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OPINIÃO O Orçamento visto por 26 líderes O Jornal Económico ouviu as opiniões de políti- cos, gestores, empresários, dirigentes associati- vos e especialistas. P2,13,19,21,, 1 3, 1 9, 21 , 23, 24 e 38

OPINIÃO O Orçamento visto por 26 líderes - ulisboa.pt · Vejo que este orçamento, no que diz respeito as empresas, é bastante frágil. Mas, vejo no documento um incentivo ao

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OPINIÃO

O Orçamentovisto por 26 líderes

O Jornal Económico ouviu as opiniões de políti-cos, gestores, empresários, dirigentes associati-

vos e especialistas. • P2,13,19,21,,1 3, 1 9, 21 , 23, 24 e 38

ESPECIAL OE 2019

COMO AVALIA A PROPOSTA

DE LEI DO ORÇAMENTODO ESTADO PARA 2019?

O Jornal Económico recolheu as opiniõesde empresários, gestores e líderes associativossobre o 0E2019. O sentimento generalizadoé crítico, apesar de alguns contentamentos

pontuais.

MARIA SALOMÉ RAFAELPresidente da Nersant

Relativamente ao Orçamento doEstado para 2019, com exceção dofim da obrigatoriedade do pagamentoespecial por conta (PEC), tínhamosalgumas expetativas relativamente àcarga fiscal e à sua previsibilidade,o que efetivamente não se verificou.Há um aumento da despesa públicae dos encargos sociais, mas a suacompensação não deveria ser feitaatravés do aumento dos impostosindiretos imputados às empresas.Contávamos com a descida do IRC,a qual compensaria o aumentoda carga fiscal para as empresase permitiria, por um lado, torná-lasmais competitivas, e por outro, atrairinvestimento estrangeiro.Há um desapontamento nasempresas. Estamos com problemas,nomeadamente com o aumento doscustos dos contratos energéticos.Consideramos que as medidas

propostas pelas associações

empresariais para o programaCapitalizar estão longe de estar noterreno. Urge a sua implementação.O que os empresários esperamé que ainda haja algum espaçode negociação sobre todas estasquestões. As empresas têm feitoum trabalho exemplar para cumprira sua função empresarial e social.Têm sabido procurar caminhosalternativos, investindona internacionalização do seu

negócio e na procura de novosmercados. É tempo de o Governocontribuir, naquelas que são as suasfunções, para apoiar as empresas.Isto faz-se reconhecendo asempresas como o verdadeiro motordo desenvolvimento económicoe não como uma fonte de receitapara a sua atividade.Não pode existir um Estado Socialsem empresas competitivas, poissó assim poderemos redistribuira riqueza que as empresasproduzirem.

JOÃO VIEGASPresidente da AGAP (Associaçãodas Empresas de Ginásiose Academias de Portugal)

Como o Eurobarómetro da AtividadeFísica 201 7 refere, Portugal continuacom problemas graves na práticade exercício físico que implica danosno âmbito da saúde dos Portugueses.A OMS estima que, para um paíscomo o de Portugal, a inatividadefísica possa vir a ter um custo de 900milhões de euros, correspondentea 9% do orçamento da saúde, valoreste que poderia ser diferente coma redução do IVA nos clubes de fitnesse saúde (ginásios) incentivandoa atividade, aumentando o númerode clubes e garantindo um maiornúmero de praticantes. A AGAPdefende assim que esta medidaserá necessária para o acessodos portugueses a especialistasda área da saúde e exercício físicocom o devido acompanhamento."

PAULO PIMENTACEO Kuantokusta

Vejo que este orçamento, no que diz

respeito as empresas, é bastantefrágil. Mas, vejo no documento umincentivo ao regresso da mão-de-obrado lado da emigração, o que, aacontecer, pode ser visto como uma

possibilidade de fortalecer a força dotrabalho nacional e com isso reforçar aprodutividade das empresas, algo quenão aconteceu no último ano. Poroutro lado, entendo que, esta medidadeveria ter como aliado mais

incentivos ao desenvolvimento dos

quadros atuais das empresas, numaeconomia que se quer modernae altamente avançada em matériade ciência e tecnologia. O setor

tecnológico ganha cada vez mais

um peso maior na economia e vejotodos os incentivos à mão-de-obra

qualificada como um grande contributo

para o desenvolvimento, sobretudoem cargos mais técnicos e analíticos.

