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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Semana de... Lígia Silveira22 - Dossier Francisco e Jacinta, santos26 - Entrevista D. José Saraiva Martins

54 - Cinema56 - Estante58 - Concílio Vaticano II60- Agenda62 - Por estes dias64 - Programação Religiosa65 - Minuto Positivo66 - Liturgia68 - Fátima 201772 - Fundação AIS74 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Páscoa com oPapa[ver+]

As mensagensdos bisposportugueses[ver+]

Canonização a 13de maio[ver+] Paulo Rocha | Octávio Carmo| LígiaSilveira | Manuel Barbosa | PauloAido | Tony Neves

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Santos de periferias

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

O anúncio da data e do local para a canonizaçãodos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto emFátima, no dia 13 de maio de 2017, pode termuitos enquadramentos e leituras diferenciadas.Uma delas resulta do itinerário seguido pelo atualPapa, em linha com os gestos e as mensagensque têm marcado este pontificado: agir a partirdas periferias.De facto, encontram-se sintonias entre adeterminação do Papa Francisco em visitar eauscultar as periferias para, a partir daí, propornovos caminhos para a Igreja Católica, em todo omundo e neste tempo, e a decisão de presidir àcanonização dos pastorinhos Francisco e JacintaMarto em Fátima. Em causa está a possibilidadede encontrar espaços disponíveis, desligados decompromissos de todos os géneros para osencher a partir do único que pode ocupar ocentro, Deus. É essa a aposta do Papa e foitambém essa a história de três crianças queespontaneamente se aproximaram dotranscendente através de uma mensagemrevelada na Cova da Iria.O percurso de santidade de Francisco e JacintaMarto é, com frequência, questionado pelaaparente ausência de gestos heroicos, sejam noâmbito do martírio ou em setores sociais, deajuda ao outro ou de promoção da justiça e dapaz social. Passam por aí muitas e exemplareshistórias de santidade, sobretudo em temposmais recentes da História do Catolicismo.Francisco e Jacinta não. Não têm essesepisódios para contar, num

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quotidiano feito da pastoríciadurante os breves anos das suasvidas. Mas têm, os dois irmãos, acondição essencial para ser santo,em todos os tempos: adisponibilidade para otranscendente, para o acolhimentode Deus. O que só é possível emcorações libertos de compromissosem torno de cada eu edesprendidos das amarras que oegoísmo faz emergir.Santos assim, só mesmo sendocrianças. Porque habitam lugaresperiféricos, espaços abertos, livrese disponíveis para olhar em redor epreencher, a partir do interior, com oque é bom e belo. No caso dospastorinhos, a partir de Deus, por

inspiração de uma mensagem vindado céu!O ambiente das periferias é assimum ponto de encontro entre opontificado do Papa Francisco e ahistória de santidade de Francisco eJacinta Marto: para o primeiroFrancisco pela energia colocada nadinamização de uma comunidadecrente, em todo o mundo, não apartir de cúpulas, mas das cabeçasde cada um dos seus membros; nosegundo Francisco e na sua irmãJacinta pela total disponibilidadepara se deixaram inspirar por umamensagem chegada do céu e deladarem testemunho, apesar dafragilidade das suas vozes.

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Mais de 400 pessoas foram detidas pelas autoridades venezuelanasapós as manifestações contra o presidente Nicolás Maduro, na

quarta-feira.

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“Até ao momento a capacidade de reação instaladatem sido adequada não só ao nível do combate inicial,mas também a outro nível do combate. Os meios vãosendo reforçados à medida do necessário”Constança Urbano de Sousa, ministra daAdministração Interna, conferência de imprensa doConselho de Ministros, 20.04.2017 "A questão deve ser vista com serenidade e nãopassa necessariamente por medidas proibicionistas.Vai ser avaliada, com recurso ao conhecimentocientífico, provavelmente também discutida noparlamento"Maria Manuel Leitão Marques, ministra daPresidência, sobre as medidas a adotar a propósito dosarampo, 20.04.2017 "Medidas mesmo, e generosas, só para a banca.Depois de ter renegociado o empréstimo ao fundo deresolução em termos tais que passou, efetivamente,grande parte do custo para os contribuintes, a maioriapropõe-se agora dar aos mesmos bancos apossibilidade de deduzirem os prejuízoscorrespondentes às imparidades durante 15 anos"Maria Luís Albuquerque, vice-presidente do PSD,19.04.2017 “O que temos conseguido demonstrar desde asúltimas eleições legislativas não foi só ter acabadocom o ‘arco da governação’, foi ter conseguidoderrubar o último resquício do muro de Berlim, quetinha subsistido ao longo destes anos todos”António Costa, secretário-geral do PS, 19.04.2017

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Bispos do Porto destacam Fátimacomo escola de santidade para aIgreja

Os bispos do Porto destacaram oSantuário de Fátima como um lugaressencial para a vivência cristã emPortugal e no mundo, com um papelainda mais reforçado agora com acanonização de Francisco e JacintaMarto. “Desde há cem anos, a 13

de maio de 1917, que a Cova daIria, lugar onde Maria, a Mãe deJesus, apareceu a Lúcia, Jacinta eFrancisco, se tornou um oásis de fé,uma escola de santidade para aIgreja e um porto de abrigo espiritualpara milhares de peregrinos, vindosde todo o mundo”,

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referem aqueles responsáveis,numa carta pastoral enviada àAgência ECCLESIA.O documento, intitulado ‘Peregrinoscom Maria pelas fontes da alegriapascal’, destaca a presença doPapa Francisco em Fátima, nos dias12 e 13 de maio, para presidir àscelebrações do Centenário dasAparições e à primeira cerimónia decanonização em solo português.“A presença do Papa Francisco diz-nos, neste gesto simples e proféticode peregrino no meio de peregrinos,que Fátima e a mensagem da Mãede Jesus aqui trazida são umabênção de esperança e de paz parao mundo”, realçam os bispos dadiocese do Porto, que enaltecemtambém a relevância cultural esocial que o santuário marianocontinua a ter hoje.“Um século depois das aparições, amensagem que Nossa Senhoraconfiou aos pastorinhos conservapermanente atualidade, igualnovidade e invulgar urgência”, frisaa carta pastoral assinada pelo bispodiocesano, D. António Francisco dosSantos, e pelos três bisposauxiliares, D. António Bessa Taipa,D. Pio Alves de Sousa e D. AntónioAugusto Azevedo.

Uma vez que nem todos poderãoestar presentes na Cova da Iria, nosdias 12 e 13 de maio, a IgrejaCatólica local convida todas ascomunidades da região nortenha,desde “os seus leigos,consagrados(as), diáconos,presbíteros e bispos” a todas as“paróquias e vigararias”, aparticiparem numa peregrinaçãodiocesana a Fátima, no dia 9 desetembro.Para, “a exemplo do gesto do PapaFrancisco”, se constituírem“peregrinas na esperança e na paz,junto de Nossa Senhora”.Com esta peregrinação, os bispospretendem também retribuir e“agradecer a visita que a Imagemperegrina de Nossa Senhora deFátima fez ao Porto”, entre 10 deabril e 01 de maio de 2016.“Vamos como Igreja inteiraperegrinar a Fátima paracaminharmos com Maria pelasfontes da alegria”, apelam osresponsáveis católicos, queescolheram como lema daperegrinação diocesana a frase‘Com Maria, Senhora de Fátima,Igreja do Porto peregrina emissionária’.Esta deslocação das comunidadescatólicas ao Santuário de Fátimamarcará também a abertura do novoano pastoral da Diocese do Porto.

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As mensagens de Páscoados bispos portuguesesA perseguição aos cristãos esteveno centro da intervenção docardeal-patriarca de Lisboa durantea Vigília Pascal. D. ManuelClemente falava durante a homiliada Missa que celebra a ressurreiçãode Jesus, uma mensagem que serepete “em tantos outros sítios quemais parecem a Jerusalém de então– com os discípulos escondidos etantos medos difusos pela recentetragédia do Calvário”.“Assim acontece e porventura aindacom mais certeza do que aqui entrenós, aí onde a luz pascal de Cristodomina as densas trevas daperseguição aos cristãos, hoje osmais perseguidos de todos oscrentes na globalidade do mundo”,declarou.O arcebispo de Braga alertou nacelebração da Vigília Pascal para o“vazio espiritual” que afeta ahumanidade, situação que desafiaos católicos. “A crise de fé decorre,como sabemos, de um vazioespiritual que, por sua vez, éconsequência de uma indiferençaem relação a Deus”, sustentou D.Jorge Ortiga.Já o bispo de Setúbal escreveu umamensagem de Páscoa a todas as

famílias, onde destaca um tempoessencial para “revitalizar” a“esperança” numa sociedade queparece enfrentar o dramatismo deum “inverno” permanente. “Numtempo em que experimentamosdiariamente a ocorrência de atosbárbaros de violência e guerra (…)é bom celebrar e interiorizar amensagem da Páscoa, do caminhoda cruz que se faz dom absoluto devida”, refere D. José OrnelasCarvalho.O bispo do Funchal, no Arquipélagoda Madeira, disse que a Páscoa temde ser uma oportunidade para oscristãos serem sinónimo da “luz” deCristo para todos quantos estãohoje caídos nas “periferiasexistenciais e geográficas domundo”. D. António Carrilho salientaque o tempo pascal é um convite acada crente “levar a luz, aesperança e a vida” de Jesus aosoutros.O bispo de Viana do Castelorecordou por sua vez, durante acelebração da Vigília Pascal, opapel das mulheres na vida daIgreja desde o anúncio daressurreição de Jesus. "MariaMadalena e a outra Maria foram asprimeiras a ir ao sepulcro ao

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encontro de Cristo. Hoje, presto aminha homenagem às mulheres semas quais a Igreja não seria o que é",disse D. Anacleto Oliveira.O bispo de Lamego, D. AntónioCouto, declarou na Sé da dioceseque viver a Páscoa é encarar a vidacom um “coração novo” e alertapara o “exílio” da indiferença queCristo quis transformar com a suaentrega pela

humanidade, mas que hoje ameaçacontinuar.Nos Açores, o bispo da Diocese deAngra defendeu na celebraçãoVigília Pascal que só cristãosempenhados podem mudar omundo. “O mundo continua a ternecessidade do testemunho destaVida Nova em Cristo e ele só poderáatingir a nossa sociedade e acultura atual através de nós”,afirmou D. João Lavrador.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Jesuítas propõem 50 textos e 50 imagens «para melhor viver a Páscoa»

Celebrar a Páscoa hoje - Bispo do Porto

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Páscoa com olhar para quem maissofre

O Papa Francisco recordou na suamensagem pascal as vítimas das“escravidões”, da violência e dasmigrações forçadas, deixando umamensagem de esperança a todos osque são “oprimidos” pelo mal.“Cuida de quantos são vítimas deescravidões antigas e novas:trabalhos desumanos, tráficosilícitos, exploração e discriminação,dependências graves”, disseFrancisco, antes de conceder abênção ‘urbi et orbi’.

