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Opinião - Agência ECCLESIA · impedimentos e sem receios". A celebração conclusiva reuniu cerca de oito mil pessoas no Parque Aveiro-Expo, segundo comunicado da diocese enviado

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, LuísFilipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges,

Catarina PereiraGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes

Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos

Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: José Tolentino Mendonça06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - A semana de... Lígia Silveira14- Entrevista Adriano Moreira28- Dossier Papa Francisco40 - Espaço DPNJ

42- Internacional46 - Cinema48 - Multimédia50 - Estante52 - Vaticano II54 - Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto YouCat60 - Liturgia62 - Fundação AIS64 - LusoFonias

Tema do dossier da próxima edição:Natal 2013

Foto da capa: D.RFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Nove meses depontificado[ver+]

Fraternidade,segredo da Paz[ver+]

Aveiro concluiuMissão Jubilar[ver+] Guilherme d'Oliveira Martins |JorgeWemans | Jorge Teixeira da Cunha |Tony Neves

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Natal: uma Alegria que vem dedentro

José TolentinoMendonça

Não recorras ao que já sabes do Natal,mas coloca-te à esperadaquilo que de repente em teu coraçãose pode revelar Não reduzas o Natal ao enredo dos símbolostornando-o um fragmento trémulo sem lugarno concreto da vida Não repitas apenas as frases que te sentesobrigado a dizercomo se o Natal devesse preencher um vazioem vez de o desocultar Não confundas os embrulhos com o domnem a acumulação de coisas com a possibilidade dafesta:o que recebes de graçasó gratuitamente poderás partilhar Cuida do exterior sabendo que ele é verdadeiroquando movido por uma alegria que vem de dentro Uma só coisa merece ser buscada e celebrada, umasó:o despertar de uma Presença no fundo da alma Por isso o Natal que é teu não te pertenceSó a outro o poderás pedir.

José Tolentino Mendonça

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"A fraternidade gera paz social,porque cria um equilíbrio entreliberdade e justiça, entreresponsabilidade pessoal esolidariedade"(Papa Francisco, Mensagem para oDia Mundial da Paz) “As novas ideologias, caraterizadaspor generalizado individualismo,egocentrismo e consumismomaterialista, debilitam os laçossociais, alimentando aquelamentalidade do ‘descartável’ queinduz ao desprezo e abandono dosmais fracos, daqueles que sãoconsiderados ‘inúteis’”(Papa Francisco, Mensagem para oDia Mundial da Paz) “Hoje a cultura é um arquipélago deperiferias, de solidões. Ocristianismo pode ser esse lugarutópico para a polifonia dosencontros mais diversos einesperados”(José Tolentino Mendonça, Jornalde Letras nº 1127)

“Deixemos que Mandela continue amostrar-nos que o impossível só éimpossível até ser concretizado. Eleensinou-nos que podemos escolhero mundo em que vivemos.”(Barack Obama, na cerimónia oficialem memória de Nelson Mandela) "São chocantes as cenas de brigasentre torcedores no jogo Atlético-PR-Vasco. Esta violência vai contratudo o que acreditamos ser ofutebol, um desporto de paixão, mastambém de tolerância".(Dilma Rousseff, presidente doBrasil, 9 de dezembro) “Não há nenhum D. Sebastião e nãohá em Portugal super-homens quepodem fazer milagres"(Rui Rio, ex-presidente da CâmaraMunicipal do Porto, 11 dedezembro) “Faz muito tempo, anos até, que osnossos governantes não sãocapazes de tomar uma medidacapaz de aliviar o sofrimento demilhares de famílias”(Mensagem de Natal da LOC/MTC)

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Missão Jubilar em Aveiroterminou em festaA Diocese de Aveiro promoveu estedomingo um «Dia da Missão» com oqual encerrou a Missão Jubilar, nos75 anos da sua restauração, a quese associou o Papa Francisco, comuma mensagem. O texto foi lidodurante a missa pelo vigário geral,monsenhor João Gaspar, e deixouum apelo para que a Igreja Católicaem Aveiro "entre decididamente numprocesso de discernimento,renovação e reforma, semimpedimentos e sem receios".A celebração conclusiva reuniucerca de oito mil pessoas no ParqueAveiro-Expo, segundo comunicadoda diocese enviado à AgênciaECCLESIA.

D. António Francisco dos Santos,bispo de Aveiro, presidiu àEucaristia e disse aos presentesque “as bem-aventuranças são paraa Igreja de Aveiro critério de vida,programa de ação a inspirar ofuturo”. “São impulso evangelizadorde serviço aos pobres e aos frágeise de valorização dos simples ehumildes, dos puros de coração,dos misericordiosos, dosconstrutores da justiça, dasolidariedade e da paz. A nossaarma é o amor", acrescentou oprelado.O bispo de Aveiro, que assinalava o7.º aniversário de tomada de posse,disse que a "Missão Jubilar nãotermina" porque se “multiplica agoraem vidas disponíveis que Deustocou e transformou, emcomunidades vivas e dinâmicas queDeus modelou".De manhã, quatro mil pessoasreuniram-se em diferentes pontosda cidade e aí fizeram uma oração,antes de convergirem

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junto de D. António Francisco dosSantos e do presidente da Câmarade Aveiro, Ribau Esteves, os quaisdescerraram uma placa evocativados 75 anos da restauração daDiocese junto ao barco compostopor 101 pedaços representandocada uma das suas paróquias.Durante a tarde, os participantesvisitaram as exposições que cadaum dos arciprestados (conjunto deparóquias) preparou, mostrando ocaminho feito ao longo da MissãoJubilar.D. António Francisco dos Santosconvidou toda a diocese a "olhar o

futuro com confiança", continuandoe aprofundando "o bem que Deusfez pela Missão Jubilar à Igreja deAveiro", com "paixão pelaevangelização".O encerramento oficial daprogramação da Missão Jubilarincluiu um concerto comemorativo,na Sé, esta terça-feira, e um ‘Dia daMemória’, na quarta-feira, tambémna Catedral de Aveiro.No dia 11 de dezembrocompletaram-se os 75 anos darestauração da Diocese, pelaexecução da bula ‘OmniumEcclesiarum’, de Pio XI.

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Mensagem de Natalda Liga Operária CatólicaA Liga Operária Católica/Movimentode Trabalhadores Cristãos(LOC/MTC) publicou umamensagem de Natal na qual admite“a dificuldade em descobrir sinais”de esperança em Portugal perantea atual crise económica e apela àmudança de políticas. “Faz muitotempo, anos até, que os nossosgovernantes não são capazes detomar uma medida capaz de aliviar osofrimento de milhares de famílias,pelo contrário, agravam ainda maisa sua já aflita situação de vida”,denuncia a LOC/MTC.Na mensagem, enviada hoje àAgência ECCLESIA, o Movimento deTrabalhadores Cristãos destaca a“altíssima” taxa de desempregoagravada pelo facto de “metade dosdesempregados não terem direitoao subsídio de desemprego e maisde metade estarem em situação dedesemprego de longa duração”.A LOC/MTC constata que no meiode “tantos sinais de morte”, Deusconvida à surpresa da vida para

que a “esperança continue ahabitar” em cada um, como éreferido no livro do profeta Isaías -"Eis que vou realizar uma obranova” [Is 43,19-20].Às notícias sobre o aumento donúmero de milionários em Portugal eao facto destes estarem cada vez“mais ricos”, a mensagem cita oPapa Francisco e diz que asdesigualdades representam uma“traição ao bem comum”. “Todos osdias batem à nossa porta notícias eimagens de homens e mulheres aquem é retirada a possibilidade decontribuir com o seu trabalho e asua criatividade na obra da criação”,desenvolve a organização cristã.

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Mobilizar a sociedade na luta contraa fomeO presidente da Cáritas Portuguesadisse à Agência ECCLESIA que énecessário uma maior “vontadepolítica” para erradicar o problemada fome em todo o mundo, porque“os recursos existem”, apelando aoempenho da sociedade nesteobjetivo.“Queremos vincar nos próximosanos este direito à alimentação,para que possamos acabar comeste flagelo que ainda paira sobre omundo”, afirmou Eugénio Fonseca,a respeito da apresentação dacampanha global contra a fome,intitulada ‘Uma só família humana,alimento para todos’, promovidapela confederação internacional daCáritas.O responsável lamentou aexistência de “desperdíciosescandalosos” e de “medidas decontrolo de preços” que limitam aprodução. Entre os objetivosassumidos pela Cáritas está ainclusão, nas legislações nacionais,do “direito à alimentação”.Falando sobre o caso português,Eugénio Fonseca lembrou os casosde pessoas que "só fazem umarefeição por dia" e outros casos de"gente que se deita sem comer".

"Vivemos em Portugal este estigmada pobreza encoberta, da pobrezaenvergonhada, e muitas destasrealidades vivem-se no silêncio dapessoa", acrescenta.A campanha apela à erradicação dafome no mundo até ao ano de 2025e começou com uma “onda deoração”.O Papa Francisco associou-se àiniciativa com uma mensagem naqual afirma que a fome representaum “escândalo” e apela à ação doscatólicos, dos governos e dasociedade para a erradicação desteproblema. “Estamos perante umescândalo mundial que afeta quasemil milhões. Mil milhões de pessoasque ainda hoje passam fome: nãopodemos virar a cara para o lado efingir que esta realidade não existe”,refere.

