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1 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO 1. FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA: a) Centralizada: atividade exercida pelo próprio Estado (Administração Direta) b) Descentralizada (outorga e delegação) c) Desconcentração: distribuição interna de partes de competências decisórias, agrupadas em unidades individualizadas. OBS: Não confundir: Descentralização Política com Descentralização Administrativa (pode ser: descentralização territorial ou geográfica, descentralização por serviços, funcional ou técnica e descentralização por colaboração). 2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA - Teorias sobre as relações do Estado com os agentes: a) teoria do mandato b) teoria da representação c) teoria do órgão - ÓRGÃOS PÚBLICOS - centro de competência governamental ou administrativo, tem necessariamente funções, cargos e agentes, mas são distintos desses elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão da unidade orgânica. Os órgãos integram a estrutura do Estado por isso, não têm personalidade jurídica nem vontade própria, são meros instrumentos de ação dessas pessoas jurídicas.

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO - Fernanda Marinela · e está dispensada de fazer concurso público, além de não compor a Administração Direta ou Indireta (vide a ementa da

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ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO

1. FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA:

a) Centralizada: atividade exercida pelo próprio Estado (Administração Direta)

b) Descentralizada (outorga e delegação)

c) Desconcentração: distribuição interna de partes de competências decisórias,

agrupadas em unidades individualizadas.

OBS: Não confundir: Descentralização Política com Descentralização Administrativa

(pode ser: descentralização territorial ou geográfica, descentralização por serviços,

funcional ou técnica e descentralização por colaboração).

2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA

- Teorias sobre as relações do Estado com os agentes:

a) teoria do mandato

b) teoria da representação

c) teoria do órgão

- ÓRGÃOS PÚBLICOS - centro de competência governamental ou administrativo,

tem necessariamente funções, cargos e agentes, mas são distintos desses

elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão da

unidade orgânica. Os órgãos integram a estrutura do Estado por isso, não têm

personalidade jurídica nem vontade própria, são meros instrumentos de ação

dessas pessoas jurídicas.

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Informação: Confira o texto do Prof. José dos Santos Carvalho Filho, Personalidade

Judiciária dos Órgãos Públicos, publicado em “Leitura Complementar” no nosso site

www.marinela.ma

- Classificação:

a) Quanto à posição estatal: independentes, autônomos, superiores e subalternos;

b) Quanto à estrutura: simples e compostos;

c) Quanto à atuação funcional: singulares e colegiados

d) Quanto às funções: ativos, consultivos e de controle

3. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA - ou descentralizada é composta por entidades

que possuem personalidade jurídica própria e são responsáveis pela execução de

atividades de Governo que necessitam ser desenvolvidas de forma descentralizada.

- Características:

a) personalidade jurídica própria (respondem pelos seus atos, patrimônio próprio,

receita própria e capacidade administrativa, técnica e financeira);

b) criação e extinção dependem de lei

c) sua finalidade não será lucrativa, inclusive quando exploradoras da atividade

econômica (vide art. 173, da CF);

d) não sofrem relação de subordinação, mas estão sujeitas a controle, que pode ser

interno ou externo, pela própria entidade a que se vinculam (ex. supervisão

ministerial) e controle externo pelo Poder Judiciário e Legislativo (ex. Tribunal de

Contas e as diversas ações judiciais);

e) permanecem ligadas à finalidade que lhe instituiu (princípio da especialidade)

I - AUTARQUIAS

- Conceito: É pessoa jurídica de direito público, dotada de capital exclusivamente

público, com capacidade administrativa e criada para a prestação de serviço público

(realizam atividades típicas de Estado)

- Regime Jurídico:

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1. Criação e extinção: por lei – art. 37, XIX, da CF;

2. Controle: interno e externo

3. Atos e Contratos: seguem regime administrativo e obedecem à Lei 8.666/93;

4. Responsabilidade Civil: é, em regra, objetiva (art.37, §6º, da CF) e subsidiária

do Estado;

5. Prescrição qüinqüenal – DL nº 20.910/32 (REsp 1251993/PR, STJ);

6. Bens autárquicos: seguem regime de bem público (alienabilidade condicionada,

impenhorabilidade, impossibilidade de oneração e imprescretibilidade)

7. Débitos judiciais: seguem regime de precatório (art.100 da CF)

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE SOBRE PRECATÓRIOS:

A EC 62/09 foi julgada parcialmente inconstitucional pelo STF em 14.03.2013. A

decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu a

inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando a

invalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder

Público além dos limites constitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a

Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da sua decisão, ficou

determinado que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal

deem imediata continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já

vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em

14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação

de receitas para fins de quitação da dívida pública, sob pena de sequestro.

- Conferir as notícias acerca da decisão do STF no arquivo “Seleção de Notícias dos

Informativos do STF” publicadas no site www.marinela.ma em “Informativos”.

8. Privilégios processuais: prazos dilatados, juízo privativo e reexame necessário;

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Nova Súmula do STJ: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do

preparo por gozar das prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública (Súmula nº

483, Corte Especial, julgado em 28.06.2012, DJe 01.08.2012).

9. Imunidade tributária para os impostos, desde que ligada à sua finalidade

especifica (art.150, §2º da CF);

10. Procedimentos financeiros: regras de contabilidade pública (Lei nº 4.320/64 e

LC 101/00 – modificada pela LC 131/09)

11. Regime de pessoal: os seus agentes são servidores públicos regidos pela Lei

8.122/90. Lembrar que com a liminar proferida na ADI 2135-4, foi retomado o

Regime Jurídico Único.

- Autarquias Profissionais: são os conselhos de classe, que após a ADIN 1717

tem natureza jurídica de autarquia. Assim as suas anuidades têm natureza

tributária e em caso de não pagamento podem ser discutidas por meio de execução

fiscal, estão sujeitas às regras de contabilidade pública e a controle pelo Tribunal de

Contas, além da exigência do concurso público para admissão de pessoal (ponto

muito divergente).

