124
TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inici- al; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartó- rio, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advo- gado; carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação. Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, conteúdo, forma e tipos. Atos do Juiz: sentença, decisão interlocutória e despa- cho; acórdão. Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publi- cidade; processos que correm em segredo de justiça. Citação e intimação: conceito, requisitos, modalidades de citação: via postal, mandado, por edital; cartas precató- ria, rogatória e de ordem. Intimação na Capital e nas comarcas do interior; intimação do Ministério Público; contagem do prazo de intimação. Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, do juiz e do servidor, processos que correm nas férias. Apensamento de autos: procedimento; requisitos da carta de sentença. Autos suplementares: quando são obrigatórios, peças que devem conter; sua guarda. Cumprimento de Sentença e Processo de Execução: citação, intimação, penhora, arresto, avaliação, impug- nação e embargos à execução. 1) Processos: conceito, espécies, tipos de procedi- mento; distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inicial; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartório, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advogado; carga, baixa, conclusão, rece- bimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação. Processos Conceito Para ser efetiva, a lei precisa ir além da determinação dos direitos e obrigações das pessoas físicas e jurídicas: deve estabelecer também o conjunto de normas por meio das quais os tribunais julgarão esses direitos e deveres. Esse conjunto de normas, ou processo judicial, é a forma de garantir solução justa e eficaz para as nu- merosas disputas que surgem numa sociedade comple- xa. Processo, em sentido amplo, é uma sequência de a- tos que se estabelecem entre as partes e os órgãos jurisdicionais do estado, configurando uma relação de direito, com o objetivo de administrar justiça. Em lingua- gem jurídica, processo é o conjunto de atos praticados (pelo autor, réu, juiz, testemunhas, peritos, escrivães etc.) para tornar efetiva a prestação jurisdicional, isto é, o ato pelo qual o estado faz valer o direito objetivo, a nor- ma jurídica e eventualmente protege direitos subjetivos. Há tantas classes de processos como ramos do direi- to substantivo, e por isso se distingue entre processo civil, relativo aos direitos em geral, e processo penal, que se realiza na esfera da justiça criminal. A palavra proces- so designa também as atividades judiciais especiais e a ação das autoridades administrativas em assuntos espe- cíficos e atividades públicas determinadas: processo militar, processo trabalhista, processo eleitoral, processo administrativo e processo fiscal. Nesse ponto, o processo se entrosa com variada legislação lateral, como a traba- lhista, militar, eleitoral e outras, além das leis estaduais referentes à organização judiciária e ao ministério públi- co. No que se refere ao processo civil e penal, o conjunto é ainda denominado direito judiciário. Processo civil O processo civil moderno deriva da fusão das tradi- ções romana e germânica. No direito romano, o juiz, no exercício da função pública, emitia o veredito de acordo com a opinião que formava a partir da apreciação das provas fornecidas pelas partes em litígio. A validade do julgamento, portanto, se aplicava a cada caso específico. Por essa característica, o processo romano era pouco formalista e privilegiava a expressão oral. No processo civil germânico, pelo contrário, o julgamento se adequava a princípios solidamente estabelecidos de antemão. O juiz se limitava a conduzir o processo e a decisão final tinha caráter de satisfação da vontade divina. São princípios fundamentais do processo civil: (1) o de que é o instrumento ou meio de provocação do poder judiciário no que entende com a tutela do direito e a atuação da lei, limitada a autodefesa privada a poucos institutos; (2) o de que a realização do direito importa a faculdade de recorrer ao judiciário por meio de ações competentes e na forma da lei processual; (3) o de que ninguém deve ser condenado sem ser chamado à justiça para ser ouvido e apresentar a defesa que tiver; (4) o princípio político, ou seja, o de assegurar a máxima ga- rantia dos direitos com um mínimo de sacrifício da liber- dade; (5) o princípio lógico da escolha de meios mais seguros e rápidos para a revelação da verdade; (6) o princípio jurídico da igualdade dos litigantes, destinado a garantir a imparcialidade da decisão; (7) o princípio eco- nômico, no sentido de evitar o desnecessário encareci- mento das demandas, assegurando o benefício da justi- ça gratuita à parte que não estiver em condições de pagar as custas do processo. Quanto aos princípios específicos do processo, des- tacam-se: (1) o de garantir, por meio de arguições espe- ciais, a impugnação de leis inconstitucionais; (2) o de assegurar os direitos subjetivos mediante ações adequa- das, de rito disciplinado na lei processual; (3) o de defesa garantida por meio de citação regular, prazos certos e possibilidade de opor exceções com base em erro no procedimento; (4) o da admissibilidade da defesa de direito próprio em processo alheio, por meio dos institu- tos do litisconsórcio ativo ou passivo, da oposição e dos embargos de terceiros, inclusive interposição de recursos por interessado alheio à demanda; (5) de duplo grau de jurisdição, salvo processos de alçada, de pequeno valor, admitido o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, em certos casos; (6) o do livre convencimento do juiz, vedada a decisão além ou fora do pedido; (7) o da execução das decisões, inclusive a título provisório, se o recurso não tem efeito suspensivo; (8) o da impug- nabilidade da sentença nula por via de embargos à exe- cução ou ação rescisória; (9) o da apuração da verdade real, admitida por exceção à verdade formal; (10) o da segurança formal do processo, com proferição de despa- cho saneador, intermédio, expurgador de defeitos e fa- lhas; (11) o da supervisão da autoridade do juiz, a quem

OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 1

OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício

Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inici-al; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartó-rio, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advo-gado; carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação. Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, conteúdo, forma e tipos. Atos do Juiz: sentença, decisão interlocutória e despa-cho; acórdão. Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publi-cidade; processos que correm em segredo de justiça. Citação e intimação: conceito, requisitos, modalidades de citação: via postal, mandado, por edital; cartas precató-ria, rogatória e de ordem. Intimação na Capital e nas comarcas do interior; intimação do Ministério Público; contagem do prazo de intimação. Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, do juiz e do servidor, processos que correm nas férias. Apensamento de autos: procedimento; requisitos da carta de sentença. Autos suplementares: quando são obrigatórios, peças que devem conter; sua guarda. Cumprimento de Sentença e Processo de Execução: citação, intimação, penhora, arresto, avaliação, impug-nação e embargos à execução.

1) Processos: conceito, espécies, tipos de procedi-mento; distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inicial; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartório, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advogado; carga, baixa, conclusão, rece-bimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação.

Processos

Conceito

Para ser efetiva, a lei precisa ir além da determinação dos direitos e obrigações das pessoas físicas e jurídicas: deve estabelecer também o conjunto de normas por meio das quais os tribunais julgarão esses direitos e deveres. Esse conjunto de normas, ou processo judicial, é a forma de garantir solução justa e eficaz para as nu-merosas disputas que surgem numa sociedade comple-xa.

Processo, em sentido amplo, é uma sequência de a-tos que se estabelecem entre as partes e os órgãos jurisdicionais do estado, configurando uma relação de direito, com o objetivo de administrar justiça. Em lingua-gem jurídica, processo é o conjunto de atos praticados (pelo autor, réu, juiz, testemunhas, peritos, escrivães etc.) para tornar efetiva a prestação jurisdicional, isto é, o ato pelo qual o estado faz valer o direito objetivo, a nor-ma jurídica e eventualmente protege direitos subjetivos.

Há tantas classes de processos como ramos do direi-to substantivo, e por isso se distingue entre processo civil, relativo aos direitos em geral, e processo penal, que se realiza na esfera da justiça criminal. A palavra proces-

so designa também as atividades judiciais especiais e a ação das autoridades administrativas em assuntos espe-cíficos e atividades públicas determinadas: processo militar, processo trabalhista, processo eleitoral, processo administrativo e processo fiscal. Nesse ponto, o processo se entrosa com variada legislação lateral, como a traba-lhista, militar, eleitoral e outras, além das leis estaduais referentes à organização judiciária e ao ministério públi-co. No que se refere ao processo civil e penal, o conjunto é ainda denominado direito judiciário.

Processo civil

O processo civil moderno deriva da fusão das tradi-ções romana e germânica. No direito romano, o juiz, no exercício da função pública, emitia o veredito de acordo com a opinião que formava a partir da apreciação das provas fornecidas pelas partes em litígio. A validade do julgamento, portanto, se aplicava a cada caso específico. Por essa característica, o processo romano era pouco formalista e privilegiava a expressão oral. No processo civil germânico, pelo contrário, o julgamento se adequava a princípios solidamente estabelecidos de antemão. O juiz se limitava a conduzir o processo e a decisão final tinha caráter de satisfação da vontade divina.

São princípios fundamentais do processo civil: (1) o de que é o instrumento ou meio de provocação do poder judiciário no que entende com a tutela do direito e a atuação da lei, limitada a autodefesa privada a poucos institutos; (2) o de que a realização do direito importa a faculdade de recorrer ao judiciário por meio de ações competentes e na forma da lei processual; (3) o de que ninguém deve ser condenado sem ser chamado à justiça para ser ouvido e apresentar a defesa que tiver; (4) o princípio político, ou seja, o de assegurar a máxima ga-rantia dos direitos com um mínimo de sacrifício da liber-dade; (5) o princípio lógico da escolha de meios mais seguros e rápidos para a revelação da verdade; (6) o princípio jurídico da igualdade dos litigantes, destinado a garantir a imparcialidade da decisão; (7) o princípio eco-nômico, no sentido de evitar o desnecessário encareci-mento das demandas, assegurando o benefício da justi-ça gratuita à parte que não estiver em condições de pagar as custas do processo.

Quanto aos princípios específicos do processo, des-tacam-se: (1) o de garantir, por meio de arguições espe-ciais, a impugnação de leis inconstitucionais; (2) o de assegurar os direitos subjetivos mediante ações adequa-das, de rito disciplinado na lei processual; (3) o de defesa garantida por meio de citação regular, prazos certos e possibilidade de opor exceções com base em erro no procedimento; (4) o da admissibilidade da defesa de direito próprio em processo alheio, por meio dos institu-tos do litisconsórcio ativo ou passivo, da oposição e dos embargos de terceiros, inclusive interposição de recursos por interessado alheio à demanda; (5) de duplo grau de jurisdição, salvo processos de alçada, de pequeno valor, admitido o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, em certos casos; (6) o do livre convencimento do juiz, vedada a decisão além ou fora do pedido; (7) o da execução das decisões, inclusive a título provisório, se o recurso não tem efeito suspensivo; (8) o da impug-nabilidade da sentença nula por via de embargos à exe-cução ou ação rescisória; (9) o da apuração da verdade real, admitida por exceção à verdade formal; (10) o da segurança formal do processo, com proferição de despa-cho saneador, intermédio, expurgador de defeitos e fa-lhas; (11) o da supervisão da autoridade do juiz, a quem

Page 2: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 2

cabe dirigir o processo e velar pelo bom andamento da causa; (12) o da imediatez e da concentração, importan-do contato do juiz com as partes e presença nas provas; (13) o da oralidade, com fixação pelo juiz do objeto da demanda e dos pontos em que se manifestou a diver-gência, a fim de evitar surpresas e o risco de longos arrazoados, travando-se os debates e proferindo-se a sentença em audiência.

O código do processo civil brasileiro regula, em suas disposições gerais, os atos e termos judiciais, o valor das causas, sua distribuição e registro, as despesas judiciais, custas e honorários advocatícios, o benefício da justiça gratuita, a representação das partes e sua capacidade processual e a intervenção de terceiros na demanda, além de disciplinar a atividade e competência dos juízes, serventuários e peritos, e de tratar do processo em geral. Este se desdobra pela instância, com o petitório, exposi-ção inicial em que a parte, chamada autor, qualifica a si e ao réu contra quem formula o pedido, indica os funda-mentos jurídicos deste e os fatos em que estriba; se-guem-se a citação, por mandado, com hora certa, por edital, precatória ou rogatória, e a defesa, por via direta (contestação), indireta (exceções de incompetência do juízo, suspeição, litispendência e coisa julgada), ou por via inversa (reconvenção, isto é, a contrapretensão for-mulada pelo réu ao autor). São reguladas, ainda, a sus-pensão, absolvição e a cessação de instância, a prova e os respectivos incidentes. Trata das nulidades, fixando o princípio de que não devem ser pronunciadas quando não tiver havido prejuízo para as partes, e do julgamento e sua eficácia.

Chama-se processo ordinário o processo comum es-tabelecido para as ações sem rito especial prescrito no código, sendo certo, contudo, que a contestação, em muitos casos, faz cair a ação no rito ordinário. Têm pro-cessos especiais as ações executivas, cominatórias, de consignação em pagamento, de nulidade de patente, de recuperação de título ao portador, de reserva de domí-nio, de despejo, de renovação de contrato de locação, possessórias, de divisão e de demarcação de terras e várias outras, bem como os chamados processos admi-nistrativos, como os de inventário e partilha, e os acessó-rios.

Processo penal

Entende-se por direito penal o conjunto de procedi-mentos por meio dos quais se apura a responsabilidade criminal de um indivíduo, com a finalidade de puni-lo. Historicamente, o processo penal obedeceu a duas mo-dalidades gerais: o processo acusatório e o processo inquisitório. O primeiro identifica-se com o processo penal romano, fundado na igualdade entre acusador e acusado. A apresentação de provas e a argumentação da defesa se realizavam publicamente, com acusador e juiz perfeitamente separados. O processo inquisitório, próprio dos regimes autoritários, vigorou por exemplo durante a Idade Média e constituiu o instrumento de administração da justiça do Santo Ofício. Nele, a instru-ção do processo e o julgamento são secretos, a pessoa do juiz se confunde com a do acusador e a relação de poder entre acusador e acusado é desequilibrada em favor do primeiro. Modernamente, adota-se em geral um sistema misto entre esses dois tipos de processo, com instrução secreta e debates públicos.

O processo penal visa à estrutura da ação penal, em termos de assegurar poder punitivo do estado, com se-gurança dos direitos e garantias que a constituição con-

fere aos indivíduos, no referente à liberdade e à dignida-de. Além do que for aplicável, quanto aos princípios já referidos, ao processo penal se aplicam os da: (1) legali-dade, importando a obrigatoriedade da ação, sua indis-cricionalidade e seu oficialismo; (2) unidade e indivisibili-dade; (3) publicidade, banidos os processos secretos, restrita a incomunicabilidade dos réus e obrigatória a comunicação da prisão ao juiz; (4) solidariedade, possibi-litada a intervenção do ofendido e até, em certos casos, a privatividade da ação.

A ação penal é irrevogável, irrenunciável, oficial e pú-blica, iniciando-se pela denúncia ou queixa exercida pelo ofendido ou seu substituto legal. O processo exige cita-ção do réu ou sua apresentação, quando preso, para a defesa e assistência dos atos processuais, possibilitada a fiança, em casos de menor gravidade, e a produção de prova. Na primeira instância, o processo é o comum, o do júri e os especiais, para os crimes de falência, res-ponsabilidade dos funcionários públicos, calúnia e injúria e dos crimes contra a propriedade imaterial, além do processo sumário, para as contravenções, e o da compe-tência dos tribunais, para os delitos comuns e funcionais cujo julgamento lhes caiba. Tal como no civil, no proces-so penal nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa, ou que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa, e a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios. Além dos recursos, o código do processo penal regula as conces-sões do habeas-corpus e a execução das penas e das medidas de segurança.

Espécies de Processos

A legislação processual civil contempla três espécies de processo: processo de conhecimento (ou de cogni-ção), processo de execução e processo cautelar.

Processo de conhecimento é aquele que tem por ob-jetivo obter do Estado, através de um juiz, o reconheci-mento de um direito que está sendo resistido por alguém. É a pretensão levada ao Poder Judiciário a fim de que este, considerando as provas produzidas, possa declará-lo como um direito líquido e certo, ou seja, que deve ser respeitado.

Quando alguém propõe um processo de conhecimen-to, o seu direito exposto ao juiz ainda é duvidoso. A parte contrária, ou seja, aquela contra quem é movido o pro-cesso, precisa se manifestar sobre o pedido do autor (contraditório) e, depois de cumpridas as demais formali-dades legais atinentes ao processo, o juiz profere uma sentença, julgado a ação procedente ou improcedente. Caso julgue procedente o pedido do autor, seu direito passa de duvidoso para uma categoria de um direito concreto, certo e exigível, por força da sentença judicial transitada em julgado.

A título de exemplo, podemos mencionar uma ação de indenização movida por Paulo Henrique contra Ricar-do Antonio, visando uma indenização porque este, em um programa de rádio, lhe fez acusações inverídicas, caluniosas, injuriosas e difamatórias. O pedido de Paulo Henrique será encaminhado ao juiz através de uma peti-ção inicial (requerimento).

Se no decorrer do processo ficar provado que ele, Ri-cardo Antonio, de fato, lhe fez acusações infundadas, e o juiz julgar procedente a ação, o direito de Paulo Henrique que até então era duvidoso passou a ser um direito líqui-

Page 3: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 3

do, certo e exigível, por força do título executivo judicial representado pela sentença transitada em julgado. O processo inicialmente movido por Paulo Henrique (ação de indenização) é exemplo de um processo de conheci-mento, pois, inicialmente, o seu direito era duvidoso. Agora, com a sentença proferida pelo juiz, reconhecendo o seu direito, passou a ser um direito líquido e certo.

Processo de execução – Esse tipo de processo vem logo após o término do processo de conhecimento. Este, como se sabe, termina com uma sentença de mérito, isto é, uma decisão judicial pondo fim ao processo. Se tal sentença transitar em julgado, inicia-se, portanto, o pro-cesso de execução.

O processo de execução tem por objetivo fazer com que o Estado obrigue o devedor de uma obrigação a cumpri-la, sob pena de uma sanção. A obrigação aqui referida pode ser decorrente de uma sentença judicial transitada em julgado, que equivale a um título executivo judicial, ou através de títulos de crédito ou documentos que preencham certas formalidades apontadas em lei, chamadas também de títulos executivos extrajudiciais. Assim como a sentença judicial transitada em julgado equivale a um título judicial, são considerados títulos extrajudiciais que representam um direito líquido e certo de recebimento de quem os possui o cheque, a nota promissória, a duplicada, a letra de câmbio, a escritura pública ou outro documento público assinado pelo deve-dor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas, bem como aqueles outros indicados no art. 585 do Código de Processo Civil.

Enfim, o processo de execução deve ser utilizado quando o credor tiver certeza prévia do seu direito e a lide se firmar apenas na inércia do devedor de cumprir sua obrigação.

Processo cautelar – é aquele utilizado em caráter emergencial, para, em caráter provisório e com base no periculum in mora (perigo da demora) e no fumus boni iuris (fumaça do bom direito), pedir ao juiz providências a fim de que o direito que está sendo discutido ou que ainda será submetido ao Poder Judiciário, seja preserva-do, isto é, não desapareça, pois, se tal fato ocorrer, irá comprometer o pedido formulado na ação principal que está tramitando em juízo ou que esteja na iminência de ser ajuizada. Portanto, o processo cautelar é uma medi-da de urgência, que deve ser proposta se observados os requisitos acima indicados. http://blogdodpc1.blogspot.com/

Processo e procedimento

Processo é uma sequência de atos interdependentes,

destinados a solucionar um litígio, com a vinculação do juiz e das partes a uma série de direitos e obrigações.

Procedimento é o modo pelo qual o processo anda,

ou a maneira pela qual se encadeiam os atos do proces-so. É o rito, ou o andamento do processo. Os procedi-mentos são comuns ou especiais, conforme sigam um padrão geral ou uma variante.

O procedimento comum divide-se em ordinário e su-

mário.

Autuação e registro

Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a autuará, mencionando o juízo, a natureza do

feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos volumes que se forem formando.

O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo da mesma forma quanto aos suple-mentares.

Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público, aos peritos e às testemunhas é facultado rubri-car as folhas correspondentes aos atos em que intervie-ram.

Os termos de juntada, vista, conclusão e outros se-melhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão.

Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com tinta escura e indelével ou digitalizadas, assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a ocorrência.

É vedado usar abreviaturas.

Quando se tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo que será assi-nado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes.

É vedado usar abreviaturas.

Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressa-mente ressalvadas.

Autuação

A autuação, também chamada formação de proces-so, obedecerá a seguinte rotina:

a) Prender a capa, juntamente com toda a documen-tação, com colchetes, obedecendo a ordem cronológica do mais antigo para o mais recente, isto é, os mais anti-gos serão os primeiros do conjunto;

b) Apor, na capa do processo, a etiqueta com o res-pectivo número de protocolo;

c) Apor, na primeira folha do processo, outra etiqueta com o mesmo número de protocolo;

d) Numerar as folhas, apondo o respectivo carimbo (órgão, número da folha e rubrica do servidor que estiver numerando o processo);

e) Ler o documento, a fim de extrair o assunto, de forma sucinta, clara e objetiva;

f) Identificar, na capa, a unidade para a qual o pro-cesso será encaminhado;

g) Registrar, em sistema próprio, identificando as principais características do documento, a fim de permitir sua recuperação. Ex.: espécie, nº, data, procedência, interessado, assunto e outras informações julgadas im-portantes, respeitando as peculiaridades de cada órgão ou entidade;

h) Conferir o registro e a numeração das folhas;

Page 4: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 4

i) Encaminhar, fisicamente, o processo autuado e re-gistrado para a unidade específica correspondente, do órgão ou entidade;

j) O envelope encaminhando a correspondência não será peça do processo, devendo ser descartado, ano-tando-se as informações necessárias, referentes ao endereço do remetente.

A correspondência não autuada seguirá as regras desta norma para ser registrada em sistema próprio e encaminhada à unidade de destino.

A autuação de documentos classificados como ―SE-CRETO‖, ―CONFIDENCIAL‖ ou ―RESERVADO‖ será processada por servidor com competência para tal, da mesma forma que os demais documentos, devendo, no entanto, as unidades de protocolo central ou setorial, após a autuação, lacrarem o envelope do processo, apondo o número do processo, o órgão de destino e o carimbo correspondente ao grau de sigilo.

As mensagens e documentos resultantes de trans-missão via fax não poderão se constituir em peças de processo.

Numeração de Folhas e de Peças

As folhas dos processos serão numeradas em ordem crescente, sem rasuras, devendo ser utilizado carimbo próprio para colocação do número, aposto no canto su-perior direito da página, recebendo, a primeira folha, o número 1.

O documento não encadernado receberá numeração em sequência cronológica e individual para cada peça que o constituir.

A numeração das peças do processo é iniciada no protocolo central ou setorial da unidade correspondente, conforme faixa numérica de autuação. As peças subse-quentes serão numeradas pelas unidades que as adicio-narem; a capa do processo não será numerada.

Nenhum processo poderá ter duas peças com a mesma numeração, não sendo admitido diferenciar pelas letras ―A‖ e ―B‖, nem rasurar.

Fls. ...................

Rubrica ............

Fls. ...................

Rubrica ............

Nos casos em que a peça do processo estiver em tamanho reduzido, será colada em folha de papel bran-co, apondo-se o carimbo da numeração de peças de tal forma que o canto superior direito do documento seja atingido pelo referido carimbo.

Quando, por falha ou omissão, for constatada a ne-cessidade da correção de numeração de qualquer folha dos autos, inutilizar a anterior, apondo um ―X‖ sobre o carimbo a inutilizar, renumerando as folhas seguintes, sem rasuras, certificando-se da ocorrência.

Petição inicial

Petição inicial é a peça processual que instaura o

processo jurídico, levando ao Juiz-Estado os fatos constitutivos do direito, também chamada de causa de pedir, os fundamentos jurídicos e o pedido.

Nas formas de Estado onde o particular não pode realizar a autocomposição de seus conflitos por não deter o monopólio da força, como é o caso das democracias, o indivíduo precisará da intervenção do Estado nos conflitos que não se resolvam pela via negocial.

A petição inicial é a forma como o indivíduo retira o Poder Judiciário de sua inércia e o convoca para atuar no caso concreto, causando a substituição da vontade das partes pela vontade de um julgador imparcial e equidistante.

As seguintes expressões são sinônimos de petição inicial: Peça vestibular, peça autoral, peça prefacial, peça pré-ambular, peça exordial, peça isagógica, peça introdutória, petitório inaugural.

O Direito de Agir

O Direito de ação deve ser exercido pelo próprio interessado, sendo que, no Direito Brasileiro, os relativamente incapazes serão assistidos e os totalmente incapazes serão representados. Apenas em casos excepcionalíssimos a lei permite a substituição processual, ou seja, a capacidade de terceiro pleitear em Juízo direito alheio.

O direito de agir, geral e abstrato, formaliza-se na invocação da tutela jurisdicional do Estado, por intermédio de uma petição endereçada ao juiz ou tribunal.

A petição inicial no Processo Civil Brasileiro

O Código de Processo Civil brasileiro estabelece os critérios para que uma petição inicial seja considerada apta. Ela deverá indicar, além dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, o Juiz ou Tribunal a que se dirige o Autor; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; requerer a prestação jurisdicional, detalhando o pedido e declinar o valor da causa; e, por fim, deve requerer a citação do réu para que, não apresentando defesa, ocorram os efeitos da revelia.

O CPC, em seu art. 2o, afirma que "nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte a requerer nos casos as formas legais", tornando a petição inicial no único instrumento válido para a atuação estatal nos litígios instaurados nas relações interpessoais.

Partes da petição inicial

Autor: requerente, justificante, suplicante, arrolante

Réu: o termo "Réu" deixou de ser utilizado nos últimos tempos, por remeter a uma ideia pejorativa, já que tal termo é designado à pessoa do condenado. Com frequência utilizam-se outra expressões para designar o Réu, tais como requerido, suplicado, executado, etc.

Fatos e fundamentos do pedido

Toda peça inaugural deve trazer os fundamentos fáticos e jurídicos do pedido. Equivale à descrição dos fatos que geraram a incidência da norma jurídica ao caso concreto.

Todo direito subjetivo nasce de um fato. O fato é aquilo que leva o autor a reclamar a prestação jurisdicional.

Fundamento jurídico é a natureza do Direito que o autor reclama em juízo.

Page 5: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 5

Ao postular a prestação jurisdicional, o autor indica o direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu e aponta o fato de onde ele provém.

A causa de pedir deve ser decorrência lógica dos fatos e fundamentos anteriormente narrados.

O pedido

O pedido consiste naquilo que o autor pretende com a tutela reclamada.

Dependendo da natureza da tutela requerida, o pedido pode ser condenatório, declaratório ou acautelatório, conforme se requeria um bem da vida, uma declaração (constitutiva ou desconstitutiva) ou se o que se busca é garantir uma tutela jurisdicional futura, respectivamente.

Do Processo Eletrônico

Art. 8o Os órgãos do Poder Judiciário poderão de-

senvolver sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso por meio de redes internas e externas.

Parágrafo único. Todos os atos processuais do pro-cesso eletrônico serão assinados eletronicamente na forma estabelecida nesta Lei.

Art. 9o No processo eletrônico, todas as citações, in-

timações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei.

§ 1o As citações, intimações, notificações e remes-

sas que viabilizem o acesso à íntegra do processo cor-respondente serão consideradas vista pessoal do inte-ressado para todos os efeitos legais.

§ 2o Quando, por motivo técnico, for inviável o uso

do meio eletrônico para a realização de citação, intima-ção ou notificação, esses atos processuais poderão ser praticados segundo as regras ordinárias, digitalizando-se o documento físico, que deverá ser posteriormente des-truído.

Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrôni-co, podem ser feitas diretamente pelos advogados públi-cos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autua-ção deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

§ 1o Quando o ato processual tiver que ser praticado

em determinado prazo, por meio de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia.

§ 2o No caso do § 1

o deste artigo, se o Sistema do

Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técni-co, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.

§ 3o Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter

equipamentos de digitalização e de acesso à rede mun-dial de computadores à disposição dos interessados para distribuição de peças processuais.

Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta

Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais.

§ 1o Os extratos digitais e os documentos digitaliza-

dos e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas reparti-ções públicas em geral e por advogados públicos e pri-vados têm a mesma força probante dos originais, ressal-vada a alegação motivada e fundamentada de adultera-ção antes ou durante o processo de digitalização.

§ 2o A arguição de falsidade do documento original

será processada eletronicamente na forma da lei proces-sual em vigor.

§ 3o Os originais dos documentos digitalizados,

mencionados no § 2o deste artigo, deverão ser preserva-

dos pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sen-tença ou, quando admitida, até o final do prazo para interposição de ação rescisória.

§ 4o (VETADO)

§ 5o Os documentos cuja digitalização seja tecnica-

mente inviável devido ao grande volume ou por motivo de ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio de petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão devolvidos à parte após o trânsito em julgado.

§ 6o Os documentos digitalizados juntados em pro-

cesso eletrônico somente estarão disponíveis para aces-so por meio da rede externa para suas respectivas par-tes processuais e para o Ministério Público, respeitado o disposto em lei para as situações de sigilo e de segredo de justiça.

Art. 12. A conservação dos autos do processo pode-rá ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico.

§ 1o Os autos dos processos eletrônicos deverão ser

protegidos por meio de sistemas de segurança de aces-so e armazenados em meio que garanta a preservação e integridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos suplementares.

§ 2o Os autos de processos eletrônicos que tiverem

de ser remetidos a outro juízo ou instância superior que não disponham de sistema compatível deverão ser im-pressos em papel, autuados na forma dos arts. 166 a 168 da Lei n

o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código

de Processo Civil, ainda que de natureza criminal ou trabalhista, ou pertinentes a juizado especial.

§ 3o No caso do § 2

o deste artigo, o escrivão ou o

chefe de secretaria certificará os autores ou a origem dos documentos produzidos nos autos, acrescentando, res-salvada a hipótese de existir segredo de justiça, a forma pela qual o banco de dados poderá ser acessado para aferir a autenticidade das peças e das respectivas assi-naturas digitais.

§ 4o Feita a autuação na forma estabelecida no § 2

o

deste artigo, o processo seguirá a tramitação legalmente estabelecida para os processos físicos.

§ 5o A digitalização de autos em mídia não digital,

em tramitação ou já arquivados, será precedida de publi-cação de editais de intimações ou da intimação pessoal das partes e de seus procuradores, para que, no prazo preclusivo de 30 (trinta) dias, se manifestem sobre o

Page 6: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 6

desejo de manterem pessoalmente a guarda de algum dos documentos originais.

Art. 13. O magistrado poderá determinar que sejam realizados por meio eletrônico a exibição e o envio de dados e de documentos necessários à instrução do pro-cesso.

§ 1o Consideram-se cadastros públicos, para os efei-

tos deste artigo, dentre outros existentes ou que venham a ser criados, ainda que mantidos por concessionárias de serviço público ou empresas privadas, os que conte-nham informações indispensáveis ao exercício da função judicante.

§ 2o O acesso de que trata este artigo dar-se-á por

qualquer meio tecnológico disponível, preferentemente o de menor custo, considerada sua eficiência.

Processo eletrônico em MG

Em Minas, o Sistema CNJ de processo judicial ele-trônico (anteriormente denominado Projudi), foi lançado como projeto-piloto no Juizado Especial da UFMG, em agosto de 2007, durante a Semana da Tecnologia, Justiça e Cidadania, marcando a entrada do TJ na era do processo eletrônico.

Ao longo de 2008, o processo judicial eletrônico foi implantado nos outros quatro Juizados Especiais de Belo Horizonte (Juizados Especiais Cíveis do Barreiro (em 04 de abril), do Gutierrez (em 29 de julho) e das Relações de Consumo (em 01 de setembro) e nas Turmas Recursais da Unidade UFMG (6ª, 7ª e 9ª Tur-mas em 09 de abril).

O processo eletrônico foi implantado, também, na Justiça Comum de 1ª Instância, na Vara de Registros Públicos do Fórum Lafayette. Atualmente, já está sen-do usado para tramitar eletronicamente todas as habili-tações de casamentos feitas na capital mineira. A ho-mologação de casamentos responde por 50% dos pro-cessos da Vara de Registros Públicos de Belo Horizon-te, onde são homologados 2 mil casamentos por mês, em média.

Em 2009, o Sistema CNJ já foi instalado nas 5ª, 8ª e 10ª Turmas Recursais Cíveis do Grupo Jurisdicional de Belo Horizonte (portaria 007/2009).

Distribuição

A lei determina a livre distribuição dos processos, nos locais em que existam mais de um órgão jurisdicional com idêntica competência de foro. Isso significa que, se a região possui mais de um juiz cível de primeiro grau, todos estes juízes seriam igualmente competentes para decidir sobre as mesmas causas e as partes poderiam propor suas ações diretamente aos juízes que lhes con-viessem.

O legislador preocupou-se em evitar esta prática, que seria determinantemente lesiva ao princípio do Juiz Natu-ral.

Para tanto, foram fixados no Código de Processo Ci-vil preceitos – artigos 251 e 252 – a fim de obrigar a distribuição livre dos processos em comarcas que pos-suam mais de um juiz com competência para julgar uma causa. Tais preceitos impedem que as partes possam dispor livremente a respeito do juízo que pretendem para julgar suas demandas.

Para George Marmelstein Lima, a livre distribuição é o ―corolário do princípio constitucional do juiz natural.‖

E para José Frederico Marques, A competência de ju-ízo não pode ser substituída por convenção das partes: não há eleição de juízo (só existe eleição de foro), pelo que não será permitida a escolha de vara ou juízo do foro competente (inclusive no foro de eleição), para ali ser ajuizada a ação e correr o processo.

Não convém se analisar um por um dos diversos pro-cedimentos de distribuição determinados pelos tribunais de todo o Brasil, porque não importando o quanto dife-rente possam ser, todos necessariamente devem obser-var uma ressalva que a lei orienta: devem impedir a escolha do juízo pela parte. Nenhum cidadão pode pre-tender escolher deliberadamente o seu juiz, sob pena de lesão irreparável ao princípio do Juiz Natural.

Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a regis-tro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz ou mais de um escrivão.

Art. 252. Será alternada a distribuição entre juízes e escrivães, obedecendo a rigorosa igualdade.

Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza:

I - quando se relacionarem, por conexão ou continên-cia, com outra já ajuizada;

II - quando, tendo sido extinto o processo, sem jul-gamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcial-mente alterados os réus da demanda;

III - quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento.

Parágrafo único. Havendo reconvenção ou interven-ção de terceiro, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.

Art. 254. É defeso distribuir a petição não acompa-nhada do instrumento do mandato, salvo:

I - se o requerente postular em causa própria;

II - se a procuração estiver junta aos autos principais;

III - no caso previsto no art. 37.

Art. 255. O juiz, de ofício ou a requerimento do inte-ressado, corrigirá o erro ou a falta de distribuição, com-pensando-a.

Art. 256. A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte ou por seu procurador.

Art. 257. Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for preparado no cartório em que deu entrada.

Extravio de processo

Havendo desaparecimento ou extravio de processo, o servidor que primeiro tomar conhecimento do fato comu-nicará, à sua chefia, o ocorrido.

A autoridade administrativa que tiver ciência do fato promoverá a sua apuração imediata, mediante sindicân-cia ou processo administrativo disciplinar.

Independentemente das ações adotadas anterior-mente, o servidor responsável pela reconstituição do processo observará o seguinte procedimento:

Page 7: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 7

a) Ordenar a documentação que caracterize a busca de localização do processo dentro de uma capa, junta-mente com o documento, pelo qual foi dado conhecimen-to à chefia, do desaparecimento ou extravio do processo;

b) Fazer representação ao chefe da unidade a que estiver jurisdicionado, a quem compete autorizar a re-constituição do processo;

c) Reconstituir o processo, resgatando as suas infor-mações e obtendo cópias de documentos que o constitu-íam;

Restauração de autos

O Código de Processo Civil insere a restauração de autos entre os processos de jurisdição contenciosa, regulando-a nos artigos 1.063 a 1.069.

Diz a Lei que, ―verificado o desaparecimento dos au-tos, pode qualquer das partes promover-lhe a restaura-ção‖ (art. 1.063). A parte contrária é citada para contestar o pedido. Concordando, lavra-se auto que, homologado pelo juiz, supre o processo desaparecido. Revel, presu-mem-se verdadeiros os fatos alegados pelo requerente (art. 1.065 e parágrafos). Se for o caso, reinquirem-se as testemunhas e renova-se a perícia (art. 1.066). Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos (art. 1.067). Responde pelas custas da restauração e honorá-rios de advogado quem houver dado causa ao desapa-recimento dos autos (art. 1.069). Eis aí, resumidamente, as disposições que regem a matéria.

Pode o juiz agir de ofício? A legitimação ativa e pas-siva é exclusivamente das partes? Pode ser condenado nas custas e em honorários o juiz, o escrivão ou o advo-gado que haja dado causa ao desaparecimento, ainda que não seja parte?

Para responder, começamos determinando o signifi-cado da sentença a ser proferida, em outras palavras, qual o significado de ―julgar restaurados os autos‖.

Eles documentam o desenvolvimento da relação pro-cessual, desde o ato que a constituiu até o seu estágio atual. Neles se inserem os documentos da causa que, perdidos juntamente com os autos, são reconstituídos ―mediante cópias e, na falta, pelos meios ordinários de prova‖.

Evidentemente, ao julgar restaurados os autos, não estará o juiz a declarar que foram reconstituídos tais como se achavam no estado em que desapareceram. Documentos terão sido irremediavelmente perdidos, sem possibilidade de reconstituição. As testemunhas, reinqui-ridas, não terão reproduzido exatamente suas declara-ções anteriores. A nova perícia terá encontrado uma situação de fato que, pelo decurso do tempo, já não será a mesma da perícia anterior. Poderá haver controvérsia, que o juiz haja de dirimir, uma das partes afirmando, por exemplo, que a cópia da petição inicial ou da contesta-ção, apresentada pela outra, não corresponde ao origi-nal.

Ao julgar a restauração, o juiz profere uma declara-ção de fato: afirma que os autos da restauração corres-pondem, na medida possível, aos autos desaparecidos, dirimindo eventual controvérsia sobre o conteúdo de documentos ou declarações duvidosamente reconstituí-dos.

A Lei concebe a restauração de autos como ação de uma das partes contra a outra, com condenação nas

custas e em honorários daquela que haja dado causa ao desaparecimento. É uma ação declaratória de fato, ne-cessária, porque indispensável sentença para que a restauração produza seus efeitos próprios, permitindo o prosseguimento do processo, como previsto no artigo 1.067.

Constitui exercício de direito público subjetivo, mais do que em outras ações, porque o pedido somente pode ser atendido pelo juiz. O réu, embora deva colaborar, exibindo as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e documentos que estiverem em seu poder (art. 1.065), não tem obrigação alguma em face do autor. Trata-se de pura ação, porque através dela não se veicu-la qualquer direito subjetivo do autor contra o réu, mas apenas um direito contra o Estado-juiz, este sim obrigado a proceder à restauração dos autos.

Determina a Lei que, na sentença, o juiz condene nas custas e honorários a parte que deu causa ao desapare-cimento (art. 1.069. Pode ocorrer, pois, condenação do autor nos ônus da sucumbência, embora acolhido seu pedido, por se haver constatado que ele próprio, ou seu procurador, deu causa ao desaparecimento dos autos.

Quem paga as custas do processo e os honorários de advogado, não se apurando quem deu causa ao de-saparecimento ou constatando-se que a culpa foi de terceiro? Não se pode condenar o réu, porque ―vencido‖, porque expressamente afastado o princípio da sucum-bência pelo artigo 1.069. O mais razoável é que suporte cada parte os honorários de seu patrono e metade das custas.

A concepção da restauração de autos como processo de jurisdição contenciosa, de ação proposta por uma das partes, não contra mas em face da outra, atende ao caso mais comum: aquele em que uma delas tem mais inte-resse do que a outra no prosseguimento do processo principal.

Não se deve excluir, porém, a possibilidade de as partes, de comum acordo, requererem a restauração dos autos, quiçá oferecendo desde logo as cópias que cada uma tinha em seu poder, pedindo ao juiz que julgue restaurados os autos. O procedimento, nesse caso, será de jurisdição voluntária, à semelhança do que ocorre na separação e no divórcio, que podem ter natureza con-tenciosa ou voluntária, conforme haja ou não acordo entre as partes. Observe-se que, em qualquer dos casos, a vontade das partes é insuficiente, sendo necessária sentença do juiz, ainda que meramente homologatória.

Há que se analisar, ainda, uma terceira hipótese, a de o juiz determinar, de ofício, a restauração de autos, no exercício de uma atividade que teria natureza admi-nistrativa. Por documentarem o desenvolvimento de uma relação processual, necessariamente pública, os autos têm a natureza de documento público. Constituem ins-trumento para o exercício da jurisdição. O juiz precisa dos autos até mesmo para decretar a extinção do pro-cesso. Não se poderia, por isso, negar ao juiz o poder de determinar a restauração, ainda que, e especialmente se, ele próprio deu causa ao desaparecimento dos autos. Mas o juiz não poderia julgar restaurados os autos sem citação das partes. Haveria, assim, um processo iniciado de ofício, contra o que dispõe o artigo 1.063 do Código de Processo Civil e, especialmente, contra o disposto em seu artigo 2º: ―Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais‖. O processo moderno não com-

Page 8: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 8

porta iniciativa judicial. O interesse público é atendido por outra forma, qual seja, pela atribuição do poder de agir ao Ministério Público. A natureza pública dos autos deve, pois, levar, não à afirmação da possibilidade da iniciativa judicial, mas da legitimidade do Ministério Público, qual-quer que seja a natureza da ação a que se refiram os autos que se devam restaurar.

Segue-se, como corolário, que a propositura da ação de restauração de autos não compete apenas às partes, mas a qualquer interessado, ou seja, a quem quer que possa ter algum direito dependente do processo princi-pal, como o credor com penhora no rosto dos autos ex-traviados.

A sentença que julga restaurados os autos, ainda que proferida em processo de jurisdição contenciosa, não faz coisa julgada, pois ―aparecendo os autos originais, nes-tes se prosseguirá‖.

Da sentença cabe apelação, com efeito suspensivo.

O responsável pelo desaparecimento dos autos, seja uma das partes, seja o juiz, o escrivão ou um terceiro, responde por perdas e danos, como decorre do artigo 1.069, mas em ação própria, inconfundível com a de restauração de autos.http://www.tex.pro.br

DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS

Art. 1.063. Verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes promover-lhes a restauração.

Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nes-tes prosseguirá o processo.

Art. 1.064. Na petição inicial declarará a parte o esta-do da causa ao tempo do desaparecimento dos autos, oferecendo:

I - certidões dos atos constantes do protocolo de au-diências do cartório por onde haja corrido o processo;

II - cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz;

III - quaisquer outros documentos que facilitem a res-tauração.

Art. 1.065. A parte contrária será citada para contes-tar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias, cabendo-lhe exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e documentos que estiverem em seu poder.

§ 1o Se a parte concordar com a restauração, lavrar-

se-á o respectivo auto que, assinado pelas partes e ho-mologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.

§ 2o Se a parte não contestar ou se a concordância

for parcial, observar-se-á o disposto no art. 803.

Art. 1.066. Se o desaparecimento dos autos tiver o-corrido depois da produção das provas em audiência, o juiz mandará repeti-las.

§ 1o Serão reinquiridas as mesmas testemunhas;

mas se estas tiverem falecido ou se acharem impossibili-tadas de depor e não houver meio de comprovar de outra forma o depoimento, poderão ser substituídas.

§ 2o Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-

á nova perícia, sempre que for possível e de preferência pelo mesmo perito.

§ 3o Não havendo certidão de documentos, estes se-

rão reconstituídos mediante cópias e, na falta, pelos meios ordinários de prova.

§ 4o Os serventuários e auxiliares da justiça não po-

dem eximir-se de depor como testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido.

§ 5o Se o juiz houver proferido sentença da qual pos-

sua cópia, esta será junta aos autos e terá a mesma autoridade da original.

Art. 1.067. Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos.

§ 1o Aparecendo os autos originais, nestes se pros-

seguirá sendo-lhes apensados os autos da restauração.

§ 2o Os autos suplementares serão restituídos ao car-

tório, deles se extraindo certidões de todos os atos e termos a fim de completar os autos originais.

Art. 1.068. Se o desaparecimento dos autos tiver o-corrido no tribunal, a ação será distribuída, sempre que possível, ao relator do processo.

§ 1o A restauração far-se-á no juízo de origem quanto

aos atos que neste se tenham realizado.

§ 2o Remetidos os autos ao tribunal, aí se completará

a restauração e se procederá ao julgamento.

Art. 1.069. Quem houver dado causa ao desapareci-mento dos autos responderá pelas custas da restauração e honorários de advogado, sem prejuízo da responsabili-dade civil ou penal em que incorrer.

Termos utilizados referentes ao processo

AUTUAR - Lavrar um auto contra alguém; reunir em forma de processo (a petição e documentos apresenta-dos em juízo); processar. DESAPENSAÇÃO - É a separação física de proces-sos apensados. DISTRIBUIÇÃO - Escolha do juiz ou relator do pro-cesso, por sorteio. Pode acontecer também por preven-ção, ou seja, o processo é distribuído para um juiz ou ministro que já seja relator da causa ou de processo conexo. No caso de um juiz ou ministro declarar-se im-pedido é feito novo sorteio. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se os princípios da publicidade, da alternatividade e do sorteio.

FOLHA DO PROCESSO – São as duas faces de uma página do processo.

JUNTADA - É a união de um processo a outro, ou de um documento a um processo; realiza-se por Anexação ou Apensação.

JUNTADA POR ANEXAÇÃO - É a união definitiva e irreversível de 01 (um) ou mais proces-so(s)/documento(s), a 01 (um) outro processo (conside-rado principal), desde que pertencentes a um mesmo interessado e que contenham o mesmo assunto.

NUMERAÇÃO DE PEÇAS – É a numeração atribuída às partes integrantes do processo.

PÁGINA DO PROCESSO – É cada uma das faces de uma folha de papel do processo.

PEÇA DO PROCESSO – É o documento que, sob di-versas formas, integra o processo. Ex: Folha, folha de talão de cheque, passagem aérea, brochura, termo de convênio, contrato, fita de vídeo, nota fiscal, entre outros.

Page 9: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 9

PETIÇÃO - De forma geral, é um pedido escrito diri-gido ao Tribunal. A Petição Inicial é o pedido para que se comece um processo. Outras petições podem ser apre-sentadas durante o processo para requerer o que é de interesse ou de direito das partes. No Supremo, a Peti-ção (PET) é um processo.

PROCEDÊNCIA – A instituição que originou o docu-mento.

PROCESSO – É o documento ou o conjunto de do-cumentos que exige um estudo mais detalhado, bem como procedimentos expressados por despachos, pare-ceres técnicos, anexos ou, ainda, instruções para paga-mento de despesas; assim, o documento é protocolado e autuado pelos órgãos autorizados a executar tais proce-dimentos.

PROCESSO ACESSÓRIO - É o processo que apre-

senta matéria indispensável à instrução do processo principal.

PROCESSO PRINCIPAL – É o processo que, pela natureza de sua matéria, poderá exigir a anexação de um ou mais processos como complemento à sua deci-são.

PROTOCOLO CENTRAL – É a unidade junto ao ór-gão ou entidade, encarregada dos procedimentos com relação às rotinas de recebimento e expedição de docu-mentos.

PROTOCOLO SETORIAL – É a unidade localizada junto aos setores específicos dos órgãos ou entidades, encarregada de dar suporte às atividades de recebimen-to e expedição de documentos no âmbito da área a qual se vincula; tem a finalidade de descentralizar as ativida-des do protocolo central.

REGISTRO - É a reprodução dos dados do documen-to, feita em sistema próprio, destinado a controlar a mo-vimentação da correspondência e do processo e fornecer dados de suas características fundamentais, aos interes-sados.

TERMO DE DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS – É uma nota utilizada para informar sobre a retirada de peça(s) de um processo; pode ser por intermédio de carimbo específico.

TERMO DE DESAPENSAÇÃO – É uma nota utiliza-da para registrar a separação física de dois ou mais processos apensados; pode ser por intermédio de carim-bo específico.

TERMO DE ENCERRAMENTO – É uma nota utiliza-da para registrar o encerramento do processo; pode ser por intermédio de carimbo específico.

TERMO DE JUNTADA DE FOLHA OU PEÇA – É uma nota utilizada para registrar a juntada de folha(s) ou peça(s) ao processo; pode ser por intermédio de carimbo específico.

TERMO DE RETIRADA DE FOLHA OU PEÇA – É uma nota utilizada para registrar a retirada de folha(s) ou peça(s) do processo; pode ser por intermédio de carimbo específico.

TERMO DE RESSALVA – É uma nota utilizada para informar que uma peça foi retirada do processo quando do ato da anexação, isto é, ao proceder a anexação foi constatada a ausência de uma peça; pode ser por inter-médio de carimbo específico.

TRAMITAÇÃO - É a movimentação do processo de uma unidade à outra, interna ou externa, através de sistema próprio.

Da carga de autos pelo advogado

A Lei nº 11.969, de 06 de julho de 2009, alterou a re-

dação do § 2º do art. 40 do CPC para permitir ao advo-gado retirar autos mediante carga pelo prazo de uma hora com o propósito de reproduzir peças processuais. A regra, como explicita o art. 1º da lei, aplica-se aos casos de retirada durante a fluência de prazo comum.

Art. 40. O advogado tem direito de: I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tri-

bunal, autos de qualquer processo, salvo o disposto no art. 155;

II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias;

III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.

§ 1o Ao receber os autos, o advogado assinará carga

no livro competente. § 2

o Sendo comum às partes o prazo, só em conjun-

to ou mediante prévio ajuste por petição nos autos, pode-rão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente de ajuste. (Redação dada pela Lei nº 11.969, de 2009)

A finalidade da lei é permitir aos patronos - quando

houver vista em comum - a obtenção de cópia de peças necessárias ao estudo do processo e manifestação sem que precisem se ajustar na partilha do prazo, circunstân-cia muito difícil em grandes comarcas ou mesmo quando os procuradores têm sua base em localidades distintas. Mas servirá, também, didaticamente, para que os cartó-rios não façam carga ordinária aos profissionais que sem parcimônia retiram os autos para reproduzir peças e culminam prejudicando o exercício da Advocacia pelo patrono adverso, circunstância não rara e que resulta no pedido de garantia e reabertura de prazos, além de novas publicações.

A primeira crítica a fluir é que o legislador, ao fixar o

prazo de uma hora, deve ter pensado no ´Doctor Flash, um advogado dotado de super poder para receber os autos e cumprir o seu desiderato em carga relâmpago; ou imaginado que o Estado mantivesse serviço de fotocó-pias em todos os ambientes forenses, ou que nestes, a partir do elevador, não houvesse filas para atendimento aos seus usuários, incluídos aqueles referidos na Consti-tuição Federal como imprescindíveis à administração da Justiça.

E , não se diga que uma hora é benesse quando

comparada aos 45 minutos antes conferidos pelos provi-mentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.

Por outro lado, embora a fotocopiadora, em tempo

próximo, vá tornar-se obsoleta e venha a dar lugar total às peças digitalizadas pelo escâner, haverá necessidade de regulamentar-se a retirada dos autos, pois em caso contrário a carga terá que ser procurada ao final do ex-pediente da repartição para que o prazo de devolução termine no início do turno subsequente.

Noutro enfoque é preciso lembrar que a retirada de

autos em carga regulada no CPC há muito se constitui em problema à Advocacia, primeiro porque quando o

Page 10: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 10

advogado não tem procuração somente pode examinar os autos em cartório ou secretaria; e quando a tem, me-diante petição deferida pelo juízo ou intimação de vista exclusiva ou em prazo comum, como disposto nos incisos I, II e III do art. 40 do CPC. A terceira hipótese a lei antes referida tentou resolver com 60 minutos; e a segunda resolveu-se indiretamente quando a Lei nº 8.952/94 a-crescentou o § 4º ao art. 162 do CPC para autorizar a escrivania a realizar de ofício atos ordinatórios, implícito o de pronta juntada do instrumento procuratório e a subse-quente carga ao patrono da parte.

Aquela primeira hipótese, entretanto, ainda não foi

adequadamente enfrentada pelo legislador, nem mesmo no inciso XIII do art. 7º da Lei nº 8.906/94 que assegura a obtenção de cópias sem a confiança dos autos. E, neste caso, quando o advogado precisa reproduzir peças de um processo para decidir se aceita a causa, para instruir outro feito ou simplesmente para alcançá-las ao colega de outra comarca, provavelmente terá que continuar sujeitando-se a fazê-lo acompanhado por um servidor, se aquelas modificações não forem estendidas à hipótese. João Moreno Pomar

Contestação

A contestação é a peça que comporta a toda a defe-sa do réu. É neste instrumento que o réu deve rebater todos os argumentos do autor, demonstrando, claramen-te, a impossibilidade de sucesso da demanda.

Na contestação, o réu poderá se manifestar sobre aspectos formais, e materiais.

Os argumentos de origem formal se relacionam à au-sência de alguma formalidade processual exigida, e que não fora cumprida pelo autor em sua peça inicial.

Esses argumentos, dependendo da gravidade, po-dem ocasionar fim do processo antes mesmo do magis-trado apreciar o conteúdo do direito pretendido. A imper-feição apontada pelo réu retiraria do autor a possibilidade de seguir adiante, ou retardaria o procedimento até que seja sanada a imperfeição. Essa é a chamada defesa indireta.

Já os aspectos materiais se relacionam ao conteúdo do direito que o autor reivindica; é mérito da causa. É a chamada defesa direta ou de mérito, na qual o réu ataca o fato gerador do direito do autor, ou as consequências jurídicas que o autor pretende. O art. 300 do CPC dispõe acerca da contestação:

Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, to-da a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especifi-cando as provas que pretende produzir.

O princípio da concentração (ou princípio da eventua-lidade) determina que o réu deve, em sede de contesta-ção, alegar toda a matéria de defesa, tanto processual, quanto de mérito.

Não há possibilidade, como ocorre no processo pe-nal, de aguardar um momento mais propício para expor as teses de defesa. No processo civil é necessário que o réu deduza todas as matérias de defesa que serão utili-zadas na própria contestação.

Dessa forma, ressalta-se a grande importância da contestação para a defesa do réu, pois este é o momen-to oportuno para que o mesmo possa alegar todas as suas razões, sob pena de não poder mais se utilizar de

determinados argumentos de defesa que não foram alegados em sede de contestação. www.jurisway.org.br.

Trata-se da modalidade processual de resposta mais comum, pois é através da contestação que o réu impugna o pedido formulado pelo autor da ação, defendendo-se no plano do mérito. Essa defesa pode ser (i) direta (quando o fato constitutivo do direito alegado pelo autor ou os efeitos jurídicos por ele produzidos são negados) ou (ii) indireta (quando o réu argúi um novo fato, modificativo, impeditivo ou extintivo do direito alegado pelo autor).

É portanto uma das modalidades de resposta, junto

com a reconvenção e as exceções. No entanto, é através da contestação que o réu apresentará defesa sobre o próprio mérito da ação, razão pela qual, caso não apresentada, tornar-se-á revel o réu naquela ação. Assim, caso a contestação não seja apresentada no prazo legal, ocorrerá a revelia, presumindo-se verdadeiros (presunção relativa) os fatos alegados pelo autor na petição inicial.

Prazo

O prazo para que o réu ofereça contestação ao pleito autoral é, em regra, de 15 dias a contar da juntada aos autos do mandado de citação cumprido. Assim, após o réu ser citado, o mandado de citação será juntado aos autos do processo e, a partir dessa data, começará a correr o prazo para apresentação de contestação.

Reconvenção

Reconvenção é um instituto de direito processual,

pelo qual o réu formula uma pretensão contra o autor da ação.

No processo de rito ordinário o réu pode, dentro do prazo para contestar, formular uma pretensão contra o autor da ação.

Nos processos que seguem o rito sumário, ou sumaríssimo (Juizados Especiais, Lei nº 9.099/95) não há reconvenção. Nestes casos, a pretensão do réu se da na própria ação, por meio de pedido contraposto.

Ou seja, a reconvenção ocorre quando o réu processa o autor,no prazo de defesa.

Conceito e justificação sistemática

Reconvenção é a demanda de tutela jurisdicional pro-posta pelo réu em face do autor, no processo pendente entre ambos e fora dos limites da demanda inicial. Com ela, o réu introduz no processo uma nova pretensão, a ser julgada em conjunto com a do autor. Menos tecnica-mente, diz-se também que ela seria uma ação dentro da ação; e realmente a reconvenção é ato de exercício do direito de demandar, dentro do mesmo processo em que o autor vem exercendo o seu próprio.

Ela e a demanda inicial reúnem-se em um processo só, cujo objeto se alarga em virtude do pedido do réu, sem que se forme um novo processo. No processo com reconvenção ocorre um dos possíveis casos de objeto do processo composto, em que duas pretensões se põem perante o juiz para que ele se pronuncie afinal sobre ambas, concedendo ou não a tutela jurisdicional pedida pelo autor e concedendo ou não a pedida pelo réu que reconveio. A estrutura complexa do objeto não compro-mete a unidade do processo, o qual prossegue sendo um só, ampliado quanto ao objeto.

Page 11: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 11

Eis, em síntese, os elementos da definição: a) nova demanda, proposta pelo réu; b) objeto distinto do objeto da demanda do autor; c) consequente alargamento do objeto do processo; c) unidade do processo e não pro-cesso novo.

A reconvenção é uma das técnicas com que o legisla-dor procura otimizar a eficiência do processo como ins-trumento para a tutela jurisdicional - porque, em vez de preparar e produzir uma só tutela, esse processo se dis-põe a produzir duas, com maior proveito útil. Nada impe-de o réu de propor sua demanda em separado, dando então origem a um novo processo, mas pela via da re-convenção ele o faz de modo mais econômico, evitando a duplicação de atos instrutórios; mais rápido, porque não lhe serão impostas as demoras do segundo processo; e mais seguro, evitando o risco de decisões conflitantes porque, à luz de uma só instrução, as duas demandas serão julgadas em uma sentença só (art. 318).

A reconvenção e um instituto que em si mesmo cons-titui repúdio à perniciosa ideia do processo civil do autor, que é a postura metodológica consistente em direcionar todo o processo e realizar todos os seus atos com vista à satisfação deste - como se o autor tivesse sempre razão e suas razões de pressa ou urgência fossem sempre mais dignas que as do réu.

Ela impõe àquele uma espera um pouco maior e pode criar embaraços à sua pretensão, mas isso é feito em nome da maior eficiência da Justiça e da dignidade do sistema processual. A reconvenção potencia o resultado social de pacificação a ser obtido mediante o processo, o que é seguro fator de sua legitimidade entre as institui-ções do processo civil de resultados.

A reconvenção como resposta e como demanda

A reconvenção e uma das possíveis respostas do réu à demanda inicial e como tal arrolada no art. 297 do Có-digo de Processo Civil. Seu conteúdo e finalidade são os de uma demanda de provimento jurisdicional, cuja apre-sentação em juízo repercute depois no conteúdo da sen-tença de mérito a ser proferida, a qual lhe dedicará um capítulo específico e relativamente autônomo em relação ao que decide sobre a demanda do autor. A disciplina e o correto entendimento da reconvenção giram em torno desse binômio que a caracteriza, sendo ela ao mesmo tempo uma resposta e uma demanda.

Eis por que, sem conceitos maduramente definidos, a doutrina mais antiga referia-se a ela como uma ação dentro da ação e também a punha em confronto com a demanda inicial, falando de um suposto binômio ação e reconvenção. Ação dentro da ação é um absurdo termi-nológico, porque um poder de agir não pode estar dentro de outro poder de agir; ela é uma demanda dentro do processo pendente, colocada ao lado de uma outra de-manda já proposta antes.

Distinguir entre ação e reconvenção é igualmente im-próprio porque, tanto quanto a inicial do autor, também a reconvenção é uma ação (ou, mais corretamente, uma demanda). Nem é adequado contrapor a reconvenção à ação principal, porque ela é autônoma e não acessória à inicial. Mas o próprio Código de Processo Civil incorre nessas imprecisões, tolhido por maus costumes verbais que prejudicam o bom entendimento do instituto (arts. 315, 317 e 318).

Como resposta, a reconvenção é uma das possíveis reações do réu ao estímulo externo consistente na pro-

positura da demanda inicial pelo autor, cujo conhecimen-to lhe chegou mediante a citação. Ela é urna resposta sem finalidade defensiva, mas sempre uma resposta; é um contra-ataque, não uma defesa. O réu que responde reconvindo já se faz atuante no processo, exercendo faculdades e poderes inerentes à condição de parte; parte ele já era desde a citação, mas ao reconvir toma-se uma parte participante do contraditório (ainda quando não haja oferecido contestação). Ao demandante que recon-vém dá-se o nome de réu-reconvinte, chamando-se au-tor-reconvindo o seu adversário.

Corno demanda, a reconvenção terá a natureza que seu conteúdo lhe atribuir. Mediante ela pode-se trazer ao juízo a pretensão a uma sentença de qualquer espécie - constitutiva, condenatória ou meramente declaratória - sem que haja uma necessária correlação entre a nature-za da sentença pedida em reconvenção e a que o autor pedira na inicial (mas é necessária alguma conexidade: art. 315). A própria ação declaratória incidental, quando proposta pelo réu, chega ao juízo pela via da reconven-ção.

Sendo a reconvenção uma demanda, dela pode o réu-reconvinte desistir, seja integralmente, seja para excluir apenas algum dos reconvindos; a desistência dependerá sempre da anuência do excluído ou de todos, conforme o caso.

Assim colocada, a reconvenção é mera faculdade que o sistema processual oferece ao réu, podendo ele propor sua demanda em termos de resposta ou omitir-se naque-le momento, caso prefira propô-la depois, fora do proces-so em que foi citado - sem que com isso fique prejudica-do seu direito de ação e, muito menos, o direito que ti-vesse ao bem da vida pretendido.

Pressupostos gerais e especiais

A reconvenção é regida por requisitos de duas or-dens, referentes às duas faces de sua conceituação. Como exercício do direito de demandar em juízo e direito ao processo, sujeita-se aos pressupostos gerais de ad-missibilidade da tutela jurisdicional; como espécie de resposta do réu, ela se rege por requisitos próprios, refe-rentes (a) às hipóteses em que se admite inserir no pro-cesso a demanda do réu e (b) às circunstâncias formais desse ato.

Em resumo, são pressupostos da reconvenção (I) as condições da ação e os normais requisitos exigidos para a correta propositura da demanda e (u) os requisitos próprios a esse modo de demandar em juízo, os quais serão relacionados (a) com a possibilidade de propor a demanda em via reconvencional e (b) com os aspectos formais dessa propositura. Depois, no curso do processo é indispensável que se realizem os atos normais de dis-cussão em contraditório, que a prova seja produzida segundo as regras ordinárias etc., só sendo admissível o julgamento da reconvenção, pelo mérito, se estiverem presentes todos os pressupostos a que ele é ordinaria-mente condicionado.

Pressupostos gerais

Logo ao deduzir sua reconvenção no processo, é in-dispensável que o réu-reconvinte esteja amparado pelo dúplice requisito das condições da ação e dos pressupos-tos processuais relacionados com sua capacidade e correta representação por advogado.

Page 12: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 12

A demanda reconvencional deve ser redigida segundo as exigências do art. 282 do Código de Processo Civil e estar acompanhada dos documentos indispensáveis (art. 283) etc. - enfim, como demanda de tutela jurisdicional que é, a reconvenção deve vir amparada por todos os requisitos referentes à correta propositura da demanda e demais pressupostos ordinariamente exigidos em relação à demanda inicial do processo. As condições da ação reconvencional medem-se segundo os metros ordinários e sempre em relação à nova causa proposta por essa via, sem qualquer influência da mera circunstância de essa demanda ser trazida como resposta.

A demanda do réu-reconvinte deve ser juridicamente possível, o provimento jurisdicional pedido deve ser po-tencialmente apto a proporcionar uma efetiva melhora em sua esfera de direitos (interesse de agir) e tanto ele como o autor-reconvindo precisam estar em urna legítima rela-ção de adequação com a causa proposta (legitimidade ad causam ativa e passiva).

Todos esses pressupostos são os mesmos a que o réu-reconvinte estaria sujeito se houvesse optado por ajuizar sua demanda separadamente, em caráter autô-nomo, fora do processo em que foi citado (e não como resposta à citação). Faltando algum pressuposto proces-sual, a propositura da demanda reconvencional não está correta e, tanto quanto a petição inicial do processo, sujeita-se ao indeferimento. Idem, se faltar alguma condi-ção da ação. Não indeferida a petição que reconvém, ainda assim o juiz continua fiscalizando a presença dos pressupostos para o julgamento do mérito, excluindo do processo o objeto da reconvenção quando for o caso (art. 267).

Pressupostos especiais: a conexidade

O mais destacado pressuposto específico da deman-da reconvencional é sua conexidade com a demanda inicial ou com os fundamentos da defesa que o próprio réu-reconvinte formula em contestação ("o réu pode re-convir ao autor no mesmo processo, toda vez que a re-convenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa": art. 315 CPC).

A conexidade com a inicial, como a mais ampla das modalidades das relações entre demandas, poderá ser em razão do pedido ou da causa de pedir (art. 103), mas nem uma nem outra deve ser levada a extremos de exi-gência, sob pena de inviabilizar-se o próprio instituto da reconvenção.

"Deve ter-se por suficiente para satisfazer o requisito do art. 315 o vínculo, ainda que mais tênue, existente entre as duas causas" (Barbosa Moreira).

O petitum deduzido em reconvenção precisa inserir-se no mesmo contexto jurídico-substancial em que se situa o do autor, como será o do marido, réu em processo de anulação de casamento, que reconvém para pedir a separação judicial; ou o do comprador que, em reconven-ção a um pedido de condenação pelo preço, pede a anu-lação do contrato de compra-e-venda.

O pedido reconvencional não será o contraposto do pedido formulado pelo autor, porque para tanto não seria necessária a reconvenção - sabendo-se que a rejeição da demanda (improcedência) já é em si mesma concessão de tutela jurisdicional plena ao réu; não se admite, p.ex., reconvir em ação de investigação de paternidade, para pedir a declaração de que o réu não é filho do autor. Mas a reconvenção é admissível quando a improcedência da

demanda do autor não for suficiente para propiciar ao réu o bem a que ele aspira - p.ex., reconvir em ação de sepa-ração judicial, para pedir a mesma separação que em contestação o réu repele (mas por fundamentos distintos, obviamente). No último caso figurado, há pura conexida-de por identidade de pedidos.

A conexidade pela causa petendi, quer para o fim da reconvenção ou para outro qualquer, jamais se exige tão intensa que as duas demandas estejam rigorosamente amparadas pelos mesmos fundamentos, sem qualquer diferença. Basta a parcial identidade de títulos, seja para provocar a prorrogação da competência, autorizar a for-mação do litisconsórcio etc., seja para tornar possível a reconvenção; considera-se satisfatoriamente configurada a hipótese de comunhão de causas de pedir, para qual-quer desses efeitos, quando o juiz, para decidir sobre as duas ou várias demandas propostas, tiver de formar con-vicção única sobre os fundamentos de ambas, ou de todas.

O grau de convergência dos fundamentos é ainda menos intenso quando se trata de reconvenção, bastan-do alguma razoável ligação entre as duas causas para que o juiz, ao julgar o pedido reconvencional, sinta-se de algum modo influenciado pelo julgamento da demanda inicial ou vice-versa. Se o autor pediu a condenação do réu a cumprir uma cláusula contratual, a reconvenção do réu será satisfatoriamente conexa com a demanda inicial se trouxer o pedido de condenação daquele a cumprir uma obrigação posta a seu cargo pelo mesmo contrato.

A conexidade com os fundamentos da defesa é mais íntima do que a conexidade com os da demanda inicial, chegando quase ao ponto de uma coincidência completa, porque de uma só alegação o réu extrai duas conse-quências jurídicas - uma defensiva e outra, reconvencio-nal. O réu de uma demanda de condenação a pagar dinheiro defende-se em contestação, alegando compen-sação do suposto crédito do autor com outro seu, tam-bém positivo e líquido (CC, art. 1.009);' enquanto ele se limitasse a opor esse fato apenas em defesa, o máximo que poderia postular seria a improcedência da demanda do autor, mas, reconvindo, ele pedirá a condenação des-te a pagar-lhe o saldo que afirme existir a seu favor. Os fundamentos chegam a ser praticamente idênticos na contestação e na reconvenção, mas as conclusões, dife-rentes.

O mesmo fato alegado como extintivo na contestação em que o réu afirma não mais existir o direito do autor, na reconvenção pode ser fato constitutivo do direito afirmado pelo réu. Essa é apenas uma das combinações possí-veis, todas apoiadas na premissa de que nenhum fato é por sua própria natureza constitutivo, impeditivo, modifi-cativo ou extintivo de direitos - dependendo sempre do modo como ele é invocado em cada caso concreto (Mi-cheli).

Requisitos formais específicos

Como resposta à demanda inicial, a reconvenção é sujeita à propositura no prazo de quinze dias a contar da citação consumada (art. 297), observados os preceitos contidos nos incisos do art. 241 do Código de Processo Civil. Esse prazo é elevado ao quádruplo para o Ministé-rio Público e Fazenda Pública, embora o art. 188 seja explícito somente na concessão desse grande beneficio para contestar (interpret. STJ); e conta-se em dobro para os litisconsortes passivos representados pelo mesmo advogado e para os beneficiários da assistência judiciá-

Page 13: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 13

ria, quando defendidos por uma defensoria pública ou órgão assemelhado (CPC, art. 191; lei n. 1.060, de 5.2.50, art. 5

o, § 5

o).

A petição inicial da reconvenção é dirigida ao juiz da causa em que o réu foi citado (art. 282, inc. I), o qual é funcionalmente competente para a reconvenção. Ela deve ser redigida em peça separada da contestação, como dispõe o art. 297 do Código de Processo Civil e é de toda conveniência para maior clareza e evitar tumul-tos; mas a inobservância dessa exigência constitui mera irregularidade formal que não prejudica nem conduz à nulidade do ato (art. 250) - sempre que não dê causa a mal-entendidos (é preciso deixar claro onde termina uma resposta e principia a outra).

Espécies de processos e tipos de procedimento

A reconvenção, como demanda de tutela jurisdicional mediante sentença, é ato específico do processo de co-nhecimento de jurisdição contenciosa. Não se admite no executivo nem no monitório, onde sentença de mérito não existe, nem no cautelar, que não tem a finalidade de propiciar diretamente a tutela jurisdicional plena (meras medidas de apoio ao processo principal); nem é admissí-vel nos processos de jurisdição voluntária, que não têm por objeto uma pretensão a ser satisfeita mediante sacri-fício de interesse alheio.

