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OPTIMIZAÇÃO DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DE FLUIDOS REFRIGERANTES BASEADOS EM SUSPENSÕES ALCÓOLICAS DE GRAFITE VIA DIMINUIÇÃO DE TAMANHO MÉDIO DE PARTÍCULA Potensa, B. S.*; Lanfredi, S; Nobre, M. A. L. Faculdade de Ciências e Tecnologia FCT Universidade Estadual Paulista UNESP Departamento de Química e Biologia DQB Laboratório de Compósitos e Cerâmicas Funcionais LaCCeF R. Roberto Simonsen 305,C. P. 467, Presidente Prudente, SP 19060-900 *[email protected] RESUMO Fluidos refrigerantes de alta condutividade térmica, maior ou igual a 1 W/mK, tem sido preparados pela dispersão de grafite comercial em fluidos convencionais como etileno glicol. A condutividade térmica deste fluido é função da fração de grafite dispersa e condutividade térmica do fluido. No entanto, a relação entre o tamanho de partícula de grafite e a condutividade térmica de suspensões em etileno glicol é desconhecida. O objetivo deste estudo é investigar correlação entre o tamanho de partícula de grafite e seu efeito sobre a condutividade térmica das suspensões. Diferentes distribuições de tamanho de partícula de grafite comercial foram preparadas por moagem de alta energia em tempos de 3, 6, 12 e 24 horas, meio de álcool isopropílico com pós-dispersão do grafite via ultrassom. Os pós de grafite moídos foram caracterizados pelas técnicas de Difração de Raios X, Espectroscopia Vibracional de Absorção na Região do Infravermelho e Microscopia Eletrônica de Varredura. Medidas de condutividade térmica e resistividade térmica das suspensões de grafite foram realizadas e comparadas à de grafite comercial. Suspensões de alta condutividade térmica superiores a dispersões de grafite comercial com potenciais de aplicação em fluidos refrigerantes foram desenvolvidas. Os efeitos do aumento da distribuição de partículas com contribuições de menores tamanhos de partículas de grafite sobre o desenvolvimento de novos fluidos refrigerantes de alta condutividade térmica são discutidos. Palavras-chave: Grafite, condutividade térmica, tamanho de partícula, etileno glicol. 60º Congresso Brasileiro de Cerâmica 15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP 2467

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OPTIMIZAÇÃO DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DE FLUIDOS

REFRIGERANTES BASEADOS EM SUSPENSÕES ALCÓOLICAS DE

GRAFITE VIA DIMINUIÇÃO DE TAMANHO MÉDIO DE PARTÍCULA

Potensa, B. S.*; Lanfredi, S; Nobre, M. A. L.

Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT Universidade Estadual Paulista – UNESP

Departamento de Química e Biologia – DQB Laboratório de Compósitos e Cerâmicas Funcionais – LaCCeF

R. Roberto Simonsen 305,C. P. 467, Presidente Prudente, SP 19060-900 *[email protected]

RESUMO

Fluidos refrigerantes de alta condutividade térmica, maior ou igual a 1 W/mK,

tem sido preparados pela dispersão de grafite comercial em fluidos

convencionais como etileno glicol. A condutividade térmica deste fluido é

função da fração de grafite dispersa e condutividade térmica do fluido. No

entanto, a relação entre o tamanho de partícula de grafite e a condutividade

térmica de suspensões em etileno glicol é desconhecida. O objetivo deste

estudo é investigar correlação entre o tamanho de partícula de grafite e seu

efeito sobre a condutividade térmica das suspensões. Diferentes distribuições

de tamanho de partícula de grafite comercial foram preparadas por moagem de

alta energia em tempos de 3, 6, 12 e 24 horas, meio de álcool isopropílico com

pós-dispersão do grafite via ultrassom. Os pós de grafite moídos foram

caracterizados pelas técnicas de Difração de Raios X, Espectroscopia

Vibracional de Absorção na Região do Infravermelho e Microscopia Eletrônica

de Varredura. Medidas de condutividade térmica e resistividade térmica das

suspensões de grafite foram realizadas e comparadas à de grafite comercial.

