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Opinião - agencia.ecclesia.pt · Mas outras são as contrariedades. Não aquelas adiadas por imperativos económicos, mas as que ... Esse credo é muito simples. Ei-lo: creio que

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, LuísFilipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges,

Catarina PereiraGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes

Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos

Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Sandra Costa Saldanha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Opinião D. José Cordeiro14 - A semana de... Paulo Rocha16- Entrevista Juan Ambrosio,docente da UCP24- Dossier Ano da Fé

40- Internacional44 - Cinema46 - Multimédia48 - Estante50 - Vaticano II52 - Agenda54 - Liturgia56 - Programação Religiosa57 - Por estes dias58 - Fundação AIS60 - LusoFonias

Tema do dossier da próxima edição:Diocese de Aveiro

Foto da capa: D.RFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Ano da Fé[ver+]

Cáritas lançacampanha deNatal[ver+]

Apoiar os cristãosna Terra Santa[ver+] D. José Cordeiro |Padre Tony NevesSandra Costa Saldanha

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A inoperância da salvaguarda

Sandra Costa Saldanha

As más intervenções de conservação e restauroconstituem, de longa data, um dos maiores emais graves atentados contra o patrimóniocultural da Igreja. Domínio que se debate comdiversos problemas - nem sempre sinalizados ede difícil quantificação - não é novidade que sejustificam, em muitos casos, pela escassez derecursos financeiros ou pela ausência detécnicos especializados ao serviço das dioceses.Mas outras são as contrariedades. Não aquelasadiadas por imperativos económicos, mas as queefetivamente se materializam: os procedimentosdesadequados e as intervenções danosas,quantas vezes, irreversíveis.Levadas a cabo por pessoas sem qualificação,por vezes de formação autodidata e em atos deamadorismo, se, por um lado, entroncam numaautonomia local especialmente nociva, assentam,por outro, na ausência de fiscalização eacompanhamento técnico apropriado. Asorientações normativas existem (e emabundância) mas são liminarmentenegligenciadas. Falha uma ação escrupulosa econsequente. Reconhecendo-se a insuficiência efragilidade de alguns serviços, pese embora oesforço de acompanhamento noutros casos, eleé manifestamente insuficiente no panorama das20 dioceses

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que marcam o mapa eclesiásticonacional.Será pois neste sentido que,aspirando à implementação de umadinâmica de atuação concertada,terá lugar em Fátima (no próximodia 6 de dezembro) o IV ConselhoNacional para os Bens Culturais daIgreja.

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© LUSA

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Também o Papa se confessa, de 15em 15 dias, porque o Papa tambémé um pecador, e o confessor ouveas coisas que eu lhe digo,aconselha-me e perdoa-meFrancisco, audiência geral -Vaticano, 20.11.2013 Em toda a Europa, a legitimidade deexercício dos governos está a serafetada. Por isso, já começa a haversinais de reações, de movimentosde extrema-direitaAdriano Moreira, entrevista à RR,20.11.2013 O próximo ano não será fácil, tenhodito que vamos ter pela frente umorçamento exigente, que apela àresponsabilidade de todos na suaexecução. Mas os sacrifícios queafetam todos os portugueses, aosquais as forças de segurança nãosão naturalmente alheias, não nospodem desviar da missão degarantir a segurança de Portugal edos portuguesesMiguel Macedo, ministro daAdministração Interna, na aberturado ano académico do InstitutoSuperior de Ciências Policiais eSegurança - Lisboa, 20.11.2013

Possíveis alterações ao Orçamentode 2014 teriam de ser analisadas nocontexto da próxima revisãoRelatório da Comissão Europeiasobre a oitava e a nova avaliaçõesao Programa de AssistênciaEconómica e Financeira a Portugal,Bruxelas, 21.11.2013 Com serenidade, esperaremos pelovosso voto nas propostas que fazema diferença na vida dos portuguesesPedro Marques, deputado do PS, nadiscussão na generalidade doOrçamento do Estado para 2014 –Assembleia da República,21.11.2013 É com grande satisfação que felicitoa Seleção Nacional de Futebol peloseu apuramento para a fase final doCampeonato do Mundo, que serádisputada no Brasil, em 2014. Osjogadores e a equipa técnica viramrecompensados os seus esforços eestão de parabéns.Aníbal Cavaco Silva, presidente daRepública Portuguesa, site daPresidência, 19.11.2013

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Cáritas lançou campanha de NatalA Cáritas Portuguesa apresentouem Lisboa a 11ª edição da suacampanha anual de Natal, que visaapoiar os cidadãos maisdesfavorecidos no país e as vítimasdo conflito na Síria, promovendovalores de justiça e solidariedade.Eugénio Fonseca, presidente daCáritas Portuguesa, sublinhou emconferência de imprensa, que estanão é uma “operação comercial”,mas uma iniciativa que visa “ajudaros portugueses a viver o Natal comos valores que lhe estãosubjacentes”.“Isto pretende ser um antídoto, paraque as pessoas se recentrem nosvalores do Natal”, declarou, perantedezenas de pessoas reunidas noauditório dos Serviços Sociais daCâmara Municipal de Lisboa. Entreesses valores, o responsáveldestacou os da “solidariedade,justiça e paz”.O valor final recolhido nestacampanha será aplicado em duascausas distintas: 65% reverterão afavor das famílias e pessoas em“situação de carênciasocioeconómica”, que serãoajudadas através das

Cáritas Diocesanas eparóquias portuguesas; os outros35% reverterão para o apoio àspopulações atingidas pela guerra daSíria.A Cáritas propõe a compra de velaspelo “preço simbólico” de um euro,sendo possível adquirir um ‘pack’ dequatro velas por quatro euros, queinclui no interior um presépio parapintar.A organização católica assume oobjetivo vender, na operação ‘10Milhões de Estrelas - Um Gesto pelaPaz’ deste ano um número superioràs 500 mil velas de 2011 e às 450mil de 2012.“Este euro vai mitigar tanta carênciaque ainda grassa pelo nosso país”,explicou Eugénio Fonseca.Este responsável explicou que odestino internacional deste ano foidecidido em consonância com osbispos portugueses, recordando emparticular as “crianças filhas dessepovo (Síria) que não conseguemviver no seu país”. “Apesar de tudoo que estamos a viver, o nosso povoé surpreendente, é de uma grandegenerosidade”, disse

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o presidente da Cáritas.Eugénio Fonseca recordou asolidariedade dos portugueses como povo das Filipinas e admitiu quesonha com um número próximo do“milhão de estrelas”, na campanhadeste ano, no que foi acompanhadopelo coordenador nacional daoperação '10 Milhões de Estrelas',Carlos Grade.A iniciativa natalícia tem

este ano o apoio da maestrinaJoana Carneiro, que vai dirigir umConcerto pela Paz, no dia14 dezembro, na Catedral deLisboa, com o Coro de PequenosCantores do Conservatório deLisboa.A Cáritas convida os portugueses aserem “ embaixadores da paz”, numgesto de “cidadania e de atenção aooutro” que se estende às escolas.

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Bispo de Viana alerta para ameaçasà féO bispo de Viana do Casteloescreveu às comunidades católicasda diocese sobre “dois perigos” queas ameaçam, “os falsos profetas” e“as perseguições”, numa mensagema respeito do Ano da Fé, que seconclui este domingo. D. AnacletoOliveira alerta para as novas formasde violência nos dias de hoje que“não têm” a violência de outrasépocas e lugares, mas “são atémais perigosas”.“São as perseguições lançadas pelasociedade laicista e laicizante querejeita os valores da vidadefendidos por nós cristãos. Vejam-se as leis e a cultura a elassubjacente, que facilitam o abortoou a dissolução e destruição dafamília”, destaca a mensagem,recebida hoje pela AgênciaECCLESIA.O texto parte de uma passagem doEvangelho em que Jesus apela à“perseverança” e aponta para anecessidade de manter no futuro adinâmica deste Ano da Fé,convocado por Bento XVI, Papaemérito.

“Um futuro em que se mantenha vivaa chama da fé que este ano nos temiluminado e aquecido; um futuro emque permanentemente se renove odinamismo que tem presidido amuitas das atividades e vivênciasem que temos procurado conhecer,celebrar, praticar e testemunhar a féque nos gloriamos de professar”,sublinha D. Anacleto Oliveira.A mensagem apresenta cincopropostas/respostas do Catecismoda Igreja Católica, no número 162:“A alimentar com a Palavra deDeus”; “pedir ao Senhor que no-laaumente”; “ela, a fé, seja ativa pelacaridade”; “ser sustentada pelaesperança” e “permanecerenraizada na fé da Igreja”.

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Ano da Fé vai mais longe

O bispo da Guarda, considera que a“grande preocupação” do Ano daFé, que passou por “colocar Deus ea Pessoa de Cristo no coração davida pessoal e comunitária”, tem decontinuar para lá de domingo.“A grande preocupação do Ano daFé, que termina, não a poderemosesquecer neste dia 24 denovembro. Durante este Ano da Féfizemos por toda a Diocese algumasexperiências que nos podem serúteis para o futuro próximo”,assinala D. Manuel Felício.Numa mensagem publicada no siteda diocese, a respeito doencerramento deste ano, nodomingo, o bispo destaca asassembleias arciprestais e osencontros dos cooperadorespastorais na Diocese da Guarda.“Estes cooperadores, quer pelo seunúmero quer pelas diferentes áreasda vida das comunidades querepresentam, são de facto umaesperança para renovaçãocomunitária em que estamosempenhados”, exemplifica.Segundo o bispo da Guarda, com oanúncio do Ano da Fé e “a

preocupação de colocar no centro acelebração” os 50 anos do ConcílioVaticano II, a diocese “escolheuviver os próximos quatro anos emesforço” para compararem a Igrejaque são com a que o Concíliopropõe. “Esperamos ser possível nofinal deste período de quatro anosdefinir caminhos novos de vivênciada Fé numa Igreja renovadasegundo o Concílio Vaticano II”,considerou.O prelado explicou também que estainiciativa convocada pelo Papaemérito Bento XVI e que vai serencerrada, este domingo, pelo PapaFrancisco foi “um convite especial”para os fiéis entrarem pela porta daFé.