Admite-se a reconvenção em ação rescisória, desde que ela também contenha um pedido de rescisão da mesma sentença ou acórdão (capítulo de sentença diver-so daquele impugnado pelo autor da primeira rescisória). Não se admite no processo de liquidação de sentença, que com ela ou sem ela terminará com a declaração do quantum devido, sem a menor necessidade de reconvir; nem nos embargos à execução, porque eles se limitam a discutir a própria execução, o título executivo ou o crédito em sua aptidão a proporcionar a tutela executiva. Tam-bém não se reconvém nos processos das chamadas ações dúplices, onde por via mais singela se obtém o mesmo resultado da reconvenção. "É admissível recon-venção em ação declaratória" (Súmula 258 STF).

Seu campo mais propício é o procedimento ordinário, sendo a reconvenção vedada no sumário (art. 278, § 1

o)

e nos processos perante os juizados especiais cíveis (LJE, art. 31).

Na enorme casuística existente na jurisprudência atu-al sobre a admissibilidade da reconvenção (Theotônio Negrão) não está mais presente, como no passado, a pura e simples negativa em relação aos procedimentos especiais, só porque especiais. É legítimo excluí-Ia quan-do houver incompatibilidade entre ela e a estrutura do procedimento (falência, inventário), quando ela for inócua em virtude da admissibilidade de pedido contraposto ou quando a natureza substancial da causa não comportar a contra-ação do réu (conversão da separação judicial em divórcio: lei n. 6.515, de 26.12.77, art. 36); mas, salvo essas situações, a tendência dos tribunais é admitir a reconvenção mesmo em processos especiais.-Não há qualquer incompatibilidade procedimental nos procedi-mentos que se convertem em ordinário a partir da respos-ta.

Ações dúplices

Em algumas espécies de litígios ou tipos de procedi-mento a lei permite que o réu, em contestação, formule pedido contraposto ao do autor, destinado a obter para si urna tutela jurisdicional fora dos limites do pedido feito

por este. Tais são os chamados judicia duplicia, nos quais a própria contestação amplia o objeto do processo e torna absolutamente inócua eventual reconvenção - a qual, nessas causas, só terá utilidade quando veicular pedido de declaração incidente.

Não existe qualquer diferença funcional entre o pedi-do contraposto e a reconvenção. A diferença que existe é meramente formal e pouco mais que nominal, porque o resultado a que ambos conduzem é o mesmo: ampliação do objeto do processo pela introdução de mais um pedi-do, necessidade de dar ao autor oportunidade para im-pugnar o novo pedido, instrução conjunta, sentença úni-ca. A razão da inadmissibilidade da reconvenção nesses processos é sua absoluta incapacidade de proporcionar ao réu algum beneficio maior do que aquele que pode ser obtido mediante aquela iniciativa mais simples e menos formal, afirmada pela lei corno adequada e admissível em alguns casos bem identificados (falta o interesse-necessidade).

A ideia dos pedidos contrapostos simultâneos está presente no art. 17 da Lei dos Juizados Especiais (lei n. 9.099, de 26.9.95) e conta com o respaldo de prestigio-sas legislações estrangeiras. Na França o nouveau côde de procédure civile admite a requête conjoirrte, análoga ao que existe no processo dos juizados especiais, a qual vem ali definida como "o ato comum pelo qual as partes submetem ao juiz suas respectivas pretensões e os pon-tos sobre os quais estão em desacordo, bem como os respectivos meios de prova" (art. 57).

No côde judiciaire belga o art. 706 consagra dispositi-vo análogo. Em Portugal, o dec-lei n. 211, de 14 de junho de 1991 instituiu a petição conjunta, de declarada inspira-ção gaulesa. No sistema do Código de Processo Civil brasileiro, conquanto não haja o instituto da petição con-junta (pedidos contrapostos simultâneos), o pedido con-traposto deduzido em contestação produz resultados práticos análogos. Trata-se do pedido contraposto ulteri-or, também presente no sistema dos juizados cíveis (lei n. 9.099, de 26.9.95, art. 31).

São casos de ações dúplices no direito brasileiro: a) todas as causas que se processam pelo rito sumário (art. 278, § 1

o); b) a ação de consignação em pagamento e a

de prestação de contas, onde cabe ao juiz condenar o próprio autor a pagar ao réu o saldo eventualmente apu-rado contra ele (arts. 899, § 2

o e 918); c) as ações pos-

sessórias, nas quais se permite ao réu pedir proteção possessória em contestação, mediante alegação de ter sido ele ofendido em sua posse (art. 922); d) a ação de desapropriação, onde cabe ao juiz fixar afinal o valor a ser pago, ainda que acima do oferecido pelo exproprian-te, desde que em contestação o expropriado haja impug-nado a oferta (dec-lei n. 3.365, de 21.6.41, arts. 20 e 24); e) nos processos dos juizados especiais cíveis, nos quais são expressamente autorizados os pedidos contrapostos (lei n. 9.099, de 26.9.95, art. 31).

Mas a reconvenção não deve ser pura e simplesmen-te indeferida, quando for o caso de formular pedido con-traposto. Seu formalismo é muito maior que o deste e dessa mera irregularidade formal não decorre prejuízo para o adversário (arts. 244, 294, § 1

o e 250); nessas

hipóteses, cumpre ao juiz conhecer do pedido formulado em reconvenção como mero pedido contraposto, sem negar-lhe julgamento. O contrário não é admissível, ou seja, conhecer de pedido contraposto deduzido em con-testação, fora dos casos estritos em que a lei o admite.

Page 14: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 14

Reconvenções sucessivas

As hipóteses de admissibilidade de cumular recon-venções sucessivas no mesmo processo são improváveis e raras, mas não excluídas a priori pelo sistema do pro-cesso civil. É admissível formular reconvenção contra a reconvenção quando o autor-reconvindo tiver, por sua vez, uma pretensão conexa à reconvencional do réu ou aos fundamentos da defesa oposta a esta (art. 315) - mas desde que a nova demanda a propor não seja portadora de uma pretensão que ele poderia ter cumulado na inicial e não cumulou.

Impedir de modo absoluto a nova reconvenção signifi-caria restringir as potencialidades pacificadoras do pro-cesso, em situações nas quais ele se mostra capaz de produzir uma tutela jurisdicional mais ampla; mas permitir que o autor reconviesse trazendo matéria que não é nova porque já poderia ter sido objeto da primeira iniciativa processual, significaria negar o valor da estabilização da demanda, legitimamente imposta pela lei (arts. 264 e 294). Daí o equilíbrio entre (a) a autorização, nos termos do art. 315, e (b) a restrição proibitiva de cumular depois o que teria sido possível cumular antes.

O réu reconvém em um processo com pedido pecuni-ário, alegando compensação e pedindo condenação do autor-reconvindo, pelo saldo. Fundamento da reconven-ção: a prestação de serviços ao autor. Reconvém tam-bém este depois, alegando por sua vez que os serviços foram mal prestados e causaram danos, para pedir a condenação do réu também por estes. Essa segunda demanda do autor não é conexa à sua primeira e não havia razão, ou talvez sequer interesse, em propô-la antes; por isso é admissível, porque é conexa à defesa que o autor-reconvindo apresentou à reconvenção.

Mas (segunda hipótese): o autor pedira a condenação do réu a cumprir uma cláusula contratual, este reconveio para pedir que o autor fosse condenado a cumprir outra e o autor volta a reconvir pedindo a condenação do réu por uma terceira cláusula. Essa é uma demanda que poderia ter sido cumulada desde o inicio e, portanto não pode ser acrescida ao processo mediante reconvenção sucessiva.

Reconvenção subjetivamente ampliativa ou restri-tiva

A dicção do art. 315, onde está escrito que o réu pode reconvir ao autor, dá a falsa impressão de que as partes da demanda reconvencional deveriam ser, necessária e rigorosamente, as mesmas da demanda inicial, sem po-derem ser mais nem menos numerosas que estas. Antigo doutrinador brasileiro disse que "não cabe a reconvenção quando nela não se verificar a identidade de pessoas" (Jorge Americano) e essa frase foi tomada pela doutrina mais recente como portadora de um "princípio segundo o qual a reconvenção deve ser movida pelo réu do proces-so principal contra o seu autor", sem acréscimos nem reduções (Clito Fornaciari Jr.) - ou seja, sete ser possível introduzir pela reconvenção um sujeito a mais ou propor reconvenção que não envolva todos os autores e todos os réus.

"Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem" (art. 315, par.). Essa redação é confusa e incompreensível, porque (a) quem demanda em nome de outrem não é autor, mas representante, sabendo-se que representante não é parte; b) o réu não pode, em seu próprio nome ou no nome de quem quer que seja, reconvir ao represen-

tante do autor. O que se extrai do estranho palavreado do parágrafo é o princípio da identidade bilateral das partes, pelo qual se exige que na reconvenção estas sejam a-presentadas na mesma qualidade em que figuram na demanda inicial (Amaral Santos). Não se admite recon-venção que não tenha no pólo ativo o réu nem no passi-vo, o autor.

Não há na lei, contudo, nem na boa razão, qualquer disposição ou motivo que impeça (a) a reconvenção mo-vida em litisconsórcio pelo réu e mais uma pessoa estra-nha ao processo (litisconsórcio ativo na reconvenção); b) reconvir ao autor e mais alguma pessoa estranha (litis-consórcio passivo na reconvenção); c) reconvir um dos litisconsortes passivos, isoladamente, sem a participação de seus colitigantes; d) reconvenção dirigida só a um dos litisconsortes ativos do processo pendente. Ao contrário, fortes razões existem para admitir essas variações, que alimentam a utilidade do processo como meio de acesso à tutela jurisdicional justa e efetiva.

A admissibilidade da reconvenção subjetivamente ampliativa é expressão da legítima tendência a universa-lizar a tutela jurisdicional, procurando extrair do processo o máximo de proveito útil que ele seja capaz de oferecer. É ditame do princípio da economia processual a busca do máximo de resultado na atuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades processuais (Cintra-Grinover-Dinamarco).

As possíveis demoras que a ampliação subjetiva pos-sa causar não são suficientes para afastar sua admissibi-lidade, porque o processo não tem a destinação de ofe-recer tutela rápida ao autor a todo custo mas, acima dis-so, a de realizar a pacificação social mais ampla possível; invocar a urgência do autor como fundamento da recusa às reconvenções ampliativas é filiar-se inconscientemen-te às superadas premissas do processo civil do autor; é também, em última análise, negar a utilidade do próprio instituto da reconvenção. Onde houver mais benefícios sociais de pacificação, nada terá de ilegítimo urna razoá-vel espera a mais.

Demandado por alguém e sendo titular de uma pre-tensão conexa, fundada em atos praticados pelo autor e seu cônjuge, para reconvir o réu tem necessidade de incluir o marido e a mulher - porque nesses casos é ne-cessário o litisconsórcio entre eles (art. 10 º, § 1º). Não podendo ampliar a relação processual, ele ficaria privado do direito à reconvenção; e isso sucederia em todos os casos de litisconsórcio necessário na demanda recon-vencional, não o sendo em relação à do autor.

A reconvenção subjetivamente menos ampla (restriti-va) é autorizada, acima de tudo, pela garantia constitu-cional da liberdade, em decorrência da qual nemo ad agere cogi potest. Não seria legítimo pôr o réu numa situação em que devesse escolher entre reconvir em relação a todos os autores e não reconvir; nem obrigar todos os réus a reconvir, sob pena de um deles não po-der fazê-lo isoladamente, quando em relação à demanda reconvencional o litisconsórcio não seja necessário. As reconvenções restritivas não têm sequer o inconveniente de retardar a marcha do processo, mais que qualquer outra reconvenção.

É admissível reconvir sem contestar

Para a admissibilidade da reconvenção não e neces-sário que o réu também conteste a demanda inicial. Es-sas duas modalidades de respostas são relativamente

Page 15: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 15

independentes entre si e têm finalidades e configurações distintas; cada uma delas se apresenta estruturada se-gundo seu próprio objetivo, desenvolvendo fundamentos e deduzindo demandas que não são coincidentes em ambas nem ligadas por uma necessária relação lógica.

Sabido que a reconvenção ou se liga por conexidade à demanda inicial, ou aos fundamentos da defesa (art. 315), é óbvio que sem contestar o réu não terá essa segunda possibilidade; mas, quando conexa à demanda inicial do autor, ela pode perfeitamente ser capaz de propiciar a tutela jurisdicional postulada pelo reconvinte, ainda que também aquela possa vir a ser acolhida como procedente. Deixar de contestar aquela pode até ser um louvável comportamento ético do réu que não tenha ra-zões para resistir ao pedido do autor, mas as tenha para demandar a tutela de seu interesse.

A admissibilidade da reconvenção desacompanhada de contestação é também assegurada pelo princípio constitucional da liberdade das partes, que estaria macu-lado se se exigisse do réu a apresentação de uma, para que a outra pudesse ser admitida. Sem disposição legal em contrário e sem qualquer razão lógica ou ética que a impeça ou desaconselhe, é inegável essa admissibilida-de.

O réu que reconvém sem contestar não é revel, por-que a seu modo está ativo no processo e portanto não é merecedor do tratamento estabelecido no art. 322 do Código de Processo Civil. Se a reconvenção do réu que não contestou negar os fatos alegados na petição inicial, eles se tornam controvertidos no processo e, portanto, dependentes de prova, tanto quanto sucederia se tivesse sido apresentada a contestação: não se aplica o efeito da revelia ao reconvinte que não contestou.

Reconvenção e competência

A admissibilidade da reconvenção é condicionada à competência absoluta do juiz da causa pendente, para a demanda que o réu pretende inserir no processo. Tal é um reflexo da rigidez da competência absoluta, que não comporta prorrogações sequer por conexidade entre duas ou mais demandas. Por isso, não se admite a re-convenção quando o processo estiver pendente perante uma Justiça e a demanda do réu pertencer à competên-cia de outra: a competência de jurisdição tem fundamento em preceitos constitucionais e não pode ser derrogada pelas normas infraconstitucionais do Código de Processo Civil, que lhes são hierarquicamente subordinadas. Tam-bém por incompetência absoluta é inadmissível reconvir em ação rescisória, formulando pedido não-rescisório que não se inclua na competência originária do tribunal; nem se pode reconvir formulando demanda fundada em direito real sobre imóvel, em processo pendente local diferente do forum rei sitae (art. 95) etc.

Observada a competência absoluta, da conexidade existente entre a reconvenção e a causa pendente (seja com a demanda inicial, seja com os fundamentos da defesa) decorre a possibilidade de prorrogar a relativa (art. 102). Sem conexidade essa competência não se prorrogaria, mas também sequer a reconvenção seria admissível (art. 315). A regra contida no art. 109 do Códi-go de Processo Civil, pela qual é competente para a reconvenção o mesmo juiz da causa, harmoniza-se per-feitamente com essas disposições e sequer se poderia pensar em uma reconvenção proposta, processada e julgada em outro juízo (não seria uma reconvenção).

Procedimento

Recebida a petição portadora da reconvenção, o juiz faz anotar no distribuidor o seu ajuizamento (art. 253, par.) e manda intimar o autor-reconvindo na pessoa do defensor (art. 316), deixando explícito que a intimação é feita para o fim específico de responder a ela no prazo de quinze dias; esse é um dos raros casos em que no direito brasileiro se permite a citação endereçada ao advogado, sem que este disponha de poderes especiais (citação indireta).

O art. 316 do Código de Processo Civil emprega o verbo intimar e não citar, havendo vozes no sentido de que o caso é de citação e não intimação. Da citação, esse ato tem o efeito de transmitir ao demandado, que é o autor-reconvindo, a informação da propositura da nova demanda; mas não tem o de trazê-lo ao processo e fazê-lo parte, que ele já era antes. Fica-se portanto no campo puramente opinativo e conceitual, sem que no caso essa distinção terminológica tenha qualquer importância práti-ca (se citação, se intimação) porque toda citação traz consigo uma intimação e os tribunais exigem que essa intimação deixe claro o fim a que se destina - intimar a contestar a reconvenção no prazo de quinze dias.

O prazo ordinário para a resposta à reconvenção é de quinze dias (arts. 297 e 316) contados a partir da intima-ção feita ao advogado (ordinariamente pela imprensa), sendo quadruplicado para a Fazenda Pública e o Ministé-rio Público (art. 188) e duplicado para os litisconsortes representados por defensores diferentes (CPC, art. 191) e os beneficiários da assistência judiciária, quando de-fendidos por órgão específico (lei n. 1.060, de 5.2.50, art. 5º, § 5º).

A resposta à reconvenção pode consistir somente em contestação ou também, quando presentes os requisitos, outra reconvenção. A exceção de incompetência relativa é inadmissível nesse momento, porque (a) o autor-reconvindo não tem legítimo interesse em negar a com-petência do foro onde ele próprio propusera sua deman-da inicial e (b) quanto à demanda reconvencional, ou ela é conexa ao litígio pendente e por isso sujeita-se à com-petência do juiz da causa, ou não o é e então trata-se de inadmissibilidade da reconvenção e não incompetência para processá-la e julgá-la (art. 315). As exceções de suspeição ou impedimento do juiz são admissíveis como resposta à reconvenção, exclusivamente quando funda-das em razões pertinentes à causa reconvencional; cau-sas de recusa do juiz, preexistentes à propositura desta, já não podem ser alegadas pelo autor, por preclusão.

Oferecida ou não a resposta à reconvenção, ela se reputa integrada ao processo e ao procedimento e, jun-tamente com a contestação, segue os rumos ordinários deste - passando-se então à fase ordinatória, porque a postulatória estará consumada.

Não o diz a lei, mas sempre que houver necessidade o juiz dará oportunidade ao réu-reconvinte para que se manifeste sobre a resposta à reconvenção, tanto quanto a oferece ao autor para que diga sobre a contestação do réu (arts. 326, 327, 398).

Ao autor que não responde à reconvenção não se a-plica o efeito consistente em presumir verdadeiros os fatos alegados pelo reconvinte (art. 319), porque ele já manifestou seu interesse pela causa, tanto que propusera a demanda inicial; provavelmente, terá também fornecido sua versão dos fatos, colidentes com a trazida na recon-

Page 16: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 16

venção, dado que a conexidade é um dos requisitos des-ta (art. 302, inc. III).

Unidade de processo e autonomia da reconvenção

Embora ligadas por conexidade, a reconvenção e a causa originária são portadores de distintos pedidos de tutela jurisdicional, ou seja, o objeto do processo introdu-zido por aquela não é o mesmo posto por esta. Esses dois aspectos são importantes para a compreensão dos modos como, no sistema do Código de Processo Civil, são proferidos os julgamentos referentes a uma e a outra. Enquanto o art. 318 é consequência da conexidade entre inicial e reconvenção, o art. 317 reconhece a recíproca autonomia entre elas.

A unidade da sentença de mérito a ser proferida ao fim do processo com reconvenção, ditada pelo art. 318 do Código de Processo Civil, legitima-se na conexidade entre esta e o litígio originário, sendo natural que duas causas, reunidas em um processo só, sejam julgadas por uma só sentença - naturalmente, repartida esta em capí-tulos destinados a uma e a outra (infra, n. 1.226).

É absolutamente inadmissível cindir o julgamento de meritis, antecipando-se o da reconvenção ou o da primei-ra demanda e deixando o da outra para final; esse ato judicial de parcial julgamento do mérito seria nulo por infração ao art. 318 do Código de Processo Civil e aos próprios fundamentos do instituto da reconvenção, que convergem ao julgamento necessariamente conjunto de ambas as causas. O que pode suceder é que, por falta de pressupostos, o julgamento de uma delas não seja ad-missível - caso em que é dever do juiz proferir decisão interlocutória excluindo do processo uma delas, para que somente a outra prossiga.

A esse propósito, diz o art. 317 do Código de Proces-so Civil: "a desistência da ação ou a existência de qual-quer causa que a extinga não obsta ao prosseguimento da reconvenção". Esse enunciado apresenta no entanto somente um dos lados da realidade, porque também os impedimentos ao julgamento do mérito da reconvenção não obstam ao prosseguimento da causa proposta pelo autor na demanda inicial. Essas duas proposições consti-tuem expressão da autonomia da reconvenção, a qual não é outra coisa senão o reconhecimento de que ela se distingue da demanda principal, acima de tudo, pela di-versidade de objetos.

Como podem faltar pressupostos para o julgamento do mérito em relação ao objeto da ação sem que falte para o da reconvenção, ou vice-versa, é muito natural que eventual impedimento ao julgamento de uma não atinja o da outra. Eis um dos casos em que os fatores indicados pelo art. 267 do Código de Processo Civil como extintivos do processo não causam efetivamente essa extinção mas se limitam a impedir o julgamento de parte de seu objeto.

É uma decisão interlocutória, e não sentença, o ato judicial que no curso do procedimento declara inadmissí-vel o julgamento do mérito da demanda inicial e não o da reconvenção, ou vice-versa, determinando o prossegui-mento da outra. Ele não põe fim a processo algum mas limita-se a restringir o objeto do processo pendente (arts. 162, §§ 1

o e 2

o): exclui a reconvenção ou a demanda

inicial, mas o processo não se extingue. Consequente-mente, é de agravo e não de apelação o recurso adequa-do (art. 522).

A reconvenção não dá origem a um processo novo, como se existisse uma relação processual pertinente à demanda inicial do autor e outra, a ela. A unidade de processo é conceito elementar no trato de todos os casos de objeto do processo composto, seja por cúmulo de demandas na inicial, pela ocorrência do litisconsórcio, em virtude da oposição formulada por terceiro etc. Reduzir-lhe o objeto não significa extinguir processo algum, do mesmo modo como ampliar-lhe o objeto não é criar pro-cesso novo.

Quando a inadmissibilidade do julgamento do mérito de uma das demandas é pronunciada ao fim do procedi-mento, pela mesma sentença que julga o mérito da outra, essa sentença apresenta dois capítulos autônomos, cada um deles portador de seu próprio preceito; mas todos esses capítulos e seus preceitos estão contidos na uni-dade formal de uma sentença só, a qual tem o efeito processual de pôr fim ao processo embora distintos os julgamentos das duas demandas propostas.

O julgamento de uma delas pelo mérito terá os efeitos substanciais de uma sentença constitutiva, condenatória ou meramente declaratória, suscetíveis de imunização pela coisa julgada material; a declaração de inadmissibili-dade da outra é puramente terminativa e portanto não recebe tanta estabilidade. Mas, como o ato é um só, o recurso cabível é o mesmo em relação aos dois capítulos de sentença (apelação, art. 513), fluindo o prazo recursal segundo as regras ordinárias (art. 506 etc.). Cândido Rangel Dinamarco

Vista

De acordo com o princípio da publicidade dos atos processuais, é permitida a vista dos autos do processo em cartório por qualquer pessoa, desde que não tramite em segredo de justiça.

Alguns Juízes são demasiadamente rigorosos quanto ao exame de processos em cartório, por quem não seja parte ou seu advogado.

Um dos princípios fundamentais do processo é o princípio da publicidade dos atos processuais, insculpido no caput do artigo 155 do CPC.

A Lei restringiu essa publicidade, nos incisos I e II do citado artigo, apenas em situações de interesse público ou em que haja necessidade de preservação da intimi-dade, determinando que os processos nessas situações corram em segredo de justiça.

Assim, apenas para esses processos, em que o inte-resse social ou a defesa da intimidade exigem, há a restrição de consulta aos autos prevista no parágrafo único do citado artigo.

Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:

I - em que o exigir o interesse público;

Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separa-ção dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimen-tos e guarda de menores.

Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurí-dico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.

Page 17: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 17

Autorização para exame e retirada de processo de secretaria

Nº DE PROCESSO: VARA: AUTOR: RÉU: Fica o advogado Fulano de tal, nacionalidade, estado civil, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o número XXXX/UF, autorizado pelo advogado abaixo assinado a examinar e retirar os autos do processo em epígrafe nesta Vara, em seu nome, assinando li-vro de carga e demais instrumentos necessários, desde que estejam disponíveis ou com publicação de vista. Nome do Advogado Nº da OAB

Advogado e direito de vista de processo

LUIZ CLÁUDIO BARRETO SILVA

Advogado: é cabível a negativa de vista de pro-cesso?

I. Introdução

O advogado tem direito de ter vista dos proces-sos administrativos ou judiciais em cartório, na re-partição ou, se preferir, retirá-los pelos prazos legais.

A afronta a esse direito configura abuso de autoridade e se constitui em atentado ao livre exercício de profissão regulamentada por lei federal. Ofende também a garantia Constitucional da ampla defesa e do contraditório. É que sem o manuseio dos autos não tem como o advogado saber do seu conteúdo e formular a adequada defesa. Por isso, ladeado esse direito, cabe impetração de man-dado de segurança contra a autoridade competente, bem como representação ao Ministério Público pelo nítido abuso de autoridade e cerceio da atividade lícita.

II. A legislação que interessa ao estudo

A matéria encontra-se disciplinada, dentre outros di-plomas legais, no artigo 7º, da Lei 8.906, como se extrai da dicção do mencionado dispositivo:

Art. 7º São direitos do advogado:

XV - ter vista dos processos judiciais ou administrati-vos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;‖

III. O posicionamento da doutrina

Sobre o assunto, chamando a atenção para ocorrên-cia de atentado ao livre exercício de atividade regula-mentada por lei federal na hipótese em exame, as opor-tunas considerações de Samuel Monteiro:

―ATENTADO AO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO, VIS-TA DOS AUTOS. ADVOGADO. (...). O embaraço, a recusa ou a dificuldade oposta pelo servidor público, ainda que a mando do seu chefe, representa abuso de autoridade, caracterizando-se ATENTADO AO EXERCÍ-CIO DA PROFISSÃO DE ADVOGADO, o que gera um processo criminal, cuja ação penal é pública e incondi-cionada, um processo administrativo e uma possível ação de responsabilidade civil contra todos os responsá-veis.

Assim, o delito de atentado decorre da recusa, da di-ficuldade ou do embaraço, que se traduz por uma resis-

tência não justificada em mostrar o processo, em delon-gar sua exibição, em retardar ou marcar vários dias a frente para exibi-lo, remarcar a data da exibição e atos afins, que demonstram evidente e ostensiva má vontade e firme propósito de impedir a vista do processo ou levar o advogado a desistir de vê-lo na repartição. A Lei Fede-ral nº. 8.027, de 12.04.90, em seus arts. 2º, I, V, ―a, X, 8º, proíbe tais atos, aos servidores federais.

O mais importante é que esses fatos ofendem a ga-rantia constitucional do contraditório pleno e amplo, pois pelas vias oblíquas se impede o exercício do direito de defesa ampla e irrestrita, uma vez que não examinado os autos do processo, se estará impedindo o advogado de formular defesa contra todos os pontos relevantes que interessem aos direitos do contribuinte ou do responsá-vel tributário.

Para fazer cessar o atentado ao exercício da profis-são de advogado, cabe impetração de mandado de se-gurança com pedido de liminar (...) contra o chefe da repartição onde se encontra o processo a ser examina-do, devendo tal impetração ser seguida de representa-ção ao Ministério Público competente‖.

IV. O posicionamento da jurisprudência

A jurisprudência, com relação ao direito do advogado de ter vista de processo administrativo é remansosa, principalmente no Superior Tribunal de Justiça.

Nesse sentido, precedente da relatoria da Ministra E-liana Calmon, com ementa nos seguintes termos:

―ADMINISTRATIVO – PROCESSO DISCIPLINAR – VISTA DOS AUTOS AO ADVOGADO – LEI 8.904/94, ESTATUTO DA OAB (art.7º, XV).

1. No curso do prazo para interposição do processo administrativo, o advogado do interessado tem o direito de, necessariamente, ter vista dos autos.

2. Óbice administrativo ou burocrático à consulta dos autos impede a fluência do prazo recursal, sob pena de cerceamento de defesa.

3. Mandado de segurança concedido‖.

É também o entendimento do Ministro Milton Luiz Pe-reira, em precedentes de sua relatoria, com as seguintes ementas:

―O advogado, indispensável à administração da justi-ça (art. 133, CF), tem direito assegurado de ter vista dos autos, como objetiva manifestação da sua atividade e louvação ao princípio da LIBERDADE DA PROFISSÃO‖.

―MANDADO DE SEGURANÇA - PROCESSUAL CI-VIL - DIREITOS DO ADVOGADO (ART. 89, XIV, LEI 4.215/63) –

ART. 5., LX, E 133, C. F. - ART. 40, I, CPC –

1. A publicidade dos atos jurisdicionais é avessa as dificuldades criadas, afugentando os impedimentos ao imprescindível exercício profissional do advogado, com obrigatória atenção aos legítimos interesses em causa (art. 5., lx, cf).

2. O advogado, indispensável a administração da jus-tiça (art. 133, Cc. F.), tem direito assegurado de ter vista dos autos, como objetiva manifestação da sua atividade e louvação ao principio da liberdade da profissão (LEI 4.215/63, ART. 89, I, XII, XIV, XVI, XVII E XVIII -; ARTS. 40, I E II, E 155, I E II, CPC).

Page 18: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 18

3. ―RECURSO PROVIDO‖.

V. Considerações finais

É predominante o entendimento, quer doutrinário, quer jurisprudencial, no sentido de que o advogado tem direito de ter vista de processo administrativo ou judicial nos moldes preconizados pela legislação disciplinadora da matéria. Esse direito não pode ser ladeado. A desa-tenção a esse preceito constitui atentado ao livre exercí-cio de atividade profissional regulamentada por lei fede-ral e cerceamento de defesa. A impetração de mandado de segurança contra o ato da autoridade coatora, como visto em numerosos precedentes, tem se mostrado como remédio jurídico eficaz. Além disso, podem e devem ser adotadas as demais medidas recomendadas pela doutri-na.

PROCEDIMENTOS GERAIS PARA UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROTOCOLO

1. OBJETIVO

Esta norma tem por objetivo equalizar os procedi-mentos gerais referentes à gestão de processos e cor-respondência, com a finalidade de criar bases para a implantação de sistemas informatizados unificados no âmbito a que se destina.

2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Para efeito desta norma, foram utilizados os seguin-tes conceitos e definições:

AUTUAÇÃO E/OU FORMAÇÃO DE PROCESSO - É

o termo que caracteriza a abertura do processo. Na formação do processo deverão ser observados os docu-mentos cujo conteúdo esteja relacionado a ações e ope-rações contábeis financeiras, ou requeira análises, in-formações, despachos e decisões de diversas unidades organizacionais de uma instituição.

CORRESPONDÊNCIA - É toda espécie de comuni-

cação escrita, que circula nos órgãos ou entidades, à exceção dos processos.

Quanto à natureza: A correspondência classifica-se

em interna e externa, oficial e particular, recebida e ex-pedida.

a) Interna e externa A correspondência interna é mantida entre as unida-

des do órgão ou entidade. A correspondência externa é mantida entre os órgãos

ou entidades da Administração Pública Federal. b) Oficial e particular A correspondência oficial é a espécie formal de co-

municação mantida entre os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal ou destes para outros órgãos públicos ou empresas privadas.

A correspondência particular é a espécie informal de comunicação utilizada entre autoridades ou servidores e instituições ou pessoas estranhas à Administração Públi-ca Federal.

c) Recebida e expedida A correspondência recebida é aquela de origem in-

terna ou externa recebida pelo protocolo central ou seto-rial do órgão ou entidade.

A expedição é a remessa da correspondência interna ou externa no âmbito da Administração Pública Federal.

DESAPENSAÇÃO - É a separação física de proces-

sos apensados. DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS - É a retirada de

peças de um processo, que poderá ocorrer quando hou-ver interesse da Administração ou a pedido do interessa-do.

DESMEMBRAMENTO – É a separação de parte da

documentação de um ou mais processos para formação de novo processo; o desmembramento de processo dependerá de autorização e instruções específicas do órgão interessado.

DESPACHO – Decisão proferida pela autoridade ad-

ministrativa em caso que lhe é submetido à apreciação; o despacho pode ser favorável ou desfavorável à preten-são solicitada pelo administrador, servidor público ou não.

DILIGÊNCIA – É o ato pelo qual um processo que,

tendo deixado de atender as formalidades indispensáveis ou de cumprir alguma disposição legal, é devolvido ao órgão que assim procedeu, a fim de corrigir ou sanar as falhas apontadas.

DISTRIBUIÇÃO - É a remessa do processo às unida-

des que decidirão sobre a matéria nele tratada. DOCUMENTO - É toda informação registrada em um

suporte material, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada épo-ca ou lugar.

De acordo com seus diversos elementos, formas e

conteúdos, os documentos podem ser caracterizados segundo o gênero, a espécie e a natureza, conforme descrito a seguir.

a) Caracterização quanto ao gênero Documentos textuais: São os documentos manuscri-

tos, datilografados ou impressos; Documentos cartográficos: São os documentos em

formatos e dimensões variáveis, contendo representa-ções geográficas arquitetônicas ou de engenharia. Ex.: mapas, plantas e perfis;

Documentos iconográficos: São documentos em su-porte sintético, em papel emulsionado, contendo ima-gens estáticas. Ex.: fotografias (diapositivos, ampliações e negativos fotográficos), desenhos e gravuras;

Documentos filmográficos: São documentos em pelí-culas cinematográficas e fitas magnéticas de imagem (tapes), conjugadas ou não a trilhas sonoras, com bitolas e dimensões variáveis, contendo imagens em movimen-to. Ex.: filmes e fitas vídeomagnéticas;

Documentos sonoros: São os documentos com di-mensões e rotações variáveis, contendo registros fono-gráficos. Ex.: discos e fitas audiomagnéticas;

Documentos micrográficos: São documentos em su-porte fílmico resultante da microrreprodução de imagens, mediante utilização de técnicas específicas. Ex.: rolo, microficha, jaqueta e cartão-janela;

Documentos informáticos: São os documentos pro-duzidos, tratados e armazenados em computador. Ex.:

Page 19: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 19

disco flexível (disquete), disco rígido (Winshester) e disco óptico.

b) Caracterização quanto à espécie Atos normativos: Expedidos por autoridades adminis-

trativas, com a finalidade de dispor e deliberar sobre matérias específicas. Ex.: medida provisória, decreto, estatuto, regimento, regulamento, resolução, portaria, instrução normativa, ordem de serviço, decisão, acórdão, despacho decisório, lei;

Atos enunciativos: São os opinativos, que esclarecem os assuntos, visando a fundamentar uma solução. Ex.: parecer, relatório, voto, despacho interlocutório;

Atos de assentamento: São os configurados por re-gistros, consubstanciando assentamento sobre fatos ou ocorrências. Ex.: apostila, ata, termo, auto de infração;

Atos comprobatórios: São os que comprovam assen-tamentos, decisões etc. Ex.: traslado, certidão, atestado, cópia autêntica ou idêntica;

Atos de ajuste: São representados por acordos em que a Administração Pública Federal, Estadual ou Muni-cipal - é parte. Ex: tratado, convênio, contrato, termos (transação, ajuste etc.) e,

Atos de correspondência: Objetivam a execução dos atos normativos, em sentido amplo. Ex: aviso, ofício, carta, memorando, mensagem, edital, intimação, exposi-ção de motivos, notificação, telegrama, telex, telefax, alvará, circular.

c) Caracterização quanto à natureza Documentos Secretos: São os que requerem rigoro-

sas medidas de segurança e cujo teor ou característica possam ser do conhecimento de servidores que, embora sem ligação íntima com seu estudo e manuseio, sejam autorizados a deles tomarem conhecimento em razão de sua responsabilidade funcional;

Documentos Urgentes: São os documentos cuja tra-mitação requer maior celeridade que a rotineira. Ex.: Pedidos de informação oriundos do Poder Executivo, do Poder Judiciário e das Casas do Congresso Nacional; mandados de segurança; licitações judiciais ou adminis-trativas; pedidos de exoneração ou dispensa; demissão; auxílio - funeral; diárias para afastamento da Instituição; folhas de pagamento; outros que, por conveniência da Administração ou por força de lei, exijam tramitação preferencial.

Documentos Ostensivos: São documentos cujo aces-so é irrestrito;

Documentos Reservados: São aqueles cujo assunto não deva ser do conhecimento do público em geral.

3. RECEBIMENTO, REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO

DE DOCUMENTOS

Ao receber a correspondência e proceder à abertura

do envelope, o protocolo setorial deverá observar: a) se está assinado pelo próprio remetente, por seu

representante legal ou procurador, caso em que deverá ser anexado o instrumento de procura-

ção; b) se está acompanhado dos respectivos anexos, se

for o caso; c) se contém o comprovante de recebimento, e provi-

denciar a respectiva devolução; d) se a correspondência será autuada ou não;

A seguir, tratar o documento conforme os procedi-mentos descritos abaixo, destinados à correspondência ou processo, conforme o caso.

Nenhuma correspondência poderá permanecer por mais de 24h (vinte e quatro horas) nos protocolos, salvo aquelas recebidas às sextas-feiras, véspera de feriados ou pontos facultativos.

4. PROCEDIMENTOS COM RELAÇÃO À COR-

RESPONDÊNCIA

a) Toda correspondência oficial expedida deverá con-ter, para sua identificação em sistema próprio, a espécie do documento e o órgão emissor, seguido da sigla da unidade, do número de ordem, destinatário, assunto e da data da emissão.

A correspondência oficial expedida será encaminha-da por intermédio do protocolo central do órgão ou enti-dade, por meio dos serviços da empresa de correios, ou utilizando-se de meios próprios para efetuar a entrega.

A correspondência oficial interna será encaminhada por intermédio do protocolo setorial;

Toda correspondência oficial expedida será acondi-cionada em envelope, contendo, no canto superior es-querdo, o nome, cargo, endereço do destinatário, a es-pécie e número da correspondência, bem como nome e endereço do remetente, a fim de, em caso de devolução, a empresa de correios o localize, conforme modelo a seguir:

Ex.: Ressalta-se que o documento oficial faz referên-cia ao cargo do destinatário e não à pessoa que o ocupa; portanto, quando um documento oficial for encaminhado para um destinatário que não ocupe mais o cargo, deve-rá ser aberto, para as providências cabíveis.

b) A correspondência particular não será expedida

pelas unidades de protocolo central ou setorial do órgão ou entidade.

A correspondência de caráter particular recebida pe-las unidades de protocolo central ou setorial deverá ser encaminhada diretamente ao destinatário.

c) Correspondência Recebida e expedida Correspondência Recebida A correspondência recebida será entregue no proto-

colo central de cada órgão ou entidade da Administração Pública Federal, para posterior distribuição.

Remetente Nome: Cargo ou função: Unidade: Órgão: Endereço: CEP: Espécie: nº. /Ano: Destinatário Pronome de tratamento Nome: Cargo ou função: Unidade: Órgão: Endereço: CEP: O protocolo central receberá a correspondência e ve-

rificará se o destinatário ou a unidade pertencem ou não ao órgão ou entidade; em caso negativo, devolverá a correspondência ao remetente, apondo o carimbo, e identificando o motivo da devolução.

Page 20: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 20

As unidades de protocolo central remeterão a corres-pondência lacrada, ao protocolo setorial da unidade à qual pertença o destinatário, controlando por meio de sistema próprio.

d) Correspondência Expedida O controle da expedição de correspondência caberá

ao respectivo protocolo setorial, responsável pela nume-ração, que deverá ser sequencial, numérico-cronológica e iniciada a cada ano.

O protocolo central do órgão ou da entidade manterá um controle da expedição de correspondência, a fim de informar aos usuários, sua localização, em tempo real.

5. PROCEDIMENTOS COM RELAÇÃO A PROCES-

SOS 5.1 AUTUAÇÃO OU FORMAÇÃO DE PROCESSO

5.3 JUNTADA

A juntada de processos será executada pelo protoco-lo central ou setorial da unidade correspondente, medi-ante determinação, por despacho, de seu dirigente.

5.3.1 JUNTADA POR ANEXAÇÃO

A juntada por anexação será feita somente quando houver dependência entre os processos a serem anexa-dos.

A dependência será caracterizada quando for possí-vel definir um processo como principal e um ou mais como acessórios.

Exemplos que caracterizam os processos principais e acessórios:

Processo Principal Processo Acessório Inquérito Administrativo ...................... Recurso contra

decisão de Inquérito Auto de Infração ...................... Defesa contra Auto de

Infração Aquisição de Material ...................... Prestação de

Contas Licença sem vencimentos ...................... Cancela-

mento de Licença Na juntada por anexação, as peças do conjunto pro-

cessado serão renumeradas a partir do processo aces-sório.

Se, na juntada por anexação, o processo acessório contiver ―TERMO DE RETIRADA DE PEÇA‖, na renume-ração do conjunto processado, permanecerá vago o lugar correspondente à peça desentranhada, devendo, no entanto, esta providência ser consignada expressa-mente no ―TERMO DE RESSALVA‖ a ser lavrado ime-diatamente após o ―TERMO DE JUNTADA‖.

A metodologia adotada para juntada por anexação é: a) Colocar em primeiro lugar a capa e o conteúdo do

processo principal; b) Retirar a capa do processo acessório, sobrepondo-

a à capa do processo principal e manter os processos sobre as duas capas, formando um único conjunto;

c) Renumerar e rubricar as peças do processo aces-sório, obedecendo a numeração já existente no principal;

d) Lavrar o ―TERMO DE JUNTADA POR ANEXA-ÇÃO‘ na última folha do processo mais antigo;

e) Anotar, na capa do processo principal, o número do processo acessório que foi juntado;

f) Registrar, em sistema próprio, a juntada por anexa-ção.

5.3.2 JUNTADA POR APENSAÇÃO

Observar, na juntada por apensação, a seguinte me-todologia:

a) manter superposto um processo ao outro, presos por colchetes ou barbante, conforme o número de pági-nas, ficando em segundo lugar o processo que contenha o pedido de juntada;

b) manter as folhas de cada processo com sua nume-ração original;

c) lavrar o ‗TERMO DE JUNTADA POR APENSA-ÇÃO‘ na última folha do processo mais antigo, o qual, no ato da apensação, ficará em primeiro lugar;

d) anotar na capa do processo que ficar em primeiro lugar o número do processo apensado;

e) Registrar, em sistema próprio, a juntada por apen-sação.

5.4 DESAPENSAÇÃO

Após a decisão final, os processos poderão ser de-sapensados no protocolo setorial da unidade onde se encontrarem.

A desapensação ocorrerá antes do arquivamento. A metodologia para a desapensação será: a) separar os processos; b) lavrar o ―TERMO DE DESAPENSAÇÃO‘ no pro-

cesso que solicitou a juntada; c) tornar sem efeito a anotação da capa do processo

feita à época da apensação; d) apor despacho de encaminhamento em cada pro-

cesso a ser desapensado; e) registrar em sistema próprio, a desapensação. A desapensação, bem como a juntada de processos,

serão executadas pelo protocolo central ou pelo setorial da unidade correspondente, mediante determinação, por despacho de seu dirigente.

5.5 DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS

A retirada de folhas ou peças ocorrerá onde se en-contrar o processo, mediante despacho prévio da autori-dade competente.

Sempre que houver retirada de folhas ou peças, la-vrar, após o último despacho, o ―TERMO DE DESEN-TRANHAMENTO‖.

Quando a retirada de folhas ou peças for a pedido de terceiros, usar o carimbo de desentranhamento de peça, onde consta o recibo da parte interessada.

O processo que tiver folha ou peça retirada conserva-rá a numeração original de suas folhas ou

peças, permanecendo vago o número de folha(s) cor-respondente(s) ao desentranhamento, apondo-se o ca-rimbo de desentranhamento.

É vedada a retirada da folha ou peça inicial do pro-cesso.

5.6 DESMEMBRAMENTO DE PEÇAS

A separação de parte da documentação de um pro-cesso, para formar outro, ocorrerá mediante despacho da autoridade competente, utilizando-se o ―TERMO DE DESMEMBRAMENTO‖, conforme metodologia a seguir:

a) Retirar os documentos que constituirão outro pro-cesso;

b) Apor o ―TERMO DE DESMEMBRAMENTO‖ no lo-cal onde foram retirado os documentos;

c) Proceder à autuação dos documentos retirados, conforme esta norma, renumerando suas páginas.

Page 21: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 21

5.7 DILIGÊNCIA

Quando o processo envolver pessoas ou instituições estranhas à Administração Pública Federal, será devolvi-do ao protocolo central do órgão ou da entidade, para que convoque o interessado afim de, no prazo máximo de trinta dias, cumprir a exigência.

A convocação do interessado para cumprir diligência não pertencente à Administração Pública Federal e será feita através de correspondência expedida pelo setor de comunicação do órgão ou entidade que a solicitar.

Vencido o prazo, sem o cumprimento da exigência, o órgão responsável anexará ao processo cópia da convo-cação expedida e o remeterá à instituição que determi-nou a diligência.

5.8 ENCERRAMENTO DO PROCESSO E ABER-

TURA DE VOLUME SUBSEQUÊNTE

5.8.1 O encerramento dos processos será: a) Por indeferimento do pleito; b) Pelo atendimento da solicitação e cumprimento

dos compromissos arbitrados ou dela decorrentes; c) Pela expressa desistência do interessado; d) Quando seu desenvolvimento for interrompido por

período superior a um ano, por omissão da parte interes-sada.

Os autos não deverão exceder a 200 folhas em cada volume, e a fixação dos colchetes observará a distância, na margem esquerda, de cerca de 2cm.

Quando a peça processual contiver número de folhas excedente ao limite fixado nesta norma, a partir do pró-ximo número, formar-se-ão outros volumes.

Não é permitido desmembrar documento, e se ocor-rer a inclusão de um documento que exceda às 200 folhas, esse documento abrirá um novo volume.

Ex: No caso de processo contendo 180 folhas, ao qual será incluído um documento contendo 50, encerrar-se-á o volume com 180 e abrir-se-á novo volume com o referido documento de 50 folhas.

O encerramento e a abertura de novos volumes se-rão efetuados mediante a lavratura dos respectivos ter-mos em folhas suplementares, prosseguindo a numera-ção, sem solução de continuidade, no volume subse-quente.

A abertura do volume subsequente será informada no volume anterior e no novo volume, da seguinte forma:

No volume anterior, após a última folha do processo, incluir-se-á ―TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLU-ME‖, devidamente numerado e no novo volume, proce-der conforme abaixo.

5.8.2 ABERTURA DO VOLUME SUBSEQUÊNTE No novo volume, logo após a capa, incluir-se-á

―TERMO DE ABERTURA DE VOLUME‖ devidamente numerado, obedecendo-se à sequência do volume ante-rior.

A abertura de um novo volume será executada dire-tamente pelo protocolo central ou setorial das unidades correspondentes, que deverão providenciar o preenchi-mento da nova capa, certificando a sua abertura e atuali-zando o sistema de protocolo correspondente. Os volu-mes deverão ser numerados na capa do processo, com a seguinte inscrição: 1º volume, 2º volume etc.

Documento encadernado ou em brochura, bem como os de grande volume, serão apensados ao processo com a colocação da etiqueta de anexo contendo o número do processo e a palavra ―anexo‖.

5.9 RECONSTITUIÇÃO DE PROCESSOS

Havendo desaparecimento ou extravio de processo, o servidor que primeiro tomar conhecimento do fato comu-nicará, à sua chefia, o ocorrido.

A autoridade administrativa que tiver ciência do fato promoverá a sua apuração imediata, mediante sindicân-cia ou processo administrativo disciplinar.

Independentemente das ações adotadas anterior-mente, o servidor responsável pela reconstituição do processo observará o seguinte procedimento:

a) Ordenar a documentação que caracterize a busca de localização do processo dentro de uma capa, junta-mente com o documento, pelo qual foi dado conhecimen-to à chefia, do desaparecimento ou extravio do processo;

b) Fazer representação ao chefe da unidade a que estiver jurisdicionado, a quem compete autorizar a re-constituição do processo;

c) Reconstituir o processo, resgatando as suas infor-mações e obtendo cópias de documentos que o constitu-íam;

M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX CONFERE COM O ORIGINAL Data: -------/--------/-------- Servidor d) Apor uma folha inicial informando que aquele pro-

cesso está sendo reconstituído, constando o número do processo, procedência, interessado e assunto e outras informações julgadas necessárias;

e) Atribuir nova numeração ao processo reconstituí-do;

f) Registrar, no sistema próprio, a ocorrência, citando o número do processo extraviado e o atual.

6. CARIMBOS

Os carimbos sugeridos nesta norma poderão ser emi-tidos por via informatizada, nos casos dos órgãos e enti-dades que utilizam sistemas próprios de protocolo, com medidas definidas pela conveniência de cada instituição, preservando as recomendações quanto às informações, conforme os exemplos a seguir.

6.1 CONFERE COM O ORIGINAL

O carimbo ―confere com o original‖ será utilizado para autenticar a reprodução do documento ou peças de pro-cesso, cujos originais são imprescindíveis à Administra-ção.

Esse carimbo tem a identificação do órgão ou entida-de onde o documento está sendo autenticado e os se-guintes campos a serem preenchidos:

a) data da autenticação; b) assinatura do servidor. Exemplo: 6.2 CONFERIDO

O carimbo ―conferido‖ será usado nas unidades de protocolo para registrar a quantidade de folhas ou peças inseridas no processo, quando da autuação.

Os campos próprios desse carimbo serão preenchi-dos com as seguintes informações:

a) quantidade de peças que constituem o processo; c) rubrica do servidor e sigla do órgão autuado. Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX CONFERIDO Processo autuado com ................................. peças(s). Data: -------/--------/--------

Page 22: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 22

Servidor 6.3 CONFIDENCIAL

O carimbo ―confidencial‖ será utilizado para facilitar a identificação do documento ou processo cujo teor so-mente será conhecido por servidor autorizado.

Usarão o carimbo ―confidencial‖, os servidores com-petentes para classificar o documento como tal.

Esse carimbo será aposto sobre o lacre do envelope que protege o documento ou processo, precedido da assinatura do servidor que o classificou.

As unidades de protocolo também usarão esse ca-rimbo após a autuação de documento classificado como ―confidencial‖, observados os procedimentos definidos nesta norma.

Exemplo: 6.4 DESMEMBRAMENTO

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX PROCESSO N.º: TERMO DE DESMEMBRAMENTO

Página(s) ______ a _______ retirada(s) por motivo de desmembramento. ________________ _____/_____/_____ Servidor Data CONFIDENCIAL 6.5 DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX PROCESSO N.º: TERMO DE DESENTRANHAMENTO

Em ......../......../......., faço a retirada do presente processo da(s) peça(s) nº.(s) ................................., por motivo de ................................... Servidor 6.6 DEVOLUÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA

O carimbo ―devolução de correspondência‖ será usa-do pelos órgãos e entidades, para comunicar ao serviço dos correios a não localização do interessado.

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX DESTINATÁRIO NÃO LOCALIZADO EQUÍVOCO NA ENTREGA MUDOU-SE OUTROS _______________________________ (INDICAR) DEVOLVIDO À ECT EM ______/______/______ ______________________________ SERVIDOR 6.7 EM BRANCO

Ao autuar um processo, apor o carimbo ―EM BRAN-CO‖, em páginas e espaços que não contenham infor-mações.

Exemplo: 6.8 NUMERAÇÃO DE FOLHA OU PEÇA

O carimbo de ―numeração de folha ou peça‖ será uti-lizado para registrar a inclusão de uma ou mais peças no processo.

Caberá ao protocolo central ou setorial do órgão ou entidade que inserir uma ou mais folhas, bem como peças no processo, fazer a aposição do carimbo de ―nu-meração de folha ou peça‖, preenchendo com os seguin-tes dados:

a) número da folha ou peça; b) rubrica do servidor que fez as anotações; O nome do órgão ou entidade deverá circundar o ca-

rimbo. Os órgãos ou entidades serão representados por abreviaturas, na palavra inicial, conforme detalhado a-baixo, seguido de seu EM BRANCO

Fls. ................... Rubrica ............ respectivo nome, constando, também, à volta do ca-

rimbo, a sigla da unidade específica que tenha autuado o processo ou inserido peças.

Exemplo: Agência – A. Fundação – F. Instituto – I. Ministério – M. Secretaria – S. Documentos de tamanho pequeno (Ex.: guias de de-

pósito bancário, DARF) serão colados no centro da pági-na do processo e carimbados de forma que o carimbo atinja seus cantos superiores direito e esquerdo, obser-vando para não prejudicar informações constantes do verso.

Exemplo: 6.9 NUMERADOR-DATADOR

O carimbo ―numerador-datador‖ será usado para re-gistrar, em ordem numérico-cronológica, os processos formados pelas unidades de protocolo.

Esse carimbo registrará, no processo, os seguintes elementos:

a) nome ou sigla da unidade administrativa responsá-vel pela autuação;

b) número do processo; c) data da autuação. Será opcional, a cada órgão, a utilização do carimbo

numerador-datador. 6.10 RESERVADO

xxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx xxx Fls. ......... Rubrica.... Fls. ......... Rubrica.... SECRETO

O carimbo ―reservado‖ será usado para caracterizar os documentos cujo assunto não deva ser do conheci-mento do público em geral.

Usarão o carimbo ―reservado‖, os servidores compe-tentes para classificar o documento como tal.

Esse carimbo será aposto sobre o fechamento do en-velope que protege o documento ou processo, precedido da assinatura e identificação do servidor que o classifi-cou.

As unidades de protocolo também deverão usar este carimbo após a autuação de documento classificado

Page 23: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 23

como ―reservado‖, observados os procedimentos defini-dos nesta norma.

Exemplo: 6.11 SECRETO

O carimbo ―secreto‖ será utilizado para salvaguardar o documento ou processo cujo trato requeira alto grau de segurança e cujo teor deva ser, exclusivamente, do co-nhecimento de servidores diretamente ligados ao seu estudo ou manuseio.

Poderão usar o carimbo de ―secreto‖, exclusivamen-te, os servidores competentes para classificar o docu-mento como tal.

Esse carimbo será aposto sobre o lacre do envelope que protege o documento ou processo, precedido da assinatura e identificação do servidor que o classificou.

As unidades de protocolo também deverão usar este carimbo após a autuação de documento classificado como ―secreto‖, observados os procedimentos definidos nesta norma.

Exemplo: 6.12 TERMO DE ABERTURA DE VOLUME

Este termo será lavrado, no protocolo central ou seto-rial, na abertura de volume.

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX TERMO DE ABERTURA DE VOLUME

Aos........dias do mês de...................de.........., procedemos a abertura deste

volume nº.............. do processo nº..................................., que se inicia com a folha nº...............................Para constar, eu (nome do servidor) .................................................,(cargo do servidor) ................................. subscrevo e assino. Servidor RESERVADO 6.13 TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME

Este termo será lavrado no protocolo central ou seto-rial, no encerramento de volume.

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME

Aos......... dias do mês de ...................... de........, procedemos ao encerramento deste volume nº .............. do processo nº...................................................., contendo......... folhas, abrindo-se em seguida o volume nº............. Servidor 6.14 TERMO DE DESAPENSAÇÃO

Este termo será lavrado no protocolo central ou seto-rial, quando ocorrer a desapensação de processos.

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX TERMO DE DESAPENSAÇÃO

Em ......../......../........., faço desapensar do processo nº .............................................................. o(s) processo(s) de nº(s) ......................................... ................................................................................, que passam a tramitar em separado.

Servidor 6.15 TERMO DE JUNTADA POR APENSAÇÃO

Este termo será lavrado no protocolo central ou seto-rial, na juntada por apensação.

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX TERMO DE JUNTADA POR APENSAÇÃO

Em ......../......../........., atendendo o despacho do(a)................................................, faço

apensar ao presente processo de nº ................................................... o(s) processo(s)

nº(s) ......................................................................... Servidor 6.16 TERMO DE RESSALVA

Este termo será lavrado no protocolo central ou seto-rial, quando, no momento da anexação de processos, for constatada a ausência de peça(s) em um dos processos anexados.

Exemplo: M. Planejamento, Orçamento e Gestão Unidade: XXXX TERMO DE RESSALVA

As peça(s) de nº(s) ............................................. do processo nº ......................................................... após a juntada por anexação, corresponde(m) à(s) peça(s) nº(s) .............. do conjunto processado. Servidor 6.17 URGENTE

O carimbo ―urgente‖ será usado em documentos cuja tramitação requeira maior celeridade que a rotineira.

Usarão o carimbo ―urgente‖ os servidores competen-tes para classificar o documento como tal.

Esse carimbo será aposto na capa do processo, ou sobre o documento assim classificado.

Exemplo: 7. DISPOSIÇÕES FINAIS

7.1 Observar princípios éticos dispensados aos do-cumentos, mantendo absoluta discrição com relação às informações neles contidas.

7.2 Dispensar adequado tratamento físico aos docu-mentos, observando cuidados de higiene no seu manu-seio, fazer furos centralizados, fazer as dobras necessá-rias com simetria, utilizar material adequado, como cola apropriada, evitar uso de grampos metálicos, clips, pre-servar informações ao apor elementos, como carimbos, etiquetas, etc.

7.3 Caberá a cada órgão ou entidade desenvolver seu respectivo manual operacional das ações destinadas ao serviço de protocolo, detalhando as rotinas e proce-dimentos, com base nesta norma.

7.4 Cada órgão ou entidade deverá ter uma comissão credenciada, com competência para receber documentos de caráter sigiloso, como confidenciais, secretos e reser-vados.

7.5 Caberá a cada órgão ou entidade definir sua pró-pria estrutura de protocolo, definindo quanto à existência de protocolo central e/ou setorial.

7.6 As dúvidas e casos omissos serão dirimidos junto ao Departamento de Logística e Serviços Gerais, subor-dinado à Secretaria de Logística e Serviços Gerais do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Page 24: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 24

DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL

Art. 547. Os autos remetidos ao tribunal serão re-gistrados no protocolo no dia de sua entrada, cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e orde-ná-los para distribuição.

Parágrafo único. Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Art. 548. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se os princí-pios da publicidade, da alternatividade e do sorteio.

Art. 549. Distribuídos, os autos subirão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, à conclusão do relator, que, depois de estudá-los, os restituirá à secretaria com o seu "visto" .

Parágrafo único. O relator fará nos autos uma ex-posição dos pontos controvertidos sobre que versar o recurso.

Art. 550. Os recursos interpostos nas causas de procedimento sumário deverão ser julgados no tribunal, dentro de 40 (quarenta) dias.

Art. 551. Tratando-se de apelação, de embargos infringentes e de ação rescisória, os autos serão conclu-sos ao revisor.

§ 1o Será revisor o juiz que se seguir ao relator na

ordem descendente de antiguidade. § 2

o O revisor aporá nos autos o seu "visto", ca-

bendo-lhe pedir dia para julgamento. § 3

o Nos recursos interpostos nas causas de pro-

cedimentos sumários, de despejo e nos casos de indefe-rimento liminar da petição inicial, não haverá revisor. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 552. Os autos serão, em seguida, apresenta-dos ao presidente, que designará dia para julgamento, mandando publicar a pauta no órgão oficial.

§ 1o Entre a data da publicação da pauta e a ses-

são de julgamento mediará, pelo menos, o espaço de 48 (quarenta e oito) horas.

§ 2o Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que

se realizar a sessão de julgamento. § 3

o Salvo caso de força maior, participará do jul-

gamento do recurso o juiz que houver lançado o "visto" nos autos.

Art. 553. Nos embargos infringentes e na ação res-cisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias autenticadas do relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o tribunal competente para o julgamento.

Art. 554. Na sessão de julgamento, depois de feita a exposição da causa pelo relator, o presidente, se o recurso não for de embargos declaratórios ou de agravo de instrumento, dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente e ao recorrido, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem as razões do recurso.

Art. 555. No julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara ou turma, pelo voto de 3 (três) juízes. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que

faça conveniente prevenir ou compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso julgado pelo órgão colegiado que o regi-mento indicar; reconhecendo o interesse público na as-sunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 2o Não se considerando habilitado a proferir ime-

diatamente seu voto, a qualquer juiz é facultado pedir vista do processo, devendo devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contados da data em que o recebeu; o julga-mento prosseguirá na 1

a (primeira) sessão ordinária

subsequente à devolução, dispensada nova publicação em pauta. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

§ 3o No caso do § 2

o deste artigo, não devolvidos

os autos no prazo, nem solicitada expressamente sua prorrogação pelo juiz, o presidente do órgão julgador requisitará o processo e reabrirá o julgamento na sessão ordinária subsequente, com publicação em pauta. (Inclu-ído pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 556. Proferidos os votos, o presidente anuncia-rá o resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão o relator, ou, se este for vencido, o autor do primeiro voto vencedor.

Parágrafo único. Os votos, acórdãos e demais a-tos processuais podem ser registrados em arquivo ele-trônico inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei, devendo ser impressos para juntada aos autos do processo quando este não for eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto

confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco

dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o pro-cesso em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 2o Quando manifestamente inadmissível ou in-

fundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qual-quer outro recurso condicionada ao depósito do respecti-vo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agra-vante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronuncia-mento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste arti-go as hipóteses do art. 520. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Art. 559. A apelação não será incluída em pauta antes do agravo de instrumento interposto no mesmo processo.

Parágrafo único. Se ambos os recursos houverem de ser julgados na mesma sessão, terá precedência o agravo.

Art. 560. Qualquer questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo se incompatível com a decisão daquela. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Page 25: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 25

Parágrafo único. Versando a preliminar sobre nuli-dade suprível, o tribunal, havendo necessidade, conver-terá o julgamento em diligência, ordenando a remessa dos autos ao juiz, a fim de ser sanado o vício. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 561. Rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a apreciação do mérito, seguir-se-ão a dis-cussão e julgamento da matéria principal, pronunciando-se sobre esta os juízes vencidos na preliminar.

Art. 562. Preferirá aos demais o recurso cujo jul-gamento tenha sido iniciado.

Art. 563. Todo acórdão conterá ementa. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 564. Lavrado o acórdão, serão as suas conclu-sões publicadas no órgão oficial dentro de 10 (dez) dias.

Art. 565. Desejando proferir sustentação oral, po-derão os advogados requerer que na sessão imediata seja o feito julgado em primeiro lugar, sem prejuízo das preferências legais.

Parágrafo único. Se tiverem subscrito o requeri-mento os advogados de todos os interessados, a prefe-rência será concedida para a própria sessão.

INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL: JURISDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO

Simone Diogo Carvalho Figueiredo

O direito processual está todo estruturado sobre três institutos fundamentais: a jurisdição, a ação e o processo. A jurisdição é inerte, de maneira que o Estado somente poderá exercer essa função se for provocado e esta provocação se dá através da propositura de uma ação. Ao ser proposta a ação, precisa o Estado de algum instrumento que lhe permita exercer a função jurisdicional, e tal instrumento é o processo.

Assim, todas as normas de cunho processual estão relacionadas ou têm por objeto, necessariamente, um desses institutos fundamentais.

Da jurisdição

A jurisdição é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em disputa para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é realizada mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso concreto apresentado; e o Estado desempenha essa função sempre mediante o processo, seja expressando imperativamente o preceito (através de sentença com resolução de mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece (através da execução forçada).

Já afirmamos que a jurisdição é uma das funções do Estado. Além disso, podemos dizer que a jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e atividade.

Como poder, a jurisdição é a manifestação do poder estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente e impor decisões. Como função, expressa o encargo que têm os órgãos estatais de promover a pacificação dos conflitos apresentados, me-diante a realização do direito justo e através do processo. E, como atividade, a jurisdição é entendida como o complexo de atos do juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a função que a lei lhe comete.

Principais características da jurisdição

a. Caráter substitutivo da jurisdição: ao exercer

a jurisdição, o Estado substitui, como atividade sua, as atividades daqueles que estão envolvidos no conflito trazido à sua apreciação. Não cumpre a nenhuma das partes interessadas dizer definitivamente se a razão está com uma ou com a outra; nem pode, senão excepcionalmente, quem tem uma pretensão invadir a esfera jurídica alheia para satisfazer-se. Apenas o Estado pode, em surgindo o conflito, substituir-se às partes e dizer qual delas tem razão. Vale ressaltar que, como já estudamos, no processo civil essa proposição encontra algumas exceções (autotutela, autocomposição e arbitragem).

b. Lide: a existência do conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida é uma característica constante na atividade jurisdicional, quando se trata de pretensões insatisfeitas que poderiam ter sido atendidas espontaneamente pelo obrigado. É esse conflito de interesses que leva o suposto prejudicado a dirigir-se ao juiz e a pedir-lhe a tutela jurisdicional, solucionando a pendência.

c. Inércia: é também característica da jurisdição o

fato de que os órgãos jurisdicionais são, por sua própria índole, inertes (nemo judex sine atore; ne procedat judex ex officio). Tal característica é inerente ao princípio da demanda, ou princípio da ação, ou princípio da iniciativa das partes, o qual indica que o Poder Judiciário, órgão incumbido de oferecer a jurisdição, para movimentar-se no sentido de dirimir os conflitos de interesses, depende da provocação do titular da ação. Como decorrência do princípio da demanda, o juiz não pode instaurar o processo. Mesmo porque tal situação acabaria por ser contraproducente, pois, sendo a finalidade maior da jurisdição a pacificação social, sua atuação sem a provocação do interessado viria, em muitos casos, fomentar conflitos e discórdias onde não existiam. Além disso, a experiência evidencia que, quando o próprio juiz toma a iniciativa de instaurar o processo, dificilmente teria ele condições para julgar imparcialmente. Por isso, fica a critério do próprio interessado a provocação do Estado-juiz ao exercício da função jurisdicional. Somente em casos especialíssimos a própria lei institui certas exceções à regra da inércia dos órgãos jurisdicionais.

―Entre as situações mais relevantes que permitem ao Estado-juiz prestar a tutela jurisdicional sem provocação, de ofício, encontra-se o inventário, disposto no ad. 989, CPC, segundo o qual ‗o juiz determinará, de oficio, que se inicie, o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal‖‘ (Carvalho Figueiredo, 2008,41).

d. Definitividade: outra característica importante da jurisdição é que os atos jurisdicionais e somente eles são suscetíveis de se tomarem imutáveis. A CF estabelece que ―a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (art.

5º, XXXVI). Coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos de uma sentença, em virtude da qual nem as partes podem repropor a mesma demanda em juízo ou comportar-se de modo diferente daquele preceituado, nem os juizes podem voltar a decidir a respeito, nem o próprio legislador pode emitir preceitos que contrariem, para as partes, o que já ficou definitivamente julgado; em outras palavras, ao Judiciário cabe a última palavra.

Princípios inerentes à jurisdição

A jurisdição, como função estatal de dirimir conflitos interindividuais, é informada por alguns princípios fundamentais:

Page 26: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 26

a) investidura;

b) aderência ao território;

c) indelegabilidade;

d) inevitabilidade;

e) inafastabilidade ou indeclinabilidade.

a. O princípio da investidura significa que a

jurisdição só será exercida por quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz.

b. O princípio da aderência ao território

corresponde à limitação da própria soberania nacional ao território do país. A jurisdição pressupõe um território em que ela é exercida. Os magistrados só têm autoridade nos limites territoriais do Estado. Além disso, como os juízes são muitos no mesmo país, distribuídos em comarcas (Justiças Estaduais) ou seções judiciárias (Justiça Federal), também se infere daí que cada juiz só exerce a sua autoridade nos limites do território sujeito por lei à sua jurisdição. Assim, por exemplo, o STF e o STJ exerce a jurisdição sobre todo o país, o Tribunal de Justiça de cada Estado-membro sobre o território deste. Atos fora do território em que o juiz exerce a jurisdição depende da cooperação do juiz do lugar (carta precatória e rogatória).

c. O princípio da indelegabilidade resulta do

princípio constitucional segundo o qual é vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições. Como dos demais Poderes, a CF fixa o conteúdo das atribuições do Poder Judiciário, e não pode a lei alterar a distribuição feita pelo legislador constituinte. Nem mesmo pode um juiz, atendendo a seu próprio critério e talvez à sua própria conveniência, delegar funções a outro órgão. É que cada magistrado, exercendo a função jurisdicional, não o faz em nome próprio e muito menos por um direito próprio, mas o faz em nome do Estado, agente deste que é.

d. O princípio da inevitabilidade significa que a

autoridade dos órgãos jurisdicionais, sendo uma emanação da soberania estatal, impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto de aceitarem os resultados do processo. A situação das partes perante o Estado-juiz é de sujeição, que independe de sua vontade e consiste na impossibilidade de evitar que sobre elas e sobre sua esfera de direitos se exerça a autoridade estatal.

e. O princípio da inafastabilidade da jurisdição

(ou princípio do controle jurisdicional ou princípio da indeclinabilidade), expresso no art. 5º, XXXV, da CF, garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, o qual não pode deixar de atender a quem venha a juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução para ela. Não pode a lei ―excluir da apreciação do Poder Judi-ciário qualquer lesão ou ameaça a direito‖, nem pode o juiz, a pretexto de lacuna ou obscuridade da lei, escusar-se de proferir decisão (CPC, art. 126).

Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária

Na jurisdição contenciosa, também chamada de jurisdição propriamente dita, existe um conflito de interesses apresentado em juízo, para que seja solucionado pelo Estado-juiz, com a conseqüente produção da coisa julgada. A título de exemplo, temos uma ação de cobrança ou uma separação judicial litigiosa.

No entanto, pode ocorrer que, embora não haja a presença de um conflito de interesses, dada a relevância ou a própria natureza da matéria discutida, impõe o legislador, para a validade de alguns atos, a participação de um órgão público, sendo indispensável a presença do juiz. Nessa intervenção o Estado age emitindo uma declaração de vontade, desejando também que o ato atinja o resultado visado pelas partes. Esses atos praticados pelo juiz recebem da doutrina o nome de jurisdição voluntária, ou graciosa, ou administrativa.

Na jurisdição voluntária compete ao juiz, em atividade meramente homologatória, verificar se houve observância das normas jurídicas na realização do ato jurídico, sem incidir o caráter substitutivo, pois, antes disso, o que acontece é que o juiz se insere entre os participantes do negócio jurídico, em uma intervenção necessária para a consecução dos objetivos desejados, ademais, o objetivo dessa atividade não é uma lide, mas apenas um negócio entre os interessados com a participação do magistrado.

Assim, não havendo interesses em conflitos, não é adequado falar em partes, expressão que pressupõe a idéia de pessoas que se situam em posições antagônicas, cada qual na defesa de seu interesse. Além disso, como não se trata de atividade jurisdicional, é impróprio falar em ação, pois esta se conceitua como o direito-dever de provocar o exercício da atividade jurisdicional contenciosa; e, pela mesma razão, não há coisa julgada, pois tal fenômeno é típico das sentenças jurisdicionais.

A jurisdição voluntária está formalmente capitulada nos arts. 1.103 a 1.210 do CPC: homologação de separação judicial consensual, abertura de testamento e codicilo, herança jacente, declaração e divisão de bens de ausente, coisas vagas, curatela dos interditos, organização e fiscalização das fundações.

