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1 2010 Oeste Catarinense SDT/MDA Novembro /2010 OESTE CATARINENSE PTDRS

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2010

Oeste Catarinense

SDT/MDA

Novembro /2010

OESTE CATARINENSE

PTDRS

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INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS

PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

Guilherme Cassel

SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

Humberto Oliveira

DELEGADO FEDERAL DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO EM SC

Jurandi Teodoro Gugel

ARTICULADOR ESTADUAL DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO

TERRITORIAL EM SC

Alexandre da Silva Santos

ASSESSOR TÉCNICO TERRITORIAL

Luiz Carlos Dartora

COLEGIADO TERRITORIAL

NÚCLEO DIRIGENTE DO COLEGIADO TERRITORIAL

NUCLEO TÉCNICO DO COLEGIADO TERRITORIAL

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3

SUMÁRIO 7 RESUMO EXECUTIVO ............................................................................................. 8 HISTÓRICO DA INSTITUCIONALIDADE DO TERRITÓRIO ................................ 112 1- DIAGNÓSTICO TERRITORIAL ........................................................................ 156

1.1 Dimensão Sociocultural e Educacional .................................................... 156 1.1.1. Contexto histórico da formação e constituição de território .................. 156 1.1.2. Características demográficas ............................................................... 189 1.1.3. Características do Tecido Sociocultural ................................................ 267 1.1.4. Situação da Saúde ............................................................................... 367 1.1.5. Situação da Educação .......................................................................... 389 1.2 Dimensão Ambiental ................................................................................ 429 1.2.1 Características geoambientais ........................................................ 4344 1.2.2 Processos Territoriais de Gestão Ambiental ..................................... 456 1.3 Dimensão socioeconômica ...................................................................... 456 1.3.1 Análise dos Setores Industrial e de Comércio e Serviços ................... 51 1.3.2 Análise do Setor Agropecuário do Território........................................ 54 1.3.2.1 Estrutura Fundiária .............................................................................. 54 1.3.2.2 Principais atividades agropecuárias .................................................. 567 1.3.2.3 Organizações e Serviços de Apoio à Agricultura Familiar no território67 1.3.2.4 Resultados das Principais Políticas Públicas para a Agricultura

Familiar no Território .................................................................................... 68 2 - VISÃO DE FUTURO .......................................................................................... 82 3 - OBJETIVOS ESTRATÉGICOS .......................................................................... 83 4 - VALORES OU PRINCÍPIOS .......................................................................... 8283 5 - DIRETRIZES PRINCIPAIS ................................................................................ 84 6 - EIXOS DE DESENVOLVIMENTO ..................................................................... 85 7 - PROGRAMAS E PROJETOS ESTRATÉGICOS ............................................... 85 8 - PROPOSTA DE GESTÃO DO PLANO TERRITORIAL ..................................... 86 9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 8788 10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTOS CONSULTADOS ...... 89

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Figura 1: Mapa de localização do Território Oeste Catarinense, com os limites administrativos dos municípios que o compõem.Figura 2: Taxas de crescimento populacional dos municípios do Território Oeste CatarinenseFigura 3: População dos municípios do Território Oeste Catarinense em 2010 Figura 4: População por município conforme situação do domicilio (urbano ou rural) em 2010Figura 5: Participação percentual dos estabelecimentos agropecuários com menos de 10 ha sobre o total de estabelecimentos agropecuários nos municípios do Território Oeste CatarinenFigura 6: Associações de municípios presentes no Território Oeste Catarinense Figura 7: Regiões administrativas do governo estadual que fazem gestão supra-municipal no Território do Oeste CatarinenseFigura 8: Taxas de crescimento populacional dos municípios do Território Oeste Catarinense e estadual. Figura 9: Evolução do número de contratos de crédito do Pronaf no território Oeste Catarinense

Tabela 1 – Municípios do Território Oeste Catarinense, população total e variação percentual 2000, 2007 e 2010Tabela 2 – Municípios do Território Oeste Catarinense, população total, urbana e rural e percentual; variação de população urbana e rural 2002010; e área e densidade demográfica dos municípios 2010.Tabela 3 - Território Oeste Agricultura Familiar e Patronal

Tabela 4 - Número de Médicos e Leitos em Hospitais por 1000 habitantes e estabelecimentos de saúde por município do Território Oeste Catarinense Tabela 5 - Número de Matrículas por Municípiopor situação (urbana e rural).Tabela 6 - IDEB e projeções para a Rede Pública de Ensino Fundamental Regular nos municípios do Território Oeste CatarinenseTabela 7 – Índice de desenvolvimento humano por município no Território Oeste CatarinenseTabela 8 – Território Oeste 2006 Tabela 9 – Número de agências bancários, Cooperativas de Crédito e Agências de Microcrédito nos Municípios do Território (out/2009)Tabela 10 – Total de Estabelecimentos, Área e Percentuais de Agricultura Familiar e Patronal no TerritórioTabela 11 – Número de estabelecimentos agropecuários por condição do produtor, por município, no Território Oeste CatarinenseTabela 12 – Território Oeste Temporária (em Mil Reais)

LISTA DE FIGURAS : Mapa de localização do Território Oeste Catarinense, com os

limites administrativos dos municípios que o compõem. : Taxas de crescimento populacional dos municípios do

Território Oeste Catarinense : População dos municípios do Território Oeste Catarinense em

por município conforme situação do domicilio (urbano ou rural) em 2010

: Participação percentual dos estabelecimentos agropecuários com menos de 10 ha sobre o total de estabelecimentos agropecuários nos municípios do Território Oeste Catarinense

: Associações de municípios presentes no Território Oeste

: Regiões administrativas do governo estadual que fazem municipal no Território do Oeste Catarinense

Taxas de crescimento populacional dos municípios do Território Oeste Catarinense e Regiões administrativas do governo

: Evolução do número de contratos de crédito do Pronaf no território Oeste Catarinense

LISTA DE TABELAS Municípios do Território Oeste Catarinense, população total e

variação percentual 2000, 2007 e 2010 Municípios do Território Oeste Catarinense, população total,

urbana e rural e percentual; variação de população urbana e rural 2002010; e área e densidade demográfica dos municípios 2010.

Território Oeste - Total de Estabelecimentos, Área e Percentuais de Agricultura Familiar e Patronal

Número de Médicos e Leitos em Hospitais por 1000 estabelecimentos de saúde por município do Território

Número de Matrículas por Município, por redes de ensino e por situação (urbana e rural).

IDEB e projeções para a Rede Pública de Ensino Fundamental Regular nos municípios do Território Oeste Catarinense

Índice de desenvolvimento humano por município no Território Oeste Catarinense

Território Oeste - Produto Interno Bruto por Setores da Economia

Número de agências bancários, Cooperativas de Crédito e Agências de Microcrédito nos Municípios do Território (out/2009)

Total de Estabelecimentos, Área e Percentuais de Agricultura Familiar e Patronal no Território

Número de estabelecimentos agropecuários por condição do produtor, por município, no Território Oeste Catarinense

Território Oeste - Ranking por Valor da Produção da Lavoura Temporária (em Mil Reais)

4

: Mapa de localização do Território Oeste Catarinense, com os 19

21

: População dos municípios do Território Oeste Catarinense em 22

por município conforme situação do domicilio 23

: Participação percentual dos estabelecimentos agropecuários com menos de 10 ha sobre o total de estabelecimentos agropecuários

29 : Associações de municípios presentes no Território Oeste

35 : Regiões administrativas do governo estadual que fazem

36

Regiões administrativas do governo

37

: Evolução do número de contratos de crédito do Pronaf no 72

Municípios do Território Oeste Catarinense, população total e 25

Municípios do Território Oeste Catarinense, população total, urbana e rural e percentual; variação de população urbana e rural 2000-

26 Total de Estabelecimentos, Área e Percentuais de

28

estabelecimentos de saúde por município do Território

38 , por redes de ensino e

41 IDEB e projeções para a Rede Pública de Ensino Fundamental

42

47 Interno Bruto por Setores da Economia -

50 Número de agências bancários, Cooperativas de Crédito e

53

55 Número de estabelecimentos agropecuários por condição do

56 Ranking por Valor da Produção da Lavoura

58

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Tabela 13 – Território Oeste - Ranking por Área Plantada da Lavoura Temporária (em hectares)

59

Tabela 14 – Território Oeste - Ranking por Área da Lavoura Permanente (hectares)

62

Tabela 15 – Território Oeste - Ranking por Valor da Lavoura Permanente (em Mil Reais)

63

Tabela 16 – Território Oeste - Efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho 64 Tabela 17 – Território Oeste - Produção de origem animal por tipo de produto 65 Tabela 18 – Território Oeste Catarinense. Número de famílias beneficiadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNFC) e pelo Banco da Terra (BR)

70

Tabela 19 – Território Oeste Catarinense: Densidade territorial do Pronaf por município

72

Tabela 20 – Projetos do PROINF 2004 Investimento e Custeio 77 Tabela 21 – Projetos do PROINF 2005 Investimento e Custeio 77 Tabela 22 – Projetos do PROINF 2006 Investimento e Custeio 78 Tabela 23 – Projetos do PRONAT 2007 Investimento e Custeio 79 Tabela 24 – Projetos do PRONAT 2008 Investimento e Custeio 79 Tabela 25 – Projetos do PRONAT 2009 Investimento e Custeio 79

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APRESENTAÇÃO

O Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios

Rurais coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério

do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA) é uma iniciativa do Governo Federal

que visa a redução das desigualdades sociais, a superação da pobreza rural e

a promoção de um estilo de desenvolvimento rural orientado pelos preceitos da

sustentabilidade, considerando as diferentes dimensões dessa noção (social,

ambiental e econômica). Esse Programa busca, de forma especial, apoiar

projetos estratégicos que melhorem a vida de agricultores familiares,

assentados de reforma agrária, pescadores artesanais e membros das

comunidades quilombolas1. Para tanto promove a articulação entre políticas

públicas e a atuação protagonista das diferentes organizações e segmentos

sociais considerados representativos do ponto de vista socioeconômico e

político nos territórios. Ressalte-se que essa concepção compreende também a

percepção da existência de segmentos sociais desses territórios, que se

encontram em situação de exclusão social, a maioria há várias gerações, não

tendo representação política nas principais organizações da sociedade civil,

nem acesso às principais políticas públicas. Trata-se de uma camada da

população rural que necessita atenção especial dos gestores da política de

desenvolvimento territorial no sentido de criar mecanismos inéditos de inserção

social. Nesse sentido, no processo de implantação desse Programa procura-se

dar ênfase à adoção de metodologias participativas, em especial, no que se

refere à elaboração e acompanhamento do Plano Territorial de

Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS).

Considerando essas premissas, no Território Oeste Catarinense,

implantou-se uma dinâmica visando à construção do seu PTDRS. Este

documento – e principalmente seu componente de atualização do Diagnóstico

Territorial – foi produzido por meio da análise de dados secundários e de

entrevistas com representantes institucionais, realizadas no Território Oeste

Catarinense. De forma resumida pode-se dizer que dois focos centrais

1 Na sequência deste Plano utiliza-se a noção de agricultura familiar como agregadora, também, desses outros segmentos sociais, embora se saiba que entre eles exista uma diversidade de situações marcante, que precisa ser considerada quando da implementação de políticas públicas.

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nortearam os trabalhos: i) fornecer à Secretaria de Desenvolvimento Territorial

um documento contendo informações a respeito dos territórios rurais

priorizados na execução do Programa de Desenvolvimento Sustentável dos

Territórios Rurais, e ii) subsidiar o Colegiado e demais organizações territoriais

com análises de dados socioeconômicos e ambientais, que contribuam nas

suas discussões para a elaboração dos Projetos de Desenvolvimento

Sustentável do Território Oeste Catarinense. Assim, ele deve ser visto,

sobretudo, como mais um subsídio para os debates e as ações de quem é

protagonista no processo.

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RESUMO EXECUTIVO O Território Oeste Catarinense é composto por vinte e cinco municípios: Águas Frias, Águas de Chapecó, Campo Erê, Caxambu do Sul, Chapecó, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Formosa do Sul, Guatambu, Irati, Jardinópolis, Nova Erechim, Nova Itaberaba, Novo Horizonte, Planalto Alegre, Quilombo, Santiago do Sul, São Bernardino, São Lourenço do Oeste, Serra Alta, Sul Brasil, União do Oeste, Pinhalzinho, Saudades e São Carlos. Situado entre os territórios do Meio Oeste Contestado e do Extremo Oeste, ele também compõe a região da Grande Fronteira do Mercosul (Meso Mercosul). Os municípios que o formam estão, ao mesmo tempo, ligados a quatro regiões administrativas do governo estadual catarinense: as de São Lourenço do Oeste, Chapecó, Maravilha e Quilombo. Além disso, fazem parte de duas associações de municípios diferentes: a dos Municípios do Noroeste Catarinense (AMNoroeste) e a dos Municípios do Oeste Catarinense (AMOSC).

Segundo dados do Censo Demográfico de 2010, o Território Oeste Catarinense possui uma população de 324.594 habitantes e uma densidade demográfica de 75,7 habitantes por quilômetro quadrado. Esse número, superior aos 64,8 hab./Km² do estado de Santa Catarina, é, no entanto, fortemente influenciado pelos números de apenas dois municípios: Chapecó e Pinhalzinho. O primeiro tem 182.809 habitantes, ou seja, 56% da população total do território, e densidade demográfica de 292,8 hab./Km². O segundo, mesmo tendo apenas 16.277 habitantes (5% da população total do território), apresenta uma densidade demográfica de 126,9 hab./Km². Todos os outros vinte e três municípios têm população inferior a vinte mil habitantes (exceção a São Lourenço do Oeste, com 21.742) e densidade demográfica inferior à catarinense (exceção a Nova Erechim, que está muito próximo, com 66,4 hab./Km²). Ressalte-se que dezesseis dos municípios do território têm populações menores que cinco mil habitantes. Ou seja, mesmo tendo como pólo um município tipicamente urbano (Chapecó, com mais de cem mil habitantes e densidade demográfica superior a 80 habitantes por quilometro quadrado), o Território Oeste como um todo precisa ser considerado rural e para ele deve ser proposto um plano desenvolvimento que considere as inter-relações urbano-rurais internas e as diferenças e os desequilíbrios existentes dentro dos municípios e entre eles.

Por isso, este Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável tem como objetivo principal promover o desenvolvimento territorial com igualdade e inclusão social, considerando as dimensões da sustentabilidade (econômica, social e ambiental). Seguindo as diretrizes das políticas públicas do Governo Federal voltadas ao desenvolvimento rural, o Plano tem como ponto de partida as demandas da agricultura familiar – incluindo agricultores assentados, quilombolas e pescadores artesanais. Da mesma forma, os princípios da agroecologia, a participação popular e a inclusão social são considerados condições indispensáveis à consecução do objetivo posto.

Assim, este PTDRS se pauta em diferentes dimensões do desenvolvimento: i) Dimensão Sociocultural e Educacional: equidade social, através da intensa participação dos cidadãos nas estruturas do poder; ii) Dimensão Ambiental: compreensão do meio ambiente como ativo de desenvolvimento, considerando o princípio da sustentabilidade ecológica, enfatizando o conceito de gestão da

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base de recursos naturais; iii) Dimensão Socioeconômica: alcançar resultados econômicos com níveis de eficiência através da capacidade de usar e articular recursos territoriais específicos para gerar oportunidades de trabalho e renda.

O público rural beneficiário prioritário dos projetos a serem empreendidos e apoiados constitui-se de 16.284 estabelecimentos de agricultores familiares. Desse total, 115 são assentadas por programas de reforma agrária e 1285 foram beneficiadas por políticas de crédito fundiário (Banco da Terra e Programa Nacional de Crédito Fundiário).

Nesta nova versão do Plano priorizou-se o aprimoramento do diagnóstico territorial, considerando as dimensões sócio-cultural, político-institucional, ambiental e econômica. Nesta fase, os principais eixos e programas elaborados anteriormente foram mantidos, mas na seqüência do processo de planejamento deverão ser retomados e reajustados, já que servem de referência para a elaboração dos projetos de desenvolvimento e, conseqüentemente, para a aplicação de recursos financeiros.

Procurou-se levantar uma série de questões para os atores sociais, afim de que, a partir de oficinas territoriais que analisem e discutam esse documento, eles assegurem a sua qualificação e, acima de tudo, a continuidade e o aprofundamento do processo de construção territorial.

Hoje, é com uma identidade fortemente ligada à pequena agricultura familiar diversificada – resultante de um longo processo histórico, que o Território pensa e constrói o seu futuro. Em um mercado que se segmenta, parece ser ainda possível recuperar e valorizar o saber-fazer dos homens e mulheres da região, para buscar um posicionamento baseado na diferenciação de produtos e na valorização da origem (o próprio território e sua reputação), da procedência (a agricultura familiar) e do tipo de produção (“colonial”, mas também ecológico ou orgânico) que eles têm.

Constata-se uma regressão demográfica em quinze dos vinte e cinco municípios que compõem o Território. Esse fenômeno é mais forte em sua área central. É preciso que os atores sociais identifiquem os fluxos dessa população retirante e, sobretudo, discutam propostas para aumentar a atratividade desses pequenos municípios que dão, ao território, identidade e reputação. A questão fundamental a ser pensada é de como, a partir de um enfoque territorial e de uma visão sistêmica, será possível estabelecer sinergias entre as diversas sub-áreas internas, de forma a ter a necessária reversão das perspectivas atuais de esvaziamento social.

Ao mesmo tempo, em termos absolutos, vinte e quatro municípios do território ganharam população urbana e perderam população rural, levando ao crescimento da participação relativa da população considerada urbana (de 69 para 78%). É importante que as lideranças do Território Oeste Catarinense reflitam criticamente sobre esses dados e o seu significado. Esses dados são suficientes para fomentar um debate entre os atores sociais do Território Oeste Catarinense, que conhecem de perto os fluxos internos nos municípios, as migrações intra-território e a emigração para outras regiões do estado ou do país, sobre a noção e as perspectivas dessa pretensa urbanização. Os deslocamentos populacionais precisam ser cotejados com os investimentos (ou a ausência de) em infra-estrutura e serviços (educação, saúde, comunicação,

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lazer, cultura etc.) nos diversos municípios. Da mesma forma, é necessário confrontá-los com as dinâmicas econômico-produtivas (ou a falta delas) seja de municípios, seja de sub-áreas do território. Nesse debate, duas questões fundamentais: a) que mudanças na dinâmica socioeconômica desses (na quase totalidade, pequenos) municípios justificariam que os vejamos como cada vez menos rurais? b) que enfoques e ações são necessários para tratar esse território rural tal como ele é?

Nesse quadro, afigura-se como importante considerar as sucessivas dificuldades ambientais e econômicas por que passa a produção agropecuária. Um debate profundo sobre o padrão técnico adotado na produção vegetal e na criação animal e, de forma mais ampla, sobre o modelo de desenvolvimento praticado precisa ser urgentemente realizado.

É importante (re)fortalecer a produção tradicional e solidamente vinculada à história da colonização do território. Para isso, os atores sociais precisam considerar a retomada de debates já realizados sobre estratégias de diferenciação do produto, valorizando a sua origem (o próprio Oeste catarinense) e procedência (pequena agricultura familiar), em um contexto de segmentação do mercado. Com relação às culturas permanentes, é necessário pensar no papel que elas podem ter na diversificação dos estabelecimentos e em políticas de agregação de valor.

No que se refere à agregação de valor pela verticalização da produção, as experiências e aprendizagens existentes no território não podem ser ignoradas. Ao contrário, elas precisam ser consideradas relevantes na construção de estratégias sustentáveis para o território. Devem ser levados em conta, também, os esforços para conversão ao sistema orgânico ou à produção de leite à base de pasto por meio do sistema de pastoreio rotativo. Identificar, valorizar e aprender com essas iniciativas pode ser um bom ponto de partida para refletir sobre o futuro do território, se o desejo for de mantê-lo vivo cultural e socialmente.

Junto com isso, pensar em ocupações e empreendimentos rurais não agrícolas como uma forma de viabilizar a própria agricultura familiar e, por extensão, o território rural. A questão fundamental é verificar se estão sendo propostas e ou efetivadas políticas e projetos voltados ao aumento da atratividade destes municípios, especialmente na perspectiva dos jovens e das mulheres.

Fundamental é pensar sobre o capital social do território porque a confiança, a cooperação, a solidariedade e a responsabilidade cívica, juntamente com o sentimento de pertencimento, serão os pilares do desenvolvimento territorial sustentável.

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HISTÓRICO DA INSTITUCIONALIDADE DO TERRITÓRIO

Os debates sobre a institucionalização do Território Oeste Catarinense tiveram

início com uma “Oficina de alinhamento conceitual, metodológico e de

articulação de ações territoriais”, promovida pela Secretaria de

Desenvolvimento Territorial (MDA/SDT). Realizada em Chapecó, no dia quatro

de novembro de 2004, a oficina teve como primeiro mérito o (re)conhecimento

mútuo entre uma parcela importante das organizações que já realizavam

atividades de desenvolvimento na região2.

A SDT indicou, na oportunidade, que se deveria partir dos diferentes trabalhos,

projetos e programas já em andamento, mas agregar um enfoque territorial

para construir um processo de desenvolvimento sólido e sustentável. Os

participantes da oficina julgaram, então, que as entidades que atuavam na

região o faziam de forma isolada e pouco articulada, o que resultava no reforço

ao paternalismo e ao assistencialismo e em pouca efetividade na geração de

oportunidades. Consideraram, ainda, que essa fragmentação dava pouco

acesso aos agricultores familiares às discussões sobre as escolhas

estratégicas. Assim, avaliaram que, apesar de um importante capital social

acumulado na região, uma certa confusão de conceitos dificultava a unificação

para um desenvolvimento em rede.

Criação da Comissão de Implantação Territorial - CIAT

Ainda na oficina referida, para estabelecer uma dinâmica de encontros entre as

entidades inicialmente mobilizadas, constituiu-se uma CIAT com boa

representatividade e de forma a garantir que o seu processo de tomada de

decisões fosse democrático.

2 Neste primeiro encontro, estiveram presentes representantes das seguintes organizações:

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A – EPAGRI, Centro de Pesquisa e Agricultura Familiar – CEPAF, Instituto de Desenvolvimento Regional – SAGA, Grande Fronteira do Mercosul - Mesomercosul, Prefeituras, Associação dos Municípios do Oeste Catarinense – AMOSC, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, Projeto Iberê, Cooperativa dos Agricultores Produtores de Leite de Formosa do Sul – CooPLeFSul, Associação das Cooperativas e Associações do Oeste Catarinense – Ascooper, Movimento de Mulheres Camponesas – MMC, Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul – FETRAF, Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – SINTRAF, Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor - CAPA, Instituto de Estudos e Assessoria ao Desenvolvimento - CEADES, Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local – CONSAD, Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária – CRESOL e Casa Familiar Rural – CFR - ARCAFAR/SUL.

