8
o PROCESSO DE INSERÇÃO EM PSICOLOGIA COMUNITÁRIA: ultrapassando o nível dos papéis* Rogério da Costa Araújo- RESUMO O ertigo parte do pressuposto de que o conceito de Comunidade é o marco teórico de referência do processo de inserção em Psicologia Comunitária. ProblematÍza o referido processo em duas dimensões princi- pais: uma, epistemologice, onde se discute a questão da apreensão da realidade comunitária e a relação saber científico X saber popular; outra, metodológica, em que se aprecia a multidisciplinaridade que permeie a com- preensão e a prática do processo de inserção bem como as vias de acesso à comunidade - a !nstÍtucional e a Municipal. Afirma, em conclusão, que o processo de inserção tem como objetivos primordiais tomar opsicólogo comunitário significativo para a comunidade, ultrapassando, desse modo, a simples representação de papéis, além de deixar entrever; no seu decorrer; a trilha da intervenção a ser adotada para o desenvolvimento da comunidade e dos sujeitos comunitários. Palavras chave: Psicologia Comunitária, processo de inserção, epistemologie, metodologia. ABSTRACT This erticle is besed on tbe concept ofCommunity as a theoreticel landmark ofreference to the insertion process in Commuriity Psychology.!t approaches tbe process in two mein dimensions: en epistemologica.l one, in which the metter of community reality eprehension and the reletion between scientitic and popular knowledges are discussed; and a methodologíca.l one, ín which both thernukidisciplineruy. which underlies tbe comprehension and the process cfinsertion, and tbe eccess routes to community -lnstltutionsl and Minicipal- are studied. As a conclusion, the srticle stetes thet the paramount purposes of the insertion process are to meke the community psychologist significative to the community, surpessing, therefore, the simple representetion of roles, and to ellow, during its course, the perception ofthe path to the Íntervention to be adopted for the development ofthe community and of the community subjects. Key \%.n:fs: Community Psychology, iasertion process, epistemology. methodology. o Trabalho, em suas reflexões iniciais, apresentado durante o 11Simpósio de Psicologia Comunitária, promovido e realizado pelo Núcleo de Psicologia Comunitária - No/COM - UFC, de 07 a 11 de outubro de 1996, em Fortaleza, Ceará. o. Graduado em psicologia pela UFC, colaborador do No/COM - UFC, membro do Instituto de Estudos, Pesquisas e Promoção do Desenvolvimento Humano e Social - Instituto ParticipAção. Revista de Psicologia, Fortaleza, V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96, jan/dez 1995/96 89

oPROCESSO DE INSERÇÃO EM PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/11107/1/1995_art_rcaraujo.pdf · dominação na comunidade. ... gens,suasdiferenças e estabelece

Embed Size (px)

Citation preview

o PROCESSO DE INSERÇÃO EM PSICOLOGIA COMUNITÁRIA:ultrapassando o nível dos papéis*

Rogério da Costa Araújo-

RESUMO

O ertigo parte do pressuposto de que o conceito de Comunidade é o marco teórico de referência doprocesso de inserção em Psicologia Comunitária. ProblematÍza o referido processo em duas dimensões princi-pais: uma, epistemologice, onde se discute a questão da apreensão da realidade comunitária e a relação sabercientífico X saber popular; outra, metodológica, em que se aprecia a multidisciplinaridade que permeie a com-preensão e a prática do processo de inserção bem como as vias de acesso à comunidade - a !nstÍtucional e aMunicipal. Afirma, em conclusão, que oprocesso de inserção tem como objetivos primordiais tomar opsicólogocomunitário significativo para a comunidade, ultrapassando, desse modo, a simples representação de papéis,além de deixar entrever; no seu decorrer; a trilha da intervenção a ser adotada para o desenvolvimento dacomunidade e dos sujeitos comunitários.

Palavras chave: Psicologia Comunitária, processo de inserção, epistemologie, metodologia.

ABSTRACT

This erticle is besed on tbe concept ofCommunity as a theoreticel landmark ofreference to the insertionprocess in Commuriity Psychology.!t approaches tbe process in two mein dimensions: en epistemologica.l one,in which the metter of community reality eprehension and the reletion between scientitic and popular knowledgesare discussed; and amethodologíca.l one, ín which both thernukidisciplineruy. which underlies tbe comprehensionand the process cfinsertion, and tbe eccess routes to community -lnstltutionsl and Minicipal- are studied. As aconclusion, the srticle stetes thet the paramount purposes of the insertion process are to meke the communitypsychologist significative to the community, surpessing, therefore, the simple representetion of roles, and toellow, during its course, the perception ofthe path to the Íntervention to be adopted for the development ofthecommunity and of the community subjects.

Key \%.n:fs: Community Psychology, iasertion process, epistemology. methodology.

o Trabalho, em suas reflexões iniciais, apresentado durante o 11Simpósio de Psicologia Comunitária, promovido e realizado peloNúcleo de Psicologia Comunitária - No/COM - UFC, de 07 a 11 de outubro de 1996, em Fortaleza, Ceará.

o.Graduado em psicologia pela UFC, colaborador do No/COM - UFC, membro do Instituto de Estudos, Pesquisas e Promoção doDesenvolvimento Humano e Social - Instituto ParticipAção.

