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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE MINAS GERAIS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM INFORMTICA
ONTOLOGIA DE APLICAO NO
DOMNIO DE MORTALIDADE:
uma ferramenta de apoio para o
preenchimento da Declarao de bitos
Fabrcio Martins Mendona
Belo Horizonte
2009
Livros Grtis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grtis para download.
Fabrcio Martins Mendona
ONTOLOGIA DE APLICAO NO
DOMNIO DE MORTALIDADE:
uma ferramenta de apoio para o
preenchimento da Declarao de bitos
Dissertao apresentada ao programa de ps-graduao em Informtica da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Cincia da Computao.
Orientadora: Ana Maria Pereira Cardoso Co-orientadora: Eliane Drumond
Belo Horizonte
2009
FICHA CATALOGRFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais
Mendona, Fabrcio Martins M539o Ontologia de aplicao no domnio de mortalidade : uma ferramenta de apoio para o preenchimento da declarao de bitos / Fabrcio Martins Mendona Belo Horizonte, 2009. 113f. : il. Orientadora: Ana Maria Pereira Cardoso. Dissertao (Mestrado) Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais. Programa de Ps-graduao em Informtica. Bibliografia.
1. Software . 2. Mortalidade Brasil. I. Cardoso, Ana Maria Pereira. II. Pontifcia Universidade. Catlica de Minas Gerais. III. Ttulo.
CDU: 681.3.03:312(81)
Bibliotecrio: Fernando A. Dias CRB6/1084
DEDICATRIA
Primeiramente a Deus, luz que ilumina nossos caminhos, e permitiu a concretizao de mais um sonho em minha vida.
minha me, Marilza, pelo amor, carinho, zelo e dedicao inigualvel que tem por mim. Ao meu pai, Jos Carlos, pelo incentivo, apoio e esforo interminvel em me conduzir no caminho acadmico. minha irm, Carla, pela torcida e incentivo nessa caminhada. Juliana, pela compreenso, amor e apoio nos momentos de dificuldade e de sucesso. Ao meu av, Antnio (in memorian), por mostrar que o sonho do estudo possvel.
AGRADECIMENTOS
A Professora Ana, pela amizade, ateno e primorosa orientao ao longo dessa caminhada. A Doutora Eliane, pela dedicao e as preciosas contribuies a esse trabalho, sem as quais ele no teria se concretizado. A todos os amigos que estiveram sempre na torcida por mim. A todos do Mestrado em Informtica da PUC-MG, especialmente aos professores que deram contribuies valiosas no processo de qualificao. Aos funcionrios da SMSA-BH, Lenice Ishitani, Lcia Helena Lisboa, Silvana de Andrade Souza.
"Viver a arte de realizar sonhos. Nunca desista dos seus. Acredite e realize-os! Afinal, sonhar de graa. Encontre dentro do seu corao a energia para ser o artista da sua criao. O sol da vida est dentro de voc. Roberto Shinyashiki
A mente que se abre a uma nova idia jamais voltar a seu tamanho original. Albert Einstein
RESUMO
A organizao e a forma de representao das informaes sobre domnios especficos da rea de sade uma medida extremamente importante para direcionar os gestores de sade em suas propostas de planejamento e ao. Dentro deste contexto, os dados de mortalidade, atualmente disponibilizados pelo Sistema de Informao de Mortalidade, necessitam ser reavaliados para que possam de fato retratar o perfil epidemiolgico da populao brasileira. Com o objetivo de proporcionar melhorias na qualidade dos dados de mortalidade obtidos atravs do Sistema de Informao de Mortalidade, o presente trabalho desenvolveu uma ontologia de aplicao sobre o domnio de mortalidade e uma avaliao qualitativa do formulrio de Declarao de bito, instrumento padro para coleta dos dados para esse sistema de informao. Ontologia entendida como um artefato computacional para representao do conhecimento, que possui caractersticas prprias de acordo com o propsito para o qual ela foi construda, no caso a avaliao da Declarao de bito. A ontologia desenvolvida contou com a participao de profissionais de sade, especialistas no domnio de mortalidade, e tem por objetivo auxiliar os mdicos em sua tarefa de registrar os bitos ocorridos, a partir do preenchimento correto do formulrio de Declarao de bitos. Palavras-chave: Declarao de bitos, Registros de Mortalidade, Ontologia, Sistemas de Informao.
ABSTRACT
The way the information about specific domains of the health area is
represented and organized is an extremely important measure to give directions to the health managers in their action planning proposals. In this context, the mortality data, currently available in the Mortality Information System (SIM in Portuguese), need to be reassessed so that they can truly reflect the epidemiological profile of the Brazilian population. With the objective of providing improvement in the quality of mortality data obtained through the SIM, the present work developed an ontology of application about the domain of mortality and a qualitative evaluation of the Death Certificate (DO in Portuguese), tool in charge of the data collection for this information system. Ontology is understood as a computational artifact for representation of knowledge that has its particular characteristics defined according to the purpose for which it was constructed, in this case the evaluation of the DO. The ontology developed relied on the participation of health professionals, specialists in the mortality domain, and has the objective of assisting doctors in their task of registering the occurred deaths, by means of the correct way of filling out the DO.
Key-words: Death Certificate, Mortality Registries, Ontology, Information Systems.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Etapas do desenvolvimento de uma ontologia e interdependncias. ....33
FIGURA 2 Mtodo para criao de uma ontologia a partir de um DER. ................35
FIGURA 3 Passos executados na coleta de dados da metodologia proposta ........51
FIGURA 4 Conhecimento dos mdicos sobre os documentos de orientao para o
preenchimento da DO ..............................................................................................56
FIGURA 5 Principal dificuldade relatada por mdicos para preenchimento da DO.57
FIGURA 6 Sintomas ou modos de morrer considerados pelos mdicos como causa
bsica de morte........................................................................................................58
FIGURA 7 Quem preenche os campos de identificao do falecido da DO ...........59
FIGURA 8 Preenchimento do campo Exame Complementar da DO pelos mdicos 60
FIGURA 9 Especialidades dos mdicos participantes ............................................61
FIGURA 10 Faculdades onde os mdicos participantes se formaram....................62
FIGURA 11 Local onde os mdicos receberam orientao sobre o preenchimento da
DO............................................................................................................................63
FIGURA 12 Problemas sentidos pelos mdicos ao preencher a DO ......................64
FIGURA 13 Arquitetura de desenvolvimento da 1 etapa: ontologia preliminar ......69
FIGURA 14 Hierarquia de classes da ontologia preliminar sobre mortalidade........74
FIGURA 15 Hierarquia de classes da ontologia preliminar sobre mortalidade
representando os relacionamentos is_a ou _um entre as classes criadas. ...........77
FIGURA 16 Atributos (slots) definidos para a classe Causa Externa......................78
FIGURA 17 Um exemplo de instncia criada para a classe Causa Natural............80
FIGURA 18 Um exemplo de instncia para a classe Causa Externa......................81
FIGURA 19 Exemplo de consulta s instncias da classe Causa Externa .............82
FIGURA 20 Arquitetura de desenvolvimento da 2 etapa: ontologia sobre o
preenchimento da DO ..............................................................................................85
FIGURA 21 Hierarquia de classes da ontologia sobre o preenchimento da DO .....90
FIGURA 22 Propriedades definidas na ontologia sobre o preenchimento da DO...91
FIGURA 23 Pgina principal de acesso ontologia sobre o preenchimento da DO95
FIGURA 24 Pgina que apresenta o conceito Feto da ontologia de preenchimento
da DO.......................................................................................................................97
FIGURA 25 Esboo de uma pgina de busca aos conceitos da ontologia sobre
mortalidade.............................................................................................................101
FIGURA 26 Atual modelo do formulrio da Declarao de bitos........................107
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Ontologias de aplicao na rea de sade............................................. 40 TABELA 2 Ontologias de aplicao em domnios diversos...................................... 42 TABELA 3 Termos da ontologia preliminar .............................................................. 73 TABELA 4 Termos da ontologia sobre o preenchimento da DO .............................. 89 TABELA 5 Restries da classe Causa Externa da ontologia preliminar............... 113
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AIDS - Acquired Immunodeficiency Syndrome
API - Application Programming Interface
BO Boletim de Ocorrncia
CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia
CFM - Conselho Federal de Medicina
CGAIS - Coordenao Geral de Anlise de Informaes em Sade
CID Classificao Internacional de Doenas
COREME - Comisso de Residncia Mdica
CRM Cadastro de Registro Mdico
DER Diagrama de Entidade e Relacionamento
DO Declarao de bitos
DST Doenas Sexualmente Transmissveis
FUNASA Fundao Nacional de Sade
HEM Hospital Eduardo de Menezes
HL7 Health Level 7
HTML - HyperText Markup Language
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
HPV - Human Papiloma Virus
IML Instituto Mdico Legal
MS Ministrio da Sade
OMS Organizao Mundial de Sade
OWL Ontology Web Language
POO Paradigma Orientado a Objeto
RAMOS - Reproductive Age Mortality Survey
RDF Resource Description Framework
RDFS - Resource Description Framework Schema
RIC Registro de Identificao Civil
SES Secretaria do Estado da Sade
SUS Sistema nico de Sade
SMSA/PBH - Secretaria Municipal de Sade e Assistncia
SMSA/PBH-BH - Secretaria Municipal de Sade e Assistncia de Belo Horizonte
SGBD Sistema Gerenciador de Banco de Dados
SIDA Sndrome da Imuno Deficincia Adquirida
SIM Sistema de Informao de Mortalidade
SINAN Sistema de Informao de Agravos de Notificao
SVO - Servios de Verificao de bitos
TIC Tecnologia da Informao e Comunicao
TI Tecnologia da Informao
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UMLS Unified Medical Language System
XSLT - Extended StyleSheet Language Transformation
W3C - World Wide Web Consortium
WWW World Wide Web
SUMRIO
1 INTRODUO ...................................................................................................... 14
2 ESTADO DA ARTE .............................................................................................. 19
2.1 Sistema de Informao de Mortalidade: problemas e propostas ................ 19
2.2 Definio de ontologia ..................................................................................... 25
2.3 Caractersticas de uma ontologia ................................................................... 26
2.4 Construo e avaliao da ontologia ............................................................. 30
2.5 Ontologias pesquisadas .................................................................................. 38
2.6 Trabalhos relacionados ................................................................................... 43
3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 45
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 48
4.1 Estudo exploratrio com mtodos de pesquisa qualitativa ......................... 49
4.1.1 Tcnicas para coleta de dados........................................................................ 49
4.1.2 Anlise e Discusso dos Resultados............................................................... 53
4.1.2.1 O primeiro questionrio ................................................................................. 54
4.1.2.2 O segundo questionrio ................................................................................ 55
4.1.2.3 O terceiro questionrio .................................................................................. 61
4.2 Construo da ontologia ................................................................................. 65
4.2.1 Etapas de desenvolvimento da ontologia ........................................................ 68
4.2.1.1 A primeira etapa: desenvolvimento da ontologia preliminar .......................... 68
4.2.1.2 A segunda etapa: desenvolvimento da ontologia sobre o preenchimento da
Declarao de bitos................................................................................................ 83
4.2.2 Pgina de consulta a base de conhecimento da ontologia.............................. 94
5 CONCLUSES E TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 98
REFERNCIAS....................................................................................................... 103
ANEXOS ................................................................................................................. 107
14
1 INTRODUO
A atual utilizao das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TICs)
nas organizaes, instituies corporativas e acadmicas, e claro, tambm no
cotidiano de grande parte das pessoas tem conferido mudanas na forma de
tratamento da informao.