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Articulação das Ações Territoriais:

Houve uma preocupação dos participantes em relação à ausência na oficina de

representantes de diversas organizações. Julgou-se necessário identificar

esses ausentes e as causas para o não comparecimento. Mais do que isso,

considerou-se que era necessário mobilizá-los para que passassem a participar

e contribuir na construção do processo de organização territorial. Estabeleceu-

se que caberia à CIAT tal ação.

Entidade articuladora

Para conduzir o processo de mobilização e coordenar as políticas de

desenvolvimento territorial escolheu-se, como “entidade articuladora”, a

Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense – Apaco.

Cumprida esta etapa, passou-se à “Priorização dos Eixos Estratégicos” que

orientariam a destinação dos primeiros recursos do PRONAT investidos no

território. Projetos foram apresentados por diferentes entidades e

participativamente escolheu-se os mais estratégicos e os mais sintonizados

com os eixos anteriormente definidos.

Estruturação do Núcleo Dirigente e do Núcleo Técnico

A plenária da oficina avaliou que, pelo número expressivo de entidades

presentes, seria importante, para além da CIAT, compor um “Núcleo Dirigente”

que coordenasse os processos políticos de gestão e de organização territorial.

Foram definidas claramente suas atribuições e responsabilidades e avaliou-se

que seria necessário pensar outro núcleo para avaliar projetos e ações de

maneira mais técnica. Para dar base ao trabalho desse Núcleo Técnico, foi

preciso criar critérios e mecanismos de avaliação e priorização dos projetos.

Com base na visão de futuro do Território Oeste Catarinense, nos

conceitos e no diagnóstico construídos, definiu-se que as ações deveriam ser

conduzidas a partir das diferentes dimensões com seguinte propósito:

Dimensão Econômica: ter um território economicamente diversificado,

pluriativo, com novos instrumentos econômicos de repasse de crédito

fortalecidos através da construção de associações e cooperativas na

perspectiva de fortalecimento dos agricultores familiares e dos pequenos

municípios. Faz-se necessário ter cadeias produtivas organizadas com acesso

a crédito, tecnologias adaptadas, com sistema de agregação de valor, geração

de renda melhorando a qualidade de vida das famílias.

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Dimensão Sociocultural: o território precisa investir em ações de

inclusão social com educação diferenciada no campo a partir das diversidades

existentes. Garantir debates e ações sobre gênero e geração com formação

formal e informal na perspectiva de permanência dos jovens no meio rural. O

Território deve ser um espaço de integração, respeitando e cultivando as

diferentes culturas existentes.

Dimensão Sociopolítica: deve haver articulação institucional das

políticas públicas na construção, na elaboração e na execução dos projetos,

fortalecendo o território.

Dimensão Ambiental: é urgente investir para promover mudanças no

sistema produtivo, através da preservação e saneamento ambiental, com

desconcentração das atividades pecuárias (suínos e aves). Também se faz

importante investir na proteção das águas, recuperação florestal, para que os

agricultores possam ter uma vida saudável no meio rural.

Com base nesta oficina, em novembro de 2004, foi desencadeado o

processo de organização das ações territoriais. Em 2005, iniciou-se a “Fase de

Consolidação”, tendo como estratégia principal o planejamento para o processo

de Gestão Social do Território Rural, com ênfase no fortalecimento da

Comissão de Instalação das Ações Territoriais e na elaboração do Plano

Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – PTDRS. Recorde-se que

houve um problema de continuidade no apoio pela Consultoria Estadual da

SDT/MDA (vacância na função), o que acabou prejudicando o ritmo e a

qualidade dessas atividades. Assim, na prática, em 2006, a fase de

consolidação precisou ser retomada e a construção de uma primeira versão do

PTDRS acabou sendo concluída no final daquele ano. Isso permitiu que em

2007 fosse iniciada a fase de qualificação do PTDRS e de revisão da estrutura

organizativa com a implantação do Conselho de Desenvolvimento do Territorial

do Oeste Catarinense – CODETER. Tal processo ocorreu ao longo de todo o

ano de 2007. No ano seguinte, investiu-se na formação de grupos de trabalhos

que permitiram qualificar tecnicamente os projetos e estimular o fortalecimento

das organizações sociais no controle e monitoramento das políticas públicas.

Em 2009, a os trabalhos se concentraram na formação para a gestão do

PTDRS e, associado ao enfoque territorial, para uma abordagem por cadeias

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produtivas geradoras de uma dinâmica sustentável. No ano de 2010,

encaminhou-se o processo de “reorganização”, com uma nova composição do

Conselho de Desenvolvimento Territorial do Oeste Catarinense.

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15

1- DIAGNÓSTICO TERRITORIAL

A elaboração deste diagnóstico se deu por meio da análise de dados

secundários, documentos preliminares produzidos no processo de implantação

dessa política, a exemplo do Plano Territorial elaborado anteriormente, além de

entrevistas com atores que participam desse processo. De forma resumida

pode-se dizer que se priorizou três focos principais. O primeiro procura fornecer

elementos considerados relevantes para que as organizações territoriais e a

SDT acompanhem o processo de implementação dessa política no Território. O

segundo visa organizar informações já trabalhadas pelos membros do

Colegiado Territorial, mas que ainda não se encontravam sistematizadas. E o

terceiro fornece algumas novas informações a partir de fontes de dados

secundários recentes. Com isso espera-se que os atores locais tenham acesso

às informações relativas ao território, que contribuam para as suas discussões

tanto sobre a concepção de projetos estratégicos, quanto sobre a elaboração

mais complexa e articulada do Plano de Desenvolvimento Sustentável do

Território do Planalto Catarinense.

1.1 Dimensão Sociocultural e Educacional

1.1.1. Contexto histórico da formação e constituição de território

O atual Território Oeste Catarinense era ocupado por indígenas

Kaingang, Xokleng e Guarani. Os primeiros contatos dessas populações com

europeus se deram nos séculos XVII e XVIII, principalmente com religiosos da

Companhia Jesuítica, que tinha a sua sede na província espanhola do

Paraguai.

A chamada colonização da região se deu, já no século XX, com o

incentivo dos governos federal e estadual para empresas “colonizadoras”, que

adquiriam terras para, depois, comercializá-las. Ao governo coube, ainda, o

papel de coerção – juntamente com jagunços contratados pelas companhias,

para “limpar as áreas”. Isso significava expulsar os “caboclos” das terras. Estas

populações passaram, então, a se agrupar nas “sobras de terras”, em geral

mais declivosas ou nas barrancas dos rios.

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16

As empresas madeireiras foram as primeiras a se instalar na região,

promovendo um acelerado desmatamento. A maior parte da madeira extraída

era exportada para países europeus era escoada, via Rio Uruguai, em balsas

formadas com as toras amarradas umas as outras. No período entre 1930 e

50, atuou na região a Sociedade Madeireira Chapecoense, que era uma

conglomerado de diversas madeireiras. Tal Sociedade, por sua vez, estava

incorporada à Cooperativa da Madeireira Vale do Uruguai Ltda, que ditava os

preços e as regras na região.

Depois, se instalaram as empresas colonizadoras, em sua maioria

provinham do Rio Grande do Sul. As áreas eram divididas em lotes de

aproximadamente vinte e cinco hectares (uma “colônia de terra”), para serem

vendidas às famílias de descendentes de imigrantes europeus, que migravam

das colônias velhas do estado vizinho. Esses lotes eram divididos a partir de

glebas localizadas entre dois cursos d’água, para que todas as “colônias”

tivessem acesso direto a esse recurso natural. As estradas eram abertas em

“linhas”, junto com a demarcação dos lotes, prevendo-se o acesso direto a elas

de cada uma das colônias de terra.

Um dos principais critérios para a distribuição dos lotes entre as famílias

era a religião. Teuto-brasileiros católicos, teuto-brasileiros evangélicos e ítalo-

brasileiros católicos foram assentados em regiões distintas. O objetivo dessa

política era garantir a formação de comunidades homogêneas e imprimir maior

coesão social às novas colônias. A estrutura produtiva formada, baseada na

policultura vegetal e na criação animal diversificada, interagia com as formas

de solidariedade e coesão social decorrentes dessa opção.

Desta forma, o processo de colonização – que foi mais intensivo entre

1940 e 1960 – foi determinante para a formação da atual estrutura social e

econômica, que define, por sua vez, os principais pilares da identidade

territorial.

A fronteira agrícola se fechou, na região, na década de 1970,

coincidindo com a implantação, pelo Governo Federal, dos instrumentos para a

chamada modernização conservadora da agricultura brasileira. Para o Oeste

Catarinense, isso significa a intensificação do processo de agroindustrialização,

especialmente aquele ligado ao complexo carnes.

Tais mudanças nas dinâmicas econômica, social, cultural, política e de

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17

uso dos recursos naturais logo iriam mostrar também suas externalidades

negativas, gerando, a partir do início dos anos 80, ações de resistência e

defesa por parcela dos agricultores e habitantes da região. É sempre

importante destacar que as empresas agroindustriais instaladas passaram a

fazer, a partir de um sistema de integração horizontal de agricultores, a gestão

do território, considerando somente seus interesses privados. As reações

sociais a essa política – propagada como moderna, racional ou científica – se

originaram politicamente na percepção de mundo possibilitada pela “Doutrina

Social” da Igreja católica (fortemente veiculada pela Diocese de Chapecó),

partidos políticos de esquerda e por um nascente sindicalismo autêntico ou

combativo (em contraposição àquele que praticava somente o assistencialismo

médico e previdenciário).

Originam-se daí diversos movimentos sociais que são importantes na

evolução recente e nos debates sobre o futuro do Território Oeste Catarinense.

São os casos da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – Fetraf

e dos sindicatos de trabalhadores a ela vinculados, do Movimento dos

Trabalhadores Sem Terra (MST), do Movimento dos Atingidos por Barragens

(MAB) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Da mesma forma, a

busca pela construção de alternativas ao modelo de modernização, permitiu a

instalação na região de Organizações não Governamentais, que buscavam

inspirar e alavancar propostas produtivas e de organização que apontassem

para o desenvolvimento regional sustentável, com base na agricultura familiar.

Desta forma, hoje, é com uma identidade fortemente ligada à

pequena agricultura familiar diversificada – resultante de um longo processo

histórico, que o Território pensa e constrói o seu futuro. Em um mercado que

se segmenta, parece ser ainda possível recuperar e valorizar o saber-fazer dos

homens e mulheres da região, para buscar um posicionamento baseado na

diferenciação de produtos e na valorização da origem (o próprio território e sua

reputação), da procedência (a agricultura familiar) e do tipo de produção

(“colonial”, mas também ecológico ou orgânico) que eles têm.

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18

1.1.2. Características demográficas

A Figura 1, a seguir, apresenta a localização geográfica dos municípios

no interior do Território do Oeste Catarinense, assim como a deste no estado

de Santa Catarina.

Figura 1: Mapa de localização do Território Oeste Catarinense, com os limites administrativos dos municípios que o compõem.

Mapa extraído de http://sit.mda.gov.br

Os vinte e cinco municípios que constituem o Território Oeste

Catarinense abrangem uma área total de 4.291 quilômetros quadrados, o que

representa 4,5% da superfície de Santa Catarina. Em 2000, sua população era

de 284.593 habitantes (5,3% da população estadual), passando para 324.594

em 2010 (5,2% da população estadual). Essa participação quase igualitária,

espelha o fato de o território ter apresentado no período inter-censitário 2000-

2010, um crescimento populacional (14,1%) praticamente igual ao de Santa

Catarina (15,4%).

Segundo dados do Censo Demográfico de 2010, o Território Oeste

Catarinense possui uma população de 324.594 habitantes e uma densidade

demográfica de 75,7 habitantes por quilômetro quadrado. Esse número,

superior aos 64,8 hab./Km² do estado de Santa Catarina, é, no entanto,

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19

fortemente influenciado pelos dados de apenas dois municípios: Chapecó e

Pinhalzinho. O primeiro tem 182.809 habitantes, ou seja, 56% da população

total do território, e densidade demográfica de 292,8 hab./Km². O segundo,

mesmo tendo apenas 16.277 habitantes (5% da população total do território),

apresenta uma densidade demográfica de 126,9 hab./Km². Todos os outros

vinte e três municípios têm população inferior a vinte mil habitantes (exceção a

São Lourenço do Oeste, com 21.742) e densidade demográfica inferior à

catarinense (exceção a Nova Erechim, que está muito próximo dela, com 66,4

hab./Km²). Ressalte-se que dezesseis dos municípios do território têm

populações menores que cinco mil habitantes. Ou seja, mesmo tendo como

pólo um município tipicamente urbano (Chapecó, com mais de cem mil

habitantes e densidade demográfica superior a 80 habitantes por quilometro

quadrado), o Território Oeste como um todo precisa ser considerado rural. Ele

demanda um plano desenvolvimento que considere as inter-relações urbano-

rurais internas e as diferenças e os desequilíbrios existentes dentro dos

municípios e entre os municípios.

É importante, por isso, considerar as dessemelhanças internas ao

Território no processo de crescimento ou esvaziamento demográfico. Se a

população total do Território aumentou quarenta mil habitantes, internamente a

maioria dos municípios viu sua população decrescer. Sublinhe-se que apenas

o município de Chapecó teve um aumento, no período, de 35.852 habitantes

(mais 24,4%). É preciso que os atores sociais locais reflitam sobre os

processos demográficos que estão acontecendo no território. A Figura 2 mostra

as taxas de crescimento populacional entre 2000 e 2010. Como pode se

perceber, existe uma espécie de “arco de crescimento populacional” Chapecó e

Cordilheira Alta com Pinhalzinho e São Carlos. Ressalte-se, contudo, que esse

processo parece não influenciar Guatambú e Caxambú do Sul, os dois

municípios imediatamente vizinhos, situados meridionalmente em relação ao

referido arco.

Há uma tendência a considerar que os municípios menos populosos

tendem a ter um maior esvaziamento relativo. A princípio, a falta de

infraestrutura e de atratividade explicariam automaticamente o êxodo desses

lugares. Comparando as Figuras 2 e 3, abaixo, essa propensão parece não se

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20

confirmar completamente. Percebe-se, por exemplo, que os municípios de

Nova Itaberaba (+ 20,7%) e Nova Erechim (+ 0,3%) têm praticamente as

mesmas populações que Guatambú (- 1,1%) e Caxambú do Sul (- 16,4%). Da

mesma forma, municípios que se encontram na faixa de dez mil habitantes

tiveram comportamentos bastante diversos: Quilombo (- 4,7%) e Coronel

Freitas (- 3,1%), em relação a São Carlos (+ 9,5%).

Figura 2: Taxas de crescimento populacional dos municípios do Território Oeste Catarinense

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Figura 3: População dos municípios do Território Oeste Catarinense em 2010

É certo que o a região centro-norte do território, onde estão nove

municípios com menos de três mil habitantes é a que apresenta o

esvaziamento mais importante. Não se pode, entretanto, considerar que isso é

inexorável e inevitável. O diagnóstico de esvaziamento e masculinização do

campo, especialmente no Oeste catarinense, já se transformou em uma

espécie de discurso geral que explica e justifica tudo. Se o diagnóstico é

pertinente e espelha a realidade, é interessante que ele sirva para fomentar

ações de desenvolvimento e não para gerar fatalismo, imobilismo e inação. Aos

atores sociais cabe refletir sobre os fatores que têm gerado essa regressão

demográfica, identificar os fluxos dessa população retirante e, sobretudo,

discutir propostas para aumentar a atratividade dos pequenos municípios que

compõem o Território Rural do Oeste Catarinense e que dão, a ele, identidade

e reputação.

Nesse sentido, é importante, também, discutir os dados de situação dos

domicílios (urbano ou rural), levantados pelo Censo Demográfico 2010 e

tornados públicos recentemente pelo IBGE (Tabela 4).

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Figura 4: População por município conforme situação do domicilio (urbano ou rural) em 2010

Com base nos critérios administrativos adotados por aquele instituto, o

Território Oeste Catarinense teria seguido a tendência de urbanização, ou,

mais propriamente, de desruralização, constatada em Santa Catarina. A

população do estado seria, neste momento, 84% urbana e 16% rural (contra,

respectivamente, 81 e 19%, em 2000).

Em termos absolutos, todos os municípios do território ganharam

população urbana (com exceção de Jardinópolis, que perdeu 16 habitantes

considerados urbanos) e perderam população rural (com exceção de Chapecó

que ganhou 3025 habitantes considerados rurais). Assim, a participação

relativa da população considerada urbana cresceu significativamente em todos

os municípios (com exceção de Chapecó que estabilizou no patamar altíssimo

de 91,6%).

É importante que as lideranças do Território Oeste Catarinense reflitam

criticamente sobre esses dados e o seu significado. Dois municípios com alto

crescimento da taxa de urbanização serão tomados como exemplo.

O primeiro, Cordilheira Alta, apresentou, entre 2000 e 2010, um

crescimento significativo de 20% de sua população total (mais 694 habitantes).

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23

Ao mesmo tempo, ele viu as estatísticas da participação de sua população

urbana sobre a total se multiplicar por quatro, passando de 9,8% para 38,76%

(em termos absolutos, de 303, para 1468 habitantes, enquanto a população

rural teria encolhido de 2790 para 2319 habitantes).

O segundo, Jardinópolis, apresentou um decréscimo de 11,4% em sua

população total (menos 228 habitantes). Da mesma forma, em termos

absolutos, a população urbana decresceu 16 habitantes. Como a população

rural do município decresceu mais fortemente (perdeu 212 habitantes), os

habitantes dos domicílios situados no que é considerado urbano passaram a

representar 45,24% (enquanto em 2000 representavam 40,9%). Ou seja,

seguindo esses critérios, a taxa de urbanização de Jardinópolis teria crescido

10%.

Esses dados são suficientes para fomentar um debate entre os atores

sociais do Território Oeste Catarinense, que conhecem de perto os fluxos

internos nos municípios, as migrações intra-território e a emigração para outras

regiões do estado ou do país, sobre a noção e as perspectivas dessa pretensa

urbanização. Os deslocamentos populacionais precisam ser cotejados com os

investimentos (ou a ausência de) em infra-estrutura e serviços (educação,

saúde, comunicação, lazer, cultura etc.) nos diversos municípios. Da mesma

forma, é necessário confrontá-los com as dinâmicas econômico-produtivas (ou

a falta delas) seja de municípios, seja de sub-áreas do território.

Nesse debate, duas questões fundamentais: a) que mudanças na

dinâmica socioeconômica desses (na quase totalidade, pequenos) municípios

justificariam que os vejamos como cada vez menos rurais? b) que enfoques e

ações são necessários para tratar esse território rural tal como ele é?

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Tabela 1 – Municípios do Território Oeste Catarinense, população total e variação percentual 2000, 2007 e 2010

Território Oeste - População Rural, Urbana e Variação de População: 2000, 2007 e 2010

População por Município

2000 Variação % 2007 Variação

% 2010 Variação % Área D.D.

Total 2000-2007 Total 2007-2010 Total 2000-2010 (km2) 2010 Águas de Chapecó 5.782 5,26% 6.086 0,23% 6.100 5,50% 139 43,8 Águas Frias 2.525 1,03% 2.551 -4,98% 2.424 -4,00% 75 32,3 Campo Erê 10.353 -7,37% 9.590 -2,29% 9.370 -9,49% 479 19,6 Caxambu do Sul 5.263 -7,18% 4.885 -9,89% 4.402 -16,36% 141 31,3 Chapecó 146.967 12,14% 164.803 10,93% 182.809 24,39% 624 292,8 Cordilheira Alta 3.093 8,66% 3.361 10,71% 3.721 20,30% 84 44,4 Coronel Freitas 10.535 -2,74% 10.246 -0,32% 10.213 -3,06% 234 43,6 Formosa do Sul 2.725 -3,85% 2.620 -5,38% 2.479 -9,03% 100 24,9 Guatambú 4.702 -4,19% 4.505 3,24% 4.651 -1,08% 205 22,7 Irati 2.202 -8,04% 2.025 3,51% 2.096 -4,81% 70 30,0 Jardinópolis 1.994 -7,17% 1.851 -4,59% 1.766 -11,43% 68 25,9 Nova Erechim 3.543 16,23% 4.118 3,81% 4.275 20,66% 64 66,4 Nova Itaberaba 4.256 -3,27% 4.117 3,64% 4.267 0,26% 138 31,0 Novo Horizonte 3.101 -6,42% 2.902 -5,24% 2.750 -11,32% 152 18,1 Pinhalzinho 12.356 18,90% 14.691 10,80% 16.277 31,73% 128 126,9 Planalto Alegre 2.452 7,63% 2.639 0,27% 2.646 7,91% 63 42,2 Quilombo 10.736 1,26% 10.871 -5,85% 10.235 -4,67% 279 36,6 Santiago do Sul 1.696 -14,50% 1.450 1,03% 1.465 -13,62% 74 19,9 São Bernardino 3.140 -15,51% 2.653 0,98% 2.679 -14,68% 145 18,5 São Carlos 9.364 10,76% 10.372 -1,18% 10.250 9,46% 159 64,5 São Lourenço do Oeste 19.647 10,95% 21.799 -0,26% 21.742 10,66% 369 58,8 Saudades 8.324 3,16% 8.587 5,00% 9.016 8,31% 206 43,9 Serra Alta 3.330 -3,90% 3.200 2,66% 3.285 -1,35% 90 36,3 Sul Brasil 3.116 -1,77% 3.061 -9,64% 2.766 -11,23% 113 24,5 União do Oeste 3.391 -9,82% 3.058 -4,84% 2.910 -14,18% 93 31,3 Território Oeste 284.593 7,54% 306.041 6,06% 324.594 14,06% 4.291 75,7 Santa Catarina 5.356.360 9,52% 5.866.252 6,54% 6.249.682 16,68% 95.346 65,5 Região Sul 25.107.616 6,48% 26.733.595 2,44% 27.384.815 9,07% 577.214 47,4 Brasil 169.799.170 8,36% 183.987.291 3,67% 190.732.694 12,33% 8.547.404 22,3 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000, 2010, e Contagem da População 2007

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Tabela 2 – Municípios do Território Oeste Catarinense, população total, urbana e rural e percentual; variação de população urbana e rural 2000-2010; e área e densidade demográfica dos municípios 2010.

