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ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR JOSÉ TARCÍLIO SOUZA DA SILVA Processo: 0000165-22.2004.8.06.0145 - Apelação / Reexame Necessário Apelante: Departamento Estadual de Rodovias - DER Remetente: Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Pereiro Apelados: José Aleixon Moreira de Freitas, Adriana Moreira de Freitas e Francisco Anderson Moreira de Freitas EMENTA: CIVIL. PROCESSO CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE FATAL EM RODOVIA. SINALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ENTE PÚBLICO. NEXO CAUSAL. DEVER DE INDENIZAR. DANO MATERIAL. PENSÃO MENSAL DEVIDA AO FILHO. TERMO FINAL. 25 ANOS DE IDADE. REVISÃO DO VALOR. DANO MORAL. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. VALOR DA CAUSA. AUSÊNCIA. CONTEÚDO ECONÔMICO. ELEMENTOS DE AFERIÇÃO. ADEQUAÇÃO PELO MAGISTRADO. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. OMISSÃO DA SENTENÇA. FIXAÇÃO EM SEDE RECURSAL. 1. Trata-se de Reexame Necessário e Apelação cível contra sentença que julgou procedente ação de Indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente fatal em rodovia estadual. 2. É obrigação do poder público estadual, através do Departamento Estadual de Rodovias – DER, a fiscalização das rodovias que cruzam o estado, devendo proceder a retirada de sinalização desnecessária que possam causar danos ao usuário. Previsão legal do Código de Trânsito Nacional. 3. A omissão do ente público em fiscalizar a sinalização das rodovias que possam causar eventual dano ao usuário, caracteriza o nexo causal que gera o dever de indenizar decorrente da responsabilidade objetiva do Estado, conforme disposição constitucional, mesmo através da conduta omissiva da administração pública. Precedentes. 4. O pensionamento mensal, devido por dano material em decorrência da morte do genitor, se limita à idade de 25 (vinte e cinco) anos do filho beneficiário, data de sua presumida emancipação, devendo ser fixada em 2/3 (dois terços) do salário mínimo se não restar comprovada a renda do falecido. Precedentes do STJ. 5. Deve ser mantido o valor do dano moral se for verificado o atendimento aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade atinentes à espécie. 6. A existência de elementos que permitam aferir o conteúdo econômico da demanda enseja a adequação e fixação do valor da causa pelo magistrado. Precedentes. 7. Possível estabelecer os honorários advocatícios em sede recursal se houver omissão da sentença, por se constituir em obrigação consectária da sucumbência. APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO PROVIDOS PARCIALMENTE.

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Processo: 0000165-22.2004.8.06.0145 - Apelação / Reexame NecessárioApelante: Departamento Estadual de Rodovias - DER Remetente: Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Pereiro Apelados: José Aleixon Moreira de Freitas, Adriana Moreira de Freitas e Francisco Anderson Moreira de Freitas

EMENTA: CIVIL. PROCESSO CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE FATAL EM RODOVIA. SINALIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ENTE PÚBLICO. NEXO CAUSAL. DEVER DE INDENIZAR. DANO MATERIAL. PENSÃO MENSAL DEVIDA AO FILHO. TERMO FINAL. 25 ANOS DE IDADE. REVISÃO DO VALOR. DANO MORAL. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. VALOR DA CAUSA. AUSÊNCIA. CONTEÚDO ECONÔMICO. ELEMENTOS DE AFERIÇÃO. ADEQUAÇÃO PELO MAGISTRADO. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. OMISSÃO DA SENTENÇA. FIXAÇÃO EM SEDE RECURSAL. 1. Trata-se de Reexame Necessário e Apelação cível contra sentença que julgou procedente ação de Indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente fatal em rodovia estadual. 2. É obrigação do poder público estadual, através do Departamento Estadual de Rodovias – DER, a fiscalização das rodovias que cruzam o estado, devendo proceder a retirada de sinalização desnecessária que possam causar danos ao usuário. Previsão legal do Código de Trânsito Nacional. 3. A omissão do ente público em fiscalizar a sinalização das rodovias que possam causar eventual dano ao usuário, caracteriza o nexo causal que gera o dever de indenizar decorrente da responsabilidade objetiva do Estado, conforme disposição constitucional, mesmo através da conduta omissiva da administração pública. Precedentes. 4. O pensionamento mensal, devido por dano material em decorrência da morte do genitor, se limita à idade de 25 (vinte e cinco) anos do filho beneficiário, data de sua presumida emancipação, devendo ser fixada em 2/3 (dois terços) do salário mínimo se não restar comprovada a renda do falecido. Precedentes do STJ. 5. Deve ser mantido o valor do dano moral se for verificado o atendimento aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade atinentes à espécie. 6. A existência de elementos que permitam aferir o conteúdo econômico da demanda enseja a adequação e fixação do valor da causa pelo magistrado. Precedentes. 7. Possível estabelecer os honorários advocatícios em sede recursal se houver omissão da sentença, por se constituir em obrigação consectária da sucumbência. APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO PROVIDOS PARCIALMENTE.

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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso de Apelação Cível nº 0000165-22.2004.8.06.0145, em que figuram as partes indicadas, ACORDA a 8ª Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade, em DAR PARCIAL PROVIMENTO ao reexame necessário e ao recurso de apelação de acordo com o voto do relator.

Fortaleza, 01 de setembro de 2015.

