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Ontologia para Parques Tecnológicos como Forma de Estímulo à Gestão do Conhecimento Eduardo Giugliani 1 Renata Jorge Vieira 2 Hugo Cesar Hoeschel 3 Paulo Maurício Selig 4 1 Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil, [email protected] 2 Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, Brasil, [email protected] 3 Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, [email protected] 4 Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, [email protected] Resumo. A comunicação e a linguagem são importantes para o trabalho e a memória nas empresas. O conhecimento é uma ferramenta competitiva que surge do estímulo das relações sociais e da cultura das organizações. O desafio dos estudos sobre Web Semantica é criar uma linguagem que expresse dados e regras, permitindo análise e exportação para a Web. Este artigo propõe o desenvolvimento de uma ontologia para parques tecnológicos como estímulo à gestão do conhecimento. Aborda aspectos relativos à Websemântica, lingüística, ontologias, gestão do conhecimento, e parques tecnológicos. Nas considerações finais, é destacada a importância da proposta de ontologia, e o estímulo à gestão do conhecimento, não excluindo-se a utilização de ferramentas de busca. O planejamento, a gestão, a implantação e a operação de Parques Tecnológicos incluem a organização do conhecimento, seus ativos intangíveis, a atuação em rede e têm base em ferramentas com elevado grau de conexão, como a ontologia proposta. Abstract. Language and communication are important for the work and the memories in organizations. Knowledge is a competitive tool based on the stimulus of the social relationships and organizational culture. The challenge of the studies on Web Semantics is the creation of a language which can express data and rules, allowing their analysis and exportation for the Web. This article proposes the development of ontology for technological development and research parks as a stimulus to the knowledge management. It approaches aspects related to Web semantics, linguistics, ontology, knowledge management, and research parks. In the final considerations, the importance of the ontology proposal and its stimulus to the knowledge management are

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Ontologia para Parques Tecnológicos como Forma de Estímulo à Gestão do Conhecimento

Eduardo Giugliani1

Renata Jorge Vieira2

Hugo Cesar Hoeschel3 Paulo Maurício Selig4

1Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil,

[email protected] 2Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, Brasil,

[email protected] 3Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, [email protected]

4Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil,

[email protected]

Resumo. A comunicação e a linguagem são importantes para o trabalho e a memória nas empresas. O conhecimento é uma ferramenta competitiva que surge do estímulo das relações sociais e da cultura das organizações. O desafio dos estudos sobre Web Semantica é criar uma linguagem que expresse dados e regras, permitindo análise e exportação para a Web. Este artigo propõe o desenvolvimento de uma ontologia para parques tecnológicos como estímulo à gestão do conhecimento. Aborda aspectos relativos à Websemântica, lingüística, ontologias, gestão do conhecimento, e parques tecnológicos. Nas considerações finais, é destacada a importância da proposta de ontologia, e o estímulo à gestão do conhecimento, não excluindo-se a utilização de ferramentas de busca. O planejamento, a gestão, a implantação e a operação de Parques Tecnológicos incluem a organização do conhecimento, seus ativos intangíveis, a atuação em rede e têm base em ferramentas com elevado grau de conexão, como a ontologia proposta.

Abstract. Language and communication are important for the work and the memories in organizations. Knowledge is a competitive tool based on the stimulus of the social relationships and organizational culture. The challenge of the studies on Web Semantics is the creation of a language which can express data and rules, allowing their analysis and exportation for the Web. This article proposes the development of ontology for technological development and research parks as a stimulus to the knowledge management. It approaches aspects related to Web semantics, linguistics, ontology, knowledge management, and research parks. In the final considerations, the importance of the ontology proposal and its stimulus to the knowledge management are

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highlighted. However, this approach should include the use of Internet search tools. The planning, management, implementation and operation of research parks includes the knowledge organization, intangible assets, networking, and the basis on tools with high connection level, like the proposed ontology.

