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COMUNICAÇÃO E ORATÓRIA Manual de Técnicas Aplicadas PAULO ANTÔNIO ALVES DE ALMEIDA 1 1

Oratória

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Manual de Oratória

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Page 1: Oratória

COMUNICAÇÃO E ORATÓRIA

Manual de Técnicas Aplicadas

PAULO ANTÔNIO ALVES DE ALMEIDA

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Autor: Paulo Antônio Alves de Almeida

Título: Comunicação e Oratória

Ano da Publicação Original: 2011

Ano da Digitalização: 2011

Esta obra foi digitalizada, formatada e revisada.

Índice ............................................................................................................................

.02

Prefácio ........................................................................................................................

.04

Primeiras Palavras......................................................................................................

05

Cap. 1 – Para além da linguagem não verbal – linguagem

corporal......................................06

1.1 – Ensinar exige rigorosidade metódica ....................................................................14

1.2 – Ensinar exige pesquisa 15

1.3 – Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos 16

1.4 – Ensinar exige criticidade 17

1.5 – Ensinar exige estética e ética 18

1.6 – Ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo 19

1.7 – Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a discriminação 20

1.8 – Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática 22

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1.9 – Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural 23

Cap. 2 – Expressar o self – o seu eu –..........................................................................19

2.1 – Ensinar exige consciência do inacabado 28

2.2 – Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado 31

2.3 – Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando 34

2.4 – Ensinar exige bom senso 36

2.5 – Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores

39

2.6 – Ensinar exige apreensão da realidade 41

2.7 – Ensinar exige alegria e esperança 43

2.8 - Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível 46

2.9 – Ensinar exige curiosidade 51

Cap. 3 – A Atitude Mental –

...............................................................................................24

3.1 – Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade 56

3.2 – Ensinar exige comprometimento 59

3.3 – Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo

61

3.4 – Ensinar exige liberdade a autoridade 64

3.5 – Ensinar exige tomada consciente de decisões 68

3.6 – Ensinar exige saber escutar 70

3.7 – Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica 79

3.8 – Ensinar exige disponibilidade para o diálogo 86

3.9 – Ensinar exige querer bem aos educandos 90

Cap. 4 – O Planejamento de uma apresentação

–.................................................................29

Cap. 5 – Metáforas, Parábolas e Historias

pessoais.............................................................34

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Prefácio

Aceitei o desafio de escrever o prefácio desde livro do Prof. Paulo Freire movida

mesmo por uma das exigências da ação educativo-crítica por ele defendida: a de

testemunhar a minha disponibilidade à vida e os seus chamamentos. Comecei a estudar

Paulo Freire no Canadá, com meu marido, Admardo, a quem este livro é em parte

dedicado. Não poderia aqui me pronunciar sem a ele me referir, assumindo-o

afetivamente como companheiro com quem, na trajetória possível, aprendi a cultivar

vários dos saberes necessários à prática educativa transformadora. E o pensamento de

Paulo Freire foi, sem dúvida, uma de suas grandes inspirações.

As idéias retomadas nesta obra resgatam de forma atualizada, leve, criativa,

provocativa, corajosa e esperançosa, questões que no dia a dia do professor continuam a

instigar o conflito e o debate entre os educadores e as educadoras. O cotidiano do

professor na sala de aula e fora dela, da educação fundamental à pós-graduação. É

explorado como numa codificação, enquanto espaço de reafirmação, negociação,

criação, resolução de saberes que constituem os "conteúdos obrigatórios à organização

programática e o desenvolvimento da formação docente".

São conteúdos que, extrapolando os já cristalizados pela prática

Edina Castro de Oliveira1

1 Mestre em Educação pelo PPCF/DEFS, Professora do Depto de Fundamentos da

Educação e Orientação Educacional. Vitória, novembro de 1996.

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Primeiras Palavras

Participar do crescimento e desenvolvimento de pessoas é um trabalho gratificante e ao

mesmo tempo enaltecedor. O ganho maior é compartilhar histórias, emoções e vidas

com outros seres humanos.

Devo esclarecer aos prováveis leitores e leitoras o seguinte: este livro foi escrito com

base em minha experiência profissional e possui o objetivo de disseminar o diálogo

aberto e a capacitação para um maior número de pessoas possíveis. Acredito que a

comunicação em público seja uma prática libertadora.

“Eu sou livre” é uma expressão muito forte que passa pela palavra dita, pelo silêncio

compartilhado e pelo amor transmitido. É uma conquista de todos nós!

Vale a pena se aventurar e investir no crescimento pessoal e profissional!

Paulo Antônio Alves de Almeida

Belo Horizonte - Março de 2011

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1. Para além da linguagem não verbal/corporal

Nos treinamentos os participantes possuem várias dúvidas e necessidades de

esclarecimentos em relação aos aspectos da comunicação e oratória. Um dos principais

está relacionado à postura e expressão corporal.

Ampliar a sensibilidade para perceber o seu corpo e do outro requer uma conexão com

as nossas emoções e com os sinais a nossa volta. Os pequenos sinais dizem muito a

nosso respeito. Por exemplo: quando estamos ansiosos, muitas vezes ficando esfregando

nossas mãos. Esses pequenos gestos são percebidos pela platéia. Talvez não saibam

exatamente por que, mas estão sentindo um incômodo vindo do palestrante.

Estar atento aos pequenos sinais vai nos educando para ampliar nossa capacidade de

percepção das pessoas e do ambiente a nossa volta. Um olhar pode transmitir paz, amor,

ódio, segurança, medo e não há palavras sendo tidas, mas um fluir de uma sensação que

transpõe a nossa compreensão racional e objetiva.

Existem muitos mitos sobre qual seria a postura ideal, ou a mais indicada. Sempre

recomendo aos participantes que pensem em seu corpo como um todo, e tenham o foco

no equilíbrio e harmonia da mensagem.

Ir além da linguagem corporal significa buscar compreender a alma e o coração das

pessoas. Muitas vezes uma pessoa pode estar com os braços cruzados, e isso não

significar que está fechada para o mundo, e sim que está refletindo, ou pensando em

uma idéia, ou está mais introspectiva.

Assim, é preciso que nos guiemos além da linguagem não verbal, para entrarmos no

reino da palavra que simboliza e esclarece nossas dúvidas.

Esse tema é de suma importância, pois muitos alunos e até palestrantes profissionais,

podem se equivocar ao observarem a postura corporal de um ouvinte. Uma pessoa na

platéia que está balançando as pernas pode ser interpretada como alguém que não está

aprovando a palestra, mas na verdade ao se verificar, pode ser um tique nervoso, ou até

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mesmo uma necessidade fisiológica. Ou seja, essa pessoa está tensa com ela mesma,

independente do tema ou do palestrante.

