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Oito Dias “Amor e Sofrimento” 1 OITO DIAS Amor e Sofrimento Ádria Freitas

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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OITO DIAS

Amor e Sofrimento

Ádria Freitas

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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Copyright © 2018 por Ádria Freitas

Título original: Oito dias

Capa e projeto gráfico: Estúdio AA Design

Ilustrações: Ádria Freitas

Revisão: Catharine Gomes

2ª Edição – 2º impressão

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser

utilizada ou reproduzida, por qualquer forma ou meio, seja ele

mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc., tampouco

apropriada ou estocada em sistema de bando de dados, sem expressa

autorização da editora (Lei nº 5.988, de 14/12/1973)

Este livro adota as regras do novo acordo ortográfico (2009).

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Dedico este livro aos meus pais que sempre estiveram

ao meu lado em todos os momentos da minha vida, meu irmão

Anderson que sempre me incentivou esquecer a gramatica e

criar a história, meu irmão Alexandre que sua vida é para mim

muitas vezes uma inspiração para criar personagens

autênticos, minhas amigas Catharina, Julia e Cassia que foram

minhas cobaias para lerem alguns dos meus livros sempre

prestativas e carinhosas, meu filho Max e minha nora Luana

que sempre torceram para meu sucesso, minha querida sogra

Dona Lourdes que amo como uma mãe do fundo do meu

coração, minha comadre Onília e meu querido esposo Celestino

Neto que sempre cuidou de tudo enquanto eu escrevia minhas

obras, quero agradecer também a todos meus amigos e

familiares que de alguma forma estavam presente na minha

vida.

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Terceiro ano do Ensino médio (1989) início das

aulas, os alunos estavam eufóricos reencontrando seus

antigos e novos amigos.

Júlia, Fatinha e Amanda as três amigas se

abraçaram demostrando muita saudade.

- Olá Júlia e Fatinha como foram as férias de vocês?

- Eu não via a hora de voltar Amanda, Nossa! não

aguentava mais ficar em casa. Disse Fatinha eufórica.

- Eu também queria muito voltar, na escola é muito

mais interessante que ficar em casa. Disse Júlia.

- E você Amanda o que fez? Perguntou curiosa

Fatinha.

- Como sempre fiquei estudando, este é o último

ano do ensino médio então não podemos vacilar! As três

Capítulo I

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sentaram-se no pátio e ficaram conversando

animadamente até o sinal da escola bater.

Júlia e Fatinha eram irmãs, filhas de pais ricos

estudavam no colégio Armandinho Alves desde o ensino

básico, Amanda foi estudar no colégio no início do ensino

médio através de uma bolsa e logo se simpatizou com as

duas irmãs e ficaram muito amigas.

Amanda era pobre vivia com seus pais e sua avó

materna dona Albertina, sua vida era simples, mas cheia

de significado, era estudiosa, carinhosa com sua família,

respeitava os professores era um exemplo de menina,

com dezenove anos sua vida era da casa para o colégio,

sonhava em viajar o mundo, adorava a natureza, sempre

sonhadora, quando não estava com suas duas amigas

Júlia e Fatinha ficava sozinha olhando pela janela o trem

passar, o colégio ficava próximo a uma ferrovia que para

aqueles jovens era cheio de mistério e aventuras.

Assim que o sinal bateu os alunos que estavam

olhando um painel no pátio do colégio, foram cada um

para sua sala indicada.

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Para alívio das três amigas, elas ficaram na mesma

sala 3º A, assim que Fatinha entrou na sala, foi para o

fundão, Amanda e Júlia ficaram sentadas na frente no

canto esquerdo da sala, Fatinha já sabia que a amiga e

sua irmã não gostavam de ficar no fundo e não se

incomodou, pois ela era muito popular no colégio e

gostava do fundo para analisar seus novos pretendentes.

Alguns novos alunos entravam na sala não

despertando o interesse de Fatinha que estava atenta,

logo um rapaz alto e bem vestido entrou na sala

despertando o interesse geral da sala, era Felipe olhos

verdes, cabelos pretos, entrou todo imponente e sentou

também no fundo da sala do lado direito de Fatinha que

não tirou os olhos do rapaz, nem ela e nenhuma das

meninas com exceção de Amanda que já estava

procurando saber quem seria o primeiro professor da

noite.

Felipe logo observou que ela foi a única moça na

sala que nem olhou para ele, deixando o rapaz intrigado

e interessado. Felipe vinha de família rica seus pais eram

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empresários no ramo de supermercados, ele era muito

mimado pela mãe, mas mesmo assim se sentia

incompreendido e só confiava seus segredos no seu irmão

mais velho Bruno que estava completando vinte dois anos

naquela semana das voltas as aulas, atualmente Bruno

trabalhava como mecânico terminou o ensino médio e não

quis mais saber de estudar, foi morar sozinho assim que

terminou um namoro complicado e já havia anteriormente

causado muitos problemas para seus pais que acabaram

expulsando o filho de casa sem direito a nenhum recurso

financeiro, mas Bruno depois da adolescência conturbada

se aplumou na vida e passou a se sustentar com seu

próprio trabalho, não necessitando mais da ajuda de

ninguém, mas hoje Bruno tinha um carinho especial por

sua família e já tinha feito as pazes com eles.

Bruno tinha olhos verdes acinzentados, cabelos

pretos e corpo atlético com várias tatuagens, apesar de

suas afeições rusticas pela dura vida que levava

atualmente, era um rapaz muito atraente onde passava

encantava as mulheres e alguns homens, mas Bruno era

muito reservado estava decepcionado com as mulheres

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que sempre se tornavam obsessivas e ciumentas. Decidiu

ficar sozinho depois da última namorada.

A única preocupação de Bruno atualmente era seu

irmão Felipe, sempre livrava o irmão de perigos e brigas

que ele provocava por ser folgado e mimado.

Felipe após o segundo ano do ensino médio não quis

mais estudar no colégio que estava e pediu transferência

para o colégio Armandinho Alves por ser o colégio mais

caro da região que morava e onde seu irmão Bruno havia

estudado ensino fundamental, seguindo o amigo Lucas

que já havia pedido a transferência para lá, Lucas era um

rapaz alegre, bonito, loiro com grandes olhos azuis, muito

dedicado aos estudos o rapaz ajudou Felipe em uma prova

de matemática conseguindo passar com uma excelente

nota, depois desse dia os dois ficaram muito amigos.

Lucas era o único filho de uma família de classe

média estava com dezenove anos só pensava em perder

a sua virgindade que era seu segredo mais terrível.

Felipe nem desconfiava que o amigo era virgem,

pois Lucas demostrava total habilidades com as moças de

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sua idade, mas no momento de namorar ou ter algo mais

sério ele sempre dava uma desculpa e escapava voltando

à estaca zero.

Os pais de Lucas brigavam o tempo todo, sua mãe

era superprotetora e Lucas se fechava no quarto

deprimido e mergulhava em seus livros estudando

obsessivamente todas as matérias do colégio com seu

fone de ouvido se excluindo totalmente daquele ambiente

sem diálogo de seus pais, seu ponto de apoio era a escola,

lá conseguia viver uma vida que sempre sonhou, amigos,

moças e se livrava das preocupações de casa.

Todos esses jovens estavam começando um novo

ano de muitas expectativas e sonhos, seus problemas

familiares para eles eram seus pais e seus medos

internos, tudo na vida deles era problemas, diversão e

azaração.

Todos os professores apresentados, trabalhos

encaminhados e a turma só pensava em se conhecer,

Fatinha logo se apresentou para Felipe que não deu a

mínima atenção para ela que ficou irritada com a desfeita,

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sendo ela a mais popular e requisitada do colégio ficou

indignada e comentou com as amigas, mas Júlia nem deu

importância sabia como a irmã era e também se

interessou por Felipe, Amanda nem queria saber do

assunto envolvida nas ideias para os trabalhos estava

interessada quem seria do seu grupo para começar logo

fazer as pesquisas adiantadas para não deixar para o fim

do semestre.

O Coordenador da sala montou os grupos de estudo

e Fatinha, Amanda e Júlia ficaram juntas, pois ninguém

ousava a separar as meninas, acrescentaram Felipe e

Lucas no grupo delas que fez Fatinha pular de alegria e

Felipe também ficou supersatisfeito queria muito se

aproximar de Amanda.

Poucas horas conhecendo o grupo Felipe ficou

apaixonado por Amanda naquele ano decidiu se interessar

pelas aulas só para impressionar a moça, Júlia suspirava

por Felipe como sua irmã também. Lucas logo se

interessou por Júlia, mas a moça só tinha olhos para

Felipe.

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Depois do mês de janeiro a turma já estava toda em

harmonia, os velhos amigos e os novos, nem começou o

ano e já havia um grande feriado se aproximando,

deixando os jovens cheios de energias e criatividade,

naquele ano o feriado de carnaval no colégio Armandinho

Alves teria uma semana, pois haveria uma reforma rápida

no colégio que não conseguiram terminar nas férias.

Foi Felipe que deu a ideia de um acampamento para

aproveitar o feriadão longo, todos gostaram da ideia e

cada um do grupo tinham que resolver com suas famílias

uma forma de obter autorização de seus pais para viajar.

Amanda chegou em casa feliz e foi logo conversar

com sua mãe.

Capítulo II

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- Mãe meus amigos do colégio vão acampar posso

ir?

- Por mim não tem problema filha, mas fala com seu

pai!

Amanda esperou ansiosa seu pai chegar do trabalho

para falar com ele e assim que ele entrou em casa ela foi

logo o abordando.

- Pai preciso falar com o senhor!

- Fala filha o que aconteceu?

- Meus amigos do colégio vão acampar posso ir?

- Quem vai?

- Três meninas contando comigo se eu for claro, e

dois meninos novos da minha sala.

- Onde vão dormir os meninos? Perguntou o pai de

Amanda sorrindo.

- Cada um vai dormir em barracas separadas pai.

- Ah então pode ir, confiamos em você!

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Amanda beijou seu pai e sua mãe e os abraçou com

carinho e disse:

- Fiquem tranquilos tomarei cuidado.

Fatinha e Júlia nem perguntou nada para seus pais,

resolveram mentir, que a mãe de uma amiga ia passar o

feriado de carnaval na praia e convidou as duas para ir

ficar oito dias com a família dela, o pai delas nem se

importou e a mãe pediu para Fatinha anotar o telefone da

casa da mãe da sua amiga e que podia ir, mas Fatinha

anotou qualquer telefone, sabia que por hora sua mãe não

ia conferir.

Lucas nem conseguiu falar com seus pais que

estavam novamente brigados, já havia decidido ir para o

acampamento sem falar com eles, pois seus pais nem iam

sentir sua falta mesmo, pensava em sua cama olhando

para o teto com o fone no ouvido.

