SEGUIDORES PELA VIDAORANDO EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no dia 11 de março o quadro de pandemia para o Covid-19, infecção causada pelo novo coronaví-rus. Segundo a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença. O termo é utilizado quando uma epidemia – grande surto que afeta uma região – se espalha por diferentes continentes com transmissão susten-tada de pessoa para pessoa. Atualmente, há mais de 115 países com casos declarados da infecção. No mundo, foram mais de 6 mil mortes causadas pelo coronavírus. No Brasil, além de um óbito confirmado, há mais de 360 casos de

infecções. Todos esses acontecimentos exigem respostas imediatas no âmbito da saúde pública, desde adoção de hábitos de higiene até uma revisão do nosso sistema de atenção básica. São os pobres os que mais sofrem com as demoras

e o mau funcionamento do atendimento. Mas esses eventos, porque tocam a carne humana que foi assumida e redimida pelo Verbo Eterno, interpelam a nossa fé. Exigem de nós respostas, posturas e posicionamentos que nos caracterizam como seguidores de Cristo. E a Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, não poderia ter sido mais oportuna. A compaixão, marca decisiva e critério de autenticidade de nossa fé, é o que deve mover

nossos sentimentos, inspirar nossas ações e modelar todo o nosso ser. Este roteiro de oração, que propomos ser vivenciado juntos com o apoio da tecnologia, é uma proposta para não nos tornarmos indiferentes à pande-mia do coronavírus. Se não nos é exigida uma disponibilidade como a de São Luís Gonzaga, que morreu com apenas vinte e três anos, em 1591, por ter con-traído tifo após ter socorrido inúmeros doentes em Roma, ao menos podemos nos aproximar dos que sofrem por meio de nossa oração, de nossas mortifica-ções e sacrifícios pessoais e com nossa compaixão que nos faz sentir as dores

do outro como se nossas fossem. Fazemos votos de que este roteiro seja um momento privilegiado de interiorização, reflexão, oração e comunhão com os que sofrem, com vistas à superação desse grave momento, confiantes de que “em tudo isso, somos mais

que vencedores, graças àquele que nos amou” (Rom 8, 37).Boa oração, Seguidor!

Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Amém.

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PELOS DOENTES

Reflexão: A doença não é da vontade de Deus. Nosso Pai Eterno é amoroso e não deseja o mal e o sofrimento a seus filhos. O mal, a injustiça, a doença e a morte fazem parte de nossa condição de criaturas, num universo que geme e sofre como em dores de parto (Rom 8,22), esperando ativamente a redenção definitiva. Mas a nossa fé nos ensina que o definitivo já entrou na história. Ao assumir a nossa condi-ção e, mais ainda, ao ressuscitar, Cristo irrompe em si aquilo que somos chamados a ser. Por isso, o mal, a injustiça, a doença e a morte, ainda que profundas e dilace-rantes, não têm a última palavra, mas sim o Senhor. Isso significa que, ainda que em meio às trevas e à dor, podemos viver como ressuscitados, se soubermos passar por essas realidades como o Senhor nos convida: com confiança em Deus e em solida-riedade aos irmãos.

Oração:

Senhor Jesus Cristo, sempre foste ao encontro dos enfermos com uma pala-vra de esperança e um gesto de amor. Ao nascer da Virgem Maria, assumiste nossa condição humana e experimentaste a nossa dor. Senhor, nossos doentes necessi-tam ser curados no corpo e no espírito. Pela fé, sabemos que nenhuma doença é maior do que a vida. Por isso, que todos os doentes, sustentados por teu amor, man-tenham firmes a segurança em ti. Confortai-os com teu carinho, renova-lhes o ânimo e a esperança, para que possam superar todos os males. Dá-lhes, Senhor, a cura, a alegria, a paz e, acima de tudo, a confiança e a certeza de que teu amor por eles nunca os abandona. Tu que és nosso amigo e Senhor e vives com o Pai e o Espíri-to Santo. Amém.

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PELOS FALECIDOS

Reflexão: “É por demais sentida pelo Senhor a morte dos seus fiéis” (Sal 116,14). Qual é o pai ou a mãe que não chora a morte do filho? Que não sofre ao vê-lo sofrer? Mais ainda se a morte é evitável ou é causada pela ação ou omissão de pes-soas, grupos ou governos. A ocorrência de óbitos deve nos fazer refletir se estamos cuidando devidamente da vida, se temos priorizado a saúde ou se em nossa escala de valores outras questões se impõem como prioritárias. Como diz o Papa Francis-co, “não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa” (Evangelii Gaudium, n. 53). Tais vidas são ceifadas antes do tempo humano, cheias de potencialidades, sonhos e desejos. Nossa fé nos pede rezar pelos fiéis defuntos, um ato de amor para que eles possam receber as graças que nossas preces possam lhes alcançar. Além disso, ao rezarmos por eles, também nós nos apercebemos do quão valiosa é a vida.

