (Ministério da Saúde) Para melhor entender e permitir o debate sobre o financiamento do SUS, e necessário resgatar os movimentos e marcos históricos que definiram a estrutura e que produziram impacto no processo de alocação de recursos e conseqüentemente na gestão. Considerando que ainda na década de 80, grande parte dos brasileiros não tinha a garantia do direito a saúde, restrita então aos trabalhadores urbanos regulamente contratados com o atendimento através da estrutura do INANPS e, que a política nacional de saúde era caracterizada pela forte centralização no papel federal, burocrático, praticamente cartorial. Neste período e nos anos anteriores, houve uma forte expan-são do setor privado no país, financiado pelo Estado que ao mesmo tempo garantiu a contratação dessa oferta dos hospitais e clínicas privadas. Ainda é caracterizado pelo crescimento das especialidades medicas e pela in-corporação de tecnologia e conseqüentes custos, a assistência a população era de má qualidade, desigual e cara. Nesse contexto fortalece o movimento da “Reforma Sanitária”, que representa a articulação da sociedade, como um longo processo de formulação e luta pela saúde pública e pela redemocratização do país. Que tem como marco a 8ª Conferencia Nacional de Saúde em 1986, trazendo como referencial para a política de saúde: a uni-versalidade e equidade no acesso; integralidade no cuidado; regionalização e hierarquização dos serviços e o controle da sociedade. Consolidado na Constituição Federal, promulgada em 1988, ampliou os direitos civis e políticos, como uma carta de direitos, e reconhecendo como tal o trabalho, a educação, habitação, alimentação, cultura e saúde. Assim, a saúde se inscreve como direito do cidadão, e da coletividade e como dever do poder público ou, dos estados Em 1990 é sancionada a lei orgânica da saúde-LOS, que, com o objetivo de regulamen-tar a constituição aprofunda os conceitos dos princípios e diretrizes do SUS, definindo as competências dos níveis de gestão e critérios para o financiamento e transferência dos recursos para estados e municípios. Sob o argumento da inviabilidade conjuntural, de regulamentar a LOS, principalmente o artigo 35 e, com o objetivo de organizar a descentralização publica-se a Norma Operacional Básica – NOB, que estabelece critérios para habilitação dos municípios e estados e define recursos financeiros para assistência. Inicialmente pela NOB-91, caracterizada pela gestão do SUS ainda muito centralizada no nível federal, equipara prestadores públicos aos privados, sendo o repasse dos recursos condicionados a produção de serviços. Entre 1994 e 1997, a alocação de recursos federais foi realizada em função da NOB / 93 que introduziu importantes alterações na sistemática de transferência de recursos. Nela foram adotadas transferências regulares e automáticas do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais e Estaduais de Saúde, o que significou uma ruptura em relação à sistemática anterior. Os municípios habilitados a receberem os recursos não tinham obrigação de alocá-los em programas pré-determinados, tendo autonomia de aplicação, segundo suas prioridades definidas em seu plano de saúde. Deve-se dizer que o critério básico para os montantes a serem transferidos, ainda era feito com base na série histórica de gasto, condicionada pelo faturamento dos serviços ambulatoriais e hospitalares, mantendo as desi-gualdades existentes na distribuição da oferta. Essa forma de alocação de recursos federais sofreu uma alteração a partir da NOB 96, que passou a vigorar somente em 1998, onde foi estabelecido que, para o nível da atenção básica, o financiamento seria realizado procurando-se alcançar a igualdade de despesa para todos os municí-pios, estabelecendo-se um valor per capita mínimo (Piso da Atenção Básica – PAB-fixo), ancorado no gasto per capita médio nacional, e um valor per capita máximo para os municípios, com gasto superior ao valor médio nacional. Foram criados, ainda, os incentivos financeiros (PAB-variável) para o desenvolvimento de programas específicos como o Programa de Saúde da Família e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e, a desti-

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nação de recursos para a vigilância sanitária e para o controle de doenças. Quando a forma de transferência fundo a fundo se consolidava como alternativa a remuneração de serviços produzidos, ainda na vigência da NOB-96, parte dos recursos federais destinados a financiar a média e alta complexidade, passam a ser transferi-dos de acordo com estratégias ou campanhas pré-definidas, um conjunto de ações custeadas de forma diferenci-ada, resgatando a produção como modalidade de transferência. Sendo que, a cada ano foi aumentando o número de itens financiados e custeados pelo FAEC – fundo de ações estratégicas e de compensação a partir de 1999. Neste período de implementação da política de saúde, nota-se maior comprometimento da participação dos mu-nicípios e estados no financiamento do SUS, mesmo assim, os recursos transferidos pela união correspondem a maior parte custeio das ações e serviços de saúde, mesmo que diminuindo a participação proporcional, mas mantendo crescente o aumento nominal das transferências de recursos. Para se ter idéia, segundo os dados do SIOPS em 2003, o gasto público com saúde foi de R$ 57 bilhões. A união respondeu por 48,6% do total, os estados por 25,7% e os municípios por 25,7. Em 1995, segundo o IPEA, recursos da união eram da ordem de 63%, estados 20,7% e municípios 16,4%. Tal mudança no perfil da aplicação dos recursos se deve pelo conjun-to de responsabilidades assumidas pelos gestores e, principalmente a partir da aprovação pelo congresso em nacional em 2000 da emenda constitucional numero 29 – EC 29. Ficou então definido que a União, Estados e Municípios deveriam aplicar recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços de saúde. Devendo os estados e municípios alocar recursos de impostos e transferências constitucionais, num montante percentual, que deveria crescer anualmente até atingir em 2004, 12% para estados e 15% para os municípios. Para a União, definia que no primeiro ano o aporte de 5% sobre o orçamento empenhado no período anterior e para os seguin-tes, o valor apurado no ano anterior corrigido pela variação do PIB nominal. Contudo, é fundamental a regula-mentação da previsto na emenda, para que a definição do que são ações e serviços de saúde, do que deve ou não ser gastos em saúde. Eliminando assim, possibilidade de interpretações e inclusões de despesas que não são típicas de saúde. Atualmente, após a pactuação na Comissão Intergestores Tripartite - CIT e pela aprovação no Conselho Nacional de Saúde dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, que tem como um dos eixos de ação o financiamento, estabelece e reafirma alguns princípios gerais, buscando a desfragmentação dos recur-sos federais reduzindo e aglutinando as transferências. Reafirma que o financiamento do SUS é de responsabi-lidade das três esferas de gestão; que o repasse fundo a fundo deve ser a modalidade preferencial para transfe-rência de recursos entre os gestores; a importância da redução das iniqüidades regionais e, que o financiamento federal para o custeio será constituído em blocos de recursos, que serão assim organizados: Atenção básica, Atenção de média e alta complexidade, Vigilância em saúde, Assistência farmacêutica e Gestão do SUS. Os recursos que compõe cada bloco podem ser utilizados de forma global, dentro de cada bloco conferindo maior liberdade na sua aplicação pelos gestores, atendendo as especificidades previstas, conforme regulamentação específica. Assim, até que seja possível instituir um processo de alocação de recursos que considere as necessi-dades em saúde como referência, que reconheça e interprete as diferenças regionais, sempre atendendo aos pre-ceitos legais que organizam o SUS, como política social e a saúde como relevância publica, fica apresentado o desafio de buscar a garantida dos direitos dos cidadãos brasileiros, constituindo e implementando estratégias de cooperação e uma relação solidária entre os gestores do SUS, onde se busque superar a atual estrutura do finan-ciamento público para saúde.

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Ricardo Oliva (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo)

O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das políticas sociais mais bem sucedidas no Brasil. Tornou-se um dos maiores sistemas públicos de saúde no mundo e ocasionou grande ampliação das ações de saúde, tanto na aten-ção básica, quanto em procedimentos de alto custo, isso baseado nos seus princípios éticos da universalidade, integralidade e eqüidade. Porém, o SUS enfrenta o encarecimento da assistência à saúde em função da cobertu-ra da população antes considerada “excluída”, aumento da população dependente, envelhecimento e ocorrência de doenças crônicas e incorporação de novas tecnologias e terapêuticas. O financiamento do SUS cabe às três esferas, mas é necessário que se leve em conta a evolução histórica desse financiamento, o papel de cada esfera no SUS, as diferenças regionais e entre os estados, a rede de serviços e ações de saúde de cada local e a garantia de eqüidade, o que coloca o Estado de São Paulo em uma situação diferente dos demais. Em uma análise do percentual de recursos disponibilizados pelas três esferas de governo para a saúde desde a década de 80 até 2005, observa-se uma redução no valor disponibilizado pela União e uma aumento dos valores disponibilizados por estados e municípios. Além disso, no Estado de São Paulo, o investimento “per capita” do SUS é maior que no Brasil devido aos gastos estaduais e municipais. O Estado de São Paulo contempla 22% da população do Brasil e realiza proporcionalmente mais procedimentos de alta complexidade. Os recursos estaduais de saúde no Estado de São Paulo não possuem equivalência em outros estados, pois engloba rede de escolas médicas, hospitais universitários estaduais, 60 unidades hospitalares estaduais, 6 institutos de pesquisa, a SUCEM e mais três fundações. Em 2005, na atenção básica foram empregados recursos estaduais no valor de R$ 813 milhões, correspondente a R$ 20,1 hab / ano. Com a média e alta complexidade, o Estado de São Paulo gastou R$ 3.985,3 bilhões (R$ 98,5 hab / ano). Tem-se buscado gastar com saúde o percentual previsto pela EC 29/00 e os gastos na atenção básica têm sido direcionados com base no princípio da eqüidade. Houve uma mudança no papel do gestor estadual em função do processo de municipalização, o que coloca a atenção primária (inclusive bucal) como parte da gestão municipal, permitindo a SES desenvolver o seu papel de articulador, assessor, in-centivador e promotor da eqüidade na atenção primária e manter seu papel na prestação de serviços secundários e de maior complexidade (referência). Pode-se concluir que, tanto na saúde bucal, como em outras áreas, são necessários muitos investimentos e ampliação dos atendimentos, mesmo no Estado de São Paulo. Os gestores devem reforçar seus compromissos na construção do sistema, respeitando as agendas políticas federal, estaduais e municipais, desde que não contrariem os princípios do SUS. O Estado de São Paulo tem dado atenção em saúde bucal e mantém suas prioridades: colaborar para a eqüidade do acesso, auxiliar os municípios nas capaci-tações e treinamentos de recursos humanos, avaliar a evolução da área e auxiliar na realização de levantamentos epidemiológicos, criar novos modelos e estratégias para a área (com garantia de recursos estaduais) e investir em atenção referencial na medida de suas possibilidades.

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Marcos da Silveira Franco (Secretaria Municipal de Saúde de Ubatuba - SP) A saúde bucal caminha em franco desenvolvimento por meio das ações promovidas pelo Brasil Sorridente, a primeira política nacional estabelecida e construída com o principal objetivo de consolidar as suas ações sob a lógica do Programa de Saúde da Família, estratégia estruturante do SUS. A política de financiamento da saúde bucal para os municípios vem sofrendo algumas modificações importantes e históricas no intuito de apoiar à implementação e a operacionalização de suas ações. Espaços foram conquistados com a idéia da concretização das propostas de criação e recriação das situações que se apresentam no cenário epidemiológico das doenças bucais no Brasil, tais como a equiparação na relação entre as equipes de saúde bucal e equipes de saúde da fa-mília e o aumento nos incentivos financeiros para implantação das equipes de saúde bucal. Entretanto, há muito o que ser trabalhado ainda, como a própria política de financiamento, a fim de rever a participação de cada uma das três esferas de governo, dentre uma série de outras ações. Urge o momento, inclusive, da revisão dos valo-res da tabela de procedimentos odontológicos do SUS. Portanto, faz-se necessário a idealização de espaços e a participação de todos os envolvidos nesse processo relativo à consolidação da saúde bucal no SUS para, estra-tegicamente, promover o debate destas questões relativas ao permanente e relevante avanço da idéia da saúde bucal no SUS.

"Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas". (Luis Fernando Veríssimo)

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Mesa de debates 2 Integralidade e resolutividade das ações de saúde bucal

Marcelo Bacci Coimbra (Secretaria Municipal de Saúde de Amparo - SP) Durante anos, no município de Amparo, os programas de atenção à saúde bucal priorizaram as gestantes e os indivíduos de 0 a 14 anos de idade, ficando a população adulta limitada a restritos atendimentos. A partir de junho de 2001, a inserção das Equipes de Saúde Bucal na Saúde da Família e a inclusão da estratégia de avalia-ção de risco, como propostas de reorganização do modelo assistencial, têm ampliado de forma significativa o acesso da população adulta aos programas de atendimento odontológico programático. Os usuários que necessi-tam de atenção secundária são encaminhados para o Centro de Especialidades Odontológicas para conclusão do tratamento. Os objetivos dessa proposta de reorganização são: o acesso da população adulta às ações básicas e especializadas de saúde bucal e manter as condições epidemiológicas de saúde bucal na população de 0 a 14 anos de idade. A avaliação de risco tem sido uma das principais estratégias utilizadas para nortear a assistência e esta se dá através de triagens familiares, onde o risco social e as condições bucais individuais são considera-dos. As condições de saúde bucal são avaliadas, classificando os indivíduos quanto ao risco (alto, médio e bai-xo). Os classificados em alto risco apresentam doenças bucais ativas e necessitam de assistência individual. No entanto, os de médio e baixo risco podem ter a atenção concluída através de procedimentos coletivos com com-plexidade gradativa conforme a classificação entre o risco de adoecer e a ausência de doença. As especialidades odontológicas oferecidas pelo município são patologia bucal, periodontia, endodontia, prótese dental, pacientes especiais e cirurgia. De agosto de 2001 a dezembro de 2005 foram totalizados 45.004 Tratamentos Odontológi-cos Completados, dos quais 30.399 foram iniciais, 11.595 foram de manutenção e 3.010 especializados. Consi-derando que a população cadastrada em Amparo é de 56.516 habitantes, podemos considerar a cobertura satis-fatória. Pode-se concluir que o Programa de Saúde da Família tem se mostrado eficaz na reorganização do mo-delo de atenção e tem ampliado o acesso da população às ações de promoção, prevenção e recuperação da saú-de bucal. Os critérios de risco têm possibilitado a otimização do serviço uma vez que os indivíduos recebem a atenção necessária nos diferentes graus de complexidade, conforme as condições de saúde bucal apresentada. A implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas é fundamental para garantir a atenção integral à po-pulação adulta, que pela dificuldade de acesso a atenção odontológica ocorrida durante décadas, apresenta ne-cessidades de tratamento de maior complexidade.

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Fausto Souza Martino (Comitê de Saúde Bucal – SES-SP – DIR V - Osasco) Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os serviços de saúde nos níveis locais vêm trabalhando de forma a transpor barreiras para sua implantação, através de seus princípios fundamentais de universalidade, integralidade e eqüidade. A busca da ampliação do acesso a serviços integrais e resolutivos tem sido um cons-tante desafio dos municípios. A experiência da área de Saúde Bucal da Diretoria Regional de Saúde (DIR) V de Osasco alcançou resultados importantes nesta direção nos últimos anos. A DIR V - Osasco conta com 15 muni-cípios da região metropolitana de São Paulo e está localizada a oeste da capital. Em 12 de novembro de 1999, através de portaria de seu Diretor Técnico, o Comitê de Saúde Bucal da DIRV – Osasco foi criado com os obje-tivos de fortalecer a implantação e implementação das diretrizes políticas da saúde bucal nos municípios, pro-mover a integração dos municípios entre a DIR V – Osasco e a coordenação estadual de saúde bucal, buscar incentivos financeiros para subsidiar ações de saúde bucal e divulgar resultados das ações de saúde bucal dos municípios da região. O comitê é composto pelo interlocutor de saúde bucal da DIR V e representantes da área técnica da DIR V e dos Programas de Saúde Bucal dos 15 municípios que compõem esta regional, designados por ato dos respectivos Secretários de Saúde de cada município. Os resultados de seu trabalho vêm demons-trando grande importância na integração, no desenvolvimento científico e no suporte técnico à organização dos serviços de saúde bucal da região. Dentre suas ações, o comitê tem prestado apoio técnico aos municípios na implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), elaborou o Plano Diretor Regional de Saúde Bucal, presta assessoria aos municípios nas campanhas de prevenção do câncer bucal, promoveu o 1° e o 2° Fóruns de Saúde Bucal Coletiva da região, incentivou a capacitação técnico-científica de todos os profissionais envolvidos com a saúde bucal como a educação continuada com os profissionais que realizam especialidades nos municípios, além de apoiar o desenvolvimento de pesquisas em serviço, desenvolvidas juntamente com o Instituto de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde e o Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. A região da DIR V – Osasco possui desde meados dos anos 90, além da atenção básica, serviços especializados de endodontia, cirurgia oral menor e atendimento a portadores de necessidades especiais. Com a criação de oito CEO na região, outras especialidades como periodontia, semi-ologia e prótese foram implantadas e expandidas a mais municípios. A região apresenta como característica diferencial, o histórico de trabalho com sistema modular e equipe de saúde bucal. O primeiro curso de formação de Técnicos em Higiene Dental (THD) no Estado de São Paulo foi realizado na região, tendo até o momento formado cerca de 50 THD. Os fatores que contribuíram para a melhoria dos serviços e do quadro de saúde bu-cal da região foram, além da fluoretação das águas de abastecimento há mais de 20 anos na maioria dos muni-cípios e do uso de dentifrícios fluoretados, a melhoria da qualidade da atenção em saúde bucal proporcionada pela participação da equipe de saúde bucal em atividades multidisciplinares e investimento públicos na forma-ção de pessoal auxiliar.

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Luiz Gustavo Leite Praça (Secretaria Municipal de Saúde da Estância Turística de Peruíbe - SP)

As ações de saúde bucal desenvolvidas na Estância Turística de Peruíbe são: Programa Odonto-bebê, Programa de Prevenção Escolar, inserção da Equipe de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família, Programa de Pró-tese Total, Cirurgia Buço-maxilo-facial, além do atendimento básico nas unidades básicas de saúde e do ônibus odontológico. O Programa Odonto-bebê é realizado por um cirurgião-dentista e consiste em palestras educati-vas para gestantes e puérperas, incentivo ao aleitamento materno, higiene bucal e prevenção de maus hábitos. O Programa de Prevenção Escolar consiste na orientação sobre higiene bucal, bochechos fluoretados, escovação supervisionada e palestras para professores (capacitação) e pais. No Programa de Saúde da Família, encontram-se seis equipes que visam a prevenção e cuidados das famílias adscritas, com visitas domiciliares e tratamentos preventivo e corretivo da população. O Programa de Prótese Total fornece às pessoas carentes e idosas, próteses totais e parciais. Visa promover a reabilitação bucal e social da população atendida. A Cirurgia buco-maxilo-facial visa atender as emergências cirúrgicas e pacientes acidentados, bem como promover o diagnóstico bucal da população. As unidades básicas de saúde e o ônibus odontológico visam promover o atendimento da popula-ção dos bairros e da zona rural.

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Mesa de debates 3 Educação e formação de recursos humanos para o SUS

Ana Stela Haddad (Ministério da Saúde)

O ensino de odontologia no Brasil, assim como em outros países, sofreu grande influência do estágio de conhe-cimento dos determinantes de saúde. Assim, a formação em odontologia, nos moldes ainda hoje concebidos em muitas escolas, entendeu a saúde como resultado do processo biológico, fundada em princípios flexnerianos, de higiene e distante do contexto social. Dois movimentos do conhecimento científico ampliaram os limites de compreensão do processo saúde-doença e por conseqüência, os limites do ensino de odontologia: a inserção dos determinantes sociais de doenças com a inclusão progressiva das “causas das causas” e a retomada da relação entre os problemas bucais e de saúde geral de indivíduos e coletividades. Até os anos 90, as políticas públicas para o setor enfrentavam timidamente os problemas de saúde bucal. A crescente participação dos dentistas nos programas públicos nos coloca frente à inadequação do ensino, para esse novo modelo que coloca a Odontolo-gia como protagonista da atenção básica. A inserção do dentista nas equipes de saúde da família é parte essen-cial da estratégia de estruturação dos serviços no SUS. O número de equipes vem aumentando e progressiva-mente diminuindo a distância entre as proporções de Equipes de Saúde Bucal em relação às Equipes de Saúde da Família. A necessidade de articulação entre os setores da Saúde e da Educação assim como de mudanças do modelo atual de formação de profissionais está presente nos diversos documentos produzidos nas Conferências de Saúde. Os Recursos Humanos são essenciais para a qualidade da atenção à saúde. Nada adianta investir em recursos materiais, equipamentos, reformas de estrutura física se as pessoas que fazem saúde não estiverem motivadas e preparadas para esta função. Este reconhecimento é explícito na temática escolhida para o Dia Mundial da Saúde, “Trabalhadores da Saúde, imprescindíveis” e na propagada Década dos Recursos Humanos, pautados pela Organização Mundial da Saúde. A atual agenda da Secretaria de Gestão e do Trabalho e da Edu-cação na Saúde, no que diz respeito à gestão da educação, busca um modelo educacional de integração entre ensino, serviços de saúde e trabalho em saúde, a regulação para a qualidade do ensino e a valorização da educa-ção permanente para o trabalho. Entre as ações previstas que deverão ter impacto sobre o ensino de odontologia está a implantação PRO-SAÚDE. Os sistemas de saúde e de educação no Brasil cresceram com lógicas pró-prias. Ambos têm, entretanto, o papel constitucional de promover a construção de uma nação menos desigual, mais justa e melhor para todos. Muito se pode esperar de uma articulação que permita melhorar a qualidade do ensino e consolidar o sistema de saúde. A relação entre o ensino de odontologia e as políticas de saúde ainda tem muito que avançar. Porém, é inegável o papel de liderança que assume a odontologia, juntamente com a medicina e a enfermagem, como referência para que as mudanças possam expandir-se também para os demais cursos de graduação que compõem a área da saúde. A formação superior em saúde não resolverá todos os pro-blemas de saúde e sociais. Entretanto, é fundamental reconhecer o papel primordial que o ensino tem no desen-volvimento social da nação. As mudanças necessárias para fazer evoluir dois grandes setores em ação sinérgica exigirão esforços incansáveis. Toma-se como motivação o fato de que muitos determinantes são coincidentes e que as estratégias para atingir a melhor educação são também as da melhor saúde e por conseqüência, a das melhores condições de vida da população.

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Karina Barros Calif Batista (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) O Pólo de Educação Permanente é uma instância de articulação e de intervenção das demandas educativas no interior das práticas de educação, saúde, trabalho e, na interação dessas com a população; um espaço de negoci-ação política das demandas e prioridade dos Projetos de Educação em saúde. Não é um espaço físico. Partici-pam dos pólos todas as pessoas e instituições que tenham algum vínculo com a saúde. Cada Pólo decide as da-tas, o local e a periodicidade de suas reuniões. O colegiado é uma instância do Pólo da qual todos podem parti-cipar; define projetos prioritários e ações a serem implementadas. O Conselho Gestor do Pólo é a coordenação executiva; o colegiado define a composição do Pólo e indica representantes do conselho Gestor (gestores; insti-tuições formadoras; conselhos de saúde; movimento estudantil; movimentos populares etc.). Tem a missão de fazer com que os Projetos cheguem ao gestor estadual e ao Ministério da Saúde para a liberação de recursos. Funciona de acordo com as deliberações que forem tomadas no colegiado. A representação é institucional; to-das as instituições podem postular assento que será avaliado pela gestão do Pólo. Todos os participantes que têm representação formal (ofício da instituição) podem fazer as pactuações. No Estado de São Paulo tem-se oito pólos (regiões e loco-regiões): Pólo Oeste Paulista (Marília; Assis; Presidente Prudente), Pólo Noroeste Paulista (São José do Rio Preto; Araçatuba; Barretos), Pólo Baixada Santista (Região da Baixada Santista), Pólo do Vale do Paraíba (São José dos Campos; Taubaté), Pólo Sudoeste Paulista: (Bauru; Botucatú; Registro; Sorocaba), Pólo Nordeste Paulista (Ribeirão Preto; Araraquara e Franca), Pólo Leste Paulista (Campinas; Piracicaba; São João da Boa Vista), e Pólo da Grande São Paulo (municípios de São Paulo; Santo André; Mogi das Cruzes; Franco da Rocha e Osasco). A educação permanente em saúde consiste de processos de capacitação do pessoal da saúde estruturados a partir da problematização do seu processo de trabalho, cujo objetivo é a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão setorial e o controle social em saúde. É a partir da problematiza-ção do processo e da qualidade do trabalho - em cada serviço de saúde - que são identificadas as necessidades de capacitação, garantindo a aplicabilidade e a relevância dos conteúdos e tecnologias estabelecidas. As de-mandas por capacitação não se definem somente a partir de uma lista de necessidades individuais de atualiza-ção, nem das orientações dos níveis centrais, mas prioritariamente a partir dos problemas de organização do trabalho, considerando a necessidade de prestar atenção relevante e de qualidade. Transformar a formação e gestão do trabalho em saúde: envolve mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde e principalmente nas pessoas e são questões tecno-políticas e implicam a articulação de ações para dentro e para fora das institui-ções de saúde. Só tem potência se articulada com a gestão: para ter capacidade de efetivamente interferir sobre os nós críticos da organização dos serviços e das práticas. Possibilita a construção de estratégias que são efeti-vamente levadas à prática (porque os atores participam da sua proposição). As ações de formação são parte das soluções desencadeadas e trabalhadas de maneira ativa. Possibilita construir novo estilo de gestão: pactos cons-truídos coletivamente; profissionais sujeitos da produção de alternativas. A proposta do Ministério da Saúde em parceria com estados e municípios consta de: iniciativa nacional (para a formação de tutores e facilitadores da educação permanente em saúde) e curso a distância (em parceria MS e ENSP - uma estratégia do MS para for-talecer a implementação dos Pólos e da EP). Tem como objetivo ampliar a massa crítica capaz de operar a edu-cação permanente no sistema de saúde. Na primeira turma no Brasil foram envolvidos 300 tutores para formar 6 mil facilitadores .No Estado de São Paulo. na 1ª turma foram envolvidos 44 tutores e 880 facilitadores. Os tuto-res são pessoas comprometidas com a política de EP, com capacidade de articulação locorregional e experiência prévia em facilitação de processos, selecionados mediante edital público lançado pela ENSP em parceria com o Ministério da Saúde. São os facilitadores da formação de facilitadores de E. P. Os facilitadores têm um novo papel, uma nova função sendo construída no âmbito do SUS: acompanhar e facilitar a reflexão crítica sobre os processos de trabalho das equipes que operam no SUS. A reflexão sobre o trabalho no SUS exige uma caixa de ferramentas que inclui a integralidade, a produção do cuidado, o trabalho em equipe, a dinamização de coleti-vos, a gestão de equipes e de unidades, a capacidade de problematizar e identificar pontos sensíveis e estratégi-cos para a produção da integralidade e da humanização.Para a identificação dos facilitadores devem ser consi-derados: a referência deve ser a integralidade e a pergunta a ser respondida deve ser: quais os principais pro-blemas que nos afastam da atenção integral neste dado território / locorregião; identificados os problemas, o exercício é descobrir quais os mais críticos, ou seja, quais os que enfrentados possibilitam um salto de qualida-

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de; definidos os nós críticos, teremos localizados temas, equipes, locais geográficos, locais de atenção nos quais prioritariamente desenvolveremos ações de educação permanente; o passo seguinte é identificar pessoas com potencial para conduzir esses processos de reflexão crítica. Os desafios da educação permanente são: educação e trabalho (formação e produção de processos e práticas nos locais de serviço); .mudança nas práticas de forma-ção e nas práticas de saúde e articulação ensino-gestão-atenção-controle social.

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Nilce Emy Tomita (Faculdade de Odontologia de Bauru - USP) À medida que as exigências de um mundo globalizado vão se organizando de modo segmentado, a qualificação /especialização do trabalhador da saúde visa oferecer respostas vagas a uma questão pouco precisa. O desafio da área de educação é formular novas perguntas. Em muitos casos, a crise decorre da perda de capacidade para definir corretamente os problemas que precisam ser enfrentados pela formação, pela extensão e pelas pesquisas. A questão a ser formulada neste momento refere-se à adequação do trabalho do cirurgião-dentista no SUS, que sabe praticar uma Odontologia com evolução de técnicas, equipamentos e materiais, no terreno das “tecnologias duras”. Ao lado da produção de conhecimento na perspectiva da qualidade técnica especializada, o dentista vê-se diante de uma realidade à qual não foi apresentado durante sua formação. Os estudantes de Odontologia a-presentam, “no princípio do estágio, (...) limitações da sua própria formação, que é excessivamente individualista, reducionista, elitista, centrada na técnica e alheia ao conceito ampliado do processo saúde / doença”. Existe uma distância entre o ensino de odontologia e a perspectiva de universalização da saúde bucal em relação às demandas da realidade brasileira. “No estágio atual, embora o SUS constitua um significativo mercado de trabalho para os profissionais da Odontologia, principalmente com a inserção da saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família, este fato ainda não tem sido suficiente para produzir o impacto esperado sobre o ensino de graduação” 5, uma vez que “a formação tradicional em saúde, baseada na organização disciplinar e nas especialidades, conduz ao estudo fragmentado dos problemas de saúde das pessoas e das sociedades, levando à formação de especialistas que não conseguem lidar com as totalidades ou com realidades complexas”. Considerando a questão da formação de cirurgiões-dentistas para o SUS, apontam-se desafios a serem superados. “O grande desafio está em sair de um modelo de ensino centrado no diagnóstico, tratamento e recuperação de doenças para outro centrado na promoção de saúde, prevenção e cura de pessoas”. “O desafio a ser enfrentado parece passar pela superação da dicotomia entre ‘formação geral versus formação específica’, mediante uma nova racionalidade capaz de incorporar a diversidade, as contradições e as tensões que constroem o cotidiano nas instituições de ensino superior. Assim, no plano político-estrutural, pode-se dizer que um dos desafios ao ensino odontológico é (...) considerar a realidade brasileira e suas demandas (...) e o projeto político-social que a profissão pode e quer assumir”.

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Curso 1 Contribuição do agente Comunitário de Saúde para a saúde bucal

Julie Silva Martins (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo - SP)

Sueli Elizabeth Leme Moreira (SES-SP - DIR XX – São João da Boa Vista)

A inserção das ações de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família e no Programa de Agentes Comunitá-rios de Saúde, entendendo-os como importantes estratégias para a implantação e implementação de ações de saúde bucal no Sistema Único de Saúde, certamente trarão melhorias às condições de vida e saúde das popula-ções por eles atendidas. Considerando a Saúde Bucal como um dos componentes da saúde em sua expressão mais ampla, adquire importância que a prática odontológica não fique centrada na assistência à doença e tão pouco na figura do cirurgião-dentista como agente exclusivo do trabalho odontológico. Assim, é de suma im-portância capacitar o Agente Comunitário de Saúde para atuar integralmente nas ações de promoção e preven-ção de saúde nos domicílios, nos espaços sociais e também na observação inicial de morbidades bucais ajudan-do a reduzir os agravos à Saúde Bucal. A atividade tratará de temas relativos a anatomia da cavidade bucal, as principais doenças bucais, suas formas de prevenção, dando enfoque às ações que podem ser desenvolvidas pelos Agentes Comunitários de Saúde em relação à promoção e prevenção das doenças bucais. Os conceitos serão abordados de maneira expositiva, utilizando-se linguagem simples de forma a permitir o perfeito enten-dimento dos participantes, uma vez que são leigos na área. Serão utilizados recursos audiovisuais com ilustra-ções de situações concretas para facilitar o entendimento e desta forma melhorar o aproveitamento, consideran-do que os temas abordados uma vez assimilados, podem ser inseridos na prática diária destes profissionais, tra-zendo grandes benefícios à saúde bucal das populações por eles acompanhada.

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Curso 2 Equipe de saúde bucal: a importância do acolhimento e das ações educativas nas

práticas cotidianas de saúde

Maristela Vilas Boas Fratucci (Faculdade de Odontologia de Mogi das Cruzes) O acolhimento pode ser entendido como um importante instrumento de trabalho, com estratégias simples, que uma vez apropriadas pelas equipes de saúde passam a fazer parte do cotidiano das Unidades interferindo favo-ravelmente na relação usuário / serviço de saúde. Nesta apresentação nosso foco estará voltado para a qualifica-ção do acolhimento e para as ações possíveis de serem implementadas pelas equipes de saúde bucal em sua dinâmica de trabalho. Muitas vezes somos atropelados pelo processo de trabalho: urgências, demanda reprimi-da, agenda, grupos, procedimentos coletivos. Refletir sobre a conceituação do acolhimento requer necessaria-mente uma reflexão sobre o processo de trabalho em saúde. Temos que mudar nossos pressupostos e entender que “acolher” não significa somente o ato de receber, mas uma série de atos que compõem o processo de traba-lho, incorporando e valorizando as relações humanas. Segundo Fracolli (2001), acolher não significa a resolu-ção completa dos problemas referidos pelo usuário, mas a atenção dispensada na relação, envolvendo a escuta, a valorização de suas queixas, a identificação de necessidades, sejam estas do âmbito individual ou coletivo, e a sua transformação em objeto de ações de saúde. Ainda segundo a SMS Campinas (2001) em seu protocolo de acolhimento define: “receber bem, ouvir a demanda, buscar formas de compreendê-la e solidarizar-se com ela”. A idéia de acolher deve permear as relações interdisciplinarmente sendo discutida nas reuniões de equipe, de forma a criar uma rede de apoio às ações desenvolvidas rotineiramente. Criar uma postura acolhedora nos profissionais de saúde é um desafio ainda maior que fluxos e infra-estrutura que poderão ser criados para facilitarem o desenvolvimento do ato de acolher. Para encerrar estas considerações reservaremos um período para apresentação sobre a prática do acolhimento da equipe de saúde bucal do CRT / AIDS / SES.

José Miguel Tomazevic (SES-SP - CRH) As ações educativas são uma das atividades mais desenvolvidas pelo pessoal auxiliar odontológico, sendo que, grande parte dos ACD / THD desenvolvem-na de maneira empírica, necessitando de preparação ou de aprofun-damento do tema. Assim, torna-se importante sua atualização pedagógica – considerada como conjunto de prin-cípios e métodos de educação que tendem a um objetivo prático: educar. Este curso tem por objetivo atualizar (e preparar - nos casos em que o pessoal auxiliar não tem formação) o pessoal auxiliar odontológico em relação às atividades educativas, bem como dar subsídios para o seu desenvolvimento. Os temas a serem desenvolvidos serão: objetivo da educação em saúde; breve histórico da educação em saúde bucal; como fazer educação em saúde bucal: processo ensino-aprendizagem, processo de comunicação, fases do desenvolvimento humano, re-cursos educacionais para o ensino, planejamento das ações educativas em saúde; avaliação e análise crítica aos modelos de educação em saúde.

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Curso 3 Prótese total: simplificando a confecção sem perda de qualidade

Sigmar de Mello Rode Bruno das Neves Cavalcanti (Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera) A confecção de próteses totais, devido às suas peculiaridades no que diz respeito à ausência de suporte dental, perda de referências e quantidade de passos clínicos e laboratoriais, torna-se um processo difícil e muitas vezes deixado de lado pelos cirurgiões dentistas. Infelizmente, muitas vezes o profissional opta por delegar comple-tamente ao técnico a confecção, ficando responsável apenas pelos passos de moldagem e entrega da prótese, já que não encontra subsídios para confecção adequada, sejam estes técnicos ou operacionais (tempo e custo, por exemplo). Frente a isso, o conhecimento de conceitos básicos de exame do paciente, materiais dentários, estéti-ca e oclusão pode ser o diferencial necessário para a confecção de próteses totais melhores tanto do ponto de vista do profissional, quanto do ponto de vista do paciente. Com isso, o presente curso objetiva apresentar esses conceitos importantes inseridos no contexto de uma técnica de confecção modificada, que visa, além de reduzir o número de passos operatórios, melhorar a precisão na confecção deste ramo da prótese dentária. Dentre os conceitos, serão revisados principalmente os aspectos oclusais, causa muito freqüente de insucessos nos trata-mentos por prótese total. Além disso, serão apresentadas diferentes possibilidades de resolução clínica, com a inserção de outras modificações na técnica, de modo a possibilitar ao profissional escolhas para uma melhor adaptação prática que resulte também em sucesso.

Márcia Fattori (SENAC) Dando seguimento será apresentado o método de polimerização de resinas acrílicas na confecção de próteses totais, através do forno de microondas, mostrando uma técnica de fácil aplicação, com grande economia de tempo em relação as demais técnicas de polimerização existentes no mercado e sem perda de qualidade dessa prótese. Na apresentação serão abordados: a descoberta das microondas através de um breve apanhado históri-co, o funcionamento do forno de microondas, suas indicações, contra- indicações, vantagens, desvantagens, estudo comparativo da técnica de microondas em relação às demais técnicas de polimerização existentes, mate-riais e equipamentos utilizados e seqüência de confecção laboratorial de uma prótese total através da polimeri-zação no forno de microondas, desde sua inclusão em mufla até polimento final da peça.

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Curso 4 Experiências vivenciais para acadêmicos no Sistema Único de Saúde

Laura Camargo Feerwerker (Universidade Federal Fluminense)

A partir da implementação, pelo Ministério da Saúde, de uma política de Saúde Bucal, que envolve e articula a atenção básica e especializada, começa-se a superar uma enorme dívida do SUS em relação ao povo brasileiro e, ao mesmo tempo, constitui-se um mercado de trabalho em franca expansão para os odontólogos. Além do campo da clínica e da odontologia coletiva, outras oportunidades no campo da gestão, da epidemiologia e da construção do cuidado integral vêm sendo crescentemente assumidas por odontólogos no âmbito do SUS. Tor-na-se, assim, muito mais significativa a necessidade de ampliar as vivências dos estudantes de odontologia com o sistema de saúde durante seu processo de formação de graduação. A vivência no SUS durante a graduação é fundamental para possibilitar o desenvolvimento de novas competências, fundamentais para a efetiva inserção dos futuros profissionais no sistema de saúde: capacidade de trabalho em equipe, capacidade de articular clínica e saúde coletiva, capacidade de abordar a saúde de maneira integral e de trabalhar pela ampliação da autonomia dos usuários na produção da própria saúde. Todos esses são temas colocados pelas novas diretrizes curriculares para todas as profissões da saúde. Experiências interessantes em todos esses campos vêm sendo desenvolvidas em diferentes locais do país. Há, entretanto, desafios específicos da odontologia nesse processo de diversifica-ção dos cenários de prática e dos objetos de aprendizagem, mas também há desafios que são comuns a todas as profissões da saúde. Como desafios específicos, destacaria a necessidade de ampliar as reflexões e as proposi-ções em torno da participação efetiva da área de saúde bucal na produção da integralidade na atenção á saúde das pessoas. Uma participação que fosse além da justaposição de cuidados, que fosse capaz de efetivamente produzir uma ampliação no objeto de saber e intervenção dos odontólogos. Uma participação que avançasse na construção de linhas de cuidado, que possibilitasse a articulação das intervenções da saúde bucal em diferentes âmbitos do sistema de saúde Como desafios comuns a todas as profissões da saúde, destacaria: a) limitações na construção de uma agenda efetivamente conjunta entre as unidades de serviços de saúde e os professores em suas diferentes disciplinas, o que leva ao desenvolvimento de "uma agenda paralela" de estudantes e professo-res em seu tempo de permanência nas unidades ( o que dificulta a integração e inclusive a participação dos pro-fissionais dos serviços no processo de aprendizagem; b)falta de clareza a respeito das competências que podem ser desenvolvidas nos diferentes cenários de prática, o que leva à dificuldade de construir o processo de apren-dizagem de maneira integral, articulando clínica e saúde coletiva, e a teoria e a prática; c) dificuldade para levar os professores a acompanhar o trabalho dos estudantes juntos às unidades de saúde. Em geral a maior parte dos professores mobilizados pertencem à área de saúde coletiva, o que limita o potencial de "integralidade" da ex-periência desenvolvida nos serviços de saúde; d) dificuldade de construir uma agenda comum entre escolas / universidades e gestores do SUS. Sem ter uma agenda comum, fica difícil mobilizar os recursos necessários de parte a parte. Ou seja, ou esse trabalho conjunto na formação interessa efetivamente às duas partes, ou fica difí-cil superar os obstáculos políticos e operacionais. A ampliação das experiências, bem como sua avaliação, de-bate e sistematização são fundamentais para a superação desses desafios e para a efetiva integração dos odontó-logos no desafio de produzir atenção integral à saúde das pessoas.

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Curso 5 Pacientes com necessidades especiais – desmistificando o tratamento

odontológico

José Tadeu Tesseroli de Siqueira Silvia Regina Dowgan Tesseroli de Siqueira (Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina -USP)

A variedade e a complexidade das síndromes álgicas, de natureza local ou sistêmica, que acometem o segmento cefálico exigem amplo conhecimento e experiência clínica para o diagnóstico e tratamento dos doen-tes. Programas de residência odontológica no ambiente hospitalar permitem a integração multidisciplinar e au-mentam a capacitação profissional na área de dor. Em conseqüência, melhora-se o atendimento de casos clíni-cos complexos de dor e reduz-se a visita desses doentes aos ambulatórios de dor crônica. A dor de cabeça é altamente prevalente na população em geral e motivo freqüente de procura assistencial à saúde. A presença predominante do aparelho mastigatório na estrutura facial faz com que doenças e anormalidades que acometem dentes, maxilares, músculos da mastigação e articulações temporomandibulares (ATM) sejam causas potenciais de dor e de cefaléias secundárias, como é reconhecido pela Sociedade Internacional de Cefaléias e pela Associ-ação Internacional para o Estudo da Dor (IASP). As dores músculo-esqueléticas conhecidas amplamente sob a denominação genérica de "disfunção de ATM" são grandes responsáveis por dores crânio-faciais crônicas de origem odontológica, embora as dores dentárias referidas referidas à face e crânio, as infecções buco-dentárias, as neuropatias faciais, a síndrome da ardência bucal e as neoplasias também sejam fontes freqüentes de dor re-corrente. A presença do cirurgião-dentista no hospital geral e em equipes multidisciplinares de tratamento à dor contribui para o diagnóstico diferencial, para o tratamento das afecções e doenças específicas à sua área de atu-ação e contribui na fase de reabilitação para devolver a condição estrutural e funcional da face, com conseqüen-te melhora na qualidade de vida do doente. A dor facial aguda, quando associada a doenças rapidamente identi-ficáveis como fraturas, tumores, cárie dentária, sinusopatias ou infecções, não se constitui em problema diag-nóstico na maioria dos casos. O mesmo ocorre com as algias faciais cuja sintomatologia é característica, e que apresentam critérios diagnósticos bem definidos, como é o caso da dor paroxística das neuralgias trigeminais ou da dor dentária desencadeada por líquidos. Estas podem ser rapidamente identificadas, em sua maioria, embora ainda sejam motivo de confusão e iatrogenia, como procedimentos dentários desnecessários. Todavia, doentes com dor recorrente, difusa ou crônica, sem anormalidades evidentes, e que não relatam melhora a tratamentos prévios, constituem a amostra mais difícil de abordar, como dores dentárias difusas pelo crânio, podendo simu-lar cefaléias primárias, podem surpreender durante o diagnóstico. O interessante é que muitos destes casos po-dem ter uma terapêutica incrivelmente simples após identificadas. A Classificação Internacional de Cefaléias relaciona as “disfunções oromandibulares” como condições dolorosas que se assemelham a cefaléias primárias como a “cefaléia do tipo tensão” e no seu ítem 11 enfatiza as fontes odontológicas como possíveis causas de cefaléias secundárias. Além disso, dor pode se apresentar como o primeiro sintoma do câncer bucal, e o atraso em seu diagnóstico pode piorar e muito o prognóstico desses doentes.

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Curso 6 Dor orofacial

Maria Lúcia Zarvos Varellis (Conselho Regional de Odontologia - SP) Saúde, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “é o bem- estar físico, psíquico e social e não apenas a ausência de doença” O homem é formado por um conjunto de órgãos e sistemas que devem funcionar harmoniosamente. Pacientes com necessidades especiais são aqueles cuja harmonia foi rompida e esses indiví-duos fazem parte do dia-a-dia da clínica odontológica. O termo “deficiência” diz respeito às necessidades espe-ciais intrínsecas à doença / deficiência de que o paciente é portador. Nestes casos o paciente é portador de uma doença ou deficiência que o leva a ter uma necessidade especial em vários aspectos do TODO de que é com-posto. Uma criança portadora de deficiência mental tem, por exemplo, entre outras, a necessidade de educação especial. As razões das necessidades especiais são inúmeras e vão desde doenças hereditárias, defeitos congêni-tos, até as alterações que ocorrem durante a vida, como moléstias sistêmicas, alterações comportamentais, enve-lhecimento etc. Estes pacientes nem sempre podem ser identificados pelo aspecto físico; por isso, o cirurgião-dentista deve realizar anamnese minuciosa a fim de detectar possíveis alterações e assim proporcionar atendi-mento odontológico integral e seguro. É importante destacar que “especial” não diz respeito apenas ao indiví-duo malformado; o aspecto de normalidade pode disfarçar doenças sistêmicas crônicas, que requerem adequa-ção do tratamento odontológico. Para compreendermos o paciente com necessidades especiais, precisamos res-ponder algumas perguntas básicas: (1) qual doença apresenta?; (2) onde está localizada essa doença?; (3) essa doença o incapacita temporária ou definitivamente? e (4) essa doença altera a forma, a função, ou o pensar / sentir / querer? Na anamnese, são obtidas pistas que localizam o problema que pode ocorrer no estado físico, intelectual, social ou emocional. Esses pacientes são a exceção e não a regra, e, por essa razão, há a necessidade de individualização na abordagem e plano de tratamento, não existindo uma “forma única de tratamento”. Cada caso é único, com características peculiares, ainda que a moléstia de base seja a mesma. Não podemos nos es-quecer de que a atuação do cirurgião-dentista é local e a repercussão, sistêmica. Identificado o desequilíbrio, o plano de tratamento deve ser adequado ao tipo de doença que acomete o paciente. O tratamento envolve uma equipe multi inter e transdisciplinar, composta de médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos etc., de acordo com a necessidade de cada paciente. É preciso retomar a idéia do todo para perceber o paciente inte-gralmente, conhecer as reações orgânicas, avaliar as complicações advindas da evolução de cada moléstia, de forma que a atuação do cirurgião-dentista devolva a esse organismo já debilitado pela doença a saúde e a fun-ção do sistema estomatognático. Ainda segundo a OMS, 10% da população apresentam algum desvio da nor-malidade, o que faz com que esses indivíduos tenham necessidades especiais. Levando-se em conta que a popu-lação brasileira é de 160 milhões de habitantes, 10% correspondem a 16 milhões de pessoas. Segundo o IBGE, esse percentual é de 14,5%. Considerando a estatística da OMS, dos 10% que têm necessidades especiais, apro-ximadamente 3% recebem atendimento odontológico. Um número tão baixo de atendimentos reflete: falta de informação aos responsáveis, falta de comprometimento dos responsáveis com o tratamento, falta de acessibili-dade (barreiras arquitetônicas) e falta de capacitação profissional e grupos de estudo que discutam métodos facilitadores de prevenção e tratamento odontológico voltados para esses pacientes. O objetivo deste curso é trazer noções básicas para o tratamento odontológico destes pacientes, melhorando a qualidade do atendimento em consultório, ambulatório e hospital.

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Curso 7 Visão clínica e epidemiológica das infecções virais

– Vigilância Sanitária em saúde bucal

Catalina Riera Costa (SES-SP – Centro de Referência e Treinamento DST / AIDS) O advento da aids no nosso meio, e sua caracterização como epidemia, muito tem se falado de risco ocupacio-nal, controle de infecção, biossegurança e manifestações bucais associadas à infecção pelo HIV. Como a AIDS, veio carregada de estigma, medo e preconceito, deixando muito claro, que se trata mais do que uma infecção que depleta a condição imunológica do indivíduo por ela acometido, e sim de uma doença social, com todas suas implicações e agravos. Interessante ressaltar, que, muitas patologias já conhecidas, e presentes na rotina da prática odontológica, como hepatites virais, verrugas, e doenças sexualmente transmissíveis, nunca ocuparam destaque em discussões científicas, e nem mesmo devidamente relacionadas como possíveis responsáveis por infecções cruzadas, ou como agentes que levem os portadores destas infecções a necessitarem de cuidados es-peciais quando submetidos a procedimentos clínicos. Entre as infecções de etiologia viral, a hepatite C, que já se caracteriza como epidemia, foi mais recentemente descrita, e com distribuição muito heterogênea no país e no mundo, merecendo um espaço para discussão quanto aos seus aspectos clínicos e epidemiológicos. Avanços terapêuticos importantes mudaram a prevalência de muitas manifestações da aids, e espera-se que o mesmo possa ser observado na abordagem das epidemias de hepatites B e C, e do HPV (papiloma vírus humano). Uma discussão mais ampliada em relação a doenças infecciosas, as formas de transmissão, e os aspectos epidemioló-gicos permitem que os profissionais se apropriem melhor deste conhecimento para implementar suas atividades clinicas ou gerenciais.

José Conrado Dupato (SES-SP - CVS) A atividade em si expõe os profissionais, seus pacientes, funcionários e público em geral a riscos a saúde, que variam de grau. Esses riscos são provenientes dos procedimentos clínicos ou cirúrgicos que pode causar infec-ções cruzadas, doenças como AIDS, hepatite, e outros agravos à saúde provocados por fontes de ruído, exposi-ção ao mercúrio, exposição a microorganismos, exposição a medicamentos ou materiais e radiações ionizantes. Neste contexto, a Vigilância Sanitária tem se caracterizado como órgão de defesa e controle das boas práticas da cidadania visando evitar ou minimizar os riscos através da conscientização dos usuários, consumidores e da sociedade civil. Este curso abordará a evolução histórica no aspecto sanitário, desde a antiguidade até os dias atuais, reestruturação do Ministério da Saúde, e criação da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, o Mo-vimento da Reforma Sanitária, que defendia um novo modelo de estrutura e política de saúde propondo a reori-entação de maneira racional do sistema de saúde com características democráticas, das quais uma das mais im-portantes é a participação da comunidade. É este modelo que leva ao reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado, e ao processo de implantação do SUS. Criação do CVS em 1986, elaboração do Códi-go Sanitário Estadual de 1988, criação da ANVISA, descentralização das VISA. Abordará também aspectos de biossegurança, saúde do trabalhador, resíduos de serviços de saúde e responsabilidade profissional.

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Encontro paralelo Panorama nacional das profissões ACD e THD

Celina Pereira dos Santos Lopes (Conselho Federal de Odontologia)

Haverá uma explanação do número de profissionais ACD e THD distribuídos nos diversos estados brasileiros. Uma visão com o questionamento, ACD e THD, quem é você? Regulamentação do Exercício Profissional pelo Conselho Federal de Odontologia com Normas para habilitação profissional, situação do Projeto de Lei que Regulamenta o Exercício Profissional. A importância da formação, qualidade dos cursos e carga horária. Importância de buscar informes através dos meios de comunicação dos Conselhos Regionais e Federal de Odontologia e outras Entidades sobre deliberações que interferem na profissão, principalmente Portarias e Decisões. Organização da Categoria. 3ª CONPA-Conferência Nacional das Profissões Auxiliares em odontologia – Informes sobre a Comissão de Registros de ACD e THD no CFO seus integrantes e seu papel dentro do CFO. Importância da participação destes profissionais nos movimentos populares, SINDSAÚDE, Conselhos de Saúde, Conferências de Saúde, criação de Comissões de ACD e THD nas instituições públicas para discussão mais participativa destes profissionais dentro das Equipes de Saúde. Organização para a 4ª CONPA. Mobilização para o fortalecimento da profissão através das associações, estaduais e nacional. Como os profissionais ACD e THD estão organizados no momento, informes sobre a ANATO – Associação Nacional dos Auxiliares e Técnicos em odontologia, AATO estaduais, quais os estados que estão organizados e finalmente AATO-SP Associação dos Auxiliares e Técnicos em odontologia do estado de São Paulo, resumo da sua história, sua diretoria, importância e seu objetivo. Convite a preenchimento da ficha de pré-inscrição, esclarecimento de dúvidas, distribuição das fichas. Debate final.

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Resumos dos trabalhos

Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal

P007 - Levantamento epidemiológico sobre as con-dições de saúde bucal aos 5 anos em Tatuí no ano de 2005.

Fabio Antonio Villa Nova (Secretaria Municipal de Saúde de Tatuí), Fabrício Lourenço Gebrin (Secreta-ria Municipal de Saúde de Tatuí).

Introdução: A Secretaria Municipal de Saúde de Ta-tuí através de Divisão de Assistência Odontológica, com o objetivo de construir um referencial epidemio-lógico de forma a gerar instrumentos de definição de estratégias que orientem a operacionalidade do siste-ma de saúde bucal em Tatuí, idealizou esta pesquisa com o objetivo de levantar informações sobre a saúde bucal de escolares aos 5 anos de idade de escolas pú-blicas e privadas. Esta pesquisa epidemiológica reque-reu um plano de observação, o qual estabeleceu e combinou dados quantitativos e qualitativos. Para que as informações e os dados deste levantamento fossem representativos para a população estudada foram con-troladas ao máximo todas as fontes de viés que pudes-sem interferir nos resultados da pesquisa. Métodos: Para realizar a pesquisa foram utilizados métodos semelhantes aos no levantamento “Condi-ções de Saúde Bucal no Estado de São Paulo em 2002”, os quais foram levados em consideração: ta-manho da amostra, sorteio das unidades amostrais, sorteio dos elementos amostrais, calibração dos exa-minadores e anotadores, instrumentos e materiais uti-lizados para os exames e processamento de análise e estatística dos dados levantados na pesquisa. Resultados: Foram examinados um total de 278 cri-anças nas 7 regiões de Tatuí em 27 escolas públicas e 3 privadas; das escolas públicas, 6 eram rurais. Mais de 95% das crianças examinadas não apresentavam lesões extra-orais, de tecidos moles ou problemas pe-riodontais. Quanto aos problemas oclusais, 31,3% apresentavam esta condição em sua forma mais seve-ra. Para cárie dentária foi registrado ceo=1,45, sendo ceo-urbano=1,36 e ceo-rural=2,20; quando analisada a porcentagem de indivíduos livres de cárie dentária, isto é ceo=0, os resultados para escolas públicas e particulares foram de 54,8% e 73,7% respectivamente.

Conclusão: A condição periodontal desta população não constitui um problema de saúde pública signifi-cante. Os problemas oclusais afetavam aproximada-mente 1/3 de todos os exames, constatando a necessi-dade de ortodontia preventiva / interceptativa para esta população. Houve uma melhora com relação aos dentes atacados pela cárie dentária quando comparado com o levantamento realizado em 2002 que pesquisou para os 5 anos ceo=2,2; para que se consiga chegar a meta da Organização Mundial de Saúde no ano de 2010 para esta idade que é de 90% com indivíduos livres de cárie dentária, são necessários que se conti-nuem os projetos educativos / preventivos e se faça uma vigilância permanente em saúde bucal desde o zero ano de idade.

P008 - Prevalência de cárie em adolescentes de 15 a 17 anos de Água Doce-SC.

Maria Gabriela Haye Biazevic (Universidade do Oes-te de Santa Catarina – UNOESC), Leila Amorim Mendes (Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC), Maria Odete Amorim Mendes (Prefeitura Municipal de Água Doce-SC), Edgard Michel-Crosato (Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC e Faculdade de Odontologia da USP – FOUSP), Renata Regina Rissotto (Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC).

Introdução: Os estudos epidemiológicos na Odonto-logia devem monitorar as tendências populacionais para os diversos agravos à saúde bucal e sua interfe-rência na qualidade de vida das pessoas. Esses estudos devem ainda auxiliar a planejar programas de saúde bucal que atendam às necessidades de saúde vivenci-adas. Embora a doença cárie dentária seja uma das doenças bucais mais estudadas atualmente, a maioria das pesquisas populacionais no Brasil concentra-se em crianças em idade escolar, não havendo dados suficientes na literatura sobre a prevalência de cárie dentária e outras doenças bucais em adolescentes. O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de cárie em adolescentes do município de Água Doce-SC. Métodos: Realizou-se estudo censitário, domiciliar e transversal; os participantes tinham entre 15 e 17 anos

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(n=247) e foram examinados por 2 cirurgiões-dentistas calibrados. A condição socioeconômica foi categoriza-da segundo critérios da Associação Brasileira de Insti-tutos de Pesquisas Mercadológicas (ANEP – ABIPEME). O exame clínico para observação do índi-ce CPO-D foi executado segundo critérios da Organi-zação Mundial da Saúde, 4ª edição. O Significant Cari-es Index (SiC) foi utilizado para mensurar cárie no 3º tercil com mais doença. Utilizaram-se os testes de cor-relação de Spearman e Mann-Whitney e o nível de significância utilizado foi de 5%. Resultados: Participaram do estudo 247 adolescen-tes, sendo que foram examinadas 116 (47,15%) ado-lescentes do gênero feminino e 130 (52,85%) do gê-nero masculino. A avaliação das condições sócio-econômicas pela ANEP-ABIPEME mostrou que 45,75% dos participantes foram classificados como classe C. Experiência de cárie foi observada em 218 (88,26%) dos participantes. A média do CPO-D foi de 5,40, apresentando um maior índice nos dentes obtu-rados de 3,40 e tendo uma média de 22,33 para dentes hígidos. Para o 3º tercil de distribuição da experiência de cárie, o CPO-D foi de 9,97 (DP 3,15). Conclusão: Concluiu-se que a distribuição epidemio-lógica da cárie dentária foi elevada, e continua sendo um problema de saúde pública.

P009 - Prevalência de doença periodontal em ado-lescentes de 15 a 17 anos de Água Doce-SC

Maria Gabriela Haye Biazevic (Universidade do Oes-te de Santa Catarina – UNOESC), Maria Odete Amo-rim Mendes (Prefeitura Municipal de Água Doce-SC), Leila Amorim Mendes (Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC), Edgard Michel-Crosato (Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC e Faculdade de Odontologia da USP – FOUSP), Renata Regina Rissotto (Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC)

Introdução: Alguns estudos epidemiológicos recentes mostram uma redução da experiência de cárie na A-mérica Latina. Devido à mudança desse padrão de distribuição da doença cárie, outros agravos de saúde bucal passaram a ganhar destaque, dentre eles, a preo-cupação com a doença periodontal. Embora a doença cárie dentária seja uma das doenças bucais mais estu-dadas atualmente, a maioria das pesquisas populacio-nais no Brasil concentra-se em crianças em idade es-colar, não havendo dados suficientes na literatura so-bre a prevalência das doenças bucais em adolescentes. O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de

doença periodontal em adolescentes do município de Água Doce-SC. Métodos: Realizou-se estudo censitário, domiciliar e transversal; os participantes tinham entre 15 e 17 anos (n=247) e foram examinados por 2 cirurgiões-dentistas calibrados. A condição socioeconômica foi categorizada segundo critérios da Associação Brasi-leira de Institutos de Pesquisas Mercadológicas (ANEP – ABIPEME). O exame clínico para observa-ção do índice CPI foi executado segundo critérios da Organização Mundial da Saúde, 4ª edição. Utilizaram-se os testes de correlação de Spearman e Mann-Whitney e o nível de significância utilizado foi de 5%. Resultados: Participaram do estudo 247 adolescentes, sendo que foram examinadas 116 (47,15%) adolescen-tes do gênero feminino e 130 (52,85%) do gênero mas-culino. A avaliação das condições sócio-econômicas pela ANEP-ABIPEME mostrou que 45,75% dos parti-cipantes foram classificados como classe C. 14 (5,67%) adolescentes apresentaram todos os sextantes afetados, 5 (2,02%) apresentaram 5 sextantes afetados, 21 (8,50%) adolescentes tiveram 4 sextantes afetados por diversos graus de doença periodontal, 19 (7,69%) tive-ram 3 sextantes afetados, 36 (14,57%) apresentaram 2 sextantes afetados, 35 (14,17%) participantes tiveram 1 sextante afetado e, finalmente, 117 (47,37%) não tive-ram nenhum sextante afetado por doença periodontal. Conclusão: A prevalência e a gravidade da doença periodontal apresentou-se compatível com levanta-mentos epidemiológicos realizados no Brasil.