O papel desempenhado pelas TICs para organizao e representao do
conhecimento compartilhado de suma importncia em qualquer domnio de
aplicao, fornecendo o suporte adequado para o processo de gerenciamento das
informaes.
Neste trabalho, o domnio estudado a grande rea da sade, no que diz
respeito aos dados publicados pelos rgos responsveis sobre o quadro de
mortalidade da populao brasileira. Como em qualquer domnio especfico, mas
talvez com uma importncia ainda mais elevada, o gerenciamento de informaes na
rea de sade a engrenagem principal para o correto funcionamento de um
sistema pblico abrangente, que deve suprir as necessidades da populao.
Informaes confiveis nas mos dos gestores de sade representam
importante ferramenta para subsidiar a tomada de deciso, j que, segundo Amaral
(2003), permitem a apropriao do conhecimento sobre a realidade que se deseja
intervir/ modificar, bem como sobre os problemas e fatores de risco que se deseja
combater.
O mesmo Amaral (2003) afirma que a divulgao e seleo dos indicadores
como instrumento para acompanhamento da poltica de sade ainda incipiente e
pontual no Brasil. O Sistema de Informaes sobre Mortalidade (SIM) um sistema
de vigilncia epidemiolgica de abrangncia nacional, cujo objetivo captar dados
sobre todos os bitos ocorridos no pas a fim de fornecer informaes sobre
mortalidade para todas as instncias do sistema de sade e para toda a sociedade.
A Base Nacional de Informaes sobre Mortalidade de acesso pblico. Os dados
do SIM podem ser obtidos no s no Anurio de Estatsticas de Mortalidade, como
em CD-ROM ou na internet (http://www.datasus.gov.br).
As informaes sobre a mortalidade representam tradicionalmente uma
importante fonte de dados para estudos epidemiolgicos, demogrficos e para o
15
planejamento em sade. Portanto, realizar um estudo para a avaliao dos dados de
mortalidade no pas um campo de pesquisa extremamente amplo e importante, j
que esses dados representam um importante subsdio para a maioria dos
indicadores de sade e permitem traar o perfil epidemiolgico da populao
brasileira.
O presente trabalho tem por objetivo realizar uma avaliao qualitativa das
informaes sobre mortalidade no Brasil, disponibilizadas pelo Sistema de
Informao de Mortalidade (SIM) do Ministrio da Sade. O objeto de estudo para a
avaliao qualitativa, proposta neste trabalho, o formulrio de Declarao de bito
(DO) - instrumento utilizado para a coleta de dados do SIM e de uso obrigatrio em
todo territrio nacional para emisso da Certido de bito pelos Cartrios.
O SIM um sistema de informao criado e implantado pelo Ministrio da
Sade no ano de 1975. Antes desse perodo, o registro de bitos no Brasil era feito
apenas pelo IBGE. Atualmente, alguns trabalhos confrontam os dados de
mortalidade produzidos pelo SIM e pelo IBGE. Contudo essa comparao apenas
pode ser feita sob uma perspectiva quantitativa, j que os dados fornecidos pelo
IBGE equivalem apenas ao nmero de indivduos que faleceram e seus respectivos
nomes. Enquanto, o SIM produz esses dados e tambm as informaes de como
esses indivduos faleceram, incluindo, por exemplo, as causas bsicas de morte.
Outro ponto positivo a favor do SIM sua cobertura no territrio nacional, que
segundo Carvalho (1997), citado em Queiroz (2002), dificilmente ser alcanvel
por qualquer outro sistema que produza dados de mortalidade, principalmente
devido a sua caracterstica compulsria e distribuio gratuita do formulrio da
DO.
Embora venha a cada ano aumentando sua abrangncia em todo pas, o SIM
ainda enfrenta alguns obstculos e, o principal deles, a deficincia quanto ao
preenchimento do seu instrumento de coleta de dados, que o formulrio da DO.
Por esse motivo, o foco do estudo sobre os dados de mortalidade, proposto neste
trabalho, est centrado na anlise do preenchimento da DO por parte dos mdicos,
recuperando e validando os problemas identificados no processo de preenchimento
deste formulrio.
A literatura mostra que os trabalhos que esto sendo desenvolvidos para
identificar as deficincias no processo de preenchimento da DO basicamente
16
concentram-se em anlises estatsticas, portanto quantitativas, sobre os dados
produzidos pelo SIM, como, por exemplo: redistribuio das mortes por causa
bsica, questionrios utilizando o mtodo RAMOS1 e outros mtodos de recuperao
de informao nos locais de ocorrncia ou de registro dos bitos, como em
estabelecimentos de sade, Institutos de Medicina Legal (IML), cartrios, domiclios
dos indivduos falecidos, entre outros.
Por outro lado, podemos encontrar, alguns trabalhos relacionados ao
desenvolvimento de ontologias com o propsito de recuperar, organizar, padronizar e
compartilhar informaes acerca de um domnio ou aplicao especfica ou ainda de
um domnio mais genrico, todos utilizando abordagem qualitativa. Especificamente,
no domnio relativo rea de sade, muitos trabalhos j foram e esto sendo
desenvolvidos por pesquisadores sobre ontologias, empresas de TI e organizaes
no governamentais, tais como a Fundao OpenEHR2 e a HL73. Alguns desses
trabalhos j desenvolvidos e as ontologias construdas so recuperados na presente
pesquisa e esto descritos na seo 4, como, por exemplo, uma ontologia para o
domnio de Cardiologia (OLIVEIRA, 1999, citado em ALVES, 2003), que descreve os
conceitos e seus relacionamentos sobre as subreas da Cardiologia. No entanto,
no existe ainda uma ontologia de referncia para o domnio de Mortalidade.
O trabalho aqui proposto utiliza-se das possveis contribuies de uma
ontologia de aplicao - colaborao e informao, compartilhamento, padronizao,
confiabilidade, entre outras - para representar o conhecimento sobre o domnio de
mortalidade e, desta forma, auxiliar os mdicos em seu ato de preenchimento da DO,
com o propsito de trazer qualidade s informaes declaradas neste formulrio e,
consequentemente, ao SIM.
Pode-se assim afirmar que o objetivo geral desta pesquisa realizar uma
avaliao qualitativa do instrumento de coleta das informaes sobre mortalidade, a
Declarao de bito (DO), disponibilizadas pelo Sistema de Informao de
Mortalidade (SIM) do Ministrio da Sade. Faz parte da soluo aqui proposta, a
1 Reproductive Age Mortality Survey 2 OpenEHR [pgina na internet] OpenEHR; [Acessado em 12 de setembro de 2009]. Disponvel em:
http://www.openehr.org 3 HL7 [pgina na internet] [Acessado em 12 de setembro de 2009]. Disponvel em: http://www.hl7.org/
17
elaborao de uma ontologia de aplicao sobre o domnio de mortalidade,
desenvolvida em conjunto com profissionais das reas de sade e epidemiologia do
municpio de Belo Horizonte e, posteriormente, validada por outros profissionais
dessas reas.
Esta a principal contribuio sugerida por este trabalho de pesquisa, que
pode assim auxiliar os gestores de sade, em sua atividade de tomada de deciso, a
planejar melhores estratgias para cuidar da sade da populao brasileira.
Como objetivos especficos, pretende-se:
Identificar as principais dificuldades no processo de gerao de informaes
sobre mortalidade no Brasil, por meio do estudo dos problemas encontrados
para o preenchimento correto da DO.
Analisar os identificadores dos campos e identificadores das opes de
mltipla escolha desses campos no formulrio da DO, verificando se eles
esto claramente definidos.
Desenvolver uma ontologia de aplicao no domnio de mortalidade,
especificando os conceitos e relacionamentos relevantes sobre as
informaes necessrias para o correto preenchimento da DO por parte dos
mdicos.
Construir uma pgina web para apresentar a hierarquia de conceitos que
representaro a forma de interao dos mdicos e epidemiologistas com os
termos definidos na ontologia.
Validar a ontologia sobre o domnio de mortalidade junto aos profissionais das
reas de sade e epidemiologia, verificando as contribuies que ela poder
trazer aos mdicos no ato de preenchimento da DO.
Para alcanar esses objetivos foi realizado um estudo de caso sobre os
problemas de preenchimento da DO e o desenvolvimento de uma ontologia de
aplicao sobre o domnio de mortalidade; ambos com o apoio de profissionais das
reas de sade e epidemiologia da Secretaria Municipal de Sade e Assistncia de
Belo Horizonte (SMSA/PBH-BH), Minas Gerais, especialistas no contexto das
informaes sobre mortalidade.