Território Oeste - População Rural, Urbana e Variação de População: 2000, 2007 e 2010

População por Município

2000 População 2010 Variação 2000-2010 % Área D.D.

Total Urbana % Rural % Total Urbana % Rural % Urbana Rural (km2) 2010 Águas de Chapecó 5.782 2.202 38,1% 3.580 61,9% 6.100 3.236 53,0 2.873 47,1 47,0 -19,7 139 43,8 Águas Frias 2.525 517 20,5% 2.008 79,5% 2.424 981 40,5 1.443 59,5 89,7 -28,1 75 32,3 Campo Erê 10.353 5.756 55,6% 4.597 44,4% 9.370 6.252 66,7 3.118 33,3 8,6 -32,2 479 19,6 Caxambu do Sul 5.263 2.054 39,0% 3.209 61,0% 4.402 2.150 48,8 2.256 51,2 4,7 -29,7 141 31,3 Chapecó 146.967 134.592 91,6% 12.375 8,4% 182.809 168.159 92,0 15.402 8,4 24,9 24,5 624 292,8 Cordilheira Alta 3.093 303 9,8% 2.790 90,2% 3.721 1.468 39,5 2.319 62,3 384,5 -16,9 84 44,4 Coronel Freitas 10.535 4.494 42,7% 6.041 57,3% 10.213 6.067 59,4 4.146 40,6 35,0 -31,4 234 43,6 Formosa do Sul 2.725 891 32,7% 1.834 67,3% 2.479 1.084 43,7 1.517 61,2 21,7 -17,3 100 24,9 Guatambú 4.702 983 20,9% 3.719 79,1% 4.651 1.749 37,6 2.926 62,9 77,9 -21,3 205 22,7 Irati 2.202 412 18,7% 1.790 81,3% 2.096 449 21,4 1.647 78,6 9,0 -8,0 70 30,0 Jardinópolis 1.994 815 40,9% 1.179 59,1% 1.766 799 45,2 967 54,8 -2,0 -18,0 68 25,9 Nova Erechim 3.543 1.720 48,5% 1.823 51,5% 4.275 3.211 75,1 1.064 24,9 86,7 -41,6 64 66,4 Nova Itaberaba 4.256 425 10,0% 3.831 90,0% 4.267 1.530 35,9 2.737 64,1 260,0 -28,6 138 31,0 Novo Horizonte 3.101 723 23,3% 2.378 76,7% 2.750 921 33,5 1.829 66,5 27,4 -23,1 152 18,1 Pinhalzinho 12.356 9.313 75,4% 3.043 24,6% 16.277 13.618 83,7 2.717 16,7 46,2 -10,7 128 126,9 Planalto Alegre 2.452 739 30,1% 1.713 69,9% 2.646 1.066 40,3 1.593 60,2 44,2 -7,0 63 42,2 Quilombo 10.736 4.697 43,8% 6.039 56,3% 10.235 5.749 56,2 4.502 44,0 22,4 -25,5 279 36,6 Santiago do Sul 1.696 521 30,7% 1.175 69,3% 1.465 650 44,4 815 55,6 24,8 -30,6 74 19,9 São Bernardino 3.140 529 16,8% 2.611 83,2% 2.679 719 26,8 1.960 73,2 35,9 -24,9 145 18,5 São Carlos 9.364 5.347 57,1% 4.017 42,9% 10.250 6.899 67,3 3.385 33,0 29,0 -15,7 159 64,5 São Lourenço do Oeste 19.647 13.407 68,2% 6.240 31,8% 21.742 16.885 77,7 4.912 22,6 25,9 -21,3 369 58,8 Saudades 8.324 2.897 34,8% 5.427 65,2% 9.016 5.123 56,8 3.893 43,2 76,8 -28,3 206 43,9 Serra Alta 3.330 1.201 36,1% 2.129 63,9% 3.285 1.835 55,9 1.450 44,1 52,8 -31,9 90 36,3 Sul Brasil 3.116 744 23,9% 2.372 76,1% 2.766 1.011 36,6 1.755 63,4 35,9 -26,0 113 24,5 União do Oeste 3.391 994 29,3% 2.397 70,7% 2.910 1.107 38,0 1.803 62,0 11,4 -24,8 93 31,3 Território Oeste 284.593 196.276 69,0% 88.317 31,0% 324.594 252.718 77,9 73.029 22,5 28,8 -17,3 4.291 75,7 Santa Catarina 5.356.360 4.217.931 78,7% 1.138.429 21,3% 6.249.682 5.249.197 84,0 1000485 16,0 24,4 -12,1 95.346 65,5 Brasil 169.799.170 137.953.959 81,2% 31.845.211 18,8% 190.732.694 160.879.708 84,3 29.852.986 15,7 16,6 -6,3 8.547.404 22,3 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000, 2010, e Contagem da População 2007

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26

1.1.3. Características do Tecido Sociocultural

O Censo Agropecuário de 2006 revela que a presença da agricultura familiar

é expressiva no Território. Do total de 18.003 estabelecimentos agropecuários

levantados, 16.284 são familiares, representando 90,5% do total. Esse índice é

superior ao valor registrado no estado, que é de 87% de estabelecimentos

familiares. Destaque-se que há pouco desvio em relação a este valor médio.

Praticamente todos os municípios do Território têm a participação da agricultura

familiar próxima a 90%. A menor, é encontrada em Guatambú, com 83,2%. E a

maior, em Formosa do Sul, com 97,8%. Destaque-se, da mesma forma, o alto

percentual da área total dos estabelecimentos ocupada pela agricultura familiar.

Com exceção de Campo Erê (23,5%) e Guatambú (43,5%), em todos os

municípios são encontradas participações superiores a 50% (em 14 deles

superiores a 80%). Esse é um indicador de uma estrutura agrária bem menos

concentrada.

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27

Tabela 3 - Território Oeste - Total de Estabelecimentos, Área e Percentuais de Agricultura Familiar e Patronal

Município Total

Estabelecimentos Área Agricultura Familiar Agricultura Não Familiar Agricultura Familiar Agricultura Não Familiar

Qtd Área Qtd % Qtd % Área % Área % Águas de Chapecó 822 11.485 758 92,2 64 7,8 9.176 79,9 2.309 20,1 Águas Frias 434 6.779 424 97,7 10 2,3 5.846 86,2 933 13,8 Campo Erê 767 36.846 619 80,7 148 19,3 8.665 23,5 28.182 76,5 Caxambu do Sul 728 11.469 693 95,2 35 4,8 9.950 86,8 1.520 13,3 Chapecó 1.907 33.912 1.616 84,7 291 15,3 17.641 52,0 16.270 48,0 Cordilheira Alta 452 6.101 429 94,9 23 5,1 5.219 85,5 883 14,5 Coronel Freitas 1.129 22.544 1.006 89,1 123 10,9 16.964 75,2 5.580 24,8 Formosa do Sul 403 9.249 394 97,8 9 2,2 8.144 88,1 1.105 11,9 Guatambú 531 13.588 442 83,2 89 16,8 5.904 43,5 7.684 56,5 Irati 377 9.952 365 96,8 12 3,2 5.488 55,1 4.464 44,9 Jardinópolis 254 5.383 238 93,7 16 6,3 4.715 87,6 668 12,4 Nova Erechim 329 5.087 307 93,3 22 6,7 4.555 89,5 533 10,5 Nova Itaberaba 749 11.412 691 92,3 58 7,7 9.565 83,8 1.847 16,2 Novo Horizonte 629 12.892 570 90,6 59 9,4 10.345 80,2 2.547 19,8 Pinhalzinho 709 10.542 636 89,7 73 10,3 8.948 84,9 1.594 15,1 Planalto Alegre 417 5.917 362 86,8 55 13,2 5.005 84,6 912 15,4 Quilombo 1.318 24.716 1.161 88,1 157 11,9 18.635 75,4 6.082 24,6 Santiago do Sul 207 3.796 201 97,1 6 2,9 3.312 87,2 484 12,8 São Bernardino 521 12.053 462 88,7 59 11,3 7.228 60,0 4.825 40,0 São Carlos 1.043 21.552 981 94,1 62 5,9 12.482 57,9 9.069 42,1 São Lourenço do Oeste 1.447 29.091 1.322 91,4 125 8,6 22.428 77,1 6.663 22,9 Saudades 1.153 18.285 1.052 91,2 101 8,8 15.520 84,9 2.765 15,1 Serra Alta 532 8.879 466 87,6 66 12,4 6.870 77,4 2.009 22,6 Sul Brasil 578 10.078 549 95,0 29 5,0 8.852 87,8 1.225 12,2 União do Oeste 567 9.200 540 95,2 27 4,8 7.737 84,1 1.463 15,9 Território Oeste 18.003 350.808 16.284 90,5 1.719 9,5 239.194 68,2 111.616 31,8 Santa Catarina 193.663 6.040.134 168.544 87,0 25.119 13,0 2.645.088 43,8 3.395.047 56,2 Sul 1.006.181 41.526.157 849.997 84,5 156.184 15,5 13.066.591 31,5 28.459.566 68,5 Brasil 5.175.489 329.941.393 4.367.902 84,4 807.587 15,6 80.250.453 24,3 249.690.940 75,7 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006

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A incidência de estabelecimentos agropecuários não-familiares neste território é,

assim, muito baixa (9,5%), tanto em relação à Santa Catarina (13%), quanto ao

Brasil (15,6%), o que pode ser explicado pelo processo histórico de ocupação das

terras apresentado anteriormente. Tal história torna inteligível, da mesma forma, o

altíssimo percentual (91,5%) de proprietários e a importância (93,5%) de

estabelecimentos agropecuários com menos de 50 hectares. Destaque-se que

39,1% deles têm menos de 10 hectares (Figura 5).

Figura 5: Participação percentual dos estabelecimentos agropecuários com menos de 10 ha sobre o total de estabelecimentos agropecuários nos municípios do Território Oeste Catarinense

Levando-se em conta que a agricultura familiar do Território se dedica a uma

produção diversificada, com destaque para a produção de milho, soja e fumo e a

criação de bovinos de leite, suínos e frangos, parece importante que os atores

sociais reflitam sobre a viabilidade (e o potencial de viabilização) econômica

dessas famílias com propostas ou projetos estritamente agrícolas. Dizendo de

outra forma, afigura-se como importante considerar ocupações e empreendimentos

rurais não agrícolas como uma forma de viabilizar a própria agricultura familiar.

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29

Organizações ligadas à agricultura familiar

O território do Oeste possui uma ampla rede de organizações sociais, que

articula os diversos interesses da agricultura familiar.

Foi no contexto das crises vividas pela economia brasileira – e

especialmente da agricultura, a partir do início da década de 80, que surgiram

novas lideranças no Território do Oeste Catarinense. Os primeiros embates

aconteceram no seio do próprio sindicalismo de trabalhadores rurais, percebidos

como um instrumento importante de aglutinação de forças. Animados por

intervenções da Igreja progressista, os “sindicatos combativos”, como se

autodenominaram, ganharam expressão e passaram a ter influência nas

administrações públicas municipais. Junto ao questionamento político do modelo

produtivista de crescimento agrícola e ao tratamento das conseqüências da crise

(as principais: o endividamento e a exclusão), as lideranças desse sindicalismo

combativo buscaram, também, a construção de um modelo alternativo de

desenvolvimento rural baseado em uma agricultura também “alternativa”. Neste

contexto, surgiram e se fortaleceram diversas organizações não governamentais. A

Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste de Santa Catarina (Apaco) pode

ser apontada como uma das pioneiras. Depois, surgiram a Associação das

cooperativas e associações do Oeste Catarinense – Ascooper, o Instituto da

Agricultura Familiar – ICAF, a União Nacional das Cooperativas de Agricultura

Familiar e Economia Solidária – Unicafes e o Instituto de Desenvolvimento

Regional SAGA. Além das experiências das organizações citadas, muitas outras

foram articuladas na região. Muitas delas se espelhando em processos

organizativos existentes fora do território. É o caso, por exemplo, das cooperativas

de crédito. Algumas delas, inicialmente integradas ao Sistema de Cooperativas de

Crédito de Santa Catarina e ao Siscoob, optaram por se incorporar a um novo

sistema que se consolidava no Paraná: o Sistema Cresol.

Entre as organizações da sociedade civil, merece destaque a Associação

Perxeirão dos Caboclos porque, criada em 2003 e com nove núcleos de

aproximadamente cinco famílias cada um, se trata de uma entidade voltada para

um público com características étnicas e culturais específicas, que tem pouca

visibilidade no território. Outra entidade a ser ressaltada é a Associação de

pescadores do Rio Uruguai e seus afluentes, que congrega aproximadamente 350

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famílias que vivem da pesca artesanal, da fruticultura e de produtos para o

autoconsumo.

Atualmente, no Território, é possível identificar redes de articulação das

organizações da sociedade civil em torno de projetos ligados à agroindustrailização

familiar, ao turismo rural, à agroecologia, a rotas de comercialização, ao

artesanato, à conservação de recursos naturais e, de forma mais geral, à economia

solidária e à geração de tecnologias adaptadas. O fortalecimento dessas redes já

existentes tem exigido coordenação das ações e sintonia das políticas públicas

voltadas ao desenvolvimento rural.

No âmbito sindical ligado à agricultura, têm atuação expressiva, no Território

Oeste Catarinense, os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na

Agricultura (STTR), federados na FETAESC; os Sindicatos da Agricultura Familiar

(Sintraf) federados na FETRAF-SUL; e os Sindicatos de Trabalhadores Rurais e

Associações do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), representados

nacionalmente pela Associação Nacional dos Pequenos Agricultores (ANPA).

No que diz respeito aos movimentos sociais do campo, destacam-se as

atuações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento de

Mulheres Camponesas (MMC) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra (MST). Recorde-se que existem assentamentos em três dos vinte e seis

municípios que compõem o território, com um total de apenas 115 famílias

assentadas.

O que as organizações de agricultores familiares presentes no território têm

sinalizado é que, para além de usar suas forças para defender projetos

estratégicos no setor agrícola, julgam indispensável buscar novas formas de

articulação com outros atores sociais que possibilitem ações integradas e

intersetorais.

A gestão territorial pelo setor empresarial privado e cooperativo

Hoje, as maiores empresas na região são a Sadia S/A (Brazil Foods) e a

Cooperativa Aurora. Esta última, com sede em Chapecó, tem, atuando no Território

Oeste, outras duas cooperativas a ela filiadas: a CooperAlfa, também em Chapecó,

e a CooperCaslo, em São Lourenço do Oeste. A CooperCaslo tem uma

abrangência restrita a dois municípios. Já a CooperAlfa tem como área de

abrangência todo o Território Oeste Catarinense. Nele também atua a

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CooperItaipu, sediada em Pinhalzinho. O que se constatou, a partir da instalação

dessas empresas, em um quadro de forte favorecimento por políticas e instituições

públicas que visavam incentivar a industrialização e a descentralização econômica,

gerando pólos regionais, foi que elas passaram a realizar uma gestão dos

territórios em que se implantavam. A conseqüência desse processo é sentida hoje

nos inúmeros problemas urbanos e rurais decorrentes do direcionamento das

políticas públicas estaduais e municipais seguindo as estratégias privadas dessas

empresas. Servem de exemplo a concentração da produção e seus impactos

ambientais, assim como o surgimento de densos bairros periféricos, com

baixíssimo nível de infra-estrutura, em geral ocupados por famílias oriundas da

exclusão do meio rural, por não terem conseguido efetuar os investimentos

produtivos exigidos pelas mesmas empresas.

O capital social

Estudo, realizado pelo Centro de Ciências da Administração da Universidade

para o Desenvolvimento de Santa Catarina (Menegasso, 2006), indica que, para os

onze municípios que compõem a região administrativa de Chapecó, há “uma

predisposição positiva das pessoas [...] em participar de atividades associativas ou

de vincular-se a associações, o que denota a intensidade de laços sociais”. Tal

inclinação está mais direcionada à participação em atividades relacionadas ao

esporte e lazer, arte e cultura. Os resultados da mesma pesquisa evidenciam,

contudo, um baixo estoque de capital social, revelando uma cultura política de

pouca confiança e cooperação e de repúdio às instituições políticas. Os dados

indicam, ainda, que a solidariedade se faz presente, principalmente quando

entendida como um ato voltado a minorar o sofrimento alheio ou para diminuir as

desigualdades sociais, havendo, contudo, poucos indicativos de que ela também se

manifeste como um ato de engajamento cívico, mais racional, em favor da

construção do bem-estar geral da comunidade.

É preciso que os atores sociais do território reflitam sobre a pertinência

desse diagnóstico e se ele é extensível aos quinze demais municípios do território.

Existem, por exemplo, sinalizações de que nos municípios da região de Chapecó o

mutirão é uma forma de cooperação muito pouco importante, sendo mais utilizadas

as práticas de troca de serviços. Já na região de São Lourenço do Oeste, ocorre o

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contrário, o mutirão é uma relação de trabalho fundamental para a agricultura

familiar e a troca de serviços uma atividade praticamente inexpressiva.

Esses elementos precisam ser pensados pelos atores sociais do território

porque a confiança, a cooperação, a solidariedade e a responsabilidade cívica,

juntamente com o sentimento de pertencimento, serão pilares do desenvolvimento

territorial sustentável.

As iniciativas supra-municipais

Algumas ações e organizações buscam promover a integração entre

políticas e administrações públicas governamentais e não governamentais, assim

como entre diversos setores. Desta forma, pode-se afirmar que há a construção de

outros territórios dentro do Território Oeste Catarinense. Descrever, ainda que

brevemente, essas iniciativas é um componente imprescindível deste diagnóstico.

A Mesorregião da Grande Fronteira do Mercosul

Abrangendo parte dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

Paraná, sendo constituída por 412 municípios (entre os quais todos os municípios

do Território Oeste Catarinense), com uma população de mais de quatro milhões

de habitantes, a Mesorregião da Grande Fronteira do Mercosul busca a inserção

competitiva nos mercados e a integração intra e inter-regional. Além disso, visa

também fortalecer e consolidar a cooperação da sociedade civil e do setor público

da mesorregião. Para isso, atua na coordenação de fóruns regionais já existentes.

A Meso tem promovido importantes ações de apoio a projetos de desenvolvimento

do turismo, a programas de capacitação, de fortalecimento agroindustrial e de

fortalecimento do pólo moveleiro na região. A maior dificuldade nessas iniciativas

tem sido a baixa participação da sociedade civil organizada. Os participantes dos

debates e encaminhamentos são diretamente ligados aos poderes públicos

estadual e municipais.

Associação dos municípios do Oeste de Santa Catarina - AMOSC

A AMOSC é uma entidade municipalista, mantida exclusivamente com

recursos dos municípios, que apóia os consorciados como um órgão prestador de

serviços em projetos, consultoria e assessoramento técnico municipal. Vinte dos

municípios do Território Oeste Catarinense são associados à AMOSC: Águas Frias,

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33

Águas de Chapecó, Caxambu do Sul, Chapecó, Cordilheira Alta, Coronel Freitas,

Formosa do Sul, Guatambu, Irati, Jardinópolis, Nova Erechim, Nova Itaberaba,

Planalto Alegre, Quilombo, Santiago do Sul, Serra Alta, Sul Brasil, União do Oeste,

Pinhalzinho e São Carlos. (Figura 6)

Para além da promoção da defesa institucional, ampliação e fortalecimento

da capacidade administrativa econômica e social dos municípios, com a promoção

da modernização administrativa municipal, a Associação busca a mobilização para

a atuação conjunta dos poderes legislativo e executivo regional, coordenação e

estabelecimento conjunto de medidas e políticas públicas visando o

desenvolvimento integrado da microrregião. Recorde-se que a Amosc se articula

com várias outras organizações, coordenando o Fórum da Mesorregião Grande

Fronteira do Mercosul para o estado de Santa Catarina, sendo parceira do

Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico Social e Meio Ambiente,

do Fórum Catarinense de Desenvolvimento, do Programa Catarinense de

Desenvolvimento Regional e Setorial e do SAGA - Instituto de Desenvolvimento

Regional, todos com ação no Território Oeste Catarinense.

Associação dos municípios do Noroeste Catarinense – AMNOROESTE

A AMNOROESTE congrega sete municípios, sendo três também

pertencentes ao Território Oeste Catarinense (Novo Horizonte; São Bernardino; e

São Lourenço do Oeste). Ela realiza assessoria em áreas técnicas (engenharia,

topografia, nutrição e informática) e administrativas aos Municípios filiados.

Associação dos Municípios do Entre-Rios - AMERIOS

Entre os dezesseis municípios filiados a AMERIOS encontram-se Campo-

Erê e Saudades, também pertencentes ao Território Oeste Catarinense. Ela

representou um desmembramento da AMOSC, porque os municípios situados

entre o Rio das Antas e o Rio Chapecó consideraram que aquela associação

estava com uma abrangência ampla demais. A AMERIOS afirma representar os

municípios associados, defendendo interesses regionais e fortalecendo as

administrações política e tecnicamente.

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Figura 6: Associações de municípios presentes no Território Oeste Catarinense

As Regiões Administrativas e de Desenvolvimento

O processo de descentralização criado pelo governo de Santa Catarina, a

partir de 2002, gerou as regiões administrativas, com seus respectivos Conselhos e

Secretarias Regionais de Desenvolvimento (SDR). No Território Oeste Catarinense

estão presentes três dessas SDR, as de Chapecó, São Lourenço do Oeste e

Quilombo. Ao mesmo tempo, municípios do território fazem parte das SDR de

Palmitos (São Carlos e Águas de Chapecó) e de Maravilha (Pinhalzinho e

Saudades).

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Figura 7: Regiões administrativas do governo estadual que fazem gestão supra-municipal no Território do Oeste Catarinense

Esta situação de múltiplas construções territoriais (Mesorregião,

Associações de Municípios e SDR) gera dificuldades nos debates e duplicidades

de esforços e encaminhamentos. Freqüentemente, são constatados paralelismos –

e até competição – entre iniciativas voltadas ao mesmo objetivo. É preciso, por

isso, que os atores sociais reflitam sobre as possibilidades e desafios ligados a

uma maior interação dessas diferentes instituições e suas respectivas construções

territoriais. Uma reflexão sobre a identidade e o senso de pertencimento dos

habitantes em relação a esses territórios em construção, assim como ao Território

Oeste Catarinense, também aparece como pertinente.

A projeção das regiões administrativas do governo estadual sobre a

dinâmica demográfica, por exemplo, deve levar os atores sociais a refletir sobre a

formação de sub-territórios, ou, pelo menos de áreas que precisam de uma ênfase

específica e de uma visão de médio e longo prazos. A região administrativa de

Quilombo é inteiramente composta por municípios esvaentes. É preciso verificar

se estão sendo propostas e ou efetivadas políticas e projetos voltados ao aumento

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da atratividade destes municípios, especialmente na perspectiva dos jovens e das

mulheres.

Figura 8: : Taxas de crescimento populacional dos municípios do Território Oeste Catarinense e Regiões administrativas do governo estadual.

O mesmo pode ser pensado para a parte da região administrativa de São

Lourenço do Oeste que compõe o Território Oeste, que tem uma taxa positiva

apenas em seu município pólo. A questão fundamental a ser pensada é de como,

a partir de um enfoque territorial e de uma visão sistêmica, será possível

estabelecer sinergias entre os sub-territórios de forma a ter a necessa´ria reversão

das perspectivas atuais de esvaziamento social.

1.1.4. Situação da Saúde

A realidade da saúde da população do Território pode ser aferida através da

análise de um conjunto de indicadores. Um deles se refere ao número de leitos

hospitalares relacionado com a população total. A Tabela 3, a seguir, apresenta a

distribuição do número de hospitais, leitos, postos e ambulatórios de saúde no

conjunto dos municípios do Território.

