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1 Boletim 1030/2016 – Ano VIII – 27/07/2016 Oposição e base reagem contra as reformas trabalhista e previdenciária Primeiro teste do governo às mudanças da Previdência e das leis do trabalho será aprovar 'MP da Morte', que criou bônus aos peritos para reavaliar aposentadoria por invalidez e auxílio-doença Brasília - Oposição e integrantes da base aliada do governo interino planejam uma série de ações para reagir contra as reformas previdenciária e trabalhista a serem enviadas ao Congresso Nacional até o final deste ano. O primeiro desafio do governo para emplacar essas propostas será aprovar a Medida Provisória 739, apelidada de "MP da Morte", que revê auxílio-doença e aposentadoria por invalidez com mais de dois anos. Em agosto, a Comissão de Direitos Humanos do Senado começa em São Paulo uma série de mais dez audiências pelo País para debater projetos que afetam direitos dos trabalhadores. As investidas dos parlamentares contra as reformas fazem eco às manifestações das principais centrais sindicais do País. Ontem, em São Paulo, as entidades aprovaram documento contrário às propostas do governo do presidente interino, Michel Temer. "Essa medida provisória é uma supressão total de direitos dos trabalhadores", afirmou ao DCI o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), cuja legenda integra a base governista. O petebista é um dos copresidentes da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social, lançada em maio passado. Uma das reivindicações do grupo é a recriação do Ministério da Previdência. "Eu não sou governista. Meu partido é que é da ala do governo", posicionou-se Faria de Sá, em resposta a uma pergunta sobre o apoio dado ao governo Temer com a votação a favor da abertura do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. "Votei a favor do impeachment para salvar o País. Agora vou votar contra a reforma da Previdência para salvar os aposentados", justificou. Com a MP 739, o governo quer, a partir de agosto, rever 840 mil auxílios-doença e três milhões de aposentadorias por invalidez. Para isso, os peritos do Instituto Nacional de Serviço Social (INSS) farão mutirão aos sábados e poderão usar a primeira e a última hora do expediente para as reavaliações. O pagamento poderá ser mantido pelo governo até 2018, enquanto houver benefícios na fila para analisar.

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Boletim 1030/2016 – Ano VIII – 27/07/2016

Oposição e base reagem contra as reformas trabalhis ta e previdenciária Primeiro teste do governo às mudanças da Previdênci a e das leis do trabalho será aprovar 'MP da Morte', que criou bônus aos peritos para reavaliar aposentadoria por invalidez e auxílio-doença Brasília - Oposição e integrantes da base aliada do governo interino planejam uma série de ações para reagir contra as reformas previdenciária e trabalhista a serem enviadas ao Congresso Nacional até o final deste ano. O primeiro desafio do governo para emplacar essas propostas será aprovar a Medida Provisória 739, apelidada de "MP da Morte", que revê auxílio-doença e aposentadoria por invalidez com mais de dois anos.

Em agosto, a Comissão de Direitos Humanos do Senado começa em São Paulo uma série de mais dez audiências pelo País para debater projetos que afetam direitos dos trabalhadores.

As investidas dos parlamentares contra as reformas fazem eco às manifestações das principais centrais sindicais do País. Ontem, em São Paulo, as entidades aprovaram documento contrário às propostas do governo do presidente interino, Michel Temer. "Essa medida provisória é uma supressão total de direitos dos trabalhadores", afirmou ao DCI o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), cuja legenda integra a base governista.

O petebista é um dos copresidentes da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social, lançada em maio passado. Uma das reivindicações do grupo é a recriação do Ministério da Previdência. "Eu não sou governista. Meu partido é que é da ala do governo", posicionou-se Faria de Sá, em resposta a uma pergunta sobre o apoio dado ao governo Temer com a votação a favor da abertura do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. "Votei a favor do impeachment para salvar o País. Agora vou votar contra a reforma da Previdência para salvar os aposentados", justificou.

Com a MP 739, o governo quer, a partir de agosto, rever 840 mil auxílios-doença e três milhões de aposentadorias por invalidez. Para isso, os peritos do Instituto Nacional de Serviço Social (INSS) farão mutirão aos sábados e poderão usar a primeira e a última hora do expediente para as reavaliações. O pagamento poderá ser mantido pelo governo até 2018, enquanto houver benefícios na fila para analisar.

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Com as revisões, o governo espera gerar uma economia de R$ 6,3 bilhões em dois anos.

Bônus e "Jabutizão"

Sá apontou duas graves falhas na MP, editada em 7 de julho passado. Uma cria bônus aos peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no valor de R$ 60 por perícia realizada. É o chamado Bônus Especial de Desempenho Institucional por Perícia Médica em Benefícios por Incapacidade.

A MP também estabelece que o aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que causaram o afastamento ou a aposentadoria.

Além disso, segundo o parlamentar, o contribuinte passará a pagar 12 meses em vez de 4 meses, como carência, para voltar a ter direitos aos benefícios previdenciários. "Isso é um 'jabutizão' que é supressão total de direitos", acrescentou, referindo ao termo 'jabuti' usado no Congresso para a inserção de artigos estranhos ao assunto principal da MP.

Uma das emendas à medida provisória é do senador Paulo Paim (PT-RS), que revoga totalmente a matéria.

Preservação da CLT

Paim preside a Comissão de Direitos Humanos do Senado. Desde junho passado ele está realizando o que chama de cruzada nacional contra projetos que atacam os direitos dos trabalhadores e aposentados.