Nesse contexto, tem-se a exceção da a Ordem dos Advogados do Brasil que

segundo a jurisprudência do STF, não compõe a Administração Pública, como

conseqüência: a anuidade não é tributária, não cabe execução fiscal (cobrança via

execução do CPC), não se submete a contabilidade pública e ao Tribunal de Contas

e está dispensada de fazer concurso público, além de não compor a Administração

Direta ou Indireta (vide a ementa da ADIN 3026 na coletânea de decisões abaixo)

- Autarquias Territoriais: são os territórios, não se confundem com as autarquias

administrativas e não compõem a Administração Indireta.

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II - AGÊNCIAS REGULADORAS

- Conceito: Autarquia de regime especial. Surge em razão do fim do monopólio

estatal.

- Regime especial: caracteriza-se por três elementos: maior independência,

investidura especial (depende de aprovação prévia do Poder Legislativo) e

mandato, com prazo fixo, conforme lei que cria a pessoa jurídica.

- Função: É responsável pela regulamentação, controle e fiscalização de serviços

públicos, atividades e bens transferidos ao setor privado.

- Alguns aspectos:

a) Regime de pessoal

b) Licitação: obedece às normas da Lei 8.666/93. podendo optar por modalidades

especificas como o pregão e a consulta (ADIN 1668).

III - AGÊNCIAS EXECUTIVAS

- Conceito: são autarquias ou fundações que por iniciativa da Administração

Direta, recebem o status de Agência, em razão da celebração de um contrato de

gestão, que objetiva uma maior eficiência e redução de custos - Lei 9.649/98.

IV – FUNDAÇÃO PÚBLICA

- Conceito: É uma pessoa jurídica composta por um patrimônio personalizado,

destinado pelo seu fundador para uma finalidade específica. Pode ser pública ou

privada de acordo com a sua instituição, sendo que somente a pública, portanto,

instituída pelo Poder Público, é que compõe a Administração Indireta.

- Natureza jurídica da fundação pública: pode ser de direito público,

caracterizando uma espécie de autarquia, denominada autarquia fundacional, ou de

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direito privado, denominada fundação governamental, e seguirá o regime próprio

das empresas públicas e sociedades de economia mista.

V - EMPRESAS ESTATAIS

A) EMPRESA PÚBLICA: É pessoa jurídica de direito privado composta por capital

exclusivamente público, criada para a prestação de serviços públicos ou exploração

de atividades econômicas sob qualquer modalidade empresarial.

B) SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: É pessoa jurídica de direito privado,

criada para prestação de serviço público ou exploração de atividade econômica,

com capital misto e na forma de S/A.

- Principais diferenças:

forma de constituição e organização

formação do capital social

competência para as suas ações. Confira o teor das Súmulas 517 e 556

SÚMULA Nº 517: AS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA SÓ TÊM FORO NA

JUSTIÇA FEDERAL, QUANDO A UNIÃO INTERVÉM COMO ASSISTENTE OU

OPOENTE.

SÚMULA Nº 556: É COMPETENTE A JUSTIÇA COMUM PARA JULGAR AS

CAUSAS EM QUE É PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.

- Regime Jurídico

1. Criação e Extinção: são autorizadas por lei, dependendo para sua constituição do

registro de seus atos constitutivos no órgão competente (art. 37, XIX da CF)

2. Controle: interno e externo

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3. Contratos e Licitações: obedecem à Lei 8.666/93, podendo, quando exploradoras

da atividade econômica, ter regime especial por meio de estatuto próprio (art.173,

§1º, III, CF)

4. Regime Tributário: em regra, não têm privilégios tributários, não extensíveis à

iniciativa privada (Veja abaixo Repercussão Geral sobre o tema);

5. Responsabilidade Civil: quando prestadoras de serviços públicos, é

responsabilidade objetiva, com base no art. 37,§6º, da CF, respondendo o Estado

subsidiariamente pelos prejuízos causados. Quando exploradoras de atividade

econômica, o regime será o privado.

6. Regime de pessoal: titularizam emprego, seguindo o regime da CLT, todavia, são

equiparados a servidores públicos, em razão de algumas regras: concurso público,

teto remuneratório, acumulação, remédios constitucionais, fins penais, improbidade

administrativa e outras;

OBSERVAÇÃO:

- Repercussão Geral Sobre Dispensa Imotivada de empregados da ECT

(Tema 131) - Decisão proferida em 20.03.2013 –

Ementa: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT.

DEMISSÃO IMOTIVADA DE SEUS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE.

NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DA DISPENSA. RE PARCIALEMENTE

PROVIDO. I - Os empregados públicos não fazem jus à estabilidade

prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período

anterior ao advento da EC nº 19/1998. Precedentes. II - Em atenção,

no entanto, aos princípios da impessoalidade e isonomia, que regem a

admissão por concurso publico, a dispensa do empregado de

empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam

serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se, assim, que

tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam

também respeitados por ocasião da dispensa. III – A motivação do

ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possível

quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal

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investido do poder de demitir. IV - Recurso extraordinário

parcialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do art. 41

da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação para legitimar a

rescisão unilateral do contrato de trabalho.(RE 589998, Relator(a):

Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/2013,

ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe 12/09/2013)

7. Privilégios processuais: não gozam, obedecem às regras gerais de processo;

8. Bens: são penhoráveis, exceto se a empresa for prestadora de serviços públicos

e o bem estiver diretamente ligado a eles;

9. Regime falimentar: não estão sujeitos a este regime – Lei 11.101/05

- ALGUNS PONTOS IMPORTANTES SOBRE AS EMPRESAS ESTATAIS:

Situação especial da Empresa Pública de Correios e Telégrafos:

Conferir a ementa da ADPF 46 e o seu inteiro teor publicado no

www.marinela.ma.

Repercussões gerais sobre o tema(Ementas abaixo):

Tema Nº 64: Diferença de tratamento entre empresas públicas e sociedades

de economia mista, que exploram atividade econômica, e empresas privadas,

no que tange às contribuições para o PIS/PASEP. RE 577494

Tema Nº 131: Despedida imotivada de empregados de Empresa Pública.