Segundo Ministério da Saúde, o parâmetro aceitável para o número de leitos

hospitalares deve ser, no mínimo, de 2,5 a 3 leitos/1.000 habitantes e de 4 a 10 %

de leitos hospitalares em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Nesta versão do

Plano não foi possível apurar os leitos em UTI.

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Tabela 4. Número de Médicos e Leitos em Hospitais por 1000 habitantes e estabelecimentos de saúde por município do Território Oeste Catarinense

Município Médicos por mil

habitantes

Leitos hospitalares

Leitos hospitalares

por mil habitantes

Estabelecimentos de Saúde

Público Privado Total

Águas de Chapecó 1,38 0 0 2 1 3

Águas Frias 0,79 0 0 2 0 2

Campo Erê 1,84 100 11,9 4 3 7

Caxambu do Sul 1,33 29 5,8 3 1 4

Chapecó 1,36 358 1,9 34 53 87

Cordilheira Alta 4,53 0 0 2 0 2

Coronel Freitas 1,23 30 2,7 3 1 4

Formosa do Sul 0,73 0 0 1 0 1

Guatambú 0,85 0 0 3 0 3

Irati 0,91 0 0 2 0 2

Jardinópolis 1 0 0 1 0 1

Nova Erechim 1,98 33 8,2 1 1 2

Nova Itaberaba 0,7 0 0 1 0 1

Novo Horizonte 0,32 0 0 1 0 1

Pinhalzinho 1,94 35 2,5 2 1 3

Planalto Alegre 0,82 0 0 1 0 1

Quilombo 2,51 48 4,9 2 3 5

Santiago do Sul 0 0 0 1 0 1

São Bernardino 0 0 0 1 0 1

São Carlos 2,14 59 6,8 2 2 4

São L. do Oeste 2,24 58 2,8 7 9 16

Saudades 2,16 34 4,3 2 2 4

Serra Alta 0,6 0 0 1 0 1

Sul Brasil 1,28 0 0 1 0 1

União do Oeste 0,88 0 0 2 0 2

Total Território 1,5 784 131

Fonte:DATASUS(2002; 2005); Ministério da Saúde, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

Nota:Excluído Para-médicos de nível superior e médio e Odontólogos

Com uma população total de 324.594 habitantes em 2010, o número de

leitos hospitalares do Território deveria estar entre 811 e 973. Dessa forma, tomado

o território, os 784 leitos estão abaixo do mínimo recomendado pelo Ministério da

Saúde. Este dado é agravado pelo fato de apenas uma parcela deles ser

disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde – SUS.

A existência de uma maioria de municípios sem hospitais não significaria, em si,

um grave problema, pois as distâncias aos municípios pólos são relativamente

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pequenas. O limite maior é que as estruturas desses pólos (Chapecó, Coronel

Freitas, Pinhalzinho e São Lourenço do Oeste) já mostram insuficiência.

No Território, as condições de acesso aos serviços ligados à saúde podem variar

muito, dependendo do município e, dentro dele, do local de moradia. Para os

moradores de áreas rurais, muitas vezes, as distâncias até os serviços de saúde e

o atendimento nos postos de saúde (condições e capacidade técnica e profissional)

são desvantagens em comparação com a população que reside dentro dos

perímetros urbanos.

Como em outras regiões do país, a Estratégia Saúde da Família e os

Agentes Comunitários de Saúde vêm representando um grande avanço em termos

de atenção básica à população.

1.1.5. Situação da Educação

Os dados indicam que, de uma forma geral, o pode público vem

respondendo bem às exigências sociais pela universalidade e pela melhoria da

educação. Os números de matrícula sinalizam para um altíssimo percentual de

crianças e adolescentes cumprindo o ensino obrigatório. As redes públicas

estadual e municipais é que asseguram a quase totalidade das vagas. Com

exceção dos pólos maiores – especialmente Chapecó, as escolas particulares têm

pouca importância relativa. Assim, em geral, a escola pública é a escola de todas

as crianças e adolescentes no território, o que pode ter um efeito bastante positivo

nos debates sobre a melhoria de suas condições.

A fortíssima concentração de matrículas em escolas situadas nos perímetros

urbanos (listadas como urbanas pelo INEP) aponta para a continuidade e

aprofundamento do processo de nucleação, associado ao transporte escolar,

iniciado, em Santa Catarina, na década de 1990. É importante que os atores

sociais do Território façam, agora, um balanço dessa política que se, em boa parte

dos casos, mas não na totalidade, tem implicado em melhor infraestrutura e

condições de ensino, tem, ao mesmo tempo, contribuído para o enfraquecimento

das comunidades do interior dos municípios e, conseqüentemente para o seu

esvaziamento. Assim, em uma perspectiva de médio e longo prazos, é preciso

refletir sobre as possibilidades de uma educação que esteja situada no campo e

que esteja sintonizada com os projetos de desenvolvimento pensados pelas

populações do campo no território, especialmente os agricultores familiares. As

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39

melhorias das infra-estruturas de comunicação (especialmente cm a

democratização da internet) e a ampliação do número de professores com

habilitação, assim como as políticas públicas federais de Educação do Campo,

apontam para um questionamento da visão hoje dominante de que uma escola

situada no meio rural é, necessariamente, precária. Ao mesmo tempo, o crescente

aumento das despesas com transporte escolar e dos problemas de segurança e

com os tempos de deslocamentos está exigindo uma reflexão sobre a necessidade

de reaproximação entre escolas e famílias.

Com base nos dados do Censo Demográfico de 2000 (os de 2010 ainda a

esse respeito ainda não foram publicados), o índice de analfabetismo entre a

população com quinze anos ou mais é bastante significativo no território (20,2%).

Ao compararmos com o a porcentagem estadual que é de 18,2%, percebemos que

somente quatro municípios têm esse indicador melhor que o estadual: Chapecó,

Cordilheira Alta, Nova Erechim e Serra Alta. Já os municípios que detêm o maior

índice de analfabetismo são: Campo Erê, São Bernardino e Planalto Alegre. Os

dados mostram também que os responsáveis pelo domicílio com menos de quatro

anos de estudo é alto em todos os municípios e superiores ao índice estadual, já

bastante elevado de 22,3 (com exceção de Chapecó). A pior situação era

encontrada em Campo Erê, com 39% dos responsáveis por domicílios possuindo

menos de 4 anos de escolaridade. Há, todavia, uma expectativa de uma

significativa melhoria nesta situação no período intercensitário 2000-2010.

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Tabela 5 - Número de Matrículas por Município, por redes de ensino e por situação (urbana e rural). Município N.º matrículas em

escolas estaduais urbanas (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas federais urbanas (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas municipais urbanas (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas particulares urbanas (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas estaduais rurais (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas municipais rurais (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas federais rurais (INEP 2006)

N.º matrículas em escolas particulares rurais (INEP 2006)

Águas de Chapecó 489 0 130 0 206 46 0 0

Águas Frias 291 0 59 0 0 68 0 0

Campo Erê 1.204 0 474 20 114 150 0 0

Caxambu do Sul 271 0 342 0 214 0 0 0

Chapecó 14.201 0 9.498 2.307 725 895 0 0

Cordilheira Alta 210 0 0 0 0 354 0 0

Coronel Freitas 896 0 463 0 188 72 0 0

Formosa do Sul 261 0 198 0 0 0 0 0

Guatambú 366 0 178 0 280 100 0 0

Irati 162 0 83 0 110 47 0 0

Jardinópolis 196 0 159 0 0 0 0 0

Nova Erechim 324 0 319 0 0 0 0 0

Nova Itaberaba 442 0 171 0 0 163 0 0

Novo Horizonte 199 0 178 0 102 68 0 0

Pinhalzinho 1.332 0 910 94 0 0 0 0

Planalto Alegre 279 0 164 0 0 0 0 0

Quilombo 842 0 505 63 207 160 0 0

Santiago do Sul 158 0 89 0 0 15 0 0

São Bernardino 361 0 234 0 0 72 0 0

São Carlos 703 0 0 66 0 540 0 0

São Lourenço do Oeste 1.859 0 823 266 626 319 0 0

Saudades 432 0 405 0 502 0 0 0

Serra Alta 410 0 0 0 0 152 0 0

Sul Brasil 193 0 159 0 124 88 0 0

União do Oeste 303 0 0 0 0 214 0 0

Page 41: oeste catarinense ptdrs - SIT

Tabela 6. IDEB e projeções para a Regular nos municípios do Território Oeste Catarinense

Séries Iniciais (Até a 4ª série)Nome do Município

IDEB 2005 2007 2009

Águas de Chapecó 4,7 4,7 5,2 Águas Frias 4,4 5,0 5,8 Campo Erê 4,1 4,1 4,7 Caxambu do Sul 3,6 4,2 5,0 Chapecó 4,5 4,6 5,2 Cordilheira Alta - - - Coronel Freitas 4,2 4,6 4,9 Formosa do Sul 3,6 4,2 4,5 Guatambú 4,2 3,4 3,8 Irati - 4,0 4,6 Jardinópolis 3,9 4,8 4,5 Nova Erechim 4,7 5,2 6,0 Nova Itaberaba 4,3 4,7 4,8 Novo Horizonte 3,9 4,1 5,3 Pinhalzinho 4,6 4,9 5,5 Planalto Alegre - 5,4 5,5 Quilombo 4,3 4,8 4,6 Santiago do Sul - 4,7 4,7 São Bernardino 3,5 3,6 4,7 São Carlos 4,2 4,7 5,1 São Lourenço do Oeste 3,9 4,8 5,2 Saudades 4,5 5,2 5,4 Serra Alta 4,1 4,9 5,7 Sul Brasil 4,4 4,9 5,5 União do Oeste - - - Fonte: MEC/Inep Nota: ND - Número de participantes na Prova Brasil 2009 insuficiente para que os resultados sejam divulgados.

Considerando-se o

das redes públicas de ensino fundamental regular dos municípios do Território,

pode-se afirmar que, na maioria dos municípios,

da educação. Sabe-se que esse índice

importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho

nas avaliações; que ele varia de 0 a 10

. IDEB e projeções para a Rede Pública de Ensino Fundamental nos municípios do Território Oeste Catarinense

Séries Iniciais (Até a 4ª série)

Séries Finais (5ª a 8ª série)

Projeções IDEB 2007 2009 2011 2013 2005 2007 2009 2007 2009

4,7 5,1 5,5 5,7 4,1 3,4 3,8 4,1 4,2 4,5 4,8 5,2 5,5 4,4 4,6 4,3 4,4 4,6 4,2 4,5 4,9 5,2 3,9 4,0 3,7 3,9 4,1

3,7 4,0 4,4 4,7 3,9 3,5 4,3 3,9 4,1 4,6 4,9 5,3 5,6 3,9 4,0 4,4 3,9 4,1

- - - - 3,6 4,2 4,1 3,7 3,8

4,2 4,6 5,0 5,3 4,1 4,3 4,2 4,1 4,3

3,7 4,0 4,5 4,7 4,0 4,3 3,7 4,0 4,2 4,3 4,6 5,0 5,3 3,2 3,7 3,6 3,3 3,4 - 4,2 4,6 4,8 4,1 4,0 - 4,2 4,3 3,9 4,3 4,7 5,0 3,6 4,1 3,9 3,6 3,8

4,7 5,1 5,4 5,7 4,4 4,7 4,9 4,4 4,6

4,4 4,7 5,1 5,4 3,6 3,8 4,2 3,7 3,8

4,0 4,3 4,8 5,0 3,5 3,9 4,9 3,5 3,7 4,7 5,0 5,4 5,7 4,3 4,4 4,6 4,3 4,5

- 5,6 5,9 6,1 3,9 4,4 3,8 4,0 4,1 4,3 4,7 5,1 5,3 3,7 4,2 3,9 3,7 3,9

- 4,9 5,2 5,5 - 4,3 3,8 - 4,4

3,6 3,9 4,3 4,6 3,5 4,0 4,6 3,5 3,7 4,3 4,6 5,0 5,3 4,2 4,0 4,4 4,2 4,4

4,0 4,3 4,7 5,0 4,3 4,4 4,3 4,4 4,5 4,6 4,9 5,3 5,6 4,6 4,3 4,9 4,6 4,8 4,2 4,5 4,9 5,2 3,8 4,5 4,6 3,8 4,0 4,5 4,8 5,2 5,5 4,1 4,1 4,1 4,2 4,3

- - - - 3,0 4,1 4,4 3,0 3,1

Número de participantes na Prova Brasil 2009 insuficiente para que os resultados sejam divulgados.

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

das redes públicas de ensino fundamental regular dos municípios do Território,

, na maioria dos municípios, tem havido melhorias na qualidade

se que esse índice reúne dois conceitos igualmente

importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho

nas avaliações; que ele varia de 0 a 10; e que a meta do Brasil é alcançar o 41

Rede Pública de Ensino Fundamental

Séries Finais (5ª a 8ª série) Projeções 2009 2011 2013

4,2 4,5 4,9 4,6 4,8 5,2 4,1 4,3 4,7

4,1 4,4 4,8 4,1 4,4 4,8

3,8 4,1 4,5

4,3 4,5 4,9

4,2 4,5 4,9 3,4 3,7 4,1 4,3 4,6 5,0 3,8 4,0 4,4

4,6 4,9 5,2

3,8 4,1 4,5

3,7 4,0 4,4 4,5 4,7 5,1

4,1 4,4 4,8 3,9 4,1 4,5

4,4 4,6 5,0

3,7 3,9 4,3 4,4 4,7 5,0

4,5 4,8 5,2 4,8 5,0 5,4 4,0 4,3 4,7 4,3 4,6 5,0

3,1 3,4 3,8

Número de participantes na Prova Brasil 2009 insuficiente para que os resultados sejam divulgados.

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

das redes públicas de ensino fundamental regular dos municípios do Território,

m havido melhorias na qualidade

reúne dois conceitos igualmente

importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho

e que a meta do Brasil é alcançar o

Page 42: oeste catarinense ptdrs - SIT

42

patamar educacional que têm hoje a média dos países da OCDE, equivalente a um

índice 6. Com essas informações, é preciso um olhar crítico dos atores locais do

território sobre a evolução dos índices de cada município entre 2005 e 2007 e do

cotejamento deles com as projeções. Há diversos municípios com índices

estabilizados ou mesmo decrescentes. É importante que os mesmos atores sociais

considerem a possibilidade desse desafio ser encarado também territorialmente.

Uma ação conjunta em torno da educação e de currículos e ritmos adequados às

especificidades do território tem sido, em geral, um bom ponto de partida.

1.2 Dimensão Ambiental

Os recursos naturais são um dos pontos de sustentação da estrutura

produtiva do território. A fertilidade do solo e a grande disponibilidade de água

estão, porém ameaçados pelo uso intensivo pelo qual se estruturou a criação

animal e a produção de grãos. O manejo do solo adotado desde a ocupação das

terras do Território Oeste é o principal indicador de uma longa história de

exploração dos recursos naturais. A derrubada da floresta, a queimada e a rotação

de terras eram as principais técnicas de abertura das lavouras e pastagens,

aproveitando-se, no curto prazo, o alto valor das florestas nativas e da fertilidade

natural dos solos. Em pouco tempo, contudo, essas práticas levaram ao

esgotamento e à perda da fertilidade dos solos e, conseqüentemente, à perda de

produtividade. A partir dos anos 70, esse manejo passa a ser substituído pela forte

utilização de insumos químicos de síntese e da tratorização. O terreno acidentado

foi o único empecilho. Apenas as áreas menos acessíveis não foram devastadas.

Desta forma, os problemas ambientais mais evidenciados, hoje, são

relacionados à adoção crescente desse modelo produtivista de agricultura: poluição

do solo e da água por agrotóxicos, fertilizantes químicos de síntese, dejetos de

suínos, bovinos e aves; perda da biodiversidade e dos saberes tradicionais

associados a estes materiais genéticos. Da mesma forma, constata-se a

diminuição da cobertura vegetal e seus efeitos sobre o ciclo hidrológico, como

enchentes e estiagens, que, por sua vez, geram o assoreamento dos rios e o

comprometimento dos organismos vivos. Ao mesmo tempo, verifica-se que as

nascentes vêm sendo seriamente prejudicadas – muitas vezes de forma

irreversível – pelo excesso de poços artesianos perfurados e pela contaminação

profunda provocada pelas próprias perfurações.

Page 43: oeste catarinense ptdrs - SIT

43

No território, diversas instituições – como secretarias municipais de

agricultura, IBAMA, FATMA, Ministério Público Estadual, Comitês de Bacia,

movimentos sociais, ONG – desenvolvem ações para repensar o uso e a

conservação destes recursos. Isso é feito, no entanto, de forma muito tímida,

deixando, inclusive de enfrentar os problemas mais graves, como os dos

agrotóxicos e da transgenia.

Neste contexto, a intensificação das atividades agrícolas tradicionais,

especialmente a criação animal, vem criando um abismo entre o dinamismo

econômico que o território desenvolveu e as suas condições sociais.

A agricultura familiar predominante no território, tanto pode destruir quanto

propiciar a proteção dos bens naturais. É, por isso, imprescindível que os atores

sociais do Oeste Catarinense discutam a estreita relação existente entre os

problemas ambientais do território e a atual situação da agricultura familiar.

Justamente por estarem complexamente integrados à dinâmica da atividade, os

problemas ambientais da agricultura não podem ser interpretados apenas à luz do

conhecimento técnico/ambiental, ou mesmo jurídico. Um debate profundo sobre o

padrão técnico adotado na produção vegetal e na criação animal e, de forma mais

ampla, sobre o modelo de desenvolvimento praticado precisa ser urgentemente

realizado.

1.2.1 Características geoambientais

No Território do Oeste Catarinense, a presença de mata nativa ainda é

importante e a fertilidade dos solos em seu estágio original é bastante alta. A

política de colonização juntamente com modelo de produção agrícola desgastou os

solos tornando-os de baixa fertilidade. De acordo com a classificação de Koeepen,

o território possui o clima tipo subtropical, mesotérmico úmido, com verões

quentes. A temperatura média anual varia entre 18 e 19º C, enquanto que a

precipitação média anual permanece entre os 1.700 a 1.900 mm/ano. A umidade

relativa do ar oscila entre os 76% e 78%. Quanto ao solo, o Oeste está situado em

áreas de relevo acidentado, ainda que hajam áreas de relevo suavemente

ondulado a ondulado. Nas áreas onduladas e suavemente onduladas,

predominando os latossolos, havendo formações de cambissolos e terras roxas

Page 44: oeste catarinense ptdrs - SIT

44

estruturadas e nos terrenos inclinados a fortemente inclinados, predominam os

cambissolos e terras roxas estruturadas.

Segundo os dados sobre meio ambiente da Pesquisa do Perfil dos

Municípios (IBGE, 2002) em vinte dos vinte e cinco municípios do território os solos

estão contaminados comprometendo gravemente a produtividade das atividades

agrícolas. A água é outro recurso seriamente comprometido no território. A criação

de animais, o despejo de esgoto doméstico, o uso de agrotóxicos e fertilizantes e,

em menor grau, o lixo são os principais poluentes. Além da poluição, a escassez de

água é apontada como um problema em quatorze municípios do território, segundo

pesquisa do IBGE. Porém, um levantamento mais detalhado realizado pelo ICEPA,

mostra que em todos os municípios do território, em média 32% dos

estabelecimentos agropecuários têm problemas com falta de água.

Os vinte e cinco municípios do território podem ser classificados em quatro

grupos quanto à intensidade dos problemas ambientais. Um grupo, que

corresponde a um quinto dos municípios do território - Chapecó, Jardinópolis,

Formosa do Sul, Planalto Alegre e Novo Horizonte, apresenta situação grave de

degradação ambiental, provocada especialmente pelos resíduos da produção

animal e pelo uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos de síntese. As águas e os

solos desses municípios encontram-se profundamente alterados, o que

compromete tanto a produtividade das atividades econômicas que dependem

desses recursos quanto a qualidade de vida da população. Em particular, a

escassez de água já aparece como um problema grave para o consumo humano.

O segundo grupo, formado por dois municípios - Campo Erê e Quilombo, apresenta

um quadro preocupante de poluição ambiental provocado pelo despejo de resíduos

industriais. Os municípios de Coronel Freitas, Irati, Nova Erechim, Nova Itaberaba,

Santiago do Sul, São Bernardino, São Lourenço do Oeste, Serra Alta, Pinhalzinho,

Saudades e São Carlos formam um terceiro grupo que apresenta um quadro

moderado de degradação. Os demais municípios do território – Águas Frias,

Caxambu do Sul, Cordilheira Alta, Guatambu, Sul Brasil e União do Oeste –

apresentam um quadro leve de degradação.

O desmatamento ainda é um dos graves problemas ambientais do território.

Segundo dados do Levantamento Agropecuário de Santa Catarina (ICEPA, 2005)

as áreas ocupadas com matas nativas representam em média menos de 10% do

total das áreas ocupadas por empreendimentos rurais.

Page 45: oeste catarinense ptdrs - SIT

45

1.2.2 Processos Territoriais de Gestão Ambiental

Este item não foi suficientemente elaborado nesta versão do Plano, devendo

ser objeto de aprofundamento na continuidade do processo de planejamento do

desenvolvimento territorial sustentável. A análise deve contemplar as principais

iniciativas de gestão ambiental existentes no Território, a exemplo das Unidades de

Conservação, a presença e forma de atuação de ONG, Consórcios intermunicipais,

Comitês de Bacias Hidrográficas, Fóruns de Agenda 21, ações no campo da

agroecologia e agricultura orgânica, e demais intervenções relevantes no que se

refere à preservação ambiental. Esse diagnóstico dos processos territoriais de

gestão ambiental deve contemplar as medidas de caráter público, da sociedade

civil e, também, da iniciativa privada.

Outro aspecto que precisa ser estudado com profundidade está relacionado

às atividades florestais existentes no Território, tanto no que se refere às

potencialidades de recursos territoriais específicos, quanto os impactos

socioambientais negativos provocados pelos reflorestamentos com pinus ou

eucaliptos. Os reflorestamentos em monocultura podem afetar a paisagem típica da

região, pressionar o mercado de terras, dificultando o acesso à terra de agricultores

familiares, e praticar relações de trabalho não condizentes com a legislação

trabalhista.

1.3 Dimensão socioeconômica

O Território Oeste Catarinense tem uma longa tradição econômica baseada

na exploração de atividades agrícolas e de agroindústrias de grande porte. A

suinocultura e avicultura, associadas à produção de grãos para alimentação

animal, são a base principal da economia do território. Ela inclui, ainda, a

bovinocultura, principalmente para a produção de leite, a piscicultura e a produção

de feijão, trigo, mandioca e fumo. A cada ano, porém, o setor industrial ocupa um

espaço mais importante na economia do território, tendo como carros-chefe as

indústrias de alimentos e bebidas, madeira e mobiliário, mecânica, vestuário,

calçados e materiais de transporte. O processo de verticalização industrial das

cadeias produtivas tradicionais – como, por exemplo, insumos industriais para a

agropecuária e equipamentos para as agroindústrias – vem ganhando cada vez

mais espaço.