A mãe de Felipe não permitiu ele ir ao passeio,

morria de medo que acontecesse algo ruim com o filho, o

pai do rapaz estava muito preocupado com tanta atenção

que Norma tinha em relação ao filho caçula, foi assim que

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aconteceu com Bruno seu filho mais velho, era tanta

dedicação que Bruno abriu mão do conforto na casa dos

pais para viver sozinho, resolveu conversar com a esposa

com carinho para que ela não cometesse o mesmo erro

com o outro filho e afastasse ele também, o pai de Felipe

demostrava ser durão, mas morria de saudade do outro

filho Bruno.

Felipe estava inconformado com a decisão de sua

mãe e foi falar com ela, dona Norma estava na cozinha

preparando a janta quando Felipe entrou já com seus

questionamentos.

- Mãe eu dei a ideia do acampamento porque eu

não posso ir?

- Nem pensar, você sozinho no meio do mato com

um bando de adolescente sem nenhuma

responsabilidade.

O pai de Felipe tentou argumentar.

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- Mulher deixa esse menino se divertir, sempre teve

ótimas notas e feriado é assim felicidade, alegria o deixa

ir!

- Não vamos mais falar nesse assunto, minha

resposta é não!

Felipe saiu batendo os pés revoltado, bateu a porta

e se trancou no quarto, pegou o celular e ligou para o seu

irmão Bruno.

- Alô!

- Bruno! Sou eu Felipe!

- Fala mano, o que pega?

- O que pega é a mãe, no meu pé sempre!

- O que você aprontou agora moleque?

- Não fiz nada eu só quero acampar com o pessoal

da minha sala, eu dei a ideia para passar oito dias do

feriado em Guararema acampado, mas a mãe nem quis

conversar e disse não, o que eu faço mano?

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- Não sei, quando a mãe diz não dificilmente muda

de ideia.

- Por favor Bruno fala com ela, estou apaixonado

por uma moça e se ela for quero ficar com ela sem os

olhos do inspetor do colégio, ele não deixa as moças

chegar nem perto da gente e a mãe não me deixa sair à

noite com meus amigos sou um prisioneiro nesta casa.

- Entendo, aquele inspetor não muda mesmo, na

minha época era difícil, concordo com você um bom lugar

para se livrar dos adultos é um bom acampamento e a

mãe não muda mesmo.

- Você já acampou Bruno?

- Claro várias vezes, e vou te falar é muito bom,

mas tem que ter responsabilidade, nada de beber até cair

e nada de drogas.

- Eu só quero a Amanda vou até levar camisinha

você arruma para mim?

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- Opa! Calma aí, primeiro você tem que ir, depois

pensa o que vai levar, daqui a pouco estarei aí, a mãe não

pode continuar te tratando com um bebezinho.

- Obrigado meu irmão!

- Obrigado nada, vou cobrar o favor! Bruno deu uma

deliciosa risada e desligou o celular.

Depois de duas horas Bruno chegou na casa de seus

pais, foi recebido com carinho por sua mãe, mas logo que

começou a falar sobre o assunto acampamento os dois

começaram a brigar.

- Nem vem com essa conversa, você saiu de casa,

fez tudo que quis e Felipe não vai fazer o que você fez.

- Mãe, não adianta Felipe tem dezoito anos, assim

que completar vinte um vai fazer como eu, sair sem dar

satisfação, mãe a senhora tem que aprender a lhe dar

com isso, não ficaremos para sempre adolescentes.

- Assim você me magoa filho, faço de tudo para

proteger, amar vocês e o que levo?

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- Mãe, amamos a senhora, mas temos nossas vidas,

nossas vontades, nossos sonhos e a liberdade é nossa

única forma de viver esses anseios.

- Você vive sozinho, trabalhando de mecânico, podia

fazer engenharia em uma faculdade, mas largou tudo e

quer levar seu irmão pelo mesmo caminho?

- Não mãe, Felipe é diferente é estudioso, vai fazer

faculdade, pensa longe, mas se a senhora fizer isso com

ele, tirar sua alegria, prender como uma menina em casa,

aí sim a senhora vai perde-lo.

O pai de Felipe ouvia calado, desde que Bruno saiu

de casa não falou mais com o filho, mas concordava com

a cabeça deixando a mãe desesperada ao olhar para o

marido.

- Mas filho esse lugar tem bandidos, drogados é um

perigo ir para mata sozinho.

- Mãe, todo o lugar tem bandidos, drogas e muitas

coisas ruins, depende de cada um querer essas coisas ou

não.

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- Ele pode ser assaltado!

De repente o pai de Felipe levantou do sofá e disse

bravo.

- Chega! Você está me enlouquecendo mulher,

Felipe parece um bebe de nove meses, que inferno, deixa

ele sair, namorar, viver, você sufoca nossos filhos!

Entendo sua preocupação de mãe, mas não pode ser

assim meu bem, seja mais flexível.

- Tudo bem, eu deixo se o Bruno for junto, se não

sem chance!

- Eu ir acampar com um bando de adolescentes?

Jamais! Preciso trabalhar ganho mil e quinhentos por dia

arrumando carro de bacana como vocês, não vou deixar

de trabalhar para ser baba do Felipe.

- Então nada feito! Disse a mãe decidida.

Felipe sentou no sofá com a cabeça baixa entre as

mãos.

- Tudo bem, eu pago! Disse o pai.

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- Como assim? Perguntou assustado Bruno.

- Eu te dou dois mil por dia para ser a baba do seu

irmão e mais cinco mil para comprar tudo para esse

acampamento, que seja o melhor passeio da vida dele.

- O senhor está brincando né pai?

- Não, estou falando sério e tem mais se for com

seu irmão neste acampamento e trouxer ele sã e salvo eu

perdoo você por ter saído de casa, abandonado a

faculdade e toda boa vida que poderíamos te dar e você

desprezou.

- Isso é chantagem!

- Não é negociação, então aceita ou não? Já estou

com sono preciso dormir.

Bruno olhou para sua mãe e seu irmão e mesmo

contrariado disse:

- Tudo bem só dessa vez! Eu vou, com essa grana

já fiz o mês. Pegou a jaqueta que tinha deixando no sofá

e saiu dizendo:

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- Felipe te encontro as seis da manhã no sábado na

estação da luz.

Felipe ficou todo eufórico beijou sua mãe e seu pai

e deu um abraço no irmão, depois foi dormir animado não

via a hora de chegar no colégio e falar com sua turma.

No dia seguinte, Felipe chegou contando a novidade

para turma que seus pais haviam deixado ele ir acampar,

cada um falou das experiências com os pais e naquele dia

nem conseguiram prestar atenção nas aulas, passaram a

planejar o passeio detalhe por detalhe, dividindo quem iria

levar determinadas comidas, panelas, colchonetes etc.

Era sexta-feira ao chegar em casa Felipe ligou para

seu irmão Bruno.

- Alô! Atendeu Bruno.

- Oi Bruno sou eu, você já comprou tudo para o

acampamento, na escola a turma dividiu as comidas para

cada um levar, minha parte ficou com os miojos, molhos

e bolachas, você comprou? O pai já transferiu o dinheiro

para sua conta.

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- Calma Felipe! comprei tudo até a mais dessa sua

lista, comprei a barraca, cantil, panelas, equipamento de

sobrevivência e alguns remédios, camisinha, comida e

muito mais.

- Beleza te vejo amanhã as seis da manhã na

estação da luz, valeu!

- Valeu! Relaxa irmãozinho não vai ter um

piripaque! Bruno deu uma gargalhada e desligou o

telefone.

Bruno morava em um apartamento simples, que

ficava em cima da oficina que ele trabalhava, da sua cama

que ficava ao lado da janela, dava para observar o céu e

naquela noite ele estava com uma lua linda e todo

estrelado, o fazendo relembrar seu tempo de adolescente,

era igualzinho ao seu irmão Felipe, eufórico cheio de

sonhos, lembrou-se das decepções de sua vida e hoje

como estava solitário, ficou na cama pensativo e demorou

muito para conciliar o sono, somente muito tarde

conseguiu adormecer.

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Sábado, Felipe chegou as cinco e meia na estação,

ficou esperando ansioso os amigos.

Primeiro foi Lucas que chegou todo equipado,

mochilão, manta enrolada e amarrada, algumas panelas,

boné, bermuda, óculos escuros, cantil amarrado na

mochila, com um sorriso na cara indescritível de

felicidade.

- Fala Felipe, beleza?

- Beleza Lucas, e aí animado?

- Bem animado amigo!

Logo chegou Bruno de boné, bermuda preta,

camiseta branca, mochilão nas costas, duas mantas

enroladas e amarradas uma de cada lado da mochila e

com algumas panelas também penduradas, dois cantis,

Capítulo III

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uma mochila menor na mão que estavam as comidas e foi

entregue para Felipe levar.

- Fala marujos! Disse animado Bruno.

- Oi Bruno esse é meu amigo Lucas, Lucas esse é

meu irmão Bruno!

- Prazer cara! Nossa você é bem diferente do Felipe

nem parecem irmãos.

- Você acha? Perguntou Bruno irônico.

-É que você é todo tatuado, mais velho e seus olhos

é tão diferente parecem cinzas!

- Está me estranhando cara? Sai fora! Deixa seus

elogios para aquelas duas animadinhas chegando ali!

Lucas e Felipe olharam para trás, eram Fatinha e

Júlia estavam vestida com um short azul Fatinha com

camiseta preta e Júlia com camiseta branca, mochila nas

costas, panelas, mantas amarradas nas mochilas, vinham

saçaricando e rindo.

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- Olá meninos! Nossa! Quem é o bonitão tatuado,

Deus Thor? Perguntou Fatinha indo para cima de Bruno

que afastou a moça com as mãos delicadamente.

Foi Felipe que apresentou o irmão um pouco

vergonhado pela amiga atrevida.

Bruno nem respondeu e ignorou sem cerimonias,

odiava mulher atrevida e principalmente as novinhas,

queria distância de encrenca só tinha uma missão,

proteger seu irmão, mais nada.

Júlia se sentiu envergonhada com a irmã também,

mas Fatinha nem ligou, sorriu e disfarçou o

constrangimento.

Ficaram conversando por uns minutos e foi Bruno

que se manifestou.

- E aí galera quem falta, vamos?

- Calma falta o amor da minha vida, Amanda. Disse

Felipe olhando para os lados.

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Júlia ficou vermelha na hora e com raiva por dentro,

foi Lucas que percebeu, mas não comentou nada, Fatinha

na mesma hora que conheceu Bruno já esqueceu seu

amor por Felipe.

Dez minutos após a pergunta, vinha ao longe

Amanda, vestida com uma bermuda branca, camiseta

preta, mochila nas costas, manta, panelas e cantil

amarrados na mochila, vinha séria e apressada.

- Oi pessoal desculpa o atraso!

