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OLIVAL TRADICIONAL RECONHECER A PRESENÇA DOS INSETOS NOCIVOS CÉLIA MATEUS Instituto Nacional de Recursos Biológicos, Av. República, Qta. Marquês, 2784-505 Oeiras Introdução No olival convivem diferentes tipos de insetos: alguns atingem o estatuto de praga por causarem prejuízos relevantes, já que atingem níveis populacionais elevados e atacam órgãos importantes da oliveira, em alturas sensíveis de produção; outros, comprometem a saúde global da árvore, causando reduções de produção, ou até a sua morte, em situações extremas. Apesar de algumas pragas serem denominadas “pragas chave”, e outras “pragas secundárias”, a gravidade dos prejuízos varia muito de ano para ano e de região para região. As alterações climáticas deverão vir a causar alterações/ variações ainda maiores. Contudo, muitos insetos presentes no olival não constituem qualquer ameaça e alguns até são “auxiliares”, por nos ajudarem a combater as pragas. Há que não esquecer, ainda, o papel benéfico dos polinizadores. Os insetos No seu ciclo de vida, os insetos passam por diferentes fases (estádios de desenvolvimento), cada um com a sua morfologia (aparência) própria. Assim, aquando da vigilância do olival, detetam-se ovos, ninfas/larvas (ou lagartas), pupas (inexistentes nalguns tipos de insetos) ou adultos. Quando há sobreposição de gerações, podem-se encontrar todos estes estádios ao mesmo tempo, no olival. A rapidez do ciclo de vida varia, principalmente, com a temperatura ambiente: quando muito baixa, o ciclo é lento; à medida que a temperatura aumenta, o ciclo de vida torna-se mais rápido; quando a temperatura atinge valores muito elevados, o ciclo de vida torna abrandar. A temperaturas extremas (quando não letais), os insetos protegem-se em abrigos e podem entrar em hibernação (inverno) ou estivação (verão). A humidade, fotoperíodo, o tipo de hospedeiro (espécie, variedade), embora menos, também influenciam a velocidade a que o ciclo de vida se desenrola. Dependendo das espécies de insetos e das condições climáticas, num ano pode ocorrer um só ciclo (uma só geração) ou podem acontecer vários (várias gerações). Vigilância do olival Em qualquer cultura que se pretenda sustentável, é essencial uma vigilância atenta da mesma, de modo a se detetarem precocemente os problemas e a se atuar atempadamente. Para tal, recorre-se à observação visual dos vários órgãos de algumas árvores (amostra), com auxílio de uma lupa de campo, periodicamente e abrangendo toda a parcela. A colocação de armadilhas constitui uma preciosa ajuda: as cores e odores específicos atraem os adultos. Algumas pragas só se encontram na oliveira, mas outras podem desenvolver-se em outros hospedeiros, os quais, se estiverem nas proximidades do olival, também devem ser vigiados. É essencial saber reconhecer quais os insetos nocivos, quer pela sua aparência quer pelos sintomas que provocam. Ciclo de vida de um inseto. (a fase de pupa pode não existir, dependendo do tipo de inseto) Mosca da azeitona Nome científico. Bactrocera (= Dacus) oleae Gmelin Taxonomia. Insecta: Diptera: Tephritidae Bioecologia. No inverno, ocorre principalmente na forma de pupa, no solo. Na primavera, os adultos (A) iniciam a atividade: disseminação através do voo, alimentam-se de néctar e melada e fazem a postura dos ovos nos frutos ainda pequenos. As larvas (B) escavam galerias no interior da azeitona, na polpa, destruindo-a. O seu hospedeiro é a oliveira. Ocorrem várias gerações por ano (duas, três ou mais), por vezes sobrepostas. Estragos. Consumo da polpa, queda prematura dos frutos, desvalorização comercial (efeito estético), redução da qualidade do azeite. Vigilância Observação visual da “picada” da mosca (C) na azeitona, causada pelo ovipositor da