MIGUEL FONSECACEO Edlgma

Era preciso um orçamento paraatacar sustentada e seriamenteuma redução significativa da dívidapública para daqui a 5 - 1 0 anosestarmos melhor, permitindo maistarde uma descida de impostos tanto

para as empresas como paraos cidadãos. Este orçamento nãoéisto...As empresas são esquecidas por serum orçamento a olhar para aspróximas eleições. As empresas sãoclaramente prejudicadas e já éramosao termos dos impostos mais altosda OCDE; teremos uma contínuasubida substancial dos combustíveis,com mais impostos sobre as frotasdas empresas, indispensáveis no dia--a-dia. Tudo o que seja relacionadocom posse e uso é agora mais e maistributado, numa forma diferentee encapotada de recolher maisimpostos, para além da tributaçãodirecta já elevada que tínhamos.De positivo, salientar que a retençãoautónoma das horas extra agorapassam a ser feitas à partedo salário. No fundo, um orçamentosem força para dinamizara economia, que tenta de formasilenciosa ir como um polvo buscarimpostos a todo o lado que pode, queesquece uma dinamização do sectorempresarial e o empreendedorismo.

FRANCISCO FURTADOMENDONÇASecretário geral PROBEB(Associação Portuguesa de BebidasRefrescantes Não Alcoólicas)

Para a PROBEB, a opção do governopara a revisão do imposto ao acolheruma arquitectura de quatro escalõesde tributação pode ajudar a reforçaro incentivo à reformulação dos

produtos, o que é positivo. Nãoobstante, ao não assumir a criação deum escalão não tributado para asbebidas sem açúcar ou com reduzido

teor de açúcar (menos de 2,5 gramaspor 1 0Oml) é manifestamentediscriminatória e insuficiente facea objectivos mais ambiciososde reformulação de produtos.De referir ainda que a propostade agravar a taxa máxima do impostoé bastante gravosa em termosde competitividade para a indústria,dificultando o investimento

na inovação. Com efeito, esta medida

agrava ainda mais a carga fiscaldas bebidas com maior teor de açúcarque passam a ficar com a tributaçãofiscal mais elevada da União Europeia,considerando o IVA e o lABA.De notar que em Portugal o consumode bebidas refrescantes por habitanteé dos mais baixos na União Europeiae que há uma enorme divergênciafiscal face a Espanha, havendo

já-evidência de aumento das comprastransfronteiriças. A indústriade refrigerantes tem demonstradoa sua vontade e capacidadede contribuir proativamentepara a redução das calorias na dietados portugueses. Assumiu o

compromisso de reduzir o teor calóricodos refrigerantes, entre 2013 e 2020, nomínimo, 25%. Até ao final de 201 7, járeduziu mais de 20% e vai continuar aapostar na reformulação dos produtos.

FRANCISCO FURTADOMENDONÇASecretário geral APIAM(Associação Portuguesa dosIndustriais de Águas MineraisNaturais e de Nascente)

No âmbito do debate do OrçamentoGeral do Estado para 201 9, a APIAM -Associação Portuguesa dos Industriaisde Águas Minerais Naturais e de Nas-

cente, não compreende que, maisuma vez, não seja concretizada emsede do Orçamento de Estado a redu-

ção da taxa do IVA para os serviçosde alimentação e bebidas de 23% para1 3% a abranger todas as águas mine-rais naturais e de nascente. À luzda legislação aplicável, todas aságuas minerais naturais e de nascen-te, sem distinção, são recursos geoló-gicos do domínio público ou de inte-resse relevante para o país, produtos1 00% naturais e que representamuma opção de hidratação saudável.A este propósito, o presidente daAPIAM, Nuno Pinto de Magalhães, as-sinalou que "é incompreensível a dife-

renciação feita entre os serviços asso-ciados à generalidade das águas mine-rais naturais e das águas de nascentee as mesmas águas minerais naturaise de nascente quando adicionadas degás carbónico ou gaseificadas. Trata--se de grosseiro erro técnico, de umamedida discriminatório e, sobretudo, deuma grave injustiça que urge reparar.A APIAM defende e espera que noano de 201 9 a discriminação atrásreferida seja definitivamente removi-da, passando todas as águas mine-rais naturais e de nascente, indepen-dentemente de terem gás adicionadoou não, a estar tributadas à taxa inter-

média, no âmbito do IVA nos serviçosde alimentação de bebidas.A APIAM não pode deixar de eviden-ciar o mérito económico e social des-te setor que gera empregos directos,não deslocalizáveis, geralmente emregiões do interior mais desfavoreci-das, com uma indústria que detémuma importância que ultrapassa emmuito os limites da sua actividade vi-sível ao assegurar cerca de 1 2.000postos de trabalho.

