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O sonho e o desafio do rádio Projeto resgata história da cidade O projeto Ilha da Cultura desenvolve o resgate histórico da antiga cidade de Igaratá, destruída em 1969 para dar lugar a represa de controle da vazão do rio Paraíba do Sul. Página 2 Comunidade e o rádio Rádio Comunitária é inclusão. É um veículo que permite a qualquer um - independente de cor, raça, religião, posição política, status so- cial - ser “dono” da emissora, fazer programas, atuar como repórter ou locutor, garantindo assim o direito e a liberdade de fala da comunidade. É um espaço onde todos po- dem exercer sua cidadania, por meio do exercício da democracia e da experiência do convívio com as diferenças. Uma boa rádio comunitária tem caráter público, gestão compartilhada, todos têm direitos. Página 4 Projeto garante espaço para 7ª Arte Além das oficinas de audiovisual, projeto exibe filmes não con- vencionais quinzenalmente e estimula a reflexão e o contato com a linguagem artística. Página 4 A história da Associação Cul- tural, Esportiva e Turística de Igaratá (Aceti) parece repetir a história das comunicações no mundo. Se no passado remoto a comunicação era feita por meio de sinais de fumaça ou o soar dos tambores, na década de 60, parecia que o mundo ficaria me- nor com uma emissora de rádio. Encurtar distâncias pelas on- das do rádio era um sonho do fundador da associação, Osmar Ramos Prianti. Desde a antiga cidade de Igaratá, Osmar, que não se descolava do pequeno rádio de sua casa, imaginava o que era poder levar a todos os lares iga- rataenses música, entretenimento e notícias. O que não foi possível realizar naquele tempo acabou tornando-se realidade em 2004, quando a associação foi fundada e obteve a licença para operar o canal 240, na frequência 91.7. O que no sonho parecia fácil re- velou-se uma tarefa árdua, vencida com muita determinação, sacrifício e, especialmente, investimentos pessoais. Conheça a história da Aceti, que, assim como os meios de comunicação, precisou contornar impasses burocráticos e falta de mão de obra para fundar a Rádio Turística de Igaratá. Página 3 Chico Fotógrafo Jerônimo Oliveira

Onda Cultural

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Jornal Onda Cultural de Igaratá

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Page 1: Onda Cultural

O sonho e o desafio do rádio

Projeto resgata história da cidade

O projeto Ilha da Cultura desenvolve o resgate histórico da antiga cidade de Igaratá, destruída em 1969 para dar lugar a represa de controle da vazão do rio Paraíba do Sul. Página 2

Comunidadee o rádio

Rádio Comunitária é inclusão. É um veículo que permite a qualquer um - independente de cor, raça, religião, posição política, status so-cial - ser “dono” da emissora, fazer programas, atuar como repórter ou locutor, garantindo assim o direito e a liberdade de fala da comunidade.

É um espaço onde todos po-dem exercer sua cidadania, por meio do exercício da democracia e da experiência do convívio com as diferenças. Uma boa rádio comunitária tem caráter público, gestão compartilhada, todos têm direitos. Página 4

Projeto garante espaço para 7ª Arte

Além das oficinas de audiovisual, projeto exibe filmes não con-vencionais quinzenalmente e estimula a reflexão e o contato com a linguagem artística. Página 4

A história da Associação Cul-tural, Esportiva e Turística de Igaratá (Aceti) parece repetir a história das comunicações no mundo. Se no passado remoto a comunicação era feita por meio de sinais de fumaça ou o soar dos tambores, na década de 60, parecia que o mundo ficaria me-nor com uma emissora de rádio.

Encurtar distâncias pelas on-das do rádio era um sonho do fundador da associação, Osmar Ramos Prianti. Desde a antiga cidade de Igaratá, Osmar, que não se descolava do pequeno rádio de sua casa, imaginava o que era poder levar a todos os lares iga-rataenses música, entretenimento e notícias. O que não foi possível realizar naquele tempo acabou tornando-se realidade em 2004, quando a associação foi fundada e obteve a licença para operar o canal 240, na frequência 91.7.