fêmea, aquando da postura, rodeada de pequena mancha castanha necrosada; fruto em desenvolvimento com depressões e zonas mais claras; orifício de saída dos adultos. Captura de adultos em armadilhas alimentares do tipo McPhail ou em armadilhas cromotrópicas com feromona sexual. www.cisr.ucr.edu A Daniele Benucci in www.diptera.info B www.wikipedia.org C Cochonilha negra Nome científico. Saissetia oleae (Olivier) Taxonomia. Insecta: Homoptera: Coccidae Bioecologia. Ninfas (A) em hibernação no inverno; fêmeas adultas (B) em atividade na primavera- verão, com realização de posturas. No caso de haver uma segunda geração, a respetiva postura ocorre no início do outono. Em geral, uma geração anual, por vezes duas gerações (em que a última é normalmente incompleta). Para além da oliveira, tem outros hospedeiros: citrinos, figueira, damasqueiro, loendro, hera, Pittosporum sp. Estragos. Na sua alimentação, suga a seiva da oliveira, o que enfraquece a árvore, e excreta melada, que é colonizada por fungos (fumagina). Os órgãos atacados ficam cobertos deste material, o que dificulta a fotossíntese, a transpiração e a própria colheita da azeitona. Normalmente, os estragos não têm impacto económico relevante, a não ser que a intensidade de ataque seja muito elevada. Vigilância. Observação visual de ramos e folhas (principalmente a página inferior), para deteção da presença de adultos, de melada (brilho) e de fumagina (aspeto de fuligem). As fêmeas adultas são escuras e têm um “H” marcado, em relevo, no dorso (tipo “carapaça”) (C). R. Coutin/ OPIE in www.inra.fr A www.olivediseases.com B www.cisr.ucr.edu C D Caruncho Nome científico. Phloeotribus scarabaeoides (Bernard) Taxonomia. Insecta: Coleoptera: Scolitidae Bioecologia. Larvas e adultos alimentam-se de madeira (são xilófagos). No inverno, os adultos, encontram-se em cavidades na madeira das árvores (A), ou na base (axila) dos ramos e gomos vegetativos. No fim do inverno e na primavera, os adultos (B) saem dos refúgios e procuram os ramos de madeira de poda, ramos feridos ou quebrados, ou oliveiras decrépitas, onde penetram e escavam galerias, a que se segue a postura. As larvas escavam também galerias (C), e aí pupam Os adultos abandonam as árvores onde emergiram, dispersam-se e alimentam-se, atacando a axila de pequenos ramos (D), de inflorescências ou de frutos (consoante a geração). Ocorrência de uma a três gerações por ano. Para além da oliveira, tem outros hospedeiros: Freixo (Fraxinus sp), ligustro (Ligustrum sp.), lilás (Syringa sp.) e Phyllirea sp. Estragos. Os pequenos ramos atacados podem secar por paragem da circulação da seiva, devido às incisões na sua base; danificação de gomos axilares; as galerias enfraquecem os ramos que podem cair pelo seu peso, ou por ação do vento ou das atividades de colheita, além de facilitarem a instalação de doenças e outras pragas. No caso das árvores já debilitadas, poderá ocorrer morte das mesmas. Vigilância. Observação visual: existência de montículos de serrim e fezes à superfície dos ramos, rejeitados a partir das galerias; o interior dos ramos apresenta galerias. Especial atenção para incisões nos pontos de inserção de ramos, folhas, lançamentos, inflorescências e frutos. Zona terminal de ramos jovens e inflorescências secos. BASF in www.inra.fr A http:// aramel.free.fr B BASF in www.inra.fr C BASF in www.inra.fr D Adulto Ninfa ou Larva (ou Lagarta) (Pupa) Ovo postura eclosão (pupação) emergência Algodão da oliveira Nome científico. Euphyllura olivina Costa Taxonomia. Insecta: Homoptera: Psyllidae Bioecologia. Os adultos (A) hibernam no inverno em cavidades na madeira da árvore, na base de pequenos ramos, folhas e botões axilares. O primeiro período de postura ocorre no princípio da primavera, principalmente no botão