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Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72 Conferência de Adis Abeba definiu instrumentos para financiar Agenda Pós-2015 Migração 2-3 Entrevista a Jeffrey D. Sachs 4-5 Cimeira sobre Desenvolvimento Sus- tentável 6 Cimeira sobre Aterações Climáticas 7 CINE ONU 8 Na Terceira Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Investimento para o Desenvolvimento, realizada em Adis Abe- ba, Etiópia, entre 13 e 16 de julho, ficou definido o conjunto de políticas e ações que irão gerar recursos para apoiar a im- plementação da nova Agenda de Desenvol- vimento Sustentável, também conhecida por Agenda Pós-2015. Na reunião foi ado- tada a Agenda de Ação de Adis Abeba, que estabelece um quadro de orientação políti- ca para mobilizar recursos financeiros. “A Agenda de Ação de Adis Abeba é um passo em frente para construir um mundo de prosperidade e dignidade para todos. Este acordo define o caminho a ser segui- do por todas as partes envolvidas no que se refere a investimentos, em várias esca- las, para fazer face às necessidades das pessoas e do planeta”, disse o Secretário- Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Esta conferência em Adis Abeba foi o pri- meiro de três marcos políticos agendados para 2015, na media que será seguida da Cimeira sobre Desenvolvimento Sustentá- vel, em Nova Iorque (EUA), em setembro e da Conferência sobre as Alterações Climá- ticas, em Paris (França), em dezembro. O quadro resultante da Agenda de Ação de Adis Abeba inclui mais de 100 medidas que visam direcionar recursos financeiros - públicos e privados - para resolver um conjunto de desafios. Em destaque estão a proteção social, infraestruturas, tecnolo- gia, assistência aos países mais pobres, cooperação em assuntos fiscais e a neces- sidade de travar os fluxos financeiros ilíci- tos que retiram recursos ao desenvolvimento. É importante também realçar que os paí- ses se comprometeram a promover a igualdade de direitos e de oportunidades a nível económico paras as mulheres e as meninas. Os resultados da Conferência sobre Inves- timento para o Desenvolvimento foram para além do previamente negociado. Seis mesas redondas e quase 200 eventos à margem da Conferência resultaram no anúncio de novas iniciativas para imple- mentar a nova agenda de desenvolvimento sustentável. Pincipais novidades: Impostos: Foram lançadas três grandes iniciativas, nomeadamente “Inspetores de Impostos sem Fronteiras (PNUD e OCDE)”, “Iniciativa de Impostos de Adis Abeba” (18 países desenvolvidos vão duplicar a ajuda pública ao desenvolvimento para criar mais capacidade de execução fiscal) e uma iniciativa conjunta do Banco Mundial e do FMI. Adicionalmente, com base no sucesso dos casos de redes na América Latina e África, uma rede regional de admi- nistradores fiscais da Ásia será convocada pela UNESCAP. Bancos de Desenvolvimento: Os bancos nacionais, regionais e multilaterais de de- senvolvimento decidiram providenciar centenas de milhares de milhões de dóla- res em recursos nos próximos anos, parti- cularmente para infraestruturas e financi- amento de pequenas e médias empresas. Há também compromissos por parte dos países desenvolvidos e dos países em vias de desenvolvimento para criar novos ban- cos de desenvolvimento. Necessidades Sociais: Novas parcerias de investimento foram lançadas para abordar as questões de saúde e nutrição, incluindo um Mecanismo Global de Financiamento para a Saúde das Mulheres e Infantil (12 mil milhões de dólares); um fundo de 2,5 mil milhões de dólares por parte da Funda- ção Gates e do Banco de Desenvolvimento Islâmico; e ainda a UNITLIFE, um mecanis- mo financeiro inovador para canalizar uma porção dos direitos de exploração de in- dústrias extrativas para intervenções na área da nutrição em África. Antes da Con- ferência de Adis Abeba, o G-7 (países mais industrializados do mundo) anunciou o seu compromisso de retirar 500 milhões de pessoas da situação de fome e subnutri- ção até 2030. Preocupações Ambientais: A iniciativa “Energia Sustentável Para Todos” lançou um relatório realizado pelo seu Comité de Intensificação de Financiamento para In- vestimentos de Energia Sustentável, que identifica como catalisar 120 mil milhões de dólares de investimento anual, para explorar energias sustentáveis, até 2020. Sessão da Confêrencia de Adis Abeba Foto FAO/Zacharias Abubeker

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B o l e t i m d o C e n t r o R e g i o n a l d e I n f o r m a ç ã o d a s N a ç õ e s U n i d a s p a ra a E u r o p a O c i d e n t a l

BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

Conferência de Adis Abeba definiu instrumentos para financiar Agenda Pós-2015

Migração 2-3

Entrevista a Jeffrey D. Sachs 4-5

Cimeira sobre Desenvolvimento Sus-

tentável 6

Cimeira sobre Aterações

Climáticas 7

CINE ONU 8

Na Terceira Conferência Internacional das

Nações Unidas sobre Investimento para o

Desenvolvimento, realizada em Adis Abe-

ba, Etiópia, entre 13 e 16 de julho, ficou

definido o conjunto de políticas e ações

que irão gerar recursos para apoiar a im-

plementação da nova Agenda de Desenvol-

vimento Sustentável, também conhecida

por Agenda Pós-2015. Na reunião foi ado-

tada a Agenda de Ação de Adis Abeba, que

estabelece um quadro de orientação políti-

ca para mobilizar recursos financeiros.