Nesse sentido, a atitude mental de autocontrole diante dessas circunstâncias, faz com

que o profissional da oratória sinta-se seguro e confiante. Assim poderá dar

continuidade ao seu trabalho, sem interromper ou mesmo se auto denegrir. Ou até

mesmo fazer uma avaliação pejorativa de sua palestra.

Vivemos em um mundo de imagens, mas é a linguagem que nos torna seres humanos.

Então a interpretação dos gestos está intimamente relacionada ao símbolo lingüístico

presente em nosso imaginário. Acontece que a nossa mente é traiçoeira, ou seja, há uma

configuração consciente e inconsciente que faz com que as nossas percepções sejam,

muitas vezes, errôneas e equivocadas. Na verdade vemos o mundo “através da janela da

nossa percepção”. E essa percepção possui um filtro social, político, econômico,

familiar, profissional e outros tantos, que criam uma distorção favorável ou

desfavorável, dependendo do contexto em que nos encontramos.

A ansiedade diante da platéia é um fenômeno psíquico dos mais complexos e

interessantes.

A maioria dos alunos declara sentir uma grande tensão ao ter que subir “no palco”. A

emoção que sentem é muito forte e está misturada com uma dose de vontade e desejo de

se expressar. O pavor do julgamento dos outros. E muitas vezes, a exigência consigo

mesmo é muito elevada. As pessoas não se perdoam por trocar uma letra, ou “ tropeçar”

em uma palavras. E o erro faz parte do ser humano. Erramos e acertamos em um ciclo

virtuoso.

Os cientistas do comportamento falam da Síndrome de Ativação. Nesta síndrome os

sintomas estão relacionados ao disparo do coração, mãos geladas, tremor das pernas.

Esses sintomas referem-se a um processo presente nos momentos de maior tensão tanto

positivos quanto negativos.

Outros cientistas declaram que o maior desejo do ser humano é ser reconhecido pelo

outro. Esse reconhecimento é uma busca contínua pelo amor do outro e

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Page 8: Oratória

conseqüentemente por nossa identidade diante do social, das pessoas que amamos e das

quais gostaríamos de ser amados e correspondidos.

As mãos que tecem, oram, afagam, batem palmas, fecham com raiva, golpeiam,

buscam o abraço e o cumprimento são o reflexo do nosso interior, e do nosso estado de

espírito. As mãos do maestro ditam ritmos, compassos, melodias - As mãos do artesão

afagam o barro e criam formas divinas - O jogador de futebol mesmo não usando as

mãos na maioria das vezes, agarra o companheiro para “ganhar” uma bola, ou para

manifestar um grito de gol!!! ; e também recebem cartões pelas mãos dos juízes que

muitas vezes, “ inadvertidamente” utilizam as mãos como uma espada que corta e

dilacera o oponente. Nossas mãos são nossa fonte de trabalho, de recursos, de carinho,

de afeto e de amor.

Os meus alunos sempre perguntam: onde coloco as minhas mãos?!!!! Eu tive uma

professora que sempre quando estava me apresentando em público, chamava a minha

atenção para cuidar das minhas mãos. O objetivo é que elas ficassem calmas, tranqüilas,

serenas, e assim eu pudesse me acalmar e transmitir ao público uma paz de espírito.

Para mim, as mãos representam nossa alma.

A orientação para os alunos é: sintam-se livres para apresentar o seu estilo pessoal de

gestual, desde que busquem harmonia e equilíbrio, a começar pelas mãos. Vocês podem

cruzar os braços, colocar as mãos para trás ou para frente, ou até colocá-las no bolso ,

desde que seja um gesto natural, tranqüilo, sereno, controlado e harmônico. E que não

fiquem o tempo todo na mesma posição. Sem exageros, a movimentação suave é a mais

indicada para que a atenção se concentre no conteúdo da mensagem.

Nesse sentido, a prática da respiração, coordenando inspiração e expiração em harmonia

com os movimentos das mãos, se constitui em um eficiente treino de coordenação

motora e de apresentação. A respiração é fundamental para controlar a ansiedade e

buscar uma movimentação suave, sem excessos.

Os exercícios de Tai Chi Chuan auxiliam no controle tanto da respiração quanto da

coordenação das mãos e os demais movimentos. E é uma prática que traz benefícios

globais para a saúde.

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“O Tai Chi Chuan é uma arte chinesa que surge na história daquele país, por volta do

ano 1200 de nossa era. Foi lendariamente criado por um monge taoísta de nome Chang

San Feng. Conta a lenda que este monge era versado em diversas artes marciais e queria

reunificar os princípios filosóficos e os princípios físicos que na época estavam

dissociados devido a muitas guerras na China. Chang San Feng, observando a luta entre

uma garça (grou) e uma serpente idealizou os movimentos do Tai Chi Chuan. Outra

versão da origem do Tai Chi Chuan descreve seu nascimento no seio da família Chen

com o Mestre Chen Wanting à 300 anos atrás.”

Historicamente temos 5 estilos de Tai Chi Chuan; Chen, Yang, Wu, Wu e Sun. É

importante saber que o nome de cada estilo surge desde o nome de seu criador e que na

verdade, a palavra "estilo", na China praticamente não se usa. Em chinês, quando se

referem ao Tai Chi Chuan as pessoas literalmente dizem Tai Chi Chuan da família Chen

ou Tai Chi Chuan da família Yang e assim por diante.”

Tai chi significa "o supremo". Isto significa melhorar e progredir em direção ao

ilimitado; significa a existência imensa e o grande eterno. Todas as várias direções em

que a influencia do Tai Chi foi sentida, foram guiadas pela teoria dos opostos: o Yin e o

Yang, o negativo e o positivo. Algumas vezes são chamados de princípio original.

Também acreditava-se que as várias influencias do Tai Chi apontavam em uma direção

só: em direção ao supremo.

(Fonte: http://www.sbtcc.org.br/)

Outras técnicas recomendadas: As 18 terapias LIAN GONG são extremamente úteis

para fortalecimento da energia vital, bem como para aperfeiçoamento do controle

emocional.