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Palavras que não são Palavra

Lígia SilveiraAgência Ecclesia

Dou por mim a pensar quantas vezes as palavrasnos atropelam os sentidos. Quando num normalcumprimento dos dias me dirigem «Bom dia,como estás?», a resposta esperada é «olá, estátudo bem». Mas, e se não está? E se, comoresposta, houvesse uma tristeza, a pessoa iriaparar à minha frente para ouvir ou o «comoestás?» é um olhar que se troca e para ocupar oespaço, se quebra o silêncio, mesmo nãoquerendo saber do estado.Por estes dias fui confrontada com a afirmaçãode haver palavras que não calam a verdade doque se sente. Palavras que dizem tão poucoperante uma situação de fragilidade mas queimpeliam o interlocutor a uma necessidade dereconforto incipiente que nada altera a situação,não traz conforto nem verdade.Dou por mim a pensar no peso que as palavrastêm, quando falamos de acolhimento e deescuta, quando se fala de uma Igreja para todosmas que através dos seus procedimentos deixade fora quem não cabe na norma.Escreve Francisco na exortação apostólica «AAlegria do Evangelho» que “a Palavra possui, emsi mesma, uma tal potencialidade, que não apodemos prever. O Evangelho fala da sementeque, uma vez lançada à terra, cresce por simesma, inclusive quando o agricultor dorme. AIgreja deve aceitar esta liberdade incontrolávelda Palavra, que é eficaz a seu

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modo e sob formas tão variadasque muitas vezes nos escapam,superando as nossas previsões equebrando os nossos esquemas”.Os nossos esquemas, os meusesquemas, tantas vezes postos àprova quando o testemunho mechega real, pessoal, sincero,impregnado de procura, cheio deDeus.“Muitas vezes agimos comocontroladores de graça e nãofacilitadores, mas a Igreja é casapaterna onde há lugar para todospara a sua vida fatigante”, escreveainda o Papa; e mais à frente: “Asportas dos sacramentos não sedeveriam fechar por uma razãoqualquer (…) A eucaristia não éprémio para os prefeitos, masremédio generoso e alimento paraos fracos”.Sempre achei que Deus me falavaatravés das pessoas. Comojornalista, tenho tido o privilégio deouvir muitas histórias e, melhor,conhecer pessoas que são, paramim, pontes para Deus.

Vidas que na sua invisibilidade, maisou menos próximas da doutrina,põem a descoberto a melhor artehumana, a melhor catequese, o gestomais claro.«Discernimento, purificação ereforma» pede Francisco neste seuou nosso programa apresentado naexortação. Discernimento, purificaçãoe reforma de palavras para chegar àpalavra ou ao silêncio.

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«A autenticidade é o remédioe a autenticidade é o que estánas palavras do Papa» Adriano Moreira comenta primeiros nove meses de pontificado deFrancisco Agência Ecclesia (AE) - Ficou muitoagradavelmente surpreendido pelaeleição deste Papa, pela escolha donome Francisco. Esse fascínioperdurou nestes meses depontificado?Adriano Moreira (AM) – Sem dúvidanenhuma. Fiquei mais do quesatisfeito, fiquei emocionado porquenunca tinha acontecido na históriada Igreja e o São Francisco [deAssis] é uma boa inspiração para aépoca que estamos a viver. Edepois está muito de acordocertamente, se não ele nãoescolheria o nome, com a suaexperiência de pastor e de bispo,depois de cardeal porque cresceu ecertamente foi apurando, apoiadona sua fé, a compreensão domundo em que vivia. Ele viveu numdos mundos pobres que nós temos.

AE – A interpretação das palavrasque o Papa diz nos seus discursos edocumentos rapidamente chega auma dupla perspetiva sobre elas.Ou são o essencial do Evangelho, adoutrina da Igreja de sempre, ouuma novidade muito grande queagora, o sucessor de São Pedroestá a proclamar. Estaremosperante duas perspetivas que seopõem?AM – Eu acho que não. Aquilo queestá a acontecer é que o PapaFrancisco está a compreender, e jácompreendeu, que o mundo mudou.Grande parte das instituições quetêm responsabilidades públicasainda não assumiu a necessidadede rever a sua visão do mundo e davida e acontece o mesmo com ospartidos políticos.

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AE – É desde logo curioso comovindo do “fim do mundo”, comoFrancisco disse, as mensagensestão a chegar a todo o mundo.Esse fascínio inicial perdurou, oPapa foi comprovando nasmensagens, nos gestos…AM – Até agora com certeza eespero que se acrescente masgostava de insistir que ele cresceunum meio onde compreendeu anecessidade que há de darefetividade a um principio que foi oConcílio que era a proeminênciados pobres. Recordo-me muito bemde ter até adotado isso comodoutrina da democracia cristã emPortugal e na altura não foiconsiderado uma afirmação quemerecesse grande atenção. Nósestávamos a caminho doneorriquismo que nos levou àscircunstâncias em que estamos hojemas naturalmente ele é da regiãoonde nasceu a geografia da fome,que teve tanta importância. A regiãoque criou tantas inquietações àIgreja com a teologia da libertação,por exemplo. Tudo expressões quechegaram a levar ao risco de haveruma dissidência. E ele foi criticado,atacado pelo país onde vive emanteve uma serenidade

total perante a deturpação e até ainvenção perante a imagem quecriam atribuir-lhe. Recentemente foitraduzido para português o livrosobre a lista das pessoas quesalvou ("A Lista de Bergoglio") e elenunca fez referência a isso e nuncarespondeu à deturpação.É um homem que tem muitaconvicção e certeza da hierarquiados valores e também da vocaçãoque o chamou. Depois, ele faz umacoisa que é muito franciscana que érezar pela conduta, os exemplos,proceder e mostrar-se de certamaneira que era um talento do SãoFrancisco, o exemplo dasimplicidade e da união dasnecessidades da população. Eleestá a dar esse exemplo numperíodo naturalmente muito difícil,em que a diminuição dos fiéis éenorme, há mesmo o risco de setornar minoria na Europa em quevivemos e sobretudo numa épocaem que região que foi considerada amais rica do mundo, influente,consumista, substituiu o credo dosvalores pelo credo do mercado. Esteé o combate que ele levantou e éum dos aspetos em que vai ser

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mais uma vez objeto, como écostume, de alguma reinterpretaçãodo que diz e que não correspondeao que efetivamente queria dizer.Mas ele é suficientementeexperiente e com autoridade e visãosuficiente para enfrentar esse riscotambém que as palavras porventurasejam deturpadas

e hoje o risco é muito grandeporque se os meios de comunicaçãodecidem interpretar algumaafirmação, sobretudo original ounova, que tenha sido feita o riscoque se multipliquem os sentidos émuito grande. As palavras têm estaduplicidade, umas vezes sãosubmissas e outras vezes sãosubversivas.

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AE – A Igreja Católica não tinha atéeste pontificado feito essa revisão?AM – De algum modo já tinha feito,embora em algumas vezes commuita dificuldade, sobretudo comaqueles movimentos da AméricaLatina em que passou grandesdificuldades para evitar a cisão quechegou a esperar-se masprogressivamente tem que enfrentara mudança do mundo e não pensarque pode recolher-se a umconvento a meditar em si própria enão na sociedade que espera porela. Eu creio que temos nestemomento, mesmo em Portugal,bispos com uma juventude e umacapacidade da visão da mudançado mundo que podem acompanharcom autenticidade a doutrinação doPapa Francisco. E, sobretudo darvaloração ao imperativo do Concílioda proeminência dos pobres emrelação à Igreja.Uma das coisas importantes que [oPapa] já se pronunciou diz respeitoa um caso, tema fundamental emPortugal neste momento que é oEstado Social (ES). Há algunsintérpretes apressados que julgamque o ES é caridade do Governo. OES

são direitos que completam aquiloque foram as grandes declaraçõesde direitos. Eu costumo dar comoexemplo aos estudantes que aDeclaração dos Direitos deFiladelfia, com as famosas palavrasdo Thomas Jefferson [terceiropresidente dos Estados Unidos daAmérica], “todos os Homens nascemiguais e com igual direito àfelicidade” mas as mulheres não, osíndios não, os escravos não, ostrabalhadores não, etc. Uma sériede “nãos” que era necessárioapagar e foi a Doutrina Social daIgreja, em convergência com osocialismo democrático, que criouaquilo que os franceses chamam“Le droit prestation”. É necessário aquem não tem mesmo ponto departida satisfazer de algumamaneira o ponto de partida, é paraisso que são os direitos prestaçãoàs pessoas e depois disso existetambém a caridade e o amor aopróximo.A preservação de uma coisa queconsidero fundamental é que acomunidade nacional seja de afetosporque sem eu ser comunidade deafetos que torna útil, exequível eobrigatório o exercício do amor aopróximo.

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AE – O que dizer neste problemado Estado Social ao argumento quese repete muitas vezes “não hádinheiro”?AM – Isso não impede que hajaprincípios. O ES na ConstituiçãoPortuguesa é uma principiologiaporque temos disposições que sãoimperativas mas têm princípios eque neste momento parecem seruma das dificuldades do Executivolidar com o Tribunal Constitucional(TC). Parece que algumas vezestêm dificuldade em compreenderque o TC invoca princípios em vezde invocar uma disposição literalque esteja escrita. A principiologiaque está na ConstituiçãoPortuguesa do ES diz respeito àspossibilidades do

Estado e por consequência podemas possibilidades diminuir mas osprincípios não diminuem e, por isso,é completamente errado, a meu ver,crer entre outras coisas que seanunciam para a Constituição, arefundação do Estado que pareceuma expressão exageradíssima masé bom que apareça gente comambição, é preciso que isto nãodesapareça da Constituição porquefaz parte das conquistas ocidentais,das declarações de direitosocidentais. E ai, espero que adoutrinação do Papa traga umgrande fortalecimento a estesprincípios, à manutenção dosprincípios.

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AE – Também numa afirmação queo Papa foi repetindo, na rejeição deuma economia de exclusão, nessaafirmação forte – “a economia mata”?AM – Não sou economista mas emtodo o caso a ‘Escola de Chicago’está sempre mais em vista. E nãohá dúvida que prestamos muitaatenção às políticas inclusivas eexclusivas. As políticas exclusivasforam aconselhadas em paísescomo o Chile, Argentina, Sri Lanka,etc, em lugares onde o exagero

que leva ao cansaço, à fadigatributária que destrói aclasse média, que aumenta apobreza, não concentre reaçãoporque os regimes são organizadosem termos tão autoritários quefacilmente dominam essa situação enão podemos consentir nisso.Infelizmente a situação de Portugalneste momento dá impressão queessa política está ser desenvolvidae tem limites.