18
As tcnicas de coleta de dados que fundamentam este estudo so os grupos
focais e as entrevistas realizadas com esses profissionais, assim como o acesso a
documentos e registros referentes ao tema. O estudo de caso proposto serve como
uma base para generalizao do estudo dos dados de mortalidade gerados em todo
pas.
Para a construo da ontologia de aplicao proposta sobre o domnio de
mortalidade foi utilizada a ferramenta Protg 3.3.1 - disponvel para acesso no site
da Universidade de Stanford, CA, USA e o Mtodo 101 ou metodologia de Noy e
McGuinness (2000) para desenvolvimento de ontologias.
Este trabalho est estruturado da seguinte maneira: na Seo 2
apresentado o estado da arte, que contm trabalhos relacionados com anlise das
informaes sobre mortalidade e outros que tratam sobre a utilizao de ontologias.
A Seo 3 apresenta a justificativa para este trabalho, ressaltando a motivao e a
importncia do tema. A metodologia utilizada, incluindo o mtodo de construo da
ontologia proposta, est na Seo 4. Concluses e trabalhos futuros esto descritos
na Seo 5.
19
2 ESTADO DA ARTE
2.1 Sistema de Informao de Mortalidade: problemas e propostas
Antes da criao do SIM, pelo Ministrio da Sade, no ano de 1975, os
problemas de registros de bitos e sua divulgao eram ainda maiores do que os
encontrados atualmente. Para termos uma noo desta situao passada, o Centro
Nacional de Epidemiologia (CENEPI) divulgou informaes de que o Ministrio da
Educao e Sade, no ano de 1944, publicou os dados de mortalidade por causa,
restritos aos bitos registrados nas capitais brasileiras nos anos de 1929 e 1932, por
meio do Anurio Bioestatstico. As informaes sobre mortalidade no Brasil vinham
de iniciativas prprias de cada municpio, o que fez surgir mais de 40 tipos diferentes
de atestados de bito. Foi com o surgimento do SIM, que um modelo nico de
declarao de bito se tornou um documento-padro com abrangncia nacional.
Desde a sua criao, o SIM vem aumentando sua abrangncia em todo o
pas, mas ainda assim no conseguiu atingir uma boa condio de
representatividade da realidade social, como constatado por Jorge et al. (2002):
At hoje, entretanto, quando seus dados so confrontados com estimativas do IBGE, mostram-se de certa forma ainda incompletos. Estima-se que, em 1999, sua abrangncia para o pas como um todo foi de 82%, variando entre o mnimo de 60,8% para a Regio Nordeste e 95,3% para a Regio Sul.
Como j mencionado, este cenrio de utilizao do SIM enfrenta problemas,
principalmente, devido s deficincias no preenchimento do formulrio da DO, cuja
responsabilidade do profissional mdico.
O preenchimento incorreto da DO representa o maior dos obstculos para o
funcionamento do processo de coleta de dados do SIM. As dificuldades relatadas
pelos mdicos geram registros incorretos que se relacionam principalmente com a
falta de informaes sobre o diagnstico do paciente, a presena de campos no
formulrio da DO que no esto claramente definidos e a ausncia do pronturio do
paciente.
Somam-se a essas dificuldades problemas de aceitabilidade do SIM,
decorrentes, talvez, do fato do mdico estar mal instrudo quanto importncia do
20
correto preenchimento de todos os campos da DO, ou, at, de sua negligncia ou
descaso com tal incumbncia.
Na seo 6 deste trabalho, que inclui a Metodologia adotada, feita uma
descrio mais detalhada sobre os problemas relacionados ao preenchimento da
DO, utilizando-se das informaes coletadas em entrevistas e questionrios com
profissionais mdicos.
Para demonstrar que h falhas no processo de instruo para o
preenchimento da DO e na transio desse processo para a codificao dos dados
que vo alimentar o SIM no preciso ir muito longe.
Tanto o Manual de Procedimentos do Sistema de Informaes sobre
Mortalidade quanto o Manual de Instrues para o Preenchimento da Declarao de
bitos apenas foram elaborados no ano de 2001, tantos anos depois da
implantao deste sistema oficial do Ministrio da Sade para coletar os dados sobre
bitos em todo pas. Esses dois documentos encontram-se disponveis para
download no site do Ministrio da Sade4.
O motivo pelos quais esses dois documentos, essenciais ao funcionamento do
SIM, somente terem sido publicados recentemente no definido pelos rgos
responsveis por sua publicao. Sabe-se que eles representam uma importante
fonte de consulta tanto para os mdicos, quanto para quem operacionaliza o SIM e
tambm para a especializao no conhecimento do domnio sobre mortalidade no
Brasil, como o caso desta pesquisa.
O processo de alimentao do SIM feito pelas Secretarias Municipais de
Sade que recebem a 1 via das DO preenchidas, as conferem, codificam e
transferem as informaes nelas contidas. Depois de devidamente processados,
revistos e corrigidos os dados coletados so consolidados em bases de dados
estaduais, pelas Secretarias Estaduais de Sade. Essas bases so remetidas
Coordenao Geral de Anlise de Informaes em Sade (CGAIS), que as
consolida, constituindo uma base de dados de abrangncia nacional. Essa Base
Nacional de Informaes sobre Mortalidade de acesso pblico e pode ser obtida
4 Manual de Procedimentos do Sistema de Informaes sobre Mortalidade, disponvel em:
portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/sis_mortalidade.pdf
Manual de Instrues para o Preenchimento da Declarao de bitos, disponvel em:
portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/declaracao_obitos%20.pdf
21
atravs do Anurio de Estatsticas de Mortalidade, disponvel em CD-ROM ou na
Internet, atravs da pgina da FUNASA5.
Mediante os trabalhos encontrados na literatura e atravs do estudo de caso
realizado por esta pesquisa correto afirmar que o maior problema em todo esse
processo est no momento do preenchimento, por parte do mdico, do documento
padro que alimente o SIM, ou seja, a DO. Sendo assim, o foco deste trabalho,
dentro do processo de gerao dos dados do SIM, o momento do preenchimento
da DO, anterior fase de alimentao do SIM.
As informaes sobre o preenchimento da DO, como o prprio nome indica
esto disponveis no documento Manual de Instrues para o Preenchimento da
Declarao de bitos, que foi usado neste trabalho como fonte de consulta para o
conhecimento das regras sobre o preenchimento.
Posteriormente criao e elaborao do Manual de Instrues para o
Preenchimento da Declarao de bitos, o Ministrio da Sade, por intermdio do
Secretrio de Vigilncia em Sade, o Conselho Federal de Medicina e o Centro
Colaborador da OMS, elaboraram no ano de 2006 outro documento contendo
informaes sobre o preenchimento da DO, conhecido, pelos mdicos, como
Cartilha do CFM. Esse documento contm instrues sobre o preenchimento dos
campos da DO e aborda tambm as responsabilidades e as condies em que ela
deve ser emitida, numa tentativa dos rgos responsveis em melhorar a qualidade
das informaes contidas na DO e, consequentemente, os dados gerados pelo SIM.
Na Seo 6 feita uma anlise mais detalhada do uso da Cartilha do CFM e
do Manual de Instrues para o Preenchimento da Declarao de bitos por parte
dos mdicos, a partir dos dados coletados com os questionrios aplicados nas
instituies de sade.
A anlise dos problemas relacionados ao preenchimento da DO, foi feita por
meio de estudo sobre as variveis ou os campos contidos no formulrio. Para tanto
foram recuperados, na literatura, alguns trabalhos sobre esse tpico e aplicadas
tcnicas de coleta de dados para verificar as percepes de mdicos quanto ao seu
preenchimento.
5 Base Nacional de Informaes sobre Mortalidade, disponvel em:
http://www.funasa.gov.br/sis/sis00.htm
22
O formulrio da DO composto por nove blocos de variveis ou nove
agrupamentos de campos em comum (BRASIL, 2001a):
Bloco I Cartrio (informaes sobre o cartrio onde foi registrado o
falecimento);
Bloco II Identificao (informaes sobre a identidade do falecido);
Bloco III Residncia (tambm faz parte do grupo de informaes sobre a
identidade do falecido, mas foi desmembrado do bloco anterior por
questes operacionais);
Bloco IV Ocorrncia (informaes sobre o local fsico onde ocorreu o
bito);
Bloco V - bito fetal ou menor de um ano (informaes sobre a me nos
casos de bito fetal ou bito menor de um ano);
Bloco VI - Condies e causas do bito (informaes sobre as condies e
causas que provocaram o bito);
Bloco VII Mdico (informaes bsicas sobre o mdico que assina a
DO);
Bloco VIII - Causas externas (provveis circunstncias de morte no
natural);
Bloco IX - Localidade sem Mdico (bitos ocorridos em localidades onde
no exista mdico).
Com exceo do Bloco I, que deve ser preenchido exclusivamente pelo
Cartrio de Registro Civil, todos os demais cabem ao mdico, que tem
responsabilidade tica e jurdica pelo preenchimento e pela assinatura da DO, assim
como pelas informaes registradas em todos os campos desse documento
(BRASIL, 2006). Porm, ainda ocorrem situaes em que alguns campos so
preenchidos por funcionrios administrativos das instituies de sade de acordo
com os dados coletados por este trabalho.
Todos os campos contidos na DO so de preenchimento obrigatrio de
acordo com o tipo de bito ocorrido. Assim, por exemplo, se o bito ocorrido foi de
uma criana menor de um ano, o bloco V (bito fetal ou menor de um ano) deve ser
preenchido, assim como os blocos de I a VII. Neste exemplo, o bloco VIII ser
23
preenchido apenas no caso do bito ter sido por causas externas e o bloco IX nos
casos em que a localidade onde ocorreu o bito no tenha mdico. No entanto, a
prtica mostra que muitos campos de preenchimento obrigatrio do formulrio so
omitidos pelos mdicos, como pode ser comprovado pela coleta de dados realizada
por este trabalho.