P014 - Evolução das condições de saúde bucal no município de São Vicente desde 1996.

Marcela Alessandra Bozzella (Serviço de Saúde de São Vicente), Maria Helena Miguel Gonzalez (Servi-ço de Saúde de São Vicente).

Introdução: O município de São Vicente vem desen-volvendo Ações Coletivas em Saúde Bucal desde 1993 e a prevenção odontológica tem sido prioridade do governo nesses últimos anos. A Diretoria de Odon-tologia da Secretaria da Saúde tem realizado nos últi-mos anos levantamentos epidemiológicos. Esse traba-lho compara os resultados dos índices CPO-D e ceo e seus componentes nos anos de 1996, 1999 e 2003. Métodos: Realizou-se uma análise comparativa base-ada nos últimos levantamentos epidemiológicos do município de São Vicente. Resultados: Ocorreu uma redução de 34,5% no índi-ce CPO aos 12 anos de idade e um aumento de % das crianças livres de cárie dentária. Quanto aos compo-nentes do índice, observamos uma diminuição de

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60,3% para 46,3% de cariados aos 12 anos de idade e um aumento de 75,4% para 89,1% de cariados aos 5 anos de idade. Conclusão: Verificou-se uma redução progressiva dos índices de cárie dentária e aumento da porcenta-gem de livres de cárie no período estudado. Quanto aos componentes do índice “ceo”, aos 5 anos de idade observamos um aumento do cariado, que indica uma deficiência no tratamento restaurador dos pré escolares.

P015 - Estudo sobre as condições de saúde bucal do município de São Vicente.

Marcela Alessandra Bozzella (Serviço de Saúde de São Vicente), Maria Helena Miguel Gonzalez (Servi-ço de Saúde de São Vicente).

Introdução: O município de São Vicente, através da Diretoria de Odontologia da Secretaria da Saúde, vem desenvolvendo nos últimos anos vários programas direcionados a promoção e prevenção em saúde bucal. Visando avaliar e direcionar esses programas foi rea-lizado em 2003 um levantamento epidemiológico em saúde bucal do município, cujos resultados apresen-tamos nesse trabalho. Esse estudo teve como objetivo obter a prevalência de cárie no município, analisar os componentes do índice de cárie, estimar a necessidade de tratamento na população estudada, analisar ocluso-patias e obter o índice de fluorose. Métodos: Levantamento exploratório, seguindo os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde. Foram examinados 450 escolares nas idades índices de 5 e 12 anos, dentro de uma amostra diversi-ficada da população. Foram estudados os seguintes problemas:cárie dentária, necessidade de tratamento, fluorose e má-oclusão. Resultados: Foi encontrado um CPO-D aos 12 anos de idade igual a 1,1 e ceo aos 5 anos de idade igual a 1,2. A porcentagem de crianças livres de cárie foi de 68,8% e 60,1% nas idades de 5 e 12 respectivamente. Apenas 1,9% dos elementos dentários examinados necessitavam de tratamento odontológico. Quanto a fluorose dentária, 43,7% dos examinados apresentam grau muito leve, leve ou moderado. Conclusão: O município de São Vicente está próxi-mo de atingir a meta da OMS-FDI para o ano 2.010 quanto ao índice de cárie dentária. Fluorose dentária é um problema existente no município,que exige um controle rigoroso dos teores de flúor das águas de a-bastecimento, bem como critério na fluorterapia.

P016 - Qualidade de vida e as especialidades odon-tológicas.

Ana Paula Martins de Freitas Tafner (SMS Campi-nas-SP); Antonio Carlos Pereira (FOP / UNICAMP), Marcelo de Castro Meneghim (FOP / UNICAMP). .

Introdução: Qualidade de vida é a síntese cultural do padrão de conforto e bem estar, e abrange conheci-mentos, experiências e valores dos indivíduos e da sociedade em diferentes épocas, locais e cultura. No conceito de saúde integral surgem indicadores subje-tivos para se medir a qualidade de vida. O mais utili-zado na saúde bucal é o OHIP (Oral Health Impact Profile). Este trabalho verifica se a odontologia tem impacto na qualidade de vida e quais as especialida-des têm mais impacto. Estudou-se: prótese, cirurgia ortognática, cirurgia de terceiros molares, pediatria, estomatologia, periodontia e ortodontia no ganho de qualidade de vida. Este trabalho se justifica para ava-liarmos o quanto a odontologia pode contribuir para a melhora de qualidade de vida do indivíduo e apontar para quais especialidades que mais utilizaremos, para o planejamento de ações, no âmbito público e no de-senvolvimento de programas de saúde bucal como o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas). Métodos: O trabalho é não experimental de revisão de literatura. As bases de dados foram: Medline, Co-chane, Lilacs, Dedalus, biblioteca virtual de teses da Usp e da Unicamp. As palavras chaves utilizadas fo-ram: qualidade de vida, OHIP, saúde bucal, odontologia. Resultados: Na maioria dos estudos, pudemos verifi-car um ganho de qualidade de vida dos pacientes com o acesso a tratamento odontológico. A qualidade de vida pode ser melhorada com as especialidades odon-tológicas, pois com o avanço das disciplinas, mais procedimentos podem ser ofertados para os usuários, de acordo com suas necessidades e percepções. As especialidades odontológicas que mais impacto têm na melhora da qualidade de vida, segundo a revisão de literatura, é a oferta de reabilitação protética somada à terapia de implantes. As especialidades, como orto-dontia, periodontia, semiologia, cirurgia e pediatria, embora os estudos encontrados afirmem a influência dessas especialidades na qualidade de vida dos indiví-duos, necessitam de mais estudos. Conclusão: Concluiu-se que a odontologia tem alto impacto na melhora da qualidade de vida em todas as especialidades odontológicas, pois procura através da reabilitação da forma e da função, diminuir as limita-ções físicas e melhorar os conceitos psicosociais, de acordo com as necessidades e percepções específicas do indivíduo.

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P017 - Estudo sobre o armazenamento do material de higiene bucal de escolares.

Fabiano Vieira Vilhena (FOB – USP), Profa. Dra. Magali de Lourdes Caldana (FOB – USP), Profa. Dra. Silvia Helena S. Peres (FOB – USP), Prof. Dr. José Roberto M Bastos (FOB – USP).

Introdução: Nas ações de saúde bucal coletiva, a di-ficuldade em armazenar o material de higiene bucal contribui para os “insucessos” de programas educati-vos preventivos. As iniciativas na criação de um “kit” de acondicionamento muitas vezes são boas, contudo quase a totalidade dos kits existentes, não apresenta condições higiênicas e sanitárias satisfatórias. A pro-posta desse trabalho foi avaliar formas de armazena-mento e distribuição do material higiene bucal utiliza-do nas escolas. Métodos: A amostra foi composta por 20 avaliadores responsáveis pela higiene bucal dos escolares de Bau-ru e São José dos Campos. Estes avaliaram através de questionários 5 kits de higiene bucal coletiva nos que-sitos : - condições de armazenamento, higiene do ma-terial, praticidade e custo. A análise estatística foi realizada por meio do teste Wilcoxon com significân-cia de p < 0,05. Resultados: O kit 5, obteve graus de satisfação e muita satisfação quando comparados aos kits 1 à 4 (pouco satisfeitos e insatisfeitos). Além disso, na comparação direta entre os kits, o kit 5 obteve um preço 17,5% menor do que o kit 4, 23,3% do que o kit 3, 19,5% do que o kit 2, e 35,3% do que o kit 1. Conclusão: O Kit 5 demonstrou ser a melhor forma de armazenamento e distribuição do material de higi-ene bucal do escolar, otimizando custos e estratégias, colaborando para a resolutividade nos programas de saúde bucal coletiva.

P019 - A importância do levantamento epidemio-lógico em saúde bucal para o planejamento das ações que serão realizadas em uma unidade básica de saúde da família.

Suzana Maria Velloso Dutra (residente em Saúde da Família pela Casa de Saúde Santa Marcelina / Fa-culdade Santa Marcelina e Ministério da Saúde), E-loiza Helena da Silva Brandão (residente em Saúde da Família pela Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina e Ministério da Saúde), Julie Silvia Martins (preceptora da Residência Inte-grada em Saúde da Família pela Casa de Saúde San-ta Marcelina / Faculdade Santa Marcelina e Ministé-rio da Saúde).

Introdução: O planejamento das ações em saúde bu-cal deve seguir os documentos oficiais como as Dire-trizes produzidas pela secretaria federal, estadual e municipal. Estas estabelecem as linhas gerais que sub-sidiarão a organização das ações de saúde bucal. Ob-servamos uma grande heterogeneidade no Brasil com relação ao perfil epidemiológico de cada população que ocorre até mesmo dentro de um mesmo municí-pio, dificultando esse planejamento, por isso o levan-tamento epidemiológico torna-se um importante ins-trumento facilitador que pode atingir desde uma gran-de população como também uma pequena em uma Unidade Básica de Saúde da Família. Métodos: O levantamento epidemiológico em saúde bucal foi baseado em normas preconizadas pela Orga-nização Mundial de Saúde para levantamentos epide-miológicos em saúde bucal, tendo como referência de um modo especial o “Projeto SB 2000- Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no Ano 2000”, projeto este proposto e realizado pelo Ministério da Saúde. A partir dos resultados obtidos e analisados por meio do programa Epi-info foi possível verificar quais os maiores problemas que atingem a população local, quais índices alcançamos e quais estão distantes das metas propostas pela OMS para o ano de 2000 facilitando e direcionando o planejamento das ações em saúde bucal. Este foi realizado através de uma planilha pela qual foi descrito o problema, a impor-tância, a capacidade de enfrentamento, a urgência (alta, média e baixa) e se seria selecionado (sim-não). Resultados: Os resultados obtidos no levantamento foram favoráveis com relação ao índice de CPOD nas idades de 5, 12, 18 e 40 anos comparado ao Brasil. Com relação à condição periodontal o índice de CPI foi desfavorável principalmente na faixa etária de 40 anos. Conclusão: O planejamento das ações em saúde bu-cal foi realizado baseado nos resultados do levanta-mento epidemiológico e nas diretrizes do governo, podendo assim ser mais eficazes e efetivos.

P020 - Risco e doenças periodontais destrutivas em um Programa de Saúde da Família. São Paulo, 2.005.

Regina Auxiliadora de Amorim Marques (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP – USP); Roberto Augusto Castellanos Fernandez (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP – USP).

Introdução: Muitos estudos apontam para a necessi-dade da identificação de fatores de risco para as Do-enças Periodontais Destrutivas – DPD, importante

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causa de edentulismo em adultos. Com essa intenção realizou-se um estudo de caso controle, na zona leste do município de São Paulo em um Programa de Saúde da Família – PSF. Métodos: Examinou-se 303 controles, indivíduos com periodonto normal, sangramento ou cálculo, e 318 casos, indivíduos com bolsas periodontais rasas e profundas, segundo critérios do Índice Comunitário Periodontal – CPI, eram pessoas, com idades entre 25 e 55 anos e de ambos os sexos. Investigou-se a influ-ência das variáveis: idade, sexo, estado conjugal, reli-gião, naturalidade, ocupação, escolaridade e anos de estudo. Procurou-se identificar diabetes, distúrbios neurológicos e psíquicos, doenças ou estados imuno-depressivos quanto ao tempo de duração e uso de me-dicação. Investigou-se o uso de tabaco, tempo de uso, quantidades consumidas e grau de dependência de nicotina, medida pelo teste de Faggerströn, assim co-mo o consumo de álcool, quantidades consumidas e a história de consumo na última semana, no último mês, no último ano, há 5, 10 e 20 anos. Perda de Inserção Periodontal, medida pelo – PIP, experiência de cárie coronária e radicular, uso e tipo de prótese e Índice de Higiene Oral Simplificado – IHOS complementaram a avaliação. Resultados: À análise de regressão múltipla, verifi-cou-se que idade acima de 35 anos, sexo masculino, higiene deficiente, uso de prótese parcial e consumo de álcool no último ano foram independentes para as DPD (p<0,05), com incremento do risco. Conclusão: Verificou-se que além de sexo, idade, higiene deficiente e uso de prótese parcial fixa ou re-movível e consumo do álcool no último ano são fato-res associados ao risco para DPD.

P065 - Hábitos de higiene oral de famílias cadas-tradas em Programa de Saúde da Família de Ri-beirão Preto-SP.

Mariângela Aparecida Pace (Odontóloga. Mestranda EERP / USP. Departamento de Enfermagem Geral e Especializada),Jamyle Calencio Grigoletto (Odontó-loga. Mestranda EERP / USP. Departamento de En-fermagem Materno-Infantil e Saúde Pública), Marlí-via Gonçalves de Carvalho Watanabe, Janete Cinira Bregagnolo (Professoras Doutoras do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo–FORP / USP.

Introdução: O Programa da Saúde da Família é uma estratégia que prioriza as ações de promoção e recupe-ração da saúde dos indivíduos e da família, do recém

nascido ao idoso, sadios ou doentes, de forma integral e contínua. Mediante a necessidade de melhorar os índices epidemiológicos de saúde bucal da população, bem como o de ampliar os acessos de promoção, pre-venção e recuperação da saúde bucal, foi inserida a participação da saúde bucal no Programa de Saúde da Família. O presente trabalho tem como objetivo co-nhecer hábitos de higiene bucal e o tipo de acesso a serviço ododntológico em uma unidade de Saúde da Família de Ribeirão Preto. Métodos: Foram consultadas 798 fichas de cadastro das famílias da área adstrita ao Núcleo de Saúde da Família 5 (NSF 5) da Faculdade de Medicina de Ri-beirão Preto / USP, no período de outubro de 2003 a janeiro de 2004. Resultados: Os dados obtidos mostraram que das apenas 21%, eram cobertas por planos de saúde pri-vados, sendo que a maioria dependia exclusivamente do Sistema Único de Saúde; (45%) responderam pro-curar o dentista somente em caso de urgência ; apenas 1% das famílias abordadas responderam fazer uso coletivo de escova dental; quase a totalidade das famí-lias (96%) respondeu fazer uso do creme dental; a maior parte das famílias (63%) respondeu escovar 3 vezes / dia ou mais os dentes, apenas 4% das famílias responderam realizar apenas 1 escovação diária, das famílias responderam fazer o uso do fio dental para higiene oral e 28% relataram não utilizar. Conclusão: Esses resultados condizem com os dados nacionais que vêm sendo divulgados, os quais têm mostrado que grande parcela da população brasileira possui como principal acesso a tratamento odontoló-gico o Sistema Único de Saúde (SUS) e, em boa parte dos casos, apenas em caso de urgência.

P093 - Condições de saúde bucal da população ca-dastrada a uma Equipe de Saúde da Família da Unidade de Saúde Curuçá Nova, localizada da zo-na leste do município de São Paulo.

Sabrina Kuraoka Oda (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina), Julie Silvia Martins (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Faculda-des Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marceli-na), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).

Introdução: O levantamento epidemiológico em saú-de bucal é uma importante ferramenta para conhecer as condições de saúde bucal de uma determinada po-pulação. A possibilidade de realizar-se um levanta-mento epidemiológico em uma área vinculada a uma

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 48

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equipe de saúde da família envolvendo os diversos grupos etários possibilita conhecer os problemas rela-tivos à saúde bucal da população cadastrada e planejar as ações de acordo com a realidade local. Métodos: O presente trabalho baseou-se nos resulta-dos de um levantamento epidemiológico em saúde bucal realizado na Unidade de Saúde Nova Curuçá no ano de 2005. Este levantamento fez parte de um estu-do maior, que envolveu 8 unidades de saúde que de-senvolvem a estratégia “Saúde da Família”, localiza-das na zona leste do município de São Paulo. As uni-dades participantes do estudo têm em comum o fato de terem recebido residentes da área de saúde bucal da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / FASM em suas e-quipes. O levantamento foi baseado nas normas pre-conizadas pela Organização Mundial de Saúde, tendo também como referência de um modo especial o “Pro-jeto SB-2000 - Condições de Saúde Bucal da Popula-ção Brasileira no Ano 2000”, do Ministério da Saúde. O critério de inclusão foi o indivíduo estar cadastrado na área vinculada à equipe e ter 5, 12, 18, 40 ou 70 anos. Os dados foram analisados pelo programa EPI INFO versão 3.2. Resultados: Foram examinados 148 indivíduos ca-dastrados na área, nas diversas idades-índice. Entre as 48 crianças examinadas com 5 anos de idade 64,6% apresentaram-se livres de cárie, e o ceo-d médio foi de 1,06. Na idade-índice de 12 anos foram examinadas 38 crianças, observando-se um CPO-D médio de 0,9. Entre os jovens com 18 anos de idade os resultados apontaram que apenas 65,5% não haviam perdido nenhum dente permanente, e a média do CPO-D foi de 5,0. Aos 40 anos de idade foram examinados 25 indivíduos observando-se que apenas 44% apresenta-vam 20 dentes ou mais e o CPO-D médio foi de 20,5. Foram examinados 8 indivíduos com 70 anos de ida-de, verificando-se que nenhum apresentava 20 dentes ou mais e o CPO-D médio foi de 29,7. Conclusão: Ao se comparar os resultados obtidos com as metas propostas pela OMS / FDI para o ano 2000 observa-se que aos 5 e 12 anos de idade a meta foi atingida, porém aos 18, 40 e 70 anos de idade os resultados indicam que a população cadastrada à área, apresenta condições de saúde bucal muito distantes daquelas propostas pelas metas da OMS / FDI.

P095 - Respirador bucal e má-oclusão.

Tatiane de França Santos(Faculdades Santa Marceli-na / Casa de Saúde Santa Marcelina), Julie Silvia Mar-tins (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Fa-culdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina). Introdução: A síndrome do respirador bucal, também conhecida como síndrome de Pierre Robin, é o con-junto de sinais e sintomas de quem respira, parcial ou totalmente, pela boca. É causada por algum tipo de obstrução nas vias aéreas superiores, má oclusão den-tária, ou maus hábitos, levando a um padrão suplente de respiração que, por sua vez, gera uma série de ou-tras alterações importantes na dinâmica corporal. Respirar de forma predominantemente bucal é um desconforto, comprovadamente importante, além de ocasionar alterações orgânico-funcionais. Métodos: O presente trabalho baseou-se nos resulta-dos de um levantamento epidemiológico em saúde bucal, que envolveu 8 unidades de saúde que desen-volvem a estratégia “Saúde da Família”, localizadas na zona leste do município de São Paulo. O levanta-mento foi baseado nas normas preconizadas pela Or-ganização Mundial de Saúde e foram examinados todos os cadastrados pertencentes às idades-índice, constantes no Sistema de Informação da Atenção Bá-sica (SIAB) das equipes com residentes. Para este trabalho, comparou-se a relação entre os índices de má oclusão e presença ou ausência de respiração bu-cal nas crianças de 5 anos de idade. Resultados: Os resultados apontaram que 48,7% das crianças, que os pais ou responsáveis declararam co-mo sendo respiradores bucais, não apresentam altera-ção de oclusão; 27,3% apresentam má oclusão leve; e 24,1% apresentam má oclusão moderada / severa. Os resultados entre as crianças que os pais ou responsá-veis declararam não serem respiradores bucais foram de: 64,7% sem alteração de oclusão; 19,8% com má oclusão leve; e 15,5% moderada / severa. Conclusão: As crianças que os pais relataram serem respiradores bucais têm mais alterações de má oclusão que aquelas que não apresentam respiração bucal.

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P105 - Fluorose na dentição decídua de acordo com a condição de fluoretação e fatores socioeco-nômicos

Elaine Pereira da Silva Tagliaferro (FOP / UNICAMP), Silvia Cypriano (FO-PUC-Campinas), Maria da Luz Rosário de Sousa (FOP / UNICAMP)

Introdução: O objetivo deste estudo transversal foi determinar a prevalência de fluorose dentária na den-tição decídua de pré-escolares na região Sudeste do Estado de São Paulo, de acordo com a condição de fluoretação, porte demográfico e fatores socioeconô-micos. Métodos: Para este estudo transversal foram utiliza-dos dados do Levantamento Epidemiológico do Esta-do de São Paulo, 1998, fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Um total de 3.571 pré-escolares de 5 e 6 anos de idade foram aleatoriamente selecionados em 29 cidades da região Sudeste do Es-tado de São Paulo, as quais foram sorteadas após es-tratificação por condição de fluoretação e porte de-mográfico. Os examinadores previamente calibrados realizaram os exames clínicos de acordo com os crité-rios da OMS, usando o índice de Dean. O teste de qui-quadrado foi utilizado para avaliar as diferenças entre a prevalência de fluorose e as variáveis estudadas. Resultados: A idade média das crianças examinadas foi de 5,6 anos. A prevalência de fluorose na dentição decídua foi de 5,9%, sendo 5,6% graus 1, 2 ou 3 e 0,3% graus 4 e 5. A prevalência de fluorose não foi significativamente diferente entre áreas fluoretadas e não-fluoretadas (p=0,58) assim como entre cidades pequenas, médias e grandes (p=0,80). Por outro lado, as crianças de pré-escolas particulares apresentaram prevalência de fluorose significativamente maior (9,4%) quando comparadas às das pré-escolas públi-cas (5,6%) (p=0,006). Os pré-escolares residentes na zona rural mostraram maior prevalência do distúrbio (9,1%) do que os residentes na zona urbana (5,5%) (p=0,003). Conclusão: A fluorose dentária na dentição decídua não foi considerada um problema de saúde pública na região Sudeste do Estado de São Paulo e sua preva-lência esteve associada às variáveis tipo de escola e zona de residência.

P128 - Perfil dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais que acometem os profissionais da saúde.

Ana Carolina da Graça Fagundes (Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP), Renata Reis dos Santos (Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Saliba Gar-bin (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Artênio José Isper Garbin (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP).

Introdução: As condições de trabalho que os profis-sionais da saúde tem de se submeter, muitas vezes acabam prejudicando sua integridade física, deixando-os cada vez mais expostos aos acidentes e doenças ocupacionais. Esses profissionais que tanto zelam pelo bem estar das pessoas, devido ao ambiente insa-lubre e as extensas jornadas de trabalho ao qual são submetidos, acabam por privar-se da manutenção da própria saúde. Por isso, o objetivo deste estudo con-sistiu em verificar o perfil dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, que tenham acometido os pro-fissionais da área da saúde, ocorridos no município de Araçatuba-SP e registrados no Centro de Referencia e Saúde do Trabalhador (CRST). Métodos: Foram analisadas as Comunicações de A-cidentes de Trabalho (CAT) emitidas de 1999 a 2005, dos acidentes ocorridos e registrados no CRST do município de Araçatuba-SP. Foi utilizado o programa estatístico Epi-Info 2000, para tabulação e análise dos dados obtidos e a pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Foram analisadas 313 CAT envolvendo profissionais da saúde. Destes, 87,7% classificaram-se como acidentes típicos, 11% como acidentes de traje-to, e 1,3% como doença. O tempo médio trabalhado até o momento do acidente foi de 3,52 horas (d.p. 3,27). Quanto ao gênero, 18% dos acidentes ocorre-ram com homens, e 82% em mulheres. Ao analisar-mos o tipo de atividade exercida, pudemos observar que 73,5% dos acidentados são os auxiliares de en-fermagem; 0,6% são cirurgiões-dentistas e 0,6% de auxiliares de cirurgiões-dentistas. O objeto causador mais encontrado foi perfurocortante (41,7%) e os ca-sos de agressão (13,9%). Conclusão: Concluímos que a maior parte dos aci-dentes típicos foi causada por objetos perfurocortantes e os profissionais mais acometidos foram os auxiliares de enfermagem, porém tal percentual poderá ser redu-zido através da implantação de políticas de saúde que venham a reduzir o risco e gravidade dos acidentes de trabalho.

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P139 - Condições de saúde bucal da população ca-dastrada a uma Equipe de Saúde da Família na Unidade de Saúde Curuçá Velha, localizada da zona leste do município de São Paulo.

Eloiza Helena da Silva Brandão (Residência Multi-profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Su-zana Maria Velloso Dutra (Residência Multiprofis-sional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marce-lina).

Introdução: Os levantamentos epidemiológicos em saúde bucal se colocam como importantes instrumen-tos para o conhecimento das condições de saúde bucal das populações, de forma a permitir aos profissionais envolvidos com a tarefa de planejar, informações para subsidia-los, permitindo também o acompanhamento dos resultados das ações desenvolvidas no decorrer do tempo. Métodos: O presente trabalho baseou-se nos resulta-dos de um levantamento epidemiológico em saúde bucal realizado na Unidade de Saúde Curuçá Velha no ano de 2005. Este levantamento fez parte de um estu-do maior, que envolveu 8 unidades de saúde que de-senvolvem a estratégia saúde da família, localizadas na zona leste do município de São Paulo. As unidades participantes do estudo têm em comum o fato de te-rem recebido residentes da área de saúde bucal da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / FASM em suas e-quipes. O levantamento foi baseado nos critérios preconizados pela Organização Mundial de Saúde, tendo também como referência o “Projeto SB 2000 - Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no Ano 2000” do Ministério da Saúde. O critério de inclusão foi o indivíduo estar cadastrado na área vinculada à equipe e ter 5, 12, 18, 40 ou 70 anos. Os dados foram analisados pelo programa EPI INFO versão 3.2. Resultados: Foram examinados 149 indivíduos ca-dastrados à área, nas diversas idades-índice. Entre as crianças examinadas (n = 41) com 5 anos de idade, 56,1% apresentaram-se livres de cárie, e o ceo-d mé-dio foi de 1,5. Na idade-índice de 12 anos foram exa-minadas 26 crianças, observando-se um CPO-D mé-dio de 1,3, sendo que 65,4% das mesmas encontra-ram-se livres de cárie. Entre os jovens com 18 anos de

idade (n = 35) os resultados apontaram que 94,3% não haviam perdido nenhum dente permanente, e a média do CPO-D foi de 3,6. Aos 40 anos de idade foram examinados 29 indivíduos observando-se que 79,3% apresentavam 20 dentes ou mais e o CPO-D médio foi de 17,3. Foram examinados 18 indivíduos com 70 anos de idade, verificando-se que nenhum apresentava 20 dentes ou mais, e que 55,6% apresentavam-se e-dêntulos. O CPO-D médio foi nesta idade foi de 29,9. Conclusão: Ao se comparar os resultados obtidos com as metas propostas pela OMS / FDI para o ano 2000 observa-se que as metas foram atingidas para as idades-índice de 5, 12, 18 e 40 anos, não sendo atin-gida apenas a meta para a idade-índice de 70 anos. Tais resultados apontam uma situação de saúde bucal dos cadastrados a esta Equipe de Saúde da Família da Unidade Curuçá Velha bem mais favorável que a do restante do país, sendo porém o desafio, desenvolver ações para se atingir as metas propostas para 2010.

P147 - Polarização da cárie dentária em crianças de 12 anos de idade.

Fábio Silva de Carvalho (APCD – Bauru); Ricardo Pianta Rodrigues da Silva (Faculdade de Odontolo-gia de Bauru – USP); José Roberto de Magalhães Bastos (Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); Silvia Helena de Carvalho Sales Peres (Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); Antônio Franscisco Ton (SMS - Espírito Santo do Turvo); João Paulo Coque (Faculdade de Odontologia de Bauru –USP); Angela Eloisa Rausch (APCD – Bauru); Cristine Al-ves Paz de Carvalho (APCD – Bauru); Elisabeth A-parecida Salvador (APCD – Bauru); Martino Carlo Mondeli (APCD – Bauru); Ana Karolina Zampronio Bassi (Faculdade de Odontologia de Bauru – USP).

Introdução: A redução da prevalência de cárie obser-vada em todo o mundo vem sendo acompanhada por mudanças em seu perfil epidemiológico. Métodos: Este estudo foi realizado no município de Espírito Santo do Turvo, sendo que a amostra foi composta por 52 escolares de 12 anos de idade, pro-venientes de escolas públicas. O índice CPOD é a medida de experiência de cárie mais utilizada em le-vantamentos epidemiológicos desde sua elaboração até os dias atuais. Os exames foram realizados por cirurgiões-dentistas, previamente calibrados por um examinador “Gold Standard”, que era experiente em levantamentos odontológicos. Todos os escolares fo-ram examinados no pátio das escolas, sob luz natural, usando espelho e sonda IPC (ball point), após escova-

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ção prévia com dentifrício fluoretado e seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde.. Resultados: A prevalência de cárie dentária foi de 2,94, e o percentual de livres de cárie foi 19,2%. A polarização da cárie foi identificada por meio do SIC, sendo que o valor encontrado foi de 5,82 . Conclusão: Concluiu-se que os dados epidemiológi-cos retratam os problemas, permitindo a implementa-ção de políticas de saúde, o que favorece a melhora nas condições de saúde bucal da população.

P154 - Concentrações de flúor nas águas de abas-tecimento público de municípios da região noroeste do estado de São Paulo.

Suzely Adas Saliba Moimaz, Orlando Saliba, Nemre Adas Saliba, Ana Valéria Pagliari (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social - Nepesco - Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva - UNESP - Faculdade de Odontologia de Araçatuba).

Introdução: O benefício alcançado pela utilização do flúor no controle da doença cárie é reconhecido em todo mundo e muitos veículos foram propostos e são utilizados para sua aplicação individualmente ou em programas coletivos. Para estes últimos, a fluoretação das águas de abastecimento público constitui uma medida extremamente eficaz, abrangente, segura, de baixo custo, desde que todo o processo seja adequa-damente realizado para que os teores recomendados sejam mantidos. Para que isso aconteça, além do con-trole operacional, realizado pela empresa de sanea-mento, há necessidade de heterocontrole realizado pelo órgão de vigilância sanitária ou por outras insti-tuições. Nesse estudo realizaram-se análises do teor de flúor das águas de abastecimento de 40 municípios situados na região noroeste do estado de São Paulo, durante 6 meses, de janeiro a junho de 2006, para ve-rificar se a adição ocorre de forma contínua e se os teores encontram-se dentro dos parâmetros recomen-dados. Métodos: Mapas com a rede de distribuição de água dos municípios foram solicitados e utilizados para definição das regiões de coleta e sorteio dos endereços dos pontos, de forma que abrangesse todas as fontes de água tratada. Uma amostra de água de cada ponto foi coletada por mês e analisada em duplicata pelo método íon-eletrodo específico. Amostras com 0,6 a 0,8 mg F / L foram consideradas aceitáveis. Resultados: Nos 34 municípios que enviaram as a-mostras regularmente nos 6 meses de estudo, a água de 133 pontos foi coletada, perfazendo um total de 762 amostras analisadas. Um município iniciou o pro-

cesso de fluoretação durante o estudo e outro não adi-cionava flúor à água. Constatou-se que, dos 32 muni-cípios que realizavam a fluoretação, 71,87% apresen-taram variações das concentrações de flúor entre os pontos e no mesmo ponto ao longo do período. Con-siderando-se apenas as 702 amostras coletadas nos municípios que adicionaram flúor à água em todo o período do estudo, 47,86% foram classificadas como inaceitáveis. Conclusão: Pode-se concluir que a maioria destes municípios não mantém controle adequado sobre os níveis de flúor em sua água, pois a adição de flúor ocorre de forma descontínua e na maioria das vezes em teores fora dos parâmetros recomendados. Os rela-tórios estão sendo enviados mensalmente aos municí-pios e reuniões estão sendo realizadas, objetivando a correção do processo de fluoretação.

P156 - Fluoretação de água no Brasil: uma experi-ência de 50 anos.

Ana Valéria Pagliari, Nemre Adas Saliba, Suzely A-das Saliba Moimaz, Cézar Augusto Casotti (Progra-ma de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social - NEPESCO - Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva - UNESP - Faculdade de Odontologia de Araçatuba).

Introdução: A fluoretação da água de abastecimento público é reconhecida mundialmente como um das dez mais importantes conquistas do século XX para a Saúde Pública, por ser um dos fatores responsáveis pela redução da prevalência da cárie dentária. No Bra-sil, o primeiro programa de fluoretação artificial de água, foi implantado em 1953, na cidade de Baixo Guandu, Espírito Santo. Além de ter um caráter de-monstrativo, este programa serviu como fonte de in-formação para os técnicos de outras entidades gover-namentais e de ensino em todo país. O presente estudo teve como objetivo verificar o efeito de 52 anos de fluoretação da água nos índices de cárie dentária dos moradores permanentes do município Baixo Guandu, comparando os resultados com levantamentos realiza-dos nesta mesma população antes do início da fluore-tação e com os dados do levantamento nacional reali-zado em 2002-2003. Métodos: Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da FOA-UNESP, um examinador e um anotador, treinados e calibrados (Kappa 0,95), percorreram todo o perímetro urbano da cidade de Baixo Guandu, identificando e examinando os moradores permanentes, com 5, 12, 15-19 e 35-44 anos de idade, que consumiram exclusivamente a á-

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gua distribuída pela Estação de Tratamento. Os exa-mes foram realizados no próprio domicílio, sob ilumi-nação natural, com auxílio de espelho bucal e sonda OMS. Os códigos e critérios recomendados pela OMS foram utilizados para o exame da condição da coroa dentária de dentes permanentes e decíduos. Os resul-tados foram processados no programa Epibuco (Mi-crosoft Visual FoxPro), obtendo-se os índices ceod / CPOD para cada idade. O Programa Epi-info 3.2 foi utilizado para a análise estatística dos resultados. Resultados: Foram examinados 656 indivíduos: 141 com 5 anos de idade, 111 com 12 anos, 270 com 15 a 19 anos e 134 com 35 a 44 anos. Verificou-se que, 52 anos após a adição de flúor à água de abastecimento de Baixo Guandu, o índice CPOD aos 12 anos apre-sentou declínio, passando de 8.61 (em 1953) para 1.55 (em 2005). Tem-se, portanto, um percentual de redu-ção da cárie dentária 82%. Em 1953, das 101 crianças com 12 anos de idade examinadas, somente 2 eram livres de cárie. Em 2005, das 111 crianças examina-das, 52 eram livres de cárie. Conclusão: Pode-se concluir que a fluoretação das águas de abastecimento público do município de Bai-xo Guandu, contribuiu de forma significativa para melhoria do padrão epidemiológico da cárie dentária no município, além de ter servido como estímulo para que outros municípios brasileiros adotassem o méto-do, em função dos benefícios obtidos pela população.

P160 - Controle de infecção nos serviços odontoló-gicos de Campos dos Goytacazes, RJ-2005.

Aracélie Mayerhoffer ( DAO- SMS- Prefeitura Muni-cipal de Campos dos Goytacazes-RJ).

Introdução: Grande parte dos brasileiros não recebe tratamento odontológico e dados do IBGE, indicam que, até 2004, 30 milhões de brasileiros nunca tinham ido ao dentista. De posse desses dados, o governo federal desenvolveu uma política estruturada com o objetivo de ampliar e garantir a assistência odontoló-gica à população, criando um programa que oferece tratamentos especializados. Aliado a essa proposta, o atendimento primário da rede básica continua a ser prioridade e a prestação dos serviços nos consultórios odontológicos com qualidade, deve obedecer às nor-mas e rotinas técnicas, dentro dos fluxos corretos. Isso leva a uma prática da Odontologia dentro dos princí-pios de biossegurança e ética profissional, com um efetivo controle de infecção cruzada. Métodos: Foi realizada uma pesquisa, por meio de um questionário com 43 questões fechadas e uma questão aberta para sugestões, a ser respondido por

um cirurgião dentista ou ASB (ACD) das 99 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que prestam serviço odonto-lógico. Resultados: Do total, foram enviados 53 questioná-rios. Em relação ao uso de EPIs, em 56,60% o uso do gorro não é rotineiro, Possuem dispositivos para des-carte de pérfuro-cortantes, 88,67% das unidades, ape-nas 37,73% utilizam saco branco leitoso para descarte de lixo biológico. Em 32,07% das unidades já ocorre-ram acidentes com pérfuro-cortantes, e em 77,35% não existe protocolo a ser seguido nessas ocasiões. Em 94,33% o processamento dos artigos é realizado nos consultórios, mesmo em unidades com mais de um consultório, sendo a limpeza e processamento realizado em área comum (67,92%). O produto mais utilizado na limpeza dos artigos é o detergente domés-tico (43,30%), o sabão em barra (18,86%) e o deter-gente doméstico juntamente com o hipoclorito (15,08%). A esterilização, em 52,83%, é realizada em estufa e apenas 18,86%, utilizam a estufa e autoclave conjuntamente. As ASBs (ACDs); de 58,49% unida-des, não possuem formação adequada. Conclusão: Com base nas respostas, podemos con-cluir que o gorro é pouco utilizado pelos profissionais; o uso de dispositivo para descarte de pérfuro-cortante não é realidade em todas as unidades, bem como o uso do saco de lixo branco leitoso, próprio para o lixo biológico; não existe nas unidades fluxograma a ser seguido frente a um acidente com pérfuro-cortante; não existe padronização nos processos de limpeza, processamento e esterilização dos artigos, e que estes processos são realizado em área comum nos próprios consultórios; os produtos utilizados para limpeza dos artigos não são os recomendados; o autoclave não é utilizado em todas as unidades e as sugestões mais citadas foram: cursos de capacitação para as ASB (ACD); fornecimento contínuo dos insumos utilizados no controle de infecção e manutenção dos equipamen-tos de forma freqüente.

P162 - Levantamento epidemiológico em saúde bucal realizado em 8 unidades de Saúde da Família na zona leste do município de São Paulo.

Julie Silvia Martins, Sílvio Carlos Coelho de Abreu, Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).

Introdução: O levantamento epidemiológico em saú-de bucal é uma importante ferramenta para conhecer as condições de saúde bucal de uma determinada po-pulação. A possibilidade de realizar-se um levanta-mento epidemiológico em uma área vinculada a uma

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 53

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equipe de saúde da família envolvendo os diversos grupos etários possibilita conhecer os problemas rela-tivos à saúde bucal da população cadastrada e planejar as ações de acordo com a realidade local. A Residên-cia Multiprofissional em Saúde da Família, projeto este financiado pelo Ministério da Saúde e desenvol-vido em parceria com a Casa de Saúde Santa Marceli-na / Faculdade Santa Marcelina possibilitou concreti-zar tal situação e o presente trabalho apresentar em linhas gerais o projeto desenvolvido, com os princi-pais resultados. Métodos: O levantamento epidemiológico em saúde bucal foi realizado em 8 unidades de saúde que de-senvolvem a estratégia saúde da família, localizadas na zona leste do município de São Paulo, durante o ano de 2005. As unidades participantes do estudo têm em comum o fato de terem recebido residentes da área de saúde bucal da Residência Multiprofissional em Saúde da Família em suas equipes. O levantamento foi baseado nas normas preconizadas pela Organiza-ção Mundial de Saúde (4.ª ed.), tendo também como referência de um modo especial o “Projeto SB 2000 - Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no Ano 2000”- Ministério da Saúde. Para a condição de tecidos moles e risco à cárie utilizou-se os códigos e critérios propostos pela Secretaria de Estado da Saú-de. O critério de inclusão foi o indivíduo estar cadas-trado na área vinculada à equipe e ter 5, 12, 18, 40 ou 70 anos. Foi observado durante o exame: uso e neces-sidade de prótese; fluorose dentária; anormalidades dento-faciais; cárie e necessidade de tratamento; do-ença periodontal; alteração em tecidos moles; risco à cárie; índice anamnésco de Helkimo. Os dados foram analisados pelo programa EPI INFO versão 3.2 . Os residentes realizaram todas as fases do levantamento desde a identificação dos indivíduos até o relatório final. Resultados: Foram examinados 1.673 indivíduos, 489 (5 anos); 439 (12 anos); 385 (18 anos); 273 (40 anos); 87 (70 anos). Entre as crianças de 5 anos de idade 57,1% encontravam-se livres de cárie e a média do ceo-d foi de 1,5. O CPO-D médio aos 12 anos foi de 1,4. Entre os jovens com 18 anos de idade 78,5% não perderam nenhum dente permanente, porém este percentual variou conforme a região entre 94,6% e 65,5%. Entre os indivíduos com 40 anos de idade 59,3% tinham 20 ou mais dentes, sendo que em 2 uni-dades estudadas foi atingida a meta da OMS / FDI para o ano de 2000 de 75% ou mais de adultos nesta idade com 20 dentes ou mais. Entre os idosos com 70 anos de idade apenas 6% apresentavam 20 dentes ou mais, e 65,5% apresentavam-se edêntulos. As infor-mações obtidas foram utilizadas pelos residentes para

o planejamento do trabalho a ser desenvolvido em 2006 e também serão apresentadas de forma detalhada em relatórios a serem encaminhados ao gestor muni-cipal e ao Ministério da Saúde. Conclusão: O trabalho favoreceu o aprendizado dos residentes em relação ao manejo do instrumental epi-demiológico e permitiu que os mesmos traçassem um perfil de saúde bucal da população cadastrada à sua área de atuação, possibilitando que os mesmos desen-volvessem o planejamento pautado na realidade local.

P174 - Situação vacinal dos profissionais de Odon-tologia da rede pública de Campos dos Goytacazes, RJ- 2005.

Aracélie Mayerhoffer (DAO- SMS- Prefeitura Muni-cipal de Campos dos Goytacazes).

Introdução: Estudos, realizados nas últimas décadas, vêm demonstrando o risco dos profissionais da odon-tologia (CD, ASB, TSB, TLP) em contraírem doenças ocupacionais, resultantes de exposições a certos agen-tes químicos, físicos e biológicos. Dentre os biológi-cos, a preocupação maior, são os agentes patogênicos do sangue, responsáveis por doenças como hepatites B, C e a AIDS. A hepatite B possui uma incidência maior nesses profissionais, quando comparados com outros da área de saúde e, uma prevalência maior do que na população em geral. Dentre as doenças citadas, a única, até o momento, a possuir vacina é hepatite B. O seu fornecimento é garantido nos serviços públicos para os profissionais de saúde, sendo um meio eficaz de prevenção da doença, bem como, de controle de infecção nos consultórios odontológicos. Métodos: Com o propósito de conhecer a situação vacinal dos profissionais de odontologia do município de Campos dos Goytacazes, foi distribuída aos fun-cionários da rede municipal, (460 CDs e 90 ASB), uma ficha com questões referentes à vacinação, onde a identificação se limitava ao primeiro nome do pro-fissional e o nome da unidade. Foram perguntadas quantas doses da vacina contra a hepatite B haviam recebido; se conheciam a resposta vacinal (teste anti-Hbs) e se haviam recebido imunização contra tétano e difteria. Resultados: Do total de 550 profissionais, apenas 242 (44%) responderam as questões e dentre esses, 81% eram do sexo feminino e 19% do sexo masculi-no. Apesar de não ter se questionado a categoria pro-fissional, 38% eram Cds, 8% ABSs e 54% não especi-ficaram sua categoria. E m relação a vacinação contra hepatite B, 70% disseram terem tomado as três doses recomendadas; 14% duas doses, 10% apenas uma

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 54

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dose, 3% disseram não terem se vacinado e 3% não responderam. Quanto a conhecer a resposta vacinal, 25% disseram que sim, 47% que não e 8% não res-ponderam. Em relação a vacinação contra tétano e difteria, 84% disseram estar vacinados e 16% não. Conclusão: Esses números mostram que profissio-nais de saúde bucal ainda estão sem cobertura vacinal contra a hepatite B, colocando em risco a sua saúde e, mesmo quando vacinados, muitos não realizam o testa anti-Hbs. É necessário que os gestores criem estraté-gias, objetivando orientar os profissionais da impor-tância desse meio eficaz de prevenção, implantando juntamente, uma cultura de valorização do homem e sua qualidade de vida, considerando também, a perda econômica e produtiva acarretada com o afastamento em caso adoecimento.

P178 - Levantamento epidemiológico das condições de saúde bucal no município de São Pedro.

Marta Tiemi Omuro (FUNDECTO / FOUSP), André Luiz Menato (FUNDECTO / FOUSP), Ricardo Féder Capello (FUNDECTO / FOUSP), Antônio Carlos Fri-as (FUNDECTO / FOUSP), Vladen Vieira (FUNDECTO / FOUSP).

Introdução: Realizado em agosto de 2005 pelos alu-nos do curso de especialização em Saúde Coletiva da FUNDECTO – FO-USP), o primeiro Levantamento Epidemiológico das Condições de Saúde Bucal exa-minou crianças e adolescentes matriculados em esco-las públicas, adultos e idosos usuários das unidades básicas de saúde da rede pública e asilos no município de São Pedro, SP. Métodos: A amostra foi do tipo probabilística, amos-tra casual simples para as idades de 5, 12 anos e de 15 a 19 anos e amostragem não probabilística por conve-niência nos grupos etários de 35 a 44 anos, e de 65 a 74 anos. A metodologia adotada neste levantamento foi a preconizada pela 4ª. edição da OMS. Resultados: Das crianças de 5 anos de idade exami-nadas, 42% estão livres de cárie dentária na dentição decídua e o ceo-d foi de 2,8, onde 86,9 % do índice é composto por dentes cariados. Aos 12 anos o CPO-D é de 2,96, sendo 75,1% do índice composto por dentes restaurados, e 29,6% das crianças nesta idade estão livres de cárie dentária na dentição permanente. No exame periodontal apenas 15,2% das crianças têm todos os sextantes sadios. No grupo de 15 a 19 anos o CPO-D é de 6,63, com 77% correspondente ao com-ponente O (obturado). 53,1% dos examinados apre-sentam cálculo dental. No grupo de 35 a 44 anos o índice CPO-D é de 21,8 e o componente P (perdido)

representa 42,4% do índice. No exame periodontal, 54,1% dos sextantes observados apresentam algum agravo, sendo que o mais freqüente é o cálculo dental com 32,2%. No grupo dos idosos (65 a 74 anos de idade), o índice CPO-D é de 26,7 sendo que o compo-nente P (perdido) representa 88% do índice, e 50% dos idosos são desdentados totais. Conclusão: Em relação à atenção, sugere-se proce-dimentos coletivos com a educação em saúde, a uni-versalização do Fluoretação da água de abastecimento público. Formas alternativas de fluoretação e fluorte-rapia devem ser praticadas segundo o risco, nos locais onde não há água de abastecimento público. Os dados obtidos poderão servir como valioso instrumento epi-demiológico para subsidiar o planejamento, controle e avaliação dos programas de atenção em saúde bucal praticados no município visando à promoção, prote-ção e recuperação da saúde em consonância com os princípios e diretrizes do SUS.

R002 - Campanha de prevenção e diagnóstico pre-coce do câncer bucal, Santo André, 2006.

Leila Aparecida Cheachire (Prefeitura Municipal de Santo André), Célia Aparecida Ducci Fernandes Chaer (Prefeitura Municipal de Santo André), Adria-na Delboni Barreto (Associação Paulista de Cirurgi-ões Dentistas – Santo André).

Introdução: O câncer de boca é uma importante cau-sa de óbitos entre os indivíduos em idade produtiva no Brasil, apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico e curável em sua fase inicial. No entanto, cerca de 80% dos pacientes chegam aos serviços em estágio avançado da doença, implicando em cirurgias com-plexas e mutilações que provocam deformidades, im-pedindo o paciente de levar uma vida normal, e não raro, poucas possibilidades de sobrevivência. O núme-ro de pessoas atingidas pelo câncer bucal aumenta a cada ano. O Brasil ocupa o 4º lugar em incidência no mundo e cerca de 10% dos tumores malignos do cor-po humano, em brasileiros, estão localizados na boca (INCA). A sobrevida dos pacientes está diretamente relacionada com a extensão da doença. O diagnóstico precoce é a única condição capaz de permitir a redu-ção da taxa de mortalidade. Diante destas informações e preocupados com os números alarmantes sobre a incidência do câncer bucal no Brasil a Secretaria Mu-nicipal de Saúde e Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas de Santo André realizaram a I Campanha de prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal e a mesma vem se repetindo anualmente. Objetivos: conscientizar a população e os profissionais da saúde,

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alertando-os que o câncer bucal existe e que é tão no-civo como os demais tipos; estimular o auto-exame; diagnosticar e encaminhar precocemente as lesões detectadas. Métodos: Foram os seguintes: capacitações específi-cas para as equipes de saúde bucal, graduandos em odontologia e voluntários leigos; divulgação nos di-versos meios de comunicação; confecção de folders educativos; exames clínicos realizados em tendas lo-calizadas em pontos estratégicos da cidade, em UBS, casas de repouso, SESI, SEST / SENAT, Supermer-cado Pão de Açúcar, Paço Municipal e SEMASA; reavaliação dos casos suspeitos e exames complemen-tares na APCD, realizada por dentistas e graduandos voluntários com supervisão de especialistas em se-miologia; encaminhamento das biópsias para a FOUSP; encaminhamento dos casos positivos para tratamento em serviços de referência; realização do tratamento das lesões não cancerizáveis (cirúrgico e / ou medicamentoso). Resultados: 2001 - 2 800 exames; 3 casos positivos- 3 722 exames; 2 casos positivos- 5 186 exames; 1 caso positivo- 5 999 exames; 2 casos positivos2005 - 9 445 exames; 5 casos positivos Conclusão: A campanha vem alcançando seus obje-tivos, como: profissionais de saúde e população cons-cientizados, aumento do número de casos suspeitos encaminhados para o serviço municipal de referência durante todo o ano, ampliação da campanha com ade-são de novos parceiros, aumento do número de exa-mes e a mesma passou a fazer parte do planejamento anual da Secretaria de Saúde.

R035 - Diagnóstico e prevenção de maus hábitos em crianças de 3 a 5 anos.

Regina Léa França de Held (PSF Bucal Araçatuba SP), Dirce Sato Shimada (Chefe do Sev Odonto Araçatuba SP).

Introdução: O objetivo deste relato de experiência é diagnosticar maus hábitos em crianças, como respira-ção bucal, sucção de dedo e chupeta. Orientando os pais que muitas vezes nem percebem o mau hábito existente, com objetivo da prevenção da má oclusão na dentição permanente. Métodos: Crianças de 3 a 5 anos de idade matriculadas em uma EMEI e crianças que participaram da campanha de vacinação contra poliomielite foram examinadas e quando diagnosticado o mau hábito os pais ou responsá-vel receberam um cartão com agendamento para ir a unidade básica de saúde (ambulatório odontológico) para receber orientação. Os materiais usados foram: espátula de madeira e luvas descartáveis e fotos de revistas.

Resultados: Houve comparecimento de 90% das crianças agendadas, acompanhada de seus pais, sendo realizadas as orientações e encaminhamento da crian-ça ao pediatra da UBS, visando diagnosticar altera-ções na adenóide. Às crianças com hábito de sucção foram mostradas fotografias contendo imagens de mordida aberta, com posterior orientação aos pais e às crianças para a necessidade de interrupção do hábito, visando à prevenção de má-oclusão e o uso de apare-lhos ortodônticos corretivos. Conclusão: Técnicas caseiras para largar a chupeta e parar de chupar o dedo foram ensinadas e as crianças que não conseguiram se libertar do hábito, foram en-caminhadas para a clínica de odontopediatria para colocar o aparelho móvel. São dois anos de desenvol-vimento desse trabalho e o resultado tem sido muito gratificante.

R036 - A efetividade da utilização de critérios de risco de doenças bucais no planejamento de ações coletivas e individuais em saúde bucal.

Maria da Candelária Soares, Regina Auxiliadora Amorim Marques, Fernanda Lúcia de Campos, Cás-sia Liberato Muniz Ribeiro, Dalila Aparecida No-gueira e Doralice Severo da Cruz (Área Técnica de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo SMS - SP).

Introdução: O planejamento das ações de saúde bucal, quer individuais, quer coletivas, é um constante desafio para o gestor municipal, pois os recursos físicos e hu-manos quase sempre são insuficientes para as necessi-dades apresentadas pela população. Desta forma, a utilização de critérios de risco social e biológico é ne-cessária para a otimização dos recursos disponíveis e para a determinação do tipo de atendimento requerido pela demanda, pois possibilita organizá-la segundo seu perfil de saúde-doença, além de seu perfil social. Métodos: A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS) vem implementando a utilização de cri-térios de rico às principais doenças bucais, conforme o proposto pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em 2001. Estes se baseiam na experiência ante-rior e atual de cárie dentária, doença periodontal e patologias do tecido mole. Esses critérios foram utili-zados na I Semana de Saúde nas Escolas promovida pelo Programa Escola Promotora de Saúde de 09 a 13 de maio de 2.005, numa parceira entre a SMS e Secre-taria Municipal de Educação em 40 instituições muni-cipais (creches, escolas de educação infantil e de en-sino fundamental), localizadas em áreas de maior ex-clusão social.

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Resultados: Realizaram-se atividades preventivas e educativas e inspeção bucal em 17.034 mil crianças, identificando-se 41,6% como de baixo risco, 22,7% como de médio risco e 35,7% como de alto risco à cárie dentária, sendo 3,7% referente a tratamento de urgências, 22% referentes à necessidade de tratamento restaurador e 10% referentes a tratamento preventivo intensivo. Conclusão: Esses resultados, em que pese não obe-decer a inspeção bucal a rigores metodológicos de estudos epidemiológicos, assemelham-se ao que foi encontrado no levantamento epidemiológico realizado em 2002 na cidade de São Paulo e apontam também para uma concordância com a literatura científica, segundo a qual em populações que já fazem uso de métodos preventivos de cárie dentária, sistêmicos e ou tópicos, observa-se o fenômeno da polarização da cárie dentária em torno 30,0%. Por outro lado, a utili-zação dos critérios de risco permitiu de forma rápida planejar as atividades educativas, preventivas e de tratamento, conforme as necessidades de cada indiví-duo. Esses critérios encontram-se implementação em toda rede básica de saúde do município, incluindo os locais com Programa de Saúde da Família.

R037 - Diagnóstico precoce e prevenção do câncer bucal durante a campanha de vacinação dos idosos na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo em 2005

Maria da Candelária Soares, Fernanda Lúcia de Campos, Regina Auxiliadora Amorim Marques, Cás-sia Liberato Muniz Ribeiro, Dalila Aparecida No-gueira, Doralice Severo da Cruz, Caio Marcio Fillip-pos e Gustavo Alexandre (Área Técnica de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo)

Introdução: O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua e assoalho da bo-ca). O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas brancas e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da bo-ca acomete principalmente tabagistas e os riscos au-mentam quando o tabagista faz uso também do álcool. Um dos aspectos relacionados ao câncer bucal é a falta de diagnóstico precoce, o que determina, para aqueles que sobrevivem, severas mutilações. Métodos: Para estimular a realização de ações de educação e prevenção do câncer bucal, bem como capacitar os cirurgiões-dentistas da rede básica de saúde a realizarem seu diagnóstico, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo propôs, em 2001, a

realização de ações de educação em saúde, prevenção e inspeção bucal durante a campanha de vacinação dos idosos contra a gripe, realizada anualmente. O município de São Paulo aderiu a essa proposta e o número de pessoas examinadas anualmente foi cres-cente. Em 2005, a campanha desenvolveu-se em três fases: (1) ações educativas e inspeção bucal dos ido-sos durante a campanha de vacinação; (2) retriagem dos indivíduos identificados com algum tipo de lesão dos tecidos moles, realizada por um especialista em semiologia / estomatologia e encaminhamento para tratamento, quando necessário e (3) avaliação dos encaminhamentos realizados. Resultados: Na primeira fase foram examinados 106699 idosos, representando 42,1% dos exames rea-lizados em 317 municípios do estado que participaram do projeto. Isso implicou na cobertura de 16,4% dos vacinados na cidade. Verificou-se a necessidade de retriagem em 9,6% dos examinados. Na retriagem, 52,5% dos idosos tiveram seu problema resolvido por meio de biópsias (5,8%), tratamento cirúrgico (3,2%), tratamento medicamentoso (9,6%), conduta expectan-te (16,9%), remoção de fatores traumáticos (7,6%) e outros (9,4%) e foram diagnosticados 26 casos de câncer bucal (0,3%), sendo que os pacientes encon-tram-se em tratamento. Conclusão: Esses resultados indicam a validade da continuidade desse projeto, uma vez que, durante a campanha de vacinação, podem ser captados idosos que usualmente não freqüentam a unidade de saúde. A avaliação das condições de tecidos moles deve ser, contudo, rotineira, na rede básica, para toda a popula-ção adulta e idosa.

R046 - Levantamento epidemiológico de saúde bu-cal em áreas com e sem fluoretação das águas de abastecimento público, Itapecerica da Serra, SP, 2005.

Luciana H. Isuka (Pref. Itap. da Serra), Lucimary M. Silva (Pref. Itap. da Serra), Antonio C. Frias (FOUSP).

Introdução: A fluoretação das águas de abastecimen-to público é o principal método preventivo de cárie dentária, pois reduz a sua prevalência em 60% em média. Itapecerica da Serra conta com a fluoretação desde o ano de 1983, porém existem áreas que não são beneficiadas pela rede de abastecimento, privando sua população de benefícios básicos de promoção de saúde. Este estudo teve por objetivo estimar a preva-lência de cárie dentária e fluorose, a necessidade de tratamento e avaliar o perfil de oclusão das crianças

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de 5 e 12 anos de idade. Visou também uma diferen-ciação das condições de saúde bucal dessas crianças em regiões com e sem fluoretação. Métodos: Este estudo foi realizado em Itapecerica da Serra, SP, de agosto a dezembro de 2005. A popula-ção alvo foram as crianças de 5 e 12 anos das escolas públicas do município. As variáveis estudadas foram: cárie dentária, necessidade de tratamento, fluorose e má-oclusão. Para que fosse possível uma comparação entre as áreas com e sem fluoretação foi realizada uma pré-estratificação da amostra. Sendo assim, estipulou-se uma amostra de 100 crianças de cada faixa etária para cada uma dessas duas regiões. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram os propostos pela OMS na 3ª edição de “Levantamentos básicos em saúde bucal”. Para cárie foram utilizados os índices ceo e CPO-D, e para a fluorose o de Dean modificado. Para a calibração foi utilizada a técnica do consenso e o cálculo do erro interexaminadores foi feito de acor-do com o método do “gold standard”. O instrumental utilizado foi o espelho plano nº 5 e a sonda CPI, a ficha utilizada para coleta de dados foi elaborada ex-clusivamente para este estudo. O processamento de dados e sua análise estatística foram feitos com o pro-grama Epiinfo, versão 5.0. Resultados: Todos os quatro grupos estudados atin-giram uma amostra mínima de 80 elementos amos-trais, sendo que no total foram efetivamente examina-das 337 crianças, representando 84,25% da amostra inicial. O ceo da região sem fluoretação foi 1,5 maior que na outra (2,96 e 1,46 respectivamente), o CPO-D foi 0,92 maior (2,47 e 1,55) e a porcentagem de crian-ças livres de cárie aos 5 anos foi quase a metade do que a encontrada na área com fluoretação (31,3% e 62,5%). No que diz respeito às necessidades de trata-mento, mais de 60% delas se concentram na região não fluoretada e a demanda é de serviços curativos. Na região sem fluoretação só foi encontrada fluorose na idade de 12 anos (8,8% das crianças na categoria muito leve), já na região com flúor, foram encontradas 6,4% das crianças de 5 anos com fluorose muito leve e leve e 27,7% das de 12 anos com nível muito leve. Na avaliação da má-oclusão só foram avaliados os dados gerais do município, sendo que 28,6% e 42,5% das crianças de 5 e 12 anos, respectivamente, apresen-taram algum tipo de má-oclusão. Conclusão: Analisando-se todos os resultados obti-dos ficou clara a diferença entre as regiões com e sem fluoretação das águas de abastecimento público. As crianças que não têm acesso a esse tipo de benefício têm de 1 a 1,5 dente atacado por cárie a mais do que as demais e concentram mais de 60% das necessida-des de tratamento odontológico. Isto demonstra um

prejuízo da saúde bucal desta parcela da população e requer que medidas urgentes sejam tomadas, a fim de atender a princípios doutrinários do SUS, como a uni-versalidade e a equidade.

R059 - Levantamento da prevalência de cárie em comunidade ribeirinha da Amazônia, assistida pelo Projeto Napra.

Yara Janaina Viana Lima Lido (Faculdade de Odon-tologia de Piracicaba – UNICAMP)Beatriz Balduino Ferraz da Silva (Faculdade de Odontologia de Pira-cicaba – UNICAMP)Dagmar de Paula Queluz (Fa-culdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP).

