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Viver é uma ação que nos exige extrema dedicação, e pautarmos a nossa existência na busca do bem é um ato de amor para conosco; porém, diante de uma vida mate-rial abundante a descorti nar-se diante dos

nossos senti dos, muitas vezes deixamo-nos embriagar pelo seu perfume passageiro, e

quando, raramente, paramos e pensamos nesta experiência, nos perguntamos:

que ti po de vida estamos a viver? A dos indiferentes e egoístas, que não se preocupam com o bem-estar social? Ou a da Caridade

com Jesus, em que pensar e agir no bem-estar do próximo é uma condição presente nas nossas ati tudes diárias?

Façamos como a cotovia místi ca das rimas, Auta de Sou-za, que nascida no município de Macaíba/RN, em 12 de se-tembro de 1876, em um curto voo de apenas 24 anos não se deixou inti midar pela vida sofrida e repleta de dores, face às

Opinião

Viver em CaridadeViver é uma ação que nos exige extrema

dedicação, e pautarmos a nossa existência na busca do bem é um ato de amor para conosco; porém, diante de uma vida mate-rial abundante a descorti nar-se diante dos

nossos senti dos, muitas vezes deixamo-nos embriagar pelo seu perfume passageiro, e

quando, raramente, paramos e pensamos nesta experiência, nos perguntamos:

que ti po de vida estamos a viver? A

restrições materiais, emocionais e de saúde fí sica que sempre a cercaram, para levar a alegria das letras a todos que pudes-sem ouvir, desde crianças e idosos, escravos e não escravos, ofertando-lhes o leniti vo das mensagens cristãs, para o forta-lecimento da alma sedenta de compreensão e amor.

Neste mês de setembro, o Movimento Espírita comemora o exercício da Caridade, através da Campanha da Fraternida-de Auta de Souza, e como registrado em Mateus, no capítulo 25, versículos 31 a 46, em que o Cristo nos indica o caminho a percorrermos nas ações de amor ao próximo, informando-nos que, ao socorrermos um dos nossos irmãos mais pequeninos, é a ele mesmo a quem o fazemos, deveremos nos empenhar ao máximo para realizarmos esta grande tarefa.

Para tanto, o Cristo nos presenteou com o Consolador Prometi do, a Doutrina dos Espíritos, cujo principal foco é o despertar da consciência humana para a vivência da Carida-de com Jesus, requisito essencial para a libertação do Espírito Imortal em direção ao Criador.

Expediente

A Pesca e o pescado

Por Adilson Mariz de MoraesPresidente da Comunhão Espirita de Brasília

Por Sionei Ricardo Leão

O propósito de dedicar uma das edições temáti cas do Jor-nal Libertação ao conceito de caridade moral e material vem sendo discuti do há vários meses. Desde as primeiras conver-sas com a Diretoria de Promoção Social Auta de Souza (DPS), da Comunhão, sobressaiu a máxima popular que indaga sobre o que é melhor: dar o peixe ou ensinar a pescar?

Embora o questi onamento seja interessante, na práti ca o desafi o é mais complexo. A bem da verdade, a existência, a vida diz respeito a um desafi o constante para cada um de nós. Em outras palavras, saciar a sede das necessidades do corpo fí sico de modo equilibrado e as prerrogati vas emocio-nais e espirituais que são dimensões inerentes ao ser humano de modo geral.

A questão religiosa incide nesses cruzamentos do moral e do material. Buscamos e procuramos absorver das doutrinas,

Edição Especial - Uma homenagem à Auta de Souza Iniciati va da Diretoria de Promoção Social (DPS) com a colaboração da Assessoria de Comunicação Social (ACS).