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Do visível ao invisível

D. José CordeiroBispo de Bragança-Miranda

Na conclusão de um ano dedicado à Fé, a Igrejarenova-se na vocação constante à Fé da Igreja ena alegria do Evangelho. Desde sempre existiu atentativa de exprimir em formas visíveis o mistériode Deus através de toda a história dahumanidade e toda a Sagrada Escritura.Dostoiévski escreveu: «Às vezes, Deus envia-meinstantes de Paz; nesses instantes, amo e sintoque sou amado. Foi num desses momentos quecompus para mim mesmo um credo onde tudo éclaro e sagrado. Esse credo é muito simples. Ei-lo: creio que não existe nada de mais belo, demais profundo, de mais simpático, de mais viril ede mais perfeito que Cristo. E eu digo isto paramim mesmo com amor cioso; que não existe nempode existir. Mais ainda: se alguém me provarque Cristo está fora da verdade e que esta nãose encontra n’Ele, prefiro ficar com Cristo a ficarcom a verdade».Toda a liturgia é, principalmente, celebraçãosacramental, que realiza, sobremaneira, naEucaristia, a união entre o visível e o invisível,isto é, o único mistério de Deus, que outro não ésenão o próprio Jesus Cristo, como escreveSanto Agostinho: «Não há outro sacramento‘mistério’ de Deus senão Jesus Cristo». Aodizermos que a Eucaristia, é o sacramento domistério, queremos salientar a realizaçãosacramental dos mistérios de Cristo nacelebração litúrgica, ou melhor,

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como explica São Leão Magno nocélebre sermão da Ascensão doSenhor, ao falar do mysterium emperspetiva litúrgica, afirmando queno ato de partir Cristo permanece,porque: «o que no nosso Redentorera visível, passou para os seussacramentos».A visão que vês é indizível. Temosnecessidade de dizer pela poesia,por imagens e pela ação. Às vezespensamos ou até acontece mesmode chegar ao fundo do poço. Noentanto, até aqui renasce aesperança, porque do fundo dopoço veem-se melhor as estrelas.Deus deu-nos olhos para ver, mastambém nos deu pálpebras. Sem ooutro não podemos viver.Ver a Palavra é o enorme desafio dafé: «Na verdade, o Senhor, nossoDeus, revelou-nos a sua glória e asua grandeza, e ouvimos a sua vozdo meio do fogo. Hoje mesmo damo-nos conta de que Deus pode falarao homem e este continuar vivo!»(Dt 5, 24)Com o tema fundamental da hora deJesus, o texto passa dos gregos aoscrentes. Este termo é

essencial na teologia Joanina eindica diversas coisas, mas, a horaderradeira da cruz é o grandemistério de todo o mistério. A horade Jesus é a grande passagem – aPáscoa. É a grande hora do amor. Éainda a hora de ver o invisível novisível da cruz pascal. E este é oenorme risco da fé.No nosso tempo em que a palavra«crise» parece ser a chavehermenêutica de mudanças sociaise culturais, tenhamos a ousadia daalegria do Evangelho para verJesus, ou seja ver o invisível. É otempo oportuno para ousar crer:que Deus é Deus; no Pai, o amigodos homens; no Filho, a amado doPai; no Espírito Santo, a fonte doamor; na Igreja uma só e única; nossacramentos; no Evangelho; napessoa humana, como caminho daIgreja; na família, santuário da vida;na comunhão dos santos e na vidaeterna.A Igreja existe para mostrar osmistérios de Cristo, ou melhor paraevangelizar no aqui e agora dahistória.

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Eu estou aqui…

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Foi a semana de: “eu estou aqui…”!Pessoas, instituições e todos os meios decomunicação social cruzaram os dias destasemana com uma frase que apenas se intui. Nãose ouve. Poucos descobriram as parcas palavrasditas em ambiente de delírios. Apenas o gesto,repetido. O suficiente para ser a “marca” domarcador. Não apenas de um golo. Mas do queele representa no supermediatizado meio dofutebol.Cristiano Ronaldo disse “eu estou aqui” ePortugal inteiro, meio mundo bateu palmas… Ebem, muito bem! Mas não é o único a dizer: “euestou aqui”. Há muitos mais, sem palmas, sem o“circo” mediático, mas com o mesmo valor e amesma relevância para a História de um povo,para Portugal.Muitos portugueses e cidadãos de todo o mundoolharam para as Filipinas, viram a fome de umpovo e a devastação de uma região quiseramajudar e disseram: “eu estou aqui!”Respeito pelos mais velhos, dignidade de vidados pescadores, rejeição da eutanásia, louvor aquem vive com esperança e na contemplação o“amanhã de Deus” são algumas das muitasmensagens do Papa Francisco ao longo destesdias que em todas as circunstâncias diz: “euestou aqui!”Malala Yousafzai, com 16 anos, não se calou nomomento em que era necessário lutar peladefesa dos direitos humanos no Paquistão erecebeu esta semana

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o prémio “Sakharov” atribuído peloParlamento Europeu onde disse:“eu estou aqui!”A Conferência EpiscopalPortuguesa publicou um documentoonde escreve que o trabalho é paraoferecer à pessoa dignidade e atodos o bem comum e não apenaspara gerar lucro, afirmando assim:"eu estou aqui!"A Cáritas, ao procurarnovas estratégias para conseguirresponder a quem precisa de ajuda,mobilizar voluntários e qualificar otrabalho que desenvolvem emmuitosrecantos, nestas e em todas asocasiões diz: "eu estou aqui!"

Muitos portugueses, participando nodebate público, na construção dademocracia, lutam pelos direitoslaborais, por melhores condições devida, com o recurso à greve a partirde convicções pessoais ou pelasugestão de mecanismossindicais, dizem “eu estou aqui!”Nos próximos dias, muitos cidadãosirão, por certo, colaborar em maisuma campanha do Banco Alimentarcontra a fome... outra oportunidadede dizer: “eu estou aqui!”É importante, é histórico dizer,dizermos: "eu estou aqui!"Todos... Também Ronaldo, claro!

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Ano da Fé na primeira pessoaJuan Ambrosio, teólogo e professorda Universidade Católica PortuguesaJuan Ambrosio, teólogo eprofessor da UniversidadeCatólica Portuguesa, percorreumuitos quilómetros neste Ano daFé. Entre conferências, cursos eencontros, a reflexão foi aoencontro do interesse de muitosfiéis de várias dioceses,interessados em aprofundar asua vivência espiritual. Agência ECCLESIA (AE) - Querealidade encontrou nos locais ondeesteve a falar sobre o Ano da Fé?Juan Ambrosio (JA) - A realidadeque encontrei é de gente que estáverdadeiramente interessada emaprofundar a sua fé, em saber oque significa e que consequênciasisso pode ter. É interessante porquequando o Papa Bento XVI convocoueste ano de reflexão, disse serimportante pensar a fé e asconsequências sociais, e eu diriatambém políticas, da fé, naconstrução e na intervenção de ummundo diferente, numa históriadiferente, mas desafiou também aque deliquássemos algum tempo arefletir sobre o próprio ato da fé. Oque é isto de ter fé? O que é olharpara o mundo numa

perspetiva de fé? Que mudançaintroduz na nossa própria existênciae experiência pessoal? Pelos sítiosonde fui passando havia muitapreocupação em refletir sobre osconteúdos da fé, nomeadamente, osignificado do credo.Penso que se ficássemos por aquiteria sido curto. É óbvio que a fé tema ver com conteúdos, mas quandorefletimos sobre a experiência de terfé, percebemos que implica mais doque do que acreditar em conteúdos.Na encíclica «A luz da fé», do PapaFrancisco e do Papa emérito BentoXVI, surge claramente estaexpressão: “A fé brota do encontrocom Deus”, ou seja, ela éessencialmente uma experiência deencontro e refletir sobre essaexperiência é algo muitointeressante.À partida não era isso queacontecia, estávamos muito maiscentrados na reflexão sobre osconteúdos. A mudança é, do meuponto de vista, muito interessante.

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AE – Em que locais esteve, ao longodeste ano?JA - Essencialmente no centro dopaís. Coimbra, Leiria, também umbocadinho Santarém, Guarda eFátima, que é um local central e hávários acontecimentos a nívelnacional, com pessoas de todo opaís. Andei muito em Lisboa, emvárias paróquias. AE - Que solicitações tinha?JA - Essencialmente conteúdossobre os desafios atuais àtransmissão da fé, ou o Credo. Mas,relacionando-se com isto, refletiu-sesobre o Concílio do Vaticano II,cujos 50 anos se assinalam. Vemosatualmente como o Papa Franciscoinsiste claramente, não tanto nareferência formal e especifica aoConcílio, mas percebe-se, nas suasintervenções, uma clara linhaconciliar.Eu confesso que no início do Anotive dois ou três receios: umprimeiro foi que a proposta dereflexão nos levasse a todos a dizera fé todos da mesma maneira. Mas,depois, percebi que esse receio nãoera real porque há, de facto,

sensibilidades diferentes, porque éverdade que a fé que temos é amesma fé em Jesus Cristo, brota domesmo encontro mas cada um denós é cada um, e esse encontro épessoal, tendo depois de seconcretizar de múltiplas maneiras.O segundo receio foi porque acelebração que tínhamos era nocontexto do Ano da Fé, a celebraçãodos 50 anos do Concílio Vaticano IIe, também, a celebração dos 20anos do Catecismo da IgrejaCatólica. Receei que o Catecismo sesobrepusesse ao Concílio.A verdade é que o Catecismo temde ser interpretado à luz doConcílio, como consequência destee, se houver algum conflitointerpretativo entre os dois, tem aprecedência o Concílio.Foi muito interessante ver como háesta preocupação por ir de novo aoConcilio, por ir buscar essaprimavera, essa força e essadinâmica que é importanteimplementar na Igreja.