Introdução: O Napra (Núcleo de Apoio a População Ribeirinha da Amazônia) é uma organização não go-vernamental que atua na região do baixo Rio Madeira (RO) há mais de 10 anos em três grandes linhas: Edu-cação, Saúde e Desenvolvimento sustentável. As a-ções e projetos de atuação são planejados com base nos dados epidemiológicos e nas necessidades senti-das pela população. Esse levantamento foi realizado na Comunidade do Cuniã que está dividida em quatro núcleos, somando 152 famílias que não fazem parte do PSF (Programa de Saúde da Família) e dista 2 ho-ras e 30 minutos de trilha, da UBS mais próxima. O objetivo do estudo foi verificar a distribuição e seve-ridade da doença cárie, tornando possível diagnosticar e medir as necessidades de atenção em cada faixa etária. Métodos: O levantamento foi realizado no pátio da escola Francisco Braga, localizada no núcleo central Costa Silva no mês de julho / 2005, durante as férias escolares. O convite para o dia do levantamento, onde também foram realizadas atividades interdisciplinares de promoção em saúde, deu-se durante as visitas do-miciliares. Os exames foram realizados com espátula de madeira e sem secagem, como preconizada pela OMS, após a escovação supervisionada. Estiveram presentes 104 crianças na faixa etária de 05 a 12 anos. Resultados: Resultados: O índice ceo-d para a faixa etária de 5-6 anos (29,1%) foi de 4,66, categorizado como alto. O índice CPOD para a faixa etária de 7-10 anos (43,6%) foi de 2,21 e para a faixa etária de 11-12 anos (2,3%) foi de 2,36, ambos considerados muito baixos. Conclusão: Os resultados são representativos para essa comunidade isolada geograficamente com acesso restrito ao atendimento odontológico e aos benefícios do flúor. Quando comparado com a média da macro região Norte, para 5 anos (3,22), o índice ceo-d sugere necessidade de ações voltadas à conscientização ma-terna e aos cuidados relacionados à amamentação e

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higienização dos dentes decíduos; na idade de 12 anos a comunidade mostrou-se abaixo do índice regional (3,13). O mesmo ocorre quando usamos as médias nacionais para comparação.

R064 - Programa educativo-preventivo em escolas de ensino fundamental do município de Campinas.

Rosângela Zanetti (FO-SLMandic), Joice Santin (FO-SLMandic), Flávia Martão Flório (FO-SLMandic), Rui Barbosa de Brito Júnior (FO-SLMandic).

Introdução: Os levantamentos básicos de saúde bucal são definidos como estudos para a coleta de informa-ções básicas sobre o estado de doenças bucais e ne-cessidades de tratamento da população. É através da realização destes levantamentos, que são coletados dados confiáveis para o planejamento, controle e ava-liação dos programas de saúde bucal. O objetivo este estágio extra-muro foi conhecer as condições de saúde bucal dos escolares avaliados, através do índice de CPO-D, permitindo o planejamento das ações educa-tivo-preventivas a serem desenvolvidas, enfocando-se a importância desses procedimentos na promoção e manutenção de saúde bucal da população, além de proporcionar o contato com a prática da Odontologia Comunitária aos alunos da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, preparando-os para o contato com a população e a promoção da educação em saúde bucal em seu sentido mais amplo. Métodos: O projeto foi realizado em quatro institui-ções do município de Campinas, no ano de 2005, e constou com etapa de calibração, execução de exames em crianças autorizadas pelos responsáveis e encami-nhamento para tratamento emergencial da Faculdade. Foram examinadas 452 crianças, com idade variando de 6 a 16 anos. Resultados: Os resultados mostram que aproximada-mente 50% da prevalência de cárie da população avali-ada era representada pela história presente da doença com crianças apresentando até 4 dentes permanentes e 6 dentes decíduos com necessidade de tratamento o-dontológico tradicional. Em relação às metas da Orga-nização Mundial da Saúde (OMS) recomendada para o ano 2000, para a idade de 12 anos, verifica-se que as crianças apresentavam em média 0,9 dentes com histó-ria da doença, tendo atingido as metas recomendadas pela OMS. Com relação à população de 6 anos, verifi-cou-se que 42,86% eram livres de cárie. Conclusão: Conclui-se a importância de um direcio-namento das ações à primeira infância, envolvendo também o núcleo familiar, uma vez que a participação dos pais nesta faixa etária é de primordial importân-

cia, no intuito de diminuir a necessidade de tratamen-to vigente, controlando a doença já instalada e preve-nindo o aparecimento de lesões futuras. A população em média, atingiu as metas preconizadas pela OMS para 5 e 12 anos.

R071 - Oclusão em um grupo de escolares de 5 a 14 anos da rede pública do município de Limeira - SP.

Viviane Azenha, Denise Maria de Oliveira (Assesso-ria Departamental Odontológica Municipal - PML), Maria da Luz Rosário de Sousa (Depto O. Social - FOP-Unicamp).

Introdução: Durante o crescimento e desenvolvimen-to dos músculos da face e ossos maxilares no período da infância e da adolescência pode ocorrer o apareci-mento de anomalias, como por exemplo: as oclusopa-tias; as quais podem produzir desvios estéticos nos dentes e / ou face, distúrbios funcionais na oclusão, mastigação, deglutição, fonação, e respiração, até transtornos psicossociais com potenciais repercussões na auto-estima e no relacionamento interpessoal dos indivíduos afetados. O objetivo deste trabalho foi ve-rificar a oclusão em um grupo de escolares de 5 a 14 anos da rede pública do município de Limeira em 2004. Métodos: O cálculo amostral foi de acordo com a prevalência de cárie obtida em estudos anteriores em todas as escolas (n=59) totalizando 6.313 alunos. Foi utilizado o método randomizado através da lista dos alunos, segundo sexo e idade. Os cinco CD examina-dores e três THD anotadores envolvidos no levanta-mento epidemiológico foram submetidos a 8 horas de treinamento prático, com a finalidade de se obter pa-drões de reprodutibilidade. O índice utilizado para este levantamento epidemiológico foi o da Organiza-ção Mundial da Saúde: 0 - nenhuma anormalidade ou má-oclusão; 1 - muito leve / leve (um dente com giro-versão ou ligeiro apinhamento ou espaçamento dentre os dentes) e 2 - moderada / severa (há presença de uma ou mais das seguintes condições nos quatro inci-sivos anteriores causadoras de um defeito inaceitável sobre a aparência facial, ou uma significativa redução da função mastigatória, ou problemas fonéticos): transpasse horizontal maxilar estimado em 9 mm ou mais; transpasse horizontal mandibular, mordida cru-zada anterior igual ou maior que o tamanho de um dente; mordida aberta; desvio de linha média estima-do em 4 mm ou mais; e apinhamento ou espaçamento estimado em 4 mm ou mais. Resultados: Do total de crianças examinadas, apro-ximadamente 75% tinha algum tipo de má-oclusão.

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Sendo que 25,10% das crianças não apresentavam má-oclusão, 37,87% tinham má-oclusão muito leve ou leve (tipo 1) e 37,03% com má-oclusão moderada ou severa (tipo 2). Conclusão: Apesar da maioria dos escolares apresen-tarem alterações oclusais, até os 14 anos, somente 37,03% é classificado como severo (tipo 2), grupo que necessitaria de um tratamento curativo prioritário. Porém, a somatória dos tipos (1 e 2) entre as idades de 5 a 9 anos já representam 38% do total de oclusopati-as, onde ressaltamos então a importância da interven-ção precoce juntamente com medidas educativas auxi-liando, como por exemplo; na remoção de hábitos nocivos. Isto ajudaria não só a reduzir o custo com o tratamento curativo como também diminuiria o núme-ro de casos severos no futuro.

R081 - Levantamento epidemiológico dos pacientes encaminhados das unidades básicas de saúde da Região Sul (Capela do Socorro, Parelheiros e M. Boi Mirim) para a Disciplina de Semiologia e Es-tomatologia da Universidade de Santo Amaro.

Fabio Masuko Carrion Alvarado (Universidade de Santo Amaro; Sociedade Paulista de Estomatologia e Câncer Bucal); Eleonora Cristina Albertin Scavassini (Universidade de Santo Amaro; Sociedade Paulista de Estomatologia e Câncer Bucal); Artur Cerri (Uni-versidade de Santo Amaro; Sociedade Paulista de Estomatologia e Câncer Bucal); Maricene Cerávolo de Melo Ferreira (Coordenadoria de Saúde Bucal Região Sul da cidade de São Paulo); Sylvia Lavinia Martini Ferreira (Universidade de Santo Amaro)

Introdução: A parceria firmada entre a Assessoria de Saúde Bucal da Coordenadoria Regional de Saúde Sul e a Faculdade de Odontologia da Universidade de Santo Amaro (UNISA), através da disciplina de Es-tomatologia tem proporcionado aos pacientes das uni-dades básicas de saúde, diagnósticos e tratamentos mais seguros das lesões que comprometem primaria-mente ou secundariamente a cavidade bucal, propor-cionando melhores prognósticos e contribuindo para uma melhor qualidade de vida. Os pacientes encami-nhados das UBS são atendidos e tratados na disciplina de Estomatologia pelos alunos, sob a supervisão dos professores. Com base nos dados epidemiológicos dos pacientes das UBS atendidos pela disciplina de Esto-matologia, nos propusemos a estudar as lesões mais prevalentes nesses pacientes. Métodos: O estudo realizado está baseado numa a-mostra de 55 pacientes, de ambos os sexos e idades, encaminhados das unidades básicas de saúde, para a

Disciplina de Estomatologia da Faculdade de Odonto-logia da Universidade de Santo Amaro (UNISA), on-de foram submetidos a minucioso exame clínico e coletados dados referentes à prevalência das lesões de boca mais freqüentes, relacionadas ao sexo e idade dos participantes da amostra. Resultados: Através dos dados obtidos neste estudo, pode-se ter uma idéia das doenças bucais mais co-muns dos pacientes que procuram as unidades básicas de saúde, da região de Santo Amaro. Nesse sentido, as patologias encontradas são semelhantes às lesões ob-servadas na população em geral, com a mesma faixa etária e sexo. Conclusão: Concluiu-se que: a doença de maior pre-valência na população estudada foi a hiperplasia fi-brosa inflamatória (30,9%); a hipertensão atinge 58,18% dos pacientes, e a diabete mellitus de ambos os tipos, 23,63%; as doenças afetaram de maneira equivalente indivíduos de ambos os sexos (52,72% eram mulheres e 47,27% eram homens); a maioria dos indivíduos (54,54%) encaminhados das UBS, para a universidade possuíam mais de 65 anos e que as dis-ciplinas de Semiologia e Estomatologia mostraram ser eficientes no diagnóstico das diversas patologias bu-cais apresentadas, relacionando os diagnósticos clíni-co e histológico. Com isso, observa-se que o trabalho em parceria do setor público com as empresas priva-das, demonstrou ser eficaz no que se refere às políti-cas públicas, onde o maior beneficiário é a população.

R087 - SEPTO - Serviço de educação, prevenção e triagem odontológica participando da organização da demanda das UBS.

Adriana Fernandes (Prefeitura Municipal de Soroca-ba), Ana Paula D. Libório (Prefeitura Municipal de Sorocaba), Cíntia Garcia Mesquita (Prefeitura Muni-cipal de Sorocaba), Luiz Antonio Corsi (Prefeitura Municipal de Sorocaba).

Introdução: Diante da forte pressão da demanda da população sobre as agendas dos serviços odontológi-cos com necessidades de tratamento acumuladas, o município de Sorocaba adotou diversas medidas atra-vés de ações e programas para organizar a oferta de serviços odontológicos. Podemos ressaltar como cau-sa dessa demanda aumentada, o acesso a métodos preventivos coletivos como fluoretação das águas e creme dental com flúor, preservando assim o órgão dental na arcada e aumentando as necessidades de assistência. Também a universalização de serviços odontológicos pela implantação do SUS e a maior consciência cidadã em saúde da população contribu-

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em para o aumento contínuo da demanda. Estudos mostram a relação entre condições sócio-econômicas e doenças bucais, que polariza sua distribuição com maior ocorrência e severidade na população de baixa renda e também dificuldade de acesso para a faixa etária de 0 a 6 anos no país, para tanto foram criadas ações para atender essa faixa etária de forma integrada com as UBS. Métodos: O serviço proposto conta como recursos humanos, 2 cirurgiões-dentistas e 1 ACD que traba-lharam 220 dias (1.320 horas) no ano de 2005 em 47 pré-escolas municipais de Sorocaba, totalizando 7.195 crianças de 0-6 anos de idade. O trabalho propõe es-covação supervisionada com gel fluorado em crianças maiores de 4 anos, exame clínico seguindo critérios da OMS em toda população escolar, trabalho educati-vo com crianças, professores e pais, e encaminhamen-to agendado das necessidades assistenciais para a UBS. Foram utilizados espelhos clínicos, explorado-res, sonda periodontal, materiais educativos para tra-balho tanto com professores, quanto para os alunos em classe e pais em palestra, além de impressos espe-cíficos, além de luvas, máscaras gorros e material para assepsia e higiene. Resultados: O serviço proposto examinou 7.195 cri-anças de 0 a 6 anos, nas 47 escolas municipais, sendo que 5.195 (72,11%) não apresentaram necessidade de tratamento, e 3.135 (27,89%) crianças apresentaram necessidade de tratamento e foram agendadas nas 26 UBS de Sorocaba. Conclusão: O SEPTO (Serviço de Educação Preven-ção e Triagem Odontológica), além de fazer busca ati-va na população pré-escolar 0-6 anos e propiciar 1 con-sulta / ano, com procedimentos preventivos e educati-vos, acaba com agilidade, organizando a entrada dessa demanda nas UBS, já que somente os que tem necessi-dade serão agendados para tratamento odontológico.

R090 - Programa para entrada e análise de dados de levantamentos epidemiológicos de saúde bucal em EPI INFO 2000.

Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Adilmo Henrique do Nascimento (Casa de Saúde Santa Marcelina / PSF Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Fa-culdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Mar-celina), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).

Introdução: Os levantamentos epidemiológicos em saúde bucal são de suma importância para o conheci-mento das condições de saúde bucal de uma determi-

nada população, possibilitando planejar as ações pau-tando-se na realidade local. Além desta importante vertente, pode-se utilizar também os dados para bus-car possíveis associações entre as condições de saúde bucal encontradas com outras variáveis que caracteri-zariam as condições de vida, aspectos culturais, com-portamentais, entre outros. Com o objetivo de facilitar o processo de digitação e análise dos dados do Levan-tamento Epidemiológico em Saúde Bucal desenvolvi-do na Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina (2005/2006) buscou-se recursos de informática que trabalhassem em ambiente “windows”. Métodos: Optou-se por utilizar o programa EPI INFO, que é de domínio público, na versão 3.2 de fevereiro de 2004. A partir dos recursos disponibilizados pelo pro-grama e utilizando muitas vezes o raciocínio aplicado pelo prof. Eymar S. Lopes no programa de mesma na-tureza, desenvolvido para a versão EPI INFO 5 conhe-cido como EPIBUCO (1994), desenvolveu-se a “más-cara” para a entrada de dados. Os códigos utilizados para registro da condição observada foram os propostos pela OMS, exceto para “alteração em tecidos moles”, “risco de cárie” e “índice de Helkimo”. Diferentemente do EPIBUCO, a programação foi inserida na própria “máscara” de entrada de dados, o que permite obter o valor das variáveis de interesse à medida que se proce-de a digitação. Tal medida teve por objetivo facilitar a análise dos dados por pessoas que não têm grande do-mínio sobre o uso do programa. Resultados: O instrumento construído possibilitou a inserção e apuração dos dados relativos a: identifica-ção do indivíduo; uso e necessidade de prótese; fluo-rose dentária; índice de má-oclusão; índice de estética dental (com cálculo automático do grau de severida-de); cárie dentária incluindo coroa e raiz (com cálculo do ceo e CPO-D); necessidade de tratamento (com cálculo por tipo de necessidade); índice de alterações gengivais; índice periodontal comunitário (CPI) e índice de perda de inserção periodontal (PIP) ambos com cálculo do n.º de sextantes por indivíduo, de a-cordo com a condição observada e verificação da condição do pior sextante encontrado por indivíduo; alteração em tecidos moles; risco de cárie; índice a-namnésco de Helkimo para verificação de alterações na ATM (com cálculo automático do score); variáveis socioeconômicas, comportamentais, de saúde geral e de autopercepção. Conclusão: O instrumento proposto facilitou a digi-tação e apuração dos dados, podendo inclusive ser utilizado em outras pesquisas, pois o programa permi-te acrescentar e remover variáveis de acordo com os objetivos de cada estudo.

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

R120 - Análise preliminar das atividades práticas da Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva realizadas por estudantes da PUC-Campinas, através de uma parceria ensino-serviço.

Anna Letícia M. de O. Beck (FO PUC-Campinas), Cristina Aparecida Ferreira (FO PUC-Campinas), Talita Marconi (FO PUC-Campinas), Tatyana Gue-des Lugli (FO PUC-Campinas), Rodrigo Rostodella (FO PUC-Campinas), Gustavo Nicolini Fernandes (FO PUC-Campinas), Luciane Maria Pezzato (FO PUC-Campinas, FCM / Unicamp), Silvia Cypriano (FO PUC-Campinas; SMS Louveira), Aglair Iglesias Duran (FO PUC-Campinas) & Edgard Del Passo (FO PUC-Campinas).

Introdução: Buscando aprimorar a relação ensino-serviço, celebrou-se no ano de 2004, um convênio entre a PUC-Campinas e a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. Como parte das disciplinas curri-culares, os estudantes da disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva I e II, desenvolveram durante as aulas práticas, um conjunto de ações preventivas e educativas em saúde bucal nas crianças matriculadas em 03 equipamentos sociais, situados no Distrito de Saúde Noroeste do Município de Campinas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o conjunto de práticas da Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva rea-lizadas pelos estudantes e professores da PUC-Campinas em 2005. Métodos: Os alunos de odontologia do 3º e 4º perío-dos, subdivididos em duplas ou trios, se responsabili-zaram pelo desenvolvimento das atividades práticas, para uma ou duas salas de aula durante o decorrer do ano. Após procedimentos de aproximação, iniciou-se o processo de educação em saúde, avaliação de risco das doenças cárie e periodontal, e as atividades de escovação supervisionada com evidenciador de bio-filme e da terapia com flúor gel acidulado (ATF), ten-do como base as atuais recomendações da SES-SP. Resultados: Do total de crianças examinadas, 48,3% apresentaram baixo risco à doença periodontal. C on-siderando a doença cárie, foram examinadas para a definição do grupo de risco, 620 crianças. Destas, 60,8% (n=377) apresentaram alto risco à doença cárie (D,E e F), 18,7% (n=116) risco moderado (B e C) e 20,5% (n=127), apresentaram baixo risco (A). A mai-oria das crianças com relato de dor, presença de cavi-dades de cárie ativa e abcessos, foram encaminhadas para a unidade de saúde de referência ou para a PUC-Campinas. A fluorterapia foi realizada apenas nas crianças de alto e médio risco de cárie. A média de ATF por criança incluída no grupo de alto risco vari-

ou de 2,1 a 2,7 e a média de ATF na criança incluída no grupo de médio risco variou de 1,0 a 2,2. A educa-ção em saúde foi realizada de forma cotidiana, através dos contatos semanais com as crianças e de atividades lúdicas, favorecendo a interação entre o educador e os educandos, assim como o estabelecimento de vínculo. Conclusão: Observou-se nas 03 escolas estudadas que os dados com relação à ATF foram subestimados. O principal motivo deste problema foi na utilização dos instrumentos de coleta de dados, pois, foram utili-zados pela primeira vez e, estão sendo reavaliados para adaptá-los às reais necessidades e objetivos da Disciplina. Sendo assim, se faz necessário um estudo longitudinal para avaliar a efetividade e o impacto do conjunto de práticas que a Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva vem se propondo desde o início de 2004 em parceria com a Secretaria Municipal de Saú-de de Campinas e com o compromisso pedagógico do ensino da Saúde Bucal Coletiva .

R134 - Sistemas de Informação e Indicadores de Saúde Bucal, no cotidiano de uma Unidade Básica de Saúde no Município de Ribeirão Preto / SP.

Camila Benedini Martelli (SMS-Ribeirão Preto), Mar-lívia Gonçalves de Carvalho Watanabe (FORP / USP).

Introdução: A informação é essencial para a tomada de decisão e o conhecimento das condições de saúde e acesso a serviços de uma população. No entanto, na Odontologia ainda não se tem uma uniformidade nos diversos serviços que compõem o sistema de saúde, o que nos leva a um questionamento de como vem se conduzindo as ações de saúde bucal nos municípios brasileiros. Essa diversidade se estende ao sistema de informação em saúde adotado nos municípios. Pre-tende-se, com esse estudo, analisar os indicadores de saúde bucal de uma unidade básica do município de Ribeirão Preto, bem como as dificuldades ou facilida-des do atual sistema de informação utilizado na área no município de Ribeirão Preto. Métodos: Por meio de uma busca na literatura foram selecionados os indicadores mais adequados para ava-liação da assistência à saúde bucal na Unidade Básica de Saúde Jacob Renato Woiski, e utilizou-se o sistema de informação utilizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (Sistema HYGIA) para a coleta dos dados. Resultados: Observou-se que a maioria das informa-ções disponível na área de saúde bucal possibilita a-penas contemplar o cálculo de alguns indicadores de cobertura preconizados pelas Secretarias Estaduais de Saúde e Ministério da Saúde.

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Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Conclusão: Entendemos que os sistemas de informa-ção em saúde devem ser estruturados de forma a que os indicadores de saúde bucal estejam disponíveis mais facilmente e sejam utilizados pelos profissionais a fim de possibilitarem impactos para a organização, avaliação e programação das ações em saúde bucal.

R141 - Panorama de saúde bucal dos municípios da DIR V – Osasco.

Eugênia Vereiski (Prefeitura de Pirapora do Bom Jesus), Andréa Bruschi (Prefeitura de Embu-Guaçu), Fausto Souza Martino (Prefeitura de Taboão da Ser-ra), Renato Maurício da Cruz (SES – DIR V – Osas-co), Silvana Scaff Geraldes (Prefeitura de Vargem Grande Paulista).

Introdução: A organização e a sistematização das informações em saúde bucal são rotineiramente reali-zadas pelo Comitê de Saúde Bucal da DIR V – Osas-co, composto pelos representantes das coordenações de saúde bucal dos 15 municípios que compõem a DIR. Tem por finalidade identificar as condições de saúde e doença da região da DIR V – Osasco, buscan-do um aprimoramento de trabalho dos municípios. Métodos: Dentre os objetivos deste comitê estão o fortalecimento da implantação e implementação das diretrizes políticas da saúde bucal e a divulgação dos resultados das ações de saúde bucal dos municípios desta região. Desta forma, o comitê tem por método de trabalho a composição de subcomissões, como a de informações, que através de pesquisa tanto na rede internacional de computadores como nas secretarias municipais de saúde buscam dados para subsidiar a elaboração deste panorama. Resultados: Pelos dados coletados verificou-se que além da atenção básica, houve a implantação da mé-dia complexidade em saúde bucal, o que pode ser de-monstrado pela criação e adequação de sete centros de especialidades odontológicas na região. Levantou-se ainda, através da análise de alguns indicadores, que os municípios da DIR V apresentam uma cobertura de procedimentos coletivos maior que a média do Estado de São Paulo e o índice CPOD aos 12 anos menor que a média estadual, considerando ainda, que 60% desses municípios apresentam este índice menor que 2,0. Informações a respeito da estrutura física e de recur-sos humanos demonstram a presença na região de sistemas de trabalho compostos por clínicas modula-res envolvendo trabalho em equipe. Conclusão: Desde 1999, o Comitê de Saúde Bucal da DIR V – Osasco vem atuando na região buscando a integração entre a coordenação regional de saúde bu-

cal e os municípios da região, sempre no intuito de embasá-los no planejamento e acompanhamento das ações de saúde bucal à população.

R168 - Levantamento do risco à cárie em escolares realizado em uma EMEI localizada na área de a-brangência da UBS Dr. Thersio Ventura – zona leste do município de São Paulo

Adriana Almeida Jecks (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina – Ministério da Saúde) Angela Libert Alves (Residência Multiprofis-sional em Saúde da Família da Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina – Minis-tério da Saúde) Julie Sílvia Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Síl-vio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Casa de Saúde Santa Mar-celina / Faculdades Santa Marcelina).

Introdução: Sob a perspectiva de promoção de saúde, pode-se considerar que as escolas são espaços privile-giados para o desenvolvimento de processos educati-vos e neles incluídos as questões referentes à saúde bucal. Além das ações de cunho educativo, ações de prevenção também encontram situação favorável para seu desenvolvimento em espaços escolares. Tendo em vista a atual recomendação sugerida por especialistas na área de adequar a terapia com flúor à situação de risco à cárie, o rastreamento de risco passou a ser rea-lizado na rotina dos procedimentos coletivos e desta forma favorece a obtenção de dados sobre a situação de risco à cárie dos participantes e a comparação dos dados com outras realidades. Métodos: Primeiramente foi realizado contato com a direção da escola, que autorizando o desenvolvimento da atividade, teve como prosseguimento a reunião com os professores para pedir a colaboração dos mesmos e prestar maiores esclarecimentos sobre as atividades a serem desenvolvidas. Os pais foram in-formados e, em concordância, assinaram o termo de autorização. A partir da autorização dos pais, as crian-ças foram avaliadas com auxílio de espátula de madei-ra e luz natural, tomando-se todos os cuidados relati-vos à biossegurança. A avaliação do risco à cárie foi realizada de acordo com os critérios propostos pela Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo apontados no documento “Recomendações sobre o uso de produtos fluorados no âmbito do SUS- São Paulo”.

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Resultados: Foram avaliadas 192 crianças entre 4 e 6 anos de idade que freqüentam a EMEI, observando-se que 84 (43,75%) não apresentaram experiência ante-rior ou atual de cárie e nem condições de risco para a doença no momento do exame (A). Também se iden-tificou que 29 crianças (15,10 %) apresentaram sinais de doença no passado, seja pela presença de dentes restaurados ou de cavidades de cárie crônica, porém sem sinais de risco para a doença no momento do e-xame (B e C), porém 79 (41,15%) apresentaram sinais da doença cárie, seja pela presença de manchas bran-cas ativas ou cavidades de cárie aguda no momento do exame (D, E e F).

Conclusão: Os dados obtidos indicam que um grande percentual das crianças encontra-se em situação de risco à cárie ou com a doença já instalada, necessitan-do não apenas de cuidados curativos, mas principal-mente de medidas preventivas e educativas relativas às doenças bucais, que, para obterem maior êxito, devem ser desenvolvidas não apenas com as crianças, mas com seus pais ou responsáveis e, se possível, envolvendo também os educadores. Os resultados também apontam a necessidade de abordagens educa-tivas com gestantes e pais / responsáveis por crianças desde o nascimento, para que cuidados sejam tomados de forma precoce evitando que a criança venha a apre-sentar tal situação na idade pré-escolar.

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Educação em Saúde Bucal

P025 - Adesão de gestantes às orientações sobre práticas preventivas de alterações orais.

Priscilla Torres Tagawa, Karina Camillo Carrascoza, Rosana de Fátima Possobon, Laura Mendes Tomita, Antonio Bento Alves de Moraes (Faculdade de Odon-tologia - Unicamp)

Introdução: A gestação é o período no qual a mulher está mais receptiva à aquisição de conhecimentos rela-cionados à sua saúde e a saúde do bebê. Portanto, edu-cação em saúde voltada à gestante constitui num funda-mental instrumento para a promoção da saúde, conse-quentemente reduzindo gastos públicos com tratamentos curativos. Contudo, a literatura demonstra que gestantes apresentam pouco conhecimentos sobre: cuidados com a gravidez e pré-natal e saúde do bebê e amamentação, ocasionando uma maior prevalência de desmame preco-ce por introdução de mamadeira e / ou chupeta no pri-meiro trimestre de vida. O objetivo deste trabalho é de-monstrar que programas de educação e orientação à gestante podem contribui para estimular o aleitamento materno, diminuindo a prevalência do desmame precoce e a introdução de mamadeiras e / ou chupetas Métodos: Este estudo consistiu em avaliar a adesão às orientações sobre amamentação e hábitos de suc-ção, em 82 mulheres, no terceiro trimestre gestacio-nal. Foram realizadas duas entrevistas estruturadas, antes e após uma palestra do Programa de Orientação à Gestante (POG), oferecido pelo Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais (Cepae-FOP-Unicamp). Resultados: Após a palestra do POG, houve aumento de 73% na intenção de não oferecer mamadeira. Os principais motivos referidos pelas mães para usar a ma-madeira, antes e após a palestra, foram: "para oferecer chá" e "retorno ao trabalho". Em relação ao não uso da chupeta, houve adesão de 68%. O "choro" foi o motivo predominante para o oferecimento da chupeta. Quanto à maneira de alimentar o bebê nos momentos de ausência da mãe, houve um índice de adesão de 81% à orientação de oferecer leite materno ordenhado em copos. Conclusão: Conclui-se que o POG influenciou posi-tivamente a maioria das gestantes. T odavia, para a-quelas mães que não aderiram às informações, aponta-se a necessidade da realização de um trabalho diferen-ciado, que atenda às expectativas individuais de cada mãe. Assim, sugere-se o incentivo à realização de programas sistematizados e de cunho preventivo vol-

tados à gestante, enfatizando-se a importância da e-quipe ser treinada para : (a) identificar as estratégias de enfrentamento adotadas pelas gestantes / mães para lidar com os diversos tipos de dificuldades que con-duzem à não-adesão; e (b) intervir sobre variáveis psicossociais de risco, ainda no período gestacional, aumentando a adesão e prevenindo o desmame.

P057 - Conscientização das gestantes e mães sobre aleitamento materno.

Dagmar de Paula Queluz; Michele A. de Carvalho Moraes (Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP), (Faculdade de Odontologia de Piracica-ba – UNICAMP).

Introdução: Se pretendemos que nossas crianças te-nham qualidade de vida na amplitude que se pode desejar, deveríamos conhecer um pouco mais sobre aleitamento materno e o quanto as chupetas e mama-deiras são prejudiciais para nossas crianças. O objeti-vo desse estudo foi revisar a literatura e discutir sobre a conscientização das gestantes e em geral das mães sobre a importância do aleitamento materno, enfocan-do os benefícios em relação ao desenvolvimento da face e os fatores relacionados ao desmame precoce. Métodos: Para atingir este objetivo, foram utilizadas as bases de dados MEDLINE e JCR-ISI dos últimos 10 anos. Resultados: A literatura demonstra que a falta de a-mamentação tem causado mais problemas para nossas crianças que a maioria de nós pode imaginar. O uso de mamadeiras e chupetas e a falta do “exercício natural” que é o ato de sugar leite materno deforma faces, é res-ponsável por má-oclusão e muitos outros problemas com dentes e fala. É de suma importância a conscienti-zação por meio de informativos às gestantes sobre os benefícios do aleitamento materno, a fim de que as mães não optem pelo desmame precoce. A mamadeira, a chu-peta e o hábito de chupar o dedo afetam a posição dos dentes e trazem conseqüências danosas a fala, a respira-ção e ao desenvolvimento ósseo e muscular. Conclusão: Concluímos que a prática do uso de ma-madeira e chupeta é muito arraigada na nossa cultura, mesmo em população orientada para evitá-la. Problemas futuros relacionados ao apinhamento dental, fala e respi-ração podem ser prevenidos simplesmente pelo aleita-mento materno, o qual proporciona um desenvolvimento não só facial mas sim sistêmico adequado à criança, favorecendo a formação de um adulto saudável.

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P084 - Educação permanente e educação continu-ada: nova proposta para a saúde pública.

Rute Moreira de Freitas Sant'Anna (FOB / USP), Tatiane Martins Jorge (FOB / USP), Suzana Goya (FOB / USP), Juliana Julianelli de Araújo (FOB / USP), Sílvia Helena de Carvalho Sales-Peres (FOB / USP), José Roberto Pereira Lauris (FOB / USP), Magali de Lourdes Caldana (FOB / USP).

Introdução: O sistema brasileiro de ensino na área de saúde, apesar das grandes mudanças, ainda atua na formação de profissionais voltados ao tratamento de doenças ao invés da integralidade do indivíduo. Desta forma, um dos principais compromissos do Colegiado da Gestão de serviços em saúde é o de estabelecer políticas de saúde que formem e / ou qualifiquem pro-fissionais já inseridos no mercado de trabalho, a fim de direcionar o perfil desses trabalhadores às ações promocionais e preventivas. Aliada à Educação em Saúde, a Gestão de trabalho pretende modificar o mo-delo de ensino atual, a partir da intensificação das propostas de Educação Permanente e Educação Con-tinuada. Este estudo teve por objetivo relacionar as semelhanças e diferenças entre os modelos de Educa-ção Permanente e Continuada. A Educação Perma-nente busca transformar o processo de trabalho, me-lhorando a qualidade dos serviços e promovendo a eqüidade no cuidado e no acesso aos serviços de saú-de. Por outro lado, a Educação Continuada tem sua atenção voltada ao conjunto de experiências que se estendem após a formação, aprimorando habilidades e responsabilidades profissionais, contribuindo para a reorganização dos serviços de saúde. Apesar de am-bos os modelos de educação conferir uma dimensão de continuidade ao processo educativo, assentam-se em princípios metodológicos diversos. Métodos: A Educação Permanente busca transformar o processo de trabalho, melhorando a qualidade dos serviços e promovendo a eqüidade no cuidado e no acesso aos serviços de saúde. Por outro lado, a Educa-ção Continuada tem sua atenção voltada ao conjunto de experiências que se estendem após a formação, aprimorando habilidades e responsabilidades profis-sionais, contribuindo para a reorganização dos servi-ços de saúde. Apesar de ambos os modelos de educa-ção conferir uma dimensão de continuidade ao pro-cesso educativo, assentam-se em princípios metodo-lógicos diversos. Resultados: No que se refere à educação permanen-te, verificou-se a necessidade de problematizar as prá-ticas de concepções vigentes, a fim de que haja uma aproximação dos serviços de saúde dos conceitos de

atenção integral, humanizada e de qualidade. Com relação à educação continuada, verificou-se uma fragmentação do cuidado, das equipes e do processo de trabalho, na medida em que se centra no desempe-nho de cada categoria profissional. Conclusão: Para que os modelos de educação pro-movam uma melhor qualidade do trabalho e contem-ple a integralidade e a eqüidade no cuidado e no aces-so aos serviços de saúde da sociedade atual, torna-se necessário motivar trabalhadores e setores de saúde.

P088 - O uso de métodos preventivos em consultó-rios particulares no município de Piracicaba-SP.

Clícia de Oliveira (FOP-Unicamp), Lorena Alves Coutinho (FOP-Unicamp), Fábio Luiz Mialhe (FOP-Unicamp), Juliana Gobbo (FOP-Unicamp), Luiz Fa-biano Bortolo (FOP-Unicamp).

Introdução: A cárie é uma doença infecto-contagiosa que acomete 80% da população brasileira. No entanto, somente 5% dessas pessoas têm acesso aos consultó-rios particulares dos cirurgiões dentistas (CDs) e a maioria desconhece que as doenças bucais podem ser evitadas através de métodos preventivos. Na Odonto-logia os agentes ou métodos de prevenção primária da cárie dental incluem os selantes de fóssulas e fissuras e o controle de biofilme através da escovação e uso de fio dental. Apesar dos cirurgiões-dentistas serem con-siderados os profissionais mais aptos a realizar orien-tações e intervenções preventivas em relação à cárie dentária, pouco ainda se sabe sobre a freqüência com que utilizam estes métodos no dia-a-dia do consultó-rio particular. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a este aspecto da pratica odontoló-gica em consultórios particulares no município de Piracicaba-SP. Métodos: Foram selecionados 120 cirurgiões-dentistas, distribuídos em diferentes regiões do muni-cípio, a partir dos dados fornecidos pelas páginas a-marelas da lista telefônica da cidade de Piracicaba, SP. Para a realização do trabalho, foi elaborado um questionário com 18 perguntas, abrangendo princi-palmente temas sobre prevenção, os quais foram dis-tribuídos aos cirurgiões-dentistas. Também foi per-guntado aos profissionais se eles estavam ou não ca-dastrados em convênios e se suas graduações foram em faculdades públicas ou particulares. A taxa de res-posta alcançada foi de 78%. Os resultados foram obti-dos através de um estudo transversal descritivo e ana-lisados em forma de percentual através de gráficos processados no aplicativo Excel / Windows-2000.

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Resultados: Dos cirurgiões dentistas questionados, 28% graduaram em faculdade particular e 72% em pública. Quanto aos convênios 79% atendiam e 21% não. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que apesar de 96% dos profissionais afirmarem terem a prevenção como conduta habitual, 63% deles não cha-mam seus pacientes para controle e manutenção. Ob-servou-se também que é alta a porcentagem dos cirur-giões-dentistas que não utilizam índices para determi-nação da placa bacteriana, existindo ainda cirurgiões-dentistas (2%) que não vêem nos métodos preventivos existentes comprovada eficácia. Verificou-se que 62% e 74% dos profissionais aconselhavam todos os pacien-tes quanto à importância do uso de fio dental e da es-covação, respectivamente, como métodos preventivos de cárie. Quanto ao uso de selante de fóssula e fissura 29% o recomendava para todos os pacientes, indepen-dentemente da avaliação de risco-atividade da doença. Os profissionais que atendiam convênio e haviam se formado em universidade pública foram os que mais indicaram todos os métodos preventivos para todos os pacientes (14%), enquanto os que não atendiam convê-nio e haviam se formado em universidade particular foram os que menos indicaram (1,06%). Conclusão: Concluímos que apesar de ser alta a taxa de CD que usam métodos preventivos, estes não são empregados com regularidade e nem tampouco apli-cados de forma integrada, de acordo com o risco indi-vidual da doença, visando um atendimento voltado à promoção de saúde bucal (AU).

P112 - Estudo exploratório do conhecimento em saúde bucal do Agente Comunitário de Saúde do município de Ubatuba / SP, com enfoque em higie-ne, dieta e conduta.

Claudia da S. Cora (UNIBAN-SP), Leandra F. Leitão (UNIBAN-SP), Odete Pinto Scapolan (UNIBAN-SP), Thiago Vidal Vianna (UNIBAN-SP), Valquíria C. Tinnelo Mainente (UNIBAN-SP).

Introdução: A cárie e as doenças periodontais são as doenças bucais com maior prevalência na população mundial e podem ser evitadas com medidas que en-volvem mudança dos hábitos de higiene bucal e dieta da população. O agente comunitário de saúde (ACS) tem como parte de suas atribuições a promoção, pre-venção e recuperação da saúde. O ACS tem papel decisivo neste contexto da mudança dos hábitos da comunidade em que atua e da qual faz parte. O objeti-vo deste trabalho foi avaliar o conhecimento em saúde bucal do ACS do município de Ubatuba / SP, com enfoque em higiene, dieta e conduta.

Métodos: A coordenação de saúde bucal do municí-pio de Ubatuba, SP disponibilizou 8 unidades básicas de saúde, para a aplicação de um questionário explo-ratório junto aos ACS, contendo quatorze questões, sendo onze questões de múltipla escolha e três per-guntas abertas sobre saúde bucal. Três temas diferen-tes foram abordados: a formação do ACS (nível de escolaridade, o tempo inserido no PSF, participação em programa de capacitação em saúde bucal), a con-duta durante as visitas domiciliares frente a diferentes demandas e o conhecimento sobre saúde bucal. Resultados: Foram colhidos 47 questionários válidos para o estudo; o grau de escolaridade das ACS mos-trou que 65,95% possuem 2º grau completo; apenas 23,40% dos ACS têm tempo de trabalho inferior a 1 ano no PSF do município; o programa já proporcio-nou capacitação em saúde bucal para 63,83% dos ACS e destes, 96,67% participaram da capacitação; na auto-avaliação do ACS 70% consideram-se melhor preparados após receber capacitação em Saúde Bucal; a freqüência na qual a Saúde Bucal é abordada a partir do ACS durante VD ocorre “às vezes” em 44,68%; e “sempre” em 25,53%; a porcentagem na qual “às ve-zes” o ACS é questionado sobre este assunto durante as visitas é de 40,42%; quanto à conduta do agente frente a uma queixa de saúde bucal, 57,45% referem à Equipe de Saúde Bucal, e 29,79% à Equipe de Saúde da Família da unidade; a freqüência com que o ACS orienta sobre higiene bucal durante a VD é de 61,70% “às vezes”; a orientação sobre dieta durante a VD o-corre “sempre” em 59,57%; o produto mais importan-te para uma boa higiene bucal segundo 72,34% dos ACS, é a escova de dente; os alimentos mais citados pelos ACS, no risco de desenvolver cárie dentária, foram os açúcares, seguidos pelos carboidratos. A conduta do ACS durante a queixa de sangramento gengival é o encaminhamento à assistência em 91,47% dos casos, e, na maioria das vezes, não asso-ciada a qualquer orientação; a orientação sobre cuida-dos para evitar cárie e problemas de gengiva tem a higiene como a ação mais lembrada (42,55% das res-postas), na maioria das vezes isolada, não vinculada à dieta e / ou assistência odontológica. Conclusão: Os ACS possuem grau de instrução esco-lar, dentro das exigências atuais da Lei que regulamenta a profissão; apesar da maioria dos agentes trabalhar no programa há mais de 3 anos, cerca de 34 % dos entrevis-tados ainda não realizaram capacitação específica em Saúde Bucal; a higiene dental é reconhecida como uma método eficiente de prevenção às doenças bucais, porém o conhecimento de dietas cariogênicas parece se resumir tão somente ao fato de comer alimentos a base de açúca-res e carboidratos; a multifatorialidade da etiologia da

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cárie e da doença periodontal parece não estar bem es-clarecida entre os agentes; a conduta frente a problemas de saúde bucal tende a ser, na maioria das vezes, uma ação exclusivamente assistencialista, encaminhando ao atendimento; os resultados obtidos apontam para a ne-cessidade de reforço de alguns conceitos, como a impor-tância da dieta na etiologia das doenças bucais.

P114 - Capacitação de cuidadores de idosos – A-presentação de um manual baseado nas necessida-des desses trabalhadores.

Prof. Dra. Nemre Adas Saliba (Prof. Titular da FOA – Unesp / Araçatuba), Prof. Dra Suzely Adas Saliba Moimaz (Prof. Adjunto da FOA – Unesp / Araçatuba), Prof. Dra Cléa Adas Saliba Garbin (Prof. Adjunto da FOA – Unesp / Araçatuba), Jeidson Antônio Morais Marques (Doutorando em Odontologia Preventiva e Social - FOA – Unesp / Araçatuba), Rosana Leal do Prado (Mestranda em Odontologia Preventiva e So-cial - FOA – Unesp / Araçatuba).

Introdução: O aumento da expectativa de vida é uma tendência mundial. Com o avançar da idade, ocorrem sensíveis alterações no estilo de vida dos idosos, tanto pelo processo fisiológico, quanto patológico, que por vezes está presente. Dentro deste contexto, o trabalho de “cuidador de idosos” vem ampliando seu espaço, e torna-se fundamental na promoção do bem estar des-sas pessoas. Porém, nem sempre cuidadores são pre-parados para exercer tal atividade e a falta de capaci-tação resulta desgaste tanto para o idoso, quanto para o cuidador. Cumprindo seu papel social, a Odontolo-gia Social da FOA / UNESP desenvolve um programa denominado “Promoção de Saúde em idosos institu-cionalizados da cidade de Araçatuba / SP”, benefici-ando três instituições do município. O objetivo deste trabalho foi verificar o perfil e conhecimento sobre saúde bucal dos cuidadores e apresentar o manual, confeccionado a partir das necessidades percebidas, contemplando importantes aspectos de saúde bucal. Métodos: Foram entrevistados 18 cuidadores, total existente nas três instituições beneficiadas pelo proje-to supracitado. Um único pesquisador, com auxílio de um formulário contendo questões abertas e fechadas, realizou entrevistas, visando avaliar o perfil e grau de conhecimento dos mesmos sobre aspectos de saúde bucal. Variáveis como sexo, idade, escolaridade, auto-percepção de saúde bucal, hábitos de higiene bucal, conhecimento de meios de prevenção das principais doenças bucais, dentre outros, foram pesquisadas, tabuladas e analisadas, servindo de base para a criação de um manual de “cuidador de idosos.”

Resultados: Os resultados obtidos mostraram que 60% apresenta ensino médio completo; 61,11% de-senvolve esta atividade por necessidade e não por afinidade. Apesar de 77,7% dos cuidadores já ter par-ticipado de palestras sobre o cuidado com o idoso, a maior parte nunca recebeu orientação sobre cuidados bucais na terceira idade, necessitando de esclareci-mentos quanto aos problemas mais prevalentes que ocorrem na boca. 55,56% dos cuidadores acreditam que a perda dos dentes faz parte da velhice, sendo um processo inevitável. Apesar de 83,25% dos entrevista-dos acreditar que alterações bucais podem ser indica-tivas de problemas sistêmicos, nenhum deles possui o hábito de examinar a boca dos idosos. Diante do ex-posto foi criado um manual que contempla pontos como: os diferentes níveis de dependência do idoso, aspectos gerais e bucais do envelhecimento, métodos de higiene bucal, acondicionamento e higienização de próteses, realização de inspeção intra-bucal dentre outros. Conclusão: Constatou-se a carência de conhecimento conciso sobre saúde bucal voltado para idosos e a ne-cessidade iminente de capacitação dos cuidadores. A criação do manual foi de extrema importância diante dos resultados expostos, sanando carências de infor-mação em saúde bucal, voltada ao processo de enve-lhecimento, sendo importante fonte de consulta e con-tribuindo sobremaneira para a saúde pública.

P152 - Aleitamento materno e desmame: o quê o profissional de saúde deve saber.

Lívia Guimarães Zina, Suzely Adas Saliba Moimaz, Nemre Adas Saliba, Cléa Adas Saliba Garbin (FOA / UNESP - Programa de Pós-graduação em Odontolo-gia Preventiva e Social).

Introdução: Entre as estratégias de promoção da saú-de materno-infantil destaca-se o incentivo ao aleita-mento materno. Para implementação de sua prática, a ação básica de saúde requer estratégias voltadas à conscientização e capacitação do profissional da saú-de. Este estudo buscou compreender os motivos e os aspectos que envolvem a decisão das mulheres em optarem pelo aleitamento materno. Métodos: Por meio de uma abordagem qualitativa centrada na teoria das Representações Sociais, foram entrevistadas 100 mães de crianças com até 12 meses de idade, atendidas em uma Unidade Básica de Saúde em Araçatuba, SP. A técnica de escolha foi a entrevis-ta semi-estruturada, sendo abordados o processo de amamentação e desmame, motivos para amamentar, dificuldades, influência familiar, relação com o traba-

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lho materno. As falas das nutrizes foram analisadas por meio da técnica de Análise de Conteúdo, modali-dade categorial. Resultados: Para essas mulheres, o leite materno, além de importante, é sinônimo de saúde e proteção imunológica para seus filhos. A prática do aleitamento esteve relacionada com experiências anteriores e o apoio de familiares. O ato de amamentar é visto como uma condição natural da mulher, a representação de seu amor, como um dever necessário à condição de ser mãe. Dentre as dificuldades encontradas, destaca-ram-se problemas relacionados ao manejo técnico da amamentação. O trabalho materno foi um empecilho para a sua realização, desde a inaplicabilidade das leis que protegem a nutriz trabalhadora, até a opção da mulher em desempenhar preferencialmente seu papel como profissional em detrimento do materno. Dentre os motivos alegados para o desmame, figuraram o leite fraco e a falta de leite, além da recomendação profissional a favor da suplementação alimentar em idade precoce. Conclusão: Conclui-se que estiveram envolvidos na decisão da mulher em amamentar aspectos relaciona-dos à saúde e afeto, família e apoio profissional. O sucesso do aleitamento materno será consumado ao se redimensionar a sua assistência à uma ação integrali-zada, estando o dentista preparado para uma atuação multidisciplinar no amparo às pacientes gestantes e lactantes.

P169 - Avaliação da Qualidade dos Serviços do Programa de Atenção Odontológica à Gestante da FOA-UNESP na ótica do Usuário.

Lívia da Silva Bino, Suzely Adas Saliba Moimaz, Ne-mre Adas Saliba, Najara Barbosa da Rocha (FOA / UNESP - Programa de Pós-Graduação em Odontolo-gia Preventiva e Social).

Introdução: O Programa de Atenção Odontológica à Gestante desenvolvido pelo Departamento de Odonto-logia Preventiva e Social da FOA-UNESP tem a fina-lidade de promover saúde, por meio de ações educati-vo-preventivas e de tratamento odontológico nas ges-tantes acompanhadas nas 11 Unidades Básicas de Sa-úde (UBS) do município de Araçatuba. A avaliação de programas e serviços de saúde, passa por um pro-cesso de expansão, constituindo-se em instrumento de apoio às decisões necessárias à dinâmica dos sistemas e serviços, na implementação de políticas de saúde mais adequadas. Destaca-se a importância de avalia-ções realizadas sob a ótica do usuário, já que é ele, o sujeito principal, capaz de avaliar plenamente o servi-

ço que utiliza. O objetivo desse estudo foi analisar a qualidade dos serviços oferecidos pelo referido pro-grama segundo a percepção das gestantes que partici-param do programa no ano de 2005. Métodos: Foram aplicados 53 questionários com 16 questões fechadas nas gestantes matriculadas no pro-grama. Ao término do acompanhamento, a gestante preenchia o questionário de avaliação referente à qua-lidade dos serviços oferecidos, voluntariamente. O questionário continha variáveis que foram agrupadas nas seguintes categorias: conteúdo das reuniões didá-tico-pedagógicas, atendimento clínico, qualidades do profissional e condições de infra-estrutura da clínica, sendo atribuídos conceitos de ótimo a fraco. Ao medo e segurança no tratamento e ao aprendizado foram atribuídos sim ou não. Já em relação à satisfação, os conceitos muito, pouco ou nada foram atribuídos. Os dados coletados foram analisados pelo programa Epi Info 2000. Resultados: A idade média das gestantes entrevista-das foi de 27,15 anos. Com relação ao conteúdo in-formativo oferecido nas reuniões didático-pedagógicas, a maioria (81,1%) achou ótimo. Em re-lação ao atendimento clínico recebido, 90,6% avalia-ram como ótimo. Ao avaliar o profissional, todos os quesitos (apresentação pessoal, gentileza, atenção), em sua maioria, obtiveram ótimo como resultado (88,7%, 96,2%, 90,6%, respectivamente). Quanto à infra-estrutura da clínica do programa, limpeza, refri-geração e conforto, apresentaram ótimo como resulta-do (92,5%,86,8%,90,6%, respectivamente). A maioria (86,8%), afirmou não sentir medo durante o tratamen-to, e 96,2% sentiram segurança; 92,5% afirmaram ter adquirido nas reuniões didático-pedagógicas conteú-dos até então desconhecidos. A grande maioria apre-sentou-se satisfeita com a atenção proporcionada pelo programa. Vale ressaltar que as usuárias sugeriram melhorias de infra-estrutura nos banheiros e sala de espera. Conclusão: Os resultados obtidos demonstraram que as ações desenvolvidas no Programa de Atenção O-dontológica à Gestante da FOA-UNESP têm obtido êxito, alcançando seus objetivos e promovendo a edu-cação em saúde bucal na sua plenitude.

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P172 - A influência do tempo de aleitamento mater-no e hábitos de sucção não nutritivos. Estudo Piloto.

Najara Barbosa da Rocha (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da FOA / UNESP); Suzely Adas Saliba Moimaz (Pro-grama de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da FOA / UNESP); Artênio José Insper Gar-bin ( Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da FOA / UNESP).

Introdução: O aleitamento materno exclusivo e sob livre demanda é considerado indispensável para o desenvolvimento físico e emocional da criança nos primeiros seis meses de vida e parcial até o final do primeiro ano de vida. Ele é essencial para a nutrição do bebê, reforça a imunidade contra doenças e alergia e exerce papel importante para a redução da mortali-dade infantil, ajuda no desenvolvimento das estruturas do sistema estomatognático e dentofacial, previne contra obtenção de hábitos bucais não nutritivos, co-mo também aumenta laços afetivos entre mãe e bebê. Devido à importância do aleitamento materno, este estudo piloto teve como objetivos identificar o tipo de aleitamento e o tempo recebido pelas crianças, assim como estudar sua relação com hábitos de sucção não nutritivos. Métodos: Para a coleta de dados, foi construído e aplicado um questionário em 20 mães de crianças de 3 a 6 anos de idade, de ambos os sexos, matriculadas em EMEIs Íbis Pereira Paiva e Cláudio Evangelhista Costa da cidade de Araçatuba – SP, após consenti-mento livre e esclarecido. O Projeto de Pesquisa deste estudo piloto será aplicado em 330 mães e realizado posterior exame clínico nos filhos. Resultados: Neste estudo foi encontrado que 85% (17) das mães amamentaram exclusivamente seus filhos, sendo que 41,2% (7) amamentaram no peito durante 4º ao 6º mês de vida, 29,4% (5) durante 1º ao 3º mês, 29,4% (5) do 7º ao 9º mês. As 20 mães cita-ram como principais motivos para o desmame a falta de leite (30%) e crescimento do filho (20%). Das en-trevistas 60% (12) das mães relataram que as crianças apresentavam hábitos de sucção não nutritivos co-mo:chupar chupeta (30,8%) e ranger dentes (23,1%). 67% das crianças que possuem os hábitos não foram amamentadas exclusivamente no peito durante os seis primeiros meses de vida. Conclusão: Após análise dos resultados, concluí-se que a prática do aleitamento materno na amostra foi alta (85%), porém a maioria das mães amamentaram exclusivamente seus filhos num período menor que o considerado indispensável ao desenvolvimento físico

e emocional do bebê. O índice de hábitos de sucção não nutritivos foi alto e foi mais prevalente em crian-ças que não receberam aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. Isto mostra a impor-tância da conscientização das mulheres gestantes para a prática do aleitamento cabendo aos profissionais da saúde, inclusive o dentista, a promoção da saúde. A poio financeiro: FAPESP

P190 - Impacto de uma capacitação de Agentes Co-munitários de Saúde na promoção da saúde bucal.

Debora Sueli Correia Marques, Paulo Frazão (UNI-SANTOS).

Introdução: O objetivo do presente estudo foi medir o impacto de uma capacitação de Agentes Comunitá-rios de Saúde (ACS) na promoção da saúde bucal em Rio Grande da Serra, município da Grande São Paulo, visto que pouca informação científica existe sobre a contribuição desse pessoal no desenvolvimento das ações básicas em saúde, incluindo aspectos de saúde bucal. No contexto de um projeto de capacitação em saúde bucal de ACS, pesquisa social foi realizada. Participaram 36 ACS e uma amostra representativa de mulheres e mães (M&M), donas de casa de 25 a 39 anos de idade alfabetizadas que residiam em domicí-lios de 3 a 6 cômodos. Métodos: Um formulário contendo dados de renda e escolaridade, contendo quatorze questões sobre co-nhecimentos de saúde-doença bucal em cada ciclo de vida (CSB), cinco itens sobre práticas e capacidades auto-referidas em relação ao auto-exame, número de residentes e de escovas de dentes (NE) individuais e coletivas em cada domicílio, freqüência de escovação dental e uso de fio dental e auto-suficiência da limpe-za dos dentes e duas questões sobre acesso e uso de serviços odontológicos foi construído para esse fim. As respostas foram analisadas separadamente e em conjunto. Foi empregado o teste do qui-quadrado de McNemar para as escalas nominais e teste “t” de Stu-dent pareado para as escalas de Likert adotando-se um nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade. Resultados: Os resultados mostraram que as diferen-ças observadas entre os ACS após sua capacitação foram estatisticamente significativas (p<0,05) para todas as 14 questões relativas aos CSB. Entre as mu-lheres, não foram observadas diferenças estatistica-mente significativas (p>0,05) em somente duas ques-tões. NE individuais aumentou e NE coletivas diminu-iu. Os respondentes declararam que a freqüência da escovação e do uso do fio dental se elevou depois da

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atuação dos ACS. Os valores de auto-avaliação da higiene bucal aumentaram. Modificação nas práticas e capacidades auto-referidas mostrou significativa ele-vação da auto-confiança. O acesso ao serviço foi mais fácil (p<0,000) e seu uso mais regular (p<0,000) entre M&M. Conclusão: Mudanças positivas na percepção de M&M em relação a aspectos de saúde bucal, na auto confiança, e no acesso e uso de serviços odontológi-cos foi observada, a qual pode ser um importante in-dicativo do lugar que pode ocupar o ACS na promo-ção de saúde bucal.

R005 - Programa Odonto-bebê em parceria com o PSF – Uma experiência nas unidades de saúde da família de São Lourenço da Serra.

Eliana Tikami de Lima Carvalho (SMS de São Lou-renço da Serra).

Introdução: A promoção de saúde bucal deve iniciar-se o mais precocemente possível através da orientação às gestantes e mães de recém-nascidos, que são agen-tes disseminadores de desenvolvimento de hábitos em seus filhos. Embora tenhamos o controle da cárie den-tária em crianças, os índices de “cárie de mamadeira” demonstram a necessidade de intensificar a atuação preventiva em saúde bucal de bebês e crianças de até 3 anos de idade. O programa tem por objetivo incenti-var o aleitamento materno, a higiene bucal freqüente, hábitos alimentares adequados, orientar as más-oclusões decorrentes do uso da chupeta, sucção de dedo e da mamadeira, a introdução do uso do copinho na alimentação, os problemas relacionados ao trata-mento dentário nesta faixa etária e as manifestações das doenças bucais infantis. Métodos: O programa se inicia no Programa Cangu-ru-gestante. Após o parto, através do trabalho odonto-lógico em parceria com o PSF, as enfermeiras das Unidades Saúde da Família organizam o agendamento das mães de recém-nascidos e menores de 3 anos de idade por bairros, e os agentes comunitários comuni-cam o dia da palestra com a equipe de saúde bucal a domicílio. A criança é agendada para a primeira con-sulta odontológica no primeiro mês de vida, onde par-ticipa da palestra de prevenção em saúde bucal na sala de reuniões e logo após, no consultório dentário é feito o exame clínico, a demonstração de higiene oral com gaze embebida em água filtrada e o preenchi-mento da ficha clínica específica, contendo dados: de identificação, freqüência da higiene bucal, hábitos alimentares e de sucção, seqüência da erupção dentá-ria e outras observações. As crianças maiores que

possuem quase toda a dentição, as mães são orienta-das a escovar os dentes da criança no consultório. O retorno é trimestral até os três anos de idade e posteri-ormente, de 6 a 12 meses, de acordo com o risco de cárie. Resultados: Após 2 anos de trabalho, obtivemos aproximadamente 250 crianças menores de 3 anos de idade que participaram do programa; e observamos que as mães que não faltaram as palestras e consultas odontológicas, instituíram o hábito da higiene bucal freqüente em seus filhos para a prevenção da cárie dentária, removendo os maus hábitos, evitando pro-blemas de oclusão e doenças respiratórias. Conclusão: Concluímos que o atendimento interdis-ciplinar às gestantes e bebês é essencial para a saúde, e as gestantes e mães de crianças de pouca idade são mais susceptíveis a mudança de hábitos e costumes arraigados. O fato do exame clínico e a realização da higiene bucal dos bebês serem feitas na cadeira odon-tológica, motiva os retornos subseqüentes; pois vai de encontro ao interesse dos pais que valorizam a execu-ção de um procedimento qualquer. A importância do trabalho de parceria com o PSF neste programa é que a enfermeira e os agentes comunitários ajudam a mo-tivar a participação das mães e fiscalizam os cuidados com a saúde bucal e geral do bebê na residência.

R006 - Programa de educação em saúde bucal em creches, pré-escolas e escolas municipais de Tatuí-SP.

Fábio Antonio Villa Nova (Secretaria Municipal de Saúde de Tatuí), Fabrício Lourenço Gebrin (Secreta-ria Municipal de Saúde deTatuí).

