Operações Unitárias Indústria Alimentos

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PRINCPIOS DAS OPERAES UNITRIAS NO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS

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PRINCPIOS DAS OPERAES UNITRIAS NO PROCESSAMENTO DE ALIMENTOShttp://tecalim.vilabol.com.br - AGB / 2010

OBJETIVOS DA INDSTRIA ALIMENTCIAAumentar o perodo durante o qual o alimento permanece adequado para o consumo, vida de prateleira. Aumentar a variedade da dieta inclui a modificao da forma do alimento para o consumo ou para permitir outros processamentos. Aumentar a praticidade na preparao domstica das refeies e a facilidade de consumo em locais distantes inclui pratos prontos. Fornecer nutrientes necessrios para a sade e incrementar a qualidade nutritiva dos alimentos e gerar lucro para os fabricantes.

DEFINIO DE ALIMENTODe acordo com o Cdigo Nacional de Sade, Decreto-Lei 986/1969, alimento toda substncia ou mistura de substncias, no estado slido, lquido, pastoso ou qualquer outro adequado, que objetiva fornecer ao organismo humano os elementos normais ao seu processo nutricional. As matrias-primas alimentcias, por sua vez, so materiais de origem vegetal, animal ou outra, comestveis em estado natural ou transformados, cuja composio qumica satisfaz s necessidades nutricionais do homem.

ALIMENTOS PROCESSADOS todo material alimentcio, devidamente acondicionado, que possui uma vida til acima da alcanada em estado natural, sendo utilizado para isso mtodos fsicos, qumicos e/ou fsicoqumicos. Classifica-se em provisria ou permanente, segundo a durao da vida til. Segundo CRUESS a vida til deve ser de dias ou semanas para as conservas provisrias, e de meses ou anos para as conservas permanentes. Um objetivo principal do processamento de alimentos retardar sua deteriorao e prolongar sua vida til, retendo seus nutrientes por maior perodo de tempo. Muitos processos (por exemplo, o enlatamento) transformam alimentos perecveis em produtos que so estveis, nutritivos e seguros por anos. O processamento de alimentos em todas as suas vrias formas traz imensurveis benefcios em termos de disponibilidade, vida til e segurana. Isso importante para alimentar com segurana s naes em que a decomposio e outras formas de danos e deteriorao impem problemas srios.

MATRIA-PRIMA INDUSTRIALMatria-prima toda substncia de origem animal, vegetal ou mineral, em estado bruto, que para ser utilizada como alimento, precisa sofrer um tratamento e/ou transformao de natureza qumica, fsica ou biolgica. No haver produto bom, se ele for fabricado com matria-prima inadequada. As matrias-primas podem ser classificadas de acordo com sua estabilidade em: perecveis, semiperecveis e no perecveis. Perecveis so matrias-primas que se alteram rapidamente, a menos que sejam submetidas a processos de conservao. Geralmente requerem baixas temperaturas de estocagem para melhor estabilidade. Estas matrias-primas apresentam vida til de apenas alguns dias quando refrigerados e de alguns meses quando congelados. Exemplos: leite, carnes frescas, frutas e hortalias. Semiperecveis so matrias-primas que tem sua estabilidade aumentada em decorrncia de tcnicas aplicadas em seu processamento. A estabilidade pode ser estendida por 30 a 90

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dias, quando mantidas em refrigerao. Exemplos: produtos crneos defumados, queijos curados. No perecveis estas matrias-primas podem ser estocadas a temperaturas ambiente por um perodo de tempo prolongado, sem que haja crescimento microbiano suficiente para se caracterizar a deteriorao. Exemplos: cereais, gros, produtos desidratados e produtos enlatados.