DES. RAIMUNDO NONATO SILVA SANTOSPresidente do Órgão Julgador, em exercício

DES. JOSÉ TARCÍLIO SOUZA DA SILVARelator

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Processo: 0000165-22.2004.8.06.0145 - Apelação / Reexame NecessárioApelante: Departamento Estadual de Rodovias - DER Remetente: Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Pereiro Apelados: José Aleixon Moreira de Freitas, Adriana Moreira de Freitas e Francisco Anderson Moreira de Freitas

R E L A T Ó R I O

Trata-se de Reexame Necessário e Apelação Cível interposta pelo Departamento Estadual de Rodovias – DER, contra sentença exarada pelo MM Juiz de Direito da Comarca de Pereiro–Ceará (págs. 338/348), nos autos da Ação de Indenização por Danos Morais e Material ajuizada por José Aleixon Moreira de Freitas, Adriana Moreira de Freitas e Francisco Anderson Moreira de Freitas, este último representado por sua genitora Maria do Carmo de Freitas Moreira, contra a aludida autarquia.

Quanto aos fatos, os autores, ora apelados, são filhos de José Moreira de Queiroz, o qual veio a falecer em decorrência de um acidente de motocicleta ocorrido na CE 138, sentido Pereiro/CE - São Miguel/RN.

Relatam na inicial que na rodovia em questão existem irregularidades, especialmente no Km 07, onde havia uma "super lombada", com 50 cm de altura no centro e 4,5m de comprimento, sobre a qual o Sr. José Moreira teria "voado", vindo a bater com a cabeça no asfalto e sofrer lesões expostas nas mãos e no crânio que o levaram à morte.

Com a inicial foram acostados os documentos de págs. 20/40.

Citado, o DER apresentou contestação (págs. 63/102), acompanhada dos documentos de págs. 103/113.

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Os autores apresentaram réplica às págs. 128/141.

Despacho saneador às págs. 172/179.

Termo de audiência às págs. 300/301 e Memoriais escritos às págs. 304/311 e 315/328.

Às págs. 338/348, o MM. Juiz de primeiro grau prolatou sentença, julgando procedente o pedido autoral, e condenando o requerido a pagar, a título de pensão, 2/3 dos rendimentos da vítima até que os requerentes completem 25 anos de idade, sendo, após, reduzida para 1/3, até a data em que o falecido completaria 65 anos.

Ademais, condenou o réu ao pagamento de R$ 940,00 (novecentos e quarenta reais) aos demandantes a título de danos materiais, atualizado e acrescido de juros de mora desde a data da ocorrência do fato.

Finalmente, foi o requerido condenado a pagar aos autores 50 salários mínimos a título de danos morais, o que correspondia a R$ 36.200,00 (trinta e seis mil e duzentos reais).

Os autores interpuseram embargos de declaração (págs. 352/355. Decisão às págs. 359/360, na qual foi corrigido erro material da sentença.

Irresignado, o Departamento Estadual de Rodovias interpôs apelação (págs. 362/379 e emenda às págs. 394/398), na qual assevera a inexistência de perícia no local do acidente, a suficiência da sinalização da lombada em questão, a culpa exclusiva da vítima, por estar a mesma trafegando em alta velocidade e sem capacete, a ausência de provas, a inexistência de responsabilidade civil e do dever de indenizar por parte do DER, a inexistência de valor da causa e o excessivo valor arbitrado a título

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de dano moral.

Ao final, requer a improcedência dos pedidos formulados pelos autores ou, sucessivamente, a extinção dos valores pleiteados ou sua diminuição, além da condenação dos apelados em custas e honorários advocatícios.

A apelação foi recebida no seu duplo efeito às págs. 401/402. Os apelados apresentaram contrarrazões às págs. 405/417, pugnando pela manutenção da sentença vergastada.

Parecer da Procuradoria Geral de Justiça às págs. 436/440, porém sem manifestação acerca do mérito da demanda.

Em síntese, é o relatório.

V O T O

•"Ab initio", conheço da presente apelação e reexame necessário, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Quanto à tempestividade, possui o apelante prazo em dobro para recorrer, qual seja, 30 (trinta) dias, nos termos do art. 188 do CPC. Ademais, com a interposição dos embargos de declaração, foi o aludido prazo interrompido. A decisão dos embargos foi proferida em 09/09/2014, e em 15/09/2014 já houve a juntada da apelação. Por conseguinte, o presente recurso foi interposto dentro do prazo legal.

Conforme relatado, os autores, ora apelados, são filhos de José Moreira de Queiroz, o qual veio a falecer em decorrência de um acidente de motocicleta ocorrido na CE 138, sentido Pereiro/CE-São Miguel/RN. Relatam na inicial que na rodovia em questão existem irregularidades, especialmente no Km 07, onde havia uma "super

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lombada", com 50 cm de altura no centro e 4,5m de comprimento, sobre a qual o Sr. José Moreira teria "voado", vindo a bater com a cabeça no asfalto e sofrer lesões expostas nas mãos e no crânio que o levaram à morte.

Às págs. 338/348, o MM. Juiz de primeiro grau prolatou sentença, julgando procedente o pedido autoral, e condenando o requerido a pagar, a título de pensão, 2/3 dos rendimentos da vítima até que os requerentes completem 25 anos de idade, sendo, após, reduzida para 1/3, até a data em que o falecido completaria 65 anos. Ademais, condenou o réu ao pagamento de R$ 940,00 (novecentos e quarenta reais) aos demandantes a título de danos materiais, atualizado e acrescido de juros de mora desde a data da ocorrência do fato.