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AE - Tendo em conta a experiênciaque foi tendo em vários locais emPortugal, consegue perceber que oAno da Fé é algo a que se vai darcontinuidade ou, em si, foi umaproposta que se encerra?JA - Esse é outro receio, porquenão pode acabar aqui. A reflexãosobre a experiência da fé é algo quenão podemos deixar de fazer.

São importantes os conteúdos e asnormas, mas isso são momentossegundos, não são o momentoprimeiro. O momento primeiro é aexperiência de encontro e isso temde ser sempre refrescado com umareflexão.A experiência da fé é umaexperiência de encontro pessoal eela deve ser vivida nessa dimensão.

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AE - Sente as comunidadespredispostas a dar essacontinuidade?JA - De um modo geral sim. Claroque nos habituamos, neste últimosanos, a receber orientações doVaticano para uma reflexão emtorno de um tema específico e éinteressante que toda a Igreja estejaunida nessa reflexão. Mas asparóquias e as dioceses devemestar atentas às suas realidadespara poder desenvolver, no terreno,experiências que vão de acordo aoque acontece.Não temos de estar à espera quenos digam o que temos de fazer, ésempre bom que todos juntosreflitamos mas também é bom quetomemos a iniciativa. Está aí umtema agora a rebentar com toda aforça que é refletir a família e osproblemas concretos que a famíliatem.Esse será o sínodo extraordinárioque já foi convocado e toda a Igrejaandará à volta desse tema, mas jáse vão vendo comunidades muitopreocupadas com isso. Penso quehá uma grande abertura para nãofazer da fé uma coisa para viverpara usufruto próprio,fechadas sobre si próprias

as comunidade ou cristãos.Há uma importância e umaconsciência clara de que a fé temque ter repercussões sociais. Eunão posso dizer que acredito emJesus Cristo, que Jesus Cristo temum projeto de realização, desalvação e felicidade para ahumanidade e depois deixar que ascoisas à minha volta continuem namesma. Tem de haver umaintervenção social, e até mesmopolítica dos cristãos. Com políticanão estou a falar apenas de políticapartidárias, mas da participação noque é a construção da Pólis, naorganização da cidade. AE - Acredita que foi isso que o Anoda Fé provocou?JA - Se refletirmos sobre a fé, eesse era o objetivo, temos de tirarobrigatoriamente uma conclusão: afé não é para uso próprio. Claro queme aproxima de Deus, claro que merealiza pessoalmente, mas não podeficar encerrada nessa relação “eu-tu”, ela tem que lançar-me para omundo e, portanto, se o ano da féfoi verdadeiramente um ano dereflexão sobre a experiência da fé,essa experiência tem que terconsequências sociais e

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consequências na história dahumanidade. E bem precisamosdelas, estamos em tempos demudanças paradigmáticas e a fépode verdadeiramente iluminar esseexercício de mudançasparadigmáticas em que

cada um tem de ser protagonista.Ou deixamos que os outros façamas coisas por nós ou nós, emquando cristãos e enquantocomunidade, assumimo-nos comotal e somos intervenientes nummundo que queremos diferente.

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AE - Em relação às dinâmicas danova evangelização neste Ano daFé, acredita que tenha havido maiscriatividade e mais desassombronas propostas?JA - Criatividade e desassombrosim. A nova evangelização passouum bocadinho para segundo plano,não totalmente, porque está semprena nossa mente, mas, de facto, éverdadeiramente interessante queao refletirmos

sobre fé percebamos que estascoisas da nossa evangelização nãopodem ser coisas só técnicas demera criatividade.Sse nós refrescarmos a fé, seaprofundarmos verdadeiramente oque é a experiência da fé, talvezisso vá ter repercussões sobre aprópria questão da novaevangelização. A novaevangelização, do meu ponto devista, não pode ser definida

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em apenas uma frase mas averdade é que não pode ficar emtécnicas, não pode ficar emexpressões do novo ardor.Verdadeiramente penso eu, quandofalamos em nova evangelizaçãotemos de pensar o que é anovidade do evangelho para cadatempo. Há uma expressão do PauloVI, novos tempos de evangelização,da ‘Evangelii Nuntiandi’, quetambém é bonita mas, em bom rigor,todos os tempos são novos temposde evangelização. A novidade aquiestá na novidade que Nosso SenhorJesus ressuscitado é em cadatempo. Perceber isso parece-meessencial e refletir sobre a fé ajuda-me a perceber isso. E nisso achoque foi um passo muito importante,perceber que se calhar, quando nósestávamos a falar da novaevangelização nestas questões dametodologia e da criatividade,estávamos a falar de coisas mutoimportantes mas verdadeiramentenão estamos a falar do maisnuclear, do mais importante que é oencontro com o Senhor Jesusressuscitado.

AE - As pessoas que encontrounestas conferências estãopreparadas para fazer essecaminho?JA - Quando nós refletimos einiciamos este itinerário, vimos umexcelente acolhimento por parte daspessoas e isto faz sentido. Alinguagem do amor humano é paramim uma das gramáticas que melhornos ajuda a perceber o ministério deDeus e, quando encontramos duaspessoas que estão verdadeiramenteapaixonadas e se amamverdadeiramente uma à outra, issoinfluencia todo o viver. Se há umconstante refrescar dessa relação, apessoa parece que está fresca efeliz, e se está feliz e se tem essaperspetiva, isso influencia a maneiracomo vive, como se relaciona, comofaz as suas opções. Portanto, sepassarmos isso para a experiênciada fé, penso que se entende, queesta experiência da féfundamentada neste encontrosempre renovador com aquele queé o vivo, que está ressuscitado,pode introduzir dinâmicas novas nahistória. Isso parece-me importante.

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O que a fé cristã é, requer e ofereceLendo a encíclica Lumen Fidei, fica-se depressa com a impressão deque ela desempenha duas funçõeseclesiais ao mesmo tempo: é não sóatividade do magistério mas tambémreflexão teológica. Constituiseguramente um ato de supervisãopastoral da Igreja. Mas aparecetambém como um tratadocondensado sobre a fé cristã.Com efeito, a encíclica apresentaum conjunto de aspetos que ajudama compreender a dinâmica da fécristã. Mostra que esta se inserenum processo de diálogo entreDeus e o ser humano que decorreao longo da história. Considera quea fé é um modo de conhecimento,ou seja, um caminho de acesso àverdade. Entende que ela respondeà busca humana do sentido.Defende que ela é verdadeiraexperiência de salvação. Sublinha aresponsabilidade ética da fé,chamando a atenção para os frutosque deve dar na vida concreta. Nãoesquece a dimensão eclesial da fé,reconhecendo o papel da Igreja nasua continuidade ao longo

dos tempos, no seu crescimento emtodos os que se afirmam crentes ena sua transmissão aos múltiploscontextos humanos. A encíclicarefere ainda a necessidade de a féprocurar compreender-se a simesma, isto é, passar pela teologia.Aponta igualmente a necessidadede ela estabelecer o diálogo com arazão, abrindo a esta novoshorizontes e deixando-se confrontartambém por ela.Mas a encíclica reflete aquilo queconstitui a grande preocupação domagistério oficial da Igreja. Proclamaa necessidade de preservar aunidade e a integridade da fé cristã.Trata-se do que permite à Igrejamanter-se, ela mesma, una e igual asi própria. Foi efetivamente para istoque “o Senhor deu à Igreja o domda sucessão apostólica” (nº 49), ouseja, da continuidade histórica docorpo dos ministros da ordemepiscopal – incluindo os sucessoresde Pedro – a quem incumbe ogoverno da Igreja.Deve-se acrescentar, no entanto,que a encíclica aponta para oexercício duma terceira função

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eclesial, embora não a mencioneexplicitamente. Trata-se do ‘sentidoda fé dos fiéis’, que não é redutívelà reflexão teológica nem à atividadedo magistério. Na verdade, falar daluz da fé é chamar a atenção paraum modo de entender as coisas deDeus, da vida e do mundo quesurge por dentro da vivência dessamesma fé. Quer isto dizer que,independentemente do lugar

que se ocupe no seio da Igreja,“quem acredita, vê” (nº 1). Com a fé,abrem-se os olhos para uma novacompreensão das coisas, tanto nopercurso de cada um, como nasresponsabilidades do domíniocoletivo. Requer-se, pois, uma féviva para que a luz que ela facultabrilhe nos corações e seja acessívelao mundo.