Presidente da Comunhão Espírita de BrasíliaAdilson MarizVice-presidenteMaria de Lourdes BezerraDiretora da DPSMaria Tereza CarvalhoAssessor de ImprensaSionei Leão - MTB 95/MSColaboração dos jornalistas:Diva Ferreira - MTB 1317/86-DF - EditoraJorge Stark – PautaCristi ano e Patricia Lima - Fotografi a

ReportagensSionei LeãoIsabel CarvalhoCristi ane LopesRaimundo EstevamMarco TassinariDiagramaçãoFábio LimaPatricia LimaCapa (Auta de Souza)Diego Feitosa - Design gráfi co

O Jornal Libertação é uma Publicação da Comunhao Espírita de BrasíliaEndereço Avenida L2 Sul, Quadra 604, Lote 27. CEP:70.200-640

Recepção Integrada: (61) 3048-1821 / 3048-1823 / 3048-1803 (a parti r da 13 horas)

Foto

: San

dra

Fado

nesse caso a espírita, na esperança de respondermos essas indagações, que passam pelos limites, pela consciência e as liberdades sociais.

No Brasil, podemos verifi car carências de todo o ti po. Há lacunas no acesso aos bens terrenos a grande parte da nossa população. Logo, as ati vidades de coleta e distribuição de do-nati vos é tarefa nobre, meritória e solidária.

De igual monta, o que se percebe nas casas espíritas de norte a sul do país é uma procura de seres humanos por res-postas existenciais, para superar dores da alma e angústi as que batem á porta de ricos e pobres indisti ntamente.

Portanto, cada casa que professa a Doutrina Espírita terá sempre que estar preparada tanto para dar o peixe quanto para ensinar a pescar. Esse é um exercício permanente. Não poderia ser de outra forma no estágio atual planetário.

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com as Leis Divinas em nossas consciências e a práti ca efeti -va das virtudes.

P - Acolher melhor. Isso seria uma caridade espírita

ou uma obrigação? R - Todos somos convidados a desenvol-

ver as virtudes do Espírito imortal que somos por escolha consciente e nunca por obriga-ção. Não existe lei de obrigação, mas há uma Lei do Dever, em que somos convidados a desenvolver a virtude do dever consciencial para prati car as demais Leis, como a de So-lidariedade, de Amor, Justi ça e Caridade que nos convida a fazer aos outros, aquilo que gostaríamos que nos fi zessem.

P- Senti r pena é ser caridoso? E dar es-molas ou “ajudas”?

R - Sentir pena é um sentimento que parece positivo, mas não é, pois pressupõe um sentimen-to de superioridade em relação ao que estamos ajudando, no qual a pessoa se sente impelida a salvar o outro de si mesmo. É diferente do sentimento de empatia ou compai-xão no qual a pessoa se solidariza com a dor do outro e ajuda o outro a se ajudar.

P - Historicamente qual é a origem da Caridade?R - Caridade é uma virtude que leva o ser humano ao

cumprimento da Lei de Caridade ou mais amplamente a Lei maior do Universo que é a Lei de Amor, Justiça e Cari-dade. Todo ser humano desde a sua origem é convidado a desenvolver as virtudes, incluindo a cari-dade.

P - O que diferencia a Caridade da Mendicância? Da doação de coisas mate-riais, por exemplo?

R - Não se deve confundir caridade com filantropia, que significa doação de algo para alguém que carece desse algo. Há tam-bém a beneficência, que é considerada a caridade material, ou seja, a doação de algo material a alguém que carece disso, mas com um propósito maior que é a promoção daquela pessoa a uma posição de maior dig-nidade, que não tem nada a ver com men-dicância.

P - No Evangelho Segundo o Espiriti smo Kardec cita: “Para fazer-se o bem é preciso, sempre, a ação da vontade; para não se prati car o mal, basta, muitas vezes a inércia e a indiferença”. Por quê?