1. Introdução A comunicação nas empresas é um aspecto importante, senão vital, para o desenvolvimento de suas atividades. A linguagem, por sua vez, está relacionada à comunicação e à memória destas empresas. Nesse contexto, pode-se utilizar o conhecimento como uma ferramenta competitiva que surge do estímulo de relações sociais internas e externas à empresa, de acordo com Oliveira [15] e Rehfeld (1990) [21]. A Inteligência Aplicada, dentro do domínio da engenharia do conhecimento, tem auxiliado a gestão do conhecimento no sentido de desenvolver ferramentas para apoio às atividades de gestão das empresas e de seus processos. Exemplos disso são os desenvolvimentos de ontologias e linguagens universais de comunicação, como a Universal Natural Language (UNL). Os parques tecnológicos são conclomerações de empresas usualmente ligados a universidades, onde desenvolvimentos tecnológicos, promovidos pelo conjnto de atores que o compõe, são mantidos até que tenham condições de ir para o mercado. Essa junção de grupos não só proporciona o desenvolvimento de uma linguagem comum, como estimula o crescimento e o compartilhamento do conhecimento, demandando sua gestão. Com isso em vista, o objetivo deste artigo é propor o desenvolvimento de uma ontologia própria para parques tecnológicos como forma de estímulo à gestão do conhecimento nas empresas incubadas e junto a todos os demais parceiros que atuam e promovem a iniciativa. Dentre os aspectos inerentes à comunicação, tem-se o desenvolvimento da linguagem escrita e falada. Eysenk e Keane (1995) [7] destacam a importância da escrita para a nossa sociedade e Youle (1985) [26] a considera como de importância histórica para os registros da linguagem. Empiricamente, se sabe que a escrita veio da fala (YOULE, 1985) [26], e consequentemente a leitura veio da escrita. Depois, uma nova escrita veio da leitura desta escrita, tendo-se, então, o processo de alfabetização (HABERLANDT, 1994 [9]). Esse processo de alfabetização, por sua vez, proporcionando avanços em diversas áreas, viabilizou a comunicação entre grupos. O poder, aparentemente, tem sido concedido àqueles com maiores habilidades de comunicação dentro do meio em que pertencem, seja social, empresarial educacional ou econômico. Porcher (1977) [20] corrobora com esta idéia, afirmando que a linguagem oral tem sido praticada anteriormente à linguagem escrita e que, sem a escrita, a linguagem oral não teria tanto efeito nem seria duradoura na sociedade. Estas afirmações enfatizam a importância da escrita no desenvolvimento da linguagem, do poder e da comunicação, entre outros aspectos. Pode-se, então, dizer que a linguagem, em uma organização, tem múltiplas funções, além de determinar poder: auxilia a memória de trabalho dos funcionários, compõe a

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memória e o poder da organização, registra os fatos ocorridos, e pode incentivar a aprendizagem, a gestão do conhecimento e a gestão de informações, se utilizada em toda a sua potencialidade. A seguir, tem-se o embasamento teórico do artigo em questão, abordando aspectos conceituais relativos a: (2) Conceitos de Websemântica, (3) Alguns aspectos lingüísticos relacionados ao conhecimento, (4) Aspectos Conceituais relacionados a Parques Tecnológicos e (5) Ontologias no Contexto de Parques Tecnológicos. Ao final, em (6) Considerações Finais, são abordados aspectos referentes à importância da proposta de uma ontologia comum para parques tecnológicos, seu contexto de abrangência e seu potencial estímulo à Gestão do Conhecimento (GC). 2. Conceitos de Web Semântica A Web Semântica não está separada da Web, podes ser considerada uma evolução Web atual, abordando suas possíveis aplicações, interferências ou impacto nos atuais processos de indexação, editoração e recuperação da informação (OLIVEIRA, 2002) [16]. A Web Semântica objetiva compreender, estruturar e gerenciar os conteúdos armazenados na web, na forma de texto, som, imagem e gráficos a partir de valoração semântica desses conteúdos. Seus componentes básicos necessários podem ser assim considerados (OLIVEIRA, 2002) [16]: (a) representação do conhecimento, expressa pelas linguagens de marcação (SGML, HTML, XML, RDF); (b) ontologia, a disciplina que estuda e determina as relações entre conceitos estabelecendo regras lógicas de raciocínio sobre estes conceitos gerando linguagens que são compreendidas pelos computadores e, (c) agentes que são programas gerados para coletar conteúdos na web a partir de fontes diversas, processar a informação e permutar os resultados com outros programas permitindo através de linguagem que expressa inferências lógicas resultantes do uso de regras e informação como aquelas especificadas pelas ontologias. Uma informação pode ter várias definições distintas, dependendo do assunto. Esta é uma das diferenças entre a informação produzida para consumo humano e para máquinas. Até o momento, a Web se desenvolveu rapidamente como um repositório de documentos para pessoas, ao invés de um repositório de dados e informações, que possam ser classificados facilmente dentro de um determinado contexto, sendo este o principal objetivo da Web Semântica. Sistemas de representação de conhecimento tradicional normalmente estão centralizados, obrigando que cada um deles compartilhe exatamente a mesma definição de conceitos comuns, como país ou veículo, por exemplo. Mas o controle centralizado é muito rígido, e o tamanho e o escopo dos sistemas de busca são inversamente proporcionais às facilidades de gerenciamento. Buscando evitar estes problemas, sistemas de representação de conhecimento tradicionais geralmente possuem seus próprios limites e conjunto e regras para gerar inferências sobre dados. Estudiosos de Web Semântica, entretanto, consideram que os paradoxos e questões sem respostas são um preço a ser pago para se obter versatilidade. Seu grande desafio é criar uma linguagem que expresse dados e regras simultaneamente, permitindo a análise dos dados e regras a eles relacionados em qualquer sistema de representação