Page 46: oeste catarinense ptdrs - SIT

46

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do território varia de 0,73

em São Bernardino a 0,83 em Chapecó. Somente este município, Saudades e

Pinhalzinho têm IDH superior ao do estado (0,822). Todos os outros estão abaixo.

Tabela 7 – Índice de desenvolvimento humano por município no Território Oeste Catarinense

Município IDH Educação

IDH Longevidade

IDH Renda

IDH

Águas de Chapecó 0,845 0,796 0,702 0,781 Águas Frias 0,890 0,776 0,642 0,769 Campo Erê 0,847 0,742 0,625 0,738 Caxambu do Sul 0,849 0,776 0,600 0,742 Chapecó 0,910 0,830 0,757 0,833 Cordilheira Alta 0,844 0,829 0,714 0,795 Coronel Freitas 0,871 0,820 0,691 0,794 Formosa do Sul 0,831 0,771 0,690 0,764 Guatambú 0,867 0,732 0,617 0,739 Irati 0,849 0,769 0,658 0,759 Jardinópolis 0,855 0,830 0,648 0,778 Nova Erechim 0,902 0,813 0,736 0,817 Nova Itaberaba 0,825 0,807 0,618 0,750 Novo Horizonte 0,827 0,794 0,617 0,746 Pinhalzinho 0,914 0,855 0,708 0,826 Planalto Alegre 0,805 0,761 0,644 0,737 Quilombo 0,844 0,769 0,708 0,773 Santiago do Sul 0,851 0,720 0,720 0,764 São Bernardino 0,832 0,720 0,633 0,729 São Carlos 0,900 0,765 0,769 0,811 São Lourenço do Oeste 0,866 0,825 0,695 0,795 Saudades 0,930 0,878 0,685 0,831 Serra Alta 0,884 0,779 0,708 0,790 Sul Brasil 0,854 0,769 0,649 0,757 União do Oeste 0,882 0,796 0,710 0,796 Fonte: PNUD - Atlas do Desenvolvimento Humano, 2000

O que se nota é que quatro municípios têm IDH considerados elevados (>0,80) e

nenhum possui IDH baixo (<0,50). Vinte e um municípios têm valores médios,

superiores a 0,7 e, na grande maioria dos casos, se aproximando de 0,8.

O componente que mais influi negativamente no valor do IDH-M da maioria

dos municípios do território é o quesito renda. É interessante que não se consegue

fazer nenhuma relação direta entre o IDH Renda e o tamanho da população ou a

Page 47: oeste catarinense ptdrs - SIT

47

taxa de urbanização do município, também para 2000 (basta confrontar com

Tabelas 1 e 2). O município com maior IDH Renda (São Carlos, 0,769) tem em

torno de dez mil habitantes e 57% da população vivendo no perímetro urbano.

Chapecó, o segundo (0,757) e Nova Erechim, o terceiro (0,736), têm altas taxas de

urbanização (respectivamente 92 e 48%), mas populações bastante diferentes (a

de Chapecó equivalia a 41 vezes a de Nova Erechim). O caso de Santiago do Sul é

bastante interessante. Com 1.696 habitantes, 30% deles vivendo no perímetro

urbano, o município teve o quarto IDH R (0,720). Esses dados, por si só, desafiam

os atores sociais do território a reflexões mais complexas sobre renda e pobreza no

Oeste Catarinense.

Em relação estritamente à economia, Chapecó se destaca por responder por

63% do Produto Interno Bruto de todo o Território. No município, são os serviços e

indústria que têm a maior participação (respectivamente 50 e 39%) no PIB; a

agricultura representando apenas 1,5%. Sublinhe-se que o PIB de Chapecó é 8,5

vezes maior que o de São Lourenço do Oeste, município que detém a segunda

participação no PIB do Território, com 7,5%. Se somarmos a participação de mais

dois municípios: Pinhalzinho (4,5%); Quilombo (3,5%), chegamos, com apenas

quatro municípios, a quase setenta e nove por cento o PIB do território. Os 21%

restantes estando distribuído de forma desigual entre os outros vinte e um

municípios. Jardinópolis, o de menor PIB, participa com apenas 0,3% do Produto

Interno Bruto do território. Isso não significa, contudo, diminuir, para a dinâmica

sócio-cultural e ambiental do Território Oeste catarinense, a importância deste

município. Além de gerar um significativo PIB per capita de R$ 7.156,75,

Jardinópolis se destaca pela cultura ligada à colonização de descendentes de

italianos vinda das colônias velhas gaúchas.

A propósito do PIB per capita, no território, destaca-se, em primeiro lugar,

Cordilheira Alta com R$ 29.270,12, um município com pouco mais de três mil

habitantes, mas que, entre 2000 e 2010, viu sua população crescer 20% e sua taxa

de urbanização, segundo os critérios do IBGE, se multiplicar por quatro.

Com relação aos setores da economia, é fundamental ressaltar que, para o

território Oeste como um todo, a agricultura participa com apenas 9% do PIB. O

setor de serviços – o mais importante – responde por 47%; e a indústria, por 35%.

Deve ser destacado, contudo, que boa parte dos serviços e da indústria estão

ligados ao chamado complexo agro-alimentar. Assim, apesar da prioridade deste

Page 48: oeste catarinense ptdrs - SIT

48

Plano se voltar para o setor agropecuário e, em especial, para os segmentos

sociais da agricultura familiar, entende-se que o diagnóstico territorial deve

contemplar os setores da indústria e de serviços, procurando compreender as

conexões intersetoriais. Nesta versão do diagnóstico não foi possível analisar com

maior profundidade esses dois setores, mas uma melhor leitura deverá ser

efetuada na continuidade do processo de planejamento com o propósito de

identificar possíveis embriões de Arranjos Produtivos Localizados (APL).

Page 49: oeste catarinense ptdrs - SIT

49

Tabela 8: Território Oeste - Produto Interno Bruto por Setores da Economia - 2006

Município Agropecuária (Mil Reais)

Indústria (Mil Reais)

Serviços (Mil Reais)

Administração Pública (Mil Reais)

Impostos (Mil Reais)

Produto Interno Bruto (Mil Reais) População

PIB per capita

Águas de Chapecó 14.742,30 4.064,23 19.173,60 8.347,33 1.384,25 39.364,39 5.293 7.437,07 Águas Frias 6.920,15 6.331,94 16.014,49 4.028,92 2.424,32 31.690,89 2.037 15.557,63 Campo Erê 41.651,03 15.501,63 62.295,25 13.870,92 6.783,83 126.231,74 8.349 15.119,38 Caxambu do Sul 17.721,31 4.818,30 18.362,95 7.939,14 1.598,79 42.501,35 4.743 8.960,86 Chapecó 47.525,31 1.180.955,52 1.534.736,77 250.268,82 281.439,91 3.044.657,50 173.262 17.572,56 Cordilheira Alta 4.751,95 18.602,54 57.592,29 6.121,79 13.917,68 94.864,46 3.241 29.270,12 Coronel Freitas 29.663,98 21.751,32 54.503,38 15.823,28 5.935,23 111.853,90 10.624 10.528,42 Formosa do Sul 7.709,25 2.281,45 9.225,98 4.561,55 782,26 19.998,94 2.536 7.886,02 Guatambú 10.424,26 43.477,10 19.624,02 7.521,97 6.011,08 79.536,46 4.740 16.779,84 Irati 7.187,43 1.442,19 7.156,95 3.622,64 531,90 16.318,46 1.971 8.279,28 Jardinópolis 4.696,11 1.352,28 6.467,78 3.516,27 444,70 12.960,87 1.811 7.156,75 Nova Erechim 11.461,49 8.373,48 18.144,04 6.266,12 2.400,46 40.379,48 3.860 10.461,00 Nova Itaberaba 13.030,76 10.138,21 14.602,10 7.105,86 1.967,83 39.738,89 4.317 9.205,21 Novo Horizonte 11.784,21 3.657,83 13.672,07 4.668,46 1.723,78 30.837,89 2.723 11.324,97 Pinhalzinho 18.449,53 67.463,06 106.923,43 20.046,96 21.029,62 213.865,64 13.600 15.725,42 Planalto Alegre 5.507,96 2.767,76 9.958,26 4.922,42 939,83 19.173,81 2.368 8.097,05 Quilombo 24.097,14 75.187,98 56.961,92 14.922,40 9.939,85 166.186,90 9.946 16.708,92 Santiago do Sul 7.111,62 1.066,24 6.454,13 3.366,80 414,94 15.046,93 1.519 9.905,81 São Bernardino 13.139,48 1.345,50 9.066,56 4.959,02 472,13 24.023,67 2.510 9.571,18 São Carlos 16.374,32 17.068,01 44.391,94 13.205,06 5.145,63 82.979,91 8.682 9.557,69 São Lourenço do Oeste 54.240,14 143.825,68 131.373,60 28.360,46 30.777,54 360.216,95 20.202 17.830,76 Saudades 22.216,40 59.357,56 37.498,59 11.303,12 8.888,84 127.961,39 7.800 16.405,31 Serra Alta 6.770,66 4.245,55 11.510,13 4.725,73 1.412,94 23.939,28 2.938 8.148,15 Sul Brasil 8.500,08 1.697,99 7.693,11 4.472,30 569,10 18.460,27 2.557 7.219,50 União do Oeste 11.215,05 2.125,08 11.143,43 5.407,47 871,63 25.355,18 3.312 7.655,55 Território Oeste 416.891,90 1.698.898,42 2.284.546,74 459.354,78 407.808,06 4.808.145,13 304.941 15.767,46 Santa Catarina 5.644.007,06 28.129.972,20 47.798.469,99 8.848.857,90 11.601.049,12 93.173.498,37 5.958.266 15.637,69 Sul 28.081.622,32 101.121.777,13 207.624.788,53 40.170.227,27 49.908.772,10 386.736.960,08 27.308.863 14.161,59 Brasil 111.229.000,00 585.602.000,00 1.337.903.000,00 311.381.000,00 335.062.546,18 2.369.796.546,17 186.770.562 12.688,28 Fonte: IBGE - Coordenação de Contas Nacionais - 2006

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1.3.1 Análise dos Setores Industrial e de Comércio e Serviços

O estudo “Santa Catarina em Números”, produzido pelo Sebrae-SC e

publicado em 2010, divide os setores de atividades econômicas dos municípios do

estado em três categorias: tradicionais, emergentes e com tendência de expansão.

Os critérios utilizados para essa classificação são o Valor Adicionado Fiscal (VAF)

em 2007 e os números de empresas e de empregos em 2008. Nos vinte e cinco

municípios do Território, temos praticamente três terças. Na primeira, oito

municípios (Formosa do Sul, Guatambú, Nova Erechim, Novo Horizonte, Santiago

do Sul, São Bernardino, Sul Brasil e União do Oeste) apresentaram somente

setores tradicionais, com destaque para a pecuária; o abate e fabricação de

produtos de carne; laticínios; o comércio atacadista de matérias primas agrícolas e

animais vivos; o transporte rodoviário de carga. Fora da cadeia agro-alimentar,

aparece apenas a fabricação de móveis. Não é demais lembrar que todos esses

municípios tiveram entre 2000 e 2010, uma regressão na sua população. A

exceção que confirma a regra é Nova Erechim, que tem um pólo importante de

trinta empresas de fabricação de móveis, que, mesmo sendo um setor tradicional,

se expandiu (+ 11%) e contratou mais (+ 13%) entre 2006 e 2008. Eram

significativos 312 empregos diretos (ano base 2008), em uma população de 4.118

habitantes (ano base, 2007).

Na segunda terça, oito municípios apresentam além dos setores tradicionais

setores com tendência de expansão (Águas Frias, Caxambu do Sul, Cordilheira

Alta, Irati, Planalto Alegre, e Saudades) ou emergentes (Campo Erê e Nova

Itaberaba). No caso dos municípios com setores com tendência de expansão, há

um forte destaque ao comércio de peças e acessórios para veículos automotores,

ou à manutenção ou reparação destes, seguido por produção de lavouras

temporárias ou pecuária, ou de atividades de apoio a elas. As mesmas atividades

de comércio ganham relevo nos dois municípios com setores considerados

emergentes.

Na última terça, nove municípios (Águas de Chapecó, Chapecó, Coronel

Freitas, Jardinópolis, Pinhalzinho, Quilombo, São Carlos, São Lourenço do Oeste,

e Serra Alta) têm, além dos setores tradicionais, setores com tendência de

expansão e setores emergentes. Mais uma vez, contudo, as empresas são ligadas

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51

aos serviços, em especial os de comércio e os de preparar e servir refeições. As

atividades de fabricação aparecem apenas em Chapecó (produtos amiláceos e de

alimentos para animais; cabines, carrocerias e reboques para veículos

automotores; equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica) e

Coronel Freitas (produtos de madeira) e “desdobramento de madeira”, em Coronel

Freitas e Jardinópolis. Percebe-se que a quase totalidade dos municípios dessa

terça são os mais populosos (mais de dez mil habitantes) e servem de pólo para

sua vizinhança, especialmente Chapecó, mas também Pinhalzinho, Quilombo e

São Lourenço do Oeste. Centros dinâmicos que tiveram, também, um crescimento

demográfico importante entre 2000 e 2010.

Sublinhe-se que, a princípio, em nenhum dos casos de setores com

tendência de expansão e emergentes pode-se afirmar que um Arranjo Produtivo

Local (APL) se encontra em processo de estruturação. Já a análise preliminar do

setor tradicional revela nitidamente uma concentração de empresas ligadas a

cadeia agroalimentar, especialmente dos complexos carne e leite.

Por fim, outra área do universo do setor de serviços que merece uma análise

mais apurada é a do setor financeiro, uma vez que a sua conformação reflete

diretamente na maior ou menor inclusão dos segmentos rurais empobrecidos e,

conseqüentemente, no acesso ou não deles a políticas públicas de créditos

subvencionados (como é o caso do Pronaf) e de microcrédito. A Tabela 9, a seguir,

revela uma profunda deficiência do sistema financeiro presente no Território. A

exemplo do que acontece no Sistema Financeiro Nacional, no Território existe uma

forte concentração de agências bancárias nos municípios mais populosos e mais

urbanizados. Chapecó tem 56% dos habitantes do território, mas ocupa apenas

14,5% da área dele, e fica com 44% das agências bancárias, mais da metade dos

postos bancários, além de metade das cooperativas de crédito e a única agência

de microcrédito. Enquanto isso, pequenos municípios são atendidos por

correspondentes bancários e caixas eletrônicos.

Dois sistemas de cooperativas de crédito têm atuação na área do Território:

o Sicoob Central SC e a Cresol-Central SC/RS. O Sicoob tem a Cooperativa de

Crédito Maxi Alfa, que, com aproximadamente vinte e nove mil sócios, possui uma

agência em Chapecó e Postos de Atendimento Cooperativo em Águas de

Chapecó, Campo Erê, Caxambu do Sul, Chapecó, Cordilheira Alta, Coronel Freitas,

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Formosa do Sul, Guatambú, Iratí, Jardinópolis, Nova Erechim, Nova Itaberaba,

Planalto Alegre, Quilombo, São Bernardino e União do Oeste.

Tabela 9: Número de agências bancários, Cooperativas de Crédito e Agências de Microcrédito nos Municípios do Território (out/2009)

Município Agência Bancária

Postos de serviços

Cooperativa de Crédito

Agência de Microcrédito

Águas de Chapecó 2 3 - - Águas Frias - 1 - - Campo Erê 2 2 - - Caxambu do Sul 1 2 - - Chapecó 19 50 2 1 Cordilheira Alta - 4 - - Coronel Freitas 2 2 - - Formosa do Sul - 1 - - Guatambú - 1 - - Irati - - - - Jardinópolis - 1 - - Nova Erechim 1 1 - - Nova Itaberaba - 3 - - Novo Horizonte - 1 - - Pinhalzinho 4 3 1 - Planalto Alegre - 3 - - Quilombo 2 4 - - Santiago do Sul - 1 - - São Bernardino - 1 - - São Carlos 3 4 - - São Lourenço do Oeste 4 4 1 - Saudades 1 3 - - Serra Alta 1 1 - - Sul Brasil - 1 - - União do Oeste 1 1 - - Território Oeste 43 98 4 1 Fonte: Sebrae (2010).

Já a Cresol tem cooperativas singulares em Chapecó, Coronel Freitas,

Formosa do Sul, Pinhalzinho e Quilombo; e Postos de Atendimento Cooperativo

em Irati, Nova Itaberaba, São Lourenço do Oeste e Saudades.

Estes sistemas de crédito cooperativo desempenham importante papel na

oferta de recursos para os agricultores, como Pronaf custeio e investimento,

microcrédito (BNDES) e coleta da poupança dos associados. A Tabela acima

reflete a existência de um campo de possibilidades para intervenção no interior do

Território tendo o financiamento como uma alavanca para um desenvolvimento

mais espraiado e mais equitativo, seja criando novas cooperativas de crédito, seja

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aumentando o número de PAC das cooperativas já existentes. Além disso, as

intervenções com microcrédito representam exceção, via a agência em Chapecó, o

que evidencia outro domínio passível de intervenção do Colegiado Territorial.

1.3.2 Análise do Setor Agropecuário do Território

1.3.2.1 Estrutura Fundiária

O processo de ocupação das terras determinou a atual estrutura fundiária do

Território. A Tabela 3 (página 29) indica que de um total de 18.003

estabelecimentos agropecuários, 16284 (90,5%) são familiares e 1.719 (9,5%) são

patronais. Essa proporção de estabelecimentos não-familiares encontra-se abaixo

da verificada no estado (13%) e no Brasil (15,5%). Os municípios com maior

incidência da agricultura não-familiar são, em ordem, Campo Êre, com 19,3 % do

número total de estabelecimentos e 76,5% da área total de estabelecimentos;

Guatambú, com 16,8% do número total de estabelecimentos e 56,5% da área total

de estabelecimentos; e Chapecó, com 15,3% do número total de estabelecimentos

e 48% da área total de estabelecimentos. Para o território como um todo, os

estabelecimentos não-familiares ocupam 31,8% da área total dos

estabelcecimentos, proporção quase 25% abaixo do verificado no estado (56,2%) e

menor que a metade daquela encontrada no Brasil (75,7%).

Os municípios com maior presença de agricultores familiares é Chapecó,

com 1.616 estabelecimentos; seguido por São Lourenço do Oeste, com 1.322;

Quilombo, com 1.161; Saudades, com 1.052; e Coronel Freitas, com 1.006. , Celso

Ramos com 622 e Vargem com 565 estabelecimentos. A Tabela 103, a seguir,

indica a presença de 7.042 (39,1%) estabelecimentos com áreas inferiores a 10 ha.

É uma incidência superior àquela verificada no estado (35,8%), o que indica que

uma parcela muito significativa dos agricultores (dois em cada cinco), por estar em

unidades de produção agropecuárias com áreas insuficientes para garantir a

reprodução ampliada do grupo familiar, vive em condições de pobreza e merece,

portanto, uma atenção especial do Colegiado Territorial. É preciso conhecer

melhor as estratégias de complementação de renda desenvolvidas por essas

famílias.

3 Nessa Tabela não foi possível separar os estabelecimentos familiares dos não-familiares.

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Tabela 10 - Total de Estabelecimentos, Área e Percentuais de Agricultura Familiar e Patronal no Território Território Oeste - Número de estabelecimentos agropecuários e grupos de área total

Município Total Produtor sem área Até 10ha De 10 a 50ha De 50 a100ha De 100 a 500ha Mais de 500ha

Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Águas de Chapecó 822 3 0,4 416 50,6 378 46,0 18 2,19 7 0,85 - 0,00 Águas Frias 434 9 2,1 157 36,2 257 59,2 10 2,30 - 0,00 1 0,23 Campo Erê 767 32 4,2 291 37,9 342 44,6 31 4,04 58 7,56 13 1,69 Caxambu do Sul 728 30 4,1 277 38,0 389 53,4 28 3,85 4 0,55 - 0,00 Chapecó 1.907 84 4,4 1.049 55,0 655 34,3 65 3,41 50 2,62 4 0,21 Cordilheira Alta 452 - 0,0 235 52,0 208 46,0 6 1,33 3 0,66 - 0,00 Coronel Freitas 1.129 7 0,6 397 35,2 659 58,4 50 4,43 16 1,42 - 0,00 Formosa do Sul 403 - 0,0 78 19,4 298 73,9 25 6,20 2 0,50 - 0,00 Guatambú 531 4 0,8 251 47,3 231 43,5 17 3,20 25 4,71 3 0,56 Irati 377 8 2,1 141 37,4 208 55,2 16 4,24 3 0,80 1 0,27 Jardinópolis 254 12 4,7 35 13,8 193 76,0 13 5,12 1 0,39 - 0,00 Nova Erechim 329 6 1,8 107 32,5 211 64,1 5 1,52 - 0,00 - 0,00 Nova Itaberaba 749 33 4,4 288 38,5 404 53,9 21 2,80 3 0,40 - 0,00 Novo Horizonte 629 7 1,1 196 31,2 382 60,7 36 5,72 8 1,27 - 0,00 Pinhalzinho 709 2 0,3 276 38,9 411 58,0 16 2,26 4 0,56 - 0,00 Planalto Alegre 417 8 1,9 184 44,1 215 51,6 9 2,16 1 0,24 - 0,00 Quilombo 1.318 15 1,1 474 36,0 765 58,0 47 3,57 16 1,21 1 0,08 Santiago do Sul 207 1 0,5 72 34,8 122 58,9 11 5,31 1 0,48 - 0,00 São Bernardino 521 10 1,9 170 32,6 312 59,9 16 3,07 13 2,50 - 0,00 São Carlos 1.043 1 0,1 443 42,5 587 56,3 10 0,96 1 0,10 1 0,10 São Lourenço do Oeste 1.447 8 0,6 495 34,2 852 58,9 74 5,11 17 1,17 1 0,07 Saudades 1.153 2 0,2 373 32,4 744 64,5 26 2,25 8 0,69 - 0,00 Serra Alta 532 2 0,4 202 38,0 305 57,3 20 3,76 3 0,56 - 0,00 Sul Brasil 578 6 1,0 183 31,7 363 62,8 23 3,98 3 0,52 - 0,00 União do Oeste 567 4 0,7 252 44,4 296 52,2 10 1,76 5 0,88 - 0,00 Território Oeste 18.003 294 1,6 7.042 39,1 9.787 54,4 603 3,35 252 1,40 25 0,14 Santa Catarina 193.663 4.122 2,1 69.390 35,8 101.721 52,5 10.723 5,54 6.513 3,36 1.194 0,62 Sul 1.006.181 19.811 2,0 406.481 40,4 457.050 45,4 58.406 5,80 52.316 5,20 12.117 1,20 Brasil 5.175.489 255.024 4,9 2.477.071 47,9 1.580.703 30,5 390.874 7,55 371.114 7,17 100.703 1,95 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006

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55

Tabela 11. Número de estabelecimentos agropecuários por condição do produtor, por município, no Território Oeste Catarinense

Município Total Geral Proprietário Não Proprietário Produtor sem área

Total Assentado sem titulação definitiva Arrendatário Parceiro Ocupante Total %

Águas de Chapecó 822 691 128 - 58 28 42 3 0,4 Águas Frias 434 403 22 11 8 2 1 9 2,1 Campo Erê 767 654 81 4 23 1 53 32 4,2 Caxambu do Sul 728 646 52 3 25 3 21 30 4,1 Chapecó 1.907 1.667 156 8 52 32 64 84 4,4 Cordilheira Alta 452 447 5 - 3 2 - - 0,0 Coronel Freitas 1.129 1.041 81 2 25 24 30 7 0,6 Formosa do Sul 403 397 6 - 3 1 2 - 0,0 Guatambú 531 498 29 - 16 5 8 4 0,8 Irati 377 332 37 - 14 18 5 8 2,1 Jardinópolis 254 233 9 1 7 1 - 12 4,7 Nova Erechim 329 312 11 - 5 4 2 6 1,8 Nova Itaberaba 749 658 58 - 17 18 23 33 4,4 Novo Horizonte 629 586 36 8 16 3 9 7 1,1 Pinhalzinho 709 670 37 1 22 3 11 2 0,3 Planalto Alegre 417 386 23 - 10 4 9 8 1,9 Quilombo 1.318 1.204 99 9 33 17 40 15 1,1 Santiago do Sul 207 204 2 1 - - 1 1 0,5 São Bernardino 521 472 39 4 15 10 10 10 1,9 São Carlos 1.043 980 62 - 37 6 19 1 0,1 São Lourenço do Oeste 1.447 1.342 97 3 54 6 34 8 0,6 Saudades 1.153 1.079 72 - 37 9 26 2 0,2 Serra Alta 532 482 48 - 34 9 5 2 0,4 Sul Brasil 578 540 32 1 27 2 2 6 1,0 União do Oeste 567 535 28 1 14 10 3 4 0,7 Território Oeste 18.003 16.459 1.250 57 555 218 420 294 1,6 Santa Catarina 193.663 170.908 18.633 2.651 7.085 2.151 6.746 4.122 2,1 Sul 1.006.181 839.670 146.700 22.279 59.476 19.546 45.399 19.811 2,0 Brasil 5.175.489 3.946.276 974.189 189.191 230.110 142.531 412.357 255.024 4,9 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 2006

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56

Outros 9.787 (54,4%) produzem em áreas no estrato de 10 a 50 hectares e

também configuram parcela prioritária da política de desenvolvimento territorial do

MDA/SDT. Nas duas situações, o acesso às linhas de crédito do Pronaf merece ser

acompanhado, no sentido de verificar se a maior parte dos agricultores familiares

está tendo acesso a esse Programa.