terminal e nas folhas apicais de rebentos jovens. As ninfas segregam filamentos cerosos e melada, constituindo massas tipo algodão (B), que chegam a cobrir quase completamente os ramos atacados. A segunda geração desenvolve-se principalmente em botões florais e nas inflorescências e os seus adultos entram em repouso estival durante o verão, quando as temperaturas são muito elevadas, retomando a atividade quando as temperaturas atingem valores mais amenos. Ocorre uma terceira geração, cujas posturas, em climas amenos, se podem prolongar até dezembro. Ocorrem, frequentemente, três gerações por ano. O seu hospedeiro é a oliveira. Estragos. Definhamento e queda dos botões florais. Excretam melada, que é colonizada por fungos (fumagina),e os órgãos atacados ficam cobertos por esse material, o que dificulta a fotossíntese e a transpiração. Os estragos não assumem gravidade, salvo em situações excecionais de ataque intenso na primavera. Vigilância. Observação visual: presença de secreções cerosas de cor branca, tipo algodão, que cobrem as ninfas e os órgãos atacados da árvore. No caso de fortes ataques, estes podem apresentar-se murchos e de cor acastanhada. Dar especial atenção às inflorescências. Marshall W. Johnson in www.cisr.ucr.edu A Marshall W. Johnson in www.cisr.ucr.edu B Euzofera Nome científico. Euzophera pinguis Haworth Taxonomia. Insecta: Lepidoptera: Pyralidae Bioecologia. No inverno, encontra-se na fase de lagarta (A), dentro de galerias; a pupação ocorre na primavera e os adultos (B) começam a emergir no final desta estação, e fazem a postura em fissuras na madeira da árvore (por exemplo, nos pontos de união de ramos, em excrescências causadas pela tuberculose, ou na madeira de poda). As lagartas alimentam-se de madeira e escavam galerias no interior do tronco e dos ramos. Durante o período mais quente do verão, o número de adultos é reduzido, volta a aumentar no final desta estação (2ª geração), para baixar novamente no outono. Frequentemente, as duas gerações sobrepõem-se. Pode ocorrer uma terceira geração. Para além da oliveira, também se desenvolve no freixo. Estragos. As galerias escavadas pelas lagartas danificam os vasos condutores da árvore e, caso bloqueiem a circulação da seiva, causam a morte de ramos ou da totalidade da árvore. Vigilância. Observação visual de montículos de serradura e excrementos (C), unidos por filamentos sedosos, à entrada das galerias, as quais são observadas quando se retira a casca da árvore nessa zona de entrada; zona intumescida nos ramos atacados, devido à retenção de seiva; zonas terminais de ramos e folhagem secas. Observação visual dos adultos e sua captura em armadilhas tipo funil com feromona sexual. Fátima Gonçalves / UTAD A www.hantsmoths.org.uk B Fátima Gonçalves / UTAD C Tripe da Oliveira Nome científico. Liothrips oleae (Costa) Taxonomia. Insecta: Thysanoptera: Phlaeothripidae Bioecologia. O adulto (A) passa o inverno em abrigos (por exemplo, galerias escavadas por outros insetos, tumores causados pela tuberculose, fissuras na madeira da árvore e folhas enroladas). No fim do inverno/ início da primavera, os adultos iniciam a sua atividade: alimentam-se e acasalam. As larvas alimentam-se nos rebentos e folhas tenras, botões florais e frutos jovens. Tanto as larvas como os adultos abrigam-se sempre que a temperatura é excessivamente alta ou baixa. A densidade populacional é particularmente elevada no final da primavera/ princípio do verão. Há geralmente três gerações anuais, por vezes sobrepostas. O seu hospedeiro é a oliveira. Estragos. Larvas e adultos ao alimentarem-se provocam: necroses e deformações nas folhas (B) e frutos; abortamento das flores jovens; frutos deformados; queda de folhas e frutos; desenvolvimento de ramos sinuosos, com entrenós