“A Agenda de Ação de Adis Abeba é um

passo em frente para construir um mundo

de prosperidade e dignidade para todos.

Este acordo define o caminho a ser segui-

do por todas as partes envolvidas no que

se refere a investimentos, em várias esca-

las, para fazer face às necessidades das

pessoas e do planeta”, disse o Secretário-

Geral da Organização das Nações Unidas

(ONU), Ban Ki-moon.

Esta conferência em Adis Abeba foi o pri-

meiro de três marcos políticos agendados

para 2015, na media que será seguida da

Cimeira sobre Desenvolvimento Sustentá-

vel, em Nova Iorque (EUA), em setembro e

da Conferência sobre as Alterações Climá-

ticas, em Paris (França), em dezembro.

O quadro resultante da Agenda de Ação de

Adis Abeba inclui mais de 100 medidas

que visam direcionar recursos financeiros -

públicos e privados - para resolver um

conjunto de desafios. Em destaque estão a

proteção social, infraestruturas, tecnolo-

gia, assistência aos países mais pobres,

cooperação em assuntos fiscais e a neces-

sidade de travar os fluxos financeiros ilíci-

tos que retiram

recursos ao desenvolvimento.

É importante também realçar que os paí-

ses se comprometeram a promover a

igualdade de direitos e de oportunidades a

nível económico paras as mulheres e as

meninas.

Os resultados da Conferência sobre Inves-

timento para o Desenvolvimento foram

para além do previamente negociado. Seis

mesas redondas e quase 200 eventos à

margem da Conferência resultaram no

anúncio de novas iniciativas para imple-

mentar a nova agenda de desenvolvimento

sustentável.

Pincipais novidades:

Impostos: Foram lançadas três grandes

iniciativas, nomeadamente “Inspetores de

Impostos sem Fronteiras (PNUD e OCDE)”,

“Iniciativa de Impostos de Adis Abeba” (18

países desenvolvidos vão duplicar a ajuda

pública ao desenvolvimento para criar

mais capacidade de execução fiscal) e

uma iniciativa conjunta do Banco Mundial

e do FMI. Adicionalmente, com base no

sucesso dos casos de redes na América

Latina e África, uma rede regional de admi-

nistradores fiscais da Ásia será convocada

pela UNESCAP.

Bancos de Desenvolvimento: Os bancos

nacionais, regionais e multilaterais de de-

senvolvimento decidiram providenciar

centenas de milhares de milhões de dóla-

res em recursos nos próximos anos, parti-

cularmente para infraestruturas e financi-

amento de pequenas e médias empresas.

Há também compromissos por parte dos

países desenvolvidos e dos países em vias

de desenvolvimento para criar novos ban-

cos de desenvolvimento.

Necessidades Sociais: Novas parcerias de

investimento foram lançadas para abordar

as questões de saúde e nutrição, incluindo

um Mecanismo Global de Financiamento

para a Saúde das Mulheres e Infantil (12

mil milhões de dólares); um fundo de 2,5

mil milhões de dólares por parte da Funda-

ção Gates e do Banco de Desenvolvimento

Islâmico; e ainda a UNITLIFE, um mecanis-

mo financeiro inovador para canalizar uma

porção dos direitos de exploração de in-

dústrias extrativas para intervenções na

área da nutrição em África. Antes da Con-

ferência de Adis Abeba, o G-7 (países mais

industrializados do mundo) anunciou o seu

compromisso de retirar 500 milhões de

pessoas da situação de fome e subnutri-

ção até 2030.

Preocupações Ambientais: A iniciativa

“Energia Sustentável Para Todos” lançou

um relatório realizado pelo seu Comité de

Intensificação de Financiamento para In-

vestimentos de Energia Sustentável, que

identifica como catalisar 120 mil milhões

de dólares de investimento anual, para

explorar energias sustentáveis, até 2020.

Sessão da Confêrencia de Adis Abeba Foto FAO/Zacharias Abubeker

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Pág. 2 BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

M I G R A Ç Ã O

O último relatório do Alto Comissariado

das Nações Unidas para os Refugiados

(ACNUR), relativo a 2014, refere que o

número combinado de pessoas refugia-

das noutros países diferentes do de ori-

gem e pessoas forçadas a deslocarem-se

no interior do seu país chegou aos 59,5

milhões, a nível mundial. É um valor

aproximadamente igual ao da população

da Itália ou do Reino Unido e o mais alto

desde o fim da Segunda Guerra Mundial,

em 1945. Só em 2014, o aumento foi de

11 milhões de pessoas face ao registado

até então.

“Estamos a testemunhar uma mudança

de paradigma na escala global de deslo-

camento forçado e a necessidade de

encontrar soluções para este problema é

agora muito maior do que alguma vez foi

no passado recente”, afirmou o Alto Co-

missário, da ONU para os Refugiados,

António Guterres, sobre o atual fluxo

migratório mundial e, em particular, so-

bre a procura de refúgio na Europa.