Padre Domingos Terra, sj

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Laboratório da féO «Laboratório da fé» é um projetodo arciprestado de Braga, quenasceu no contexto do Ano da Fé,como forma de concretizar osobjetivos diocesanos propostospara o ano pastoral iniciado emoutubro de 2012: celebrar o Ano daFé de forma digna e fecunda;intensificar a reflexão sobre a fé;confessar a fé no SenhorRessuscitado; aprofundar osconteúdos do «Credo», a partir doCatecismo da Igreja Católica. O nome, que se identifica atravésde um logótipo onde estárepresentada a unidade da fé e adiversidade dos itinerários de cadaser humano, inspira-se nas palavrasde João Paulo II aquando do JubileuMundial da Juventude: «cada um devós pode encontrar dentro si mesmoa dialética feita de perguntas erespostas. [...] Neste admirávellaboratório do espírito humano, queé o laboratório da fé, sempre seencontram mutuamente Deus e oser humano».A principal novidade, disponível napágina na internet — www.laboratoriodafe.net —,

centra-se em quarenta e duasreflexões sobre o «Credo Niceno-Constantinopolitano» («Esta éa nossa fé») compostas a partir detextos bíblicos e do Catecismo daIgreja Católica. As paróquias foramdesafiadas a promover a divulgaçãodestes conteúdos através darealização semanal do «dia da fé».E foram distribuídos cem milexemplares com as três fórmulas«oficiais» do «Credo».A concluir o Ano da Fé, asparóquias da cidade de Braga, nosábado, dia 23, organizam umacaminhada/peregrinação intitulada«A pé com fé». O objetivo épercorrer quatro igrejas da Cidade eterminar na Sé Catedral. Em cadaigreja haverá um momento dedicadoaos sacramentos do batismo,confirmação, eucaristia ereconciliação. Haverá um «guião»para o percurso, que pode serindividual ou em conjunto (comoacontecerá com os vários anos decatequese). Cada paróquia terá um«cachecol» de cor diferente e com ologótipo do Ano da Fé. Foramelaborados dez mil

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guiões e seis mil cachecóis. O Ano da Fé, no arciprestado deBraga, completa-se com o toquedos sinos em todas as igrejas, às17h30 de domingo; às 18h, numadas paróquias sob a responsabilidade do mesmopároco, realiza-se uma adoraçãoacompanhada pelo canto deVésperas. Assim se assinala oencerramento do Ano da Fé. Fica aresponsabilidade de darcontinuidade à vivência dos seus

frutos, entre os quais se conta o«Laboratório da fé», queagora assume a dinâmica da fécelebrada (temática do novo anopastoral em Braga). As novidades também podem seracompanhadas nas redes sociais eatravés de uma aplicação paratelemóvel.

Padre Marcelino Paulo Ferreira

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De um preconceito vulgar a umconceito singular. O valor davida pensado e celebrado no “Átriodos Gentios”A sessão portuguesa do Átrio dosGentios foi convocada peloConselho Pontifício da Cultura epela Diocese de Braga “paraconversar sobre a vida nas suasrevelações e nos seus mistérios epara pensar a vida e os modos devida dos humanos, neste início doterceiro milénio: porque existimos esomos o que somos? Que caminhosnos trouxeram até aqui? O que é eo que significa esta consciência depresença no universo, estaconsciência de si, este sentimentode si e do outro? O que é esteinstinto visceral de sobrevivência,que traz nas entranhas algoparecido com esperança edeterminação para superar os fluxosde morte que de nós se abeiram enos envolvem no quotidiano? E afragilidade da vida? O que nosdizem as religiões e os humanismos,a ciência e a política, a filosofia e ahistória, o desporto e a teologia, aliteratura e a espiritualidade sobre ovalor e o sentido da vida de cadaser humano?

Num tempo em que estas questõessão sistematicamente excluídas daagenda dos interesses públicos e daactualidade, insistir na ideia de quenada é demais, nenhum recurso,nenhuma ideia, para pensar a vidaem geral, nas suas inumeráveisconcretizações, e a vida humana emparticular, é um dever cívico, umdever de humanidade… Não hámais lugar para entrincheiramentosem dogmatismos científicos oureligiosos castradores”,In Comunicado aos meios decomunicação social, 18 deSetembro de 2012. Estas palavras de apresentação,então dirigidas à comunicaçãosocial, deixam perceber que opropósito deste evento não foi, emprimeira instância, fazer umaapologia da fé cristã, antes,promover um encontro das fés dosportugueses, religiosas e seculares,científicas, crentes, agnósticas,ateias e religiosas.

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Convocado o Átrio dos Gentios nocontexto temporal da abertura doAno da Fé, dois outros grandesacontecimentos, em 2012, foraminspiradores: Guimarães, capitaleuropeia da cultura e Braga, capitaleuropeia da juventude.Preconceitos, ambiguidades,polémicas, rivalidades geográficas,políticas, eclesiásticas e culturais,tombaram – por fragilidade eirrelevância – naqueles dois dias,que juntaram em Guimarães e emBraga cerca de 1.800 pessoas,vindas de todo o país. Asactividades transmitidas online permitiram picos de participaçãoe audiência de cerca de 4000pessoas. Números são números;mas estes, nós sabemos que nãosão mera

estatística.Os seis workshops a decorrerem aolongo da tarde de sábado, dia 17de novembro, em vários lugares dacidade de Braga, não passaram àmargem do espírito celebrativo efestivo que, em meu entender, foi apedra de ara do Átrio dos Gentios.Quem não se recorda da Missabrevis, cantada na Sé catedral,pelos Cantate, na noite de sábado?E os sinos das igrejas doarciprestado de Braga querepicaram jubilosamente emuníssono? E o lançamento de livrose exposição de pintura? E aorquestra Geração Lisboa? E afundação Orquestra Estúdio deGuimarães e o coro deLicenciatura em Música daUniversidade do Minho? E ascentenas de colaboradores,

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voluntários e profissionais, quese reinventaram para que nada doque foi idealizado se fizesse pormenos? E aqueles e aquelas,pessoas singulares e instituições,mecenas e patrocinadores, quetornaram possível a construção,pedra a pedra, de um átrio dasgentes e para as gentes?Um ano é passado; Por ocasião do1º aniversário da inauguração e da1ª sessão portuguesa do Átrio dosGentios tem sentido esta simplesmemória celebrativa. Saudado peloentão papa Bento XVI, através deuma carta que o cardeal GianfrancoRavasi entregou no Átrio, ousamospensar que, hoje, também o papaFrancisco, como nós, aí se sentiriaconfortável.O Átrio dos Gentios continua apretender verificar, de modoperformativo, as condições depossibilidade do encontro depessoas, do encontro de diferentessaberes, creres e crenças, métodose procuras e de diferentes visões domundo e da vida. Neste sentido, éum átrio – espaçointerepistemológico que não seprende a um lugar ou a umageografia – preparado para

ser habitado e à espera de o ser.Continua a desafiar a imaginação, acriatividade, a capacidade deconcretização e a nossaresponsabilidade pelos rumos davida e do mundo.

Isabel Varanda,docente da UCP

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Livros e Publicações: um BalançoAo longo do Ano da Fé alguns livrosconstituíram marcos importantes: apublicação em livro dasconferências do colóquio Quem foi,quem é Jesus Cristo? organizadopor Anselmo Borges; publicações dequalidade nas Paulinas, de quedestaco os livros Paciência comDeus de Tomás Halik, Tomados deAssombro do Cardeal Martini, e doisautores portugueses em destaque:José Frazão Correia (A Fé Vive deAfeto) e Carlos M. Antunes (Só oPobre se faz Pão). A Paulus temfeito uma aposta louvável napublicação de trabalhos teológicoselaborados em Portugal e, dosJesuítas, veio a Frente e Verso comtrês publicações de qualidade. Écom pena que vemos uma editorade tradição como a Gráfica deCoimbra encontrar-se em baixaprodução editoral. Os Franciscanosproporcionaram-nos duas belastraduções de Karl Rahner. Do Portovimos o (re)nascer da Cosmorama.E tivemos as novas publicações deFernando Ventura (VersodaKapa) eVasco P. Magalhães (Tenacitas). Foio ano de Francisco: através denumerosas publicações foi-nos

dado a conhecer um pouco melhorda história e pensamento do actualPapa; mas esta oferta não escondeo deficit crónico de publicações dequalidade em Portugal sobre temascentrais no Cristianismo, seja decristologia, bioética, estudosbíblicos, etc.Este Ano da Fé deixa-me asensação de que mais poderia serfeito a jusante, no âmbito doshábitos de leitura. Se osportugueses oferecem, do seutecido cultural de Povo, poetas eescritores dos mais belos do mundo,são também conhecidos por lerempouco – e os cristãos não sãoexcepção. Continua a ser ladainhade responsáveis eclesiais –presbíteros e leigos, ministros,catequistas e animadores –repetirem que, em virtude dasmúltiplas actividades, têm poucadisponibilidade para a leitura –comprometendo quer a qualidadedo serviço prestado, quer acapacidade de encontrar novasrespostas para os desafiospastorais. O mundo editorial seráreflexo da realidade pastoral – dea(s) Igreja(s) Portuguesa(s)assentar(em) a sua pastoral

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mais na tradição social e familiar doque na (re)Iniciação Cristã deAdultos. Os cristãos portuguesesserão maiores leitores quandomelhor viverem a sua experiênciacrente como um caminho pessoalexigente e fascinante - e quandoforem mais interrogados, pelo meiocultural, na sua esperança.

Aqui, como em todos os âmbitos,percebemos como todos os anosterão de ser vividos na Fé – porquehá ainda um Caminho a percorrer.