R - O bem é sempre ati vo, pois é necessária a conexão

lidariedade, de Amor, Justi ça e Caridade que nos convida a fazer aos outros, aquilo que gostaríamos que nos fi zessem.

molas ou “ajudas”?

parece positivo, mas não é, pois pressupõe um sentimen-

dade. Todo ser humano desde a sua origem é convidado a desenvolver as virtudes, incluindo a cari-

P - O que diferencia a Caridade da Mendicância? Da doação de coisas mate-

R - Não se deve confundir caridade com

Entrevista

1 – Despertar em si mesmo(a) o desejo de buscar a sabedoria.2 – Aceitar-se plenamente, como um aprendiz da vida, um aprendiz do Mestre Jesus.3 – Reconhecer o dom da vida, com aceitação plena do amor divino.4 – Refl eti r, a parti r do orgulho em si mesmo, sobre a necessidade da busca da sabedoria, por meio do conhecimento da verdade universal e da verdade interior, via autoconhecimento, para encontrar o essencial.5 – Despertar em si a sede da água viva, símbolo do amor proveniente de sua própria essência divina.6 – Buscar a plenifi cação sem dependências externas, adquirindo a independência psicológica.

7 – Tornar-se livre em relação à busca externa para encontrar Deus. Libertar-se de todo culto externo, religioso, para encontrar Deus.8 – Buscar a transcendência, tomando consci-ência da realidade espiritual: que somos um ser espiritual e Deus a realidade criadora, deve ser adorado em espírito e verdade.9 - Buscar a identidade crística, identifi-cando-se com a essência divina na qual encontramos o nosso verdadeiro EU.10 – Tornar-se a fonte de água viva livre de toda dependência externa, para multi-plicar o amor a cada uma das pessoas que se acercarem de nós, convidando-as a buscar a sua própria identidade crística.

O foco da Caridade abordada pelo escritor desperta na pessoa a vontade de se autodescobrir e, assim poder sair da situação que está passando. Alírio dá a receita em 10 etapas a serem cumpridas por quem quiser caminhar rumo ao que ele denomina “Autoencontro Amoroso”. *

Ajude o outro a se ajudar

Em entrevista ao jornal Libertação o autor deixa a sua marca forte em defesa da Caridade como autoamor, autoconhecimento, e não apenas como práti cas externas. No seu livro “Fora da Caridade não há salvação” ele convida o leitor, o tempo todo, a recorrer a um mergulho profundo, a fi m de se autoencontrar, de modo a realizar o trabalho do bem que promova a si mesmo a um estágio de maior evolução, cujo bem, começa dentro de si. Então, a parti r daí vai ao encontro do outro, de modo a promover também no próximo, um estágio melhor, com mais consciência sobre o moti vo pelo qual passa por necessidades materiais e espirituais.

* Fora da Caridade não há salvação, p.68

Por Diva Ferreira

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Integrar, apoiar e promover o ser humano:metas da Diretoria de Promoção Social

Entrevista com Maria Tereza, Diretora da DPSPor Marco Tassinari

P - Quais são as prioridades e as diretrizes da DPS?R – Seguimos as diretrizes definidas pelo Conselho Di-

retor e, entre as principais, a de integrar todos os setores da Comunhão à ação de promoção social. As prioridades da Diretoria envolvem o acolhimento e apoio ao voluntário em seu trabalho, intensificando as campanhas de doações, capacitação, como também a de reestruturar e organizar a DPS.

P – Na sua opinião, qual é o maior desafio no exercício da caridade material por meio da Campanha Auta de Souza?

R - É o do voluntário consigo mesmo quando, com humildade e com o senti-mento de caridade, se propõe a realizar a Campanha de Fraternidade Auta de Souza com persistência e comprometimento. A campanha destina-se a levar aos lares vi-sitados a palavra de conforto, de bom ânimo, uma mensagem psicografada com ensinamentos evangélicos e portadoras de vibrações amoro-sas, assim angariando donativos em alimentos, vestuário, agasa-lhos e etc., que serão revertidos às famílias em estado de vul-nerabilidade social em diversas localidades no Distrito Federal e Entorno.

P– Qual o papel do voluntário?