Bruno olhou da cabeça aos pés da moça e riu com

ar de ironia e comentou.

- Nossa! Para onde vamos, para uma festa,

patricinha?

Amanda olhou aquele rapaz bonito, irônico e

desconhecido e não respondeu, olhou para Felipe e disse.

- Oi Felipe quem é esse aí?

- Oi minha musa é meu irmão Bruno, Bruno essa é

Amanda.

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- Tá, tá, já sei, vamos se não iremos perder o

ônibus. Disse irritado Bruno sem nenhum motivo

aparente.

Fatinha ficou feliz, pela primeira vez viu um homem

não babar em sua amiga Amanda, sempre era a preferida

em tudo, até os professores a elogiavam.

A turma entrou no trem rumo à estação Estudante

sentido Mogi das Cruzes São Paulo.

Bruno disfarçadamente observava Amanda, ela lia

um livro e Fatinha não parava de falar com Júlia querendo

chamar a atenção de Bruno que nem olhava para as duas.

Felipe também olhava apaixonado para Amanda e

Lucas pela primeira vez sentiu um desejo incontrolável,

algo estava mudando dentro dele que o deixou confuso, a

presença de Bruno mexeu com seus sentidos mais íntimos

e várias fantasias passavam pela sua cabeça enquanto

observava Bruno de Boné sobre os olhos e fingindo estar

dormindo.

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Lucas observava discretamente, os braços fortes de

Bruno seu corpo atlético a pele bronzeada e tatuada, seu

jeito de predador estava deixando-o maluco de desejo

jamais poderia imaginar sentir algo assim por um homem,

ao mesmo tempo estava envergonhado, sempre rodeado

de linda moças, mesmo não conseguindo ir para cama

com nenhuma, jamais imaginou uma cena dessas.

O trem seguiu seu curso e naquelas horas de

viagem cada um curtiu seus pensamentos íntimos e

secretos.

Um som saiu do trem.

“Estação Estudante, solicitamos a todos que

desembargue nesta estação, este trem será recolhido”

Todos desceram e o tempo estava ainda com

neblina um friozinho gostoso se apoderou do ambiente.

As moças logo pegaram um casaco para vestir,

menos Fatinha que sentia um calor fora de época.

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Amanda colocou a mochila no chão e comunicou ao

grupo que iria na padaria comprar pão que causou um

belo discurso de Bruno.

- Olha a Loirinha, ela vai comprar chuveiro também?

Lá na mata não tem água quente melhor providenciar,

nem colchão de água viu!

Amanda olhou para Bruno e não disse nada, virou

as costas e falou com Júlia.

- Você vai comigo Júlia?

- Vou sim, vamos!

Bruno ficou mais irritado com o silencio de Amanda

do que qualquer outra coisa no mundo, nunca foi ignorado

por uma mulher na sua vida e não entendia, mas Amanda

o irritava profundamente, não sabia porquê, mergulhado

em seus pensamentos foi sacudido pelo irmão.

- Qual é a sua Bruno? Perguntou irritado Felipe

- O que eu fiz? Disse com ar de desentendido Bruno.

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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- Você implica com minha musa e ainda pergunta,

qual é? Você está irritante, chato, mal-humorado, porque

não volta para sua vidinha e me deixa aqui com meus

amigos, já basta a mãe que fica pegando no meu pé,

agora você quer estragar minha relação com Amanda?

- Calma, não é bem assim? Você fica babando por

essa moça e ela não está nem aí para você.

- Não importa, gosto dela desde o primeiro dia que

a vi na sala, ela sempre me ignorou, eu continuo insistindo

uma hora ela me dá uma chance.

- Você está maluco, gostar de quem não gosta de

você e ficar atrás de uma única moça, com tanta mulher

no mundo te dando mole?

- Eu quero ela, foi a única moça que não namorou

na escola com ninguém segundo informações, ela é

diferente de todas.

- Ah entendi, aí você gamou, já pensou se ela não é

lésbica?

- Já, até perguntei para ela.

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- E ela? Neste momento Bruno ficou curioso e

ansioso com a resposta do irmão.

- Ela me olhou nos olhos e disse: Escola é para

estudar, não para perder tempo com namoricos, eu não

sou lésbica, mas tudo tem hora certa e no momento para

mim é o estudo, não sou filhinha de papai como você que

ganham tudo de mão beijada, sou bolsista e dou valor

para isso.

- Caramba! Ela disse assim na sua cara?

- Sim, olhando com aqueles olhos verdes nos meus.

- E você, o que fez?

- Nada, me apaixonei de vez e desde esse dia vivo

atrás dela.

Bruno baixou a cabeça pensativo e disse ao irmão.

- Vai fundo Felipe é uma moça que vale a pena, me

desculpe não vou mais implicar com ela.

- Então meu irmão, esquece esse lance de babá,

deixa eu errar, beber, viver!

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- Está certo meu irmão, só eu errando que dei valor

para as coisas, não vou te controlar, agora cada um por

si, só me faz um favor, nada de drogas e usa camisinha

beleza?

- Beleza!

Os dois se abraçaram e Lucas continuou observando

de longe sentado em cima da mochila, a estação estava

lotada, já passava das nove da manhã, Amanda e Júlia

estava voltando quando viram um tumulto na rodoviária.

- Gente o que aconteceu? Perguntou Amanda

preocupada e foi Bruno que respondeu.

- Não tem ônibus para Guararema, o exército fechou

o local para treinamento por um ano.

- E agora o que vamos fazer? Perguntou aflita Júlia.

Neste momento aproximou um rapaz alto, cabelo

com dread, calça larga, camisão com uma estampa do bob

Marley, cheio de ginga.

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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- E aí Galerinha, meu nome é Bola beleza? Eu

conheço outro lugar, minha turma está indo para lá, vocês

têm interesse?

Entreolharam e foi Amanda que perguntou.

- Oi Bola meu nome é Amanda prazer, onde é esse

lugar?

Bruno se manifestou.

- Opa nem pensar, ninguém vai para lugar nenhum,

já que não tem Guararema vamos embora para casa!

Foi um alvoroço todos falando ao mesmo tempo,

bola e Amanda ficaram olhando a confusão.

- Você não decide nada aqui, eu vou com eles. Disse

Amanda desafiadora olhando dentro dos olhos de Bruno

que sentiu um arrepio e um calor em seu corpo.

Felipe e todos do grupo responderam juntos.

- Nós também.

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Bruno pensou bem e se sentiu um velho querendo

dominar um bando de adolescente querendo aventuras e

ponderou.

- Beleza que lugar é esse Bola?

- Olha chefia, é Casa Grande, um lugar lindo, com

cachoeira é pouco habitada, mas eu e minha turma

sempre vai para lá é muito bom.

- Cadê sua turma? Perguntou Bruno.

Bola assobiou e acenou para seus amigos, que se

aproximaram solícitos.

- Aqui estão, Macarrão, Japa, Véio, Mina e Marido

da Mina Pedrão.

Bruno sorriu e perguntou.

- Legal, alguém tem um nome por aqui?

- Oh! Chefia que preconceito com nossa pessoa, são

nossos nomes se você está falando do nome de

nascimento, ninguém lembra aqui, o que importa isso?

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- Nada Bola esquece! Você tem razão. Respondeu

Bruno.

Todos foram comprar as passagens para o novo

rumo Casa Grande, Felipe ficou satisfeito com a atitude

de Bruno e o ônibus saiu as dez horas e quinze minutos.

Bruno ainda questionou Bola.

- E se não gostarmos do lugar? Perguntou Bruno

- Relaxa chefia, tem dois ônibus para Casa Grande

um as dez da manhã e outro as dezessete horas da tarde,

se vocês não gostarem volta no ônibus que sai no final da

tarde.

- O que tem lá que nunca ouvi falar desse lugar?

- Chefia, na verdade esse lugar é um complexo da

Sabesp inaugurado em 1939 além de abrigar hippies na

década de 60 após sua desativação, detém uma

localização privilegiada no alto da serra e está repleta de

atrativos naturebas. Estes vão desde vários remansos

bucólicos, poços e cachus dos rios cristalinos, belos visus

do litoral e até caminhadas que descem até Bertioga. Um

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ponto prolífico para futuras incursões localizado no centro

da Serra do Mar Mogiana, se ligou?

- Sim me liguei. Bruno sorriu e se calou.

O ônibus ao sair da estação de Estudantes, foi por

uma rodovia depois entrou em uma estrada sentindo a

rodoviária de Biritiba-Mirim, depois de passar por

Salesópolis entrou em uma rua de terra e parecia que

estava subindo a serra do mar, os dois lados apenas mato,

estrada de terra vermelha, o sol já apontava no céu forte

e sem nuvens deixando um dia claro e azul com contrates

do verde das matas.

Dentro do Ônibus que parecia uma carroça,

sacolejava, mas ninguém estava se incomodando os olhos

fixos pela janela curtindo a paisagem, já havia quatro

horas após saída da estação de Estudantes o calor já se

fazia presente, coração acelerados em uma adrenalina

total.

Chegaram ao destino, desceram do ônibus próximo

a uma represa, Bola que tomou a frente comandando o

grupo para uma deliciosa aventura dentro do mato,

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andaram um pouco até achar um lugar seguro para descer

as pedras e passar do outro lado da represa, devagar um

a um foi descendo e atravessando o rio que estava raso,

mas cheio de pedras enormes, Bola pretendia achar um

lugar privilegiado próximo a represa.

Fatinha estava calada demostrando um visível

cansaço, a mata era um lugar bem diferente que ela

estava acostumada, gostava dos shoppings da cidade e

da movimentação, aquele lugar era um desafio para ela.

Felipe e Lucas atrás de Bola animados observado tudo,

Amanda acompanhava Macarrão e o restante do grupo de

bola e Bruno vinha ao longe por último e bem distante, de

vez enquanto Amanda olhava para trás para ver onde ele

estava, Bruno percebia e estava gostando da brincadeira

de gato e rato pelo olhar.

Bola achou um lugar lindo, limpo e plano, onde o

grupo de Bruno ficou, Bola deixou seus novos amigos e

foi com seu grupo para logo mais acima sem

questionamentos por parte do pessoal de Bruno que

deixaram as mochilas no chão e sentaram par descansar.

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Fatinha e Júlia estavam de biquínis por baixo das

roupas e foram em direção a represa se refrescar, já

passava do meio dia e o sol já estava escaldante.

Amanda se manifestou.

- Pessoal enquanto as meninas vão se refrescar, vou

buscar lenha para fazer uma fogueira, precisamos

preparar a comida e eu acho melhor vocês montarem as

barracas, porque na mata deve escurecer rápido.

Bruno olhou admirado e se manifestou a favor de

Amanda a antipatia havia terminado assim que pisaram

na mata.

- Ela está certa, vamos montar as barracas!