Revista de Psicologia, Fortaleza, V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96, jan/dez 1995/96 89

Introdução

Podemos iniciar esta problematização afirmando,por um lado, que a investigação científica que se dá noprocesso de inserção encaminha-se no sentido de apre-ender a vida cotidiana da Comunidade. Em outros ter,mos, falar de vida comunitária, essência do conceito deComunidade, é o mesmo que falar de vida cotidiana daComunidade. A PsicologiaComunitária, especificandoum pouco mais, está interessada na experiência subjeti-va que os moradores têm da vida cotidiana do lugar /comunidade onde moram e ao qual se sentem mais oumenos pertinentes. Esta afirmação tem implicações prá-ticas: I.Não podemos conhecer o cotidiano da cornu-nidade se não participarmos deste cotidiano. 2. Nãopodemos compreender a vida cotidiana comunitária so-mente pelas vias formais, mas pela con-vivência com opovo do lugar / comunidade, com especial atenção aosprocessos interativos e comunicativos. I 3. Não pode,mos reduzir a vida comunitária à vida dos gruposinstitucionalizados. A lógica que perpassa a vida comu-nitária, a ser captada no processo de inserção, aconteceem todos os espaços, não só nos grupais. No entanto,os grupos são um importantíssimo espaço de manejo eintervenção na vida comunitária.

Portanto, o conceito de Comunidade é marcoteórico de referência do processo de inserção em Psi-cologia Comunitária. A Comunidade, em suas nuancesfundamentais, é o contexto primordial a ser transitadopelo psicólogo que se insere satisfatoriamente.

Por outro lado, a abordagem da Psicologia Co-munitária enquanto atividade comunitária, modo deinserção e ação na comunidade, apresenta-se em cin-co etapas básicas: 1. Escolha e entrada na com unida'de; 2. Diagnóstico-Ação: 3. Auto-sustentação: 4. Con-tinuidade e ampliação; e 5. Desligamento Progressivo.Situado propriamente na primeira etapa do trabalhodo psicólogo comunitário, o processo de inserção exerceinfluência sobre todas as etapas posteriores da sua atu-ação, sendo o marco de uma nova relação geradorade autonomia, consciência de si e do mundo e cons-trução de identidades comunitárias. (Cf. GÓIS, 1994)Além disso, podemos afirmar que o processo de inser-

ção estende-se às etapas subsequentes, especialmenteno momento de ampliação, acontecendo concomitantea elas. De outra forma, um processo de inserção inici-almente inviesado dificilmente permitirá alcançar re-sultados satisfatórios, podendo gerar desgastes de di,versas naturezas e permanência do quadro de apatia edominação na comunidade. É justamente por isto quese torna extremamente relevante problernatizá-loepistemológica e metodologicamente.

Problematização Epistemológica: apreensãoda realidade

Na dimensão episternológica, apresenta-se-nosinicialmente a questão da apreensão da realidade davida comunitária. Como é possível ao psicólogo co-munitário apreender uma realidade psicossocial a qualnão pertence, uma "realidade sua por empréstimo",como diria Paulo Freire? Em outras palavras, comocaracterizar satisfatoriamente o lugar / comunidadeonde vai atuar?

Por um lado é necessário compreender que a co-munidade reflete a sociedade onde está inserida comuma dinâmica prôpris. Representa, por isto mesmo,um processo social práprio, um modo de ser peculiar,em suma, um arranjo particular do cotidiano. (GÓIS,1994. Grifos nossos). Por outro lado, a realidade, en-quanto objeto cognoscível, requer um esforço dedesvelamento por parte do sujeito cognoscente. Re-quer também que tal esforço aconteça junto com ou'tros sujeitos, visto que a elaboração crítica do mundo éum processo intersubjetivo. (FREIRE, 1979) Toda acomplexidade da análise do processo de inserção, noque diz respeito à questão levantada, advém justarnen-te destes dois aspectos. Sendo o psicólogo comunitárioum estrangeiro, e portanto, um "exilado", como apre-ender os nexos fundamentais do lugar / comunidadecodificados culturalmente que lhe permitam atuar comprofundidade, sensibilidade e efetividade ?

Podemos relacionar as reflexões acerca da expe-riência do exílio desenvolvidas por Paulo Freire ao temade nossas reflexõesê, o que nos levará a dois caminhos:

I Com efeito, a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pré-cien ca e quase-cientificamente pelos homens esubjetivamente dotada de sentido e coerência. A objetivação ordenada dos objetos dos diversos e:nclaves desta realidade acontecepor meio da linguagem, no curso de interações e comunicações, que são con . - 'pria existência dos homens comuns.A este respeito confira: BERGER E LUCKMANN A Construção Social da Realidade: Tr.ua.do de Sociologia do Conhecimento.Petrópolis: Vozes, 1983.

