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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS CONSTITUINTES PARA O CONTROLE DE Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger: VIAS DE EXPOSIÇÃO E RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS ABRAÃO ALMEIDA SANTOS 2016

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS CONSTITUINTES PARA O CONTROLE DE ... · FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE S237o Santos, Abraão Almeida

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS CONSTITUINTES PARA O

CONTROLE DE Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger:

VIAS DE EXPOSIÇÃO E RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS

ABRAÃO ALMEIDA SANTOS

2016

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

ABRAÃO ALMEIDA SANTOS

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS CONSTITUINTES PARA O CONTROLE DE

Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger: VIAS DE EXPOSIÇÃO E RESPOSTAS

COMPORTAMENTAIS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção do

título de “Mestre em Ciências”.

Orientador

Prof. Dr. Leandro Bacci

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

2016

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S237o

Santos, Abraão Almeida.

Óleos essenciais e seus constituintes para o controle de

Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger: vias de exposição e

respostas comportamentais / Abraão Almeida Santos; orientador

Leandro Bacci. – São Cristóvão, 2016.

57 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Agricultura e Biodiversidade)–

Universidade Federal de Sergipe, 2016.

1. Essências e óleos essenciais. 2. Inseticidas. 3. Térmita. 4.

Pragas. I. Bacci, Leandro, orient. II. Título.

CDU 665.52/.54

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ABRAÃO ALMEIDA SANTOS

ÓLEOS ESSENCIAIS E SEUS CONSTITUINTES PARA O CONTROLE DE

Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger: VIAS DE EXPOSIÇÃO E RESPOSTAS

COMPORTAMENTAIS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção do

título de “Mestre em Ciências”.

APROVADA em: 25 de Julho de 2016.

Prof. Dr. Marcelo da Costa Mendonça

UNIT

Prof. Dr. Paulo Fellipe Cristaldo

UFS

Prof. Dr. Leandro Bacci

UFS

(Orientador)

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

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A todos que se dedicam na construção da educação em nosso país.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Ao eterno pelo amor e esperança.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pela concessão da bolsa de estudos.

A Universidade Federal de Sergipe (UFS), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES) e a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do

Estado de Sergipe (FAPITEC) pelos auxílios financeiros.

Ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade (PPGAGRI) pela

oportunidade de cursar o mestrado. Agradeço a coordenação, a equipe da secretaria e a todo

corpo docente.

À banca examinadora pela grande contribuição a esta dissertação.

Ao meu orientador Prof. Dr. Leandro Bacci pela amizade, convivência, ensinamentos,

correções e dedicação desde o meu primeiro período da graduação, muito obrigado por tudo! A

Prof. Drª. Ana Paula Albano Araújo por todo auxílio em minha formação acadêmica.

Ao Prof. Dr. Reginaldo Constantino (UnB) pela identificação da espécie Cryptotermes

brevis. Ao Herbário do Departamento de Biologia (UFS) pela identificação da espécie

Aristolochia trilobata.

Aos meus pais (Francisco e Marilene), a minha irmã (Maiume), a pequena Luisa e ao

Ricardo. Vocês são a melhor parte de mim! A todos os meus avós, tios (as) e primos (as).

A todos que compõem o laboratório Clínica Fitossanitária (UFS) pelos anos de

companheirismo e infinitos cafés! Agradeço ao Alisson, Ana Paula, Anderson, Ângela, Emile,

Lucas, Ruan, Victor e Wallace. Aos que passaram por aqui: Elânia, Fabiana, Felipe, Janaína e

Roseane. Aos amigos da graduação que continuaram nessa jornada: Alexandre, Ane Caroline,

Bia e Morgana - Obrigado por todo carinho e atenção! Ao Carlisson e a Bruna pelo carinho e

momentos de descontração.

Aos amigos por todo apoio nessa jornada! Vocês são essenciais, estando perto ou longe,

muito obrigado!

Ao Grupo de Pesquisa em Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares (UFS).

Aos moradores do município de Pirambu –SE pelo auxílio na coleta do “milone”.

Agradeço a todos que gentilmente cederam suas peças de madeira para a retirada do

Cryptotermes.

Ao Prof. Dr. Marcelo Picanço e a todos seus estagiários do Laboratório de Manejo

Integrado de Pragas da Universidade Federal de Viçosa (UFV) pelo acolhimento no último

semestre do mestrado. Agradeço, em especial, a Arthur, Clébson, Elizeu, Iza, Júlia, Larine,

Miriam, Polyanna e Thiago.

Ao Programa de Mobilidade Acadêmica (PROCAD) pelos recursos para realização do

intercâmbio para UFV.

Agradeço por todo aprendizado que obtive nessa instituição de ensino. Essa

oportunidade me permitiu enxergar além do espaço onde nasci e cresci, e me fazem acreditar

que a educação é o principal caminho para mudança do meio onde estamos inseridos. Eu estou

apenas no início de uma longa jornada, mas aqui os meus primeiros passos foram dados.

Por fim, esta dissertação é fruto de um sonho individual executado coletivamente. Muito

obrigado a todos!

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BIOGRAFIA

ABRAÃO ALMEIDA SANTOS, filho de Francisco Carlos Rocha Santos e Marilene

Conceição Almeida Santos, nasceu no dia 10 de outubro de 1991 em Itagibá – Bahia – Brasil.

No ano de 2008 formou-se técnico em agropecuária na Escola Agrotécnica Federal de

São Cristóvão (atual Instituto Federal de Sergipe). Em 2009 estagiou por sete meses no

Complexo Agroindustrial Taquari (Capela – Sergipe), ingressando no curso de Engenharia

Agronômica da Universidade Federal de Sergipe em 2010.

Durante a gradução foi bolsista de iniciação científica, inovação tecnológica e extensão

na área de entomologia, sob a orientação do professor Dr. Leandro Bacci. Em agosto de 2014

ingressou no curso de mestrado em Agricultura e Biodiversidade, defendendo sua dissertação

em julho de 2016. Nesse mesmo mês foi aprovado para o doutorado em Fitotecnia na

Universidade Federal de Viçosa.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... i

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... ii

RESUMO ......................................................................................................................... iii

ABSTRACT .................................................................................................................... iv

1. INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................ 5

2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 6

2.1. Aspectos gerais da biologia dos cupins ................................................................. 6

2.1.1. Kalotermitidae ................................................................................................. 7

2.1.2. Termitidae ........................................................................................................ 7

2.2. Status praga dos cupins .......................................................................................... 7

2.2.1. Cryptotermes brevis (Kalotermitidae) ............................................................. 8

2.2.2. Nasutitermes corniger (Termitidae) ............................................................... 8

2.3. Controle convencional dos cupins ......................................................................... 9

2.4. Óleos essenciais: alternativa para o manejo de cupins-praga................................ 9

2.5. Composição química dos óleos essenciais: terpenos ............................................ 10

2.6. Lippia sidoides (Verbenaceae) .............................................................................. 10

2.7. Gênero Aristolochia (Aristolochiaceae) ................................................................ 10

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 12

4.ARTIGO 1: VIAS DE EXPOSIÇÃO E EFEITOS SUBLETAIS DO ÓLEO

ESSENCIAL DE Lippia sidoides E SEUS CONSTITUINTES A Cryptotermes brevis . 17

Resumo ............................................................................................................................. 17

Abstract ............................................................................................................................. 18

4.1. Introdução ................................................................................................................. 19

4.2. Material e Métodos ............................................................................................... 20

4.3. Resultados ............................................................................................................ 23

4.4. Discussão ............................................................................................................... 24

4.5. Conclusão .............................................................................................................. 26

4.6. Referências Bibliográficas .................................................................................... 27

Figuras e Tabelas ......................................................................................................... 30

5 ARTIGO 2: POTENCIAL INSETICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Aristolochia

trilobata E SEUS CONSTITUINTES CONTRA Nasutitermes corniger ........................ 38

Resumo ......................................................................................................................... 38

Abstract ........................................................................................................................ 39

5.1. Introdução ................................................................................................................. 40

5.2. Material e Métodos ............................................................................................... 41

5.3. Resultados ............................................................................................................ 44

5.4. Discussão .............................................................................................................. 44

5.5. Conclusão .............................................................................................................. 46

5.6. Referências Bibliográficas .................................................................................... 47

Figuras e Tabelas .......................................................................................................... 51

6. CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................. 57

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i

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

4.1 Constituintes majoritários do óleo essencial de Lippia sidoides: (1) timol,

(2)ρ-cimeno e (3) trans-cariofileno ................................................................ 31

4.2 Curvas de sobrevivência e tempo letal médio (TL50) para Cryptotermes brevis

expostos ao óleo essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários

por (A) aplicação tópica e (B) fumigação. ...................................................... 33

4.3 Comportamentos individuais de pseudergates de Cryptotermes brevis

expostos ao óleo essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários

* indicam diferenças significativas em relação ao controle pelo teste de

Kruskal-Wallis a p < 0,05. Barras indicam os valores mínimo e máximo das

observações e ---- a média. ............................................................................. 34

4.4 Comportamentos coletivos de pseudergates de Cryptotermes brevis expostos

ao óleo essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários *

indicam diferenças significativas em relação ao controle pelo teste de Kruskal-

Wallis a p < 0,05. Barras indicam os valores mínimo e máximo das

observações e ---- a média. ............................................................................. 35

4.5 (A) Distância percorrida e (B) velocidade de caminhamento (± erro padrão)

durante 10min de exposição individual e coletiva de pseudergates de

Cryptotermes brevis em arenas de papel filtro (9 cm de diâmetro) tratadas com o

óleo essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários. * indicam

diferenças significativas dos tratamentos em relação ao controle pelo teste de

Dunnett a p <0,05... .......................................................................................... 36

4.5 Tempo de permanência (%) (± erro padrão) que pseudergates de Cryptotermes

brevis expostos por contato de forma (A) individual e (B) coletiva ao óleo

essencial de Lippia sidoides e seus constituintes majoritários permaneceram em

cada lado de arenas com chance de escolha. * indicam diferenças significativas

entre o tempo de permanência em cada área pelo teste de Fisher LSD a p < 0,05

........................................................................................................................ 36

5.1 Constituintes majoritários do óleo essencial de Aristolochia trilobata: (1) ρ-

cimeno, (2) limoneno, (3) linalol e (4) acetato de sulcatila... ......................... 52

5.2 Curvas de sobrevivência e tempos letais (TL50) do óleo essencial de

Aristolochia trilobata e seus constituintes para Nasutitermes corniger ao

longo de 48 de exposição por via de aplicação tópica. (Log Rank χ2 311,4;

GL = 5; P < 0,001)... ....................................................................................... 54

5.3 Tempo de permanência (%) de operários e soldados (± erro padrão) de

Nasutitermes corniger em arenas parcialmente tratadas com o óleo essencial de

Aristolochia trilobata e seus constituintes por 10 minutos de exposição. * indicam

diferenças significativas entre o tempo de permanência de cada lado da arena pelo

teste de Fisher LSD a p < 0,05... ....................................................................... 55

5.4 Trilhas representativas do movimento de operários (vermelho) e soldados (cinza)

de Nasutitermes corniger expostos ao óleo essencial de Aristolochia trilobata e

seus constituintes por 10 minutos em arenas parcialmente tratadas. O lado direito

da arena compreende a área tratada... ............................................................... 56

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iii

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

4.1 Composição química do óleo essencial de Lippia sidoides analisado por CG-

EM e CG-DIC. ................................................................................................ 30

4.2 Toxicidade do óleo essencial de Lippia sidoides e seus constituintes sobre

Cryptotermes brevis em duas vias de exposição. ........................................... 32

5.1 Composição química do óleo essencial de Aristolochia trilobata (CG-EM e

CG-DIC). ........................................................................................................ 51

5.2 Doses letais do óleo essencial de Aristolochia trilobata e seus constituintes

para causar a mortalidade em 50 e 90% (±IC95%) da população de

Nasutitermes corniger após 48 horas de exposição por via de aplicação tópica

........................................................................................................................ 53

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iv

RESUMO

SANTOS, Abraão Almeida. Óleos essenciais e seus constituintes para o controle de

Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger: vias de exposição e respostas

comportamentais. São Cristóvão: UFS, 2016. 58p. (Dissertação– Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade).*

Os cupins desempenham importantes papéis ecológicos nos ecossistemas terrestres

contribuindo positivamente para a manutenção desses sistemas naturais. Porém, apesar desta

importância, algumas espécies são consideradas pragas em ambientes urbanos e em cultivos

agrícolas e florestais. Nas áreas urbanas, as espécies Cryptotermes brevis (Kalotermitidae) e

Nasutitermes corniger (Termitidae) são destaque pelo seu ataque a estruturas e peças de

madeira, danificando estes materiais. O uso de inseticidas convencionais é o principal método

de controle destas pragas. Porém, os efeitos adversos da utilização destes produtos e a demanda

por outros com menor risco toxicológico tem motivado a realização de pesquisas com produtos

naturais. Assim, neste trabalho, avaliamos os efeitos letais e subletais dos óleos essenciais de

Aristolochia trilobata (Aristolochiaceae) e Lippia sidoides (Verbenaceae), e seus constituintes

majoritários sobre N. corniger e C. brevis, respectivamente. Os óleos essenciais e seus

constituintes foram tóxicos a N. corniger e C. brevis. Estes tratamentos alteraram os

comportamentos e o caminhamento dos cupins, além de apresentar efeito repelente. A partir

destes resultados temos fortes evidências que os óleos essenciais de A. trilobata e L. sidoides,

e seus constituintes majoritários poderão ser utilizados em estratégias de controle de forma

substitutiva e/ou complementar de N. corniger e C. brevis.