“. O Lian Gong em 18 Terapias. É uma prática corporal elaborada na década de 70

pelo médico ortopedista da Medicina Tradicional Chinesa, Dr. Zhuang Yuan Ming, que

vive em Shangai. A técnica, composta de 18 exercícios para prevenir e tratar de dores

no corpo, obteve bons resultados e foi escolhida pelo governo chinês para ser divulgada

para a população. O Dr. Zhuang, seu criador, recebeu o prêmio de Pesquisa Científica

de Resultado Relevante. Posteriormente, ampliou a técnica e adicionou mais duas partes

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com 18 exercícios: uma para prevenir e tratar de dores nas articulações, tenossinovites e

disfunções dos órgãos internos e, a outra, para prevenção e tratamento de doenças das

vias respiratórias. No Brasil, a técnica foi introduzida no ano de 1987 por Maria Lúcia

Lee, professora de filosofia e artes corporais chinesas. Desde então, o Lian Gong em 18

Terapias vem sendo amplamente difundido, conquistando o povo brasileiro para a sua

prática.” (Fonte Site:Instituto Mineiro de Tai chi e Cultura Oriental)

A respiração é fundamental no sucesso de uma apresentação em público. Respirar

deveria ser uma prática natural e saudável. Infelizmente os vícios de nossa educação, e

as tensões a que estamos submetidos tanto na vida profissional quanto pessoal e

familiar, geram enrijecimentos. Couraças de caráter nos adoecem e nos limitam a ter

uma vida plena de saúde física, mental, emocional e espiritual.

O principal músculo da respiração é o diafragma. “É um músculo estriado

esquelético em forma de cúpula e principal responsável pela respiração humana

(também é auxiliado pelos músculos intercostais e outros músculos acessórios); serve

de fronteira entre a cavidade torácica e a abdominal. “ (Fonte Wikipedia).

Para facilitar o contato e a auto perceção do diafragma, recomendo aos alunos que

coloquem as mãos na altura do estômago. Em seguida peço que simulem uma tosse.

Automaticamente o diafragma se manifesta, como se empurrasse as mãos dos

participantes. Essa é uma experiência simples que você poderá fazer, e assim se

conscientizar do funcionamento desse músculo. Uma vez, tendo consciência do músculo

é fundamental realizar o treinamento de uma respiração profunda, iniciando na região

abdominal e ampliando para a região toráxica superior. Aumentar a capacidade de

respiração e o volume de ar dentro dos pulmões irá trazer bem estar e maior controle da

fala. Ampliar e controlar a respiração é um excelente caminho para diminuir a ansiedade

e lidar melhor com a angústia diária, e conseqüentemente com o nervosismo diante da

platéia, em uma apresentação em público.

Inspirar e expirar lentamente antes de uma apresentação, ou mesmo diante de um

conflito, são formas eficazes de se buscar um equilíbrio emocional.

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Anatomicamente falando, o diafragma funciona com um fole: ao inspirarmos, expande

os pulmões que se ampliam, e o ar entra; ao expirarmos o diafragma comprime os

pulmões para o ar sair. O controle do diafragma consiste em evitar que haja uma

compressão rápida os pulmões. Ou seja, treinar para que o diafragma se mantenha o

maior tempo possível expandido, e lentamente permitir a expiração de uma forma

contínua, lenta e controlada.

A boa postura é vital nesse processo. Ainda que você esteja sentado, deve-se manter a

coluna alongada, com um bom posicionamento nas regiões pélvica, lombar e cervical

para que haja espaço suficiente. Assim a musculatura abdominal poderá trabalhar

livremente.

O efeito tranqüilizador de uma respiração profunda é muito gratificante e salutar.

Ocorre maior oxigenação do cérebro e uma maior possibilidade de harmonia no trabalho

do corpo como um todo.

O diafragma controla o volume de ar que passa pelas pregas (cordas) vocais, fazendo-as

vibrar, e gerar os sons para a fala.

O próximo passo para se controlar a emissão vocal, consiste em se treinar a ressonância

das vocalizações, ou seja, com a boca fechada deve-se fazer um som, como “um

mugido de boi”, vibrando as pregas (cordas) vocais. E criando uma ressonância nos

ossos da face e do tórax, similar a uma caixa de som amplificada.

São exercícios muito eficazes para se conseguir um aumento no volume e conseqüente

projeção da voz no espaço. A boa vibração sonora faz com que o corpo funcione como

uma potente caixa acústica, ampliando a voz e projetando-a no ambiente de uma forma

agradável e harmônica.

Após o treino do “mugido do boi” deve-se vocalizar a vogais: a, e , i , o, u. Esse treino

das vogais irá criar uma base sonora para as frases e discursos. Ou seja, com as vogais

bem colocadas no aparelho fonador, haverá maior probabilidade do texto ser articulado

e bem colocado para os ouvintes.

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A articulação e dicção das palavras é outro treinamento que necessita ser realizado

continuamente, pois estamos falando de músculos - face, boca, língua, diafragma –

sendo necessário manter um condicionamento físico apropriado.

As brincadeiras de trava=língua são boas ferramentas para o aprimoramento da dicção.

A leitura em voz alta de textos diversos, inclusive em outros idiomas, é outro

instrumento que agiliza e aumenta sobremaneira a capacidade de articulação das

palavras e frases. Ressalte-se que estamos falando de casos onde não há incidência de

patologias graves no sistema fonoaudiológico.

Um exemplo de trava-língua:

“O bispo de Constantinopla é bom Constantinopolizador. Quem o

desconstantinopolizar, bom constantinopolizador será.”

São exercícios divertidos e precisam ser feitos com alegria e descontração para que os

resultados sejam satisfatórios. A repetição é a alma do aprendizado. E nesse caso,

repetir a leitura tanto de textos quanto de exercícios de dicção é fator de sucesso. A

orientação nesse treinamento é tentar se concentrar apenas nas sílabas e não na palavra

ou no texto todo. Assim, os acertos são maiores e a ansiedade é controlada.

O equilíbrio

O corpo fala! “ O que você é, grita tão alto que eu não consigo escutar o som da sua

voz”

A minha orientação é sempre no sentido de valorizar o estilo pessoal de cada

participante. Agora, é fundamental buscar a harmonia, o equilíbrio e uma postura

corporal coerente e consistente.

Pense em uma linha imaginária passando no meio dos pés, subindo pelo centro das

pernas, indo em direção ao abdômen e ao tórax. É preciso pensar em um alongamento

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onde ossos e músculos estejam alinhados, através do contato com o chão, em um

sentido equilibrado e em harmonia.

Respeitar os limites do corpo, buscar uma coluna que se alongue por trás, para cima e

para frente, com suavidade. E ao mesmo tempo pensar no coxis - a última vértebra da

coluna, na região lombar, direcionada para baixo, em direção ao chão. O alongamento

acontece quando duas forças opostas entram em tensão contínua, com leveza. É

fundamental permitir que a musculatura ceda, sem excesso de tensão, para haver um

alongamento eficaz e saudável.

