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Organização Sindical no Brasil Passado — Presente — Futuro (?)

Organização Sindical no Brasil · A nova Constituição e os trabalhadores (1988). Repensando o sindicato. LTr (1998). O Sindicato em um mundo globalizado. LTr (2003). Curso básico

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Page 1: Organização Sindical no Brasil · A nova Constituição e os trabalhadores (1988). Repensando o sindicato. LTr (1998). O Sindicato em um mundo globalizado. LTr (2003). Curso básico

Organização Sindical no Brasil

Passado — Presente — Futuro (?)

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1ª edição — Fevereiro, 2013 2ª edição — Abril, 2019

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José Carlos AroucaDa Academia Nacional de Direito do Trabalho e do Instituto de Direito Social Cesarino Júnior

Organização Sindical no Brasil

Passado — Presente — Futuro (?)Edição revista e ampliada, inclusive em face da

Reforma Trabalhista de 2017 (Lei n. 13.467)2ª edição

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EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-003 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br Abril, 2019

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZI X Projeto de Capa: FABIO GIGLIO Impressão: FORMA CERTA

Versão impressa — LTr 6165.8 — ISBN 978-85-361-9928-3 Versão digital — LTr 9532.2 — ISBN 978-85-361-9975-7

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Todos os direitos reservados

Índice para catálogo sistemático:

Arouca, José CarlosOrganização sindical no Brasil : passado : pre-

sente : futuro (?) / José Carlos Arouca. — 2. ed. — São Paulo : LTr, 2019.

“Edição revista e ampliada, inclusive em face da reforma trabalhista de 2017 (Lei n. 13.467).”

Bibliografia.ISBN 978-85-361-9928-3

1. Sindicalismo — Brasil — História 2. Sindicatos — Leis e legislação — Brasil I. Título.

18-22274 CDU-34:331.88(81)(09)

1. Brasil : Sindicalismo : História : Direito do trabalho 34:331.88(81)(09)

Cibele Maria Dias — Bibliotecária — CRB-8/9427

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Para meus vivos e meus mortos e também para os velhos e novos companheiros;

para Irene sempre.

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José Carlos arouCa

Advogado, desembargador aposentado do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região, membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho e do Instituto de Direito Social Cesarino Junior.

Obras do autor:

Em defesa da unicidade sindical (1985).

Dicionários LTr, v. I. “Dissídios coletivos”. LTr (1986).

Dicionários LTr, v. II. “Enquadramento sindical”. LTr (1986).

A nova Constituição e os trabalhadores (1988).

Repensando o sindicato. LTr (1998).

O Sindicato em um mundo globalizado. LTr (2003).

Curso básico de direito sindical. 6. ed. LTr (2018).

Organização sindical no Brasil. Passado. Presente. Futuro (?). LTr (2013).

Comentários à Legislação Sindical. LTr (2018).

Cartilhas do Trabalhador: O Sindicato (2008); A CLT trocada em miúdos (2010); A reclamação trabalhista. Uma longa e difícil caminhada (2016); A reforma trabalhista do governo Temer (Lei n. 13.467, de 2017).

Em defesa da unidade sindical, a nova Constituição e os trabalhadores e as cartilhas foram editadas pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, Sindicatos dos Trabalhadores da Construção Civil, dos Hoteleiros e Empregados em Bares e Restaurantes, dos Padeiros e Confeiteiros de São Paulo.

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Sumário

abreviaturas ......................................................................................................................................................15

Parte i — introdução .........................................................................................................................................19

Parte ii — Passado. organização sindiCal no brasil — da era Pré-vargas à era lula .........................................22

Parte iii — organização sindiCal HoJe ................................................................................................................31

1. Autonomia sindical ...................................................................................................................................31

2. Registro ....................................................................................................................................................33

3. Liberdade sindical .....................................................................................................................................35

4. Estrutura ...................................................................................................................................................35

5. Base territorial ..........................................................................................................................................36

6. Representatividade e representação ..........................................................................................................36

7. Administração ...........................................................................................................................................37

8. Sustentação financeira ..............................................................................................................................38

9. Negociação coletiva ..................................................................................................................................39

10. Greve ......................................................................................................................................................40

11. Solução arbitral dos conflitos coletivos ....................................................................................................40

12. Dissídio coletivo ......................................................................................................................................40

13. Participação política ................................................................................................................................41

14. Representação nos locais de trabalho .....................................................................................................41

Parte iv — autonomia sindiCal ..........................................................................................................................42

i. autonomia ......................................................................................................................................................42

1. Autonomia e a Constituição ......................................................................................................................42

2. Autonomia. Alcance .................................................................................................................................50

2.1. Autonomia frente ao Estado .............................................................................................................50

a) A “Era Pré-Vargas” ........................................................................................................................50

b) A “Era Vargas” ..............................................................................................................................50

c) A “Era Militar” ...............................................................................................................................58

d) A “Era Neoliberal” .........................................................................................................................59

e) A “Era Lula” ..................................................................................................................................59

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8 José Carlos Arouca

2.2. Autonomia frente aos empregadores e suas organizações de classe .................................................60

2.3. Autonomia frente às igrejas ..............................................................................................................63

2.4. Autonomia frente aos partidos políticos ............................................................................................69

3. A retomada do controle ............................................................................................................................77

a) Contribuição de custeio ........................................................................................................................77

b) Cadastro ..............................................................................................................................................77

c) Registro sindical....................................................................................................................................77

d) Depósito e registro das convenções coletivas. O Sistema Mediador ......................................................81

e) O Conselho Nacional de Relações do Trabalho e o restabelecimento do enquadramento sindical. ........83

f) O Sistema Homologanet .......................................................................................................................85

4. Autonomia coletiva privada ......................................................................................................................86

Parte v — liberdade sindiCal ..............................................................................................................................88

1. Liberdade sindical .....................................................................................................................................88

2. Liberdade sindical e a Convenção n. 87 ....................................................................................................92

2.1. A Convenção n. 87 e sua compatibilidade com a Constituição brasileira ...........................................93

2.2. Convenção n. 87 x Constituição depois da Emenda n. 45. Direitos Humanos ....................................95

Parte vi — Formas de organização sindiCal .......................................................................................................97

1. Organização sindical .................................................................................................................................97

2. Organização vertical .................................................................................................................................98

2.1. Sindicato ...........................................................................................................................................98

2.2. Federação .......................................................................................................................................100

2.3. Confederação .................................................................................................................................102

3. Organização horizontal ...........................................................................................................................103

3.1. União ..............................................................................................................................................103

a) Movimento Unificado dos Trabalhadores — MUT ........................................................................103

b) Pacto de Unidade Intersindical — PUI ...........................................................................................103

c) Pacto de Unidade e Ação — PUA .................................................................................................104

d) Comissão Permanente das Organizações Sindicais do Estado do Rio e da Guanabara — CPOS ....104

e) Pacto de Ação Conjunta — PAC ...................................................................................................104

f) Fórum Sindical de Debates — FSD.................................................................................................104

g) Movimento Intersindical Antiarrocho — MIA ................................................................................104