“Cuida das crianças e adolescentesque se veem privados da sua vidadespreocupada para serexplorados; e de quem tem ocoração ferido pela violência quesofre dentro das paredes da própriacasa”, acrescentou, numarecordação das vítimas de violênciadoméstica.A intervenção, desde a varandacentral da Basílica de São Pedro,pediu “respeito e ternura” paraquem vive nos “labirintos da solidãoe da

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marginalização”, antes de lembraros migrantes e refugiados. “OPastor ressuscitado faz-secompanheiro de viagem daspessoas que são forçadas a deixara sua terra por causa de conflitosarmados, ataques terroristas,carestias, regimes opressores. Aestes migrantes forçados, Ele fazencontrar, sob cada canto do céu,irmãos que compartilham o pão e aesperança no caminho comum”,declarou.A mensagem começou por repetir o“anúncio maravilhoso” daressurreição de Jesus, que abriu a“passagem para a vida eterna”.“Todos nós, quando nos deixamosdominar pelo pecado, perdemos ocaminho certo e vagamos comoovelhas perdidas. Mas o próprioDeus, o nosso Pastor, veioprocurar-nos e, para nos salvar,abaixou-se até à humilhação dacruz”, sustentou.Já após a bênção, Francisco deixouvotos de Boa Páscoa a todos ospresentes e a quem o acompanhouatravés dos vários meios decomunicação, numa cerimóniatransmita por cerca de 160 estaçõestelevisivas de vários países,incluindo Portugal.

“Que o anúncio pascal de CristoRessuscitado possa reavivar asesperanças das vossas famílias edas vossas comunidades, emparticular das novas gerações, quesão o futuro da Igreja e dahumanidade”, desejou.Na véspera, Francisco disse durantea Missa da Vigília Pascal que Cristoestá vivo e “quer ressurgir em tantosrostos que sepultaram a esperança,sepultaram os sonhos, sepultaram adignidade”.“Vamos… a todos aqueles lugaresonde pareça que o sepulcro tenha aúltima palavra e onde pareça que amorte tenha sido a única solução.Vamos anunciar, partilhar, revelarque é verdade: o Senhor está Vivo”,afirmou na Basílica de São Pedro.Francisco presidiu à Vigília Pascal, aprincipal e mais antiga festa do anolitúrgico, que celebra a ressurreiçãode Jesus, com sinais e simbolismosúnicos, como o fogo e a luz e a águabatismal, durante a qual batizou 11catecúmenos.

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Papa condena ignóbil ataque contracivisna SíriaO Papa condenou no Vaticano oataque conta civis que este sábadofez mais de 100 mortos na cidadesíria de Alepo, falando durante asua mensagem pascal. “[Deus]sustente os esforços de quantostrabalham ativamente para levaralívio e conforto à população civil naSíria, a amada e martirizada Síria,vítima duma guerra que não cessade semear horrores e morte. Datade ontem o último ignóbil ataqueaos deslocados em fuga queprovocou numerosos mortos eferidos”, disse Francisco, antes deconceder a bênção ‘urbi et orbi’ [àcidade (de Roma) e ao mundo], algoque acontece nos dias de Páscoa ede Natal.O atentado com uma camionetaarmadilhada junto a autocarros queretiravam civis e combatentes deAlepo, este sábado, na Síria,causou 112 mortos, segundo umnovo balanço do Observatório Síriodos Direitos do Homem.O Papa rezou por todos os queprocuram “a justiça e a paz” edesafiou os responsáveis políticos ater “a coragem de evitar apropagação dos conflitos e travar otráfico das

armas”. “[Deus] Conceda paz a todoo Médio Oriente, a começar pelaTerra Santa, bem como ao Iraque eao Iémen”, acrescentou.A intervenção evocou a "gravíssimafome" em África e as guerras queatingem as populações do Sudão doSul, do Sudão, da Somália e daRepública Democrática do Congo.Num olhar global, o Papa falou das“tensões políticas e sociais” naAmérica Latina, que tem geradosituações de violência, e apelou àluta contra o “flagelo da corrupção”bem como à “consolidação dasinstituições democráticas”.Francisco recordou, mais uma vez, apopulação da Ucrânia “atormentadaainda por um conflito sangrento”,desejando que seja possível“reencontrar a concórdia” no país.

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Esperança e RessurreiçãoO Papa Francisco disse no Vaticanoque o Cristianismo é mais do queuma ideologia ou sistema filosófico,porque se baseia na Ressurreiçãode Jesus, celebrada na Páscoa,mostrando que a morte não tem a“última palavra”. “Se tudo tivesseacabado com a morte de Jesus,apenas teríamos nele um exemplode entrega e generosidade, masnão seria suficiente para gerar anossa fé, porque a fé nasce namanhã da Páscoa”, declarou,perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedropara a audiência pública semanal.Francisco apresentou oCristianismo como um “caminho defé” que parte do testemunho dosprimeiros discípulos de Jesus arespeito da sua Ressurreição."[Jesus] morreu, mas ressuscitou,porque a fé nasce da ressurreição.Aceitar que cristo morreu e morreucrucificado não é um ato de fé, éum facto histórico. Acreditar queressuscitou, sim", precisou.“O Cristianismo é graça, é surpresa,e por isso pressupõe um coraçãocapaz do espanto. Um coraçãofechado, racionalista, é incapaz doespanto e não pode entender o queé o Cristianismo, porque oCristianismo

é graça e esta só se compreende,mais, só se encontra no espanto doencontro”, acrescentou.O Papa observou que o Cristianismoé a “busca de Deus” por cadapessoa e não o contrário, porque só“Deus é capaz de fazer ressurgir”todos, a partir dos seus sepulcrosparticulares, com “felicidade, vida”.“Deus faz crescer as suas floresmais belas no meio das pedras maisáridas”, sustentou.Francisco convidou os católicos adar testemunho desta fé na vida emJesus, com o seu sorriso ededicação ao próximo. “Jesus estáaqui, na Praça, connosco, vivo eressuscitado”, exclamou.Na parte final da audiência geral, oPapa saudou os peregrinos delíngua portuguesa, particularmenteos grupos vindos de Portugal e doBrasil.

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Novo livro e festa bávara marcaram 90.º aniversário de Bento XVI

A Páscoa no Vaticano

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Quem acredita na Ressurreição?

Lígia Silveira Agência ECCLESIA

As minhas entrevistas são assiduamentesurpreendentes. Não poucas vezes sou tocadapor pessoas que acabei de conhecer e, mais doque um registo magnético que preciso derecolher por motivos laborais, fixo-me na suahumanidade e nas palavras que dizem tanto àminha vida.Os últimos dias foram recheados dessesencontros.O desafio seria procurar «vidas ressuscitadas» eforam várias as pessoas que nos confiarammomentos, impressionantemente pessoais, emque os seus trajetos, não isentos de sofrimento,mostram uma mudança e muitas vezes um novocomeço.Estas histórias, algumas mais próximas da fé,falam de conversão, de um acreditar sem ver, deconfiar, recordam itinerários, experiências esilêncios que conduziram os seus protagonistas aum surgir de novo – para alguns a umaressurreição que nem mesmo os própriosacreditavam ser possível.Dependências de álcool e drogas tiraram adignidade humana durante largos anos apessoas que viveram em situação de sem-abrigomas que, ajudadas por outros, optam por sereconstruir; o diagnóstico oncológico, repetidopor três ocasiões, e o consequente tratamentocomo ocasião de profunda oração pessoal e emcasal, encontrando nestes momentos a forçapara acreditar e confiar; viver durante umperíodo de vida num bairro fazendo-se um entreoutros que partilham a realidade social eeconómica periférica; desistir de uma carreira desucesso para orientar os seus

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dias a servir, voluntariamente,ajudando outros a reencontrar adignidade.O que parece ser o fim da linhapode ser o início de um percursofeliz. A isso alude o calendáriolitúrgico nestes dias em que oscristãos recordam a morte ecelebram, posteriormente, aressurreição de Cristo. As vidas comque me cruzei atualizam estacerteza tantas vezes de formaincógnita. Alguns chamam-lheressurreição, outros nascer denovo, outros ainda, uma segundaoportunidade. Mas ela acontecediariamente. Estejamos nós atentose disponíveis para dar eco desseacontecimento.

PS: O fenómeno de Fátima surgiutarde na minha vida. E maisrecentemente tenho direcionado omeu olhar para o local que muitosentendem, primeira eprincipalmente, como um lugar desilêncio e de paz. Com aconfirmação da canonização deFrancisco e Jacinta Marto gostariade sublinhar o que as crianças têmpara nos ensinar. Como já dizia opadre e poeta José TolentinoMendonça «(…) O mistério estátodo na infância: /é preciso que ohomem siga/ o que há de maisluminoso/ à maneira da criançafutura.»

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Era uma notícia muito aguardada e que chegou esta quinta-feira, desde oVaticano: a 13 de maio, em Fátima, o Papa Francisco proclamará santos ospastorinhos Francisco e Jacinta Marto, durante a sua visita a Portugal porocasião do centenário das aparições marianas.As duas crianças, ambas testemunhas, com a prima Lúcia dos Santos, dasaparições da Virgem Maria na Cova da Iria, serão elevadas às honras dosaltares pessoalmente pelo Papa, que pela terceira vez presidirá a umacanonização fora de Roma.A data e o local para a canonização dos irmãos pastorinhos foramanunciados hoje após um Consistório Público, reunião formal entre o Papa ecardeais, no Palácio Apostólico do Vaticano.O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos,cardeal Angelo Amato, disse durante o Consistórioque a “breve vida” dos mais novos pastorinhos deFátima “foi rica de fé, amor e oração”.O Semanário ECCLESIA apresenta reações e textosque ajudam a entender o que está em causanesta canonização, que coroa o Centenáriodas Aparições.

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Canonização a 13 de maioO Papa Francisco anunciou noVaticano que vai presidir àcanonização de Francisco e JacintaMarto em Fátima, no dia 13 de maio.Os dois pastorinhos de Fátimatornam-se assim nos mais jovenssantos não-mártires da história daIgreja Católica.O Santuário de Fátima "volta assima ser o palco de uma cerimónia no

processo de canonização deFrancisco e Jacinta, depois de, a 13de maio de 2000, João Paulo II terpresidido ali à beatificação dos doisvidentes", assinala a instituição.A canonização acontece após aaprovação, a 23 de março, de ummilagre atribuído a Francisco eJacinta, última etapa do processo,iniciado há 65 anos.