O que no sonho parecia fácil re-velou-se uma tarefa árdua, vencida com muita determinação, sacrifício e, especialmente, investimentos pessoais. Conheça a história da Aceti, que, assim como os meios de comunicação, precisou contornar impasses burocráticos e falta de mão de obra para fundar a Rádio Turística de Igaratá. Página 3

Chico Fotógrafo Jerônimo Oliveira

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Ano I - nº01

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Expediente

Editorial

Realização

Realização

Pontão de CulturaJornal do Ponto

Coordenador Cultural: Muri-lo Oliveira

Articuladora: Eliana SilveiraEstagiários: Karina Koch, Edu-

ardo Kaze, Bruno Praun Coelho e Nilton Faria de Carvalho.

Oficina de Jornalismo: Marina Schmidt - MTB: 66 882

Oficina de Design Gráfico:

Este periódico é produto das oficinas de jornal promovidas pelo Pontãode Cultura Jornal do Ponto, projeto da Associação dos Jornais do Interior

do Estado de São Paulo (ADJORI-SP) em convênio com o Ministérioda Cultura sob o nº 748226/2010.

Entre a teoria e a prática

Natália BalladasEditoração e Arte Final: Natá-

lia Balladas

Ponto de Cultura: Ilha da Cultura

Participantes: Leonardo S. N. Kimura; Antônio Jerônimo de Oliveira; Clara Edinei Vila Nova; Maíne Ferreira; Mário Sérgio Ro-drigues da Costa; Vanessa Apo-calipse; Yara Fernandes Arantes

História de Igaratá navisão do Ilha da Cultura

O conhecimento gerado na pro-dução de um jornal não se limita aos que o fazem e nem aos que o leem. A vivência cotidiana de uma redação pode revelar o quanto a teoria e a prática se unem pelas diferenças.

A produção de um jornal envolve pensamentos soltos, a busca do olhar do outro, criar, ouvir, informar, propa-gar o conhecimento e se transformar na conversa solitária de muitos que mergulham nas páginas do jornal. Todo o suor é válido quando o trabalho chega às mãos, aos olhos e ao pensa-mento de quem lê.

Aprender a fazer jornal foi a oficina da qual participei no Ponto de Cultura Ilha da Cultura. De repente, passei de formada em comunicação social (publicidade, para ser mais exata) para colaboradora em um semanário, onde se faz de tudo. Essa experiência serviu para mostrar a diferença sutil entre teoria e prática. Na oficina vivencia-mos uma redação diferente da vivida no dia a dia da profissão. A teoria foi exposta de modo prático, mas tão rápido que transformá-la em prática

tornou-se um sacrifício. O que deve-ria ser produzido em algumas horas delongou dias, debates alimentados pelas incertezas das críticas: “afinal o que vão pensar os instrutores, nossos leitores mais críticos?”.

Faltou na oficina o sentido da urgência, da corrida contra o tempo, o combustível mais enlouquecedor das redações. Faltou o sentido da hierarquia da notícia, transformando os fatos a serem relatados em auto--avaliações de um rigor extremado. Talvez tenha faltado a certeza que se deve ter nas redações, a da liberdade de manifestação, o sentido da justiça ao se relatar os fatos. Essa caracte-rística transformou o jornal, um produto quente por excelência, em algo frio, injusto para o esforço de quem se deslocou quilômetros para ministrar uma oficina de jornalismo.

A teoria tem seu mérito, toda profissão precisa dela para ser en-corpada, para ser mais uma forma de levar o conhecimento e aperfeiçoar a prática. Assim como não se separa o coração do corpo, não se separa a te-oria da prática, as duas devem andar juntas para engrandecer a profissão.

O projeto Ilha da Cultura desen-volve o resgate histórico da antiga cidade de Igaratá, destruída em 1969 para dar lugar a represa de controle da vazão do rio Paraíba do Sul. A construção dessa barragem acabou com as constantes enchen-tes que assolavam o médio Paraíba, mas custou a vida da tranquila cidade que, à época, contava com pouco mais de 400 habitantes, a maioria idosos e crianças, já que a força produtiva espantada pela notícia do fim da cidade mudou-se para municípios vizinhos em busca de alternativas.

Os registros existentes cons-tituem lembranças de pessoas que lá viveram e que tiveram que abandonar, numa manhã chuvosa de quinta-feira, suas casas secu-lares para ocuparem barracões improvisados no novo sítio, onde se pretendia construir, no dizer de José Afonso - prefeito da época - “uma Brasília no sertão paulista”.