4. Central ....................................................................................................................................................105

4.1. Passando pela história .....................................................................................................................105

4.2. Tentativas de disciplinação legal ......................................................................................................106

4.3. O Comando Geral dos Trabalhadores — CGT. ..................................................................................107

4.4. O ressurgimento das centrais ..........................................................................................................107

a) Central Única dos Trabalhadores — CUT ......................................................................................108

b) Central Geral dos Trabalhadores Brasil — CGTB ...........................................................................108

c) Força Sindical — FS.......................................................................................................................109

d) União Sindical Independente Brasil — USI ....................................................................................109

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9Organização Sindical no Brasil — Presente. Passado. Futuro (?)

e) Central Autônoma dos Trabalhadores — CAT ..............................................................................109

f) Social Democracia Sindical — SDS .................................................................................................109

g) Central Brasileira de Trabalhadores e Empreendedores — CBTE ...................................................109

h) Nova Central Sindical dos Trabalhadores — NCST ........................................................................109

i) União Geral dos Trabalhadores — UGT .........................................................................................109

j) Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil — CTB .........................................................109

k) Central Sindical e Popular — Conlutas ..........................................................................................110

l) Intersindical .................................................................................................................................110

5. O reconhecimento das centrais ...............................................................................................................110

6. Conceito .................................................................................................................................................110

7. Pluralidade ..............................................................................................................................................111

8. Prerrogativas ...........................................................................................................................................111

9. Representatividade .................................................................................................................................112

10. Sustentação financeira ..........................................................................................................................116

Parte vii — uniCidade e Pluralidade SindiCal. uniCidade na Pluralidade. o SindiCato mais RePresentativo ..........117

1. Unicidade sindical ...................................................................................................................................117

2. Pluralidade sindical .................................................................................................................................122

3. Unicidade na pluralidade. O sindicato mais representativo ......................................................................125

4. A vez e a voz dos trabalhadores ............................................................................................................129

Parte viii — organização nos loCais de trabalHo .............................................................................................133

1. Passando pela história .............................................................................................................................133

1.1. Comissão mista de consulta e colaboração ......................................................................................134

1.2. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho — CIPA ..................................................134

1.3. Comissão interna para instituição de plano de participação nos lucros ou resultados. .....................136

1.4. Comissão de conciliação prévia .......................................................................................................137

1.5. Comissões específicas......................................................................................................................138

1.6. Delegados sindicais .........................................................................................................................138

1.7. Comissão de empresa .....................................................................................................................139

1.8. Organização nos locais de trabalho no Brasil ...................................................................................144

2. Representação interna do pessoal ...........................................................................................................150

3. Representação real .................................................................................................................................153

Parte iX — rePresentatividade e rePresentação ..................................................................................................155

1. Representatividade .................................................................................................................................155

2. Representação ........................................................................................................................................159

3. Categoria ................................................................................................................................................160

3.1. Categoria diferenciada ....................................................................................................................165

3.2. Dupla atividade ...............................................................................................................................166

3.3. Atividade preponderante.................................................................................................................167

3.4. Atividade principal ...........................................................................................................................168

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10 José Carlos Arouca

3.5. Dissociação .....................................................................................................................................169

4. Base territorial ........................................................................................................................................172

4.1. Desmembramento ..........................................................................................................................172

5. Qualificação sindical ...............................................................................................................................173

5.1. A precarização do contrato de trabalho e a qualificação sindical .....................................................176

Parte X — sindiCato e seus Fins .........................................................................................................................182

1. Fins sindicais ...........................................................................................................................................182

1.1. Fins sindicais conforme a doutrina ...................................................................................................183

1.2. Fins sindicais. De 1903 a 1988 ........................................................................................................185

1.3. Projeto de antes e depois da Constituição de 1988 .........................................................................187

1.4. Fins sindicais na Constituição de 1988 .............................................................................................189

Parte Xi — deFesa de Direitos trabalHistas .......................................................................................................190

1. Defesa de direitos individuais e coletivos .................................................................................................190

2. Defesa direta ..........................................................................................................................................190

2.1. Quitação e assistência ao pagamento das verbas rescisórias ...........................................................190

2.2. Quitação anual do passivo trabalhista .............................................................................................193

3. Defesa indireta .......................................................................................................................................193

3.1. Defesa judicial .................................................................................................................................193

3.2. Processo trabalhista e sua precarização a partir da reforma trabalhista de 2017 .............................194

4. A conciliação ..........................................................................................................................................203

4.1. Passando pela história .....................................................................................................................204

4.2. A conciliação nos dissídios individuais ..............................................................................................206

4.3. Comissões internas..........................................................................................................................212

4.4. Comissões de conciliação prévia ......................................................................................................212

4.5. Mediação e arbitragem ...................................................................................................................217

4.6. Semana de conciliação ....................................................................................................................217

4.7. A conciliação nas negociações e dissídios coletivos ..........................................................................218

4.8. Conciliação e ação sindical ..............................................................................................................219

5. Defesa judicial coletiva ............................................................................................................................220

5.1. Ação civil pública e o sindicato ........................................................................................................223

5.2. Ação coletiva sindical e o Ministério Público do Trabalho. Legitimidade concorrente .......................227

5.3. Anulação de cláusulas convencionais ...............................................................................................229

5.3.1. Direitos individuais .................................................................................................................230

5.3.2. Direitos sociais .......................................................................................................................230

5.3.3. Direitos difusos ......................................................................................................................230

5.3.4. Direitos coletivos ...................................................................................................................231

5.3.5. Direitos individuais homogêneos ...........................................................................................231

5.3.6. Defesa de direitos e interesses dos menores, incapazes e índios ............................................233

6. Ação coletiva sindical. Substituição processual ........................................................................................234

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Parte Xii — deFesa de interesses Coletivos ........................................................................................................238

Parte Xiii — negoCiação Coletiva .....................................................................................................................240

1. Defesa de interesses coletivos .................................................................................................................240

2. Conflito coletivo ......................................................................................................................................2403. Negociação coletiva. Legitimação ...........................................................................................................2414. Autonomia coletiva privada ....................................................................................................................2435. Princípios da negociação coletiva ............................................................................................................244

5.1. Princípio da boa-fé ..........................................................................................................................2445.2. Princípio da transparência ...............................................................................................................2455.3. Princípio do dever de informação ....................................................................................................2455.4. Princípio da razoabilidade ................................................................................................................2465.5. Princípio da pacificação ...................................................................................................................2465.6. Princípio da negociação permanente ...............................................................................................247