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de conhecimento, para sua posterior exportação para a Web. Adicionar lógica à Web, entao, significaria utilizar regras para realizar inferências, escolher cursos de ações e responder a perguntas. Esse é o objetivo atual da comunidade que trabalha com Web Semântica. Nos dias de hoje, as organizações se vêem na difícil tarefa de buscar e organizar informações de negócio (internas e externas) as quais, transformadas em conhecimento, poderão vir a propiciar uma vantagem competitiva sustentável. Para que estas informações possam ser transformadas em conhecimento aproveitável e diretamente conectado com as necessidades da organização, é preciso a utilização de uma ‘ontologia’ e seu mapeamento construído com o uso dos metadados. Após esta busca e organização, este imenso acervo de informações e conhecimentos deve ser disponibilizado através da internet. 3. Ontologia O termo ontologia, na área de computação, já vem sendo utilizado desde o início da década de 90 principalmente na área de inteligência artificial (IA), e tem como princípio básico ‘o que “existe” é o que pode ser representado’. Segundo Gruber (1993) [8]: uma ontologia é uma especificação de uma conceitualização. Uma conceitualização é uma abstração, uma visão simplificada do mundo que se representa para satisfazer a um ou mais dos seguintes propósitos: “permitir que múltiplos agentes compartilhem seu conhecimento; ajudar as pessoas a compreender melhor uma certa área de conhecimento; ajudar pessoas a atingir um consenso no seu entendimento sobre uma área de conhecimento”. Ou seja, uma conceitualização identifica o objeto e as relações que existem no universo lógico. Neste contexto, as ontologias podem ser entendidas como uma especificação formal e explícita de uma conceitualização consensual, a qual pode ser definida como uma estrutura composta por um domínio de conhecimento e um conjunto de relações sobre o mesmo. Nesta linha de pensamento podemos dizer que uma conceitualização é uma visão abstrata e simplificada do mundo que se quer representar para algum propósito, e que no caso das organizações tem relação direta com a tomada de decisão rumo ao estabelecimento de uma vantagem competitiva sustentável. Toda base de conhecimento está relacionada de forma direta com alguma conceitualização, explícita ou implícita (conhecimento explícito ou conhecimento tácito) (NONAKA, 1997) [14]. Uma ontologia é uma especificação explícita de uma conceitualização, apresentada na forma de um vocabulário comum para um determinado domínio do conhecimento. Tem a finalidade de definir e registrar o significado dos termos e expressões e suas relações, organizando-os em uma taxonomia (classificação) e contendo as visões primitivas de modelagem da informação. Essa visão é formada por conceitos, relações, funções, axiomas e instâncias. Os Conceitos representam qualquer coisa em um domínio, como uma tarefa, uma função, ou uma estratégia; as relações representam um tipo de interação entre os conceitos no domínio, sendo a quantificação desta relação (cardinalidade) sempre representada por n:n, ou seja, vários relacionados com vários; as funções são um caso especial de relações, sendo a sua cardinalidade representada por n:1 (vários