DPS

Dados da prestação de contas de 2014 registram 250 famílias assisti das em todas as ati vidades desenvol-vidas pelos 320 voluntários atuantes.

Bem Quantidade UnidadeGêneros alimentícios Tonelada 64,6Material de limpeza Tonelada 14Material escolar Quilo 462Brinquedos Unidade 37.074Calçados Par 24.879Roupas de cama, mesa e banho Tonelada 11,4Eletrodomésticos Unidade 28Livros Unidade 8.829Móveis Unidade 316Vestuário Peças 223.969

Observação: as doações vêm na, sua maior parte, dos alunos do ESDE e dos frequentadores da Comunhão.

DOAÇÕES:Produto Distribuição Quantidade

Enxoval para recém-nascido

Famílias assistidas e gestantes em estado de vulnerabilidade social da

comunidade do DF360 enxovais

completos

Vestidos e roupas diver-sas para adultos, roupas infantis, enxovais para recém-nascidos

Nosso Lar, Asilos, pessoas em estado de vulnerabilidade social 263 peças

Produto Distribuição Quantidade

Peças confeccionadas na Comunhão pelos grupos de costuras:

Atividade Instituição Benefi ciados / MesVisita Asilo São Vicente de Paulo 62 IdososSopa c/faxina Lar Maria Madalena 98 IdososVisita Orfanato André Luis 16 Crianças e AdolescentesVisita Orfanato Sagrada Face 27 CriançasVisita Casa da Criança Batuíra 17 CriançasVisita Lar Infantil Bezerra de Menezes 20 Crianças

Instituição Benefi ciados / Mes

Outras ati vidades:

R - Os voluntários da DPS têm como missão, em primei-ro lugar, doar-se, acolher, ouvir e dialogar com os seres humanos que nos procuram ajudando-os na sua dor pro-funda ou em outras necessidades.

P - Como você avalia a importância, o limite e a con-tribuição do ponto de vista da Doutrina Espírita a respei-to da caridade material e moral?

R - O trabalho executado em nome da caridade deve ser realizado com o objetivo principal de atender as

carências do espírito imortal, momentaneamente encarnado. Promove o Ser em sua integralidade, espiritual, emocional e material, com vistas a di-minuir as distâncias sociais e fortalecer o assisti-do. Dessa forma, proporcionar-lhe condições da reflexão para uma melhor consciência da atual existência na matéria e a capacidade que cada

um tem de superar as dificuldades. Também ajuda a reabilitar a quem assite e contribui

com a transformação moral.

Foto

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DPS

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Servir

Ser voluntário é seguir no amor

O voluntário espírita ou cristão é o arquéti po do bom sa-maritano e deve se comportar como tal. Inicialmente, ele pre-cisa trabalhar na sua transformação moral, por meio do auto-conhecimento, para olhar o outro com compaixão e conseguir amá-lo como ama a si mesmo.

Na Comunhão Espírita de Brasília, por exemplo, os volun-tários são uma grande força de trabalho. Mais de 730 pessoas atuam só na Diretoria de Promoção Social (DPS) em diferentes setores.

Para ser um voluntário da Casa, o candidato precisa, de preferência, estar cursando ou concluído o Estudo Sistemati -zado da Doutrina Espírita (ESDE), revela o coordenador da se-cretaria da DPS, Márcio Amite. “Além disso, é imprescindível ter boa vontade, comprometi mento, persistência e disponibi-lidade de tempo, de acordo com a ati vidade a ser executada”, descreve.