Pensar em um corpo flexível, maleável – como um artista que com um pincel desenha

um quadro – você também poderá desenhar com o seu corpo formas e expressões que

demonstrem a sua humanidade de uma forma equilibrada.

Os conceitos de Cadeias Musculares - Françoise Mézières - são um referencial

teórico para o trabalho corporal:

“todo o encurtamento parcial da musculatura posterior leva a um

encurtamento de todo o conjunto desta musculatura”, o que corresponde à

noção de cadeia muscular, onde “toda a modificação de comprimento no

sentido do alongamento ou no sentido do encurtamento de parte da

musculatura tem repercussão sobre todo o conjunto”. Françoise Mézières

acrescenta: “Tanto que como o alongamento da musculatura lombar se

traduzia pelo encurtamento da curvatura cervical, a lei é que o

alongamento de um qualquer músculo posterior leva ao encurtamento do

conjunto de toda a musculatura posterior”. É o que costumamos chamar de

compensação.

É preciso, ao invés de fortalecer esta musculatura, descontraí-la,

alongando de uma ponta à outra da coluna vertebral, como se se tratasse

de uma lordose”. Atualmente sabemos que a “cadeia posterior”,

identificada pela primeira vez por meio das observações de Mézières, inclui

um comportamento dinâmico, o qual integra um conjunto muito avultado de

estruturas musculares, como o diafragma e, até mesmo, a musculatura

anterior.

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“ Menos é mais!” Podemos verificar ao assistir os clássicos do cinema mudo, como os

filmes de Charles Chaplin, esse gênio do cinema, trabalhava a plasticidade dos

movimentos. Com poucos gestos, expressava toda a sua alma. O seu olhar, um leve

inclinar de sua cabeça, ainda hoje, nos emociona profundamente. O desafio é expressar

muito com pouca movimentação.

Os pés – a base – buscar uma boa distribuição do peso do corpo é fundamental para

uma harmonia integral. Manter o corpo em um alinhamento saudável requer um contato

sólido e firme com o chão. A gravidade é a base para um alongamento eficaz, e

conseqüentemente, sentir o chão “empurrando” com os pés bem apoiados irá possibilitar

uma maior segurança no deslocamento do palestrante. Muitas vezes as pessoas se

apóiam em uma das pernas, e vão se acomodando nessa posição, fazendo uma torção

que é prejudicial para o organismo. Isso gera desequilíbrio e uma imagem negativa.

Ainda que o palestrante esteja em silêncio, ou em uma pausa, é necessário que o seu

corpo esteja sempre alerta, canalizando a energia, buscando um alongamento constante

e relacionando-se com o público de maneira sustentada e intensa.

O olhar – é um desafio para todos os participantes. Durante o clássico exercício de estar

frente a frente com uma outra pessoa, apenas olhando em seus olhos, as pessoas sentem-

se profundamente acomodadas e desconcertadas. São raros aqueles que declaram se

sentir a vontade diante do olhar do seu colega. A maioria afirma que o olhar transmite

muito mais do que as palavras conseguem transmitir. As pessoas se sentem vulneráveis,

expondo a sua alma ao outro – é a janela da alma e do espírito.

Os alunos sempre perguntam: o que fazer com o olhar diante de uma platéia? A

orientação é que pensem na flexibilidade de uma forma geral, ou seja, deixar o olhar

percorrer o ambiente de uma forma tranqüila e serena. Você poderá olhar para uma, ou

mais pessoa, mas evite fixar o olhar em uma única pessoa. Nesse momento, a respiração

é um forte auxílio para controlar o nervosismo.

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Page 15: Oratória

De uma forma geral, quando se está em um ambiente pequeno , de até 50 pessoas –

recomenda-se olhar nos olhos de cada pessoa, de uma maneira geral, a medida que a

palestra se desenvolve, de uma forma espontânea e tranqüila. Quando subimos para 100,

150 pessoas podemos olhar para algumas pessoas. Direcionar o olhar para o grupo,

como um todo, sempre que possível, é mais recomendado. E acima de 150 pessoas,

volta-se na máxima de se pensar no todo, e olhar para o auditório de uma forma ampla,

na linha do horizonte.

Lembre-se que a rigidez é a inimiga da comunicação. Essas dicas são orientações que

devem ser adaptadas a cada pessoa e para cada situação distintamente.

Um outro fator muito importante é que mesmo com um planejamento perfeito realizado

antecipadamente, a situação – o aqui e agora – é sempre uma novidade. As pessoas

devem se preparar para alterações repentinas, que dão frescor e espontaneidade a

apresentação. Ainda que você saiba exatamente qual é o seu público alvo, é preciso

estar pronto para surpreender e ser surpreendido.

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Page 16: Oratória

2. Expressar o self – o seu eu –

O grande entusiasmo que eu sinto com o treinamento de Oratória é a força emocional

que as pessoas apresentam ao falarem sobre seus sonhos e suas realizações. A palavra

possui uma intensidade e uma energia tão estimulantes que as pessoas se revelam

poetas e artistas.

Parece que a criatividade é um dom presente em todo ser humano. Durante os

treinamentos eu convido os participantes a dramatizarem cenas do seu cotidiano. O

objetivo é iniciar um processo de desinibição, sensibilização, auto conhecimento e

entrosamento com os colegas. E em todos os grupos os participantes improvisam e

realizam dramatizações incríveis sobre o cotidiano. Eu sempre reconheço o talento

teatral presente em todo ser humano. Realmente a dramatização está em nosso DNA.

Representar papéis faz parte de nossa natureza, como o ar que respiramos. E quando as

pessoas liberam sua criatividade e se permitem jogar e brincar , o mundo fica mais feliz.

Uma parte do treinamento consiste em cada pessoa escrever seu sonho e apresentar para

os colegas. A maior parte dos sonhos referem-se aos desejos de paz, harmonia,

crescimento da humanidade e uma vida cheia de sentido e de amor. O ser humano

deseja se realizar e acredita no amor.

O discurso de Martin Luther King “ I Have a Dream” é um estímulo para os alunos

começarem a escrever os seus próprios discursos. A luta pela igualdade entre brancos e

negros nos EUA, a influência da não violência de Mahatma Ghandi, a força de suas

palavras e exemplos são sempre um bom motivo para falar e emocionar.