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No processo de Francisco e JacintaMarto, foi aceite como milagre acura de uma criança no Brasil,considerada inexplicável à luz daciência atual.A cerimónia de canonização deFrancisco e Jacinta Marto vaidecorrer no início da Missa das10h00 de 13 de maio no Santuáriode Fátima, presidida pelo PapaFrancisco, logo após o cântico deentrada e a saudação inicial,proferida pelo Santo Padre.Os relicários em forma de candeiascontendo as relíquias dos doisnovos santos da Igreja Católica,uma madeixa de cabelo de Jacinta eum fragmento de osso da costela deFrancisco, integram o cortejo deentrada da Missa, sendo colocadosjunto ao Presbitério do Recinto.O transporte das relíquias é feitopela Irmã Ângela Coelho,Postuladora da Causa daCanonização de Francisco eJacinta. Segue-se a cerimónia decanonização dos dois Pastorinhos, aprimeira realizada em Portugal, aqual, como as anteriores, obedece

a um rito em latim, iniciado com ocântico Veni Creator.O Bispo de Leiria-Fátima, D. AntónioMarto, faz então uma breveapresentação da biografia dos doisnovos santos, antes da invocaçãoda ladainha dos santos.Cânticos de júbilo assinalam aproclamação, dando por fim acerimónia e retomando a celebraçãoda Missa.A decisão do Papa Francisco decanonizar os dois Pastorinhos a 13de maio não altera o programadefinido para a Peregrinação doPapa a Fátima, apenas fazendoatrasar os restantes pontos davisita, nomeadamente o almoço doSanto Padre com os bisposportugueses, na Casa de Retiros deNossa Senhora do Carmo, explica oSantuário de Fátima.

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Consistório: «Tudo correu muitobem» - Cardeal Saraiva Martins Prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos participou noconsistório em que foi anunciado o local e a data da canonização dospastorinhos AE – O cardeal Saraiva Martinsparticipou no Consistório onde foianunciada a canonização deFrancisco e Jacinta. Como viveuesse momento?Cardeal Saraiva Martins - Trata-sede um dia extraordinário para ahistória da Igreja em Portugal, emconcreto para o grandeacontecimento de Fátima.Participei no consistório com o PapaFrancisco onde nos pronunciámossobre a canonização dospastorinhos, Francisco e Jacinto.Tudo correu muito bem. O dia 13 demaio será um grande acontecimentopara a História da Igreja universal. AE – Que reações gerou o anúncioda data e do local?CSM – Os que participam noconsistório têm estudados osdocumentos sobre as causas decanonização que são analisadas econhecem a história de cada umdos

candidatos. Também os pastorinhos.os e vão agora ser canonizados.Recebemos a documentação quasehá um mês e por isso estávamos pordentro de tudo. Não houve nenhumproblema. AE – Sendo proclamados comomodelos de santidade para todos oscrentes, que virtudesde Francisco eJacinta devem ser motivo deatenção?CSM – Os pastorinhos são umgrande modelo de santidade. Forambeatificados quando eu era prefeitoda Congregação das Causas dosSantos, e por isso, estudei emprofundidade a vida dos pastorinhose cheguei à conclusão de queviveram as virtudes em grauheroico, devendo assim serbeatificados. A coisa maisinteressante é que os doispastorinhos são as duas criançasnão-mártires da História da Igrejaque foram beatificad

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AE – O facto de a canonizaçãoacontecer em Portugal, pelaprimeira vez no nosso país, queimportância tem?CSM – Quando era prefeito daCongregação das Causas dosSantos foi feita a distinção para oslocais das beatificações ecanonizações: as canonizações sãofeitas em Roma e as beatificaçõesnas igrejas locais dos candidatos àbeatificação. O que se revestesobretudo de importânciamissionária. A beatificação nasigrejas locais é um ato deevangelização extraordinário paratodos os membros da comunidade.

Agora, as canonizações fazem-seRoma e as beatificações nas igrejaslocais. Mas o Papa pode decidircanonizar nas igrejas locais. Porexemplo, o primeiro santo brasileirofoi canonizado não em Roma, masna Aparecida, no Brasil. Não tendonenhum Santo, é normal que oprimeiro santo fosse canonizado noBrasil.Trata-se de um princípio de direitopontifício, não de direito divino. OPapa tem de ter a liberdade dedecidir de acordo com as situações.

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AE – Em Portugal trata-se tambémda primeira canonização…CSM – O Papa pode decidir o que émelhor para as igrejas locais. É oque vai acontecer em Fátima.Os dois pastorinhos forambeatificados em Fátima e agora sãocanonizados em Fátima. É um factoextraordinário. AE – Para a Igreja Católica emPortugal, que desafio constitui acanonização em Fátima?CSM – É um modo de acentuar aimportância eclesial da vida e do

exemplo dos pastorinhos Jacinta eFrancisco. É extraordinário para aIgreja em Portugal e no mundointeiro.Fátima é não só o altar do mundo,mas também a cátedra do mundo,pelo aspeto doutrinal da Mensagemde Fátima, sobretudo hoje, nacelebração do centenário. AE – Acredito que estará em Fátimaa participar na canonização dospastorinhos…CSM – Eu vou no avião do Papa,como membro da comitiva.Participarei na canonização.

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O milagre que abriu caminho àCanonizaçãoO Vaticano ofereceu pela primeiravez detalhes sobre o casoconsiderado como milagre que abriucaminho à canonização dos beatosFrancisco e Jacinta Marto, que vãoser declarados santos a 13 de maio,em Fátima.“O [milagre] que abriu o caminhopara a canonização, foi reconhecidoem 23 de março passado, e dizrespeito a uma criança brasileira,que na época tinha seis anos”,adianta a Rádio Vaticano.A criança estava em casa do avô,brincando com uma irmã, quandocaiu por acidente de uma janela, decerca sete metros de altura,“sofrendo um grave traumatismocrânio-encefálico, com a perda dematerial encefália”.A emissora pontifícia relata que acriança foi levada ao hospital, emcoma, e operada.Segundo os médicos, casosobrevivesse, o menor “viveria emestado vegetativo ou, no máximo,com graves deficiências cognitivas”.“Milagrosamente, após três dias, acriança recebeu alta, não sendoconstatado nenhum danoneurológico ou cognitivo”,acrescenta a informação.

A 2 de fevereiro de 2007, umaequipa médica consultada peloVaticano parecer positivo unânimesobre o caso, como "curainexplicável do ponto de vistacientífico".Segundo a Rádio Vaticano, nomomento do incidente, o pai dacriança tinha invocado NossaSenhora de Fátima e os doispequenos beatos; os familiares euma comunidade de religiosas declausura haviam rezado cominsistência, pedindo a intercessãodos Pastorinhos de Fátima.A postuladora da causa decanonização dos Beatos Francisco eJacinta Marto, irmã Ângela Coelho,tinha referido à Agência ECCLESIAque o milagre necessário para acanonização, após a beatificação de13 de maio de 2000, tinha “todas ascondições” para ser validado.“É bonito por isto mesmo: duascrianças cuidam de uma criança”,referiu a irmã Ângela Coelho.Os trâmites processuais para oreconhecimento de um milagre, porparte do Papa, acontecem segundonormas estabelecidas em 1983.A Congregação para as Causas dosSantos (Santa Sé) promove uma

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consulta médica sobre a alegadacura, para saber se a mesma éinexplicável à luz da ciência atual,feita por peritos; o caso é depoissubmetido à avaliação deconsultores teológicos e de uma

sessão de cardeais e bispos.A aprovação final depende do Papa,que detém a competência exclusivade reconhecer uma cura comoverdadeiro milagre.

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Francisco e Jacinta Marto

Francisco Marto nasceu em 11 dejunho de 1908 e foi batizado no dia20 de junho. Jacinta, sua irmã maisnova, nasceu em 05 de Março de1910 e foi batizada no dia 19 dessemês. Ambos nasceram em Aljustrel eforam batizados na paróquia deFátima. Eram os mais novos dossete filhos de

Manuel Pedro Marto e de Olímpia deJesus, e primos de Lúcia de Jesus(1907-2005).Receberam, desde muito novos,uma educação cristã simples. Cedose fizeram pastores do rebanho dafamília. Acompanhavam a primaLúcia, um pouco mais velha,também

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ela pequena pastora.Os três pastorinhos veem um Anjopor três vezes, na primavera, verãoe outono de 1916, na Loca doCabeço e no poço da casa daLúcia, que os convidou à adoraçãoa Deus.Em 13 de maio de 1917, foramvisitados, na Cova da Iria, pelaVirgem Maria, que lhes pediu que alivoltassem a cada dia 13 atéoutubro. No curso dos seisencontros, a Senhora do Rosário dáa ver aos pastorinhos a esperançaque Deus oferece ao mundo tocadopelo sofrimento e pelo mal econvida-os a comprometerem-secom a conversão dos coraçõeshumanos, pela oração do rosário,pelo sacrifício reparador e pelaconsagração dos seus corações edo mundo ao Coração Imaculado.As vidas do Francisco e da Jacintatransformaram-se definitivamente àluz da Mensagem de Misericórdia. OFrancisco assume uma vida decontemplação, comprometido com aconsolação de Deus que lhe pareceestar «tão triste». A Senhorarecomendara que ele rezassemuitos terços. E muito rezará oFrancisco, procurando a solidão domonte ou a

companhia do Jesus escondido nosacrário da Igreja paroquial para«pensar em Deus».A Jacinta deixa-se impressionar pelosofrimento dos pecadores e reza esacrifica-se pela sua conversão,pela paz no mundo, e pelo SantoPadre: «Sofro muito, mas ofereçotudo pela conversão dos pecadorese para reparar o Coração Imaculadode Maria, e também pelo SantoPadre», confidenciou a Lúcia, nasua doença. E, pouco antes demorrer, dizia: «No Céu vou amarmuito a Jesus e o CoraçãoImaculado de Maria».Em 4 de abril de 1919, pelas 22h00,faleceu o Francisco, com apenas 10anos. Adoecera, em outubro de1918, com a epidemiabroncopneumónica, tal como a suairmã Jacinta, que adoece no final doano de 1918. Esta virá a serinternada no Hospital de Ourém, emais tarde em Lisboa, no Hospitalde D. Estefânia. Falecerá sozinha,às 22h30 do dia 20 de fevereiro de1920, com 9 anos.Em Fátima, em 13 de maio do anojubilar 2000, o Papa João Paulo IIbeatificou-os.