2 "Todo exilado é confrontado com um dilema. Sua realidade imediata é U::lla f1ea3=:ea esta realidade sob pena de ficar historicamente esquizofrênico. denão faça com que olvide definitivamente a sua realidade anteriVIVendo e aprendendo: experiências do Idac em educação

90

e empréstimo e ele tem que se incorporarCCXlr]:xr.at à nova realidade até um limite que

rz!zes perde a identidade." (FREIRE et a/iihsãense. 1987, loa ed., p. 10.).

Revista de Psicologia, 995/96

no primeiro, o psicólogo comunitário nega suas ori-gens, suas diferenças e estabelece uma relação de "ade-rência" com a nova realidade. Neste caso, torna-seinviável sua "ad-miração" da realidade. Ao invés deinserir-se, há um processo de imersão que prejudica odesvelamento da realidade e sua apreciação crítica.Além disso, a nova roupagem cultural que tenta vestirjamais atingirá a pretensa autenticidade que busca. Per~derá sua caracterização enquanto cientista. No segun-do caminho, o profissional não se permite um rnergu-lho profundo na nova realidade, sobretudo nas suasfacetas estranhas ao seu mundo e, com isto, perrnane-ce na superficialidade. Como muito bem observa RIOS(1987), a comunidade, enquanto objeto a ser conheci-do, possui infinitos aspectos que nenhuma pesquisaconseguirá jamais exaurir. Representa, sob esta ótica,inesgotável fonte de investigação. O caminho da in-serção deve buscar a tênue trilha entre as duas propos-tas apresentadas acima: não deve mergulhar nos dera-lhes infinitosda vida comunitária, esquecendo de ater-seaos nexos fundamentais que lhe permitirão ter umaimagem ativa da sua área de trabalho nem evitar umcontato íntimo e profundo com tal realidade a pontode permanecer na superficialidade. Sem a imagem clarada comunidade em seu espírito, dificilmente nenhumprofissional realizará um trabalho profundo.

Este é o ângulo do profissional. Num outro ân-guio, o processo de inserção deve investigar como aspessoas do lugar percebem sua realidade, isto é, comose dá a apreensão da realidade pelos próprios morado-res.' Portanto, não se trata apenas de perceber as es-truturas e organizações sociais que constituem a co~munidade, mas como as pessoas estão nela inseridas,como estão se construindo e em que direção esta cons-trução aponta, se na direção da emergência do sujeitofrente a uma realidade construída pelos homens ou dasubmissão resignada a uma realidade compacta e imu-tável, alheia à ação humana. Neste ponto podemos en-xertar reflexões advindas de duas importantes teorias doquadro conceptual da Psicologia Comunitária: a Teoriada Atividade, com especial ênfase nos processos de

subjetivação do mundo e objetivação do ser, e a TEdas Representações Sociais, bem como elementosSociologia do Conhecimento.

A importância de analisar esta questão tambémpor este ângulo (o dos moradores) deve-se ao conceinde realidade concreta segundo o entende ldac". En o-ba tanto a noção de realidade objetiva como a percep-ção desta realidade por quem nele vive. É na es-consideração deste fato conceptual que se baseia :>

parte do fracasso das ações sociais realizadas sinstituições sociais seja pelo poder público. Oriemara-seapenas pelos dados da realidade objetiva, coníundmcc-

a com a realidade concreta. Aqui, pelo contráriressa-nos uma aproximação profunda da realidade c:or.•..ereta da comunidade.

É exatamente a teoria da Atividade (LEO1978) que interliga a cooperação e o diálogo,a consciência, a transformação do mundo odo mundo subjetivo dando-se num único processo.convivência que acontece no processo de inserçãopossível conhecer as principais atividades comrias, compreendidas em termos de ações instrurne processos comunicativos. Em cada atividadenitária entra em jogo uma configuração de forçasais e subjetivas, que se distribui em tarefas di . -(cada uma com sua complexidade e sua exigênciatecnológica), posições específicas de poder e relaçõesparticulares acontecendo entre os atores sociais, querefletem o modo de vida mais geral da comunidade.Cada um desses aspectos colabora (ou dificulta) comuma força própria para o processo de construção daidentidade comunitária e pessoal em determinado sen-tido. O contato com as pessoas, durante o processo deinserção, traz à tona também o sistema de representa-ções sociais", que, alimentado pelas relações face àface da vida cotidiana, integra e ordena elementos ide-ológicos, cognitivos, valorativos, informativos eimagéticos numa visão de mundo total, coerente e co-esa, orientadora de atitudes concretas frente aos diver~sos aspectos da vida interpessoal e social. BERGER eLUCKMANN (1983) contribuem de forma crucial para

J Devemos notar que os dois ângulos aqui analisados dizem respeito a uma única questão filosófica, qual seja: como é possívelapreender o real 7 Porém, enveredar por este caminho foge dos objetivos aqui perseguidos.

4 Instituto de Ação Cultural (do qual participam Paulo Freire, Rosiska Darcy de Oliveira, Miguel Darcy de Oliveira, Claudius Ceccon)é um centro de pesquisa e intervenção pedagógica criado em 1970 em Genebra, Suíça, por um grupo de brasileiros que oscaminhos do exílio levaram a se reencontrar. Cf.: FRElRE et a1ii5a1io e Identidade: A trsietáris: de dez anos do Idac IN: FRElRE etalii Op. cito

5 Cf.: BOMFIM, Z. A. C. &- ALMEIDA, S. F. C. Representação Social: conceitueçêo, dimensões e fúnções. IN: Revista de Psicolo-gia, 9 (I/2), 10 (I/2), jan/dez, 1991/2.