Rui Vasconcelos,Livraria Fundamentos-Braga

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Da fé baptismal ao Credo dosbaptizados«Ide, fazei discípulos de todos ospovos, baptizando-os em nome doPai, do Filho e do Espírito Santo,ensinando-os a cumprir tudo quantovos tenho mandado» (Mt 28, 19-20).Com este mandato termina a missãode Jesus sobre a terra, e inaugura-se a missão da Igreja. Assimenviados, os Apóstolos partirampelo mundo, com o intuito de “fazerdiscípulos”, baptizando-os em nomedo Pai, do Filho e do Espírito, eensinando a outros o que elestinham aprendido do Senhor.Num primeiro momento, a prioridadeera o anúncio do chamado kerigma,palavra grega que significa“proclamação pública e solene deCristo Salvador, feita em nome deDeus, aos não cristãos”. Oconteúdo central desse primeiroanúncio, kérygma ou “compêndio dafé”, tem Cristo e a sua obra comoelemento central (cf. Gl 1,23; 6,10;Ef 4,5; Fl 1,27; Act 6,7; 13,18),sempre inseparável de Deus Pai.A preocupação de “transmitir o querecebeu” leva Paulo e seuscontinuadores a adoptar formas desumário da fé, precisamente comintuito

catequético. Encontramos diversosecos deste anúncio querigmáticonos Actos dos Apóstolos (1,8; 4,19-20; 5,40-42) e nos escritos paulinos(1Cor 8,6; 15,3-7; Rm 1,3-4; 10,9-10; 1Tm 3,16; 6,13-14). Temos aquijá o embrião dos futuros Credos, osquais se fixarão à medida que aIgreja foi crescendo e a catequesese foi desenvolvendo. Oneologismo katekeo, inventadopelos primeiros cristãos, significa“ensinar de viva voz”, ou “fazerecoar”, e designa esse singularexercício de comunicar a fé. Toda acatequese da Igreja antiga sedesenvolveu com este primeirointuito: ensinar a “escutar” a Palavrade Deus. «Como hão de acreditarn’Aquele de quem não ouviramfalar? E como hão de ouvir falar, senão houver quem lhes pregue? Ecomo hão de pregar, se não foremenviados?» (Rm 10,14).Depressa estas fórmulas simples deanúncio e confissão da fé deramlugar a profissões de féestruturadas a partir da tríplicepergunta baptismal (Crês emDeus Pai, Crês em Jesus Cristo,Crês no Espírito Santo), razão pelaqual osposteriores Credos manterão amesma estrutura trinitária, já

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comprovada por S. Ireneu, nosúltimos anos do século II: Triacapitula sigilli nostri: Pater-Filium-Spiritum, Demonstração, 100).Estas fórmulas de fé apontam,desde a sua génese, para trêsgrandes objectivos: definiro conteúdo da fé dos crentes,eliminando possíveis interpretaçõessubjectivas ou parciais; propor umnúcleo

referencial de objectividade,oferecendo um comum ponto deapoio e de identidade cristã;finalmente, facilitar a transmissãocatequética e retenção dos dadosfundamentais da fé baptismal.Durante os três primeiros séculosparece não ter existido uma fórmulaúnica e fixa de Credo. Em vez disso,continuava a ser

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referência fundamental afé professada no baptismo em formadeclarativa ou interrogativa. A pardo credo ou profissão de fébaptismal foram-se tornandofamiliares, desde o século II,fórmulas da chamada “Regra da fé”ou “Regra daverdade”. Estas regulaae fidei erambreves condensados da fé trinitária,em moldes ainda pouco rígidos emais ou menos desenvolvidos.Entretanto, permaneceu semprefirme a convicção que estes“resumos da fé” ou “pactos de fé”(Tertuliano, De pudicitia, 9,16) têmraiz nos «apóstolos que pregaram afé de Cristo, e sobre alguns artigosconsideraram necessário expressarde forma claríssima o seuensinamento a todos os crentes»(Orígenes, De principiis, I, prefácio,3). Mais tarde, no séulo IV, estaconvicção deu origem à lendasegundo a qual cada Apóstolo teriacomposto um artigo do Símbolo, quepor isso mesmo consta de 12artigos e se chama apostólico.Conforme afirma Tertuliano, «estaRegra de fé conserva-se desde oinício do Evangelho (hanc regulamab initio evangelii decucurisse)»(Adversus

Praxean, I,2).Foi a partir dessas Regula fidei,consideradas compêndios ouresumos autênticos do Evangelho,que se foram desenvolvendoos Credos ou Símbolos [da fé]. Omais antigo que conhecemos é ochamado Símbolo romano ouSímbolo dos Apóstolos, comentadopor Rufino em 404. A par deste, conhecemosdiversos Credos que, durante oséculo IV em que, devido à adesãoem massa de novos crentes, bemcomo ao avolumar-se dos debatesdoutrinais, se sentiu a necessidadede fórmulas mais rigorosas a serprofessadas por todos. O pontoculminante desta práxis foi oprimeiro concílio ecuménico,celebrado em Niceia (325) pararesponder ao arianismo que negavaa divindade do Filho de Deus. Nestecontexto, foi aprovado, pela primeiravez para toda a Igeja, uma fórmulade Credo que, com pequenas masimportantes adendas fitas noconcílio de Constantinopla (381),constitui o Credo que ainda hojeprofessamos (CredoNicenoconstantinopolitano).

Padre Isidro Lamelas,docente da UCP

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Jornadas Vicariais promoveramafirmação da identidade cristã noPortoO padre Américo Aguiar, vigáriogeral da Diocese do Porto, afirmouque as Jornadas Vicariais, iniciativaque assinalou o Ano da Fé,representaram um momentoimportante para que osparticipantes proclamassem “oCredo escrito nas próprias vidas”.“Acima de tudo um assumir da fésem complexos, todos estestestemunhos estes milhares dehomens e mulheres que ao longodestas semanas se foramencontrando e reencontrando. Asjornadas ajudaram a não ter medo,a não ter vergonha de dizer eu soucristão”, disse o sacerdote àAgência ECCLESIA.O vigário geral da Diocese do Portorevelou que muitas pessoas ficaram“cativadas por este nível defuncionamento pastoral”. “Estouconvencido que estes milhares dejovens diocesanos do Porto saíramdas jornadas encartados paraserem agentes pastorais, agentesde nova envangelização nasimplicidade das suas vidas”,desenvolve.As “Jornadas Vicariais da Fé”

dividiam-se em dois dias, sábado edomingo, com momentosde encontro, partilha e oração e osresponsáveis querem que nasparóquias e nas comunidades estainiciativa “não tenha terminadonaquele domingo à tarde”. Aossábados, os participantes ouviamtestemunhos de homens emulheres, “famosos e anónimos,famílias, médicos, professores,desempregados, jovens, idosos,doentes, saudáveis”, explicou opadre Américo Aguiar, quecontabiliza “eventualmente, 200testemunhos muito importantes”.“Cada homem e cada mulher quedeu testemunhos naquelas tardesproclamou o Credo escrito com assuas próprias vidas. Às vezesandamos à procura de Cristo emcoisas muito mirabolantes, naestratosfera, e tivemos alitestemunhos de carne e osso, dehomens e mulheres que foramverdadeiramente o rosto de cristo”,assinala o sacerdote, emdeclarações à Agência ECCLESIA.Os sábados à noite eram

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dedicados a uma vigília de oração,“quase todas com exposição eadoração ao SantíssimoSacramento” ealgumas dinamizadas com oraçõestípicas da Comunidade Ecuménicade Taizé, na França.“No domingo, dia do Senhor, foramcelebrações de multidões todas asvigararias [conjuntos de paróquias]foram capazes de ter uma grandemalha humana

nessas celebrações e acima de tudofoi uma festa percorrendo estesmais de 2 milhões de habitantes dadiocese”, acrescenta o vigário geral.Para o responsável, as “JornadasVicariais da Fé” para além deassinalarem o Ano da Fé tambémprovaram que “o nível de trabalhomais eficaz e mais capaz é de factoo nível vicarial”.

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Paz e respeito pela dignidadehumanano Médio OrienteO Papa Francisco manifestou hojeno Vaticano uma “grandepreocupação” pela situação doscristãos no Médio Oriente, vítimasdas tensões e conflitos na região, edeixou um apelo à paz e ao respeitopela dignidade humana. “A Síria, oIraque, o Egito e outras áreas daTerra Santa deitam lágrimas, detempos a tempos. O bispo de Romanão descansará enquanto houverhomens e mulheres, de qualquerreligião, atingidos na sua dignidade,privados do necessário para asobrevivência, derrubados dofuturo, obrigados à condição dedeslocados e refugiados”, declarou,perante os participantes naassembleia plenária daCongregação para as IgrejasOrientais (Santa Sé).Francisco uniu-se aos patriarcas earcebispos maiores do Oriente paraa apelar ao respeito pelo “direito detodos a uma vida digna e aprofessar livremente a sua própriafé”. “Não nos resignemos a pensarnum Médio Oriente sem cristãos,que há dois mil anos

confessam o nome de Jesus”,acrescentou.Segundo o Papa, a Igreja Católicadeve rezar para obter de Deus “areconciliação e a paz”. “A oraçãodesarma a loucura e gera diálogoonde o conflito está aberto”,observou.Na audiência que decorreu na SalaClementina, Francisco falou numa“dívida” de todos os católicos comas Igrejas que vivem na Terra Santa,deixando um elogio à sua “paciênciae perseverança” no ecumenismo eno diálogo inter-religioso. “O EspíritoSanto guiou-as nesta missão noscaminhos difíceis da história,alimentando-as na fidelidade aCristo, à Igreja universal e aosucessor de Pedro, ainda que comum alto preço, não raramente até aomartírio. Toda a Igreja vos estáverdadeiramente grata por isso”,disse o Papa aos presentes.A sessão plenária abordou omagistério da Igreja sobre o Orientecristão desde o Concílio Vaticano II eo Papa deixou a indicação de quesejam feitos

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“todos os possíveis para que osdesejos conciliares encontremrealização”. “A variedade autêntica,legítima, a que é inspirada peloEspírito, não prejudica a unidade,mas serve-a. O Concílio diz-nos queesta variedade é necessária para aunidade”, afirmou.Antes, o Papa Francisco tinha

apelado a um estilo de vida “sóbrio”por parte de quem temresponsabilidades eclesiais, duranteo seu primeiro encontro compatriarcas e arcebispos maiores dasIgrejas Orientais Católicas. “Penso,sobretudo, nos nossos sacerdotesque necessitam de compreensão eapoio, também a nível pessoal”.