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Canonização dos Pastorinhos emFátima

É com uma imensa e indescritívelalegria que recebemos a notícia deque a canonização dos BeatosFrancisco e Jacinta Marto será emFátima, na celebração presididapelo Papa Francisco, no dia 13 demaio, precisamente nos cem anosda primeira aparição em que ospastorinhos viram a linda Senhoravestida de Luz.Este acontecimento é um grandedom para a nossa diocese de Leiria-Fátima, donde são originários os

pastorinhos, como também para oSantuário de Fátima, para a Igrejaem Portugal e para a Igrejauniversal, para todos os quereconhecem nos pastorinhos oexemplo luminoso de um caminho desantidade que, através doImaculado Coração de Maria, nosconduz até Deus. A santidadedestas duas crianças é, na verdade,“um dos frutos mais belos daMensagem de Fátima” (P. LuisKondor).É também significativo que estagraça seja concedida ao mundointeiro

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no centenário das Aparições. Defacto, com a peregrinação do SantoPadre a Fátima e a canonização dosPastorinhos podemos dizer que acelebração do centenário atingetodo o seu esplendor.Queremos agradecer em primeirolugar ao Senhor nosso Deus e àVirgem Santíssima este grandedom. Agradecemos também aoPapa Francisco que, como Pastoruniversal da Igreja, nos concedeutão benevolamente a graça da festada

canonização em Fátima sob a suapresidência. Estamos certos de queFrancisco e Jacinta não deixarão delhe manifestar a sua gratidão e aeles associamos as nossas oraçõesde reconhecimento.Deixemos ecoar no nosso íntimo ohino dos Pastorinhos: “Cantemosalegres, a uma só voz: Francisco eJacinta, rogai por nós”!

D. António MartoBispo de Leria-Fátima

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Reconhecimento da importânciamundial de Fátima

É com um sentimento de grandealegria que recebemos a notícia deque a canonização dos BeatosFrancisco e Jacinta Marto terá lugaraqui, no Santuário de Fátima, no dia13 de maio, na peregrinação

de Sua Santidade o Papa Francisco.Um sentimento de grande alegria,mas igualmente de profundagratidão: gratidão a Deus, que nosconcede a graça de novos santoscomo modelos e intercessores; masgratidão igualmente ao Santo Padre,que tomou a decisão de fazer acanonização neste lugar.Que esta canonização tenha lugarem Fátima torna-a, para nós, muitoespecial: porque é este Santuárioque custodia as suas relíquias; éneste Santuário que estão os seustúmulos; muito especial porqueescolher Fátima para este atosolene da Igreja universal éreconhecer a importância mundialde Fátima e é igualmentereconhecer Fátima como verdadeira“escola de santidade”; por fim, muitoespecial

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porque a canonização dos dois maisjovens videntes de Fátima vemcoroar a grande celebração doCentenário das Aparições.É claro que faríamos a celebraçãofestiva dos 100 anos das apariçõesde Nossa Senhora mesmo que nãohouvesse canonização. Mas o factodeste reconhecimento eclesial terlugar em Fátima, no dia 13 de maio,com a presença do Santo Padre,faz

deste momento o ápice de todo oprograma celebrativo do Centenário.É, por isso, com ânimo renovadoque convidamos todos os a vir aFátima, para rezar com o PapaFrancisco e para dar graças a Deuspela santidade dos Pastorinhos.Santuário de Fátima, 20 de abril de2017

P. Carlos Cabecinhas,Reitor do Santuário de Fátima

Os sinos do Santuário de Fátima tocaram hoje a repique para celebrar anotícia de que o Papa Francisco vai presidir à canonização dos beatosFrancisco e Jacinta Marto a 13 de maio, na Cova da Iria. O reitor doSantuário, padre Carlos Cabecinhas, juntou-se pouco depois aosperegrinos e visitantes, na Capelinha das Aparições, para um “momentosingelo de oração”, após ter anunciado a decisão, momento saudadopelos presentes com uma salva de palmas.

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Bispos manifestam alegria pelacanonização dos pastorinhosA Conferência EpiscopalPortuguesa acolheu com “imensaalegria“ o anúncio da data dacanonização de Francisco e JacintaMarto, que terá lugar no dia 13 demaio no Santuário de Fátima. Numcomunicado enviado à AgênciaECCLESIA, o porta-voz e secretárioda CEP realça que o facto de esteacontecimento ter lugar “emPortugal”, a par da celebração do“Centenário das Aparições” e da“presença do Santo Padre” serão“motivos maiores todos” acorrerema Fátima nos dias 12 e 13 de maio.“Que o exemplo de vida deFrancisco e Jacinta Marto, agoraapresentados a toda a Igreja comomodelos e intercessores dasantidade, contribua paraintensificarmos a vivência damensagem que Nossa Senhora doRosário nos ofereceu em Fátima”,escreve o padre Manuel Barbosa.A nota da CEP desafia ascomunidades católicas a estarem naCova da Iria como “peregrinas naesperança e na paz, em sintonia deoração e de acolhimento do dom dasantidade”. O texto salienta que“nunca é demais recordar e insistirna vocação

universal à santidade”, uma“dimensão essencial da vida cristã”,como foi reforçado “pelo ConcílioVaticano II”.O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, D. ManuelClemente, também reagiu aoanúncio feito pela Santa Sé, acercada data e do local da canonizaçãode Francisco e Jacinta Marto. “Écom muita alegria que recebemos anotícia da canonização de Franciscoe Jacinta na sua terra!”, salientou ocardeal-patriarca de Lisboa, numamensagem publicada através darede social Twitter, com a ‘hashtag’#pastorinhos.D. Manuel Clemente destaca aindaque, com a canonização em Fátima,“mais viva” ficará “a celeste notícia”que os dois irmãos “aí mesmo nostransmitiram”.

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Francisco reconhece simultaneamente a transcendência de Deus e o júbilopela sua presença. Confessa: «do que gostei mais foi de ver a NossoSenhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto deDeus!». Sente-se «a arder, naquela luz que é Deus […]. Como é Deus! Nãose pode dizer!». Esta união com Deus fá-lo perceber a dor que lhe provocamas ofensas humanas. Dá-lhe pena por «Ele estar tão triste» e, por isso,brota nele a resposta enternecedora: «Se eu O pudesse consolar!».Jacinta era especialmente sensível a Cristo crucificado, que para elacondensava o amor de Deus e suscitava, por isso, uma imensa gratidão:«enterneceu-se e chorou» ao contemplá-lo, «porque morreu por nós». Éassim levada a desenvolver um diálogo constante de amor: gosta tanto deJesus e de sua Mãe que não se cansa de lhes dizer que os ama; busca asolidão para «estar muito tempo sozinha, a falar com Jesus escondido».

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesano Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima

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Canonização a 13 de maio vemconfirmar força da mensagemtransmitida aos pastorinhos

D. Carlos Azevedo, delegado doConselho Pontifício da Cultura(Santa Sé), disse à AgênciaECCLESIA que a decisão tomadapelo Papa de canonizar Francisco eJacinta Marto, a 13 de maio, é umsinal de “apreço” por Fátima.“A canonização é o confirmar da

verdade e da força dessamensagem. Do vigor que essamensagem tem na incidência dahistória atual”, referiu o responsávelportuguês no Vaticano.Para D. Carlos Azevedo, a escolhada Cova da Iria como local para aproclamação dos Beatos Franciscoe Jacinta como santos “é uma forma

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de testemunhar o apreço porFátima”, em coincidência com oCentenário das Aparições.O delegado do Conselho Pontifícioda Cultura sublinha ainda a“economia de meios” que permiteque muitas pessoas participem nacanonização sem necessidade de ira Roma.O bispo assinala o “enorme carinhoque Portugal tem pelo PapaFrancisco” motiva esta vontade deestar perto dele, considerando quea canonização será “uma mais-valiade peregrinação e presença emFátima”.D. Carlos Azevedo, que acaba depublicar o livro ‘Fátima - das Visõesdos Pastorinhos à Visão Cristã’,afirma que a beatificação deFrancisco e "O Presidente da República saúdae felicita a comunidade católica,crente em Fátima, pela decisão decanonização de Jacinta eFrancisco Marto, que, certamente,conhecerá na próxima visita doPapa Francisco o culminar de umlongo processo eclesiástico"

(Presidência da RepublicaPortuguesa)

Jacinta tinha sido o momento “maisdifícil” por ser a primeira vez que sebeatificavam crianças com aquelaidade.“Foi necessário o pronunciamentode muitos teólogos em ordem aoavanço da beatificação”, recorda.

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Francisco, o místico, e Jacinta,novelo de amor

O padre Aventino Oliveira conviveuna sua juventude com os pais deFrancisco e Jacinta Marto, que vãoser canonizados pelo PapaFrancisco em Fátima. Em entrevistaà Agência ECCLESIA, o religiosodos Missionários da Consolatadestaca a confiança que Olímpia deJesus e Manuel Pedro

Marto, conhecido como Ti’Marto,sempre tiveram nos seus filhos, naveracidade do testemunho quederam, acerca das Aparições deNossa Senhora na Cova da Iria.“O Ti Marto era um homem muitoespiritual, não sabia ler nemescrever, mas era muito espiritual, ede facto ele acreditou nas apariçõesdesde o primeiro dia, porque dizia:‘a maneira

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como eu eduquei os meus filhoseles não eram capazes de inventaruma história destas”, recorda.Enquanto jovem seminarista esacerdote, nas décadas de 1940 e1950, o padre Aventino Oliveiraacompanhou de perto a evoluçãodo Santuário de Fátima e aconsolidação da devoção a NossaSenhora de Fátima.Esteve durante muitos anos nosEstados Unidos da América, ondedesempenhou um papel importantena propagação da Mensagem deFátima e da espiritualidade dos doisfuturos santos portugueses.Com base no relato dos pais e nostestemunhos da época, o padreAventino Oliveira traça um retratodos dois irmãos e pastorinhos,destacando em primeiro lugar oapego à oração de Francisco.“O Francisco era muito calmo, etornou-se um místico. Ele viu comoo Anjo adorou a Eucaristia nasAparições e entrou-lhe esta ideia daadoração e passava tempo sozinhona igreja a adorar o Santíssimo”,salienta.Quanto a Jacinta, o sacerdote dosMissionários da Consolata destacao seu espírito de sacrifício, em favorda conversão das almas. “A Jacintaera um novelo de amor, uma coisa

incrível. Amor pelos pecadores,sempre a escolher, a inventarsacrifícios para que muitas outraspessoas viessem a conhecer aDeus”, acrescenta.O padre Aventino Oliveira, de 84anos, integrou o primeiro grupo deseminaristas formados por João deMarchi, sacerdote italiano quetrouxe os Missionários da Consolatapara Portugal.João de Marchi que escreveu o livro‘Era uma Senhora mais brilhanteque o Sol’, hoje já na sua 26.ªedição, baseado em entrevistas afamiliares dos três pastorinhos evidentes de Fátima, Francisco,Jacinta e Lúcia, e também notestemunho da própria Lúcia, nestecaso em maio de 1946.O padre Aventino Oliveira destaca acanonização de Francisco e JacintaMarto, que vai ser presidida peloPapa Francisco no Santuário deFátima, a 13 de maio deste ano,como um marco na história da IgrejaCatólica universal e em Portugal. “Éa primeira de crianças não-mártires,portanto é uma primeira mundial ena Igreja Católica, de canonizaçãode crianças”.