A morte é a grande conselheira do homem. Ela nos mostra o essencial da vida, como a árvore no inverno, uma vez despojada de suas folhas, mostra o tronco.

Cada dia vamos morrendo, como as águas vão se aproximando, minuto a minuto, do mar que as há de receber. Que nossa morte cotidiana seja a que ilumine nossas grandes determinações: à sua luz, que claras apareçam as resoluções que temos de tomar, os sacrifícios que temos de aceitar, a perfeição que temos de abraçar.

(Santo Alberto Hurtado)

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na verdade, não há.”

(Renato Russo)

É oportuno pensar: O que tenho feito com minha vida? Ela tem sentido? Tem um projeto?

Oração:

Pai querido, são milhares os filhos teus que faleceram por causa do coronaví-rus. Vidas ceifadas, perdas sentidas. Pedimos que acolhas com ternura esses que aqui sofreram essa doença. Concede-lhes a alegria de contemplar tua face e faze-rem festa com a multidão de santos que os precederam no céu. E a nós, que aqui permanecemos, faze que a partida precoce desses nossos irmãos nos favoreça a prática de gestos de solidariedade com os que sofrem e de valorização de nossa própria vida, como dom e compromisso a teu serviço. Por Cristo, nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém.

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PELAS EQUIPES DE SAÚDE E PESQUISADORES

Reflexão:“O Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas” (Eclo 38,6) São os/as médicos/as, enfermeiros/as e profissionais de saúde que lidam diretamente com o doente. São eles que se arriscam diariamente, expõem suas vidas para que a vida seja promovida. Como não ver na atuação deles a ação do pró-prio Deus misericordioso? Precisamos orar por esses profissionais e por todos aqueles que estudam e pesquisam em busca de medicamentos e curas para as doen-ças, para que Deus lhes conforte o ânimo e estimule sua determinação, pois muitas vezes suas condições de trabalho são precárias. Eles precisam muito de nossa oração, de nosso apoio e de nossa solidariedade para que não desanimem, sobretu-do diante de situações graves e exigentes como a que vivemos. Vamos orar com a imaginação. Desenhe uma cruz vermelha, dessas que são símbolos de hospitais e serviços médicos. Caso em sua casa tenha algum aparelho médico (termômetro, aparelho de medir pressão, etc.), serve também. Coloque essa cruz vermelha ou esses equipamentos médicos no centro do seu local de oração e estenda sua mão sobre eles. Nossas mãos serão agora instrumentos da graça de Deus. Como batizados, unidos ao Corpo Místico de Cristo e nutridos pelo mesmo Espírito que nos santifica, podemos abençoar e impor nossas mãos sobre esses símbolos que representam cada profissional de saúde e pesquisador envolvido na cura e na prestação de cuidados em relação ao coronavírus. Rezemos:

Oração:

Ó Deus querido, sabemos que somos canais imperfeitos e limitados. Mas, confiantes em tua misericórdia, te pedimos que abençoes os cuidadores daqueles que sofrem. Essas pessoas são sinais de tua presença amorosa e atenciosa. Pedimos por elas, para que não lhes faltem o ânimo, a generosidade, a ternura e o carinho com que sempre tratas teus filhos sofredores. Alimenta seu espírito, redobra sua força, proteja-os do contágio, inspira sua inteligência e criatividade, para que alcancem os meios, as curas e os tratamentos devidos para a doença e seus sinto-mas. Enfim, Deus amado, que eles sejam amparados por tua graça e se sintam unidos a ti, o Médico dos médicos, o Enfermeiro dos enfermeiros, o Cuidador dos cuidadores, que por nós deu sua vida. Amém!

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PELAS AUTORIDADES PÚBLICAS

“Trabalha como se tudo dependesse de ti e confia como se tudo dependesse de Deus”.

(Santo Inácio de Loyola) No dia 12 de março, o Papa Francisco, durante a missa na capela da Casa Santa Marta dedicada ao Espírito Santo, pediu que rezássemos pelas autoridades. São eles os responsáveis por zelar pelo bem comum e por tomar decisões que influen-ciarão toda uma coletividade. Neste momento de nossa oração, dividiremos nossa oração em dois grupos que, depois, se alternarão nas respostas:

Grupo 1Para que sejam movidos pelo espírito de

sabedoria,

Para que sejam inspirados pelo desejo do bem comum,

Para que se preocupem especialmente com os mais pobres e os mais vulneráveis,

Para que sejam dinamizados pelo desejo de servir,

Grupo 2Te pedimos, Senhor.

Concedei-nos, Senhor.

Ajudai-nos, Senhor.

Atendei-nos, Senhor.