Lembranças, documentos e fragmentos de história cons-tituem hoje tudo que se sabe daquela época. Muitos que lá viveram, não estão mais entre

nós para contarem como era e o quanto sofreram em ter que deixar a história para trás e re-começar a vida em outro lugar.

Reunir esse patrimônio cultu-ral exclusivo de Igaratá é a sina a que se propôs a Associação Cul-tural e Esportiva de Igaratá por meio do projeto Ilha da Cultura. Inserido no projeto do governo federal “Cultura Viva”, o Ponto de Cultura é a grande novidade em termos de política cultural, a partir de 2004, pois é uma forma de estabelecer uma relação entre poder público e sociedade civil.

O projeto resgata, por meio da oralidade, histórias de pessoas que viveram esse período, tra-zendo à tona suas lembranças e angústias sobre o passado. Nesse caminhar gravamos e registramos depoimentos do ex-prefeito José Afonso Barbosa, Zé Mandico, Dona Geralda, Dona Isabel, “Seu” João Batista, entre outros, e mui-tos ainda serão ouvidos, guardan-do para o futuro, além de suas vozes e imagens, as lembranças, os costumes de uma época que aos poucos vai desaparecendo.

Nessa busca temos conseguido documentos como leis, fotogra-fias, contratos e diversos relatos que remontam o cotidiano de pessoas que tiveram que reco-meçar suas vidas a 5 km da velha cidade. Com esse material, a Ilha da Cultura vai construir o acervo da cidade permitindo aos jovens e ao futuro o conhecimento sobre suas origens. Entre esse material haverá um documentário audio-visual com o foco nas histórias contadas por pessoas que viven-ciaram a mudança.

Além do resgate histórico, o projeto realizado pelo Ilha da Cultura tem cunho social e educativo, pois qualifica uma equipe de jovens que aprendem técnicas de filmagem, foto-grafia, edição, organização de dados, elaboração de roteiros, cronogramas e as formas de abordagem para a realização de entrevistas. Dessa forma, o Pon-to de Cultura está abrindo um horizonte novo para os jovens da região e implantando a cons-ciência de que aprendendo com o passado se constrói o futuro.

Imagem mostra a inundação da cidade

Maíne Ferreira

Chico Fotógrafo

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Neste ano, o terceiro e último do projeto, resolvemos trabalhar com duas coordenadorias e in-vestir boa parte na área ligada ao som. Está sendo realizado, gra-tuitamente, um curso de leitura musical. Toda semana, alunos aprendem a ler partituras e com-preender o universo musical de uma maneira mais ampla.

Os equipamentos pra rádio foram renovados e a proposta é oferecer à comunidade oficinas de locução e produção de vinhetas. A programação musical está sendo

revista e a prioridade é trabalhar com a cultura de acesso, ou seja, trazer a qualidade musical daquilo que não é incentivado nas rádios comerciais, dando a oportunida-de da população conhecer coisas novas e ter mais referência para aprimorar os seus conhecimentos.

Teremos em breve uma rádio web, que possibilitará o acesso de qualquer lugar por meio da internet, facilitando, assim, a realização da transmissão de eventos culturais ao

O que são Pontos de Cultura?

Teremos embreve uma rádio

web, quepossibilitará o

acesso de qualquer lugar por meio

da internet ”

Os Pontos de Cultura se espalham pelo Brasil e começam a seconsolidar como política pública

Yara Arantes

O Ponto de Cultura Ilha da Cul-tura começou a existir em 2010, por meio da Associação Comunitária Esportiva e Turística de Igaratá (Aceti) depois de ser aprovado, por meio de um edital, um convênio com o Ministério da Cultura e a Secretaria do Estado da Cultura.

O recurso destinado ao Ilha da Cultura deve ser empregado da seguinte maneira: uma porcenta-gem destinada à compra de equi-pamentos e outra, destinada aos gastos do projeto. Nenhuma parte do dinheiro pode ser empregada nos custos da associação cultural.

Pioneiro na cidade, o projeto enfrentou dificuldades. No início, ainda não tinha ao certo a direção que iria tomar, nem equipe técnica para direcionar as ações que foram propostas. O primeiro ano serviu como experiência e preparo, com início das oficinas de teatro, fo-tografia, roteiro e pesquisa sobre a cidade velha, que foi inundada pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp) em 1969.