As estatsticas de mortalidade so muito importantes para um pas, j que a
partir delas so criadas polticas de conscientizao para melhorias na qualidade de
vida dos cidados e o aumento da expectativa de vida da populao. Um exemplo
simples e real de poltica de conscientizao adotada aps a anlise das estatsticas
de mortalidade a obrigao aplicada aos condutores de veculos automotivos em
relao ao uso do cinto de segurana para evitar as mortes no trnsito. Apesar
dessa importncia reconhecida, a declarao de bito, instrumento de coleta para
os dados de mortalidade no Brasil, ainda vista pelo mdico apenas como uma
exigncia legal para o sepultamento, sendo raras vezes encarada como fonte
geradora de dados sobre a sade de uma populao, como afirma Niobey et al.
(1990).
De maneira geral, os mdicos no se sentem responsveis pelo
preenchimento da parte menos nobre da DO, referente ao nome do falecido, sua
profisso, idade, residncia; ficando para funcionrios administrativos - ainda menos
comprometidos - a tarefa de completar as esses campos, como cita Niobey et al.
(1990) em seu trabalho.
Os mdicos preocupam-se apenas em preencher as informaes relativas s
causas e condies do bito, que fazem parte do Bloco VI, mas ainda assim os
dados registrados nesses campos apresentam problemas de preenchimento, como
pode ser comprovado atravs de trabalhos publicados.
Recorrendo literatura, podemos identificar os principais problemas sobre o
preenchimento da DO. Alguns desses problemas principais foram utilizados, neste
trabalho, como forma de avaliao da qualidade de preenchimento da DO, atravs
de sua incluso em questes elaboradas para os questionrios propostos.
Os problemas destacados na literatura sobre o preenchimento da DO e
includos nos questionrios deste trabalho foram:
24
bitos enquadrados na situao de diagnsticos incompletos: so bitos
cuja causa bsica6 de morte, declarada na DO, corresponde s
conseqncias ou complicaes da real causa de morte. Segundo Jorge et
al. (2002), com freqncia os mdicos declaram, na DO, a complicao e
no a causa bsica, comprometendo assim a qualidade dos dados
informados.
bitos cuja causa bsica de morte a AIDS: h sub-enumerao desta
classe de bitos nas estatsticas oficiais de mortalidade. Segundo Lemos e
Valente (2001), os dados registrados sobre a ocorrncia da doena no
representam o nmero real de casos existentes. Estima-se que apenas um
quinto dos casos de AIDS ocorridos no mundo so notificados
Organizao Mundial de Sade (OMS) (MANN et al., 1993), citado em
Lemos e Valente (2001).
Mortes por causas maternas: correspondem aos bitos de mulheres em
idade frtil, de 10 a 49 anos, quando este bito ocorreu no momento da
gravidez ou nos ltimos doze meses anteriores ao evento fatal (BRASIL,
2001a). O preenchimento deste item na DO registra elevadas propores
de ignorado - ausncia de informao - como demonstrou Laurenti et al.
(2000).
bitos por causa externa7 (ou morte no natural): as informaes desse
tipo de bito devem ser registradas no Bloco VIII da DO, porm, segundo
Ladeira e Guimares (1998), apesar de haver itens na DO,
especificamente, criados para informar as circunstncias e caractersticas
em que ocorreram os bitos por violncia, o que ocorre o no-
preenchimento desses campos, j que os mdicos legistas alegam no
ter como afirmar se aquele bito foi causado por este ou aquele
mecanismo. Contudo, na maioria dos casos, um guia policial ou Boletim
de Ocorrncia (B.O.), feito para o evento ocorrido, fornece informaes
suficientes sobre a causa externa da morte.
6 A doena ou leso que iniciou a cadeia de acontecimentos patolgicos que conduziram diretamente morte, ou as circunstncias do acidente ou violncia que produziram a leso fatal (BRASIL, 2001a). 7 bito por causa externa aquele que decorre de leso provocada por violncia (homicdio, suicdio, acidente ou morte suspeita) qualquer que tenho sido o tempo entre o evento lesivo e a morte propriamente (BRASIL, 2006).
25
2.2 Definio de ontologia
Recorrendo ao dicionrio Aurlio encontramos a seguinte definio para a
palavra ontologia: 1. s.f. Cincia do ser em geral. 2. Filos. Parte da metafsica que
estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais.
Segundo Almeida e Bax (2003), o termo tem origem no grego ontos, ser, e
logos, palavra e, originalmente a palavra aristotlica categoria, que pode ser
usada para classificar alguma coisa.
A grande parte dos autores entende que a palavra ontologia grafada com o
minsculo um conceito introduzido e utilizado em reas de Tecnologia da
Informao (T.I.), tais como Inteligncia Artificial e Engenharia de Software, enquanto
a palavra Ontologia grafada com O maisculo refere-se a uma disciplina da
Filosofia. Guarino (1998) comenta sobre essa questo em seu artigo:
O termo ontologia, em oposio a Ontologia, uma disciplina filosfica, pode se referir tanto a um sistema particular de categorias, independente de uma linguagem especfica, e que serve para descrever uma certa percepo do mundo, quanto pode denotar um artefato da Engenharia de Software constitudo por um vocabulrio especfico usado para descrever certa realidade, acompanhado de um conjunto de afirmaes explcitas dando sentidos pretendidos s palavras do vocabulrio (GUARINO, 1998).
Desde que o termo foi incorporado pela Cincia da Computao, muitas
definies podem ser encontradas para ontologia, no entanto, neste trabalho no se
pretende entrar no mrito da discusso sobre a correta definio de ontologia, mas
apenas apontar a definio para o termo aqui adotado.
Por ser a definio mais comum em Cincia da Computao e adequada a
esta pesquisa, a de Grubber (1993) foi escolhida como forma de conceituar
ontologia. Segundo este autor, a idia de ontologia, no contexto da Inteligncia
Artificial, a de especificao explcita e formal de uma conceitualizao
compartilhada. Onde:
Conceitualizao: refere-se a um modelo de fenmeno abstrato no mundo por
ter identificado os conceitos relevantes daquele fenmeno;
Explcito: significa que o tipo dos conceitos usados e as restries no seu uso
so definidos explicitamente;
26
Formal: refere-se ao fato que a ontologia deve ser lida pela mquina;
Compartilhado: ontologia deve capturar conhecimento consensual aceito
pelas comunidades.
2.3 Caractersticas de uma ontologia
Uma ontologia, analisada como artefato computacional para representao do
conhecimento, possui caractersticas prprias de acordo com o propsito para o qual
ela foi construda. Neste tpico, sero apresentados os trabalhos de alguns
pesquisadores que procuraram identificar as caractersticas das ontologias e
classific-las em tipos distintos, de acordo com seu propsito.
Primeiramente, quanto ao nvel de dependncia, uma ontologia pode ser
classificada, de acordo com Guarino (1998) em:
Ontologia de Alto Nvel: descreve conceitos gerais como espao, tempo,
assunto, objeto, evento, ao, etc., os quais so independentes de um
problema ou domnio especfico;
Ontologia de Domnio/Tarefa: descreve o vocabulrio relacionado com o
domnio genrico (exemplo: medicina), ou uma atividade genrica (exemplo:
diagnstico), especializando os termos introduzidos na ontologia de alto nvel;
Ontologia de Aplicao: descreve conceitos dependendo de um domnio e
tarefa especficos, os quais so especializaes das ontologias relacionadas,
tem como objetivo a parte prtica, a implementao.
A ontologia proposta por este trabalho pode ser considerada uma ontologia de
aplicao, pois descreve os conceitos relativos ao domnio de mortalidade,
especificamente aqueles referentes ao preenchimento da DO, alm de ter por
objetivo a parte prtica, j que busca auxiliar os mdicos a preencherem
adequadamente as informaes contidas no formulrio da DO.
Quanto ao grau de formalidade, uma ontologia pode tomar uma variedade de
formas, mas necessariamente, deve incluir um conjunto de termos (vocabulrio) e
alguma especificao de suas definies (significados). Segundo Uschold (1996) os
tipos de ontologia existentes quanto formalidade so:
27
Altamente informal: expresso livremente em linguagem natural;
Semi-formal: expresso de uma forma restrita e estruturada na linguagem
natural. Maior clareza pela reduo da ambigidade;
Formal: expressa numa linguagem artificial definida formalmente.
A ontologia sobre o domnio de mortalidade pode ser classificada como semi-
formal, j que a representao do conjunto de termos da ontologia foi feita de
maneira estruturada com o uso das linguagens formais obtidas a partir da exportao
da ferramenta Protg: a linguagem Ontology Web Language (OWL8) e a linguagem
HyperText Markup Language (HTML). Apesar do uso de linguagens artificiais, a
ontologia sobre o domnio de mortalidade no pode ser classificada como uma
ontologia formal porque no foram especificados axiomas para ela.
Para representao do conhecimento, uma ontologia utiliza-se de cinco
elementos bsicos. Fazendo um resumo das definies encontradas na literatura,
podemos definir da seguinte maneira estes elementos:
Conceitos: so idias bsicas que se pretende formalizar. Em geral esto
organizados em taxonomias, podendo ser classes de objetos, mtodos,
planos, estratgias, processos, entre outros. Por exemplo, em uma ontologia
sobre pases do mundo, pas um conceito.
Relaes: representam relacionamentos semnticos entre os conceitos do
domnio. Alguns exemplos tpicos so: _uma, instncia_de, subclasse_de e
parte_de;
Instncias: representam os exemplos ou elementos de um conceito. Por
exemplo, na ontologia sobre pases, Brasil uma instncia do conceito pas.