curtos e de crescimento lento. Ataques intensos debilitam as árvores, tornando-as mais suscetíveis a outras pragas e a doenças. Vigilância. Observação visual de ramos, com especial atenção para os estragos e para os abrigos, onde se encontram adultos e larvas. www.iavcha.ac.ma/benazoun A Evaristo /EAN in www.inra.fr B www.county.wsu.edu Armadilha tipo Delta www.hawaiidermatology.com Armadilha tipo Funil www.africamuseum.be Armadilha de McPhail ou garrafa mosqueira www.parkseed.com Armadilha cromotrópica C Bibliografia consultada - Bento A. et al. 2008. A mosca da azeitona, Bactrocera oleae (Gmelin), no Planalto Mirandês: ciclo biológico e importância económica. Actas I Congresso Nacional de Produção Integrada. Ponte de Lima, 20-21 nov. 2008, pp:191-195. - DGADR. 2010. Produção Integrada do Olival. 2ª edição, DGADR-DSPFSV, Lisboa - Gonçalves, F. & Torres, L. 2005. Protecção contra pragas em olivicultura biológica. In: http://www.home.utad.pt/agro236 - INRA in: http://www.inra.fr/hyppz/RAVAGEUR - Patanita, M.I. & Reis, J. 2008. Contribuição para o conhecimento da traça verde da oliveira, Palpita vitrealis (Rossi), no Alentejo. Actas I Congresso Nacional de Produção Integrada. Ponte de Lima, 20-21 nov. 2008, pp:175-180. Traça da oliveira Nome científico. Prays oleae Bernard Taxonomia. Insecta: Lepidoptera: Yponomeutidae Bioecologia. Existem três gerações anuais: Geração filófaga, cujas lagartas (A e B) se alimentam das folhas, formando minas (C), onde passam o inverno; geração antófaga, cujas lagartas se alimentam ao nível dos botões florais, formando “ninhos” com teias, excrementos e pétalas secas (D); geração carpófaga que faz a postura nos frutos ainda pequenos e cujas lagartas se alimentam no interior do caroço (E). Para além da oliveira, esta praga tem outros hospedeiros da mesma família botânica: Phillyrea sp., ligustro (Ligustrum sp.) e jasmim (Jasminum sp.). Estragos. Destruição de flores / abortamento de botões florais e queda prematura de frutos. Vigilância. Observação visual de folhas, cachos florais e frutos (seu interior). Colocação de armadilhas sexuais do tipo Delta para captura de adultos (F). Y. Arambourg in www.inra.fr . B www.inra.fr Shentz in www.flickr.com A BASF in www.inra.fr C www.inra.fr E Y. Arambourg in www.inra.fr. F D Traça verde Nome científico. Palpita (=Margaronia) unionalis (Hübner) Taxonomia. Insecta: Lepidoptera: Pyralidae Bioecologia. Passa o inverno na forma de lagarta e, eventualmente, também como pupa. Os primeiros adultos surgem na primavera. Durante o dia, os adultos permanecem em repouso, na página inferior das folhas, com as asas abertas (forma triangular) (A); a sua atividade ocorre ao crepúsculo e durante a noite. A lagarta (B) alimenta-se principalmente das folhas e rebentos novos (C), embora também possa atacar os frutos. A pupação dá-se num casulo protegido por folhas, que são enroladas e presas por fios tecidos. Ocorrem duas ou três gerações por ano. Outras plantas hospedeiras, além da oliveira: Jasmim, Ligustro (Ligustrum sp.), freixo, medronheiro. Estragos. Os estragos (roeduras) são provocados pela alimentação das lagartas, nas folhas da parte terminal dos lançamentos e, ocasionalmente, nos frutos. Caso o ataque seja intenso a nível dos frutos, pode ocorrer perda elevada na produção. Contudo, normalmente, só causa problemas a nível de árvores jovens, dificultando o seu normal desenvolvimento. Vigilância. Observação visual dos estragos nas folhas jovens e nos frutos. Observação da lagarta coberta por uma ténue malha de fios sedosos e do adulto (com forma triangular em repouso). Podem ser utilizadas armadilhas do tipo funil ou do tipo delta com feromona sexual para captura de adultos. Santini, University of Pise in www.inra.fr A B www2001.krs.hr www.aipop.it C