FRANCISCO GfRIO

Secretárlo-geral dos Cervejeirosde Portugal

Pela primeira vez. o setor não sofreum aumento deste imposto indireto

[lEC - Impostos Especial sobreo Consumo], que em Portugal possuium valor elevadíssimo, maisdo dobro que em Espanha.Não sendo suficiente para reduzira enorme injustiça fiscal é um passomuito importante que o setorreconhece e que ajudaráa competitividade das nossaspequenas e grandes empresasque contribuem com mais de milmilhões de euros para a economianacional e representam 80.000empregos diretos e indiretos emPortugal. Os Cervejeiros de Portugalconsideram que este é o primeiro

passo para a implementação do "Pacto

pela Cerveja", que entregámosao Governo e que tem por objetivoo setor contribuir para a promoçãodo crescimento económico e geraçãode emprego de uma forma compatívelcom a manutenção do atual valordo lEC da cerveja durante os próximoscinco anos.

ARLINDO OLIVEIRAPresidente do Instituto SuperiorTécnico

Porque não investir no futuro?A anunciada medida de reduçãodo valor das propinas do ensinosuperior público, em 212 euros, vemaliviar a carga financeira suportadapelos estudantes e tem o inegávelmérito de contribuir para tornaro ensino superior mais acessível àsfamílias das classes média e alta. Asfamílias com menos rendimentos nãobeneficiam, realmente, da propostaredução, uma vez que as bolsasde apoio social, atribuídas a cercade 20% dos alunos, cobrem estacomponente do custo de formação.Esta medida custará ao país, por

ano, cerca de 50 milhões de euros, o

que corresponde, presumivelmente,à margem orçamental disponível. A

pergunta que urge colocar é se estaé, efetivamente, a melhor forma deatingir o objectivo de tornar o ensinosuperior mais acessível a todose de melhorar a eficácia do sistema.Consideremos, por exemplo,a alternativa óbvia de investir estevalor em residências universitárias,nas grandes cidades onde os custosde habitação são mais elevados.Seria possível construir, em cincoanos, 12.500 quartos que, alugados

a metade do valor actual praticadopelo mercado, permitiriam a igualnúmero de estudantes poupar cercade 3.000 euros por ano, cada um.Estes seriam exactamenteos estudantes que mais necessitamde apoio, dado que o valorda propina é, na verdade, uma fraçãomuito pequena do custo anual

suportado por um estudante quenão viva em casa dos pais.O valor cobrado permitiria não só

suportar os custos de exploraçãodas residências mas também

recuperar o investimento, em cercade 10 anos. A construçãodas residências contribuiria ainda

para tornar as grandes universidadesde Lisboa e Porto mais atrativas

para estudantes internacionais,

para limitar a escalada do custoda habitação e para melhorar asinfraestruturas universitárias que têmsofrido, nas últimas décadas, de umenorme défice de investimento.

GEORGE SANDEMANPresidente da ACIBEV(Associação de Vinhose Espirituosas de Portugal)

A proposta de manutenção dos

atuais impostos sobre as bebidasalcoólicas, vem ao encontroda posição que a ACIBEV temdefendido nos últimos anos, juntodo Governo e dos diversos GruposParlamentares. A opção de não

sobrecarregar o sector dos vinhos

e bebidas espirituosas com novos

impostos é o reconhecimento porparte do Governo da importânciaque este setor tem na atividadeeconómica nacional.A produção de vinho e de bebidas

espirituosas é um importante motor

da economia nacionale um excelente instrumento paraa manutenção das comunidadesrurais e ordenamento do território.