Importante: Com o advento da Lei n. 11.441 /2007, tanto a separação como o divórcio, desde que consensuais, podem ser realizados no cartório, por meio de escritura pública, de forma mais simplificada. Os procedimentos de separação e de divórcio extrajudiciais não ferem o direito de ação, pois não são de uso obrigatório, mas faculdade conferida aos separandos ou aos divorciandos, que podem requerer a instauração do processo de separação consensual (jurisdição voluntária) ou, preferindo, realizá-los pela via extrajudicial.

JURISDIÇÃO CONTENCIOSA

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Inicia-se mediante provocação

Inicia-se mediante provocação

Existência de lide Acordo de vontades

A jurisdição atua resolvendo o litígio (substitutividade)

A jurisdição integra o negócio jurídico para lhe dar validade

Existência de partes Existência de interessados

A decisão faz coisa julgada A decisão não faz coisa julgada

Da ação

Vedada que é a autotutela (salvante aqueles raríssimos casos em que a lei a permite) e dado que o Estado reservou para si, como um dos seus poderes, a função jurisdicional, cabe-lhe, no exercício dessa função, dirimir a lide com justiça, ou seja, conforme a vontade da

Page 27: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 27

lei reguladora do conflito. Contudo, a jurisdição é uma função provocada, posto que caracterizada pela inércia, de forma que o Estado a exercita por solicitação de quem lhe exponha uma pretensão a ser tutelada pelo direito (CPC, art. 2º). Essa provocação do exercício da

função jurisdicional é feita pelo uso da ação.

Conceito de ação

Em síntese, a ação é um direito subjetivo público, autônomo, abstrato e condicionado de exigir do Estado a prestação jurisdicional em um caso concreto. É direito público porque é dirigido contra o Estado, para que ele preste a atividade jurisdicional. É direito subjetivo porque cada pessoa a titulariza individualmente. E autônomo porque existe independentemente do direito material.

É abstrato porque é exercido mesmo que a sentença seja desfavorável ao autor. E, por fim, é condicionado porque o autor só pode exigir do Poder Judiciário uma decisão quando presentes as condições da ação.

Condições da ação (PLI)

O direito constitucional de ação, até para que se não converta em abuso, tem o seu exercício condicionado pela lei ordinária. São as chamadas condições da ação e são as seguintes: Possibilidade jurídica do pedido, Legitimidade para a causa e Interesse de agir. Assim,

para que se atinja uma sentença de mérito, deve-se verificar a presença das condições da ação e, na falta de qualquer delas, quem o exercita será declarado carecedor de ação, dispensando o órgão jurisdicional de decidir o mérito de sua pretensão, julgando extinto o processo sem resolução do mérito (art. 267, VI, do CPC). No entanto, frise-se que, ainda que a resposta do juiz se exaura na pronúncia de carência da ação (porque não se configuraram as condições da ação), terá havido

exercício da função jurisdicional.

a. Possibilidade jurídica do pedido: obviamente

que não se pode ir a juízo para pleitear o que bem se entende, segundo a sua própria vontade. O pedido deverá consistir em uma pretensão que esteja, ao menos em tese, prevista no ordenamento jurídico, ou a que não haja vedação. Pode ocorrer que determinado pedido não tenha a menor condição de ser apreciado pelo Poder Judiciário, porque já excluído de pronto pelo ordenamento jurídico sem qualquer consideração acerca das peculiaridades de caso concreto. Assim, por exemplo, é juridicamente impossível o pedido de prisão civil por dívida (salvo em raríssimas hipóteses legalmente admitidas); o pedido de penhora de bens pertencentes ao Estado; o pagamento de dívidas oriundas de jogo ou aposta.

b. Legitimidade “ad causam” (qualidade das partes para agir): a segunda condição da ação é a legitimidade ou legitimação para agir (legitimatio ad causam). Dispõe o art. 30 do CPC: ―para propor ou

contestar a ação é necessário ter interesse e legitimidade‖. Embora a todos esteja garantido o direito

de provocar a tutela jurisdicional, não se pode autorizar que qualquer pessoa leve a juízo qualquer pretensão sobre qualquer objeto litigioso. ―Impõe-se a existência de um vinculo entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada, que lhes autorize a gerir o processo em que esta será discutida. Surge, então, a noção de legitimidade ad causam” (Didier Junior, 2006, 179). Em princípio, são legitimados para agir, ativa e passivamente, os titulares dos interesses em conflito

(legitimação ordinária). O autor deverá ser o titular do interesse que se contém na sua pretensão com relação ao réu (o titular do direito é quem deve ir a juízo para pleitear referido direito). Assim, por exemplo, o credor é quem tem legitimidade ativa para a respectiva ação de cobrança, e o devedor, a legitimidade passiva; para a ação de despejo, tem legitimidade ativa o locador, enquanto o locatário tem legitimidade passiva; o menor é o legitimado ativo para a ação em que se pleiteiam alimentos em face de seu pai (legitimado passivo). A regra, portanto, adotada pelo CPC, é a da legitimidade ordinária, segundo a qual legitimado é aquele que

defende em juízo interesse que lhe pertence.

Exemplo: Ao ajuizar uma demanda, o autor afir-ma em sua petição inicia a existência de uma relação jurídica (aquele que propõe uma ação de despejo afirma existir entre ele e a parte adversa uma relação de loca-ção). Ao afirmar em juízo a existência de uma relação jurídica, deverá o autor indicar os seus sujeitos (locador e locatário). Pois bem. Esses sujeitos da relação jurídica material deduzida no processo é que terão legitimidade para estar em juízo. Assim, na ação de despejo, a legiti-midade ativa é daquele que se diz locador, enquanto a legitimidade passiva é daquele que o autor apontou co-mo o locatário.

Contudo, em alguns casos, a lei concede direito de ação a quem não seja o titular do interesse substancial, mas a quem se propõe a defender interesse de outrem (vai-se a juízo em nome próprio, mas para defesa de interesse alheio). Nessa hipótese, haverá legitimação extraordinária, também denominada pela maior parte da doutrina, como expressões sinônimas, substituição processual. Dessa forma, poderá uma norma jurídica

autorizar que alguém vá a juízo, em nome próprio, na defesa de interesse alheio. Assim, no caso do gestor de negócio, em defesa do interesse do gerido; no do condômino, em defesa da propriedade em comum, com propriedade ou condomínio; no caso do Ministério Público, na defesa de interesses individuais homogêneos dos consumidores. Ressalte-se que a legitimação extraordinária é excepcional e somente poderá ocorrer se devidamente autorizada por lei federal.

Importante: Não devemos confundir substituição processual com representação processual, pois o substituto é parte no processo, defendendo em nome próprio interesse alheio, enquanto o representante não é parte no processo, atuando em nome alheio sobre interesse alheio. Assim, em uma ação de alimentos, o menor e parte legítima, enquanto sua genitora, por exemplo, é sua representante, e não sua substituta.

Legitimidade ordinária (regra geral)

Alguém, em nome próprio, defende direito ou interesse próprio

Legitimidade extraordinária— substituição processual (previsão legal)

Alguém, em nome próprio, defende direito ou interesse alheio

Representação processual

Alguém, em nome alheio, defende direito ou interesse alheio

c. Interesse de agir: referida condição da ação

consiste na necessidade de obter uma providência jurisdicional para alcançar o resultado útil previsto no ordenamento jurídico em seu benefício. Ou seja, é preciso que, em cada caso concreto, a prestação

Page 28: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 28

jurisdicional seja necessária e adequada (necessidade-utilidade + adequação). A necessidade da tutela

repousa na impossibilidade de obter a satisfação do alegado direito sem a intercessão do Estado (não há outro meio de obter a satisfação senão pela propositura da ação), e a adequação refere-se à exigência de que o provimento solicitado seja apto a corrigir o mal de

que o autor se queixa. Assim, por exemplo, não há interesse em promover ação para que o Estado declare o estado civil de casado de alguém (ausência de necessidade), bem como não há interesse em impetrar mandado de segurança para a cobrança de créditos pecuniários (ausência de adequação do provimento).

Carência da ação

A ausência de qualquer das condições da ação enseja o que se denomina ―carência da ação‖ (somente enseja ―carência da ação‖ a ausência das condições da ação, e não dos pressupostos processuais). A carência da ação é matéria de ordem pública, portanto deve ser conhecida de oficio pelo magistrado, a qualquer tempo e grau de jurisdição, e, uma vez reconhecida, levará à extinção do feito sem resolução do mérito (art. 267, VI, do CPC). No entanto, se o réu não alegar a carência da ação na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos (prazo da resposta), responderá pelas custas de retardamento (§ 3º, art. 267, do CPC). Assim, diante da ausência das condições da ação, o juiz, embora exercendo o poder jurisdicional, não chegará a apreciar o mérito, ou seja, o pedido do autor.

Elementos da ação

A ação se individualiza e se identifica por seus elementos constitutivos. Quem age formula uma

pretensão quanto a um bem em relação a outrem, pedindo ao Estado uma providência jurisdicional que a tutele. Desses dados, que se encontram em todas as ações, resulta que são elementos da ação: a) um sujeito ativo e um sujeito passivo (partes); b) a causa do pedido, as razões que suscitam a pretensão e a providência (causa de pedir); c) uma providência jurisdicional sobre uma pretensão quanto a um bem (pedido, objeto).

a. Partes: são as pessoas que participam do

contraditório perante o Estado-juiz. É aquele que deduz a pretensão (autor), bem como aquele que se vê envolvido pelo pedido (réu), de maneira que sua situação jurídica será objeto de apreciação judiciária.

b. Causa de pedir: ao autor impõe-se a narrativa

dos fatos dos quais deduz ter o direito que alega, bem como dos seus fundamentos jurídicos. Assim, ao promover uma ação postulando o reconhecimento de um direito, o autor tem o ônus de fundamentar o seu pedido, indicando os fatos constitutivos do seu direito e a base jurídica em que se apóia.

Em nosso sistema processual vigora a teoria da substanciação, pois o CPC impõe a descrição dos fatos dos quais decorre a relação do direito (em contraposição à teoria da individualização, segundo a

qual bastaria a afirmação da relação jurídica fundamentadora do pedido). Assim, não basta pedir o despejo, pois é necessário mencionar o contrato de locação. Os fatos constitutivos também concorrem

para a identificação da ação proposta. Duas ações de despejo, entre as mesmas partes, referentes ao mesmo imóvel, serão diversas entre si se uma delas se fundar na falta de pagamento dos aluguéis e a outra em

infração contratual de outra natureza. Em outras palavras, podemos afirmar que, para a teoria da substanciação, os fatos constituem e fazem nascer a

relação jurídica de que decorre o pedido.

Isso quer dizer que, no direito processual brasileiro, a causa de pedir é constituída do elemento fático e da qualificação jurídica que deles decorre, abrangendo, portanto, a causa petendi próxima e a causa petendi remota. A causa de pedir remota são os fatos

constitutivos, e a causa de pedir próxima são os fundamentos jurídicos que justificam o pedido. O Código exige que o autor exponha na inicial o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. Por esse modo exige

que na inicial se exponha não só a causa próxima — os fundamentos jurídicos, a natureza do direito

controvertido — como também a causa remota — o fato gerador do direito.

Exemplo: Na ação em que o pedido é o paga-mento da dívida, deverá o autor expor que é credor por força de um ato ou contrato (causa remota) e que a dívi-da se venceu e não foi paga (causa próxima). Na ação de anulação de contrato, deverá o autor expor o contrato (causa remota) e o vício que o macula, dando lugar à anulação (causa próxima).

c. Pedido (objeto): o objeto da ação é o pedido

do autor. Não se concebe o ingresso de alguém em juízo senão para pedir ao órgão jurisdicional uma medida, ou provimento. O autor, com a ação, ingressa em juízo

pedindo uma providência jurisdicional quanto a um bem pretendido, material ou imaterial. O pedido é imediato ou mediato. Imediato é o pedido relativo à providência

jurisdicional solicitada: sentença condenatória, declaratória, constitutiva ou mesmo providência executiva ou cautelar. Pedido mediato é a utilidade que

se quer alcançar pela sentença, ou providência jurisdicional, o bem material ou imaterial pretendido pelo autor, por exemplo, o despejo do locatário, a entrega de coisa, a indenização pretendida, a paternidade. Tanto o imediato como o mediato identificam o pedido e, conseqüentemente, a ação.

Identificação das ações

Como cada ação tem uma individualidade que a identifica, e essa individualidade se infere dos elementos que a compõem, segue-se que duas ações são idênticas, semelhantes ou totalmente diferentes dependendo dos seus elementos: partes, causa de pedir e pedido.

É tão importante identificar a ação que a lei exige a clara indicação dos elementos identificadores logo no ato introdutório da demanda, ou seja, na petição inicial de qualquer processo cível (art. 282, II, III e IV, do CPC).

Assim, pela análise dos elementos da ação é possível constatar alguns fenômenos processuais, quais sejam:

a. Litispendência: ocorre litispendência quando

estão em curso duas ou mais ações idênticas. Duas ações são idênticas se têm as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido, e, se ambas estão em curso, ocorre o fenômeno da litispendência. Verificada essa situação, o feito deverá ser extinto sem resolução do mérito (art. 267, V, do CPC).

b. Coisa julgada: ocorre coisa julgada também

quando se reproduz ação idêntica, anteriormente

Page 29: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 29

ajuizada. No entanto, na coisa julgada, a ação anteriormente proposta já foi decidida em caráter definitivo. Assim como na litispendência, o processo deve ser extinto sem resolução do mérito (art. 267, V, do CPC).

c. Perempção: perempção é a perda do direito de

ação quando o autor, por três vezes consecutivas, dá causa à extinção de processos idênticos, por abandono (art. 268, parágrafo único, do CPC). Há a necessidade de evitar a repropositura daquela ação que já foi três vezes extinta. Verificada a perempção, o processo deverá ser extinto sem resolução do mérito (art. 267, V, do CPC).

d. Conexão: ocorre conexão quando duas ou mais

ações têm o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir. Determina a lei que, havendo ações conexas tramitando em separado, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião dessas ações, a fim de que sejam decididas simultaneamente (art. 105 do CPC). A reunião de ações, nesse caso, atende ao princípio da economia processual e à necessidade de evitar decisões contraditórias. Ressalte-se que a reunião não deve ser ordenada quando uma das causas já tiver sido julgada (Súmula 235 do STJ: ―A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado‖).

Exemplo: o locador ingressa com ação requerendo o despejo por falta de pagamento em certo número de meses em contrato de locação e, concomitantemente, o locatário ajuíza ação de consignação em pagamento desses mesmos aluguéis (identidade da causa de pedir).

e. Continência: ocorrerá sempre quando houver,

em duas ou mais ações, identidade das partes e da causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (art. 104 do CPC). A exemplo da conexão, demandas continentes serão reunidas a fim de que sejam decididas simultaneamente.

Exemplo: ―A‖ promove ação em face de ―B‖, pleitean-do a anulação de determinado contrato. ―B‖, por sua vez, propõe ação em face de ―A‖ requerendo a anulação de cláusula do mesmo contrato. Embora os pedidos sejam diferentes, o primeiro engloba o segundo.

O processo

O processo é indispensável à função jurisdicional

exercida com vistas à eliminação aos conflitos com justiça, mediante a atuação da vontade concreta da lei. É, por definição, o instrumento por meio do qual a jurisdição opera. ―Processo é uma relação jurídica,

submetida a uma instrumentalização metódica (o procedimento) para que possa desenvolver-se perante o Poder Judiciário. A metodização e a instrumentalização se dão, por sua vez, a partir dos procedimentos judiciais (ordinário, sumário e especial)‖ (Orione Gonçalves Correia, 2007, 122-123).

Pressupostos processuais

Os pressupostos processuais são os requisitos míni-mos necessários à existência e ao desenvolvimento válido e regular do processo, de forma que a ausência de um pressuposto processual impõe a extinção do feito sem resolução do mérito (art. 267, IV, do CPC).

Para desempenhar a atividade jurisdicional, em sendo provocado, o juiz, primeiro, deve examinar se o processo se instaurou validamente. A prestação jurisdicional só é alcançada por meio do processo válido. Assim, não devemos confundir a validade do processo com sua existência. Mesmo o processo inválido se

forma e tem existência, a ponto de o juiz não estar isento de pronunciar a própria invalidade nele ocorrida.

Por isso, existem pressupostos de existência do processo e pressupostos de validade do processo.

Os pressupostos processuais são considerados matéria de ordem pública, de forma que poderá o juiz, de ofício e a qualquer tempo e grau de jurisdição, verificar a ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo e extinguir o feito sem resolução do mérito. No entanto, se o réu não alegar a ausência dos pressupostos processuais, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento (art. 267, § 3º, do CPC).

Pressupostos processuais de existência ou de constituição válida da relação processual

Pressupostos processuais de existência são aqueles requisitos cuja ausência importa na inexistência da relação processual.

São eles: a) jurisdição — órgão judicante, ainda que

incompetente, investido de jurisdição. Só existe processo se instaurado perante órgão do Estado apto ao exercício jurisdicional; b) petição inicial (demanda) — deve a

parte requerer a instauração do processo mediante a formulação da petição inicial. Ressalte-se que, mesmo se a petição inicial não preencher seus requisitos (inepta), haverá processo, pois não se pode confundir existência com validade; c) citação — enquanto não

citado, para o réu o processo é inexistente; d) capacidade postulatória — deve a parte encontrar-se

em juízo, em regra, representada por advogado regularmente constituído. Em geral, a capacidade postulatória é atribuída ao advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e que tenha recebido procuração da parte. Nos termos do art. 37, caput e parágrafo único, do CPC, serão havidos por inexistentes os atos praticados por advogado sem procuração que não forem ratificados pela exibição do mandato em quinze dias (prorrogáveis por outros quinze).

Pressupostos processuais de desenvolvimento válido e regular do processo

Uma vez existente o processo, resta-nos verificar a presença dos pressupostos processuais de validade, pois, se ausentes, levarão à extinção do feito sem resolução do mérito. Os pressupostos processuais de validade são: a) petição inicial apta — para que o

processo seja válido e se desenvolva regularmente há necessidade de que a petição inicial preencha todos os seus requisitos legais, essencialmente definidos nos arts. 282 e 283 do CPC; b) competência e imparcialidade do juiz — além de a parte dirigir seu pedido a um órgão

regularmente investido de jurisdição (pressuposto de existência), este deve ser competente, e o juiz do processo, imparcial; c) capacidade das partes — o

terceiro pressuposto processual de validade é referente à capacidade das partes, em duas de suas formas: capacidade de direito e capacidade de estar em juízo,

Page 30: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 30

segundo as regras definidas na legislação civil. Assim, se a parte possuir capacidade de assumir direitos e obrigações, mas não puder exercê-los sozinha, para estar em juízo deverá ser devidamente representada, sob pena de invalidade do processo; d) citação válida

— não basta que haja citação: esta tem de ser válida. Assim, se a citação se deu em pessoa homônima do réu, este não foi citado, portanto, inexistente o processo. Já se a citação se deu na própria pessoa do réu, mas, por exemplo, foi realizada pelo correio nas hipóteses em que a lei proíbe, a citação existiu, mas foi inválida (pressuposto processual da validade).

Pressupostos processuais negativos

Pressupostos processuais positivos são aqueles que devem estar presentes para que o juiz resolva o mérito da demanda. No entanto, existem determinados requisitos que, ao contrário, devem estar ausentes, posto que a presença levaria à extinção do feito sem resolução do mérito. Assim, são considerados pressupostos processuais negativos a litispendência, a coisa julgada e a perempção.

Pressupostos processuais de existência

Pressupostos processuais de validade

Pressupostos processuais negativos

Jurisdição Petição inicial apta

Litispendência

Petição inicial (demanda)

Competência e imparcialidade

Coisa julgada

Citação Capacidade das partes

Perempção

Capacidade postulatória

Citação válida

COMPETÊNCIA

Renato Montans de Sá

Jurisdição é o poder do Estado de dizer o direito. E una e pode ser exercida em abstrato por todos os órgãos jurisdicionais. Hipoteticamente, seria possível acometer a um único juiz no

Brasil todas as causas do Território Nacional, pois todo juiz exerce jurisdição, a qual corporifica.

Todavia, por uma impossibilidade prática e física, não se pode deixar aos cuidados de um único magistrado o encargo de dirimir todas as lides que se apresentam na sociedade e ensejam a busca do Judiciário. É preciso que se dividam as tarefas jurisdicionais entre diversos juizes e órgãos, a fim de tornar a tutela a ser prestada mais ágil e efetiva. Essa distribuição aos diversos órgãos e juízes, acerca de sua atribuição jurisdicional, é chamada de competência.

O termo ―competência‖ deriva do verbo competere, que significa proporção, simetria. Assim, a competência é o limite da jurisdição, pois delimita as hipóteses em que o órgão jurisdicional pode julgar a lide. A jurisdição legitima o exercício do poder pelo Estado, definindo quais os casos que essa atividade pode ser concretizada. Alguns autores entendem que a competência é medida de poder (Athos Gusmão Carneiro, Ernani Fidélis dos Santos, Frederico Marques), outros, que se refere ao próprio poder (Vicente Greco e Moacyr Amaral), alguns ainda entendem que se trata de

regra de distribuição de atribuições (Arruda Alvim e Humberto Theodoro).

Algumas questões que se reputam importantes:

1. A competência sempre decorre de lei. Tem sua fonte na lei, em diversos níveis jurídico-positivos. Assim, a CF disciplina a competência de jurisdição e a competência hierárquica dos tribunais superiores. As leis federais regulam a competência territorial, as leis de organização judiciária regulam a competência de juízo e a competência interna, e as Constituições Estaduais regulam a competência dos tribunais locais. Todavia, o STF admite a existência de competência implícita. Assim, quando não houver regra expressa, algum órgão haverá de ter competência para apreciar a questão. Podemos exemplificar com os casos de união estável até a Lei de 1994, ou mesmo os embargos de declaração para o STJ e STF, sendo que não há previsão expressa nesse sentido.

2. Há que atentar para a vedação dos tribunais de exceção e do princípio do juiz natural.

3. Perpetuatio Jurisdictionis (art. 87 do CPC) — não basta que as regras de competência sejam fixadas pela lei. É necessário que se saiba qual dentre os vários juízos competentes será responsável pela demanda ajuizada. Sabemos que, de acordo com o art. 263 do CPC, considera-se proposta uma ação no momento de sua distribuição ou quando despachada pelo órgão competente.

A regra da perpetuação da jurisdição (à qual melhor seria chamar de perpetuação da competência) consiste na cristalização da competência de dado juízo no momento da propositura da ação. É manifestação do princípio constitucional do juiz natural. E regra de estabilidade do processo junto aos arts. 264 e 294.

Assim, quer-se dizer que, no momento em que se perpetua à competência do juízo, nenhuma modificação do estado de fato (mudança de domicílio do réu) ou de direito (ampliação do teto da competência em razão do valor da causa) superveniente poderá alterá-la.

Há vários órgãos abstratamente competentes para julgar determinada causa. Quando processada, apenas um deles será competente para a causa. Vê-se aí a perpetuação.

Há exceções:

a) supressão do órgão judiciário (extinção de uma vara cível);

b) alteração superveniente da matéria ou hierarquia (competências absolutas). É importante falar em ―função‖ e não em ―hierarquia‖, como quis o legislador (que disse menos do que queria), pois essa regra se aplica a todos os casos de competência absoluta, inclusive no tocante à pessoa, ao juízo (foros regionais) e à territorial absoluta (art. 95); assim, a criação de varas de falência remete os autos da vara cível para a vara especializada;

c) perda da competência pelos critérios modificativos (conexão, continência, derrogação e prorrogação); ou

d) desmembramento de comarca (em uma ação reivindicatória que corre sob determinada comarca que é desmembrada e o imóvel está situado na nova comarca instalada modifica-se a competência).

Critérios de competência:

Page 31: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 31

1. competência internacional;

2. competência interna;

3. competência originária dos tribunais;

4. competência das justiças especiais;

5. competência da justiça comum (federal/estadual);

6. competência territorial.

1) Competência internacional

O primeiro critério a ser verificado é se a competência será internacional; assim, ocorre a:

• competência concorrente (art. 88 do CPC): quando tanto o juiz estrangeiro quanto o juiz brasileiro são competentes para conhecer da ação;

• competência exclusiva (art. 89 do CPC): ocorre quando só o juiz do Brasil é competente para conhecer da demanda, por exemplo, bens imóveis situados no Brasil, bens objetos de inventário.

Importante: Para que uma sentença estrangeira possa produzir efeitos no Brasil, deve ser homologada pelo STJ.

2) Competência interna

Na verdade não é um critério, e sim a forma de dividir entre os órgãos judiciários as suas funções.

Critérios:

a. Material (competência absoluta): o que

determina a competência é a lide em questão. Exemplo: a ação de separação judicial deve ser endereçada à Vara de Família (para o Exame de Ordem seguir a Lei de Organização Judiciária do Estado de São Paulo).

b. Funcional (competência absoluta): decorre da

função do magistrado. É aferível sob a ótica vertical (hierarquia — primeiro grau, segundo grau e tribunais superiores), como também sob a horizontal (assim, se a cautelar preparatória foi distribuída na 4ª Vara Cível, por lá deverá correr a ação principal).

c. Territorial (competência relativa): é a

competência de comarcas ou seções judiciárias. Será vista com mais vagar no item 6.

d. Valor da causa (competência relativa): decorre

da competência entre a justiça comum e os Juizados Especiais.

Veja o quadro que diferencia a competência absoluta da relativa:

Absoluta Relativa

Material Territorial

Funcional Valor da causa

Interesse público Interesse particular

Declarada de ofício Só com provocação das partes

Não se prorroga Pode haver prorrogação

Por meio de objeção (art. 301, IX)

Exceção de incompetência

3) Competência originária dos tribunais

Existem casos em que a competência se dará diretamente no Tribunal como competência originária,

seja em relação à pessoa, seja em relação à hierarquia.

Exemplo: Ação rescisória é endereçada ao tribunal; ação contra o presidente da República sempre é remetida ao Supremo.

4) Competência da justiça especial

O quarto critério a ser verificado é o das justiças especializadas.

São situações de dificílima incidência no Exame, mas sempre é importante atentar para as nuances de cada uma. Em nosso sistema, podemos enumerar três hipóteses:

• Justiça do Trabalho (art. 114 da CF) — abrange todas as relações decorrentes do contrato de trabalho e afins (acidente do trabalho, dano moral, por exemplo), que foram acrescidas pela EC n. 45.

• Justiça Eleitoral (art. 121 da CF) — competente para todas as questões que decorrem da tramitação eleitoral, desde a obtenção do título de eleitor até a diplomação dos eleitos.

• Justiça Militar (art. 124 da CF) — afeta apenas os crimes militares.

5) Competência da justiça comum

A justiça comum é delimitada pela justiça federal e estadual. É de se verificar, antes de tudo, se a justiça é federal (art. 109 da CF); se negativo, aplica-se, por exclusão, a justiça estadual.

Importante: Na maioria dos casos, a competência da justiça federal é avocada quando a União for autora, ré ou interveniente.

6) Competência de foro

É a competência territorial.

O art. 94 do Código de Processo Civil estabelece a regra de que ações fundadas em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis serão propostas no foro de domicílio do réu.

Os quatro parágrafos que se sucedem especificam a aplicação do art. 94.

Assim, se o art. 94 carecer de informações de fato para chegar ao foro competente, utilize-se dos quatro parágrafos do artigo.

Os arts. 95 ao 100 do Código de Processo Civil estabelecem regras especiais.

O art. 95 do Código de Processo Civil versa sobre direitos reais sobre bens imóveis. O foro dos bens imóveis será sempre o da Situação da coisa. Todavia, esse artigo excepciona algumas situações, permitindo a opção entre o foro de domicílio ou o de eleição; salvo nos casos também discriminados no art. 95, quando, então, a competência é absoluta.

O art. 96 do Código de Processo Civil define a competência do foro de domicílio do autor da herança (de cujus) para inventário, partilha, arrecadação,

cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Todavia, se o de cujus não possuía domicílio certo quando do falecimento, deve-se seguir a regra da localização dos bens. Se a

Page 32: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 32

pessoa deixou bens em uma única comarca, será lá o foro competente. Se, entretanto, deixou em várias comarcas, a lei não deu opção: será no domicílio do óbito.

O art. 97 do Código de Processo Civil trata da competência nas ações em que o ausente for réu, dispondo que deverá correr no foro de seu último domicílio.

O art. 98 do Código de Processo Civil dispõe que a ação em que o incapaz for réu será processada no domicílio de seu representante legal.

O art. 99 do Código de Processo Civil (art. 109 da CF) define que o foro da Capital do Estado ou do Território será competente para conhecer das ações em que a União figure como autora, ré ou interveniente.

O art. 100 do Código de Processo Civil define foros privilegiados — trata-se de hipóteses de competência territorial.

Foros privilegiados (art. 100):

I — residência da mulher nas ações de separação, divórcio e anulação de casamento. Também se aplica para a união estável (art. 226 da CF);

II — domicílio do alimentando — na ação que se pede alimentos;

III — domicílio do devedor — para as ações de anulação de títulos (extraviados ou destruídos);

IV —do lugar:

a) sede — pessoa jurídica;

b) agência ou sucursal — em relação às obrigações que ela, pessoa jurídica, contraiu;

c) onde exerce a atividade — quando se tratar de sociedade de fato;

d) lugar onde deva cumprir obrigação (quesível ou portável).

V — do lugar do ato ou do fato:

a) ação de reparação de dano (acidente de veículo: por exceção, poderá ser proposta tanto no domicílio do autor quanto no lugar de fato);

b) ação contra o gestor de negócio ou administrador.

Dinâmica da competência

A modificação da competência consiste na modificação da competência decorrente de lei ou da vontade das partes. É o fenômeno processual no qual um juízo abstratamente incompetente passa a ser concretamente competente para a causa.

Só há modificação da competência relativa (arts. 102 e 114 do CPC); a absoluta não poderá ser modificada.

Há dois casos de modificação legal: conexão e continência. E dois casos de modificação convencional: prorrogação (tácita) e derrogação (expressa).

Vejamos os casos:

Prorrogação

A incompetência relativa é argüida por meio de exceção. Não sendo oposta, prorroga-se a competência. É meio tácito de prorrogação. O MP não pode argüir

exceção quando for fiscal da lei. Art. 114 do CPC.

Derrogação

E a forma expressa. As partes podem eleger o foro competente para o julgamento da causa (art. 78 do CC, c/c o art. 111 do CPC). O que se elege é o foro, não o juízo. Deve constar em contrato escrito e mencionar expressamente o negócio jurídico.

Com a modificação do art. 112, parágrafo único, é possível ao magistrado desconsiderar a eleição de foro de contrato de adesão cuja cláusula seja abusiva.

Não se permite eleição de foro em ações reais, nem sobre direitos indisponíveis.

A eleição de foro não prevalece sobre a conexão, por isso uma demanda poderá ser remetida ao juízo prevento, ainda que esteja correndo no foro eleito.

Conexão e continência

Ocorre conexão quando, entre duas causas, for comum o pedido (objeto) ou a causa de pedir. Ocorre continência quando duas causas possuem as mesmas partes, a mesma causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser maior, abrange o da outra.

Prevenção

É critério para a exclusão dos demais juízos competentes de um mesmo foro. É, na verdade, instrumento para verificar em qual juízo as causas que devem ser julgadas conjuntamente serão reunidas. O sistema criou um método territorial para verificar a competência:

• Se os juizes têm a mesma competência territorial, o juízo prevento é aquele que despachou em primeiro lugar (art. 106);

• Se os juizes têm competência territorial diversa, o juízo prevento será aquele que determinou a primeira citação válida.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Renato Montans de Sá

Assiste ao magistrado o dever de praticar os atos destinados a solucionar os conflitos de interesses dentro de um processo. Assim, ao longo de toda essa fase, analisará as alegações das partes e as provas trazidas e proferirá a sentença de mérito, esgotando sua tarefa jurisdicional (ao menos em parte).

Quando não couber mais recurso dessa decisão, opera-se a coisa julgada. Essa situação, tendente à imutabilidade dos efeitos da sentença, atinge, geralmente, somente as partes litigantes no processo. É o que se chama de limite subjetivo da coisa julgada.

Todavia, as relações de direito material que entram em conflito e dão ensejo a um processo nem sempre se limitam a atingir o autor e o réu. Estas relações estão profundamente relacionadas a outras relações, entrelaçadas como verdadeiras teias, e podem, por vezes, atingir pessoas que não sejam partes no processo.

Todas as vezes que os efeitos da sentença incidirem ou estiverem na iminência de incidir em uma pessoa estranha à lide originária, haverá a possibilidade da intervenção deste terceiro na lide.

Page 33: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 33

Dessa forma, todo aquele que não for parte no processo pode ser chamado de terceiro (assim como no campo do direito material, em um contrato de compra e venda, terceiro é todo aquele que não é nem comprador nem vendedor).

Mas não é só. A qualidade de ―ser‖ terceiro também comporta outra divisão. Há os terceiros desinteressados, aos quais pouco importa a existência do processo, e aqueles ditos interessados, cujos efeitos da sentença de dado processo, consoante afirmado, atingem, direta ou indiretamente, a sua esfera jurídica. São estes que iremos estudar agora e que são legitimados a ingressar como terceiros.

Há de se considerar que, a despeito de o sufixo presente na palavra ―intervenção‖ trazer, em seu bojo, uma conotação ativa, nem sempre o terceiro ingressa por livre e espontânea vontade; por vezes, ele é trazido para dentro do processo.

O sistema processual apresenta cinco hipóteses de intervenção de terceiros.

Assistência (arts. 50 a 55 do CPC)

A assistência ocorre quando o terceiro ingressa nos autos do processo para auxiliar um dos demandantes, pois ele tem interesse jurídico na vitória de um deles. Essa modalidade classifica-se em:

a) Simples: quando o assistente mantiver relação jurídica com o assistido.

Exemplo: João aluga um imóvel para Pedro, que, por sua vez, subloca-o para Antônio. Pedro deixa de pagar o aluguel a João, que lhe demanda. Essa ação de despejo poderá ter Antônio figurando como assistente de Pedro, porque tem interesse jurídico em que o réu vença a demanda (afinal, se o despejo for decretado, quem sairá é Antônio).

b) Litisconsorcial: quando o assistente também for titular da relação jurídica com o adversário do assistido, havendo vínculo com o assistido e com o outro demandante.

Exemplo: Se Maria e Joana forem proprietárias de um imóvel, e Célia ingressa com uma ação para discutir a propriedade apenas de Maria, Joana poderá intervir como assistente, pois tem interesse jurídico em que urna das partes vença a demanda.

O assistente ingressará na ação judicial por meio de simples petição, em qualquer momento processual, expressando seu interesse na demanda. Os demandantes (autor e réu) serão intimados para se manifestarem, no prazo de cinco dias, sobre o ingresso do assistente na demanda.

Se ambos os litigantes concordarem com o ingresso do assistente na relação processual, ele ingressa no processo no Estado em que se encontra. Se um dos demandantes, contudo, não concordar com o ingresso do assistente, o juiz de direito instaurará um incidente ao processo principal, para que seja verificada a juridicidade da intervenção, decidindo sobre seu ingresso.

O assistente litisconsorcial poderá praticar todos os atos do processo como se fosse parte autônoma. Já o assistente simples, por ter uma relação menos intensa com o objeto litigioso, poderá praticar todos os atos, desde que convirja para tanto o assistido. Assim, o

assistente não poderá renunciar se o assistido não desejar.

Oposição (arts. 56 a 61 do CPC)

Ocorre oposição quando o terceiro reivindica para si, no todo ou em parte, o objeto da ação disputado pelos demandantes.

Considera-se a oposição uma verdadeira ação proposta pelo terceiro em face dos demandantes originais (autor e réu) da ação principal.

Exemplo: Assim, se A disputa com B a titularidade de um imóvel e C entende ser o proprietário desse mesmo bem, C ingressará no processo nas condições de opoente para disputar com as partes originárias o domínio do imóvel.

Cuidado: A oposição é muito parecida com os embargos de terceiro, mas com eles não se confunde. Enquanto o terceiro ingressa no processo apenas para retirar um bem seu que foi indevidamente constritado, na oposição o terceiro ingressa para discutir o mérito da causa com o autor e o réu. Lá, o direito é outro (um crédito, v.g.), mas o bem é usado para pagamento da obrigação.

Já que se trata da busca de uma pretensão jurídica, dentro de uma ação originariamente ajuizada, a oposição tem caráter de prejudicialidade no que se refere à ação anteriormente ajuizada, o que significa dizer que o juiz deverá sempre julgar a ação judicial do opoente para somente depois decidir o processo principal.

Mas é importante que se diga: sempre dentro da mesma sentença!

A oposição é facultativa, e o seu ingresso é permitido até a prolação da sentença. Todavia, existe uma importante distinção processual quanto ao momento do ingresso do opoente na lide principal.

Assim:

a. Se o opoente intervier no processo antes da audiência de instrução, debates e julgamento, o juiz autuará a oposição em apenso (trata-se de um incidente) e designará apenas uma audiência para que os litigantes e o terceiro demonstrem a juridicidade do seu direito, sabendo que uma única sentença será proferida.

b. Se o opoente, contudo, intervier no processo depois de realizada a audiência de instrução, a oposição tramitará na mesma vara, contudo, em autos apartados, ou seja, em processo distinto. Dessa forma, o juiz determinará a suspensão do processo principal (pelo prazo de 90 dias) até que haja, no processo do terceiro, a audiência de instrução, debates e julgamento, quando então reunirá ambas as ações para julgá-las conjuntamente.

Nomeação à autoria (arts. 62 a 69 do CPC)

A nomeação à autoria é a correção do pólo passivo da demanda, pois o autor ajuizou a ação contra a pessoa errada. Esta, por sua vez, deverá, no prazo de defesa e desde que preenchidos os requisitos legais, nomear à autoria: aquele que praticou o ato inquinado ilegal.

A nomeação à autoria é uma forma híbrida de intervenção de terceiro, pois não se pressupõe

Page 34: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 34

verdadeiramente a existência de um terceiro, e sim a substituição do pólo passivo da demanda.

Essa substituição recebe o nome de ―extromissão processual‖.

Importante: Geralmente, quando o autor demandar contra uma pessoa que não mantém relação jurídica processual com ela, ou seja, litigar em face de parte ilegítima, compete a esta pessoa alegar, em preliminar de contestação, a sua ilegitimidade.

Todavia, existem apenas dois casos em que a parte não pode alegar preliminar de contestação, pois deverá nomear à autoria.

Existem duas hipóteses distintas e taxativas para nomeação:

1) O réu nomeia à autoria se, na qualidade de mero detentor, for demandado em nome próprio. Quem for citado deverá nomear aquele que for o possuidor ou o proprietário.

Exemplo clássico é o caseiro e o depositário. Imagi-ne que A invadiu a propriedade de B e colocou C como caseiro. Quando B encontrar C, certamente irá demandar contra ele (pois está na sua propriedade). C, então, deve nomear A à autoria, já que ele praticou o esbulho.

2) Há outra hipótese de nomeação à autoria: as ações de indenização intentada pelo proprietário ou titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem ou por cumprimento de instruções de terceiro. Trata-se do mero executor de ordens.

Assim, se um réu é demandado por ter praticado um ato ilícito (jogar lixo no terreno do vizinho), esse réu pode nomear à autoria aquele que determinou a ordem (seu chefe, por exemplo).

Realizada a nomeação à autoria no prazo de defesa, por meio de petição simples, o autor será intimado para se manifestar em cinco dias. Caso o autor aceite, deverá promover a citação do novo nomeado; contudo, se não concordar com a nomeação à autoria, ou se o próprio nomeado recusar a nomeação, o processo tramitará contra o nomeante, devolvendo-se o prazo para a defesa.

Importante: Ao contrário da assistência e da oposição, que são facultativas, a nomeação à autoria é obrigatória.

Denunciação da lide (arts. 70 a 77 do CPC)

A denunciação da lide traz à relação jurídica processual um terceiro (denunciado) para que se evite uma futura ação de regresso contra este. Dessa forma, o denunciado será obrigado a ressarcir determinada obrigação, decorrente de seu dever de garantia.

Isso porque certas pessoas têm a obrigação, no mundo jurídico, de reparar danos em processo alheios por vínculos legais ou contratuais.

Essa vinculação entre a parte do processo e um terceiro pode ser exercida posteriormente por meio de uma ação de regresso.

Assim, se o réu pagou R$ 1.000,00 em um processo decorrente de acidente de carro, pode depois cobrar da seguradora o valor que despendeu no processo, porque, com a seguradora, existe um vinculo jurídico contratual.

Mas pergunta-se: para quê esperar por uma futura ação regressiva se já é possível, por economia processual, colocar o terceiro no processo para que ele responda segundo o resultado da lide? Essa medida processual de se trazer o terceiro no próprio processo denomina-se denunciação da lide.

Importante: Antes de explicar as hipóteses de cabimento, é muito polêmico o enunciado do art. 70 ao asseverar que a denunciação da lide é obrigatória. De acordo com majoritária doutrina, apenas a hipótese do inciso 1 (evicção) é obrigatória; as demais, não. Logo, no Exame de Ordem, não cometa esse erro! Nesse caso, siga a doutrina, e não o texto de lei.

As hipóteses de cabimento da denunciação da lide estão enumeradas no art. 70 do CPC.

a. Evicção: trata-se da perda da coisa por decisão

judicial. Ex.: o indivíduo aliena a terceiro um bem que não seja seu. Se o adquirente for demandado em ação judicial para devolver o bem e se encontrar na iminência de perdê-lo, poderá denunciar à lide o vendedor, pois ele é responsável pelos riscos da evicção. Como dissemos, essa modalidade é obrigatória; as demais, a despeito do que diz a lei, não!

b. Posse indireta: a evicção auxilia não só o

adquirente pelo domínio, como também pela posse. Se um terceiro pleitear a propriedade daquele que exerce a posse, poderá denunciar o demandado à lide. Imagine que alguém locou um imóvel que não lhe pertence e não tinha autorização para tanto. O proprietário demandará o locatário (que está no imóvel) e este denunciará o locador por um motivo: descumprimento contratual; afinal, o locador se comprometeu a deixar no imóvel o locatário pelo período aprazado no contrato e terá, portanto, direito a receber uma indenização por quebra de cláusula contratual.

c. Por lei ou contrato: trata-se do mais comum

dos casos de denunciação da lide. Ocorre todas as vezes que alguém tiver alguma relação jurídica com outrem, imposta por lei ou estabelecida convencionalmente, que garanta determinado proveito econômico.

Pedro demanda contra Túlio porque este bateu em seu carro. Túlio, quando for citado, poderá denunciar à lide a seguradora, pois existe com ela um vínculo de garantia.

A denunciação da lide poderá ser requerida tanto pelo autor quanto pelo réu. Pelo autor, sua oportunidade é na petição inicial, e, pelo réu, no prazo de defesa. O denunciado será citado para apresentar a defesa, e o processo principal ficará suspenso.

Chamamento ao processo (arts. 77 a 80 do CPC)

O chamamento ao processo permite ao réu chamar a juízo os co-devedores da obrigação que não foram acionados judicialmente pelo autor, a fim de que respondam solidariamente pela obrigação.

A é credor e tem quatro devedores: B, C, D e E. Ca-da um lhe deve uma de café. A dívida é solidária. A cobra apenas de B as quatro sacas. B poderá chamar ao pro-cesso os demais co-obrigados para integrar a lide e res-ponder igualmente pela demanda. Trata-se de litiscon-sórcio ulterior.

Trata-se de uma modalidade facultativa em razão da

Page 35: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 35

economia processual, evitando que o réu sucumbente ajuíze, futuramente, ação regressiva contra aqueles que, na relação de direito material, eram co-obrigados com a parte chamante. O chamamento será feito no prazo de defesa, a fim de que os chamados apresentem contestação no prazo legal, e o feito ficará sobrestado até que todos os chamados sejam citados.

Três são as hipóteses do chamamento previstas no art. 77 do CPC:

I — quando o fiador chamar o devedor ao processo;

II — quando o fiador chamar os demais fiadores ao processo (nas obrigações em que tenha mais de um fiador e apenas um deles foi demandado);

III — quando o devedor chamar os demais devedores ao processo.

PARTES, LITISCONSÓRCIO E PROCEDIMENTO

Renato Montans de Sá

Introdução

Dando continuidade aos estudos preparatórios para o Exame de Ordem, estudaremos agora o conceito de partes e de litisconsórcio. Por uma questão metodológica, preferimos trabalhar primeiro com as intervenções de terceiro (quem está de ―fora‖) para, depois, estudar as partes (quem está ―dentro‖). As partes têm relevante importância no estudo e entendimento do processo em virtude de se trabalhar na linha de confluência com o direito material (Direito Civil) em questões como personalidade, capacidade, outorga para prática de atos etc.

Já o litisconsórcio, historicamente, tem um alto grau de incidência na prova. Por incrível que pareça, as perguntas sobre essa matéria são comumente fáceis; entretanto, muitas vezes por descuido e/ou por falta de estudo, alguns examinandos perdem preciosos pontos nessas questões. É o que tentaremos evitar.

Após o estudo subjetivo do processo, passaremos a estudar o procedimento, que nada mais é do que o processo em movimento.

Estudaremos importantes diferenças entre os procedimentos que servirão de base para o estudo do mais importante deles: o rito ordinário.

Partes

O processo, independentemente da definição que se lhe empreste, sempre será visto sob duas óticas: não só no aspecto objetivo (aí o processo é visto com um conjunto de atos) como no seu subjetivo, qual seja, uma relação que envolve três sujeitos de direito: juiz, autor e réu.

Partes, que vêm da palavra ―parcial‖, são os sujeitos interessados na demanda (à exclusão do juiz). São aqueles que pedem e contra quem se pede determinada providência jurisdicional. Não necessariamente são as pessoas que figuraram na relação de direito material, pois se pode demandar contra a pessoa errada ou postular direito em juízo que não lhe pertence. Nem por isso se perde a condição de parte.

Regra simples para a prova: olhou para o processo, o nome do sujeito está lá — ele é parte. Assim, o concei-to de parte é processual, pois é parte mesmo que não

tenha direitos; afinal, o nosso sistema permite a existên-cia de parte ―ilegítima‖.

Entretanto, não se pode confundir com parte legítima, que é condição da ação. Ou seja, para ser parte, basta figurar na inicial. Para ser parte legítima, é preciso ter figurado na relação jurídica que deu ensejo ao processo.

Exemplo: Assim, as partes do contrato não cumprido serão as mesmas da ação para cumprimento. As partes envolvidas em um acidente de carro também.

Para entendermos bem o conceito de parte (e isso é de grande importância para a prova), a primeira regra que se deve colher é o conceito de capacidade. E podemos estabelecer a diferença entre capacidade de ser parte e capacidade de estar em juízo.

Importante: A capacidade de ser parte é a capacidade de direito, ou seja, a capacidade que toda pessoa (qualquer pessoa) tem para adquirir direitos ou contrair obrigações na esfera civil. A segunda é a capacidade de fato, ou seja, a capacidade para o exercício do direito, a possibilidade de estar por si em juízo, que chamamos, então, de capacidade para estar em juízo.

Quem não tem capacidade de fato, somente de direito, é considerado incapaz, absoluta (art. 3º do CC) ou relativamente (art. 4º do CC).

Relembrando: Capacidade de ser parte — qualquer pessoa; capacidade de direito — somente os capazes.

A capacidade será integralizada na medida da incapacidade. Se se tratar de absolutamente incapaz, ele será representado em juízo. Se se tratar de relativamente incapaz, será assistido.

Exemplo: Os menores de 16 anos podem contrair direitos, mas não podem postular em juízo senão com seus pais.

Não confundir capacidade com legitimidade. Trata-se de regra eminentemente gramatical. A capacidade é conceito intransitivo, pois não necessita de complemento: fulano é capaz e ponto. Já a legitimidade tem conteúdo transitivo, pois padece de complemento: fulano é legítimo. Legítimo para quê?

É oração sindética: reclama um complemento. Não confundir ainda com a capacidade postulatória, que é exclusiva dos advogados (Lei n. 8.906/94).

Lembrem-se:

• Capacidade de ser parte (qualquer um); capacidade de estar em juízo (qualquer um que seja capaz);

• Legitimidade de parte (qualquer um que seja capaz e que tenha participado da relação que ensejou o processo);

• Capacidade postulatória (apenas os advo-gados).

Por fim, algumas regras importantes sobre partes e que merecem comentários:

Regra 1 — Quem é “parte processual” deve ter sido “parte material‖: ou seja, ninguém poderá pleitear

em nome próprio direito alheio, salvo nos casos previstos em lei. Geralmente, somente poderá propor a ação o titular do direito material controvertido. Entretanto, a lei,

Page 36: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 36

em casos especiais (art. 60 do CPC), prevê a possibilidade de pessoa estranha à relação material propor a ação (ex.: gestor de negócios, associações ou sindicatos na defesa de seus membros ou associados). Trata-se da regra da legitimação extraordinária.

Regra 2 — Perpetuatio legitimationis (art. 264):

trata-se da estabilização subjetiva da demanda, ou seja, após a citação, não se alteram as partes do processo. Todavia, ocorrem exceções, preconizadas nos arts. 42 e 43 do CPC. A primeira hipótese está prevista no art. 42, que diz que a venda do objeto litigioso não altera a legitimidade das partes em juízo.

Exemplo: A disputa com B a propriedade de um imóvel na justiça. B, no curso do processo, vende o imóvel para C. Essa venda não altera a legitimidade das partes, permanecendo B como réu, disputando, agora em nome próprio, direito alheio. C poderá entrar na qualidade de assistente (porque tem interesse em que uma das partes vença a demanda). Todavia, A pode concordar com a troca de partes e C pode entrar no lugar de B. Essa troca se chama sucessão, porque agora C ingressa no processo, disputando em nome próprio direito próprio.

Assim como no art. 43, que diz que, com a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão (e não a subs-tituição, como diz a lei) por seu espólio e, depois, por seus herdeiros.

Exemplo: Se, no curso do processo, morrer o réu, o processo continuará com o seu espólio (haverá sucessão processual) e, depois que o inventário se findar, se a ação ainda estiver em curso, haverá sucessão para os herdeiros, que agora responderão pelo processo.

Litisconsórcio

As vezes, a situação de direito material conflituosa pode atingir mais de uma pessoa. Essas pessoas podem tanto buscar o Judiciário individualmente quanto em conjunto; nessa segunda situação, acontece o que chamamos de litisconsórcio.

Opera-se o litisconsórcio quando duas ou mais pessoas litigam, ativa ou passivamente, em conjunto, no mesmo processo.

Importante: são dois os seus fundamentos — o primeiro refere-se à economia processual, para evitar a propositura de diversas demandas com maior desgaste probatório e gasto de dinheiro. O. segundo relaciona-se com a harmonia dos julgados, cujo objetivo é evitar decisões conflitantes referentes ao mesmo objeto. Afinal, se todos vão ao Judiciário por ações diferentes, podem obter resultados diferentes também.

Classificação

O litisconsórcio pode ser classificado em relação:

1. À sua posição, e pode ser ativo (pluralidade de autores), passivo (pluralidade de réus) ou misto (pluralidade de autores e réus).

2. Ao momento de sua formação, e assim o litisconsórcio poderá ser inicial (nasce com a propositura da ação) ou ulterior, também chamado de incidental (nasce no curso do processo).

Exemplo: O ulterior pode acontecer quando o litisconsórcio for obrigatório e o autor não o formou (chama apenas o marido, e não a mulher, para uma ação

real imobiliária — art. 10, § 1º, do CPC), devendo o juiz determinar a sua formação ou o seu chamamento ao processo, em que o réu traz os demais co-obrigados para responder pela obrigação no curso da lide.

3. No que se refere à sua obrigatoriedade na formação, o litisconsórcio classifica-se em facultativo (compete ao autor escolher contra quem vai demandar ou ao lado de quem) ou necessário (é aquele que não pode ser declinado, nem pela vontade das partes), conforme o art. 47 do CPC.

Exemplo: De necessário, temos a citação dos cônjuges — art. 10. § 1º, do CPC — ou a ação de divisão e demarcação de terras, na qual todos os confinantes e confrontantes devem ser citados. De facultativo, temos o condomínio ou a dívida solidária, na qual não se está obrigado a demandar COntra todos.

4. Por fim, quanto à uniformidade da decisão, o li-tisconsórcio poderá ser unitário, quando se impõe ao juiz o dever de julgar a demanda de modo uniforme para todos os litisconsortes, ou simples, quando não há essa imposição.

Exemplo: O unitário é a regra; assim, as decisões sempre serão iguais para todos. Pense nos moradores de um condomínio que são desapropriados para a demolição do imóvel. Já o simples acontece ocasionalmente. Como exemplo, temos o usucapião, no qual os confinantes e confrontantes (que são réus) não terão o mesmo resultado que o proprietário (réu).

Hipóteses do litisconsórcio

Dois ou mais indivíduos podem litigar em conjunto, no mesmo processo, ativa ou passivamente, nos termos do art. 46 do CPC, quando:

I — houver comunhão de direitos ou obrigações relativamente à lide. Nesse caso, as partes possuem o mesmo bem jurídico ou têm o dever de cumprir a mesma prestação. Relaciona-se com a causa de pedir remota da demanda, isto é, trata-se da relação jurídica de direito material em comum (ex.: solidariedade, condomínio).

II— os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direitos: todo direito tem como origem ―fatos jurídicos‖. Se esses fatos jurídicos atingem várias pessoas, elas poderão demandar em conjunto, com vistas à obtenção da tutela. Esse instituto liga-se à causa de pedir próxima, ou seja, à relação de direito material controvertida (ex.: batida de carro, ―engavetamento‖, não-cumprimento de um contrato de transporte).

III — entre as causas houver conexão com o objeto ou com a causa de pedir. Nesse caso, reputam-se conexas, nos termos exatos do art. 103 do CPC, duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Como exemplo tradicional, indica-se aquele da ação de despejo em que dois ou mais inquilinos parciais sofrem ação de despejo por falta de pagamento. Nesse caso, eles podem demandar em conjunto.

IV — houver afinidade de questões, ela abrange todas as anteriores.

Observe-Se, por fim, que o art. 46, parágrafo único,

Page 37: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 37

do CPC indica a existência do chamado litisconsórcio multitudinário. Refere-se ao número demasiado de litisconsortes em um dos pólos da demanda, causando dificuldade à defesa do réu ou à rápida solução do litígio. Nesse caso, o juiz de direito poderá, de ofício, fracionar. O litisconsórcio, dividindo-o em vários processos apensos, com instruções distintas, mas em uma única sentença.

Atenção: O litisconsórcio apenas poderá ser limitado aplicando-se a regra anteriormente citada, se se tratar de litisconsórcio facultativo, pois o necessário, mesmo que seja em número demasiado, deve ser mantido.

Muito importante: A participação do litisconsorte e

os efeitos da sentença irão variar de acordo com a natureza do litisconsórcio. Se for simples (se a decisão não precisar ser igual para todos), serão considerados litigantes distintos — os atos e omissões de um não atingem os demais —, consoante a regra indicada no art. 48 do CPC. Quando se tratar de litisconsórcio unitário, os atos de um auxiliam os demais, conforme demonstram os arts. 509 e 320, 1, do CPC. Todavia, se a parte praticar um ato negativo (confissão, por exemplo), este não se comunica com os demais, mesmo sendo unitário. Há de se considerar sempre a regra indicada no art. 191 do Código de Processo Civil.

Procedimento

Entende-se por processo o meio pelo qual a ação se desenvolve, para que a jurisdição exerça sua finalidade de dirimir um conflito na relação jurídica de direito material. O Direito Processual Civil comporta, basicamente, três tipos de processo: o de conhecimento (livro 1), o de execução (livro 2) e o cautelar (livro 3).

Em razão de vários fatores, como o valor da causa e a natureza do direito material controvertido, o processo assume diferentes feições e ritmos, uns mais demorados, com vários atos, outros mais céleres, com menos atos.

Essas diferenças entre os diversos processos no sistema são chamadas de procedimento.

Portanto, os procedimentos podem ser:

Procedimento comum — ordinário ou sumário.

Procedimento especial — codificado ou legislação

extravagante.

Deve-se considerar que o rito ordinário é tratado de modo completo e exaustivo, por isso é aplicado em nível residual para os demais procedimentos.

Tanto no sumário quanto no especial, quando suas disposições forem omissas, podem ser aplicados os atos previstos ao rito ordinário (aplicação subsidiária, consoante o art. 272, parágrafo único, do CPC).

Importante: Os procedimentos são indeclináveis, isto é, a parte não pode eleger um procedimento quando houver outro expressamente indicado em lei (princípio da indeclinabilidade dos procedimentos).

Todo procedimento comum ou especial possui uma estrutura lógica, com ―frases‖ ligadas entre si, sujeita à preclusão, assistindo às partes o dever de adotar, em cada uma delas, as providências e medidas que lhes são características.

Procedimento sumário (art. 275 do CPC)

É importante entender esta premissa:

Caracteriza-se o rito sumário pela concentração pro-cedimental dos atos. A diferença estabelecida entre o rito ordinário e o rito sumário é que os atos deste são mais concentrados e o processo é mais célere. Por que mais célere? Porque o legislador separou, para o rito sumário, as causas que comumente são de mais fácil prova; por esse motivo, criou um processo mais conciso. O valor e a natureza da causa são critérios adotados para indicar a adoção desse procedimento.

Assim, o rito sumário pode ser aplicado em duas possibilidades:

a. Nas causas cujo montante não exceda o va-lor, vigente no País, de 60 (sessenta) salários míni-mos.

Assim, qualquer causa até 60 salários mínimos se aplica ao rito sumário.

Notas importantes:

• Não cabem, para o rito sumário, as causas que versem sobre o estado ou a capacidade das pessoas (ex.: processo de interdição);

• Se o valor da causa for de até 40 (quarenta) salários, é facultativa tanto a escolha do rito sumário quanto a do Juizado Especial Cível.

b. Nas causas, qualquer que seja o valor.

Agora o critério não é mais o valor, e sim a matéria. Veja que as causas enumeradas a seguir independem do valor, podendo ser acima de 60 salários mínimos. Vejamos:

1. Contrato de arrendamento rural e de parceria agrícola.

Arrendamento rural é o contrato de locação de imóvel rural e parceria agrícola também. A diferença é que no primeiro caso o pagamento se faz em dinheiro, e no segundo, com parte daquilo que o parceiro cultivou.

2. De cobrança de quaisquer quantias devidas a condomínio.

Essa cobrança se aplica nos casos em que o condomínio (representado pelo síndico) cobra o condômino (proprietário) — obrigação propter rem.

Não se deve confundi-la com a cobrança executiva (art. 585, V, do CPC), que é a cobrança do locador ao locatário do condomínio, em decorrência do contrato de locação (ou seja, está previsto no contrato que o locatário deve pagar o condomínio).

3. De ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico (rural).

Trata-se de ação indenizatória. Leia-se ―imóvel‖ no lugar de ―prédio‖. Assim, qualquer dano causado em um imóvel será seguido por esta ação (ex.: vazamento de um apartamento em outro).

4. De ressarcimento por danos ocasionados em acidente de veículo de via terrestre.

Não só a famosa batida de carro como também qualquer veículo terrestre é abrangido por esta alínea.

5. De cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo.

Page 38: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 38

É a possibilidade de cobrar da seguradora o valor que se despendeu em uma ação de acidente de veículo terrestre.

Esta alínea está perdendo a eficácia com a possibilidade de denunciar a lide, no rito sumário, nos casos de seguro (art. 280 do CPC).

6. De cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvados os casos de lei especial.

O médico, o engenheiro, o dentista e os demais profissionais liberais que não receberam os honorários em contra-prestação dos serviços prestados poderão ingressar com uma ação de cobrança pelo rito sumário. Todavia, se o estatuto de classe tiver previsão de ação específica, segue a regra especial em detrimento da regra geral (CPC).

Ex.: o advogado pode valer-se da execução por expressa previsão no estatuto da advocacia (Lei n. 8.906/94).

7. Nos demais casos previstos em lei.

Pode-se indicar, por exemplo, a adjudicação compulsória, o usucapião especial (Lei nº 6.969/81), a revisional de aluguéis (Lei n. 8.245/91) etc.

Quanto ao procedimento, temos:

a. Petição inicial: a petição inicial deve preencher os requisitos dos arts. 282 e 283 do Código de Processo Civil, com a juntada do rol de testemunhas, sob pena de preclusão, bem como a indicação do assistente técnico e formulação de quesitos, caso seja necessária a produção de prova técnica.

b. Citação: o réu é citado para apresentar, se quiser, defesa em audiência, e deverá ser citado ao menos dez dias antes da audiência. O juiz deve fixar a audiência em 30 dias.

Atenção: As fazendas têm prazo em dobro nesse caso, portanto, devem ser citadas 20 dias antes da audiência.

c. Audiência preliminar (art. 331 do CPC): as partes podem comparecer pessoalmente ou se fazer representar por um preposto com poderes para transigir. Em não havendo acordo, o réu apresentará sua contestação e/ou as exceções rituais (se houver). As provas devem ser requeridas na contestação, com rol de testemunhas e requerimento para perícia.

Importante: Não cabe reconvenção no rito sumário, porque se trata de uma ação de natureza dúplice em que se formula o pedido contraposto

O juiz de direito poderá converter a ação para o rito ordinário, seja porque as provas apresentadas são complexas — e, por isso, haverá necessidade de um procedimento maior —‗ seja porque houve impugnação do valor da causa e o juiz o elevou, ultrapassando o teto de 60 salários mínimos.

Importantíssimo: Nos termos do art. 280, no

procedimento sumário, não é admissível ação declaratória incidental nem intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fudada em contrato de seguro (guardem bem esse artigo!).

Procedimento ordinário

Afirmou-se que o procedimento ordinário é o mais hábil para a realização do processo de conhecimento, servindo como fonte subsidiária para os demais procedimentos. Assim, para facilitar o estudo dessa matéria, dividiremos o procedimento ordinário em quatro fases cronológicas: postulatória, ordinatória, instrutória e decisória.

a. Postulatória: abrange o ajuizamento da ação, a citação do réu e a apresentação das defesas.

b. Ordinatória: abrange as providências preliminares — revelia, declaração incidental, réplica, a extinção do processo (art. 329 do CPC), o julgamento antecipado da lide (art. 330 do CPC) e o saneamento (art. 331 do CPC).

c. Instrutória (arts. 332 a 454 do CPC): são produzidas as demais provas, com exceção da documental, que já foi produzida (arts. 283 e 396 do CPC), ou, pelo menos, deveria ter sido.

d. Decisória: prolação da sentença.

Atos Processuais

Gediel Claudino de Araujo Júnior

Conceito e classificação

Instrumento de que se vale o Estado-juiz para solucionar o litígio, o processo nada mais é do que uma série coordenada de atos que estabelecem um diálogo entre as partes e o juiz, a fim de possibilitar a entrega da tutela jurisdicional. Destarte, pode-se afirmar que ato processual é o ato jurídico, isto é, o ato de vontade humana, praticado dentro do processo pelas partes, pelos agentes da jurisdição, ou mesmo por terceiros ligados ao feito, capaz de criar, modificar, conservar ou extinguir a relação jurídica processual.

Adotando a teoria que classifica os atos processuais segundo a sua origem, isto é, considerando os sujeitos que os praticam, o CPC divide os atos processuais em:

I — atos da parte (arts. 158 a 161, CPC);

II — atos do juiz (arts. 162 a 165, CPC);

III — atos do escrivão ou do chefe de secretaria (arts. 166 a 171, CPC).

Forma

Quanto à maneira como devem ser praticados, os atos processuais podem ser ―solenes‖ e ―não solenes‖. Solenes são aqueles para os quais a lei prevê determinada forma como condição de validade. Regra geral, os atos e os termos processuais não dependem de forma especial (princípio da liberdade das formas), mas, mesmo aqueles para os quais está prevista forma especial (v. g., carta de ordem, carta precatória, carta rogatória, citação por edital, citação por hora certa etc.), serão válidos, apesar de realizados de outra forma, se tiverem alcançado a sua finalidade essencial (princípio da instrumentalidade das formas). De fato, o caput do art. 154 do CPC declara que ―os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial‖. No mesmo sentido, a norma do art. 244 do CPC que declara que, ―quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de

Page 39: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 39

nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade‖.

Processo eletrônico

A Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006, trouxe a

lume normas gerais sobre a informatização do processo judicial, seja na área civil, penal e trabalhista, inclusive os juizados especiais. Basicamente, a Lei procurou viabilizar juridicamente a prática de atos processuais por meio eletrônico, assim entendido qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais. Neste sentido, acrescentou o § 2º ao art. 154 do CPC com a seguinte redação: ―Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei.‖

Entretanto, a realização prática do ―processo eletrônico‖ ainda vai depender não só de regulamentação específica, a ser emitida pelos órgãos do Poder Judiciário, conforme art. 18 da Lei nº 11.419/06, mas principalmente da criação das condições mínimas necessárias à sua implantação (v. g., informatização dos órgãos judiciais de 1ª e 2ª instância; estabelecimento de protocolos entre os tribunais; credenciamento dos advogados etc.).

No que concerne às regras atinentes à informatização do processo civil, esclarecemos que serão comentadas, conforme o caso, nos itens próprios. Atente-se, no entanto, para a regra geral introduzida pelo §2º do art. 154 do CPC, supracitado, que deixa claro que todos os atos e termos do processo poderão ser praticados e armazenados, na forma da lei, por meio eletrônico (v. g., distribuição de petições inicial, citações,

intimações, respostas, audiências, sentenças etc.).

Publicidade

Buscando garantir a veracidade, correção e transpa-rência dos atos processuais, estes devem ser preferen-cialmente públicos, inclusive as audiências (arts. 155 e 444, CPC), conforme norma esculpida na própria Consti-tuição Federal (art. 93, IX), que declara que ―todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públi-cos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determi-nados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudi-que o interesse público à informação‖.

No mesmo sentido, a norma esculpida no art. 155 do CPC, que diz que ―os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:

I — em que o exigir o interesse público;

II — que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite‖.

Língua

Os atos processuais devem ser praticados em vernáculo, termo que indica o idioma próprio de um país,

no nosso caso, a língua portuguesa (art. 156, CPC),

sendo nulos os atos grafados em outra língua que não o português. Quanto a isso, o art. 157 do CPC informa que ―só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado‖.

Atos da parte

Atos da parte são aqueles praticados pelo autor, pelo réu e por terceiros intervenientes (arts. 56 a 80, CPC), podendo ser levados a efeito oralmente (v. g., contestação no rito sumário, agravo retido, debates etc.), ou por escrito (v. g., petição inicial, contestação,

reconvenção, exceções, impugnações, petições diversas, cota nos autos etc.). No caso dos atos praticados por petições, a parte pode exigir recibo (art. 160, CPC). De forma geral, a doutrina classifica os atos da parte em: atos postulatórios, que envolvem o requerimento de uma providência determinada (v. g., petição inicial, contestação, exceção, reconvenção etc.); atos dispositivos, também chamados de negócios processuais, pois envolvem atos, unilaterais ou bilaterais, em que as partes auto-regulam a tutela jurisdicional, que passa a ser apenas homologatória (v. g., desistência da ação, transação etc.); atos instrutórios, que englobam os atos destinados a convencer o juiz, provando a veracidade das alegações da parte (v. g., juntada de documentos, perícias, testemunhos, depoimento pessoal etc.).

Atos do juiz

No processo, o juiz é o delegado do Estado, o responsável pela entrega da tutela jurisdicional, razão pela qual deve velar pela correção da marcha processual, fiscalizando os atos praticados pelas partes e dirigindo a colheita de outros. A fim de cumprir a sua missão, o juiz pratica muitos atos dentro do processo, com ou sem caráter decisório. Segundo o CPC, art. 162, os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

A petição inicial é o ato pelo qual o autor dá início ao processo; já a sentença, segundo a nova redação do § 1º do art. 162, dada pela Lei nº

11.232/05, ―é o ato do juiz

que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269‖. Isto é, sentença é o ato processual por meio do qual o juiz entrega a tutela jurisdicional, resolvendo ou não a lide. A diferença do atual conceito em relação ao anterior está no fato de que agora a prolação da sentença só implica a extinção do processo, em primeiro grau (art. 329, CPC), se o juiz apontar que ficou caracterizada alguma das hipóteses previstas no art. 267 do CPC, ou, no caso de ter conhecido o mérito do pedido, o tenha julgado improcedente (art. 269, I, CPC), ou reconhecido a ocorrência dos casos previstos nos incisos IV e V do art. 269 do CPC. Julgado procedente o pedido, seja porque o juiz acolheu o pedido do autor (art. 269, I, CPC), seja porque o réu reconheceu a sua procedência (art. 269, II, CPC), seja porque as partes transigiram (art. 269, III, CPC), a sentença não põe fim ao processo, que só se extinguirá com a efetivação do direito reconhecido ao autor. Observe-se, outrossim, que se a sentença julga procedente ou improcedente o pedido do autor, diz-se que se trata de sentença de mérito, ou sentença definitiva, fundada sempre em um

dos incisos do art. 269 do CPC, produzindo a coisa julgada material (art. 468, CPC), que impede seja a questão novamente discutida pelo Poder Judiciário. Se, ao contrário, a sentença deixa de conhecer o pedido do autor, diz-se que se trata de sentença terminativa,

Page 40: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 40

fundada em um dos incisos do art. 267 do CPC, que produz a coisa julgada formal, o que possibilita, salvo no caso de a sentença ter acatado alegação de perempção, litispendência ou coisa julgada, o ajuizamento de novo feito sobre a mesma questão.

Decisão interlocutória, por sua vez, é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente (v. g., deferimento ou indeferimento de pedido liminar, saneamento do feito, recebimento ou não de recurso etc.). Já os ―despachos‖ englobam todos os demais atos do juiz que, embora não tenham caráter decisório, têm como propósito dar andamento ao processo (princípio do impulso oficial).

Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais (art. 163, CPC).

Atos do escrivão

De início, deve-se esclarecer que os atos atribuídos ao escrivão (art. 166, CPC) não precisam ser necessariamente praticados apenas pelo servidor que ocupa esta função, sendo lícito que este faça uso de auxiliares, que, regularmente juramentados, praticam uma série de atos que envolvem documentação, comunicação e movimentação do processo, nos chamados atos ordinatórios (v. g., juntada de petição,

expedição do mandado, abertura de vista, conclusão etc.), que envolvem a constituição física do feito, os chamados ―autos do processo‖.