OLIVAL TRADICIONAL - Índice . Rota Guadiana sua alimentação, suga a seiva da oliveira, o que enfraquece a árvore, e excreta melada, que é colonizada por fungos (fumagina). Os

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Page 1: OLIVAL TRADICIONAL - Índice . Rota Guadiana sua alimentação, suga a seiva da oliveira, o que enfraquece a árvore, e excreta melada, que é colonizada por fungos (fumagina). Os

OLIVAL TRADICIONAL

RECONHECER A PRESENÇA DOS INSETOS NOCIVOS

CÉLIA MATEUS

Instituto Nacional de Recursos Biológicos, Av. República, Qta. Marquês, 2784-505 Oeiras

IntroduçãoNo olival convivem diferentes tipos de insetos: alguns atingem o estatuto depraga por causarem prejuízos relevantes, já que atingem níveis populacionaiselevados e atacam órgãos importantes da oliveira, em alturas sensíveis deprodução; outros, comprometem a saúde global da árvore, causando reduçõesde produção, ou até a sua morte, em situações extremas.

Apesar de algumas pragas serem denominadas “pragas chave”, e outras“pragas secundárias”, a gravidade dos prejuízos varia muito de ano para ano ede região para região. As alterações climáticas deverão vir a causar alterações/variações ainda maiores.

Contudo, muitos insetos presentes no olival não constituem qualquer ameaça ealguns até são “auxiliares”, por nos ajudarem a combater as pragas. Há quenão esquecer, ainda, o papel benéfico dos polinizadores.

Os insetosNo seu ciclo de vida, os insetos passam por diferentes fases (estádios dedesenvolvimento), cada um com a sua morfologia (aparência) própria. Assim,aquando da vigilância do olival, detetam-se ovos, ninfas/larvas (ou lagartas),pupas (inexistentes nalguns tipos de insetos) ou adultos.

Quando há sobreposição de gerações, podem-se encontrar todos estes estádiosao mesmo tempo, no olival.

A rapidez do ciclo de vida varia, principalmente, com a temperatura ambiente:quando muito baixa, o ciclo é lento; à medida que a temperatura aumenta, ociclo de vida torna-se mais rápido; quando a temperatura atinge valores muitoelevados, o ciclo de vida torna abrandar. A temperaturas extremas (quandonão letais), os insetos protegem-se em abrigos e podem entrar em hibernação(inverno) ou estivação (verão). A humidade, fotoperíodo, o tipo de hospedeiro(espécie, variedade), embora menos, também influenciam a velocidade a que ociclo de vida se desenrola.

Dependendo das espécies de insetos e das condições climáticas, num ano podeocorrer um só ciclo (uma só geração) ou podem acontecer vários (váriasgerações).

Vigilância do olivalEm qualquer cultura que se pretenda sustentável, é essencial uma vigilânciaatenta da mesma, de modo a se detetarem precocemente os problemas e a seatuar atempadamente. Para tal, recorre-se à observação visual dos váriosórgãos de algumas árvores (amostra), com auxílio de uma lupa de campo,periodicamente e abrangendo toda a parcela. A colocação de armadilhasconstitui uma preciosa ajuda: as cores e odores específicos atraem os adultos.

Algumas pragas só se encontram na oliveira, mas outras podem desenvolver-seem outros hospedeiros, os quais, se estiverem nas proximidades do olival,também devem ser vigiados.

É essencial saber reconhecer quais os insetos nocivos, quer pela sua aparênciaquer pelos sintomas que provocam.

Ciclo de vida de um inseto.