Introdução: A educação em saúde é importante quando se deseja mudar atitudes em relação às doen-ças, priorizando a promoção de saúde. A educação em saúde bucal tem papel relevante na conscientização dos indivíduos para que atuem na valorização de sua saúde bucal e assim, permitir a incorporação de hábi-tos e atitudes saudáveis que devem ser trabalhados o mais precocemente possível junto aos indivíduos. Desta maneira, a idade escolar é um período propício para o trabalho da motivação porque, além das habili-dades manuais, a criança já desenvolveu uma noção das relações causa / efeito, contribuindo para o reco-nhecimento da importância da prevenção, além disso, os escolares têm condições de aplicar em sua vida prática a experiência vivenciada na escola se tornan-do, assim, agentes multiplicadores de informação den-tro de sua família e da sua comunidade.

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Métodos: Para elaborar o programa foi realizada uma pesquisa prévia nas unidades de ensino para se conhe-cer a realidade onde as atividades serão desenvolvi-das. O programa é feito por 4 cirurgiões-dentistas e 5 auxiliares de consultório dentário (ACDs) especial-mente treinados para isto, todos funcionários da Se-cretaria Municipal de Saúde de Tatuí e, consiste em realizar palestras sobre educação em saúde bucal aos pais, professores, alunos e funcionários das unidades de ensino; avaliação clínica de alunos para encami-nhar para tratamento e restaurações atraumáticas; uti-lização de métodos comprovadamente preventivos tais como escovação supervisionada e utilização de flúor nas que necessitem; fornecer escovas de dentes; desenvolver atividades lúdicas com as crianças e rea-lizar avaliação de risco e levantamentos. Resultados: O programa educativo / preventivo pro-posto conseguiu adequar as creches com escovódro-mos e fazer com que os pais, professores e diretores das unidades de ensino se conscientizassem da impor-tância da saúde bucal das crianças envolvidas, benefi-ciando diretamente aproximadamente 12.000 alunos matriculados na rede pública de ensino de Tatuí. Pro-gramas similares desenvolvidos em outras cidades têm sido responsáveis pela redução dos índices das doenças bucais em crianças, levando este benefício para adolescência e a vida adulta, conseqüentemente aumentando a qualidade de vida da população. Conclusão: O programa proposto possui estratégias educativas e motivacionais simples, de baixo custo e apli-cáveis a realidade do município, reduzindo assim no futu-ro a demanda por tratamentos nas unidades básicas de saúde e no centro de especialidades odontológicas, com uma economia de recursos financeiros para o município.

R013 - Cuidados para um sorriso saudável.

Marcela Alessandra Bozzella (Serviço de Saúde de São Vicente), Maria Helena Miguel Gonzalez (Servi-ço de Saúde de São Vicente).

Introdução: O controle da placa bacteriana é o melhor meio de prevenção paras as doenças cárie e gengivite, e pode ser realizado pelo próprio paciente, através de uma escovação dental com técnica correta. Dentro do Progra-ma de Prevenção “Dente-São”, da Secretaria da Saúde de São Vicente, a Diretoria de Odontologia vem trabalhando a educação em saúde, com ações que objetivam a apro-priação do conhecimento sobre o processo saúde-doença, incluindo fatores de risco e de proteção à saúde bucal, assim como a possibilitar ao usuário mudar hábitos apoi-ando-o na conquista de sua autonomia.

Métodos: Para facilitar a orientação educativa, foi elabo-rado um painel didático que descreve passo a passo, a técnica de escovação e uso correto do fio dental, utilizan-do fotos ilustrativas, que facilitam a visualização e o a-prendizado. Resultados: A divulgação desse painel nas unidades básicas de saúde, bem como nas atividades educativas voltadas à população em espaços públicos, mostrou o desconhecimento na utilização correta da escova e do fio dental, bem como facilitou o desenvolvimento das ativi-dades da equipe de saúde bucal. Conclusão: Painel educativo chama a atenção da população, contribuindo na educação em saúde bucal.

R021 - Participação popular e serviços de saúde: um caminho para ampliar o acesso e a adesão ao tratamento.

Ana Claudia Moutella Pimenta Giudice (Prefeitura Municipal de Campinas), Marcelo Meneghin (Uni-camp), Fabio Mialhe (Unicamp).

Introdução: Entendendo que é fundamental melhorar a assistência individual para contribuir com os indiví-duos e seus agravos, mas que existem outras práticas para potencializar a melhora da saúde geral do usuá-rio, este trabalho teve o objetivo de realizar interven-ções coletivas com a participação da população ads-crita à área de abrangência do Centro de Saúde Capi-vari, município de Campinas – SP, de forma a criar vínculo, priorizar risco e vulnerabilidade social, pla-nejar e avaliar na lógica da Clínica Ampliada. Métodos: Com o auxilio dos agentes comunitários de saúde foram triadas micro-regiões dentro da área de abrangência do C.S. Capivari, consideradas as mais vulneráveis no contexto sócio-econômico-cultural e de maiores riscos individuais e epidemiológicos. Estas comunidades foram visitadas pela equipe de referên-cia da Unidade para reconhecimento do território, das relações sociais, do ambiente, das lideranças já exis-tentes e da abordagem inicial dos indivíduos. Formou-se a Roda (Campos, G.W.-2001) para planejamento das ações com o envolvimento dos usuários, de forma a lidar coletivamente com o impasse das grandes ne-cessidades e da falta de recursos. Utilizou-se a Pro-blematização, tendo como referência o Método do Arco (Bordenave, J. e Pereira, A.-1982) para que houvesse o exercício da reflexão-ação, tendo como ponto de partida e de chegada a realidade social, atra-vés do processo ensino-aprendizagem. Resultados: Os usuários tiveram a possibilidade de grande avanço na reabilitação oral após traçados seus Projetos Terapêuticos Singulares (Campos, G.W.-

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2001), além da possibilidade de intervenção nos seus processos de saúde-doença. Passaram a ter maior au-tonomia sobre si mesmos e suas realidades, além da grande adesão ao tratamento clínico. T iveram seus sintomas aliviados e seus saberes e responsabilidades ampliados, complementando o compromisso pessoal com a produção da saúde. Conclusão: Estratégias de participação popular no planejamento das ações dos serviços de saúde culmi-nam com bem estar físico e psicológico dos envolvi-dos, além de aumentar a satisfação com o serviço prestado. Percebemos que o controle social é uma grande estratégia no avanço da qualidade do SUS.

R024 - Elaboração de um curso de atualização de “Saúde bucal no Programa de Saúde da Família (PSF)”.

José Alberto Hatem Beneton (APCD-Taubaté), Felipe Magalhães Bastos (APCD-Taubaté), Marco Antonio Manfredini.

Introdução: A necessidade da educação continuada, aperfeiçoamento e atualização na odontologia é visí-vel a cada dia. Todos os profissionais buscam sempre o aprimoramento de suas habilidades intelectuais e práticas no que tange ao atendimento odontológico. Com a criação pelo governo federal do Programa de Saúde da Família, houve uma modificação na estrutu-ra de atendimento nos serviços de saúde no âmbito público. Com a inclusão posterior da saúde bucal, houve a necessidade de se apresentar um programa de educação para a capacitação de recursos humanos na área odontológica. Métodos: É apresentada a proposta de um curso sobre saúde bucal no PSF, com carga horária aproximada de 108 horas. O curso foi aplicado na APCD de Taubaté e está sendo realizado em Guaratinguetá no momento. O temário envolve diversos aspectos de cidadania, qualidade de vida, humanização nas ações de saúde, bioética, comunicação interpessoal, políticas públicas, solidariedade, relações humanas, sistemas de saúde no mundo e o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, sendo que neste apresenta-se a história, orçamentação, financiamento, administração financeira, participação e controle da comunidade e atendimento odontológico coletivo e social. Resultados: Capacitação e qualificação dos profis-sionais da área de saúde bucal para atuarem nas uni-dades de Programa de Saúde da Família, objetivando a integração das atividades multiprofissionais e esta-belecendo uma nova prática de atendimento odonto-lógico à população.

Conclusão: Com este programa de educação em recur-sos humanos, capacitam-se os profissionais para a im-plantação, organização, planejamento e gerenciamento de equipes de Saúde Bucal no PSF; para o diagnóstico, desenvolvimento e avaliação de ações coletivas e epi-demiológicas em saúde bucal, consonantes com a estra-tégia do PSF; e, ainda, ampliação dos conhecimentos em Saúde Bucal Coletiva e Saúde Pública.

R031 - Saúde e Educação: uma parceria a serviço da comunidade em Amparo, SP.

Antonio Marcos de Araújo, Edvane Aparecida Gon-çalves Panegassi, Eliana Aparecida dos Santos, Luci-ana Longo Zanella Alves (ACD do Programa de PC do Núcleo de Saúde Bucal da SMS de Amparo, SP).

Introdução: O Programa de Procedimentos Coletivos (PC) em Saúde Bucal do Município de Amparo existe há mais de 16 anos, mas a execução deles só passou a ser exercida pelos Auxiliares de Consultório Dentário (ACD) em 1996, com a contratação dos mesmos sob a perspectiva da otimização do atendimento odontoló-gico com o “trabalho a 4 mãos”. Antes desse período, os PC eram executados pelos próprios Cirurgiões-Dentistas (CD), que deixavam o atendimento curativo para visitar as escolas, em detrimento da demanda de pacientes que aumentava cada vez mais na Rede Pú-blica de Saúde. Com a introdução dos ACD na equipe odontológica, os CD puderam retomar o atendimento com maior qualidade de serviço e o Programa dos PC ganhou mais dinamismo e criatividade com a formação da Equipe de Prevenção em Saúde Bucal (EPSB), que podia se dedicar exclusivamente à prevenção escolar. Métodos: De início, o critério usado para selecionar os profissionais da EPSB era um perfil mais voltado ao do educador. Um treinamento prévio e caseiro, instruído pelos próprios CD da rede, capacitou os pro-fissionais para auxiliar no tratamento curativo e sele-cionou aqueles que apresentavam características mais singulares para atuar na área escolar preventiva. Mais tarde, o Projeto Larga Escala vinculado ao Centro de Formação de RH (CEFORH) para a Área da Saúde de Franco da Rocha, garantiu a formação técnica dos ACD. Mas, em 1998, uma oficina pedagógica promo-vida pelos próprios professores e coordenadores da Secretaria Municipal de Educação, permitiu um avan-ço significativo na metodologia de preparação e apli-cação das atividades educativas dos PC. Pela primeira vez, Odontologia e Educação falavam a mesma língua. Resultados: Com a aquisição e incorporação de vá-rios conceitos pedagógicos, como o “construtivismo” de Jean Piaget, os PC puderam modernizar suas estra-

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tégias de atuação. Assim, foi possível adaptar seus procedimentos técnicos aos atuais métodos de ensino e esquemas de assimilação e aprendizagem propor-cionais às diferentes faixas-etárias do ambiente esco-lar. Isso viabilizou a promoção e prevenção da saúde adequada à realidade pertinente. Conclusão: A parceria entre educação e saúde mos-trou-se fundamental para a consolidação da presença do profissional de saúde bucal no ambiente escolar, pois sem a cooperação e participação dos profissio-nais de educação, o programa dos PC não teria o res-paldo necessário para a sua manutenção e avaliação e permaneceria como mais uma atividade extra-classe isolada da rotina diária do escolar.

R044 - Aleitamento materno versus hábitos bucais deletérios: existe uma relação causal?

Artênio José Isper Garbin (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Sali-ba Garbin (Programa Pós-graduação em Odontolo-gia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP), Patrícia Elaine Gonçalves (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventi-va e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatu-ba-UNESP), Alessandra Fernandes Gonçalves Pavan.

Introdução: O aleitamento materno é uma importante fonte de alimentação para o recém nascido, além de ser também um estimulante ortopédico natural ao crescimento normal dos maxilares. Métodos: O trabalho avaliou a percepção de mães quanto à importância do aleitamento; até que idade a criança deve ser amamentada naturalmente, e investi-gar se existe uma relação causal deste último com a aquisição de hábitos bucais deletérios. Resultados: Observou-se que 88,52% das mães as-sociaram o aleitamento materno à saúde geral da cri-ança; e somente 1,64% à saúde bucal. Apesar de 73,8% mencionarem que deve amamentar a criança por mais de 6 meses, conforme preconizado pela OMS / UNICEF, apenas 54,1% a realizam. Observou-se por meio do teste qui-quadrado (p<0,05), uma rela-ção da presença de hábito de sucção de chupeta, àque-las crianças em que o período de aleitamento foi redu-zido. Conclusão: Conclui-se que há necessidade de divul-gação da importância do aleitamento na saúde bucal da criança.

R066 - Cartilha de promoção de saúde bucal bilín-güe Português – Guarani: educação em saúde na atenção diferenciada.

André Luiz Menato (MS-FUNASA / Projeto Rondon), Daniel Malagoli (MS-FUNASA / Projeto Rondon), Adilson de Castro, Celso Aquiles, Fábio Silveira, Hu-go França, Pascoal Almeida Gonçalves, Ricardo Sil-veira, Viles da Silva Euzébio.

Introdução: O processo de ocupação do território Americano pelos povos europeus, iniciado no século XIV e até hoje em andamento teve como conseqüên-cia, dentre outros impactos, a perda de grande parte dos conhecimentos e práticas tradicionais de saúde dos povos indígenas brasileiras. Embora o Estado possua uma política de atenção diferenciada a estas populações, na prática cotidiana dos serviços de saúde indígena são raros os recursos e instrumentos que tra-balhem dentro da lógica dos sistemas tradicionais de saúde. A ausência de trabalhos e materiais educativos respeitando-se fatores étnicos, culturais e lingüísticos compõe uma das principais dificuldades do trabalho odontológico com populações indígenas. A população Guarani compõe um dos grupos de maior número no território nacional, espalhada por diversos estados, sendo que no Estado de São Paulo possui aproxima-damente 3.300 representantes, com dificuldades em encontrar respostas para os problemas decorrentes do doloroso conflito cultural ao qual estão permanente-mente submetidos. Métodos: Para a confecção do material foram reali-zadas oficinas de trabalho e nelas utilizados materiais como lápis de cor, giz de cera, canetas hidrográficas e esferográficas e papel sulfite. A partir da metodologia da problematização dos conceitos e práticas de saúde bucal nas comunidades Guaranis do Vale do Ribeira, estado de São Paulo, os participantes livremente con-cretizaram em figuras e textos as práticas tradicionais de saúde bucal de seus antepassados, reproduzidas verbalmente a cada geração. Resultados: A maior parte das representações veio do conhecimento tradicional e do imaginário dos par-ticipantes e refletem a importância e o reconhecendo a saúde bucal como forte elemento de promoção de qualidade de vida. As mudanças de hábitos alimenta-res e comportamentais, as doenças bucais e a incorpo-ração de hábitos de higiene e auto-cuidado também foram livremente manifestadas; algumas gravuras tiveram como fonte de inspiração materiais didáticos de educação em saúde bucal. Todos os textos são de autoria dos participantes, bem como as traduções para a língua Portuguesa.

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Conclusão: A cartilha bilíngüe se apresenta como solução de alguns desafios do trabalho odontológico com populações indígenas e na promoção de saúde bucal em todas as faixas etárias, priorizando aspectos tradicionais das práticas de prevenção, tratamento e cura da cultura Guarani, sem ignorar hábitos de higie-ne incorporados nos tempos modernos. Ela resgata, pelo menos parcialmente, uma sabedoria milenar e rica, infelizmente desvalorizada pelas sociedades “ci-vilizadas”.

R069 – Atenção materno-infantil (AMI) no Pro-grama de Saúde da Família.

Ana Lucia Figueiredo Pessoa de Barros (Fundação Zerbini), Nidia Martinelli (Fundação Zerbini), Emilia Beatriz Pires Mastrorosa (Fundação Zerbini).

Introdução: Com a criação do Programa de Saúde da Família, tornou-se possível o acompanhamento das gestantes pelas equipes de saúde bucal, desmistifican-do o tratamento odontológico durante a gravidez. O objetivo deste trabalho é transmitir apresentar o pro-cesso de transmissão de conhecimentos de saúde bu-cal às gestantes atendidas no Programa de Saúde da Família da Fundação Zerbini, a fim de que estas dimi-nuam as doenças bucais, incorporem hábitos saudá-veis aos bebês, criando vínculo profissional-gestante-bebê. Métodos: O projeto consiste no cadastro das gestantes junto às equipes de saúde da família, que estão inician-do o pré-natal. A atenção materno-infantil (AMI), será dividida em 3 fases: (1) triagem e avaliação do grau de risco das doenças bucais, orientações e palestras em saúde bucal, hábitos e cuidados de higiene dos bebês, controle de placa e escovação supervisionada; (2) tra-tamento odontológico das gestantes e reavaliação do controle de placa e (3) cadastro e avaliação dos bebês, e reforço de hábitos e cuidados com a higiene. Resultados: Foi observado: diminuição das doenças bucais, sensibilização das mães quanto à presença de doenças bucais em seus filhos e ampliação da cobertu-ra odontológica na área, através da prevenção. Conclusão: Ocorre a integração e participação das gestantes com a saúde bucal. Ocorrendo o fortaleci-mento do vínculo gestante-profissional-bebê.

R070 - Apresentação de um projeto de educação integral em saúde bucal nas escolas de educação infantil da cidade de São Carlos, SP.

Adriana Leandra Pianca (Prefeitura municipal de São Carlos –SP), Maria Inêz F. Assis Bertachini (Pre-feitura Municipal de São Carlos – SP), Elaine Maria Sgavioli Massucato (Fac. de Odontologia de Arara-quara – SP).

Introdução: O objetivo desta experiência foi traba-lhar na concepção de vigilância em saúde tendo como principal premissa o princípio de territorialidade. No conceito de território, os problemas de saúde são ana-lisados e enfrentados de forma integrada por setores que historicamente tem trabalhado de maneira dico-tomizada. A redução das doenças da cavidade bucal vem sendo o nosso principal indicador para buscar a saúde e a educação integral dos indivíduos da Região. Este trabalho procurou envolver todos os setores inse-ridos na realidade local, entendendo o individuo e comunidade como o sujeito do processo. As 2 cre-ches, 4 EMEI’s e EMEB do bairro Cidade Aracy em São Carlos – SP foram escolhidas devido à sua locali-zação geográfica e nível sócio-econômico-cultural para a promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, trabalhando no conceito da territorialidade, integralidade e educação integral na Saúde. Métodos: A metodologia do trabalho consistiu em introduzir um profissional de saúde (odontólogo) quin-zenalmente nas escolas a fim de promover a integração entre saúde e educação, levantar o número de crianças com dentes cariados e de alto risco à cárie para avalia-ção do trabalho e montagem das estratégias de atendi-mento, realizar oficinas teórico-práticas com os profes-sores, diretores e pais a fim de conscientizar, capacitar e ampliar os conhecimentos nas questões de saúde bu-cal e geral, desenvolver atividades de caráter lúdico educativo (gincanas, jogos, teatros e dramatizações) com os escolares em parceria com os professores, im-plantar, acompanhar e fornecer os insumos para esco-vação após a merenda em todas as escolas e envolver outros profissionais de saúde do bairro (agentes comu-nitários, equipe de enfermagem e médicos) através de oficinas temáticas de saúde bucal e geral. Resultados: Como resultado, após o levantamento dos dados e a realização de um diagnóstico da saúde bucal dos escolares da região, desencadeou-se a priorização de atividades preventivas, curativas e coletivas. Bus-cou-se com esse novo modelo solucionar os problemas de atenção integral da saúde, além de possibilitar o acompanhamento das crianças desde o berçário. Em apenas três anos de trabalho, foi possível reduzir de 20

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a 75% os índices de cárie nas EMEI’s da região e sen-sibilizar os profissionais envolvidos com os escolares (diretores, professores e educadores), conscientizando-os de sua importância na formação de hábitos saudá-veis de higiene e saúde. Também como resultado obte-ve-se a sensibilização e organização de um grupo ges-tor composto por profissionais da Secretaria de Educa-ção (coordenador da pré-escola, ensino fundamental e creches) e da Secretaria de Saúde (administradores regionais e serviço de prevenção em saúde bucal) para discutir e propor um Plano de Ação e Prevenção em Saúde para todos os outros escolares do município, visando à educação integral e a integralidade na saúde. Conclusão: Concluiu-se que diante de necessidades em saúde, seja geral ou bucal, é necessário que se estabeleçam programas de prevenção capazes de pro-moverem uma verdadeira integração entre os diversos setores para que juntos possam trabalhar verdadeira-mente com vigilância em saúde.

R074 - Ações desenvolvidas pela equipe da preven-ção odontológica do município de Presidente Pru-dente – SP.

Luciane Regina Gava Simioni (SMS-Presidente Pru-dente, FO-UNOESTE), Palmira Maria Marques Cos-ta (SMS-Presidente Prudente).

Introdução: A construção de políticas públicas de incentivo à promoção de saúde, incluindo a saúde bucal, tem sido cada vez mais enfatizada. Neste con-texto foi criada a equipe da prevenção odontológica que tem desenvolvido atividades educativas e preven-tivas visando à redução das doenças bucais. Métodos: A equipe da prevenção odontológica é com-posta por cirurgiões-dentistas e atendentes de consultório dentário pertencentes à Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente-SP e, desde 1992, desenvolve diver-sos programas e ações a grupos diferenciados: o progra-ma “Saúde Bucal da Gestante” que realiza ações educati-vas, triagem e encaminhamento das gestantes para trata-mento odontológico em unidades de saúde municipais; para crianças de 0 a 36 meses; o programa “Odontologia para Bebês” que presta atendimento no Centro Técnico Odontológico; o programa “Odontologia para Bebês no ambiente escolar” que realiza educação em saúde às auxi-liares de desenvolvimento infantil e atividades preventi-vas em crianças matriculadas em creches e EMEI; na fase pré-escolar e escolar são desenvolvidas ações educativas, preventivas, triagem e encaminhamentos a aproximada-mente 30.000 crianças e adolescentes matriculados em 85 unidades da rede pública de ensino; e ainda o programa “Tratamento Restaurador Atraumático” direcionado aos

escolares. Esta equipe também participa de eventos co-munitários desenvolvendo atividades como apresentação de teatro de fantoches, uso de fantasias sobre saúde bucal, pintura de desenhos, entre outras. Anualmente há a avali-ação do programa através do levantamento epidemiológi-co dos indivíduos inscritos. Resultados: Tem sido observada uma redução signi-ficativa e constante na prevalência da cárie dentária das crianças que participam das ações. No ano de 1992, época de implantação da equipe, o índice CPO-D (média de dentes cariados, perdidos e obturados) em crianças de 12 anos de idade era 4,18, já no ano 2005 o índice CPO-D foi de 1,3. Conclusão: Observa-se que o município está próxi-mo de atingir a meta da Organização Mundial de Saú-de que é CPO-D 1,0 aos 12 anos de idade no ano 2010, portanto, os esforços desenvolvidos ao longo de mais de 10 anos de trabalho da equipe da prevenção odontológica têm alcançado êxito na promoção de saúde bucal da população inscrita nos programas.

R079 - Aleitamento materno: como o cirurgião dentista pode incentivar esta prática.

Lourdes Cecília Ferreira de Freitas (Hospital e Ma-ternidade Interlagos-São Paulo-SP).

Introdução: A OMS, o UNICEF e o Ministério da Saúde recomendam: amamentação exclusiva no peito materno até os seis meses de vida e a introdução gra-dual de outros alimentos juntamente com a amamen-tação materna até os dois anos ou mais. O HMI como “Hospital Amigo da Criança”, participa do esforço mundial para “promover, proteger e apoiar o aleita-mento materno” que nos últimos dez anos vem regis-trando um aumento do índice de prevalência da ama-mentação durante os primeiros seis meses de vida; mas esta prática ainda não alcançou a sua plenitude. O presente trabalho analisou dados de questionários a-plicados às mães de recém-nascidos de até seis meses, que participaram do programa pré-natal no ambulató-rio do HMI, visando verificar a prevalência de fatores de risco ao desmame precoce. Métodos: No período de setembro de 2005 a feverei-ro de 2006 foram aplicados questionários a 180 mães de recém-nascidos atendidos no ambulatório do HMI sobre amamentação e uso de chupetas e mamadeiras. A amostra foi estratificada por idade do recém-nascido, e sistemática, por selecionar mães que parti-ciparam do Programa Pré-natal no ambulatório do HMI. É importante aqui registrar, para fins de contex-tualização do presente trabalho, que a equipe de saúde do HMI ministra palestras de orientação às gestantes

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no período pré-natal e puerpério, e o cirurgião dentista como membro da equipe, assume o papel de agente educador promovendo a saúde da gestante e do bebê. Nas palestras de saúde bucal são abordados os temas: higiene bucal, alimentação saudável, aleitamento ma-terno e orientação quanto aos hábitos de chupetas e mamadeiras como fatores de risco ao desmame preco-ce. Resultados: Da tabulação das respostas obtidas atra-vés dos questionários pudemos constatar que: com idade de até 30 dias encontramos 68,3% de bebês em amamentação materna exclusiva (AE), 25% em ama-mentação mista (materna+mamadeira) (AM) e 6,6% em uso de mamadeira (MA). Destes 36,6% faziam uso de chupetas; com idade entre 31 e 120 dias encon-tramos 48,3% (AE), 31,6% (AM) e 20%(MA). Destes 61,6% faziam uso de chupetas; com idade entre 121 e 180 dias encontramos 38,3% (AE), 36,6% (AM) e 25% (MA).Destes 68,3% faziam uso de chupetas. Conclusão: Este estudo mostrou que a prevalência do uso de chupetas e mamadeiras nos primeiros seis meses de vida ainda é alta, mesmo entre a população que teve acesso aos programas de educação pré-natal da rede pública de saúde. Confirmou-se também a associação destes hábitos (uso de mamadeiras e chu-petas) como fatores de risco para o desmame precoce, o que serve de alerta para a necessidade de intensifi-cação das ações educativas voltadas às gestantes quanto à importância do aleitamento materno exclusi-vo até os seis meses de vida, onde a participação do cirurgião dentista pode constituir importante reforço para a transformação das mães em agentes multiplica-dores dos conhecimentos em saúde bucal com refle-xos positivos para toda a comunidade.

R080 - Promoção de saúde bucal nas aldeias indí-genas da região de Peruíbe.

Daniel Malagoli (Projeto Rondon / FUNASA).

Introdução: Neste trabalho será desenvolvido um relato histórico do processo de relação entre as institu-ições públicas e a população indígena da região de Peruíbe. Também será abordado o impacto causado pelo desenvolvimento da região, o contato com os brancos, a perda de terras e meios de subsistência so-bre a saúde bucal dessa população, bem como os de-safios atuais para controlar, prevenir e tratar as doen-ças bucais mais freqüentes nos indígenas da região. Métodos: As políticas de atenção à saúde dos povos indígenas vêm se desenvolvendo durante as décadas seguindo a evolução nacional das políticas públicas de saúde e a sua consolidação se deu no bojo das refor-

mas progressistas dos anos 80, quando houve grande avanço das políticas públicas. Atualmente a FUNASA (Fundação Nacional da Saúde) é a instituição respon-sável para reorganizar a atenção à saúde dos povos indígenas através do trabalho das equipes multidisci-plinares que comparecem as aldeias semanalmente e priorizam as ações preventivo-promocionais, inte-grando também as comunidades indígenas aos siste-mas de saúde locais em conformidade com os princí-pios e diretrizes do SUS. E para o enfrentamento dos problemas de saúde bucal com todas as suas causas sociais, culturais, biológicas e ambientais se faz ne-cessária mobilização de toda a comunidade no sentido de reconhecer os determinantes do processo saúde-doença, com o objetivo de construir formas e meios para prevenir as doenças e promover saúde desta po-pulação levando em conta as suas tradições e seus costumes. Os professores indígenas foram os princi-pais aliados nesta tarefa. Eles realizaram reuniões com a comunidade, falando em sua própria linguagem, problematizando as situações do dia a dia, abordando assuntos referentes à saúde bucal e sua cultura, qual era o costume dos mais antigos em relação aos cuida-dos com os dentes e como estes cuidados são realiza-dos hoje em dia com o uso da escova, fio e creme dental fluoretado. Outro assunto importante discutido nas reuniões foi a mudança da dieta original e o im-pacto que isto causou na dentição dos indígenas em geral. Resultados: Estas reuniões resultaram num aumento da atenção das comunidades em geral com o seu esta-do de saúde bucal. Todos começaram a se preocupar em não faltar em suas casas escova, fio e pasta dental para todos os integrantes da família. Sempre que al-guns destes itens ficavam faltando os indígenas pron-tamente solicitavam a sua reposição (no pólo base existe estoques de escova, pasta e fio dental forneci-dos pela FUNASA para serem distribuídos racional-mente para os indígenas). Houve também um aumento da procura pelo tratamento dentário, bem como da reabilitação oral através das próteses dentais. O maior cuidado com a dieta e o consumo de alimentos açuca-rados também foi observado entre algumas famílias da comunidade. Conclusão: Quando lidamos com uma cultura dife-rente da qual estamos envolvidos, o respeito aos seus costumes e cultura bem como o diálogo e a criação de vínculos entre os participantes do processo são ins-trumentos importantes para a mobilização e participa-ção de todos na busca de uma melhor qualidade de vida para todos.

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R111 - Curso de clínica ampliada de odonto-estomatologia para cirurgiões-dentistas do SUS: uma nova proposta de qualificação.

Carlos Botazzo (Instituto de Saúde–SES / SP), Luiz Vicente Souza Martino (Instituto de Saúde –SES / SP), Luis Antonio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde –SES / SP), Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde –SES / SP), Fabiana Schneider Pires (CRT / AIDS), Rebeca Silva de Barros (Instituto de Saúde –SES / SP), Fausto Souza Martino (Prefeitura de Taboão da Serra), Olga Maria Agostinho Dias (Prefeitura de Embu das Artes).

Introdução: O desenvolvimento de programas de saúde bucal encontrou forte razão tecnológica ao iní-cio dos anos 90, sobretudo a partir de dois eventos fulcrais: o marco teórico da Saúde Bucal Coletiva, desenvolvido em 1988, e a introdução, na atenção básica, dos procedimentos coletivos. Porém, ainda faltam aos programas adotados no nível local: 1) ino-var quanto ao acesso e à cobertura; 2) incorporar a assistência odontológica ao conjunto da população SUS; 3) realizar diagnóstico em saúde bucal como rotina; 4) estabelecer protocolos de referência e con-tra-referência; 5) inovar a clínica odontológica, pro-pondo sistemáticas de atendimento adequado ao SUS. Com esta visão definida o Projeto “Observatório de Saúde Bucal Coletiva” construiu junto com os cirur-giões-dentistas da região da DIRV-Osasco e apresen-tou ao Núcleo de Educação Permanente da Região uma nova proposta de qualificação para cirurgiões-dentistas do SUS. Métodos: Ao longo de 2004 foram realizados 7 se-minários nascidos da idéia do grupo de clínica odon-tológica organizado no Instituto de Saúde-SES / SP, em meados de 2003, sempre com a participação de pesquisadores, coordenadores de saúde bucal e secre-tários de saúde, equipes de saúde bucal e número ex-pressivo de usuários representando conselhos de saú-de da DIRV-Osasco. Os seminários promoveram o incremento da parceria, dando como produto um pro-jeto de pesquisa aprovado pelo CNPq, que é o “Ob-servatório de Saúde Bucal Coletiva da DIR V”, cuja referência central é a ampliação da clínica. O fato a ser destacado é que todas essas atividades foram des-de o início propostas e construídas coletivamente e vem permitindo aprofundar a compreensão dos limites da assistência odontológica e as possibilidades de su-peração do atual estado. Com o problema identifica-do, ou seja, a baixa capacidade diagnóstico-terapêutica do cirurgião-dentista que compõe as equi-pes de saúde bucal da região, sugere-se uma capacita-

ção no sentido de se ampliar o espectro de ação deste trabalhador na clínica odontológica. Resultados: Emerge uma proposta de atividades, na forma de oficinas, aulas expositivas, seminários e ou-tras modalidades dinâmicas, sendo que a primeira parte que é o curso em questão abordará a seguinte proposta: Módulo I-comunicação–(escuta e circulação de informações sobre desejos, interesses e aspectos da realidade); Módulo II–elaboração (análise da escuta e das informações); Módulo III–elaboração (análise da escuta e das informações); Módulo IV–tomada de decisões (prioridades, projetos, contratos) arranjos concretos de tempo e lugar, em que o poder esteja em jogo e onde de fato se analisem problemas e se tomem deliberações na construção de novos espaços públicos. Conclusão: O incremento na competência diagnóstica e terapêutica do cirurgião-dentista que compõe a equi-pe de saúde bucal é o resultado mais aguardado. Espe-ra-se, com isto, melhoria de qualidade no atendimento, com maior capacidade resolutiva e encaminhamento conclusivo da intercorrência. Contudo, nota-se também que atividades como esta que priorizam a construção coletiva devem ser constantemente estimuladas.

R126 - Capacitação e treinamento de professores para a promoção de saúde bucal .

Claudia de Oliveira Ferreira (Prefeitura Municipal de Peruíbe).

Introdução: A promoção de saúde é o processo de capacitação das pessoas para aumentar o controle so-bre sua saúde, melhorá-la e transmitir valores funda-mentais, através de ações pedagógicas, de prevenção e promoção de saúde. O melhor local para educar é a escola, o momento mais oportuno para se formar bons hábitos e comportamentos saudáveis é a infância e a adolescência, sendo que o professor saudável ensina melhor e a criança saudável aprende melhor. Métodos: Educação em saúde, através de palestras com equipamentos áudio-visuais e dinâmicas desen-volvidas, abordando conceitos, técnicas, legislações, situação atual de saúde bucal do município e os prin-cipais problemas de saúde pública. Resultados: Valorização dos programas de saúde desenvolvidos no município; articulação de parcerias; criação de novas estratégias de ação; supervisão e suporte, e principalmente a enfatização da importân-cia da saúde bucal em seus aspectos bio-psico-sociais, quando as pessoas começam a incorporar os métodos individuais de proteção em seu cotidiano. Conclusão: É uma parceria de fundamental impor-tância, é a oportunidade de transformação de todos,

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resultando em construção de novas idéias, novos desa-fios e cooperação no processo de desenvolvimento de atitudes adequadas à promoção e manutenção da saú-de bucal.

R133 - Programa de Educação em Saúde Bucal para pré-escolares.

Karina Tonini dos Santos (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Cléa Adas Saliba Garbin (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Artênio José Isper Garbin (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Maria de Lourdes Carvalho (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Daniela Coêlho de Lima (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP).

Introdução: A educação em saúde é uma das ações mais importantes para promover saúde e deve ser uti-lizada como um instrumento de transformação social. Assim, o programa de educação em saúde bucal reali-zado na escola é fundamental para que as crianças adotem estilos de vida mais saudáveis. O objetivo deste trabalho é descrever sobre o Projeto de Extensão de Educação em Saúde Bucal com finalidade de com-partilhar essa experiência. Métodos: O Programa desenvolve atividades educa-tivo-preventivas em saúde bucal para pré-escolares das Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) de Araçatuba-SP. Todas as etapas, do planejamento à execução, são realizadas por acadêmicos, pós-graduandos, docentes e funcionários do curso de o-dontologia, permitindo uma estreita relação entre uni-versidade e comunidade. A opção pedagógica empre-gada é a da problematização e o material didático é produzido pelos próprios alunos de graduação. Pales-tra, teatro de fantoche, contação de história, música e brincadeiras são as formas de motivar as crianças pré-escolares quanto aos temas de saúde bucal e saúde geral. Esse trabalho educativo estende-se aos educa-dores, cantineiras e pais das crianças. Resultados: O Programa de Extensão em Educação e Saúde tem promovido a mudança de comportamento em relação à saúde bucal das crianças, educadores e pais, além de proporcionar aos acadêmicos do curso de Odontologia, uma experiência em trabalhos comu-

nitários, no campo da educação em saúde e em pes-quisas de promoção em saúde ao público de crianças pré-escolares. Conclusão: As pré-escolas são locais importantes para o desenvolvimento de Programas de Educação em Saúde, pois é durante a infância que a criança in-corpora os hábitos de higiene e está numa fase propí-cia ao aprendizado. Além disso, o programa de exten-são universitária é importante na formação do futuro Cirurgião Dentista, pois proporciona um contato dire-to com a comunidade, a realidade por ela vivida e as possíveis ações para o resgate da cidadania.

R170 - Oclusopatias: do programa de educação e prevenção no Projeto Boquinha ao programa de tratamento clínico interceptativo da Prefeitura Municipal de Cosmópolis.

Érica Ferrazzoli Devienne Leite (Prefeitura Munici-pal de Cosmópolis), Elaine Cristina DiBlasio (Prefei-tura Municipal Cosmópolis), Clarice Sumie Ide (Pre-feitura Municipal Cosmópolis), Alexandre Avancine Giovelli (Prefeitura Municipal Cosmópolis).

Introdução: Oclusopatias são anomalias do cresci-mento e desenvolvimento que afetam os músculos e ossos maxilares no período da infância e adolescência e que podem produzir alterações estéticas nos dentes e / ou face e funcionais na oclusão como mastigação e fonação. No Brasil pode-se considerar que as ocluso-patias ocupam a 3ª posição na hierarquia dos proble-mas de saúde bucal. Sua etiologia justifica-se pela interação de variáveis genéticas e ambientais incluin-do estímulos nocivos que atuam principalmente du-rante a formação e desenvolvimento do complexo orofacial. Em Cosmópolis, levantamentos epidemio-lógicos apontaram para a necessidade de implementa-ção de medidas visando à prevenção, educação e tra-tamento das oclusopatias. Este trabalho tem como objetivo apresentar as estratégias desenvolvidas no programa educativo / preventivo e sua integração com o programa clínico interceptativo. Métodos: O trabalho de educação e prevenção das oclusopatias realizado pelo Projeto Boquinha-Prevenção em odontologia e fonoaudiologia, envolve principalmente causas ambientais com ênfase na remo-ção de hábitos deletérios como chupeta,mamadeira e dedo,valorização da respiração nasal,estímulo à ali-mentação consistente e fibrosa e prevenção da cárie. Envolve principalmente as crianças de EMEIs devido a fase de desenvolvimento ser mais favorável às inter-venções propostas. A s estratégias descritas a seguir foram introduzidas pelo Projeto Boquinha em 2004 e

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se mantém: 1-remoção de hábitos deletérios:Lixo da Boquita: latas de lixo confeccionadas pelas crianças das EMEIs que representa o lixo usado nos teatros pela personagem do projeto e que se destina a receber chu-petas e mamadeiras das crianças que possuem estes hábitos e apresentam maturidade emocional para aban-doná-los. E stas latas estão presentes também nas UBSs próximas as salas dos pediatras. G rupo para remoção de hábitos deletérios:grupo de terapia com fonoaudióloga formado por crianças sem maturida-de emocional para abandonar os hábitos através do Lixo da Boquita; 2-estímulo à ingestão de alimentos fibro-sos:Para contextualizar a importância da ingestão des-tes alimentos para o desenvolvimento das arcadas, foi introduzida a distribuição de maçãs durante as ativida-des educativas do projeto e de espigas de milho cozido e saladas de legumes crus na merenda; 3-valorização da respiração nasal:Higienização nasal supervisionada pela equipe. Grupo terapêutico para respirador bucal realizada pela fonoaudiologia; 4-prevenção da cárie: tema explorado nas atividades educativas em associa-ção às atividades terapêuticas de higieniza-ção bucal e fluorterapia por grupo de risco. O programa de trata-mento clínico interceptativo se desenvolve paralela-mente. Durante o exame de risco à cárie são identifica-dos e triados para a clínica os casos de oclusopatias (mordida aberta anterior, mordida cruzada anterior e posterior e perda precoce de molares decíduos). Resultados: Remoção de hábitos deletérios pelo Li-xo da Boquita: 2004: 336 crianças, 57% mamadeira, 33% chupeta, 10% dedo. 2005: 273, 55% mamadeira, 36% chupeta, 9% dedo. Grupo para remoção de hábi-tos deletérios: 8 crianças em tratamento e 12 sucessos. Grupo para respirador bucal: 10 crianças em trata-mento e 8 sucessos. No início do projeto 13% das crianças aos 5 anos estavam livre de cárie, atualmente são 47%. O programa de tratamento clínico atendeu 30 crianças e atualmente 11 estão em tratamento Conclusão: Atividades educativas e preventivas constituiem-se de uma importante alternativa para tratar coletivamente o problema das oclusopatias, sua eficácia é aumentada quando um programa de trata-mento clínico interceptativo ocorre em paralelo.

R175 - Promovendo a saúde bucal da gestante e do bebê no município de Itapira, SP, em 2006.

Ceci Queluz Venturini Nicolai - Prefeitura Municipal de Itapira.

Introdução: A importância de uma boa higiene bucal e de uma dieta balanceada é a melhor medida preven-tiva da odontologia. Assim identificamos a necessida-

de de desenvolver o referido programa com o objetivo da realização de atividades educativas às gestantes e seus futuros bebês, criando hábitos e prevenindo futu-ras doenças bucais.. Métodos: O universo da atenção são as gestantes ado-lescentes matriculadas no programa pré-natal da Se-cretaria Municipal de Saúde. As gestantes participam de reuniões pedagógicas na UBS e no Fundo Social de Solidariedade; onde são trabalhados temas como amamentação, saúde bucal, higiene bucal, hábitos saudáveis, atendimento odontológico à gestante, prin-cipais problemas bucais e prevenção. Estes temas são relativos à mãe e ao bebê. Em conjunto com as ativi-dades educativas as gestantes recebem aulas de pintu-ra e confecção de fraldas, bolsas, travesseiros para seus futuros bebês com o apoio do Fundo Social de Solidariedade. Resultados: Por se tratar de um programa que envol-ve diferentes fontes mobilizando a comunidade, des-perta a motivação, a participação, a troca de idéias entre as gestantes e sua família, sobre a importância da saúde bucal no contexto da saúde geral. A média de presença das gestantes nas reuniões é de 96%.. Conclusão: Para o controle da cárie dentária, a pre-venção é sem dúvida o melhor caminho, mostrando que a educação e a motivação são fatores determinan-tes no sucesso do programa. Nos vários níveis sociais da cidade de Itapira, estamos trabalhando para que haja uma maior consciência da necessidade da pro-moção da saúde bucal. Estudos longitudinais futuros, detectarão redução na prevalência de cárie dentária e doença periodontal.

R176 - Ações Coletivas para pacientes internados no Hospital Luzia Pinho Melo / Mogi das Cruzes: experiência dos alunos da disciplina de Estágio Supervisionado da UMC.

Albina Dolores Herbas Zapata (UMC), Camilo A-nauatte Neto (UMC), José Humberto de Melo Bezerra (UMC), Marcelo Braga de Carvalho (UMC), Mariste-la Vilas Boas Fratucci (UMC), Renato Sérgio Quinte-la (UMC).

Introdução: Na área de desenvolvimento das ações coletivas em saúde bucal, a maioria dos projetos está dirigida a grupos escolares ou programáticos das Uni-dades de Saúde. Propiciar ao aluno a possibilidade de resgatar práticas coletivas em saúde bucal para pacien-tes internados contribui de forma efetiva não somente para a formação crítico-participativa e social do aluno nos vários níveis de atenção do SUS. Mas também caracteriza a saúde bucal como fator primordial na re-

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dução de contaminações por microorganismos presen-tes na cavidade bucal, bem como representa a oportu-nidade de acolhimento e humanização ao paciente. Métodos: Os alunos do 9° período do Curso de Odon-tologia da Universidade de Mogi das Cruzes através da Disciplina de Estágio Supervisionado, no ano de 2004, visitaram os pacientes em observação. Aplicaram um questionário para o paciente / acompanhante, promove-ram uma atividade educativa e se possível faziam a evidenciação e a escovação supervisionada. Resultados: Ao serem tabulados os 176 relatórios, 38,0% tinham de 1 mês a 19 anos e 62,0% eram adul-tos. 82,0% eram residentes em Mogi das Cruzes sendo que 58,0% já estavam internados há 3 dias. Dos paci-entes envolvidos 75,0% relataram fazer uso da esco-vação diária, porém no período de internação somente 29,0% o fizeram regularmente e os 63,1% restantes não realizaram. Sendo que 65,9% nunca haviam rece-bido orientações educativas em saúde bucal. Conclusão: Os pacientes assistidos na observação do hospital em muitas situações passavam períodos supe-riores há 48 horas, não sendo estimulados, estando impossibilitados ou muitas vezes sem os insumos ne-cessários para efetivação de práticas de higiene bucal. Com as visitas regulares dos alunos criou-se uma maior visibilidade para todos envolvidos; alguns esta-vam impedidos e os cuidadores eram estimulados a realizar atividades ligadas à cavidade bucal, demons-trando desta forma um expressar dos cuidados de forma integral. Todo processo proposto funcionou como uma dupla aproximação para o paciente / acom-panhante que participou das ações de saúde bucal, bem como para os alunos que tiveram a oportunidade de um trabalho humanizado e a observação dos vários Níveis de Atenção do SUS.

R185 - Educação em saúde: atuação multiprofis-sional com crianças em idade pré escolar.

Aline Arcanjo Gomes (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-lina / Faculdades Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Ângela Libert Alves (Residência Multiprofis-sional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Adriana Almeida Jecks (Residência Multi-profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Mi-nistério da Saúde), Tanira Peres de Freitas (Residên-cia Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-lina / Ministério da Saúde), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-lina).

Introdução: Com vistas à promoção da saúde e me-lhoria da qualidade de vida, a educação em saúde é um recurso fundamental, instrumentalizando os indi-víduos e favorecendo o desenvolvimento de habilida-des pessoais para o controle de questões relativas à sua própria saúde. Na perspectiva de promoção da saúde, as ações multiprofissionais e intersetoriais pas-sam a ser estratégias para o enfrentamento dos deter-minantes do processo saúde-doença. Diante desse contexto, uma equipe da Residência Multiprofissional em Saúde da Família que tem como campo de prática uma Unidade Básica de Saúde, desenvolveu uma ação educativa em uma Escola Municipal de Ensino Infan-til (EMEI), com o objetivo de orientar alunos e edu-cadores sobre questões relativas à saúde geral, envol-vendo questões de higiene pessoal e nutrição, com vistas à promoção da saúde. Métodos: Trata-se de um relato de experiência em que a equipe multiprofissional elaborou e apresentou uma peça teatral para as crianças e educadores utili-zando fantoches de forma interativa. A ação foi reali-zada com crianças de 4 a 6 anos de idade, matricula-das em uma EMEI localizada no bairro de Vila Jacuí, zona leste do município de São Paulo, no ano de 2005. A equipe que planejou e desenvolveu a ação era composta por 2 cirurgiãs-dentistas, 1 fisioterapeuta e 1 fonoaudióloga. Na atividade foram abordados temas relacionados à higiene pessoal, hábitos alimentares saudáveis, com enfoque especial para a saúde bucal. Após a apresentação, as crianças receberam escova dental, passaram pela experiência de ter sua placa bacteriana dental evidenciada com uso de corantes e observação no espelho, seguida de escovação supervi-sionada.

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Resultados: A apresentação da peça teatral promo-veu importante interação entre os diferentes profissio-nais de saúde, educadores e alunos, oferecendo condi-ções para que pudessem analisar criticamente a reali-dade individual e coletiva, identificando alguns fato-res relacionados com suas condições de saúde e for-mas para o enfrentamento destes fatores, dentro da sua realidade. A evidenciação da placa bacteriana da superfície dental favoreceu a aprendizagem das crian-ças, uma vez que possibilitou a experiência concreta e individual sobre os assuntos anteriormente discutidos na atividade teatral. A escovação supervisionada tam-

bém foi considerada positiva dentro da ação educati-va, uma vez que permitiu que as crianças se apropri-assem de instrumentos e técnicas que favorecessem o desenvolvimento de habilidades pessoais para o con-trole de questões relativas à sua própria saúde. Conclusão: A ação proporcionou integração entre o equipamento de saúde e o educacional, viabilizando ações intersetoriais de promoção de saúde e ofereceu subsídios para o controle e melhoria das condições de saúde das crianças, dos educadores e conseqüente-mente, da população assistida.

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Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal

P001 - Tendências da indústria de equipamentos odontológicos e de insumos para higiene bucal no Brasil entre 1990 e 2002.

Marco Antonio Manfredini (SMS-SP) e Carlos Botaz-zo (Instituto de Saúde- SES-SP).

Introdução: O tema pesquisado se insere no campo da Economia da Saúde. Sua proposta é analisar as tendências da indústria de equipamentos odontológi-cos e de insumos para higiene bucal no Brasil entre 1990 e 2002 e retoma o debate sobre o conceito de complexo médico industrial, formulado por Hésio Cordeiro em 1980, que propunha o estudo das rela-ções entre a produção e circulação de medicamentos, a organização da prática médica, as formas de inter-venção estatal no setor e as práticas concretas de con-sumo individual. Métodos: A pesquisa é descritiva. O estudo foi reali-zado através da revisão da bibliografia existente, cole-ta de dados junto a órgãos governamentais e da indús-tria envolvida com o objeto de estudo. A pesquisa foi feita por meio de consultas em livros, periódicos cien-tíficos, meios de imprensa, textos, anais de congres-sos, dissertações, teses e sítios na internet. Resultados: Entre os resultados iniciais, destacam-se as seguintes características da indústria de equipamen-tos odontológicos, que as diferencia do restante deste parque produtor: uma importante produção realizada no próprio país, a participação expressiva das expor-tações em relação às importações e a grande quanti-dade de países para onde são exportados os produtos. Um ponto que merece ser destacado é a divergência entre os dados coletados junto a organismos gover-namentais e à associação representativa da indústria. Em relação aos insumos para higiene bucal, destaca-se o crescimento do consumo destes insumos no perí-odo estudado. Entre 1992 e 2002, o consumo de denti-frícios cresceu 64,6%, o de escovas dentais, 173,7%, o de fio dental, 218,9% e o de enxaguatório bucal, 720,9%. O consumo médio destes produtos no Brasil é um dos maiores do mundo, sendo que no consumo percapita o Brasil consome mais creme dental que a Dinamarca e escovas que Argentina e México. Conclusão: A pesquisa aponta para a necessidade da construção de uma interface entre a Saúde Bucal Co-letiva e a Economia da Saúde. Mesmo com expressi-vas limitações, o estudo exploratório conseguiu com-provar que o país é um grande exportador de equipa-

mentos odontológicos e de insumos para higiene bu-cal, apresentando balança comercial superavitária na maior parte do período estudado. Aponta-se a neces-sidade do Ministério da Saúde assumir o seu papel na regulação e no controle do parque industrial de equi-pamentos odontológicos e de insumos para higiene bucal no país. A omissão se estende ao controle da incorporação de novas tecnologias na área de saúde bucal e a ausência de uma política de avaliação sobre as tecnologias disponíveis e a criação de alternativas que possibilitem o desenvolvimento de tecnologias compatíveis com a realidade social do país. O impor-tante incremento no consumo de produtos para higie-ne bucal deve ser analisado em novos estudos, para se avaliar as justificativas para tal aumento, sua distribu-ição pelas diferentes classes sociais e suas necessida-des efetivas, como no caso do aumento no consumo de colutórios.

P003 - Construindo a saúde bucal coletiva: uma análise documental de processos avaliativos.

Agnaldo Antonio da Silva (SMS-Campo Limpo Pau-lista), Luís Fernando Nogueira Tofani (SMS-Várzea Paulista).

Introdução: O estudo teve o propósito de avaliar a qualidade das ações e serviços de atenção à saúde bucal no município de Campo Limpo Paulista. Tem caráter descritivo, tipo documental. Métodos: Foram analisados três documentos corres-pondentes às avaliações do serviço público odontoló-gico do município em estudo, realizadas respectiva-mente por gestores, trabalhadores e usuários. Os da-dos foram trabalhados por meio de análise de conteú-do, considerando três categorias de avaliação: estrutu-ra, processo e resultados. Resultados: A pesquisa propiciou uma compreensão bastante aproximada da realidade, demonstrando dife-rentes percepções, divergências e consensos entre os autores envolvidos: (1) os profissionais consideram importante a fluoretação da água de abastecimento, não mencionada pela população e avaliada em relató-rio de gestão como de regularidade baixa; (2) crítica geral é sobre a centralização do atendimento; (3) não há indicadores específicos da aplicação de recursos financeiros em saúde bucal, inexistindo questiona-mento dos profissionais quanto a este montante, ape-nas reivindicações por melhor remuneração que é en-dossada pelos usuários; (4) a equipe critica a gestão

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centralizada e requer participação nos processos de planejamento e avaliação; (5) a população desconhece o Controle Social no SUS e os Programas de Saúde Bucal desenvolvidos; (6) a falta de um sistema de referência com especialidades é sentida por todos; (7) a população manifesta-se satisfeita com os serviços apenas quando tem acesso, avaliado pelos gestores como baixo e, embora os indicadores epidemiológicos apontem para o declínio da doença cárie, a equipe considera ruins as condições de saúde bucal da popu-lação em geral. Conclusão: A incorporação de processos de avalia-ção, com a participação de todos os atores sociais en-volvidos nos serviços públicos odontológicos pode ser importante ferramenta na construção da saúde bucal coletiva.

P041 - Evolução das Propostas das Conferências Nacionais de Saúde Bucal (CNSB).

Laura Pereira Robles (FSP-USP), Roberto Augusto Castellanos Fernandez (FSP-USP), Fábio Renato Pereira Robles (FOUSP) e Antonio Robles Junior (FEA-USP / PUCSP).

Introdução: Devido às mudanças políticas, epidemio-lógicas e demográficas no Brasil nas últimas três dé-cadas, o cenário da Saúde Bucal (SB) bem como o interesse das pessoas por ela, pode ser percebido me-diante a análise dos conteúdos das três CNSB (1986, 1993 e 2004), comparando suas propostas para facili-tar a compreensão da evolução, amplitude e profundi-dade dos temas que vêm sendo discutidos. A intenção é identificar o percurso e a progressão da participação dos interessados no tema e o gerenciamento em SB. Métodos: Os recursos utilizados foram os relatórios finais das CNSB. O método é qualitativo, da análise de conteúdo, focando a amplitude e a profundidade das propostas, com identificação dos participantes e dos temas discutidos, comparando os enfoques em cada conferência. Resultados: Os resultados estão centrados nos eixos enfocados nas três CNSB. Na primeira: Saúde como Direito de Todos e Dever do Estado; Diagnóstico de SB no Brasil; Inserção da Odontologia no Sistema Único de Saúde (SUS) e Financiamento do Setor de SB. Na segunda: SB é Direito de Cidadania; Políticas de Saúde: A SB e o SUS; Modelo de Atenção; Desen-volvimento Tecnológico; Financiamento; Recursos Humanos e Controle Social. Na terceira, SB: Acesso, Qualidade, Exclusão Social, Educação, Construção da Cidadania; Controle Social, Gestão Participativa; Formação e Trabalho, Financiamento e Organização

da Atenção para a SB. As comparações entre as Con-ferências e a análise que se realizou do panorama da evolução das propostas em prol da SB no Brasil de-monstraram progresso, tanto na temática, como na gestão, sendo que o financiamento é o que mostra as maiores dificuldades, bem como o comprometimento das equipes e usuários do sistema. Conclusão: O trabalho concluiu que nos últimos trin-ta anos a SB adquiriu relevância no cenário da saúde no Brasil. A política da SB, construída nas CNSB, pretende garantir os direitos constitucionais à saúde, inclusive bucal, do cidadão. A análise das propostas das CNSB demonstra evolução no sentido de servirem de base às diretrizes do gerenciamento da atenção à SB, com o exercício da cidadania e controle social, na educação em saúde, formação das pessoas e profissio-nais do setor.

P101 - Financiamento dos serviços de saúde públi-ca: uma análise dos municípios de São Paulo.

Henrique Mendes Silva (FOB / USP), Ricardo Pianta Rodrigues da Silva (FOB / USP), Suzana Goya (FOB / USP), José Roberto Pereira Lauris (FOB / USP), Silvia Helena de Carvalho Sales Peres (FOB / USP).

Introdução: A Emenda Constitucional nº. 29, editada em 13 de setembro de 2000, representa um grande avanço para o financiamento dos serviços de saúde pública do Brasil. Em relação aos estados e municí-pios, a Emenda estabeleceu para o ano 2000, a obriga-toriedade de aplicação no setor saúde, um percentual mínimo de 7% da receita de impostos. Nos exercícios seguintes, esse percentual deveria ser acrescido, anu-almente, à razão de um quinto, até atingir, em 2004, o percentual mínimo de 12% para as receitas estaduais e de 15% para as receitas municipais. Reconhece-se que essa medida, de importante impacto potencial na me-lhoria e ampliação dos serviços de saúde (dentre eles os de saúde bucal), contribui para realizar o princípio constitucional que define a saúde como direito do cidadão e dever do Estado. O presente estudo teve como objetivo analisar a situação dos 645 municípios do estado de São Paulo quanto ao cumprimento dos limites fixados na Emenda Constitucional nº. 29. Métodos: Para a realização do estudo foram utiliza-dos dados secundários, publicados pelo Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS). Os municípios foram distribuídos em 4 gru-pos: Grupo I: municípios com população menor que 10.000 habitantes; Grupo II: entre 10.000 e 50.000; Grupo III: entre 50.000 e 100.000; e Grupo IV: com população maior que 100.000 habitantes. Fez-se uso

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de estatística descritiva para analisar os gastos em saúde de cada grupo de municípios. Resultados: Como resultado, obteve-se que, no ano 2000, a média geral dos gastos em saúde dos municí-pios do estado de São Paulo foi de 16,58%, e no ano de 2004 de 19,34%. Nos municípios do Grupo I, os gastos foram de 16,36% em 2000, e 19,05% em 2004. Nos municípios do Grupo II observaram-se os valores de 16,49% e 19,42% nos respectivos anos citados. No Grupo III, os gastos aumentaram de 16,37% para 19,98%; e no Grupo IV a porcentagem subiu de 18,06% para 19,82%. No ano de 2004, 42 municípios não conseguiram cumprir os valores fixados pela EC nº. 29, sendo que destes, 40,48% pertenciam ao Grupo I; 47,62% pertenciam ao Grupo II; 7,14% pertenciam ao Grupo III; e 4,76 ao Grupo IV. Conclusão: Com isso conclui-se que apesar de al-guns municípios ainda não terem conseguido cumprir os limites fixados pela EC nº. 29, os percentuais de gastos em saúde aumentaram em todos os grupos de municípios, reforçando assim, a necessidade da regu-lamentação de tal Emenda.

P138 - Financiamento em Saúde Bucal no Brasil.

Fernanda Vallim Leão (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina), Julie Silvia Martins (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Faculda-des Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marceli-na), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).

Introdução: O financiamento da área de saúde é feito através das três esferas de governo e a distribuição dos montantes está pautada em portarias governamen-tais e normas operacionais. Com relação à saúde bu-cal, os investimentos e incentivos advindos do Minis-tério da Saúde são a principal forma de financiamen-to, sendo complementado por percentuais dos orça-mentos de estados e municípios. O entendimento da legislação vigente com relação aos investimentos em saúde bucal se faz necessário para o efetivo controle social e para o planejamento de ações principalmente por parte dos gestores locais. Métodos: Foi realizada uma revista da literatura ba-seada em documentos oficias do Ministério da Saúde, consulta à legislação vigente atual e consulta a livros e artigos relacionados ao financiamento em saúde bucal. Resultados: A instituição do Piso da Atenção Básica (PAB) permitiu o repasse fundo a fundo de recursos destinados às ações básicas de saúde. Com a parte

variável do PAB, o Ministério da Saúde financia a odontologia na atenção básica através de incentivo à implantação de equipes de saúde bucal no programa de saúde da família. Estes incentivos, com o passar dos anos, foram sofrendo alguns acréscimos, conside-rando a defasagem nos valores, a necessidade de am-pliação da resolutividade das ações básicas em odon-tologia, e buscando a integralidade da assistência. Este incentivo é repassado do fundo nacional direto ao fundo municipal de saúde, assim cabe ao Município a responsabilidade de gerenciar e aplicar corretamente o montante. Os procedimentos odontológicos que não estão previstos na atenção básica são pagos direta-mente pelo Ministério ao Município prestador. Os incentivos ministeriais não são a única forma de in-vestimento, os Municípios e os Estados também in-vestem recursos no custeio das ações de saúde bucal, previstos nos investimentos de saúde, através de per-centuais orçamentários destas esferas de governo. Conclusão: Os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde só podem ser viabilizados com a construção de um modelo de financiamento flexível para oferecer agilidade no uso de recursos, com sis-temas de informação transparentes, expresso em leis e normas que garantam o compromisso dos gestores com a manutenção de fontes estáveis. Tem-se que o processo de descentralização da saúde no Brasil defi-niu regras e incentivos positivos que favoreceram a transferência direta de recursos federais ao Município, assim os gestores locais de saúde ganharam maior autonomia e poder sobre os recursos. O financiamento em saúde bucal, baseado em recursos das três esferas do governo tem-se mostrado o caminho para que cada esfera contribua de maneira adequada para uma me-lhora no Sistema Único de Saúde, principalmente nas ações de saúde bucal. Faz-se necessário garantir que os recursos federais, estaduais e municipais ajudem a constituir garantia ao acesso, qualidade e humaniza-ção da atenção e busca da equidade.