Suspensões de alta condutividade térmica superiores a dispersões de grafite

comercial com potenciais de aplicação em fluidos refrigerantes foram

desenvolvidas. Os efeitos do aumento da distribuição de partículas com

contribuições de menores tamanhos de partículas de grafite sobre o

desenvolvimento de novos fluidos refrigerantes de alta condutividade térmica

são discutidos.

Palavras-chave: Grafite, condutividade térmica, tamanho de partícula, etileno

glicol.

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INTRODUÇÃO

O resfriamento é uma operação essencial em várias aplicações

industriais e projetos de engenharia [1]. Os fluidos convencionais utilizados

para aplicações de transferência de calor apresentam baixa condutividade

térmica. Etileno glicol e água são fluidos amplamente usados em aplicações de

transferência de calor e apresentam condutividade térmica igual a 0,252 W/mK

e 0,613 W/mK, respectivamente [2,3].

A fim de aumentar a taxa de transferência de calor num permutador de

calor, novas técnicas e métodos tem sido desenvolvidas, tais como: aumento

da área de transferência de calor, aumentar o gradiente de temperatura ou

aumentar a condutividade térmica do fluido refrigerante. Entre os métodos, o

aumento da condutividade térmica de fluidos de transferência de calor via

adição de partículas/nanopartículas a um fluido mostra-se um dos mais

promissores [1].

Um número crescente de estudos envolvendo materiais à base de

carbono, tais como grafite, fulereno, os nanotubos de carbono e grafeno tem

sido publicados [4]. Fluidos refrigerantes de alta condutividade térmica, acima

de 1 W/mK, tem sido preparados pela dispersão de grafite comercial em fluidos

convencionais. Nestes fluidos, a condutividade térmica é função da fração de

grafite dispersa e condutividade térmica do fluido base [5]. Entretanto, a

contribuição do tamanho de partícula de grafite e a condutividade térmica de

suspensões em etileno glicol não tem sido investigada. O objetivo deste estudo

é investigar correlação entre o tamanho de partícula de grafite e seu efeito

sobre a condutividade térmica de suspensões em álcool.

MATERIAIS E MÉTODOS

Grafite em pó comercial foi moído em um moinho tipo atritor de alta

energia da marca NETZSCH, com haste de aço inox com 8 braços do tipo

Molinex. A moagem de grafite foi realizado em meio de álcool isopropílico na

proporção de 4:1 e utilizadas bolas de zircônia de 2 mm de diâmetro na

proporção de 16:1 e frequência de 20 Hz. Tempos de moagem foram iguais a

3, 6, 12 e 24 horas. Após a moagem, o pó resultante foi seco em uma estufa a

105ºC por 12 horas.

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O pó de grafite comercial e o pó resultante da moagem foram caracterizados

pelas técnicas de Difração de raios X, Espectroscopia vibracional de Absorção

na Região do Infravermelho e Microscopia Eletrônica de Varredura. As

propriedades térmicas do grafite comercial e moído foram investigadas, tais

como condutividade térmica k, resistividade térmica ρ, calor especifico

volumétrico C e difusividade térmica D.

As propriedades térmicas foram investigadas em um analisador de

propriedades térmicas KD2 PRO DEGAGON. O equipamento obedece a

Aplicação de Direção do Conselho 89/336/CEE [6] e segue as normas

internacionais EN55022: 1987 e EN500082-1: 1991[7]. As medidas de

condutividade térmica no sistema KD2 PRO DEGAGON baseiam-se no método

do fio quente transiente (THW), que consiste num fio de platina que atua como

um aquecedor e um termômetro de resistência elétrica. Esta técnica baseia-se

na medição da temperatura e resposta temporal do fio quente, quando ele é

submetido a um pulso elétrico. Se a temperatura do fio quente em tempos t1e t2

foram T1 e T2, respectivamente [4,8], a condutividade térmica pode ser

determinada através da equação (A):

O sensor utilizado nas medidas no KD2 PRO DEGAGON foi o sensor

tipo SH-1 para medidas em sólidos e pós, que consiste em duas agulhas

paralelas de 30 mm de comprimento, 1,28 mm de diâmetro, com 6 mm de

espaçamento entre as agulhas. A calibração do equipamento foi realizada com

o bloco DB2094, cujo valor de condutividade térmica é 0,398W/mK.