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Eu acho que é uma ocasião em quea doutrina da Igreja é fundamental esobretudo porque começamos a termanifestações da sociedade civilnão enquadradas, nem por partidosnem por sindicatos, espontâneas.Não acredito em juízos de certezanem de probabilidade, que achouma audácia, mas este conjunto demanifestações leva-nos a pensarque a alternativa está à espera deuma oportunidade e a sociedadenão vai ser a mesma.Não se pode com segurança e atépor respeito pelo direitos daspessoas estar a incitar à violênciaou a imaginar que se tem ummodelo para a sociedade civil quevai aparecer. Agora, não temosdúvidas que os sinais indicam quealguma coisa vai acontecer. A nossaincapacidade de saber obriga-nos aimaginar que o imprevisto está àespera de uma oportunidade e aesperança é que a mobilização dasociedade civil faça com que essaoportunidade corresponda avalores. E, ai está o problema daintervenção do Papa.O que aconteceu é que neste

nosso Ocidente apareceu umaespécie de credo do mercado, põeos valores absolutamente de lado eesse credo é apontado como dandosuperioridade a valoresinstrumentais, como à eficáciaporque Deus recompensará osmelhores. Uma economia destamata, como diz o Papa, e porconsequência o que ele está a pediré uma ética para a vida económica,mesmo para o mercado. Não épreciso ser revolucionário ouentender isso num sentido de apeloou intervenção revolucionária paracompreender que o mercado semregras faz com o credo do mercadoponha de lado a escala dos valores.Julgo que essa é uma dasdebilidades muito grandes doOcidente, é certamente uma razão aconsiderar na diminuição dainfluência da Igreja curiosamentenuma época em que as estatísticasrevelam o apelo crescente àtranscendência.A autenticidade é o remédio e aautenticidade é o que está naspalavras do Papa.

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AE – O que é que se pode esperardo Papa Francisco nessa desejávelmudança?AM - Penso que ele vai lutarintransigentemente para que omercado seja condicionado por umaética. A ética da parte da IgrejaCatólica não precisa de grandesdiscussões e explicações mas háum efeito mesmo na ordem políticainternacional que é importante. Aordem política internacional teve emsuspenso com a guerra fria porquevivemos um ordem de pactosmilitares e isso acabou mas temosainda a Organização das NaçõesUnidas e um Conselho Económico eSocial que não foi chamado aavaliar a situação que é global edevia ser chamado. A própria Igrejatem uma grande importância porqueé a primeira vez no mundo, nahistória conhecida, em que todas asáreas culturais falam livremente e abusca de paradigmas que abranjamessa globalidade é fundamental.Penso que a palavra de Franciscofaz falta para encontrar esseparadigma global que ainda nãoencontramos.

AE – Do que percebe e interpretadas análises sociais, a palavra doPapa é global?AM – Ele ainda tem passos para darporque neste momento, usando alinguagem dos juristas, recebeu umaherança e não foi a benefício deinventário e não vem só o ativo maso passivo também. Ele está a dargrandes exemplos, no sentido dereformar o Vaticano e isso vai levartempo. AE – É o desafio maior dopontificado?AM – Não sei se é o maior ou nãomas se temos um Papa emérito[Bento XVI] que dá o exemplo dedeclarar a sua fraqueza, que não écapaz, que o cargo e o encargoultrapassam a sua capacidade éuma grande demonstração decoragem, dedicação mas ao mesmotempo dá-nos sinal que a herança épesada. Não vou sequer tentardeterminar ou definir mas basta istopara ter a certeza que ele está aenfrentar uma herança pesadíssimadando o exemplo franciscano dasimplicidade, da compreensão dopovo, da pobreza que está aenvolver tantas regiões do mundo eespero que a sua

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ação vá conseguindo repor umaescala de valores que consigadominar o credo do mercado queestá a ser dominante no mundo emque vivemos. AE – Como analisa as possíveistensões que possam existir entrequem desejaria uma reformaimediata, feita com grandes sinais,com grandes tomadas de posição eessa forma de anunciar etransformar do Papa?AM – Aquilo que ele está a fazer,

acreditando no poder da palavra, éo método a seguir porque no fundoé aplicar o mesmo que se faz com opecador. Procura-se chamar, queele readote os seus valores e é oque o Papa está a fazer. Não esperoque ele faça coisas revolucionárias,incitamentos. Ele vai continuar comoSão Francisco [de Assis] se forpossível até sem palavra, só oexemplo já serve de pregação.

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AE – Diante dessa necessidade dereforma, as palavras do Papadesafiam a uma desinstalação, ir àsperiferias. Podíamos pensar que seé para reformar vamos ao centro,ao Vaticano mas as ordens do Papasão outras. Começa por aí, pelasperiferias?AM – Ele não esquece que a suapalavra é dirigida ao Logos e que aprega a todas as criaturas. Ele nãopode abandonar isso e basta oexemplo do antecessor, a fadiga,para pensar no fardo que eleassumiu e não se pode ter a certezaque a simples intervenção dele vaiser suficiente para repor os valorescomo desejaria. Os poucos mesesde exercício fazem crescer aesperança de que as coisas possamvoltar a subordinar-se aos valores,identificar não apenas o Ocidentemas que para além de tudo aquiloque erradamente também oOcidente fez e praticou que possater influência. É por isso que asreuniões entre todas as religiões, aprocura do paradigma comum éuma tarefa da maior importância eque não deve ser abandonada masapoiada e aceitando a afirmação,que se

vulgarizou, que se não houver pazentre as religiões não haverá paz nomundo. AE – Numa metodologia jesuítica, edeste Papa Francisco, acentralidade de Jesus Cristo, adesinstalação, o anúncio, o ir àsperiferias e a rejeição da economiade exclusão serão as três ideiaschave deste pontificado?AM – Acho que sim mas, nestemomento para mim, a última é amais importante de todas. Nósestamos de facto num capitalismoexplosivo. AE – Será também a maisimportante para o Papa?AM – Nas frases dele é evidente.Sobretudo deve ter peso no espíritodele o ambiente em que nasceu,cresceu e exerceu a sua função depastor porque são regiões queforam submetidas à exploraçãoeconómica onde as políticasexclusivas foram dominantes. Comregimes políticos que fazem lembraras brutalidades da própriacolonização naquela época e issonão deve levar ninguém asurpreender-se que o Papaconsidere esse ponto fundamental.

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AE – Essa circunstância de vir daAmérica do Sul, a mensagem doPapa está a ser cada vez maisglobal e está a impor-se?AM – Penso que sim. Claro que elenão tem exercício de mesessuficiente para que se observeimediatamente resultados emborasendo a intervenção do Papa ummilagre que não seja

surpreendente mas para a vidanormal não há tempo suficiente. Sebem me recordo, o padre AntónioVieira diz que uma dascaracterísticas do milagre édispensar o tempo que serianecessário. Não sei se aquipodemos dispensar o tempo.

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AE –. A própria expetativa derevolução não poderá serprejudicial ao pontificado do PapaFrancisco?AM – Nós nunca sabemos, porque oprocesso social é cada vez maiscomplexo. Todos falamos emglobalismo, porque fica bem paramostrar a nossa cultura, masconhecer as variáveis, as redes, asinterdependências e oconsequencialismo de tudo isto noglobalismo sabemos pouco.Ignoramos muito e fazerprognósticos acho uma audácia.Mas não é uma audácia ver seaquele homem está a agir deacordo com os seus valores, aautenticidade, e isso é ofundamental. E ele está a agir comautenticidade porque ocomportamento está a ser comoFrancisco.Há aqui uma coisa que também seaplica aos governos e muitas vezesparece que não gostam que se digaisso ou não entendem que aautenticidade é a coincidência entreo que se anuncia e o que se faz. Afalta de coincidência dá origem àfalta de autenticidade e dalegitimidade do exercício. Não é ocaso nem o esperável deste Papa.Ele vai

dar o exemplo de autenticidadeenfrentando todos os riscos esegundo alguns comentaristasanunciam-se riscos grandes paraesta autenticidade que o Papa estáa mostrar. Mas ele não via desviar-se disso. A fé dele é suficiente paranão se desviar. AE – O professor Adriano Moreiraestá a apresentar o novo livro“Memórias do outono ocidental. Umséculo sem bússola”. O PapaFrancisco poderia ser ou está a sera bússola que o Ocidente nãotinha?AM – Ele está a procurar que setorne a usar a bússola porque noque respeita à doutrinapropriamente e aos princípios sãoos mesmos. Ele está a combater oabandono dos princípios e isso é atarefa dele. Espero quê se consigainverter esta marcha e se consigapôr o diálogo no lugar do confronto,o respeito no lugar da tolerância,que é absolutamente necessário, ea paz no lugar do combate.Uma das razões que me leva a isto éo facto de termos feito isso emalgumas ocasiões, como nascruzadas e na reconquista, trazerDeus para o campo da batalha.

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Não é para o campo de batalha queé preciso chamar pelos valores maspara a paz e penso que intervençãodele vai ser importante. AE – A exortação apostólica«Evangelii Gaudium» do PapaFrancisco. Está aqui uma bússola?AM – Está. Eu estou a ler com a

maior atenção, não quero desde jáfazer opiniões do documento queconsidero da maior importância masai já se começa é a repor a bússola.Eu julgo que é assim que ele está aagir.