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P148 - Responsabilidade Administrativa do Gestor de Saúde.

Ricardo Pianta Rodrigues da Silva (Mestrando em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); Arsenio Sales Peres (Professor Doutor do Dep. de Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); José Roberto de Magalhães Bastos (Professor Titular do Dep. de Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); Henrique Mendes Silva (Mestrando em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); César Lopes Junior (Aluno Especial da Disciplina de Ética e Legislação da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP).

Introdução: Os profissionais de saúde em geral, entre eles o cirurgião-dentista, podem atuar em suas profis-sões de diversas maneiras. Dentre elas como adminis-tradores de saúde, área esta que ultimamente vem ga-nhando destaque no cenário político nacional por sua relevância ao atuar frente às necessidades da popula-ção. Esse campo de atuação exige vários conhecimen-tos que geralmente não são obtidos pelo atual modelo curricular das universidades. O presente trabalho tem por objetivo elencar as principais responsabilidades e obrigações do gestor de saúde frente ao Estado, por meio dos princípios do Direito Administrativo e das normas legais vigentes. Métodos: Realizou-se uma revista da literatura sobre os principais temas do Direito Administrativo, bem como sobre os Princípios da Administração, a Impro-bidade Administrativa e a Lei de Licitação e Respon-sabilidade Fiscal. Resultados: O gestor de saúde deve principalmente atuar baseado nos princípios da moralidade adminis-trativa e da legalidade, evitando assim, que seus atos sejam inseridos no contexto da improbidade adminis-trativa, o que acarreta sanções em cada caso específico. Conclusão: Pode-se concluir que a atuação do gestor de saúde no cenário administrativo é cercada de res-ponsabilidades e deveres frente ao Estado, o que deixa o gestor vulnerável pela falta de conhecimento de suas atribuições.

R027 - Sorria Castilho, de programa a política de saúde.

Carlos Roberto Tencarte, Sérgio Luiz de Souza (Pre-feitura Municipal de Castilho / SP).

Introdução: Após a divulgação dos dados do SB 2000, levantamento de condições de saúde bucal do

idoso e do levantamento das condições sócio-econômicas de nosso município, percebeu-se a neces-sidade de se buscar solução para um problema de saú-de pública até então desconhecido, que era a necessi-dade de reabilitação protética de nossos munícipes. Métodos: Foi então planejada a execução de um pro-grama específico para a confecção de prótese total, pois a reabilitação se faz necessário, e o sistema de referência e contra-referência se demonstrava inapto para nos ajudar frente a realidade encontrada. Através da execução do projeto para o programa, apresentação ao Poder Executivo e a Promoção Social, com o aval dos mesmos, iniciou-se a execução das peças protéti-cas em julho de 2003, num total de 20 peças por mês. Para a execução, o paciente é avaliado pelo profissio-nal responsável que preenche uma guia de matrícula no programa, em conjunto com a anamnese. Com esta guia, o paciente é encaminhado ao Setor de Promoção Social para averiguação sócio-econômica e, uma vez confirmada a sua inclusão, é realizado um agenda-mento para a moldagem. A confecção da peça protéti-ca é realizada e 4 etapas (moldagem, roletes, prova de dente, ajuste e entrega) e aberto retorno para adapta-ções necessárias. Resultados: Hoje o programa se transformou em uma política de saúde, voltada a cumprir o princípio da integralidade, princípio esse tão importante dentro do SUS. Até o mês de março de 2006 foram entregues 794 peças protéticas, distribuindo sorrisos, melhores condições de saúde e auto-estima. Conclusão: O gerenciamento dentro do SUS deve atentar para os dados que os levantamentos realizados têm mostrado sobre sua população. Ter a consciência de que muito mais importante que colher dados, é o planejamento e a luta para solucionar os problemas encontrados. A demanda para o Programa Sorria Cas-tilho, implantado em nosso município deixa claro que, com direcionamento, bom planejamento e boa vonta-de governamental, podemos solucionar os problemas de saúde mais relevantes de nossa população.

R062 - Absenteísmo: diagnóstico situacional no ambulatório de saúde bucal do CRT / SP realizado em 2002.

Fabiana Schneider (CRT DST / Aids), Catalina Riera (CRT DST / Aids), Odaílton Corrêa (CRT DST / Aids), Sonomi Takita (CRT DST / Aids), Décio Masini (CRT DST / Aids)

Introdução: A adesão ao tratamento odontológico tem sido, visto sua relevância para o planejamento em ser-viços de saúde, pouco discutido. Embora exista absen-

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teísmo no agendamento, pouco sabemos sobre os moti-vos deste em relação ao tratamento odontológico. Métodos: Estudo quantitativo, de corte transversal, instrumentado por questionário fechado composto por questões de múltipla escolha. Para composição e aná-lise dos dados foi realizado levantamento da quanti-dade de consultas agendadas, atendimentos de urgên-cia, remarcações de consultas e faltas, no período de julho a dezembro de 2002. Resultados: Neste período foram agendadas 2.119 consultas para atendimento de. Foram contabilizados 1.120 faltas, 631 atendimentos de urgência e 164 re-marcações. De 1466 atendimentos, 43,5% foram de urgência. A partir destes dados, os autores realizaram entrevistas com 26 sujeitos, pacientes do ambulatório. Questões sobre satisfação em relação ao atendimento apontaram 88% de pacientes satisfeitos. Motivos das faltas: 23% esquecimento, 23,3% compromissos de trabalho, 12% poucas opções de horário, 6,6% doença ou cuidar de alguém doente, nunca faltaram 33%. 21,4% preferiam ser atendidos sem consulta agenda-da, 57% pretendiam o controle e manutenção da saúde bucal. 21,4% preferiam consultas agendadas, 12,5% chegaram ao serviço por encaminhamento médico, 50% por confiança no padrão e qualidade do serviço e 37,5% outros motivos. 25% sugeriram maior oferta de horários para agendamento, 10,4% maior oferta de plantões, 20,8% mais profissionais e 35, 4% mais especialidades odontológicas. Conclusão: Concluímos um absenteísmo às consul-tas agendadas de 52,8%. Considerando o percentual histórico de absenteísmo dos serviços de saúde e a taxa de adesão de pacientes com doenças crônicas, percebemos que os nossos dados encontram-se conso-antes com os demais. Constatamos o quanto relevante é o atendimento de urgência, principalmente por sua freqüência (43% do atendimento). Estarmos prepara-dos para absorver e atender novas demandas dos usuá-rios é um dos desafios para o atendimento de qualida-de, pautado no atual perfil da epidemia HIV / Aids e das necessidades dos pacientes.

R077 - Absenteísmo: do diagnóstico situacional no ambulatório de saúde bucal do CRT / SP ( 2002) à implementação de mudanças.

Fabiana Schneider (CRT DST / AIDS), Odaílton Cor-rêa (CRT DST / AIDS), Sonomi Takita (CRT DST / AIDS), Décio Masini (CRT DST / AIDS), Catalina Riera Costa(CRT DST / AIDS).

Introdução: Procurando melhorar nosso atendimento e com base nos dados colhidos e analisados na 1ª.

etapa deste trabalho,realizamos algumas alterações em nosso agendamento e redimensionamos o atendimento das emergências no sentido de diminuir nosso índice de absenteísmo. Métodos: Após composição e análise dos dados (do período de julho a dezembro de 2002) e no intuito de alicerçar nossas decisões e mudanças também na par-ticipação dos usuários, realizamos reunião com a ou-vidoria e com usuários do serviço para discutir pro-postas de agendamento, tendo em vista o resultado do 1º estudo e também algumas limitações, como o nú-mero de profissionais e estagiários que não poderiam ser aumentados, bem como o número de agendamen-tos ou plantões. Nesta ocasião ficou decidido que as agendas seriam abertas, como já vinha acontecendo desde janeiro de 2004, no primeiro dia útil do mês e por 60 dias, com reserva de vagas para retornos e para o mês subseqüente, além de que os atendimentos nos plantões seriam o mais resolutivos possíveis, a fim de evitar agendamentos. A lém disso, foram realizadas reuniões com a equipe de saúde bucal com o propósi-to de integrar os profissionais, motivando-os no senti-do de alcançar qualidade e humanização da assistên-cia. Resultados: Os resultados obtidos com estas mudan-ças foram significativos. Reduziu-se o absenteísmo de 52,8% para 22% nas consultas agendadas e o relacio-namento com os usuários, que no início das modifica-ções havia ficado tenso, foi tornando-se uma parceria, o que melhorou a qualidade do serviço. Além disso, os atendimentos realizados nos plantões ficaram mais resolutivos, aumentando a produtividade do serviço e a satisfação dos usuários. Conclusão: A parceria com o usuário na identifica-ção de problemas leva-nos a um consenso na solução destes. Estas ações implementaram mudanças no ser-viço quanto ao agendamento tendo como impacto uma diminuição no absenteísmo Podemos concluir que com ações como esta que visam identificar as causas de um determinado problema( como por e-xemplo alto absenteísmo) seguidas de medidas no sentido de implementar mudanças, podemos melhorar o índice de humanização em nossos serviços com au-mento no vínculo usuário / atendimento.

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R104 - Espaços coletivos: I Encontro Popular de Saúde de Osasco e Região na perspectiva do apo-deramento e da co-gestão.

Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP), Fabi-ana Schneider Pires (CRT – SES / SP), Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde – SES / SP), Rebeca Silva de Barros (Instituto de Saúde – SES / SP), Luiz Vicen-te Martino (Instituto de Saúde – SES / SP), Luis Anto-nio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde – SES / SP)

Introdução: O I Encontro Popular Regional de Saúde de Osasco e Região, realizou-se em 17 e 18 de março de 2006, no Centro de eventos Pedro Bortolosso – Osasco, sendo uma proposta do Projeto Observatório de Saúde Bucal Coletiva (OSBC). O evento reuniu conselheiros usuários dos Conselhos Municipais de Saúde (CMS) e líderes comunitários dos 15 municí-pios que compõem a DIR-V para promover a discus-são dos problemas de saúde da região, bem como te-mas relacionados ao processo de gestão do SUS, troca de experiências, estabelecimento de compromissos e projetos comuns. Segundo alguns autores, a criação de espaços coletivos para o exercício da co-gestão reuniria atores sociais que expressariam seus desejos e interesses, confrontando-os entre si e com a realidade, na busca de construir conhecimentos, trocar experiên-cias para analisar fatos, participar do governo, educar-se e reconstituir-se como sujeito. Métodos: O processo de construção deste encontro iniciou-se com visitas em 11 dos 15 CMS da região, apresentando o OSBC e convidando-os para organizar um Encontro Popular Regional de Saúde. Os temas elencados pela Comissão organizadora do Encontro foram: controle social, políticas de saúde e financia-mento do SUS. Os pesquisadores atuaram como me-diadores no processo estimulando a participação po-pular na organização do coletivo. Compuseram a me-sa da cerimônia de abertura o diretor da DIR V, um representante dos conselheiros usuários, um represen-tante da secretaria municipal de saúde de Osasco, e o coordenador do projeto que proferiu a palestra A polí-tica como necessidade: pensando a participação popu-lar na saúde. Houve leitura do regimento interno e os grupos de discussão (GD) iniciaram as atividades a-pós a mesa temática Controle social: como efetivar a participação popular e a transparência no processo de gestão: que contou com a participação de Virgínia Junqueira (Instituto de Saúde / SES-SP) e do deputado estadual Carlos Neder. A apresentação e discussão das propostas dos GDs sobre os temas aconteceu em ple-nária, resultou num documento final denominado Carta de Osasco.

Resultados: Há evidências de apoderamento coleti-vo, aumento da auto-estima e autoconfiança dos usuá-rios participantes do processo (apoderamento pesso-al). Foram inquestionáveis o envolvimento gradual e o comprometimento dos usuários na construção do e-vento. A consolidação de fóruns participativos pode auxiliar na representação direta no sistema de gestão dos serviços de saúde, e a publicização de conflitos, germinada em espaços coletivos que fortaleçam os sujeitos e democratizem as instituições, pode vir na direção de subverter a ordem social desigual e garantir a cidadania. Conclusão: Há evidências de apoderamento coletivo, aumento da auto-estima e autoconfiança dos usuários participantes do processo (apoderamento pessoal). Foram inquestionáveis o envolvimento gradual e o comprometimento dos usuários na construção do e-vento. A consolidação de fóruns participativos pode auxiliar na representação direta no sistema de gestão dos serviços de saúde, e a publicização de conflitos, germinada em espaços coletivos que fortaleçam os sujeitos e democratizem as instituições, pode vir na direção de subverter a ordem social desigual e garantir a cidadania.

R107 - A participação dos profissionais de saúde bucal no Conselho Municipal de Saúde de Ribeirão Pires.

Anderson Gomes Mota (Prefeitura de Ribeirão Pires), Adriana Néri (Prefeitura de Ribeirão Pires), Teresa Martins (Prefeitura de Ribeirão Pires).

Introdução: Este trabalho busca discutir a importân-cia da atuação dos profissionais do setor odontológico no Conselho Municipal de Saúde de Ribeirão Pires, tanto para a valorização das ações em saúde bucal, como para o seu direcionamento no sentido de apro-ximar estas ações das reais necessidades apresentadas pela população. Métodos: Para a realização deste estudo foram anali-sadas as recomendações apresentadas pelas quatro Conferências Municipais de Saúde (1999, 2001, 2003, 2005) procurando verificar o quanto as propostas rela-tivas à saúde bucal se encontravam presentes nos rela-tórios finais destes encontros. Posteriormente, procu-rou-se verificar quanto destas propostas havia, de fato, sido implementado. Resultados: Foi verificado que, em relação à quanti-dade de propostas, houve um aumento relativo destas ao se comparar a quantidade de propostas da primeira para a segunda conferência, e um aumento significati-vo ao se comparar esta quantidade com a terceira e a

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 88

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quarta, quando o número de propostas chega ao ápice. É nesta fase que se verifica a maior participação dos profissionais de saúde bucal nas atividades do Conse-lho Municipal de Saúde, culminando com a eleição de uma THD (técnico em higiene dental) para sua presi-dência. Em relação à implementação das propostas, percebe-se uma ascensão mais lenta e menos acentua-da, sendo que algumas das recomendações sugeridas na segunda e na terceira conferências (2001 e 2003) somente agora (2005) começam a ser implementadas. Conclusão: Concluímos que a participação dos pro-fissionais de saúde bucal na construção das políticas de saúde parece ser importante para assegurar tanto a elaboração quanto a implementação de propostas que possam contribuir para oferecer ações e serviços ne-cessários para a manutenção da saúde bucal das pes-soas, sobretudo, em nível local. O fato de algumas propostas levarem certo tempo para sua implementa-ção indica, de certo modo, que não basta apenas asse-gurar que determinadas medidas figurem nos relató-rios finais das conferências de saúde, mas sim, que se deve criar canais permanentes de negociação para que estas possam se tornar reais, sendo estes canais perfei-tamente passíveis de serem representados através dos Conselhos de Saúde.

R142 - O aumento da produtividade nas ações de saúde bucal no município de Santana de Parnaíba

Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso (SMS–Santana de Parnaíba), Raquel Zaicaner (SMS–Santana de Parnaíba).

Introdução: Santana de Parnaíba possui uma popula-ção de 98.665 habitantes (IBGE – 2005). Observa-se o crescimento da população de 2004-2005 (IBGE) de 5,82%. Conta com 30 cirurgiões-dentistas distribuídos nos segmentos: preventivo – através do Programa Coletivo de Saúde Bucal, que oferece ações preventi-vas / educativas aos escolares de 0 a 12 anos de idade nos equipamentos municipais de ensino; ambulatorial -presente em todas as UBS, equipes de PSF e CESA-MA (Centro de Saúde Mental e Adolescente) e especializado -organiza as especialidades odontológi-cas já oferecidas pelo município desde 1997, na estru-tura do Centro de especialidades Odontológicas –

CEO. Apesar da estrutura implantada, a necessidade acumulada da população leva a uma grande procura por serviços odontológicos o que, ocasiona filas de espera para tratamento e conseqüentemente, insatisfa-ção do usuário. Com o objetivo de otimizar os recur-sos já existentes com redução da espera para tratamento odontológico, aumentar o acesso e oferecer uma nova gama de serviços de maneira organizada, foram adotadas uma série de novas práticas na condução dos programas e ações ofertados. Métodos: Incorporação do Auxiliar de Consultório Dentário em todas as UBS’s, PSF e CEO; aumento do número de pacientes agendados em 20%; absorção de toda a procura do dia dos pacientes em urgência odon-tológica, por parte dos cirurgiões-dentistas e criação de mutirões de atendimento – organizados na UBS Álvaro Ribeiro e Colinas do Anhanguera. Para o mu-tirão os pacientes foram contactados e agendados em blocos de 60 pacientes / dia. Dois cirurgiões-dentistas por período de 4 horas procediam ao exame clínico dos pacientes; os procedimentos a serem realizados foram planejados de maneira que sua execução não ultrapassasse 2 consultas de retorno / paciente. Resultados: Foram incorporados 7 auxiliares de Consultório Dentário à equipe de Saúde Bucal. Os pacientes do mutirão receberam tratamento completo e encaminhados para o Centro de Especialidades O-dontológicos (CEO) quando necessário. F oram aten-didos 1000 pacientes da lista de espera. O aumento do agendamento teve repercussão no aumento dos trata-mentos completados e total de procedimentos. Houve um aumento de 7,13% dos tratamentos iniciados no município, no ano de 2005; já os tratamentos comple-tados que são o grande objetivo em saúde bucal tive-ram um crescimento da ordem de 31,67% no mesmo período. O total de procedimento apresentou aumento de 21,57% em relação ao ano de 2004. Conclusão: A introdução de novas práticas aumentou o acesso da população ao serviço de Saúde Bucal vis-to que estes tiveram um crescimento de 21,57% no total de procedimentos enquanto que a população teve um crescimento de aproximadamente 5,84% ao ano. Estas mudanças exigiram o envolvimento de toda a equipe durante processo.

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Resumos dos trabalhos 89

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Recursos Humanos em Saúde Bucal

P067 - Avaliação do conhecimento de alunos de graduação em Odontologia sobre proteção radio-lógica

Deborah Queiroz Freitas, Flávia Maria Ramos, Dagmar de Paula Queluz, Solange Almeida – Facul-dade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP

Introdução: O exame radiográfico fornece importan-tes informações para o diagnóstico. Porém, os raios X podem provocar efeitos biológicos. Com essa preocu-pação, em 1998, pela Portaria nº 453, o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes para os profissionais que trabalham com radiação X. O exame radiográfico for-nece importantes informações para o diagnóstico. Po-rém, os raios X podem provocar efeitos biológicos. Com essa preocupação, em 1998, pela Portaria nº 453, o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes para os profissionais que trabalham com radiação X. O obje-tivo desse estudo foi avaliar o conhecimento de alunos do último ano de graduação em Odontologia sobre aparelhos de raios X, filmes, técnicas e, conseqüente-mente, sobre proteção radiológica e comparar os re-sultados com a Portaria. Métodos: Para isso, 106 alunos do último ano de gra-duação de quatro universidades do interior de São Paulo responderam um questionário sobre atitudes que tomarão durante a prática radiológica. Resultados: Observou-se que 75% não conheciam a lei; 87% responderam que comprarão um aparelho de raios X com 50 kVp ou mais; todos julgam importante utilizar avental de chumbo e colar de tireóide; 93% utilizarão filme E ou EF; porém, a média de tempo de exposição foi 0,45s, tempo de exposição elevado; 73,5% pedirão que o acompanhante segure o filme caso o paciente não seja capaz, os demais segurarão ou pedirão à auxiliar; 99% se protegerão durante a exposição, afastando-se, ficando atrás de parede ou biombo. Conclusão: Foi possível concluir que, apesar de a maioria dos alunos não conhecerem a lei, demonstram preocupação em tomar várias medidas de proteção previstas na mesma, porém, ainda precisam de mais orientações sobre o assunto.

P073 - Prevalência de distúrbios osteomusculares em cirurgiões dentistas

Edgard Michel Crosato (FOUSP), Avrum Koltiarenko (UNOESC), Maria Gabriela Haye Biazevic (UNO-ESC)

Introdução: Conhecer as alterações patológicas que podem advir de práticas inadequadas no ambiente de trabalho podem ajudar a propor programas de promo-ção de saúde aos profissionais. Nesse contexto o obje-tivo do presente estudo é conhecer a prevalência de distúrbios osteomusculares dos cirurgiões-dentistas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal onde foi enviado um instrumento de pesquisa auto-aplicável com questões relativas a características sócio-demográficas, psicossociais, bem como para caracte-rização dos sintomas músculo-esqueléticos para 396 profissionais que trabalham na região. Os dados foram digitados no programa EPIDATA 3.2 e analisados no STATA 8.0. Foram realizadas análises de distribuição de freqüências, medidas de tendência central e disper-são. Para verificar as associações dos sintomas com as variáveis de estudo foi utilizado o teste do qui-quadrado, regressão logística uni e bi-variada. Em todos os testes o nível de significância utilizado foi de 5%. Resultados: Do total de cirurgiões-dentistas, 153 devolveram o instrumento o que representa 38.63%. Do total, 93% relataram dor músculo-esquelética em pelo menos uma parte do corpo no último ano em decorrência da atividade profissional, com predomi-nância para os indivíduos do gênero feminino. A regi-ão mais prevalente com sintomatologia foi à coluna cervical (69,93%), o risco de dor para os indivíduos que apresentam a probabilidade positiva para trans-tornos psiquiátricos menores (TPM) foi cerca de qua-tro vezes maior. Conclusão: Podemos concluir que a prevalência dos distúrbios osteomusculares foi alta e estão associadas a algumas características ocupacionais e sócio-econômicas.

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 90

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P083 - SUS: uma alternativa de rede de prática pedagógica.

Rebeca Silva de Barros (Aprimoramento em Saúde Coletiva - Instituto de Saúde –SES / SP), Mayara Pre-videlli (Graduação – Faculdade de Odontologia USP), Celso Zilbovicius (Pós-Graduação – Faculda-de de Odontologia USP), Maria Ercilia de Araujo (Faculdade de Odontologia USP), Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP).

Introdução: Desde a I Conferência Nacional de Saú-de Bucal, destaca-se a preocupação relativa à forma-ção de recursos humanos em odontologia. A integra-ção serviço-ensino-pesquisa é antiga reivindicação de docentes, técnicos e gestores em saúde. Entende-se que essa integração refletirá numa formação de pro-fissionais comprometidos com a transformação da realidade de saúde do país. Em razão disso, o objetivo foi avaliar como a universidade se relaciona com a sociedade, e se o Sistema Único de Saúde é uma al-ternativa de rede de prática pedagógica. Métodos: A contraposição de conceitos relacionados à formação acadêmica e ao mundo do trabalho possi-bilitou perceber quais são os espaços de ensino-aprendizagem e se há impacto na formação de profis-sionais e na implementação do SUS. Os conceitos contrapostos foram: 1) relacionado à vivência extra-curricular VER-SUS / Brasil norteada pelo paradigma da integralidade da atenção e na vinculação entre edu-cação, trabalho e práticas sociais; 2) relacionado às experiências extra-curriculares, vivenciadas no cotidi-ano da FOUSP no período de 1994 a 2004, a saber Projetos: Petrolina, Cananéia e Jardim Gaivota, norte-adas pelo paradigma técnico–assistencialista, biologi-cista e procedimento-centrada. Também foram entre-gues questionários a 22 estudantes de odontologia de diversos semestres e que tenham participado de pelo menos uma das experiências extra-curriculares anali-sadas. Os dados coletados foram categorizados e ana-lisados a partir da técnica de análise de conteúdo, permitindo assim uma análise aprofundada sobre con-cepções, motivações, crenças e expectativas destes estudantes em relação à formação profissional, mundo do trabalho, realidade social e extensão universitária. Resultados: A análise do estudo mostrou que ativi-dades que incorporam e aproximam o estudante do SUS possibilitam ao indivíduo em formação a capaci-dade para desenvolver um pensamento crítico e com-promissado com a transformação da realidade de saú-de do país, além de favorecer a ampliação da respon-sabilidade público-social da universidade.

P092 - Polêmica sobre o exercício profissional do THD: a dificuldade de abandono da “velha prática odontológica”.

Maria Carolina Ribeiro da Silva (Residência Multipro-fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Maria Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-lina / Faculdades Santa Marcelina), Julie Silvia Mar-tins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Ca-sa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Mar-celina), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina).

Introdução: No Brasil, a polêmica sobre a atuação de pessoal auxiliar odontológico existe desde que, no início dos anos 50, o Serviço Especial de Saúde Pú-blica (SESP), atual Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), introduziu o Auxiliar de Higiene Dentá-ria (AHD) nos serviços odontológicos das unidades básicas de saúde. Os questionamentos gerados pela utilização desses profissionais intensificaram-se, principalmente em relação ao Técnico de Higiene Dental (THD) e suas atribuições e, infelizmente, continuam sendo discutidos e questionados sem con-siderar as características sócio-epidemiológicas e as necessidades da população em relação às ações de saúde bucal. Métodos: Com o propósito de discutir a incorpora-ção dos THD na prática odontológica, realizou-se uma revista de literatura, incluindo textos oficiais do Ministério da Saúde e da Educação e legislação rela-cionada a estas categorias profissionais. A partir da literatura consultada obteve-se informações relativas à história, formação, regulamentação, atuação e questões ligadas à polêmica atual sobre a atuação destes profissionais. Resultados: Apesar do consenso existente entre diversos autores sobre a melhoria da qualidade da assistência que a inserção dos THD proporciona, com aumento de produtividade e cobertura dos servi-ços e da sua contribuição para mudança da atual prá-tica odontológica, a regulamentação dessa categoria auxiliar permanece em tramitação no Congresso Na-cional, sob modificações que ultrapassam a correção de falhas consensuais das resoluções anteriores, ex-tinguindo erroneamente algumas das atribuições des-ses profissionais. Conclusão: Além de significar um retrocesso nas conquistas tão lentamente conseguidas ao longo do tempo pela classe odontológica, a dificuldade de uma

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regulamentação adequada ao exercício desses profis-sionais reflete a resistência da odontologia de aban-donar os aspectos neoliberais que a conformaram e de realmente considerar as características sócio-epidemiológicas e as reais necessidades da popula-ção em relação à saúde bucal para orientar as suas ações.

P102 - Inserção do auxiliar de consultório na aten-ção básica à saúde.

Fábio Moraes Moryiama (Faculdades Santa Marceli-na / Casa de Saúde Santa Marcelina / ), Julie Silvia Martins (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saú-de Santa Marcelina / ), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Fa-culdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).

Introdução: A saúde bucal é parte integrante e inse-parável da saúde geral do indivíduo, portanto os pro-fissionais de odontologia têm responsabilidades na prevenção de doenças e tratamento das malformações bucais, na manutenção da saúde oral e no seu restabe-lecimento quando necessário. Os problemas de saúde bucal são freqüentes no país. O processo de trabalho com a inserção do pessoal auxiliar se torna de suma importância para uma atuação mais eficiente no con-trole das doenças. A partir de 1988, com a implanta-ção do Sistema Único de Saúde e sua atribuição de “ordenar a formação de recursos humanos para a saú-de” houve um avanço frente à necessidade de melho-rar a saúde bucal da população através da formação e inserção de profissionais auxiliares nas equipes odon-tológicas. Este trabalho tem como finalidade discutir, a integração do profissional auxiliar na equipe de saú-de bucal observando suas atribuições, focando os im-portantes avanços para uma real modificação da práti-ca assistencial adotada (simplesmente curativa) para uma visão de promoção e recuperação da saúde. Métodos: O trabalho foi desenvolvido através de uma revista da literatura nas quais os materiais utilizados para a pesquisa foram: livros, artigos de periódicos, informes especializados, referências extraídas de sites da Internet e outros tipos de material impresso. Resultados: A revista da literatura demonstrou que a participação do pessoal auxiliar no processo de traba-lho representa um aumento da eficiência e rendimento na clínica; ampliação da produtividade; melhor quali-dade dos serviços prestados; facilidade e desenvolvi-mento de um bom planejamento para trabalhos futu-ros; assistência e interação nas relações sociais, me-

lhor controle e orientação dos usuários; redução e amparo à tensão emocional do paciente; apoio na or-ganização administrativa da clínica; diminuição do cansaço físico e mental dos profissionais, proporcio-nando um trabalho com melhor qualidade num menor período de tempo e menos estafa. Conclusão: A inserção do Auxiliar de Consultório Dentário (ACD) no processo de trabalho faz-se neces-sária devido à importância de suas atribuições para a atuação na atenção básica, otimizando o atendimento clínico do cirurgião-dentista e colaborando no desen-volvimento das ações de promoção e prevenção à sa-úde da população.

P116 - Atendimento à demanda de formação do Auxiliar de Consultório Dentário no Município de São Paulo pela ETSUS-SP / CEFOR.

Jaqueline Alves Lopes Sartori (ETSUS-SP / CEFOR).

Introdução: Tendo em vista a mudança do paradigma do modelo de atenção centrado nas ações curativas para o modelo de promoção à saúde que contempla as di-mensões biológicas, psicológicas e sociais, reconhecen-do as necessidades de saúde e o perfil epidemiológico da população e acreditando que isto só será conseguido com um trabalho em equipe e com pessoal auxiliar qua-lificado, em 2004 a ETSUS-SP, em parceria com os Coordenadores Regionais de Saúde Bucal, levantou a necessidade de abrir 10 turmas do Curso de Qualifica-ção Profissional do Auxiliar de Consultório Dentário. Métodos: Como a proposta da ETSUS-SP é que os docentes dos cursos sejam os próprios profissionais dos Serviços de Saúde, estas turmas foram descentra-lizadas. Para isto, a Escola montou e equipou salas de aula e enviou todo o material pedagógico que seria utilizado nos cursos. Além disso, capacitou pedagógi-ca e tecnico-pedagogicamente todos os profissionais para exercerem a docência. Foram envolvidas 8 esco-las descentralizadas, com 10 turmas e 173 alunos. Resultados: Como resultado se tem 118 alunos for-mados em 2005, 15 alunos que se formarão até julho de 2006, 15 alunos que aguardam uma decisão da sua coordenadoria para concluírem o seu curso e 25 que iniciarão o curso em junho de 2006. Foram capacita-dos 79 Cirurgiões Dentistas, além dos profissionais de outras áreas que participaram do Módulo Básico, In-formática e Primeiros Socorros. Conclusão: Os gerentes das unidades de saúde onde trabalham os alunos, relatam uma melhoria no aten-dimento aos pacientes e estes relatam gostar muito desta mudança. Os alunos se sentiram mais valoriza-dos, profissional e pessoalmente.

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P158 - Educação permanente e educação continu-ada: nova proposta para a saúde pública

Sérgio Donha Yarid (Mestrando em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP), Tati-ane Martins Jorge (Mestranda em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); Ana Karolina Zampronio Bassi ( Estagiária do Dep. de Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bau-ru – USP); José Roberto de Magalhães Bastos (Pro-fessor Titular do Dep. de Saúde Coletiva da Faculda-de de Odontologia de Bauru – USP); Magali de Lourdes Caldana (Professora Doutora do Dep. de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP);Silvia Helena de Carvalho Sales Peres (Professora Doutora do Dep. de Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP).

Introdução: A atuação interdisciplinar na área da saúde permite que profissionais de diferentes áreas estejam integrados em um único propósito: beneficiar e melhorar a qualidade de vida do paciente. Para tan-to, é fundamental que os profissionais envolvidos i-dentifiquem a interface entre eles, ou seja, a possibili-dade de atuação conjunta. Assim, no que se refere à Odontologia e Fonoaudiologia, pode-se dizer que a interface entre as áreas é a cavidade bucal, uma vez que tal estrutura é uma área comum de atuação entre cirurgiões-dentistas e fonoaudiólogos, que devem estar preocupados com a manutenção das funções orais e da harmonia facial. O Objetivo do trabalho foi apresentar as possibilidades de atuação conjunta entre a Odontologia e Fonoaudiologia, no que se refere à área de Saúde Pública, enfocando os três níveis de prevenção, no intuito de contribuir para intensificar o processo de trocas de informações entre as áreas e de reforçar a importância da interdisciplinaridade. Métodos: Este estudo baseia-se numa revisão de lite-ratura, sobre os principais temas relacionados à atua-ção entre o cirurgião-dentista e o fonoaudiólogo. Resultados: Quanto ao nível de atuação primária, verificou-se a possibilidade de pareceria entre cirurgi-ões-dentistas e fonoaudiólogos nas campanhas de ori-entações à comunidade quanto aos malefícios dos hábitos orais deletério, combate ao fumo e álcool, benefícios da amamentação natural e respiração nasal, bem como sobre a necessidade de introduzir na dieta alimentar alimentos de diferentes consistências, de acordo com a idade de cada criança. No que se refere ao nível secundário, ambas as áreas poderão atuar na detecção precoce do câncer de boca, das alterações dentofaciais decorrentes dos hábitos de sucção não-nutritivos, dos respiradores orais, bem como dos que

apresentam bruxismo. No nível de prevenção terciá-ria, a Fonoaudiologia tem seu destaque junto às se-guintes áreas da Odontologia: Ortodontia, Cirurgia Ortognática, Implantodontia e Prótese e Odontopedia-tria. Conclusão: A análise da literatura evidenciou que a inter-relação entre as áreas vem a contribuir para a melhoria das condições bucais e fonoaudiológicas da população, o que resulta em melhores condições de saúde e qualidade de vida da população.

P167 - Perfil profissional dos cirurgiões-dentistas da rede pública dos municípios da Região da DIR V – Osasco.

Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP), Fabi-ana Schneider Pires (CRT – SES / SP), Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde – SES / SP), Rebeca Silva de Barros (Instituto de Saúde – SES / SP), Luiz Vicen-te Martino (Instituto de Saúde – SES / SP), Luis Anto-nio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde –SES / SP), Olga Maria Dias Agostinho Pires (SMS - Embu das Artes), Fausto Souza Martino (SMS - Taboão da Serra).

Introdução: A equipe de saúde bucal, constituída no âmbito da Reforma Sanitária, significou avanços con-sideráveis na organização dos serviços, com reflexos na qualidade da atenção prestada aos usuários do SUS. A partir da introdução de novas referências teó-ricas e políticas em saúde bucal, as possibilidades de ampliação da prática se evidenciaram pois o próprio conceito de equipe (ao contrário do profissional que atua isoladamente) implicou novo processo de traba-lho, com incorporação de pessoal auxiliar e desenvol-vimento de novas tecnologias de cuidado. Visando a integralidade no atendimento do usuário, o conjunto das atribuições da equipe de saúde bucal na atenção básica hoje deve ser revisto. Novas clientelas, sobre-tudo adultos e os portadores de necessidades especi-ais, além da oferta de procedimentos de média e alta complexidade, exigem melhor qualificação do profis-sional que atua nos serviços públicos, cabendo ao ges-tor municipal propiciar aos seus trabalhadores a for-mação adequada. Métodos: Com o intuito de traçar um perfil do cirur-gião dentista pertencente ao quadro das prefeituras da região da DIR V – Osasco, em relação à sua atuação na rede de saúde, foi realizada uma pesquisa com ci-rurgiões dentistas de 11 dos 15 municípios desta regi-ão. Um questionário auto-aplicável foi elaborado e encaminhado ao coordenador municipal de saúde bu-cal, que o distribuiu entre os profissionais.

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Resultados: Dos 450 questionários distribuídos, re-tornaram 256. A diferença deveu-se à espontaneidade no preenchimento, demora na distribuição dos formu-lários, extravio do material encaminhado ou simples-mente a não resposta. A faixa etária predominante dos profissionais estava entre 31 e 40 anos de idade, es-tando a grande maioria na situação de estatutários concursados, com carga horária de 20 horas semanais. Em relação aos recursos humanos da equipe de saúde bucal, 66,7% relatam trabalhar com pessoal auxiliar. Destes, 95,7% trabalham com ACD e 20,7% com THD. 39% possuem título de especialista, sendo a especialidade mais freqüente a de Saúde Pública, se-guida de cirurgia buco-maxilo e odontopediatria. 46,3% têm intenção de trabalhar como especialista na rede pública, porém 78,9% atuam na atenção básica. Quanto à necessidade de melhora nos serviços, houve distribuição uniforme entre os itens de carência de pessoal auxiliar, material de consumo, material per-manente, cursos de atualização e equipamentos. Conclusão: Em conclusão, pode-se verificar pelo grande número de especialistas, uma melhora da qua-lificação dos profissionais da rede.

P189 - O cirurgião-dentista do serviço público: perfil e trabalho.

Camila Vasconcelos Santana Prado (Fac. De Odontologia de Araraquara-UNESP), Aylton Valseck Junior (Fac. de Odontologia de Araraquara-UNESP).

Introdução: O objetivo deste estudo foi identificar o perfil, a satisfação e as condições de trabalho do ci-rurgião dentista, que trabalha no serviço público, e ainda, dados de formação e opinião sobre a necessi-dade de implementações no curso de graduação. Con-seqüentemente, criar banco de dados, que possam ser usados em possíveis reformulações e pesquisas em saúde bucal no serviço-público e graduação. Métodos: Cirurgiões-dentistas que trabalham no sis-tema único de saúde (SUS) de 67 municípios do estado de São Paulo foram entrevistados, através de questio-nários semi-abertos, abordando características sobre o perfil (sexo, instituição de formação, motivo do ingres-so no serviço público, especialização e satisfação), a prática (tipo de procedimentos realizados, condições estruturais e diferenças em relação ao consultório parti-cular) e a formação (compatibilidade com a realidade do serviço público e opinião quanto à necessidade de implementações no curso de graduação). A amostra de 300 questionários respondidos foi obtida com apoio logístico dos acadêmicos do curso de Odontologia, que entregaram e recolheram tais questionários junto aos

profissionais da rede pública de sua cidade. Os dados foram organizados em quadros, tabelas e gráficos, para descrição e, posterior análise. Resultados: A maioria dos dados obtidos define o per-fil do cirurgião dentista do serviço público no estado de São Paulo atualmente, como do sexo masculino (54,67%), formado em instituição estadual (51%), se-guido de particular (43%), motivado a ingressar no SUS por oportunidade de renda fixa (68,3%), especialista (52,9%), mantendo trabalho em consultório particular (59,3%) e satisfeito com exercício da profissão no servi-ço público. Os procedimentos mais realizados são: res-tauração de amálgama (91,2%), aplicação tópica de flú-or (85%), exodontia de dentes decíduos (84,6%) e per-manentes (78%). O serviço não oferece condições para realização de próteses parciais (49,3%) e totais (42,7%) e, falta material para tratamento endodôntico em dentes permanentes (23,8%). O levantamento epidemiológico não é exigido pelo serviço público (22,9%). O relato foi de diferença entre o ensino de graduação e a realidade do serviço público (50,5%) e também entre o serviço na rede pública e particular, principalmente pela quantidade e qualidade de material (20%). As implementações mais apontadas para o curso de graduação foram: o estágio em serviço público (74%), atividades de integração com a comunidade (65,3%) e participação em projetos de extensão universitária (56,67%). Conclusão: A prática odontológica no serviço público é sinônimo de renda fixa para o profissional que enfrenta uma concorrência acirrada no estado de São Paulo. As condições estruturais do SUS revelam conduta mais mutiladora (falta material para endodontia, por exemplo) e, os cursos de graduação parecem distantes da realidade social, econômica e cultural da população.

R068 - A importância da inclusão precoce da ergo-nomia no processo de planejamento do posto de trabalho na saúde, um caso da odontologia. e m Cidade Tiradentes – SMS-PMSP

Edward Toshiyuki Midorikawa (SMS-PMSP, Centro de Especialidades Odontológica, Doutorando Escola Politécnica USP), José Carlos Alves (SMS-PMSP, supervisão de saúde Cidade Tiradentes), Laerte Idal Sznelwar (Escola Politécnica USP)

Introdução: O objetivo deste trabalho é mostrar a im-portância da inclusão precoce da ergonomia no processo de planejamento e instalação de qualquer posto de traba-lho na saúde. No caso relatado a ergonomia entrou tardi-amente no fim do processo, ou seja, na instalação do consultório odontológico o que provocou uma serie de constrangimentos e limitações de ação da ergonomia.

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 94

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Métodos: Com limitação de tempo, recursos financeiros e baseando no processo ergonomia de concepção foi utiliza-do o método da análise ergonômica da atividade (AET). Através da demanda que foi de montar o consultório odon-tológico e baseando nas atividades futuras e nos trabalha-dores que iam ocupar os postos de trabalho procuraram-se alternativas de disposição dos equipamentos e criação de mobiliário que causassem menos constrangimentos para a equipe de saúde bucal. durante sua atividade. Resultados: Os consultórios foram montados na con-cepção ISO / FDI na posição de equipo 1 / que é uma das posições recomendadas. Foi desenvolvido um armá-rio para adaptação do equipo que favoreceu a instalação do consultório sem ser necessária nova reforma da sala além de servir de superfície de trabalho auxiliar, a dispo-sição das cadeiras odontológicas permitiu um contato visual dos CD durante o atendimento. Conclusão: Concluímos que a inserção do ergonomista em uma fase tardia do processo de concepção, planeja-mento e instalação do posto de trabalho permite somente uma pequena margem de manobra o que limita os resul-tados possíveis de se obter em comparação ao que seria possível com a participação do ergonomista desde o início. d o processo.

R098 - Formação de pessoal auxiliar odontológico.

Olga Maria D. Pires (SMS – Embu), Nilva T. Kitani (SES – SP / SMS – São Paulo).

Introdução: A falta de pessoal auxiliar para compor a equipe de saúde bucal, ainda, consitui-se em um pro-blema da odontologia no SUS. Em 2003, diversos municípios da DIR V - Osasco identificaram a falta de pessoal auxiliar capacitado (auxiliar de consultório dentário-ACD e técnico em higiene dental – THD) no mercado de trabalho. Historicamente, essa região vi-nha formando, através do Projeto Larga Escala, tur-mas de THD, tendo formado 4 turmas. Métodos: Em 2004, no CEFOR – Osasco, um projeto sob a coordenação técnico-educativa do Centro de Formação da Secretaria de Estado da Saúde de SP com recursos do Ministério da Saúde, possibilitou a formação de ACD para os municípios de Carapicuíba, Embú, Embú-Guaçú, Itapecerica da Serra, Pirapora do Bom Jesus, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra, todos pertencentes a DIR V. O currículo adotado pelo curso foi o currículo integrado e a metodologia, dialó-gica. Totalizando 600 horas, 400 horas foram de teo-ria (concentração) e 200 horas de prática (dispersão). Os professores eram em 6, todos profissionais do ser-viço público odontológico, sendo 2 responsáveis pelo momento de concentração e 5, pela dispersão.

Resultados: O curso teve a duração de um ano e formou 33 alunos que já eram inseridos nas diversas áreas da saúde desses municípios e agora estão aptos a serem inseridos nos serviço odontológico. P retende-se, ainda, dar prosseguimento à formação, com a re-tomada da turma, para formação do THD. Conclusão: O curso possibilitou a integração ensino / serviço, através do embasamento teórico e reflexão da prática nos momentos de concentração e na dispersão, o desenvolvimento das habilidades técnicas. Buscou-se também o aperfeiçoamento da postura ético-profissional e dentro dos princípios de ergonomia e biossegurança.

R108 - A importância da técnica em higiene dental (THD) na saúde bucal no programa saúde da famí-lia (PSF)

Henri Menezes Kobayashi (Casa de Saúde Santa Marcelina), João Francisco Franzé (Casa de Saúde Santa Marcelina), Ir. Monique Bourget (Casa de Sa-úde Santa Marcelina), Carla Tambara (Subprefeitura de São Paulo – Itaim Paulista)

Introdução: Nos dias de hoje com a grande necessida-de da população brasileira em serviços odontológicos, o técnico em higiene dental (THD) é um profissional de fundamental importância para a otimização do trabalho na equipe de saúde bucal, principalmente no serviço público de saúde. A existência de assistentes em odontologia é tão antiga quanto a própria prática profissional odontológica. A literatura mostra que com a participação do THD há um aumento na produ-tividade e qualidade do trabalho podendo aumentar a produtividade de no mínimo 30%. No PSF o THD está enquadrada na modalidade II de equipe de saúde bucal, e de acordo com a resolução 185/93 do CFO compete ao THD realizar atividades administrativas, educativas, levantamentos epidemiológicos e realizar alguns pro-cedimentos reversíveis na cavidade bucal como remo-ção de indutos, placas e cálculos supragengivais, apli-cações de selantes, remoções de suturas e tomada e revelação de radiografias intra-orais dentre outros . Métodos: Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento dos dados da produtividade da equipe de saúde bucal de uma unidade básica de saúde do PSF – Santa Marcelina nos últimos 3 anos (2003 à 2005). A equipe era composta por uma equipe de mo-dalidade I e outra modalidade II, numa clínica modu-lar com 3 equipos, sendo 1 equipo para o THD. Foram analisados o percentual de agendamento do THD e todos seus procedimentos realizados na clínica duran-te este período em relação à produtividade total da UBS.

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Resultados: Os resultados obtidos durante o estudo foram: Das 24617 consultas odontológicas realizadas, 6764 (27%) foram agendadas com o THD. Foram realizadas 9422 (89% do total) raspagens supragengi-vais por hemi-arco, 101 (43%) aplicações de selantes, 131(22%) tomadas radiograficas periapicais e 302 (28%) remoções de suturas. Conclusão: Concluímos que a presença do técnico em higiene dental (THD) na equipe de saúde da famí-lia é muito importante para a otimização no serviço público de saúde. Os resultados analisados mostraram que 27% de todas as consultas foram realizadas pelo THD. O THD foi responsável por 89% de todas ras-pagens supragengivais, sendo que foi o procedimento que quase pela totalidade foi executado apenas pelo profissional. 43% das aplicações de selantes, 22% das tomadas radiográficas e 28% das remoções de suturas, melhorando assim o trabalho do cirurgião-dentista e com isto tentado incentivar a ampliação de mais THD para o serviço público de saúde.

R165 - Relato de experiência de uma parceria en-tre Universidade e Serviços Municipais de Saúde para a consolidação do PSF

Nemre Adas Saliba, Renato Moreira Arcieri, Orlando Saliba, Suzely Adas Saliba Moimaz, Ana Valéria Pa-gliari, Jeidson Antônio Morais Marques, Joildo Gui-marães Santos, Maria de Lourdes Carvalho, Cléa Adas Saliba Garbin. (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social - NEPESCO - Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva - UNESP - Faculdade de Odontologia de Araçatuba)

Introdução: A formalização de parcerias é importante para a consolidação e fortalecimento do SUS. Neste sentido a Unesp, com o apoio da FAPESP está desen-volvendo projeto objetivando analisar o modelo de atenção à saúde e os problemas enfrentados por muni-cípios de pequeno porte, da região noroeste do estado de São Paulo, na implementação da atenção odontoló-gica no PSF e capacitação das suas equipes. O objeti-vo desse trabalho é apresentar o referido projeto. Métodos: Participam do projeto 5 municípios da re-gião noroeste do estado de São Paulo: Bilac, Clemen-tina, Gabriel Monteiro, Piacatu, Santópolis do Agua-peí e a Unesp. Foram analisados o perfil e implemen-tação das Equipes de PSF, a inserção das equipes de saúde bucal, a forma de organização da demanda, grau de satisfação do usuário, plano municipal de sa-úde e atuação dos Conselhos Municipais de Saúde (CMS). Desenvolveram-se várias ações: entrevistas com Secretários de Saúde, Presidentes dos CMS, pro-

fissionais e usuários do SUS; análise de planos muni-cipais de saúde, atas dos CMS e ainda a observação direta dos trabalhos nas Unidades de Saúde. Resultados: Verificou-se que em 4 municípios exis-tem ESB, atendendo em livre demanda. Apenas 2 municípios apresentaram planos de saúde, porém refe-rentes a anos anteriores. Os recursos financeiros são escassos e insuficientes; falta organização de sistemas de referência e contra-referência e planejamento das ações com base em levantamentos epidemiológicos. A atenção básica apresenta baixa resolutividade. Os tra-balhadores de saúde mostraram-se insatisfeitos quanto aos salários e a grande maioria (80%) não se sente capacitado para o trabalho. Há dificuldade de integra-ção da equipe. Quanto aos CMS, a composição está de acordo com a Resolução 333/02; porém a periodi-cidade das reuniões não foi respeitada. Os assuntos mais discutidos, registrados nas atas, foram: orçamen-to, programação e organização de serviços. Os usuá-rios desconhecem a existência dos CMS e 20% consi-deram o Sistema de Saúde regular ou ruim. Conclusão: A parceria permitiu a integração da uni-versidade aos serviços locais de saúde, possibilitando troca de experiências e análise dos problemas enfren-tados pelos municípios. Oficinas de trabalho para a discussão dos nós críticos identificados e capacitação das equipes de saúde estão sendo realizadas. Também está sendo desenvolvido um trabalho domiciliar de conscientização dos usuários do SUS.

R179 - A saúde bucal na residência multiprofissio-nal em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina / Ministé-rio da Saúde.

Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Julie Sil-via Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Facul-dades Santa Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Gri-goletto (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina).

Introdução: A estratégia Saúde da Família vem se consolidando como uma forma importante de reorga-nização da Atenção Básica no Sistema Único de Saú-de. Desta forma, o Ministério da Saúde vem estimu-lando através de investimentos, a formação de profis-sionais adequados ao perfil exigido para esse trabalho, por meio de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, que na zona leste do município de São Paulo, está sendo desenvolvida em parceria com a Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina. A residência envolve 10 categorias profis-

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sionais: médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeu-tas ocupacionais, assistentes sociais, farmacêuticos e nutricionistas. O presente trabalho tem por objetivo apresentar a proposta a ser desenvolvida com os resi-dentes da área de odontologia, participantes da referi-da residência. Métodos: A carga horária do curso é distribuída de tal forma que 50% são destinadas às atividades desen-volvidas na área de formação específica, e os outros 50% em atividades multiprofissionais. Na área especí-fica de saúde bucal os residentes passam grande parte da carga horária desenvolvendo atividades típicas de um cirurgião-dentista da atenção básica, que desen-volve a estratégia Saúde da Família, como atendimen-to clínico dos cadastrados, atividades em grupos diri-gidos às prioridades e à grupos específicos, visitas e atendimentos domiciliares, ações coletivas de saúde bucal em escolas e outros espaços da comunidade. Porém, a residência possibilita avançar mais, e foi proposto a realização de um levantamento epidemio-lógico para conhecer as condições de saúde bucal da população cadastrada, nas diversas faixas etárias (5,12,18, 40 e 70 anos). O levantamento dos dados foi realizado no domicílio, o que permitiu um maior con-tato dos residentes com a realidade da sua área de

atuação, e como os cadastrados, além é claro, de obter dados relativos às condições de saúde bucal da popu-lação cadastrada. Os dados obtidos, permitiram que os residentes realizassem um planejamento de acordo com a realidade encontrada, tendo a oportunidade de aplicar as ações planejadas, de forma a verificar a factibilidade, eficácia e efetividade. Resultados: Os passos já foram dados, sendo que os residentes já estão desenvolvendo as ações planejadas frente aos dados obtidos, porém, espera-se como re-sultado, a formação de profissionais tecnicamente capazes e socialmente comprometidos em desenvol-ver todas as suas potencialidades em benefício da po-pulação. Conclusão: O Ministério da Saúde tem investido recursos financeiros para adequar os recursos huma-nos formados à realidade sócio-epidemiológica de nosso país. A Casa de Saúde Santa Marcelina / Facul-dade Santa Marcelina têm dirigido esforços e desen-volvido estratégias para alcançar tal objetivo, que em curto prazo, já vem repercutido em benefícios à popu-lação através de ações e procedimentos realizados, mas espera-se que o principal resultado seja a médio e longo prazo, à medida que a população tenha ao seu alcance profissionais adequados às suas necessidades.

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Temas Livres

P011 - Avaliação das necessidades e implicações no tratamento odontológico de idosos psiquiátricos institucionalizados.

Amélia Keiko Samoto (Centro de Reabilitação de Casa Branca), Renata de Almeida Pernambuco (Hospital de Reabilitação de Anomalias CrânioFaciais-USP).

Introdução: O trabalho teve como objetivo avaliar as condições de saúde bucal de idosos psiquiátricos institu-cionalizados do Centro de Reabilitação de Casa Branca (CRCB), assim como suas necessidades de tratamento odontológico e a capacidade em recebê-los, baseados nas relações: doença psiquiátrica, uso de medicação psicotró-pica e autonomia em desenvolver atividades da vida diária. Métodos: Foi selecionada uma amostra randomizada de 80 indivíduos com 60 anos ou mais de idade pertencen-tes ao CRCB, submetidos ao exame da cavidade bucal, baseando-se na metodologia da OMS e realizados por uma única examinadora. Também foram coletados da-dos dos prontuários, aplicados o índice de independência em atividades da vida diária (AVD) e a escala de ativi-dades instrumentais da vida diária (AIVD). Os resulta-dos foram analisados descritivamente, utilizando-se os percentuais dos dados encontrados. Resultados: A média de idade encontrada foi de 69,15 anos. CPO obtido foi de 28,67 sendo que des-tes, 9,21% dos dentes remanescentes eram cariados, 80,39% eram perdidos e 7,07% com extração indica-da. Dos examinados, 100% necessitavam de prótese total e / ou parcial, com 40,00% da amostra sendo desdentada total. Portadores de esquizofrenia, trans-tornos esquizotípicos e transtornos delirantes corres-ponderam a 67,50% da amostra. Portadores de trans-tornos mentais orgânicos a 30,00% e 2,50% a retardo mental. Fazia uso de uma ou duas diferentes classes de psicotrópicos 67,50% da amostra. A dependência em pelo menos uma das AVD ficou demonstrada em 72,50% dos casos. Para as AIVD, 81,25% acusou dependência nas sete funções avaliadas. Conclusão: Os achados evidenciam um quadro epide-miológico bastante crítico dessa população, indicando o fracasso de medidas interpostas no passado e a necessi-dade urgente de implantação de programas educativos, curativos, reabilitadores e de humanização. Foram de-tectadas dificuldades quanto ao uso de prótese e não pôde ser constatada relação direta da quantidade de psi-cotrópico usada, alto grau de dependência nas AVD e incapacidade em receber tratamento odontológico.

P026 - Nível de conhecimento relativo ao câncer bucal em pós-graduandos em Saúde Pública, ma-triculados em duas faculdades particulares locali-zadas no Estado de São Paulo.

Eduardo Roberto Montel (IAMSPE), Luciano Martins (Coordenadoria Serviços Saúde)

Introdução: Segundo a Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil para 2006, este tumor apresentará 10.060 casos estimados entre homens e 3.410 entre as mulheres. As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. O aumento da expectativa de vida em nossa população também tem contribuído para o aumento do número de casos. Considerando que o diagnóstico e tratamento nos momentos iniciais é o melhor caminho para manter a qualidade de vida, o desejável é ter uma equipe multidisciplinar dotada de conhecimentos adequados, com capacidade de orien-tar aos usuários dos serviços de saúde sobre a impor-tância do auto-exame bucal e da necessidade de a-companhamento profissional quando estiverem pre-sentes alterações de normalidade. Métodos: O presente estudo teve como objetivo ava-liar o conhecimento sobre o câncer bucal em pós-graduandos em Saúde Pública, matriculados em duas faculdades particulares localizadas no Estado de São Paulo. Foram entrevistados 143 alunos, os quais inici-aram o curso de especialização em 2005, sendo os dados coletados no ano em questão. O questionário desenvolvido foi aplicado no decorrer do ano letivo, sem identificação do entrevistado e da faculdade. Resultados: Foi observado nos questionários a pre-dominância do sexo feminino, com 81,82% e a faixa etária de 30 a 39 anos com 35,66%. A enfermagem representou a área de graduação mais freqüente entre os alunos, com 39,86%. Em relação à auto-avaliação do nível de conhecimento sobre câncer bucal, 52,30% consideraram regular seu conhecimento, enquanto 60,84% não sabiam dizer em qual estágio o câncer bucal era mais freqüentemente diagnosticado no Bra-sil. A maioria, 58,74%, não sabia como observar sua cavidade bucal com auxílio do espelho. Em relação a ter sido informado pelo dentista sobre o auto-exame da cavidade bucal, 69,23% não recordavam. Quanto à faixa etária mais comum para a ocorrência do câncer bucal, 39,86% responderam acima de 40 anos, en-quanto 72,03% reconheceram como alta a importância

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do cirurgião-dentista na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer bucal. Quando questionados se haviam tomado conhecimento de alguma campanha de prevenção e diagnóstico precoce de Câncer Bucal, apenas 25,17% responderam afirmativamente. Conclusão: Cada vez mais se torna necessária a par-ticipação de uma equipe multidisciplinar prestando orientações sistemáticas aos pacientes sobre as formas de prevenir e detectar rapidamente alterações bucais, almejando assim diminuir a incidência do câncer bu-cal. Avaliando o conhecimento de profissionais de áreas distintas que ingressaram na pós-graduação em Saúde Pública, observou-se que alguns aspectos rela-cionados ao câncer bucal eram desconhecidos da mai-oria, desde o auto-exame até campanhas preventivas, sendo necessário assim enfatizar essas ações a estes profissionais e aos de outros cursos de pós-graduação na área da saúde. Manter esse desconhecimento, sig-nifica estar contribuindo para a incidência elevada de casos de câncer bucal diagnosticados em fases avan-çadas e pelo índice baixo de medidas preventivas uti-lizadas por parte da população.

P117 - Saúde do trabalhador: conduta das empre-sas frente a aceitação dos atestados odontológicos.

Artênio José Isper Garbin (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Sali-ba Garbin,(Prog. Pós-grad. em Od. P rev. e Soc. da FOA-UNESP), Daniela Coelho de Lima,(Prog. Pós-grad. em Od. P rev. e Soc. da FOA-UNESP),Ronald Jefferson Martins,(Prog. Pós-grad. em Od. P rev. e Soc. da FOA-UNESP),Lídia Regina da Costa Hidalgo (Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP).

Introdução: O cirurgião-dentista e médico como pro-fissionais de saúde têm responsabilidades no exercício de sua profissão, pois lidam com a saúde do indiví-duo. Em função disso existem Normas Éticas e Legais que norteiam o profissional, sendo a elaboração de atestados uma destas. O aceite do atestado pelas in-dústrias é importante, pois este é um dos fatores que incentivam o trabalhador a cuidar de sua saúde e con-seqüentemente manter sua produtividade na indústria, visto que, os problemas de origem bucal causam des-conforto físico e emocional no trabalhador. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a validação de atestados médico e odontológico pelas indústrias da região Noroeste Paulista. Métodos: O estudo foi realizado em 40 indústrias através de um questionário semi-estruturado sendo postado via correio.

Resultados: Observou-se que a maioria das indús-trias era de médio (37,5%) e pequeno (35%) porte. Todas afirmaram aceitar o atestado médico e 95% o odontológico. D entre as que validavam o atestado odontológico 60,53% aceitavam independente do pro-cedimento realizado, 28,95% somente em procedi-mentos cirúrgicos e os demais em outros casos. Para a validação dos atestados médico e odontológico, em ambos, 77,5% das indústrias exigiam a assinatura do profissional, carimbo e CID, 20% assinatura do pro-fissional e carimbo e 2,5% assinatura do profissional, carimbo, CID e selo. Conclusão: Verificou-se que a maioria das empresas afirma aceitar o atestado médico e odontológico. En-tretanto, há um grande número de indústrias que colo-cam obstáculos na validação dos mesmos, aceitando-os às vezes somente em procedimentos cirúrgicos. O diagnóstico precoce para a identificação de manifesta-ções de doenças orais e ocupacionais é de extrema importância, pois visa a melhoria da saúde oral do trabalhador. Assim sendo, há necessidade que as in-dústrias sejam conscientizadas da importância da va-lidação do atestado visto que, o trabalhador com saú-de comprometida diminui a produtividade em sua função.