Na primeira metade de 2015, bateu-se

um recorde neste continente: a entrada

de 103 mil refugiados e migrantes eco-

nómicos, sobretudo via travessia do mar

Mediterrâneo (dos quais 54 mil na Itália

e 48 mil na Grécia).

Por detrás deste aumento estão o agrava-

mento de conflitos nas regiões do Médio

Oriente e de África, destacando-se países

como Síria, Iraque, Afeganistão, Eritreia,

Somália, Sudão do Sul, Iémen; mas tam-

bém a guerra civil na Ucrânia.

A nível mundial, uma em cada cinco pes-

soas deslocadas é de nacionalidade síria,

tendo este país destronado o Afeganistão

(que tinha esse recorde há 30 anos) co-

mo a principal origem de deslocados e

refugiados.

Face a este quadro, o Relator Especial

das Nações Unidas para os Direitos Hu-

manos dos Migrantes, François Crépeau,

defendeu uma nova abordagem da Uni-

ão Europeia (UE) ao fenómeno migrató-

rio, durante a apresentação do seu mais

recente relatório, numa conferência de

imprensa, em Bruxelas, a 18 de junho.

“Ninguém coloca os filhos em barcos, a

menos que a água seja mais segura do

que a terra”, disse François Crépeau, num

apelo a uma visão mais solidária e inte-

grada dos fluxos migratórios, patente no

relatório intitulado “Apostando na mobili-

dade ao longo de uma geração: atualiza-

ção do estudo regional sobre a gestão das

fronteiras externas da União Europeia e o

seu impacto sobre os direitos humanos

dos migrantes”.

UE precisa de melhores reformas migrató-

rias

O Relator Especial expressou frustração

com forma como a Comissão Europeia

tem respondido à crise migratória e consi-

dera que há muitas falhas na Agenda

Europeia sobre Migração. “As novas pro-

postas de reformas migratórias da UE são

boas em teoria, mas na prática são inade-

quadas face aos altos níveis de migra-

ção”, disse.

François Crépeau propõe à União Europeia uma visão solidária da migração

Relator Especial da ONU, François Crépeau Foto ONU/JC McIlwaine

Operação de salvamento de migrantes em Itália Foto IOM/ Francesco Malavolta

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Pág. 3 BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

D E S E NV O L V I M E N T O S U S T E N T ÁV E L M I G R A Ç Ã O

“Parece-me totalmente insuficiente face à

atual crise que um bloco regional como a

UE se disponibilize a acolher apenas 20

mil pessoas. Sabemos que, só em 2014,

200 mil migrantes em situação irregular - a

maioria dos quais eram requerentes de

asilo – chegaram à Europa por barco",

frisou François Crépeau.

Em vez do encerramento de fronteiras, o

especialista advoga a criação de mecanis-

mos que incentivem a migração regular e

que evitem o recurso às redes de tráfico e

de contrabando de pessoas. “Devemos

reconhecer que as fronteiras foram e sem-

pre serão porosas. Portando, fechar as

fronteiras não é apenas impossível, como

também é pouco efetivo no controle migra-

tório. No momento em que os fazemos,

aumentamos o mercado para os contra-

bandistas”, referiu.

Propostas de resposta à crise migratória

François Crépeau elencou no seu relatório

uma lista de recomendações que vão des-

de a questão da busca e regaste no mar

até a gestão coletiva dos fluxos de migra-

ção. Os pontos principais são:

Aceitar que é impossível fechar as frontei-

ras, reconhecer que há incentivos e para-

doxos perversos que foram criados pelo

sistema atual e que existem benefícios

em apoiar a mobilidade de pessoas.

Preparar-se para receber os migrantes e

refugiados que chegam por via marítima,

comprometendo-se a implementar plena-

mente as obrigações ditadas pela lei in-

ternacional sobre prestação de serviços

de busca e salvamento.

Analisar quais são os fatores que influen-

ciam negativamente a vontade dos navi-

os privados de ajudar os migrantes em

dificuldades no mar e criar compensação

pelas perdas comerciais.

Desenvolver protocolos de cooperação

com embarcações militares que não es-

tão afetas às operações de busca e salva-

mento de imigrantes sobre como respon-

der a incidentes de migrantes em dificul-

dades, por forma a complementar a ação

do Estado.

Continuar a desenvolver mecanismos de

solidariedade e de partilha de responsabi-

lidade entre países em relação às opera-

ções de busca e salvamento e processa-

mento de pedidos de proteção, através

da disponibilização de recursos técnicos,

financeiros e humanos.

Face à crise atual, aceitar que a UE tem

condições para acomodar pelo menos um

milhão de refugiados (0,2% da população

total da UE) pelo período de alguns anos.

Trabalhar com uma variedade de op-

ções para a migração legal, tais como

vistos humanitários, esquemas de pro-

tecção temporária, políticas de reagru-

pamento familiar, mobilidade de estu-

dantes, programas de evacuação médi-

ca; mas também mecanismos para

empregabilidade de trabalhadores com

diferentes níveis de competências, in-

cluindo os de baixa qualificação e os

que procuram trabalho sazonal.