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relacionados com somente um); os axiomas são as sentenças que são sempre considerados como verdades; e as instâncias são utilizadas para representar os elementos do domínio. A linguagem utilizada é parte integrante importante na construção de uma ontologia. Na seção a seguir, são abordados alguns aspectos lingüísticos relacionados ao conhecimento. 4. Aspectos Linguísticos Relacionados ao Conhecimento Os aspectos linguísticos relacionados ao conhecmento envolvem a cultura, o compartilhamento das informações e a instituiçao do conhecimento organizacional no contexto das organizações. De acordo com Maturana e Varela (1995) [12], a cultura está relacionada à linguagem do grupo em que o ser humano se desenvolve, o mesmo ocorrendo também em alguns grupos de animais. Já o compartilhamento das informações e a valorização dos indivíduos dentro de uma organização têm proporcionado reflexos positivos nas empresas (CASSARÁ, 2003[4]; e DRUCKER, 2000 [6]). Estes fatores confirmam a importância do corpo operacional no compartilhamento de informações e a utilização do seu conhecimento como contribuição positiva ao funcionamento de uma empresa (HESKET et al, 2002 [11]; e DRUCKER, 2000 [6]). De acordo com Stubbs (2001) [23], um grupo de pessoas com interesses e especializações em algum tópico específico se encontra para discutir algum problema e nesse momento estão nivelados como iguais. Esse momento se caracteriza como conhecimento cultural. Artman e Granlund (1998) [2] apresentam um estudo de observação onde os operadores compartilham uma base de dados textual, podendo – e devendo – registrar os incidentes e as ações tomadas em relação a ele. Esta base de dados é acessível a todos os outros operadores e constitui uma espécie de memória coletiva das ações das unidades. Nesse aspecto, percebe-se uma comunicação escrita dentro de uma instituição, atuando como uma espécie de memória auxiliar. As atividades de uma empresa, a partir da linguagem utilizada pelos grupos no contexto empresarial podem vir a formar o que se chama de conhecimento organizacional (VIEIRA, 2006) [25]. Nesse sentido, o desenvolvimento do conhecimento e a sua gestão só serão possíveis com o acesso e a gestão destas informações. Os parques tecnológicos, por sua natureza intrínseca, são locais onde há extensiva troca de informações e conhecimento. Além disso, possuem terminologia própria a qual, acredita-se, se gerenciada por meio do desenvolvimento de ontologias, poderá ser um estímulo à gestão do conhecimento nesse tipo de organização, intensiva em conhecimento. 5. Aspectos conceituais relacionados a Parques Tecnológicos A temática parques tecnológicos carrega uma abordagem relativamente recente. As primeiras experiências concretas datam da década de 40 (NOCE, 2002) [13] nos

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Estados Unidos, irradiando nos anos seguintes esta experiência para outros países. É a partir da década de 90 que ocorre uma nova proposta de abordagem – ciência e tecnologia associadas a Arranjos Produtivos Locais – APLs, ganhando força en todo o mundo, caracterizada por um contexto onde o conhecimento é o principal fator de competitividade e diferenciação em nível global. Adotando-se uma visão mais ampla, os parques tecnológicos são mecanismos que, de forma estruturada, podem estimular a inovação e a competitividade, assim como propiciar a transferência de tecnologia, induzindo a criação de empresas e a consolidação das existentes em uma determinada região (NOCE, 2002) [13], podendo transformartem-se em ações estratégicas e estruturantes para o desenvolvimento. No entendimento do processo de globalização atual, pode-se inferir o fato de que a inovação e o conhecimento são os principais fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento das nações, regiões, setores, empresas e até indivíduos (CASSIOLATO e LASTRES, 1999) [5]. É desta raiz que emerge a vocação e o foco dos Parques Tecnológicos, ações com múltiplas faces e que multiplicam-se em muitos países. Há várias definições para o termo Parque Tecnológico as quais, ao ter o seu foco analisado, remete à consideração de sua ampla convergência:

“... parque tecnológico é um sistema, uma rede, uma organização complexa e volátil, nunca estabilizada, sempre em construção (...) é fundamental que ele seja uma construção flexível. Na sua origem há dois componentes: a federação, no mesmo lugar ou próximo, de quatro tipos de componentes básicos – as universidades; os laboratórios de pesquisa; as empresas de alta tecnologia; e equipamentos, serviços e financiamentos. Esses quatro componentes são essenciais. Não existe um parque tecnológico se faltar um dos quatro.” (HARDT, 1997) [10] “Um Parque Tecnológico é uma iniciativa com base numa área física, com uma gleba ou um conjunto de prédios, destinada a receber empresas inovadoras ou intensivas em conhecimentos e de promover sua interação com instituições de ensino e pesquisa ...” (SPOLIDORO, 1997) [22] “Os parques tecnológicos constituem empreendimentos imobiliários geridos por especialistas, que viabilizam a criação de um ambiente de coorperação entre a iniciativa empreendedora e a comunidade acadêmica, visando fortalecer a capacidade de inovação e aumentar o bem estar da comunidade onde estão inseridos, ...” constituindo “... um forte ambiente de integração entre as universidades e instituições de pesquisa e as empresas ali instaladas, funcionando como um elo de ligação entre os clientes e recursos humanos e tecnológicos das universidades.” (PNI, 2006) [19]