REV. MARTIN LUTHER KING (1929-1968)

Líder da luta contra a segregação racial nos Estados Unidos.O discurso foi

realizado em 28 de agosto de 1963, no Lincoln Memorial, ao final da famosa

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Page 17: Oratória

“Marcha para Washington”. O mote “Eu tenho um sonho” lhe foi sugerido por uma

senhora que participava do movimento contra a segregação. No dia 4 de abril de

1968, Luther King foi assassinado por um racista branco, na sacada do Motel

Lorraine, em Menphis, no Tennesse.

1. Eu tenho um sonho!

Eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro princípio

do seu credo: Nós acreditamos que esta verdade é auto-evidente, que todos os homens

são criados iguais.

2. Eu tenho um sonho de que algum dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos

dos escravos e os filhos dos senhores de escravos se sentarão juntos à mesa da

fraternidade. Esta é a nossa esperança. É com esta fé que eu retorno ao Sul.

3. Com esta fé, nós estaremos prontos a trabalhar juntos, a lutar juntos, a irmos para a

cadeia juntos, a nos erguermos juntos pela liberdade, sabendo que seremos livres algum

dia.

4. Este será o dia quando os filhos de Deus estarão prontos a cantar com um novo

significado: Meu país... doce terra da liberdade, para ti eu canto. Terra onde meus pais

morreram, terra do orgulho dos Peregrinos, de qualquer lado da montanha, deixe tocar o

sino da liberdade.

E se a América for uma grande nação um dia, isto também será verdadeiro.

Assim, deixe tocar o sino da liberdade!

5. Quando deixarmos o sino da liberdade tocar, quando o deixarmos tocar em qualquer

vilarejo ou aldeola, de qualquer estado, de qualquer cidade, estaremos prontos para nos

erguer neste dia, quando todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios,

protestantes ou católicos, estaremos prontos para nos dar as mãos e cantar as palavras de

um velho spiritual negro:

Por fim livres! Por fim livres! Graças, senhor Todo-Poderoso, estaremos livres, enfim.

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Page 18: Oratória

Alguns fragmentos de sonhos...

“Em meu sonho quero poder fazer a minha companheira a mais feliz do mundo!”

“Eu tenho um sonho de recarregar as baterias, renovar as energias, aproveitar o dia

sem nenhum tipo de cobrança, enfim aproveitar a vida de um jeito menos acelerado,

desfrutando...”

“Há muito tempo sonhava com um príncipe encantado, e mais tarde descobri que eles

não existem, mas que ainda assim podemos descobrir muitas belezas no outro sem que

ele precise ser um príncipe.”

“ Um sonho seria rever minha mãe, que já desencarnou há 11 anos,e poder conversar

com ela, pedir opiniões, deitar em seu colo e abraçá-la.”

“Eu tenho um sonho de sair para o trabalho com um sorriso no rosto e com a certeza

que , ao fim do dia, o mundo e eu mesmo, estaremos melhor.”

“Quero poder acordar e perceber um mundo mais justo, onde as pessoas sejam

valorizadas pelo que elas são, e não pelo que elas tem”

“Quando olho para o meu filho e me deslumbro em seu sorriso. Eu tenho um sonho de

ter tanta ternura e sinceridade no mundo.”

“...a cada dia acordar num praia diferente, e com os dias regados a alegria e

fartura...”

“Ver a sociedade mais unida, onde as pessoas possam ser reconhecidas pelo seu

caráter e não pela sua conta bancária.”

“ ...sonhar em viver com a simplicidade de uma criança...”

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Page 19: Oratória

O que fazer com os Né? Hum..Ham...ééee?!!!!

O equilíbrio e a harmonia são fundamentais em toda vida e expressão humana. Essa

busca necessita ser constante, como também a compreensão de que somos imperfeitos.

Durante uma apresentação o erro necessita ser incorporado como fazendo parte do

processo. Fixar-se nos erros irá gerar um excesso de tensão , prejudicial a apresentação

como um todo. Muitos alunos se preocupam com o excesso de “né?!”....hum...han....e

outros maneirismos. Considero importante a conscientização de “limpar” esses

excessos. Entretanto, quando nos fixamos nos erros, a tendência é permanecermos com

eles. O melhor a fazer é concentrar-se no todo, ou seja, na apresentação como um todo,

pensando nas diversas variáveis tais como o conteúdo, o público alvo, os equipamentos,

o gestual, enfim todos os aspectos que envolvem uma apresentação, e buscar maximizar

a sua expressão. Aos poucos, com a prática, os maneirismos vão desaparecendo.

A minha experiência com os alunos tem demonstrado que um dos principais fatores de

inibição é o alto nível de exigência consigo mesmo.

Uma forte repressão, por parte da família , da sociedade e do próprio indivíduo que auto

reforça a sua incapacidade. No geral a nossa sociedade está fixada no erro, por exemplo:

“Você tirou só 8 na prova valendo 10?” Ou por que você tirou 9,8 e não 10? O erro é

muito enfatizado, enquanto que os acertos, ainda que pequenos mas significativos,

passam desapercebidos. É fundamental durante o treinamento,e durante a nossa própria

vida enfatizarmos o lado positivo e produtivo das experiências. Do contrário, saímos

perdendo, principalmente perdemos o convívio com as pessoas e com a comunidade.

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Page 20: Oratória

3. A Atitude Mental –

Esse é um tema complexo, de extrema importância , e talvez o principal definidor de

uma boa apresentação. A contribuição das teorias psicológicas nessa área é

incomensurável. Vou me concentrar em alguns aspectos de duas teorias e suas

contribuições para o falar em público. A teoria cognitiva comportamental e a teoria

psicanalítica. O objetivo aqui é nos ater a algumas contribuições e reflexões a partir de

conceitos dessas teorias.

A teoria cognitiva- comportamental preconiza que o nosso comportamento é baseado

em crenças adquiridas ao longo da nossa vida, e que pré-existem antes mesmo do nosso

nascimento.

Existem crenças capacitantes e crenças limitantes. A idéia central é que agimos

movidos por essas crenças que constantemente influenciam nossos pensamentos e

nossos sentimentos, e conseqüentemente nossas ações, atitudes e comportamentos.

Exemplos de crenças capacitantes:

“a pior experiência é a aquela com a qual não extraímos um

aprendizado.”

“reconhecer o erro é o primeiro passo para a mudança”

“Deus tem sempre o melhor, e quer te surpreender”

“ tenho sempre todo o dinheiro que preciso.”