DIVISO DAS MATRIAS-PRIMASAs matrias-primas so divididas em trs grupos principais: (1)-origem animal; (2)-origem vegetal; (3)-origem mineral. (1)-Matria-Prima de Origem Animal Englobam nesta diviso: carnes, leite, pescados, mel e ovos. CARNES So matrias-primas provenientes da matana de mamferos e de aves; bovino, suno, caprino, frango, galinha, pato, peru, etc. Destes animais so utilizados ainda, midos, gorduras, leos, couro, sangue. LEITE a matria-prima obtida da ordenha completa de vacas. Os leites no Brasil so selecionados em trs categorias baseada exclusivamente nos padres microbiolgicos que so: tipo A, tipo B e tipo C. Os leites fornecem derivados como os leites desidratados, os leites fermentados, cremes, queijos. PESCADOS Estas matrias-primas compreendem os peixes, os crustceos, os moluscos e alguns mamferos. A indstria alimentcia oferece derivados comestveis como: ao natural, em leos, em molhos, salgados, prensados, defumados, em salmoura, etc. MEL E OVOS O mel o produto de gosto aucarado elaborado por abelhas a partir do nctar de flores. Os ovos so matrias-primas obtidas de aves em granja. Os ovos podem ser obtidos por processo industrial como: resfriados, congelados, desidratados. (2)-Matria-Prima de Origem Vegetal As matrias-primas de origem vegetal podem ser extradas ou cultivadas. CEREAIS Estes so constitudos por sementes e gros alimentcios das gramneas, representado principalmente pelo arroz, trigo, milho, centeio, cevada e aveia. HORTALIAS So considerados como legumes o fruto ou a semente de diferentes espcies de plantas, principalmente leguminosas utilizadas como alimento. As hortalias so um grupo representado por vegetais de largo consumo tanto in natura, bem como industrializados. Entre os industrializados mais comuns tm-se as verduras e os legumes em conservas e seletas.

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FRUTAS Devido principalmente sua riqueza em sabor e aroma, as frutas so muito apreciadas e consumidas. As frutas podem ser industrializadas de diversas formas dando origem a diferentes tipos de produtos. Assim, temos as frutas secas, os sucos de frutas, os nctares, purs, as frutas em calda. SACARNICAS Estas so provenientes fundamentalmente de dois vegetais diferentes usado para o mesmo fim, obteno da sacarose. Uma delas o caule da cana-de-acar onde se extrai o acar de cana ou sacarose de cana. A outra a beterraba, cultivadas e zonas mais frias. Trata-se de uma raiz que fornece o acar de beterraba ou sacarose de beterraba. PLANTAS AROMTICAS E ESPECIARIAS Neste grupo incluem-se os vegetais utilizados principalmente como aromatizantes dos alimentos preparados. So exemplos aafro, baunilha, canela, cravo, crcuma, gengebre, louro, mostarda, etc. (3)-Matria-Prima de Origem Mineral As matrias-primas de origem mineral podem ser lquidas ou slidas. As matrias-primas lquidas so as guas e, as slidas esto representadas pelo sal marinho.

TIPOS DE INDSTRIAS DE ALIMENTOSEmbora no seja fcil encontrar uma classificao para as diferentes atividades industriais relacionadas com os alimentos, podem ser consideradas: Indstrias que preparam alimentos frescos, incluindo os abatedouros e as empresas que selecionam e embalam vegetais para venda; Indstrias de conservas; Indstrias que fabricam produtos que servem para preparar alimentos, como a moagem ou o fabrico de sal de cozinha; Indstrias que fabricam alimentos prontos para consumir.

AS OPERAES UNITRIAS NO PROCESSO DE ALIMENTOSAs operaes unitrias no processamento de alimentos envolvem uma combinao de procedimento para atingir as modificaes desejadas nas matrias-primas. Cada operao possui um efeito especfico, identificvel e previsvel no alimento. A combinao e a seqncia das operaes determinam a natureza final do produto elaborado. 1. OBTENO DAS MATRIAS PRIMAS Colheita/ ordenha/ abate/ pesca. Grau de maturao cor, tamanho, aroma, textura, Brix, Brix/acidez /Idade ou peso do animal. 2. TRANSPORTE, RECEPO E ARMAZENAMENTO DE MATRIAS PRIMAS Primeira etapa da matria-prima atravs de operaes antes de seu uso no processo de industrializao. Para vegetais e frutas a limpeza normalmente realizada com gua clorada. Este tipo de limpeza chega a reduzir em at 90% da carga microbiana nos alimentos. O transporte pode ser dividido em: 80% rodovirio; 15-20% ferrovirio; 1-2% fluvial ou martimo. Dentro da indstria as matrias primas so transportadas por: tubulaes, esteiras, caambas, carretas, gruas (pelo teto para carnes). Armazenamento: a granel em silos temperatura ambiente com controle de umidade, cmeras de refrigerao ou congelamento, tanques pressurizados (para leos vegetais, vinagres).