A partir destas considerações pode-se dizer que os parques tecnológicos, de uma forma geral, podem ser definidos como um empreendimento imobiliário que, através da interação com diversos atores, estimulam a inovação tecnológica por meio do abrigo de projetos e empresas intensivas em conhecimento. Possui infra-estrutura física e, normalmente, está instalado próximo às instituições de ensino ou centros de pesquisa. Apresenta uma estrutura organizacional formal, espaço disponível para instalação de empresas nascentes – incubadoras de empresas, e a toda a infra-estrutura de serviços para uso dos empreendedores fixados no Parque Tecnológico ou mesmo fora dele (NOCE, 2002). Por outro lado, é importante esclarecer que um Parque Tecnológico é um tipo de estrutura organizacional produtiva que busca a viabilização do desenvolvimento

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tecnológico das empresas, mas não é o único, mesmo que considerando seus vários níveis de abragência. Outras iniciativas, também fortemente vinculadas com a sinergia entre os atores universidades-empresas-governo são: Spin-offs, Núcleos de Inovação Tecnológica, Pólos Tecnológicos, Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica e Centros Empresariais. Pela sua importância estratégica, cabe aqui um cometário particular sobre spin-offs (SO), ou spin-offs acadêmicos (SOA), quando vinculados a instituições acadêmicas. Neste caso temos uma empresa criada para explorar uma propriedade intelectual gerada a partir de um trabalho de pesquisa desenvolvido por um pesquisador. A concentração de SOAs no entorno de universidades pode dar origem também aos Parques Tecnológicos (ARAÚJO, 2005) [1]. Com o vertiginoso desenvolvimento das tecnologias de informação, centradas fortemente no advento da internet, o mundo sofre atualmente a metamorfose entre duas eras: uma, em fase finda, baseada na economia do capital, onde a produção e o trabalho são os principais ativos – tangíveis, e a outra, em fase emergente, baseada na economia do conhecimento, onde o principal ativo é o capital humano – intangível. Assim, a mudança atual não é puramente de máquinas ou de tecnologia, mas substancialmente de conceitos, conforme afirmava Peter Drucker em 1998. É neste cenário, e neste mesmo período, que novas formas e modelos de desenvolvimento emergem, e onde os Parques Tecnolgógicos podem ser estrelas relevantes por fomentarem, no seu entorno, o desenvolvimento baseado na sinergia entre os vários atores, no compartilhamento do conhecimento, na cooperação de atividades e no estabelecimento de ações conjuntas e convergentes. A Figura 1 ilustra este contexto, posicionando um Parque Tecnológico como o ator responsável pela gestão das iniciativas de fomento e ações concretas, visando dinamizar a transfêrencia de tecnologia e estimular a geração e a consolidação das micro e pequenas empresas de base tecnológica, destacando-se (NOCE,2002): 1. abrigo para empresas em implantação ou graduadas; 2. disponibilização de consultorias genéricas e especializadas; 3. oferecimento de cursos nas áreas de gestão tecnológica e empresarial; 4. estímulo de interação entre empresas e instituições de ensino e pesquisa; 5. acesso facititado das empresas vinculadas a outros parceiros.

Figura 1. Composição formal do complexo gestor de um Parque Tecnológico.