Palavras-chave: inseticidas botânicos, Isoptera, terpenos, comportamento animal.

___________________

* Comitê Orientador: Leandro Bacci – UFS (Orientador), Ana Paula Albano Araújo – UFS.

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v

ABSTRACT

SANTOS, Abraão Almeida. Essential oils and its constituents for the control of Cryptotermes

brevis and Nasutitermes corniger: routes of exposure and behavioral responses. São Cristóvão:

UFS, 2016. 79p. (Master of Science in Agriculture and Biodiversity).*

Termites display a key role in the terrestrial ecological ecosystems by positively contributing

to maintenance of these ecosystems. However, despite this importance, some species are known

as urban, forests, and agriculture pests. At urban areas, Cryptotermes brevis (Kalotermitidae)

and Nasutitermes corniger (Termitidae: Nasutitermitinae) species are because of its attack to

structure and wood pieces, causing a high damage to those materials. The use of conventional

insecticide is the main control method for these pests. However, the adverse effects in the use

of these products, and the demand for others with lower toxicological risks have been

motivating the realization of research with natural products. Thus, in this study, we evaluate the

lethal, and sub lethal effects of Aristolochia trilobata (Aristolochiaceae) and Lippia sidoides

(Verbenaceae) essential oils, and their major compounds under N. corniger and C. brevis,

respectively. The essential oils and its compounds were toxic to N. corniger and C. brevis.

These treatments reduced the behaviour and walking of termites, as well showed repellent

effect. From these results, we have strongly evidences that A. trilobata and L. sidoides, as well

as their constituints could be used in control strategies, on a substitute and/or complimentary

way, of N. corniger and C. brevis.

Key-words: botanical insecticides, Isoptera, terpenes, animal behavior.

___________________

* Supervising Committee: Leandro Bacci – UFS (Orientador), Ana Paula Albano Araújo – UFS.

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5

1. INTRODUÇÃO GERAL

Os cupins são importantes organismos pragas no ambiente agrícola e urbano. Entre os

diversos métodos para o seu controle, o químico é o mais habitual. Os inseticidas empregados

para o controle dos cupins são eficientes, mas os efeitos adversos causados pela sua aplicação

indiscriminada têm gerado uma demanda por novos produtos com menor risco toxicológico aos

organismos não alvos e ao ambiente de exposição.

Os óleos essenciais, produzidos pelo metabolismo secundário das plantas, bem como

seus constituintes têm sido avaliados como uma altenativa substitutiva e/ou complementar para

o controle de insetos pragas. Neste contexto, devido a importância dos cupins nos ambientes

urbanos, os problemas ocasionados pelos inseticidas utilizados e a carência de estudos sobre

formas alternativas de controle para estes insetos, é importante dispor de novas moléculas para

o seu controle.

Assim, nesta dissertação, avaliamos a toxicidade e os efeitos subletais de dois óleos

essenciais e seis constituintes para duas espécies de cupins-praga.

No primeiro capítulo, determinamos a toxicidade do óleo essencial de Lippia sidoides e

seus constituintes majoritários sobre o cupim de madeira seca Cryptotermes brevis. Neste

estudo nós avaliamos a toxicidade destes compostos em duas vias de exposição (tópica e

fumigação), determinamos o tempo letal para causar mortalidade em 50% da população

estudada e observamos os comportamentos e o caminhamento dos cupins em função da

aplicação do óleo essencial de L. sidoides e seus majoritários.

Já no segundo capítulo, avaliamos a toxicidade do óleo essencial de Aristolochia

trilobata e seus constituintes majoritários sobre o cupim arborícola Nasutitermes corniger.

Além das doses e tempos letais, determinamos como as castas que atuam no forrageamento

(operários) e defesa da colônia (soldados) respondem à aplicação desses tratamentos em arenas

parcialmente tratadas.

Esperamos que as informações geradas neste estudo possam contribuir para o manejo

de cupins-praga em ambientes urbanos a partir do emprego dos óleos essenciais e seus

constituintes de forma substitutiva e complementar.

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6

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Aspectos gerais da biologia dos cupins

Os cupins são insetos sociais pertencentes à ordem Blattodea infraordem Termitoidea,

contendo aproximadamente 3000 espécies descritas (KRISHNA et al., 2013). Nove famílias

compõem a infraordem Termitoidea: Mastotermitidae, Hodotermitidae, Archotermopsidae,

Hodotermitidae, Stolotermitidae, Kalotermitidae, Stylotermitidae, Rhinotermitidae,

Serritermitidae e Termitidae (ENGEL; GRIMALDI; KRISHNA, 2009; KRISHNA et al.,

2013). As oito primeiras famílias compreendem as espécies as mais basais (próximas ao

ancestral), enquanto que a família Termitidae, as espécies mais derivadas.

Cupins são considerados insetos verdadeiramente sociais, onde os indivíduos vivem em

colônias organizadas em castas (KORB, 2005). Este sistema de castas resulta em uma divisão

de trabalho, onde cada indivíduo possui uma função específica na colônia. O casal real (rei e

rainha) são os únicos indivíduos reprodutores, mas podem ser substituídos por reprodutores

secundários (neotênicos) (COSTA-LEONARDO, 2002). Já os operários forrageiam em busca

do recurso alimentar, cuidam dos indivíduos imaturos e alimentam as demais castas (soldados

e casal real) através do comportamento de trofolaxia (COSTA-LEONARDO, 2002). Os

soldados, por sua vez, possuem modificações na sua morfologia que permitem a defesa da

colônia de forma física e/ou química (ŠOBOTNÍK; JIROŠOVÁ; HANUS, 2010).

O número de indivíduos nas colônias de cupins é variável em função do recurso

alimentar utilizado. Por exemplo, espécies que utilizam o próprio ninho como fonte de alimento,

denominado de peça única (one piece), contém no máximo 1000 indivíduos (ex.: Cryptotermes

brevis) (COSTA-LEONARDO, 2002). Já nas espécies em que o recurso alimentar distingue-se

do ninho, denominados de peças múltiplas (multiple piece), o número de indivíduos pode

chegar a 900.000 (ex.: Nasutitermes corniger) (THORNE, 1984).

A comunicação entre os indivíduos das colônias de cupins ocorre de forma diversificada

e envolve sinalizações químicas e físicas. De forma química, os semioquímicos permitem aos

cupins identificar o ataque à colônia (ex. feromônio de alarme) (CRISTALDO et al., 2015) e

trilhas para o recurso alimentar (ex.: feromônio de trilha) (COSTA-LEONARDO; CASARIN;

LIMA, 2009). Já a presença de hidrocarbonetos na cutícula dos cupins é uma importante forma

de reconhecimento de indivíduos de mesma colônia (HAVERTY et al., 2005). Este

reconhecimento ocorre através do comportamento de antenação e impede a ação de parasitas

(COSTA-LEONARDO; CASARIN; LIMA, 2009; ŠOBOTNÍK; JIROŠOVÁ; HANUS, 2010).

De forma física vibrações corporais e batidas de cabeça sob o solo, por exemplo, são utilizadas

para sinalizações de alarme atuando de forma conjunta com o feromônio liberado na colônia

para tal processo (CRISTALDO et al., 2015; DELATTRE et al., 2015).

Os cupins apresentam estratégias ativas e passivas para se defender dos possíveis

predadores e parasitas (ŠOBOTNÍK; JIROŠOVÁ; HANUS, 2010). As estratégias ativas são

representadas pelas modificações morfológicas e químicas na casta dos soldados e a sinalização

de alarme liberada para a colônia. A cooperação dos operários na reconstrução do ninho

também é uma importante estratégia ativa de defesa (CRISTALDO et al., 2015; SANTOS;

COSTA-LEONARDO, 2006; ŠOBOTNÍK; JIROŠOVÁ; HANUS, 2010). O forrageamento a

partir de túneis protege os cupins de possíveis predadores, constituindo assim em um elemento

passivo de defesa (NOIROT; DARLIGTON, 2000).

A alimentação dos cupins é baseada no consumo da celulose em diferentes gradientes

de decomposição (LIMA; COSTA-LEONARDO, 2007). Em razão desse hábito alimentar, os

cupins desempenham importante papel nos ecossistemas terrestres como a criação de núcleos

de vegetação (BONACHELA et al., 2015) e decomposição da madeira em ambientes naturais

(ULYSHEN, 2016). Além do que, pela sua eficiente digestão da celulose, eles também são

utilizados como modelos enzimáticos para hidrólise desses recursos (LUCENA et al., 2011).

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7

2.1.1 Kalotermitidae Os cupins da família Kalotermitidae, também conhecidos como cupins de madeira seca,

vivem em colônias pouco numerosas (< 1000 indivíduos) formadas internamente em peças de

madeira com umidade inferior a 30% (COSTA-LEONARDO, 2002; KORB; SCHMIDINGER,

2004). Suas castas são representadas pelo casal real, pseudergates, soldados e reprodutores

secundários (alados e neotênicos) (COSTA-LEONARDO, 2002). O casal real tem função

exclusiva de reprodução da colônia. Os pseudergates (falsos operários) são assim denominados

por serem totipotentes. Essa totipotência permite a estes indivíduos se desenvolver em soldados

e neotênicos (KORB; SCHNEIDER, 2007). Tal fato ocorre porque os pseudergates podem

realizar as três formas de mudas: i) progressivas – desenvolvimento gradual até a fase adulta;

ii) estacionárias – mudas sem modificações no tamanho do corpo e/ou na sua morfologia; e iii)

regressivas – mudas com decréscimos no tamanho do corpo e/ou na sua morfologia (KORB;

HOFFMANN; HARTFELDER, 2009). Os soldados dessa família possuem uma cabeça com

formato fragmótico, o que lhes permite fechar a entrada do ninho. Por esta característica eles

são conhecidos como ‘cupins tampas vivas’ (COSTA-LEONARDO, 2002). Já os indivíduos

alados (reprodutores) são formados quando as colônias alcançam longo tempo de nidificação

ou quando o recurso alimentar se torna escasso (KORB; SCHMIDINGER, 2004). Porém, esses

reprodutores secundários permanecem na colônia até o período da revoada. Entre as espécies

contidas nesta família as do gênero Cryptotermes são destaque pelo potencial praga nos

ambientes urbanos (SCHEFFRAHN et al., 2009).

2.1.2 Termitidae

A família Termitidae abriga aproximadamente 1900 espécies de cupins. Esta é a família

mais numerosa dentro da infraordem Termitoidea (KRISHNA et al., 2013). Suas castas são

compostas pelo casal real, operários, soldados e reprodutores secundários. Diferentemente da

família Kalotermitidae, os operários de Termitidae são verdadeiros operários. Eles são estéreis

e tem como função a busca do recurso alimentar e alimentação das demais castas. Os soldados

dessa família possuem uma cabeça em formato de naso, e realizam a defesa da colônia através

de substância químicas (ex. terpenos) produzidas pela glândula frontal (SANTOS; COSTA-

LEONARDO, 2006; ŠOBOTNÍK; JIROŠOVÁ; HANUS, 2010). As colônias da família

Termitidae são numerosas podendo conter até 900.000 indivíduos. Assim, por este aspecto os

cupins desta família, especialmente do gênero Nasutitermes tem sido considerado uma

importante praga nos ambientes urbanos (SCHEFFRAHN et al., 2014).

2.2 Status praga dos cupins

Devido ao hábito alimentar dos cupins ser baseado em recursos celulósicos, estes são

relatados como pragas nos ambientes agrícolas e urbanos. Esta mudança de status está associada

à substituição dos ambientes naturais por culturas agrícolas, florestais e construções urbanas

(CONSTANTINO, 2002). Entre as nove famílias descritas na infraordem Termitoidea, cinco

possuem relato de espécies pragas, sendo estas: Rhinotermitidae, Termitidae, Hodotermitidae,

Mastotermitidae e Kalotermitidae (RUST; SU, 2012). Na América do Sul cerca de 77 espécies

de cupins são relatadas como pragas sendo que entre estas 40 são pragas estruturais

(CONSTANTINO, 2002).

Nos últimos anos, os cupins-praga têm despertado a atenção para o seu controle nos

ambientes urbanos devido aos danos irreversíveis causado pelo seu ataque a estruturas e peças

de madeira. Em prédios históricos, como museus e bibliotecas, a presença deste grupo de praga

pode significar uma perda não apenas material, mas também imaterial dos acervos

(ALBUQUERQUE et al., 2012).

A situação de controle dos cupins se complica porque não existem níveis de dano

econômico para as espécies. Este nível de dano relaciona à densidade populacional na qual o

prejuízo causado pelo inseto excede o custo de seu controle, sendo esta estimativa uma

importante ferramenta para a implementação do manejo integrado (RUST; SU, 2012). A

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dificuldade em estabelecer estes níveis para os cupins ocorre porque os custos em razão do dano

causado pelas espécies, bem como os riscos à saúde e ao ambiente pelos métodos de controle

utilizados são difíceis de serem estimados (RUST; SU, 2012). Isto pode explicar a ausência de

estimativas para os prejuízos causados pelas espécies de cupins e a importância de cada uma

em relação ao status praga (CONSTANTINO, 2002; RUST; SU, 2012). E a utilização

indiscriminada de inseticidas, pois o nível de controle para este inseto é baseado apenas na sua

presença.