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Papa elogia Ano da Família RuralO Papa associou-se às celebraçõesdo Ano Internacional da FamíliaRural, iniciativa da ONU que vai serinaugurada na sexta-feira, deixandovotos de que promova a valorizaçãodestas populações. “Ao exprimirsatisfação por esta oportunainiciativa, desejo que ela contribuapara valorizar os inúmerosbenefícios que a família traz aocrescimento económico, social,cultural e moral de toda acomunidade humana”, declarou, nofinal da audiência pública semanalque decorreu na Praça de SãoPedro.Segundo o Papa, a iniciativa daONU deve ajudar a “sublinhar que aeconomia agrícola e odesenvolvimento rural encontram nafamília um ator respeitador dacriação e atento às necessidadesconcretas”.“Também no trabalho, a família é ummodelo de fraternidade para viveruma experiência de unidade e desolidariedade entre todos os seusmembros, com uma maiorsensibilidade com os maisnecessitados de cuidado ou deajuda, travando à nascença

eventuais conflitos sociais”,acrescentou.A celebração tinha merecido umareferência de Francisco na suamensagem para o Dia Mundial daAlimentação 2013 (16 de outubro),frisando que na família tem início “aeducação à solidariedade e a umestilo de vida que supere a ‘culturado descartável’ e ponha no centrorealmente cada pessoa e a suadignidade”. “Sustentar e tutelar afamília a fim de que eduque para asolidariedade e para o respeito, éum passo decisivo para caminharrumo a uma sociedade maisequilibrada e humana”, escreveu.

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Ano da Fé levou mais de 8 milhõesde pessoas ao VaticanoA Santa Sé apresentou ascelebrações conclusivas do Ano daFé, que se encerra este domingo, erevelou que as diversas iniciativaspromovidas no Vaticano mobilizarammais de oito milhões e meio depessoas.“Chega ao fim um ano dedicadocompletamente a reavivar a fé doscrentes, mas agora continua odesejo de manter vivo oensinamento que recebemos nestesmeses, recordando os mais de oitomilhões e meio de peregrinos queeste ano se deslocaram ao túmulode São Pedro”, declarou opresidente do Conselho Pontifíciopara a Promoção da NovaEvangelização, D. Rino Fisichella.Antes do final Ano da Fé,convocado pelo Papa emérito BentoXVI, é assinalado hoje o ‘Dia da VidaContemplativa’, e o Papa Franciscovai encontrar-se com 500catecúmenos, que se preparampara receber o Batismo, vindos de47 países, este sábado.A missa conclusiva tem iníciomarcado para as 10h30 (menosuma em Lisboa) de domingo

e vai ser marcada pela primeiraexposição das relíquias de SãoPedro.Nesta celebração vai ser aindaentregue a nova exortaçãoapostólica ‘Evangelii Gaudium’ (Aalegria do Evangelho) do Papa arepresentantes dos cincocontinentes e será promovida umarecolha de fundos em favor daspopulações das Filipinas.“Para o final do Ano da Fépensamos num conjunto de váriossinais para demonstrar acontinuidade da fé”, explicou D. RinoFisichella.O responsável quis contrariar odiscurso que coloca em relevo “osfatores da crise” para sublinhar “osmuitos sinais positivos deesperança”.

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Histórias que contamosSarah Polley, atriz com vinte e oitoanos de carreira e realizadora comquatro longas metragens cumpridas,passou pelos ecrãs portugueses emFevereiro deste mesmo ano com oseu peculiar ‘Notas de Amor’. Umanarrativa invulgar que combinava asdimensões intimista e onírica aopercorrer a busca de Margot pelosentido do amor e da suaidentidade, entre o conforto de umcasamento construído sobre umaternura cómoda, segura e repetitivae a possibilidade de encontrar ofulgor que ali nunca existiu. Um filmeclaramente feminino com algo debiográfico que, de forma delicada,toca uma mulher frágil e forte dosnossos dias.De regresso, em ‘Histórias queContamos’ que agora estreia, Polleyvai bem mais longe no compromissode fazer do seu cinema lugar designificado, vinculando-noscorajosamente à sua autobiografia,num estranho e à vez incómodogesto de partilha.Todas as famílias têm a sua históriae é pelo mais genuíno

desejo de preservação de simesmas, do seu patrimónioimaterial, maior prova de amorpróprio e do significado que uns têmpara os outros, que os mais velhospartilham partes de si com os maisnovos, confiando-lhes a missão dedesafiar a as leis do tempo,sedimentando uma identidadecoletiva que os manterá solidamenteunidos para sempre e para sempreinscritos no relato da humanidade. Os seus episódios, suasparticularidades humanas,diferenças e semelhanças entre asdemais, no seu tempo e no seumodo, matriz identitária única, tecidade cumplicidades, intimidades,propósitos e acasos, encontros econtradições, verdade e ficção,segredos e revelações.Assim é com ‘Histórias queContamos’. Um documentário e umlegado que inscreve na história docinema e da humanidade ademanda duma mulher do nossotempo em busca da sua mãe, feitade lugares, testemunhos ememórias plurais, passados mais oumenos remotos evocados

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de modo próprio que, entretecidoem registos diversos, a conduz e anós por caminhos imprevistos: asrevelações sucedem-se ecomportam verdades dolorosassobre a identidade de Sarah.Para para lá do enredo concretoque se desenvolve, há no filme

uma riqueza inequívoca no tocar deuma questão fundamental: comonos tornamos, individual esimultaneamente, escultores eesculpidos enquanto narradores enarrados de e por uma mesmahistória coletiva...

Margarida Ataíde

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Autoridade Nacional de SegurançaRodoviária onlinehttp://www.ansr.pt/ No passado domingo, dia 17 denovembro, celebrou-se o DiaMundial em Memória das Vítimas daEstrada, este ano sob o lema“Estradas seguras para todos”.Facto este que levou o papaFrancisco, precisamente nessedomingo, após a recitação daoração do ângelus, a afirmar oseguinte: “Asseguro a minha oraçãoe encorajo a prosseguir ocompromisso da prevenção, paraque a prudência e o respeito pelasregras são a primeira forma detutela de si e dos outros”.Sentindo este apelo de prevenção epromoção da segurança nasestradas, esta semana a nossasugestão passa por uma visitaatenta e cuidada ao sítio daautoridade nacional de segurançarodoviária (ANSR). A ANSR “tem pormissão o planeamento ecoordenação a nível nacional deapoio à política do Governo emmatéria de segurança rodoviária,bem como a aplicação do direito

contraordenacional rodoviário”.Ao digitarmos oendereço www.ansr.pt encontramosum espaço virtual eminentementeinformativo, onde os conteúdos nossão apresentados com rigor e comuma qualidade elevada.Na página principal além do habitualmenu dispomos das principaisnotícias e destaques, bem como dasatuais campanhas temáticas adecorrer.Em “ANSR”, ficamos a conhecereste serviço central daadministração direta do Estadodotado de autonomia administrativa,nomeadamente ao nível do seuorganograma, quais são osinstrumentos de gestão, os recursoshumanos que a compõem e aindaquais são as suas atribuições.Na opção “Estratégia Nacional deSegurança Rodoviária” somosconvidados a consultar um conjuntode documentos em formato digitalque precisamente nos ajudam aenquadrar melhor este tãoimportante serviço.

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Em “Campanhas de SegurançaRodoviária”, podemos consultartodas as campanhas quedecorreram e ainda aceder a umconjunto de fichas sobre os maisvariados temas.No item “Segurança Rodoviária”, é-nos oferecida a possibilidade de lera história da Segurança Rodoviária,de consultar um relevante conjuntode conselhos e boas práticas noâmbito da prevenção rodoviária, eainda vários artigos técnicos.Existem ainda mais opções que vãodesde informações sobre

contraordenações, dados desinistralidade, código da estrada eoutra legislação.Fica então aqui lançada a sugestãode dedicarmos algum do nossotempo a analisar cuidadosamenteeste sítio porque, temos de pararcom a trágica dimensão dasinistralidade, que este ano jádizimou em Portugal 426 pessoaspor causa de acidentes rodoviários. Fernando Cassola Marques

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Esperar Jesus com MariaO livro ‘Esperar Jesus com Maria -Caminho do Advento’, de MariaTeresa Maia Gonzalez, pretendeque as crianças vivam a preparaçãodo Natal como “um tempo de esperaativa” recheado de momentos de“interação e atividades”.“Procuramos ajudar a criança aviver este tempo de Advento nãocomo um tempo de espera passivamas como tempo de espera ativa epor isso está recheado demomentos de interação e atividadespoderá fazer junto dos seus pais,educadores, avós, catequistas” eque “visam uma tomada deconsciência de que realmente estetempo do Natal é único”, disse aautora à Agência ECCLESIA.Para a escritora, cada vez mais otempo do Natal “é virado para oconsumo das coisas materiais” comanúncios comerciais nas televisões,lojas e as crianças vivem-no comoum tempo “que se está à esperadas prendas, quando a grandeprenda é a visita de Jesus”. “Estelivro vem sobretudo nesse grandesentido de prepararmos o coraçãopara

recebermos Jesus como Maria fez”,assinala Maria Teresa MaiaGonzalez.A ilustradora Isabel Monteiro revelaque as autoras tentaram que texto eimagem “se fundissem num objetode preparação mais espiritual” paraa celebração do Natal: “Todas asilustrações ajudam a contar ahistória e como as crianças vivemmuito da imagem têm a descriçãoassociada. A imagem é umprolongamento que toca mais aocoração das crianças”.Nas diversas atividades para cadadia do Advento, o objetivo é apelarao espírito de partilha da criançapara “que não se esqueça que háoutras crianças que não têmpossibilidades para viver o Natal deuma forma mais feliz, com maismagia”, revela a ilustradora queacrescenta “tentou-se com aimagem despertar a criança paraesse sentido mais humanitário”.Nesse sentido, o livro ‘Esperar Jesuscom Maria – Caminho do Advento’ étambém um desafio à interioridade ede desenvolvimento da

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espiritualidade num tempo dedispersão. “Às vezes fala-se só daárea intelectual mas há de factotoda esta dimensão espiritual quepertence ao ser humano e queprecisa de ser desenvolvida. Paraisso temos ajudar a criança, temosque proporcionar-lhe estedesenvolvimento e este livrinhotambém quer ser uma pequenacontribuição nesse aspeto”, destacaMaria Teresa Maia Gonzalez.