Bola e sua turma já haviam montado suas barracas

e desceram para ajudar.

- Oi chefia viemos ajudar.

- Beleza Bola, ajuda a Amanda a pegar os gravetos

para fazer uma fogueira e o restante ajuda nas barracas.

Bruno tomou a liderança do grupo.

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- Opa, com a maior satisfação chefia.

Uma hora depois as barracas estavam armadas,

fogo acesso e Amanda estava cozinhando, Fatinha e Júlia

voltaram reclamando de fome e foi Bruno que respondeu.

- Então meninas enquanto vocês tomavam sol,

fizemos tudo por aqui e já dividimos as tarefas diárias,

você duas ficaram para lavar as loucas, secar e guardar.

Fatinha deu um sorriso sem graça, não respondeu

nada e foi para a barraca se secar foi Júlia que se

desculpou e aceitou a atarefa.

Bruno se aproximou de Amanda que estava

separando os pratos e talheres e disse.

- Quer ajuda?

- Se quiser colocar esses pratos ali na nossa mesa

que Bola construiu agradeço.

- Claro.

Bruno prontamente ajudou Amanda arrumar a mesa

e logo todos estavam almoçando, todos elogiaram a

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comida e comeram com satisfação, Bola se aproximou e

pegou um prato para provar dizendo sem cerimonias.

- Nossa! preciso provar esse rango, esse cheiro está

muito bom, parabéns princesa você é uma verdadeira Jóia

no meio desse mato todo.

- Parabéns Amanda está muito bom. Disse Felipe se

fazendo presente no assunto.

- Não fiz nada, uma comida simples sem recurso,

respondeu Amanda com simplicidade.

Bruno olhou sem dizer nada, Fatinha saiu depois do

almoço com Júlia para lavar a louça e não deixou de

comentar.

- Até cozinhar Amanda sabe! Fatinha reclamou com

a irmã.

- Ela é uma mulher muito bacana Fatinha, não deve

se sentir inferior, cada um tem seu jeito.

- Mas a Amanda chega a ser irritante, todos ficam

babando por ela, eu sou a popular.

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- Você sabe cozinhar Fatinha?

- Claro que não! Nem quero aprender!

- Então está vendo, não tem comparação essa é a

diferença, Amanda sempre está pronta para ajudar os

amigos.

Fatinha se sentiu envergonhada diante da irmã mais

nova que parecia mais madura que ela e se calou.

Felipe se aproximou de Amanda que já havia

colocado um short e uma blusinha azul que deixava seus

olhos verdes muito intensos, sua pele bronzeada e seus

cabelos loiros se refletiam com o sol, Felipe não deixou de

observar sua amada.

- Posso falar com você em particular? Felipe

perguntou todo envergonhado.

- Claro Felipe pode dizer!

- Não aqui, pode ser na minha barraca?

- Porque tem que ser na sua barraca, fala aqui

mesmo, não tem ninguém por perto.

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- Tudo bem, Amanda quer namorar comigo? Eu

estou apaixonado por você e já não consigo mais nem

dormir.

Amanda olhou bem dentro dos olhos de Felipe,

pegou em suas mãos e com carinho disse:

- Meu querido amigo Felipe, sei que gosta de mim,

mas não posso corresponder a esse amor, não por sua

causa é que eu gosto de outra pessoa e não consegui

esquece-lo.

- Mas eu faço você esquecer, posso te amar por nós

dois.

- Não funciona assim Felipe, eu gosto de você como

amigo, não acredito que sentimento venha a mudar.

- Como você pode ter certeza disso?

- Porque você não faz meu tipo de homem Felipe,

desculpe, melhor encerrarmos a conversa aqui, não fale

mais sobre isso tudo bem?

- O que eu faço com o amor que sinto por você?

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- Procure alguém que lhe ame assim também, e

contente apenas com nossa amizade se quiser continuar

próximo a mim, olhe para o lado Felipe tem outras

pessoas apaixonada por você.

Amanda deixou Felipe sozinho próximo a fogueira

feita para fazer a comida, o pessoal já estava sentando

próximo a outra fogueira para se esquentar, pois a noite

já estava chegando e começava a esfriar.

O céu estava um azul indescritível, nuvens passava

rápida por causa vento. Felipe sentou-se onde estava

quando conversava com Amanda e ficou ali por horas

sozinho, Bruno só observava e achou melhor deixar ele

tranquilo.

Amanda foi até sua barraca e vestiu um moletom

cinza com capuz e foi sentar com o pessoal na fogueira,

triste e pensativa olhava o fogo, Bruno a observava de

longe e foi Bola que sentou perto dela abraçando-a.

- Dez Reais pelo seu pensamento?

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- Ah Bola se pudéssemos controlar nosso coração

seria tão mais fácil né?

- Sim, mas o interessante da vida é isso, amar quem

não ama agente e decepcionar quem ama e assim a gente

vai aprendendo, se está falando do Felipão ali eu tenho

certeza que você fez a escolha certa o pior para um

homem é viver iludido.

- Você tem razão, acredito que a sinceridade é

melhor que deixar a ilusão dominar.

- Com certeza minha princesa, agora vem aqui,

deixa eu te esquentar, sou grande e com frio você não

fica.

- Você já se apaixonou Bola?

- Vixi várias vezes, e estou apaixonado novamente

por você gata.

- Ah para com brincadeira Bola estou falando sério.

- É sério! Princesa.

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Amanda nem deu importância e sorriu, Bruno a

olhava fixamente sem desviar o olhar e quando os olhos

de Amanda cruzaram com de Bruno o coração dos dois

dispararam, mas ele disfarçou e foi ficar ao lado de

Macarrão para conversar, não entendia porque aquela

moça desconhecida e adolescente mexia tanto com ele.

Bruno sentia seu coração disparado, não entendia

como deixou esse sentimento pega-lo desprevenido,

começou a beber com Macarrão e Japa tentando acalmar

seus instintos, sabia do amor de Felipe pela moça, nem

podia pensar nisso, mas aqueles olhos, aquele corpo

inocente, aquele jeito doce e ao mesmo temo forte e

decidido, realmente era uma mulher diferente.

Macarrão era um rapaz alto, olhos e cabelos pretos,

pele bronzeada, vivia na praia grande era considerado um

caiçara, conheceu Bola nos acampamentos que fazia

desde os oito anos de idade com seu pai, depois dos

quinze anos começou a acampar sozinho, após muitas

viagens deixou de ir para casa e desde então sempre que

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Bola, Japa, Mina e Pedrão acampam chamam Macarrão

para ir junto, Bola e Macarrão se tornaram muito amigos.

Macarrão apesar do seu jeito louco de ser era um

homem carinhoso e que dava muito valor as amizades,

começou a beber e Fatinha provocar Bruno se mostrou

interessada por macarrão que parecia disponível se

aproximou como não querendo nada e começou a beber

também entre um copo e outro Macarrão e Fatinha

estavam mais próximos e Bruno percebendo o clima saiu

deixando os dois sozinhos.

No dia seguinte Fatinha acordou na barraca de

Macarrão, não era surpresa para ninguém, pois Macarrão

dificilmente não ficava com uma mulher nos

acampamentos e Fatinha como era atirada logo percebeu

as investidas de Macarrão e nem deixou o rapaz sofrer.

Júlia ficava envergonhada com o desprendimento da

irmã era totalmente diferente dela, Júlia era recatada,

tímida mesmo linda não gostava de se envolver com

qualquer um se preservava para um grande amor, mesmo

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que Felipe não percebesse que ele era seu grande amor

preferia aguardar o momento certo.

Amanda adorava Júlia já que as duas pensavam

bem parecido em relação aos homens.

Bruno dormiu bêbado, mas acordou bem cedo era o

segundo dia que estavam acampados e resolveu explorar

a mata, vestido de calça camuflada com do exército,

coturno, camiseta preta, boné e um facão na mão, já

estava pronto para sair quando viu Amanda indo na

direção do rio, ela também levantou bem cedo nem era

sete da manhã todos estavam dormindo e Bruno resolveu

em silencio segui-la.

Amanda ao chegar na represa olhou para os lados e

se despiu, Bruno ao ver a cena se escondeu para que ela

nem sonhasse que ele estava ali observando, Amanda se

jogou na água e começou a nadar, mergulhava e depois

subia a superfície tirando os cabelos do rosto

delicadamente com as mãos, Bruno parado só observava.

Amanda se aproximou até a margem e olhou para o

seu lado esquerdo quando viu uma jaguatirica a

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observando não conseguia se mexer, Bruno ao vê-la

assustada olhou para o mesmo lado e viu a Jaguatirica

também imediatamente se aproximou de Amanda com

cautela e disse:

- Calma, não faça nenhum movimento brusco.

- O que você está fazendo aqui?

- Estava explorando e vi um barulho na água vim

ver o que era e te encontrei, toma sua toalha, venha

devagar.

Conforme Amanda ia saindo da água a jaguatirica

entrou na água devagar em direção a eles, nesse

momento Bruno pegou as roupas de Amanda e disse para

moça que estava enrolada na toalha.

- Corre!

Amanda correu em direção ao acampamento e

Bruno vinha logo atrás se afastando da jaguatirica que

não teve tempo de sair da água por sorte dos dois.

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Chegando ao acampamento Bruno entregou as

roupas de Amanda que correu para barraca para se vestir,

Bruno ficou do lado de fora fazendo a guarda.

Já passava das oito da manhã e os outros já

começava a acordar vendo a cara de Bruno e Amanda

começaram a questionar o que havia acontecido, Bruno

contou a mesma história que contou para Amanda sobre

sua presença na represa enquanto ela tomava banho.

- Foi minha sorte o Bruno estar lá eu não saberia

como escapar daquele bicho.

Felipe logo se manifestou irônico e morrendo de

ciúmes.

- Sorte do Bruno não sua.

- O que? Amanda questionou disfarçando o

comentário.

Todos perceberam a ironia e foi a Mina que retrucou.

- Você é maluco garoto? Sua amiga poderia ter

morrido e você pensando em besteira.

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Bola e os seus amigos havia ouvido as conversas e

desceram para saber o que estava acontecendo.

Bola falou sério do perigo de encontrar a jaguatirica.

- Essa bicha parece uma onça e caça como ela se a

jaguatirica se sentir ameaçada ela ataca, era grande

Bruno?

- Não eu acho que era filhote esse é o problema.

- Porque problema. Perguntou Fatinha agarrada no

braço do Macarrão.

Bola respondeu prontamente.

- Se for filhote, tem pai e mãe e se derem falta do

filhote vem atrás aí ninguém segura é melhor ficarmos

todos juntos e fazer umas armadinhas caso eles se

aproximem a noite, ela deve estar com fome.

Bola e seus amigos desceram suas barracas para o

mesmo terreno dos outros, com barbantes e latinhas

fizeram um anel ao redor das barracas, ficaram paus ao

redor construindo uma cerca.