2.2.1 Cryptotermes brevis (Kalotermitidae)

Cryptotermes brevis é uma espécie originária dos desertos costeiros do Chile e Peru

(SCHEFFRAHN et al., 2009). Suas colônias ocorrem internamente em madeira seca e sua

infestação apenas é percebida quando os grânulos fecais são excretados dessas estruturas, sendo

estes grânulos utilizados para fechar galerias inativas (COSTA-LEONARDO, 2002).

As colônias de C. brevis são pouco numerosas podendo chegar até 1000 indivíduos ao

longo de dez anos (COSTA-LEONARDO, 2002). Suas castas são compostas por reprodutores

(rei, rainha e neotênicos), soldados e pseudergates. Os reprodutores alados têm dois pares de

asas membranosas e suas antenas possuem um comprimento de 6 mm contendo de 16 a 18

segmentos. Já os soldados possuem antenas com 13 segmentos e o comprimento do seu corpo

varia de 4-5 mm. Esta casta defende a colônia através da sua cabeça que tem um formato

fragmótica permitindo fechar a entrada do ninho. Por este fato, os soldados de C. brevis são

conhecidos como “cupins tampas vivas” (COSTA-LEONARDO, 2002).

Os pseudergates de C. brevis são assim denominados por terem comportamento

funcional como operários. Esta casta é responsável pela alimentação de toda a colônia, retirando

o recurso alimentar através da escavação de galerias dentro do próprio ninho (COSTA-

LEONARDO, 2002). Os pseudergates de C. brevis são totipotentes e podem se desenvolver

em soldados e reprodutores de substituição (neotênicos) (KORB; SCHNEIDER, 2007). Essa

flexibilidade de desenvolvimento ocorre porque os pseudergates podem realizar três tipos de

mudas, sendo estas: i) progressivas – desenvolvimento gradual até a fase adulta; ii) estacionárias

– mudas sem modificações no tamanho do corpo e/ou na sua morfologia; e iii) regressivas –

mudas com decréscimos no tamanho do corpo e/ou na sua morfologia (KORB; HOFFMANN;

HARTFELDER, 2009).

Por formar suas colônias internamente em estruturas de madeira, e devido à alta taxa de

dispersão através do comércio mundial da madeira, C. brevis é classificada como praga

cosmopolita, ocorrendo principalmente em regiões neotropicais (SCHEFFRAHN et al., 2009).

O ataque dessa espécie a estruturas e peças históricas é um fator preocupante pois além do dano

material, a perda pelo dano imaterial é irreversível (ALBUQUERQUE et al., 2012).

2.2.2 Nasutitermes corniger (Termitidae)

Nasutitermes corniger é uma espécie nativa da América Central e do Sul

(CONSTANTINO, 2002), no entanto, sua ocorrência, já foi relatada nos Estados Unidos

(SCHEFFRAHN et al., 2002), Nova Guiné (SCHEFFRAHN et al., 2005) e Bahamas

(SCHEFFRAHN et al., 2006). As colônias desta espécie são numerosas contendo de 50.000 a

900.000 indivíduos (THORNE, 1984).

As castas de N. corniger são compostas por reprodutores (rei, rainha e alados), soldados

e operários. Os reprodutores alados medem cerca de 9 cm e são produzidos todos os anos pelas

colônias quando estão maduras. O rei e a rainha ocorrem em números variáveis nas colônias

(poligenia e poliandria) (COSTA-LEONARDO, 2002). A rainha das espécies de Nasutitermes

possuem um abdômen do tipo fisiogástrico, sendo constatada uma correlação positiva entre o

seu tamanho e a produção de ovos (BUSCHINI; LEONARDO, 1999).

Os soldados, responsáveis pela defesa, constituem 20% das colônias de N. corniger

(THORNE, 1984). Suas cabeças possuem uma modificação morfológica e apresentam um

formato arredondado com a ponta proeminente denominada de naso. Dentro da cabeça dos

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soldados existe uma glândula frontal que produz substâncias químicas (ex.: terpenos) utilizadas

para a defesa (SANTOS; COSTA-LEONARDO, 2006). Em espécies de Nasutitermes os

soldados também podem atuar na busca e localização do recurso alimentar (ALMEIDA et al.,

2016). A casta de operários, presentes em maior proporção que a casta dos soldados, são

responsáveis pelos cuidados com as fases jovens, alimentação das demais castas e

forrageamento (COSTA-LEONARDO, 2002).

Devido à perda e alteração dos ambientes naturais N. corniger tem se tornado uma

importante praga, principalmente em ambientes urbanos. Nesses ambientes a espécie é

considerada uma praga voraz pela diversidade e abundância de enzimas no aparelho digestivo

dos operários e soldados (LIMA et al., 2014).

2.3 Controle convencional de cupins

As primeiras formas de controle dos cupins consistiam na utilização de iscas-armadilhas

seguidas de aplicação de inseticidas formulados em pó, e através do emprego de barreiras

químicas no solo com inseticidas organofosforados e organoclorados (CROPPER et al., 1992).

Atualmente existe uma diversidade de estratégias para o controle de cupins nos ambientes

agrícolas e urbanos.

A resistência de diversas espécies de madeiras tem sido avaliada para seleção e

adequação do material a indústria dos móveis (GONÇALVES; OLIVEIRA, 2006; RIBEIRO et

al., 2014). Outros estudos demonstraram que a imersão das peças infestadas em água a alta

temperatura, congelamento, aquecimento controlado e o emprego de micro-ondas resultam na

eliminação das colônias (QUERNER, 2015; WOODROW; GRACE, 1998). A remoção de

túneis e ninhos mecanicamente é utilizada como uma estratégia de controle. No entanto, a

remoção dessas estruturas não elimina a praga e por outro lado podem favorecer a dispersão

dos alados (COSTA-LEONARDO, 2002).

A utilização de inseticidas, seja por injeção direta sobre o material atacado e em galerias

e de forma preventiva à colonização (SCHEFFRAHN et al., 2001; WOODROW; GRACE;

OSHIRO, 2006; WOODROW; GRACE, 2007), ou pela utilização de agentes fumigantes (ex.:

dióxido de carbono, fluoreto de sulfurilo e fosfina) em ambientes fechados (VERMA;

SHARMA; PRASAD, 2009), tem demonstrado eficiência no controle desses insetos, sendo a

sua principal forma de controle. O emprego de iscas inseticidas, principalmente para os cupins

de solo, também são usadas no controle das espécies (EVANS; IQBAL, 2015). Neste contexto

de controle, acredita-se que atualmente sejam gastos em torno de 40 bilhões de dólares por ano

(RUST; SU, 2012).

Como a forma química se tornou a principal forma de controle dos cupins, sua excessiva

utilização de forma indiscriminada tem resultado em diversos problemas como lenta

degradação, contaminação de residências, transferência de toxinas de áreas tratadas para não-

tratadas, e inclusive danos sobre as peças históricas (HOAG, 2004; QUERNER, 2015;

SCHUMMER et al., 2010; VERMA; SHARMA; PRASAD, 2009).

Assim, embora o uso de inseticidas convencionais seja eficaz no controle dos cupins,

seus efeitos adversos sobre organismos não alvos e ao ambiente, implica na necessidade de

utilização de novos inseticidas que sejam ambientalmente seguros e de baixo risco toxicológico

para espécies não alvos (REGNAULT-ROGER; VINCENT; ARNASON, 2012).

2.4 Óleos essenciais: alternativa para manejo de cupins-praga

As substâncias botânicas, por muito tempo, foram os principais compostos utilizados

para o controle de pragas. Porém, com o surgimento dos inseticidas organofosforados,

organoclorados e carbamatos, reduziu-se a utilização desses compostos (ISMAN;

GRIENEISEN, 2014). No entanto, a partir das discussões sobre os riscos provenientes do uso

indiscriminado destes pesticidas e da descoberta do potencial inseticida das sementes de

Azadirachta indica, houve um aumento no número de estudos e na utilização dos compostos

botânicos (ISMAN, 2006).

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É recomendado que os produtos a serem utilizados no manjo de cupins-praga devem ser

de baixa persistência e toxicidade a organismos não-alvos (SU; SCHEFFRAHN, 1998). Neste

contexto, óleos essenciais têm sido apontados como substâncias alternativas para o manejo dos

cupins-praga (BACCI et al., 2015).

Os óleos essenciais são constituídos por uma mistura de substâncias envolvendo álcoois,

terpenos, compostos nitrogenados e oxigenados (ISMAN, 2006). Seu potencial inseticida tem

sido demonstrado para diversas espécies de cupins como: Amitermes cf. amifer e

Microcerotermes indistinctus (BACCI et al., 2015), Cryptotermes brevis (SBEGHEN-LOSS et

al., 2011), Coptotermes formosanus (CHENG et al., 2014), Coptotermes gestroi; Coptotermes

curvignathus (ABDULLAH et al., 2015), Nasutitermes corniger (LIMA et al., 2013) e

Reticulitermes speratus (SEO et al., 2014).

2.5 Composição química dos óleos essenciais: terpenos

A ação biológica dos óleos essenciais é atribuída aos compostos presentes em maiores

percentuais, denominados de majoritários. Porém, sabe-se que efeitos sinergistas, antagonistas

e ou de aditismo podem ocorrer entre os seus constituintes (TAK; JOVEL; ISMAN, 2015).

Dentro da diversidade química dos compostos presentes nos óleos essenciais (ex.:

álcoois, compostos nitrogenados, entre outros), os terpenos são os constituintes mais comuns

(ISMAN, 2006). Esse grupo é formado pela fusão de unidades de isoprenos (C5H8)n e de acordo

com o número dessas unidades, são classificados em monoterpenos (10 C), sesquiterpenos (15

C), diterpenos (20 C) e triterpenos (30 C) (TAIZ; ZEIGER, 2013). A toxicidade desta classe de

compostos tem sido frequentemente avaliada sobre diversos organismos pragas como ácaros,

insetos e nematóides (ARAÚJO et al., 2012; FARIA et al., 2013; PEIXOTO et al., 2015).

Assim, os terpenos presentes nos óleos essenciais podem ser uma alternativa para o controle de

cupins-praga.

2.6 Lippia sidoides (Verbenaceae)

O alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham. Verbenaceae) é uma planta nativa do bioma

da Caatinga com hábito de crescimento arbustivo e ciclo perene (LORENZI; MATOS, 2002).

O óleo essencial extraído de suas folhas é rico em compostos terpênicos, principalmente mono

e sesquiterpenos, com rendimento variando de 1,8 a 6,8% (FARIAS-JUNIOR et al., 2012;

FUNARI et al., 2012; LIMA et al., 2011).

Essas variações de rendimento e composição química decorrem devido à influência de

fatores bióticos (ex.: cultivar, partes extraídas, época de colheita) e abióticos (ex.: método de

extração, origem da planta) (FIGUEIREDO et al., 2009; SANTOS et al., 2015). Pela ampla

utilização na indústria de cosméticos na forma de cremes, perfumes, loções e desodorantes, o

óleo essencial de L. sidoides possui alto valor econômico sendo produzido em escala comercial

(BOTELHO et al., 2007).

Diversas atividades foram relatadas para o óleo essencial de L. sidoides, como acaricida,

antiinflamatória, bactericida e inseticida (BACCI et al., 2015; BOTELHO et al., 2016; DE

OLIVEIRA et al., 2014; GOMES et al., 2014). Essas atividades são atribuídas, principalmente,

aos majoritários carvacrol e timol, que avaliados isoladamente apresentaram atividade

acaricida, antimicrobiana, farmacológica e inseticida semelhante a este óleo essencial (CRUZ

et al., 2013; EL-SAYED et al., 2015; MITH et al., 2014; TABANCA et al., 2013).

2.7 Gênero Aristolochia (Aristolochiaceae)

O gênero Aristolochia possui mais de 100 espécies descritas no Brasil. Sua presença é

significativa em zonas de restinga, terrenos sombreados e levemente úmidos (NASCIMENTO;

CERVI; GUIMARÃES, 2010). As espécies deste gênero são amplamente utilizadas na

medicina popular por sua ação antiinflamatória, antiasmática, antidiarreica, antisséptica entre

outras (MESSIANO et al., 2008). Estas atividades estão associadas à diversidade química de

compostos encontrados na parte aérea, caule e raiz das espécies (MESSIANO et al., 2008).

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Entre os compostos químicos presentes nas espécies de Aristolochia, o ácido

aristolóquico despertou o interesse da comunidade científica devido aos efeitos nefrotóxicos

causados por medicamentos à base dessas espécies (NORTIER et al., 2000). Recentemente foi

elucidado que quando metabolizado, esse ácido reage com o DNA concentrando-se no córtex

renal causando lesões (CHEN et al., 2012). Contudo, a ocorrência deste composto é variável,

podendo não ser encontrado em todas as espécies.

O potencial inseticida das espécies do gênero Aristolochia foi avaliado sobre Anticarsia

germatalis (MESSIANO et al., 2008; NASCIMENTO et al., 2004), Atta sexdens; Acromyrmex

balzani (OLIVEIRA, 2015), Sitophilus zeamais (RAUSCHER et al., 2001), Spodoptera litura

(BASKAR et al., 2011) e Tribolium castaneum (JBILOU et al., 2008). Assim, tendo em vista a

importância e diversidade química de Aristolochia, a atividade biológica dos seus constituintes

deve ser avaliada com intuito de possibilitar sua utilização para espécies- praga, incluindo a sua

utilização como modelo para formulação futura de novos pesticidas.

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4. ARTIGO 1: VIAS DE EXPOSIÇÃO E EFEITOS SUBLETAIS DO ÓLEO

ESSENCIAL DE Lippia sidoides E SEUS CONSITUINTES A Cryptotermes brevis

Periódico a ser submetido: Applied Entomology and Zoology

RESUMO

O cupim de madeira seca Cryptotermes brevis é uma das mais importantes pragas estruturais.