Finalmente, foi o requerido condenado a pagar aos autores 50 salários mínimos a título de danos morais, o que correspondia a R$ 36.200,00 (trinta e seis mil e duzentos reais).

Os autores interpuseram embargos de declaração (págs. 352/355. Decisão às págs. 359/360, na qual foi corrigido erro material da sentença.

Irresignado, o Departamento Estadual de Rodovias interpôs a presente apelação (págs. 362/379 e emenda às págs. 394/398), na qual assevera a inexistência de perícia no local do acidente, a suficiência da sinalização da lombada em questão, a culpa exclusiva da vítima, por estar a mesma trafegando em alta velocidade e sem capacete, a ausência de provas, a inexistência de responsabilidade civil e do dever de indenizar por parte do DER e o excessivo valor arbitrado a título de dano moral. Ao final, requer a improcedência dos pedidos formulados pelos autores ou, sucessivamente, a extinção dos valores pleiteados ou sua diminuição, além da condenação dos apelados em custas e honorários advocatícios.

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Nos presentes autos, há comprovação da conduta estatal, do dano e do nexo causal. A conduta estatal consistiu na omissão em relação à sinalização e na manutenção de uma lombada fora dos padrões. O dano restou evidenciado com a morte do Sr. José Moreira de Queiroz (certidão de óbito à pág. 29 e auto de exame cadavérico à pág. 30).

Resta então a análise do nexo causal entre o lamentável acontecimento e o comportamento da Administração.

Segundo o eminente jurista Sérgio Cavalieri Filho1, "o conceito de nexo causal não é exclusivamente jurídico; decorre primeiramente das leis naturais. É o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. A relação causal estabelece o vínculo entre um determinado comportamento e um evento, permitindo concluir, com base nas leis naturais, se a ação ou omissão do agente foi ou não a causa do dano; determina se o resultado surge como consequência natural da voluntária conduta do agente".

O art. 94 do Código de Trânsito Brasileiro assim dispõe:

Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à segurança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e imediatamente sinalizado.Parágrafo único. É proibida a utilização das ondulações transversais e de sonorizadores como redutores de velocidade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou entidade competente, nos padrões e critérios estabelecidos pelo CONTRAN.

Por seu turno, a resolução nº 39/98 do CONTRAN assim estabelece:

Art. 1º A implantação de ondulações transversais e sonorizadores nas vias públicas dependerá de autorização expressa da autoridade de

1 Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010, pág. 47.

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trânsito com circunscrição sobre a via, podendo ser colocadas após estudo de outras alternativas de engenharia de tráfego, quando estas possibilidades se mostrarem ineficazes para a redução de velocidade e acidentes.

Art. 2º As ondulações transversais devem ser utilizadas em locais onde se pretenda reduzir a velocidade do veículo, de forma imperativa, principalmente naqueles onde há grande movimentação de pedestres.

Conforme asseverou o magistrado "a quo" na sentença guerreada (pág. 341):

"Para o Conselho Nacional de Trânsito esse tipo de REDUTOR DE VELOCIDADE tem caráter RESIDUAL, ou seja, só deve ser implantado após o resultado ineficaz de outras alternativas testadas anteriormente pela engenharia de trânsito. Segundo duas das testemunhas ouvidas em audiência (Gleudivam em 6m50s, Luciano em 12m54s, fls. 277), a lombada adveio com a construção da CE 138, ou seja, sem que tenha sido realizado testes com outros redutores de velocidade, e por lá ficou até a decisão liminar nesse processo, que determinou a sua retirada.(...)Tal redutor de velocidade deve ser utilizado onde há grande circulação de pedestres, porém, a lombada em discussão foi instalada em zona rural, segundo afirmaram três testemunhas ouvidas (fls. 277). A justificativa do DERT, ora requerido, é que no local existia uma escola, no entanto, conforme a declaração de fls. 33 e o depoimento das testemunhas (Gleudivam aos 13m20s, Luciano aos 8m06s e Ronaldo aos 12m05s), a mesma foi desativada muitos anos antes do acidente, no entanto, a lombada permaneceu no local, mesmo de encontro a regra do art. 2º, da resolução nº 39/98 do CONTRAN, deixando clara a omissão do Estado

em solucionar o problema".

Assim, infere-se que foi sobejamente constatado, através das fotografias acostadas aos autos (págs. 20/25) e da prova testemunhal uníssona, que a morte decorreu em razão da existência da aludida lombada, considerada fora dos padrões e desnecessária (ante a desativação

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da escola que funcionava nas proximidades e a inexistência de trânsito de pedestres), com sinalização precária e em desconformidade com os dispositivos legais.

No presente recurso, pretende o Departamento Estadual de Rodovias ver rompido o nexo causal, afirmando que o evento teria ocorrido por culpa exclusiva da vítima, porquanto estaria trafegando em alta velocidade e sem capacete. Ocorre que tais argumentos não passam de ilações, que sequer restaram comprovadas.

Assevera o recorrente que não houve perícia no local do acidente. Ora, a ausência de exame pericial não pode ser imputado aos recorridos. Com efeito, no Relatório do Inquérito Policial instaurado para apurar o acidente em questão constata-se o seguinte (pág. 334):

"Não foi possível a realização de perícia no local em razão de não existir

perito na circunscrição da Delegacia Regional de Jaguaribe-Ce."

Mister que se analise o tipo de responsabilidade do Estado, se subjetiva ou objetiva.