Tempo e lugar dos atos processuais

Os atos processuais devem ser realizados em dias úteis, dentro do expediente normal do fórum, que deve ser fixado entre 6 (seis) horas de um dia e as 20 (vinte) horas do mesmo dia (art. 172, CPC). O horário do protocolo deve ser estabelecido pela lei de organização judiciária competente. A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, realizar-se em domingos e feriados ou fora do horário estabelecido, mediante autorização expressa do juiz (art. 172, § 2º, CPC). Observe-se, ainda, que não deverão ser praticados atos processuais nos feriados, quando não há expediente forense (art. 175, CPC). Registre-se, ainda, que a Emenda Constitucional nº

45/2004 acabou com o

conhecido período de férias forenses (art. 173, CPC), assim considerado aquele período de férias coletivas dos juízos de primeiro grau e dos tribunais, normalmente entre 2 e 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho (art. 66, §1º, LOM), ou conforme dispusesse a lei de organização judiciária de cada Estado. Com efeito, a referida emenda acrescentou o inciso XII ao art. 93 da Constituição Federal, com a seguinte redação:

―A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.‖

Os atos processuais devem ser realizados no edifício do Fórum ou Tribunal (art. 176, CPC). Podem, no entanto, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência (v. g., Presidente, Ministros, Governador etc.), de interesse da justiça (v. g., inspeção, constatação) e a pedido da parte (v. g., doença grave).

Nulidades dos atos processuais

Não obstante haja regras próprias no trato do sistema de nulidades, os atos processuais, como qualquer ato

jurídico, estão sujeitos às exigências comuns de validade previstas no Código Civil (art. 104, CC/2002), quais sejam: agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei. No campo da capacidade, deve-se acrescentar que, além de a parte ser capaz (art. 5º, CC/2002), deve ser representada por advogado ou pelo Ministério Público, nos casos previstos em lei, visto que para a prática do ato processual exige-se, de regra, também a capacidade postulatória (art. 36, CPC).

Ordinariamente, os tratadistas classificam as nulidades dos atos processuais em três categorias, quais sejam:

I — atos inexistentes, ou seja, atos que não se apresentam com requisitos mínimos para provocar efeitos no mundo jurídico, são os ―não-atos‖ (v.g., sentença prolatada por quem não é juiz; sentença não assinada pelo juiz — RT 508/64; petição não assinada pelo advogado; atos praticados por advogado que não deixa de apresentar a procuração etc.);

II — atos anuláveis, ou atos relativamente nulos, que

são aqueles que produzem efeitos enquanto não argüido o vício pelo interessado, e só por ele (art. 243, CPC), e que estão sujeitos a preclusão, conforme norma do art. 245 do CPC, que declara que ―a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão‖ (v. g., atos praticados por juiz relativamente incompetente; extinção indevida do processo sem julgamento do mérito; penhora de bem desrespeitando a ordem de preferência contida no art. 655 do CPC etc.);

III — atos nulos, ou atos absolutamente nulos, que são aqueles que não produzem efeitos, visto que se apresentam faltos de requisito essencial; portanto, insanáveis e não sujeitos a preclusão, e cuja declaração de nulidade pode ser feita a pedido da parte interessada ou de ofício pelo próprio juiz (v. g., citação que não foi

feita na pessoa do réu; sentença sem relatório ou fundamentação; sentença proferida por juiz que não colheu as provas, salvo nos casos permitidos em lei etc.).

De modo geral, pode-se afirmar que o sistema de nulidades dos atos processuais é informado pelas seguintes normas:

I — não há nulidade sem prejuízo;

II — o ato será considerado válido se, realizado de forma incorreta, alcançar sua finalidade essencial (princípio da instrumentalidade das formas);

III — as nulidades só podem ser argüidas pela parte prejudicada;

IV — toda nulidade, seja relativa ou absoluta, deve ser reconhecida e declarada judicialmente, sendo que o juiz, ao fazê-lo, deverá indicar os atos atingidos.

Prazos Processuais

Conceito e classificação

O processo acontece por meio da ocorrência de uma série de atos processuais, tendentes a levá-lo a cumprir a sua finalidade, que é a prestação da tutela jurisdicional. As espécies desses atos, sua ordem, tempo e forma como se realizam é que dão origem aos muitos procedimentos previstos no CPC. No entanto, qualquer

que seja o procedimento, este demanda que os atos

Page 41: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 41

processuais sejam praticados dentro de certo tempo, com escopo de evitar que o processo se arraste indefinidamente, levando o Estado a falhar na sua missão de resolver a lide. Com efeito, declara o art. 177 do CPC que os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei; se esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa. Assim, pode-se conceituar prazo como o espaço de tempo em que o ato processual pode ser validamente praticado.

A doutrina tradicional classifica os prazos processuais da seguinte forma:

I — Quanto a sua fonte

Quanto a sua origem, ou fonte, os prazos podem ser classificados em: legais, assim considerados os fixados na própria lei processual (v. g., prazo para a resposta do réu; prazo para internosição dos recursos etc.); judiciais, aqueles fixados pelo juiz nos casos permitidos em lei (v. g., prazo do edital; prazo para cumprimento de alguma diligência determinado pelo juízo; prazo para apresentação do rol de testemunhas etc.); convencionais, que são aqueles fixados pelas próprias partes (v. g., prazo de suspensão do processo requerido conjuntamente pelas partes).

II — Quanto ao tipo de sanção

Quanto ao tipo de sanção aplicada aos sujeitos do ato, podem os prazos ser classificados em próprios e impróprios. Próprios são os prazos das partes, que estão

sujeitos a preclusão, que é a perda da faculdade de praticar o ato processual. De outro lado, são chamados de impróprios os prazos do juiz, do escrivão e do curador especial, uma vez que não estão sujeitos a preclusão, sendo que sua inobservância não gera sanção processual, mas apenas disciplinar ou administrativa.

III — Quanto a sua natureza

Quanto a sua natureza, os prazos são: dilatórios (art.

181, CPC), que podem ser alterados, prorrogados, pela vontade das partes e/ou do juiz (v. g., prazo para juntar documentos; prazo para arrolar testemunhas; prazo para efetuar diligências, apresentar alegações finais etc.); peremptórios (art. 182, CPC), que não podem ser alterados ou prorrogados por convenção entre as partes e/ou do juiz (v. g., prazo para contestar; prazo para oferecer exceções e reconvenção; prazo para recorrer etc.).

IV — Quanto ao seu curso

De regra, os prazos são ―contínuos‖, não se interrompendo nos finais de semana e feriados (art. 178, CPC). Todavia, suspende-se o curso do prazo processual com o advento das férias forenses (art. 179, CPC) e nos seguintes casos (art. 180, CPC):

(a) obstáculo criado pela parte contrária (v. g., retirada dos autos);

(b) morte da parte ou de seu representante legal;

(c) convenção das partes requerendo o sobrestamento;

(d) oposição de exceções (incompetência relativa, suspeição e impedimento);

(e) nas intervenções de terceiros provocadas pelas partes (nomeação à autoria, denunciação da lide,

chamamento ao processo).

Há alguns prazos que correm mesmo durante as férias forenses. Com efeito, o art. 174 do CPC informa que se processam durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

(a) os atos de jurisdição voluntária, bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

(b) as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencionadas no art. 275;

(c) todas as causas que a lei federal determinar (v. g., acidentes do trabalho, execução fiscal etc.).

Prazos especiais

O Ministério Público e a Fazenda Pública têm direito a prazo em quádruplo para responder e em dobro para recorrer (art. 188, CPC). Já os litisconsortes com diferentes procuradores e os Defensores Públicos têm, de modo geral, o prazo em dobro (art. 191, CPC; art. 5º, § 5º, Lei nº

1.060/50, LAJ).

Não tendo a lei ou o juiz fixado prazo certo para a prática de certo ato processual a cargo da parte, este será de 5 (cinco) dias (art. 185, CPC). Salvo motivo justificado, o juiz proferirá os despachos de expediente no prazo de 2 (dois) dias e as decisões no prazo de 10 (dez) dias (art. 189, CPC).

Contagem dos prazos

Os prazos processuais só começam a correr e terminam em dia útil, devendo ser contados com exclusão do dia do começo, dies a quo, e com inclusão do de vencimento, dies ad quem (arts. 184 e 240, CPC). O art. 241 do CPC declara que começa a correr o prazo:

I — quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento;

II — quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido;

III — quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido;

IV — quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida;

V — quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz‖.

O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão. Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a decisão ou a sentença (art. 242, CPC).

Preclusão

Iniciado, o processo deve caminhar necessariamente em direção à sentença. A fim de atender a este propósito, o legislador fixou prazos para a realização de cada ato processual previsto no procedimento, vedando, ademais, que questões já tratadas voltem a ser discutidas pelas partes. Numa figura de linguagem, pode-se dizer que as portas vão se fechando atrás das partes, obrigando-as a caminhar para a frente, até que

Page 42: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 42

encontrem a saída (sentença).

A proibição de rediscutir questões já tratadas ou da renovação de atos processuais, seja porque já foram praticados, seja porque a parte deixou de praticá-los no tempo oportuno ou porque já praticou outro ato com ele incompatível, é chamada de preclusão. Destarte, pode-se afirmar que preclusão é a perda da faculdade de praticar o ato processual.

Com arrimo neste conceito, a doutrina reconhece três espécies de preclusão:

I — preclusão temporal, quando a perda da faculdade

de praticar o ato ocorre em razão do decurso do prazo fixado na lei ou pelo juiz;

II —preclusão lógica, quando a parte perde o direito de praticar o ato em razão da prática de outro ato que seja com ele incompatível (v. g., aquele que foi

condenado e que efetuou o pagamento não pode depois recorrer, art. 503, CPC);

III — preclusão consumativa, que ocorre quando a parte pratica o ato, bem ou mal, não interessa, ficando-lhe defeso tornar a praticá-lo mesmo que o prazo ainda não tenha se esgotado. Por exemplo: o prazo para contestar no rito ordinário é de 15 dias; se o réu protocola sua contestação no quinto dia, não pode mais fazê-lo novamente, mesmo que tenha esquecido alguma questão e esteja ainda dentro do prazo original.

Comunicação dos Atos Processuais

Introdução

O desenvolvimento do processo reclama a constante comunicação entre o juiz e as partes, seja para chamar o réu ou terceiro interessado para tomar ciência do processo, seja para informar as partes sobre uma decisão ou convocá-las para praticar ou participar dos atos que sejam de seu interesse. Esta comunicação ocorre sob as ordens do juiz, que as determina e fiscaliza o seu cumprimento, fazendo uso, para tanto, de atos processuais denominados, segundo o CPC, citação e intimação.

Além das formas e meios tradicionais para a prática dos atos processuais, que serão comentadas nos próximos itens, ressalte-se, mais uma vez, que os §§ 1º e 2º do art. 154 do CPC, acrescidos, respectivamente pelas Leis nº 11.280/06 e 11.419/06, faculta aos tribunais, no âmbito de sua competência, disciplinar a prática e a comunicação dos atos processuais por meios eletrônicos. Na verdade, o art. 7º da referida Lei nº

11.419/06 chega a declarar que as cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as comunicações oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e os dos demais Poderes, devem ser feitas preferencialmente por meio eletrônico.

Citação

Conceito

Segundo o art. 213 do CPC, ―citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender‖. Como se percebe, ao trazer o réu ao proces-so, a citação aperfeiçoa a relação jurídica processual (art. 214, CPC), e justamente por esta razão deve, regra geral, ser feita pessoalmente ao réu ou ao seu represen-tante legal (art. 215, CPC), onde quer que este se encon-

tre (art. 216, CPC). Contudo, proíbe-se seja feita a cita-ção, salvo para evitar o perecimento do direito (art. 217, CPC):

I — a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso;

II — ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;

III — aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas;

IV — aos doentes, enquanto grave o seu estado.

Não se deve, ainda, efetuar a citação quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la (art. 218, CPC). Neste caso, o autor deverá citar o representante legal do citando, ou, no caso de que este não o tenha, requerer que o juiz nomeie curador especial com poderes para receber citação e cuidar, no processo, dos interesses do incapaz.

Efeitos

O art. 219 do CPC informa que a citação válida produz os seguintes efeitos:

I — torna, no caso de juízos localizados em comarcas diversas, prevento o juiz;

O instituto da prevenção envolve a fixação da competência num único juízo quando da ocorrência da conexão ou continência (arts. 103 e 104, CPC). Caracterizada a ocorrência da conexão ou da continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes ou do Ministério Público, deve ordenar a reunião das ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente (art. 105, CPC), evitando-se decisões conflitantes.

Com o escopo de viabilizar esta reunião dos processos, deve-se verificar qual é o juízo prevento, isto é, competente, segundo o CPC, para conhecer das ações. No caso, se a conexão ou continência deu-se entre ações que estão tramitando perante juízes que têm a mesma competência territorial (mesma comarca), considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar (art. 106, CPC). Tratando-se de juÍzes com competência territorial diferente, isto é, comarcas diversas, considera-se prevento aquele onde primeiro deu-se a citação.

II — induz litispendência;

Ocorre litispendência quando se reproduz ação anteriormente ajuizada, que ainda está em curso. Registre-se que uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido (art. 301, §§ 1º, 2º e 3º, CPC). Considerando que é a citação válida que forma a relação jurídica processual, somente com sua ocorrência, e não com a simples distribuição da ação, é que se caracteriza a litispendência.

III — torna litigiosa a coisa;

A citação válida tem o efeito de submeter, atrelar, o bem jurídico disputado ao deslinde da causa, ficando seu possuidor proibido de proceder a qualquer alteração sem autorização do juiz, sob pena de ser obrigado a restabelecer o estado anterior e responder por perdas e danos (art. 879, III, CPC).

Page 43: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 43

IV — constitui em mora o devedor;

Tratando o feito de obrigação sem termo certo, isto é, sem vencimento, a citação equivale a uma interpelação, constituindo em mora o devedor (art. 397, CC/2002).

V — interrompe a prescrição;

Prescrição é a perda da faculdade que a pessoa tem de fazer valer seu direito por meio da tutela jurisdicional, em razão de não ter procurado o Poder Judiciário dentro do prazo previsto em lei (art. 206, CC/2002). Segundo o CPC, art. 219, a citação válida interrompe a prescrição, ou seja, interrompe o prazo que a parte tinha para ajuizar a ação, sendo que esta interrupção retroage à data da propositura da ação. Todavia, o Código Civil de 2002, art. 202, inciso I, declara que a prescrição se interrompe pelo simples despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

Modalidades

Os arts. 221 e 222 do CPC informam que a citação pode ser feita pelo correio, por oficial de justiça, por edital e por meio eletrônico, sendo que esta última hipótese ainda depende de regulamentação específica. A princípio deve ser feita pelo correio, salvo:

I — nas ações de estado;

II — quando for ré pessoa incapaz;

III — quando for ré pessoa de direito público;

IV — nos processos de execução;

V — quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;

VI — quando o autor a requerer de outra forma.

Na citação pelo correio, cabe ao escrivão remeter ao réu cópia da petição inicial e do despacho do juiz que a recebeu, consignando expressamente o prazo para apresentação da contestação, bem como a advertência de que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo citando, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor (arts. 223 e 285, CPC). Registre-se, ademais, que a remessa deve ser feita com aviso de recebimento (AR), e só se considera efetuada a citação se a correspondência for recebida pelo próprio citando.

Nos casos ressaltados no art. 222 ou quando frustrada a citação pelo correio, esta far-se-á por meio de oficial de justiça, a quem incumbe procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo, lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé (cópia da petição inicial). Deve, ainda, o oficial obter nota de ciente do citando, ou certificar que este se recusou a tanto.

Se o oficial não encontrar o réu no seu domicílio ou residência, havendo suspeita de ocultação, deverá proceder com a citação por hora certa (citação ficta). Neste caso, primeiramente deverá procurá-lo em seu domicílio por três vezes, de preferência em horários diferentes; não o encontrando, deverá intimar qualquer pessoa da família, ou, em sua falta, a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará em certo horário (hora certa), a fim de efetuar a citação. Comparecendo no dia e hora previamente designados, deverá fazer a citação do réu; se este não se encontrar, o oficial dará por feita a citação, entregando a contrafé à mesma pessoa que intimou anteriormente, fazendo certidão detalhada do

ocorrido (arts. 227 e 228, CPC). Feita a citação por hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe ciência de tudo (art. 229, CPC). Não comparecendo nos autos o réu citado por hora certa, o juiz lhe nomeará curador especial (art. 92, II, CPC), uma vez que não há certeza jurídica de que ele foi realmente citado.

Não sendo possível a citação real (correio ou oficial de justiça), e tendo restado negativas todas as tentativas para localizar o réu, a parte pode requerer que ele seja citado por edital, na chamada citação ficta. Com efeito, o

art. 231 do CPC declara que ―far-se-á a citação por edital:

I — quando desconhecido ou incerto o réu;

II— quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;

III — nos casos expressos em lei‖.

O edital de citação deverá ser fixado na sede do juízo e publicado, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver, indicando seu prazo, que deverá ser fixado pelo juiz entre 20 e 60 dias, correndo da data da primeira publicação (art. 232, CPC).

Ao final do prazo fixado pelo juiz, o réu é considerado citado, começando, então, a correr o prazo para apresentação de resposta. Assim como acontece no caso da citação por hora certa, se o réu não comparecer, o juiz lhe nomeará curador especial (art. 92, II, CPC).

Intimação

Intimação, segundo o art. 234 do CPC, ―é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa‖. Enquanto a citação é essencial para completar a relação jurídica processual, uma vez que por ela se chama o réu ou o interessado a fim de se defender, a intimação, por sua vez, é apenas uma forma de o juiz avisar terceiros e as partes sobre determinados pontos do processo (v. g., para o autor se manifestar em réplica sobre a contestação; para que as partes especifiquem as provas; para que a parte se manifeste sobre certidão negativa do oficial de justiça; para que as partes tomem ciência da data de audiência; para que o terceiro venha depor em juízo; informando ao perito que foi nomeado etc.).

A intimação pode ser feita por escrivão (ato de oficio), por oficial de justiça, por publicação no Diário Oficial e na própria audiência. A intimação das partes e dos advogados, nas comarcas onde circula órgão de imprensa oficial, é feita pela só publicação do ato no referido órgão, devendo constar da publicação, sob pena de nulidade, os nomes das partes e de seus advogados (art. 236, CPC). Registre-se que o Ministério Público e os Defensores Públicos devem ser sempre intimados pessoalmente (art. 236, §2º, CPC; art. 5º, § 5º, Lei nº

1.060/50, LAJ).

Entretanto, quando as intimações tenham que ser feitas pessoalmente (v. g., intimação para prestar depoimento pessoal, intimação para participar de perícia técnica, como o exame de DNA), o CPC, em consonância com o princípio da probidade processual, considera válida as intimações que sejam dirigidas ao endereço residencial ou profissional informados na exordial, contestação ou embargos. Neste sentido, o parágrafo único do art. 238 do CPC, acrescentado pela

Page 44: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 44

Lei nº 11.382, de 6 de dezembro de 2006, que declara

que ―presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endereço residencial ou profissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou definitiva

Comunicações fora da comarca

Quando a citação ou intimação tiver que ser feita fora do território da comarca, a parte poderá, conforme o caso, fazer uso da:

I — carta de ordem: quando a citação ou intimação for emitida por Tribunal e destinada a juiz que lhe for subordinado (art. 201, CPC);

II — carta precatória: quando a citação ou intimação for emitida por juiz e for dirigida a outro juiz de igual categoria jurisdicional. Note-se que com o objetivo de tornar a carta mais eficaz, evitando que erros no seu preenchimento a tornem excessivamente morosa, causando prejuízos às partes, o CPC lhe empresta ―caráter itinerante‖, isto é, pode ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de que realmente se cumpra o ato (art. 204, CPC);

III — carta rogatória: quando a citação ou intimação

for emitida por autoridade judiciária brasileira e for dirigida à autoridade judiciária estrangeira (arts. 210 e 211, CPC).

O art. 202 do CPC informa que são requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da carta rogatória:

I — a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;

II — o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado;

III — a menção do ato processual, que lhe constitui o objeto;

IV — o encerramento com a assinatura do juiz.

Deve, ademais, ser declarado em todas as cartas o prazo dentro do qual deverão ser cumpridas, atentando o juiz, quando fixar o prazo, às circunstâncias que envolvem a facilidade de comunicação e a natureza da diligência (art. 203, CPC).

A expedição de carta precatória e rogatória tem efeito de, segundo o art. 338 do CPC, com a redação que lhe deu a Lei nº

11.280, de 16 de fevereiro de 2006,

―suspender o processo‖ (art. 265, IV, b, CPC), desde que a prova solicitada seja imprescindível e que a carta tenha sido requerida antes da decisão de saneamento.

Petição Inicial

Conceito

Segundo o princípio dispositivo ou da inércia, cabe à pessoa interessada provocar, por meio do ajuizamento de uma ação, o Poder Judiciário (nemo judex sine actore) . Em outras palavras, quem pensa ter sido violado em seus direitos deve procurar o Estado-juiz, que até então permanece inerte (art. 2º, CPC). A provocação do Poder Judiciário, ou, em outras palavras, o exercício do direito de exigir a tutela jurisdicional do Estado, se dá por meio de um ato processual escrito denominado ―petição inicial‖. É ela que dá início ao processo, embora,

como já se disse, a relação jurídica processual só se complete com a citação válida do réu (art. 219, CPC). Destarte, pode-se afirmar que a petição inicial é o ato

processual escrito por meio do qual a pessoa exerce seu direito de ação, provocando a atividade jurisdicional do Estado.

Requisitos da petição inicial

A fim de traçar os exatos parâmetros da lide, possibilitando ao juiz saber sobre o que terá que julgar (art. 128, CPC), o CPC, art. 282, exige que a petição inicial indique:

I —o juiz ou tribunal, a que é dirigida;

II — os nomes, prenomes, estado civil, profissão e residência do autor e do réu;

III — o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV — o pedido, com as suas especificações;

V — o valor da causa;

VI — as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII — o requerimento para a citação do réu.

Além destes requisitos, a petição inicial, segundo os arts. 39, I, 283 e 295, V, do CPC e art. 15 da Lei nº

11.419/06, deve ainda:

I — mencionar o endereço onde o advogado receberá intimação;

II — ser instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação;

III — obedecer o procedimento aplicável ao caso;

IV — informar o número do CPF do autor, ou, quando for o caso, o número do CNPJ.

Não são apenas estes os requisitos da petição inicial; há várias ações que têm requisitos próprios (v. g.,

possessórias, adoção, demarcação, divisão, pauliana etc.), para os quais também se deve estar atento. A correta compreensão e o domínio dos requisitos legais da petição inicial, além do cuidado com sua forma e apresentação, são imprescindíveis para a obtenção do direito pretendido.

Endereçamento

Com escopo de endereçar corretamente a petição inicial, a parte deve primeiramente apurar qual é o foro competente para a ação que pretende ajuizar. A fim de cumprir este desiderato, a parte deve inicialmente verificar a existência de foro de eleição ou de alguma norma especial para a ação em especial (v. g., art. 58, II, Lei nº

8.245/9 1), passando, em caso negativo, às regras

previstas no art. 91 e seguintes do CPC. Seja qual for o caso, a indicação incorreta do foro não provoca o indeferimento da petição inicial, mas apenas, no caso de incompetência absoluta, a remessa dos autos para o juízo competente. Escolhido o foro, ao fazer o endereçamento, o advogado deve consultar as normas de organização judiciária, a fim de verificar a existência de varas especializadas naquela comarca (v. g., família e sucessões, fazenda pública, infância e juventude etc.), para onde, eventualmente, deverá endereçar sua petição.

Page 45: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 45

Qualificação das partes

Neste item, o CPC exige os elementos que entende necessários para a correta identificação das partes, isto é, os sujeitos do processo, as pessoas que, ativa ou passivamente, serão atingidas pela eficácia da sentença. Destarte, a petição inicial deve informar os ―nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu‖. No caso de pessoas jurídicas, de incapazes e de entes despersonalizados (v. g., espólio, massa falida), a petição inicial deve indicar ainda em qual pessoa deverá ser feita a citação. E compreensível que em certas ações (v.g., possessórias, investigação de paternidade etc.), o autor tenha dificuldades para atender por inteiro à norma (nome, prenome, estado civil, profissão, domicílio). Nestas ocasiões, é importante que apresente elementos que possibilitem a imediata, ou oportuna, individualização da pessoa, ou pessoas, demandadas, por exemplo: ―Zéca (moreno claro, olhos pretos, aproximadamente 1,65 m, 25 anos, 60 kg), brasileiro, balconista, estado civil e domicílio ignorados, podendo ser encontrado no Bar Secos e Molhados, situado na Rua Verde, nº 00, centro, nesta Cidade e Comarca.‖

O fato e os fundamentos jurídicos do pedido

A doutrina tradicional distingue os fundamentos de fato dos fundamentos jurídicos, indicando que o primeiro representa a ―causa de pedir próxima‖, isto é, o que motiva o autor ir a juízo; já o segundo indica a ―causa de pedir remota‖, isto é, o fato que justifica a pretensão do autor. Com efeito, o autor deve fazer constar na petição inicial os fatos e os fundamentos jurídicos que justificam o seu pedido, por exemplo: o autor informa que locou imóvel de sua propriedade para o réu (fundamento jurídico) e que este está inadimplente com o pagamento do aluguel (fundamento de fato), requerendo, portanto, a rescisão do contrato e o despejo do inquilino inadimplente (pedido). Note-se que neste exemplo o que motiva o autor a buscar a tutela jurisdicional é a inadimplência do inquilino (causa de pedir próxima) e o que justifica a sua pretensão é o contrato de locação que existe entre as partes (causa de pedir remota).

Assinale-se, ademais, que o autor não precisa indicar as disposições legais que disciplinam a sua pretensão, visto que o juiz conhece o direito, conforme a velha máxima latina ―narre-me o fato, e eu lhe indico o direito‖ (da mihi factum, dabo tibi jus).

Pedido

O pedido deve expressar o que o autor espera do Estado-juiz, delimitando a lide (conflito), razão pela qual deve ser: certo, isto é, expresso, não se aceitando pedido apenas implícito; determinado, no sentido de informar com segurança quais os limites da pretensão do autor. O pedido deve, ainda, ser a conclusão lógica dos fatos, naquilo que a doutrina chama de ―pedido concludente‖.

Ordinariamente, o pedido é classificado em imediato e mediato. Pedido imediato expressa o desejo que o

autor tem de obter uma sentença, seja condenatória, seja declaratória, seja constitutiva, razão pela qual deve ser sempre determinado. Já o pedido mediato é o próprio bem da vida buscado pelo autor em face do réu (v. g.,

alimentos, posse, propriedade, indenização etc.), podendo ser genérico em algumas circunstâncias (art. 286, CPC):

I — nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados (v. g., inventário);

II — quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito (v. g., ação de reparação de danos, sendo que a vítima ainda está em tratamento);

III — quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu (v. g., ação de prestação de contas).

Valor da causa

O valor da causa deve, sempre que possível, representar o valor econômico do pedido, com o escopo de servir como justo parâmetro na fixação das custas processuais, honorários advocatícios e, quando pertinente, do tipo de procedimento aplicável ao processo (art. 275, I, CPC). Mesmo que a ação não tenha conteúdo econômico imediato (v. g., regulamentação de visitas, alteração de guarda, investigação de paternidade sem pedido de alimentos, separação judicial sem bens, conversão de separação em divórcio, adoção etc.), é obrigatória a atribuição de um valor à causa (art. 258, CPC). Neste caso, o autor tem autonomia para fixar um valor segundo critérios subjetivos próprios, desde que o valor imputado seja compatível com as circunstâncias gerais do caso. Neste sentido, a jurisprudência, in verbis: ―A fixação de um valor absurdo, fora da realidade, sem pertinência com os autos, ademais de agredir a lógica do razoável, viola o art. 258 do Código de Processo Civil, base sobre a qual fincou-se o julgado recorrido para admitir o valor indicado pelo autor‖ (STJ, REsp 1 67.475-SP, DJ 31.5.99, p.l 44.

Rel. Mm. Carlos Alberto Menezes, 3ª Turma, v.u.).

A fim de apurar o valor correto da causa, o autor deve servir-se das normas previstas no CPC ou de leis extravagantes (v. g., ação de despejo, art. 58, III, Lei nº

8.245/91). Com efeito, o art. 259 do CPC declara que o valor da causa deve constar sempre da petição inicial e será:

I — na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;

II — havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;

III — sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;

IV — se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;

V — quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;

VI — na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;

VII — na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.

No caso de se pedirem prestações vencidas e vincendas, estas serão iguais a uma prestação anual, somando-se com as vencidas (art. 260, CPC).

Provas

O autor deve requerer expressamente na petição

Page 46: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 46

inicial a produção das provas que entende serem necessárias para demonstrar a verdade dos fatos que informou. Não atende ao requisito legal do art. 282, VI, do CPC o simples protesto genérico por provas, embora seja comum observar petições iniciais neste sentido. A indicação específica e expressa das provas a serem produzidas pode ser feita da seguinte forma: “Ação de Divórcio Litigioso: provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do réu, que deverá ser oportunamente intimado para tanto.‖

Ainda no campo das provas, não se deve olvidar que cabe ao autor anexar à petição inicial os documentos que sejam indispensáveis à propositura da ação (arts. 283 e 396, CPC), assim considerados aqueles destinados a provar fatos que não possam ser provados de outra forma ou que sejam da essência do ato, isto é, sem os quais não pode o juiz apreciar o mérito do pedido, por exemplo: certidão de nascimento, certidão de casamento, certidão de propriedade, instrumento do contrato, título executivo etc.

Requerimento de citação do réu

Somente com a citação do réu a relação processual se aperfeiçoa (art. 214, CPC), razão mais do que suficiente para que o autor não só faça o requerimento de citação da parte passiva, mas tome as providências necessárias para efetivá-la (art. 219, § 2º, CPC). A forma de fazer o pedido de citação do réu varia de acordo com o procedimento aplicável à ação. Em alguns casos o réu é citado para responder; em outros, é citado para comparecer em audiência de conciliação; já em outros, é citado para receber certo valor ou bem, e assim por diante. Destarte, com escopo de fazer o pedido de citação de forma correta, a parte deve estar atenta às regras do procedimento aplicável ao caso.

Endereço para intimação do advogado

A norma do art. 39, I, do CPC só tem aplicação nas comarcas onde não circula órgão oficial de imprensa (arts. 236 e 237, CPC), ou quando a lei exige a intimação pessoal do advogado (art. 52, § 5º, Lei nº

1.060/50, LAJ).

De qualquer forma, a jurisprudência tem entendido suprida esta exigência quando consta o endereço do escritório em papel timbrado ou na procuração ad judicia.

Rol de testemunhas e quesitos da perícia

Quando o procedimento aplicável ao caso for o comum sumário, o autor deve ainda apresentar na petição inicial o rol de testemunhas, isto é, nome, endereço e profissão das pessoas que irão confirmar os fatos alegados na exordial, assim como, no caso de requerer perícia técnica, deverá já apresentar os quesitos, isto é, as perguntas que deverão ser respondidas pelo perito, bem como, se quiser, deverá proceder com a indicação do assistente técnico (art. 276, CPC).

O desatendimento desta norma implicará a preclusão do direito de arrolar testemunhas, bem como oferecer quesitos, o que poderá ser devastador para as pretensões do autor.

Emenda da petição inicial

Distribuída ou protocolada a petição inicial, conforme a quantidade de juízos competentes na comarca (art. 251, CPC), esta é encaminhada ao escrivão para que

providencie a sua autuação (art. 166, CPC), após o que os autos são conclusos para o juiz a fim de que verifique se foram cumpridos os requisitos dos arts. 282 e 283 do CPC, ou outro requisito específico daquele feito em especial (v. g., art. 893 do CPC, ação de consignação em pagamento). Verificando o juiz que a petição inicial não atende a algum dos requisitos legais, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento do mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser indeferida (art. 284, CPC), o que implicará a extinção do feito sem julgamento de mérito (art. 267, I, CPC).

Entende a melhor doutrina que a emenda da petição inicial constitui direito subjetivo do autor, razão pela qual deve o juiz necessariamente dar oportunidade para que o autor a emende ou a complete antes de extinguir o processo sem julgamento do mérito. Inegável que tal entendimento encontra-se em consonância com o princípio da instrumentalidade do processo. A fim de tornar este direito efetivo, deve ainda o juiz indicar expressamente o motivo por que entende que o autor deve emendar ou completar a petição inicial.

Indeferimento da petição inicial

O processo é apenas o instrumento do qual se vale o Estado para prestar a tutela jurisdicional (princípio da instrumentalidade), razão pela qual este não tem interesse em indeferir a petição inicial, extinguindo o feito sem julgamento de mérito, porque isto não resolve a lide, o que mantém as partes em conflito, colocando em risco a ordem jurídica e a paz social. Destarte, quando a petição inicial se apresenta incompleta ou quando desatende aos requisitos legais, o Estado-juiz preferencialmente procura abrir oportunidade para que o autor a emende ou a complete (art. 284, CPC). Entretanto, há casos em que a petição inicial acaba por ser indeferida, seja porque o autor não atendeu à determinação para emendá-la, seja em razão da ocorrência de alguma das outras hipóteses previstas no CPC.

Com efeito, o art. 295 do CPC declara que a petição inicial será indeferida:

I — quando for inepta, o parágrafo único informa que se considera inepta a petição inicial quando lhe faltar pedido ou causa de pedir, da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão, o pedido for juridicamente impossível ou contiver pedidos incompatíveis entre si;

II — quando a parte for manifestamente ilegítima; por

exemplo: o autor está pleiteando, em nome próprio, direito material que não é seu;

III — quando o autor carecer de interesse processual; note-se que o interesse, ou seja, a necessidade da tutela jurisdicional, deve restar evidente da narração dos fatos, por exemplo: não tem interesse processual quem deseja cobrar dívida que ainda não venceu;

IV — quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5º); com a reforma promovida pela Lei nº

11.280, de 16 de fevereiro

de 2006, tanto a decadência como a prescrição podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz;

V — quando não for adequado ao pedido o procedimento escolhido; neste caso só haverá o

Page 47: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 47

indeferimento se não for possível adaptar-se o pedido do autor ao tipo de procedimento legal previsto para o caso;

VI— quando não constar o endereço do advogado para intimação; naquelas comarcas onde não circula órgão oficial de imprensa.

Da sentença que indefere a petição inicial, extinguindo o processo sem julgamento do mérito (art. 267, I, CPC), cabe o recurso de apelação. Como se sabe, com a sentença o juiz acaba o seu ofício, sendo-lhe, de regra, vedado inovar no processo após a sua publicação (art. 463, CPC); todavia, no caso da sentença que indefere a petição inicial, a lei abre uma exceção, permitindo ao juiz que se retrate. Neste sentido a norma do art. 296 do CPC que declara que ―indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente‖.

2) Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, conteúdo, forma e tipos.

· ADJUDICAÇÃO – é um ato previsto no processo de execução por quantia certa, que consiste em o credor, a requerimento seu, ficar com o bem penhorado como pagamento. Ou seja, ao invés de o bem ser vendido e o produto da venda passado ao credor, será entregue o próprio bem ao Exequente. A adjudicação se dá pelo valor da avaliação.

· EXCEÇÃO – é um tipo de resposta do réu, que tem o objetivo de substituir o juiz da causa, seja porque ele é relativamente incompetente(território e valor da causa) ou porque é suspeito(art.135) ou impedido(art.134). Es-sas duas últimas também podem ser feitas pelo Autor, no prazo de 15 dias que tomou ciência da causa de suspei-ção ou impedimento do juiz. A exceção SUSPENDE o processo, enquanto não for decidida. Portanto, se o réu protocolar uma exceção no 10o dia do prazo para ofere-cer resposta(que é de 15 dias, em regra), ele terá, quan-do do final da exceção, mais cinco dias de prazo para, caso queira, oferecer contestação e reconvenção.

· INEPCIA DA INICIAL – é uma das causas de inde-ferimento da petição inicial – art. 295 do CPC. Trata-se de vício INSANÁVEL, que, ao ser detectado pelo juiz, o obriga a extinguir o processo, sem resolução de mérito. A inépcia se dá em quatro situações: 1) quando a petição inicial não tiver pedido ou causa de pedir; 2) quando a petição inicial contiver pedido juridicamente impossível; 3) quando a petição inicial contiver pedidos incompatí-veis entre si; 4) quando da narração dos fatos não decor-rer logicamente a conclusão.

· RECURSO COM DUPLO EFEITO – Ao se aviar um recurso, ele provoca efeitos na decisão recorrida. Diz-se que um recurso tem DUPLO EFEITO quando ele provo-ca efeito SUSPENSIVO e efeito DEVOLUTIVO à deci-são. EFEITO DEVOLUTIVO é aquele que faz com que a competência para conhecer aquela lide seja devolvida ao Poder Judiciário (agora em uma instância superior ao julgador anterior). Isso quer dizer que o Poder Judiciário irá rever a decisão recorrida, dizendo se está correta ou não. EFEITO SUSPENSIVO é aquele que faz com que a decisão recorrida seja suspensa, não tenha nenhum eficácia, nenhuma aplicabilidade, enquanto não houver o julgamento do recurso. IMPORTANTE: todo recurso tem efeito devolutivo, mas nem todo recurso tem duplo efeito.

· CONTRADITA – é o ato do advogado impugnar a testemunha arrolada pela parte contrária. Isso se dá porque a testemunha é impedida(art. 134), suspeita(art. 135) ou não tem capacidade para testemunhar(é menor de idade ou incapaz por problemas mentais). A contradi-ta tem momento exato de acontecer: exatamente logo após o compromisso da testemunha – antes de ser feita a primeira pergunta pelo juiz. Iniciado o depoimento, preclui o direito de oferecer a contradita.

· COISA JULGADA – quando uma decisão já não comporta mais recurso. Importante saber que o artigo 301 do CPC, ao fazer menção a coisa julgada, está se referindo à situação de já haver o Poder Judiciário deci-dido uma questão, com trânsito em julgado, e, não obs-tante isso, ser proposta ação idêntica requerendo outro julgamento da questão. Esse segundo processo, nesse caso, será extinto.

· FASE POSTULATÓRIA – é a fase processual que inicia com a petição inicial e finaliza com a resposta do réu. É a fase onde o juiz recebe as alegações das partes, onde as partes postulam.

· RETRATAÇÃO DO JUIZ – é o arrependimento do juiz acerca de uma decisão. É cabível nos casos de a parte ter feito Agravo ou Apelação contra sentença que indeferiu a petição inicial(art. 296).

· IMPEDIMENTO – PREVISTO NO ARTIGO 134 DO CPC. Circunstâncias objetivas que tornam o juiz da cau-sa proibido de atuar, para não afetar a igualdade entre as partes. Ex.: Parentesco com as partes.

· PRELIMINARES – defesa processual, vícios, a se-rem arguidos pelo réu, em sua contestação. Estão elen-cadas no artigo 301 do CPC. Há preliminares DILATÓ-RIAS e PEREMPTÓRIAS. Dilatórias são aquelas que acusam a existência de um vício SANÁVEL. Peremptó-rias são aquelas que acusam a existência de um vício INSANÁVEL e, portanto, têm o poder de causar a extin-ção do processo sem resolução do mérito.

· HASTA PUBLICA – é um ato previsto na execução por quantia certa. Consiste na venda do bem penhorado. Essa venda é realizada pelo Poder Juduciário, através de Oficial de Justiça. Há dois tipos de hasta: Praça(se o bem penhorado for imóvel) e Leilão (se o bem penhorado for de outro tipo). Quando o juiz determina a realização da hasta, ele designa duas datas diferentes. Na primeira ocasião, o bem será vendido a quem oferecer lance maior, igual ou superior ao valor da avaliação do bem. Na segunda hasta, o bem será vendido a quem oferecer lance maior, mesmo que inferior ao valor da avalição. Só não pode ser preço vil, que é considerado pelos tribunais como o abaixo de 50% do valor da avaliação.

· CONTINENCIA – Fenômeno processual parecido com a conexão. Todavia, na continência, temos duas ações onde o objeto de um é mais abrangente que o do outro. Ou seja: oobjeto de uma ação está contido no objeto de outra. Ex.: Mariana ajuizou ação de Alimentos contra Paulo. Paulo ajuizou ação de Separação Juicial c/c Oferecimento de Alimentos contra Mariana. A ação de Paulo contém a ação de Mariana. Portanto, há conti-nência entre elas.

· DESERÇÃO – situação que ocorre quando a parte recorrente não faz o preparo ( não paga as custas) do recurso. O preparo é requisito essencial para recorrer. Portanto, a deserção faz com que o recurso não seja conhecido.

Page 48: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 48

· CONHECER DO RECURSO

· DAR PROVIMENTO AO RECURSO

O julgamento de um recurso é composto de duas fa-ses, numa mesma sessão de julgamento. A primeira fase consiste em decidirem os desembargadores ou ministros se o recurso preenche todos os requisitos formais – tempestividade, cabimento, preparo,legitimidade, inte-resse recursal etc). Se estiverem presentes os requisitos, eles CONHECEM DO RECURSO, ou sejam aceitam o recurso para julga-lo. Se não estiver presente algum requisito, eles NÃO CONHECEM DO RECURSO, não aceitando proceder ao seu julgamento de mérito. Isso quer dizer que o recurso será extinto sem análise da questão por ele trazida.

A segunda fase do recurso, QUE SÓ OCORRE SE ELE FOR CONHECIDO, é o julgamento do mérito, ou seja: se a decisão recorrida irá ser modificada ou manti-da. Se for DADO PROVIMENTO AO RECURSO, enten-deu o Tribunal que a decisão recorrida estava equivoca-da. Se for NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO, o Tribunal decidiu que a decisão recorrida estava correta.

· PEREMPÇÃO – prevista no artigo 268 do CPC. Quando o autor de uma ação abandona a causa, por inação, inércia, por mais de 30 dias, o processo será extinto sem resolução de mérito. Se isso acontecer, na mesma lide, por três vezes, ocorre a perempção – que é a perda do direito de o autor propor de novo a ação. Trocando em miúdos: se o autor provocou, por abando-no, a extinção do processosem resolução de mérido por três vezes, não poderá entrar com o quarto processo.

· CITAÇÃO – ato processual de dar conhecimento ao Réu da existência de ação contra ele, concedendo-lhe o prazo para apresentar sua resposta. Portanto, só quem pode ser citado é o Réu. NADA DE CITAR TESTEMU-NHAS, AUTOR, PROMOTOR... Só o Réu pode ser cita-do. Mesmo assim, ele só é citado uma vez. Depois disso, toda vez que o juiz quiser se comunicar com o Requeri-do, fará uma intimação.

· INSTRUÇÃO – fase processual onde o juiz colhe as provas para formar seu convencimento. O ápice da ins-trução se dá com a AIJ – Audiência de Instrução e Jul-gamento.

· CONTESTAÇÃO – meio de resposta do réu onde ele apresenta sua defesa, em contraponto à petição inicial apresentada pelo autor.

· EMENDA – petição feita pelo autor, em cumprimen-to a determinação do juiz, a fim de adequar a petição inicial ao artigo 282 do cpc.

· ADITAMENTO – petição feita pelo autor, voluntari-amente, a fim de alterar, suprimir, acrescentar, enfim: modificar sua petição inicial.

· SUCUMBÊNCIA – penalidade imposta à parte que perde uma ação. Consiste a sucumbência em ressarcir as despesas processuais desembolsadas pela parte contrária e honorários advocaticios fixados pelo juiz para o advogado vencedor.

· PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS – exigências previstas no CPC para constituição e desenvolvimente válido de um processo. Ex.: Representação da parte por advogado, citação válida, procuração dos advogados juntada aos autos, juiz competente, capacidade proces-

sual das partes. A ausência de pressupostos processuais é sanável.

· PENHORA – ato do processo de execução por quantia certa que consiste em determinar, dentre o uni-verso de bens do devedor, aquele(s) que vai(vão) ser expropriado(s) para satisfazer o direito do credor.

· CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – fase da ação condenatória que acontece quando, após trânsito em julgado da sentença que condenou alguém a cumprir uma obrigação, essa não o fez, no prazo de 15 dias. Cumprimento de sentença é uma verdadeira execução de titulo judicial, só que, por já existir um processo em andamento, não há necessidade de propor nova petição inicial.

. SANEAMENTO DO PROCESSO – fase do proces-so, logo após a fase postulatória, onde o juiz verifica a existência de vícios, tomando as providencias cabíveis para saneamento, se forem cabíveis. É o momento que antecede a instrução. Portanto, o processo deve ser sanado de quaisquer nulidades, para que não sejam maculadas . Maria Emília

Glossário de Termos Jurídicos

A

A contento – Diz-se de tudo que se fez satisfatoria-

mente, ou que se concluiu segundo os próprios desejos anteriormente manifestados.

Abertura de falência – ato pelo qual se declara o es-

tado de insolvência de um devedor comerciante e se autoriza o processo de falência correspondente, com a nomeação do síndico, arrecadação dos bens e verifica-ção dos credores etc. A falência se abre no domicílio do devedor ou no lugar em que ele tem o seu principal esta-belecimento.

Abolitio criminis – Expressão latina utilizada em Di-

reito Penal. Significa a extinção do crime devido à publi-cação de lei que extingue o delito anteriormente previsto no ordenamento jurídico.

Ab-rogação – É a revogação total de uma lei ou de-

creto, de uma regra ou regulamento, por uma nova lei, decreto ou regulamento. É ainda a ação de cassar, revo-gar, tornar nulo ou sem efeito um ato anterior. Em regra, ab-rogação somente ocorre em virtude de lei ou regula-mento que venha implantar novos princípios, determi-nando a anulação ou cassação da lei, regulamento ou costume anteriormente vigentes.

Abuso de autoridade – 1. Abuso de poder conferido

a alguém, seja poder público (administrativo), como po-der privado (pátrio poder, poder conjugal). 2. Excesso de limites nas funções administrativas cujas atribuições são definidas e determinadas em lei. 3. Emprego de violência para execução de um ato, que se efetiva sob proteção de um princípio de autoridade. A jurisprudência caracteriza a sua existência, quando ocorrem os seguintes elemen-tos: a) que o fato incriminado constitua crime; b) que o tenha praticado um funcionário público ou pessoa inves-tida de autoridade pública; c) que haja sido cometido no exercício de sua função; d) que não se verifique motivo legítimo, que o justifique. O Código Penal prevê pena de detenção, de um mês a um ano, para quem comete esse crime.

Page 49: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 49

Abuso de poder – 1. Exorbitância dos poderes con-

feridos. Excesso de mandato. Exercícios de atos não outorgados ou não expressos no mandato ou na procu-ração. 2. Prática de atos que excedem as atribuições conferidas em lei ou que escapam à alçada funcional. Arbitrariedade. A Lei nº 4.898/65 regula o direito de re-presentação e o processo de responsabilidade adminis-trativa civil e penal nos casos de abuso de poder.

Ação – Direito que tem qualquer cidadão para buscar

uma decisão judicial, por meio de um proceso. Ação cautelar – Ou medida cautelar ou processo de

medida cautelar. Tem a finalidade de, temporária e e-mergencialmente, conservar e assegurar elementos do processo (pessoas, coisas e provas) para evitar prejuízo irreparável que a demora no julgamento principal possa acarretar. A ação cautelar pode ser nominada (arresto, sequestro, busca e apreensão) e inominada, ou seja, a que o Código de Processo Civil não atribui nome, mas sim o proponente da medida (cautelar inonimada de sustação de protesto, por exemplo). Pode ser preparató-ria, quando antecede a propositura da ação principal, e incidental, proposta no curso da ação principal, como incidente da própria ação.

Ação cível originária – É a ação cível que se inicia

nos tribunais, e não nos juízos monocráticos, como as demais ações cíveis. A competência para processar e julgar a ação cível originária tem natureza funcional e funda-se na qualidade da parte ou na matéria de litígio. Por exemplo, a Constituição Federal atribui ao Supremo Tribunal Federal a competência para processar e julgar o litígio entre Estados estrangeiros ou organismos interna-cionais e a União, Estados, Distrito Federal e Territórios, inclusive entre os órgãos da administração indireta.

Ação civil pública – É uma ação destinada a prote-

ger interesses difusos ou coletivos, responsabilizando quem comete danos contra os bens tutelados. Pode ser ajuizada pelo Ministério Público ou outras pessoas jurídi-cas, públicas ou privadas, para proteger o patrimônio público e social, o meio ambiente, o consumidor para obter reparação de danos. Por meio da ACP, pede-se que os réus sejam condenados à obrigação de fazer ou deixar de fazer determinado ato, com a imposição de multa em caso de descumprimento da decisão judicial.

Ação de execução – Ação para obrigar cumprimento

de um direito já reconhecido. Ação de improbidade administrativa – Ação ajui-

zada contra pessoas físicas ou jurídicas que praticaram atos de improbidade administrativa. Geralmente, além da imposição de sanções políticas (suspensão dos direitos políticos, inelegibilidade), pede-se ainda que a pessoa devolva os recursos eventualmente desviados.

Ação de jurisdição voluntária – É aquela ação em

que não há conflito entre duas partes adversárias. Por exemplo, as ações declaratórias de direitos são ações de jurisdição voluntária.

Ação de reintegração de posse – Ação pela qual o

possuidor de uma coisa avoca a proteção da Justiça para reaver o que lhe foi usurpado ou espoliado.

Ação declaratória – É um pedido que a pessoa faz

para que o Judiciário declare a existência (ou inexistên-cia, se o juiz assim entender) de uma relação ou situação jurídica. Por exemplo, ação de pedido de naturalização.

Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) –

Ação que tem por objeto a declaração da constitucionali-dade de lei ou ato normativo federal. É proposta perante o Supremo Tribunal Federal. Somente podem propor ADC o presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados ou o procu-rador-geral da República.

Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) – Ação

que tem por objeto principal a declaração de inconstitu-cionalidade de lei ou ato normativo. É proposta perante o Supremo Tribunal Federal quando se tratar de inconsti-tucionalidade de norma ou ato normativo federal ou es-tadual perante a Constituição Federal. Ou será proposta perante os Tribunais de Justiça dos Estados quando se tratar de inconstitucionalidade de norma ou ato normativo estadual ou municipal perante as Constituições Estadu-ais. Se julgada improcedente, a Corte declarará a consti-tucionalidade da norma ou ato.

Ação penal – É a ação para examinar a ocorrência

de crime ou contravenção. Pode ser privada, quando promovida pela pessoa que foi ofendida, ou pública. Ela é privada quando é o próprio ofendido que pede a puni-ção do ofensor, porque o bem violado é exclusivamente privado (por exemplo, um queixa por crime de calúnia, que é espécie de crime contra a honra). A ação é penal pública quando os crimes têm reflexos na sociedade, por isso o próprio Estado (Poder Judiciário) tem interesse na sua punição e repressão. Nesse caso, ele vai agir por intermédio do Ministério Público. Só o MP pode propor a ação penal pública em juízo.

Ação popular – É o direito que assiste a cada cida-

dão de pleitear perante a Justiça a anulação ou declara-ção de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios, bem como das entida-des autárquicas e das sociedades de economia mista. A Constituição Federal de 1988 ampliou o âmbito de inci-dência da ação popular também às hipóteses de ofensa à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

Ação regressiva – É fundada no direito de uma pes-

soa (direito de regresso) de haver de outrem importância por si despendida ou paga no cumprimento de obriga-ção, cuja responsabilidade direta e principal a ele perten-cia. A ação tem por objetivo reaver a soma despendida nessa reparação da pessoa cujo dano foi por ela, indivi-dualmente, causado.

Ação rescisória – Pede a anulação de uma senten-

ça ou acórdão de que não cabe mais recurso. Pode ser usada em dez casos previstos no Código de Processo Civil.

Acautelar – Ato de defender-se ou prevenir-se.

Acórdão – Decisão judicial proferida por um grupo de

juízes. Ad argumentandum tantum – Somente para argu-

mentar.

Page 50: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 50

Ad cautelam – Por cautela. Ad hoc – Para isso. Diz-se de pessoa ou coisa pre-

parada para determinada missão ou circunstância: secre-tário ad hoc, tribuna ad hoc.

Ad nutum – Condição unilateral de revogação ou

anulação de ato. Ad referendum – Para aprovação.

ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transi-

tórias. Adição da denúncia – É o ato pelo qual o promotor

público, após ter oferecido a denúncia, vem aditá-la para incluir novos nomes ou novos fatos, que a ela se inte-gram.

Aditamento – Adição. Acréscimo de informação,

quando possível, a um documento com a finalidade de complementá-lo ou esclarecê-lo.

Administração Pública – É o conjunto de órgãos e

serviços do Estado, bem como a atividade administrativa em si mesma, ou seja, a ação do Estado para satisfação de seus fins de conservação, de bem-estar individual dos cidadãos e progresso social.

Advocacia administrativa – É patrocinar, direta ou

indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário público (artigo 321 do Código Penal). Pena: detenção, de um a três meses, ou multa. Se o interesse é ilegítimo: deten-ção, de três meses a um ano, mais multa.

Advogado dativo ou assistente judiciário – É o

advogado nomeado por um juiz, no curso de uma ação, para prestar assistência a uma pessoa que não possui condições de pagar as custas do processo ou os honorá-rios do advogado. Pode acontecer também de, mesmo a parte tendo advogado, este não comparecer a um ato judicial, como por exemplo, na oitiva das testemunhas, e, aí, é necessário um defensor dativo.

Advocacia-Geral da União – Instituição que, direta-

mente ou através de órgão vinculado, representa a Uni-ão, judicial e extrajudicialmente. Cabe-lhe ainda as ativi-dades de consulta e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Tem por chefe o advogado-geral da União.

Agravo – Recurso contra decisão interlocutória ou

contra despacho de juiz ou membro de tribunal agindo singularmente. Ver artigos 522 a 529 do Código de Pro-cesso Civil com redação dada pela Nova Lei de Agravo (Lei nº 11.187/2005).

Agravo de instrumento – Recurso admitido contra

decisões interlocutórias em que o agravo será processa-do fora dos autos da causa onde se deu a decisão im-pugnada, formando razões e contra-razões dos litigantes para o respectivo julgamento. Será interposto quando existir risco de a decisão causar lesão grave e de difícil reparação à parte, nos casos em que ocorrer inadmissão da apelação e nos casos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida.

Agravo retido – Recurso admitido contra decisões

interlocutórias em que o agravo permanecerá retido nos autos a pedido do agravante e que deverá ser interposto nas decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento e das posteriores à sentença tendo seu exa-me apenas depois do julgamento do processo se houver sido interposto recurso de apelação pelo vencido.

Ajuizar – Propor uma ação; ingressar em juízo.

Alvará de soltura – Ordem judicial que determina a

liberdade de uma pessoa que se encontra presa; quando cumprida ou extinta a pena, será posta, imediatamente, em liberdade (artigo 685 do Código de Processo Penal).

Amicus curiae – Amigo do tribunal, significando o

terceiro no processo que é convocado pelo juiz para prestar informações ou esclarecer questões técnicas, inclusive jurídicas, que interessam à causa.

Anistia – É o termo que se usa na linguagem jurídica

para significar o perdão concedido aos culpados por delitos coletivos, especialmente de caráter político, para que cessem as sanções penais contra eles e se ponha em perpétuo silêncio o acontecimento apontado como criminoso (art. 107, II, Código Penal).

Antecipação de tutela – ver Tutela Antecipada.

Anulação – É o ato ou a decisão, de caráter judicial

ou administrativo, que, reconhecendo a existência de vício ou defeito em ato ou negócio jurídico, diante da solicitação de quem tenha interesse na sua ineficácia jurídica, vem declará-lo inválido ou desfeito. É, pois, a declaração da inexistência do ato ou do negócio, que se indica anulável ou que se apresenta inválido. A anulação do ato jurídico (decorre de sentença) torna inefetiva e inexistente toda sua eficácia jurídica, seja perante os próprios agentes, que o compuseram, ou em relação a terceiros, que possa ter interesse nele. A anulação do ato administrativo ou de autoridade (decorre de ato ad-ministrativo, como portaria, decreto, estatuto ou regula-mento) também tem a consequência de tornar cassado, rescindido, sem vigência, o ato atingido por esta decisão.

Apelação – É um dos recursos de que se pode utili-

zar a pessoa prejudicada pela sentença a fim de que, subindo a ação à superior instância, e, conhecendo o mérito da apelação, pronuncie uma nova sentença, con-firmando ou modificando a primeira decisão judicial.

Arbitragem – É uma forma para solucionar litígios,

entre pessoas capazes de contratar, relativos a direitos patrimoniais disponíveis. A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja vio-lação aos bons costumes e à ordem pública. Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comér-cio. Lei da Arbitragem, nº 9.307/96.

Aresto – Decisão de um tribunal; equivale a acórdão.

Arguição de Descumprimento de Preceito Fun-

damental (ADPF) – Proposta perante o Supremo Tribu-

nal Federal, tem por objetivo evitar ou reparar lesão a

Page 51: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 51

preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Ver a Lei nº 9.882/99 e Constituição Federal, art. 102, § 1º.

Arguição de Inconstitucionalidade – Também

chamada de incidente de inconstitucionalidade. É o pro-cedimento decorrente do princípio da reserva de plená-rio, previsto no art. 97 da Constituição Federal, que pro-clama que somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros do Tribunal ou do respectivo órgão espe-cial poderá ser reconhecida a inconstitucionalidade de ato normativo do Poder Público. Por meio da arguição de inconstitucionalidade, as pessoas ou entidades descritas no art. 103 da Constituição impugnam atos ou legislação de natureza normativa que contrariem os preceitos da Carta Magna.

Arguição de suspeição – Processo utilizado para

afastar de causa um juiz, membro do Ministério Público ou servidor da Justiça sobre o qual haja uma desconfian-ça de parcialidade ou envolvimento com a causa.

Arresto – Apreensão judicial de bens do devedor, or-

denada pela justiça, como meio acautelador de seguran-ça ou para garantir o credor quanto à cobrança de seu crédito, evitando que seja injustamente prejudicado, pelo desvio desses bens. Chamado também de embargo. Artigo 653 do Código de Processo Civil.

Assistência judiciária – Direito previsto na Constitu-

ição para as pessoas, comprovadamente pobres, que não estiverem em condições de pagar as despesas ou custas judiciais, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, de utilizar a atividade jurisdicional do estado. É promovida através da Defensoria Pública – incumbida da orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, daqueles necessitados que comprovarem insuficiência de recursos. A assistência judiciária compreende tam-bém a isenção de taxas judiciárias, emolumentos, des-pesas de editais, indenizações etc. Ver: artigos 5º, inciso LXXIV, e 134 da Constituição Federal; Lei nº 10.212/01; Lei nº 9.020/95; Lei Complementar nº 98/99 e Lei Com-plementar nº 80/94.

Ato administrativo – Designa todo o ato praticado

por delegado dos poderes públicos no exercício de suas funções administrativas, seja dirigindo os negócios públi-cos, que são atribuídos a sua competência, seja promo-vendo todas as medidas e diligências indispensáveis a sua realização.

Ato jurídico – Denominação que se dá a todo ato lí-

cito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. A validade do ato jurídico requer agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei. Artigos 81 a 85 do Códi-go Civil.

Audiência pública – Instrumento de atuação extra-

judicial do Ministério Público com o objetivo de colher subsídios para a instrução de procedimento ou inquérito civil público. O procurador convoca uma audiência públi-ca para que todas as partes interessadas, bem como representantes da sociedade civil, exponham suas posi-ções sobre assunto investigado. Pode haver ocasiões em que na audiência pública chegue-se a uma solução intermediada pelo Ministério Público.

Autarquia – É o serviço autônomo, criado por lei,

com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Públi-ca, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Artigo 5º do Decreto-Lei nº 200/67.

Auto-acusação falsa – É um dos crimes praticados

contra a administração da justiça. Consiste em acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou pratica-do por outrem. A pena prevista é de detenção, de três meses a dois anos, ou multa (artigo 341 do Código Pe-nal).

Auto-executoriedade administrativa – É poder da

Administração Pública de executar as suas próprias decisões sem haver necessidade da tutela judicial. As-sim, a Administração Pública por si só cumpre as suas funções com os seus próprios meios, ainda quando tal execução interfira na esfera privada do administrado. A auto-executoriedade administrativa, também chamada de autotutela, subsiste na regra geral, salvo quando a lei expressamente exclui tal poder, como, por exemplo, na desapropriação ou na cobrança da dívida ativa.

Autos – É o nome que se dá ao conjunto das peças

que compõem um processo, incluindo todos os anexos e volumes.

Autuação – É o ato que consiste em dar existência

material a um processo ou procedimento: junta-se a inicial, que pode ser, por exemplo, uma denúncia ou uma representação, com todos os documentos relativos ao caso; põe-se uma capa, na qual constam indicações como nomes do autor e réu, ou do representante e re-presentado, mais a data, breve descrição do assunto e o número que aquele processo/procedimento recebeu.

B Baixa dos autos – Expressão que significa a volta

dos autos do grau superior para o juízo originário, após julgamento do último recurso cabível e interposto.

Bem inalienável – É aquele que, por força de lei ou

cláusula contratual, não pode ser objeto de alienação. Bem público – Tanto pode ser tomado no sentido de

coisa integrada ao domínio público, significando res nullius, como pode significar todo benefício ou utilidade que se promove para o bem-estar da coletividade, isto é, para seu sossego, para sua tranquilidade e para a sua segurança.

Bens dominiais – Ou bens dominicais. Bens propri-

amente imobiliários, isto é, os bens imóveis, sobre os quais incidem duas espécies de domínio: o direto (de senhor) e o útil (de possuidor). Mas, por extensão, tam-bém se designam pela mesma expressão os bens mó-veis, sobre os quais também incidem os direitos de seu proprietário, direitos que são diretos e direitos que são úteis, tal como ocorre nos imóveis.

Bens imóveis – Os que, por sua natureza de imobili-

dade ou fixação ao solo, seja natural ou artificial, mas de modo permanente, dele não se possam mover, em seu todo, sem se desafazerem ou se destruírem. Desse modo, em sentido próprio, por imóveis se entende o solo, como tudo que a ele se fixou em caráter permanente,

Page 52: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 52

sem a intervenção do homem (naturalmente) ou por sua vontade (artificialmente).

Bens públicos – Os bens de uso comum e os per-

tencentes ao domínio particular da União, dos Estados federados e dos Municípios. Em sentido lato, dizem-se públicos os bens destinados ao uso e gozo do povo, como aqueles que o Estado reserva para uso próprio ou de suas instituições e serviços públicos. Os bens públi-cos são inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis.

Bens semoventes – São os bens constituídos por

animais selvagens, domesticados ou domésticos. Bis in idem – Significa imposto repetido sobre a

mesma coisa, ou matéria já tributada. Bitributação – Diz-se quando duas autoridades dife-

rentes, igualmente competentes, mas exorbitando uma delas das atribuições que lhes são conferidas, decretam impostos que incidem, seja sob o mesmo título ou sob nome diferente, sobre a mesma matéria tributável, isto é, ato ou objeto. Na bitributação há uma competência priva-tiva, conferida ao poder que está autorizado a cobrar determinado imposto, e outra arbitrária, decorrente da tributação, que se faz excedente e contrariamente, ao que se institui na Constituição. Não se confunde com o bis in idem. A bitributação é vedada pela Constituição Federal. O bis in idem, embora imposto injusto e antie-conômico, não se diz proibido por lei.

Busca e apreensão – É a diligência policial ou judi-

cial que tem por fim procurar coisa ou pessoa que se deseja encontrar, para trazê-la à presença da autoridade que a determinou. A busca e apreensão se faz para procurar e trazer a coisa litigiosa, a pedido de uma das partes, para procurar e apreender a coisa roubada ou sonegada. Também se procede a diligência para procu-rar e trazer à presença da autoridade, que a ordenou, o menor, que saiu do poder de seus pais ou tutores, para recolocá-lo sob o poder destes. Em regra, a busca e apreensão é de natureza criminal. Mas admite-se em juízo civil e comercial, para trazer as coisas à custódia do juízo, onde se discute quanto ao direito sobre elas.

C

Cabo eleitoral – São pessoas que, geralmente na

época de campanha, a mando dos chefes ou líderes partidários, devem conseguir mais integrantes para se filiarem ao partido político ou conseguir mais eleitores para votarem nos candidatos da legenda. Ver Lei 4.737/65 (Código Eleitoral) e Lei 9.504/97 (estabelece normas para as eleições).

Caducar – Ficar sem efeito ou sem valor, não surtir

mais efeito, seja porque não se usou o direito que se tinha, seja porque se renunciou a ele, seja porque se deixou de cumprir ato subsequente, que era da regra.

Calúnia – Crime contra a honra, que consiste em im-

putar falsamente a alguém fato definido como crime (Código Penal, artigo 138).

Câmaras de Coordenação e Revisão – Órgãos co-

legiados do Ministério Público Federal que tem as atribu-ições de coordenar, integrar e revisar o exercício funcio-nal dos membros do MPF. Há seis Câmaras. A 1ª CCR

trata de questões relativas à matéria constitucional e infraconstitucional; a 2ª CCR, de matéria criminal e con-trole externo da atividade policial; a 3ª CCR, de consumi-dor e ordem econômica; a 4ª CCR trata de questões referentes ao meio ambiente e patrimônio cultural; a 5ª CCR, patrimônio público e social; e a 6ª CCR, de índios e minorias.

Capacidade civil – Capacidade significa a aptidão

que a pessoa tem de adquirir e exercer direitos. Pelo Código Civil toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil; a incapacidade é a exceção, ou seja, são incapazes aqueles discriminados pela legislação (meno-res de 16 anos, deficientes mentais etc). A capacidade divide-se em dois tipos: a) capacidade de direito: em que a pessoa adquire direitos, podendo ou não exercê-los, e b) capacidade de exercício ou de fato: em que a pessoa exerce seu próprio direito. Com isso, conclui-se que todas as pessoas têm capacidade de direito, mas nem todas possuem a capacidade de exercício do direito. Artigo 1º e seguintes do Código Civil.

Capacidade processual – É a capacidade de a pes-

soa ser parte (autor ou réu) e estar em juízo, ou seja, estar em pleno gozo do exercício de seus próprios direi-tos na relação jurídica processual. A pessoa, jurídica ou natural, possui na relação processual a capacidade de direito (adquire direitos) e a capacidade de exercício (gere seus próprios direitos). Artigo 7º do Código de Processo Civil e artigos 1º a 5º do Código Civil (sobre capacidade e incapacidade).

Carta precatória – É o expediente pelo qual o juiz se

dirige ao titular de outra jurisdição que não a sua, de categoria igual ou superior a de que se reveste, para solicitar-lhe que seja feita determinada diligência que só pode ter lugar no território cuja jurisdição lhe está afeta. O juiz que expede a precatória é chamado de deprecante e o que recebe, deprecado. A precatória, ordinariamente, é expedida por carta, mas, quando a parte o preferir, por telegrama, radiograma, telefone e fax, ou em mão do procurador.

Carta rogatória – É o expediente pelo qual o juiz pe-

de à Justiça de outro país a realização de atos jurisdicio-nais que necessitam ser praticados em território estran-geiro. Tem como requisitos essenciais: a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; a menção do ato pro-cessual, que lhe constitui o objeto; o encerramento com a assinatura do juiz. Artigos 201 e seguintes do Código de Processo Civil.

Cidadania – Qualidade das pessoas que possuem

direitos civis e políticos resguardados pelo Estado. As-sim, o vínculo de cidadania estabelece direitos e obriga-ções da pessoa com o Estado, facultando aos cidadãos prerrogativas para o desempenho de atividades políticas (artigos 12 e 14 da Constituição Federal).

Citação – Citação é o ato pelo qual se chama a juízo

o réu ou o interessado a fim de se defender. Cláusula leonina – Que tenha o objetivo de atribuir a

uma ou a alguma das partes contratantes vantagens desmesuradas em relação às outras, seja concedendo-lhes lucros desproporcionais em relação a sua contribui-

Page 53: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 53

ção contratual, em face da contribuição também prestada pelas demais partes, seja porque as isenta de quaisquer ônus ou responsabilidades, somente lhes outorgando direitos. Também chamada de cláusula exorbitante.

Cláusula pétrea – Dispositivo constitucional imutá-

vel, que não pode ser alterado nem mesmo pela via de Emenda à Constituição. O objetivo é impedir inovações em assuntos cruciais para a cidadania ou o próprio Esta-do. A relação das cláusulas pétreas encontra-se no art. 60, § 4º, da Constituição Federal de 1988.

Cláusulas exorbitantes – São as que excedem do

direito comum (privado) para consignar uma vantagem ou uma restrição à administração ou ao contrato. Não seriam elas lícitas em um contrato de direito privado, porque desigualariam as partes na execução do contrato. Porém, são absolutamente válidas em um contrato ad-ministrativo, uma vez que decorrem da lei ou dos princí-pios que regem a atividade administrativa, dentre eles a supremacia do interesse público sobre o privado. Visam estabelecer prerrogativas em favor de uma das partes, quase sempre em favor da administração, objetivando, sempre, o perfeito atendimento do interesse público, o qual se sobrepõe sempre sobre o particular. Ver artigo 58 da Lei nº 8.666/93.

Coação – 1. Ato de constranger alguém; mesmo que

coerção. É a ação conduzida por uma pessoa contra outra, no sentido de fazer diminuir a sua vontade ou de obstar a que se manifeste livremente, a fim de que o agente de coação logre realizar o ato jurídico, de que participa a outra pessoa, consentindo esta com cons-trangimento ou pela violência. 2. Um dos elementos fundamentais do direito, mostrando-se o apoio ou a pro-teção legal, que é avocada pelo sujeito do direito, obri-gando todos que tentem molestar seus direitos a respei-tá-los.

Coisa julgada – A expressão é usada para designar

o momento em que a decisão judicial se torna definitiva, não sendo mais possível entrar com qualquer recurso contra ela. A coisa julgada torna imutável e indiscutível o que o juiz ou tribunal decidiu.

Comarca – A circunscrição territorial, compreendida

pelos limites em que se encerra a jurisdição de um juiz de Direito.

Common law – Expressão que se refere à família ju-

rídica originada na Inglaterra e que, pelo processo de colonização, espalhou-se pelos países de língua inglesa, como os Estados Unidos. Originariamente, significa ―Di-reito Comum‖, isto é, o direito costumeiro reconhecido pelos juízes. Contrapõe-se ao Civil Law, o direito de raízes romântico-germânicas caracterizado pela predo-minância do direito positivo.

Competência – É a medida ou extensão do poder de

jurisdição de um juiz. Ou seja, a competência diz que causas, que pessoas, de que lugar, devem ser julgadas por determinado juiz.