Axiomas: so regras declaradas sobre relaes que os elementos da
ontologia devem cumprir, podendo-se inferir atravs deles novos
conhecimentos. Um exemplo pode ser encontrado em Cunha (2006), sobre
uma ontologia de seres vivos:
o solteiro(x) = homem(x) casado(x)
8 Padro do W3 Consortium; sintaxe disponvel na Internet em http:// www.w3c.org.
28
o carnvoro(x) = animal(x) come (y) y = 'carne'
o herbvoro(x) = animal(x) come (y) y = 'vegetais'
o animal(x) = carnvoro(x) herbvoro(x)
Ainda com relao a estes elementos que compem uma ontologia, podemos
classificar os tipos de informao presentes nela. Segundo Cunha (2006) temos
basicamente trs de tipos de informao:
Terminolgica: conjunto bsico de conceitos e relaes da ontologia,
denominada de camada de definio da ontologia;
Assertiva: conjunto de assertivas que se aplicam aos conceitos e relaes,
denominada de camada de axiomas da ontologia;
Pragmtica: corresponde camada de ferramentas, que contm um conjunto
de informaes pragmticas que no se enquadram nem na informao
terminolgica nem na informao assertiva. Por exemplo, informaes
pragmticas podem ser as formas como os conceitos da ontologia devem
estar expressos na tela, tais como uma Application Programming Interface
API, construda para a ontologia e expressa na linguagem de definio de
interface.
A ontologia proposta neste trabalho contm todos os trs tipos de informao,
segundo a classificao de Cunha (2006). Os conceitos e seus relacionamentos
definidos, tais como: Mdico, bito, declarado_por, etc. fazem parte da informao
terminolgica; as restries aplicadas aos conceitos, como, por exemplo, bito de
Gestante refere-se ao bito sofrido por uma Pessoa do sexo feminino com idade
entre 14 e 49 anos (idade frtil), constituem a informao assertiva; e, por fim, a
informao pragmtica representada pelos dados produzidos sobre a ontologia,
excluindo conceitos, relacionamentos e axiomas, a partir do software Protg,
utilizado neste trabalho para desenvolver, editar e exportar a ontologia do formulrio
da DO. Alguns desses dados, por exemplo, so os diagramas elaborados a partir
dos conceitos e relaes, que modelam uma viso da ontologia construda.
29
Outra caracterstica de uma ontologia a linguagem usada para descrev-la.
Existem vrias propostas de linguagens para descrever ontologias e a maioria delas
baseada em clculo de predicados.
A linguagem usada para descrever a ontologia um elemento importante
dela, j que permite formalizar conceitos explcitos do modelo de domnio construdo.
Segundo Antoniou e Van Harmelen (2004), citado em Medeiros Jr. (2006), uma
linguagem para representao de ontologias deve atender aos seguintes requisitos:
Possuir uma sintaxe bem definida;
Possuir uma semntica formal;
Possuir um suporte eficiente de raciocnio;
Ser poderosa e suficientemente expressiva;
Ter facilidade de expresso.
Uma sintaxe bem definida uma caracterstica importante para a ontologia j
que representa, segundo Medeiros Jr. (2006), uma condio necessria para que
uma ontologia possa ser processada adequadamente.
Possuir uma semntica formal uma grande vantagem de uma ontologia, j
que ela, segundo Medeiros Jr.. (2006), descreve os significados do conhecimento
de forma precisa, diferente de interpretaes subjetivas, e permite que se faam
inferncias utilizando o conhecimento representado na ontologia.
Em Almeida e Bax (2003) podemos encontrar uma descrio bastante ampla
e abrangente sobre linguagens para a construo de ontologias, tais como: CycL2
(Lenat e Guha, 1990), Frame Logic (Kifer, Lausen e Wu, 1995), Ontolngua
(Chaudhri, 1998), XML e XML-Schema (W3C/XML2002, 2002), RDF e RDF-Schema
(W3C, 2002), OIL5 e DAML + OIL6 (Horrocks, 2001) e, por fim, OWL (W3C, 2004),
que foi baseada em XML e DAML+OIL.
Este trabalho no tem por objetivo realizar uma discusso acerca destas
linguagens para construo de ontologias, mas dentre as linguagens atualmente
disponveis, utilizou-se daquelas padronizadas pela World Wide Web Consortium
(W3C) e obtidas a partir da exportao do editor de ontologias Protg.
30
Inicialmente foi utilizada a linguagem OWL para descrever as classes, as
propriedades, as restries e as instncias da ontologia proposta, de acordo com as
possibilidades oferecidas por essa linguagem.
J para a construo de pginas web para acesso aos termos definidos na
ontologia foi utilizada a linguagem HTML, como forma de apresentar a hierarquia de
conceitos da ontologia e permitir a navegao, atravs de hyperlinks, a esses
conceitos e suas propriedades.
2.4 Construo e avaliao da ontologia
Existem vrias metodologias para construo de ontologias, da mesma forma
que existe tambm uma srie de ferramentas que auxiliam neste processo de
construo. Porm, no se conhece ainda uma metodologia nica e, suficientemente
capaz, de construir de maneira correta a ontologia para o propsito em que ela se
disps.
Mesmo que no exista uma unanimidade a respeito do processo de
construo de ontologias, alguns pressupostos so essenciais a qualquer
metodologia proposta. Trs pressupostos so apresentados por Noy e McGuinness
(2001):
No existe uma maneira correta de modelar um domnio sempre existem
alternativas viveis. A melhor soluo quase sempre depende da aplicao.
O desenvolvimento de uma ontologia necessariamente um processo
iterativo.
Conceitos em uma ontologia deveriam ser prximos dos objetos (fsicos ou
lgicos) e relacionamentos do domnio de interesse. Os conceitos, ento,
deveriam ser provavelmente substantivos (objetos) ou verbos
(relacionamentos) em sentenas que descrevem o domnio.
Outro ponto de convergncia no discurso dos autores sobre o projeto de
ontologias quanto aos princpios que uma ontologia deve seguir no seu processo
de elaborao. Esses princpios tambm funcionam como critrios de avaliao aps
ela ter sido construda. Segundo Gruber (1993) os princpios so:
31
Clareza e Objetividade: uma ontologia deve apresentar de forma clara e
objetiva as definies do significado dos termos assim como uma
documentao. Aconselha-se que uma definio deva ser declarada atravs
de axiomas lgicos, com condies necessrias e suficientes, e que todas as
definies devam ser documentadas em linguagem natural;
Coerncia: uma ontologia deve ser coerente, isto , permitir inferncias que
sejam consistentes com as definies. A coerncia deve atingir tambm os
conceitos definidos informalmente, os quais devem ser expressos em
linguagem natural e conter exemplos. Se um conceito for inferido, a partir de
axiomas, contradizendo uma definio ou exemplo dado informalmente, ento
a ontologia incoerente e dever ser revista;
Extensibilidade: uma ontologia deve permitir que novos termos possam ser
definidos para usos especiais baseados no vocabulrio existente, de maneira
que no seja requerida a reviso das definies previamente existentes.
Alm destes princpios citados por Gruber, existem outros trs essenciais,
conforme menciona Gmez-Prez (1999), citado em Alves (2003):
Completude: a definio expressa por uma condio necessria e suficiente
preferida em relao a uma definio parcial, isto , a definio completa
sobre uma incompleta;
Implementao Mnima: a conceituao deve ser especificada no nvel do
conhecimento, isto , sem depender de uma codificao particular no nvel
simblico ou de codificao;
Compromisso Ontolgico: uma ontologia deve requerer o compromisso
ontolgico mnimo suficiente para dar suporte s atividades de
compartilhamento de conhecimento desejadas. Com o objetivo de aumentar a
reusabilidade, apenas o conhecimento essencial deve ser includo, tornando
possvel a incluso de novos conceitos para especializar o assunto.
Para que a ontologia proposta neste trabalho atingisse o objetivo esperado
para ela, ou seja, o de permitir a avaliao qualitativa e melhorias no preenchimento
32
do formulrio da DO, sua construo foi fundamentada nos princpios anteriormente
apresentados.
Com o intuito de garantir a clareza, objetividade e coerncia das definies
propostas nesta ontologia foram realizados o levantamento e a especificao de
requisitos sobre os dados de mortalidade junto aos profissionais da rea de sade e
epidemiologia da SMSA/PBH/PBH, por meio de tcnicas de coleta de dados, como
entrevistas e grupos focais, conforme descrito na seo Metodologia deste trabalho.
A execuo desta tarefa foi realizada em etapas e acompanhada de
documentao dos dados coletados, o que permitiu tambm adicionar novos termos
a ontologia quando necessrio, garantindo, assim, outro princpio fundamental, a
extensibilidade.
O levantamento inicial das necessidades e a validao do modelo proposto,
permitiram a completude e o compromisso ontolgico necessrios a uma ontologia
bem definida. Como as definies propostas foram especificadas sem dependncia
de linguagens de codificao, modelos de dados, ambientes operacionais, etc., na
ontologia de aplicao sobre o domnio de mortalidade garantida o princpio
implementao mnima, bem como a possibilidade de reuso da mesma em outros
projetos.
Baseados nos princpios fundamentais, mencionados anteriormente, para
uma ontologia, diversos autores propuseram metodologias para sua construo.
Abaixo so listadas algumas das mais conhecidas:
Metodologia de Uschold e Martin (1995): Skeletal Methodology;
Metodologia de Grninger e Fox (1995): TOVE (Toronto Virtual Enterprise);
Metodologia de Fernndez, Gmez-Prez (1997): Methontology;
Metodologia de Falbo (1998);
Metodologia de Noy e McGuinness (2000): adequada ao uso do Protg.
Em Almeida e Bax (2003) podem ser encontradas outras metodologias e mais
detalhes sobre as citadas neste trabalho. Com relao metodologia que ser
adotada para a construo da ontologia de aplicao para o formulrio DO optou-se
pela Metodologia de Noy e McGuinness, cujos detalhes esto descritos na seo
Metodologia deste trabalho.
33
Mesmo com algumas diferenas entre a seqncia de passos adotada pelas
metodologias apresentadas, de uma maneira geral, todas incluem as seguintes
tarefas:
Identificao dos objetivos e escopo da ontologia;
Criao da ontologia, passando pelas fases de captura, codificao e
integrao com ontologias existentes;
Avaliao;
Documentao.