P132 - A utilização da Classificação Internacional de Doenças pelos cirurgiões-dentistas no serviço público.

Artênio José Isper Garbin (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Cléa Adas Saliba Garbin, Ronald Jefferson Martins (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Ana Carolina da Graça Fagundes(Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP), Renata Reis dos Santos (Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP).

Introdução: Os atestados odontológicos são documen-tos legais de grande valia, que servem para justificar as faltas ao trabalho em estados mórbidos e outros, asse-gurando o pagamento dos respectivos salários, desde que apresentem a codificação da enfermidade, ou seja, a Classificação Internacional de Doenças, conforme especificado por Acórdão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), dissídio da categoria e estatuto muni-cipal. A falta desta pode acarretar a rejeição do atestado por falta de diagnostico, por órgãos previdenciários e empregadores. O objetivo do trabalho foi verificar a conduta dos cirurgiões-dentistas que atuam em quatro municípios do noroeste do Estado de São Paulo, quanto ao uso da Classificação Internacional de Doenças

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(CID) na emissão de atestados odontológicos. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesqui-sa, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba. Métodos: Foi entregue um questionário auto-administrado com perguntas abertas e fechadas sobre a CID, aos cirurgiões-dentistas que trabalham no ser-viço público. As perguntas abordavam temas como: emissão de atestados, utilização, importância e difi-culdade na utilização da CID. Resultados: Após uma semana estes questionários foram recolhidos, sendo que do total de 42 dentistas, 22 (52,38%) responderam as perguntas. Os resultados demonstraram que 19 (86,36%) dos cirurgiões-dentistas emitem atestados odontológicos, e dos que emitem 11 (57,89%) possuem a CID no consultório ou empresa que trabalham, sendo que, destes 6 (54,55%) utilizam-na esporadicamente ou não a utilizam e 3 (15,79%) relatam ter dificuldade de enquadrar o proce-dimento odontológico ao mesmo. Apesar de 14 (73,68%) dos cirurgiões-dentistas acharem importante a utilização da CID, nenhum relacionou seu uso com o aspecto legal do abono da falta do trabalhador. Conclusão: Conclui-se que existe a necessidade de maior conscientização dos cirurgiões-dentistas da im-portância da utilização da CID na emissão dos atesta-dos odontológicos tanto para justificar as faltas dos trabalhadores, mas também para facilitar a comunica-ção entre os profissionais da saúde.

P157 - Avaliação do desconforto ocupacional: nível de ruído de uma clínica de graduação.

Nelly Foster Ferreira* (FOA-Unesp), Artênio José Isper Garbin (FOA-Unesp), Cléa Adas Saliba Garbin (FOA-Unesp), Newton Luiz Ferreira (FOA-Unesp).

Introdução: O aumento das fontes produtoras de ruí-do tem prejudicado a qualidade de vida dos profissio-nais, acelerando a deterioração do aparelho auditivo, podendo causar lesões irreversíveis, dependendo da intensidade do ruído e do tempo de exposição. O obje-tivo do presente estudo foi uma avaliação ocupacional do nível de ruído produzido em 40 equipos ocupados por 80 alunos divididos em duplas, durante a ativida-de clínica, da Clínica Integrada de graduação da Fa-culdade de Odontologia de Araçatuba UNESP, e aler-tar os futuros profissionais da importância da tomada de medidas preventivas contra as doenças ocupacio-nais que acometem o cirurgião dentista. Métodos: O instrumento para quantificar o nível de ruído foi um dosímetro modelo Q-400 marca Quest Technologies, fixado em um aluno voluntário, durante o atendimento clínico.

Resultados: Os resultados mostraram que nível de ruído, os resultados mostraram que tanto a média, máximo, e mínimo (76,0 dB; 83,4 dB e 70,0dB, res-pectivamente) não consta de uma atividade insalubre conforme a NR-15 da norma de Segurança e Medicina do Trabalho e não estabelece a obrigatoriedade quanto ao uso do protetor auditivo. No entanto o valor máxi-mo ficou acima do limitado de 80 dB da norma NR-17, e por fim, todos os valores ficaram acima de 65 dB da norma NBR-10152 de conforto acústico. Conclusão: Conclui-se que O profissional deve ado-tar medias de comportamento preventivo, como o uso do protetor auricular, mesmo que não obrigatório, para evitar lesões auditivas ao longo de sua carreira. C abe ressaltar que as Universidades devem realizar avaliações de insalubridade nas clínicas de graduação, e assim alertar os futuros profissionais dos riscos ocu-pacionais, o qual estão expostos. Apoio: CAPES.

P161 - Avaliação do desconforto físico após o tra-tamento odontológico – uma visão do profissional.

Artênio José Isper Garbin (FOA-Unesp), Nelly Foster Ferreira (FOA-Unesp), Cléa Adas Saliba Garbin (FOA-Unesp), Newton Luiz Ferreira (FOA-Unesp).

Introdução: A ergonomia na odontologia tem como objetivo a prevenção da fadiga e o maior conforto, tanto do profissional quanto do paciente, proporcio-nando condições ideais de ambientação, melhorando assim a qualidade e a produtividade do trabalho. O presente estudo teve o objetivo de avaliar as queixas de desconforto de alunos do 4º ano de graduação de duas Faculdades de Odontologia (n=85) após o aten-dimento de diversas especialidades. Métodos: O instrumento de coleta de dados foi um questionário contendo perguntas abertas e fechadas referentes à posição de trabalho, conhecimento e apli-cação dos fundamentos de ergonomia, e queixas do profissional. Os dados foram digitados e analisados pelo Software Epi Info 6.04. Resultados: Os resultados mostraram que 35% dos entrevistados apresentavam algum tipo de lesão antes de iniciar o curso, e deste total 67% relataram que houve agravamento destas lesões. A maioria dos alu-nos afirmou ter conhecimento sobre os fundamentos da ergonomia (75%), no entanto, 70% praticam ‘visão indireta’ às vezes, 15% em algumas especialidades, 2% nunca, 9% sempre e 4% não responderam. No que tange à utilização de salto pela população feminina, 60% afirmou positivamente. Conclusão: Diante do exposto conclui-se que os alu-nos não estão praticando integralmente os fundamentos

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de ergonomia, sendo de grande valia a reciclagem des-ses conhecimentos, pois são profissionais jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Apoio: Capes.

R048 - Tratamento odontológico para pacientes com necessidades especiais.

Any Aparecida de Carvalho (SMS-DO-P. M. de Artur Nogueira-SP), Élcio Ferreira Trentin (SMS-DO-P. M. de Artur Nogueira-SP), Jaime Luis Alonso (SMS-DO-P. M. de Artur Nogueira-SP).

Introdução: A situação bucal em pacientes portado-res de necessidades leves e moderadas é de acúmulo de necessidades, devido à grande dificuldade destes pacientes em manter uma boa higiene oral (limitações físicas e psíquicas), além de alterações fisiológicas e medicamentosas. A cárie dental e a doença periodon-tal aparecem como os principais problemas. Diante de tais necessidades foi implantada, em 2005, uma parce-ria entre a SMS-PM de Artur Nogueira e a APAE do município, onde é realizado tratamento odontológico. Métodos: O atendimento ambulatorial é realizado no consultório odontológico da APAE, onde o cirurgião-dentista trabalha à quatro ou seis mãos, utilizando-se da técnica de restrição física de movimentos voluntá-rios e involuntários dos pacientes. Isto é realizado através de mecanismos como contenção manual, en-velopamento com lençóis e calça de posicionamento. São realizados procedimentos preventivos, curativos e cirúrgicos. Os procedimentos terapêutico-preventivos são a escovação supervisionada, bochechos com fluor e antissépticos bucais, estes dependendo do grau de severidade da síndrome do paciente. Resultados: Após 15 meses de parceria observa-se uma queda da severidade de gengivite e periodondite, como também da incidência da cárie dental. Isto re-sulta não só do tratamento curativo propriamente dito, mas também da conscientização e colaboração de pais ou responsáveis quanto aos cuidados preventivos, já que são medidas de eleição, principalmente em paci-entes com necessidades especiais. Conclusão: A saúde bucal em controle é de extrema importância para a evolução destes pacientes como um todo; eliminando assim o que poderia ser uma barreira para a qualidade e participação na vida social.

R082 - Experiência em programa preventivo no Japão.

Sonomi Miriam Yano Takita (CRT-DST Aids).

Introdução: O conhecimento de métodos de preven-ção de doenças empregados em diferentes países

constitui subsídio para o aprimoramento do atendi-mento na área de saúde no Brasil, em particular no campo de atuação da saúde pública, na área de saúde bucal. Muitas vezes o técnico em saúde pública pode ter muita experiência ambulatorial, mas não consegue transferir seu saber na elaboração de propostas de prevenção. Métodos: A JICA (Japan International Cooperation Agency) – órgão governamental japonês, oferece um programa de estágio para seus descendentes. Neste programa, são oferecidos estágios, concedendo bolsas de estudo a descendentes e que desejam aprimorar seus conhecimentos. O período do estágio foi de 6 de agosto a 5 de novembro de 2005. Na Universidade de Kyoto, Faculdade de Saúde Pública. Teve como obje-to de estudo práticas preventivas em DST-HIV / Aids. Resultados: No Japão estima-se a existência de a-proximadamente 20.000 pessoas vivendo com HIV / Aids. A prevalência do HIV / Aids é muito baixa e, consequentemente, pouca atenção se dá à epidemia na sociedade japonesa. A Faculdade de saúde pública a qual visitei contemplou 2 enfoques. Junto aos adoles-centes o governo japonês iniciou o programa preven-tivo em HIV / Aids a partir de 2004 e, atualmente, este programa está sendo implantado em todo o país. Trata-se do Projeto WYSH (well being in youth in sexual health). Foi desenvolvido baseando-se em a-proximadamente 140.000 entrevistas aplicadas em alunos da faixa etária de 13 a 16 anos, seus respecti-vos pais e professores, conforme modelo do marke-ting social. Relativamente à população de trabalhado-res imigrantes no Japão, não existem programas pre-ventivos para este segmento populacional. No caso específico do imigrante latino americano tal hiato foi parcialmente atendido pela ONG Criativos, com a proposta de disponibilizar treinamento de atendentes visando o acompanhamento do paciente junto aos órgãos de saúde japoneses. Trata-se de trabalho vo-luntário, tendo recebido algum apoio, no ano de 2002, do Ministério da Saúde, Programa Brasileiro de AIDS, pelo “Programa de Assistência e Prevenção em DST e AIDS”. Conclusão: O sucesso do programa brasileiro de Aids deve-se, certamente, ao enfrentamento da epi-demia com uma visão de saúde pública, sem caracte-rística de preconceito e exclusão. O Brasil, apesar de ser um país de “eternos” conflitos políticos, tem uma proposta de combate a Aids a apresentar ao mundo, pois seu eixo principal é o respeito aos direitos huma-nos. Tal postura, indiscriminatória, possibilita o aten-dimento amplo da população brasileira no tocante à saúde pública. Como resultado da experiência acumu-lada nesta área, o Brasil se posiciona como elemento

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de vanguarda para a transmissão de conhecimentos. Em tal amplitude, acredito que o Japão possa absorver e trabalhar tais conhecimentos para depois divulgar junto a países dentro de sua esfera de influência, na Ásia, onde a Aids cresce de maneira assustadora.

R106 - Perfil pressórico de voluntários em uma campanha de saúde bucal.

Fernanda Rezende Gonçalves (FO-SLMandic), Joice Santin (FO-SLMandic), Flávia Martão Flório (FO-SLMandic), Daniela de Paula Silva(FO-SLMandic), Juliana Cama Ramacciato (FO-SLMandic), Fernanda Lopez Cunha (FO-SLMandic), Vanessa Rocha Lima Shcaira (FO-SLMandic).

Introdução: A Hipertensão Arterial é uma das doen-ças crônico-degenerativas que, se não tratada, resulta em lesão progressiva de órgãos-alvo e conseqüente limitação das funções vitais do indivíduo. O diagnós-tico precoce muitas vezes é realizado pela aferição da pressão arterial (PA) pelo cirurgião-dentista durante o exame clínico de rotina. Este trabalho teve como obje-tivo avaliar a pressão arterial de voluntários da Cam-panha para Prevenção de Câncer Bucal e detecção de Queilite Actínica, realizada na cidade de Campinas-SP. Métodos: Participaram deste levantamento 366 indi-víduos, que se submeteram a aferição da PA. Resultados: Do total avaliado, 27% tinham entre 40 e 50 anos, sendo que 20,8% destes apresentaram Hi-pertensão Arterial Sistólica Estágio 1 (HASE1) e 7,1% Estágio 2 (HASE2). Dos indivíduos entre 60 e 70 anos (16,9%), 32,5% apresentaram HASE1 e 35,7% HASE2. Com relação à pressão diastólica, dos pacientes no Estágio 1, 58,3% tinham entre 40 e 70 anos enquanto dos classificados em Estágio 2, 97,8% estavam nesse intervalo de idade. Avaliando as pres-sões sistólica e diastólica, 24,3% eram hipertensos E1, 17,2% E2, 18,6% normotensos e 39,9% pré-hipertensos. O uso de antihipertensivos era feito por 21,6% da amostra, sendo que 64% dos usuários apre-sentavam no momento da coleta hipertensão E1 e E2. Conclusão: Conclui-se com este trabalho que o nú-mero de pessoas que desconheciam alterações em sua pressão arterial foi relativamente significativo, pois o uso de antihipertensivos era feito por apenas 21,6% da amostra, sendo que 64% dos usuários apresentavam no momento da coleta hipertensão E1 e E2. Assim, percebe-se que é de grande importância esse fato, pois muitos medicamentos utilizados pelos profissionais da área odontológica influenciam de certa maneira nos níveis pressóricos de seus pacientes.

R119 - Elaboração e execução de um projeto de pesquisa acadêmico sobre saúde bucal em Pro-grama de Saúde da Família.

Jamyle Calencio Grigoletto (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-EERP / USP), Angela Maria Magosso Takayanagui (Programa de PG em Enfermagem em Saúde Pública do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-EERP / USP).

Introdução: Os últimos anos no Brasil foram marca-dos pelo aumento de cursos de nível superior princi-palmente de Pós-Graduação (PG) Stricto e Lato Sensu. Os cursos de PG Lato Sensu são oferecidos aos gradu-andos em curso superior, sendo direcionados ao trei-namento profissional ou científico, conferindo certifi-cado de Especialista. Os cursos de PG Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado) visam à formação de recursos humanos qualificados, com vistas ao ensino, pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. É indiscutí-vel a participação que as universidades têm dado na construção do conhecimento rumo à excelência da e-ducação no plano nacional; entretanto, o compromisso com a sociedade, na divulgação dos resultados das pes-quisas, utilização de dados ou tecnologias pela comu-nidade e produção do conhecimento necessário para subsidiar ações em serviços públicos, tem sido pouco explorado. Na área de saúde bucal, as pesquisas são, em sua maioria, direcionadas a testes de materiais, pro-dutos e desenvolvimento de aparelhos odontológicos, que são importantíssimos para o avanço tecnológico na área, mas dificilmente são usados pela maioria das pes-soas; no entanto, a pesquisa na comunidade, feita para colaborar no planejamento de ações odontológicas dos serviços é pouco realizada. Métodos: Esse trabalho objetivou relatar a trajetória percorrida para elaboração e execução de um projeto de investigação em saúde bucal em uma comunidade cadastrada num Núcleo de Saúde da Família (NSF) de Ribeirão Preto-SP, colaborando para a produção aca-dêmica da área, auxiliando o planejamento político-administrativo e execução de ações odontológicas nos serviços públicos. O projeto foi realizado como parte das atividades desenvolvidas por uma aluna do Curso de Pós-Graduação (PG) multidisciplinar em Enferma-gem em Saúde Pública da EERP da USP de Ribeirão Preto-SP, nos anos de 2005 a 2006. Resultados: O primeiro passo (fase decisória) foi a escolha do tema, a delimitação do problema de pes-quisa, que ocorreu a partir da vivência de três meses da aluna em um NSF de Ribeirão Preto, gerando a

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motivação para se levantar dados sobre a percepção, o conhecimento e as atitudes, em relação à saúde bucal da comunidade cadastrada no programa. No segundo passo, fase construtiva, foi realizada a construção do projeto de pesquisa e sua execução; nesta etapa foi feita a apresentação do projeto de pesquisa contendo a revisão de literatura, justificativa do estudo, objetivos, local e população a ser pesquisada, ao comitê de ética da instituição de saúde, bem como para a Equipe do NSF. A elaboração e validação do conteúdo do ins-trumento de pesquisa, a coleta de dados, realizada pelo aluno de PG, a busca da colaboração de um esta-ticista para a avaliação do instrumento, previamente submetido à apreciação de 4 juízes, constituídos por docentes com experiência em saúde pública também ocorreram nessa fase. Na última fase (redacional) foi realizada a análise dos dados e resultados obtidos, organizando-os para a elaboração do relatório final, a ser entregue à Comissão de PG e a Equipe do NSF. Em todas as etapas houve a participação conjunta da orientadora da aluna Conclusão: Considera-se como destaque, o aprofun-damento da aluna nas questões metodológicas da investigação e no conteúdo teórico relacionado à temática do estudo, o que propiciou uma base de sustentação para se trabalhar os dados levantados, bem como para a sua avaliação, de forma crítica e participante, propiciando uma melhor compreensão, tanto do processo acadêmico, quanto do seu papel de futuro formador na sociedade. Essa vivência também foi importante para a orientadora, no sentido de ampliar sua visão sobre os diferentes campos da investigação da saúde pública, assim como na formação acadêmica em pesquisas de campo. As autoras ressaltam a impor-tância do papel das universidades e, principalmente, dos cursos de pós-graduação, na colaboração com os serviços de saúde pública, auxiliando-os na busca da melhoria das condições de vida das pessoas.

R130 - Tratamento conservador de fratura de côndilo mandibular, apresentação de caso clínico.

Mauricio Flaminio Amato (Prefeitura Municipal da Estância Balneária de Peruíbe).

Introdução: O traumatismo do esqueleto facial tem, nos últimos anos, a incidência aumentada na popula-ção das pequenas e médias cidades. Dentre as causas podemos destacar as agressões físicas, que após os acidentes envolvendo veículos motorizados tem se apresentado como motivos das fraturas dos ossos da face, dentre estas lesões podemos citar as fraturas simples da mandíbula. Entre as formas de tratamentos

descritas na literatura estão as cirúrgicas e não-cirúrgicas, sendo o fator determinante para a escolha do tratamento as características clínicas e radiográfi-cas juntamente com a idade do individuo. O presente trabalho tem por objetivo mostrar o tratamento não-cirúrgico de uma fratura de côndilo mandibular dentro do serviço de odontologia do município de Peruíbe. Métodos: Paciente procurou a UBS referendado do mu-nicípio de Registro para avaliação pelo serviço de Cirur-gia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) do mu-nicípio de Peruíbe dois dias passadas à agressão física. Na anamnese referiu agressão por soco na região mentual com perda da consciência, tendo procurado o serviço médico local na manhã seguinte a ocorrência com dor à mastigação e dificuldade para abrir a boca, recebeu avali-ação do médico de plantão que em seguida encaminhou o paciente para o serviço de CTBMF de Peruíbe com sus-peita de fratura de mandíbula. Tendo a confirmação da fratura de côndilo mandibular através do exame clínico e radiográfico realizado na unidade hospitalar de Peruíbe, foi instituído o tratamento ambulatorial não-cirúrgico através do bloqueio maxilo-mandibular rígido com barras de Erich e fio de aço n° 01 por 14 dias, seguido do blo-queio semi-rígido com elástico por mais 14 dias, reali-zando controle semanal durante o período de tratamento para avaliação da evolução da fratura. Resultados: Paciente apresentou evolução favorável após tratamento não-cirúrgico, recuperando a oclusão, abertura bucal satisfatória, sem dor ou disfunção na articulação temporomandibular até o momento, se-guindo sob controle clínico e radiográfico no ambula-tório de CTBMF de Peruíbe passados 40 dias do iní-cio do tratamento. Conclusão: Podemos concluir que é possível realizar diagnóstico e instituir tratamento das fraturas ditas não-cirúrgicas do esqueleto da face nos serviços municipais de odontologia, desde que tenham a atuação do profis-sional na equipe especializado no diagnóstico e trata-mento destas lesões, possibilitando assim aos serviços de saúde dos municípios médios e pequenos otimiza-rem os recursos dispensados para transferência dos pacientes acometidos para os grandes centros hospita-lares, onde encontramos a maior parte destes profissio-nais. Ficando reservados o encaminhamento e a trans-ferência apenas aos casos que dispensam recursos tera-pêuticos de maior complexidade, existindo a necessi-dade de intervenções cirúrgica em ambiente hospitalar sob anestesia geral para tratamento das lesões.

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R180 - Qualidade de vida: uma abordagem multi-profissional junto ao idoso.

Tanira Peres de Freitas (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-lina / Faculdades Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Aline Arcanjo Gomes (Residência Multipro-fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde San-ta Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Ministé-rio da Saúde), Angela Libert Alves (Residência Multi-profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Mi-nistério da Saúde), Adriana Almeida Jecks (Residên-cia Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-lina / Ministério da Saúde), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-lina)

Introdução: A proporção de idosos no Brasil repre-sentará 10% da população total ao terminar a primeira década do século XXI. Isto significa que o país deve estar preparado para atender às demandas sociais, sanitárias, econômicas desta população. Os idosos têm características biológicas, sociais e psicológicas pecu-liares, que fazem com que a abordagem diagnóstica e terapêutica de tais indivíduos mereça especial aten-ção. Modificações em grande parte das estruturas e dos órgãos do corpo humano ocorrem durante toda a vida e são fisiológicas. Com o aumento da idade, estas modificações podem resultar em distúrbios funcio-nais. A Equipe Multiprofissional da Residência em Saúde da Família (composta por 1 fisioterapeuta, 1 fonoaudióloga e 2 cirurgiãs-dentistas) criou um grupo de intervenção terapêutica com os idosos, com o obje-tivo de desenvolver ações de promoção de saúde para a manutenção e / ou melhoria da qualidade de vida desta população. Métodos: O presente trabalho foi desenvolvido na área de atuação da equipe multiprofissional em Saúde da Família da UBS Dr. T hérsio Ventura, unidade esta, localizada no bairro de Vila Jacuí, zona leste do município de São Paulo. A experiência teve início com a busca ativa de idosos funcionalmente indepen-dentes cadastrados na área de atuação da equipe. A partir da identificação dos mesmos, foi estruturado um grupo com 10 indivíduos entre 55 e 70 anos de idade. O trabalho em grupo ocorreu semanalmente, com a duração de uma hora, pelo período de 4 meses. Foram abordados aspectos motores e cognitivos, através de atividades que estimulam o equilíbrio, coordenação motora, organização corporal, atenção, memória, bem

como a auto-estima. Também foram explorados temas de interesse dos participantes através de dinâmicas. Resultados: O interesse dos participantes aumentou gradativamente, assim como a disposição dos mesmos para a realização de novas atividades. Os idosos rela-taram melhora na capacidade de memória, expressão corporal e na socialização com outros indivíduos, ge-rando benefícios para a sua vida cotidiana. Conclusão: A estratégia de trabalho em grupo com idosos, visando a promoção de saúde, permitiu a in-serção social dos mesmos, além da melhora na quali-dade de vida. Também foi observado melhor desem-penho em atividades motoras e cognitivas de todos os participantes.

R184 - Mutirão de saúde realizado por equipe mul-tiprofissional de Saúde da Família da UBS Vila Nova Curuçá - zona leste do município de São Paulo.

Carolina Nunes de Oliveira Silva (Residência Multi-profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina / Mi-nistério da Saúde), Eloiza Helena da Silva Brandão (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Juliana Mendes de Melo (Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Paula Vartui Eserian (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Facul-dade Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Suzana Maria Velloso Dutra (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-lina / Faculdade Santa Marcelina / Ministério da Sa-úde), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Mar-celina / Faculdade Santa Marcelina).

Introdução: A Residência Multiprofissional em Saú-de da Família é financiada pelo Ministério da Saúde e vem sendo desenvolvida na zona leste do município de São Paulo em parceria com a Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina. Por se multi-profissional, possibilita a interação de várias categori-as profissionais da área da saúde a trabalharem em equipe e de um modo particularmente interessante, pois os residentes são inseridos em uma equipe que desenvolve a estratégia Saúde da Família. Tal possibi-lidade permite uma visão multifacetada da realidade, onde cada categoria profissional, revela a realidade sobre seu prisma, e este conjunto de saberes, trabalha-dos em equipe, possibilita múltiplas opções de ação. Em tais circunstâncias, uma equipe formada por 1

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médica, 1 enfermeira, 2 auxiliares de enfermagem, 5 Agentes Comunitárias de Saúde e 2 residentes de odontologia, 1 de nutrição, 1 de enfermagem e 1 de medicina, a partir do diagnóstico da área propuseram a realização de um mutirão, para envolver o maior número de crianças residentes na área, que não fre-qüentavam a unidade de saúde de uma forma regular. Métodos: Os Agentes Comunitários de Saúde convi-daram todos os pais ou responsáveis por crianças de 0 a 11 anos de idade, residentes na área de atuação da equipe, a comparecerem juntamente com seus filhos, em data definida, com horário flexível (entre 9 e 16 horas) em um equipamento social, situado na área de atuação da equipe, levando carteira de vacina. Os re-gistros foram realizados em formulários próprios, ela-borados para o evento. Foram coletadas informações referentes ao estado nutricional (peso e altura), situa-ção de saúde bucal (risco à cárie, índice de má-oclusão e índice de alteração gengival) e aspectos da saúde geral da criança, de interesse comum da área médica e de enfermagem (verminose, pediculose, es-cabiose e situação vacinal). Quando identificada al-guma situação de risco ou de doença instalada, os pais / responsáveis receberam orientações de acordo com a situação apresentada e prescrição medicamentosa se o

caso exigisse. No caso de vacinação em atraso, os pais / responsáveis foram orientados a levar a criança à UBS para realizar a vacinação. Verificada alguma situação considerada de urgência odontológica, a cri-ança era encaminhada imediatamente para a UBS. As crianças classificadas como alto risco foram encami-nhadas para grupo de escovação, realizados na unida-de, com aplicação de flúor (de acordo com a idade) após o qual teria sua consulta odontológica agendada. Resultados: Compareceram 69 crianças à atividade. Entre elas, 51 (75%) foram consideradas eutróficas em relação ao seu estado nutricional, 7 (10,3%) foram consideradas em risco de desnutrição, 3 (4,4%) com desnutrição leve e 7 (10,3%) com desnutrição mode-rada / severa. Em relação à cárie dentária, 48 (69,6%) foram consideradas de baixo risco, 1 (1,4%) de médio risco e 20 (28,9%) de alto risco. Em relação à má-oclusão 46 (66,7%) foram consideradas com oclusão normal, 10 (14,5%) com má-oclusão leve e 13 (18,8%) com má-oclusão moderada / severa. Conclusão: A atividade foi válida, pois permitiu i-dentificar situações de risco e de doença instalada que poderão receber atenção por parte da equipe multipro-fissional no decorrer do ano.

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Resumos dos trabalhos 105

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Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal (Atenção Básica / PSF e PACS – Centros de Especialidades – Humanização e Acolhimento)

P038 - Panorama da atenção em saúde bucal no Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo de 1995 a 2003, segundo Direção Regional de Saúde e porte de municípios.

Maria da Candelária Soares (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Roberto A. C. Fernandez (Fa-culdade de Saúde Pública da USP), Tania Izabel B. Forni, Vladen Vieira (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) e Doralice Severo da Cruz (SMS-SP).

Introdução: A Constituição Brasileira de 1988 reco-nhece como inerente à condição do ser humano o di-reito à saúde e, portanto, à saúde bucal, que é parte indissociável da saúde geral, criando, para a realiza-ção desse direito, o Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos: Assim, objetivou-se analisar como esse direito, no que tange à saúde bucal, foi realizado no Estado de São Paulo no período de 1995 a 2003. Fo-ram utilizados indicadores obtidos a partir de dados de produção do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS, dados informados por 525 municípios em res-posta a questionário encaminhado aos 645 municípios do estado, analisados segundo porte de município e área de abrangência das Direções Regionais de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Indi-cadores de qualidade foram obtidos por meio de dados disponibilizados pelo Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde e dados oficiais de pesquisas epidemiológicas. Resultados: Observou-se nesse período uma amplia-ção dos procedimentos odontológicos da atenção bá-sica em relação ao total de procedimentos básicos e um índice médio de 0,65 procedimento individual básico por habitante. Os procedimentos especializados representaram em média 5,59% do total de procedi-mentos odontológicos, e um índice de 0,038 procedi-mento por habitante. Os índices foram mais desfavo-ráveis nos municípios e regiões de maior densidade populacional. Segundo dados da pesquisa, aproxima-damente 30% dos municípios não universalizaram a assistência odontológica. A relação cirurgião-dentista (CD) por habitante variou, do menor para o maior porte, de 1CD:1.003 para 1 CD: 8.548; a média do estado foi de 1CD:3.552 habitantes. 95% da popula-ção têm acesso à água tratada e fluoretada e o índice CPO-D, aos 12 anos, foi de 2,75 em 2002.

Conclusão: Apesar da evolução observada no perío-do, é necessário ainda um esforço dos três níveis de gestão do SUS, com a necessária participação da soci-edade, para que o direito constitucional de acesso in-tegral às ações e serviços de saúde bucal se efetive para o conjunto da população residente no Estado de São Paulo.

P042 - Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre aspectos bioéticos do tratamento odontológico.

Patrícia Elaine Gonçalves (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Sali-ba Garbin (Programa Pós-graduação em Odontolo-gia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP), Artênio José Isper Garbin (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventi-va e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatu-ba-UNESP), Suzely Adas Saliba Moimaz (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP).

Introdução: A relação profissional / paciente e sua importância para o bom andamento, e sucesso do tra-tamento odontológico devem ser refletidas mediante seus aspectos bioéticos. Métodos: Nosso estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas (n=163) que realizam curso de especialização na Universidade Estadual Paulista – UNESP, sobre esses aspectos. Resultados: Dentre os pesquisados, 88,1% mencio-nam que a decisão do tratamento deve ser realizada em comum acordo entre o profissional e o paciente, porém, 26,4% relatam que a participação do paciente e / ou seu responsável legal na decisão pode interferir de maneira negativa. A atuação do profissional quan-do o paciente opta por um tratamento menos conveni-ente, 95,6% tentam convencê-lo de que não é a me-lhor opção e mude para a melhor, mantendo o modelo paternalístico. Foi observado que 20,3% não soube-ram relacionar a importância da interação profissional / paciente para o tratamento odontológico. Conclusão: Conclui-se que muitos cirurgiões-dentistas não estão levando em consideração esses aspectos bioéticos na prática clínica.

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 106

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P056 - Desempenho do cirurgião-dentista no pro-grama de saúde PAIDÉIA de Campinas – SP.

Maria Cristina Silveira Cerávolo (Faculdade de O-dontologia de Piracicaba – UNICAMP); Dagmar de Paula Queluz (Faculdade de Odontologia de Piraci-caba – UNICAMP).

Introdução: O objetivo deste estudo é identificar o desempenho do dentista inserido no programa de saú-de PAIDÉIA, engajado na inversão do modelo assis-tencial. Métodos: A coleta de dados foi realizada através de aplicação de questionário em 200 dentistas da Secre-taria Municipal de Campinas que integram o progra-ma PAIDÉIA. Resultados: Após análise dos resultados observamos que os cirurgiões-dentistas desenvolvem seu trabalho em 47 distritos de saúde. São 76 cirurgiões-dentistas do sexo feminino e 45 do sexo masculino; na faixa etária de 27 a 67 anos, com tempo de trabalho na pre-feitura de 6 meses a 42 anos (65% de 6 a 15 anos); com forma de contratação por concurso público (n=109); com jornada de trabalho de: 63 com 20 ho-ras, 10 com 30 horas, 48 com 36 horas; sendo que 109 participam das reuniões de equipes multidisciplinares de sua unidade básica de saúde com periodicidade semanal (72%); considerando a sua participação mui-to importante (54%); estabelecendo vínculos com as famílias cadastradas de sua área de abrangência (39%), a equipe trabalhando com critérios de risco para a identificação dos indivíduos / famílias mais vulneráveis (88%); levando em consideração a classi-ficação de risco para efeito da organização do agen-damento (86%). Conclusão: Concluímos que a inserção do dentista no programa PAIDÉIA encontra muitos desafios que deverão ser repensados. O novo modelo assistencial em todo o Brasil está sendo lapidado e se torna inevi-tável que se busque um grande aprofundamento nas transformações ocorridas na forma de se fazer saúde.

P058 - Atuação dos cirurgiões-dentistas no Pro-grama Saúde da Família na região de Piracicaba - DIR XV.

Tatiana Bueno de Toledo (Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP), Dagmar de Paula Que-luz (Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNI-CAMP).

Introdução: No século XX, pouco se fez por parte do governo para que melhorias fossem conquistadas no

setor odontológico. Tal fato, restringiu o tratamento à minoria da população capaz de pagar pelos serviços privados, demonstrando a precariedade de recursos destinados à odontologia e a deficiência do sistema público em promover saúde bucal à população, fatos que comprovaram a necessidade de mudanças urgen-tes no modelo de assistência odontológica brasileira. A inclusão de Equipes de Saúde Bucal (ESB) ao Pro-grama Saúde da Família (PSF) em 2001, ampliou o acesso de toda a população à saúde pública. Desta forma, o presente estudo tem por objetivo avaliar a atuação dos dentistas pertencentes às cidades da regi-ão de Piracicaba (DIR XV) que adotaram o Programa Saúde da Família (PSF), com inclusão das Equipes de Saúde Bucal (ESB), como forma de democratização do acesso da população à saúde. Métodos: A coleta de dados foi realizada através de aplicação de questionário sobre características gerais das equipes de saúde bucal (ESB) em vinte e seis den-tistas de seis cidades pertencentes à região de Piraci-caba. Resultados: Após análise dos resultados observamos que 69,2% eram do sexo feminino e 30,8% do sexo masculino; com faixa etária de: 30,8% com 23-30 anos, 26,9% com 31-39 anos, 38,5% com 40-49 anos e 3,8% com 50-59 anos; que apenas 6 cidades de 28 apresentam ESB, sendo que a maioria dos dentistas: é clínico geral, não realizou curso de capacitação, foi contratado através de concurso público, gasta apenas 20% do tempo com ações preventivas, auxiliados por ACDs e não oferece insumos odontológicos (dentifrí-cios e escova dental) às famílias. Conclusão: Assim, pode-se afirmar que a ESB / PSF visa transformar o modelo tradicional, enfatizando o potencial de saúde física, mental, social e ambiental do indivíduo inserido na família, porém falta a capaci-tação ainda da maioria dos dentistas que se julgam atrelados aos problemas do antigo modelo de assis-tência, indicando a demanda excessiva como um dos impedimentos ao bom desenvolvimento do principal foco do PSF: as ações preventivas.

P060 - Representação social do paciente que se beneficia da interação universidade pública e hos-pitais gerais

Wanilda Maria Meira Costa Borghi (FOA - UNESP), Maria Lúcia Marçal Mazza Sundefeld (FOA - UNESP), Nemre Adas Saliba (FOA - UNESP).

Introdução: Os hospitais, públicos ou privados, atra-vés dos serviços de urgência, emergência e os seus ambulatórios, constituem-se em importante porta de

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entrada para o sistema de saúde. Por outro lado, os acidentes de transporte terrestre constituem-se em importante causa de morbimortalidade. A Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP - possibilita ao estudante o atendimento do paciente desde o diag-nóstico até a completa execução do plano de trata-mento estabelecido. Neste plano, também está incluí-do o serviço de trauma, ao qual os pacientes podem ser encaminhados por pronto-socorros da região. A-lém disso, a FOA funciona como referência para tra-tamentos mais complexos. Métodos: Foram ouvidos em entrevistas abertas, gra-vadas e transcritas, 105 pacientes que freqüentavam as salas de espera da Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - FOA – UNESP, no 1o. semestre de 2005. Foi construído o Discurso do Sujei-to Coletivo; a representação do campo que permite a uma sociedade falar como se fosse um só indivíduo. Resultados: Dos pacientes entrevistados, trinta e três salientaram a atuação de hospitais no encaminhamen-to de pacientes, tendo discurso semelhante; tanto de pessoas atendidas em hospitais de Araçatuba (13) que vieram por necessidade de atendimento emergencial: “[...] Trombei com uma moto - Eles me procuraram na Santa Casa. Eu estava acidentado ... Eles foram lá e eu nem sabia. Eu nunca tinha andado aqui, então eles me procuraram e já me encaminharam, também. - [...] Então eu vim para o trauma e depois disso, eu come-cei tratar normalmente os outros dentes. - Eu estou sendo bem atendido!” Como encaminhadas por insti-tuições de outras cidades.(20). “Bom, eu estava lá no postinho da minha cidade, Buritama. - Tive um pro-blema na boca e lá, não solucionaram. - A dentista do Pronto Socorro de Avanhandava, me passou urgente para cá, porque deu traumatismo dental [...]e lá eles não têm o aparelho próprio. - Eu procurei a UBS lá de Pereira [...] – E o dentista de Ilha Solteira me encami-nhou [...] - Para Araçatuba, como a equipe da vacina da gripe, de Lins, que fez o exame da minha boca. - [...] o dentista do Posto de Saúde de Guzolândia, - o centro odontológico lá da minha cidade, Ilha Solteira, – e também eu tive a informação, com uma senhora lá de General Salgado. - [...] Lá em Franca eu tive pro-blema de dor de dente. - É que eu fui atendido no Pronto Socorro de Birigui e eles chamaram o dentista daqui [...] – Mas eu moro em Penápolis e vim de lá prá cá, prá fazer o tratamento aqui [...] – Lá em Rubi-ácea, eu queria arrancar os dentes, aí, a dentista [...] falou se eu tinha condições de pagar ao menos a pas-sagem, que o tratamento ela garantia, que não pagava nada aqui [...]- Então eu fui encaminhada de Valparaí-so, para cá. [...] - Lá, sempre é falado da Unesp, aqui,

da faculdade. [...] – [...] O pessoal me atende muito bem, então, estou fazendo até hoje!” Conclusão: Com a análise das falas pode-se consta-tar que a interação: universidade pública e hospitais gerais é de grande valia pois cidadãos da região pude-ram obter o benefício do ingresso ao tratamento odon-tológico oferecido pela FOA que, segundo relato dos próprios pacientes, além de gratuito é de altíssima qualidade e forma profissionais adaptados ao mercado de trabalho.

P089 - Limites e possibilidades da abordagem fa-miliar: práticas de saúde no Programa de Saúde da Família.

Helder Inocêncio Paulo de Sousa (Casa de Saúde Santa Marcelina), Astrid Farinazzo, Edna V. Rodri-gues, Vera Lucia A. Miranda (Associação e Congre-gação Santa Catarina),Profa Dra Cynthia Andersen Sarti (UNIFESP).

Introdução: O modelo de saúde vigente no país tem sido centrado prioritariamente na assistência individu-al e curativa com ênfase no atendimento hospitalar e com tecnologia altamente sofisticada, apresentando dificuldades na resolução efetiva dos problemas de saúde da comunidade. Diante desse cenário, surge em 1994, como uma estratégia para a implementação e a concretização dos princípios do SUS, o Programa de Saúde da Família (PSF), com o objetivo de reestrutu-rar a rede de serviços públicos em Atenção Primária e de ampliar a visão em saúde considerada como resul-tante de um conjunto de fatores, incluindo as relações familiares e sociais que inegavelmente interferem na saúde ou no modo de adoecer dos indivíduos. Dessa forma, o conhecimento e a proximidade com as pes-soas, em seu contexto familiar, facilitam a identifica-ção dos problemas a serem enfrentados pelo profis-sional de saúde, permitindo uma melhor assistência ao indivíduo nos diferentes ciclos de sua vida. Identifi-camos, então, como problema a ser estudado, a atua-ção dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas) no que diz respeito às suas prá-ticas e o que pensam de seu trabalho em abordagem familiar, no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde (UBS) que implantam o PSF. Métodos: Foi aplicado um questionário a oito profis-sionais inquirindo quanto a sua atuação em aborda-gem familiar e a relevância da prática para cada um, com o intuito de investigar suas práticas em seu coti-diano de trabalho e a forma como concebem essas práticas, problemática que envolve dados de natureza subjetiva, que não podem, portanto, ser quantificados.

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Resultados: Obtiveram-se diversas respostas e per-cebeu-se a diversidade da atuação para cada um dos profissionais. Isto muitas vezes difere do preconizado na literatura estudada. De qualquer maneira ficou cla-ra a postura da dificuldade de operacionalizar tal prá-tica em serviço e uma das entrevistadas, inclusive, considerou desnecessária a realização de abordagem familiar na sua prática diária. Conclusão: Não existe uniformidade em relação às ações no PSF, mas a visão dos entrevistados se expli-ca de diversas ordens, alem da inserção profissional ou de sexo. O Programa não explicita e é pouco claro em relação ao que se entende por abordagem familiar. Os profissionais trabalham com sua própria experiên-cia na dinâmica do serviço, nos horários e na cobrança de atendimento. As exigências do cotidiano distanci-am os profissionais da abordagem familiar.

P096 - A inserção da Equipe de Saúde Bucal e sua integração com a Equipe de Saúde da Família.

Maria Aparecida de Oliveira (SMS-SP), Elaine Ro-drigues Giusti (PSF / F. Zerbini), Grace V. L. Chan Rissato (PSF / Unifesp), Walterson M. Prado (PSF / F. Zerbini), Rosana M. Barbosa (Unifesp).

Introdução: Desde o inicio do PSF em São Paulo, a F.Zerbini além da equipe de saúde da família atua com a chamada equipe ampliada, com saúde bucal, mental e ambulatório de especialidades. A proposta da ESB é atuar de maneira integrada a ESF. O objetivo desta pesquisa foi conhecer como a ESF percebe a inserção da saúde bucal e a sua integração e ao mes-mo tempo, como o profissional de saúde bucal perce-be sua inserção na equipe. Métodos: A pesquisa realizada foi de natureza quali-tativa com o uso de entrevistas semi estruturadas com membros das equipes previamente definidas nas uni-dades de família onde os pesquisadores atuam, sendo 3 unidades na zona norte de São Paulo e uma na zona sudeste. A equipe escolhida foi a que está atuando há mais tempo em conjunto, não devendo ser a equipe de atuação do pesquisador. As entrevistas foram grava-das e transcritas, foi realizado diário de campo e revi-são bibliográfica. A pesquisa foi aprovada no comitê de ética da Unifesp e PMSP. Resultados: Ao analisarmos as categorias concluí-mos que existe dificuldade no trabalho em equipe devido a diversos fatores, entre eles a formação aca-dêmica. No caso da ESF existe dificuldade em inte-grar as propostas de atenção a saúde bucal na comu-nidade. A própria ESB apresenta dificuldade em am-pliar o olhar para além do objeto de trabalho em si e

relacioná-lo com o aspecto social e familiar do indiví-duo. A maior ou menor integração das equipes (bucal e família) ainda depende do papel exercido individu-almente pelos profissionais. Conclusão: A integração da Equipe de Saúde Bucal na Equipe de Saúde da Família é um desafio e uma construção constante. Ademais se estivéssemos ver-dadeiramente integrados não existiria a diferença de nomenclatura e a Equipe de Saúde Bucal quando exis-tente no PSF não seria considerada "equipe amplia-da". Ou como afirmou uma ACS na entrevista "pra mim existe saúde, não vejo diferença."

P099 - Planejamento para viabilizar ações de pro-moção, prevenção e tratamento em saúde bucal da população idosa.

Talita Marconi, Andrezza Samaha Rabelo Lucchesi, Marcela Ferreira Machado, Marcela Maia Fialho Laia, Regina Maria Raffaele, Prof. ª Ms. Aglair Igle-sias Duran e Prof. º Dr. Arnaldo Pomilio (FO-PUC-Campinas).

Introdução: A sociedade brasileira está imersa em um claro processo de envelhecimento. Os dados do IBGE (1995) indicam que 10% da população residen-te no Município de Campinas – SP está dentro da fai-xa etária de 60 anos ou mais. Esta população deve merecer, cada vez mais, o interesse dos órgãos públi-cos, dos formuladores das políticas sociais e da socie-dade em geral. Avaliando a atual situação da popula-ção idosa crescente no Município de Campinas, os autores deste projeto sentindo falta do contato com a Odontogeriatria no Currículo da F.O. PUC-Campinas, que enfoca o atendimento das necessidades de pre-venção, cuidado e tratamento das diversas estruturas do Sistema Estomatognático na população idosa, se interessaram por conhecer a prática da odontologia geriátrica, adotada pela Secretaria de Saúde da Prefei-tura Municipal de Campinas nos Centros de Saúde do Distrito Noroeste, no Programa de Saúde da Família, com o objetivo de elaborar um planejamento que via-bilize ações de promoção, prevenção e tratamento, para a população de 60 anos ou mais. Métodos: O estudo é um levantamento das condições bucais dos pacientes idosos com 60 anos ou mais, e das necessidades de próteses parciais e / ou totais através de um questionário com anamnese e exame clínico, após participarem de palestras e orientações sobre promoção de saúde bucal. Os pacientes foram informados dos ob-jetivos do trabalho e a sua inclusão dependeu do consen-timento prévio, através da assinatura do termo de con-sentimento, sendo a pesquisa aprovada pelo Comitê de

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Ética em Pesquisa da PUC-Campinas, com duração de dois semestres. Os materiais utilizados durante o exame clínico foram: o esfignomanômetro e estetoscópio para aferir a pressão arterial; gaze para segurar a língua e lábios e espátulas de madeira para afastar tecidos moles. Os dados foram transcritos no questionário da ficha de anamnese e exame clínico. Resultados: Após a análise dos dados obtidos, pu-demos comparar com os trabalhos levantados na lite-ratura e também fazer uma projeção da real necessi-dade da população idosa residente no Distrito de Saú-de Noroeste da Secretaria de Saúde da Prefeitura Mu-nicipal de Campinas. Em conjunto com a assistência (atenção, promoção e intervenção) à população idosa do Centro de Apoio São Luis – Casa Amarela, plane-jamos e iniciamos atendimento para suprir as atuais necessidades protéticas da mesma e projetá-la também para a mesma região, visando proporcionar a esta po-pulação uma melhoria na qualidade de vida e sua rein-tegração no meio social. Conclusão: Após concluída a pesquisa os autores acreditam ser razoável afirmar que: (1) conheceram a real situação da população idosa do Centro de Apoio São Luiz e projetaram as necessidades dos idosos do Distrito de Saúde Noroeste da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Campinas; (2) levantaram as necessidades de próteses parciais e totais da popula-ção estudada; (3) ofereceram condições para os aca-dêmicos de Odontologia da PUC-Campinas desenvol-verem atividades assistenciais à população idosa de acordo com o modelo do PSF.

P100 - Cuidados bucais entre os Guarani Mbyá: um estudo etnográfico com os Guarani da aldeia Boa Vista na cidade de Ubatuba- SP.

Maria Aparecida de Oliveira (SMS / SP), Carlos Bo-tazzo (Instituto de Saúde / CCD - SES-SP).

Introdução: Com a mudança no sistema de saúde dos povos indígenas e a transferência da responsabilidade para a Fundação Nacional de Saúde / MS observamos um crescente interesse por parte dos profissionais de saúde e de entidades que atuam com essas populações em conhecer a diversidade dos cuidados com a saúde e doença. A proposta deste estudo é conhecer e ouvir dos Guarani quais são seus cuidados com a boca. Métodos: Para efetuar este estudo foi realizado o tra-balho de campo na aldeia, utilizando o método etno-gráfico com observação participante, convívio com a comunidade, realização de entrevistas semi-estruturadas além do diário de campo. Durante o perí-odo em que as viagens à aldeia foram efetuadas, os

discursos, conversas informais serviram de subsídio para esta investigação. Resultados: Os Guarani têm entre suas formas de atenção a utilização de rezas e as "boas palavras" onde nesta maneira discursiva os mais velhos aconselham os mais jovens da comunidade. Portanto os "conse-lhos" são entre outros modos, uma maneira de educar e cuidar de si. Conclusão: Os resultados obtidos mostram que o povo guarani não separam os cuidados bucais do cor-po. Utilizam a assistência proposta pela sociedade nacional, mas procuram manter sua visão de mundo. A visão de mundo que apresentam a importância que dão à palavra, são dados que qualquer profissional que pretenda trabalhar e planejar ações de saúde com eficácia, dirigidas a essas populações, precisa conhe-cer.

P113 - Avaliação do teor de sensibilização por trei-namento de profissionais da saúde para gestão participativa e humanizante de equipes e comuni-dades: “ASSIST-SUS, atenção humana para a qualidade de vida”.

Cristina Ramos da Silva (CIOP-UNESP-Araçatuba), Renato Salviato fajardo (CIOP-UNESP-Araçatuba, Adriana Cristina Zavanelli (CIOP-UNESP-Araçatuba), Daniela Atili Brandini (CIOP-UNESP-Araçatuba), Mirella Martins Justi (CIOP-UNESP-Araçatuba), João Henrique Borin Fabrice (CIOP-UNESP-Araçatuba), Aretusa de Paula Rodrigues (CIOP-UNESP-Araçatuba).

Introdução: O projeto de pesquisa visa desenvolver metodologia para sensibilizar profissionais do SUS para humanização da atenção e descentralização de gestão. Para tanto, foi desenvolvida uma capacitação (ASSIST-SUS), feita em três blocos de quatro horas cada. Espera-se com o trabalho, alinhavar-se modelo de co-participação ativa dos diversos segmentos en-volvidos nas atividades da saúde, inserindo a Univer-sidade neste processo. Métodos: Foi constituída a Equipe de Desenvolvi-mento (ED) e dela as Equipes de Treinamento (ET), Equipe de Interpretação (EI) e Equipe de Apoio (EA), compostas de profissionais e acadêmicos de áreas distintas do saber com conhecimentos em temas da saúde. Estas equipes reuniram-se para interagir com os textos e pressupostos indicados pelos coordenado-res do projeto, que em constante supervisão e orienta-ção, produziram a capacitação denominada “Assist-SUS”. Seu material de apoio consistiu de apostila, apresentações didáticas, dinâmicas inter-relacionais e

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correlatos, como instrumentos de avaliação com ques-tões abertas e fechadas, softwares para manipulação dos dados coletados na pesquisa, contatos com as ins-tituições parceiras e organização dos diversos passos para a efetivação do plano de trabalho. Considerando-se o envolvimento de 109 profissionais do SUS das cidades de Bilac, Lourdes, Santópolis do Aguapei, Piacatu e Gabriel Monteiro para a capacitação com o “Assist-SUS”, foram desenvolvidas as seguintes ati-vidades: aplicação do instrumento de avaliação, capa-citação com os temas: porquê e para que humanização na assistência à saúde, vínculo profissional / paciente e sua repercussão na evolução da promoção da saúde, desenvolvimento humano, dinâmicas de sensibiliza-ção para atividade grupal e discutiu-se sobre a descen-tralização da Gestão. Por fim, houve a re-aplicação do instrumento de avaliação. Após estudo dos dados re-gistrados, procurou-se analisar o impacto que o conte-údo do treinamento teria provocado na cognição dos participantes. Consideramos as variáveis qualitativas como sendo as de maior representatividade, tendo possibilidade de ocorrência favorável de 50%, erro amostral de 3% e nível de confiança de 95%. A análi-se dos dados foi realizada através do parâmetro esta-tístico moda, devido à natureza principal das variáveis ser quantitativa. Resultados: Segundo o instrumento de avaliação, podemos observar que a qualificação profissional para um atendimento humanizado, que se apresentava com valor de 35% antes do treinamento, mostrou um a-créscimo de 7%, totalizando 42%, o que significa que imediatamente após a capacitação os treinandos se sentiram mais aptos profissionalmente para um aten-dimento humanizado. Quanto à valorização profissio-nal, após o treinamento, o participante se sentiu bem valorizado. Quanto à importância da relação Profis-sional–Usuário no sucesso do tratamento, antes do treinamento 59% dos profissionais acharam que tinha grande importância e após o treinamento houve um acréscimo de 18%. Conclusão: As respostas elencadas antes e após a capacitação do Assist-SUS demonstram a revisão de valores dos participantes com a influência da metodo-logia favorável a um atendimento mais humanizado.

P121 - Vítimas de violência doméstica: o que se espera do profissional de saúde?

Ana Paula Dossi (FO Araçatuba - UNESP); Orlando Saliba (FO Araçatuba - UNESP); Cléa Adas Saliba Garbin; Artênio José Isper Garbin (FO Araçatuba - UNESP).

Introdução: As agressões domésticas contra mulhe-res, especialmente as físicas podem ser diagnosticadas pelos profissionais de saúde, já que suas conseqüên-cias são evidentes. No entanto, esta identificação ge-ralmente é negligenciada, mesmo quando relatada explicitamente, motivo pelo qual a mulher sente-se desamparada e muitas vezes desiste de procurar auxí-lio. Foi objetivo deste estudo verificar se mulheres agredidas fisicamente procuraram por atendimento de saúde após a violência; qual o perfil das vítimas quan-to à idade, escolaridade, ocupação; e a opinião delas sobre a postura que devem assumir os profissionais de saúde durante o atendimento. Métodos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Éti-ca em Pesquisa da FOA-UNESP, sob o processo n° 2005/0186. O estudo foi realizado na Delegacia de Defesa da Mulher de Araçatuba-SP, com as usuárias que se apresentaram para registrar ocorrência referen-te à lesão corporal no período de 02 a 13 de janeiro de 2006. Foram feitas entrevistas semi-estruturadas com 10 mulheres, após consentimento livre e esclarecido das mesmas. Resultados: Foram entrevistadas 10 mulheres, sendo 4 na faixa etária de 15-25 anos, 4 entre 25 e 35 anos e 2 com mais de 55 anos de idade. Quanto à escolarida-de, 1 não completou o ensino básico, 6 não termina-ram o fundamental, e apenas 3 concluíram o ensino médio. Seis estão desempregadas e quatro trabalham eventualmente. Sete mulheres, mesmo agredidas, não procuraram o serviço de saúde, sendo 4 por não con-siderarem o caso grave; 2 porque foram impedidas pelo agressor e 1 por dificuldade de acesso. Das que buscaram auxílio, duas optaram pelo médico e uma pelo farmacêutico. Nove consideram importante que o profissional, diante de tais casos, oriente-nas a procu-rar ajuda policial e uma entende ser este um problema íntimo, e gostaria de ser tratada sem questionamentos. As mulheres que recorreram ao atendimento médico relataram ser mal-atendidas e mesmo mencionando a violência ao profissional, este não se envolveu, se atendo apenas às lesões. Conclusão: Podemos concluir que a maioria das en-trevistadas é de mulheres jovens, com baixo nível de escolaridade e desempregadas. Quanto ao atendimen-to pelo setor de saúde, buscam o serviço, porém gos-tariam que o profissional apresentasse uma postura diferente, mais empenhada em orientá-las, e não so-mente em tratar as conseqüências.

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P122 - Violência doméstica: qual a responsabilida-de dos profissionais de saúde?

Orlando Saliba (FO Araçatuba-UNESP); Cléa Adas Saliba Garbin (FO Araçatuba-UNESP); Artênio José Isper Garbin (FO Araçatuba-UNESP); Ana Paula Dossi (FO Araçatuba-UNESP).

Introdução: A violência doméstica é reconhecida-mente um problema social e de saúde pública, que cada vez mais vem merecendo atenção desse setor. Assim, a notificação pelos profissionais de saúde é de suma importância, já que contribui para o dimensio-namento epidemiológico do problema, permitindo, a partir dessas informações, o desenvolvimento de pro-gramas e ações específicas nesta área. O objetivo des-te trabalho foi verificar a responsabilidade do profis-sional de saúde em notificar a violência doméstica contra crianças, mulheres e idosos e as possíveis im-plicações legais e éticas a que estão sujeitos caso não o façam. Métodos: Foi realizada ampla pesquisa bibliográfica na Legislação Civil e Penal brasileira, além dos Códi-gos de Ética Profissional da Medicina, Odontologia, Enfermagem e Psicologia. Resultados: No que se refere à legislação civil e pe-nal, as sanções estão representadas por multas, dispos-tas no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90 – Art.245), Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03 – Art.57), na Lei 10.778/03 (Art. 5°) que trata da noti-ficação compulsória pelo profissional de saúde de qualquer tipo de violência contra a mulher, bem como na Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei 3.688/41 – Art.66), que também é explícita quanto à obrigatoriedade e às punições que podem sofrer os omissos. As penalidades administrativas estão dispos-tas em todos os Códigos de Ética analisados e variam de simples advertências verbais até a cassação do direto de exercer a profissão. A obrigatoriedade de comunicação dos casos de violência aparece de maneira mais explícita nos Códigos de Enfermagem e de Psicologia. Conclusão: Os resultados encontrados nos permitem concluir que os profissionais de saúde têm o dever de notificar os casos de violência doméstica que tiverem conhecimento, estejam eles envolvendo crianças, ido-sos ou mulheres, podendo inclusive responder civil, penal e administrativamente pela omissão.

P123 - Autonomia e consentimento livre e esclare-cido: avaliação no atendimento odontológico de crianças especiais.

Cléa Adas Saliba Garbin(Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Sandra M. H. C. Ávila de Aguiar (Fac. O-dontol. Araçatuba-UNESP), Ana Carolina da Graça Fagundes (Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP), Caro-lina Pedrosa Brito (Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP), Marcelle Danelon (Fac. Odontol. Araçatu-ba-UNESP).

Introdução: O consentimento informado dos pacien-tes ou responsáveis legais deve ser respeitado na prá-tica odontológica, não apenas como uma doutrina legal, mas como direito moral dos pacientes que gera obrigações morais para os Cirurgiões Dentistas. A busca pela humanização dos serviços na odontologia e a promoção dos direitos dos pacientes deve ser uma constante na prática odontológica. O objetivo da pes-quisa foi avaliar o consentimento livre e esclarecido dado pelos pais ou responsáveis de pacientes especiais atendidos no Centro de Atendimento Odontológico a Pacientes Especiais (CAOE) da Faculdade de Odonto-logia de Araçatuba-UNESP. Métodos: Foram utilizados questionários com ques-tões abertas e de múltipla escolha relacionadas ao tema. Participaram da pesquisa 58 pais ou responsá-veis de crianças especiais, com idade que varia de 3 a 12 anos, atendidos no CAOE. Cada questionário era acompanhado de um termo de consentimento dos par-ticipantes da pesquisa, sendo esta submetida à aprova-ção do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: De acordo com os resultados obtidos pudemos constatar que 79% foram informados sobre o tipo de tratamento que seria realizado na criança, enquanto 21% não tiveram informação sobre o trata-mento. A informação foi considerada satisfatória por 84% dos responsáveis, sendo que 14% consideraram insatisfatória e 2% não opinaram. Participaram da decisão do tratamento odontológico 90% dos respon-sáveis. Conclusão: Conclui-se que apesar de uma grande parcela ter recebido informação sobre o tratamento, alguns profissionais apresentam comportamento ina-dequado, deixando de esclarecer o paciente ou seu responsável, não permitindo assim que os mesmos participem da decisão do tratamento.

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P124 - A importância do cirurgião dentista no a-tendimento odontológico para pacientes com indi-cação de transplante hepático.

Lídia Santarsiere (Conjunto Hospitalar de Sorocaba e Fundação do Desenvolvimento Admnistrativo-Fundap), Perla Porto Leite Shitara (CHS-Fundap), Tomio Iwata (CHS-Fundap), Máira Crstina de Oli-veira Barros (CHS-Fundap), Juliana de Oliveira Lo-pes (CHS-Fundap).