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- Melhor ficarmos todos juntos, ninguém sai sozinho

combinado? Disse Bruno preocupado.

Todos concordaram e passaram o dia em grupo de

três pessoas sempre.

A noite chegou e todos estavam apreensivos,

acenderam a fogueira e ficaram conversando sobre suas

vidas, Bruno ficou em cima de uma pedra sozinho

observando o grupo, estava com uma camisa branca e

uma bermuda jeans seus braços a mostra chamava

atenção de todos, Lucas o observava discretamente e era

observado por Japa, Amanda estava sorridente naquela

noite e seu sorriso mexia com Bruno que de longe a

observava e Felipe de lado conversando animado com ela

se sentia feliz só de estar do seu lado, Mina e Pedrão

foram dar uma volta para ver se via a jaguatirica

rondando o casal conhecia Casa Grande como ninguém,

Bola pegou um violão e começou cantar uma canção todos

olhavam a fogueira e embalados pela canção sentiam-se

felizes, Fatinha e Macarrão estava dentro da barraca, Júlia

olhos marejados com a música, adorava aquela música,

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Bola cantava “Se seu não falasse das Flores”. Muitos

daqueles jovens participaram do impeachment do

Presidente Fernando Collor, e mesmo Júlia não gostando

de política se sentiu importante em participar de uma

decisão tão importante de um País inteiro.

Depois Bola começou cantar musicas do Legião

Urbana e todos embalaram nas músicas cantando juntos.

Aos poucos o grupo foi se desfazendo, a musica

acabou e só sobrou Amanda, Felipe, Bruno, Lucas e Japa

próximo a fogueira, no silêncio da mata escutava os grilos

e o barulho da água da represa, um vento frio passava

por eles embalando aquela noite, Amanda olhava para o

céu forrado de estrelas, a lua estava branca e distante.

Felipe, Lucas e Japa estavam bebendo vodca com

Coca-Cola, Bruno assava alguns pedaços de queijo da

fogueira e Amanda estava admirada com o clima daquela

noite.

- Você já havia acampado antes Amanda?

Perguntou sem pretensões Bruno.

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- Não.

-Nossa! Você parece ter experiencia com

acampamento.

- Só acho que todos devem cooperar é o que fiz.

- Eu quero me desculpar com você pela maneira que

te tratei ao conhece-la.

- Esquece, já não me lembrava disso.

- Fez bem meu irmão! Você foi muito mal com

minha amada. Falou bêbado Felipe abraçado com Japa.

- Vem Felipe vou colocar você para dormir, já bebeu

demais.

- Não! Eu vou com Japa sair sem minha babá! Fica

aí Lucas de olho no meu irmão predador, protege minha

amada!

Japa levou Felipe para barraca, Lucas bebeu pouco

e ficou ali na fogueira observando Bruno, pensava como

podia existir um homem tão lindo, sua barba estava

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crescendo e aquele ar de homem bravo, deixava-o

maluco, já estava convencido que estava apaixonado.

Bruno ficou em silêncio.

- Muito legal da sua parte trazer seu irmão para

acampar. Disse Amanda puxando assunto.

Bruno contou para Amanda como foi parar no

acampamento e que não era nenhum herói do irmão.

- Mesmo que você teve um incentivo, seu irmão

acha que você é o herói dele sim, sempre fala de você

com muito carinho.

- Amo meu irmão, quero ver ele bem, eu fui um

porra louca na idade dele, fui apaixonado por uma mina e

depois desandei na bebida e nas drogas, acabei o colégio

e não quis mais saber de nada, depois terminei com a

mina que eu era apaixonado porque ela me traiu, mas

depois disso a mina pirou e queria voltar de qualquer jeito,

tentou varias vezes o suicido, depois disso, sai de casa,

sumi do mapa para não ter responsabilidade com nada

disso, não sou um herói, sou um covarde.

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Bruno chateado com as lembranças de seu passado,

tomou o copo das mãos de Lucas e virou na boca se

levantou, se despediu de Amanda dando um beijo em sua

testa e apertou a mão de Lucas.

- Falou galera! Vou deitar.

Lucas e Amanda ficaram em silencio por alguns

minutos depois se levantaram e foram deitar também.

No dia seguinte Amanda avisou que a comida estava

bem pouca e que não iria dar para passar mais dias.

Já era quarta feira e após o almoço enquanto

Fatinha, Júlia e Felipe foram até a represa lavar a louça,

Bola teve uma ideia.

- Bom aqui tem algumas casinhas e plantações,

podemos explorar e pedir comida.

- Eu concordo. Disse Bruno.

Amanda se manifestou.

- Então vamos, Eu, Bola, Bruno e Lucas procurar

comida e Macarrão, Japa, Pedrão e Mina ficam aqui

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esperando Fatinha, Felipe e Júlia voltarem, explica para

eles onde fomos e enquanto isso, vocês cuidam do

acampamento.

Todos concordaram e o grupo que Amanda montou

foi rumo a mata procurar comida, seguiram o caminho

contrário da represa entrando na mata fechada.

Amanda também tinha uma roupa apropriada para

ocasião que deixou Bruno de queixo caído, não imaginava

que aquela patricinha que viu no metro era uma mulher

forte, decidida e irresistível.

Amanda colocou um short verde, coturno, camisa

preta, pegou uma mochila vazia, cantil e outro facão que

Macarrão havia emprestado para ela, cabelos presos e

boné.

Ao ver Amanda Bola e Bruno se olharam e Lucas riu

da cara de bobos que eles fizeram.

Passando na frente deles sem cerimônia e decidida

disse:

- Vão ficar ai parados, Vamos!

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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Por volta das dez da manhã quando o grupo entrou

na mata, foram seguindo trilhas e conversando animados.

Bruno permanecia em silencio observando tudo,

enquanto Amanda e Bola conversavam um da vida do

outro e cada vez que Amanda contava mais coisas sobre

ela, sua família, seus objetivos profissionais, suas ideias

sobre a vida, Bruno mais se apaixonava.

Lucas ao lado de Bruno tentava puxar conversa,

mas Bruno queria ficar em silencio escutando a conversa

de Amanda e Bola.

Pararam no primeiro sitio, havia uma senhora na

sacada da casa e foi Bruno que se aproximou.

- Bom dia Senhora, peço licença para nos

aproximar?

- Claro! Meninos venham, entrem!

Capítulo IV

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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- Prazer senhora, meu nome é Bruno, essa é

Amanda, Bola e Lucas, estamos acampados lá embaixo na

represa e nossa comida está acabando, gostaria de saber

se a senhora pode arrumar alguma coisa para nós,

qualquer coisa.

- Sim meu filho é um prazer, meu nome é Rita, só

um instante vou pegar lá dentro.

O grupo ficou do lado de fora para não assustar a

senhora depois de vinte minutos vem dona Rita com uma

sacola cheia de mantimentos, macarrão, um vidro de doce

de leite, biscoito, café e arroz.

Bruno agradeceu beijando dona Rita nas mãos e o

grupo continuou seu caminho. Foram conversando

animados.

Cada sitio que eles paravam um deles pedia, logo

mais adiante seria a última casa, pois já tinham bastante

coisas, era uma casa sinistra bem no alto de um morro, o

caminho era todo cheio de arvores e flores, foram até a

casa, pararam no portão e ficaram indecisos.

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- Será que vamos? Perguntou Bola.

- Claro, nossa última parada eu peço, vamos! Disse

decidida Amanda.

Eles subiram até a casinha e bateram palmas,

menos de um minuto saiu uma senhora bem idosa e

simpática, já passava das três da tarde a senhora

prestativa, pegou biscoito, pão caseiro, macarrão e assim

que entregou a sacola para Amanda disse:

- Vocês estão famintos coitadinhos olha só essas

carinhas de fome antes de irem embora vocês vão tomar

um café bem gostoso com bolo de milho esperem aqui.

O grupo esperou para não fazer desfeita para

senhora, logo ela saiu com café e bolo, havia uma mesa

na varanda onde Bola e Lucas se sentaram com a

senhorinha que feliz pela visita dos jovens se mostrava

prestativa, Amanda não quis sentar e Bruno também não

ficaram em pé, tomaram café, comeram bolo e ficaram

conversando animados, Bruno pegou no braço de Amanda

e disse no seu ouvido.

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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- Venha! Quero falar com você.

Nem esperou Amanda responder e arrastou ela para

trás da casa sem que ela pudesse reagir, Bruno pegou em

sua cintura e a beijou apaixonadamente, Amanda

retribuiu com o mesmo fogo e paixão.

Os dois com o coração batendo forte, após cinco

minutos foram surpreendidos por Bola que chamou os

dois para ir embora, Amanda estava sem folego e

encantada com o beijo de Bruno, nunca havia beijado com

tanta paixão e ardência foi um momento único e

inesquecível.

Bruno queria mais e não se controlando de tanto

amor e desejo no caminho de volta não aguentou esperar

mais nada e a beijou apaixonadamente novamente,

deixando Bola e Lucas pasmos.

Lucas ficou decepcionado, mas sabia que não tinha

nenhuma chance com Bruno, Bola também ficou chateado

mesmo sabendo que não teria nenhuma chance com

Amanda, Bola vendo aquele beijo tão ardente percebeu o

quanto estava só.

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Os dois foram caminhando de mãos dadas sem

palavras, paravam se beijavam e caminhavam foi assim

até próximo ao acampamento.

Bola e Lucas foram na frente chegando primeiro

com a comida, Felipe foi o primeiro a questionar porque

eles foram sem ele, mas Bola nem respondeu e Lucas

disfarçou mostrando quantas coisas conseguiram

deixando Felipe desconfiado.

- Amanda espera, e agora o que faremos?

- Não sei Bruno, só sei que adorei beijar você.

- Eu estou louco por você moça e não vou te perder

de vista, mas saindo daqui podemos nos ver?

- É o que mais quero.

Bruno a beijou novamente e os dois foram para o

acampamento.

Felipe estava muito bravo e foi logo questionado

Amanda porque ela foi sozinha com três homens.

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- Eu não devo satisfação para você, estávamos

precisando de comida e você não estava aqui para ir

conosco.

- Porque não deixou o Macarrão, Pedrão ou Japa ir?

-Me poupe Felipe! Amanda ficou séria com o

questionamento de Felipe e foi para fogueira preparar a

comida agora eles poderiam ficar até domingo e era o que

Amanda mais queria.

Felipe ficou o resto do dia emburrado, mas ninguém

deu importância.

Bruno tentava o máximo disfarçar, mas estava difícil

ficar longe de Amanda, os dois estavam completamente

apaixonados um pelo outro e depois que descobriram isso

estava difícil de ficar longe.