O art. 37, § 6º da CF/88 assim pontifica:

"Art. 37 - (...)

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

Com fundamento no aludido dispositivo constitucional, entendo que a regra da responsabilidade do Estado em nosso País é a responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco administrativo. Na regra da responsabilidade objetiva, é necessário que se verifique conduta,

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dano e nexo causal, sendo dispensável a análise da culpa e do dolo.

Em que pese a existência de posicionamento contrário, no sentido de que atos omissivos ensejam a responsabilidade subjetiva do Estado, com base na teoria da culpa do serviço, entendo que, no presente feito, não se vislumbra um ato omissivo genérico, mas sim, um ato omissivo específico, qual seja, a não retirada de uma lombada desnecessária, ante a desativação da escola e ausência de pedestre circulando no local, e perigosa, devido a outras irregularidades e falta de sinalização adequada.

Assim, tratando-se de omissão específica, o caso é de responsabilidade objetiva do Estado, fundamentada no art. 37, § 6º da CF/88. Nesse sentido, mister trazer à baila o seguinte entendimento doutrinário:

"Por último, é importante assinalar que nas hipóteses de pessoas ou coisas sob custódia do Estado, haverá responsabilidade civil objetiva deste, mesmo que o dano não decorra de uma atuação comissiva direta de um de seus agentes. Quando o Estado está na posição de garante, quando tem o dever legal de assegurar a integridade de pessoas ou coisas sob sua custódia, guarda ou proteção direta, responderá com base no art. 37, § 6º, por danos ocasionados a essas pessoas ou coisas, mesmo que não diretamente causados por atuação de seus agentes"2.

No mesmo sentido, leciona o festejado jurista Sérgio Cavalieri Filho3:

"Em nosso entender, o art. 37, § 6º, da Constituição, não se refere apenas à atividade comissiva do Estado; pelo contrário, a ação a

2 Alexandrino, Marcelo. Paulo, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 20. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012, pág. 782.3 Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010, págs. 251-252.

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que alude engloba tanto a conduta comissiva como omissiva.(...)No ponto em exame, a questão nodal é distinguir omissão genérica do Estado (...) e omissão específica. Observa o talentoso jurista Guilherme Couto de Castro, em excelente monografia com que brindou o nosso mundo jurídico, 'não ser correto dizer, sempre, que toda hipótese de dano proveniente de omissão estatal será encarada, inevitavelmente, pelo ângulo subjetivo. Assim o será quando se tratar de omissão genérica. Não quando houver omissão específica, pois aí há dever individualizado de agir (...). Mas, afinal de contas, qual a distinção entre omissão genérica e omissão específica? Haverá omissão específica quando o Estado, por omissão sua, cria a situação propícia para a ocorrência do evento em situação em que tinha o dever de agir para impedi-lo. (...)".

O MM. Juiz "a quo", na sentença em questão, afirmou o seguinte (pág. 346):

"Conforme a jurisprudência atual, sendo este também o entendimento desse Magistrado, a responsabilidade do estado é objetiva (independe de prova de culpa ou dolo), quando ocorre uma omissão específica, ou seja, quando o Estado deveria fazer algo, e não o faz a tempo, gerando um resultado danoso a terceiro.No caso em questão, acorreu uma omissão específica, pois, a lombada a muito deveria ter sido retirada, tendo em vista o histórico de acidentes e a desnecessidade de tal redutor de velocidade naquele ponto da rodovia, conforme comprovado acima. Configurado pois, está o dever de indenizar do Estado no caso em comento". (sic).

No mesmo sentido, o recente posicionamento da 2ª Turma do Colendo Supremo Tribunal Federal:

Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Decisão monocrática. Competência do relator. 3. Ofensa ao art. 544, § 4º, II, "b",

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do CPC e ao princípio da colegialidade. Inocorrência. 4. Responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal abrange também os atos omissivos do poder público. Precedentes. 5. Impossibilidade de reexame do conjunto fático-probatório. Enunciado 279 da Súmula do STF. 6. Ausência de argumentos suficientes a infirmar a decisão recorrida. 7. Agravo regimental a que se nega provimento. (destacou-se) (STF, ARE 842088 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 03/03/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-050 DIVULG 13-03-2015 PUBLIC 16-03-2015)

EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Estabelecimento público de ensino. Acidente envolvendo alunos. Omissão do Poder Público. Responsabilidade objetiva. Elementos da responsabilidade civil estatal demonstrados na origem. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade. Precedentes. 1. A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de que as pessoas jurídicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiros, com fundamento no art. 37, •˜ 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos quanto por omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão do Poder Público. 2. O Tribunal de origem concluiu, com base nos fatos e nas provas dos autos, que restaram devidamente demonstrados os pressupostos necessários à configuração da responsabilidade extracontratual do Estado. 3. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de fatos e provas dos autos. Incidência da Súmula nº 279/STF. 4. Agravo regimental não provido. (destacou-se) (STF, ARE 754778 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 26/11/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-251 DIVULG 18-12-2013 PUBLIC 19-12-2013).

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO CONSTANTE DOS AUTOS. SÚMULA 279 DO STF. INCIDÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. I – A apreciação do recurso extraordinário, no que concerne à alegada ofensa ao art. 37, § 6º, da Constituição, encontra óbice na Súmula 279 do STF. Precedentes. II – A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º,

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da Constituição Federal abrange também os atos omissivos do Poder Público. Precedentes. III – Agravo regimental improvido.(destacou-se) (STJ, AI 856249 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 16/10/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-220 DIVULG 07-11-2012 PUBLIC 08-11-2012).