Essas tarefas podem ser identificadas abaixo, numa figura adaptada da
Metodologia de Falbo de 1998 (uma das primeiras metodologias para a construo
de ontologias):
FIGURA 1 - Etapas do desenvolvimento de uma ontologia e suas interdependncias.
Adaptado de FALBO, 1998.
Para avaliao da ontologia elaborada existe tambm uma srie de trabalhos
que, em geral, concordam sobre algumas questes essenciais para uma ontologia:
Estar adequada ao propsito e aplicao que se pretende para ela;
Atender aos critrios (Gruber, 1993) e princpios essenciais, j mencionados:
clareza e objetividade, coerncia, extensibilidade, completude, implementao
mnima e compromisso ontolgico;
Possuir um conjunto de axiomas que seja necessrio e suficiente;
34
Ser capaz de responder s questes informais de competncia, segundo
Gruninger e Fox (1995), citado em Alves (2003);
Por fim, vale a pena ressaltar que esta fase de avaliao deve ser realizada
paralelamente ao processo de construo da ontologia.
Mesmo com o surgimento de diversas metodologias, acompanhadas de
ferramentas de apoio, o processo de desenvolvimento de ontologias na rea de
Tecnologia de Informao ainda esbarra em algumas dificuldades, tais como a falta
de uma nica metodologia padro, complexidade para o entendimento das atuais
metodologias e outros fatores. Sobre esta constatao, Caliari (2007) afirma que:
Na literatura, h metodologias com abordagens e caractersticas diversas, as quais
foram desenvolvidas com diferentes objetivos e para aplicaes distintas, muitas
vezes o modo de construo prescrito de difcil compreenso para os profissionais
de TI.
Caliari (2007) reafirma essa condio para o desenvolvimento de ontologias,
quando diz que a maior parte das metodologias so destinadas a pessoas com um
bom nvel de conhecimento terico em ontologias, o que leva os profissionais de TI
a investir boa parte do seu tempo para compreenso da metodologia e o formalismo
de sua representao.
Diante desta situao, alguns pesquisadores, como o prprio Caliari (2007),
propuseram mtodos auxiliares que visam orientar a subjetividade no processo de
construo da ontologia e utilizar conceitos mais prximos realidade do
desenvolvedor, como, por exemplo, o Diagrama de Entidade e Relacionamento
(DER), Teoria dos Grafos e tcnicas de recuperao de informao.
Caliari (2007) props um mtodo para criao de ontologias de domnio e
aplicao, denominado de DERONTO, que recebe como entrada um DER criado
pelo usurio (desenvolvedor da ontologia) e, a partir dele, gera o modelo ontolgico.
De acordo com o autor, este mtodo possui seis passos, que so apresentados na
figura 2.
35
FIGURA 2 - Mtodo para criao de uma ontologia a partir de um DER. Adaptado de CALIARI, 2007.
Passo 1: consiste em desenvolver um DER a partir de um enunciado ou uma
lista de perguntas fornecidas ao projetista pelo usurio.
Passo 2: o DER reescrito excluindo relaes e entidades complexas, tais
como, atributos compostos e multivalorados e relaes associativas. Este
passo foi criado para possibilitar a automatizao dos passos que o seguem.
Passo 3: inicia-se a construo da ontologia, sendo definida a hierarquia de
conceitos.
Passo 4: as propriedades so definidas a partir dos relacionamentos e
atributos do DER.
Passo 5, os axiomas de definio total ou parcial dos conceitos so
estabelecidos a partir da cardinalidade das relaes.
Passo 6: o projetista verifica e modifica a ontologia definida.
Outro mtodo auxiliar para o processo de criao de ontologias foi proposto
por Alves (2003), que utiliza tcnicas de recuperao de informao para obteno
36
da ontologia e chamado de EVOLUI, porque trabalha atravs de ciclos evolutivos,
onde os resultados do ciclo anterior so usados para a consecuo de novos
resultados. Este mtodo consiste em sugerir palavras candidatas a conceitos,
identificando relaes binrias entre essas palavras e, a partir destas relaes,
sugerir axiomas para a futura ontologia. Os axiomas sugeridos esto representados
na linguagem web OWL.
J Alencar e Zrate (2007) propuseram o mtodo Sphere-M, que busca
orientar a tarefa de captura de uma ontologia de aplicao, atravs de passos,
regras e mtricas baseadas em um algoritmo implementado para realizar a busca em
profundidade em um grafo. Os conceitos e relacionamentos da ontologia esto
modelados neste grafo.
O mtodo Sphere-M estabelece as seguintes etapas para o processo de
construo da ontologia:
Definir um conjunto inicial de elementos relativos ao domnio abordado,
seguidos da gerao da indexao numrica desses elementos;
Agrupar os elementos definidos entre os trs conjuntos-chave do mtodo:
Teto (elementos mais gerais que descrevem o assunto abordado), Piso
(grande massa de elementos que constitui o domnio estudado e que devem
ser analisados em conjunto com os outros elementos) e Entes Relevantes
(elementos estrategicamente escolhidos para orientar a maneira como os
conjuntos Piso e Teto iro se relacionar);
Obter as relaes ontolgicas entre os elementos dos conjuntos-chave e gerar
novos atributos sobre o domnio estudado.
Sobre a ltima etapa o autor explica:
um processo iterativo e interativo, que consiste em representar o domnio estudado como um grafo de vrtices numerosos, utilizando os ndices numricos dos elementos para identific-los e relacion-los, obtendo, ao fim do processo, um grafo com todos os vrtices ou elementos conectados. Quando todos os elementos forem conectados a densidade da esfera ser igual 1.0 e a produtividade da mesma um valor obtido de acordo com a eficincia da iterao. (ALENCAR e ZRATE, 2007).
37
Por fim, o mtodo Sphere-M tem sido utilizado em um trabalho de pesquisa
para anlise do formulrio SINAN, sobre os dados de Tuberculose, conhecido como
Valedouro Projeto para a Sade Pblica no Vale do Jequitinhonha; anlise de
dados epidemiolgicos para tuberculose atravs de Data Mining. Esse trabalho
similar ao proposto por este estudo.
Todas essas metodologias de desenvolvimento de ontologias citadas,
serviram de referencial terico para a construo de uma ontologia de aplicao
sobre o domnio de mortalidade. Mas de fato a metodologia usada neste trabalho foi
a de Noy e McGuinness (2000), tambm conhecida como Mtodo 101, que est
descrita em detalhes na seo 6.
Ao adotar a metodologia de Noy e McGuinness (2000) ou Mtodo 101, este
trabalho cumpre as etapas para o desenvolvimento de uma ontologia segundo a
metodologia de Falbo (1998), passando pela fase de identificao e especificao de
requisitos, captura e formalizao da ontologia, integrao com ontologias j
existentes e, por fim, avaliao e documentao. Falbo foi um dos primeiros autores
a descrever essas etapas de construo, que esto incorporadas, com pequenas
diferenas, nas demais metodologias de desenvolvimento, entre elas a de Noy e
McGuinness (2000).
O mtodo DERONTO, proposto por Caliari (2007), foi utilizado no para o
desenvolvimento da ontologia em si, mas como uma base terica para diferenciar os
elementos de uma modelagem a partir de um DER sobre o domnio da mortalidade,
dos conceitos e relacionamentos definidos em uma ontologia para o mesmo domnio
da mortalidade.
J o mtodo Sphere-M, proposto por Alencar e Zrate (2007), colabora com
este trabalho para a construo da ontologia, no momento de definio dos
elementos relativos ao domnio de mortalidade. A definio dos conjuntos-chave,
segundos os autores dos mtodos em Teto, Piso e Entes Relevantes, auxilia nos
passos trs (enumerar termos importantes) e quatro (definir classes e hierarquia) da
metodologia de construo de Noy e McGuinness (2000). Dividir os elementos
relativos ao domnio de mortalidade nesses trs conjuntos ajuda a considerar qual
elemento ir se transformar em um conceito ou relao da ontologia, sua importncia
e sua hierarquia ou posio em relao aos demais conceitos definidos.
38
2.5 Ontologias pesquisadas
Para a construo da ontologia de aplicao no domnio de mortalidade foram
estudados alguns trabalhos que desenvolveram ontologias, especialmente aquelas
aplicadas em domnios especficos da rea de sade.
A reviso de literatura feita demonstra o quanto essa tcnica de
representao do conhecimento vem sendo amplamente utilizada em vrios
domnios da rea de sade. Segundo Manica et al. [2008?], as ontologias tem sido
utilizadas na rea de sade para auxiliar na troca de informaes clnicas entre
sistemas e o desenvolvimento de novas aplicaes como pronturio eletrnico do
paciente, segunda opinio diagnstica, sistemas de suporte a deciso diagnsticas.
Ao correlacionar a ontologia proposta sobre mortalidade com as ontologias at
ento desenvolvidas, o propsito principal o desenvolvimento de uma ontologia
que possa percorrer o mesmo caminho de experincias j bem sucedidas com o uso
desta tcnica, proporcionando, assim, resultados positivos no domnio onde
aplicada, ou seja, o de mortalidade.
A Tabela 1 relaciona as ontologias de aplicao para domnios especficos da
rea de sade que serviram de referncia para o desenvolvimento da ontologia
sobre o domnio de mortalidade. Esta tabela contm o nome dado ontologia
construda, que, de maneira geral, serve para identificar qual rea da sade ela
aplicvel, a metodologia utilizada para sua construo e uma breve descrio do que
a ontologia.
Ontologia Metodologia Ferramenta
de edio
Descrio
Ontologia de
referncia para
o domnio da
Cardiologia.
EVOLUI
(ALVES,
2003)
No
especificada
Define os conceitos, sub-classes e instncias
em cada uma das sub-teorias do domnio
Cardiologia: Patologia, Anatomia do Corao,
Diagnstico, Terapia, Avaliao Clnica e
Exames Complementares.
(OLIVEIRA, 1999, citado em ALVES, 2003).