Exemplos de crenças limitantes:

eu não consigo mudar o meu comportamento

a crise vai acabar com o negócio

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Page 21: Oratória

o mercado está muito ruim

A teoria cognitiva preconiza que o pensamento gera sentimento que gera ação. Ou

seja, os seus pensamentos influenciam diretamente os sentimentos e conseqüentemente

suas ações irão ser influenciadas pelos sentimentos.

Essa teoria trabalha com o conceito de pensamentos automáticos negativos –

pensamentos que estão constantemente em nossas mentes, nos dificultando o

relacionamento interpessoal e social. E esses pensamentos estão sendo subsidiados e

alimentados por crenças. Por exemplo: Uma mãe que cria bem o seu filho. Um dia,

grita com ele e pensa: “ eu não sou boa mãe, gritei com o meu filho.” Ela pode ter uma

crença do tipo: “Quem grita é mau, então eu sou má.”

Esse tipo de pensamento gera sentimentos de inferioridade, de tristeza, inadequação, e

assim dificultam o contato saudável com os filhos. O fato de gritar uma vez não

significa que você é uma pessoa má. A compreensão de que somos humanos, que

erramos e falhamos em nossos atos, é fundamental para aceitarmos as diferenças, e

perdoarmos os nossos erros.

Algumas crendices populares nos ajudam a compreender esses fenômenos mentais que

influenciam nosso comportamento. Por exemplo:

1. Manga com leite: em nossa infância essa associação era considerada um veneno.

2. deixar a vassoura atrás da porta para espantar a visita

3. Chinelo ou sapato com a sola virada para cima, o pai ou a mãe podem morrer.

4. Cruzar com gato preto na rua dá azar.

5. Passar debaixo da escada é má sorte.

6. Quebrar um espelho, dá sete anos de azar

7. Colocar bolsa no chão faz o dinheiro acabar.

8. Apontar e contar estrelas no céu faz nascer verruga na ponta dos dedos.

9. Coceira na palma da mão direita é dinheiro que vamos receber, na esquerda é

carta a chegar

10. Passar debaixo de escada dá má sorte.

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Page 22: Oratória

11. Quebrar espelhos dá 7 anos de azar.

12. Cruzar com gato preto na rua dá azar.

Conquistas recentes da neurociência tem comprovado como nosso cérebro é um órgão

plástico que se transforma com o tempo e com exercícios mentais. E atualmente, há

evidências cientificas e tecnológicas que o pensamento é uma corrente elétrica de

baixíssima voltagem, mas pode ser medido com tecnologias avançadas.

Assim, treinar o pensamento a nosso favor é um dos exercícios fundamentais para se

atingir um bom nível de saúde mental, física, emocional e espiritual.

A teoria psicanalítica – fundada por Sigmund Freud – final do sec.XIX e início do sec.

XX – baseia-se no conceito de Inconsciente – a teoria pressupõe que a nossa mente

funciona como um Iceberg, onde 10% seria a consciência que se encontra acima do

nível do mar, e 90% o inconsciente – abaixo do nível do mar. O inconsciente é o

responsável por nossas ações, comportamentos, motivações e atitudes. Nós temos

acesso ao inconsciente através dos sonhos, atos falhos e chistes (associação bem

humorada entre duas idéias que aparentemente não possuem sentido).

Inibição, Sintoma e Angústia são aspectos que a teoria psicanalitica trabalha e m

profundidade.Os mecanismos de defesa do Ego se constituem em outra grande

contribuição da psicanálise para a compreensão do funcionamento do comportamento

humano. Os mecanismos de defesa são formações psíquicas que servem para nos

defender contra os excessos percebidos e vivenciados. A idéia é que a mente trabalha

com o conceito de equilíbrio entre prazer e desprazer, e busca a harmonia e a

diminuição das tensões. Os mecanismos de defesa servem a esse objetivo, ou seja,

proteger o indivíduo das angústicas e aflições geradas em suas percepções.

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Page 23: Oratória

“Para Freud a defesa é a operação pelo qual o Ego exclui da consciência conteúdos

indesejáveis. Alguns dos mecanismos de defesa são:

Racionalização – consiste em justificar de forma mais ou menos lógica e ética a própria

conduta. Apresenta-se como um esforço defensivo para manter o auto-respeito. Por ele,

arranjamos desculpas e explicações que nos inocentem de erros e fracassos.. Costuma-

se ouvir de pessoas demitidas “afinal, aquela empresa estava realmente em decadência”;

depois das mudanças de Administração, ficou mesmo impossível trabalhar lá; somente o

pessoal menos qualificado permaneceu.” Reconhecer nossa irracionalidade, ainda

quando nos é incômoda, ajuda a superá-la. Nem a conduta e nem os impulsos das

pessoas são sempre racionais.

Projeção – consiste em atribuir a outros as idéias e tendências que o sujeito não pode

admitir como suas. Sem que percebamos, muitas vezes, vemos nos outros defeitos que

nos são próprios Podem servir como exemplos: o aluno que se sente frustrado pela

reprovação nos exames, põe-se a dizer que o professor é incapaz. O marido infiel que

desconfia da esposa.

Repressão – é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações

demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e

recalcando-os para o inconsciente. Vivências que provocam sentimentos de culpa são

esquecidas. Muitos casos de amnésia (excluídas as causas orgânicas) podem ser

explicados através deste mecanismo.

Deslocamento – Na tentativa de ajustar nosso comportamento e eliminar as tensões,

muitas vezes, não podendo descarregar nossa agressão na fonte de frustração (um chefe,

a organização, etc), passamos a agredir terceiros que não têm nada a ver com o caso.

Regressão – significa voltar a comportamentos imaturos, característicos de fase de

desenvolvimento que a pessoa já passou. A criança de cinco anos que, após o

nascimento de um irmão, volta a chupar o dedo, molhar a cama e falar como bebê, é um

exemplo de regressão. Dessa maneira, reage melhor à frustração. É o caso do

funcionário que, diante do chefe, assume comportamento menos adulto.”

Fonte: Wikipedia

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Page 24: Oratória

4. O Planejamento de uma apresentação –

Os alunos apresentam uma forte ansiedade diante das apresentações em público, e

geralmente, durante o treinamento, essa ansiedade está presente. Grande parte dos

alunos dizem: “ Professor, eu fico muito nervoso(a) e ansioso(a) quando me pedem

para falar sobre um assunto que eu não domino. “ Eu sempre digo que falar em

público é um desafio muito grande , e também uma grande responsabilidade. Assim,

você já vai ficar tenso, entao é melhor falar sobre um conteúdo de total domínio! Caso,

alguém solicite uma apresentação sobre um tema desconhecido, é melhor não

apresentar.