Investir no desenvolvimento de uma

política de migração global, coerente e

ampla que seja um reflexo dos direitos

humanos dos migrantes tal como con-

sagrados no direito internacional e regi-

onal.

Criar um roteiro para a evolução desta

política através do desenvolvimento de

uma estratégia integral para 25 anos

que descreva intervenções curtas, mas

também de médio e longo prazo.

Investir na recolha de dados sobre reali-

dades tais como mercados de trabalho

clandestino, exploração do trabalho dos

imigrantes, fatores de incentivo e desin-

centivo à travessia por mar, etc. Além

disso, é necessário que se aumente a

harmonização e coordenação das fon-

tes de dados sobre migração para que

se crie um quadro sistemático e realista

sobre o tema.

Refletir sobre os preconceitos que sus-

tentam as políticas de segurança contra

produtivas e ineficazes, que criminali-

zam e estigmatizam os imigrantes, e

integrar essas análises na definição da

comunicação pública e dos currículos

escolares.

Usar a considerável influência global

que tem a região europeia, incluindo

dois assentos permanentes e um assen-

to não-permanente no Conselho de

Segurança da ONU, para pressionar no

sentido de encontrar soluções mais

eficazes para as crises humanitárias na

Síria, Ucrânia e noutros países.

Infografia ACNUR

Infografia ACNUR

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Pág. 4 BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

D E S E NV O L V I M E N T O S U S T E N T ÁV E L E N T R E V I ST A

Os oito Objetivos de Desenvolvimento do

Milénio (ODM) foram criados com o propósi-

to de transformar a vida de milhões de

pessoas, entre 2000 e 2015. Quase che-

gados ao fim da meta, os resultados dos

ODM evidenciam os sucessos alcançados e

estabelecem pistas para a Agenda Pós-

2015, a ser definida em setembro, numa

cimeira da Organização das Nações Unidas

(ONU). Os líderes vão estabelecer metas –

desta vez, 17 – a atingir em 2030, numa

ação global para acabar com a pobreza,

promover a prosperidade, proteger o ambi-

ente e combater as alterações climáticas.

"Este ano temos uma oportunidade única,

para a nossa geração, de definir metas e

caminhos claros para um mundo melhor,

mais próspero e mais seguro", disse o eco-

nomista Jeffrey Sachs, Conselheiro Especial

do Secretário-Geral das Nações Unidas

sobre os ODM, em entrevista ao Centro de

Notícias da ONU.

O especialista em desenvolvimento de re-

nome internacional explica porque é que o

mundo precisa urgentemente de envere-

dar por um caminho mais sustentável. Para

Sachs não se trata apenas de um desafio

económico, mas também moral.

Centro de Notícias da ONU: Para 2015 a

ONU criou o slogan “Tempo de agir pelas

pessoas e pelo planeta”. Porque é que este

ano é tão crucial?

Jeffrey Sachs: É um grande ano para o de-

senvolvimento sustentável devido ao facto

de várias etapas diplomáticas terem levado

a que tudo convergisse para 2015. Temos,

naturalmente, a adoção dos Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável (ODS), em

setembro de 2015. Essa foi uma decisão

tomada em 2012, durante o 20º aniversá-

rio da Cimeira da Terra , no Rio de Janeiro

(Brasil). Com os ODM a terminarem este

ano, os ODS serão adotados em setembro.

Além disso, os contratempos das negocia-

ções sobre alterações climáticas, em Cope-

nhaga, em 2009, exigiram um novo crono-

grama para que se chegue a um acordo

sólido nesta área. Foi decidido que tal de-

veria ser feito em dezembro de 2015, em

Paris, onde decorre a 21ª Conferência das

Partes sobre Alterações Climáticas

(COP21). Então os líderes começaram a

perguntar como é que se iria financiar to-

dos estes planos, chegando à conclusão

que era preciso um quadro de financiamen-

to para o desenvolvimento sustentável. Por

isso foi convocada uma conferência sobre o

tema, no início de julho, em Adis Abeba

(Etiópia). Tudo isto nos dá uma oportunida-

de única para mudar a direção do mundo e

adotar o desenvolvimento sustentável co-

mo um verdadeiro princípio de funciona-

mento para o planeta. Precisamos de mu-

dar de direção urgentemente e este ano é

uma oportunidade única para a nossa gera-

ção definir metas e caminhos claros para

um mundo melhor, mais próspero e mais

seguro.

Centro de Notícias da ONU: Com tantas

questões importantes na agenda global,

qual deve ser o objetivo primordial a atingir

pelos governos em 2015?

Jeffrey Sachs: Os governos têm que chegar

a acordo sobre uma nova visão - a do de-

senvolvimento sustentável – e isso signifi-

ca juntar o desenvolvimento económico, a

inclusão social e a sustentabilidade ambi-

ental. Esse é o conceito que nos permitirá

viver em segurança, que permitirá ter um

mundo mais justo e mais próspero. Ao ado-

tar essa visão holística, colocando-a no

centro de todas as decisões – sejam ao

nível do financiamento ou do clima - pode-

mos ser mais bem sucedidos.