(a fase de pupa pode não existir,dependendo do tipo de inseto)

Mosca da azeitona

Nome científico. Bactrocera (= Dacus) oleae GmelinTaxonomia. Insecta: Diptera: TephritidaeBioecologia. No inverno, ocorre principalmente na forma de pupa, no solo. Naprimavera, os adultos (A) iniciam a atividade: disseminação através do voo,alimentam-se de néctar e melada e fazem a postura dos ovos nos frutos aindapequenos. As larvas (B) escavam galerias no interior da azeitona, na polpa,destruindo-a.O seu hospedeiro é a oliveira.Ocorrem várias gerações por ano (duas, três ou mais), por vezes sobrepostas.Estragos. Consumo da polpa, queda prematura dos frutos, desvalorizaçãocomercial (efeito estético), redução da qualidade do azeite.VigilânciaObservação visual da “picada” da mosca (C) na azeitona, causada pelo ovipositorda fêmea, aquando da postura, rodeada de pequena mancha castanha necrosada;fruto em desenvolvimento com depressões e zonas mais claras; orifício de saída dosadultos.Captura de adultos em armadilhas alimentares do tipo McPhail ou em armadilhascromotrópicas com feromona sexual.

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Cochonilha negra

Nome científico. Saissetia oleae (Olivier)Taxonomia. Insecta: Homoptera: CoccidaeBioecologia. Ninfas (A) em hibernação no inverno; fêmeas adultas (B) ematividade na primavera- verão, com realização de posturas. No caso de haver umasegunda geração, a respetiva postura ocorre no início do outono.Em geral, uma geração anual, por vezes duas gerações (em que a última énormalmente incompleta).Para além da oliveira, tem outros hospedeiros: citrinos, figueira, damasqueiro,loendro, hera, Pittosporum sp.Estragos. Na sua alimentação, suga a seiva da oliveira, o que enfraquece aárvore, e excreta melada, que é colonizada por fungos (fumagina). Os órgãosatacados ficam cobertos deste material, o que dificulta a fotossíntese, atranspiração e a própria colheita da azeitona. Normalmente, os estragos não têmimpacto económico relevante, a não ser que a intensidade de ataque seja muitoelevada.Vigilância. Observação visual de ramos e folhas (principalmente a páginainferior), para deteção da presença de adultos, de melada (brilho) e de fumagina(aspeto de fuligem). As fêmeas adultas são escuras e têm um “H” marcado, emrelevo, no dorso (tipo “carapaça”) (C).

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Nome científico. Phloeotribus scarabaeoides (Bernard)Taxonomia. Insecta: Coleoptera: ScolitidaeBioecologia. Larvas e adultos alimentam-se de madeira (são xilófagos). Noinverno, os adultos, encontram-se em cavidades na madeira das árvores (A), ou nabase (axila) dos ramos e gomos vegetativos. No fim do inverno e na primavera, osadultos (B) saem dos refúgios e procuram os ramos de madeira de poda, ramosferidos ou quebrados, ou oliveiras decrépitas, onde penetram e escavam galerias, aque se segue a postura. As larvas escavam também galerias (C), e aí pupam Osadultos abandonam as árvores onde emergiram, dispersam-se e alimentam-se,atacando a axila de pequenos ramos (D), de inflorescências ou de frutos (consoantea geração). Ocorrência de uma a três gerações por ano.Para além da oliveira, tem outros hospedeiros: Freixo (Fraxinus sp), ligustro(Ligustrum sp.), lilás (Syringa sp.) e Phyllirea sp.Estragos. Os pequenos ramos atacados podem secar por paragem da circulaçãoda seiva, devido às incisões na sua base; danificação de gomos axilares; as galeriasenfraquecem os ramos que podem cair pelo seu peso, ou por ação do vento ou dasatividades de colheita, além de facilitarem a instalação de doenças e outras pragas.No caso das árvores já debilitadas, poderá ocorrer morte das mesmas.Vigilância. Observação visual: existência de montículos de serrim e fezes àsuperfície dos ramos, rejeitados a partir das galerias; o interior dos ramos apresentagalerias. Especial atenção para incisões nos pontos de inserção de ramos, folhas,lançamentos, inflorescências e frutos. Zona terminal de ramos jovens e inflorescênciassecos.