No mesmo sentido, a seguinte decisão da 3ª Câmara Cível deste E. Tribunal:

"CONSTITUCIONAL E CIVIL. RECURSOS OFICIAL E APELATÓRIO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS. REPARO EM VIA PÚBLICA. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO EM RODOVIA ESTADUAL. SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO PÚBLICA INSUFICIENTES. CONDUTA OMISSIVA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA NÃO CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE CIVIL CARACTERIZADA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INTELIGÊNCIA DO ART. 37, § 6º, DA CF. AUSÊNCIA DE RECURSO ESPECÍFICO DO VALOR DA CONDENAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LIMITAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE EM REEXAME NECESSÁRIO.I- A realização de obra em via púbica sem a devida sinalização, acarretando acidente de transeuntes em montes de asfalto dela decorrente, causando morte, enquadra-se na modalidade de responsabilidade objetiva, resultante do risco administrativo, previsto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal.II- Estabelecida a relação de causa e efeito entre o acidente e a omissão da Autarquia Estadual ré, caracterizada está a responsabilidade objetiva desta, pelos danos causados, em face da ausência de sinalização necessária e com iluminação pública insuficiente.III- O DERT responde com base no nexo de causalidade pelos danos que produzir, cabendo-lhe a comprovação da exclusão de sua responsabilidade.IV- Danos materiais fixados conforme pedido formulado na petição inicial.V- Deve ser considerado, para o arbitramento dos honorários advocatícios, o valor correspondente às parcelas vencidas somadas ao equivalente a 12 (doze) prestações vincendas, nas ações em que se pleiteia pagamento de pensão mensal pelo falecimento do filho.VI - Recursos Oficial e Apelatório CONHECIDOS, para NEGAR

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PROVIMENTO ao apelo voluntário e DAR PARCIAL PROVIMENTO à remessa necessária, apenas para delimitar a verba honorária ao valor correspondente às parcelas vencidas somadas ao equivalente a (12) doze

prestações vincendas, mantendo a sentença nos demais termos." (TJCE, 3ª Câmara Cível. Apelação e Remessa Necessária 0000588-06.2002.8.06.0095. Relator: Des. Francisco Gladyson Pontes. Data do julgamento: 30 de junho de 2014).

Ainda que se entenda tratar-se de responsabilidade subjetiva do Estado, verifico que a autarquia agiu com culpa (a chamada "falta do serviço"), por manter a lombada em questão desnecessariamente, ante a desativação da escola, ocorrida anos antes do acidente, com precária sinalização (encoberta pela vegetação, conforme se vê à pág. 23) e fora dos padrões. Ademais, não foi comprovada culpa exclusiva ou concorrente da vítima ou de terceiros.

Mister trazer à baila as seguintes decisões jurisprudenciais:

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DNIT. ACIDENTE DE TRÂNSITO CAUSADO PELA INVASÃO DE ANIMAL, EM RODOVIA FEDERAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. ACÓRDÃO DE ORIGEM QUE, À LUZ DA PROVA DOS AUTOS, CONCLUIU PELA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENTE PÚBLICO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTS. 20, §§ 3º E 4º, DO CPC E 1º-F DA LEI 9.494/90. AGRAVANTE QUE DEIXOU DE DESENVOLVER ARGUMENTOS PARA DEMONSTRAR DE QUE MODO O ACÓRDÃO RECORRIDO VIOLOU TAIS DISPOSITIVOS. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.I. O Tribunal a quo, soberano na análise do material cognitivo produzido nos autos, concluiu pela responsabilidade civil do ente público, porque, "sendo o DNIT o responsável pela conservação das rodovias federais, responde ele por eventuais danos ocorridos em veículos e pessoas, decorrentes de acidente automobilístico, quando não comprovada a culpa exclusiva ou concorrente da vítima ou de terceiros". Concluiu a instância

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de origem, ainda, que "resta comprovado o nexo de causalidade entre a conduta imputada à Administração e o dano verificado, de modo que a vigilância e a adoção de medidas preventivas, em relação ao trânsito de animais na rodovia, são de responsabilidade da Administração".II. Nesse contexto, a inversão do julgado exigiria, inequivocamente, incursão na seara fático-probatória dos autos, o que é inviável, em sede de Recurso Especial, por força do enunciado 7 da Súmula do STJ. Precedentes.III. Aplica-se a Súmula 284 do STF quanto à alegação de violação aos arts. 20, §§ 3º e 4º, do CPC e 1º-F da Lei 9.494/97, tendo em vista que não desenvolveu, a parte agravante, em suas razões de Recurso Especial, argumentos para demonstrar de que modo tais dispositivos foram violados. Precedente do STJ (AgRg no AREsp 457.771/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, 2ª Turma, DJe de 07/04/2014).

IV. Agravo Regimental desprovido." (STJ, 2ª Turma. AgRg no AREsp 164733 / RS - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2012/0072401-6 Ministra ASSUSETE MAGALHÃES. Data do julgamento 03/03/2015. Publicação DJe 10/03/2015).

