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O (Novo) Mal Estar da Civilização A brincadeira com o título é mais séria do que se imagina. A cena é cada vez mais comum: celulares cada vez maiores e cheios de aplicativos e seus donos parecem “hipnotizados” na tela enquanto seus fones de ouvido faz com que a pessoa se volte para o seu mundo, quando não é acompanhado por um par de óculos escuro, que completa a personalidade indiferente. As relações sociais estão se resumindo a isso, ou seja, a mesma tecnologia que nos aproxima de uns, acaba nos afastando do que é mais importante. A mãe que deixa de dar carinho, atenção e amor ao filho para ficar falando com as amigas no WhatsApp ou postar fotos no Facebook. O pai que fica o dia interiro no trabalho e o que sabe dar para os filhos é um videogame ou um smartphone de última geração. Geração esta que é extremamente conectada ao que é virtual. Fico pensando que no meu tempo as pessoas se falavam mais, se visitavam, as festinhas de aniversário eram mais animadas, não tinha wi-fi nem banda larga nas casas. Telefone fixo era pra pessoas ricas, assim como máquina de escrever. As cartas eram muito usadas para se falar com quem estava longe. Chego a pensar que se vivia mais a vida nessa época. Papo de velho até pode ser, mas é inegável que as pessoas estão muito mais preocupadas com seu bem estar nas redes sociais do que na vida real. Cartas foram vorazmente trocadas por mensagens em aplicativos de bate-papo. Emails quase não são usados, a não ser para criar uma conta do Facebook. Famílias inteiras vivem o dilema dos almoços do fim de semana, onde ninguém mais conversa como antigamente. O hábito de usar o telefone chega a ser tratado com uma dependência semelhante á de drogas como álcool ou cocaína. A crítica que surge é a de que cada vez mais o brasileiro prefere ficar sem água ou luz por 24 horas, segundo pesquisas recentes. Mas não se deram conta de que se a bateria do telefone acaba não terá energia elétrica para carregar. A partir disto, surge o mesmo desconforto que um dependente químico tem quando não pode usar substâncias psicoativas. Ansiedade, angústia, irritação. É só o começo. Depois, vem uma fissura. O dependente de celular fica com sintomas ainda mais fortes, podendo ter crises de raiva,

O(Novo)Mal Estar Na Civilização

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Comparativo entre a obra de Freud e a dependência tecnológica

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O (Novo) Mal Estar da CivilizaçãoA brincadeira com o título é mais séria do que se imagina.

A cena é cada vez mais comum: celulares cada vez maiores e cheios de aplicativos e seus donos parecem “hipnotizados” na tela enquanto seus fones de ouvido faz com que a pessoa se volte para o seu mundo, quando não é acompanhado por um par de óculos escuro, que completa a personalidade indiferente.

As relações sociais estão se resumindo a isso, ou seja, a mesma tecnologia que nos aproxima de uns, acaba nos afastando do que é mais importante. A mãe que deixa de dar carinho, atenção e amor ao filho para ficar falando com as amigas no WhatsApp ou postar fotos no Facebook. O pai que fica o dia interiro no trabalho e o que sabe dar para os filhos é um videogame ou um smartphone de última geração. Geração esta que é extremamente conectada ao que é virtual.

Fico pensando que no meu tempo as pessoas se falavam mais, se visitavam, as festinhas de aniversário eram mais animadas, não tinha wi-fi nem banda larga nas casas. Telefone fixo era pra pessoas ricas, assim como máquina de escrever. As cartas eram muito usadas para se falar com quem estava longe. Chego a pensar que se vivia mais a vida nessa época.

Papo de velho até pode ser, mas é inegável que as pessoas estão muito mais preocupadas com seu bem estar nas redes sociais do que na vida real. Cartas foram vorazmente trocadas por mensagens em aplicativos de bate-papo. Emails quase não são usados, a não ser para criar uma conta do Facebook. Famílias inteiras vivem o dilema dos almoços do fim de semana, onde ninguém mais conversa como antigamente. O hábito de usar o telefone chega a ser tratado com uma dependência semelhante á de drogas como álcool ou cocaína.

A crítica que surge é a de que cada vez mais o brasileiro prefere ficar sem água ou luz por 24 horas, segundo pesquisas recentes. Mas não se deram conta de que se a bateria do telefone acaba não terá energia elétrica para carregar. A partir disto, surge o mesmo desconforto que um dependente químico tem quando não pode usar substâncias psicoativas. Ansiedade, angústia, irritação. É só o começo.

Depois, vem uma fissura. O dependente de celular fica com sintomas ainda mais fortes, podendo ter crises de raiva, agressividade, podendo até mesmo quebrar algo em casa, quando não choram. O mais triste de tudo é saber que todos arrumam as mesmas desculpas para não deixar de usar. “Eu não sou dependente, só uso de vez em quando”, ou então, “eu paro quando eu quero”. As mesmas frases ditas por quem sofre com algum tipo de transtorno aditivo. Mas não é bem assim.

Infelizmente, a dependência do telefone é algo que merece uma atenção especial da população, pois estamos nos criando seres sem vida, sem contato com a natureza, o som dos pássaros, nem mesmo as estrelas (quando não está nublado, é óbvio). O mundo virtual é algo que passa da barreira do incomum.

Assim como tudo o que é usado de maneira compulsiva faz mal, usar o telefone como forma de obter prazer e bem estar chega a ser doentio, como muitas vezes se vê na internet através de postagens de famosos, por exemplo. A veia narcísica é algo latente. Disputa por atenção, likes, comentários maldosos ou não, exibição de corpos sarados ou assustadoramente magros, declarações de amor, nudes (a mais nova onda) e outras coisas do tipo.

Tudo está artificial, que nem suco de pacotinho ou bolacha recheada.A pressa sempre foi inimiga da perfeição, ainda mais agora, que a cada assobio ou

vibração paramos de fazer o que é importante para mais uma vez fugir desse mudo cruel, e embarcar em um lugar onde as pessoas sejam legais. Tome cuidado apenas com o que diz, pois assim como no mundo real, a internet tem muita gente má, destilando ódio.