Sábado o dia estava lindo, mas todos estavam

cansados e querendo ir embora, Bruno e Amanda não

queriam ir embora e como a turma de Bola também só

iam no domingo, todos resolveram esperar também para

irem juntos para Capital.

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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Anoiteceu com o céu estrelado, o ar estava

agradável, cheiro de mato diante da fogueira todos

alegres e contando histórias o medo da jaguatirica ficou

bem longe, ninguém se lembrava dela e Bruno fixava seus

olhos em Amanda que correspondia com amor e ternura

deixando ele louco de amor.

Felipe emburrado foi dormir cedo que para Amanda

e Bruno foi um alívio, Lucas estava de canto olhando o

céu quando Japa se aproximou.

- Você está bem Lucas?

- Oi Japa, estou triste, mas faz parte uma noite

dessa tão romântica e eu sozinho.

- Porque não se aproxima de Júlia? - Ela está só

também é uma bela moça.

- Olha cara se quiser ficar com Júlia vai em frente,

não faz meu tipo.

- Acredito que Júlia faz o tipo de qualquer homem.

disse Japa provocativo.

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- Sim pode ser, mas para mim fica difícil gosto da

mesma fruta que Júlia gosta se me entende.

Japa ficou em silencio por uns segundos e disse:

- Entendo bem como é isso. Sou assim também.

- Você é gay Japa?

- Sim e qual o problema nisso?

- Nenhum, é que não parece, você é tão...

- Tão? O que?

- Metido a macho.

- Eu medito a macho? Pode ser exagero seu, mas

não é preciso ser explicito para ser gay, você mesmo não

parece também, é um rapaz bem bonito e está bem longe

de parecer ser gay.

- Mas sou e descobri da pior forma que um homem

poderia descobrir.

- Serio? Quer falar a respeito?

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- Eu nunca havia sentindo desejo por uma mulher,

nenhum interesse, sempre fui muito amigo delas,

engraçado meus amigos me invejavam sempre, eu saia

com muitas mulheres lindas, mas nunca fiquei com

nenhuma, até esse dia de acampar que conheci Bruno.

- Bruno irmão de Felipe?

- Sim, assim que eu vi Bruno senti tudo que nunca

havia sentindo por uma mulher, senti meu coração

disparar, minhas mãos suar, parecia que saiam corações

dos meus olhos como nos desenhos animados e o pior de

tudo...

Lucas fez uma pausa pensativo e se calou com

vergonha.

- Diz o que sentiu? Pode confiar em mim.

- Senti desejo, vontade de beijar ele ali mesmo na

estação, senti tesão e pior fiquei excitado.

- Mas esse desejo, esse sentimento é normal Lucas,

os homens sentem isso por uma mulher e sentimos por

homens que diferença faz?

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- Toda diferença, me sinto um anormal, alguém com

instintos animais, irracionais, um pecador.

- Opa! Para com isso, só sentimentos meu amigo,

nada de pecaminoso, sentimento, desejo faz parte do ser

humano racional, esse lance de pecado é outro

departamento não tem nada a ver com sentimentos.

- Fico pensando em meus pais, vão me excluir do

mundo deles se descobrirem.

- Experiência própria Lucas, não escolhemos ser

assim, simplesmente nascemos assim só demora para

descobrir e principalmente aceitar, somos humanos,

normais e pessoas que merecem respeito como outro

homem qualquer, se te excluírem só porque você gosta

de homens não de mulheres essas pessoas vão perder a

chance de estar perto de você e participar da sua vida.

- Falando com você parece ser tão simples.

- Não é fácil meu amigo, mas é simples, quem

complica é o ser humano preconceituoso que acha que é

um ser superior, normal e que somos desajustados.

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Lucas se sentiu bem com aquela conversa e ficou

curioso.

- Porque te chamam de Japa você não é japonês!

Japa era um rapaz bonito, forte, cabelos e olhos

castanhos, tinha seus cabelos com dread como seus

amigos, vestia-se com roupas largas e despojadas

respondeu à pergunta de Lucas com sua história.

- Não conheci meus pais, cresci em um orfanato,

assim que completei um ano fui adotado por uma família

japonesa minha mãe Yasu e meu pai Kasuko, fomos morar

no Japão, lá cresci, estudei, me formei, mas a cultura é

bem diferente, assim que fiquei adolescente percebi que

eu era diferente dos meus pais, então eles me contaram

que fui adotado, fiquei muito grato a eles por ter me

adotado, mas sempre fui muito curioso e quis vir ao Brasil

conhecer minha cultura, minhas origens.

- E nunca mais voltou ao Japão?

- Sim todo ano vou visitar meus pais, mas decidi

morar aqui porque foi na faculdade que descobri que

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gostava de homens não de mulheres, realmente seria um

golpe muito forte para meus pais a cultura deles é bem

rígida, eu não queria decepcioná-los, então me refúgio

aqui, sem ter que dar satisfação a ninguém.

- E por isso que te chamam de Japa?

- Não! É porque eles acham meu nome muito difícil,

meu nome é Daichi Watanabe e também porque falo

fluentemente o idioma que facilitou ganhar uma grana

aqui, além da mesada que meus pais me dão todo mês.

- Entendi agora Japa. Lucas sorriu satisfeito com o

novo amigo.

- Comecei a acampar com meu ex-namorado e

conheci a turma do Bola, quando terminei meu namoro de

cinco anos, passei a acampar com o grupo sozinho.

- Entendi, e seu ex-namorado?

- Casou com outro.

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Lucas ficou pensativo, aquele mundo era muito

diferente para ele ainda, mas conversando com Japa já

não sentia tão anormal assim.

- Você Lucas tem que procurar amigos que aceitam

você como é, nada de se esconder, viva sua vida

discretamente, pois infelizmente não podemos nos expor,

mas podemos sim, ser feliz como qualquer ser humano,

encontrei no grupo do Bola amigos que me respeitam e

me entendem.

Bruno cercava discretamente Amanda viu que Felipe

estava distraído com o restante do grupo e se aproximou

de Amanda, falou bem no pé do ouvido dela.

- Dá um jeito de ir até a represa. Disse com voz

baixa que deixou Amanda arrepiada.

Ela olhou para trás e viu o pessoal distraído, foi pelo

outro lado e chegou na represa não viu Bruno se

aproximou da agua e foi surpreendida por ele abraçando-

a com carinho, ele virou ela segurou na cintura dela e a

beijou novamente apaixonadamente ela sentiu o calor do

corpo dele os braços fortes envolvendo-a sentiu muita

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vontade de se entregar para aquele amor ali mesmo, mas

se lembrou de seus pais e da promessa que tinha feito de

que não ia fazer nada de errado, delicadamente se afastou

e disse:

- Nossa! Você me tira o folego.

- Você que me deixa louco, como pode eu sentir

tudo isso em tão pouco tempo, eu me sinto um vulcão

adormecido que de repente entrou em erupção, estou

enlouquecido de amor, Amanda por você.

Amanda ficou olhando aqueles olhos cinzas, aquele

homem doido por ela e se sentiu muito poderosa e frágil

ao mesmo tempo, pois de repente lembrou que Bruno era

irmão de Felipe e isso não ia dar certo.

- Vamos voltar, não quero que Felipe nos veja

juntos Bruno.

- Tem razão, mas antes...

Bruno a pegou novamente e a beijou, depois os dois

voltaram para o acampamento separadamente, Amanda

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foi na frente e Bruno logo atrás, ninguém viu eles

chegarem.

Depois de frente a fogueira Amanda e Bruno ficou

conversando a cada assunto descobriam muitas

afinidades, a conversa dos dois atravessou a madrugada

e a fogueira já estava apagando quando resolveram ir

dormir o restante da turma já havia se recolhido em suas

barracas.

Domingo, todos resolveram acordar bem cedo para

levantar acampamento, o ônibus partiria às dez da manhã

se perder o ônibus desse horário somente as dezessete

horas da tarde como foi explicado por Bola.

Dez horas em ponto, todos estavam na estrada

esperando o ônibus, Bruno não ia deixar Amanda sentar

com Felipe e assim que subiram no ônibus ele sentou do

lado dela deixando Felipe sem ação, para não discutir com

o irmão Felipe sentou do lado de Bola emburrado, pois

Lucas resolveu sentar do lado do Japa.

Todos distraídos conversando enquanto o ônibus

sacudia na poeira da estrada, Bruno olhava dentro dos

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olhos de Amanda que estava encantada com os olhos de

Bruno cinzas, brilhantes e apaixonados, não se

contentando mais Bruno a beijou novamente com ardor e

paixão esquecendo de todo o resto, assim que Felipe virou

e viu a cena não se conteve levantou e puxou seu irmão

querendo esmurra-lo no rosto, mas Bola o deteve e Bruno

disse sério.

- Na estação da Luz nós dois vamos conversar!

Felipe estava fervendo de raiva e decepção.

Fatinha e Júlia ficaram surpresa com a cena, não

imaginava que Amanda fosse ficar com alguém

principalmente com Bruno que a ignorava desde que

chegaram no acampamento.

Ao chegar na estação da Luz, Felipe nem conversou

com ninguém, foi até o metro e partiu sozinho para casa,

Bruno tentou alcançar, mas não conseguiu.

- Deixa! Eu falo com ele depois, vou te levar para

casa Amanda.

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- Tudo bem Bruno, mas não deixa de falar com seu

irmão.

- Vou falar com ele, mas no momento é bom dar um

tempo, posso te ver na segunda no seu colégio?

- Sim, te espero na saída.

Cada um foi para suas casas felizes, menos Felipe

que chegou em casa e não falou com ninguém, sua mãe

tentou conversar com ele, mas depois viu que era coisa

de adolescente e que ele voltou sã e salvo deixou ele para

lá, ao passar dois dias Bruno tentou diversas vezes falar

com o irmão, mas Felipe conseguia sempre escapar,

mesmo Bruno indo todos os dias no colégio ver Amanda

não conseguia encontrar o irmão, depois de um mês de

tentativas por acaso Bruno deu de cara com Felipe saindo

da escola.

Então finalmente os dois conversaram por horas e

conseguiram se entender, mesmo contrariado Felipe

aceitou o namoro do irmão, que se dizia apaixonado.

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A vida de Bruno continuou tranquilamente

namorando Amanda os dois estavam muito felizes, Felipe

não parava mais em casa, faltava no colégio e passou a

andar com alguns rapazes bem diferente dos quais

andava antes.

A mãe de Felipe ficou preocupada chamou Bruno

para averiguar o que estava acontecendo e para sua

surpresa Felipe estava andando com uns caras da pesada,

usando drogas e abusando do álcool.

Bruno custou acreditar que era Felipe ao vê-lo,

magro, pálido e com o olhar muito distante, nada que

Bruno falava Felipe ouvia estava em outro mundo, para

que sua mãe não visse Felipe naquele estado, resolveu

levar o irmão para sua casa, avisou Amanda que precisa

se ausentar uns dias para que ela não ficasse preocupada,

mas não falou nada sobre Felipe.