Entre as propostas destacam-se: a ampliação da terceirização da mão de obra para todas as atividades das empresas, a regulamentação do trabalho escravo e a prevalência do negociado em acordos coletivos sobre a legislação trabalhista. "O único extrato da cadeia produtiva que não pode ser arrochado é o da classe trabalhadora, como já aconteceu em outras ocasiões na história do Brasil", disse Paim, que ontem esteve no município gaúcho de Canoas para discutir as reformas com entidades locais de trabalhadores.

No documento apresentado em São Paulo, as centrais sindicais são contrárias, sobretudo, ao aumento da idade mínima para aposentadoria e ao avanço da lei de terceirização.

A manifestação contou com o apoio do deputado governista Paulinho da Força (SP), parlamentar do Solidariedade e presidente da Força Sindical, e também de representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Abnor Gondim

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Empregado que pede demissão tem direito a PLR O TST restabeleceu sentença que considerou inválida a norma coletiva que excluía o pagamento da parcela a trabalhadores que pedissem rescisão contr atual antes da distribuição dos lucros São Paulo - O empregado que pede demissão antes da data da distribuição dos lucros pela companhia tem direito ao valor proporcional ao tempo de trabalho. Esse foi o entendimento da Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) ao restabelecer uma sentença da primeira instância. Em decisão unânime, o colegiado reconheceu os direitos de dois auxiliares de laboratório que pediram demissão de uma empresa de laticínios de Goiás. Conforme acórdão, eles tiveram reconhecido o direito de receber o pagamento da participação nos lucros e resultados (PLR) do ano de 2014 de forma proporcional. Isso porque, os ministros do TST consideraram inválida a norma coletiva que excluía o pagamento da parcela a empregados que pedissem rescisão contratual antes da data da distribuição dos lucros da empresa.

Em julgamento na 14ª Vara do Trabalho de Goiânia (GO) um dos trabalhadores obteve direito a receber o equivalente a dez meses de trabalho no exercício de 2014, enquanto o outro conseguiu valor proporcional a seis meses .

No entanto, em recurso da empresa, a desembargadora Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque, do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, julgou improcedente o pedido, entendendo que o acordo coletivo, "livremente pactuado pelas partes, através do sindicato da categoria profissional, merece ser respeitado".

Contrariados, os ex-empregados alegaram ao TST que seria devido o pagamento da PLR de forma proporcional aos meses trabalhados, porque efetivamente contribuíram para o resultado positivo da empresa. Conforme material divulgado pela Corte, os trabalhadores argumentaram ainda que o acordo coletivo, ao retirar o direito à PLR do empregado que pedir demissão, ofende o princípio da isonomia, que dispõe sobre o direito de todos os trabalhadores, sem distinção, à participação nos lucros ou resultados da empresa.

Nesse sentido, ministro Antonio José de Barros Levenhagen, relator do recurso ao TST, avaliou que o produto do trabalho de todos os empregados associa-se aos lucros obtidos pela empresa no período estipulado. "Uns de forma integral, visto que emprestaram sua força de trabalho durante todo o período, e outros de forma proporcional aos meses trabalhados, como é o caso dos autores da ação", ressaltou.

Para Levenhagen, a interpretação restritiva feita pelo TRT de Goiás, é incompatível com os princípios da igualdade e da isonomia (artigos 5º, caput, e 7º, inciso XXX, da Constituição da República) por configurar tratamento discriminatório entre empregados

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que contribuíram para o desempenho operacional de financeiro da empresa contratante. "Não compartilho do entendimento de que contraria o senso de Justiça a cláusula coletiva que exclui empregado da PLR da empresa quando houver pedido de demissão".

O ministro frisou ainda que esse é o posicionamento consolidado na Súmula 451 do TST, que trata da PLR. Citando diversos precedentes nesse sentido, o ministro concluiu pelo direito ao pagamento da PLR de 2014 de forma proporcional aos trabalhadores. "Entendo que o que foi livremente pactuado pelas partes, através do sindicato da categoria profissional, em Acordo Coletivo de Trabalho, merece ser respeitado", concluiu o relator.

Vanessa Stecanella

Justiça suspende demissões - A Justiça do Trabalho decidiu suspender demissões de trabalhadores que seriam realizadas em frigorífico da JBS em Presidente Epitácio, no inter ior de São Paulo. A juíza Andreia Nogueira Rossilho de Lima, da Vara do Trabalho de Presidente Venceslau (SP), decidiu que a empresa não pode prosseguir com as demissões de cerca de 800 trabalhadores até esclarecer em negociação coletiva com representantes sindicais e do Ministério Público do Trabalho os critérios usados para as dispensas, informou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª região. "A JBS informa que foi notificada e cumprirá a decisão judicial, com a suspensão temporária das rescisões de contrato de trabalho alusivas à unidade de Presidente Epitácio [SP]", afirmou a companhia. A empresa decidiu fechar o frigorífico em meados de junho, após mudanças no regime tributário do Estado, que segundo o presidente da JBS Carnes, Renato Costas, inviabilizou a operação da unidade. Além da unidade em Presidente Epitácio, a JBS tem mais quatro plantas em São Paulo.

A juíza determinou a inclusão do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Presidente Prudente (SP) como terceiro interessado no processo e marcou audiência de conciliação para 1º de agosto. /Reuters

(FONTE: DCI dia 27/07/2016)

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