Colisão iminente? Esta edição dedicada à "sustentabilidade -
ambiente/desenvolvimento" foi planeada em Dezembro e começou a ser
executada em Janeiro. Os primeiros textos foram concluídos durante
esse mês, a grande maioria em Fevereiro, havendo ainda casos,
poucos, de autores que enviaram os seus trabalhos no início de
Março corrente. O habitual na elaboração das edições dos Cadernos
de Economia. Nada habitual foi o que aconteceu, em Portugal e no
mundo, na altura em que a revista !cou pronta para impressão na
Grá!ca. A aceleração incontrolada da pandemia do Covid-19 virou o
planeta do avesso. Mas a economia, como nos é lembrado, não pode
parar, não vai parar. E, assim, o número de Março dos Cadernos de
Economia sai na altura programada. Nestes dias de chumbo, surgem
motivos para novas re"exões sobre velhos conceitos de
desenvolvimento, sobre os limites do crescimento, sobre a colisão
ambiente/industrialização. En!m, sobre a sustentabilidade – o tema
desta edição dos Cadernos de Economia há muito planeada e que agora
se revela ainda de maior oportunidade. Como escreve António
Vasconcelos (páginas 14-17), os sistemas que dão suporte à vida
humana no nosso planeta estão a ser postos em causa por uma
actuação equivocada, nomeadamente emissões elevadas de carbono.
Igualmente alarmado, Viriato Soromenho Marques (páginas 36-38)
sublinha que entre 1988 e 2018 foram emitidos mais gases de estufa
do que em toda a anterior história da Humanidade. Daí, sustenta o
catedrático, a colisão entre a civilização humana e o Sistema-Terra
que possibilita a perenidade da vida, incluindo a da nossa espécie.
Os textos – catastro!stas, dirão alguns – destes (e de outros)
pensadores, elaborados para esta edição dos Cadernos de Economia,
merecem redobrada atenção. As suas preocupações, as nossas
preocupações, não são de agora. Agora tornam-se mais ingentes e,
realmente, dão muito que pensar. – ARG. Lisboa, Março 2020
C A D E R N O S D E E C O N O M I A S U M Á R I O 5
7 Economia sustentável Rui Leão Martinho 8 Pacto Ecológico
Europeu: o compromisso coletivo para o desenvolvimento sustentável
da UE Nuno Lacasta
11 Emprego e ambiente: os desafios da década Glória Rebelo 14
Liderar e criar valor nos negócios pela sustentabilidade António
Vasconcelos
18 Horizonte da sustentabilidade Alexandra Teodósio 22
Financiamento sustentável in a nutshell Sofia Santos 25 O futuro
verde dos impostos Joaquim Miranda Sarmento 30 Reinventar a
economia da sustentabilidade Francisco Jaime Quesado 33 Economia
versus ecologia Maria Amélia Martins-Loução 36 Para além do
crescimento Viriato Soromenho-Marques 39 O imperativo da
suficiência Francisco Ferreira
42 Os riscos sociais, económicos e financeiros das alterações
climáticas Filipe Duarte Santos
45 A transição energética sem preconceitos Amilcar Soares 47 Os
desafios da neutralidade carbónica e da transição energética em
Portugal Pedro Martins Barata
50 Sustentabilidade e transição energética João Joanaz de Melo
52 Segurança hídrica: implicações estratégicas e políticas Rui
Godinho
56 Um capitalismo global em mudança Isabel Duarte de Almeida 59
Importância das empresas/entidades de tecnologias ambientais Carlos
Iglézias 61 Veículos elétricos e descarbonização Miguel Carvalho e
Branco 66 ODS e inovação no setor da indústria da pedra português
Agostinho da Silva 70 Como fazer uma alimentação saudável e
sustentável Pedro Moreira 73 A insustentável leveza da
sustentabilidade Nicolau Santos
JANEIRO | MARÇO 2020 0
Nos últimos anos, falar de sustentabilidade tornou-se tão usual
que, muitas vezes, a utilização
deste conceito foi feita indevidamente.
No entanto, há que reconhecer que o mundo dos negócios, a nível
global, preocupa-se hoje não
só com a sociedade em geral, nos seus aspectos sociais, mas
igualmente com o ambiente e,
crescentemente, muitas empresas e empresários e dirigentes das
mesmas actuam com o
objectivo de atingirem o pleno, ou seja, criarem as mais
robustas e favoráveis condições para a
economia prosperar e criar riqueza.
E a importância de criar riqueza advém de poderem assim estar
criadas as condições para social
e ambientalmente se atingirem as metas ideais.
Com o objectivo de melhor divulgar estas preocupações, mas
igualmente de divulgar as
realizações bem-sucedidas que já existem, vai realizar-se, em
Lisboa, um grande encontro sob a
égide de uma das grandes organizações, a nível mundial, a que a
Ordem dos Economistas
prontamente concedeu o seu apoio e colaboração. E, assim, a
Ordem constituiu-se parceiro do
Planetiers World Gathering, a organização em causa, com o
objectivo de fazermos parte do
movimento que pretende transformar a sociedade actual,
tornando-a mais consciente das
questões sociais e ambientais e aproximando Portugal da frente
de países mais desenvolvidos e
conscientes destas questões, a nível internacional.
Contamos que muitos dos nossos associados se interessem por esta
temática e possam juntar-
se ao grande evento e no qual a Ordem se fará representar e
intervirá ao longo dessa jornada.
Tendo como pano de fundo este acontecimento e, mais
alargadamente, estas preocupações
e esta questão genérica da sustentabilidade, a actual edição dos
Cadernos de Economia
apresenta trabalhos de vários especialistas e pensadores que
decerto vão merecer a vossa
atenção e interesse. !
[email protected]
Economia sustentável
JANEIRO | MARÇO 2020 0
RUI LEÃO MARTINHO DIRECTOR
C A D E R N O S D E E C O N O M I A E D I T O R I A L 7