A atividade providencia emprego,oportunidades de investimento,estabilidade económicae sustentabilidade ambiental. O vinho

contribui activamente para a coesãoterritorial, promovendo o dinamismode territórios menos desenvolvidose mantendo as populações juntodas regiões com vinha.Um aumento da carga fiscal poderiaser fatal para o sector. Uma medidadesse tipo resultaria numa directa

diminuição do consumo e numa

consequente perda de receitas,

que seria dramática para muitos

produtores e empresas quejá enfrentam graves dificuldades

na procura de mercados paraos seus produtos. Acresce quea uma maior carga fiscal não

corresponde, necessariamente, maisreceita. A experiência grega revelou

que o agravamento da carga fiscaldetermina não só uma quebrado consumo e das margens, já de si

baixas, mas também o recurso

à comercialização por vias informais

e muitas vezes ilegais, tendo por isso

o efeito inverso ao pretendido peloGoverno. Daí que esta medida tenhasido recentemente abandonada pelogoverno grego.Portugal é avaliado pela OMS comoum país de baixo risco ao níveldo consumo de bebidas alcoólicas,uma vez que o vinho é associadoàs refeições, fazendo parte da dietamediterrâníca. O que significa quepara além de produzirmos vinhode excelente qualidade tambémo consumimos da forma mais

responsável.

RICARDO DOMINGUESCEO Betcllc

No OE apresentado, destacamos

proposta do Governo para alterara base da taxa do Imposto Especialsobre o Jogo Online (IEJO) quepassa a incidir a partir do próximoano sobre a receita brutados operadores e fixada em 25%.Estando à frente da primeiraplataforma de apostas onlinelicenciada em Portugal, consideroesta medida como um primeirogrande passo para combateras empresas à margem da lei,

que, mesmo dois anos depoisda entrada em vigor do mercado

regulado, continuam a disponibilizaraos portugueses plataformas ilegaisde apostas online.Até agora, o lEJO incidia sobre ovalor das apostas desportivas. Estamedida não seguia as melhores

práticas europeias e estava a criar

problemas de pricingenXreoperadores, ao ponto da ofertasdas operadoras licenciadas revelar--se pouco atrativa para os jogadorese pouco competitiva face à oferta

ilegal, muito presente em Portugal.Esta alteração da incidênciado imposto terá resultados a curto

prazo. Beneficia o Estado porquecombate o jogo ilegal porquehá uma forte possibilidade de novos

operadores solicitarem a licença,nestas novas condições e ganhao consumidor que terá à sua

disposição uma oferta mais atrativade apostas online provenientesde empresas legais.

RAFAEL CAMPOS PEREIRAVlce-presidente executivoda AIMMAP (Associaçãode Industriais Metalúrgicos,Metalomecánicose Afinsde Portugal)

Entendemos que esta proposta

consubstancia um exercício quasearitmético de compensação decedências. Por um lado, o governotenta acompanhar os princípios derigor orçamental que a UE lhe impõe;

por outro lado, cede à agenda dos

partidos de esquerda radical, o que aesta permite algumas comemoraçõespúblicas e relativamente folclóricas.No meio desse jogo, as empresas ea economia ficaram esquecidas. Nãohá medidas de estímulo aoinvestimento, continua a não apostar--se na qualificação dos recursoshumanos e não são implementadasmedidas que favoreçam o ambientede negócios. No caso específicoda fiscalidade - que poderia ter umefeito de alavanca no investimento -,lamenta-se que o governo nem

sequer o compromisso de não

agravar a carga fiscal tenha sido

capaz de cumprir. Particularmenteemblemático - no mau sentido,obviamente -, é o facto de estarprevisto um agravamentodas tributações autónomas quandoo bom senso e as necessidadesda economia imporiam a direçãooposta. Tal agravamento irá

precisamente em sentido contrárioà ideia de previsibilidadee estabilidade fiscal que as empresastanto reclamam.Do ponto de vista das empresas estaé assim uma proposta que mereceuma avaliação muito negativa.

JOÃO VIEIRA LOPESPresidente CCP

Ao nível das medidas fiscais, regista--se o fim do Pagamento Especial porConta, que estava previsto, poisresulta de um compromissoassumido há já dois anos peloGoverno em sede de concertaçãosocial. Não se compreende,no entanto, porque não é purae simplesmente extinto, em vez deobrigar as empresas a fazerempedidos de dispensa. De registartambém positivamente o anúnciode benefícios fiscais ao investimentoe à capitalização das empresas,designadamente através do RegimeFiscal de Apoio ao Investimento

(RFAI) e Dedução de Lucros Retidose Reinvestidos (DLRR).