RE 589998

Tema Nº 253: Aplicabilidade do regime de precatórios às entidades da

Administração Indireta prestadoras de serviços públicos essenciais.

RE 599628 (Vide decisão abaixo)

Tema 115 - Aplicação da imunidade tributária recíproca às sociedades de

economia mista que prestam serviços de saúde exclusivamente pelo SUS. RE

580264. (Vide decisão abaixo)

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VI - ENTES DE COOPERAÇÃO:

a) Serviços Sociais Autônomos – rótulo atribuído às pessoas jurídicas de direito

privado, integrantes da iniciativa privada com algumas características peculiares.

Elas não prestam serviços públicos delegados pelo Estado, mas exercem atividade

privada de interesse público. Compõem o chamado sistema “S”. Podem ser

constituídas por meio das instituições particulares convencionais, como fundações,

sociedades civis ou associações ou com estruturas peculiares previstas em lei

específica.

b) Organizações Sociais – também chamada de “OS”, foi instituída e definida

pela Lei nº 9.637/98 (última alteração pela Lei 12.269/2010). Pessoa jurídica de

direito privado, são criadas por particulares para a execução, por meio de parcerias

de serviços públicos não exclusivos do Estado, previsto em lei (art.1º).

c) Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – também

denominada OSCIP, é pessoa jurídica de direito privado, instituída por particular

para prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado (serviços socialmente

úteis – art. 3º), sob o incentivo e fiscalização dele e que consagrem em seus

estatutos uma série de normas sobre estrutura, funcionamento e prestação de

contas (art.4º).

OBS.: Foi aprovada a Lei nº 13.019/2014 que instituiu o regime jurídico das

parcerias institui normas gerais para as parcerias voluntárias, envolvendo ou não

transferências de recursos financeiros, estabelecidas pela União, Estados, Distrito

Federal, Municípios e respectivas autarquias, fundações, empresas públicas e

sociedades de economia mista prestadoras de serviço público, e suas subsidiárias,

com organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a

consecução de finalidades de interesse público. Também define diretrizes para a

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política de fomento e de colaboração com as organizações da sociedade civil, e

institui o termo de colaboração e o termo de fomento.

IMPORTANTE: Assistir o vídeo FIQUE POR DENTRO sobre o tema em nosso site

www.marinela.ma .

NOTÍCIAS/DECISÕES IMPORTANTES SOBRE O ASSUNTO

ADI 3026

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79

DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. “SERVIDORES” DA ORDEM DOS ADVOGADOS

DO BRASIL. PRECEITO QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME

CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO

MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO DOS DITAMES

INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. CONCURSO

PÚBLICO (ART. 37, II DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE

CONCURSO PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA

OAB.AUTARQUIAS ESPECIAIS EAGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA OAB.

ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO INDEPENDENTE.

CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS PERSONALIDADES JURÍDICAS

EXISTENTES NO DIREITO BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA

ENTIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37,

CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A Lei n. 8.906,

artigo 79, § 1º, possibilitou aos “servidores” da OAB, cujo regime outrora era

estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha: indenização

a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a OAB

sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta.

3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem

é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das

personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está

incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como

“autarquias especiais” para pretender-se afirmar equivocada

independência das hoje chamadas “agências”. 5. Por não consubstanciar

uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle

da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não

vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de

atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente

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privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da Justiça

[artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e

seleção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e

qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas

características são autonomia e independência, não pode ser tida como

congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está

voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade

institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário

imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é

autônoma e independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que

se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao

caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista

aos servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para

admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB.11. Princípio da

moralidade. Ética da legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da

moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob

pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo

improcedente o pedido. (ADI3026/DF, STF – Tribunal Pleno, Rel. Min. Eros Grau,

Julgamento: 08/06/2006, DJ 29.09.2006, pág. 00031) (grifos da autora).

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS AUTARQUIAS

EMENTA: ADMINISTRATIVO – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO –

ACIDENTE DE TRÂNSITO – DANO MATERIAL – RESPONSABILIDADE DA

AUTARQUIA – RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO. A

Jurisprudência desta Corte considera a autarquia responsável pela conservação das

rodovias e pelos danos causados a terceiros em decorrência da má conservação,

contudo remanesce ao Estado a responsabilidade subsidiária. Agravo regimental

provido em parte para afastar a responsabilidade solidária da União, persistindo a

responsabilidade subsidiária. (AgRg no REsp 875604 / ES, STJ – Segunda Turma,

Relator(a) Min. Humberto Martins, 09.06.2009, DJe: 25.06.2009).

ADPF 46

EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.

EMPRESA PÚBLICA DE CORREIOS E TELEGRÁFOS. PRIVILÉGIO DE ENTREGA DE

CORRESPONDÊNCIAS. SERVIÇO POSTAL. CONTROVÉRSIA REFERENTE À LEI

FEDERAL 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978. ATO NORMATIVO QUE REGULA

DIREITOS E OBRIGAÇÕES CONCERNENTES AO SERVIÇO POSTAL. PREVISÃO DE

SANÇÕES NAS HIPÓTESES DE VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO POSTAL.

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COMPATIBILIDADE COM O SISTEMA CONSTITUCIONAL VIGENTE. ALEGAÇÃO DE

AFRONTA AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 1º, INCISO IV; 5º, INCISO XIII, 170,

CAPUT, INCISO IV E PARÁGRAFO ÚNICO, E 173 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.

VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LIVRE CONCORRÊNCIA E LIVRE INICIATIVA. NÃO-

CARACTERIZAÇÃO. ARGUIÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. INTERPRETAÇÃO

CONFORME À CONSTITUIÇÃO CONFERIDA AO ARTIGO 42 DA LEI N. 6.538, QUE

ESTABELECE SANÇÃO, SE CONFIGURADA A VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO POSTAL DA

UNIÃO. APLICAÇÃO ÀS ATIVIDADES POSTAIS DESCRITAS NO ARTIGO 9º, DA LEI.