91Revista de Psicologia, Fortaleza, V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96, jan/dez 1995/96

a compreensão da sociedade como uma realidade aomesmo tempo objetiva e subjetiva, reconhecida no pro-cesso dialético que comporta três momentos essenci-ais: exteriorização, objetivação e interiorização. Volta,remos a este autor ainda neste texto.

Problematização Epistemológica: sabercientífico x saber popular

Um outro aspecto que entra em jogo no preces-so de inserção, ainda na dimensão epistemolôgica, é ada relação entre saber científico e saber popular. Queatitudes e posturas adotar frente ao povo quando estedeposita no profissional uma expectativa mitologizadade ser ele representante legítimo do Saber-Iodo-Pede-roso? Que fazer o profissional ao deparar-se com co-nhecimentos populares gestados no ventre de tradi-ções religiosas, por exemplo?

Há dois caminhos antagonicamente distintos eingênuos, que devemos evitar ao lidar com esta ques-tão. No primeiro, o cientista assume o mito do saberabsoluto e estabelece uma relação essencialmentedesqualificadora do saber popular. Desrespeita a cultu-ra e as práticas populares em nome da superioridadedo conhecimento e da técnica acadêmicos. Esmaga apossibilidade de qualquer construção de identidadescomunitárias com base na autonomia e no auto-reco-nhecimento dos cidadãos enquanto produtores sociaisde saber. Gera dependência e uma mentalidade resig-nada e salvacionista frente ao saber técnicc-científico.No segundo, o cientista envolve o povo numa áureamistificada de sabedoria intocável. Esquece a dirnen-são reprodutiva e, portanto, ideologizada do saber po-pular. Intimida-se frente a possibilidade de introduzirnovas reflexões sobre problemas crônicos e práticastradicionais ou mesmo novos temas de reflexões, ca-pazes de gerar apropriações qualitativamente distintasda realidade comunitária. Omite-se diante do desafiode colocar a consciência dos moradores da cornunida-de em trânsito, rumo à apreciação crítica do mundo.Não contribui para a desmitificação da absolutizaçãodo saber e da ignorância ("Eu sei tudo. Você não sabenada."), um dos mitos de que se nutre toda práticadominadora (FREIRE, 1979). Karel KOSIK (1976) játão bem considerou que o conhecimento se realizacomo separação de fenômeno e essência, os quais nomundo da pseudoconcreticidade aparecem como ca-tegorias indistintas, isto é, os produtos do homem ga-nham existência autônoma (fetiche) e o próprio ho-mem se reduz ao nível da práxis utilitária. Destruir estapseudoconcreticidade é construir conceitos (ao invés

92 Revista de Psicologia. Fortaleza, V. A. ~ •

de representações) que captem as leis dos fenômenose a estrutura real das coisas, o que se dá num processodialético de união entre sujeito e objeto, onde os ho-mens se sabem produzindo a realidade humano-soei-ai. Desse modo gesta-se um novo saber, para além dosaspectos pseudoconcretos do saber popular e I ou dosaber científico.

A perspectiva a ser adotada quanto a esta ques-tão, portanto, é a da relação integrativa entre saberpopular e saber científico, onde há um enriquecirnen-to mútuo e constante de ambos, tendo a realidade ccn-ereta como mediadora. Ao deparar-se com identifica,ções mitificadas por parte da comunidade, o profissionalnão deve, de início, agir apressadamente, desqualifi-cando a relação, sob pena de cair no descrédito. Devecompreender que a comunidade está reproduzindo umpadrão viciado produzido ao longo de anos de colo,nialismo cultural e dominação. Antes, porém, partindode um momento de diferenciação e diretividade, deveagir pedagogicamente com as pessoas, valorizando-asno seu conhecimento do cotidiano, para, em cima defatos concretos e simples, facilitar uma nova compre'ensão do saber e imprimir na relação um climaintegrativo e de valorização mútua das especificidadesdos saberes diversos necessários à vida social. Isto pa-rece muito simples. Porém, a prática tem mostradoinúmeras dificuldades que requerem sensibilidade epreparo profissional para atingir um efeito transforma,dor e construtivo. Reconhecer-se enquanto sujeitocognoscente, capaz de conhecer o mundo e nele atuar,é uma expressão importante de poder pessoal, rei e,vante para a construção da identidade, com autono-mia frente ao mundo e frente a si mesmo. Cornpreen-der a relação da consciência com as condiçõessócio-históricas em que se vive é pressuposto para re-pensar conteúdos ideológicos limitadores da expressãodo humano e construir-se como sujeito da realidade.Recobrar a dimensão da aprendizagem significativadecorrente da prática coletiva da construção dos so-nhos sociais é uma dimensão avançada deste processo.