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Uma Exortação ao cuidado de todos“Evangelii Gaudium” é umdocumento profundamenteinovador, pelo registo direto e pelalinguagem acessível que contém,mas também pelo modo como abrepistas novas para a reflexão e parao espírito crítico dos cristãos. Torna-se necessária uma evangelizaçãoque ilumine os novos modos de nosrelacionarmos com Deus, com osoutros e com o ambiente, e quesuscite os valores fundamentais.Daí a necessidade de umaespiritualidade missionária que sedemarque do pessimismo estéril eabra caminho às novas relaçõesgeradas por Jesus Cristo. «Omundanismo espiritual que seesconde por detrás de aparênciasde religiosidade» (E.G.,93) tem dedar lugar ao reconhecimento de umprotagonismo responsável queponha os leigos num lugar em queassumam maiores e mais efetivasresponsabilidades, enquanto amulher tem de ocupar um lugar maisinterveniente. «A Igreja reconhece aindispensável contribuição damulher na sociedade, com umasensibilidade, uma intuição e certascapacidades peculiares,

que habitualmente são maispróprias das mulheres que doshomens» (E.G.,103). Daí «asreivindicações dos legítimos direitosdas mulheres, a partir da firmeconvicção de que homens emulheres têm a mesma dignidade ecolocam à Igreja questõesprofundas que a desafiam e não sepodem iludir superficialmente»(E.G.,104). Afinal, todo o povo deDeus anuncia o Evangelho, comopovo de muitos rostos, em quetodos somos missionários. «Adiversidade deve ser sempreconciliada com a ajuda do EspíritoSanto; só Ele pode suscitar adiversidade, a pluralidade, amultiplicidade e, ao mesmo tempo,realizar a unidade» (E.G.,131).Há nesta «Exortação» do PapaFrancisco um forte apelo aocompromisso e à compreensão dosnovos sinais dos tempos e dadignidade da pessoa humana e, porisso, relembra com especial ênfase:«Acreditamos no Evangelho que dizque o Reino de Deus já estápresente no mundo, e vai-sedesenvolvendo, aqui e além devárias maneiras:

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como a pequena semente que podechegar a transformar-se numagrande árvore (cf. Mt 13,31-32),como o punhado de fermento queleveda uma grande massa (cf. Mt13,33), e como a boa semente quecresce no meio do joio (cf. Mt 13,24-30) e sempre nos pode surpreenderpositivamente: ei-la que aparece,vem outra vez, luta para florescer denovo. A

ressurreição de Cristo produz portoda a parte rebentos deste mundonovo; e, ainda que os cortem,voltam a despontar, porque aressurreição do Senhor já penetroua trama oculta desta história; porqueJesus não ressuscitou em vão. Nãofiquemos à margem deste caminhoda esperança viva!» (E.G.,278). Guilherme d’Oliveira Martins

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A radical novidade de FranciscoA novidade que a EvangelliGuadium representa no magistériopapal só tem paralelo com a suaradicalidade. Por estas duas razõesela está a ser silenciada pelos quequerem manter as coisas comoestão e não desejam confrontar-secom o radical desafio de Deus:“Caim, Caim, onde está o teu irmão?”Vivemos submersos por umpensamento pseudo-racionalistaque procura tudo reduzir aequações e números de curtoprazo, iludindo o facto de nosdestruírem, a médio prazo, a vida eas sociedades. Contra taldominação o Papa Franciscoescolheu começar a primeiraexortação do seu papado referindo-se a um sentimento. Não a umarazão, nem a uma sensação, mas àalegria que enche o coraçãodaqueles que escutam a Boa Novade Jesus. Um sentimento que não écontra a razão, mas que envolvetodo o ser do homem e da mulhermuito para além do que qualquerverdade (ou mentira) construídapela razão os poderá alguma vezenvolver. Ser cristão, viver em

Cristo, é isto mesmo: sentir renascer“sem cessar a alegria”, nãosucumbindo à tristeza de falsosracionalismos que nos impedem decumprir o mandamento da inclusãodos pobres – esses preferidos donosso Deus.Tudo nesta exortação é novo.Incluindo o seu caracter pessoal etestemunhal. Francisco escrevevárias vezes na primeira pessoa,partilha episódios de vida, encontrose rostos que conheceu, sonhos quetem para a Igreja e para ahumanidade. Mais do que umareflexão doutrinária, o Papa oferece-nos uma longa comunicação quebrota da espiritualidade que ohabita. Espiritualidade densa comosó é a de quem interroga arealidade e a sua própria vida apartir de uma relação comunitárialúcida, intensa e íntima com Jesus.Nova é também a forma como oPapa atualiza a dimensão social daBoa Nova. Os que nela nada denovo encontram, enganam-se, ouquerem-nos enganar. Francisco nãoacrescenta doutrina, mas pronuncia-se com toda

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a clareza sobre estes seis anos decrise financeira e acusa osprocessos desencadeados pelaideologia neoliberal (e os seusresultados) como sendo portadoresde morte e, portanto, incompatíveiscom o Evangelho.Radical é o modo como o Papa nosfaz sentir que tudo – o que fazemos,aquilo que pensamos, o modo comoacolhemos os outros, como nosorganizamos em Igreja, asprioridades que nos damos

e o que calamos –, tudo, tudomesmo, tem de ser visto erepensado em função da verdadeiranovidade que nós cristãostransportamos: anunciamos a infinitamisericórdia de Deus que a todosacolhe e liberta. E rejubilamos porsermos portadores de tão grandeBoa Nova!

Jorge Wemans

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Depois dos gestos,as palavras do Papa FranciscoO Papa Francisco é um homem dogesto. Ou melhor, é um homem deação em que o gesto temprecedência sobre a palavra. Todoso lembram, depois de papa, pormanter os seus sapatos usados, porir pagar a conta do albergue, pordepor a insígnia do poder, poridentificar, no meio da multidão, apessoa que necessita do seuabraço, por chamar, por telefone odiretor anticlerical do “Repubblica”,por escolher o alojamento comumdo Vaticano. Conhecíamos-lhe aspalavras da homilia quotidiana, daentrevista à “Civiltà Cattolica” eagora chega-nos este longo textopastoral, a “Evangelii gaudium”. Pormim, após a leitura, confesso quecontinuo a vê-lo como um homemdo gesto. Ou melhor, preciso dogesto para contextuar as palavras.Há, no texto, apesar de tudo, amesma espontaneidade do gesto,mas continuo a preferir o vislumbrepresente na pessoa do que o longoplano de ação do pontificado que aíestá na exortação.

O que mais desafia o leitor nestetexto é a caracterização do lugardesde onde ele fala. Há uma lógicanova no modo de pensar deFrancisco. Ele não fala desde umlugar comum, desde um diagnósticofeito com mestria científica, paraconduzir a Igreja e a sua pastoralpor um programa definido comobjetivos e com meios para láchegar. Ele fala e pensa desde olugar da consumação do mundo queé Cristo morto, ressuscitado,escondido e aparecido.Essa lógica dá-lhe a possibilidadede ver a Igreja como um carisma emcontínuo movimento, como umainstituição sempre vocacionada parao único porvir real, mas imperfeitono tempo presente. Daí, osministros, papa, bispos, padresserem vistos como poetas cujacriatividade vem de uma vidahaurida na imanência do mistérioque visibilizam. E ficarem tãoaquém...É também esse ponto de partidaque lhe dá uma visão da sociedadeglobal de hoje,

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caracterizada pelo esplendor dasconquistas humanas e pelosofrimento das multidões. Todos osque o vêm Francisco como umsimples repetidor ou como umperigoso marxista estãocompletamente desfocados no seuângulo de visão. O ponto de vistado Papa é anterior à ideologiapolítica ou económica, mesmo adaqueles que o vêm como umteólogo da libertação que fala desdeo horizonte dos pobres, o que, deresto já não seria fora de propósito.Este é também o sentido da suainsistência na necessáriamodificação da proposta moral. Nãotendo ainda mudado

qualquer norma, o seu caminho levana direção de instituir de outro modoo que for necessário no mundomoral para que corresponda melhorcom realidade dada em Cristo.A exortação pós-sinodal é, pois, umtexto um tanto problemático, nãoporque seja imperfeito, mas porquevem de um lugar que intaura deoutro modo os nossos lugarescomuns. O que a Igreja tem comotarefa não é insistir num programarígido, mas abrir-se à novidadeinesgotável do Espírito Santo queconduz a história humana porcaminhos inéditos.

Jorge Teixeira da Cunha

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Um pontificado esperançosoO pontificado do Papa Francisco épara todos nós muito esperançoso,no sentido mais ativo da palavra. OPapa Bento XVI, na sua encíclicasobre a esperança diz que ela éuma virtude preformativa, nãoapenas enuncia mas vai realizandoaquilo que anuncia. A atividade doPapa Francisco tem sido para nósmuito esperançosa, no sentido emque alimenta a esperança e tambémvai abrindo caminho.Não podemos resumir facilmente aexortação apostólica ‘EvangeliiGaudium’ (A alegria do Evangelho),porque é longa e muito substancial,também muito clara na suaexposição, mas insiste-se numponto: temos de nos refazerevangelicamente como cristãos ecomo comunidades cristãs paraalimentar a própria esperança domundo e ultrapassar uma crise queé muito mais profunda do que só oaspeto financeiro ou económico,embora esses sejam muitocomplexos e gravosos.É uma crise de entendimento doque é que nós somos. Nós nãosomos indivíduos para o consumo,no sentido mais

materialista do termo, nós somospessoas que só nos realizamos comoutras pessoas e não devemos ficardescansados enquanto os outrosnão forem também reconhecidoscomo pessoas. Que as nossascomunidades cristãs e que o cristãoque cada um de nós quer ser insistae invista aqui, num relacionamentopositivo, justo e solidário com todospara nos podermos fazer comohumanidade comum.Isto também é para nós cristãos umaatitude profundamente religiosa porisso é que o Papa que escreve aexortação e ela se chamaapostólica. Isto é o nosso Deuscomo Ele se revelou em JesusCristo, é o Deus que está connoscoe que quando nasceu, nasceupobre para nos enriquecer com asua presença e viveu de umamaneira empenhada, solidária,constantemente preocupado com osoutros, com a realização dos outros,plena, corpo e espírito: a isso é quese chama salvação.Nós cristãos temos de a ver damesma maneira nas famílias, nascomunidades cristãs para sermos aovivo não apenas

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hipoteticamente um sinal deesperança e futuro para umahumanidade que se tem dereencontrar.O Papa Francisco é esse exemplo,e de uma maneira tão sugestiva. Elejá era assim na Argentina e quandopassa de bispo de Buenos Aires abispo de Roma, a Papa, com estaoutra responsabilidade pelocatolicismo mundial, continua

na mesma esteira. Aquilo que jáse tem sublinhado e eu sublinhotambém é a autenticidade. EstePapa convence muito porque émuito autêntico, as pessoas nemprecisam de grandes discursos paraver que é tal e qual assim, não é sódizer, é ser! D. Manuel Clemente, patriarca deLisboa, em declarações à AgênciaECCLESIA