Os interessados nos trabalhos realizados pela Diretoria de Promoção Social Auta de Souza devem procurar a Central de Voluntários, na DPS, onde poderá identi fi car qual a ati vidade que mais necessita de trabalhadores, escolhendo aquela que mais se adequam, preencher uma fi cha cadastral e assinar um termo de compromisso ao serviço voluntariado. É importante também que o voluntário seja associado contribuinte da Casa. “Existe uma demanda muito grande por profi ssionais com for-mação nas áreas de informáti ca, administração, assistência social, psicologia, comunicação, promoção de eventos e foto-grafi a para atuar na coordenação dos trabalhos. Há necessida-de também de médicos obstetras e pediatras para orientar as gestantes, além de professores ou pessoas que saibam ensi-nar corte e costura e artesanato, por exemplo”, conta.

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DPS

Voluntário por um dia

Iniciati va da Comunhão, por meio da DPS e da DED, tem por objeti vo despertar o interesse dos alunos dos es-tudos doutrinários da Casa para a práti ca da caridade, da benefi cência e da cidadania.

Os alunos do ESDE e do ESME interessados em parti ci-par podem se inscrever na Central dos Voluntários.

Se você é trabalhador da Casa e tem intenção de inte-grar as ati vidades de promoção social da Comunhão, tam-bém procure-nos a qualquer momento.

Tel.: [email protected]

A voluntária da DPS Maria Aparecida Menegassi, uma das coordenadoras do projeto, explica que o grupo não acolhe ape-nas pessoas inscritas pela Central de Voluntários, mas também àquelas cadastradas nos próprios hospitais. Para ela, todo mo-vimento no amor fraterno é o princípio de uma revolução. “A sociedade carece de revoluções no bem. Por isso, contribuir para minimizar a dor fí sica ou psíquica de alguém, dialoga com o entendimento de que precisamos revolucionar”, revela.

A voluntária esclarece que os hospitalizados se abatem mui-to mais pelos pensamentos desanimadores sobre o diagnósti co do que pela própria doença em si. “A intenção é levar refl exões de alegria, amor, perdão e tentar minimizar essa dor tanto para quem está enfermo como para o acompanhante”, afi rma.

Ela relatou ainda que certo dia estava organizando a sua máquina fotográfi ca quando crianças chegaram no corredor do hospital. Pararam justamente em frente ao quarto no qual estavam os contadores de estória em ação. “Sabe o que me disseram em meio a ternos sorrisos? ‘Achamos eles! Agora é só esperar para que cheguem até nosso quarto e contem estó-rias para nós também! É o melhor dia que temos! A gente fi ca vigiando para eles não pularem nosso quarto’. Gente, travei na hora!”, revela Cida, emocionada.

A professora Filonia Maria de Oliveira, 67 anos, é voluntária há mais de 30 anos na Comunhão. Conta que tudo aconteceu de forma natural. Atuou, em 1977, no grupo mediúnico Paulo de Tarso, em Formosa/GO, com hansenianos e penfi gosos, bem como, às suas famílias. Hoje, trabalha na Comunhão como tuto-ra do Educação a Distância (EAD).

De acordo com a professora, no voluntariado se pode traba-lhar de diferentes formas, tanto material quanto à moral. “Pra-

Por Isabel Carvalho

ti camos a caridade não só com o outro, mas também co-nosco mesmo. É onde temos a oportunidade de trabalhar os nossos vícios (orgulho, vaidade, egoísmo e impaciência) e desenvolver nossas virtu-des (paciência, tolerância, humildade, pacifi cidade)”, concluiu.

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Casa do Caminho e Anti oquiaforam exemplos de caridade cristã

Os exemplos do cristi anismo primiti vo prati cados na Casa do Caminho original, em Jerusalém (Israel), e na comu-nidade da Anti oquia (Turquia) devem servir de modelo ao movimento espírita nos dias atuais, defende Neuza Zapponi de Melo, autora do livro Atendimento fraterno no centro espírita: a terapêuti ca do Cristo Consolador.

Neuza afi rma que as primeiras ati vidades de verdadeira caridade vêm da Casa do Caminho. “Simão Pedro atendia os afl itos de modo fraterno baseado dos preceitos de Jesus. Te-mos que retornar a essa essência, que moti vava os cristãos a auxiliar as pessoas”, declara.