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Algodão da oliveira

Nome científico. Euphyllura olivina CostaTaxonomia. Insecta: Homoptera: PsyllidaeBioecologia. Os adultos (A) hibernam no inverno em cavidades na madeira da árvore, nabase de pequenos ramos, folhas e botões axilares. O primeiro período de postura ocorre noprincípio da primavera, principalmente no botão terminal e nas folhas apicais de rebentosjovens. As ninfas segregam filamentos cerosos e melada, constituindo massas tipo algodão (B),que chegam a cobrir quase completamente os ramos atacados. A segunda geraçãodesenvolve-se principalmente em botões florais e nas inflorescências e os seus adultos entramem repouso estival durante o verão, quando as temperaturas são muito elevadas, retomandoa atividade quando as temperaturas atingem valores mais amenos. Ocorre uma terceirageração, cujas posturas, em climas amenos, se podem prolongar até dezembro.Ocorrem, frequentemente, três gerações por ano.O seu hospedeiro é a oliveira.Estragos. Definhamento e queda dos botões florais. Excretam melada, que é colonizada porfungos (fumagina),e os órgãos atacados ficam cobertos por esse material, o que dificulta afotossíntese e a transpiração. Os estragos não assumem gravidade, salvo em situaçõesexcecionais de ataque intenso na primavera.Vigilância. Observação visual: presença de secreções cerosas de cor branca, tipo algodão,que cobrem as ninfas e os órgãos atacados da árvore. No caso de fortes ataques, estes podemapresentar-se murchos e de cor acastanhada. Dar especial atenção às inflorescências.

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Euzofera

Nome científico. Euzophera pinguis HaworthTaxonomia. Insecta: Lepidoptera: PyralidaeBioecologia. No inverno, encontra-se na fase de lagarta (A), dentro de galerias; a pupaçãoocorre na primavera e os adultos (B) começam a emergir no final desta estação, e fazem apostura em fissuras na madeira da árvore (por exemplo, nos pontos de união de ramos, emexcrescências causadas pela tuberculose, ou na madeira de poda). As lagartas alimentam-sede madeira e escavam galerias no interior do tronco e dos ramos. Durante o período maisquente do verão, o número de adultos é reduzido, volta a aumentar no final desta estação(2ª geração), para baixar novamente no outono.Frequentemente, as duas gerações sobrepõem-se. Pode ocorrer uma terceira geração.Para além da oliveira, também se desenvolve no freixo.Estragos. As galerias escavadas pelas lagartas danificam os vasos condutores da árvore e,caso bloqueiem a circulação da seiva, causam a morte de ramos ou da totalidade da árvore.Vigilância. Observação visual de montículos de serradura e excrementos (C), unidos porfilamentos sedosos, à entrada das galerias, as quais são observadas quando se retira a cascada árvore nessa zona de entrada; zona intumescida nos ramos atacados, devido à retençãode seiva; zonas terminais de ramos e folhagem secas.Observação visual dos adultos e sua captura em armadilhas tipo funil com feromona sexual.

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Tripe da Oliveira

Nome científico. Liothrips oleae (Costa)Taxonomia. Insecta: Thysanoptera: PhlaeothripidaeBioecologia. O adulto (A) passa o inverno em abrigos (por exemplo, galerias escavadas poroutros insetos, tumores causados pela tuberculose, fissuras na madeira da árvore e folhasenroladas). No fim do inverno/ início da primavera, os adultos iniciam a sua atividade:alimentam-se e acasalam. As larvas alimentam-se nos rebentos e folhas tenras, botões floraise frutos jovens. Tanto as larvas como os adultos abrigam-se sempre que a temperatura éexcessivamente alta ou baixa. A densidade populacional é particularmente elevada no finalda primavera/ princípio do verão.Há geralmente três gerações anuais, por vezes sobrepostas.O seu hospedeiro é a oliveira.Estragos. Larvas e adultos ao alimentarem-se provocam: necroses e deformações nas folhas(B) e frutos; abortamento das flores jovens; frutos deformados; queda de folhas e frutos;desenvolvimento de ramos sinuosos, com entrenós curtos e de crescimento lento. Ataquesintensos debilitam as árvores, tornando-as mais suscetíveis a outras pragas e a doenças.Vigilância. Observação visual de ramos, com especial atenção para os estragos e para osabrigos, onde se encontram adultos e larvas.