Contudo, estes aspetos positivos sãode interesse limitado e insuficientes

para compensar as medidas

gravosas que continuam a penalizaras empresas. Em concreto,o aumento das taxas de tributaçõesautónomas, uma aberração fiscal

que reincide ano após ano, e afeta

agora, de forma dura, com umaumento de 50%, as viaturasde serviço de menor valor,

imprescindíveis nomeadamenteao funcionamento das empresas,em particular a maioriadas de dimensão média e pequena.Não se compreende igualmenteo agravamento de 35% para 37,5%nas viaturas de custo médio.O Governo continua a penalizaras viaturas de trabalhoe a desincentivar, inexplicavelmente,o uso de viaturas híbridas pelasempresas em termos das deduçõesde IVA no consumo de combustível.Ao nível das garantias dos

contribuintes, permanecem medidaslesivas dos seus direitos, comoacontece na área das execuçõesfiscais e da responsabilidadesubsidiária. Também passa a letrade lei a obrigatoriedade da CaixaPostal Eletrónica, sancionando deforma absurda os contribuintes coma presunção de notificação atravésdo Portal das Finanças. Verifica-seainda um aumento de vários

impostos especiais, nomeadamenteao nível do crédito ao consumo.Podemos por isso afirmar quea carga fiscal sobre as empresas nãobaixou, o que é uma clara limitaçãoà consolidação da economiae mesmo ao crescimentodo emprego.

ANTÓNIO SARAIVAPresidente da CIP

Entre pressões externas (da União

Europeia) para reduzir o déficee a dívida e pressões internas

(da esquerda parlamentar) paraacréscimos adicionais da despesapública, a Proposta de Orçamentodo Estado para 2019 esquecea promoção da produtividade comoprincipal prioridade da políticaeconómica. De facto, os sinais dadosàs empresas no sentido do estímuloao investimento, à sua capitalização,à qualificação dos recursos humanose à melhoria do ambientede negócios são claramenteinsuficientes.Do conjunto de mais de 50 propostasapresentadas pela CIP, apenas umafoi plenamente atendida peloGoverno: a eliminaçãoda obrigatoriedade do pagamentoespecial por conta, uma medida hámuito reivindicada pela CIP e que em201 9 se tornará uma realidade

para as empresas cumpridoras.Pelo contrário, não fica satisfeito

o compromisso de não proceder aqualquer agravamento fiscal,destacando-se o aumento das taxasde tributação autónoma sobre os

gastos relacionados com as viaturas

das empresas. Trata-se de umamedida economicamente errada,fiscalmente injusta e de sinalcontrário ao que tem sido defendido

pela generalidade do movimentoassociativo empresarial.

EMANUEL PROENÇAAdministrador Prlo

Vemos com alguma estupefaçãoa proposta no OE para a descida dameta de incorporação de bioenergianos combustíveis de 7.5% para 7%,

quase no mesmo dia em que sedefine uma Secretaria de Estado

para a Transição Energética e se dáenorme destaque ao ambientee ao futuro e, quando estamosà beira da entrega das metasde renováveis para 2020. Corremosmesmo o risco de ser, pasme-se, o

único país da União Europeia a fazer

regredir esta meta em 2019.O definido em DLI I 7/20 10 já prevêpara 2019 uma meta de 10% -

bastava o governo cumprir como definido para que Portugal desseum passo enorme no sentido da dita

transição energética já em 201 9, comaté menos 1 50 milhões de litros

de derivados de petróleo consumido

já em 2019 (i.e. mais de um litro pormês por português!). Aproveitando--se o momento favorável do preçoda bioenergia, esse movimento teriaainda por cima, e ao contrário do queé normalmente dito sem suporteem dados e factos, um sobrecustoabsolutamente residual no preçodos combustíveis, sem expressãovisível para os consumidores nos

postos. A título de contexto,a mobilidade elétrica deverá demorarmesmo no melhor cenário talvezcinco anos até que produza um efeitode dimensão comparávelna transição do consumode combustíveis fósseis para fontesde energia mais sustentáveis.A confirmar-se esta medida,

passaremos a estar na caudada Europa no caminho para a metada UE de 10% de energia renovávelnos transportes em 2020, atrás atéda nossa vizinha Espanha,habitualmente mau aluno nestasmatérias, e que com os 7% noscombustíveis somados aos 1 ,5% dasua rede ferroviária de altavelocidade estará em 201 9 já em8.5%. Temos esperança que esteassunto seja corrigido nas próximassemanas.