Bruno precisava afastar aqueles amigos de Felipe,

pois Felipe sendo um rapaz rico, os viciados grudaram

nele como carrapatos por causa do dinheiro.

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Depois de alguns dias tendo tranquilizado seus pais

a respeito de Felipe, Bruno foi até o colégio para falar com

Amanda.

- Preciso ir para Parati com Felipe, você quer ir

conosco?

- Não posso, estou em provas e preciso estudar no

fim de semana e também acredito que meus pais não iam

aprovar essa viagem tão repentina com dois rapazes.

- Tudo bem, na segunda te vejo então, vou só ficar

esse fim de semana.

Bruno beijou Amanda e se foi, ela passou o fim de

semana estudando, morrendo de saudade do namorado.

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Em Parati Felipe já estava mais corado e na varanda

de uma bela casa os dois sentados começaram a

conversar.

- Eu não acredito Felipe que você chegou tão baixo

com esses seus amigos, olha seu estado, tive que tirar

você de São Paulo para a mãe e o pai não perceberem.

- Não enche Bruno, tenho mais de dezoito anos faço

o que bem entender da minha droga de vida.

- Porque você fala isso meu irmão, você tem tudo,

nossos pais são ricos, tem uma casa linda, ganhou um

carro do pai no seu aniversário e fala assim, não entendo.

- Não entende? Eu não queria nada disso, preferia

ser uma favelado, mas ter o amor de Amanda.

- Ah não! Essa história novamente?

Capítulo V

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- Isso você não quer ouvir né, quer me ajudar, mas

abrir mão da sua namorada não quer!

- Felipe faltam seis meses para terminar o ano, você

é um rapaz inteligente tem boas notas vai passar com

certeza, basta voltar para o colégio e terminar, para de

sair com esses caras e volta a sua vida de realidade.

- Pois é, eu posso voltar sim, mas com uma

condição.

- Condição?

- Sim, você termina seu namoro com Amanda e

deixa ela livre para eu conquista-la.

- Você está maluco? Amanda me ama.

- Se ela se decepcionar com você eu terei uma

chance, ela vai ver que eu sou o homem da vida dela.

- A vida não funciona assim, isso é chantagem

emocional, não é justo, eu disse para você eu amo a

Amanda e ela a mim.

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- Eu amo a Amanda antes de você conhece-la, se eu

não tivesse inventado esses oito dias de acampamento ela

seria minha e nem ia conhecer você.

- Você está delirando Felipe.

- Ou você termina com ela, ou eu vou me entregar

nas drogas de vez, está nas suas mãos.

- Você sabe o que eu passei no passado, você está

fazendo o mesmo, tudo que prometi para mãe que você

jamais ia fazer e tem mais você sabe que odeio

chantagem emocional como minha ex-namorada fazia a

Lucy.

- Pode ser, mas deu certo você ficou com ela quatro

anos e eu preciso desses seis meses para conquistar

Amanda.

Bruno não disse mais nada ficou chocado com a

atitude de Felipe, mas queria ver o irmão feliz de alguma

forma se sentia responsável pela felicidade dele.

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Voltaram para São Paulo, Felipe sabia do caráter do

irmão então voltou para o colégio na segunda feira e seus

pais nem perceberam que ele havia mudado tanto.

Na saída do colégio Bruno estava em um bar

esperando Amanda passar, assim que viu a namorada foi

falar com ela que não tinha visto ele dentro do bar.

- Amanda!

- Bruno meu amor como esta? Porque não me ligou?

Estava preocupada.

Bruno deu um beijo no rosto de Amanda que sentiu

toda sua tensão.

- Aqui está seu fone que você deixou comigo.

-Você está bem?

-Olha Amanda nada bem, mas existem coisas que

precisam mudar então entre nós está tudo acabado.

Bruno olhou bem nos olhos de Amanda não disse

mais nada e foi embora, naquele momento o coração de

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Amanda doeu muito, sem entender como um amor tão

gostoso e intenso poderia acabar assim.

Amanda ficou dois meses sem entender, perguntou

para Felipe e ele só dizia que o irmão era assim mesmo.

Amanda realmente ficou decepcionada, mas ao

contrário que Felipe imaginava ela não quis saber dele e

de mais ninguém por um bom tempo, depois namorou

alguns rapazes, mas não se apaixonou novamente.

As aulas terminaram e Felipe não conseguiu concluir

seu projeto de conquistar Amanda, cada um foi para um

lado, Amanda se mudou de onde morava e seguiu sua

vida sozinha se apegando aos estudos de graduação

pretendia fazer Designer Gráfico e com ajuda da diretora

de seu colégio conseguiu mais uma bolsa agora para

graduação começou a estudar e se focar na sua vida

simples e sem Bruno.

Felipe depois que terminou o colégio reencontrou

seus antigos amigos de drogas e bebedeira e se entregou

completamente nesta vida, só que desta vez seus pais

ficaram sabendo e Bruno infeliz abandonou tudo com

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ajuda do pai que se reaproximou do filho foi morar em

Nova York para estudar como seus pais queriam, a Mãe

de Felipe não queria incomodar Bruno com os assuntos do

irmão. As coisas foram se agravando até que Felipe teve

uma overdose fatal.

Assim que Bruno soube veio ao Brasil para o enterro

do irmão, decepcionado e se sentido culpado pelo estado

do irmão não se aproximou de ninguém no cemitério, viu

todos os amigos de Felipe inclusive Amanda que estava

linda, mas ele não deixou ela o ver, saiu do cemitério e foi

para casa depois da missa de sete dias se despediu dos

pais e voltou para os Estados Unidos solitário se entregou

ao novo trabalho passou estudar Artes Visuais, conseguiu

na pintura retratar todos seus sentimentos, sentia muita

falta de Amanda de seus pais e agora de Felipe.

Depois do luto os pais de Felipe também se

mudaram para os Estados Unidos para tentar uma nova

vida ao lado de Bruno que deu a ideia de tê-los próximos,

mesmo morando em casas separadas se viam sempre.

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Bruno após formado em Artes Visuais conseguiu se

destacar com suas pinturas expressionistas, cores fortes

e todos seus sofrimentos ele expressava nas obras, logo

ganhou o gosto do público e Bruno passou a viajar pelo

mundo divulgando sua arte, passou a assinar Lobo

Solitário e ganhou as capas de revistas, galerias e

exposições conceituadas no mundo da arte.

Trabalhando sua marca de seu nome “Lobo

Solitário” não mostrava seu rosto em lugar nenhum, o

segredo de seu sucesso era manter seu anonimato de sua

imagem, ele queria que só sua pintura mostrasse seus

sentimentos.

E os ricos e colecionadores pagavam fortunas para

que Bruno mostrasse o rosto, mas o artista gostou desse

mistério e passou a ser muito comentado.

Bruno aceitou se mostrar apenas em exposições

sem fotógrafos tudo era muito organizado e a segurança

reforçada para que sua imagem não fosse divulgada.

Dois anos se passaram após a morte de Felipe.

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Uma noite Amanda estava organizando as cadeiras

do centro espírita que passou a trabalhar depois da morte

de seu amigo e sua separação dolorosa, antes de abrirem

e viu entrar uma moça bonita, mas um pouco debilitada

sendo apoiada por uma senhora.

- Boa noite em que posso ajudar vocês?

- Olá aqui é o Centro Espirita Caminho para Luz?

- Sim, entrem por favor.

- Fomos indicadas por um amigo e queria que minha

filha se tratasse como funciona?

- Claro, qual o nome da senhora?

- Dona Dulce e minha filha Lucy.

- O que a Lucy teve?

Capítulo VI

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- Amou demais e atentou diversas vezes contra sua

vida, passou cinco anos no sanatório e agora que teve alta

tenho medo que ela não se adapte a vida aqui fora

novamente.

- Dona Dulce basta ela querer e acreditar que vai

conseguir que ficará boa.

Neste momento da conversa com voz calma e baixa

Lucy falou:

- Eu quero, eu vejo e não tenho mais medo.

- O que você vê Lucy? Perguntou Amanda.

- Antes eu via monstros, pessoas desfiguradas e

muita dor eu tinha medo de ficar sozinha, mas meu

namorado não entendia que eu dizia, eu era ciumenta e

possessiva e quando ele ia terminar comigo meu medo

era tanto que falava que se ficasse sozinha eu ia me

matar, tentei várias vezes, mas nunca deu certo, sempre

aparecia uma mulher de branco me olhava e dizia que eu

estava fazendo tudo errado, neste momento sempre

chegava alguém para me impedir de me suicidar.

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Oito Dias “Amor e Sofrimento”

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Lucy fez uma pausa por uns minutos e com lágrimas

nos olhos continuou...

- Meu namorado terminou comigo mesmo assim,

depois disso fiquei desiquilibrada, chorava o tempo todo e

meus pais que não aguentavam mais tanto sofrimento

decidiram me internar em uma clínica para tratamento

psicológico, alguns meses atrás recebi uma visita

espiritual de um rapaz que sofreu muito da mesma forma

que eu sofri e disse para eu me tratar aqui neste centro.

- Você sabe o nome desse rapaz, o conhece?

- Sim, era meu cunhado, mas não posso dizer o

nome dele, ele me disse que eu não poderia falar, pois

atrapalharia meu tratamento e o destino de outras

pessoas.

Amanda sentiu muita afinidade com aquela história,

teve a impressão de ter ouvido algo parecido, mas não

comentou e disse:

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- Sem problema o importante que você veio até nós,

iremos te ajudar, mas você terá que seguir o tratamento

direitinho aceita?

- Como é esse tratamento?

- Você precisa frequentar uma vez por semana o

centro para assistir nossas palestras, receber os passes

espirituais, tomar nossa água fluidificada, sua mãe e você

deverão aplicar o evangelho no seu lar, você Lucy terá

que fazer mais orações, ao acordar e ao deitar-se.

- Mas não tem remédio, choques, broncas?

- Não tem nada disso, você só precisa levar Deus

até sua vida e aprender mais sobre estes fenômenos que

você vê, pois você não é louca, você tem mediunidade.

- O que é mediunidade?

- É uma pessoa que nasce com a capacidade de

fazer a ligação desse plano terrestre com o plano

espiritual, um mediador, um médium.

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- Entendi, então o que tenho não é grave e tenho

cura?

- Não é nada grave e tem cura sim, a mediunidade

é maravilhosa quando conduzida corretamente e

frequentar um centro espírita já é um bom começo.

- E porque essa minha vontade de morrer? - Nada

aqui me interessa mais.

- Ilusão minha querida, isso acontece porque você

tem marcas de vidas passadas e não está aguentando as

responsabilidades dessa vida, você precisa ser forte para

merecer o perdão desses obsessores que te perseguem.