No segundo ano de atuação, em 2011, depois de ter prestado contas do ano anterior, o projeto começou a assumir outro formato. Priorizando a área audiovisual, produção de vídeo, radioamadorismo, pesquisa e pro-dução de documentário audiovisual sobre a cidade submersa, técnicas de Pinhole e exibição de filmes que fogem ao circuito comercial, seguido de discussão com os expectadores.

vivo e de reportagens jornalísticas. A pesquisa sobre Igaratá antes

de ser inundada pela represa do rio Jaguari, que conta com uma equipe de estudantes, responsável por resgatar e registrar histórias de pessoas que viveram na cidade velha e passaram pelo processo de mudança e readaptação à cidade nova, permanece e resultará em um inventário da memória co-letiva. Essa atividade também é aberta ao público que se interesse e queira aprender técnicas para a realização de documentário.

No Ponto também existe o pro-jeto Cinema no Ponto, onde são exibidos, quinzenalmente, filmes nacionais e estrangeiros, seguidos de discussões temáticas. Oficinas de locução e produção de vinhe-tas, edição de vídeos, produção de vídeos em stop motion, corel draw para produção de cartazes e peças gráficas, e fotografia serão oferecidas ao longo do ano.

A participação da população vem crescendo. Mas ainda é nítida a timi-dez com que muitos tratam o novo projeto na cidade. Uns desconfiam e outros, ainda, resistem ao novo e desconhecido, mas aos poucos o pro-jeto tem conseguido se consolidar e dar um novo horizonte às atividades culturais no município.

Para conhecer mais sobre o as oficinas, os horários das atividades e o espaço, entre em contato pelo telefone (11) 4658 – 6189, E-mail: [email protected] ou com-pareça no endereço Rua Maria Helena Marcondes, 175 B, Centro.

Da fumaça ao rádioA história da Associação Cul-

tural, Esportiva e Turística de Igaratá (Aceti) parece repetir a história das comunicações no mundo. Se no passado remoto a comunicação era feita por meio de sinais de fumaça ou o soar dos tambores, na década de 60, parecia que o mundo ficaria me-nor com uma emissora de rádio.

Encurtar distâncias pelas on-das do rádio era um sonho do fundador da associação, Osmar Ramos Prianti. Desde a antiga cidade de Igaratá, Osmar, que não se descolava do pequeno rádio de sua casa, imaginava o que era poder levar a todos os lares iga-rataenses música, entretenimento e notícias. O que não foi possível realizar naquele tempo acabou tornando-se realidade em 2004, quando a associação foi fundada e obteve a licença para operar o canal 240, na frequência 91.7.

O que no sonho parecia fácil revelou-se uma tarefa árdua, ven-cida com muita determinação, sacrifício e, especialmente, inves-timentos pessoais. O custo dos equipamentos somado à constru-ção e a manutenção dos sistemas burocráticos e a carência de mão de obra dedicada e interessada no sistema de radiodifusão foram barreiras quase intransponíveis. Valeu a união da família e o apoio irrestrito de cidadãos que contribuíam, e continuam contri-buindo, com a operação da rádio. No campo de recursos humanos, aos poucos surgiram voluntários que colocaram a Rádio Turística Igaratá no ar.

A pequena emissora virou escola, mas a grande transfor-mação só começou quando o governo federal, em parceria

com o governo do estado, por meio do Ministério da Cultura, lançou o programa Mais Cultura. O projeto apresentado pela Aceti, denominado “Ilha da Cultura”, foi escolhido para receber, em três parcelas anuais de R$ 60 mil, re-curso destinado ao investimento na modernização dos equipa-mentos e no desenvolvimento de atividades culturais.

Foram esses recursos que pos-sibilitaram a aquisição de equi-pamentos mais modernos bem como a realização de oficinas de formação de locutores, operado-res de rádio, produtores e roteiris-tas e, no último ano, cinegrafistas, incluindo jovens ao moderno mercado audiovisual.