Centro de Notícias da ONU: Como é que

avalia o resultado dos ODM nos últimos 15

anos?

Jeffrey Sachs: Eu penso que os Objetivos de

Desenvolvimento do Milénio mostraram

que funciona estabelecer um sistema de

metas. Quando foram anunciadas, em se-

tembro de 2000, houve muito ceticismo.

Na verdade, tenho a certeza que alguns

líderes nem sequer perceberam que tinham

adotado os objetivos quando assinaram a

Declaração do Milénio. Mas hoje já não há

nenhuma razão para o cinismo. Os ODM

estão enraizados e ajudaram as Nações de

todo o mundo a perceberem que a nossa

maior prioridade deve ser ajudar as pesso-

as pobres – que enfrentam uma luta diária

entre a vida e a morte - não apenas a so-

breviverem, mas a saírem definitivamente

da pobreza extrema. Apesar de não terem

sido atingidas todas as metas como desejá-

vel, foi levado a cabo um enorme progresso

em várias áreas. Tanto assim é que, em

2012, quando os governos fizeram um

ponto da situação, disseram: 'Os tratados

existentes não estão a funcionar tão bem

quanto deveriam, mas quando olhamos

para estes Objetivos de Desenvolvimento

do Milénio, que nem sequer são tratados,

vemos que estão a ter um grande impacto

público”. Essa foi uma das motivações para

ter novas metas de desenvolvimento sus-

tentável. Claro que se pode também apon-

tar que ainda não foram cumpridas as pro-

messas, por exemplo, de adjudicar 0,7 por

cento do rendimento nacional bruto à ajuda

pública ao desenvolvimento, sobretudo por

parte dos países mais ricos. Mas, mesmo

com a crise financeira, devemos realçar o

progresso feito na luta contra o VIH/Sida,

na luta contra a malária e a tuberculose, no

acesso das crianças à educação, na redu-

ção das taxas de mortalidade materna e

infantil, no aumento do acesso a água potá-

vel. O triunfo mais significativo, a nível glo-

bal, é que nos países em vias de desenvol-

vimento, como um todo, a pobreza desceu

para menos de metade face ao registado

em 1990. Devemos continuar a ter fortes

objetivos de desenvolvimento sustentável,

dos quais o primeiro é terminar o trabalho

dos ODM.

Economista Jeffrey D. Sachs FOTO ONU/Rick Bajornas

Jeffrey Sachs: “Objetivos de Desenvolvimento do Milénio

mostraram o caminho para erradicar a pobreza extrema”

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D E S E NV O L V I M E N T O S U S T E N T ÁV E L E N T R E V I ST A

Centro de Notícias da ONU: Pensa que é

possível erradicar a pobreza nesta geração

e, se sim, o que é que será necessário para

isso?

Jeffrey Sachs: É claro que é possível erradi-

car a pobreza, especialmente quando se

percebe quão rico é o mundo em que vive-

mos. Por bem menos do que 1 por cento do

rendimento dos países ricos poderíamos

acabar com a pobreza extrema. O desafio é

em parte económico e tecnológico, mas é

fundamentalmente moral.

É uma questão de mobilizar a vontade e o

compromisso de fazer a expansão do aces-

so a sistemas de saúde e de educação; de

ajudar os pequenos agricultores a serem

mais produtivos; de fomentar competên-

cias e formação para jovens que vivem em

áreas urbanas de rápido crescimento nos

países em vias de desenvolvimento; de se

certificar de que há acesso à banda larga

em telecomunicações já que esta tem enor-

me potencial para criar novos empregos,

novas aplicações, novas indústrias, novos

sistemas de governação e de comunicação.

É claro que podemos fazê-lo e não custaria

muito. A única coisa necessária é a nossa

atenção - acho que é esse o verdadeiro

desafio - pois estamos distraídos. Facilmen-

te nos desviamos do rumo. Tentamos resol-

ver emergências que, por vezes, não são

verdadeiramente emergências e não vemos

o que se pode fazer para ter resultados a

médio prazo. Se voltarmos firmemente as

nossas atenções para 2030 e decidirmos

acabar com a pobreza extrema, isto pode

ser feito.

Centro de Notícias da ONU: Disse que o

desenvolvimento sustentável é "o maior e

mais complicado desafio que a humanida-

de já enfrentou". Pode explicar melhor?

Jeffrey Sachs: Todos, no fundo, enfrenta-

mos uma espécie de momento de rutura do

qual não estávamos à espera. E isso acon-

tece porque a economia mundial está a

crescer e de forma muito robusta, embora

não tão universalmente como gostaríamos.

Mas o planeta não está a crescer. Temos

uma população mundial em expansão, uma

economia mundial em expansão, mas vive-

mos num planeta finito, com recursos fini-

tos. Portanto, o que temos visto, e os cien-

tistas dizem-no todos os dias, é que esta-

mos a ultrapassar os limites do planeta.