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Francisco e o seu contextono mundo mediáticoO mediatismo em torno do PapaFrancisco deve-se, segundo ainvestigadora na área dos media eda sociologia Rita Figueiras, a umcruzamento entre caraterísticas e“sensibilidades” pessoais e a um“contexto” social que atravessamos.“É o homem e o seu contexto. Hácaracterísticas e sensibilidades dopróprio mas há momentos em quedeterminados atributos são melhoracolhidos. O discurso de alertarpara o ser humano, levantardúvidas sobre a economia e asopções políticas que se desviamdas pessoas, está a cair muito bemna sociedade atual”, admite ainvestigadora e docente daUniversidade Católica Portuguesa.Segundo Rita Figueiras as “pessoasnão se sentem representadas” nas“instituições de referência nasociedade ocidental”.“Quando aparece um Papa tãodisponível para estar próximo, parafalar em nome de, para alertar paraas condições de vida de quem temmenos,

naturalmente que as suas palavrasganham muito eco nos media”,reforça.A curiosidade em torno da figurapapal “sempre existiu” e os mediasempre demostraram “grandeinteresse pelas particularidades decada um”.Fator acrescido aponta ainvestigadora, foi o contexto deresignação de Bento XVI que terácontribuído para a “entrada deFrancisco na agenda jornalística eda vontade de exercer o papado deforma diferente”.O “fenómeno” sublinha a docente,reside no facto de ele chegar a“católicos e não católicos”.“Não são apenas os católicos quefazem circular as suas mensagens ea reforçam, mas também entre oscatólicos menos participativos ounos não católicos que se revêm nassuas palavras. É interessanteperceber a forma como ele coloca odiscurso que é acolhido numacomunidade mais ampla. Quantomais houver capacidade de projetaresta mensagem positiva nos media,mais ela vai perdurar”.O reforço e amplitude da

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mensagem têm colocado aspalavras do Papa também na“agenda política, nomeadamente nanacional”, aponta a investigadora naárea dos media e da sociologia e dacomunicação política.Rita Figueiras lembra a proximidadede Francisco com a população noBrasil, durante a Jornada Mundialda Juventude, em julho, ou o gestona noite de Quinta-feira Santa, a 28de março, quando o Papa lavou ospés a

adolescentes detidos.“São imagens fortes que condensamnarrativas e são ricos para sereminterpretados de múltiplas maneiras.Sem precisar de ter um texto escritoe oral, a narrativa será construídapelo olhar de quem observa”.São gestos e palavras que mostram“coerência”, um sinal “bem acolhidona sociedade”, e que fazem deFrancisco umas das personalidadesmais influentes deste ano.

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Rótulos de «Papa engraçado»limitam perceção do pontificado

O bispo emérito de Setúbal, D.Manuel Martins, teme que atual oPapa fique na história “como umPapa engraçado” e “não como uminstrumento de Deus”. Ao fazer umaavaliação de nove meses depontificado, o prelado referiu àAgência ECCLESIA que havia “umaIgreja muito parada” e que, tal comodiz Francisco, é preferível “umaIgreja acidentada no meio domundo” do que “uma Igreja muitobonita e arranjadinha”, masarrumada “num canto qualquer”.“É uma provocação fantástica queele faz à Igreja”, acrescentou obispo emérito de Setúbal.Ao ver as notícias, o prelado tem“muito medo” de que o PapaFrancisco passe à história como um“Papa engraçado” e não como umhomem para “modificar por completoa sua Igreja que bem precisa de sermodificada”.Já Eugénio Fonseca, presidente daCáritas Portuguesa, fala da eleiçãode Francisco como “uma

graça” e um dos “melhores frutosdo Ano da Fé”, proclamado peloPapa emérito, Bento XVI.O responsável espera que a “Igrejaseja digna deste pastor que oEspírito Santo lhe colocou nosdestinos da barca de Pedro” e queesteja “recetiva aos apelos claros” enuma “linguagem bem audível portodos” do Papa argentino.A Igreja não tem de alterar a BoaNova, mas adaptar esta mensagem“às alegrias e anseios” dos cristãosda sociedade atual, frisou Eugénioda Fonseca, para quem os cristãosdevem acompanhar o ritmo do PapaFrancisco e fazer com ele “umaIgreja renovada e que não temmedo de se abrir à força do EspíritoSanto”.

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Nós, cidadãos do mundo, vemos o Papa Francisco como umnovo símbolo de esperança por muitos motivos. Creio que,obviamente, para a Igreja Católica representa uma enormelufada de ar fresco, que está a fazer com que as pessoas sesintam também fortemente envolvidas.Mas, para o mundo em geral, tem uma enorme influência nummomento em que os conflitos se multiplicam, em que acomunidade internacional perdeu grande parte de prevenir eresolver os conflitos. Vemos como o mundo é incapaz deenfrentar alguns dos desafios chave do nosso tempo: veja-se,por exemplo, as mudanças climáticas. Assistimos a umaausência global de liderança.Por isso, penso que é um exemplo fantástico para o mundo vereste tipo de envolvimento, de empenho, e também estaorientação profundamente humana na Igreja Católica. É natural,portanto, que todos sintam esta enorme força e energia quevem do Papa. Todos, estou certo, queremos estar com ele paraentrar em contacto com esta energia e este compromisso,porque todos temos necessidade disso nos momentos difíceisque estamos a enfrentar. (António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para osRefugiados, em declarações à Rádio Vaticano)

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PAPA FRANCISCO:’A ALEGRIA DO EVANGELHO’

A arte de ‘primeirear’A 'Alegria do Evangelho' é umafesta da Missão. Dá gosto ler de fioe pavio...e li duas vezes de enfiada.Quando damos conta, reparamosque estamos a sorrir, felizes, mesmoa ler capítulos sobre a pobrezaextrema, a fome ou a injustiça quetorna descartáveis muitos doshumanos. Dizia Francisco em Assisque não quer ver nos rostos doscristãos sorrisos de hospedeiras debordo, ou seja, quer sorrisosverdadeiros, que reflitam o que sepassa na alma de um crente quesabe que todas as quaresmasdesembocam na manhã da Páscoa.‘Primeirear’, ou seja, ‘tomar ainiciativa’ deve ser uma das imagensde marca dos missionários hoje(nº24). Nós somos convidados porFrancisco (e, antes dele, por Cristo)a sermos ‘Igreja em saída’, na rua, apartilhar a sorte a má sorte detodos, sobretudo dos pobres,mesmo sujando as mãos (nº20).No meio de tantas preocupaçõesmissionárias, Francisco propôs-serefletir sobre apenas sete temas:

1.a reforma da Igreja, em saídamissionária; 2.as tentaçõesdos agentes pastorais; 3.a Igrejavista como a totalidade do povo deDeus que evangeliza; 4.a homilia e asua preparação; 5. A inclusão socialdos pobres; 6.a paz e o diálogosocial; 7. As motivações espirituaispara o compromisso missionário(nº.17).Ao percorrer, uma por uma, aspáginas desta 'Exortação Apostólica'somos confrontados com ahumildade de um Papa que se sentefrágil, sem palavras que fechem areflexão. Apresenta-se como um quecaminha com todos, sempre áprocura dos sinais inspiradores doEspírito Santo e com uma atençãoredobrada aos pequenos e aospobres. Sim, ele quer uma Igrejapobre e para os pobres, uma famíliaonde todos tenham lugar, vez e voz,uma Comunidade sempre emconversão (reforma), um 'governo'da Igreja mais descentralizado ecom mais lugar para a mulher, ojovem e os leigos em geral.

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Francisco aposta ainda em temasgrandes como a inclusão social dospobres, o combate aos sistemaspolíticos e económicos que matammais do que salvam as pessoas, ocompromisso pela paz e pelodiálogo social. Insiste na dimensãoespiritual da nossa vida e da nossaMissão...A mim e a todos os agentes'qualificados ' da pastoral relembraque somos apenas 'servos' e nãosenhores das comunidades eresponsabilidades que nos sãoconfiadas.

O Papa dá ainda algumasorientações para as 'pregações' ehomilias, pondo lá uma pitadinha dehumor fantástico: 'sabemos que osfiéis lhe dão muita importância; e,muitas vezes, tanto eles como ospróprios ministros ordenadossofrem: uns a ouvir e os outros apregar!'(nº135).Sobretudo, Francisco quer-nosalegres, felizes, otimistas e abertosao mundo. Prometo, querido Papa, que voutentar viver o que propõe estegrande documento da Igreja.

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Fraternidade, o segredo da pazO Papa Francisco destacou hoje aimportância de uma “paternidade”comum na humanidade para travara “globalização da indiferença”, namensagem para o Dia Mundial daPaz 2014, dedicada ao tema‘Fraternidade, fundamento ecaminho para a paz’. “As própriaséticas contemporâneas mostram-seincapazes de produzir autênticosvínculos de fraternidade, porqueuma fraternidade privada dareferência a um Pai comum comoseu fundamento último nãoconsegue subsistir”, refere odocumento, divulgado pela SantaSé.Francisco sublinha que o númerocada vez mais maior de ligações ecomunicações que envolvem oplaneta “torna mais palpável aconsciência da unidade e partilhadum destino comum entre asnações da terra”. Esta realidademostra a “a vocação” dahumanidade a “formar umacomunidade feita de irmãos que seacolhem mutuamente e cuidam unsdos outros”.O texto defende uma

“redescoberta da fraternidade” naeconomia e a mudança de “estilosde vida”. “As sucessivas criseseconómicas devem levar a repensaradequadamente os modelos dedesenvolvimento económico e amudar os estilos de vida”, pode ler-se.O Papa considera que as “gravescrises financeiras e económicas” daatualidade têm a sua origem no“progressivo afastamento do homemde Deus e do próximo, com aambição desmedida de bensmateriais” e o “empobrecimento dasrelações interpessoais ecomunitárias”.Nesse sentido, Francisco denuncioua “tragédia da exploração dotrabalho” e as “guerras" económico-financeiras. “Penso nos tráficosilícitos de dinheiro como também naespeculação financeira que, muitasvezes, assume expressõespredadoras e nocivas para sistemaseconómicos e sociais inteiros,lançando na pobreza milhões dehomens e mulheres”, escreve.