6. Espécies ..................................................................................................................................................2477. Flexibilização de direitos ..........................................................................................................................2488. Negociado x legislado .............................................................................................................................2499. As Convenções ns. 98 e 154 da OIT ........................................................................................................25610. Negociação coletiva e os trabalhadores domésticos ..............................................................................25711. Negociação coletiva e os servidores públicos .........................................................................................26312. Controle ...............................................................................................................................................26813. Crítica à prática da negociação coletiva no Brasil ..................................................................................269

13.1. Obstáculos da lei ...........................................................................................................................270

13.2. Obstáculos do Estado ....................................................................................................................273

13.3. Obstáculos do Ministério Público do Trabalho ...............................................................................27313.4. Obstáculos da Justiça do Trabalho ................................................................................................275

14. O que fazer? .........................................................................................................................................278

Parte Xiv — greve ...........................................................................................................................................280

1. Passando pela história .............................................................................................................................280

2. Conceito .................................................................................................................................................300

3. Greve e os servidores públicos ................................................................................................................301

4. Greve e a OIT..........................................................................................................................................313

5. Espécies ..................................................................................................................................................318

5.1. Greve de solidariedade ....................................................................................................................318

5.2. Greve geral .....................................................................................................................................319

5.3. Greve política ..................................................................................................................................3195.4. Outras modalidades ........................................................................................................................322

6. Piquete ...................................................................................................................................................322

7. Greve abusiva, ilegal, ilícita .....................................................................................................................323

Parte Xv — Convenção Coletiva de TrabalHo ....................................................................................................325

1. Passando pela história .............................................................................................................................325

11Organização Sindical no Brasil — Presente. Passado. Futuro (?)

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12 José Carlos Arouca

2. Denominação .........................................................................................................................................3303. Natureza jurídica .....................................................................................................................................3324. Convenção coletiva e a OIT. Tratado de paz ...........................................................................................3335. Projetos de disciplinação .........................................................................................................................3346. Fragilidade ..............................................................................................................................................3407. Convenção coletiva. Disciplinação hoje ...................................................................................................3418. Acordo Coletivo de Trabalho ...................................................................................................................347

Parte Xvi — mediação .....................................................................................................................................353

Parte Xvii — arbitragem .................................................................................................................................361

1. Arbitragem e litígios individuais ..............................................................................................................361

2. Arbitragem e interesses coletivos ............................................................................................................367

Parte Xviii — dissídio Coletivo ........................................................................................................................368

1. Passando pela história .............................................................................................................................3682. Espécies ..................................................................................................................................................372

2.1. Dissídio Coletivo de Natureza Jurídica..............................................................................................3723. Poder normativo .....................................................................................................................................3734. Processo de dissídio coletivo ...................................................................................................................3745. Extensão da decisão................................................................................................................................3796. Limitação ................................................................................................................................................3797. O dissídio coletivo e a EC n. 45, de 2004 ................................................................................................3818. A Reforma do dissídio coletivo segundo o Fórum Nacional do Trabalho ..................................................3839. O dissídio coletivo depois da EC n. 45 .....................................................................................................385

Parte XiX — Fins eConômiCos, soCiais, assistenCiais e PolítiCos .........................................................................387

1. Fins econômicos ......................................................................................................................................387

2. Fins sociais ..............................................................................................................................................393

3. Fins assistenciais .....................................................................................................................................396

4. Fins políticos ..........................................................................................................................................398

Parte XX — administração e Custeio ................................................................................................................421

1. Administração .........................................................................................................................................421

2. Custeio ..................................................................................................................................................4252.1. Contribuição associativa ..................................................................................................................4252.2. Contribuição sindical .......................................................................................................................426

2.2.1. Natureza jurídica ...................................................................................................................4342.2.2. Reforma sindical ....................................................................................................................435

2.3. Contribuição confederativa .............................................................................................................4402.4. Contribuição negocial, inicialmente assistencial, ou de revigoramento, fortalecimento sindical ........4422.5. Contribuição negocial .....................................................................................................................454

Parte XXi — PrátiCas antissindiCais ..................................................................................................................461

1. O antissindicalismo .................................................................................................................................461

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13Organização Sindical no Brasil — Presente. Passado. Futuro (?)

2. A prática antissindical na doutrina ..........................................................................................................4633. Práticas antissindicais na visão da OIT .....................................................................................................4644. Práticas antissindicais ..............................................................................................................................467

4.1. Práticas antissindicais cometidas pelo empregador e suas organizações de classe ...........................4684.2. Práticas antissindicais cometidas pelos sindicatos de trabalhadores .................................................4714.3. Práticas antissindicais cometidas pelo Poder Executivo.....................................................................4734.4. Práticas antissindicais cometidas pelo Poder Legislativo ...................................................................4744.5. Práticas antissindicais cometidas pelo Poder Judiciário .....................................................................475

a) Contribuição de custeio ...............................................................................................................475b) Direito de greve ..........................................................................................................................475c) Interdito proibitório .....................................................................................................................477d) Dirigentes sindicais; quantidade e proteção .................................................................................480e) Ação coletiva sindical ..................................................................................................................481f) Dissídio coletivo ...........................................................................................................................481

4.6. Práticas antissindicais cometidas pelo Ministério Público do Trabalho ..............................................4815. A reação das centrais ..............................................................................................................................4846. Proposta de solução ...............................................................................................................................485

Parte XXii — Presente ......................................................................................................................................491

1. Presente..................................................................................................................................................491

2. A crise sindical ........................................................................................................................................492

3. A Reforma Trabalhista ............................................................................................................................498

Parte XXiii — sindiCato. Futuro? .....................................................................................................................532

1. Pensando o futuro ..................................................................................................................................532

2. O velho e o novo sindicato ......................................................................................................................5332.1. O velho sindicato ............................................................................................................................5332.2. O novo sindicato .............................................................................................................................539

3. Repensando o sindicato ..........................................................................................................................5523.1. Representação e democracia ...........................................................................................................552

3.1.1. Democracia ...........................................................................................................................5523.1.2. Democracia sindical ...............................................................................................................554

3.2. Partidos políticos. Programa ............................................................................................................555

3.3. Controle ..........................................................................................................................................563

3.4. Representação e ideologia ..............................................................................................................566

4. Centrais. Programas de ação ...................................................................................................................568

4.1. Central Única dos Trabalhadores — CUT ..........................................................................................568

4.2. Força Sindical — FS ..........................................................................................................................5694.3. União Geral dos Trabalhadores — UGT ............................................................................................5704.4. Central dos Trabalhadores do Brasil — CTB ......................................................................................5714.5. Nova Central Sindical dos Trabalhadores — NCST ............................................................................5724.6. Central Geral dos Trabalhadores — Brasil — CGTB ............................................................................5734.7. Central dos Sindicatos Brasileiros — CSB ..........................................................................................5744.8. Conlutas — Central Sindical e Popular — CSP ...................................................................................5754.9. Intersindical .....................................................................................................................................576