Quer se trate das alterações climáticas

induzidas pelo homem, da acidificação do

oceano ou da escassez de água doce, da

mudança no ciclo do nitrogénio e da produ-

ção maciça de poluentes industriais, da

destruição do habitat e da perda de biodi-

versidade, estamos a falar de uma espécie

de rolo compressor que é a economia mun-

dial. Esta está a pressionar os limites fini-

tos do planeta de forma tão forte que põe

em risco milhões de espécies, incluindo a

humana.

E isso é algo que é novo, porque a humani-

dade e a economia mundial nunca foram

tão pujantes, tão exigentes na utilização

dos recursos, de uma forma que pode real-

mente ameaçar ou desencadear uma crise

ambiental global.

Mas o impulso da economia mundial é tão

forte, os interesses são tão fortes, a forma

como as empresas se comportam tão pode-

rosa que mudar o caminho e fazê-lo de

forma cooperativa - que permita que os

países em desenvolvimento continuem a

crescer rapidamente e encontrem o seu

espaço numa escala global –, respeitando

os limites do planeta, é algo novo para a

humanidade.

É possível e exige uma mudança de cur-

so; requer a adoção de novas tecnologias

sustentáveis, exige que os melhores inte-

lectos espalhados pelo mundo ajudem a

resolver problemas e a projetar novos

sistemas mais sustentáveis. É possível, é

o desígnio desta geração. É a razão prin-

cipal pela qual devemos adotar metas de

desenvolvimento sustentável.

Economista Jeffrey D. Sachs FOTO ONU/Rick Bajornas

Infografia ONU

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Pág. 6 BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

D E S E NV O L V I M E N T O S U S T E N T ÁV E L

Líderes mundiais debatem novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

C I M E I R A D E NO V A I O R Q U E

Em 2000, líderes de todo o mundo com-

prometeram-se a reduzir para metade a

pobreza extrema, até 2015, com um plano

global chamado Objetivos de Desenvolvi-

mento do Milénio (ODM). Graças aos esfor-

ços e empenho de milhões de pessoa,

muitos progressos foram alcançados nos

últimos 15 anos para concretizar esses

objetivos.

O número de pessoas a viver em condições

de pobreza extrema caiu para menos da

metade em comparação com o alto nível

de pobreza de 1990. Mais de dois mil mi-

lhões de pessoas passaram a ter acesso a

água potável e a quantidade de moradores

de bairros degradados nas cidades foi

reduzido, melhorando a qualidade de vida

de pelo menos 100 milhões de cidadãos.

Porém, apesar destas conquistas, ainda há

muitos desafios pela frente. Atualmente,

1400 milhões de pessoas vivem em condi-

ções de extrema pobreza, a cada quatro

segundos morre uma criança devido a

doenças que podem ser prevenidas e mais

de 900 milhões de pessoas sofrem de

fome crónica.

As alterações climáticas também amea-

çam a vida de milhões de cidadãos, a desi-

gualdade social continua a aumentar em

várias regiões e os direito humanos são

desrespeitados em muitos países, princi-

palmente nos que são marcados pela guer-

ra. Além disso, a população mundial deve-

rá aumentar para 9,5 mil milhões em

2050, colocando ainda mais pressão so-

bre o sistema alimentar.

2015 é o ano para moldar uma nova

agenda baseada nos Objetivos de Desen-

volvimento do Milénio (ODM), através da

definição dos novos Objetivos de Desenvol-

vimento Sustentável (ODS), a concretizar

até 2030.

A nova agenda está, atualmente, a ser

negociada na Assembleia-Geral da ONU,

entre os governos dos Estados-membros e

diversas entidades da sociedade civil, e

deverá ser aprovada na Cimeira de Desen-

volvimento Sustentável, de 25 a 27 de

setembro, na sede da ONU, em Nova Ior-

que (EUA).

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Com base de trabalho para esta nova vi-

são, no início do ano, o Secretário-Geral da

Organização das Nações Unidas (ONU),

Ban Ki-moon, apresentou aos Estados-

membros o seu relatório-síntese: “O Cami-

nho para a Dignidade até 2030: Acabar

com a pobreza, transformar todas as vidas

e proteger o planeta” .

"Temos que dar sentido à promessa da

ONU de "reafirmar a fé na dignidade e no

valor do ser humano" e de conduzir o mun-

do para um futuro sustentável (...). Temos

uma oportunidade histórica e o dever de

agir, de forma corajosa, vigorosa e expedi-

ta , para transformar em realidade o desíg-

nio de uma vida digna para todos, não

deixando ninguém para trás", disse Ban Ki-

moon por ocasião da apresentação deste

documento.

A ONU também tem desempenhado um

papel fundamental no processo de diálogo

e envolvimento dos cidadãos, ao promover

amplas consultas públicas - tais como o

questionário MyWorld, na qual o público

pôde votar naqueles que considerava se-

rem os principais problemas globais -, e

contribuindo com informação baseadas em

diversos tipos de estudos, análises críticas

e investigações no terreno, a cargo de es-

pecialistas independentes.

Apesar dos obstáculos conhecidos, pela

primeira vez na História, a Humanidade

tem os recursos necessários para acabar

com a pobreza e promover o desenvolvi-

mento global de forma sustentável. O per-

curso é longo e exige um trabalho conjunto

para que essas mudanças aconteçam,

pelo que terá que passar por uma atitude

proativa dos governos e o empenhamento

dos cidadãos de todo o mundo.