1. O serviço postal --- conjunto de atividades que torna possível o envio de

correspondência, ou objeto postal, de um remetente para endereço final e

determinado --- não consubstancia atividade econômica em sentido estrito. Serviço

postal é serviço público. 2. A atividade econômica em sentido amplo é gênero que

compreende duas espécies, o serviço público e a atividade econômica em sentido

estrito. Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito,

empreendida por agentes econômicos privados. A exclusividade da

prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação de privilégio.

Monopólio e privilégio são distintos entre si; não se os deve confundir no

âmbito da linguagem jurídica, qual ocorre no vocabulário vulgar. 3. A

Constituição do Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração

do serviço postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O

serviço postal é prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT,

empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, criada pelo decreto-

lei n. 509, de 10 de março de 1.969. 5. É imprescindível distinguirmos o

regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do

regime de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade

econômica em sentido estrito é empreendida pelo Estado. 6. A Empresa

Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade

na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de privilégio, o

privilégio postal. 7. Os regimes jurídicos sob os quais em regra são

prestados os serviços públicos importam em que essa atividade seja

desenvolvida sob privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade. 8.

Argüição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente por

maioria. O Tribunal deu interpretação conforme à Constituição ao artigo 42 da Lei

n. 6.538 para restringir a sua aplicação às atividades postais descritas no artigo 9º

desse ato normativo. (ADPF 46 / DF, STF – Tribunal Pleno, Relator(a): Min. Marco

Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Min. Eros Grau, Julgamento: 05.08.2009, DJe:

25.02.2010)

SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E REGIME DE PRECATÓRIOS

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Ementa: FINANCEIRO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PAGAMENTO DE

VALORES POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. INAPLICABILIDADE DO

REGIME DE PRECATÓRIO. ART. 100 DA CONSTITUIÇÃO. CONSTITUCIONAL

E PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL CUJA REPERCUSSÃO

GERAL FOI RECONHECIDA. Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às

sociedades de economia mista que executam atividades em regime de concorrência

ou que tenham como objetivo distribuir lucros aos seus acionistas. Portanto, a

empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte não pode se

beneficiar do sistema de pagamento por precatório de dívidas decorrentes de

decisões judiciais (art. 100 da Constituição). Recurso extraordinário ao qual se nega

provimento. (RE 599628, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão:

Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 25/05/2011, REPERCUSSÃO

GERAL - MÉRITO DJe- 17-10-2011)

- PRESCRIÇÃO QUINQUENAL - RECURSO REPETITIVO JULGADO PELO STJ

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA

(ARTIGO 543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO

INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1º DO

DECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3º, V, DO CC).

PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO

DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. A controvérsia do presente recurso

especial, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008,

está limitada ao prazo prescricional em ação indenizatória ajuizada contra a

Fazenda Pública, em face da aparente antinomia do prazo trienal (art. 206, § 3º, V,

do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1º do Decreto 20.910/32).2. O tema

analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo

prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública era

defendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e

jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Público desta Corte

Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados de ambos os

órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal

previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra

a Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB,

2ª Turma, Rel.Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp

1.217.933/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp

1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.2.2011;REsp

1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim

1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese

do prazo prescricional trienal também é defendida no âmbito doutrinário, dentre

outros renomados doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de

Direito Administrativo", 24ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs.

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529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda Pública em Juízo", 8ª ed,

São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90).3. Entretanto, não obstante os

judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento

deste Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo

prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações

indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo

trienal contido do Código Civil de 2002.4. O principal fundamento que

autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32,

que regula a prescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões

formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista

no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual

não altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz de

determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de

Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. - São Paulo, 2007;

págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora

Fórum, 2ª Ed. - Belo Horizonte, 2010; pág.1042).5. A previsão contida no art. 10

do Decreto 20.910/32, por si só, não autoriza a afirmação de que o prazo

prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo

Código Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico e

hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito

Administrativo". Editora Saraiva, 5ª Ed. - São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299).6.

Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp

69.696/SE, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos

EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012;

AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de

23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de

21.5.2012;AgRg no AREsp 131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe

de 26.4.2012; AgRg no AREsp 34.053/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes

Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 36.517/RJ, 2ª Turma, Rel. Min.

Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1ª Seção, Rel. Min.

Hamilton Carvalhido, DJe de 1º.2.2011.7. No caso concreto, a Corte a quo, ao

julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo trienal em ação indenizatória

ajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a sentença

para aplicar a prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta

sintonia com o entendimento desta Corte Superior sobre o tema.8. Recurso especial

não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da

Resolução STJ 08/2008.(REsp 1251993/PR, STJ – Primeira Seção, Rel. Min. MAURO

CAMPBELL MARQUES, , julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012)

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA Tema 115 - Aplicação da imunidade tributária recíproca às sociedades de

economia mista que prestam serviços de saúde exclusivamente pelo SUS.

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EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE

ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua prestação pelo Estado

mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação de ações e serviços de saúde por sociedades de economia mista

corresponde à própria atuação do Estado, desde que a empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal,

gozam da imunidade tributária prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com

repercussão geral. (RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe- 06-10-2011)

Tema 235 - Imunidade tributária das atividades exercidas pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.

Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo,

entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em

regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e

provido. (RE 601392, STF – Tribunal Pleno - Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em

28/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe 05-06-2013)

SOBRE ANUIDADE DOS CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO Tema 540 - Fixação de anuidade por conselhos de fiscalização profissional

EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE ANUIDADE DE CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. DISCUSSÃO

ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DESSA ANUIDADE E DA POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE SEU VALOR POR MEIO DE RESOLUÇÃO INTERNA DE CADA CONSELHO. NECESSIDADE DE COMPOSIÇÃO DE PRINCÍPIOS E REGRAS CONSTITUCIONAIS.

MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERA DE INTERESSE DE MILHARES DE PESSOAS. TEMA COM REPERCUSSÃO

GERAL. (ARE 641243 RG, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 19/04/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe 30-04-2012 )

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REPERCUSSÃO GERAL SEM MÉRITO JULGADO SOBRE ECT’ Tema 402 - Imunidade tributária recíproca quanto à incidência de ICMS

sobre o transporte de encomendas pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT EMENTA TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. EMPRESA BRASILEIRA DE

CORREIOS E TELÉGRAFOS. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS. ICMS. INCIDÊNCIA. TRANSPORTE DE BENS E MERCADORIAS SOB O

REGIME DE CONCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.(RE 627051 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 26/05/2011, DJe 16-06-2011)

Tema 644 - Imunidade tributária recíproca quanto ao Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana – IPTU incidente sobre imóveis de

propriedade da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. EMENTA REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. IPTU. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT). IMUNIDADE RECÍPROCA (ART. 150, VI, A, CF).

RELEVÂNCIA ECONÔMICA SOCIAL E JURÍDICA DA CONTROVÉRSIA. RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO.

PRECEDENTES DA CORTE. RECONHECIMENTO DA IMUNIDADE RECÍPROCA. RATIFICAÇÃO DO ENTENDIMENTO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL (ART. 543-B, CPC). 1. Perfilhando a

cisão estabelecida entre prestadoras de serviço público e exploradoras de atividade econômica, esta Corte sempre concebeu a Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos como uma empresa prestadora de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. Precedentes. 2. No tocante aos tributos

incidentes sobre o patrimônio das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde a ACO nº 765, de relatoria do Ministro Marco Aurélio, na qual se tratava da imunidade da ECT relativamente a veículos de sua propriedade, iniciou-

se, no Tribunal, a discussão sobre a necessidade de que a análise da capacidade contributiva para fins de imunidade se dê a partir da materialidade do tributo. 3.

Capacidade contributiva que deve ser aferida a partir da propriedade imóvel individualmente considerada e não sobre todo o patrimônio do contribuinte. Noutras palavras, objetivamente falando, o princípio da capacidade contributiva deve

consubstanciar a exteriorização de riquezas capazes de suportar a incidência do ônus fiscal e não sobre outros signos presuntivos de riqueza. 4. No julgamento da

citada ACO nº 765/RJ, em virtude de se tratar, como no presente caso, de imunidade tributária relativa a imposto incidente sobre a propriedade, entendeu a Corte, quanto ao IPVA, que não caberia fazer distinção entre os veículos afetados

ao serviço eminentemente postal e o que seria de atividade econômica. 5. Na dúvida suscitada pela apreciação de um caso concreto, acerca de quais imóveis

estariam afetados ao serviço público e quais não, não pode ser sacrificada a imunidade tributária do serviço público, sob pena de restar frustrada a integração nacional. 6. Mesmo no que concerne a tributos cuja materialidade envolva a própria

atividade da ECT, tem o Plenário da Corte reconhecido a imunidade tributária a essa empresa pública, como foi o caso do ISS, julgado no RE nº 601.392/PR,

Tribunal Pleno, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, redator para acórdão o Ministro Gilmar Mendes, julgado em 1/3/13. 7. Manifesto-me pela existência de repercussão geral da matéria constitucional e pela ratificação da pacífica jurisprudência deste

Tribunal sobre o assunto discutido no apelo extremo e, em consequência, conheço do agravo, desde já, para negar provimento ao recurso extraordinário. (ARE

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643686 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 11/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe 06-05-2013 )

LICITAÇÃO E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 9.637, DE 15 DE MAIO DE 1.998. QUALIFICAÇÃO DE ENTIDADES COMO

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS. INCISO XXIV DO ARTIGO 24 DA LEI N. 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1.993, COM A REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI N. 9.648, DE 27 DE MAIO DE 1.998. DISPENSA DE LICITAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO DISPOSTO NOS

ARTIGOS 5º; 22; 23; 37; 40; 49; 70; 71; 74, § 1º E 2º; 129; 169, § 1º; 175, CAPUT; 194; 196; 197; 199, § 1º; 205; 206; 208, § 1º E 2º; 211, § 1º; 213; 215,

CAPUT; 216; 218, §§ 1º, 2º, 3º E 5º; 225, § 1º, E 209. INDEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR EM RAZÃO DE DESCARACTERIZAÇÃO DO PERICULUM IN MORA. 1. Organizações Sociais --- pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,

direcionadas ao exercício de atividades referentes a ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e

saúde. 2. Afastamento, no caso, em sede de medida cautelar, do exame das razões atinentes ao fumus boni iuris. O periculum in mora não resulta no caso caracterizado, seja mercê do transcurso do tempo --- os atos normativos

impugnados foram publicados em 1.998 --- seja porque no exame do mérito poder-se-á modular efeitos do que vier a ser decidido, inclusive com a definição de

sentença aditiva. 3. Circunstâncias que não justificariam a concessão do pedido liminar. 4. Medida cautelar indeferida. (ADI 1923 MC, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU (ART.38,IV,b, DO RISTF),

Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2007, DJ:21-09-2007)

POSIÇÃO DO STJ SOBRE LICITAÇÃO E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE GESTÃO. LICITAÇÃO. DISPENSA.1. O contrato de gestão administrativo constitui negócio jurídico criado pela Reforma

Administrativa Pública de 1990.2. A Lei n. 8.666, em seu art. 24, inciso XXIV, dispensa licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com as

organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.3. Instituto Candango de

Solidariedade (organização social) versus Distrito Federal. Legalidade de contrato de gestão celebrado entre partes.4. Ausência de comprovação de prejuízo para a Administração em razão do contrato de gestão firmado.5. A Ação Popular exige,

para sua procedência, o binômio ilicitude e lesividade.6. Recurso especial improvido.(REsp 952899/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,

julgado em 03/06/2008, DJe 23/06/2008)

EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 9.637, DE 15 DE MAIO DE 1.998.

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QUALIFICAÇÃO DE ENTIDADES COMO ORGANIZAÇÕES SOCIAIS. INCISO

XXIV DO ARTIGO 24 DA LEI N. 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1.993, COM A

REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI N. 9.648, DE 27 DE MAIO DE 1.998.