Como toda novidade, a Rádio Turística de Igaratá (RTI) tam-bém recebeu críticas e resistên-cias, especialmente nas camadas mais conservadoras da comuni-dade. Mas vem contornando os obstáculos e impondo-se como um local onde os jovens têm acesso a internet, podem desenvolver suas habilidades e tomar conhecimento da histó-ria da cidade.

Seguir com esse esforço, de dar a Igaratá um centro cultural em torno da RTI, deve ser a meta da associação para os próximos anos. Buscar projetos gover-namentais, apoio e patrocínio de empresas locais (ou não), incluir-se nas possibilidades de parcerias facultadas pelos diver-sos mecanismos proporcionados pela legislação, é o caminho para obtenção de recursos, evitando a sangria dos colaboradores e, principalmente, permitindo cada vez mais a profissionalização das pessoas envolvidas nos trabalhos.

Yara ArantesCoordenadora de Projetos e Responsável Técnica no Ilha da Cultura.

Oficina de produção e edição de vídeos é uma das atividades mantida pelo Ponto de Cultura Ilha da Cultura

Admane Samir

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O que é uma Rádio Comunitária?

O dever das Rádios Comunitárias

“O rádio provoca encantamen-tos. Fazer rádio é lançar ao vento o que não se vê e não se toca. Do outro lado, quem escuta, usa a imaginação para tocar o invisível”, afirma Dioclécio Luz, na matéria “Quem tem medo das rádios co-munitárias?” (Caros Amigos, Ed. Especial n°52 em abril de 2011).

Rádio Comunitária é inclusão. É um veículo que permite a qualquer um - independente de cor, raça, religião, posição polí-tica, status social - ser “dono” da emissora, fazer programas, atuar como repórter ou locutor, garan-tindo assim o direito e a liberdade de fala da comunidade.

É um espaço onde todos po-dem exercer sua cidadania, por meio do exercício da democracia e da experiência do convívio com as diferenças. Uma boa rádio comunitária tem caráter público e gestão compartilhada. Ela não pressupõe obtenção de lucro, os recursos das propagandas devem ser destinados ao custeio, manu-tenção de pessoal e/ou reinvesti-mento no próprio veículo ou em ações para a comunidade.

Porém algumas leis acabam por dificultar o desenvolvimento dessas rádios. Os obstáculos são: a potência máxima permitida, que é de 25watts e alcance de 1 Km; a transmissão, que só poder ser feita por um canal de frequência; e proi-bição de publicidade, podendo ser utilizado apenas o “apoio cultural” (e não há lei ou norma que expli-que o que seja esse apoio).

Todas as Rádios Comunitárias

têm que ser geridas por uma As-sociação Cultural Comunitária sem fins lucrativos, e devem ser fiscalizadas por um Conselho Comunitário com no mínimo cinco membros de entidades pertencentes à comunidade.

Existem no Brasil 4,2 mil rá-dios comunitárias com permissão estatal. No máximo 10% são co-munitárias de verdade. Cerca de 90% seriam rádios dominadas por políticos, empresários ou religiões.

A Rádio Comunitária de Iga-ratá foi fundada em 2004 pelos membros da Associação Cultural Esportiva e Turística (ACETI) e obteve, do Ministério das Comu-nicações, a licença para operar Mais conhecida por RTI (Rádio Turística de Igaratá), nossa Rádio já passou por muitas fases e difi-culdades. Hoje a Rádio conta com o apoio de um projeto do governo federal em parceria com o gover-no do estado, denominado “ llha da Cultura”. A partir do segundo

ano do projeto, foi estabelecido no Plano de Trabalho que prio-rizaria a área audiovisual, bene-ficiando, a Rádio Comunitária.

A intenção é fazer com que o povo descubra o rádio, se organize e aprenda a importância do veículo que tem em mãos. Promovendo a reflexão de todos aqueles temas e tabus antes censurados. Afinal, qual outro veículo vai permitir que o motorista de ônibus possa expressar sua opinião? Que o pedreiro se torne repórter? Que a faxineira tenha um programa sobre gênero? Que o bom músico possa mostrar aquela sua composição, censurada na emissora comercial, porque ele não tem recursos para pagar o jabá (remuneração para inserir músicas na programação das emissoras)?

Rádio Comunitária é um veículo de expressão social dos membros de uma comunidade. Comunidade é a população local que partilha interesses comuns.