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O Papa defendeu a necessidade deum desarmamento “nuclear equímico”, frisando que umacirculação de armamentos em“quantidade tão grande como aatual” serve para que se encontrem“novos pretextos para iniciar ashostilidades”.Francisco sublinha que afraternidade é o “fundamentoprincipal” da paz e apela a umaatitude de “serviço às pessoas,

incluindo as mais distantes edesconhecidas”. “O serviço é a almada fraternidade que edifica a paz”,acrescenta.O Dia Mundial da Paz começou aser celebrado anualmente a 1 dejaneiro durante o pontificado doPapa Paulo VI, em 1968, e amensagem para esta jornada éenviada às dioceses e àsembaixadas de todo o mundo.

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Tráfico de pessoas é crimecontra humanidadeO Papa Francisco afirmou hoje noVaticano que o tráfico de pessoas éum “crime contra a humanidade”que exige vontade política e oempenho da comunidadeinternacional para pôr fim a este“horrível comércio”. “O tráfico depessoas é um crime contra ahumanidade: temos de unir forçaspara libertar as vítimas e travar estecrime cada vez mais agressivo, queameaça – para lá dos indivíduos –os valores que fundam associedades”, declarou, perante osnovos embaixadores de 17 países,entre os quais se contavam os deCabo Verde e da Palestina.O discurso papal destacou osefeitos deste tráfico, uma “ameaça”à dignidade humana sobre a“segurança e a justiça”internacional, a economia, asfamílias e a “própria vida social”. “Otráfico de seres humanos é umaverdadeira forma de escravidão,infelizmente cada vez maisdifundida, que diz respeito a cadapaís, mesmo os mais desenvolvidos,e que toca pessoalmente os mais

vulneráveis da sociedade”, disse.Em causa, observou Francisco,estão milhões de vítimas que sãosujeitas a “trabalhos forçados” ou à“exploração sexual”. “Isto não podecontinuar: constitui uma graveviolação dos Direitos Humanos dasvítimas e uma ofensa à suadignidade, para além de ser umaderrota para a comunidademundial”, alertou.O Papa convoca todas ascomunidades religiosas e àspessoas de boa vontade a umesforço conjunto para que estasmulheres, homens e crianças “nãosejam tratados como objetos,enganados, violentados, vendidosmais do que uma vez” e mesmo“assassinados”.

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Francisco, «personalidade do ano»da TimeA revista norte-americana ‘Time’elegeu o Papa Francisco como“Personalidade do Ano” em 2013"por arrancar o papado do palácio eo levar para as ruas" e por "dosearjulgamento e misericórdia". "Noespaço de nove meses, desde queassumiu funções, ocupouexatamente o centro das conversasfulcrais dos nossos tempos: sobre ariqueza e a pobreza, a equidade e ajustiça, a transparência, amodernidade, a globalização, opapel das mulheres, a natureza docasamento, as tentações do poder",acrescenta a publicação.Após o anúncio desta quarta-feira, oporta-voz do Vaticano, padreFederico Lombardi, afirmou queesta decisão “não surpreende,tendo em conta a ressonância e agrande atenção que a eleição doPapa Francisco e o início do novopontificado despertaram”.Segundo a Time, “o líder da IgrejaCatólica tornou-se na nova voz daconsciência, com a atençãocentrada na compaixão",apresentando Francisco como "oPapa do Povo".

Para o padre Lombardi, estaescolha – na qual participamtambém os leitores – é “um sinalpositivo”, representando “um dosreconhecimentos mais prestigiadosno âmbito da imprensainternacional”.O Papa, primeiro sul-americano aser eleito como bispo de Roma,escolheu chamar-se Francisco, umadecisão inédita até então.A Time destaca a escolha do nome,inspirado em Francisco de Assis, um“santo humilde”, e o apelo do Papaa uma Igreja “de cura”.O padre Lombardi referiu, numanota divulgada pelo Vaticano, queFrancisco “não procura fama nemsucesso, porque cumpre o seuserviço anunciando o Evangelho doamor de Deus por todos”.

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Mandela: longo caminho para aliberdadeA 18 de Julho de 1918, NelsonRolihlahla Mandela nasce emMvezo, aldeia situada nas margensdo rio Mbashe província do CaboOriental, na jovem União SulAfricana (1910-1961) e no seio deuma família nobre de etnia Xhosa.Décimo terceiro filho do chefe daaldeia, foi desde cedo preparadopara a liderança.Revelando desde cedo um espíritodesacomodado e um obstinadosentido de justiça, aliado a um gostoparticular pelas artes, Mandela seráexpulso por ativismo político (nadefesa de direitos da populaçãonegra) da universidade de Fort Hare(a primeira universidade sul africanapara negros), dois anos após iniciara licenciatura em Artes em 1939.Em Joanesburgo, aceita diversostrabalhos, incluindo no escritório deadvocacia do futuro primeiropresidente do Botswana e estuda denoite, até se formar em direito. Em1944 casa-se e enceta carreirapolítica juntando-se ao CongressoNacional Africano, dentro do qualfunda, com Sisulu e Oliver Tambo, aliga juvenil com o fim de mudar oque consideravam ser a posturasubserviente do partido face ao

domínio branco. Não obstante,mantém-se defensor da nãoviolência.Com a vitória do Partido Nacional,de extrema-direita branca, naseleições de 1948 e sequenteinstauração do Apartheid, regimesegregacionista que perdurará até1994, Mandela enceta uma longa eacirrada caminhada política naliderança da luta pelos direitos dapopulação negra. Nesta longacaminhada, será presidente doCongresso Nacional Africano,enfrentará acusações de traição e aperseguição das autoridades e dogoverno enquanto percorre o país,o continente e o mundo, procurandoapoios e estabelecendo alianças.Em 1961, em resposta à repressãocrescente de um governo ameaçadopelo seu carisma, lidera o braçoarmado do CNA, MK (Umkhonto weSizwe. Lança da Nação) colocandodo lado do governo aresponsabilidade de dar o primeiropasso para uma convivênciapacífica.Em 1964 é capturado, julgado econdenado a prisão perpétua. Emcativeiro, nunca abandona, por maisescassos os meios, a luta. Com acrescente força do

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movimento, recusa tentativas denegociação que, permitindo a sualiberdade individual, não confiramdireitos, liberdades e garantias aosdemais.Em 1990, a libertação de NelsonMandela torna-se inevitável e a lutacontinua, contra o radicalismobranco e o radicalismo negro.A uma semana da sua morte,estreia nas salas de cinemaportuguesas o primeiro filmebaseado na sua autobiografia:‘Mandela. Longo caminho para aliberdade’. Um ‘timming’ que temtanto de pertinente como dearriscado, tendo em conta aenvergadura do líder africano –também física mas sobretudopsicológica, espiritual e moral, aemoção geral provocada pela suaperda e a multiplicidade deinformação que circula sobre a suavida e obra, o que garantirá umpúblico mais atento e crítico a estaversão.Razoavelmente protagonizado porIdris Elba (papéis secundários emThor e Prometheus, entre outros), oargumento cumpre um relato poucoaprofundado dos episódios maissignificativos do percurso deMandela. A figura está lá e noentanto falta-lhe dimensão eidentidade. A força interior, oímpeto, o seu carisma, a qualidadedas suas relações,

com os outros, com as geografias ea profundidade do seu pensamento,alicerces fundamentais para oentendimento de quem foi, sãoténues.Uma espécie de ‘panorâmica’, útil ecativante para quem procure umailustração cinematográfica do queestá já sobejamente disponível nosmedia e redes sociais, ou para osmais novos que ficarão com umaideia geral de quem foi NelsonMandela. Mais pela matéria que pelaessência.Para todos os efeitos, uma figurapolítica fortemente empenhada nobem comum e apostada na defesada paz, mesmo em modopanorâmico e nos tempos quecorrem, sobretudo para os maisnovos, não será pouco…

Margarida Ataíde

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@Pontifex de parabéns!https://twitter.com/Pontifex Decorria o ano de 2012 e numaquarta-feira, 12 de dezembro, porvolta das 11 horas e 30 minutos, noVaticano, o então Papa Bento XVIlançava o seu primeiro “tweet”dizendo: “Queridos amigos, é comalegria que entro em contactoconvosco via twitter. Obrigado pelaresposta generosa. De coração vosabençoo a todos”. Ainda duranteesse dia, a conta @pontifexcolocava mais três mensagenscomo resposta a algumas questõesque tinham sido lançadas porutilizadores do twitter, através domarcador (hashtag) #askpontifex.D. Claudio Maria Celli, presidente doConselho Pontifício dasComunicações Sociais da Santa Sé,referiu que o gesto do Papa eméritopode ser comparável ao primeirodiscurso radiofónico de Pio XI.Depois de trinta e sete mensagensdo Papa originário da Baviera aconta encerrava, a 28 de fevereiro,após o anúncio da sua resignaçãodizendo: “Obrigado pelo vosso amore o vosso apoio! Possais viversempre na alegria

que se experimenta quando se põeCristo no centro da vida”. Todasessas mensagens foram arquivadase atualmente podem serconsultadas no sítio www.news.va/pt/twitter_archive.Depois da eleição do PapaFrancisco as contas no twittervoltaram a ser ativadas, e a 17 demarço de 2013, o sucessor dePedro escreveu assim a suaprimeira mensagem em portuguêsna conta @Pontifex_pt: “Queridosamigos, de coração vos agradeço epeço para continuardes a rezar pormim”. Atualmente o Papa utiliza estarede para resumir catequeses,homilias e outras intervençõespúblicas.Passado um ano sobre a primeiramensagem, a conta @pontifexpossui mais de 10,7 milhões deseguidores em nove línguas (Inglês,Latim, Alemão, Espanhol, Português,Polaco, Italiano, Francês e Árabe)dos quais quase 900 mil são daconta da língua de Camões. Noentanto as mensagens queatualmente são colocadas nestarede social, conforme afirmou oresponsável do Vaticano para osetor

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das comunicações sociais, atingem60 milhões de pessoas graças aosreenvios (“retweet’”) que são feitos.Como sabemos, o twitter é aferramenta de micro-blogging maisdifundida no mundo dascomunicações virtuais, com mais de500 milhões de utilizadores,permitindo a distribuição depequenos textos contendo nomáximo 140 carateres. Em termosde redes sociais, apesar de não serdas mais utilizadas em Portugal,esta ocupa o pódio, sendodestronada somente pelo facebook.