DISPENSA DE LICITAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO DISPOSTO NOS

ARTIGOS 5º; 22; 23; 37; 40; 49; 70; 71; 74, § 1º E 2º; 129; 169, § 1º; 175,

CAPUT; 194; 196; 197; 199, § 1º; 205; 206; 208, § 1º E 2º; 211, § 1º; 213;

215, CAPUT; 216; 218, §§ 1º, 2º, 3º E 5º; 225, § 1º, E 209.

INDEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR EM RAZÃO DE

DESCARACTERIZAÇÃO DO PERICULUM IN MORA. 1. Organizações Sociais ---

pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, direcionadas ao exercício

de atividades referentes a ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico,

proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. 2. Afastamento, no

caso, em sede de medida cautelar, do exame das razões atinentes ao fumus boni

iuris. O periculum in mora não resulta no caso caracterizado, seja mercê do

transcurso do tempo --- os atos normativos impugnados foram publicados em

1.998 --- seja porque no exame do mérito poder-se-á modular efeitos do que vier a

ser decidido, inclusive com a definição de sentença aditiva. 3. Circunstâncias que

não justificariam a concessão do pedido liminar. 4. Medida cautelar indeferida.

(ADI 1923 MC, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EROS

GRAU (ART.38,IV,b, DO RISTF), Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2007, DJe-106

DIVULG-20-09-2007 PUBLIC-21-09-2007 DJ 21-09-2007 PP-00020 EMENT VOL-

02290-01 PP-00078 RTJ VOL-00204-02 PP-00575)

Competência para ações ordinárias contra o CNJ

DECISÃO: vistos, etc. Trata-se de ação cautelar preparatória, com pedido de

liminar, proposta contra o Conselho Nacional de Justiça - CNJ. Ação em que o autor aponta a competência originária desta Suprema Corte, com fundamento na alínea “r” do inciso I do art. 103-B da Constituição Federal. Dispositivo cuja dicção é a

seguinte: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: [...]

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; ” 2. Pois bem, uma leitura apressada do texto constitucional pode levar à conclusão de que esta nossa Corte é competente para processar e

julgar toda e qualquer demanda em que se discuta ato do CNJ. Sucede que um dos pressupostos de constituição válida e regular da relação jurídica processual é

justamente a capacidade de ser parte ou legitimatio ad processum. Capacidade de ser parte que ordinariamente só é reconhecida às pessoas físicas ou jurídicas, e não a meros órgãos. 3. Ora, o CNJ é um órgão do Poder Judiciário, nos termos do inciso

I-A do art. 92 da Magna Lei. Donde se concluir que é a União, e não o CNJ, a pessoa legitimada a figurar no pólo passivo de ações ordinárias em que se

questionem atos daquele Conselho. Pólo passivo em que a União deve comparecer representada pela sua Advocacia-Geral, como determina a cabeça do art. 131 da Lei Maior. 4. Por óbvio, essa não é a interpretação quando se cuide de mandado de

segurança, mandado de injunção e habeas data contra atos do CNJ. Nessas hipóteses, o pólo passivo é ocupado diretamente por aquele Conselho ou pelo seu

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presidente, como autoridade impetrada, ainda que a União figure como parte. Isso diante da chamada personalidade judiciária que é conferida aos órgãos das pessoas

político-administrativas para defesa de seus atos e prerrogativas nessas ações constitucionais mandamentais. 5. Nessa linha de raciocínio, o Supremo Tribunal Federal deu-se por incompetente para processar e julgar ações populares contra

atos do CNJ, situação semelhante à tratada nestes autos. Refiro-me à Questão de Ordem na Pet 3674, da relatoria do ministro Sepúlveda Pertence (julgamento

unânime). Em seu voto, Sua Excelência assim expôs a questão: “A EC 45/04 inseriu no rol de competências originárias do Supremo Tribunal, enumeradas no art. 102 da Constituição, a alínea „r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra

o Conselho Nacional do Ministério Público;‟ 02. Dado que ditos conselhos não constituem pessoas jurídicas, mas, sim, órgãos do Poder Judiciário e do Ministério

Público da União, duas leituras se oferecem à demarcação do alcance da nova cláusula da competência originária do Supremo: a) a primeira, restritiva, nela compreenderia apenas as ações nas quais – segundo o entendimento dominante,

submisso à doutrina dos writs do direito anglo-americano – o órgão e não a pessoa jurídica seria a parte legitimada a figurar no pólo passivo da relação processual:

assim, o mandado de segurança, o de injunção, o habeas corpus e o habeas data; b) a outra, mais ampla, atrairia para o Supremo qualquer processo no qual esteja em causa a revisão jurisdicional de atos dos referidos colegiados do chamado

„controle externo‟ do Poder Judiciário ou do Ministério Público. 03. Nenhuma dessas duas inteligências possíveis do novo art. 102, I, r, da Lei Fundamental, no entanto,

é capaz de abarcar a ação popular, ainda quando nela se visar à declaração de nulidade do ato de qualquer um dos conselhos nela referidos. [...] 09. O que

importa, no entanto, é que, de qualquer modo, não se cuidaria de ação „contra o Conselho Nacional do Ministério Público‟, mas de demanda que haveria de ser proposta contra a União e os membros daquele colegiado que – tendo composto a

maioria na deliberação questionada – houvessem concorrido efetivamente para a edição dela.” 6. Ainda quanto à competência deste nosso Supremo Tribunal, cito o

precedente Pet 3986 AgR, da relatoria do Min. Ricardo Lewandowski (julgamento unânime): “EMENTA: PETIÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRA DECISÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. INCOMPETÊNCIA, EM SEDE ORIGINÁRIA, DO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. I- Nos termos do art. 102 e incisos da Magna Carta, esta Suprema Corte não detém competência originária para processar e julgar

ações civis públicas. II - Precedentes. III - Agravo desprovido.” Ante o exposto, não conheço da ação, por motivo de manifesta incompetência deste Supremo Tribunal Federal. Por conseguinte, determino a remessa dos autos à Seção Judiciária do

Ceará. Tudo nos termos do § 1º do art. 21 do RISTF. Publique-se. Brasília, 10 de fevereiro de 2011. Ministro A YRES B RITTO Relator (AC 2803, Relator(a): Min.