As perdas ocasionadas pelo seu ataque são agravadas pela dificuldade de localização e controle

das suas colônias. Substâncias do metabolismo secundário das plantas (ex.: óleos essenciais)

têm sido consideradas uma forma de controle ambientalmente mais segura para pragas urbanas

como os cupins. Neste trabalho, nós avaliamos a toxicidade e as alterações comportamentais e

de caminhamento de pseudergates de C. brevis tratados com o óleo essencial de Lippia sidoides

e seus componentes majoritários por meio de aplicação tópica e fumigação. O óleo essencial de

L. sidoides e o timol foram os tratamentos mais tóxicos a C. brevis quando aplicados

topicamente (DL50 = 9,33 e 8,20 µg.mg-1, respectivamente) e por fumigação (CL50 = 9,10 e

23,66 µL L-1, respectivamente). Os tratamentos reduziram a sobrevivência de C. brevis ao longo

do tempo de exposição com menores tempos letais para a via de fumigação. Os comportamentos

e o caminhamento, individual e coletivo, de pseudergates de C. brevis foram alterados em

função da aplicação dos tratamentos. Assim, o óleo essencial de L. sidoides e seus componentes

têm potencial para aplicação em estratégias de controle deste cupim-praga, já que além da ação

tóxica em duas vias de exposição, estas substâncias apresentaram efeitos sobre o

comportamento e o caminhamento importantes para a coesão das colônias de C. brevis.

Palavras-chave: Isoptera, inseticidas botânicos, terpenos, comportamento coletivo.

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ABSTRACT

The drywood termite Cryptotermes brevis is one of the most important structural and

cosmopolitan pests. Losses provoked by termite attacks are increase by the difficult to localize

their colonies as well by control them. Substances from the secondary metabolism of high plants

(eg.: essential oils) have been suggested as a most environmental secure form of urban pests

control, such as termites. In this study, we tested the toxicity and the behaviors changes of C.

brevis treated with Lippia sidoides essential oil and its majors compounds by topic application

and fumigation. Essential oil L. sidoides and thymol were the most toxic treatments to C. brevis

when exposed to topic application (LD50 = 9.33 and 8.20 µg.mg-1, respectively) and by

fumigation (LC50 = 9.10 e 23.66 µL L-1, respectively). Treatments reduced the survival of C.

brevis over exposure time, with lower lethal time to fumigation application. Behaviour and

walking, in both individual and group treatments of C. brevis, were altered by the application.

Thus, L. sidoides essential oil and its compounds has potential for application in control

strategies for this pest termite, once besides the toxic action by both routes of exposure, these

substances reduced the interactions between individuals, displaying significant behavioural

effects.

Key-words: Isoptera, botanical insecticides, terpenes, collective behavior.

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4.1. INTRODUÇÃO

A capacidade de degradação e utilização da celulose, como recurso alimentar, torna os

cupins uns dos principais agentes na ciclagem dos materiais derivados de plantas (Korb 2005).

Nos ambientes terrestres tropicais e subtropicais, estes insetos podem consumir cerca de um

terço da produção anual de madeira morta (Ulyshen 2016), sendo assim, um importante grupo

para o funcionamento dos ecossistemas. Porém, em ambientes urbanos, algumas espécies são

consideradas pragas devido à deterioração de estruturas de madeira seca (ex. utilizadas na

construção civil e fabricação de móveis), o que causa danos irreparáveis, inclusive ao

patrimônio histórico (Constantino 2002).

Dentre tais espécies, Cryptotermes brevis (Walker, 1853) (Kalotermitidae) é uma das

mais importantes pragas estruturais (Constantino 2002; Scheffrahn et al. 2009) que nidifica em

madeira seca. As perdas ocasionadas por C. brevis são agravadas pela dificuldade de

localização e controle das colônias destes insetos (Woodrow et al. 2006; Neoh et al. 2014).

Estruturas infestadas por C. brevis normalmente apresentam poucos sinais externos indicativos

do ataque e podem conter várias pequenas colônias fragmentadas espacialmente (Su and

Scheffrahn 1998). Além disso, à medida que os cupins consomem as estruturas, forma em seus

interiores, um complexo sistema de galerias que dificulta a penetração de substâncias tóxicas

usadas no controle destes insetos (Woodrow and Grace 2007). Adicionalmente, colônias de

cupins de madeira seca são responsivas às mudanças no ambiente externo e intra-colonial, uma

vez que tais espécies possuem um desenvolvimento linear, nos quais os indivíduos podem

passar por mudas progressivas, estacionárias ou regressivas o que torna a determinação de

castas altamente flexível (Korb et al. 2012). Tais características dificultam o controle destes

insetos, normalmente levando ao uso excessivo de inseticidas convencionais. O uso

desordenado de tais produtos tem gerado problemas devido à elevada persistência destes no

ambiente, além de sua redistribuição para áreas não tratadas (Richards et al. 2016).

Neste contexto, substâncias do metabolismo secundário das plantas têm sido

consideradas uma forma de controle ambientalmente mais segura. Os óleos essenciais de

plantas são apontados como alternativa para o controle de pragas [ex.: baratas (Werdin

Gonzalez et al. 2015), cupins (Lima et al. 2013), formigas (Albuquerque et al. 2013) e

mosquitos (Pavela 2015)] devido à sua composição química diversificada (ex. terpenos,

terpenóides oxigenados e benzenóides) (Isman, 2006), alta volatilidade e baixa toxicidade a

organismos não alvos, incluindo os humanos (Regnault-Roger et al. 2012). O potencial de

utilização dos óleos essenciais e seus constituintes para o controle dos cupins-praga é pouco

estudado quando comparado a outros grupos de insetos (Bacci et al. 2015). No entanto, alguns

estudos têm relatado a potencialidade dos óleos essenciais para o manejo de cupins das famílias

Rhinotermitidae e Termitidae (Lima et al. 2013; Bacci et al. 2015), havendo pouca divulgação

de estudos realizados com C. brevis. Estudos que visam determinar novas fontes inseticidas

devem levar em consideração não apenas o potencial letal sobre diferentes vias de exposição,

como também os efeitos subletais sobre os indivíduos. No caso de cupins - insetos

verdadeiramente sociais, que apresentam um elaborado sistema de comunicação - alterações

comportamentais resultantes da exposição às substâncias bioativas podem contribuir de

diferentes formas para o manejo das colônias. Inseticidas de ação mais lenta, por exemplo,

podem ser mais eficazes por não causarem mortalidade ou repelência imediata aos indivíduos,

facilitando assim a difusão da substância aos membros da colônia (Woodrow et al. 2006). Por

outro lado, como sugerido por Bacci et al. (2015), a exposição de indivíduos às substâncias

repelentes pode levar a um maior nível de não reconhecimento e agressividade, contribuído

para perda de coesão da colônia.

Aqui, analisamos o potencial bioinseticida do óleo essencial da planta arbustiva Lippia

sidoides Cham. Verbenaceae espécie nativa do bioma da Caatinga, Brasil (Lorenzi and Matos

2002) sobre pseudergates de C. brevis. Alguns estudos têm demonstrado à ação tóxica do óleo

essencial desta planta sobre diversos grupos de pragas como ácaros, insetos e nematóides

(Moreira et al. 2009; Lima et al. 2013; Gomes et al. 2014).

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4.2. MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1. Colônias

Para realização dos bioensaios foram utilizadas 15 colônias de C. brevis obtidas de

madeira seca, coletadas no nordeste do Brasil, nos municípios de Alagoinhas, Bahia (12°08’S,

38°25’W) (N = 4), São Cristóvão (10°55’S, 38°6’W) e Simão Dias (10°44’S, 37°48’W),

Sergipe, (N = 7 e 4, respectivamente). As colônias foram transferidas para bandejas plásticas

(15 x 45cm) contendo fragmentos da madeira na qual foram encontrados. As colônias foram

mantidas em estufa incubadora tipo B.O.D. (26 ± 2°C, UR 70 ± 5%, sem iluminação) por 24

horas até a realização dos bioensaios.

A identificação da espécie foi realizada com base em literatura (Scheffrahn and Krecek

1999) e por comparação com espécime exemplar depositado no Laboratório de Termitologia

da Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil.

4.2.2. Obtenção e análise do óleo essencial de L. sidoides

O óleo essencial de L. sidoides foi obtido da empresa Produtos Naturais (município de

Horizonte, Ceará, Brasil).

A análise dos componentes do óleo essencial foi realizada por cromatografia gasosa

acoplada à espectrometria de massa (CG-EM) e detector por ionização em chama (CG-DIC)

(GCMSQP2010 Ultra, Shimadzu Corporation, Kyoto, Japão), equipado com um amostrador

com injeção automática AOC-20i (Shimadzu). A separação dos componentes do óleo foi

realizada em uma coluna capilar de sílica fundida (Rtx®-5MS Restek; 5%-difenil-95%-

dimetilpolisiloxano) com diâmetro interno de 30 m x 0,25 mm e 0,25 µm de espessura de filme,

com um fluxo constante de Hélio 5,0 a uma taxa de 1,0 mL. min-1.

Um microlitro da amostra do óleo essencial foi injetada a temperatura de 280°C, em

uma razão de split de 1:30. A programação de temperatura do forno iniciou em 50°C (isoterma

por 1,5 minutos) aumentando a 4°C min-1 até 200°C, e em seguida a 10°C min-1 até 300 °C

permanecendo por 5 minutos.

No CG-EM as moléculas foram ionizadas por elétrons com energia de 70 eV e os

fragmentos analisados por um sistema quadrupolar programado para filtrar fragmentos/íons

com m/z na ordem de 40 a 500 Da, detectados por um multiplicador de elétrons. O

processamento de dados foi realizado com software CGMS Postrun Analysis (Labsolutions-

Shimadzu). O processo de ionização para o CG-DIC foi realizado pela chama proveniente dos

gases hidrogênio 5.0 (30 mL min-1) e ar sintético (300 mL min-1). Os compostos químicos

coletados e a corrente elétrica gerada foram amplificadas e processadas no software CG Postrun

Analysis (Labsolutions- Shimadzu).

Foram utilizadas duas metodologias para identificação dos compostos do óleo essencial

de L. sidoides, associados a cada pico observado no CG. A primeira consistiu no cálculo do

índice de retenção de cada composto usando a equação de Van Den Dool e Kratz (1963) em

relação a uma série homóloga de n-alcanos (nC9- nC18). Os componentes do óleo foram

identificados comparando-se os índices de retenção observados com os índices de retenção de

cada composto relatados por Adams (2007). A segunda metodologia utilizada foi a comparação

dos índices de similaridade (>80%) dos espectros de massa dos compostos associados à cada

pico do CG com os espectros de massa de três bibliotecas existentes no equipamento (WILEY8,

NIST107 e NIST21).

4.2.3. Obtenção dos constituintes majoritários

Os compostos que apresentaram concentração superior a 6% foram considerados como

componentes majoritários do óleo essencial de L. sidoides. Assim, (-)-trans-cariofileno

(98,5%), ρ-cimeno (99%) e timol (99%) foram adquiridos da empresa Sigma-Aldrich®

(Steinheim, Germany).

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4.2.4. Bioensaios

Os bioensaios foram realizados em delineamentos inteiramente casualizados, a fim de

determinar a toxicidade e o tempo letal em duas vias de exposição e, as alterações

comportamentais e de caminhamento de pseudergates de C. brevis submetidos aos tratamentos:

óleo essencial de L. sidoides e seus componentes majoritários (-)-trans-cariofileno, ρ-cimeno e

timol. O tratamento controle consistiu no solvente acetona (Panreac, UV-IR-HPLC-GPC PAI-

ACS, 99,9%).

4.2.4.1. Vias de exposição

As doses e concentrações usadas foram selecionadas em bioensaios prévios

(mortalidade entre 10 e 99%). Em todos os casos, cada repetição dos bioensaios de toxicidade

por aplicação e fumigação, consistiu em um grupo de 10 pseudergates de C. brevis. Indivíduos

pertencentes a cada grupo sempre foram proveniente de uma mesma colônia e foram mantidos

nas arenas juntamente com um fragmento (1cm3) de sua madeira de origem, para alimentação.

Os experimentos foram conduzidos em estufa incubadora tipo B.O.D. (26 ± 2°C; UR 70

± 5%, sem fotoperíodo). As observações de mortalidade foram realizadas 48h após a montagem

dos experimentos. Os cupins foram considerados mortos quando não responderam aos

estímulos feitos com um pincel para via tópica, e quando não apresentaram nenhum movimento

por no mínimo 3s para via de fumigação.

4.2.4.1.2. Tópica

Os tratamentos foram estabelecidos por meio da aplicação de 0,5 µL dos respectivos

compostos no pronoto de cada indivíduo utilizado nos bioensaios, por meio de uma

microseringa de 10 µL (Hamilton, Reno, NV, USA). Para determinação das doses aplicadas

(µg por mg do inseto), a massa corporal de 30 indivíduos foi determinada em balança semi-

analítica (AUW220D, Shimadzu). Os indivíduos tratados foram colocados em placa de Petri (6

x 1,5 cm), forradas com disco de papel filtro e cobertas com filme plástico.