A Casa do Caminho era a própria residência de Simão Pedro. Ali eles recolhiam doentes e necessitados de toda sorte, que os procuravam após saber sobre as boas novas de Jesus.

“Eles ti nham um acolhimento extremamente devotado ao bem. Simão Pedro se mudou de Carfanaum para Jeru-salém com três discípulos que ajudavam nos cuidados de pessoas doentes. Se não me engano, eles contavam com 40 leitos”, comentou Neuza Zapponi.

Segundo Emmanuel, trabalharam com Simão Pedro sua

própria família, Tiago (fi lho de Alfeu – irmão de Levi, o Ma-teus Evangelista), João, Filipe e suas fi lhas. Há também in-formações sobre a atuação de Tito e Barnabé. Outra pessoa mencionada é Natanael (Bartolomeu).

Uma das pessoas que foi benefi ciada na Casa do Cami-nho foi Jeziel, que mais tarde fi cou conhecido como Estevão, um dos grandes propagadores do cristi anismo nascente.

A menção a Estevão serve também para evidenciar os desafi os e difi culdades daqueles primeiros momentos. Por ser um orador brilhante e defensor das ideias do Cristo, ele foi perseguido e condenado à morte por Saulo de Tarso, que mais tarde se converteria à moral de Jesus.

“Relata Emmanuel que a Casa do Caminho era um gran-de barracão ou galpão sem conforto algum, mas seus habi-tantes eram plenos de amorosidade para com aqueles que chegavam necessitados”, detalha Neuza Zapponi.

Não se tem a localização da Casa do Caminho, em Jerusa-lém. Segundo Neuza Zapponi outros pesquisadores do tema como Severino Celesti no da Silva, que escreveu o Evangelho e o Cristi anismo Primiti vo, que está na séti ma edição, tam-bém não conseguiu encontrar essa informação.

Por Sionei Ricardo Leão

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Na comunidade de Anti oquia, o local usado para as ati vidades de caridade foi transformado em uma igreja

“...O espaço inicialmente era uma gruta localizada na atual Turquia”

Segundo Neuza, Simão Pedro e outros seguidores do Cristo deixaram Jerusalém para dar conti nuidade a sua práti ca nessa região, possivelmente para escapar às perseguições políti cas e religiosas.

Em Anti oquia, a comunidade foi acrescida de pessoas vin-das de Chipre e Cirenaica (hoje costa oriental da Líbia), que migraram também para a cidade. Foi nesse local que os se-guidores de Jesus passaram a ser chamados de “cristãos”. É também o ponto de origem de onde Paulo parti u para suas viagens missionárias, tema principal dos Atos dos Apóstolos, na Bíblia.

Neuza citou um poema de Auta de Souza “Caridade”, como ícone desse conceito de devotamento à dor e

às limitações do próximo.

Agora*Agora, enquanto é hoje, eis que fulguraO teu santo momento de ajudar!...Derrama, em torno, compassivo olharEstende as mãos aos fi lhos da amargura...Repara!... Aqui e além, a desventuraCaminha ao léu, sem pão, sem luz, sem lar,Acende o próprio amor! Faze brilharA tua fé tranquila, doce e pura.Agora! eis o minuto decisivo! ...Abre o teu coração ao Cristo Vivo, Não permitas que o tempo marche em vão.E ajudando e servindo sem cansaço,Alcançarás, subindo passo a passo,A glória eterna da Ressurreição.

* Soneto extraído do livro Auta de Souza, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado pela Editora Ideal.

Fraternidade

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Mudanças

uma vaga. Outros trabalhos também são desenvolvidos em abri-gos de idosos, de crianças e de adolescentes, em presídios, em hospitais, junto a dependentes químicos e seus familiares.