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5. Um novo sindicato? ................................................................................................................................578

5.1. Liberdade de constituição ...............................................................................................................578

5.2. Estrutura .........................................................................................................................................578

5.3. Fins .................................................................................................................................................579

5.4. Administração .................................................................................................................................579

5.5. Custeio ............................................................................................................................................579

5.6. Assistencialismo ..............................................................................................................................579

5.7. Contrato coletivo ............................................................................................................................579

5.8. Dissídio coletivo e poder normativo da Justiça do Trabalho .............................................................579

5.9. Mediação e arbitragem ...................................................................................................................579

5.10. Greve ............................................................................................................................................579

5.11. Justiça do Trabalho .......................................................................................................................579

6. Um sindicato único .................................................................................................................................580

6.1. Representação ................................................................................................................................580

6.2. Organização a partir dos Locais de Trabalho (OLT) ..........................................................................580

6.3. Liberdade individual e coletiva, negativa e positiva ..........................................................................580

6.4. Administração e órgãos internos .....................................................................................................580

1) Assembleia geral .........................................................................................................................580

2) Direção executiva ........................................................................................................................581

3) Conselho sindical .........................................................................................................................581

6.5. Custeio ............................................................................................................................................581

7. Sindicato patronal ...................................................................................................................................581

8. Solução dos litígios trabalhistas ...............................................................................................................582

9. Defesa de interesses coletivos de natureza trabalhista ............................................................................582

10. Práticas antissindicais ............................................................................................................................583

11. Serviços ................................................................................................................................................583

12. Convenção coletiva de trabalho ............................................................................................................583

13. Atuação ................................................................................................................................................583

13.1. Miséria ..........................................................................................................................................585

13.2. Desigualdade ................................................................................................................................585

13.3. Desemprego .................................................................................................................................586

13.4. Trabalho infantil ............................................................................................................................587

13.5. Trabalho escravo ...........................................................................................................................587

13.6. Acidentes do trabalho ...................................................................................................................587

13.7. Ação política .................................................................................................................................587

14. Um sindicato único e geral ....................................................................................................................591

Cronologia ......................................................................................................................................................594

bibliograFia ......................................................................................................................................................605

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ABREVIATURAS

Ac. — Acórdão

Art. — Artigo

CC — Código Civil

CF — Constituição Federal

CDC — Código de Defesa do Consumidor

CLT — Consolidação das Leis do Trabalho

CPC — Código de Processo Civil

CONALIS — Coordenação Nacional de Promoção da Liberdade Sindical

Coord. — Coordenação

DF — Distrito Federal

DJU — Diário da Justiça da União

ed. — Edição

Min. — Ministro

MT — Ministério do Trabalho

MPT — Ministério Público do Trabalho

MS — Mandado de Segurança

ob. cit. — Obra Citada

p. pp. — página, páginas

Proc. — Processo

Rel. — Relator

Rev. — Revista

s. ss. — Seguinte, seguintes

STF — Supremo Tribunal Federal

STJ — Superior Tribunal de Justiça

TST — Tribunal Superior do Trabalho

CAT — Central Autônoma dos Trabalhadores

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16 José Carlos Arouca

CBTE — Central Brasileira de Trabalhadores e Empreendedores

CGT — Confederação Geral dos Trabalhadores

CGTB — Central Geral dos Trabalhadores Brasil

CPOS — Comissão Permanente das Organizações Sindicais da Guanabara

CONLUTAS — Coordenação Nacional de Lutas. Central Sindical e Popular

CTB — Central dos Trabalhadores do Brasil

CUT — Central Única dos Trabalhadores

FS — Força Sindical

FSD — Fórum Sindical de Debates

MIA — Movimento Intersindical Antiarrocho

MP — Medida Provisória

MUT — Movimento Unificado dos Trabalhadores

NCST — Nova Central Sindical dos Trabalhadores

PAC — Pacto de Ação Conjunta

PUA — Pacto de Unidade e Ação

PUI — Pacto de Unidade Intersindical

SDS — Social Democracia Sindical

UGT — União Geral dos Trabalhadores

USI — União Sindical Independente Brasil

Partidos Políticos

AVANTE — Avante

PDC — Democracia Cristã

MDB — Movimento Democrático Brasileiro

NOVO — Partido Novo

OIT — Organização Internacional do Trabalho

PATRI — Patriota

PCB — Partido Comunista Brasileiro

PCdoB — Partido Comunista do Brasil

PCO — Partido da Causa Operária

PDT — Partido Democrático Trabalhista

PHS — Partido Humanista da Solidariedade

PSB — Partido Socialista Brasileiro

PMB — Partido da Mulher Brasileira

PMN — Partido da Mobilização Nacional

PODE — Podemos

PRP — Partido Republicano Progressista

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17Organização Sindical no Brasil — Presente. Passado. Futuro (?)

PP — Partido Progressista

PPL — Partido Pátria Livre

PPS — Partido Popular Socialista

PR — Partido da República

PRB — Partido Republicano Brasileiro

PROS — Partido Republicano da Ordem Social

PRTB — Partido Renovador Trabalhista Brasileiro

PSC — Partido Social Cristão

PSD — Partido Social Democrático

PSDB — Partido da Social Democracia Brasileira

PSL — Partido Social Liberal

PSOL — Partido Socialismo e Liberdade

PSTU — Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

PT — Partido dos Trabalhadores

PTB — Partido Trabalhista Brasileiro

PTC — Partido Trabalhista Cristão

PV — Partido Verde

RE — Recurso Extraordinário

REDE — Rede Sustentabilidade

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PARTE I — INTRODUÇÃO

Tanto já se escreveu sobre sindicato, de modo que se aventurar numa empreitada dessa natureza será repetir autores consagrados e tudo que já foi escrito, a menos que haja algo novo que mereça estudo e reflexões.

Comecei repensando o sindicato para procurar compreendê-lo num mundo globalizado e me pareceu que foi o bastante. Mas admito que não encontrei solução para colocá-lo de pé num mundo que já se pensa desglobalizar.

Os acadêmicos, respeitáveis, de saber notável, elevaram o sindicato a tema jurídico, tratado no chamado Direito Coletivo do Trabalho. No Brasil, o modelo adotado pela “velha” CLT foi a Carta del Lavoro, fascista, seguida a risca no Decreto-lei n. 1.402 do Estado Novo conforme os princípios traçados na carta constitucional outorgada pela ditadura Vargas de 1937. Só a partir de 1978 o sindicato tornou-se tema para os analistas, estudiosos de inegável valor: sociólogos, economistas, historiadores e também jornalistas, empolgados pelo que se chamou Novo Sindicalismo.