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3. PREPARAO DE MATRIAS PRIMAS Toda matria prima devem passar por um processo de limpeza antes do seu processamento. O propsito remover os contaminantes, areia, insetos, etc. Isto essencial para proteo do processo e dos equipamentos assim como um produto final seguro para o consumo. Limpeza pode ser a seco com jato de ar atravs de peneiras; utilizao de spray de gua em esterias de roletes. Seleo o processo de verificao e separao das matrias primas imprpria que deve ser descartadas, ou re-processadas. Classificao a operao de separao dos lotes diferentes mas que esto perfeitamente sadios para processamento ou consumo (tamanho, colorao, ponto de maturao, etc.). Descascamento utilizado para matria prima in natura de legumes e frutas, que pode ser feito manual, com vapor ou gua quente, meios mecnicos, mdio cido, congelamento, etc., dependendo do tipo de matria prima e o destino final do processamento. 4. OPERAO DE REDUO DE TAMANHO Em muitos processos na indstria de alimentos pode haver a necessidade de reduzir o tamanho dos alimentos slidos utilizando para isto, foras mecnicas atravs de equipamentos prprios. Esta reduo pode vir a dar origem a um produto como, farinha a partir de gros de milho e trigo ou, preparar o alimento para a prxima operao como no caso de sucos de frutas e de legumes. Com a moagem a superfcie do slido aumentada com a reduo do tamanho facilitando outros processos como a secagem, extrao, homogeneizao, inativao. A operao unitria de triturao e moagem deve levar em considerao as caractersticas do produto a ser processado e dos equipamentos empregados. Em geral os principais equipamentos utilizados para esta operao so: trituradores de rolos, moinhos de martelo, de disco, coloidal, de bolas ou de barras. As foras mecnicas utilizadas por estes equipamentos, so as de compresso, impacto e cisalhamento. a)- Nos alimentos semi-lquidos, as operaes de reduo so: emulsificao e homogeneizao.

OPERAO DE EMULSO

OPERAO DE HOMOGENEIZAO

Figura-1: Operao de reduo de tamanho para alimentos lquidos

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b)- Nos alimentos slidos, as operaes de reduo so: moagem, triturao, esmagamento.

MOINHO COLOIDAL

TRITURADOR DE FACA CIRCULAR

TRITURADOR DE MARTELO

Figura-2: Operao de reduo de tamanho para alimentos slidos

5. OPERAO DE MISTURA Mistura uma operao unitria fundamental no processamento nas indstrias de alimentos e bebidas. Na Mistura se efetua a combinao uniforme de vrios componentes de uma formulao de um determinado produto. O efeito reolgico das matrias primas na operao de mistura pode influenciar na eficincia desejada do produto final, envolvendo propriedades fsicas e qumicas dos componentes dos ingredientes da formulao que podem se alterarem durante o processo. O controle do tempo e temperatura no processo de mistura essencial. A figura-3 ilustra um processo de mistura e os componentes de controle.

Figura-3: Operao Unitria de Mistura e seus controles no processo Mecanicamente os misturadores e agitadores so utilizados na formulao e fabricao de uma grande variedade de produtos alimentcios. Uma variedade de configurao tpica de misturadores mostrado em Figura-4 conforme o tipo de produto desejado. O principal objetivo da operao unitria de misturada e: (I)-promover a transferncia de massa entre slido e lquido e/ou as reaes qumicas entre os ingredientes da formulao; (II)- manter os componentes dispersos uniformemente, para evitar a decantao, cristalizao aglomerao;

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(III)- dissoluo adequada das partculas slidas (acar, sal, amidos) nos componentes lquidos; (IV)- estabelecer uma distribuio das partculas uniforme quando o produto for transferido para a prxima operao unitria.

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Figura-4: Configuraes de misturadores para cada tipo de produto: 1-misturador para lquido; 2-misturador para lquido e slido; 3-misturador para ps; 4-misturador para slido e lquido. 6. OPERAO DE SEPARAO A operao unitria de separar pode envolver a separao de alimentos slidos em slido, como por exemplo, a pelagem de batatas, tomates, cebolas, ou a separao de um alimento slido de um lquido (sucos de frutas, pectina), ou ainda de um alimento lquido de um liquido. Os alimentos so misturas complexas de compostos e a extrao ou separao de seus componentes fundamental preparao de ingredientes ou produtos para estar sendo utilizados em outros processos (por exemplo, a extrao de leos das sementes de mostarda, azeitonas, ou gelatina de tecido dos ossos); ou para a recuperao de compostos de alto valor, tal como enzimas existentes nos alimentos. A operao unitria separao tambm utilizada para separar tamanho e cor dos alimentos. Para este tipo de operao so utilizados os processos de: centrifugao, filtrao, extrao, concentrao, ultrafiltrao. 6.1 Centrifugao H duas aplicaes principais de centrifugao: separao de lquidos no imiscveis, o lquido mais denso move0se para as paredes do recipiente e o mais leve para a parte anelar mais interna da centrfuga e, separao de slidos de lquidos.