Fernando Cassola Marques

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Crianças escrevem ao PapaO livro ‘As crianças da Europa falamao Papa Francisco’ foi apresentadoem Lisboa pelo padre Duarte daCunha, secretário-geral doConselho das ConferênciasEpiscopais da Europa (CCEE), naFundação Maria Ulrich.Entre os testemunhos recolhidosestá uma mensagem de LeonorVieira, que tem onze anos, vive emBraga e frequenta a Paróquia deSanta Maria de Ferreiros. “CaroPapa Francisco, chamo-me Leonore quero escrever-te porque admiromuito o teu trabalho! Senti-me muitofeliz quando soube que tínhamosum novo Papa. Pareces-me muitogeneroso, responsável, cheio de fée muito bom. Espero que temantenhas assim como és!Beijinhos, Leonor”, escreve.A obra contém desenhos emensagens enviadas por criançasque vivem nas periferias de cidadeseuropeias, pertencentes a cada umdos 38 membros do CCEE. “Aindaque se dirijam diretamente ao seuPapa, estas crianças têm ao mesmotempo algo a dizer a cada fiel.

A sua simplicidade e alegria -contemplada através destesdesenhos - é surpreendente emaravilhosa”, assinala o padre DuroHranic, presidente da Secção deCatequese na Comissão do CCEEpara a Catequese.“Muitas destas crianças sãoacompanhadas por históriasfamiliares muito défices ecomplexas, que apesar de tudolevam em frente com confiança eesperança em relação ao futuro,porque reconhecem estar a serobservadas por um olhar de amor”,acrescentou na introdução do livro,editado em Portugal pela Paulus.Segundo o padre Duro Hranic, como livro oferecido ao Papa Francisco,a 4 de setembro de 2013, queassinou a primeira página com umabênção para as crianças europeias,o CCEE quer prestar-lhehomenagem “com uma saudaçãodos mais pequeninos do continenteeuropeu, que agora tanto necessitade uma mensagem positiva e cheiade esperança especialmente nestetempo de crise que arrasta consigomuitas

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dificuldades e desafios”.A publicação foi promovida pelasecção de Catequese da ComissãoCatequética, Escola e Universidadedo CCEE, organismo no qual seenglobam 33 conferênciasepiscopais e cinco membros

individuais que representam 42países do continente europeu.A Paulus Editora informa ainda que“estabeleceu uma parceria com oInstituto de Apoio à Criança”, para oqual vai reverter um euro por cadaexemplar vendido.

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II Concílio do Vaticano: Será aliturgia a dimensão que mais seesbanja na Igreja?

O primeiro documento conciliar foi a Constituição«Sacrosanctum Concilium», publicado a 04 dedezembro de 1963 no encerramento da segundasessão do II Concílio do Vaticano (1962-65).Segundo o bispo de Bragança-Miranda, D. JoséCordeiro, a liturgia é a primeira “grande escolapermanente da fé e da vida espiritual”.Para o prelado que é também professor de liturgia naUniversidade Católica Portuguesa (UCP) a«Sacrosanctum Concilium» é, “indiscutivelmente”, ofruto maduro de uma história mais que centenária,que “viu convergir as insistências provenientes domundo da investigação teológica, histórica, bíblica elitúrgica, assim como da antropologia e daarqueologia, da experiência litúrgica da tradiçãomonástica e da paciente ação pastoral de muitosresponsáveis no ministério” (In: «Liturgia, a primeiraescola da fé»; Carta Pastoral por ocasião do Ano daFé)Apesar desta consideração, D. José Cordeiro realçaque às vezes chega a pensar que a liturgia “é adimensão que mais se esbanja na Igreja”. “Paramuitos, a liturgia deixou de ser uma fonte da qual sebebe a água pura e bela do mistério e um vértice quese deseja alcançar e passou a ser um problema quese deve resolver”, acrescentou.O sucessor de João XXIII - o Papa que convocou o IIConcílio do Vaticano – afirmou, no discurso declausura da 2ª sessão conciliar (04 de dezembro

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de 1963), que “não ficou sem fruto adiscussão difícil e intrincada, poisum dos temas – o primeiro a serexaminado e o primeiro, em certosentido, na excelência intrínseca ena importância para a vida da Igreja– o da sagrada liturgia, foifelizmente concluído”.O aprofundamento teológico danatureza da liturgia cristã éapresentado pela Constituição«Sacrosanctum Concilium», que searticula em 7 capítulos com 130números. Até se chegar aoresultado final o documento sofreugrandes alterações. A comissãopreparatória da Sagrada Liturgiapresidida a princípio pelo cardeal G.Cicognani e depois pelo cardeal A.Larraona, preparou um esquema deconstituição, com um proémio e oitocapítulos. Este esquema, elaboradonos princípios de 1962, foiexaminado pela Comissão Centraldo Concílio durante a quinta reunião(28 de março a 3 de abril) e enviadoaos padres

conciliares em junho seguinte.O texto foi apresentado ao Concílioa 20 de outubro de 1962, debatidoda 3ª à 18ª Congregação Geral,corrigido pela Comissão Litúrgica,sujeito por capítulos à votação,modificado segundo as propostasdos padres, e votado pela primeiravez em 22 de novembro de 1963, na73ª Congregação Geral. Dos 2178votantes, 2158 votaram «placet»(Sim). No dia 25 do mesmo mês foianunciada a promulgação para o dia04 de dezembro, dia doencerramento da segunda sessãoconciliar. A votação realizada napresença do Papa Paulo VI teve oseguinte resultado: 2151 votantes;2147 «placet»; 04 «non placet».Fica na história como o primeirodocumento nascido do II Concílio doVaticano, uma assembleia magnaconvocada pelo agora beato JoãoXXIII. Voltarei a escrever sobre estedocumento chave da história daIgreja.

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Dezembro 2013Dia 13* Lisboa - UCP (17h00m) - Lançamento e apresentação dedois livros de Sérgio Bastianel comapresentação do padre José ManuelPereira d´ Almeida e Eugénio daFonseca.* Lisboa - Sé (11h00m) - Eucaristiapor intenção de todos osprofessores, funcionários e alunosfalecidos da Faculdade de Direitoda Universidade de Lisboa que serápresidida por D. Manuel Clemente.* Porto - Sé - Concerto de Natal«Christmas Concert» pelaOrquestra do Norte.* Beja - Castro Verde - Igreja daaldeia de A-do-Corvo (21h00m) -Sessão do ciclo de cante e músicapara o Natal com três grupos corais.

* Setúbal - Fórum Municipal LuísaTodi (21h30m) - Concerto de Natalpela Orquestra Clássica do Sul. * Lisboa - Livraria Ferin (Rua Novado Almada) - Programa «EnsaioGeral» da RR com D. ManuelClemente e Gonçalo M. Tavares. * Évora - Reguengos de Monsaraz(Igreja de São pedro do Corval)(21h30m) - Concerto de Natal comRão Kyao. * Portalegre - Idanha-a-Nova - Colóquio com o padre TolentinoMendonça e o compositor JoãoMadureira na segunda edição do«Fora do Lugar», festivalinternacional de músicas antigasorganizado pela Câmara Municipalde Idanha-a-Nova. * Guarda - Casa da Cultura deFigueira de Castelo Rodrigo -Entrega dos presépios para oconcurso «Em cada natal há umpresépio» promovido pela CâmaraMunicipal de Figueira de CasteloRodrigo. * Açores - Ponta Delgada - Jornadaspara discutir novas estratégias paraa erradicação da pobrezapromovidas pelo Serviço de Apoio àPastoral Social e MobilidadeHumana da Diocese de Angra.

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* Açores - Ribeira Grande - Encerramento para as candidaturaspara o concurso de Presépios«Prior Evaristo Carreiro Gouveia». * Braga - Sé - Cerimónia deapresentação do livro «Estórias epensamentos - Volume II» da autoriade Paulo Abreu com apresentaçãode D. Manuel Linda.* Bragança - Escola SecundáriaEmídio Garcia - Café concerto«Natal Solidário» promovido peloSecretariado Diocesano deEducação Moral e ReligiosaCatólica.* Lamego - Casa de São José -Reunião do Conselho Presbiteral. * Leiria - Marinha Grande (EscolaCalazans Duarte) (21h30m) -Conferência «Familia, comunidadede fé, de amor e de vida» por freiFernando Ventura.* Fátima - Retiro de jovenspromovido pelo Instituto Secular dasCooperadoras da Família. (13 a 15) Dia 14* Lisboa - Basílica dos Mártires - Investidura de novos membros naAssembleia dos CavaleirosPortugueses da Ordem SoberanaMilitar de Malta.

* Lisboa - Estoril (Igreja deS.Pedro/S. João do Estoril) - Concerto do I Ciclo Adventus -Solidário. * Setúbal - Festa de Natal da CáritasDiocesana de Setúbal.* Braga - Senhora-a-Branca(21h30m) - Concerto com a sopranoAna Paula Matos integrado naoperação dez milhões de Estrelaspromovida pela Cáritas.* Santarém - Encontro de Natal daLOC/MTC. * Fátima - Reunião da Faculdade deTeologia da Universidade CatólicaPortuguesa.* Braga - Sé (21h30m) - XVIII ediçãodo Concerto de Natal «Puer NatusEst», este ano inserido no início dasfestividades da comemoração dos25 anos do Coro Académico daUniversidade do Minho.* Setúbal - Arrentela (Igreja deNossa Senhora de Fátima)(21h30m) - Concerto solidário deCristina Loureiro com o objectivo derecolha de fundos para obras danova Igreja de Nossa Senhora deFátima.* Évora - Monsaraz (Igreja de NossaSenhora da Lagoa) (21h30m) -Concerto de Natal com Rão Kyao eo grupo coral da freguesia deMonsaraz.