A organização sindical e também a negociação coletiva, a convenção coletiva, greve, dissídio coletivo, ocupa-ram páginas preciosas de nossa literatura jurídica, de estudos vários, das colunas dos jornais até chegar à crise que ainda não foi superada. Dessindicalização, o fim dos sindicatos, a negociação não mais coletiva, mas individuali-zada, o abafamento da greve pela Justiça do Trabalho ou pela força policial, a retomada da tutela estatal, pouco importa. Para o pensamento acadêmico, tal qual a avaliação dos analistas, no Brasil, a crise sindical resolve-se com a superação do quarteto maldito: unicidade, organização por categorias, custeio mediante contribuição compulsória, intervenção da Justiça do Trabalho na solução dos conflitos coletivos. Trocando em miúdos, só se legitima com a liberdade sindical consagrada na Convenção n. 87 da OIT. Outra, n. 158, que garante o emprego, nem pensar.

O sindicato, no modelo tradicional, é próprio do sistema capitalista e a liberdade sindical em todo mundo tem o mesmo tamanho da liberdade política. A negociação coletiva é um processo de concessões para atenuar o conflito histórico entre o capital e o trabalho, concluída com um tratado de paz. Não tivemos atuação sindical durante o Estado Novo. A democracia relativa do Governo Dutra respondeu pelo fechamento de uma central e cerca de 220 intervenções em sindicatos, federações e confederações, além do Decreto-Lei n. 9.070 que criminalizou a greve. A ditadura militar implantada 18 anos depois foi além, marcando mais de 1.500 intervenções. Passados pouco mais de 23 anos, uma nova Constituição adotou autonomia com unicidade de representação. A democracia revivida é assim ainda jovem, mas fora de dúvida, o capitalismo avançou e vitorioso decretou uma nova ordem social para conviver com a terceirização da mão de obra, flexibilização dos direitos trabalhistas, o desmonte da legislação social. O Novo Sindicalismo chegou ao poder com seu personagem mais importante sem conseguir reformar a legislação sindical que tanto combateu quando chegou à presidência do país. E nem jogou a CLT no lixo como prometera.

Neste quadro, compreender o sindicato exige segui-lo ao longo da história, saber que houve um Congresso Operário no distante ano 1906 que vergastou o assistencialismo, dando-lhe feição de órgão de resistência, passar pelas greves que sacudiram o país e fizeram tremer os donos do capital, abafadas pela ação policial, e também seu ressurgimento após cada ingerência do Estado repressor, a formação de centrais como o CGT sufocado pela ditadura militar. De fato, a história nos dá uma análise mais apropriada que não se encontra nos livros de direito,

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mas que se pode conhecer nas entrelinhas dos jornais, principalmente na voz daqueles que lutaram, resistiram, até caíram ou sobreviveram nos tempos de chumbo.

Pensar o sindicato como associação voltada para a defesa de direitos e interesses simplesmente trabalhistas será negar o sentido da organização de classe dirigida para a ascensão dos trabalhadores na escala social e na possível igualdade de todos numa sociedade sem classes. Para tanto, indispensável resgatar os fins sindicais, tra-balhistas também, mas fundamentalmente sociais, econômicos e principalmente políticos.

A representação política indireta a cargo de partidos não resolveu a questão social nem permitiu a participa-ção popular no exercício do poder. Os partidos políticos só possuem programas de papel, que até seus membros desconhecem; falta-lhes ideologia capaz de identificá-los e cada vez mais servem a seus dirigentes e não a quem deviam servir: o povo.

A Constituição de 1988 diferenciou os sindicatos das associações comuns, dando-lhes poder de representação além do grupo organizado, mas dos trabalhadores como coletividade, legitimados para defender não somente seus direitos individuais e coletivos, mas também seus interesses, vale dizer interesses de todos que vivem de seu trabalho, manual, técnico, intelectual, autônomo, liberal, urbano e rural, doméstico, inclusive no serviço público. Logo um poder popular, de representação e ao mesmo tempo de resistência.

Não se sabe ao certo se os Constituintes de 1998 se esmeraram na redação de um poema ou se conscien-temente traçaram os rumos do país quando escreveram alguns de seus dispositivos, a começar pelo primeiro, que colocou num mesmo plano capital e trabalho, repetindo que todo o poder emana do povo. Traçando os objetivos da República, destacou o propósito de construir uma sociedade livre, justa e solidária, sem pobreza e desigualdades sociais. Manteve-se o direito de propriedade mas ressalvou seu caráter social. A ordem econômica não ficou só voltada para o capital, mas também para a valorização do trabalho humano, tendo por fim asse-gurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, dentre seus princípios o pleno emprego. A ordem social, por sua vez assentou-se no primado do trabalho, tendo como objetivo o bem estar e a justiça social. A educação, a alimentação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados foram qualificados como direitos sociais. O Estado Democrático de Direito tem como um de seus fundamentos a pluralidade política, na qual se incluem não só os partidos, mas todas as organizações que de qualquer modo atuam politicamente, inclusive o sindicato. Sendo assim, se este tem como prerrogativa a defesa de interesses também sociais e políticos, cum-pre-lhe promover a representação da classe trabalhadora para a construção do Estado Social de Direito traçado pela Constituição da República.

A associação comum só representa seus filiados ao passo que o sindicato representa a categoria para a qual foi constituído, mas categoria sem a conotação fascista, criada pelo Estado, portanto grupo, nele compreendidos todos que operam numa mesma atividade, sem distinguir filiados ou não. Por isto a atuação do sindicato não é simplesmente trabalhista, mas fundamentalmente político-social e portanto popular. O sindicato é a classe traba-lhadora organizada e não pedaços da classe, atomizada, dispersa em grupos concorrentes.

A organização sindical no presente assiste sem resistência efetiva sua redução de tamanho e importância. O governo Michel Temer soube melhor que a ditadura militar, de 1964, enfrentá-la e atingi-la na sua sustentação econômica estruturada no assistencialismo. Seguindo de perto a atuação equivocada do Supremo Tribunal Fede-ral que transformou as contribuições de custeio, tanto a destinada ao sistema confederativo, quanto a chamada impropriamente assistencial e até a negocial antes mesmo de conseguir efetivação, e acabou com a sindical só lhe restou as taxas associativas enquanto o lado de lá, quer dizer, os sindicatos patronais, mantém-se com o chamado “Sistema S”.

O substitutivo do Deputado Rogério Marinho, aprovado por um Congresso desfigurado e sancionado pelo vice-presidente empossado após o impedimento da presidente eleita, envolvido em inquéritos que apuram proce-dimentos faltosos, com rejeição popular acima de 80%, afetou a capacidade negocial dos sindicatos e procurou afastá-lo dos locais de trabalho. Precarizou até onde foi possível o contrato de trabalho e dificultou o acesso dos trabalhadores à Justiça para a defesa de seus direitos individuais. Para impedir que reclamem ameaçou puni-los com encargos de custas e honorários advocatícios em favor da parte contrária.