Malu lembrou que a Casa assiste em torno de 250 famí-lias ao ano, localizadas em diversos pontos do DF e em San-to Antônio do Descoberto. Informou que a família assisti da recebe da Casa não só o amparo material, mas também as orientações para superar as difi culdades em busca do bem-estar social. Há também a preocupação de inserir membros dessas famílias no mercado de trabalho, incluindo a própria Comunhão, que contrata, sempre que possível, algum fami-liar para compor o quadro de funcionários.

Ela enalteceu o trabalho de evangelização realizado nos presídios, a distribuição de sopa próximo aos hospitais e na rodoviária do Plano Piloto e trabalhos artesanais. Há, ainda, a parceria com outros centros espíritas e insti tuições não go-vernamentais, que recebem a ajuda de voluntários da Casa e, sempre que possível, as doações em gêneros alimentí cios e móveis em geral. Lembrou, também, a colaboração com o abrigo de crianças, Nosso Lar, doações de alimentos e o apoio fi nanceiro para suprir as necessidades daquela insti -tuição.

Porém, a maior parcela dos que procuram a Casa são carentes de atenção e de amor, com sede de alma, e são recepcionados no atendimento fraterno, que os escuta e os orienta para a realização dos estudos doutrinários. Além disso podem assisti r às palestras, tomar passe, fazer trata-mentos espirituais e desenvolver uma ati vidade fraterna em benefí cio de alguém mais necessitado.

Questi onado sobre o livro “Fora da Caridade não há Sal-vação”, de Alírio de Cerqueira Filho, onde o autor chama a atenção para uma melhor práti ca da caridade entre assisti -dos, como por exemplo a reeducação, o Presidente da comu-nhão esclareceu que, ao primeiro contato com as famílias, faz-se a elaboração de programa de trabalho, o qual inclui o acompanhamento da educação escolar das crianças, a orien-tação profi ssional por intermédio de cursos, a alfabeti zação de adultos, as orientações quanto aos hábitos de higiene fí si-ca, ambiental e social, e também

mental e espiritual.

A doação de ajuda material pelos centros espíritas, ação comum e complementar da caridade realizada pelos serviços de assistência e promoção social, vai muito além de uma dis-tribuição de cestas ou sopas na Comunhão Espírita. Há algum tempo, esta Casa segue uma tendência de melhor interpreta-ção e valorização do axioma “Fora da Caridade não há Salva-ção”, de O Evangelho Segundo o Espiriti smo.

O Presidente Adilson Mariz destacou que “Não basta dar o peixe ao assisti do, faz-se necessário também ensinar-lhe a pescar. Fomentar o potencial que há em cada um é libertar-lhes das amarras que os aprisionam às vestes do sofrimento. Todos temos por obrigação fortalecer a esperança em cada irmão assisti do, demonstrando que eles também podem e devem ser felizes, incenti vando-os ao estudo, ao trabalho e, principalmente, à superação das difi culdades, que são lições que a vida nos oferta, burilando o Espírito Imortal que somos, testando-nos a paciência, a resignação; não permiti ndo, em hipótese alguma, que a preguiça ou a revolta encontrem abri-go em nossa mente e coração.

Neste trabalho, o senti mento de amor nos leva ao exer-cício da fraternidade, e quando você vive esse amor, ele se transforma em caridade; e ao vivenciarmos a caridade, não nos preocupamos conosco, mas com o próximo, pois os nos-sos problemas tomam uma dimensão bem menor diante das dores alheias.”

Ainda para Adilson Mariz, a Doutrina Espírita tem como principal foco o despertar da consciência humana para a vi-vência da Caridade com Jesus, requisito essencial para a liber-tação do Espírito Imortal, em direção ao Criador.

Maria Luíza (Malu) acrescenta que a práti ca da caridade não se limita ao aspecto material de doação de uma cesta básica ou de outro bem. “Na Doutrina, a caridade começa dentro da Casa Espírita, no acolhimento às pessoas que geral-mente chegam em condições de sofrimento, ou simplesmente em busca do conhecimento doutrinário, ou ainda do conforto para a alma, entre os seus próprios integrantes, como uma grande família.”