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Bibliografia consultada

- Bento A. et al. 2008. A mosca da azeitona, Bactrocera oleae (Gmelin), no Planalto Mirandês: ciclobiológico e importância económica. Actas I Congresso Nacional de Produção Integrada. Ponte de Lima,20-21 nov. 2008, pp:191-195.

- DGADR. 2010. Produção Integrada do Olival. 2ª edição, DGADR-DSPFSV, Lisboa

- Gonçalves, F. & Torres, L. 2005. Protecção contra pragas em olivicultura biológica. In:http://www.home.utad.pt/agro236

- INRA in: http://www.inra.fr/hyppz/RAVAGEUR

- Patanita, M.I. & Reis, J. 2008. Contribuição para o conhecimento da traça verde da oliveira, Palpitavitrealis (Rossi), no Alentejo. Actas I Congresso Nacional de Produção Integrada. Ponte de Lima, 20-21nov. 2008, pp:175-180.

Traça da oliveira

Nome científico. Prays oleae BernardTaxonomia. Insecta: Lepidoptera: YponomeutidaeBioecologia. Existem três gerações anuais: Geração filófaga, cujas lagartas (A e B)se alimentam das folhas, formando minas (C), onde passam o inverno; geraçãoantófaga, cujas lagartas se alimentam ao nível dos botões florais, formando“ninhos” com teias, excrementos e pétalas secas (D); geração carpófaga que faz apostura nos frutos ainda pequenos e cujas lagartas se alimentam no interior docaroço (E).Para além da oliveira, esta praga tem outros hospedeiros da mesma famíliabotânica: Phillyrea sp., ligustro (Ligustrum sp.) e jasmim (Jasminum sp.).Estragos. Destruição de flores / abortamento de botões florais e queda prematurade frutos.Vigilância. Observação visual de folhas, cachos florais e frutos (seu interior).Colocação de armadilhas sexuais do tipo Delta para captura de adultos (F).

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Traça verde

Nome científico. Palpita (=Margaronia) unionalis (Hübner)Taxonomia. Insecta: Lepidoptera: PyralidaeBioecologia. Passa o inverno na forma de lagarta e, eventualmente, também como pupa.Os primeiros adultos surgem na primavera. Durante o dia, os adultos permanecem emrepouso, na página inferior das folhas, com as asas abertas (forma triangular) (A); a suaatividade ocorre ao crepúsculo e durante a noite. A lagarta (B) alimenta-se principalmentedas folhas e rebentos novos (C), embora também possa atacar os frutos. A pupação dá-senum casulo protegido por folhas, que são enroladas e presas por fios tecidos.Ocorrem duas ou três gerações por ano.Outras plantas hospedeiras, além da oliveira: Jasmim, Ligustro (Ligustrum sp.), freixo,medronheiro.Estragos. Os estragos (roeduras) são provocados pela alimentação das lagartas, nas folhasda parte terminal dos lançamentos e, ocasionalmente, nos frutos. Caso o ataque seja intensoa nível dos frutos, pode ocorrer perda elevada na produção. Contudo, normalmente, só causaproblemas a nível de árvores jovens, dificultando o seu normal desenvolvimento.Vigilância. Observação visual dos estragos nas folhas jovens e nos frutos. Observação dalagarta coberta por uma ténue malha de fios sedosos e do adulto (com forma triangular emrepouso).Podem ser utilizadas armadilhas do tipo funil ou do tipo delta com feromona sexual paracaptura de adultos.

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