Concessa venia – Com a devida permissão. Concorrência pública – Concorrência no sentido de

competência de preço ou procura, de melhor oferta, para realização de um negócio ou execução de uma obra. A

concorrência pública está limitada a regras formuladas nas leis e regulamentos. Tem a finalidade de garantir o melhor serviço e o melhor preço, verificada pela execu-ção da medida.

Concussão – É um dos crimes praticados por fun-

cionário público contra a administração. Consiste em exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. A pena prevista é de reclusão, de dois a oito anos, e multa (artigo 316 do Código Penal).

Condescendência criminosa – É um dos crimes

praticados por funcionários públicos contra a administra-ção. Consiste em deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. Pena: detenção, de 15 dias a um mês, ou multa (artigo 320 do Código Penal).

Conflito de competência – É o pedido para que uma

autoridade imediatamente superior àquela onde ele é suscitado decida quem terá poder para agir em determi-nada situação. Por exemplo, numa ação penal contra um morador da capital paulista, que tentou embarcar para o exterior com passaporte falso, tendo sido preso no aero-porto de Guarulhos. O MPF de São Paulo oferece a denúncia, mas o juiz se dá por incompetente para julgar a causa, alegando que a competência seria do juízo federal de Guarulhos. Quem vai decidir esse conflito é o Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Existem confli-tos negativos de competência (quando ambas os juízes dizem que não são competentes para julgar a causa) e conflitos positivos (quando dois juízes se dizem compe-tentes para a mesma causa).

Conselho Nacional de Justiça – Órgão de controle

externo do Poder Judiciário, foi instituído pela Emenda Constitucional nº 45 (Reforma do Judiciário). Compõe-se de 15 membros e possui como órgãos o Plenário, a Pre-sidência, a Corregedoria, as Comissões e a Secretaria-Geral. Saiba mais no endereço www.cnj.gov.br.

Conselho Nacional do Ministério Público – Criado

pela Emenda Constitucional nº 45 (Reforma do Judiciá-rio), é responsável pelo controle da atuação administrati-va e financeira do MP. O CNMP pode receber denúncias contra membros ou órgãos do Ministério Público e de-terminar punições aos promotores e procuradores. Pre-sidido pelo procurador-geral da República, o Conselho é composto por mais 13 integrantes: quatro do MPU, três do MP dos estados, dois juízes indicados pelo STF e pelo STJ, dois advogados indicados pela OAB e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado. Os conselheiros permanecem no cargo por dois anos e podem ser reconduzidos uma única vez. Cabe ao Senado Federal julgar os membros do Conselho nos crimes de responsabilidade. Já as ações judiciais contra a atuação dos conselheiros serão julgadas pelo STF. Saiba mais no endereço www.cnmp.gov.br

Consumidor – É toda pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso-

Page 54: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 54

as, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Contencioso – Todo ato que possa ser objeto de

contestação ou de disputa, opondo-se, por isso, ao sen-tido de voluntário (em que não há contestação nem dis-puta) ou ao gracioso (em que não se admite contenda).

Contencioso administrativo – Assim se designa o

órgão da Administração Pública a que se atribui o encar-go de decidir, sob o ponto de vista de ordem pública e tendo em face a utilidade comum, toda matéria obscura ou controversa ou todos os litígios havidos com o poder administrativo.

Contenda – Litígio. Sinônimo de controvérsia, altera-

ção, disputa. Contrabando – Também chamado de descaminho.

Segundo o Código Penal, contrabando significa importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena: de um a quatro anos de reclusão. Artigo 334.

Contraditório – Princípio constitucional que assegu-

ra a toda pessoa, uma vez demandada em juízo, o direito de ampla defesa da acusação ou para proteção do seu direito (Constituição Federal, artigo 5º, inciso LV).

Contrafração – Falsificação de qualquer coisa ou a-

to; imitação fraudulenta, que se deseja inculcar como legítima.

Contravenção – É uma infração penal classificada

como um ―crime menor‖. Por isso, é punido com pena de prisão simples e/ou de multa. Ex.: os jogos de azar são contravenções penais.

Contribuição de melhoria – É um tipo de tributo.

Contribuição que o Estado exige, diretamente em função de uma obra pública, dos proprietários de imóveis que foram beneficiados por ela.

Contribuição social – É um tipo de tributo que a U-

nião pode criar para custear os serviços de assistência e previdência social. Um exemplo é a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

Corpus juris civilis – Ordenamento do Direito Civil. Correição parcial – Providência administrativo-

judiciária utilizada contra despachos que importarem em inversão tumultuária do processo, desde que não haja recurso específico ao caso. Estão legitimados para pro-por correição parcial o réu, o Ministério Público, o quere-lante.

Corrupção ativa – Crime praticado por particular

contra a Administração em geral. Caracteriza-se pela oferta ou promessa indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

Corrupção passiva – Quando é o próprio funcionário

quem solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida, ou aceita promes-sa de tal vantagem, desde que tais fatos ocorrem em razão da função, ainda que fora dela ou antes de assu-

mi-la. A pena prevista para este crime é de reclusão, de um a oito anos, e multa. A pena é aumentada em um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Se o fun-cionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofí-cio, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, a pena é de detenção, de três meses a um ano, ou multa (artigo 317 do Código Penal).

Crime – 1. Definido legalmente como a infração pe-

nal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. A doutrina define crime como o "fato proibido por lei sob ameaça de uma pena" (Bento de Faria). 2. Ação ou omissão que venha a causar dano, lesar ou expor a perigo um bem juridicamente protegido pela lei penal.

Crime culposo – É o crime que teve como causa a

imprudência, negligência ou imperícia do agente, se prevista e punida pela lei penal (artigo 18, II, do Código Penal - Decreto-Lei 2.848/40).

Crime de responsabilidade – A rigor, não é crime,

mas conduta ou comportamento de inteiro conteúdo político, apenas tipificado e nomeado como crime, sem que tenha essa natureza. Nem lhe corresponde, exata-mente, penas (de natureza criminal), ou sanções, do tipo das que caracterizam as infrações criminais propriamen-te ditas, em geral restritivas da liberdade (reclusão ou detenção). A sanção aqui é substancialmente política: a perda do cargo pelo infringente (eventualmente, a inabili-tação para exercício de cargo público, a inegibilidade para cargo político, efeitos não-penais, igualmente, des-sas infrações). A Lei nº 1.079/50 regula o crime de res-ponsabilidade cometido por presidente da República, ministros de Estado e do STF, governadores e secretá-rios de Estado. O crime de responsabilidade dos prefei-tos e vereadores tem sua base legal no Decreto-Lei nº 201/67. Segundo a Constituição Federal de 1988, artigo 85, são crimes de responsabilidade os atos do presiden-te da República que atentam contra a Constituição e especialmente contra: a existência da União; o livre e-xercício dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministé-rio Público e dos poderes constitucionais das unidades da federação; o exercício dos direitos políticos, individu-ais e sociais; a segurança interna do país; a probidade na administração; a lei orçamentária; o cumprimento da lei e das decisões judiciais.

Crime doloso – É o crime voluntário, isto é, aquele

em que o agente teve a intenção maldosa de produzir o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo (artigo 18, inciso I, do Código Penal).

Crime hediondo – Em Direito Penal, é um adjetivo

que qualifica o crime que, por sua natureza, causa repul-sa. O crime hediondo é inafiançável e insuscetível de graça, indulto ou anistia, fiança e liberdade provisória. São considerados hediondos: tortura; tráfico de drogas; terrorismo; homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente; homicídio qualificado; latrocínio; extorsão qualificada pela morte; extorsão mediante sequestro e na forma qualificada; estupro; atentado violento ao pudor; epidemia com resultado morte; genocídio; falsificação; corrupção ou alteração de produto destinado a fins tera-

Page 55: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 55

pêuticos ou medicinais. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos artigos 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889/56, tentado ou consumado (Veja Código Penal - Decreto-Lei n° 2.848/40).

Crime político – Todo fato culposo, seja praticado

individualmente ou por grupo de pessoas, dirigido contra a segurança do Estado, seja em referência a sua sobe-rania, a sua independência ou à forma de seu governo.

Custos legis – Fiscal da lei.

D

Dano material – Assim se diz da perda ou prejuízo

que fere diretamente um bem patrimonial, diminuindo o valor dele, restringindo a sua utilidade, ou mesmo a anu-lando. Também chamado dano patrimonial.

Dano moral – Assim se diz da ofensa ou violação

que não vem ferir os bens patrimoniais, propriamente ditos, de uma pessoa, mas os seus bens de ordem mo-ral, tais sejam os que se referem a sua liberdade, a sua honra, a sua pessoa ou a sua família

Data venia – Com devido consentimento; dada a vê-

nia. Expressão respeitosa com que se pede ao interlocu-tor permissão para discordar de seu ponto de vista.

De facto – De fato. Diz-se das circunstâncias ou pro-

vas materiais que têm existência objetiva ou real. Opõe-se a de jure.

De jure – De direito. Decadência – Perda de um direito pelo decurso do

prazo prefixado por lei ao seu exercício. Decisão – Denominação genérica dos atos do juízo,

provocada por petições das partes ou do julgamento do pedido. Em sentido estrito, pronunciamento do juiz que resolve questão incidente.

Decisão interlocutória – É o ato pelo qual o juiz, no

curso do processo, decide questão incidente (ou seja, que não põe fim ao processo).

Decisão judicial – Todo e qualquer despacho profe-

rido por um juiz ou tribunal, em qualquer processo ou ato submetido a sua apreciação e veredito.

Decisão monocrática – Decisão proferida por um

único juiz. Defensoria Pública – É instituição essencial à fun-

ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, integral e gratuita, em todos os graus, daqueles necessitados que comprovarem insuficiência de recursos. Constituição Federal: artigos 5º, LXXIV; 24, XIII; 134; ADCT, artigo 22. Lei nº 1.060/50.

Deferir – Acolher um requerimento, um pedido, uma

pretensão. Demanda – É todo pedido feito em juízo.

Denegar – Indeferir, negar uma pretensão formulada

em juízo.

Denúncia – Peça de acusação formulada pelo Minis-

tério Público contra pessoas que praticaram determinado crime, para que sejam processadas penalmente. A de-núncia dá início à ação penal pública.

Denunciação caluniosa – É um dos crimes contra a

administração da justiça. Consiste em dar causa à ins-tauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. A pena prevista é de reclusão, de 2 a 8 anos, e multa. A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de ano-nimato ou de nome suposto. Se a imputação é de prática de contravenção, a pena é diminuída de metade. Artigo 339 do Código Penal.

Denunciação da lide – Designação que se dá ao ato

pelo qual o autor de uma demanda tenta trazer a juízo a pessoa de quem houve a coisa ou o direito, a fim de defendê-lo contra a agressão ou a ofensa que se ousa atirar sobre eles, ao mesmo tempo, para garantir o direito à evicção (perda). Código de Processo Civil: artigos 70 a 76.

Deportação – Pena que se impõe a uma pessoa, em

regra por crime político, consistente em abandonar o país e ir residir em outro local que lhe for determinado.

Deprecada – Denominação que se dá à carta preca-

tória. Deprecado – Designação dada ao juiz, ou juízo, para

onde se enviou carta precatória a fim de aí ser cumprida. Deprecante – Juiz que ordenou a expedição da carta

precatória na qual se faz requisição da prática de diligên-cia ou ato na jurisdição do juiz deprecado.

Deprecar – Requisitar de juiz de jurisdição estranha

à sua a prática de ato ou diligência, que se mostra ne-cessária ao andamento do processo, sob sua direção, no território sob jurisdição do juiz para quem se depreca.

Derrogação – É a ab-rogação; revogação; anulação

parcial de uma lei. Desacato – É um dos crimes praticados por particu-

lar contra a administração em geral. Consiste em desa-catar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. A pena prevista é de detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Código Penal: art. 331.

Desaforamento – É o deslocamento de um proces-

so, já iniciado, de um foro para outro, transferindo-se para este a competência para dele conhecer e julgá-lo.

Descaminho – Desvio de mercadoria para não se-

rem tributadas. Difere do contrabando por omitir merca-doria que poderia entrar no país, o que não ocorre no primeiro caso. A lei fiscal não considera a distinção: descaminho de mercadorias ou contrabando de merca-dorias proibidas equivalem-se, desde que ambos resul-tem de uma infração ou transgressão à lei, no sentido de introduzir clandestinamente mercadoria permitida ou proibida, sem o pagamento de imposto devido ou contra-

Page 56: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 56

riamente ao que impõe a lei. Código Penal: artigos 318 e 334.

Despacho – São todos os atos praticados no curso

de um processo ou de um procedimento que não possu-em conteúdo decisório. Os despachos apenas ordenam a realização de determinadas providências, para dar seguimento ao feito. Por exemplo, num procedimento administrativo, o procurador da República profere despa-cho, determinando que seja enviado ofício a determinado órgão requerendo informações a respeito do assunto que ele investiga.

Detração – É o ato de abater no período da pena pri-

vativa de liberdade e na medida de segurança o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou outro estabeleci-mento adequado. Ver artigo 42 do Código Penal.

Difamação – É um dos crimes contra a honra tipifi-

cados no ordenamento jurídico brasileiro. É a imputação ofensiva atribuída contra a honorabilidade de alguém com a intenção de desacreditá-lo na sociedade em que vive, e provocar contra ele desprezo ou menosprezo público. Diferença entre difamação e calúnia: na calúnia, o fato imputado é considerado crime pelo nosso ordena-mento jurídico (por exemplo, Fulano é corrupto); na difa-mação, não, mas da mesma forma é uma ofensa à dig-nidade. Ver artigo 139 do Código Penal.

Dilação – Expressão usada para requerer a prorro-

gação de prazos processuais. Diligência – Providências a serem executadas no

curso de um processo, procedimento ou inquérito policial para esclarecimento de questões relacionadas aos as-suntos nele tratados. Por exemplo, em um inquérito que investiga o crime de evasão de divisas por meio da utili-zação de ―laranjas‖, a Polícia Federal realiza diligências para descobrir como os documentos daquelas pessoas foram parar nas mãos dos criminosos. Uma diligência pode ser decidida por iniciativa do juiz (de ofício) ou atendendo requerimento do Ministério Público.

Direito de petição – A garantia constitucional dada a

qualquer pessoa de apresentar requerimento ou repre-sentar aos Poderes Públicos em defesa de direitos e contra abusos de autoridade.

Direitos coletivos – São os que pertencem a deter-

minado grupo, categoria ou classe de pessoas, de início indeterminadas, mas determináveis em algum momento posterior. Existe entre eles uma relação jurídica pré-estabelecida, anterior a qualquer fato ou ato jurídico. Por exemplo, ação civil pública que pede a inexigibilidade de fiador para estudantes inscritos no FIES.

Direitos difusos – São aqueles que possuem natu-

reza indivisível e dizem respeito a uma massa indetermi-nada de pessoas, que não podem ser individualizadas. Por exemplo, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito tipicamente difuso, porque afeta um número incalculável de pessoas, que não estão liga-das entre si por qualquer relação jurídica pré-estabelecida.

Direitos individuais homogêneos – São os que de-

correm de um único fato gerador, atingindo as pessoas individualmente ao mesmo tempo e da mesma forma, mas sem que se possa considerar que eles sejam restri-tos a um único indivíduo. Os direitos dos consumidores são típicos direitos individuais homogêneos. Por exem-plo: as ações que pedem a ilegalidade da cobrança mensal de assinatura de telefone. É um direito que diz respeito ao titular de cada conta, mas a situação que gera a ilegalidade – cobrança da assinatura mensal – é a mesma para todos que utilizam aquele serviço.

Divisas – qualquer valor comercial que permita a efe-

tuação de pagamentos no exterior sob a forma de com-pensação.

Dolo – No sentido penal, é a intenção de praticar ato

criminoso, com consciência e vontade, que se constitui em crime ou delito, seja por ação ou omissão.

Domínio público – Soma de bens pertencentes às

entidades jurídicas de Direito Público, como União, Esta-dos e Municípios, que se destinam ao uso comum do povo ou os de uso especial, mas considerados improdu-tivos. Constitui-se, assim, do acervo de bens particular-mente indispensáveis à utilidade e necessidade pública, pelo que se consideram subordinados a um regime jurí-dico excepcional, decorrente do uso a que se destinam, reputados de utilidade coletiva. São inalienáveis e im-prescritíveis.

Doutrina – Conjunto de princípios expostos nos livros

de Direito, em que firmam teorias ou se fazem interpreta-ções sobre a ciência jurídica.

Duplo grau de jurisdição – Princípio da organização

do Judiciário que determina a existência de instância inferior e superior. A primeira instância se constitui no juízo onde se inicia a ação principal, que vai da citação inicial válida até a sentença. A segunda instância é aque-la em que se recebe a causa em grau de recurso que será julgada pelo tribunal.

E

Economicidade – É a relação entre custo e benefício

a ser observada na atividade pública, posta como princí-pio para o controle da Administração Pública (artigo 70, Constituição Federal).

Edital – Ato pelo qual se faz publicar pela imprensa,

ou nos lugares públicos, certa notícia, fato ou ordem, que deva ser divulgada ou difundida, para conhecimento das próprias pessoas nele mencionadas, bem como às de-mais interessadas no assunto.

Efeito suspensivo – Suspensão dos efeitos da deci-

são de um juiz ou tribunal, até que o tribunal tome a decisão final sobre um recurso.

Embargos – São um tipo de recurso ordinário para

contestar a decisão definitiva. Os mais comuns são os embargos declaratórios. Recurso impetrado ao próprio juiz ou tribunal prolator da sentença ou do acórdão, para que os declare, reforme ou revogue; defesa do executa-do, oposta aos efeitos da sentença e destinada a impedir ou desfazer a execução requerida pelo exequente; defe-

Page 57: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 57

sa do executado por dívida fiscal, equivalente à contes-tação.

Embargos à execução – Meio pelo qual o devedor

se opõe à execução, seja ela fundada em título judicial (sentença) ou em título extrajudicial (duplicata, cheque, contrato), com a finalidade de convertê-lo.

Embargos de declaração – Ou embargos declarató-

rios. Recurso contra decisão que contém obscuridade, omissão ou contradição, tendo como finalidade esclare-cer, tornar clara a decisão. Em qualquer caso, a subs-tância do julgado, em princípio, será mantida, visto que os embargos de declaração não visam modificar o con-teúdo da decisão. Porém, a jurisprudência tem admitido, excepcionalmente, os embargos com efeito infringente, ou seja, para modificar a decisão embargada, exatamen-te quando se tratar de equívoco material e o ordenamen-to jurídico não contemplar outro recurso para a correção de flagrante equívoco.

Embargos de divergência – Recurso cabível quan-

do ocorre divergência de turmas ou seções dos tribunais. Embargos de terceiro – Meio defensivo utilizado por

quem intervém na ação de outrem por haver sofrido alteração na sua posse ou direito, em virtude de arresto, depósito, penhora, sequestro, venda judicial, arrecada-ção, partilha etc.

Embargos infringentes – É o recurso cabível quan-

do não for unânime o julgado proferido em apelação e em ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os em-bargos serão restritos à matéria objeto da divergência. Ver artigos 530 a 534 do Código de Processo Civil.

Ementa – Súmula que contém a conclusão do que

diz o enunciado de uma decisão do judiciário ou do texto de uma lei, relacionado com uma sentença.

Emolumento – Pela Constituição Federal de 1988, é

a remuneração que os notários e os oficiais registradores recebem pela contraprestação de seus serviços. É uma contribuição paga por toda pessoa que se favoreça de um serviço prestado por uma repartição pública, tal como o que decorre de uma certidão por esta fornecida.

Empresas de economia mista – São as empresas

que aliam o poder público com o privado, ou seja, são as empresas que o Estado participa (com capital e direito a voto), conjuntamente com o particular.

Empresa pública – É a entidade dotada de persona-

lidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União ou de suas entidades da administração indireta, criada por lei para desempenhar atividades de natureza empresarial que o governo seja levado a exercer, por motivos de conveniência ou contin-gência administrativa, podendo tal entidade revestir-se de qualquer das formas admitidas em Direito. Ver artigo 5º, inciso II, do Decreto-Lei Nº 200/67.

Enriquecimento ilícito – Ou sem causa. É o que se

promove empobrecendo injustamente outrem, sem qual-quer razão jurídica, isto é, sem ser fundado numa opera-ção jurídica considerada lícita ou uma disposição legal.

Entrância – Hierarquia das áreas de jurisdição (co-

marcas) que obedece às regras ditadas pela Lei de Or-ganização Judiciária de cada estado, como, por exemplo, movimento forense, densidade demográfica, receitas públicas, meios de transporte, situação geográfica e fatores socioeconômicos de relevância.

Erga omnes – Contra todos, a respeito de todos ou

em relação a todos. Estado de defesa – Instrumento que o presidente da

República pode utilizar, ouvidos o Conselho da Repúbli-ca e o Conselho de Defesa Nacional, para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determi-nados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. É instituído através de decreto, que deverá indicar a sua duração, as áreas a serem abrangidas e as respectivas medidas coercitivas. Ver artigo 136 da Constituição Fe-deral.

Estado de Direito – É o que assegura que nenhum

indivíduo está ―acima da lei‖. Diz-se que um país vive sob Estado de Direito quando sua Constituição e suas leis são rigorosamente observadas por todos, indepen-dentemente do cargo político, posição social ou prestígio.

Estado de emergência – Declaração emanada do

Poder Público, pondo o país ou nação em situação de vigilância ou de defesa contra as ameaças de perturba-ções ou contra as perturbações ou atentados a sua inte-gridade política ou territorial.

Estado de sítio – Instrumento que pode ser utilizado

pelo presidente da República, nos casos de: comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; e declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira. A decretação do estado de sítio é solicitada pelo presidente da Repú-blica ao Congresso Nacional, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. Ver artigos 137 a 139 da Constituição Federal.

Estágio confirmatório ou estágio probatório – É o

período de exercício, após nomeação, em que se apura se o nomeado tem condições para ser efetivado no car-go. A tal período, com referência a magistrados e mem-bros do Ministério Público, denomina-se de vitaliciamen-to.

Estelionato – Segundo o artigo 171 do Código Pe-

nal, é ―obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudu-lento". O estelionato é uma figura delituosa que através de meios fraudulentos, ilícitos, procura se auto-beneficiar em detrimento de outrem, ou seja, é induzir ou manter alguém em erro para se beneficiar.

Ex nunc – De agora em diante; a partir do presente

momento. Quer dizer que a decisão não tem efeito retro-ativo, ou seja, vale do momento em que foi proferida em diante.

Ex officio – Por obrigação do ofício; oficialmente. Ato

que se executa por dever do ofício.

Page 58: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 58

Ex tunc – Desde o início; desde então. Refere-se a

efeitos provenientes desde o início da nulidade. Quer dizer que a decisão tem efeito retroativo, valendo tam-bém para o passado.

Ex vi legis – Por força da lei; em virtude da lei.

Exação – Arrecadação ou cobrança de valores per-

tencentes ao fisco, promovida por pessoa a quem se atribui o encargo de os receber e guardar.

Exceção da verdade – Meio de defesa que se facul-

ta ao acusado por crime de calúnia ou injúria para provar o fato atribuído por ele à pessoa que se julga ofendida e o processou por isso. Somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Artigo 139, parágrafo único, do Código Penal.

Exceção de suspeição – Assim se diz da alegação

de suspeita de parcialidade que possa ser feita contra juiz, contra o órgão do Ministério Público, contra o escri-vão ou serventuário da justiça ou contra o perito nomea-do para funcionar na causa.

Exceptio veritatis – Exceção da verdade.

Excesso de exação – É um dos crimes praticados

por funcionário público contra a administração em geral, consistindo na exigência de tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. Ver artigo 316, parágrafo 7º, do Código Penal.

Excesso de poder – É a expressão usada para indi-

car todo ato que é praticado por uma pessoa, em virtude de mandato ou função, fora dos limites da outorga ou da autoridade que lhe é conferida.

Expulsão – Medida administrativa tomada pelo pre-

sidente da República para retirar do território nacional um estrangeiro que se mostra prejudicial aos interesses do País. Diferente da extradição, que é julgada pelo Supre-mo Tribunal Federal, a pedido do país de origem do estrangeiro, a expulsão é uma decisão tomada pelo Poder Executivo.

Extemporâneo – Intempestivo, fora do tempo opor-

tuno. Extra petita – Além do pedido. Diz-se do julgamento

proferido em desacordo com o pedido ou natureza da causa.

Extradição – É o ato pelo qual um Estado entrega a

outro, por solicitação deste, um indivíduo para ser pro-cessado e julgado perante seus tribunais.

Extrajudicial – Locução empregada para designar

atos que se fazem ou se processam fora do juízo, isto é, sem a presença do juiz.

F

Facultas agendi – Direito de agir. O exercício do di-

reito subjetivo.

Falso testemunho – É a afirmativa consciente de

uma pessoa a respeito de fatos inverídicos ou contrários à verdade, prestada perante autoridade judiciária que a convocou para depor. Para que constitua delito, é neces-sário que a pessoa altere intencionalmente a verdade, a fim de ocultá-la.

Feito – É o mesmo que processo, procedimento, a-

ção etc. Flagrante delito – É o exato momento em que o a-

gente está cometendo o crime, ou, quando após sua prática, os vestígios encontrados e a presença da pes-soa no local do crime dão a certeza deste ser o autor do delito, ou ainda, quando o criminoso é perseguido após a execução do crime. Para ocorrer o flagrante é necessária a certeza visual ou evidência do crime. O flagrante pode ser impróprio, quando há perseguição, ou presumido, quando não há perseguição mas o criminoso é apontado pelo próprio ofendido ou é encontrado em situação que faça presumir sua culpabilidade. Ver artigo 301 e seguin-tes do Código de Processo Penal.

Foro especial ou privilegiado – É aquele que se a-

tribui competente para certas espécies de questões ou ações, ou em que são processadas e julgadas certas pessoas. O foro especial é determinado por lei e não se pode ir a ele sem que o caso, em razão da matéria ou da pessoa, lhe seja atribuído.

Fraude processual – É um dos crimes contra a ad-

ministração da justiça. Consiste em inovar artificiosamen-te, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. A pena prevista é de detenção, de três meses a dois anos, e multa. Se a ino-vação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Ver artigo 347 do Código Penal.

Freios e contrapesos – Da expressão checks and

balances, significa o sistema em que os Poderes do Estado mutuamente se controlam, como, por exemplo, o Legislativo julga o presidente da República e os ministros do Supremo Tribunal Federal nos crimes de responsabi-lidade; o presidente da República tem o poder de veto aos projetos de lei e o Poder Judiciário pode anular os atos dos demais Poderes em casos de inconstitucionali-dade ou de ilegalidade.

Fumus boni juris – Fumaça do bom direito. Expres-

são que significa que o alegado direito é plausível. É geralmente usada como requisito ou critério para a con-cessão de medidas liminares, cautelares ou de antecipa-ção de tutela, bem como no juízo de admissibilidade da denúncia ou queixa, no foro criminal.

Função jurisdicional – É uma das funções do Esta-

do. A função jurisdicional compete ao Poder Judiciário. A jurisdição como função "expressa o encargo que têm os órgãos estatais de promover a pacificação de conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e através do processo" (Cintra, Grinover e Dinamarco).

G

Page 59: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 59

Garantia constitucional – É a denominação dada

aos múltiplos direitos assegurados ou outorgados aos cidadãos de um país pelo texto constitucional.

Golpe de Estado – Expressão usada para designar o

ato de força posto em prática pelo próprio governo a fim de se sustentar no poder. Ou o atentado ou conspiração levada a efeito para derrubar o poder ou governo instituí-do, compondo outro em seu lugar.

Grau de jurisdição – É o mesmo que instância. Tra-

duz a ordem de hierarquia judiciária, que se divide em inferior e superior. A inferior corresponde, normalmente, aos juízes, que compõem a primeira instância; a superior corresponde aos tribunais.

Grau de parentesco – É a medida da distância ou o

espaço, havido entre os parentes, e regrado de uma geração a outra, adotada para evidência da proximidade ou remoticidade, que prende ou vincula os parentes entre si. A contagem de grau é feita de dois modos: na linha reta e na linha colateral. Na linha reta, o grau é determinado, na ascendência ou descendência, pela evidência de cada geração, tendo por base o autor co-mum. Assim, o pai e o filho estão no primeiro grau, por-que entre eles há apenas uma geração. O avô e o neto têm parentesco de segundo grau. Na linha colateral, há que se subir até que se encontre o tronco comum e dele descer até a pessoa cujo parentesco se quer graduar. Assim, os irmãos são colaterais em segundo grau, por-que se remontam até o pai e, descendo em seguida, duas gerações se registram. O grau de parentesco por afinidade, resultante da aliança promovida, opera-se de igual modo, sendo cada cônjuge ligado aos parentes do outro pelos mesmos graus em que estes se encontrem.

H

Habeas corpus – Medida que visa proteger o direito

de ir e vir. É concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Quando há apenas ameaça a direito, o habeas corpus é preventivo. O direito ao habeas corpus é asse-gurado pela Constituição, artigo 5º, inciso LXVIII.

Habeas data – É uma ação impetrada por alguém

que deseja ter acesso a informações relativas a sua pessoa, que estejam em posse de qualquer órgão públi-co federal, estadual ou municipal. O habeas data tam-bém serve para pedir a retificação ou o acréscimo de dados aos registros (CF, art. 5º, inciso LXXII, regulamen-tado pela Lei nº 9.507, de 12/11/97).

Hipossuficiente – Aquele que tem direito à assistên-

cia judiciária. Homicídio – Morte de uma pessoa causada por ou-

tra, de forma dolosa ou culposa. A tipificação é feita pelo Código Penal, no artigo 121 (homicídio simples), pará-grafos 2º (homicídio qualificado) e 3° (homicídio culposo).

Homicídio culposo – Que resulta de ato negligente,

imprudente ou inábil do agente, embora não tenha tido a intenção criminosa.

Homicídio doloso – Quando há a vontade homicida

do agente, manifestada na deliberação de matar ou na intenção indeterminada de matar.

Homicídio qualificado – Designação dada à figura

delituosa do homicídio já enumerado pela lei penal com os elementos qualificativos. A qualificação do homicídio, assim, apresenta o crime agravado ou de maior gravida-de, em vista da intensidade do dolo, da natureza dos meios utilizados para executar o homicídio, do modo de ação ou desejo de fugir à punição. Revela, assim, o grau de perversidade do agente ou a visível maldade de sua prática.

Homologação – Decisão pela qual o juiz aprova ou

confirma uma convenção particular ou ato processual realizado, a fim de lhe dar firmeza e validade para que tenha força obrigatória, pelos efeitos legais que produz.

I

Impeachment – Impedimento. Processo político-

criminal para apurar a responsabilidade dos governado-res e secretários de Estado, ministros de Estado, do Supremo Tribunal Federal, os comandantes das Forças Armadas, do presidente e do vice-presidente da Repúbli-ca cuja pena é a destituição do cargo.

Impetrar – Requerer ou solicitar a decretação de

qualquer medida judicial, que venha assegurar o exercí-cio de um direito ou a execução de um ato. Ex.: impetrou mandado de segurança; impetrou habeas corpus.

Imprescritível – Qualidade ou indicação de tudo que

não é suscetível de prescrição ou que não está sujeito a ela.

Improbidade – Qualidade do homem que não proce-

de bem, por não ser honesto. Improbidade administrativa – Ato praticado por a-

gente público, contrário às normas da moral, à lei e aos bons costumes, com visível falta de honradez e de reti-dão de conduta no modo de agir perante a administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios, de território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrida ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual. Entre os atos que configuram a improbidade administrativa estão aqueles que importem em enriquecimento ilícito, no recebimento de qualquer vantagem econômica, direta ou indireta, em superfaturamento, em lesão aos cofres públicos, pela prática de qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

Improbus litigator – Litigante desonesto. O que en-

tra em demanda sem direito, por ambição, malícia ou emulação.

Impugnar – Contestar, combater argumentos ou um

ato, dentro de um processo, apresentando as razões. Imunidade – São regalias e privilégios outorgados a

alguém, para que se isente de certas imposições legais, não sendo obrigado a fazer ou a cumprir certos encargos

Page 60: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 60

ou obrigações. É atribuída a certas pessoas em face de funções públicas exercidas (parlamentares, diplomatas). A imunidade coloca as pessoas sob proteção especial.

In casu – No caso em apreço; em julgamento.

In pari causa – Em causa semelhante.

In rem verso – Para a coisa.

In verbis – Nestas palavras.

Inaudita altera par – Sem ouvir a outra parte

Inamovibilidade – Prerrogativa constitucional asse-

gurada aos magistrados e membros do Ministério Públi-co, salvo por promoção aceita, remoção a pedido, ou em virtude de decisão do tribunal competente, diante do interesse público. Por essa prerrogativa, magistrados e membros não podem ser removidos a pedido ou por permuta, ou de ofício, mediante decisão do órgão colegi-ado competente.

Incapacidade – Falta de qualidades ou ausência de

requisitos indispensáveis para o exercício ou gozo de direitos.

Incapacidade civil – São as pessoas que não estão

aptas ao exercício ou gozo de seus direitos. A incapaci-dade pode ser absoluta ou relativa. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discerni-mento para a prática desses atos; os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. São relativamente incapazes os menores de 16 anos e maiores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o dis-cernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvi-mento mental completo; os pródigos, entre outros. Ver artigos 3º a 5º do Código Civil.

Incidente de uniformização de jurisprudência –

Instituto que objetiva uniformizar a interpretação do direi-to no âmbito dos tribunais. Tem cabimento nos julgamen-tos de recursos, de reexame necessário e também nos casos de competência originária do tribunal. O incidente pode ser suscitado por membro do órgão julgador, pelas partes interessadas e pelo Ministério Público. No inciden-te de uniformização, a causa não é julgada. Apenas haverá pronunciamento do tribunal quanto ao dissídio, fixando a tese jurídica. Caberá ao órgão do qual proveio o incidente julgá-lo, preponderando o entendimento de que estará vinculado à interpretação fixada pela corte. São três os pressupostos para a instauração do inciden-te: estar o julgamento em curso; haver divergência prévia na interpretação do direito, devidamente demonstrada; e depender a solução do julgamento, total ou parcialmente, da uniformização da tese. Uma vez suscitado, será admi-tido conforme critérios de conveniência e oportunidade, inexistindo direito processual à sua instauração. Ver artigo 476 do Código de Processo Civil.

Incompetência – Falta de competência; falta de au-

toridade ou dos conhecimentos necessários para o jul-gamento de alguma coisa.

Inconstitucionalidade – É a contrariedade da lei ou

de ato normativo (resolução, decretos) ao que dispõe a Constituição. Essa incompatibilidade pode ser formal (não foram observadas as regras necessárias ao proces-so de elaboração e edição legislativa) quanto material (diz respeito ao próprio conteúdo da lei ou do ato norma-tivo, se ele está conforme os princípios e normas consti-tucionais).

Independência funcional – Cada procurador, no e-

xercício de suas funções, tem inteira autonomia. Não fica sujeito a ordens de quem quer que seja, nem a superio-res hierárquicos. Se vários membros do MPF atuam em um mesmo processo, cada um pode emitir sua convicção pessoal acerca do caso; não estão obrigados a adotar o mesmo entendimento do colega. Em decorrência desse princípio, a hierarquia no MPF é considerada com rela-ção a atos administrativos e de gestão. Ex.: somente o procurador-geral da República pode designar procurado-res para atuarem numa força-tarefa. Após a designação, no entanto, o procurador-geral não tem nenhum poder de dizer quais medidas o procurador deve adotar em seu trabalho.

Indiciar – Proceder a imputação criminal contra al-

guém. Indivisibilidade – Princípio do Ministério Público,

significa que membros não se vinculam aos processos nos quais atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros. Essa possibilidade apenas se confirma entre membros de um mesmo ramo, ou seja, procuradores da República não substituem procuradores do Trabalho ou promotores de Justiça. Tal substituição se dá apenas no MPF.

Infraconstitucional – Toda regra que não conste do

texto constitucional é inferior a ela, pois a Constituição é a lei suprema de um país, exercendo supremacia hierár-quica sobre todas as outras leis. Desse modo, ainda que tenham sido editadas para regulamentar algum artigo da Constituição, elas são consideradas infraconstitucionais.

Infligir – Aplicar pena ou castigo.

Injunção – Na técnica constitucional, indica-se o pe-

dido e a eventual concessão de mandado, a favor do prejudicado, sempre que a falta de norma regulamenta-dora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali-dade, à soberania e à cidadania. Ver artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal.

Injúria – É um dos crimes contra a honra tipificado no

Código Penal, artigo 140. Entende-se ofensa que venha atingir a pessoa, em desrespeito a seu decoro, a sua honra, a seus bens ou a sua vida.

Inquérito – Procedimento para apurar se houve in-

fração penal. A partir do inquérito se reúnem elementos para que seja proposta ação penal.

Inquérito Civil Público – É o procedimento interno

instaurado pelo Ministério Público Federal para a investi-gação de danos ou ameaça de dano a bens de interesse difuso, coletivo ou individuais homogêneos. Geralmente o ICP é preliminar ao ajuizamento das ações civis públi-cas.

Page 61: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 61

Instância – Grau da hierarquia do Poder Judiciário. A

primeira instância, onde em geral começam as ações, é composta pelo juiz de direito de cada comarca, pelo juiz federal, eleitoral e do trabalho. A segunda instância, onde são julgados recursos, é formada pelos tribunais de Justiça e de Alçada, e pelos tribunais regionais federais, eleitorais e do trabalho. A terceira instância são os tribu-nais superiores (STF, STJ, TST, TSE) que julgam recur-sos contra decisões dos tribunais de segunda instância.

Interdição – É um ato judicial pelo qual se declara a

incapacidade de determinada pessoa natural, maior, de praticar certos atos da vida civil. Está regulada nos arti-gos 1.768 a 1.778 do Novo Código Civil (Lei nº 10.406/02).

Interesses coletivos ou difusos – São interesses

comuns de pessoas não ligadas por vínculos jurídicos, ou seja, questões que interessam a todos, de forma indeterminada.

Interpelação judicial – Instrumento judicial pelo qual

a pessoa faz petição dirigida ao juiz, para pedir esclare-cimentos acerca da conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. O objetivo da interpelação é que o juiz intime o requeri-do, tornando, assim, presumivelmente certa a ciência, por este, da vontade ou declaração de conhecimento de quem requer a intimação. Ver artigo 867 e seguintes do Código de Processo Civil.

Intervenção federal – É a medida de caráter excep-

cional e temporário que afasta a autonomia dos estados, DF ou municípios. A intervenção só pode ocorrer nos casos e limites estabelecidos pela Constituição Federal: quando houver coação contra o Poder Judiciário, para garantir seu livre exercício; quando for desobedecida ordem ou decisão judiciária; quando houver representa-ção do procurador-geral da República.

Instrução – Fase processual em que o juiz, ouvidas

as partes, fixa os pontos controvertidos sobre que incidi-rá a prova. Instrução criminal: fase processual penal destinada a deixar o processo em condições para o jul-gamento. Ver artigos 451 e seguintes do Código de Pro-cesso Civil e artigos 394 a 405 do Código de Processo Penal.

Intimação – É o ato pelo qual se dá ciência a alguém

dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. São efetuadas de ofício, em pro-cessos pendentes, salvo disposição em contrário. Ver artigos 234 a 242 do Código de Processo Civil.

Isonomia – Igualdade legal para todos. Princípio de

que todos são iguais perante a lei, que todos serão sub-metidos às mesmas regras jurídicas (artigo 5º da Consti-tuição Federal).

J

Juiz togado – Juiz com formação jurídica obrigatória,

ocupante do cargo em caráter vitalício. A maioria perten-ce à carreira da magistratura. Outros vêm da advocacia e do Ministério Público (a Constituição reserva um quinto dos cargos nos tribunais a estas duas áreas).

Juiz classista – Juiz não togado, ou leigo, denomi-

nado vogal, em exercício de representação paritária de empregados e empregadores junto à Justiça do Traba-lho.

Juizados especiais – Órgãos jurisdicionais criados

pela União, no Distrito Federal e nos territórios, e pelos estados, providos por juízes togados, ou togados e lei-gos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. Ver arti-go 98 da Constituição Federal e Lei n° 9.099/95.

Julgamento – Ato da decisão jurisdicional efetuado

pelo Juiz ou pelo Tribunal ao resolver uma causa. Jure et facto – Por direito e de fato.

Júri – Designação dada à instituição jurídica, forma-

da por homens de bem, a que se atribui o dever de julgar acerca de fatos, levados ou trazidos a seu conhecimento. Tribunal especial competente para julgar os crimes dolo-sos contra a vida.

Juris tantum – De direito somente. O que resulta do

próprio direito e somente a ele pertence. Jurisdição – Extensão e limite do poder de julgar de

um juiz. Jurisprudência – É a interpretação reiterada, de

mesmo sentido, que os tribunais dão às leis, nos casos concretos que são levados a julgamento.

Justiça Federal – Órgão do Poder Judiciário consti-

tuída pelos Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais. Ver artigos 106 a 110 da Constituição Federal.

L

Lato sensu – Em sentido amplo.

Lavrar – Exarar por escrito; escrever, redigir; escre-

ver uma sentença, uma ata; emitir; expressar. Legítima defesa – Toda ação de repulsa levada a

efeito pela pessoa a ataque injusto a seu corpo ou a seus bens, quando outro meio não se apresenta para evitar o perigo ou a ofensa que dela possa resultar. Ver artigo 25 do Código Penal.

Lei – 1. Regra geral e permanente a que todos estão

submetidos. 2. Preceito escrito, formulado solenemente pela autoridade constituída, em função de um poder, que lhe é delegado pela soberania popular, que nela reside a suprema força do Estado.

Lei marcial – Que submete, durante o estado de

guerra, todas as pessoas a regime especial, com a sus-pensão de garantias civis e políticas, asseguradas, em tempos normais, pelas leis constitucionais.

Lei Orgânica do Ministério Público da União – Lei

Complementar nº 75/93, que dispõe sobre a organização e o funcionamento do Ministério Público da União. Trata

Page 62: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 62

das disposições gerais, estabelece suas principais fun-ções e seus instrumentos de atuação.

Leis excepcionais – São leis editadas para reger fa-

tos ocorridos em períodos anormais. Ex.: guerra, epide-mia, inundações, etc. São leis auto-revogáveis, pois perdem a eficácia pela cessação das situações que as ensejaram.

Leis temporárias – São leis que contam com perío-

do certo de duração. São leis auto-revogáveis, pois pos-suem data certa para perder a vigência.

Lex legum – Constituição.

Libelo – Exposição articulada por escrito em que a

pessoa, expondo a questão que se objetiva e as razões jurídicas em que se funda, vem perante a justiça pedir o reconhecimento de seu direito, iniciando a demanda contra outrem; petição inicial.

Liberdade assistida – Regime de liberdade aplicada

aos adolescentes autores de infração penal ou que apre-sentam desvio de conduta, em virtude de grave inadap-tação familiar ou comunitária, para o fim de vigiar, auxili-ar, tratar e orientar.

Liberdade condicional – Benefício concedido aos

condenados, mediante determinados requisitos, anteci-pando o seu retorno ao convívio em sociedade. Ver arti-gos 83 a 90 do Código Penal e artigo 131 da Lei de Exe-cução Penal.

Liberdade de pensamento – Liberdade de opinião,

em virtude da qual se assegura ao indivíduo o direito de pensar e de exprimir seus pensamentos, suas crenças e suas doutrinas.

Liberdade de reunião – É consequência da liberda-

de de associação e faz parte das liberdades individuais. Liberdade política – Direito que se confere ao povo

de se governar por si mesmo, escolhendo livremente seus governantes e instituindo por sua vontade soberana os órgãos que devem exercitar a soberania nacional.

Liberdade provisória – É aquela concedida em ca-

ráter temporário ao acusado a fim de se defender em liberdade. Pode a qualquer momento ser revogada, caso o acusado infrinja alguma das condições que lhe forem impostas pelo benefício (não comparecimento obrigatório perante a autoridade quando intimado; mudança de residência por mais de oito dias sem comunicação à autoridade do lugar onde se encontra).

Licenciamento ambiental – Segundo a Resolução

do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) nº 237/97, artigo 1º, inciso I, é o procedimento administrati-vo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empre-endimentos e atividades utilizadoras de recursos ambien-tais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicadas ao caso.

Licitação – Ato em forma de concorrência, tomada

de preços, convite, concurso ou leilão, promovido pela Administração Pública direta ou indireta, entre os inte-ressados habilitados na compra ou alienação de bens, na concessão de serviço ou obra pública, em que são levados em consideração qualidade, rendimento, preço, prazo e outras circunstâncias previstas no edital ou no convite.

Lide – Litígio, processo, pleito judicial. É a matéria

conflituosa que está sendo discutida em juízo. Liminar – Pedido de antecipação dos efeitos da de-

cisão, antes do seu julgamento. É concedido quando a demora da decisão causar prejuízos. Ao examinar a liminar, o ministro relator também avalia se o pedido apresentado tem fundamentos jurídicos aceitáveis.

Litis contestatio – Contestação da lide.

Litisconsórcio – Reunião ou presença de mais de

uma pessoa no processo que figuram como autores ou réus, vinculados pelo direito material questionado. Ver artigos 46 a 49 do Código de Processo Civil.

Litisconsorte – Participante de um litisconsórcio; ati-

vo – quando for autor; passivo – quando réu. Locupletamento – Enriquecimento.

M

Ma-fé – Consciência da ilicitude na prática de um ato

com finalidade de lesar direito de terceiro. Malversação – Toda administração que é má, que é

ruinosa, que é abusiva, onde se desperdiçam seus valo-res ou se dilapidam bens. É ainda a administração em que o administrador, conscientemente, desvia valores ou subtrai bens em seu benefício, locupletando-se abusiva-mente à custa do dono do negócio administrado. Na administração pública em que bens são furtados ou des-viados há ocorrência de peculato.

Mandado – Ordem escrita da autoridade. É chamado

de mandado judicial quando expedido por juiz ou ministro de tribunal. Tem nomes específicos de acordo com o objetivo: prender, soltar etc.

Mandado de busca e apreensão – Ordem do juiz,

mandando que se apreenda coisa em poder de outrem ou em certo lugar, para ser trazida a juízo e aí ficar sob custódia do próprio juiz, mesmo que em poder de um depositário por ele designado ou do depositário público. Um mandado de busca e apreensão também pode ser expedido para pessoas, principalmente menores aban-donados ou quando os pais estão em demanda de divór-cio ou anulação de casamento.

Mandado de citação – Ato mediante o qual se cha-

ma a juízo, por meio de oficial de justiça, o réu ou o inte-ressado, a fim de se defender.

Mandado de injunção – Garantia constitucional con-

cedida sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades consti-tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Compete ao STF o processo

Page 63: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 63

e julgamento originário do mandado de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das mesas de uma dessas casas legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio STF. Ver artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal.

Mandado de segurança – É a ação que tem por ob-

jetivo garantir o reconhecimento judicial de um direito líquido e certo, incontestável, que está sendo violado ou ameaçado por ato manifestamente ilegal ou inconstitu-cional de uma autoridade. Ver artigo 5º, incisos LXIX e LXX, da Constituição Federal, Lei nº 1.533/51 e Lei n° 4.348/64.

Mandamus – Mandado de segurança.

Mandato – Opera-se o mandato quando alguém re-

cebe de outrem poderes, para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses, sendo a procuração o seu instrumento. Ver artigos 653 e seguintes do Código Civil.

Manifestação – Em Direito Administrativo, parecer,

opinião sobre determinado assunto. Em Direito Proces-sual, opinião da parte em atos do processo. Em Direito Político, expressão de agrado ou desagrado em reuniões populares de natureza política.

Manutenção de posse – Remédio legal usado pelas

pessoas que se vêem perturbadas em sua posse, para que nela se conservem e se mantenham, livres de qual-quer perturbação ou molestação. A pessoa a quem se assegura a posse ou é mantida nela diz-se manutenida.

Medida cautelar – O mesmo que liminar. É um ato

de precaução. É o pedido para antecipar os efeitos da decisão, antes do seu julgamento. É concedida quando a demora da decisão causar prejuízos (periculum in mora). Ao examinar a liminar, o ministro relator também avalia se o pedido apresentado tem fundamentos jurídicos aceitáveis (fumus boni iuris).

Medida de segurança – Medida de defesa social a-

plicada a quem praticou um crime, tentou praticá-lo ou prepara-se para praticá-lo, desde que o agente revele periculosidade social e probabilidade de que voltará a delinquir.

Medida disciplinar – Correção imposta administrati-

vamente ao funcionário por transgressão a preceito regu-lamentar ou a bem da ordem e da disciplina. A medida disciplinar vai desde a repreensão até a demissão, de-pendendo da gravidade do ato que tenha sido praticado.

Medida liminar – Decisão judicial provisória proferida

nos 1º e 2º graus de jurisdição, que determina uma pro-vidência a ser tomada antes da discussão do feito, com a finalidade de resguardar direitos. Geralmente concedida em ação cautelar, tutela antecipada e mandado de segu-rança.

Mens legis – O espírito da lei.

Mérito – É o assunto principal que está sendo discu-

tido em um processo; é a questão que deu origem à

própria existência daquela ação. Nele é que se funda o pedido do autor.

Meritum causae – Mérito da causa.

Minervae suffragium – Voto de minerva.

Ministério Público – Instituição permanente, essen-

cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. O Ministé-rio Público abrange o Ministério Público da União (Minis-tério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) e o Ministério Público Estadual. O chefe do MPU é o procurador-geral da República, que também chefia o MPF. Ver Capítulo IV (Das Funções Essenciais à Justiça), Seção I (Do Ministério Público), da Constituição Federal – artigos 127 a 130.

Ministério Público da União – Instituição que a-

brange quatro ramos com áreas de atuação, organização espacial e administração distintas, embora regidos pela mesma lei complementar, a de nº 75/93. Alguns órgãos, no entanto, são comuns entre os ramos: o Conselho de Assessoramento Superior, a Escola Superior do Ministé-rio Público da União, a Auditoria Interna e a Secretaria do MPU. Mas, quando se trata de atribuições, as diferen-ças entre os ramos do MPU ficam evidentes.

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

– Atua em causas correspondentes àquelas em que oficiam os ministérios públicos estaduais. Ou seja, ape-sar de pertencer à estrutura do MPU, o MPDFT não cuida de matérias da competência da Justiça Federal, mas das que competem às Justiças Estaduais. Promoto-res de Justiça e procuradores de Justiça são as designa-ções de seus membros.

Ministério Público do Trabalho – Trata de matérias

decorrentes das relações de trabalho que envolvam interesse público, fiscalizando o cumprimento da legisla-ção e procurando regularizar e mediar as relações entre empregados e empregadores. Além disso, o MPT tam-bém pode ser árbitro ou mediador em dissídios coletivos, fiscalizar o direito de greve nas atividades essenciais e propor ações pedindo a nulidade de cláusulas ilegais em contratos trabalhistas e acordos coletivos. Atuam no MPT os procuradores do Trabalho.

Ministério Público Federal – Atua nas causas de

competência da Justiça Federal e nas de competência do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Fe-deral, sempre que estiverem em discussão bens, servi-ços ou interesses da União, de suas entidades autárqui-cas e empresas públicas federais.

Ministério Público Militar – Atua exclusivamente em

matéria criminal, apurando e buscando a punição dos autores de crimes militares praticados por integrantes das Forças Armadas no exercício de suas atividades, bem como todas as infrações cometidas contra o patri-mônio da FFAA.

Modus operandi – Maneira de agir.

Mutatis mutandis – Com as devidas alterações.

Page 64: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 64

N

Negativa de autoria – A defesa fundada na afirma-

ção de que não foi o réu o autor do fato. Negligência – É a inércia psíquica, a indiferença do

agente que, podendo tomar as devidas cautelas exigí-veis, não o faz por displicência, relaxamento ou preguiça mental. Ver artigo 18, inciso II, do Código Penal.

Nepotismo – Patronato ou favoritismo na nomeação

dos integrantes da administração Pública. É o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Conselho Nacional do Ministério Público, por meio das Resoluções nº 1/2005 e nº 7/2006, vedam a prática a membros e servidores da instituição.

Nexo causal – É a ligação da conduta ao resultado

nos crimes materiais. Non bis in idem – Sem repetição. Locução latina

empregada para significar que não se devem aplicar duas penas sobre a mesma falta.

Norma – Regra, modelo, paradigma, forma ou tudo

que se estabelece em lei ou regulamento para servir de padrão na maneira de agir.

Notificação – Aviso judicial pelo qual se dá conheci-

mento a uma pessoa de algum fato, que também é de seu interesse, a fim de que possa usar das medidas legais ou das prerrogativas que lhe sejam asseguradas por lei.

Notícia-crime –É o fato criminoso que chega ao co-

nhecimento da autoridade competente para investigá-lo. Notitia criminis – Comunicação do crime.

Nulidade – Ineficácia de um ato jurídico, resultante

da ausência de uma das condições necessárias para sua validade.

Numerus apertus – Número ilimitado.

Numerus clausus – Número limitado.

O

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, órgão de

classe dos advogados. O seu registro nela é obrigatório no Brasil para o exercício da advocacia. Ver Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil, Lei n° 8.906/94.

Obligatio faciendi – Obrigação de fazer.

Obligatio non faciendi – Obrigação de não fazer.

Occasio legis – Oportunidade da lei.

Oficial de Justiça – É o serventuário da Justiça en-

carregado de proceder às diligências que se fizerem necessárias ao andamento do julgamento da causa e ordenadas pela autoridade judiciária.

Ofício – Comunicação escrita e formal entre autori-

dades da mesma categoria, ou de inferiores a superiores hierárquicos; comunicação escrita e formal que as auto-ridades e secretarias em geral endereçam umas às ou-tras, ou a particulares, e que se caracteriza não só por obedecer a determinada fórmula epistolar, mas, também, pelo formato do papel (formato ofício). Cartório, tabelio-nato.

Onus probandi – Ônus da prova.

P

Paciente – Em Direito Penal, designa a pessoa que

sofrerá a condenação. É, assim, indicativo de réu. Parecer – É a manifestação do Ministério Público em

uma ação, por meio da qual ele diz sua opinião sobre o pedido do autor, com base no que a lei dispõe sobre aquele assunto. O parecer do Ministério Público não obriga o juiz a proferir sentença segundo a posição do órgão.

Pari passu – Simultaneamente.

Parquet – Expressão francesa que designa Ministério

Público. Parte – São os sujeitos do processo. As denomina-

ções que as partes recebem variam em função do tipo de ação proposta. Ex: ação penal (autor e réu); mandado de segurança (impetrante, impetrado); queixa-crime (quere-lante e querelado).

Patrimônio público – Conjunto de bens que perten-

cem ao domínio do Estado e que se institui para atender a seus próprios objetivos ou para servir à produção de utilidades indispensáveis às necessidades coletivas.

Pátrio poder – É o complexo de direitos que a lei

confere aos pais, sobre a pessoa e os bens do filho. Peças – Instrumentos de um processo.

Peculato – É um dos crimes praticados por funcioná-

rio público contra a administração em geral. Caracteriza-se pela apropriação efetuada pelo funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. A pena prevista para este crime é de reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embo-ra não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o sub-trai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe pro-porciona a qualidade de funcionário. Ver artigos 312 e 313 do Código Penal.

Pedido – É um dos requisitos da petição inicial. Deve

ser certo ou determinado. Pode ser genérico quando se tratar de ações universais, se não puder o autor individu-alizar na petição os bens demandados; quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequên-cias do ato ou do fato ilícito e quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser pra-ticado pelo réu. Ver os artigos 286 a 294 do Código de Processo Civil.

Page 65: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 65

Pedido de reconsideração – Direito de petição que

se assegura ao servidor público de modificar decisão superior prejudicial aos seus interesses.

Periculum in mora – Perigo na demora.

Permissa venia – Com o devido respeito.

Pessoas jurídicas de direito privado – São pesso-

as jurídicas de direito privado: as associações; as socie-dades e as fundações. Iniciam sua personalidade jurídica com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização do Poder Executivo. Ver artigo 44 e seguintes do Código Civil.

Pessoas jurídicas de direito público externo – São

pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Ver artigo 42 do Código Civil.

Pessoas jurídicas de direito público interno – São

a União, os estados, o Distrito Federal e os territórios, os municípios, as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por lei. Se não existir disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas do Código Civil.

Petição – De forma geral, é um pedido escrito dirigi-

do ao tribunal. A petição Inicial é o pedido para que se comece um processo. Outras petições podem ser apre-sentadas durante o processo para requerer o que é de interesse ou de direito das partes.

Plágio – Apresentação, como própria, de trabalho ou

obra intelectual produzida por outrem. Plebiscito – Manifestação da vontade popular, ex-

pressa por meio de votação acerca de assunto de vital interesse político ou social, antes de publicação da lei. Revela-se a deliberação direta do povo, em que reside o poder soberano do Estado sobre matéria que é submeti-da a seu veredicto.

Poder constituinte – É o poder de criar ou modificar

normas constitucionais. O poder de elaboração de uma nova Constituição compete ao poder constituinte originá-rio. Já o poder de alterar o texto de uma Constituição já em vigor cabe ao poder constituinte derivado ou constitu-ído.

Poder de polícia – Atividade da administração públi-

ca que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produ-ção e do mercado, ao exercício de atividades econômi-cas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie-dade e aos direitos individuais ou coletivos. É regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de ativida-de que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Polícia judiciária – Denominação dada ao órgão po-

licial que tem por missão averiguar fatos delituosos ocor-ridos ou contravenções verificadas para que os respecti-vos delinquentes ou contraventores sejam punidos.

Prazo dilatório – É aquele em que as partes, de co-

mum acordo, podem reduzir ou prorrogar. Ver artigo 181 do Código de Processo Civil.

Precário – O que não se mostra em caráter efetivo

ou permanente, mas é feito, dado, concedido ou promo-vido em caráter transitório, revogável.

Precatória – Pedido feito por um juiz a outro, por car-

ta ou por qualquer outro meio, para que se cumpra em sua jurisdição ato forense de interesse do juiz deprecan-te (que fez o pedido). Corresponde à própria carta preca-tória.

Precatório – É o nome que se dá ao documento ex-

pedido pelo Poder Judiciário contra o Poder Público para que este efetue o pagamento de seus débitos oriundos de condenação em sentenças transitadas em julgado. O precatório informa o valor da dívida, sua origem, credor e devedor.

Requisição feita pelo juiz de execução da decisão ir-recorrível contra Fazenda Pública, federal ou estadual ou municipal, para que as dívidas sejam pagas aos respec-tivos credores.

Preclusão – Perda do direito de manifestar-se no

processo, por não tê-lo feito na forma devida ou na opor-tunidade devida.

Prejudicado – Na terminologia processual, e como

adjetivo, designa a situação de certos atos ou medidas que, em vista de certas circunstâncias, tornaram-se im-profícuas ou inúteis.

Preliminar – São questões que devem ser decididas

antes do mérito, porque dizem respeito à própria forma-ção da relação processual. Por exemplo, a discussão sobre a competência de um juiz para julgamento de uma causa constitui espécie de preliminar; assim também a legitimidade da parte para fazer aquele pedido. Por isso, o julgamento das preliminares pode impedir o próprio julgamento do mérito, caso sejam julgadas procedentes.

Preposto – Representante de alguém em uma ação.

Prescrição – Perda da ação atribuída a um direito,

que fica assim juridicamente desprotegido, em conse-quência do não uso dela durante determinado tempo; decadência em função do prazo vencido.

Prescrição da pretensão punitiva – A prescrição da

pretensão punitiva refere-se à perda do direito do Estado de punir ou de executar a pena pelo decurso do tempo, extinguindo a punibilidade do acusado ou condenado.

Presunção – Dedução, conclusão ou consequência

que se tira de um fato conhecido para se admitir como certa, verdadeira e provada a existência de um fato des-conhecido ou duvidoso.

Pretório – Sede de qualquer tribunal.

Page 66: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 66

Prevaricação – É um dos crimes praticados por fun-

cionário público contra a administração em geral que consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamen-te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. A pena prevista é de detenção, de três meses a um ano, e multa. Ver artigo 319 do Código Penal.

Prevenção – Critério que mantém a competência de

um magistrado em relação a determinada causa, pelo fato de tomar conhecimento da mesma em primeiro lu-gar. Ver artigos 106, 107 e 219 do Código de Processo Civil.

Prima facie – À primeira vista.

Princípio da individualização da pena – Por esse

princípio, a pena deve ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, evitando-se a padroni-zação da sanção penal. Para cada crime tem-se uma pena que varia de acordo com a personalidade do agen-te, o meio de execução etc. Ver artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal.

Princípio do devido processo legal – Previsto pelo

artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, garante que o indivíduo só será privado de sua liberdade ou terá seus direitos restringidos mediante um processo legal, exercido pelo Poder Judiciário, por meio de um juiz natu-ral, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

Princípios – Os princípios são mandamentos que se

irradiam sobre as normas, dando-lhes sentido, harmonia e lógica. Eles constituem o próprio ―espírito‖ do sistema jurídico-constitucional. Alguns exemplos: a administração pública é regida por princípios como os da moralidade, legalidade, publicidade, impessoalidade e eficiência; o Direito Penal é regido pelo princípio da presunção de inocência e pelo da irretroatividade da lei penal (uma lei não pode punir atos praticados antes da sua edição); o Direito Tributário, pelo princípio da igualdade tributária e pelo princípio da anterioridade (nenhum tributo pode ser cobrado no mesmo exercício financeiro em que foi publi-cada a lei que o instituiu ou aumentou).

Prisão em flagrante – É uma medida cautelar de na-

tureza processual que dispensa ordem escrita da autori-dade judicial. Aquele que está cometendo o crime, aca-bou de praticar a infração, que é perseguido em situação que se faça presumir ser o autor do crime, ou que é encontrado com instrumentos, armas ou demais objetos do delito, encontra-se em flagrante delito próprio, impró-prio, quase flagrante ou flagrante presumido e deve ser preso pelas autoridades ou pode ser detido por qualquer um do povo. Ver artigos 301 e 302 do Código de Proces-so Penal.

Prisão especial – É a prisão realizada em quartéis

ou prisão especial de pessoas que, devido ao cargo que exercem ou nível cultural que possuem, devem ser reco-lhidas em locais especiais quando presas provisoriamen-te. Ver artigo 295 e 296 do Código de Processo Penal.

Prisão preventiva – É a que se efetiva ou se impõe

como medida de cautela ou de prevenção, no interesse da Justiça, mesmo sem haver ainda condenação. O tempo em que a pessoa ficou em prisão preventiva é

computado posteriormente ao período a que foi conde-nado.

Prisão preventiva para extradição – Processo que

garante a prisão preventiva do réu em processo de ex-tradição como garantia de assegurar a aplicação da lei. É condição para se iniciar o processo de extradição.

Prisão temporária – Espécie de prisão provisória ou

cautelar, que restringe a liberdade de locomoção de uma pessoa, por tempo determinado e durante o inquérito policial, a fim de investigar a ocorrência de crimes gra-ves. Ver Lei nº 7.960/89.

Privilegium fori – Privilégio de foro.

Privilegium immunitatis – Privilégio de imunidade.

Procedimento administrativo – É a autuação de

uma representação feita ao Ministério Público. A repre-sentação é separada conforme sua natureza (cível ou criminal), recebe número e é encaminhada ao procura-dor. A partir daí, o procurador responsável irá tomar todas as medidas necessárias à apuração dos fatos: requisita informações, determina diligências ou, se for o caso, encaminha cópia do procedimento à Polícia Fede-ral para instauração do inquérito policial. Não existe prazo para encerrar um procedimento administrativo na área cível, apenas na criminal, que é de 30 dias, confor-me Resolução nº 77, editada pelo Conselho Superior do MPF em 2004.

Processo – Atividade por meio da qual se exerce

concretamente, em relação a determinado caso, a fun-ção jurisdicional, e que é instrumento de composição das lides; pleito judicial; litígio; conjunto de peças que docu-mentam o exercício da atividade jurisdicional em um caso concreto; autos.

Processo administrativo – Processo relativo a ser-

vidor no exercício de suas atribuições. Pode ser um pedido de benefício ou a apuração de denúncia por in-fração praticada, por exemplo.

Procurador do Estado – Pessoa que exerce a re-

presentação judicial e a consultoria jurídica da respectiva unidade federada. Os Procuradores dos Estados são organizados em carreira, na qual o ingresso depende de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases. Ver artigo 132 da Constituição Federal.

Procurador federal – Representante de órgãos da

administração indireta da União – autarquias, fundações e agências reguladoras - em questões judiciais e extraju-diciais. São servidores do Poder Executivo Federal.

Procurador da República – Membro da carreira ini-

cial do Ministério Público Federal. Oficia perante os juí-zes das Varas da Justiça Federal de primeira instância.

Procurador de Justiça – Membro do Ministério Pú-

blico Estadual ou do Ministério Público do Distrito Fede-ral e Territórios.

Procurador do Distrito Federal – Pessoa que exer-

ce a representação judicial e a consultoria jurídica do Distrito Federal. Os procuradores do DF são organizados

Page 67: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 67

em carreira, na qual o ingresso depende de concurso público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as suas fases. Ver artigo 132 da Constituição Federal.

Procurador-geral da República – Chefe do Ministé-

rio Público Federal e do Ministério Público da União. É escolhido pelo presidente da República, entre os inte-grantes da carreira maiores de 35 anos, e aprovado pelo Senado Federal. Tem mandato de dois anos, permitidas reconduções. Sua destituição, pelo presidente da Repú-blica, depende de autorização do Senado. O procurador-geral da República é processado e julgado pelo STF. No Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da Repú-blica tem assento no plenário, à direita do presidente. É ouvido na maioria dos processos e pode atuar como parte em ação.

Procurador regional da República – Atua nos Tri-

bunais Regionais Federais. Ocupa o segundo nível da carreira dos membros do MPF.

Procuradoria da República – Instância do Ministério

Público Federal onde atuam os procuradores da Repú-blica perante a Justiça Federal de primeiro grau. Sediada na capital do estado. Pode haver ainda unidades descen-tralizadas do MPF nos municípios onde houver Vara Federal – as Procuradorias da República Municipais.

Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão – É

o órgão responsável pela coordenação do ofício dos direitos do cidadão no MPF. Nesse ofício são tratadas questões relacionadas aos direitos constitucionais da pessoa humana, visando a garantia do seu efetivo res-peito pelos Poderes Públicos e pelos prestadores de serviços de relevância pública. Dos direitos constitucio-nais defendidos pelos procuradores dos direitos do cida-dão podemos destacar a liberdade, igualdade, dignidade, saúde, educação, assistência social, acessibilidade, direito à informação e livre expressão e segurança públi-ca, dentre outros. A PFDC proporciona informações e subsídios à atuação dos procuradores regionais dos direitos do cidadão e dá encaminhamento aos procedi-mentos administrativos pertinentes a sua área temática. A PFDC também interage com órgãos do Estado e re-presentantes da sociedade civil em busca de soluções ou melhoramentos na efetivação dos direitos dos cida-dãos.

Procuradoria Geral da República – Terceira instân-

cia do Ministério Público Federal onde atuam os subpro-curadores-gerais da República, perante o Superior Tri-bunal de Justiça, e o procurador-geral da República, perante o Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral. Sediada em Brasília, é o centro administrativo-institucional do MPF. A Procuradoria Geral da República também é a sede da Procuradoria Geral Eleitoral.

Procuradoria Regional da República – Segunda

instância do Ministério Púbico Federal onde atuam os procuradores regionais da República perante os Tribu-nais Regionais Federais.

Proferir – Decretar, enunciar.

Prolação – Ato pelo qual se profere ou se enuncia o

que é feito. Significa publicação.

Promotor – Membro do Ministério Público Estadual,

que exerce suas funções como representante da socie-dade, na defesa dos interesses individuais e sociais indisponíveis.

Promotor natural – Princípio reconhecido pelo Su-

premo Tribunal Federal como decorrente das cláusulas da independência funcional da inamovibilidade dos inte-grantes do MP. Significa que somente o promotor natural é que deve atuar no processo, o que impede a chefia da instituição de efetuar designações casuísticas, afastando um procurador e designando outro para atuar naquela causa. Um procurador somente se afasta de um proces-so por algum dos motivos previstos em lei ou quando mudam de área de atuação ou cidade.

Protelar – Procrastinar, prolongar abusivamente, a-

diar propositadamente. Provas – Demonstração da existência ou da veraci-

dade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende ou que se contesta. Todo meio lícito e apto a firmar a convicção do juiz na sua decisão.

Provimento – Admissão do recurso pela autoridade

judiciária a quem foi proposto. No Direito Administrativo, significa investidura ou nomeação pela qual alguém é provido em um cargo ou ofício.

Q

Quadrilha – Grupo com o mínimo de três pessoas

que possuem como objetivo a prática de ato ilícito esta-belecido em lei como crime. Ver artigo 288 do Código Penal.

Qualificação do crime – Nova configuração atribuí-

da ao crime para que se lhe aplique pena maior ou mais agravada.

Queixa – 1. Exposição do fato criminoso feita pelo

próprio ofendido, ou por quem tiver legitimidade para representá-lo. 2. Petição inicial nos crimes de ação pri-vada ou crimes de ação pública em que a lei admite a ação privada.

Queixa-crime – Exposição do fato criminoso, feita

pela parte ofendida ou por seu representante legal, para iniciar processo contra o autor ou autores do crime. A queixa-crime pode ser apresentada por qualquer cidadão — é um procedimento penal de caráter privado, que corresponde à denúncia na ação penal pública.

Qui tacet, consentire videtur – Quem cala consen-

te. Quinto constitucional – Diz-se da parte que a Cons-

tituição reserva a membros do Ministério Público e a advogados na composição dos tribunais. Num tribunal constituído, por exemplo, de 20 juízes, 4 lugares devem ser preenchidos por integrantes do Ministério Público (2) e por advogados (2).

Quorum – Número mínimo de juízes ministros ne-

cessário para os julgamentos. R

Page 68: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 68

Reclamação – Pedido para o reconhecimento da e-

xistência de um direito ou a queixa contra atos que pre-judicam direitos do reclamante. A reclamação é feita contra o ato injusto, para que seja desfeito ou para que se repare a injustiça. A reclamação pode ser dirigida contra a própria autoridade que praticou o ato, desde que em função administrativa.

Reclusão – Prisão com isolamento (regime fechado).

Recomendação – Documento enviado a órgãos pú-

blicos para que cumpram determinados dispositivos constitucionais ou legais. É uma das formas de atuação extrajudicial do MP.