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Papa Francisco vai presidir àprimeira canonização de sempre emPortugalA canonização de Francisco eJacinta Marto, a 13 de maio, emFátima, presidida pelo PapaFrancisco, vai ser a primeiracerimónia do género em Portugal.As celebrações de canonizaçãoacontecem, por norma, na Praça deSão Pedro, onde o Papa Franciscopresidiu a oito cerimónias do génerodesde 2013, mas o atual pontífice jácanonizou dois sacerdotes emviagens ao estrangeiro: São JoséVaz (14 de janeiro de 2015, SriLanka) e São Junípero Serra (23 desetembro de 2015, Estados Unidosda América).A Missa a que o Papa vai presidir a13 de Maio, pelas 10h00, incluiassim o rito de canonizaçãopropriamente dito, em português, noqual o prefeito da Congregaçãopara as Causas dos Santos,acompanhado pela postuladora dacausa, irmã Ângela Coelho, pedeem três momentos sucessivos queos beatos sejam inscritos no “álbumdos Santos”.“Em honra da Santíssima Trindade,para exaltação da fé católica eincremento da vida cristã, com aautoridade de nosso Senhor JesusCristo, dos Santos Apóstolos Pedro

e Paulo e a nossa, após terlongamente refletido, invocadovárias vezes o auxílio divino eescutado o parecer dos nossosirmãos no episcopado, declaramos edefinimos como Santos os BeatosFrancisco e Jacinta Marto,inscrevemo-los no Álbum dosSantos e estabelecemos que emtoda a Igreja eles sejamdevotamente honrados entre osSantos”, refere a fórmula decanonização, a ser proferida peloPapa.O rito de canonização prevê que osrelicários dos dois novos santossejam colocados junto ao altar.A canonização é a confirmação, porparte da Igreja, que um fiel católicoé digno de culto público universal(no caso dos beatos, o culto édiocesano) e de ser dado aos fiéiscomo intercessor e modelo desantidade. Este é um ato reservadoao Papa, desde o século XII, a quemcompete inscrever o novo Santo nocânone.Nos primeiros séculos, oreconhecimento da santidadeacontecia em âmbito local, a partirda fama popular do santo e com aaprovação dos bispos. Ao longo dotempo e sobretudo no Ocidente,

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começou a ser solicitada aintervenção do Papa a fim deconferir um maior grau deautoridade às canonizações dossantos.A primeira intervenção papal destetipo foi de João XV em 993, que

declarou santo o bispo Udalrico deAugusta, falecido vinte anos antes.As canonizações tornaram-seexclusividade do pontífice pordecisão de Gregório IX em 1234.

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Relicários-candeias para os futurosSantos

À época dos pastorinhos, a candeiaera instrumento com que se rompiaas trevas. A pequena luz trémula dacandeia, sustentada pelo óleo,recorda-nos a fragilidade com que,no tempo da espera, nas noites domundo, aguardamos pela vindadefinitiva da Luz verdadeira. Já ospastorinhos de Fátima intuíam algoda simbologia da luz: ao solchamavam a candeia de NossoSenhor e à lua – que não tem luzprópria, que reflete a luz

do sol – a candeia de NossaSenhora. As luzes que nos iluminamo caminho hão de dizer algo sobre oMistério da Luz que ilumina a vida.É ainda a simbologia da luz quemelhor descreve a vivência destascrianças-pastores de Fátima, que seviram a si mesmas naquela luzimensa que era Deus. Pelas mãosde Maria, Francisco e Jacintaimergem na Luz, avivando assim,nas suas vidas, o dom e ainterpelação que receberam no

É ainda a simbologia da luz que melhor descreve a vivência destas crianças-pastores deFátima, que se viram a si mesmas naquela luz imensa que era Deus. Pelas mãos de46

batismo. A partir de então, assumema sua vocação batismal, de serem,em Cristo, luz do mundo. Elesmesmos se tornarão «candeias queDeus acendeu para iluminar ahumanidade nas suas horasinquietas e sombrias», como delesdisse S. João Paulo II, no dia da suabeatificação.Os relicários que custodiam as suasrelíquias são, por isso, em forma decandeia. Recordam-nos a missãoque estes dois pastorinhos tão bemcumpriram, de, na simplicidade dassuas vidas, oferecerem um reflexoda luz de Deus que rompe as trevascom um toque de esperança. Oexemplo de vida de Francisco eJacinta e o cuidado da suaintercessão, amplamentetestemunhado, dão alento à luz dafé da Igreja.No dia da canonização de Franciscoe Jacinta, os relicários em forma decandeia – um deles contendo umfragmento de osso da costela deFrancisco e o outro uma madeixa decabelo de Jacinta – serão levadosem procissão junto ao andor daSenhora do Rosário, sua mestra navida da fé. Os relicáriosserão transportados sobre um véubranco que leva, ao centro, umacruz feita de fragmentos

da veste branca usada no batismopelos que serão agora proclamadossantos.A veste branca recorda-nos que,pelo batismo, somos revestidos deCristo (cf. CIC, 1243).A Igreja é a assembleia dos que«lavaram as suas túnicas e asbranquearam no sangue doCordeiro» (Ap 7,14). Ao contemplaro coração branco da Senhora doRosário, estas crianças aprendemdele a fidelidade à vocaçãobatismal, a ousadia de entregar avida – descentrada de si, e centradaem Cristo – a Deus pelo bem dosdemais. A interpelação maior que aIgreja acolhe do exemplo espiritualdos Pastorinhos é a de assumir avocação batismal: uma vidacentrada em Deus que se tornareflexo da luz branca com que Deusilumina o mundo.Francisco e Jacinta contam-se entreos bem-aventurados de quem Jesusdisse: «Felizes os puros de coração,porque verão a Deus» (Mt 5, 8). Napureza do seu coração, foramvidentes da misericórdia de Deus.Na pureza do seu coração, dão aver ao mundo a misericórdia deDeus.

Santuário de Fátima

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Fátima, que se viram a si mesmas naquela luz imensa que era Deus. Pelas mãos deMaria, Francisco e Jacinta imergem na Luz, avivando assim, nas suas vidas, o dom e ainterpelação que receberam no batismo. A partir de então, assumem a sua vocaçãobatismal, de serem, em Cristo, luz do mundo. Eles mesmos se tornarão «candeias queDeus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas inquietas e sombrias», comodeles disse S. João Paulo II, no dia da sua beatificação.Os relicários que custodiam as suas relíquias são, por isso, em forma de candeia.Recordam-nos a missão que estes dois pastorinhos tão bem cumpriram, de, nasimplicidade das suas vidas, oferecerem um reflexo da luz de Deus que rompe as trevascom um toque de esperança. O exemplo de vida de Francisco e Jacinta e o cuidado dasua intercessão, amplamente testemunhado, dão alento à luz da fé da Igreja.No dia da canonização de Francisco e Jacinta, os relicários em forma de candeia – umdeles contendo um fragmento de osso da costela de Francisco e o outro uma madeixade cabelo de Jacinta – serão levados em procissão junto ao andor da Senhora doRosário, sua mestra na vida da fé. Os relicários serão transportados sobre um véubranco que leva, ao centro, uma cruz feita de fragmentos da veste branca usada nobatismo pelos que serão agora proclamados santos.A veste branca recorda-nos que, pelo batismo, somos revestidos de Cristo (cf. CIC,1243).A Igreja é a assembleia dos que «lavaram as suas túnicas e as branquearam no sanguedo Cordeiro» (Ap 7,14). Ao contemplar o coração branco da Senhora do Rosário, estascrianças aprendem dele a fidelidade à vocação batismal, a ousadia de entregar a vida –descentrada de si, e centrada em Cristo – a Deus pelo bem dos demais. A interpelaçãomaior que a Igreja acolhe do exemplo espiritual dos Pastorinhos é a de assumir avocação batismal: uma vida centrada em Deus que se torna reflexo da luz branca comque Deus ilumina o mundo.Francisco e Jacinta contam-se entre os bem-aventurados de quem Jesus disse: «Felizesos puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8). Na pureza do seu coração, foramvidentes da misericórdia de Deus. Na pureza do seu coração, dão a ver ao mundo amisericórdia de Deus.

Santuário de Fátima

As datas do processo de canonizaçãode Francisco e JacintaO Santuário de Fátima recordaalgumas datas fundamentais doprocesso de canonização deFrancisco e Jacinta Marto, quechega ao fim 65 anos depois de D.José Alves Correia da Silva, bispode Leiria, ter aberto a fasediocesana. 1952.04.30. Primeira sessão dosProcessos Diocesanos sobre a vida,virtudes e fama de santidade deFrancisco e de Jacinta Marto. 1979.06.02. Conclusão do ProcessoDiocesano sobre a vida, virtudes efama de santidade de Jacinta. 1979.08.03. Conclusão do ProcessoDiocesano sobre a vida, virtudes efama de santidade de Francisco. 1981 Sessão plenária daCongregação das Causas dosSantos dedicada ao tema dapossibilidade de se canonizarcrianças, cujo resultado éunanimemente positivo. O debatesobre o assunto fora impulsionadopela entrega dos Processos doFrancisco e da Jacinta, em Roma.

1988 Entrega das Positio SuperVirtutibus de Francisco e de Jacintaà Congregação das Causas dosSantos. 1989.05.13. João Paulo II assina oDecreto sobre a heroicidade dasvirtudes de Francisco e JacintaMarto. 1997 Instrução do ProcessoDiocesano super miro, paradiscernir a cura de uma mulherportuguesa de uma paraplegia,atribuída à intercessão dos irmãosMarto. 1999 Conclusão do ProcessoDiocesano, que declara a cura comorápida, completa, duradoura ecientificamente inexplicável.Redação e entrega da Positio supermiro à Congregação das Causasdos Santos. 1999.06.28. Promulgação, peloPapa João Paulo II, do decreto dacura miraculosa por intercessão deFrancisco e Jacinta, aprovando asua beatificação. 2000.05.13. Beatificação deFrancisco e Jacinta por João PauloII, em Fátima.

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2016 Instrução do ProcessoDiocesano super miro, paradiscernir a cura de uma criançabrasileira, atribuída à intercessãodos Beatos Francisco e JacintaMarto. 2017 Conclusão do ProcessoDiocesano, que declara a curacomo rápida, completa, duradoura ecientificamente inexplicável.Redação e entrega da Positio supermiro à Congregação das Causasdos Santos.

2017.03.23. Promulgação, peloPapa Francisco, do Decreto da curamiraculosa por intercessão dosBeatos Francisco e Jacinta,aprovando a sua canonização. 2017.04.20 Consistório onde seanunciou a Canonização para o dia13 de maio de 2017, em Fátima.

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2016 Instrução do Processo Diocesano super miro, para discernir a cura de uma criançabrasileira, atribuída à intercessão dos Beatos Francisco e Jacinta Marto. 2017 Conclusão do Processo Diocesano, que declara a cura como rápida, completa,duradoura e cientificamente inexplicável. Redação e entrega da Positio super miro àCongregação das Causas dos Santos. 2017.03.23. Promulgação, pelo Papa Francisco, do Decreto da cura miraculosa porintercessão dos Beatos Francisco e Jacinta, aprovando a sua canonização. 2017.04.20 Consistório onde se anunciou a Canonização para o dia 13 de maio de2017, em Fátima.