A dispersão do grafite comercial marca Proauto e moído foi realizada em

um ultrassom de baixa potência, com aquecimento e agitação por 30 minutos

[9]. O fluido utilizado para preparação das suspensões foi o etileno glicol.

Foram preparadas suspensões de grafite nas proporções em massa: 5, 10, 20

e 40 %. As propriedades térmicas investigadas foram: condutividade e

resistividade, utilizando um sensor tipo KS-1, para medidas em líquidos. O

equipamento foi calibrado com o padrão de condutividade térmica, glicerina,

cujo valor de condutividade térmica é igual a 0,285 W/mK.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

CARACTERIZAÇÃO DO PÓ DE GRAFITE

A figura 1 mostra os difratogramas de raios X dos pós de grafite e grafite

após moagem em moinho atritor em tempos de: 3, 6, 12 e 24 horas em meio

álcool isopropílico, seco por 12 horas em uma estufa.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Grafite comercial

Grafite moído por 3h

Grafite moído por 6h

Grafite moído por 12h

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

2

Grafite moído por 24h

Figura 1: Difratogramas de raios X do pó de grafite comercial e moído por

diferentes tempos: 3, 6, 12 e 24h.

A figura 2 mostra os espectros de absorção na região do infravermelho

dos pós de grafite comercial e moído em diferentes tempos.

Figura 2: Espectros de absorção na região do infravermelho do grafite

comercial e moído em álcool isopropílico por: 3, 6, 12 e 24 horas.

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2470

De acordo com a figura 1, em todas as amostras são observados linhas

de difração características do grafite indicando ser um material cristalino. O

material comercial mostra uma linha de difração intensa, com 100% de

intensidade relativa, posicionada em 2θ = 26,5º, característica grafite cristalino

segundo Iwashita [10]. Uma diminuição da intensidade da linha de difração com

100% de intensidade relativa em 2θ = 26,5º foi observado como função do

aumento do tempo de moagem.

De acordo com a figura 2, uma banda de absorção atribuída ao

estiramento O-H foi observado na região de 3400 cm-1. Uma pequena banda

de absorção atribuída à vibração do grupo C=O ocorre na região de 1600 cm-1.

Na região de 2900 cm-1 foi observada uma pequena banda de absorção

referente ao estiramento simétrico e assimétrico da ligação C-H. Além disso,

vários modos vibracionais da ligação C-H na região de 800 a 400 cm-1 [11].

Uma banda forte na região de 1020 – 1090 cm-1 é atribuída à ligação C-O [12].

A figura 3 mostra as imagens de microscopia eletrônica de varredura do pó de

grafite.

Figura 3: Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura do pó de grafite num aumento de 1000 vezes (a) comercial, (b) 3 horas, (c) 6 horas, (d) 12 horas e (e) 24 horas.

De acordo com a figura 3, As partículas do grafite exibem uma forma de

flocos. De acordo com figura 3(a) o grafite comercial se encontra na forma

flocos com folhas empilhadas densamente. Após o processo de moagem

identifica-se uma pequena diminuição no tamanho médio dos flocos de grafite.

Menores tamanhos de flocos de grafite desenvolvem-se após a moagem por 6

horas.

(a) (b)

(c) (d)

(e)

(e)

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A figura 4 mostra imagens de Mev das partículas de grafite num

aumento de 15000 vezes (a) comercial e (b) após o processo de moagem.

Figura 4: Micrografias das partículas de grafite num aumento de (a) comercial e

(b) após o processo de moagem. Magnificação de 15000 vezes.

Como função da moagem de alta energia ocorre um destacamento de

camadas das partículas de grafite. Isto sugere que, o esforço mecânico devido

ao processo de moagem afeta a disposição das camadas subjacentes de

grafite modificando a sequência de empilhamento das camadas e causando

diminuição do tamanho médio de cristalitos na direção do eixo c (Lc) [13]. Na

orientação turbostrática ou desordem turbostrática, as camadas grafíticas são

empilhadas com um desajuste e má-orientação angular de um empilhamento

para o outro [14]. A má-orientação angular de um empilhamento para outro, faz

com que a força de atração entre uma camada e outra seja menor, gera a força

motriz para diminuição do número de camadas empilhadas, conforme é

mostrado na figura 4.