CENTRFUGA CLARIFICADORA PROCESSO LQUIDO-SLIDO

CENTRFUGA DECANTADORA PROCESSO SLIDO-LIQUIDO

Figura-5: Tipos de centrfuga utilizada na operao de separao

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6.2 Filtrao Filtrao uma operao unitria cujo propsito a separao de um produto insolvel presente em suspenso lquida passando a suspenso atravs de uma membrana de poros que retm as partculas slidas. Na filtrao e formada uma camada conhecida como bolo e o lquido que passa atravs dos poros da membrana e no contm slidos chamado de filtrado. Filtrao uma operao amplamente utilizada na indstria em geral; no caso particular da indstria de alimentos, trs caractersticas definem a filtrao. O primeiro inclue suspenses contendo significante quantidade de slidos insolvel que, quando filtrado, forma um bolo no meio filtrado, obtendo o slido filtrado. Outra filtrao tpica, inclue suspenses com pouca quantidade de slidos insolveis reduzidos e, usualmente a filtrao chamada de clarificao. Finalmente, outro tipo de filtrao a microfiltrao, ocorre quando as dimenses das partculas slidas no ultrapassam o tamanho de 0,1 mm. Os tipos de filtros mais utilizados na indstria de alimentos so os de presso-placas, filtros a vcuo,(figura-6).

Figura-6a: Esquema do funcionamento de um filtro prensa

Figura-6b: Esquema de funcionamento de um filtro rotativo a vcuo 6.2.1 Filtrao por Osmose Osmose Inversa (RO) (ou 'hyperfiltration') e ultrafiltration (UF) so ambas operaes unitrias em que gua e algum solutos em uma soluo so seletivamente removidas atravs de uma membrana semi-permevel. A maior aplicao na indstria de processamento de alimentos de osmose inversa na concentrao e recuperao de sub-produtos na produo de queijos, e, tambm na filtrao do leite para a alterao da lactose na fabricao de sorvetes. Osmose Inversa tambm muita utilizada para:

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concentrao e purificao de sucos de fruta, enzimas, licores de fermentados e extrao de leos essenciais de legumes. para concentrar amido de trigo, cido do ctrico, ovos, leite, caf, e extrao de aromas naturais. para clarificar vinho e cerveja. 7. OPERAO DE APLICAO DE CALOR Tratamento trmico, um dos mtodos mais importantes utilizados no processamento de alimentos com o objetivo de eliminar os efeitos indesejveis e/ou eliminar os microorganimos e inativao das enzimas presente nos alimentos. O processo de tratamento trmico nos alimentos, induz mudanas fsicas e reaes qumicas tal como, gelatinizao dos amidos, desnaturao de protenas ou escurecimento no enzimtico afetando as caractersticas sensoriais como cor, sabor e textura dos alimentos. O importante aumentar o tempo de vida dos alimentos processados e isentos de microorganismos que pode deteriorar os mesmos. Para esta operao unitria, so utilizados uma variedade de equipamentos e processos, dependendo do tipo de tratamento trmico desejado. A aplicao de calor em alimentos podem ser por, conduo ou conveco dependendo do alimento (slido ou lquido). Alimentos slidas, so maus condutores de calor e, lquidos possuem uma viscosidade relativamente baixa o que facilita a transferncia de calor. Os seguintes processos e equipamentos so os mais utilizados para esta operao: 7.1 Branqueamento uma operao importante, onde a transferncia de calor realizada usando gua quente ou vapor. O branqueamento tem sua principal funo de inativar as enzimas, remoo de organismos vegetativas presentes na superfcie dos alimentos. A operao de branqueamento tambm um pr-tratamento para a prxima operao de pasteurizao, esterilizao, desidratao e congelamento do alimento. No tratamento por branqueamento, o calor recebido pelo alimento pode ocorrer algumas alteraes sensoriais e de qualidades do nutricionais, no significativa pois, a temperatura utilizada nesta operao e baixa (60 a 75C). 7.2 Pasteurizao A pasteurizao um tratamento trmico relativamente brando, no qual o alimento aquecido a temperaturas inferiores a 100C. Alimentos de baixa acidez (pH>4,5), como o leite minimiza possveis riscos sade devido contaminao por microrganismos patognicos. Alimentos cidos (pH