4.2.1.2. Fumigação

Soluções padrão das substâncias utilizadas em cada tratamento foram aplicadas (1µL)

em papel tipo filtro (1 cm²) com o auxílio de uma microseringa de10 µL (Hamilton, Reno, NV,

USA). Cada papel tratado foi acondicionado no interior da tampa de um pote acrílico (22,08

cm³). Em seguida a tampa foi coberta com tecido organza para evitar o contato direto dos cupins

com o papel tratado. Os potes contendo os cupins foram hermeticamente fechados.

4.2.4.2. Tempo letal

Para determinação das curvas de sobrevivência e do tempo letal para matar 50% da

população (TL50) os cupins foram expostos à DL95 e à CL95 determinadas nos bioensaios de

vias de exposição.

O desenho experimental foi o mesmo utilizado nos bioensaios de vias de exposição,

sendo realizadas 10 repetições/ tratamento em cada via de exposição. A mortalidade foi avaliada

a cada 2 h durante as primeiras 100 horas; e posteriormente a cada 12h até que a mortalidade

no grupo controle fosse superior à 20%.

4.2.4.3. Comportamento

Nestes bioensaios foram avaliados os efeitos das substâncias utilizadas em relação (i) às

alterações individuais ocasionadas nos indivíduos tratados; e (ii) as respostas comportamentais

por um grupo de indivíduos não-tratados em relação a um indivíduo tratado, conforme

metodologia descrita por Bacci et al. (2015). Os experimentos foram conduzidos em placas de

Petri (6 x 1,5cm) e os tratamentos consistiram na aplicação da DL50 das substâncias no pronoto

dos indivíduos.

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Todas as observações foram realizadas com auxílio de uma lupa de mão (aumento 10x).

O experimento foi inteiramente casualizado com 10 repetições para cada tratamento,

totalizando 50 placas e 250 min de observação.

Para o experimento individual, um pseudergate de C. brevis foi tratado após 5 min de

aclimatação na placa de Petri. No experimento coletivo, 11 indivíduos foram inseridos na placa

de Petri, sendo um destes retirado da placa, aleatoriamente, após 5min de aclimatação. Os

indivíduos retirados de cada placa foram submetidos à aplicação dos tratamentos, sendo

realocados junto ao grupo não-tratado, após três minutos. Em ambos os bioensaios foram

registrados os comportamentos após 30s da montagem dos experimentos.

Para o bioensaio com apenas um indivíduo foram contabilizados o número de auto-

limpeza e butting (movimentos acelerados para frente e para trás em sequência (Hoffmann and

Korb 2011); enquanto para o bioensaio contendo um grupo de indivíduos foram registrados o

número de antenações, limpeza (indivíduo não tratado limpando o indivíduo tratado), trofolaxia

(estomatodeal e proctodeal), butting e evitação (quando os indivíduos não-tratados evitaram o

contato com o indivíduo tratado) realizados em relação ao indivíduo tratado. Os

comportamentos foram registrados por 30s contínuos interpolados a cada 30 s, totalizando 5

min de observação/placa.

4.2.4.4. Caminhamento

Os bioensaios foram realizados sem (arena totalmente tratada) e com (arenas com

metade tratada) a chance de escolha. Foram analisados o caminhamento individual (um

indivíduo) e coletivo (quatro indivíduos) em placas de Petri (6 x 1,5cm) cobertas com disco de

papel filtro tratados. Os discos tratados foram mantidos em câmara de exaustão por 3 min. Os

delineamentos experimentais foram inteiramente casualizados, com 15 repetições/ tratamento

totalizando 150 arenas (individual e coletivo) para cada bioensaio, com (N = 150) e sem chance

de escolha (N = 150).

Para os bioensaios com e sem chance de escolha (individuais e coletivos), o movimento

dos indivíduos foi gravado por 10 min utilizando uma câmera de vídeo (Panasonic SD5

Superdynamic - modelo WV-CP504), equipada com lente Spacecom (1/3” 3-8 mm) acoplada

a um computador. Para avaliação do movimento foi utilizado o software Ethovision XT (versão

8.5; Noldus Integration System, Sterling, VA). Os dados captados foram analisados utilizando

o programa Studio 9 (Pinnacle Systems, moutain View, CA).

4.2.4.4.1. Sem chance de escolha

Nestes bioensaios, o papel filtro utilizado para forrar as placas foi totalmente tratado

com 0,2 mL dos tratamentos à 0,1%. Para o experimento coletivo, cada indivíduo foi marcado

com tinta têxtil não tóxica nas cores azul, verde, vermelho e rosa (Acrilex Tintas Especiais S.A.,

São Bernardo do Campo – São Paulo, Brasil), 24 h antes do experimento, a fim de contabilizar

os comportamentos individuais de cada membro e posteriormente calcular a média do grupo.

Testes preliminares indicaram que o uso desta tinta não afetou a distância percorrida (p = 0,82)

e a velocidade de caminhamento (p = 0,25) dos indivíduos.

4.2.4.4.2. Com chance de escolha

O experimento foi realizado dividindo o papel filtro simetricamente em duas áreas,

sendo uma tratada com os compostos e a outra com acetona (solvente). Cada parte do papel

filtro foi tratada, isoladamente, com 0,1 mL das soluções dos compostos à 0,1% e

posteriormente foram fixados com fita dupla-face no fundo das placas. Foi avaliado o tempo de

permanência dos indivíduos nas áreas tratada e não–tratada das placas.

4.2.4.5. Análises estatísticas

Os dados de mortalidade dos tratamentos por via de aplicação tópica e por fumigação

foram corrigidos em relação à mortalidade no controle usando a fórmula de Abbott (Abbott

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1925). Os dados foram submetidos à análise de Probit (Finey 1971) usando o procedimento

PROC PROBIT do SAS (SAS Institute 2008). Foram aceitas as curvas com probabilidade maior

que 0,05 pelo teste 2. Estas curvas foram utilizadas para determinar as CL50 e DL50, e as CL90

e DL90. Nas comparações das DL e CL foram usados intervalos de confiança a 95% de

probabilidade.

As análises de sobrevivência em função da via de exposição e dos tratamentos foram

realizadas através de estimadores de Kaplan-Meier pelo teste de Log-Rank (Sigmaplot, versão

12.5). Através dessa análise foram determinadas as curvas de sobrevivência e os tempos letais

para causar a mortalidade em 50% dos indivíduos (TL50) referente a cada um dos tratamentos,

em ambas as vias de exposição.

Os dados de comportamento foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis com

comparação múltipla a p<0,05 (R Core Team 2016). Análise de variância seguida pelo teste de

Dunnett a p<0,05 (PROC, ANOVA com DUNNETT; SAS) foi utilizada para avaliar a variação

na distância percorrida (cm) e a velocidade de caminhamento dos indivíduos (cm/s), nos

bioensaios de caminhamento (individual e coletivo) em arenas sem chance de escolha. Análise

similar foi realizada para avaliar o tempo de permanência dos indivíduos (%) nas áreas tratada

e não-tratada nas arenas com chance de escolha. As médias do tempo de permanência em cada

lado da arena foram comparadas pelo teste de Fisher LSD a p<0,05 (PROC, ANOVA com LSD;

SAS).

4.3. RESULTADOS

4.3.1. Composição química do óleo essencial

Dos nove compostos identificados e quantificados no óleo essencial de L. sidoides, o

timol foi o composto em maior concentração (76,34%), seguido pelo ρ-cimeno (10,09%) e o

(trans)-cariofileno (6,80%) (Tabela 1) (Fig. 1).

4.3.2. Vias de exposição

De forma geral, o óleo essencial de L. sidoides e seus componentes majoritários foram

tóxicos ao cupim C. brevis pelas vias de exposição tópica e fumigação. Exceção foi observada

para (-)-trans-cariofileno que causou mortalidade menor que 50% quando aplicado por

fumigação (Tabela 2).

O óleo essencial de L. sidoides e o timol foram os tratamentos mais tóxicos a C. brevis

quando aplicados topicamente (DL50 = 9,33 e 8,20 µg.mg-1, respectivamente) e por fumigação

CL50= 9,10 e 23,66 µL L-1, respectivamente).

4.3.3. Curvas de sobrevivência

Os tratamentos reduziram significativamente a sobrevivência de C. brevis quando

aplicados topicamente (Log-Rank χ2 =253,82, p<0,001) e por fumigação (Log-Rank

χ2=220,598, p<0,001) (Fig. 2). Topicamente, o timol foi o tratamento que apresentou menor

tempo letal (TL50= 2,89h), seguido pelo ρ-cimeno (TL50= 30,65h) e (-)-trans-cariofileno (TL50=

38,27h) (Fig. 2A). Padrão similar foi observado para aplicação por fumigação (TL50: timol =

16,06h; ρ-cimeno = 25,61h) (Fig. 2B).

Em ambas as formas de aplicação, o óleo essencial apresentou maior tempo letal do que

os seus componentes majoritários. Na aplicação tópica foram necessárias 110,36 h para o óleo

essencial causar mortalidade em 50% dos indivíduos de C. brevis. Já por fumigação esse tempo

foi de 29,32 h (Fig. 2).

4.3.4. Comportamento

De forma geral o óleo essencial de L. sidoides e seus compostos majoritários alteraram

os comportamentos individuais e coletivos de C. brevis em relação ao controle (Fig. 3 e 4).

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Nos bioensaios individuais de limpeza não ocorreram diferenças significativas entre os

tratamentos e o controle. Já no comportamento de butting, ocorreram diferenças para o óleo

essencial e o ρ-cimeno (Kruskal-Wallis χ2 =14,08 p=0,004) (Fig. 3).

Os comportamentos coletivos indicaram que os cupins não-tratados reduziram o contato

com o indivíduo tratado (Fig. 4). Os comportamentos de antenação (Kruskal-Wallis χ2 =22,85

p<0,001) e de evitação (Kruskal-Wallis χ2 =27,03 p<0,001) foram menores para todos os

tratamentos em relação ao controle. Já para trofolaxia essa redução apenas ocorreu para o óleo

essencial e o ρ-cimeno (Kruskal-Wallis χ2 =19,77 p<0,001). Não foram observadas diferenças

significativas para o comportamento de limpeza (Kruskal-Wallis χ2 =7,57 p=0,10), e no

comportamento de butting apenas o timol diferiu do controle (Kruskal-Wallis χ2 =10,63 p=0,03)

(Fig. 4).

4.3.5. Caminhamento sem chance de escolha

Foram observadas diferenças significativas na distância percorrida (Fig. 5A) e

velocidade de caminhamento (Fig. 5B), individual e coletiva, de C. brevis expostos ao óleo

essencial de L. sidoides e aos seus compostos majoritários.

No bioensaio de comportamento individual, houve uma redução da distância percorrida

e da velocidade de caminhamento quando os indivíduos foram expostos ao óleo essencial de L.

sidoides e ao timol; enquanto estes parâmetros aumentaram sob efeito do (-)-trans-cariofileno,

comparados ao controle (Fig. 5A-B).

Já nos bioensaios coletivos, o óleo essencial de L. sidoides mostrou um padrão oposto,

aumentado a distância percorrida e a velocidade de caminhamento do grupo em relação ao

controle (Fig. 5A-B). Efeito similar foi observado quando o grupo foi tratado com os compostos

majoritários (Fig. 5A-B).

4.3.6. Caminhamento com chance de escolha

Quando dada chance de escolha, os cupins mostraram diferentes respostas quando

dispostos individualmente ou em grupo nas arenas. No bioensaio de comportamento individual,

os indivíduos permaneceram a maior proporção do tempo na metade da arena não-tratada,

considerando-se todos os tratamentos (Fig. 6A). Já no bioensaio de comportamento coletivo, os

cupins permaneceram a maior parte do tempo na metade da arena tratada com (-)-trans-

cariofileno do que na metade não-tratada. Por outro lado, não mostraram preferência na escolha

entre ρ-cimeno e a área não-tratada; e reduziram o tempo de permanência nas áreas tratadas

com timol e o óleo essencial de L. sidoides (Fig. 6B).

4.4. DISCUSSÃO

Neste trabalho demonstramos que o óleo essencial de L. sidoides e seus constituintes

timol e ρ-cimeno foram tóxicos ao cupim de madeira seca C. brevis, via aplicação tópica e

fumigação. A alta toxicidade do óleo essencial de L. sidoides em relação aos seus compostos

majoritários, principalmente observada por fumigação, pode estar relacionada a efeitos

sinérgicos entre os seus constituintes (Nerio et al. 2010).

Por via tópica, o timol apresentou mortalidade similar à observada para o óleo essencial

de L. sidoides (Tabela 2), sendo a concentração desse majoritário no óleo menor (76%) do que

a utilizada isoladamente (99%) (tabela 1). Assim, possivelmente a mortalidade causada pelo

óleo essencial deve-se em grande parte a ação tóxica do timol e a efeitos aditivos com outros

compostos (p.ex.: -cimeno e (-)-trans-cariofileno). A toxicidade destes terpenos via fumigação

foi menor (maiores CLs) a causada pelo óleo essencial. Desta forma, estes compostos devem

atuar sinergisticamente potencializando a ação do óleo via fumigação.

O fato do timol ser o composto de maior toxicidade presente no óleo essencial de L.

sidoides, pode estar relacionado ao seu mecanismo de ação. Este constituinte possui ação

neurotóxica sobre os insetos ligando-se aos receptores do neurotransmissor GABA impedindo

o fechamento dos canais de sódio. Essa ligação decorre da presença da hidroxila em sua

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estrutura (Fig. 1), a qual é apontada como o possível sítio de ligação dos compostos terpênicos

com receptores desse neurotransmissor (Priestley et al. 2003; Tong and Coats 2012). Por outro

lado, a ausência desta hidroxila nas estruturas do ρ-cimeno e do (-)-trans-cariofileno pode

explicar a menor toxicidade desses compostos para os indivíduos de C. brevis (Fig. 1),

especialmente via fumigação.