Introdução: A eliminação de qualquer foco infeccio-so, prevenção de hemorragias e manutenção de uma higiene oral satisfatória são alguns dos cuidados espe-ciais no pré-operatório que devem ser levados em consideração quando na elaboração de um plano de tratamento odontológico para pacientes hepatopatas. Devido ao uso de terapia imunossupressora após o transplante do fígado, a manutenção da saúde oral e o tratamento odontológico preventivo e curativo tor-nam-se indispensáveis para o sucesso desse tratamen-to. Devido a esses e outros fatores, a presença do ci-rurgião-dentista inserido na equipe de transplante he-pático torna-se indispensável para o sucesso no trata-mento desses pacientes. Métodos: O levantamento foi realizado no período de outubro de 2003 a outubro de 2005 no Conjunto Hos-pitalar de Sorocaba – CHS, setor de odontologia para pacientes especiais, onde foram avaliados 113 pacien-tes com doença hepática avançada e que aguardam na fila para o transplante. Primeiramente, a equipe médi-ca do Centro de Transplante do Hospital Unimed – Sorocaba avaliava os pacientes candidatos ao trans-plante hepático e agilizava posteriormente o encami-nhamento para o setor de odontologia do CHS. A ava-liação odontológica compreendia fichas de anamnese caracterizadas com perguntas relacionadas especifi-camente com a patologia em questão para que fossem obtidos dados relevantes a respeito do estado geral de saúde e história médica completa dos pacientes. Mi-nuciosamente, exames clínicos intra e extra-oral fo-ram realizados abrangendo a palpação de nódulos cervicais e submandibulares e inspeção de mucosa jugal, gengivas, palato duro e mole, assoalho bucal, lábios, língua, tonsilas, rebordo alveolar e dentes. So-licitou-se radiografias panorâmicas para a coleta dos dados, visando pesquisa de focos infecciosos e anor-malidades patológicas. Resultados: Foram examinados 77 pacientes do sexo masculino e 36 do sexo feminino, na faixa etária de 17 a 69 anos. As causas da instalação da doença hepá-tica foram: o uso abusivo do etanol, 32,75% pacien-tes, a infecção pelo HCV, 41,59%, a cirrose criptogê-

nica, em 16,82%, a infecção pelo HBV em 4,42% pacientes e outras causas relacionadas em 4,42%. Ta-bagismo: 52,21% abandonaram o hábito de fumar e 47,79% não apresentaram o vício. Consumo de bebi-das alcoólicas: não alcoolistas – 48,67% e observou-se que 51,32% abandonaram o vício. Episódios he-morrágicos durante a progressão da doença (33 paci-entes). Causas: hemorragia digestiva alta (78,78%), origem odontológica (18,18%), e outras causas (18,18%). Higiene oral insatisfatória 84,96%. Índices satisfatórios de higiene oral: 15,04%. Pacientes que necessitavam de tratamento odontológico invasivo, isto é, cirúrgico, periodontal e restaurador – 77,87%. Pacientes que requeriam apenas tratamento odontoló-gico preventivo: 18,58%. Pacientes que não necessi-tavam de assistência odontológica, 3,53%. Conclusão: O Conselho Federal de Odontologia – CFO, em 2005, contabilizou 192.122 dentistas inscri-tos no Brasil. Levando-se em conta que atualmente o ministério da saúde estima que existam cerca de três milhões de pessoas contaminadas pela hepatite C, cada cirurgião-dentista tem a possibilidade matemáti-ca de atender 15,61 pacientes infectados. Sabendo-se que o índice de cronicidade da hepatite C atinge 85%, então, cada cirurgião-dentista deverá atender, em mé-dia 13,27 pacientes com alterações hepáticas impor-tantes e que requerem cuidados odontológicos especi-ais. Dessa amostragem citada acima (13,27 pacientes), 20 % tem a possibilidade de apresentar a cirrose hepá-tica e necessitar de transplante hepático. Os dados citados acima evidenciam que o cirurgião-dentista deve estar apto para abordar e tratar pacientes hepato-patas de forma eficiente visando eliminar os riscos que possam comprometer as condutas médicas e con-seqüentemente o quadro clínico dos mesmos. Não é da alçada do cirurgião-dentista diagnosticar, tampou-co tratar, qualquer manifestação hepática de que o paciente possa ser portador, mas, é importante saber reconhecer e encaminhar os indivíduos suspeitos para o médico responsável. Desta forma torna-se indispen-sável a presença do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar e equipes de transplante hepático.

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P135 - Perfil dos agentes comunitários de saúde que atuam em municípios de pequeno porte do noroeste paulista.

Maria de Lourdes Carvalho (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Fa-culdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Rena-to Moreira Arcieri (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Suzely Adas Sa-liba Moimaz (Programa de Pós-graduação em Odonto-logia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Karina Tonini dos Santos (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preven-tiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatu-ba – UNESP), Daniela Coêlho de Lima (Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP).

Introdução: Os profissionais que compõem o Pro-grama de Saúde da Família (PSF) assumem um papel importante na geração de práticas que possibilitam a melhoria da qualidade de vida da população, sendo os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) elementos fundamentais dentro da equipe. O objetivo deste estu-do foi avaliar o perfil dos ACS que atuam em três municípios de pequeno porte do noroeste paulista. Métodos: A pesquisa é descritiva e a coleta das infor-mações foi realizada por meio de entrevistas, utilizando questionário semi-estruturado, com questões abertas e fechadas. Resultados: Foram entrevistados vinte e três profis-sionais, dos quais vinte e dois do gênero feminino. A média da renda pessoal é de R$ 305,60 e grande parte dos profissionais, 43,5%, trabalha há menos de um ano no PSF, 39,1% de 3 a 4 anos e 17,4% há mais de 4 anos. Do total, 78,26% nunca haviam trabalhado em serviços de saúde antes de atuar nesse trabalho e 47,3% não fizeram curso de capacitação ou qualquer outro treinamento. Os ACS são responsáveis por 150 famílias em média, 78,3% trabalham no bairro onde residem e 87% conhecem os usuários de suas áreas de atuação. A maioria dos profissionais não estão satis-feitos com o PSF, embora 78,26% sentem-se seguros para atuar no programa. Os pontos positivos mais apontados por eles em relação ao trabalho no PSF foram: poder solucionar os problemas dos usuários e atuar na prevenção de doenças. Já os pontos negativos mais citados foram: baixos salários e dificuldade de trabalhar em equipe. Conclusão: Conclui-se que há falta de motivação e experiência por parte desses profissionais, o que com-promete a qualidade da atuação na comunidade. Por-

tanto, há necessidade de capacitação, já que são eles que mantêm o contato estreito com os usuários dos Sistemas Locais de Saúde.

P136 - Tratamento Restaurador Atraumático: um procedimento viável em saúde pública.

Daniela Coêlho de Lima (Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Nemre Adas Saliba (Facul-dade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Rena-to Herman Sundfeld (Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Karina Tonini dos Santos (Fa-culdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP).

Introdução: Em muitos países, inclusive no Brasil, a Odontologia convencional tem dificuldades em se estabelecer, pois além da prevalência da cárie dentária ser elevada, faltam recursos humanos e financeiros para a aquisição de equipamentos. Buscando solucio-nar esses problemas, foi desenvolvido um tratamento simplificado, denominado Tratamento Restaurador Atraumático (ART). Este trabalho tem a finalidade de expor e discutir os principais aspectos relacionados com esse método de tratamento restaurador, bem co-mo descrever a técnica de aplicação desse procedi-mento. Métodos: Foi realizado um levantamento bibliográfi-co sistematizado nas principais bases de dados dispo-níveis, tais como, BBO, Lilacs e Medline. Os traba-lhos selecionados foram realizados no período de 1991 a 2006. Os temas abordados para a seleção dos artigos científicos foram: tipos de materiais preconi-zados, tempo de acompanhamento clínico, abrangên-cia social e comparação entre as técnicas convencio-nais e a do ART. Resultados: Foi observado que o ART não atende as necessidades restauradoras de todos os tipos de cavi-dades. A realização da técnica, o treinamento do ope-rador, a atenção nos detalhes do preparo da cavidade e colocação do cimento são de suma importância. Nos estudos analisados, o tempo de avaliação clínica varia de seis meses a três anos. Nas pesquisas onde o tempo de avaliação foi de um ano, o índice de sucesso das restaurações de ART, em dentes permanentes com cavidades tipo classe I, foi de aproximadamente 93%. Já em estudos onde esse tempo foi de dois e três anos, os índices de sobrevivência das restaurações, variaram de 86% a 93% e 62% a 93%, respectivamente. Com relação ao material empregado na técnica, os cimentos ionômero de vidro alcançaram bons resultados. Os resultados de algumas dessas pesquisas revelam índi-ces de sucesso semelhantes com o emprego do ART e restaurações convencionais de amálgama. Esse méto-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 114

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

do possibilita que os acadêmicos e profissionais pos-sam deixar a clínica e visitar as pessoas em seus pró-prios ambientes, como por exemplo, em instituições para deficientes mentais, vilas em áreas rurais ou eco-nomicamente menos desenvolvidas, que de outro mo-do talvez não tivessem acesso ao tratamento dentário. Conclusão: O ART é uma alternativa viável para proporcionar assistência odontológica àqueles grupos que não a possuem de maneira convencional. Contu-do, deve ficar claro que esse tratamento somente é eficaz quando for indicado de maneira correta e se fizer parte de um programa que contemple ações de promoção de saúde bucal, buscando o efetivo controle da doença cárie. Mais pesquisas clínicas, laboratori-ais, comportamentais, e econômicas devem ser reali-zadas, buscando o aprimoramento do método.

P137 - Impacto da adequação odontológica na qua-lidade de vida (QV) em pacientes portadores de carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (CECP) submetidos à radioterapia.

Claudio Massami Suzuki (Clínica Odontológica Es-pecializada Visconde de Itaúna - COEVI-SES), Mo-rettini MS (COEVI / SES), Snitcovsky I (Faculdade de Medicina DA USP), Federico MHH (Hospital das Clínicas-USP), Martins L.

Introdução: A radioterapia, associada ou não a qui-mioterapia, é usada como tratamento curativo em CECP. Apresenta, no entanto, efeitos adversos impor-tantes na cavidade oral. O objetivo é mensurar o im-pacto das medidas preventivas odontológicas na QV dos pacientes com CECP submetidos à radioterapia (RT) e / ou quimioterapia (QT) e correlacionar esses dados com achados clínicos odontológicos. Métodos: Após a assinatura do termo de consenti-mento informado, pacientes portadores de CECP e com indicação de RT e / ou QT foram submetidos a tratamento odontológico. A qualidade de vida foi ava-liada por questionário EORTC-1999, QLQ-C30 mais QLQ-HN35, validados anteriormente em Português do Brasil pelo nosso grupo, antes (1 semana) e após (1 semana) a RT.Além disso, foram comparados os índi-ces de placa bacteriana (IP) da OMS e fluxo salivar (FS) antes (1 semana) e depois do tratamento (1 se-mana). Estatística de Wilcoxon, com p<0,05 significa-tivo. Resultados: Dados preliminares de 8 pacientes mos-tram diminuição do fluxo salivar 0,529±9,5 e 0,200±0,1 ml / min p=0,016 e aumento da placa bac-teriana 15,29±10,91 e 26,31±17,42; p=0,028. Quanto aos dados do QV, não houve queda da QV global

72,91±19,28 e 88,53±7,63 p=0,068, nem piora da xe-rostomia 37,49±33,03 e 54,16 ±30,53 p= 0,46, e da qualidade da saliva 41,66±42,72 e 37,49±27,81 p=0,58. Houve melhora da dor 20,82±14,77 e 8,33±12,59 p=0,034, do quadro emocional 60,41±13,90 e 79,16±16,66 p=0,046. Conclusão: Não houve perda de QV, em contraste com a piora de índices odontológicos objetivos, ilus-trando o caráter subjetivo da QV. Uma relação direta entre perda de fluxo salivar e aumento de índice de placa bacteriana foi comprovada em todos os pacien-tes, além de se notar nestes dados preliminares que a presença dentária não necessariamente aumenta a morbidade bucal durante a radioterapia em pacientes com CECP.

P151 - Acolhimento no processo de formação dos odontólogos: uma análise no contexto do SUS.

Fabiano Jeremias (FOAr / UNESP), Aylton Valsecki Junior (FOAr / UNESP), Fernanda Lopez Rosell (FOAr / UNESP), Flávia Cristina Volpato (FOAr / UNESP).

Introdução: A integralidade do cuidado na atenção às pessoas deve ser entendida como fundamento de uma política de saúde coletiva que preconize saúde como serviço e como direito. Quando se traz tal reflexão para a Odontologia, identifica-se nos processos de trabalho e de formação, em especial, um modelo den-tista-centrado, que separa e polariza clínica e saúde coletiva. A questão que se apresenta para reflexão refere-se à forma como vêm se dando os processos de formação do odontólogo e se os mesmos têm conside-rado direta ou indiretamente a integralidade na aten-ção à saúde das pessoas. Neste estudo, a proposta de definir os perfis dos acadêmicos em Odontologia no âmbito das diretrizes do SUS é um exercício necessá-rio de avaliação desse processo na formação profis-sional, em busca de configurar novas metodologias de atuação segundo um novo modelo de atenção à saúde. Métodos: A investigação realizada contou com a a-plicação de questionário e entrevista em acadêmicos voluntários que desenvolviam atividades clínicas re-gulares. As informações coletadas tiveram por propó-sito apreender a globalidade da situação e estimular o debate ligado à integralidade no processo formativo. Resultados: Foi possível observar que a relação pro-fissional-usuário quase sempre se faz de maneira me-cânica, o que é uma contradição entre a representação do profissional e sua prática no contexto do SUS. Faz-se necessário tomar a clínica em sua dimensão ampli-ada, qualificando a escuta sobre os relatos do paciente

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e ir além do diagnóstico da doença, auscultando as subjetividades, elementos primordiais para a compre-ensão de condições objetivas da vida. Essa prática deve estar voltada para o cotidiano dos serviços, dos processos de trabalho em saúde e também dos proces-sos formativos. Conclusão: Embora a formação tradicional do odon-tólogo já venha passando por algumas transforma-ções, ainda são necessários esforços para a implanta-ção de práticas relacionadas à humanização de suas ações, em resposta a uma qualificação mais abrangen-te e integral para o trabalho em saúde nos princípios do SUS.

P155 - O atendimento odontológico nas unidades básicas de saúde da região central de São José dos Campos: a satisfação dos usuários.

Letícia Carvalho Coutinho Costa (Faculdade de O-dontologia de São José dos Campos – UNESP, aca-dêmica bolsista FAPESP), Symone Cristina Teixeira (Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP).

Introdução: Mesmo com seu sistema local de saúde organizado segundo a visão do gestor e das equipes profissionais que atuam nesta área, sentiu-se a neces-sidade de buscar a visão do usuário, uma vez que o sistema foi desenvolvido para ele, e onde muitas pos-sibilidades de melhorias no atendimento se abriram no sentido não só de ampliar o acesso, como também de implantar atendimento especializado em várias áreas. Este trabalho é parte da pesquisa em andamento “O atendimento odontológico nas Unidades Básicas de Saúde do Município de São José dos Campos: a satis-fação do usuário”, apoiada pela FAPESP. Métodos: A população estudada foi constituída por uma amostra representativa de adultos residentes na cidade de São José dos Campos-SP, selecionados ale-atoriamente nas quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região central, e que responderam afirmati-vamente à pergunta “Você já procurou o atendimento do dentista de alguma UBS?”. Os participantes foram entrevistados por meio de um questionário estruturado com perguntas fechadas. As entrevistas foram realiza-das em janeiro de 2006. Os dados coletados foram lançados no programa Excel 2000, para análise esta-tística. Resultados: Dos 38 usuários entrevistados, 44,74% responderam que são atendidos quando procuram a-tendimento odontológico, 21,05% responderam que não, 34,21% às vezes ou esperam pelo atendimento. Quando questionados sobre o grau de satisfação com

o dentista, dos que responderam, 25% se disseram muito satisfeitos, 54,17% satisfeitos, 7,14% mais ou menos e 10,71% não satisfeitos. Quando questionados sobre a necessidade de atendimento de urgência, 47,37% disseram que já precisaram e 52,63% não. Dos que precisaram, 11,11% se disseram muito satis-feitos, 55,56% satisfeitos, 5,56% mais ou menos, 5,56% não satisfeitos e 22,22% não foram atendidos. Quando questionados sobre se já precisaram de algum tratamento que não foi oferecido pelo dentista da UBS, 75,75% responderam que sim. Dos que precisa-ram, 52% relataram necessidade endodôntica, 44% prótese, tratamento periodontal 4%, extração de ter-ceiro molar 4% e disfunção temporomandibular 8%. Ao serem questionados sobre como resolveram estas necessidades, dos que responderam, 45,85% pagaram, 29,17% não conseguiram resolver, 20,83% foram en-caminhados para a Faculdade de Odontologia de S. J. Campos-UNESP e 4,17% para regional da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas. Conclusão: Embora o usuário encontre alguma difi-culdade de acesso ao serviço, a satisfação com o pro-fissional, é grande. As principais queixas dos usuários são sobre a falta de tratamento especializado, princi-palmente endodontia. Essa percepção do usuário e sua manifestação poderão apontar caminhos para melho-rar a prestação dos serviços, diminuindo o descrédito e aumentando a confiança da população de São José dos Campos.

P163 - Grau de satisfação de usuários do SUS em municípios de pequeno porte da região noroeste do Estado de São Paulo

Jeidson Antônio Morais Marques (FOA / UNESP – Araçatuba), Nemre Adas Saliba (FOA / UNESP – Araçatuba), Suzely Adas Saliba Moimaz (FOA / UNESP – Araçatuba), Lívia Guimarães Zina (FOA / UNESP – Araçatuba).

Introdução: A avaliação do grau de satisfação dos usuários do sistema de saúde é um importante indica-dor que deve ser considerado no planejamento das ações. Esse estudo faz parte das políticas públicas de saúde da UNESP-FAPESP, auxiliando na consolida-ção do SUS. O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de satisfação de usuários do SUS de municípios de pequeno porte do Estado de São Paulo. Métodos: Foram realizadas 150 entrevistas domicilia-res com os usuários selecionados aleatoriamente, por meio de sorteios das quadras, sendo entrevistados os chefes de família ou cônjugues de cada residência.

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Resultados: De acordo com os resultados, 63,3% sabe o significado da palavra SUS. Do total, 89,3% utiliza o serviço municipal. A respeito do Programa Saúde da Família, 25% sabe seu significado. Em rela-ção às visitas domiciliares, 78% já recebeu o Agente Comunitário de Saúde, 7,3% os enfermeiros e 11,3% médicos, sendo que não foi relatada nenhuma visista por parte do cirurgião-dentista. Para 63,7% dos sujei-tos, os serviços prestados estão resolvendo as necessi-dades da população. Mais da metade (68,6%) afirmou ter confiança na equipe de saúde. Apenas 2,7% já par-ticipou de Conselhos Municipais de Saúde. Na avalia-ção dos serviços de odontologia do município, 38% considerou bom, sendo que 45,6% nunca utilizou. Em relação aos serviços de saúde, 57,7% qualificou como ótimo ou bom, 27,5% como regular e 8,7% como pés-simo ou ruim. Muitos relatos demonstraram desrespeito com o cidadão, violação de seus direitos e a carência de uma atendimento humanizado por parte dos profissionais de saúde. Conclusão: Observou-se que a maioria dos usuários está satisfeita com os serviços de saúde municipais, entretanto, grande parte nunca utilizou os serviços odontológicos municipais. Os profissionais de saúde não estão realizando as visitas domiciliares, conforme os princípios do PSF. O presente estudo identificou aspectos fundamentais que, embora presentes na sub-jetividade, não encontram canais de expressão, princi-palmente no plano concreto das práticas.

P171 - Evolução da implantação da Odontologia no Programa Saúde da Família no estado do Paraná.

Cristina Berger Fadel (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Nemre Adas Saliba (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social / NEPESCO / FOA-UNESP).

Introdução: O grande desafio para a saúde pública consiste em propor programas de intervenção cultu-ralmente sensíveis e adaptados ao contexto no qual vivem as populações às quais são destinados. O reco-nhecimento da crise do modelo assistencial predomi-nante no Brasil, no âmbito da saúde coletiva, vem suscitando a emergência de propostas que visam à transformação do sistema de atenção em saúde e de suas práticas. Os anos 90 testemunharam grandes mu-danças nas políticas de saúde no Brasil, norteadas pela necessidade de rupturas com as formas de organiza-ção do sistema de saúde, que teve seu ápice em 1994, quando o Ministério da Saúde (MS) apresentou o Pro-grama Saúde da Família (PSF) como estratégia para

consolidação do SUS. Infelizmente esse processo de reorganização não contemplou naquele momento a saúde bucal. Somente em dezembro do ano 2000, por intermédio da Portaria n. 1.444 do Ministério da Saú-de, foi regulamentada a inserção de equipes de saúde bucal no PSF. Este estudo teve como objetivo analisar a evolução da Odontologia no Programa Saúde da Família no Estado do Paraná, desde a sua implantação até o presente momento. Métodos: Para esta análise utilizaram-se as informa-ções disponíveis no site do Ministério da Saúde – www. s aude. p r. g ov. b r / saudebucal / Saudefami-lia, acessadas em 2002 e 2006. Resultados: Até o início do ano 2002, 303 dos 399 municípios do Estado do Paraná haviam implantado o PSF, sendo que, desses, 136 incorporaram equipes de saúde bucal ao programa. Analisando-se os dados disponíveis até o momento, podemos vislumbrar a passagem desses números para 365 municípios com PSF implantado e 275 municípios que contam com equipes de saúde bucal. Analisando-se esta distribui-ção segundo o porte demográfico, observa-se que a adesão às equipes de saúde bucal praticamente dobrou em todos os municípios: de 93 para 175; de 33 para 79; de 10 para 21 equipes nos municípios de pequeno, médio e grande porte, respectivamente. Houve tam-bém aumento no número de programas (PSF) implan-tados, mas não de forma significativa. Conclusão: Apesar das dificuldades para a implanta-ção do PSF e das equipes de saúde bucal, as quais permeiam todos os estados brasileiros, o Estado do Paraná vem mantendo-se como multiplicador desta nova estratégia, principalmente no que se refere ao âmbito da saúde bucal.

P173 - Avaliação do perfil e grau de satisfação da população atendida pelas equipes de saúde bucal na estratégia saúde da família no município de Casto / PR.

Cristina Berger Fadel (Programa de pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Júlio César Sandrini (Secretaria da Saúde de Castro / PR), Lígia Nadal Zardo (Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG / PR).

Introdução: A Estratégia Saúde da Família (ESF) "propõe uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde, bem como para a sua relação com a comunidade e entre os diversos níveis de complexida-de assistencial" (SOUZA, 1999). A assistência deve ser universal, integral, equânime, contínua e resoluti-va. Ainda, visando finalmente colocar em prática os

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princípios doutrinários e organizacionais do Sistema Único de Saúde (SUS), esta estratégia tem como fun-damentos importantes a humanização das práticas de saúde, a busca pela satisfação do usuário, o estreita-mento do relacionamento entre profissionais e comu-nidade e o estímulo pelo reconhecimento da saúde como um direito de cidadania e da qualidade de vida. Com o objetivo de criar uma oportunidade para me-lhor conhecer e ouvir a população beneficiada com a nova estratégia, desenvolvendo assim uma importante ferramenta para avaliação das ações, conduziu-se esta pesquisa sobre o perfil e grau de satisfação da popula-ção atendida pelas equipes de saúde bucal (ESB) em Castro / PR. Métodos: A metodologia empregada visou estabele-cer o perfil e grau de satisfação da população rural (cálculo amostral) adscrita pelas ESB no município de Castro / PR, trinta meses após a implantação da nova estratégia (período: janeiro de 2001 a julho de 2003). Para tanto elaborou-se um questionário semi-estruturado, abordando questões relativas às caracte-rísticas socioeconômicas e culturais do usuário, ao seu conhecimento e satisfação a respeito das ESB na ESF e à sua opinião sobre as ações desenvolvidas pela e-quipe. Este instrumento de pesquisa foi previamente validado e aplicado por agentes comunitários de saúde do município e por acadêmicos de Odontologia da UEPG / PR, todos perfeitamente treinados para a en-trevista. Os dados foram coletados durante os meses de julho e agosto de 2003, por intermédio de visitas domiciliares aos usuários cadastrados no programa (fonte de informação: PACS). Fizeram parte da amos-tra 184 usuários pertencentes a quatro distritos rurais de Castro / PR, escolhidos aleatoriamente, de acordo com a sua disponibilidade em participar da pesquisa (presença no domicílio e / ou interesse em responder ao questionário). O difícil acesso a algumas casas também se constituiu em fator de exclusão para o es-tudo. Os resultados obtidos através das questões fe-chadas foram expressos em tabelas contendo valores absolutos e relativos. Os dados de cunho qualitativo (“a fala” do usuário) foram transcritos na íntegra. Resultados: Os resultados mostraram, a maioria dos entrevistados, mulheres, com baixa renda e pouca escolaridade. Quanto à melhoria no atendimento, a-pontaram a questão da oportunidade de realizar o tra-tamento como a principal, ainda que muitos não se considerem satisfeitos com o dentista. Vale ressaltar, que 12% dos usuários, não tinham conhecimento da presença das ESB. Conclusão: Pode-se concluir que, os anseios do usu-ário, ainda remetem às mesmas questões do sistema tradicional de atenção em saúde bucal e que, talvez,

devido ao pouco tempo de sua inserção, as ESB, ainda não contemplem todas as atividades propostas para este novo modelo de atenção.

P181 - Prescrição de medicamentos em odontologia durante a gravidez: revista de literatura.

Maria Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multipro-fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Maria Caro-lina Ribeiro da Silva (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Julie Silvia Martins (Ca-sa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Mar-celina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Mar-cus Vinícius Diniz Grigoletto (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina)

Introdução: A gravidez representa um processo bio-lógico natural, no qual o organismo da mulher sofre inúmeras alterações fisiológicas e psicológicas. Mui-tas vezes, durante este período, a gestante fica muito apreensiva em relação ao tratamento odontológico, com receio deste causar alguma anormalidade congê-nita ou aborto, principalmente quando são prescritos ou administrados fármacos durante o tratamento. Considerando o potencial teratogênico e abortivo de alguns medicamentos, o cirurgião-dentista deve ter pleno conhecimento dos efeitos benéficos e indesejá-veis dos fármacos ao receita-los à gestante, garantindo uma atenção adequada. Métodos: Considerando o cuidado que deve ser to-mado no uso ou prescrição de medicamentos durante o período gestacional, o presente trabalho foi condu-zido a partir de uma revista à literatura sobre o assun-to, identificando os grupos de medicamentos mais utilizados em odontologia, suas indicações e contra-indicações em gestantes. Resultados: Foi identificado que os grupos de medi-camentos mais utilizados em odontologia são: anesté-sicos locais, antiinflamatórios, analgésicos e antibióti-cos. De acordo com a maioria dos autores revistos, o grupo de antibióticos de primeira escolha para uso em gestantes é o grupo das penicilinas. Os antiinflamató-rios devem ser evitados, porém, caso os benefícios superem os riscos, a escolha deveria recair sobre os corticosteróides em dose única. O analgésico mais indicado é o paracetamol. Entre os anestésicos, a op-ção seria a lidocaína com vasoconstritor. O segundo trimestre deve ser o período de escolha para o trata-mento odontológico.

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Conclusão: Mesmo a gravidez sendo uma fase de muitas modificações, tanto fisiológicas como psicoló-gicas, o tratamento odontológico não está contra-indicado, devendo o profissional ponderar a necessi-dade e a oportunidade de realizar os procedimentos durante este período, os cuidados a serem tomados em cada caso, os riscos e benefícios na utilização dos medicamentos de forma a oferecer um atendimento seguro para a gestante e o bebê.

P182 - Projeto de desenvolvimento de estratégias de atenção à saúde dos pacientes com necessidades de cuidados domiciliares e seus cuidadores na UBS A.E. Carvalho.

Maria Carolina Ribeiro da Silva (Residência Multipro-fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Maria Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-lina / Faculdades Santa Marcelina), Paula Andréa Massa (Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), José Magno Alves dos Santos (Resi-dência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-lina), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Mar-celina / Faculdades Santa Marcelina).

Introdução: O Programa de Saúde da Família foi implantado como uma estratégia para reorientar a a-tenção básica à saúde, segundo os princípios e diretri-zes do SUS. Uma das formas de realizar o cuidado à saúde da família, unidade de ação do programa, é a-través da assistência domiciliar, que visa melhorar a qualidade de vida do paciente, seus cuidadores e / ou familiares por meio da inclusão social, promoção, preservação e / ou recuperação da saúde, capacitação dos atores envolvidos e disponibilização de recursos necessários. Métodos: Esse estudo, com o objetivo de desenvolver estratégias que viabilizem e contribuam para melhorar a atenção domiciliar, definiu como critério de inclu-são: os pacientes se enquadrarem na definição de ne-cessidade de cuidados domiciliares da OMS, indepen-dente de realizarem atividades básicas da vida diária (como alimentar-se, vestir-se, tomar banho etc) e resi-direm na área cadastrada à equipe de saúde da família (1) da UBS A.E. Carvalho. Foram excluídos do estu-do aqueles que realizam mais de uma atividade ins-trumental da vida diária (como dirigir, telefonar, fazer compras etc). A proposta foi construída em 3 etapas: (1) capacitação das Agentes Comunitárias de Saúde

para identificação dos indivíduos que preenchem os requisitos de inclusão, elaboração do questionário, teste do questionário, visitas domiciliares para coleta de dados; (2) análise estatística dos dados e (3) elabo-ração e aplicação de propostas de ação. Ressalta-se que a proposta, no momento atual, encontra-se em sua 3.ª etapa. Resultados: De acordo com os critérios propostos, os Agentes Comunitários de Saúde identificaram 15 in-divíduos, porém verificou-se que 3 deles não preen-chiam os critério de inclusão. A partir dos dados cole-tados observou-se que os indivíduos que necessitam de cuidados domiciliares são em sua maioria, do gê-nero masculino (58%), e têm alguma fonte de renda (66,7%), sendo que 41,6% são casados e metade é analfabeto. Em 41% dos casos, a situação atual do paciente é atribuída a complicações de doenças sistê-micas crônicas como hipertensão e diabetes e 33,3% decorrentes de acidente vascular cerebral. Entre os cuidadores, observou-se que a maioria é do gênero feminino (83,3%), casado (58,3%), não possui outro emprego (75%) e apenas um recebe por cuidar. A maior parte mora com o paciente (75%) e tem algum grau de parentesco (91,7%). A dedicação ao cuidar é, em média, realizada por 16 horas / dia e 91,7% rela-tam dispor de pessoas para fazer revezamento. Práti-cas religiosas e realizar visitas são as atividades mais freqüentemente realizadas. Doenças sistêmicas são referidas por 75% dos cuidadores. Conclusão: O perfil dos indivíduos que necessitam de cuidados domiciliares e de seus cuidadores permite planejar estratégias que possibilitem melhorar a quali-dade de vida de ambos, porém salienta-se que é preo-cupante entre outras questões a alta incidência de alte-rações físicas e isolamento social identificados entre os cuidadores, que provavelmente estão relacionadas à sobrecarga de horas dispensadas ao cuidar.

R004 - Proposta de protocolo de índice de biofilme para sessões de orientação de higiene oral no servi-ço público.

Marcelo Bonjuani Pagan (SMS-CEO II-Periodontia-Amparo-SP).

Introdução: Com o aparecimento, no final dos anos 90, do conceito da Medicina Periodontal, os cirurgi-ões-dentistas (CDs) estão, de certa forma, obrigados a reverem seus conceitos quanto à qualidade das ses-sões de Orientação de Higiene Bucal (OHB) dispen-sadas aos seus pacientes. O principal objetivo da OHB é dar ao paciente capacidade de promover um controle do biofilme dentário de forma a gerar uma situação de

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salubridade gengival e dentária evitando a formação de cavitações no esmalte e controlar o aparecimento e evolução de algumas patologias do tecido mole bucal. Para ser eficiente, a sessão de OHB deve contemplar a instrução, reeducação e motivação do paciente. Estu-dos demonstraram que a utilização de métodos visuais no próprio paciente através de evidenciadores é um grande motivador do paciente para uma reavaliação dos métodos de higiene por ele adotado antes do tra-tamento e para enfatizar a recomendação da utilização de novos métodos de higiene se necessário. A aplica-ção de evidenciadores pode produzir um efeito positi-vo na terapia, porém deve ser acompanhada de um registro da quantidade de biofilme encontrado nas superfícies dentárias de cada paciente. Vários índices foram propostos para o registro e quantificação de biofilme dentário. Grande parte desses índices tem uma complexidade e detalhamento que os tornam in-viáveis para o uso no serviço público, por exigir gran-de tempo para a sua execução. Como o objetivo da OHB nesses serviços é a avaliação da saúde bucal e a motivação do paciente e tendo em vista a otimização do tempo para uma boa avaliação, optamos pela utili-zação do componente placa do Índice de Higiene Oral Simplificado (IOH-S) de Greene e Vermillion. Tal índice avalia as superfícies de seis dentes de acordo com a cobertura de biofilme aderido sobre cada uma das superfícies selecionadas. Métodos: Para o registro do índice IHO-S na sessão de OHB são utilizados evidenciador violeta de genci-ana, almotolia, espelho clínico nº 5 e espelho (mão ou parede). A evidenciação pode ser executada na pia ou na cadeira. O paciente faz o bochecho com o eviden-ciador e depois com água para retirada do excesso. A observação do acúmulo de biofilme é feita com um espelho clínico nº 5 e os valores registrados são ano-tados em impresso próprio. São avaliadas as faces Vestibulares dos dentes 16, 11, 26 e 31 e as Linguais dos 36 e 46, sendo divididas em terços cervical, mé-dio e oclusal (incisal). Para cada terço evidenciado, é damos o valor de 1 ponto e dividimos o total de pon-tos pela quantidade de superfícies registradas. É con-siderado índice bom valores entre 0,0 e 0,5. Resultados: O tempo gasto para o registro do índice IHO-S é menor e sem perda de motivação visual quando comparado com outros índices de biofilme, simples ou complexos, como o Índice de O’Leary ou o Índice de Desempenho da Higiene do Paciente (DHP) de Podshadley e Haley. Conclusão: O IHO-S é um índice rápido e seguro de ser aplicado, podendo ser rapidamente compreendido pelo CD. Assim, os pacientes têm a oportunidade de receberem as técnicas de higiene, os conhecimentos

para uma reeducação e, principalmente, a motivação necessária para criar um novo hábito de higiene bucal. Importante salientar que o fato de serem registrados dados referentes à apenas 06 dentes não altera a moti-vação do paciente. Esse registro tem o objetivo de apresentar um parâmetro de avaliação para o CD. Por-tanto, consideramos esse índice um excelente protoco-lo de OHB.

R018 - Aplicações de laser V e I.V. em pacientes imunossuprimidos no serviço público de Mogi Mi-rim.

Anamaria Rímoli, Márcia Bueno de Carvalho Maret-ti, Marcelo Souto Dante, Nadja Almeida Ayres, Ro-semary Fátima Silva (Prefeitura Municipal de Mogi Mirim).

Introdução: O laser terapêutico tem uma série de indicações, podendo ser usado isoladamente ou como coadjuvante de outros tratamentos, sempre que se necessite efeito local, ou ainda quando da necessidade de efeito terapêutico geral. Este trabalho visa apresen-tar as indicações do Laser e suas aplicações no serviço público, buscando uma integração das terapias con-vencionais com a laserterapia, no atendimento odon-tológico dos pacientes imunossuprimidos. Métodos: Foram utilizados: laser vermelho com po-tência óptica total de 50mW, diâmetro do feixe óptico 1,5 mm., de doses de 2 ou 4 Joules e banda de com-primento de onda de 660 + / - 3 nm.; laser infra-vermelho com potência óptica total de 100 mW, diâmetro do feixe óptico 1,5 mm, de doses de 2 ou 4 Joules e bandas de comprimento de onda de 790 + / - 3 nm. Resultados: Melhor e mais rápida reparação tecidual, alívio imediato da dor, redução de edema e de hipe-remia em curto espaço de tempo. Com isso, diminuí-mos o uso de medicamentos e conseqüentemente os efeitos colaterais e intermedicamentais nesses pacien-tes, tendo aumento da adesão e freqüência dos pacien-tes ao tratamento. Conclusão: A indicação da laserterapia e suas aplica-ções no serviço público, principalmente em pacientes imunossuprimidos, é mais uma opção terapêutica efe-tiva, rápida e que não apresenta efeitos indesejáveis, proporcionando assim, benefícios aos pacientes e aos profissionais.

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R029 - Endodontia: estratégias para agilizar o a-tendimento – experiência de Amparo.

Fernanda Barbosa Soukef (dentista do CEO da Pre-feitura Municipal de Amparo-SP), Célia Regina Sin-koç (dentista coordenadora do CEO da Prefeitura Municipal de Amparo-SP).

Introdução: A endodontia no atendimento municipal de Amparo iniciou-se em 1994. Um projeto que, sem condições de atender a todos, priorizava dentes anterio-res e crianças (uma especialista, três horas semanais). Em 2001, com a implantação das Equipes de Saúde Bucal no PSF, houve também o aumento da carga ho-rária na especialidade, permitindo a ampliação do pro-grama endodôntico. Aumentou o atendimento em adul-tos e o tratamento de dentes posteriores a partir de 2002. Estabeleceram-se critérios para o encaminha-mento à especialidade e este somente aconteceria após o término da atenção básica. A lista de pacientes a-guardando endodontia chegou a dois anos. O desafio era diminuir o tempo entre o término da atenção primá-ria e o início da endodontia para evitar a perda dentária. Métodos: Em 2003, com dois especialistas (40 horas semanais), decidiu-se: retriar a lista de espera; estabelecer critérios de encaminhamento mais rigorosos; rever o protocolo de atendimento junto aos colegas da atenção básica; conscientizar os pacientes sobre faltas às consultas; agendar o paciente primeiramente para uma pré-consulta com avaliação radiográfica. Em 2005, houve o cadastramento do CEO tipo II e a carga horária de endodontia passou para 48 horas semanais. Resultados: Houve uma maior agilidade no atendi-mento; menor número de pacientes faltosos; tempo de consulta conforme a dificuldade do caso (planejamento de ações); diminuição do tempo de espera após o tér-mino da atenção básica (três meses); trabalho com con-ceito de risco, identificando as prioridades; Melhor controle sobre as referências e contra-referências. Conclusão: Trabalhar com conceito de risco melhora o planejamento do trabalho assistencial, esclarecendo as prio-ridades das atenções básicas (PSF) e secundária (CEO). As conquistas surgem aos poucos, há um longo caminho a per-correr. Por exemplo, há falhas nas indicações de tratamento (conforme os critérios estabelecidos), pacientes são encami-nhados diretamente pelo atendimento de urgência para a especialidade. Ainda não há consenso sobre o que é um dente possível de ser restaurado no próprio serviço. Apren-der a lidar com as limitações do serviço e construir uma relação positiva com os colegas do PSF requerem tempo e vontade. Estabelecer a colaboração entre toda a equipe é crucial para a obtenção de bons resultados.

R032 - Implantação do CEO em Amparo.

Célia Regina Sinkoç, Marcelo Bacci Coimbra (Secre-taria Municipal de Amparo – SP).

Introdução: Amparo possui cerca de 66000 habitan-tes (2005). O investimento em saúde corresponde a 21,5% do orçamento próprio. O Município implantou PSF (Programa de Saúde da Família) em 1995. As equipes de saúde bucal só entraram em 2001, numa relação de 01 ESB – equipe de saúde bucal 40 horas semanais para cada USF. Algumas especialidades já vinham sendo ofertadas (ainda que com pouca carga horária) desde 1994 (endodontia anterior em pacientes jovens e cirurgia de 3os molares). Quando em 2001 (julho) foram implantadas as equipes de saúde bucal (ESB) no PSF com a proposta de organizar a assistên-cia ao adulto, surgiu na rede municipal a necessidade de se reestruturar a atenção secundária em função da nova demanda daquela ocasião – ou seja o adulto. Métodos: Como em 2005 o município já dispunha de cerca de 30 CD e optou-se pelo aumento da carga horária de alguns CD da rede. Buscamos então dentro do próprio grupo a experiência, afinidade e especiali-zação que cada um tinha. Há na rede profissionais especialistas em algumas áreas – 2 endodontistas, 2 periodontistas e um protesista. Na cirurgia e patologia não há especialistas na rede. Entre junho de 2001 e junho de 2005 (antes do cadastro do CEO tipo II pelo Ministério da Saúde – MS) o município investiu para que pudesse ser ofertada a atenção secundária. Como o investimento em saúde já tem sido maior que o pro-posto pela Emenda Constitucional nº 29 de 2000 (mí-nimo 15% do orçamento próprio) os aumentos das ofertas estavam vinculados a novos recursos. Por isso a habilitação deste serviço como CEO possibilitou a vinda de mais recursos financeiros para o serviço (R$ 50.000,00 para a implantação e reforma e mais R$ 8.800,00 mensais para custeio). Resultados: Tomando o ano de 2000 como ponto de partida (último ano em que houve quase que exclusi-vamente o atendimento de pessoas de 0 a 14 anos), pode-se dizer que de lá para cá (2005) tem havido um incremento nos procedimentos de atenção secundária (códigos 08 e 10) mesmo que pequeno, mas está au-mentando. A seguir, o ano e a percentagem de proce-dimentos na atenção secundária: 2000 – 10,7%,2001 – 10,5%,2002 – 11,1%, 2003 – 11,5%, 2004 – 12,6%,2005 – 14,5%. Percebemos aumentos expres-sivos entre 2004 e 2005 (ano da habilitação do CEO) nas especialidades: Periodontia de 329 procedimentos em 2004 para 843 procedimentos em 2005. Endodon-tia (123 para 268 endodontias concluídas, incluindo

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molares), Cirurgia de 247 para 476 dentes inclusos e semi-inclusos extraídos. A Prótese se manteve cons-tante. Aumentou também o nº de consultas na atenção secundária: em 2003 – 1923 consultas, em 2004 – 3070 consultas e em 2005 – 3959 consultas. A resolu-tividade nas especialidades também melhorou se for levado em conta o nº de consultas por TC: em 2004 era 2,4 e em 2005 passou a 2,1, ou seja, mais resoluti-va. Conclusão: Levando-se em conta a histórica falta de assistência pela qual o adulto passou em Amparo, pode-se dizer que ele requer procedimentos de maior complexidade que a criança. O fato do município de Amparo já gastar com saúde mais do que o que está proposto na EC nº 29 de 2000, todo novo recurso vai possibilitar a melhoria dos serviços prestados à popu-lação. Pensando que o SUS em Amparo está inserido em um contexto de constante construção em busca da integralidade, eqüidade e universalidade, pode-se di-zer que estamos colocando mais alguns tijolos... Por fim, podemos dizer que a gestão em Amparo trabalha sempre com base no que o SUS preconiza e a implan-tação do CEO favorece mais um princípio do SUS – a integralidade.

R034 - Odontologia e aleitamento materno no mu-nicípio de Peruíbe – orientação e estímulo.

Ângela Cristina Nunes Calaça (PMEB Peruíbe), Ma-riângela Rodrigues Leal (PMEB Peruíbe).

Introdução: A amamentação é incentivada por ser o leite materno um alimento completo e imunizante, além de gerar um melhor desenvolvimento mental e maior equilíbrio emocional. O exercício feito durante a amamentação estimula tanto a parte óssea quanto a musculatura levando a um crescimento harmonioso da face. Observada a desinformação das gestantes e pu-érperes em relação à odontologia para os bebês e os benefícios do aleitamento, criou-se o Programa de Odontologia para bebês dentro do município, desen-volvido junto ao banco de leite humano da prefeitura de Peruíbe. Métodos: Orientação às mães sobre higiene oral e maus hábitos dos bebês, assim como incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de ida-de: na maternidade e no retorno para a imunização com a vacina BCG. Atendimento preventivo e curati-vo para crianças até os 3 anos. Distribuição de solução fluorada a partir do nascimento dos primeiros decí-duos até os 3 anos. Resultados: 100%das mães dos bebês nascidos a nível hospitalar recebem orientações da odontopedia-

tra antes de terem alta da maternidade. 97,75% das crianças entre os 12 e os 36 meses estão livres de cá-rie. 11% das crianças na mesma idade apresentam indícios de má oclusão. O ceo é de 0,1. A procura pelo serviço oferecida pela odontopediatria aumentou de 138 pacientes em 2001 para 2033 pacientes em 2003. Dados relativos a 2002/2003. Conclusão: O projeto de Odontologia para bebês é uma semente plantada a cada nascimento, que vem obtendo bons frutos quando nota a procura do serviço não só por pais movidos pela dor de seus filhos, mas por pais que querem esclarecimentos e uma odontolo-gia preventiva. A primeira consulta odontológica deve ser antes do nascimento do primeiro decíduo, a fim de que os pais possam ser orientados em relação à higie-ne e dieta, e aconselhados a levar os filhos ao dentista assim como levam ao pediatra, a fim de acompanhar o desenvolvimento destes na tentativa de erradicar a cárie, prevenir contra as doenças periodontais e a má oclusão.

R039 - A campanha de educação e prevenção do câncer bucal realizada em 2005. e a implementação da atenção à saúde bucal do idoso em Cidade Ti-radentes.

José Carlos Alves, Silmara Regina da Silva, Flávia Chammas (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo - SMS SP – supervisão Cidade Tiradentes), Alexandre Takeshita (SMS SP- Coordenadoria Regi-onal de Saúde Leste);. Maria da Candelária Soares (SMS SP – Área Técnica de Saúde Bucal).

Introdução: Cidade Tiradentes, distrito situado no extremo-leste da cidade de São Paulo, com uma popu-lação estimada de mais de 250.000 habitantes. Sua rede de saúde é composta por 12 Unidades Básicas de Saúde, das quais apenas duas contavam com equipes de saúde bucal em Programa de Saúde da Família, além de um Cirurgião-Dentista (CD) atendendo crian-ças de 7 a 14 anos. Em novembro de 2004 a região passou a contar com 27 CD, o que possibilitou a im-plementação das ações de saúde bucal em conformi-dade com os princípios do SUS, assim como a inser-ção da região no projeto Diagnóstico Precoce e Pre-venção do Câncer Bucal durante a Campanha de Va-cinação dos Idosos, proposto pela Secretaria Munici-pal de Saúde em 2005, que serviu como ponto de par-tida para a implementação rotineira de ações de saúde bucal direcionadas a essa população. Métodos: Em fevereiro de 2005 ocorreu uma capaci-tação dos cirurgiões-dentistas em semiologia como preparação não apenas à Campanha de Prevenção e

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Diagnóstico Precoce de Câncer Bucal, mas também a implementação da avaliação rotineira de tecidos mo-les nas ações de atenção ao idoso. Essa capacitação constou de 8 horas de aula teórica, ministrada por uma CD da rede, especialista em Estomatologia e uma ca-pacitação prática realizada em março e abril, na qual foram realizadas triagens de pessoas acima de 60 anos em cinco UBS. Na seqüência, ocorreram os exames durante a Campanha de Prevenção e Diagnóstico Pre-coce de Câncer Bucal associada à Campanha Nacio-nal de Vacinação do Idoso, realizada de 25 de abril a 06 de maio de 2005. Os idosos com alguma suspeita de patologia em tecidos moles foram agendados para retriagem; para os faltosos foram realizadas duas con-vocações para novo agendamento de retriagem em julho e agosto de 2005. Na seqüência, efetuou-se visi-ta domiciliar àqueles que, pelas anotações constantes da planilha de retriagem, apresentaram lesões mais preocupantes ou encontravam-se acamados. Todos os idosos triados e retriados tiveram as necessidades de tratamento atendidas. Resultados: Foram triados 532 idosos nas UBS na fase de capacitação prática; destes, 59 necessitaram de algum tipo de intervenção em tecidos moles, realizada com a participação de um CD clínico geral e da semi-ologista; outras necessidades de tratamento identifica-das foram também atendidas. Dos 5376 idosos vaci-nados durante a Campanha de Vacinação, 2544 (47,32%) foram examinados pelos CD. Destes, 328 (12,89%) foram agendados para retriagem, dos quais 53 % compareceram. Nas duas convocações seguintes logrou-se o comparecimento de mais pessoas, elevan-do para 77,74% o número de recreados. A cobertura de 47,32% de idosos examinados durante a Campanha de Prevenção e Diagnóstico Precoce de Câncer Bucal foi superior a da região leste (32,13%) e de todo o município de São Paulo (16,39%) Conclusão: Esses resultados confirmaram a necessi-dade da atenção em saúde bucal a esse grupo etário, de forma rotineira, o que vem sendo realizado desde então.

R047 - Avaliação de risco em escolares no Municí-pio de Amparo – SP.

Célia Regina Sinkoç, Marcelo Bacci Coimbra, Sidnei Piccoli Alves, Antonio Marcos Araújo (Secretaria Municipal de Saúde de Amparo – SP).

Introdução: Em 1999, a Resol. SS-39 (16/3) sugeriu a avaliação de risco de todos os matriculados no pro-cedimento coletivo (PC), objetivando identificar os indivíduos com diferentes riscos da doença. Em 2002,

iniciou-se a avaliação de risco em Amparo, utilizando como base o Documento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) “A organização das ações de saúde bucal na atenção básica: uma proposta para o SUS São Pau-lo”. Alguns instrumentos de coletas de dados foram modificados, anualmente, de acordo com as necessi-dades e sugestões coletadas em reuniões de equipe, objetivando agilizar a coleta de dados, porém sem descaracterizá-los de modo que se possa compará-los com outras avaliações. Métodos: O Município de Amparo possui cerca de 66.000 habitantes (2005), faz procedimento coletivo (PC) em escolares desde 1990. Atualmente, 13.000 crianças estão matriculadas no programa. A Avaliação de risco é realizada em alunos do ensino infantil e fundamental de todas as escolas da rede pública de ensino no Município. A freqüência é anual nos pri-meiros meses do ano e na medida do possível, cada Equipe de Saúde Bucal (ESB) faz os exames nas suas áreas de abrangência. O Exame é realizado em ambi-ente externo, luz natural, com espátulas de madeira. Usamos os impressos: Apostila de orientações, plani-lha de: avaliação de risco (por sala de aula), de resu-mo da avaliação de risco (por escola), de controle do Cirurgião Dentista para tratamento dos classificados em E (cárie aguda) e F (relato de dor) e de controle das ações das equipes do PC (por escola) para os clas-sificados em D (biofilme e gengivite). Resultados: A digitação de todas as planilhas de resumo da avaliação identifica as escolas com alunos de maior e menor risco de cárie. O preenchimento da planilha de controle do Cirurgião Dentista (para os classificados em E e F) facilita a convocação para tratamento curativo e levantamento sobre tratamentos completados e a planilha das ações do PC facilita o controle da freqüência (dos classificados em D) nas quatro seções semanais de escovação supervisionada e fluorterapia, se necessário. Os alunos classificados em A (ausência de lesão de cárie), B (história de dente restaurado) e C (lesão de cárie crônica) são inseridos nos trabalhos bimestrais pelas equipes do PC (de edu-cação em saúde e escovação supervisionada e aplica-ção tópica de flúor). Em 2005, foram examinados 7723 escolares, classificados em: A: 42,5%, B: 19,6%, C: 7,0%, D: 8,0%, E: 22,3% e F: 0,6% . Os dados referentes a 2002 a 2005 mostram que o médio e o alto risco têm diminuído e o baixo risco está au-mentando. A percentagem de livres de cárie (geral) também tem aumentado bastante (20,8% em 2003 para 45,4% em 2005). O baixo risco e livres de cárie diminuem com a idade. Para compreender melhor o significado destas alterações, há que se fazer um estu-do mais específico para este fim. Um outro aspecto da

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avaliação de risco é que as informações coletadas também podem ser usadas para planejar as ações tanto no âmbito do PSF quanto para os equipamentos trans-portáveis (cálculo de nº estimado de períodos para tratar determinada população). Conclusão: Considera-se a importância do planeja-mento prévio, através de reuniões das equipes, objeti-vando a simplificação da execução da avaliação de risco, bem como, das ações preventivas ou curativas a serem executadas anualmente nos escolares da rede pública de ensino do Município. Os impressos utiliza-dos podem ser modificados de modo a melhorar a sistemática da coleta de dados, de acordo com suges-tões, facilidades, dificuldades, etc. durante a realiza-ção da avaliação Outro ponto importante é que se o grupo vai fazer sugestões, quem coordena deve estar aberto a receber estas sugestões e conversar sobre elas, e em algumas situações acatar as mudanças su-geridas pelo grupo. É importante mostrar ao grupo o resultado condensado do trabalho de anos anteriores (feedback da informação a quem realizou o exame). A cada ano a equipe se qualifica quando se prepara para fazer os exames, e se capacita inclusive para aprimo-rar a avaliação de risco.

R050 - Experiência na prevenção de má oclusão em pré escolares na rede pública de Vinhedo.

Claudia P. D. Santos Mattos (SMS Vinhedo,SP), Zu-leika Milazzo Santos (SMS Vinhedo,SP).

Introdução: A má-oclusão é considerada pela OMS como o principal problema de saúde publica depois da cárie e da doença periodontal. Deve-se buscar alterna-tivas de intervencão simples, de fácil aplicação e cus-to reduzido que possam ser usadas sempre que um desvio do correto desenvolvimento seja diagnosticado e que atuem num período em que as deformidades não estão totalmente sedimentadas, facilitando a sua cor-reção. Comprovar a viabilidade clínica e econômica de tais procedimentos, no atendimento à população infantil, foram os desafios que nos moveram, moti-vando-nos a estabelecer o padrão de atenção praticado hoje na rede pública municipal, culminando com a implantação do Programa de Prevenção a Maloclusão. Métodos: Critérios adotados: ausência de cárie ou com tratamento restaurador completado e ausência de hábitos deletérios, dentição decídua ou mista em está-gio inicial de erupção e autorização do responsável para a realização do tratamento. Solicitamos ainda, radiografia panorâmica através de um convênio do município com a PUC Campinas. A Secretaria Muni-cipal de Saúde fornece meio de transporte para o local

do exame radiográfico e seu agendamento é feito pela assistente social. No Programa de Prevenção a Molo-clusão há a participação do serviço de fonoaudiologia. São usados ainda recursos como: mantenedores de espaços, planos inclinados, aparelhos móveis, botões linguais e elásticos e Pista Direta de Planas(PDP) A correção de mordidas cruzadas funcionais foi o pro-cedimento mais executado e nelas as PDP apresenta-ram o melhor resultado final no tratamento, tanto pela eficácia da técnica quanto por exigir menor colabora-ção da criança e do responsável. As PDP se baseiam na substituição temporária do plano oclusal alterado por um artificial. São platôs de resina composta colo-cadas sobre a superfície oclusal dos dentes decíduos, individualmente, de forma a modificar a inclinação do plano oclusal. Resultados: Durante estes cinco anos foi possível verificar a viabilidade do Programa de Prevenção a Maloclusão com resultados positivos nos tratamentos efetuados, que podem ser executados pelo CD no a-tendimento de crianças após treinamento nos conhe-cimentos de ortopedia funcional. T écnicas que não dependem da colaboração das crianças e seus respon-sáveis apresentaram melhores resultados finais. Conclusão: Programas de prevenção da má oclusão na rede de serviços públicos de saúde, são viáveis bastando para isso, capacitar os profissionais da rede pública, para que haja atuação satisfatória na inter-venção precoce de alterações oclusais.

R075 - Grupo de saúde bucal: otimizando o aten-dimento odontológico no CR DST / AIDS Penha.

Priscilla Yumi Nishimura (CR DST / AIDS Penha), Sonia Cristina Serpico Fernandes (CR DST / AIDS Penha).

Introdução: A procura pelo tratamento odontológico nas unidades de saúde é crescente. A dificuldade em oferecer atendimento imediato a toda essa demanda levou-nos à reformulação do Grupo de Saúde Bucal. Buscamos, através dessa ação, sistematizar um fluxo de atendimento na unidade focando o acolhimento e a humanização, na medida em que oferecemos informa-ções em saúde que “empondera” o usuário e invoca responsabilidade perante sua saúde bucal. Métodos: O Grupo de Saúde Bucal existe na unidade há aproximadamente 5 anos e há 1 ano foi reformula-do de forma a atender as necessidades da população e implementar o funcionamento da unidade de saúde. Definimos um fluxo de atendimento e compartilha-mos com a gerência e toda equipe multidisciplinar. Assim, todo paciente que é matriculado no CR é ori-

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entado a passar pelo grupo antes dar seqüência ao tratamento odontológico propriamente dito. O grupo ocorre quinzenalmente e é uma oportunidade de co-nhecer o usuário, dirimir dúvidas, diminuir angústias e incitar um maior comprometimento com o segui-mento do tratamento odontológico. A atividade evolui de forma informal com a participação ativa dos usuá-rios, que, ao final, se sentem mais seguros e próximos ao profissional. Resultados: Infelizmente não coletamos dados para compilarmos indicadores. Porém, não temos receio em conjeturar os benefícios adquiridos com a refor-mulação da atividade, pois são de fácil constatação na rotina diária do atendimento. Observamos um maior comprometimento, com diminuição da abstenção e aumento dos retornos para controle após finalização do tratamento. Além disso, os retornos reduziram-se basicamente à realização de profilaxia, sendo pratica-mente suprimida a necessidade de intervenção restau-radora ou cirúrgica. As consultas de emergência de-correntes de dor espontânea foram reduzidas, permi-tindo que o atendimento flua sem intercorrência. O diálogo com o paciente também ficou facilitado, já que este já possui um entendimento prévio das doen-ças bucais e de suas implicações. A agilidade do aten-dimento do pacientes “antigos” e o comprometimento dos novos estão permitindo o atendimento de uma gama maior de pacientes, praticamente anulando a demanda reprimida. Conclusão: O Grupo de Saúde Bucal é norteado pe-los princípios e diretrizes do SUS e conhecimento científico, contribuindo para a redução da vulnerabili-dade da população às doenças bucais. Esta ação busca a promoção à saúde, a garantia dos direitos humanos, respeitando as diversidades sexual, racial, étnica, so-cial, econômica e cultural e a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV / AIDS.

R078 - Cidadania Total – Saúde Bucal Especiali-zada.

Patrícia Paulino Pelegrini (Prefeitura da Estância Turística de Embu).

Introdução: Desde a década de 80, a política de aten-ção odontológica do município da Estância Turística de Embu, é direcionada à reorientação e expansão dos serviços, tanto da atenção básica em saúde bucal quanto das especialidades de Endodontia, Pacientes Especiais e Cirurgia Buco-Maxilo-Facial. Com o Pro-grama de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Brasil Sorridente, um grande passo foi dado para a amplia-ção da oferta de atendimento odontológico de média

complexidade no SUS (Sistema Único de Saúde), a criação de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Em agosto de 2005, a implantação da Perio-dontia no CEO de Embu, para pacientes oriundos da rede básica do SUS, se tornou um marco no Serviço de Saúde Pública da cidade. Métodos: O conceito de atendimento à demanda com tratamentos especializados no serviço público não é novo. A atenção integral à saúde começa pela organi-zação do processo de trabalho na rede básica de saúde juntamente com ações em outros níveis, em um pro-cesso multiprofissional e interdisciplinar. Com a i-nauguração deste centro especializado foram observa-dos vários aspectos relacionados a antigos conceitos do paradigma individualista e também foi possível implantar novas práticas em relação à saúde bucal, como parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo. Todo cidadão tem direito ao atendimento público e gratuito na rede pública de saúde. O CEO–Periodontia teve início após análise prévia da disponi-bilidade de material existente. Várias questões foram debatidas até a decisão dos critérios para inclusão. O primeiro passo foi elaborar um documento com a normatização dos critérios de referência e contra-referência dos pacientes identificados para tratamento periodontal especializado. A periodontia praticada é integralizada do ponto de vista de abrangência de ca-sos clínicos, ampliando o conjunto de ações desenvol-vidas para obter maior qualidade e resolutividade. Como primeiro modelo de atenção especializada em pPeriodontia da rede, a unidade conta com dois pro-fissionais CD (20h) e um THD (30h) semanais. Resultados: A idéia inicial de que a atenção integral à saúde, objetivo do SUS, é formada pela organização do processo de trabalho na rede básica, e neste nível de atenção, necessita esgotar os limites de suas possi-bilidades dando uma resposta eficaz aos munícipes, nos leva a reflexão do quanto os paradigmas são difí-ceis de serem superados. Nossa experiência tem mos-trado que o serviço além de ser viável, apesar de apre-sentar-se de forma modesta, tem atendido com resul-tados altamente eficientes aos propósitos iniciais. Desde a sua implantação até o último levantamento (dezembro / 2005) o serviço computou 120 tratamen-tos iniciados com 977 atividades realizadas. Conclusão: Com isso, o Ministério da Saúde rompe com a lógica de que a saúde bucal na área pública deva se restringir à atenção básica. Um dos eixos es-truturantes do “Brasil Sorridente” é a busca ao acesso universal e a integralidade na assistência odontológi-ca. O amadurecimento do serviço público no Municí-pio da Estância Turística de Embu trouxe resultados positivos em todos os setores, como mostram indica-

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dores de saúde, servindo de modelo para outras cida-des. O ótimo exemplo de Embu só confirma que a saúde bucal na área pública não deve se restringir a-penas à atenção básica, e sim a outras áreas especiali-zadas da odontologia, como a Periodontia.