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. ACIDENTE TRÂNSITO. ANIMAL EM RODOVIA FEDERAL. LEGITIMIDADE PASSIVA DO DNIT. DANOS MORAIS E LUCROS CESSANTES. CONFIGURAÇÃO. Valor razoável. Pretensão de reexame de prova. SÚMULA 7/STJ.1. Insurge-se o agravante contra reconhecimento pela instâncias ordinárias de responsabilização civil do DNIT, por acidente de trânsito decorrente de atropelamento de animal bovino, que circulava na pista de rodovia federal, a ensejar a obrigação de responder por danos morais.2. A Corte de origem, com amparo nos elementos de convicção dos autos, assentou que ficou configurada sua responsabilidade a ensejar reparação pelos danos pleiteados, ao tempo que procedeu à análise dos critérios da razoabilidade e proporcionalidade do valor fixado, quando assentou que a quantia está compatível com a extensão do dano causado. 3. Insuscetível de revisão, nesta via recursal, o referido entendimento, por demandar reapreciação de matéria fática. Incidência da Súmula 7 deste Tribunal. Agravo regimental improvido. (STJ, 2ª Turma. 1160AgRg no AREsp 591470 / SP - AGRAVO REGIMENTAL NO

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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2014/0251354-6. Relator: Min. Humberto Martins. Data do julgamento: 25/11/2014. Data da publicação: DJe 05/12/2014).

Assevera o apelante que o ônus da prova incumbiria aos autores, e que os mesmos não teriam se desincumbido do mesmo. No entanto, tratando-se de responsabilidade objetiva, somente é necessária prova da conduta, do dano e do nexo causal, tendo tais elementos sido comprovados nos autos. Caberia à autarquia apelante demonstrar a culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. No entanto, não logrou êxito o ente estatal, tendo-se limitado a tecer ilações, desacompanhadas de provas.

Quanto ao valor de R$ 940,00 (novecentos e quarenta reais) arbitrado pelo Juízo •"a quo" a título de indenização por danos materiais, impugnado pelo apelante em razão da suposta falta de provas, verifico que tal valor adveio do somatório das despesas comprovadas às págs. 32 (recibo referente a peças de moto) e 33 (nota fiscal da funerária). Por conseguinte, deve ser mantida tal condenação nos termos constantes da decisão.

Em relação à condenação do apelante ao pagamento de pensão, no patamar de 2/3 dos rendimentos da vítima até que os autores completem 25 anos de idade, é razoável e condizente com os valores estabelecidos pelo Superior Tribunal de Justiça. No entanto, a fixação da pensão em 1/3 após os filhos completarem 25 anos, até a data em que o falecido completaria 65 anos, não tem amparo na jurisprudência. Com efeito, presume-se que os filhos, após 25 anos, alcançarão a independência financeira. Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. MORTE DA VÍTIMA. ARTS. 463, II e 535, II, do CPC. VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DEVER DE INDENIZAR. REEXAME

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DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO VALOR. PENSÃO MENSAL DEVIDA AO FILHO. TERMO FINAL. 25 ANOS DE IDADE. REVISÃO DO VALOR. SUCUMBÊNCIA. 1. Se as questões trazidas à discussão foram dirimidas, pelo Tribunal de origem, de forma suficientemente ampla, fundamentadas e sem omissões, contradições ou obscuridades deve ser afastada a alegada violação aos arts. 463, II e 535, II, do CPC.2. A tese defendida no recurso especial demanda o reexame do conjunto fático e probatório dos autos, vedado pelo enunciado 7 da Súmula do STJ.3. Esta Corte tem firmado o entendimento de que "presumindo-se que a vítima teria de despender parte de sua remuneração com gastos próprios, a pensão deve ser fixada em 2/3 da renda que auferia" (REsp 555.302/PR, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, DJ de 25.2.2004).4. Pensionamento devido até a idade em que o filho da vítima completa 25 anos, conforme precedentes do STJ.5. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, excepcionalmente, em recurso especial, reexaminar o valor fixado a título de indenização por danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Hipótese, todavia, em que o valor foi estabelecido na instância ordinária, atendendo às circunstâncias de fato da causa, de forma condizente com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.6. A agravante sucumbiu na maior parte dos pedidos, devendo suportar, consequentemente, as custas processuais e a verba honorária em sua totalidade.

7. Agravo regimental a que se nega provimento." (destacou-se) (STJ, 4ª Turma. AgRg no AREsp 151072/SP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2012/0040956-7. Relatora: Min. Maria Isabel Gallotti. Julg.: 05/02/2015. publicação: DJe 13/02/2015).

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. PENSÃO MENSAL. RENDA NÃO COMPROVADA. SALÁRIO MÍNIMO. PRECEDENTES. DANOS MORAIS. VALOR. RAZOABILIDADE.1. A reforma do julgado demandaria reexame do contexto fático-probatório, procedimento vedado na estreita via do recurso especial, a teor da Súmula nº 7/STJ.