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A comentada sinergia entre os diversos atores que compõem um Parque Tecnológico ligado a universiades tem por objetivo moldar sua estrutura organizacional com vistas a promover o estímulo para a criação e consolidação de empresas de base tecnológiga. Para tanto, os projetos de implantação e operacionalização dos Parques Tecnológicos, atualmente, devem atender alguns requisitos básicos: Proximidade física com a Universidade: Como forma de dispor de acesso ao conhecimento e outros recursos inerentes às universidades e aos centros de ensino e pesquisa; Necessidade de incentivos e parcerias: Para suportar economicamente o projeto e para atender demandas variadas e diferenciadas das empresas e pesquisadores vinculados; Infra-estrutura de serviços: Para potencializar a utilização do que já existe nas instituições parceiras – principalmente as universidades, evitando replicar investimentos; Estrutura organizacional: Direção, gerência e equipe qualificada, como forma de planejar e gerir o empreendimento. Desta forma, ficam ampliadas as possibilidades reais de atender às necessidades dos parceiros e clientes e a formatação de redes de cooperação no ambiente do Parque Tecnológico, inerentes e adequadas a uma nova sociedade, baseada no conhecimento. Para a implantação e gestão de um Parque Tecnológico, seu planejamento deve atender vários quesitos como forma para alcançar o sucesso da iniciativa e possibilitar, a partir destes elementos, o monitoramento permanente de seu desempenho. Uma das formas de melhor contribuir para essa gestão é o desenvolvimento de ontologias no contexto de parques tecnológicos. A seção 5 a seguir desenvolve o tema. 6. Ontologia para Parques Tecnológicos 6.1 Contexto da Ontologia Apesar dos novos empreendimentos terem como meta a elaboração e o desenvolvimento do seu planejamento de forma cada vez mais acurada, detectam-se deficiências que, se conhecidas e melhor entendidas, poderiam auxiliar de forma relevante o processo. Neste sentido, várias pesquisas referentes a parques tecnológicos revelam: • ... que informações referentes ao segmento ainda são escassas ou, principalmente, dispersas. Estudos referentes a projetos já implantados, a novas iniciativas, ou mesmo a um banco de dados do setor, poderiam auxiliar tanto na consolidação de um referencial teórico como na potencialização das sinergias entre os diversos atores; • ... a inexistência de uma metodologia para avaliar e projetar os impactos sócio-econômicos destes empreendimentos. Mesmo admitindo-se que não existe um modelo único para parques tecnológicos (PACHECO, 2006) [17], que por sua natureza são diferentes, pois respondem a estímulos nem sempre semelhantes, a proposição de um referencial metodológico para estudo com foco macroeconômico é indispensável; • ... a necessidade de mapeamento prévio das expectativas dos parceiros, com vistas a projetar os resultados esperados e avaliá-los no contexto da iniciativa, e;

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• ... a importância da elaboração de um organograma institucional que atenda às necessidades de Parques Tecnológicos e de seus parceiros, haja vista ser uma estrutura organizacional nova e que deve ser e estar bem esclarecida entre suas partes. Assim, com base na limitação das ferramentas de busca atuais, por um lado, e na intensiva produção de documentos científicos, por outro, onde estes crescem em ritmo veloz, como já constatado desde o início deste milênio, e ainda com a acentuada demanda por busca, verificação, recuperação e análise de documentos (PACHECO, 2001) [18], este artigo propõe, de forma preliminar, o desenvolvimento de uma ontologia comum para a informação sobre parques tecnológicos. Através da análise do domínio é possível identificar os termos importantes e relevantes para o contexto de parques tecnológicos. Antes de serem representados formalmente, estes termos devem ser identificados e especificados de maneira informal. Desta forma, tem-se aqui o objetivo de oferecer de forma mais racional: • acesso baseado em websemântica às atuais informações sobre Parques Tecnológicos, a partir de múltiplas fontes; • agilização do compartilhamento de conhecimento entre os parceiros; • uso de forma mais intensa de rede de cooperação entre os parceiros; • avaliação das tendências do mercado com vistas novos produtos e à inovação; • mapeamento de novos mercados. Segundo Nalva e Parcilene, várias metodologias para construção de ontologias têm sido apresentadas na literatura nos últimos anos, porém, ainda não se tem um padrão definido para realização desse processo. Baseado nas principais etapas de desenvolvimento de ontologias encontradas em vários trabalhos, serão apresentadas algumas atividades que podem compor a construção de ontologias. As etapas básicas deste processo – criação de uma ontologia comum para o setor de parques tecnológicos – poderiam ser descritas como segue: Identificação de Requisitos e Propósito da Ontologia. É necessário identificar claramente o propósito da ontologia, ou a finalidade pela qual se faz necessária sua criação. É necessário também, especificar os requisitos que a ontologia deverá atender, que podem ser expressos em termosp de questões de competência. São questões que envolvem o domínio e poderão ser apresentadas à ontologia e esta deverá ser capaz de respondê-las. Captura da Ontologia. Nesta etapa, devem ser identificados os termos necessários para representar o conhecimento que envolve o domínio, os relacionamentos entre estes termos, bem como sua organização deve ser realizada de forma hierárquica. Formalização da Ontologia. A formalização da ontologia envolve justamente a concretização do processo realizado para permitir a compreensão dos dados pela máquina. É nesta etapa que deve ser definido e representado formalmente o conhecimento que envolve o domínio. Os termos que compõem a definição de uma ontologia são representados através de: definição das classes que descrevem os conceitos; relacionamentos e hierarquia das classes e subclasses que representam conceitos específicos; propriedades das classes, seus valores permitidos e os tipos de dados, sendo os mais comuns: literal, numérico, booleano, instância de uma classe etc; axiomas que representam as sentenças que irão restringir a interpretação dos conceitos e relações; instâncias de elemento individual das classes para compor a base de conhecimento.