O livro vai ser lançado esta sexta-feira [18h30, FNAC CentroComercial Colombo] e insere-se nacampanha anual de Natal ‘10Milhões de Estrelas – Um Gesto pelaPaz’, da Cáritas Portuguesa, que na11ª edição visa apoiar os cidadãosmais desfavorecidos de Portugal eas vítimas do conflito na Síria.

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II Concílio do Vaticano:O embrião do decreto sobreos Meios de Comunicação Social

Com o aproximar do final da segunda etapa do IIConcílio do Vaticano, os primeiros documentos desteacontecimento, convocado pelo Papa João XXIII,começam a sentir a aurora do dia. Se a constituiçãosobre a liturgia (Sacrosanctum Concilium) foisaudada pelos especialistas na matéria como ummodelo daquilo que se pode esperar dum concílio, odecreto conciliar sobre os Meios de ComunicaçãoSocial provocou “uma certa desilusão, principalmentenaqueles que esperavam outra coisa” (In: Boletim deInformação Pastoral; Número 28-29; Janeiro-Fevereiro de1964).Na clausura solene da segunda sessão (04 dedezembro de 1963) do II Concílio do Vaticano forampromulgados dois documentos: Constituição«Sacrosanctum Concilium» e o decreto «InterMirífica». Enquanto a constituição teve 2152votantes, destes 2147 votaram «placet»; 4 padresconciliares «non placet» e um voto nulo. Por sua vez,o decreto sobre os Meios de Comunicação Socialteve 2131 votantes, destes responderam «sim» 1960padres conciliares e «não» 164 e os restantes (7)votaram nulo.O II Concilio do Vaticano foi o primeiro a elaborar umdocumento sobre os Meios de Comunicação Social.“Um texto relativamente «fraco», mas que teve omérito de abordar o tema e de predispor algumasdecisões práticas”, disse o padre José

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Maria Pacheco Gonçalves, jornalistada Rádio Vaticano, na sessãocomemorativa dos 100 anos de «AOrdem», dia 4 de maio de 2013, noPorto.Ainda neste âmbito das análises, D.Sebastião Soares de Resende,bispo da Beira (Moçambique) epadre conciliar, escreveu, em 1966,em «A Alma do Concílio» que aelaboração e promulgação dodecreto «Inter Mirífica» “foiprematura”. O prelado, natural deMilheirós de Poiares (Santa Mariada Feira) e falecido a 25 de Janeirode 1967, realçou na obra citada quese houvesse sido prorrogada a suapublicação, “como havia propostoum grupo de alguns bispos, navéspera da sessão solene que ohavia de promulgar, o decretobeneficiaria muito, quanto aoenriquecimento do conteúdo, que éomisso em alguns aspectos”.Quanto à linguagem, D. SebastiãoSoares de Resende revela que estaé “manifestamente inferior à quemais tarde se tornou característicado concílio”, como é notório nasduas constituições sobre a Igreja eo decreto sobre o apostolado dosleigos. Quanto

à missão, em especial na imprensa,esta não é “suficientementerelevada” no que respeita à“formação da opinião pública e atodas as formas de diálogo com acomunidade total ou parcial”,escreveu em «A Alma do Concílio».Na Igreja, é um “documento ímpar emarca um autêntico arranque paraum posterior aprofundamento davasta problemática dos Meios deComunicação Social”, defendeuPaulo Rocha, em Julho de 1996, natese de licenciatura «Meios deComunicação Social ao Serviço daEvangelização». No trabalho deinvestigação defendido naUniversidade Católica Portuguesa,Paulo Rocha sublinha que o decretoé “pioneiro” na Igreja no que serefere às comunicações sociais.“Não é, no entanto, um documentoque contenha os grandes temas quemarcaram o Concílio Vaticano II,como o do ecumenismo, daliberdade pessoal e de expressão edo diálogo”.

LFS

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novembro 2013

Dia 22* Início do Ano Internacional daFamília Rural. * Setúbal - Almada (Seminário)(21h30m) - Iniciativa «CaFéConcerto» promovido pela PastoralJuvenil da diocese de Setúbal. * Braga - Santuário do Sameiro -Encontro do clero de encerramentodo Ano da Fé com conferênciasobre «Peregrinar na fé a partir daperiferia» pelo padre José Antunes,svd.* Lisboa - Centro ComercialColombo (FNAC) (18h30m)-Lançamento do livro «EsperarJesus com Maria - Caminho doAdvento» de Maria Teresa MaiaGonzalez. * Porto - UCP (Campos da Foz)(18h30m) - Conferência sobre«Acerca de milagres: Ciência eTeologia» por Mário Simões e JoséCarlos Carvalho.

* Braga - Vila Verde (Santuário deNossa Senhora do Alívio) - Concertode música sacra com o lema «Olhar-te» pelo padre Sandro Vasconcelose orquestra. * Braga - Fafe (Cine Teatro de Fafe)(21h00m) - Musical deencerramento do Ano da Fécoreografado por crianças, jovens eadultos do arciprestado de Fafe.*Açores - Angra do Heroísmo -Conselho Pastoral da diocese deAngra. (22 a 24)* Lisboa - Convento dos Cardaes - Iniciativa «Há Natal no Convento!»para ajudar a Associação NossaSenhora Consoladora dosAflitos. (22 a 24)* Lisboa - Alfragide (Seminário dosDehonianos) - Encontro Nacional daPastoral dos Ciganos. (22 a 24)* Lisboa - Campo Pequeno - Iniciativa «Meeting Lisboa» com apresença do Patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente e organizada pelomovimento católico «Comunhão eLibertação». (22 a 24)* Campanha On-line do BancoAlimentar Contra a Fome. (22 a 08de dezembro)

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Dia 23* Coimbra - Instituto Justiça e Paz - Fórum dos Movimentos da AçãoCatólica para celebrar os 80 anosda Ação Católica Portuguesa eprepara o caminho em cadadiocese. * Évora - Escola Salesiana - Jornadadiocesana de Liturgia e Catequese. * Funchal - Sé (16h00m) -Encerramento do Ano da Fé.* Setúbal - Almada (Igreja Nova) -Concerto «Cânticos da tarde e damanhã» por Teresa Salgueiro. * Coimbra - Colégio da RainhaSanta Isabel - Dia do associado doMovimento da Mensagem deFátima. * Braga - Caminhada «Ter pé comfé» promovida pela zona pastoral dacidade de Braga para celebrar oencerramento do Ano da Fé. * Funchal - Colégio de SantaTeresinha - Jornada Diocesana doApostolado dos Leigos.* Vaticano - Basílica de São Pedro - O Papa Francisco preside ao ritode admissão ao catecumenato ereúne-se com os catecúmenos (empreparação para o Batismo). * Lisboa - UCP (Auditório CardealMedeiros) - Conferência nacionalcom o tema «Diálogo e Democracia:instrumentos para a paz na Europa»

promovida pela Comissão NacionalJustiça e Paz em parceria com aFaculdade de Teologia de Lisboa daUniversidade Católica Portuguesa. * Porto - Cripta da Igreja de NossaSenhora da Areosa - Concertomusical de Santa Cecília.* Porto - Matosinhos (Centro cívicoCustóias) - Conferência sobre«Ecumenismo e as IgrejasEcuménicas» integrada noencerramento do Ano da Fé. * Bragança - Auditório do InstitutoPolitécnico de Bragança - IIConferência do Paço promovidapelo Secretariado Diocesano daPastoral Social e MobilidadeHumana.* Braga - Aves - Inauguração da«Constelação da Fé» integrado noencerramento do Ano da Fé.* Leiria - Monte Real (Convento dasClarissas) - Encontro de jovens daCanção Nova sobre «O teu coração,o maior tesouro». * Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos(12h00m) - Celebração evocativados 80 anos da fome na Ucrânia«Holodomor» com o Patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente.* Lisboa - Igreja da Graça (10h30m)- Celebração presidida por D. NunoBrás com a Academia de SantaCecília.

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Ano C - 34.º Domingo do TempoComum Pela fé, Jesusreina em nós

A Palavra de Deus neste último domingo do anolitúrgico, Solenidade de Cristo Rei, convida-nos atomar consciência da realeza de Jesus, em particularno quadro que Lucas nos apresenta no Evangelho.Aí está a famosa inscrição, que define Jesus como“Rei dos Judeus”, plena de ironia: Ele não estásentado num trono, mas pregado numa cruz; nãoaparece rodeado de súbditos fiéis que O incensam eadulam, mas dos chefes dos judeus que O insultam edos soldados que O escarnecem; Ele não exerceautoridade de vida ou de morte sobre milhões dehomens, mas está pregado numa cruz, indefeso,condenado a uma morte infamante… Não há aquiqualquer sinal que identifique Jesus com poder, comautoridade, com realeza terrena.Mas essa inscrição da cruz descreve com precisão asituação de Jesus, na perspetiva de Deus: Ele é o reique preside, da cruz, a um Reino de serviço, de amor,de entrega, de dom da vida. Neste quadro, explica-sea lógica desse Reino de Deus que Jesus veio proporaos homens.O quadro é completado por uma cena bemsignificativa para entender o sentido da realeza deJesus. Ao lado de Jesus estão dois malfeitores,crucificados como Ele. Jesus é insultado por um, arepresentar aqueles que recusam a proposta doReino. O outro pede: “Jesus, lembra-Te de mimquando vieres com a tua realeza”. A resposta de Jesusa este pedido, “hoje mesmo estarás comigo noparaíso", indica que a salvação definitiva começa afazer-se realidade a partir da cruz.