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O Serviço de Apoio à Pastoral Social e MobilidadeHumana da Diocese de Angra (Açores) promove estasexta-feira umas jornadas para discutir novasestratégias para a erradicação da pobreza. AlfredoBruto da Costa e José Manuel Pureza são os doisoradores que vão dialogar sobre “as políticas públicasde combate à pobreza e exclusão social”, informa osite da diocese de Angra. No próximo sábado, às 21h30, na Catedral deLisboa, terá lugar o Concerto de Natal “Cançõesde Natal Portuguesas”, com o Coro de PequenosCantores do Conservatório de Lisboa, dirigidopela maestrina Joana Carneiro. D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, vai fazer aapresentação da Mensagem de Natal, no dia 16 dedezembro, às 11h00, no Paço Episcopal. No final daLeitura da Mensagem, prelado fará uma declaraçãosobre o processo que envolve o padre Luís Mendes. A pintura "Pentecostes" é o tema de um encontroorganizado pela Sociedade Nacional de BelasArtes (SNBA) entre Ilda David', autora da obra, e opadre José Tolentino Mendonça, responsávelpela Capela do Rato, onde a mesma está exposta.A iniciativa decorre a 19 de dezembro, às 18h30,no auditório da SNBA, em Lisboa, com entradalivre.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 15 - OPontificado do PapaFrancisco: Análise de AdrianoMoreira. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 16 -Entrevista a D. Nuno Brássobre a Exortação Apostólica"A Alegria do Evangelho".Terça-feira, dia 17 -Informação e apresentaçãoda campanha de advento doColégio de Santa Doroteia.Quarta-feira, dia 18 -Informação e apresentaçãoda campanha de advento da FECQuinta-feira, dia 19 - Informação e apresentação daFesta de Natal da Comunidade Vida e Paz.Sexta-feira, dia 20 - Apresentação da liturgia dominicalpelos padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves. Antena 1Domingo, dia 15 de dezembro, 06h00 - Nove mesesde pontificado de Bergoglio visto por Adriano Moreira,Nello Scavo e Rita Figueiras. Segunda a sexta-feira, dias 16 a 20 de dezembro -Projetos e dinâmica de Coros: Santo Inácio,Gregoriano de Lisboa, Seminário Maior do Cristo-Reidos Olivais, São Domingos de Benfica e Academia deMúsica de Santa Cecília.

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MINUTO YOUCAT

O que significa "Deus é Amor"?

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Ano A - 3º Domingo do Advento Viver oEvangelhona alegria

O Evangelho deste terceiro domingo de Adventodescreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação deJesus, o Messias: Ele irá dar vista aos cegos, fazercom que os coxos recuperem o movimento, curar osleprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitaros mortos, anunciar aos pobres que o Reino da justiçae da paz chegou. É este quadro de vida nova e deesperança que Jesus nos oferece.O texto evangélico divide-se em duas partes.Na primeira, Jesus responde à pergunta de João e dáa entender que Ele é o Messias, enviado por Deuspara libertar os homens e para lhes trazer o Reino.Na segunda, temos a apreciação que o próprio Jesusfaz da figura e da ação profética de João. João é umprofeta e mais do que um profeta, é aquele que tinhade vir antes, para preparar o caminho para o Messias.Neste tempo de espera, que já é presença salvadora elibertadora de Deus no meio dos homens, somosconvidados a aguardar a sua chegada.Os sinais que Jesus realizou enquanto esteve entrenós têm de continuar a acontecer na história. Agora,são os discípulos de Jesus que têm de continuar a suamissão e de perpetuar no mundo, em nome de Jesus,a ação libertadora de Deus.Questionemo-nos com clareza e radicalidade.Os que vivem amarrados ao desespero de umadoença incurável encontram em nós um sinal vivo doCristo libertador que lhes traz a salvação?Os surdos, fechados num mundo sem comunicação esem diálogo, encontram em nós a Palavra viva

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de Deus que os desperta para acomunhão e para o amor?Os cegos, encerrados nas trevas doegoísmo ou da violência, encontramem nós o desafio que Deus lhesapresenta de abrir os olhos à luz?Os coxos, privados de movimento ede liberdade, escondidos atrás dasgrades em que a sociedade osencerra, encontram em nós a BoaNova da liberdade?Os pobres, marginalizados, sem voznem dignidade, sentem em nós oamor de Deus?A espera do Messias vive-se naalegria, palavra tão utilizada naliturgia deste domingo. O Evangelhodá-nos as razões

profundas da alegria, atitudecelebrada na Eucaristia e vivida noquotidiano das nossas existências.Renovemos, reajustemos o nossoolhar de fé e redescubramos oSenhor bem presente, e em ação,em lugares onde tantas vezes nãoesperávamos encontrá-l’O!Sempre em atitude de esperança ede alegria, como nos convida oPapa Francisco na recenteexortação apostólica, levemos oEvangelho nos caminhos que vamospercorrer nesta terceira semana doAdvento.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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O medo do futuro nas palavras do arcebispo deDamasco

“Vivemos numa tempestade”D. Samir Nassar esteve em Portugale consagrou o povo sírio a NossaSenhora de Fátima. Pediu asnossas orações pela paz, mas nãodisfarçou o enorme receio pelostempos apocalípticos que se vivemno Médio Oriente. “Cheguei a Damasco em 2006,havia lá um milhão de iraquianos,enchiam as nossas igrejas, asnossas escolas. Os cristãos síriosouviam os iraquianos: ‘Hoje somosnós, amanhã serão vocês’. Eu nãoacreditava nisso, mas eles tinhamuma intuição.” Uma intuição que,infelizmente, o tempo se encarregoude confirmar.D. Samir Nassar, arcebispo maronitade Damasco, esteve em Portugal aconvite da Fundação AIS. Deu umaconferência na UniversidadeCatólica de Lisboa, diversasentrevistas, participou numa vigíliade oração pela paz na Síria e MédioOriente, nos Jerónimos, e foi àCapelinha das Aparições paraconsagrar o povo sírio a NossaSenhora de Fátima. Em todas asocasiões falou da

necessidade de haver paz, pediu asnossas orações pelo fim da guerracivil que está a destruir o seu país,mas não disfarçou o enorme receiode que se está a viver o fim de umaera. “Se a guerra continuar”, disse,“pode ser o fim dos Cristãos noOriente”. E falou em cidades mortas,abandonadas, em escombros. “Umdia vai ser assim, vamos passearpelo país e dizer: ‘ali havia Cristãos’”.As lágrimas dos CristãosAs palavras de D. Samir estiveramsempre embrulhadas em lágrimas.Há uma estatística perversa emtodas as guerras mas que choca,pelo seu horror, quando se olhapara a Síria. Dois anos e meio deguerra civil; mais de 125 mil mortos;cerca de 7 milhões de pessoasafectadas; 3 milhões de refugiadosnos países da região, dos quais,cerca de metade são jovens ecrianças; 4,25 milhões dedeslocados no próprio país. A ONUjá classificou este conflito comotendo causado a “pior crisehumanitária nos

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últimos 20 anos”.De novo a intuição que ouviu háalguns anos e que parece estar aconfirmar-se. “Ontem foi a igreja doIraque, hoje é a da Síria e amanhãserá a do Líbano. Se a igreja doLíbano desaparece é o fim doscristãos no Oriente. É a igreja doLíbano que suporta todas as outras,nós nem temos seminários. Se estaguerra chega ao Líbano acaba aigreja no Médio Oriente.”“Vivemos numa tempestade”, disseD. Samir Nassar.

Mas é preciso acreditar que hásempre um caminho que contrarie alógica da guerra. “Vim consagrar opovo da Síria a Nossa Senhorade Fátima e solicitar as vossasorações pela paz: pela paz na Síriae pela paz no mundo inteiro. “Somosperegrinos nesta terra para o reinode Deus. Nunca devemos esquecerisso. Peço muito a vossa oraçãopela paz do povo da Síria”.

Paulo Aido | Departamento deInformação | www.fundacao-ais.pt |

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IVA)

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LUSOFONIAS

Muito mais que dar a duplicar

Tony Neves

Apoio a Campanha dos Presentes Solidáriosdesde o início. Sempre os considerei uma formaótima de dar sem receber, mas ficar rico. Isto atéparece estranho, mas é a verdade pura e dura.Como Padrinho que sou, tentei explicar assimaos que consultam o site oficial: ‘Os PresentesSolidários são uma invenção que enriquecequem dá e quem recebe. Não é fácil inventarcoisas assim. Mas a verdade é que quem dá estáa ativar um mecanismo de solidariedade semfronteiras. Quem recebe o 'Presente', emborapareça que só recebe um postal, está a ganharsensibilidade a grandes causas e a apoiar,indiretamente, projetos que envolvem pessoas einstituições excluídas. Quem recebe o apoio, nãofica apenas mais rico porque tem algo que lhefaz falta: mas cresce na alegria de perceber queo mundo é um espaço onde se criam cadeias desolidariedade e fraternidade. Todos ganham, etodos ganham em 'campeonatos' diferentes’.Um olhar sobre os Presentes deste ano de 2013,atiram-nos para todo o espaço lusófono,permitindo uma escolha muito diversificada.Sabemos que as nossas sintonias e afinidadessão muito diversas. Por isso, para muita gente, oPresente será direcionado para um determinadopaís, ou porque viveu lá, ou porque tem por essaterra uma especial atração. Para outras pessoas,o critério das escolhas do Presente obedece auma lógica de sensibilidade profissional:

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saúde, educação,desenvolvimento… Finalmente, paraoutros, há um critério de seleçãoque liga mais a idades e situaçõesconcretas: crianças, pobres, genteque não vai á escola, famintos, semabrigo, portadores de deficiência…Há ainda a possibilidade de darmais ou menos dinheiro, comprandopresentes ‘normais’ ou ‘XL’.Já referi que sou Padrinho. É umahonra, um privilégio enorme, fazerparte desta equipa, participar nesteprojeto

solidário. Devo confessar que aminha Comunidade, a dosEspiritanos da Estrela, em Lisboa,só tem direito no Natal a PresentesSolidários. Este ano, temos duascoleções completas, para que todossintam um pouco do nosso apoio,pois consideramos todos os projetosde grande importância.Tudo somado, há razões de todasas qualidades e feitios para escolhereste ou aquele presente, só não hárazões para não se ser solidário.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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Os desafios existem para ser superados. Sejamos realistas,mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação cheia deesperança. Não deixemos que nos roubem a forçamissionária!(Evangelii gaudium,109)

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