Nestes últimos 5 anos, tenho trabalhado propondo aos alunos que façam pequenas

apresentações de 2 minutos de duração. São apresentações curtas que tornam possivel o

aprimoramento das diversas variáveis que interferem no processo: conteúdo, platéia,

microfone, filmadora, datashow, espaço, ambiente etc. Em seguida eu solicito que os

participantes repitam a mesma apresentação, em 1 minuto. Essa limitação de tempo gera

ansiedade e nervosismo similiares a uma apresentação com um grande público. O

controle do tempo é importantíssimo para gerar maior assertividade na comunicação, e é

um desafio que estimula o aprimoramento continuo.

O planejamento é muito importante, pois será um roteiro para uma apresentação eficaz.

Agora, é fundamental estar consciente e alerta para uma possível mudança e

flexibilidade . Ainda que você faça um planejamento excepcional, alguma coisa pode

sair errado. Por exemplo: um datashow com amplitude pequena ; um controle de slides

que apenas avança , e você precisa voltar no slide anterior para dar dinâmica na

apresentação ....e o principal – a platéia. Ainda que você saiba, antecipadamente, qual é

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Page 25: Oratória

o seu público alvo, a formação de um grupo, ainda que de pessoas conhecidas, sempre

se transforma em uma nova configuração. As pessoas possuem expectativas diferentes,

momentos de vida diferentes, e consequentemente disponibilidade para ouvir e atenção

influenciáveis diariamente.

Buscar uma atenção flutuante é essencial para o sucesso de uma apresentação. A

espontaneidade, o frescor de uma palavra poderá trazer sensações diferentes, e a platéria

poderá se surpreender. Queira sempre surpreender a platéia, com temas, imagens, sons e

atitudes que busquem um ritmo diferenciado .

A estrutura lógica de uma apresentação envolve 4 fases principais:

1. Apresentação

2. Preparação

3. Desenvolvimento

4. Conclusão

Esse é um formato básico de um modelo que poderá ser adaptado ao estilo de cada

indivíduo.

Eu recomendo que a apresentação seja breve e que contenha o seguinte conteúdo:

. Bom dia, boa tarde ou boa noite. Meu nome é _________. Fale de sua alegria e

satisfação em estar compartilhando esse momento com o público e agradeça a

oportunidade. Recomenda-se uma referência ao local e as pessoas com objetivo de

aproximar-se da platéia, buscando a simpatia e sinergia com os ouvintes. Utilizar a

criatividade nesse momento é muito importante, pois aproxima as pessoas. Por exemplo,

eu estava ministrando uma palestra em uma empresa sobre o tema Motivação e

Segurança. Os funcionários haviam apresentado um vídeo sobre acidentes que

acontecem nos lares, e que poderiam ser evitados, tais como: trocar uma lâmpada sem

uma escada segura; trocar o chuveiro sem desligar a chave geral, dentre outros. A minha

abordagem sobre o tema motivação estava centrada em vários aspectos, sendo que um

deles refere-se a uma postiiva auto estima gerada desde a infância, incluindo a educação

recebida pelos pais. Eu lembrei que quando era pequeno, eu estava ajudando meu pai

em uma reforma em nossa casa. Nós dois estávamos em cima de um andaime que

quebrou, e eu imediatamente me agarrei a parede, e não caí. Meu pai durante nosso

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Page 26: Oratória

almoço em família elogiou a minha atitude. Então , eu comecei a palestra trazendo essa

história que havia me emocionado, e fortalecendo o vinculo com a platéia ao relacionar

a lembrança desse episódio ao vídeo apresentado por eles. E foi um momento

emocionante para mim e para o púbico também.

A preparação representa um contrato imaginário realizado entre o palestrante e a

platéia. Esse contrato possui o ojbetivo de focar o conteúdo preparando as pessoas

para acompanharem o discurso. Captar a mente do ouvinte é um grande desafio, pois as

pessoas estão preocupadas com suas próprias necessidades e pensamentos. Nesse

sentido, a preparação é momento onde você irá definir o foco preciso de sua

apresentação. Por exemplo: Vou falar sobre Comunicação. É um ótimo tema, mas

bastante amplo. Agora, se eu disser: Vou falar sobre Comunicação – como atingir o

público alvo nos dias atuais, através das mídias sociais. Assim, fica mais restrito, e as

expectativas das pessoas começam a ser admnistradas.

Falar em público é uma arte, onde é preciso aliar o que é previsivel, controlado e

organizado com o espontâneo, o inesperado e surpreendente.

O desenvolvimento é o momento de maior duração de uma apresentação. Durante esse

período, o palestrante irá trazer dados, análises, conteúdos, testemunhais, ilustrações

dentre outros recursos para comprovar e confirmar a preparação e as promessas

realizadas anteriormente.

A seguir apresento um fragmento de um discurso realizado por um dos nossos alunos

para ilustrar a aplicação do formato sugerido:

Boa noite a todos. Tenho o prazer de estar com vocês aqui hoje, e poder compartilhar

da alegria após essa curta, e no entanto longa jornada, receber o diploma desse curso.

Apesar de sua brevidade, tantos bons momentos nos proporcionou. Eis que aqui

chegamos, no primeiro dia, temerosos, ansiosos, no arfã de enfrentarmos um leão

chamado falar em público. Devo destacar aqui, em primeiro lugar, a coragem de

confrontá-lo e o desejo de verem terminadas todas as barreiras, que nos impedem de

nos sentirmos bem, ao expressarmos nossas opiniões, idéias, em meio a um conjunto de

pessoas...

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Outro Exemplo:

Meu nome é Diogo, é um prazer estar aqui de novo com vocês. Fui convidado pela

Fiemg para vir aqui falar da Marketing500 , que é uma agência que nos ensina sobre

Oratória. É sensacional! Eu participei do curso, onde pude desenvolver formas de dizer

com seu corpo, com sua voz...aumentar, entornar..dizer uma palavra maior...com

espaço de tempo mais bem locado e colocar melhor as minhas palavras. Eu queria

fazer um convite para vocês que pudessem participar também com a Marketing500 que

é uma excepcional agência , que tem um grande profissional o Sr. Paulo que vai

ensinar para vocês um novo jeito e uma melhor forma de falar. Obrigado, boa noite e

fica aqui o convite e o desafio para vocês fazerem isso.

A conclusão deve ser uma etapa curta – mais curta que a introdução – pois deve-se

evitar começar a conclusão e em seguida voltar a se falar sobre um tópio do

desenvolvimento. Recomenda-se utilizar expressões do tipo: para

concluir...finalizar...fechar...enfim....e utilizar uma frase ou comentário sugestivo.