R085 - Ações de saúde bucal no ambulatório do Hospital Maternidade Interlagos, São Paulo, 2005.

Alessandra Tavares Souza (FOUSP-FUNDECTO) Antonio Carlos Frias (FOUSP).

Introdução: O programa de atendimento odontológi-co às gestantes foi desenvolvido pelo ambulatório do Hospital Maternidade Interlagos com base na obser-vação das parturientes que relatavam carência de co-nhecimento em auto-cuidado bucal e a presença de agravos bucais e deficiência no acesso ao atendimento pelos serviços de saúde durante o período pré-natal. O objetivo do programa é oferecer atenção em saúde bucal a todas as gestantes inclusive durante o período de internação desenvolvendo ações de educação em saúde bucal e ações de assistência às necessidades acumuladas tanto em serviços de atenção básica como especializada. Métodos: Através da observação e análise dos relató-rios de produção do ambulatório do Hospital Materni-dade Interlagos no período de janeiro a dezembro de 2005 descreveremos o modelo de atenção adotado, os recursos humanos disponíveis e os serviços prestados às gestantes. Resultados: No período gestacional, a mulher sofre alterações orgânicas que associadas à mudança de hábitos e dieta que podem levar ao aparecimento de problemas dentários como cárie e problemas perio-dontais. Das parturientes que adentraram ao ambula-tório do Hospital Maternidade Interlagos, todas parti-ciparam das atividades de educação em saúde bucal. 1.468 foram atendidas no serviço de triagem odonto-lógica. Destas, 263 (17%) eram pacientes de baixo risco, 83% foram classificadas como de médio risco, assim sendo foram encaminhadas para o serviço de atenção básica e especializada do mesmo ambulatório. Os serviços oferecidos no ambulatório são: clínica de dentística, periodontia, endodontia, cirurgia e atendi-mento às gestantes internadas. As necessidades de diagnóstico e semiologia são encaminhadas para FOUSP, UNISA, e os ambulatórios de especialidades do SUS. Conclusão: Para suprir a carência de acesso em aten-ção básica das parturientes que procuravam o serviço do hospital, foi desenvolvido este programa de saúde bucal com ações de educação em saúde e assistência

às necessidades, tendo como objetivo a humanização do atendimento por parte dos profissionais envolvidos e respeitando os preceitos do SUS de integralidade e universalidade, suprindo as necessidades em saúde bucal visando a melhoria de qualidade de vida.

R091 - Unidade Básica de Saúde A.E. Carvalho e Centro de Educação Infantil Artur Alvim: a inter-setorialidade como um dos eixos estruturantes da atenção à saúde.

Maria Carolina Ribeiro da Silva (Residência Multipro-fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Maria Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-lina / Faculdades Santa Marcelina), Paula Andréa Massa (Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), José Magno Alves dos Santos (Resi-dência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-lina), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Mar-celina / Faculdades Santa Marcelina).

Introdução: Um dos objetivos da Estratégia Saúde da Família é buscar renovar vínculos de co-responsabilidade entre os serviços e a população assis-tida, uma vez que a responsabilidade pela saúde trans-cende o setor saúde e implica ações e alianças que comprometam outros setores institucionais e atores sociais. A Residência Multiprofissional em Saúde da Família tem, assim, como um de seus objetivos, o re-conhecimento da necessidade e importância das ações intersetoriais para melhoria da qualidade de vida da população. Com este propósito, os residentes que atu-am na UBS A.E. Carvalho propuseram uma parceria com o Centro de Educação Infantil (CEI) Artur Alvim, que atende crianças de 0 a 5 anos de idade. Métodos: A atuação no CEI iniciou-se com um diag-nóstico situacional, realizado em três etapas: 1. Entre-vistas com os responsáveis pelas crianças; 2. Reunião com funcionários do CEI; 3. Avaliação do crescimen-to (peso, altura e cálculo do percentil) e da saúde bu-cal (risco de cárie e tecidos moles). A partir dos dados levantados, elaborou-se um objetivo geral de ação, ou seja, a melhoria da qualidade de vida de todos os ato-res sociais envolvidos, e cada categoria profissional elaborou objetivos específicos, estabelecendo os te-mas a serem trabalhados. Para cada tema foi determi-nado um período de ação trimestral, com intervenções mensais de 40 minutos. Na perspectiva trimestral, no primeiro mês a ação é com os funcionários da institui-

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ção; no segundo, com os responsáveis e, no terceiro, com as crianças. A técnica pedagógica escolhida é a da problematização, buscado criar condições para as pessoas tornarem-se críticas, questionadoras e capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Resultados: O primeiro tema, abordado no período de julho a outubro de 2005 foi “Saúde Bucal”. Os encontros com os educadores e com os responsáveis proporcionaram diversas trocas de saberes, esclareci-mentos de dúvidas e, acima de tudo, o estabelecimen-to de uma parceria entre estes e os profissionais de saúde, para que as ações tenham continuidade. Com as crianças, além de uma atividade de educação em saúde bucal, realizou-se orientação de higiene, na pre-sença das educadoras, e tratamento restaurador atrau-mático (ART), quando necessário. Na necessidade de outros tratamentos, a criança foi encaminhada para a unidade de saúde. No segundo trimestre o tema abor-dado foi “Infecções respiratórias agudas”, com educa-dores e pais. A partir da avaliação das ações, foram realizadas adequações ao planejamento e outros temas serão desenvolvidos durante o ano de 2006, como “Sexualidade e Infância”. As crianças têm sido reava-liadas trimestralmente e nota-se uma melhora nas condições de saúde, além de um maior envolvimento de familiares e educadores. Conclusão: O trabalho intersetorial favorece a efeti-vação da promoção da saúde e, conseqüentemente, a melhoria das condições de vida e ampliação do exer-cício da cidadania. No espaço escolar, estas ações são de extrema importância, pois colaboram com todos os participantes de seu universo: alunos, educadores, funcionários e responsáveis.

R118 - Lei Estadual 8.342: um instrumento para a atenção às doenças da boca e da face no Estado de Mato Grosso.

Cléa Adas Saliba Garbin (FOA / UNESP); Artênio José Isper Garbin (FOA / UNESP); Artur Aburad de Carvalhosa (Secretária de Estado de Saúde de Mato Grosso); Fabiano Tonaco Borges (FOA / UNESP e Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso); Fer-nanda Vieira Bezerra (Universidade de Cuiabá / UNIC)

Introdução: A Lei 8.080/90 determina que é da com-petência dos estados a elaboração de políticas públi-cas para garantir a universalidade e a integralidade da assistência, como também a descentralização para os municípios das ações e dos serviços de saúde. A Se-cretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso elaborou,

por meio da Lei 8.342, a política de atenção às doen-ças da boca e da face, decretada pela Assembléia Le-gislativa e sancionada pelo Governador do Estado no dia 30 de junho de 2005. Com a promulgação da mesma o Estado de Mato Grosso implementou um sistema de atenção que inicia nas unidades básicas de saúde, com a retaguarda de uma unidade de referência e o respaldo do laboratório público de anatomia-patológica. Estas ações de saúde pública propiciam o diagnóstico precoce das lesões malignas, benignas e infecciosas intervindo precocemente em indivíduos com lesões graves, como o câncer de boca, diminuin-do os índices de morbidade e mortalidade gerados por estas doenças. Este trabalho tem o objetivo de divul-gar e discutir junto à comunidade científica às ações e resultados da implantação desta lei desde sua criação até o presente momento. Métodos: Foi realizado uma análise da lei 8.342 e feito um levantamento dos resultados da sua implan-tação, por meio de um estudo descritivo dos laudos histo-patológicos do laboratório público de referência do estado de Mato Grosso. Resultados: A lei 8.342 é um marco regulatório na atenção das doenças buco-faciais, pois interioriza os serviços de diagnóstico bucal nas unidades básicas de saúde, com treinamentos dos cirurgiões dentistas da rede básica de saúde, a implantação de um serviço de referência em diagnóstico para os municípios e a im-plementação de um serviço de anatomia patológica bucal no laboratório público do estado de Mato Gros-so. No primeiro ano de funcionamento foram encami-nhadas 354 biópsias pelas unidades básicas de saúde para o laboratório, das quais 12 casos eram de câncer de boca (3,3%) e 14 de paracococidioidomicose (3,9%), lesões essas com alto grau de morbidade e que podem levar à morte. Conclusão: Conclui-se que a utilização do projeto lei para consolidar as políticas públicas tem se mostrado eficaz no que diz respeito à validade, aplicabilidade e legalidade da política implementada, onde os primei-ros resultados mostram que houve assimilação dos municípios quanto à responsabilidade de realizar os exames necessários para o diagnóstico das lesões da mucosa bucal, num sistema estritamente público.

R127 - Atendimento a pacientes com Dores Orofa-ciais e Disfunções de ATM (DTM) no serviço pú-blico da Prefeitura de Cosmópolis – SP.

Rafael Morais Bersan (C. D. SMS Cosmópolis – SP).

Introdução: As dores orofaciais e as DTM são condi-ções cada vez mais presentes no cotidiano da popula-

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ção. Advinda dentre vários fatores, do desequilíbrio morfo-funcional músculo-esquelético-dentário, asso-ciado na maioria das vezes a distúrbios de ordem e-mocional. Tendo como base estas condições etiológi-cas, e avaliando as condições de vida impostas à grande parte das pessoas, não é difícil perceber que o número de portadores de alterações cresce exponenci-almente assim como a busca por tratamento das mes-mas. Métodos: O atendimento é iniciado com uma extensa anamnese não padronizada que adaptamos a cada ca-so. É realizado então o exame clínico, que além da inspeção intra-oral consta de palpação muscular cer-vico-crânio-facial, medição de abertura da boca, ob-servação de movimentos de abertura e fechamento da boca além de seus movimentos excursivos, manipula-ções mandibulares, dentre outros. De acordo com a necessidade, e não como protocolo, são requisitados exames complementares como: radiografias panorâ-micas, radiografias de ATM em 3 posições (transcra-niana). Exames estes limitados para o diagnóstico ou sua complementação. Assim percebe-se a importância da avaliação clínica em todas as suas instâncias, pois os exames complementares que realmente ajudariam como a Ressonância Magnética ou a Tomografia Computadorizada (como roga a literatura científica), são extremamente difíceis de se conseguir no serviço público, ainda mais quando são requisitados por um C. D. Pelo fato das patologias ou alterações trabalha-das possuírem etiologia multifatorial, é também exi-gido um trabalho multidisciplinar que visa a integra-ção de duas ou mais especialidades como: Fonoaudio-logia, Otorrinolaringologia, Neurologia, Fisioterapia, Psicologia e Psiquiatria. Resultados: Anteriormente ao início desta modalida-de de atendimento no serviço de Cosmópolis, os paci-entes eram encaminhados a serviços de referência da região, o que além de dificultar o acesso aos tratamen-tos, colaborava com a sobrecarga destas unidades. Com grande parte dos casos sendo resolvidos dentro do próprio município, os fatos acima mencionados foram minimizados e a população dispõe de acesso a este tipo de serviço de forma mais rápida, fácil e me-nos morosa. Conclusão: Conclui-se desta forma que existe a pos-sibilidade de se realizar este tipo de atendimento nos Serviços Públicos Municipais, absorvendo uma de-manda relativa ao tema cada vez maior e alertando a necessidade de capacitação de mais Cirurgiões Den-tistas dos serviços públicos para que estes tenham a condição de se não tratar, pelo menos identificar e saber encaminhar de forma correta os pacientes com os problemas em questão. Abrindo também o campo

de trabalho do C. D. para áreas ainda pouco explora-das pelos mesmos.

R143 - Descritivo das atividades realizadas nos 6 primeiros meses de funcionamento do Centro de Especialidades Odontológicos (CEO) no município de Santana de Parnaíba.

Rosana Lappo (SMS – Santana de Parnaíba), Alexan-dra Cristina Pitol de Lara Basso (SMS – Santana de Parnaíba).

Introdução: O município de Santana de Parnaíba possui uma população de 98.065 habitantes (IBGE – 2005) e conta com 30 cirurgiões-dentistas distribuídos em 3 segmentos: preventivo, que atua em todas as unidades escolares municipais desde 1997; ambulato-rial presente em todas as UBS’s e equipe PSF, que oferece tratamento completo em ações básicas, sem restrição de faixa etária e especializado. Com a estru-tura de atenção básica implantada, foi possível orga-nizar as especialidades odontológicas, algumas já ofe-recidas pelo município desde 1997 como prótese total e parcial confeccionadas em laboratório próprio, ci-rurgia oral menor e pacientes especiais. Com o incen-tivo proporcionado pelo Programa Brasil Sorridente do Ministério da Saúde, foi possível solicitarmos o credenciamento de um Centro de Especialidades O-dontológicos (CEO) tipo I e um Laboratório Regional de Prótese Dentária (LRPD) no ano de 2005. Às espe-cialidades já existentes, foram acrescidas periodontia, semiologia e distúrbios da articulação têmporo–mandibular (ATM). Métodos: Foram os seguintes: contratação de especialistas, contratação de ACD (Auxiliar de Consultório Dentário), aquisição de equipamentos e instrumentais específicos para o atendimento das especialidades, elaboração de protocolos de encaminhamento das UBS para o CEO, estabelecimento de fluxos de referência e contra-referência, consulta ao banco de dados municipal. Resultados: Nos seis primeiros meses de funciona-mento do Centro de especialidade Odontológico (CEO) foram realizados os seguintes procedimentos: 1.125 em pacientes com necessidades especiais; 644 de cirurgia oral, 517 de periodontia, 492 de prótese total, 182 de endodontia, e 169 placas de mordida para distúrbios de ATM. Isso representou respectivamente 35%, 21%, 17%, 6%, 6% e 5% do total de procedimentos. Conclusão: A organização das especialidades na estrutura do CEO e LRPD proporcionou vazão à de-manda por especialidades gerada pelo atendimento da atenção básica nas UBS’s. O monitoramento mensal

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da produção por agrupamento de procedimentos, permite alterações na organização do serviço com implementação de novas atividades.

R144 - O perfil do ambulatório de pacientes com necessidades especiais do Município de Santana de Parnaíba.

Simone Augusta Marques Monteaperto (SMS – San-tana de Parnaíba), Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso (SMS – Santana de Parnaíba), Raquel Zaicaner (SMS – Santana de Parnaíba)

Introdução: O município de Santana de Parnaíba localiza-se na região metropolitana da Grande São Paulo e possui 98.056 habitantes (IBGE – 2005). A saúde bucal está organizada no município no segmen-to preventivo, ambulatorial e especializado. O ambu-latório de pacientes especiais teve início em agosto de 2004, em resposta à demanda existente oriunda dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Saúde Mental: CAPS Infantil, CAPS Adulto e CAPS Álcool e Drogas; dos pacientes portadores de hanseníase, tuberculose e HIV acompanhados pela Vigilância Epidemiológica municipal e pacientes fóbicos e por-tadores de doenças crônicas degenerativas encami-nhados pelos cirurgiões dentistas da rede. Métodos: Foram os seguintes: sensibilização dos pro-fissionais do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) para recepção dos pacientes portadores de ne-cessidades especiais; capacitação da Auxiliar de Con-sultório Dentário (ACD); elaboração de protocolos de encaminhamento ao ambulatório de pacientes especi-ais. e estabelecimento do fluxo de referência dos e-quipamentos / serviços da rede ao ambulatório Resultados: O ambulatório de pacientes especiais cadastrou 372 pacientes desde seu início e distribui-ção de acordo com sua origem / patologia da seguinte maneira: 242 encaminhados pelos CAPS, 92 encami-nhados pela Vigilância Epidemiológica e 38 com comprometimento sistêmico encaminhados pelos ci-rurgiões-dentistas da atenção básica. Nota-se que 65% dos pacientes atendidos no Ambulatório de Pacientes Especiais são oriundos dos CAPS, 35% possuem comprometimento sistêmico e foram encaminhados pela rede básica e 10% são pacientes acompanhados pela Vigilância Epidemiológica. Ressaltamos que o atendimento de todos os pacientes foi realizado a ní-vel ambulatorial, não sendo necessária sedação / in-ternação dos mesmos. Conclusão: A implantação do ambulatório de pacien-tes especiais proporcionou integralidade nas ações de saúde oferecidas aos pacientes portadores de transtor-

nos mentais, neurológicos, sindrômicos, pacientes crônicos, fóbicos e com doenças infecto contagiosas do município de Santana de Parnaíba, integrando-se com outros equipamentos de saúde da rede municipal.

R145 - A implementação de serviços de saúde bu-cal para pacientes com necessidades especiais em Cidade Tiradentes

José Carlos Alves (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo - SMS SP – supervisão Cidade Tiradentes), Ediane Moutinho - SMS SP – supervisão Cidade Ti-radentes Alexandre Takeshita (SMS SP- Coordenado-ria Regional de Saúde Leste).

Introdução: A Organização Mundial da Saúde estima que 10% da população mundial é constituída de pes-soas com algum tipo de deficiência. Em países em desenvolvimento a Organização Pan-americana de Saúde associa, em geral, a condição de deficiência às precárias condições de vida-trabalho, educação, trans-porte, moradia e acessibilidade aos serviços e infor-mações. Cidade Tiradentes, distrito situado no extre-mo-leste da cidade de São Paulo, com uma população estimada de mais de 250.000 habitantes, tornou-se um local de exclusão social devido às precárias condições de vida e as altas taxas de desemprego. Até novembro de 2004 sua rede de saúde era composta por 12 Uni-dades Básicas de Saúde, das quais apenas uma conta-va com equipes de saúde bucal em Programa de Saú-de da Família, além de outra unidade com um cirurgi-ão-dentista (CD) atendendo crianças de 7 a 14 anos. A partir de então, a região passou a contar com 27 CD, o que possibilitou a ampliação das ações de saúde bu-cal. A região recebeu também um profissional especi-alizado no atendimento a pacientes especiais, que in-tegrará a equipe do Centro de Especialidades Odonto-lógicas a ser inaugurado, integrando também o projeto Brasil Sorridente. Métodos: Realizou-se inicialmente um reconheci-mento da área de abrangência, da demanda reprimida e possibilidades de locomoção por meio de visitas domiciliares à pacientes acamados, deficientes físicos e mentais, sindrômicos ou com doenças psíquicas que os impediam de sair de casa (depressão, síndrome do pânico). Durante a visita era feita uma anamnese deta-lhada, triagem de risco e educação em saúde para os pacientes e cuidadores. Também foi criado um fluxo de atendimento para a procura espontânea. Constatada a necessidade de intervenção clínica a consulta foi marcada e um carro disponibilizado para o transporte do paciente.

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Resultados: Foram visitados 165 pacientes e 39 pro-curaram o serviço espontaneamente. Encontramos 29 pacientes com doenças sistêmicas e AVC; 74 com hipertensão ou diabetes; 14 com doenças cardíacas; 17 com doenças congênitas ou hereditárias; 16 com deficiência mental; 6 com esquizofrenia; 5 com de-pressão / pânico; 3 com câncer; 1 com HIV; 17 com deficiência física e 22 com outras deficiências. Encon-tramos 78% dos pacientes examinados com necessi-dades de tratamento restaurador, 87% com necessida-de de tratamento periodontal e 12,5 com necessidade de tratamento em tecidos moles. Conclusão: O relato feito pelos cuidadores de que não conseguiam atendimento para seus familiares portadores de necessidades especiais no serviço pri-vado ou que aguardavam já há muitos anos uma vaga em serviços públicos distantes, bem como as condi-ções epidemiológicas e sociais encontradas confirma-ram a necessidade da atenção em saúde bucal a esse grupo populacional, de forma rotineira, o que vem sendo realizado desde então.

R149 - A saúde bucal no programa de saúde da família (PSF) – 06 anos de experiência – UBS Jd. Campos – Distrito de Itaim Paulista – São Paulo – SP.

Henri Menezes Kobayashi (Casa de Saúde Santa Marcelina), João Francisco Franzé (Casa de Saúde Santa Marcelina), Marisa Santini (Casa de Saúde Santa Marcelina), Ir. Monique Bourget (Casa de Sa-úde Santa Marcelina).

Introdução: A saúde bucal é parte integrante e insepa-rável da saúde geral do indivíduo e está relacionada com as condições de vida (saneamento, alimentação, moradi-a, trabalho, educação, renda, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse de terra). Considerando a necessidade de ampliação do acesso da população brasileira às ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal e, sendo o Programa de Saúde da Família uma importante estratégia para a consolidação do Sistema Único de Sa-úde, o Ministério da Saúde estabeleceu, pela Portaria-MS 1.444, de 28/12/2000, regulamentada pela Portaria 267 de 06/03/2001, um incentivo financeiro para a reor-ganização da atenção à saúde bucal prestada nos muni-cípios por meio do Programa de Saúde da Família. Métodos: O objetivo deste trabalho é mostrar a inclu-são da equipe de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família, a estratégia usada para o atendimento à população em uma UBS no Distrito de Saúde do Itaim Paulista, São Paulo: a triagem, a classificação de risco de cárie, doença periodontal e tecidos moles; os gru-

pos de gestantes, bebês, hipertensos e diabéticos; Campanha de prevenção de câncer de boca e os pro-cedimentos coletivos em escolas. O trabalho em equi-pe modular com THD e ACD e a integração com os médicos e enfermeiros. A capacitação dos agentes comunitários de saúde; a participação popular e os resultados alcançados de 06 anos de experiência. Resultados: Durante esses 06 anos de atendimentos odontológicos, foram realizadas 46.254 consultas a-gendadas, 10.043 consultas de urgência, 111.760 pro-cedimentos odontológicos sendo 59.619 procedimen-tos curativos e 43.712 procedimentos preventivos, 494 grupos de bebês, 221 grupos de HA / DIA / Gestantes, 203 grupos de câncer bucal, 255 visitas domiciliares e 31.375 escovações supervisionadas. Em média, foram realizados 3,52 procedimentos por consulta e percen-tual de período em clínica foi de 61%. Conclusão: Através deste trabalho, percebemos a importância dos dados da produtividade odontológica para podermos planejar, gerenciar e avaliar as ações de saúde bucal no serviço público.

R150 - Campanha de prevenção e diagnóstico pre-coce do câncer bucal no Centro de Referência do Idoso – CRI José Ermírio de Moraes, no município de São Paulo 2005. “Alta cobertura de exames ga-rantida pelas estratégias de captação”.

Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Centro de Referência do Idoso / SES-SP), Marcello Luis Bitencourt Baraldi (Centro de Referência do Idoso / SES-SP), Maria Isa-bel Aguilar (Centro de Referência do Idoso / SES-SP).

Introdução: Para o ano de 2000 a Organização Mun-dial de Saúde estimou que no mundo todo, ocorreriam mais de 10 milhões de casos novos de câncer. A aná-lise da distribuição proporcional das causas de morte no Brasil mostra que, desde a década de 30, com a queda da mortalidade causada pelas doenças infeccio-sas e parasitárias, as neoplasias, juntamente com as doenças do aparelho circulatório, vem sendo respon-sáveis por um número cada vez maior de óbitos, apon-tando para uma mudança no perfil de mortalidade semelhante àquela observada nos países desenvolvi-dos. O quadro epidemiológico de saúde bucal no Bra-sil continua apresentando a cárie ocupando o lugar de maior destaque na escala dos problemas bucais, con-siderados como Problemas de Saúde Pública, atingin-do 99% da população do nosso país. Ocupando o úl-timo lugar na escala dos problemas bucais, considera-dos como Problema de Saúde Pública, atrás da cárie, doença periodontal, má-oclusão e fendas labiopala-tais, está o câncer bucal, sendo de todos, o potencial-

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mente capaz de levar o indivíduo a óbito. O câncer de boca é doença de alta incidência. Estima-se que 7% da população mundial portadora de câncer esteja acome-tida por câncer de boca. O Brasil está em quarto lugar, em incidência, no mundo. Métodos: Como fase preparatória para a campanha, durante os meses de fevereiro e março de 2005, foram disparadas pelo setor de Odontologia, algumas discus-sões com a Diretoria Geral e com a direção dos setores, no sentido de traçar o planejamento de ação para o refe-rido momento. A partir desta etapa cumprida, ficou a-cordado o Plano de Trabalho que constituiu-se basica-mente de: Profissionais no acolhimento efetivo do idoso na porta de entrada da instituição dando as orientações necessárias sobre a vacina e exame da boca e organizan-do o fluxo de entrada dos pacientes aos setores; inversão do fluxo de atendimento, onde o idoso primeiramente submetia-se ao exame da cavidade bucal para depois ser vacinado, evitando evasão do exame e prejuízo na co-bertura de vacinas; disponibilização de 2 Auxiliares de Consultório Odontológico para o Dentista que examina-va, favorecendo a otimização do atendimento, pois en-quanto uma auxiliar preenchia as planilhas a outra esta-va junto ao profissional; atendimento no sábado subse-qüente ao início da campanha com 2 Dentistas e 6 auxi-liares; atendimento com posto avançado na entrada do baile que acontece todas as sextas-feiras na instituição, e que conta com a participação em massa dos usuários da áreas de convivência, chegando por vezes ao número de mais de 500 idosos; disponibilização de sala extra du-rante todo o período da campanha, para realização dos exames e finalmente a manutenção das agendas de aten-dimento sem alteração da programação de atendimento normal o que favoreceu também a captação de pacientes que compareceram ao serviço para dar continuidade ao seu tratamento planejado. Resultados: Ao final da campanha de 2005 na insti-tuição, foram vacinadas 2.868 pessoas, sendo que deste total, 2.613 passaram também pelo exame da cavidade bucal, perfazendo um total de mais de 91 % de cobertura de exames sobre a população vacinada, atendida no serviço. Conclusão: O planejamento prévio e o desenvolvi-mento de estratégias para captação de pacientes para este tipo de atividade, usando criatividade e exploran-do ao máximo o potencial de recursos oferecidos pe-los serviços à população, favorece a efetividade das propostas em saúde, aumentando a resolutividade e assistência em nível local.

R166 - Observatório de Saúde Bucal Coletiva: construindo a cidadania na saúde.

Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP), Fabi-ana Schneider Pires (CRT – SES / SP), Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde – SES / SP), Rebeca Silva de Barros (Instituto de Saúde – SES / SP), Luiz Vicen-te Martino (Instituto de Saúde – SES / SP), Luis Anto-nio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde –SES / SP).

Introdução: O desenvolvimento de programas de saúde bucal encontrou forte razão tecnológica ao iní-cio dos anos 90, a partir de 2 eventos fulcrais: o marco teórico da Saúde Bucal Coletiva, desenvolvido em 1988, e a introdução, na atenção básica, dos procedi-mentos coletivos em saúde bucal (PC). OBJETIVO. Assim, este projeto visa instalar um "Observatório de Saúde Bucal Coletiva" em cidades situadas a oeste da Região Metropolitana de São Paulo, com intervenção quanto aos modelos de atenção, capacitação de recur-sos humanos, instalação local de competência diag-nóstico-terapêutica e gerencial em saúde. Métodos: 1- Mobilização das equipes locais de saúde bucal, pesquisadores e colaboradores, incluindo entre estes conselheiros usuários, visando o estabelecimento e o desenvolvimento de rede de interesses comuns; 2- Promoção de reuniões técnicas com a equipe regional de saúde, incluindo os secretários municipais, por meio da Comissão Intergestora Regional (CIR), expli-citando o interesse institucional; 3- Organização de seminários teórico-metodológicos, visando o desen-volvimento e a consolidação do coletivo, com a agre-gação de novos meios de trabalho e de linguagem comum e identitária; 4- Organização do trabalho em saúde bucal em todos os níveis, consoante a capacida-de operativa alcançada pelo coletivo, com base nas práticas de co-gestão. Resultados: A atenção em saúde bucal vem se res-sentindo de inovações. Avolumam-se evidências de que novas tecnologias, quando se trata da saúde pú-blica, devem ser alvo da atenção dos formuladores de políticas de saúde. Conclusão: A atenção em saúde bucal vem se ressen-tindo de inovações. Avolumam-se evidências de que novas tecnologias, quando se trata da saúde pública, devem ser alvo da atenção dos formuladores de políti-cas de saúde.

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R177 - “Acompanhamento dos serviços de atenção em saúde bucal no PSF da Unidade de Saúde Vila Espanhola / Fundação Zerbini: o desafio para equi-librar as ações de natureza coletiva e assistenciais”

Antonio Carlos Frias (FOUSP / UNIBAN); Maristela Vilas Boas Fratucci (UMC / FUNDECTO / CD-PMSP); Equipe de Saúde Bucal US Vila Espanhola (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo).

Introdução: Os serviços em seu percurso de implanta-ção se preocupam em usar indicadores de quantidade e qualidade para avaliar a eficácia e efetividade dos pro-gramas a serem implementados e desenvolvidos. Mui-tos programas que adotaram a construção conjunta da equipe de PSF e saúde bucal têm vivenciado resultados bastante satisfatórios com relação à cobertura, acesso, discussão e encaminhamento de casos; outros pontos suscitam maiores discussões relativas ao equaciona-mento entre as ações de natureza coletiva e assistenci-ais, as práticas democráticas de devolutiva desses da-dos e o respeito ao processo por vezes exaustivo dos trabalhadores da saúde e suas atribuições. Contudo o respeito e a humanização aos usuários tem sido um processo compartilhado entre equipe e população. Métodos: Os dados foram sendo coletados dos bole-tins de produção mensal dos profissionais da equipe de saúde bucal no período de 1998 a 2005. Sendo ela-borados alguns indicadores, tabelas, gráficos e relató-rios que por vezes norteavam as discussões e o plane-jamento anual. Resultados: No período de 1998 a 2005 foram reali-zados 57.712 atendimentos, com média de 633 aten-dimentos / mês. Esses atendimentos resultaram 165.275 procedimentos com média de 1.808 procedi-mentos / mês. Os indicadores básicos foram inseridos em 2001 na prática mensal como instrumento de con-trole e avaliação das ações de saúde. Assim sendo a taxa de urgência foi em média de 29,1%, a taxa de freqüência às consultas foi de 78,3%, o índice de ren-dimento foi de 5,7 procedimentos / consultas e o nú-mero médio de consultas por TC foi de 3,7%. Com relação as ações coletivas de 1999 a 2005 foram co-bertos em média anual 1912 escolares e 2977 usuários de grupos programáticos. Foram realizadas aproxima-damente 100 visitas domiciliares / ano. Sendo ainda referência para os serviços especializados. Conclusão: Os dados epidemiológicos são imprescindí-veis pra avaliar e reposicionar propostas de atenção em saúde bucal, aliadas aos fatores de co-responsabilidade com equipes, usuários, comunidades organizada e conse-lhos gestores na busca de uma real atitude de exercício pleno de planejamento e de democracia.

R186 - Programa Permanente de Prevenção do Câncer de Boca: CEO - Pederneiras

Emílio Carlos Souto (Cirurgião dentista – CEO-Pederneiras), Iula Maria Bertolini (Coordenadora Saúde Bucal – Pederneiras), Regina Haddad Barrach (Cirurgiã dentista – CEO-Pederneiras), Tatiana Ra-zuk Beltramini (Cirurgiã dentista – CEO-Pederneiras)

Introdução: No Centro de Especialidades Odontoló-gicas (CEO) é desenvolvido o Programa Permanente de Prevenção do Câncer de Boca (PPPCB), que con-siste em triagens com anamneses, tratamentos, cirur-gias e biópsias de todas as lesões bucais detectadas no Município. Métodos: São realizadas triagens de todos os pacien-tes diariamente encaminhados para as especialidades (prótese, endo, entre outras), quando detectada a lesão e imediatamente realizada a cirurgia de biópsia, exa-me anatomopatológico como o método de diagnósti-co. Resultados: O caso clínico apresentado neste traba-lho é de um paciente de 95 anos que tinha uma lesão na região da papila incisiva. Foi submetido à biópsia incisional, tendo como diagnóstico carcinoma espino-celular e também a biópsia excisional, no qual foi removido o tumor e margens neoplásicas. Após 15 dias, o paciente foi encaminhado para a radioterapia, seguindo-se melhora significativa do quadro clínico. Conclusão: Concluímos que as cirurgias de C.A. são mutiladoras. O pós-operatório é difícil e muitas vezes comprometem as funções mastigadora, fala e estética. Portanto, a prevenção diária como método de trabalho no CEO é a opção utilizada para a prevenção das do-enças bucais.

R187 - Universalidade e Integralidade no PSF de Santana de Parnaíba – A experiência da Equipe de Saúde Bucal na Unidade Móvel.

Juliana Vasilian Alti Barmakian (SMS – Santana de Parnaíba), Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso (SMS – Santana de Parnaíba).

Introdução: A portaria que institui a Equipe de Saúde Bucal no PSF foi publicada no ano 2002, Santana de Parnaíba preocupada com a integralidade das ações de saúde ofertadas, implantou sua equipe PSF em março de 2000 com um Cirurgião – Dentista em período integral como membro da equipe. Num formato dife-rente, através de uma Unidade Móvel de Saúde, solu-ção encontrada para levar atenção médica / odontoló-

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gica dentro dos pressupostos do modelo PSF a uma grande região do município com população dispersa e características rurais, com dificuldade de acessar bens e serviços, acentuando-se a desigualdade social desta região em relação a outras áreas municipais. A área coberta pela Unidade Móvel de Saúde “Amigos da Família” compreende uma área geográfica de aproxi-madamente 1/3 da extensão territorial do município e 5% da população. Métodos: Foram os seguintes: implantação da Equipe de Saúde Bucal (ESB) no Programa de Saúde da Fa-mília (PSF), contratação de cirurgião-dentista com carga horária de 40h / semanais e de auxiliar de consultório dentário, além de assegurar espaço físico na unidade de saúde móvel para o consultório odontológico. Resultados: O programa abrange uma região, dividi-da em 10 micro-áreas, com 1.152 famílias cadastradas e 4.608 habitantes. A ESB desenvolve ações como cadastramento das famílias adscritas; promoção e pro-teção de saúde; procedimentos coletivos educativos – preventivos para idosos, hipertensos, diabéticos, ges-tantes, adolescentes e crianças; atendimento de urgên-cias odontológicas; diagnóstico precoce do câncer-bucal; referência para as especialidades do Centro de especialidades odontológicas (CEO); inquéritos epi-demiológicos de cárie dental periódicos. A produtivi-dade da Equipe de Saúde Bucal no PSF de foi de 600 procedimentos odontológicos em 2000, 2177 em 2001, 2191 em 2002, 2734 em 2003, 3193 em 2004 e 3350 em 2005. Observa-se a tendência crescente da produção. Conclusão: A inclusão da Equipe de Saúde Bucal (ESB) no PSF assegurou integralidade nas ações de saúde, articulando o individual com o coletivo, a pro-moção e a prevenção com tratamento e a recuperação da população adscrita. Durante 2000-2005 foram rea-lizados 14.246 procedimentos odontológicos pra a população adscrita.

R188 - Abordagem diferenciado aos pacientes do PSF, pela Equipe de Saúde Bucal.

Juliana Vasilian Alti Barmakian (SMS – Santana de Parnaíba), Raquel Zaicaner (SMS – Santana de Par-naíba).

Introdução: O programa de Saúde da Família pressu-põe a incorporação da equipe de saúde bucal e envol-vimento da equipe de saúde com a comunidade pela qual é responsável. Em Santana de Parnaíba o pro-grama de Saúde da Família existe desde março de 2000 estruturado em equipe móvel que atua em ôni-bus adaptado. No ano de 2005 foi implantada unidade fixa de PSF. A grande extensão territorial e dispersão da população fizeram com que esta alternativa se mostra a mais viável. O sucesso das ações do PSF, em especial atuando em unidade móvel depende em mui-to, de envolvimento de todos os membros da equipe e em especial do agente comunitário de saúde. Métodos: Foram os seguintes: sensibilização da e-quipe de PSF, treinamento dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), captação dos usuários para as ofici-nas, realização de oficinas e incorporação dos pacien-tes à rotina do serviço. Resultados: A equipe de saúde da família é compos-ta por 15 profissionais que passam por reuniões sema-nais onde recebem atualização permanente. Foram realizadas 4 reuniões especificas com 4 horas de trei-namento por membro da equipe. Realizadas ativida-des culturais para promoção da saúde como: baile de carnaval, dia internacional da mulher e dia do adoles-cente. Foi também estabelecido cronograma de ativi-dades mobilização da comunidade, a saber: caminha-da no bairro do Ingaí, no dia mundial da saúde, baile nostalgia, para idosos, durante a campanha de vacina-ção e exame de câncer bucal; cine PSF para crianças e semana das mães e futuras mães, com oficina de biscuit. Conclusão: Estas atividades culturas estão produzido mobilização da comunidade, conhecimento do pro-grama de Saúde da Família, maior envolvimento da equipe, motivação para trabalho e adesão dos pacien-tes aos programas propostos. Foi possível realizar ações coletivas preventivas com equipe multiprofis-sional e obter uma maior adesão ao tratamento odon-tológico, de forma a diminuir o índice de cárie dental, através da utilização ferramentas leves.

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Biograf ia do Professor Ney Moares

Nasceu em: Santos (SP) no dia 28 de maio de 1934 e era filho de Ernesto Moraes e Luisa Moraes. Casou-se com Elisabeth Moraes e teve dois filhos: Ruy Moraes e Ney Moraes Filho. Graduou-se em 18/12/1956 em O-dontologia pela Faculdade de Odontologia de Campinas. Iniciou curso de medicina em 1957 e interrompeu em 1959 por razões particulares. Nesse período atuou como monitor durante as aulas de bioestatística na Escola Paulista de Medicina. Em 07 de junho 1960 ingressou na carreira universitária assumindo a cadeira de Bioesta-tística da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da USP. Suas primeiras publicações datam do período entre 1960 e 1963, como autor e co-autor. Em 1963 ingressou no curso de pós-graduação em Saúde Pública para Ci-rurgiões-Dentistas. Interrompido por motivo de bolsa da Organização Mundial da Saúde para estudos na Stan-ford University, California, EUA, posteriormente reconhecido pela Faculdade de Saúde Pública da Universida-de de São Paulo (FSP-USP) com de pós-graduação. P ermaneceu junto a FSP-USP até 1966. Em 01/06/1966 foi admitido na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) para reger a cátedra junto à cadeira de Odontologia Preventiva, onde instalou a cadeira de Higiene e Odontologia Preventiva (Odon-to. Preventiva, Odonto. Sanitária e Bioestatística). Ministrou curso de pós-graduação em Bioestatística na FOB-USP no mesmo ano. Em 1967 com auxílio de colegas implantou o Centro de Pesquisa e Reabilitação das Le-sões Lábio-Palatais, origem do atual Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC). Em 1968 retornou a FSP-USP para concluir o mestrado. Em 1969 obteve o título de mestre em Saúde Pública. Em 1970 participou da criação dos cursos de pós-graduação da FOB-USP, inclusive ministrando aulas. Em 1971 obteve seu título de Doutor em Ciências (Odontologia Sanitária). Em 1974 novamente como bolsista da OMS cursou Epidemiologia na Universidade de Minnesota – EUA. Atuou em: Faculdade de Odontologia da Universidade de Zulia – Venezuela; Escola de Saúde Pública, Universidade de Minessota – EUA e Universidade de Illinois – Chicago – EUA e Departamento de Estomatologia da Universidade de Valle, Cali, Colômbia. Em 1977 (05/04) tornou-se livre-docente lotado no Departamento. de Odontologia Social FOB-USP. Em 18/08/1978 passou a exercer a função de Professor Adjunto no Departamento. de Odontologia Social da FOB-USP. De 05/02/1981 a 04/02/1983 foi afastado da FOB-USP para atuar como colaborador junto à Faculdade de Odontologia de Per-nambuco em Camaragibe-PE. Findo o prazo, prorrogou-se este por mais cinco meses. Retornou à FOB-USP ainda em 1983 reassumindo atividades regulares junto ao Departamento. de Odontologia Social. Em 1984 co-ordenou a comissão de coordenação didática e colaborou na criação da FUNBEO. Em 1985 elaborou e apresen-tou projeto de Curso de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Odontologia Preventiva e Social da FOB-USP. Sendo aprovado, foi seu coordenador. Em 1986 participou de intensas ações comunitárias em nível regio-nal. Em 1987 assessorou o ERSA 23 Bauru, da Secretaria Estadual da Saúde planejando e prestando consultoria técnica em projetos. Em 1988 passou a integrar o Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário como membro fundador e foi eleito para o Conselho desse centro. Em 25 de Janeiro de 1990 foi nomeado Professor Titular do Depto. de Odontologia Social da FOB-USP. Faleceu em 06/04/1990 no Pronto Socorro Municipal de Bauru em conseqüência de insuficiência respiratória causada por neoplasia maligna pulmonar.

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Instruções aos autores

Odontologia e Sociedade destina-se à divulgação de artigos originais que contribuam para o estudo e desenvolvimento da Odontologia Social, Odontologia em Saúde Coletiva;Odontologia Legal, Bioética, Deontologia e áreas afins. Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções: Artigo: revisão crítica sobre temas pertinentes às áreas de abrangência ou resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual (máximo 8.000 palavras). Opinião: parecer qualificado sobre tópico de interesse, a convite do Editor. Nota Prévia: relato de resultados parciais ou preliminares de pesquisa (máximo: 2.000). Resenha: apresentação crítica de livro relacionado ao campo temático da Revista, publicado recentemente e revisão de redes de comunica-ção “on-line” de interesse. Tese: resumo de tese ou dissertação de interesse, defendida no ultimo ano (máximo 200 palavras). Carta: crítica a artigo publicado em fascículo anterior da Revista ou nota curta, relatando observações de campo ou laboratório (máximo 1.000). Documentos: fotos, textos (máximo 2.000 palavras) e outros documentos de interesse para a história da Odontologia no Brasil. Apresentação dos originais: Serão aceitas contribuições em português ou inglês. Os originais devem ser apresentados em espaço duplo e submetidos em 3 vias. Devem ser enviados com uma página de rosto, na qual constará o título completo do artigo, nome (s) do (s) autor (es) e de sua (s) respectiva (s) instituição (ões). Após a aprovação dos artigos, os autores devem enviar a versão final em disquete e uma cópia impressa. O disquete deverá conter em sua etiqueta o nome do artigo, o autor principal e o (s) programa (s) usado (s) no trabalho (somente programas compatíveis com DOS ou Windows). Fotos: não mande fotos digitalizadas em seu arquivo de texto. Anexe os originais, em papel fotográfico, ao seu artigo. Fotos cujos originais estejam impressos em jato de tinta ou laser não serão aceitas pra publicação. Resumo e palavra-chave: Artigos, Opinião e Nota Prévia deverão conter título, resumo e palavras-chave (máximo 200 palavras) em portu-guês e em inglês. Referências: Deverão ser organizadas de acordo com os exemplos abaixo. No texto, citar sobrenomes do autor e ano de publicação, como em Diamond (1997) ou Bailey and Gatrell (1995). No caso de citações com mais de dois autores, somente o sobrenome do primeiro deverá aparecer, seguido de et al. As referências citadas deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem alfabética, de acordo com o sobrenome do primeiro autor. Não devem ser abreviados títulos de periódicos, livros, editoras ou outros, podendo ser utilizadas as abreviações de títulos de periódicos estabelecidas pelo MEDLINE. Devem constar os nomes de todos os autores. Exemplos: ArtigoGrembowski, D.; Milgron, P.; Fiset, L. (1991) Dental decision making and variations dentist service rates. Soc. Sc. Med. 32, 287-94. LivroBailey, T.C.; Gatrell, A. C. (1995) Interactive Spatial Data Analysis. Essex: Longman. 413 p. TeseGonçalves, A. C. S. (1998) Estimativa da idade em crianças baseada nos estágios de mineralizaçao dos dentes permanentes, com finalidade odontolegal. Dissertação de Mestrado, São Paulo, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Capítulo de livroDiamond, I. (1997) Population conunts in small áreas. In Geographical & Environmental Epidemiology, eds. Elliott, P.: Cuzick, J.; English, D.; Stern, R. p.96-105, Oxford: World Health Organization / Oxford University Press.

Endereço para correspondência: Odontologia e Sociedade, Faculdade de Odontologia da USP, Departamento de Odontologia Social, Av. Prof. Lineu Prestes, 2227 - CEP: 05508-000 - São Paulo – SP, Brasil.

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Índice de autores

Adilmo Henrique do Nascimento, R090Adilson de Castro, R066Adriana Almeida Jecks, R185, R180, R168Adriana Delboni Barreto, R002Adriana Fernandes, R087Adriana Leandra Pianca, R070Adriana Néri, R107Aglair Iglesias Duran, P099Aglair Iglesias Duran & Edgard Del Passo, R120Agnaldo Antonio da Silva, P003Albina Dolores Herbas Zapata, R176Alessandra Fernandes Gonçalves Pavan, R044Alessandra Tavares Souza Antonio Carlos Frias,

R085Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso, R142,

R143, R144, R187Alexandre Avancine Giovelli, R170Alexandre Takeshita, R039Aline Arcanjo Gomes, R185, R180Amélia Keiko Samoto, P011Ana Carolina da Graça Fagundes, P128, P132,

P123Ana Claudia Moutella Pimenta Giudice, R021Ana Karolina Zampronio Bassi, P147, P158Ana Lucia Figueiredo Pessoa de Barros, R069Ana Paula D. Libório, R087Ana Paula Dossi, P121, P122Ana Paula Martins de Freitas Tafner, P016Ana Valéria Pagliari, P154, P156, R165Anamaria Rímoli, R018Anderson Gomes Mota, R107André Luiz Menato, P178, R066Andréa Bruschi, R141Andrezza Samaha Rabelo Lucchesi, P099Ângela Cristina Nunes Calaça, R034Angela Eloisa Rausch, P147Angela Libert Alves, R168, R180, R185Angela Maria Magosso Takayanagui, R119Anna Letícia M. de O. Beck, R120Antonio Bento Alves de Moraes, P025

Antonio Carlos Frias, R046, R177, P178Antonio Carlos Pereira, P016Antônio Franscisco Ton, P147Antonio Marcos Araújo, R047, R031Antonio Robles Junior, P041Any Aparecida de Carvalho, R048Aracélie Mayerhoffer, P160, P174Aretusa de Paula Rodrigues, P113Arnaldo Pomilio, P099Arsenio Sales Peres, P148Artênio José Isper Garbin, P172, P128, R044,

R133, P117, P132, P157, P161, P042, P121, P122, R118

Artur Aburad de Carvalhosa, R118Artur Cerri, R081Astrid Farinazzo, P089Avrum Koltiarenko, P073Aylton Valseck Junior, P189, P151Beatriz Balduino Ferraz da Silva, R059Caio Marcio Fillippos, R037Camila Benedini Martelli, R134Camila Vasconcelos Santana Prado, P189Camilo Anauatte Neto, R176Carla Tambara, R108Carlos Botazzo, R111, P001, R104, P083, P167,

P100, R166Carlos Roberto Tencarte, R027Carolina Nunes de Oliveira Silva, R184Carolina Pedrosa Brito, P123Cássia Liberato Muniz Ribeiro, R036, R037Catalina Riera Costa, R062, R077Ceci Queluz Venturini Nicolai, R175Célia Aparecida Ducci Fernandes Chaer, R002Célia Regina Sinkoç, R029, R032, R047Celso Aquiles, R066Celso Zilbovicius, P083César Lopes Junior, P148Cézar Augusto Casotti, P156Cíntia Garcia Mesquita, R087Clarice Sumie Ide, R170Claudia da S. Cora, P112

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Índice de autores 136

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Claudia de Oliveira Ferreira, R126Claudia P. D. Santos Mattos, R050Claudio Massami Suzuki, P137Cléa Adas Saliba Garbin, P128, P114, P152, R044,

R133Cléa Adas Saliba Garbin, R165, P117, P132, P157,

P161, P042, P121, P122, P123, R118Clícia de Oliveira, P088Cristina Aparecida Ferreira, R120Cristina Berger Fadel, P171, P173Cristina Ramos da Silva, P113Cristine Alves Paz de Carvalho, P147Cynthia Andersen Sarti, P089Dagmar de Paula Queluz, R059, P057, P067, P056,

P058Dalila Aparecida Nogueira, R036, R037Daniel Malagoli, R066, R080Daniela Atili Brandini, P113Daniela Coelho de Lima, P117, R133, P135, P136Daniela de Paula Silva, R106Debora Sueli Correia Marques, P190Deborah Queiroz Freitas, P067Décio Masini, R062, R077Denise Maria de Oliveira, R071Dirce Sato Shimada, R035Doralice Severo da Cruz, R036, R037, P038Edgard Michel Crosato, P073, P008, P009Ediane Moutinho, R145Edna V. Rodrigues, P089Eduardo Roberto Montel, P026Edvane Aparecida Gonçalves Panegassi, R031Edward Toshiyuki Midorikawa, R068Elaine Cristina DiBlasio, R170Elaine Maria Sgavioli Massucato, R070Elaine Pereira da Silva Tagliaferro, P105Elaine Rodrigues Giusti, P096Élcio Ferreira Trentin, R048Eleonora Cristina Albertin Scavassini, R081Eliana Aparecida dos Santos, R031Eliana Tikami de Lima Carvalho, R005Elisabeth Aparecida Salvador, P147Eloiza Helena da Silva Brandão, P019, P139, R184Emilia Beatriz Pires Mastrorosa, R069Emílio Carlos Souto, R186

Érica Ferrazzoli Devienne Leite, R170Eugênia Vereiski, R141Fabiana Schneider Pires, R062, R077, R111, R104,

P167, R166Fabiano Jeremias, P151Fabiano Tonaco Borges, R118Fabiano Vieira Vilhena, P017Fabio Antonio Villa Nova, P007, R006Fábio Luiz Mialhe, P088Fabio Masuko Carrion Alvarado, R081Fabio Mialhe, R021Fábio Moraes Moryiama, P102Fábio Renato Pereira Robles, P041Fábio Silva de Carvalho, P147Fábio Silveira, R066Fabrício Lourenço Gebrin, P007, R006Fausto Souza Martino, R141, R111, P167Federico MHH, P137Felipe Magalhães Bastos, R024Fernanda Barbosa Soukef, R029Fernanda Lopez Cunha, R106Fernanda Lopez Rosell, P151Fernanda Lúcia de Campos, R036, R037Fernanda Rezende Gonçalves, R106Fernanda Vallim Leão, P138Fernanda Vieira Bezerra, R118Flávia Chammas, R039Flávia Cristina Volpato, P151Flávia Maria Ramos, P067Flávia Martão Flório, R064, R106Grace V. L. Chan Rissato, P096Gustavo Alexandre, R037Gustavo Nicolini Fernandes, R120Helder Inocêncio Paulo de Sousa, P089Henri Menezes Kobayashi, R108, R149Henrique Mendes Silva, P101, P148Hugo França, R066I. Snitcovsky, P137Iula Maria Bertolini, R186Jaime Luis Alonso, R048Jamyle Calencio Grigoletto, P065, R119Janete Cinira Bregagnolo, P065Jaqueline Alves Lopes Sartori, P116

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Índice de autores 137

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Jeidson Antônio Morais Marques, P114, R165, P163

João Francisco Franzé, R108, R149João Henrique Borin Fabrice, P113João Paulo Coque, P147Joice Santin, R064, R106Joildo Guimarães Santos, R165José Alberto Hatem Beneton, R024José Carlos Alves, R068, R039, R145José Humberto de Melo Bezerra, R176José Magno Alves dos Santos, P182, R091José Roberto de Magalhães Bastos, P147, P148,

P158José Roberto M Bastos, P017José Roberto Pereira Lauris, P084, P101Juliana Cama Ramacciato, R106Juliana de Oliveira Lopes, P124Juliana Gobbo, P088Juliana Julianelli de Araújo, P084Juliana Mendes de Melo, R184Juliana Vasilian Alti Barmakian, R187, R188Julie Silvia Martins, P019, P093, P095, P139,

P162, R090, R185, P138, P092, P102, R179, R180, R184, P181, P182, R091, R168

Júlio César Sandrini, P173Karina Camillo Carrascoza, P025Karina Tonini dos Santos, R133, P135, P136Laerte Idal Sznelwar, R068Laura Mendes Tomita, P025Laura Pereira Robles, P041Leandra F. Leitão, P112Leila Amorim Mendes, P008, P009Leila Aparecida Cheachire, R002Letícia Carvalho Coutinho Costa, P155Lídia Regina da Costa Hidalgo, P117Lídia Santarsiere, P124Lígia Nadal Zardo, P173Lívia da Silva Bino, P169Lívia Guimarães Zina, P152, P163Lorena Alves Coutinho, P088Lourdes Cecília Ferreira de Freitas, R079Luciana H. Isuka, R046Luciana Longo Zanella Alves, R031Luciane Maria Pezzato, R120

Luciane Regina Gava Simioni, R074Luciano Martins, P026Lucimary M. Silva, R046Luis Antonio Cherubini Carvalho, R111, R104,

P167, R166Luís Fernando Nogueira Tofani, P003Luiz Antonio Corsi, R087Luiz Fabiano Bortolo, P088Luiz Vicente Martino, R104, P167, R166Luiz Vicente Souza Martino, R111Magali de Lourdes Caldana, P017, P084, P158Máira Crstina de Oliveira Barros, P124Marcela Alessandra Bozzella, P014, P015, R013Marcela Ferreira Machado, P099Marcela Maia Fialho Laia, P099Marcelle Danelon, P123Marcello Luis Bitencourt Baraldi, R150Marcelo Bacci Coimbra, R032, R047Marcelo Bonjuani Pagan, R004Marcelo Braga de Carvalho, R176Marcelo de Castro Meneghim, P016Marcelo Meneghin, R021Marcelo Souto Dante, R018Márcia Bueno de Carvalho Maretti, R018Marco Antonio Manfredini, R024, P001Marcus Vinicius Diniz Grigoletto, P093, P095,

P139, P162, R090, R168, P138, P092, P102, R179, P181

Maria Aparecida de Oliveira, P096, P100Maria Carolina Ribeiro da Silva, P092, P181,

P182, R091Maria Claudia Galbiatti Abreu, P092, P181, P182,

R091Maria Cristina Silveira Cerávolo, P056Maria da Candelária Soares, R036, R037, P038,

R039Maria da Luz Rosário de Sousa, P105, R071Maria de Lourdes Carvalho, R133, R165, P135Maria Ercilia de Araujo, P083Maria Gabriela Haye Biazevic, P008, P009, P073Maria Helena Miguel Gonzalez, P014, P015, R013Maria Inêz F. Assis Bertachini, R070Maria Isabel Aguilar, R150Maria Lúcia Marçal Mazza Sundefeld, P060Maria Odete Amorim Mendes, P008, P009

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Índice de autores 138

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Mariângela Aparecida Pace, P065Mariângela Rodrigues Leal, R034Maricene Cerávolo de Melo Ferreira, R081Marisa Santini, R149Maristela Vilas Boas Fratucci, R176, R177Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe, P065,

R134Marta Tiemi Omuro, P178Martino Carlo Mondeli, P147Martins L, P137Mauricio Flaminio Amato, R130Mayara Previdelli, P083Michele A. de Carvalho Moraes, P057, P057Mirella Martins Justi, P113Monique Bourget, R108, R149Morettini MS, P137Nadja Almeida Ayres, R018Najara Barbosa da Rocha, P169, P172Nelly Foster Ferreira, P157, P161Nemre Adas Saliba, P154, P156, P114, P152,

P169, R165, P060, P136, P163, P171Newton Luiz Ferreira, P157, P161Nidia Martinelli, R069Nilva T. Kitani, R098Odaílton Corrêa, R062, R077Odete Pinto Scapolan, P112Olga Maria Agostinho Dias, R111Olga Maria D. Pires, R098, P167Orlando Saliba, P154, R165, P121, P122Palmira Maria Marques Costa, R074Pascoal Almeida Gonçalves, R066Patrícia Elaine Gonçalves, R044, P042Patrícia Nieri Martins, R111, R104, P167, R166Patrícia Paulino Pelegrini, R078Paula Andréa Massa, P182, R091Paula Vartui Eserian, R184Paulo Frazão, P190Perla Porto Leite Shitara, P124Priscilla Torres Tagawa, P025Priscilla Yumi Nishimura, R075Rafael Morais Bersan, R127Raquel Zaicaner, R142, R144, R188Rebeca Silva de Barros, R111, R104, P083, P167,

R166

Regina Auxiliadora Amorim Marques, R036, R037, P020

Regina Haddad Barrach, R186Regina Léa França de Held, R035Regina Maria Raffaele, P099Renata de Almeida Pernambuco, P011Renata Regina Rissotto, P008, P009Renata Reis dos Santos, P128, P132Renato Herman Sundfeld, P136Renato Maurício da Cruz, R141Renato Moreira Arcieri, R165, P135Renato Salviato fajardo, P113Renato Sérgio Quintela, R176Ricardo Féder Capello, P178Ricardo Pianta Rodrigues da Silva, P147, P101,

P148Ricardo Silveira, R066Roberto A. C. Fernandez, P038Roberto Augusto Castellanos Fernandez, P020,

P041Rodrigo Rostodella, R120Ronald Jefferson Martins, P117, P132Rosana de Fátima Possobon, P025Rosana Lappo, R143Rosana Leal do Prado, P114Rosana M. Barbosa, P096Rosângela Zanetti, R064Rosemary Fátima Silva, R018Rui Barbosa de Brito Júnior, R064Rute Moreira de Freitas Sant'Anna, P084Sabrina Kuraoka Oda, P093Sandra M. H. C. Ávila de Aguiar, P123Sérgio Donha Yarid, P158Sérgio Luiz de Souza, R027Sidnei Piccoli Alves, R047Silmara Regina da Silva, R039Silvana Scaff Geraldes, R141Silvia Cypriano, P105, R120Silvia Helena de Carvalho Sales Peres, P147, P101,

P158, P084Silvia Helena S. Peres, P017Sílvio Carlos Coelho de Abreu, P093, P095, P139,

P162, R090, R168, P138, P092, P102, R179, P181, R150

Simone Augusta Marques Monteaperto, R144

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Índice de autores 139

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

Solange Almeida, P067Sonia Cristina Serpico Fernandes, R075Sonomi Miriam Yano Takita, R082, R062, R077Suzana Goya, P084, P101Suzana Maria Velloso Dutra, P019, P139, R184Suzely Adas Saliba Moimaz, P154, P156, P114,

P152, P169, P172, R165, P042, P135, P163Sylvia Lavinia Martini Ferreira, R081Symone Cristina Teixeira, P155Talita Marconi, R120, P099Tania Izabel B. Forni, P038Tanira Peres de Freitas, R185, R180Tatiana Bueno de Toledo, P058Tatiana Razuk Beltramini, R186Tatiane de França Santos, P095

Tatiane Martins Jorge, P084, P158Tatyana Guedes Lugli, R120Teresa Martins, R107Thiago Vidal Vianna, P112Tomio Iwata, P124Valquíria C. Tinnelo Mainente, P112Vanessa Rocha Lima Shcaira, R106Vera Lucia A. Miranda, P089Viles da Silva Euzébio, R066Viviane Azenha, R071Vladen Vieira, P178, P038Walterson M.Prado, P096Wanilda Maria Meira Costa Borghi, P060Yara Janaina Viana Lima Lido, R059Zuleika Milazzo Santos, R050