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21Organização Sindical no Brasil — Presente. Passado. Futuro (?)

O presente ainda não chegou ao fim para dar lugar ao futuro. A reação sindical sentida foi sua judicialização, tendo como palco todas as instâncias, até chegar ao Supremo Tribunal Federal.

Sem recursos será inevitável o desmonte da organização sindical calcada no modelo vigente. Sindicatos de pequeno porte, com reduzido contingente de filiados já fecham suas portas. Os que sobrevivem cuidam de ex-tinguir o assistencialismo, ou quando menos, reduzir de tamanho os ambulatórios médico-odontológico, dispor de suas colônias de férias, fechar suas subsedes, atuar com menor número de ativistas. Será inevitável a fusão de sindicatos. E será inevitável a aprovação da Convenção n. 87 e experimentar o pluralismo que dará, com certeza, na organização sindical limitada ao âmbito empresas, melhor dizendo, das grandes empresas. Federações e con-federações perderão importância para as centrais que restarem.

Não é por acaso que já se fala na extinção da Justiça do Trabalho e sua incorporação à Justiça Federal.

Sem pessimismo, mas é o que se acena para o futuro. A menos que se mude a política praticada pelo Congres-so dominado por parlamentares que legislam em proveito próprio sem olhar para o povo e se eleja um presidente comprometido com os anseios populares.

Pensar o sindicato e compreendê-lo por meio da história, reconhecendo-o na crise que, de qualquer modo, bem ou mal, enfrenta o presente, e projetá-lo para um futuro, não poderá desprezar o crescimento do desempre-go e a desconstrução da legislação de proteção ao trabalho que foi conquistada sem favores do Estado. Como se sabe, a reforma da previdência só foi adiada, valendo lembrar a afirmação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar — DIAP, quando a legislação trabalhista foi ameaçada anos atrás: “O bote está armado e eles não estão para brincadeira”.

Mas é pensar num sindicato geral, de todos, logo sem associados, dotado de autonomia, mas, também, de autocontrole, custeado pela classe que representa conforme a vontade dos trabalhadores, sem precisar de tutela. Enfim, um sindicato não partidarizado mas politizado, ideologizado.

Foi o que nos animou a alinhavar este trabalho ao longo de quase cinco anos, pensando a organização sindical com seus componentes: autonomia, liberdade individual e coletiva, positiva e negativa, organização nos locais de trabalho, litígios e conflitos, individuais e coletivos, formas de solução, ação coletiva sindical, negociação coletiva, greve, inclusive política, convenção ou contrato coletivo de trabalho, tanto faz, mediação, arbitragem, práticas antissindicais. Mas principalmente seus fins, trabalhistas, sociais e políticos, enfim, sem preconceitos e utopia, um novo sindicato.

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PARTE II — PASSADO. ORGANIZAÇÃO SINDICAL

NO BRASIL — DA ERA PRÉ-VARGAS À ERA LULA

A origem de nossa legislação sindical não é boa. Formou-se com o Estado Novo, cópia do fascismo de Mussolini, juntamente com a Justiça do Trabalho, para substituir os sindicatos na solução dos conflitos coletivos(1). Por isto mesmo proibiu-se a greve. O modelo corporativo prendia-se à intervenção do Estado no domínio econô-mico e o sindicato assumia papel de ator coadjuvante para que “a economia da população” fosse “organizada em corporações, e estas, como entidades representativas das forças do trabalho nacional, colocadas sob a assistência e a proteção do Estado, como órgãos destes”, exercendo “funções delegadas de Poder Público”.

Foi com esta roupagem que em 1943 entrou como Título V da Consolidação das Leis do Trabalho.

Nossa primeira lei sindical, Decreto n. 979, de 6 de janeiro de 1903, de inspiração católica, ficava restrita “aos profissionais da agricultura e indústrias rurais” e mais próxima do cooperativismo. Pregava a união do capital e trabalho no campo — afinal, o Brasil era um país essencialmente agrícola. Vigia a Constituição Republicana de 1891, cujo art. 72, no § 8º permitia a organização associativa:

A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

§ 8º A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem pública.

A medida rompia com o sistema da Constituição do Império, de 1824, que no art. 179, item 25, proibia toda forma de organização de classe:

A inviolabilidade dos direitos civil e políticos dos cidadãos brasileiros que tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império pela maneira seguinte: (...)

Ficam abolidas as corporações de Ofícios, seus Juízes, Escrivães e Mestres.

A Lei deveu-se à iniciativa do Deputado Joaquim Inácio Tosta atendendo solicitação de 15 corporações operá-rias e da Federação Cristã de Pernambuco, sendo promulgada no governo Rodrigues Alves. Adotava a autonomia, registro em cartório, liberdade negativa de filiação e retirada, e permitia a formação de uniões ou sindicatos centrais.

(1)  Art. 139 da Carta de 1937. A Constituição de 1934 já instituíra a Justiça do Trabalho, mas para dirimir “questões” e não “con-flitos” entre empregados e empregadores (art. 122).

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23Organização Sindical no Brasil — Presente. Passado. Futuro (?)

Os desacertos foram corrigidos cinco anos depois para permitir a organização por “profissionais de profissões similares ou conexas, inclusive as profissões liberais”. Autonomia, registro em cartório, organização em federações, uniões e sindicatos centrais, liberdade negativa de filiação e formação mista entre capital e trabalho para a solução dos conflitos. Foi o Decreto n. 1.637, com a mesma origem católica e autoria. Projeto de 1905 só foi sancionado no dia 5 de janeiro de 1907 no governo Afonso Pena. Abria seu alcance para todos os trabalhadores, inclusive profissionais liberais, mas sem mudar o âmbito de representação das duas classes antagônicas, às quais atribuía, quando constituídas

com o espírito de harmonia, como sejam os ligados por conselhos permanentes de conciliação e arbitragem, des-tinados a dirimir as divergências e contestações entre o capital e o trabalho” feição de “representantes legais da classe integral dos homens do trabalho”, podendo como tais, “ser consultados em todos os assuntos da profissão”.

Foi um tempo de agitação, de reivindicações sentidas, um período rico de protestos e greves, como registrou Evaristo de Morais no pioneiro Apontamentos de Direito Operário(2). Os imigrantes vieram para substituir o trabalho escravo. Foram 220 mil no período de 1871 a 1880, 2 milhões, de 1901 a 1930.