Um dos trabalhos que tem sido feito com a programação da Rádio Comunitária de Igaratá (RCI/RTI) é a adequação de sua programação à finalidade estatutária e a inclusão social em todos os aspectos.

As rádios comunitárias têm por finalidade garantir o acesso a todas as pessoas, independente de suas convicções, credos, colo-rações políticas, entre outros. Se uma emissora não se comporta dessa maneira, e passa a imitar as rádios comerciais tanto no seu repertório musical e informativo, quanto na sua forma superficial

de abordagem dos assuntos de interesse da comunidade, não poderá ser considerada uma rádio comunitária, pois foge ao objetivo de proporcionar à

comunidade um espaço onde a comunicação, a livre expressão e o acesso à multicultura é sua própria razão de existir.

As rádios comunitárias têm ne-cessariamente que seguir uma linha mais educativa e social, com a in-tenção clara e inequívoca de des-condicionar os sentidos da pessoa, criando conteúdos e debates, visando a universalização dos conceitos e a compreensão do que é regional.

A rádio comunitária determina a vez, é a voz e a ferramenta de sua comunidade. Essa é a filosofia e a prática que adotamos para cumprir a função socioeducativa de promover a inclusão social por meio das ondas do rádio.

Cinema em Igaratá?

É isso mesmo! Há um ano filmes de excelente qualidade vêm sendo exibidos quinzenal-mente no Ponto de Cultura Ilha da Cultura. A ideia é oferecer à população igarataense filmes que dificilmente a população teria acesso, isso porque os filmes geralmente não passam em circuitos convencionais de cinema e porque a cidade se localiza longe da metrópole paulistana, onde há mais opções de bons filmes. As propostas exibidas pelo Ponto de Cultura procuram levar os espectadores à reflexão e ao contato com a linguagem artística.

Um grupo assíduo se formou em torno deste projeto, e é claro que as diferenças podem ser percebidas. “Já não consigo assistir a um filme dublado e passei a perceber detalhes

que antes não percebia”, diz Expedito Jordão. Já Claikson Benedito diz: “para mim já não é mais a mesma coisa assistir a um filme. Sempre que vou à locadora e ao cinema procuro filmes diferentes do que antes eu estava acostumado. Hoje em dia tenho certeza que me tornei uma pessoa mais crítica em re-lação a tudo o que eu consumo, não só cinema. Já não aceito qualquer coisa, nem tudo o que a mídia impõe”.

Entre os filmes que foram exi-bidos estão: “Filhos do Paraíso”, do iraniano Majid Majidi; “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, do francês Jean Pierre Jeunet; “Cinema Paradiso”, do italiano Giuseppe Tornatore e “Tudo Sobre Minha Mãe”, do espanhol Pedro Almodóvar. Maisores informações pelo telefone 11 4658- 6189, ou no email [email protected] ou pelo facebook: Ilha da Cultura - ACETI.

Ponto propaga cinema de qualidade, com oficina e exibição de filmes

Oficina de Rádio Amadorismo realizada em 2011

Jerônimo apresenta a nova programação da Rádio

Antônio Jerônimo de OliveiraCoordenador de assuntos Multiculturais

Saudações Ilha da Cultura!Venho compartilhar alguns

momentos marcantes. Parti-cipo ativamente das oficinas que são realizadas aqui e uma que eu gostei bastante e que decididamente marcou minha vida, foi a oficina de vídeo co-ordenada pela Beatriz Borrego. Eu realmente gostei muito e aprendi muita coisa, me ajudou a melhorar minhas habilidades. Outra oficina na qual sempre

marco presença é o Cinema no Ponto, coordenada pela profes-sora Vanessa Apocalipse.

O Ilha da Cultura realmente é uma segunda casa pra mim e espero ansiosamente por novas oficinas para novas experiências e aprendizados. No mais, é só. Muito obrigado, grande abraço.

Depoimento de ExpeditoAp. Pereira Ramos.

Yara Arantes

Arquivo Pessoal

Yara Arantes

Yara ArantesCoordenadora de Projetos e Responsável Técnica no Ilha da Cultura.

Vanessa Apocalipse de OliveiraCoordenadora do projeto Cinama no Ponto e professora de Sociologia na rede Estadual de Ensino