O elevado tempo letal observado para o óleo essencial de L. sidoides via aplicação tópica

em relação à fumigação (Fig. 2), sugere que a cutícula esteja agindo como barreira à penetração

dos compostos nos pseudergates de C. brevis (Collins and Richards 1966). De fato, as doses

letais do óleo essencial de L. sidoides requeridas para C. brevis (DL50 = 9,33 µg mg-1) são

superiores às observadas para cupins de outros grupos, como Amitermes cf. amifer,

Microcerotermes indistinctus e Nasutitermes corniger (DL50 = 2,43; 1,49 e 0,27 µg mg-1,

respectivamente) (Bacci et al. 2015; Lima et al. 2013), os quais possivelmente possuem cutícula

menos espessa devido ao hábito de forragear dentro de túneis e sob o solo (Habibpour et al.

2010; Hu et al. 2012; Almeida et al. 2016). Assim, além da proteção contra perda de água, a

cutícula de C. brevis funciona como um possível mecanismo para sua tolerância a inseticidas

(ex.: óleos essenciais e terpenos) (Collins and Richards 1966; Shelton and Appel 2001).

Os menores tempos letais observados para a via de fumigação podem estar relacionados

a facilidade de penetração pelos espiráculos e a maior velocidade de alcance dos sítios de ação

dos compostos (Haddi et al. 2015). Neste contexto, considerando o tempo de ação para causar

mortalidade em C. brevis a via de fumigação é a mais indicada para o óleo essencial de L.

sidoides e seus constituintes, com exceção para o (-)-trans-cariofileno.

Os bioensaios de comportamento indicaram que os indivíduos contaminados são

reconhecidos como estranhos, fazendo com que os indivíduos não-tratados reduzam o contato

com eles. De fato, os comportamentos de antenação, meio de comunicação onde os cupins

reconhecem companheiros de ninho através de hidrocarbonetos cuticulares (Howard and

Blomquist 2005), e de evitação foram menores para todos os tratamentos em relação ao controle

(Fig. 4). Por outro lado, os pseudergates de C. brevis sinalizaram individualmente e de forma

coletiva a contaminação com os compostos através do comportamento de butting

(compreendido como sinalização de alarme; Grassé 1986) (Fig. 3 e 4). Essas alterações

comportamentais podem ocasionar um conflito dentro da colônia de C. brevis reduzindo a sua

sobrevivência (Korb and Foster 2010). Porém, o mecanismo de liberação dos inseticidas deve

ser um fator a ser considerado para desencadear tal fato. O aumento na distância e na velocidade

de caminhamento dos grupos de cupins tratados indicam que os pseudergates de C. brevis

reconhecem superfícies tratadas com os compostos (Fig.5). O aumento dessa atividade já foi

demonstrado como uma resposta dos cupins a um sinal de alarme (Cristaldo et al. 2015). Assim,

as alterações comportamentais e de caminhamento observadas neste trabalho podem ocasionar

(de forma conjunta) uma perda de coesão nas colônias de C. brevis, sendo este um aspecto

desejável para o controle de cupins-praga (Evans and Iqbal 2015).

Neste trabalho observamos que o óleo essencial de L. sidoides e o timol foram repelentes

a C. brevis; enquanto o (-)-trans-cariofileno apresentou efeito de atrativo (Fig. 5). O efeito

repelente é de interesse para o controle de pragas urbanas como os cupins, pois permite o

tratamento das estruturas com estes inseticidas evitando a colonização pelos mesmos (Hwang

et al. 2007; Rust and Su 2012). Embora iscas inseticidas sejam consideradas uma boa

ferramenta para o controle dos cupins, estas são utilizadas para espécies de solo, sendo pouco

usuais para cupins de madeira seca (Evans and Iqbal 2015). Por outro lado, o fato do (-)-trans-

cariofileno ter um efeito de atração ao grupo de C. brevis pode ser um indicativo da sua

utilização como isca para os indivíduos alados no período de revoada (responsáveis pela

fundação de novas colônias) (Borges et al. 2014). Contudo, são necessárias investigações para

testar tal efeito sobre esses indivíduos em situações naturais.

Para o controle químico de C. brevis, a localização da infestação é o primeiro fator

considerado para a escolha da via de exposição. Quando esta infestação ocorre de forma

generalizada a via de fumigação é preferível, mas quando esta é de forma pontual a via tópica

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apresenta-se mais eficiente (Rust and Su 2012). Esta escolha é baseada na economia de

aplicação dos inseticidas e exposição do ambiente a estes compostos (Rust and Su, 2012). Esta

necessidade de utilização de diferentes vias de exposição, dependendo do tipo de infestação,

ressalta ainda mais o potencial de utilização do óleo essencial de L. sidoides e seus constituintes

contra C. brevis, uma vez que estes foram tóxicos por ambas as vias. Adicionalmente, o óleo

essencial de L. sidoides tem produção já realizada em escala industrial (Santos et al. 2015), o

que facilita sua futura utilização no controle de C. brevis. Porém, investigações futuras devem

ser realizadas a fim de determinar formulações adequadas e o efeito sobre organismos não-alvo

a fim de possibilitar a aplicação destes compostos em infestações naturais.

Neste trabalho, avaliamos a toxicidade e as respostas comportamentais de C. brevis

quando expostos ao óleo essencial de L. sidoides e seus constituintes. Demonstramos que esses

compostos botânicos têm potencial para aplicação em estratégias de controle deste cupim-

praga, já que além da ação tóxica em duas vias de exposição, estas substâncias apresentaram

efeitos importantes para a coesão das colônias de C. brevis.

4.5. CONCLUSÃO

Este estudo demonstra que o óleo essencial de L. sidoides e seus componentes são

potenciais inseticidas a serem utilizados como estratégias alternativas ou complementares para

o manejo do cupim de madeira seca C. brevis.

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Tabela 1. Composição química do óleo essencial de Lippia sidoides analisado por CG-EM

e CG-DIC.

1IR= índice de retenção calculado através da equação de Van den Dool; Kratz (1963) para a série de homólogos. 2 Percentual Médio ± EPM dos compostos identificados por CG-EM/CG-DIC com três repetições para cada

método.

Composto

Tempo de

retenção

(min.)

IR1 Conteúdo relativo (%)2

Mirceno 10,553 979 2,09±0,14

δ-3-Careno 11,449 1007 1,05±0,05

ρ-Cimeno 11,712 1016 10,09±0,08

1,8-Cineol 11,927 1022 0,63±0,05

γ- terpineno 12,850 1050 1,39±0,04

Terpinen-4-ol 16,792 1172 0,72±0,01

Metil timol 18,430 1224 0,89±0,03

Timol 20,218 1283 76,34±0,17

(trans)-Cariofileno 24,099 1418 6,80±0,14

Total detectado (%) 100

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31

Figura 1. Constituintes majoritários do óleo essencial de Lippia sidoides: (1) timol, (2) ρ-

cimeno e (3) (trans)-cariofileno.

OH

H

H

E

(1) (2) (3)

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Tabela 2. Toxicidade do óleo essencial de Lippia sidoides e seus constituintes sobre Cryptotermes brevis em duas vias de exposição.

a N= número de insetos testados. b β=inclinação da curva.

* Não foi possível determinar a curva concentração-resposta devido à baixa toxicidade deste composto.

Composto Aplicação Tópica (µg mg-1) Fumigação (µL L-1)

na DL50 DL90 βb χ2 P na CL50 CL90 βb χ2 P

L. sidoides 679 9,33

(8,83-9,77)

14,06

(13,18-15,34) 7,18 1,00 0,61

404 9,10

(7,94-10,28)

23,44

(20,22-28,27) 3,11 5,24 0,17

Timol 480 8,20

(6,83-9,44)

29,04

(23,50-39,93) 2,33 1,55 0,53

441 23,66

(22,82-24,48)

32,46

(30,73-34,96) 9,31 3,40 0,18

ρ-Cimeno 520 14,87

(13,80-15,93)

28,96

(25,49-35,07) 4,42 3,17 0,20

621

328,57

(307,45-351,35)

592,33

(526,96-700,54) 5,00 4,43 0,10

(-)-trans-

cariofileno 400

14,33

(12,96-15,70)

38,03

(33,50-44,56) 3,02 1,27 0,86 720 > 905 - - - -

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Figura 2. Curvas de sobrevivência e tempo letal médio (TL50) para Cryptotermes brevis

expostos ao óleo essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários por (A)

aplicação tópica e (B) fumigação.

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Figura 3. Comportamentos individuais de pseudergates de Cryptotermes brevis expostos ao

óleo essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários. * indicam diferenças

significativas em relação ao controle pelo teste de Kruskal-Wallis a p < 0,05. Barras indicam

os valores mínimo e máximo das observações e ---- a média.

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Figura 4. Comportamentos coletivos de pseudergates de Cryptotermes brevis expostos ao óleo

essencial de Lippia sidoides e seus componentes majoritários. * indicam diferenças

significativas em relação ao controle pelo teste de Kruskal-Wallis a p < 0,05. Barras indicam

os valores mínimo e máximo das observações e ---- a média.

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Figura 5. (A) Distância percorrida e (B) velocidade de caminhamento (± erro padrão) durante

10min de exposição individual e coletiva de pseudergates de Cryptotermes brevis em arenas de

papel filtro (9 cm de diâmetro) tratadas com o óleo essencial de Lippia sidoides e seus

componentes majoritários. * indicam diferenças significativas dos tratamentos em relação ao

controle pelo teste de Dunnett a p <0,05.

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Figura 6. Tempo de permanência (%) (± erro padrão) que pseudergates de Cryptotermes brevis

expostos por contato de forma (A) individual e (B) coletiva ao óleo essencial de Lippia sidoides

e seus constituintes majoritários permaneceram em cada lado de arenas com chance de escolha.

* indicam diferenças significativas entre o tempo de permanência em cada área pelo teste de

Fisher LSD a p < 0,05.

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5. POTENCIAL INSETICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Aristolochia trilobata E

SEUS CONSTITUINTES CONTRA Nasutitermes corniger

Periódico a ser submetido: Industrial Crops and Products

RESUMO

Nasutitermes corniger tem sido considerado o cupim-praga de maior distribuição na

América do Sul, responsável por causar consideráveis danos em residências e ao

patrimônio histórico. Plantas do gênero Aristolochia (Aristolochiaceae) têm sido

amplamente utilizadas para fins terapêuticos, porém seu potencial bioinseticida ainda é

pouco estudado. Aqui, avaliamos a atividade cupinicida e os efeitos comportamentais do

óleo essencial (OE) de A. trilobata e seus constituintes sobre N. corniger. O OE e seus

constituites majoritários (identificados por CG-EM e CG-DIC) foram utilizados em

experimentos de toxicidade (doses e tempos letais) e de caminhamento sobre operários e

soldados de N. corniger. Os tratamentos mais tóxicos a N. corniger foram limoneno e

linalol (DL90 = 2,03 e 2,04; respectivamente). A sobrevivência do cupim foi reduzida ao

longo do tempo de exposição ao OE de A. trilobata e seus constituintes com tempos letais

(TL50) inferiores a 11 horas. Tanto os operários quanto os soldados de N. corniger

permaneceram por mais tempo em áreas não tratadas com os compostos. Assim, o OE de

A. trilobata e seus constituintes são promissores para o controle de N. corniger, tendo em

vista sua rápida ação inseticida e alterações comportamentais causadas nos operários e

soldados desta espécie. Estes resultados podem contribuir para o manejo mais seguro de

cupins-praga em áreas urbanas.

Palavras-chave: Aristolochiaceae, inseticidas botânicos, terpenos, Isoptera,

comportamento.

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ABSTRACT

Nasutitermes corniger have been considered a termite-pest with major distribution at

South America, responsible for cause a significant damage in residences and historical

patrimony. Plants of the genera Aristolochia (Aristolochiaceae) have been highly utilized

in therapeutics purpose, having, as well, bioinsecticide potential. In this study, we tested

the bioinsecticide action, and the behavior effects of the A. trilobata essential oil (EO),

and its majority in N. corniger. The EO and its majority (identified by GC-MS and GC-

FID) were utilized in toxicity bioassays (doses and lethal times) and behavior (walking e

repelence) under workers and soldiers of N. corniger. The most toxic treatments to N.

corniger were limonene and linalool (LD90 = 2.03 and 2.04; respectively). The termite

survival was reduced over exposure time to EO of A. trilobata and its compounds, with

lethal times (LT50) inferior to 11 hours. Both workers and soldiers of N. corniger stayed

longer at the not compounds treated area. Thus, the EO of A. trilobata and its compounds

are a promising alternative to control of N. corniger, considering its fast insecticide action

and behavioural changes in workers and soldiers of this specie. These results can

contribute to a safer management of termites-pest at urban areas.

Key-words: Aristolochiaceae, Botanical Insecticides, Terpenes, Isoptera, Behavior.

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1. Introdução

Cupins são insetos sociais que desempenham um importante papel ecológico

principalmente nos ambientes terrestres tropicais e subtropicais (Korb, 2005). Porém, a

substituição dos ambientes naturais por áreas urbanas e agrícolas tem levado a um

aumento no registro de espécies-praga (ex. nativas ou introduzidas) (Constantino, 2002a).