Reconvenção – É uma das possibilidades de respos-

ta do réu. Este poderá propor, dentro do mesmo proces-so, uma outra ação através de petição escrita, dirigida ao juiz da causa, dentro do prazo de 15 dias, contra o autor. Ver artigos 34; 109; 253, parágrafo único; 297; 315 a 318; 354; 836, inciso II, do Código de Processo Civil.

Recurso – Instrumento para pedir a mudança de

uma decisão, na mesma instância ou em instância supe-rior.

Recurso especial – Recurso ao Superior Tribunal de

Justiça, de caráter excepcional, contra decisões de ou-tros tribunais, em única ou última instância, quando hou-ver ofensa à lei federal. Também é usado para pacificar a jurisprudência, ou seja, para unificar interpretações divergentes feitas por diferentes tribunais sobre o mesmo assunto. Uma decisão judicial poderá ser objeto de re-curso especial quando: contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; julgar válida lei ou ato de gover-no local contestado em face de lei federal; der a lei fede-ral interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Recurso extraordinário – De competência do Su-

premo Tribunal Federal, de cabimento restrito às causas decididas em única ou última instância, quando a deci-são recorrida: a) contrariar dispositivo da Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição (artigo 102, inciso III, parágrafo 3º).

Recurso ordinário criminal – Cabe recurso ao Su-

premo Tribunal Federal de decisão única ou de última instância da Justiça Militar. O prazo para apresentação do recurso é de três dias.

Recurso ordinário em habeas corpus – O recurso

só subirá ao Supremo, vindo de Tribunais Superiores, quando o pedido for negado naquelas instâncias. Não cabe recurso ordinário ao STF de decisão que tenha concedido o habeas corpus, apenas recurso especial.

Referendo – É uma forma de consulta popular sobre

um assunto de grande relevância, na qual o povo mani-festa-se sobre uma lei - seja ordinária, complementar ou emenda à Constituição - após aprovada pelo Legislativo. Assim, o cidadão apenas ratifica ou rejeita o que lhe é submetido.

Reincidência – Em matéria penal, verifica-se a rein-

cidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no es-

trangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Ver artigo 63 do Código Penal.

Reintegração – Ato ou efeito de reintegrar(-se); re-

admissão em cargo público com ressarcimento de todas as vantagens a ele inerentes, por força de decisão judici-al ou administrativa.

Relator – Ministro ou juiz a quem compete examinar

o processo e resumi-lo num relatório, que servirá de base para o julgamento. O relator é designado por sor-teio e tem prazo de 30 dias para examinar o processo e encaminhá-lo ao revisor.

Relatório – Exposição resumida do processo, lida

pelo relator no início da sessão de julgamento. Após a leitura, é dada a palavra aos representantes das partes e, em seguida, o relator pronuncia seu voto.

Remição de pena – Consiste na redução de um dia

de pena por três dias trabalhados, pelo condenado que cumpre pena em regime fechado ou semi-aberto (artigo 126, parágrafo 1º, da Lei de Execução Penal).

Representação – 1. É toda notícia de irregularidade

que é levada ao conhecimento do Ministério Público. Qualquer cidadão pode representar ao MPF, podendo fazê-lo por escrito ou pessoalmente na Procuradoria. A representação também pode ser feita por pessoas jurídi-cas, entidades privadas, entidades de classe, associa-ções civis ou órgãos da administração pública. A partir da representação ocorre uma investigação do Ministério Público. 2. Em matéria eleitoral, representação é a de-núncia de irregularidade apresentada pelo MPE à Justiça Eleitoral.

Repristinação – Instituto pelo qual se restabelece a

vigência de uma lei revogada pela revogação da lei que a tinha revogado. Ex: a lei "A" é revogada pela lei "B"; advém a lei "C", que revoga a lei "B" e diz que a lei "A" volta a viger. Deve haver dispositivo expresso, não exis-tindo repristinação automática (nem a Constituição Fede-ral pode repristinar automaticamente uma lei).

Res judicata – Coisa julgada.

Res judicata pro veritate habetur lat – A coisa jul-

gada é tida por verdade. Axioma jurídico segundo o qual aquilo que foi objeto de julgamento definitivo não pode ser novamente submetido à discussão.

Responsabilidade civil – Obrigação que uma pes-

soa tem de assumir, por determinação legal, as conse-quências jurídicas advindas dos seus atos. Pode ser oriunda de negócio jurídico, de ato ilícito ou de lei. Ver artigos 15, 159, 160, 1.518 a 1.553, do Código Civil, Lei n° 5.250/67, Lei n° 6.453/77.

Revel – Réu que não comparece em juízo para de-

fender-se. Revelia – Sem conhecimento ou sem audiência da

parte revel, do réu. Revisão criminal – Pedido do condenado para que a

sentença seja reexaminada, argumentando que ela é injusta, em casos previstos na lei. A revisão criminal é

Page 69: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 69

ajuizada quando já não cabe nenhum outro recurso con-tra a decisão.

Revisor – Ministro que confirma, completa ou corrige

o relatório do ministro relator. É sempre o ministro mais antigo no tribunal depois do relator. Existe revisor nos seguintes processos: ação rescisória; revisão criminal; ação penal; recurso ordinário criminal; declaração de suspensão de direitos.

S

Segredo de Justiça – Característica de certos atos

processuais desprovidos de publicidade, por exigência do decoro ou interesse social. Nesses casos o direito de consultar os autos e de pedir certidão fica restrito às partes e seus advogados.

Sentença – Decisão do juiz que põe fim a um pro-

cesso. Sequestro – É uma das medidas destinadas a con-

servar os direitos dos litigantes. Constitui-se na apreen-são e no depósito de bens móveis, semoventes ou imó-veis, ou de frutos e rendimentos destes.

Sine qua non – Indispensável.

Sigilo funcional – É o dever imposto ao funcionário

público para que não viole nem divulgue segredo de que teve conhecimento em razão de sua função.

Sonegar – Ocultar ou deixar de declarar a existência

de certa coisa para a subtrair ou livrar do destino que deve ser dado; ou deixar de cumprir dever a que não é lícito se furtar, pela entrega de determinada coisa, em regra, representada em dinheiro.

Stricto sensu – Em sentido estrito.

STF – Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da

Justiça no Brasil. Ver artigos 101 a 103 da Constituição Federal.

STJ – Superior Tribunal de Justiça. Ver artigos 104 e

105 da Constituição Federal. Sub judice – Sob juízo; em trâmite judicial. Diz-se da

causa sobre a qual o juiz ainda não se pronunciou. Suborno – É um dos resultados da corrupção. É a

oferta ou o recebimento, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de vantagem indevida, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela. Ver artigo 317 do Código Penal.

Subprocurador-geral da República – Atua nos pro-

cessos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, sendo neste último por designação do procurador-geral da República.

Sucumbência – Princípio que atribui à parte vencida

em um processo judicial o pagamento de todos os gastos decorrentes da atividade processual.

Súmula – É um extrato, um resumo, um compêndio

das reiteradas decisões exaradas pelos tribunais superi-ores versando sobre uma determinada matéria.

Superveniência – Acontecimento jurídico que, em

princípio, vem modificar ou alterar uma situação firmada em fato anterior, para que se possa tomar uma nova orientação ou para que se permita a adoção de medida que desfaça ato, ou medida anterior, ou que venha im-primir novo rumo à solução de uma contenda judicial.

Sursis – É o mesmo que suspensão condicional da

pena. Aplica-se à execução da pena privativa de liberda-de, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por dois a quatro anos, desde que: o condenado não seja reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antece-dentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a con-cessão do benefício; não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direitos. Ver artigos 77 a 82 do Código Penal e artigos 156 a 163 da Lei de Execução Penal.

Suspeição – Situação, expressa em lei, que impede

os juízes, representantes do Ministério Público, advoga-dos, serventuários ou qualquer outro auxiliar da Justiça de, em certos casos, funcionarem no processo em que ela ocorra, em face da dúvida de que não possam exer-cer suas funções com a imparcialidade ou independência que lhes competem.

Suspensão de segurança – Pedido feito ao presi-

dente do STF para que seja cassada liminar ou decisão de outros tribunais, em única ou última instância, em mandado de segurança. A suspensão só poderá ser concedida, por meio de despacho fundamentado, nos casos de lesão à ordem, à saúde, à segurança e à eco-nomia pública. A causa deve ser fundada em questão constitucional, caso contrário, a ação deve ser ajuizada no STJ.

T

Taxa – É um tipo de tributo. Contribuição que o Esta-

do exige diretamente em função de um serviço determi-nado e específico, como uma taxa judiciária.

Tergiversação – Pratica tergiversação o advogado

que, simultânea ou sucessivamente, defende e patrocina as mesmas partes, sendo passível de sanção penal. Ver artigo 335, parágrafo único, do Código Penal.

Termo de Ajustamento de Conduta – Instrumento

extrajudicial por meio do qual as partes se comprome-tem, perante os procuradores da República, a cumprirem determinadas condições, de forma a resolver o problema que estão causando ou a compensar danos e prejuízos já causados. O TAC antecipa a resolução de problemas de uma maneira mais rápida e eficaz do que se o caso fosse a juízo. Se a parte descumprir o acordado no TAC, o procurador da República pode entrar com pedido de execução, para o juiz obrigá-lo a cumprir o determinado no documento.

Tipicidade – É típico o fato que se enquadra perfei-

tamente na descrição legal de um crime; é a reunião de todos os elementos de um crime. É a concretização daquele fato abstratamente descrito como criminoso pela lei.

Page 70: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 70

Tipo penal – É a descrição abstrata, estabelecida em

norma penal incriminadora, de comportamentos do agen-te capazes de violar bem juridicamente protegido.

Título executivo – É o documento que se apresenta

perante um juiz para se requerer a execução de uma dívida ou obrigação a que se comprometeu o devedor. O título comprova a existência daquela dívida. São requisi-tos obrigatórios de todo título executivo a liquidez, certe-za e exigibilidade. Podem ser judiciais (quando derivam de atos firmados em um processo judicial) ou extrajudici-ais.

Tráfico internacional de pessoas – Promover, in-

termediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de pessoa que venha exercer a prostituição ou a saúda de pessoa para exercê-la no exterior. A pena é reclusão, de três a oito anos, e multa. Ver artigo 231 do Código Penal.

Tráfico de influência – É um dos crimes praticados

por particular contra a administração em geral. Consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-trem, vantagem ou promessa de

vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. A pena pre-vista é de reclusão, de dois a cinco anos, e multa. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcio-nário. Ver artigo 332 do Código Penal.

Transação penal – Nos crimes de menor potencial

ofensivo, em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não pela Lei dos Juiza-dos Especiais Criminais, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, e considerados os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena. Ver artigo 89 da Lei nº 9.099/95.

Transitar em julgado – Expressão usada para uma

decisão (sentença ou acórdão) de que não se pode mais recorrer, seja porque já passou por todos os recursos possíveis, seja porque o prazo para recorrer terminou.

Tribunal do júri – É o tribunal composto de um juiz

de direito, que é o seu presidente, e de 21 jurados que serão sorteados dentre os alistados, sete dos quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento. O serviço do júri será obrigatório, devendo os jurados, escolhidos dentre cidadãos de notória idonei-dade, serem cidadãos maiores de vinte e um anos. Constitucionalmente são assegurados para as atividades do Tribunal do Júri a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a compe-tência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Ver artigo 5°, inciso XXXVIII, da Constituição Fede-ral e os artigos 433 a 438 do Código de Processo Penal.

Tribunal Regional Federal – Segunda instância da

Justiça Federal. Composta por desembargadores, oriun-dos da magistratura federal, bem como membros do Ministério Público Federal e advogados (quinto constitu-cional). Existem atualmente cinco TRFs. A 1ª Região, com sede em Brasília, tem jurisdição sobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Ro-

raima, Tocantins e Distrito Federal. O TRF-2, com sede no Rio de Janeiro, abrange os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A 3ª Região tem sede em São Paulo e tem jurisdição sobre São Paulo e Mato Grosso do Sul. A 4ª Região, sediada em Porto Alegre, abrange os estados da Região Sul. E a 5ª Região, cuja sede fica em Recife, abarca os estados do Ceará, Alagoas, Paraíba, Pernam-buco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Tributo – Tributo é toda prestação pecuniária com-

pulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a denominação e demais características formais adotadas pela lei; a desti-nação legal do produto da sua arrecadação. São tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Ver artigos 3° a 5° do Código Tributário Nacional e artigo 145 da Constituição Federal.

Turpis causa – Causa torpe.

Tutela – Encargo ou autoridade que se confere a al-

guém, por lei ou por testamento, para administrar os bens e dirigir e proteger um menor que se acha fora do pátrio poder, bem como para representá-lo ou assistir-lhe nos atos da vida civil; defesa, amparo, proteção; tutoria; dependência ou sujeição vexatória.

Tutela antecipada – É a antecipação de um ou mais

pedidos feitos pelo autor na ação. Exige alguns requisi-tos, como a possibilidade de que a demora no julgamen-to da causa resulte em prejuízo irreparável à parte, bem como a existência de provas que convençam o juiz da veracidade da alegação. Ver artigo 273 e parágrafos do Código de Processo Civil.

U

Última instância – Aquela que põe termo final ao

processo e de cuja decisão não cabe mais recurso, salvo o extraordinário, na forma da lei.

Ultra petita – Além do pedido. Expressão empregada

para qualificar a decisão judicial que ultrapassa o inte-resse manifestado pelas partes na ação.

Una voce – Consensual.

Única instância – Instância que não se gradua em

mais de uma ou onde o processo se subordina a uma única jurisdição.

Unidade – Um princípio institucional do Ministério

Público (artigo 127, parágrafo 1º, da Constituição da República). Diz-se que o MP é uno porque os procurado-res integram um só órgão, sob a direção de um só chefe. A unidade só existe dentro de cada Ministério Público, inexistindo entre o MPF e o MP Estadual ou entre o MP de cada estado.

Uniformização de jurisprudência – Ato pelo qual o

tribunal, reconhecendo a divergência do objeto submeti-do a julgamento, pede a interpretação fundamental de

Page 71: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 71

seus pares para a controvérsia, registrando em súmula a decisão.

Usucapião – Na definição de Clóvis Beviláquia, é a

aquisição do domínio pela posse continuada. Modalidade de aquisição de coisa imóvel ou móvel em razão do decurso do tempo desde que atendidos determinados requisitos definidos na lei civil. Por exemplo, o usucapião de imóvel: aquele que, por 20 anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título de boa-fé que, em tal caso, se presume, podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual lhe servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis. Ver artigos 550 a 553 e 618 a 619 do Código Civil; artigos 183, 191 da Constituição Federal e artigos 9° e seguintes do Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/01).

Usufruto – É o direito real de fruir as utilidades e fru-

tos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade. Pode recair em um ou mais bens, mó-veis ou imóveis, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. O usufruto de imóveis deve ser regis-trado no Cartório de Registro de Imóveis. Ver artigos 1.390 e seguintes do Código Civil.

Usura – Cobrança manifestamente desproporcionada

de juros. Usurpação – É uma ação forçada para retirar uma

coisa de alguém, ou ainda, exercer sem qualquer legiti-midade uma função.

V

Vacatio legis – Período de tempo entre a publicação

da lei e a sua vigência. Vara – É uma divisão na estrutura judiciária que cor-

responde à lotação de um juiz. No caso da Justiça Fede-ral, funciona da seguinte maneira: o Estado é chamado de Seção Judiciária; as cidades formam as Subseções Judiciárias, as quais, por sua vez, são divididas em Va-ras. Cada Vara está sob a responsabilidade de um juiz titular.

Vênia – Pedido de licença ou de permissão para con-

testação ou contradição respeitosa. Verbi gratia (v.g.) – Por exemplo; e.g.

Vista – Ato pelo qual alguém recebe os autos de um

processo como direito de tomar conhecimento de tudo o que nele se contém. Ex.: pedir vista, dar vista.

Violação de sigilo funcional – É um dos crimes pra-

ticados por funcionário público contra a administração em geral. Consiste em revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação. A pena prevista é de deten-ção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. Nas mesmas penas deste artigo incorre quem a) permite ou facilita, mediante atri-buição, fornecimento e empréstimo de senha ou qual-quer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Admi-nistração Pública; b) se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-

tração Pública ou a outrem, a pena será de reclusão, de dois a seis anos, e multa. Ver artigo 325 do Código Pe-nal.

Violência arbitrária – É um dos crimes praticados

por funcionário público contra a adminstração em geral. Consiste na prática de violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. A pena prevista é de deten-ção, de seis meses a três anos, além daquela corres-pondente à violência. Ver artigo 322 do Código Penal.

Voluntas legis – A vontade da lei.

Voto – Posição individual do juiz ou ministro manifes-

tada no julgamento de um processo. W

Writ – Termo inglês que significa mandado, ordem

escrita. Quando utilizado na terminologia jurídica brasilei-ra, refere-se sempre ao mandado de segurança e ao habeas corpus.

3) Atos do Juiz: sentença, decisão interlocutória e despacho; acórdão.

Dos Atos do Juiz

Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das

situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Reda-ção dada pelo Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no

curso do processo, resolve questão incidente.

§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz pra-

ticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada

e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julga-mento proferido pelos tribunais.

Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acór-dãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.

Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.(Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.

Sentença

Sentença jurídica é o nome que se dá ao ato do juiz

que extingue o processo decidindo determinada questão posta em juízo, resolvendo o conflito de interesses que suscitou a abertura do processo entre as partes. A sentença assume feições próprias de acordo com os

Page 72: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 72

diversos sistemas jurídicos existentes, mas em todos eles compreende a finalidade essencial de solucionar uma questão posta em julgamento.

Sentença no ordenamento jurídico brasileiro

Sentença no Processo Civil

A sentença no Brasil, conforme artigo 162, § 1º, do Código de Processo Civil Brasileiro (Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973), é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.

A antiga redação do Código de Processo Civil afirmava que a sentença era o o ato do juiz que punha término ao processo, decidindo ou não o mérito da causa, mas hoje não é mais assim, pois se entende que mesmo após a sentença o processo continua, vez que muitas vezes se faz necessária a liquidação da sentença e/ou sua execução. Desta forma, afirmar que a sentença era o ato do juízo que dava fim a causa não era correto.

Art. 269. Haverá resolução de mérito:

I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III - quando as partes transigirem;

IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;

V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

Assim sendo deve-se entender a sentença como o ato do juiz pelo qual o mesmo julga a causa em seu mérito de forma parcial ou plena, rejeitando ou provendo seus pedidos (em sua totalidade ou não) ou ainda, quando for o caso, é o ato do juiz pelo qual o mesmo extingue o processo, sem julgar-lhe a causa, por uma das causas do art. 267 do CPC.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

Vll - pela convenção de arbitragem;

Vlll - quando o autor desistir da ação;

IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI - nos demais casos prescritos neste Código.

Se a sentença julga o mérito, diz-se que é definitiva, porque define a lide. Nos demais casos é meramente terminativa.

Tipos de sentenças

Sem resolução de mérito (art. 267 CPC) - extingue o processo sem analisar a questão que se deseja resolver por meio do processo. Não põe fim ao processo, pois ainda caberá recurso dessa decisão. Gera coisa julgada meramente formal, o que possibilita ingresso de nova ação pretendendo o mesmo objetivo, desde que sanados os eventuais "vícios" que levaram à extinção sem resolução de mérito.

Com resolução de mérito (art. 269 CPC) - são as que resolvem a pendenga, dão uma resposta (tutela) à necessidade das partes no caso concreto. De igual modo, não põe fim ao processo, pois mesmo esta pode ser atacada por meio de recurso, ação rescisória, etc. Gera coisa julgada material, o que impossibilita ingresso de nova ação para decidir o mesmo mérito.

Requisitos da sentença

Os requisitos estão expressos no artigo 458 do Código de Processo Civil e são essenciais:~

a) relatório: é o resumo do que contém os autos,

como a qualificação das partes, quais as pretensões do autor, as razões que fundaram seu pedido, a resposta do requerido/réu, além do registro de tudo que ocorreu no transcorrer do processo, descrevendo-o em seus termos essenciais, até a o momento da sentença. No juizado, o relatório é dispensado.

A falta do relatório acarreta nulidade da sentença. Se existente o relatório, ainda que muito sucinto, é válida a sentença. É o documento que vai assegurar à parte vencedora o seu direito.

b) fundamentação: são as razões que levaram o juiz

a decidir dessa ou daquela forma. Revela a argumentação seguida pelo juiz, servindo de compreensão do dispositivo e também de instrumento de aferição da persuasão racional e lógica da decisão. Sua falta também gera nulidade.

A fundamentação é garantia prevista no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal.

O juiz não pode deferir ou indeferir um pedido sem fundamentar. No Brasil, cada prova não tem um valor pré-determinado pela lei. O juiz é livre para decidir, desde que o faça em consonância com as provas dos autos e fundamente sua decisão, o que é chamado princípio do livre convencimento motivado ou princípio da persuasão racional.

O juiz somente pode decidir sobre questões propostas no processo. Se analisar fora do pedido a sentença, nessa parte, será nula o que, no meio jurídico, é chamado de extra petita. Se foi julgado além do pedido é chamado ultra petita. Ao contrário, se o juiz não analisar todos os pedidos é chamada citra petita

c) dispositivo: é a conclusão, o tópico final em que,

aplicando a lei ao caso concreto, segundo a fundamentação, acolhe ou rejeita, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor.

A falta de dispositivo não leva à nulidade, mas ao fato da sentença ser considerada como inexistente. É esta parte da sentença que transita em julgado, ao contrário

Page 73: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 73

do que está contido na fundamentação, que não transita em julgado.

Classificação das Sentenças

Naturezas da Sentença em processo de cognição (conhecimento):

Sentença condenatória - alguns doutrinadores dizem que a condenação diz respeito à pecúnia, em que a parte desfavorecida da sentença (erroneamente chamada de vencida), literalmente tem de pagar à parte favorecida (erroneamente chamada de vencedora), excluindo as obrigaçoes ativas e omissivas, as quais atribuem como mandamentais. Outros além desta, ainda englobam a obrigação de fazer e de não-fazer.

Sentença mandamental - declara e contém ordem, expedida para que alguma das partes cumpra algo. Alguns autores ainda atribuem a expedição de ordm de fazer ou de não fazer.

Sentença declaratória - declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica.

Sentença constitutiva - cria ou modifica uma relação jurídica. Há constituição de um novo estado jurídico.

Sentença executiva - determina o cumprimento de uma prestação.

Ainda existem as 3 classificações da sentença em relação à análise do pedido (o que não diz respeito à

nada do acima exposto):

Sentença citra petita - o juiz não examina tudo que foi pedido.

Sentença ultra petita - o juiz examina além do que foi pedido, dando mais do que o postulado.

Sentença extra petita - o juiz decide coisas diversas da postulada pelas partes.

Decisão interlocutória

Decisão interlocutória, no ordenamento jurídico

brasileiro, é um dos atos processuais praticados pelo juiz no processo, que decide questão incidental, sem dar uma solução final à lide proposta em juízo (característica esta da sentença). Não é possível elencar exaustivamente as decisões interlocutórias, porque toda e qualquer questão surgida no desenvolvimento do processo pode gerar decisão judicial. São exemplos: o deferimento ou não de liminar, o deferimento ou não de produção de provas e o julgamento das exceções.

O recurso cabível contra as decisões interlocutórias no direito processual civil brasileiro é o agravo que pode ser de duas espécies: agravo retido e o agravo de instrumento.

Despacho

Despachos são ―todos os demais atos do juiz pratica-dos no processo, de ofício ou a requerimento da parte,a cujo respeito a lei não estabelece outra forma‖ (CPC, art. 162).

São atos que dizem respeito apenas ao andamento normal do processo, como, por exemplo, o que determi-na a citação do Réu ou nomeia perito.

Acórdão

Acórdão é a decisão do órgão colegiado de um

tribunal (câmara, turma, seção, órgão especial, plenário etc.), que se diferencia da sentença, da decisão interlocutória e do despacho, que emanam de um órgão monocrático, seja este um juiz de primeiro grau, seja um desembargador ou ministro de tribunais — estes, normalmente, na qualidade de relator, de presidente ou vice-presidente, quanto os atos de sua competência.

Trata-se, portanto, o acórdão de uma representação, resumida, da conclusão a que se chegou, não abrangendo toda a extensão e discussão em que se pautou o julgado, mas tão-somente os principais pontos da discussão.

De acordo com o art. 165 do Código de Processo Civil brasileiro, os acórdãos devem ser proferidos em observância ao disposto no art. 458, ou seja, devem conter, obrigatoriamente, o relatório, a fundamentação e a parte dispositiva — na qual se encontra a decisão propriamente dita —, e uma ementa conforme o art. 563 do Código Processo Civil, que significa o resumo que se faz dos princípios expostos em uma sentença ou em um acórdão, ou o resumo do que se contém uma 'norma, levado à assinatura da autoridade a quem compete referendá-la ou decretá-la.

O acórdão, como as demais decisões judiciais, deve apresentar o nome de seu relator, dos membros componentes do órgão julgador (câmara, turma, seção, órgão especial, plenário etc.), e o resultado da votação. Caso a votação não seja unânime, o voto vencido, ou seja, o entendimento divergente, mesmo que de um membro apenas órgão julgador deverá ser exposto no acórdão.

Este registro é especialmente importante pois as decisões não-unânimes comportam embargos infringentes, por exemplo.

Outros dispositivos que fazem referência ao acórdão no Código de Processo Civil são os arts. 163, 164, 556 e 564.

4) Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publicidade; processos que correm em segredo de justiça.

Forma é o conjunto de solenidades que se devem

observar para que o ato jurídico seja plenamente eficaz.

É através da forma que a declaração de vontade ad-quire realidade e se torna ato jurídico processual.

Quanto à forma, os atos jurídicos em geral costumam ser classificados em solenes ou não solenes. Solenes são aqueles para os quais a lei prevê uma determinada forma como condição de validade. E não solenes, os atos de forma livre, isto é, que podem ser praticados independentemente de qualquer solenidade e que se provam por quaisquer dos meios de convencimento admitidos em direito.

Os atos processuais são solenes porque, via de re-gra, se subordinam à forma escrita, a termos adequados, a lugares e tempo expressamente previstos em lei.

"Entre os leigos"- advertia Chiovenda_ "abundam censuras às formas judiciais, sob a alegação de que as formas ensejam longas e inúteis querelas, e frequente-mente a inobservância de uma forma pode acarretar a

Page 74: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 74

perda do direito; e ambicionam-se sistemas processuais simples e destituídos de formalidades. A experiência, todavia, tem demonstrado que as formas são necessá-rias no processo tanto ou mais que em qualquer relação jurídica; sua ausência carreia a desordem, a confusão e a incerteza".

Realmente, a forma, nos atos jurídicos mais impor-tantes, é sempre instituída pra segurança das partes, e não por mero capricho do legislador.

O que se pode, razoavelmente, condenar é o exces-so de formas, as solenidades exageradas e imotivadas. A virtude está no meio-termo: a forma é valiosa e mesmo imprescindível na medida em que se faz necessária para garantir aos interessados o proveito que a lei procurou visar com sua instituição.

Por isso, as modernas legislações processuais não sacrificam a validade de atos por questões ligadas ao excessivo e intransigente rigor de forma, quando se relacionam com atos meramente instrumentais, como soem ser os do processo.

Sem se chegar ao extremismo da ausência de forma, que levaria ao caos e à inutilização do processo como meio hábil de composição dos litígios (pois é impossível conceber-se o processo desligado da forma, nosso Có-

digo faz, de maneira clara, prevalecer sobre a forma a substância e a finalidade do ato processual.

Assim, o art. 154 dispõe que "os atos e termos pro-cessuais não dependem de forma determinada, senão quando a lei expressamente a exigir". Mas, conforme o mesmo dispositivo legal, ainda quando houver a exigên-cia de determinada solenidade, reputar-se-ão válidos os atos que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

Para o Código, portanto, as formas que prescrevem são relevantes, mas sua inobservância não é causa de nulidade, a não ser que dela tenha decorrido a não con-secução da finalidade do ato.

Quando, todavia, o texto legal cominar, expressa-mente, a pena de nulidade para a inobservância de de-terminada forma, como no caso das citações (art.247), não incide a regra liberal do art. 154, de maneira que o ato não produzirá eficácia jurídica, ainda que a ciência da in ius vocacio tenha efetivamente chegado ao réu. http://www.angelfire.com

Nulidades

Art. 243. Quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que Ihe deu causa.

Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, Ihe alcançar a finalida-de.

Art. 245. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nu-lidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte legítimo impedimento.

Art. 246. É nulo o processo, quando o Ministério Pú-blico não for intimado a acompanhar o feito em que deva intervir.

Parágrafo único. Se o processo tiver corrido, sem co-nhecimento do Ministério Público, o juiz o anulará a partir do momento em que o órgão devia ter sido intimado.

Art. 247. As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem observância das prescrições legais.

Art. 248. Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes, que dele dependam; todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras, que dela sejam independentes.

Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências ne-cessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados.

§ 1o O ato não se repetirá nem se Ihe suprirá a falta

quando não prejudicar a parte.

§ 2o Quando puder decidir do mérito a favor da parte

a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta.

Art. 250. O erro de forma do processo acarreta uni-camente a anulação dos atos que não possam ser apro-veitados, devendo praticar-se os que forem necessários, a fim de se observarem, quanto possível, as prescrições legais.

Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não resulte prejuízo à defesa.

Classificação dos atos processuais Não há consenso na doutrina sobre a classificação

dos atos processuais. Uns preferem critérios objetivos, (considerando o objeto do ato praticado), enquanto ou-tros preferem o critério subjetivo, baseado no sujeito que tenha praticado o ato processual.

A classificação objetiva mostra os atos de acordo

com os momentos essenciais da relação jurídica proces-sual: nascimento, desenvolvimento e conclusão.

Assim, na visão objetiva os atos processuais podem

ser: a. atos de iniciativa – destinados a instaurar a rela-

ção processual (petição inicial); b. atos de desenvolvimento – destinados à movi-

mentação do processo: instrução (provas e alegações) e ordenação (impulso, direção e formação).

c. atos de conclusão – atos decisórios do juiz e dispositivos das partes (renúncia, transação, etc).

No entanto é de ser observado que a orientação se-

guida pelo CPC brasileiro é a subjetiva, conforme se vê dos arts. 158-161, atos da parte; 162-165, atos do juiz e 166-177, atos do escrivão, muito embora, a classificação não seja completa, pois que, outras pessoas praticam atos processuais, como os oficiais de justiça, peritos, testemunhas, ressalvada a observação feita por José Frederico Marques, no sentido de que os atos de auxilia-res e terceiros ainda não foram sistematizados.

Dos Atos da Parte

Art. 158. Os atos das partes, consistentes em decla-rações unilaterais ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extin-ção de direitos processuais.

Page 75: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 75

Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada por sentença.

Art. 159. Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as petições e documentos que instruírem o processo, não constantes de registro público, serão sempre acompanhados de cópia, datada e assinada por quem os oferecer.

§ 1o Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe

da secretaria irá formando autos suplementares, dos quais constará a reprodução de todos os atos e termos do processo original.

§ 2o Os autos suplementares só sairão de cartório pa-

ra conclusão ao juiz, na falta dos autos originais.

Art. 160. Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que entregarem em cartório.

Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.

Dos Atos do Juiz

Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das

situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Reda-ção dada pelo Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no

curso do processo, resolve questão incidente.

§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz pra-

ticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada

e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julga-mento proferido pelos tribunais.

Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acór-dãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.

Parágrafo único. A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.(Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.

Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria

Art. 166. Ao receber a petição inicial de qualquer pro-cesso, o escrivão a autuará, mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos volumes que se forem formando.

Art. 167. O escrivão numerará e rubricará todas as fo-lhas dos autos, procedendo da mesma forma quanto aos suplementares.

Parágrafo único. Às partes, aos advogados, aos ór-gãos do Ministério Público, aos peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervieram.

Art. 168. Os termos de juntada, vista, conclusão e ou-tros semelhantes constarão de notas datadas e rubrica-das pelo escrivão.

Art. 169. Os atos e termos do processo serão datilo-grafados ou escritos com tinta escura e indelével, assi-nando-os as pessoas que neles intervieram. Quando estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a ocorrência.

§ 1o É vedado usar abreviaturas. (Incluído pela Lei nº

11.419, de 2006).

§ 2o Quando se tratar de processo total ou parcial-

mente eletrônico, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

§ 3o No caso do § 2

o deste artigo, eventuais contra-

dições na transcrição deverão ser suscitadas oralmente no momento da realização do ato, sob pena de preclu-são, devendo o juiz decidir de plano, registrando-se a alegação e a decisão no termo. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Parágrafo único. É vedado usar abreviaturas.

Art. 170. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia, ou de outro método idôneo, em qualquer juízo ou tribu-nal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 171. Não se admitem, nos atos e termos, espa-ços em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas ex-pressamente ressalvadas.

DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCES-SUAIS

Do Tempo

Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 1o Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte)

horas os atos iniciados antes, quando o adiamento pre-judicar a diligência ou causar grave dano. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o A citação e a penhora poderão, em casos ex-

cepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5

o, inciso Xl, da Constituição Federal.

(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Quando o ato tiver que ser praticado em deter-

minado prazo, por meio de petição, esta deverá ser a-presentada no protocolo, dentro do horário de expedien-te, nos termos da lei de organização judiciária local. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Page 76: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 76

Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se pra-ticarão atos processuais. Excetuam-se:

I - a produção antecipada de provas (art. 846);

II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o sequestro, a penhora, a arreca-dação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os em-bargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos.

Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias.

Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

I - os atos de jurisdição voluntária bem como os ne-cessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencio-nadas no art. 275;

III - todas as causas que a lei federal determinar.

Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domin-gos e os dias declarados por lei.

Do Lugar

Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordiná-rio na sede do juízo. Podem, todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de interesse da justiça, ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

DOS PRAZOS

Das Disposições Gerais

Art. 177. Os atos processuais realizar-se-ão nos pra-zos prescritos em lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa.

Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados.

Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que Ihe sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.

Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado pela parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 265, I e III; casos em que o prazo será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação.

Art. 181. Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundar em motivo legítimo.

§ 1o O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da

prorrogação.

§ 2o As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em

favor de quem foi concedida a prorrogação.

Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o transporte,

prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias.

Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, po-derá ser excedido o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos.

Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se, independen-temente de declaração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa.

§ 1o Reputa-se justa causa o evento imprevisto, a-

lheio à vontade da parte, e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.

§ 2o Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a

prática do ato no prazo que Ihe assinar.

Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro

dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - for determinado o fechamento do fórum;

II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

§ 2o Os prazos somente começam a correr do primei-

ro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de 13.9.1990)

Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

Art. 186. A parte poderá renunciar ao prazo estabele-cido exclusivamente em seu favor.

Art. 187. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos que este Código Ihe assina.

Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

Art. 189. O juiz proferirá:

I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias;

II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24 (vinte e quatro) horas e execu-tar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contados:

I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se Ihe foi imposto pela lei;

II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.

Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em que ficou ciente da or-dem, referida no n

o Il.

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos

Page 77: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 77

para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

Art. 192. Quando a lei não marcar outro prazo, as in-timações somente obrigarão a comparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas.

Da Verificação dos Prazos e das Penalidades

Art. 193. Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos que este Códi-go estabelece.

Art. 194. Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento administrativo, na forma da Lei de Organi-zação Judiciária.

Art. 195. O advogado deve restituir os autos no prazo legal. Não o fazendo, mandará o juiz, de ofício, riscar o que neles houver escrito e desentranhar as alegações e documentos que apresentar.

Art. 196. É lícito a qualquer interessado cobrar os au-tos ao advogado que exceder o prazo legal. Se, intima-do, não os devolver dentro em 24 (vinte e quatro) horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa, correspondente à metade do salário mínimo vi-gente na sede do juízo.

Parágrafo único. Apurada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e imposição da multa.

Art. 197. Aplicam-se ao órgão do Ministério Público e ao representante da Fazenda Pública as disposições constantes dos arts. 195 e 196.

Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministé-rio Público poderá representar ao presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apuração da respon-sabilidade. O relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de prazo, de-signando outro juiz para decidir a causa.

Art. 199. A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais superiores na forma que dispuser o seu regimento interno.

Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:

I - em que o exigir o interesse público;

Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separa-ção dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimen-tos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)

Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurí-dico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.

Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo.

Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redi-gido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado.

A GARANTIA DA PUBLICIDADE DO PROCESSO E A DIVULGAÇÃO DE ATOS PROCESSUAIS PELA MÍDIA: LIMITES E PRECAUÇÕES ATINENTES AO PROCESSO CIVIL

Helena Najjar Abdo

A garantia da publicidade dos atos processuais está prevista na Constituição da República, em seus artigos 5º, LX e 93, IX, que estabelecem, respectivamente: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem” e “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessa-do no sigilo não prejudique o interesse público à informa-ção”.

Tamanha é a importância da publicidade que o orde-namento brasileiro considera nulos os atos realizados

sem a observância dessa garantia processual, fora das hipóteses de sigilo legalmente permitidas (Constituição da República, art. 93, IX e Código de Processo Civil, art. 155).

Como conquista do pensamento liberal, a publicidade dos atos processuais tem sido considerada, hoje em dia, parte integrante da garantia constitucional do direito à informação (DINAMARCO, 2005, p. 234 e GARCÍA; VIJANDE, 1996, p. 12). Em outras palavras, o princípio da publicidade do processo está relacionado ao direito de acesso às fontes de informação (Constituição, artigo 5º, XIV), as quais, no âmbito do processo, estão repre-sentadas pelos atos processuais, sejam estes escritos ou orais.

A publicidade do processo surgiu, pois, como exigên-cia natural do Estado liberal, cujas bases consistiam, sobretudo, na vedação a julgamentos arbitrários e secre-tos, bem como na possibilidade de participação de todos os cidadãos nos assuntos públicos.

Trata-se de garantia consagrada nos ordenamentos jurídicos de diversos países e em importantes tratados internacionais, como, por exemplo, a Convenção Euro-péia para a Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais (1950), que a elevou à catego-ria de direito fundamental.

Existem dois modos de se compreender a publicida-de do processo: a admissão dos terceiros (ou seja, do público) para assistir as atividades processuais e a ne-cessidade de que toda a atividade processual seja reali-zada na presença de ambas as partes (CHIOVENDA, 1965, p. 88).

De fato, a garantia da publicidade dirige-se tanto aos sujeitos processuais, quanto a terceiros, de modo que, como dito, a inobservância dessa garantia acarreta nuli-dade do ato processual em questão.

Com apoio nessa distinção quanto ao destinatário da garantia, a doutrina costuma dividir a publicidade dos atos processuais em duas categorias: a da publicidade interna, ou seja, aquela dirigida às partes e seus procu-radores, e a da publicidade externa, destinada a terceiros alheios à relação jurídica processual.

No que tange à publicidade interna, não há dúvidas de que ele deve ser o mais amplo possível, até mesmo

Page 78: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 78

para assegurar a efetividade da garantia do contraditório (Constituição, art. 5º, LV), uma vez que, como esclarece a melhor doutrina, a legítima participação e possibilidade de reação das partes do processo estão condicionadas obviamente, à ciência dos atos que lhes dizem respeito (DINAMARCO, 2005, p. 234).

Não se pode conceber, por exemplo, que a rejeição de determinada defesa processual deduzida por uma das partes (tal como a alegação de ilegitimidade passiva, por exemplo), não seja levada ao conhecimento daquele que deduziu tal defesa, de modo que este possa tomar as providências cabíveis no sentido de reagir contra tal ato, recorrendo da mencionada decisão, por exemplo.

Como se vê, a publicidade em relação às partes e seus procuradores é questão pacífica, que não desperta grandes discussões, até porque já está abarcada pela garantia do contraditório.

Todavia, a situação fica mais complexa quando se trata da publicidade dos atos processuais conferida ao público em geral.

Como o próprio nome sugere, essa publicidade geral está ligada à possibilidade de terceiros – assim entendi-dos, no dizer de CARNELUTTI, como todos aqueles que não ocupam uma posição particular no processo – esta-rem fisicamente presentes nos locais em que se cele-bram os atos processuais (1955, p. 4).

A finalidade da publicidade conferida a terceiros não está relacionada ao respeito à garantia do contraditório,

mas, como se verá adiante, tem por objetivo primordial o de permitir o controle dos atos do Poder Judiciário, um dos braços do Estado, pelo cidadão comum.

O acesso de terceiros aos atos processuais é limita-do, em alguns casos, pela própria lei, tal como ocorre nos feitos que tramitam sob o chamado segredo de justi-ça. Com efeito, o Código de Processo Civil brasileiro contém normas próprias para disciplinar a situação: o artigo 155 dispõe que os atos processuais são públicos, correndo, todavia, em segredo de justiça aqueles pro-cessos em que o exigir o interesse público (inciso I) ou disserem respeito a casamento, filiação, separação de cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores (inciso II). O artigo 444 do mesmo diploma prevê, também, a publicidade das audiências, excetuando as hipóteses do artigo 155 acima referido. Normas de conteúdo análogo também são encontradas no Código de Processo Penal (artigos 20 e 792, caput e § 1º) e na Consolidação das Leis do Trabalho (artigo 770).

Evidentemente, a razão de ser desses dispositivos funda-se na prevalência da preservação do interesse público sobre a publicidade geral, bem como no resguar-do da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das partes envolvidas no processo (Constituição da Re-pública, art. 5º, X).

Não faz sentido, por exemplo, levar a público toda e intimidade de um casal que enfrenta uma separação litigiosa e/ou disputa a guarda dos filhos. Esse tipo de demanda tem, geralmente, interesse somente para as partes do processo ou, ainda que assim não seja, even-tual interesse de terceiros fica suplantado pela necessi-dade de preservar a intimidade dos envolvidos.

Como exemplos de interesse público apto a justificar o curso do processo sob segredo de justiça, costuma-se

citar os casos que envolvem questões de Estado, de natureza estratégica, demandas cuja publicidade possa comprometer a segurança nacional e a manutenção da ordem pública, casos relacionados a inventos (proprie-dade industrial) etc. (GOMES DA CRUZ, 1980, p. 158).

PUBLICIDADE IMEDIATA E PUBLICIDADE MEDI-ATA

As considerações do item anterior – tanto no que tange ao acesso conferido às partes e a seus procurado-res, quanto àquele outorgado a terceiros – dizem respei-to, primordialmente, ao aspecto imediato da publicidade, ou seja, aquele que se desenvolve mediante a presença física dos eventualmente interessados. Trata-se da cha-mada publicidade imediata (também denominada de publicidade direta ou processual), a qual se contrapõe à publicidade mediata (também conhecida por publicidade indireta ou extraprocessual).

No dizer de CARNELUTTI, a publicidade imediata traduz-se na possibilidade conferida ao público de aces-sar o local em que se realizam os atos processuais e, com isso, ver e ouvir tudo aquilo que ali se diz ou se faz. Essa publicidade é necessariamente limitada a uma centena de pessoas, que constitui o público máximo que pode comparecer pessoalmente a salas de audiências, sessões de julgamento etc. (CARNELUTTI, 1955, p. 4).

Ao lado da publicidade imediata, existe a publicidade mediata, ou seja, aquela que não pressupõe o contato direto da pessoa interessada com os atos do processo, mas se realiza por algum modo intermediário, tal como um informe ou uma certidão dos autos.

À medida que a sociedade de massa foi se desenvol-vendo, o contato direto e pessoal dos interessados com os atos processuais foi se tornando cada vez mais raro e menos importante, pois, como leciona BARBOSA MO-REIRA, são relativamente poucas as pessoas que cos-tumam assistir às audiências e sessões de tribunais ou que se interessam pela leitura dos autos (1980, pp. 16-17).

Paralelamente, junto com o avanço dos meios de comunicação, alguns atos processuais realizados em processos considerados “relevantes” passaram a ser objeto de publicidade mediata, com a respectiva divulga-ção pela mídia.

É mais comum que se realize a publicidade mediata de processos de natureza criminal, mas, já há algum tempo, o processo civil também vem ganhando espaço no noticiário da mídia. Com efeito, processos que envol-vem ―celebridades‖ e aqueles que discutem algum tipo de interesse coletivo, tal como questões relativas à defe-sa do consumidor ou do meio-ambiente, têm recebido massiva cobertura dos meios de comunicação de massa.

Embora a doutrina não se aprofunde muito acerca dessa questão, pode-se dizer, com certa margem de segurança, que a publicidade mediata, ou seja, a publici-dade levada a cabo pelos meios de comunicação social, também seria parte integrante da garantia geral de publi-cidade dos atos processuais, desde que tal divulgação se dê dentro de determinados limites e de acordo com as próprias finalidades da garantia geral da publicidade, como se verá na sequência.

AS FUNÇÕES DA GARANTIA DA PUBLICIDADE

Entender as funções da garantia da publicidade é ta-refa indispensável para que seja possível compreender

Page 79: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 79

qual a sua importância para o ordenamento jurídico e, também, quais os limites que cercam tal garantia, em especial quando os atos processuais ganham publicida-de em decorrência de sua divulgação pela mídia.

A primeira lição que se deve ter em mente é a de que a publicidade do processo não é uma garantia que se exaure em si mesma: trata-se, na verdade, de uma ga-rantia instrumental ou de segundo grau, isto é, uma ga-rantia posta a serviço de outras garantias.

Pode-se afirmar que são duas as principais funções costumeiramente atribuídas à publicidade dos atos pro-cessuais: (i) a de proteger as partes contra juízos arbitrá-rios e secretos (como parte integrante da garantia do devido processo legal) e (ii) a de possibilitar a participa-ção e o controle públicos sobre o exercício da atividade jurisdicional.

A primeira dessas funções, consoante lição de MAU-RO CAPPELLETTI, consiste em pôr o indivíduo a salvo de procedimentos e julgamentos parciais, arbitrários, secretos e inquisitoriais (1969, p. 28).

Em outras palavras, o primeiro escopo da publicidade é o de resguardar o jurisdicionado de toda sorte de abu-sos perpetrados no exercício da função jurisdicional, tais como a parcialidade dos juízos, a corrupção, a utilização

da tortura como meio de prova, a exigência de pagamen-to de custas em valores exagerados, a proposital demora no cumprimento de atos processuais, a duração proposi-talmente excessiva do processo etc.

A ideia que se firmou na origem é a de que, ao julgar às claras, o magistrado tende a ater-se exclusivamente a critérios jurídicos, despindo-se de qualquer influência espúria e mantendo a sua independência.

Não é por outro motivo que a garantia da publicidade integra a cláusula do due process of law, prevista no ordenamento brasileiro no artigo 5º, inciso LIV da Consti-tuição da República. A cláusula do devido processo legal

impede que o indivíduo veja-se privado da liberdade ou de seus bens, sejam eles de que natureza forem, sem a garantia que pressupõe a tramitação de um processo desenvolvido sob os contornos da lei, dentre os quais se encontra o princípio da publicidade.

A obra do autor tcheco FRANZ KAFKA, intitulada O Processo, é muito ilustrativa dessa situação. Ali se narra o desenrolar de um processo em que nenhuma garantia é respeitada e no qual o réu, o protagonista Josef K., vê-se sozinho e desesperado ao tentar defender-se de im-putação cujo teor desconhece completamente, feita num processo sigiloso e fechado.

Como se vê, esse primeiro propósito da garantia da publicidade aproveita principalmente às partes, verdadei-ras interessadas no desenvolvimento de um processo justo, mediante um procedimento legítimo, imparcial e conforme o devido processo legal.

Além dessa primeira função, a garantia da publicida-de justifica-se pela necessidade de se conferir ao público a possibilidade de participar da administração da justiça e, de certo modo, também de controlá-la.

No ordenamento brasileiro, esse segundo escopo da garantia da publicidade dos atos processuais afina-se com o disposto no caput do artigo 37 da Constituição, que impõe a publicidade aos atos da administração pú-blica. Sendo a atividade jurisdicional também uma ex-

pressão do poder estatal, é mister que se realize sob os olhos do público.

Em realidade, o que a publicidade processual tem condições de oferecer não é, exatamente, a participação concreta e genuína do público na administração da justi-ça, mas apenas o exercício de uma espécie de vigilância crítica.

O segundo escopo da garantia da publicidade consis-te, pois, em servir de instrumento de fiscalização popular sobre o exercício da função jurisdicional.

Com efeito, a publicidade de uma decisão interlocutó-ria concedendo ou denegando a antecipação de efeitos da tutela em demanda que verse, por exemplo, sobre atos de improbidade administrativa, permite ao cidadão não apenas tomar conhecimento de como vem sendo exercida a função jurisdicional em assuntos de interesse público, mas também fiscalizar a atuação de agentes da administração pública, muitas vezes eleitos pelo voto popular.

Em suma, a garantia da publicidade dos atos proces-suais tem dois escopos fundamentais, que são os de (i) proteger as partes contra juízos arbitrários, parciais e secretos (função que integra a garantia do devido pro-cesso legal) e (ii) servir de instrumento de fiscalização do exercício da atividade jurisdicional.

EFEITOS DA PUBLICIDADE DO PROCESSO REA-LIZADA PELA MÍDIA E LIMITES À SUA REALIZAÇÃO

Cumpre, neste momento, ressaltar o papel desempe-nhado pela publicidade mediata (ou seja, aquela realiza-da pelos meios de comunicação social) na concretização dos escopos da garantia da publicidade examinados no item precedente.

Entende-se que esse ponto merece atenção porque a divulgação dos atos e acontecimentos processuais pelos meios de comunicação alarga, em grande medida, o significado original previsto para o princípio da publicida-de.

Com efeito, a divulgação dos atos processuais pelos meios de comunicação social potencializa os efeitos da publicidade, uma vez que amplia consideravelmente o

conhecimento dos atos processuais, atingindo um núme-ro indeterminado de pessoas.

Além disso, em não havendo contato direto do desti-natário da informação com o ato processual, a narrativa acaba sendo entremeada pela perspectiva subjetiva do narrador, que, no mais das vezes, é um profissional da comunicação, leigo em matéria de direito e de processo.

A conjugação dessas ideias não deixa dúvidas de que a importância da publicidade mediata do processo diz respeito muito mais à consecução da segunda finali-dade da garantia geral da publicidade, consistente em permitir o controle popular do exercício da jurisdição.

Tem relevância, pois, a atuação dos meios de comu-nicação para que se permita um maior acesso popular às informações acerca de processos de interesse público, ou seja, aqueles que, de algum modo, tenham relevância para a sociedade.

Nos dias de hoje, os meios de comunicação social são a única ferramenta capaz de fazer chegar determi-nada informação a um grande número de pessoas. É por tal motivo que se diz que a mídia desempenha algumas

Page 80: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 80

funções consideradas essenciais para o funcionamento da sociedade, sendo que a principal delas é a de infor-mar.

Todavia, ao lado dessa função principal de informar, costumam ser elencadas uma série de outras funções derivadas, tais como a de entreter, educar, difundir a cultura, fiscalizar a atuação dos órgãos públicos e de seus servidores, estimular o debate popular sobre de-terminados assuntos relevantes para a sociedade, subsi-diar o público para a realização de suas escolhas, entre outras.

Desse modo, verifica-se que a realização publicidade mediata do processo encaixa-se dentro das funções dos meios de comunicação social, uma vez que serve para proporcionar ao público em geral a oportunidade de fiscalizar o exercício da atividade jurisdicional por um dos poderes do Estado, que é o Judiciário.

Isso não quer dizer, todavia, que a publicidade me-diata pode ser ilimitada e descontrolada. Com efeito, há que se tomar toda a cautela em relação aos desvios ocasionados pela exacerbação da publicidade mediata dos atos processuais, os quais, em vez de contribuir para o alcance dos escopos naturais dessa garantia, podem gerar efeitos processuais diametralmente opostos.

Um exemplo dessa situação, ocorrido no Brasil, foi a cobertura dada pela mídia ao inquérito policial e ao sub-sequente processo penal para apuração de responsabili-dade no desabamento do Edifício Palace II, erguido pela construtora do ex-deputado Sergio Naya.

Nesse caso, a conduta da maior parte dos meios de comunicação de massa divorciou-se completamente da realidade dos autos, fato que foi reconhecido pela própria sentença absolutória proferida no processo penal em questão, a qual afirmou que a divulgação dada às con-clusões da prova pericial foi absolutamente falseada e distorcida, tendo sido divulgado, em cadeia nacional de televisão, que havia sido utilizada ―areia da praia‖ para a construção do edifício, quando, na verdade, essa ques-tão jamais fora levantada no processo.

O reconhecimento da importância da publicidade me-diata dos atos processuais enobrece, por um lado, essa função dos meios de comunicação de massa e, por ou-tro, também a delimita, na medida em que destaca o seu papel sobejamente informativo, em contraposição à fun-

ção de julgar, que pertence exclusivamente ao Poder Judiciário.

No exercício da publicidade mediata, os órgãos de mídia desempenham a tarefa de intermediar a divulga-ção acerca das ocorrências relativas a processos consi-derados relevantes para a sociedade como um todo, mas nunca a de tomar para si o exercício da função jurisdi-cional ou, ainda, a de alterar a verdade, divulgando para o público informações distorcidas e que não refletem a realidade do processo.

O que se deve ter em mente é que a publicidade me-diata nada mais é senão um desdobramento, uma moda-lidade da garantia geral da publicidade dos atos proces-suais. Sendo assim, é natural o entendimento de que ela não pode desbordar das finalidades da própria garantia constitucional da publicidade, as quais devem ser respei-tadas para que se evite a desinformação, a informação equivocada e a violação às regras da imparcialidade e da independência do órgão jurisdicional, pressupostos ne-

cessários ao desenvolvimento de um processo livre de vícios e em consonância com o devido processo legal.

A NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA DA REGRA DA OBJETIVIDADE

Para evitar distorções e preservar o devido processo legal, a publicidade do processo, quando realizada pelos meios de comunicação social, deve sujeitar-se à obser-vância da regra da objetividade.

A objetividade pode ser definida como a qualidade, o caráter ou a condição do que é objetivo, que dá uma representação fiel de um objeto. Em outras palavras, a objetividade também pode corresponder à imparcialida-de, à isenção, à ausência de preferências, sentimentos, opiniões pessoais, interesses e preconceitos.

Para que uma mensagem seja considerada objetiva, ela tem de ser, em primeiro lugar, verídica. Além disso, precisa respeitar alguns elementos, tais como a equidis-tância, a isenção, a imparcialidade, a clareza e a “verifi-cabilidade” ou “checabilidade” – do inglês, “checkability”, ou seja, possibilidade de verificação das referências e fontes citadas ou consultadas (McQUAIL, 1992, p. 197).

Ao realizar a publicidade mediata de atos processu-ais, o profissional da comunicação deve preocupar-se com a preservação da objetividade e, sobretudo, do sentido verdadeiro dos acontecimentos. Também deve impedir que a omissão e a consequente incompletude do relato acarretem juízos equivocados e prejuízo à forma-ção da opinião pública livre.

Todavia, mais do que uma característica da própria mensagem, a objetividade é, também, um verdadeiro método de trabalho. Consiste em uma postura a ser adotada pelo emissor da mensagem, de se despojar, na máxima medida possível, de elementos subjetivos, a fim de transmitir ou comunicar o fato tal como ele se apre-senta na realidade, sem juízos de valor ou distorções subjetivas.

Em suma, algumas medidas coerentes com a objeti-vidade (tais como a seleção do que deve ser divulgado com base no interesse público, a redação imparcial, a ausência de qualificativos exagerados, a atribuição das informações às fontes, a comprovação das afirmações realizadas, a abstenção de manifestação opinativa em matéria técnica, sem que se tenha qualificação para tanto, o respeito ao contraditório mediante a apresenta-ção dos diversos ângulos, teses e partes em conflito etc.) são salutares e contribuem para a resolução dos princi-pais problemas enfrentados na efetivação da publicidade mediata dos atos processuais.

A própria Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) protege a apenas a divulgação objetiva de atos judiciais, como se pode inferir dos termos utilizados nos incisos IV e V do artigo 27.

Assim, eventuais críticas ou mesmo opiniões favorá-veis dirigidas a atos processuais (judiciais ou não) hão de ser formuladas por pessoas especializadas e gabari-tadas a tanto e não de maneira atécnica, baseada em opiniões pessoais, posições ideológicas, interesses de qualquer ordem ou no senso comum.

É de se lembrar que a publicidade mediata do pro-cesso tem papel relevante na construção da imagem do Poder Judiciário perante a opinião pública. A ausência de objetividade contribui negativamente para a construção da imagem do Poder Judiciário, principalmente quanto à

Page 81: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 81

justiça de suas decisões. Daí porque a crítica voltada aos atos processuais das partes ou do próprio órgão jurisdi-cional ganha dimensão exacerbada, sem que seja possí-vel separar o que constitui verdadeiramente o fato, da-quilo que é mera opinião sobre o fato.

Nesse sentido, cumpre repelir os juízos paralelos que, muitas vezes, a mídia estabelece ao realizar a pu-blicidade mediata de processos judiciais, inclusive no âmbito civil. Nesses juízos paralelos, não é observada a objetividade, incorrendo-se em precipitação na divulga-ção de informações não confirmadas, consulta a um número limitado de fontes, descompromisso com a vera-cidade da informação e com a linguagem técnica, mani-festação da opinião em lugar da exposição de fatos etc. Tais atitudes projetam efeitos deletérios para o processo e são absolutamente prejudiciais ao devido processo legal.

Como se não bastasse, a imparcialidade e indepen-dência judiciais podem ver-se ameaçadas pela publici-dade mediata, se esta for realizada sem a observância da objetividade. Para que se crie um ambiente adequado à manutenção da imparcialidade e da independência judiciais, é necessário reconhecer que o exercício da liberdade de comunicação e do direito à informação não pode revestir-se de um caráter absoluto, devendo ser limitado quando oferecer qualquer ameaça a essas ga-rantias, sobretudo quando pretenda condicionar a ativi-dade jurisdicional em nome do que pareça mais acertado aos ―formadores‖ da opinião pública.

Em suma, a objetividade também serve de escudo protetor do livre convencimento (motivado) do juiz, pois, ao mesmo tempo em que assegura que a publicidade mediata se realize de forma correta, previne a formação de ideias preconcebidas e condicionamentos externos de qualquer natureza, tanto por parte do público (opinião pública), quanto por parte do próprio magistrado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A publicidade dos atos processuais, prevista nos arti-gos 5º, LX e 93, IX da Constituição da República, é não só um princípio do ordenamento jurídico brasileiro, mas também uma verdadeira garantia processual, cuja inob-servância gera nulidade do processo ou do ato proces-sual realizado.

Quanto à presença física ou não do destinatário da publicidade, esta se subdivide em duas categorias: publi-cidade imediata e publicidade mediata.

Publicidade imediata é aquela que se desenvolve mediante a presença física ou contato direto dos eventu-almente interessados no ato processual, enquanto que a publicidade mediata é aquela realizada por intermédio de algum outro ―meio‖, sendo mais comum, nos dias atuais, que seja realizada pelos meios de comunicação social.

Duas são as principais funções da garantia da publi-cidade: (i) a de proteger as partes contra juízos arbitrá-rios e secretos (como parte integrante da garantia do devido processo legal) e (ii) a de possibilitar a fiscaliza-ção do público sobre o exercício da atividade jurisdicio-nal.

A publicidade mediata – realizada pela mídia – tam-bém pode ser considerada parte integrante da garantia geral de publicidade dos atos processuais, desde que seja realizada dentro de determinados limites e de acor-

do com as próprias finalidades da garantia geral da pu-blicidade, acima enunciadas.

Com efeito, a importância da publicidade mediata do processo diz respeito à consecução da segunda função da garantia geral da publicidade, consistente em permitir o controle popular do exercício da jurisdição.

Todavia, há que se tomar toda a cautela em relação aos desvios ocasionados pela exacerbação da publicida-de mediata dos atos processuais, os quais, em vez de contribuir para o alcance dos escopos naturais dessa garantia, podem gerar efeitos processuais diametralmen-te opostos.

Nesse sentido, preconiza-se a adoção da regra da objetividade como limite e precaução para a divulgação de atos processuais pela mídia.

A principal justificativa que sustenta a necessidade de observância à regra da objetividade é a preservação do devido processo legal. A cláusula do due process of law funciona como limite à publicidade, ao não admitir que esta – especialmente a publicidade mediata – seja reali-zada de modo contrário ao perfil de justiça e equidade que deve pautar o processo.

No exercício da publicidade do processo, os órgãos de mídia devem ater-se à tarefa de intermediar a divul-

gação acerca das ocorrências relativas a processos considerados relevantes para a sociedade como um todo, mas nunca a de tomar para si o exercício da função jurisdicional ou, ainda, a de alterar a verdade, divulgando para o público informações distorcidas e que não reflitam a realidade dos autos.

Os elementos que compõem a regra da objetividade aplicada à publicidade do processo civil, tais como a separação entre fato e opinião, o atendimento ao inte-resse público na seleção da notícia, a estrita observância ao dever de veracidade e a abstenção da promoção de juízos paralelos, dentre outros, são medidas importantes para a salvaguarda de uma série de garantias processu-ais, conforme acima se examinou.

Enfim, espera-se que a proposta aqui formulada sirva de inspiração para que, de lege ferenda, se regulamente

a adoção da regra da objetividade, especificamente no que tange à publicidade mediata do processo. Trata-se de medida útil e necessária para que a liberdade de comunicação, a publicidade processual e o devido pro-cesso legal expressem, no futuro, valores convergentes e não mais conflitantes.

Segredo de justiça

1) Sigilo que cerca determinados tipos de processo. 2) Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de Justiça os processos: I ? em que o exigir o interesse público; II ? que dizem respeito a casamento, filiação, separação de cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. A publicidade dos atos processuais decorre, no plano político, do regi-me democrático e, no processual, do sistema de oralida-de. A CLT também declara que os atos processuais serão públicos, salvo a parte escrita no processo. A CLT permite o segredo quando houver ?interesse social?. Os casos indispensáveis do segredo judicial não se esten-dem à Justiça do Trabalho, pois dizem respeito a estado de pessoa, recato e paz familiar. Na Justiça do Trabalho, as partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla liberdade, os processos nos cartórios ou secreta-

Page 82: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 82

rias e as partes poderão requerer certidões dos proces-sos em curso, ou arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou chefes de secretaria ? independen-temente, pois, de qualquer ato do juiz. Do despacho deste dependerão as certidões dos processos que corre-rem em segredo de Justiça. saberjuridico.com.br

5) Citação e intimação: conceito, requisitos, modali-dades de citação: via postal, mandado, por edital; cartas precatória, rogatória e de ordem. Intimação na Capital e nas comarcas do interior; intimação do Ministério Público; contagem do prazo de intimação.

DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS (CPC)

Seção I Das Disposições Gerais

Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca.

Art. 201. Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar; carta rogató-ria, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e carta precatória nos demais casos.

Seção II Das Cartas

Art. 202. São requisitos essenciais da carta de or-dem, da carta precatória e da carta rogatória:

I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimen-to do ato;

II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado;

III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o objeto;

IV - o encerramento com a assinatura do juiz.

§ 1o O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer

outras peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documentos devam ser examinados, na diligência, pelas partes, peritos ou tes-temunhas.

§ 2o Quando o objeto da carta for exame pericial so-

bre documento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica.

§ 3o A carta de ordem, carta precatória ou carta ro-

gatória pode ser expedida por meio eletrônico, situação em que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 203. Em todas as cartas declarará o juiz o prazo dentro do qual deverão ser cumpridas, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da diligência.

Art. 204. A carta tem caráter itinerante; antes ou de-pois de Ihe ser ordenado o cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.

Art. 205. Havendo urgência, transmitir-se-ão a carta de ordem e a carta precatória por telegrama, radiograma ou telefone.

Art. 206. A carta de ordem e a carta precatória, por telegrama ou radiograma, conterão, em resumo substan-

cial, os requisitos mencionados no art. 202, bem como a declaração, pela agência expedidora, de estar reco-nhecida a assinatura do juiz.

Art. 207. O secretário do tribunal ou o escrivão do ju-ízo deprecante transmitirá, por telefone, a carta de or-dem, ou a carta precatória ao juízo, em que houver de cumprir-se o ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, se houver na comarca mais de um ofício ou de uma vara, observando, quanto aos re-quisitos, o disposto no artigo antecedente.

§ 1o O escrivão, no mesmo dia ou no dia útil imedia-

to, telefonará ao secretário do tribunal ou ao escrivão do juízo deprecante, lendo-lhe os termos da carta e solici-tando-lhe que Iha confirme.

§ 2o Sendo confirmada, o escrivão submeterá a carta

a despacho.

Art. 208. Executar-se-ão, de ofício, os atos requisita-dos por telegrama, radiograma ou telefone. A parte de-positará, contudo, na secretaria do tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo em que houver de praticar-se o ato.

Art. 209. O juiz recusará cumprimento à carta preca-tória, devolvendo-a com despacho motivado:

I - quando não estiver revestida dos requisitos legais;

II - quando carecer de competência em razão da ma-téria ou da hierarquia;

III - quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade.

Art. 210. A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e modo de seu cumprimento, ao disposto na convenção internacional; à falta desta, será remetida à autoridade judiciária estrangeira, por via diplomática, depois de traduzida para a língua do país em que há de praticar-se o ato.

Art. 211. A concessão de exequibilidade às cartas rogatórias das justiças estrangeiras obedecerá ao dis-posto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Fede-ral.

Art. 212. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem, no prazo de 10 (dez) dias, independentemen-te de traslado, pagas as custas pela parte.

Seção III Das Citações

Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 214. Para a validade do processo é indispensá-vel a citação inicial do réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1o O comparecimento espontâneo do réu supre,

entretanto, a falta de citação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 2o Comparecendo o réu apenas para arguir a nuli-

dade e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.

Page 83: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 83

§ 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na

pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou ge-rente, quando a ação se originar de atos por eles prati-cados.

§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cienti-

ficar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imó-vel encarregado do recebimento dos aluguéis.

Art. 216 A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu.

Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será ci-tado na unidade em que estiver servindo se não for co-nhecida a sua residência ou nela não for encontrado.

Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I - (Revogado pela Lei nº 8.952, de 1994)

I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; (Renumerado do Inciso II pela Lei nº 8.952, de 1994)

II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, con-sanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; (Renumerado do Inciso III pela Lei nº 8.952, de 1994

III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; (Renumerado do Inciso IV pela Lei nº 8.952, de 1994

IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Re-numerado do Inciso V pela Lei nº 8.952, de 1994

Art. 218. Também não se fará citação, quando se ve-rificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-la.

§ 1o O oficial de justiça passará certidão, descreven-

do minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será apre-sentado em 5 (cinco) dias.

§ 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao

citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restri-ta à causa.

§ 3o A citação será feita na pessoa do curador, a

quem incumbirá a defesa do réu.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, in-duz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da

propositura da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos

10 (dez) dias subsequentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusi-vamente ao serviço judiciário. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o pra-

zo até o máximo de 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencio-

nados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 5o

O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Re-

dação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere

o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a to-dos os prazos extintivos previstos na lei.

Art. 221. A citação far-se-á:

I - pelo correio;

II - por oficial de justiça;

III - por edital.

IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qual-quer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respec-tivo endereço. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 224. Far-se-á a citação por meio de oficial de justiça nos casos ressalvados no art. 222, ou quando frustrada a citação pelo correio. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Page 84: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 84

I - os nomes do autor e do réu, bem como os respec-tivos domicílios ou residências;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - a cominação, se houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - a cópia do despacho; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VI - o prazo para defesa; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte integrante do mandado. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo:

I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;

II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;

III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.

Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justi-ça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.

§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de

justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca.

§ 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça

deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.

Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.

Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comuni-cação, e nas que se situem na mesma região metropoli-tana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou inti-mações em qualquer delas.(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 231. Far-se-á a citação por edital:

I - quando desconhecido ou incerto o réu;

II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;

III - nos casos expressos em lei.

§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação

por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.

§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se

encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

Art. 232. São requisitos da citação por edital: (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos ns. I e II do artigo antecedente; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponí-veis.(Incluído pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 1o Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada pu-

blicação, bem como do anúncio, de que trata o no II deste

artigo. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 7.359, de 1985)

§ 2o A publicação do edital será feita apenas no ór-

gão oficial quando a parte for beneficiária da Assistência Judiciária. (Incluído pela Lei nº 7.359, de 1985)

Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo.

Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.

Seção IV Das Intimações

Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.

Art. 235. As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, salvo disposição em contrário.

Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Es-tados e dos Territórios, consideram-se feitas as intima-ções pela só publicação dos atos no órgão oficial.

§ 1o É indispensável, sob pena de nulidade, que da

publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação.

§ 2o A intimação do Ministério Público, em qualquer

caso será feita pessoalmente.

Page 85: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 85

Art. 237. Nas demais comarcas aplicar-se-á o dis-posto no artigo antecedente, se houver órgão de publica-ção dos atos oficiais; não o havendo, competirá ao escri-vão intimar, de todos os atos do processo, os advogados das partes:

I - pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;

II - por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado fora do juízo.

Parágrafo único. As intimações podem ser feitas de forma eletrônica, conforme regulado em lei própria. (In-cluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as inti-mações serão feitas às partes, aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretari-a.(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Parágrafo único. Presumem-se válidas as comunica-ções e intimações dirigidas ao endereço residencial ou profissional declinado na inicial, contestação ou embar-gos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou definitiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 239. Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça quando frustrada a realização pelo correio. (Re-dação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Parágrafo único. A certidão de intimação deve con-ter: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa inti-mada, mencionando, quando possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu;

II - a declaração de entrega da contrafé;

III - a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a apôs no mandado. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministé-rio Público contar-se-ão da intimação.

Parágrafo único. As intimações consideram-se reali-zadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. (Incluído pela Lei nº 8.079, de 1990)

Art. 241. Começa a correr o prazo: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cum-prido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

IV - quando o ato se realizar em cumprimento de car-ta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

V - quando a citação for por edital, finda a dilação as-sinada pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 1993)

Art. 242. O prazo para a interposição de recurso con-ta-se da data, em que os advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão.

§ 1o Reputam-se intimados na audiência, quando

nesta é publicada a decisão ou a sentença.

§ 2o Havendo antecipação da audiência, o juiz, de o-

fício ou a requerimento da parte, mandará intimar pesso-almente os advogados para ciência da nova designação. (§ 3

o renumerado pela Lei nº 8.952, de 1994)

DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES (CPP)

CAPÍTULO I

DAS CITAÇÕES

Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

Art. 352. O mandado de citação indicará:

I - o nome do juiz;

II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;

III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;

IV - a residência do réu, se for conhecida;

V - o fim para que é feita a citação;

VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu de-verá comparecer;

VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da ju-risdição do juiz processante, será citado mediante preca-tória.

Art. 354. A precatória indicará:

I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;

II - a sede da jurisdição de um e de outro;

Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as es-pecificações;

IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu de-verá comparecer.

Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz depre-cante, independentemente de traslado, depois de lança-do o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado.

§ 1o Verificado que o réu se encontra em território

sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação.

§ 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se

oculta para não ser citado, a precatória será imediata-mente devolvida, para o fim previsto no art. 362.

Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que con-terá em resumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de reco-

Page 86: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 86

nhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará.

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:

I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entre-ga da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;

II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.

Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço.

Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabele-cida nos arts. 227 a 229 da Lei n

o 5.869, de 11 de janeiro

de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 363. O processo terá completada a sua forma-ção quando realizada a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedi-

da a citação por edital. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de

2008).

§ 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de

2008).

§ 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em

qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo se-

rá fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de n

o II, o

prazo será de trinta dias.

Art. 365. O edital de citação indicará:

I - o nome do juiz que a determinar;

II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profis-são, se constarem do processo;

III - o fim para que é feita a citação;

IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu de-verá comparecer;

V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.

Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edi-fício onde funcionar o juízo e será publicado pela im-prensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual cons-te a página do jornal com a data da publicação.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não compa-recer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consi-deradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão pre-ventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acu-sado que, citado ou intimado pessoalmente para qual-quer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspenden-do-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumpri-mento. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

CAPÍTULO II

DAS INTIMAÇÕES

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemu-nhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

§ 1o A intimação do defensor constituído, do advo-

gado do querelante e do assistente far-se-á por publica-ção no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos ju-

diciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispen-

sará a aplicação a que alude o § 1o. (Incluído pela Lei nº

9.271, de 17.4.1996)

§ 4o A intimação do Ministério Público e do defensor

nomeado será pessoal. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for requerida, observado o disposto no art. 357.

Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prossegui-mento, do que se lavrará termo nos autos.

Page 87: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 87

6) Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, do juiz e do servidor, processos que correm nas férias.

DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

Seção I Do Tempo

Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 1o Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte)

horas os atos iniciados antes, quando o adiamento pre-judicar a diligência ou causar grave dano. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o A citação e a penhora poderão, em casos ex-

cepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5

o, inciso Xl, da Constituição Federal.

(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Quando o ato tiver que ser praticado em deter-

minado prazo, por meio de petição, esta deverá ser a-presentada no protocolo, dentro do horário de expedien-te, nos termos da lei de organização judiciária local. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se pra-ticarão atos processuais. Excetuam-se:

I - a produção antecipada de provas (art. 846);

II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o sequestro, a penhora, a arreca-dação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os em-bargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos.

Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias.

Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

I - os atos de jurisdição voluntária bem como os ne-cessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencio-nadas no art. 275;

III - todas as causas que a lei federal determinar.

Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domin-gos e os dias declarados por lei.

Seção II Do Lugar

Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordiná-rio na sede do juízo. Podem, todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de interesse da justiça, ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

CAPÍTULO III DOS PRAZOS

Seção I Das Disposições Gerais

Art. 177. Os atos processuais realizar-se-ão nos pra-zos prescritos em lei. Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa.

Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados.

Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que Ihe sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.

Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado pela parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 265, I e III; casos em que o prazo será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação.

Art. 181. Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundar em motivo legítimo.

§ 1o O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da

prorrogação.

§ 2o As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em

favor de quem foi concedida a prorrogação.

Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias.

Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, po-derá ser excedido o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos.

Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se, independen-temente de declaração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa.

§ 1o Reputa-se justa causa o evento imprevisto, a-

lheio à vontade da parte, e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.

§ 2o Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a

prática do ato no prazo que Ihe assinar.

Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro

dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - for determinado o fechamento do fórum;

II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

§ 2o Os prazos somente começam a correr do primei-

ro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de 13.9.1990)

Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

Page 88: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 88

Art. 186. A parte poderá renunciar ao prazo estabele-cido exclusivamente em seu favor.

Art. 187. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos que este Código Ihe assina.

Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

Art. 189. O juiz proferirá:

I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias;

II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24 (vinte e quatro) horas e execu-tar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contados:

I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se Ihe foi imposto pela lei;

II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.

Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em que ficou ciente da or-dem, referida no n

o Il.

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

Art. 192. Quando a lei não marcar outro prazo, as in-timações somente obrigarão a comparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas.

Seção II Da Verificação dos Prazos e das Penalidades

Art. 193. Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos que este Códi-go estabelece.

Art. 194. Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento administrativo, na forma da Lei de Organi-zação Judiciária.

Art. 195. O advogado deve restituir os autos no prazo legal. Não o fazendo, mandará o juiz, de ofício, riscar o que neles houver escrito e desentranhar as alegações e documentos que apresentar.

Art. 196. É lícito a qualquer interessado cobrar os au-tos ao advogado que exceder o prazo legal. Se, intima-do, não os devolver dentro em 24 (vinte e quatro) horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa, correspondente à metade do salário mínimo vi-gente na sede do juízo.

Parágrafo único. Apurada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e imposição da multa.

Art. 197. Aplicam-se ao órgão do Ministério Público e ao representante da Fazenda Pública as disposições constantes dos arts. 195 e 196.

Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministé-rio Público poderá representar ao presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos

em lei. Distribuída a representação ao órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apuração da respon-sabilidade. O relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de prazo, de-signando outro juiz para decidir a causa.

Art. 199. A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais superiores na forma que dispuser o seu regimento interno.

7) Apensamento de autos: procedimento; requisitos da execução provisória.

Apensamento e desapensamento

Objetivo

Estabelecer procedimentos para apensamento e de-sapensamento de processos ou protocolados.

1. O apensamento é o ato de colocar processo ou protocolado junto a outro, sem que forme parte integran-te do mesmo, obrigando-os a tramitarem juntos durante um certo período. É portanto, uma união de processos ou protocolados em caráter temporário.

2. O apensamento de dois ou mais processos ou pro-tocolados é recomendado quando a decisão sobre uma questão exigir que sejam formalmente consideradas as informações e documentos contidos nos diversos pro-cessos ou protocolados apensados entre si:

O Apensamento poderá ocorrer entre processos, entre protocolados ou entre protocolados e proces-sos.

3. O Apensamento de processos ou protocolados se-rá executado mediante solicitação de autoridade superi-or.

4. Durante o período em que estiverem apensados os processos e protocolados terão trâmite idêntico. O regis-tro será efetuado nos autos que recebeu o apensamento ( ou seja, o processo principal).

5. Solucionada a questão que justificou a união, os processos ou protocolados deverão ser desapensados, voltando a ter trâmites independentes.

6. O Apensamento, ou desapensamento, só poderão ser efetuados pelo Setor de Protocolo da Unidade.

8) Autos suplementares: quando são obrigatórios, peças que devem conter; sua guarda.

Art. 159. Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as petições e documentos que instruírem o processo, não constantes de registro público, serão sempre acompanhados de cópia, datada e assinada por quem os oferecer.

§ 1o Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe

da secretaria irá formando autos suplementares, dos quais constará a reprodução de todos os atos e termos do processo original.

§ 2o Os autos suplementares só sairão de cartório pa-

ra conclusão ao juiz, na falta dos autos originais.

Art. 160. Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que entregarem em cartório.

Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz mandará riscá-las, impondo a

Page 89: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 89

quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.

Os autos suplementares só existem nas comarcas do interior dos Estados (art. 159 do Código de Processo Civil) e estão em quase completo desuso. Na sua falta, utilizar-se-á a carta de sentença extraída pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria antes da subida ao órgão ad quem dos autos principais.

A carta de sentença surgiu em razão do banimento progressivo dos autos suplementares. Sua função, de-monstrando a pretensão de executar, é instruir a execu-ção provisória. Ela conterá os elementos previstos nos incisos I a V do art. 590, abrangendo:

a)Atuação (inciso I), para os efeitos do art. 166;

b)Petição inicial e procuração das partes, aquela pa-ra se avaliar a inteligência e o alcance do pedido;

c)Contestação;

d) Título exequendo;

e) Decisão que admitiu o recurso, impropriamente designada de despacho, para caracterizar a provisorie-dade;

f) A sentença que julgou a habilitação (art. 590, pará-grafo único), se houver, pois há habilitações que dela não dependem (art. 1060), a fim de facilitar a prova da legitimidade superveniente.

Além desses elementos mínimos, toda e qualquer peça útil reproduzir-se-á na carta, a pedido do interessa-do, a exemplo da prova da sessão de direitos, que pres-cinde de habilitação. A falta de quaisquer das peças evidencia simples irregularidade cabendo ao juiz ordenar a emenda ao despachar a inicial (art. 616).

9) Cumprimento de Sentença e Processo de Execu-ção: citação, intimação, penhora, arresto, avaliação, impugnação e embargos à execução.

DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA

Seção I Dos Requisitos e dos Efeitos da Sentença

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o regis-tro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as ques-tões, que as partes Ihe submeterem.

Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamen-to do mérito, o juiz decidirá em forma concisa.

Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida.

Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como con-denar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado.

Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumpri-mento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz conce-derá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o re-sultado prático equivalente ao do adimplemento. (Reda-ção dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas

e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspon-dente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á

sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e

havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida limi-nar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tem-po, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo ante-

rior ou na sentença, impor multa diária ao réu, indepen-dentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a ob-

tenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas neces-sárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coi-sas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a

periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada

pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao de-vedor escolher, este a entregará individualizada, no pra-zo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabele-

cido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o dis-

posto nos §§ 1o a 6

o do art. 461.(Incluído pela Lei nº

10.444, de 7.5.2002)

Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir

Page 90: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 90

no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consi-deração, de ofício ou a requerimento da parte, no mo-mento de proferir a sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá al-terá-la: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;

II - por meio de embargos de declaração.

Art. 466. A sentença que condenar o réu no paga-mento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciá-ria, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma pres-crita na Lei de Registros Públicos.

Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:

I - embora a condenação seja genérica;

II - pendente arresto de bens do devedor;

III - ainda quando o credor possa promover a exe-cução provisória da sentença.

Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declara-ção de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a con-cluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha por objeto a transferência da propriedade de coisa determi-nada, ou de outro direito, a ação não será acolhida se a parte que a intentou não cumprir a sua prestação, nem a oferecer, nos casos e formas legais, salvo se ainda não exigível. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Seção II Da Coisa Julgada

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a efi-cácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcial-mente a lide, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas.

Art. 469. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determi-nar o alcance da parte dispositiva da sentença;

Il - a verdade dos fatos, estabelecida como funda-mento da sentença;

III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5

o e 325),

o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as ques-tões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:

I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

II - nos demais casos prescritos em lei.

Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudi-cando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pes-soa, se houverem sido citados no processo, em litiscon-sórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.

Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do pro-cesso, as questões já decididas, a cujo respeito se ope-rou a preclusão.

Art. 474. Passada em julgado a sentença de méri-to, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alega-ções e defesas, que a parte poderia opor assim ao aco-lhimento como à rejeição do pedido.

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fun-dações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Públi-ca (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz orde-

nará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apela-ção; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avo-cá-los. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre

que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo

quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. (Inclu-ído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

CAPÍTULO IX DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Do requerimento de liquidação de sentença

será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. (In-cluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o A liquidação poderá ser requerida na pendên-

cia de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido

Page 91: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 91

com cópias das peças processuais pertinentes. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o Nos processos sob procedimento comum su-

mário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‗d‘ e ‗e‘ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memó-ria discriminada e atualizada do cálculo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo

depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cum-primento da diligência. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Se os dados não forem, injustificadamente,

apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo,

quando a memória apresentada pelo credor aparente-mente exceder os limites da decisão exequenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 4o Se o credor não concordar com os cálculos

feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-á a execu-

ção pelo valor originariamente pretendido, mas a penho-ra terá por base o valor encontrado pelo contador. (Inclu-ído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. (In-cluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramen-to, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quan-do, para determinar o valor da condenação, houver ne-cessidade de alegar e provar fato novo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272). (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de no-vo a lide ou modificar a sentença que a julgou. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agra-vo de instrumento. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

CAPÍTULO X DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos ter-mos dos demais artigos deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o É definitiva a execução da sentença transitada

em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Quando na sentença houver uma parte líquida

e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultanea-mente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao paga-mento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condena-ção será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o dispos-to no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de

imediato intimado o executado, na pessoa de seu advo-gado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu repre-sentante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à

avaliação, por depender de conhecimentos especializa-dos, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o O exequente poderá, em seu requerimento,

indicar desde logo os bens a serem penhorados. (Incluí-do pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previs-

to no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de

seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem preju-ízo de seu desarquivamento a pedido da parte. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – falta ou nulidade da citação, se o processo cor-reu à revelia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – penhora incorreta ou avaliação errônea; (Inclu-ído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV – ilegitimidade das partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V – excesso de execução; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Page 92: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 92

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou ex-tintiva da obrigação, como pagamento, novação, com-pensação, transação ou prescrição, desde que superve-niente à sentença. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput

deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados in-constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fun-dado em aplicação ou interpretação da lei ou ato norma-tivo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompa-tíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Quando o executado alegar que o exequente,

em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imedia-to o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspen-sivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que rele-vantes seus fundamentos e o prosseguimento da execu-ção seja manifestamente suscetível de causar ao execu-tado grave dano de difícil ou incerta reparação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à im-

pugnação, é lícito ao exequente requerer o prossegui-mento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será

instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recor-

rível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluí-do pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – a sentença proferida no processo civil que re-conheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Su-perior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusiva-mente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modi-fique ou anule a sentença objeto da execução, restituin-do-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a

sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o A caução a que se refere o inciso III do caput

deste artigo poderá ser dispensada: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – quando, nos casos de crédito de natureza ali-mentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de ses-senta vezes o valor do salário-mínimo, o exequente de-monstrar situação de necessidade; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II - nos casos de execução provisória em que pen-da agravo perante o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. (Redação dada pela Lei nº 12.322, de 2010)

§ 3o Ao requerer a execução provisória, o exe-

quente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado de-clarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pesso-al: (Redação dada pela Lei nº 12.322, de 2010)

I – sentença ou acórdão exequendo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – procurações outorgadas pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV – decisão de habilitação, se for o caso; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V – facultativamente, outras peças processuais que o exequente considere necessárias. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Page 93: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 93

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

I – os tribunais, nas causas de sua competência o-riginária; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Parágrafo único. No caso do inciso II do caput des-te artigo, o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remes-sa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito in-cluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pen-são. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o Este capital, representado por imóveis, títulos

da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do devedor. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capi-

tal pela inclusão do beneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança bancária ou ga-rantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 3o Se sobrevier modificação nas condições eco-

nômicas, poderá a parte requerer, conforme as circuns-tâncias, redução ou aumento da prestação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 4o Os alimentos podem ser fixados tomando por

base o salário-mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 5o Cessada a obrigação de prestar alimentos, o

juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cum-primento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

TÍTULO I DA EXECUÇÃO EM GERAL

CAPÍTULO I DAS PARTES

Art. 566. Podem promover a execução forçada:

I - o credor a quem a lei confere título executivo;

II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do tí-tulo executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

Art. 568. São sujeitos passivos na execu-ção:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - o devedor, reconhecido como tal no título execu-tivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do de-vedor; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - o novo devedor, que assumiu, com o consen-timento do credor, a obrigação resultante do título execu-tivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - o fiador judicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

V - o responsável tributário, assim definido na le-gislação própria. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas execu-tivas.

Parágrafo único. Na desistência da execução, ob-servar-se-á o seguinte: (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

a) serão extintos os embargos que versarem ape-nas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exer-cer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não Ihe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.

§ 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o deve-

dor não a exercitou no prazo marcado.

§ 2o Se a escolha couber ao credor, este a indicará

na petição inicial da execução.

Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica su-jeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo.

Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o de-vedor, cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a forma do processo.

Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a sentença, passada em julga-do, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obriga-ção, que deu lugar à execução.

Page 94: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 94

CAPÍTULO II DA COMPETÊNCIA

Art. 575. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:

I - os tribunais superiores, nas causas de sua com-petência originária;

II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

IV - o juízo cível competente, quando o título exe-cutivo for sentença penal condenatória ou sentença arbi-tral. (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)

Art. 576. A execução, fundada em título extrajudi-cial, será processada perante o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.

Art. 577. Não dispondo a lei de modo diverso, o ju-iz determinará os atos executivos e os oficiais de justiça os cumprirão.

Art. 578. A execução fiscal (art. 585, Vl) será pro-posta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro de qualquer um dos de-vedores, quando houver mais de um, ou o foro de qual-quer dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar.

Art. 579. Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego da força policial, o juiz a requisita-rá.

CAPÍTULO III DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO

Seção I Do Inadimplemento do Devedor

Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigí-vel, consubstanciada em título executivo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 581. O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o recebimento da prestação, estabe-lecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.

Art. 582. Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá à execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios considerados idôneos pelo juiz, mediante a exe-cução da contraprestação pelo credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.

Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação, depositando em juízo a pres-tação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a exe-cução, não permitindo que o credor a receba, sem cum-prir a contraprestação, que Ihe tocar.

Seção II Do Título Executivo

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplica-ta, a debênture e o cheque; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela De-fensoria Pública ou pelos advogados dos transato-res;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Re-dação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - o crédito, documentalmente comprovado, de-corrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolu-mentos ou honorários forem aprovados por decisão judi-cial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territó-rios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscri-tos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao dé-

bito constante do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 2o Não dependem de homologação pelo Supre-

mo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumpri-mento da obrigação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do execu-tado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

CAPÍTULO IV DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:

Page 95: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 95

I - do sucessor a título singular, tratando-se de e-xecução fundada em direito real ou obrigação reiperse-cutória; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - do sócio, nos termos da lei;

III - do devedor, quando em poder de terceiros;

IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;

V - alienados ou gravados com ônus real em frau-de de execução.

Art. 593. Considera-se em fraude de execução a a-lienação ou oneração de bens:

I - quando sobre eles pender ação fundada em di-reito real;

II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;

III - nos demais casos expressos em lei.

Art. 594. O credor, que estiver, por direito de reten-ção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.

Art. 595. O fiador, quando executado, poderá no-mear à penhora bens livres e desembargados do deve-dor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execu-ção, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, po-derá executar o afiançado nos autos do mesmo proces-so.

Art. 596. Os bens particulares dos sócios não res-pondem pelas dívidas da sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.

§ 1o Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste

artigo, nomear bens da sociedade, sitos na mesma co-marca, livres e desembargados, quantos bastem para pagar o débito.

§ 2o Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no

parágrafo único do artigo anterior.

Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do fale-cido; mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança Ihe coube.

CAPÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento.

Art. 599. O juiz pode, em qualquer momento do processo:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - ordenar o comparecimento das partes;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - advertir ao devedor que o seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - frauda a execução; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - se opõe maliciosamente à execução, empre-gando ardis e meios artificiosos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à pe-nhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria exe-cução.(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o deve-dor se comprometer a não mais praticar qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida principal, juros, des-pesas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

TÍTULO II DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do de-vedor, em que tem lugar o concurso universal (art. 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.

Art. 613. Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor conservará o seu título de preferência.

Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execu-ção, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial:

I - com o título executivo extrajudicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de execu-ção por quantia certa; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572). (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 615. Cumpre ainda ao credor:

I - indicar a espécie de execução que prefere, quando por mais de um modo pode ser efetuada;

II - requerer a intimação do credor pignoratício, hi-potecário, ou anticrético, ou usufrutuário, quando a pe-nhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto;

Page 96: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 96

III - pleitear medidas acautelatórias urgentes;

IV - provar que adimpliu a contraprestação, que Ihe corresponde, ou que Ihe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do credor.

Art. 615-A. O exequente poderá, no ato da distri-buição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o O exequente deverá comunicar ao juízo as

averbações efetivadas, no prazo de 10 (dez) dias de sua concretização. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes

para cobrir o valor da dívida, será determinado o cance-lamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles que não tenham sido penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Presume-se em fraude à execução a aliena-

ção ou oneração de bens efetuada após a averbação (art. 593). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4o O exequente que promover averbação mani-

festamente indevida indenizará a parte contrária, nos termos do § 2

o do art. 18 desta Lei, processando-se o

incidente em autos apartados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5o Os tribunais poderão expedir instruções sobre

o cumprimento deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 616. Verificando o juiz que a petição inicial es-tá incompleta, ou não se acha acompanhada dos docu-mentos indispensáveis à propositura da execução, de-terminará que o credor a corrija, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser indeferida.

Art. 617. A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição, mas a citação do devedor deve ser feita com observância do disposto no art. 219.

Art. 618. É nula a execução:

I - se o título executivo extrajudicial não correspon-der a obrigação certa, líquida e exigível (art. 586); (Re-dação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se o devedor não for regularmente citado;

III - se instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o termo, nos casos do art. 572.

Art. 619. A alienação de bem aforado ou gravado por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto será ineficaz em relação ao senhorio direto, ou ao credor pignoratício, hipotecário, anticrético, ou usufrutuário, que não houver sido intimado.

Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.

CAPÍTULO II DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA

Seção I Da Entrega de Coisa Certa

Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Parágrafo único. O juiz, ao despachar a inicial, po-derá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 622. O devedor poderá depositar a coisa, em vez de entregá-la, quando quiser opor embargos. (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 623. Depositada a coisa, o exequente não po-derá levantá-la antes do julgamento dos embargos. (Re-dação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 624. Se o executado entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á por finda a execução, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou ressarcimento de prejuízos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 625. Não sendo a coisa entregue ou deposita-da, nem admitidos embargos suspensivos da execução, expedir-se-á, em favor do credor, mandado de imissão na posse ou de busca e apreensão, conforme se tratar de imóvel ou de móvel.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 626. Alienada a coisa quando já litigiosa, ex-pedir-se-á mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido depois de depositá-la.

Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não Ihe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente.

§ 1o Não constando do título o valor da coisa, ou

sendo impossível a sua avaliação, o exequente far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial. (Re-dação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 2o Serão apurados em liquidação o valor da coisa

e os prejuízos. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 628. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por terceiros, de cujo poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. Se houver saldo em favor do devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da coisa; se houver saldo em favor do credor, este poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo.

Seção II Da Entrega de Coisa Incerta

Art. 629. Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se Ihe couber a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial.

Art. 630. Qualquer das partes poderá, em 48 (qua-renta e oito) horas, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.

Page 97: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 97

Art. 631. Aplicar-se-á à execução para entrega de coisa incerta o estatuído na seção anterior.

CAPÍTULO III DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER

Seção I Da Obrigação de Fazer

Art. 632. Quando o objeto da execução for obriga-ção de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz Ihe assinar, se outro não estiver deter-minado no título executivo. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satis-fizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.

Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.

Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exequente, decidir que aquele o realize à custa do executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. O exequente adiantará as quan-tias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá a impugnação.

Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo incompleto ou defeituo-so, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez) dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante.

Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará avaliar o custo das despe-sas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.

Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as obras e traba-lhos necessários à prestação do fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.

Parágrafo único. O direito de preferência será e-xercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da apresen-tação da proposta pelo terceiro (art. 634, parágrafo úni-co). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for con-vencionado que o devedor a faça pessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que Ihe assine prazo para cum-pri-la.

Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do de-vedor, a obrigação pessoal do devedor converter-se-á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no art. 633.

Seção II Da Obrigação de Não Fazer

Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abs-tenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que Ihe assine prazo para desfazê-lo.

Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos.

Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.

Seção III Das Disposições Comuns às Seções Precedentes

Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461, obser-vando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao des-pachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cum-primento da obrigação e a data a partir da qual será devida. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previs-to no título, o juiz poderá reduzi-lo se excessivo. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

CAPÍTULO IV DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DE-VEDOR SOLVENTE

Seção I Da Penhora, da Avaliação e da Expropriação de Bens (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção I Das Disposições Gerais

Art. 646. A execução por quantia certa tem por ob-jeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor (art. 591).

Art. 647. A expropriação consiste:

I - na adjudicação em favor do exequente ou das pessoas indicadas no § 2

o do art. 685-A desta Lei; (Re-

dação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - na alienação por iniciativa particular; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - na alienação em hasta pública; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - no usufruto de bem móvel ou imóvel. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 648. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato vo-luntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades co-muns correspondentes a um médio padrão de vida; (Re-dação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Page 98: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 98

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberali-dade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3

o deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.382,

de 2006).

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os u-tensílios, os instrumentos ou outros bens móveis neces-sários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Re-dação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - os materiais necessários para obras em an-damento, salvo se essas forem penhoradas; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saú-de ou assistência social; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

XI - os recursos públicos do fundo partidário rece-bidos, nos termos da lei, por partido político. (Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à co-

brança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo

não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.382, de

2006).

Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentí-cia. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 651. Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo, remir a execu-ção, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção II Da Citação do Devedor e da Indicação de Bens (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Não efetuado o pagamento, munido da se-

gunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-

se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o O credor poderá, na inicial da execução, indi-

car bens a serem penhorados (art. 655). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do

exequente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. (In-cluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4o A intimação do executado far-se-á na pessoa

de seu advogado; não o tendo, será intimado pessoal-mente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5o Se não localizar o executado para intimá-lo da

penhora, o oficial certificará detalhadamente as diligên-cias realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a intimação ou determinará novas diligências. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 652-A. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado (art. 20, § 4

o). (Incluído pela Lei nº 11.382, de

2006).

Parágrafo único. No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, a verba honorária será reduzi-da pela metade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução.

Parágrafo único. Nos 10 (dez) dias seguintes à efe-tivação do arresto, o oficial de justiça procurará o deve-dor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o ocorrido.

Art. 654. Compete ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que foi intimado do arresto a que se refere o parágrafo único do artigo anterior, reque-rer a citação por edital do devedor. Findo o prazo do edital, terá o devedor o prazo a que se refere o art. 652, convertendo-se o arresto em penhora em caso de não-pagamento.

Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplica-ção em instituição financeira; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - veículos de via terrestre; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - bens imóveis; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - navios e aeronaves; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - percentual do faturamento de empresa deve-dora; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Page 99: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 99

VIII - pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

XI - outros direitos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Na execução de crédito com garantia hipote-

cária, pignoratícia ou anticrética, a penhora recairá, pre-ferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será

intimado também o cônjuge do executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requeri-mento do exequente, requisitará à autoridade superviso-ra do sistema bancário, preferencialmente por meio ele-trônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o As informações limitar-se-ão à existência ou

não de depósito ou aplicação até o valor indicado na execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Compete ao executado comprovar que as

quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese do inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilida-de. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Na penhora de percentual do faturamento da

empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exequente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4o Quando se tratar de execução contra partido

político, o juiz, a requerimento do exequente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, nos ter-mos do que estabelece o caput deste artigo, informações sobre a existência de ativos tão-somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa a violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, de acordo com o disposto no art. 15-A da Lei n

o 9.096, de 19 de setembro de 1995. (Inclu-

ído pela Lei nº 11.694, de 2008)

Art. 655-B. Tratando-se de penhora em bem indi-visível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - se não obedecer à ordem legal; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - se, havendo bens livres, a penhora houver re-caído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - se incidir sobre bens de baixa liquidez; (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

VII - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os inci-sos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei. (Inclu-ído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o É dever do executado (art. 600), no prazo fi-

xado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujei-tos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a reali-zação da penhora (art. 14, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o A penhora pode ser substituída por fiança

bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (trinta por cento). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o O executado somente poderá oferecer bem

imóvel em substituição caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 657. Ouvida em 3 (três) dias a parte contrária, se os bens inicialmente penhorados (art. 652) forem substituídos por outros, lavrar-se-á o respectivo termo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. O juiz decidirá de plano quais-quer questões suscitadas. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 658. Se o devedor não tiver bens no foro da causa, far-se-á a execução por carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação (art. 747).

Subseção III Da Penhora e do Depósito

Art. 659. A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualiza-do, juros, custas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Efetuar-se-á a penhora onde quer que se en-

contrem os bens, ainda que sob a posse, detenção ou guarda de terceiros. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Não se levará a efeito a penhora, quando evi-

dente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.

§ 3o No caso do parágrafo anterior e bem assim

quando não encontrar quaisquer bens penhoráveis, o

Page 100: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 100

oficial descreverá na certidão os que guarnecem a resi-dência ou o estabelecimento do devedor.

§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á me-

diante auto ou termo de penhora, cabendo ao exequente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 652, § 4

o), providenciar, para presunção absoluta de

conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5o Nos casos do § 4

o, quando apresentada certi-

dão da respectiva matrícula, a penhora de imóveis, inde-pendentemente de onde se localizem, será realizada por termo nos autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constituído depositário. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 6o Obedecidas as normas de segurança que fo-

rem instituídas, sob critérios uniformes, pelos Tribunais, a penhora de numerário e as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis podem ser realizadas por meios eletrônicos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 660. Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de ar-rombamento.

Art. 661. Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de justiça cumprirão o manda-do, arrombando portas, móveis e gavetas, onde presumi-rem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que será assinado por duas testemu-nhas, presentes à diligência.

Art. 662. Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem.

Art. 663. Os oficiais de justiça lavrarão em duplica-ta o auto de resistência, entregando uma via ao escrivão do processo para ser junta aos autos e a outra à autori-dade policial, a quem entregarão o preso.

Parágrafo único. Do auto de resistência constará o rol de testemunhas, com a sua qualificação.

Art. 664. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.

Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, lavrar-se-á para cada qual um auto.

Art. 665. O auto de penhora conterá:

I - a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;

II - os nomes do credor e do devedor;

III - a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;

IV - a nomeação do depositário dos bens.

Art. 666. Os bens penhorados serão preferencial-mente depositados: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Fede-ral, ou em um banco, de que o Estado-Membro da União possua mais de metade do capital social integralizado;

ou, em falta de tais estabelecimentos de crédito, ou a-gências suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito;

II - em poder do depositário judicial, os móveis e os imóveis urbanos;

III - em mãos de depositário particular, os demais bens. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Com a expressa anuência do exequente ou

nos casos de difícil remoção, os bens poderão ser depo-sitados em poder do executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o As jóias, pedras e objetos preciosos deverão

ser depositados com registro do valor estimado de resga-te. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o A prisão de depositário judicial infiel será de-

cretada no próprio processo, independentemente de ação de depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 667. Não se procede à segunda penhora, sal-vo se:

I - a primeira for anulada;

II - executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do credor;

III - o credor desistir da primeira penhora, por se-rem litigiosos os bens, ou por estarem penhorados, ar-restados ou onerados.

Art. 668. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e será menos onerosa para ele devedor (art. 17, incisos IV e VI, e art. 620). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, ao executado incumbe: (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - quanto aos bens imóveis, indicar as respectivas matrículas e registros, situá-los e mencionar as divisas e confrontações; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - quanto aos móveis, particularizar o estado e o lugar em que se encontram; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - quanto aos semoventes, especificá-los, indi-cando o número de cabeças e o imóvel em que se en-contram; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento; e (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - atribuir valor aos bens indicados à penhora. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 670. O juiz autorizará a alienação antecipada dos bens penhorados quando:

I - sujeitos a deterioração ou depreciação;

II - houver manifesta vantagem.

Page 101: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 101

Parágrafo único. Quando uma das partes requerer a alienação antecipada dos bens penhorados, o juiz ouvirá sempre a outra antes de decidir.

Subseção IV Da Penhora de Créditos e de Outros Direitos Patrimoni-ais

Art. 671. Quando a penhora recair em crédito do devedor, o oficial de justiça o penhorará. Enquanto não ocorrer a hipótese prevista no artigo seguinte, conside-rar-se-á feita a penhora pela intimação: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - ao terceiro devedor para que não pague ao seu credor; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

II - ao credor do terceiro para que não pratique ato de disposição do crédito. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 672. A penhora de crédito, representada por letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos, far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou não em poder do devedor.

§ 1o Se o título não for apreendido, mas o terceiro

confessar a dívida, será havido como depositário da importância.

§ 2o O terceiro só se exonerará da obrigação, de-

positando em juízo a importância da dívida.

§ 3o Se o terceiro negar o débito em conluio com o

devedor, a quitação, que este Ihe der, considerar-se-á em fraude de execução.

§ 4o A requerimento do credor, o juiz determinará o

comparecimento, em audiência especialmente designa-da, do devedor e do terceiro, a fim de Ihes tomar os depoimentos.

Art. 673. Feita a penhora em direito e ação do de-vedor, e não tendo este oferecido embargos, ou sendo estes rejeitados, o credor fica sub-rogado nos direitos do devedor até a concorrência do seu crédito.

§ 1o O credor pode preferir, em vez da sub-

rogação, a alienação judicial do direito penhorado, caso em que declarará a sua vontade no prazo de 10 (dez) dias contados da realização da penhora.

§ 2o A sub-rogação não impede ao sub-rogado, se

não receber o crédito do devedor, de prosseguir na exe-cução, nos mesmos autos, penhorando outros bens do devedor.

Art. 674. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, averbar-se-á no rosto dos autos a penhora, que recair nele e na ação que Ihe corresponder, a fim de se efetivar nos bens, que forem adjudicados ou vierem a caber ao devedor.

Art. 675. Quando a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a rendas, ou de prestações periódicas, o credor poderá levantar os juros, os rendi-mentos ou as prestações à medida que forem sendo depositadas, abatendo-se do crédito as importâncias recebidas, conforme as regras da imputação em paga-mento.

Art. 676. Recaindo a penhora sobre direito, que te-nha por objeto prestação ou restituição de coisa determi-nada, o devedor será intimado para, no vencimento, depositá-la, correndo sobre ela a execução.

Subseção V Da Penhora, do Depósito e da Administração de Empre-sa e de Outros Estabelecimentos

Art. 677. Quando a penhora recair em estabeleci-mento comercial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifício em construção, o juiz nomeará um depositário, determinando-lhe que apresen-te em 10 (dez) dias a forma de administração.

§ 1o Ouvidas as partes, o juiz decidirá.

§ 2o É lícito, porém, às partes ajustarem a forma de

administração, escolhendo o depositário; caso em que o juiz homologará por despacho a indicação.

Art. 678. A penhora de empresa, que funcione me-diante concessão ou autorização, far-se-á, conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todo o patrimônio, nomeando o juiz como depo-sitário, de preferência, um dos seus diretores.

Parágrafo único. Quando a penhora recair sobre a renda, ou sobre determinados bens, o depositário apre-sentará a forma de administração e o esquema de pa-gamento observando-se, quanto ao mais, o disposto nos arts. 716 a 720; recaindo, porém, sobre todo o patrimô-nio, prosseguirá a execução os seus ulteriores termos, ouvindo-se, antes da arrematação ou da adjudicação, o poder público, que houver outorgado a concessão.

Art. 679. A penhora sobre navio ou aeronave não obsta a que continue navegando ou operando até a alie-nação; mas o juiz, ao conceder a autorização para nave-gar ou operar, não permitirá que saia do porto ou aero-porto antes que o devedor faça o seguro usual contra riscos.

Subseção VI Da Avaliação

Art. 680. A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652), ressalvada a aceitação do valor estimado pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V); caso sejam necessários conhecimentos especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 681. O laudo da avaliação integrará o auto de penhora ou, em caso de perícia (art. 680), será apresen-tado no prazo fixado pelo juiz, devendo conter: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - a descrição dos bens, com os seus característi-cos, e a indicação do estado em que se encontram;

II - o valor dos bens.

Parágrafo único. Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o avaliador, tendo em conta o crédito reclamado, o avaliará em partes, sugerindo os possíveis desmembramentos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 682. O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos de crédito negociá-veis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial.

Art. 683. É admitida nova avaliação quando: (Re-dação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Page 102: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 102

I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem; ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668, parágrafo único, inciso V). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 684. Não se procederá à avaliação se:

I - o exequente aceitar a estimativa feita pelo exe-cutado (art. 668, parágrafo único, inciso V); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se tratar de títulos ou de mercadorias, que te-nham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação oficial;

Art. 685. Após a avaliação, poderá mandar o juiz, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária:

I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou trans-feri-la para outros, que bastem à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédi-to do exequente e acessórios;

Il - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos penhorados for inferi-or ao referido crédito.

Parágrafo único. Uma vez cumpridas essas provi-dências, o juiz dará início aos atos de expropriação de bens. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção VI-A Da Adjudicação (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 685-A. É lícito ao exequente, oferecendo pre-ço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adju-dicados os bens penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Se o valor do crédito for inferior ao dos bens,

o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Idêntico direito pode ser exercido pelo credor

com garantia real, pelos credores concorrentes que ha-jam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos des-cendentes ou ascendentes do executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Havendo mais de um pretendente, proceder-

se-á entre eles à licitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4o No caso de penhora de quota, procedida por

exequente alheio à sociedade, esta será intimada, asse-gurando preferência aos sócios. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 5o Decididas eventuais questões, o juiz mandará

lavrar o auto de adjudicação. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 685-B. A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo

executado, expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão a sua matrícula e registros, a cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção VI-B Da Alienação por Iniciativa Particular (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o O juiz fixará o prazo em que a alienação deve

ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o A alienação será formalizada por termo nos

autos, assinado pelo juiz, pelo exequente, pelo adquiren-te e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Os Tribunais poderão expedir provimentos

detalhando o procedimento da alienação prevista neste artigo, inclusive com o concurso de meios eletrônicos, e dispondo sobre o credenciamento dos corretores, os quais deverão estar em exercício profissional por não menos de 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção VII Da Alienação em Hasta Pública (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 686. Não requerida a adjudicação e não reali-zada a alienação particular do bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá: (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - a descrição do bem penhorado, com suas carac-terísticas e, tratando-se de imóvel, a situação e divisas, com remissão à matrícula e aos registros; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - o valor do bem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito e ação, os autos do pro-cesso, em que foram penhorados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local, dia e hora de realização do leilão, se bem móvel; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - menção da existência de ônus, recurso ou cau-sa pendente sobre os bens a serem arrematados; (Re-dação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à importância da avaliação, seguir-se-á,

Page 103: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 103

em dia e hora que forem desde logo designados entre os dez e os vinte dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço (art. 692). (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 1o No caso do art. 684, II, constará do edital o va-

lor da última cotação anterior à expedição deste. (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2o A praça realizar-se-á no átrio do edifício do

Fórum; o leilão, onde estiverem os bens, ou no lugar designado pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 3o Quando o valor dos bens penhorados não ex-

ceder 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo vigente na data da avaliação, será dispensada a publica-ção de editais; nesse caso, o preço da arrematação não será inferior ao da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 687. O edital será afixado no local do costume e publicado, em resumo, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação local. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 1o A publicação do edital será feita no órgão ofi-

cial, quando o credor for beneficiário da justiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 2o Atendendo ao valor dos bens e às condições

da comarca, o juiz poderá alterar a forma e a frequência da publicidade na imprensa, mandar divulgar avisos em emissora local e adotar outras providências tendentes a mais ampla publicidade da alienação, inclusive recorren-do a meios eletrônicos de divulgação. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o Os editais de praça serão divulgados pela im-

prensa preferencialmente na seção ou local reservado à publicidade de negócios imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 4o O juiz poderá determinar a reunião de publica-

ções em listas referentes a mais de uma execução. (In-cluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

§ 5o O executado terá ciência do dia, hora e local

da alienação judicial por intermédio de seu advogado ou, se não tiver procurador constituído nos autos, por meio de mandado, carta registrada, edital ou outro meio idô-neo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 688. Não se realizando, por motivo justo, a praça ou o leilão, o juiz mandará publicar pela imprensa local e no órgão oficial a transferência.

Parágrafo único. O escrivão, o porteiro ou o leiloei-ro, que culposamente der causa à transferência, respon-de pelas despesas da nova publicação, podendo o juiz aplicar-lhe a pena de suspensão por 5 (cinco) a 30 (trin-ta) dias.

Art. 689. Sobrevindo a noite, prosseguirá a praça ou o leilão no dia útil imediato, à mesma hora em que teve início, independentemente de novo edital.

Art. 689-A. O procedimento previsto nos arts. 686 a 689 poderá ser substituído, a requerimento do exe-quente, por alienação realizada por meio da rede mundi-al de computadores, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ou privadas

em convênio com eles firmado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. O Conselho da Justiça Federal e os Tribunais de Justiça, no âmbito das suas respectivas competências, regulamentarão esta modalidade de alie-nação, atendendo aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas na legislação sobre certificação digital. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 690. A arrematação far-se-á mediante o pa-gamento imediato do preço pelo arrematante ou, no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Tratando-se de bem imóvel, quem estiver in-

teressado em adquiri-lo em prestações poderá apresen-tar por escrito sua proposta, nunca inferior à avaliação, com oferta de pelo menos 30% (trinta por cento) à vista, sendo o restante garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o As propostas para aquisição em prestações,

que serão juntadas aos autos, indicarão o prazo, a mo-dalidade e as condições de pagamento do saldo. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 3o O juiz decidirá por ocasião da praça, dando o

bem por arrematado pelo apresentante do melhor lanço ou proposta mais conveniente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 4o No caso de arrematação a prazo, os paga-

mentos feitos pelo arrematante pertencerão ao exequen-te até o limite de seu crédito, e os subsequentes ao exe-cutado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 690-A. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus bens, com exce-ção: (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - dos tutores, curadores, testamenteiros, adminis-tradores, síndicos ou liquidantes, quanto aos bens confi-ados a sua guarda e responsabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja ad-ministração ou alienação estejam encarregados; (Incluí-do pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - do juiz, membro do Ministério Público e da De-fensoria Pública, escrivão e demais servidores e auxilia-res da Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. O exequente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a exibir o preço; mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação e, neste caso, os bens serão levados a nova praça ou leilão à custa do exequente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 691. Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, será preferido aque-le que se propuser a arrematá-los englobadamente, oferecendo para os que não tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os demais o de maior lanço.

Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Page 104: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 104

Parágrafo único. Será suspensa a arrematação lo-go que o produto da alienação dos bens bastar para o pagamento do credor. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Art. 693. A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato, nele mencionadas as condições pelas quais foi alienado o bem. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. A ordem de entrega do bem mó-vel ou a carta de arrematação do bem imóvel será expe-dida depois de efetuado o depósito ou prestadas as garantias pelo arrematante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo arrema-tante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrema-tação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embar-gos do executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o A arrematação poderá, no entanto, ser torna-

da sem efeito: (Renumerado com alteração do paragrafo único, pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - por vício de nulidade; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) di-as seguintes, a existência de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação (art. 746, §§ 1

o e 2

o); (Redação

dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - quando realizada por preço vil (art. 692); (In-cluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o No caso de procedência dos embargos, o e-

xecutado terá direito a haver do exequente o valor por este recebido como produto da arrematação; caso inferi-or ao valor do bem, haverá do exequente também a diferença. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 695. Se o arrematante ou seu fiador não pa-gar o preço no prazo estabelecido, o juiz impor-lhe-á, em favor do exequente, a perda da caução, voltando os bens a nova praça ou leilão, dos quais não serão admitidos a participar o arrematante e o fiador remissos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 696. O fiador do arrematante, que pagar o va-lor do lanço e a multa, poderá requerer que a arremata-ção Ihe seja transferida.

Art. 698. Não se efetuará a adjudicação ou aliena-ção de bem do executado sem que da execução seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo me-nos 10 (dez) dias de antecedência, o senhorio direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada, que não seja de qualquer modo parte na exe-cução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 701. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80% (oitenta por cento) do valor da

avaliação, o juiz o confiará à guarda e administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1(um) ano.

§ 1o Se, durante o adiamento, algum pretendente

assegurar, mediante caução idônea, o preço da avalia-ção, o juiz ordenará a alienação em praça.

§ 2o Se o pretendente à arrematação se arrepen-

der, o juiz Ihe imporá a multa de 20% (vinte por cento) sobre o valor da avaliação, em benefício do incapaz, valendo a decisão como título executivo.

§ 3o Sem prejuízo do disposto nos dois parágrafos

antecedentes, o juiz poderá autorizar a locação do imó-vel no prazo do adiamento.

§ 4o Findo o prazo do adiamento, o imóvel será ali-

enado, na forma prevista no art. 686, Vl.

Art. 702. Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a requerimento do devedor, ordenará a alienação judicial de parte dele, desde que suficiente para pagar o credor.

Parágrafo único. Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em sua integridade.

Art. 703. A carta de arrematação conterá: (Reda-ção dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - a descrição do imóvel, com remissão à sua ma-trícula e registros; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - a cópia do auto de arrematação; e (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

III - a prova de quitação do imposto de transmis-são. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 704. Ressalvados os casos de alienação de bens imóveis e aqueles de atribuição de corretores da Bolsa de Valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 705. Cumpre ao leiloeiro:

I - publicar o edital, anunciando a alienação;

II - realizar o leilão onde se encontrem os bens, ou no lugar designado pelo juiz;

III - expor aos pretendentes os bens ou as amos-tras das mercadorias;

IV - receber do arrematante a comissão estabele-cida em lei ou arbitrada pelo juiz;

V - receber e depositar, dentro em 24 (vinte e qua-tro) horas, à ordem do juiz, o produto da alienação;

Vl - prestar contas nas 48 (quarenta e oito) horas subsequentes ao depósito.

Art. 706. O leiloeiro público será indicado pelo e-xequente. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 707. Efetuado o leilão, lavrar-se-á o auto, que poderá abranger bens penhorados em mais de uma exe-cução, expedindo-se, se necessário, ordem judicial de entrega ao arrematante. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Seção II Do Pagamento ao Credor

Page 105: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 105

Subseção I Das Disposições Gerais

Art. 708. O pagamento ao credor far-se-á:

I - pela entrega do dinheiro;

II - pela adjudicação dos bens penhorados;

III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.

Subseção II Da Entrega do Dinheiro

Art. 709. O juiz autorizará que o credor levante, até a satisfação integral de seu crédito, o dinheiro deposita-do para segurar o juízo ou o produto dos bens alienados quando:

I - a execução for movida só a benefício do credor singular, a quem, por força da penhora, cabe o direito de preferência sobre os bens penhorados e alienados;

II - não houver sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou preferência, instituído anteriormente à penhora.

Parágrafo único. Ao receber o mandado de levan-tamento, o credor dará ao devedor, por termo nos autos, quitação da quantia paga.

Art. 710. Estando o credor pago do principal, juros, custas e honorários, a importância que sobejar será restituída ao devedor.

Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à prefe-rência, receberá em primeiro lugar o credor que promo-veu a execução, cabendo aos demais concorrentes direi-to sobre a importância restante, observada a anteriorida-de de cada penhora.

Art. 712. Os credores formularão as suas preten-sões, requerendo as provas que irão produzir em audi-ência; mas a disputa entre eles versará unicamente so-bre o direito de preferência e a anterioridade da penhora.

Art. 713. Findo o debate, o juiz decidirá. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Subseção IV Do Usufruto de Móvel ou Imóvel (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 716. O juiz pode conceder ao exequente o u-sufruto de móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 717. Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exequente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatí-cios. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 718. O usufruto tem eficácia, assim em rela-ção ao executado como a terceiros, a partir da publica-ção da decisão que o conceda. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 719. Na sentença, o juiz nomeará administra-dor que será investido de todos os poderes que concer-nem ao usufrutuário.

Parágrafo único. Pode ser administrador:

I - o credor, consentindo o devedor;

II - o devedor, consentindo o credor.

Art. 720. Quando o usufruto recair sobre o quinhão do condômino na co-propriedade, o administrador exer-cerá os direitos que cabiam ao executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 721. E lícito ao credor, antes da realização da praça, requerer-lhe seja atribuído, em pagamento do crédito, o usufruto do imóvel penhorado.

Art. 722. Ouvido o executado, o juiz nomeará peri-to para avaliar os frutos e rendimentos do bem e calcular o tempo necessário para o pagamento da dívida. (Reda-ção dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 1o Após a manifestação das partes sobre o lau-

do, proferirá o juiz decisão; caso deferido o usufruto de imóvel, ordenará a expedição de carta para averbação no respectivo registro. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

§ 2o Constarão da carta a identificação do imóvel e

cópias do laudo e da decisão. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Art. 723. Se o imóvel estiver arrendado, o inquilino pagará o aluguel diretamente ao usufrutuário, salvo se houver administrador.

Art. 724. O exequente usufrutuário poderá cele-brar locação do móvel ou imóvel, ouvido o executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Parágrafo único. Havendo discordância, o juiz de-cidirá a melhor forma de exercício do usufruto. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Seção III Da Execução Contra a Fazenda Pública

Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor em-bargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no pra-zo legal, observar-se-ão as seguintes regras: (Vide Lei nº 8.213, de 1991) (Vide Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;

II - far-se-á o pagamento na ordem de apresenta-ção do precatório e à conta do respectivo crédito.

Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a or-dem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o sequestro da quantia necessária para satisfazer o débito.

PROCESSO DE EXECUÇÃO

Distinção entre tutela cognitiva e executiva

Até a edição da Lei nº 11.232, de 22 de dezembro de 2005, a fronteira entre a tutela cognitiva e a executiva era evidente, incontestável. Com efeito, não obstante fizessem parte da mesma estrutura, o processo de conhecimento e o de execução eram tutelas judiciais autônomas e distintas. No processo de conhecimento, ou cognição, o Estado-juiz se limitava a formular, no caso de sentença definitiva, a regra jurídica concreta que deveria disciplinar a situação litigiosa, ou seja, a decisão judicial estabelecia o direito do credor e a respectiva obrigação do réu. Já o processo de execução se mostrava como o caminho para fazer atuar, por meio de

Page 106: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 106

medidas coativas, a norma jurídica concreta estabelecida no processo de conhecimento; isto é, enquanto no processo de conhecimento o Estado-juiz declarava o direito para o caso concreto, no processo de execução o Estado-juiz ―realizava o direito‖, normalmente por meio de medidas que visavam à expropriação de bens do patrimônio do devedor, mesmo que contra a sua vontade (força estatal), a fim de pagar o credor (satisfação do crédito).

Não obstante a distinção retromencionada indicasse uma patente interligação entre o processo de conhecimento e de execução, no sentido de que estes se completavam como peças de um quebra-cabeça, há que observar que nem sempre o processo de execução era precedido de um processo de conhecimento. De fato, a lei autorizava, e autoriza, que o processo de execução seja ajuizado com arrimo em certos títulos, a quem a lei confere eficácia executiva (art. 585, CPC), considerando que neles já se acha contida a norma jurídica disciplinadora das relações entre as partes, com suficiente certeza para que o credor se tenha por habilitado a pleitear, desde logo, a realização dos atos materiais tendentes a efetivá-la. Em outras palavras, os titulares dos títulos a quem a lei confere força executiva estão dispensados de ajuizar o processo de conhecimento, podendo demandar diretamente a tutela executiva (v. g., letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque, contratos de hipoteca, contratos de aluguel etc.).

Embora este belo sistema tenha tão apropriadamente estruturado a tutela cognitiva e executiva, já há longo tempo que ele vinha apresentando sinais de esgotamento, não mais se mostrando capaz de atender à demanda de uma sociedade moderna, que exige cada vez com mais veemência um Judiciário que não se apresente apenas como formalmente justo, mas que sua atuação realmente faça justiça, atendendo no tempo próprio às necessidades dos jurisdicionados.

Esta demanda por uma justiça mais célere tem provocado uma série de reformas das leis brasileiras, sendo inegável que o Código de Processo Civil é o alvo mais constante. Muito se critica o seu excesso de formalidades, de recursos e, principalmente, a sua incapacidade para efetivamente realizar o direito reconhecido‘ no processo cognitivo.

Sensível, em especial, às muitas críticas que se fazem à demora e ineficiência do processo executivo, o legislador já vinha há algum tempo fazendo pequenas reformas que buscam tornar mais efetivo o comando emanado na sentença. A este respeito vejam-se as alterações feitas nos arts. 461 e 461-A pelas Leis nº 8.952/94 e 10.444/02.

Mais recentemente veio a lume a já citada Lei nº 11.232/05, que, buscando simplificar e agilizar a execução dos títulos judiciais, a fim de torná-la mais eficaz e menos custosa, alterou o processo de conhecimento, que agora não mais termina com a sentença procedente positiva, mas se estende até que se realize efetivamente o direito reconhecido e declarado na decisão judicial. Em resumo, agora, de forma geral, a execução fundada em título judicial é ―fase‖ do processo de conhecimento. Isto absolutamente não quer dizer que a execução em si foi eliminada, e nem poderia, apenas esta deixou de constituir uma tutela autônoma, distinta, passando a compor o procedimento do próprio processo de conhecimento, como uma última fase onde se

realizará, por meio de atos executivos e respeitando-se os princípios e pressupostos que até então eram características específicas da ação de execução, o direito reconhecido na sentença. Como se vê, a Lei nº 11.232/05 procedeu com a integração das atividades cognitivas e executivas num só processo.

As alterações introduzidas trouxeram inegáveis vantagens para o credor. Com efeito, além da simplificação de alguns procedimentos, que serão citados e explicados em capítulo próprio, a transformação do processo de execução fundado em título judicial em ―fase‖ do processo de conhecimento tem como um de seus principais condões a dispensa de nova citação do devedor; isto é, agora não serão mais dois processos distintos, mas apenas um processo (de conhecimento). Em outras palavras, sendo a execução feita no mesmo processo, não há mais que se falar em petição inicial, contrafé, citação e recolhimento de novas taxas.

Todavia, as referidas alterações eram apenas parte do pacote. De fato, o legislador, pouco menos de um ano após a publicação da Lei nº 11.232/05, trouxe a lume a Lei nº 11.382, de 6 de dezembro de 2006, que basicamente reformulou as normas que tratam do ―processo de execução‖, assim considerando, regra geral, apenas as execuções fundadas em título extrajudicial (art. 585, CPC). Entre as principais alterações devem-se destacar: a possibilidade de o credor indicar na petição inicial os bens que devem ser preferencialmente penhorados; a possibilidade de o devedor requerer o parcelamento do débito; a possibilidade, entre os meios executórios, de o credor requerer a adjudicação do bem ou a sua venda por iniciativa particular ou através de agentes credenciados; a possibilidade de o devedor interpor embargos sem antes ter seguro o juízo pela penhora.

Com a esperada Lei nº 11.382/06, o legislador trouxe novamente coerência ao sistema, estabelecendo, como disse, que, regra geral, o processo de execução passa a abranger apenas as ações fundadas em títulos extrajudiciais; ou seja, agora ao se estudar ou mencionar o processo de execução deve-se considerar que se trata de um processo arrimado num dos títulos indicados no art. 585 do CPC. Já os títulos indicados no art. 475-N do CPC arrimam, por sua vez, não mais um ―processo de execução‖, mas uma ―fase‖ executória do processo de conhecimento. Entretanto, não se deve olvidar da execução contra a Fazenda Pública, ainda sujeita ao processo de execução mesmo que arrimada em título judicial (arts. 730 e 731, CPC), assim como o processo de execução de alimentos (arts. 732 a 735, CPC).

Após tantas reformas, as fronteiras entre o processo de conhecimento e de execução nunca mais serão como no passado, tão claras e evidentes. Na verdade, o que se vê é que o legislador preferiu sacrificar um duvidoso tecnicismo em favor de medidas que buscam dar efetividade ao processo, seja ele de conhecimento ou de execução.

Princípios informativos

Princípios são normas jurídicas, escritas ou não, que informam e guiam o sistema jurídico, servindo de parâmetros tanto para o legislador como para aqueles que militam na área jurídica, à medida que apresentam um prévio juízo de valor sobre as normas jurídicas. Além de estar sujeito aos princípios processuais gerais, o

Page 107: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 107

processo de execução e agora também a ―fase‖ executiva do processo de conhecimento têm seu próprio grupo de princípios, cujo conhecimento é fundamental para a compreensão da tutela executiva. Embora não haja uma lista taxativa, apontam-se a seguir alguns dos princípios mais citados na doutrina brasileira:

I — princípio do título:

Embora o art. 583 do CPC tenha sido expressamente revogado pela Lei nº 11.382/06, o princípio do título permanece. Com efeito, o processo executivo deve necessariamente arrimar-se num título (art. 580, CPC), assim reconhecido o documento que, segundo normas legais, declara, ou reconhece, o direito do credor. Também a fase executiva do processo de conhecimento arrima-se necessariamente num dos títulos apontados no art. 475-N do CPC.

II — princípio da patrimonialidade:

Toda execução é real, ou seja, só pode alcançar o patrimônio do devedor, vedando-se a coerção pessoal por meio da prisão civil, salvo nos casos expressamente autorizados pela própria Constituição Federal (art. 5º, LXVII). Com efeito, o processo executivo e a fase executiva do processo de conhecimento visam, regra geral, os bens, presentes e futuros, do devedor (art. 591, CPC), na chamada ―responsabilidade originária‖, embora a execução possa acabar por sujeitar também o patrimônio de outras pessoas que não figuram como devedoras, na chamada ―responsabilidade secundária‖, por exemplo: sucessor a título singular; sócio; cônjuge, terceiros que tenham adquirido bens em fraude de execução (arts. 592 e 593, CPC).

III — princípio da utilidade e da satisfação:

Por força destes princípios os atos executivos não podem ser usados como simples forma de castigar o devedor (art. 620, CPC), sem que apresentem efetivamente qualquer vantagem ao credor, devendo, ademais, se limitarem ao quanto necessário para a satisfação do crédito (art. 653, CPC).

IV — princípio da disponibilidade:

O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução, seja ela provisória ou definitiva, ou de apenas algumas medidas executivas (art. 569, CPC), independentemente da concordância ou não do devedor. No caso de terem sido interpostos embargos, estes serão extintos se versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; nos demais casos, a extinção dos embargos dependerá da concordância do embargante.

Pressupostos específicos

Pressupostos processuais constituem condição para o estabelecimento válido da relação jurídica processual. A doutrina tradicionalmente classifica os pressupostos processuais em: I — ―pressupostos de existência‖, que demandam seja o processo iniciado por meio de petição inicial, distribuída ou protocolada perante órgão do Poder Judiciário, que é quem tem jurisdição, e, por fim, a citação válida do réu, que completa a relação jurídica processual; II— ―pressupostos de validade‖, que se subdividem em: subjetivos, que demandam a presença de um juiz regularmente investido (princípio do juiz natural), competente, segundo as normas de organização judiciária, e imparcial, e parte que tenha capacidade processual e esteja regularmente

representada por advogado ou pelo Ministério Público, que têm capacidade postulatória; objetivos, que envolvem a inexistência de fatos impeditivos (v. g.,

litispendência, perempção, coisa julgada, convenção de arbitragem etc.), e a subordinação às normas legais (v. g., petição inicial elaborada nos termos do art. 282 do CPC; apresentação do instrumento de mandato; escolha correta do procedimento etc.).

Assim como ocorre em relação aos princípios, o processo de execução e a fase de execução do processo de conhecimento, além de estarem sujeitos aos pressupostos gerais do direito processual civil e às condições da ação, possuem dois pressupostos específicos, ou, como preferem alguns doutrinadores, requisitos necessários, quais sejam: inadimplência do devedor; existência de título executivo.

Inadimplência do devedor

O primeiro dos pressupostos específicos diz respeito à―inadimplência do devedor‖, que, segundo o art. 580 do CPC, com a redação que lhe deu a Lei nº 11.382/06, se caracteriza quando o devedor não satisfaz espontaneamente obrigação certa, líquida e exigível. Com efeito, da inadimplência do devedor surge o interesse de agir para o credor. Neste sentido, a norma do art. 581 do CPC, que declara que ―o credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la‖.

No caso de a obrigação envolver prestações recíprocas, somente depois de cumprir a sua obrigação poderá a parte exigir o implemento da do outro; ou seja, nos contratos bilaterais, o interesse processual à tutela executiva só nasce após o cumprimento da contraprestação.

Destarte, no caso de o credor ajuizar processo de execução sem ter cumprido a sua parte na obrigação, o devedor poderá se opor a ela suscitando a ―exceção do contrato não cumprido‖ (exceptio non adimpleti contractus), conforme norma prevista no art. 476 do Código Civil. No caso de o devedor desejar exonerar-se da sua prestação, exigindo o cumprimento do contrato, poderá fazê-lo depositando em juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a execução, não permitindo que o credor a receba, sem cumprir a contraprestação que lhe tocar (art. 582, CPC).

Título executivo

Título executivo pode ser conceituado como o documento que, regularmente constituído, legitima o credor de uma obrigação líquida, certa e exigível, a promover o processo de execução (art. 580, CPC), ou a iniciar a fase executiva do processo de conhecimento (arts. 475-I e 475-N, CPC). Deve-se ressaltar, inclusive, que o processo de execução pode estar fundado em mais de um título. Neste sentido, a Súmula 27 do STJ: ―Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio.‖

Já o art. 586, do mesmo diploma legal, informa que ―a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em obrigação cena, líquida e exigível‖, assim entendido o crédito perfeitamente determinado quanto ao seu valor, qualidade e quantidade, sobre o qual não haja dúvidas

Page 108: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 108

quanto a sua existência e, por fim, que não esteja sob dependência de termo ou condição, na chamada execução diferida (art. 572, CPC).

No mesmo diapasão, declara ainda o CPC, art. 618, inciso 1, que é nula a execução se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível.

Já no caso dos títulos judiciais que não determinem o valor devido, o credor deve primeiramente promover a sua liquidação, conforme procedimento previsto nos arts. 475-A a 475-H do CPC, objeto de capítulo próprio nesta obra. Na eventualidade de a sentença possuir uma parte líquida e outra ilíquida, o CPC, art. 586, § 2º, faculta ao credor promover simultaneamente a execução da parte líquida e a liquidação da parte ilíquida.

Títulos executivos judiciais

O art. 475-N do CPC declara que são títulos executivos judiciais:

I — a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia:

A redação anterior deste inciso declarava apenas que constituía título executivo judicial ―a sentença condenatória proferida no processo civil‖. Considerando que a nova sistemática implantada pela Lei nº 11.232/05 tornou fase do processo de conhecimento a execução da sentença, o legislador preferiu especificar individual-mente a natureza do provimento concedido pela decisão judicial, mormente porque passou a prever procedimentos próprios, específicos, para cada situação (fazer, não fazer, entregar e pagar).

II — a sentença penal condenatória transitada em julgado:

O art. 91, inciso 1, do Código Penal, declara ser efeito da sentença penal ―tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime‖. Sendo assim, a vítima, seu representante ou herdeiros e, até excepcionalmente, o Ministério Público podem ajuizar processo executivo em face do réu. Qualquer que seja o exeqüente, deve este previamente proceder com a liquidação da sentença (arts. 475-A a 475-H, CPC), quando for necessário, a fim de apurar-se o quanto é devido (quantum debeatur).

III — a sentença homologatória de conciliação ou transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo:

A sentença que homologa acordo é sentença de mérito (art. 269, III, CPC), e faz coisa julgada entre as partes, o que enseja a execução de preceitos condenatórios. A parte final (―ainda que inclua matéria não posta em juízo‖), acrescentada pela Lei nº 11.232/05, procura deixar claro que o objeto do acordo pode ser cobrado em execução, mesmo que parte da matéria não fosse originalmente objeto da demanda.

IV — a sentença arbitral:

Ao incluir a sentença arbitral no rol dos títulos executivos judiciais, o legislador deu a ela a mesma eficácia da sentença proferida pelo juiz togado.

V — o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente:

Este inciso foi acrescentado pela Lei nº 11.232/05 e apenas ratifica o que tradicionalmente já vinha acontecendo. Com efeito, a fim de dar segurança jurídica aos acordos, qualquer que fosse a matéria (reconhecimento de dívidas; fixação de pensão alimentícia; resilição de contrato etc.), as partes buscavam a chancela do Poder Judiciário, a fim de dar à avença natureza de título judicial. Ao expressamente mencionar o tema, o CPC não apenas confirma o acerto do que já vinha acontecendo, como se disse, como também procura incentivar ainda mais a transação extrajudicial.

VI — a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça:

Num mundo globalizado, onde proliferam negócios envolvendo cidadãos de países diferentes, a boa convivência entre os povos e a manutenção de relações amistosas e comerciais exigem que os Estados, embora soberanos e independentes, estabeleçam, por meio de acordos internacionais, regras que levem um Estado a acatar, dentro de certos limites, as decisões proferidas por juízes de outros Estados. No Brasil, a sentença proferida no estrangeiro, a fim de gerar efeitos em nosso território, deve ser previamente homologada pelo STJ (art. 483, CPC). Homologada, a sentença estrangeira será executada por carta de sentença extraída dos autos da homologação, junto a um dos juízes federais (art. 484, CPC; art. 109, X, CF).

VII — o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal:

Estes títulos têm força executiva, quanto a eventuais preceitos condenatórios, apenas em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título universal ou singular; em outras palavras, não recebendo o herdeiro os bens que compõem o seu quinhão, poderá exigir a entrega por via executiva.

Títulos executivos extrajudiciais

O art. 585 do CPC, com a redação que lhe deu a Lei nº 11.382/06, declara que são títulos executivos extrajudiciais: I — a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II — a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; III — os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; IV — o crédito decorrente de foro de laudêmio; V — o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI — o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII— a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, do Estado, do Distrito Federal, do Território e do Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII — todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva (v. g., cédula

hipotecária, a cédula de crédito rural, a cédula e a nota de crédito à exportação, a cédula de crédito bancário, contrato escrito de honorários advocatícios etc.).

Page 109: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 109

Espécies de execução

O processo de execução se apresenta diferente conforme o ângulo pelo qual se analisam as suas características, por exemplo:

I — quanto à natureza do título:

Depois da Lei nº 11.232/05, o processo de execução deve, regra geral, ser apenas aquele fundado em título extrajudicial; contudo, considerando que no caso da Fazenda Pública (arts. 730 e 731, CPC) e execução de alimentos (arts. 732 a 735, CPC) ainda se faz necessário o ajuizamento de ―processo de execução‖, pode-se, por ora, afirmar que ainda existem, quanto à natureza do título, duas espécies de processo executivo, aqueles fundados em título executivo judicial, como no caso dos exemplos retromencionados, e aqueles arrimados em título executivo extrajudicial (art. 585, CPC).

II — quanto à natureza da prestação devida:

Tanto na fase executiva do processo de conhecimento quanto no processo de execução podem-se distinguir, quanto à natureza da prestação devida, três espécies de execução: execução para entrega de coisa certa ou incerta; execução de obrigações de fazer ou de não fazer; execução por quantia certa contra devedor solvente, na chamada execução singular, e contra devedor insolvente, na denominada execução coletiva.

III — quanto ao processo:

A fase executiva do processo de conhecimento pode ser simultânea ou sucessiva. Considera-se ―simultânea‖ quando a sentença se apresenta com uma parte líquida e outra ilíquida, o que permite ao credor simultaneamente executar a parte líquida e proceder com a liquidação da parte ilíquida. Por outro lado, caracteriza-se a execução sucessiva quando a sentença for toda ilíquida, demandando que o credor primeiro proceda com a sua liquidação.

IV — quanto à eficácia do título executivo:

Tanto o processo de execução quanto a fase executiva do processo de conhecimento podem ainda ser classificados, quanto à eficácia do título executivo, em execução definitiva ou provisória.

Execução provisória e definitiva

Considerando a natureza da tutela executiva, que, como já se disse, objetiva a realização do direito reconhecido na sentença ou em um título com força executiva, normalmente por meio de atos que levam à expropriação ou desapossamento de bens do devedor, a execução deveria ser, por princípio, sempre ―definitiva‖. Todavia, atendendo a considerações de ordem prática, mormente a questão da excessiva demora para o julgamento dos recursos, fato que pode trazer irrecuperáveis prejuízos ao credor, o legislador optou por permitir, sob certas circunstâncias, a ―execução provisória‖, seja de sentenças ou de processo de execução fundado em título extrajudicial. Neste sentido a norma do art. 475-1, § 1º, do CPC: “É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.”; e a norma do art. 587 do mesmo diploma legal: ―~ definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de

improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).”

A execução provisória, nascida do desejo do legislador de preservar os direitos do credor, tem características próprias que procuram garantir não sofra o devedor prejuízos irreparáveis. Com efeito, o art. 475-O do CPC, com a redação que lhe deu a Lei nº

11.232/05, declara:

Art. 475 - O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:

I— corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que o executado haja sofrido;

II—fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;

III — o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 1º - No caso do inciso II deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.

§ 2º - A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada: I — quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; II— nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação.

§ 3º - Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, §1º-: I — sentença ou acórdão exeqüendo; II — certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; 111 — procurações outorgadas pelas partes; IV — decisão de habilitação, se for o caso; V — facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

A lei expressamente declara que a execução provisória corre por ―iniciativa, conta e responsabilidade‖ do credor, que fica obrigado a indenizar, nos próprios autos do processo principal, todos os prejuízos comprovados do devedor. Outro ponto que merece destaque é aquele que exige caução suficiente e idônea, no sentido de que esta seja realmente capaz de garantir os danos do executado, para o caso de levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade. Observe-se, no entanto, que a cautela do juiz não deve inviabilizar o objetivo da lei, que é possibilitar a satisfação do crédito o mais breve possível.

Ressalte-se que a ―execução definitiva‖ é processada nos autos principais, ou em autos próprios, no caso de títulos extra-judiciais. De fato, findo o processo de

Page 110: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 110

conhecimento, transitada em julgado a sentença judicial, os autos do processo retornam à origem, onde, mediante provocação do credor e presentes os pressupostos necessários, terá início a atividade jurisdicional satisfativa. Já a ―execução provisória‖ deverá ser processada em autos suplementares, formados pelo próprio exeqüente, conforme § 3º do art. 475-O do CPC.

A situação é um pouco diferente no caso do processo de execução, fundado em título extrajudicial, vez que de acordo com as novas disposições trazidas pela Lei nº 11.382/06, os embargos à execução devem, segundo o parágrafo único do art. 736 do CPC, ser distribuídos por dependência e autuados em apartado, não mais tendo o efeito de suspender a execução, salvo quando o juiz, a requerimento do embargante, excepcionalmente conceder o efeito suspensivo (art. 739-A, CPC). Note-se que a norma legal nem mesmo recomenda sejam os embargos autuados em apenso, mostrando a disposição do legislador de não permitir que os embargos representem um embaraço para o bom andamento da execução. Salvo no caso, como se disse, de concessão de efeito suspensivo, a simples interposição dos embargos não impede o andamento regular da execução, inclusive com a possibilidade da arrematação do bem penhorado sem prévia caução, como se depreende do § 2º do art. 694 do CPC: “No caso de procedência dos embargos, o executado terá direito a haver do exeqüente o valor por este recebido como produto da arrematação; caso inferior ao valor do bem, haverá do exeqüente também a diferença.”

Suspensão da execução

Iniciado, o processo deve seguir a sua marcha natural até o fim, qualquer que seja o procedimento aplicável ao caso, com a prolação da sentença (arts. 456 e 795, CPC). Ressalte-se, por cautela, que, a partir da vigência da Lei nº 11.232/05, a sentença de mérito positiva nem sempre terá a força de extinguir o processo, que poderá se estender numa fase executiva.