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2. A jurisprudência desta Corte encontra-se consolidada no mesmo rumo do entendimento adotado pelo acórdão recorrido, no sentido de que é devida pensão mensal ao filho menor, pela morte de genitor, no valor de 2/3 (dois terços) do salário percebido pelos genitores ou do salário mínimo caso não comprovada a renda.3. O Superior Tribunal de Justiça, afastando a incidência da Súmula nº 7/STJ, tem reexaminado o montante fixado pelas instâncias ordinárias a título de danos morais apenas quando irrisório ou abusivo, circunstâncias inexistentes no presente caso.4. Agravo regimental não provido. (STJ, 3ª Turma. AgRg no AREsp 481558/RJ AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2014/0044775-7. Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva. Data do julgamento: 15/05/2014. Data da publicação: 30/05/2014).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. PROCESSUAL CIVIL. LIMITE DE IDADE. PENSÃO DANOS MATERIAIS. (RECURSO DOS AUTORES. DANOS MATERIAIS CUMULAÇÃO COM PENSÃO PREVIDENCIÁRIA. 2/3 RENDIMENTOS DA VÍTIMA. FILHOS MENORES ATÉ 25 ANOS DE IDADE. PRECEDENTES DESTA CORTE. RECURSO DA UNIÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ARTIGO 37, § 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NEXO DE CAUSALIDADE. DANOS MORAIS. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACERCA DA MATÉRIA. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC.)1. O inconformismo, que tem como real escopo a pretensão de reformar o decisum, não há como prosperar, porquanto inocorrentes as hipóteses de omissão ou contradição, sendo inviável a revisão em sede de embargos de declaração, em face dos estreitos limites do art. 535 do CPC.2. Deveras, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados sido suficientes para embasar a decisão.(...)(STJ, 1ª Turma. EDcl no REsp 922951/RS - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 2007/0023974-0. Rel. Min. Luiz Fux. Data do julgamento: 18/05/2010. Data da publicação: 09/06/2010).

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Destarte, entendo que deve ser mantida a condenação do apelado a pagar, a título de pensão, 2/3 dos rendimentos da vítima até que os requerentes completem 25 anos de idade, tomando como data base para o final da obrigação o mês em que o filho caçula completaria a idade limite, qual seja, em fevereiro de 2012.

Pelo exposto, hei por bem suprimir a condenação do apelante ao pagamento da verba de 1/3 dos rendimentos auferidos pela vítima após os requerentes completarem 25 anos de idade, em razão da inexistência de amparo jurisprudencial.

Por outro lado, observo que até o momento não foi apresentado, nos autos, o total de rendimento que auferia a vítima, o que, considerando a orientação jurisprudencial acima reproduzida, permite a fixação de um salário mínimo mensal para o cálculo de 2/3 (dois terços) a serem pagos aos beneficiários.

Para fins de liquidação deste valor, o cálculo deve incidir sobre o salário mínimo vigente à época do falecimento (agosto/2004), equivalente a R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), com a devida atualização monetária a partir de então.

Alega ainda o recorrente que o quantum arbitrado pelo Juízo a quo a título de danos morais foi excessivo. O valor arbitrado, qual seja, 50 salários mínimos, não é excessivo, em razão da gravidade do dano causado, bem como por serem três os demandantes.

Ressalte-se, por oportuno, que não merece reparo a fixação da verba indenizatória em salários mínimos, haja vista que a vedação constitucional se destina a evitar a utilização do salário mínimo como indexador, sendo possível sua utilização como parâmetro de fixação.

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Nesse sentido:

"RECURSO ESPECIAL. CURSO SUPERIOR DE FARMÁCIA. FALTA DE RECONHECIMENTO PELO MEC. INDEFERIMENTO DA INSCRIÇÃO PELO CONSELHO PROFISSIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO. EXCLUDENTE DA CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO. DESCABIMENTO NA ESPÉCIE. LUCROS CESSANTES. EFETIVA DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. AUSÊNCIA. AFASTAMENTO. DANO MORAL. FIXAÇÃO EM SALÁRIOS MÍNIMOS. POSSIBILIDADE. MONTANTE. REDUÇÃO. (...)6. Inexiste veto à fixação de indenização com base no salário mínimo. O que se proíbe é sua vinculação como critério de correção

monetária. Precedentes. 7. (...)" (destacou-se) (STJ. 3ª Turma. REsp 1232773 / SP RECURSO ESPECIAL 2011/0009182-3. Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA. Data do julgamento: 18/03/2014. Data da publicação: DJe 03/04/2014).

Ademais, merece destaque o posicionamento do magistrado ao fixar o valor do dano moral com base no salário mínimo, ao tempo em que arbitra o valor correspondente em pecúnia. No caso, entendo que o estabelecimento da quantia para compensar o prejuízo moral foi seguido da imediata liquidação de seu valor, prevalecendo, então, a fixação de R$ 36.200,00 (trinta e seis mil e duzentos reais) a título de dano moral, o qual deve se sujeitar à devida atualização.

Atento ainda à formalidade processual, observo que, no presente feito, não foi atribuído valor à causa de forma específica. Destaco que o apelante menciona a ausência de valor da causa à pág. 376.

A respeito do valor da causa, os arts. 258, 259 e 282, inciso V do CPC estabelecem o seguinte:

“Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.

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Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial (...)

Art. 282. A petição inicial indicará:(...)

V - o valor da causa;”

Sobre o tema, lecionam os doutrinadores Arruda Alvim, Araken de Assis e Eduardo Arruda Alvim (Comentários ao Código de Processo Civil, 2ª ed., RT, São Paulo, 2012, p. 559/561):

“A toda causa é atribuído um valor certo. A toda causa, independentemente da mesma ter ou não conteúdo econômico imediatamente dimensionável, deve ser atribuído um valor (art. 258), sendo que para determinadas hipóteses (art. 259, I a VII, e art. 260), a lei predetermina o valor a ser dado à causa. Sendo assim, o valor da causa é requisito essencial a ser mencionado na petição inicial (art. 282, V). Não sendo atribuído valor à causa, a petição inicial deverá ser emendada (art 284), sob pena de ser indeferida. (...) O valor da causa é importante, muitas vezes, para fixar o tipo de procedimento. (...) O art. 259, caput, c/c o art. 282, V, são claros no sentido de que o valor dado à causa deverá constar da petição inicial.” (destacou-se)