Portugal vai ter novo santo a 15 deoutubro

O sacerdote português AmbrósioFrancisco Ferro, morto no Brasil a 3de outubro de 1645 duranteperseguições anticatólicas, portropas holandesas, vai sercanonizado a 15 de outubro,anunciou o Vaticano.O futuro santo faz parte do grupodos chamados “protomártires doBrasil”, que foram mortos no atualterritório da Arquidiocese de Natal,então sob jurisdição portuguesa.As perseguições do século XVIIcustaram a vida aos padres Andréde Soveral e Ambrósio FrancescoFerro, além do leigo Mateus Moreirae outros 27 companheiros.A 16 de julho de 1645, o padreAndré de Soveral e outros 70 fiéisforam mortos por 200 soldadosholandeses e índios potiguares,quando celebravam

a Missa dominical.A 3 de outubro de 1645, houve o"massacre de Uruaçú" no qual opadre Ambrósio Francisco Ferro foitorturado e assassinado.Estes fiéis católicos forambeatificados por João Paulo II, noVaticano, a 5 de março de 2000,que os apresentou como “asprimíciasdo trabalho

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missionário, os protomártires doBrasil”.No local do massacre foi erguido o‘Monumento dos Mártires’.A data e local para a canonizaçãoforam anunciadas após umConsistório

Público, reunião formal do Papa comcardeais, no Palácio Apostólico doVaticano.Além dos mártires do Brasil, vão sercanonizados a 15 de outubro, noVaticano, três jovens mártiresmexicanos (Cristóforo, António eJoão), o padre espanhol FaustinoMíguez e o religioso capuchinhoAngelo de Acri, italiano.

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Os Santos de PortugalOs futuros santos Francisco eJacinta Marto vão juntar o seu nomea uma lista que começa antes doinício da nacionalidade portuguesa.Antes de 1143, há registo de váriosSantos (nalguns casos figuras comhistória pouco documentada) quedemonstram a implantação que,desde bem cedo, o catolicismo teveem Portugal, como São Manços(primeiro Bispo de Évora, séc. I),São Vítor de Braga (mártir do séc.I), São Dâmaso (Papa do séc. IVque alguns afirmam ter nascido emGuimarães), São Sisenando(Diácono e mártir do séc. IX, nascidoem Beja), São Rosendo (Bispo doséc. X, nascido em Santo Tirso) ouSanta Senhorinha (beneditina doséc. X, de Vieira do Minho).Desta fase há a destacar a vida eobra de três bispos de Braga, osSantos Martinho de Dume, Frutuosoe Geraldo.Após a independência, contam-seentre os fiéis canonizados pelaIgreja Católica estão várias figurasde Portugal: São Teotónio,Santo António de Lisboa, a rainhaSanta

Isabel, Santa Beatriz da Silva, SãoJoão de Deus, São Gonçalo Garcia,São João de Brito e D. Nuno ÁlvaresPereira- São Nuno de Santa Maria,o santo condestável.A última canonização de uma figuraportuguesa da Igreja Católica tinhaacontecido a 14 de janeiro de 2015,quando o Papa Franciscoproclamou como santo o padre JoséVaz (1651-1711), nascido em Goa,então território português.Outros santos católicos estãoligados à história de Portugal, aindaque não tenham nascido no país: a16 de Janeiro de 1220 morreramdegolados em Marrocos osfranciscanos italianos Vital, Berardo,Pedro, Acúrsio, Adjuto e Otão, maistarde denominados como SantosMártires de Marrocos, com festalitúrgica a 16 de janeiro; os seusrestos mortais foram enviados paraPortugal pelo infante D. Pedro.São Lourenço de Brindes,capuchinho italiano que morreu a 22de julho de 1619, em Lisboa, foicanonizado por Leão XIII em 1881 e,em 1959, foi proclamado Doutor daIgreja pelo Papa João XXIII.

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Francisco. O Papa do povo Lisboa e Porto receberam esta quarta-feira a

antestreia do filme ‘Francisco. O Papa do povo’,dirigido pelo italiano Daniele Luchetti, que descreve avida de Jorge Mario Bergoglio desde a juventude aodia da sua eleição pontifícia.O filme conta a história do filho de imigrantes italianosna Argentina desde a vocação religioso, surgidadurante os anos da ditadura militar, passando pelotrabalho pastoral nas periferias de Buenos Aires, atése tornar Papa.Daniele Luchetti disse hoje à Agência ECCLESIA queno início do projeto não sabia "nada" sobre a vida doPapa na Argentina, o que o levou ao país sul-americano para ouvir testemunhos e construir uma"narração" que lhe pareceu coerente e realista, arespeito dos vários eventos relatados.O realizador disse que as palavras do Papa o tocaramcom "muita força", tendo por isso aceitado o desafiode

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ouvir "muitíssimas pessoas" queconheciam Jorge Mario Bergoglio eo seu percurso de"amadurecimento", resultando numfilme de investigação que procurafalar a todos os públicos.Luchetti ouviu também críticos doatual Papa, "antes, durante edepois" da realização do filme, masdecidiu incluir aquilo que acreditava"ser verdadeiro", credível, apósouvir as partes envolvidas nosvários episódios.Produzido pela TaoDue e distribuídopela Medusa, a película evocatambém o dia 13 de março de 2013,em que o então cardeal de BuenosAires foi eleito como sucessor deBento XVI e assumiu o nome deFrancisco.O filme foi rodado na Argentina,Alemanha e Itália ao longo de 15semanas; o ator argentino RodrigoDe la Serna e o chileno SergioHernandez de Glória dão vida àpersonagem do atual Papa.A obra é baseada no best-seller‘Francisco, o Papa do Povo’, deEvangelina Himitian, jornalista deBuenos Aires.‘Francisco, Papa do povo’ estreiaem Portugal a 4 de maio e recorda operíodo da ditadura militar quegovernou a Argentina de 1976

a 1983, num processo de raptos emortes de dezenas de pessoas, queficou conhecido como ‘o drama dosdesaparecidos’.O filme retrata o papel do atualPapa durante a ditadura naArgentina, ao salvar muitosperseguidos pelos militares, duranteos chamados ‘anos de chumbo’A Agência ECCLESIA apoiou aantestreia do filme em Portugal, queacontece às 21h30 noNorteShopping (Porto) e no Vascoda Gama (Lisboa).

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Fátima Global

A obra «Fátima – Lugar sagradoglobal» da autoria de José EduardoFranco e Bruno Cardoso Reis foi

apresentado em Lisboa peloshistoriadores José Barreto e AntónioMatos Ferreira, o antropólogo João

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Vasconcelos e o jornalista JoaquimFranco. A obra tem a chancela doCírculo de Leitores, refere uma notaenviada à Agência ECCLESIA.“Passados 100 anos sobre asaparições de Fátima na Cova deSanta Iria, pode-se talvez,finalmente, questionar o fenómeno eperguntar pela origem dospastorinhos, voltar a ler os seustestemunhos, os contornos dosinterrogatórios, a forma como aIgreja integrou o fenómeno de fé,como se afirma hoje Fátima como

um dos grandes santuáriosmarianos”, realça o comunicado.Os autores dirigem-se aos quedefendem que em Fátima "nada hápara analisar, mas sim paradenunciar, pois ter-se-ia tratado deum embuste clerical". "Esta não éuma obra apologética, mas tambémnão é um libelo acusatório. Procuraperceber Fátima, e inclusive odiscurso contra Fátima, em toda asua complexidade", referem.

O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, vaiapresentar, esta segunda-feira, 24 de abril, a obra «Papa Francisco - Arevolução imparável» dos jornalistas António Marujo e Joaquim Franco. Asessão de apresentação deste livro com a chancela da «Manuscrito»realiza-se às 18:00, na igreja dos Dominicanos (Convento de SãoDomingos, Rua João de Freitas Branco, 12), em Lisboa.“Um pensador em ato à escuta do mundo”, “Um nome, um programa”,“Um Papa da misericórdia”, “Um pároco da aldeia global”, “Família, umachave da mudança”, “Uma política de justiça e misericórdia”, “Um Papado Sul a falar para o Norte”, “Um par de sapatos contra o suicídiocoletivo”, “'Rezar uns pelos outros' e 'fazer coisas juntos'” e “Uma reformaque não dará descanso” são os temas dos que os jornalistas abordamna obra «Papa Francisco - A revolução imparável».

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II Concílio do Vaticano: Os pedidosdo cardeal Bea aos peregrinos deFátima

A Peregrinação Internacional Aniversária de maio (12e 13) de 1964 foi presidida pelo cardeal alemãoAgostinho Bea (Riedböhringen, 28 de maio de 1881— Roma, 16 de novembro de 1968), pioneiro doecumenismo e do diálogo entre Judaísmo eCatolicismo. A peregrinação, que contou com cerca de500 mil pessoas, teve várias intenções: “Agradecer aDeus o êxito da peregrinação de Paulo VI à TerraSanta; Pedir a união dos cristãos e o pleno êxito do IIConcílio do Vaticano; Pedir a santificação das famílias,o aumento das vocações e a paz no mundo e,particularmente, no ultramar português”.Na sua alocução do pontifical de 13 de maio, opresidente do Secretariado para a União dos Cristãoscentrou-se na “segunda destas intenções” e foitambém a ela que o Papa Paulo VI “fez referência notelegrama enviado”, (In: Boletim de InformaçãoPastoral (BIP), Ano VI – 1964 – Maio-Junho – nº 31;página 32). O cardeal Bea foi um dos pilares do IIConcílio do Vaticano e, nas celebrações do centenáriodo seu nascimento, o Papa (canonizadorecentemente) João Paulo II realça que “trêsdocumentos” foram especialmente caros ao CardealBea e “não cessaram de inspirar numerosas iniciativasda Igreja”, graças à intervenção do Secretariado paraa Unidade dos Cristãos e de outros organismos daSanta Sé: “decreto sobre o ecumenismo, dadeclaração «Nostra aetate» sobre as relações daIgreja com as religiões não cristãs — a começar pelojudaísmo —, e da declaração sobre a liberdadereligiosa”.

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Os Papas Pio XII, João XXIII e PauloVI apreciaram os seus “serviçosqualificados” e manifestaram-lhe –“cada um à sua maneira” – umaconfiança profunda. “Baste citar ofacto de ter sido chamado aocardinalato e ter sido nomeadoprimeiro presidente do novoSecretariado para a Unidade dosCristãos”, disse o Papa polaco.Durante a sua estadia em Portugal,o cardeal alemão ficou no Semináriodos Olivais (Lisboa), foi recebidopelos

chefes de Estado e do governo evisitou, no Carmelo de Coimbra, aIrmã Lúcia, sendo aindahomenageado em várias receções.Na manhã do dia 12 de maio de1964, o bispo de Leiria presidiu àcerimónia da bênção e inauguraçãodo Calvário Húngaro em quetomaram parte numerososperegrinos. O Calvário, com acapela de Santo Estêvão e as 14estações da Via Sacra, obra deartistas portugueses e húngaros, foioferecido pelos católicos húngarosexilados.