ONU/Milton Grant os novos 17 Objetivos

de Desenvolvimento Sustentável 2015-

2030:

Proposta dos novos 17 Objetivos :

1. Erradicar a pobreza em todas as suas

formas e em todos os lugares

2. Erradicar a fome, alcançar a segurança

alimentar e nutrição adequada para todos,

e promover a agricultura sustentável

3. Garantir saúde para todos em todas as

idades

4. Fornecer educação equitativa, inclusiva

e de qualidade, e oportunidades de apren-

dizagem ao longo da vida para todos

5. Atingir a igualdade de género e a auto-

nomia para mulheres e meninas em todo o

mundo

6. Garantir acesso a água potável e sanea-

mento para todos

7. Garantir serviços de energia modernos,

fidedignos, sustentáveis e a preços acessí-

veis para todos

8. Promover o crescimento económico

forte, sustentável e inclusivo, e trabalho

digno para todos

9. Promover a industrialização sustentável

10. Reduzir as desigualdades dentro dos

países e entre eles

11. Construir cidades inclusivas, seguras e

sustentáveis

12. Promover padrões de produção e con-

sumo sustentáveis

13. Promover ações para combater as

alterações climáticas

14. Promover a conservação e o uso sus-

tentável dos recursos marinhos

15. Proteger e restaurar os ecossistemas

terrestres e interromper toda a perda de

biodiversidade

16. Promover sociedades pacíficas e inclu-

sivas, o primado do Estado de direito e

instituições eficazes

17. Fortalecer os meios de implementação

dos objetivos e a parceria global para o

desenvolvimento sustentável

Deslocados sudaneses em consulta médica Foto: ONU Flickr

Page 7: oletim do entro Regional de Informação das Nações Unidas …€¦ ·  · 2015-07-31plementação da nova Agenda de Desenvol-vimento Sustentável, ... vestimentos de Energia Sustentável,

A França será a anfitriã, em 2015, da 21ª

Sessão da Conferência das Partes da Con-

venção-Quadro das Nações Unidas sobre

Alterações Climáticas (COP21), também

conhecida como "Paris 2015", que se reali-

za de 30 novembro a 11 dezembro, reunin-

do cerca de 40 mil participantes, entre

delegados representantes de cada país,

observadores e membros da sociedade

civil. A referida Convenção-Quadro é um

tratado internacional resultante de uma

conferência da Organização das Nações

Unidas (ONU) conhecida como Cimeira da

Terra, que teve lugar no Rio de Janeiro

(Brasil), em 1992.

“Paris 2015” é uma reunião crucial, já que

nela deverá ser alcançado um acordo in-

ternacional sobre o clima, aplicável a todos

os países, com o objetivo de manter o

aquecimento global abaixo dos 2°C. Na

verdade, 2014 foi o ano mais quente já

registado e 14 dos 15 anos mais quentes

já registados ocorreram no século XXI. O

nível do mar continuar a subir, o gelo no

Ártico está a diminuir e há cada vez mais

fenómenos climáticos extremos, incluindo

secas prolongadas e inundações devasta-

doras.

Datas marcantes

Neste caminho da comunidade internacio-

nal para lidar com o problema das altera-

ções climáticas existem várias datas mar-

cantes: a entrada em vigor do Protocolo de

Quioto, em 2005 – com indicações sobre

limites desejáveis de emissões de gases

com efeitos de estufa -, a definição do

Plano de Ação de Bali, em 2007 - que fez

com que 180 países discutissem várias

soluções-chave para se chegar a um acor-

do mundial sobre o meio ambiente -, a

Conferência de Cancun, em 2010 - onde

foram criados mecanismos de implementa-

ção das decisões políticas tais como o

Fundo Verde Climático.

A Plataforma de Durban foi estabelecida,

em 2011, para reunir os esforços de todos

os países desenvolvidos e em vias de de-

senvolvimento na definição de um

"protocolo, instrumento legal ou um resul-

tado acordado com força legal", aplicável a

todas as partes, a ser aprovado em 2015 e

aplicado a partir de 2020 – este é o objeti-

vo de “Paris 2015”.

Contributos nacionais

Este é o maior evento diplomático levado a

cabo pela França e uma das maiores con-

ferências do clima já organizadas. Como

titular da presidência da Conferência, este

país terá de facilitar as discussões entre os

restantes membros e garantir que estas

sejam transparentes e inclusivas.

As expectativas são grandes e o objetivo é

conseguir, pela primeira vez, um acordo

universal e juridicamente vinculativo que

permita combater eficazmente as altera-

ções climáticas e impulsionar a transição

para sociedades e economias resilientes,

com baixa emissão de carbono.

Para que isto se concretize, o acordo deve

ter como foco os esforços para reduzir as

emissões de gases com efeito de estufa e

esses esforços devem levar em conta as

necessidades e capacidades de cada país.

Assim, cada país deve explicar claramente

qual é a sua contribuição, apresentando os

esforços feitos a nível nacional. Pouco

antes da COP21, o secretariado da Con-

venção-Quadro das Nações Unidas sobre

Alterações Climáticas publicará um resumo

dessas contribuições, para dar uma indica-

ção do impacto cumulativo de todos estes

esforços.