Getúlio Vargas chegou ao poder em 1930 e fiel à plataforma da Aliança Liberal logo criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio para administrar a questão social ou oficialmente para “superintender as questões relativas ao trabalho”, que para seu antecessor, Washington Luiz, era mais uma questão de polícia, maldade de seus opositores, como se viu depois(3). Inicia-se a “Era Vargas”, que ainda não chegou ao fim. O Decreto n. 19.770, de 19 de março de 1931, nossa terceira lei sindical, a primeira do ciclo Varguista, destinava-se a “organizar as profissões idênticas, similares ou conexas para defender os seus interesses de ordem econômica, jurídica, higiê-nica e cultural. Adotava a liberdade negativa, permitia a organização em federações e confederações e também de uma Confederação Brasileira do Trabalho. A submissão ao Estado era tanta que já se proibia a propaganda de “ideologias sectárias, de caráter social, político ou religioso”. Deixou de lado a autonomia para domesticar os sindicatos submetendo-os à tutela do Estado como órgãos de colaboração. Não havia simplesmente registro, mas reconhecimento estatal. Seus fins: defesa — mas por intermédio do Ministério, como foi apresentado pelo primei-ro ocupante de Pasta, Lindolfo Collor(4). Embora a Lei Sindical tenha sido escrita por dois socialistas, o advogado carioca Evaristo de Moraes e o professor pernambucano Joaquim Pimenta, acostumados na luta em defesa dos desfavorecidos, o controle estatal era tanto que sindicatos, federações e confederações eram obrigadas a enviar “anualmente ao Ministério relatório dos acontecimentos sociais”, especificando as alterações do quadro associativo e a situação financeira; proibia-se a interferência de pessoas estranhas às associações “sob qualquer pretexto”. Expressão significativa do intervencionismo estava no art. 15: “Terá o Ministério do Trabalho, Indústria e Comér-cio, junto aos sindicatos, às federações e confederações, delegados com a faculdade de assistirem as assembleias gerais e a obrigação de, trimestralmente, examinarem a situação financeira dessas organizações, comunicando ao Ministério, para os devidos fins, quaisquer irregularidades ou infrações do presente decreto”.

Claro, os servidores públicos ficaram de fora. Adotou a unicidade de forma confusa no art. 9º: “Cindida uma classe e associada em dois ou mais sindicatos, será reconhecida a que reunir dois terços da mesma classe, e, se isto não se verificar a que reunir maior número de associados. Parágrafo único. Ante a hipótese de preexistirem uma ou mais associações de uma só classe e pretenderem adotar a forma sindical nos termos deste decreto, far-se-á o reconhecimento de acordo com a fórmula estabelecida neste artigo”. A lei falava em profissão entendida como classe. Privilegiava como forma de cooperação com o Poder Público a pacificação entre o trabalho e o capital atra-vés de Conselhos Mistos e Permanentes de Conciliação e Julgamento, embriões da Justiça do Trabalho. Facultava o ajuste de convenções ou contratos de trabalho para seus associados, dependentes de ratificação ministerial.

(2)  FILHO, Evaristo de Moraes. A ordem social num novo texto constitucional. São Paulo: LTr, 1986. p. 60 e 61. O filho Evaristo anota que “os primeiros anos da República foram de grande agitação e a explicação é fácil: 1888 significou, por si só, a primeira grande lei social entre nós, acabando com a escravidão e instituindo o regime do trabalho livre” (p. XXXII).(3)  Decreto n. 19.433, de 26 de novembro de 1930.Evaristo de Moraes Filho repete as palavras do presidente deposto por Vargas: “Eu jamais disse, ou escrevi, e jamais poderia ter dito que a questão social era uma questão de polícia, frase que o mais bisonho político, mesmo em nossa terra, não ousaria empregar” (Washington Luiz e a questão social, temas atuais do trabalho e previdência. São Paulo: LTr, 1976, p. 103).(4)  AROUCA, José Carlos. O sindicato em um mundo globalizado. São Paulo: LTr, 2003. p. 771.

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24 José Carlos Arouca

Proibia a filiação individual a sindicatos internacionais, ficando as entidades coletivas subordinadas à aprovação do Ministro do Trabalho. Nada de luta de classes, de atuação política, mesmo as reivindicações só eram admitidas através do Ministério do Trabalho(5).

Enfim, a domesticação dos sindicatos.

Na breve democracia, quando Vargas se elegeu presidente pela via indireta, uma nova Lei Sindical, Decreto-lei n. 24.694, de 12 de junho de 1934, adotou a pluralidade. Mas a lei só permitiu o pluralismo limitado a três enti-dades no máximo; como regra apenas duas, na observação de Evaristo de Moraes Filho, “porque dificilmente se daria a divisão ótima desta quantidade (1/3) para a constituição de cada nova associação. Bastava não coincidir tal número perfeito — e é o que se dava na realidade — para desfalcar o último sindicato, que poderia ser criado, do mínimo exigido por lei”(6). Já não se falava em órgão de colaboração, mas de “coordenação de direitos e deveres recíprocos entre empregados e empregadores”, inclusive para a celebração de convenções coletivas e atuação junto às comissões e tribunais do trabalho para a solução dos conflitos. Permitia-se a formação de uniões, federações e confederações. Os servidores mais uma vez ficaram de fora. A autonomia era também relativa, pois o Ministério podia fechar o sindicato por prazo limitado a seis meses.

Foi nossa experiência pluralista.

O ano de 1937 marcou o Estado Novo fascista, a ditadura cruel e a carta constitucional outorgada; sua redação deveu-se a Francisco Campos que anos mais tarde redigiria o Ato Institucional n. 1 da ditadura militar, portanto um especialista em “democracias autoritárias” conforme a adjetivação empregada por Oliveira Vianna, o responsável pela Lei Sindical de 1939(7). Seu art. 138 colocava o sindicato como categoria de produção e assim, peça do Conselho da Economia Nacional. O Conselho tinha como atribuições, dentre outras, “editar normas reguladoras dos contratos coletivos de trabalho entre os sindicatos da mesma categoria de produção ou entre associações representativas de duas ou mais categorias; emitir parecer sobre todas as questões relativas à organização e reconhecimento de sindicatos ou associações profissionais; propor ao Governo a criação de corporação de categoria”(8). Daí o significado maldito de categoria para os dias de hoje, se bem que mantida na Constituição atual, incisos II, III e IV do art. 8º. O art. 138 já outorgava aos sindicatos funções delegadas de Poder Público e facultava a estipulação de contratos coletivos, mas apenas para os associados. O autor da carta acreditava que pudesse extinguir a luta de classes e assim deu à Justiça do Trabalho, recriada na Constituição de 1934, competência para resolver os conflitos coletivos, mantida à margem do Poder Judiciário. A greve, por fim, foi declarada recurso antissocial, nocivo ao trabalho e ao capital e incompatível com os superiores interesses da produção nacional. Daí nossa 5ª Lei Sindical — Decreto-lei n. 1.402, de 5 de julho de 1939. Naturalmente, substituiu profissão por categoria. O sindicato voltou a ser órgão de colaboração, dependente de reconhecimento pelo Estado, submetido à tutela, agora repressiva do Ministério do Trabalho, sujeito a punições de toda ordem, desde suspensão até destituição de seus dirigentes, intervenção até fechamento das entidades. Proibida qualquer propaganda de doutrinas incompatíveis com os interesses da Nação e também a filiação às organizações internacionais. Mas dava-se aos sindicatos a prerrogativa de impor contribuições a todos aqueles que participassem das profissões ou categorias representadas. E mais uma vez fica-vam de fora os servidores públicos.