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Abril 201721 abril*Lisboa – Mafra - A AssociaçãoCristã de Empresários e Gestores(ACEGE) promove uma ação deformação em «Marketing,Comunicação e Pastoral» para asorganizações religiosas. *Porto – UCP - Sessão do ciclosobre religião e economia noProjeto «Palavras no Tempo» *Guarda - Seia (Igreja de SãoMartinho) - Conferência sobre«Visitados pela Senhora de Fátima»por Paulo Rocha e integrada nasJornadas do Conhecimento. *Mirandela - salão nobre da CâmaraMunicipal - A teóloga Isabel Varandavai proferir, uma conferência, emMirandela, salão nobre da CâmaraMunicipal, sobre «De Eva a Maria /A Mulher, pastora da vida eportadora da esperança». *Lamego - Auditório do CentroSocial e Paroquial de Almacave -Conferência «Onde está Deus?»promovido pelo «Grupo AlmacaveJovem»

*Aveiro - São Jacinto - O EncontroNacional do Ensino Secundáriodirigido aos alunos de EducaçãoMoral e Religiosa Católica (EMRC)realiza-se em São Jacinto, Aveiro,dias 21 e 22 de abril, e tem comotema «[Re]Liga-te!» 22 de abril*Fátima – Auditório da Casa de SãoNuno - Encontro nacional dedocentes e investigadores com otema «Fé e Cultura: O que seespera de um professor cristão naUniversidade?» *Lisboa - A Real Irmandade deSanta Cruz e Passos da Graça, emconjunto com a Paróquia de NossaSenhora de Fátima e a Paróquia deNossa Senhora dos Navegantespromovem uma peregrinaçãoinaugural dos caminhos de Fátima. *Loulé - Igreja de São Francisco -Concerto de música clássica paracomemorar o centenário dasaparições da Cova da Iria *Itália - Roma (Basílica de SãoBartolomeu) – o Papa Franciscoreza pelos «novos mártires» dosséculos XX e XXI

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*Lisboa - Queijas (Congregação dasIrmãs Franciscanas Hospitaleiras daImaculada Conceição) - O Setor daPastoral da Família do Patriarcadode Lisboa promove retiro paranamorados com o tema «Dá erecebe, e alegra a tua vida» (22 e23) 23 abril*Lisboa - Parque Florestal deMonsanto - D. Manuel Clementecelebra, este domingo, a eucaristiacom “mais de 4.000 escuteiros daRegião de Lisboa” nascomemorações do dia de São Jorge. *Lisboa - Igreja de Arroios - Missade Páscoa com as comunidades derito oriental com D. Nuno Brás *Fátima - Basílica de Nossa Senhorado Rosário - O Santuário de Fátimaacolhe um concerto de Páscoa, quevai ter como protagonistas aEscolania de Monserrat, às 15h30de 23 de abril, na Basílica de NossaSenhora do Rosário de Fátima. *Lagos - Igreja de Santa Maria -Concerto de música clássica paracomemorar o centenário dasaparições da Cova da Iria

24 de ?abril*Fátima - Reunião dos bispos daProvíncia Eclesiástica de Lisboa *Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores - Conferência deimprensa da ultreia mundial doMovimento dos Cursos deCristandade *Lisboa - Convento de SãoDomingos - O Presidente daRepública Portuguesa, MarceloRebelo de Sousa, vai apresentar,esta segunda-feira, 24 de abril, aobra «Papa Francisco - A revoluçãoimparável» dos jornalistas AntónioMarujo e Joaquim Franco. *Porto - Centro Paroquial deMeixomil - Sessão do ciclo «AAlegria do Amor no Cinema» *Fátima - Casa das Dores -Assembleia plenária da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (24 a 27)

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- O Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro,acolhe esta sexta-feira (21 de abril) às 21h30, aexibição do filme “Que mal fiz eu a Deus?”, dorealizador francês Philippe de Chauveron, umacomédia centrada em temas como a família, opreconceito e as expetativas sociais. O evento éorganizado pelas Equipas de Nossa Senhora, emparceria com o Seminário de Santa Joana Princesa. - A igreja de São Roque, em Lisboa, vai ser palco estesábado (22 de abril), a partir das 19h00, da peça‘Paiaçu ou Pai Grande’, uma encenação teatral detextos do Padre António Vieira (1608 – 1697), cominterpretação de João Grosso e F. Pedro Oliveira edramatização de Miguel Abreu. - No domingo (23 de abril), vai ter lugar no Santuáriode Fátima um concerto de Páscoa, a partir das 15h30na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, com aEscolania de Monserrat, uma das mais antigas escolasde música sacra da Europa, proveniente daCatalunha, Espanha. - O claustro do Convento da Madre de Deus daVerderena, no Barreiro, vai ter aberta ao público apartir desta segunda-feira (24 de abril) a exposição‘Do 25 de abril ao 1.º de maio’, uma iniciativa dacâmara municipal local.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 23 de abril,13h30 - Santidade de doispastorinhos: Francisco eJacinta Marto canonizados no dia 13 de maio, emFátima Segunda-feira, dia 23, 15h00 - Entrevista a António Marujo e aJoaquim Franco sobre o PapaFrancisco. Terça-feira, dia 25 15h00 - Informação e entrevista aMaria do Rosário Carneiro sobre o desenvolvimento ea paz. Quarta-feira, dia 26, 15h00 - Informação e entrevistaa João Canijo, sobre o filme "Fátima Quinta-feira, dia 27, 15h00 - Informação e entrevistaa José Ferreira Gomes sobre o ciclo de conferênciassobre A "Reforma aos 500 anos". Sexta-feira, dia 21, 15h00 - Entrevista. Análise àliturgia de domingo por frei José Nunes e o padre NélioPita Antena 1Domingo, 23 de abril - Santidade dos Pastorinhos Segunda a Sexta-feira, 24 a 28 de abril – Vidascom sinais de ressurreição.

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Ano A – 2.º Domingo da Páscoa Comunidadescom coraçãomisericordioso

Se cada um tivesse a fotografia da comunidade cristãda sua paróquia, que imagens, que traços apareciam?E se fosse em vídeo, que caminhos, que passospercorridos?Reparemos na fotografia da comunidade cristã deJerusalém, tal como aparece na liturgia da Palavradeste segundo domingo da Páscoa: uma comunidadede irmãos, que vive em comunhão fraterna; umacomunidade assídua ao ensino dos apóstolos; umacomunidade que celebra liturgicamente a sua fé; umacomunidade que partilha os bens; uma comunidadeque dá testemunho.Trata-se de uma descrição da comunidade ideal, quepretende servir de modelo à Igreja universal e àsigrejas locais. Pensa na tua comunidade cristã eprocura ver se é uma comunidade à maneira dacomunidade de Jerusalém, nestes cinco elementos.A tua comunidade cristã é uma comunidade de irmãosque vivem no amor, ou é um grupo de pessoasisoladas, em que cada um procura defender os seusinteresses, mesmo que para isso tenha de magoar osoutros?Como comunidade assídua ao ensino dos apóstolos, atua comunidade cristã é uma comunidade que seconstrói à volta da Palavra de Deus, que escuta e quepartilha essa Palavra?A tua comunidade cristã é uma comunidade quecelebra liturgicamente a sua fé? A celebraçãoeucarística é um rito aborrecido, a que se assiste porobrigação, ou é uma verdadeira experiência deencontro com o Jesus do amor e do dom da vida, umaexperiência de amor partilhado com os irmãos de fé?

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A tua comunidade cristã é umacomunidade de partilha do amor, doserviço, do dom da vida, umacomunidade que dá testemunho?Deixa-te também iluminar peloEvangelho de hoje, pelo Cristo vivoque ressuscita em ti, que é paz parati, pelas atitudes de Tomé tantasvezes semelhantes às tuas, eretoma o caminho sempre novo dafé e da vida nova.Hoje é também o Domingo daMisericórdia de Deus. Como nos dizo Papa Francisco, «a Igreja deveser o lugar da misericórdia gratuita,onde todos possam sentir-seacolhidos, amados, perdoados eanimados a viverem segundo oEvangelho».Os nossos contemporâneos sofrem

ao verem imagens de violência emorte, atitudes de ódio e vingança.Têm necessidade de palavras egestos de paz e reconciliação, deternura e perdão, de fidelidade econfiança, de amor e misericórdia.Não nos podemos contentar emrezar ao nosso Deus“misericordioso, lento na cólera,cheio de fidelidade e lealdade”.Procuremos perdoar, ter um olhar euma escuta de bondade sobre osoutros, refrear os nossos impulsosde cólera, ser fiéis aos nossoscompromissos e leais nas nossaspalavras e nos nossos atos, enfim,ser pessoas com coraçãomisericordioso.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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O itinerário devocionaldos Pastorinhos de Fátima

Em fevereiro de 2016, a Basílica deNossa Senhora do Rosário deFátima reabria ao público, depois deobras que permitiram criar um“itinerário devocional” junto aostúmulos dos Pastorinhos de Fátima.“Queremos propor a todos osperegrinos que queiram aceder aostúmulos um itinerário devocional queos

conduza aos túmulos e criarcondições nas capelas tumularespara que eles rezem”, referiu opadre Carlos Cabecinhas ementrevista à Agência ECCLESIA.Quem ia à Basílica de NossaSenhora do Rosário de Fátima eprocurava rezar junto dos túmulosde Francisco, Jacinta e Lúcia,rezava até então

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contra o espaço, tinha de rezarlateralizado em relação às própriascapelas tumulares. Com as obras,as capelas tumulares foramadequadas à oração dos fiéis.A sagração da Basílica de NossaSenhora do Rosário de Fátima datade 7 de outubro de 1953, e oprojeto foi concebido pelo arquitetoGerard Van Kriechen e continuadopelo arquiteto João Antunes. Aprimeira basílica do Santuáriomariano da Cova da Iria recebeueste título do Papa Pio XII, no breve“Luce Superna”, de 11 de novembrode 1954.Com 70,5 metros de comprimento e37 de largura a basílica foiconstruído “inteiramente” com“pedra da região e os altares são demármore” de Estremoz, de PeroPinheiro e de Fátima.No braço esquerdo do transeptoencontra-se a capela em que,desde 1

de maio de 1951, repousam osrestos mortais da Beata Jacinta, quemorreu no dia 20 de fevereiro de1920, e os da Irmã Lúcia, quefaleceu em 13 de fevereiro de 2005e para ali foi trasladada no dia 19 defevereiro do ano seguinte.A imagem de Jacinta que aí seencontra é da autoria de ClaraMenéres e foi benzida por JoãoPaulo II no dia 13 de maio de 2000.No lado direito do transepto está acapela onde estão depositados,desde 13 de março de 1952, osrestos mortais do Beato Francisco,falecido em 4 de abril de 1919. Aimagem de Francisco é do escultorJosé Rodrigues e foi benzidatambém por João Paulo II em 13 demaio de 2000. Graça Costa Cabral(1938-2016) é autora das esculturasdos Beatos Francisco e JacintaMarto, no recinto de oração, alicolocadas em 2003.