As propriedades condutividade térmica K, resistividade térmica ρ, calor

específico volumétrico C e difusividade térmica D dos pós de grafite comercial

e moído em diferentes tempos são mostradas na tabela 1.

Tabela 1: Lista dos parâmetros K (W/mK), ρ (ºC.cm/W), C (MJ/m3K) e D

(mm2/s) do grafite comercial e moído por 3, 6, 12 e 24 horas.

Grafite K (W/mK) ρ (ºC.cm/W) C (MJ/m3K) D (mm2/s)

comercial 0,149 670,3 0,569 0,262 3 horas 0,162 618,9 0,481 0,336 6 horas 0,222 450,7 0,386 0,574 12 horas 0,183 546,6 0,678 0,270 24 horas 0,172 581,0 0,539 0,320

(a) (b)

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De acordo com a tabela 1, as evoluções dos valores dos parâmetros

mostrados na tabela 1 indicam que o processo de moagem de alta energia

modifica as características do pó de grafite. O pó de grafite moído por 6 horas

apresentou o maior valor de condutividade térmica e por consequência o menor

valor de resistividade térmica, devido menores tamanho de flocos de grafite e

maior destacamento das camadas.

CARACTERIZAÇÃO DAS SUSPENSÕES DE GRAFITE

A figura 5 mostra o efeito da adição de grafite comercial e moído em

diferentes tempos sobre a condutividade térmica da suspensão em etileno

glicol.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

comercial

Ajuste Linear

% em massa de grafite

Co

nd

utivid

ad

e té

rmic

a (

W/m

K)

3 horas

6 horas

12 horas

24 horas

Figura 5: Condutividade térmica da suspensão de grafite em etileno glicol em

diversas frações em porcentagem em massa: 5, 10, 20 e 40 % e submetidos a

moagem em diversos tempos: 3, 6, 12 e 24 horas.

Tabela 2: Coeficientes de correlação (R) e coeficiente angular.

Grafite Coeficiente de correlação (R) Coeficiente angular

comercial 0,98983 0,02127 3 horas 0,99883 0,02282 6 horas 0,99057 0,04356

12 horas 0,99816 0,03251 24 horas 0,99260 0,02464

De acordo com a figura 5, a condutividade térmica da suspensão de

grafite em etileno glicol aumenta em função do aumento da porcentagem em

massa de grafite.

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A condutividade térmica da suspensão evolui de forma linear, conforme os

valores de coeficientes de correlação mostrados na tabela 2. Entretanto, os

coeficientes angulares das retas são distintos, o que de acordo com a

discussão das figuras 3 e 4 indica que o tempo de moagem do grafite afeta

ambos os parâmetros, estrutura e distribuição de tamanhos de partículas,

modificando a condutividade térmica da suspensão.

A figura 6 mostra o efeito da adição de grafite comercial e moído em

diferentes tempos sobre a resistividade térmica da suspensão em etileno glicol.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

50

100

150

200

250

300

comercial

3 horas

6 horas

12 horas

24 horas

Re

sis

tivid

ad

e T

érm

ica

(ºC

.cm

/W)

% em massa de grafite

Figura 6: Evolução do parâmetro resistividade térmica da suspensão de grafite

em etileno glicol contendo diversas frações em porcentagem em massa: 5, 10,

20 e 40 % e submetidos à moagem em diversos tempos: 3, 6, 12 e 24 horas.

De acordo com a figura 6, uma diminuição da resistividade térmica

ocorre com o aumento da porcentagem em massa de grafite é observada. A

resistividade térmica decai de forma inversamente proporcional à condutividade

térmica. A resistividade térmica da suspensão de grafite em etileno glicol

diminui, mostrando que a adição de grafite contribuiu para melhorar a

condução de calor da suspensão.

A figura 7 mostra a evolução da razão entre condutividade térmica da

suspensão (Ke) e condutividade térmica do fluido base (Km), Ke/Km. O

parâmetro Ke/Km aumenta de forma linear em função do aumento da

porcentagem em massa de grafite, isso mostra que a adição de grafite contribui

de forma efetiva para o aumento da condutividade térmica da suspensão com

relação ao fluido base.