Ontologia para
Sistemas de
Emergncia:
SAMU e Corpo
Mtodo 101
Protg Ontologia para facilitar o reuso e uma provvel
integrao futura entre os sistemas de
emergncia e hospitais, clnicas e aplicaes de
pronturio eletrnico. Pode ser usada no
39
de Bombeiros. desenvolvimento de sistemas baseados em
conhecimento para resolver problemas e
auxiliar na tomada de deciso.
(MANICA et al., [2008?])
Ontologia
referente s
Doenas
Sexualmente
Transmissveis
(DST)
Methontology
Protg Ontologia para gerenciar o conhecimento
referente a Acquired Immunodeficiency
Syndrome (AIDS), Human Papiloma Virus
(HPV), Sfilis, Sfilis Congnita, Gonorria,
Herpes Genital, Linfogranuloma Venreo e
Tricomonase. (FARIAS et al., [2003?])
Ontologia
SODOnt
Mtodo 101
Protg Define um vocabulrio comum para mdicos e
um conjunto de dados com suas estruturas para
softwares que precisam compartilhar
informaes de segunda opinio diagnstica9.
(PIRES et al., [2006?])
Ontologia para
o Atendimento
Emergencial de
Pacientes
OntoKen10
Protg Ontologia para troca de informaes
emergenciais (atendimento de urgncia) de
pacientes entre sistemas de informao
hospitalar, que engloba um vocbulo comum
entre sistemas heterogneos para o
compartilhamento de informaes relevantes
sobre o atendimento emergencial de pacientes.
(LOPES et al., [2007?])
Ontologia de
conceitos em
sade do
modelo de
referncia
OpenEHR
No
especificada
No
especificada
Descreve o contedo clnico a partir de uma
ontologia de conceitos em sade, organizada
nas seguintes categorias:
Documentos clnicos (ex: sumrios de alta);
Histria, exame fsico, evoluo;
Registro de dados mensurveis (ex: peso, presso arterial, etc.);
Registro de avaliaes clnicas;
Registro do workflow (ex: prescrio mdica, solicitao de exames);
Registro de atividades clnicas (ex: administrao de medicamentos).
9 Segunda opinio diagnstica ou mdica constitui um parecer de um outro mdico, alm do mdico assistente, com o objetivo de auxiliar quanto melhor conduta diagnstica e s melhores opes de tratamento no caso clnico apresentado pelo paciente. 10 Ontologies for Knowledge Engineering and Management
40
(NEIRA et al., [2008?])
Ontologia do
Carto Nacional
de Sade
No
especificada
No
especificada
Representa os conceitos e relacionamentos
definidos pelo padro de troca de mensagens
do Sistema do Carto Nacional de Sade.
Engloba dados como os do atendimento do
paciente, tipos de alta mdica, entre outros.
(http://www.tridedalo.com.br/2003/07/cns)
(NARDON e MOURA JR., 2003)
TABELA 1 - Ontologias de aplicao na rea de sade.
Analisando os dados da Tabela 1 possvel identificar grandes similaridades
e equivalncias com a ontologia de aplicao sobre o domnio de mortalidade,
proposta neste trabalho. Primeiramente, o fato de que as ontologias construdas
introduzem melhorias nos processos de recuperao da informao, seja no domnio
da mortalidade, no domnio das emergncias, no domnio das Doenas Sexualmente
Transmissveis (DST), etc. Isso ocorre porque o conhecimento acerca desses
domnios poder ser interpretado por computadores.
As ontologias apresentadas permitem ainda um entendimento comum entre
profissionais de sade e sistemas computacionais sobre os conceitos e relaes do
domnio tratado, alm de possibilitar o reuso do conhecimento representado em
pesquisas futuras. Um exemplo de pesquisa, que pode ser citado no caso da
ontologia sobre o domnio de mortalidade, a de um mdico que pode consultar as
causas bsicas de morte de um paciente que so equivalentes quelas que ele deve
informar na declarao de bito a ser feita. Sem dvida, a ontologia estar auxiliando
o mdico em sua atividade de registrar o bito, o que pode acontecer tambm com
um profissional de sade que atende a uma emergncia, caso ele consulte uma
ontologia para sistemas de emergncia, como a desenvolvida por Manica et al.,
[2008?].
Outra semelhana identificada a fase de especializao no conhecimento
sobre o domnio tratado, realizada atravs de consulta legislao e aos
documentos sobre o domnio representado, alm de dados coletados em pesquisa
de campo.
Em todas as ontologias apresentadas a base de conhecimento gerada e
representada ainda encontra-se em fase de evoluo dos conceitos e relaes do
domnio, como os prprios pesquisadores afirmam em seus trabalhos. Isso acontece
41
tambm com a ontologia sobre o domnio de mortalidade, j que seu
desenvolvimento faz parte de um ciclo evolutivo e a tendncia sempre da incluso
de um maior nmero de informaes ontologia, tornando-a mais completa.
Estabelecendo uma comparao das metodologias utilizadas podemos
perceber que no existe uma metodologia padro para o desenvolvimento de
ontologias na rea de sade e sim uma diversidade delas. No entanto, pode-se
perceber a utilizao recorrente do editor de ontologias Protg para manipular as
classes (conceitos) e seus relacionamentos, bem como as restries ou
propriedades dos termos definidos. No presente trabalho foi adotado o Protg como
editor de ontologias e o Mtodo 101 (ou metodologia de Noy e McGuinness) como
metodologia de desenvolvimento.
Outras ontologias de aplicao em domnios especficos, no relacionados
rea de sade, tambm foram explorados como referncia para o desenvolvimento
da ontologia de aplicao sobre o domnio de mortalidade. Embora no estejam
relacionadas com a rea de sade, essas ontologias de aplicao auxiliaram no
processo de definio dos termos e tambm na forma de apresentao e acesso a
base de conhecimento da ontologia.
A Tabela 2 apresenta a relao dessas ontologias pesquisadas.
Ontologia Metodologia Ferramenta
de edio
Descrio
Ontologia para
Publicao Cientfica
Mtodo 101
Protg Ontologia para a recuperao de artigos
cientficos on-line, baseado na Norma de
Referncias NBR6023, para definio dos
termos essenciais, utilizados no processo
de busca e recuperao de um artigo on-
line.
(ELUAN e FACHIN, 2007)
Ontologia de domnio
para Aprendizagem
Cooperativa
No
especificada
Processo de
construo
manual
Descreve o conhecimento sobre os
elementos essenciais que devem ser
considerados na aprendizagem
cooperativa, envolvendo pessoas,
atividades, recursos e produtos, bem como
as relaes entre estes elementos.
(GAVA e MENEZES, 2003)
42
ONTOTUR: modelo
de domnio e
usurios da rea
Turstica
Tcnica
GRAMO11
ONTODUM12 Construda atravs da aplicao da
GRAMO, uma tcnica baseada em
Ontologias para a Anlise de Domnio e
Usurios, e da utilizao da ferramenta
ONTODUM. (FARIA et. al., 2004)
Ontologia de
Competncias
Profissionais em TI.
Metodologia
de Falbo
Processo de
construo
manual
Formada por elementos essenciais das
organizaes de TI: Competncia
Profissional (habilidades, conhecimentos,
atitude e valor), Posto de Trabalho (cargo
ou funo) e Indivduo. (LEO, et al., 2004)
Ontologia
representativa da
memria
organizacional13 da
CEMIG
Metodologia
prpria
Protg Ontologia desenvolvida para representar a
memria de uma organizao real CEMIG
, possibilitando a criao e a manuteno
de uma linguagem organizacional uniforme.
(ALMEIDA, 2006)
TABELA 2 - Ontologias de aplicao em domnios diversos.
Sobre os dados contidos na Tabela 2 importante destacar que o trabalho de
Almeida (2006) inclui, alm da ontologia representativa da memria organizacional
da empresa CEMIG, um prottipo de um aplicativo para busca de conceitos, relaes
e atributos da ontologia, utilizado por funcionrios desta organizao.
O prottipo implementado por Almeida (2006) utilizou a linguagem Extended
StyleSheet Language Transformation (XSLT) para implementao das pginas e um
arquivo Resource Description Framework Schema (RDFS), obtido atravs de
exportao do Protg, contendo os termos definidos na ontologia. As
funcionalidades desse prottipo incluem: uma tela de navegao e pesquisa, que
possibilita a busca por conceitos e por relaes ligadas a um conceito e uma viso
hiperblica dos conceitos, que permite ao usurio visualizar a estrutura como um
todo e entender o contexto de um conceito durante as buscas.
11 GRAMO uma tcnica baseada em ontologias para a Anlise de Domnio e Usurios na Engenharia de Domnio Multiagente. (FARIA et. al., 2004). 12 ONTODUM uma meta-ontologia usada para representar o conhecimento da tcnica GRAMO (FARIA et. al., 2004). 13 O termo memria organizacional tem sido utilizado, por diversos autores, como uma metfora para explicar fenmenos verificados no ciclo de vida das organizaes. (ALMEIDA, 2006)
43
A referncia a esse prottipo foi importante para o presente trabalho, j que
ajudou a alimentar a idia para a construo de pginas na web de acesso base
de conhecimento da ontologia sobre o domnio de mortalidade.
2.6 Trabalhos relacionados
Alm das ontologias pesquisadas neste trabalho importante tambm
ressaltar que outros artefatos computacionais vm sendo amplamente utilizados para
representar, integrar e compartilhar as informaes produzidas por diferentes
domnios da rea de sade, como o caso dos modelos de referncia de
informaes em sade e projetos de unificao de terminologias em sade,
utilizando tesaurus14 e redes semnticas.
Um modelo de informao uma especificao estruturada de informaes
de um domnio. Define as classes de informao, incluindo atributos,
relacionamentos, restries e estados, sendo assim, essenciais para garantir a
interoperabilidade semntica. Segundo Neira et al. [2008?], os principais modelos de
referncia de informaes em sade atualmente utilizados, so o padro HL7,
verso trs, e o modelo de arqutipos15 da Fundao OpenEHR.