A Tabela 11, acima, revela a existência de 1.487 estabelecimentos

agropecuários no Território (8,2%) geridos por agricultores não-proprietários

(arrendatários, parceiros, ocupantes e sem área). Em valores relativos, o Território

encontra-se pouco abaixo do verificado no estado (10,4%). Embora não se possa

afirmar que todos sejam familiares, muito possivelmente a maioria faz parte dessa

categoria social. As famílias de agricultores não-proprietários das terras que

cultivam representam o público prioritário do Programa Nacional de Crédito

Fundiário (PNCF).

1.3.2.2 Principais atividades agropecuárias

O Território Oeste Catarinense se destaca, por ordem pelo Valor da

Produção (Tabela 12), nas culturas milho, soja, fumo, mandioca, cana-de-açúcar,

trigo e feijão Essas culturas juntas somam 96,9% da área plantada e 99,2% do

valor da produção de lavoura temporária existente no território. O destaque entre

os municípios em relação ao valor total produzido e a área ocupada é Campo Êre.

Sublinhe-se que, situado na zona norte do território, esse município têm uma

topografia menos acidentada e um numero maior de estabelecimentos maiores de

cem hectares (dos 25 maiores de 500 hectares no Território Oeste, 13 estão em

Campo Êre). Não é demais recordar que em boa parte dos outros municípios

predominam solos inclinados, rasos e pedregosos, com pouca aptidão para

culturas anuais.

A cultura do milho é diretamente voltada à alimentação animal e é sabido

que o estado tem um déficit no balanço de oferta e demanda desse bem

intermediário da cadeia produtiva de carnes e de leite. É importante ressaltar que o

cultivo é feito predominantemente em estabelecimentos menores de vinte hectares.

A sucessão, no último decênio, de estiagens durante o período de cultivo – que têm

resultado em diminuição da produtividade e, em muitos dos casos, em frustração

total de safras, tem sido um fator para a diminuição da área plantada na região.

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Tabela 12. Território Oeste - Ranking por Valor da Produção da Lavoura Temporária (em Mil Reais) Município Total

Milho (em grão) Soja (em grão) Fumo (em folha) Mandioca Cana-de-açúcar Trigo (em grão) Feijão (em grão) Valor % Valor % Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %

Território Oeste 320.244 127.682 39,9 80.948 25,3 40.803 12,7 19.604 6,1 16.921 5,3 12.824 4,0 11.443 3,6 Águas de Chapecó 9.516 2.326 24,4 1.241 13,0 4.949 52,0 553 5,8 69 0,7 175 1,8 143 1,5 Águas Frias 5.274 2.183 41,4 451 8,6 2.089 39,6 47 0,9 149 2,8 60 1,1 271 5,1 Campo Erê 57.211 15.525 27,1 32.132 56,2 1.906 3,3 2.208 3,9 72 0,1 3.830 6,7 588 1,0 Caxambu do Sul 12.820 3.318 25,9 4.054 31,6 2.006 15,6 81 0,6 30 0,2 1.138 8,9 44 0,3 Chapecó 44.599 19.083 42,8 12.314 27,6 1.752 3,9 3.600 8,1 990 2,2 3.217 7,2 2.803 6,3 Cordilheira Alta 2.772 2.274 82,0 135 4,9 120 4,3 59 2,1 53 1,9 38 1,4 55 2,0 Coronel Freitas 11.530 4.920 42,7 934 8,1 3.479 30,2 169 1,5 660 5,7 172 1,5 260 2,3 Formosa do Sul 2.933 1.445 49,3 86 2,9 141 4,8 840 28,6 140 4,8 32 1,1 155 5,3 Guatambú 10.663 2.475 23,2 5.195 48,7 704 6,6 660 6,2 385 3,6 1.046 9,8 198 1,9 Irati 3.914 1.941 49,6 360 9,2 171 4,4 400 10,2 580 14,8 110 2,8 267 6,8 Jardinópolis 2.611 1.458 55,8 441 16,9 211 8,1 59 2,3 176 6,7 34 1,3 178 6,8 Nova Erechim 5.938 3.415 57,5 900 15,2 776 13,1 78 1,3 132 2,2 185 3,1 452 7,6 Nova Itaberaba 9.703 3.963 40,8 729 7,5 3.660 37,7 117 1,2 594 6,1 207 2,1 261 2,7 Novo Horizonte 10.214 4.752 46,5 1.149 11,2 196 1,9 960 9,4 2.320 22,7 259 2,5 310 3,0 Pinhalzinho 13.568 4.274 31,5 3.677 27,1 3.817 28,1 390 2,9 446 3,3 622 4,6 324 2,4 Planalto Alegre 4.483 1.431 31,9 100 2,2 2.292 51,1 221 4,9 5 0,1 22 0,5 371 8,3 Quilombo 23.180 12.796 55,2 5.662 24,4 412 1,8 2.400 10,4 244 1,1 307 1,3 469 2,0 Santiago do Sul 4.019 1.615 40,2 1.334 33,2 100 2,5 240 6,0 319 7,9 88 2,2 235 5,8 São Bernardino 7.795 3.929 50,4 944 12,1 768 9,9 1.200 15,4 504 6,5 65 0,8 293 3,8 São Carlos 10.003 4.811 48,1 496 5,0 1.854 18,5 520 5,2 413 4,1 37 0,4 1.092 10,9 São Lourenço do Oeste 32.123 14.592 45,4 3.139 9,8 994 3,1 3.200 10,0 7.105 22,1 276 0,9 569 1,8 Saudades 17.144 7.344 42,8 2.689 15,7 4.434 25,9 1.080 6,3 772 4,5 77 0,4 645 3,8 Serra Alta 6.521 1.866 28,6 1.609 24,7 1.782 27,3 182 2,8 119 1,8 524 8,0 439 6,7 Sul Brasil 6.202 3.172 51,1 176 2,8 1.370 22,1 246 4,0 446 7,2 - - 714 11,5 União do Oeste 5.508 2.774 50,4 1.001 18,2 820 14,9 94 1,7 198 3,6 303 5,5 307 5,6 Fonte: Produção Agrícola Municipal 2009

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Tabela 13. Território Oeste - Ranking por Área Plantada da Lavoura Temporária (em hectares) Município Total

Milho (em grão) Soja (em grão) Trigo (em grão) Feijão (em grão) Fumo (em folha) Mandioca Cana-de-açúcar Área % Área % Área % Área % Área % Área % Área %

Território Oeste 173.741 92.915 53,5 45.030 25,9 16.413 9,4 8.445 4,9 4.772 2,7 2.818 1,6 2.052 1,2 Águas de Chapecó 4.657 2.500 53,7 900 19,3 250 5,4 135 2,9 596 12,8 170 3,7 105 2,3 Águas Frias 2.959 1.900 64,2 350 11,8 110 3,7 290 9,8 244 8,2 30 1,0 30 1,0 Campo Erê 27.901 8.750 31,4 14.300 51,3 4.000 14,3 270 1,0 223 0,8 230 0,8 20 0,1 Caxambu do Sul 6.401 1.700 26,6 2.800 43,7 1.200 18,7 45 0,7 231 3,6 25 0,4 60 0,9 Chapecó 24.930 11.800 47,3 7.000 28,1 3.500 14,0 1.900 7,6 210 0,8 250 1,0 200 0,8 Cordilheira Alta 2.281 2.000 87,7 100 4,4 73 3,2 47 2,1 14 0,6 30 1,3 12 0,5 Coronel Freitas 6.011 4.100 68,2 750 12,5 250 4,2 220 3,7 422 7,0 65 1,1 150 2,5 Formosa do Sul 1.386 1.010 72,9 50 3,6 75 5,4 120 8,7 16 1,2 70 5,1 25 1,8 Guatambú 7.668 2.150 28,0 3.750 48,9 1.300 17,0 250 3,3 83 1,1 65 0,8 70 0,9 Irati 2.393 1.660 69,4 200 8,4 250 10,4 140 5,9 20 0,8 50 2,1 50 2,1 Jardinópolis 2.018 1.150 57,0 400 19,8 200 9,9 160 7,9 24 1,2 38 1,9 40 2,0 Nova Erechim 3.710 2.200 59,3 800 21,6 350 9,4 220 5,9 90 2,4 20 0,5 30 0,8 Nova Itaberaba 5.057 3.200 63,3 530 10,5 450 8,9 220 4,4 419 8,3 50 1,0 150 3,0 Novo Horizonte 5.436 3.800 69,9 500 9,2 600 11,0 300 5,5 25 0,5 80 1,5 100 1,8 Pinhalzinho 7.007 3.160 45,1 2.000 28,5 900 12,8 240 3,4 437 6,2 150 2,1 90 1,3 Planalto Alegre 2.219 1.300 58,6 80 3,6 35 1,6 350 15,8 265 11,9 85 3,8 44 2,0 Quilombo 13.801 9.075 65,8 3.150 22,8 700 5,1 480 3,5 47 0,3 150 1,1 70 0,5 Santiago do Sul 2.132 1.080 50,7 650 30,5 200 9,4 130 6,1 12 0,6 25 1,2 20 0,9 São Bernardino 4.297 3.180 74,0 500 11,6 120 2,8 250 5,8 90 2,1 100 2,3 30 0,7 São Carlos 7.215 5.000 69,3 600 8,3 50 0,7 1.000 13,9 215 3,0 200 2,8 75 1,0 São Lourenço do Oeste 13.230 10.200 77,1 1.500 11,3 500 3,8 180 1,4 117 0,9 200 1,5 350 2,6 Saudades 9.367 5.600 59,8 2.000 21,4 100 1,1 450 4,8 507 5,4 500 5,3 165 1,8 Serra Alta 3.662 1.700 46,4 700 19,1 600 16,4 350 9,6 211 5,8 70 1,9 31 0,8 Sul Brasil 3.567 2.600 72,9 120 3,4 - - 468 13,1 157 4,4 105 2,9 90 2,5 União do Oeste 4.436 2.100 47,3 1.300 29,3 600 13,5 230 5,2 97 2,2 60 1,4 45 1,0 Fonte: Produção Agrícola Municipal 2009

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Em relação às lavouras de feijão e fumo, cultivos típicos da agricultura

familiar, percebe-se que a primeira ocupa uma área de 8.445 hectares, estando

presente em todos os municípios, com destaque para Chapecó, com 1.900

hectares e São Carlos, com 1.000 hectares. Já o fumo abrange uma área de 4.772

hectares e também está presente na totalidade dos municípios. Os municípios com

maiores áreas plantadas de tabaco são Águas de Chapecó (596 ha) e Saudades

(507 ha). Apesar de ocupar uma área relativamente pequena em relação à cultura

de grãos (18 vezes menor do que a do milho; 9, do que a da soja; 3, do que a do

trigo; e duas do que o feijão), o fumo ocupa uma posição importante no valor

gerado no território (a terceira, depois apenas do milho e da soja). Isso ocorre

porque a cultura apresenta a maior rentabilidade em Reais por hectare. Enquanto o

tabaco rendeu, em média, no ano de 2009, R$ 8.551,00 por hectare, o milho e a

soja renderam, respectivamente, R$ 1.374,00 e R$ 1.798,00. Trata-se de uma

cultura de pequena agricultura familiar que, considerando a média, no estado, de

3,8 hectares por fumicultor (segundo a Federação dos Trabalhadores na

Agricultura de Santa Catarina – Fetaesc), mobiliza em torno de mil e quinhentas

famílias no território. A cultura de milho e feijão tem crescente importância nas

unidades familiares que produzem fumo, assim como se amplia a preferência pela

bovinocultura de leite. É importante que os atores sociais locais considerem uma

tendência, de médio e longo prazos, à redução do número de fumicultores e a

necessidade de efetivar estratégias de diversificação dos estabelecimentos que

cultivam o fumo e, inclusive, da sua substituição. Há sinais claros de que essa

busca deve considerar a boa rentabilidade financeira da cultura e os mecanismos

utilizados, na integração vertical, pelas companhias fumageiras, especialmente no

que se refere à entrega de insumos, a assistência técnica e a garantia de compra.

Também no Oeste catarinense, ao longo da história, o feijão consolidou-se

como cultura de subsistência, com predomínio das trocas de excedentes num

mercado de âmbito local ou regional. A partir dos anos 1990, houve uma

complexificação dessas relações mercantis, com a estruturação e o

desenvolvimento de sua cadeia produtiva e a subordinação dos agricultores

familiares, que, em geral, apresentam com pouco volume de negócios, baixo grau

de organização e, como conseqüência, pouco poder de pressão. Os desequilíbrios

hídricos que marcaram o território nos últimos anos prejudicaram bastante esse

cultivo, que além de alto risco é exigente em mão de obra. É importante para

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(re)fortalecer essa produção tradicional e solidamente vinculada à história da

colonização do território, que os atores sociais considerem a retomada de debates

já realizados sobre estratégias de diferenciação do produto, valorizando a sua

origem (o próprio Oeste catarinense) e procedência (pequena agricultura familiar),

em um contexto de segmentação do mercado. Também neste cultivo, a

competitividade do Terrritório Oeste catarinense parece estar distante de

estratégias baseadas na corrida pelo aumento da produtividade e em produtos de

baixo valor.

No que se refere às lavouras permanentes, as principais culturas, seguindo

a ordem de valor são a uva, a erva-mate, a laranja e o pêssego. Essas atividades

têm, ainda, uma participação de apenas cinco por cento no valor da produção

vegetal (lavouras temporárias mais permanentes). Elas também são produzidas de

forma dispersa no território. Pode-se considerar que elas têm expressão nos

municípios de Chapecó (laranja, erva-mate e uva), Guatambú (erva-mate) e

Quilombo (laranja, uva). É preciso refletir sobre o papel que essas culturas podem

ter na diversificação dos estabelecimentos e em políticas de agregação de valor.

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Tabela 14. Território Oeste - Ranking por Área da Lavoura Permanente (hectares)

Município

Área plantada (Hectares)

Total Laranja

Erva-mate (folha verde)

Uva Pêssego

Área Área Área Área

Território Oeste 2.782 1.139 1.019 533 84

Águas de Chapecó 53 33 - 20 - Águas Frias 27 20 - 7 - Campo Erê 57 12 12 23 10 Caxambu do Sul 54 10 - 42 2 Chapecó 740 265 400 55 20 Cordilheira Alta 59 34 - 20 3 Coronel Freitas 201 114 - 72 15 Formosa do Sul 41 25 3 13 - Guatambú 553 18 530 3 2 Irati 49 32 - 15 2 Jardinópolis 20 12 - 8 - Nova Erechim 21 10 - 11 - Nova Itaberaba 50 30 - 20 - Novo Horizonte 42 30 - 10 2 Pinhalzinho 70 30 18 10 7 Planalto Alegre 12 8 - 4 - Quilombo 283 181 10 92 - Santiago do Sul 62 50 2 10 - São Bernardino 49 15 10 19 5 São Carlos 50 50 - - - São Lourenço do Oeste 103 60 10 30 3

Saudades 43 15 20 3 5 Serra Alta 18 6 - 12 - Sul Brasil 107 73 4 22 8 União do Oeste 18 6 - 12 - Fonte: Produção Agrícola Municipal 2009

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Tabela 15. Território Oeste - Ranking por Valor da Lavoura Permanente (em Mil Reais)

Município

Valor da produção (Mil Reais)

Total Uva

Erva-mate (folha verde)

Laranja Pêssego

Território Oeste 13.411 6.057 3.907 2.752 677 Águas de Chapecó 844 306 - 538 - Águas Frias 151 105 - 46 - Campo Erê 347 276 9 22 40 Caxambu do Sul 276 227 - 40 9 Chapecó 1.841 825 510 366 140 Cordilheira Alta 352 240 - 62 42 Coronel Freitas 1.035 720 - 157 158 Formosa do Sul 184 156 2 26 - Guatambú 3.274 30 3.180 50 14 Irati 201 158 - 36 7 Jardinópolis 66 52 - 14 - Nova Erechim 155 132 - 23 - Nova Itaberaba 290 240 - 50 - Novo Horizonte 195 150 - 20 25 Pinhalzinho 325 90 140 35 50 Planalto Alegre 114 54 - 60 - Quilombo 1.291 961 4 326 - Santiago do Sul 156 100 2 54 - São Bernardino 165 107 7 16 35 São Carlos 590 - - 590 - São Lourenço do Oeste

546 450 8 65 23

Saudades 120 30 24 16 50 Serra Alta 187 162 - 25 - Sul Brasil 536 330 21 101 84 União do Oeste 170 156 - 14 - Fonte: Produção Agrícola Municipal 2009

Ainda em relação à produção vegetal, é importante lembrar que, num

passado não muito distante, a atividade madeireira foi a mais importante na

economia do Território. Hoje, apesar de as florestas nativas já não passarem de

uns poucos enclaves que resistiram à exploração descontrolada, a produção de

essências florestais exóticas vem crescendo em área plantada e em produção.

Nesse território existem algumas regiões com forte tradição moveleira e a madeira

produzida é utilizada em parte para abastecer estes empreendimentos. Destaque

se faz para o município de Coronel Freitas e entorno, onde estão situados diversos

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empreendimentos moveleiros, consistindo no segundo pólo moveleiro de Santa

Catarina.

As cadeias produtivas de frango e suínos dão a dinâmica econômica do

território Oeste catarinense. Como já foi visto, as produções de soja e milho são

voltadas, como matéria prima, à confecção de ração animal. O sistema de criação

determina uma série de construções e equipamentos que geram um setor de

fornecimento e de prestação de serviços de manutenção. A estrutura de

transportes e os serviços a eles ligados também são significativos, como foi visto

quando se tratou dos setores econômicos emergentes ou em expansão nos

municípios. Essa centralidade pode ser percebida como uma força e, ao mesmo

tempo, como uma grande debilidade do território. Isso ficou claro, ao longo do

tempo, com o aumento de escala e o processo de concentração, centralização ao

longo de toda a cadeia – que resultou na exclusão na muitas famílias e em

problemas ambientais sérios – e de forma crítica em algumas crises recentes no

complexo carnes e em algumas das empresas. Nesses momentos, se mostraram

pertinentes os investimentos feitos em diversificação, especialmente, na

bovinocultura de leite.

As tabelas 16 e 17 mostram a relevância da produção pecuária no Território.