Problematização Epistemológica: conclusão

Portan '. em afirmar que a noção básica,em termos e;>1~'~::lc"':'Sgi·,cos, que orienta o processo deinserção unitária é a de que oco'nhecimen a relação entre os sujeitos

~:'>.~S1. anais ou moradores, ten-• =:'~'-A::: :::::x:;:!~á._a.corno objeto mediador desta

esza relação (os sujeitos e odadamente apreendi,

dos se forem tomados dicotomicamente, como reali-dades mutuamente excludentes."

Problematização Metodológica: multidisci-plinaridade

Na dimensão metodológica, o processo de in-serção necessariamente aproxima a Psicologia Cornu-nitária de disciplinas como a Etnografia, a Antropolo-gia, a Sociologiae a História Oral. Não podemos deixarde incluir neste rol a Observação- Participante, a Fes-quisa-Farticipanre e a Pesquisa-Ação,

Todas estas disciplinas afogarão a PsicologiaCo-munitária num mar de indeterminações quanto à suaidentidade científica se não tivermos clareza da articu-lação entre as diversas estratégias metodológicas e seucorpo teórico, especialmente o problema conceptual aque as diversas estratégias tentam responder. Sem issopoderemos mergulhar num ecletismo incoerente e in-consistente do ponto de vista do rigor científico oumesmo num tecnicismo com roupagem moderna e boaaparência, porém superficial e espontaneísta. Dessemodo parece-nos relevante, antes de mais nada, for-mu\ar tal problema.

Problematização Metodológica: estratégiasde investigação

O processo de inserção ocorre numa via de mãodupla. Por um lado, há uma investigação científica.Por outro, uma interação humana.

Com o intuito de conhecê-lo. podemos cate-gorizar o cotidiano da comunidade em vários termos:

manhã, tarde e noite; homens e mulheres; dias da se-mana e fins de semana; velhos, adultos, jovens e crian-ças; grupos formais e informais; atividades produtivas,artísticas, religiosas, festivas; e assim por diante. Cadaum destes recortes nos mostrará determinadas facetasdo cotidiano da comunidade que não devem ser toma-das isoladamente.

RIOS (1987) apresenta várias orientações meto-dológicas para caracterizar a comunidade investigan-do suas principais funções e estruturas, quais sejam, aestrutura econômica, o espaço geográfico, a popula-ção e seus problemas, a divisão da propriedade, a es-trutura de classe e os níveis de vida, as instituiçõesbásicas, a recreação e expressão estética, os meios econteúdo da comunicação, as crenças e práticas relari-vas à saúde física e mental (especialmente em traba-lhos sanitários).

A Etnografia, a partir das monografias deMALINOWSKI, avançou na compreensão de que aobservação participante é um recurso metodológicoimportante no esforço dirigido para captar toda a ri-queza de significados da vida social. 7

A observação participante, que tende a se trans-formar em participação observante," representa um pas-so importante na ultrapassagem do limite formal entresujeito e objeto imposto às metodologias de inspiraçãocartesiana.

Além disso, mesmo a participação observante,mais diretamente relacionada ao processo de inserção,tende a avançar para pesqoise-psrticipente e pesquise-ação 9, no decorrer do processo de intervenção. Ouseja, o processo de inserção não se dá gratuitamente.Visa à intervenção prática.

6 A adoção de determinados postulados epistemológicos, por um lado, apresenta implicações políticas, como o atestam as discussõesacerca do mito da neutralidade científica. Por outro lado, embora ainda inexploradas, comporta implicações a nível da subjetivida-de do cientista. Com efeito, determinados paradigmas epistemológicos protegem o cientista de situações cuja complexidade exigi-riam dele uma habilidade para lidar com conflitos de diversas naturezas e uma disponibilidade para correr riscos, pondo à provaseus valores e pré-conceitos,

7 "O fúndamento dessa técnica [observação participante} reside num processo de 'scultureçio' do observador que consiste naassimilação das categorias inconscientes que ordenam o universo cultural a ser investigado. Através- deste processo, o investigadorapreende uma 'totshdede integrada' de significados. "{DURHAM, E. R. Vrda e Obra de Malinowski IN: MALINOWSKI, Cole-ção Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. XII).

8 Na observação participante a ênfase assenta-se na observação, sendo a participação apenas condição necessária a que a mesmaocorra. Na participação observante, tendência predominante na pesquisa antropológica de populações urbanas (sociedades con-temporâneas), a ênfase recaí sobre participação e reveste-se de especial importância os aspectos subjetivos do pesquisador - aexperiência, os sentimentos, os conflitos íntimos, a identificação com a população estudada são amplamente descritos e analisados.Confira: DURHAM, E. R. A pesquisa antropológica com populações urbanas: problemss e perspectivas lN: CARDOSO, R. C. L.(Org.) A Aventura Antropológica: Teoria e Pesquisa - Rio de Janeiro: Paz e Terra, J 986.

9 Sobre Pesquisa Participante e Pesquisa-ação, cf.: BRANDÃO, C. R. Repensando a pesquisa participante - São Paulo: Brasiliense,1984.