Grupo 2Para que não lhes domine a ambição do

poder,

Para que não caiam na tentação da ganância e da soberba,

Para que não tomem decisões movidos pelo lucro ou pelo capital,

Para que não se pautem por motivações egoístas ou corporativas,

Grupo 1Ilumina-os, Senhor.

Fortalece-os, Senhor.

Orienta-os, Senhor.

Dirige-os, Senhor.

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PELAS FAMÍLIAS DOS DOENTES

Reflexão: Desde o tempo de Jesus, e mesmo antes, vários grupos de doentes eram discriminados e segregados do convívio social. Eram rejeitados e vistos como pecadores, castigados por Deus. Quantos doentes e quantas famílias ainda hoje se sentem abandonados e rejeitados, muitas vezes por pessoas religiosas! Nessas situ-ações, não é justo exigirmos deles uma fé inabalável. “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7). Se as famílias se desestruturam, muitas vezes é porque lhes faltam o apoio e a solidariedade. Imaginemos as situações em que, devido ao coronavírus, lhes é exigido o confinamento. Quem lhes será a presença amiga, a brisa refrescante a aliviar a fadiga do cuidado com o doente? Nossas orações podem transpor distâncias. Mais ainda se estivermos unidos àquela que nos ensina a dar o sim a Deus em todas as circunstâncias da vida. É a Mãe quem nos ajudará e ajudará as famílias a serem fiéis à missão de acompanharem com fé e paciência seus doentes. Para nos unirmos a essas famílias que suportam o peso da cruz de terem doentes em casa, armemo-nos com a arma do católico: o Santo Terço e rezemos uma dezena: Pai nosso + 10 Ave Maria + Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo...

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PELOS QUE ESTÃO SADIOS

“Não à globalização da indiferença” (Papa Francisco)

“Se um membro [do Corpo de Cristo] sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele” (1 Cor 12,26).

O lema da Campanha da Fraternidade deste ano é tirado da parábola do Bom Samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34). Cada verbo deste lema é merecedor de atenção. O primeiro a se fazer é converter o olhar. É ser capaz de perce-ber, se sensibilizar. Ao enxergar o outro em sua realidade, ele passa a existir em nosso universo, em nossa órbita de relações. Ele não é mais um estranho. Em seguida, sentir compaixão. Com-padecer. Padecer com. Esse termo, em linguagem bíblica, significa um sentimento que vem desde as entranhas. Compadecer é ser visceralmente afetado pelo que dói no outro. Era o sentimento que, por excelência, movia Jesus. É o sentimento que deve mover, desde as entranhas, os seguidores de Jesus. Por fim, o agir: cuidar. Não basta sentir. A fé sem obras é morta (Tg 2,14-26). Como podemos dizer que amamos a Deus a quem não vemos, se não somos capazes de amar a nossos irmãos, a quem vemos (1 Jo 4,20)? Por meio deste roteiro de oração, procuramos cultivar as duas primeiras atitu-des: ver e sentir compaixão. Ser afetados, desde as entranhas, pela dor causada a tantas pessoas pela pandemia do coronavírus. Resta-nos a terceira atitude: cuidar, traduzir esse amor-compaixão em gestos concretos de doação e serviço. Mas, você pode se perguntar, como amar meus irmãos que estão sofrendo com o coronavírus? O que posso fazer por eles? Agora é com você. Deixamos este último momento para sua criatividade pessoal. Estamos no Tempo da Quaresma, tempo oportuno para práticas como jejuns, caridade, gestos de mortificações pessoais. Que tal oferecer algum sacrifício a Deus em prol dessa situação? Sugestões não faltam: rezar mais; perdoar; algum gesto de renúncia; fazer algo melhor pelo Reino; procurar se desapegar de algo que o aprisiona e o distan-cia de Deus; desenvolver um olhar mais sensível, mais gentil e cuidador; ajudar mais; algum gesto ou, melhor ainda, hábito de caridade; praticar algum jejum ou abstinên-cia, cuja receita seja oferecida aos pobres... São muitas as possibilidades. Eleja um ou alguns gestos concretos. O importante não é fazer muitos. Mas fazê-los bem e, acima de tudo, oferecê-los por amor, para que o mundo passe por essa pandemia e que a saúde, a paz e a felicidade voltem a se restabelecer. Obrigado por caminhar conosco, neste momento delicado de tribulação. Pode parecer pouco, mas, aos olhos de Deus, nosso pouco, oferecido por amor, se torna muito. Sigamos juntos, em solidariedade e compaixão aos nossos irmãos que sofrem os efeitos da pandemia do coronavírus, pois neles o próprio Cristo nos chama para parti-lhar com ele os sofrimentos desse Calvário. Vamos, porém, de cabeça erguida, porque somos movidos pelo espírito do Ressuscitado que nos diz: “Coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,33).Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém!

Equipe de Intercessão.