AYRES BRITTO, julgado em 10/02/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 16/02/2011 PUBLIC 17/02/2011)

DECIS ÃO: vistos, etc. Trata-se de ação cautelar preparatória, com pedido de

liminar, proposta contra o Conselho Nacional de Justiça - CNJ. Ação em que o autor aponta a competência originária desta Suprema Corte, com fundamento na alínea “r” do inciso I do art. 103-B da Constituição Federal. Dispositivo cuja dicção é a

seguinte: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a

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guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: [...] r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do

Ministério Público; ” 2. Pois bem, uma leitura apressada do texto constitucional pode levar à conclusão de que esta nossa Corte é competente para processar e julgar toda e qualquer demanda em que se discuta ato do CNJ. Sucede que um dos

pressupostos de constituição válida e regular da relação jurídica processual é justamente a capacidade de ser parte ou legitimatio ad processum. Capacidade de

ser parte que ordinariamente só é reconhecida às pessoas físicas ou jurídicas, e não a meros órgãos. 3. Ora, o CNJ é um órgão do Poder Judiciário, nos termos do inciso I-A do art. 92 da Magna Lei. Donde se concluir que é a União, e não o CNJ, a

pessoa legitimada a figurar no pólo passivo de ações ordinárias em que se questionem atos daquele Conselho. Pólo passivo em que a União deve comparecer

representada pela sua Advocacia-Geral, como determina a cabeça do art. 131 da Lei Maior. 4. Por óbvio, essa não é a interpretação quando se cuide de mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data contra atos do CNJ. Nessas

hipóteses, o pólo passivo é ocupado diretamente por aquele Conselho ou pelo seu presidente, como autoridade impetrada, ainda que a União figure como parte. Isso

diante da chamada personalidade judiciária que é conferida aos órgãos das pessoas político-administrativas para defesa de seus atos e prerrogativas nessas ações constitucionais mandamentais. 5. Nessa linha de raciocínio, o Supremo Tribunal

Federal deu-se por incompetente para processar e julgar ações populares contra atos do CNJ, situação semelhante à tratada nestes autos. Refiro-me à Questão de

Ordem na Pet 3674, da relatoria do ministro Sepúlveda Pertence (julgamento unânime). Em seu voto, Sua Excelência assim expôs a questão: “A EC 45/04 inseriu

no rol de competências originárias do Supremo Tribunal, enumeradas no art. 102 da Constituição, a alínea „r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;‟ 02. Dado que ditos conselhos não

constituem pessoas jurídicas, mas, sim, órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público da União, duas leituras se oferecem à demarcação do alcance da nova

cláusula da competência originária do Supremo: a) a primeira, restritiva, nela compreenderia apenas as ações nas quais – segundo o entendimento dominante, submisso à doutrina dos writs do direito anglo-americano – o órgão e não a pessoa

jurídica seria a parte legitimada a figurar no pólo passivo da relação processual: assim, o mandado de segurança, o de injunção, o habeas corpus e o habeas data;

b) a outra, mais ampla, atrairia para o Supremo qualquer processo no qual esteja em causa a revisão jurisdicional de atos dos referidos colegiados do chamado „controle externo‟ do Poder Judiciário ou do Ministério Público. 03. Nenhuma dessas

duas inteligências possíveis do novo art. 102, I, r, da Lei Fundamental, no entanto, é capaz de abarcar a ação popular, ainda quando nela se visar à declaração de

nulidade do ato de qualquer um dos conselhos nela referidos. [...] 09. O que importa, no entanto, é que, de qualquer modo, não se cuidaria de ação „contra o Conselho Nacional do Ministério Público‟, mas de demanda que haveria de ser

proposta contra a União e os membros daquele colegiado que – tendo composto a maioria na deliberação questionada – houvessem concorrido efetivamente para a

edição dela.” 6. Ainda quanto à competência deste nosso Supremo Tribunal, cito o precedente Pet 3986 AgR, da relatoria do Min. Ricardo Lewandowski (julgamento unânime): “EMENTA: PETIÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRA DECISÃO DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. INCOMPETÊNCIA, EM SEDE ORIGINÁRIA, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. I- Nos termos do art. 102 e incisos da Magna Carta,

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esta Suprema Corte não detém competência originária para processar e julgar ações civis públicas. II - Precedentes. III - Agravo desprovido.” Ante o exposto, não

conheço da ação, por motivo de manifesta incompetência deste Supremo Tribunal Federal. Por conseguinte, determino a remessa dos autos à Seção Judiciária do Ceará. Tudo nos termos do § 1º do art. 21 do RISTF. Publique-se. Brasília, 10 de

fevereiro de 2011. Ministro A YRES B RITTO Relator(AC 2804, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, julgado em 10/02/2011, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-032 DIVULG 16/02/2011 PUBLIC 17/02/2011)

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 667.958-MG

RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Recurso Extraordinário. 2. Análise da possibilidade de os entes federativos,

empresas e entidades públicas ou privadas entregarem diretamente suas guias ou boletos de cobranças aos contribuintes ou consumidores 3. Recurso

Extraordinário em que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos sustenta violação ao artigo 21, X, da Constituição Federal, segundo o qual

compete à União manter o serviço postal e o correio aéreo nacional. 4. Razões recursais que também sustentam ofensa aos arts. 170 e 175 da CF.

5. Tema que diz respeito à organização político-administrativa do Estado, alcançando, portanto, relevância econômica, política e jurídica, que

ultrapassa os interesses subjetivos da causa. 6. Repercussão Geral reconhecida.

DJe de 30 de abril a 4 de maio de 2012

REPERCUSSÃO GERAL EM ARE N. 641.243-PR

RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. AÇÃO DE

INEXIGIBILIDADE DE ANUIDADE DE CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. DISCUSSÃO ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DESSA

ANUIDADE E DA POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE SEU VALOR POR MEIO DE RESOLUÇÃO INTERNA DE CADA CONSELHO. NECESSIDADE DE

COMPOSIÇÃO DE PRINCÍPIOS E REGRAS CONSTITUCIONAIS. MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA

ESFERA DE INTERESSE DE MILHARES DE PESSOAS. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL.