Segundo Adilson, a Comunhão Espírita desenvolve as suas ati vidades assistenciais e promocionais junto aos assisti dos e às suas famílias na residência deles, por isso não se vê tal trabalho nas dependências da Casa. Quando alguém chega à Comunhão em condições de vulnerabilidade, é realizada uma entrevista para identi fi car a origem do assisti do e levantar as suas reais necessidades. Assim, destaca-se uma equipe de apoio para visitá-lo e fazer um cadastro. Confi rmada a necessidade, a família recebe uma ajuda imediata, que, conforme as condições estruturais, pode ser imediatamente incorporada ao programa de assistência e promoção da família ou aguardar por

Na Comunhão, ajudar vai além do assistencialismoEntrevista com o Presidente da Comunhão, Adilson Mariz, e a Vice-presidente, Maria Luíza Bezerra

Foto: Patrícia Lima

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Fotos: Patrícia Lima

Quem haverá de duvidar que a caridadeé a expressão mais nobre que dignifi ca o homem?

A obra psicografada pelo médium Chico Xavier, vem pro-por, com a leveza que apenas a prosa e o verso proporcio-nam, melhor entendimento sobre a maior de todas as virtu-des: a caridade.

Diversos espíritos amigos trazem testemunhos incontes-táveis e traçam refl exões sobre como a experiência humana pode ensinar o homem a apreciar com amor às oportunida-des, e cada vez mais desenvolver sua capacidade de perce-ber no outro o seu igual.

Versos conceituam a caridade como rico alimento espiri-tual, que se revela na amizade sincera, na literatura edifi can-te, na mão estendida sem ostentação, na inspiração do bem que emana das Soberanas Leis do Pai Criador.

Observa-se nas linhas da obra singela, que a caridade pro-move ínti ma moti vação no coração e na mente do homem, solidifi cando senti mentos e fortalecendo seu compromisso pessoal com a seara do Mestre Jesus. E porque também é merecedora da atenção, a literatura destaca a caridade ma-terial como importante instrumento que se revela no esfor-ço depreendido do trabalhador em proporcionar alívio ime-diato das necessidades do próximo. Realça a moeda do justo, que sabe senti r compaixão.

Por Cristi ane Lopes

Chico retrata que durante a vida o homem observa com atenção os talentos do mundo: sua beleza fí sica, a inteligên-cia brilhante, a popularidade no grupo, a ascensão social. Mas se esquece de valorizar as pequenas ati tudes como a doação de um pensamento, oferecer um sorriso, de escrever algo que alimenta e emociona, de culti var uma amizade, de coroar com grati dão o tempo.

O médium escreve, com zelo e harmonia, os versos que mais parecem melodias a despertar o leitor para o desafi o de compor a vida sob a égide da razão, impulsionando-o a aprender com aquele que doa o tesouro do tempo e com aquele que doa o pão, mostrando como é fácil perceber a dor do outro, quando o percebe como um ente de sua pró-pria família.

Acaso aquele que semeia esperança nos corações have-ria de colher inimizade e solidão? “Não olvides suplicar ao Senhor a força precisa para que te não desvencilhes da cruz que te garante a vitória para a vida que nunca morre. Con-sagra-te ao serviço e à caridade, ao aperfeiçoamento de ti mesmo e à renúncia edifi cante”, esclarece Emmanuel, mos-trando que a fé improvisa mecanismos de atração para san-ti fi car a ati tude do homem de boa vontade.

Caridade“A caridade é paciente, é doce e benigna; a caridade não é invejosa, não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho, não é desdenhosa; não procura seus próprios

interesses; não se vangloria e não se irrita com nada; não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, e sim com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera e tudo sofre.”

“Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, entre elas, a mais excelente é a caridade.”

Carta de Paulo aos Corínti os, 13:1-7, 13.