Com relao aos projetos de unificao de terminologias em sade, utilizando
tesaurus e redes semnticas, destaca-se o UMLS (Unified Medical Language
System). Como cita Manica et al. [2008?], o UMLS conecta um vocabulrio
biomdico de diversas fontes (terminologia clnica, fontes sobre drogas, etc.) em
diversas lnguas e pode ser considerada uma das mais completas codificaes em
relao s terminologias de sade.
Como afirma Pisanelli (1998), citado em Manica et al. [2008?], o UMLS
composto basicamente por trs principais bases de conhecimento: um
metathesaurus com informao semntica sobre os conceitos, seus termos e suas
relaes; uma rede semntica de categorias genricas s quais os termos do
14 Vocabulrio controlado onde os termos no esto organizados em ordem alfabtica, mas relacionados semanticamente em ordem hierrquica cobrindo um domnio especfico. 15 Expresso computvel de um conceito em nvel de domnio na forma de declaraes de restries estruturadas, baseada em algum modelo de informao de referncia (ABNT ISO/TR20514), citado em Neira et al. [2008?].
44
metathesaurus so atribudos; e um lxico especializado que contm informao
sinttica sobre termos biomdicos.
Por fim, vale a pena ressaltar outra experincia realizada para representao
do conhecimento na rea de sade realizada por Nardon e Moura Jr. (2003), que
combina as informaes representadas por uma ontologia e um Sistema de Banco
de Dados Dedutivos16 para processar essas informaes.
O trabalho proposto por Nardon e Moura Jr. (2003) consiste na utilizao de
tecnologias propostas para a construo da Web Semntica, especialmente o
padro Resource Description Framework (RDF), combinadas com uma linguagem de
consulta baseada em sistemas de bancos de dados dedutivos para permitir o
compartilhamento de bases de conhecimento e a resoluo de consultas
complexas, utilizando ontologias construdas sobre um domnio especfico.
Para a execuo do seu trabalho, Nardon e Moura Jr. (2003) utilizaram
relacionamentos presentes na rede semntica UMLS, em termos de
relacionamentos RDF17, para serem utilizados pelo mecanismo de inferncia do
sistema TRI-DEDALO (um banco de dados dedutivo) para inferir conhecimento
adicional. Assim, eles construram uma ontologia para representar informaes
clnicas do paciente a partir da rede semntica UMLS. Quando essa ontologia
construda estiver completamente testada e aprovada at o presente momento
desta pesquisa isso no havia ocorrido , ela servir de base para implantao
nacional do pronturio eletrnico do paciente e poder gerar conhecimento para a
ontologia sobre o domnio de mortalidade.
16 Sistemas capazes de fornecer todos os servios de um SGBD tradicional e que permite, adicionalmente, a deduo de novas informaes a partir daquelas explicitamente inseridas no Banco de Dados (CERI et al., 1990), citado em Nardon e Moura Jr., 2003. 17 RDF um padro criado para modelar meta-dados sobre recursos disponveis na Web, tanto uma pgina da Web, quanto qualquer outro documento (NARDON e MOURA JR., 2003).
45
3 JUSTIFICATIVA
A verificao da veracidade e confiabilidade da informao um processo
crescente em todos os nveis da rea de sade, desde os responsveis pela gerao
dos dados at aqueles que a utilizam para decises e aes que objetivam a
melhoria do estado da sade da populao.
O uso eficiente e adequado dos dados produzidos pelo SIM permite aos
gestores de sade desenvolver e, ao mesmo tempo, avaliar os programas de
planejamento de aes na rea, j que esse sistema de informao do Ministrio da
Sade representa a principal fonte de informaes sobre o quadro de mortalidade no
Brasil. No entanto, para que os resultados benficos na sade de populao
brasileira possam ser alcanados, uma primeira medida que os dados produzidos
por esse sistema possam ser confiveis e reflitam a real situao do quadro de
mortalidade no pas.
Como j foi mencionado, o cenrio atual de abrangncia e utilizao do SIM
mostra que ele ainda no conseguiu atingir uma boa condio de representatividade
da realidade social, apesar dos esforos empreendidos pelos rgos governamentais
responsveis. Esse fato se deve principalmente as deficincias no preenchimento do
instrumento de coleta de dados do SIM, ou seja, o formulrio da DO
Apesar do inegvel valor que as estatsticas de mortalidade representam para
um pas, permitindo a obteno de informaes epidemiolgicas e de um quadro
representativo do estado de sade de sua populao, infelizmente, grande parte dos
mdicos, responsveis pelas declaraes na DO, ainda no percebem a importncia
dessas informaes e encaram o preenchimento do formulrio como mera exigncia
legal.
A estratgia adotada neste trabalho a de utilizar mtodos qualitativos, na
anlise de preenchimento do formulrio da DO, fundamentados pela construo de
uma ontologia de aplicao com o auxlio de profissionais das reas de sade e
epidemiologia, diferenciando-se, desta forma, de outros estudos que adotam
metodologias quantitativas.
A construo de uma ontologia de aplicao para o domnio de mortalidade
torna possvel um tipo de anlise do atual modelo do formulrio capaz de orientar a
subjetividade do pesquisador neste processo.
46
Alm deste ganho, as propriedades intrnsecas de uma ontologia
corretamente elaborada e relevante ao domnio em que se aplica, podem ser citadas
como contribuies importantes deste trabalho de pesquisa. Tais propriedades, que
se traduzem em vantagens significativas, so mencionadas por vrios
pesquisadores.
Uschold e Gruninger (1996) afirmam que as ontologias contribuem para a
reduo de confuso conceitual e terminolgica, proporcionando um entendimento
compartilhado. Este entendimento refere-se :
Comunicao e Colaborao entre pessoas com diferentes necessidades e
pontos de vista, devido aos diferentes contextos em que se encontram;
Interoperabilidade entre sistemas, obtida atravs da traduo de informaes
entre diferentes mtodos de modelagem, paradigmas, linguagens e
ferramentas de software;
Informao: podem ser usadas como fonte de consulta e de referncia do
domnio;
Reusabilidade da representao do conhecimento compartilhado, com
benefcios para a engenharia de sistemas, em particular;
Confiabilidade gerada pela possibilidade de automatizar a checagem de
consistncia de uma representao formal;
Especificao e Modelagem: o conhecimento compartilhado pode ajudar na
identificao de requisitos e na definio da especificao de um sistema.
Essas vantagens puderam ser obtidas com a ontologia de aplicao sobre o
domnio de mortalidade, cumprindo alguns passos importantes, tais como:
A aplicao de tcnicas de entrevistas e grupo focal envolvendo pessoas com
diferentes pontos de vista e interesse, contribuiu para o compartilhamento do
conhecimento sobre o domnio das informaes sobre mortalidade, contando
com a comunicao e colaborao destas pessoas envolvidas;
A especificao do conhecimento sobre mortalidade, obtida pela construo
da ontologia possibilita que ela seja usada como fonte de informao neste
domnio, sirva de base para futuras especificaes e modelagens de sistemas
47
sobre este tema, assim como possa ser reutilizada nos processos de
engenharia de software;
O mapeamento do conhecimento sobre mortalidade atravs de uma ontologia,
garante simultaneamente a interoperabilidade, uma vez que no h
dependncia de linguagens, mtodos de modelagem, software, etc., e
tambm a confiabilidade, j que as informaes coletadas nas entrevistas so
representadas formalmente.
Em Alves (2003), so citados outros autores que tambm destacaram
algumas das possibilidades trazidas por uma ontologia construda para um domnio
especfico. So elas:
Extrair e recuperar informaes (WELTY, 1998);
Melhorar o projeto de sistemas baseados em conhecimento ou sistemas
comuns, pois a definio de ontologias melhora as especificaes,
confiabilidade e reutilizao de sistemas computadorizados (OLIVEIRA,
1999);
Representar o conhecimento humano na Web Semntica (LEE et. al, 2001a);
Reusar e organizar o conhecimento sobre um determinado problema ou
domnio (GRNINGER e LEE, 2002).
Como forma de resumir o pensamento destes autores e trazer essas idias
para o estudo de caso tratado nesta pesquisa, pode-se dizer que a ontologia de
aplicao construda sobre mortalidade pretende ser uma base de conhecimento
sobre este domnio, que seja compartilhvel, reutilizvel, interopervel e acessvel
para as pessoas diretamente interessadas neste tema, especialmente os mdicos
declarantes da DO, mas tambm outros profissionais das reas de sade e de
epidemiologia, gestores em sade e profissionais da rea de TI, estes ltimos com
interesse na utilizao de ontologias como recurso de representao e modelagem
do conhecimento de domnios especficos.
Quanto maior a interatividade e colaborao das pessoas em torno desta
base de conhecimento sobre mortalidade, maiores sero os benefcios para uma
padronizao de conceitos sobre as informaes de relativas ao registro de bitos
dos indivduos.
48
4 METODOLOGIA
Esta seo tem por objetivo apresentar a metodologia adotada neste trabalho.
Basicamente ela pode ser dividida em duas partes:
1. Estudo exploratrio com mtodos de pesquisa qualitativa como abordagem
principal para a validao e anlise dos problemas relacionados ao
preenchimento da DO, as tcnicas de coleta de dados e os resultados obtidos.
2. O desenvolvimento de uma ontologia sobre o domnio de mortalidade,
desenvolvida em duas etapas: a 1 etapa, denominada de ontologia preliminar
e a 2 etapa, definida como ontologia sobre o preenchimento da DO.
O conjunto de informaes obtido aps a etapa qualitativa criou as condies
necessrias para o desenvolvimento da ontologia sobre mortalidade, assim como
sua validao e a evoluo.
Conforme mencionado anteriormente, a seo 4 est dividida em duas partes:
a subseo 4.1, que descreve o estudo exploratrio com mtodos de pesquisa
qualitativa e a subseo 4.2, sobre a construo da ontologia.
A subseo 4.1 tambm dividida em duas partes: a subseo 4.1.1, que
contm as tcnicas de coleta de dados utilizadas e a subseo 4.1.2, que descreve a
anlise e dis