- Nossa preciso mesmo aprender muito, não quero

atrapalhar você as pessoas estão entrando e estou aqui

tomando seu tempo.

- Não se preocupe, veja temos vários trabalhadores

aqui um ajuda o outro.

- E quem são aqueles que estão sentados lá na mesa

todos de branco?

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Amanda olhou para mesa e não tinha ninguém, logo

imaginou que Lucy estava vendo os mentores espirituais.

- Esses são trabalhadores espirituais do centro.

Amanda apresentou para mentora do centro e Lucy

que logo se encantou com as duas.

Lucy passou a frequentar o centro e fazer todo o

tratamento, após dois anos Lucy já trabalhava como

médium na casa, dedicada e muito prestativa logo ficou

curada, Amanda e Lucy com a mesma idade se tornaram

muito amigas e conforme Amanda estudava, Lucy se

apaixonou pelos estudos também e foi estudar com

Amanda, com diferença de um semestre as duas se

formaram no mesmo ano como designer.

Lucy nunca mais viu o rapaz que indicou o centro

espírita e nunca comentou com ninguém o nome dele.

As duas ganharam uma bolsa para fazer uma

especialização na Itália, foram felizes e cheias de sonhos,

após morando dois anos no País, montaram um estúdio

de designer.

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Quinze anos se passaram Bruno estava com trinta e

sete anos e nunca se casou, teve alguns casos e focou em

sua vida artística completamente.

Lucas e Japa acabaram se apaixonando um pelo

outro e os dois iniciaram um romance e hoje estavam

casados fazia cinco anos ainda tinham contato com Bruno

eles sabiam quem era o Lobo Solitário, mas guardavam

esse segredo a sete chaves.

Os pais de Lucas ao saber de sua opção sexual ao

contrário que ele imaginava o apoiaram, o pai dele ficou

contrariado no início, mas ao ver o filho se dedicando aos

estudos e sempre sendo o mesmo homem bom e honesto,

aceitou a opção sexual do filho, ele e a esposa depois do

casamento de Lucas passaram a brigar menos e serem

felizes juntos.

Capítulo VII

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Fatinha e Macarrão se casaram e tiveram dois filhos,

Júlia foi estudar na Alemanha com trinta e três anos

casou-se com um alemão e vivia no País com um filho.

Bola e sua turma continuavam na estrada

acampando agora sem Japa e Macarrão que viraram

homens de família, mas mantinham contato.

Amanda estava com trinta e quatro anos, mesmo

com tantas investidas dos homens Amanda nunca quis se

envolver com ninguém só pensava em sua carreira que

era um sucesso, ela e Lucy conseguiram trabalhar em

uma agência famosa.

Sexta feira fim de expediente, Lucy chegou com dois

convites na mão.

- Olha Amanda vamos a uma exposição que está

bombando nas redes sociais aqui na Europa.

- Estou tão cansada hoje amiga, deixa para outro

dia.

- Não, nem pensar é a exposição chamada “Oito

dias” do Lobo solitário.

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- É o artista que não mostra o rosto?

- Sim, mas hoje acaba o mistério ele vai estar lá e

quem descobrir quem ele é vai ganhar dois mil dólares.

- O que? Dois Mil dólares para quem descobrir quem

é o Lobo Solitário?

- Sim, já tinha esgotado os convites vipes, mas usei

o nome da nossa agência e conseguimos dois convites

especiais para entrar.

- Então vamos passar em casa e nos vestir a altura.

Disse animada Amanda.

- Isso! Assim que se fala.

As duas amigas foram para casa e se vestiram

sensuais e lindas.

Ao chegar na galeria da exposição se

impressionaram com tanto glamour, muitos seguranças e

emissoras de TV e muitos fotógrafos.

Tudo muito organizado uma noite de gala.

- Ainda bem que viemos bem vestidas Lucy.

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- Não poderia ser diferente minha amiga.

Quando Amanda entrou na galeria sentiu um arrepio

o mesmo aconteceu com Lucy.

- Você sentiu Amanda?

- Sim que estranho, porque todos estão me olhando

Lucy?

- Não sei Amanda, mas olha os quadros, tem seu

retrato minha amiga.

Amanda foi caminhado e sendo admirada por todos

logo foi reconhecida como a musa das telas.

Lucy puxou a amiga para ler o painel de entrada.

Oito dias foram a razão de eu viver um intenso amor

e ao mesmo tempo descobrir o que é sofrer, entre ganhos

e perdas coloquei em minhas telas esses oito dias que

passei em um acampamento em Casa Grande, um

pedacinho no meio do nada em São Paulo – Brasil.

Oito dias de amor e sofrimento.

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Logo Amanda estava rodeada de pessoas e muitos

jornalistas disfarçados tentavam se aproximar dela.

Bruno viu a movimentação e pediu para seu agente

ver o que estava acontecendo, foi quanto viu de longe o

mesmo cabelo loiro sendo refletido pela luz da galeria, um

contraste entre a realidade e as telas expostas.

Amanda viu Bruno de longe e não acreditava que

estava de frente com o Lobo Solitário.

Lucy ao ver Bruno não conseguia pensar não estava

acreditando em seus olhos.

Bruno foi desviando das pessoas e como se

estivesse dentro da mata foi até Amanda, mas não sabia

se ela estava acompanhada se estava casada, então se

limitou a cumprimenta-la formalmente, diferente de

Amanda que conhecia a história do Lobo solitário que não

era casado e era o mais cobiçado milionário de todos os

tempos.

- Oi Amanda incrível te ver aqui.

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Amanda não se conteve e correu para abraça-lo, os

dois ficaram alguns minutos sentindo o coração um do

outro disparados e foi Lucy que interrompeu o clima.

- Bruno? O que faz aqui? Vocês se conhecem?

- Lucy? O que você faz aqui? Perguntou Bruno sem

entender como as duas estavam juntas.

- Calma gente o que está acontecendo? Perguntou

o Curador da Exposição para Bruno.

Bruno explicou que a musa das telas estava ali na

sua frente, mas não sabia porque Lucy sua ex-namorada

também estava ali, Amanda não entendeu nada e o

curador acalmando os ânimos levou os três para uma sala

reservada enquanto um alvoroço de conversas acontecia

lá fora na exposição e os fotógrafos insistiam em entrar

na galeria.

- Amanda esse é Bruno meu ex-namorado o homem

que falai que foi embora.

- Eu terminei o namoro. Disse Bruno.

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Os três começaram a conversar e Lucy contou com

detalhes como conheceu Amanda e a mensagem que

recebeu de Felipe, falou de sua mediunidade, Amanda e

Bruno escutavam com atenção.

Bruno achou tudo aquilo incrível e perguntou para

Lucy como ela se sentia em relação a ele e Amanda.

Lucy explicou que já estava curada e que torcia que

Bruno e Amanda ficassem juntos.

Na exposição estavam todos que participaram do

acampamento há quinze anos atrás e os pais de Bruno.

Só Lucy viu Felipe feliz na exposição do irmão e

contou para Amanda que Felipe estava ali e que queria do

fundo do coração que o irmão se acertasse com ela e o

perdoasse.

Bruno estava emocionado, mas não podia perder o

controle tinha uma noite de gala para conduzir o prêmio

de dois mil dólares foi doado para o Centro Espirita

Caminho da Luz.

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Todos aproveitavam a viagem ao passado que as

telas de Bruno fizeram recordar, haviam muitas telas com

Felipe, as noites na fogueira, os olhares de Bruno para

Amanda e vice e versa, o medo da jaguatirica, Amanda

nua nadando na represa e todos naquele momento

souberam que Bruno esteve espiando Amanda que na

hora ficou constrangida, mas feliz por ter sido salvo por

ele naquele momento.

Após a exposição Amanda e Bruno ficaram juntos se

amaram completamente sem medo, sem receios,

resolveram suas vidas e após seis meses casaram,

voltaram para o Brasil e tiveram dois filhos um menino

colocaram o nome de Felipe e uma menina que colocaram

o nome de Sofia, convidaram Lucy para ser madrinha da

menina que aceitou prontamente.

Lucy no dia do casamento de Amanda e Bruno

conheceu Bola que havia deixado os acampamentos de

lado há alguns anos e se tornado um empresário de

sucesso, mudou seu visual se tornando um belo homem

de quarenta anos, os dois tinham muitas afinidades e logo

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se apaixonaram depois de algum tempo de namoro se

casaram e tiveram dois filhos.

Todos os amigos em comum se encontravam uma

vez ao ano em Casa Grande para ensinar os filhos

acampar e continuar com o laço de amizade que os uniam.

Sentadas próximo a cachoeira as duas amigas

conversavam despreocupadas.

- Amanda, como saber quando a felicidade chega?

- Não sabemos minha querida, mas devemos

respeitar a natureza das pessoas, ninguém é de ninguém

e quando uma pessoa não foi feita para outra, não adianta

insistir, pois só causa sofrimento desnecessários, pois

todos nós temos nossos verdadeiros companheiros para

vida. Deus sabe de todas as coisas e a reencarnação faz

que fechamos os pontos um a um e se respeitar o

companheiro seguir seu destino, mesmo que isso nos

cause dor, acredite lá na frente você será recompensada

com seu amor verdadeiro, como você foi.

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- O melhor é amar e ser amado! Disse Bruno que

pegou a conversa no final e foi logo abraçando Amanda

com carinho.

- Eu te amo desde o primeiro olhar, te amo desde o

primeiro beijo e te amarei por toda minha vida. Foi o que

eu escrevi na última obra quando pintei você indo embora.

Amanda beijou Bruno com carinho e todos seus

amigos deram um abraço coletivo rindo e felizes.

Eles não viram, mas Felipe estava ali olhando feliz

com dois mentores espirituais ao lado e foi um deles que

disse.

- Não se preocupe Felipe, nesta reencarnação você

conseguiu perdoar agora voltará a terra como próximo

filho de Amanda e Bruno e poderá mostrar todo seu amor

de forma fraternal para se curar de vez da sua obsessão

por Amanda que vem de muitas outras reencarnações.

- Sim eu aceito e farei com muito amor e fé.

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O prazer da vida e saber que tudo está em seu

lugar, não existe sofrimento e sim aprendizado, as perdas

por entes queridos é passageiros e vamos todos nos

encontrar novamente e em uma outra reencarnação

tentar ser feliz, mas para isso devemos mudar nosso

interior sempre para melhor.

Mudar o que podemos mudar e aceitar o que não

podemos mudar, mas saber que o passado é uma forma

de lição não se esquece devemos usa-la para melhorar

nosso futuro não caindo nos mesmos erros.

Todos são capazes de ser felizes, basta querer

mudar para isso acontecer, essa magia se chama lei da

atração “Querer e fazer acontecer”.

FIM