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A condutividade térmica da suspensão aumenta cerca de 8 vezes com relação

ao fluido base, conforme curva para grafite moído por 6h mostrada na figura 7.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 451

2

3

4

5

6

7

8

Ke

/km

% em massa de grafite

comercial

3 horas

6 horas

12 horas

24 horas

Figura 7: Evolução do parâmetro Ke/Km de suspensões contendo diversas

frações em porcentagem em massa: 5, 10, 20 e 40 % e submetidos à moagem

em diversos tempos: 3, 6, 12 e 24 horas.

A figura 8 mostra a evolução da razão da resistividade térmica da

suspensão (ρe) sobre a resistividade térmica do fluido base (ρe), ρe/ρm.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

e

/

m

% em massa de grafite

comercial

3 horas

6 horas

12 horas

24 horas

Figura 8: Evolução do parâmetro ρe/ρm de suspensões contendo diversas

frações em porcentagem em massa: 5, 10, 20 e 40 % e submetidos a moagem

em diversos tempos: 3, 6, 12 e 24 horas.

De acordo com a figura 8, o parâmetro ρe/ρm diminuiu com o aumento da

porcentagem em massa, isso mostra que as suspensões apresentam menor

dificuldade de resistir ao fluxo de energia térmica com relação ao fluido base.

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A figura 9 mostra o efeito dos diferentes tempos de moagem do grafite

sobre o magnitude da condutividade térmica da suspensão de 40% em massa

em etileno glicol.

comercial 3 horas 6 horas 12 horas 24 horas

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Co

nd

utivid

ad

e té

rmic

a (

W/m

K)

grafite

Figura 9: Comparação do desempenho do grafite sobre o incremento de

condutividade térmica das suspensões de 40% em massa em etileno glicol.

De acordo com a figura 9, é possível identificar desempenhos diferentes

com relação ao incremento da condutividade térmica da suspensão em etileno

glicol. o grafite moído por 6 horas apresentou maior valor de condutividade

térmica comparado com os demais, cerca de 8 vezes maior que a do fluido

base. Espera-se que quanto maior o tempo de moagem, maior o desempenho

do material, entretanto isso não foi observado. Isto sugere que outro fenômeno

esteja ocorrendo, em tempos maiores de moagem, associado à aglomeração

do grafite.

CONCLUSÕES

Suspensões de alta condutividade térmica, fluidos refrigerantes,

superiores a dispersões de grafite comercial foram desenvolvidas via processo

de moagem de alta energia. A condutividade térmica da suspensão de grafite

moído por 6 horas é cerca de o dobro do grafite comercial. O aumento da

distribuição de partículas com contribuições de menores tamanhos de

partículas de grafite provocam um aumento da condutividade térmica da

suspensão.

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THERMAL CONDUCTIVITY OPTIMIZATION OF COOLER FLUID BASED ON

THE ALCOHOLIC SUSPENSION OF GRAPHITE FROM DOWN SIZE

PARTICLES

ABSTRACT

This study is focused in the investigation of the correlation between the graphite particle size and its effect on the thermal conductivity of the alcoholic suspensions based on graphite particles. Several distributions of particle size of graphite were prepared by high energy milling during times of 3, 6, 12 and 24 hours, in medium of isopropyl alcohol. Powders of milled graphite were characterized by the techniques of X-ray diffraction, vibrational spectroscopy absorption in Infrared Region and Scanning Electron Microscopy. Measurements of thermal conductivity and thermal resistivity of the graphite suspensions were carried out and compared to the commercial graphite one. Suspensions of high thermal conductivity, superior to the commercial graphite dispersions, with potential application as refrigerant fluids were developed using milled graphite. Fluid with thermal conductivity higher than 1 W /mK, has been prepared by graphite dispersion in conventional fluids such as ethylene glycol. The effects of increased particle size distribution with smaller sized graphite particles on the development of new coolant of very-high thermal conductivity contributions are discussed. Keywords: Graphite, thermal conductivity, particle size, ethylene glycol.

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