Complementando a Lei Sindical vieram o Decreto-lei n. 2.377, de 8 de julho de 1940, instituindo o imposto sindical e o Decreto-lei n. 2.381, de 8 de julho do mesmo ano, implantando o enquadramento com a criação prévia das categorias num sistema de paralelismo e correspondência.

Estava criado o sindicato oficialista.

(5)  Dou a expressão histórica, significado de disputa que envolve trabalho x capital, logo entre trabalhadores e empregadores, seja em razão de litígios e conflitos simplesmente trabalhistas, seja, diante de objetivos sociais e políticos que se dirigem fundamentalmente ao Estado para realizar os direitos sociais, apenas enunciados, como promessa de bem-estar, seja ainda para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária.(6)  O problema do sindicato único. São Paulo: Alfa Omega, 1978. p. 226.(7)  Problemas de direito sindical. Rio de Janeiro: Max Limonad, 1943. p. 9.(8)  Art. 61.

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Page 25: Organização Sindical no Brasil · A nova Constituição e os trabalhadores (1988). Repensando o sindicato. LTr (1998). O Sindicato em um mundo globalizado. LTr (2003). Curso básico

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Mais tarde, em 1943, tudo foi dar na CLT, constituindo seu Título V, que atravessou o governo mais ou me-nos democrático de Dutra (31.1.1946 a 31.1.1951), que fora ministro da guerra do Estado Novo de Vargas. Seu maior feito foi fechar a Confederação dos Trabalhadores do Brasil — CTB, central criada por iniciativa do Partido Comunista, e intervir nas entidades a ela filiadas, contabilizando cerca de 220 intervenções. Como podia legis-lar por decreto-lei enquanto se votava a Constituição de 1946, mesmo sendo o Brasil signatário do Tratado de Chapultepec, firmado no ano anterior, baixou o Decreto-lei n. 9.070 criminalizando a greve, direito consagrado na Declaração de Princípios da América.

E atravessou, também, o governo democrático e nacionalista de Vargas (31.1.1951 a 24.8.1954), o perío-do chamado desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (31.1.1956 a 31.1.1961), a breve experiência janista (31.1.1961 a 25.8.1961) e o precário meio parlamentarismo, meio presidencialismo de João Goulart (24.1.1963 a 1º.4.1964), quando acontece a ruptura com o sistema e a criação do Comando Geral dos Trabalhadores, o CGT, fora de dúvida a maior central que já tivemos.

A frágil democracia não resistiu à pressão orquestrada pelas forças da direita, alimentada pelos Estados Unidos através de seu embaixador Lincoln Gordon, com apoio da imprensa. — leia-se O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo etc. — mais as centrais “pelegas” e reacionárias: Movimento Sindical Democrático, MSD, Resistência Democrática dos Trabalhadores Livres — REDETRAL, Movimento Renovador Sindical — MRS e até de outra, União Sindical dos Trabalhadores — UST, situada mais ao centro(9).

1964 e outro golpe de estado, de novo a ditadura que marcou 1.565 intervenções em sindicatos(10). Novida-des: o Decreto-lei n. 229, de 1967, e o Decreto-lei n. 1.682, de 1978, que completou a Lei n. 4.330, de 1964 para proibir a greve. A ditadura via o sindicato como uma associação prestadora de serviços.

Criou-se o sindicalismo assistencialista.

O regime militar chegou ao fim quando seu último agente deixou o governo pela porta dos fundos e pediu ao povo que o esquecesse, no que foi prontamente atendido. Havia um desejo doído de liberdade como escreveram Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri no seu Arena Conta Zumbi, e portanto, desejo de democracia. Instalada a Assembleia Constituinte abriu-se um novo cenário de feição nitidamente reformista.

Mudar a CLT, ainda nova, já fora pensado cinco anos após sua vigência. O Projeto João Mangabeira de 1948 inovava com as seguintes medidas: a) trocava categoria por profissão; b) registro perante a Justiça do Trabalho; c) interiorização nas empresas através de comissão de empregados compostas por delegados sindicais; d) constituição de Câmara Sindical na Justiça do Trabalho como órgão de controle, formada por representantes do patronato, dos trabalhadores e do Estado; e) manutenção da contribuição sindical; f) limitação das despesas para remuneração dos dirigentes e empregados a 5% da arrecadação da contribuição sindical; g) organização vertical tendo no vértice uma Confederação Geral de Empregados, outra dos Empregadores e uma terceira dos Trabalhadores Autônomos, mas formadas pelas confederações; h) sindicalização dos funcionários públicos e autárquicos por lei especial; i) representatividade mínima de 1/4 dos trabalhadores ou dos empregadores. Adotava, também, a unicidade sindical:

Art. 2º (...) § 1º Dentro do âmbito territorial, não pode haver mais de um sindicato da mesma profissão ou da atividade econômica. Em caso contrário, o registro do segundo sindicato será cancelado a pedido do primeiro.(11)

Dois anos depois Segadas Vianna, um dos “consolidadores”, Ministro do Trabalho no governo democrático de Vargas, apresentou o Projeto de Código do Trabalho n. 606/1950. Suas características principais: a) profissão e não categoria; b) autonomia; c) registro no Cartório de Registro de Títulos e Documentos; d) e ainda audiência prévia do Ministério Público do Trabalho para emitir parecer que, sendo favorável, depois de publicizado, implica-ria no registro e, se contrário, com recurso para a Comissão Sindical Regional; e) organização das confederações

(9)  Naturalmente, tanto o governo dos Estados Unidos como seu embaixador no Brasil negaram qualquer participação no golpe. 37 anos passados, revela-se diálogo travado entre o presidente John Kennedy e Lyndon Gordon, que diante da vacilação do primeiro, sugere sem rodeios: “O fundamental é organizar forças políticas e militares para reduzir seu poder (de João Goulart) e, num caso extremo, afastá-lo” (O Estado de S. Paulo, 5.4.2011).(10)  ALVES, Maria Helena Morais. Estado e oposição no Brasil (de 1964 a 1979). Petrópolis: Vozes, 1984. p. 244.(11)  Projeto n. 1.267-A de 1948. João Mangabeira, deputado socialista.

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