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Tabela 16. Território Oeste - Efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho Município

Galos, frangas, frangos e pintos

Galinhas Suíno Bovino Ovino Equino Caprino Coelhos

Águas de Chapecó 1.161.279 7.000 8.359 12.924 262 98 105 - Águas Frias 196.000 7.425 9.594 12.600 250 48 70 82 Campo Erê 16.037 25.000 5.163 28.000 1.787 458 807 106 Caxambu do Sul 1.059.300 6.050 9.116 9.900 565 53 288 107 Chapecó 5.523.140 270.114 135.915 42.500 5.090 1.200 935 - Cordilheira Alta 1.510.000 36.600 24.100 6.110 1.100 30 50 - Coronel Freitas 3.900 26.000 108.000 55.000 1.500 500 1.200 1.501 Formosa do Sul 863.000 7.200 8.335 13.447 350 85 270 60 Guatambú 1.050.000 135.000 40.436 11.272 1.750 160 480 - Irati 100.000 9.000 5.660 6.340 210 68 145 110 Jardinópolis 2.436.000 6.700 9.350 7.400 200 100 110 400 Nova Erechim 788.985 52.131 56.131 8.011 81 7 87 - Nova Itaberaba 2.520.000 19.000 30.072 13.900 130 90 350 46 Novo Horizonte 407.664 5.870 16.921 11.868 194 67 184 150 Pinhalzinho 1.504.251 4.650 27.740 15.238 784 200 255 256 Planalto Alegre 810.200 2.028 1.662 4.601 460 21 204 - Quilombo 980.000 26.000 43.000 27.000 1.376 227 214 134 Santiago do Sul 167.857 3.500 3.337 10.147 500 225 100 66 São Bernardino 56.567 14.500 4.740 16.700 300 170 350 250 São Carlos 976.395 6.300 89.987 23.005 417 93 169 46 São Lourenço do Oeste 771.449 25.000 22.926 33.941 380 248 251 588 Saudades 996.104 32.248 32.911 24.884 452 167 233 194 Serra Alta 251.513 16.884 19.690 6.940 172 36 99 33 Sul Brasil 450.000 6.500 7.050 12.034 300 60 16 100 União do Oeste 520.044 1.540 51.545 10.634 56 19 31 - Território Oeste 25.119.685 752.240 771.740 424.396 18.666 4.430 7.003 4.229 Santa Catarina 159.813.180 17.707.255 7.846.398 3.864.724 256.965 101.943 55.995 39.128 Fonte: IBGE - Produção Pecuária Municipal 2008

Page 65: oeste catarinense ptdrs - SIT

65

Tabela 17. Território Oeste - Produção de origem animal por tipo de produto

Município

Total Leite Ovos de galinha Mel de abelha Lã

Valor da produção (Mil Reais)

Valor da produção (Mil Reais)

Produção (Mil Litros)

Preço por

Litro

Valor da produção

(Mil Reais)

Produção (Mil

Dúzias)

Preço por

Dúzia

Valor da produção

(Mil Reais)

Kg Preço

por Kg

Valor da produção

(Mil Reais)

Kg Preço

por Kg

Águas de Chapecó 3.938 3.677 7.354 0,50 206 103 2,00 55 10.972 5,01 - - - Águas Frias 3.270 3.200 6.400 0,50 56 28 2,00 14 2.700 5,19 - - - Campo Erê 18.374 17.566 35.131 0,50 757 379 2,00 46 7.000 6,57 5 2.250 2,22 Caxambu do Sul 4.181 4.104 8.208 0,50 63 31 2,03 14 2.884 4,85 - - - Chapecó 19.755 12.285 20.475 0,60 7.292 4.051 1,80 160 32.000 5,00 1 1.750 0,57 Cordilheira Alta 2.605 1.479 3.440 0,43 1.110 740 1,50 16 2.600 6,15 - - - Coronel Freitas 26.761 25.740 46.800 0,55 949 475 2,00 36 6.500 5,54 - - - Formosa do Sul 5.996 5.910 11.820 0,50 62 31 2,00 23 3.600 6,39 1 600 1,67 Guatambú 4.289 2.631 6.119 0,43 1.640 1.025 1,60 18 3.100 5,81 - - - Irati 2.958 2.845 5.928 0,48 85 43 1,98 27 4.500 6,00 1 375 2,67 Jardinópolis 3.446 3.300 6.000 0,55 128 80 1,60 18 3.000 6,00 - - - Nova Erechim 8.753 6.023 10.950 0,55 2.700 1.000 2,70 30 5.500 5,45 - - - Nova Itaberaba 5.775 5.550 11.100 0,50 81 40 2,03 144 24.000 6,00 - - - Novo Horizonte 6.980 6.876 13.752 0,50 84 56 1,50 19 3.100 6,13 1 480 2,08 Pinhalzinho 6.969 6.629 13.258 0,50 252 168 1,50 88 22.000 4,00 - - - Planalto Alegre 2.359 2.313 4.625 0,50 41 20 2,05 5 1.050 4,76 - - - Quilombo 14.509 13.900 27.801 0,50 579 386 1,50 24 4.000 6,00 5 2.375 2,11 Santiago do Sul 4.443 4.285 8.928 0,48 120 60 2,00 33 6.000 5,50 2 1.080 1,85 São Bernardino 10.340 10.207 18.558 0,55 114 76 1,50 18 2.700 6,67 1 450 2,22 São Carlos 17.362 16.692 33.384 0,50 620 310 2,00 50 10.000 5,00 - - - São Lourenço do Oeste 32.407 32.037 58.250 0,55 264 176 1,50 66 11.000 6,00 2 870 2,30 Saudades 9.103 8.568 20.400 0,42 500 250 2,00 35 7.840 4,46 - - - Serra Alta 3.229 3.188 6.376 0,50 34 17 2,00 7 1.450 4,83 - - - Sul Brasil 4.080 4.000 8.000 0,50 71 47 1,51 9 1.500 6,00 - - - União do Oeste 6.573 6.498 11.400 0,57 40 20 2,00 35 7.000 5,00 - - - Território Oeste 228.455 209.503 404.457 0,52 17.848 9.612 1,86 990 185.996 5,32 19 10.230 1,86 Santa Catarina 1.514.911 1.154.892 2.125.856 0,54 335.719 209.522 1,60 17.661 3.706.463 4,76 563 256.317 2,20 Fonte: IBGE - Produção Pecuária Municipal 2008

Page 66: oeste catarinense ptdrs - SIT

66

No momento de se pensar estrategicamente e com foco na sustentabilidade,

deve-se destacar um processo de surgimento e fortalecimento de diversas

iniciativas de beneficiamento ou transformação em unidades rurais de pequeno

porte, como abatedouros e micro-usinas, ligadas a pequenas cooperativas e

associações de agricultores, com o objetivo de viabilizar a produção e a

permanência dos agricultores familiares.

Uma interlocução mais clara pode ocorrer, por exemplo, com a Rede de

Cooperativas do Oeste Catarinense – Ascooper, que atua na cadeia do leite.

Nascida em dezembro 2002, a partir da junção de seis cooperativas situadas na

região Oeste Catarinense, hoje a Ascooper é uma central com 19 cooperativas,

2.998 famílias associadas em 37 municípios. Ela atua com cooperativas

organizadas no Território Rural Oeste Catarinense, mas também no Território da

Cidadania Meio Oeste Contestado e com cooperativas que não estão em nenhuma

formação territorial.

Na transformação de produtos da agricultura familiar em unidades rurais de

pequeno porte, também há uma organização cooperativada, presente em onze

municípios. Muitas destas agroindústrias estão ligadas à Unidade Central das

Agroindústrias Familiares do Oeste de Santa Catarina. A UCAF se constitui em

uma base de serviços que possui uma equipe técnica por meio da qual as

agroindústrias recebem orientação técnica nas áreas de produção, gestão, controle

de qualidade, conversão, marketing e responsabilidade técnica. Em novas ações

de verticalização da produção no território, essa experiência e aprendizagem não

podem ser ignoradas. Ao contrário, elas precisam ser consideradas relevantes na

construção de estratégias sustentáveis para o território.

Da mesma forma, é indispensável levar em conta os esforços para

conversão ao sistema orgânico ou à produção de leite à base de pasto por meio do

sistema de pastoreio rotativo. Identificar, valorizar e aprender com essas iniciativas

pode ser um bom ponto de partida para refletir sobre o futuro do território, se o

desejo for de mantê-lo vivo cultural e socialmente.

1.3.2.3 Organizações e Serviços de Apoio à Agricultura Familiar no Território

No campo da representação política duas organizações sindicais atuam no

Território: Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Santa Catarina

Page 67: oeste catarinense ptdrs - SIT

67

(Fetaesc/Contag) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf).

Além delas, são importantes o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA),

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Mulheres

Camponesas (MMC) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MBA).

A fundação da Fetraf ocorreu em Chapecó e o município é sua sede e seu

centro de irradiação. Nos últimos anos a Fetaesc está procurando se reestruturar

na região, mas sua associação microrregional Centro-Oeste II, que tem certa

correspondência com o Território tem apenas dois sindicatos de trabalhadores e

trabalhadoras rurais (STTR): Formosa do Sul, União do Oeste. Além destes,

apenas Águas de Chapecó tem STTR, mas pertencente à microrregional Três

Fronteiras. As duas federações disputam a condição de mediadores de políticas

públicas e suas atuações se dão fundamentalmente no fomento de políticas

agrícolas de habitação rural, crédito rural, assistência técnica e extensão rural.

Com relação à prestação de serviços na área de assistência técnica e

extensão rural pode-se destacar o trabalho desenvolvido pela Epagri, presente em

todos os municípios. Além da atuação dessa instituição ligada ao poder público

estadual, há aquela de organizações não-governamentais, cooperativas de

prestação de serviços técnicos e equipes técnicas mantidas pelas próprias

cooperativas agropecuárias e pelas administrações públicas municipais. Apesar

dos trabalhos dessas instituições no campo da extensão rural e assistência técnica,

as ações ainda são insuficientes para o atendimento de todas as demandas.

Percebe-se que as associações, cooperativas e organizações comunitárias

estão se fortalecendo ao participarem das atividades do território, sentindo-se

progressivamente mais responsáveis pelos rumos do desenvolvimento territorial.

Como a todo o momento novos atores estão se integrando ao processo, há uma

dificuldade em compreender o papel que cada um pode e deve ter. Constata-se a

necessidade de um tempo para que elas apreendam e se incorporem

conscientemente à proposta. Parece fundamental, todavia, desenvolver

estratégias que encurtem esse tempo e aumentem a integração entre os

participantes. É pertinente recordar que as entidades que participam há mais

tempo têm conseguido aprovar seus projetos por terem mais clareza do processo e

por apresentarem propostas conjuntas.

Page 68: oeste catarinense ptdrs - SIT

68

1.3.2.4 Resultados das Principais Políticas Públicas para a Agricultura Familiar no Território

Este item não contempla o universo das principais políticas públicas que têm

por foco a agricultura familiar. Não foi possível efetuar uma análise sobre os

Programas de Aquisição de Alimentos (PAA), Luz para Todos, Previdência Rural,

Habitação Rural, as diversas ações na área da educação, a incidência do Bolsa

Família entre os agricultores familiares do Território, dentre outras políticas

relevantes. Sugere-se que os resultados dessas políticas sejam avaliados na

continuidade do processo de planejamento Territorial. Na seqüência, apresenta-se

alguns dados referentes ao Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF),

Pronaf e Pronat no Território.

O PNCF beneficiou, no Território Oeste Catarinense, um total de 699

famílias, que somadas às 586 famílias que tiveram acesso ao Banco da Terra

resulta no número expressivo 1285 agricultores familiares beneficiados por esse

Programa. Esses financiamentos foram feitos em todos os municípios. Em águas

Frias, por exemplo, que tem 434 estabelecimentos, foram beneficiadas 118

famílias. Ainda que uma parte dos “não proprietários” de terra do território tenham

sido assentados em outras regiões do estado, não é demais lembrar que esse é o

número de assentados pela Reforma Agrária em todo o Território Oeste

Catarinense (115).

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69

Tabela 18: Território Oeste Catarinense. Número de famílias beneficiadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNFC) e pelo Banco da Terra (BR)

MUNICÍPIO PNCF BT Total ÀGUAS DE CHAPECÓ 20 35 55 ÁGUAS FRIAS 42 76 118 CAMPO ERÊ 58 22 80

CAXAMBU DO SUL 8 19 27 CHAPECÓ 25 10 35 CORDILHEIRA ALTA 7 8 15 CORONEL FREITAS 18 31 49 FORMOSA DO SUL 33 11 44 GUATAMBÚ 9 15 24

IRATI 37 11 48 JARDINÓPOLIS 22 31 53 NOVA ERECHIM 20 16 36 NOVA ITABERABA 13 14 27 NOVO HORIZONTE 36 19 55 PINHALZINHO 19 47 66

PLANALTO ALEGRE 8 12 20 QUILOMBO 37 35 72 SANTIAGO DO SUL 41 12 53 SÃO BERNARDINHO 69 40 109 SÃO LOURENÇO DO OESTE 38 16 54 SAUDADES 54 48 102

SERRA ALTA 31 32 63 SUL BRASIL 39 4 43 UNIÃO DO OESTE 15 22 37 TERRITÓRIO OESTE 699 586 1285

Acredita-se, por isso, que este Programa pode ter um papel relevante no

sentido de beneficiar de forma prioritária os 1.193 agricultores não-proprietários de

terras existentes no Território, bem como daqueles que possuem pouca terra. Além

desse público, o Programa deve atender os filhos de agricultores familiares que

desejam continuar na atividade, mas não encontram condições de permanecer ou

de herdar parte ou a totalidade do estabelecimento familiar.

Os Principais Projetos Financiados pelo PRONAF e pelo PRONAT

PRONAF Investimento

A principal política de apoio ao desenvolvimento rural no território é o

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, uma vez que grande

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70

parte da agricultura familiar, no território, tem um acesso expressivo e consolidado

ao crédito (Figura 9).

Figura 9 - Evolução do número de contratos de crédito do Pronaf no território Oeste Catarinense

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário

Nestas condições, em média, 73% dos estabelecimentos familiares do

território têm acesso ao Pronaf. Essa relação entre o número de estabelecimentos

familiares e o número de contratos é chamada de “densidade territorial do Pronaf” e

os dados do território Oeste podem ser vistos na Tabela 19.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

2000 2001 2002 2003 2004 2005

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71

Tabela 19 – Território Oeste Catarinense: Densidade territorial do Pronaf por município

Município Estabelecimentos Contratos Densidade Territorial do Pronaf

Águas Frias 489 413 84% Campo Erê 791 543 69% Caxambu do Sul 740 607 82% Chapecó 1.338 1.314 98% Cordilheira Alta 271 180 66% Coronel Freitas 1.017 966 95% Coronel Martins 505 439 87% Formosa do Sul 412 372 90% Galvão 487 257 53% Guatambú 377 281 75% Irati 380 204 54% Jardinópolis 288 221 77% Nova Erechim 294 183 62% Nova Itaberaba 764 537 70% Novo Horizonte 627 248 40% Planalto Alegre 405 288 71% Quilombo 1.314 860 65% Santiago do Sul 286 240 84% São Bernardino 704 268 38% São Lourenço do Oeste 1.558 1.433 92% Serra Alta 432 195 45% Sul Brasil 637 277 43% União do Oeste 513 355 69% Total do Território 15.043 10.968 73%

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário

Em alguns municípios, como Chapecó (98%) e Coronel Freitas (95%), a

quase totalidade dos estabelecimentos são financiados pelo Pronaf. Os municípios

de Serra Alta, Sul Brasil, São Bernardino e Novo Horizonte são os que apresentam

a menor relação entre estabelecimentos e contratos. É importante que nesses

locais sejam adotadas estratégias que visem à ampliação do acesso dos

agricultores familiares ao crédito. É importante que os atores locais façam um

paralelo entre esses números e aqueles da infra-estrutura do sistema financeiro.

Além dos números dos municípios com maior número de agências e postos

bancários ou cooperativos poderem estar incluindo agricultores familiares de

municípios vizinhos, é preciso considerar que a distância da informação e do

serviço pode estar tirando daqueles que mais precisam a oportunidade de acessar

o crédito subsidiado.

Assim, destaque-se que, no “Grupo C”, o município com mais contratos no

território foi São Lourenço do Oeste, seguido por Chapecó e Campo Erê. O número

Page 72: oeste catarinense ptdrs - SIT

72

de contratos no território representou mais de 27% dos contratos para esse grupo

em Santa Catarina. Em volume de recursos, o valor recebido no território foi

aproximadamente 30% do total do estado. Para o grupo D, o município com mais

contratos foi Chapecó, depois Coronel Freitas e em terceiro Quilombo. O número

de contratos para esse grupo no território representou quase 15% do estado,

praticamente igual à participação no volume, que foi de 16%. Já para o “Grupo E”,

os contratos no território representaram quase 9% do número total do estado e do

volume de recursos. Finalmente, para o “Grupo A”, o número de contratos e o

volume de recursos aplicados no território representaram quase 5% em relação ao

estado.

A respeito dos recursos para o custeio agrícola o “grupo A/C” do território

recebeu pouco mais de 1% do número de contratos estaduais, e menos de 1% do

volume de recursos. Para o “grupo C”, os contratos no território representaram

pouco mais de 15% em número de contratos e quase 16% em volume de recursos.

No “grupo D”, os números de contratos no território e o volume de recursos

representaram em torno de 9% do estado. Os contratos do “grupo” E

representaram quase 5% e o volume de recursos quase 4%, sempre do total

estadual.

Pronaf Infraestrutura

O Pronaf Infraestrutura é uma política que visa oferecer condições de

infraestrutura e serviços para o desenvolvimento rural e estimular a formação de

empreendimentos coletivos. Os principais projetos financiados por esse programa

no território foram um projeto de fortalecimento de agroindústrias familiares nas

cadeias produtivas de derivados de carnes, derivados de leite, doces de frutas e

vegetais em conserva; e outro de apoio ao setor de madeira-móveis.

O projeto de agroindústrias familiares foi orçado em 3,6 milhões de reais, com

contrapartida de 640 mil reais dos três estados da região sul. Espera-se com esse

projeto gerar duas mil ocupações diretas e indiretas. O projeto de apoio ao setor

de madeira e móveis teve um orçamento de 550 mil reais e contrapartida de 50 mil

reais da Associação dos Moveleiros do Oeste Catarinense. A meta do projeto é a

elevação em 20% do faturamento atual das empresas participantes do projeto.

Outro projeto financiado pelo Pronaf Infraestrutura foi o Mercado Público

Regional; um espaço para comércio (varejo e atacado), serviços, cultura,

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73

gastronomia e convivência. O mercado envolve os vinte municípios que compõem

a AMOSC. O projeto, elaborado pela prefeitura Municipal de Chapecó, com apoio

das demais, permitiu a utilização de uma antiga estrutura pertencente à Conab. O

volume de recursos empregados foi de 750 mil reais. As questões relativas à

administração do espaço, critérios para a ocupação, assim como demais aspectos

relacionados à operacionalização da proposta foram discutidos pelos envolvidos no

processo. As prefeituras assumem seus espaços de venda e difusão da imagem do

município e contribuem para mantê-los abertos ao público.

Programa Nacional de Fortalecimento dos Territórios Rurais – PRONAT

Segundo os critérios da SDT, os projetos de investimento nos territórios

devem representar estratégias para alcançar o desenvolvimento sustentável. Além

disso, eles devem ser discutidos com os atores sociais e o Estado, sempre em

sintonia com a situação e a problemática diagnosticadas.

Os projetos são classificados em três categorias que definem os objetivos

diferenciados das prioridades e da aplicação dos investimentos:

Projetos estruturantes - são os projetos voltados para implantação ou ampliação de qualquer tipo de infra-estrutura social, econômica e ambiental e, em particular, pela sua importância, projetos de educação, que oriente o novo estilo de desenvolvimento e possibilite a criação de condições favoráveis para a viabilização dos projetos econômicos e sociais.

Nesta categoria, foram investidos R$ 100.000,00 (equivalentes a 0,038% dos

recursos disponibilizados no território) em um Centro de profissionalização e estudo

de tecnologias adaptadas à agricultura familiar. Percebe-se, desta forma, que

foram captados poucos recursos para projetos estruturantes. A possível explicação

está no fato desse tipo de projeto ultrapassar os interesses imediatos de grupos

comunitários específicos ou de áreas geográficas determinadas – preocupados em

não perder a rara oportunidade de priorizar projetos cujos benefícios são por eles

capturados mais diretamente – e, por isso, exigir muita articulação e mobilização,

além de procedimentos efetivamente participativos.

Projetos produtivos - são aqueles voltados para a obtenção de qualquer produto ou serviço em qualquer setor ou ramo de atividade produtiva de melhoria da renda e dando suporte ao aumento da competitividade territorial.

O território investiu R$ 2.177.368,00 (equivalendo a 86.99% dos recursos

disponibilizados pela SDT no território), na estratégia de desenvolvimento e

Page 74: oeste catarinense ptdrs - SIT

74

organização dos agricultores em projetos produtivos. A cadeia produtiva do leite

recebeu R$ 917.000,00, ou 42,11% dos recursos, com base no argumento de que

é, no momento, a cadeia que abrange o maior número de famílias de

agricultoresno território. Os investimentos foram destinados a todo o processo

produtivo, incluindo sistema de produção com foco na produção orgânica,

qualidade do leite, coleta e venda coletiva, resfriamento/industrialização e

comercialização.

Os R$ 1.260.368,00 restantes (57.89%) foram destinados a outras cadeias

produtivas. Os recursos foram aplicados na estruturação da comercialização

regional e do acompanhamento dos processos produtivos, pesquisa, equipamentos

para processamento nas agroindústrias (vassoura, pepino, frango caipira,

hortaliças orgânicas, mel, sementes crioulas, farinhas e grãos) ou para confecções

de roupas.

Projetos sociais – configuram-se como os projetos públicos, de caráter redistributivo e/ou compensatório, voltados para a superação dos passivos sociais nas áreas de organização social, saúde, saneamento, segurança alimentar, habitação, dentre outros.

Nestes projetos foram investidos R$ 329.415,00, ou 12,63% dos recursos do

PRONAT aplicados no território. Eles foram destinados para construção de

cisternas, plantas medicinais, capacitação, organização, inclusão social, estudo e

desenvolvimento de equipamento adequados para produção e conservação do

leite.

Mesmo que se considere que esta classificação seja apenas didática, é

importante que os atores sociais reflitam sobre a insignificância que tiveram os

projetos estruturantes. Como esses projetos têm efeitos mais difusos, há o risco de

que nunca venham a ser priorizados nas discussões com as comunidades. Deve-

se considerar, entretanto, que no início da implantação do território as dificuldades

em pensar uma estratégia de desenvolvimento territorial era maiores. As entidades

apresentavam projetos locais e localistas. Em muitos casos, apresentavam mais de

um projeto, apenas para ter maiores possibilidades de negociação. Com o

estabelecimento dos critérios de enquadramento para apresentação e aprovação

de projetos, as entidades começaram a dialogar e a apresentar projetos de cunho

regional.

Page 75: oeste catarinense ptdrs - SIT

75

Ao analisar as tabelas seguintes, é importante considerar que em 2004

poucos projetos foram apresentados, pela própria novidade que representava o

Programa, havendo desconhecimento dele por muitas entidades. Depois,

constata-se uma diminuição de projetos apresentados ao longo do período de seis

anos. Isso permitiu, por exemplo, que na priorização dos investimentos para 2010,

realizada em 2009, todos os projetos apresentados fossem contemplados. Há

explicações para essa redução: entidades que tinham uma única demanda já foram

beneficiadas; elevação do valor mínimo dos projetos para cem mil Reais; aumento

das dificuldades de articulação com o poder público para as contrapartidas;

afastamento das entidades que não conseguiram ser beneficias nos anos iniciais;

e, de forma mais geral, a falta de clareza sobre a estratégia de desenvolvimento

territorial. É fundamental que os atores sociais reflitam sobre esse quadro.