93Revista de Psicologia, Fortaleza, V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96, jan/dez 1995/96

A partir dos conhecimentos em História Oral 10,

podemos indicar a investigação de biografias de mo-radores da Comunidade como um recurso meto-dológico relevante ao conhecimento do modo de vidado lugar / comunidade. De fato, o modo de vida não éalgo alheio aos indivíduos concretos. Além disso, nointerior da unidade dialética constituída pela formaçãosocial e pela formação individual, as diversas formashistóricas de individualidade espalhadas no espaço so-cial comunitário só se constituem como sistema nasvidas individuais. Ou seja, é nas vidas individuais quese experimentam a coerência ou a incoerência, a via-bilidade ou a inviabilidade humana da própria forma-ção social. (Cf.: SEVE, Lucien A Personalidade emGestaçã.oIN: SILVEIRA, P. e DORAY, B. (Org.). Ele~mentos para uma Teoria Marxista da Subjetividade~São Paulo: Vértice, Ed. Revista dos Tribunais, 1989)

Em outros termos, o sistema de valores, as re-presentações sociais, o nível de consciência, as ideolo-gias, os sonhos coletivos e pessoais, a visão de futuro,os conhecimentos e experiências, os laços de solidarie-dade, as frustreções, os mitos acerca da realidade, tudoisto se faz presente nos indivíduos a nível de caráter(REICH, 1979) e vem à tona num discurso revestidode dramaticidade, colorações emocionais e conteúdosexistenciais, tanto mais o psicólogo comunitário saibacomo abordar estas questões, num clima de respeito,abertura e confiança. Num encontro com as pessoasda comunidade, onde se possa realizar uma apresenta-ção dos participantes um pouco mais cuidadosa edemorada, cada nova pessoa, ao se apresentar aos de-mais, traz um aspecto novo de qual é o modo de vidadaquele lugar / comunidade. O grupo, a partir do rela-to biográfico dos participantes, funciona comosinalizador do modo de vida mais geral e dos próximospassos do processo de inserção. O acesso às biografiaspode acontecer fora do contexto grupal, num mornen-to mesmo inesperado e informal. Em todo caso, é ab-

solutamente importante realizar uma escuta autênticae facilitadora da expressão da identidade nestes mo-mentos. A pergunta in erna de relevância para o temaaqui abordado é a seguinte: o que esta vida me diz davida desta comunidade 7

No avançar do processo do trabalho comunitá-rio, o conhecimento biográfico dos moradores, em el-gum momento, pode ser valioso para a compreensãode diversos nexos e tramas de relações que permeiama vida comunitária em questão.

Desta forma, estam os especificando a utilizaçãodeste recurso pela Psicologia Comunitária, articulan-do-c a sua estrutura con ceptu ai, tarefa extremamentenecessária. Sem isto, as histórias de vida aparecerãoapenas como um monte de fragmentos desconexos,incoerentes e ambíguos ou representarão um convitesedutor à confusão teórica e ética entre Psicologia Co-munitária e Psicologia Clínica.

Por outro lado, podemos dizer que a interaçãohumana que ocorre no processo de inserção mobilizatoda a identidade do psicólogo comunitário. A inser-ção torna-se inviável se não há uma abertura paravivenciar, para interagir, para se relacionar, para ouvir,para dialogar, para se comunicar, para estabelecer vín-culos saudáveis, numa palavra, para fazer-se presen-ça. Ao mesmo tempo, atitudes distanciadoras ou queprovoquem estranheza por serem pertinentes a outrocontexto cultural devem ser evitadas. A confiança, ne-cessária para o trabalho, brota da relação, sobretudoquando há autenticidade e respeito mútuo. A ansieda-de em querer saber não deve nunca jamais invadir osmoradores com perguntas inadequadas!' nemtransformá-lcs em fichário de consulta. As situações deinformalidade e as visitasdomiciliares representam umvalioso terreno para a emergência de um clima arnisto-so e colaborativo. Numa palavra: a pessoa deve preva-lecer sobre o cargo, a função, a coisa. 12

10 Com efeito, esta disciplina tem utilizado o relato de histórias de vida com o objetivo de reconstruir a história de instituições eapresentar uma interpretação histórica alternativa a que é estabelecida oficialmente, de forma hegernônica. Dialogando com aspessoas, sem categorias conceiniais prontas, os historiadores têm acesso a informações a que dificilmente teriam pela vias formais,o que os leva a relativizar pressupostos conceituais e a fazer emergir outras dimensões dos fatos históricos. A este respeito confira:DEBERT.G. G. Problemas relativos à utílízação da. história. de vídz e 'ria. onlll : CARDOSO, R. C. L (Org.) op. cíe.

e seu inquérito tem de parar, onde a pergunta direta temta que não deve fazer.~ (RIOS, 1987, p. 85)

11 MO pesquisador, embora perpétuo indiscreto, deve, no entan ,saberde ser substituída por simples indução. Sobretudo, tem de SUl· a

12 O enfoque dado aqui não deve obscurecer a impo • consulta às fOntesoficiaísde infOrmação acerca da Cornuni-dade, tais como agência do IBGE, Prefeitura. cartórios, sa>::erdlc:= e registro da paróquia, coletorias, delegacias de polícia, agênciasde bancos, centro de saúde ou unidade SAMária. e, postos agropecuários / EMATER, agente da estação deferro, companhia de transporte fluvial, rodcw·' • , e caminhões. Cf.: RIOS, José Arthur Educação dos GruposSão Paulo: EPU, 1987.