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Na cruz manifesta-se plenamente arealeza de Jesus que é perdão,renovação do homem, vida plena; eessa realeza de salvação abarcatodos os homens, mesmo oscondenados e excluídos.Celebrar a Festa de Cristo Rei doUniverso é celebrar um Deus queserve, que acolhe e que reina noscorações com a força desarmada doamor. A cruz é o trono de um Deusque recusa qualquer poder eescolhe reinar no coração doshomens através do amor e do domda vida.A todos nós, que somos Igreja deJesus, ainda nos falta muita coisapara interiorizar a lógica da realezade Jesus. A Igreja precisa decontínuapurificação e conversão,de renovar a atitudede serviço

e de acolhimento, sempre nacontemplação do Senhor na cruz,que é contemplação de tantospróximos crucificados na vida.Termina hoje o Ano da Fé, mas nãotermina o dinamismo da fé comoadesão de todo o nosso ser àPessoa de Jesus Cristo. Pela fé, Elereina nos nossos corações e nasnossas comunidades, em toda aIgreja e no mundo, sempre na plenaoblação da cruz. Façamos por isso,para sermos fiéis e felizes ao únicoSenhor das nossas vidas.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 24 - RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 18 - Entrevista ao cónego SenraCoelho e e Francisco Manuel Salvador sobre osCursilhos de Cristandade, próximo coordenadormundial do Movimento.Terça-feira, dia 19 - Informação e apresentação daspublicações da Paulus no Ano da FéQuarta-feira, dia 20 - Informação e apresentação daspublicações da Principia no Ano da FéQuinta-feira, dia 21 - Informação e apresentação daspublicações das Paulinas no Ano da FéSexta-feira, dia 22 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes Antena 1Domingo, dia 24 de novembro, 06h00 - Encerramentodo Ano da Fé com D. Nuno Brás, bispo auxiliar deLisboa. Segunda a sexta-feira, dias 25 a 29 de novembro -Testemunhos de leigos sobre o seu trabalho na Igreja.

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- «Sejam realistas, peçam o impossível» é o tema doMeeting 2013. Começa na sexta-feira, dia 22, eprolonga-se até ao dia 24, com participações dosurfista da maior onda do mundo, Garrett McNamara,o comendador Rui Nabeiro, o músico TiagoBettencourt, o Ministro-Adjunto e do DesenvolvimentoRegional, Miguel Poiares Maduro, entre outros. - Ainda a 22 começa a campanha solidária on line doBanco Alimentar Contra a Fome, que se prolonga atéao dia 8 de dezembro. No fim-de-semana de 30 denovembro e 1 de dezembro, estarão voluntários nassuperfícies comerciais para recolha de alimentos queirão ajudar as pessoas mais desfavorecidas atravésde instituições sociais. - A democracia e o diálogo vão estar em análise estesábado na Universidade Católica Portuguesa (UCP),numa proposta da Comissão nacional Justiça e Paz eda Faculdade de Teologia da UCP. A iniciativa querassinalar os 50 anos de publicação da encíclica‘Pacem in terris’, do Papa João XXIII. - No domingo, dia 24, o Papa Francisco preside aoencerramento do Ano da Fé, no Vaticano, lançado emoutubro de 2012, pelo seu predecessor Bento XVI,com o objetivo de levar ao «homem contemporâneo»as razões e a proposta do acreditar cristão. Estáprevista a entrega simbólica, a pessoas dos cincocontinentes, da exortação apostólica ‘EvangeliiGaudium’ (A alegria do Evangelho).

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Síria: Massacre de Sadad revela tragédia dos Cristãos

O impossível esquecimentoA cidade de Sadad foi palco deum dos mais violentos ataquescontra a comunidade Cristã naSíria. O Arcebispo Alnmedclassificou-o mesmo comosendo um “massacre”. Não épossível ignorar mais osofrimento dos Cristãos nestepaís. Sadad ficou como umamemória. Um monumento àperseguição aos Cristãos A violência da guerra civil na Síria édantesca. No meio do conflito queopõe forças rebeldes e o exército doregime de al-Assad, estão osCristãos. Nem amados nemprotegidos, olhados com indiferençaou ódio, os Cristãos estão como queencurralados nesta batalha semregras.O ataque à cidade de Sadad foi detal forma violento que o ArcebispoSelwanos Boutros Alnemeh,Metropolita sírio-ortodoxo de Homse Hama, classificou-o como sendo“o mais grave e amplo massacre decristãos registado na Síria em doisanos e meio”.Nesses dias, ainda os tiros enchiamde pólvora as ruas

e já se contavam 45 civis mortos,incluindo mulheres e crianças, cujoscorpos foram lançados para valascomuns, além de dezenas de feridose desaparecidos. Os quesobreviveram ao terror doscombates, “foram ameaçados eestão aterrorizados”, explicou oArcebispo quando relatou ao mundoa tragédia de Sadad no final deOutubro.Neste balanço não se contabiliza omedo. Durante vários dias, cerca demil e quinhentas famílias estiveramreféns dos grupos rebeldes. Memória da tragédiaD. Selwanos Boutros Alnemeh faztambém o retrato da desolação quese seguiu aos combates. “Todas ascasas de Sadad foram roubadas eas propriedades saqueadas”. Comose isto não bastasse, “as igrejasforam danificadas e profanadas”.Os rebentamentos de bombasdestruíram escolas, o hospital,clínicas. “Muitas casas não

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poderão ser reconstruídas”,explicou, o Arcebispo. Sadad ficou como uma memória. Ummonumento à perseguição aosCristãos. Na cidade ainda está vivaa língua aramaica, a língua deJesus. Agora, há menos pessoas afalarem-na nas ruas. No total, apopulação rondava as 15 milpessoas. É, apesar de tudo, umacidade que espelha bem o legadoCristão: tem (tinha?) catorze igrejase um mosteiro.Quando Sadad estava sob amira das armas, o ArcebispoSelwanos pediu ajuda mas

não teve resposta. As suas palavrasdirigiram-se a todos nós, semexcepção. “Gritámos pedindosocorro ao mundo mas ninguém nosouviu. Onde está a consciênciahumana? Onde estão os meusirmãos? Penso em todas as pessoasque sofrem hoje. Tenho um nó nagarganta e o meu coração chora porcausa do que aconteceu na minhaarquidiocese. Qual será o nossofuturo?”

Paulo Aido |Departamento deInformação | www.fundacao-ais.pt

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LUSOFONIAS

O Humor na Televisão

Tony Neves

Já é proverbial dizer que o humor é a coisa maisséria do mundo. E é mesmo! As verdades maisprofundas podem dizer-se de uma forma leve esimpática, a rir. Desta forma, atitudes menosconstrutivas podem ser denunciadas e oscomportamentos mudados.Não tomar a sério o bom humor é perigoso esocialmente reprovável. Quando vejo natelevisão ou internet, quando leio nos jornais erevistas, quando ouço no rádio peças de humor,farto-me de rir, mas tiro sempre algumasconclusões que me ajudam a viver com maisdignidade. Esse deveria ser sempre o objetivo dequem faz humor.Muitas vezes, também é verdade, o humor arrasao nome e a dignidade de certas pessoas. Há queter a noção do limite, do respeito e do bom sensopara se fazer humor e, sobretudo, torna-lopúblico nos meios de comunicação social. Nestecaso, a responsabilidade dos humoristas é postaem jogo e há que medir as consequências doque se diz de forma jocosa. No humor, vale tudomenos ofender a dignidade das pessoas.A televisão tem apostado muito, em Portugal, nosprogramas de humor. A maioria deles assenta emhistórias construídas a partir de intervenções depolíticos ou outras figuras públicas. Diverte ecorrige erros e exageros, através do recurso aopróprio exagero. Os latinos já diziam que a rir secorrigiam os costumes e qualquer gaffe pode darorigem a um criativo texto repleto de humor.

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Para os bons humoristas, não háninguém acima do intocável e, porisso, desde o presidente darepública aos futebolistas, todosarriscam ser beliscados nos textos eencenações das equipas queproduzem humor. Há uns que levama mal, outros que ameaçam comprocesso em tribunal e outros quese divertem com a forma como sãoretratados na televisão.Em tempos de crise como os quevivemos na Europa, um bomprograma de humor funciona comoterapia. Como é bom sentar-se numsofá ou cadeira e dar umasgargalhadas ao ver uma coreografiasobre políticos ou

desportistas, ao escutar um textocomposto a partir dos últimosacontecimentos da assembleia darepública ou de um jogo de futebol.Precisamos todos de mais e melhorhumor. Com respeito, comqualidade, com capacidade de dizerbem o que está mal ou o que temaspetos caricatos. Por um ladoaponta desvios sociais, por outroalegra e corrige dimensões da vidasocial que merecem ser pensados,denunciados e mudados.Há-de ser pelo humor que a históriase transforma e que as sociedadesse tornam mais felizes.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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«A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chamae revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qualpodemos apoiar-nos para construir solidamente a vida.Transformados por este amor, recebemos olhos novos eexperimentamos que há nele uma grande promessa deplenitude e se nos abre a visão do futuro».(Lumen Fidei, 4)

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