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Relação de Projetos Aprovados entre 2004 a 2009

Tabela 20- Projetos do PROINF 2004 Investimento e Custeio

Projeto 1.3.1 Objetos do Projeto Valor do MDA Contrapartida Proponente

1 Construção da Agroindústria de processamentos de Leite e Aquisição de equipamentos.

R$ 260.100,00 R$ 66.898,51 Prefeitura Municipal de Formosa do Sul

2 Cursos e aquisição de equipamentos para uma Unidade demonstrativa de Ovos e Pomares de Fruticultura

R$ 12.771,00 R$ 6.667,33 Prefeitura Municipal de Guatambu

3 Unidade Demonstrativa de produção de Ovos Coloniais e Cursos de Fruticultura R$ 15.653,00 R$ 13.445,20

Prefeitura Municipal de Planalto Alegre

4 Aquisição de um Veículo para transporte de alunos para a Casa Familiar Rural de Quilombo

R$ 28.700,00 R$ 3.300,00 Prefeitura Municipal de Quilombo

Total de Valor Investido no território R$ 317.224,00

Tabela 21 - Projetos do PROINF 2005 Investimento e Custeio

Projeto 1.3.2 Objetos do Projeto Valor do MDA Contrapartida

Proponente

1 Aquisição de equipamentos para implantação de uma cisterna de captação de água da chuva no centro de formação das Mulheres Campesinas.

R$ 8.800,00 R$ 6.853,41 Prefeitura Municipal de Chapecó

2 Aquisição de Tanque Isotérmico para coleta e transporte do Leite R$ 35.000,00 R$ 14.082,81

Prefeitura Municipal de Cordilheira Alta

3 Aquisição de Veículo, equipamentos de escritório, computador e Tanque isotérmico. R$ 50.000,00 R$ 7.441,52

Prefeitura Municipal de Coronel Freitas

4 Aquisição de um Veículo e Móveis e equipamentos para escritório. R$ 36.000,00 R$ 5.483,13

Prefeitura Municipal de Formosa do Sul

5 Aquisição de diversos equipamentos e Materiais para escritório. R$ 10.000,00 R$ 1.470,47

Prefeitura Municipal de Novo Horizonte

6 Construção e aquisição de equipamentos para instalação de dois Pontos de Comercialização para os produtos das Agricultura Familiar.

R$ 22.200,00 R$ 38.141,04

Prefeitura Municipal de Planalto Alegre

7 Aquisição de equipamentos para o processo de secagem de plantas medicinais. R$ 10.000,00 R$ 2.096,10

Prefeitura Municipal de Quilombo

8 Aquisição de equipamentos para estruturação de um mercado para a comercialização dos produtos da agricultura familiar.

R$ 45.000,00 R$ 8.777,54

Prefeitura Municipal de São Lourenço do Oeste

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09 Aquisição de equipamentos e moveis para escritório R$ 15.000,00 R$ 2.360,85

Prefeitura Municipal de Santiago o Sul

10 Construção de Abatedouro Municipal R$ 40.000,00 R$ 114.371,81

Prefeitura Municipal de União do Oeste

Total de Valor Investido no Território R$ 272.000,00

Tabela 22 - Projetos do PROINF 2006 Investimento e Custeio

Projeto 1.3.3 Objetos do Projeto Valor do MDA Contrapartida Proponente

1 Aquisição de equipamentos para Laboratório de análise da qualidade do leite. R$ 35.000,00 R$ 6.227,70

Prefeitura Municipal de Formosa do Sul

2 Aquisição de diversos equipamentos para apoiar a produção do leite, do mel e dos grãos. R$ 37.200,00 R$ 9.839,53

Prefeitura Municipal de Novo Horizonte

3 Aquisição de equipamentos de escritório e Moinhos portáteis para produção de farinha R$ 15.600,00 R$ 3.187,89

Prefeitura Municipal de São Lourenço do Oeste

4 Aquisição de Tanque Isotérmico para a Coleta de leite R$ 23.000,00 R$ 10.430,51

Prefeitura Municipal de Águas Frias

5 Aquisição de uma Semeadeira para pastagens R$ 16.000,00 R$ 1.239,19

Prefeitura Municipal de Santiago do Sul

6 Aquisição de diversos equipamentos para apoiar a atividade leiteira e a comercialização dos produtos da Agricultura Familiar

R$ 51.000,00 R$ 13.382,45 Prefeitura Municipal de Chapecó

7 Aquisição de equipamentos para o Abatedouro municipal R$ 50.000,00 R$ 83.240,00

Prefeitura Municipal de União do Oeste

8 Aquisição de equipamentos para ponto de comercialização dos produtos da agricultura familiar

R$ 12.000,00 R$ 17.751,93

Prefeitura Municipal de Cordilheira Alta

9

Aquisição de diversos equipamentos para apoiar da comercialização e a Casa Familiar Rural de quilombo

R$ 27.600,00 R$ 2.392,97 Prefeitura Municipal de Quilombo

10 Aquisição de equipamentos para o apoio ao processo de comercialização dos produtos da agricultura familiar.

R$ 14.700,00 R$ 1.470,00 Prefeitura de Nova Erechim

Total de Valor Investido no Território R$ 282.100,00

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Tabela 23 - Projetos do PRONAT 2007 Investimento e Custeio

Projeto 1.3.4 Objetos do Projeto Valor do MDA Contrapartida Proponente

1 Aquisição de Tanque isotérmico para o transporte de leite R$ 40.000,00 R$ 15.323,61

Prefeitura Municipal de Jardinópolis

2 Aquisição de Tanque isotérmico para o transporte de leite e veículo para apoio na assistência técnica R$ 46.000,00 R$ 5.628,38

Prefeitura Municipal de Quilombo

3 Aquisição de Tanque isotérmico para o transporte do leite R$ 40.000,00 R$ 6.826,00

Prefeitura Municipal de Pinhalzinho

4 Apoio ao Processo de Produção, Manejo, armazenamento e Distribuição com Agregação de Valor.

R$ 40.000,00 R$ 36.974,82

Prefeitura Municipal de Novo Horizonte

Total de Valor Investido no Território R$ 166.000,00

Tabela 24 - Projetos do PRONAT 2008 Investimento e Custeio

Projeto 1.3.5 Objetos do Projeto Valor do MDA Contrapartida Proponente

1 Apoio a remodelagem do Centro de profissionalização e estudo de tecnologias adaptadas a agricultura familiar.

R$ 100.000,00 R$ 14.880,70 Prefeitura Municipal de Águas Frias

2 Aquisição de Tanque Isotérmico para o transporte do Leite e equipamento para padronização do Processamento de Leite.

R$ 100.000,00 R$ 11.935,10

Prefeitura Municipal de Santiago Do Sul

3 Apoio a Educação no Jovem do Campo, através da aquisição de Veículos Utilitário. R$ 40.000,00 R$ 27.947,98

Prefeitura Municipal de Saudades

4

Apoio para a adequação do Sistema de Inspeção Municipal – SIM, visando seu credenciamento junto ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária – SUASA.

R$ 100.000,00 R$ 9.107,15

Prefeitura Municipal de Planalto Alegre

Total de Valor Investido no Território R$ 340.000,00

Tabela 25 - Projetos do PRONAT 2009 Investimento e Custeio

Projeto 1.3.6 Objetos do Projeto Valor do MDA Contrapartida Proponente

1

Apoio para a adequação do Sistema de Inspeção Municipal – SIM, visando seu credenciamento junto ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária – SUASA, e implantar a rota de comercialização entre os municípios consorciados

R$ 120.000,00 R$ 12.000,00

Prefeitura Municipal de Coronel Freitas

2

Ampliação da estrutura de resfriamento de leite, localizado no município de Formosa do Sul para atender a demanda de resfriamento das cooperativas da Região

R$ 100.000,00 R$ 10.000,00

Prefeitura Municipal de Formosa do Sul

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3

Apoio para a adequação do Sistema de Inspeção Municipal – SIM, visando seu credenciamento junto ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária – SUASA e aquisição de um veiculo utilitário para desenvolver os processos de comercialização dos produtos dos agricultores familiares da região.

R$ 120.000,00 R$ 12.000,00 Prefeitura Municipal de Saudades

4

Estruturação da comercialização de produtos das cooperativas com investimento em Estruturas de Apoio a Comercialização e armazenamento de Leite

R$ 102.600,00 R$ 11.400,00 Prefeitura Municipal de Irati

Total de Valor Investido no Território R$ 442.600,00

É redundante afirmar que os atores sociais precisam se debruçar sobre esses

dados, analisando os valores, a destinação, a distribuição entre os municípios, o

caráter efetivamente territorial das iniciativas e, principalmente, a aplicação efetiva,

a situação atual das estruturas e empreendimentos e os possíveis ajustes que

precisam ser feitos, os retornos que estão dando e as perspectivas de curto, médio

e longo prazos.

Ao final deste segmento do PTDRS, convém relembrar que nesta versão do

Plano se priorizou, na medida do possível, a atualização do tópico referente ao

Diagnóstico Territorial. Portanto, a partir deste tópico serão apresentadas as

elaborações que os representantes do Colegiado Territorial efetuaram ao longo das

suas atividades. Elas passaram por um processo de revisão (no sentido de

copideque), mas não foram revistas (no sentido de serem analisadas criticamente

por aqueles que as construíram, os atores sociais do território). Essa etapa está

prevista para o início do próximo ano (2011), devendo-se retomar, também, os

aspectos do Diagnóstico que os membros do Colegiado consideram frágeis ou que

não condizem inteiramente com a realidade Territorial. Dizendo de outra forma, os

dados e questões, colocados até aqui, vão exigir reflexão e análise participativa

para confirmar ou redefinir os itens seguintes. Isso é desejável porque a avaliação

e os ajustes paulatinos estão na essência de um projeto de planejamento contínuo

e participativo.

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2 - VISÃO DE FUTURO Os sujeitos envolvidos no Território julgaram necessário ter uma Visão do

Futuro bastante clara, associada com ações, pois “uma visão sem ação não passa

de um sonho. Ação sem visão é só um passatempo. Mas uma visão com ação

pode mudar o mundo”. A plenária a partir deste entendimento ampliado da Visão

de Futuro definiu que esta precisa ser:

Clara e Compartilhada

o Jovens, mulheres, homens e crianças incluídos, havendo respeito as

suas culturas e garantia de boas condições de infraestrutura (estradas

nas propriedades, habitação, acesso as políticas de educação, saúde,

geração de renda em harmonia com a natureza) e de oportunidades.

Inovadora e Desafiadora

o Produções diversificadas, baseadas na independência tecnológica e

na perspectiva de geração de sustentabilidade, incluindo a produção

para autoconsumo.

o Agricultores/as eficientes no que fazem, seja no processo de

produção de matéria prima com baixo custo de produção e

sustentabilidade sistêmica como no processo de agregação de valor,

no baixo custo de produção, no processo de industrialização e por

último no processo de comercialização dos produtos produzidos e

processados de forma diferenciada. Tais produtos com valor

agregado, além da qualidade nutritiva e ecológica têm valor cultural

na medida em que contribuem para a manutenção dos saberes

tradicionais agregados a todo processo produtivo e industrial.

o Há o envolvimento de toda a família, que tem boas condições de

moradia e para plantar, favorecendo a permanência dos filhos/as no

campo.

o Há o envolvimento e comprometimento de centros de Pesquisa,

Universidades, setor público e de outros agentes que contribuam para

o desenvolvimento territorial sustentável.

o Existem mecanismos de controle de produção e preços praticados,

através de uma política agrícola programada.

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81

o A agricultura familiar é reconhecida por seu papel importante na

produção de alimentos e na geração de emprego e renda com

sustentabilidade para o país; agrega valor através de um processo

controlado de agroindustrialização; e cria novas alternativas com

maior capacidade de geração de renda e de melhoria das condições

de vida das pessoas do campo, sempre articuladas com os

trabalhadores urbanos.

Exeqüível e Viável

o Maior qualidade de vida, inclusão social, sustentabilidade com

manutenção da biodiversidade.

o Macro políticas efetivadas com crédito disponibilizado juntamente com

capacitação dos agricultores/as, garantindo a viabilidade dos

investimentos. Educação no campo como enfoque predominante no

território, garantindo as especificidades e a diversidade de cada

região.

o Agentes políticos e sujeitos envolvidos a partir das organizações e

entidades pertencentes aos territórios, interagindo e intervindo na

perspectiva da economia solidária.

3 - OBJETIVOS ESTRATÉGICOS Construir, em interação dialética com o meio urbano e com identificação à

classe trabalhadora, um processo de desenvolvimento sustentável do meio rural

alicerçado em processos que unam sistemas produtivos e geração de renda com

preservação ambiental e desenvolvimento social, utilizando, sempre, processos

que proporcionem ação reflexiva e a tomada de consciência da população

envolvida.

Objetivo específico:

Desenvolver ações sócio-educativas que contribuam para elevar o nível de

conhecimento sobre políticas públicas e legislação ambiental, sobre o

PRONAF e suas condições, sobre políticas vinculadas à CONAB, e sobre

outros programas de Governo voltados ao desenvolvimento rural sustentável

que estão disponíveis, mas não são acessados por agricultores familiares.

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82

Parte-se da situação atual, em que poucas são as iniciativas de formação e

informação junto aos agricultores/as, que se preocupam com o

desenvolvimento de consciência, através da ação e reflexão, quanto à

legislação ambiental, seu uso correto e suas potencialidades, assim como de

suas penalidades. Da mesma forma, existem dificuldades resultantes do fato

da educação escolar não incluir o debate e a construção de conhecimento

sobre preservação das águas. Constata-se, ainda, a falta de conhecimento

das pessoas e entidades sobre as várias políticas públicas colocadas a

disposição da sociedade.

Metas e Linhas de ação

o Aumentar as campanhas de conscientização ambiental;

o Promover áreas pilotos de planejamento e manejo sustentável das

propriedades, através de ações em parcerias com centros de

pesquisa e entidades de ATER;

o Tornar viável a relação entre os órgãos ambientais e as associações

de agricultores/as, através de eventos com cunho formativo e não

apenas de ações punitivas.

o Possibilitar debates para instrumentalizar as entidades e sujeitos

envolvidos na execução de políticas públicas e ações de Governo;

4 - VALORES OU PRINCÍPIOS Segundo as decisões tomadas em conjunto, faz-se necessário criar

mecanismos de participação de todos os atores do território rural envolvidos direta

ou indiretamente em todos os processos decisórios do desenvolvimento do

Território Oeste Catarinense.

Os atores devem ser comprometidos com a conduta ética e transparente,

valorizando o ser humano e todos os grupos da sociedade.

Desenvolver métodos de trabalho que estimulem a criatividade, inovação e o

compartilhamento de conhecimentos aumentando a capacidade de aprimoramento

pessoal e territorial.

Faz-se necessário ter comprometimento para atingir os objetivos comuns,

desde que planejados e programados grupalmente e que não afetem as

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expectativas individuais. Para que isso seja efetivado, é importante respeitar os

direitos à diversidade de opiniões e atitudes de todos/as pessoas que de alguma

maneira estão envolvidas no território e interagir permanentemente com a

sociedade na antecipação e avaliação das conseqüências sociais, econômicas,

culturais e ambientais.

É importante que se tenha sensibilidade para perceber e incorporar as

demandas surgidas das dinâmicas próprias das populações, mesmo que elas não

estejam atentas à formulação de estratégias que permitam reduzir os entraves

sociais, ambientais regionais e identificar, dinamizar e potencializar os fatores

competitivos. Trata-se de intervenções verticais combinadas com decisões

horizontais voltadas para o território, determinadas com o objetivo de maximizar

resultados, por meio da aplicação seletiva e do estabelecimento de uma escala de

prioridades.

Como essa priorização foi julgada fundamental e como avaliou-se que ela

deveria ser construída de maneira participativa e com clareza e entendimentos

sobre a dinâmica do desenvolvimento territorial, aprofundou-se o debate sobre os

princípios que os PTDRS deveria ter. Eles são os seguintes:

o Processo contínuo: O planejamento deve ter uma dimensão

territorial, ter base na realidade (“pé-no-chão”) e partir das

experiências já existentes;

o Elo integrador no território: As ações devem ter enfoque no

território e não no local;

o Elo articulador no território: Deve haver integração das cadeias e a

articulação em rede;

o Realidade local: As deliberações devem ocorrer “nos grupos”; ou

seja devem ser coletivas e garantir a ampla participação;

o Participativo: Representação, participação e desenvolvimento;

o Articular e fomentar alternativas para o desenvolvimento: Flexível

e executável;

o Inovador: Fortalecimento institucional do território;

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5 - DIRETRIZES PRINCIPAIS As políticas de desenvolvimento territorial, a partir de uma visão sistêmica e

multidimensional, apoiarão a formação de infra-estruturas sociais e econômicas,

favorecendo acesso aos serviços públicos essenciais e à assistência técnica

qualificada, implementando mecanismos de desenvolvimento e proteção social,

promovendo o ordenamento territorial, incentivando a prática de inovações

tecnológicas, sociais e institucionais e promovendo a diversificação econômica do

Território.

6- EIXOS DE DESENVOLVIMENTO

1. Comercialização:

2. Desenvolvimento das Cadeias Produtivas Alternativas, com ênfase na

Cadeia do Leite:

3. Questões ambientais:

4. Processo Organizativo:

5. Educação no Campo

6. Inclusão social

Estes Eixos, depois de construídos, foram revisados em diversas plenárias,

propondo-se, a partir deles, um conjunto de programas e projetos interdependentes

e coordenados de modo a produzir os resultados desejados, segundo a natureza

dimensional ou multidimensional dos eixos de desenvolvimento.

7- PROGRAMAS E PROJETOS ESTRATÉGICOS

Eixo 1: Comercialização

o Legislação, especialmente a implantação do SUASA;

o Agroindustrialização;

o Agregação de valor e articulação em rede;

o Cooperativismo focado na Agricultura Familiar;

o Comercialização através do Mercado Institucional;

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Eixo 2: Desenvolvimento das Cadeias Produtivas Alternativas, com ênfase na

Cadeia do Leite

o Cadeia do Mel;

o Artesanato Regional;

o Cadeia Agroflorestal - madeira;

o Piscicultura;

o Cadeia do Frango Caipira;

o Plantas Medicinais;

o Cadeia da Fruticultura e Horticultura;

o Agroindústrias familiares;

o Suinocultura alternativa;

Eixo 3: Questões ambientais

o Capacitação;

o Preservação da água;

o Produção Agroecológica;

o Plantas Medicinais;

o Saneamento Ambiental;

o Alimentação de subsistência;

o Proteção e Preservação de Nascentes

Eixo 4: Processo Organizativo

o Ater/Capacitação

Eixo 6: Inclusão social

Formação e capacitação para os Agricultores Familiares

Inclusão de Indígenas, pescadores e assentados

8 - PROPOSTA DE GESTÃO DO PLANO TERRITORIAL No processo de organização do Território Oeste Catarinense, ficou bastante

claro de que só seria possível construir desenvolvimento com a participação da

sociedade civil e do setor público. Existindo no território uma diversidade de

organizações com seus diferentes trabalhos, projetos e programas já em

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andamento, gerou-se uma preocupação com o processo de gestão territorial,

justamente para que ele permitisse agregar tais ações já em curso.

Para se efetivar a organização que garantisse o bom andamento dos

trabalhos, com o máximo de representatividade e com enfoque territorial, foram

organizados o Núcleo Dirigente, o Núcleo Técnico e o Colegiado Territorial. O que

se buscava é que as ações, definidas coletivamente, fossem efetivamente

encaminhadas no território.

Estabeleceu-se como atribuições do Núcleo Dirigente: Planejar e elaborar

cronogramas de ações para o território; facilitar a comunicação e a divulgação,

socializando as informações de forma permanente; garantir a participação de todos

os municípios e entidades envolvidos, sendo mediador entre as entidades,

administrando os conflitos e promovendo o consenso para o desenvolvimento do

Território; avaliar projetos apresentados; buscar entidades parceiras; monitorar e

avaliar o processo da territorialização dos recursos; garantir a representatividade

de 50% da sociedade civil e 50% da poder público; garantir que predomine na

definição dos projetos critérios técnicos e não partidários; articular projetos urbanos

e rurais (integração); diversificar os projetos evitando concentração em poucas

atividades produtivas e abrindo espaço para novas alternativas para agricultura

familiar, potencializando o de autoconsumo.

Já o Núcleo Técnico foi criado a partir da consideração de que todos os

projetos são importantes e julgados prioritários por quem o propõe, o que tornava

necessário estabelecer mecanismos transparentes para a avaliação e qualificação

deles e criar uma instância que os apreciasse, em tempo hábil e em primeira

instância, emitindo pareceres técnicos. Afinal, a priorização dos projetos, não

poderia ser somente através do voto, pois este critério prejudicaria os municípios e

organizações mais distantes da realização das plenárias. Esses juízos servem de

subsídio às deliberações das plenárias e são baseados em critérios para

enquadramento e priorização dos projetos. Destacam-se entre esses critérios, o

maior número de pessoas e agricultores familiares beneficiados; o fato de ser

inter-municipal e envolver o maior número de municípios possíveis; estar

enquadrado nos eixos estratégicos; estar articulados com organizações e

associações e com o poder público; fazer parte de experiências que já estão

consolidadas; incluir preocupações de gênero e de geração (juventude); ser

estratégico para o desenvolvimento do território.

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9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS São enormes os avanços, nesse processo de construção social, na

compreensão do significado do desenvolvimento territorial sustentável. Daquei para

a frente, espera-se que mais atores do Território venham a contribuir com o

processo de planejamento. Muitos conflitos, presentes nas fases iniciais, perderam,

hoje, importância. Os representantes da sociedade civil e dos poderes públicos no

Colegiado têm um objetivo comum que consiste no desenvolvimento sustentável da

agricultura familiar, levando em conta a sua diversidade e as profundas diferenças

existentes no interior do território. Diversas experiências apoiadas pela política

territorial do MDA/SDT encontram-se em pleno funcionamento. Outras ainda

precisam de atenção e apoio em pontos ou detalhes que não permitiram que elas

tivessem pleno êxito.

Os dados preliminares do Censo Demográfico de 2010 revelam uma

situação preocupante no Território: dos vinte e cinco municípios, quinze perderam

população ao longo da década. Em algumas áreas – como aquela que equivale a

da SDR de Quilombo – esse quadro de esvaziamento é alarmante e emblemático

da existência de desequilíbrios na estrutura socioeconômica do Território e,

sobretudo, da exigência e da urgência de medidas corretivas. O que se sabe, a

partir da prática do enfoque territorial é que ações pontuais e localizadas serão

insuficientes.

Alguns aspectos foram identificados nesta atualização do Diagnóstico Territorial

como sendo pontos de reflexão e de possível intervenção, ainda não tratados de

forma explícita pelo Colegiado Territorial. Ressalte-se que essas sugestões não

têm a pretensão de ser exaustivas. Elementos do próprio diagnóstico precisam ser

discutidas por quem vive diretamente o Território e sua construção institucional. O

fundamental é que se assegure a continuidade e o aprofundamento do processo de

construção social do Território do Oeste Catarinense com base no fortalecimento

da cooperação e da confiança entre seus atores sociais.

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10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MENEGASSO, M. E.; SALM J. F. e HEIDEMANN, F.G. Capital social: Região de Chapecó. Florianópolis: UDESC/ESAG, 2006.

SEBRAE-SC. Santa Catarina em números. Florianópolis, 2010.