Nasutitermes corniger (Termitidae: Nasutitermitinae) tem sido considerado o cupim-

praga (Scheffrahn et al., 2014) de maior distribuição na América do Sul (Constantino,

2002a; Scheffrahn et al., 2005), responsável por causar consideráveis danos em

residências e ao patrimônio histórico (De Mello et al., 2014; Lima et al., 2014). Estes

danos se devem à capacidade dos operários de N. corniger de alimentarem-se da parede

celular presente em estruturas de madeira (ex. celulose e lignocelulose) (Lima et al.,

2014). A voracidade desses insetos tem sido atribuída à elevada atividade de enzimas

(Lima et al., 2014) endógenas (ex. codificadas pelo genoma dos próprios cupins)

(Watanabe et al., 1998) ou exógenas (ex. produzidas por bactérias simbiônticas) (Burnum

et al., 2011) presentes em seu trato digestivo.

O controle de N. corniger é realizado principalmente através da aplicação de

inseticidas diretamente nos ninhos ou em seus túneis (Scheffrahn et al. 2014). No entanto,

o controle de cupins da família Termitidae (grupo mais derivado de Blattodea) (Krishna

et al., 2013) pode ser dificultado não apenas pelo hábito críptico (comum ao todos os

grupos de cupins) como também pela complexidade de organização e estratégias de

forrageio observadas neste grupo (Almeida et al., 2016). Colônias de N. corniger, por

exemplo, abrigam uma enorme quantidade de forrageadores de sítio-central - assim

determinados por possuírem ninho e fonte alimentar independentes, os quais são

interligados por uma rede complexa de túneis e galerias (Costa-Leonardo, 2002).

Adicionalmente, as colônias podem apresentar ninhos policálicos ou satélites (Costa-

Leonardo, 2002) - nos quais uma mesma colônia possui ninhos isolados, interconectados

por túneis (Noirot, 1970). Tais características podem dificultar tanto o encontro dos

ninhos quanto a disseminação dos compostos tóxicos aos indivíduos dentro da colônia.

Embora N. corniger tenha sido considerado relativamente pouco seletivo quanto

à fonte alimentar utilizada (Bustamante and Martius, 1998), estudos demonstram que,

dentre outros fatores (ex. densidade da madeira e seu estágio de decomposição), os

metabólitos secundários de plantas (ex. que agem como fagoestimulantes ou deterrentes)

interferem no seu comportamento de seleção de recursos. Neste sentido, produtos

provenientes do metabolismo secundário de plantas, como por exemplo os óleos

essenciais (OEs) e seus constituintes, podem apresentar bioatividade sobre cupins. De

fato, OEs de plantas têm sido apontados como possível fonte bioinseticida contra cupins-

praga (Lima et al., 2013). As vantagens de utilização destas substâncias, em relação aos

inseticidas convencionais, por exemplo bifentrina, clorfenapir, cipermetrina, fipronil,

imidacloprido e permetrina - pouco recomendados devido aos seus efeitos residuais

(Schummer et al., 2010; Scheffrahn et al., 2014; Verma et al., 2009; Williams et al.,

2008)- está relacionada à sua alta volatilidade e baixo risco toxicológico aos organismos

não alvos (Regnault-Roger et al., 2012).

No Brasil o gênero Aristolochia (Aristolochiaceae) é representado por

aproximadamente 100 espécies. Tais espécies tem sido amplamente utilizadas para fins

terapêuticos (Kuo et al., 2012; Shaw, 2010), porém seu potencial bioinseticida ainda é

pouco estudado quando comparado a outras famílias botânicas como Lamiaceae e

Myrtaceae. Assim, visando o desenvolvimento de novos modelos para síntese de

inseticidas para o controle de N. corniger, avaliamos neste trabalho a toxicidade e os

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efeitos comportamentais resultantes do OE de Aristolochia trilobata e seus constituintes

sobre operários e soldados de N. corniger.

2. Material e métodos

2.1. Material vegetal

Caules de A. trilobata foram coletados em área de manguezal no município de

Pirambu, Sergipe, Brasil (10º40’S, 36º52’W). As coletas foram realizadas em plantas sob

estágio vegetativo, no período da manhã, em setembro de 2014. As médias de

precipitação e temperatura anuais no mês da coleta são de 100 mm e 24,6 ºC,

respectivamente (Climate Data Org, 2016).

A identificação da espécie foi realizada no Herbário da Universidade Federal de

Sergipe, Departamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - São

Cristóvão, Sergipe, Brasil, 49100-000, onde espécimen testemunha (ASE 35.723) foi

depositada.

2.2. Obtenção e análise química do OE

Para extração do OE os caules de A. trilobata foram secos em estufa de secagem

com circulação de ar à 60 ± 1ºC por quatro dias (Marconi MA 037) (de Sant’ana et al.,

2010). Após a secagem, os caules foram triturados e o OE foi extraído por hidrodestilação

em aparelho tipo Clevenger modificado por 120 minutos. Após a extração, o OE foi

separado da fase aquosa, armazenado em frasco cor âmbar e mantido em freezer a -4ºC

até utilização nos bioensaios.

A composição química do OE de A. trilobata foi determinada por cromatografia

gasosa acoplada a espectrômetro de massa e a um detector por ionização em chama (CG-

EM; CG-DIC) (GCMSQP2010 Ultra, Shimadzu Corporation, Kyoto, Japão). A injeção

das amostras foi realizada de forma automática (AOC-20i, Shimadzu).

As separações foram realizadas em coluna capilar de sílica fundida (Rtx®-5MS

Restek, 5%-difenil-95%-dimetilpolisiloxano) com diâmetro interno de 30 x 0,25 mm e

0,25 µm de espessura de filme, com um fluxo constante de Hélio 5,0 com taxa de 1,0 mL

min-1.

A temperatura de injeção foi de 280 °C, sendo injetado 1,0 μL (10 mg mL-1) da

amostra em uma razão de split de 1:30. A programação de temperatura do forno foi

iniciada em 50 °C (isoterma durante 1,5 min), com um aumento de 4 °C min-1, até 200

°C. E em seguida, a 10 °C min-1 até 300 °C, permanecendo por 5 min.

Para o CG-EM as moléculas foram ionizadas por elétrons a 70 eV e os fragmentos

analisados por um sistema quadrupolar programado para filtrar fragmentos/íons com m/z

na ordem de 40 a 500 Da, detectados por um multiplicador de elétrons. O processamento

de dados foi realizado com software CGMS Postrun Analysis (Labsolutions- Shimadzu).

O processo de ionização para o CG-DIC foi realizado pela chama proveniente dos

gases de hidrogênio 5.0 (30 mL min-1) e ar sintético (300 mL min-1). As espécies químicas

coletadas e a corrente elétrica gerada foram amplificadas e processadas, sendo este

processamento realizado no software CG Postrun Analysis (Labsolutions- Shimadzu).

A identificação dos constituintes foi realizada com base em comparações com os

índices de retenção da literatura (Adams, 2007). O índice de retenção foi calculado

utilizando a equação de Van Den Dool and Kratz (1963) em relação a uma série homóloga

de n-alcanos (nC9- nC18). Três bibliotecas do equipamento WILEY8, NIST107 e NIST21,

foram utilizadas permitindo a comparação dos dados dos espectros com aqueles

constantes das bibliotecas com um índice de similaridade de 80%.

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42

2.3. Obtenção dos constituintes do OE

Os compostos do OE de A. trilobata que apresentaram percentual superior a 10%

(acetato de sulcatila, limoneno, ρ-cimeno e linalol) foram adquiridos da empresa Sigma-

Aldrich (Steinheim, Germany). Exceção ocorreu para o acetato de sulcatila, que foi obtido

a partir da redução química do composto 6-metil-5-hepten-2-ona (sulcatona, 500 mg, 3,97

mmol, Sigma Aldrich®) (Santos et al., 2014). Para tanto, este composto foi adicionado

em um balão (50 mL) sendo solubilizado em 10 mL de metanol e adicionado a NaBH4

(160 mg, 3,97 mmol). Esta mistura foi mantida sob agitação magnética por uma hora à

temperatura ambiente. Água destilada (1 mL) foi adicionada à mistura para interrupção

da reação química.

A extração do produto obtido, (±)-6-metil-5-hepten-2-ol 2 (sulcatol), foi realizada

utilizando acetato de etila (20 mL) que posteriormente foi removido por rota-evaporação.

O sulcatol foi completamente seco utilizando N2, com rendimento de 98% (500 mg, 3,91

mmol). Este sulcatol (500 mg, 3,91 mmol) foi tratado com piridina (1 mL) e anidrido

acético (1 mL) por 24 horas em temperatura ambiente. Em seguida foram adicionados a

mistura 4 mL de HCl (10%) e realizada extração com acetato de etila (20 mL) e 2-acetil

6-metil-5-hepteno (acetato de sulcatila). O solvente foi removido por rota-evaporação e

o acetato de sulcatila foi completamente seco com N2 com um rendimento de 83%

(550mg, 3,24mmol).

2.4. Cupins

Fragmentos de ninhos de N. corniger (N = 5) foram coletados no município de São

Cristóvão, Sergipe, Brasil (10°55’S, 38°6’W) e mantidos em bandejas plásticas (15 x 45

cm) na Clínica Fitossanitária, Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde os bioensaios

foram realizados.

Os cupins foram mantidos em estufa incubadora tipo B.O.D. à temperatura de 26

± 2°C, umidade relativa 70% e sem fotoperíodo durante 24 h até a realização dos

bioensaios. Durante esse período somente algodão umedecido em água destilada foi

fornecido aos cupins.

A identificação da espécie foi realizada através de literatura (Constantino, 2002b)

e por comparação com espécime depositado no Laboratório de Interações Ecológicas –

Departamento de Ecologia - UFS.

2.5. Bioensaios

Bioensaios para determinação das doses e tempos letais (via aplicação tópica) e

de alterações comportamentais de N. corniger, foram conduzidos utilizando como

tratamentos o OE de A. trilobata e seus constituintes majoritários: acetato de sulcatila,

limoneno, linalol e -cimeno. O tratamento controle consistiu no solvente acetona

(Panreac, UV-IR-HPLC-GPC PAI-ACS, 99,9% de pureza) (Lima et al. 2013).

Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado,

sendo cada repetição constituída por um grupo de dez indivíduos (8 operários e 2

soldados) para os bioensaios de dose e tempo letal, conforme proporção de castas

encontradas nas colônias de N. corniger (Thorne, 1984). Estudos anteriores

demonstraram que essa densidade de indivíduos por placa não afeta a mortalidade dos

cupins (Lima et al., 2013). Para os bioensaios de alterações comportamentais cada

repetição consistiu de um indivíduo isoladamente de cada casta. Para os bioensaios de

dose e tempo letal, os grupos foram mantidos em placa de Petri (6 x 1,5 cm) contendo 10

g do fragmento do ninho macerado e um pequeno pedaço de algodão umedecido com

água destilada (Lima et al., 2013).

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2.5.1. Dose letal

Para determinação das doses (µg das substâncias por mg do cupim) aplicadas, a

massa média de 30 indivíduos (24 operários e 6 soldados) foi obtida em balança semi-

analítica com precisão de 0,01 mg (AUW220D; Shimadzu).

Os tratamentos foram aplicados (0,5 µL) na região do pronoto de cada indivíduo

com auxílio de uma microseringa (10 µL, Hamilton, Reno, NV, USA). Foram utilizadas

quatro repetições/ tratamento e de 6 a 12 doses para obtenção de curvas dose-mortalidade

dos tratamentos.

Após aplicação, as placas foram cobertas com filme plástico e acondicionadas em

estufa incubadora tipo B.O.D. (26 ± 2°C, UR 70 ± 5%, sem fotoperíodo). As avaliações

de mortalidade foram realizadas 48 h após montagem dos bioensaios.

2.5.2. Tempo letal

Nestes bioensaios os indivíduos de N. corniger foram expostos a DL95 determinada

no bioensaio de dose letal, a fim de determinar a curva de sobrevivência da espécie e o

tempo letal do OE de A. trilobata e seus constituintes para causar mortalidade em 50%

dos indivíduos (TL50). Foram realizadas 10 repetições/tratamento. As avaliações de

mortalidade foram realizadas a cada 2 h até completar 48 h.

2.5.3. Caminhamento em arenas parcialmente tratadas

O experimento foi realizado com intuito de avaliar o efeito dos tratamentos sobre:

(i) o caminhamento dos operários e soldados em arenas parcialmente tratadas (ii) se este

comportamento difere entre essas castas de N. corniger.

As arenas consistiram de uma placa de Petri (6 x 1,5 cm) dividida simetricamente

em duas áreas (tratada e não-tratada). Os discos de papel filtro foram divididos em duas

partes, e tratados com 0,1 mL das soluções de cada tratamento a 0,1%. Para o controle foi

aplicado 0,1 mL do solvente acetona. As partes foram levadas a câmara de exaustão por

3 min. As duas partes (tratada e não-tratada) foram afixadas na placa de Petri com fita

adesiva dupla face. Os indivíduos N. corniger (um operário ou um soldado) foram

liberados no centro da placa individualmente. Foram realizadas 20 repetições para cada

tratamento x casta, totalizando 240 repetições. O caminhamento de cada indivíduo foi

gravado por 10 min com câmera de vídeo (Panasonic SD5- modelo WV-CP504) acoplada

a um computador.

As análises de caminhamento foram feitas utilizando os softwares Ethovision XT

(versão 8.5; Noldus Integration System, Sterling, VA) e Studio 9 (Pinnacle Systems,

moutain View, CA), sendo calculado o percentual de permanência dos indivíduos em

cada lado da arena (tratado e não-tratado).