Fundo Verde Climático

Outro objectivo fundamental da conferên-

cia é estabelecer a mobilização, a partir de

2020, de 100 mil milhões de dólares por

ano, por parte dos países desenvolvidos (a

partir de fontes públicas e privadas) para

ajudar os países em vias de desenvolvi-

mento a combaterem as alterações climáti-

cas e a promoverem o desenvolvimento de

forma justa e sustentável.

Algumas destas verbas serão canalizadas

para o Fundo Verde Climático, que deverá

ter como capital inicial 10 mil milhões dó-

lares. Este Fundo vai orientar os agentes

económicos e financeiros no sentido de

redirecionarem os seus investimentos para

a transição para modelos de desenvolvi-

mento de baixo carbono.

"Também é importante garantir platafor-

mas eficazes para o desenvolvimento e

partilha de tecnologias e investigação ino-

vadoras. As “barreiras” à transferência de

tecnologias verdes, incluindo as questões

de proteção de propriedade intelectual,

precisam de ser abordadas com urgência”,

disse Sam Kutesa, presidente da Assem-

bleia-Geral das Nações Unidas, durante o

Evento de Alto Nível sobre as Alterações

Climáticas, realizada em Nova Iorque, no

passado dia 29 de junho.

Pág. 7 BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

C I M E I R A D E P A R I S

COP21 – Novo acordo para lidar com as alterações climáticas

Emissão de gases num complexo industrial em Toronto, Canadá. Fot o ONU/ Kibae Park

Page 8: oletim do entro Regional de Informação das Nações Unidas …€¦ ·  · 2015-07-31plementação da nova Agenda de Desenvol-vimento Sustentável, ... vestimentos de Energia Sustentável,

C I C L O D E C I N E M A D I R E I T O S E D E S E N V O L V I M E N T O

Pág. 8 BRUXELAS, AGOSTO 2015, EDIÇÃO NR. 72

CINE ONU de regresso a Lisboa

O CINE ONU/Ciclo de Cinema sobre Direitos e Desenvolvimento – uma parceria

entre a secção de Portugal do Centro de Informação Regional das Nações Unidas

para a Europa Ocidental (designado em diante por UNRIC Portugal) e a Platafor-

ma Portuguesa da ONGD - regressou a Lisboa, no passado dia 4 de junho, com o

filme “Walls and The Tiger”, da realizadora indiana Sushma Kallam, exibido no

Cinema São Jorge, novo parceiro desta iniciativa.

“Walls and The Tiger” conta a história de agricultores indianos cujos meios de

subsistência são destruídos devido à criação de Zonas Económicas para a insta-

lação de multinacionais, analisando os impactos económicos, sociais, culturais e

ambientais nas comunidades locais.

No final da exibição do filme, o público discutiu estas temáticas e outras ques-

tões de desenvolvimento sustentável com a realizadora, Sushma Kallam, o pro-

dutor, Liam O’Connor, e o jornalista Luís Ribeiro, da revista Visão, num debate

moderado por Isabel Marques da Silva, representante do UNRIC Portugal.

Por ocasião do Dia Internacional da Democracia, a próxima sessão está marcada

para 28 de setembro, às 18h30, no Cinema São Jorge, com o filme “Cartunistas:

Soldados de Infantaria da Democracia”, da realizadora francesa Stéphanie

Valloatto, que foi selecionado para o prestigiado Festival de Cinema de Cannes,

em 2014.

São retratos de 12 formidáveis cartunistas de todo o mundo que defendem a

democracia e a liberdade de expressão, fazendo rir com uma só arma: um lápis,

correndo com cada desenho risco de vida. Mais uma vez haverá convidados de

alto nível para o debate. Não perca!

Em breve…

4-27 de setembro: Exposição

comemorativa “A ONU em

imagens — 70 anos de Histó-

ria”, na Galeria Torreão Nas-

cente da Cordoaria Nacional,

em Lisboa

17 de setembro: Dia Interna-

tional da Democracia

21 de setembro: Dia Interna-

tional da Paz

25-27 de setembro: Cimeira

sobre os Objetivos do Desenvol-

vimento Sustentável, em Nova

Iorque

28 de setembro: Sessão CINE

ONU com o filme “Cartunistas:

Soldados de Infantaria da De-

mocracia”, da realizadora fran-

cesa Stéphanie Valloatto, no

Cinema São Jorge, em Lisboa

13 de outubro: Conferência

sobre os resultados da Cimeira

de Nova Iorque, promovida pelo

Instituto Camões, em Lisboa

24 de outubro: Cerimónia so-

lene e sessão académica de

celebração do 70º aniversário

da ONU

Ficha técnica

Direcção: Afsane Bassir-Pour

Edição: Isabel Marques da Silva

Redação: Isabel Marques da Silva , Ricardo

Oliveira e Vanessa Van-Dunem

http://www.unric.org/pt/

https://www.facebook.com/UnricPortugal

Sushma Kallam (segunda à esq.) realizou o filme exibido Ricardo Oliveira/UNRIC