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QUESTÕES SOBRE O ASSUNTO

1 - Q413747 ( Prova: TRT 23R (MT) - 2014 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Juiz

Substituto / Direito Administrativo / Organização da administração pública;

Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista; )

Sobre as empresas públicas e sociedades de economia mista, assinale a

alternativa INCORRETA:

a) Empresa pública é pessoa jurídica criada por autorização legal como

instrumento de ação do Estado, detendo personalidade jurídica de Direito

Privado, cujo capital é formado exclusivamente por recursos de pessoas de

Direito Público interno ou de pessoas de suas Administrações indiretas, com

predominância acionária na Administração direta;

b) Sociedade de economia mista é pessoa jurídica criada por autorização

legal, com personalidade de Direito Privado, cujas ações com direito a voto

pertencem em sua maioria à administração direta ou indireta, com

remanescente acionário de propriedade particular;

c) As Sociedades de economia mista podem adotar qualquer forma societária

admitida cm Direito ao passo que as empresas públicas terão

obrigatoriamente a forma de sociedade anônima;

d) Há dois tipos fundamentais de empresas públicas e sociedades de

economia mista: as exploradoras de atividade econômica e aquelas

prestadoras de serviços públicos ou coordenadoras de obras públicas;

e) Quanto ao regime jurídico das empresas estatais (empresas públicas e

sociedades de economia mista), o controle sobre elas é feito pelo Ministro a

cuja Pasta estejam vinculadas, cabendo a ele, diretamente ou por meio de

órgãos superiores do Ministério, orientá-las, coordená-las e controlá-las.

2 - Q378646 ( Prova: FCC - 2014 - TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho /

Direito Administrativo / Organização da administração pública; Administração

Indireta; )

Ao criar uma entidade da Administração indireta, o ente político pode optar por

constituí-la sob regime de direito privado. Dentre as entidades que podem ser

instituídas sob tal regime, estão

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a) as autarquias, as fundações e as agências executivas.

b) as sociedades de economia mista, os consórcios públicos e as fundações.

c) as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as agências

reguladoras.

d) as autarquias corporativas, as empresas públicas e as sociedades de

economia mista.

e) as agências reguladoras, as sociedades de economia mista e as

fundações.

3 - Q378647 ( Prova: FCC - 2014 - TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho /

Direito Administrativo / Organização da administração pública; Administração

Indireta; Autarquias; )

O status de “agência executiva” constitui uma qualificação criada pela chamada

“reforma gerencial” da Administração pública federal. NÃO é característica típica de

tal figura jurídica,

a) a necessidade de elaboração de um plano estratégico de reestruturação e

de desenvolvimento institucional, voltado para a melhoria da qualidade da

gestão e para a redução de custos da entidade candidata à qualificação.

b) a ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira do órgão

ou entidade assim qualificado.

c) a outorga de tal qualificação por decreto presidencial.

d) a exigência de prévia celebração de contrato de gestão com o respectivo

Ministério supervisor, para obtenção da qualificação.

e) a previsão de mandato fixo aos seus dirigentes, vedada a sua

exoneração ad nutum.

4 - Q425144 ( Prova: TRT 14R - 2014 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Juiz do

Trabalho / Direito Administrativo / Organização da administração pública;

Administração Indireta; )

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A Administração Federal Indireta compreende as autarquias, empresas públicas,

sociedades de economia mista e fundações públicas. Quanto a elas,

é INCORRETO afirmar que:

a) É considerada autarquia o serviço autônomo, criado por lei, com

personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar

atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor

funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada;

b) Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito

privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei

para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a

exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo

revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito;

c) A sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade

jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade

econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a

voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração

Indireta;

d) A fundação pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de

direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização

legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução

por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,

patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e

funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes;

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

ATENÇÃO: Esta questão foi anulada pela banca que organizou o concurso.")

5 - Q377261 ( Prova: TRT 3R - 2014 - TRT - 3ª Região (MG) - Juiz do Trabalho /

Direito Administrativo / Organização da administração pública; Empresas Públicas

e Sociedades de Economia Mista; )

Nos termos dos §§1º e 2º do art. 173 da Constituição da República, é correto

afirmar que a “lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade

de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de

produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços” e:

a) Disporá sobre a licitação e contratação de obras, serviços, compras e

alienações, observados os princípios da administração pública.

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b) Disporá sobre os mandatos, a avaliação de desempenho e a

responsabilidade dos servidores.

c) Disporá sobre a constituição e o funcionamento dos conselhos de

administração e fiscal, sem a participação de acionistas minoritários.

d) Disporá sobre a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas

públicas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,

trabalhistas e tributários.

e) Disporá que as empresas públicas e as sociedades de economia mista

poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

6 - Q363932 ( Prova: TRT 2R (SP) - 2014 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Juiz do

Trabalho / Direito Administrativo / Entidades paraestatais ou terceiro setor;

Organização da administração pública; )

Em relação às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP,

aponte a alternativa incorreta:

a) As entidades que não distribuam entre os seus sócios ou associados,

conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes

operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou

parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas

atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto

social são qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público.

b) As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP poderão

relacionar- se com o Poder Público por meio de parcerias para formação de

vínculo de cooperação com objetivo de executar promoção gratuita da

educação e saúde.

c) Os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria

profissional poderão ser qualificados como Organizações da Sociedade Civil

de Interesse Público

d) Havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem

pública, os responsáveis pela fiscalização deverão comunicar o Ministério

Público para que possa ingressar com a medida adequada a fim de promover

a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos

bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que

possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

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e) A certificação dada pelo Ministério da Justiça às pessoas jurídicas de

direito privado sem fins lucrativos, não poderá ser conferida a fundações,

sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público

ou por fundações públicas.

GABARITOS:

1 - C 2 - B 3 - E 4 - A 5 - A 6 - C

GABARITOS:

1 - A 2 - C 3 - E 4 - A 5 - E 6 - E 7 - B 8 - A 9 - D 10 - D