.13(1/2) V.14(1!2) p.89· p.96, jan/dez 1995/96

Processo de inserção: vias de acesso àComunidade

A Comunidade, enquanto conceito e enquantoespaço psicossocial concreto, é o campo de atuaçãosui generisda Psicologia Comunitária, e, portanto, des-tino final do processo de inserção.

No entanto, pode-se ter várias vias de acesso ~portas de entrada, a ela. Vejamos as duas principais: avia institucional'? e a via municipal.

A primeira via refere-se aqui a instituições, go-vemamentais ou nâo-governarnentais, que atuam noâmbito social localizadas dentro ou fora do espaço ge-ográfico da comunidade. É o caso, por exemplo, deuma ONG que quer realizar determinado projetonuma comunidade específica e solocita a assessoria dopsicólogo comunitário.

Neste caso, é preciso atinar para três aspectoscentrais: I. O psicólogo comunitário deve situar-senuma posição de onde possa visualizar e intervir nocorpo do projeto como um todo; 2. A comunidadedeve ser o parâmetro avaliativo fundamental de ondedevem emergir as críticas e modificações necessáriasao andamento do projeto, inclusive no que diz respei-to à necessidade ou não de sua implernentação, emfunção da opção da comunidade; 3. A inserção do psi-cólogo na comunidade e da comunidade, facilitada porele, no processo condutor da realização do projeto, develevar ao gerenciamento autônomo do mesmo pela cc-munidade (ação-participante).

Portanto, é inviável teórica e praticamente fazerPsicologia Comunitária em instituições que não têm aComunidade como referência de suas ações correre-tas, seja pelo limite do alcance de suas ações, seja pelapostura ensimesmada, seja pelo seu isolamento de ou-tras instituições ou por não' conseguir se desvencilhardo paternalisrno!". Pensar nesta possibilidade é con-fundir Psicologia Comunitária com Psicologia Orga-nizacional ou com Psicologia dos Grupos, disciplinasde suma 'importância para aque\a, que al'iás as UúY1Zacomo parceiras em muitos momentos, mas cada umadelas com um modus opersndus específico.

A outra importante via de acesso às cornunida-des é a via municipal, seja por intermédio da Prefeitu-

ra, seja através de uma entidade de alcance muni .(um Conselho Municipal ou Federação de Associa,ções, como exemplos). É sabido que os Municípios,ao lado das ONG' s, estão se tomando cada vez maisrelevantes para a vida política nacional (ou mundial 7).Haja vista o contraditório e vacilante, porém irreversível,processo de municipalização.

O processo de inserção na vida municipal ad-mite também algumas considerações imprescindíveis:I . Em vez de uma comunidade, são várias, com grausde articulação, aproximação, distanciamento, colabo-ração, rivalidade, indiferença, conhecimento e inter-câmbio variáveis entre si. Isto requer um poder demobilidade e um esforço de articulação maior por partedo psicólogo comunitário; 2. Como acertadamenteassinala RIOS (1987), as formas de associação entreas pessoas deixam de ser especificamente radicadas numterritório comum, podendo se dar independentementedeste, seja por atividade ou classe comum, seja poruma afinidade qualquer. Ganham evidência, com isso,as categorias sociais (professores, estudantes, artistas,artesâos, comerciantes, aposentados, etc) do Municí~pio, cada uma delas com um nível de consciência eorganização, bem como um certo poder de pressão einterferência potencial ou real na vida municipal. Emfunção disso, surgem também entidades representati-vas que dificilmente se fazem presentes numa cornuni-dade. Entram em cena, com maior evidência, os ato,res do Movimento Social. Portanto, a complexidadeaumenta. Isto se reflete no processo de inserção e re-quer instrumentos de intervenção que atendam a estacomplexidade crescente. Tanto quanto seja possível, aatuação deve contar com parcerias nas diversas institui,ções não-governamentais, bem como no poder público.

Processo de inserção: conclusões

A atuaçâo em Psicologia Comunitária tem comoobjetivo maior, numa palavra, facilitar a construção da'iàenúàaàe humana, posta como metamcrfcse e ex-pressão singular da vida social e comunitária.

CIAMPA (1987) destaca três importantes aspec-tos da produção da identidade: I. Aspecto Represen-tecionel, isto é, cada indivíduo, por ser continente do

IJ O leiror interessado em enriquecer esta discussão pode consultar NASC1UITI, Jacyara C. R. A /nstíl1Jição como via de acesso àComunidade lN: CAMPOS, R. H. de F. (Org.) Psicologia Social Comunitária: Da solidariedade à autonomia - Petrópolis:

Vozes, 1996.11 Mesmo no caso de uma inserção direta na comunidade, tal inserção suporte da inserção inicial.