Exemplo: A Arca de Noé foi a realização de uma visão e a obediência a um chamado

de Deus. Simbolicamente, qual é a Arca que você está construindo para salvar você ,

seus familiares, amigos e comunidade?

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Page 28: Oratória

5. Metáforas, Parábolas e Historias pessoais

A metáforas e as parábolas apresentam um poder de comunicação extraordinario, pois

pequenas histórias falam diretamente ao inconsciente das pessoas, fazendo-as refletir ,

se emocinonarem com descobertas e auto conhecimento, e assim abrindo caminho para

o crescimento pessoal e também para o desenvolvimento profissional.

Uma parábola extraída do livro : “ Feitas para durar –Práticas bem sucedidas de

empresas visionárias “ – autores: James C . Collins e Jerry I. Porras – é um bom

exemplo de história que estimula o crescimento.

A Parábola da Faixa Preta

Imagine um lutador de artes marciais ajoelhado na frente do mestre sensei numa

cerimônia para receber a faixa preta obtida com muito suor. Depois de anos de

treinamento incansável, o aluno finalmente chegou ao auge do êxito na disciplina.

“Antes que eu lhe dê a faixa, você tem que passar por outro teste” , diz o sensei.

“ Eu estou pronto”, responde o aluno, talvez esperando pelo último assalto da

luta.“Você tem que reponder à pergunta essencial: qual é o verdadeiro significado da

faixa preta?”

“ O fim da jornada”, responde o aluno. “ Uma recompensa merecida por meu

bom trabalho.”

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Page 29: Oratória

O sensei espera mais. É óbvio que ainda não está satisfeito. Por fim, o sensei

fala: “Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano.”Um ano

depois, o aluno se ajoelha novamente na frente do sensei.

“Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?” , pergunta o sensei.

“ Ela é o símbolo da excelência e o nivel mais alto que se pode atingir em nossa

arte, “ responde o aluno.

O sansei não diz nada durante vários minutos, esperando. É óbvio que ainda não

está satisfeito. Por fim, ele fala. Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte

daqui um ano.” Um ano depois, o aluno de ajoelha novamente na frente do sensei.

E mais uma vez o sensei pergunta: “ Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?”

“ A faixa preta representa o começo – o início de uma jornada sem fim de

disciplina, trabalho e a busca por um padrão cada vez mais alto”, responde o aluno.

“Sim, agora você está pronto para receber a faixa preta e iniciar o o seu

trabalho.”

Todo aprendizado necessita ser constante. Devemos sempre pensar no aperfeiçoamento

contínuo. A humildade de buscar o crescimento é outra mensagem dessa parábola. E

cada pessoa que a lê ou ouve pode retirar suas próprias conclusões, de acordo com o seu

momento de vida.

Um exercício que eu gosto muito de sugerir para os alunos é o seguinte: você tem 2

minutos para contar uma história, um caso que realmente aconteceu, que tenha

vivenciado com clareza. As surpresas são muitas. Todos os participantes se

transformam em exímios oradores, pois contam com riquezas de detalhes oa momentos

vivídos. É incrível como as pessoas conseguem transmitir imagens, sons, cores, formas,

cheiros, músicas como se fossem reais. Ao ouvirmos os casos relatados, parece que

estamos diante de uma tela de cinema enxergando as imagens com toda a nitidez

possível.

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Page 30: Oratória

Ao contarmos uma história pessoal, que realmente aconteceu conosco, a memória dos

fatos e das emoções está muito presente em nosso ser, e assim ao falarmos, as imagens

aparecem com muita clareza, transparência, como na tela de um cinema. O público

acompanha com muita atenção, e nestes momentos conseguimos captar o interesse da

platéia. A memória emotiva, enquanto metodologia é trabalhada pelos atores desde o

início do século XX, quando Stanislavsky, um autor russo escreveu livros sobre o tema,

compilando suas técnicas e descobertas. Os profissionais ao utilizarem suas lembranças

de fatos reais e, aplicando pequenas histórias pessoais em suas palestras, terão um forte

impacto e capacidade de persuasão junto ao ouvintes.

O nosso desafio é transferir, principalmente, para as apresentações profissionais a força

das histórias pessoais. Uma das técnicas é concentrar-se nos substantivos dos textos, e

treinar visualizá-los com imagens fortes e intensas , e assim valorizá-los para que

transmitam imagens claras e amplas para a platéia.

Recomenda-se evitar as piadas, pois podem gerar constrangimentos tanto para a platéia

quanto para o orador.

A Bíblia é repleta de parábolas, metáforas e histórias que comunicam sentimentos,

descobertas, ensinamentos profundos que resistem há mais de 2000 anos. Poderíamos

citar inúmeras parábolas para ilustrar a força dessas mensagens. Vamos mencionar

apenas uma:

A Parábola dos Talentos – Mt. cap. 25 vers. 14-29

14- Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e

lhes confiou os seus bens.

15- A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro ,um a cada um segundo a sua

própria capacidade; e, então, partiu.

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16- O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou

outros cinco.

17- do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.

18- Mas o que recebera um , saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu

senhor.

19- Depois de muito tempo , voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles,

20- Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco,

dizendo : Senhor , confiaste-me cinco talentos ; eis aqui outros cinco talentos que

ganhei.

21- Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel ; foste fiel no pouco , sobre o

muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor .

22- E, aproximando-se também o que recebera dois talentos ; disse : Senhor, dois

talentos me confiaste ; aqui tens outros dois que Ganhei .

23- Disse-lhe o Senhor : Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o

muito te colocarei ; entra no gozo do teu Senhor.

24- Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse : Senhor , sabendo que és

homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,

25-receoso, escondi na terra o teu talento; aqui o que é teu .

26-Respondeu-lhe, porém, o senhor : Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não

semeei e ajunto onde espalhei ?

27- Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros; e eu, ao voltar,

receberia com juros o que é meu.

28- Tirai-lhe , pois, o talento e daí-o ao que tem dez.

29- Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância ; mas ao

que não tem, até o que tem lhe será tirado.

30- E o servo inútil,lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e

ranger de dentes.

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Vários ensinamentos podemos retirar dessa parábola. Acredito que o principal, de

acordo com o meu ponto de vista, é que devemos desenvolver e aplicar os talentos que

recebemos para que se multipliquem e possam servir a outras pessoas. Todos os seres

humanos nasceram dotados de talentos diversos e significativos. Cada um deve

descobrir o seu próprio e fazer com que multiplique por 10, 100 e até 1000.

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