O doutrinador Fredie Didier Jr. tem o mesmo entendimento na obra Curso de Direito Processual Civil, 16ª edição, Editora Jus Podivm, Salvador, 2014, p. 451:

“Em toda petição inicial deve constar o valor da causa, cuja fixação seguirá os ditames dos arts. 258-260 do CPC. Não há causa sem valor, assim como não há causa de valor inestimável ou mínimo, expressões tão frequentes quanto equivocadas encontradas

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na praxe forense. O valor da causa deve ser certo e fixado em moeda corrente nacional.” (destacou-se)

Dessa forma, no caso em exame, embora o requisito esteja deslocado do local comum na estrutura da petição inicial, fica evidente o seu atendimento, posto que considerada a existência de conteúdo econômico de forma implícita, porquanto o pedido inaugural registra a pretensão de condenação no valor de R$ 260.000,00 (duzentos e sessenta mil reais) a título de dano moral – fl. 17.

Além disso, a condenação do valor em forma de pensionamento e dos gastos decorrentes do sinistro, como reparação material, insere a pretensão econômica que se quer dá à causa.

Assim, considerando a existência de elementos para se apurar o conteúdo econômico da demanda, entendo viável sua fixação, ex officio, pelo magistrado, mesmo porque cabe ao julgador adequar o valor atribuído à demanda se observar que foi indicado sem observância dos requisitos previstos em lei. Neste sentido, a jurisprudência:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL. VALOR DA CAUSA. ALTERAÇÃO EX OFFICIO. É POSSÍVEL A ALTERAÇÃO DO VALOR DA CAUSA DE OFÍCIO PELO JUÍZO ANTE A SUA NATUREZA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. VALOR QUE DEVE CORRESPONDER AO BENEFÍCIO ECONÔMICO BUSCADO. JURISPRUDÊNCIA DESSA CORTE E DOS TRIBUNAIS SUPERIORES.ANTE A MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA, É NEGADO

SEGUIMENTO DE PLANO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO (ART. 557,

CAPUT, DO CPC)." (TJ-RS - AG: 70034321182 RS, Relator: Rubem Duarte, Data de Julgamento: 18/01/2010, Vigésima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 28/01/2010).

"PROCESSUAL CIVIL. VALOR DA CAUSA. CONTROLE DE OFÍCIO

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PELO MAGISTRADO. POSSIBILIDADE. PROVEITO ECONÔMICO PRETENDIDO. VALOR CERTO E DETERMINADO. VERIFICAÇÃO.

PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que ao magistrado é possível determinar, de ofício, a correção do valor atribuído à causa, adequando-o ao proveito econômico pretendido. 2. No presente caso, o Tribunal a quo consignou que a demanda principal tem conteúdo econômico certo e determinado, não podendo a parte atribuir à causa valor simbólico, com evidente finalidade de reduzir as custas da ação. É inviável em recurso especial reexaminar as circunstâncias fáticas que levaram o Tribunal a quo a reconhecer a hipótese de excepcionalidade necessária para a alteração de ofício do valor da causa. Aplicação da Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido." (AgRg no REsp 1.339.888/RJ, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, 2ª Turma, julgado em 19/09/2013, DJe 27/09/2013).

Assim, considerando os elementos contidos nos autos, especificamente o dano moral em R$ 36.200,00 (trinta e seis mil e duzentos reais), as despesas de peças e do falecimento em R$ 940,00 (novecentos e quarenta reais) e do pensionamento em R$ 15.600,00 (quinze mil e seiscentos reais), - conforme parâmetros especificados às fls. 18 (2/3 de R$ 260,00 vezes 90 meses), hei por bem estabelecer o valor da presente causa em R$ 52.740,00 (cinquenta e dois mil setecentos e quarenta reais).

Nesta mesma senda, destaco que a sentença apelada, embora tenha determinado o pagamento das custas pela parte vencida, não especificou o valor dos honorários advocatícios, tidos como ônus consectário da sucumbência.

Portanto, para suprir a omissão, fixo os honorários advocatícios em 10% (dez por cento) da condenação, correspondente ao

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valor atribuído à causa acima estabelecido, considerando os requisitos contidos no § 3º do art. 20 do CPC.

Assim, por todo o exposto, de acordo com a fundamentação legal, doutrina e jurisprudência colacionadas, conheço da apelação e do reexame necessário, para DAR-LHES PARCIAL PROVIMENTO, reformando a sentença quanto ao pensionamento devido a título de dano material, suprimindo a condenação do apelante relativa ao pagamento da verba de 1/3 do salário mínimo, após os requerentes completarem 25 anos de idade, em razão da inexistência de amparo jurisprudencial, permanecendo a indenização de 2/3 do salário mínimo até a idade de 25 anos.

Ademais, reconhecendo a responsabilidade objetiva do apelado, mantenho os valores devidos a título de dano moral e os relativos às demais despesas comprovadas nos autos.

Ante os precedentes colacionados, estabeleço o valor da causa em R$ 52.740,00 (cinquenta e dois mil setecentos e quarenta reais) e fixo a verba honorária em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, considerando os requisitos contidos no § 3º do art. 20 do CPC.

É como voto.

Fortaleza, 01 de setembro de 2015.

DES. JOSÉ TARCÍLIO SOUZA DA SILVARelator