95Ia, or.aJeza. V.13(1/2) V.14(1/2) p.89 - p.96. jan/dez 1995/96

desenvolvimento filogenético, da humanidade enquantototalidade, e por estar submetido a diversas determina-ções, aparece perante o outro sempre representando asi mesmo; 2. Aspecto Operetivo, ou seja, para mover-se no mundo cotidiano, represento papéis ~rituais so-ciais; 3. Aspecto Constitutivo, isto é, re~apresento~menum processo contínuo de identificação do que tenhosido perante o mundo. Neste último aspecto está achave do processo de metamorfose da identidade, ou,da ideruidede-meternortose.

Sendo assim, enquanto estiver compreendendoo processo de inserção apenas e tão somente comorepresentação de papéis (aspecto operativo) ~que aome identificar me determina e, por isso, me nega na-quilo que seu-sem-estar-sendo. o psicólogo comunitá-rio estará ainda re-produzindo o ststus quo social. Aofazer -se presença perante o outro ~apresentar -se comoestar-sendo, como dando-se ~ imediatamente o outroé mobilizado, no processo interativo, a trilhar o rnes-mo caminho.

Este processo torna o psicólogo comunitáriosignificativo para o outro. Com efeito, sem se tor-nar significativo - corolário do processo de inser-ção - não é possível intervir nos processos decor-rentes da socialização primária I 5 e a facilitação daconstrução da identidade do sujeito comunitárioesbarrará em obstáculos intransponíveis.

Ademais, um processo de insersão profUndodeixa entrever ao longo do processo a trilha clara daintervenção a ser adotada. Ou seja, deixa nítidos ospontos cruciais a serem tocados com o objetivo dealavancar o processo de desenvolvimento da vidacomunitária.

Com base no que foi exposto, podemos qualificarde profundo, crítico e gerador de crescimento tanto nopsicólogo comunitário como nas pessoas ao seu redor, oprocesso de inserção que ultrapassar o nível dos papéis.

Referências Bibliográfica

I. BERGER, P. Como ser um membro da sociedadeIN: FORACCHL M. A&- MARTINS, J. S. 50'ciologíae Sociedade: Leituras de introdução à Socio-logia - Rio de Janeiro, LTC ~ Livros Técnicos eCientíficos Ed. S. A, 1977.

2. BERGER. P. e L CKMANN, T A ConstruçãoSocial da Realídade- Rio de Janeiro: Vozes, 1983.

3. BOMFIM, Z. A C. s- ALMEIDA, S. F. C. Repre-sentação Soda/: conceítuação, dimensões e fUnções.IN: Revista de Psicologia, 9 (1/2), 10 (1/2), jan/dez,1991/2.

4. BRANDÃO, c. R. Repensando a pesquisa pertici-pante- São Paulo: Brasiliense, 1984.

5. CAMPOS, R. H. de F. (org.) Psicologia Social Co-munitáría: Da solidariedade à autonomiaPetrópolis: Vozes, 1996.

6. CARDOSO, R. C. L. (Org.) A Aventura Antropo-lógica: Teoria e Pesquisa - Rio de Janeiro: paz eTerra, 1986.

7. CIAMPA, A C. Estória do Severino e História daSeverina - São Paulo: Brasiliense, 1987.

8. FREIRE, P. et alii \.1vendo e aprendendo: experiên-cias do ldec em educação popular - São Paulo:Brasiliense, 1987, lQa.ed.

9. FREIRE, P. Pedagogia do 'Oprimido - Rio de Ja~neiro: Paz e Terra, 1979.

10. GÓIS, C. W L. Noções de Psicologia Comunité-ria- Fortaleza: Ed. Viver, 1994, 2a ed.

11. KOSIK, K. Dislétic« do Concreto- Rio de elanei-ro: Paz e Terra, 1976.

12. LEONTIEV, A Desenvolvimento do Psiquismo- Lisboa: Horizonte Universitário, 1978.

13.MALINOWSKL B. MalinolNSkí(Coleção Os Pen-sadores) - São Paulo: Abril Cultural, 1984. 14.

14. REICH, W. Análise do Caráter- Lisboa: Publi-cações D. Ouixote, 1979.

15. RIOS, J. A Educação dos Grupos- São Paulo:E. P. U., 1987.

16. SEVE, L. A Personalidade em Gestação IN:SILVEIRA, P. &- DORAY, B. (Org.). Elementospara uma Teoria Marxista da Subjetividade -São Paulo: Vértice, Ed Revistados Tribunais, 1989.

15 A socialização primária é o processo por meio do qual a criança se transforma te da sociedade. Com efeito,a criança é socializada não só para um mundo específico, mas também para detJ=s-..a.:::a c.::Nii:::u.;Mide, que se harmonize com osideais e necessidades dessa sociedade. É neste processo que o mundo pode ser. e • apresentado como imutável, comonatural, como absoluto, como alheio à produção humana, o que se coni ~ e negadoras do valor e dopoder das pessoas, geradoras de caráter oprimido (GÓIS, 1995), aspeaos ituiçâodo sujeito sôcio-histôri-co. Sobre socialização confira: BERGER, P. Como ser um membro , M. A. ê- MARTINS, J. S.Sociologia e Sociedade: Leituras de introdução à Sociologia. . e Científicos Ed. S. A., 1977.

96 Revista de Psicologia. Fortaleza, .,',• .>, .C~I'L.I