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Avaliação da Ontologia. Este processo deve ser realizado em paralelo com as demais etapas do desenvolvimento de ontologias para verificar se satisfazem aos requisitos estabelecidos. A realização desta atividade pode apresentar as falhas existentes na construção da ontologia. Aquelas que apresentarem deficiências devem ser refeitas e avaliadas novamente para garantir que a ontologia tenha capacidade suficiente de atender as propostas estabelecidas no início do projeto. Como descrito, uma das etapas está vinculada à elaboração da conceituação e taxonomia da terminologia no entorno do cenário de um Parque Tecnológico, com vistas a auxiliar ao desenvolvimento da ontologia, sua eficácia, sua consciência situada com vistas à necessária etapa de tomada de decisão e resolução de problemas, e ainda, oferecer melhor sustentabilidade da visão de futuro de seus usuários. É importante esclarecer e considerar que cada organização possui características particulares e próprias, convivendo em um contexto específico, mas geralmente percorrem caminhos semelhantes para a realização do gerenciamento do conhecimento. O objetivo de propor, também, a elaboração de uma taxonomia, simples e abrangente, visa uma melhor organização dos processos e atividades de gestão do conhecimento (BALDAM et al, 2005) [3]. O conjunto de elementos estruturais de uma taxonomia, sintetizados a partir de diversos autores a partir de suas afinidades, pode ser visualizado através da Tabela 1.

Tabela 1. Conjunto de elementos estruturais de uma Ontologia

Elemento da Taxonomia

Significado Sucinto

Gerar Fase onde o conhecimento surge, interna ou externamente.

Organizar Fase onde são considerados diferentes aspectos referentes ao armazenamento do conhecimento.

Compartilhar Fase onde é definido o acesso, a distribuição, a divisão, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento pela estrutura organizacional.

Aplicar Fase de utilização do conhecimento disponibilizado, momento no qual o conhecimento agrega valor.

Avaliar Fase de mensuração dos desvios entre o previsto e o realizado, o desempenho de todo o processo, revisando etapas, monitorando os resultados e os impactos causados.

Na Tabela 2 estão relacionados alguns termos, de fontes diversas [13], [19], [24] – entre outras, que deveriam compor uma ontologia, como a aqui proposta, e que deveriam, posteriormente, sofrer uma análise envolvendo questão de, por exemplo, escalabilidade, categorização, relevância, sinonímia e conexidade, relativas a esta ferramenta.

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Tabela 2. Conjunto de termos para uma Ontologia de Parques Tecnológicos

Termo Significado sucinto

Capital de Risco O que se investe em empreendimentos inovadores, associando-se com os empreendedores na busca de retorno de alta rentabilidade e curtos períodos de investimento.

Centrode Modernização Tecnológica

Visa transferir o conhecimento disponível nas universidades e centros de pesquisa para os setores tradicionais da economia.

Empreendedor Alguém que se ocupa de levar adiante um empreendimento.

Empreendimento Processo de iniciação de uma aventura empresarial, a organização dos recursos necessários e o assumir de riscos e recompensas associadas.

Espírito Empreendedor Característica de uma pessoa quando da busca da excelência se seu desempenho.

Formação de Empreendedores

Parte do processo empreendedor que aborda todos os aspectos relacionados com a educação, capacitação e demais necessidades para que indivíduos com espírito empreendedor possam levar adiante, com mínimo risco, uma iniciativa empresarial.

Gestão do Conhecimento

Estratégia central para desenvolver a competitividade de empresas e países, considerando investimentos em P&D, tecnologias de informação e comunicação, inovação, aprendizagem organizacional e criatividade.

Incubadora de Empresa Espaço onde uma nova empresa pode alojar-se e ter acesso a ferramentas, relações e recursos necessários para fortalecer seu crescimento e desenvolver sua capacidade de sobreviver em mercados competitivos.

Investigação sobre gestão do processo empreendedor

Criação e sistematização de conhecimentos vinculados com o processo empreendedor.