2.6. Análises estatísticas

Os dados de mortalidade obtidos a partir do bioensaio de aplicação tópica foram

corrigidos em relação à mortalidade do controle pela fórmula de Abbott (1925). Estes

dados foram submetidos à análise de Probit (PROC PROBIT) (SAS Institute, 2008),

sendo aceitas curvas com probabilidade com p > 0,05 pelo teste 2. A partir destas curvas

foram estimadas as DL50 e DL90 dos tratamentos para N. corniger. Foram utilizados os

intervalos de confiança a 95% de probabilidade (Finey, 1971) para comparações das doses

letais entre os tratamentos.

As curvas de sobrevivência e o tempo letal para mortalidade de 50% (TL50) dos

indivíduos de N. corniger, expostos ao OE de A. trilobata e seus constituintes, foram

determinadas através de estimadores de Kaplan-Meier pelo teste de Log-Rank

(Sigmaplot, versão 12.5).

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44

O tempo de permanência em áreas tratadas e não-tratadas em função dos

tratamentos também foram submetidos à análise de variância (PROC ANOVA). O efeito

de cada tratamento sobre operários e soldados foi comparado pelo teste de Fisher (p <

0,05) (PROC ANOVA com LSD). Todas as análises foram realizadas no software SAS

(SAS Institute, 2008).

3. Resultados

3.1. Composição química do OE

O acetato de sulcatila foi o composto presente em maior percentual (28,42%) no

OE de A. trilobata, seguido pelo limoneno (22,32%), ρ-cimeno (10,88%) e linalol

(10,13%) (Tabela 1) (Fig. 1). Os demais constituintes compreenderam 25,49% do total

de 97,24% da composição identificada.

3.2. Dose letal

O OE de A. trilobata e seus constituintes foram tóxicos aos indivíduos de N.

corniger (Tabela 2). O limoneno foi o composto mais tóxico, seguido por linalol e acetato

de sucatila. O ρ-cimeno causou toxicidade semelhante ao OE de A. trilobata. As maiores

inclinações das curvas dose-mortalidade do linalol e limoneno resultaram em menores

doses necessárias para matar 90% da população de N. corniger (2,04 e 2,03 µg.mg-1,

respectivamente) (Tabela 2).

3.3. Tempo letal

A sobrevivência de N. corniger foi significativamente reduzida ao longo do tempo

de exposição aos tratamentos, apresentando tempos letais inferiores a 11 h (Log Rank; χ2

= 311,4; g.l. = 5; p < 0,001) (Fig. 2). Os terpenos mataram N. corniger mais rapidamente

se comparados ao OE de A. trilobata. O menor tempo letal foi observado para ρ-cimeno

que causou mortalidade em 50% da população em apenas 0,8 h. Limoneno e linalol foram

semelhantes. Na média estes terpenos levaram 2,86 h para matar metade da população de

N. corniger.

3.4. Caminhamento arenas parcialmente tratadas

Os cupins permaneceram significativamente por mais tempo no lado não tratado

da arena (Fig. 3 e 4). Foram observadas diferenças significativas entre o tempo de

permanência de operários e soldados de N. corniger em cada lado da arena em função dos

tratamentos (F4; 195 = 4,51; p = 0,0017) (Fig 3 e 4). Mas, essa diferença, apenas ocorreu

para o constituinte limoneno, onde os soldados permaneceram por mais tempo do lado

não tratado que os operários (F1; 38 = 21,98; p < 0,001) (Fig 3 e 4).

4. Discussão

O OE de A. trilobata e seus constituintes apresentaram rápida ação tóxica e

alterações comportamentais (p.ex. repelência) em operários e soldados de N. corniger,

demonstrando assim potencial bioinseticida para o controle deste cupim. Como

demonstrado em outros estudos, este OE foi constituído principalmente por

monoterpenos (85,67% da composição total) (Tabela 1). Porém, a diversidade química

observada aqui (20 compostos) foi inferior à relatada por Santos et al. (2014), que

identificou 42 compostos no OE de A. trilobata. Variações intraespecíficas em relação à

constituição química do OE de plantas podem estar relacionadas à estrutura vegetal

utilizada para extração, estádio fenológico da planta no momento da coleta, tempo de

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armazenamento do OE, assim como variações de clima e solo (Dhouioui et al., 2016;

Santos et al., 2015).

A toxicidade dos OE’s tem sido atribuída não apenas aos compostos presentes em

maiores percentuais em sua composição; mas também às interações complexas entre eles

e as interações destes com os compostos presentes em menores proporções (Tak et al.,

2015). Aqui, observamos que os monoterpenos limoneno, linalol e acetato de sucatila

foram mais tóxicos que o OE. Contudo, cada composto compõe isoladamente, menos de

30% da totalidade do OE de A. trilobata. Estes resultados sugerem que a toxicidade do

OE de A. trilobata sobre N. corniger seja resultante de intrínsecos efeitos de sinergismo,

aditismo e antagonismo entre seus componentes. De fato, variações na toxicidade de

misturas binárias entre os constituintes do OE de A. trilobata mostraram efeitos de

sinergismo e aditismo para formigas cortadeiras Acromyrmex balzani e Atta sexdens,

respectivamente (Oliveira, 2015), o que comprova que as interações interferem na

bioatividade final do óleo. A complexidade destas interações se acentua em OEs com

elevado número de compostos, o que foi observado em nosso trabalho (20 compostos).

A toxicidade de compostos terpênicos aos insetos tem sido atribuída à presença

de hidroxila em suas estruturas, que provavelmente atua como ligação destes compostos

aos diversos sítios de ação nestes organismos (Tong and Coats, 2012). Assim, o fato do

linalol possuir hidroxila em sua estrutura, pode explicar a maior toxicidade deste sobre

N. corniger, quando comparado aos demais compostos majoritários, os quais não

apresentam tal característica (Fig. 1). Por sua vez, o limoneno, o constituinte do OE de A.

trilobata mais tóxico para N. corniger, já teve sua atividade relatada para diversos grupos

de pragas como besouros, cochonilhas e cupins (Cheng et al., 2004; Hollingsworth, 2005;

Hudaib et al., 2010). Esta ampla ação inseticida é associada a presença da dupla ligação

na sua estrutura que possivelmente aumenta a sua lipofilicidade (Santos et al., 2011).

As baixas doses do OE de A. trilobata e seus terpenos necessárias para causar

mortalidade e alterar o comportamento de N. corniger favorecem o potencial de utilização

destes compostos para o controle deste inseto. Dessa forma, para se obter a bioatividade

pretendida será necessária uma pequena quantidade destas substâncias. O fato de

possuírem baixa persistência no ambiente em relação aos inseticidas sintéticos, também

contribui com a utilização do OE de A. trilobata e seus terpenos. Compostos de baixa

persistência são mais seguros e apresentam menores riscos a organismos não-alvo,

incluindo os humanos (Regnault-Roger et al., 2012).

Por sua vez, os tempos letais inferiores a 11 h é um indicativo de que estes

compostos possuem modo de ação neurotóxico sobre N. corniger. Os OEs e seus

constituintes tem sido relatado como agentes antagonistas de diversos neurotransmissores

e neuromoduladores nos insetos como acetilcolina, GABA, octopamina e tiramina (Enan,

2005, 2001; Park et al., 2001; Tong and Coats, 2012). A atividade destes compostos sobre

múltiplos sítios de ação aliado às alterações provocadas no sistema respiratório dos

insetos podem explicar a rápida ação inseticida observada aqui (Haddi et al., 2015). À

princípio, esta rápida atividade termiticida poderia contribuir para redução da

transferência dos compostos entre os membros da colônia, reduzindo as possibilidades de

utilização dos compostos em iscas. Mas, a atividade de repelência do OE e todos seus

constituintes à operários e soldados de N. corniger (Fig. 3 e 4), sugere a utilização destes

compostos para controle pontual desses cupins evitando seu contato com estruturas de

madeira previamente protegidas.

A diferença no tempo de permanência das castas (operários e soldados) em arenas

parcialmente tratadas com o limoneno (Fig. 3 e 4) pode estar relacionado com a presença

desse composto na glândula frontal de soldados de N. corniger (Gush et al., 1985). Essa

glândula produz uma diversidade de substâncias relacionadas a defesa e a sinalização de

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alarme nas espécies de Nasutitermes (Gush et al., 1985). Assim é possível que o limoneno

esteja associado com tais ações nas colônias de N. corniger, contudo, são necessários

estudos que avaliem as substâncias presentes na glândula frontal de N. corniger (ex.

limoneno) (De Melo et al., 2016), de forma isolada e conjunta, em bioensaios

comportamentais (Cristaldo et al., 2015).

A prospecção de inseticidas botânicos para o controle de cupins-praga ainda é

pouco estudada em relação a outros grupos de pragas como besouros e lagartas (Bacci et

al., 2015). Aqui, demonstramos que não só o OE de A. trilobata, como também seus

constituintes majoritários, podem ser utilizados para o controle de N. corniger, uma vez

que mostraram efeitos letais e subletais sobre operários e soldados. Tendo em vista a

baixa toxicidade destas substâncias para organismos não-alvo como vertebrados e sua

rápida degradação, estes compostos apresentam potencial para emprego no controle deste

cupim.

5. Conclusão

O OE de A. trilobata e seus constituintes apresentaram toxicidade, com efeito letal

inferior a 11 h, e mostraram efeito repelente ao cupim N. corniger. Estes resultados podem

contribuir para o manejo mais seguro de cupins-praga em áreas urbanas.

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Tabela 1

Composição química do óleo essencial de Aristolochia trilobata (CG-EM e CG-DIC).

Composto IRa Tempo de retenção (min)1 Conteúdo relativo (%)b

α-pineno 923 8,790 1,77±0,04

cânfeno 938 9,267 3,05±0,09

β-pineno 966 10,138 1,05±0,02

mirceno 977 10,472 1,69±0,04

ρ-cimeno 1013 11,632 10,88±0,19

limoneno 1018 11,792 22,32±0,42

1,8-cineol 1021 11,890 0,38±0,02

(Z)-β-ocimeno 1034 12,316 3,87±0,21

linalol 1085 14,020 10,13±0,05

acetato de sulcatila 1115 14,986 28,42±0,74

borneol 1156 16,306 0,68±0,006

α-terpineol 1180 17,049 0,54±0,006

acetato de bornila 1275 19,956 0,89±0,04

(E)-cariofileno 1414 23,979 0,95±0,003

germacreno D 1475 25,640 0,59±0,005

biciclogermacreno 1491 26,059 1,06±0,03

espatulenol 1575 28,217 3,42±0,12

globulol 1582 28,406 4,43±0,20

viridiflorol 1590 28,611 0,44±0,03

α-cadinol 1649 30,057 0,68±0,04

Total detectado (%) 97,24±0,03 a IR= índice de retenção calculado através da equação de Van den Dool; Kratz (1963) para

a série de homólogos. b Média ±EPM com três repetições.

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Fig. 1. Constituintes majoritários do óleo essencial de Aristolochia trilobata: (1) ρ-

cimeno, (2) limoneno, (3) linalol e (4) acetato de sulcatila.

(1) (2) (3) (4)

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Tabela 2

Doses letais do óleo essencial de Aristolochia trilobata e seus constituintes para causar a

mortalidade em 50 e 90% (±IC95%) da população de Nasutitermes corniger após 48

horas de exposição por via de aplicação tópica.

Composto Na DL50 (µg mg-1)

IC95%

DL90 (µg mg-1)

IC95% χ2 βb P

A. trilobata 620 2,44

(2,16-2,73)

5,24

(4,62-6,10) 1,68 3,86 0,56

Ac. de sucatila 560 1,92

(1,69-2,15)

5,78

(4,71-7,89)

0,14 2,67 0,93

p-Cimeno 420 2,65

(2,34-3,27)

8,48

(5,58-23,13)

0,30 2,53 0,85

Limoneno 400 1,02

(0,94-1,10)

2,03

(1,82-2,35)

0,84 4,28 0,66

Linalol 760 1,29

(1,22-1,35)

2,04

(1,88-2,29)

1,65 6,41 0,56

a N= número de insetos testados. b β= inclinação da curva.

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Fig. 2. Curvas de sobrevivência e tempos letais (TL50) do óleo essencial de Aristolochia

trilobata e seus constituintes aplicados topicamente sobre Nasutitermes corniger ao longo

de 48h (Log Rank: χ2 = 311,39; g.l. = 5; p < 0,001).

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Fig. 3. Tempo de permanência (%) de operários e soldados (± erro padrão) de

Nasutitermes corniger em arenas parcialmente tratadas com o óleo essencial de

Aristolochia trilobata e seus constituintes por 10 minutos de exposição. * indicam

diferenças significativas entre o tempo de permanência de cada lado da arena pelo teste

de Fisher LSD a p < 0,05.

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Fig. 4. Trilhas representativas do movimento de operários (vermelho) e soldados (cinza)

de Nasutitermes corniger expostos ao óleo essencial de Aristolochia trilobata e seus

constituintes por 10 minutos em arenas parcialmente tratadas. O lado direito da arena

compreende a área tratada.

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6. CONCLUSÕES GERAIS

As fortes evidências deste trabalho demonstram que os óleos essenciais de

Aristolochia trilobata, Lippia sidoides e seus constituintes são potenciais inseticidas a

serem utilizados no manejo dos cupins Nasutitermes corniger e Cryptotermes brevis,

respectivamente.

Este estudo corrobora para a hipótese de que os óleos essenciais e seus

constituintes são fontes promissoras para a síntese de inseticidas a serem utilizados no

manejo seguro de cupins-praga em áreas urbanas.