Qualquer que seja o caso, ação de execução ou simplesmente fase executiva do processo de conhecimento, durante o trâmite do feito podem ocorrer acontecimentos que provoquem a sua paralisação temporária, ficando o procedimento legalmente impedido de prosseguir (art. 266, CPC). Neste período de ―suspensão‖, e defeso às partes praticar quaisquer atos processuais, salvo providências cautelares urgentes (art. 793, CPC).

Os arts. 745-A, 791 e 792 do CPC, que, além de aplicáveis ao processo de execução, se aplicam também à fase executiva do processo de conhecimento, conforme o art. 475-R do CPC, acrescido pela Lei nº 11.232/05, declaram expressamente que se suspende a execução:

I — no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução (art. 739-A):

Os embargos constituem o meio de que dispõe o devedor para resistir aos atos executivos e, segundo a melhor doutrina, têm natureza jurídica de ―ação de cognição incidental‖. Observe-se, no entanto, que os embargos não devem ser vistos como ―uma resposta‖ do executado, mesmo porque no processo executivo não há contraditório, mas como uma ação que impugna os pres-supostos da ação executiva, procurando desconstituí-la ou, ao menos, alterar o seu limite e extensão. Os

embargos do executado podem, por sua vez, ser de duas espécies: embargos à execução; embargos à arrematação e à adjudicação.

Regra geral, os embargos do executado não terão efeito suspensivo, conforme norma do art. 739-A do CPC, acrescida pela Lei nº 11.392/06, no entanto, segundo o § 1º do referido artigo, “o juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes”.

Não se deve ainda olvidar de que após a Lei n~ 11.232/05 os embargos não mais constituem o meio adequado para que o executado resista ao procedimento executivo arrimado em título judicial, salvo no caso de sentença que seja desfavorável à Fazenda Pública, vez que neste caso a cobrança continua sujeita ao ―processo de execução‖ (arts. 730 e 731, CPC), possibilitando à Fazenda a interposição de embargos (art. 741, CPC). Nestes casos, título judicial, o executado deve, nos termos do § 1º do art. 475-J do CPC, oferecer ―impugnação‖, que embora também seja, de regra, desprovida de efeito suspensivo, pode tal efeito ser-lhe atribuído se relevantes os seus fundamentos e prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação (art. 475-M, CPC).

II — nas hipóteses previstas no art. 265, I a III:

Os incisos referidos declaram que se suspende o processo:

I — pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador (arts. 1.055 a 1.062, CPC);

II — pela convenção das partes, até o máximo de 6 meses (§3º); III — quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz.

III — quando o devedor não possuir bens penhoráveis:

A falta de bens penhoráveis impossibilita a execução, que tem como objetivo dar satisfação ao crédito do credor, normalmente, como já se disse, por meio da expropriação de bens do devedor. Não havendo bens, o processo é suspenso e enviado ao arquivo, onde aguardará eventual manifestação do credor apontando a descoberta de bens do devedor sujeitos à penhora, ou pedido do devedor no sentido de que seja a execução declarada extinta em razão da ocorrência da prescrição, que deve ser calculada segundo as regras previstas nos arts. 189 a 206 do Código Civil.

Na execução fiscal, em não sendo encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, a execução será suspensa pelo prazo máximo de 1 (um) ano, sendo que durante o período de suspensão não corre o prazo prescricional (Súmula 314 do STJ:

“Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente.»). Findo o referido prazo sem que sejam

Page 111: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 111

encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos (art. 40, LEF).

IV — pedido das partes:

Comum na prática forense que as partes busquem o cumprimento voluntário da obrigação mesmo depois do ajuizamento da ação de execução. Normalmente, isto ocorre quando o credor concede um prazo para o cumprimento voluntário da obrigação, ou quando este concede um parcelamento do débito, nas obrigações pecuniárias. Havendo transação, as partes podem requerer ao juiz que suspenda a execução pelo prazo convencionado. No caso de nova inadimplência, o processo retomará seu curso normal mediante pedido do credor.

V — parcelamento do débito a pedido do devedor:

Novidade de discutível legalidade trazida pela Lei n~ 11.382/06,0 novo artigo 745-A do CPC permite que o executado deposite, no prazo para embargos, de forma parcelada o valor que lhe é cobrado (30% a vista, mais seis parcelas mensais), desde que ele reconheça o crédito do exeqüente, inclusive custas e honorários de advogado.

Informa o § 1º do referido artigo que, “sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito”.

Extinção do processo executivo

Sabendo-se que o objetivo do processo executivo é a satisfação do credor, este só se extingue, em regra, quando se alcançar este objetivo. De fato, o art. 794 do CPC informa que se extingue a execução quando: I — o devedor satisfaz a obrigação: embora o texto mencione apenas o devedor, o pagamento pode ser feito até mesmo por terceiros (art. 304, CC); II — o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida: remissão é perdão da dívida, a sua liberação graciosa, e pode ocorrer por simples liberalidade do credor ou em razão de novação, compensação, dação em pagamento e transação; III — o credor renunciar ao crédito: pela renúncia, o credor voluntariamente abre mão de seu direito material, o que demanda a extinção do processo executivo.

A Lei nº 11.232/05 não estabeleceu a necessidade de uma ―decisão judicial‖ que ponha fim à ―fase executiva‖ que foi incorporada ao próprio processo de conhecimento. Arrimados no novo art. 475-R do CPC, introduzido pela referida lei, poder-se-ia dizer que esta fase executiva também deveria ser extinta por uma nova sentença (art. 795, CPC), que declarasse, conforme o caso, o fim da obrigação. Todavia, tal solução encontra evidentes problemas, vez que o processo de conhecimento, do qual a fase executiva faz pane, já foi sentenciado; sem novo ―processo‖, seria incorreto falar-se em nova sentença, mesmo que simplesmente para declarar cumprida a obrigação. De outro lado, entender que o silêncio do legislador indica que cumprida a obrigação o juiz deve tão-somente determinar o arquivamento do feito passa a incômoda impressão de que fica faltando uma conclusão que dê segurança ao devedor e resolva eventuais questões pendentes (registro, liberação, pagamentos etc.).

De qualquer forma, é cedo para tirar conclusões; a prática e o debate irão com certeza indicar, em breve, o melhor caminho. Gediel Claudino de Araujo Júnior

O que é uma certidão?

Certidão é um documento no qual o Oficial do car-tório certifica que o registro encontra-se devidamente lavrado nos livros sob sua responsabilidade. Inde-pendente de despacho judicial e dando fé pública, o oficial reproduz, de forma autêntica e absolutamente confiável, textos de um assento ou documento arqui-vado em sua serventia, fazendo inserir na certidão, obrigatoriamente, o número do livro, da folha e do termo sob o qual foi lavrado, ou ainda o número do registro ou pasta ou caixa em que o documento en-contra-se arquivado.

No documento constam as principais informações sobre o ato, no caso o nascimento, casamento ou óbito. Se o registro tiver recebido averbações ou ano-tações após a sua lavratura, as mesmas constarão da certidão, exceto casos proibidos em lei.

A partir de 2010 todas as certidões de registro ci-vil, por provimento normativo do Conselho Nacional de Justiça, devem conter o número de matrícula, que identifica o cartório, ano do registro e livro relativos ao registro.

A certidão poderá ser emitida por meio manual, datilográfico, computadorizado ou ainda por reprodu-ção através de outros sistemas seguros autorizados em lei.

PROVA SIMULADA

01. Não havendo preceito legal nem assinação pelo

juiz, o prazo para a prática de ato processual a car-go da parte será de

(A) 48 horas. (B) 5 dias. (C) 10 dias. (D) 15 dias. (E) 20 dias. 02. Não se observará o procedimento sumário nas cau-

sas (A) cujo valor for superior a 60 vezes o valor do salário

mínimo. (B) de arrendamento rural e de parceria agrícola. (C) de cobrança de condômino de quaisquer quantias

devidas ao condomínio. (D) de ressarcimento por danos em prédio urbano. (E) de cobrança de seguro, relativamente aos danos

causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo

de execução. 03. É correto afirmar que (A) conclusos os autos, o juiz mandará processar a ex-

ceção, ouvindo o excepto dentro de 15 dias. (B) a confissão espontânea somente poderá ser feita

pela própria parte. (C) a suscitação do incidente de falsidade não suspende-

rá o processo principal. (D) publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para

corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexa-tidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo.

Page 112: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 112

(E) a desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, obsta o prosseguimento da re-convenção.

04. Na contestação, o réu não poderá, antes de discutir o

mérito, alegar (A) nulidade de citação. (B) perempção. (C) litispendência. (D) conexão. (E) incompetência relativa. 05. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e

suspensivo quando interposta de sentença que (A) homologar a divisão ou a demarcação. (B) condenar a prestação de alimentos. (C) julgar procedentes os embargos à execução. (D) decidir processo cautelar. (E) confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. 06. A citação (A) não será realizada, em regra, a quem estiver assis-

tindo a qualquer ato de culto religioso. (B) será feita pelo correio, para qualquer comarca do

País, inclusive, nas ações de estado. (C) será feita pelo correio, para qualquer comarca do

País, inclusive, nos processos de execução. (D) será feita por hora certa quando, por duas vezes, o

oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio, sem o encontrar.

(E) inicial do réu é indispensável para a validade do pro-cesso, e, sendo assim, o comparecimento espontâ-neo do réu não supre a falta de citação.

07. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche

os requisitos básicos exigidos no Código de Proces-so Civil, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 dias. Se o autor não cum-prir a diligência, o juiz

(A) suspenderá o processo por 60 dias, prorrogável por mais 30.

(B) suspenderá o processo por 30 dias, prorrogável por mais 30.

(C) suspenderá o processo por 90 dias, prorrogável por mais 60.

(D) julgará extinto o processo com resolução de mérito. (E) indeferirá a petição inicial. 08. Ocorrendo a revelia, o autor (A) não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir,

salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 10 dias.

(B) poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, inde-pendentemente de promover nova citação do réu, uma vez que já ocorreram os efeitos da revelia.

(C) não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, ainda que promova nova citação do réu, uma vez que já ocorreram os efeitos da revelia.

(D) não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15 dias.

(E) poderá alterar o pedido, mas não a causa de pedir, independentemente de promover nova citação do réu, uma vez que já ocorreram os efeitos da revelia.

09. Sobre o fenômeno da assistência, é correto afirmar que

(A) a assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento, salvo no procedimento sumário, e em todos os graus de jurisdição; mas o assistente rece-be o processo no estado em que se encontra.

(B) pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sen-tença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.

(C) Não havendo impugnação dentro de 15 dias, o pedido do assistente será deferido.

(D) se qualquer das partes alegar que falta ao assisten-te interesse jurídico, o juiz determinará, após a regu-lar interrupção do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação a fim de serem autuadas em apenso.

(E) uma vez estando assistida, a parte principal ficará impedida de reconhecer a procedência do pedido ou de desistir da ação.

10. Sobre os atos processuais em geral, pode-se afir-

mar, corretamente, que (A) os atos e termos processuais dependem de forma

determinada, salvo quando a lei expressamente a dispensar.

(B) os Tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, não poderão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos.

(C) todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei.

(D) nos atos e termos processuais em que um estran-geiro figurar como parte litigante, o juiz poderá per-mitir, a seu critério, o uso do idioma estrangeiro de origem da parte.

(E) os atos processuais são sempre públicos e de livre acesso.

11. Sobre os prazos processuais, é correto afirmar que (A) o prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contí-

nuo, não se interrompendo nos feriados. (B) não podem as partes, de comum acordo, reduzir ou

prorrogar o prazo dilatório. (C) os prazos peremptórios poderão ser modificados a

critério do juiz da causa pelo prazo que julgar ne-cessário.

(D) computar-se-ão os prazos, salvo disposição em contrário, incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento.

(E) a superveniência de férias interrompe o curso do prazo.

12. Sobre os atos do juiz, é correto afirmar que (A) consistirão em sentenças, decisões interlocutórias,

apenas. (B) decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no

curso do processo, resolve questão incidente. (C) são despachos todos os demais atos do juiz (exclu-

ídas as sentenças e as decisões interlocutórias) pra-ticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, cuja forma será expressamente estabelecida por lei.

(D) não se admitem, em nenhuma hipótese, rasuras, entrelinhas ou emendas nos atos e termos proces-suais.

(E) é lícito o uso da taquigrafia, mas não da estenotipia no primeiro grau de jurisdição.

Page 113: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 113

13. Não havendo preceito legal nem assinação pelo

juiz, o prazo para a prática de ato processual a car-go da parte será de

(A) 48 horas. (B) 5 dias. (C) 10 dias. (D) 15 dias. (E) 20 dias. 14. É correto afirmar que (A) conclusos os autos, o juiz mandará processar a

exceção, ouvindo o exceto dentro de 15 dias. (B) a confissão espontânea somente poderá ser feita

pela própria parte. (C) a suscitação do incidente de falsidade não suspen-

derá o processo principal. (D) publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para

corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexa-tidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo.

(E) a desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, obsta o prosseguimento da re-convenção.

15. Na contestação, o réu não poderá, antes de discutir

o mérito, alegar (A) nulidade de citação. (B) perempção. (C) litispendência. (D) conexão. (E) incompetência relativa. Nas questões que se seguem, assinale: C – se a proposição estiver correta E – se a mesma estiver incorreta Luzia ajuizou ação em face de Pedro, requerendo que o juiz fixasse pensão alimentícia para o filho dos dois, hoje com cinco anos de idade. Regularmente citado, Pedro apresentou contestação. Com base nessa situação hipotética, julgue o item subsequente. 16. O juiz deverá extinguir o processo sem resolução de

mérito por ausência de uma das condições da ação.

A respeito dos atos processuais, julgue os itens que se seguem.

17. Ao contrário do que ocorre com os prazos estabele-

cidos pelo juiz, o prazo estabelecido pela lei é contí-nuo e não se interrompe nos feriados.

18. Em que pese a citação válida ser essencial para o

desenvolvimento regular do processo, é possível que seja suprida a sua falta ou nulidade.

19. Caso o escrivão receba a petição inicial de uma

ação de indenização por perdas e danos, a primeira providência que ele deverá adotar é entregar a peti-ção ao juiz para despachá-la.

Célia ajuizou contra Ronaldo ação de separação judicial com pedido de alimentos. No curso do processo, a autora passou a residir em outra ci-dade, por necessidade da empresa na qual tra-balha.

Com base nessa situação hipotética, julgue o próximo item.

20. Considerando tratar-se de competência relativa,

desde que haja concordância do réu, será possível Célia ter deferido o pedido de deslocamento do pro-cesso para a localidade onde atualmente reside.

Paulo teve seu carro abalroado pelo veículo condu-zido por Eduardo. Como não logrou êxito em ver seu prejuízo ressarcido por Eduardo, Paulo ajuizou ação de indenização.

Considerando essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.

21. A ausência de indicação do rol de testemunhas na

petição inicial implicará preclusão, de forma que não será possível a sua juntada posterior.

22. Deferida a petição inicial, Eduardo será citado para

oferecer contestação.

A respeito da disciplina do litisconsórcio, julgue o i-tem seguinte.

23. No litisconsórcio unitário, existem atos que, pratica-

dos por apenas um dos litisconsortes, aproveitarão a todos.

Diogo ajuizou ação contra Teresa, requerendo a sua condenação ao pagamento de R$ 30 mil a tí-tulo de danos morais e R$ 20 mil a título de da-nos materiais, em razão de prejuízos sofridos em decorrência de acidente de carro provocado pela ré. Diogo juntou à inicial documentos com-probatórios dos danos sofridos e requereu pro-va testemunhal e o depoimento pessoal de Tere-sa. Devidamente citada, a ré contestou e foi marcada audiência preliminar, na qual não hou-ve acordo entre as partes.

Com base nessa situação hipotética, julgue os itens subsequentes.

24. Marcada audiência de instrução e julgamento e

dada a natureza do litígio, o juiz poderá determinar o comparecimento de Diogo e Teresa ao início da audiência para tentar conciliar as partes, ainda que não tenha obtido acordo na audiência preliminar.

25. A audiência de instrução e julgamento poderá ser

adiada se Diogo e Teresa assim convencionarem.

Julgue os itens a seguir, acerca da ação de consig-nação em pagamento.

26. A possibilidade de efetuar a consignação em paga-

mento mediante depósito extrajudicial só existe para obrigações de pagar em dinheiro, reservando-se a outras obrigações o procedimento judicial.

27. Caso um pintor tenha sido contratado para realizar a

pintura de um muro e recebido por esse contrato pagamento adiantado, mas, a todo momento que tente executar os serviços contratados, encontre obstáculos criados pelo próprio contratante, ele po-

Page 114: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 114

derá servir-se do rito especial da ação de consigna-ção em pagamento para cumprir a sua obrigação.

Com relação às disposições gerais dos recursos, julgue os itens que se seguem.

28. A tempestividade é um dos pressupostos recursais

e, em razão dela, não serão conhecidos os recursos apresentados fora do prazo contado a partir da leitu-ra da decisão em audiência, da intimação das par-tes ou da publicação do dispositivo do acórdão em órgão oficial, ressalvando-se a possibilidade de es-se prazo, se ainda em curso, ser interrompido e to-talmente restituído à parte no caso de falecimento de seu advogado.

29. Há matérias que demandam pronunciamento de

ofício pelo julgador, de modo que, se o órgão julga-dor de uma apelação detectar que houve violação li-teral de disposição de lei, será possível a reforma da sentença recorrida, mesmo que isso piore a situ-ação do recorrente. Julgue os seguintes itens, a respeito do processo de execução.

30. Em regra, a suspensão do processo por acordo

entre as partes não pode superar o limite de seis meses, salvo quanto ao processo de execução, em que se admite que essa suspensão ultrapasse o re-ferido prazo para viabilizar acordos de parcelamento do débito.

31. A concessão de efeito suspensivo aos embargos à

execução depende da segurança do juízo e de pe-dido do executado, fixando-se, ainda, como requisi-tos alternativos a presença de risco de grave dano de difícil ou incerta reparação ou a relevância dos argumentos apresentados nos embargos.

Quanto à intervenção de terceiros, julgue os itens subsequentes.

32. O inquilino pode denunciar à lide o senhorio, caso

uma terceira pessoa ajuíze contra o primeiro ação possessória com o fim de reaver a posse do bem alugado, já que, se houver a perda da posse em ra-zão da ação, caberá ao senhorio pagar-lhe indeni-zação.

33. O alienante pode ingressar na relação processual

em que terceira pessoa reivindica a coisa vendida do adquirente como opoente com a finalidade de preservar a validade da alienação e garantir senten-ça favorável a este último.

Julgue os próximos itens, acerca da petição inicial e do pedido.

34. Os pedidos devem ser certos e determinados, de

modo que o bem jurídico pretendido esteja definido, inclusive, quanto a sua qualidade e extensão. Con-tudo, a lei prevê exceção a essa exigência, deferin-do ao autor a possibilidade de efetuar pedido gené-rico quanto à extensão do bem, em casos como os das ações universais nas quais for impossível indi-viduar os bens demandados.

35. A exemplo do que ocorre no caso de indeferimento

liminar da petição inicial, recebida a apelação e mantida a decisão recorrida, no caso do julgamento liminar da demanda repetida, os autos serão reme-tidos ao tribunal independentemente da citação do réu.

36. O advogado tem direito de: a) examinar, em cartório de justiça e secretaria de

tribunal, autos de qualquer processo, salvo o dis-posto no art. 155;

b) requerer, como procurador, vista dos autos de qual-quer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias;

c) retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por de-terminação do juiz, nos casos previstos em lei.

d) todas as alternativas estão corretas 37. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo

processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

a) entre elas houver comunhão de direitos ou de obri-gações relativamente à lide;

b) os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;

c) entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;

d) ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

e) todas as alternativas estão corretas 38. É admissível o chamamento ao processo: a) do devedor, na ação em que o fiador for réu; b) dos outros fiadores, quando para a ação for citado

apenas um deles; c) de todos os devedores solidários, quando o credor

exigir de um ou de alguns deles, parcial ou total-mente, a dívida comum.

d) todas as alternativas estão corretas 39. Compete ao Ministério Público intervir: a) nas causas em que há interesses de incapazes; b) nas causas concernentes ao estado da pessoa,

pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;

c) nas ações que envolvam litígios coletivos pela pos-se da terra rural e nas demais causas em que há in-teresse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

d) todas as alternativas estão corretas 40. É competente a autoridade judiciária brasileira

quando: a) o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, esti-

ver domiciliado no Brasil; b) no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; c) a ação se originar de fato ocorrido ou de ato prati-

cado no Brasil. d) todas estão corretas 41. Há conflito de competência: a) quando dois ou mais juízes se declaram competen-

tes; b) quando dois ou mais juízes se consideram incompe-

tentes; c) quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia

acerca da reunião ou separação de processos.

Page 115: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 115

d) todas as alternativas estão corretas 42. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições

do Código de Processo Civil, competindo-lhe: a) assegurar às partes igualdade de tratamento; b) velar pela rápida solução do litígio; c) prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à digni-

dade da Justiça; d) tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. e) todas estão corretas 43. São requisitos essenciais da carta de ordem, da

carta precatória e da carta rogatória: a) a indicação dos juízes de origem e de cumprimento

do ato; b) o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do

instrumento do mandato conferido ao advogado; c) a menção do ato processual, que Ihe constitui o

objeto; d) o encerramento com a assinatura do juiz. e) todas as alternativas estão corretas 44. A citação far-se-á: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - por edital. IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei pró-

pria. Estão corretas APENAS

a) todas estão corretas b) II e III c) I e III d) II, III e IV 45. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde

o encontrar, citá-lo: a) lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; b) portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; c) obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu

não a apôs no mandado. d) todas as alternativas estão corretas 46. Jurisdição é (A) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor

e sancionar leis que regulamentem situações jurídi-cas ocorridas na vida em sociedade.

(B) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regu-lamentar a vida social, estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.

(C) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito no caso con-creto.

(D) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o Estado a solução de um conflito de interesses.

(E) o instrumento pelo qual o Estado procede à compo-sição da lide, aplicando o Direito ao caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.

47. Suspende-se o processo (A) pela convenção de arbitragem. (B) quando o juiz acolher a exceção de litispendência. (C) quando ocorrer a confusão entre autor e réu. (D) quando o juiz acolher a alegação de perempção. (E) pela perda da capacidade processual de qualquer

das partes.

48. O juiz NÃO concederá a antecipação da tutela pre-tendida do pedido inicial se

(A) houver fundado receio de dano de difícil reparação. (B) houver fundado receio de dano irreparável. (C) ficar caracterizado o abuso do direito de defesa. (D) houver perigo de irreversibilidade do provimento

antecipado. (E) ficar caracterizado o manifesto propósito protelatório

do réu. 49. Extingue-se o processo com resolução de mérito,

quando (A) o juiz pronunciar a prescrição. (B) o juiz acolher a alegação de perempção. (C) não ocorrer a possibilidade jurídica do pedido. (D) o autor desistir da ação. (E) o juiz acolher a alegação de coisa julgada. 50. Indeferida a petição inicial, o autor poderá (A) intentar nova ação, pois do despacho de indeferi-

mento não cabe recurso. (B) interpor recurso de agravo retido. (C) apelar, mas o juiz não poderá reformar a decisão,

posto que não cabe o juízo de retratação no recurso de apelação.

(D) interpor agravo de instrumento junto ao tribunal competente.

(E) apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 horas, reformar sua decisão.

51. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe: a) manter a ordem e o decoro na audiência; b) ordenar que se retirem da sala da audiência os que

se comportarem inconvenientemente; c) requisitar, quando necessário, a força policial. d) todas as alternativas estão corretas 52. Compete ao juiz em especial: a) dirigir os trabalhos da audiência; b) proceder direta e pessoalmente à colheita das pro-

vas; c) exortar os advogados e o órgão do Ministério Públi-

co a que discutam a causa com elevação e urbani-dade.

d) todas as alternativas estão corretas 53. As provas serão produzidas na audiência nesta

ordem: a) o perito e os assistentes técnicos responderão aos

quesitos de esclarecimentos, requeridos no prazo e na forma do art. 435;

b) o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;

c) finalmente, serão inquiridas as testemunhas arrola-das pelo autor e pelo réu.

d) todas estão corretas 54. São requisitos essenciais da sentença: a) o relatório, que conterá os nomes das partes, a

suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no an-damento do processo;

b) os fundamentos, em que o juiz analisará as ques-tões de fato e de direito;

c) o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

d) todas estão corretas

Page 116: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 116

55. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciá-ria:

a) embora a condenação seja genérica; b) pendente arresto de bens do devedor; c) ainda quando o credor possa promover a execução

provisória da sentença. d) todas estão corretas 56. O artigo 6º do Código de Processo Civil dispõe que

―ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei‖. Analisando essa disposição legal e as assertivas abaixo:

I - O Ministério Público, ao ajuizar uma ação civil públi-ca, por exemplo, funciona como substituto proces-sual e possui legitimidade ordinária, face ao interes-se público revelado pela natureza do direito material que defende.

II - A associação de classe que impetra mandado de segurança coletivo em defesa dos interesses de seus membros age como substituto processual.

III - O substituto processual é aquele que age em nome próprio, na defesa de interesse alheio.

IV - Se a parte pleiteia, em nome próprio, o reconheci-mento de direito alheio, sem autorização legal, vio-lando, pois, o dispositivo citado no enunciado desta questão, a consequência será a extinção do processo com resolução do méri-to, com fundamento na carência de ação.

V - A substituição processual difere da representação processual, porque, na primeira, o substituto defen-de em nome próprio direito alheio, a exemplo do Mi-nistério Público, enquanto parte; na segunda, de-fende em nome alheio o direito alheio, como no ca-so da ação de alimentos promovida por filho menor, representado por sua genitora. Está(ão) correta(s) apenas:

a) I. b) I, II e III. c) IV e V. d) IV. e) II, III e V. 57. Em relação ao juiz e aos auxiliares da justiça, mar-

que a alternativa INCORRETA:

a) Caracteriza-se o impedimento do juiz quando, no processo, estiver postulando, como advogado da parte, seu cônjuge ou qualquer parente seu, con-sanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colate-ral até o segundo grau.

b) Caracteriza-se a suspeição de parcialidade do juiz quando este for interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes, ou quando tiver oficia-do no processo, anteriormente, como perito.

c) Os motivos de impedimento e suspeição aplicam-se ao órgão do Ministério Público, quando não for par-te, e, sendo parte, quando aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio.

d) Os motivos de impedimento e suspeição aplicam-se ao serventuário de justiça, ao perito e ao intérprete.

e) É incumbência do escrivão fornecer, independente-mente de despacho judicial, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no artigo 155 do Código de Processo Civil, que trata dos feitos que tramitam em segredo de justiça.

58. Julgue verdadeira (V) ou falsa (F) as assertivas

seguintes:

I - Em caso de desistência da ação, a sentença será definitiva de mérito e ocasionará a coisa julgada ma-terial.

II - Haverá sentença com resolução de mérito nas se-guintes situações: juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; réu reconhecer a procedência do pedido; transação entre as partes; juiz pronunciar a pe-rempção, decadência ou prescrição; o autor renun-ciar ao direito sobre que se funda a ação.

III - A citação para as ações relativas a casamento, separação judicial, divórcio, pátrio poder, tutela, cu-ratela, interdição e declaração de ausentes é feita, via de regra, pelo correio.

IV - A citação pode ser dispensada, proferindo o juiz sentença liminar, quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido pro-ferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, reproduzindo-se o teor da anterior-mente prolatada.

V - Os prazos para o Ministério Público contestar e recorrer serão computados em dobro e em quádru-plo, respectivamente. Em relação às partes litiscon-sorciadas que possuam diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para con-testar, recorrer e, de modo geral, falar nos autos. A sequência correta é

a) V-V-V-F-V. b) F-V-F-V-F. c) F-F-F-V-F. d) F-V-F-F-V. e) V-V-F-F-F. 59. Marque a alternativa INCORRETA:

a) Após a citação e o saneamento do processo, no procedimento ordinário, a alteração do pedido ou da causa de pedir não poderá ser feita sob qualquer hipótese, ainda que haja a anuência tácita ou ex-pressa do réu, em virtude do princípio da estabiliza-ção da lide.

b) Após a contestação, é lícito deduzir novas alega-ções quando competir ao juiz conhecer delas de ofí-cio; matérias, portanto, que não sofrem preclusão.

c) O recebimento da exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de impe-dimento ou suspeição do juiz, suspende o processo principal, até que seja definitivamente julgada. Du-rante a suspensão, é defeso praticar qualquer ato processual, podendo o magistrado, todavia, deter-minar a realização de atos urgentes, a fim de evitar danos irreparáveis.

d) Toda causa deve ter um valor certo atribuído, ainda que não haja conteúdo econômico imediato. A im-pugnação ao valor da causa poderá ser feita, pelo réu, no prazo da contestação, ocasionando a sus-pensão do processo principal para a oitiva do autor e, se necessário, do auxílio de perito. A decisão a-cerca da impugnação possui natureza interlocutória.

e) Em relação à reconvenção, não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este de-mandar em nome de outrem.

60. Analise as assertivas abaixo: I - Ao indeferir a petição inicial por inépcia, pode o juiz,

diante da apelação, exercer o juízo de retratação. II - A contestação, a reconvenção e a exceção são

modalidades de resposta e devem ser oferecidas, simultaneamente, em peças autônomas, sob pena de preclusão.

Page 117: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 117

III - Em razão do princípio da eventualidade ou da con-centração, o réu deve alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões fáticas e ju-rídicas com que impugna o pedido do autor e espe-cificando as provas que pretende produzir.

IV - A ausência de resposta do réu validamente citado, seja pessoa física ou jurídica, ente privado ou públi-co, tal como o Estado ou Município, ocasiona a pre-sunção de veracidade dos fatos afirmados pelo au-tor, autorizando o julgamento antecipado da lide e a fluência de prazos independentemente de intima-ções cartorárias, em virtude da revelia.

V - A alegação perempção, litispendência, coisa julgada e incompetência absoluta constituem defesas pro-cessuais indiretas. Está(ão) correta(s) apenas:

a) I e V. b) I, III e V. c) I, II e III. d) IV. e) II, III e V. 61. Sobre a antecipação dos efeitos da tutela de mérito

e o julgamento antecipado da lide, é INCORRETO afirmar que:

a) A tutela antecipada trata-se de um pedido de natu-reza satisfativa, o qual pode ser concedido de ofício, desde que, existindo prova inequívoca, o juiz se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil re-paração, ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu.

b) A providência que antecipa a tutela é meramente provisória, porquanto poderá ser revogada ou modi-ficada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

c) Se o autor, a título de antecipação de tutela, reque-rer providência de natureza cautelar, o juiz poderá, quando presentes os respectivos pressupostos, de-ferir a medida cautelar em caráter incidental do pro-cesso ajuizado, o que demonstra aplicação dos princípios da fungibilidade e da instrumentalidade das formas.

d) Quando o juiz pronunciar a prescrição da ação, haverá o julgamento conforme o estado do proces-so, que será extinto com resolução do mérito.

e) No julgamento antecipado da lide, o juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença, quando a questão de mérito for apenas de direito, ou, sendo de direito e de fato, for prescindível a produção pro-batória em audiência.

62. Assinale a alternativa INCORRETA: a) A coisa julgada material, que evita a perpetuação do

processo, consiste na eficácia, que torna imutável a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

b) Não faz coisa julgada a verdade dos fatos, estabe-lecida como fundamento da sentença.

c) As sentenças que julgam procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública estão sujeitas ao reexame ne-cessário, dependendo, pois, de apelação para se-rem remetidas ao tribunal.

d) É definitiva a execução fundada em título extrajudi-cial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do exe-cutado, quando recebidos com efeito suspensivo.

e) Considera-se fraude à execução a alienação ou oneração de bens, quando sobre eles pender ação fundada em direito real.

Nas questões que se seguem, assinale: C – se a proposição estiver correta E – se a mesma estiver incorreta

63. ADJUDICAÇÃO – é um ato previsto no processo de execução por quantia certa, que consiste em o cre-dor, a requerimento seu, ficar com o bem penhorado como pagamento. Ou seja, ao invés de o bem ser vendido e o produto da venda passado ao credor, será entregue o próprio bem ao Exequente. A adju-dicação se dá pelo valor da avaliação.

64. EXCEÇÃO – é um tipo de resposta do réu, que tem o objetivo de substituir o juiz da causa, seja porque ele é relativamente incompetente(território e valor da causa) ou porque é suspeito(art.135) ou impedi-do(art.134). Essas duas últimas também podem ser feitas pelo Autor, no prazo de 15 dias que tomou ci-ência da causa de suspeição ou impedimento do ju-iz. A exceção SUSPENDE o processo, enquanto não for decidida. Portanto, se o réu protocolar uma exceção no 10o dia do prazo para oferecer respos-ta(que é de 15 dias, em regra), ele terá, quando do final da exceção, mais cinco dias de prazo para, ca-so queira, oferecer contestação e reconvenção.

65. INEPCIA DA INICIAL – é uma das causas de inde-ferimento da petição inicial – art. 295 do CPC. Trata-se de vício INSANÁVEL, que, ao ser detectado pelo juiz, o obriga a extinguir o processo, sem resolução de mérito. A inépcia se dá em quatro situações: 1) quando a petição inicial não tiver pedido ou causa de pedir; 2) quando a petição inicial contiver pedido juridicamente impossível; 3) quando a petição inicial contiver pedidos incompatíveis entre si; 4) quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão.

66. RECURSO COM DUPLO EFEITO – Ao se aviar um recurso, ele provoca efeitos na decisão recorrida. Diz-se que um recurso tem DUPLO EFEITO quando ele provoca efeito SUSPENSIVO e efeito DEVOLU-TIVO à decisão. EFEITO DEVOLUTIVO é aquele que faz com que a competência para conhecer a-quela lide seja devolvida ao Poder Judiciário (agora em uma instância superior ao julgador anterior). Isso quer dizer que o Poder Judiciário irá rever a decisão recorrida, dizendo se está correta ou não. EFEITO SUSPENSIVO é aquele que faz com que a decisão recorrida seja suspensa, não tenha nenhum eficá-cia, nenhuma aplicabilidade, enquanto não houver o julgamento do recurso. IMPORTANTE: todo recurso tem efeito devolutivo, mas nem todo recurso tem duplo efeito.

67. CONTRADITA – é o ato do advogado impugnar a testemunha arrolada pela parte contrária. Isso se dá porque a testemunha é impedida(art. 134), suspei-ta(art. 135) ou não tem capacidade para testemu-nhar(é menor de idade ou incapaz por problemas mentais). A contradita tem momento exato de acon-tecer: exatamente logo após o compromisso da tes-temunha – antes de ser feita a primeira pergunta pe-lo juiz. Iniciado o depoimento, preclui o direito de o-ferecer a contradita.

Page 118: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 118

68. COISA JULGADA – quando uma decisão já não comporta mais recurso. Importante saber que o arti-go 301 do CPC, ao fazer menção a coisa julgada, está se referindo à situação de já haver o Poder Ju-diciário decidido uma questão, com trânsito em jul-gado, e, não obstante isso, ser proposta ação idên-tica requerendo outro julgamento da questão. Esse segundo processo, nesse caso, será extinto.

69. FASE POSTULATÓRIA – é a fase processual que inicia com a petição inicial e finaliza com a resposta do réu. É a fase onde o juiz recebe as alegações das partes, onde as partes postulam.

70. RETRATAÇÃO DO JUIZ – é o arrependimento do juiz acerca de uma decisão. É cabível nos casos de a parte ter feito Agravo ou Apelação contra senten-ça que indeferiu a petição inicial(art. 296).

71. IMPEDIMENTO – PREVISTO NO ARTIGO 134 DO CPC. Circunstâncias objetivas que tornam o juiz da causa proibido de atuar, para não afetar a igualdade entre as partes. Ex.: Parentesco com as partes.

72. PRELIMINARES – defesa processual, vícios, a serem arguidos pelo réu, em sua contestação. Es-tão elencadas no artigo 301 do CPC. Há prelimina-res DILATÓRIAS e PEREMPTÓRIAS. Dilatórias são aquelas que acusam a existência de um vício SA-NÁVEL. Peremptórias são aquelas que acusam a existência de um vício INSANÁVEL e, portanto, têm o poder de causar a extinção do processo sem reso-lução do mérito.

73. HASTA PUBLICA – é um ato previsto na execução por quantia certa. Consiste na venda do bem penho-rado. Essa venda é realizada pelo Poder Juduciário, através de Oficial de Justiça. Há dois tipos de hasta: Praça(se o bem penhorado for imóvel) e Leilão (se o bem penhorado for de outro tipo). Quando o juiz de-termina a realização da hasta, ele designa duas da-tas diferentes. Na primeira ocasião, o bem será vendido a quem oferecer lance maior, igual ou supe-rior ao valor da avaliação do bem. Na segunda has-ta, o bem será vendido a quem oferecer lance mai-or, mesmo que inferior ao valor da avalição. Só não pode ser preço vil, que é considerado pelos tribu-nais como o abaixo de 50% do valor da avaliação.

74. CONTINENCIA – Fenômeno processual parecido com a conexão. Todavia, na continência, temos du-as ações onde o objeto de um é mais abrangente que o do outro. Ou seja: oobjeto de uma ação está contido no objeto de outra. Ex.: Mariana ajuizou a-ção de Alimentos contra Paulo. Paulo ajuizou ação de Separação Juicial c/c Oferecimento de Alimentos contra Mariana. A ação de Paulo contém a ação de Mariana. Portanto, há continência entre elas.

75. DESERÇÃO – situação que ocorre quando a parte recorrente não faz o preparo ( não paga as custas) do recurso. O preparo é requisito essencial para re-correr. Portanto, a deserção faz com que o recurso não seja conhecido.

76. PEREMPÇÃO – prevista no artigo 268 do CPC. Quando o autor de uma ação abandona a causa, por inação, inércia, por mais de 30 dias, o processo será extinto sem resolução de mérito. Se isso acon-tecer, na mesma lide, por três vezes, ocorre a pe-rempção – que é a perda do direito de o autor pro-por de novo a ação. Trocando em miúdos: se o au-

tor provocou, por abandono, a extinção do proces-sosem resolução de mérido por três vezes, não po-derá entrar com o quarto processo.

77. CITAÇÃO – ato processual de dar conhecimento ao Réu da existência de ação contra ele, concedendo-lhe o prazo para apresentar sua resposta. Portanto, só quem pode ser citado é o Réu. NADA DE CITAR TESTEMUNHAS, AUTOR, PROMOTOR... Só o Réu pode ser citado. Mesmo assim, ele só é citado uma vez. Depois disso, toda vez que o juiz quiser se co-municar com o Requerido, fará uma intimação.

78. INSTRUÇÃO – fase processual onde o juiz colhe as provas para formar seu convencimento. O ápice da instrução se dá com a AIJ – Audiência de Instrução e Julgamento.

79. CONTESTAÇÃO – meio de resposta do réu onde ele apresenta sua defesa, em contraponto à petição inicial apresentada pelo autor.

80. EMENDA – petição feita pelo autor, em cumprimen-to a determinação do juiz, a fim de adequar a peti-ção inicial ao artigo 282 do cpc.

81. Considerando-se o que se estabelece no Código de Processo Civil quanto a esta matéria, é INCORRETO

afirmar que A) a parte pode renunciar ao prazo para recorrer, pois se trata de prazo estabelecido exclusivamente a seu favor. B) as partes podem, em havendo concordância entre elas, alterar determinados prazos processuais. C) o prazo para contestar, na hipótese de haver dois réus, passa a ser em dobro para o procurador comum constituído por eles. D) o prazo para realização dos atos processuais a cargo da parte, no silêncio da lei, ou não havendo fixação pelo Juiz, é de cinco dias. 82. A Lei Estadual no 14.939, de 29 de dezembro de 2003, que regulamenta o recolhimento de despesas devidas ao Estado no âmbito da Justiça Estadual. De acordo com o que se determina nessa Lei, é COR-RETO afirmar que, A) no caso de extinção do processo em razão de acordo realizado entre as partes, mesmo sendo o valor do acor-do inferior ao das custas recolhidas, não haverá reem-bolso. B) no caso de redistribuição do feito a outra vara da Justiça Estadual, o interessado depositará, nesta última, o pagamento das novas custas. C) quando há expedição de ofícios e outros expedientes de andamento processual, as custas devem ser recolhi-das ao final do processo. D) quando tramitam nos Juizados Especiais, os efeitos não se sujeitam ao pagamento de custas.

83. Considerando-se o que determina a lei com relação a esta matéria, é INCORRETO afirmar que A) a ausência de preparo da ação, no prazo de 30 dias da sua entrada, ocasiona cancelamento da distribuição. B) a distribuição dos embargos do devedor e de terceiro é feita por dependência em relação aos autos do proces-so principal. C) a Lei no 9.099/95, que rege a matéria, dispensa a distribuição nos Juizados Especiais. D) a reconvenção e a intervenção de terceiro correm em apenso, sendo necessária a correspondente anotação na distribuição.

Page 119: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 119

84. Considerando-se as regras do Código de Processo Civil, é INCORRETO afirmar que,

A) desde que se trate de Comarcas contíguas e de fácil comunicação, é permitida a citação ou intimação por Oficial de Justiça fora da Comarca em que este exerce suas funções. B) em havendo autorização judicial e em se tratando de casos excepcionais, a citação e a penhora se realizarão em domingos e feriados ou em dias úteis, fora do horário determinado em lei. C) mesmo estando em local certo e conhecido, os her-deiros residentes fora da Comarca serão citados por edital, no processo de inventário. D) na citação editalícia, o prazo do edital variará, a crité-rio do Juiz, entre 20 e 60 dias, findo o qual, inicia-se o prazo de contestação, por igual tempo ao anteriormente fixado.

85. Considerando-se as normas do Código de Processo Civil relativas aos atos do Juiz, do Escrivão e do Chefe de Secretaria, é INCORRETO afirmar que A) o que caracteriza a decisão interlocutória é haver ela resolvido, no curso da causa, uma questão que surgiu entre os litigantes. B) a juntada e a vista obrigatórias, como se tratam de despachos de conteúdo ordinatórios, dependem de de-terminação do Juiz. C) a sentença deverá conter, necessariamente, o relató-rio, os fundamentos e o dispositivo. D) a sentença, no caso de extinção do processo sem julgamento de mérito, terá a faculdade de apresentar-se em forma concisa.

86. Considerando-se o que determina o Código de Pro-cesso Civil com relação ao prazo para substituição de partes e dos procuradores, é INCORRETO afirmar que, A) ocorrendo a morte de qualquer uma das partes, o processo ficará suspenso até que se proceda à substitui-ção pelo espólio. B) ocorrendo a suspensão do processo por convenção das partes, o feito não poderá ficar mais de seis meses paralisado. C) ocorrendo o falecimento do procurador de qualquer das partes, já tendo sido iniciada a audiência de instru-ção e julgamento, o Juiz nomeará advogado dativo para acompanhar o ato. D) ocorrendo uma questão prejudicial a ser decidida noutro Juízo, a lei autoriza o Juiz da causa a suspender o feito pelo prazo máximo de um ano. 87. É INCORRETO afirmar que a carta de sentença extraída para fins de execução provisória deverá conter A) a contestação. B) a petição inicial e procuração das partes. C) a sentença exeqüenda. D) o despacho saneador.

88. Considerando-se o que determina o Código de Pro-cesso Civil sobre esta matéria, é INCORRETO afirmar que, A) independentemente de onde se localize o bem imóvel, uma vez apresentada a certidão da matrícula deste, a penhora será realizada por termo nos autos, prescindin-do-se de carta precatória, da qual será intimado o execu-tado. B) para se iniciar o prazo para embargos à execução, a intimação do devedor quanto à penhora realizada é ato imprescindível.

C) recaindo a penhora sobre bens móveis e semoventes, se impõe a intimação do cônjuge, ressalvada a hipótese de comparecimento espontâneo. D) recaindo a penhora sobre crédito do devedor, se con-sidera feita a penhora pela intimação do terceiro devedor para que não pague ao seu credor.

89. Considerando-se a execução nos Juizados Especi-ais, é INCORRETO afirmar que, A) a pedido do interessado e não ocorrendo o cumpri-mento do julgado, se procede, desde logo, à execução, prescindindo-se de nova citação. B) inexistindo bens penhoráveis ou não se localizando o devedor, a execução frustrada será extinta. C) na execução fundada em título extrajudicial, o termo final para embargos orais ou escritos é a audiência de conciliação designada. D) sendo ilíquida a sentença, antes de executá-la, se procede à liquidação para apurar o valor devido. 90.Considerando-se o que determina o Código de Pro-cesso Civil quanto à resposta do réu, é CORRETO afir-mar que A) a exceção, uma vez oferecida simultaneamente com a contestação, fica suspensa até que haja, no processo principal, decisão definitiva. B) as exceções de incompetência relativa, suspeição e impedimento, em se tratando de fatos supervenientes, surgidos no decorrer do processo, devem ser apresenta-das no prazo de 15 dias contados da citação. C) as exceções, salvo a argüição de incompetência ab-soluta, devem ser processadas em apenso aos autos principais. D) o prazo para a Fazenda Pública e o Ministério Público contestarem, no procedimento ordinário, é contado em dobro. 91. Considerando-se o que determina o Código de Pro-cesso Civil, é INCORRETO afirmar que se processam durante as férias forenses A) a investigação de paternidade. B) a reparação de danos resultantes de acidente de trânsito. C) as causas de até 60 salários mínimos. D) as liminares para conservação de direitos. 92. A.S. intentou ação de cobrança pelo procedimento ordinário contra B.P, pessoa física, residente na Comar-ca de Belo Horizonte. A citação deu-se pelo correio, com data de recebimento do AR/Postal, em 19 de abril 2005. O AR/Postal foi juntado aos autos em 20 de abril de 2005. Não houve, porém, expediente forense em 21 de abril de 2005. Considerando-se que 19 de abril de 2005 foi uma terça-feira, é CORRETO afirmar que o prazo para contestação terminará em A) 3 de maio de 2005. B) 4 de maio de 2005. C) 6 de maio de 2005. D) 9 de maio de 2005.

93. Considerando-se as regras estabelecidas no Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar que a intima-ção do réu da sentença se fará, A) em estando o réu preso, a ele próprio ou ao seu de-fensor. B) em estando o réu solto, a ele próprio ou ao seu defen-sor.

Page 120: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 120

C) em estando o réu em local incerto e não sabido, a seu defensor constituído. D) em estando o réu em local incerto e não sabido e não tendo ele defensor constituído, por edital.

94. Considerando-se o que determinam estes dois ins-trumentos legais sobre a matéria, é INCORRETO afirmar

que, A) pela Lei no 9.099/95, o prazo do recurso criminal, juntamente com as razões, é de 10 dias. B) pela Lei no 9.099/95, o prazo para o recurso em sen-tido estrito que rejeitou a denúncia ou queixa é de cinco dias, contados da ciência da decisão. C) pelo Código de Processo Penal, o prazo para apela-ção, de regra, é de cinco dias, seguidos de outros 8 dias para oferecimento de razões, salvo para as contraven-ções penais, cujo prazo é de três dias. D) pelo Código de Processo Penal o prazo para o recur-so em sentido estrito é de cinco dias, salvo na hipótese da decisão que inclui, ou exclui, jurado da lista geral.

95. Considerando-se o processo de conhecimento, é INCORRETO afirmar que, A) desde que se empregue o procedimento ordinário e se trate de pedidos compatíveis e do mesmo Juízo com-petente, a cumulação entre procedimentos diversos é admitida. B) em face de suas complexidades, às ações de Estado não se aplica o procedimento sumário � como é o caso da separação judicial, da adoção, da revogação de doa-ção, da negatória de paternidade. C) não só pela falta de contestação mas também pela ausência da pessoa do réu ou de seu representante legal, com poderes para transigir à audiência de concilia-ção, se caracteriza a revelia no procedimento sumário. D) no que toca ao procedimento sumário, restou parcial-mente derrogado o art. 188 do Código de Processo Civil, pois o prazo para a Fazenda Pública contestar passou a contar em dobro.

96. Considerando-se o que a lei determina em sede de Juizados Especiais, é INCORRETO afirmar que A) a ausência do autor a qualquer audiência do proces-so, injustificadamente, implica a extinção deste pela contumácia. B) a norma proíbe a reconvenção, muito embora seja lícito ao réu formular o pedido contraposto. C) nenhuma outra espécie de intervenção, salvo o caso de contrato de seguro, é admitida no procedimento dos Juizados. D) o Juiz leigo pode instruir o processo e, até mesmo, proferir decisão a ser submetida ao Juiz togado.

97. Considerando-se a realização de intimação por carta, é INCORRETO afirmar que A) a carta precatória pode ter como destinatário Juízo diverso do que nela consta para a prática do ato. B) as cartas de ordem, precatória e rogatória, em haven-do urgência, serão transmitidas por telegrama, por radio-grama ou por telefone. C) o cumprimento da carta de ordem, em existindo, obe-dece ao disposto em Convenção internacional. D) nenhuma das anteriores 98. Considerando-se o que determina a Lei no 9.099/95, é CORRETO afirmar que os Juizados Especiais Estadu-ais são competentes para processar e julgar A) as contravenções penais.

B) os crimes comuns e os de procedimentos especiais. C) os crimes do âmbito da Justiça Castrense. D) os crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano. 99. Considerando-se a competência territorial, é IN-CORRETO afirmar que,

A) mesmo que o óbito ocorra no exterior, o foro do domi-cílio do autor da herança no Brasil é o competente para todas as ações em que o espólio for réu. B) se nem o autor nem o réu tiverem domicílio ou resi-dência no País, a ação deverá ser proposta no foro da Capital da República Federativa do Brasil. C) tratando-se de co-réus com domicílios distintos, essa competência é concorrente, podendo a ação ser intenta-da no domicílio de qualquer um deles. D) tratando-se de réu cujo domicílio é desconhecido ou incerto, a regra do foro subsidiário permite que o autor demande no local onde for encontrado o réu ou no domi-cílio do próprio autor.

100. Analise estas afirmativas concernentes a atos dos auxiliares da Justiça: I. O termo é lavrado, pelo Escrivão ou Chefe de Secreta-

ria, nos próprios autos em que tramita a ação. II. O auto é lavrado, pelo Oficial de Justiça, fora dos

autos e, depois, é juntado a eles. III. A autuação consiste na aposição de capa na petição

inicial e documentos que a instruem. IV. A penhora formaliza-se mediante auto ou termo.

A partir dessa análise, pode-se concluir que A) apenas as afirmativas I e IV estão corretas. B) apenas as afirmativas II e III estão corretas. C) apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. D) as quatro as afirmativas estão corretas. 101. Para o procedimento sumário, é (são) INADMISSÍ-VEL (VEIS) A) a produção de prova pericial. B) ser ré a Fazenda Pública. C) na contestação, o réu formular pedido em seu favor. D) as causas que versem sobre estado e capacidade das pessoas.

102. Considerando as disposições da Lei n. 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis), é CORRETO afirmar A) que a sentença ilíquida proferida em sede de Juizado Especial deverá ser executada, mediante arbitramento, nos próprios autos. B) que, caso o Autor deixe de comparecer a quaisquer das audiências, o processo será extinto, sem resolução de mérito. C) que o pedido contraposto deverá ser apresentado em peça autônoma. D) que o prazo de recurso será interrompido, caso sejam opostos embargos de declaração contra a sentença.

103. Considerando-se o que estabelece o Provimento n. 161/CGJ/2006, que codifica os atos normativos da Cor-regedoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, sobre o protocolo e distribuição de petições, assinale a afirmativa CORRETA. A) As regras aplicáveis ao protocolo de petições esten-dem-se às petições iniciais, comunicações de flagrantes, inquéritos policiais, precatórias e quaisquer outros docu-mentos que demandem prévia distribuição para as Varas do Foro. B) É vedado o cancelamento de registro de protocolo.

Page 121: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 121

C) As petições, ofícios e documentos recebidos por fac-símile não se submetem ao registro de protocolo. D) As petições apresentadas ao Protocolo Geral devem mencionar, com destaque, o nome e prenome completos das partes, sem qualquer tipo de abreviação, estado civil, profissão, o número do registro do CPF, o número da Carteira de Identidade ou qualquer outro documento válido como prova de identidade no território nacional, tratando-se de pessoa natural, ou o número do registro no CNPJ, tratando-se de pessoa jurídica, e o domicílio e a residência do autor e do réu, contendo o Código de Endereço Postal - CEP. 104. Sobre a citação no processo de conhecimento, é INCORRETO afirmar A) que, após a citação, é permitido ao autor aditar o pedido inicial, mediante consentimento do réu. B) que, em caso de denunciação da lide, ordenada a citação, ficará suspenso o processo. C) que a citação poderá realizar-se, excepcionalmente, em domingos e feriados. D) que a falta de citação não pode ser suprida pelo sim-ples comparecimento espontâneo do réu.

105. Ressalvada a hipótese de perecimento de direito, será feita a citação A) de quem estiver assistindo a qualquer culto religioso. B) do filho, no dia do falecimento do seu pai e nos 7 dias seguintes. C) do militar, em serviço ativo. D) dos noivos, nos 3 primeiros dias das bodas.

106. Segundo o Código de Processo Civil, no procedi-mento comum, são requisitos da petição inicial, EXCETO

A) valor da causa e juízo ou tribunal a que é dirigida e pedido. B) requerimento de citação, fato e fundamentos jurídicos do pedido e provas que se pretende produzir. C) nomes, prenomes, estado civil, profissão e domicílio das partes. D) rol de testemunhas, quesitos e assistente técnico.

107. A respeito da produção de provas, assinale a afir-mativa INCORRETA.

A) Uma parte apenas poderá requerer o depoimento pessoal da outra parte. B) Quando ambas as partes requerem a produção de prova pericial, deverão arcar igualmente com a antecipa-ção dos honorários do perito. C) Em regra, os fatos alegados na petição inicial e não especificamente impugnados pelo réu, presumir-se-ão verdadeiros, sem necessidade de dilação probatória. D) O juiz indeferirá a prova pericial, se for desnecessária, em vista das outras provas produzidas. 108. Assinale o que NÃO é permitido alegar em contes-

tação. A) Incompetência relativa. B) Litispendência e coisa julgada. C) Prescrição e decadência. D) Nulidade de citação.

109. Sobre o saneamento do processo, de acordo com o Código de Processo Civil, assinale a afirmativa INCOR-RETA.

A) É realizado mediante despacho ordinatório. B) É o momento processual para designar audiência de instrução e julgamento, se necessário.

C) É decisão que desafia agravo de instrumento. D) É o momento processual para fixação dos pontos controvertidos da lide. 110. Sobre a revelia, assinale a afirmativa CORRETA. A) É a pena aplicada à parte que deduz pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso. B) É o efeito da citação inválida. C) Decorre da ausência de apresentação de defesa pelo réu citado. D) Implica procedência dos pedidos iniciais. 111. Assinale os atos judiciais previstos no Código de Processo Civil. A) Despacho ordinatório, sentença e parecer. B) Despacho, decisão interlocutória, sentença e acórdão. C) Despacho de mero expediente, contradita e acórdão. D) Conclusão dos autos, sentença de mérito e acórdão.

112. Segundo o Código de Processo Civil, correm em segredo de justiça os seguintes processos, EXCETO

A) os eleitorais. B) aqueles em que o interesse público exigir. C) aqueles que digam respeito a casamento, separação e divórcio. D) aqueles que digam respeito a casamento, filiação e alimentos. 113. Considerando as disposições do Código de Proces-so Civil sobre nulidades, analise as seguintes afirmati-vas. I. Comparecendo o réu apenas para arguir a nulidade e sendo essa decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da deci-são. II. Sendo obrigatória a intervenção do Ministério Público, a ausência da sua intimação implicará nulidade do pro-cesso. III. A nulidade de cláusula de eleição de foro em contrato de adesão não pode ser declarada de ofício do juiz, mas dependerá de provocação das partes. IV. A alegação de nulidade relativa dos atos não está sujeita à preclusão, podendo ser suscitada em qualquer fase do processo. A análise permite concluir que A) apenas as afirmativas I e IV são corretas. B) apenas as afirmativas II e IV são corretas. C) apenas a afirmativa III é incorreta. D) apenas as afirmativas III e IV são incorretas.

114. Considerando as regras de contagem de prazo previstas no Código de Processo Civil, é INCORRETO afirmar A) que as partes podem, de comum acordo, reduzir ou prorrogar prazos dilatórios. B) que é defeso às partes, ainda que de comum acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios. C) que, em regra, computam-se os prazos incluindo o dia do começo e o do vencimento. D) que, decorrido o prazo, extingue-se, independente-mente de declaração judicial, o direito de praticar o ato.

115. Considerando o prazo do réu para apresentar res-posta, de acordo com o Código de Processo Civil, é INCORRETO afirmar

A) que o prazo para contestar será em dobro para o Ministério Público e a Fazenda Pública.

Page 122: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 122

B) que, se houver mais de um réu com diferentes procu-radores, o prazo para contestar será em dobro. C) que não se interrompe nos feriados. D) que, quando a citação for por correio, o prazo para contestar corre da data de juntada aos autos do aviso de recebimento.

116. Considerando as regras do Código de Processo Civil que tratam das citações e intimações, assinale a afirmativa INCORRETA. A) Quando a citação for por edital, o prazo inicia com o fim da dilação assinada pelo juiz. B) Quando a decisão é publicada em audiência, conside-ram-se nesta intimados os advogados. C) Em regra, far-se-á a citação pelos correios quando frustrada a realização por meio de oficial. D) As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia que não tenha havido expediente forense.

117. Considerando a previsão do Código de Processo Civil sobre o cumprimento de sentença, assinale a afir-mativa INCORRETA. A) É provisória a execução da sentença transitada em julgado e definitiva quando se tratar de sentença impug-nada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito devolutivo. B) Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação dessa. C) Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de 15 dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de 10%. D) Do auto de penhora e avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado, ou, na falta desse, o seu representante legal, ou pessoal-mente, por mandado ou por correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de 15 dias.

118. Considerando as regras aplicáveis às audiências contidas no Código de Processo Civil, assinale a afirma-tiva CORRETA.

A) Pode o juiz dispensar a produção das provas requeri-das pela parte cujo advogado não compareceu à audiên-cia. B) Os pontos controvertidos devem ser fixados na audi-ência de instrução e julgamento. C) No caso de morte de um dos advogados, quando já iniciada a audiência, o juiz designará o prazo de 48 ho-ras, para fins de regularização da representação proces-sual da parte. D) Em audiência de instrução e julgamento, as partes devem ser ouvidas após as testemunhas, antes do perito e assistentes técnicos.

119. São requisitos da sentença, de acordo com o Códi-go de Processo Civil, EXCETO

A) os fundamentos. B) o dispositivo, no qual o juiz analisará as questões de fato e de direito. C) o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões que as partes lhe submeterem. D) o relatório, que conterá os nomes das partes, a sínte-se do pedido e da resposta, bem como o registro das principais ocorrências do processo.

120. Considerando as regras previstas no Código de Processo Civil sobre sentença, é INCORRETO afirmar A) que é defeso ao juiz proferir sentença em favor do autor, de natureza diversa da pedida. B) que o juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitan-do, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. C) que, obtida a conciliação, esta não se sujeitará a homologação. D) que, quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida. 121. Considerando-se o que prevê o Código de Processo Civil, assinale a afirmativa CORRETA. A) O procedimento comum é aplicado a todas as causas. B) Até a sentença, poderá o autor aditar o pedido inicial, correndo, por sua conta, as custas decorrentes dessa iniciativa. C) A petição inicial será indeferida quando for inepta. D) A prescrição e a decadência não podem ser pronun-ciadas de ofício. 122. Considerando os prazos para os atos do serventuá-rio previstos no Código de Processo Civil, é CORRETO afirmar que incumbirá ao serventuário A) remeter os autos conclusos e executar os atos pro-cessuais em 24 horas, contados da data que tiver ciência da ordem determinada pelo juiz. B) remeter os autos conclusos e executar os atos pro-cessuais em 48 horas, contados da data em que houver concluído o ato processual anterior, se imposto por lei. C) remeter os autos conclusos em 24 horas e executar os atos processuais em 48 horas, contados da data em que houver concluído o ato processual anterior, se im-posto por lei ou da data em que tiver ciência da ordem judicial. D) remeter os autos conclusos e executar os atos pro-cessuais no prazo de 5 dias, contados da data que tiver ciência da ordem determinada pelo juiz.

123. Sobre a verificação dos prazos e penalidades pre-vistos no Código de Processo Civil, é CORRETO afirmar A) que compete ao serventuário verificar se o juiz exce-deu, sem justo motivo, os prazos estabelecidos pelo Código. B) que, não tendo o advogado restituído os autos no prazo legal, o juiz mandará, de ofício, riscar o que neles houver escrito ou desentranhar os documentos e alega-ções juntados. C) que apenas o serventuário poderá cobrar os autos do advogado que exceder o prazo legal. Se intimado, não devolver os autos em 48 horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa. D) que é de competência exclusiva do Ministério Público apresentar representação, perante o presidente do Tri-bunal de Justiça, contra o juiz que exceder os prazos previstos em lei.

124. A respeito dos prazos previstos no Código de Pro-cesso Civil, assinale a afirmativa CORRETA. A) Não sendo assinalado pelo juiz, o prazo para a prática do ato processual a cargo da parte será de 10 dias. B) Serão em quádruplo os prazos para contestar e recor-rer, quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. C) As partes poderão renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor. D) As partes, desde que estejam de acordo, poderão reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios.

Page 123: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 123

125. Considerando as disposições do Código de Proces-so Civil acerca das citações, assinale a afirmativa IN-CORRETA. A) A citação, ainda que inválida, torna prevento o juízo, induz litispendência e faz a coisa litigiosa. B) A eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes. C) Sendo a citação frustrada pelo correio, far-se-á por meio de oficial de justiça. D) Após três tentativas frustradas, havendo suspeita de ocultação, o oficial de justiça deverá proceder à citação por hora certa. 126. NÃO é requisito essencial das cartas de ordem,

precatória e rogatória, segundo o Código de Processo Civil: A) inteiro teor da petição, do despacho judicial e instru-mento de mandato conferido aos advogados. B) indicação do prazo para cumprimento. C) indicação do caráter deprecante. D) assinatura eletrônica do juiz, se expedida por esse meio.

127. Sobre as hipóteses de recusa ao cumprimento da carta precatória previstas no Código de Processo Civil, assinale a afirmativa INCORRETA. A) Quando houver dúvida acerca da autenticidade. B) Se não lhe for conferido caráter itinerante. C) Quando não estiver revestida dos requisitos legais. D) Quando carecer de competência em razão da matéria ou hierarquia.

128. Considerando a hipótese de ser distribuída petição inicial, cuja matéria controvertida for unicamente de direi-to e já houver sido proferidas sentenças de total impro-cedência do pedido em outras ações idênticas, assinale a afirmativa INCORRETA. A) A citação do réu poderá ser dispensada. B) Poderá ser proferida imediata sentença, reproduzindo-se o teor das decisões anteriores. C) Ao receber o recurso do autor contra a sentença, o juiz poderá decidir não manter a decisão e determinar o prosseguimento da ação, com a citação do réu. D) O autor deverá ser intimado para manifestar seu inte-resse no prosseguimento da ação. 129. Sobre a previsão de restauração dos autos no Có-digo de Processo Civil, assinale a afirmativa INCORRE-TA. A) Verificado o desaparecimento dos autos, poderão as partes, o Ministério Público ou qualquer interessado promover a restauração. B) Havendo autos suplementares, o processo prossegui-rá nestes. C) Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência, o juiz mandará repeti-las. D) Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá pelas custas e honorários de advoga-do.

130. Considerando as disposições do Código de Proces-so Civil sobre a citação por edital, assinale a afirmativa INCORRETA.

A) Deve constar a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 e 60 dias, correndo da primeira publica-ção.

B) Quando a parte for beneficiária da assistência judiciá-ria gratuita, a publicação do edital será feita apenas no órgão oficial. C) Considera-se inacessível o lugar em que se encontrar o réu o país que se recusar o cumprimento de carta rogatória. D) A publicação do edital deverá ocorrer no prazo máxi-mo de 60 dias, uma vez em jornal local e pelo menos duas no órgão oficial.

131. Os processos em trâmite perante os juizados espe-ciais cíveis serão extintos, sem resolução de mérito, quando A) o réu deixar de comparecer a quaisquer das audiên-cias. B) o valor da causa exceder a vinte vezes o salário mí-nimo. C) houver partes incapazes. D) se tratar de ação proposta por microempresas. 132 Considerando as disposições da Lei n. 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais), assinale a afirmativa INCORRETA. A) O Juizado Especial Criminal, provido por juízes toga-dos ou togados e leigos, tem competência para o julga-mento e execução das infrações de menor potencial ofensivo. B) É de competência dos Juizados Especiais Criminais o julgamento das contravenções penais e os crimes cuja pena máxima prevista em lei não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. C) A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração. D) Não encontrado o acusado, deverá ser determinada a sua citação por edital, dispensando-se a remessa dos autos à Justiça Pública Estadual.

133. Possui natureza jurídica de sentença o ato judicial que A) indefere provas. B) rejeita exceção de incompetência. C) saneia o processo. D) julga o pedido sem resolução de mérito.

134. Sobre as decisões judiciais, assinale a afirmativa INCORRETA. A) A vista obrigatória independe de despacho, devendo ser praticada por servidor. B) O julgamento colegiado proferido pelos tribunais rece-be denominação de acórdão. C) Sentença é o ato pelo qual o juiz resolve o processo com base em alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269 do Código de Processo Civil ou resolve ques-tão incidente. D) Quando a sentença for proferida verbalmente, o ta-quígrafo ou datilógrafo a registrará, submetendo-a à revisão e assinatura do juiz. 135. A respeito da fase de cumprimento de sentença, assinale a afirmativa INCORRETA. A) Do auto de penhora e avaliação, o executado será intimado pessoalmente, na falta de advogado, por man-dado ou correio. B) O prazo para oferecimento de impugnação ao cum-primento de sentença é de 10 dias, que será decidida nos próprios autos, quando for atribuído efeito suspensi-vo.

Page 124: OFICIAL DE APOIO JUDICIAL - apostilasopcao.com.br€¦ · TJ MG Atos de Ofício 1 OFICIAL JUDICIÁRIO Atos de Ofício Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição,

TJ MG

Atos de Ofício 124

C) Ao requerer a execução provisória, o exequente deve-rá instruir a petição com cópias da sentença ou acórdão, certidão de interposição de recurso não dotado de efeito suspensivo e procurações outorgadas pelas partes. D) Não sendo o cumprimento de sentença requerido no prazo de 6 meses perante o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição, os autos deverão ser arquivados.

136. Considerando a previsão legal de cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública, assinale a afirmativa CORRETA. A) Em qualquer fase do processo, será deferida pelo juiz a substituição da penhora por depósito em dinheiro ou fiança bancária. B) O prazo para oferecimento de embargos é de 15 dias, contados da intimação da penhora, do depósito ou da juntada da prova da fiança bancária. C) O oferecimento de embargos à execução independe de oferecimento de caução. D) É admitida a reconvenção em sede de embargos à execução.

137. Sobre o depoimento testemunhal, segundo o Códi-go de Processo Civil, é CORRETO afirmar A) que são suspeitos os que já tiverem sido condenados por crime de falso testemunho, havendo transitada em julgado a sentença, o cônjuge e o que tiver interesse no litígio. B) que não podem depor os menores de 16 anos, o que é parte na causa e o inimigo capital da parte. C) que, se omitindo o juiz, o rol de testemunhas, que é limitado a 3, deverá ser apresentado pelas partes até 30 dias antes da audiência. D) que, após apresentação do rol, não é permitida a substituição de testemunhas. 138. Analise as seguintes afirmativas a respeito da reve-lia e seus efeitos. I. Ocorrendo a revelia, o juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença. II. Serão aplicados os efeitos da revelia mesmo se, ha-vendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação. III. Ocorrendo revelia, poderá o autor alterar seu pedido ou a causa de pedir, independentemente de nova citação do réu. IV. O revel apenas poderá intervir no processo antes da sentença. A análise permite concluir que A) apenas as afirmativas III e IV são corretas. B) apenas as afirmativas I e III são corretas. C) apenas a afirmativa I é correta. D) apenas as afirmativas II e IV são corretas.

139. Analise as seguintes afirmativas sobre meios de defesa do réu previstos no CPC. I. A reconvenção deverá ser apresentada juntamente com a contestação, assim como a exceção de incompe-tência relativa. II. A exceção de incompetência absoluta, assim como a reconvenção, provoca a suspensão do processo. III. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem. IV. A desistência da ação obsta o prosseguimento da reconvenção, que será extinta, sem resolução de mérito. A análise permite concluir que A) apenas as afirmativas II e III são corretas. B) apenas a afirmativa IV é correta.

C) apenas a afirmativa I é correta. D) apenas as afirmativas I e III são corretas. 140. A intervenção do Ministério Público é obrigatória, EXCETO

A) nas causas em que as autarquias federais forem par-te. B) se existir litígio sobre posse de propriedade rural. C) nas causas em que houver interesse de pessoas relativamente incapazes. D) nas causas em que houver pedido de declaração de ausência. RESPOSTAS

01. B 11. A 21. C 31. E 41. D 02. A 12. B 22. E 32. C 42. E 03. D 13. B 23. C 33. E 43. E 04. E 14. D 24. C 34. C 44. A 05. C 15. E 25. C 35. E 45. D 06. A 16. C 26. C 36. D 46. C 07. E 17. E 27. E 37. E 47. E 08. D 18. C 28. C 38. D 48. D 09. B 19. E 29. E 39. D 49. A 10. C 20. E 30. C 40. D 50. E

51. D 61. A 71. C 81. C 91. A 52. D 62. C 72. C 82. A 92. C 53. D 63. C 73. C 83. D 93. A 54. D 64. C 74. C 84. D 94. B 55. D 65. C 75. C 85. B 95. B 56. E 66. C 76. C 86. C 96. C 57. B 67. C 77. C 87. D 97. D 58. C 68. C 78. C 88. C 98. A 59. D 69. C 79. C 89. D 99. B 60. B 70. C 80. C 90. C 100. D

101. D 111. B 121. C 131. C 102. B 112. A 122. C 132. D 103. B 113. D 123. B 133. D 104. D 114. C 124. C 134. C 105. C 115. A 125. A 135. B 106. D 116. C 126. C 136. A 107. B 117. A 127. B 137. B 108. A 118. A 128. D 138. C 109. A 119. B 129. A 139. D 110. C 120. C 130. D 140. A