Núcleo de Inovação Tecnológico

Grupo de pessoas com objetivo de estimular a transferência de tecnologia e as inovações tecnológicas entre as universidades – centro de pesquisa e setor produtivo.

Parque de Ciência Um local que oferece serviços de excelência e prove uma sede permanente para empresas de base tecnológica – incluindo incubadora e centro de serviços.

Parque Tecnológico Um local que abriga organizações comprometidas com a aplicação comercial da alta tecnologia, com atividades que incluem a investigação, desenvolvimento, a produção, vendas e serviços.

Pólo Tecnológico Conceito semelhante à Parque Tecnológico

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Pré-incubação Etapa prévia para fortalecer a qualidade de empreendimentos, oferecendo a empreendedores apoio acadêmico, técnico, físico e econômicos para alcançar o desenvolvimento com êxito de oportunidades de negócios em atividades intensivas em conhecimento.

Processo Empreendedor Marco onde empresas, universidade e estado participam de um mesmo sistema, em que todos interagem entre si e resultam mutuamente dependentes.

Processo Inovador Iniciado a partir do processo empreendedor, incorporando a componente inovação a empresas pré-existentes.

Research Park Denominação de Parque Tecnológico nos Estados Unidos

Science Park Denominação de Parque Tecnológico no Reino Unido Spin-off (SO) Empresa criada para explorar uma propriedade

intelectual gerada a partir de um trabalho de pesquisa. Spin-off Acadêmico (SOA)

Empresa criada para explorar uma propriedade intelectual gerada a partir de um trabalho de pesquisa desenvolvido em uma instituição acadêmica.

Technopôle Denominação de Parque Tecnológico na França Tecnópolis Denominação de Parque Tecnológico no Japão Venture Capital Denominação de Capital de Risco em inglês

6.2 Análise da Ontologia Associar uma ontologia a algum setor ou segmento que tem o conhecimento como base, como é o caso deste artigo, não pode, nem deve, excluir a utilização do uso de ferramentas de busca mais genéricas. Porém, ao invés do retorno de milhares de informações, ao nível do que chamamos de dados, uma ontologia comum ao setor de Parques Tecnológicos poderá potencializar suas ações, que estão geograficamente distantes mas têm, hoje, uma abrangência global, adequada a um mundo sem fronteiras, caracterizado por uma nova sociedade emergente baseada no conhecimento onde o foco de busca são novas oportunidades, tecnologias, habilidades e competências. Substancialmente, pertencem a um mundo novo altamente conectado em rede, também referido a um mundo em hipertexto. A Figura 2 propõe uma leitura dentro do objetivo deste artigo, fomentando as inter-relações entre os setores de um parque tecnológico envolvidos. Em um pequeno núcleo chamado Parque Tecnológico podemos ter todos os atores conectados em hipertexto através de, por exemplo, um intranet. Em outra dimensão, mais abrangente e complexa, podemos inter conectar vários Parques Tecnológicos através de uma extranet, e a internet iluminando e interligando todo estes ambientes.

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Figura 2. Rede Cooperativa, de um ou mais Parques Tecnológicos, fomentada a partir da existência de uma ontologia comum ao setor, em três níveis (Intranet- Extranet-Internet).

Oferecer esta mesma leitura para o modelo de Parques Tecnológicos, que hoje florecer em todo o mundo, através da adoção de uma ontologia própria será é incluir esta iniciativa com mais relevância e maior valor agregado dentro deste contexto. A seguir são apresentadas as considerações finais acerca do artigo.

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7. Considerações Finais Gestar, implantar e operar um Parque Tecnológico, no contexto atual, visando seu êxito e sucesso, deve estar associado à visão de uma organização do conhecimento, gerenciando ativos intangíveis, atuando em rede e baseados em ferramentas com elevado grau de conexão, como a ontologia proposta. Os incrementos e estímulos propostos por este artigo em relação à gestão do conhecimento, incluem o desenvolvimento de uma linguagem comum a qual, segundo Maturana e Varela (1995) [12], determina o desenvolvimento do conhecimento de um grupo. Estes afirmam que o encadeamento entre ação e experiência indica que todo ato de conhecer produz um mundo: “todo fazer é conhecer e todo conhecer é fazer”. Conhecer é uma ação efetiva, e constitui-se de efetividade operacional no domínio de existência do ser vivo. A relação entre as atividades realizadas por um indivíduo na empresa onde trabalha, no meio social em que convive, são partes essenciais de seu fazer e de seu conhecimento, de uma forma similar ao contexto de parques tecnológicos.

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