O filme ‘Jacinta - O Milagre de Fátima visto pelos olhos de uma criança,atualmente nos cinemas portugueses, com realização de Jorge Paixão daCosta, retrata “a incrível história de Jacinta, a mais nova vidente dasaparições de Fátima”.Nesta produção “a dimensão teológica do fenómeno das aparições éultrapassado pela dimensão humana de uma criança tocada pelotranscendente”. O telespetador é transportado “numa fantástica viagemno tempo, descobrindo Portugal no início do século XX e testemunhandoa forma como a pequena Jacinta vai tocando todos aqueles que arodeiam”, acrescenta.Dalila Carmo, Paula Lobo Antunes, Rita Salema e António Pedro Cerdeirasão alguns dos atores que participam neste filme.

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Santuário reforça acolhimentoa Peregrinos a pé

O Santuário de Fátima vai reforçareste ano o apoio aos “milhares deperegrinos” que se deslocam a pé àCova da Iria por altura dasperegrinações aniversárias (maio aoutubro). A instituição prevê que onúmero “deve aumentarsubstancialmente” este ano, por setratar do Centenário das Aparições,

“sobretudo a 12 e 13 de maio, coma presença do Papa Francisco”.“Prevendo um afluxo de peregrinosa pé substancialmente superior (em2016 foram assinalados 20 milperegrinos), o Movimento daMensagem de Fátima (MMF) e asrestantes entidades envolvidasnesta área reforçaram a presença,em

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termos de postos e de voluntários”,assinala uma nota divulgada napágina oficial da visita do Papa aFátima.O MMF tem a seu cargo acoordenação de assistência aosperegrinos a pé a Fátima nasperegrinações aniversárias, emcolaboração com a Ordem de Malta,a Cruz Vermelha, os Bombeiros, osEscuteiros e a Associação dosServitas de Nossa Senhora, onde épossível encontrar médicos,enfermeiros e outros voluntários.“No total, poderão ser 200 mil osperegrinos a pé, ou seja, umnúmero quatro vezes superior aoque se registou em 2016”, assinalaa nota.Uma das novidades para este ano éa assistência espiritual em todos os70 postos de atendimento aosperegrinos geridos pelo MMF,distribuídos

pelo país, mas com maior incidênciano norte. Para poder acudir aonúmero elevado de peregrinos, foitambém reforçado o número de profissionaisde saúde, médicos, enfermeiros eoutros, totalizando agora 1500voluntários.Entre outros locais, vai ser possívelencontrar postos de assistência aosperegrinos em Pinheiro deBemposta, Albergaria-a-Velha,Malaposta, Sabugosa, Santa Luzia,Pedrulha, Almaça, Condeixa,Pombal, Barracão, Caranguejeira,Santa Catarina da Serra, VendasNovas, Coruche, Almeirim, Pernes,Alcanena, Alcanhões, Riachos,Torres Novas, Minde, Mira, Figueirada Foz, Leiria e Aljubarrota.

O Departamento de Filatelia e Numismática do Vaticano vai emitir um selocomemorativa pelos 100 anos das aparições de Nossa Senhora emFátima, que vai entrar em circulação a 4 de maio. A Rádio Vaticanoinforma que o selo, com uma “abordagem bastante clássica”, vai ter umvalor de 2 euros e 55 cêntimos.

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África: Histórias inspiradoras num continente emlágrimas

Sorrisos de DeusÁfrica é um continente ferido, ondemilhões de pessoas sofrem porcausa da violência, do terrorismo,da pobreza extrema, das doenças.África é também o continente ondea Igreja regista o maior número devocações. Parece contraditório? AIrmã Felicita dá a resposta. Assimcomo a Irmã Goretti, a Irmã Mary, aIrmã Colum…África é um continente ferido, ondemilhões de pessoas estão emlágrimas, precisam de ajuda. Nopreciso instante, há milhares depessoas, de homens, mulheres ecrianças que não têm nada paracomer, que estão amedrontados,que foram forçados a fugir de suascasas, a abandonar tudo o quetinham para salvarem as própriasvidas. No entanto, a pobreza maisextrema não impede manifestaçõesda mais genuína solidariedade, comcada vez mais pessoas aentregarem as suas vidas a Deus,oferecendo-se ao serviço dos maisnecessitados da comunidade comuma alegria contagiante. É o casoda Irmã Felicita. Em Juba, no Sudãodo Sul, quase todos conhecem aIrmã Felicita Humwara. Ela pertenceà congregação do Sagrado Coraçãode Jesus.

A vida por ali não é fácil. Por causada guerra, os preços aumentaram etodos ficaram ainda mais pobres.“Há pessoas que vivempraticamente com uma refeição pordia. A vida em Juba é dura e difícil.”Apesar dos poucos recursosdisponíveis, estas irmãsdesenvolvem um trabalhoextraordinário junto das populaçõesmais carenciadas. Por ali acontecemtodos os dias verdadeiros milagresde entreajuda. “A clínica é umespaço simples que a nossacongregação criou para podermosajudar os pobres das redondezas”,explica a Irmã Felicita, embrulhandoas palavras num largo sorriso. Umsorriso que cresce ainda maisquando recorda o dia em quedecidiu que queria seguir a vidareligiosa. “Quando conheci as irmãsainda estava no terceiro ano. Foi emTorit, em 1984, quando inaugurarama catedral e muitas irmãs vieramnessa altura. Vi os seus hábitosbrancos, que eram tão bonitos, tãobonitos… Então, aproximei-me deuma delas e disse: “Gostava de serirmã. Também posso ser irmã?”

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Violência e misériaA Irmã Maria Goretti junta todos osdias os seus pequenos alunos paramais uma aula. Ela sabe que o seutrabalho é essencial mas muitasvezes parece quase inglório.Também ela está no Sudão do Sul,numa zona mergulhada na maisprofunda instabilidade. “Quasetodas as noites há armas quedisparam por aqui...” Todos têmmedo. As irmãs, os pais, ascrianças. “Esta luta pelo poder estáa destruir o futuro. As crianças têmmedo do que irá acontecer”, explica.Tal como ela, também a Irmã MaryColum está apostada na educaçãocomo instrumento no combate àviolência e à miséria. Mary ColumTarawali está na Serra Leoa.“Quando as irmãs chegaram a estazona, em 1960, as meninas nãopodiam ir à escola. Então as irmãstentaram mudar isso. Não foi fácil.”E que fizeram? Andaram de casa emcasa

e falaram com os pais,explicando que era muito importanteque as suas filhas fossem à escola,que iriam ver os benefícios e queregião se iria desenvolver. Hoje,mais de 3 mil raparigas frequentamas aulas. Aprendem a ler e aescrever. Aprendem jardinagem, costura,cosmética, administração deempresas e informática. E acozinhar. E hoje, muitas dessasmeninas fazem também a mesmapergunta que Felicita Humwara:“Também posso ser irmã?” Felicita,Goretti e Colum são exemplo deirmãs apoiadas diretamentepela Fundação AIS. Elas simbolizam,na sua generosidade, o melhor quea Igreja pode oferecer. Numcontinente onde milhões de pessoasestão em lágrimas, elas levam,todos os dias, o sorriso de Deus aosmais necessitados. E fazem-notambém graças a si, graças aosbenfeitores da Fundação AIS.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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O Pastor e os Pastorinhos

Tony Neves Espiritano

Foi há cem anos, naquela pobre e abandonada‘Cova da Iria’, que Nossa Senhora veio dizer atrês crianças que a paz resulta de vidas dignas ededicadas aos outros. Em tempo de I GrandeGuerra Mundial, Maria veio dizer ao mundo queera urgente mudar a vida, pôr o coração a baterao ritmo do coração de Deus, ser mais solidário efraterno com os pequeninos e os pobres.Cem anos depois, Roma dá a notícia ao mundode que a Jacinta e o Francisco são santosreconhecidos pela Igreja. D. Manuel Clementedisse que ‘o reconhecimento do milagre é umgrande sinal que Deus nos dá’. O Presidente daRepública referiu que ‘ a canonização dospastorinhos é motivo de júbilo para Portugal’.Estes pastorinhos são, na longa história daIgreja, as primeiras crianças a ser canonizadas. Épara nós, portugueses, uma honra e umaresponsabilidade.Vem aí o Papa Francisco, depois de Paulo VI,João Paulo II e Bento XVI. Fátima tem lugar cativonas agendas dos Papas quando há algo deimportante a celebrar. Mesmo limitado de saúdee com regras mais claras para a escolha dassuas viagens apostólicas, Francisco nempestanejou diante do convite para participar nocentenário.Cem anos de Fátima e visita do tão mediático eapreciado Papa Francisco são argumentossuficientes para o país estar em ebulição. Nuncase escreveu tanto sobre Fátima. São rodadosfilmes, feitas reportagens sem conta. Aespeculação nos preços da hotelaria éescandalosa. A 12 de Maio, todos os caminhosde Portugal irão dar a Fátima.

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Os media do mundo inteiro terãoapontados à Cova da Iria as suascâmaras e microfones. Será umtempo de graça para que aMensagem de Nossa Senhorapossa ecoar nos ouvidos e tocarnos corações de milhões depessoas por esse mundo além.Fátima é um local, uma mensagemincontornável. Vemos, ouvimos elemos e ninguém pode ignorar oimpacto de Fátima em Portugal e nomundo. Há quem ame e quempareça odiar, mas ninguém ficaindiferente. A mediatizaçãoextraordinária deste evento temdado voz a pessoas que falam deFátima com palavras que nãoseriam esperadas, saídas da bocade quem saem. Parece evidenteque Fátima não é umacontecimento

de há cem anos, mas umamensagem que mantém força eactualidade, transformando a vida amuitos peregrinos.Sim, Fátima é ponto de chegada ede partida de milhões de peregrinos.Ali chegam de carro, autocarro, debicicleta ou a pé. Uns vão sós,outros em família ou em grupo.Pouco importa. Mas o caminho foitempo de reflexão e de luta interior.Muitos são os que chegam aosantuário com vontade de mudar asua vida. O dia seguinte a Fátimapode ser muito diferente daquele diaem que decidiram rumar aosantuário. E esta também é umaimagem de marca das propostasreligiosas dos tempos que corremna nossa Europa.Bem vindo Papa Francisco.

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